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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA
JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O LÚDICO COMO FERRAMENTA DE ESTIMULAÇÃO DA APRENDIZAGEM
MARIA EMILIA DA SILVA MARQUES
PARNAMIRIM/RN2016
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MARIA EMILIA DA SILVA MARQUES
JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O LÚDICO COMO FERRAMENTA DE ESTIMULAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Relatório Reflexivo apresentado ao curso de Pedagogia, na modalidade a Distância, do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob orientação da professora Ms. Louize Gabriela Silva de Souza.
PARNAMIRIM/RN2016
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JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O LÚDICO COMO FERRAMENTA DE ESTIMULAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Por
MARIA EMILIA DA SILVA MARQUES
Relatório Reflexivo apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade a distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________Ms. Louize Gabriela Silva de Souza (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________________Ms. Mônica Karina Santos Reis
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________________Ms. Luciene de Vasconcelos Casado
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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AGRADECIMENTOS
A realização do trabalho que conduziu a este artigo apenas foi possível
devido à permissão de Deus. “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo.15,5b).
Agradeço a colaboração de um conjunto de pessoas, às quais aqui dirijo os
meus sinceros agradecimentos.Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de construir novos
conhecimentos.
Dirijo meus sinceros agradecimentos aos meus filhos Ryan e Rayla que
tanto amo por suportarem minha ausência e delíquios.
Ao meu amado esposo Marcones, exemplo de companheirismo e
compreensão, sem seu apoio, sei que não conseguiria.
Meus amados pais Sebastião e Adélia por sempre me apoiarem e
sentirem-se orgulhosos pelo o que eu sou e pela minha formação.
Minha sogra querida por sempre ouvir minhas lamentações e me socorrer
quando precisava.
Minha orientadora Louize Gabriela por ser tão amável e atenciosa, suas
orientações foram indispensáveis.
As minhas tutoras presenciais Dalvaneide Barbalho e Crystiane Torres
por todo carinho, atenção e paciência.
Enfim, agradeço as minhas colegas, companheiras pelos momentos que
passamos juntas, as brincadeiras, as situações de companheirismo, até
mesmo os chiliques.
Meu muito obrigada a todos!
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RESUMO
O relatório apresenta uma reflexão sobre a importância dos jogos e brincadeiras no processo de ensino-aprendizagem e como estes podem influenciar de maneira positiva e lúdica no desenvolvimento da criança. Tomo por base minhas vivências como professora desta etapa de ensino e as atividades que desenvolvi durante a docência. Discuto o quanto estas ferramentas tornaram-se significativas na educação infantil e reflito sobre a importância de estarem articuladas aos conteúdos de ensino e não apenas como entretenimento e diversão. Para tanto, apresento a necessidade do planejamento e da organização do tempo e do espaço para a realização do jogo e da brincadeira de forma efetiva. Para realização desta pesquisa identifico como principais interlocutores, KISHIMOTO (2015), OLIVEIRA (1996), entre outros. Considero que a realização deste trabalho me proporcionou inquietações e desencadeou reflexões acerca das novas formas de trabalho que associam os jogos e as brincadeiras ao contexto escolar. Pude refletir acerca de minha prática pedagógica e das atividades, projetos e ações que desenvolvi ao longo de minha trajetória profissional.
Palavras-chave: Jogo, brincadeira, educação infantil.
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SUMMARY
The report reflects on the importance of games and activities in the process of
teaching and learning and how they can influence in a positive and entertaining
way in the development of the child. I take based on my experiences as a
teacher of this educational stage and the activities developed during the
teaching. We discuss how these tools have become significant in early
childhood education and reflect on the importance of being articulated to the
teaching content and not just as entertainment and fun. Therefore, I present the
need of planning and organization of time and space to carry out the game and
effectively play. To carry out this research as identify key players, KISHIMOTO
(2015), Oliveira (1996), among others. I believe that this work has provided me
with concerns and triggered reflections on the new ways of working that
combine games and play to the school context. I could reflect on my teaching
and activities, projects and actions developed throughout my professional
career.
Keywords: game, play, children's education.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------- 8
REFLEXÕES SOBRE O JOGO E A BRINCADEIRA --------------------------- 10
O JOGO COMO ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL------------------------------------------------------------------------------------ 13
Brincar também exige planejamento e atenção aos espaços e tempo da brincadeira -----------------------------------------------------------------------------
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O LÚDICO E O FAZ DE CONTA: minhas memórias -------------------------- 18
CONSIDERAÇÕES FINAIS ------------------------------------------------------------ 20
REFERÊNCIAS ----------------------------------------------------------------------------
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INTRODUÇÃO
__________________A escolha do tema deste trabalho de conclusão de curso está
diretamente relacionada com a admiração, carinho e afinidade que tenho pela
educação infantil, bem como por acreditar na importância dos jogos e
brincadeiras para o desenvolvimento da criança, de forma prazerosa. Esse
entendimento, se deu a partir de minha prática na docência com crianças
pequenas e do meu ingresso no curso de Pedagogia da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
Ao tentar recuperar minha vida escolar, lembro-me que tive oportunidade
de aprender com os jogos, tanto em casa, como na escola. Talvez por este
motivo floresceu em mim o desejo de me engajar e trabalhar com a educação
infantil e fazer de minha prática pedagógica um espaço de aprendizado e
desenvolvimento satisfatório para as crianças.
Há 17 (dezessete) anos que trabalho na educação infantil. Tudo se deu
por meio de minha aprovação em um concurso público, no ano de 1999, para o
cargo de professor deste nível de ensino na rede púbica. Desta experiência,
posso afirmar que aprendi com o outro, compartilhei experiências, fui me
constituindo professora e conheci mais de perto a afabilidade e a complexidade
do brincar na educação infantil.
Há uma relação muito próxima entre jogos lúdicos e brincadeiras na
educação infantil. Ambos favorecem o ensino de conteúdos escolares, de
forma mais significativa, servindo como recurso para motivação e entusiasmo
na aprendizagem das crianças.
Considerando que toda criança é construtora de sua própria história e de
sua cultura, os jogos e as brincadeiras são instrumentos capazes de colocar o
pensamento da criança em ação, isto significa que o importante é ter uma
atividade onde elas tenham acesso a processos que visem buscar a facilidade
dentro da perspectiva de aprendizagem e é por meio do brincar e das
propostas lúdicas que a criança vai ao encontro de um aprendizado mais
prazeroso e criativo e promotor de seu desenvolvimento.
A aprendizagem estimulada por meio de ações lúdicas torna-se
significativa, já que possibilita a ampliação do saber e da socialização. A
oportunidade de aprender de forma lúdica estimula os alunos a se tornarem
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seres críticos e ativos acerca da realidade do seu cotidiano, despertando uma
maior consciência de si mesmo e do outro.
Diante das considerações acima, pretendo discutir a importância do
trabalho com os jogos e brincadeiras na educação infantil, por meio de uma
pesquisa bibliográfica e do relato de minha prática nesta etapa de ensino. O
trabalho está dividido em cinco capítulos. O primeiro intitulado “Reflexões sobre
o jogo e a brincadeira”, apresento de forma breve as discussões acerca destas
temáticas. No segundo capítulo apresento a brincadeira como estratégia de
aprendizagem e suas implicações nos processos de desenvolvimento da
educação infantil, além disso, faço uma reflexão do brincar como uma atividade
que exige planejamento e atenção aos espaços e tempo da brincadeira. O
terceiro capítulo busco abordar o lúdico e o faz de conta tomando por base
minhas memórias de infância. Por fim, faço minhas considerações finais
retomando e refletindo sobre a importância do jogo, do lúdico e das
brincadeiras e as contribuições do curso de Pedagogia para minha formação.
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REFLEXÕES SOBRE O JOGO E A BRINCADEIRA
Jogos e brincadeiras, muitas vezes são palavras pronunciadas de forma
apressada como se fossem a mesma coisa. É certo que o jogo e o brincar
podem se constituir ferramentas de suporte para a aprendizagem da criança e
para complementar o trabalho do docente. Logo, se faz necessário diferenciar
estes dois termos.
O jogo geralmente apresenta um caráter competitivo, ou seja, possibilita
uma competição resultando em ganhadores e perdedores. Este ponto de vista
está diretamente relacionado a forma como alguns adultos entendem esta
ferramenta. Para muitos, o jogo é uma ação que difere do brincar. É importante
que tenhamos claro que não podemos considerar o jogo apenas como uma
competição, pois a concepção de jogo está interligada tanto ao brinquedo
quanto à brincadeira. O jogo, é uma atividade mais estruturada e constituída
por um princípio de regras mais diretas. Uma característica importante do jogo
é a sua definição adotada tanto pelas crianças quanto por adultos. De acordo
com MATTOS (2011p.386) “O jogo é uma atividade que se desenvolve com
regras que permitem indicar um vencedor”.
Por outro lado, a brincadeira tem uma associação mais característica com
o universo infantil, significa divertimento, entretenimento, passatempo, mas não
necessariamente brincar por brincar, pedagogicamente falando sempre é
possível tornar o brincar em uma situação de aprendizagem, na qual a criança
possa aprender brincando, desenvolvendo o poder da tomada de decisões e a
autonomia, tornando-se um indivíduo que reconhece a si mesmo, ao outro e
constrói sua identidade por meio de variadas linguagens características da
criança.
O processo de construção da identidade e da autonomia é algo que vai se
construindo na infância, sendo influenciado por meio das interações e pelo
meio vivido pela criança. De acordo com Kishimoto (2010 p.01),
Para a criança, o brincar é a atividade principal do dia-a-dia. É importante porque dá a ela o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens,
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de usar o corpo, os sentidos, os movimentos, solucionar problemas e criar.
Neste sentido os brinquedos e as brincadeiras são ferramentas lúdicas
que auxiliam no processo de desenvolvimento da aprendizagem e da
construção da identidade assim como o interesse por novos conhecimentos de
forma dinâmica e prazerosa. De acordo com Vygotsky (1989 p.113.), a criança
faz o que ela mais gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer.
Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras geralmente fazem parte do
cotidiano das crianças como fontes de lazer e de entretenimento e em várias
escolas são utilizados como ferramentas de estimulação de aprendizagem. No
entanto, nem sempre foi assim. Antigamente a criança era considerada um
adulto em miniatura e dessa forma era participante ativa das atividades que
envolviam o brincar junto com os adultos. Além de ser tratadas e vestidas como
adultos, não tinham direito de serem crianças. Porém, esse modo de
socialização foi sofrendo mudanças e percebeu-se que suas necessidades
eram bem diferentes das dos adultos. Para Wajskop (1995 p.63),
O prazer, característico da atividade de brincar, passou a ser visto como um componente da ingênua personalidade infantil, como uma atividade inata e que protegia dos males causados pelo trabalho árduo e desgastante do mundo adulto. A brincadeira passou a ser concebida como a maneira de a criança estar no mundo: próxima à natureza e portadora da verdade.
Cada vez mais os estudos relacionados a educação infantil têm
aprofundado as discussões acerca do conceito de criança e de infância com
características próprias. Partindo desta visão da criança como um ser que
pensa e que produz sua própria cultura, foram desenvolvidas concepções de
educação infantil pautadas em requisitos distintos incorporando o cuidar, o
educar e suas brincadeiras de modo que os ambientes contribuam para a
socialização, ampliação dos conhecimentos e a construção da identidade das
crianças.
Partindo deste pressuposto a escola de educação infantil deve
disponibilizar um espaço que assessore a criança tendo em vista o
favorecimento dos objetivos acima citados.
Para Comenius a educação se apresenta como eixo essencial, que
permite a criança aprender a viver em sociedade apropriando-se de
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conhecimentos capazes de criar condições necessárias para que as mesmas
venham produzir e não serem meras reprodutoras de ideias já prontas. O
pensador defende uma pedagogia que permita a utilização de materiais
concretos.
Vale ressaltar, que o brincar não pode ser entendido como uma atividade
para ocupar o tempo das crianças, nem tão pouco apenas recreação. Ao
brincar a criança interage consigo mesma e com o mundo, contribuindo assim
para o seu desenvolvimento.
Diante das discussões acima, considero que é importante que o educador
reconheça o quanto o jogo e a brincadeira são elementos essenciais no
processo de ensino-aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento das
crianças e tornando a aprendizagem dos conteúdos prazerosa, lúdica e
significativa.
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O JOGO COMO ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A educação infantil atualmente experimenta dificuldades em inserir os
jogos e as brincadeiras no contexto escolar, uma vez que, nossa sociedade é
extremamente capitalista e com isso as crianças sofrem influências que são
exercidas pelos meios de comunicação, especialmente a televisão, o
computador e o celular, tornando-se cada vez mais recorrente o uso desses
aparatos tecnológicos no cotidiano das crianças.
No entanto, os jogos lúdicos e as brincadeiras em geral ainda são
alternativas nas quais a criança tem a possibilidade de interagir e se expressar
contribuindo assim para o desenvolvimento da identidade, uma vez que, ao
brincar a criança demonstra seus sentimentos e sua afetividade. Nos
Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil (1998, p.22), o
brincar é considerado uma das atividades fundamentais para o
desenvolvimento da identidade e da autonomia.
Neste sentido cabe a escola conhecer o que há de novo sobre este tema
e relacionar esses conhecimentos com as novas práticas pedagógicas com o
intuito de promover a socialização e a criatividade. Para Kishimoto, (1998
p.100.), “o sucesso na educação depende da relação estabelecida entre as
atividades instintivas da criança, interesses e experiências sociais”.
É com a brincadeira que as crianças manifestam seus interesses e
desejos, construindo e reconstruindo seu mundo, além disso, contribui para o
desenvolvimento de diversas potencialidades, bem como de suas estruturas
psicológicas e cognitivas. Para Kishimoto, o mundo social da criança surge a
partir da interação com outras pessoas para aprender e expressar suas
brincadeiras (2010 p.12).
A inserção de jogos na educação infantil é uma ferramenta que deve ser
vista como estratégia de aprendizagem dos alunos e como um método eficiente
para o desenvolvimento da criança, no entanto, ainda enfrenta dificuldades de
aceitação por motivo de falta de conhecimento de professores e pais e, por
vezes, o entendimento de que o uso de metodologias tradicionais ainda ser
considerado como algo essencial e necessário para o bom andamento das
aulas e do trabalho do professor. Além disso, um outro fator que impede o uso
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eficaz dos jogos é a forma como os pais entendem tal metodologia. É muito
comum os docentes ouvirem declarações de alguns pais como por exemplo:
“Como as crianças vão aprender se nesta escola só fazem brincar?” No
entanto, essa barreira vem sendo quebrada e pouco a pouco o jogo vem
ganhando espaço, à medida que os pais percebem o entusiasmo das crianças
em aprender por meio desta ferramenta e ao participar das ações escolares.
Desta forma, aos poucos vão compreendendo que a criança aprende
também por meio de metodologias lúdicas, partindo do interesse de cada uma.
Vale ressaltar que é papel da escola discutir com os pais sobre a importância
do jogo como estratégia de ensino, deixando claro para eles que está
ferramenta permite às crianças se socializarem, aprender com o outro e de
forma lúdica e divertida. Kishimoto, (1993 p.11), afirma que o jogo e a criança
caminham juntos desde o momento em que se fixa a imagem da criança como
um ser que brinca. Portadora de uma especificidade que se expressa pelo ato
lúdico, a infância carrega consigo as brincadeiras que se perpetuam e se
renovam a cada geração.
Neste sentido o jogo e a brincadeira antes visto como forma de passar o
tempo, advindo dos nossos familiares, hoje está sendo aos poucos inseridos
nas escolas de educação infantil e gradativamente visto pelos familiares de
forma positiva.
Brincar também exige planejamento e atenção aos espaços e tempo da brincadeira
O brincar é nato da criança, assim como é um direito da mesma,
proporciona aprendizagem e desenvolvimento. Partindo desta concepção,
sempre valorizei o “aprender brincando“ em minha prática pedagógica na
educação infantil. Nos diversos projetos que participei sempre busquei inserir a
brincadeira e o jogo nas atividades propostas, como por exemplo, resgate de
brincadeiras mais antigas ou mesmo na construção de brinquedos utilizando
materiais reutilizáveis. Considero que colhi bons resultados ao longo dos meus
anos de docência. As crianças se empolgam muito e vamos percebendo a
satisfação das mesmas em participar.
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Uma das principais finalidades da educação é proporcionar a
socialização, por este motivo sempre busquei incentivar as atividades em
grupos que envolvam trocas de ideias e que possibilitam a cooperação.
Considero que o jogo apresenta um papel importante neste sentido. Logo, esta
prática deve ser uma ação constante no cotidiano das crianças e dos docentes
e como toda ação desenvolvida na escola, deve ser planejada. Quando o
educador recorre aos jogos, ele passa a criar um ambiente de motivação que
possibilita aos alunos compartilharem ativamente o processo de
desenvolvimento e aprendizagem.
Para o desenvolvimento de atividades que façam uso de jogos e
brincadeiras, também se faz necessário buscar relações com a realidade do
aluno e a faixa etária apropriada, por isso o planejamento ainda se constitui em
uma ferramenta importante pois é através do mesmo que o professor deve
planejar as brincadeiras e os jogos envolvendo a interdisciplinaridade e a
contextualização, ao mesmo tempo que deve ter muito claro que tais atividades
não devem servir como simples instrumentos de elucidação da aula, mas que
seja significativo para as crianças, tendo correspondência com suas
experiências, seus interesses e necessidades.
Diante do exposto e considerando a importância dos jogos e brincadeiras
para o desenvolvimento da criança, o projeto que mais se destacou em minha
prática pedagógica foi Brincando e aprendendo, desenvolvido na turma que
chamamos de PRÉ I, no ano de 2014, na Escola Municipal Miriam Gomes
Rocha Vieira. O objetivo principal era estimular a aprendizagem das crianças
de forma lúdica. Para isso, foi desenvolvido próximo ao dia da criança e
elaborado juntamente com a supervisão da escola. A fundamentação teórica do
projeto, tomou por base o Projeto Político Pedagógico da escola.
Para o desenvolvimento da temática, sempre busquei estar de acordo
com os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Tais documentos
preconizam princípios coerentes com a proposta que buscava desenvolver com
minha turma, como por exemplo a questão da sensibilidade, da criatividade, da
ludicidade e da liberdade de expressão.
Partindo deste pressuposto foi realizado um cronograma na semana da
criança com atividades lúdicas e interdisciplinares envolvendo entre elas
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oficinas de pintura a dedo, para melhor percepção do seu eu e oficinas de
confecção de brinquedos a partir de materiais reutilizáveis, para a
conscientização ambiental. Além disso, também foi proposto uma confecção de
uma escultura a partir de materiais diversos como tinta serragem, jornal e cola.
O cronograma também destinava o dia do brinquedo preferido. Nesta
ocasião as crianças traziam de casa o brinquedo que mais gostavam e tinham
que descrever para seus colegas a história daquele objeto. Outra atividade era
a do resgate das brincadeiras de infância com participação dos pais em
entrevistas orais e escritas.
A brincadeira pode ser vista como um importante conteúdo no processo
de ensino-aprendizagem principalmente na educação infantil. Conforme já
apresentado deve ser uma atividade bem planejada para proporcionar o
desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, envolvente, lúdica e
prazerosa. Para isso, o professor deve buscar metodologias fundamentadas
em concepções que contribuam para o desenvolvimento integral da criança na
educação infantil. Portanto de acordo com Referencial Curricular Nacional para
a Educação Infantil (1998, p. 196). Cabe;
“[...] ao professor planejar uma sequência de atividades que possibilite uma aprendizagem significativa para as crianças, nas quais elas possam reconhecer os limites de seus conhecimentos, ampliá-los e/ou reformulá-los”
Neste sentido é necessário que haja no planejamento do professor a
organização de uma rotina bem estruturada, com finalidades específicas as
necessidades das crianças. O Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil preconiza:
A rotina representa, também, a estrutura sobre a qual será organizado o tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho educativo realizado com as crianças. A rotina deve envolver os cuidados, as brincadeiras e a situações de aprendizagens orientadas. (BRASIL, V.1, 1998, p.54)
Desta forma entendemos que, assim como as outras etapas de ensino, a
educação infantil necessita de um planejamento contínuo que proporcione uma
rotina, que além do cuidar e do educar ofereça oportunidade de inserção do
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brincar, para que acentue nas crianças as capacidades cognitivas, a percepção
visual e temporal e sobretudo a identidade e a autonomia.
Assim como planejar é essencial para a execução das atividades
propostas na educação infantil, o tempo e o espaço também são questões
importantes a serem pensadas, analisando sempre se estão de acordo com
cada atividade e sua avaliação.
Garantir a acessibilidade de espaços e tempos deve ser um dos objetivos
da proposta pedagógica da instituição de educação infantil, assim como as
condições para o trabalho coletivo, o espaço do brincar deve proporcionar
acessibilidade ao reconhecimento de suas especificidades etárias e as
singularidades individuais e coletivas, possibilitando ao aluno o acesso as
diversas linguagens, bem como o direito de ter amigos e de brincar para que
haja a troca de experiências. De acordo com as Diretrizes Curriculares
nacionais para a Educação Infantil:
A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir a criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e a interação com outras crianças. (BRASIL, 2010, p.18.).
Além disso, reafirmo que a educação infantil tem o papel de oferecer um
tempo e um espaço, no qual o educar e o cuidar estejam entrelaçados,
possibilitando às crianças construir aprendizagens significativas. Para isso é
importante que os docentes busquem metodologias lúdicas e prazerosas que
estimulem a vontade de aprender sempre, consigo mesmo, com os objetos e
com o outro, a fim de ampliar suas habilidades e conhecimentos.
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O LÚDICO E O FAZ DE CONTA: Minhas memórias.
É difícil de imaginar uma criança que não brinca ou que não goste de se
divertir de tal forma a envolver-se pela imaginação e pelo faz de contas.
Existem momentos de nossa infância que nos marcam para sempre
especialmente os momentos referentes as brincadeiras.
O lúdico leva a criança a uma situação onde floresça o imaginário e a
fantasia, como meio de satisfazer seus anseios impossíveis de realizá-los no
mundo real. Ao brincar, a criança configura um mundo imaginário, só seu,
enquanto apreende, adquire habilidades da convivência coletiva, internalizando
informações relevantes da sua cultura. O referencial curricular Nacional para a
Educação Infantil preconiza:
A diferenciação de papéis se faz presente sobretudo no faz-de- contas, quando as crianças brincam como se fossem o pai, a mãe, o filhinho, o médico, o paciente, heróis e vilões etc., imitando e recriando personagens observados ou imaginados nas suas vivências. A fantasia e a imaginação são elementos fundamentais para que a criança aprenda mais sobre a relação entre as pessoas, sobre o eu e sobre o outro. BRASIL. (1998, p.22.).
Assim tal influência mútua resulta por propiciar o desenvolvimento da
identidade, da autonomia, dos valores e sentimentos morais e éticos,
fundamentais para um convívio social mais harmonioso. Para isso a criança
deve ser instigada a pensar não só observando, mas também a atuar sobre o
meio em que a cerca, de maneira que ela aprenda experimentando,
participando e investigando, dividindo experiências e vivendo o coletivo, assim
ela poderá refletir sobre a descoberta, e desenvolver a capacidade de
comparar e chegar a uma conclusão sobre determinado assunto.
Lembro-me de quando criança, assim como tantas outras, gostava de
imitar os adultos. Somos quatro irmãs e um irmão. Minha mãe trabalhava e nos
deixava sozinhos e assim que ela saía corríamos e vestíamos seus vestidos e
sapatos fazendo de conta que éramos ela. Meu irmão menor passava a ser o
nosso bebê. Porém, era nas nossas férias que íamos para a casa da minha
avó paterna e lá a imaginação e o faz de contas aconteciam de forma mais
efetiva.
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Nossa avó morava em um pequeno sítio, com muitas árvores frutíferas e
a agricultura como fonte de renda e sobrevivência. Era debaixo das várias
árvores que fazíamos nossas casinhas. Os brinquedos eram feitos de materiais
reutilizáveis. Aproveitávamos tudo! Até mesmo as cascas de maracujá serviam
de panela e as mangas verdes eram nossos bois e vacas, para montarmos o
curral. Assim reproduzíamos os adultos nos espelhávamos neles e nos
divertíamos de uma forma tal que não nos dávamos conta da hora.
Incutida pelas memórias de minha infância, pude explorar e trabalhar em
minha prática a brincadeira e o faz de conta estando ciente do prazer que estes
proporcionam, já que tive oportunidade de vivenciá-las. Sendo assim sigo com
a certeza de que estou no caminho certo, uma vez que me encontro amparada
por teóricos e documentos que defendem o brincar como uma ponte que está
ligada entre o prazer e a aprendizagem, proporcionando momentos agradáveis,
enquanto as crianças se desenvolvem, obtendo resultados favoráveis e a
construção de vínculos entre professor e aluno.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Busquei com este trabalho discutir a relevância e as contribuições dos
jogos e brincadeiras no desenvolvimento da criança para que esta construa
conhecimento de forma lúdica e significativa.
Pode-se assegurar que os termos jogo, brinquedo e brincadeira, são
instrumentos de suma importância que ajudam no processo de
desenvolvimento e aprendizagem e que fazem parte do dia a dia das crianças.
Quando utilizados de maneira apropriada asseguram diversão, prazer e motiva
o conhecimento de forma significativa.
Considera-se que os jogos e as brincadeiras são de essencial importância
para a construção do saber, bem como para o desenvolvimento das interações
sociais. Ainda é possível despertar o interesse das crianças e o resgate das
brincadeiras antigas, se possibilitado oportunidades para que isso ocorra.
É imprescindível a estimulação por meio dos jogos e brincadeiras para
que as etapas de constituição do saber aconteçam, pois, o brincar é
característico da criança e possibilita conhecer a si mesma e a interagir com
outros sujeitos.
Vale ressaltar que ao realizar leituras e reflexões para o desenvolvimento
deste trabalho, articulado a vivência que tive em minha prática docente ao
trabalhar com jogos, brincadeiras e o lúdico, pude compreender a necessidade
de proporcionar as crianças experiências que permitam aprender brincando,
com o outro e com aquilo que lhes dá prazer. Além disso, considero que para a
realização de práticas como estas se faz necessário um planejamento que leve
em consideração o tempo, o espaço, a interdisciplinaridade, a realidade dos
sujeitos e suas preferências.
Assim, afirmo que a composição deste trabalho me proporcionou
inquietações e desencadeou reflexões acerca das novas formas de trabalho
que associam os jogos e as brincadeiras ao contexto escolar e contemplou
aspectos fundamentais para o desenvolvimento integral da criança,
possibilitando sobretudo um maior esclarecimento da cultura lúdica.
Por fim, a oportunidade de cursar pedagogia confirma que além de
fortalecer teórica e metodologicamente minha formação, possibilita rever
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práticas e aprofundar o conhecimento buscando fundamentação teórica com
vistas à elevação da qualidade de ensino aprendizagem ao qual participo.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. Volume1: Introdução; volume 2: Formação pessoal e social; volume 3: Conhecimento de mundo.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de E ducação Básica . Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil / secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB, 2010.
CRAIDY, Carmem Maria | Gládis E. Kaercher Educação Infantil: Pra que te quero? Disponível em: https://books.google.com.br/books?isbn=8536311622 <acesso em: 27 de maio de 2016>.
GARCIA, Regina Leite. Revisitando a pré-escola / Carmen Lúcia Vidal Perez . [et al.]. 2. Ed. –São Paulo: Cortez,1993.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. [et al.]. O brincar e suas teorias. – São Paulo: Cengage Learning, 2015.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. [et al.]. Educação Infantil: muitos olhares- 3. ed. – São Paulo: Cortez; 1996.
VYGOTSKY, L.S. (1989). A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 3.ed. São Paulo (Brasil): Martins Fontes.
WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola/ Gisela Wajskop. – 2.ed. – São Paulo: Cortez,1997. – (Coleção questões da nossa época; v. 48).
MATTOS, Geraldo. Dicionário Júnior da língua portuguesa/Geraldo Mattos.- 4. Ed. – São Paulo: FTD, 2011.