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1ª. COMIGRAR – Resultado das Plenárias Públicas e Consultas realizadas no exterior Compilação das contribuições recebidas a partir das plenárias, reuniões diversas e consultas diretas feitas por postos consulares brasileiros no exterior com grande concentração de brasileiros: - 16 plenárias públicas formais (Berlim, Madri, Milão, Londres, Zurique, Bruxelas Georgetown, Ciudad del Este, Assunção, Buenos Aires, Paramaribo, Los Angeles, Washington, Hamamatsu, Tóquio e Nagóia) Metodologia: compilação de contribuições prestadas a partir de debate aberto e livre - 5 reuniões de Conselhos locais: Genebra, São Francisco, Atlanta, Toronto e Vancouver Metodologia: compilação de contribuições prestadas pelas lideranças brasileiras representadas no Conselho de Cidadãos/Cidadania local - 3 consultas por escrito: Frankfurt, Boston e Wellington Metodologia: consultas por escrito a lideranças brasileiras locais - total de eventos/contribuições: 24 - documentos elaborados diretamente pelas comunidades: Frankfurt, Genebra, Paramaribo, Hamamatsu, Tóquio e Nagóia

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1ª. COMIGRAR – Resultado das Plenárias Públicas e Consultas realizadas no exterior

Compilação das contribuições recebidas a partir das plenárias, reuniões diversas e consultas diretas feitas por postos consulares brasileiros no exterior com grande concentração de brasileiros:- 16 plenárias públicas formais (Berlim, Madri, Milão, Londres, Zurique, Bruxelas Georgetown, Ciudad del Este, Assunção, Buenos Aires, Paramaribo, Los Angeles, Washington, Hamamatsu, Tóquio e Nagóia)Metodologia: compilação de contribuições prestadas a partir de debate aberto e livre

- 5 reuniões de Conselhos locais: Genebra, São Francisco, Atlanta, Toronto e Vancouver Metodologia: compilação de contribuições prestadas pelas lideranças brasileiras representadas no Conselho de Cidadãos/Cidadania local

- 3 consultas por escrito: Frankfurt, Boston e WellingtonMetodologia: consultas por escrito a lideranças brasileiras locais

- total de eventos/contribuições: 24- documentos elaborados diretamente pelas comunidades: Frankfurt, Genebra, Paramaribo, Hamamatsu, Tóquio e Nagóia

1. Europa

1.1 Alemanha (Berlim) – plenária em 31.03Foi realizada no dia 31 de março do corrente, nas dependências da Embaixada do Brasil em Berlim, reunião aberta à comunidade brasileira de consulta sobre políticas de facilitação à integração de imigrantes brasileiros em seu retorno ao Brasil, com a presença de seis membros da comunidade. Ademais, no intuito de coletar material para subsidiar as discussões durante a reunião, foi disponibilizado no perfil desta Embaixada no Facebook questionário contendo questões relacionadas ao conhecimento de iniciativas mantidas pelo Governo brasileiro de apoio aos cidadãos que retornam ao Brasil e às expectativas de apoio existentes em diversas áreas. O questionário foi respondido por quatorze pessoas, todas as quais consideraram muito importante a ampliação do programa de Retorno ao Brasil, bem como a divulgação mais ampla das iniciativas já existentes.

Dentre as respostas obtidas por meio do questionário e considerando-se as discussões ocorridas durante a reunião de consulta pública, pôde-se verificar que os temas que despertaram maior interesse em relação ao retorno ao Brasil foram: segurança, saúde, educação, apoio logístico para reinserção no mercado de trabalho e apoio financeiro nos seis primeiros meses a partir do retorno ao País.

Educação: No que diz respeito à educação, foi dada ênfase à necessidade de se criar sistema de apoio à integração dos filhos e cônjuges de brasileiros retornados, principalmente em relação àqueles que não possuem domínio completo do idioma português. As pessoas ouvidas manifestaram, ademais, de forma unânime, a aspiração de que ocorra a desburocratização do processo de validação de diplomas e títulos adquiridos no exterior.

Apoio social e psicológico: Os brasileiros participantes ressaltaram, ainda, a necessidade de ampliação e de divulgação mais efetiva da rede de apoio social, financeiro e psicológico aos cidadãos que retornam ao Brasil. A principal razão para tal solicitação deve-se ao fato de que, decorridos muitos anos de residência no exterior, a sensação de desenraizamento pode tornar a reinserção na sociedade brasileira tão difícil quanto teria sido a integração no país no qual o brasileiro passou a residir após deixar o Brasil. O cidadão que decide retornar tende a se apoiar principalmente em redes interpessoais formadas por membros de sua família ou amigos, que nem sempre dipõem das condições necessárias para possibilitar a reintegração em termos profissionais, educacionais e até mesmo sociais. O aperfeiçoamento de uma sólida rede de informações, interligando instituições de diversas áreas, serviria inclusive como estímulo para o retorno de brasileiros com boa bagagem educacional, cultural e profissional, que poderiam dar sua contrapartida aos incentivos oferecidos pelo Governo brasileiro.

Mercado de trabalho: A consolidação e divulgação de banco de dados contendo contatos de empresas estrangeiras atuantes no Brasil - com plataforma para envio de currículos e divulgação de vagas destinadas a brasileiros residentes no exterior - poderia ter grande valia para aqueles que desejam voltar ao Brasil aproveitando a experiência profissional adquirida em outros países.

Saúde: Outro ponto considerado importante seria a negociação de algum tipo de acordo que tornasse obrigatório aos planos de saúde vigentes o reconhecimento do tempo de seguro de saúde no exterior como forma de encurtar ou evitar carências quando a pessoa se inscrever em novo plano no Brasil.

Informações antes de emigrar: Tema que também gerou ampla discussão durante a reunião de consulta foi a necessidade de orientação prévia destinada aos brasileiros que cogitam a hipótese de emigração. Alguns dos presentes relataram sua experiência de "correr atrás do sonho de sucesso financeiro que nunca chegou a se concretizar" e de perceber hoje, passados mais de quinze anos longe do Brasil, que perderam oportunidades porventura existentes no País, sem obter a contrapartida de aperfeiçoar seus conhecimentos profissionais e/ou acumular ganhos econômicos durante sua estadia no exterior.

Imagem/estereótipos: Outro ponto abordado por pessoas que já viveram a experiência de tentar o retorno ao País foi a dificuldade de desconstruir o estereótipo do brasileiro que retorna como sendo aquele que acumulou muito dinheiro e é bem sucedido, o que nem sempre corresponde à realidade. Tal estereótipo seria capaz de dificultar a reinserção do brasileiro retornado até mesmo em seu círculo familiar mais próximo.

Fatores que determinam o retorno: Pôde-se perceber que, embora sintam muita falta do País, vários brasileiros hesitam quanto à possibilidade de retorno definitivo em decorrência das facilidades que a vida na Alemanha oferece, nem sempre contempladas no Brasil. Os principais itens mencionados como decisivos para a opção pela permanência na Alemanha, mesmo com alguns pontos desfavoráveis, foram o apoio social assegurado pelo governo alemão para a educação das crianças, o sistema de saúde, a mobilidade nas cidades, especialmente no tocante ao transporte público, e a segurança. A maioria dos brasileiros que responderam ao questionário e daqueles que compareceram à reunião de consulta afirmou que preferiria viver no Brasil se as diferenças nessas áreas não fossem tão significativas.

1.2 Alemanha (Frankfurt) – consulta ao Conselho de Cidadãos

O Conselho de Cidadãos de Colônia encaminhou texto sobre o assunto, do qual se destacam os comentários abaixo (texto integral em anexo), com base nas dificuldades encontradas por brasileiros que retornaram ao Brasil. Não foram apresentadas sugestões específicas para os problemas indicados.

Choque cultural revertido: pela adaptação já existente de padrões estrangeiros (no caso da Alemanha, principalmente no que diz respeito a pontualidade e comprometimento); diferença de parâmetro de pensamento relacionado ao planejamento de atividade e resultados (no caso da Alemanha, por exemplo, planeja-se muito a médio e longo prazo e a realidade brasileira é outra);

Redes profissionais: falta de conhecimento de pessoas na área de trabalho, ausência de participação em uma rede de profissionais;

Inserção no mercado de trabalho: aceitação de emprego com nível salarial mais baixo que o correspondente à qualificação profissional.

1.2 Espanha (Madri) – plenária em 25.03Realizou-se em 25 de março, nas dependências do Consulado-Geral do Brasil em Madri, plenária pública aberta conduzida pelo Cônsul-Geral, Embaixador João Almino, com vistas a intercambiar sugestões para subsidiar propostas de políticas públicas que auxiliem brasileiros em seu retorno ao País. Participaram da reunião o Ministro Cícero M. Garcia, a Vice-Cônsul Adriana F. Farias, os membros do Conselho de Cidadãos Cássio Romano (Diretor da Casa do Brasil) e Edinéia Cabioch (Presidenta da Associação NEBE), representantes da instituição de auxílio ao retorno voluntários YMCA, Altea Ruiz e Beatriz Temprano, e representantes da organização ACULCO, Juan Carlos Duran, Esperanza Marín e Alejandro Rodríguez.

Acompanhamento dos retornados: Após comentarem que são poucos os brasileiros que buscam associações de apoio ao retorno voluntário, os representantes da YMCA e da ACULCO manifestaram preocupação em relação à dificuldade de realizar o acompanhamento dos retornados em seu novo contexto. Na ACULCO, instituição voltada a imigrantes latino-americanos em situação irregular, foram 9 os retornados brasileiros em um universo de 89 pessoas, nos últimos 5 meses (9,61% do total, sendo 3 homens e 6 mulheres). A YMCA registrou 33 brasileiros entre 393 retornados nos últimos dois anos (8,39% do total). Metade deles tinha entre 35 e 49 anos (54,5% do total) e 39,3% eram menores de 18 anos. Mais da metade (52%) destinou-se ao Paraná, 18% ao Mato Grosso e 15% a Santa Catarina. Ainda sobre o perfil dos retornados, a maioria têm filhos nascidos na Espanha, nível de instrução primário ou secundário incompleto e trabalha em serviços domésticos ou no setor de construção.

Dificuldades de readaptação – capacitação: Os participantes mencionaram as dificuldades que os imigrantes costumam enfrentar para readaptar-se ao país de origem, devido, em grande parte, a sua baixa capacitação. Esperanza Marín ressaltou o fato de que, em geral, eles preferem permanecer na Espanha, mesmo enfrentando dificuldades, e só decidem retornar ao país de origem quando em situação extrema. Além da desinformação sobre os programas de retorno voluntário, parece contar no processo decisório sobre o retorno a relutância dos imigrantes em reconhecer que foram mal-sucedidos no exterior e a percepção de que, mesmo em situações extremas, as condições de vida na Espanha (relativas a saúde, educação e segurança) seriam melhores de que no país de origem. Os participantes da plenária apresentaram as seguintes sugestões com intuito de proporcionar mais chance de êxito ao retorno voluntário:

Instituições de apoio: ampliação do número de instituições/projetos no Brasil de apoio a retornados, a exemplo do projeto Andorinhas; estabelecimento na Espanha de uma rede de entidades que orientam o retorno com encontros periódicos para intercâmbio de informações, e estabelecimento de contato direto com instituições brasileiras para acompanhamento do retornado; identificação, pelos Consulados brasileiros, de organizações no exterior que apóiem o retorno de brasileiros e solicitem a elas relatórios com estatísticas sobre retornados; orientação daqueles que desejam retornar para associações que tenham programa de retorno.

Campanha de informação: elaboração de informação sobre apoio ao retorno voluntário a ser distribuída pelo Consulado e por associações locais (um folheto mais simples que o Guia do Retorno, que inclua informações especificamente voltadas para os imigrantes brasileiros na Espanha, como as relativas ao Acordo bilateral na área de seguridade social); criação de um formulário a ser preenchido voluntariamente pelos

retornados a fim de facilitar informações que subsidiem políticas públicas sobre o tema e facilitar o acompanhamento dos mesmos (quanto a essa última proposta, cabe observar que nem todos os participantes da plenária opinaram ser factível). Realização de campanha nacional no Brasil de combate à desinformação, com testemunho de brasileiros inadmitidos ou detidos no exterior, além de esclarecimentos sobre a condição de vida do imigrante irregular.

Acompanhamento dos retornados: acompanhamento pós retorno com orientação para serviços sociais e oportunidades de emprego e formação no Brasil.  1.3 Itália (Milão) – plenária virtual em 31.03 O Cônsul-Geral em Milão reuniu-se em webconferência com os membros do Conselho de Cidadãos, com a finalidade de sistematizar as contribuições da comunidade local para elaboração de políticas públicas que ajudem os brasileiros em seu retorno ao Brasil. Surgiram as sugestões indicadas a seguir.

Instituições de Apoio: criação de um Centro de Atendimento do Emigrante no Brasil para constituição de um banco de dados sobre os fluxos de migração;

Vistos para familiares: prever uma simplificação burocrática para permitir aos brasileiros que desejam retornar definitivamente ao Brasil consecução de vistos para os próprios familiares estrangeiros;

Reconhecimento de diplomas: agilizar o reconhecimento dos títulos escolares e habilitações profissionais estrangeiros;

Questões tributárias: reduzir os impostos para a transferência das poupanças dos brasileiros uma vez que decidam voltar definitivamente para o Brasil;

Mercado de trabalho: capacitar o mercado de trabalho interno brasileiro para a valorização das experiências profissionais conseguidas ao estrangeiro;

Campanha de informação: elaboração de um programa informativo e de acompanhamento para os cidadãos que se encontram em situação de vulnerabilidade no pais estrangeiro e não possuem um contexto familiar e/ou um apoio concreto no Brasil para programar a retorno definitivo.  1.4 Reino Unido (Londres) – plenária em 20.03Realizou-se na sede do Consulado-Geral do Brasil em Londres, no dia 20 de março, reunião plenária do Conselho Participativo de Cidadania do Reino Unido. Posteriormente, recebeu-se contribuição por escrito de integrante do Conselho, a respeito das dificuldades encontradas pelas mulheres brasileiras e seus filhos ao retornarem para o Brasil. A contribuição baseou-se em depoimentos de amigas e conhecidas, que, segundo ela, poderiam constituir público alvo de políticas elaboradas especificamente para mulheres e crianças "retornadas".

De acordo com o relato recebido, significativa parcela das mulheres brasileiras domiciliadas no Reino Unido enfrenta grande desafio quando decide retornar ao Brasil. Com exceção daquelas que retornam em virtude de oportunidades de trabalho dos cônjuges, as demais o fazem ao constatar o fracasso da tentativa de subsistência no

Reino Unido ou ao terminar um ciclo de vida. Ao retornarem ao Brasil e abandonarem a rede social na qual estavam inseridas no Reino Unido, muitas mulheres, sobretudo as que levam filhos, deparam-se com solidão e falta de perspectiva, enfrentando o desafio de reestruturarem completamente suas vidas. Sob esse aspecto, foram sugeridas as seguintes ações: Redes de apoio (saúde): Formação, no Brasil, de grupo de mães e mulheres que estejam em situações semelhantes. Tal grupo poderia ser coordenado por especialista em saúde da mulher;

Redes de apoio (profissional): Incentivo à formação de rede profissional entre essas mulheres, oferecendo espaço para a realização de encontros e divulgação das reuniões.

Empreendedorismo: Realização de oficina para reinserção no mercado de trabalho ministrado por empreendedores competentes no assunto;

Apoio psicológico: Realização de programa de prevenção da depressão e bem estar da saúde feminina.

No tocante ao retorno de menores, muitos (ao retornarem ao Brasil ou virem ao país pela primeira vez) são vítimas de exclusão por parte de colegas da mesma faixa etária, em função de choques culturais. Dependendo da idade, a criança não domina a língua portuguesa e desconhece vários fatos, datas e aspectos culturais que são do conhecimento geral. Considerando a importância de ser aceita perante seus pares e a fim de evitar "bullying" e sentimentos de rejeição, foram sugeridas as seguintes propostas:

Ensino do português: Planejamento de workshops de língua portuguesa, com sessões que abarquem aspectos ligados ao folclore, datas históricas, peculiaridades geográficas, entre outros aspectos que reforcem a identidade e sentimento de cidadania das "crianças retornadas". Esses workshops poderiam ser organizados de acordo com a faixa etária e necessidades próprias de cada idade;Ensino da cultura brasileira: Incentivo a atividades artísticas relacionadas a temas específicos, como, por exemplo, a comemoração de datas e aspectos intrínsecos à cultura brasileira (comemoração do Dia do Índio, etc).

1.5 Suíça

1.5.1 Genebra – consulta por escritoO Consulado-Geral do Brasil em Genebra preparou documento de consulta com propostas concretas de políticas públicas que ajudem os brasileiros em seu retorno ao Brasil, tomando por base propostas que haviam sido amplamente amadurecidas durante o I Conselho de Cidadania da Suíça Romanda, Semana dos Trabalhadores em Genebra (junho 2012), a IV Conferência de Brasileiros no Mundo (novembro 2013) e reuniões do II Conselho de Cidadania. O documento foi circulado entre os membros do Conselho de Cidadania, com solicitação de que fossem apresentados insumos ao documento e/ou adicionais a eles. Foi também solicitada e estimulada a circulação do texto e pedido de sugestões junto a outros membros da comunidade, para a coleta de subsídios. A metodologia adotada visou a fortalecer a legitimidade do Conselho em seu papel aconselhamento do Conselho e de canal privilegiado para a troca de idéias e coleta de informações sobre necessidades, problemas e interesses da comunidade brasileira e aproveitar a capilaridade do Conselho que tem membros e 5 dos 6 cantões da Suíça

Romanda sob jurisdição do Posto. O documento de consultas foi integralmente referendado pelos membros do Conselho de Cidadania. Seguem, de forma sistematizada, seis propostas sobre políticas que poderão beneficiar os brasileiros que retornam ao País.

INSS / aposentadoria: A maioria dos brasileiros residentes no exterior não paga o INSS. Os trabalhadores em situação migratório irregular são os que mais sofrem com essa situação, pois não podem contribuir para os sistemas de aposentadoria dos países onde trabalham. Propõe-se que os brasileiros e brasileiras possam inscrever- se no INSS a partir do exterior (nos consulados, por exemplo) e que o pagamento da contribuição ao INSS possa ser realizado também a partir do exterior. Essa medidas possibilitarão que o brasileiro ao retornar ao Brasil possa contar com o amparo do sistema previdênciário brasileiro, evitando que fique em situação de vulnerabilidade no momento de sua aposentadoria.

Financiamento para a compra da casa própria: A Caixa Econômica Federal já possui um programa de financiamento para a compra da casa própria pelos brasileiros e brasileiras residentes no exterior. No entanto, esse programa precisa de aprimoramento para que ser difundido no exterior e para que sejam estabelecidos mecanismos claros sobre os abertura de conta e realização de depósitos a partir do exterior. Uma possível solução para os depósitos seria que a Caixa Econômica fizesse convênios com empresas financeiras que já trabalham com os emigrantes brasileiros no envio de recursos ao Brasil. A aquisição da casa própria é um incentivo ao retorno e uma garantia de que o retornado não regresse ao Brasil em situação de vulnerabilidade.

Mercado de Trabalho: Criação pelo Ministério do Trabalho de um programa que facilite a contratação dos brasileiros residentes no exterior por empresas que operam no Brasil. A economia brasileira necessita cada vez mais de mão de obra qualificada. Muitos brasileiros residentes no exterior têm a formação e as qualificações necessárias para ocupar essas vagas. Seriam desejáveis políticas públicas que incentivassem a contratação de brasileiros qualificados que residem atualmente no exterior.

Apoio às Escolas de Língua e Cultura brasileira no exterior: Nos anos 90, com o aumento significativo do número de brasileiros e brasileiras no exterior, surgiram escolas de língua e cultura brasileira nos principais países onde se estabeleceram. O objetivo dessas escolas é possibilitar que as crianças brasileiras no exterior mantenham a sua língua de origem e mantenham os laços com a cultura brasileira. Essas escolas foram criadas e são mantidas em funcionamento com o trabalho voluntário e com o financiamento parcial de instituições dos países e doações de empresas em que os brasileiros residem. Naturalmente, há enormes custos para garantir cursos de qualidade, com professores qualificados. Nesse sentido, propomos ao Governo brasileiro um engajamento efetivo para que as escolas de língua e cultura brasileira possam continuar a existir. Entende-se que o domínio da língua e a proximidade com a cultura são elementos fundamentais para uma inserção em condições favoráveis de retornados ao Brasil.

Cursos e exames supletivos (1° e 2° grau) no exterior: Muitos jovens brasileiros partem para o exterior sem ter concluído o 1° ou o 2° grau. Ao retornar ao Brasil, esses jovens terão sérias dificuldades para ingressar no mercado de trabalho, por falta de estudo e qualificações profissionais. Face a essa realidade, propõe-se às autoridades

governamentais que seja garantida a existência de exames supletivos de 1° e 2° grau no exterior.

Apoio à criação de Pontos de Cultura internacionais - Os Pontos de Cultura internacionais são projetos financiados e apoiados pelo Ministério da Cultura. Eles têm como objetivo estimular as iniciativas já existentes na sociedade civil. Na Semana dos Trabalhadores Brasileiros em Genebra, foi proposto que o Governo brasileiro amplie a rede de Pontos de Cultura internacionais. Através de suas ações sócio-culturais, os Pontos de Cultura internacionais podem contribuir para a organização das comunidades brasileiras no exterior e para o fortalecimento dos laços culturais dos filhos dos emigrantes brasileiros com o país de origem. Os Pontos de Cultura internacionais contribuem para uma maior difusão da cultura brasileira no exterior e também para a valorização da imagem do Brasil no exterior."

1.5.2 Suíça - Zurique – plenária em 31.03De modo a obter subsídios a serem eventualmente discutidos durante a 1ª Conferência Nacional de Migrações e Refúgio - COMIGRAR, a Cônsul-Geral em Zurique convidou o Conselho de Cidadania de Zurique (CdC-ZH) e associações desta jurisdição consular que cuidam dos temas de integração e retorno de cidadãos brasileiros ao Brasil para reunião na sede do Consulado-Geral, em 31 de março de 2014. Optou-se por formato de obtenção de depoimentos de associações e de membros do CdC-ZH. Estiveram presentes à reunião, representantes do CdC-ZH, do Centro Brasil Cultural - CEBRAC, de Zurique, da Brasil Infos, de Berna, da Pastoral Brasileira, de Berna, do Grupo Equilíbrio, do Cantão de Thurgau, e do Projeto Resgate, de Zurique. Além dessas, a Associação Madalena´s, de Bienne fez contribuição por e-mail.

Dificuldades encontradas pelo brasileiro que retorna ao Brasil: reintegração e readaptação/ressocialização; reconhecimento de diplomas obtidos no exterior; regularização de documentos para a família; recursos iniciais de sobrevivência no Brasil; acesso ao mercado de trabalho; e apoio social. Seguem as sugestões de linha de ação aventadas; Falta de visibilidade do brasileiro que está no exterior e, sobretudo, daquele que retorna;

Apoio financeiro: capital de chegada no Brasil, oferecido pelo Governo, além de subsídio dos custos do retorno;

Assistência social: aconselhamento conjunto, na Suíça e no Brasil, nos domínios social e psicológico;

Campanha de informação: aconselhamento sobre as consequências ao sair da Suíça, como por exemplo, a perda ou não do visto de permanência; e orientação pelo Consulado ou através de agentes credenciados. Tentativa, por parte da rede consular e das lideranças comunitárias, de auscultar diretamente as comunidades emigradas; manutenção, pela rede consular, de uma lista atualizada de instituições locais capacitadas no tema; indicação de funcionários consulares capacitados, em cada posto, para prestar o atendimento individualizado aos brasileiros que fazem consultas sobre o tema;

Documentação: facilitação, por parte dos órgãos brasileiros competentes. dos procedimentos de emissão de título de eleitor, CPF e outros documentos;

Reconhecimento de diplomas: facilitação dos procedimentos;

Triagem dos casos: realização de triagem por órgãos locais (no caso da Suíça, as Prefeituras) para fins de encaminhamento posterior aos setores competentes;

Capacitação de atendentes: realização de consulta às instituições brasileiras na Suíça, no intuito de capacitar funcionários consulares e lideranças comunitárias que possam assumir a função de disseminador de informações (no caso da Suíça, com o possível apoio da "Integrationsförderung", responsável pela promoção da integração);

Ensino do Português: ensino de português como língua de herança nos países de acolhida para a diáspora e seus filhos, bem como durante o retorno para filhos de brasileiros que não tiveram a oportunidade de aprender a língua portuguesa de forma sistematizada.  1.6 Bélgica (Bruxelas) – plenária pública em 27.03Realizou-se na sede do Consulado-Geral em Bruxelas, em 27 de março, plenária pública aberta para coleta de insumos às discussões da 1ª Conferência Nacional de Migraçõese Refúgio. Seguem as propostas e comentários registrados na ocasião.

Economia Solidária: foi proposto que a Secretaria Nacional de Economia Solidária desenvolva programas voltados aos brasileiros retornados;

Saúde: Oferta de seguro-saúde adaptado a diferentes faixas etárias, especialmente a crianças e idosos;Capacitação profissional: para trabalhadores e micro-empresários;

Reinserção no mercado de trabalho: desenvolvimento de programas especiais para trabalhadores com mais de quarenta anos;

Certificação: Facilitação de trâmites para obtenção de equivalência de diplomas estrangeiros;

Previdência Social: Facilitação de aposentadoria para quem fez contribuiçõesprevidenciárias em parte no Brasil e em parte no exterior;

Questões de gênero: Apoio a vítimas de violência doméstica com foco naobtenção de emprego e renda.

2. América do Sul

2.1 Guiana (Georgetown) – plenária em 26.03Foi realizada em 26 de março na Embaixada do Brasil em Georgetown reunião com o Conselho de Cidadãos, com vistas a colher propostas concretas sobre políticas públicas que ajudem os brasileiros em seu retorno ao Brasil, tanto aqueles que retornam com economias e desejam empregá-las na abertura de pequenos negócios e outros investimentos, quanto, especialmente, aqueles que retornam em situação de vulnerabilidade, necessitando de apoio para reinserção no mercado de trabalho,

capacitação acadêmica e profissional e apoio de serviços de saúde e centros de referência.

A reunião contou com a presença de duas representantes da comunidade, a saber, a oficial de ligação da Polícia Federal, Sra Raquel Caon Fin, e a dona de restaurante em Georgetown, Sra. Cleudenice dos Santos. Foram levantados três temas de interesse para os brasileiros que retornam da Guiana para o Brasil, a saber: Previdência Social: como contribuir para a previdência social brasileira, enquanto estiver no exterior;

Remessas: informações sobre como remeter dinheiro ao Brasil de forma segura;

Empreendedorismo: orientação/programas sobre como investir em pequenos negócios no Brasil. Grande parte da comunidade Brasileira na Guiana é flutuante – os brasileiros ganham algum dinheiro, voltam ao Brasil e quando o dinheiro acaba, retornam à Guiana - sendo composta, em grande parte, de pessoas do sexo masculino, sem capacitação especializada e de baixo nível cultural (muitos analfabetos ou semi-alfabetizados), na maioria originários dos Estados do Maranhão e Pará. Por não terem oportunidade de trabalho no Brasil, vão para a Guiana tentar a sorte no garimpo. Ao final da reunião, foi possível concluir que existe grande desconhecimento por parte da comunidade brasileira na Guiana a respeito dos programas já existentes sobre oportunidades de investimento, trabalho e educação no retorno ao Brasil.

2.2 Paraguai

2.2.1 Ciudad del Este – plenária em 27.03Realizou-se reunião plenária na sede do Consulado-Geral em 27 de março. O anúncio da realização da lª COMIGRAR foi recebido com grande interesse por parte de integrantes da comunidade local de brasileiros, tendo sido realizadas duas reuniões plenárias na sede do Posto, com cerca de dez participantes em cada uma delas. Por ocasião da primeira (em 19/03/2014), procedeu-se à apresentação do tema, coleta de sugestões iniciais e exame de formas a propiciar sua divulgação; durante a segunda (em 28/03/2014), logrou-se consolidar o conjunto de sugestões colhidas, conforme texto reproduzido abaixo, ordenado em torno dos cinco eixos principais da Conferência. Entre os participantes das citadas reuniões, cabe destacar os nomes das religiosas Irmã Terezinha Mezzalira, Diretora da Casa do Migrante e integrante do Conselho de Cidadãos de Ciudad del Este, e Irmã Ilda Conradi, do "Hogar de Transito Sin Frontera" (Migrantes), além da Senhora Maribel Pereira de Acosta, representante do "Centro de Orientación y Representación de Brasileños en el Exterior" (CORBE). Seguem as sugestões apresentadas.

- Assistência Social: valorização e facilitação da reintegração dos retornados e migrantes na comunidade de acolhimento mediante seu acompanhamento nos campos social, educacional e psicológico por parte dos agentes de serviço social; sensibilizar os profissionais que prestam atendimento de serviços médicos e sociais para que desenvolvam, cada vez mais, uma ética de acolhimento dos retornados e migrantes; ampliação da oferta de serviços de inclusão social, implantados dentro do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) por intermédio da rede de Centros de Referência

Especializada em Assistência Social (CREAS), articulando inclusive parcerias com a rede de ensino local para cursos de língua portuguesa;

- Inserção social, econômica e produtiva: fortalecer a inserção social por meio da inclusão previdenciária; buscar apoio do Senai, Senac, Sesi e de outros órgãos que se disponham a colaborar no campo de realização de cursos profissionalizantes; identificar e contatar cooperativas brasileiras que possam se inserir nas presentes iniciativas; estabelecer diretrizes e políticas que incentivem a adoção, por empregadores, de um período de residência ou de estágio probatório para os que migram para o Brasil portando diplomas estrangeiros, abrindo caminho para a obtenção, pelos retornados e migrantes, do emprego permanente; buscar meios de facilitação e de simplificação dos processos de reconhecimento de diplomas universitários e outros equivalentes de cursos feitos em outros países por brasileiros e migrantes estrangeiros;

- Cidadania cultural e reconhecimento da diversidade: solicitar que Governo brasileiro reforce o apoio, por meio do Itamaraty, para Centros culturais no Exterior que existam ou que se venham a criar, pois prestam inestimável serviço de disseminação da cultura brasileira, além de serem referência e fonte de informações para brasileiros que desejem retornar ao Brasil;

- Proteção de menores: fiscalização mais rigorosa do trânsito de crianças e de adolescentes desacompanhados que cruzam as fronteiras por meio da atuação dos órgãos encarregados do assunto;

- Combate ao trabalho escravo e ao proxenetismo: combate ao trabalho escravo e análogo à escravidão e à prostituição, com ênfase na zona fronteiriça, mediante a capacitação dos agentes encarregados de fiscalizar o trânsito de fronteira;

- Duplo registro de nascimento: acelerar a tramitação de projeto de lei que conteria previsão de anistia a todos aqueles que praticaram o duplo registro de nascimento; criação de um canal de contato direto e permanente com, migrantes e retornados junto ao Ministério da Justiça, por meio de "call center" de assistência a esses grupos;

- 2ª. COMIGRAR: que previamente a uma segunda futura COMIGRAR sejam organizadas conferências preparatórias em países com maior contingente de migrantes brasileiros, com vistas a aumentar a participação cidadã; que se desenvolva, no âmbito do Ministério da Justiça, maior convergência das agendas que tratam de temas afetos a migração, por um lado, e a refúgio, por outro; desenvolvimento de um Plano Nacional de Migração com a adoção das propostas aprovadas na COMIGRAR e tendo presente a necessária articulação das políticas sobre o assunto com demais governos de países que fazem fronteira com o Brasil.

2.2.2 Assunção – plenária em 27.03O Consulado-Geral do Brasil realizou em 27 de março plenária aberta ao público, para tratar de questões atinentes ao retorno ao Brasil dos imigrantes brasileiros, após ampla campanha de divulgação local. Não houve sugestões específicas sobre o tema por parte dos quatro participantes presentes.

2.3 Argentina (Buenos Aires) – plenária em 31.03Foi realizada no dia 31 de março, nas dependências do Consulado-Geral do Brasil, reunião aberta à comunidade brasileira de consulta sobre políticas de facilitação à integração de imigrantes brasileiros em seu retorno ao Brasil. Doze pessoas compareceram à reunião. Funcionários consulares apresentaram à comunidade brasileira o Guia de Retorno e o Portal do Retorno ao Brasil, de cuja existência nenhum dos presentes tinha conhecimento. A opinião generalizada foi de que se trata de iniciativa de grande relevância, que mereceria maior divulgação. Em seguida, a comunidade foi convidada a discutir e sugerir políticas públicas para a reinserção dos brasileiros retornados. Os principais temas de interesse dos presentes foram os relacionados à obtenção de documentação e à reinserção no mercado de trabalho no Brasil.

Documentação: Vários dos presentes afirmaram que seria interessante poder obter, antes de voltar ao Brasil, documentos como Carteira de Trabalho e Documento de Identidade, não emitidos pelos Consulados;

Apoio financeiro e social: Também mencionaram que seria desejável contar com algum tipo de apoio financeiro e social nos primeiros meses após a volta ao Brasil, de maneira a auxiliá-los a superar o natural distanciamento decorrente de anos, por vezes décadas no exterior;

Abertura de contas bancárias: Além disso, a obtenção de maiores facilidades para abrir conta em banco - tendo em vista a falta de história de crédito e de comprovantes de residência no Brasil- foi mencionada como uma medida desejável.

2.4.Suriname (Paramaribo) plenária em 31.03Seguem as propostas da reunião plenária do Conselho de Cidadãos brasileiros do Suriname convocada em 31/03/2014 para discutir sobre a I Conferência COMIGRAR (texto integral em anexo).

Ensino de um segundo idioma: ampliar o ensino na rede pública brasileira;

Escolas técnicas: Ampliar a rede de escolas técnicas no Brasil; formar parcerias com empresas e outras instituições como SEBRAE, SESI e outras semelhantes formadoras de empreendedores e empreendimentos, para que possam estar gerando empregos no Brasil e reduzindo a emigração;

Capacitação de governantes: criar cursos no Brasil para os governantes eleitos;

Orientação antes de emigrar: criar postos de orientações nos aeroportos internacionais, zonas de fronteiras, Embaixadas ou Consulados do Brasil; prestar orientações sobre o país de destino (formas de obter documentação, aspectos jurídicos, deveres e direitos, cultura e costumes; mercado de trabalho e questões laborais; investimentos e outros temas de interesse);

Orientação aos retornados: como se reintegrar novamente na sociedade brasileira, como se preparar para o mercado de trabalho (inclusive para os que estão sem recursos para sobreviver); orientação para investimentos produtivos que gerem renda;

Assistência médica para dependentes químicos: assistência psicológica e financeira, com profissionais de saúde habilitados e entidades filantrópicas que trabalhem nas áreas de reabilitação em seus centros de terapia ocupacional.

Reabsorção ao mercado de trabalho brasileiro: encaminhamento dos que retornam ao mercado de trabalho; acompanhamento com pelos órgãos e entidades governamentais competentes.

3. América do Norte

3.1 EUA

3.1.1 Boston – consultas individuaisConsultadas sobre o assunto pelo Consulado-Geral em Boston, várias lideranças brasileiras locais apontaram, como maior problema do retornado, a dificuldade de reinserção no mercado de trabalho brasileiro. A maioria dos brasileiros que decide retornar da região de Boston para o Brasil o faz após um período de cerca de 15 ou 20 anos nos EUA e encontra-se na faixa dos 45-50 anos de idade. Possuem, ademais, pouca escolaridade. Trata-se, assim, de um contingente com pouca qualificação formal e em idade já relativamente avançada para ingressar no mercado de trabalho. Com a falta de qualificação profissional, é comum que os brasileiros retornados optem por iniciar pequenos negócios em suas localidades de origem ou onde decidam fixar-se; com frequência, contudo, acabam por perder suas economias e contrair dívidas em função da falta de capacidade de se estabelecerem como pequenos empresários. Não é incomum que muitos desses retornados imigrem novamente para os EUA para pagar dívidas contraídas no Brasil na tentativa de se estabelecer autonomamente. Seriam duas as principais dificuldades dos retornados que tentam estabelecer-se como pequenos empresários: falta de conhecimento para identificar um pequeno negócio que tenha perspectivas de prosperar naquela localidade específica, e capacidade de administrar o pequeno-negócio uma vez este iniciado. Seguem abaixo as sugestões feitas:

Promoção de políticas de capacitação e qualificação: tendo como objetivo permitir que os brasileiros retornados possam inserir-se novamente no mercado de trabalho no Brasil. Essa capacitação pode dar-se nos moldes dos cursos técnicos-profissionalizantes oferecidos pelo SEBRAE, que deveriam, idealmente, ser promovidos gratuitamente pelo Governo Federal ou pelos Governos Estaduais e Municipais. Sugeriu-se, ainda, que esses cursos poderiam ser oferecidos nos EUA, de modo a preparar o imigrante antes de seu retorno ao país.

Oportunidades de investimento: desenvolvimento de políticas específicas para orientar os retornados na identificação de oportunidades reais de investimento na cidade onde venham a fixar-se, bem como para auxiliá-los nos trâmites legais e rotinas administrativas envolvidas. Por se tratar de pequenos-negócios, seria conveniente que tais políticas, caso venham a ser desenvolvidas, o sejam em estreita coordenação com os municípios, sob pena de não surtirem o efeito desejado.

Saúde: Muitos brasileiros retornados, acostumados à vida nos EUA, desenvolvem quadro agudo de depressão em função das dificuldades de se readaptar ao Brasil. Agrega-se a isso o choque cultural que sofrem como resultado do contato com a

realidade brasileira após tantos anos no exterior. É comum que os retornados não consigam se reinserir, tanto socialmente quanto em âmbito familiar. Políticas de apoio e tratamento de males psíquicos que levem em consideração a especificidade de cada caso seriam aportes positivos para os retornados.

3.1.2 São Francisco O Consulado-Geral do Brasil realizou consultas abertas com o objetivo de obter sugestões de políticas públicas que possam auxiliar brasileiros em seu retorno ao País, tendo recebido as seguintes propostas: Apoio ao investimento no retorno ao Brasil: campanhas de informação e formação do empreendedor no exterior, a exemplo do projeto "Andorinhas – Migrante empreendedor", desenvolvido pelo Governo de Goiás – o projeto tem início ainda no exterior, oferecendo a possibilidade de que o brasileiro possa participar de cursos à distância por meio de ferramenta do SEBRAE; realização de cursos e palestras com informações em linguagem simples sobre o que é lícito fazer, onde buscar apoio, eventuais armadilhas no retorno (exemplo: golpes contra o patrimônio conquistado no exterior), noções de negócios e finanças, documentação necessária, além de informações sobre psicologia e adaptação à nova realidade. As informações transmitidas por cartilhas e pela internet não conseguem atingir certo contingente da comunidade e, por isso, poderiam ser divulgadas verbalmente em programas específicos, em locais de grande concentração de brasileiros e em locais onde há êxodo de imigrantes. Esta política pode ser implementada em parcerias com entidades variadas, como o citado SEBAE, e entidades das comunidades emigradas.

Esse projeto se justifica pelo interesse em que o brasileiro retornando não tenha de “começar de novo”. O sucesso de quem retorna é também um sucesso da sua comunidade local, colabora com o crescimento econômico de sua cidade e diminui a dependência do Estado. Diminui também um possível retorno ao exterior. Ao voltar para casa, o brasileiro deve encontrar um ambiente acolhedor e que lhe dê segurança para investir e construir sua nova vida.

Enfrentamento ao tráfico de pessoas e à violência doméstica: criação e/ou divulgação de cartilha, em idioma português, com orientações às vítimas sobre seus direitos e sobre os locais onde possam buscar ajuda; capacitação de funcionários do atendimento consular para encaminhamento das vítimas do tráfico de pessoas que procurem assistência; substituição do termo "violência contra a mulher" por "violência contra pessoas", para que estejam incluídos os homens, gays e travestis, considerando que qualquer ser humano pode ser vítima de violência doméstica; gestões junto aos governos estrangeiros para que haja padrões de tratamento estabelecidos para vítimas do tráfico de pessoas, que muitas vezes são confundidas como partícipes dos crimes de seus algozes; campanha para que os brasileiros residentes no exterior busquem ajuda junto às repartições consulares e missões diplomáticas; estabelecimento de um canal integrado de comunicação entre as repartições públicas brasileiras no exterior e as instituições no Brasil que tratam do assunto (Delegacia da Mulher e Departamento de Polícia Federal); ampliação da rede de "Postos de Atendimento Humanizado aos Imigrantes" para todos os aeroportos que recebam voos internacionais; campanhas de divulgação aos brasileiros no exterior de serviços de apoio oferecidos em seu retorno ao Brasil.

Políticas de gênero: foi sugerido que o termo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) passe a constar do glossário da 1ª Conferência Nacional de Migrações e Refúgio, bem como do compêndio intitulado "Direito Internacional da Migração", publicado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Educação: desenvolvimento de programa para acolhimento e adaptação educacional de crianças e jovens retornados do exterior e dos imigrantes recém-chegados no sistema educacional do Brasil, se possível com currículo integrado, em regiões de maior concentração destes brasileiros. Esta iniciativa proporcionaria uma transição menos traumática, elevando a autoestima das pessoas e preparando o seu futuro escolar. O programa poderia ser implementado em parcerias com entidades da sociedade civil. Essa proposta se justificaria em razão de, nas migrações globais, os menores e o papel por eles desempenhado nesta movimentação das populações serem frequentemente deixados em segundo plano, conforme já detectado por vários pesquisadores. Essa parcela da população precisa receber serviços dedicados em sua retorno/chegada para que este/esta seja bem sucedido e que sua adaptação seja menos complicada. O menor brasileiro retornado que teve sua educação em outra língua e/ou a criança estrangeira que chega ao Brasil, encontra muitas dificuldades, especialmente se não fala o idioma português, seu idioma materno ou de herança, no caso das crianças brasileiras. Apesar de haver cada vez mais interesse na educação de língua de herança no exterior, o número de crianças e adolescentes que retorna sem português fluente, compatível com seu nível escolar, ainda é muito grande e essa dificuldade será uma desvantagem no momento de ser avaliado na nova escola. Ademais, os professores deste programa poderiam ter treinamento específico para essa função (psicologia, serviço social e interculturalidade) e, se possível, serem bilíngues.

3.1.3 Los Angeles – plenária em 28.03Foi realizada, nas dependências do Consulado-Geral do Brasil, em 28 de março, plenária pública aberta sobre as políticas de reintegração dos imigrantes brasileiros retornados ao Brasil. No intuito de contextualizar o debate, foi entregue aos presentes material com informações sobre a COMIGRAR, o Portal do Retorno, as Semanas do Trabalhador e o Projeto Andorinhas, assim como uma cópia do Guia do Retorno. Os convidados surpreenderam-se positivamente com a variedade de recursos listados no Guia do Retorno e sugeriram que sua divulgação seja mais ampla. Menções ao Portal do Retorno foram acrescentadas à página do Posto e a sua divulgação passará a fazer parte dos consulados itinerantes. Em atendimento a sugestão de um dos líderes da comunidade, funcionário do Consulado será especialmente instruído sobre os programas de reinserção de brasileiros e será indicado como ponto focal aos interessados. Não ocorreram aos presentes idéias de políticas novas a serem acrescentadas às atualmente existentes.

Sobre as experiências dos membros da comunidade brasileira na Califórnia que tenham retornado ao Brasil, os comentários, de natureza anedótica, deram a entender que são frequentes os casos de brasileiros retornados que desistem de seus projetos no Brasil devido a dificuldades para iniciar empreendimentos. Há, por exemplo, menções a brasileiros que exaurem as economias feitas nos Estados Unidos sem conseguir se firmar com empreendedores no Brasil.

3.1.4 Atlanta – reunião do Conselho de CidadãosFoi realizada em 11 de março, a II reunião de 2014 do Conselho de Cidadãos de Atlanta, tendo sido explicado ao Conselho a realização da COMIGRAR. Foram recebidas do novo Presidente do Conselho de Cidadãos, pastor Saulo dos Santos, as seguintes propostas:

Investimentos: Criar um sistema de informação (dados sócio-econômicos e outros) para pequenos e médios investidores. Seria uma espécie de cartilha que pudesse trazer informações básicas de dados sobre o Brasil e também dos estados, com indicadores que pudessem respaldar a tomada de decisões para investimentos em pequenos e médios negócios. Poderiam ser disponibilizados os mesmos dados e informações em um website;

Empreendedorismo e cursos profissionalizantes: Órgãos como o SEBRAE/ SESI/ SENAC/ SENAI poderiam oferecer algum tipo de treinamento específico para pessoas que estão retornando ao Brasil;

Redes profissionais: Criar um fórum virtual para integrar e catalisar as diferentes experiências, potencialidades e dificuldades que essas pessoas trazem ao regressar ao Brasil.

3.1.5 Washington – plenária em 31.03O Consulado-Geral em Washington realizou, em 31 de março, reunião plenária pública com a comunidade brasileira, para consulta sobre o retorno ao Brasil. Seguem as sugestões e comentários recebidos na ocasião e enviados ao longo da semana.

Campanha informativa: A questão mais abordada foi indiscutivelmente a necessidade de divulgação mais eficiente de serviços e iniciativas. Ainda são relativamente poucos os brasileiros que sequer têm conhecimento do Portal do Retorno, a despeito da divulgação dada pelos Consulados por meio de páginas eletrônicas e mídias sociais. Na opinião dos presentes, essa veiculação só teria o alcance desejado se fossem acionadas as principais emissoras de televisão no Brasil, as quais poderiam, em coordenação com os órgãos do governo responsáveis pela elaboração da Política e do Plano de Migrações e Refúgio, produzir anúncios sobre o tema a serem levados ao ar em horários julgados adequados para melhor atingir os segmentos relevantes da sociedade brasileira, tanto no Brasil como no exterior.

Reinserção no mercado de trabalho: Outra iniciativa proposta diz respeito à questão do trabalho. Embora o Portal do Retorno conte com seção dedicada à volta ao mercado de trabalho brasileiro, observou-se que a criação e gerenciamento de bancos de dados em forma de classificados de emprego poderia permitir consulta mais rápida e eficiente das opções de trabalho disponíveis àqueles brasileiros que cogitam retornar.

Readaptação de menores: Adicionalmente, no aspecto da assistência psicológica e saúde, observou-se a importância de programa especificamente voltado aos filhos dos brasileiros retornados, a fim de facilitar a readaptação destes ao Brasil.

3.2 Canadá

3.2.1 Toronto – consultas diversas

Após ouvir o Conselho de Cidadania, dois grupos de encontro de brasileiros e os funcionários consulares, o Consulado-Geral do Brasil em Toronto compilou as seguintes sugestões de serviços e programas para imigrantes brasileiros retornados que poderiam ser adotadas pelo Brasil a partir da experiência canadense na matéria.

Abertura de contas bancárias e linhas de crédito: Reestabelecer histórico de crédito de brasileiros retornando ao Brasil e facilitar abertura de contas nas instituições financeiras de escolha do brasileiro. Isso poderia ser feito por meio da facilitação de crédito e oferecimento de linhas de crédito a brasileiros que retornam do exterior, tanto para adquirir imóvel residencial, quanto para abrir negócio próprio, por exemplo. Outra forma é expandir vantagens fiscais e creditícias para empreendedores que vivem no exterior;

Reinserção no mercado de trabalho: Criar um setor no Sistema Nacional de Emprego (SINE) específico para o atendimento e recolocação no mercado de trabalho de brasileiros que retornam do exterior;

Previdência Social: Implementar acordos previdenciários com maior número de países, para que o tempo de contribuição feito no exterior seja aceito pelo INSS;

Portal do Retorno: Ampliar a divulgação do portal de retorno de brasileiros do Itamaraty, promovendo campanhas nas redes sociais, sessões de informação presencial e Guias de Retorno com informações atualizadas;

Reconhecimento de diplomas: Facilitar a aceitação de qualificação profissional obtida pelos brasileiros no exterior a fim de melhorar a reinserção no mercado de trabalho como trabalhador qualificado. Uma sugestão é tornar a validação de diplomas obtidos no exterior possível, com resposta da avaliação em no máximo 90 dias;

Educação infantil: Promover a aceitação de matrícula em escolas ou creches em qualquer período do ano;

Educação/ ENEM: Possibilitar que brasileiros e filhos de brasileiros possam prestar o ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio com o fim de estudarem em universidades brasileiras;

Educação: ensino do português: Criar programa de suporte para que os filhos de brasileiros retornados possam aprender português para reintegrarem mais facilmente no sistema de ensino brasileiro;

Questões aduaneiras: Facilitar a liberação da mudança de retorno nos portos.

3.2.2 Vancouver – reunião do Conselho de CidadaniaRealizou-se em 26 de março reunião do Conselho de Cidadania do Oeste do Canadá, durante a qual foram explicados os objetivos da 1a Conferência Nacional de Imigração e Refúgio (COMIGRAR). Os membros do Conselho de Cidadania coletaram sugestões de políticas públicas entre os brasileiros residentes no Oeste do Canadá, as quais destaco a seguir:

Reintegração no mercado de trabalho: criação de portal de empregos organizado pelo governo brasileiro para acesso dos interessados, tanto empresários devidamente credenciados, quanto candidatos às vagas existentes ou à procura de oportunidades; incentivo a empresas que contratarem brasileiros retornando do exterior;

Concursos: Possibilidade de brasileiros no exterior prestarem exame em concursos públicos;

Questões tributárias: redução da taxa de imposto de renda aos brasileiros que retornarem ao mercado de trabalho no Brasil;

Documentação: Suporte logístico para o retorno, incluindo informações e orientações referentes à renovação de documentos (em alguns casos os documentos brasileiros são muito antigos e não são aceitos, por exemplo, no POUPATEMPO -carteira de habilitação, RG,);

Empréstimos e linhas de crédito: possibilidade de empréstimo a juros reduzidos;

Diplomas: Reconhecimento de cursos e certificações, incluindo formação acadêmica, obtidos no exterior;

Educação: português: curso da língua portuguesa para filhos de brasileiros que emigraram ainda pequenos ou nasceram no exterior;

Educação: segundo idioma: Aulas de línguas estrangeira, no Brasil, ministradas por brasileiros que conhecem diferentes idiomas;

Empreendedorismo: incentivo aos brasileiros residentes no exterior que retornam ao Brasil para abrir negócio próprio, aproveitando a experiência que tiveram em outros países.

4. Ásia, Oriente Médio, Oceania

4.1 Japão

4.1.1 Hamamatsu – plenária em 31.03O Consulado-Geral do Brasil em Hamamatsu organizou plenária pública em 31 de março, cujos resultados foram consolidados a seguir (documento integral em anexo).

a)   Causas do retorno. Foram apresentadas as seguintes causas de retorno:- impossibilidades de permanecer no país devido a problemas de saúde dos mais idosos e compromissos com familiares idosos no Brasil;- impossibilidade de registro no sistema nacional de seguridade social em virtude do seu encarecimento;- idade avançada para o mercado de trabalho;- baixa remuneração da aposentadoria diante do aumento do custo de vida no país;- substituição da mão de obra brasileira por trabalhadores asiáticos, de salários mais baixos;- relação vulnerável entre empregador e empregado;- agravamento da situação econômico-financeira familiar;

- problemas psicológicos e desmotivação sócio-profissional;- falta de planejamento;- busca de perspectivas em prol da educação dos filhos no Brasil;- maior atratividade do mercado de trabalho brasileiro;- busca da qualificação profissional no Brasil; e- dificuldades dos jovens em geral para inserção no mercado de trabalho japonês mesmo após vencidas as barreiras de entrada na universidade e de conclusão do ensino superior no Japão.

b) Instrumentos disponíveis para preparação do retornoOs participantes externaram satisfação pela existência de alguns bons

instrumentos para preparação do retorno do brasileiro e para o melhor planejamento de vida no Japão e no Brasil, no tocante à qualificação, formação profissional, educação e empreendedorismo. Ressaltaram, entretanto, a importância de seu fortalecimento, ampliação e maior divulgação. Destacaram, nesse sentido:- a eficaz  iniciativa do Itamaraty de criação do Guia do  Retorno, de setembro de 2010, e do Portal do Retorno, de abril de 2013;- a eficaz iniciativa do Ministério do trabalho e Emprego de criação do NIATRE (Núcleo de Informação e Apoio a Brasileiros Retornados do Exterior) ;- a atuação do CIATE (Centro de Informações e Apoio ao Trabalhador no Exterior), apoiada pelo Governo japonês;- as informações sobre o mercado de trabalho brasileiro fornecidas, em nível nacional, pelo Espaço do Trabalhador Brasileiro (ETB) do Consulado-Geral do Brasil de Hamamatsu;- a abrangência dos dados e informações constantes do sítio eletrônico do ETB;- a criação de novos cursos de qualificação profissional em instituições japonesas e brasileiras no Japão;- o lançamento de cursos de Educação Superior à distância (EAD) no exterior por universidades brasileiras;- o recrutamento Internacional realizado por empresas japonesas que atuam no Brasil;- o lançamento de palestras educacionais e motivacionais em Hamamatsu;- a diversificação de eventos sociais da comunidade; e- a continuidade da atuação do ETB, considerado como essencial para a divulgação do instrumental disponível junto à comunidade no Japão.

(c)  desafios do retornadoForam identificados os seguintes desafios:- preocupação com a reintegração sócio-econômica no Brasil;- expectativa salarial;- desatualização em relação ao mercado de trabalho;- preocupação com o regresso dos jovens sem experiência prévia laboral brasileira;- capacitação profissional;- dificuldades de comprovação laboral adquirida no Japão;- dificuldade de  validação de cursos de capacitação realizados no Japão; e- ausência da seguridade social (direito a aposentadoria) por falta de contribuição d) Sugestões de políticas e atividades voltadas para as fases de preparação do retorno e de reinserção produtiva e social no Brasil

No que se refere às sugestões de políticas de Estado voltadas tanto para a fase de preparação do retorno, quanto para a etapa de reinserção social e produtiva no Brasil, foram apresentadas as seguintes propostas:

Cerificação profissional: criação de instrumento legal de comprovação laboral ou de experiência profissional realizada ou adquirida no Exterior, a ser possibilitado por órgão brasileiros no exterior. A referida comprovação poderia ser efetivada, no Japão, pelo Espaço do Trabalhador Brasileiro (ETB), em razão da sua experiência e contatos com as entidades locais trabalhistas e de sua proximidade com o MTE e o MRE. Propõe-se especificamente a validação, pelo Governo brasileiro, via Ministério do Trabalho e Emprego, de documento equiparado ao Registro na Carteira de Trabalho (CTPS), que comprove e historie a experiência funcional adquirida no Japão, com a sugestão de que possa ser efetivada através do ETB, sediado no âmbito do Consulado-Geral do Brasil em Hamamatsu;- reconhecimento pelo SINE (Sistema Nacional de Emprego do MTE) de homologação, a ser efetivada por órgãos brasileiros no exterior (Consulados, Embaixadas, e, no caso do Japão, pelo ETB), dos cursos de qualificação profissional realizados no exterior e da experiência laboral efetivada no exterior;

Educação - ENEN: extensão do ENEN no exterior, a exemplo do que já ocorre com o ENCEJA, com vistas ao ingresso do jovem em universidades brasileiras após o seu retorno;

Concursos públicos: realização no exterior de provas para Concursos Públicos brasileiros, com vistas ao planejamento adequado do retorno;

Reinserção no mercado de trabalho: divulgação em portais no exterior de vídeos educativos específicos sobre oportunidades de emprego no Brasil e necessidades de mão de obra qualificada, à semelhança do que ocorre no momento com os vídeos do SEBRAE destinados ao tema do empreendedorismo, já em divulgação pelos Consulados;

Centro de apoio aos retornados: ampliação da atuação do NIATRE (Núcleo de Informação e Apoio a Brasileiros Retornados do Exterior, no MTE), inclusive de forma conjunta e interativa com o ETB;

Capacitação: promoção de cursos de profissionalizantes no Japão, através de missões específicas de entidades brasileiras como o SENAI e o SENAC;

Empreendedorismo: criação de programas de cooperação do SEBRAE com vista os envio de missões de curta duração às cidades de maior contingente de brasileiros no exterior, destinadas à efetivação de palestras, workshops e seminários informativos sobre temas específicos de maior interesse da comunidade brasileira; ampliação da divulgação dos programas do SEBRAE destinado ao empreendedorismo dos brasileiros que retornam do exterior. 4.1.2 Tóquio – plenária em 27.03Em parceria com o Consulado-Geral em Tóquio, realizou-se ontem, 27 de março, na Embaixada, plenária pública preparatória à I Conferência Nacional de Migrações e Refúgio (COMIGRAR). Dezesseis lideranças da comunidade brasileira no Japão

fizeram-se presentes ao encontro, que contou com cobertura de veículos da mídia comunitária, como a Revista Alternativa e a IPC-TV, associada da Rede Globo neste país. As propostas apresentadas durante a plenária foram sistematizadas pelo Posto e, a pedido dos presentes, enviadas à lista de discussão criada pelos próprios participantes. Seguem os principais pontos do documento final (disponível na íntegra em anexo). Serviços municipais: criação de legislação federal que incentive e apóie financeiramente a implantação de serviços a serem ofertados pelas prefeituras de cidades com grande presença de brasileiros retornados do exterior (como Belém, São Paulo, Curitiba e Londrina, por exemplo), com guichês especiais de atendimento sobre temas como: trabalho, empreendedorismo, capacitação profissional, educação, moradia, saúde e assistência social e psicológica. Esta proposta poderá contar para a sua execução das equipes multiprofissionais já existentes na saúde, educação e assistência social, incluindo as redes de apoio socioeconômicas presentes nas regiões de maior demanda;

Apoio psicológico: oferecimento, por parte dos governos estaduais e municipais, de apoio psicológico aos emigrantes retornados na chegada ao Brasil (os serviços já existentes junto à saúde, educação e assistência social poderão absorver esta demanda e receber orientação e apoio técnico de equipes/núcleos regionais que conhecem as especificidades desta demanda e suas necessidades);

Empreendedorismo: criação de programas específicos do SEBRAE sobre empreendedorismo para emigrantes retornados;

Capacitação profissional: criação de programas de capacitação profissional por parte do SENAI, SENAC, EMATER e instituições similares;

Questões imobiliárias: orientações e apoio à obtenção de moradia, inclusive sobre legislação e as possibilidades existentes para conseguir fiadores ou seguro-fiança; acesso a orientações específicas sobre acesso ao Programa Minha Casa, Minha Vida;

Documentação: acesso a orientações específicas sobre documentação;

Questões bancárias: estabelecimento de serviço de orientação e apoio aos retornados, pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, em particular com orientações sobre a compra de imóveis, investimentos e aplicações financeiras;

Criação, na rede consular, de núcleos de orientação aos retornados: criação no Japão, (por exemplo) dentro dos Consulados-Gerais, de órgão semelhante ao NIATRE existente em São Paulo, com informações sobre a realidade dos serviços públicos do Brasil, assuntos de trabalho e afins;

Criação, no Brasil, de núcleos de orientação aos retornados: estimular outros estados no Brasil a seguirem o exemplo de São Paulo com a criação do NIATRE, devendo haver uma inter-relação entre todos estes núcleos, no Brasil e junto aos Consulados;

Material informativo sobre retorno: disponibilização de “cartilhas” nos Consulados-Gerais sobre retorno, com informações sobre trabalho, saúde, educação, adaptação ao Brasil e como conseguir linhas de crédito; inclusão de palestras sobre preparação para o retorno nos consulados itinerantes;

Inserção no mercado de trabalho: disponibilização aos brasileiros residentes no exterior de banco de dados do Ministério do Trabalho e Emprego com oportunidades de trabalho no Brasil em empresas que busquem especificamente funcionários com experiência no estrangeiro.

4.1.3 Nagóia – plenária em 25.03Realizou-se em 25 de março, na sede do Consulado-Geral do Brasil em Nagóia, plenária pública aberta visando coletar subsídios para a realização da 1ª COMIGRAR. O evento, que teve a participação de diversas figuras proeminentes da comunidade brasileira da região, contou com cobertura da mídia local, como a Revista Alternativa e a IPC TV, afiliada da Rede Globo. Com vistas a facilitar a objetividade e coerência do debate, o Posto elaborou roteiro de perguntas sobre a temática, que abordavam os seguintes aspectos: (a) causas do retorno e tendências atuais do fenômeno; (b) instrumentos disponíveis para preparação do retorno e qualidade da informação correlata; (c) desafios do retornado; (d) sugestão de políticas de Estado voltadas, tanto para a fase de preparação do retorno, quanto para a etapa de reinserção no Brasil.

A ativa participação dos presentes, entre os quais diretores de escolas profissionalizantes, integrantes de NPOs e membros da mídia, evidenciou que existe clara consciência do problema, com base na experiência dos nacionais desta jurisdição nos últimos anos, e demonstrou a forte solidariedade que permeia esta comunidade. Foi facultado aos presentes que enviem reflexões adicionais diretamente aos membros do grupo de redação que se encarregou da organização do documento final, cujos principais pontos são descritos a seguir (íntegra do texto em anexo). Educação: português para menores: Estabelecer programas de readaptação educacional dessas crianças – voltados ao ensino da língua portuguesa e à inserção na cultura brasileira - visando facilitar seu retorno ao Brasil. Seria útil que projetos nesse sentido pudessem ser iniciados antes do eventual retorno ao Brasil.   

Financiamentos: Realizar gestão junto à diretoria das instituições financeiras nacionais com participação governamental (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal) para possibilitar o acesso do migrante a linhas de financiamento, em condições semelhantes àquelas oferecidas aos interessados com residência no Brasil. Por não residirem no Brasil, os migrantes não possuem acesso a linhas de crédito por parte dessas instituições. Esse fator por si dificulta que o trabalhador tenha condições de autofinanciar cursos que lhe permitam uma melhor inserção profissional ao retornar ao Brasil. Da mesma forma, é-lhes vedada a participação em programas nacionais de financiamento habitacional, o que prejudica o investimento em moradia no Brasil durante a estada no exterior, dificultando a preparação do retorno.

Inserção no mercado de trabalho: Instituir no Brasil (e no exterior) programas de qualificação profissional planejada e específica destinados, respectivamente, a brasileiros retornados e àqueles que planejam retornar, o que aumentaria as chances de recolocação no mercado de trabalho brasileiro, carente de mão-de-obra qualificada. No exterior, estes projetos poderiam resultar de parcerias entre instituições profissionalizantes do Sistema S (SENAI/SENAC/SESI/SEBRAE) e órgãos de ensino locais, como universidades e escolas técnicas.

Educação superior: Realizar gestão junto ao Ministério da Educação (MEC) visando promover a aplicação do ENEM também no exterior, facilitando o acesso universitário no Brasil.

Terceira Idade: Desenhar soluções específicas, destinadas a prover de assistência previdenciária e cobertura médica os retornados mais idosos que se encontrem em situação precária; uma alternativa, para os casos de idade menos avançada, seria possibilitar contribuição retroativa para aposentadorias, o que facilitaria a programação do retorno e possibilitaria aposentadoria mínima. Ressalte-se que importante faixa da comunidade brasileira no exterior começa a envelhecer; o fato de terem deixado de recolher o INSS no período em que estiveram no Japão (o acordo previdenciário só foi assinado em 2010), bem como a carência de seguro-saúde no Brasil, por ocasião do retorno, os deixa em situação delicada, do ponto de vista financeiro, precisamente quando estariam mais propensos a despesas médicas.

Reconhecimento de diplomas: Intermediar, junto ao Ministério da Educação e autoridades da educação no exterior, uma solução de reconhecimento mútuo que permita a conversão/aprovação automática desses diplomas quando emitidos por instituições de reconhecida excelência, classificadas de acordo com um ranking internacional ou mutuamente acordado. O processo de reconhecimento do diploma de cursos superiores realizados no exterior é moroso, o que leva, em certas ocasiões, à perda de oportunidades profissionais.

Informações sobre providências preparatórias para o retorno e alternativas de inclusão pós-retorno: Os Postos da Rede Consular devem trabalhar junto às agências de viagem (frequentemente, a primeira providência daqueles que desejam retornar é a reserva de bilhetes aéreos) e aos Centros de Atendimento ao Estrangeiro, com o objetivo a capilarizar as informações disponíveis, visando preparar o retornado para a reinserção na sociedade brasileira. A comunidade emigrada carece, em grande medida, de informações claras sobre providências preparatórias para o retorno ao Brasil e sobre alternativas para facilitar a inclusão pós-retorno, a despeito de esforços de difusão de informação junto à comunidade; há, também, desconhecimento sobre a atualidade brasileira, o que provoca choque cultural reverso.

4.2 Nova Zelândia (Wellington) – consultas diretasTendo presentes as peculiaridades da comunidade brasileira local, a Embaixada do Brasil em Wellington realizou a consulta via e-mail.

Documentação, mercado de trabalho, adaptação: As principais queixas dos brasileiros que se manifestaram estão relacionadas à burocracia excessiva no processo retorno, às dificuldades de recolocação profissional (especialmente no caso de pessoas com alta qualificação) e a problemas com adaptação de familiares, especialmente dos que não têm domínio do português. A necessidade de apoio aos familiares estrangeiros que acompanham o imigrante retornado também foi levantada. Foi sugerida a simplificação do processo, que costuma levar meses, de obtenção e renovação da Cédula de Identidade de Estrangeiro, necessária para a abertura de conta bancária, compra e venda de bens e emissão de procurações públicas, dentre outros.

Aproveitamento da mais-valia dos retornados: Foi mencionada a carência de iniciativas para valorização, no Brasil, da experiência e do conhecimento adquiridos pelo imigrante no período em que passou no exterior. Foi sugerida a criação de canais para a troca de experiências com outros imigrantes recentemente retornados, bem como canais que facilitem a reinserção profissional do retornado no mercado de trabalho nacional.

Agronegócios: incluir no Guia do Retorno o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR - www.senar.org.br), o órgão que oferece programas de capacitação, em sua maioria sem custos, que poderiam ser úteis ao retornado interessado em trabalhar ou investir no campo.

Contas bancárias: os recém-retornados podem experimentar, por exemplo, dificuldades em abrir conta bancária logo que chegam ao país, pela impossibilidade de apresentar comprovante de residência.

Questões tributárias: isenção temporária de impostos para pequenos negócios abertos por imigrantes retornados e o perdão de multas relacionadas ao descumprimento de obrigações pela ausência do país (ex. multas pela ausência em eleições).

Anexo 1: Texto elaborado pelo Conselho de Cidadãos de Colônia, Alemanha

"A MIGRAÇÃO DE BRASILEIROS NA ALEMANHA - FATOS RELEVANTESAs correntes migratórias do Brasil para Alemanha tem sido muitos diversificadas mas as experiências que brasileiros e brasileiras tiveram no país foram similares, por exemplo, no que diz respeito à língua, à diferença cultural e ao clima. Cerca de 80% dos brasileiros que viveram na Alemanha na década de 1970 deixaram o Brasil por motivos politicos. Eles viveram alguns anos na Alemanha e retornaram ao Brasil logo após o final da ditadura militar no começo dos anos 80. Pouco tempo depois, ainda no início dos anos 80, começou uma nova fase da migração brasileira para a Alemanha. Os brasileiros foram à procura do bem-estar econômico e social. A tecnologia tornou possível melhor comunicação entre os dois países e muitos alemães casaram-se com brasileiros, formando, assim, familias, criando vínculos fortes. Mesmo enfrentandodificuldades com a língua, as diferenças culturais e o clima inerentes ao país estrangeiro, este grupo de migrantes vindos do Brasil, principalmente do sexo feminino, continuou radicado na Alemanha e o pensamento de retornar ao país de origem foi esquecido.O que se observa nos últimos anos é que o avanço das tecnologias de comunicação e o crescente fluxo de informações entre o Brasil e a Alemanha tem despertado o interesse de muitos brasileiros de morar na Alemanha. Não é uma corrente propriamente

migratória do Brasil para Alemanha. Acordos bilaterais e convênios universitários entre os dois países tem gerado e despertado esse interesse de estudantes e profissionais brasileiros de buscarem oportunidades de especialização na Alemanha.Com a chegada desse novo grupo de brasileiros, observamos que eles possuem um objetivo em comum: aprender o idioma, vivenciar outra cultura, habilitar-se profissionalmente e retornar ao Brasil.Apesar desse grupo ter um objetivo já direcionado, passou também pelas mesmas experiências com relação à língua, à cultura e ao clima que as outras correntes migratórias. Porém, e isso faz uma diferença expressiva, este grupo tem sido consciente de que o retorno para o Brasil é certo e breve, não criando, assim nenhum vínculo migratório. O escritor João Ubaldo Ribeiro passou dois anos na Alemanha na década de 90 e contou suas experiências do dia a dia vivido em Berlim no livro "Um Brasileiro em Berlin". Essas experiências não diferem muito das vivenciadas pelas diversas camadas migratórias brasileiras na Alemanha. O livro foi publicado em alemao e portugues. E vale a pena ser lido para se ter uma ideia dos sentimentos de muitos brasileiros na Alemanha.A jornalista Adriana Nunes, que já vive na Alemanha há mais de 15 anos, escreveu um livro em alemão intitulado "Somente as pedras preciosas vêm do Brasil - Brasileiros na Alemanha" (2001) contando diferentes experiências de brasileiros e brasileiras na Alemanha. Contudo, ela relata que existem coisas comuns a todas elas, por exemplo: "Quase todas elas passaram por um difícil processo de adaptação. A maioria se confrontou com as dificuldades de aprender o alemão, um idioma nada fácil para brasileiros, com empecilhos burocráticos, com o choque cultural, com a dificuldade de se adaptar ao novo clima. E quase todas elas depararam-se, de uma forma ou de outra, com preconceitos, discriminações sutis ou escancaradas, e, em alguns casos, com uma xenofobia muito violenta." (http://www. cigabrasil.ch/informando/materias/ BrasileirosAlemanha.html).Concluindo, de acordo com o Escritório Federal de Estatística da Alemanha, mais de 80 mil brasileiros vivem na Alemanha. Existe uma grande concentração nos estados da Baviera e de Baden-Württemberg e na região da Renânia do Norte da Westfália existem cerca de 15.000 brasileiros, dos quais 90% são do sexo feminino). Estes números, contudo, não correspondem ao número real de brasileiros que vivem na Alemanha. Estima-se que seja quase o dobro do número estatístico.A maioria da comunidade brasileira na Alemanha é formada de mulheres que fixaram residência nesse país por interesses diversos. Por exemplo: Empresárias, trabalhos do lar, profissionais liberais e diversas outras profissões com diferentes níveis escolares e oportunidades no mercado. É perceptível o crescimento do número de estudantes epesquisadores brasileiros na Alemanha estimulados por programas de intercâmbio de de diversas universidades alemãs e brasileiras. Também significativo é o número de estudantes brasileiros que se beneficiam do programa "Ciência sem Fronteiras", do Governo brasileiro. Para esses brasileiros, como resume um, o período na Alemanha lhes proporciona "uma experiência absolutamente diferente e fundamental para a vida tanto pessoal quanto profissional". Importante ressaltar, por fim, a presença de um número significativo de brasileiros na Alemanha em atividades artísticas como, por exemplo, dançarinos, grupos de música e de capoeira.Estas considerações devem-se, sobretudo, à minha experiência de 25 anos de vivência na Alemanha e convívio com várias instituições de lideranca de grupos na região ond moro. Exemplo aqui é o Círculo Brasileiro de Colônia que, em seus 35 anos de existência, reuniu, reúne e convive com todos esses seguimentos de brasileiros migrantes na Alemanha: professores, sociólogos, jornalistas, atores, donas de casa,

turistas permanentes, estudantes, músicos, etc. Por fim, vale ressaltar que não se percebe na Alemanha, nos últimos anos, um fluxo migratório significativo de brasileiros em retorno ao Brasil, como tem acontecido com as comunidades brasileiras em países como Itália e Espanha, onde a crise econômica e social é perceptível. Possuímos, contudo,alguns poucos exemplos de brasileiros que retornaram ao Brasil nos últimos anos sobre os quais é interessante ressaltar algumas dificuldades que encontraram no retorno:- Choque cultural revertido pela adaptação já existente de padrões da Alemanha, principalmente no que diz respeito a pontualidade e comprometimento.- Diferença de parâmetro de pensamento relacionado ao planejamento de atividade e resultados: Na Alemanha planeja-se muito a médio e longo prazo e a realidade brasileira é outra.- Falta de conhecimento de pessoas na área de trabalho, ausência de participação em uma rede de profissionais. - Aceitação de emprego com nível salarial mais baixo que o correspondente à qualificação profissional. Um brasileiro relatou que voltou para o Brasil depois de 17anos na Alemanha porque não se sentia feliz na Alemanha (razões familiares e sociais) e desejava tentar novamente a sorte no Brasil, já com um currículo profissional expressivo."2.Com relação ao parágrafo 6º da circtel sob referência, solicitei aos Conselhos de Cidadãos de Colônia e de Saarbrucken que indicassem candidatos para serem eventualmente convidados a participar da Conferência. Pelo Conselho de Cidadãos de Colônia, a representante deverá ser sua Coordenadora, a Sra Adieme maria Soares Mathias. O Coordenador do Conselho de Cidadãos de Saarbrucken deverá indicar candidato no decorrer da próxima semana. Continuarei informando.Marcelo Jardim, Cônsul-Geral

Anexo 2: Contribuições do Conselho de Cidadania de Genebra"PROPOSTAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA FACILITAÇÃO DE RETORNODE BRASILEIROS

1-INSS / Garantir o direito à aposentadoria - A maioria dos brasileiros residentes no exterior não paga o INSS. Os trabalhadores ilegais são os que mais sofrem com essa situação, pois não podem contribuir para os sistemas de aposentadoria dos países onde trabalham. Propõe-se que os brasileiros e brasileiras possam inscrever- se no INSS a partir do exterior (nos consulados, por exemplo) e que o pagamento da contribuição ao INSS possa ser realizado também a partir do exterior. Essa medidas possibilitarão que o brasileiro ao retornar ao Brasil possa contar com o amparo do sistema previdênciário brasileiro, evitando que fique em situação de vulnerabilidade no momento de sua aposentadoria.

2-Financiamento para a compra da casa própria - A Caixa Econômica Federal já possui um programa de financiamento para a compra da casa própria pelos brasileiros e brasileiras residentes no exterior. No entanto, esse programa precisa de aprimoramento para que ser difundido no exterior e para que sejam estabelecidos mecanismos claros sobre os abertura de conta e realização de depósitos a partir do exterior. Uma possível solução para os depósitos seria que a Caixa Econômica fizesse convênios com empresas financeiras que já trabalham com os emigrantes brasileiros no envio de recursos ao Brasil. A aquisição da casa própria é um incentivo ao retorno e uma garantia de que o retornado não regresse ao Brasil em situação de vulnerabilidade.

3-Criação pelo Ministério do Trabalho de um programa que facilite a contratação dos brasileiros residentes no exterior por empresas que operam no Brasil. A economia brasileira necessita cada vez mais de mão de obra qualificada. Muitos brasileiros residentes no exterior têm a formação e as qualificações necessárias para ocupar essas vagas. Seriam desejáveis políticas públicas que incentivassem a contratação de brasileiros qualificados que residem atualmente no exterior.

4-Apoio às Escolas de Língua e Cultura brasileira no exterior - Nos anos 90, com o aumento significativo do número de brasileiros e brasileiras no exterior, surgiram escolas de língua e cultura brasileira nos principais países onde se estabeleceram. O objetivo dessas escolas é possibilitar que as crianças brasileiras no exterior mantenham a sua língua de origem e mantenham os laços com a cultura brasileira. Essas escolas foram criadas e são mantidas em funcionamento com o trabalho voluntário e com o financiamento parcial de instituições dos países e doações de empresas em que os brasileiros residem. Naturalmente, há enormes custos para garantir cursos de qualidade, com professores qualificados. Nesse sentido, propomos ao Governo brasileiro um engajamento efetivo para que as escolas de língua e cultura brasileira possam continuar a existir. Entende-se que o domínio da língua e a proximidade com a cultura são elementos fudamentais para uma inserção em condições favoráveis de retornados ao Brasil.

5-Cursos e exames supletivos (1° e 2° grau) no exterior - Muitos jovens brasileiros partem para o exterior sem ter concluído o 1° ou o 2° grau. Ao retornar ao Brasil, esses jovens terão sérias dificuldades para ingressar no mercado de trabalho, por falta de estudo e qualificações profissionais. Face a essa realidade, propõe-se às autoridades governamentais que seja garantida a existência de exames supletivos de 1° e 2° grau no exterior.

6-Apoio à criação de Pontos de Cultura internacionais - Os Pontos de Cultura internacionais são projetos financiados e apoiados pelo Ministério da Cultura. Eles têm como objetivo estimular as iniciativas já existentes na sociedade civil. Na Semana dos Trabalhadores Brasileiros em Genebra, foi proposto que o Governo brasileiro amplie a rede de Pontos de Cultura internacionais. Através de suas ações sócio-culturais, os Pontos de Cultura internacionais podem contribuir para a organização das comunidades brasileiras no exterior e para o fortalecimento dos laços culturais dos filhos dos emigrantes brasileiros com o país de origem. Os Pontos de Cultura internacionais contribuem para uma maior difusão da cultura brasileira no exterior e também para a valorização da imagem do Brasil no exterior."

Anexo 3: Contribuições do Conselho de Cidadãos do Suriname

"Considerando que fazemos parte da equipe responsável pelo processo de mobilização das etapas e momentos preparatórios da COMIGRAR, e nossa tarefa é identificar, articular, sensibilizar e capacitar os atores estratégicos que tornarão esse processo mais democrático e participativo, e vejo que nosso conhecimento e vivência no tema nos garantirão boas contribuições. De antemão parabenizamos a equipe que promove a Primeira COMIGRAR, sabendo que a soma de esforços em pensarmos juntos demonstra uma democracia livre de pensadores para o futuro bem estar da nossa Nação Brasil, pra quem é de lá, pra quem está lá, pra quem sai de lá e pra quem chega lá.

Iniciativa de tal tipo inovadora na abordagem de questões sobre Migrações e Refúgio não é pauta de todos os dias, por isso é de forma satisfatória que nos damos a somar.

JUSTIFICATIVA E PROPOSTASTratando-se da realidade da diáspora Brasileira em Suriname (País ao Norte da América Latina) que é uma realidade muito diferente de outras realidades, onde temos 22-25 mil brasileiros trabalhadores no garimpo de ouro que residem em casas alugadas, quartos de hotéis ou barracos de plástico no garimpo, onde aqui na maioria do que se ganha aqui se gasta, em casos de poucos investimentos no Brasil. É considerável tratar em especial da elaboração de aportes para a construção solida de um plano Nacional pra aqueles que diariamente aqui descem de aviões e outros transportes e também aqueles que já estão aqui há um bom tempo e que às vezes sentem a necessidade de retornar. Em uma visão geral apontamos nessa soma coletiva de nossa realidade vivenciada com os seguintes temas:

I -Como tratar com os que estão no Brasil.a) Satisfazer em tudo uma população de 195 milhões de habitantes em uma geografia continental em que se tenha solução pra tudo em saúde, educação e segurança são impossíveis. São consideráveis os avanços que já se tem feito no que aponta para o rumo certo, porém, o nosso povo é analfabeto de um segundo idioma ou terceiro idioma (mesmo falando 214 línguas) no que se é muito cobrado nas escolas e nisto temos que ter mais INTENSIDADE.

b) É notório e é de se saltar os olhos quando se anda pelo interior dos Estados do Norte e Nordeste do Brasil em uma POBREZA GRITANTE de governados e governantes, onde iniciativas simples poderiam mudar essa realidade e pra isso compreendemos que deveriam ser CRIADAS ESCOLAS pra educar e ensinar os novos governantes eleitos pelo povo como de fato ADMINISTRAR com INTEGRIDADE o patrimônio e as pessoas.

c) Ampliar a implantação de escolas técnicas para qualificar melhor nosso povo para o emprego em nosso próprio País.

d) Formar parcerias com empresas e outras instituições como SEBRAE, SESI e outras semelhantes formadoras de empreendedores e empreendimentos, para que possam estar gerando empregadores e por consequência empregos, atenuando assim o fluxo migratório que se desprendem dessas regiões.

II - Como tratar com os que saem do Brasil.a) Criação de postos de orientações nos aeroportos internacionais, zonas de fronteiras, Embaixadas ou Consulados do Brasil.

b) Orientação do tipo; Como se documentar no País de destino, como funciona a política daquele País, como funciona a Justiça daquele País em seus deveres e direitos, cultura e costumes ali vivenciados, regras de empregabilidades e investimentos, etc.

III - Como tratar com os que retornam ao Brasil.a) Tratar em uma abordagem de instrução do tipo, como se reintegrar novamente na sociedade Brasileira, como se preparar para o mercado de trabalho (estando este sem meios ou recursos para sobreviver) se esse cidadão assim o preferir como investir seu

dinheiro em alguma atividade que possa lhe render algum lucro permanente, protegendo-o para que esse cidadão (ã) não venha desperdiçar seus anos de trabalho no exterior em pouco tempo e logo tenha que voltar criando assim um comportamento inconstante.

b) Se voltar viciado em químicas (drogas), ser orientado e assistido moral e financeiramente por órgãos do governo, profissionais de saúde habilitados e entidades filantrópicas que trabalhem nas áreas de reabilitação em seus centros de terapia ocupacional.

IV - Como tratar com os que pedem refúgio ou se refugiam no Brasil.Neste ponto o Brasil tem sido bom exemplo até generoso com os que buscam refúgio em nossa Pátria Mãe Gentil, mas deve-se aperfeiçoar cada vez mais evitando que em hipótese alguma se façam parcialismo por ideologia política ou por acepção de qualquer espécie. Continuar respeitando os direitos humanos de forma ampla e equilibrada.

A seguir contribuição, João Santana dos Santos Júnior. CCB-Suriname.Muito se discute essa questão migratória o qual considero assunto de grande interesse pra mim e tantos outros compatriotas. Por esse motivo, venho por meio deste Projeto que estar sendo feito pela Conferência Nacional sobre Migrações e Refúgio (COMIGRAR), demonstrar a minha preocupação com tantos Brasileiros que saem do Brasil para trabalhar e construir algo em seu retorno ao Brasil, mas, em poucos dias ou meses desperdiçam tudo e tem que retornarem ou exterior.

Moro em Suriname e vejo as muitas pessoas e varias historias de sucesso, que geraram bens aqui no Suriname, mas quando retornam ao Brasil com dinheiro em caixa, ficam com duvidas, aflições, medos e sem planos de como e onde investir.

Minha ideia, e fazer um perfil de cada uma dessas pessoas, para podermos encaminhar a um mercado de trabalho. Acompanhamento com vários órgãos e entidades governamental e outros, para ajudar e informar. E também, capacitação psicológica a todos, colher experiências fora do Brasil, seu aprendizado e saber por que o sucesso fora do Brasil não é o mesmo no Brasil em seu retorno.

Minha pergunta é porque o apoio nem sempre é dado a esses Brasileiros que geram bens fora do País, mas que não tem o mesmo sucesso em seu País de Origem (Brasil)".

Anexo 4 - Plenária Pública de Hamamatsu - Subsídios e propostas

Participantes:

Angela Aikawa (intérprete Banco Iwashin, Membro do Grupo Sementes para o Futuro); Angela Kanashiro (Diretora Presidente da NPO Aracê, de apoio ao ensino); Aparecida Mituiassu (Universidade de Hamamatsu); Claudenir Oliveira (Membro do Conselho de Cidadãos, Banco do Brasil); Diego Nardi (Universidade de Nagóia); Eduardo Fuli (Fotógrafo); Etsuo Ishikawa (Presidente da ABRA e Porta-Voz do Conselho de Cidadãos); Pe. Evaristo Higa (Membro do Conselho de Cidadãos, Diretor do Grupo Esperança de Apoio a “Sem Tetos”, Igreja Católica de Hamamatsu); João Masuko (Membro do Conselho de Cidadãos, empresário, proprietário da Loja Servi-tu); Keiko

Hayashida; Marcio Uda (Professor, Diretor da Escola Uda Team); Marisa Higa (tradutora e intérprete brasileira da Prefeitura de Hamamatsu); Nathalia Uemura (Consultora ETB); Nelson Omachi (Professor, técnico, Proprietário do Instituto de Massagem Omachi); Osny Arashiro (jornalista, Revista Alternativa); Sandra Kudeken (Membro do Conselho de Cidadãos, professora, Escola Mundo de Alegria, ex-CRBE); Vanessa Handa Kuniyoshi (Consultora ETB); Wilson Hayashida (Membro do Conselho de Cidadãos, Diretor de empreiteira, jornalista, ex-CRBE); Cônsul-Geral José Antonio Gomes Piras; Cônsul-Geral Adjunto Paulo Amado; doze outros membros da comunidade brasileira que apresentaram sugestões por via eletrônica e telefônica). Apresentação inicial - contexto dos brasileiros no Japão                        Os participantes do encontro parabenizaram o Ministério da Justiça e o Ministério das Relações Exteriores pela iniciativa da realização da 1ª Conferência Nacional de Migrações e Refúgio (COMIGRAR) e, o Consulado-Geral do Brasil em Hamamtsu, pela realização da presente Plenária Pública, destinada a apresentar sugestões e fornecer subsídios para a Conferência e para discussão de políticas públicas sobre o tema.                        Registraram a forte diminuição da comunidade brasileira no Japão nos últimos 6 anos, de cerca de 330.000, em 2008, para em torno de 185.000, em 2013, em razão do  “Lehamn Shock de 2008, da crise econômica que se seguiu e das catástrofes naturais que se abateram no Japão em 2011 (terremoto, tsunami e riscos de radiação nuclear). A província de Shizuoka, que contava com cerca 51.000 brasileiros em 2008, possui hoje cerca de 30.000 brasileiros. Hamamatsu permanece com  maior número de brasileiros no Japão, atualmente com 9.500 habitantes na cidade. Em seu entorno encontram-se outras cidades com forte concentração de brasileiros.                        Entendem os presentes que o ritmo da contração da presença brasileira (redução de 42,23% nos últimos seis anos) estaria diminuindo.                        Paralelamente, registraram que, nos últimos três anos, houve crescimento do interesse de brasileiros da segunda geração pela integração à sociedade japonesa, sobretudo com o paulatino, apesar de ainda discreto, ingresso em universidades japonesas e com a busca de viabilização do próprio negócio. Em Hamamatsu, se em 2011 apenas um brasileiro cursava o ensino superior japonês, atualmente vinte e quatro jovens brasileiros cursam universidades locais.                        Uma parcela dos cidadãos presentes na plenária tem a intenção de permanecer no Japão nos próximos anos. Outra parcela encontra-se na expectativa do retorno ao Brasil, a depender da evolução da economia japonesa nos próximos meses, das preocupações familiares e/ou dos apoios e políticas a serem definidos pelo Governo brasileiro em favor dos brasileiros que retornam.                        Os participantes, em vista de experiência relatada, de suas atividades de liderança e da interatividade que mantêm junto aos diferentes setores da comunidade brasileira na região, sugeriram e registraram os itens e as propostas abaixo indicadas, que poderão servir de insumos para as discussões da 1ª  Conferência Nacional de Migrações (COMIGRAR).                        De forma a facilitar a objetividade do debate e favorecer a identificação dos principais pontos a serem transmitidos, os participantes abordaram os seguintes aspectos, à semelhança da plenária pública realizada em Nagóia: (a) causas do retorno e tendências atuais; (b) instrumentos disponíveis; (c) desafios do retornado; e (d) sugestões de políticas públicas.                        Foram os seguintes os principais itens destacados e as principais propostas de políticas e/ou sugestões de iniciativas governamentais:

 (a)   Causas do retorno

Foram apresentadas as seguintes causas de retorno:- impossibilidades de permanecer no país devido a problemas de saúde dos mais velhos;- impossibilidade de registro no sistema nacional de seguridade social em virtude do seu encarecimento;- idade avançada para o mercado de trabalho;- baixa remuneração da aposentadoria diante do aumento do custo de vida no país;- substituição da mão de obra brasileira por trabalhadores asiáticos, de salários mais baixos;- relação vulnerável entre empregador e empregado;- agravamento da situação econômico-financeira familiar;- problemas psicológicos e desmotivação sócio-profissional;- falta de planejamento;- busca de perspectivas em prol da educação dos filhos no Brasil;- maior atratividade do mercado de trabalho brasileiro;- busca da qualificação profissional no Brasil;- dificuldades dos jovens em geral para inserção no mercado de trabalho japonês mesmo após vencidas as barreiras de entrada na universidade e de conclusão do ensino superior no Japão; e- compromissos com familiares idosos no Brasil. b) Instrumentos disponíveis para preparação do retorno 

Os participantes externaram satisfação pela existência de alguns bons instrumentos para preparação do retorno do brasileiro e para o melhor planejamento de vida no Japão e no Brasil, no tocante à qualificação, formação profissional, educação e empreendedorismo. Ressaltaram, entretanto, a importância de seu fortalecimento, ampliação e maior divulgação. Destacaram, nesse sentido:- a eficaz  iniciativa do Itamaraty de criação do Guia do  Retorno, de setembro de 2010, e do Portal do Retorno, de abril de 2013;- a eficaz iniciativa do Ministério do trabalho e Emprego de criação do NIATRE (Núcleo de Informação e Apoio a Brasileiros Retornados do Exterior) ;- a atuação do CIATE (Centro de Informações e Apoio ao Trabalhador no Exterior), apoiada pelo Governo japonês;- as informações sobre o mercado de trabalho brasileiro fornecidas, em nível nacional, pelo Espaço do Trabalhador Brasileiro (ETB) do Consulado-Geral do Brasil de Hamamatsu;- a abrangência dos dados e informações constantes do sítio eletrônico do ETB;- a criação de novos cursos de qualificação profissional em instituições japonesas e brasileiras no Japão;- o lançamento de cursos de Educação Superior à distância (EAD) no exterior por universidades brasileiras;- o recrutamento Internacional realizado por empresas japonesas que atuam no Brasil;- o lançamento de palestras educacionais e motivacionais em Hamamatsu;- a diversificação de eventos sociais da comunidade; e- a continuidade da atuação do ETB, considerado como essencial para a divulgação do instrumental disponível junto à comunidade no Japão. (c)  desafios do retornado

 Foram identificados os seguintes desafios: - preocupação com a reintegração sócio-econômica no Brasil;- expectativa salarial;- desatualização em relação ao mercado de trabalho;- preocupação com o regresso dos jovens sem experiência prévia laboral brasileira;- capacitação profissional;- dificuldades de comprovação laboral adquirida no Japão;- dificuldade de  validação de cursos de capacitação realizados no Japão; e- ausência da seguridade social (direito a aposentadoria) por falta de contribuição d) Sugestões de políticas e atividades voltadas para as fases de preparação do retorno e de reinserção produtiva e social no Brasil                         No que se refere às sugestões de políticas de Estado voltadas tanto para a fase de preparação do retorno, quanto para a etapa de reinserção social e produtiva no Brasil, foram apresentadas as seguintes propostas: - criação de instrumento legal de comprovação laboral ou de experiência profissional realizada ou adquirida no Exterior, a ser possibilitado por órgão brasileiros no exterior. A referida comprovação poderia ser efetivada, no Japão, pelo Espaço do Trabalhador Brasileiro (ETB), em razão da sua experiência e contatos com as entidades locais trabalhistas e de sua proximidade com o MTE e o MRE. O tema já foi objeto de reivindicação de trabalhadores brasileiros em Hamamatsu, por ocasião do I Seminário Trabalhista, de junho de 2013, através de abaixo assinado, datado de agosto de 2013, por mais de 300 cidadãos brasileiros, documento este encaminhado ao Itamaraty pelo Consulado-Geral em Hamamatsu e transmitido pelo MRE ao Ministério do Trabalho e Emprego. Propões-se especificamente a validação, pelo Governo brasileiro, via Ministério do Trabalho e Emprego, de documento equiparado ao Registro na Carteira de Trabalho (CTPS), que comprove e historie a experiência funcional adquirida no Japão, com a sugestão de que possa ser efetivada através do ETB, sediado no âmbito do Consulado-Geral do Brasil em Hamamatsu;- extensão do ENEN no exterior, a exemplo do que já ocorre com o ENCEJA, com vistas ao ingresso do jovem em universidades brasileiras após o seu retorno;- realização no exterior de provas para Concursos Públicos brasileiros, com vistas ao planejamento adequado do retorno;- reconhecimento pelo SINE (Sistema Nacional de Emprego do TEM) de homologação, a ser efetivada por órgãos brasileiros no exterior (Consulados, Embaixadas, e , no caso do Japão, pelo ETB), dos cursos de qualificação profissional realizados no exterior e da experiência laboral efetivada no exterior;- divulgação em portais no exterior de vídeos educativos específicos sobre oportunidades de emprego no Brasil e necessidades de mão de obra qualificada, à semelhança do que ocorre no momento com os vídeos do SEBRAE destinados ao tema do empreendedorismo, já em divulgação pelos Consulados;- ampliação da atuação do NIATRE (Núcleo de Informação e Apoio a Brasileiros Retornados do Exterior, no MTE) , inclusive de forma conjunta e interativa com o ETB;- promoção de cursos de profissionalizantes no Japão, através de missões específicas de entidades brasileiras como o SENAI e o SENAC;

- criação de programas de cooperação do SEBRAE com vista os envio de missões de curta duração às cidades de maior contingente de brasileiros no exterior, destinadas à efetivação de palestras, workshops e seminários informativos sobre temas específicos de maior interesse da comunidade brasileira; ampliação da divulgação dos programas do SEBRAE destinado ao empreendedorismo dos brasileiros que retornam do exterior. Hamamatsu, 4 de abril de 2014

Anexo 5: Plenária pública preparatória à I Conferência Nacional de Migrações e Refúgio - Tóquio, 27 de março de 2014. Sugestões da comunidade brasileira

- criação de legislação federal que incentive e apóie financeiramente a implantação de serviços a serem ofertados pelas prefeituras de cidades com grande presença de brasileiros retornados do exterior (como Belém, São Paulo, Curitiba e Londrina, por exemplo), com guichês especiais de atendimento sobre temas como: trabalho, empreendedorismo, capacitação profissional, educação, moradia, saúde e assistência social e psicológica. Esta proposta poderá contar para a sua execução das equipes multiprofissionais já existentes na saúde, educação e assistência social, incluindo as redes de apoio socioeconômicas presentes nas regiões de maior demanda;- oferecimento, por parte dos governos estaduais e municipais, de apoio psicológico aos emigrantes retornados na chegada ao Brasil (os serviços já existentes junto à saúde, educação e assistência social poderão absorver esta demanda e receber orientação e apoio técnico de equipes/núcleos regionais que conhecem as especificidades desta demanda e suas necessidades);- criação de programas específicos do SEBRAE sobre empreendedorismo para emigrantes retornados;- criação de programas de capacitação profissional por parte do SENAI, SENAC, EMATER e instituições similares;- orientações e apoio à obtenção de moradia, inclusive sobre legislação e as possibilidades existentes para conseguir fiadores ou seguro-fiança;- acesso a orientações específicas sobre documentação e formas de acesso ao Programa Minha Casa, Minha Vida;- estabelecimento de serviço de orientação e apoio aos retornados, pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, em particular com orientações sobre a compra de imóveis, investimentos e aplicações financeiras;- criação no Japão, (por exemplo) dentro dos Consulados-Gerais, de órgão semelhante ao NIATRE existente em São Paulo, com informações sobre a realidade dos serviços públicos do Brasil, assuntos de trabalho e afins (observação: o Ministro Marco Farani anunciou que implementará essa iniciativa no Consulado-Geral em Tóquio)- estimular outros estados no Brasil a seguirem o exemplo de São Paulo com a criação do NIATRE, devendo haver uma inter-relação entre todos estes núcleos, no Brasil e junto aos Consulados;

- disponibilização de “cartilhas” nos Consulados-Gerais sobre retorno, com informações sobre trabalho, saúde, educação, adaptação ao Brasil e como conseguir linhas de crédito;- inclusão de palestras sobre preparação para o retorno nos consulados itinerantes;- disponibilização aos brasileiros residentes no exterior de banco de dados do Ministério do Trabalho e Emprego com oportunidades de trabalho no Brasil em empresas que busquem especificamente funcionários com experiência no estrangeiro.

Anexo 6: Contribuições oferecidas no contexto da Plenária Pública Aberta realizada em Nagoia, Japão (25/3/2014), como elementos de juízo voltados aos debates da 1ª COMIGRAR.

O presente documento constitui síntese dos comentários e sugestões apresentados pelos participantes da Plenária Pública Aberta realizada em Nagoia em 25/2/1014, que teve o objetivo de obter subsídios para a discussão de políticas públicas voltadas à reintegração do imigrante para a 1ª Conferência Nacional de Migrações e Refúgio (São Paulo, 31 de maio e 1º de junho), bem como aqueles enviados, posteriormente e dentro do prazo estabelecido, aos coordenadores do processo.

Visando tornar mais claros os contornos do debate e facilitar a inclusão das sugestões, de forma objetiva, nos trabalhos da COMIGRAR, as diferentes demandas e sugestões da comunidade foram agregadas e são abaixo apresentadas no formato de desafio/sugestão.

INCLUSÃO DA CRIANÇA PELA PROMOÇÃO DO BILINGUISMODesafio: Um grande número de crianças brasileiras não são mais capazes de comunicar-se em português, seja de forma escrita ou oral, o que implica em grande choque cultural na ocasião do retorno;

Sugestão: Estabelecer programas de readaptação educacional dessas crianças – voltados ao ensino da língua portuguesa e à inserção na cultura brasileira - visando facilitar seu retorno ao Brasil. Seria útil que projetos nesse sentido pudessem ser iniciados antes do eventual retorno ao Brasil, uma vez que, no caso do Japão, não só existem escolas brasileiras homologadas pelo MEC como iniciativas de entidades sem fins lucrativos voltadas ao ensino da língua .   

ACESSO A FINANCIAMENTODesafio: Por não residirem no Brasil, os migrantes não possuem acesso a linhas de crédito por parte de instituições financeiras nacionais com participação governamental (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal). Esse fator por si dificulta que o trabalhador tenha condições de autofinanciar cursos que lhe permitam uma melhor inserção profissional ao retornar ao Brasil. Da mesma forma, é-lhes vedada a participação em programas nacionais de financiamento habitacional, o que prejudica o investimento em moradia no Brasil durante a estada no exterior, dificultando a preparação do retorno.

Sugestão: Realizar gestão junto à diretoria dessas instituições para possibilitar o acesso do migrante a linhas de financiamento, em condições semelhantes àquelas oferecidas aos interessados com residência no Brasil.

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL / INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHODesafio: Estando no Japão, o dekassegui não tem condições de acompanhar o desenvolvimento do mercado de trabalho no Brasil, e, por ocasião do retorno, encontra-se em situação de significativa defasagem profissional, o que limita suas oportunidades de emprego.

Sugestão: Instituir, tanto no Brasil como no Japão, programas de qualificação profissional planejada e especifica destinados, respectivamente, a brasileiros retornados e àqueles que planejam retornar, o que aumentaria as chances de recolocação no mercado de trabalho brasileiro, carente de mão-de-obra qualificada. Estes projetos, no Japão, poderiam resultar de parcerias entre instituições profissionalizantes do Sistema S (SENAI/SENAC/SESI/SEBRAE) e órgãos de ensino japoneses, como universidades e escolas técnicas.

ACESSO A EDUCAÇÃO SUPERIORDesafio: Muitos dekasseguis com curso médio completo poderiam beneficiar-se de garantir seu acesso universitário no Brasil, previamente ao retorno, por meio da aplicação no Japão do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a exemplo do que ocorre com o ENCCEJA, o que facilitaria, em última análise, a futura inserção no mercado de trabalho.Sugestão: Realizar gestão junto ao Ministério da Educação (MEC) visando promover a aplicação do ENEM também no exterior.

TERCEIRA IDADEDesafio: Muitos brasileiros migrantes começam a envelhecer; o fato de terem deixado de recolher o INSS no período em que estiveram no Japão (o acordo previdenciário só foi assinado em 2010), bem como a carência de seguro-saúde no Brasil, por ocasião do retorno, os deixa em situação delicada, do ponto de vista financeiro, precisamente quando estariam mais propensos a despesas médicas.

Sugestão: Desenhar soluções específicas, destinadas a prover de assistência previdenciária e cobertura médica os retornados mais idosos que se encontrem em situação precária; uma alternativa, para os casos de idade menos avançada, seria possibilitar contribuição retroativa para aposentadorias, o que facilitaria a programação do retorno e possibilitaria aposentadoria mínima.    

RECONHECIMENTO DE DIPLOMASDesafio: O processo de reconhecimento do diploma de cursos superiores realizados no exterior é moroso, o que leva, em certas ocasiões, à perda de oportunidades profissionais. Sugestão: Intermediar, junto ao Ministério da Educação e autoridades da educação no Japão, uma solução de reconhecimento mútuo que permitisse a conversão/aprovação

automática desses diplomas quando emitidos por instituições de reconhecida excelência, classificadas de acordo com um ranking internacional ou mutuamente acordado.

INFORMAÇÕES SOBRE PROVIDÊNCIAS PREPARATÓRIAS PARA O RETORNO E ALTERNATIVAS DE INCLUSÃO PÓS-RETORNODesafio: A comunidade nikkei carece de informações claras sobre providências preparatórias para o retorno ao Brasil e sobre alternativas para facilitar a inclusão pós-retorno, a despeito de esforços de difusão de informação junto à comunidade; há, também, desconhecimento sobre a atualidade brasileira, o que provoca choque cultural reverso. Sugestão: Os Postos da Rede Consular no Japão devem trabalhar junto às agências de viagem (frequentemente, a primeira providência daqueles que desejam retornar é a reserva de bilhetes aéreos) e aos Centros de Atendimento ao Estrangeiro, com o objetivo a capilarizar as informações disponíveis, visando preparar o retornado para a reinserção na sociedade brasileira.

O equacionamento dos problemas descritos e a implementação das sugestões oferecidas deverão requerer, além da participação do Itamaraty, por meio da Rede de Postos no exterior, a coordenação de diversos órgãos da Administração Pública Federal.

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