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0 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais LARISSA URRUTH PEREIRA HABITUS POLICIAL: UMA ANÁLISE SOBRE OS PROCESSOS DE SUJEIÇÃO CRIMINAL E SELETIVIDADE PENAL NA POLÍCIA CIVIL Dissertação de mestrado apresentada à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais. Porto Alegre 2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais

LARISSA URRUTH PEREIRA

HABITUS POLICIAL:

UMA ANÁLISE SOBRE OS PROCESSOS DE SUJEIÇÃO CRIMINAL E

SELETIVIDADE PENAL NA POLÍCIA CIVIL

Dissertação de mestrado apresentada à Pontifícia Universidade

Católica do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a

obtenção do título de mestra pelo Programa de Pós-Graduação

em Ciências Criminais.

Porto Alegre

2016

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LARISSA URRUTH PEREIRA

1

HABITUS POLICIAL:

UMA ANÁLISE SOBRE OS PROCESSOS DE SUJEIÇÃO CRIMINAL E

SELETIVIDADE PENAL NA POLÍCIA CIVIL

Dissertação de mestrado apresentada à Pontifícia Universidade

Católica do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a

obtenção do título de mestra pelo Programa de Pós-Graduação

em Ciências Criminais.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo

Porto Alegre

2016

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LARISSA URRUTH PEREIRA

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HABITUS POLICIAL:

UMA ANÁLISE SOBRE OS PROCESSOS DE SUJEIÇÃO CRIMINAL E

SELETIVIDADE PENAL NA POLÍCIA CIVIL

Dissertação de Mestrado defendida e aprovada como requisito parcial à obtenção do

título de Mestra em Ciências Criminais pela banca examinadora constituída por:

Prof. Dr. Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo

Profa. Dra. Clarice Beatriz da Costa Söhngen

Prof. Dr. Michel Misse

PORTO ALEGRE

2016

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RESUMO:

4

Considerando que o sistema de justiça criminal é marcado pela seletividade

voltada às camadas mais vulneráveis da sociedade e que, desde a Constituição de

1988, nossas polícias nunca sofreram reformas substanciais, preservando em seu

interior características autoritárias e elitistas, o presente estudo objetiva investigar

quais são os critérios adotados pelas e pelos policiais na condução dos inquéritos e

na produção de provas durante a investigação e em que medida esses critérios

implicam em uma seletividade social. Também pretende investigar quais as

implicações que o modelo policial adotado pelo Brasil infere sobre a seletividade

penal. A discussão tem como base os conceitos de rotulação, etiquetamento,

estigma e sujeição criminal, articulados no intuito de permitir a reflexão sobre as

possíveis influências das percepções das e dos agentes policiais na condução das

investigações. O caminho metodológico adotado foi o da realização de estudo de

caso concretizado por meio de aplicação de entrevistas abertas, semiestruturadas,

partindo de um roteiro prévio, e de observação etnográfica. O que se pretendeu com

esse campo foi a realização de uma pesquisa qualitativa para melhor compreender

como se dão, na prática policial, as interações e as tomadas de decisão que

modulam a aplicação legal a uma realidade fática. Os resultados obtidos trazem que

as escolhas são realizadas diretamente pelas e pelos policiais sem uma diretriz

institucional clara e objetiva, o que proporciona um dirigismo nas investigações,

pautado pelas percepções de cada agente, bem como por um habitus policial. Esse

habitus está estruturado em questões históricas e institucionais ligadas ao

machismo, ao racismo, à segregação social e urbana e a uma cultura jurídica

baseada no dissenso e na punição. Também se pôde observar que o modelo

cartorário e burocrático de polícia adotado no Brasil influi diretamente no aumento da

discricionariedade das e dos agentes, dando margem a decisões arbitrárias. Há

pouco controle sobre essas ações, o que gera uma aplicação desigual da lei penal,

indo de encontro ao que se espera de um estado democrático de direito.

Palavras-chave: Polícia Civil. Inquérito Policial. Seletividade Penal. Habitus Policial.

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ABSTRACT:

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The criminal justice system is marked by the selectivity of the most vulnerable

sections of society and since the 1988 Constitution, our police organizations have

never undergone substantial reforms, preserving in their interior authoritarian and

elitist characteristics. Based on this perspective, the present study aims to investigate

what are the criteria adopted by police officers in the conduct of investigations and in

the production of evidence during the investigation and to what extent these criteria

imply social selectivity. It is also intended to investigate the implications that the

police model adopted in Brazil infers on the criminal selectivity. The discussion is

based on the concepts of labeling, tagging, stigma and criminal subjection,

articulated in order to allow the reflection on the possible influences of the

perceptions of police officers in conducting the investigations. The methodological

path chosen was the conduction of a case study in a district police station in the city

of Porto Alegre, accomplished through the application of semi-structured open-ended

interviews, based on a previous script, and through ethnographic observation. This

field was selected with the intention of carrying out a qualitative research to better

understand how, in the police practice, are the interactions and the decision making

processes that modulate the legal application to a factual reality. The results obtained

point out that the choices are made directly by the police officers, without a clear and

objective institutional guideline, which provides a dirigisme in the investigations,

based on the perceptions of each agent, as well as by a police habitus. This habitus

is structured mainly on historical and institutional issues related to chauvinism,

racism, social and urban segregation and a legal culture based on dissent and

punishment. We also observed that the registry and bureaucratic model adopted by

the police in Brazil directly influences the increase of agents’ discretion, giving rise to

arbitrary decisions. There is little control over these actions, which generates an

unequal application of criminal law, going against what is expected of a democratic

rule of law.

Keywords: Civil police. Police Inquiry. Penal selectivity. Police Habitus.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DP – Delegacia de Polícia GPESC – Grupo de Pesquisa em Segurança Pública e Administração da Justiça Penal IP – Inquérito Policial MP – Ministério Público PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PC – Polícia Civil PF – Polícia Federal Sec – Secretaria SI – Setor de Investigação SJC – Sistema de Justiça Criminal TC – Termo Circunstanciado

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO: QUEM FALA, PORQUÊ FALA E DO QUE FALA.. ............... .....14

2. MODELO POLICIAL: O CONTEXTO BRASILEIRO...............................................22

2.1 A formação da instituição policial e o contexto de repressão criminal no Brasil....24

2.2 Decisionismo policial: da estrutura precária ao autoritarismo.................................32

2.3 Inquérito policial: mercadoria política e mudanças institucionais............................44

3. SUJEIÇÃO CRIMINAL ............................................................................................49

3.1As teorias interacionistas e o Sistema de Justiça Criminal......................................50

3.2 Acusação social: os processos de formação do estereótipo de bandido................59

3.3 Habitus policial: a investigação entre escolhas .......................................................67

4. NA DELEGACIA: ESTUDO DE CASO ...................................................................78

4.1 Ouvir, ver e perceber: aspectos metodológicos da pesquisa..................................81

4.2 Construindo a análise: tecido estrutural da DP .......................................................89

4.3 Falas em ação: as teias de significados no agir policial...........................................98

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 124

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 132

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1. INTRODUÇÃO: QUEM FALA, PORQUÊ FALA E DO QUE FALA

Antes de ingressar na pesquisa, no tema, no problema ou nas hipóteses,

penso que o texto inaugural desse trabalho precisa apresentar alguns caminhos-

chave para a sua compreensão. O primeiro deles é a necessidade de que toda a

produção apresentada daqui em diante seja lida tendo em vista o local de fala em

que me situo como pesquisadora e como produtora de um dado discurso. Todo o

enunciado, como diz Foucault1, é desse mundo e é produzido no mundo por meio de

múltiplas coerções, gerando efeitos regulamentados de poder. Isso faz com que

cada sociedade tenha seu regime de verdade, que é dado em relações de poder,

distinguindo aquilo que é tido como falso daquilo que é tomado como verdadeiro.

Esse conjunto de significados socialmente construídos resguarda por trás de

si muito da estrutura social em que se origina, sendo que determinados enunciados

são tidos como verdadeiros em consequência de terem sido produzidos por aqueles

que detêm mais poder no campo em disputa. Na produção científica, a escolha do

tema a ser pesquisado, dos atores que serão ouvidos e dos dados que serão ou não

utilizados também integram essa lógica construtiva do saber. Faz parte do escopo

de decisão (e, portanto, de poder) daquela ou daquele que realiza a pesquisa a

formulação dos enunciados que, amparados pelo contexto sócio-histórico em que se

inserem, são construídos ao longo do texto.

Dito isso, já explico o motivo de, em estratégicas partes do texto, eu estar

fazendo uso da escrita em primeira pessoa. Faço isso aqui, em sede de introdução,

por querer demarcar desde o início que, embora todo o trabalho de pesquisa seja o

resultado de diversas interações que possibilitam chegar aos resultados, aquilo que

se diz é dito por alguém que se constituí por diversas subjetividades e, portanto,

esse discurso produzido nunca será neutro. Minhas vivências prévias e minhas

sensibilidades são parte de toda a minha produção e é impossível que se faça a

leitura do trabalho sem ter isso em conta.

No primeiro e no segundo capítulo retomo a escrita (tradicional no âmbito

científico) para a terceira pessoa. Faço isso porque esses dois capítulos apresentam

o embasamento teórico da pesquisa, ou seja, são a comunhão de muitas vozes: a

minha, a do meu orientador, a das autoras e autores que elegi e a das e dos demais

1 FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de janeiro: Edições Graal, 2006, p. 12.

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interlocutoras e interlocutores que no acúmulo dos anos foram me auxiliando a

compreender o escopo teórico a que hoje me filio e considero mais adequado para

entender a realidade aqui estudada.

No terceiro capítulo volto a falar em primeira pessoa, visto que neste

momento do trabalho passo a apresentar meus diários de campo, ou seja, as

sensações e percepções que tive durante o período de estada na delegacia de

polícia (DP). Nesse capítulo não me desligo das outras vozes que me ajudaram a

construir o entendimento exposto, mas deixo que a minha prepondere e traga ao

trabalho a novidade da minha pesquisa: minha interpretação a respeito do caso

particular de análise. Nas considerações finais retomo o uso da terceira pessoa por

entender que qualquer conclusão que possa ter sido construída é fruto da interação

de todas essas vozes articuladas durante a pesquisa e, por isso, na tentativa de

reconhecê-las como fundamentais para os resultados obtidos, congrego-as à minha,

flexionando o verbo no plural.

Ainda a respeito da escrita, muitas siglas, abreviaturas e gírias próprias do

dizer policial foram utilizadas ao longo da composição e com mais ênfase na análise

dos achados de campo. O fazer etnográfico – que é a abordagem de pesquisa aqui

utilizada - se dá em interação, sendo uma negociação entre quem pesquisa e quem

é sujeito de pesquisa2. Dessa forma, a apropriação da linguagem e o próprio estilo

da escrita são parte dessa negociação. Ao (re)criar o outro por meio da

textualização3 trago um pouco desse outro e deixo um pouco de mim, de modo que

a construção do texto mesclando expressões próprias do locus pesquisado com

expressões habitualmente por mim utilizadas falam também do modo como a

pesquisa foi construída: em interação, de forma relacional.

Diversas e diversos pesquisadoras e pesquisadores podem estudar o mesmo

tema, o mesmo caso, a mesma situação. No entanto, sempre que encaramos uma

área não conhecida da vida fazemos isso com base em um grupo de imagens que já

possuímos 4 , assim, cada análise será distinta da outra por se basear em um

referencial diferente. Portanto, outro caminho que deve ser ponderado para a

2 VELHO, Gilberto. Becker, Goffman e a antropologia no Brasil. Ilha Revista de Antropologia, v. 4, n. 1, p. 005-016, 2002.

3 BONETTI, Alinne de Lima. O rei está nú! O diário de campo cru e a exposição das etnógrafas. In.: SCHUCH, Patrice; VIEIRA, Miriam Steffen; PETERS, Roberta. Experiências, dilemas e desafios do fazer etnográfico contemporâneo. Porto Alegre: UFRGS Editora, 2010, p. 174.

4 BECKER, Howard S. Segredos e Truques da Pesquisa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008, p. 31

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compreensão do trabalho é o conhecimento de algumas das imagens prévias que

venho formando.

Ao falar desse grupo prévio de imagens que criei5 já passo a falar de como e

porquê iniciei esta pesquisa. No ano de 2012 tive minha primeira experiência como

pesquisadora, ainda na graduação do curso de Direito. À época optei por estudar as

questões ligadas à maternidade no cárcere, realizando um estudo de caso na

unidade prisional feminina de Porto Alegre 6 . Durante a execução do trabalho,

fortemente escoimada nos estudo criminológicos críticos7, ao entrevistar as presas e

ao participar das rotinas que envolviam – além da realidade prisional – o cuidado de

crianças, filhas e filhos das mulheres encarceradas, tive o primeiro contato com a

seletividade operada no e pelo sistema penal. Encontrei mulheres,

predominantemente pobres, negras, moradoras de periferia e envolvidas com o

tráfico de drogas ilícitas.

O perfil deflagrado pela criminologia realmente ocupava a prisão e, a partir

dessa experiência, o tratamento desigual manejado pelo controle social formal

passou a ser o cerne do meu interesse de investigação e de militância e disputa no

campo jurídico em que começara a me inserir. Concluída a graduação passei a

integrar o Grupo de Pesquisa em Segurança Pública e Administração da Justiça

Penal – GPESC, no qual, sob a orientação do prof. Rodrigo Ghirighelli de Azevedo,

fui instigada a estudar as instituições policiais.

No início relutei. Primeiro por – naquele momento – entender que era no

sistema carcerário que as grandes atrocidades penais estavam ocorrendo e,

portanto, a meu ver, essas eram as instituições que deveriam ser estudadas para

instigar a mudança. Segundo por, sendo filha de policial militar, carregar certo receio

5 Aqui falo de algumas imagens das quais pude me dar conta, no entanto, entendo que existem

muitas outras que ainda não percebi, justamente por estarem tão arraigadas em minhas subjetividades que acabo por naturalizá-las.

6 PEREIRA, Larissa Urruth. Filhos do cárcere: uma análise multidisciplinar do princípio da

personalidade da pena na penitenciária feminina Madre Pelletier. Canoas, 2012. 152 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Centro Universitário Ritter dos Reis, Curso de Direito, Canoas, 2012.

7 Quando, no curso deste trabalho, me refiro à criminologia crítica estou falando do movimento

criminológico de viés marxista, fortemente ligado às obras de Alessandro Baratta, marcado pela virada do paradigma criminológico nos anos 70, que se opôs ao viés correcional e determinista apresentado pela criminologia positiva. No entanto, ao pensar no fazer criminológico crítico, conforme aportado por Laurrauri, compreendo que tanto o posicionamento revolucionário que se opõe ao Estado, como os estudos ligados às reformas legais das práticas institucionais, são parte essencial da necessária mudança que pretende diminuir a desigualdade e a inflição de dor operadas no e pelo controle penal. (LARRAURI, Elena. La herencia de la criminología crítica. Madrid: Siglo XXI, 2003, p. 241).

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de enfrentar um campo que era tão presente em minha trajetória particular. Entraves

superados pela inquietação surgida durante a graduação: é possível tornar o

sistema penal mais equânime? Como?

Certa de que o controle penal exerce o papel de mantenedor de uma ordem

social excludente e hierárquica e que, também por isso, age seletiva e

recorrentemente sobre grupos sociais pré-determinados, ainda considerando a

importância dos estudos sobre o sistema carcerário, me dei conta de que só entra

na prisão quem foi – de alguma forma – abordada ou abordado pela polícia. O

primeiro entrave foi derrubado. Em relação à proximidade do objeto com minha

trajetória particular, a forma com a qual resolvi lidar com a questão foi a de

compreender que meus atos e meus pensamentos, nos termos trazidos por

Bourdieu, se dão sob constrangimentos estruturais. Tendo experienciado a polícia

como parte das rotinas da minha própria casa, constrangimentos de toda a sorte se

dão entorno daquilo que eu entendo e percebo sobre e na polícia. Frente a isso

tomei o cuidado de exercer vigilância epistemológica em cada operação da

pesquisa, repensando desde as mais óbvias e rotineiras práticas, até as hipóteses

de resolução do problema estudado8.

Com esse sucinto relato penso conseguir explicar pelo menos dois grupos de

imagens que fiz uso para interpretar o campo. Um deles é o grupo que se forma

entorno da minha perspectiva teórica. Ou seja, fui a campo pensando a polícia como

instituição que exerce o agir seletivo de forma violenta, perseguindo sujeitos já

marginalizados socialmente, o que também requer de mim o exercício da vigilância

epistemológica, já que não existem anjos nem demônios no campo da segurança

pública. O outro está no conjunto de imagens formuladas pelo contexto sócio-

histórico em que formo minhas próprias representações. Ou seja, o de mulher

feminista em uma sociedade machista e patriarcal. O de bacharela em Direito,

branca e de classe média, em uma sociedade elitista e racista, na qual o acesso ao

ensino superior é privilégio e não direito. E por fim, o de filha de policial, o que, pela

proximidade, talvez me permita decodificar algumas ações ao mesmo passo que

talvez possa causar uma naturalização de outras.

E foi situada nesses múltiplos cenários que fui a campo investigar o sistema

policial, no âmbito das polícias civis, considerando-o como instância primeira nos

8 BOURDIEU, Pierre. El oficio de sociólogo. México: Siglo XXI, 2008, p.17-20.

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processos de criminalização no sistema de justiça criminal. Decidi fazer isso

buscando conhecer os critérios utilizados pelos agentes policiais, no curso das

investigações, que pudessem vir a operar como definidores de padrões seletivos na

ação policial. Esse problema de pesquisa foi embasado na vasta bibliografia que

indica um alto grau de decisionismo na ação policial9, bem como uma tomada de

decisão baseada em fatores como: I) tipo de delito; II) lugar social da vítima e da/do

investigada/investigado; III) uma lógica cartorária que rege o agir policial, o que faz

com que casos de resolução mais simples (ou mais palpáveis) tenham preferência.

Tais situações vislumbram-se frente a um déficit legislativo que não define, de

forma precisa, os limites do mandato policial. Outro fator é a adoção de um modelo

cartorário-burocrático de investigação que, por não ser capaz de atender de forma

satisfatória a demanda social10 , acaba por gerar uma margem muito grande de

escolhas a serem tomadas. As autoridades policiais acabam guarnecidas de um

forte poder decisório11 evidenciado desde a produção das provas até a condução da

investigação como um todo.

Conjuntamente com a perspectiva histórica (autoritária e elitista), essa zona

cinzenta de discricionariedade na ação policial tem se mostrado solo fértil para o

cometimento de diversas práticas ilegais – como atos de violência, arquivamento

discricionário de investigações, indução à desistência e manipulação de provas.

Além disso, fica à cargo da investigadora ou do investigador o poder de decidir pela

abertura, arquivamento e andamento das investigações (embora tais condutas

sejam vedadas pela legislação, pela falta de controle e efetivo, se perfectibilizam no

cotidiano das delegacias).

No modelo atual de investigação policial, desde a decisão em instaurar ou

não o inquérito até o desfecho do indiciamento, a percepção dos agentes envolvidos

e as características dos suspeitos acabam se fazendo presentes, podendo, muitas

9 MUNIZ, Jacqueline de Oliveira; PROENÇA JR., Domício. Muita politicagem, pouca política: os

problemas da polícia são. Estudos Avançados, v.21, n.61, set./dez. 2007; AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de; VASCONCELLOS, Fernanda Bestetti de. O Inquérito Policial em Questão – Situação atual e a percepção dos Delegados de Polícia sobre as fragilidades do modelo brasileiro de investigação criminal. Revista Sociedade e Estado, Brasília, v.26, n. 1, p.62, jan./abr. 2011; LOPES JÚNIOR, Aury. A crise do inquérito policial: breve análise dos sistemas de investigação preliminar no processo penal. Revista da Ajuris, Porto Alegre, Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul v.26, n.78, jun. 2000.

10 OLIVEIRA, Luciano. Sua excelência o comissário e outros ensaios de sociologia jurídica.

Rio de Janeiro: Letra Legal, 2004, p. 22. 11

RATTON, José Luiz; TORRES, Valéria; BASTOS, Camila. Inquérito policial, Sistema de Justiça Criminal e políticas públicas de segurança: dilemas e limites da Governança. In.: Revista Sociedade e Estado , Brasília, v.26, n. 1, jan./abr. 2011, p.48

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vezes, interferir no resultado da ação penal12. Dessa forma, o inquérito tende a agir

significativamente como marco primeiro de seletividade no sistema de justiça

criminal (SJC) por ser norteado pelas percepções dos policiais, que trazem para

dentro das investigações seus (pre)conceitos e interesses, podendo prejudicar ou

beneficiar determinados casos.

Importante perceber que os grupos sociais mais fragilizados tendem a ser

mais suscetíveis à ação policial, vez que, pela experiência (ou pelo o que se entende

de experiência) e pela tradição, existe uma expectativa social de que tais grupos

venham a cometer comportamentos desviados13. Partindo de uma compreensão de

que a criminalização se trata da construção social do crime e que a polícia trata-se

do agente imediato da acusação, o inquérito se mostra como instrumento de

exercício e continuidade dessa atribuição de rótulos. Como é por meio deste

inquérito que os processos criminais se instauram e que as penas serão, conforme

seu desfecho, aplicadas, este procedimento é de suma importância na construção

democrática de um sistema judicial e por este motivo foi o tema eleito para a

pesquisa realizada.

Com base nesses indicativos, me propus a verificar como essas decisões

eram tomadas na prática e quais eram as motivações que levavam aos cursos de

ação habituais. Como explico no terceiro capítulo, elegi o estudo de caso, realizado

em uma delegacia distrital de Porto Alegre, como caminho metodológico para

análise da questão. Para compreensão do caso estudado apliquei entrevistas e

observei as rotinas da delegacia por meio de incursões diárias durante três meses. A

pesquisa exploratória teve início em julho de 2015, sendo obtida a autorização para

ingresso e permanência na delegacia em setembro do mesmo ano. As entrevistas

foram aplicadas e a observação diária foi feita durante os meses de março a maio do

ano de 2016.

Ao pensar nos cursos de ação habituais considerei a delegacia como amostra

da instituição policial (ainda que não totalizadora) e a polícia como parte do campo

12 LOPES JÚNIOR, Aury. A crise do inquérito policial: breve análise dos sistemas de investigação

preliminar no processo penal. Revista da Ajuris, Porto Alegre, Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul v.26, n.78, jun. 2000, p. 59.

13 MISSE, Michel. Sobre a construção social do crime no Brasil: esboços de uma interpretação. In.: MISSE, Michel (Org.). Acusados e acusadores: estudos sobre ofensas, acusações e incriminações. Rio de Janeiro: Revan, 2008, p.27.

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jurídico14. Ao me dedicar à análise desses cursos de ação habituais tentei identificar

aquilo que Bourdieu define como habitus, ou seja, o sistema de disposições duráveis

que pode ser observado em ações regulares associadas a um meio socialmente

estruturado15. Esse habitus, que chamei de habitus policial, se estrutura em um

campo que é um campo de forças – vez que constrange e condiciona o agir – e de

lutas, visto que está sempre em disputa16.

Para entender como esse habitus opera e quais são as suas disposições

duráveis iniciei a pesquisa investigando as bases de fundação da instituição policial

no Brasil e do modelo de polícia e de segurança pública que fazemos uso. O

primeiro capítulo apresenta uma breve retrospectiva histórica do surgimento da

polícia e das suas práticas desde o Brasil Colônia, apontando as principais

tendências de política criminal sancionadas pelo Brasil nos últimos anos. Aborda

também características do modelo brasileiro de polícia, fortemente ligado a tradições

elitistas e autoritárias e exercidas em um sistema burocrático e cartorial.

Com o objetivo de discutir a construção da acusação social e criminal no

Brasil, partindo de um referencial interacionista, no segundo capítulo discuto a

formação de estereótipos, especialmente daquele conhecido como “bandido”. Neste

ponto do trabalho, com base no referencial aportado, demarco o crime enquanto

construção social manejada pelo sistema de justiça Criminal e, mais

especificamente, pela polícia, em um meio hierarquicamente estruturado que tende

a perseguir este sujeito bandido previamente constituído.

No terceiro capítulo apresento os dados do campo. Com base em três

categorias fundadas em pares-acionados (que emergiram da observação) analiso

como o contexto de repressão criminal é operacionalizado dentro da delegacia e

como os estereótipos são manejados no curso das investigações. Essas categorias

são: i) antiguidade-atualidade; ii) feminino-masculino e; iii) prevenção-repressão.

Tendo em vista a aproximação do referencial teórico com as ações observadas na

delegacia, percebi que esses três pares-acionados influem de forma significativa na

tomada de decisões, condicionando comportamentos e estruturando o habitus.

14 KANT DE LIMA, Roberto. Sensibilidades jurídicas, saber e poder: bases culturais de alguns aspectos do direito brasileiro em uma perspectiva comparada. Anuário Antropológico, v. 2, p. 25-51, Brasília: Tempo Brasileiro, 2009.

15 BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. In.: ORTIZ, Renato; FERNANDES, Florestan. Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática, 1983, p. 60-61.

16 AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. A força do direito e a violência das formas jurídicas. Revista

de Sociologia e Política, v. 19, n. 40, 2011, p. 28.

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Os três parâmetros analíticos ativam tanto estruturas internas da polícia

quanto fatores sociais endógenos à instituição. O tempo de instituição se demonstra

fortemente ligado às permanências autoritárias do agir policial. A categoria feminino-

masculino permite pensar como a estrutura machista e patriarcal da sociedade

brasileira aciona um ethos policial calcado na constituição de masculinidades

violentas. Já o par prevenção-repressão reafirma a coexistência de um discurso

igualitário com práticas hierárquicas que operadas em meio a uma lógica punitiva

fazem da polícia um instrumento de mantença do status-quo social.

A questão que permeia o trabalho é a de compreender como se estrutura o

habitus policial. Como esse habitus se constituí no campo jurídico e ambos são parte

da estrutura social, a abordagem manejada só por meio do estudo do Direito é

incompleta e faz escapar a complexidade daquilo que se pretende estudar. Assim,

os escritos a seguir se baseiam em uma perspectiva interdisciplinar, fazendo uso do

que entende Elbert 17 ao reconhecer que a interdisciplinaridade é o caminho

metodológico indispensável ao estudo da criminologia. Na tentativa de ampliar o

espectro da análise tento integrar, especialmente a partir da sociologia e da

antropologia, os saberes manejados na construção dos resultados.

Por fim, para construir os resultados o que fiz foi buscar o sentido dos

comportamentos observados. É aí que a estrutura do trabalho se conecta: ao buscar

os sentidos dos comportamentos procurei entender, nas falas e nas ações, as

motivações daquelas e daqueles que as proferiam e as executavam. Fiz isso

aproximando e afastando aquilo que entendi como permanência ou parte de

diretrizes institucionais, ou seja, aquelas ligadas às leis, regulamentos e práticas.

Essa análise foi feita pensando em quanto a história e o modelo brasileiro de polícia

se repetiam nas práticas da delegacia. Também procurei perceber quando discursos

associados a estereótipos apontados tanto pela criminologia crítica como pelo

interacionismo simbólico eram manejados e baseavam as decisões. Foi dessa forma

que conduzi a análise, compreendendo como as interações e os locais de fala de

cada agente se relacionam com os discursos e as práticas institucionais.

17 ELBERT, Carlos Alberto. Criminologia Latino-Americana. São Paulo: Editora São Paulo, 2000,

p. 136.

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16

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O agir etnográfico e a análise interpretativa-relacional, utilizados aqui como

escolha metodológica para estudar o caso eleito, são formas nem sempre

conclusivas para elucidar um problema. Os diários de campo são interpretações que

fundem minhas sensibilidades com as sensibilidades dos sujeitos envolvidos na

pesquisa, dando origem a resultados gerados em negociação. Dessa forma, o que

trago em sede de considerações finais não são conclusões, respostas fechadas ou

soluções ao problema que me propus investigar, mas as impressões finais que tive

do campo, relacionadas ao referencial teórico acionado ao longo do processo de

escrita. Certamente tais impressões são datadas e a riqueza daquilo que foi

observado não se esgota nessas palavras finais e espero que sirva a novas

interpretações possíveis a cada leitora ou leitor. Feita a ressalva de que não tenho a

pretensão de solucionar a questão da seletividade no agir policial, retomo a escrita

no plural, reiterando a importância das diversas vozes que confluem para a

produção de todo e qualquer resultado que eu possa apontar.

A polícia civil, definida constitucionalmente como polícia judiciária, é parte do

campo jurídico. Campo esse que está sempre em disputa, sendo um campo de

forças que constrange e condiciona cursos de ação 18 . Também trata-se de um

campo hierarquizado, no qual aqueles que detém maior capital no sentido de dizer o

direito ocupam os estratos mais altos dessa hierarquia19. A polícia situa-se na base

dessa estrutura, por não ter a competência de sentenciar ou decidir, no entanto, é a

primeira instituição construtora de enunciados que irão inaugurar e nortear o

processo penal propriamente dito.

A estrutura jurídica constituída no Brasil é dada – formalmente - como

igualitária. A constituição federal de 1988 prevê que todos são iguais perante a lei,

no entanto um tratamento desforme é dirigido à população, tanto por meio de

dispositivos que diferenciam sujeitos por sua posição social (como é o caso do foro

privilegiado), bem como por uma aplicação desigual da lei que fica evidenciada,

principalmente, no agir seletivo praticado pela polícia. Não sendo possível a

investigação e a punição de todos aqueles que cometem crimes, tanto em

18 AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. A força do direito e a violência das formas jurídicas. Revista

de Sociologia e Política, v. 19, n. 40, 2011, p. 28. 19

KANT DE LIMA, Roberto. A polícia da cidade do Rio de Janeiro: seus dilemas e paradoxos. Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 155-156.

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17

decorrência de uma inflacionária legislação penal como de um modelo cartorial e

burocrático de polícia, uma parcela pouco significativa dos infratores é punida.

Ao se falar em parcela pouco significativa de infratores nos referimos à cifra

oculta da criminalidade, considerando que a maior parte da população comete algum

tipo de delito. O controle penal alcança, no entanto, apenas alguns sujeitos20, o que

não implica dizer que há impunidade no Brasil, vez que temos a terceira maior

população carcerária do mundo, mas sim que aplicamos de forma desigual a lei

penal, elegendo pessoas puníveis e pessoas imunizáveis. A eleição dessa parcela

punível é concretizada pelo sistema de justiça criminal, em um contexto sócio-

histórico estratificado, de matrizes escravocratas, elitistas e autoritárias. O campo

jurídico pode ser instrumento de mudança ou de mantença desse contexto. No

entanto, aqueles que detém o capital jurídico suficiente para manejo dessa mudança

costumam ser os mesmos que ocupam o topo da pirâmide social e, por sua vez, têm

interesse na mantença dessa ordem.

Nesse cenário, a parcela punível tende a ser a parcela já excluída. Assim, o

controle penal reafirma estereótipos socialmente construídos no sentido de manter

esse status quo. Dentre esses estereótipos a figura do bandido é criada sob o

morador de periferia, jovem, pobre e negro21 . A persecução penal, dirigida com

maior ênfase a esses sujeitos, tem início na ação policial que atua com base nessa

representação criada entorno de “quem é bandido”. A tomada de decisão prática no

dia-a-dia policial é condicionada a uma ampla e complexa gama de fatores que não

permite dizer que há uma unidade cultural institucional, mas que disposições

duráveis de conduta estruturam um habitus que comporta continuidades e

similaridades no agir.

As decisões tomadas no âmbito da polícia são permeadas por esse habitus.

As sugestionabilidades de cada sujeito quando esse passa a integrar um grupo, ou

no caso da polícia, uma instituição, tendem a permearem-se pelo habitus

estruturado no grupo, por vezes condicionando e orientando a sua tomada de

decisões. Isso ocorre uma vez que os cursos de ação tomados pelos indivíduos são

dados de acordo com o nível de envolvimento que estes têm com os demais, ou

20

BARATTA, Alessandro. Direitos Humanos: entre a violência estrutural e a violência penal (1). Fascículos de Ciências Penais, v.6, n.2, p.15-99, abr./jun. 1993, p.49.

21 MISSE, Michel. Crime, sujeito e sujeição criminal: aspectos de uma contribuição analítica sobre a

categoria 'bandido'. Lua Nova: Cultura e Política, São Paulo, n.79, p.15-38, nov.2009/fev. 2010, p. 21.

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seja, as ações são representações direcionadas conforme o contexto em que se

desenvolvem 22 . Considerando que os envolvimentos com o grupo tendem a

condicionar o agir, se decidiu verificar, na prática de uma delegacia distrital, quais os

critérios utilizados no curso das investigações que poderiam levar ao já deflagrado

agir seletivo.

Para consubstanciar essa análise, primeiramente começou-se a investigar,

ainda que de forma breve, os acordos e a bagagem histórica que podem estar

ligados ao habitus policial. Nessa pesquisa retrospectiva pôde-se perceber que a

instituição formal policial é fruto de acordos entre as elites que dominam o Brasil

desde o período colonial. Considerando o longo período escravocrata e o caráter

patrimonial ligado aos grandes proprietários de terra, considera-se que desde seu

nascedouro essa instituição privilegiou a perseguição de negros (escravos ou

alforriados) e de pobres23. Além disso, sob influência dos regimes autoritários, a

polícia também caracterizou-se como braço armado do estado enquanto

mantenedora de uma ordem despótica e violenta, que tinha como objetivo não a

proteção social, mas sim o combate aos inimigos do governo. A prática da tortura e

do extermínio, principalmente nesses períodos, se fez usual como instrumento nas

investigações policiais24.

Essas questões, embora em parte vedadas pelo texto constitucional de 1988,

não foram de fato descontinuadas pelas polícias, tanto pela falta de uma efetiva

reforma em tais instituições quanto pela ordem social hierárquica vigente no Brasil.

Em meio a um processo de urbanização desordenado e acelerado, aquilo que

Misse25 chama de acumulação social da violência deu origem a espaços e a grupos

sociais marginalizados, que sem acesso a uma efetiva política social passam a

receber um recorrente tratamento penal, que vem a serviço da mantença dessa

ordem hierárquica.

A polícia é a primeira instituição do estado na cadeia de processos que levam

à incriminação dos sujeitos e – portanto – o primeiro enforcement seletivo do

sistema de justiça criminal. Por atender a uma altíssima demanda a investigação

22 GOFFMAN, Erving. Comportamento em lugares públicos: notas sobre a organização social

dos ajuntamentos. Petrópolis: Vozes, 2010, p. 209. 23

HOLLOWAY, Thomas H. Polícia no Rio de Janeiro: repressão e resistência numa cidade do século XIX. Tradução de Francisco de Castro Azevedo. Rio de Janeiro: FGV, 1997.

24 BRETAS, Marco Luiz. A Polícia carioca no Império. Revista Estudos Históricos, v. 12, n. 22, p.

219-234, 1998. 25

MISSE, Michel. Sobre a acumulação social da violência no Rio de Janeiro. Civitas, Porto Alegre, v. 8, n. 3, p. 371-385, set-dez. 2008, p. 375.

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tem de ser seletiva, delegando aos policiais a função de eleger os fatos que serão

ou não investigados. Essa discricionariedade permite uma aplicação desigual da lei

que é dada na prática por sistemas de hierarquias – tanto sociais quanto jurídicas.

É com base em uma lógica que define pessoas mais pessoas que as outras

que a polícia e o campo jurídico como um todo operam. O sistema de justiça é

hierárquico e pautado pela formação de dissensos26 . Imiscuída nesse campo, a

atuação policial se efetiva por meio da desconfiança, manejando a seletividade

inerente ao seu modus operandi na busca daqueles que socialmente ocupam a base

da pirâmide. Ou seja, aqueles que detêm menor capital social, econômico, político e

jurídico.

A imagem de um “bandido ideal” ou de um “delinquente nato” é construída

socialmente e manobrada pela polícia. Um processo de sujeição criminal dá origem

ao “sujeito bandido” que será aquele responsável por todo o mal ocorrido na

sociedade e, por consequência, será aquele preferencialmente perseguido pela ação

policial. Esse sujeito, dada a flagrante acumulação social da violência e a bagagem

escravocrata e elitista presente em nossa sociedade, acaba por se constituir na

figura do negro, pobre e morador de periferia.

Tanto as questões históricas como a estrutura social e as diretrizes

punitivistas de segurança pública fazem parte das disposições duráveis que

estruturam o habitus policial. A polícia é parte do campo jurídico de modo que o

habitus policial se estrutura nesse campo, que é marcado pela hierarquia das

profissões jurídicas, ditada, como já dito, pela possibilidade de “dizer o direito”, dar

vereditos e construir enunciados “de verdade”. No entanto, mesmo sem o poder

decisório, aquilo que se forma em sede de investigação policial se transporta ao

processo penal, sendo, em boa parte das vezes, o principal instrumento de

convencimento dos julgadores.

As decisões tomadas no âmbito das investigações são pautadas em

estereótipos construídos de forma exógena à instituição policial, mas

endogenamente manejados e reafirmados. Perceber que dadas características

restavam mais salientes quando em interação com o trabalho e com a atmosfera

policial, ao longo da pesquisa de campo, fizeram perceber particularidades

predominantes naquilo que se pôde, associando a observação com o referencial

26 KANT DE LIMA, Roberto. Polícia e exclusão na cultura judiciária. Tempo Social; Rev. Sociol. USP,

São Paulo, 9(1): 169-183, maio de 1997.

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teórico, chamar de habitus policial. Na tentativa de esquematizar as questões mais

marcantes em relação a essas particularidades, três grandes categorias foram

identificadas como regularidades que condicionam o agir policial.

A primeira delas trata-se da distinção entre novos e antigos funcionários da

polícia, que para muito além do tempo de carreira, demarcou a presença de duas

sensibilidades distintas e muitas vezes conflitantes. Na delegacia estudada os

funcionários com mais tempo de serviço oscilavam entre aqueles que ingressaram

na instituição em uma época em que o ensino superior não era obrigatório e aqueles

que já ingressaram com tal obrigatoriedade. Os primeiros, tendo em vista a não

exigência da alta escolaridade, acabam sendo oriundos de grupos sociais menos

providos economicamente, apresentando, hoje, uma maior empatia com a

população atendida. Já aqueles que ingressaram graduados, demonstraram um

maior distanciamento social com a comunidade. De outro lado, policiais mais antigos

evidenciaram um apego com tradições autoritárias, especialmente no que diz

respeito a uma condução violenta das investigações, por vezes transmitindo essa

lógica aos mais novos.

A dificuldade de ruptura com tradições anteriores à Constituição de 1988

reafirma o quanto a democratização, no cenário brasileiro, carece de concretude. As

tradições autoritárias permanecem muito presentes no dia-a-dia da polícia. Além

disso, a especialização profissional dada tão somente pela exigência de ensino

superior não garante a profissionalização necessária à atividade e acaba, por vezes,

aumentando o distanciamento social entre policiais (acusadores) e a população

atendida (acusados). Esse agir violento e distanciado da realidade social tende a

potencializar a ação seletiva. O distanciamento causa apatia e permite pensar que

existem pessoas más. A maldade e a criminalidade estão nos outros, nos diferentes

de mim e esses serão, portanto, os combatidos. Combatidos de forma violenta e

autoritária, uma vez que o consenso nunca foi alvo de debate público e a tradição

violenta ainda não foi discutida.

Outra categoria que despontou na análise do campo foi a que propiciou

entender como papéis de gênero, socialmente construídos, fazem parte das

disposições que estruturam o habitus policial. Foi possível notar que, na delegacia e

na polícia civil como um todo, existe uma dominação de símbolos masculinos. Essa

dominação masculina repercute, inclusive, na divisão do trabalho que reserva às

mulheres as atividades de menor representatividade. Também se pôde depreender

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que a constituição de masculinidades violentas compõe a identidade policial, e que o

policial se identifica enquanto homem e enquanto policial, quando se afirma como

sujeito viril e guerreiro. Esse agir voltado à guerra legitima violências e coaduna a

ideia de que existe um inimigo a ser combatido, potencializando o agir

antidemocrático das instituições policiais. Embora a presença de um ethos guerreiro

tenha sido identificada no agir da polícia civil, tendo em vista que esse ethos é um

ethos da guerra, importante que novas pesquisas investiguem sua presença nas

polícias militares, vez que a militarização pode potencializar essa masculinização

violenta.

A última categoria destacada indica outra ordem dual: preventiva-repressiva.

A política criminal brasileira tem se valido do controle penal como grande

solucionador dos conflitos, afirmando uma ordem punitivista que centraliza na prisão

a maior parte das respostas aos dissensos sociais. Sem dúvida essa ordem,

fortalecida por uma sensação coletiva de medo, opera no âmbito das investigações

policiais. Associada à tradição autoritária e à presença de um ethos guerreiro, a ideia

de que a prisão é quase sempre necessária, potencializa uma persecução

direcionada que é baseada em uma gestão de riscos. No entanto, os dados que

alimentam esse controle do risco (ou seja, que indicam zonas de perigo e pessoas

mais propensas a cometer delitos) são os dados gerados pela própria polícia, lógica

que reafirma estereótipos e aumenta a distância social entre policiais e comunidade.

A polícia dá início ao funil seletivo manejado pelo sistema de justiça criminal.

Essa seletividade está fortemente ligada ao modelo policial burocrático e cartorial

adotado pelo Brasil. Em decorrência desse modelo, a polícia civil se torna um

cartório, servindo mais a um processo burocrático do que à função de segurança

pública. Isso ocorre porque é na polícia que registros oficiais podem ser realizados,

tais quais: perda de documentos, desavenças comerciais, brigas, desentendimentos

e a ocorrência de delitos. Além disso, para dar origem ao processo penal, a

elaboração de inúmeros documentos acarreta um imenso trabalho burocrático.

Toda essa “confecção de papéis” – aliada ao trabalho investigativo – aumenta

a demanda policial, potencializando a necessidade de que o trabalho seja seletivo.

Precisando ser seletiva para que seja possível, a ação policial é construída na

tomada diária de decisões por policiais que, sem diretrizes muito claras, fazem de

cada DP um espaço de articulação de diversas sensibilidades. Esse agir que

condiciona a tomada de decisões e leva a uma busca por perfis socialmente

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construídos se ampara em um habitus que é estruturado no campo jurídico

hierárquico.

A observação do caso específico aqui analisado, por meio das três categorias

propostas, faz perceber que as decisões são tomadas em um campo de disputas

entre novas e antigas tradições, nas quais permanências autoritárias, especialmente

oriundas da ditadura, ainda se fazem presentes. Também permitiu perceber que um

ethos guerreiro coloca a atividade policial dentro de uma cadeia de símbolos

eminentemente masculinos e, por sua vez, violentos. E que, uma cultura da punição

faz da polícia o persecutor que garante a manutenção de uma hierarquia social. Ou

seja, os critérios que norteiam a tomada de decisão nas investigações são baseados

em um panorama machista, patriarcal, punitivista e marcado pela mantença de

tradições autoritárias e violentas, bem como por um distanciamento social entre

acusados e acusadores.

A ação seletiva orientada por esse panorama que estrutura o habitus policial é

voltada a uma camada vulnerável e já excluída da polução. O campo jurídico, como

já dito, é um campo de luta que está em permanente disputa, no entanto, aqueles

que detêm o capital jurídico que possibilita “dizer o direito” são os mesmos que

historicamente ocupam lugares sociais privilegiados. Dessa forma, o campo jurídico

se concretiza como instrumento de mantença da ordem excludente, por ter o condão

de aplicar de forma desigual a lei, iniciando pela ação da polícia, mascarada em uma

igualdade (formal) prevista constitucionalmente, mas que na prática não se aplica.

Nesse cenário, o habitus estruturado se mantém de forma sólida, constituindo uma

conjuntura de difícil subversão.

Os resultados aqui apontados demonstram que o habitus policial está

estruturado e estrutura uma ordem social calcada em desigualdades, manejando,

dessa forma, a seletividade deflagrada no agir do Sistema Justiça Criminal, contra

grupos historicamente preteridos. Excluídos da condição de deliberação na arena

pública por falta de acesso às necessidades mais básicas, tais quais educação,

saúde e moradia, esses cidadãos são cooptados pelo controle penal, identificados

como o mal da sociedade e assim mantidos em seu recorrente lugar de exclusão.

Considerando que no Brasil nunca se vivenciou, de forma plena, um estado

de bem-estar social27 e que os retrocessos nessa área mostram-se em expansão,

27 AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. Sociologia e justiça penal: teoria e prática da pesquisa

sociocriminológica. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p.184.

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como é o caso da recém aprovada emeda constitucional n. 95 que prevê o

congelamento dos gastos públicos em educação e saúde pelos próximos vinte anos,

uma mudança nessa solidificada estrutura se mostra cada vez mais difícil. Existe

uma tendência de que com o estreitamento do estado social o estado penal se

amplie28, ou seja, nesse contexto a distribuição desigual das sanções penais tende a

ser reforçada.

Nessa lógica, em busca de combater “o mal da criminalidade”, a polícia tende

a abordar os mesmos indivíduos gerando dados que confirmam a hipótese de que

estes são os “perigosos bandidos”. A não reforma das instituições policiais após a

abertura democrática é um dos principais entraves para a efetivação da democracia

no cenário brasileiro. Desde o Direito Penal Liberal (datado do iluminismo) a

fundação básica para a efetivação de um estado democrático de direito consiste na

clareza e na aplicação igualitária das leis, principalmente das que dizem respeito ao

poder do estado em tolher as liberdades individuais. Quando o poder punitivo é

distribuído de forma desigual e é seletivamente aplicado sob grupos socialmente

vulneráveis e propositalmente marginalizados não se pode falar em democracia,

mas sim em governos autoritários que permitem a manutenção de uma hierarquia

social que mantém no topo da pirâmide aqueles que detêm, historicamente, o poder.

28 DE GIORGI, Alessandro. Neoliberalismo e controle penal na Europa e nos Estados Unidos: a

caminho de uma democracia punitiva?. Veredas do Direito: Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, v. 1, n. 3, 2004, p.33.

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