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Personalidade Jurídica É a possibilidade de ser detentor de direitos e deveres em nome próprio. Há entidades, com formas associativas, que têm personalidade jurídica, e outras que não têm. Porquê? A Personalidade Jurídica é uma criação do direito, e a tem quem o Direito diz que tem. Artigo do Código das Sociedades Comerciais Consórcio Associação de uma ou mais 29.09.2009 Caso 1 O estabelecimento individual de responsabilidade limitada distingue- se de uma sociedade unipessoal por quotas porque: a) Não tem personalidade jurídica b) Não tem natureza empresarial c) Não tem natureza comercial d) Não tem finalidade lucrativa Um E.I.R.L. não tem personalidade jurídica, ao contrário da Sociedade Unipessoal por Quotas (doravante S.U.Q.), porque juridicamente é um património autónomo (daí chamar-se de responsabilidade limitada). Artigos 10 e 11 do decreto-lei nº. 248/86 de 25 de Agosto.

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Personalidade Jurídica

É a possibilidade de

ser detentor de direitos e

deveres em nome próprio.

Há entidades, com formas

associativas, que têm

personalidade jurídica, e

outras que não têm.

Porquê? A Personalidade

Jurídica é uma criação do

direito, e só a tem quem o

Direito diz que tem.

Artigo 5º do Código

das Sociedades Comerciais

Consórcio

Associação de uma ou

mais pessoas com o

mesmo objectivo. Outra

designação (corrente, não

jurídica): Unincorporated

Joint Venture (≠

Corporated, que na prática

é uma sociedade

comercial).

Um consórcio não tem

personalidade jurídica, é

sim composto por

sociedades que são entes

personalizados

autónomos.

Decreto-Lei n.º

231/81, de 28 de Julho

29.09.2009

Caso 1

O estabelecimento individual de

responsabilidade limitada distingue-se de uma

sociedade unipessoal por quotas porque:

a) Não tem personalidade jurídica

b) Não tem natureza empresarial

c) Não tem natureza comercial

d) Não tem finalidade lucrativa

Um E.I.R.L. não tem personalidade jurídica, ao

contrário da Sociedade Unipessoal por Quotas

(doravante S.U.Q.), porque juridicamente é um

património autónomo (daí chamar-se de

responsabilidade limitada).

Artigos 10 e 11 do decreto-lei nº.

248/86 de 25 de Agosto.

A diferença prática entre elas é a fiscal: os

rendimentos da E.I.R.L. são tributados a nível do IRS

do comerciante; os rendimentos de uma S.U.Q. estão

sujeitos à taxa de IRC de 25%.

Hoje em dia não se criam E.I.R.L., faz mais sentido

formar uma S.U.Q.

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Caso 2

Só uma das estruturas comerciais a seguir

indicadas não constitui um ente personalizado

autónomo (não é sujeito de direito, não tem

personalidade jurídica):

e) Agrupamento complementar de empresas

(ACE)

f) Agrupamento europeu de interesse económico

(ACIE)

g) Cooperativa

h) Consórcio

Exemplos de figuras com personalidade jurídica

são as sociedades comerciais (do tipo anónima, por

quotas, …).

Caso 3

Um consórcio é:

a) Um tipo de sociedade

b) Uma espécie de associação em participação

c) Um contrato comercial

d) Um complexo imobiliário

Caso 4

O que distingue uma SGPS (Sociedade Gestora

de Participações Sociais) de uma sociedade

comercial que se encontre em relação de grupo

é/são:

a) Os respectivos órgãos sociais

b) A forma jurídica que têm de adoptar

Agrupamento

Complementar de

Empresas (ACE)

Um ACE é um

conjunto de empresas que

visam melhorar a sua

actividade comercial.

Artigo 1º da Lei n.º

4/73, de 4 de Junho e do

Decreto-Lei n.º 430/73, de

25 de Agosto

Agrupamento

europeu de interesse

económico (AEIE)

Figura de direito

comunitário,

supranacional, que tem

por objectivo facilitar a

cooperação entre

empresas e profissionais

liberais de diferentes

Estados membros. É um

ACE adaptado à União

Europeia.

Cooperativa

Não tem fins

lucrativos, o objectivo é

melhorar resultados

sociais.

Associação em

participação

A associação em

participação é um

conjunto de pessoas que

se associa a outra pessoa

(comerciantes) para

partilhar os seus lucros ou

lucros+prejuízos (uma

espécie de “sócio

invisível”). Também é um

contrato, não tem

personalidade jurídica.

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c) O respectivo objecto social

d) O capital social

Uma SGPS não pode explorar complexos

imobiliários, organizar uma rede de transportes, …, ao

contrário da sociedade comercial em relação de

grupo. Ela só pode ter como objecto a gestão de

participações comerciais – ou tem acções ou tem

quotas, mas não pode exercer directamente uma

actividade comercial.

Artigo 481º do Código das Sociedades Comerciais; Decreto-Lei n.º

495/88, de 30 de Dezembro.

Só podem ser SGPS as sociedades anónimas ou as sociedades por quotas. O capital

social mínimo é idêntico ao destas (5.000€ numa por quotas, 50.000€ numa anónima).

Caso 1

Um agrupamento complementar de empresas (ACE):

a) Nunca pode ter lucros

b) Só pode prestar serviços às empresas suas agrupadas

c) Pode, a título secundário, prestar serviços a empresas não agrupadas

d) Pode, a título principal, exercer uma actividade empresarial própria

Lei nº 4/73 de 4 de Junho; Decreto-Lei 430/73, de 25 de Agosto

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Caso 2

Uma sociedade que adopte a forma comercial:

a) Tem que ter objecto comercial

b) Não pode ter objecto civil

c) Pode ter objecto civil

d) É sempre comerciante

Objecto comercial ≠ Objecto civil

Sociedades comerciais ≠ Sociedades com forma comercial

Pode haver sociedades que, não sendo comerciais (têm objecto civil) se constituam sob

a forma de uma sociedade comercial.

Exemplo de uma sociedade com objecto civil: um trabalhador liberal

Sociedades civis simples/puras – aquelas que não se constituíram sob a forma

comercial.

Exemplo de uma sociedade civil pura: um grupo de pessoas, numa empresa, que exista

para jogar no Euromilhões.

Artigo 13, nº2, do código comercial

Caso 3

O governo está a preparar uma reforma global do sector empresarial das forças

armadas. O sector em causa é composto por um conjunto heterogéneo de

empresas, envolvendo empresas de armamento, munições, construção e

reparação naval, aeronáutica, alimentação, laboratórios farmacêuticos, etc. Um

dos objectivos da reforma é autonomizar as várias entidades empresariais,

permitindo-lhes que actuem no mercado fornecendo bens e serviços de acordo

com a sua estratégia individual, sem esquecer o regular abastecimento das forças

armadas e prossecução dos seus fins de natureza pública. Se fosse assessor do

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Estado, que solução sugeriria para a organização jurídica das empresas em causa?

Justifique.

EPE, porque:

Se integra no sector empresarial do Estado

É constituída por capital público

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Empresas Públicas

EP em sentido estrito:

São empresas públicas com capital exclusivamente público, maioritário ou

quando o Estado detém uma golden share. Quando o Estado tem poder para

destituir os órgãos de decisão, então trata-se de EP.

Podem estar, em certas alturas, abertas à entrada de capital privado - o Estado

vende parte da Participação (mas isso não faz um aumento de Capital); pode fazer-

se um aumento de Capital, em que o Estado não entra

Exemplos

TAP

EPE:

Em sectores como a Saúde ou a Cultura, o Estado cria EPE porque são

actividades não lucrativas e não há Privados interessados na exploração das

mesmas.

São pessoas colectivas de direito público, criadas pelo Estado em Decreto-Lei,

constituídas por capitais exclusivamente públicos; São tuteladas pelo Estado

(geralmente, o Ministério do sector em causa), que aprova contas, decisões, etc.

Exemplos

IPO, Centros Hospitalares, Forças Armadas

Empresas Participadas

O Estado tem capital, mas não tem uma posição dominante; Só pode

fiscalizar/controlar

Exemplos

Zon Multimédia, EPAL

Caso 4

Duas empresas de engenharia, aproveitando-se da complementaridade existente

entre as suas áreas de especialização, pretendem oferecer em conjunto os seus

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serviços no mercado, designadamente concorrendo juntas à obra do TGV e do

novo aeroporto. Para esse efeito, as empresas pretendem encontrar uma forma

de formalizar esta sua associação. Que tipo de organização jurídica devem

adoptar? Justifique.

Consórcio: o objectivo das empresas é comum, mas cada uma delas mantém o exercício

da sua actividade própria.

ACE vs. Sociedades:

Semelhanças:

Exercício em comum de uma actividade

Diferenças:

Finalidade

Melhoria das condições de exercício ou de resultado dos agrupados (ACE) – Interna

Lucro (Sociedades) – Externa

ACE, Sociedades e Consórcio vs. Associação em participação:

Semelhanças:

Finalidade comum

Diferenças:

Num ACE, em Sociedades ou num Consórcio há o exercício de uma actividade por

todas as partes

Numa associação em participação, o associante exerce uma actividade, o

associado associa-se mas só fornece recursos financeiros/participa das perdas, não

exerce a mesma actividade.

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6.10.2009

Caso 1

No que concerne à responsabilidade dos sócios

por dívidas sociais, distinga e caracterize o

regime aplicável às sociedades em nome

colectivo, às sociedades por quotas e às

Sociedades Anónimas.

Estes três tipos de sociedade distinguem-se no

que toca ao compromisso do sócio, como indivíduo,

para com os credores da sociedade.

As Sociedades em Nome Colectivo, como o nome

indica, são sociedades personalistas, há um grande

grau de subjectivação. No extremo oposto, as

sociedades Anónimas são sociedades capitalistas,

onde o que interessa à sociedade e aos credores é o

Capital que os sócios fornecem. Como meio-termo,

existem as Sociedades por Quotas, que são sociedades

capitalistas com cunhos personalistas.

As características destes três tipos de sociedades

podem sistematizar-se na tabela da página seguinte.

Responsabilidade

Externa

Dívidas da sociedade

em relação aos credores

da sociedade

Responsabilidade

Interna

Cada um dos sócios

está obrigado à entrada de

um montante de capital

Responsabilidade

Solidária

O sócio responde lado

a lado com os outros

sócios; estão todos ao

mesmo nível

Responsabilidade

Subsidiária

O sócio responde

depois da sociedade

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Sociedade em Nome Colectivo Sociedade por Quotas Sociedade Anónima

Firma

Art. 177.ºA firma da SNC deve

conter o nome ou a firma de pelo menos um dos sócios, com o aditamento «Companhia» ou qualquer outro que indique a existência de mais sócios

Art. 200.ºA firma deve ser formada

pelo nome ou firma de todos, algum ou alguns dos sócios ou por uma denominação particular, ou por ambos os elementos, mas sempre com a palavra «Limitada»

Art. 275.ºA firma deverá ser

formada pelo nome ou firma de um ou alguns dos sócios ou por uma denominação particular, ou pela reunião de ambos os elementos, mas sempre com a expressão «Sociedade Anónima»

Responsabilidade

Art. 175.º, 1.O sócio responde:

individualmente pela sua entrada; pelas obrigações sociais subsidiariamente em relação à sociedade; solidariamente com os outros sócios

Art. 197.º, 1, 2 e 3O Capital está dividido por

Quotas e os sócios são solidariamente responsáveis por todas as entradas convencionadas no contrato. Apenas são obrigados a outras prestações quando a lei ou o contrato o estabeleçam. Só o património social responde para com os credores pelas dívidas da sociedade (salvo excepções previstas no Art. 198.º).

Art. 271.ºO capital é dividido em

acções e cada sócio limita a sua responsabilidade ao valor das acções que subscreveu.

Capital Social (CS) Não existe CS mínimo necessário.

Art. 201.ºMínimo de 5.000€

Art. 276.ºMínimo de 50.000€

Entradas Art. 176.ºCapital ou Indústria

Art. 202.ºNão são admitidas

contribuições de Indústria

Art. 277.ºNão são admitidas

contribuições de Indústria

Direito à InformaçãoArt. 181º, 1.Todo o sócio tem direito à

informação

Art. 214.º, 1. e 2.Os sócios têm direito à

informação, salvo condições expressas no contrato (2.)

Art. 288.ºQualquer accionista com

CS>=1% pode consultar (com motivo justificado) parte da informação da empresa (1. a), b), c), d), e) )

Direito de Voto

Art. 190º, 1.Cada sócio tem 1 voto,

salvo alterações expressas no contrato (sem que haja possibilidade de abolição do mesmo)

Art. 250.ºA cada cêntimo do valor

nominal da quota corresponde um voto

Art 384.º, 1A cada acção corresponde

um votoExcepções: Alíneas 2 e 3Secção V.Acções privilegiadas sem

voto

Exoneração Art. 3º, 5. – Um sócio pode exonerar-se da sociedade se esta mudar a sede de país e ele não votar a favor

Art. 105º - Um sócio pode exonerar-se da sociedade em caso de fusão que ele tenha votado contra

Art. 137.º - Um sócio pode exonerar-se da sociedade se ela for transformada e ele tiver

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votado contraArt. 185.º e 186ºExiste direito de

exoneração (185º) e de exclusão (186º)

Secção VI.Existem alguns direitos,

mas não tantos como na S.N.C.

Não há direitos de exoneração nem de exclusão

Transmissão de Participações

Art. 182.ºApenas com o

consentimento de todos os sócios

Art. 228.ºA cessão de quotas não

produz efeitos para com a sociedade enquanto não for consentida, excepto se acontecer entre cônjuges, ascendentes e descendentes ou entre sócios

Art. 328.ºO contrato de sociedade

não pode excluir a transmissibilidade de acções nem limitá-la além do que a lei permitir

Caso 2

João e Pedro pretendem constituir uma sociedade por quotas para explorar um

restaurante. João pretende contribuir com as instalações do restaurante, que é

um prédio na baixa lisboeta, e Pedro pretende contribuir com algum dinheiro e

com o seu trabalho de cozinheiro.

a) Poderá o trabalho de Pedro constituir uma entrada para a sociedade?

Artigo 202º/1 - Não são admitidas contribuições de indústria.

O trabalho pode entrar como prestação acessória, de acordo com o disposto no artigo

209.º. Assim, o Pedro poderia entrar com dinheiro e comprometer-se a efectuar uma

prestação acessória, que seria o seu trabalho como cozinheiro (isto é, o contrato estipulava

que tal acontecesse).

As prestações acessórias podem ser pecuniárias ou não pecuniárias (em espécie).

Podem não ser incluídas no Capital Social da empresa, ao contrário do que acontece com as

prestações suplementares, que devem ser sempre contabilizadas – trata-se de conceitos

diferentes.

As entradas em dinheiro podem ser feitas através de notas, moedas ou cheques. As

entradas em espécie contemplam bens com valor patrimonial, mas que não seja líquido.

Exemplos possíveis são máquinas, terrenos, imóveis, ou acções de outras sociedades.

Um requisito fundamental para as entradas em espécie é o de que o valor dos bens seja

mensurável e (bem) avaliado por uma entidade que garanta o valor declarado. A entidade

pode ser um revisor oficial de contas (ROC), tal como se encontra expresso no artigo 28.º,

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que deve ser designado por acordo dos sócios (excepto, claro, por aqueles que estão a fazer

a entrada em espécie).

b) A contribuição de João do prédio estará sujeita a algum formalismo especial?

No caso particular do imóvel como entrada em espécie, e continuando as condições já

acima referidas, o artigo 7.º diz-nos que mais do que o contrato de sociedade com as

assinaturas de todos os sócios – confirmadas por advogado, notário ou solicitador -, este

está sujeito a escritura pública. Assim sendo, o contrato deve ser feito com notário (não

basta um advogado), presencialmente, o que claro implica mais custos e mais tempo.

c) Indique quais os passos necessários para constituir uma sociedade.

1º Passo) Dar um nome à Sociedade

Para tal, os futuros sócios devem preencher um CAF (Certificado de Admissibilidade de

Firma) com um nome desejado, para saber se é possível ser esse (se já houver uma empresa

com esse nome, não é possível). Este CAF, que tem uma validade de 3 meses, envia-se ao

RNPC (Registo Nacional de Pessoas Colectivas). Ao indicar a firma, indica-se também o título

social, já que este tem de estar expresso. Deve indicar-se também o objecto, que tem de

estar de acordo com a firma. Pode pedir-se a certificação para três firmas, para o caso da

desejada não ser possível.

No prazo de uma a duas semanas, o RNPC admite (ou não) a firma e, depois, os sócios

têm três meses para constituir a sociedade. Expirado esse prazo, a autorização tem de ser

renovada.

2º Passo) Elaborar um plano de Estatutos

Os estatutos são regras que regulam o funcionamento interno da sociedade. No artigo

9.º estão descritas as obrigações para todos os tipos de sociedade. As obrigações adicionais

para as SNC encontram-se no artigo 176.º, as da SQ no artigo 199.º e as da SA no artigo

272.º.

Menções facultativas: está na disponibilidade dos sócios adaptarem certas regras para a

sua sociedade. Pode limitar-se, ou não, a sua “liberdade”.

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Menções Facultativas

Que dão flexibilidade à sociedade

Distribuição de Lucros

Art. 297.ºUma vez por ano os sócios podem

receber lucros; no entanto, se os estatutos previrem uma regularidade diferente (por exemplo, duas vezes por ano), passa a ser essa a regra

Aumento do CS por deliberação do Conselho de

Administração

Art. 456.ºPermite-se que o CA aumente o CS

(por entradas em dinheiro) sem a deliberação de AE

Que retiram flexibilidade à sociedade Mudança de Sede

Art. 12.ºA sede pode ser alterada por

intenção do CACom a Menção Facultativa: não se

pode alterar a sede sem que a AG assim o delibere

Este passo deve demorar, no máximo, uma semana.

3º Passo) Entradas em dinheiro/espécie

As entradas em dinheiro podem ser feitas através de cheque, moedas ou notas. As

entradas em espécie devem ser acompanhadas do relatório de um ROC independente, com

data de no máximo noventa dias antes da celebração do contrato.

Devem ser cumpridos os mínimos de CS nas SQ e SA. Diferimentos:

Art. 202.º/2 para SQ. 50% das entradas em dinheiro podem ser diferidas, mas só a

partir do CS mínimo;

Art. 277.º/2 para SA. 70% do valor nominal das acções pode ser diferido, mas não pode

ser diferido o pagamento do prémio de emissão (quando previsto).

4º Passo) Reconhecimento com as assinaturas da celebração do contrato e entradas em

espécie (que, como foi visto, podem obrigar a escritura pública).

5º Passo) Registo da Sociedade

A partir deste passo, passa a haver sociedade – é quando se dá a sua efectivação.

Comunica-se às autoridades fiscais e de Segurança Social essa constituição, que está

sujeita a imposto de Selo no valor de 0,4% do CS.

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6º Passo) Comunicação às autoridades Laborais

Obrigatória, uma vez que a partir da constituição da sociedade passa a haver mais

empregadores.

No caso do regime “Empresa na Hora” alguns destes passos são eliminados – a firma,

por exemplo, não pode ser escolhida livremente, mas sim entre algumas propostas

apresentadas; o projecto de estatutos também é, obviamente, mais limitado, porque não

pode ser personalizado (os sócios escolhem entre os modelos propostos).

Caso 3

Ana, Bernardo e Carlos, jovens praticantes de desportos náuticos, pretendem

promover a constituição de uma sociedade anónima destinada à oferta de bens e

serviços relacionados com aqueles desportos. No projecto que delinearam, em

face dos escassos recursos financeiros de que dispõem, pretendem associar a si

algumas pessoas dispostas a financiá-los. Alguns destes financiadores fizeram

depender a sua associação da participação de Ana, Bernardo e Carlos na gestão

das actividades da sociedade.

a) Diga quais os requisitos mínimos que Ana, Bernardo e Carlos deverão reunir para

constituir a sociedade e quais os passos necessários à sua constituição.

Devem reunir 50.000€ para o capital social. Pode diferir-se 70% das entradas. Artigos

276.º, 3 e 277.º, 2.

Se numa oferta de subscrição pública ficarem acções por subscrever, a sociedade pode

constituir-se ou não, dependendo do montante já subscrito. Se superar 75% do CS, então

pode constituir-se – artigo 280.º, 3. Realiza-se uma assembleia constitutiva com todos os

sócios para 1) aprovar a constituição da sociedade e 2) nomear os membros dos órgãos da

administração no primeiro mandato. Esta assembleia equivale, nas sociedades por quotas,

ao momento da celebração do contrato. Finda a assembleia constitutiva, faz-se o contrato

da sociedade (onde apenas têm que estar presentes os promotores e os sócios com

entradas em espécie) – artigo 283.º, 1.

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Contrato parassocial

É um contrato

particular entre os sócios,

que não fica registado no

contrato da sociedade. O

artigo 17.º é o que

permite a celebração

deste pacto parassocial.

O pacto parassocial

serve para regular o que

acontece em caso de

bloqueio (50% dos

accionistas decide uma

coisa, a outra metade

decide o contrário).

Sociedades de Capital

de Risco

São entidades que

fazem investimentos

exclusivamente

financeiros, quando os

sócios não têm capacidade

de financiamento dos seus

projectos ou é um negócio

considerado de risco

b) Como poderão os promotores garantir aos

investidores o cumprimento da condição

por estes exigida para se associarem ao

projecto?

A forma de eles participarem é sendo membros

do conselho de administração.

Sociedade por quotas: Art. 257.º, nº 2 - direito à

gerência

SA: Artigo 391.º - nas sociedades anónimas não

pode haver uma categoria de acções que permita aos

sócios nomear os administradores.

Eles asseguram que fazem parte se forem

nomeados no primeiro mandato para administradores

da sociedade (duração máxima do mandato: art.

391.º, 3,). Para assegurar que, nos anos seguintes, são

reeleitos: não se pode definir no contrato, mas pode

celebrar-se um contrato parassocial (um contrato em

paralelo, entre todos os sócios, que não tem efeito

para a constituição da sociedade, mas sim para o seu

funcionamento). Assim, o que eles fariam era

constituir um pacto dizendo que a Ana, o Bernardo e o

Carlos seriam reeleitos para os órgãos de

administração no fim de cada mandato.

Nas sociedades de capital de risco há um sócio

financeiro, que entra no início com o capital, mas que

não gere nem se interessa pelas actividades da

sociedade (desde que se maximize o lucro). O

objectivo é sair, mais tarde, vendendo a sua

participação e efectuando lucro. Não há prazo para a

saída deste sócio.

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Caso 4

Os suprimentos:

a) Só podem ser prestados nas sociedades anónimas

b) Constituem financiamentos de quaisquer credores da sociedade

c) São financiamentos de sócios com carácter de permanência

d) São todos e quaisquer empréstimos de sócios à sociedade

A afirmação a) é falsa. Um contrato de suprimento é uma modalidade de prestações

acessórias, que se aplica tanto às sociedades por quotas como às anónimas.

A afirmação b) é falsa. Artigo 243º/1: quem empresta à sociedade é o sócio, não é um

qualquer credor; é um empréstimo com carácter de permanência (geralmente, um contrato

superior a um ano).

A afirmação d) também é falsa. Não são todos e quaisquer empréstimos: têm de ter um

carácter de permanência (superior a um ano). Por outro lado, pode não ser um empréstimo:

prevê-se também o reembolso de um crédito (p.e. distribuição de lucros) ou uma dívida da

sociedade que reverte a favor do sócio.

O suprimento pode ser restituído no prazo e nas condições determinadas aquando da

constituição do mesmo.

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Aula de 13.10.2009

Caso 1

António pretende constituir uma sociedade por quotas e quer obter uma resposta

para as seguintes questões:

a) Os sócios podem ser responsabilizados por dívidas da sociedade? Se sim, em que

condições? E se fosse uma sociedade anónima?

Conforme o disposto no artigo 197.º, 3, numa sociedade por quotas a responsabilidade

é limitada ao património social da empresa. No entanto, é possível que um ou mais sócios

respondam pelas dívidas da empresa até determinado montante (a responsabilidade não

deixa de ser limitada). Esta situação deve ser prevista no contrato, de acordo com o artigo

198.º. Numa sociedade anónima, cada sócio limita a sua responsabilidade ao número de

acções que subscreveu (art. 271.º).

c) Os sócios podem ser obrigados a prestar suprimentos à sociedade?

Os sócios apenas são obrigados a outras prestações quando a lei ou o contrato assim o

estabeleçam – artigo 197.º, 2. Se o contrato estabelecer prestações acessórias, elas devem

respeitar os artigos 209.º e o capítulo IV, contrato de suprimento (artigos 243.º e 244.º). Ou

seja: os sócios apenas são obrigados a prestar suprimentos se tal estiver definido nos

estatutos da sociedade. Outra situação: se em assembleia geral a sociedade deliberar

suprimentos e um dos sócios votar contra, ele só é obrigado a fazê-lo se houver qualquer

cláusula nos estatutos – caso contrário, aplica-se o disposto no artigo 86.º, 2.

Se não houver nem estatutos nem deliberação da assembleia geral, o sócio pode mas

não é obrigado a prestar suprimentos (244.º, 3).

No incumprimento da realização de suprimentos, a qualidade de sócio não é afectada

(o sócio não pode ser excluído), desde que o contrário não esteja previsto nos estatutos:

artigos 209.º, 4 e 287.º, 4.

d) As contas da sociedade têm de ser objecto de revisão legal por um revisor oficial

de contas?

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Não, excepto:

1) Artigo 262.º, 2: as sociedades que não tiverem conselho fiscal devem

designar um ROC para proceder à revisão legal se forem ultrapassados dois dos três

limites: total do balanço – 1.500.000€; total das vendas líquidas – 3.000.000€; número

de trabalhadores empregados em média durante o exercício – 50.

2) SGPS que se constituam sob a forma de uma SQ são obrigadas a ter sempre

um ROC (porque o património da SGPS é constituído por participações sociais e tem de

haver alguém que investigue o valor real dessas participações). Decreto-lei das SGPS:

495/88, de 30 de Dezembro.

Artigo 263.º, 2: é desnecessária outra forma de apreciação ou deliberação quando

todos os sócios sejam gerentes e todos eles assinem, sem reservas, o relatório de gestão, as

contas e a proposta sobre a aplicação de lucros e tratamentos de perdas.

Pelo contrário, artigo 278.º: nas sociedades anónimas deve haver sempre um órgão de

administração e um de fiscalização.

e) Quais os procedimentos a observar para alteração dos estatutos?

Alteração de estatutos: sempre que a alteração afecte uma menção obrigatória – art.

9.º (geral), art. 199 (SQ), art. 272.º (SA); se for facultativa – art. 456.º.

Outras questões: aprovação das contas anuais, distribuição de lucros, nomeação de

órgãos de gestão, … – não há alteração de cláusulas de estatutos.

Procedimentos para alteração de estatutos

Artigo 85.º: alteração (geral) de estatutos

Para as sociedades por quotas, aplica-se o artigo 265.º: Quem tem competência para

alterar os estatutos são os sócios (ou seja, a assembleia geral). A AG deve ser convocada de

acordo com o artigo 248.º, 3 (SQ) – qualquer gerente pode convocar uma AG. A

antecedência mínima é de 15 dias, e os sócios são convocados via correio registado. Uma

das menções obrigatórias dos estatutos é a identificação dos sócios e o valor da sua

participação na sociedade – assim sendo, não pode haver transmissão de participação sem

que a sociedade saiba, como acontece nas SA.

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Existe quórum deliberativo e constitutivo: art. 265.º, 1, diz que a as deliberações de

alteração do contrato só podem ser tomadas por maioria de três quartos dos votos

correspondentes ao CS ou por número ainda mais elevado de votos exigido pelo contrato da

sociedade. Esse mínimo corresponde ao quórum.

Convocação da AE em SA

Art.º 377. Convocatória com antecedência de 1 mês, feita por anúncio no site do

Ministério das Finanças (não se pode convocar directamente os sócios porque não se sabe

quem são).

1ª convocatória:

Quórum: constitutivo – 1/3 do CS (art. 383.º, 2); deliberativo: 2/3 dos votos – 2/3 dos

votos referem-se ao 1/3 do CS (art.º 386.º, 2).

2ª convocatória:

Não há quórum constitutivo (383.º/3). Deliberativo: 2/3 dos votos (de quem estiver

representado). Em 2ª convocatória, diminui-se excepcionalmente a maioria de 2/3 dos

votos para ½ dos votos, desde que esteja presente ½ do CS (Art. 386.º/4).

Excepções à competência da AG para alterar estatutos (Artigo 246.º/1/h – SQ; Art.

273.º/2 – SA) - Competência do órgão de administração:

Para alterar a sede (dentro do território nacional), é competente o órgão

administrativo (não é necessária AE) de acordo com o art.º 12.

Art. 410.º há quórum constitutivo e deliberativo (maioria dos administradores têm

de estar presentes, e entre eles também deve haver uma maioria dos votos).

Aumento de capital: altera-se uma menção obrigatória do contrato. Se houver

entradas em espécie imóveis, não basta uma deliberação da AG, é necessária escritura

pública.

A acta da AG e do órgão administrativo deve ser inscrita no registo num prazo de 2

meses a partir da data de deliberação – para haver publicidade a terceiros.

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Caso 2

Uma sociedade anónima, recentemente constituída para desenvolver projectos

relacionados com energias renováveis, pretende reforçar os fundos à sua

disposição por forma a permitir-lhe efectuar um ambicioso projecto de

investimentos nas áreas atrás mencionadas.

a) Identifique as soluções à disposição da empresa para essa finalidade, quais os

procedimentos a observar e quais os órgãos competentes para a sua adopção.

Soluções Procedimentos Órgãos

Competentes

Rubrica Artigos do CSC

Emissão de

Obrigações

Passivo Art. 348.º: apenas

estão reguladas

para SA, apesar de

também serem

possíveis para SQ

Aumento de

Capital Social

Alteração de

CS, seja aumento

ou diminuição,

implica alteração

de estatutos – é

uma deliberação

especial da AG.

Exige-se uma

maioria qualificada,

de 2/3 estando

presentes 1/3 dos

sócios ou, em 2ª

reunião, maioria

simples se

estiverem

presentes metade

dos sócios (SA). SQ

¾ dos sócios

Assembleia

Geral – mas nas SA,

de forma

excepcional e se

estiver previsto nos

estatutos, pode ser

o Conselho de

Administração

Capital Próprio Art. 456.º

Cap. V.

Deliberações dos

Accionistas

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Empréstimo

Bancário

Através de

terceiros

Conselho de

Administração (SA)

ou Gerência (SQ) é

o órgão

competente para

efectuar

empréstimos

bancários (órgão

de administração)

– a não ser que

esteja previsto nos

estatutos que seja

a AG a responsável

Passivo

Suprimentos Passivo (não

Corrente)

Art. 244.º (e

209.º)

Art. 287.º???

Prestações

Suplementares

Capital

Próprio

Art. 210.º e

seguintes:

dependem de

cláusulas

estatutárias e de

deliberação da

AG.

Art. 211.º: o

órgão competente

é a AG

Art. 287

COMPLETAR DIFERENTES OPÇÕES

Suprimentos

o Empréstimos com carácter de permanência efectuados pelos sócios

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o Art.º 244: 1) Órgão competente é a AG 2) os sócios só efectuam os

suprimentos se estiverem de acordo se não houver cláusula estatutária

3) se não houver cláusula estatutária é por vontade dos sócios

CONFIRMAR NOS ARTIGOS

o Maioria simples

Prestações suplementares

o Prazo de reembolso bastante alargado; Art. 213.º: só podem ser

reembolsadas quando o CP não seja inferior a CS+Reserva Legal. É uma

das diferenças em relação aos suprimentos.

Reserva Legal: Artigos 218.º (SQ); 295.º e 296.º (SA)

Reservas Livres: Aquelas que os sócios criam, quando deliberam a

aplicação dos lucros no final de cada exercício

Prémios de Emissão: Quando VN<VE; Art. 296.º - segue o mesmo

regime da reserva legal

o Efectuadas pelos sócios

o “São quase Capital Social”

o Artigo 9º tudo o que seja aumento ou redução é por alteração dos

estatutos.

o Art. 210.º e seguintes – sociedades por quotas. Também são admitidas

nas SA, mas não com este nome. São prestações acessórias (cujo artigo,

287.º, já existe para SA), mas sujeitas ao regime de prestações

suplementares

O capital social é uma condição para os credores da sociedade nela investirem, uma

garantia (mas não é a única). Durante a vida da sociedade, pode haver alterações ao seu

valor – aumentos ou reduções de capital.

Prémios de emissão, ver art.295.º

Se os CP da sociedade estiverem em muito má situação (p.e. 1000€) e o CS (p.e. 5000€)

for a garantia para os credores da sociedade, a sociedade está na situação do art. 35.º: o

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órgão de administração é obrigado a convocar uma AG para que os sócios deliberem a

resolução da sociedade. Pode decorrer daí: a dissolução da sociedade; entradas (em

dinheiro ou em espécie) para aumento do CS; redução do CS (desde que dentro dos limites

legais). Se os gerentes não cumprirem esta regra, estão sujeitos à aplicação de uma multa,

de acordo com o artigo 523.º. Se os sócios em AE não tomarem nenhuma decisão, não há

sanções/consequências para os sócios (no máximo, um credor poderia pedir a insolvência

da sociedade)

Um suprimento pode passar de Passivo para CP se se transformar numa prestação

suplementar COMPLETAR art. 213.º

Obrigações convertíveis em acções (uma das modalidades de obrigações) – art. 360.º

Art 355

Caso 3

O direito de preferência dos accionistas num aumento de capital social por

entradas de dinheiro:

a) Pode ser convencionado

b) Existe independentemente do acordo

c) É incompatível com a natureza jurídica da sociedade

d) Só se aplica quando estiver previsto nos estatutos.

Direito de preferência dos accionistas – Sociedades Anónimas!

Artigos que convencionam o direito de preferência dos sócios: 458.º (SA); 266.º/4 (SQ).

A existência do direito legal pode ser incompatível em casos em que não se justifica a

sua aplicação – por exemplo, em casos de fusão. Em fusões, aumentando-se o Capital Social

não existe o direito de preferência dos sócios (porque esse aumento decorre da própria

fusão, já que ambas as empresas têm CS).

Art. 460.º/2 diz que o direito de preferência pode ser suprimido, em AG, mas deve

corresponder ao interesse justificável da sociedade.

O sócio pode vender as suas acções a um outro sócio, cedendo o seu direito de

preferência. Perde peso relativo, mas ganha contrapartida monetária.

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Aula de 10.11.2009

Caso 4

Aprecie a validade das seguintes normas inseridas nos estatutos de uma

sociedade por quotas:

a) “A transmissão de quotas, a título gratuito ou oneroso, entre vivos ou por

sucessão, está sempre sujeita a consentimento da sociedade”

A norma é válida.

Art. 229.º/3 - Cláusulas contratuais: O contrato de sociedade pode exigir o

consentimento desta para todas ou algumas das cessões referidas no artigo 228.º/2, parte

final.

Art. 229.º/2 - Cláusulas contratuais: O contrato de sociedade também pode dispensar o

consentimento dos sócios.

Se não houver cláusulas contratuais, aplica-se o disposto nos artigos 225.º-228.º.

Entre vivos - Art. 228.º: A cessão de quotas não produz efeitos para com a sociedade

enquanto não for consentida, excepto se acontecer entre cônjuges, ascendentes e

descendentes ou entre sócios.

Por sucessão – Art. 225.º: O contrato de sociedade pode estabelecer que, falecendo

um sócio, a respectiva quota não se transmitirá aos sucessores do falecido, bem como pode

condicionar a transmissão a certos requisitos, mas sempre com observância do disposto nos

números seguintes.

f) “Os sócios têm direito à distribuição de, pelo menos, 25% dos lucros do exercício

que sejam distribuíveis”

Art. 217.º/1: Salvo diferente cláusula contratual ou deliberação tomada por maioria de

¾ dos votos correspondentes ao CS em AE para o efeito convocada, não pode deixar de ser

distribuído aos sócios metade do lucro do exercício que (…) seja distribuível. Assim, a

cláusula é válida.

O art. 294.º diz respeito às SA, pelo que não justifica esta resposta.

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Lucro de Balanço/de Exercício – lucro que uma sociedade gera pelas receitas depois de

retirados todos os custos em que ela incorre aos ganhos que teve (lucro bruto).

Lucro Distribuível – a parte do lucro de balanço que sobra depois de a sociedade

cumprir com as regras legais: artigos 32.º e 32.º (parte geral)

Art. 32.º Limite da distribuição de bens aos sócios:

RL >= Capital + Reservas (lei ou contrato)

Art. 33.º Lucros e reservas não distribuíveis

33.º/1 I – Prejuízos transitados

33.º/1 II – Reservas legais ou contratuais (5% do RL todos os anos até que se atinja

20% do CS):

o Art. 295.º (SA mas que se aplica às sociedades de quotas por remissão do art.

218.º)

o Art. 218.º/2 – Excepção

33.º/2 – Despesas de constituição (como sejam os honorários do advogado que

ajudou os sócios aquando da fundação da sociedade)

Para o LD entregue aos sócios ser superior a 50% não é necessária maioria reforçada

(basta uma maioria simples, porque se estão a favorecer os sócios).

Capital Próprio

Capital Social

Acções próprias

o Acções que a empresa compra dela própria

o Limite máximo: 10% do Capital (art. 317.º/2)

o Obrigam à constituição de uma reserva especial do mesmo montante (art.

324.º/1/b)

o Razões que justificam a compra de acções próprias: Boa aplicação financeira se

as acções estiverem subavaliadas; Provocar ou reagir contra acções na Bolsa; Forma de

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remunerar e incentivar o pessoal através de distribuição de acções próprias; Forma de

remuneração de accionistas (devido à tributação mais-valias vs dividendos)

Reservas legais

o Art. 295.º para SA e SQ

o Constituídas principalmente por retenção de lucros visando o aumento dos

meios de acção das empresas

o Obrigatórias por lei.

o As sociedades por quotas e anónimas deverão reservar 5% dos lucros obtidos

em cada exercício à constituição de reserva legal até que esta atinja 20% do Capital.

o Prémios de emissão estão sujeitos ao regime de reserva legal – art. 295.º/2

Reservas Estatutárias

o Constituídas por decisão da Assembleia Geral (ou estipuladas no contrato da

sociedade)

o Têm como objectivo reter fundos na empresa para reforço da situação

financeira

Prestações Suplementares (SQ) e Acessórias (SA)

o Entradas de dinheiro exigidas aos sócios para reforço do Capital da Sociedade

o Podem ser restituídas aos sócios se eles os deliberarem e desde que o Capital

Próprio não fique inferior a Capital Social + Reserva Legal (art. 213.º/1)

o Não podem ser remuneradas

o Não confundir com Suprimentos: Empréstimos de Sócios (Passivo) e com

possibilidade de vencerem juros.

Resultados Transitados

Resultado Líquido, LD

o De acordo com os artigos 297.º e 294.º, do LD pelo menos metade cabe aos

sócios, mas atenção:

Aos estatutos

Aos limites legais (CP CS + RL+ RE)

Às deliberações da AG (por maioria qualificada)

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Caso 5

Aprecie a validade das seguintes normas inseridas nos estatutos de uma

sociedade anónima

a) “A transmissão de acções, a título gratuito ou oneroso, entre vivos ou por

sucessão, é proibida”

Art. 328.º/1: O contrato de sociedade não pode excluir a transmissibilidade de acções

nem limitá-la além do que a lei permitir.

Art. 328.º/2: tudo o que caiba fora das hipóteses previstas nestes artigos não pode ser

estipulado no contrato da sociedade

Assim, esta norma não seria válida.

328.º/1 Sociedades de Capitais Puras (sociedades anónimas)

229.º/1 Sociedades de Capitais com cunhos personalistas (nas sociedades de quotas já

seria possível excluir a transmissão de acções)

g) “Os accionistas não gozam de direito de preferência na subscrição dos aumentos

de capital a realizar”

Art. 458.º: Direito de preferência. É um artigo imperativo, não é optativo.

Art. 460.º: Limitação ou supressão do direito de preferência

Nos aumentos de CS em dinheiro, a norma não é válida (uma vez que a lei, art. 458.º, o

estabelece). Nos aumentos em espécie, não existe um artigo a estipular o direito de

preferência – logo, a cláusula seria possível mas não faria sentido, porque estava a proibir

algo que não é obrigatório.

Art. 456.º: “o contrato de sociedade pode” ou seja, se o contrato não previr essa opção,

ela não é obrigatória. Este artigo é optativo, por isso é necessária uma cláusula estatutária

que repita a lei. Tal não acontece com o artigo 458.º.

Caso 6

A transmissão das acções da sociedade “ABC – Centro de Explicações, S.A.”, está

limitada pela seguinte cláusula estatutária: “As acções da sociedade apenas

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podem ser transmitidas para professores licenciados de nacionalidade

portuguesa”.

Juan, professor de espanhol, não licenciado, que pretende adquirir acções da

sociedade, entende que a citada cláusula é nula por ser discriminatória. Quid

iuris?

Art. 328.º: O contrato de sociedade não pode excluir a transmissibilidade de acções

nem limitá-la além do que a lei permitir.

Art.º 328.º/2/c: Subordinar a transmissão (…) à existência de determinados requisitos,

subjectivos ou objectivos, que estejam de acordo com o interesse social.

Ser licenciado é um requisito subjectivo que tem interesse social, por isso está de

acordo com a lei.

No que diz respeito a ser Português, Juan poderia argumentar estar a ser discriminado

em relação aos licenciados que são Portugueses (estaria a ser violado o direito à Igualdade).

Ressalva: este princípio da igualdade aplica-se à relação entre o Estado e os Particulares,

não às relações entre particulares. Não há violação a este princípio se estivermos a analisar

relações pessoais: por exemplo, no contrato de arrendamento o arrendatário estipular que

só quer raparigas porque são mais arrumadas e organizadas. Não é ilegal fazer-se isso, o

direito à igualdade não é violado.

Juan só poderia conseguir a anulação da cláusula se conseguisse provar que não havia

interesse social para a firma em não contratar estrangeiros.

Firma de denominação – dedica-se à prestação de serviços de explicações

Requisitos Subjectivos ≠ Requisitos Objectivos

Subjectivos – dizem respeito ao accionista, à pessoa que detém as acções

Objectivos – dizem respeito às próprias acções (ao bem que está a ser transaccionado)

Juan não cumpre os requisitos – nomeadamente, não ser licenciado.

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Caso 7

João, titular de uma quota da sociedade “Bom Ar – Montagem e Comercialização

de Ar Condicionados, Lda.”, pretende ceder a sua quota na sociedade ao seu primo

Pedro”. Imagine que os estatutos da sociedade contêm a seguinte cláusula: “A

cessão de quotas é proibida”.

Poderá João ceder a sua quota?

Art.º 229/1 – a transmissão de quotas poderá ser proibida, mas não durante mais do

que 10 anos.

O João só poderá ceder a sua quota (ou simplesmente sair da sociedade) se já fizer

parte da sociedade há mais de 10 anos.

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24.11.2009

Caso 8

A gerência da sociedade “XPTO, Lda.” pretende vender o prédio onde está

instalada a sua sede.

Poderá fazê-lo?

Art. 259.º (Competência da Gerência): Os gerentes devem praticar os actos que forem

necessários ou convenientes para a realização do objecto social, com respeito pelas

deliberações dos sócios.

Art. 246.º/2/c (Competência dos Sócios): Se o contrato social não dispuser

diversamente, compete também aos sócios deliberar sobre: c) a alienação (…) de bens

imóveis

Oneração – p.e. hipoteca

Se fosse o caso de SA: artigos 405.º e 406.º/e

Caso 9

Manuel, titular de 20% das acções representativas do capital social da sociedade

“Olá, SA”, está indignado porque os estatutos desta sociedade não o permitem

votar com os votos correspondentes a 10% do Capital da sociedade. Será lícita

esta limitação?

Sim, art. 384.º/2b) + art. 384.º/3 - Mais uma expressão da sociedade capitalista (os

direitos variam não com o sócio, mas com a categoria de acções)

Exemplo da EDP

Categoria A: Vota com, no máximo, 5% do CS (independentemente da percentagem de

capital que detiver) – acções diminuídas (do direito de voto)

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Categoria B: acções ordinárias [no caso, pertencem ao ESTADO]; quando as acções de

categoria B deixam de pertencer a entes públicos e passam a pertencer a privados, perdem

o direito especial – é uma verdadeira golden share!

Caso 10

A sociedade “PBI, SA” pretende fundir-se com a sociedade “Milenar, SA”

Parte geral: artigos 97.º e seguintes

Art. 97.º/4 - há 2 modalidades de fusões:

Fusão – absorção (incorporação) a)

Fusão - por constituição de nova sociedade b)

Operação contrária à fusão: Cisão

Artigos 118.º e seguintes

Art. 118.º/1

Cisão – simples

Cisão – dissolução

Cisão – fusão

- parte da cisão simples – destaco parte da sociedade, que servirá para a fusão

- parte da cisão dissolução – dissolve-se a sociedade, para dar origem a uma fusão

posterior

A. Indique os passos necessários para que o PBI incorpore o património da

Milenar.

PROJECTO DE FUSÃO

Competência: Órgão de Administração (das sociedades que planeiam fundir-se – só há

um projecto) – gerência (SQ), CA (SA)

Art. 98.º: elementos necessários para o projecto de fusão

Art. 98.º/2: Pode utilizar-se o balanço do último exercício desde que ele não tenha mais

de 6 meses na data do projecto de fusão

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Ex. contas aprovadas no dia 31/12/N – se a fusão for a 30/6/N+1 o balanço é válido;

se for a 1/7/N+1 tem de se elaborar um balanço novo

2.Fiscalização (Art. 99.º):

Órgão de Fisc e/ou ROC (intervém em complemento ou em substituição

Existe para avaliar a relação de troca (que serve para defender os sócios)

Pode ser dispensada se todos os sócios prescindirem dela (porque confiam nos

órgãos de administração)

Nas SA em geral há sempre OF (desde que não seja dispensado)

Nas SQ em geral não há OF (não é obrigatório) – só é nos SQ que não estejam

dos seguintes casos: SGPS; 262.º/2; estatutos

3.Registo

Art. 100.º/1 – conta-se 1 mês para direito de oposição de credores e convocatória da

AG

4.Direito de Oposição

Art. 101.º-A

5. Convocação da AG

A convocatória faz-se geralmente na mesma altura que o registo

6. Reúne-se a AG (Passou 1 mês e nenhum credor se opôs ou opôs-se e resolveu-se a

situação)

Uma assembleia geral por cada sociedade

Exige-se a maioria necessária à alteração de estatutos - art. 103.º/1

Se for uma fusão por absorção, alteram-se os estatutos

Se for uma fusão por constituição de nova sociedade, criam-se novos estatutos

SQ: ¾ do CS: 265/1

SA: 2/3 votos: 386/3 + 383/2

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7. Registo de fusão

Artigos 111.º, 112.º

FUSÃO

Competência: Assembleia-geral

B. Qual a maioria necessária para aprovar, em AG, esta fusão?

Depende se é SQ ou SA (ver acima)

C. Haveria alguma especialidade se a PBI fosse detentora de 100% do capital

da Milenar?

Incorporação de sociedades detidas a 100%: Art. 116.º

Este artigo foi alterado pelo DL 185/2009 de Agosto – deixou de ser 100%, passou a ser

90% ou +

Relação de troca não existe, não faz sentido! Os sócios são os mesmos.

Também já não há fiscalização do projecto de fusão

Pode ser dispensada a AG se todos os sócios estiverem de acordo e isso estiver

no projecto de fusão

Caso 11

A sociedade “Belmiro Investimentos, SGPS, SA” pretende constituir uma SA da

qual seja a única titular das suas acções.

A. Poderá fazê-lo?

Art. 488.º (Domínio total inicial) – é possível!

Trata-se de uma modalidade de sociedades coligadas (que estão reguladas nos artigos

481.º e seguintes)

Podem ser (art. 482.º):

Rel de simples participação (483.º)

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Rel de Participações recíprocas (485.º)

Rel de domínio (486.º)

Entende-se que há uma rel de domínio quando uma participa na outra em + de

50% do CS, em mais de 50% dos votos ou tem o poder do OA ou do OF

Rel de grupo (paritário, subordinação ou domínio total)

o Paritário: duas sociedades que se coligam e cuja gestão é feita por uma

terceira sociedade, independente (492)

o Subordinação: duas sociedades que se coligam e uma delas gere o grupo

(493)

Art. 481: SA/SQ/SCA

No caso da Belmiro Investimentos SGPS, é uma relação de grupo em domínio total –

artigos 488.º a 491.º; o 491.º é uma norma de remissão, por isso também se aplicam os

artigos 501.º a 504.º; como é uma SA, aplicam-se os artigos 271.º a 464.º; Parte geral,

artigos 1.º a 174.º. Se houver um conflito de artigos, aplica-se o regime específico.

B. Poderá a Belmiro Investimentos dar ordens ao Conselho de Administração

da nova sociedade?

Enquanto sociedade dominante, pode dar instruções vinculantes: artigo 503.º/1 (Direito

de dar instruções).

C. Poderá a Belmiro Investimentos vir, algum dia, a responder por dívidas da

nova sociedade?

Pode, nos termos do 501.º

D. Imagine que a mesma Belmiro Investimentos comprou 93% da sociedade

“Comunicações, SA”. Poderá, de alguma forma, a Belmiro Investimentos comprar

os restantes 7% da Comunicações mesmo sabendo que os titulares dessas acções

não estão interessados em vender?

Artigo 490.º permite isso

Requisitos:

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Comunicação à sociedade cujo capital comprou (“eu comprei mais do que 90%

do teu capital”)

Avisar accionistas minoritários (mas não estou dependente da sua aceitação)

Direito de propriedade privada – o sócio minoritário tinha acções e fica sem elas, há

uma aparente contradição! Em 2002 o tribunal de contas decidiu que não é inconstitucional

porque, na primeira parte do artigo, diz-se que o sócio minoritário é obrigado a vender, mas

nas alíneas 5 e 6 prevê-se o direito contrário (o minoritário pode obrigar o maioritário a

comprar). Assim, o direito não é violado.

Segunda justificação para o facto do 490.º ser lícito: com 93% do CS, o poder sobre a

sociedade é igual a ter 100% (a diferença nota-se apenas a nível teórico e jurídico). Os

artigos que se aplicam à sociedade são diferentes se se tratar de uma empresa detida a

100%!

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Aula de 9.12.2009

Limitações à concorrência:

Práticas individuais – DL 370/93

Coligações

o 4º Lei da Defesa da Concorrência (Lei 18/2003)

o 101.º Tratado da União Europeia

Abuso de posição dominante

o 6.º LDC

o 102.º TUE

Abuso de dependência económica – 7.º LDC

Concentrações de empresas

o 8º-12º LDC

Se QM

>30%

Se VN

Conj >150M

Individ>2M

o Regulamento CE 139/2004

Se VN:

Conj >5M

Indiv >250M

Auxílios de Estado

o 13º LDC

o 107.º TUE

Exemplo: zona franca da Madeira

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Caso 12

Um hipermercado nos arredores de Lisboa, tendo feito uma encomenda excessiva

de chocolates e vendo aproximar-se a data limite para o respectivo consumo,

resolve promover a venda desses chocolates por metade do respectivo preço de

custo:

a) Tal prática não é admissível

b) Tal acto é lícito

c) A alienação em causa está sujeita a autorização prévia da DG da Concorrência

d) A venda tem de ser previamente comunicada à Autoridade da Concorrência

Práticas individuais da Concorrência

DL nº370/93 de 29 de Outubro, Venda com prejuízo, art.º3/4/a

Caso 13

Em Março de 2000, a SIC, a PT Multimédia e a TV Cabo celebraram um acordo de

parceria, por um prazo de 10 anos, renovável, que atribui à SIC um direito de

preferência no fornecimento de canais temáticos, produzidos em português e

para Portugal, para o pacote básico da TV Cabo. O mesmo contrato prevê a

atribuição ao grupo PT Multimédia da comercialização exclusiva dos casais de

acesso não condicionados produzidos pela SIC. A Autoridade da Concorrência

condenou estas empresas por terem celebrado entre si um contrato que contém

cláusulas restritivas da concorrência.

Comente esta condenação.

Acordo de parceria entre 3 empresas.

A condenação faz todo o sentido, uma vez que a lei nº18/2003 de 11 de Junho declara

como prática proibida, no art.º4/1, “os acordos entre empresas (…) que tenham como (…)

efeito impedir, falsear ou restringir de forma sensível a concorrência no todo ou em parte

do mercado nacional”.

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Caso 14

As administrações de duas empresas produtoras de refrigerantes celebraram um

acordo em que estabelecem as bases de um entendimento comum que, entre

outros aspectos, lhes permitirá: (a) distribuir os respectivos produtos

preferencialmente em determinadas zonas do país; (b) controlar os preços de

venda dos refrigerantes gaseificados e (c) estabelecer um preço mínimo comum

para a aquisição de vasilhame.

Pronuncie-se sobre o acordo em causa e sobre as cláusulas enunciadas,

nomeadamente sobre a respectiva legalidade e validade.

Coligação sob a forma de acordo de empresas

A cláusula a) é inválida, porque vai de encontro ao art. 4º/1/d, que impede a repartição

de mercados ou fontes de abastecimento.

As cláusulas b) e c) também são inválidas, de acordo com o disposto no art. 4º/1/a.

… Coima – art. 43.º/a

Caso 15

A legalidade de uma operação de concentração de duas empresas que se dedicam

à exportação de material de calçado é:

a) Apreciada à luz da lei portuguesa que regula a concorrência

b) Apreciada à luz da legislação comunitária que regula a concorrência

c) Apreciada por ambas

d) Totalmente livre de restrições

Ou uma ou outra!!!

Concentrações de empresas

o 8º-12º LDC (AdConc)

Se QM

>30%

Se VN

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Conj >150M

Individ>2M

o Regulamento CE 139/2004

Se VN:

Conj >5M

Indiv >250M

Caso 16

Estão sujeitas a notificação prévia:

a) Todas as operações de concentração de empresas

b) Apenas as operações de concentração que envolvam fusões

c) Apenas as operações de concentração que criem ou reforcem uma posição

dominante em certo mercado

d) Todas as operações que criem ou reforcem uma posição dominante em certo

mercado ou cujas empresas envolvidas apresentem certo volume de negócios.

Art. 9º/1

Caso 17

A ANA – Aeroportos de Portugal, S.A., é uma sociedade anónima de capitais

exclusivamente públicos que tem como objecto social a exploração, em regime de

concessão, do serviço público aeroportuário de apoio à aviação civil em Portugal,

podendo ainda acessoriamente explorar actividades e realizar operações

comerciais e financeiras com aquela relacionadas ou que sejam susceptíveis de

facilitar ou favorecer a sua realização. A ANA propõe-se adquirir o controlo

exclusivo da sociedade Portway – Handling de Portugal, SA, que tem como objecto

social a prestação de serviços na actividade de assistência em escala ao

transporte aéreo nos aeroportos nacionais (“handling”) de Lisboa, Porto e Faro.

O negócio em questão está sujeito a algum condicionalismo?

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Concentração de empresas – aquisição de controlo. Art. 8.º/1/b e 8.º/3/a

Art. 9º/1/a: o negócio tem de ser previamente autorizado pela Autoridade da

Concorrência

Processo 13/2006 (ver site da AdC)

O facto de a ANA reforçar a sua posição accionista na Portway (adquirindo a quota de

40% da Fraport na empresa) não causa alterações a nível de mercado. A Portway continua a

dividir o mercado com a Groundforce.

Caso 18

Como é do conhecimento geral, o mercado português de produtos energéticos,

onde actua a empresa Galp Energia, detida em parte relevante, directa e

indirectamente, pelo Estado português, está a sofrer grandes mudanças. Entre as

alterações em curso estão a venda pela Galp Energia à EDP dos seus activos na

área do gás natural e a liberalização dos preços de alguns combustíveis.

A. A venda pela Galp Energia à EDP dos seus activos na área do gás natural

está sujeita a apreciação pela Autoridade da Concorrência?

Tipo de restrição à concorrência: concentração de empresas – aquisição de controlo.

Artº 8.º/1/b -> 8.º/3/b

Não temos informação suficiente para saber se, de acordo com o artigo 9.º, a empresa

tem de comunicar à AdC a operação e aguardar aprovação.

Uma empresa que tenha de notificar a AdC e não o faça: artº 43.º/3/a)

B. Que medidas poderão as autoridades adoptar se, em resultado da

liberalização dos preços dos combustíveis, houver suspeitas de que as empresas

distribuidoras de produtos petrolíferos estão a conjugar os respectivos

comportamentos quanto à fixação dos respectivos preços?

Coligações: artº 4.º

Neste caso específico, trata-se de coligações com o objectivo de práticas concertadas.

Distinguem-se dos acordos de empresa porque com práticas concertadas não tem de haver

contrato/acordo formal/reunião para as empresas se entenderem.

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Caso não cumpram

24.º - 27.º

28.º - 1 (arquivar); 2 (condenação); 3 (sanções+coimas) 43 46 46; 4 ??

Caso 19

Como é do conhecimento geral, a TAP tem há algum tempo uma parceria com a

Portugália, que se pretendia que evoluísse no sentido da fusão entre as duas

empresas. Por outro lado, tendo em consideração a importância do mercado

brasileiro para o conjunto das suas operações, a TAP decidiu participar

directamente e numa posição de relevo no processo de recuperação da Varig. Não

podendo adquirir uma participação maioritária no seu capital por força da lei

brasileira, a TAP propôs-se, no entanto, assumir a responsabilidade da sua gestão.

Os negócios acima mencionados, se se concretizarem, estão sujeitos a apreciação

pela Autoridade da Concorrência? Se tivesse a responsabilidade de os apreciar,

como seria a sua decisão?

1) TAP --------> Portugália (fusão) Processo 32/2006, Comunicado 10/2007

a. Concentração de empresas na modalidade entre empresas independentes

b. 12.º

i. 2 (parâmetros)

ii. 3 e 4 (decisão)

2) TAP --------> Varig (responsabilidade na gestão)

a. Concentração de empresas (art. 8º/1/b, art. 8º/3/c)

5ª feira antes do exame, 15h30, aula de duvidas de direito