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D I R E I T O C I V I L É o ramo do Direito Privado que regula as relações jurídicas entre particulares, protegendo o interesse particular. É o conjunto de princípios e normas concernentes às atividades dos particulares. É comum a todas as pessoas da sociedade, regendo os mais diversos aspectos da vida: nome, estado civil, capacidade, bens, família, transmissão de herança, etc. SUJEITO DE DIREITO – É todo aquele que, de acordo com a lei, está em condições de assumir obrigações e de adquirir direitos. É quem detém o poder de agir. Não apenas a pessoa humana tem direitos e obrigações. Há outras pessoas, denominadas por lei de pessoas jurídicas, que são também sujeitos de direitos e obrigações. PESSOA FÍSICA NATURAL - É todo “ser humano”, sujeito de direitos e obrigações. Para ser considerado PESSOA NATURAL basta que o homem exista. Todo homem é dotado de personalidade, isto é, tem CAPACIDADE para figurar numa relação jurídica, tem aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. CAPACIDADE : é a medida da personalidade. Pode ser de DIREITO ou de FATO Capacidade de Direito: é própria de todo ser humano, que a adquire assim que nasce (começa a respirar) e só a perde quando morre; Em face do ordenamento jurídico brasileiro a personalidade se adquire com o nascimento com vida , ressalvados os direitos do nascituro desde a concepção. Capacidade de Fato: nem todos a possuem; é a aptidão para exercer, pessoalmente, os atos da vida civil (capacidade de ação). Só se adquire a Capacidade de Fato com a plenitude da consciência e da vontade. A pessoa tem a CAPACIDADE DE DIREITO, mas pode não ter a CAPACIDADE DE FATO. Ex.: os recém nascidos e os loucos têm somente a capacidade de direito, pois esta capacidade é adquirida assim que a pessoa nasce. Eles podem, por exemplo exercer o direito de herdar. Mas não têm capacidade de fato, ou seja, não podem exercer o direito de propor qualquer ação em defesa da herança recebida, precisam ser representados pelos pais ou curadores.

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D I R E I T O C I V I L

É o ramo do Direito Privado que regula as relações jurídicas entre particulares, protegendo o interesse particular. É o conjunto de princípios e normas concernentes às atividades dos particulares. É comum a todas as pessoas da sociedade, regendo os mais diversos aspectos da vida: nome, estado civil, capacidade, bens, família, transmissão de herança, etc.

SUJEITO DE DIREITO – É todo aquele que, de acordo com a lei, está em condições de assumir obrigações e de adquirir direitos. É quem detém o poder de agir. Não apenas a pessoa humana tem direitos e obrigações. Há outras pessoas, denominadas por lei de pessoas jurídicas, que são também sujeitos de direitos e obrigações.

PESSOA FÍSICA NATURAL - É todo “ser humano”, sujeito de direitos e obrigações. Para ser considerado PESSOA NATURAL basta que o homem exista. Todo homem é dotado de personalidade, isto é, tem CAPACIDADE para figurar numa relação jurídica, tem aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações.

CAPACIDADE: é a medida da personalidade. Pode ser de DIREITO ou de FATO

Capacidade de Direito: é própria de todo ser humano, que a adquire assim que nasce (começa a respirar) e só a perde quando morre; Em face do ordenamento jurídico brasileiro a personalidade se adquire com o nascimento com vida, ressalvados os direitos do nascituro desde a concepção.

Capacidade de Fato: nem todos a possuem; é a aptidão para exercer, pessoalmente, os atos da vida civil (capacidade de ação). Só se adquire a Capacidade de Fato com a plenitude da consciência e da vontade.

A pessoa tem a CAPACIDADE DE DIREITO, mas pode não ter a CAPACIDADE DE FATO.

Ex.: os recém nascidos e os loucos têm somente a capacidade de direito, pois esta capacidade é adquirida assim que a pessoa nasce. Eles podem, por exemplo exercer o direito de herdar. Mas não têm capacidade de fato, ou seja, não podem exercer o direito de propor qualquer ação em defesa da herança recebida, precisam ser representados pelos pais ou curadores.

Se a mãe puder exercer o pátrio poder, comprovando a sua gravidez, pode ser investida judicialmente na posse dos direitos sucessórios que caibam ao nascituro.

Capacidade Plena - é quando a pessoa tem as duas espécies de capacidade (de direito e de fato).

Capacidade Limitada - Quando a pessoa possui somente a capacidade de direito; ela é denominada INCAPAZ, e necessita de outra pessoa que a substitua, auxilie e complete a sua vontade.

Começo da Personalidade

A personalidade começa com o nascimento com vida, o que se constata com a respiração (docimásia hidrostática de Galeno). Antes do nascimento não há personalidade, mas a lei,todavia, lhe resguarda direitos para que os adquira se vier a nascer com vida.

Extinção da Personalidade - A personalidade se extingue com a morte real, física.

a) Morte Real – A sua prova se faz pelo atestado de óbito ou pela justificação, em caso de catástrofe e não encontro do corpo. A existência da pessoa natural termina com a morte, e suas conseqüências são: extinção do pátrio poder; dissolução do casamento; extinção dos contratos pessoais; extinção das obrigações; etc

b) Morte Simultânea (comoriência) – é quando duas ou mais pessoas (quando houver entre elas relação de sucessão hereditária) morrem simultaneamente, não tendo como saber quem morreu primeiro.

Graus de Parentesco - Existem graus de parentesco em Linha Reta e Linha Colateral.

Em Linha Reta: Pai, Filho, Neto, Bisneto.

Em Linha Colateral: Irmão (2º grau), Tio/Sobrinho (3º grau); Primos (4º grau).

Linha Sucessória - Quando uma pessoa morre e deixa herança, a linha sucessória é a seguinte: Descendentes, Ascendentes, Cônjuge e Parentes até 4º grau.

c) Morte Civil – Quando um filho atenta contra a vida de seu pai ele pode ser excluído da herança por indignidade, como se “morto fosse”, somente para o fim de afastá-lo da herança. Outra forma de Morte Civil é a ofensa à honra (injúria, calunia e difamação), ou a pessoa evitar o cumprimento de um testamento.

d) Morte Presumida – ocorre quando a pessoa for declarada ausente, desaparecida do seu domicilio, ou que deixa de dar noticias por longo período de tempo. Os efeitos da Morte Presumida são apenas patrimoniais. O ausente não é declarado morto, nem sua mulher é considerada viúva. Os herdeiros poderão requerer a sucessão definitiva 05 (cinco) anos após a constatação do desaparecimento.

Legitimação -é a aptidão para a prática de determinados atos jurídicos. Consiste em saber se uma pessoa tem, no caso concreto, CAPACIDADE para exercer PESSOALMENTE seus direitos. Tolhem a legitimação: saúde física e mental, a idade e o estado. A falta de legitimação não retira a capacidade e pode ser suprida.

DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE – Código Civil Brasileiro 2002.

Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:I - os menores de dezesseis anos;II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;

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III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;IV - os pródigos.Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;II - pelo casamento;III - pelo exercício de emprego público efetivo;IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

EMANCIPAÇÃO: É a aquisição da plenitude da capacidade antes dos 18 anos, habilitando-o para todos os atos da vida civil. A emancipação, por concessão dos pais ou por sentença judicial, só produzirá efeito após sua inscrição no Registro Civil.

Adquire-se a emancipação e conseqüente capacidade civil plena: por ato dos pais ou de quem estiver no exercício do pátrio poder, se o

menor tiver entre 16 e 18 anos. Neste caso não precisa homologação do juiz, bastando uma escritura pública ou particular, e registrada em cartório;

pelo casamento; pelo exercício de emprego público efetivo, na Administração Direta; pela formatura em grau superior; pelo estabelecimento civil ou comercial com economia própria.

A capacidade plena civil (maioridade civil) se dá aos 18 anos assim como a maioridade penal se dá aos 18 anos.

PESSOA JURÍDICA3

Conceito à são entidades em que a Lei empresta personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações. Não possuem realidade física.

Pessoa Jurídica de Direito Público União; Estados; Municípios; Distrito Federal; Autarquias; Partidos Políticos;

Pessoa Jurídica de Direito Privado Sociedades Civis, religiosas, científicas, literárias; Associações de Utilidade

Pública; Fundações; Sociedades Mercantis.

Requisitos p/ a constituição da Pessoa Jurídica vontade humana - “affectio” - se materializa no ATO DE CONSTITUIÇÃO que se

denomina Estatuto (associações sem fins lucrativos), Contrato Social (sociedades civis ou mercantis) e Escritura Pública ou Testamento (fundações).

Registro - o ato constitutivo deve ser levado a Registro para que comece, então, a existência legal da pessoa jurídica de Direito Privado. Antes do Registro, não passará de mera “sociedade de fato”.

Autorização do Governo - algumas pessoas jurídicas precisam de AUTORIZAÇÃO DO GOVERNO para existir. Ex.: seguradoras, factoring, financeiras, bancos, administradoras de consórcio, etc.

Classificação da Pessoa Jurídica 1. Quanto à nacionalidade: nacionais ou estrangeiras2. Quanto à função ou órbita de sua atuação: Direito Público ou Direito Privado

Direito Público - Externo (as diversas nações, ONU, UNESCO, FAO, etc) e Interno (administração direta: União, Estados, Distrito Federal e Municípios; e administração indireta: autarquias, fundações públicas);

Direito Privado - são as corporações (associações e sociedades civis e comerciais) e as fundações particulares.

Associações – não têm fins lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, desportivos ou recreativos (Ex.: igrejas, clubes de futebol, clubes desportivos, etc.)

Sociedades Civis - têm fins econômicos e visam lucro, que deve ser distribuído entre os sócios. (Ex.: escritórios contábeis, escritórios de engenharia e advocacia, etc). Podem, eventualmente, praticar atos de comércio, mas não alterará sua situação, pois o que se considera é a atividade principal por ela exercida.

Sociedades Comerciais – Visam unicamente o lucro. Distinguem-se das sociedades civis porque praticam HABITUALMENTE, atos de comércio.

A única diferença entre a Sociedade Civil e a Associação é a finalidade econômica.

Fundações - Conjunto ou reunião de bens; recebe personalidade para a realização de FINS PRÉ-DETERMINADOS; têm objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor; o Patrimônio é o elemento essencial; Não visam lucro. São sempre civis.

ATO JURÍDICOAs relações jurídicas têm como fonte geradora os fatos jurídicos.

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FATO JURÍDICO: é o acontecimento que tem conseqüências jurídicas; é qualquer acontecimento em virtude do qual nascem, subsistem ou se extinguem direitos.Ex.: nascimento de uma pessoa, confecção de algo, a maioridade, a morte, etc.

Podem ser:

INVOLUNTÁRIOS (naturais): Fatos jurídicos em sentido estrito. Ocorrem independentemente da vontade do ser humano. Ocorrem pela ação da natureza. Ex.: a morte, uma inundação, o nascimento, etc.

VOLUNTÁRIOS (humanos): Atos jurídicos em sentido amplo. Derivam da vontade direta do ser humano e podem ser:

Lícitos: quando produzem efeitos legais, conforme a vontade de quem os pratica. Ex.: casamento, contrato de compra e venda;

Ilícitos: quando produzem efeitos legais contrários à Lei; Ex.: o homicídio, o roubo, a agressão, etc.

ATO JURÍDICO : é todo acontecimento voluntário e lícito que tenha conseqüências jurídicas. Têm por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos.

O ATO JURÍDICO pode ser:

UNILATERAL - se existe apenas a manifestação de vontade de um agente. Ex.: declaração de nascimento de filho, emissão de NP, etc.

BILATERAL - se existe a manifestação da vontade de dois agentes, criando entre eles uma relação jurídica. Ex.: contrato de compra e venda. Neste caso, o ato jurídico passa a chamar-se Negócio Jurídico. Ex.: todos os contratos, o empréstimo pessoal, etc.

VALIDADE DO ATO JURÍDICO

A falta de algum elemento substancial do ato jurídico torna-o nulo (nulidade absoluta) ou anulável (nulidade relativa). A diferença entre o nulo e o anulável é uma diferença de grau ou gravidade, a critério da lei. A nulidade absoluta pode ser argüida a qualquer tempo à por qualquer pessoa, pelo

Ministério Público e pelo Juiz, inclusive, não se admitindo convalidação nem ratificação.

A nulidade relativa, ao contrário, só pode ser argüida dentro do prazo previsto (4 anos, em regra) - somente pelos interessados diretos, admitindo convalidação e ratificação.

Ato jurídico inexistente é o ato que contém um grau de nulidade tão grande e visível, que dispensa ação judicial para ser declarado sem efeito.

Ato jurídico ineficaz é o ato que vale plenamente entre as partes, mas não produz efeitos em relação a certa pessoa (ineficácia relativa) ou em relação a todas as outras pessoas (ineficácia absoluta). Exs.: alienação fiduciária não registrada, venda não registrada de automóvel, bens alienados pelo falido após a falência.

Requisitos p/ um NEGÓCIO JURÍDICO ser VÁLIDO

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a) agente capaz - o agente deve estar apto a praticar os atos da vida civil. Os absolutamente incapazes devem ser representados e os relativamente incapazes devem ser assistidos;

b) Objeto Lícito e possível - o objeto do ato jurídico deve ser permitido pelo direito e possível de ser efetivado;

c) Forma Prescrita (estabelecida) ou não vedada em Lei - a forma dos atos jurídicos tem que ser a prevista em Lei, se houver esta previsão, ou não proibida.

É nulo o ATO JURÍDICO - Quando praticado por pessoa absolutamente incapaz ou quando não revestir a forma prescrita em lei ou quando o objeto for ilícito ou não possível.

Os atos jurídicos a que não se impõe forma especial prescrita em lei, poderão provar-se mediante: confissão, atos processados em juízo, documentos públicos e particulares, testemunhas, presunção, exames, vistorias e arbitramentos. Face ao exposto, não podem ser admitidas como testemunhas: os loucos de todo gênero, os cegos e surdos (quando a ciência do fato, que se quer provar, dependa dos sentidos que lhes faltam), o interessado do objeto do litígio, bem como o ascendente e o descendente, ou o colateral, até 3º grau de alguma das partes, por consangüinidade, ou afinidade.

A nulidade é um vício intrínseco ou interno do ato jurídico. O Ato jurídico é nulo quando : for preterida a forma que a lei considere

essencial para a sua validade; for ilícito ou impossível o seu objeto; for praticado por pessoa absolutamente incapaz.

O ato jurídico é anulável quando : as declarações de vontade emanarem de erro essencial, viciado por erro, dolo, coação ou simulação.

A respeito da nulidade, pode-se afirmar que: opera de pleno direito; pode ser invocada por qualquer interessado e pelo Ministério Público; o negócio não pode ser confirmado nem prevalece pela prescrição.

Formas prescritas nos Atos Jurídicos - Locação, Mútuo, Comodato, Depósito, Fiança (Escrita ou verbal); Testamento (Escrita e exige cinco testemunhas); Pacto Antenupcial e Doação de Imóveis (só podem ser feitos por escritura pública); Procuração (Escrita e exige o reconhecimento de firma p/validade perante 3ºs).

Se houver FORMA PREVISTA EM LEI, a desobediência ANULA o Ato.

Os ATOS JURÍDICOS podem ser: formais ou solenes - casamento, testamento, compra/venda de imóveis, etc. não formais ou consensuais – locação, comodato, etc.

VÍCIOS OU DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOSOs Atos ou Negócios Jurídicos podem apresentar-se com vícios ou defeitos, que provocando a sua ineficácia tornam NULO o Negócio Jurídico.

VÍCIOS DE CONSENTIMENTO: ocorrem da própria vontade. Ex.: erro, dolo, coação. Podem ser objeto de ação anulatória; são prescritíveis após 4 anos;

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ERRO: é a FALSA noção que se tem de um objeto ou de uma pessoa. Ocorre quando o agente pratica o ato baseando-se em falso juízo ou engano. A pessoa se engana sozinha, ninguém a induz a erro. Pode ser cometido por conta própria. Só anula o ato jurídico o erro SUBSTANCIAL ou essencial. Ex.: compra de um

quadro de um autor como se fosse de outro. Não acarreta nulidade de um ato o erro acidental ou secundário. Ex.: comprar uma

casa com seis janelas, pensando que tinha sete.

DOLO: é o artifício empregado pelo agente para enganar outra pessoa. O agente emprega artifício para levar alguém à prática de um ato que o prejudica, sendo por ele beneficiado ou mesmo beneficiando um terceiro.

COAÇÃO: é a pressão psicológica exercida sobre alguém para obrigá-lo a praticar determinado ato. Para que a coação vicie o ato é necessário que se incuta medo de dano à pessoa do coagido, à sua família ou a seus bens e que o dano objeto da ameaça seja providência física ou moral.

VÍCIOS SOCIAIS: são decorrentes da malícia humana. Ex.: simulação, fraude contra credores, reserva mental e lesão.

Podem ser objeto de ação anulatória; são prescritíveis após 4 anos;

SIMULAÇÃO: é a declaração enganosa da vontade, visando obter resultado diverso do que aparece, para iludir terceiros ou burlar a lei. A Simulação não será um defeito do ato jurídico se não houver prejuízo a alguém ou violação da lei. Só terceiros lesados pela simulação é que podem demandar a nulidade dos atos simulados. Ex.: faço contrato de compra e venda objetivando, na verdade, fazer uma doação. Há um desacordo entre a vontade declarada e a vontade interna e não manifestada.

Poderão demandar a nulidade dos atos SIMULADOS: os terceiros lesados pela simulação e os representantes do poder público (a bem da lei ou da Fazenda)

FRAUDE CONTRA CREDORES : é a manobra ardilosa para prejudicar terceiros.

Ë utilizada pelo devedor para prejudicar o credor; é a venda do patrimônio em prejuízo dos credores. Ocorre quando o devedor atinge um estado de insolvência (aumento de dívidas com conseqüente diminuição do patrimônio)

Elemento Objetivo = dano, prejuízo;Elemento Subjetivo = conluio (acordo)

Pode ser objeto de ação anulatória, também chamada Ação Pauliana;

RESERVA MENTAL (Simulação Inocente) : A pessoa que oculta de forma deliberada sua verdadeira intenção com o objetivo de prejudicar terceiros; Ex.: Uma pessoa escreve um livro e marca noite de autógrafos. Diz que 7

destinará 10 % da arrecadação para a área social de uma fundação pública. A verdade é que os 10 % vão para o “bolso dele” .

LESÃO: ocorre quando uma pessoa obtém um lucro exagerado se aproveitando da imaturidade / necessidade / inexperiência de alguém. Ex.: agiotagem

Lucro exagerado - é considerado quando o valor de venda atinge 5 x o valor de mercado ou quando o valor de compra atinge 1/5 do valor de mercado.

Elemento objetivo - lucro exagerado;Elemento subjetivo - imaturidade, necessidade, inexperiência;

gera ação de nulidade absoluta; que pode ser pleiteada a qualquer momento é imprescritível ;

Responsabilidade Civil

A responsabilidade civil traduz-se no fato de que, todo e qualquer dano, seja provocado ou não, e que cause danos a terceiros deve ser reparado, conforme nos ensina a doutrina.

Nos ensina Maria Helena Diniz1 que: ”O vocábulo” responsabilidade “é oriundo do verbo latino respondere, designando o fato de ter alguém se constituído garantidor de algo. Todavia, a afirmação – de que o responsável será aquele que responde e que responsabilidade é a obrigação do responsável, ou melhor, o resultado da ação pela qual a pessoa age ante esse dever – será insuficiente para solucionar o problema e para conceituar responsabilidade. Se ele agir de conformidade com a norma ou com seu dever, seria supérfluo indagar da sua responsabilidade, pois ele continuará responsável pelo procedimento, mas não terá nenhuma obrigação traduzida em reparação de dano, como substitutivo do dever de obrigação prévia, porque a cumpriu, de modo que o que nos interessa, ao nos referirmos à responsabilidade, é a circunstancia da infração da norma ou obrigação do agente”.

Silvio Rodrigues 2 enfatiza a afirmação segundo o qual o principio informador de toda a teoria da responsabilidade é aquele que impõe “a quem causa dano o dever de reparar”.

Na mesma linha de raciocínio Serpa Lopes3, diz que: “a responsabilidade civil significa o dever de reparar um dano, seja por decorrer de uma culpa ou de uma outra circunstância legal que a justifique, como culpa presumida, ou por uma circunstância meramente objetiva”.

Em suma, define-se a responsabilidade civil como obrigação de alguém reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda de simples imposição legal 4.

Conceito de Dano – Patrimonial e Moral

Assinala Carlos Bittar5: “qualificam-se como morais os danos em razão da esfera subjetiva, ou do plano valorativo da pessoa na sociedade, em que repercute o fato violador,

1 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. v.7. p.33.2 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. v.4. p.6.3 LOPES, Serpa.Curso de Direito Civil. v.5. p.188.4 Ibid.5 BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais. p.41.

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havendo-se como tais àqueles que atingem os aspectos mais íntimos da personalidade humana, ou o da própria valoração da pessoa no meio em que vive e atua”.

Seguindo o critério de Orlando Gomes6: “o atentado ao direito à honra e boa fama de alguém pode determinar prejuízos na órbita patrimonial do ofendido ou causar apenas sofrimento moral. A expressão dano moral deve ser reservada exclusivamente para designar o agravo que não produz qualquer efeito patrimonial. Se há conseqüências de ordem patrimonial, ainda que mediante repercussão o dano deixa de ser extra-patrimonial”.

No magistério de José de Aguiar7, ao distinguir dano patrimonial e dano não patrimonial que: “ao contrário do que parece, não decorre da natureza do direito, bem ou interesse lesado, mas do efeito da lesão, do caráter da sua repercussão sobre o lesado. De forma que tanto é possível ocorrer dano patrimonial em conseqüência de lesão a um bem não patrimonial como dano moral em resultado de ofensa à bem material”.

O Magistrado Wladimir Valler8 ensina que: “Ambos os interesses patrimoniais e não patrimoniais coexistem ou podem coexistir. Assim, por exemplo, as lesões sofridas pela vítima em decorrência de um acidente automobilístico, obrigam o responsável ao ressarcimento do dano patrimonial que essas lesões provocaram – o Código Civil Brasileiro art. 15389 – mas também do dano extrapatrimonial, ou o dano moral, em razão do dano estético decorrentes das deformações”.

Observa-se que o direito à integridade corporal, é direito de personalidade da vítima, que sofreu, prejuízo de ordem patrimonial representado pelos gastos, que precisou fazer para seu restabelecimento físico e simultaneamente um prejuízo de ordem não patrimonial, que o direito à integridade corporal pressupõe e que tenha sido reduzido pelo dano estético.

Desta forma podemos dizer que às indenizações por dano material e por dano moral, se oriundas do mesmo fato, são cumuláveis.

A jurisprudência tem admitido embora relutantemente, a cumulabilidade do dano moral com o material.

O TAPR10, em acórdão unânime traz que: “O agente é responsável pela reparação do dano que deu causa. A reparação do dano moral através de uma indenização que não é reparação do “pretium doloris” – o preço da dor – Ela é uma reparação satisfatória. Menos que um benefício para o ofendido do que um castigo para quem o ofendeu levianamente. A função satisfatória da indenização deve ser estimada em dinheiro. Um único evento pode constituir um leque de prejuízos de natureza diversa a justificar, cada um, uma verba reparatória, sem margem à ocorrência de reparar duas vezes a mesma perda”.

O dano moral é indenizável, a título de sanção civil, sendo admissível sua cumulação com os danos materiais.

O 1º TACRJ12: "Admitiu a cumulabilidade do dano moral com o material, na reparação por morte de filho, aceitando não só o cabimento de indenização do dano moral

6 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 9ª. ed. p. 332.7 DIAS, José de Aguiar. Responsabilidade Civil. 2ª ed. p. 7278 VALLER, Wladimir. A Reparação do Dano Moral no Direito Brasileiro. p. 36. 9 Art. 1538. “in verbis”: No caso de ferimento ou outra ofensa à saúde, ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, além de lhe pagar importância da multa no grau médio da pena criminal correspondente.10 TAPR, acórdão unânime da 2ª Câmara Civil de 31.05.1989 Ap. 725/89 Relator Juiz IVAN BORTOLETO, ADV 46.598:12 O 1º TACRJ, por acórdão do 4º Grupo de Câmaras de 27.10.1983, Relator Juiz ELMO ARUEIRA, ADV 15.207. O TJSC, por acórdão unânime de 14.08.1990, de sua 2ª Câmara Civil, Ap. 31.239, Relator Des. EDUARDO LUZ, RT 670/143,

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independentemente de comprovação dos prejuízos materiais, como também a sua cumulabilidade, a ser apurado o quantum por arbitramento em liquidação de sentença”.

O TJSP13 também admitiu: “A responsabilidade civil. Indenização. Dano moral e material. Se existe dano material e dano moral, ambos ensejando indenização, esta será devida como ressarcimento de cada um deles, ainda que oriundos do mesmo fato”.

O entendimento chegou a ser cristalizado em súmula do STJ14: “São cumuláveis as indenizações por dano material e moral oriundos do mesmo fato”.

O 1º TACRJ15 decidiu que: “Responsabilidade Civil do Estado. Morte de mulher, provocada por disparo de policial, no exercício de sua função. Indenização. Cumulatividade do dano material e moral. Na esteira da jurisprudência pacífica desta Corte, a Responsabilidade Civil do Estado, pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causem a terceiros, exige indenização para cobrir os danos materiais e morais”.

O Desembargador Araken de Assis16, traz sobre dano patrimonial que: “Em princípio, o dano patrimonial decorre da comparação entre o estado patrimonial de alguém, antes da ocorrência do ilícito, e depois da sua prática. Assim, quando alguém se envolve em acidente de trânsito – hipótese banal, mas ilustrativa – o dano consistirá em repor as coisas ao estado anterior”.

Assinala o grande civilista gaúcho Clovis do Couto e Silva 17: “Quantifica-se o prejuízo fazendo um cálculo que leva em conta o estado atual do patrimônio e a sua situação se o dano não tivesse ocorrido”.

Para realizar tal cálculo, e, assim, realizar a reposição in natura (retorno ao estado anterior), considerando que existem interesses subjetivos que, às vezes, não se traduzem em caráter econômico. As perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Em outras palavras, seja o ilícito relativo ou absoluto, os prejuízos podem ser diretos ou indiretos.

Somente se tornou indenizável o dano direto, ao estabelecer que, mesmo no caso de dolo, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato.

Esclarece Caio Senni Assis20 que: “Esta disposição assume particular importância no chamado dano por ricochete, verificado facilmente no ilícito absoluto, que pode afetar várias esferas patrimoniais. Assim, o atropelamento de alguém, separado de fato da mulher e mantendo união estável com outra, o qual prestava alimentos a ambas, provocará dano em duas esferas jurídicas”.

O STF21 decidiu que: “Responsabilidade civil. Dano moral acumulado com dano material somente indenizável à própria vítima, não a seus descendentes ou beneficiários”.13 TJSP, por acórdão unânime de 06.05.1985, da 3ª Câmara civil, Ap. 56.656-1, Relator Des. PENTEADO MANENTE, ADV 24.563.STJ, por votação unânime de sua 3ª turma de 04.06.1991,RESP 7.072, DJ 05.08.1991, e JSTJ e TRF Lex, 28/133,Relator Min. WALDEMAR ZVEITER:14 Súmula nº 37, do STJ15 Aplicou-a 1ª Turma, no Resp. 32.173-RJ, Relator Min. DEMÓCRITO REINALDO, DJU 27.06.1994, REVISTA JURÍDICA, EDITORA SÍNTESE, 203/84, nº 8.468:16 Apud: ASSIS, Caio Senni. Reabilitação e Abalo de Crédito. 1ª ed. v.1. p.26 e 27.17 Ibid.20 ASSIS, Caio Senni. Reabilitação e Abalo de Crédito. 1ª ed. v.1. p.26 e 27.21 Decisão da 1ª Turma do STF. Recurso extraordinário conhecido, em parte, e, nessa parte provido.

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A jurisprudência supra citada refere-se que a indenização em caso de dano moral acumulado com dano material, não será extensiva aos seus familiares, ou beneficiários, no caso em que a vítima esteja impossibilitada de ter o dano reparado.

No caso do homicídio – a indenização consistirá em pagar alimentos às pessoas às quais o morto devia alimentos. Por isso, tanto a mulher quanto à companheira merecem ser indenizadas, não o grupo de amigos.

Como se pode observar em súmula do STF23: “Não é inteiramente verdadeiro, porém, que o dano indireto não seja indenizado. A jurisprudência brasileira indeniza os pais pela morte do filho, menor de idade, que não exerce atividade econômica relevante”.

O STJ24 traz que: “Sendo os pais da vítima pessoas particularmente modestas é razoável admitir-se que essa lhes prestasse auxílio, enquanto durasse sua vida economicamente útil”.

Para Caio Senni Assis25: “Prescinde-se da prova da necessidade futura dos alimentos, que é presumida pela condição modesta das vítimas, e, principalmente, se prescinde da possibilidade de o filho morto prestar alimentos no futuro. Trata-se de prejuízo indireto e hipotético, caracterizando o chamado ‘dano eventual’”.

Nos ensina Araken de Assis26, sobre dano extrapatrimonial, que: “quando afetados direitos relacionados à personalidade – honra, imagem – poderá surgir o dano extrapatrimonial ou moral”.

Para Carlos Alberto Bittar28: “Em tema de dano moral, é preciso ter em vista, inicialmente, que ele é puro ou reflexo. Esta distinção corresponde, grosso modo, àquela entre prejuízo direto e indireto. Com efeito, dano moral puro é aquele que se esgota na lesão à personalidade. É o caso, por exemplo, do uso da imagem de alguém, expondo-a ao ridículo. Mas há, em alguns casos, dano reflexo, resultante da interpolação do ilícito no patrimônio, como é o caso, no exemplo: ‘a perda de clientela, em razão do atentado à imagem’. Neste último caso, se cuidará de dano patrimonial, não de dano extrapatrimonial”.

Nada obstante a estipulação da Constituição Federal art. 5º, X 31, há quem ofereça resistência à configuração do dano moral.

Consta na 6ª Câmara Cível do TJRS32 que: “O direito existe para viabilizar a vida, e a vingar a tese generosa do dano moral sempre que houver um contratempo, vai culminar em trucá-la, mercê de uma criação artificiosa”.

Observa a 6ª Câmara Cível do TJRS33 que: “Num acidente de trânsito, haverá dano material, sempre seguido de moral. No atraso do vôo, haverá a tarifa, mas o dano moral será maior”.

23 Súmula 491 do STF – é indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado.24 Acórdão da 3ª Turma do STJ25 ASSIS, Caio Senni. Reabilitação e Abalo de Crédito. 1ª ed. v.1. p.28.26 Apud: ASSIS, Caio Senni. Reabilitação e Abalo de Crédito. 1ª ed.v.1. p.29.28 Apud: ASSIS, Caio Senni. Reabilitação e Abalo de Crédito. 1ª ed. v.1. p.29.31 Art. 5º, X. “in verbis”: São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;32 6ª Câmara Cível doTJRS, pela palavra do eminente Desembargador DÉCIO ANTÔNIO ERPEN33 Ibid.

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Araken de Assis34 traz que: “Enfocando a resistência ao dano moral puro. Não há dúvida razoável de que, no confronto com o patrimônio, a honra, a imagem e a paz jurídica constituem bens inestimáveis e superiores. Ninguém de bom senso sustentará que o automóvel danificado vale mais, e merece ser indenizado, do que a humilhação provocada pelo irresponsável rompimento de um noivado onde um namoro seguido de assacadilhas à honra do parceiro”.

Ministra Caio Senni Assis35 que: “Na verdade, não há como negar a ilicitude grave desses comportamentos. Assim, contratar casamento e depois romper caprichosamente o compromisso; ou vender passagem aérea e depois não embarcar o passageiro, representam condutas contrárias a direito que, eventualmente, afetam bens relacionados à personalidade humana, e, por tal imperioso motivo, merecem ser indenizados. É princípio universal de direito que ninguém praticará atos ilícitos se não fizer o que não possui o direito de fazer. O que deve ser observado, em cada caso, é a regra pertinente de liquidação do dano. E isto vale, particularmente, para o ilícito relativo que implique prestação pecuniária”.

Dano Moral

Wilson Melo da Silva37, em sua obra Dano Moral e sua reparação, conceitua o dano moral da seguinte forma: “São lesões sofridas pelo sujeito físico ou pessoa natural de direito em seu patrimônio ideal, entendendo-se por patrimônio ideal, em contraposição ao patrimônio material, o conjunto de tudo aquilo que não seja suscetível de valor econômico”.

Silvio Rodrigues38em Direito Civil – Da Responsabilidade Civil, reitera este entendimento afirmado: “Tratar assim de dano sem qualquer repercussão patrimonial,se a injúria, assacada contra a vítima em artigo de jornal, provocou a queda de seu crédito e a diminuição de seu ganho comercial, o prejuízo é patrimonial, e não meramente moral. Este ocorre quando se trata apenas da reparação da dor causada à vítima, sem reflexo em seu patrimônio”.

Segundo lições de José de Aguiar Dias39 “Quando ao dano não correspondem as características do dano patrimonial, dizemos que estamos na presença do dano moral”. E mais adiante; “ora, o dano moral é o efeito não patrimonial da lesão de direito e não a própria lesão, abstratamente considerada”.

De acordo com o entendimento de Pontes de Miranda40 : “Nos danos morais a esfera ética da pessoa é que é ofendida; o dano não patrimonial é o que, só atingindo o devedor como ser humano, não lhe atinge o patrimônio”.

Cláudio Antônio Soares Levada41 diz que: “Dano moral é a ofensa injusta a todo e qualquer atributo da pessoa física como indivíduo integrado à sociedade ou que cerceie sua liberdade, fira sua imagem ou sua intimidade, bem como a ofensa à imagem e à reputação da pessoa jurídica, em ambos os casos, desde que a ofensa não apresente quaisquer reflexos de ordem patrimonial ao ofendido”.

Para Maria Helena Diniz42, que também comunga deste entendimento: “O dano moral vem a ser a lesão de interesse não patrimonial de pessoa física ou jurídica”.

34 Apud: ASSIS, Caio Senni. Reabilitação e Abalo de Crédito. 1ª ed. v1. p.31.35 ASSIS, Caio Senni. Reabilitação e Abalo de Crédito. 1ª ed. v.1. p.31.37 SILVA, Wilson Melo da. O Dano Moral e sua Reparação. 3ª ed. p. 654.38 RODRIGUES, Silvio, Direito Civil. 18ª ed. v.4. p. 190.39 DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil. 2ª ed. p. 729.40 Apud: STOCO, Rui. Responsabilidade Civil e sua Interpretação Jurisprudencial. p 395.41 LEVADA, Cláudio Antonio Soares. Liquidação dos Danos Morais. p. 23.42 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 9ª ed. v7. p.66.

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O dano moral é aquele que quando causado, não atinge o chamado patrimônio material da vítima, seus prejuízos são de ordem interna, em virtude de ferirem os chamados “direitos da personalidade”, podendo atingir tanto pessoas físicas, como em alguns casos pessoas jurídicas, como, por exemplo, quando têm sua imagem e reputação atacada.

Conceito de Consumidor

Conceitua José Geraldo Brito Filomeno59 que: “Sob o ponto de vista econômico, consumidor é considerado todo o indivíduo que se faz destinatário da produção de bens, seja ele ou não adquirente, e seja ou não, a seu turno, também produtor de outros bens. Trata-se da noção asséptica e seca que vê no consumidor tão-somente o homo economicus, e como partícipe de uma dada relação de consumo, sem qualquer consideração de ordem política, social, ou mesmo filosófico ideológica”.

Sendo ainda o consumidor conceituando pelo nobre Procurador José Geraldo Brito Filomeno60, sob o ponto de vista: “Psicológico, que considera-se consumidor o sujeito sobre o qual se estudam as reações a fim de se individualizar os critérios para a produção e as motivações internas que o levam ao consumo. Sociológico, que considera o consumidor qualquer indivíduo que frui ou se utiliza de bens e serviços, mas pertencente a uma determinada categoria ou classe social. Nas considerações de ordem literária e filosófica, o vocábulo consumidor é saturado de valores ideológicos mais evidentes. E, com efeito, o termo é quase sempre associado à denominada “sociedade de consumo” ou “ consumismo”, ou ao próprio “ consumerismo”. Nesses casos, o homem chamado consumidor torna-se o protótipo do indivíduo-autômato, condenado a viver numa sociedade opressora, voltada exclusivamente para a produção e distribuição de todos os valores com que lhe acenar a sociedade produtora-consumista, eis que fundada na inexorável e mecânica aquisição pelo consenso posto, de molde a até criar, muitas das vezes, necessidades artificiais”.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.

CAPÍTULO IDisposições Gerais

ART. 1º – O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos artigos 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

ART. 2º – Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.Parágrafo único – Equipara-se á consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

ART. 3º – Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.§ 1º – Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.§ 2º – Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

CAPÍTULO IIDa Política Nacional de Relações de Consumo

59 FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de Direitos do Consumidor. 5ª ed. p.31 e 32.60 Ibid.

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ART. 4º – A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;II – ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:a) por iniciativa direta;b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;c) pela presença do Estado no mercado de consumo;d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho;III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;IV – educação e informação de fornecedores e consumidores quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;V – incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;VI – coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e a utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos que possam causar prejuízos aos consumidores;VII – racionalização e melhoria dos serviços públicos;VIII – estudo constante das modificações do mercado de consumo.

ART. 5º – Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o Poder Público com os seguintes instrumentos, entre outros:I – manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;II – instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público;III – criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo;IV – criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo;V – concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor.§ 1º – (VETADO).§ 2º – (VETADO).

CAPÍTULO IIIDos Direitos Básicos do Consumidor

ART. 6º – São direitos básicos do consumidor:I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

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IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;B– a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;IX – (VETADO).X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.ART. 7º – Os direitos previstos neste Código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.Parágrafo único – Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

CAPÍTULO VDas Práticas Comerciais

SEÇÃO IDas Disposições Gerais

ART. 29 – Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

SEÇÃO IIDa OfertaART. 30 – Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.ART. 31 – A oferta e a apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.ART. 32 – Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.Parágrafo único – Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei.ART. 33 – Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial.ART. 34 – O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.ART. 35 – Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

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I – exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;II – aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;III – rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.SEÇÃO IIIDa PublicidadeART. 36 – A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.Parágrafo único – O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.ART. 37 – É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.§ 1º – É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.§ 2º – É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.§ 3º – Para os efeitos deste Código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.§ 4º – (VETADO).ART. 38 – O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.

CAPÍTULO VIDa Proteção Contratual

SEÇÃO IDisposições Gerais

ART. 46 – Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.ART. 47 – As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.ART. 48 – As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos.ART. 49 – O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de sete dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou em domicílio. Parágrafo único – Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.ART. 50 – A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.Parágrafo único – O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada, em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue,

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devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso de produto em linguagem didática, com ilustrações.

SEÇÃO IIDas Cláusulas Abusivas

ART. 51 – São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;II – subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste Código;III – transfiram responsabilidades a terceiros;IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; V – (VETADO);VI – estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;VII – determinem a utilização compulsória de arbitragem;VIII – imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;IX – deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;X – permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;XI – autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;XII – obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;XIII – autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;XIV – infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;XV – estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;XVI – possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.§ 1º – Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:I – ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;II – restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato de modo a ameaçar seu objeto ou o equilíbrio contratual;III – mostra-se excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e o conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.§ 2º – A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.§ 3º – (VETADO).§ 4º – É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste Código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.ART. 52 – No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:I – preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;II – montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;III – acréscimos legalmente previstos;IV – número e periodicidade das prestações;

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V – soma total a pagar, com e sem financiamento.§ 1º – As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigação no seu termo não poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação.§ 2º – É assegurada ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.§ 3º – (VETADO).ART. 53 – Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.§ 1º – (VETADO).§ 2º – Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo.§ 3º – Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em moeda corrente nacional.SEÇÃO IIIDos Contratos de AdesãoART. 54 – Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.§ 1º – A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato.§ 2º – Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que alternativa, cabendo a scolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2º do artigo anterior.§ 3º – Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.§ 4º – As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.§ 5º – (VETADO).

DIREITO ADMINISTRATIVO  “Direito Administrativo é o conjunto harmonioso de princípios que regulam os órgãos, os agentes e as atividades administrativas, tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado" (Hely Lopes Meireles).A atividade abstrata do Estado é fazer a lei."Estado de direito" é aquele que se submete à norma jurídica. Regime jurídico administrativo:1.º elemento: sujeição do Estado à lei (princípio da legalidade).2.º elemento: prerrogativas do Estado (supremacia do interesse público sobre o interesse particular).De posse disso, teremos o bem comum. Princípios da Administração Pública (art. 37, CF):

princípio da legalidade: é um princípio que decorre do próprio Estado de Direito. O Estado só fará algo se houver base legal. Se não há lei, o Estado não faz, visto que esse é o caminho único e exclusivo que ele deve percorrer.

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princípio da impessoalidade: decorre de um princípio genérico do art. 5.º, CF, (princípio da igualdade). O Estado deve tratar o administrado de forma imparcial, sem distinção, não podendo favorecer determinados grupos.

princípio da moralidade : a Administração Pública, na prática de seus atos, deve observar o padrão de comportamento médio da sociedade.

princípio da publicidade: os atos da Administração Pública devem ser transparentes, ou seja, de conhecimento de todos os administrados.

princípio da eficiência (Emenda Constitucional n.º 19): é a otimização da receita pública, objetivando a melhoria do serviço oferecido pelo Estado, buscando o menor custo, oferecendo um serviço mais perfeito e qualificado.

Órgãos Públicos

"São centros de competência instituídos pela Administração Pública para o desempenho das funções estatais através de seus agentes, que se encontram vinculados à pessoa jurídica de direito público" (Hely Lopes Meireles).Os órgãos públicos são centros de competência porque eles são responsáveis por algumas atividades do Estado, recebendo parte de seu poder.São abstratos porque trata-se de uma ficção jurídica, criação do homem.São hierarquizados porque estão dispostos e organizados hierarquicamente.É necessário um elemento físico para levar o Estado à prática do bem comum e é ele chamado de "agente". 

Agente Público É toda Pessoa Física ou Jurídica que se liga com a administração mediante um vínculo, ou às vezes sem ele, para o desempenho das atividades típicas do Estado.

  Deveres do agente: Os agentes públicos possuem os seguintes deveres:dever de agir: o agente público, quando a lei determinar que se faça algo, deve fazer, pois omitindo-se, responderá civil, administrativa e criminalmente.dever de probidade: o agente público, em suas atitudes, deve agir sempre com

honestidade.dever de prestar conta de seus atos: decorre do dever de probidade e transparência.

 Ato AdministrativoO ato administrativo é toda manifestação de vontade, de juízo, de valor, de conhecimento, predisposta à produção de efeito jurídico (art. 81, CC), praticada pela Administração Pública ou por quem lhe representar no exercício de suas atividades. Características do ato administrativo:requisitos de validade:competência: o ato administrativo, para ter validade, necessita de agente competente, que nasce em razão de lei, pois é ela que estabelece qual agente poderá realizar determinado ato. Ex.: a lei determina que somente o Presidente da República poderá nomear Ministros de Estado.finalidade: o ato administrativo deve ter uma finalidade normativa.forma: o ato administrativo deve ser escrito, expresso e só terá validade se assim for.motivo: o ato administrativo, para ter validade, deve possuir sempre o motivo de atender ao interesse público, com o fim de atingir o bem comum.objeto: é o núcleo do ato administrativo. Ex.: no ato de exonerar um Ministro, o objeto é a dispensa.A ausência de qualquer um desses requisitos pode viciar o ato.  Espécies de ato administrativo:

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ato discricionário: é o ato praticado pelo agente, obedecendo-se os critérios de conveniência e de oportunidade para a sua realização. O agente, neste tipo de ato, pode escolher se age, ou não, levando em consideração os critérios mencionados. ato vinculado: é o ato praticado pelo agente em virtude de lei. Pelo ato vinculado, o agente deverá agir de acordo com o que a lei determinar. Licitação  1. Generalidades:A licitação é um instituto extremamente formal, de rigor excessivo. É através dele que a Administração Pública efetuará concessões, permissões, obras, aquisições.É um ato estritamente vinculado à Lei 8666/93. 2. Conceito:Licitação é o processo, ou procedimento, pelo qual a Administração Pública de qualquer dos poderes da União vai adquirir obras, serviços, compras, efetuará alienações, concessões e permissões.É considerado por uns como processo, por outros como procedimento. Há divergência doutrinária nesse sentido.O objeto da licitação são as compras, os serviços, as obras, alienações e permissões da Administração Pública.O parágrafo único do art. 1.º da Lei 8666/93 estabelece que são obrigados a lançar mão desse instituto os órgãos da administração direta, os fundos especiais, as Autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.O artigo 1.º da referida lei dispõe que é de competência da União a criação de legislação acerca do tema, Contudo, podem os Estados e Municípios legislar a respeito, desde que as disposições sejam compatíveis com a norma geral. 3. Dispensa e inexigibilidade do processo de licitação:Há circunstâncias, que, por sua natureza, inviabilizam a licitação. Nesses casos, há dispensa ou inexigibilidade da realização desse processo.O art. 24, Lei 8666/93, dispõe sobre a dispensa.O art. 25, Lei 8666/93, dispõe sobre a inexigibilidade.A diferença básica entre as duas hipóteses está no fato de que, na dispensa, há possibilidade de competição que justifique a licitação; de modo que a lei faculta a dispensa, que fica inserida na competência discricionária da administração. Nos casos de inexigibilidade, não há possibilidade de competição, porque só existe um objeto ou uma pessoa que atenda às necessidades da Administração Pública; a licitação é, portanto, inviável.A dispensa pode ocorrer, por exemplo, em casos de extrema urgência, para o atendimento de situações de calamidade pública, ou grave perturbação da ordem.A inexigibilidade pode ocorrer, por exemplo, nos casos de contratação de pessoa conhecida do meio artístico, ou ainda nos casos em que a aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros só possam ser fornecidos por um produtor, dada a exclusividade do produto. Contrato AdministrativoÉ o ajuste, previsto em lei, que a Administração, nessa qualidade, celebra com Pessoas Físicas ou Jurídicas, Públicas ou Privadas, vencedoras do processo de licitação, para a consecução de fins públicos, segundo o regime jurídico de Direito Público.A Administração Pública poderá instabilizar (desequilibrar) a relação jurídica contratual em razão do bem comum. Características:

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O contrato administrativo se caracteriza pela vontade da Administração Pública em adquirir algo e o desejo do vencedor da licitação em fornecê-lo.O objeto do contrato administrativo é o objeto da licitação. A forma é aquela prescrita em lei, não deixando de ressaltar que ele sempre deverá ser realizado por escrito (art. 60, parágrafo único, Lei 8666/93).

 Serviço PúblicoServiço Público – conceito:A doutrina conceitua o Serviço Público como toda comodidade fruível (desfrutável) preponderantemente pelo administrado, prevista em lei, e executada pela Administração Pública ou por quem lhe faça as vezes.O fornecimento de serviços ao administrado é um dever do Estado. Características:A lei é o veículo que trata do Serviço Público. Tanto a sua criação quanto a sua extinção é realizada através de lei.O Serviço Público é dirigido ao administrado. Todavia, nada impede que o Estado também se utilize dele.Quando a Administração Pública possuir a titularidade do Serviço Público e realizar a sua execução, estamos diante da administração ou execução direta do Serviço Público.Quando a Administração Pública não possuir a titularidade do Serviço Público, realizando apenas a sua execução; ou possuir apenas a titularidade, havendo transferência da execução, estamos diante da administração ou execução indireta do Serviço Público.

 Transferência da titularidade e execução do serviço público:Quando há transferência da titularidade e execução, as entidades que as recebem só podem possuir personalidade jurídica de Direito Público. Poderão ser criadas em qualquer esfera de poder (União, Estados, Municípios, Distrito Federal) e dividem-se em: autarquias: é a Pessoa Jurídica de Direito Público, criada por lei, com capacidade de auto-administração, para o desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei.O seu conceito se encontra no art. 5.º, Decreto-lei 200/67.A Administração Pública confere a essa entidade as prerrogativas necessárias para a execução do serviço para o qual foi criada.A Autarquia é criada através de lei e é instituída por Decreto do chefe do Poder Executivo. A sua extinção também só poderá ser realizada através de lei. Ex.: INSS.Os servidores públicos, anteriormente, possuíam o mesmo regime jurídico da administração direta. Entretanto, as Emendas n.º 19 e 20 alteraram-no, conforme pode ser verificado no art. 39, CF.O ingresso do profissional para trabalhar na Autarquia far-se-á por concurso público (art. 37, inciso II, CF).As Autarquias possuem prerrogativas típicas do Estado, como a impenhorabilidade de bens, imprescritibilidade de bens imóveis (não podem ser usucapidos), a execução dos seus créditos só pode ser realizada através de lei específica (lei 6830/80), a prescrição de seus débitos difere da prescrição do direito comum etc.As Autarquias são remuneradas através dos tributos, mais especificamente das contribuições sociais (art. 195, CF).A competência tributária (aptidão para a criação de um tributo) não pertence às Autarquias, mas à União, Estados, Municípios e Distrito Federal e é indelegável. Já a capacidade tributária (capacidade para arrecadar, fiscalizar e administrar um tributo) pode ser delegada.

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O regime jurídico das Autarquias não é o mesmo da administração direta, pois possui diferenças em relação a ela, mas é, em geral, o mesmo do Estado (prerrogativas + sujeição).Para a aquisição de bens, a Autarquia também deve realizar licitação.fundações públicas: A fundação pública é o patrimônio, total ou parcialmente público, dotado de personalidade jurídica de Direito Público, e destinado, por lei, ao desempenho de atividades do Estado na ordem social, com capacidade de auto-administração e mediante controle da Administração Pública, nos limites da lei.O seu conceito legal se encontra no art. 5.º, inciso IV, Decreto-lei 200/67. Faz-se uma observação a esse conceito, pois ele dispõe que as fundações públicas tem apenas personalidade jurídica de Direito Privado, enquanto que, na verdade, também pode possuir personalidade jurídica de Direito Público.Tudo o que se aplica à Autarquia, com relação à prerrogativas, sujeitos, servidores, é aplicado também à Fundação Pública, exceto no que diz respeito aos tributos, porque assim já decidiu o STF. Transferência apenas da execução do serviço público:Quando há transferência apenas da execução, as entidades que as recebem podem ser Pessoa Física ou possuir personalidade jurídica de Direito Privado, ou de Direito Público, incluindo as sociedades de economia mista e empresas públicas.Para a transferência da execução do Serviço Público, é necessária a realização de um processo licitatório.Essa transferência se procede através da autorização, concessão e da permissão. autorização do serviço público: consiste no ato administrativo, no qual a Administração Pública vai transferir a alguém a execução de uma atividade material. Ex.: a exploração de jazidas minerais compete a União; entretanto, ela é executada por terceiros e não pela Administração Pública (essa transferência da execução para a exploração da jazida mineral se faz através da autorização). concessão do serviço público: consiste num contrato administrativo pelo qual a Administração Pública vai transferir a alguém a execução de um determinado serviço público, para que o execute em seu próprio nome, por sua conta e risco, assegurando-lhe a remuneração mediante tarifa paga pelo usuário ou outra forma de remuneração decorrente da exploração do serviço.Na concessão, o poder concedente só transfere ao concessionário a execução do serviço, continuando titular do mesmo, o que lhe permite dele dispor de acordo com o interesse público; essa titularidade é que lhe permite alterar as cláusulas regulamentares ou rescindir o contrato por motivo de interesse público.A concessão deve ser precedida de licitação (art. 175, CF), na sua modalidade concorrência.A norma que dispõe sobre a concessão é a Lei 8987/95.Existem duas espécies de concessão:concessão de um serviço público (art. 2.º, inciso II, Lei 8987/95): nesta hipótese, o concessionário realiza a prestação de uma atividade concedida pelo Poder Público. Ex.: concessão de transporte coletivo. Este tipo de concessão demanda apenas a execução do serviço público.concessão de um serviço público precedida da execução de obra pública (art. 2.º, inciso III, Lei 8987/95): nesta hipótese, o concessionário realiza uma obra pública, sua reforma, conservação, ampliação ou melhoramento e retira, do seu resultado, a sua remuneração, mediante exploração dos serviços ou utilidades que a obra proporciona. Ex.: concessão de rodovias, telecomunicações etc. Este tipo de concessão não demanda apenas a execução do serviço público, mas todo um conjunto de obras que são necessárias para o pleno funcionamento do seu objeto. Sociedades de economia mista e empresas públicas: São entidades que, apesar de possuírem personalidade jurídica de Direito Privado, detém a participação do Estado.

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 sociedades de economia mista: são as entidades dotadas de personalidade jurídica de Direito Privado, criadas por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertencem, em sua maioria, à União ou à entidade de administração indireta (art. 5.º, inciso III do Decreto-lei 200/67).São suas características:criação e extinção: através de lei;forma: exteriorização apenas sob a forma de sociedade anônima;capital híbrido: uma parte pertence ao Estado, outra parte ao particular, bastando que a pessoa política criadora da sociedade de economia mista detenha a maioria das ações ou da maioria do capital com direito a voto.empresas públicas: é a entidade dotada de personalidade jurídica de Direito Privado com patrimônio próprio e capital exclusivo da União ou da pessoa política criadora, instituída por lei para a exploração da atividade econômica que o governo seja levado a exercer por força de contingência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas em direito admitidas (art. 5.º, inciso II, Decreto-lei 200/67).

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