arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../lobao_e_lopes_2010.docx · web viewbases neurais e...

25
Bases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa Bruno Lobão & Fívia de Araújo Lopes Introdução O objetivo desta revisão é fazer um apanhado das principais descobertas científicas contemporâneas na área de neuroteologia, que estuda aspectos fisiológicos e evolutivos de como o fenômeno religioso se manifesta no cérebro, bem com o situar estas recentes descobertas no contexto da educação religiosa no Brasil. Uma pergunta com a qual frequentemente nos deparamos, e que é de fato arrebatadora, é a de como as religiões, no geral, conseguem operar verdadeiras sessões de cura de pacientes com as mais diversas somatizações. Em outras palavras, como paralíticos se levantam, como pessoas com câncer se curam com a fé, como doenças crônicas têm seus sintomas debelados, em sessões espirituais das mais diversas religiões. A religião, tal como definida pelo antropólogo Clifford Geertz (1989), é (a) um sistema de símbolos que atua para (b) estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições e motivações nos homens por meio da (c) formulação de conceitos de uma ordem de existência geral e (d) vestindo essas concepções com tal aura de factualidade que (e) as disposições parecem singularmente realistas. Em outras palavras, a religião de modo geral

Upload: vutuong

Post on 16-Oct-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

Bases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa

Bruno Lobão & Fívia de Araújo Lopes

Introdução

O objetivo desta revisão é fazer um apanhado das principais descobertas

científicas contemporâneas na área de neuroteologia, que estuda aspectos fisiológicos e

evolutivos de como o fenômeno religioso se manifesta no cérebro, bem com o situar

estas recentes descobertas no contexto da educação religiosa no Brasil.

Uma pergunta com a qual frequentemente nos deparamos, e que é de fato

arrebatadora, é a de como as religiões, no geral, conseguem operar verdadeiras sessões

de cura de pacientes com as mais diversas somatizações. Em outras palavras, como

paralíticos se levantam, como pessoas com câncer se curam com a fé, como doenças

crônicas têm seus sintomas debelados, em sessões espirituais das mais diversas

religiões.

A religião, tal como definida pelo antropólogo Clifford Geertz (1989), é (a) um

sistema de símbolos que atua para (b) estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras

disposições e motivações nos homens por meio da (c) formulação de conceitos de uma

ordem de existência geral e (d) vestindo essas concepções com tal aura de factualidade

que (e) as disposições parecem singularmente realistas. Em outras palavras, a religião de

modo geral lida com uma linha de pensamento otimista, que tão somente depende da

crença, da confiança em seus próprios elementos. Por outro lado, o pensamento

científico, em sua essência, não é propriamente otimista. Você é bem sucedido se busca

as exceções, e não se tenta explicar as regras que já existem. Já dizia o etólogo Konrad

Lorenz, “a regra de hoje pode ser a exceção de amanhã”. E a probabilidade de uma

regra se tornar exceção é, de forma geral, pequena. O cientista, em certo sentido, rema

contra a maré, procurando uma fagulha de exceção nos mares de regras e normas do que

já é conhecido, nas diversas áreas do conhecimento, e precisa oferecer evidências da

ocorrência dessas exceções. O religioso pode se dar ao luxo de remar num mar de

otimismo, de expectativa, de anti-racionalidade, pois nas barganhas religiosas com os

deuses, os milagres são sempre possíveis, basta ter fé.

Um dos modos que poderíamos utilizar para se comparar a ciência e a religião

seria vê-las como maneiras de pensar o mundo e de alguma forma ter expectativas

ponderáveis em relação ao futuro. Como cientistas, a tendência é a de argumentar que a

Page 2: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

ciência é o melhor das explicações possíveis, já que, nenhuma estrutura de pensamento

se provou mais eficiente em prever o futuro do que o pensamento cientifico. Nas

palavras de Einstein “o pensamento científico pode parecer brincadeira de criança perto

da realidade, mas ainda assim, é a melhor coisa que nós temos” (SAGAN, 2008).

Apesar disso, com a junção de conhecimentos da Psicologia Evolucionista e das

Neurociências ultimamente podemos abrir um pouco os horizontes de estudo para a

religião, o que inclui as suas possibilidades tecnológicas. A religião tem uma ferramenta

que definitivamente a ciência não dispõe claramente: ela oferece pacotes motivacionais,

uma vez que os conceitos religiosos estão profundamente relacionados com os sistemas

emocionais humanos.

Pensemos então na religião como tecnologia. Especificamente como tecnologia

motivacional. Um engenheiro outrora diria que tecnologia é tudo o que se faz com o

polegar opositor. Chips, roldanas, castelos de lego, helicópteros. Hoje em dia,

tecnologia é mais do que isso. Um sistema de pensamento é uma tecnologia. Um

sistema motivacional é uma tecnologia. Se você imagina um sistema de motivação, que,

mesmo através de um possível auto-engano, é capaz de levar alguém à cura de uma

doença psicossomática, é passível de promover a união de um grupo social em torno de

um bem comum, é intenso o suficiente para levar os homens a se arriscarem por mares

nunca dantes navegados, para equilibrar a psique frente à incerteza da morte, do

casamento, da passagem para a idade adulta, da caça e das intempéries da natureza,

temos uma tecnologia de pensamento poderosa operando sobre o indivíduo, impelindo-

o à sobrevivência frente a um ambiente hostil.

Entendida como uma tecnologia motivacional a religião pode colaborar para o

treinamento da inteligência emocional de seus praticantes, e através de seus símbolos,

oferecer meios para que os indivíduos lidem com suas frustrações, seus medos, seus

anseios, suas expectativas. Ela poderia permitir uma nova maneira de apreender o

mundo.

Postos estes argumentos, que podem parecer atuais, é importante ressaltar que

definitivamente não têm nada de novo no pensamento científico. Brilhantemente, um

antropólogo chamado Bronislaw Malinowski realizou ponderações muito semelhantes

já no início do século XX em seu livro chamado “Os argonautas do Pacífico Ocidental”,

a partir de suas observações antropológicas de nativos nas ilhas Trobriand

(MALINOWSKI, 1984), que se mantém, por sinal, extremamente vivas e atuais, frente

à novas descobertas com técnicas de imageamento cerebral, as quais iremos mencionar

Page 3: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

mais adiante. De acordo com Malinowski, os nativos possuíam pleno domínio de

técnicas de navegação para passarem de uma ilha para outra, quando a distância era

pequena. Para tais travessias curtas, eles simplesmente confiavam em seu

conhecimento, e entravam em suas canoas guiadas a vela. No entanto, quando tinham

que fazer uma travessia mais longa, com regimes de ventos e de marés instáveis, eles

recorriam à sua religião para fazer a travessia, pedindo a ajuda dos deuses. A partir daí,

Malinowski postulou pela primeira vez uma grande utilidade evolutiva da religião: ela

seria útil para lidar com incertezas, como a incerteza da morte, da passagem para a fase

adulta, para o casamento. E, com efeito, na maioria das sociedades, não só entre os

trobriandeses, esses aspectos da vida social são cercados de religiosidade. Outras

funções da religiosidade também postuladas por Malinowski seriam o aumento da

coesão do grupo social em torno de uma unidade de crenças (que poderia favorecê-los

na competição com outros grupos), além de diminuição da agressividade e das tensões

sociais. Tais funções descrevem bem a utilização da religião tanto para indivíduo quanto

para a sociedade. Mas uma questão importante é quanto ao surgimento do fenômeno

religioso dentre os seres humanos. Qual seria a origem evolutiva da religião?

Religião e Psicologia Evolucionista

As observações de Malinowski foram bastante relevantes para que se começasse

a pensar em uma função ecológica e evolutiva para a religiosidade no comportamento

humano. Lidar com o desconhecido, explicar fenômenos naturais, explicar as origens

das coisas. De fato, tal como discutido pelo antropólogo evolutivo Pascal Boyer, a

religiosidade oferece as respostas para uma mente humana sedenta de explicações

(BOYER, 2001). Mas quando as crenças religiosas teriam surgido?

Muitos pesquisadores sugerem que a partir do momento em que nossos

ancestrais começaram a utilizar de símbolos, seria possível inferir o início da crença

religiosa (CULLOTA, 2009). Alguns achados na África do Sul remeteriam a 100.000

anos atrás. No entanto, segundo TATTERSALL (1999), os vestígios de religiosidade

datariam de 40.000 anos atrás. Algumas escavações arqueológicas verificaram que em

acampamentos de neandertais na Europa se podia encontrar em urnas funerais restos de

flores e outros vegetais, bem como adornos utilizados pelos entes em vida.

Teorias modernas postulam também que, nesse caso já o homem moderno

(Homo sapiens) a arte rupestre encontrada em algumas cavernas da Europa com

Page 4: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

Lascaux e, de vários animais, cenas da vida do homem primitivo e alguns itens

pictóricos mais abstratos representam não somente uma mera versão de aspectos

daquilo que observavam, mas uma complexa interação sugestiva de cunho místico. Os

animais representados seriam símbolos de poder e de força, e alguns itens pictóricos

com formas mais abstracionistas e zoomórficas poderiam estar relacionados a visões em

estado de transe dessas comunidades primitivas. Tais achados coincidem exatamente

com a chamada “Explosão do Paleolítico Superior”, quando uma explosão simbólica

floresceu por volta de 30.000 a 35.000 anos atrás (CULLOTA, 2009). O que a

simbologia poderia nos contar sobre o aparecimento da evolução em nossa espécie?

Segundo Joseph Bulbulia, pesquisador da Universidade de Victoria, na Nova

Zelândia, existem duas propostas explicativas para o surgimento da religião em nossa

espécie (BULBULIA, 2004). A primeira que veria a religião com uma função

adaptativa do ponto de vista evolutivo, agindo como uma “cola social” e favorecendo a

vida em grupo em nossa espécie. É claro que a religiosidade tem um importante papel

na coesão de grupos, pois facilitaria a união e a formação de uma identidade grupal. Em

algumas ocasiões criticas como guerras ou escassez de alimentos, os indivíduos que

vivem em grupos mais coesos podem ter mais chances de sobreviver em tais

comunidades, em torno de uma estratégia comum de maximização de recursos. No

entanto, pesquisas tem demonstrado que o etnocentrismo (favorecimento de seu próprio

grupo e indiferença ou hostilidade em relação a grupos externos – HAMMOND e

AXELROD, 2006) pode se utilizar de outros marcadores de grupo, favorecendo a

coesão interna, não sendo pois essa uma atribuição exclusiva da religião (KURSBAN et

al., 2001; COSMIDES et al., 2003; YAMAMOTO et al., 2009)

A segunda explicação teórica para a evolução da religião, argumenta que ela é

um sub-produto das capacidade cognitiva de nossas mentes, ou seja, o funcionamento

normal de nossas mentes favoreceria uma hipersensibilidade de detecção de agentes

(BOYER, 2008; BULBULIA, 2004). Em outras palavras, a religião teria evoluído a

partir da nossa própria tendência evolutiva para analisar a natureza e prever o futuro.

Isso remete, evidentemente, as navegações mais “arriscadas” dos trobriandeses de

Malinowski, que barganhavam com deuses frente à condições adversas e incertas de

navegação.

Segundo o antropólogo brasileiro Dennis Werner, as pressões evolutivas que

agiram no ser humano no último milhão de anos, levaram-no ao desenvolvimento de

uma área especifica do encéfalo responsável pela previsão de fatos: o córtex pré-frontal.

Page 5: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

Esta área, em relação ao outros primatas, se encontra, em termos proporcionais e em

termos absolutos, significativamente aumentada. Apesar de consumir mais energia, um

cérebro capaz de prever o futuro aumentou enormemente a capacidade humana de

planejar e controlar a obtenção de recursos, em relação a outras espécies, o que facilitou

sua primazia nos últimos 50.000 anos (WERNER, 1999). Com isso, estima-se que a

evolução do neocórtex tenha conduzido os humanos primitivos a desenvolver uma

capacidade de privação de recompensa imediata em função da manutenção de

benefícios a longo prazo. Outra evidência interessante para a proposta da religião como

sub-produto, vem de pesquisas com ressonância magnética. Na infância, por volta dos

cinco anos de idade, as crianças desenvolvem a habilidade para se colocar no lugar do

outro, tentando antecipar as ações do mesmo, e agir adequadamente em relação à essa

previsão. Trata-se do que os pesquisadores da cognição chamam de Teoria da Mente

(ToM). De acordo com Ottoni (2009), a expressão ToM refere-se a atribuição de

estados mentais a outros indivíduos, usando-os para prever e explicar seu

comportamento. As áreas ativadas quando “ativamos” a ToM, coincidem com as áreas

cerebrais ativadas durante as experiências religiosas (KAPOGIANNIS et al., 2009).

Não é difícil supor que, em povos primitivos, a religiosidade tenha surgido com

um intuito de preencher o espaço gerado pelas expectativas humanas frente ao

conhecimento parcial e incompleto dos fenômenos naturais. A angústia da incerteza de

futuros dúbios teria favorecido o surgimento das primeiras religiões, que evoluíram para

as religiões que conhecemos hoje, como o cristianismo, budismo e o islamismo.

É importante contextualizarmos a religião numa perspectiva histórica e

sociobiológica, para podermos também entendê-la sob uma ótica neurobiológica. De

acordo com o filósofo da mente Daniel Denett, a religião pode e deve ser estudada

cientificamente, e inclusive no ínterim de um processo de aprendizado, pois hoje

dispomos de ferramentas avançadas e de arcabouço teórico (em especial, dentro da

Psicologia Evolucionista) para isso (DENNETT, 1999).

Os Monoteísmos do Ocidente e a Polarização entre Bem e Mal

No ocidente, os três grandes monoteísmos, o judaísmo, o cristianismo e o

islamismo, foram desenvolvidos a partir de origens anteriores politeístas. Podemos

destacar, na origem dessas três religiões, um sistema de crenças que claramente se

Page 6: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

manifestou em uma divisão entre forças do bem e forcas destrutivas, encarnando o mal

do universo, pela primeira vez de uma forma separatista: o zoroastrismo. Apesar de o

Zoroastrismo hoje em dia ter apenas poucos seguidores, principalmente nas regiões da

Ásia central, esta religião influenciou o desenvolvimento de outras que a sucederam

que, apesar de compreenderem um único Deus, conferem uma característica dual a essa

entidade, tanto de recompensador quanto de punitivo. O Zoroastrismo, pela primeira

vez, de uma forma sistemática e escrita, caracterizava uma dualidade do universo, um

sistema de forcas criadoras e destrutivas, uma polarização entre bem e mal, entre deuses

em oposição e disputa eterna. No cristianismo e no islamismo, esta dualidade é bastante

nítida com a postulada divisão do mundo em conceitos como céu e inferno, Deus e

diabo, culpados e absolvidos (O´NEAL e JONES , 2007)

Como veremos adiante, o sistema geral de religiões ocidentais promove um

aprendizado baseado na categorização de opostos, enquanto o sistema de crenças

oriental, também como uma tendência, pressupõe uma visão unificada e complementar

do ser humano e sua maneira de se relacionar com o mundo.

Considerando a religião como tecnologia, ela contribuiu então para a ordenação

da sociedade no que se refere ao controle de impulsos e a formação moral dos

indivíduos, como se evocasse uma fiscalização freqüente favorecendo comportamentos

pró-sociais (SHARIFF e NORENZAYAN, 2007).

No entanto, o eixo principal de argumentação desse capítulo, é o de que as

religiões e a educação religiosa nos diversos sistemas existentes, são capazes de induzir

diferentes formas de plasticidade neural nas pessoas, e o modo como o cérebro se

modifica frente à educação religiosa, pode ser crucial no processo de desenvolvimento

da inteligência emocional da criança e do adolescente. E que, em religiões como o

budismo e o hinduísmo, em uma tendência diversa das religiões monoteístas ocidentais,

podem induzir modos de controle do comportamento de uma maneira diferenciada das

religiões monoteístas e baseadas em sistemas dualistas.

A polarização no sistema ocidental geralmente está ligada ao controle dos

impulsos ditos “imorais” ou “condenáveis” por um ciclo de pecado-culpa-punição-

arrependimento-pecado-em-reincidência. No conceito monoteísta ocidental, o indivíduo

tende naturalmente para o pecado, para a perda do autocontrole. Então, quando ele erra,

ele deve se arrepender, se punir, e então obter a redenção, o alívio e a expiação de sua

culpa. Em temos neurobiológicos, isso pode ser traduzido por: um ciclo de prazer pelo

Page 7: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

desejo incontido, seguido de incerteza, autopunição e, finalmente prazer pela redenção e

pelo perdão divino, representado pelo sacerdote.

Por outro lado, a tendência das religiões orientais é a de promover um

aprendizado baseado no autocontrole, na remissão da expectativa e do desejo para evitar

o sofrimento, em diversos aspectos e dimensões da vida. Em práticas como a Yoga,

ligada ao hinduísmo, as pessoas treinam o relaxamento, o aumento da capacidade de

atenção e o auto-controle, para lidar com as adversidades (YOGANANDA, 2001).

Falando novamente em termos neurobiológicos, a plasticidade induzida por essas

religiões estaria ligada mais ao aprendizado emocional e à consciência da expectativa do

prazer. Isso, pois, como a expectativa pode gerar frustração se o desejo não for

alcançado, através da dosagem dessa expectativa, e do desejo a ela subjacente, pode-se

gerar menor frustração com as adversidades. Como síntese, diria que as religiões

orientais, de modo geral, possuem, se bem empregado, um sistema mais condizente com

o que se tem hoje de científico em termos de práticas de desenvolvimento de

inteligência emocional em crianças.

Para sustentar esse argumento, iremos comentar agora sobre alguns

experimentos de neuroimagem e de estimulação do encéfalo, idealizados para procurar

elucidar aspectos biológicos da religiosidade humana. Esses estudos comprovam que,

durante as práticas religiosas, e conforme a religião escolhida, as pessoas podem ter

ativadas diferentes áreas do encéfalo, o que sugere diferentes tipos de plasticidade

neural ligadas ao aprendizado religioso.

Cérebro e Religião

O aprendizado religioso, por conter componentes fortemente motivacionais, está

diretamente ligado ao desenvolvimento, em especial na criança e no adolescente, da sua

inteligência emocional, em especial, de como este lida com suas frustrações,

sentimentos e expectativas.

A partir de estudos de neurobiologia, hoje se pondera que em qualquer

aprendizado, incluindo o aprendizado emocional, existe um fenômeno chamado

neuroplasticidade: as conexões entre células nervosas variam em função do valor

adaptativo do estímulo ambiental (no caso, educacional, quando se trata de educar

crianças a lidar com suas emoções). Essa mudança leva também a mudança de interação

Page 8: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

entre várias das grandes áreas cerebrais, quando feixes de células nervosas reforçam

suas conexões (KANDEL, 2009).

O cérebro muda em função do aprendizado, seja ele racional ou emocional,

como postula o pesquisador J. LeDoux (LEDOUX, 1996). Logo, uma de nossas

hipóteses é a de que algumas áreas encefálicas podem se modificar também em função

do aprendizado religioso, que está diretamente ligado ao aprendizado emocional e

motivacional. Essa idéia é reforçada pelo autor Andrew Newberg (2007), em seus livros

que tratam de como a religiosidade pode levar a modificações funcionais e estruturais

no tecido cerebral. Isso tem, então, a seguinte implicação direta: conforme a religião é

passada, e dependendo de seu peso na vida da criança, teremos adultos que lidam de

formas diferentes com suas emoções em relação aos estímulos do meio ambiente na

vida cotidiana.

O primeiro fato de relevância descoberto sobre as implicações neurológicas da

religiosidade foi a constatação de que pacientes com epilepsia de lobo temporal (ELT)

tinham mais “visões” de cunho religioso do que a população em geral. O escritor Fiodór

Doistoievski foi um dos epilépticos a descrever que, no momento anterior à crise, tinha

uma sensação de união mística com Deus, em um prazer inenarrável. Um de seus

personagens, o príncipe Miskhin, tem esse mesmo prazer em uma das descrições de

ataques epilépticos mais antológicas da literatura artística (DOSTOIEVSKI, 1867).

Interessante notar, esse prazer não é descrito como sendo sexual, mas um prazer

místico, de “unicidade” com Deus e o universo, pelos pacientes que sofrem de ELT.

Supõe-se que boa parte das pessoas que tenham tido revelações divinas era portador de

epilepsias (ALPER, 2009)

Supõe-se que as curas bíblicas de endemoniados também tenham estreita relação

com pacientes epilépticos. A epilepsia era freqüentemente vista como possessão

demoníaca na história antiga, e passível de ser curada com a ajuda mística e religiosa.

Uma das manifestações artísticas mais sublimes sobre isso é o quadro “A

Transfiguração” de Rafael, que mostra um menino tendo uma crise (e provavelmente se

curando dela) durante a ascensão de Cristo.

A partir de então da observação da maior propensão de epilépticos de terem

“visões e experiências” místicas, de união com o sagrado, alguns cientistas começaram

a supor que a religiosidade pudesse envolver as funções do lobo temporal no cérebro,

relacionado com o desencadeamento de emoções positivas (prazer) e punitivas (medo,

raiva). Uma área em especial do lobo temporal, o complexo amidalóide (CA), está

Page 9: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

diretamente envolvido com o controle das reações emotivas frente a estímulos

ambientais nos seres humanos.

O complexo amidalóide tem também conexões neurais diretas com o

hipotálamo, outra região que se relaciona com a modulação hormonal e imune no

encéfalo, o que contribui para explicar o porquê de pessoas que têm consecutivos

êxtases religiosos conseguem se curar de doenças crônicas e obter melhor desempenho

da função imunológica. Se a religião for interpretada, como dito anteriormente, como

tecnologia motivacional, existe uma base biológica que explica os benefícios em termos

de saúde de algumas de suas práticas (GEORGE e COHEN, 2002).

Objetivando, então, aprofundar-se um pouco mais sobre esse assunto, uma

equipe de cientistas chefiada pelo Dr. Persinger, da Universidade Laurentiana, no

Canadá, criou o que se chama “o elmo de Deus”. Trata-se de uma espécie de capacete

que, através de pulsos magnéticos uni ou bilaterais nos hemisférios cerebrais, pode

induzir modificações nas descargas elétricas do encéfalo, e, por conseguinte, na

percepção dos sujeitos que o utilizam (BOOTH et al., 2005).

O que Booth et al. (2005) observaram foi que pacientes muito religiosos, com a

estimulação eletromagnética, feita diretamente no lobo temporal, tinham a sensação de

estarem em comunhão com Deus. Já pacientes pouco religiosos ou sem religião tinham,

com a mesma estimulação no lobo temporal, apenas a sensação de que existia mais

alguém dentro da sala de experimentos.

Além disso, em observações epidemiológicas, Persinger concluiu que “uma das

principais diferenças entre os 19% de estudantes do ensino médio que tiveram

experiências religiosas antes da adolescência e os outros era a presença de um ferimento

na cabeça, ou pelo menos um desmaio durante a infância” (ALPER, 2009).

Outros pesquisadores, como Albert Sandwin, da Universidade de Pensilvânia,

encontrou pessoas que começaram a manifestar alterações de personalidade com

característica religiosa após sofrerem traumatismos na cabeça, o que chamou de

psicossíndrome orgânica” (ALPER, 2009).

Sabendo que o lobo temporal, como já dito, contribui para codificar as emoções,

então pode-se dizer que o êxtase religioso está ligado a uma forte ativação de áreas

ligadas à emoções, tanto positivas quanto negativas. O sistema límbico, o conjunto de

áreas envolvidas com o processamento emocional, é composto principalmente por

estruturas do lobo temporal, envolvidas nas visões religiosas (LEDOUX, 1996).

Page 10: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

Os experimentos de Schjødtu et al. (2008) parecem confirmar essa hipótese. Através de

estudos de neuroimagem, foi verificado que , enquanto católicos rezavam, áreas do

sistema o núcleo Caudado e o Lobo temporal estavam ativadas nos sujeitos

experimentais. Interessantemente, nesse experimento, quanto mais religiosa é a pessoa,

mais intensa é a ativação, durante a oração, nas áreas relacionadas à interação social no

encéfalo, que são o córtex pré-frontal e a junção temporo-parietal. Em outras palavras,

em pessoas muito religiosas, a oração se assemelha uma “conversa”, a uma interação de

“barganha” com Deus, de troca e ajuste de contas. Talvez não coincidentemente,

voltamos à lembrança dos trobriandeses de Malinowski, e sua barganha com Deuses por

melhores condições de navegação. O que observaríamos, se também submetêssemos

esses nativos a um escaneamento cerebral, durante sua comunicação com os deuses?

Experimentos como esse, de submeter pessoas de várias religiões ao

escaneamento funcional, durante as diferentes práticas, irão contribuir num futuro

próximo para entendermos melhor o fenômeno religioso e como este se relaciona com

mecanismos de memória e aprendizado complexo.

Por outro lado, outro grupo de cientistas, chefiado pelo Dr. Andrew Newberg, da

Universidade de Pensilvânia, conduziu experimentos de neuroimagem, com monges

budistas em meditação. Nestes experimentos, foi verificado que, ao contrário do que se

pensava, durante a meditação dos monges, a área responsável pela atenção, o córtex pré-

frontal, se encontra ativada. Enquanto isso, áreas como a amídala e o córtex parietal

tiveram uma diminuição de atividade. Como a amídala está relacionada ao medo e

ansiedade, isso ajuda a explicar porque na meditação estas sensações estão reduzidas, de

acordo com o relato dos praticantes. Já a baixa ativação no lobo parietal, postula-se que

está relacionada com a perda da sensação de espaço e de tempo, dando a idéia de

unicidade com o universo descrita pelos meditadores (NEWBERG, 2009).

Vale ressaltar, ainda, que não só diferenças em termos funcionais de ativação

foram verificadas em praticantes de diferentes religiões. Um recente trabalho do grupo

de Jordan Grafman verificou que, anatomicamente, o cérebro de ateus e de religiosos é

diferente (KAPPOGIANIS et al., 2009).

No caso de ateus, o volume de uma área encefálica conhecida como precúneo,

área no hemisfério cerebral direito, encontrou-se aumentado, em relação aos religiosos.

Os autores têm a hipótese de que essa estrutura seja importante para importante para

uma habilidade para troca de perspectivas em dilemas sociais. Por exemplo, as pessoas

com o precuneo aumentado tiveram, neste estudo, uma maior tendência a considerar a

Page 11: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

humanidade tanto boa quanto ruim, e dar mais ênfase em suas experiências no mundo

do que na imaginação da vida interior. O precuneo também parece estar relacionado

com o processamento da consciência de si mesmo, como mostram trabalhos de

ressonância magnética funcional (VOGELEY et al., 2004).

Já voluntários que experimentavam intima relação de crença com Deus, tinham,

comparativamente aos ateus, a área do córtex temporal medial direito aumentada em

volume. Esta área, como comentado anteriormente, é considerada o “locus” da religião

no cérebro, como também é uma área essencialmente ligada ao processamento das

emoções.

Por fim, os voluntários também religiosos que tinham uma crença voltada para o

temor a Deus, considerando-o um Deus punitivo, apresentaram duas áreas do córtex

cerebral diminuidas em volume: o precuneo direito e do o córtex orbito-frontal direito.

Esta última área tem sido referenciada como uma área importante para a eliciação da

ToM de outras pessoas, como também para a modulação de estímulos negativos,

impedindo que uma pessoa manifeste temor numa situação de interação social, por

exemplo. Em outras palavras, esta seria uma área controladora de manifestações de

temor. Se isso for somado com a diminuição de volume do precuneo, estas pessoas

teriam então, de maneira geral, mais dificuldade de controlar seus temores, e

provavelmente maior dificuldade em ter um grau de autoconsciência, assim como de

lidar com a ambigüidade, com situações que tiverem aspectos positivos e aspectos

negativos a serem considerados.

Essas evidências demonstram como a religiosidade pode afetar a construção de

conexões cerebrais ao longo da vida, e a maturação de diversas de suas estruturas, e

indica a necessidade desses novos estudos envolvendo, agora, as três áreas, teologia,

neurologia e pedagogia.

No intuito de transcender a questão biológica e passar para a prática educacional,

podemos levantar algumas questões que derivam do que foi aqui exposto, frente ao fato

da obrigatoriedade do ensino religioso no Brasil, e da conseqüente (e urgente)

necessidade de seu planejamento que se configura na atualidade. Por fim, é esse o nosso

próximo tema.

A Escola e o Ensino Religioso

Page 12: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

Finalmente chegamos à escola. O objetivo final dessa fundamentação teórica é o

de fornecer argumentos ligados à biologia para que os pedagogos e profissionais da área

de educação possam se conscientizar de que o excesso de religiosidade pode ser

pernicioso no processo do desenvolvimento da inteligência emocional de crianças e de

adolescentes. Como o ensino religioso nas escolas passou a ser obrigatório, devemos ter

em mente que a construção da imagem de um Deus punitivo nos indivíduos em

formação pode levar a uma forma de aprendizado em que o sistema límbico,

relacionado a emoções básicas de prazer e punição, se encontra mais atuante, em

detrimento de áreas encefálicas mais relacionadas ao processamento racional, como o

córtex pré-frontal (DAMASIO, 1996). Outra forma de pedagogia religiosa possível, de

maneira a evitar o conceito do Deus punitivo, seria explicar as conseqüências praticas

sociais e econômicas de comportamentos condenáveis, caso-a-caso, e não somente

passar a informação de que deve evitar certos comportamentos “porque Deus pune”. O

motivo pelo qual se deve ter um comportamento moral passaria pela racionalidade

(ligada ao processamento cortical), de modo a se evitar um aprendizado de evitação

unicamente via áreas emocionais. Uma educação moral e emocional calcada no

autocontrole, e não no domínio de um ser externo e divino, poderia, dessa forma,

induzir uma plasticidade (e uma aprendizagem) mais relacionada à interpretação

racional do mundo, mais “cortical”, e menos “límbica”, por assim dizer.

Se as crianças forem educadas sob a ótica de um Deus punitivo, dentro do que

foi exposto, corremos o risco de gerarmos adultos com um menor controle de suas

emoções, por conta da ativação excessiva do sistema límbico encefálico durante uma

fase importante da formação da personalidade. Se, pelo contrário, dentro do

ensinamento religioso, dermos mais valor ao autocontrole como melhor caminho para

execução de comportamentos morais, poderemos estar contribuindo mais

significativamente para uma geração de adultos com uma maior capacidade em termos

de inteligência emocional. Evidentemente, mais experimentos na área de neuroteologia,

envolvendo neuroimagem e diferentes formas de ensino religiosos nas escolas, ainda

precisam ser feitos para comprovar essa teoria.

Paralelamente, vale ressaltar que o ensino religioso no Brasil está, na maioria

das escolas, vinculado a uma tradição católica. Na prática, a educação religiosa acaba se

confundindo com educação “católica”. Quando se fala em educação “religiosa”, isso

não significa necessariamente uma educação “católico-cristã”. A educação religiosa

deve ser plural, a fim de permitir que o aluno possa ter a liberdade para escolher seu

Page 13: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

sistema religioso, ou ainda, a de não escolher nenhum deles. O que ocorre, no entanto,

principalmente no interior do país, é que as escolas com ensino religioso têm em sua

maioria profissionais que só reforçam a idéia, que já é comentada no lar das crianças, do

Deus cristão que pune o pecado. A escola não deveria induzir uma religião especifica,

deveria apresentar, num contexto histórico-cultural, os principais sistemas religiosos do

mundo, e sua maneira de lidar com as questões existenciais. A criança, assim,

aprenderia a lidar desde cedo com a diversidade e com diversos sistemas de pensamento

conflitantes, e desenvolver uma habilidade de discernimento e crítica que será

importante na idade adulta, num mundo plural em que vivemos.

De todo o modo, o ensino religioso está relacionado, de maneira evidente, à

formas de plasticidade no cérebro, e se entendermos como se processam as

modificações produzidas pelo aprendizado da religião, nos próximos anos, poderemos

traçar estratégias de ensino a fim de agregar cada vez mais ao capital intelectual da

sociedade moderna em constante transformação. Aproveitando, com uma contribuição

da ciência, e controlando os excessos, o que de construtivo a discussão da religião

dentro da escola pode ter a oferecer.

Referências Bibliográficas

ALPER, MA. A parte divina do cérebro: Uma interpretação científica de Deus e da

espiritualidade Editora Best Seller, São Paulo, 2009. 308 páginas.

BOOTH, JN; KOREN, SA; PERSINGER, MA. Increased feelings of the sensed

presence and increased geomagnetic activity at the time of the experience during

exposures to transcerebral weak complex magnetic fields. Int J Neurosci., n. 115,

2005. p.1053-1079.

BOYER, P. Religion explained: the evolutionary origins of religious thought. New

York: Basic Books, 2001. 375p.

BOYER, P. Religion: Bound to believe? Nature, n.455, 2008, p.1038-1039.

BULBULIA, J. The cognitive and evolutionary psychology of religion. Biology and

Philosophy, 19, 2004. p.655-688.

COSMIDES, L; TOOBY, J ; KURZBAN, R. Perceptions of race. Trends in Cognitive

Sciences, n.7, 2003. p.173-179.

CULLOTA, E. On the origin of Religion. Science, n.326, 2009. p.784-787.

DAMÁSIO, AR. O erro de Descartes: Emoção, razão e o cérebro humano. São

Paulo: Companhia das Letras, 1996.

Page 14: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

DAWKINS, R. Deus, um delírio. São Paulo:Companhia das Letras, 2007. 

DENETT, D. Quebrando o encanto: A religião como fenômeno natural. São Paulo:

Editora Globo, 2006.

DEVINSKY, O; LAI, G. Spirituality and religion in epilepsy. Epilepsy Behav.,

n.12, 2008. p.636-643.

DOSTOIEVSKI, F. O Idiota. Editora 34, São Paulo, 2002. 672 p.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

GEORGE, H; COHEN, HJ. The Link between Religion and Health:

Psychoneuroimmunology and the Faith Factor. Koenig,:Oxford University Press,

2002.

HAMOND, RA; AXELROD, R. The Evolution of Ethnocentrism. Journal of Conflict

Resolution, n.50, 2006. p.926-936.

KANDEL, E.; SCHWARTZ, "Princípios da Neurociência". São Paulo: Editora

Manole, 2003.

KAPOGIANNIS, D, et al. Cognitive and neural foundations of religious belief. PNAS,

n.106, 2009. p.4876-4881.

KAPOGIANNIS, D, et al. Neuroanatomical Variability of Religiosity. Plos One, n.4,

2009. e7180.

KURZBAN, R; TOOBY, J; COSMIDES, L. Can race be erased? Coalitional

computation and social categorization. Proceedings of the National Academy of

Sciences, n.98, 2001. p.15387-15392.

LEDOUX, J. O cérebro emocional. Editora Objetiva, Rio de janeiro, 1996.

MALINOWSKI, B. The Argonauts of the western pacific. Waveland Press. Illinois .

1984 527p.

NEWBERG, A & WALDMAN M. Como Deus pode mudar sua mente. Editora Prumo- São Paulo 2009.

O´NEAL, MJ; JONES, JS. World Religion Almanac. Editora Thomson Gale: 2007.

ONFRAY, M. Tratado de Ateologia. São Paulo. Martins Fontes, 2007.

OTTONI, EB. A evolução da inteligência e a cognição social. In: Otta, E.; Yamamoto,

ME (eds.), Fundamentos de Psicologia: Psicologia Evolucionista. Rio de Janeiro:

Guanabara-Koogan, 2009. p.54-64.

Page 15: arquivos.info.ufrn.brarquivos.info.ufrn.br/.../Lobao_e_Lopes_2010.docx · Web viewBases neurais e evolutivas para uma proposta de educação religiosa. Bruno Lobão & Fívia de Araújo

SAGAN, C. The Demon-Haunted World: Science as a Candle in the Dark. New

York: Random House, 1995.

SCHJØDTU et al. Rewarding prayers. Neurosci Lett., n.443, 2008. p.165-168. 

SHARIFF, AF; NORENZAYAN, A. God is watching you. Priming God concepts

increases prosocial behavior in an anonymous economic game. Psichological

Science, n.18, 2007. p.803-809.

TATTERSALL, I. Becoming Human. Evolution and Human Uniqueness. First

Harvest Editoion Florida 1999.

VOGELEY, K, et al. Neural correlates of first-person perspective as one constituent of

human self-consciousness. J Cogn Neurosci., n.16, 2004. p.817-827.

WERNER, D. O pensamento de Animais e Intelectuais. Santa Catarina: Editora da

UFSC, 1999.

YAMAMOTO, ME et al. Religious behavior and cooperation. In: Fierman, JR (ed.),

The Biology of religious behavior. Santa Barbara: Praeger Publishers, 2009. p.219-

240.

YOGANANDA, P. Autobiografia de um Iogue. Editora: Self-Realizaton Fellowship,

1999.