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1 Boletim CONT-TRIB-JUR em 18.maio.2015 "Somos o que fazemos, mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos." Fábio Carvalho Contribuintes já podem conferir se há pendências na declaração do IR 2015 maio 15, 2015 em Geral por Karin Rosário O contribuinte que entregou a declaração do Imposto de Renda Pessoa Física 2015 (ano-calendário 2014) já pode consultar se há pendências no documento e fazer a autorregularização para corrigir qualquer problema. De acordo com a Receita Federal, quem identificar algum erro no extrato do processamento deve fazer a retificação para não cair na malha fina. “O contribuinte que enviar nova declaração com as informações corretas, automaticamente fica com a declaração liberada da malha”, explicou o órgão, em nota. O contribuinte pode ter acesso ao extrato na página do Fisco, pelo portal e-CAC. O centro virtual pode ser acessado por certificado digital ou por código, que é gerado a partir dos números do recibo de entrega das declarações de Imposto de Renda dos dois últimos exercícios. Caso haja imposto a restituir, no entanto, a Receita passará a considerar a data da retificadora, e não mais a da original, na hora de priorizar o pagamento. Já se a declaração está correta e o contribuinte tem toda a documentação que comprova as informações, o caminho é solicitar a antecipação da análise. Para isso, é necessário esperar até janeiro de 2016, quando será possível agendar a visita a uma unidade da Receita Federal. Esse agendamento também deve ser realizado pelo e-CAC. IPECONT – Instituto de pesquisas Contábeis e Tributárias – http://www.ipecont.com.br/contato

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Boletim CONT-TRIB-JUR em 18.maio.2015

"Somos o que fazemos, mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos."Fábio Carvalho

Contribuintes já podem conferir se há pendências na declaração do IR 2015maio 15, 2015 em Geral por Karin Rosário

O contribuinte que entregou a declaração do Imposto de Renda Pessoa Física 2015 (ano-calendário 2014) já pode consultar se há pendências no documento e fazer a autorregularização para corrigir qualquer problema.

De acordo com a Receita Federal, quem identificar algum erro no extrato do processamento deve fazer a retificação para não cair na malha fina. “O contribuinte que enviar nova declaração com as informações corretas, automaticamente fica com a declaração liberada da malha”, explicou o órgão, em nota.

O contribuinte pode ter acesso ao extrato na página do Fisco, pelo portal e-CAC. O centro virtual pode ser acessado por certificado digital ou por código, que é gerado a partir dos números do recibo de entrega das declarações de Imposto de Renda dos dois últimos exercícios.

Caso haja imposto a restituir, no entanto, a Receita passará a considerar a data da retificadora, e não mais a da original, na hora de priorizar o pagamento.

Já se a declaração está correta e o contribuinte tem toda a documentação que comprova as informações, o caminho é solicitar a antecipação da análise. Para isso, é necessário esperar até janeiro de 2016, quando será possível agendar a visita a uma unidade da Receita Federal. Esse agendamento também deve ser realizado pelo e-CAC.

Fonte: Estadão

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EFD-Contribuições – Nova versão do PVA 2.0.11maio 11, 2015 em Geral por Karin Rosário

1. Publicada a versão 2.0.11 do PVA, para escrituração do CF-e-SAT (registro C860) no Estado de São Paulo;

2. Publicada versão 1.19 do Guia Prático, contemplando, entre outras orientações, procedimentos para a escrituração do PIS/Pasep e da Cofins no segmento de bebidas frias, alterado pela Lei nº 13.097/2015;

3. Publicada a Nota Técnica nº 005/2015, contemplando os procedimentos a serem observados, na apuração do PIS/Pasep e da Cofins, pelos fabricantes, importadores e comerciantes de bebidas frias;

4. Atualizadas as Tabelas 4.3.10 (bebidas frias), 4.3.11 (bebidas frias e embalagens) e 4.3.17 (alíquota de receitas financeiras e de crédito presumido de bebidas frias).

http://www1.receita.fazenda.gov.br/Sped/noticias/2015/abril/noticia-24042015.htm

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ECF: Conheça as Normas Gerais de Escrituração11/05/2015 Deixe um comentário

A empresa deverá gerar o arquivo da ECF – Escrituração Contábil Fiscal com recursos próprios.

O arquivo será obrigatoriamente submetido ao programa gerador da ECF para validação de conteúdo, assinatura digital, transmissão e visualização.

É possível o preenchimento da ECF no próprio programa gerador da ECF, em virtude da funcionalidade de edição de campos.

A recuperação de dados da ECD – Escrituração Contábil Digital, é obrigatória para empresas que são obrigadas a entregar a ECD.

O arquivo digital é composto por blocos de informação e cada bloco terá um registro de abertura, registros de dados e um registro de encerramento:

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Bloco Nome do Bloco Descrição do Bloco0 Abertura e Identificação Abre o arquivo, identifica a pessoa jurídica e referencia o período da

ECF.C Informações Recuperadas das ECD

(bloco recuperado pelo sistema – não é importado)

Recupera, das ECD do período da escrituração da ECF, as informações do plano de contas e os saldos mensais.

E Informações Recuperadas da ECF Anterior e Cálculo Fiscal dos Dados Recuperados da ECD (Bloco recuperado pelo sistema – não é importado)

A recuperação de dados da ECD é obrigatória para as empresas obrigadas a entregar a ECD.

Recupera, da ECF imediatamente anterior, os saldos finais das contas referenciais e da parte B (do e-LALUR e e-LACS). Calcula os saldos contábeis de acordo com o período de apuração do tributo.

J Plano de Contas e Mapeamento Apresenta o mapeamento do plano de contas contábil para o plano de contas referencial.

K Saldos das Contas Contábeis e Referenciais

Apresenta os saldos das contas contábeis patrimoniais e de resultado por período de apuração e o seu mapeamento para as contas referenciais.

L Lucro Líquido Apresenta o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício e apura o lucro líquido da pessoa jurídica tributada pelo lucro real.

M e-LALUR e e-LACS Apresenta os livros eletrônicos de escrituração e apuração do IRPJ (e-LALUR) e da CSLL (e-LACS) da pessoa jurídica tributada pelo lucro real – partes A e B.

N Imposto de Renda e Contribuição Social (Lucro Real)

Calcula o IRPJ e a CSLL com base no lucro real (estimativas mensais e ajuste anual ou valores trimestrais).

P Lucro Presumido Apresenta o balanço patrimonial e apura o IRPJ e a CSLL com base no lucro presumido.

T Lucro Arbitrado Apura o IRPJ e a CSLL com base no lucro arbitrado.U Imunes ou Isentas Apresenta o balanço patrimonial das imunes ou isentas. Apura,

quando for o caso, o IRPJ e a CSLL com base no lucro real.X Informações Econômicas Apresenta informações econômicas da pessoa jurídica.Y Informações Gerais Apresenta informações gerais da pessoa jurídica.9 Encerramento do Arquivo Digital Encerra o arquivo digital.

Bonificações concedidas em mercadorias e descontos incondicionais As bonificações e descontos incondicionais podem ser excluídos da receita bruta para fins de determinação da base de cálculo da Contribuição para PIS/PASEP e da COFINS.

Publicado por Studio Fiscal - 4 dias atrás

A bonificação configura-se como uma concessão comercial procedida pelo vendedor ao comprador, entregando quantidade maior de mercadorias do que a acertada, acarretando em diminuição do preço correspondente a operação. Ou seja, se uma empresa fornecer 100 unidades de uma determinada mercadoria, sendo que o custo da unidade é equivalente a R$ 50,00, e ainda, encaminhe para o adquirente mais dez unidades sem custo, estará sendo concedida uma bonificação. Isso é, a empresa pagará apenas

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pelo solicitado e a mercadoria que vier a mais a titulo de bonificação não será cobrada, no caso, seria como se o custo de cada unidade para a empresa adquirente caísse de R$ 50,00 para R$ 45,00.

Bonificações podem vir através de desconto, também é uma concessão promovida pelo vendedor ao comprador, caracterizada por diminuição do preço das mercadorias, sendo assim, não existindo mercadorias concedidas a mais sem custo e sim uma queda no preço. Então, se a empresa que adquirir certa mercadoria ao custo de R$ 50,00 por unidade e receber um desconto de 10% sobre a compra, o custo da unidade cairá para R$ 45,00 na hora da compra (desconto incondicional).

Ainda, ambos não devem ser confundidos com doações, pois na contabilidade a redução do preço de aquisição das mercadorias é considerada como custo e não como receita, tão quanto pelo jurídico que declara que bonificações e descontos obtidos na liquidação das obrigações não constitui receita.

As bonificações são entendidas como uma parcela redutora do preço da mercadoria, sendo um desconto incondicional, que de acordo com a Instrução Normativa nº 51/1978, são as parcelas redutoras do preço de venda quando constarem da nota fiscal de venda dos bens e não dependerem de evento posterior à emissão desse documento. Tais bonificações, quando consideradas como descontos incondicionais, deverão ser excluídas da receita bruta para fins de determinação da base de cálculo da Contribuição para PIS /PASEP e da COFINS.

Portanto, bonificações como concessões de vantagens dadas pelo vendedor ao comprador, diminuem o preço da mercadoria vendida ou entrega de quantidade maior de produtos do que aquela estipulada, equivalendo a um abatimento de preço em mercadoria ou em moeda. Esses descontos comerciais, por não possuírem natureza jurídica de receita, não se sujeitam a incidência das contribuições para PIS e COFINS e devem ser tratados como redutores de custos.

CLIQUE AQUI para verificar o artigo anterior sobre Bonificações Concedidas em Mercadorias.

Fonte: Blog Studio Fiscal

A FCI (Ficha de Conteúdo de Importação) como ferramenta estratégicaMuito se fala de riscos fiscais nos dias atuais. No entanto, visualizamos poucos exemplos que descrevem como certas ações de compliance fiscal podem ser vantajosas para as empresas.

postado 12/05/2015 08:52 - 619 acessos

Muito se fala de riscos fiscais nos dias atuais. No entanto, visualizamos poucos exemplos que descrevem como certas ações decompliance fiscal podem ser vantajosas para as empresas. Não somente para a redução de riscos, mas também para tornar a empresa mais competitiva perante o mercado. Portanto, no decorrer deste texto traremos exemplos práticos de redução da carga tributáriacom uma obrigação acessória que ainda recebe pouca ou nenhuma atenção das empresas: a FCI – Ficha de Conteúdo de Importação.

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Alíquota de ICMS de 4% para produtos importados

A Resolução do Senado Federal nº 13/2012, estabelece que, a partir de 1º de Janeiro de 2013, a alíquota do ICMS nas operaçõesinterestaduais com bens e mercadorias importadas é de 4%.

Essa alíquota é aplicada aos bens e mercadorias importados que, após o seu desembaraço aduaneiro, não tenham sido submetidos a nenhum processo de industrialização ou qualquer processo de transformação, que resultem em mercadorias ou bens com o Conteúdo de Importação superior a 40%.

Como funciona a FCI – Ficha de Conteúdo de Importação

Quando ocorrerem operações com bens ou mercadorias que tenham sido submetidos a qualquer processo de industrialização, o industrializador deverá preencher a Ficha de Conteúdo de Importação. Dentre outras informações, deve conter a descrição da mercadoria, unidade de medida, valor da parcela importada do exterior, valor total da saída interestadual, que resultará em um percentual “X” de importação.

Profundidade do processo da FCI: muito além das áreas contábil e tributária

A FCI é um bom exemplo de obrigação acessória que não se limita à área contábil e tributária e promove um grande desafio para a empresa como um todo. Para o cumprimento final dessa obrigação é necessário passar pelas diversas operações da organização, que incluem as atividades inerentes aos processos da operação (gerenciamento de produção, forma de comercialização, logística), as bases de informações (principalmente os cadastros), os Sistemas Integrados de Gestão (ERP) e também os sistemas de informação complementares.

Deixo aqui alguns questionamentos: até que ponto os sistemas possuem a devida flexibilidade para adaptar-se à complexidade e, principalmente, à dinâmica que essas operações com produtos importados possuem? O sistema pode até gerar a obrigação propriamente dita (FCI), mas como estão sendo incorporados os requisitos de controle e confiabilidade nesse processo?

Na maioria dos casos, as pessoas que estão envolvidas com essa obrigação estão ligadas na tecnologia e ao seu modo de pensar, o que chamamos de orientação para dados. Isso faz com que os processos percam a rastreabilidade e a transparência, resultando no comprometimento da informação e, consequentemente, na falta da visão estratégica que essa obrigação possa vir a ter, impossibilitando a redução da carga tributária.

Uma vez que a alíquota do ICMS na saída interestadual depende do cálculo da FCI, a empresa que não realizar um cálculo conciso poderá concluir que uma grande quantidade dos seus produtos deveria possuir alíquota de 4% na saída e está utilizando 7% ou 12%.

Todos os produtos possuem suas particularidades conforme as operações de cada organização. É extremamente importante que as empresas possuam uma confiabilidade extrema nas informações inseridas no ERP, pois, após um documento fiscal ter sido escriturado no ERP e a mercadoria remetida ao estoque, todo cálculo da FCI virá diretamente desses registros. Nesse contexto, não salienta-se apenas as compras, mas também existe uma importância quanto às operações de transferências entre os estabelecimentos da empresa.

Por esses e outros fatores que a maioria das empresas entregam a FCI com o conteúdo de importação que não correspondem a movimentação real.

Algumas das organizações já perceberam tamanha a falta da rastreabilidade que a geração do cálculo da FCI por meio do ERP é para os resultados finais. Portanto, com todas as notas ficais adquiridas no

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período, com as informações de vendas e a composição do produto é possível realizar um cálculo muito mais conciso.

FCI como ferramenta estratégica

Por obrigação legal, a FCI deve ser apresentada mensalmente, sendo dispensada nova apresentação nos períodos subsequentes, enquanto não houver alteração do percentual do conteúdo de importação que implique modificação da alíquota interestadual.

É nesse momento que a maioria das empresas acabam se acomodando e deixando de utilizar as informações da FCI como ferramenta estratégica. Os empresários se perguntam: ora, se o meu processo de fabricação de determinado produto não mudou, como o meu conteúdo de importação pode mudar?

Muitas empresas fizeram o primeiro cálculo para atender a obrigação e desde então não realizaram nenhum recálculo. Com a forte alta do dólar perante o real, com toda a certeza o conteúdo de importação dos produtos que possuem algum vínculo com a origem estrangeira sofreu alteração. Se o valor final mudou ou não, o conteúdo importado em cada produto com certeza foi alterado e muito.

A legislação caracteriza conteúdo de importação como sendo o percentual correspondente ao quociente entre o valor da parcela importada do exterior e o valor da operação de saída interestadual da mercadoria ou bem submetido a processo de industrialização.

Fica aqui o nosso alerta aos gestores, que as saídas tributadas sobre a alíquota de 4% é geração de fluxo de caixa direto, pois a carga tributária é menor do que a utilizada costumeiramente nas operações. É importante salientar também que o custo do tributo não se restringe somente ao pagamento da obrigação principal, mas também as atividades inerentes aos processos da operação, onde comprar a mercadoria do fornecedor “A” ou “B” pode sim afetar no valor final do tributo (seja por meio de débitos ou créditos), no qual quem possui carga tributária menor é mais competitivo perante o mercado no momento atual.

Lembre-se: gerir tributos de forma eficaz tornou-se, mais do que nunca, essencial.

Promulgada EC 87/2015 que disciplina a incidência do ICMS sobre as operações interestaduais.

Fonte/Autoria.: Rita Regina P. A. Petroni

Segundo disposto na Carta Política de 1988, o ICMS é um imposto estadual que incide  sobre a circulação (venda) de mercadorias, sendo devido dentro do Estado onde foi realizada a operação de circulação de mercadorias. Entretanto, dentro da cadeia comercial de uma mercadoria pode ocorrer a venda dentro de um Estado e a entrega do produto em outro. Quando ocorre essa situação, temos então as operações interestaduais. Logo, quando o ciclo de uma mercadoria se inicia no Estado de origem, onde está instalada a indústria, que posteriormente é remetida para um comerciante em outro Estado de destino, que acaba vendendo ao consumidor final, os dois Estados ficam com uma parte no bolo do ICMS que recai sobre aquela mercadoria, pois a venda é realizada em ambos. 

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Com a entrada das vendas das mercadorias através da internet e telefones, os Estados produtores (origem) passaram a ter toda a arrecadação do ICMS, com isso os Estados “não produtores” (destino) acabaram por perder a arrecadação, conforme disposto no art. 155, § 2º, VII, “b” da Constituição Federal. Os Estados “não produtores” passaram a taxar a sistemática do ICMS estabelecida pelo artigo citado acima, como injusta e passaram a afirmar que ela contribuía para o aumento das desigualdades regionais, uma vez que quase todos os centros de produção e de distribuição de produtos industrializados estão localizados nas Regiões Sul e Sudeste do país, notadamente no Estado de São Paulo. Desta feita, os Estados do Norte e Nordeste passaram a afirmar que a regra constitucional do ICMS era injusta porque acabava por excluir os Estados consumidores da arrecadação do imposto. Diante deste cenário, os Estados do Norte e Nordeste se reuniram e conseguiram aprovar, no Confaz, o Protocolo ICMS 21/2011, permitindo assim, que fosse cobrado ICMS sobre as operações interestaduais em que o destinatário da mercadoria estivesse localizado em seu território, independentemente de se tratar de consumidor final ou de mero intermediário. Todavia, o STF decidiu que é inconstitucional a cobrança de ICMS pelo Estado de destino, ou seja “não produtor”, com fundamento do Protocolo ICMS 21/2011 do Confaz, sobre as operações interestaduais de venda de mercadoria a consumidor final realizadas de forma não presencial (internet, telemarketing e showroom). A Constituição Federal de 1988 determinou que o valor do ICMS é devido ao Estado de origem da mercadoria. Portanto, o STF afirmou que mudar a cobrança para o Estado de destino somente poderia ser feito por meio de Emenda Constitucional, não podendo ser feito por Protocolo do Confaz. (STF. Plenário. ADI 4628/DF e ADI 4713/DF, Rel. Min. Luiz Fux; RE 680089/SE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 17/09/2014 (Info 759). Pois bem, foi publicada no último dia 17/04/2015, a Emenda Constitucional 87, alterando o inciso VII, do § 2º do art. 155 da Constituição Federal, e passou a dizer que o ICMS, nos casos ilustrados acima, deverá ser dividido entre o Estado de origem e o Estado de destino. Com a EC 87/2015, o inciso VII do § 2º do art. 155 da Constituição Federal, passou a ter a seguinte redação: “nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final, contribuinte ou não do imposto, localizado em outro Estado, adotar-se-á a alíquota interestadual e caberá ao Estado de localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota interestadual”. Essa divisão será feita com base em percentuais  que foram acrescentados no art. 99 do ADCT e que são graduais ao longo dos anos, até que, em 2019, o Estado de destino ficará com todo o valor da diferença entre a alíquota interestadual e a interna. Vejamos: “Art. 99. Para efeito do disposto no inciso VII do § 2º do art. 155, no caso de operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final não contribuinte localizado em outro Estado, o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual será partilhado entre os Estados de origem e de destino, na seguinte proporção: I – para o ano de 2015: 20% (vinte por cento) para o Estado de destino e 80% (oitenta por cento) para o Estado de origem; II – para o ano de 2016: 40% (quarenta por cento) para o Estado de destino e 60% (sessenta por cento) para o Estado de origem;

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 III – para o ano de 2017: 60% (sessenta por cento) para o Estado de destino e 40% (quarenta por cento) para o Estado de origem; IV – para o ano de 2018: 80% (oitenta por cento) para o Estado de destino e 20% (vinte por cento) para o Estado de origem; V – a partir do ano de 2019: 100% (cem por cento) para o Estado de destino.” Por fim, o art. 3º estabelece que a Emenda Constitucional 87/2015 entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos no ano subsequente, ou seja, em 2016 e após 90 dias desta. Contudo, o inciso I do art. 99 do ADCT, acrescentado pela EC 87/2015, é inócuo porque fala em 2015, mas neste ano as novas regras acima explicadas ainda não estão produzindo efeitos. 

Quando bonificações somente podem ser consideradas descontos incondicionaismaio 15, 2015 em Geral por Karin Rosário

SOLUÇÃO DE CONSULTA DISIT/SRRF06 Nº 6020, DE 11 DE MAIO DE 2015

ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins

EMENTA: As bonificações somente podem ser consideradas descontos incondicionais, quando constarem em uma mesma nota fiscal de venda dos bens, aos quais se referirem. SOLUÇÃO DE CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT N º 34, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2013.

DISPOSITIVOS LEGAIS: art. 1º, parágrafo 3º, inciso V, alínea “a” da Lei 10.833, de 29 de dezembro de 2003; item 4.2. da Instrução Normativa SRF nº 51, de 3 de novembro de 1978.

ASSUNTO: Contribuição para o PIS/PasepEMENTA: As bonificações somente podem ser consideradas descontos incondicionais, quando constarem em uma mesma nota fiscal de venda dos bens, aos quais se referirem. SOLUÇÃO DE CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT N º 34, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2013.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Art. 1º, parágrafo 3º , inciso III, alínea “a”, da Lei 10.637, de 1977; item 4.2. da Instrução Normativa SRF nº 51, de 3 de novembro de 1978.

MARIO HERMES SOARES CAMPOSChefe

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Receita fixa regras de acompanhamento fiscal diferenciado para empresasmaio 15, 2015 em Geral por Karin Rosário

Com a Portaria RFB nº 641, publicada no Diário Oficial de da última terça-feira (12), a Receita Federal definiu as regras válidas para este ano referentes ao acompanhamento econômico-tributário diferenciado para as pessoas jurídicas.

O acompanhamento fiscal diferenciado consiste na análise do comportamento econômico-tributário, por meio do monitoramento da arrecadação dos tributos administrados pela Receita Federal, da análise de setores e grupos econômicos e da gestão para o tratamento prioritário relativo ao passivo tributário.

Para a definição das pessoas jurídicas sujeitas ao acompanhamento diferenciado, serão adotados os critérios de receita bruta declarada, débitos declarados, massa salarial e participação na arrecadação dos tributos administrados pelo Fisco.

Os parâmetros fixados para o acompanhamento econômico-tributário diferenciado das pessoas jurídicas, em 2015, são:

• PJ sujeitas à apuração do lucro real, presumido ou arbitrado, cuja receita bruta anual, no ano-calendário de 2013, seja superior a R$ 150 milhões;

• Montante anual de débitos declarados nas Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) , relativas ao ano-calendário de 2013, seja superior a R$ 15 milhões;

• Montante anual de massa salarial informada nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), relativas ao ano-calendário de 2013, seja superior a R$ 36 milhões; ou

• Total anual de débitos declarados nas GFIP, relativas ao ano-calendário de 2013, seja superior a R$ 12 milhões.

Além do acompanhamento econômico-tributário diferenciado há também o acompanhamento econômico-tributário especial.

Neste caso, serão indicadas as pessoas jurídicas sujeitas à apuração do lucro real, presumido ou arbitrado, cuja receita bruta anual, no ano-calendário de 2013, seja superior a R$ 900 milhões, e cujo montante anual de débitos declarados nas DCTF, relativas ao ano-calendário de 2013, seja superior a R$ 90 milhões.

A regra vale, também, para as pessoas jurídicas cujo total anual de débitos declarados nas GFIPJ, relativas ao ano-calendário de 2013, seja superior a R$ 40 milhões, ou cujo montante anual de massa falida informada nas GFIP, relativas ao ano-calendário de 2013, seja superior a R$ 120 milhões.

A Receita Federal encaminha, anualmente, comunicação à pessoa jurídica sujeita ao acompanhamento diferenciado até o último dia do mês de janeiro do respectivo ano-calendário, lembrando que a sua inclusão nesse acompanhamento independe do efetivo recebimento da comunicação.

Fonte: UOL ECONOMIA

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Simples Nacional: Revenda de Produtos Farmacêuticos, Perfumaria e HigienePosted by Robson de Azevedo em 13 de maio de 2015

Há redução dos percentuais relativos ao PIS/Pasep e à COFINS constantes das Tabelas do Anexo I, da Lei Complementar 123, de 2006, quando ocorrer a revenda de mercadorias sujeitas à tributação concentrada do PIS/Pasep e da COFINS, quanto a produtos farmacêuticos, de perfumaria e higiene pessoal.

Para apuração do valor do Simples Nacional, devido em cada mês, relativo às mesmas receitas, devem ser desconsiderados nas respectivas tabelas do Anexo I, da mesma Lei Complementar, os percentuais referente ao PIS/Pasep e à COFINS.

Base: Lei Complementar 123, art. 18, caput e § 4º, inciso IV, e §§ 12,13 e 14, inciso I, alíneas “a” e “b” , Resolução CGSN nº 94, de 2011 e alterações posteriores, art. 25, inciso I alínea “b’ e Solução de Consulta Disit/SRRF 9.012/2015. Manual do Super Simples, contendo as normas do Simples Nacional – Lei Complementar 123/2006. Contém as mudanças determinadas pela LC 128/2008.

Fim da guerra fiscal é o primeiro passo para reforma do ICMS

12 de maio de 2015

Em reunião na Associação Comercial de São Paulo, Clovis Cabrera, da Fazenda paulista, disse ser urgente que se adotem medidas para por fim à guerra fiscal

Não há ambiente político para viabilizar a tão esperada reforma do ICMS, diz José Clovis Cabrera, que encabeça a Coordenadoria de Administração Tributária (CAT) da Fazenda paulista. O que, segundo ele, não pode impedir que medidas de combate à chamada guerra fiscal entre os Estados sejam adotadas logo.

Nesse sentido, a principal aposta de Cabrera é o Convênio n° 70 do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) publicado em julho de 2014. O documento estabelece que as alíquotas interestaduais do ICMS, que hoje são de 7% e 12%, sejam reduzidas para 4% em um período de 15 anos.

A redução da alíquota é o condicionante para que sejam preservados incentivos fiscais concedidos irregularmente por Estados, por não serem fruto de unanimidade do Canfaz. A manutenção desses benefícios evita que aqueles contribuintes que os receberam sejam obrigados a pagar a diferença relativa ao incentivo.

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“O Convênio não é o ideal, mas diante do que temos, posso afirmar que é a ‘menos ruim’ das propostas. Foi o que deu para ser feito”, disse Cabrera nesta segunda-feira, 11, em reunião do Conselho de Altos Estudo de Finanças e Tributação (Caeft), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

O coordenador do CAT participou de boa parte das discussões que originaram o Convênio n° 70. Ele contou que a proposta acabou desvirtuada em alguns pontos. “Foram criadas várias exceções, que tomando conta do texto”, disse.

A ideia de reduzir gradualmente a alíquota interestadual do ICMS para 4% não vale para todos (as exceções). Na Zona Franca, por exemplo, ao final da transição do modelo em vigor para aquele proposto pelo Convênio a alíquota seria reduzida dos 12% atuais para 7%, no caso de produtos de informática, e para 10%, para demais produtos.

O mesmo acontece para a movimentação de gás natural entre a maioria dos estados, que ficaria submetida à alíquota de 10%. No caso de produtos agropecuários, a alíquota também não convergiria para 4%, reduzindo somente até 7%.

Há outro ponto importante: o Convênio n° 70 nada regula –apenas denota a intenção dos estados chegarem a um denominador comum na questão da guerra fiscal. Mas para que tenha validade é preciso antes que algumas regras sejam determinadas pelo Congresso. Entre elas, aquela que vem sendo chamado de convalidação dos incentivos do ICMS.

Esse tema é tratado pelo Projeto de Lei do Senado (PLS) 130/2014, que hoje tramita na Câmara dos Deputados como PLP 54/2015. É esse projeto que pode anistiar os contribuintes que obtiveram benefícios fiscais sem a aprovação unânime do Confaz.

Em outras palavras, esses benefícios seriam tornados válidos por um período determinado. Isso aconteceria mediante uma reavaliação do Confaz, cuja decisão não precisaria ser mais por unanimidade. Pelo texto do PLP 54, a anistia ocorreria se aprovada por três quintos dos Estados, considerando que um terço dos Estados de cada região sejam favoráveis.

“A guerra fiscal já dura mais de 10 anos, é preciso resolver logo essa questão porque ela abre o caminho para se discutir a reforma do ICMS, ainda que hoje seja inviável o debate a respeito de uma reforma ampla do imposto por causa do ambiente político”, disse Cabrera.

Segundo o coordenado do CAT, a definições das regras para amenizar os efeitos da guerra do ICMS é urgente também para os contribuintes porque sem a garantia dos meios para que os incentivos sejam mantidos, ganha força a posição do Supremo Tribunal Federal (STF), que tem considerado inconstitucionais os benefícios não aprovados no Confaz.

Paralelamente ao projeto que corre no Congresso e ao Convênio estabelecido entre os Estados corre a Súmula Vinculante n° 69 do STF, de 2012. Ela determina que “Qualquer isenção, incentivo, redução de alíquota ou de base de cálculo, crédito presumido, dispensa de pagamento ou outro benefício relativo ao ICMS, concedido sem prévia aprovação em convênio celebrado no âmbito do Confaz, é inconstitucional.”

Fonte: Diário do Comércio

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Juros sobre capital próprio - Incidência tributária e rentabilidadeCompensando o JCP, além de trazer uma economia tributária relevante, a empresa poderá remunerar em um montante maior os seus sócios em comparação de quando não compensado

José Carlos, 11 de maio de 2015

Utilizado para distribuir os lucros para sócios, acionistas e titulares de uma determinada organização, devendo essa ser tributada pelas regras do Lucro Real, a ferramenta legal denominada Juros Sobre Capital Próprio (JCP) é entendida pelo ponto de vista tributário, como tendo valores considerados como despesas financeiras, sendo assim, conforme o artigo 9º da Lei nº 9.249/95 podem ser abatidos da base de cálculo do IRPJ e CSLL, reduzindo o valor a pagar de ambos.

Nessa operação, a base de cálculo deve corresponder ao Patrimônio Líquido deduzido dos valores de Prejuízos Acumulados, Reserva de Reavaliação de Bens e Direitos da Pessoa Jurídica e valores relativos à “Ajuste de Avaliação Patrimonial”. O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados.

A dedutibilidade da despesa ocorre independente do pagamento dos juros, pois a retenção do IR já se dá no momento da apropriação da despesa (IN RF 41/98). Portanto, a critério dos sócios, os valores dos juros ao invés de serem pagos aos sócios, poderão, por exemplo, serem usados para aumento de capital, por decisão dos sócios em “ata de reunião para tal fim”.

No caso da retirada dos sócios através do JCP existe uma incidência do imposto de renda retido na fonte à alíquota de 15%, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário, o que pode representar uma importante economia tributária. Sendo assim, o rendimento será considerado tributável e imposto retido será compensável, no caso de sócio pessoa jurídica.

Para um melhor entendimento, considere que determinada empresa obteve receita anual de R$ 1.000.000,00 e despesas no mesmo período no valor de R$ 600.000,00 e que nesse caso, todas as receitas serão tributáveis, todas as despesas dedutíveis e não haverá Prejuízo Fiscal e nem Base de Cálculo Negativa da CSLL a ser compensado, com juros remuneratórios calculados de R$ 100.000,00 e IR-Fonte JRCP de R$ 15.000,00:

Na apuração sem JCP, as receitas menos despesas chegará ao valor de R$ 400.000,00 de Lucro, incidindo 9% de CSLL mais 15% de IRPJ e 10% de adicional desse imposto. Nesse momento, deve-se considerar que existe uma parcela isenta desse adicional, que equivale a R$ 20.000,00 por mês. Lembrando que estamos falando do Lucro Real Anual, a parcela isenta do adicional será de R$ 240.000,00. Contudo, após toda a apuração, o total de imposto e contribuição a pagar será de R$ 112.000,00 sobre o Lucro, ficando isento o montante de R$ 288.000,00 restantes, que poderá ser repassado aos sócios.

Agora, no caso da apuração usando os Juros sobre Capital Próprio, do valor resultante das receitas menos despesas, será subtraído os R$ 100.000,00 de JCP, resultando em um Lucro de R$ 300.000,00. Desse lucro incidirá 9% de CSLL e 15% de IRPJ, mais 10% de adicional do imposto, que mostrará o valor a pagar de R$ 78.000,00. Nesse caso o Lucro isento será de R$ 222.000,00. Nesse momento a despesa com

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JCP será subtraída por 15% dessa (R$ 100.000,00 – R$ 15.000,00), que fará presente um valor de R$ 85.000,00. Aumentará o valor do Lucro Isento pelo resultado do Juros Remuneratório (JCP), e o valor a ser repassado para os sócios equivalerá a R$ 307.000,00.

Como se pode observar, os Juros Remuneratório do Capital Próprio, além de trazer uma redução de IRPJ e CSLL para a empresa, também disponibiliza para os sócios um rendimento líquido do IR Fonte, pois o valor a ser disponibilizado aos sócios quando a empresa adota o JRCP é maior do que quando não utilizada. No caso apresentado, usando o JCP a empresa poderá disponibilizar aos sócios R$ 19.000,00 a mais do que se não utilizar. Desse modo, levando em consideração que essas empresas aportam capital e abrem mão de investir em outras ofertas do mercado, é justo que recebam valores referentes a juros sobre esses investimentos.

Fonte: Blog Studio Fiscal

Diferença de alíquotas

Decreto estadual não pode exigir o ICMS na entrada da mercadoria13 de maio de 2015, 11h28

Por   Hugo Funaro

Encontra-se na pauta de julgamento do Supremo Tribunal Federal  o RE 598.677/RS, submetido à sistemática de repercussão geral, no qual se discute a possibilidade de os Estados exigirem, por meio de decreto, o pagamento de ICMS correspondente à diferença entre as alíquotas interna e interestadual, na entrada de mercadoria destinada à ulterior comercialização em seu território.

A tese dos Estados que promovem tal exigência é a de que a cobrança caracterizaria mera fixação do prazo de pagamento do tributo, o que poderia ser feito por ato do Poder Executivo.

O argumento fazendário não se sustenta.  

Com efeito, a fixação de prazo de pagamento supõe que o fato gerador da obrigação tributária já tenha se verificado no passado. Em outras palavras, ocorrido o fato tributável e sendo, portanto, devido o tributo, pode o Poder Executivo definir a data em que deverá ser feito o respectivo recolhimento, desde que, obviamente, não exista lei que disponha sobre a matéria (RE 140.669/PE – Rel. Min. Ilmar Galvão  DJ: 18/05/2001).

No caso, porém, o que se pretende não é definir a data de pagamento do tributo devido por um fato ocorrido no passado, mas sim cobrar, por ocasião da entrada no Estado, o ICMS devido pela ulterior saída a ser promovida pelo estabelecimento adquirente da mercadoria. O que se quer, pois, é antecipar, para o momento da entrada no Estado, o fato gerador do ICMS que, presume-se, ocorrerá no futuro, por ocasião da saída da mercadoria. A alteração do prazo de pagamento pressupõe — e é mera decorrência — da alteração do momento de ocorrência do fato gerador (entrada no Estado, em vez da saída do estabelecimento comercial).

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Ocorre que a fixação do momento em que se considera ocorrido o fato gerador do tributo é matéria sujeita à reserva legal, por força do artigo 150, inciso I, da Constituição Federal combinado com artigo 97, inciso III, do Código Tributário Nacional, como já decidiu o Supremo Tribunal Federal, no RE 111.152-6/SP (Rel. Min. Aldir Passarinho – DJ: 12/12/1988).  O próprio parágrafo 7º do artigo 150 da Constituição Federal, que alguns Estados invocam como fundamento para exigir o recolhimento antecipado do ICMS, prevê que somente a lei pode criar tal obrigação.

Portanto, conclui-se que mero decreto estadual não pode embasar a cobrança do ICMS na entrada da mercadoria no Estado.

Acrescente-se que o ICMS é um imposto estadual com perfil nacional, razão pela qual há necessidade de lei complementar que uniformize o tratamento estadual quanto aos seus elementos estruturantes, entre os quais os fatos geradores, como se verifica dos artigo 146, inciso III, alínea “a” e artigo 155, parágrafo 2º, inciso XII, da Constituição Federal (ADI 1.247 MC/PA – Rel. Min. Celso de Mello – DJ: 08/09/1995; ADI 1.851/AL – Rel. Min. Ilmar Galvão – DJ: 22/11/2002). Nessa conformidade, o artigo 12 da Lei Complementar 87/1996 indica os momentos em que se considera ocorrido o fato gerador do ICMS, relativamente às diversas atividades por ele alcançadas. Tratando-se de mercadoria destinada à comercialização, a regra é de que o fato gerador considera-se ocorrido no momento  “da saída da mercadoria do estabelecimento de contribuinte” (artigo 12, inciso I, da LC 87/96). Dentre as poucas exceções em que a mercadoria pode ser tributada no momento da entrada no território de determinado Estado estão a importação (artigo 12, incisos IX e XI) e as operações com lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização (artigo 12, incisos XII). Assim, resta claro que, fora das excepcionais hipóteses previstas em lei complementar, o ICMS só pode ser exigido na saída da mercadoria do estabelecimento de contribuinte.

Ademais, a Constituição Federal só permite ao Estado de destino cobrar a diferença entre as alíquotas interna e interestadual do ICMS quando se trate de mercadoria ou serviço entrado em seu território para fins de consumo pelo respectivo adquirente (artigo 155, parágrafo 2º, incisos VII e VIII). Como a cobrança do diferencial é adstrita às operações e prestações interestaduais destinadas a consumidor final, não podem os Estados pretender ampliar sua competência por norma infraconstitucional, ainda mais por mero decreto do Poder Executivo.

Por tais razões, aguarda-se que o Supremo Tribunal Federal firme a orientação de que não é possível exigir, por meio de decreto estadual, o pagamento do ICMS por ocasião da entrada da mercadoria no Estado.

Hugo Funaro é advogado tributarista, mestre em Direito Econômico e Financeiro pela USP .Sócio do Dias de Souza Advogados Associados.

Revista Consultor Jurídico, 13 de maio de 2015, 11h28

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Fisco vai avisar grandes contribuintes sobre possíveis inconsistências

13 de maio de 2015

A Receita Federal informou nesta terça-feira (12) que portaria publicada no “Diário Oficial da União” estende aos maiores contribuintes do país um procedimento que já existe para as pessoas físicas no Imposto de Renda: eles passarão a ser avisados de possíveis irregularidades ou inconsistências no recolhimento de tributos e, com isso, poderão regularizar sua situação antes do Fisco iniciar um procedimento de fiscalização e cobrar multas mais pesadas.

“Queremos promover a autorregularização [no qual o próprio contribuinte corrige a inconsistência e paga o tributo devido]. A Receita está interessada que o contribuinte mantenha suas obrigações de maneira atualizada e, com isso, também reduzir a litigiosidade. Quando o contribuinte entra no radar, ele será avisado. Isso ajuda o contribuinte a ter um acompanhamento do risco dele”, explicou Francisco Assis de Oliveira Junior, subsecretário-substituto de Fiscalização.

De acordo com ele, a experiência, no caso das pessoas físicas no Imposto de Renda, que está servindo de modelo para os grandes contribuintes, foi muito “exitosa”. “Em um momento em que eu dou oportunidade para o contribuinte retificar a sua declaração já desde o primeiro dia em que apresenta sua declaração, cruzando dados, ele vai ter oportunidade de fazer retificação. A redução de litiogisidade foi superior a R$ 2 bilhões”, declarou ele.

Grandes contribuintes

No caso das empresas, são considerados grandes contribuintes aquelas que têm receita bruta declarada de, pelo menos, R$ 150 milhões por ano, ou montante de tributos pagso acima de R$ 15 milhões. Já no caso das pessoas físicas, os grandes contribuintes são aqueles que têm rendimento total declarado maior do que R$ 13 milhões por ano, ou que possua bens ou direitos superiores a R$ 70 milhões.

Atualmente, há 9.478 empresas e 5.073 pessoas físicas considerados “grandes contribuintes” no país. Eles possuem um acompanhamento especial no pagamento de seus tributos por parte da Receita Federal e respondem por 63% da arrecadação brasileira.

Aviso aos contribuintes e multas

O Fisco lembrou que o órgão não manda email para os contribuintes. De acordo com a Receita Federal, os aviso de que há possíveis inconsistências no pagamento de tributos, para os grandes contribuintes, será feito por meio de carta, com indicação do fiscal e da unidade que vai fazer o contato telefônico. Os maiores contribuintes do país também poderão saber das eventuais inconsistências no Centro de Atendimento Virtual (e-CAC).

Os avisos por carta, ou no e-CAC, informou o Fisco, não retiram a “espontaneidade” do contribuinte em resolver a pendência e evitar multas mais pesadas. Segundo o órgão, a perda da chamada “espontaneidade” acontece somente quando é aberto um procedimento formal de fiscalização e o contribuinte é visitado por um auditor. Nesse caso, a multa sobe e varia de 75% a 300%, dependendo do que for descoberto.

Fonte: G1

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Isenções tributárias das entidades sem fins lucrativos

I - Introdução

Existem isenções tributárias direcionadas às entidades sem fins lucrativos, tanto na esfera federal como nas estaduais e municipais, cabendo à lei dispor sobre as condições a serem observadas para obtenção do favor fiscal a elas direcionadas. Neste texto vamos abordar as isenções direcionadas às entidades citadas, que estão fora das entidades imunes, mas isentas, com foco na COFINS, no ISSQN e nos documentos fiscais.

II - As isenções das entidades sem fins lucrativos

Quais são as entidades sem fins lucrativos, para fins de isenções tributárias?

a) Associação Civil;

b) Associação Cultural;

c) Entidade Aberta de Previdência Complementar (Sem Fins Lucrativos);

d) Entidade Fechada de Previdência Complementar;

e) Entidade Filantrópica;

f) Sindicato;

g) Entidade Recreativa;

h) Entidade Científica;

i) Associação de Poupança e Empréstimo;

j) Federações e Confederações Sindicais;

k) Serviços Sociais Autônomos, criados ou autorizados por lei;

l) Conselhos de Fiscalização de Profissões Regulamentadas;

m) Fundações de Direito Privado; e

n) OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas noartigo 105 da Lei de nº 5.764/1971.

As condições para usufruir das isenções estão previstas nos seguintes dispositivos:Artigo 55 da Lei de nº 8.212/1991;Artigo 29 da Lei de nº 12.101/2009eartigo 17 da Medida Provisória de nº 2.158-35/2001.

São elas:

1) Não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos;

2) Aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e

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desenvolvimento de seus objetos institucionais;

3) Apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela RFB e certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (CRF);

4) Mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade (CFC);

5) Não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas de seu patrimônio sob qualquer forma ou contexto;

6) Conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impliquem modificação da situação patrimonial;

7) Cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária;

8) Apresente as demonstrações contábeis e financeiras devidamente auditadas por auditor independente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC) quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pela Lei Complementar nº 123/2006.

Cumpridos todos os requisitos acima a entidade sem fins lucrativos se habilita à isenção tributária do IRPJ, CSLL, Contribuição Previdenciária Patronal e COFINS.

Quanto ao ISSQN e a documentação fiscal temos no Brasil 5.570 municípios, cada um com sua legislação específica. Cabe ao gestor da entidade sem fins lucrativos especificamente perquirir junto à Secretaria da Fazenda Municipal a qual esteja inscrita para verificar as condições legais para usufruir da ISENÇÃO do ISSQN, além das obrigações acessórias contidas nos regulamentos de cada município.

III - Como ficam as contribuições sociais destas entidades

As contribuições sociais das entidades listadas no item II serão tratadas do seguinte modo:

a) Contribuição Patronal para a Previdência Social: Isenta.

b) PIS/PASEP - Contribuição de 1% sobre a Folha de Salários;

c) COFINS: Há isenção para as receitas de atividades próprias. É preciso, entretanto, que a isenção somente prevalece sobre as receitas oriundas das atividades especificamente próprias da entidade, sendo que as demais receitas tem sido objeto de tributação pela RFB.

Compreendem receitas de atividades próprias ou receitas estatutárias as decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembleia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contra-prestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais.

Desde modo, as receitas auferidas fora do objeto social da entidade sem fins lucrativos devem ser tributadas normalmente pela COFINS aplicável as pessoas jurídicas em geral.

IV - A jurisprudência sobre isenções das citadas

Importante decisão exarada pelo Colendo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, envolvendo ISENÇÃO DA COFINS das associações sem fins lucrativos inerentes às receitas de atividades próprias,verbis:

Processo: AMS 1055 RS 2004.71.01.001055-3

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Relator(a): LEANDRO PAULSENJulgamento: 25/10/2005Órgão Julgador: SEGUNDA TURMAPublicação: DJ 09/11/2005 PÁGINA: 172TRIBUTÁRIO. COFINS. ASSOCIAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS. ATIVIDADES PRÓPRIAS. ISENÇÃO.- Os arts. 13 e 14, inciso X, da MP 2.158/2001 c/c o art. 15 da Lei 9.532/97 outorgaram isenção da COFINS relativamente às receitas de associações sem fins lucrativos oriundas das atividades próprias das entidades.- Serviços atinentes ao cumprimento das finalidades estatutárias se inserem dentre as atividades próprias da entidade."http://trf-4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1196942/apelacao-em-mandado-de-seguranca-ams-1055

Portanto, a questão a ser enfrenta pelos gestores das entidades sem fins lucrativos com isenção fiscal é a definição de receitas das atividades próprias e as demais receitas. Para tanto é aconselhável, em caso de dúvidas, seja feita consulta oficial à Delegacia local da RFB a que a referida entidade esteja vinculada. Uma resposta oficial do fisco definirá quais as receitas "extras" serão tributadas pela COFINS.

V - Conclusão

Com essas considerações podemos asseverar que há isenção tributária, sob condições legais a serem cumpridas pelas entidades sem fins lucrativos, que beneficiam tais entidades, sem, entretanto, a eximirem de cumprir as obrigações acessórias tais como RAIS, DIRF, DCTF, DACON, GEFIP, sempre lembrando que muitas das obrigações acessórias serão extintas com a implantação do eSOCIAL prevista para janeiro de 2015.

Bibliografia

(A) ATALIBA, Geraldo. Limitações constitucionais ao poder de tributar, Revista de Direito Tributário, São Paulo, v. 51;

(B) BRAGA, Hugo Rocha, Demonstrações contábeis: Estrutura e Análise de Balanços, 1999, Editora Atlas, 1999;

(C) CARRAZZA, Roque Antônio, Curso de Direito Constitucional Tributário, 20ª edição, São Paulo, Malheiros, 2004.

(D) CARVALHO, Paulo de Barros, Curso de Direito Tributário, 17ª ed. São Paulo, Saraiva, 2005;

(E) COÊLHO, Sacha Calmon Navarro, Curso de Direito Tributário Brasileiro, 8ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2005

(F) FANUCCHI, Fábio, Curso de Direito Tributário Brasileiro, vol. II, 10ª Tiragem, 4ª Ed., Ed. Resenha Tributária, Co-Ed. IBET - Instituto Brasileiro de Estudos Tributários, SP, 1986;

(G) HIGUCHI, Hiromi, Imposto de Renda das Empresas, SP, APET, 37ª Ed., 2012.

(H) MACHADO, Hugo de Brito, Curso de Direito Tributário, 23ª Ed., SP, Malheiros Editora, 2003.

(I) MARTINS, Eliseu, MANUAL DE CONTABILIDADE SOCIETÁRIA: Aplicável a todas as Sociedades de Acordo com as Normas Internacionais e do CPC, Atlas. 1ª edição (2010) 824 pgs, Editora Atlas.

(J) MARTINS, Ives Gandra da Silva, Aspectos Tributários da Nova Constituição, Ed. Resenha Tributária, SP, 1.999;

(K) MARTINS, Ives Gandra da Silva, Tavolaro, Agostinho Toffoli, Machado, Brandão, Princípios Tributários no Direito Brasileiro e Comparado, Ed. Forense, RJ, 1988;

(L) MORAIS, Roberto Rodrigues, REDUZA DÍVIDAS PREVIDENCIÁRIAS, online, http://www.portaltributario.com.br/obras/dividasprevidenciarias.htm

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(M) NOGUEIRA, Ruy Barbosa, Direito Tributário, José Bushatsky Editor, SP, 1973;

(N) PAULSEN, Leandro, Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e Jurisprudência, 6ª ED., Porto Alegre, Livraria do Advogado, ESMAFE, 2004;

(O) PEDREIRA, José Luiz Bulhões, Imposto de Renda, Rio de Janeiro: Justec, 1971.

(P) CADERNO DE PESQUISAS TRIBUTÁRIAS, Coordenador Ives Grandra da Silva Martins, vários colaboradores, desde 1977, Editora Resenha Tributária, SP;

(Q) DIALÉTICA, Revista de Direito Tributário, coleção completa;

(R) REVISTA DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS, coleção, desde a nº 1, Editora SÍNTESE, Porto Alegre - RS;

(S) REVISTA DE DIREITO TRIBUTÁRIO, Coleção Completa, desde a nº 1, de setembro de 1977, IDEPE - Instituto Internacional de Direito Público e Empresarial e IBET - Instituto Brasileiro de Estudos Tributários;

(T) TRATADO DE DIREITO TRIBUTÁRIO BRASILEIRO, vários volumes, desde 1977, Forense, RJ.

 Roberto Rodrigues de Morais

Especialista em Direito Tributário.

Fonte: FISCOSOFT

SISCOSERV:Solução de Consulta Cosit nº 102, de 15 de abril de 2015 (Publicado(a) no DOU de 27/04/2015, seção 1, pág. 31)  

ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS EMENTA:

1) SISCOSERV. REGISTRO DE FRETE INTERNACIONAL INFORMADO NO SISCOMEX. Os serviços de frete relacionados às operações de comércio exterior de bens serão objeto de registro no Siscoserv, por não serem incorporados aos bens e mercadorias (escapando, portanto, à hipótese de dispensa prevista no art. 1º, §2º, da IN RFB 1277/12).

2) SISCOSERV. TRANSPORTE DE CARGA. OBRIGAÇÕES DO CONTRATANTE DO AGENTE DE CARGA. SOLUÇÃO DE CONSULTA PARCIALMENTE VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 257, DE 26 DE SETEMBRO DE 2014.Em transações envolvendo transporte de carga, a consulente deverá verificar qual foi exatamente o objeto

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do contrato com o agente de carga e compará-lo com as situações examinadas na SC Cosit nº 257/14, a fim de determinar quais as suas obrigações relativas ao Siscoserv.

3) SISCOSERV. TRANSPORTE DE CARGA. VALOR A REGISTRAR. SOLUÇÃO DE CONSULTA PARCIALMENTE VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 257, DE 26 DE SETEMBRO DE 2014. O valor a informar pelo tomador do serviço de transporte é o montante total transferido, creditado, empregado ou entregue ao prestador como pagamento pelos serviços prestados, incluídos os custos incorridos, necessários para a efetiva prestação. Quando o tomador de serviço de transporte não puder discriminar do valor pago a parcela devida ao transportador daquela parcela atribuída ao representante ou ao intermediário por meio de quem foi efetuado o pagamento do serviço principal, o transporte deverá ser informado pelo valor total pago.

4) SISCOSERV. DATA DO PAGAMENTO. Os manuais do Siscoserv preveem 5 (cinco) “modos de pagar” o valor devido decorrente da prestação de serviço, transferência de intangível ou realização de outras operações que produção variação no patrimônio – entrega, remessa, transferência, crédito e emprego –, a cada um correspondendo um evento que marca a data do pagamento, que são os seguintes: (a) entrega: a data do recebimento do numerário pelo beneficiário; (b) remessa: a data da contratação da operação de câmbio; (c) transferência: a data da transmissão da quantia (desde que não configure nem entrega nem remessa); (d) crédito: a data do registro contábil efetuado pelo pagador, pelo qual o valor é colocado, incondicionalmente, à disposição do recebedor; e (e) emprego: data em que o valor é aplicado por conta e ordem do beneficiário do pagamento.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Manuais do Siscoserv - 9ª edição, instituídos pela Port. Conj. RFB/SCS nº 43/2015; SC Cosit nº 257/2014; arts. 9º e 22, da IN RFB 1396/13; SCI Disit/SRRF07 nº 10/2010; art. 1º da IN SRF 41/1999; item 11 do PN CST nº 7/1986.

SC Cosit nº 102-2015.pd

Quando a substituição do PIS/Pasep e Cofins estará na pauta?

15 de maio de 2015

Por Mauro Negruni*

A legislação do PIS/Pasep e da Cofins estabelecidos nas leis 10.637/02 e 10.833/03, respectivamente – e suas inúmeras atualizações – não dão conta para que uma pessoa “normal” entenda a aplicação dos dispositivos para a correta apuração destas contribuições sociais. As leis são complexas e remetem a outra infinidade de conceitos estabelecidos em outras legislações, seja previdenciária ou do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica.

Com isso, as escriturações das contribuições sociais tornaram-se tarefas heroicas para serem cumpridas. No Fórum SPED Porto Alegre 2015 – terceira edição deste evento, o Sr. Jonathan Oliveira – auditor da Receita Federal do Brasil, comentou sobre a possibilidade de simplificação da legislação e por conseguinte da própria escrituração. Informação importante e muito útil. Algumas empresas ainda não

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conseguiram regularizar totalmente seus processos e controles para o cenário atual, talvez seja uma combinação da falta de prioridade das empresas com a tolerância dos entes governamentais. Ou ainda, poderia ser a certeza da ineficiência do Estado com a necessidade de aplicação de recursos (não necessariamente financeiros) em outras atividades. Talvez, ainda, houvessem outras explicações.

O fato é que a legislação está em cheque. Algo poderá – deverá, eu diria – acontecer brevemente. Há uma combinação de fatores para acelerar a mudança, uma delas é a falta de caixa do governo. Esta situação, por si só, já é preocupante, afinal somos todos partícipes deste grande condomínio chamado Brasil. Há uma grande pressão para não haver aumento de tributos (já proposto ao Congresso pelo Palácio do Planalto no pacote fiscal). Uma saída “elegante” seria alterar a legislação propondo a substituição das Contribuições Sociais PIS/Pasep e Cofins por uma terceira unificada e, “de quebra”, executar a comentada simplificação da legislação. Ou seja, o governo faria dois movimentos: melhora do ambiente fiscal pela simplificação da legislação e, ao mesmo tempo, quando unificar a alíquota de PIS/Pasep e Confis, ajustará para que seja superior aos patamares atuais.

Caso venha ser efetivamente empregada a substituição das atuais Contribuições Sociais (PIS/Pasep e Cofins) por outra, creio eu que as empresas terão surpresas, tanto no aspecto técnico, ou seja, em seus sistemas, na emissão e recepção de documentos fiscais, quanto pela majoração de tributação (minha especulação).

Seja como for, há intenção e urgência por parte da equipe de governo (federal) para ajustar as contas, que pioram dia após dia. É recomendável que se verifique o histórico de alterações:– Alteração para não cumulatividade do PIS/Pasep em 2002;– Alteração para não cumulatividade da Cofins em 2003;– Escrituração no SPED em 2010;

Para efeitos das escriturações, deve-se levar em conta, por justiça e prudência, que todas as alterações sempre foram divulgadas com prazo razoável de antecedência.

Concluo pensando exatamente naqueles contribuintes que ainda não ajustaram seus processos e sistemas para a correta escrituração da EFD Contribuições: o que reserva o futuro?! Não tenho “bola de cristal”, mas não acredito que será algo tão simples quanto o DACON.

*Mauro Negruni é Diretor de Conhecimento e Tecnologia da Decision IT e membro do grupo de empresas participantes dos projetos piloto do SPED

Fonte: Decision IT

Restrição aos advogados no Carf já provoca uma debandadaMotivação. Especialistas dizem que Operação Zelotes foi apenas uma desculpa para que governo faça alterações no tribunal do fisco. Verdadeiro viés seria aumentar arrecadação

Roberto Dumke

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São Paulo - A restrição das atividades de advogados dos contribuintes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) já provoca uma debandada dos profissionais. Nos bastidores, os comentários são de que o governo quer desarmar o tribunal para arrecadar mais.

Mais conselheiros aguardam o posicionamento do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que marcou para segunda-feira (18) o julgamento do decreto 8.441/2015. Na véspera do feriado de 1º de maio, o governo exigiu exclusividade dos representantes de contribuintes no Carf.

Segundo especialistas, ainda não está claro se os conselheiros dos contribuintes podem exercer a advocacia simultaneamente. Na interpretação mais estrita do decreto, os advogados não podem nem permanecer sócios de escritório com processos contra a Fazenda, por conflito de interesse.

"Mesmo que um representante do meu escritório estivesse assinando as peças, obviamente eu sou interessado direto. Vou aproveitar financeiramente. Juridicamente falando, há um óbvio conflito de interesses", disse ao DCI um conselheiro que pediu para não ser identificado.

Nessa perspectiva, pelo menos 18 dos 108 conselheiros dos contribuintes já tiveram o pedido de dispensa publicado no Diário Oficial da União (DOU). O Carf conta com um total de 216 conselheiros.

Para o mesmo conselheiro, que ainda não pediu dispensa, a debandada só não foi maior porque as confederações, como as do comércio (CNC) e indústria (CNI), que estariam em contato com o Ministério da Fazenda, pediram para que os conselheiros segurassem os pedidos de dispensa. "Estamos aguardando o posicionamento final [da Fazenda]. Se não voltarem atrás, haverá mais conselheiros pedindo dispensa."

Além de exigir exclusividade dos conselheiros, o decreto também prevê uma remuneração de cerca de R$ 8 mil líquidos - o que seria incompatível com o nível de qualificação dos advogados. Até então, os tributaristas não recebiam para participar do tribunal, mas atuavam na advocacia.

"O que eu vejo como risco é o esvaziamento do Carf. Os melhores e mais proeminentes conselheiros são aqueles tinham experiência prática. Eles advogavam sim", diz a ex-conselheira e professora da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Nara Takeda Taga.

Arrecadação

Para um outro conselheiro, que pediu dispensa na semana passada, o governo quer desaparelhar o Carf para aumentar a arrecadação. Na visão dele, sem os melhores tributaristas ao lado dos contribuintes, o Fisco conseguiria emplacar no Carf mais autos de infração, o que aumentaria a arrecadação do governo. Segundo o especialista, que falou ao DCI na condição de anonimato, um estudo da Associação Brasileira de Jurimetria (ABJ) mostra que os contribuintes conseguem decisão favorável em cerca de 22,6% dos casos. Em outros 20,5%, a decisão é parcialmente favorável.

Levando em conta que cerca de R$ 536 bilhões em impostos estão sendo discutidos no tribunal administrativo, qualquer aumento do aproveitamento do Fisco no Carf traria benefícios significativos em termos de arrecadação, afirma ele. "Os recursos dos contribuintes são providos porque há falhas e defeitos nas autuações" diz o ex-conselheiro. De acordo com o especialista, 75% dos recursos são providos por unanimidade para o contribuinte, o que indica que houve claro erro no auto de infração. Quando o tema trata de questão de interpretação e há controvérsia, os julgamentos ficam divididos.

Culpa

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Para ele, o Decreto 8.441 não tem relação com a operação Zelotes, em que a Polícia Federal investiga rombo de até R$ 19 bilhões, causado por corrupção no Carf. "Eles chamaram atenção para um fato [a corrupção], mas acabaram resolvendo um problema arrecadatório".

Para os dois conselheiros, os advogados dos contribuintes acabaram levando a culpa por uma prática de corrupção dos auditores fiscais. Eles argumentam que, como os representantes da Fazenda têm o voto de desempate, sempre que o julgamento acaba em três votos contra três, de nada adiantaria comprar os votos dos conselheiros dos contribuintes.

"No Carf, os fiscais é que têm a caneta na mão", disse uma das fontes.

Os dois conselheiros também criticam a ideia de que a atividade não remunerada no Carf implica em viés de corrupção. "Os advogados vivem de reputação. E tão melhor ela é, tão melhor a qualidade e tamanho da carteira de clientes. Sem falar que no Brasil o advogado não pode fazer propaganda", comenta o primeiro. Outra motivação para participar do Carf seria o aprendizado. "O advogado fortalece o nome no Carf e ele aprende."

Restrição

Parte do motivo pelo qual a debandada de conselheiros não foi maior é que ainda não há consenso sobre a abrangência do Decreto 8.441. "É [um texto] contraditório. Esses desligamentos de conselheiros não ocorreram por causa do decreto em si, mas por causa de uma lei vigente há muito tempo", afirma o professor da faculdade de direito do Mackenzie, Eduardo Jardim. Ele se refere à Lei 8.906/1994, o estatuto da OAB.

Enquanto o decreto faz apenas proibição à atividade do advogado contra a Fazenda Federal. Mas, levando em conta a referência ao estatuto da OAB no decreto, a restrição valeria também para as fazendas estadual e municipal.

Diante da maior restrição, a remuneração baixa pesa mais, acredita o professor. Conforme o decreto, o conselheiro só recebe por sessão que participou. "De quando em quando, o conselheiro vai ganhar um salário inexpressivo e, em contrapartida, não pode fazer mais nada", comenta o professor.

DCI

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Lei das SA vale para sociedades limitadas Da redação

Em decisão unânime, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu ser possível a aplicação subsidiária da Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76) às sociedades limitadas para suprir lacunas em sua regulamentação legal. O recurso especial julgado teve origem em embargos de terceiro ajuizados em execução na qual foram penhorados bens de uma empresa criada a partir da cisão parcial da sociedade executada.

Com base na Lei das S/A, o tribunal de origem julgou os embargos improcedentes. Segundo o acórdão, deve subsistir a penhora dos bens imóveis de propriedade da empresa embargante, provenientes do patrimônio da cindida, “ante a responsabilidade solidária existente entre as empresas”.

No STJ, a embargante alegou a impossibilidade de ser aplicada ao caso a Lei 6.404 por se tratar de cisão de sociedade de responsabilidade limitada. Ele destacou ainda que a regra do artigo 1.053, parágrafo único, do Código Civil estatui que a aplicação subsidiária só é admissível quando há disposição expressa no contrato social.

O relator, ministro Paulo de Tarso Sanseverino, não acolheu a argumentação. Segundo ele, "apesar de as sociedades por quotas de responsabilidade limitada estarem disciplinadas entre os artigos 1.052 e 1.087 do Código Civil, nem todas as questões jurídicas são abarcadas por essas normas, podendo ser aplicada a Lei das S/A no caso de possíveis lacunas".

Em relação à solidariedade entre as empresas, Sanseverino observou que o acórdão seguiu a jurisprudência do STJ ao considerar que a limitação de responsabilidade prevista no artigo 233, parágrafo único, da Lei 6.404 somente pode ser aplicada aos negócios jurídicos anteriores à cisão se houver expressa disposição contratual.

No caso julgado, como a verificação da existência da cláusula de exclusão da solidariedade exigiria interpretação de contrato e revisão de provas, o ministro entendeu inviável a superação do entendimento do tribunal de origem por força das súmulas 5 e 7 do STJ. (Com informações do STJ)

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Receita anuncia nova versão de aplicativo do Carnê-LeãoFerramenta gratuita possibilita que dados apurados pelo programa sejam armazenados e transferidos para a Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física do exercício 2016

A Receita Federal anunciou hoje a aprovação da nova versão do aplicativo para smartphones e tablets do Carnê-Leão. Com a ferramenta, os dados apurados pelo programa podem ser armazenados e transferidos para a Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física do exercício 2016, ano-calendário 2015. O aplicativo vai auxiliar também profissionais liberais a identificar, por meio do número no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), cada usuário de seus serviços.

A Instrução Normativa, publicada no Diário Oficial da União, indica que o programa poderá ser usado ainda pela pessoa física residente no Brasil, que tenha recebido rendimentos de outra pessoa física ou de fonte situada no exterior.

O programa ficará disponível na loja de aplicativo Google Play para tablets e smartphones, com sistema operacional Android e AppStore para equipamentos que usem o sistema operacional iOS da Apple.

O aplicativo registra fatos geradores ocorridos no período de 1º de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2015. No preenchimento, os contribuintes deverão identificar os titulares do pagamento de cada um dos serviços pelo número de inscrição no CPF.

Em dezembro, a Receita Federal publicou a Instrução Normativa 1.531, que obriga as pessoa física nas ocupações de médico, odontólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, advogado, psicólogo e psicanalista a identificar o CPF dos titulares do pagamento de cada um dos serviços. Essa informação será obrigatória no preenchimento da declaração de rendimentos das pessoas físicas em 2016.

“[A finalidade é] evitar a retenção em malha [fina] de milhares de pessoas que preenchem a declaração de forma correta e que pelo fato de terem efetuado pagamentos de valores significativos a pessoas físicas podem precisar apresentar documentos comprobatórios à Receita Federal. A medida equipara os profissionais liberais às pessoas jurídicas da área de saúde que hoje estão obrigadas a apresentar a Demed [Declaração de Serviços Médicos e de Saúde]”, informa a Receita.

 Link: http://brasileconomico.ig.com.br/financas/financas-pessoais/2015-05-06/receita-anuncia-nova-versao-de-aplicativo-do-carne-leao.html Fonte: Brasil Econômico, Agência Brasil

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CPRB – Industrialização por EncomendaPara fazer jus ao recolhimento da CPRB – Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta, ainda que se trate de industrialização por encomenda, é necessário que a empresa efetivamente participe da fabricação de produto.

Para fazer jus ao recolhimento da CPRB – Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta, ainda que se trate de industrialização por encomenda, é necessário que a empresa efetivamente participe da fabricação de produto.

Na hipótese da fabricação ter sido realizada integralmente por outra empresa, a encomendante continuará a recolher a contribuição previdenciária nos termos do art. 22 da Lei nº 8.212, de 14 de julho de 1991, ou seja, aos encargos normais sobre a folha (20% INSS).

Se a industrialização foi efetuada sob encomenda de terceiros, mediante a remessa de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, o executor da encomenda deverá recolher a CPRB desde que a operação resulte nos produtos discriminados no Anexo I da Lei nº 12.546, de 2011.

Bases: Lei nº 12.546, de 2011, art. 8º; Medida Provisória nº 563, de 2012, art. 43, Solução de Consulta Disit/SRRF 9.013/2014 e Solução de Consulta Disit/SRRF 9.025/2014.

Link: http://guiatributario.net/2015/05/13/cprb-industrializacao-por-encomenda/ Fonte: Blog Guia Tributário

Base de Cálculo Negativa da CSLL – Compensação VS Não compensação Observe o comparativo de como ficaria se uma empresa não usasse a base de cálculo negativa e como ficaria se ela usasse. Publicado por Studio Fiscal - 1 semana atrás

De inicio, deve-se entender que a Base de Cálculo Negativa da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) se dá como negativa quando a empresa apura um somatório das despesas e exclusões superior ao somatório das receitas e adições, ou seja, quando a base de cálculo da CSLL chega a um resultado negativo. O método de apuração dessa base é o Lucro Real, sendo essa obtida a partir do lucro líquido do período de apuração, ajustado por adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária. Essa base corresponde ao valor constante da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) antes de deduzida a provisão para a CSLL, ajustada por adições e exclusões.

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Segundo previsto na Seção XXIII da Lei nº 12.973/2014, as pessoas jurídicas tributadas pelas regras do Lucro Real, que mantenham os livros e documentos exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante da base de cálculo negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido usadas para compensação da mesma, poderão compensá-la com os resultados dos períodos de apuração subsequentes, ajustados pelas adições e exclusões previstas na legislação da CSLL, observando o limite máximo de redução de trinta por cento do resultado ajustado.

De modo a mostrar a modificação que acontece sobre o resultado contábil da empresa quando é feita a compensação da Base de Cálculo Negativa da CSLL e como fica no caso da não compensação, coloque os dados de 2015 com receitas no valor de R$ 1.500.000,00 e despesas no valor de R$ 1.100.000,00, resultando em um Lucro Contábil de R$ 400.000,00. Nesse caso, considere que não há receitas isentas de impostos/contribuições e nem despesas indedutíveis, pois desse modo o resultado fiscal será igual ao resultado contábil, facilitando o entendimento.

Nesse caso, na apuração da CSLL, quando uma empresa compensa a sua Base de Cálculo Negativa, multiplicará o limite estipulado em Lei de 30% pelo Lucro Contábil apurado de R$400.000,00, diminuindo o valor em R$ 120.000,00. Para descobrir a base de cálculo que será usada nessa operação para fins da contribuição da CSLL, deve-se calcular o Lucro Contábil subtraindo-o pelo valor de 120.000,00 da Base de Cálculo Negativa, que equivalerá a 280.000,00. Para prosseguir calculando a CSLL a pagar, deverá ser multiplicado o percentual de 9% por 280.000,00, resultando no valor de R$ 25.200,00.

Agora, caso a empresa não aproveite a sua Base de Cálculo Negativa da CSLL, multiplicará direto os 9% da contribuição devida pelos R$400.000,00 do Prejuízo Contábil, que resultará em um valor de R$36.000,00 a pagar. Portanto, conclui-se que a diferença apurada para quem compensa a Base de Cálculo Negativa na apuração da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, para aquele que não compensa, gera uma economia tributária significante. No exemplo dado a economia foi de R$ 10.800,00 devido a compensação.

CLIQUE AQUI para verificar o artigo anterior sobre Base de Cálculo Negativa da CSLL.

Fonte: Blog Studio Fiscal

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Sustentabilidade com a gestão tributária 15 de maio de 2015

Em momentos de instabilidade, a criatividade pode garantir a sobrevivência de uma empresa. O problema é quando o gestor, em momentos de crise, é tentado a utilizar criatividade em uma operação sensível, o chamado planejamento tributário. Este termo – que não é visto com bons olhos pelo fisco, pois remeteria a possíveis tentativas de elisão ou até de evasão fiscal – engloba iniciativas voltadas a viabilizar instrumentos que permitam a redução da incidência de tributos.

No momento em que vemos na imprensa graves investigações de supostos desvios praticados por empresas, instituições e servidores públicos contra a Receita Federal – como é o caso da Operação Zelotes, da Polícia Federal e do Ministério Público, que apura possíveis irregularidades que somam até R$ 19 bilhões em autuações fiscais -, buscar medidas “milagrosas” para fugir da “mordida do leão” pode não ser a melhor saída. As punições do fisco contra operações desta natureza são graves e podem inviabilizar a sobrevivência de uma empresa.

Todo gestor empresarial brasileiro conhece muito bem a complexidade do sistema tributário. Essa complexidade envolvendo o custo que seu gerenciamento traz às empresas é um dos elementos comumente incluídos no chamado “custo Brasil”. Dispor de profissionais preparados e atualizados na gestão tributária são fatores essenciais para estar no limite mínimo estrito as obrigações fiscais, assim como evitar erros possam gerar punições e multas fiscais.

Ser criativo no campo tributário é algo temerário, e pode gerar transtornos às empresas e seus gestores. Afinal, sabemos que, por exemplo, o fisco abomina a chamada elisão fiscal. São comuns casos em que uma empresa pensa estar praticando a elisão, enquanto o fisco considera a atitude uma evasão fiscal. O fisco irá sempre priorizar a forma de arrecadar mais recursos, impondo punições graves aos considerados infratores de suas regras. É claro que as empresas têm direito de recorrer de multas e punições fiscais a outras instâncias, seja no nível administrativo – como é o caso do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), instituição que está no olho do furacão da Operação Zelotes – ou do Judiciário. O problema é saber se vale a pena apostar na reversão de decisões do fisco, conhecendo a morosidade da Justiça e os altos custos que podem representar a perda de processos nessa área.

Sem contar os riscos relativos à possível responsabilização dos próprios gestores caso as autoridades fiscais considerem ter havido gestão maliciosa e, portanto, crime contra o erário. Os exemplos atuais estão repletos de casos de empresários respondendo criminalmente pela má gestão, alguns deles, inclusive, encarcerados. Atenção, experiência, conhecimento e cautela são qualidades essenciais dos gestores fiscais como forma de evitar a perda de importantes recursos, assim como preservar o principal patrimônio de uma corporação, que é a sua sustentabilidade.

José Osvaldo Bozzo

Fonte: DCI – SP

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Julgamento de recurso que discute exigência antecipada de ICMS por meio de decreto tem pedido de vista

14 de maio de 2015

Pedido de vista do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu nesta quarta-feira (13) o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 598677, em que se discute a constitucionalidade da exigência, por meio de decreto do governo do Rio Grande de Sul, de antecipação do pagamento de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na entrada de mercadorias oriundas de outro estado. Os ministros Dias Toffoli (relator) e Luís Roberto Barroso se manifestaram pela impossibilidade dessa exigência, que para eles só poderia ser feita por meio de lei.

O caso teve repercussão geral reconhecida por meio do Plenário Virtual, e o relator aceitou o pedido do Estado de São Paulo para ingressar no processo como amigo da Corte (amicus curiae).

Reserva legal

O recurso foi interposto pelo Estado do Rio Grande do Sul contra acórdão do Tribunal de Justiça local (TJ-RS), segundo o qual o fisco estadual não pode exigir o pagamento antecipado da diferença de alíquotas de ICMS interestadual e interna por meio de decreto. Para os desembargadores gaúchos, essa antecipação importava em cobrança do tributo antes da ocorrência do fato gerador, não em estipulação de prazo ao respectivo pagamento, violando o princípio da reserva legal em matéria tributária.

O procurador do Rio Grande do Sul sustentou a validade da cobrança. A técnica, segundo ele, objetiva dar tratamento igualitário a mercadorias oriundas de outros estados, evitado que empresas gaúchas fechem. Ao invés de conceder benefícios fiscais, o Rio Grande do Sul apenas exige antecipadamente diferença de alíquotas, explicou, frisando que não se trata de substituição tributária, mas de cobrança antecipada do ICMS devido, via regime normal de tributação.

Dever de pagar

Ao votar pelo desprovimento do recurso, mantendo o acórdão questionado, o relator do caso, ministro Dias Toffoli, citou precedentes da Corte no sentido de que a fixação de prazo de pagamento por decreto é compatível com a Constituição. Isso porque o tempo para pagamento não integra a regra matriz da incidência tributária. Mas, de acordo com o ministro, antes da ocorrência do fato gerador, não há obrigação tributária, nem crédito constituído. Assim, não há como se falar em regulamentação de prazo de pagamento, uma vez que inexiste dever de pagar.

Ao se antecipar o surgimento da obrigação tributária, está se antecipando, por ficção, a ocorrência do fato gerador. Essa antecipação, para o ministro, só é possível por meio de lei, já que o momento do fato gerador é um dos aspectos da regra matriz de incidência. “Portanto, a conclusão inafastável é pela impossibilidade de, por simples decreto, como fez o Estado do Rio Grande Sul, se exigir o pagamento antecipado do ICMS na entrada da mercadoria”. Para o relator, a antecipação feita por meio de decreto viola o princípio da legalidade.

O ministro Luís Roberto Barroso acompanhou o relator no sentido de não ser legítima a exigência, por meio de decreto, da antecipação do pagamento do imposto. Para Barroso, só uma lei pode determinar a antecipação do pagamento de ICMS para momento anterior à ocorrência do fato gerador.

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Fonte: Notícias STF

Projeto do Senado 'libera' guerra fiscal, diz consultor Ao aprovar a quebra da unanimidade do quórum do Conselho Nacional da Política Fazendária (Confaz) exclusivamente para convalidar incentivos fiscais estaduais irregulares, com remissão de créditos, o Senado submeteu os Estados ao risco de um "modelo ensandecido", que dá "arma e munição" para que seja mantida por mais 15 anos a guerra fiscal do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Além disso, o Projeto de Lei Complementar do Senado (PLS) 130 eliminou a possibilidade de defesa dos governos estaduais que se sentirem prejudicados, o que fará "derreter" a arrecadação do imposto.

A opinião é do consultor Clóvis Panzarini, sócio da CP Consultores e extitular da Coordenadoria de Administração Tributária da Fazenda do Estado de São Paulo, de onde saiu em 2002, ao se aposentar após 35 anos de carreira na secretaria. O problema do projeto aprovado, diz, é que ele não condiciona a redução simultânea das alíquotas interestaduais de ICMS à convalidação dos incentivos. Com isso, os Estados terão perdão para os benefícios irregulares, cujos efeitos se manterão efetivos durante 15 anos. O que se discutia antes, lembra o consultor, era a redução gradativa da alíquota em oito anos, o que neutralizaria os benefícios fiscais e desmontaria a guerra.

Para ele, a aprovação do PLS 130 desequilibrou a situação dos Estados na tentativa de um acordo para o fim da guerra fiscal. Segundo ele, o projeto aprovado beneficia quem estava interessado em validar os benefícios irregulares, mas não em acabar a guerra fiscal. "Quem queria acabar com a guerra ficou no pior dos mundos", diz.

Apesar de atender ao interesse de alguns Estados e muitas empresas, Panzarini lembra que a guerra fiscal é especialmente nociva para o investidor sério. "A quebra de isonomia é o efeito mais importante da guerra fiscal, na qual produtos idênticos, concorrendo na mesma gôndola, possuem carga tributária diferente." A perda não é somente de transparência, destaca. "A guerra fiscal reduz o custo privado da produção e aumenta o custo social. Alguém paga essa conta e quem faz isso é a sociedade, com menos arrecadação, menos escolas e menos médicos", diz o consultor, que acompanha as discussões sobre ICMS desde a Constituinte de 1988.

Para Panzarini, o encaminhamento do PLS 130 à Câmara torna um acordo no Confaz mais urgente. Ele diz, porém, que o papel do governo central precisa ser mais duro. "É hora de o governo federal jogar o peso dele para resolver essa questão, como fez com a Resolução 13, para a guerra dos portos. Ninguém queria aquela resolução, mas naquela época o governo estava forte, preocupado com a balança comercial e fez valer seu peso."

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor: Qual o impacto da aprovação do PLC 130 na discussão da guerra fiscal?

Clóvis Panzarini: Os Estados estavam convergindo para a proposta do Convênio 70, no qual se previa a convalidação dos incentivos ilegais, o perdão do legado e a possibilidade de os benefícios serem mantidos por um prazo de transição de cerca de 15 anos, com algumas variações e exceções. Mas essa proposta também previa a convergência a alíquotas interestaduais menores de ICMS, condição que, se não aniquila totalmente a capacidade de fazer a guerra fiscal, pelo menos diminui muito o combustível. Hoje os Estados "guerreiros", com 12% de ICMS interestadual, têm esses 12% de munição. Ele diz: você finge

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que paga 12%, mas paga 3%, e eu te devolvo 9%. Esses 9% cobrem qualquer erro de localização da planta industrial. Quando você baixa a alíquota para 4% ou 7%, diminui muito a capacidade de o Estado guerreiro atrair a indústria. O único combustível da guerra fiscal é a alíquota interestadual. Seria uma confusão nos primeiros anos, mas aos poucos vai perdendo força a guerra fiscal porque o combustível dela, a alíquota interestadual, começa a evaporar. Isso é o que estava sendo negociado no Confaz. Estava se discutindo as regras de transição. O Congresso atropelou e aprovou no Senado o PLS 130, que autoriza o Confaz a aprovar por maioria de votos os 15 anos, a convalidação e ainda resolve o legado, mas se cala quanto à alíquota interestadual.

Valor: Isso desequilibra a situação dos Estados na discussão?

Panzarini: Sim, isso desequilibrou a discussão e dividiu os Estados. Aqueles que entraram no jogo só por conta do legado vão querer sair porque isso já está resolvido. É preciso fazer um pacote. Com uma perna só do modelo, o Estado que ganha não aprovará a outra perna. É preciso condicionar tudo. O que foi aprovado é um modelo ensandecido, que mantém a guerra por 15 anos e impede qualquer reação do Estado prejudicado. Esse é o ponto. O debate começou a ficar forte com a ameaça da súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal (STF), se discutiu e se chegou ao Convênio 70 no Confaz, mas aí o PLS 130 atropelou tudo. Se a lei sair assim, haverá um número de Estados que irão gostar e não irão mais discutir a redução de alíquotas. Isso manterá a guerra fiscal por 15 anos e sem a trava da insegurança jurídica. É o liberou geral. Como o combustível da guerra não vai se evaporar, cada Estado vai conceder benefício se quiser atrair a indústria. A perda de arrecadação será dramática, o ICMS vai derreter com isso, porque a única forma de se defender é também conceder benefícios. 15 anos é muito tempo. O Brasil não aguenta isso e acaba antes. Só ganha a empresa, o investidor. Ele não terá a insegurança jurídica em relação à validade do benefício. O setor privado fará mais pressão pelo benefício, porque não será mais ilegal. O problema é muito mais sério do que está se imaginando.

"A guerra fiscal reduz o custo privado e eleva o social. Quem paga a conta é a sociedade, commenos escola e menos médicos"

Valor: Alguns argumentam que o benefício fiscal viabiliza o investimento...

Panzarini: A guerra fiscal não cria atividade econômica. Ela só muda a atividade econômica de lugar. É preciso pensar no Brasil como um todo. O país não vai crescer por conta da guerra fiscal, o que vai acontecer é que as empresas vão fazer leilão para pagar menos imposto. Com isso todos os Estados perdem e todas as empresas ganham.. Muitas vezes para subsidiar uma localização errada. O critério de eficiência econômica deixa de ser o parâmetro para a localização industrial. O parâmetro passa a ser o leilão.

Valor: Mas essa não é uma forma de a empresa buscar redução de carga tributária?

Panzarini: Redução de carga em troca de ineficiência locativa não me parece um bom negócio. Com isso, se socializa o custo privado. A guerra fiscal reduz o custo privado da produção e aumenta o custo social. Alguém paga essa conta e quem faz isso é a sociedade, com menos arrecadação, menos escola e menos médicos.

Valor: O senhor disse que as empresas ganham com a convalidação. Mas a falta de transparência nesses incentivos e leilões não amedrontam o investidor?

Panzarini: Sim, a quebra de isonomia é a coisa mais importante da guerra fiscal, na qual produtos idênticos, concorrendo na mesma gôndola, têm carga tributária diferente. Porque num leilão os contribuintes podem obter condições diferentes.

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Valor: Esse quadro torna mais urgente um acordo dos Estados no Confaz?

Panzarini: Sim, a guerra fiscal é o mais grave problema do nosso sistema tributário. Fomos atropelados com uma maluquice do Congresso. A redução de alíquota saiu do cenário e se esvaziou o Confaz no debate. O Congresso avocou o debate. Se os Estados conseguirem o acordo no Confaz, o projeto de lei perde o objeto.

Valor: Mas o senhor acha que o consenso chega a tempo?

Panzarini: Segundo o secretário Tostes [José Tostes Neto, atual coordenador dos Estados no Confaz], há atualmente 23 ou 24 Estados fechados na proposta do Convênio 70. Se fechar os 27, perde objeto.

Valor: O sr. acha que todos os Estados teriam interesse em voltar a discutir a redução de alíquotas?

Panzarini: Certamente não. Essa é a dificuldade, há muito conflito, muito interesse. A guerra fiscal é um instrumento político poderoso, os Estados guerreiros irão perder força política. Os Estados vítimas de guerra fiscal vão perder arrecadação. Aí é que se chama o governo federal, com um fundo para compensar a perda política e outro para a perda financeira. Todo mundo topa perder dentro desse modelo, desde que seja ressarcido com os recursos da União.

Valor: O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sinalizou recursos para esse fundos, na última reunião do Confaz...

Panzarini: Mas estamos na pior época para se discutir essa mudança no ICMS, porque comprometer recursos federais atualmente é complicado.

Valor: Mas isso não torna o acordo no Confaz mais remoto?

Panzarini: O Confaz vai achar uma solução, está muito próximo disso e muitos estão assustados com o PLS 130.Está faltando solidariedade federativa.

Valor: Mas dá para contar com essa solidariedade?

Panzarini: Não, o PLS 130 foi induzido por Estados que queriam resolver o legado sem resolver o futuro. Quatro ou cinco Estados quiseram resolver o problema jurídico, sem perder a arma ou a munição. O problema é a tibieza do governo central. É hora de o governo federal jogar o peso dele para resolver essa questão, como fez com a Resolução 13, para a guerra dos portos. Ninguém queria aquela resolução, mas naquela época o governo estava forte, preocupado com a balança comercial e fez valer seu peso. Se o governo estivesse forte, três telefonemas da presidente da República resolveriam o problema. Se isso não for feito, não será aprovado convênio do Confaz. Uma minoria vai acabar fazendo prevalecer uma maluquice. Três ou quatro Estados querem se aproveitar da situação à custa de quebrar o Brasil.

Por Marta Watanabe

Fonte: Valor Econômico

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As diferentes hipóteses de saldo credor acumulado de ICMS

Ivo Ricardo Lozekam*

Introdução

O sucessivo acúmulo de saldo credor acumulado de ICMS constitui um dos mais graves problemas tributários das empresas brasileiras sujeitas a este imposto, uma vez que ao suportar o ônus integral do Imposto estas empresas acabam perdendo em competitividade, pois não conseguem compensar o imposto pago em suas compras.

Neste trabalho vamos abordar, de forma bastante sucinta, as diferentes hipóteses de formação de saldo credor acumulado de ICMS e seu tratamento à luz da Constituição Federal, comparando com as modificações efetuadas pelos Estados através dos seus regulamentos estaduais.

Origem do ICMS

O ICM - Imposto sobre Circulação de Mercadorias, foi criado pela Emenda Constitucional número 18, no ano de 1965, tendo a Constituição de 1988 lhe acrescentado alguns serviços, e uma letra ao fim da sigla, passando a denominar-se o que hoje conhecemos como ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços;

O Artigo 155 da Carta Magna de 1988 autoriza os Estados e o Distrito Federal a instituírem este imposto, cujo princípio fundamental está definido no Inciso I, Parágrafo Segundo do mesmo artigo, que determina que este imposto:

"I - será não cumulativo, compensando o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal."

Sistemática de apuração

A principal característica deste tributo, portanto, trata-se justamente do direito de compensar por ocasião da incidência do ICMS nas vendas ou saídas do estabelecimento, o imposto anteriormente pago nas operações anteriores de compra. Devendo ser repassado aos cofres públicos, por ocasião da escrituração fiscal do ICMS, apenas a diferença entre:

i) os débitos de ICMS, destacados nas notas fiscais por ocasião das vendas.

ii) os créditos de ICMS, destacados nas notas fiscais de compras dos fornecedores.

Este alcance da compensação dos débitos gerados nas vendas, com os créditos pagos por ocasião das compras, não pode ser diminuído nem, muito menos anulado por normas infraconstitucionais, pois como o princípio da não cumulatividade tem o intuito de evitar que o ICMS distorça as formações nos preços e a própria competitividade das empresas.

Desta forma, ao cabo do processo econômico i) de produção, distribuição e comercialização da mercadoria e ii) de prestação dos serviços de transporte intermunicipal e de comunicações, quem acaba suportando, por inteiro a carga econômica do ICMS é o consumidor final.

Este foi o motivo que levou o constituinte a conceber esta técnica pela qual o contribuinte i) transfere ao adquirente da mercadoria ou fruidor do serviço o ônus financeiro do imposto que adiantará ao Estado e ii) se credita do imposto que suportou em suas aquisições e que lhe foi transferido pelo seu fornecedor.

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O acúmulo de saldo credor de ICMS

A compensação do ICMS devido entre as operações e prestações de entrada e saída é feita, ordinariamente, através do confronto periódico na conte corrente fiscal, na qual o saldo, se devedor, é pago, e, se credor, transferido para aproveitamento no período ou períodos seguintes.

Alguns Estados, cada qual através dos seus Regulamentos do ICMS, os quais são meras normas infraconstitucionais, acabam fazendo com que determinados segmentos empresarias mantenham constantemente o acúmulo de saldo credor acumulado de ICMS, ao determinar de alguma forma a não incidência do ICMS em suas saídas de mercadorias/insumos, ficando estas empresas sujeitas ao pagamento integral do imposto suportado em suas entradas de mercadorias/insumos.

O fato de uma empresa manter em sua escrita fiscal, sucessivamente saldo credor acumulado de ICMS, por força de uma legislação que não permite a compensação por ocasião das saídas, nada mais é do que uma espécie de confisco, além de onerar e prejudicar seriamente a competitividade destas empresas, por contrariar o princípio constitucional da não cumulatividade.

Estratégias que impedem a compensação

Várias são as estratégias pelos Estados através de seus Regulamentos do ICMS, de impedir que as empresas possam compensar seu ICMS pago por ocasião das entradas, em suas saídas. O que determina o acúmulo de crédito fiscal de ICMS, na escrita fiscal da empresa é a classificação em termos de Regulamento do ICMS com que a mercadoria/insumo ou serviço venha a sair do estabelecimento, de acordo com o que fora estipulado para esta saída no Regulamento do ICMS. As principais formas de acúmulo de créditos de ICMS são as saídas decorrentes de:

i) Imunidade, Exportação

ii) Isenção e Não Incidência

iii) Alíquota Zero, Alíquota ou Base de Cálculo Reduzida.

iv) Diferimento

De forma sucinta, vamos procurar estabelecer a diferenciação em cada uma destas modalidades, a partir de suas generalidades, vez que os aspectos práticos são definidos de forma diferenciada em cada unidade da federação a partir de seu Regulamento do ICMS.

Em termos financeiros, todos estes institutos citados se traduzem no simples fato de que estas saídas não suportam a incidência do Imposto. No entanto, cada um deles possui tratamento diverso, quando estivermos falando em termos de manutenção e aproveitamento do respectivo crédito gerado com outras atividades tributadas.

A imunidade das exportações

O acúmulo de saldo credor de ICMS gerado por operações de saídas do estabelecimento ao abrigo da Imunidade, por exemplo, quando esta saída imune do imposto for decorrente de saídas destinada a exportação, tem um tratamento totalmente diferenciado das demais formas de acúmulo de saldo credor de ICMS.

A Lei Complementar nº 87/96, conhecida como Lei Kandir, estabelece que o Brasil não pode exportar impostos, desonerando as saídas para exportação e permitindo manter o crédito de ICMS correspondente decorrente destas entradas.

No entanto, cada Estado estabelece em seu Regulamento do ICMS restrições a estas transferências decorrentes de exportações, impondo limites financeiros e outras condições que visem a impedir ou retardar estas transferências, por um motivo óbvio, pois em ocorrendo a compensação diretamente entre contribuintes, a arrecadação financeira do Estado com ICMS apresenta queda.

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Este mesmo proceder de parte das Fazendas Estaduais ocorre com o saldo credor acumulado de ICMS, formado em função das demais saídas, acima mencionadas.

Isenção ou não incidência

Nas saídas de mercadorias/insumos onde não ocorre a tributação de ICMS, decorrentes de seu enquadramento nos institutos da isenção ou não incidência, a manutenção do crédito não é permitida por força da Constituição Federal, que no artigo II do parágrafo do Artigo 155 determina:

"II - a isenção ou não incidência, salvo determinação em contrário a legislação: a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintesb) acarretará a anulação do crédito relativo 'as operações anteriores.

No entanto existem as determinações em contrário, que tratam de benefícios concedidos por alguns Regulamentos do ICMS chamados de benefícios da isenção com não estorno do crédito correspondente, razão pela qual estas saídas em determinadas situações também se enquadram nas hipóteses de acúmulo de saldo credor de ICMS.

Alíquota zero, base de cálculo ou alíquota reduzida

No tocante a alíquota zero, encontram-se duas correntes, uma defendendo que alíquota zero equivale a dizer que o produto é tributado com o% de alíquota, e que em sendo tributado, estas saídas permitem a manutenção do créditos de ICMS por ocasião de suas compras.

Já outra corrente de entendimento, na qual o Jurista Ives Gandra Martins se enquadra, defende que: "a alíquota zero não é senão uma das formas de isenção, pois expressa, claramente em lei". Ao prevalecer este entendimento, como vimos a isenção, via de regra não permite o aproveitamento de créditos de ICMS.

No que concerne à base de cálculo ou alíquota reduzida, é unânime o entendimento de que por óbvio trata-se de situações tributadas, e que como tal permitem a manutenção dos respectivos créditos por ocasião das compras. A exceção corre por conta dos casos em que a legislação estadual estabelece regras diferentes deste tratamento, o que se constitui alvo longas demandas judiciais, onde buscam os contribuintes a autorização judicial para ver reconhecido o seu direito a estes créditos.

Diferimento

Diferimento, segundo nossos léxicos, é o ato ou efeito de diferir, adiamento, do Latim differre = demorar, dilatar adia. Logo, diferimento não é isenção, incentivo ou benefício fiscal na acepção do art. 155 da Constituição Federal aqui examinada.

Vimos até aqui, de uma forma sucinta, as formas técnicas de não incidência do ICMS nas operações de saídas, que por sua vez irão gerar tipos modalidades diferentes de formação de saldo credor acumulado de ICMS.

A questão dos créditos de ICMS, (e não do saldo credor acumulado), é assentada sobre o direito do contribuinte, relativamente às operações anteriores (aquisições de mercadorias com incidência do tributo). Assim tranquilo o direito aos créditos em razão de tais mercadorias virem a ser objeto de futuras operações tributadas (embora diferidas).

A saída ao abrigo do Diferimento, portanto, apesar de não ter a incidência do tributo, equivale a uma atividade tributada, só que o momento do fato gerador é postergado para a operação seguinte.

E como atividade tributada, os saldos credores acumulados em função do diferimento podem ser usados com qualquer outra atividade tributada a qual a empresa esteja fiscal e juridicamente habilitada a exercer.

Síntese conclusiva

Diante do exposto, é fácil percebermos que quaisquer restrições em relação do princípio da não cumulatividade, só podem advir do Estatuto Supremo que a concebeu.

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Tais restrições - vamos logo admitindo - existem. São apontadas na mesma Carta Magna, no inciso II do parágrafo segundo do artigo 155, a ISENÇÃO E NÃO INCIDÊNCIA. Apenas nestas hipóteses que é o princípio da não cumulatividade cede passo.

No entanto, como referimos inúmeras são as contendas judiciais, onde contribuintes buscam decretar a ilegalidade de restrições impostas pelo regulamento do ICMS, contrárias a norma estabelecida na Constituição Federal. Principalmente buscando o direito de manter o crédito nas saídas decorrentes da ALÍQUOTA ZERO, ALÍQUOTA REDUZIDA ou BASE DE CÁLCULO REDUZIDA.

Fartos tem sidos os precedentes jurisprudenciais que asseguram aos contribuintes o direito de transferência de saldo credor acumulado de ICMS decorrentes de saídas que destinem mercadorias e serviços ao exterior, sem as limitações impostas nos regulamentos do ICMS das unidades das federações, no que tangem a estes créditos decorrentes de EXPORTAÇÃO.

No que concerne aos créditos acumulados de ICMS decorrentes de saídas ao abrigo do diferimento, pelo fato de tais mercadorias virem a ser objeto de futuras operações tributadas, tem-se que o DIFERIMENTO equivale a uma atividade tributada, se sendo apenas uma postergação do recolhimento do imposto, o que ocorre na etapa seguinte.

A gestão dos impostos pode significar a vida longa ou morte precoce de um empreendimento. O ICMS, pela sua complexidade e alta alíquota é o imposto que mais onera os empreendimentos, tanto no aspecto controle quanto no aspecto financeiro.

O saldo credor acumulado de ICMS constitui verdadeiro confisco, vez que rompe a cadeia da não cumulatividade, ficando a empresa com o saldo credor com este ônus.

De acordo com o determinado no Regulamento do ICMS em cada unidade da federação, o saldo credor acumulado de ICMS, poderá ou não ser utilizado em proveito próprio, para compensação de outros débitos ou ainda transferido a terceiros.

Em determinadas situações, com o devido conhecimento da legislação aplicável, é possível transferir saldo credor acumulado de ICMS a estabelecimentos de terceiros, de forma administrativa, com autorização prévia da Secretaria da Fazenda.

 Ivo Ricardo Lozekam*

- Publicado pela FISCOSoft em 14/05/2015

Os Benefícios da Lei Sarbanes-Oxley Publicado por Henrique Nudeliman Valdambrini - 2 dias atrás

1. Introdução

O “Public Company Accounting Reform and Investor Protection Act of 2002”, ou Lei Sarbanes-Oxley (como ficou mais conhecida), foi sancionada em 2002, tornando-se o quarto marco histórico da governança corporativa, fundamentada nas boas práticas de governança (ROSSETTI; ANDRADE. 2014).

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Apesar de sancionada nos Estados Unidos, a Sarbanes-Oxley não surtiu efeitos apenas para as companhias norte-americanas, mas impactou o mercado de forma globalizada, alcançando companhias de grande porte em todo o mundo. O seu sancionamento promoveu uma regulamentação mais ampla e extensa no diaadia corporativo, respaldada pelas boas práticas de governança corporativa.

A Sarbanes-Oxley foi trazida como uma resposta aos inúmeros escândalos de fraudes que ocorreram nas grandes empresas norte-americanas, como Enron, Worldom, Tycon etc. Os quais resultaram em gigantescas falências, destruição de valor e inúmeros prejuízos aos acionistas, e, como bem ressalvam José Paschoal Rossetti e Adriana Andrade, tem como foco quatro valores da governança corporativa que vêm sendo enfatizados, há duas décadas, pelo ativismo pioneiro, quais sejam: “compliance” – conformidade legal; “accountability” – prestação de contas de forma responsável; “disclosure” – transparência; e “fairness” – senso de justiça (ROSSETTI; ANDRADE. 2014). Ainda, podemos destacar como sua finalidade: “to protect investors by improving the accuracy and reliability of corporate disclosures made pursuant to the securities laws, and for other purposes”. Como tentativa de dar eficácia e instrumentalizar o aprimoramento das divulgações de informações, e torná-las mais transparentes, por parte das companhias, foi criada a PCAOB (Public Company Accounting Oversight Board), agência “destinada a supervisionar, regular, inspecionar e disciplinar os trabalhos de firmas de auditoria independentes” (SILVEIRA, 2010, p.93/108).

2. Adequações necessárias nas companhias estrangeiras

A Sarbanes-Oxley trouxe para as companhias que negociam seus valores no mercado financeiro dos Estados Unidos, por meio de ADRs* listados nos Níveis 2 e 3*, uma série de diretrizes obrigatórias. Essas diretrizes acarretam exigências adicionais a essas companhias, impactando dessa forma não somente a estrutura e mecanismos de governança corporativa de companhias norte-americanas, mas também as estruturas e mecanismos das demais companhias pelo mundo que negociam referido valor mobiliário. Alexandre Di Miceli da Silveira destaca 11 principais implicações da Lei Sarbanes-Oxley no Brasil, sendo essas (SILVEIRA, 2010):

1. Assinatura do Chief Executive Officer (CEO) e do Chief Financial Officer (CFO) nos relatórios anuais arquivados na Securities and Exchange Commission (SEC)*, atestando: a) que revisaram o relatório; b) a precisão das informações constantes do relatório e que, além de corretas e verdadeiras, representam de maneira fiel a condição financeira da companhia; c) que são responsáveis pelo estabelecimento, manutenção, desenvolvimento e supervisão de mecanismos para o controle interno da companhia (“internal controls and procedures” - controles de procedimentos e divulgação); d) que avaliam, ao menos trimestralmente, os referidos controles; e) que apresentaram suas conclusões em relação à eficácia desses controles; e f) que divulgaram ao seu comitê de auditoria e aos auditores independentes todas as deficiências encontradas nesses controles. (Seção 302 da Sarbanes-Oxley)

2. Atribuição de responsabilidade aos CEO e CFO pela implementação e gestão dos controles internos de informações periódicas. (Seção 302 da Sarbanes-Oxley)

3. Definição de penalizações criminais mais severas aos executivos para violações das leis do mercado de capitais (como, por exemplo, crime de destruição ou alteração de arquivos em investigação – pena prevista de reclusão de até 20 anos e multa) (SILVEIRA, 2010), a serem aplicadas inclusive aos emissores estrangeiros. (Seção 802 da Sarbanes-Oxley)

4. Elaboração de relatório de avaliação dos “internal controls over financial reporting” – controles internos relativos às demonstrações financeiras, atestado por auditor independente contratado pela companhia. (Seção 404 da Sarbanes-Oxley)

5. Proibição para concessão, manutenção ou renovação de empréstimos pessoais aos conselheiros e diretores da companhia. (Seção 402 da Sarbanes-Oxley)

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6. Restituição de remuneração variável recebida pelos CEO e CFO, em caso de retificação, pela companhia, das suas demonstrações financeiras em decorrência de descumprimento de obrigação relevante estabelecida na legislação norte-americana. (Seção 304 da Sarbanes-Oxley)

7. Maior disclosure para operações “off-balance sheet” - fora do balanço. (Seção 401 da Sarbanes-Oxley)

8. Adoção (ou, em caso de não adoção, justificativa), pela companhia, e divulgação, do Código de Ética para seus principais executivos e colaboradores, o qual deverá ter uma cópia entregue à SEC, contendo mecanismos para encaminhamento de questões relacionadas a conflitos de interesse, divulgação de informações e cumprimento das leis e regulamentos. (Seção 406 da Sarbanes-Oxley)

9. Restrições aos serviços prestados pelas firmas de auditoria às companhias, a fim de mitigar possíveis conflitos de interesse, não podendo mais, tais firmas, prestarem oito tipos de serviço concomitantemente, entre os quais: concepção e implantação de sistemas de informações financeiras, avaliação do valor da companhia e serviços autorais, entre outros. (Seção 201 da Sarbanes-Oxley)

10. Maior atribuição de responsabilidade e atuação do Comitê de Auditoria da companhia (sendo permitido, pela SEC, às companhias brasileiras, a utilização do Conselho Fiscal, de forma adaptada, como substituto), devendo este ser composto, em sua totalidade, por conselheiros independentes. Atribuindo-se também a esse Comitê, entre outras, a responsabilidade pela seleção, remuneração e supervisão dos auditores externos. (Seção 301 da Sarbanes-Oxley); e

11. Divulgação da presença (ou ausência) de especialista em finanças no Comitê de Auditoria, de maneira anual. Fazendo-se necessário que a companhia apresente justificativa caso haja ausência de ao menos um especialista. (Seção 407 da Sarbanes-Oxley).

Logo, podemos notar a tradução da exigência dessas diretrizes em procedimentos de divulgação de informações mais rigorosos, mitigando a possibilidade da incidência de erros ou da ocorrência de fraudes, o que, como consequência, confere aos investidores uma sensação maior de credibilidade e segurança nas informações divulgadas pela companhia.

3. Breves críticas às adequações

Conforme ressalva Alexandre Di Miceli da Silveira (2010), a Seção 404 dessa Lei é, de longe, a mais controversa. Essa Seção foi alvo de críticas pela maior parte das companhias em função do seu custo de implementação. Tais críticas se mostram justificáveis, uma vez que essa Seção determina para a companhia a obrigação de gerar, anualmente, avaliações sobre seus controles e procedimentos internos referentes às demonstrações financeiras, que, por sua vez, deverá ser submetida a avaliação de um Auditor Independente, que deverá emitir um parecer relativo à avaliação destes mesmos controles internos realizada pelos gestores, podendo ainda indicar irregularidades que culminem em deficiências materiais, o que indica a possibilidade da presença de números incorretos nas demonstrações financeiras da companhia, trazendo insegurança aos investidores e, potencialmente, impactando o valor de mercado da companhia.

Consequência da Seção 404 foi um aumento dos gastos (muitas vezes excessivos) por parte dos CEO e CFO da companhia, que passaram a implementar e desenvolver os referidos controles internos, buscando maior agilidade no registro, processamento e divulgação de todas as informações presentes nos relatórios anuais, uma vez observada a subjetividade do termo de deficiência material. Porém, uma vez notada essa consequência e, com a finalidade de tornar mais eficiente e razoável a avaliação dos controles internos com relação ao seu custo-benefício, a SEC, em 2007, delimitou referido conceito, por meio de orientação, ao que trouxe a seguinte definição:

[…] “material weakness”. The term is defined as “a deficiency, or combination of deficiencies, in internal control over financial reporting such that there is a reasonable possibility that a material misstatement of the registrant’s annual or interim financial statements will not be prevented or detected on a timely basis

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by the company’s internal control over financial reporting.” (Disponível em: http://www.sec.gov/rules/final/2007/33-8829.pdf. Acesso em: 13 de maio de 2015.)

Definição retirada do esclarecimento feito pela Securities and Exchange Commission - SEC a respeito da expressão “deficiência material” (material deficiency). Tradução livre: deficiência, ou combinação de deficiências, no controle interno sobre relatórios financeiros, de maneira que haja uma possibilidade razoável de que um lançamento materialmente incorreto nas demonstrações financeiras da companhia registante não ser prevenido ou detectado em tempo hábil por seus controle insternos.

Ainda, na mesma ocasião, a SEC passou a adotar a expressão “deficiência significativa”, devendo essa ser utilizada pelas companhias quando seus controles internos apresentarem problemas relevantes, porém não tão críticos a ponto de serem considerados deficiências materiais (SILVEIRA, 2010). Tal definição é trazida em forma de orientação pela SEC, na seguinte forma:

A deficiency, or a combination of deficiencies, in internal control over financial reporting that is less severe than a material weakness, yet important enough to merit attention by those responsible for oversight of a registrant’s financial reporting. (Disponível em: http://www.sec.gov/rules/final/2007/33-8829.pdf. Acesso em: 13 de maio de 2015.)

Definição retirada do esclarecimento feito pela Securities and Exchange Commission - SEC a respeito da expressão “deficiência significativa” (significant deficiency). Tradução livre: deficiência, ou combinação de deficiências, no controle interno sobre relatórios financeiros, que é menos severa que uma deficiência material, porém relevante o suficiente para merecer atenção dos responsáveis pela supervisão dos relatórios financeiros da companhia registante.

Podemos assim observar que a Lei Sarbanes-Oxley trouxe resultados positivos e negativos. Porém há ainda atualmente uma discussão a respeito desses resultados uma vez apresentados em contrapartida com os custos impostos por essa Lei, com os impactos sobre as companhias e sobre a competitividade do mercado de capitais. Não havendo um consenso sobre o debate, há quem defenda a Lei e quem a critique.

As principais críticas à Sarbanes-Oxley tomam como base a rigidez da Lei e os altos custos incorridos pelas companhias na sua implementação. Apesar do estudo realizado pela IIA - Institute of Internal Auditors a respeito dos custos envolvidos na adoção das diretrizes exigidas na Seção 404 da Lei, tratar estimativas a respeito da redução ou do aumento de recursos, depreendidos na conformação legal dos mecanismos de controles internos, como mera especulação, o estudo aponta fortes evidências confirmando ser muito dispendiosa essa adequação. Ainda assim, o mesmo estudo ressalva o resultante aperfeiçoamento dos controles internos das companhias visando cumprir com as diretivas da regulamentação como sendo um ponto positivo (INSTITUTE OF INTERNAL AUDITORS. Sarbanes-Oxley Section 404 Work – Looking at the Benefits. Altamonte Srings: The Institute of Internal Auditors (IIA) Research Foundation, 2005. Disponível em: http://www.theiia.org/bookstore/downloads/freetomembers/0_2009_sox404_benefits.pdf. Acesso em: 14 de maio de 2015.).

Tratando ainda dos custos incorridos na adequação à Lei, um estudo anual da Finance Executive International (FEI) aponta uma redução nos gastos anuais médios com a referida adequação, de US$ 3,8 milhões em 2003, para US$ 1,7 milhão em 2007 (SILVEIRA, 2010).

Afim de melhor ilustrar a evolução e o controle dos gastos mencionados acima, seguem abaixo 3 gráficos resultantes de estudos conduzidos pela Risk and Business Consulting Internal Audit – Protiviti, firma global de auditoria. Sendo o primeiro, publicado no ano de 2012, que ilustra os gastos despendidos pelas companhias com o cumprimento da Lei Sarbanes-Oxley; o segundo, publicado em 2014, que demonstra a alteração nos custos incorridos com relação a Sarbanes-Oxley nos anos de 2013 e 2014; e o terceiro,

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publicado em 2014, tratando-se de um infográfico que demonstra como os custos são divididos entre as companhias, de acordo com seu tamanho:

Gráfico 1

Fonte: http://www.protiviti.com/en-UK/Documents/Surveys/2012-SOX-Compliance-Survey-Protiviti.pdf Acesso em: 14 de maio de 2015.

Gráfico 2

Fonte: http://www.protiviti.com/en-UK/Documents/Surveys/2014-SOX-Compliance-Survey-Protiviti.pdf Acesso em: 14 de maio de 2015.

Infográfico.

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Fonte: http://www.protiviti.com/en-UK/Documents/Surveys/2014-SOX-Compliance-Survey-Protiviti.pdf Acesso em: 14 de maio de 2015.

Ainda, conforme ressalvado por Hollis Ashbaugh Skaife et. Al. (2009) controles internos eficientes são reconhecidamente fundamentais para sistemas de informação e de informações financeiras de alta qualidade, impactando direta e indiretamente o custo de capital da companhia. O estudo demonstrou que companhias que divulgaram um controle interno ineficiente inicialmente tiveram como consequência um aumento do seu custo de capital próprio, enquanto que, companhias que aprimoraram subsequentemente esses controles demonstraram uma redução nesse custo. Sendo assim, o estudo sugere que as companhias com problemas nos controles internos apresentam um maior risco para os investidores quanto as informações divulgadas, já as companhias com controles internos eficientes, ou que demonstraram corrigir os defeitos em seus controles internos, se beneficiaram pelo baixo custo de capital próprio.

Nessa mesma linha de raciocínio, o estudo realizado por Lord & Benoit (2006) aponta que a valorização das ações das companhias que mantém bons mecanismos de controles internos acontece de forma consideravelmente maior do que a das companhias que não o fazem.

Em contrapartida a necessidade de grande investimento dos recursos da companhia nos seus controles internos, apesar de trazer credibilidade das informações divulgadas e o consequente sentimento de confiança conferido aos investidores, resultou na diminuição da competitividade da bolsa de valores norte-americana, uma vez observado que, algumas companhias optaram por listar suas ações em mercados de valores mobiliários com regulamentações menos rigorosas e mais flexíveis, visto o considerável montante de recursos dos quais teriam de dispor a fim de serem capazes de se adequar à Sarbanes-Oxley. Por outro lado, há pesquisas como a de Doidge, Karolyi e Stultz (2007) e Piotroski e Sirinivasan (2008) que corroboram a ideia de que a listagem nas bolsas norte-americanas gera um prêmio no valor das companhias estrangeiras (SILVEIRA, 2010).

4. Conclusão

Por fim, podemos concluir que os impactos advindos das mudanças trazidas pela Lei Sarbanes-Oxley são expressivos. De maneira que podemos observar, da mesma forma que José Paschoal Rossetti e Adriana Andrade (2014), a definição de um novo cenário para as práticas de governança corporativa, e para o mercado financeiro como consequência, apresentando novos elementos, entre os quais: Ágios de governança, uma vez que os investidores começam a se mostrar mais dispostos a pagar valores mais altos por ações de companhias que possuam um sistema de controles internos de alta qualidade – e, na direção oposta, os deságios de governança, como consequência da ausência de adesão aos valores e às práticas de boa governança resultando em cotações baixas; A expectativa de uma redução considerável dos executivos-chefes capazes de controlar os conselhos de administração das grandes companhias, visto que, os conselhos tendem a assumir um papel de controle efetivo das companhias, especialmente na homologação das estratégias de negócios, na avaliação da gestão e na cobrança de resultados que maximizem o retorno total dos acionistas e atendam os interesses legítimos dos investidores; A

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incorporação de valores da boa governança corporativa pelos códigos de ética das companhias, que deixam de ser peças pro forma, passando a se qualificarem como compromissos efetivos e como respostas a exigências legislativas; A mitigação de conflitos e de custos de agência, uma vez atribuídos maior transparência e controle das remunerações e benefícios dos executivos da companhia, sem deixar, porém, de observar o aumento dos custos transacionais dos conselhos, da direção e dos auditores, resultantes dos riscos assumidos pela gestão da companhia; Uma melhor fundamentação dos processos de governança corporativa que passam a ser mais formais, atendendo a um amplo conjunto de propósitos, entre eles a adequação de forma mais rigorosa às regras definidas pelos órgãos reguladores; A adesão a requisitos exigidos para listagens diferenciadas nas bolsas de valores, o comprometimento com a criação de valor para os acionistas, sem perder de vista o direito dos minoritários; A harmonização dos direitos dos acionistas e dos investidores, A implementação de mecanismos adequados às guidelines da boa governança corporativa; e, por fim, o bom posicionamento nas avaliações geradas pelas agências de rating corporativo.

*ADRs – American Depositary Receipts: recibos de ações ou outros valores mobiliários emitidos por companhias não sediadas nos Estados Unidos, por meio de banco depositário escolhido pela companhia em sua localidade (fora dos Estados Unidos) e custodiado em banco norte americano. Ou seja, as ADRs são negociadas no mercado norte-americano ao invés das ações originais do país de origem. Existem cinco principais programas de ADRs: três registrados na SEC (Equivalente a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana), sendo essas ADRs de nível 1, 2 e 3; e dois não registrados na SEC: 144-A e Regulação S. Desse, os programas de ADRs 2 e 3 são os principais, proporcionando à companhia negociação no mercado de bolsa e maior liquidez. Porém, para tanto, é exigido das companhias a adesão às regras da Lei Sarbanes-Oxley, tornando esses programas mais complicados.

* * Os níveis de listagem em bolsa de valores constituem regramentos relacionados à governança corporativa e à legislação de valores mobiliários, objetivando o aprimoramento da companhia que a ele adere. Existem diversos segmentos de listagem, direcionados, cada um a um perfil determinado de companhia. Os Níveis 2 e 3 de ADRs referem-se a níveis de listagem na bolsa de valores norte-americana (Securities and Exchange Commission - SEC), uma vez que, como já explicado, são valores mobiliários listados e negociados no Estados Unidos por companhias estrangeiras.

* * * SEC - Securities and Exchange Comission (ou Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos) equivale, a grosso modo, a nossa Comissão de Valores Mobiliários. É uma agência federal dos Estados Unidos, criada pelo Ato 1934, aplicando-se também os Investment Company Act of 1939, Investment Company Act of 1940, Investment Advisers Act of 1940, Sarbanes-Oxley Act of 2002, entre outros estatutos. Sua finalidade é a aplicação das leis sobre títulos federais e a regulamentação do setor de valores mobiliários, além da regulação de ações e opções de câmbio, e outros mercados de valores eletrônicos nos Estados Unidos.

5. Referências

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