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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA II 9ª AULA O GOVERNO LULA GOVERNOS ITAMAR, FERNANDO HENRIQUE E LULA (1993-2010) ANO PIB PIB PER CAPITA INFLAÇÃO (IPCA) EXPOR- TAÇÕES IMPOR- TAÇÕES SALDO BC 1994 6 4 916 44 33 11 1995 5 3 22 47 50 -3 1996 3 1 10 48 53 -5 1997 3 2 5 53 61 -8 1998 0 -1 2 51 58 -7 1999 1 -1 9 48 49 -1 2000 4 3 6 55 55 0 2001 1 0 8 58 56 2 2002 2 1 13 60 47 13 2003 1 0 9 73 48 15 2004 5 4 8 96 63 33 2005 3 1 6 118 74 44 2006 4 2 3 137 91 46 2007 5 4 4 160 120 40 2008 5 4 6 198 173 25 2009 0 -1 4 153 128 25 2010 7 6 6 202 182 20 ANTECEDENTES 1

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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA II

9ª AULA

O GOVERNO LULA

GOVERNOS ITAMAR, FERNANDO HENRIQUE E LULA (1993-2010)ANO PIB PIB PER

CAPITAINFLAÇÃO

(IPCA)EXPOR-TAÇÕES

IMPOR-TAÇÕES

SALDOBC

1994 6 4 916 44 33 111995 5 3 22 47 50 -31996 3 1 10 48 53 -51997 3 2 5 53 61 -81998 0 -1 2 51 58 -71999 1 -1 9 48 49 -12000 4 3 6 55 55 02001 1 0 8 58 56 22002 2 1 13 60 47 132003 1 0 9 73 48 152004 5 4 8 96 63 332005 3 1 6 118 74 442006 4 2 3 137 91 462007 5 4 4 160 120 402008 5 4 6 198 173 252009 0 -1 4 153 128 252010 7 6 6 202 182 20

ANTECEDENTES

. dúvida: um governo de esquerda manteria a austeridade fiscal?

. ninguém acreditava que isto fosse possível

. o candidato prometia políticas sociais de emergência no valor de 6% do

PIB, na tradicional retórica de ruptura com tudo isso que está aí

.mas Palocci transmitia em pequenos grupos selecionados a idéia de

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que o PT tinha rompido com a idéia de ruptura

. e em meados de 2002 o candidato prometia a manutenção do

superávit primário e a garantia aos contratos

. mas instalou-se o pânico na 2ª metade de 2002

. risco-país (medido pelos C-Bonds) pulou de 700 pontos para mais de 2000

. taxa de câmbio explodiu

. 30 março 2002: R$ 2,32

. 30 setembro 2002 – R$ 3,89

. expectativa de inflação para 2002 elevou-se para 11% aa

. Bacen reagiu elevando Selic de 18 para 25%, mas foi inútil

. um conflito fundamental: qual a orientação básica da política econômica?

. desenvolvimentistas ou liberais?

. liberais escolhidos devido a

. necessidade de mostrar que radicalismo tinha acabado

. compromissos de campanha

. doações muito elevadas

. inflação em alta

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1. O PREDOMÍNIO DOS LIBERAIS

Antonio PalocciHenrique Meirelles Marcos Lisboa

1.1. A PROPOSTA DOS LIBERAIS

. dominaram durante a gestão de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda

(2003-2005)

. Secretário de Política Econômica: Marcos Lisboa (FGV-RJ)

. para tranqüilizar os empresários

. concepção básica: crescimento econômico é pouco influenciado por fatores

de curto prazo

. o crescimento resulta de reformas estruturais pró-mercado,

reduzindo a influência do governo

. que deve adotar atitude minimalista

. pois falhas de governo são mais graves que falhas de mercado

. mercado livre permite remunerar cada fator de produção

segundo sua produtividade marginal

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. política econômica adotada foi de forte contenção fiscal, para provocar,

no longo prazo:

. crescimento moderado do setor privado sem provocar escassez

. futura queda da taxa de juros

. diante do pequeno crescimento alcançado, proposta foi de acentuar a

dosagem do mesmo remédio: uma “contração fiscal expansionista”

. aumento do superávit primário, reduzindo gastos com

. transferências de renda

. salários do funcionalismo

. isto acabaria provocando no longo prazo:

. aumento do investimento privado, que mais que compensaria

a redução do gasto público

. redução das metas de inflação que geraria uma queda dos

juros reais

. esta visão se desgastou diante

. das baixas taxas de crescimento

. mas sobretudo do escândalo que derrubou o ministro Palocci

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1.2. AS PRIMEIRAS MEDIDAS DE POLÍTICA ECONÔMICA

. para reconquistar a confiança da comunidade financeira a nova equipe achou necessário

aumentar o grau de austeridade

. como a dívida pública tinha aumentado muito em relação ao PIB resolveu-se elevar a meta

de superávit primário

. como a inflação tinha aumentado resolveu-se elevar fortemente a taxa de juros

. em 2 meses a Selic passou de 18% para 25% e depois para 26,5%

. só voltou a cair no segundo semestre de 2003

. a Selic real foi de 6% em 2002 e 13% em 2003

. anunciou metas para a inflação

. 2003 – 8,5% (observado 9,3%)

. 2004 – 5,5% (observado 7,6%)

. anunciou-se uma equipe conservadora – Meirelles manteve toda a diretoria de Armínio

no BACEN

. renovou-se acordo com FMI sem usar os recursos – só como garantia

. voltou-se a buscar mega-superávits comerciais

. saldo BC foi a 13 bi

. expectativas do mercado se tornaram favoráveis

. risco país despencou para 800 pontos

. e o dólar caiu abaixo de R$ 3

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1.3. AS REFORMAS DE 2003

. mandou ao Congresso proposta de reforma tributária – que empacou

. mandou ao Congresso e aprovou uma reforma da Previdência Social com:

. taxação dos inativos

. redução de novas pensões

. idade mínima para aposentadoria (60 e 55 anos)

. possibilidade de criar fundos de pensão para complementar aposentadorias

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1.4. A CRISE DO MENSALÃO (2005)

Marcos Valério José Dirceu

. descoberto esquema de corrupção comandado pelo ministro chefe da Casa Civil

. só foi julgado 7 anos depois

. mas condenou

. ministros

. deputados

. presidente do PT

. epmresários

. abalou credibilidade

. do governo

. do PT

. na mesma época descobriu-se esquema de tráfego de influência do grupo de Palocci

. que acabou derrubado

. substituição beneficiou desenvolvimentistas

. Mantega era da absoluta confiança de Lula

. conjuntura era favorável permitindo maior crescimento

. necessário para reeleição em 2006

. liberais eram um obstáculo eleitoral

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. pelo lado do BACEN, para crescer acima de 3 a 4% aa só com o aprofundamento

da agenda reformista que reduza o risco Brasil e assim permita seu

financiamento a juros domésticos substancialmente mais baixos

. para outros setores: crescimento exagerado vai gerar escassez de infra-estrutura e

elevar inflação

1.5. DESEMPENHO DA ECONOMIA 2002-2006 (quase todo período liberal)

. crescimento do PIB duas vezes maior que no 2º FHC

. inflação caiu de 13% para 3% aa

. exportações cresceram 128%

. importações cresceram 94%

. apesar do câmbio apreciado o resultado externo foi excelente

. parcialmente contrabalançado pela apreciação do peso e do euro

. que tornaram mais competitivas as exportações brasileiras

. também favorecido por

. alta do preço das exportações

. maior penetração na China e recuperação dos negócios com Argentina

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2. O PREDOMÍNIO DOS DESENVOLVIMENTISTAS

Guido Mantega Nelson Barbosa Henrique Meirelles

. dominaram durante a gestão de Guido Mantega no Ministério da Fazenda

(2005-2010)

. Secretário de Política Econômica: Nelson Barbosa (IE-UFRJ)

. Henrique Meirelles mantido no BACEN

. um liberal com quem se pode negociar

2.1. A PROPOSTA DOS DESENVOLVIMENTISTAS

. defesa de 3 linhas de atuação

. estímulo temporário monetário e fiscal para acelerar o crescimento

em 1% a 2% aa

. aumento nas transferências de renda e no salário mínimo

. aumento do investimento público e retomada do planejamento de

longo prazo

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. acelerar o crescimento seria essencial para que empresas pudessem usufruir

de ganhos potenciais de produtividade, via:

. ganhos de escala, que proporcionam aumentos não inflacionários de

salários e lucros

. aumento do emprego formal, que aumenta a produtividade média

do trabalho

. elevação do investimento privado que gera modernização

. novos mercados para suprir o aumento da demanda

. elevação das expectativas de crescimento e da confiança

. este estímulo poderia ser ampliado pelo aumento

. das transferências – para combater a extrema pobreza

. do salário mínimo – para expandir a demanda agregada

. do planejamento de longo prazo e do investimento público – para

impedir a escassez na infra-estrutura

. sem gerar desequilíbrios fiscais, pois PIB e arrecadação aumentariam

também

. regra de ouro da política fiscal

. gasto corrente tem que ser financiado com receita corrente

. apenas investimento pode ser financiado por dívida

. conseqüência: preocupação se desloca do superávit primário global para o

superávit primário corrente (i.e., sem investimento)

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. mudança no foco das agências reguladoras

. da defesa dos interesses dos investidores para defesa dos

consumidores

. e nova regra para privatizações: busca do menor preço final

2.2. A POLÍTICA ECONÔMICA DESENVOLVIMENTISTA (2005-2010)

. mudanças na política fiscal

. elevação do salário mínimo real

. 2003-2005: 11,7%

. 2006-2008: 24,7%

. reestruturação de carreiras e salários do funcionalismo público

. aumentos de salários para carreiras típicas de Estado

. aumento dos concursos para substituir terceirizados

. para fiscalização, segurança e educação

. gasto da União com pessoal foi de 4,3% do PIB para 4,5%

. superávit primário do governo federal

. 1999-2002: 1,9% do PIB

. 2003-2005: 2,5% do PIB

. 2006-2008 – 2.3% do PIB

. queda muito menor que o esperado pelos liberais

. amenizada pelo crescimento econômico

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. queda da dívida líquida do setor público

. 2005: 48% do PIB

. 2008: 40,5%

. mercado de trabalho

. desemprego nas 6 regiões metropolitanas:

. 2006: 10,7%

. 2008: 6,8%

. expansão do crédito 2005-2008

. livre: dobrou

. direcionado

. habitacional

. 2006: R$ 34,5 bi

. 2008: R$ 59,7 bi

. agrícola

. 2005-6: R$ 53,5 bi

. 2008-9: R$ 78 bi

. opção fundamental: reduzir vulnerabilidade externa

. via acumulação de reservas

. 2005: US$ 55 bi

. 2008: US$ 207 bi

. foi fundamental para resistir à crise

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. problemas no balanço de pagamentos

. apreciação cambial + crescimento = queda do saldo comercial

. 2005: US$ 44,7 bi

. 2008: 16,7 bi

. renda líquida enviada ao exterior:

. 2005: US$ 26 bi

. 2008: US$ 40,6 bi (principalmente lucros/dividendos)

. redução dos juros líquidos enviados ao exterior

. 2005: US$ 13,5 bi

. 2008: 7,2 bi

. contrabalançados pela entrada líquida de IDE e investimentos em

carteira

. apreciação cambial

. ajudou a manter inflação baixa

. facilitou expansão do investimento direto de brasileiros no exterior

. 2003-2005: US$ 12,6 bi

. 2006-2008: US$ 55,7

. elevação dos preços externos do petróleo teve pequeno impacto inflacionário

devido à redução da CIDE sobre o produto

. redução da SELIC para incentivar crescimento

. agosto 2005: 19,75%

. setembro 2007: 11,25%

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. aumento do investimento público: o PAC

. aumento da FBCF

. 2005: 15,9% do PIB

. 2008: 19%

. resultante de aumentos

. das exportações

. dos investimentos do PAC

. só Petrobras: 1% do PIB

. desonerações tributárias para

. construção pesada

. computadores, semicondutores e TV digital

. perda da CPMF em 2007 injetou 1,7% do PIB na renda

disponível do setor privado

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Eixos Valor(R$ bilhões)

% do total Crescimento2007-10 em relação

a 2002-05ENERGIA 274,8 54,5%

Petróleo e gás 179,0 35,5% 80,4%Energia elétrica – geração 65,9 13,1% 361,7%

Energia elétrica - transmissão 12,5 2,5% 109,9%Combustíveis renováveis 17,4 3,5%

SOCIAL E URBANA 170,8 33,4%Habitação 106,3 21,1% 215,4%

Saneamento 40,0 7,9% 145%Recursos hídricos 12,7 2,5%

Luz para todos 8,7 1,7%Metrôs 3,1 0,6%

LOGÍSTICA 58,3 11,6%Rodovias 33,4 6,6%

Marinha mercante 10,6 2,1%Ferrovias 7,9 1,6% 2,6%

Aeroportos 3,0 0,6%Portos 2,7 0,5%

Hidrovias e ferrovias 0,7 0,1%TOTAL 503,9 100%

. eixo energia:

. projetos de grande porte e grande prazo de maturação

. participação expressiva de empresas públicas federais

. Petrobrás, Eletrobrás e Furnas

. logo vai ser realizado sem obstáculos

. petróleo e gás: maior sucesso e maior desafio

. petróleo: mega-região de Tupi (Santos)

. gás: vulnerabilidade boliviana

. energia elétrica: precisa crescer antes do resto da economia

. aumento de 40% da capacidade de geração

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. eixo social e urbano:

. habitação e saneamento têm elevado impacto sobre emprego, distribuição de

riqueza e qualidade de vida dos pobres

. habitação: déficit de 8 milhões de moradias (6 milhões para famílias com renda

inferior a 3 salários mínimos)

. problema maior: crédito habitacional de longo prazo (até 30 anos)

. % do crédito habitacional sobre o PIB

. Brasil: 1,7%

. Índia: 2,2%

. México: 9,0%

. Chile: 13,0%

. África do Sul: 20,3%

. Espanha: 45,9%

. EUA: 64,5%

. Holanda: 111,1%

. governo pretende triplicar esse volume de recursos para eliminar metade do

déficit (4 milhões de residências)

. recursos: FGTS e orçamento da União

. saneamento: é o de maior impacto sobre a qualidade de vida

. domicílios não ligados à rede de esgoto:

. BRASIL: 43%

. sudeste: 16%

. centro-oeste: 65%

. nordeste: 70%

. norte: 92%

. meta modesta: ligar à rede de esgoto mais 7% das residências

. 7,3 milhões de domicílios

. 25,4 milhões de pessoas

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. eixo logística: melhorar o sistema de transportes

. dúvida: aeroportos

. PAC planejado no final de 2005 – crise aérea era subestimada

. possível necessidade de remanejamento

. ferrovias

. pequeno valor, correspondente às ferrovias públicas

. investimento privado em ferrovias foi substancial em 2002-2005:

. aumentaram 71%

. produção de vagões aumentou 2500% (de 294 para 7.500)

. frota de locomotivas aumentou 26%

. recursos para o PAC

. total R$ 504 bi

. 68 bi de recursos orçamentários

. Lula avisou que não vai permitir que programa seja

prejudicado por redução das metas de inflação

. 219 bi de estatais federais

. dos quais 179 bi da Petrobrás

. 217 bi do setor privado

. dos quais 100 bi financiados por bancos oficiais

. com o PAC o PT começou a governar

. sucesso do PAC = Dilma 2010

. mas nunca foi feito um balanço do PAC

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2.3. A RESPOSTA KEYNESIANA À CRISE

. começou em setembro de 2008

. impactos iniciais

. contração do crédito doméstico, do consumo e do investimento

. redução do preço das commodities

. prejudicando exportadores

. prejuízo para empresas brasileiras que aplicavam em derivativos no

exterior

. ações do governo

. antes da crise

. ações emergenciais durante a crise

. ações estruturais que continuaram depois da crise

. ações antes da crise que atenuaram queda no nível de atividade

. aumento da proteção social via transferências para pobres

. 2002: 6,9% do PIB

. 2008: 8,6%

. 2009: 9,3%

. manutenção da política de aumento do salário mínimo

. 2009: 12% nominais

. aumento dos investimentos programados para o PAC em 2009

. União: 1% do PIB

. Petrobrás: 1,6% do PIB

. manutenção das desonerações tributárias

. aumentando renda disponível para empresas

. manutenção de reajustes e contratações do funcionalismo

. folha salarial

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. 2008: 4,5% do PIB

. 2009: 4,86%

. ações emergenciais durante a crise: aumento da liquidez

. venda de parte das reservas para financiar exportações

. possível devido ao grande acúmulo de reservas

. compra de reais para atenuar desvalorização

. redução do compulsório bancário

. incentivo para grandes bancos comprarem de carteiras de bancos

menores

. operações dos bancos públicos – BNDES, BB e CEF

. oferecendo crédito de curto prazo a juros baixos

. expansão da oferta de crédito em 33%

. redução da SELIC

. setembro 2008: 13,75%

. julho 2009: 8,75% (taxa real de 5%)

. política fiscal: desoneração tributária temporária

. BCD, BK, veículos, móveis, alguns alimentos

. elevando produção e vendas

. extensão e aumento do valor do seguro-desemprego

. taxa de juros zero para compra de máquinas e equipamentos

. resultados fiscais

. aumento da dívida

. agosto de 2008: 40,5% do PIB

. novembro de 2009: 43%

. para não aumentar basta superávit de 1,5% do PIB

. menos do que o previsto

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. ações estruturais

. revisão das alíquotas do IRPF

. injeta 0,2% do PIB na renda disponível da classe média baixa

. programa habitacional Minha Casa Minha Vida

. 1 milhão de residências em 3 anos

. 400 mil para pobres – prestações simbólicas

. 600 mil para famílias de baixa renda com baixas taxas

de juros reais positivas

. redução dos tributos indiretos sobre materiais para casas

populares

. linha de crédito para obras urbanas associadas a projetos

habitacionais

. crédito BNDES para modernas técnicas de construção

habitacional

. novo patamar de juros reais: entre 5 e 7% aa

. a recuperação foi rápida

. apenas 2 trimestres de queda do PIB

. crescimento de 7,55 em 2010

. Dilma eleita

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3.3. DESEMPENHO DA ECONOMIA 2003-2010

ANO PIB PIB PER CAPITA

INFLAÇÃO (IPCA)

EXPOR-TAÇÕES

IMPOR-TAÇÕES

SALDOBC

2003 1 0 9 73 48 152004 5 4 8 96 63 332005 3 1 6 118 74 442006 4 2 3 137 91 462007 5 4 4 160 120 402008 5 4 6 198 173 252009 0 -1 4 153 128 252010 7 6 6 202 182 20

. export-led growth conduzido pelo aumento do preço das commodities

. crescimento das exportações

. 2002-2008: 330%

. 2202-2009: 255%

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1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20090

20406080

100120140160180

Preços das commodities 1990-2009

3.4. MELHORIAS NO CAMPO SOCIAL

3.4.1. MELHORA A DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

1960 1970 1980 1990 2002 200805

1015202530

13.718.6 19.7

26.721.8

17.3

R (10+/40-)

22

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1960 1970 1980 1990 2002 20090

0.10.20.30.40.50.60.7

0.50.57 0.59 0.62 0.59 0.54

GINI

. renda se concentrou de 1960 a 1990

. começou a distribuição de renda com o Plano Real

. e aprofundou-se com

. políticas focadas – consolidadas no Bolsa-Família

. aumentos reais do salário mínimo

. que está próximo do teto histórico

SALÁRIO MÍNIMO REAL

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3.3.2. CAI O DESEMPREGO, AUMENTA O CONSUMO

. crescimento econômico após 2004 reduziu o desemprego

. com isso aumentou o rendimento real das pessoas ocupadas

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. e o aumento de 40% no crédito ao setor privado em geral, consumidores e firmas

. o que gerou um aumento de 68% no consumo final de 2002 a 2009

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. este crescimento da renda foi diferenciado segundo os grupos sociais, como mostra a

PNAD-IBGE

Estratificação social das famílias segundo a renda mensal do membro melhor situado:

• Ricos: não aparecem na PNAD

• Alta classe média: renda acima de R$ 3.500 – 14,4 milhões de pessoas

. microempresários, médicos, engenheiros, professores universitários,

juristas, diretores de empresas

• Média classe média: renda de R$ 1.750 a R$ 3.500 – 24,9 milhões de pessoas

. gerentes, professores do 2º grau, profissionais de segurança pública,

militares, enfermeiras, técnicos diversos

• Baixa classe média: renda de R$ 700 a R$ 1750 – 73,1 milhões de pessoas

. balconistas, professores do fundamental, auxiliares de enfermagem,

auxiliares de escritório recepcionistas, motoristas, garçons, barbeiros,

cabeleireiras, manicures, operários qualificados

• Massa trabalhadora: renda de R$ 350 a R$ 700 – 57,9 milhões de pessoas

. profissionais sem qualificação

• Miseráveis: renda abaixo de R$ 350 – 18,4 milhões de pessoas

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1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 20080%

10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

mais de 35001750 a 3500700 a 1750350 a 700menos de 350

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1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 20080%

10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

mais de 35001750 a 3500700 a 1750350 a 700menos de 350

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3.5. CRÍTICAS

3.5.1. AS METAS SÃO EXCESSIVAMENTE BAIXAS - OU ALTAS

. é difícil encontrar uma taxa ideal de inflação

. para mostrar firmeza se escolhe um valor “baixo”

3.5.2. OS REAJUSTES DOS PREÇOS ADMINISTRADOS SÃO EXCESSIVOS

. o problema dos preços administrados por contrato que compõem o IPCA

. 30% dos preços integrantes do IPCA responderam por 52% dos aumentos

entre 1999 e 2002

. determinados por estados/municípios

. IPTU, gás, IPVA, água, transp. urbano

. determinados pelo governo federal

. derivados de petróleo, álcool combustível, carvão vegetal,

energia elétrica, telefonia, correios, pedágio, transporte

público, planos e seguros de saúde, loterias

. aos preços administrados Bresser adiciona a questão dos salários, que em sua maioria

estão sendo corrigidos pela inflação passada, para concluir que a economia foi

reindexada

. ou seja, criou-se um piso para a inflação (algo como 6% aa)

3.5.3. A SELIC É EXCESSIVAMENTE ELEVADA

. como os preços administrados são insensíveis à política monetária, é preciso manter a

demanda agregada muito reprimida para que os preços livres sejam pressionados o

bastante para se atingir a meta de inflação

. o que amplia o custo social do combate à inflação

. corolário de Bresser:

. taxa de juros alta provoca

. investimento baixo

. aumento do déficit público

. entrada de capitais, que provoca valorização cambial, que gera

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. déficit em conta corrente

. falta de estímulo ao investimento para exportação

. porque a Selic é tão alta? Há explicações inaceitáveis

. para o Bacen alongar o perfil da sua dívida

. o que não acontece pois a política macro é ruim

. inflação fora de controle e câmbio valorizado

. para atrair os compradores de títulos a Selic é indexada à inflação, ao

câmbio e à própria Selic (como as LFT)

. inútil porque os bancos que aplicam não têm alternativa para o curto

prazo

. porque o risco-Brasil é alto

. há risco de calote e a justiça é ineficaz

. só existiria para aplicações de longo prazo – e estas são de overnight

. e países com a mesma incapacidade praticam juros menores

. para combater a inflação

. só funciona quando há excesso de demanda

. mas a economia está sempre semi-estagnada

. porque 9% reais deve ser a taxa de equilíbrio capaz de atrair capitais

. países com o mesmo risco que o Brasil praticam taxa real de 2 a 3%

. para estimular a poupança – o que é falso porque

. havendo crédito e capacidade ociosa é o investimento que determina

a poupança

. e o investimento é inibido pelos juros altos e câmbio

valorizado

. porque o câmbio valorizado eleva artificialmente o consumo [sic]

. para atrair poupança externa

. quem atrai poupança externa é a taxa de longo prazo

. a Selic atrai os de curtíssimo prazo

. além disso há uma grande sobra de capitais mal remunerados no

mundo em busca de aplicações rentáveis

. que viriam para cá com taxas mais baixas

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. as verdadeiras razões são

. porque o Bacen a usa de forma abusiva

. além de instrumento para controlar a inflação serve também para

atrair capitais externos ou “elevar a poupança”

. porque o Bacen se deixou capturar pela ortodoxia econômica

que beneficia os rentistas e os bancos que vivem de comissões

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3.5.4. A TAXA DE CÃMBIO ESTÁ APRECIADA

. o valor da taxa de câmbio resulta de fatores externos e internos

. externos

. taxas de juros internacionais

. grau de liquidez internacional

. internos

. resultado do saldo de transações correntes

. valor da SELIC

. risco-país

. facilidade para movimento de capitais

. preocupação com metas de inflação manteve SELIC elevada

. o que permitiu a acumulação de grandes reservas

internacionais

. mas apreciou o câmbio, prejudicando exportações

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. resulta da entrada de capitais de curto prazo

. ações

. renda fixa

. empréstimos entre empresas (erradamente classificados como IDE)

. efeito realimentador: quanto mais entram capitais maior a apreciação cambial

. porque a taxa de câmbio é apreciada?

. porque o Brasil conjuga

. juros muito elevados

. livre movimento de capitais

. não usa superávit fiscal para comprar reservas, mas para pagar juros

. sempre que o câmbio se desvaloriza o Bacen eleva os juros internos para

impedir o aumento da inflação

. que não aconteceria se a economia estivesse desindexada

. impedindo a continuidade do processo de crescimento

. e, pior, aumentando os gasto com juros

. sempre que os juros caem a economia volta a crescer

. com isso piora o resultado em conta corrente

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3.5.5. PROBLEMAS NA INDÚSTRIA: DESINDUSTRIALIZAÇÃO E

DOENÇA HOLANDESA

. o que dizem os números

. saldo comercial da indústria

. 2006: US$ + 30 bi

. 2008: US$ - 7,1 bi

. 2009: US$ - 8,3 bi

. 2010: US$ - 34,8 bi

. isso fez com que a balança comercial se tornasse um problema

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2005 2006 2007 2008 2009 20100

5001000150020002500300035004000

Oferta interna de veículos (milhares)

produçãoexportaçõesimportaçõesoferta interna

. crescimento 2005-2010

. produção: 33%

. exportações: - 31%

. importações: 750%

. oferta interna: 186%

. explicações:

. o câmbio

. aumento da renda do trabalho: 34%

. aumento do crédito para veículos

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. mas as importações estão ganhando a maior parte do mercado adicional

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Absorção do crescimento pelo mercado interno no 1º semestre

8374 79

20

4432

1726 21

80

5668

0

20

40

60

80

100

2006 2007 2008 2009 2010 2011

nacionaisimportados

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. como se explica essa performance (do total da indústria)

. efeito crescimento

. capacidade produtiva próxima do pleno emprego

. demanda crescente só pode ser suprida por importações

. problema poderia ser atenuado por aumento do investimento

. efeito competitividade, que encarece o produto nacional

. desloca a demanda para importações, inibindo o investimento

. dificulta exportações

. resultado:

. 55% do déficit se explica por aumento de importações

. 45% por redução de exportações

. o que acontece em cada grupo por tipo de tecnologia

. alta intensidade tecnológica: déficit gerado pelo aumento da demanda

. o déficit é tradicional em farmacêutica, informática, material de

comunicações e instrumentos médicos

. só há superávit em aeronáutica

. o problema aqui é falta de escala mínima, que só se consegue

operando em escala planetária

. pode-se ter sucesso em alguns nichos, sobretudo atraindo

estrangeiras para instalarem partes de suas cadeias

produtivas no país

. com políticas industriais específicas

. média-alta intensidade tecnológica: igualmente puxado pela demanda

. mas produtividade também tem importância

. em máquinas e equipamentos o déficit é estrutural

. em veículos automotores domina a competitividade

. média-baixa intensidade tecnológica: predomina a competitividade

. só em baixa intensidade o aumento da produção gera aumento do saldo

comercial

. mas em têxteis, calçados e couros há perda de competitividade

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

. Barbosa, Nelson e Souza, José A. P. (2010). “A inflexão do governo Lula: política econômica, crescimento e distribuição de renda”, in Sader, E. e Garcia, M. A. [orgs], Brasil entre o passado e o futuro. São Paulo: Fundação Perseu Abramo/Boitempo.

. Filgueira, Luiz e outros (2010). Os anos Lula. Contribuições para um balanço crítico 2003-2010. Rio de Janeiro: Garamond.

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