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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 015.206/2006-0 GRUPO II – CLASSE II – Primeira Câmara TC 015.206/2006-0 Natureza: Prestação de Contas – Exercício de 2005. Unidade: Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A. Responsáveis: Alexandre Tavares de Oliveira (463.078.857-34); Antonio Carlos Soares Lima (550.929.937-15); Antonio da Silva Oliveira Filho (300.611.807-34); Ayrton Costa Xavier (028.442.227-49); Célia Corrêa (221.301.361- 68); Delmo Manoel Pinho (695.346.597-20); Dorismar Coelho Couto (424.838.406-04); Francisco José Robertson Pinto (504.895.507- 20); Getulio Luiz Bezerra (183.748.249-72); José Alves Sobrinho (480.910.067-72); José Augusto da Fonseca Valente (214.692.967-72); José Carlos Duarte Eiras (186.142.487-68); Luciane Pimentel de Lima (958.922.147-53); Luiz Rafael D'oliveira Mussi (601.399.947- 34); Maira Cauhi Wanderley (079.869.427-03); Mario Ferreira Vianna (314.700.417-15); Mauro Fernando Orofino Campos (029.765.017-34); Paulo de Tarso Carneiro (011.049.000-25); Pedro da Costa Carvalho (041.309.362-04); Raul de Bonis Almeida Simões (274.544.877- 34); Richard Klien (032.769.537-49); Sérgio Magalhães Giannetto (550.085.777-00); Triunfo Operadora Portuária Ltda (29.355.260/0001- 61); Vilmar Valle (054.235.217-69); Vitorino Luis Domenech Rodrigues (220.349.007-15) e Wagner Granja Victer (763.609.467-34). Interessados: Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A.; Moinhos Cruzeiro do Sul S.A. (88.301.155/0020-71); Nitport Serviços Portuários S.A. (07.522.104/0001-05); Nitshore Engenharia e Serviços Portuários S.A. (07.522.140/0001-79) e Pier Mauá S.A. (02.434.768/0001-07). Advogados constituídos nos autos: Alexandre de La Roca Tavares (OAB/RJ 117.314); Ana Fatima Bastos de Plaza (OAB/RJ 50.940); 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 015.206/2006-0

GRUPO II – CLASSE II – Primeira CâmaraTC 015.206/2006-0 Natureza: Prestação de Contas – Exercício de 2005.Unidade: Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A. Responsáveis: Alexandre Tavares de Oliveira (463.078.857-34); Antonio Carlos Soares Lima (550.929.937-15); Antonio da Silva Oliveira Filho (300.611.807-34); Ayrton Costa Xavier (028.442.227-49); Célia Corrêa (221.301.361-68); Delmo Manoel Pinho (695.346.597-20); Dorismar Coelho Couto (424.838.406-04); Francisco José Robertson Pinto (504.895.507-20); Getulio Luiz Bezerra (183.748.249-72); José Alves Sobrinho (480.910.067-72); José Augusto da Fonseca Valente (214.692.967-72); José Carlos Duarte Eiras (186.142.487-68); Luciane Pimentel de Lima (958.922.147-53); Luiz Rafael D'oliveira Mussi (601.399.947-34); Maira Cauhi Wanderley (079.869.427-03); Mario Ferreira Vianna (314.700.417-15); Mauro Fernando Orofino Campos (029.765.017-34); Paulo de Tarso Carneiro (011.049.000-25); Pedro da Costa Carvalho (041.309.362-04); Raul de Bonis Almeida Simões (274.544.877-34); Richard Klien (032.769.537-49); Sérgio Magalhães Giannetto (550.085.777-00); Triunfo Operadora Portuária Ltda (29.355.260/0001-61); Vilmar Valle (054.235.217-69); Vitorino Luis Domenech Rodrigues (220.349.007-15) e Wagner Granja Victer (763.609.467-34). Interessados: Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A.; Moinhos Cruzeiro do Sul S.A. (88.301.155/0020-71); Nitport Serviços Portuários S.A. (07.522.104/0001-05); Nitshore Engenharia e Serviços Portuários S.A. (07.522.140/0001-79) e Pier Mauá S.A. (02.434.768/0001-07).Advogados constituídos nos autos: Alexandre de La Roca Tavares (OAB/RJ 117.314); Ana Fatima Bastos de Plaza (OAB/RJ 50.940); Bianca Rodrigues Xavier Lima de Vasconcelos (OAB/RJ 84.418); Carlos Henrique Bezerra de Melo (OAB/RJ 113.422); Dorismar Coelho Couto (OAB/RJ 63.926); João Carlos Feuermann Missagia (OAB/RJ 130.682); José Esquenazi Neto (OAB/RJ 114.029); Luiz Stefano Rosano Fantappié (OAB/RJ 92.849); Marcia Lopes Gomes (OAB/RJ 130.542); Maria José do Nascimento (OAB/RJ 39.613); Mauricio Fernandes de Moraes (OAB/RJ 61.680); Milena Motta de Assumpção (OAB/RJ 125.615); Rafael de Souza Fernandes Barboza (OAB/RJ 57.440); Renata da Silva Fernandes Antunes (OAB/RJ 109.349); Renato Henriques Teixeira (OAB/RJ 55.960); Rogério Alaylton D’Angelo (OAB/RJ 58.050); Roney Rios Figueira (OAB/RJ 125.104); Solange da Cunha Pacheco (OAB/RJ 119.176); Dina Oliveira de Castro Alves (AO/DF 17.343) e Paulo Osternack Amaral (OAB/PR 38.234).

SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS. EXERCÍCIO DE 2005. ELEMENTOS PROCESSUAIS COLHIDOS POR MEIO DE DIVERSAS DILIGÊNCIAS E INSPEÇÕES NA ENTIDADE. AUDIÊNCIAS E CITAÇÕES DOS RESPONSÁVEIS. SOBRESTAMENTO DO JULGAMENTO DAS CONTAS EM

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 015.206/2006-0

RAZÃO DA NECESSIDADE DE INSTAURAÇÃO DE TOMADA DE CONTAS ESPECIAL RELACIONADA A UM DOS CONTRATOS EXAMINADOS. DETERMINAÇÕES À CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO E À COMPANHIA DOCAS DO RIO DE JANEIRO S.A.

RELATÓRIO

Trata-se da prestação de contas da Companhia Docas do Estado do Rio de Janeiro S.A. – CDRJ relativa ao exercício de 2005.2. Passo a transcrever, no essencial, o despacho exarado pelo Gerente de Divisão em substituição da Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro – Secex/RJ, às fls. 1097/1125, que contempla histórico detalhado dos atos processuais adotados no âmbito deste Tribunal:

“(...)2. De início, impende trazer breve histórico do desenvolvimento do presente processo. As

instruções anteriores, bem como os pareceres e despachos já exarados, encontram-se acostados às fls. 840/875, 876/885, 886, 887/892, 893, 1035, 1037, 1042/1049 e 1056/1089.

I – BREVE RESUMO DA SITUAÇÃO DO PRESENTE PROCESSO3. Em 22/11/2005, ao apreciar as contas da CDRJ referentes ao exercício de 2003, esta

Corte prolatou o Acórdão n.º 2.797/2005–1ª Câmara, que, entre outras considerações, ordenou a esta SECEX que procedesse ao acompanhamento, nas próximas contas da Entidade, de algumas ações de gestão desenvolvidas no âmbito daquela Companhia. Com efeito, o item 3 do mencionado aresto assim dispôs:

3. à Secex-RJ que proceda o acompanhamento nas próximas contas da CDRJ, com intuito de:

3.1 comprovar se as atividades relativas aos Convênios n.º 28/2003, firmado com a Fesp/RJ, e n.º 29/2003, firmado com a Funcefet, são estritamente relacionadas a pesquisa, ensino, extensão ou desenvolvimento institucional, dada a indefinição dos objetos inicialmente pactuados;

3.2 verificar se ocorreu solução negociada com as arrendatárias do terminal de trigo (Armazém 22) e do projeto Píer Mauá e se tal negociação torna dispensável a instauração de tomada de contas especial determinada mediante Ofício AECI/MT n.º 107/2003, de 12/09/2003;

3.3 avaliar os resultados do trabalho desenvolvido pelo Grupo de Trabalho criado mediante a Portaria Interministerial n.º 4, de 19 de janeiro de 2004, para analisar a situação financeira da CDRJ e propor alternativas de política governamental para o futuro da empresa;

3.4 observar, no tocante à determinação efetuada à CDRJ no Acórdão TCU n.º 2.264/2004 - Segunda Câmara, se a Companhia tem buscado aprimorar os procedimentos de fiscalização da execução dos contratos de prestação de serviços de advocacia, com vistas ao efetivo cumprimento do art. 67 da Lei n.º 8.666/93, inclusive no que concerne ao controle qualitativo dos serviços prestados pelos escritórios de advocacia;

3.5 encaminhar cópia deste Acórdão à CDRJ, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional e aos Ministérios dos Transportes, do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Fazenda, alertando acerca da difícil situação econômico-financeira em que se encontra a CDRJ e recomendando àqueles Ministérios a elaboração de um plano de saneamento financeiro da Companhia devidamente ajustado à política econômica de governo.

4. Considerando a referida determinação, foi proposta e autorizada, antes mesmo da análise detalhada dos fatos constantes do presente processo de contas, a realização de inspeção objetivando acompanhar a evolução das pendências verificadas nas contas da CDRJ relativas

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ao exercício de 2003 (TC 009.881/2004-6), bem como colher subsídios para o exame das contas referentes aos exercícios de 2004 e 2005. Quanto a essa última – a presente conta –, pretendia-se verificar as seguintes questões:

a) discrepância entre o valor da receita operacional informada no Relatório de Gestão e aquela constante na Demonstração do Resultado do Exercício – DRE;

b) aumento na folha de pagamento de 42% em relação a 2004;c) aumento de custos dos serviços portuários de 62%, em relação a 2004, contra aumento

de receitas com atividades portuárias de apenas 16%;d) aumento nas despesas financeiras líquidas relativas aos juros sobre obrigações fiscais,

trabalhistas e contratuais de 120% em relação a 2004;e) ausência da coluna ‘Realizado até 30/12/05’ na tabela constante às fls. 75;f) ausência de indicadores ou parâmetros de gestão; eg) origem da dívida de cerca de R$ 52 milhões da arrendatária Triunfo Operadora

Portuária Ltda. para com a CDRJ.5. Como resultado da mencionada fiscalização, foram relacionados os achados a seguir

sintetizados, referentes aos Contratos de Arrendamento C Depjur n.º 100/97, C Depjur n.º 86/98, C Depjur n.º 71/97 e C Depjur n.º 72/97. Vale ressaltar que algumas das questões registradas haviam sido apuradas pela CDRJ, por meio do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) n.º 1402/02.

5.1. Em relação ao Contrato C Depjur n.º 100/97, celebrado com a empresa Píer Mauá S/A, tendo por objeto o arrendamento de instalações portuárias (Projeto Píer Mauá), foi constatado o seguinte (fls. 842/847):

a) descumprimento dos termos do Contrato, em vista da não-execução das obras ajustadas e da ausência de pagamentos a cargo da Arrendatária;

b) possível nulidade da licitação originária (Concorrência n.º 4/94), bem como do Contrato dela proveniente (C Depjur n.º 100/97), em virtude de falhas no procedimento licitatório e na contratação (inclusão de objeto após iniciada a licitação, ausência de projeto básico e de cronograma físico-financeiro, celebração de contrato com terceiro estranho ao procedimento licitatório, entre outras consideradas de menor gravidade); e

c) necessidade de reequilíbrio econômico-financeiro, por motivo de alteração contratual promovida pelo Quarto Termo Aditivo, que retirou o Píer Mauá do objeto do Contrato, substituindo-o pelo imóvel da Estação Marítima de Passageiros (essa questão foi desconsiderada pela equipe de fiscalização, em vista do posicionamento pela invalidação ajuste);

5.1.1. Assim, foram propostas a decretação de nulidade do mencionado Contrato, respeitados os direitos a indenizações de cada parte, bem como a instauração de tomada de contas especial caso a Contratada se recusasse a pagar o valor devido pelo arrendamento da Estação Marítima de Passageiros (fls. 846). No entanto, alertou-se que tais medidas deveriam ser precedidas de audiência dos responsáveis e de notificação à Contratada, a fim de lhes assegurar a ampla defesa (fls. 846). Cabe ressaltar que, em março/2009, a CDRJ comunicou a instauração de TCE, com vistas a verificar os fatos registrados na conclusão do mencionado PAD, bem como de sindicância, a fim de apurar responsabilidade pela não-instauração oportuna da referida TCE (Anexo 14).

5.2. Em relação ao Contrato C Depjur n.º 86/98, celebrado com a empresa Moinhos Cruzeiro do Sul S/A, tendo por objeto o arrendamento de instalações portuárias (Armazém 22), foram consignados os seguintes achados (fls. 847/851):

a) possível nulidade das licitações originárias, bem como dos contratos delas provenientes, em razão de vícios na licitação e na contratação (inexigibilidade indevida e previsão de condições contratuais prejudiciais à CDRJ); e

b) indício de danos à CDRJ (perda de receitas) decorrentes da estipulação, em favor da

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Contratada, de condições de remuneração indevidas.5.2.1. Além das questões acima resumidas, a equipe de fiscalização consignou a

instauração de TCE destinada à apuração do mencionado dano (perda de receitas), assinalando que a verificação realizada não abarcou todos os débitos, embora fossem de conhecimento da Administração da CDRJ (fls. 850/851).

5.2.2. Assim, foram propostas determinações no sentido da decretação de nulidade do mencionado Contrato e da ampliação do objeto da referida TCE, bem como recomendação à Entidade (fls. 851). Contudo, a fim de se observar o princípio da ampla defesa, sugeriu-se que tais medidas deveriam ser precedidas de audiência dos responsáveis e de notificação à Contratada (fls. 851).

5.3. Em relação aos Contratos C Depjur n.os 71/97 e 72/97, ambos celebrados com a empresa Triunfo Operadora Portuária Ltda., tendo por objeto o arrendamento de instalações portuárias (Terminal de Produtos Siderúrgicos do Cais da Gamboa e de São Cristóvão), foram consignados os seguintes achados (fls. 866/870):

a) inadimplência contratual, caracterizada pela ausência de pagamentos, desde 1997, pela exploração de área arrendada (sob a alegação, por parte da Arrendatária, de desequilíbrio econômico-financeiro no Contrato);

b) aplicação de sanção contratual por inadimplemento indevida, já que havia outra opção de imposição de encargos que resultaria maior efetividade na punição no sentido de inibir a reincidência da falha, além de ser financeiramente mais vantajosa para a CDRJ; e

c) ausência de providências visando à rescisão unilateral administrativa (fundada no art. 58, inciso II, da Lei n.º 8.666/93) ou judicial, mesmo sendo a Contratada devedora contumaz.

5.3.1. Assim, foram propostas audiências dos responsáveis e notificação à Contratada, a fim de se colherem esclarecimentos para os fatos descritos nas alíneas ‘b’ e ‘c’ acima.

5.4. Quanto às demais questões objeto da fiscalização, foram propostas determinações de medidas corretivas à CDRJ e à CGU/RJ, bem como recomendações àquela (fls. 873/875).

5.5. As conclusões dos trabalhos de fiscalização constam às fls. 870/872.6. Encerrada a inspeção, passou-se ao exame dos elementos trazidos nos autos deste

processo de prestação de contas, confrontado-os com as informações colhidas no curso da referida fiscalização. Da análise, constataram-se as impropriedades tratadas às fls. 879/882. Em apertada síntese, após a consolidação com as propostas efetivadas ao cabo daquela inspeção, concluiu-se pela necessidade de (fls. 882/885):

a) realização de audiências com vistas à apresentação de justificativas para:a.1) não-cumprimento do prazo estabelecido em normativo para o cadastramento de atos

de admissão (v. item II.6 abaixo);a.2) celebração dos Contratos C Supjur n.os 60/05 e 61/05 com terceiros (Nitport Serviços

Portuários S/A e Nitshore Engenharia e Serviços Portuários S/A, respectivamente) estranhos aos procedimentos licitatórios (Concorrências nos 8/04 e 9/04) dos quais decorreram os referidos ajustes, ensejando possível nulidade destes (v. item II.4 abaixo);

a.3) ausência de envio de documentação ao TCU previamente à formalização dos Contratos C Supjur n.os 60/05 e 61/05, apesar de imposição normativa específica, acarretando possível nulidade destes (v. item II.5 abaixo);

a.4) ausência de providências, administrativas e/ou judiciais, visando à declaração de nulidade do Contrato C Depjur n.º 100/97, celebrado com a empresa Píer Mauá S/A, mesmo após a constatação de falhas procedimentais (v. item II.1 abaixo);

a.5) ausência de providências, administrativas e/ou judiciais, visando à declaração de nulidade do Contrato C Depjur n.º 86/98, celebrados com a empresa Moinhos Cruzeiro do Sul S/A, apesar da identificação de erro na condução do certame que precedeu o acordo (v. item II.7 abaixo);

a.6) ausência de providências administrativas visando à rescisão unilateral dos Contratos

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C Depjur n.os 71/97 e 72/97, ambos celebrados com a empresa Triunfo Operadora Portuária Ltda., por motivo de inadimplência contumaz causadora de prejuízos financeiros à CDRJ (v. item II.2 abaixo); e

a.7) ausência de contestação da metodologia de cálculo da dívida da Arrendatária Triunfo Operadora Portuária Ltda., no âmbito dos Contratos C Depjur n.os 71/97 e 72/97, que teria empregado, a título de sanção, opção menos efetiva no sentido de inibir a reincidência da falha, e financeiramente menos vantajosa para a CDRJ (na proposta visando à apuração da dívida, optou-se pela cobrança de juros de mora e correção monetária, em vez da comissão de permanência, embora as duas alternativas estivessem previstas em cláusula contratual) (v. item II.3 abaixo);

b) notificação e cientificação dos referidos Contratados, para que, em havendo interesse, apresentassem suas razões;

c) efetivação de determinações à CGU e à CDRJ, bem como recomendações a esta; e d) expedição de comunicação ao DEST.7. Ao apreciar a matéria, o Ex.mo Sr. Ministro-Relator, Marcos Bemquerer Costa,

requisitou manifestação do Parquet especializado (fls. 886). Em parecer acostado às fls. 888/892, o ilustre membro do MP/TCU sintetizou as falhas relatadas, agrupando-as em duas classes, a saber: (a) procedimentos impróprios praticados na fase da licitação ou anterior à contratação e (b) medidas indevidas realizadas na fase de contratação ou de execução do objeto ajustado. Pautado em tais premissas, o MP/TCU passou a identificar o momento da ocorrência das impropriedades consignadas, a fim de definir o agente responsável no que se refere a cada uma das falhas.

8. Antes, porém, de estabelecer os respectivos nexos de causalidade, foram afastadas, de plano, as gestões relativas aos exercícios de 1995 a 1998, em vista do transcurso do prazo decadencial a que se refere a parte final do art. 35 da Lei n.º 8.433/92. No caso das contas referentes aos exercícios de 1999 e 2000, esclareceu o MP/TCU já haver, à época, recurso de revisão interposto, pendente ainda de apreciação. Para as contas de 2001 a 2005, explicou que elas ou se encontravam sobrestadas, ou estavam com prazo para recurso de revisão em aberto. Às fls. 887, consta tabela que resume a situação das contas, segundo entendimento do Parquet.

9. Feitas essas considerações, o MP/TCU enfrentou, caso a caso, os fatos registrados nas instruções anteriores (relatório de inspeção e análise dos elementos constantes desta prestação de contas), bem como os momentos e as causas de suas ocorrências. Em seguida, segregou as irregularidades por exercício, sugerindo a extração de cópia de documentos dos presentes autos, para fins de juntada aos das contas pertinentes.

10. Assim, sugeriu o MP/TCU que as supostas falhas fossem distribuídas pelas correspondentes contas da seguinte forma:

20. Diante do exposto, esta representante do Ministério Público manifesta-se, na essência, de acordo com as propostas da Unidade Técnica às fls. 882/885, sugerindo, entretanto, sejam adotados os seguintes acréscimos ou ajustes:

a) extrair destes autos cópia da documentação pertinente às irregularidades verificadas nos editais das Concorrências n.°s 8/2004 e 9/2004, no tocante à exigência de que a licitante vencedora ficaria obrigada a constituir nova empresa com o propósito específico de explorar e gerir o arrendamento ali previsto, para exame em conjunto e confronto com os atos de gestão dos responsáveis pelas contas da CDRJ do exercício de 2004 (TC-012.236/2005-7, sobrestado), ficando, em consequência, prejudicada a proposta de audiência indicada na primeira parte do subitem 7.1.2 à fl. 883;

b) manter a proposta de audiência nos presentes autos, indicada na segunda parte do subitem 7.1.2 à fl. 883, acerca da responsabilidade do Diretor-Presidente da CDRJ no exercício de 2005, Senhor Antônio Carlos Soares Lima, pela assinatura dos Contratos C Supjur n.°s 60/2005 e 61/2005 com terceiro estranho ao procedimento licitatório e, ainda, pela omissão

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daquele gestor em cumprir a exigência de envio prévio de documentos ao TCU, indicada no art. 7.°, § 1.°, do Decreto n.° 4.391/2002;

c) extrair destes autos cópia da documentação pertinente às irregularidades, relacionadas com a omissão em adotar providências judiciais para a nulidade do Contrato C Depjur n.° 100/97, haja vista a ausência de licitação específica para a concessão de serviço público nele inserida, à inexistência de projeto básico dessa concessão e à contratação de terceiro estranho à Concorrência n.° 4/94, para exame em conjunto e confronto com os atos de gestão dos responsáveis pelas contas da CDRJ dos exercícios de 2002, 2004 e 2006 (TC-012.046/2003-7, TC-012.326/2005-7 e processo de 2006 não identificado, respectivamente, sobrestados ou em aberto), ficando, em consequência, prejudicada a inclusão dos responsáveis pelos exercícios de 1995/2001, mas mantendo-se a audiência nestes autos do Senhor Antônio Carlos Soares Lima, Diretor-Presidente da CDRJ no ano de 2005, indicada nos subitens 7.1.3/7.1.3.1 à fl. 883;

d) extrair destes autos cópia da documentação pertinente às irregularidades relacionadas com a omissão em adotar providências administrativas ou judiciais para a nulidade do Contrato C Depjur n.° 86/98, haja vista não ter sido configurada a inexigibilidade de licitação para a exploração do terminal portuário de trigo de São Cristóvão (Armazém 22), para exame em conjunto e confronto com os atos de gestão dos responsáveis pelas contas da CDRJ do exercício de 2002 (TC-012.046/2003-7, sobrestado), ficando, em consequência, prejudicada a inclusão dos responsáveis pelos demais exercícios indicada nos subitens 7.1.3/7.1.3.2 à fl. 883;

e) extrair destes autos cópia da documentação pertinente às irregularidades relacionadas com a omissão em adotar providências para a rescisão unilateral dos Contratos C Depjur n.°s 71/97 e 72/97, ante a inadimplência contumaz da empresa Triunfo Operadora Portuária Ltda. no cumprimento das obrigações contratuais, agravada a partir do exercício de 2000, para acréscimo aos tópicos do recurso de revisão interposto contra o julgamento das contas de 2000 (TC-008.827/2001-2, Acórdão n.° 360/2003-1ª Câmara) e para exame em conjunto e confronto com os atos de gestão dos responsáveis pelas contas da CDRJ dos exercícios de 2001, 2002 e 2004 (TC-011.464/2002-4, TC-012.046/2003-7 e TC-012.326/2005-7, respectivamente; sobrestados), ficando, em consequência, prejudicada a inclusão dos responsáveis pelos exercícios de 1997/1999, mas mantendo a audiência nestes autos do Senhor Antônio Carlos Soares Lima, Diretor-Presidente da CDRJ no ano de 2005, indicada no subitem 7.1.4 à fl. 883;

f) realizar citação dos responsáveis – Senhora Maíra Cauhi Wanderley, Gerente-Substituta da Divisão de Contratos; Senhor Dorismar Coelho Souto, Superintendente Jurídico; e Senhor Antônio Carlos Soares Lima, Diretor-Presidente –, todos da CDRJ no exercício de 2005, bem como da empresa contratada, Triunfo Operadora Portuária Ltda., para, em regime de solidariedade, apresentar alegações de defesa ou recolher aos cofres da CDRJ a importância de R$ 16.294.245,83, à data de 14/6/2005, em virtude da opção pela cobrança de valores de juros de mora e de correção monetária em montante inferior ao da parcela da comissão de permanência prevista nos Contratos C Depjur n.°s 71/97 e 72/97, em prejuízo à CDRJ, ficando, em conseqüência, prejudicada a medida de audiência indicada no subitem 7.1.5 à fl. 883; e

g) consideradas as alíneas anteriores, mantêm-se inalteradas as propostas da Unidade Técnica de audiência, notificação, ciência para contraditório e ampla defesa, determinações e outras medidas indicadas nos subitens 7.1.1 e 7.2/7.6 às fls. 883/884.

10.1. Em suma, propôs o MP/TCU, para as presentes contas, a manutenção das audiências para as impropriedades descritas nos itens a.1, a.2, a.3, a.4 e a.6 do parágrafo 6 supra, bem como a conversão em citação da audiência proposta para a falha mencionada no item a.7 do mesmo parágrafo.

11. Perfilhando o raciocínio desenvolvido pelo MP/TCU (fls. 893), foram autorizadas, pelo Ex.mo Sr. Ministro-Relator, Augusto Nardes, e expedidas as devidas comunicações processuais (audiências, citações e notificações), objeto dos Ofícios nos 2004/07, 2006/07, 2007/07, 2008/07, 2009/07, 2010/07, 2033/07, 2034/07, 2035/07, 2036/07 e 1880/08. Na mesma

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oportunidade, foram formuladas, nos autos das contas relativas aos exercícios de 2001, 2002, 2004 e 2006, propostas, aos respectivos Relatores, de audiências, nos termos alvitrados pelo MP/TCU no despacho acima mencionado. No que se refere às contas de 2000, pendentes de apreciação de recurso de revisão proposto pelo MP/TCU em vista de outro fato (TC 005.340/2002-1), foi encaminhado à SERUR, por meio do Memorando n.º 101/2008-GS/SECEX-RJ, para juntada aos autos do referido processo, cópia do parecer exarado pelo d. Parquet nos presentes autos, acompanhado da proposta de audiência a ser submetida ao Relator e dos documentos pertinentes, para conhecimento e providências no que tange ao encaminhamento contido no item ‘20.e’ da referida manifestação ministerial, que sugeria o aditamento das razões do recurso de revisão já interposto naqueles autos (fls. 1096). Quanto às determinações sugeridas, não houve autorização para a sua efetivação naquela oportunidade.

12. Antes, contudo, de adentrar na análise das respostas apresentadas pelos responsáveis e terceiros, constatou-se a necessidade de realização de inspeção saneadora a fim de confirmar a procedência de algumas informações relativas aos Contratos C Depjur n.os 71/97 e 72/97, prestadas por um dos responsáveis no âmbito das contas de 2004 e reproduzida, por cópia, nos presentes autos (fls. 1030/1034 e 1035). Realizada a fiscalização, consoante autorização concedida pelo Ex.mo Sr. Ministro-Relator, André Luís de Carvalho, foram coligidas informações relativas aos Contratos C Depjur n.os 71/97 e 72/97. Tais elementos encontram-se detalhados adiante, na seção em que se abordam as supostas falhas referentes aos mencionados ajustes.

13. Encerrado o saneamento operacionalizado por meio da mencionada inspeção, passou-se ao exame das respostas às comunicações processuais expedidas consoante determinação do Ex.mo Sr. Ministro-Relator, Augusto Nardes, com os ajustes sugeridos pelo MP/TCU.

II – EXAME DAS QUESTÕES VERSADAS NESTE PROCESSO1) Ausência de providências, administrativas e/ou judiciais, visando à declaração de

nulidade do Contrato C Depjur n.º 100/97, celebrado com a empresa Píer Mauá S/A14. Para fins de contextualização da questão, faz-se necessário resgatar algumas

considerações anteriormente formuladas.15. Ao término da primeira fiscalização realizada no âmbito das presentes contas,

entendeu-se que o Contrato ora em exame padeceria, em sua origem, de vícios insanáveis, constatados mediante procedimento administrativo instaurado, em 2002, pela própria Companhia. Alertou-se, então, que tal circunstância justificaria a decretação de sua nulidade, quer pela via administrativa, quer recorrendo-se à tutela judicial (fls. 842/847). As falhas procedimentais apontadas à época foram: (a) inclusão de objeto ‘operações portuárias de embarque e desembarque de passageiros, mercadorias e bagagens’ na fase final da licitação (Concorrência n.º 4/94) de que decorreu o Contrato C Depjur n.º 100/97; (b) ausência de projeto básico previamente aprovado por autoridade competente; e (c) celebração do Contrato com terceiro estranho ao procedimento licitatório, haja vista ter vencido a licitação o consórcio ENGEPASA-LIX-CONTER-IESA, mas ter assumido o contrato a Construtora Floriano Ltda.. Além dessas, foram registradas outras falhas, consideradas de menor gravidade, bem como descumprimentos de obrigações contratuais (fls. 844). Naquela ocasião, criticou-se, ainda, a solução adotada pela CDRJ, com amparo em parecer jurídico do Ministério dos Transportes, que alterara, por meio do Termo Aditivo n.º 4, o objeto do Contrato, substituindo o Píer Mauá pelo imóvel da Estação Marítima de Passageiros. Considerou-se que esse último fato ensejaria a necessidade de repactuação do ajuste visando à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro. Ressaltou-se, entretanto, ser desnecessária tal medida, visto que a única solução possível seria a invalidação do Contrato, assegurando-se as indenizações a que têm direito ambos os contratantes (Píer Mauá S/A, pelo que foi executado, e CDRJ, pelo arrendamento da Estação Marítima de Passageiros). Ademais, destacou-se a necessidade de instauração de TCE, caso a Contratada, após a extinção do ajuste, se recusasse a pagar pelo arrendamento da

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Estação Marítima de Passageiros.16. Após a realização da audiência determinada, tanto o responsável quanto a Contratada

apresentaram suas justificativas, enfrentando, pontualmente, cada uma das causas indicadas como motivadoras da nulidade do Contrato.

17. De início, a Píer Mauá S/A alega que a licitação observou o disposto na Lei n.º 8.666/93, e que a invalidação do Contrato C Depjur n.º 100/97 não poderia ocorrer, em virtude da vedação contida no art. 54 da Lei n.º 9.784/99, bem como da ausência do procedimento administrativo próprio, exigido pela referida norma e pela Lei n.º 8.666/93, que garantiriam o contraditório e a ampla defesa para a Contratada.

18. Quanto ao acréscimo de objeto no curso da licitação, o responsável afirma que o objeto ‘operações portuárias de embarque e desembarque de passageiros, mercadorias e bagagens’ estava previsto desde a fase de pré-qualificação, ainda que de ‘forma genérica’. A Contratada, por sua vez, alega que a leitura do edital de pré-qualificação (Fase I) permitia que se avaliasse a natureza das atividades e o objeto, apesar de sua complexidade e heterogeneidade. Assim, ambos entendem que, na verdade, não teria havido inclusão de elemento novo, mas detalhamento do que já estava definido desde o início do certame.

19. Quanto à ausência de projeto básico aprovado, assevera o responsável que, dada a especificidade do objeto, a elaboração daquele item foi atribuída aos licitantes. Entende, também, que os editais continham o necessário detalhamento do projeto e das atividades a serem desenvolvidas. Argumenta ainda que, para licitações envolvendo permissões e concessões, não se aplicaria o conceito de projeto básico no sentido empregado na engenharia, podendo-se ter um ato equivalente que contenha as informações fundamentais acerca do perfil da atividade que constitui o objeto da contratação. A Contratada defende o modelo utilizado pela CDRJ, em razão da peculiaridade do objeto, opinando pela aplicação ao caso da Lei n.º 8.987/95, e não da Lei n.º 8.666/93. Assegura que, nos Anexos I e II do Edital de Pré-Qualificação (Fase I), havia elementos técnicos suficientes a respeito do objeto e sua execução, que, embora sem intitulação, poderiam ser tomados por um projeto básico.

20. Quanto ao ato da contratação, a Contratada alega que não houve transferência do controle acionário em favor da Construtora Floriano Ltda.. Afirma que as empresas que compuseram o consórcio vencedor do certame são exatamente as mesmas que integraram a Píer Mauá S/A, sociedade de propósitos específicos (SPE) que celebrou o contrato com a CDRJ. Entende, assim, que se manteve a qualificação necessária para execução da avença, não havendo qualquer prejuízo para Docas. O responsável, por seu turno, admite a contratação da sociedade de propósitos específicos constituída posteriormente. Mas esclarece que esse fato deveu-se à exigência editalícia, não caracterizando, a seu ver, erro em tal previsão, até porque não houve questionamento por parte do TCU em relação a situações similares ocorridas em momentos anteriores. Confirma, contudo, o ingresso, em 2002, da Construtora Floriano Ltda. na SPE Píer Mauá S/A, composta pelas pessoas jurídicas que compunham o consórcio licitante vencedor. Assim, ambos entendem que não ocorreu violação ao art. 50 da Lei n.º 8.666/93.

21. A Contratada refuta, ainda, outras questões que, não obstante tenham figurado, como falhas, no Relatório da primeira fiscalização realizada (fls. 844), não foram incluídas como possível causa de nulidade do ajuste, não integrando, portanto, o teor da audiência promovida.

22. Na análise precedente (item 38, fls. 1074), ao se apreciarem as manifestações do responsável e da Contratada, entendeu-se que, embora a licitação tenha ocorrido antes do advento da Resolução ANTAQ n.º 55/02, poder-se-ia avaliar a situação à luz do disposto no art. 17 daquela norma, que prevê, em caso de licitante organizado sob a forma de consórcio, a constituição de uma SPE para fins de celebração do contrato. Ademais, considerou-se inviável exigir-se de qualquer gestor a revisão de todos os atos praticados por seus antecessores, sobretudo em se tratando das atividades vultosas e complexas sob a coordenação da CDRJ. Assim, sugeriu a desconsideração da audiência do responsável e a efetivação de determinação à

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CDRJ, a fim de evitar falhas semelhantes no futuro.23. Divergindo do entendimento sintetizado no parágrafo anterior, não vislumbramos, na

audiência realizada, uma responsabilização do gestor de 2005 por irregularidades praticadas por outros agentes, em 1994 ou 1997. Tampouco perfilhamos a idéia de aplicar retroativamente aquela norma da ANTAQ, já que não se questiona, no presente caso – diferentemente do que ocorre em outros itens –, a celebração de contrato com pessoa jurídica constituída posteriormente à adjudicação do objeto do certame.

24. Em verdade, a falha imputada ao responsável consiste na ausência de providências, administrativas ou judiciais, com vistas à declaração de nulidade de um contrato para o qual foram apontados vícios insanáveis, conforme se verifica no Parecer elaborado a pedido da própria Companhia em 2002 (fls. 27/71 do Anexo 3). Nessa linha, para se afastar a responsabilidade do administrador, necessário seria que se comprovasse ou a prática de tais medidas administrativas ou judiciais, ou, então, a inexistência das causas que daria azo à invalidação do Contrato.

25. Como se depreende, do acima exposto, optou o responsável pela tentativa de refutar a ocorrência dos vícios apontados na formação do ajuste. Contudo, a nosso juízo, não obteve êxito. Com efeito, no que tange ao acréscimo de objeto no curso da licitação, não concordamos com a tese da especificação genérica do objeto e seu posterior detalhamento. Tampouco nos parece razoável a assertiva de que, com base no teor do edital, era possível deduzir a especificidade do objeto do certame. Tais argumentos não encontram respaldo na legislação, haja vista a imposição do inciso I do art. 40 da Lei de Licitações, no sentido que o edital deverá indicar, obrigatoriamente, o ‘objeto da licitação, em descrição sucinta e clara’ [...]. Assim, o surgimento, na Fase III da licitação, da expressão ‘operações portuárias de embarque e desembarque de passageiros, mercadorias e bagagens’ evidencia, inequivocamente, inclusão de objeto não previsto inicialmente no certame.

26. No que se refere ao projeto básico, também não se revela satisfatória a alegação de existência de elementos suficientes. Tampouco, com as devidas vênias, a desnecessidade de elaboração de um projeto básico previamente à realização de um certame, ou, mesmo, a autorização para sua definição em momento posterior. Não existindo, à época, a Lei n.º 8.987/95, a concessão regia-se pelas disposições constantes da Lei n.º 8.666/93, conforme expressa previsão do seu art. 124. Assim, ante o disposto no art. 7º, § 2º, inciso I, dessa Lei, impõe-se – e impunha-se, à época – a figura do projeto básico previamente ao certame. Em síntese, não se pode, a nosso juízo, imaginar o início de uma licitação sem a definição dos elementos suficientes e necessários, com o nível de precisão adequado para caracterizar a obra ou serviço. Ademais, não compartilhamos da opinião de que haveria especificações técnicas suficientes – alegação não comprovada, vale registrar –, dada a carência da regulamentação essencial sobre as condições de uso e ocupação do solo na Área de Especial Interesse Urbanístico da Zona Portuária, em virtude da ausência da lei que deveria disciplinar tal matéria, consoante exigia o decreto Municipal n.º 11.860/92, em seu art. 2º, conforme admitido pela Contratada (fls. 16/18, Anexo 12).

27. Assim, não se afastando os vícios procedimentais indicados, persistem as considerações formuladas na instrução de fls. 842/847, mantendo-se, a nosso ver, a falha imputada ao então gestor, qual seja, a ausência de providências, administrativas e/ou judiciais, visando à declaração de nulidade do Contrato C Depjur n.º 100/97, celebrado com a empresa Píer Mauá S/A.

28. No que tange à invalidação do Contrato celebrado, dissentimos do posicionamento firmado no exame de fls. 842/847. Com relação a essa questão, entendemos que, embora contenha vícios em sua formação, o ajuste vigora há mais de dez anos. Assim, a declaração de nulidade do Contrato em exame romperia relações jurídicas consolidadas pelo tempo, gerando efeitos indesejáveis não só para as partes, mas também para terceiros (empregados e

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prestadores de serviços terceirizados). Assim, a extinção desse Contrato, além de produzir negativas repercussões econômicas para ambas as contratantes (perdas de investimentos, custos de desmobilização, indenizações recíprocas e gastos adicionais para nova contratação) e para o Governo, afetaria, de modo injusto, a Contratada, que, até prova em contrário, teria agido de boa-fé e em estrito cumprimento às regras do edital. O raciocínio ora desenvolvido coaduna-se com abalizada jurisprudência desta Corte de Contas, que, em situações similares, mesmo identificando a ocorrência de vícios na formalização de contratos ou nos certames que precedem estes, vem optando pela manutenção do vínculo, entendendo ser tal medida, em alguns casos, mais favorável ao interesse público. Nesse sentido, valem ressaltar os votos condutores dos Acórdãos nos 221/2008, 1.229/2008, 2.469/2007, 589/2007, 1.474/2008, 1.280/2008, 2.400/2006, todos do Plenário. A seguir, em vista da clareza da explanação, transcrevemos trecho do Voto que integra o Acórdão n.º 1.280/2008–Plenário, de autoria do Ex.mo Sr. Ministro-Relator Guilherme Palmeira:

(...)12. Por outro lado, vejo que anular o Edital do Pregão Eletrônico n.º 10/2007 pelas

irregularidades verificadas em seu bojo pode causar maiores gravames ao interesse público do que sua continuidade. Explico.

13. Embora o parágrafo único do art. 59 da Lei n.º 8.666/93 disponha que a nulidade do contrato ‘não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa’, observo que o Edital em referência, estabelece no item 2.1, que a contratada preste ‘garantia e atualização das versões por um período de 12 (doze) meses’, os quais serão contados ‘a partir da data do aceite definitivo dos mesmos [produtos]’, conforme item 4.1 do Termo de Referência que o integra.

14. Nesse sentido, a anulação da licitação terá como consectário lógico a não-manutenção da garantia estipulada, isso sem considerar a possibilidade de que seja proposta ação de perdas e danos contra a Administração. A doutrina tem admitido a não-invalidação dos atos administrativos quando possa decorrer, para a Administração, maiores prejuízos. Nesse sentido cito a posição da professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

‘No direito administrativo, já vimos que a Administração não pode ficar sujeita à vontade do particular para decretar ou não a nulidade. Mas a própria administração pode deixar de fazê-lo por razões de interesse público quando a anulação possa causar prejuízo maior do que a manutenção do ato’ (in Direito Administrativo. Ed. Atlas. São Paulo: 1999, p. 229/230).

15. Entendo, portanto, que não deve ser determinado que a unidade jurisdicionada anule o contrato.

(...)29. Ratificando o entendimento, manifesta-se no mesmo sentido, por meio do Voto

proferido no Acórdão n.º 589/2007–Plenário, o Ex.mo Sr. Ministro-Relator Valmir Campelo:(...)40. Contudo, o desfecho da situação jurídica do contrato em si, que à luz fria da

legislação caminharia no sentido da sua nulidade, merece maiores reflexões.41. Verifico dos elementos carreados aos autos que as 38 ambulâncias encontram-se

prontas para serem entregues ao Estado e colocadas a serviço da população piauiense, sabedoramente tão-carente dos serviços básicos de saúde.

42. Determinar simplesmente as providências para a anulação do contrato, não é, a meu ver, a melhor solução, eis que este Tribunal sempre se mostra atento para as conseqüências práticas de suas decisões, conseqüências essas que, no caso em concreto sob exame, recairiam com maior gravidade sobre os potenciais beneficiários dos serviços a serem prestados pelas

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unidades móveis de saúde que, repito, estão prontas para serem utilizadas.(...)30. Também o STF demonstra cuidado com as situações jurídicas já consolidadas no

tempo, em vista da dimensão atribuída ao princípio da segurança jurídica. É o que se constata no excerto do Despacho a seguir reproduzido, proferido, em 8/9/2009, pelo Eminente Relator do MS/28.150–STF [...]:

Há, também, nesta impetração, outro fundamento que me parece relevante e que se apóia no princípio da segurança jurídica, considerado o decurso, na espécie, de quase 11 (onze) anos entre o ato concessivo da aposentadoria (25/06/1996 – fls. 78) e a decisão do Tribunal de Contas da União (19/06/2007 - fls. 31), que considerou ‘(...) ilegal o ato de aposentadoria da Requerente, em virtude da percepção da Gratificação Adicional por Tempo de Serviço sobre o total de sua remuneração’ (fls. 03).

A fluência de tão longo período de tempo culmina por consolidar justas expectativas no espírito do administrado, servidor aposentado, e, também, por incutir, nele, a confiança da plena regularidade dos atos estatais praticados, não se justificando – ante a aparência de direito que legitimamente resulta de tais circunstâncias – a ruptura abrupta da situação de estabilidade em que se mantinham, até então, as relações de direito público entre o agente estatal, de um lado, e o Poder Público, de outro.

Cumpre observar, neste ponto, que esse entendimento – que reconhece que o decurso do tempo pode constituir, ainda que excepcionalmente, fator de legitimação e de estabilização de determinadas situações jurídicas – encontra apoio no magistério da doutrina (...).

A essencialidade do postulado da segurança jurídica e a necessidade de se respeitarem situações consolidadas no tempo, amparadas pela boa-fé do cidadão (seja ele servidor público, ou não), representam fatores a que o Judiciário não pode ficar alheio, como resulta da jurisprudência que se formou no Supremo Tribunal Federal:

‘Ato administrativo. Seu tardio desfazimento, já criada situação de fato e de direito, que o tempo consolidou. Circunstância excepcional a aconselhar a inalterabilidade da situação decorrente do deferimento da liminar, daí a participação no concurso público, com aprovação, posse e exercício’ (RTJ 83/921, Rel. Min. BILAC PINTO - grifei).

Essa orientação jurisprudencial (RTJ 119/1170), por sua vez, vem de ser reafirmada, por esta Suprema Corte, em sucessivos julgamentos:

(...)31. Outrossim, considerando o encaminhamento ora sugerido, qual seja, pela manutenção

do Contrato C Depjur n.º 100/97, faz-se necessário propor, a fim de que se mantenha a coerência, a não-imputação de sanção ao gestor em questão, já que a opção pela extinção do vínculo contratual, conforme defendido acima, não se revela a mais apropriada.

31.1. Quanto ao Contrato C Depjur n.º 100/97, não obstante se tenha opinado pela preservação do vínculo jurídico atualmente existente, cabe, a nosso juízo, determinar que, ao término de sua vigência, prevista para 31/5/2024 (prazo de 25 anos, a partir de 1/6/1999), a CDRJ abstenha-se de prorrogá-lo, em vista dos vícios configurados em sua origem.

32. Por fim, mantendo-se em vigor o acordo ora em exame, cabe determinar à CDRJ que adote providências no sentido de apurar eventual inadimplência contratual no que se refere às falhas destacadas às fls. 844, a saber: (a) descumprimento das contraprestações pela utilização privativa dos bens, para exploração comercial ou prestação de serviço público, uma vez que foram previstas obras, tendo sido realizada uma parte ínfima do acordado, e geração de receitas não operacionais, com realização de uma parcela bem inferior em relação ao ajustado; (b) falta de comprovação de todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação, conforme estatui o inciso XIII do art. 55 da Lei n.º 8.666/93; e (c) ausência de implantação de um sistema de gestão de qualidade das obras e das operações portuárias a serem executadas, transgredindo o item 54 da Cláusula Vigésima Sexta do Contrato de

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Arrendamento.32.1. Adicionalmente, impõe-se que seja avaliado se houve alteração na equação

econômico-financeira, em virtude da alteração introduzida pelo 4º Termo Aditivo ao Contrato C Depjur n.º 100/97 (objeto: substituição da área do Píer Mauá pelo prédio do antigo Touring Club, Armazéns 1 a 4 e Armazém externo 1) , adotando-se as medidas cabíveis para buscar o reequilíbrio.

32.2. Quanto à TCE objeto do Processo Administrativo n.º 11.615/2008 (v. parágrafo 5.1.1 acima), instaurada para apurar as irregularidades ocorridas no referido Contrato (v. Anexo 14), considerando as possíveis conclusões, bem como seus reflexos para as presentes contas, entendemos necessário, nessa oportunidade, obter informações acerca do seu andamento.

2) Ausência de providências visando à rescisão unilateral dos Contratos C Depjur n.os 71/97 e 72/97 (Triunfo Operadora Portuária Ltda.), ante à inadimplência contumaz da Contratada, no cumprimento das obrigações contratuais

33. De início, vale lembrar que ao examinar em sede de inspeção, o desenvolvimento dos Contratos C Depjur n.os 71/97 e 72/97, constataram-se inadimplências contratuais, caracterizadas pela ausência reiterada de pagamentos devidos pela Contratada em virtude da exploração da área a ela arrendada, sob a alegação de desequilíbrio econômico-financeiro. Tal situação motivou o ajuizamento de diversas ações por ambas as partes, a fim de terem reconhecidas suas pretensões.

34. Segundo se informa no relatório elaborado ao término daquela inspeção, com o aumento do montante devido, a CDRJ constituiu um grupo de trabalho, cuja atribuição era proceder ao levantamento e à análise das pendências financeiras da Contratada.

35. Após examinar proposta de acordo extrajudicial, o referido Grupo de Trabalho sugeriu a prorrogação do Contrato C Depjur n.º 71/97, bem como algumas alterações contratuais. Divergindo do posicionamento daquele Grupo, o Departamento Jurídico da Companhia opinou pela rejeição do acordo.

36. Ao apreciar as manifestações contidas em ambos os pareceres, a equipe de fiscalização identificou fato que agravaria a situação da CDRJ. Com efeito, constatou que a sugestão oferecida pelo Jurídico da CDRJ acarretaria reconhecimento de dívida em montante inferior à de fato existente, já que aquele órgão propugnava pela cobrança de juros de mora e correção monetária, em vez da comissão de permanência, embora as duas alternativas estivessem previstas em cláusula contratual, e fosse esta mais eficiente como sanção, além de financeiramente mais vantajosa. Em vista do quadro acima delineado, propôs-se a audiência cujas razões ora se examina.

37. Efetivada a medida saneadora autorizada, teve-se ciência de informações novas (fls. 1035), prestadas pelo Sr. Antônio Carlos Soares Lima nos autos do TC 012.326/2005-7 (PC/2004 da CDRJ), dando conta das rescisões dos Contratos ora em exame. A fim de se verificar a procedência desses fatos, realizou-se inspeção naquela Companhia, já que tal constatação poderia ensejar conclusões diversas para os fatos até então conhecidos.

38. Com efeito, na fiscalização, verificou-se que o Contrato C Depjur n.º 71/97 havia vigorado até 20/8/2002, data em que expiraria, pelo decurso do prazo estabelecido (fls. 1042/1049). Até essa data, não se identificaram medidas visando à rescisão do ajuste. Ocorre que, mesmo tendo esgotado o prazo definido para a avença, a Contratada (Triunfo Operadora Portuária Ltda.) manteve suas operações, por força de ordem judicial, que prorrogou o Contrato até 7/5/2004, quando foi cassada a liminar que favorecia a Arrendadora. Assim, a partir dessa última data, com a extinção do vínculo decorrente do Contrato C Depjur n.º 71/97, a Triunfo passou, segundo informação obtida no curso da inspeção, a ter tratamento idêntico ao dispensado às demais operadoras portuárias, no que se refere à cobrança de tarifa para o exercício da atividade de movimentação de carga no Cais da Gamboa ou em outras áreas não arrendadas. Foram registradas, ainda, pendências de valores não pagos (faturas em aberto),

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relativos ao período de 1999 a 2005, estando algumas das parcelas em cobrança judicial, e outras aguardando o deslinde de ação em que se discute o suposto desequilíbrio da equação econômico-financeira tanto para o Contrato em exame quanto para o Contrato C Depjur n.º 72/97.

39. Em suma, concluiu-se naquela inspeção que a omissão de providências no sentido de rescindir o Contrato C Depjur n.º 71/97 – falha atribuída ao gestor arrolado nas presentes contas – seria imputável apenas aos gestores de 1999 a 2002, já que, após 16/8/2002, este ajuste teria vigorado com base em comando judicial. Assim, entendeu-se que tal impropriedade, no que tange ao Contrato C Depjur n.º 71/97, restaria descaracterizada nas contas de 2003, 2004 e 2005. Importante ressaltar que, em relação ao exercício de 1999, foi afastada a responsabilidade dos respectivos gestores, conforme se constata no Parecer da lavra do ilustre membro do MP/TCU (fls. 892, item 20, alínea ‘e’), cujas conclusões foram acatadas pelo Ex.mo Sr. Ministro-Relator (fls. 893).

40. Com relação ao Contrato C Depjur n.º 72/97, verificou-se, na mesma inspeção, que este havia sido rescindido unilateralmente em 18/12/2007, em virtude de ausência de garantia contratual válida. Desde então, e até o término da mencionada inspeção, o citado acordo vigorava por força decisão judicial, prolatada em 20/12/2007, a pedido da Contratada, que afastou a decisão administrativa que rescindira o ajuste. Impende registrar que, mesmo sendo condição imposta para a manutenção da liminar deferida em favor da Contratada, esta não vem realizando os pagamentos das faturas com vencimento posterior à data da concessão da ordem judicial. Tal fato foi levado ao conhecimento do Juízo da 25ª Vara Cível, por meio de embargos de declaração propostos em 17/1/2008, tendo sido reiterado em agravo de instrumento ajuizado em 18/8/2008, com vistas à obtenção de revogação da liminar concedida. Na ocasião da inspeção, a CDRJ aguardava pronunciamento judicial. Assim, ao se concluir aquela inspeção, entendeu-se que, de 1999 a 2007, não foi adotada, de fato, qualquer medida administrativa objetivando a rescisão do Contrato C Depjur n.º 72/97, apesar da inadimplência contumaz por parte da Contratada. Contudo, foi noticiado às fls. 1078 que a ação de cobrança mais remota, relativa às faturas em atraso emitidas com base no Contrato em exame, data de 2003, início da gestão do Sr. Antônio Carlos Soares Lima. Portanto, considerando esse fato, bem como as demais medidas implementadas desde o início da gestão desse responsável, sintetizadas às fls. 1078, opinou-se pela aceitação das justificativas por ele apresentadas.

41. Contudo, embora se tenha afirmado na instrução precedente que ambos os Contratos estariam extintos, há informação, proveniente da Contratada (Anexo 10) que sugere estarem os ajustes ainda em vigor.

42. Em vista da dúvida que recai sobre essa questão, entendemos pertinente determinar à CDRJ que informe, em seus próximos relatórios de gestão, a situação jurídica dos Contratos C Depjur n.º 71/97 e C Depjur n.º 72/97, bem como se há atualmente algum vínculo entre a Companhia e a Triunfo Operadora Portuária Ltda..

43. Cabe, ademais, a nosso sentir, determinar que a CDRJ informe, também nos próximos relatórios de gestão, a situação dos débitos decorrentes dos referidos Contratos, bem como sobre o andamento das ações judiciais referentes a eles, sobretudo no que se refere às inadimplências no pagamento de faturas com datas de vencimento posteriores à concessão da medida liminar, em 20/12/2007, pelo Juízo da 25ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, nos autos do Processo 2007.001.267357-5.

3) Suposto prejuízo à CDRJ decorrente da opção pela cobrança, em sede dos Contratos C Depjur n.os 71/97 e 72/97 (Triunfo Operadora Portuária Ltda.), de juros de mora e de correção monetária em montante inferior ao da parcela de comissão de permanência prevista nos referidos ajustes (§§ 8/17, fls. 1057/1060)

44. Quanto a esse item, compete esclarecer que se trata, em verdade, de desdobramento da questão tratada anteriormente. Com efeito, ao apreciar a matéria tratada às fls. 866/870 do

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Relatório da primeira inspeção realizada, o ilustre membro do MP/TCU sugeriu, em seu parecer de fls. 888/892, fosse realizada não apenas a audiência sugerida pela equipe, mas, também, a citação dos responsáveis para que justificassem o débito oriundo da opção pela cobrança de valores de juros de mora e de correção monetária em montante inferior ao da parcela da comissão de permanência prevista nos Contratos C Depjur n.os 71/97 e 72/97, em prejuízo à CDRJ. Contou, assim, com a anuência do Ex.mo Sr. Ministro-Relator (fls. 893)

45. No que se refere ao alegado prejuízo causado à CDRJ por suposta opção indevida de cobrança de juros de mora e correção monetária em vez da comissão de permanência prevista em cláusula contratual – fato que ensejou a citação ora em exame –, foi verificado, na inspeção mencionada no item anterior, que o dano não se concretizou, visto que a sugestão alvitrada pelo Grupo de Trabalho constituído pela Portaria DIPRE n.º 80/2005, não chegou a ser implementada. Com efeito, consoante se relatou (item 17, fls. 1059/1060), todas as faturas pendentes de pagamento por parte da Contratada incluíam a comissão de permanência (à exceção das faturas específicas de cobrança de juros). Logo, entendeu-se que deviam ser desconsideradas as citações respectivas, ante a inocorrência de seu pressuposto autorizador.

4) Assinatura dos Contratos C Supjur n.os 60/05 e 61/05 com terceiros estranhos à licitação (§§ 18/24, fls. 1060/1064)

46. Em relação a esse ponto, impõe-se registrar que a falha surgiu a partir da análise das questões tratadas nestas contas (Relatório de Gestão e de Auditoria do Controle Interno). Conforme se verifica às fls. 881, o Edital das Concorrências nos 8/04 e 9/04 formularam exigência entendida como irregular, a saber, a obrigatoriedade de a licitante vencedora constituir nova empresa (sociedade de propósitos específicos), para explorar e gerir o arrendamento. Afastando-se a interpretação dada pela CDRJ ao art. 20 da Lei n.º 8.987/95, entendeu-se, no primeiro exame da presente conta, que tal faculdade somente seria aplicável em caso de licitante organizada na forma de consórcio. Assim, considerou-se violação ao art. 50 da Lei de Licitações, alertando para a nulidade dos Contratos C Supjur n.os 60/05 e 61/05, decorrentes daqueles certames. Sinalizou-se, ainda, para uma possível conseqüência negativa: a possibilidade de burla à norma da ANTAQ que estabelece não ser permitido a uma dada pessoa jurídica, individualmente ou em consórcio, explorar, com a mesma finalidade, mais de uma área ou instalação no porto (Resolução ANTAQ n.º 55/02, art. 14).

47. De fato, conforme reconhecido pelo responsável e pelas Contratadas, os ajustes foram celebrados com pessoas jurídicas (sociedades de propósito específicos) distintas daquelas vencedoras dos certames (Concorrências n.os 8/94 e 9/94), não obstante estas integrassem o quadro societário daquelas.

48. Ocorre que, conforme salientaram o responsável e as Contratadas, o fato teria decorrido de expressa exigência editalícia. Segundo alegaram, o procedimento teria sido aprovado pela ANTAQ e pelo TCU.

49. Ademais, as Contratadas afirmaram que, apesar do fato constatado, o Contrato vem sendo cumprido integralmente, havendo execução de obras de infra-estrutura e investimento em instalações portuárias.

50. Avaliando a matéria e as razões apresentadas, entendeu-se, na análise precedente (fls. 1062/1064), que o ato impugnado não havia sido justificado. Alertou-se, contudo, que a presente questão também é tratada nas contas de 2004 da CDRJ. Ressaltou-se, ademais, que a origem da falha reside nas exigências contidas nos editais daquelas licitações. Sugeriu-se, ainda, que a questão fosse enfrentada sob a ótica de uma interpretação mais flexível da Norma de Arrendamento objeto da Resolução ANTAQ n.º 55/2002, que, nesse sentido, poderia autorizar a situação, antes caracterizada como irregular. Propôs-se, por fim, que a matéria fosse examinada na prestação de contas relativa ao exercício de 2004, ouvindo-se a ANTAQ, em vista da sua competência para analisar previamente o procedimento.

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51. Perfilhando as conclusões expostas em análise pretérita (fls. 881), entendemos que a previsão editalícia foi equivocada, já que se baseou no art. 20 da Lei n.º 8.987/95, que não se aplicava ao caso concreto, mas apenas a consórcios. Assim, a substituição das vencedoras do certame pelas sociedades posteriormente constituídas não só violaria o art. 50 da Lei n.º 8.666/93, implicando a nulidade dos Contratos, mas também poderia ensejar a burla da regra prevista no art. 14 da Norma de Arrendamento aprovada pela Resolução ANTAQ n.º 55/02.

52. Todavia, mesmo não concordando com o emprego da interpretação extensiva sugerida, entendemos que a falha ora examinada não deve ser imputada ao responsável arrolado nestas contas, na medida em que o ato de celebração dos Contratos revelou-se decorrência necessária da regra especificada nos editais dos respectivos certames. Na verdade, a impropriedade, a nosso juízo, consumou-se na fase de elaboração e divulgação do edital, que continha cláusula ilegal. Assim, não se afigura razoável, a nosso ver, a imposição de sanção ao referido administrador, que apenas materializou, em 2005, condição fixada a partir de ato praticado em 2004.

53. Quanto à possibilidade de decretação de nulidade dos Contratos em exame, hipótese aventada na primeira apreciação das presentes contas (fls. 881), embora se reconheça, como dito, o vício na origem do certame, não seria igualmente razoável e justo, no nosso entendimento, invalidar o acordo para cuja nulidade não concorreram as Contratadas. Ao contrário, a conseqüência de tal falha não deveria atingi-los, sob pena de se desconsiderar o princípio basilar da presunção da boa-fé, impondo àqueles sanção desproporcional. Ademais, caso se admita que a falha indicada seja decorrência de erro na elaboração dos editais, o que configuraria culpa de agentes da CDRJ, a eventual anulação dos Contratos poderia ainda ensejar indenização para as Contratadas. Além desses argumentos, vale resgatar as considerações tecidas no item II.1 desta instrução, quando se opinou pela inadequação da invalidação do Contrato C Depjur n.º 100/97.

54. Cabe, contudo, determinar à CDRJ que, futuramente, observe o comando contido no art. 14 da Norma de Arrendamento aprovada pela Resolução ANTAQ n.º 55/02, evitando, salvo em caso de consórcios, a aplicação do disposto no art. 20 da Lei n.º 8.987/95 às licitações objetivando o arrendamento de áreas e instalações portuárias destinadas à movimentação e armazenagem de cargas e ao embarque e desembarque de passageiros.

5) Descumprimento do dever de enviar previamente ao TCU a documentação prevista no art. 7º, § 1º, do Decreto n.º 4.391/02, relativa formalização dos Contratos C Supjur n.os 60/05 e 61/05 (fls. 1064)

55. Além da constatação mencionada no item II.4 deste despacho, também foi apontado como irregular, no que tange aos Contratos C Supjur n.os 60/05 e 61/05, a ausência de envio ao TCU da documentação prevista no art. 7º, § 1º, do Decreto n.º 4.391/02.

56. O responsável alegou, em sua defesa, que a ANTAQ recebera os documentos. Logo, competia a essa Agência remetê-los ao TCU.

57. Quanto a esse fato, entendeu-se, na análise precedente, ter ocorrido falha de natureza formal, embora se tenha reconhecido que a situação pode ter contribuído para a falha mais grave descrita no item anterior, na medida em que suprimiu uma etapa de verificação dos editais e minutas de contratos por parte do TCU (fls. 1064). Assim, sugeriu-se expedição de recomendação à CDRJ, no sentido de que a Companhia passe a cumprir a exigência constante do § 1º do art. 7º do Decreto n.º 4.391/02, efetivando o envio ao TCU, após a análise da ANTAQ, da documentação expressamente mencionada naquele dispositivo.

58. Embora se admita que a redação do § 1º do art. 7º daquele Decreto possa gerar dúvida acerca da iniciativa de encaminhamento da referida documentação, essa não subsiste à leitura do art. 8º da IN/TCU n.º 27/98, que regula a fiscalização pelo TCU dos processos de desestatização. Conforme expressamente estabelece esse último normativo, a remessa daqueles elementos é dever atribuído ao ‘dirigente do órgão ou da entidade federal concedente’.

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59. Todavia, perfilhando o entendimento acerca da natureza formal da falha, somos pela não-aplicação de multa ao gestor.

60. No que tange à proposta de recomendação, opinamos no sentido de que seja convertida em determinação.

6) Não-cumprimento do prazo estabelecido no art. 8º da IN/TCU n.º 44/02 (§§ 25/28, fls. 1064/1065)

61. Quanto a essa questão, entendeu-se, por ocasião da primeira avaliação das presentes contas, que a ausência de cadastramento de atos de admissão no Sisacnet/TCU, no prazo previsto pela IN/TCU n.º 44/02, ensejaria a realização de audiência dos responsáveis (então Diretor de Administração e de Recursos Humanos e então Superintendente de Recursos Humanos).

62. Em resposta às audiências, ambos os responsáveis asseveraram que o referido descumprimento do prazo deveu-se, entre outras razões, a divergências entre o sistema de processamento de dados da CDRJ e o Sisacnet/TCU. Ressaltaram que, atualmente, após a aquisição de novos equipamentos, os mencionados sistemas passaram a interagir. Assim, o cadastramento dos atos foi normalizado.

63. Analisadas as defesas, e considerando as falhas sanadas, opinou-se, por ocasião do exame precedente, pelo acatamento das justificativas apresentadas (fls. 1065).

64. Com efeito, ante os esclarecimentos fornecidos, entendemos que a irregularidade decorreu de fato alheio à vontade e ao controle dos responsáveis. Assim, anuímos à sugestão de acatar as razões manifestadas.

7) Resposta da empresa Moinho Cruzeiro do Sul S/A à notificação para que se manifestasse sobre a possível invalidação do Contrato C Depjur n.º 86/98 (§§ 29/31, fls. 1065/1066)

65. Aventando a possibilidade de decretação de nulidade do Contrato C Depjur n.º 86/98, vez que constatadas falhas na licitação (inexigibilidade indevida) que levou à celebração do referido ajuste, propôs-se, no exame inicial destas contas, a realização de audiência dos responsáveis, bem como a notificação da Contratada.

66. Por ocasião do exame das respostas, entendeu-se que a notificação deveria ser desconsiderada, já que, conforme se depreende do parecer exarado pelo MP/TCU (fls. 888/892), adotado pelo Ex.mo Sr. Ministro-Relator (fls. 893), foi excluída a audiência dos responsáveis por estas contas, deslocando-a para as contas de 2002 (exercício da ocorrência do fato). Assim, concluiu-se que tal alteração acarretaria necessariamente a supressão, nestas contas, da respectiva notificação à Contratada para que se manifestasse.

67. Divergindo do posicionamento acima esposado, vemos como desvinculadas as medidas alvitradas. Como se sabe, a audiência prestava-se a garantir a devida defesa ao responsável por falha a ele imputada (ausência de providência objetivando a decretação judicial da nulidade do Contrato). A notificação, por sua vez, visava a assegurar ao terceiro interessado (Contratada) o direito de se pronunciar sobre fato que poderia vir a interferir em sua esfera jurídica (nulidade do ajuste).

68. Não obstante tal divergência, julgamos pertinente a desconsideração da invalidação do Contrato, em vista das razões já elencadas anteriormente, em abordagem de tema similar, ressaltando, sobretudo, o longo tempo decorrido desde a contratação (1998) até a presente data.

69. Quanto ao indício de perda de receita mencionado no relatório da primeira inspeção (fls. 850/851), anuímos à proposta lá formulada, no sentido de considerar, na TCE instaurada para apurar eventual dano no âmbito do Contrato C Depjur n.º 86/98, a possibilidade de ocorrência de prejuízos advindos da inadequação dos valores da parcela variável e dos descontos de 60% sobre os valores das Tabelas I e II da Tarifa Portuária, bem como aqueles decorrentes do estabelecimento de volume mínimo de movimentação de carga aquém do

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quantitativo realmente movimentado à época da contratação, haja vista, como dito, que essa ocorrência poderia impactar diretamente os preços e condições específicas estabelecidas para esse tipo de operação, criando uma situação desfavorável à CDRJ caso fosse fixado limite mínimo superior.

III – CONSIDERAÇÕES FINAIS70. Não obstante encerrada a análise das defesas apresentadas pelos responsáveis para os

fatos constatados no curso do presente processo, faz-se necessário, a nosso juízo, previamente à formalização da proposta de mérito, que se verifiquem as situações das tomadas de contas especiais instauradas para apurar falhas tanto no âmbito do Contrato de Arrendamento C-Depjur n.º 100/97, celebrado com a Píer Mauá S/A (v. parágrafos 5.1.1 e 32.2 retro), quanto em relação ao Contrato de Arrendamento C-Depjur n.º 86/98, celebrado com a Moinhos Cruzeiro do Sul S/A(v. parágrafos 5.2.1 e 69 retro), em virtude dos possíveis reflexos de suas conclusões sobre as presentes contas. Para tanto, propomos a realização da diligência discriminada no item IV.1 infra.

71. No que se refere, contudo, às questões tratadas até o momento, sugerimos o encaminhamento de mérito especificado no item IV.2, a seguir.

IV – PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTOIV.1. Preliminarmente72. Considerando as possíveis repercussões para as presentes contas, sugerimos a

realização de diligência a fim de que a CDRJ:a) no que tange à tomada de contas especial instaurada em razão das conclusões

expressas no Processo Administrativo n.º 1402/2002, cujo objeto era a apuração das irregularidades identificadas no Contrato de Arrendamento C-Depjur n.º 100/97, celebrado com a Píer Mauá S/A:

a.1) informe o estágio em que se encontra o procedimento (em andamento, concluído ou extinto);

a.2) discrimine detalhadamente os fatos que são objeto de apuração, indicando, para cada um, as datas ou os períodos em que ocorreram, bem como os exercícios cuja gestão poderão afetar;

a.3) caso o procedimento tenha sido extinto, esclareça o motivo, encaminhando cópia da manifestação que autorizou a extinção; e

a.4) caso o procedimento esteja em andamento, informe o último ato praticado, bem como a previsão para conclusão dos trabalhos;

b) no que tange à tomada de contas especial instaurada por meio da Portaria DIRPRE n.º 118/2006, para apurar possível dano gerado pelo Contrato de Arrendamento C-Depjur n.º 86/98, celebrado com a Moinhos Cruzeiro do Sul S/A:

b.1) informe o estágio em que se encontra o procedimento (em andamento, concluído ou extinto);

b.2) discrimine detalhadamente os fatos que são objeto de apuração, indicando, para cada um, as datas ou os períodos em que ocorreram, bem como os exercícios cuja gestão poderão afetar;

b.3) informe se foram considerados no cálculo do débito eventuais prejuízos advindos da inadequação dos valores da parcela variável e dos descontos de 60% sobre os valores das Tabelas I e II da Tarifa Portuária, bem como aqueles decorrentes do estabelecimento de volume mínimo de movimentação de carga aquém do quantitativo realmente movimentado à época da contratação, haja vista que essa ocorrência impacta diretamente os preços e condições específicas estabelecidas para esse tipo de operação, os quais poderiam ser mais favoráveis à CDRJ, caso fosse fixado limite mínimo superior;

b.4) caso o procedimento tenha sido extinto, esclareça o motivo, encaminhando cópia da manifestação que autorizou a extinção; e

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b.5) caso o procedimento esteja em andamento, informe o último ato praticado, bem como a previsão para conclusão dos trabalhos;

IV.1. No mérito73. Por ocasião do encaminhamento no mérito, ante o que restou esclarecido nas

instruções precedentes, e em vista das considerações tecidas no presente exame, somos pela remessa dos autos ao Gabinete do Ex.mo Sr. Ministro-Relator, Augusto Nardes, por intermédio da D. Procuradoria, propondo, no que se refere aos fatos examinados até o momento:

a) sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Antonio Carlos Soares Lima, em relação ao Contrato C Depjur n.º 100/97, não se lhe imputando sanção, em vista dos argumentos expostos (v. item II.1);

b) sejam acatadas as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Antonio Carlos Soares Lima, em relação ao Contrato C Depjur n.º 72/97 (v. item II.2);

c) sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Antonio Carlos Soares Lima, em relação ao descumprimento do dever contido no art. 7º, § 1º, do Decreto n.º 4.391/02, não se lhe imputando sanção, em vista dos argumentos trazidos em sua defesa (v. item II.5);

d) seja desconsiderada a falha relacionada ao Contrato C Depjur n.º 71/97, objeto da audiência dirigida ao Sr. Antonio Carlos Soares Lima (v. item II.2);

e) seja desconsiderado o suposto débito associado à execução dos Contratos C Depjur n.º 71/97 e C Depjur n.º 72/97, objeto das citações efetivadas (v. item II.3);

f) seja desconsiderada a falha relacionada aos Contratos C Supjur n.º 60/05 e C Supjur n.º 61/05, objeto da audiência dirigida ao Sr. Antonio Carlos Soares Lima (v. item II.4);

g) sejam acatadas as razões de justificativa prestadas pelos Srs. José Alves Sobrinho e José Carlos Duarte Eiras, relacionadas ao descumprimento do prazo fixado na IN/TCU n.º 44/02 (v. item II.6);

h) sejam desconsideradas as propostas de decretação de nulidade dos Contratos C Depjur n.º 100/97, C Supjur n.º 60/05, C Supjur n.º 61/05, e C Depjur n.º 86/98, por inoportunas e contrárias ao interesse público;

i) sejam as contas do Sr. Antonio Carlos Soares Lima julgadas regulares com ressalva, nos termos dos arts. 1º, inciso I; 16, inciso II; 18, e 23, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, dando-se-lhe quitação, considerando que as contas evidenciam impropriedades de natureza formal, de que não resultaram dano ao erário;

j) sejam as contas dos demais responsáveis arrolados às fls. 3/6 julgadas regulares, nos termos dos artigos 1º, inciso I; 16, inciso I; 17 e 23, inciso I, da Lei n.º 8.443/92, dando-se-lhes quitação, considerando que as contas expressam, de forma clara e objetiva, a exatidão dos demonstrativos contábeis, a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de gestão;

k) seja determinado à CDRJ que:k.1) utilize, como limite para definição da modalidade de licitação, os gastos estimados

para todo o período de vigência do contrato a ser firmado, consideradas as prorrogações previstas no edital, em atenção ao disposto nos arts. 8° e 23 da Lei n° 8.666/93, e que, conseqüentemente, não mais prorrogue a vigência da Ordem de Fornecimento n.º 018/05;

k.2) proceda à publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, dentro do prazo estabelecido no art. 61, parágrafo único, da Lei n.º 8.666/93, fazendo constar nessa publicação todos os elementos previstos no § 2º do art. 33 do Decreto n.º 93.872/86;

k.3) com intuito de dar efetivo cumprimento ao art. 67 da Lei n.º 8.666/93, no tocante aos procedimentos de fiscalização pela CDRJ da execução dos contratos de prestação de serviços de advocacia, bem como de se observar as normas contábeis atinentes aos registros de passivos judiciais:

i. providencie os recursos humanos e materiais necessários para que a Superintendência Jurídica desempenhe satisfatoriamente as funções de acompanhamento e controle das ações

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judiciais, provendo, em especial, funcionários da área administrativa e microcomputadores com acesso à internet;

ii. conclua, no prazo de 180 dias, o levantamento da situação atual das ações mais relevantes, assim entendidas aquelas em que o valor da causa atualizado supera R$ 500 mil;

iii. implante, no prazo de 180 dias, sistema informatizado que permita registrar as informações e os andamentos dos processos, bem como gerar relatórios, com vistas a subsidiar o acompanhamento tempestivo da movimentação das ações judiciais, mantendo-o atualizado com base em consultas aos autos dos processos, em pesquisa nos sites da Justiça na internet e em publicações no Diário Oficial (recortes), bem como nas informações recebidas dos escritórios contratados;

iv. atualize, no prazo de 180 dias, os processos administrativos destinados ao arquivamento das cópias das principais peças que instruem os autos das respectivas ações judiciais;

v. estime, ao fim de cada exercício, o valor atualizado a ser desembolsado em cada ação, na hipótese de condenação por sentença definitiva, objetivando subsidiar a constituição de provisões contábeis relativas às contingências passivas;

vi. constitua provisão contábil com base na estimativa a que se refere o item anterior, registrando-a no balanço patrimonial anual, em cumprimento ao comando previsto no art. 176, § 5º, alínea ‘a’, da Lei n.º 6.404/76

vii. classifique as ações judiciais de acordo com o grau de possibilidade de sucumbência, utilizando, para tanto, os parâmetros fixados no item 19.7.5.1 da NBC T 19.7, aprovada pela Resolução CFC n.º 1.066/05;

viii. discrimine, nas notas explicativas que acompanham as demonstrações contábeis anuais, os critérios utilizados tanto para a apuração dos montantes das contingências como para a classificação das demandas de acordo com os parâmetros fixados no item 19.7.5.1 da NBC T 19.7, em atendimento ao disposto no art. 176, §§ 4º e 5º, da Lei n.º 6.404/76; e

ix. elabore indicadores adequados para avaliar qualitativamente a atuação dos contratados no patrocínio das ações judiciais em que a CDRJ seja parte;

k.4) proceda à contabilização de provisões para despesas com pessoal, mediante estimativa, quando, no encerramento do exercício, não tiver ocorrido celebração de acordo coletivo de trabalho ou julgamento de dissídio coletivo cujo objeto venha a afetar o exercício financeiro, em atenção ao princípio da prudência, estatuído no art. 10 da Resolução n.º 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade, e, ainda, ao estabelecido no item 4.3.2 da NBC T 4, aprovada pela Resolução n.º 732/92 daquele Conselho;

k.5) considere, no cálculo das despesas com pessoal e encargos sociais, para fins orçamentários (PDG), todos os dispêndios assim classificados no ‘Manual Técnico de Orçamento - Instruções para Elaboração do Programa de Dispêndios Globais – PDG das Empresas do Setor Produtivo Estatal – SPE’, elaborado pela Coordenação das Empresas Estatais Federais (DEST);

k.6) observe, no tocante ao conteúdo do relatório de gestão anual, especialmente no que diz respeito à presença de indicadores de gestão, o disposto no item 2 do Anexo II da DN/TCU n.º 93/08, ou outra norma que venha a sucedê-la;

k.7) cumpra a exigência constante do § 1º do art. 7º do Decreto n.º 4.391/02, efetivando o envio ao TCU, após a análise da ANTAQ, da documentação expressamente mencionada naquele dispositivo;

k.8) adote providências, em relação ao Contrato C Depjur n.º 100/97, no sentido de verificar a ocorrência dos seguintes fatos, que caracterizariam, se confirmados, inadimplência contratual:

i. descumprimento das contraprestações pela utilização privativa dos bens, para exploração comercial ou prestação de serviço público, uma vez que foram previstas obras, tendo

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sido realizada uma parte ínfima do acordado, e geração de receitas não operacionais, com realização de uma parcela bem inferior em relação ao ajustado;

ii. falta de comprovação de todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação, conforme estatui o inciso XIII do art. 55 da Lei n.º 8.666/93; e

iii. ausência de implantação de um sistema de gestão de qualidade das obras e das operações portuárias a serem executadas, transgredindo o item 54 da Cláusula Vigésima Sexta do Contrato de Arrendamento;

k.9) avalie se houve alteração na equação econômico-financeira, em virtude da alteração introduzida pelo 4º Termo Aditivo ao Contrato C Depjur n.º 100/97(objeto: substituição da área do Píer Mauá pelo prédio do antigo Touring Club, Armazéns 1 a 4 e Armazém externo 1), adotando as medidas cabíveis para buscar o reequilíbrio;

k.10) informe, nos próximos relatórios de gestão, o andamento da TCE objeto do Processo Administrativo n.º 11.615/2008, instaurada para apurar as irregularidades ocorridas no C Depjur n.º 100/97;

k.11) abstenha-se de prorrogar o Contrato C–Depjur n.º 100/97, após o término de sua vigência;

k.12) informe, em seus próximos relatórios de gestão, a situação jurídica dos Contratos C Depjur n.º 71/97 e C Depjur n.º 72/97, bem como se há atualmente algum vínculo entre a Companhia e a Triunfo Operadora Portuária Ltda.;

k.13) informe, nos próximos relatórios de gestão, a situação dos débitos decorrente dos Contratos C Depjur n.º 71/97 e C Depjur n.º 72/97, bem como sobre o andamento das ações judiciais referentes a eles, sobretudo no que tange às inadimplências no pagamento de faturas com datas de vencimento posteriores à concessão da medida liminar, em 20/12/2007, pelo juízo da 25ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, nos autos do Processo 2007.001.267357-5;

k.14) observe o comando contido no art. 14 da Norma de Arrendamento aprovada pela Resolução ANTAQ n.º 55/02, evitando, salvo em caso de consórcios, a aplicação do disposto no art. 20 da Lei n.º 8.987/95 às licitações objetivando o arrendamento de áreas e instalações portuárias destinadas à movimentação e armazenagem de cargas e ao embarque e desembarque de passageiros;

l) seja determinado à CGU que, caso a CDRJ venha a se enquadrar na hipótese descrita no art. 4º, ‘caput’, 1ª parte, da IN/TCU nº 57/2008, informe nos próximos relatórios de auditoria de gestão:

l.1) se foram atendidas as determinações contidas no Acórdão TCU n.º 2.797/2005–1ª Câmara; e

l.2) se os dados constantes dos relatórios do acompanhamento orçamentário (Programa de Dispêndios Globais) apresentam absoluta compatibilidade com aqueles registrados na contabilidade da Empresa, em consonância com o ‘Manual Técnico de Orçamento - Instruções para Elaboração do Programa de Dispêndios Globais – PDG das Empresas do Setor Produtivo Estatal – SPE’, da Coordenação das Empresas Estatais Federais (DEST);

m) seja recomendado à CDRJ que estabeleça, em novos contratos de arrendamento, que a prestação de serviços de interesse da Empresa pela contratada, como, por exemplo, dragagem, será ressarcida pelo valor real despendido pela contratada, mediante desconto nos pagamentos realizados após a efetiva prestação desses serviços, abolindo o prévio desconto tarifário, calculado com base em estimativas;

n) seja comunicado ao DEST que o quantitativo de pessoal da CDRJ em 2005 passou para 912 empregados, quanto o limite máximo permitido pela Portaria n.º 707/04 da Secretaria Executiva do Ministério do Orçamento, Planejamento e Gestão era de 852 empregados, para que aquela Coordenação adote as providências que julgar cabíveis;

o) seja alertado o dirigente da CDRJ que a reincidência no descumprimento de

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determinações das quais tenham tido ciência poderá acarretar o julgamento pela irregularidade das contas, bem como a aplicação de multa, nos termos do art. 58, inciso VII, da Lei n.º 8.443/92, c/c o art. 268, inciso VIII, do Regimento Interno desta Casa; e

p) seja encaminhando ao MPF/PR/RJ cópia dos Relatório, Voto e Acórdão que vierem a ser prolatados, bem como das peças de fls. 897/903, fazendo-se referência, na comunicação, ao Procedimento Administrativo n.º 1.30.012.000625/2001-37;

q) sejam extraídas cópias das peças de fls. 840/875, 887, 888//892, 893, 1042/1049, 1056/1089 e 1097/1123, bem como dos Relatório, Voto e Acórdão que vierem a ser proferidos na presente prestação de contas, promovendo-se a juntada dessas aos autos das prestações de contas referentes aos exercícios de 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2006, a fim de subsidiar o exame das questões comuns;

r) seja deferido o pedido formulado no expediente acostado às fls. 1095;s) seja deferido o pedido formulado no expediente acostado às fls. 1126/1127; et) seja arquivado o presente processo.”

3. Na sequência, o Auditor Federal de Controle Externo encarregado no exame do feito na Secex/RJ elaborou instrução final de mérito às fls. 1173/1182, reproduzida, em essência, a seguir, cujo teor agregou o exame das respostas às diligências sugeridas no item 72 da peça acima transcrita:

“(...)II – SÍNTESE E ANÁLISE DAS QUESTÕES OBJETO DA DILIGÊNCIA2. Duas foram as questões objeto da diligência, cuja resposta é agora apreciada. A primeira

versava sobre o contrato nº 100/97, que teve por objeto o arrendamento celebrado com a empresa Píer Mauá S.A.. Para melhor análise da situação, abaixo está registrada a cronologia das ações referentes à questão objeto da diligência.

Data Documento

04.07.2006

Despacho do Ministro dos Transportes (anexo 14 – fl.35), aprovando o Parecer CGAS/CONJUR/MT 229 (anexo14 – fls.12/33), que concluiu que a recomposição do contrato em análise não era impedimento para a instalação da Tomada de Contas Especial - TCE sugerida pela Comissão de Inquérito e pela Controladoria Geral da União (anexo 14 - fl. 33)

31.01.2008Solicitação de informações do Conselho Fiscal sobre a instauração da TCE determinada no Parecer CGAS/CONJUR/MT 229 (anexo 14 – fls. 39)

27.03.2008Parecer da Superintendente Jurídica indicando a necessidade de apurar responsabilidades sobre a não instauração da TCE determinada pelo Parecer CGAS/CONJUR/MT 229 (anexo 14 - fl.42)

22.04.2008Portaria DIRPRE Nº 074/2008 designando servidores para apurar a não instauração da TCE determinada pelo Parecer CGAS/CONJUR/MT 229 (anexo 14 - fl.52)

22.04.2008Portaria DIRPRE nº 073/2008 instaura TCE para apurar danos ao Erário no curso do processo licitatório e execução do contrato DEPJUR nº 100/1997 (fl.1136 – volume 6)

06.06.2008Prorrogação do prazo para apresentação do relatório da Comissão de sindicância instaurada para apurar a não instauração da TCE determinada pelo Parecer CGAS/CONJUR/MT 229 (anexo 14 – fl.57)

07.08.2008Relatório da Comissão de Sindicância concluindo pela responsabilidade do Sr. Antônio Carlos Soares Lima, ex-Presidente, pela não instauração da TCE determinada pelo Parecer CGAS/CONJUR/MT 229 (anexo 14 -fls.120/122)

01.12.2009

Portaria DIRPRE nº 124/2009 designando nova Comissão para esclarecer de forma e objetiva se o contrato em análise proporcionou prejuízos à Administração Pública, informando em caso afirmativo, o valor e os nomes dos responsáveis por tais danos (fl.1136 – volume 6).

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09.12.2009CARTA-DIRPRE Nº 24239/2009 solicitando 30 dias para enviar informações sobre a TCE, solicitadas por esta SECEX-RJ através de diligência (fls. 1131/1132 – volume 6)

08.01.2010CARTA- DIRPRE Nº 507/2010 comunicando que foi dado prazo de 90 (noventa) dias para a comissão responsável pela TCE concluir seus trabalhos (fls.1134/1135 – volume 6)

3. O resumo acima tem a intenção de demonstrar como a questão vem se arrastando desde 2006 no âmbito da CDRJ, sem que se tenha chegado à conclusão se houve ou não dano ao Erário.

4. Em 07.01.2010, o Sr. Diretor-Presidente da CDRJ informa (fls. 1134/1136 – volume 6), em complementação ao expediente enviado em atendimento à diligência expedida por esta SECEX/RJ (fls. 1131/1132 – volume 6), que nova Comissão foi designada para esclarecer de forma clara e objetiva se o contrato em análise proporcionou prejuízos à Administração Pública. Para tanto foi determinado o prazo de 90 (noventa) dias.

5. Quando se completar o prazo concedido para a conclusão dos trabalhos objeto da TCE, instaurada para a apuração dos eventuais danos ao Erário, já estarão decorridos cerca de 4 (quatro) anos desde a determinação Ministerial para a abertura da mesma. Vale ressaltar que a atual administração tomou posse em 14.09.2007.

6. Assim, considerando o tempo já despendido com a questão, entende-se que deverá ser determinado aos Dirigentes da CDRJ para que envidem esforços para a conclusão da referida TCE, sob pena de seu Dirigente ser responsabilizado solidariamente, conforme disposto no art. 8º da Lei nº 8.443/92

7. A segunda questão objeto da diligência versa sobre TCE instaurada pela Portaria DIRPRE nº 118/2006, para apurar possível dano gerado pelo Contrato nº 86/98, celebrado com a empresa Moinhos Cruzeiro do Sul S.A..

8. Como resposta à diligência, acostada às fls. 1128/1129 – volume 6, o Sr. Diretor Presidente Substituto da CDRJ informou que o procedimento foi extinto pelo Presidente da Empresa à época, considerando que o dano poderia ser reparado pela via administrativa, já que o contrato ainda estava em vigor. Informa, ainda, que o processo que deu origem à referida TCE, determinou a adoção de medidas para repactuar as condições contratuais, fazendo adequações que permitissem a devolução de R$ 868.619,49 pela empresa Moinhos Cruzeiro do Sul S.A.. Contudo, não informa se efetivamente tais adequações foram feitas, se a empresa concordou com as alterações ou está contestando as mesmas (fls.1131/1132 – volume 6).

9. Assim, as informações enviadas não são suficientes para esclarecer, definitivamente, se o dano apurado pela TCE extinta foi reparado.

III – ANÁLISE DO DOCUMENTO ACOSTADO AOS AUTOS PELA EMPRESA PÍER MAUÁ

10. Por fim, resta apreciar o documento acostado espontaneamente aos autos pela empresa Píer Mauá S.A. (fls.1137/1172 – volume 6). Tal documento objetiva contestar o despacho de fls. 1097/1118 – volume 6, que originou a proposta de mérito constante às fls. 1119/1125 do mesmo volume.

11. Apesar de já enfrentadas as questões trazidas pela empresa Píer Mauá S.A., será feita nova apreciação, com ênfase em alguns dos itens apresentados. No texto existem 2 (dois) itens ‘II’, que serão renumerados no decorrer da análise.

ITEM I – A NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO DO CONTRATO – GARANTIA DO INTERESSE PÚBLICO ENVOLVIDO

12. O despacho de fls. 1097/1118 – volume 6 sugeriu a não renovação do contrato C-Depjur nº 100/97. Tal despacho, apesar de reconhecer que o contrato está eivado de vícios, que justificariam sua anulação, já exaustivamente apontados no relatório de fls. 842/847 – volume 4, relatório de fls. 1056/1089 – volume 5 e Parecer de fls. 27/71 – anexo 3 – volume principal, dissentiu da proposta de anulação do contrato constante nos documentos citados, considerando

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os prejuízos que seriam trazidos para as partes (Administração Pública, Concessionária e Sociedade).

13. Isto porque em vários Acórdãos, esta Corte, em face da supremacia do interesse público, não têm determinado a anulação de contratos vigentes. Faz, no entanto, determinações para que as falhas não se mantenham, desnecessariamente, além do prazo de vigência do contrato e sejam sanadas nos próximos procedimentos licitatórios levados a efeito pela Administração Pública. Vale ressaltar, que geralmente tais situações são decorrentes da inércia dos agentes públicos, que demoram a corrigir os erros e falhas surgidos durante o procedimento licitatório ou durante a execução do contrato, gerando direitos em face de dispositivos legais (prescrição, decadência, etc) ou mesmo criando situações em que os prejuízos para a Sociedade seriam indesejáveis. Até a presente data a CDRJ não concluiu a TCE determinada pelo então Ministro dos Transportes em 2006. Talvez, se a mesma tivesse sido concluída, não se estaria analisando estas questões neste momento.

14. O primeiro objetivo do documento acostado espontaneamente pela empresa Píer Mauá S.A, foi contestar o item k.11da proposta de mérito elaborada por esta SECEX-RJ (fls.1123 – volume 6). Nesse item, foi sugerido que esta Corte determine que a CDRJ se abstenha de renovar o contrato C-Depjur nº 100/97, celebrado com a mesma.

15. Em síntese, como justificativa para respaldar sua contestação, a Empresa alega que a não renovação do contrato, por outro período de 25 anos, acarretaria sua falência, pois os 14 (catorze) anos que restam do contrato, não seriam suficientes para amortizar os investimentos realizados, desde o início da execução do mesmo (fls.1137/1140 – volume 6). Afirma que somente com a prorrogação do contrato a Empresa Píer Mauá S.A. será justamente remunerada e também será evitada a quebra do empreendimento. Todavia, sua justificativa não veio acompanhada de nenhuma evidência contábil ou mesmo estudo financeiro, que pudesse comprovar suas palavras.

16. Caso semelhante foi objeto de análise quando proferido o Acórdão 357/2005 – Plenário. O referido Acórdão apreciou pedido de reexame das determinações emanadas em Acórdão anterior, onde dentre elas constava a determinação para a não renovação de contrato após seu término, em face dos vícios apresentados.

17. A recorrente, similarmente à Empresa Píer Mauá S.A., também alegou que teria prejuízos na não renovação do contrato em vigor. Em seu Voto o Exmo. Ministro Relator deixou consignado que:

‘(...) 28. Em face das irregularidades verificadas neste processo, o Tribunal decidiu fazer

determinações visando à não-renovação do Contrato n. 006/2001 e à adoção das medidas pertinentes à realização de nova licitação. Não há, com base nesses comandos, ofensa ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa da empresa recorrente, primeiro porque o TCU não violou os consagrados direitos constitucionais, haja vista que a relação processual instaurada envolveu esta Corte de Contas e a unidade jurisdicionada, numa atividade eminentemente típica de controle externo, segundo porque das determinações proferidas não decorre restrição a direito de prorrogação do Contrato n. 006/2001, conforme alegou a contratada, em especial porque, no que se refere à prorrogação, tem-se apenas expectativa de direito e não direito propriamente dito. Logo, não há obrigatoriedade de chamar a empresa contratada a se manifestar nos autos (grifos nossos)

(...)’.18. Assim, como na situação objeto do Acórdão 357/2005 – Plenário, no caso em análise,

o que justificaria a não renovação do contrato em vigor são os vícios apresentados, não só no procedimento licitatório, mas sobretudo em sua execução.

19. Geralmente, as empresas ao participarem de processos de licitação para serem

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concessionárias de serviços públicos, fazem seus cálculos considerando investimentos relativos ao primeiro período, pois a prorrogação dos contratos é uma faculdade da administração, e não um direito líquido e certo da concessionária.

20. Por outro lado, seja qual for o método utilizado pela empresa para o cálculo do retorno do investimento, como, por exemplo, o Método do Fluxo de Caixa Descontado, devem ter sido projetadas as operações da empresa dentro de um horizonte determinado. Se a empresa incluiu nesse horizonte o período correspondente à renovação do contrato, foi imprudente, pois, como já foi dito, a renovação do contrato não é direito assegurado.

21. Outro fator sempre considerado nesses cálculos é o cenário macroeconômico. Geralmente os estudos consideram cenários otimistas, pessimistas e intermediários. A empresa cita que foi editada uma nova Lei de Uso de Solo para a região portuária do Rio de Janeiro, o que mudou o cenário macroeconômico em que se basearam seus estudos, sendo então necessária a prorrogação. Neste caso, caberia uma repactuação do contrato, visando restabelecer seu equilíbrio econômico-financeiro, prática comum e bastante difundida na administração pública. Mas para tanto se faz necessária a provocação da Empresa por meio de processo administrativo junto ao órgão concedente.

22. Assim, como a empresa não trouxe aos autos nenhuma evidência que possa respaldar suas alegações, e considerando todos os vícios já apontados com relação ao contrato, a determinação de que o mesmo não seja renovado ao seu término, deverá ser mantida na proposta de mérito.

ITEM II – A ‘NULIDADE’ DECORRENTE DA FALTA DE INTIMAÇÃO DA PETICIONÁRIA

23. A empresa apresenta vasta jurisprudência sobre anulação de licitações e contratos. O fato é que a questão da anulação do contrato em questão já foi completamente afastada, fato consignado no despacho de fls. 1097/1118 – volume 6. Tal posição foi respaldada, inclusive, levando-se em conta muitas das razões elencadas na jurisprudência apresentada pela Empresa. Assim, essa questão já foi superada, não cabendo mais sua apreciação.

24. Contudo, merece análise a afirmação da empresa constante dos itens 12 e 15 (fls.1143/1144 – volume 6) a seguir reproduzida.

‘12. Ora, no caso concreto, a peticionária jamais foi intimada para participar de todos os atos do processo.

No entanto, diversas atividades de controle e de revisão de atos teriam sido desenvolvidas no âmbito da Administração Federal. Essas atividades foram executadas de modo unilateral, sem a audiência da Peticionária – ressalvada uma intimação para manifestar-se a propósito de entendimento aparentemente definitivo.

(...)15. Em suma; o exercício do contraditório e da ampla defesa pressupõe a possibilidade de

aquele que o exerce poder efetivamente desempenhar alguma influência na formulação da decisão, bem como de ter todos os seus argumentos analisados (ainda que para serem rejeitados – fundamentalmente) na conclusão daquele procedimento.

Diante disso, a inexistência de procedimento pautado pela observância à Constituição e à Lei 9.784/99 impede a adoção das conclusões contidas no ‘processo administrativo’ conduzido no âmbito estrito da Administração Pública Federal’ (grifo nosso).

25. Sobre a questão, do Acórdão 357/2005 – Plenário pode ser retirada a seguinte passagem do Voto do Exmo. Sr. Ministro Relator:

‘25. Conforme se verifica do texto reproduzido, as determinações expressas nas alíneas e e f do subitem 8.2 foram dirigidas exclusivamente à Coordenação-Geral de Recursos Logísticos do MPOG, devido às irregularidades cometidas pelos gestores nos procedimentos prévios à celebração do Contrato n. 006/2001 - superdimensionamento da demanda, falta de parcelamento do objeto e inclusão de exigências vedadas pela Lei n. 8.666/1993 no

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instrumento convocatório-, as quais macularam a Concorrência n. 014/2000, ensejando, pois, as medidas determinadas. O Tribunal, ao proferir tais determinações, não está, em nenhum momento, responsabilizando a empresa contratada pelas irregularidades apuradas neste feito, mas apenas fazendo com que a unidade jurisdicionada retome a observância às disposições legais que regem a licitação.

26. Neste contexto, cabe ressaltar que a habilitação da empresa recorrente para exercer prerrogativa processual nestes autos, o que faz com a apresentação deste Pedido de Reexame, não implica obrigatoriedade de o TCU prover-lhe o recurso a fim de instaurar o contraditório conforme requer, haja vista que as irregularidades apontadas foram praticadas por gestores públicos, conforme mencionado neste Voto, não havendo nos autos indícios de eventual participação da empresa contratada. Logo, não vislumbro que eventuais justificativas da recorrente em relação a irregularidades imputadas exclusivamente aos gestores públicos ouvidos em audiência pelo TCU possam efetivamente mudar os rumos da decisão adotada pelo Tribunal. Demais, se justificativas houvessem a apresentar, a recorrente já poderia tê-las inseridos na peça recursal sob análise.

27. Demais, insta esclarecer também que as determinações impugnadas não se referem à desconstituição, desfazimento ou anulação do Contrato n. 006/2001 nem do certame que o precedeu. Fosse essa a situação, certamente haveria de ser observado o entendimento contido no precedente do MS 23.550, uma vez que o impetrante reclamava no aludido writ o direito ao contraditório e à ampla defesa em face de determinação deste Tribunal à unidade jurisdicionada visando à anulação de contrato (Decisão nº 621/1999 - Plenário - TCU), tendo o Supremo Tribunal Federal deferido-lhe parcialmente a segurança, ‘para anular o processo a partir da remessa ao Tribunal de Contas da União, inclusive, a fim de que seja intimada a interessada, ora impetrante’. Resta, pois, afastada do presente caso a obrigatoriedade da adoção do entendimento preconizado pela Corte Suprema em sede do citado mandado de segurança.

28. Em face das irregularidades verificadas neste processo, o Tribunal decidiu fazer determinações visando à não-renovação do Contrato n. 006/2001 e à adoção das medidas pertinentes à realização de nova licitação. Não há, com base nesses comandos, ofensa ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa da empresa recorrente, primeiro porque o TCU não violou os consagrados direitos constitucionais, haja vista que a relação processual instaurada envolveu esta Corte de Contas e a unidade jurisdicionada, numa atividade eminentemente típica de controle externo, segundo porque das determinações proferidas não decorre restrição a direito de prorrogação do Contrato n. 006/2001, conforme alegou a contratada, em especial porque, no que se refere à prorrogação, tem-se apenas expectativa de direito e não direito propriamente dito. Logo, não há obrigatoriedade de chamar a empresa contratada a se manifestar nos autos’ (grifo nosso).

26. Segundo o entendimento acima referenciado, não existe a obrigatoriedade de participação da Empresa no processo. Contudo, apesar de em sua manifestação a mesma não ter dado muita ênfase ao expediente, vale ressaltar que a mesma já participa desse processo desde 13/12/2007, quando acostou aos autos os documentos reunidos no anexo 12 – principal, volumes 1 e 2, sendo os mesmos objeto de análise constante às fls. 1066/1069 – volume 5. Assim, considerando que já foi garantido o contraditório à Empresa e também o entendimento constante no Voto do exmo Sr. Ministro Relator constante do Acórdão nº 357/2005 – Plenário, refuta-se a alegação apresentada pela Empresa, de que a mesma deveria ter sido ouvida durante as ações de controle externo efetivadas por esta Corte.

ITEM III – A VALIDADE DA TRANSFERÊNCIA DO CONTROLE ACIONÁRIO27. Mais uma vez a Empresa Píer Mauá S.A. discorre sobre assunto já superado no âmbito

deste processo. Não se questiona mais a validade do ingresso, de outra pessoa jurídica, na sociedade vencedora da licitação resultante no contrato C-Depjur nº 100/97. Essa questão,

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suscitada no relatório de fls. 842/847 – volume 4, foi superada no relatório de fls. 1056/1089 – volume 5 e no despacho de fls. 1097/1118 – volume 6. Não obstante, a Empresa apresenta várias considerações sobre o assunto, muitas das quais apenas corroboram o entendimento já firmado. Assim, considera-se desnecessário tecer outros comentários sobre a matéria.

ITEM IV – A MANUTENÇÃO DO OBJETO AO LONGO DAS TRÊS FASES DA LICITAÇÃO

28. O ponto central dessa questão é a inclusão de objeto no contrato C-Depjur nº 100/97, que não constava no procedimento licitatório. Essa irregularidade já foi apontada diversas vezes e em vários documentos constantes desse processo. Como exemplo citamos: Parecer CGAS/CONJUR/MT 229 (anexo14 – fls.12/33), Relatório de Auditoria da CGU nº 160448 (732/742 –volume 4), no relatório de fls. 842/847 – volume 4 e no despacho de fls. 1097/1118 – volume 6.

29. A própria Empresa reconhece no documento, ora em análise, que o objeto a ser licitado não estava bem definido desde o início (fase I), quando afirma que:

‘20. Ocorreu apenas que, em razão da complexidade e heterogeneidade do objeto, o Edital de pré-qualificação (fase I) foi elaborado de forma ampla, para atrair o maior número de participantes. Em seguida, nas fases II e III, foi necessário detalhar a contratação (fl. 1146 – volume 6).

(...)A complexidade e heterogeneidade da contratação foram descritas já no Edital da fase I.

ainda que de forma sucinta (fl.1147 – volume 6).(...)Nas fases subsequentes, houve tão-somente o detalhamento da contratação, na medida em

que o objeto complexo foi sendo delineado ao longo do tempo (fl.1147 – volume 6).’30. Os fatos citados acima só vêm confirmar o entendimento constante no despacho de fls.

1097/1118 – volume 6, que concluiu sobre a questão:‘Com efeito, no que tange ao acréscimo de objeto no curso da licitação, não concordamos

com a tese da especificação genérica do objeto e seu posterior detalhamento. Tampouco nos parece razoável a assertiva de que, com base no teor do edital, era possível deduzir a especificidade do objeto do certame. Tais argumentos não encontram respaldo na legislação, haja vista a imposição do inciso I do art. 40 da Lei de Licitações, no sentido que o edital deverá indicar, obrigatoriamente, o ‘objeto da licitação, em descrição sucinta e clara’ (grifo nosso). Assim, o surgimento, na Fase III da licitação, da expressão ‘operações portuárias de embarque e desembarque de passageiros, mercadorias e bagagens’ evidencia, inequivocamente, inclusão de objeto não previsto inicialmente no certame.’

31. Assim, as novas considerações apresentadas não foram suficientes para alterar o entendimento já firmado sobre a questão.

ITEM V – A DISPENSA LÍCITA DE PROJETO BÁSICO32. Primeiramente a Empresa cita que a Lei nº 8.987/95 ainda não estava em vigor

quando a licitação foi formatada e o ato convocatório foi elaborado. Está coberta de razão, e isso foi apontado no despacho de fls. 1097/1118 – volume 6, que dispôs que: ‘Não existindo, à época, a Lei n.º 8.987/95, a concessão regia-se pelas disposições constantes da Lei n.º 8.666/93, conforme expressa previsão do seu art. 124.’ Em nenhum momento, esteve a afirmação da necessidade de projeto básico ancorada nesse argumento.

33. Em seguida cita dispositivo da Lei nº 8.666/93 que ‘contém regra segundo a qual são aplicáveis seus dispositivos a contratos de permissão ou concessão de serviço público, desde que não conflitem com a legislação específica (art.124)’, o que já foi explicitado na menção acima.

34. Passa então a discorrer sobre a peculiaridade que envolveu tal contratação, como a necessidade de se aproveitar a experiência e a criatividade da iniciativa privada em face da

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complexidade do objeto, e da remuneração da concessionária, que seria proveniente da arrecadação feita junto aos usuários, fatores que a diferenciariam de contratações submetidas exclusivamente à Lei nº 8.666/93.

35. Afirma também que:‘26. Assim, os anexos I e II do edital de Pré-Qualificação (fase I) caracterizavam

detalhadamente os aspectos envolvidos na execução do projeto que seria arrendado’ (fl. 1149 – volume 6).

Em contradição à afirmação feita anteriormente que:‘20. Ocorreu apenas que, em razão da complexidade e heterogeneidade do objeto, o Edital

de pré-qualificação (fase I) foi elaborado de forma ampla, para atrair o maior número de participantes. Em seguida, nas fases II e III, foi necessário detalhar a contratação’ (fl. 1146 – volume 6).

36. O fato concreto é que a Empresa ora defende que não existia a necessidade de projeto básico, o que afronta a Lei nº 8.666/93, e ora procura demonstrar que existia projeto básico constante no edital, que seria representado pelos anexos I e II, embora não constasse nos mesmos essa denominação. São argumentos já apresentados anteriormente, aos quais não deve ser dado provimento.

ITEM VI – A INEXISTÊNCIA DE IRREGULARIDADES APTAS A ACARRETAR A NULIDADE DO CONTRATO C-DEPJUR 100/97

37. Neste item a Empresa reitera os termos do documento constante às fls. 1/35 do anexo 12 – principal, pedindo, novamente, a ‘rejeição das referidas alegações de nulidade do contrato de arrendamento C-DEPJUR Nº 100/97’. Esta parte do documento é praticamente idêntica ao documento apresentado anteriormente, apenas com algumas inversões de parágrafos e inclusões de termos e expressões. Não há nenhum fato novo a ser apreciado, tendo em vista que essas alegações já foram objeto de análise no item 38 às fls. 1074 – volume 5 e no item ‘1’ do despacho de fls. 1097/1118 – volume 6, e que já foi afastada a hipótese de anulação do contrato.

38. A única diferença entre os documentos são as razões pelas quais a Empresa faz seu pedido, abaixo sintetizadas em quadro comparativo:

Razões 13.12.2007 9.12.2009Ocorreu a decadência do direito de a Administração anular o contrato X

Foi expressamente reconhecida a boa-fé da Empresa XHouve licitação para a exploração da estação marítima de passageiros X X

As informações técnicas contidas nos editais equivalem ao projeto básico previsto no art. 7º, § 6º da Lei nº 8.666/93

X X

Não houve transferência do controle acionário para a Construtora Floriano e que as empresas integrantes do Consórcio vencedor constituíram legalmente a SPE Píer Mauá

X X

Foi realizada audiência pública conforme determina a legislação X X

39. Adicionalmente pede que:a) seja reconhecido que não houve processo administrativo específico para anular o

contrato de arrendamento C-DEPJUR Nº 100/97 e seus aditivos, caso se admitida que os mesmos podem ser declarados nulos;

Análise do pedido: improcedente, pois não se cogita mais anular o contrato.27

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b) seja rejeitada a sugestão de manutenção do contrato sem a devida prorrogação, tal como formulada na recomendação no despacho de fls. 1097/1118 – volume 6, tendo em vista as peculiaridades do contrato, a iminência de eventos esportivos internacionais e a necessidade de mais 25 (vinte e cinco) anos para viabilizar a execução do empreendimento e a necessária amortização do contrato;

Análise do pedido: improcedente em face das considerações anteriores.c) seja responsabilizada a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, pela inexecução (total

ou parcial) do contrato de arrendamento, e não a Empresa Píer Mauá S.A.;Análise do pedido: improcedente, pois como a própria Empresa reconhece (fls. 16/18 –

anexo 12 e 1155/1156 – volume 6), não existia lei urbanística definindo que área da zona portuária poderia ser utilizada e ocupada. O fato é que a Empresa busca responsabilizar o Município pela não edição de ato, da qual dependia seu investimento. Está, mais uma vez, tal como na necessidade alegada pela Empresa de outro período de 25 anos para o retorno do capital investido, configurada a imprudência na realização do investimento. Não há nos autos nenhum documento que efetivamente comprove o compromisso do Município do Rio de Janeiro, em editar normativo, que viabilizasse o empreendimento.

40. Assim, considera-se que o documento acostado pela Empresa Píer Mauá S.A. não apresentou nenhum elemento, que possa alterar algum item da proposta de mérito do despacho constante às fls. 1119/1125 – volume 6.

IV - CONCLUSÃO24. Em face do exposto, sugerimos, objetivando o saneamento definitivo desses autos, para

posterior encaminhamento para julgamento do mérito, o encaminhamento do presente processo ao gabinete do Exmo. Sr. Ministro Relator, Augusto Nardes, com a seguinte proposta;

1) Determinar à Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A. – CDRJ, que conclua o processo de Tomada de Contas Especial relativa ao contrato C-DEPJUR nº 100/97, constante do Parecer CGAS/CONJUR/MT nº229/2006, aprovado pelo Ministro de Estado dos Transportes em 04/07/2006, no prazo de 90 (noventa) dias, com sua posterior remessa a esta Corte, sob pena de seu Dirigente ser responsabilizado solidariamente, conforme disposto no art. 8º da Lei nº 8.443/92;

2) Determinar à Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A. – CDRJ que informe esta Corte, com relação ao processo de tomada de Contas Especial instaurada pela Portaria DIRPRE nº 118/2006, relativa ao contrato de arrendamento C-DEPJUR nº 86/1998, celebrado com a Moinhos Cruzeiro do Sul S/A, no prazo de 90 (noventa) dias:

a) O total do débito apurado e a data da ocorrência do mesmo;b) O (s) nome (s) e CPF (s) do (s) responsável (s) pelo pagamento do débito;c) Como o débito está sendo pago pelo (s) responsável (s) (administrativamente ou

judicialmente);d) A data de início do ressarcimento do débito;e) O valor efetivamente já recebido, discriminando as parcelas pagas e respectivas datas

de pagamento, acompanhadas dos documentos comprobatórios;f) Se existe contestação do débito por parte dos responsáveis;g) No caso de haver contestação administrativa ou judicial, informar a situação do

processo; eh) O nome e CPF do responsável pelo acompanhamento do pagamento do débito.”

4. O Gerente de Divisão, a seu turno, manifestou-se por intermédio do despacho acostado às fls. 1.190/1.197, que contou com a anuência do Titular da unidade técnica, e que segue reproduzido:

“Após longo percurso processual, marcado por saneamento dos autos com realização de duas inspeções (fls. 840/875 e 1042/1049), audiências, citações e oitivas, as presentes contas estavam prestes a serem encaminhadas para mérito, nos termos propostos às fls. 1119/1125,

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com os eventuais ajustes decorrentes do resultado da derradeira diligência de fls. 1128/1129, quando sobreveio aos autos o arrazoado da empresa Píer Mauá S.A. de fls. 1137/1172.

2. Essa empresa já aduzira alegações em prol de seu contrato de arrendamento nº C-DEPJUR Nº 100/97, objeto de questionamentos, em sede de audiência, contestando sua validade, ante os vícios que inquinaram tanto a licitação que o precedera, (inclusão, no objeto da contratação, da concessão do serviço público operações portuárias de embarque e desembarque de passageiros, mercadorias e bagagens no âmbito da Estação Marítima de Passageiros - ESMAPA, somente nas etapas finais do certame e inexistência de projeto básico dotado de prévia aprovação pela autoridade competente) como a sua própria celebração, visto figurar na posição de contratada empresa diferente da que participara do certame.

3. Nesse arrazoado, a referida empresa volta a aduzir, quase na sua totalidade, os mesmos argumentos a que recorreu, na sua intervenção anterior, no intuito de elidir tais vícios, não obstante o despacho desta unidade de fls. 1097/1125, que apreciou o encaminhamento dos autos sugerido na instrução de fls. 1056/1089, ter consignado entendimento de que se deveria considerar convalidado o contrato em nome da segurança jurídica, ainda que eivado dos vícios apontados. Além disso, são aduzidos outros argumentos para afastar a proposta desse despacho, a ser formulada quando do encaminhamento de mérito do feito, de determinação a Docas S. A. para que se abstenha de prorrogar o contrato C-DEPJUR Nº 100/97 ao fim do término do prazo de 25 anos fixado para essa contratação (subitem k.11 do item 73 - fls. 1123).

4. A última instrução, fls. 1173/1182, além de examinar a resposta de Docas, fls. 1131/11136, à diligência de fls. 1128/1129, enfrentou os argumentos oferecidos na nova intervenção da Píer Mauá e os considerou como inaptos para alterar as propostas formuladas no referido despacho de fls. 1097/1125.

5. Para demonstrar que em sua grande maioria tais argumentos já tinham constado da intervenção anterior da empresa, foi elaborado o quadro de fls. 1180, que compara as argumentações sintetizadas no item conclusão do arrazoado da Píer Mauá, fls. 1171/1172, com o já arguido por essa mesma empresa em sua intervenção datada de 13.12.2007. Dessa comparação restaram evidenciados como novos argumentos apenas o aduzido no tocante à ocorrência d e decadência do direito de a Administração anular o contrato e ao reconhecimento expresso da boa-fé da empresa.

6. Mesmo tendo demonstrado a repetição de argumentos, essa instrução não declinou de abordar o aduzido quanto à ‘nulidade’ decorrente da falta de intimação da peticionária, à validade da transferência do controle acionário, à manutenção do objeto ao longo das três fases da licitação e à dispensa lícita de projeto básico.

7. No que concerne à questão da validade da transferência do controle acionário, a conclusão do auditor foi no sentido de que não teria havido sucumbência capaz de justificar a retomada do tema pela empresa, uma vez que apreciações técnicas anteriores teriam acatado a argumentação aduzida.

8. No que se refere aos demais tópicos especificamente abordados, a instrução louvou-se nas conclusões exaradas em apreciações técnicas precedentes para refutar a procedência do argumentos repisados pela empresa.

9. Refutou, igualmente, a procedência da argumentação inédita da empresa, consistente no desequilíbrio econômico- financeiro que, fatalmente adviria, se efetivada a determinação formulada por esta unidade técnica no sentido do impedimento de prorrogação do contrato.

10. Para tanto, foi acentuado o desacerto da premissa, em que se assenta tal suposto desequilíbrio, de que no horizonte temporal da definição da equação econômico-financeiro do ajuste deveria ser incluído o período referente a prorrogação do contrato, haja vista tal prorrogação não ser direito certo do concessionário, por estar na esfera de discricionariedade do detentor da outorga do arrendamento.

11. Foi asseverado também que o encaminhamento mais apropriado para fazer frente à

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alegada ocorrência de fato da administração, consistente na promulgação pela Prefeitura do Rio de Janeiro Lei de Uso de Solo para a região portuária do Rio de Janeiro geradora de maiores custos para o contrato de arrendamento, seria a provocação, por parte da concessionária, da constituição do devido procedimento administrativo com vistas a repactuação para corrigir eventual desequilíbrio econômico-financeiro, e não prorrogar simplesmente o contrato.

12. Nessa última apreciação técnica, foi propugnado ainda o indeferimento dos pedidos explicitamente formulados pela empresa no sentido de ver reconhecida a inexistência de processo administrativo específico para anular o contrato de arrendamento C-DEPJUR Nº 100/97, de ser rejeitada a sugestão de manutenção do contrato sem a devida prorrogação e de ser responsabilizada a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro pela inexecução (total ou parcial) do contrato de arrendamento, e não a empresa Píer Mauá S.A.

13. Para esse último pedido, foi apontado, como fundamento para o seu indeferimento, o fato de a prefeitura nunca ter se comprometido em editar normativo que viabilizasse o empreendimento. Quanto aos demais pedidos, são invocadas razões anteriormente mencionadas nesse parecer para justificar o indeferimento deles.

14. Enfrentadas essas questões que de moto próprio trouxe aos autos a empresa Píer Mauá, a instrução precedente cuidou de apreciar a resposta encaminhada por Docas aos questionamentos, versados na diligência de fls. 1128/1129, quanto ao andamento de procedimentos de tomada de contas especial referente aos prejuízos sofridos pela empresa em face de irregularidades havidas na execução dos contratos de arrendamento C-Depjur n.º 100/97, celebrado com a Píer Mauá S/A e Contrato de Arrendamento C-Depjur n.º 86/98, celebrado com a Moinhos Cruzeiro do Sul S/A.

15. Ante o informado, no tocante ao C-Depjur n.º 100/97, de que Docas entendia necessária concessão de mais tempo para que a comissão encarregada da matéria emitisse posição conclusiva acerca da ocorrência ou não de prejuízos advindos da referida execução contratual, a instrução anterior registrou a forma protelatória com que vem a direção da CDRJ conduzindo a questão desde 2006, evidenciada pelo quadro sinótico cronológico de fls. 1173. Em face disso, propugnou se a expedição de determinação à DOCAS para que sejam envidados esforços para a conclusão da referida TCE, sob pena de seu Dirigente ser responsabilizado solidariamente, conforme disposto no art. 8º da Lei nº 8.443/92.

16. Quanto ao andamento da TCE referente ao Contrato de Arrendamento C-Depjur n.º 86/98, celebrado com a Moinhos Cruzeiro do Sul S/A, o encaminhamento proposto foi também a expedição de determinação à Docas. Entretanto, nesse caso, o comando sugerido é para que se informe o resultado do plano de ação delineado em 2007, em substituição à TCE que foi nessa época extinta, consistente em medidas de repactuação do referido contrato visando a devolução de R$ 868.619,49 pela empresa Moinhos Cruzeiro do Sul S.A.

17. Antes de apreciar o proposto na última instrução, julgo necessário fazer alguns apontamentos.

18. Em primeiro lugar, deixo manifesto minha concordância com o entendimento, exarado na instrução antecedente, de não dar guarida à pretensão da Píer Mauá de ver excluída, quando do encaminhamento de mérito do feito, proposta de determinação à Docas no sentido de que se abstenha de prorrogar o contrato C-DEPJUR Nº 100/97.

19. Tal proposta, ao contrário do aduzido pela empresa no item 1 de seu arrazoado (fls. 1137), guarda sim coerência com a apreciação acerca do contrato em questão levada a cabo pelo despacho de fls. 1097/1125.

20. Se nessa apreciação considerou-se que a segurança jurídica deveria ser prestigiada, para evitar imbróglio jurídico-administrativo, de consequências imprevisíveis, que fatalmente adviria com a decretação de nulidade de contrato com mais de 10 anos em vigor, mantendo-se assim avença inquinada de vícios desde a origem, nada mais lógico e natural que se propugne

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que se ponha a termo tal ajuste de vontades na primeira oportunidade que se possa fazer isso estritamente dentro do que foi pactuado pelas partes, ou seja, ao término do prazo de vigência do contrato.

21. Por oportuno, transcrevo abaixo, em reforço aos argumentos expendidos na instrução precedente em prol da caracterização do interesse da contratada em prorrogar seu contrato como mera expectativa de direito, a resenha, divulgada no portal do STF (http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=120211), de julgado recente a respeito da matéria:

‘Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 2010Plenário nega MS sobre prorrogação de contrato celebrado com o poder públicoNão há direito líquido e certo à prorrogação de contrato celebrado com o poder público.

Com esse entendimento, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram pedidos feitos em dois Mandados de Segurança (MS 26250 e 27008) impetrados contra acórdãos do Tribunal de Contas da União que determinaram a não prorrogação de contratos administrativos.

O Mandado de Segurança (MS) 26250 foi impetrado, com pedido de medida liminar, pela empresa Brasília Serviços de Informática Ltda. contra decisão do TCU. Tal ato determinou ao Instituto Nacional de Tecnologia (INT) que se abstivesse de prorrogar contrato celebrado relativo a determinado pregão eletrônico. A empresa alegava afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa.

Já o MS 27008 chegou ao Supremo, com pedido de medida liminar, impetrado por J. N. Trindade Conservação e Limpeza Ltda, contra o acórdão do Tribunal de Contas da União. O TCU determinou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que se abstivesse de renovar o contrato decorrente de pregão eletrônico para contratação de serviços de conservação e limpeza. A empresa sustentava violação a seu direito líquido e certo.

RelatorO ministro Ayres Britto, relator dos processos, indeferiu os mandados ao entender que não

há direito líquido e certo à prorrogação de contrato celebrado com o poder público. Para ele, ‘há mera expectativa de direito, dado que a decisão sobre a prorrogação do ajuste, quando embasada em lei, se insere no âmbito da discricionariedade da Administração Pública’.

22. Importa também ressaltar que o que se pretende com tal proposta é tão somente corrigir, no menor tempo em que isso é possível, no caso ao término dos 25 anos previstos para a duração do contrato, situação que repugna os ditames legais que regem contratações desse jaez. Não decorre daí nenhum veto à eventual participação dessa mesma empresa na licitação que Docas forçosamente terá que realizar ao fim da contratação para dar prosseguimento ao plano de revitalização das áreas portuárias que em que se insere o objeto do contrato em exame.

23. Registre-se, aliás, que a empresa fatalmente, caso deseje disputar o futuro certame, desfrutará de vantagem invejável frente ao demais competidores, dado o conhecimento da matéria que acumulará ao longo da execução do seu contrato.

24. Aproveitando o ensejo quanto à temática envolvendo situações privilegiadas e favoráveis, cabe ressaltar que a Píer Mauá vem desde o início da execução do contrato desfrutando de uma posição extremamente favorável, pois vejamos:

I) beneficiou-se do decurso do prazo decadencial que lhe permitiu não ter fulminado pela própria Companhia Docas seu contrato ab inicio, conforme intenção nesse sentido contida no julgamento, pelo então presidente de Docas, datado de 07/03/2003, do processo administrativo 1402/2002 (vide fls. 23/24 –Anexo 3), ante as diversas falhas que macularam o certame que antecedeu o contrato;

II) deixou de realizar as obras que lhe incumbiam como obrigações contratuais, que

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montariam a cerca de R$ 10 milhões, consoante estimativa constante do relatório da Comissão de Inquérito constituída no processo 1402/2002 (vide registro acerca de tal estimativa em trecho, fls. 23 do Anexo 14, do Parecer CGAS/CONJUR/MT 229), sem que isso lhe tenha acarretado qualquer sanção, ao mesmo tempo em que auferia receitas com a exploração do terminal de passageiros, exploração essa consistente em verdadeira concessão de serviço público não licitado, já que não constara dos editais iniciais da licitação que deu origem aio contrato;

III) além de deixar de pagar boa parte dos valores devidos à Docas pelo arrendamento, o total inadimplido montaria a mais de cinco milhões de reais, segundo levantamentos constante do relatório da Comissão de Inquérito constituída no processo 1402/2002 (vide registro acerca de tal estimativa em trecho, fls. 23 do Anexo 14, do Parecer CGAS/CONJUR/MT 229) a empresa também não assumia diretamente os ônus (taxas de luz, água esgoto e impostos) pertinentes a ESMAPA, já que era Docas que pagava tais encargos para posterior repasse à Píer Mauá, (vide registro a esse respeito no trecho, fls. 22 do Anexo 14, do Parecer CGAS/CONJUR/MT 229) não obstante a ESMAPA estar a seu cargo, gerando assim receitas para a empresa, desde 01/06/1999 (vide informação quanto a essa data nesse último trecho mencionado);

IV) mesmo com o reconhecimento da ocorrência de fato da administração, resultante da conjugação de medidas governamentais no âmbito municipal e federal que impossibilitaram realizar o empreendimento na área do Píer Mauá, justamente a principal parte do objeto da contratação, a empresa consegui preservar seu contrato, uma vez que se decidiu celebrar o 4º Termo Aditivo ( fls. 03/10 do Anexo 14) à avença, em vez de simplesmente extingui-la, alternativa de que dispunha Docas (vide observação a respeito dessa alternativa no item 8 da CARTA-DIRPRE Nº 7556/2006 às fls. 140/141 – Anexo 3);

V) foi-lhe favorável também os termos da repactuação empreendida pelo 4º Termo Aditivo, visto que lhe foi conferida, como compensação da diminuição de área de arrendamento pela exclusão do píer mauá, o armazém externo 1, decisão essa contrastante com a sugerida pelo setor jurídico de Docas, que entendia que seria uma medida mais conservadora, e imune a contestações, licitar área do referido armazém para constituição de estacionamento que servisse ao empreendimento da empresa Píer Mauá (vide observação quanto a esse posicionamento do setor jurídico de Docas no trecho, fls. 19 do Anexo 14, do Parecer CGAS/CONJUR/MT 229);

25. Voltando ao aduzido pela Píer Mauá em seu último arrazoado, registro que não estou convencido de que a consecução do interesse público de ver revitalizada a área portuária do Rio de Janeiro esteja vinculada umbilicalmente ao sucesso do empreendimento objeto do contrato C-DEPJUR Nº 100/97, na dimensão que essa empresa quer que ele alcance (o último aditivo ao contrato estipulou investimentos mínimos na casa dos vinte sete milhões de reais, mas notícias obtidas junto a site na internet - vide fls. 1186/1187)- dão conta que os investimentos pretendidos pela Píer Mauá poderiam alcançar a casa dos duzentos milhões de reais), como quer fazer crer a Píer Mauá ao invocar tal interesse, item 3 a 6 – fls. 1137/1140, para justificar a necessidade de ver seu contrato prorrogado.

26. Notícia recentemente publicada, fls. 1188, revela que a aquela região da cidade é objeto de ambiciosos planos da prefeitura com vistas a sua revitalização. Entre eles encontra-se a implantação do chamado porto maravilha (empreendimento cultural a ser implementado justamente na área do Píer Mauá) e levar para região portuária do Rio de Janeiro diversos equipamentos urbanísticos de apoio aos eventos esportivos das olimpíadas de 2016. Vê-se, portanto, que a revitalização dessa área não está exclusivamente dependente da ação empreendida no bojo do contrato em questão.

27. Em segundo lugar, entendo necessário tecer alguns comentários que julgo pertinentes no que toca às situações envolvendo instauração de tomada de contas especial em face dos prejuízos sofridos por Docas decorrentes de irregularidades havidas na execução de contratos

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de arrendamento.28. De início, cabe destacar que os eventos danosos envolvendo a Píer Mauá, embora

consubstanciados em inadimplência de obrigações dessa empresa no âmbito da execução do contrato de arrendamento, não ensejam a aplicação da jurisprudência do TCU (Decisão nº 452/99-Plenário, Acórdão 1241/2008-2ª Câmara, v.g.) que entende que situações envolvendo inadimplência contratual não devem dar causa à instauração de TCE.

29. Não é o caso de subsumir as ocorrências em questão à mencionada linha jurisprudencial por dois motivos. O primeiro é o fato de não se poder afastar, prima facie, o concurso da atuação de servidores de Docas para a ocorrência do evento danoso.

30. De fato, as instâncias administrativas de Docas se mantiveram em atitude passiva diante da recorrente inadimplência da Píer Mauá para com suas obrigações contratuais, já que não aplicaram sanções na arrendatária no decurso do tempo em que ocorria a inadimplência contratual (praticamente o tempo transcorrido desde a assinatura da avença até a celebração do 4º termo aditivo que pretendeu reequacionar os termos da contratação para por fim as situações que davam causa a inadimplência).

31. O outro é a resistência, manifestada inclusive nos itens 45 a 47- fls. 1157/1158 do último arrazoado da Píer Mauá, em reconhecer que deve o pagamento das importâncias referentes ao inadimplemento do contrato, sendo que no 4º Termo Aditivo (fls. 03/10 do Anexo 14) foi aparentemente reconhecido o valor de R$ 157.870,87 como devido à Docas, valor expressivamente inferior aos mais de cinco milhões apurados pela comissão responsável pelo processo 1402/2002 (vide registro a esse respeito no item 24-III) supra).

32. Importa ressaltar que, por ser um contrato gerador de receitas para Docas, a concordância da contratada em reconhecer tal dívida seria fundamental, visto não ser possível para essa companhia adotar medidas dotadas de autoexecutoriedade, como a retenção de valores, por exemplo, para obter o ressarcimento dos valores referentes ao inadimplemento do contrato.

33. Diferente é a situação envolvendo os eventos danosos em decorrência de irregularidades na execução do contrato de arrendamento C-Depjur n.º 86/98, celebrado com a Moinhos Cruzeiro do Sul S/A. Conforme já relatado na instrução anterior, Docas informa ter optado pela extinção da TCE pertinente, já que estava tentando obter o ressarcimento no âmbito administrativo, via repactuação com a arrendatária que o contemplasse. Tendo sucesso em tal intento, é o caso de se aplicar o disposto na IN-TCU 56/97, segundo a qual só deve ser instaurada TCE quando esgotadas as medidas administrativas.

34. Feitas essas observações, passo a me pronunciar a respeito das propostas de encaminhamento constantes da instrução anterior.

35. Concordo, na essência, com as determinações lá alvitradas. Entretanto, considero, dada a resistência que vem demonstrando Docas em efetivar medida determinada há mais de 4 anos pela autoridade ministerial, que se deva determinar à CGU/RJ, para que, conforme estipula o art. 2º da Instrução Normativa - TCU Nº 56/2007, proceda à instauração da tomada de contas especial relativa ao contrato C-DEPJUR nº 100/97, conforme determinação nesse sentido exarada no Parecer CGAS/CONJUR/MT nº 229/2006, aprovado pelo Ministro de Estado dos Transportes em 04/07/2006.

36. Para abreviar os esforços de apuração, parece-me producente que se deva determinar à CGU-RJ, para efeito da referida instauração, que tome como ponto de partida, no que se refere à quantificação de débito e imputação de responsabilidades, as conclusões da comissão interna de Docas, responsável pela condução do Processo 1402/2002, de que o prejuízo sofrido por essa empresa montaria a R$ 5.738.843,08 e que a responsabilidade pelos eventos danosos envolvendo o C-DEPJUR Nº 100/97 deveriam recair sobre os ex-diretores de Docas Marco Aurélio Ribeiro e Ayrton Costa Xavier, solidariamente com a empresa Píer Mauá (acostei aos presentes autos, fls. 1189, cópia dos autos do TC 012.326/2005-7, com o relato, contido no

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Relatório de Auditoria , de nº 161448, da CGU/RJ, pertinente à matéria).37. Tendo em vista que os resultados das apurações a serem levadas a cabo em tal TCE

podem repercutir no mérito das presentes contas, entendo necessário que se sobreste o julgamento do mérito do feito até o deslinde da referida TCE.

38. Não obstante tal sobrestamento, urge, dadas as preocupações quanto ao destino do empreendimento manifestadas pela empresa Píer Mauá no arrazoado que de forma inopinada trouxe aos autos, que sejam proferidas a determinações sugeridas no subitem k.11 do item 73 - fls. 1123, e no subitem h) do mesmo item às fls. 1121.

39. Diante do exposto, somos pela remessa dos autos ao Gabinete do Ex.mo Sr. Ministro-Relator, Augusto Nardes, propondo:

I) seja determinado à CGU/RJ que, conforme estipula o art. 2º da Instrução Normativa - TCU Nº 56/2007, proceda à instauração da tomada de contas especial relativa ao contrato C-DEPJUR nº 100/97, conforme determinação nesse sentido exarada no Parecer CGAS/CONJUR/MT nº229/2006, aprovado pelo Ministro de Estado dos Transportes em 04/07/2006, tomando para tanto, como ponto de partida para efeito de tal instauração, no que se refere à quantificação de débito e imputação de responsabilidades, as conclusões da comissão interna de Docas, responsável pela condução do Processo 1402/2002, de que o prejuízo sofrido por essa empresa montaria a R$ 5.738.843,08 e que a responsabilidade pelos eventos danosos envolvendo o citado contrato de arrendamento deveria recair sobre os ex-diretores de Docas Marco Aurélio Ribeiro e Ayrton Costa Xavier, solidariamente com a empresa Píer Mauá;

II) sejam desconsideradas as propostas de decretação de nulidade dos Contratos C-Depjur n.º 100/97, C-Supjur n.º 60/05, C-Supjur n.º 61/05, e C-Depjur n.º 86/98, por inoportunas e contrárias ao interesse público;

III) seja determinado à Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A. – CDRJ que:III.1) informe esta Corte, com relação ao processo de tomada de contas especial

instaurada pela Portaria DIRPRE nº 118/2006, relativa ao contrato de arrendamento C-DEPJUR nº 86/1998, celebrado com a Moinhos Cruzeiro do Sul S/A, no prazo de 90 (noventa) dias:

a) total do débito apurado e a data de sua ocorrência;b) nome (s) e CPF (s) do (s) responsável (s) pelo pagamento do débito;c) como o débito está sendo pago pelo (s) responsável (s) (administrativamente ou

judicialmente);d) data de início do ressarcimento do débito;e) valor efetivamente já recebido, discriminando as parcelas pagas e respectivas datas de

pagamento, acompanhadas dos documentos comprobatórios;f) se existe contestação do débito por parte dos responsáveis, seja de natureza

adminstrativa ou judicial, com informação, em caso positivo, acerca da situação do processo; g) nome e CPF do responsável pelo acompanhamento do pagamento do débito;III.2) abstenha-se de prorrogar o Contrato C–Depjur n.º 100/97, após o término de sua

vigência;IV) sejam sobrestadas as presentes contas até o deslinde da TCE objeto da determinação

de instauração contida no item I acima.”

5. A representante do Ministério Público junto ao TCU, Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva, formulou o parecer de fls. 1.202/1.204, reproduzido abaixo:

“Após o último pronunciamento desta representante do Ministério Público nos autos, foram realizadas audiências e citações dos responsáveis pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) e de empresas contratadas acerca de irregularidades ocorridas no exercício de 2005, boa parte delas caracterizada por subsistência de medidas oriundas de atos de gestões

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anteriores da entidade jurisdicionada.2. De forma geral, estamos de acordo com os exames efetuados pela Unidade Técnica,

mais precisamente com os resultados consolidados e ajustados nos despachos e no parecer às fls. 1097/1125, 1173/1182 e 1190/1197. Entretanto, sem prejuízo das conclusões de mérito da matéria e das correspondentes propostas de determinações e de sobrestamento feitas pela Secex/RJ, ponderamos por consignar certa reserva sobre alguns tópicos específicos da análise, na forma exposta a seguir.

3. O motivo das audiências a respeito da omissão dos responsáveis da CDRJ em adotar providências administrativas ou judiciais para a nulidade ou a rescisão de contratos, entre eles o C-Depjur n.º 100/97, circunscreve-se nos presentes autos apenas aos atos do exercício de 2005, levando-se em consideração os eventos pretéritos em cada caso e as circunstâncias particulares de apurações sob o encargo das autoridades competentes, a exemplo da própria CDRJ e do Ministério dos Transportes. Assim, são preliminares os exames com o objetivo de confirmar ou não uma eventual proposta de determinar à CDRJ que adote providências para a nulidade do Contrato C-Depjur n.º 100/97, pois, como se sabe, os expedientes de audiência existentes nestes autos estão dirigidos aos dirigentes que atuaram na entidade pública em 2005, e não àqueles que por ela se responsabilizam na execução do contrato ainda em vigor no ano de 2010.

4. Nessa perspectiva, improcedem os argumentos da Píer Mauá S/A quanto à existência de contradição no fato de a Unidade Técnica entender por desconsiderar a vertente de nulidade contratual suscitada anteriormente no relatório de inspeção de 2006 e, ao mesmo tempo, propor que a CDRJ se abstenha de prorrogar o contrato no término de sua vigência. No caso, ao contrário da pretensão da empresa, a continuidade da prestação dos serviços na atualidade, antes mesmo de eventual prorrogação e ainda que eivada dos vícios ocorridos na fase licitatória, não se insere na hipótese de convalidação do contrato.

5. Com efeito, não há dúvida de que houve, na Concorrência n.º 4/94, inobservância de normas licitatórias no acréscimo de objeto estranho à prestação de serviço original na última fase do certame, na ausência de projeto básico e na transferência do contrato, no ato da celebração, a terceiro não participante da licitação, caracterizando-se pelo princípio da legalidade a ocorrência de vícios nos atos e no contrato deles resultante. Essas ocorrências constituem-se em vícios de procedimento, em relação à ausência de nova publicação do edital, e também em vícios de conteúdo, quanto à falta de projeto básico, ao acréscimo de objeto a licitação de natureza distinta de concessão pública e à celebração contratual com terceiro.

6. Como se sabe, a convalidação presta-se a corrigir defeitos sanáveis, operando efeitos retroativos ao momento da ocorrência dos vícios, contanto que não cause lesão ao interesse público ou prejuízo a terceiros. Em regra, requer que os atos sejam produzidos validamente na atualidade, mas retroagindo à origem e substituindo os vícios ali existentes.

7. Isso implica dizer, no caso concreto, que os defeitos de procedimento e de conteúdo na Concorrência n.º 4/94 e no Contrato C-Depjur n.º 100/97 se tornam insuscetíveis de convalidação, mediante a elaboração de projeto básico, seu acréscimo no edital com respectiva republicação e posterior alteração contratual no tocante ao objeto e à empresa contratada, por não poderem as medidas retroagir à época de realização do certame e serem capazes de afastar a infringência dos princípios da vinculação ao instrumento convocatório, da isonomia entre os licitantes e da competitividade e finalidade da licitação. Noutras palavras, tendo sido submetidos ao universo de interessados um determinado objeto do edital para elaboração de propostas de preço, não se poderá corrigir, em momento posterior, no edital e no contrato, os vícios identificados no instrumento convocatório original e no contrato, pois se privilegiaria o licitante vencedor e o terceiro contratado em relação aos demais interessados, com inobservância dos princípios da isonomia, da competitividade e da finalidade. A retroação exigida na convalidação requereria, por esses motivos, que fosse elaborado projeto básico,

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publicado novo edital e refeito o contrato com as devidas alterações, levando à necessidade de invalidar o certame e o contrato inicialmente realizados.

8. Contudo, a vertente de nulidade do contrato esbarra, como bem apontado pela Unidade Técnica (itens 28/30 às fls. 1107/1108 e item 39, II, à fl. 1196), nas questões relacionadas com a segurança jurídica, a boa-fé da contratada e as repercussões financeiras prejudiciais que adviriam para as partes contratantes e terceiros envolvidos após decorridos cerca de treze anos de vigência contratual, o que se coaduna com o entendimento de Weida Zancaner (Da convalidação e da invalidação dos atos administrativos. Malheiros, 3.ª ed., São Paulo: 2008, págs. 114/116) acerca da categoria dos ‘atos relativamente insanáveis ampliativos de direito’, marcada pela particularidade de boa-fé do administrado. Segundo a autora, embora esses atos não possam ser refeitos sem vício, ou seja, não possam ser convalidados pela Administração Pública nem sanados pelo particular afetado, ‘o dever de invalidar cede passo à segurança jurídica e à boa-fé dos administrados, desde que a situação gerada pelo ato relativamente insanável tenha em seu favor regra jurídica passível de ser invocada e que haja decorrido um lapso de tempo razoável após a instauração da situação inválida. Haverá, então, um confronto entre dois valores, dirimido após um processo interpretativo, e não por uma apreciação livre do administrador.’

9. Em virtude desses impedimentos, o ato insanável se transforma em irregular (no sentido de não ser viável invalidar), estabilizando-se com essa condição na ordem jurídica. Afirma nesse sentido Ricardo Marcondes Martins (Efeitos dos vícios do ato administrativo. Malheiros, São Paulo: 208, págs. 295/296): ‘Sem que o Estado tome providência alguma, sem a edição de qualquer ato jurídico, seja administrativo, seja jurisdicional, o ato inválido sofre uma mutação e se transforma num ato irregular. (...) Em muitas situações o peso dos princípios que justificam a conservação do ato inválido é tão acentuado que dispensa até a formal edição de uma norma jurídica sanatória do vício (...); aqui não há edição de uma norma jurídica, de um ato de convalidação, e, por isso, o instituto é denominado de estabilização’. Mais à frente na mesma obra (pág. 391), conclui o autor que ‘nos casos de estabilização do vício não há invalidação, ainda que haja impugnação do administrado ou do Ministério Público’.

10. Portanto, na mesma linha de raciocínio da Unidade Técnica, fica a nosso ver desconstituída a proposta inicial de nulidade do Contrato C-Depjur n.º 100/97 na atualidade, antes mesmo de realizar o contraditório e a ampla defesa dos gestores da CDRJ do exercício de 2010 e da empresa contratada. Todavia, especificamente quanto à gestão de 2005, objeto dos presentes autos, fica a nosso ver maculada de irregularidade o ato omissivo do então Diretor-Presidente da CDRJ, Senhor Antônio Carlos Soares Lima, em adotar providências judiciais para obter a nulidade do contrato, viável à época, ante as apurações desenvolvidas no Procedimento Administrativo n.º 1.402/2002.

11. A propósito, esses mesmos motivos sustentam, agora para o exercício de 2003, o recurso de revisão recentemente interposto por este Parquet ao julgamento das contas dos responsáveis pela CDRJ no TC-009.881/2004-6, acrescidas as razões recursais também de eventos irregulares relacionados com a inadimplência contumaz da empresa Triunfo Operadora Portuária Ltda. na execução do Contrato C-Depjur n.º 72/97.

12. Diante do exposto, esta representante do Ministério Público manifesta-se de acordo com a Unidade Técnica a respeito das propostas de determinações preliminares e de sobrestamento dos presentes autos (item 39 às fls. 1196/1197), observada a divergência indicada no item 10 deste parecer quanto ao julgamento de mérito das contas do Senhor Antônio Carlos Soares Lima (itens 31 e 73, letras ‘a’, parte final, e ‘i’, às fls.1110 e 1119/1120), a ser proferido em época oportuna.”

É o Relatório.

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VOTO

Em exame a prestação de contas da Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A. – CDRJ relativa ao exercício de 2005.2. A Secex/RJ, dentre as várias medidas saneadoras promovidas nestes autos, realizou inspeção na CDRJ com o objetivo de acompanhar a evolução das pendências verificadas nas contas da Companhia relativas ao exercício de 2003 (TC-009.881/2004-6), bem como colher subsídios para o exame das contas referentes aos exercícios de 2004 e 2005. Esse trabalho gerou o relatório de inspeção acostado às fls. 840/875.3. De posse dos achados colhidos nesta fiscalização, a unidade técnica os confrontou com os elementos que compõem esta prestação de contas e concluiu pela ocorrência de irregularidades na área de licitações e contratos, principalmente, das quais algumas não correspondiam a atos de gestão praticados no exercício de 2005. Na sequência, mediante intervenção do Ministério Público junto ao TCU (fls. 888/892), autorizei a realização de audiências e citações dos responsáveis, bem como as oitivas das sociedades empresárias interessadas, face às ocorrências vinculadas à gestão de 2005, quais sejam:

i. “ato antieconômico de gestão, caracterizado pela opção da cobrança de juros e de correção monetária em montante inferior ao da parcela da comissão de permanência prevista nos contratos C-Depjur nºs 71/97 e 72/97, gerando prejuízo à CDRJ”;

ii. “assinatura dos Contratos C-Supjur nºs 60/2005 e 61/2005 (Nitport e Nitshore S.A.) com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, contrariando o art. 50 da Lei nº 8.666/1993, e, ainda, pela omissão em cumprir a exigência de envio prévio a tais contratações de documentos a este Tribunal, indicada no art. 7º, § 1º, do Decreto nº 4.391/20002”;

iii.“não-cumprimento do prazo de 60 dias, estabelecido no art. 8º da Instrução Normativa TCU nº 44/2002, para que fossem cadastrados os atos de admissão dos 270 novos guardas portuários no TCU/Sisacnet”;

iv. ausência de providências administrativas e/ou judiciais visando à declaração de nulidade do Contrato C-Depjur nº 100/1997, celebrado com a sociedade empresária Píer Mauá S.A., ante os seguintes fatos:

a. “realização de concessão de serviço público sem a abertura de regular certame licitatório, já que o objeto referente à estação marítima de passageiros foi acrescentado apenas na fase final da Concorrência Pública nº 04/94, quando havia apenas um concorrente, infringindo previsão expressa no art. 175 da Constituição Federal”;

b. “inexistência de projeto básico dotado de prévia aprovação pela autoridade competente, violando o art. 7º, § 6º, da Lei nº 8.666/1993”;

v. “celebração de contrato com terceiro estranho ao procedimento licitatório, haja vista ter vencido a licitação o consórcio ENGEPASA-LIX-CONTER-IESA, mas ter assumido o contrato a Construtora Floriano Ltda., transgredindo o art. 50 da Lei de Licitações e Contratos”; e

vi. ausência de providências administrativas visando à rescisão unilateral dos Contratos C-Depjur nºs 71/1997 e 72/1997, celebrados com a empresa Triunfo Operadora Portuária Ltda., por motivo de inadimplência contumaz causadora de prejuízos financeiros à CDRJ.4. No trâmite processual que seguiu, a Secex/RJ rejeitou parcialmente os argumentos de defesa oferecidos pelos responsáveis e pelas pessoas jurídicas interessadas. Todavia, manifestou-se pela manutenção dos contratos considerados inválidos até os respectivos termos finais – após o que não haveria possibilidade de prorrogações –, em homenagem ao princípio da segurança jurídica, haja vista que os efeitos decorrentes de eventual determinação à entidade no sentido de lhe impor obrigação de rescindir tais instrumentos ocasionariam sérios prejuízos aos contratantes e atentariam contra o interesse público. 5. Superada essa fase, a instrução processual concentrou-se nos Contratos C-Depjur

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nºs 100/1997 e 86/1998, para os quais a unidade técnica constatou haver necessidade de nova diligência, destinada a verificar o andamento das correspondentes tomadas de contas especiais instauradas pela autoridade competente, cujo resultado poderia impactar a avaliação meritória desta prestação de contas.6. A respeito do Contrato nº C-Depjur 86/1998, a CDRJ informou que foi extinta a tomada de contas especial por ter sido feita opção de se buscar o ressarcimento do prejuízo mediante repactuação do contrato com a arrendante. Com base nisso, a Secex/RJ sugere seja determinado à Companhia que apresente informações acerca das providências administrativas adotadas visando ao alcance desse intento.7. Quanto ao Contrato nº 100/1997, em virtude da delonga da CDRJ em instaurar tomada de contas especial, alvitra a unidade técnica que seja direcionada determinação à Controladoria-Geral da União, para que proceda à instauração da tomada de contas especial, conforme orientação expressa em parecer jurídico exarado no âmbito do Ministério dos Transportes. Em consequência, aconselha o sobrestamento dos autos, uma vez que o deslinde da questão poderá impactar o mérito das presentes contas. 8. A representante do Parquet especializado concorda com o encaminhamento proposto pela Secex/RJ. Discorda, todavia, quanto ao mérito das contas do Sr. Antônio Carlos Soares Lima, a ser oportunamente apreciado, essencialmente por considerar que o responsável incorreu em omissão ao ter deixado de adotar providências visando à anulação da avença.9. Manifesto-me, no essencial, de acordo com o encaminhamento uniforme sugerido nos pareceres exarados no processo. 10. Embora exista questão preliminar a ser resolvida antes do julgamento de mérito definitivo destas contas, entendo não ser o caso de se impor determinação à CDRJ para que adote medidas com vistas à declaração de nulidade do Contrato nº 100/1997. Primeiro, porque, nesta oportunidade, não está sendo apreciado o mérito das presentes contas, o que passa necessariamente pelo exame razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis em face das irregularidades constatadas no contrato. Segundo, porque, consoante bem exposto nos autos, tudo leva a crer que a rescisão do contrato acarretaria prejuízos irreparáveis às partes, contrária, portanto, ao interesse público, dada a existência de relações jurídicas consolidadas durante o longo interregno de vigência do ajuste, o que faz prevalecer o princípio da segurança jurídica ante o princípio da legalidade. 11. Esta Corte, diante de situações excepcionais, perfilhou posicionamento semelhante, conforme se depreende da leitura do voto condutor do Acórdão nº 290/2007-Plenário, da lavra do Ministro Guilherme Palmeira, cujo excerto, elucidativo ao caso, transcrevo:

“Por isso, a consolidação de um estado de fato, em que não se possa vislumbrar prejuízo para o interesse que a Lei busca proteger, torna sem objeto a pronúncia do vício. O desfazimento do ato, quando inocorrente prejuízo ao interesse público, encontraria obstáculo na impossibilidade de reposição absoluta da situação fática no estado anterior. A proclamação da nulidade depende da concorrência de dois requisitos. Deve haver, de um lado, o vício; de outro, deve existir o prejuízo.

A invalidação do contrato se orienta pelo princípio do prejuízo. Na ausência de prejuízo ao interesse público, não ocorre a invalidação.”

12. Cumpre destacar, nessa linha, a pertinência de aresto do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (5ª Turma, Apelação Cível 2000.33.020704-8/BA, DJ 21/5/2002, p. 357), ventilado nos autos do TC-020.682/2005-7 (apreciado em caráter reservado), no qual aquele Tribunal discorreu sobre os impedimentos à teoria das nulidades no Direito Administrativo, enfatizando-se a necessidade de prevalência do interesse público concreto em detrimento do interesse público abstrato, nas hipóteses em que a invalidade do ato administrativo que tenha alcançado a finalidade para a qual foi editado se traduzir em medida desproporcional em face dos reflexos dela decorrentes.13. Ainda quanto ao Contrato nº 100/1997, as apurações levadas a efeito pela unidade técnica expuseram a delonga da CDRJ em, primeiramente, instaurar procedimento administrativo com vistas à

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apuração das irregularidades constatadas nesse ajuste e, posteriormente, concluir a tomada de contas especial instaurada em abril de 2008 por força da Portaria DIRPRE nº 73/2008.14. Com efeito, orientação nesse sentido constou do Parecer CGAS/CONJUR/MT nº 229, aprovado pelo Ministro dos Transportes em 4/7/2006, no qual se considerou que a inclusão, no contrato, de objeto estranho ao procedimento licitatório – substituição do Píer Mauá pelo imóvel da Estação Marítima de Passageiros, mediante o 4º termo de aditamento – poderia acarretar prejuízo ao erário caso a contratada se recusasse a pagar pelo arrendamento da Estação Marítima de Passageiros. Por essa razão, uma das conclusões daquele parecer foi no sentido da instauração de tomada de contas especial destinada à apuração e recomposição do dano à companhia. 15. Ante os fatos ora relatados, acolho a proposta consistente em determinar à Controladoria-Geral da União que proceda à instauração da tomada de contas especial para apurar o indício de prejuízo aos cofres da CDRJ em vista do Contrato nº 100/1997, em atenção ao parecer jurídico exarado no âmbito do Ministério dos Transportes. Em acréscimo, considero pertinente que o Controle Interno, em caráter prévio à adoção da providência indicada acima, certifique-se de verificar se a CDRJ não concluiu a tomada de contas especial decorrente da Portaria DIRPRE nº 73/2008, informando a este Tribunal as ações adotadas. 16. Por consequência, deve esta prestação de contas ser sobrestada, com fundamento no art. 10, § 1º, da Lei nº 8.443/1992, c/c o § 1º do art. 201 do Regimento Interno do TCU.17. Não obstante os argumentos de defesa apresentados pelos defendentes nesta oportunidade, ressalto que a medida ora proposta tem como consequência a remissão do exame de mérito da matéria para os autos de tomada de contas especial que ingressará nesta Corte, nos quais se permitirá às partes ampla dilação probatória ao ser-lhes facultadas as garantias do contraditório e da ampla defesa.

Pelas razões expostas, acolhendo parcialmente a proposta de mérito sugerida pela Secex/RJ, que contou com a anuência do Parquet especializado, VOTO no sentido de que seja adotado o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 9 de novembro de 2010.

AUGUSTO NARDES Relator

ACÓRDÃO Nº 7326/2010 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 015.206/2006-0 (c/ 6 volumes e 16 anexos). 2. Grupo II – Classe II – Assunto: Prestação de Contas – Exercício de 2005.3. Interessados/Responsáveis:3.1. Interessados: Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A.; Moinhos Cruzeiro do Sul S.A.

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(88.301.155/0020-71); Nitport Serviços Portuários S.A. (07.522.104/0001-05); Nitshore Engenharia e Serviços Portuários S.A. (07.522.140/0001-79) e Pier Mauá S.A. (02.434.768/0001-07).3.2. Responsáveis: Alexandre Tavares de Oliveira (463.078.857-34); Antonio Carlos Soares Lima (550.929.937-15); Antonio da Silva Oliveira Filho (300.611.807-34); Ayrton Costa Xavier (028.442.227-49); Célia Corrêa (221.301.361-68); Delmo Manoel Pinho (695.346.597-20); Dorismar Coelho Couto (424.838.406-04); Francisco José Robertson Pinto (504.895.507-20); Getulio Luiz Bezerra (183.748.249-72); José Alves Sobrinho (480.910.067-72); José Augusto da Fonseca Valente (214.692.967-72); José Carlos Duarte Eiras (186.142.487-68); Luciane Pimentel de Lima (958.922.147-53); Luiz Rafael D'oliveira Mussi (601.399.947-34); Maira Cauhi Wanderley (079.869.427-03); Mario Ferreira Vianna (314.700.417-15); Mauro Fernando Orofino Campos (029.765.017-34); Paulo de Tarso Carneiro (011.049.000-25); Pedro da Costa Carvalho (041.309.362-04); Raul de Bonis Almeida Simões (274.544.877-34); Richard Klien (032.769.537-49); Sérgio Magalhães Giannetto (550.085.777-00); Triunfo Operadora Portuária Ltda (29.355.260/0001-61); Vilmar Valle (054.235.217-69); Vitorino Luis Domenech Rodrigues (220.349.007-15) e Wagner Granja Victer (763.609.467-34).4. Unidade: Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A.5. Relator: Ministro Augusto Nardes.6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro - Secex/RJ.8. Advogados constituídos nos autos: Alexandre de La Roca Tavares (OAB/RJ 117.314); Ana Fatima Bastos de Plaza (OAB/RJ 50.940); Bianca Rodrigues Xavier Lima de Vasconcelos (OAB/RJ 84.418); Carlos Henrique Bezerra de Melo (OAB/RJ 113.422); Dorismar Coelho Couto (OAB/RJ 63.926); João Carlos Feuermann Missagia (OAB/RJ 130.682); José Esquenazi Neto (OAB/RJ 114.029); Luiz Stefano Rosano Fantappié (OAB/RJ 92.849); Marcia Lopes Gomes (OAB/RJ 130.542); Maria José do Nascimento (OAB/RJ 39.613); Mauricio Fernandes de Moraes (OAB/RJ 61.680); Milena Motta de Assumpção (OAB/RJ 125.615); Rafael de Souza Fernandes Barboza (OAB/RJ 57.440); Renata da Silva Fernandes Antunes (OAB/RJ 109.349); Renato Henriques Teixeira (OAB/RJ 55.960); Rogério Alaylton D’Angelo (OAB/RJ 58.050); Roney Rios Figueira (OAB/RJ 125.104); Solange da Cunha Pacheco (OAB/RJ 119.176); Dina Oliveira de Castro Alves (AO/DF 17.343) e Paulo Osternack Amaral (OAB/PR 38.234).

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de prestação de contas da Companhia Docas do Rio

de Janeiro S.A. relativa ao exercício de 2005,ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara,

ante as razões expostas pelo Relator, em:9.1. com fundamento no art. 10, § 1º, da Lei nº 8.443/1992, c/c o § 1º do art. 201 do Regimento

Interno do TCU, sobrestar o julgamento das contas até a apreciação dos processos de que tratam os subitens 9.2 e 9.3 deste acórdão;

9.2. com fundamento no art. 2º da Instrução Normativa TCU nº 56, de 5/12/2007, determinar à Controladoria-Geral da União que proceda à instauração da tomada de contas especial relativa ao Contrato C-Depjur nº 100/1997, depois de certificar-se se a Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A. concluiu a tomada de contas especial decorrente da Portaria DIRPRE nº 73/2008, em atenção à orientação contida no parecer CGAS/CONJUR/MT nº 229/2006, aprovado pelo Ministro de Estado dos Transportes em 4/7/2006, bem como se manifeste acerca das conclusões a que chegou a comissão interna responsável pela condução do Processo Administrativo nº 1.402/2002, segundo a qual o prejuízo sofrido pela companhia montaria a R$ 5.738.843,08 (cinco milhões, setecentos e trinta e oito mil, oitocentos e quarenta e três reais e oito centavos) e a responsabilidade pelos eventos danosos referentes ao citado contrato de arrendamento deveria recair sobre os ex-diretores Marco Aurélio Ribeiro e Ayrton Costa Xavier, solidariamente com a empresa Píer Mauá;

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9.3. determinar à Companhia Docas do Rio de Janeiro S.A. que informe a este Tribunal, com relação à tomada de contas especial instaurada pela Portaria DIRPRE nº 118/2006, relativa ao contrato de arrendamento C-Depjur nº 86/1998, celebrado com a Moinhos Cruzeiro do Sul S.A., no prazo de 90 (noventa) dias:

9.3.1. o total do débito apurado e a data de sua ocorrência; 9.3.2. o nome(s) e CPF(s) do(s) responsável(is) pelo pagamento do débito; 9.3.3. como o débito está sendo pago pelo(s) responsável(s), se pela via administrativa ou

judicial;9.3.4. a data de início do ressarcimento do débito; 9.3.5. o valor efetivamente recebido, discriminando as parcelas pagas e respectivas datas de

pagamento, acompanhadas dos documentos comprobatórios; 9.3.6. se existe contestação do débito por parte dos responsáveis, seja de natureza administrativa

ou judicial, com informação, em caso positivo, acerca da situação do processo; e 9.3.7. o nome e o CPF do responsável pelo acompanhamento do pagamento do débito.

10. Ata n° 38/2010 – 1ª Câmara.11. Data da Sessão: 9/11/2010 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-7326-38/10-1.13. Especificação do quorum:13.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Walton Alencar Rodrigues e Augusto Nardes (Relator).13.2. Auditor convocado: Marcos Bemquerer Costa.13.3. Auditor presente: Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)VALMIR CAMPELO

(Assinado Eletronicamente)AUGUSTO NARDES

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)PAULO SOARES BUGARIN

Subprocurador-Geral

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