como se está a elevar - novaims.unl.pt · o desafio de elevar o "coeficiente de...

9
Tiragem: 6000 País: Portugal Period.: Mensal Âmbito: Economia, Negócios e. Pág: 38 Cores: Cor Área: 18,00 x 25,00 cm² Corte: 1 de 9 ID: 64861817 01-06-2016 GRANDE TEMA Como se está a elevar das cidades Se os cálculos da ONU estiverem corretos, em 2050 é bem possível que 70% da população viva em cidades. Problema? Chamemos-lhe antes desafio, já que a forma como estamos a pensar as cidades e o que estamos a fazer por elas determina a qualidade de vida dos cidadãos no presente e condiciona a do futuro. E no futuro queremos cidades mais "inteligentes", que é o mesmo que dizer capazes de usar todas as ferramentas possíveis para potenciar da forma mais eficiente os recursos disponíveis, com o propósito de elevar qualidade de vida. Objetivos de um "comboio em andamento", que , —11- transporta oportunidades gigantes para todos os setores de atividade... Susana Marques u!

Upload: duongnhu

Post on 01-Dec-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Como se está a elevar - novaims.unl.pt · O desafio de elevar o "coeficiente de inteligência" das cidades assume uma escala global e tira partido dela, na medida em que evidencia

Tiragem: 6000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 38

Cores: Cor

Área: 18,00 x 25,00 cm²

Corte: 1 de 9ID: 64861817 01-06-2016

GRANDE TEMA

Como se está a elevar

das cidades Se os cálculos da ONU estiverem

corretos, em 2050 é bem possível que

70% da população viva em cidades.

Problema? Chamemos-lhe antes desafio,

já que a forma como estamos a pensar

as cidades e o que estamos a fazer por

elas determina a qualidade de vida dos

cidadãos no presente e condiciona a do

futuro. E no futuro queremos cidades

mais "inteligentes", que é o mesmo que

dizer capazes de usar todas as ferramentas possíveis para potenciar da

forma mais eficiente os recursos

disponíveis, com o propósito de elevar •

qualidade de vida. Objetivos de um

"comboio em andamento", que , —11-

transporta oportunidades gigantes para

todos os setores de atividade...

Susana Marques u!

Page 2: Como se está a elevar - novaims.unl.pt · O desafio de elevar o "coeficiente de inteligência" das cidades assume uma escala global e tira partido dela, na medida em que evidencia

Tiragem: 6000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 39

Cores: Cor

Área: 18,00 x 25,00 cm²

Corte: 2 de 9ID: 64861817 01-06-2016

urante uni jantar, em 2004, o antigo presidente dos EUA Bill Clinton terá dito a John Chambers, CEO da Cisco, que a multinacional

de tecnologia deveria utilizar as suas ferramentas para tornar as cidades melhores. A ideia está na origem do conceito de smarr cicies, que se im-põe como uma meta em permanente atualização. As desejadas cidades in-teligentes de que atualmente tanto se fala concentram objetivos que não são de agora, como o da sustentabilidade, da responsabilidade social, da efici-ência económica, e convocam, em si-multáneo, a tecnologia e os cidadãos. O desafio de elevar o "coeficiente de inteligência" das cidades assume uma escala global e tira partido dela, na medida em que evidencia a necessida-de de partilhar estratégias e soluções. Na realidade, todos os setores de atividade estão convocados e todos deverão participar na construção das cidades que vamos ter no futuro.

A dimensão do desafio e das oportu-nidades que germina percebe-se me-lhor se nos lembramos que a Orga-nização das Nações Unidas (ONU) estima que em 2050 cerca de 70% da população se concentre nas cida-des. Prevê-se que em 2020 o mercado das smart cities valha 1,565 triliões de dólares (aproximadamente 1,394 triliões de euros).

O tema foi debatido nos passados dias 18 e 19 de maio, em Lisboa, na conferência Zoom Smart Chies, onde oradores nacionais e internacionais abordaram vários aspetos inerentes ao processo de tornar as cidades mais

irriffrripreligentes, -A-organização, a cargo fies, da agência onteúdo Chave,

a Bar Consultores e da Nova Infor-tIon Management School, lembra

• Baixo Mundial destinou 2,96 4,116es cio- curtas para o destin-

o.-que o programa iria-Quadro

Comum ção & ino- vação dispõe de 5,9 mil milhões-tl

euros de um total de 80 mil milhões para as áreas secure, clean and eficien-te energy e que os fundos comunitá-rios enquadrados pelo Portugal 2020 disponibilizam dois mil milhões de euros para cidades sustentáveis.

Também a União Europeia fez zoom sobre a questão das cidades inteligen-tes e concluiu no relatório "Mapping Smart Cities in the EU — 2014", que 51% das cidades europeias com mais de 100 mil habitantes já implementa-ram iniciativas de inteligência urba-na. O "comboio está em andamento", pelo que importa perceber, no con-texto português, o que está a ser feito e que oportunidades traz o desafio de tornar mais inteligentes as cidades.

Prevê-se que em 2020 o mercado das smartcitiesvalba, aproximadamente,

1394 triliões de euros

Catarina Selada, responsável pelo departamento de cidades da Inteli -Inteligência em Inovação, a empresa que monitoriza o que poderíamos chamar de "coeficiente de inteligên-cia" das cidades portuguesas (através do Índice de Cidades Inteligentes) ajuda-nos a fazer o ponto da situação de Portugal no contexto mundial: t s cidades portuguesas estão a seguir , ma trajetória semelhante a outras kidades europeias, excluindo as gran-des metrópoles que têm estratégias e programas integrados associados ao conceito smarr ciry. A maioria dos municípios encontra-se consciencia-lizada para o tema, fruto das diversas ações de sensibilização realizadas a nível nacional e internacional, mas são raros os que desenvolveram roa-drnap.s específicos associados à inteli-gência urbana."

A gestora sublinha que "as cidades

portuguesas são bastante heterogé-neas do ponto de vista económico, social, cultural e institucional", pelo que "os desafios são também diversos". Questões como "o despovoamento e o envelhecimento da população, as alterações climáticas, a exclusão e as desigualdades sociais" devem estar em cima da mesa na hora de adotar estratégias no âmbito do conceito de smart cicies. Essas "estratégias e pro-jetos de inteligência urbana têm que ser adaptados às especificidades terri-toriais", alerta.

Sobre esse tipo de especificidades debruçou-se a socióloga holandesa Sakia Sassen, que propôs a designa-ção de cidade global para alertar para a sua heterogeneidade: "A cidade é tantas coisas. É um sistema complexo, mas incompleto, susceptível à tempo-ralidade, que também pertence à de-finição das cidades."

Para a experiente socióloga é funda-mental que se perceba que o processo de tornar as cidades mais inteligentes deve sobretudo ter em atenção as pes-soas: "Não se trata apenas de intro-duzir tecnologia, inovação. Há que pensar nas especificidades das pes-soas, que têm diferentes necessida-des e acolhem a tecnologia de forma distinta. Há desafios que não devem ser descurados, como a geografia, o nível económico, inclusivamente na mesma cidade. A noção de que nou-tro ponto do globo ou noutra zona da cidade as coisas se passam de forma diferente é importante, já que o aces-so à tecnologia e aos diferentes servi-ços depende da cultura de cada zona de acesso." Daí que possa ser mais fácil agir em cidades mais pequenas, ao contrário do que se poderia pensar, observa a especialista. Atualmente a viver em Nova Iorque,

Saskia Sassen chama a atenção para a descontextualização de algumas medidas. "Não é bom que as pes-soas se sintam estranhas na sua pró-pria cidade, ou estranhas à econo-mia que as rodeia. O espaço urbano também é ator da mudança, em in-

GRAN TEMA GRANDE TEMA

Page 3: Como se está a elevar - novaims.unl.pt · O desafio de elevar o "coeficiente de inteligência" das cidades assume uma escala global e tira partido dela, na medida em que evidencia

Tiragem: 6000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 40

Cores: Cor

Área: 18,00 x 24,00 cm²

Corte: 3 de 9ID: 64861817 01-06-2016F

ntn

Ra

nn

ra M

ari

na

ni.

rrn

irn

teraçáo com a atividade humana." Por isso, importa que a tecnologia

tenha em consideração o utiliza-dor e procure dialogar com ele: "Os sistemas que não elevam o nível de inteligência dos utilizadores não so-brevivem muito tempo. A smarr city tem que mobilizar a inteligência dos seus moradores. O falhanço de uma intervenção advém de ignorar a di-ferença da assimilação e do acesso à tecnologia também. O desafio da tec-nologia é embrenhar a inteligência do utilizador. Isso pode prolongar a vida da tecnologia. Tem que haver moni-torização do seu uso, para que quem fabrica a tecnologia possa aprender com os utilizadores e melhorá-la." A participação dos cidadãos é um

dos pontos críticos para o sucesso das estratégias de transformação das ci-dades. A maior ou menor capacidade de uma cidade envolver os seus cida-dãos ditará também o sentido em que evolui a qualidade de vida.

Rener, a rede portuguesa que une as cidades inteligentes Em Portugal, foi criada em 2009 a

Rede Piloto para a Mobilidade Elé-trica, juntando 25 municípios. Esta rede esteve na origem da RENER —Rede Portuguesa de Cidades Inteli-gentes, que passou em 2014 a ter 46 municípios associados. Já este ano, a Associaçáo de Municípios Portu-gueses criou a secção das cidades

O Banco Mundial destinou 2,96 mil

milhões de euros para o desenvolvimento urbano. O programa

Horizonte 2020 dispõe de 5,9 mil milhões de euros para a

eficiência energética. Os fundos do Portugal 2020 disponibilizam

dois mil milhões de euros para a

sustentabilidade das cidades

inteligentes, que agrega 110 municí-pios parceiros. A Câmara Municipal de Viseu preside à Rener, Almada e Castelo Branco assumem a vice-pre-sidência e Porto e Cascais são vogais da direção. As cidades portuguesas associadas

da Rener estão a implementar pro-jetos em áreas verticais (como mobi-lidade, energia ou governação) que se constituem como boas práticas a

replicar noutros territórios", assinala Catarina Selada. A Inteli, informa a gestora, "tem

vindo a distinguir estas ideias com o selo "A Smart Project for Smart Ci-ties", sendo que em 2015 se destaca-ram vários projetos: "No-paper (Vila Nova de Gaia), bike-sharing Agosti-nhas (Torres Vedras), sistema de ges-tão e informação ambiental (Matosi-nhos), iluminação pública inteligente (Águeda) e gestão inteligente de resí-duos (Cascais). De notar que a maior parte destes projetos são iniciativas piloto, ainda isoladas e pontuais".

O índice de Cidades Inteligentes da Inteli avalia o posicionamento das cidades na área das smart cicies, in-tegrando cinco dimensões de análise: governação, inovação, sustentabilida-de, inclusão e conectividade e cerca de 120 indicadores. Os resultados da segunda edição vão ser publicados ainda no primeiro semestre deste ano, adianta Catarina Selada. Almeida Henriques, presidente da

Câmara Municipal de Viseu (a cida-de que preside atualmente à Rener), diz que "já perdemos algumas al-deias", pelo que há que tentar "salvar as cidades". Tal como Saskia Sassen, o autarca

está consciente que no domínio do que se quer para as cidades inteligen-tes, nem tudo passa pela tecnologia:

"A tecnologia é apenas o instrumento. Devemos começar pelas pessoas, pe-las suas necessidades." As medidas de incentivo à natalidade que o municí-pio de Viseu tem vindo a implemen-tar são um bom exemplo, diz.

No universo de intervenção a favor das smart cicies, "interessa fazer lo-bbying e promover a troca de expe-riências", sobretudo numa altura em que "os recursos são cada vez mais escassos para as autarquias.", indica Almeida Henriques, sublinhando que essa é a lóg►ca que preside à Rener. Para o autarca, desafiante é também

"conciliar as políticas antigas com as de nova geração", bem como ter uma democracia mais participativa. "Ain-

Page 4: Como se está a elevar - novaims.unl.pt · O desafio de elevar o "coeficiente de inteligência" das cidades assume uma escala global e tira partido dela, na medida em que evidencia

Tiragem: 6000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 41

Cores: Cor

Área: 18,00 x 23,54 cm²

Corte: 4 de 9ID: 64861817 01-06-2016

Parceria entre a Rener e a espanhola RECI

A Rener Rede Portuguesa de Cidades Inteligentes estabeleceu um Protocolo de Cooperação com a RECI - Rede Espanhola de Cidades Inteligentes em 2013. "Para além da partilha de expe-riências e boas práticas entre as cidades das redes, foi desenvol-vido um projeto conjunto na área do empreendedorismo urbano -o Startup4Cities Iberia", explica Catarina Selada, da Inteli. O ob-jetivo foi "promover o empreen-dedorismo de base tecnológica orientado para o desenvolvimen-to de soluções para os novos desafios urbanos e criar serviços criativos e inovadores para as ci-dades do futuro". A especialista da Inteli conta que "foram rececionadas 108 propostas empreendedoras dos dois países, tendo sido selecio-nadas 18 ideias de projeto". Es-

tas "foram apresentadas pelos promotores no "Smart City Expo World Congress", em Barcelona, em novembro de 2015, peran-te uma audiência integrada por representantes dos municípios e outros atores do ecossistema empreendedor". Catarina Sela-da lembra que "o vencedor foi um projeto português - o "Par-ticipare", na área da governação e participação pública". Estas ideias são aplicadas em algumas cidades, que "funcionam como palcos de teste e experimenta-ção destas soluções urbanas em contexto real". No domínio da cooperação in-ternacional, a Rener tem estabe-lecido contactos com o Brasil e outros países da América Latina, com vista à criação de uma Rede Ibero-Americana de Cidades In-teligentes.

da que pouco motivados para ir à urna, os cidadãos são mais exigentes e mais informados, pelo que devem ser motivados a participar." Viseu, a única cidade portuguesa

do interior que nos últimos 20 anos viu crescer a sua população, está, à semelhança de outras cidades portu-guesas, a trabalhar para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, pou-pando recursos. Almeida Henriques avança que estão a intervir ao nível da iluminação pública (instalação de luminárias led), da mobilidade, luga-res de estacionamento (com painéis informativos sobre lugares disponí-veis e respetiva localização), de uma nova rede inteligente de transportes (elétrica no centro histórico), rede de ciclovias, transporte a pedido para as freguesias menos bem servidas de transportes, otimização do consumo de água (sistema inteligente de con-trolo, medição e pagamento da água), recolha de resíduos inteligente (sen-sorização dos contentores, veículos de recolha movidos a gás), atração de novos investimentos, governação e participação, etc.

Todas estas áreas piscam o olho às empresas, assim sejam capazes de fornecer as devidas soluções. Para fi-nanciarem o desenvolvimento destas novas soluções os fundos europeus podem ser o caminho, quer para as empresas, quer para as autarquias. Como referimos, a União Europeia está a canalizar uma parte dos seus fundos para financiar projetos que visam tornar as nossas cidades mais inteligentes. No caso dos fundos dos programa europeu Horizon 2020, "as cidades pequenas e médias têm difi-culdade em posicionar-se, tendo sido aprovadas candidaturas de consórcios integrados por cidades de referência na arena internacional", esclarece Ca-tarina Selada, ressalvando que "Lis-boa participa como lighthouse city num projeto farol na área das Smart Cides and Communiries - Sharing Cities, em colaboração com Londres e Milão e um conjunto de stakehol-

O Governo destinou 20 milhões de euros

para a criação de living falis nas cidades portuguesas, capazes

de desenvolver e testar projetos de descarbonização

ders locais (ver caixa da página 40), que visa testar e escalar soluções ur-banas na interseção entre a energia, mobilidade e TIC" e o "Porto é folio-wer city do projeto Grow Srnarter, liderado pelas cidades de Estocolmo, Colónia e Barcelona".

Relativamente ao Portugal 2020, "houve um grande atraso no lança-

mento dos avisos de abertura de con-cursos para municípios, sendo que só agora se espera que existam oportu-nidades para as cidades beneficiarem desses fundos", indica a responsável da Inteli, acrescentando que "a expe-tativa é enorme urna vez que Portugal está já preparado para o estabeleci-mento de projetos que se constituam como referência no plano internacio-nal". Catarina Selada frisa ainda que

"o território nacional tem característi-cas muito próprias e específicas que permitem posicionar o país como um palco de teste e demonstração por ex-celência de projetos inovadores e sus-tentáveis para as cidades do futuro".

O Governo português deixa claro que o objetivo de fundir as valências da tecnologia com o mundo físico diz respeito a todo o país, ainda que as cidades têm o poder de o catalizar, já que concentram o grosso da popula-ção. José Mendes, secretário de Esta-

Page 5: Como se está a elevar - novaims.unl.pt · O desafio de elevar o "coeficiente de inteligência" das cidades assume uma escala global e tira partido dela, na medida em que evidencia

Tiragem: 6000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 42

Cores: Cor

Área: 18,00 x 23,66 cm²

Corte: 5 de 9ID: 64861817 01-06-2016

"Cidade do Rock Inteligente", a montra da tecnologia da Vodatone

Parceira do Festival Rock in Rio-Lis-

boa há 12 anos, a Vodafone apostou

em elevar o "coeficiente de inteligên-

cia do recinto", nos dias em que de-correu o evento (19, 20, 27, 28 e 29 de maio) e mostrar que quer ter um papel

relevante no que toca à construção

das cidades do futuro. A empresa de telecomunicações contribuiu para a

que chamou de "primeira cidade do

rock inteligente do mundo", ao insta-lar "soluções de cariz tecnológico e

inovador, nunca antes aplicadas num

evento de música e entretenimento".

A 7.3 edição do Rock in Rio-Lisboa contou com "tecnologias de informa-

ção e comunicação para promover a

melhoria da experiência dos milhares de espetadores que visitaram o even-to todos os dias, a sustentabilidade

ambiental e económica do festival",

nomeadamente no que toca ao con-sumo de energia e de água, à ocupa-

ção das casas de banho, aos níveis de

lixo e à qualidade do ar, "as áreas mais críticas para o pleno funcionamento

do festival". Tudo isto foi monitoriza-

do, em tempo real, com as soluções

da Vodafone. "Para além de impactar

positivamente o público, este projeto

cria as condições para uma melhor

gestão dos processos e infraestrutu-ras existentes, e otimização dos re-cursos para futuras edições." As soluções Smart Energy, Smart

Water, Smart Toilets, Smart Waste e Smart Air "têm como denominador comum um sistema de Gestão Téc-

nica Centralizada (GTC) da Vodafo-ne, desenvolvido em parceria com a empresa portuguesa SSA Dyna-mics", que foi instalado no Centro

de Controlo Operacional do Rock in Rio-Lisboa, o espaço a partir do

qual foram geridas todas as opera-ções do festival. O GTC agregava e disponibilizava toda a informação recolhida pelos sensores, em tempo

real, emitindo sinais de alerta para

prevenir eventu-ais incidentes. Sem revelar qual o investimento fei-to nesta tecnolo-gia João Mendes Dias, administra-dor da Vodafone, adianta que o objetivo era tes-tar a tecnologia e aproveitar o even-to para mostrar as suas potencialida-des. Assim, durante o evento, a Voda-

foene fez visitas guiadas a potenciais

novos clientes da tecnologia, nomea-damente a responsáveis de diversas

autarquias. "O nosso grande objetivo é continuar a desenvolver soluções de

smart cities, numa dinâmica de cola-

boração com Governo, autarquias, universidades e indústria, que per-

mitam explorar as oportunidades de

otimização dos recursos disponíveis, contribuindo assim para a melhoria

da qualidade de vida dos cidadãos", sublinha. Á semelhança do que já aconteceu com outras edições, as soluções im-

plementadas de forma pioneira no

Rock in Rio Lisboa acabam por ser exportadas para outros países em que o festival está presente. Recorde-se que a Fundação Vodafo-

ne Portugal tem em curso o projeto "Aldeia Inteligente de Montanha", a decorrer na aldeia do Sabugueiro, em

Seia (interior centro). A empresa em parceria com a Câmara Municipal de Seia, a Associação de Beneficência do Sabugueiro. a Junta de Freguesia

do Sabugueiro, o Centro de Saúde da Região Centro e as Águas do Zêzere e Côa implementou nesta "emblemá-tica aldeia da Serra da Estrela" diver-sas soluções tecnológicas de dinami-

zação de smart cities, "em áreas tão diversas como a energética dos edifí-

cios e domicílios, a mobilidade, a saú-de, a iluminação pública e os recursos

hídricos", que estão a transformar a vida dos habitantes e visitantes do

Sabugueiro. No âmbito das smart cities. a Voda-fone promove anualmente o concur-

so "BIG Smart Cities", que vai já na sua quarta edição. A competição de

empreendedorismo promovido pela

Vodafone e pela Ericsson, visa sele-cionar as melhores ideias de negócio

de base tecnológica que melhorem o

dia a dia de quem vive, trabalha ou

visita uma cidade. A ideia vencedo-

ra ganha um prémio monetário de 10

mil euros, seis meses de incubação

no Vodafone Power Lab e uma via-gem para conhecer um pólo de ino-vação da Ericsson na Europa. Os 20 finalistas da 4.3 edição do "BIG Smart Cities" já estão escolhidos e partici-pam agora "num programa de pré-aceleração de nove semanas onde,

além de espaço de co-work, rece-bem formação, mentoring e apoio para transformarem as suas ideias em negócios viáveis", explica a Voda-

fone, em comunicado, acrescentan-do que "a final do BIG Smart Cities

acontece no dia 5 de julho, onde vão ser apresentados publicamente os pitches dos projetos finalistas e onde serão revelados o projeto vencedor e três menções honrosas".

Page 6: Como se está a elevar - novaims.unl.pt · O desafio de elevar o "coeficiente de inteligência" das cidades assume uma escala global e tira partido dela, na medida em que evidencia

Tiragem: 6000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 43

Cores: Cor

Área: 17,74 x 23,83 cm²

Corte: 6 de 9ID: 64861817 01-06-2016

do Adjunto e do Ambiente, abriu o segundo dia da conferência Zoom Smart Chies começando justamente por evidenciar o papel atual das ci-dades.

O governante falou de um dos prin-cipais desafios que se colocam ao país, o desafio da descarbonização e anun-ciou para tal o financiamento de 20 milhões de euros para a criação de living labs nas cidades portuguesas. Estes laboratórios serão espaços de demonstração, destinados a "inovar, desenvolver, experimentar e demons-trar", clarificou José Mendes. "As ci-dades interessadas serão convidadas a colaborar com parceiros científicos no desenho de um conceito hipocar-bónico, incluindo experiências para a apropriação de tecnologias de bai-xo carbono", explicou o governante, acrescentando que serão abrangidas áreas como mobilidade, eficiência energética, iluminação pública, mo-nitorização, smarr metering, vigilân-cia, utilities ou gestão de resíduos.

"As cidades vão desempenhar um pa-pel importante no grande desafio da descarbonização durante a próxima década", disse José Mendes, subli-nhando que "no mundo contemporâ-neo, descarbonizar a economia como um todo implica descarbonizar as ci-dades, e isso implica descarbonizar os seus sistemas e as relações complexas entre eles". Como sintetizou Rob Adams, fun-

dador da agência criativa Six Fingers, no segundo dia da Zoom Smart Ci-ties, a ideia inerente a elevar a inte-ligência das cidades é "fazer coisas novas para conseguir mudar o mun-do". O criativo holandês aconselha cidadãos, empresas e instituições a "ousar fazer diferente" porque "se não o fizermos, vamos estar apenas a melhorar constantemente as mesmas coisas, mas nada de novo acontece". A inovação é uma das tónicas domi-

nantes quando se fala em smarr cicies, sobretudo no domínio tecnológico. Talvez porque como salientou Paulo Neves, CEO da Portugal Telecom,

"há uma explosão tecnológica em curso". Aos participantes na Zoom Smart Chies, o gestor lembrou que

"sem conectividade, não há smart cities", adiantando estimativas que apontam para mais de 30 mil mi-lhões de equipamentos conectados, em 2030. Calcula-se que nessa altura cada casa possua mais de 500 equipa-mentos conectados.

Andrew Collinge: "Uma cidade

inteligente é mais atraente, inclusiva,

inovadora, resiliente e mais

sustentável"

Fibra ótica para todo o país até 2020

Paulo Neves considera que Portugal está na linha da frente neste domínio:

"Na PT, ao longo dos anos temos in-vestido na melhor fibra óptica da Eu-ropa. Esperamos que em 2020 o país esteja todo coberto com fibra óptica, o que é fundamental para a conec-tividade, diminuindo a importância da distância ou da interioridade." O

gestor sustenta que "tudo pode ser impulsionado pelas tecnologias de in-formação para atrair as populações", já que "a integração de serviços para as cidades é, fundamentalmente para as pessoas". A Portugal Telecom procura "ter

soluções verticais que respondam aos vetores sustentabilidade, cidadania e economia". Para tal, estabelece parce-rias com as autarquias, as universida-des, as empresas locais e os agentes de desenvolvimento local. "Ouvimo-los para perceber quais as suas necessi-dades", nota Paulo Neves, defenden-do a formulação de um "road map de investimento", bem como "um conhecimento das necessidades do país", tendo em vista a construção de cidades mais inteligentes e realidades mais amigas dos cidadãos.

Deita poupa com carros elétricos As empresas, além do esperado pro-

tagonismo que poderão ter ao desen-volver e fornecer soluções para tornar as cidades inteligentes, assumem elas próprias o objetivo de tornar a sua ges-tão mais inteligente. Exemplo disso é a Delta Cafés, que desde sempre impul-sionou políticas internas de sustentabi-lidade e responsabilidade social. Uma das mais recentes medidas prende-se com a redução de custos e da pegada ecológica ao nível da mobilidade.

Page 7: Como se está a elevar - novaims.unl.pt · O desafio de elevar o "coeficiente de inteligência" das cidades assume uma escala global e tira partido dela, na medida em que evidencia

Tiragem: 6000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 44

Cores: Cor

Área: 18,00 x 22,94 cm²

Corte: 7 de 9ID: 64861817 01-06-2016

Capitalizar o poder de "sedução" de Portugal

Andrew Collinge, diretor da área de

inteligência da Greater London Au-

thority, não tem dúvidas de que "se

trabalharmos bem juntos isso fará a

diferença para as nossas cidades",

ou seja a inteligência das cidades

vê-se também na sua capacidade de

cooperação. Por isso multiplicam-se

projetos que juntam mais do que uma

cidade, como é o caso do "Sharing

Cities", que integra Lisboa, Londres e

Milão. Confiante de que o projeto será

um bom exemplo de cooperação.

Andrew Collinge vai mais longe e diz

que é preciso "fazer campanha em

poesia e entregar em prosa, partilhar

com paixão e roubar (a inovação) com

orgulho".

O projeto "Sharing Cities" arrancou

este ano e obteve 25 milhões de eu-

ros de fundos europeus para investir

até 2020. Atualmente, as três cidades

estão a traçar o programa que

as tornará mais sustentáveis e

inteligentes, salienta Andrew

Collinge: "O projeto assenta em

valores e em comportamentos

tanto quanto assenta em tec-

nologia. Esse equilíbrio é que

nos permitirá atingir as nossas

ambições. Vamos ser flexíveis

e aproveitar as oportunidades

que nos surgirem, temos que

capitalizar as mudanças que

a tecnologia oferece. A tecno-

logia tem que fazer sentido e

produzir efeitos palpáveis, en-

volvendo os cidadãos. Se pen-

sarmos apenas em tecnologia

falharemos."

Piero Pellizzaro, representante

do Municipio de Milão, consi-

dera que "os cidadãos vão ser

parte da mudança, na realida-

de, vão liderá-la."

As áreas de intervenção fun-

dem a tecnologia com as diver-

sas dimensões de atividade da

cidade: mobilidade, qualidade

do ar e sonora, eficiência energética;

partilha de serviços, partilha de trans-

portes. parqueamento inteligente,

acesso Wi-Fi, orçamentos participati-

vos, crowdfounding, co-working spa-

ces, etc. "É uma maratona, não é um

sprint", nota o gestor britânico.

O vereador da habitação e do desen-

volvimento local na Câmara Muni-

cipal de Lisboa, Rui Franco, diz que

a capital portuguesa "é hoje já uma

cidade inteligente": a autarquia está

"a renovar a habitação social, tornan-

do-a mais eficiente energeticamente,

através de um investimento que já

supera 25 milhões de euros"; na fro-

ta de veículos municipais, "mais de

100 são elétricos", adianta o vereador,

acrescentando que a cidade dispo-

nibiliza 150 postos de carregamento

para veiculos elétricos; em curso está

também a passagem para a recolha

inteligente de resíduos. Os semáforos

estão a ser convertidos para tecnolo-

gia led, bem como os candeeiros de

iluminação pública; haverá um siste-

ma de parqueamento inteligente; o

plano de acessibilidade pedonal está

a transformar progressivamente o es-

paço público; há várias zonas com in-

ternet gratuita; a autarquia está a tra-

balhar com diversos parceiros numa

plataforma de partilha de dados da

cidade." Rui Franco garante que "Lisboa está

já na linha da frente das cidades in-

teligentes" e a autarquia " declara a

aposta estratégia na promoção do

envolvimento de todos". O vereador

assegura ainda que "Lisboa nunca foi

tão saudável economicamente como

agora e que querem fazer os investi-

mentos certos". O autarca frisa que "o

desenvolvimento inteligente e susten-

tável é uma oportunidade tam-

bém para as empresas e para a

economia em geral."

Muitos dos investimentos pa-

gam-se a si próprios, já que po-

tenciam poupanças, explica Rui

Franco: "Vamos substituir 3000

candeeiros e podemos fazê-lo

sem investir um euro, porque o

investimento será pago em dois

anos, em poupança energéti-

ca. Depois queremos alargar

a toda a cidade. A tecnologia

melhora tão rapidamente que

daqui a três anos haverá ainda

melhores soluções."

O projeto "Sharing Cities" am-

plia as possibilidades de finan-

ciamento, já que as três cida-

des concorrem em parceria aos

fundos europeus. "Há proble-

mas em comum, pelo que po-

dem ser partilhadas soluções",

assinala Andrew Collinge.

Rui Franco remata: "O que nos

move é a ambição de aprovei-

tar este momento da história de

Page 8: Como se está a elevar - novaims.unl.pt · O desafio de elevar o "coeficiente de inteligência" das cidades assume uma escala global e tira partido dela, na medida em que evidencia

Tiragem: 6000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 45

Cores: Cor

Área: 18,00 x 23,84 cm²

Corte: 8 de 9ID: 64861817 01-06-2016

fazer a cidadania mais coesa. É um grande desafio." Paulo Carvalho, diretor municipal de economia e inovação da Câmara Municipal de Lisboa, disse também aos participantes na Zoom Smart Cities, que "Lisboa está na fase em que dentro de pouco tempo terá uma capacidade de liderança", já que "está a desenvolver e liderar projetos de grande amplitude como a participação no 'Sharing Cities, ou centro operacional integrado da cidade de Lisboa". Lisboa integra também o projeto "100 Resilient Cities", promovido pela Fundação Rockefeller, e que visa ajudar as 100 cidades sele-cionadas a tornarem-se mais re-sistentes a problemas de ordem física, social ou económica. Neste âmbito, no passado dia 23 decor-reu um workshop em Lisboa, que reuniu representantes de diversas instituições públicas e privadas, para decidirem os objectivos prio-ritários. Na página do projeto pode ler-se que entre os principais desafios que se colocam a Lisboa estão a degradação dos seus edifícios e infra-estruturas, agravada pelo risco de atividade sísmica e pelas alterações climáticas. A capacidade de cidades como Lisboa e Porto em atrair empreen-dedores deverá ser um forte vetor de transformação. Neste domínio. destaque para organismos como a Startup Lisboa, que já recuperou três edifícios na Baía de Lisboa, onde se dedica à incubação de empresas de tecnologia (em dois deles) e de comércio e turismo (no terceiro), e se prepara para coorde-nar um novo hub empreendedor no Beato, a lançar pela Câmara Muni-cipal de Lisboa. O espaço de 30 mil metros quadrados irá sedear novas

empresas portuguesas e estran-geiras. Na mesma linha, outra acelerado-ra, a Fábrica de Startups, anunciou recentemente que quer crescer em Lisboa, onde já gere um "Startup Campus", com três mil metros qua-drados, e entrar no Porto ainda este ano. Além destes organismos nacionais, regista-se o crescente interesse por parte de promotores de em-preendedorismo internacionais. É o caso da rede de origem inglesa Impact Hub, que chega este mês a Lisboa. Além de Londres, onde nasceu em 2005, a rede já está re-presentada em cidades como Vie-na, Estocolmo, Seattle, Tóquio, S. Paulo, Bucareste, Milão, Madrid, Joanesburgo, Belgrado, Telavive, Bogotá, Oakland e Singapura. O Lisbon Impact Hub vai instalar-se num armazém de 3000 metros quadrados, que foi recuperado na zona do Beato-Marvila. O objetivo é incubar cerca de 335 projetos. Também de Londres vem o Second Home, um espaço de co-work, que irá instalar-se no Mercado da Ribei-ra Time Out, em Lisboa. Os funda-dores, Rohan Silva e Sam Alden-ton, iniciaram o projeto em 2013, em Londres, e escolheram Portugal para a sua segunda morada, já que acreditam que "o ambiente tecno-lógico vai explodir em Lisboa, em 2016", como disse Rohan Silva, em entrevista ao jornal Observador. Recorde-se que este é o ano em que Lisboa acolhe pela primeira vez a Web Summit (dias 8, 9 e 10 de novembro), um evento que de-verá reunir cerca de 40 mil pessoas na capital portuguesa. De assinalar que Lisboa já garantiu também a realização das edições de 2017 e de 2018 desta importante cimeira de tecnologia.

Assim, no início de 2012, a Delta introduziu carros elétricos na sua fro-ta comercial. "Para já apresentamos uma frota com 16 veículos elétricos, no entanto queremos continuar a ser cada vez mais sustentáveis e a implementar soluções cada vez mais eficientes», responde fonte da em-presa. Os veículos elétricos da Delta

"encontram-se alotados à equipa de pré-venda, que se movimenta na zona centro de Lisboa, uma vez que a nível de autonomia não permitem percor-rer mais de 140 quilómetros". A empresa revela que "com a intro-

dução dos veículos elétricos de passa-geiros, já conseguiu rentabilizar cerca de 30 mil euros por ano".

Como dizia António Rendas, reitor da Universidade Nova de Lisboa, na abertura da Zoom Smart Cities, "a sobrevivência é dos que se sabem adaptar", acrescentando que "preci-samos de alguma estabilidade, para que o que é novo tenha tempo para se inserir de forma coordenada nas cidades". Isto porque "nas capitais europeias existem potenciais enor-mes de transformação, mas também problemas graves". Se não atentarmos a esses problemas graves, "perdemos o desafio do progresso", alertava o reitor. O mesmo induzia Andrew Collinge

ao sintetizar o conceito de smarr city: "Uma cidade inteligente é mais atra-ente, mais inclusiva, mais inovadora, mais resiliente e mais sustentável." ■

Page 9: Como se está a elevar - novaims.unl.pt · O desafio de elevar o "coeficiente de inteligência" das cidades assume uma escala global e tira partido dela, na medida em que evidencia

Tiragem: 6000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 18,00 x 17,69 cm²

Corte: 9 de 9ID: 64861817 01-06-2016

"

r