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Aula de leitura 1. (Enem 2015) TEXTO I Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. TEXTO II Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional. SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902. Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da a) manipulação e incompetência. b) ignorância e solidariedade. c) hesitação e obstinação. d) esperança e valentia. e) bravura e loucura. 2. (Enem 2015) da sua memória mil e mui tos out ros ros tos sol tos pou coa pou coa pag amo meu ANTUNES, A. 2 ou + corpos no mesmo espaço. São Paulo: Perspectiva, 1998. Trabalhando com recursos formais inspirados no Concretismo, o poema atinge uma expressividade que se caracteriza pela a) interrupção da fluência verbal, para testar os limites da lógica racional. b) reestruturação formal da palavra, para provocar o estranhamento no leitor. c) dispersão das unidades verbais, para questionar o sentido das lembranças. d) fragmentação da palavra, para representar o estreitamento das lembranças. e) renovação das formas tradicionais, para propor uma nova vanguarda poética. 3. (Enem 2013) O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem a) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico- culturais. Página 1 de 12

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Page 1:  · Web viewLeia o soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” do poeta português Luís Vaz de Camões (1525?-1580) para responder à(s) questão(ões) a seguir. Mudam-se

Aula de leitura

1. (Enem 2015) TEXTO I

Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.

CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.

TEXTO II

Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional.

SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902.

Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da a) manipulação e incompetência. b) ignorância e solidariedade. c) hesitação e obstinação. d) esperança e valentia. e) bravura e loucura. 2. (Enem 2015) da sua memória

milemuitosoutrosrostossoltospoucoapoucoapagamomeu

ANTUNES, A. 2 ou + corpos no mesmo espaço. São Paulo: Perspectiva, 1998.

Trabalhando com recursos formais inspirados no Concretismo, o poema atinge uma expressividade que se caracteriza pela a) interrupção da fluência verbal, para testar os limites

da lógica racional. b) reestruturação formal da palavra, para provocar o

estranhamento no leitor.

c) dispersão das unidades verbais, para questionar o sentido das lembranças.

d) fragmentação da palavra, para representar o estreitamento das lembranças.

e) renovação das formas tradicionais, para propor uma nova vanguarda poética.

3. (Enem 2013)

O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem a) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica

de dados histórico-culturais. b) forma clássica da construção poética brasileira. c) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol. d) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício

de leitura poética. e) lembretes de palavras tipicamente brasileiras

substitutivas das originais. 4. (Enem 2013) TEXTO I

Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.

CASTRO, S. “A carta de Pero Vaz de Caminha”. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

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Aula de leitura

TEXTO II

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma

das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.

b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.

c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.

d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes — verbal e não verbal —, cumprem a mesma função social e artística.

e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.

5. (Enem 2013) Olá! Negro

Os netos de teus mulatos e de teus cafuzose a quarta e a quinta gerações de teu sangue sofredortentarão apagar a tua cor!E as gerações dessas gerações quando apagarema tua tatuagem execranda,não apagarão de suas almas, a tua alma, negro!Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi,negro-fujão, negro cativo, negro rebeldenegro cabinda, negro congo, negro ioruba, negro que foste para o algodão de USApara os canaviais do Brasil, para o tronco, para o colar de ferro, para a cangade todos os senhores do mundo;eu melhor compreendo agora os teus bluesnesta hora triste da raça branca, negro!Olá, Negro! Olá, Negro!A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!

LIMA, J. Obras completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958 (fragmento).

O conflito de gerações e de grupos étnicos reproduz, na visão do eu lírico, um contexto social assinalado por a) modernização dos modos de produção e

consequente enriquecimento dos brancos. b) preservação da memória ancestral e resistência

negra à apatia cultural dos brancos. c) superação dos costumes antigos por meio da

incorporação de valores dos colonizados.

d) nivelamento social de descendentes de escravos e de senhores pela condição de pobreza.

e) antagonismo entre grupos de trabalhadores e lacunas de hereditariedade.

6. (Enem 2013)

Nessa charge, o recurso morfossintático que colabora para o efeito de humor está indicado pelo(a) a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a

quebra da expectativa ao final. b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de

causa e efeito entre as ações. c) retomada do substantivo “mãe”, que desfaz a

ambiguidade dos sentidos a ele atribuídos d) utilização da forma pronominal “la”, que reflete um

tratamento formal do filho em relação à “mãe”. e) repetição da forma verbal “é”, que reforça a relação

de adição existente entre as orações.

7. (Enem 2013)

Os objetivos que motivam os seres humanos a estabelecer comunicação determinam, em uma situação de interlocução, o predomínio de uma ou de outra função de linguagem. Nesse texto, predomina a função que se caracteriza por a) tentar persuadir o leitor acerca da necessidade de

se tomarem certas medidas para a elaboração de um livro.

b) enfatizar a percepção subjetiva do autor, que projeta para sua obra seus sonhos e histórias.

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Aula de leitura

c) apontar para o estabelecimento de interlocução de modo superficial e automático, entre o leitor e o livro.

d) fazer um exercício de reflexão a respeito dos princípios que estruturam a forma e o conteúdo de um livro.

e) retratar as etapas do processo de produção de um livro, as quais antecedem o contato entre leitor e obra.

8. (Enem 2013)

A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de interação e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude a) crítica, expressa pelas ironias. b) resignada, expressa pelas enumerações. c) indignada, expressa pelos discursos diretos. d) agressiva, expressa pela contra-argumentação. e) alienada, expressa pela negação da realidade. 9. (Enem 2013) O que é bullying virtual ou cyberbullying?

É o bullying que ocorre em meios eletrônicos, com mensagens difamatórias ou ameaçadoras circulando por e-mails, sites, blogs (os diários virtuais), redes sociais e celulares. É quase uma extensão do que dizem e fazem na escola, mas com o agravante de que as pessoas envolvidas não estão cara a cara.

Dessa forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão graves ou piores. “O autor, assim como o alvo, tem dificuldade de sair de seu papel e retomar valores esquecidos ou formar novos”, explica Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Disponível em http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012 (adaptado).

Segundo o texto, com as tecnologias de informação e comunicação, a prática do bullying ganha novas nuances de perversidade e é potencializada pelo fato de a) atingir um grupo maior de espectadores. b) dificultar a identificação do agressor incógnito. c) impedir a retomada de valores consolidados pela

vítima. d) possibilitar a participação de um número maior de

autores. e) proporcionar o uso de uma variedade de

ferramentas da internet. 10. (Enem 2013) Futebol: “A rebeldia é que muda o mundo”

Conheça a história de Afonsinho, o primeiro jogador do futebol brasileiro a derrotar a cartolagem e a conquistar o Passe Livre, há exatos 40 anos

Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira vez, então com a camisa do Santos (porque depois voltaria a atuar pelo New York Cosmos, dos Estados Unidos), em 1972, quando foi questionado se, finalmente, sentia-se um homem livre. O Rei respondeu sem titubear:

— Homem livre no futebol só conheço um: o Afonsinho. Este sim pode dizer, usando as suas palavras, que deu o grito de independência ou morte. Ninguém mais. O resto é conversa.

Apesar de suas declarações serem motivo de chacota por parte da mídia futebolística e até dos torcedores brasileiros, o Atleta do Século acertou. E provavelmente acertaria novamente hoje.

Pela admiração por um de seus colegas de clube daquele ano. Pelo reconhecimento do caráter e personalidade de um dos jogadores mais contestadores do futebol nacional. E principalmente em razão da história de luta — e vitória — de Afonsinho sobre os cartolas.

ANDREUCCI, R. Disponível em: http://carosamigos.terra.com.br. Acesso em: 19 ago.

2011.

O autor utiliza marcas linguísticas que dão ao texto um caráter informal. Uma dessas marcas é identificada em: a) “[...] o Atleta do Século acertou.” b) “O Rei respondeu sem titubear [...]”. c) “E provavelmente acertaria novamente hoje.” d) “Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira

vez [...]”. e) “Pela admiração por um de seus colegas de clube

daquele ano.” 11. (Enem 2013) Adolescentes: mais altos, gordos e preguiçosos

A oferta de produtos industrializados e a falta de tempo têm sua parcela de responsabilidade no aumento da silhueta dos jovens. ”Os nossos hábitos alimentares, de modo geral, mudaram muito“, observa Vivian Ellinger, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), no Rio de Janeiro. Pesquisas mostram que, aqui no Brasil, estamos exagerando no sal e no açúcar, além de tomar pouco leite e comer menos frutas e feijão.

Outro pecado, velho conhecido de quem exibe excesso de gordura por causa da gula, surge como marca da nova geração: a preguiça. ”Cem por cento das meninas que participam do Programa não praticavam nenhum esporte“, revela a psicóloga Cristina Freire, que monitora o desenvolvimento emocional das voluntárias.

Você provavelmente já sabe quais são as consequências de uma rotina sedentária e cheia de gordura. ”E não é novidade que os obesos têm uma sobrevida menor“, acredita Claudia Cozer, endocrinologista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Mas, se há cinco anos os estudos projetavam um futuro sombrio para os jovens, no cenário atual as doenças que viriam na velhice já são parte da rotina deles. ”Os adolescentes já estão sofrendo com hipertensão e diabete“, exemplifica Claudia.

DESGUALDO, P. Revista Saúde. Disponível em: http://saude.abril.com.br. Acesso em: 28 jul. 2012

(adaptado).

Sobre a relação entre os hábitos da população adolescente e as suas condições de saúde, as informações apresentadas no texto indicam que

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a) a falta de atividade física somada a uma alimentação nutricionalmente desequilibrada constituem fatores relacionados ao aparecimento de doenças crônicas entre os adolescentes.

b) a diminuição do consumo de alimentos fontes de carboidratos combinada com um maior consumo de alimentos ricos em proteínas contribuíram para o aumento da obesidade entre os adolescentes.

c) a maior participação dos alimentos industrializados e gordurosos na dieta da população adolescente tem tornado escasso o consumo de sais e açúcares, o que prejudica o equilíbrio metabólico.

d) a ocorrência de casos de hipertensão e diabetes entre os adolescentes advém das condições de alimentação, enquanto que na população adulta os fatores hereditários são preponderantes.

e) a prática regular de atividade física é um importante fator de controle da diabetes entre a população adolescente, por provocar um constante aumento da pressão arterial sistólica.

12. (Enem 2013)

A contemporaneidade identificada na performance / instalação do artista mineiro Paulo Nazareth reside principalmente na forma como ele a) resgata conhecidas referências do modernismo

mineiro. b) utiliza técnicas e suportes tradicionais na

construção das formas. c) articula questões de identidade, território e códigos

de linguagens. d) imita o papel das celebridades no mundo

contemporâneo. e) camufla o aspecto plástico e a composição visual

de sua montagem. 13. (Unicamp 2016) (...) pediu-me desculpa da alegria, dizendo que era alegria de pobre que não via, desde muitos anos, uma nota de cinco mil réis.– Pois está em suas mãos ver outras muitas, disse eu. – Sim? acudiu ele, dando um bote pra mim. – Trabalhando, concluí eu. Fez um gesto de desdém; calou-se alguns instantes, depois disse-me positivamente que não queria trabalhar.

(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p.158.)

O trecho citado diz respeito ao encontro entre Brás Cubas e Quincas Borba, no capítulo 49, e, mais precisamente, apanha o momento em que Brás dá uma esmola ao amigo.Considerando o conjunto do romance, é correto afirmar que essa passagem a) explicita a desigualdade das classes sociais na

primeira metade do século XIX e propõe a

categoria de trabalho como fator fundamental para a emancipação do pobre.

b) indica o ponto de vista da personagem Brás Cubas e propõe a meritocracia como dispositivo pedagógico e moral para a promoção do ser humano no século XIX.

c) elabora, por meio do narrador, o preconceito da classe social a que pertence Brás Cubas em relação à classe média do século XIX, na qual se insere Quincas Borba.

d) sugere as posições de classe social das personagens machadianas, mediante um narrador que valoriza o trabalho, embora ele mesmo, sendo rico, não trabalhe.

14. (Unicamp 2016)

Pobre alimáriaO cavalo e a carroçaEstavam atravancados no trilhoE como o motorneiro se impacientassePorque levava os advogados para os escritóriosDesatravancaram o veículoE o animal disparouMas o lesto carroceiroTrepou na boleiaE castigou o fugitivo atreladoCom um grandioso chicote

(Oswald de Andrade, Pau Brasil. São Paulo: Globo, 2003, p.159.)

A imagem e o poema revelam a dinâmica do espaço na cidade de São Paulo na primeira metade do século XX.

Qual alternativa abaixo formula corretamente essa dinâmica? a) Trata-se da ascensão de um moderno mundo

urbano, onde coexistiam harmonicamente diferentes temporalidades, funções urbanas, sistemas técnicos e formas de trabalho, viabilizando-se, desse modo, a coesão entre o espaço da cidade e o tecido social.

b) Trata-se de um espaço agrário e acomodado, num período em que a urbanização não tinha se estabelecido, mas que abrigava em seu interstício alguns vetores da modernização industrial.

c) Trata-se de um espaço onde coexistiam distintas temporalidades: uma atrelada ao ritmo lento de um passado agrário e, outra, atrelada ao ritmo acelerado que caracteriza a modernidade urbana.

d) Trata-se de uma paisagem urbana e uma divisão do trabalho típicas do período colonial, pois a metropolização é um processo desencadeado a partir da segunda metade do século XX.

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15. (Unicamp 2016) No livro Veneno Remédio - o futebol e o Brasil (São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 14), o músico, compositor e ensaísta José Miguel Wisnik afirma que o futebol se tornou uma espécie de “língua geral”, válida para todos, que põe “em contato as populações de todos os continentes”. Leia a seguir dois trechos em que o autor explora essa analogia:

“(...) Nada nos impede de dizer que os lances criativos mais surpreendentes não dispensam a prosa corrente do ‘arroz com feijão’ do jogo, necessário a toda partida. Ou de constatar, na literatura como no futebol, que a ‘prosa’ pode ser bela, íntegra, articulada e fluente, ou burocrática e anódina, e a ‘poesia’, imprevista, fulgurante e eficaz, ou firula retórica sem nervo e sem alvo.(...) o futebol é o esporte que comporta múltiplos registros, sintaxes diversas, estilos diferentes e opostos, e gêneros narrativos, a ponto de parecer conter vários jogos dentro de um único jogo. A sua narratividade aberta às diferenças terá relação, muito possivelmente, com o fato de ter se tornado o esporte mais jogado no mundo, como um modelo racional e universalmente acessível que fosse guiado por uma ampla margem de diversidade interna, capaz de absorver e expressar culturas.”

a) O autor vê o futebol como formas de “prosa” e de “poesia”. Embora ambas as formas sejam consideradas necessárias, cada uma tem um lado negativo. Indique-os.

b) Apresente dois argumentos por meio dos quais o autor justifica sua afirmação de que o futebol é uma espécie de “língua geral”.

16. (Unicamp 2016) Leia com atenção o texto abaixo.

Nunca conheci quem tivesse sido tão feliz como nas redes sociais (...) Eu tenho inveja de mim no Instagram. (…) Eu queria ser feliz como eu sou no Instagram. Eu queria ter certeza, como eu tenho no Facebook, sobre as minhas posições políticas. E no Twitter, bem, no Twitter eu não sou tão feliz nem certa e é por isso que de longe essa ganha como rede social de mi corazón. E quanto mais eu me sinto angustiada (quem nunca?), mais eu entro no Instagram e vejo a foto das pessoas superfelizes. E mais angustiada eu fico. Por mais que eu saiba que aquela felicidade é de mentira. Outro dia uma editora de moda que faz muito sucesso no Instagram escreveu em uma legenda: "até que estou bem depois de tomar um stillnox e um rivotril." (!!!!! Gente!) Mas ufa, ela assumiu. Até então, seus seguidores talvez pudessem achar que ela era uma super-heroína que nunca tinha levado porrada (nem conhecido quem tivesse tomado). Ela viaja de um lado para o outro, acorda cedo, mas tem uma decoração linda na mesa, viaja de país em país. Trabalha loucamente. Mas ela sempre está disposta e apaixonada pelo que faz. Escuta! Quanta mentira! Nenhuma de nós está apaixonada o tempo todo pelo que faz. Eu, hoje, escrevi esse texto com muito esforço. Eu, hoje, estou achando que eu escrevo mal e que perdi o jeito para a coisa. Quem nunca? Quem nunca muitas vezes? Quem estamos querendo enganar? A gente. Mas tem vezes, como agora, em que não dá. Eu queria muito voltar no tempo quando as redes sociais não existiam só para lembrar como era… Às vezes eu acho que, com todas as vantagens da vida em rede…, talvez a gente se sentisse melhor. Sério. "Estou farto de semideuses. Onde é que há gente nesse mundo?",

grita o Fernando Pessoa lá do túmulo.

(Adaptado de Nina Lemos, disponível em http://revistatpm.uol.com.br/blogs/berlimmandaavisar/2

015/07/13/nunca-conheci-quemtivesse-sido-tao-feliz-como-nas-redes-sociais.html.)

Considerando os recursos linguísticos e discursivos presentes na configuração do texto, é correto afirmar que: a) “Nunca conheci quem tivesse sido tão feliz como

nas redes sociais / Eu tenho inveja de mim no Instagram” é um enunciado que se espelha nos versos “Nunca conheci quem tivesse levado porrada / Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”, do Poema em Linha Reta, de Fernando Pessoa, por meio do recurso ao paralelismo de estruturas sintáticas.

b) No texto de Nina Lemos, alguns recursos linguísticos e discursivos são mobilizados de modo a promover um tipo particular de interação entre o produtor do texto e seus leitores por meio de diálogos entre personagens, pontuação com funções estilisticamente diversas, um léxico de natureza coloquial e perguntas retóricas.

c) Baseado no Poema em Linha Reta de Fernando Pessoa, o texto de Nina Lemos apresenta argumentos para convencer seus leitores de que ela tem uma vida difícil em relação à de outras pessoas felizes que conhece pelo Instagram, e de que é possível mostrar a essas pessoas que a vida não é tão boa quanto parece.

d) O texto de Nina Lemos apresenta uma organização textual e sintática típica da esfera jornalística, que se caracteriza pelo uso de marcas de oralidade como o recurso a sequências de diálogos (“Quem estamos querendo enganar? A gente.”), o uso de marcadores discursivos (“bem”, “sério”) e de enunciados inseridos (“quem nunca?”).

17. (Unesp 2017) Leia o excerto do romance A hora da estrela de Clarice Lispector (1925-1977).

Será que eu enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos? Mas aí que está: esta história não tem nenhuma técnica, nem estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não mancharia por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da datilógrafa [Macabéa]. Durante o dia eu faço, como todos, gestos despercebidos por mim mesmo. Pois um dos gestos mais despercebidos é esta história de que não tenho culpa e que sai como sair. A datilógrafa vivia numa espécie de atordoado nimbo, entre céu e inferno. Nunca pensara em “eu sou eu”. Acho que julgava não ter direito, ela era um acaso. Um feto jogado na lata de lixo embrulhado em um jornal. Há milhares como ela? Sim, e que são apenas um acaso. Pensando bem: quem não é um acaso na vida? Quanto a mim, só me livro de ser apenas um acaso porque escrevo, o que é um ato que é um fato. É quando entro em contato com forças interiores minhas, encontro através de mim o vosso Deus. Para que escrevo? E eu sei? Sei não. Sim, é verdade, às vezes também penso que eu não sou eu, pareço pertencer a uma galáxia longínqua de tão estranho que sou de mim. Sou eu? Espanto-me com o meu encontro.

A hora da estrela, 1998.

Para o narrador, o emprego de “difíceis termos técnicos” seria adequado para narrar a história de Macabéa? Justifique sua resposta. Transcreva a frase

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que melhor explicita a inconsciência da personagem Macabéa. Justifique sua resposta.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” do poeta português Luís Vaz de Camões (1525?-1580) para responder à(s) questão(ões) a seguir.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,muda-se o ser, muda-se a confiança;todo o mundo é composto de mudança,tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,diferentes em tudo da 1esperança;do mal ficam as mágoas na lembrança,e do bem – se algum houve –, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,que já coberto foi de neve fria,e enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,outra mudança faz de 2mor espanto:que não se muda já como 3soía.Sonetos, 2001.

1esperança: esperado.2mor: maior.3soer: costumar (soía: costumava).

18. (Unesp 2017) Em um determinado trecho do soneto, o eu lírico assinala a passagem de uma estação do ano para outra. Transcreva os versos em que isso ocorre e identifique as estações a que eles fazem referência. Para o eu lírico, tal passagem constitui um evento aprazível? Justifique sua resposta.

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Gabarito:

Resposta da questão 1: [E]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]No primeiro texto, na afirmação “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo” podemos notar uma conotação de bravura em referência aos sertanejos. Já no segundo texto, na afirmação “que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses” podemos notar uma conotação de loucura em referência aos sertanejos.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]O texto I, excerto da terceira parte da obra “Os sertões”, de Euclides da Cunha, descreve a luta dos sertanejos que, destemidamente enfrentam a morte, não se rendem e são exterminados de forma sumária. O texto II, de Henrique Macedo Soares, militar na última expedição contra Canudos, descreve o grupo como um bando de fanáticos liderado pelo peregrino Antônio Conselheiro, acreditando que ele poderia libertá-los da situação de extrema pobreza ou garantir-lhes a salvação eterna na outra vida. Assim, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da bravura e loucura, como se afirma em [E].

Resposta da questão 2: [D]

A característica principal do Concretismo é a ruptura do conceito tradicional do verso para definir o poema como conjunto de elementos que estruturam a mensagem através de signos verbivocovisuais, (valorização do conteúdo verbal, sonoro e visual, através do aproveitamento do espaço do papel), permitindo a possibilidade de diversas leituras através de diferentes ângulos. No poema “da sua memória”, a fragmentação de palavras dispostas na vertical dá origem a uma coluna estreita em que os termos precisam ser interligados para manterem o nexo semântico primitivo. Se aliarmos essa disposição gráfica ao título do poema, podemos inferir que o poema se caracteriza pela fragmentação da palavra, para representar o estreitamento das lembranças, como se afirma em [D].

Resposta da questão 3: [A]

As anotações em torno dos versos sugerem associação da brasilidade com as vitórias conseguidas no futebol contra times nacionais e estrangeiros. Desta forma, constituem direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais, como se afirma em [A].

Resposta da questão 4: [C]

A Carta de Pero Vaz de Caminha revela a perspectiva otimista do colonizador (“Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes”), enquanto que a obra de Portinari revela a surpresa e a preocupação dos nativos ao apontar para o horizonte. Assim, é correta a opção [C], pois a carta é testemunho histórico-político do encontro do colonizador com as novas terras e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.

Resposta da questão 5: [B]

É correta a opção [B], pois o eu lírico considera que, apesar de todas as tentativas de se renegar a cultura dos negros, as suas marcas são indeléveis na sociedade brasileira (“E as gerações dessas gerações quando apagarem/a tua tatuagem execranda,/não apagarão de suas almas, a tua alma,negro!”).

Resposta da questão 6: [A]

É correta a opção [A], pois a conjunção coordenativa adversativa “mas” expressa oposição ao que é enunciado na oração principal, em que Filipe discorre sobre o fato de a preguiça ser a mãe (origem) de todos os defeitos. Ao contrário, do que se esperava, o personagem subverte o significado do termo naquele contexto para justificar a sua preguiça.

Resposta da questão 7: [D]

É correta a opção [D], pois, metalinguisticamente, o texto convida a um exercício de reflexão a respeito dos princípios que estruturam a forma e o conteúdo de um livro, que só se completa no ato da leitura.

Resposta da questão 8: [A]

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Aula de leitura

É correta a opção [A], pois a oposição entre o que é afirmado no cabeçalho de cada quadro e as posturas assumidas pelos personagens revela crítica e, também, ironia, figura de linguagem em que se declara o contrário do que se pensa.

Resposta da questão 9: [B]

É correta a opção [B], pois, conforme transcrito no próprio texto, a prática do bullying é potencializada pelo fato de que “o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão graves ou piores”.

Resposta da questão 10: [D]

È correta a opção [D], pois o uso do termo “pra” em vez de “para” é marca linguística de oralidade.

Resposta da questão 11: [A]

Enquanto no primeiro parágrafo o autor responsabiliza a alimentação desequilibrada como fator relevante para o aumento de obesos entre os jovens, no segundo, considera a ausência de exercícios físicos como outro elemento lesivo à sua saúde. Assim, é correta a opção [A], pois esses dois fatores contribuem ainda para que doenças crônicas, como hipertensão e diabete, atinjam também essa faixa etária.

Resposta da questão 12: [C]

O artista mineiro Paulo Nazareth montou uma performance/instalação em que um monte de bananas desliza para fora de uma Kombi, ao mesmo tempo em que o cartaz pendurado ao pescoço ironiza a forma como é vista a identidade e a cultura sul-americana. Assim, a contemporaneidade da obra reside na articulação de questões de identidade, território e códigos de linguagens, como se afirma em [C].

Resposta da questão 13: [D]

O trecho em questão denuncia, ironicamente, a incoerência e hipocrisia de Brás Cubas, pois, vivendo de fortuna pessoal e apenas para mostrar superioridade, dá uma esmola ao mendigo Quincas Borba, não hesitando em exigir que trabalhe como forma de garantir a sua sobrevivência. Assim, é correta a opção [D].

Resposta da questão 14: [C]

No poema “Pobre alimária”, integrante da obra “Pau-Brasil”, Oswald de Andrade reproduz poeticamente a imagem de uma cidade a meio caminho do progresso, mas ainda com características de vila pacata e burguesa. Trata-se de uma cidade que em pouco tempo irá tornar-se a maior do Brasil e adaptar-se a uma nova mobilidade no espaço urbano, mas onde ainda permanecem as estruturas do período colonial. Isso fica mais claro, quando se vê na fotografia que acompanha o poema, a presença de parelhas de bois e carroças em meio à agitação de pessoas. Assim, é correta a opção [C].

Resposta da questão 15: a) Segundo José Miguel Wisnik, tanto a prosa quanto a poesia podem apresentar marcas negativas. A primeira pode seguir automaticamente regras e procedimentos sem entusiasmo e criatividade e a segunda, usar floreio de palavras, com linguagem vazia de conteúdo que não desperte emoção.

b) O fato de o futebol seguir regras entendidas racionalmente em qualquer contexto cultural e ser praticado em quase todo o mundo permite que as diferenças culturais se diluam e configurem uma espécie de código linguístico comum e universal.

Resposta da questão 16: [B]

A interação de Nina Lemos com os seus leitores é conseguida através de diálogos (“Mas ela sempre está disposta e apaixonada pelo que faz.”,”Escuta! Quanta mentira! Nenhuma de nós está apaixonada o tempo todo pelo que faz”), perguntas retóricas (“Quem nunca? Quem nunca muitas vezes?”, “Quem estamos querendo enganar?”), sinais de pontuação com funções diversas ("!!!!! Gente!") e uso de termos típicos da oralidade como a repetição enfática do termo “gente” ou construções sintáticas como: “Mas tem vezes, como agora, em que não dá”. Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 17: Segundo o narrador, não seria adequado o emprego de “difíceis termos técnicos” para narrar a história de Macabéa, já que a personagem é totalmente alienada, quase sempre inconsciente do mundo que a rodeia (“ela é ao deus-dará”, “A datilógrafa vivia numa espécie de atordoado nimbo, entre céu e inferno”). Por essa razão, o uso de “difíceis termos técnicos” soaria como dissonante e descontextualizado ao que narrador se propõe. A afirmação de que Macabéa nunca pensara em “eu sou eu” sintetiza a inconsciência da personagem face à vida e à própria existência, já que a sua ingenuidade e incapacidade de perceber as humilhações e agressões de que foi vítima a vida inteira a impedem de dar sentido edificante, através de um projeto próprio, ao seu percurso existencial.

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Resposta da questão 18: Nos dois primeiros versos do primeiro terceto (“O tempo cobre o chão de verde manto,/que já coberto foi de neve fria”), o eu lírico assinala metonimicamente a passagem de uma estação do ano para outra, em que “verde manto” remete à primavera e “neve fria” ao inverno. Ao mencionar no terceiro verso da mesma estrofe que o tempo “converte em choro o doce canto”, depreende-se que o eu lírico associa a mudança das estações à oscilação contínua de sensações que se operam nele: a positiva, evento aprazível de alegria, associada à primavera (doce canto) e a negativa, de tristeza, associada à tristeza (neve fria).

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