00425 - o véu e a espada - as guerras através dos tempos

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  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

    Zol Pozzobon 1

    O vu e a espada

    ZOLPOZZOBON

    2003

    EDITORAGORADAILHA

    As guerras atravs dos tempos

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    O vu e a espada2

    COPYRIGHT: Zol PozzobonRIODEJANEIRO- RJ. TEL.: (0 XX21) 2295-3623E-MAIL: [email protected]

    DIREITOSDEEDIORESERVADOSAZOLPOZZOBON. PROIBIDAAREPRODU-OTOTALOUPARCIALDESTAOBRASEMAUTORIZAOEXPRESSADOMESMO.

    RIODEJANEIRO, JANEIRODE2003

    FOTOS: EXTRADASDEHISTRIADOSCULO20, A SEGUNDAGUERRAMUNDIALEMIRADOR

    REVISO: ROSEMARYCAETANO

    EDITOR: PAULOFRANA

    EDITORAGORADAILHA- TEL.FAX: 0 XX21 - 3393 4212E-mail: [email protected]

    POZZOBON, Zol (1925)

    O VU E A ESPADA / POZZOBON

    Rio de Janeiro, janeiro de 2003246 pginas

    Editora gora da Ilha - ISBN 7576

    Histria (das guerras da humanidade) CDD - 900Histria das civilizaes CDD - 909

    Ficha catalogrfica

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    Aos estudiosos da Histria e daGuerra, to antiga esta quanto aquela;A meus colegas militares, que par-ticiparam de conflitos armados ou de-dicaram suas vidas a estud-los, afim de manter a ptria livre de suashorrveis conseqncias;

    s vtimas de todas as guerras,sejam militares nos campos de bata-lha ou inocentes civis nas cidades evilas, para que a civilizao humana

    possa um dia, com a ajuda de Deus,conter as ambies de poder e dedomnio de governantes de todos osmatizes polticos que tm levado ahumanidade, por motivos fteis outresloucados, a sacrificar milhes denossos semelhantes.

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    Apresentao

    Tendo sido assduo leitor de assuntos militares, mesmo antes de entrarpara o Exrcito, prossegui durante minha carreira a compulsar quase todosos livros que surgiam sobre o assunto.

    A partir de outubro de 1998, venho escrevendo uma srie de artigospara o jornal O Correiosob o ttulo de As guerras e seus mistrios.

    Com o passar do tempo, tive a idia de compilar tais artigos e acrescentaroutros, tudo dentro de uma certa ordem cronolgica. Assim, fao desfilar,desde a remota Antigidade at os dias que correm, a maioria dos embatespoltico-militares e suas profundas implicaes.

    So captulos condensados, nos quais se destacam causas econseqncias dos conflitos, atuao dos polticos e chefes militares easpectos curiosos que poucos livros salientam.

    Algumas vezes, tendo em vista situar determinada campanha ouoperao militar, descrevo em largos traos o quadro que as envolve,embora j tenha a ele me referido em outro captulo. No se trata, pois, desimples repetio de cenrios.

    EmO vu e a espadaencontrareis a a disputa milenar entre palestinose judeus at a atualidade; a atuao de grandes chefes militares; guerreirosvencendo enormes distncias e travando inmeras batalhas para daremvaso a sua nsia de poder; sonhos e pesadelos que agitaram naes econtinentes; as portas do inferno abrindo-se sobre a terra, atravs dasquais abateram-se as hecatombes das I e II guerras mundiais e o apocalipsenuclear, e, finalmente, a terceirizao da guerra, atravs de conflitoslocalizados e telecomandados pelas grandes potncias.

    No sero encontradas descries de batalhas, o que demandaria umacoleo de livros e o trabalho conjunto de pesquisadores e historiadores.

    Talvez sirva esta obra de motivao para que se estude o fenmenoguerra ligado s questes polticas e econmicas, e no apenas odesenvolvimentos das operaes militares em terra, no mar e no ar, parteesta mais afeita aos militares, embora de interesse de todos os que soinfluenciados por seus efeitos.

    Oautor

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    Davi e Golias. ........................................................ 13A Palestina e o Sionismo .............................................................. 15Os rabes ..................................................................................... 17Oriente Mdio ............................................................................... 19Oriente X Ocidente ....................................................................... 21O inevitvel estado da Palestina................................................... 23Guerra do Yom Kippur .................................................................. 27

    Grandes chefes militares ....................................... 29Alexandre da Macednia .............................................................. 31O desfiladeiro das termpilas........................................................ 35Delenda est carthago! .................................................................. 39Alea jacta est ................................................................................ 43

    Os guerreiros ......................................................... 47Belisrio, o bizantino......................................................................49O flagelo de Deus ..........................................................................53Djebel al-Tarik (A Montanha de Tarik) ............................................ 55O vu e a espada ..........................................................................59A grande cavalgada ....................................................................... 63Avalanche turca .............................................................................65Um s no cu, um s na terra! ....................................................... 73Ivan, O Terrvel ..............................................................................75

    Sonhos e pesadelos............................................... 77Frederico e a artilharia montada ....................................................79Heri de muitas batalhas! ..............................................................83Conflito Norte X Sul .......................................................................87

    Sonho de um imprio tropical......................................................... 91

    ndice

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    A asceno do Imprio do Sol Nascente ....................................... 99Uma blitzkrieg sem panzer e sem stukas! ................................... 101

    O inferno na terra................................................ 103

    A dupla hecatombe do sculo XX................................................ 105A ousadia de Hitler ..................................................................... 111Corrida para a Noruega .............................................................. 117Por onde atacaro os alemes? ................................................125Hitler presenteia aos ingleses a Retirada de Dunquerque........ 129Um corsrio nos mares do sul.....................................................131O fantasma do Atlntico Norte! ................................................... 135Operao Leo Marinho (Seelwe) ............................................ 139Rudolph Hess - A queda da poderosa sombra............................ 143U - 47.......................................................................................... 147

    Napoleo, Hitler e o General Inverno!.........................................151Erros e equvocos de Hitler ........................................................159A Cobra est fumando! ...............................................................165A maior operao anfbia da Historia .......................................... 169Os pra-quedistas ......................................................................173Roosevelt sabia? ........................................................................ 189Skorzeny: um heri legendrio! ..................................................191Furtos de guerra .........................................................................199As duas faces de uma mesma nao .......................................... 203O apocalipse nuclear ..................................................................205

    Tempos modernos .............................................. 207O esqulido x o atleta .................................................................209Fria na Mesopotmia ................................................................213Falkland x Malvinas .................................................................... 221Bactriana ....................................................................................229Uma confrontao perigosa ........................................................ 235Blcs - um vulco eruptvel .......................................................239

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    O fenmeno Guerraabrange os conceitos de conflito, luta,peleja, combate, batalha, agresso, ataque, defesa e outrossemelhantes.

    Em seu sentido amplo, um fenmeno social, uma vez queatinge o homem e a sociedade, abalando-os, destruindo-os outransformando-os. Por desentendimento, inveja, ambio e ou-

    tras manifestaes, como defesa de interesses grupais ou maniade grandeza coletiva, lanam-se os povos uns contra os outros,cada qual a defender a nobreza de sua causa e a condenar atorpeza dos adversrios.

    Muitas vezes, nacionalismo e patriotismo so invocados parajustificarem a agresso. H muitas classificaes de guerras: mun-dial, localizada, civil, revolucionria, irregular, subversiva, psicolgi-ca, convencional, qumica, biolgica, bacteriolgica, nuclear etc.,conforme as classificam os estudiosos do assunto.

    Mas... quando comearam as guerras? Poderamos responder:desde que o homem, pela primeira vez, sacrificou seu semelhante.Caim, primognito de Ado e Eva, por inveja, matou seu irmo

    Abel e foi amaldioado por Jav, que lhe imps um sinal....(Gnesis, 4, 8-16)

    Os patriarcas, a partir de Abrao, o primeiro judeu, segundoensinam mestres de seu povo, sustentaram guerras com reisvizinhos.

    O povo hebreu, ao deixar o Egito, depois de sculos de domi-nao, conduzido por Moiss, como o Sol, foi perseguido pelofara, cuja cavalaria e carros foram tragados pelas guas do Mar

    As guerras, seussegredos e mistrios

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    Vermelho (xodo 14, 26-31)Aps sarem daquele pas, sustentaram os judeus inmeras

    lutas contra os reis dos territrios por onde passavam, at chega-rem terra prometida. Josu, como a Lua, conquistou Cana,

    onde iriam se fixar os israelitas. muito conhecido o relato sobrea queda de Jeric, cujos muros teriam rudo aps toques de trom-betas, isto , caram de maduros. A histria dos juzes e reis deIsrael um desfile de pugnas contra seus vizinhos. bastantedifundida a vida de Davi e suas lutas contra os filisteus hoje,palestinos e outros povos.

    O rei da Babilnia combateu Jerusalm e todas as cidades daJudia e conduziu seus habitantes ao cativeiro, onde eles permane-ceram por largos anos.

    No tempo de Cristo, estava o pas sob o domnio de Csar.Quando do julgamento do Mestre, diante de Pilatos, ao perguntareste ao povo a quem devia soltar, se a Cristo, que se dizia rei, oua Barrabs, um ativista subversivo que lutava contra os romanos,os prncipes dos sacerdotes atiaram o populacho a gritar:Barrabs. Barrabs!

    Em 66 d. C. comeou a rebelio judaica contra a ocupaoromana, dando-se o verdadeiro incio Dispora. No ano 70 d.C., o imperador romano Tito abafou uma grande revolta dos ju-

    deus e destruiu Jerusalm. Patriotas zelotas, e talvez sobreviven-tes dos essnios, ocuparam a fortaleza e cidade de Massada,prxima ao mar Morto, e a sesacrificaram at o ltimo comba-tente, resistindo ao assdio da 10Legio Romana, sob comando deFlvio Silva. (73 d. C.)

    Tomando-se por base oPerodo Neoltico, ou da Pedra

    Polida, h cerca de 10 mil anos,embora as primeiras atividadeshumanas j tenham se manifes-tado muito antes, no Paleoltico,a era mais antiga da pr-histria,sustentam os estudiosos que ahumanidade conheceu somente200 anos de paz, mesmo assim,entrecortados por conflitos limita-

    dos, a pipocarem aqui e ali.E se dissermos que a Guerra anterior a tudo isso?S.

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    Ento houve no cu uma grande batalha: Miguel, quem comoDeus e seus anjos pelejaram contra o Drago e o Drago comseus anjos pelejaram contra ele. Porm, estes no prevaleceram,nem seu lugar se achou mais no cu. E foi precipitado aquele

    grande Drago, aquela antiga serpente que se chama o Diabo eSatans que seduz a todo o mundo. Sim, foi precipitado na terra eprecipitados com ele seus anjos. (Apocalipse 12, 7-9)

    O evangelista Lucas, que no era judeu, e sim grego, conta-noster Jesus enviado 72 de seus discpulos a anunciarem a boa-novado Reino de Deus. Ao retornarem de suas jornadas, atravs doslugarejos da Palestina, deram-lhe conta do trabalho:

    Mestre, at os demnios se submetiam, em virtude de teu nome.

    (Lucas, 10, 17)Respondeu-lhes, ento Jesus: Eu via cair do cu a Satans

    como um relmpago. (Lucas, 10,18)

    Para os cristos fica difcil admitir que Cristo estivesse fazendopiada ao responder aos 72 dedicados discpulos.

    Muitos leitores podero no concordar com os trechos bbli-cos aqui citados, argumentando que a linguagem oriental sim-

    blica e rica em parbolas. A prpria Igreja admite que os auto-res de boa parte dos livros do Antigo Testamento tenham recor-rido ao simbolismo para transmitir a grandeza da Criao e ad-vertir os homens contra a prtica do mal, levando-os a no con-fiarem inteiramente em si mesmos, mas a recorrerem a Jav, oDeus nico que no aceita dolos.

    Tema estranho nos dias que correm falar em anjos bons eanjos maus a sociedades acostumadas s evidncias cientficas.Essas mesmas sociedades, porm, esto busca constante de

    novos dolos, acreditam em astrologia, astral, magias de todo otipo, guiam-se por horscopos e quiromancia, invocam espritos demortos e outras entidades do Alm, quer para benefcio de si pr-prias, quer para atrarem o mal a seus desafetos.

    Na melhor das hipteses, como a guerra um fenmeno daHistria terrena, e, quem sabe, csmica, devemos admitir que ummistrio. Embora possa ser analisada de diversos ngulos, nodeixa de apresentar qualidades estranhas e imponderveis. Umaconquista conduz a outra e a dinmica do guerreiro leva-o a perse-

    guir a glria insacivel, que sempre est alm do horizonte.Um dos maiores mistrios que desafia o homem ps-moderno

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    a questo de o Universo ser ou no povoado, pois a lgica nosconduz a admitir tal possibilidade. Para grande parte das pessoas,seria muito mais emocionante e sensacional deparar com ETs ehomnculos cabeudos vindos de Marte ou de outro stio no espa-

    o, do que com anjos (mensageiros de Deus).Vivemos rodeados de mistrios, a comear pela vida e a morte,o interior da matria e das partculas, a dimenso infinita do Uni-verso, a origem do homem, seu destino ltimo e por a a fora.

    O autor.

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    Davi e Golias

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    A PALESTINA - Pequena faixa de terra situada entre o Lbanoao Norte, o Rio Jordo e o Mar Morto a Leste, o deserto do Sinaiao Sul e o Mar Mediterrneo a Oeste. Sua histria remonta a3.500 anos a. C. Era habitada por cananeus, amorreus, hititas,moabitas, fencios e filisteus. Por volta do ano 2.000 a. C., umgrupo de origem judaica (semita), sob a chefia de Abrao, deixouUr, na Caldia (atual Sul do Iraque), e se dirigiu Palestina.

    Ao tempo em que Jos, descendente de Abrao, se tornouministro do fara, os judeus da Palestina, tangidos pela fome,transferiram-se para o Egito, onde se multiplicaram. Cerca de oitosculos depois, forados pelas autoridades, deixaram o pas e,como nmades, erraram 40 anos pelo deserto. A ferro e fogo,conquistaram diversas cidades da Palestina (Cana).

    A permaneceram os judeus por 13 sculos, travando contnu-as lutas com outros povos. A terra parcialmente conquistada ficousendo conhecida como Filistina, ou terra dos filisteus. No sculoVI a. C. foram os judeus exilados durante 70 anos porNabucodonosor, na Babilnia. No ano 135 d. C., o imperadorAdriano expulsou-os da Palestina e eles passaram a viver naDispora (disperso dos judeus pelo mundo).

    Sucederam-se persas, gregos e romanos no domnio daqueleterritrio, at a vez dos rabes, que, a partir de 637 da Era Crist,misturaram-se com os habitantes originais, formando o povo pa-lestino. Este completou, em 1917, 18 sculos de ocupao.

    O SIONISMO Esta palavra deriva de Sion, uma das colinas deJerusalm, sobre a qual se eleva a maior parte da cidade. Assim conhecido o movimento em busca de um lar, iniciado no sculoXIX, quando os judeus viviam ainda dispersos em vrios pases.

    A Palestina e o Sionismo

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    No constituam mais uma raa, mas se tornaram o fruto de algu-mas miscigenaes. Tambm tinham adotado outras religies. Po-rm, guardavam identidade e solidariedade, que os distinguiam. Asperseguies de que foram alvo recrudesceram neles o carter

    separatista. Seu legado cultural e espititual baseava-se na Bblia.Quanto ao futuro, aps vrias tendncias de estabeleceremuma ptria fora do antigo territrio, prevaleceu a idia do jornalistaaustraco Theodoro Herzl (1860-1904), cujo objetivo era transfor-mar a Palestina, onde vivia 1% de judeus e 99 % de rabes, emum Estado judeu, embora aquela rea fizesse parte, ento, doImprio Otomano.

    Aps a I Grande Guerra, a Palestina constituiu um mandatobritnico. Terminada a II Guerra Mundial, muitos judeus que para

    l haviam imigrado promoveram toda a sorte de agitaes e mes-mo terrorismo contra a administrao inglesa. Os judeus acaba-ram alcanando a proclamao, pela ONU, de um Estado judeu,em 1947.

    Na ocasio, era Secretrio-Geral da organizao o diplomatabrasileiro Oswaldo Aranha. O novo pas tomou o nome de Israel.

    A partir da, teria incio uma srie de confrontaes militaresentre tal pas, os estados rabes vizinhos e o povo palestino.

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    Os rabes - Quando, no sculo VII, os rabes comearamsua expanso, iriam encontrar civilizaes milenares, das quaishaveriam de auferir importantes conhecimentos, mas tambmacrescentariam contribuies cientficas, artsticas, filosficas, li-terrias e religiosas.

    de se listar o poeta Abu Nauas; os filsofos Al-Ghazali, Al-Maari, Al-Hariri; os msticos Al-Hallaj e Ibn Al-Farid; escritorescomo Al Jahez; historiadores como Ibn Khaldum e outros expoen-tes.

    O imprio abcida chegou a estender-se da Espanha sndias e suas cortes eram esplendorosas. Em 830, o califa Al-Mamum estabeleceu em Bagd a Casa da Sabedoria (academiacientfica, observatrio e biblioteca). Quando a cidade foi destrudapelos mongis, tinha 16 bibliotecas pblicas.

    A cidade ibrica de Crdoba (cerca de um milho de habi-tantes), ocupada pelos rabes, apresentava, por volta do ano1.000, setenta bibliotecas, com meio milho de volumes.

    Os brbaros- Assim como a Europa sofreu a invaso dosbrbaros (godos, visigodos, ostrogodos etc.), a partir do sculoXII o mundo rabe foi assolado por incurses de hordas sinistras,oriundas do centro da sia: Gengis Khan e os trtaros, Tamerloe os mongis, Osman e seus turcomanos.

    Os primeiros estabeleceram o imprio mais extenso do mun-do: do Mar Negro ao Mar da China. Seu objetivo era apossar-se,destruir e matar. Com referncia a Tamerlo, conta-se que oshabitantes da cidade cercada de Siuas, para obterem clemncia,

    enviaram-lhe uma comitiva de mil crianas, as quais foram literal-mente esmagadas sob patas de cavalos.Quanto aos turcomanos, os assassinatos comeavam em

    Os rabes

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    casa: Salim I massacrou dois irmos e vrios primos. Salim IIexecutou dois filhos e Amurat III eliminou cinco irmos.

    Os dois primeiros imprios passaram rapidamente, masos otomanos permaneceram no Oriente Mdio por oito sculos,

    perpetrando crueldades sem paralelo e promovendo o obscu-rantismo.Somente no fim da I Guerra Mundial iria aquela regio,

    com ajuda da Europa, libertar-se do domnio otomano.

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    O Oriente Mdio um trecho da superfcie do globo, cuja maiorparte das terras se situa no continente asitico (na sia Menor) e nonordeste da frica (Egito). Encontram-se a a Turquia, Israel, Ir,inmeros pases rabes, entre os quais se destaca, pela extenso,a Arbia Saudita.

    Sua forma macia, com ramificaes em pennsulas, istmos,arquiplagos e conta com mares e golfos. So bastante conheci-dos nomes como Suez, Mar Mediterrneo, Dardanelos, Mar Ne-gro, Mar Vermelho e Golfo Prsico.

    Encontram-se grandes elevaes, principalmente ao norte, ondeseus cumes so cobertos por neves eternas, montanhas pitores-cas e frteis, como no Lbano e em parte da Palestina, extensasplancies, qual a da Mesopotmia, regada pelos rios Tigre e Eufrates,e alongados vales, em que se salienta o vale do Nilo, no Egito.Todos esses acidentes geogrficos constituem o chamado Cres-cente Frtil. E mais os enormes desertos, como o Saara e outros,na Judia, Jordnia, Sinai e Arbia.

    o bero do Isl, do Judasmo e do Cristianismo.Verdadeira encruzilhada entre a Europa, sia e frica, a regio

    abriga a maior bacia petrolfera do mundo, da advindo sua enormeimportncia poltica, econmica e estratgica.

    As mais antigas civilizaes de que se tem notcia surgiram nes-sa grande encruzilhada, tambm conhecida como Oriente Prximo:

    - Na Mesopotmia, os assrios e a esplendorosa Nnive, que,segundo cronistas antigos, exigia trs jornadas para cobrir suaextenso. A biblioteca do rei contava com quatro mil volumes,

    escritos em caracteres cuneiformes.- Os babilnios, pouco mais ao sul, e sua capital Babilnia, a

    Oriente Mdio

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    Parisdomundoantigo,comseusjardinssuspensos,centrodediletantismoedivertimento.

    -Osfencios,smargensdoMediterrneo,nareaondehoje

    seencontraoLbano.Constaqueseusnavegadoresatingirama Amricapormareandiaporterra,issomuitotempoantesdeCristo.SegundoaBblia,emTiro,acapital,eraoourotoabun-dantequantoapoeiradasestradas.

    -Osegpcios,nonordestedafrica,donosdeumacivilizaomultimilenar,construtoresdaspirmidesedeoutrosgigantescosmonumentosqueathojeprovocamnossaadmirao.Cultiva-vamovaledoNiloeseusdepsitosenchiam-sedecereaisque

    saciavamafomeatdosvizinhos.-Osjudeus,naPalestina,smargensdoMediterrneo.ComoobservaMansurChallita,notiveramelesnemognioarquitetnicodosegpcios,nemoarrojomilitardosassriosenemaaudciamartimadosfencios,porm,contriburam,deformadiferenteesuperior,paraacivilizaouniversal.

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    Ao fim da I Grande Guerra, de libertadores os pases euro-peus passaram a colonizadores e encararam o Oriente Mdiocomo presa de guerra. Embora tenham levado para l alguns be-nefcios de sua civilizao, mostraram-se arrogantes, autoritriose jamais procuraram compreender a mentalidade daquelas popu-laes. Tal atitude despertou um s desejo nos povos da rea:libertao dos novos opressores.

    Aps a II Guerra Mundial, os denominados mandatos che-garam ao fim. Porm, os europeus iriam deixar o Oriente Mdiocomo verdadeiro campo minado, devido perfdia com que pro-moveram as divises territoriais e organizaram as unidades polti-cas da regio.

    Esse campo haveria de explodir, como explodiu e explodeat hoje. O Sionismo foi o grande instrumento de agresso narea, particularmente ao mundo rabe. Como resultado, desen-cadeou-se a violncia e radicalizou-se o Isl.

    No Ir, foi o x Reza Pavlevi, de governo pr-Ocidente, der-rubado pelo fanatismo do aiatolKhomeiny. Na Bagd das mil euma noites, onde o poeta Abu Nauas celebrava a vida, instalou-se o regime de Saddan Hussein, vido de poder e nutrido peloressentimento contra a generosa poltica do Ocidente que, demaneira to hbil, havia lanado a ciznia do dio na regio.

    Os ocidentais e o Sionismo continuam agredindo os direitose os interesses dos povos do Oriente Mdio, e mantm seu dom-nio atravs do controle dos mananciais de petrleo. Fosse o Kuwaitum pas agrcola, os EUA e seus comparsas no teriam desen-cadeado a Guerra do Golfo.

    Os valores dos povos do Oriente Mdio no so exatamenteiguais aos dos pases do Ocidente, mas devem ser respeitados.

    Oriente X Ocidente

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    A chave do futuro para a regio est com a Europa e os EUA, porserem mais fortes e ricos. A ONU no deve ser instrumento deinteresses de grupos, mas promover a justia e o equilbrio.

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    Aps 1948, tendosido os palestinos tan-gidos da terra ondehabitavam havia scu-los a Palestina pelaocupao judaica, pro-curaram eles abrigonos pases rabes vi-zinhos, j assoberba-dos com problemas desubdesenvolvimento.Grande parte dos pa-lestinos que no seconformou com a situ-ao concentrou-se na Jordnia, constituindo ameaa estabili-dade da monarquia hachemita, do rei Hussein. Em setembro de1970, (Setembro Negro, segundo os palestinos), o monarca lan-ou seu exrcito contra os feddayyin.Embora impopular em todoo mundo rabe, essa guerra consolidou o poder de Hussein.

    A OLP (Organizao para Libertao da Palestina) Conven-ceram-se os palestinos de que eles prprios deviam buscar umlugar ao sol no Oriente Mdio e escolheram o caminho do terro-rismo, como meio de desestabilizar Israel. Surgiram vrios gruposde combatentes, enquadrados por elementos que j vinhamhostilizando os judeus atravs de operaes militares no conven-cionais. Entre tais grupos, destacou-se a OLP, sob o comando deYasser Arafat.

    Os judeus decidiram atacar os numerosos acampamentos pa-

    O inevitvel estadoda Palestina

    Premi de Israel Shimon Peres com Yasser Arafat

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    lestinos concentrados no Lbano, com aes areas no incio e, aseguir, mediante invaso por terra.

    Encontrava-me em Israel, em junho de 1982, visitando os Lu-gares Santos do Cristianismo, quando observei inusitado movi-

    mento de viaturas militares de comunicao realizando exercciosnas estradas. Poucos dias depois, formaes blindadas israelen-ses penetraram no Lbano e pressionaram os palestinos at scercanias de Beirute. Pareciam contados os dias de Arafat edaOLP. Entretanto, ele e seus principais seguidores conseguiramescapar e se estabeleceram provisoriamente na Tunsia, ondereorganizaram o movimento.

    Os judeus evacuaram paulatinamente a maior parte do territ-rio libans. Entretanto, mantiveram em suas mos, por alegadas

    razes de segurana, uma faixa de terreno limtrofe com Israel.Novos grupos terroristas passaram a combater Israel, em quese destaca o Hamas,apoiado pelo Ir.

    Por sentir que o momento exigia novas formas de conduzir suasreivindicaes face a Israel e que, neste pas, polticos como IsaacRabin e Shimon Perez mostravam indcios de desejarem uma so-luo pacfica para seu problema com os palestinos, Arafat fezgestes junto aos EUA, os quais promoveram a necessria apro-ximao mtua entre os contendores.

    Rabin, que j havia substitudo Golda Meir em 1974, na chefiado governo, foi eleito novamente primeiro-ministro. Atendendo aconvite dos americanos, compareceram Arafat e Rabin aos EUA,onde firmaram acordo provisrio, em que foi estabelecida a Auto-ridade Palestina,statuspoltico inferior situao de um Estado,porm, importante passo para se resolver o impasse que pareciano ter fim.

    Diante do acordo provisrio firmado entre Isaac Rabin e YasserArafat perante o presidente dos EUA, Bill Clinton, dividiram-se as

    opinies no seio da populao israelense, porm, a maioria esta-va inclinada paz com os palestinos. Os vrios confrontos arma-dos com os pases rabes, em que o nico resultado positivo foi apaz com o Egito o que representou muito! e os contnuosataques terroristas, em que Israel tinha experincia de sobra eagora era vtima, haviam enlutado inmeras famlias judias, queperderam seus filhos na luta armada.

    A ala radical em que se destacavam membros do partido religi-oso, bem como os colonos que desejavam se estabelecer em

    stios destinados aos palestinos, exaltaram os nimos da direitaisraelense. Tal situao conduziu ao assassinato do premier Isaac

  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

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    Rabin, no dia 4 de novembro de 1995, em plena via pblica, du-rante manifestao do movimento Paz agora, pelo jovem fanti-co israelense Igal Amir, relacionado com o partido religioso. Ofato causou comoo em Israel e provocou demonstraes de

    solidariedade aos familiares da vtima, inclusive por parte de tradi-cionais inimigos de antes, como o Egito e a Jordnia.Para substituir Rabin, foi eleito Benjamin Netaniahu, elemento

    radical que imprimiu mudana poltica em relao aos palesti-nos, relegando as negociaes ao marasmo. Ele apoiava oscolonos judeus que constrem residncias em reas destinadasaos palestinos.

    Os EUA vem insistindo para que Israel reserve cerca de 14%do territrio da chamada Cisjordnia aos seguidores de Arafat e

    seu povo, e tem enviado quela regio no somente a Secretriade Estado, Madeleine Allbright, como tambm seu representantepara questes do Oriente Mdio, Mr. Ross, objetivando a obten-o de resultados definitivos em favor da paz.

    Escorado no argumento da segurana de Israel, Netaniahuescamoteou esforos em favor de um acordo duradouro.

    Os palestinos exercem autoridade sobre a faixa de Gaza, juntoao Mediterrneo, assim como em Jeric, Hebron e em algunsoutros pontos da Cisjordnia. Diante da dureza poltica de Netaniahu

    e seus seguidores, tendem aqueles a radicalizarem. Arafat temafirmado sua inteno de estabelecer um Estado Palestino, coma capital na parte rabe de Jerusalm. Mas o governo israelenseafirma que Jerusal indivisvel e ser sua eterna capital.

    Entretanto, a conscincia de uma nao palestina irreversvel.Parte de seu povo j est l. O restante, como antes aconteciacom os judeus, est na dispora, a maioria em volta de Israel.

    uma questo de tempo a fundao da Palestina como esta-do soberano, com territrio compatvel e reconhecimento pela

    comunidade das naes.Quem estar no lugar de Oswaldo Aranha, que reconheceuIsrael em 1948, enquanto Secretrio-Geral da ONU, nos dias emque a Palestina se tornar mais um pas independente e, assim, formodificado o mapa geogrfico do Oriente Mdio?

  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

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    Desde antes da dcada de 70,as foras armadas egpcias rece-biam orientao e equipamentosmilitares da URSS. Porm, dada aintromisso de assessores russosnos assuntos internos do Egito, seupresidente, Anwar Sadat, expulsoua misso militar sovitica. Tal fatopode ter induzido os israelenses aconsiderarem remota a possibilida-de de reao armada por parte deseu vizinho do sul, no sentido de re-cuperar o Sinai pela fora.

    No dia 6 de outubro de 1973, osegpcios transpuseram o Canal deSuez em botes de borracha e as-

    saltaram as posies israelenses da Linha Bar Lev, estabelecidana margem oriental do obstculo, obtendo completa surpresaestratgica. As primeiras foras blindadas da reao foram com-pletamente destrudas, enquanto as perdas areas israelensestornaram-se proibitivas, dado o emprego dos msseis antiare-os Scud, que abatiam os avies adversrios como moscas.

    Nesse nterim, a Sria atacou as posies judaicas nas coli-nas de Gol, ao nordeste de Israel. A situao para esse pastornou-se crtica, a ponto de levar o ministro da Defesa, MosheDayan, a pensar em solicitar um cessar-fogo.

    Entretanto, os srios no souberam aproveitar o xito em Gol eos israelenses, mediante contra-ataques habilidosos, equilibrarama situao, liberando foras para atuarem no sul contra o Egito.

    Guerra do Yom Kippur

    Moshe Dayan

  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

    O vu e a espada28

    Agentes israelenses percorreram pases da Europa e os EUA,contratando pilotos mercenrios e comprando avies de comba-te a peso de ouro para lutarem no deserto contra o Egito. Osamericanos enviaram s pressas os mais avanados msseis

    de curta e mdia distncia e toda a classe de equipamentosmilitares aos israelenses, numa verdadeira ponte area de su-primentos. Com isso, os judeus conseguiram estabelecer umacunha entre o II e o III exrcitos egpcios no Sinai, atravessaramo canal de Suez de leste para oeste com uma fora-tarefa eprogrediram para o sul, em territrio egpcio, com o objetivo dese apossarem da cidade de Suez, no golfo do mesmo nome, aonorte do Mar Vermelho.

    Estabeleceu-se a maior confuso de tropas na rea. De leste

    para oeste: no Sinai, israelenses x egpcios; Canal de Suez; noSaara, imediatamente a oeste do canal: tropas israelenses xtropas egpcias, um sanduche mltiplo de foras incapazes deimpor uma deciso imediata luta.

    Enquanto o Egito cerrava novos efetivos sobre o canal, aper-tando o crculo contra a fora-tarefa israelense, chegou quelepas o secretrio de Estado dos EUA Henry Kissinger, o qualconferenciou em carter de urgncia com Anwar Sadat. Este,ento, verificou a impossibilidade de prosseguir a guerra contra

    Israel, pois estava lutando no s com os judeus, mas com opoderio dos EUA. Kissinger assinalou a necessidade do estabe-lecimento de um imediato cessar-fogo. Interrompidos os com-bates, fez-se o remanejamento de foras na rea em conflito.

    Em 1975, Israel e Egito, sob mediao americana, firmaramum acordo pelo qual os israelenses devolviam territrios ao Egitoem troca de uma distenso e da busca da soluo pacfica. ASria no concordou e passou a apoiar organizaes palestinasque desejavam o incremento da luta contra Israel.

    Anwar Sadat dirigiu-se pessoalmente a Israel, fato indito norelacionamento entre povos que acabavam de lutar um contra ooutro, e props a paz entre os dois pases. O respectivo acordofoi firmado entre Sadat e Menahem Begin.

    Hoje, todo o Sinai est sob controle do pas do Nilo e a situa-o entre Israel e Sria de beligerncia adormecida.

  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

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    Grandes chefes

    militares

  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

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    Alexandre da Macednia

    Alexandre nome utilizado por papas e imperadores. A perso-nalidade que vamos comentar neste trabalho refere-se a Alexan-dre Magno ou O Grande, nascido em Pella, na ento Macedniae hoje Grcia, em 356 a. C.. Era filho de Filipe II e de Olmpia, filhado rei Neoptolemus do piro, princesa supersticiosa e arrogante,de quem o marido se divorciou. Filipe iniciou a hegemonia daMacednia sobre os demais Estados gregos. No obstante ata-cado por Demstenes, nas clebres Filpicas,conseguiu, em quatroguerras santas, dominar toda a pennsula, vencendo finalmentea resistncia grega em Atenas e Tebas, na famosa batalha deQueronia (338 a. C.). Seu filho Alexandre tinha, ento, 18 anos.e participou da refrega, tornando-se heri.

    Sendo seu pai assassinado quando se preparava para atacaros persas, Alexandre tornou-se rei aos 20 anos. Em 335 a. C., foiaclamado, no congresso pan-helnico de Corinto, generalssimodas foras gregas.

    Alexandre considerado o mais famoso chefe militar daantigidade, comandando os gregos na conquista do imprio persa. frente de uma fora de 35 mil infantes, cinco mil cavalarianos euma frota de 169 trirremes (embarcaes com trs pavimentosdotados de remos), atingiu o Helesponto (estreito de Dardanelos)em 334. Sua primeira vitria em territrio asitico foi s margensdo rio Granico. Ocupou vrias localidades, entre elas a regiolitornea e a Frgia (centro-ocidental da sia Menor), com suacapital Grdio. Nessa cidade havia um n complicado que, segun-do a tradio, daria o imprio da sia a quem o desembaraas-se. Ento, Alexandre o desfez.

    Em 333, atingiram os greco-macednios a plancie de Isso,que d acesso Sria. A, feriu-se nova batalha, saindo-se Ale-

  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

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    xandre vitorioso. Dirigindo-se Fencia, arrasou Tiro (322), porlhe ter oferecido resistncia. Mais ao sul, Gaza foi tambm vencidae arrasada. Sua fama correu na frente e, ao atingir o Egito, foirecebido como descendente dos faras. Com o ttulo que alcan-

    ou - filho de Amon- teve a popularidade aumentada.No delta do Nilo fundou Alexandria. Ao tempo dos Ptolomeus,chegou a cidade a contar com 900 mil habitantes. Ligou-se ilhaFaros, na qual se erguia o clebre farol, uma das sete maravilhasda antigidade. Tornou-se bastante conhecida sua famosa biblio-teca, bem como a escola neoplatnica, na qual buscava-se a har-monia entre as idias do Oriente e do Ocidente.

    Alexandre venceu Dario III na famosa batalha de Gaugamela(331), impropriamente chamada de Arbela, margem esquerda

    do alto rio Tigre, no ento territrio da Assria. Em uma manobramuito estudada na histria militar, Alexandre desbaratou as tropasadversrias, cinco vezes superiores em nmero.

    Ento, no viu mais limites para sua ambio expansionista.Rumou para o Oriente e atingiu o Indus. Derrotou o rei Poros eocupou suas terras. A, a expedio dividiu-se em duas compo-nentes: uma embarcou na frota e, navegando pelo Oceano Indicoe o Golfo Prsico, atingiu a Mesopotmia; a outra regressou porterra, comandada pelo prprio Alexandre. Em 334, encontrava-se

    este em Babilnia.Dez anos de campanha e o mundo civilizado havia sofrido gran-de mudana. Dedicou-se o grande general a organizar o imprioconquistado. Seu escopo era realizar a unio entre vencedores evencidos. Mais velho fosse, dir-lhe-ia a experincia que tal eraimpossvel, pois, como j apreciamos em pginas anteriores, oser humano no aceita o domnio aliengena por todo o tempo ecomo fato consumado.

    Fundou muitas cidades, sobretudo no Ir, a fim de garantir o

    caminho terrestre para a ndia. Adotou uma poltica de tolernciaquanto religio, s leis e aos costumes dos orientais. Escolheupersas como colaboradores, dando-lhes postos importantes noexrcito e no governo dos territrios. Seus ambiciosos projetosforam interrompidos pela morte, que o colheu na Babilnia, atra-vs de febre violenta, em 323. Foi enterrado em Alexandria, onde,em 1977, se encontrou o que se presume ser seu sarcfago - node ouro, como rezava a lenda, mas de alabastro.

    Deixado ao mais bravo, rapidamente desmembrou-se o imp-

    rio de Alexandre em diversos Estados - os reinos helensticos. Sobo ponto de vista poltico, foi sua obra inconsistente, pois abalou aurbes grega, com suas instituies seculares, e arrasou velhos im-

  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

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    prios. Sua atuao social, econmica e cultural foi a de um cons-trutor. Conseguiu que milhes de indivduos superassem, pelo me-nos temporariamente, antagonismos tnicos e vivessem em comu-nidades de mtuos interesses. Deu incio ao helenismo no mundo

    antigo e, por isso, sua figura domina a evoluo da humanidade ata conquista romana. H historiadores que consideram a idia deimprio universal como sua contribuio histria poltica.

    Os britnicos devem ter-se inspirado em Alexandre para esta-belecer seu imprio de terras descontnuas, que chegou a cobrir35 milhes de Km2 da superfcie do globo, onde viviam cerca de500 milhes de habitantes, e isso at pouco antes do fim da IIGuerra Mundial. O importante que houve tambm um fim paraseu imprio.

    O Reich de 1000 anos, que conquistou meio mundo (europeu)e ameaou a outra metade, durou de 1933 1945, uns mseros13 anos, o que nada significa historicamente, a no ser pelas fu-nestas conseqncias que provocou.

    Os sovietes alcanaram o domnio sobre 22 milhes de Km2,onde viviam os mais diversos tipos de povos. E, aps a queda doMuro de Berlim, assistimos ao desmoronamento da URSS.

    O imprio americano, escudado em uma base territorial quealcanou, atravs de mtodos nem sempre plausveis, em rique-

    zas amealhadas principalmente como butim da II Guerra Mundial;no domnio de reas sensveis e dotadas das maiores fontes decombustveis do planeta (Kuwait, Arbia Saudita etc.); no seu in-contestvel poderio militar e na presso econmica, poder indu-zir muita gente a concluir que atravessar milnios. Bem, a passa-gem para o sculo XXI est garantida, mas da para diante, uma questo incgnita. preciso apostar no indomvel espritode liberdade do homem!

  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

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    Na histria da humanidade, houve guerras que se desenvolve-ram no s por dcadas, mas pelo espao de um sculo, embo-ra intermitentemente, como foi o caso dos confrontos entre gre-gos e persas.

    Aqueles eram descendentes de vrios povos que habitavam oterritrio da atual Grcia, pas balcnico, debruado sobre o Me-diterrneo Oriental. Foram antepassados dos gregos os minicos

    e micenenses, vindos da sia ou do Oriente Mdio, e que criaramcivilizaes na ilha de Creta e em Micenas, no continente, entre3.000 e 200 a. C.

    Os persas originaram-se de tribos indo-iranianas, provenien-tes da Transoxiana e do Cucaso, as quais invadiram o planaltoiraniano, entre o mar Cspio e o golfo Prsico, no incio do pri-meiro milnio.

    Dois soberanos persas Cambises e Ciro em apenas 30anos criaram um imprio que se estendia do Vale do Indus ao MarEgeu e do Cucaso Arbia.

    Cambises era rei da Mdia, que governou de 529 a 522 a. C..Derrotou os egpcios e lutou para conquistar a Etipia. Ciro foinome adotado por vrios reis da Prsia. Tratamos aqui, porm,de Ciro II, O Grande, filho de Cambises, fundador do imprioaquemnida, que derrubou Astages (556 a. C.) e se assenhoreoudo imprio meda. Venceu Creso, rei da Ldia (parte oeste da atualTurquia). Conquistou a Babilnia e tornou-se senhor de toda asia ocidental.

    Aps ser a Ldia dominada, os pequenos estados gregos dacosta da sia Menor submeteram-se aos persas. Esparta, po-rm, o mais forte estado da Grcia continental, enviou veementes

    O desfiladeirodas Termpilas

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    protestos diplomticos. Reinando de 522 a 486 a. C., Dario I, OGrande, consolidou e expandiu o imprio persa. Descontentes comos tiranos inescrupulosos, apoiados pelos dominadores, insurgi-ram-se os estados jnicos (499 - 493 a. C.), com aprovao de

    atenienses e ertrios. Tal revolta foi dominada, no entanto, serviupara mostrar causa grega a necessidade de cooperao entreseus diversos estados.

    Esparta e Atenas, que ainda no se entendiam bem, depara-ram-se com o desembarque de 25 mil homens de Dario em Eubiae a captura de Caristo e Ertria.

    Em 490 a. C., novo desembarque persa, agora na plancie deMaratona, no nordeste da tica. Os atenienses informaram aosespartanos e, comandados por Milcades, tomaram a iniciativa,

    atacando os persas e obrigando-os a se retirarem.Em 480 a. C., Xerxes sucedeu a Dario e cruzou o Helesponto(hoje, estreito de Dardanelos) com uma grande esquadra. Contu-do, a progresso das tropas desembarcadas foi muito lenta, dan-do tempo a que os estados gregos, sob a liderana de Esparta,se unissem e se preparassem para a defesa. As foras gregastinham duas componentes: a terrestre, de espartanos e aliados,que ocuparam o desfiladeiro das Termpilas, com cerca de setemil homens, sob o comando do rei Lenidas; e a naval, na maioria

    atenienses, magistralmente comandados por Temstocles, consti-tuda de 271 navios, os quais tomaram posio em Artemsio, nonorte da ilha de Eubia.

    O fator sorte interveio na batalha em favor dos gregos, poisuma tempestade retardou a esquadra de Xerxes, destruindo cer-ca de 200 navios ao sul de Eubia. A seguir, na parte norte dessamesma ilha, os gregos afundaram muitos navios silcios, a serviodos persas. Nas operaes em terra, a infantaria persa sofreugrandes baixas nas Termpilas logo no primeiro dia de combate.

    Na jornada seguinte, amargaram novo revs.Ento, fez-se presente outro fator: a traio. Conduzidos pelogrego Efialtes, os persas surpreenderam as foras de Lenidas.Percebendo este que o grosso de seus combatentes iria ser en-volvido, despediu a maioria para no ser destruda e postou-se nodesfiladeiro das Termpilas, com apenas 300 espartanos.

    Atravs de um mensageiro, os persas mandaram dizer-lhe:Nossas flechas so to numerosas que encobriro o Sol!

    Respondeu-lhes Lenidas: Melhor! Combateremos sombra.

    Xerxes apresentou-lhe ultimatum: Entrega as tuas armas.Resposta do arrogante e corajoso espartano: Vem busc-las.(Segundo biografia de Plutarco sobre Lenidas.)

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    O objetivo da resistncia nas Termpilas era o retardamento,isto , atrasar a marcha do inimigo sobre Atenas. Lenidas e seus300 bravos cumpriram integralmente a misso!

    Segundo Herdoto, historiador grego, no tmulo dos heris que

    ali tombaram foi gravado o epitfio: Estrangeiro, v dizer Espartaque aqui morremos cumprindo as suas leis!Lenidas e seus homens resistiram bravamente at morte,

    mas no puderam deter a avalanche inimiga.Pouco depois, feriu-se uma batalha naval, com grandes perdas

    para ambas as partes. O restante da armada grega refugiou-seno estreito de Salamina.

    Alcanando Atenas, Xerxes mandou incendi-la, mas achou-aquase deserta, pois Temstocles aconselhou seus moradores a se

    refugiarem nos navios. Mediante hbil manobra, este chefe simulouuma retirada de seus barcos de guerra e, no momento oportuno,atacou a frota persa, que, apesar da superioridade numrica, sedesequilibrou na batalha e retornou para a costa da sia.

    Entrementes, um poderoso exrcito persa, comandando porMardnio, acampou na Tesslia e escorraou os gregos para asencostas do monte Citron, perto de Platias. Diante de enormedificuldade de abastecimento, as foras helnicas retiraram-sedesordenadamente e, ento, Mardnio atacou um grupamento

    isolado de 11.500 homens. Estes, porm, comandados porPausnias, enfrentaram a infantaria persa e a derrotaram. Almdisso, alcanaram os gregos grande vitria naval em Mcale. Com-pletou-se assim a derrocada dos persas.

    A partir da, Atenas formou, com os estados gregos das ilhas eda costa asitica, a Confederao de Delos. Uma srie deinvestidas vitoriosas culminou (em cerca de 466 a. C.) com o ani-quilamento da armada persa em Panflia.

    Os atenienses apoiaram os egpcios rebelados contra os persas,

    em 460 a. C., mas estes derrotaram os revoltosos, que firmarampaz em separado. Uma expedio grega deixou-se apanhar desurpresa no Nilo e foi aniquilada. Atenas, que ento estava emguerra com Esparta, acertou com esta um armistcio e as forasunidas obtiveram grande vitria em Chipre.

    Mediante acordo de paz (em cerca de 448 a. C.) entreatenienses e aliados, de uma parte, e Artaxerxes I, de outra, foireconhecida a liberdade dos estados gregos da Europa e da siae a esquadra persa deixou o mar Egeu.

    O fim de uma guerra de cem anos!

  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

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    Os cartagineses, conhecidos como poeni, habitavam a atualTunsia e tinham como capital Cartago ou Kart hadasht(cidadenova). Roma terminara a unificao da pennsula e Cartago j sehavia aventurado at as ilhas de Crsega, Sardenha e Siclia, ocu-pando as duas primeiras e parte da ltima. Estava em jogo o dom-nio da bacia do Mediterrneo e o choque entre as duas metrpolesera inevitvel. Assim, a partir do sculo III a. C., tiveram incio asguerras pnicas, ou contra os poeni. Este conflito, como o que seferiu entre gregos e persas, durou cerca de um sculo e inclui trsfases, denominadas de primeira, segunda e terceira guerra pnica.

    1Guerra Pnica (264 a. C. - 241 a. C.) Siracusa, situada naparte sudeste da Siclia, era aliada de Cartago e atacou Messina,erigida junto ao estreito do mesmo nome que separa a ilha da pe-nnsula itlica. Os mamertini,mercenrios da Campnia e que ocu-pavam o estreito, pediram socorro tanto a Cartago quanto Roma.Os cartagineses chegaram em primeiro lugar, capturaram Messinae entenderam-se com Hrion, tirano de Siracusa.Roma, no entan-to, desembarcou tropas na cidade, prendeu o almirante cartagins,por meio de uma cilada, e obrigou os invasores a se retirarem.Unidos, os combatentes de Cartago e Siracusa investiram contraMessina, sendo porm derrotados. Voltaram-se, ento, os roma-nos, em 263, contra os territrios de Hrion, que foi forado aassinar com eles uma paz em separado e um pacto de aliana. Osaliados capturaram a base cartaginesa de Agrigentum, contudo,outras pequenas possesses inimigas da ilha foram mantidas.

    Em 260 a. C., sofreram os cartagineses grave derrota naval emMylae, ao norte da Siclia e, sucessivamente, foram expulsos daCrsega. Sua esquadra foi repelida altura do cabo Ecnomuse os

    Delenda est Carthago!

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    O vu e a espada40

    romanos estabeleceram uma cabea de ponte na frica, em Clypea(atual Kelibia, Tunsia). Os cartagineses estavam dispostos a nego-ciar, mas recuaram diante das exageradas condies estabelecidaspelo cnsul Atilius Regulus.

    Em 255, o mercenrio espartano Xanthippus, no comando deforas cartaginesas, derrotou e aprisionou Atilius Regulus. Porm,nova esquadra romana chegou frica, deu combate marinhacartaginesa em frente ao cabo Hermaeum (atual Bon) e resgatouremanescentes da fora expedicionria antes encurralada emClypea. Navegaram ento os romanos para nordeste e, na Siclia,capturaram a fortaleza de Panormus (Palermo). No se dando porvencidos, rumaram tambm os de Cartago para a Siclia e ali de-sembarcaram reforos, chegando a guerra a um impasse.

    S em 250 o general romano Caecilius obteve uma vitria nasproximidades de Panormus, que lhe permitiu atacar por terra e mara principal base pnica de Lilybaeum (Marsala) e a de Drepanum(Trapani). Resistiram os cartagineses e atacaram esta ltima pormar, onde o almirante Claudius Pulcher perdeu 93 navios. Exauri-dos, os dois adversrios concederam-se uma trgua. Ento, de-senvolveram-se operaes de guerrilhas, chefiadas pelo cartaginsAmilcar Barca, de suas posies nos montes Erecte e Eryx, nacosta oeste da Siclia. Prolongava-se essa guerra de desgaste quan-

    do surgiram 200 barcos romanos, construdos e equipados por subs-crio pblica, que bloquearam Lilybaeum e destruram a frotacartaginesa ao largo das ilhas Aegusae (241).

    Os pnicos, derrotados e tendo de lidar com a revolta de seusmercenrios na frica (a chamada guerra inexplicvel), pedirama paz, renunciaram Siclia e s ilhas Lipari (pequeno arquipla-go ao norte) e obrigaram-se a pagar, em 10 anos, um tributo de3.200 talentos.

    2

    Guerra Pnica (218-201 a. C.) Para compensar a perdada Siclia, procuraram os cartagineses, sob a chefia de AmlcarBarca, conquistar a Ibria. Com o produto das minas de SierraMorena pagaram as dvidas de guerra. Asdrbal, o Belo, genrode Amlcar, fundou no litoral a cidade de Nova Cartago, ouCartagena (227), com o compromisso de no ultrapassar o Ebro.Sua soberania foi reconhecida ao sul do rio pelos romanos. Po-rm, estes, por segurana, aliaram-se a Saguntum, cidade do sul,na costa oriental. Tendo Asdrbal sido assassinado em 221, Anbal,

    filho de Amlcar, assumiu o comando dos cartagineses na Espanha.Pouco depois sitiou e tomou Saguntum. Os romanos exigiram arestituio da cidade, ao que se negou o conselho de Cartago,

  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

    Zol Pozzobon 41

    preferindo a guerra.Os romanos tinham um plano de atacar, ao mesmo tempo, a

    Ibria e a frica, com dois exrcitos, partindo das bases da Siclia.No deu certo, pois representava uma diviso de esforos. Anbal

    decidiu levar a guerra Itlia, conduzindo suas foras atravs daIbria e da Glia, atravessou os imponentes obstculos dos Pirineuse dos Alpes e, depois de seis meses de penosas marchas, atingiuo Vale do Rio P em 218, com 50 mil combatentes de infantaria,nove mil cavalarianos e 37 elefantes. Nos embates que se segui-ram, foi vitorioso em Tessino, contra o cnsul Cornelius Scipio (Cipio)e, no ano seguinte, derrotou o cnsul Flaminius, s margens do lagoTrasimeno, na Umbria, onde os romanos perderam 15 mil homens.

    Tal revs deixou Roma merc do inimigo, mas ento Anbal

    cometeu o erro de hesitar, quando lhe bastava marchar para o sule apoderar-se da capital inimiga. Assim, tiveram os romanos tem-po de lanar uma hbil guerra de usura contra os cartagineses.Foi autor de tal estratgia Quintus Fabius Maximus, que granjeouo apelido de Conctatur (contemporizador). No obstante, em 2 deagosto de 216, feriu-se a batalha de Cannae a mais desastrosaderrota sofrida pela repblica romana e tambm uma das mano-bras clssicas estudadas na histria militar: o cnsul Paulo Emliofoi levado por Anbal a lanar um ataque frontal, em terreno previ-

    amente escolhido pelo cartagins, que envolveu completamenteas foras romanas, as quais perderam 50 mil dos 80 mil comba-tentes que possuam. Mas, inexplicavelmente, Anbal no realizouo aproveitamento de to grandioso xito, com o que poderia terdecidido em definitivo a disputa com Roma. Em vez disso, deixou-se ficar em Capua.

    O senado romano, ento, retomou a direo da guerra,reagrupando foras e recursos. Despachou para a Espanha tropascomandadas por dois dos irmos Cipio, os quais foram derrota-

    dos por Asdrbal Barca. Mas um terceiro chefe, Publius Cornelius,tomou Cartagena e completou a conquista da Ibria. Ento, AsdrubalBarca decidiu cruzar os Alpes e se juntar a Anbal na Itlia. Foi,porm, derrotado em Metauro por Livius Salinator e Claudius Nero,sendo decapitado. Marcelo investiu contra Siracusa, na Siclia, esaqueou-a, no obstante terem sido empregados os engenhos de-fensivos de Arquimedes, que morreu durante a pilhagem. Anbal,depois de perder Cpua, onde ficara em incompreensvel atitudede contemplao e de ter chegado s portas de Roma, viu-se obri-

    gado a voltar frica, pois Cipio (O Africano) intimidava Cartago. de se admirar que os romanos, tendo ainda a amea-los asforas de Anbal desdobradas na pennsula e prximas de Roma,

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    hajam destacado expedies para a Ibria e contra Siracusa. bem verdade que a coluna de Publio Cornelius haveria de ameaarCartago e obrigar Anbal a socorr-la.

    A 150 Km a sudoeste da cidade de Zama, feriu-se uma batalha

    decisiva (202). As foras de Anbal, extenuadas pelos interminveisdeslocamentos desde a Itlia at a atual Tunsia, atravessando aGlia, a Ibria, o Estreito de Gibraltar, os territrios do atual Marro-cos e da Arglia, foram fragorosamente derrotadas e tiveram deaceitar durssimas condies de paz: renncia Ibria, entrega daesquadra (com exceo de 10 trirremes), indenizao de 10 miltalentos, proibio de fazer a guerra fora do continente e seus as-suntos exteriores passariam a ser controlados pelos romanos. Anbalrefugiou-se na Sria, junto de Antoco, e depois na Bitnia, com

    Prusias, onde cometeu suicdio para no se entregar ao implacvelinimigo (183 a. C.).

    3Guerra Pnica (149-146 a. C.)Apesar da enorme reduo de seu poderio militar, Cartago pro-

    curou, com pertincia, recuperar-se rapidamente, e j no sculo IIa. C. eram pujantes seu comrcio e economia, a ponto de causarpreocupao a Roma. Marcius Porcius Cato (Cato), estadista eescritor romano, foi questor, edil, pretor, cnsul e, finalmente, cen-

    sor, ttulo este que ficou incorporado historicamente a seu nome.Em memorveis discursos, dedicou-se a atacar o comportamentodos jovens da nobreza romana e pregao da guerra contraCartago, repetindo constantemente a frase: Delenda est Carthago- Cartago precisa ser destruda!

    Massinissa, que comandara a cavalaria romana na batalha deZama, recebendo como prmio por sua vitria toda a Numdia, deque se fez rei, entrou em hostilidades com os cartagineses. Estesdispuseram-se a entregar refns e a desarmar-se. Roma, porm,

    exigiu a migrao em massa dos habitantes de Cartago para ointerior. Optando pela luta, foi a cidade cercada durante trs anos.Iniciado o assalto localidade, em 146 a. C., resistiu a todo o tran-se, de casa em casa. De uma populao inicial de 250 mil habitan-tes, restaram 50 mil, vendidos como escravos. A cidade foi arrasa-da, no restando pedra sobre pedra, e o stio (conforme relatohistrico) condenado desolao perptua. At seu nome sumiu: oantigo territrio passou a constituir a provncia romana da frica.

    A sudoeste de Tnis, no vale do rio Miliane, encontram-se as

    runas do aqueduto romano entre o monte Zaghvan e Cartago, cujasrunas constituem ponto de atrao turstica, o que desmente orelato histrico de no ter restado pedra sobre pedra!

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    Caio Jlio Csar (Roma, 101 a 44 a. C.) reuniu em sua pessoaas qualidades de militar, estadista e escritor. Tornou-se senhor ab-soluto da poltica, fundando o regime denominado cesarismo. Paraisso, eliminou seu rival Pompeu da vida poltica de Roma, fez-seditador, progressivamente por um ano, depois por dez, e, afinal, portoda a vida.

    Como escritor, comps Commentarii de bello Gallico- Comen-trios sobre as guerras da Glia, a Frana de hoje, no ano 51 a. C.,obra que revela admirvel estilo de prosador e clara inteligncia.Seus dotes de orador foram sobejamente comprovados no cenriopoltico de Roma. Os historiadores reconhecem seu gnio e a mai-oria louva sua generosidade e encanto pessoal, mas no chegam aacordo ao julgarem o cesarismo, pois, para muitos, no passou deuma criao poltica para sustentar Csar, que acabou por destruira liberdade em sua ptria e esmagou a dignidade do cidado roma-no. De fato, ele demonstrou pouco respeito pelas antigas institui-es e tradies de Roma; aumentou para 900 o nmero de sena-dores, introduzindo no Senado elementos das provncias, porm,tratava a instituio com desprezo e no como rgo verdadeira-mente representativo das diversas raas e nacionalidades. Desde-nhando a dignidade das funes pblicas, minou o respeito prpriode seus sditos, acabando por reinar, como os imperadores que oseguiram, sobre uma verdadeira nao de escravos.

    Aos 16 anos, Csar adquiriu a maioridade e pouco depois foifeito sacerdote de Jpiter, funo que manteve por um ano. Seguiuento para a sia, onde serviu sob o comando de Mincio Termo eteve sua primeira experincia em combate, lutando contra focos deresistncia ocupao das legies. Voltando a Roma em 78 a. C.,exerceu alguma atividade forense e, dois anos depois, seguiu para

    Alea jacta est

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    Rodes, a fim de estudar retrica com Molon. Durante a viagem, foiaprisionado por piratas e todo o tempo os tratou desdenhosamen-te, prometendo crucific-los assim que fosse libertado, o que real-mente cumpriu risca. Ento, envolveu-se em intrigas polticas,

    dvidas e vida dissoluta. Mas demonstrava apreo pelas tradiesdemocrticas e promovia divertimentos pblicos. Tornando-se po-pular, foi eleito pontifex maximus em 63a. C., ano da conspiraode Catilina, na qual possivelmente esteve envolvido

    Catilina era um aristocrata romano que fomentou conjuraocontra o Senado, a qual foi denunciada por Ccero, atravs dasCatilinrias,constitudas de quatro clebres e violentos discursos,conseguindo frustar a conjurao.

    Em 60 a. C., junto com Pompeu e Crasso, formou Csar o pri-

    meiro triunvirato, sendo virtualmente abolido o governo constitucio-nal. Obteve ele por cinco anos, prorrogados mais tarde, a nomea-o para o governo das Glias.

    Ento, revelou sua enorme capacidade militar atravs de brilhan-tes campanhas, em que consolidou o poder de Roma, eliminandoas ameaas dos germnicos. Conquistou a Inglaterra (o que, maistarde, nem Napoleo nem Hitler conseguiram). Venceu confedera-o de tribos hostis, aprisionou o chefe gauls Vercingetorix, mon-tou a administrao da provncia conquistada, fixou o montante de

    tributo anual e mostrou-se relativamente magnnimo. No, porm,em relao ao chefe aprisionado, que foi levado em correntes paraRoma, a fim de ser exibido durante a entrada triunfal de Csar.

    Mas sua posio tornava-se crtica na capital. Crasso morrera ePompeu fez passar uma lei possibilitando a substituio do coman-do da Glia e permitindo que, como cidado privado, Csar fosseprocessado por seus atos inconstitucionais. O comandante dasGlias procurou negociar com Pompeu e, havendo falhado no inten-to, marchou frente de uma legio, atravessou o Rubico, na fron-

    teira italiana, exclamando: Alea jacta est. - A sorte est lanada!Havia uma superstio pela qual tornava-se amaldioado o exrcitoque transpusesse aquele pequeno rio. Csar ignorou tal crendice.Pompeu arregimentou algumas tropas na Itlia e, em Brundsio,embarcou para o Oriente, onde seu prestgio era maior. A Espanhaficara em mos de seus lugares-tenentes e para l rumou Csar,dizendo que ali combateria um exrcito sem general para, maistarde, no leste, combater um general sem exrcito! Em ambas ascampanhas saiu-se vitorioso e tambm derrotou Pompeu na bata-

    lha de Farslia, na Grcia, no ano de 48 a. C.. Pompeu dispunha de40 mil homens, enquanto Csar, 25 mil, com grande inferioridadede cavalaria. A vitria foi devida ao comando direto de Csar, ao

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    passo que Pompeu abandonou o campo de batalha, perdendo ainiciativa. Foi um dos mais completos xitos da histria militar, emque Csar perdeu somente 300 combatentes, enquanto o advers-rio amargou o prejuzo de 15 mil mortos e 24 mil prisioneiros.

    Conta a tradio que, aps essa vitria, Csar foi ao Egito,onde permaneceu nove meses e ficou seduzido por Clepatra.Seguiu depois para a sia Menor, onde defrontou-se com Farnaces,filho de Mitrdades, 0 Grande. Sobre tal batalha, teria dito: Che-guei, vi e venci!

    Voltou Itlia para abafar um levante das legies. Tornou a cru-zar o Mediterrneo, derrotando em Tapsos um exrcito republica-no, em que a maioria dos chefes pereceu (46 a. C.). Entre 26 e 29de julho, celebrou em Roma um triunfo qudruplo e recebeu a dita-

    dura por 10 anos. Em novembro, foi Espanha e derrotou os filhosde Pompeu em Munda. interessante observar no haver dados que revelem qualquer

    derrota ou insucesso militar de Csar. Foi vitorioso toda a vida!Ao voltar a Roma, foi assassinado por membros de um conluio

    chefiado por Brutus, no Senado, aos ps da esttua de Pompeu.Mortalmente ferido, teria Csar dito a Bruto, antes de morrer: Attu, Brutus, meu filho?

    Alm de seu grande talento militar, foi Csar o primeiro chefe

    romano a executar em larga escala planos de colonizao ultrama-rina, a unificar o sistema de governo local na Itlia e a defender oprincpio de que o imprio devia ser governado e no meramenteexplorado.

    A palavra Csar ligou-se historicamente ao sentido de impera-dor. Dela, os alemes tiraram o termo Kaiser, e os russos, Czar.

    Cesarismo tem o sentido de governo desptico, ditadura, auto-cracia.

    Cinco localidades adotaram o nome de Cesaria, na antigidade:

    - Cesaria da Capadcia(regio situada entre a Armnia e aFrgia, na sia Menor),s margens do rio Halis.- Cidade da antiga Palestina, hoje em Israel, construda por

    Herodes e residncia dos procuradores romanos.- Cidade da Fencia (Cesaria do Lbano)- Cidade situada na frica do Norte, capital da Mauritnia Cesa-

    riana, hoje Arglia.- Fortaleza margem do rio Orontes, que os muulmanos

    batizaram de Chaizar.

    A cesariana, ou cesria, interveno cirrgica pela qual se extraio feto da cavidade uterina por via abdominal, teria recebido essadesignao devido crena de que Csar nascera desta maneira.

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    Os fariseus acercaram-se de Jesus e, para o tentar, pergunta-ram-lhe: Mestre, justo pagar o tributo a Csar?

    O Rabi disse-lhes: Mostrai-me uma moeda.O grupo de judeus entregou-lhe uma das moedas correntes na

    Palestina, dominada pelos romanos.- De quem esta imagem e esta inscrio?- De Csar.- Pois bem: da a Csar o que de Csar e a Deus o que de

    Deus! (Evangelho de Marcos, 22, 15-22).

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    Os guerreiros

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    Belisrio, o bizantino

    A cidade de Bizncio foi fundada pelos gregos antigos, na mar-gem esquerda do Estreito do Bsforo, a meio caminho entre o Me-diterrneo e o mar Negro. Encruzilhada obrigatria do comrciocom a Anatlia e o resto da sia, prosperou rapidamente.

    O termo bizantinismo, aluso corte de Bizncio, onde filso-fos e telogos se entretinham em discutir mincias e sutilezasespeculativas, enquanto a cidade estava cercada, conserva o sen-tido de discusso a respeito de futilidades, emprego de sofismase sutilezas inteis.

    Bizncio foi destruda por Dario I, ocupada pelos atenienses econquistada por Alcebades e Lisandro. Independente em 358, nose deixou absorver nem pelo imprio de Alexandre nem pelo dosromanos, porm foi por estes arrasada.

    Mais tarde, aps reconstruda, Constantino, O Grande, mudouseu nome para Constantinopla, tornando-se uma Segunda Roma.Foi sede do Imprio Romano do Oriente, ou Bizantino.

    Seu poder era martimo e continental, constitua um lao indis-pensvel entre a Europa e a sia, entre a cultura crist e as civiliza-es orientais.

    Manteve sua unidade poltica at 1453, quando Constantinoplacaiu em poder dos turcos otomanos. Durante o sculo V, os impe-radores bizantinos livraram-se dos brbaros (Alarico, tila,Teodorico...) pagando-lhes tributos e, assim, desviando-os para oOcidente. Mas construram importantes obras de defesa nas prin-cipais cidades, principalmente em Constantinopla.

    O apogeu do imprio veio a ocorrer no reinado de Justiniano(527-565). Sua bela esposa, Teodora, era profundamente ambicio-

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    sa, tinha esprito lcido, firmeza, coragem e calma, exercendo grandeinfluncia em todas as reas da vida do imprio.

    Dois setores de atividades caracterizam o reinado de Justiniano:intensa produo intelectual e artstica (Corpus Iuris Civilis e a

    Baslica de Santa Sofia- Hagia Sophia)e vigorosa poltica exterior.Tanto defendeu o imprio quanto procurou ampli-lo, isto , resta-belecer o antigo Imprio Romano do Ocidente.

    Passou, ento, preparao de suas foras. Precisava de ge-nerais competentes e teve a sorte de contar com Belisrio e Narss.

    Aquele (o primeiro na Ilria, em 505, e o outro em Constantinopla,em 565) exercia um comando na fronteira da Prsia (528) quando aelevao de Justiniano fez dele o primeiro general do imprio. ComoComandante em Chefe do Exrcito da sia, venceu os persas em

    Dara (530). No ano seguinte, entretanto, foi derrotado em Callnicum,sem perder o prestgio, pois aproveitou a oportunidade que surgiuem seguida de salvar o trono, reprimindo com energia a rebelio deNika (532). Diante de tal xito, foi considerado imprescindvel paralevar a cabo os ambiciosos plano do imperador.

    Os Vndalos eram uma tribo germnica que atravessou a Euro-pa, tomou e saqueou Roma e fixou-se na frica do norte (sculo V).Justiniano atribuiu a Belisrio a misso de conquistar a regio sub-metida aos germnicos. Em sete meses de campanha, com ape-

    nas duas batalhas, este destruiu o reino de Gelimer, que foi levadoprisioneiro presena de Justiniano (533/34). Como prmio, Belisriofoi nomeado cnsul.

    Logo depois, dirigiu-se Siclia e a ocupou (535). Passou para apennsula italiana e conquistou Roma e Npoles. Suas foras, po-rm, estavam desgastadas e seus efetivos reduzidos. Ento, Vittiger,novo rei dos ostrogodos, cercou Belisrio em Roma. Este resistiuao cerco durante um ano, de maro de 537 a maro de 538. Almdas preocupaes com a defesa da cidade, ainda achou tempo de

    depor o papa Silvrio, conforme o desejava a imperatriz Teodora.Os ostrogodos levantaram o cerco e retiraram-se. O bizantinomarchou sobre Ravena e a conquistou em 540, apesar da m von-tade de seus generais. Ento, foi chamado por Justiniano para de-ter a marcha de Cosroes, na sia, saindo-se vitorioso (541/42).

    Embora tenha passado por um perodo de desfavor por parte deJustiniano (intrigas?), foi novamente designado para outra impor-tante misso: conter os ostrogodos de Totila, na Itlia. Para l rumouem 544. Apesar de seu valor como general, nada pde fazer, pois

    as foras de que dispunha eram muito inferiores em poder de com-bate. Roma foi submetida e o general pediu demisso, recolhendo-se a Constantinopla, onde comandou a Guarda Imperial. A sorte,

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    porm, virou em seu favor: em 559, desbaratou um ataque dosblgaros a Constantinopla, salvando a capital dos bizantinos.

    Observado sempre com suspeita pelo imperador, implicou-senuma conspirao em 562, sendo despojado de seus cargos.

    Mas, ao morrer, tinha novamente conquistado as boas graasdo soberano.H uma verso histrica que o apresenta mendigando para so-

    breviver. Segundo abalizados historiadores, tal verso no tem fun-damento. Entretanto, motivou pintores de nomeada, como Van Dick,Salvador Rosa, Davi e Francisco Grard, que o apresentam emseus quadros como mendicante, bem como Marmontel em seu ro-mance poltico-filosfico, Belisrio.

    - O grande general bizantino viu sorrirem-lhe brilhantes vitri-as, mas tambm experimentou o amargor de derrotas.- Algumas destas podem ser atribudas disparidade entre

    suas foras e as dos adversrios, que se apresentaram com efetivose meios superiores. H um princpio que reza: Quem d a mis-so, d os meios!Isso, porm, no exime o chefe de sua respon-sabilidade. Cabe-lhe, ao menos, alertar as autoridades sobre orisco que a tropa vai correr!

    - Estar nas boas graas ou no desfavor do rei era uma situao

    que ocorria com freqncia no passado, onde reinavam a intriga ea inveja. Porm, ao que parece, Belisrio, pelo menos uma vez,ao se envolver numa conspirao, deu motivo s desconfianasde Justiniano.

    - A atitude de Belisrio em Roma, enquanto a cidade estavacercada pelos ostrogodos, de encontrar tempo para derrubar opapa Silvrio, inegavelmente foi uma bizantinice de sua parte.

    - A apresentao de Belisrio como mendicante em quadros etratados parece ter sido frivolidade de seus autores, ou seja,

    bizantinismo!

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    O flagelo de Deus

    A denominao de hunos atribuda a pelo menos quatro po-vos de origem ainda obscura: 1) os hunos que, de 372 a. C. a 453d. C. invadiram o imprio bizantino e se mostraram mais agressi-vos sob o comando de tila; 2) os hngaros ou magiares, queatravessaram os Crpatos em direo Hungria, em 898 d. C., ea se miscigenaram; 3) os hunos brancos ou eftalitas, j conheci-dos dos bizantinos e que perturbaram o Imprio Persa, de 420 a557 d. C., e 4) os hunos invasores da ndia, na mesma poca.

    Nos primeiros sculos da era crist, guerreiros hunos, ouHsiung-nu, impeliram os chineses para oeste. Parte deles per-manecia na Transoxiana e no Afeganisto e outros avanaramat os montes Urais.

    O que caracteriza todos os ramos desse povo o nomadismo,a tmpera guerreira e o vigor fsico.

    Na Europa ocidental, os primeiros a absorver os choquesdos hunos foram os alanos e, a seguir, os ostrogodos. Osvisigodos tiveram de se desalojar de suas posies diante dapresso dos invasores.

    tila, rei dos hunos (406 - 453 d. C.), foi seu chefe mais clebre.Passou os oito primeiros anos de seu reinado lutando contra outrastribos brbaras, at tornar-se dominador supremo na Europa cen-tral. Fazendo alianas, tornou-se senhor incontestvel dos territri-os que se estendem entre o mar Cspio e o rio Reno. Duranteanos, assolou os Blcs e ameaou Constantinopla. Tendo subidoao trono de Bizncio o imperador Marciano, voltou-se este comenergia contra os hunos, os quais volveram para o Ocidente, atra-vessaram o Reno e saquearam a maior parte da Glia belga, ondefoi atribudo a seu chefe tila o cognome de Flagelo de Deus.

    Como os conquistadores no sabem parar, dirigiu-se ele para

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    o sul e sitiou Orlans, sendo esta cidade salva pelo exrcito roma-no-godo, chefiado por Acio e Teodorico. A seguir, travou-se abatalha dos Campos Catalunicos (Chalons-sur-Marne), embatedecisivo na histria do Ocidente. Aps um dia de luta insana, so-

    frendo ambas as partes baixas proibitivas, foram os hunos derro-tados. tila retirou-se para a Pannia. Porm, no se deu porvencido. Voltou-se para a Itlia, onde tomou e destruiu Aquilia,principal cidade da Venetia, bem como Concrdia, Altinum e Patvia(Pdua). Os sobreviventes destas localidades buscaram refgionas lagunas do mar Adritico e assim fundaram Veneza. Continu-ando sua trajetria de devastao, saqueou Milo e as cidadesda Lombardia ocidental.

    Ento, deu-se um fato que assinalou a histria do Ocidente

    europeu: o papa Leo I mandou a tila uma embaixada e a seguirfoi encontrar-se com ele em Mntua. No se sabe que conversa osumo pontfice passou no rei dos hunos, o caso que este con-sentiu em se retirar para o norte dos Alpes mediante o recebimen-to de um tributo.

    O famoso Flagelo de Deusmorreu subitamente, em 453, nanoite seguinte a um banquete, em que comemorava seu casa-mento com uma jovem chamada ldico.

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    Djebel al-Tarik(A Montanha de Tarik)

    Gibraltar uma colnia britnica encravada no territrio espa-nhol e situada no extremo sul da pennsula ibrica, diante doestreito do mesmo nome que liga o mar Mediterrneo ao oceanoAtlntico. Ali ergue-se uma praa forte, tomada pelos inglesesem 1704 e que at hoje permanece em seu poder, apesar daconstante presso do governo de Madri.

    O territrio da colnia no passa de 6 km2, possui depsitos

    fossilferos, inclui o rochedo (The rock), o qual forma um pro-montrio de 425 metros. Esta rea est ligada ao continente poruma plancie arenosa que mal atinge um metro acima do nvel domar. A encontra-se o territrio neutro, entre o domnio britnicoe a cidade de La Lnea (Espanha).

    A palavra Gibraltar deriva do idioma rabe, Djebel al-Tarikesignifica Montanha de Tarik

    Maom (570 a 632 d. C.) fundou o Islamismo e motivou aformao do imprio rabe, baseado no unidade da f islmica,ou muulmana, e conquistado atravs da guerra santa (Jihad):Os bravos cados no campo de batalha so olhados no para-so como mrtires, diz o Al Cor, o livro sagrado islmico).Seu domnio haveria de se estender por 1800 lguas de litoral,com grande rapidez, e abrangendo povos totalmente diferen-tes. Fizeram parte desse imenso conglomerado o impriobizantino, o imprio sassnida da Prsia, o reino gtico-cristoda Espanha, a Sria, o Egito, o Turquesto, a sia Menor, aArmnia, a frica do Norte.

    O exrcito egpcio, comandado por Musa, conquistou o Mar-rocos em 710. No ano seguinte, seu lugar-tenente,Tarik Ibn Siyad,atravessou o Estreito de Gibraltar, frente de sete mil berberes

  • 5/24/2018 00425 - O V u e a Espada - As Guerras Atrav s Dos Tempos

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    (habitantes da frica setentrional), reforados por cinco mil ra-bes, e derrotou, na batalha de Guadalete, o rei visigodo Rodrigo,assegurando a posse da Ibria, com exceo da regio monta-nhosa das Astrias. Na verdade, ocuparam os rabes

    efetivamente s 1/5 do territrio. interessante ressaltar que eles deixaram intactas as comu-nidades crists, com sua religio e leis. Freqentes disputas tribaismantinham Al-Andaluz, como era chamada a Espanha, em cons-tante ebulio. Em 755, o prncipeAbd-al-Rahman, da dinastiados Omadas, fugiu de um massacre na Sria e estabeleceu emCrdoba um califado, que alcanou grande esplendor cultural eeconmico. A partir de 1009, a Espanha moura mergulhou naanarquia, facilitando a posterior expulso dos invasores.

    Como uma conquista leva a outra, tambm os rabes foramadiante, atravessaram os Pirineus e intentaram expandir seu do-mnio no territrio dos francos (Frana). Porm, l os esperavaalgum que os faria retroceder: Carlos Martel (689 - 741 d. C.),duque dos francos e que sucedeu a seu pai, Pepino de Heristal,como prefeito do palcio dos merovngios, tornando-se rei defato. Conduziu inmeras campanhas militares contra os frsios(ento habitantes da Holanda) e saxes. Em 732, enfrentou osinvasores mouros (norte-africanos) e derrotou-os na batalha de

    Poitiers, evitando a expanso do Isl para o centro da Europa.Por volta de 1195, Afonso de Arago foi vencido em Alarcospelo sulto almada Abu Iacub Iussef. Suas hostes conquista-ram a Andaluzia. Os cristos, porm, tiraram sua desforra emNovas de Tolosa (1212). Prosseguiu a reconquista da Ibria:Fernando III de Castela entrou em Crdoba, em 1236. Jaime Ide Arago ocupou as Baleares em 1235 e, trs anos depois,entrou em Valena.

    A dinastia almada desapareceu em 1268. O reino de Grana-

    da, ltimo reduto da Espanha muulmana, protegido por suasmontanhas e por uma cintura de castelos, bem como defendidapelos Mernidas, esboroou-se aos poucos, de 1231 a 1492.

    O que a Europa deve ao Isl recebeu-o atravs da Espanha.L, deixaram os rabes mais do que lembranas. Alm de mo-numentos, como a Mesquita de Crdoba, o Alhambra de Gra-nada, a Giralda, irm da Torre Hassane, o Alcar, de Sevilha,muralhas e fortificaes, h outros vestgios de uma ocupaode oito sculos.

    Outrossim, foi forte a contribuio tnica do Oriente e da fri-ca para a constituio da raa espanhola (e portuguesa). No quediz respeito lngua, enriqueceu-se o vocabulrio romnico. O

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    flamenco, o fado e outras msicas cantadas e entoadas na pe-nnsula ibrica deixam transparecer visivelmente os cantares doOriente muulmano. No tocante s instituies, devida aos ra-bes a origem da Justicia mayor, em Arago. A influncia deixa-

    da pelas guerras na imaginao popular manifestou-se forte-mente na literatura, atravs dos romances de fronteira.

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    O vu e a espada

    As Cruzadas foram expedies militares empreendidas peloscristos da Europa Ocidental, durante a Idade Mdia, no perodode 1096 a 1291, com o manifesto objetivo de libertar o Santo Sepul-cro e os lugares santos do domnio muulmano.

    Foram mltiplas as causas que desencadearam tais movimen-tos: intolerncia religiosa dos turcos seldjcidas; expanso turca nasia Menor; desejo do papado de reunificar a cristandade, abaladapelo cisma do Oriente (1054); a existncia de uma classe militar aCavalaria cuja finalidade mxima era a defesa da f; o aumentoda populao europia; a atrao pela luta; o desejo de conquistade terras e riquezas orientais...

    No Conclio de Clermont (1095), aps a pregao da Cruza-da pelo prprio papa Urbano II, em que o pontfice usou as pala-vras do Evangelho Renuncia a ti mesmo, toma tua cruz e segue-me,a multido manifestou-se ruidosamente a favor, aos gritosde Deus o quer.

    Foram tomadas medidas iniciais, como a suspenso de guerrasprivadas entre os Estados cristos, concesso de graas especiaise privilgios para quem empunhasse as armas em defesa da cruz ediretrizes para concentrao de foras em Constantinopla, de ondepartiria a ofensiva contra os muulmanos.

    de se imaginar o entusiasmo que se espalhou pela Europa, apartir de tal pronunciamento, motivado no s pelo esprito msticoque dominava a civilizao da poca, como tambm pela perspec-tiva de amealhar fortuna. As Cruzadas constituram uma verdadeiraGuerra Santa, fenmeno que se tem manifestado algumas vezesna Histria e de que exemplo aJihaddos muulmanos, ao tempoda construo do Imprio rabe, como modernamente, nas lutasde palestinos contra israelenses.

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    fcil de reprovar o que se passou nos sculos XI e XII, quandoos cristos desencadearam sua luta contra o Isl, mas cada pocatem suas categorias de pensamentos e sua escala de valores. Hoje,parece-nos absurdo que os papas de ento tenham estimulado tais

    iniciativas, porm, as geraes futuras, ao olharem para o nossosculo, tambm ho de estranhar o desencadeamento de duasguerras mundiais, justificadas por ambas as faces em luta, efinalizada a ltima com a exploso de duas bombas nucleares. AAlemanha conseguiu levantar boa parte da Europa para participarde uma campanha sagrada contra a URSS e o perigo comunista.

    Embora repudie ao bom senso humano, o radicalismo racista muito mais arraigado do que se imagina em povos que combate-ram o racismo nazista contra os judeus. O neo-nazismo tem seus

    representantes nos EUA e ostentam aHakerkreuz(cruz gamada)em suas camisas; na prpria Alemanha, onde tal movimento nas-ceu e cresceu e, por incrvel que parea, est surgindo tambm naRssia, tiranizada pelas tropas SS de Hitler durante o ltimo grandeconflito! E, no incio de 2000, a ustria, terra natal de Hitler, empossana cabea do Governo um nazista confesso, ao que, desta vez, omundo levantou-se imediatamente contra. No entanto, o lder nazis-ta foi mantido no cargo.

    Guerra religiosa parece-nos um absurdo, e , e a Irlanda, a cus-

    to, est conseguindo se livrar desse mal que, diga-se de passa-gem, vem mesclado de outras motivaes e interesses.Voltando s Cruzadas, houve vrias delas, a primeira, chamada

    de Cruzada dos Cavaleiros(1096 - 99). Concentraram-se as for-as em Constantinopla e libertaram a Terra Santa. Estabeleceram-se reinos e condados, o mais clebre o Reino Latino de Jerusalm,tendo no trono Godofredo de Bouillon. Contudo, tais Estados foramefmeros e caram sob o poder muulmano.

    So Bernardo de Claravel pregou a Segunda Cruzada(1147

    - 49), cuja motivao foi a queda do condado de Edessa empoder do Isl. Foras germnicas e francesas atuaram separa-damente e da mesma forma foram batidas pelos turcos. Foi nuloo resultado de tal empreendimento.

    A Terceira Cruzada(1189 - 92) constituiu-se pelos mais pode-rosos reis catlicos da Europa: Frederico Barba Roxa, imperadorgermnico; Felipe Augusto, rei da Frana, e Ricardo Corao deLeo, rei da Inglaterra. Partiram para o Oriente a fim de dar com-bate a Saladino, sulto do Egito, Sria, Imen e Palestina, bem

    como fundador da dinastia dos aibidas. Em julho de 1187, o che-fe rabe encurralou e destruiu, em Hattin, prximo ao lago de

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    Tiberides, tropas da Terceira Cruzada. Em seguida, reconquis-tou Jerusalm, depois de 88 anos de ocupao pelos francos. Porduas vezes tentaram os cruzados, sob o comando de RicardoCorao de Leo, arrebatar a Cidade Santa das mos dos infiis,

    sendo rechaados. O rei ingls negociou uma trgua de trs diase visitou o Santo Sepulcro.Conta-se que teria havido um encontro pessoal entre aquele rei

    e Saladino, em que cada qual procurou materializar num gesto oprprio valor combativo. Ricardo mandou colocar uma barra de fer-ro entre dois suportes e, com sua poderosa espada, desferiu umviolento golpe sobre a pea metlica, quebrando-a em duas partes.

    A seguir, Saladino chamou um de seus servos, o qual, ao sinal doamo, lanou para o alto um finssimo vu de seda. O rabe desem-

    bainhou seu afiado sabre e esperou a queda do vu, dividindo-o emdois pedaos com a afiadssima lmina. preciso assinalar que, dos trs chefes cruzados que haviam

    iniciado o movimento para a Terra Santa, somente Corao de Leoprosseguiu at o fim, pois Felipe Augusto, da Frana, retornou aseu pas, de onde conspirou contra o colega. Sobre Barba Roxa, aHistria pouca registra em matria de ao militar na Palestina.

    A Terceira Cruzada marcou profunda transformao nas rela-es entre cristos e muulmanos: um certo esprito de tolerncia e

    cavalheirismo substituiu a primitiva luta de extermnio. Para isso con-tribuiu a generosidade do soberano rabe, que enviou neve a seuoponente, para minorar-lhe as dores dos ferimentos. Ao que dizem,quando morreu, Saladino no deixara dinheiro suficiente para quefosse pago seu tmulo.

    A Quarta Cruzada (1202 - 04) foi pregada pelo papa InocncioIII e constituda, na maior parte, por cavaleiros franceses, e des-viou de rumo: em vez de buscar Jerusalm, dirigiu-se aConstantinopla, dando combate tanto a muulmanos quanto a cris-

    tos do Oriente, fundando o Imprio Latino de Constantinopla. Odesvio foi provocado por Veneza, interessada na abertura dosportos do reino bizantino a seu comrcio.

    Em 1212, dois jovens, o pastor francs Estvo de Blois e oalemo Nicolas, reuniram milhares de adolescentes na Cruzadadas crianas. A maior parte morreu antes de atingir o mar e outrosforam vendidos como escravos ou capturados por piratas.

    ltimas Cruzadas - Houve ainda mais quatro cruzadas, che-gando-se temporariamente a um condomnio da Terra Santa, em

    que os muulmanos conservaram sua liberdade de religio. Tal pac-to durou at 1244. O rei da Frana, Luis IX (So Luis), comandoupessoalmente uma delas, tendo marchado contra o Egito (1249),

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    onde caiu prisioneiro e pagou resgate. Durante nova campanha,morreu em Tnis (127), vtima da peste.

    Os cristos deram-se conta, ento, de que as cruzadas eramuma idia do passado. A clebre Ordem dos Templrios era cons-

    tituda mais por banqueiros do que por monges-soldados e a forado Isl no foi debilitada.Como concluso, podemos dizer que tais movimentos tiveram

    um significado histrico: o enriquecimento da cultura do Ocidentepelo contato com a do Oriente; conhecimento da cincia e da filoso-fia greco-islamita; costumes de galanteria; herosmo; aquisio denovas tcnicas de combate; desenvolvimento do nacionalismo nas-cente; enfraquecimento do feudalismo etc..

    Quanto parte econmica: cultivo de novas espcies agrcolas;

    novos instrumentos e processos de fabricao; desenvolvimentoda vida urbana; expanso do comrcio com a sia; implantao dosistema bancrio; expanso comercial de Gnova e Veneza....

    Com referncia ao significado espiritual: surgimento de idiasherticas na Europa Ocidental; incapacidade dos papas em dirigirtemporalmente a cristandade (o que no era de fato sua incumbn-cia); conservao de Constantinopla sob domnio cristo por maisquatro sculos.....

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    No fim do sculo XII, a Monglia e o Gobi foram divididos entreas tribos turco-monglicas e tunguesas. Consta que os turcosqueratas eram um povo cristo nestoriano (*), cujo rei foi ligadoao famoso Preste Joo, personagem das histrias de Marco Polo,chefe de um vasto imprio no Extremo Oriente, ao qual D. Joo IIde Portugal enviou duas expedies no sculo XV, uma sob ocomando de Bartolomeu Dias e outra chefiada por Pero de Covilh.

    Naquelas paragens quase desconhecidas e pouco estudadaspor ns, ocidentais, surgiu, por volta de 1162, Gengis Khan (**)chefe militar fundador do imprio mongol.

    Seu nome era inicialmente Temudjin, e revelou desde cedo inte-ligncia e tino militar. Mais tarde, apoiado por Toghril, khan dosqueratas, logrou ser reconhecido chefe e adotou o nome de GengisKhan, o maior de todos os governantes mongis.

    Apoiado pelos queratas, lanou-se contra os trtaros, em 1198.Entrementes, Djamuca, que fora seu amigo, reuniu chefes de v-rios grupos mongis e se fez proclamar khan universal, supremottulo turco-mongol. Em 1202, Gengis Khan derrotou os trtarose, mais tarde, os queratas, cujo chefe foi morto quando batia emretirada. Djamuca (em 1204 ou 1208) foi preso e morto. Recebeuento Gengis Khan a submisso dos merquites, oirates e quirguises.A Monglia estava unificada sob sua autoridade.

    Ele iniciou a organizao do Estado e do exrcito e atacou (em1204?) o cl tibetano dos