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RESUMO EXPANDIDO: REDAÇÃO E NORMALIZAÇÃO Fábio José Rauen Resumo: Este ensaio apresenta orientações para a redação e normalização de resumos expandidos e integra o Projeto de Promoção de Produção Científica em Cursos de Licenciatura do Plano Nacional de Formação de Professores da Universidade do Sul de Santa Catarina – PARFOR/UNISUL. Palavras-chave: Resumo Expandido. Redação Científica. Normalização. 1 Introdução O relato dos resultados é a etapa final de uma pesquisa. A produtividade intelectual de um pesquisador é medida pela quantidade de publicações que ele produz, fato que é resumido pela máxima “Publique ou pereça!” (Publish or perish!, em inglês). É justamente neste ponto que produção científica e comunicação científica interconectam-se, ou seja, a medida do que é ser um bom cientista passa pela competência desse cientista em redigir adequadamente produtos escritos aceitos pela academia. Não são poucos os gêneros textuais acadêmicos. Há monografias, dissertações e teses, consideradas trabalhos de Orientações para a redação e normalização de resumos expandidos como parte do Projeto de Promoção de Produção Científica em cursos de licenciatura do Plano Nacional de Formação de Professores da Universidade do Sul de Santa Catarina. Docente do PARFOR/UNISUL. Coordenador e Docente do Programa de Pós- graduação em Ciências da Linguagem da UNISUL. Mestre e Doutor em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: [email protected].

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RESUMO EXPANDIDO: REDAÇÃO E NORMALIZAÇÃO

Fábio José Rauen

Resumo: Este ensaio apresenta orientações para a redação e normalização de resumos expandidos e integra o Projeto de Promoção de Produção Científica em Cursos de Licenciatura do Plano Nacional de Formação de Professores da Universidade do Sul de Santa Catarina – PARFOR/UNISUL.

Palavras-chave: Resumo Expandido. Redação Científica. Normalização.

1 Introdução

O relato dos resultados é a etapa final de uma pesquisa. A produtividade

intelectual de um pesquisador é medida pela quantidade de publicações que ele produz, fato

que é resumido pela máxima “Publique ou pereça!” (Publish or perish!, em inglês). É

justamente neste ponto que produção científica e comunicação científica interconectam-se, ou

seja, a medida do que é ser um bom cientista passa pela competência desse cientista em

redigir adequadamente produtos escritos aceitos pela academia.

Não são poucos os gêneros textuais acadêmicos. Há monografias, dissertações e

teses, consideradas trabalhos de conclusão de curso; relatórios científicos, considerados

relatos de pesquisa; livros, coletâneas e folhetos, considerados textos de consolidação do

conhecimento; artigos em periódicos científicos, ensaios, papers, comunicações científicas,

resumos expandidos, pôsteres e resenhas críticas, considerados, cada um a seu modo,

produtos emergentes em ciência; e currículos e memoriais descritivos, considerados textos

sobre a trajetória acadêmica e profissional de um pesquisador.

Neste texto, está-se interessado nos resumos expandidos. Conforme Rauen (2013,

no prelo), por resumo expandido “define-se um texto de três páginas no máximo, que resume

um texto acadêmico de maior extensão com o objetivo de difundir publicamente a pesquisa e

de ser publicado em anais de eventos”. Um resumo expandido, a rigor, é um texto que traduz,

em menor extensão, a estrutura dos textos de que se originam.

Orientações para a redação e normalização de resumos expandidos como parte do Projeto de Promoção de Produção Científica em cursos de licenciatura do Plano Nacional de Formação de Professores da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Docente do PARFOR/UNISUL. Coordenador e Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem da UNISUL. Mestre e Doutor em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: [email protected].

Essa caracterização põe em evidência dois aspectos relevantes de um resumo

expandido. De um lado, ele pode ser visto como uma expansão de um resumo informativo ou

abstract; de outro, ele é uma compressão de um texto original mais extenso, em geral um

artigo científico ou paper. Em função dessa caracterização, apresenta-se neste texto o que

caracteriza um resumo ou abstract e um artigo ou paper para então dar conta da

caracterização de um resumo expandido, destacando sua normalização.

2 RESUMOS OU ABSTRACTS

Por resumo ou abstract define-se um texto curto que consiste numa “apresentação

concisa de pontos relevantes de um texto” (NBR 6028) na forma de uma sequência corrente

de frases.1 Motta-Roth e Hendges (2010, p. 152) afirmam que um resumo encapsula a

essência do trabalho e “serve para sumarizar, indicar e predizer, em um parágrafo curto, o

conteúdo e a estrutura do texto integral que segue.” Um resumo é, portanto, um texto de único

parágrafo que visa a apresentar o conteúdo de uma pesquisa o mais condensado possível.

Um resumo serve como documento primário, quando remete diretamente a artigos

e outras partes de revistas, relatórios, teses, monografias, anais ou atas de congressos e

patentes; como documento secundário, quando integra publicações de indexação e análise,

prospectos e catálogos de editoras e livrarias; ou como elemento de bases de dados.

Quando se publica um resumo em cadernos de resumos de eventos, o texto visa a

fornecer informações importantes para o participante decidir se participará da respectiva

comunicação. Quando se publica um resumo em base de dados, o texto serve para o leitor

decidir se deve ou não adquirir e ler o texto integral. Quando se publica um resumo em anais

ou periódicos, o resumo fornece acesso rápido ao conteúdo do texto que acompanha. Um

resumo, portanto, representa ou está no lugar de um texto mais extenso.

O resumo é um texto na forma de um parágrafo, o mais curto possível, cuja

extensão se mensura em quantidade de palavras. Recomenda-se que os resumos tenham as

seguintes extensões: em notas e comunicações até 50 palavras; em monografias e artigos até

125 palavras; em relatórios e dissertações até 250 palavras; e em teses até 500 palavras.

Um resumo informativo traduz em um parágrafo a estrutura do texto completo.

Em geral, apresenta objetivo, método, resultados e conclusões da pesquisa. O objetivo é

1 A rigor, entretanto, é possível reconhecer quatro tipos de resumo: indicativo, quando apenas indica os elementos essenciais de um texto; informativo, quando auxilia o leitor a decidir se vale a pena ler o texto integral e, nesse caso, é um texto condensado do texto de base (o tipo destacado neste ensaio); informativo/indicativo, quando é uma mescla dos tipos anteriores; e crítico, quando se propõe a ser uma interpretação do texto original (trata-se de uma resenha ou recensão desse texto, portanto).

2

transcrito; o método deve ser conciso, destacando-se novas técnicas, o núcleo da metodologia

e a ordem das operações; os resultados devem ressaltar fatos novos, descobertas, contradições

frente a teorias anteriores, relações e efeitos novos; e as conclusões podem incluir

consequências dos resultados, interações dos resultados com os objetivos, recomendações,

aplicações, sugestões, novas relações e hipóteses corroboradas ou refutadas.

De uma forma prática, um resumo informativo pode ser construído em três

períodos linguísticos, conforme a seguinte formulação: objetivo geral – ‘Este trabalho teve

como objetivo x’; metodologia (coleta e análise) – ‘Para tanto foi feito x’; resultados e/ou

conclusões – ‘Os resultados são x’, ‘Conclui-se x’. 2

3 O ARTIGO CIENTÍFICO OU PAPER

Definição. Por artigo define-se um texto breve, entre cinco e dez mil palavras,

que publica os resultados de uma investigação científica em seções principais de periódicos

especializados (jornais, revistas, anais ou outro órgão de divulgação científica).3 Trata-se de

um “texto com autoria declarada que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos

e resultados nas diversas áreas do conhecimento.” (ABNT, NBR 6022).

Redação. A redação de um artigo científico não diverge do esquema tradicional

que divide o texto em três grupos de categorias principais: introdução, desenvolvimento e

conclusão. Apesar disso, é sabido que diferentes comunidades discursivas constroem ao longo

do tempo diferentes formas de organização dos textos. Ciências humanas e sociais tendem a

eleger esquemas mais próximos da estrutura convencional dos textos. Ciências exatas e

biológicas tendem a eleger esquemas mais adequados aos interesses de pesquisa que

defendem.4 A despeito das diferenças, é possível destacar dois grandes esquemas de

organização textual de artigos: o modelo convencional, em geral mais aceito em ciências

humanas e sociais, e o modelo IMRAD, em geral mais aceito em ciências exatas e biológicas.

3.1 MODELO CONVENCIONAL

2 Para uma análise mais completa sobre o tema, ver Motta-Roth e Hendges (2006) e Rauen (2013, no prelo)3 Por periódico define-se “uma publicação em qualquer tipo de suporte, editada em unidades físicas (ou

virtuais) sucessivas com designações numéricas e/ou cronológicas, destinada a ser continuada indefinidamente” (ABNT, NBR 6022, acréscimo do autor), dedicada à publicação de estudos de natureza acadêmica e científica, em especial, artigos originais.

4 Mesmo que assim não fosse, vale reconhecer que um artigo que se refere a uma pesquisa bibliográfica deve demandar uma estrutura diferente daquela que uma pesquisa experimental demanda, ou que uma pesquisa qualitativa deve demandar itens textuais diferentes daqueles demandados por uma pesquisa quantitativa.

3

Caracterização. No modelo convencional, o artigo é dividido em introdução,

desenvolvimento e conclusão (o esquema básico de um trabalho bibliográfico).

Costumeiramente, o desenvolvimento de um artigo se subdivide em três seções próprias:

fundamentação teórica, metodologia e análise de dados ou achados.

Introdução. A seção de introdução engloba desde a delimitação de um tema e a

prospecção de um problema até a definição de objetivos no interior de um quadro que captura

a relevância da investigação. Para cumprir seu caráter introdutório, costuma-se indicar em

quantas seções o artigo está dividido e, em resumo, do que cada seção dará conta.5

Em geral, todos os elementos que configuram a introdução estão redigidos no

respectivo projeto de pesquisa. Todavia, não se trata apenas de copiá-los para o texto, porque

entre a projeção da pesquisa e sua realização, há mudanças que decorrem do amadurecimento

das reflexões, do cotejo de perspectivas e evidências e da retroalimentação ou impacto das

conclusões sobre as ideias iniciais que geraram o projeto. Conforme estas alterações, a mera

transposição da introdução do projeto no trabalho final pode gerar incoerências entre o que se

planejou e o que se obteve na pesquisa.

Além disto, é preciso rever o texto da introdução do projeto em seus aspectos

mais formais. Por exemplo, a introdução de um projeto é prospectiva, e os verbos estão

conjugados no futuro. O trabalho final é retrospectivo: é um relato da pesquisa já realizada.

Neste caso, os verbos tendem a ser conjugados nos tempos do relato, tais como o pretérito

perfeito simples (fez) ou composto (tem feito) ou, minimamente, no presente da narrativa

(faz).

Há inúmeras formas de conduzir o texto de uma introdução. Uma alternativa

viável é iniciar o texto, do mais amplo para o mais específico, sempre observando que os

argumentos que justificam a relevância da pesquisa devem fazer parte de toda introdução. Em

primeiro lugar, deve-se delimitar o tema da pesquisa, considerando o assunto do qual ele foi

obtido. Em seguida, vale destacar o problema ou as questões de pesquisa no interior deste

tema. Com base neste tema, segue-se a apresentação do(s) objetivo(s) da pesquisa e, conforme

o caso, de como se pretende atingi-lo(s). A redação da introdução se encerra, então, indicando

o conteúdo das seções que compõe o texto.

Fundamentação Teórica. A fundamentação teórica consiste na revisão criteriosa

da literatura pertinente como base para a compreensão do objeto de pesquisa e dos métodos de

coleta e de análise dos dados. Há diferentes formas de redigi-la. No caso de pesquisas

bibliográficas, ela própria é o desenvolvimento da pesquisa. Em muitos artigos, a revisão

5 Trata-se de uma operação desnecessária em resumos expandidos.

4

pode ser diluída em todas as seções. No caso de pesquisas de teoria embasada, ela é

desenvolvida concomitantemente à análise. Quanto mais complexo for o tratamento teórico,

por hipótese, maior será a necessidade de dividir o texto em seções à parte.

Metodologia. A metodologia dá conta do processo de coleta e de análise dos

dados, podendo conter, conforme o desenho da pesquisa, a proposição de hipóteses ou de

questões de pesquisa e respectivas variáveis, bem como seus possíveis tratamentos.6

Prototipicamente, vale iniciar a seção pela definição do desenho de pesquisa,

seguida pela discussão de hipóteses e variáveis ou questões de pesquisa para, em seguida,

explicitar os procedimentos de obtenção, tratamento, análise e discussão de dados ou achados.

Como se trata de uma seção que compõe o projeto de pesquisa, as mesmas

ressalvas da introdução servem para a metodologia, pois as ações são prospectivas nos

projetos e retrospectivas nos trabalhos finais. Por exemplo, não cabe reproduzir cronograma e

orçamento, mas relatar como as ações cumpriram o cronograma estabelecido ou como foram

empregados os recursos.

Análise. A análise consiste na dissecação crítica dos dados ou achados conforme

o método descritivo e explanatório escolhido. Do ponto de vista textual, há duas formas de

conduzir este processo. A seção pode ser denominada de análise e interpretação dos dados,

sugerindo que o texto será dividido em duas subseções pelo menos, a primeira dedicada à

descrição dos dados e a segunda à interpretação. Neste caso, cabe ainda uma seção formal de

conclusão. Alternativamente, como costuma acontecer em ciências humanas, análise e

interpretação são redigidas concomitantemente, cabendo à conclusão enfeixar os resultados.

Conclusões. As conclusões ou considerações finais refletem um processo de

síntese onde os resultados da pesquisa são cotejados com o quadro mais amplo de onde surgiu

o problema ou as questões de pesquisa.7

Segue-se um roteiro de itens para a elaboração desta seção: recapitulação de

problema, questões de pesquisa ou objetivos do trabalho para que o leitor possa atualizar as

metas da investigação; resumo dos principais aspectos teóricos considerados, caso pertinente;

resumo dos procedimentos de coleta e de análise dos dados, enfatizando as hipóteses,

conforme o caso; resumo dos principais resultados descritivos e interpretativos da pesquisa,

6 Vale destacar que há casos onde as hipóteses e as questões de pesquisa são antecipadas na introdução, a metodologia é implícita ou se torna irrelevante, como é o caso de pesquisas bibliográficas, ou a metodologia é suficientemente simples, de modo que os procedimentos de coleta e de análise compõem uma seção introdutória da seção da análise dos dados.

7 A expressão ‘conclusões’ é mais adequada a pesquisas quantitativas, pois elas delimitam uma questão objetiva a ser respondida, e a expressão ‘considerações finais’ é mais adequada para pesquisas qualitativas, pois elas pressupõem que não há como estabelecer quaisquer conclusões definitivas para questões sociais.

5

determinando que hipótese foi corroborada, que questões de pesquisa foram respondidas ou

que objetivos foram alcançados, conforme o caso; apresentação de limitações das conclusões,

ou seja, que variáveis ou fatores podem ter interferido na qualidade das conclusões;

apresentação de sugestões para futuros trabalhos na área, ou seja, que contribuições a pesquisa

fornece para quem quer progredir no mesmo tema; recomendação de utilização dos

resultados, reafirmando as finalidades da pesquisa; encerramento do texto.

3.2 MODELO IMRAD

Definição. Por esquema IMRAD define-se a sigla da sequência textual que

organiza os artigos acadêmicos em seções denominadas introduction, methods and materials,

results e discussion (introdução, materiais e métodos, resultados e conclusões), que foi

estabelecida pelo International Comitee of Medical Journals Editors – ICMJE (Comitê

Internacional de Editores de Revistas Médicas).

Caracterização. Neste esquema, a seção de introdução consiste na apresentação

de fatos conhecidos, resumo de estudos prévios, generalizações sobre o conhecimento

partilhado e na indicação da importância do assunto para a área em direção à identificação de

um problema a ser estudado. A seção de metodologia consiste na descrição dos materiais e

procedimentos usados no trabalho para estudar o problema. A seção de resultados consiste na

apresentação das informações decorrentes da coleta e da análise dos dados ou achados. A

seção de discussão, por fim, consiste na interpretação dos resultados em relação ao que se

alcançou no conhecimento do problema.

Lógica. Conforme Day (2001, p. 7), a lógica do esquema IMRAD pode ser

definida conforme as respostas a quatro interrogações norteadoras: a introdução responde à

pergunta Qual questão (problema) foi estudada?; os métodos respondem à pergunta Como o

problema foi estudado?; os resultados respondem à pergunta Quais foram as descobertas?; e

a discussão responde à pergunta O que estas descobertas significam?.

Habilidades. Para Motta-Roth e Hendges (2010, p. 68-69), o autor de um artigo

deve demonstrar habilidade para selecionar referências bibliográficas relevantes; refletir sobre

estudos anteriores da área; delimitar um problema ainda não totalmente estudado na área;

elaborar uma abordagem para o exame deste problema; delimitar e analisar um corpus

representativo do universo sobre o qual se quer alcançar generalizações; apresentar e discutir

os detalhes da análise do corpus; e concluir, elaborando generalizações a partir destes

resultados, conectando-as aos estudos prévios dentro da área de conhecimento em questão.

6

Delimitação/ampliação. Segundo as autoras (2010, p. 68ss), o modelo IMRAD

pode ser descrito por dois triângulos espelhados. O primeiro triângulo, representado pela

seção de introdução, exibe a passagem da amplitude do campo ou da disciplina em direção a

um nicho no conhecimento onde há um problema específico ainda não resolvido. O segundo

triângulo, representado especialmente pela seção de discussão, exibe a passagem dos

resultados obtidos pela pesquisa para implicações mais amplas do campo ou da disciplina.

Entre os dois triângulos estão a metodologia e a apresentação dos resultados da pesquisa

como instância particular de (a) e como suporte necessário de (b).

Figura 1 – O artigo científico

Fonte: Adaptação de Motta-Roth e Hendges, 2010, p. 69, com base em Soppelsa e West, 1982, p. 335.

Dois argumentos. Volpato (2011) considera que um artigo científico comporta

dois argumentos. Ele defende que a introdução consiste num primeiro argumento, e as demais

seções consistem num segundo argumento, cada qual contendo premissas e conclusão.

Na introdução, as premissas consistem em proposições que fundamentam o

objetivo do estudo, que funciona como conclusão destes juízos. Em outras palavras, o

esquema de uma introdução consiste em apresentar um conjunto de proposições que

fundamentam o objetivo da pesquisa. Volpato propõe escrever a introdução do artigo, retirar o

objetivo e fornecer o texto remanescente a um leitor. Se o texto da introdução estiver

adequadamente escrito, então será fácil para o leitor deduzir dele o objetivo da pesquisa.

Nas demais seções, métodos, resultados e comparação dos resultados entre si e

dos resultados com a literatura funcionam como premissas de um segundo argumento, e a

seção de conclusões funciona como conclusão deste argumento. Em outras palavras, dada a

Introdução

Delimitação

Metodologia

Resultados

Ampliação

Discussão

7

comparação dos resultados entre si e dos resultados com a literatura, e tendo sido estes

resultados obtidos com base em determinados métodos, então se seguem dedutivamente as

conclusões obtidas. Mais uma vez, se as três seções do artigo estiverem bem redigidas, então

será fácil para o leitor deduzir delas as conclusões do trabalho.

Introdução. A introdução do artigo visa a fornecer dados que permitam ao leitor

compreender e avaliar os resultados e estabelecer a relevância do estudo. O autor deve

esclarecer o propósito do texto. A maior parte da introdução deve ser escrita no tempo

presente, dado que ela se refere ao problema do estudo e ao conhecimento anterior à pesquisa,

daí a importância de uma adequada escolha de fundamentos teóricos.

Conforme Rey (2003, p. 211), é na introdução que se apresentam a natureza e o

objetivo do trabalho, situando-os em relação a outros textos já publicados no mesmo campo.

O autor deve indicar o estado de arte em que se encontra o problema investigado. Para ele, a

introdução também pode reapresentar, no todo ou em parte, dados anteriormente publicados

pelo mesmo autor, caso a pesquisa atual seja a continuação de uma série de estudos, se ela

confirma observações de outros autores ou se contém elementos novos.

Segundo Day (2001, p. 34), para escrever uma introdução, o autor deve esclarecer

a natureza do assunto que o problema investiga; rever a literatura necessária para orientar o

leitor; estabelecer o método de investigação e, se necessário, incluir as razões para escolha de

um método particular; estabelecer os principais resultados da investigação; e apresentar as

principais conclusões sugeridas pelos resultados, de modo que o leitor não fique em suspense

e possa seguir o desenvolvimento da evidência.

Materiais e métodos. A seção de materiais e métodos, escrita no pretérito, visa a

descrever (por vezes, a defender) o desenho metodológico. Isto implica a descrição minuciosa

de equipamentos, sujeitos e demais detalhes da pesquisa. Além disso, os procedimentos

devem ser apresentados cronologicamente, os materiais utilizados devem ser corretamente

caracterizados, e a descrição dos métodos usados deve ser breve. Cabe atenção especial à

correção da terminologia e à precisão linguística nesta seção.

Rey (2003, p. 211) destaca que processos e técnicas já publicados devem ser

citados, mas toda modificação introduzida pelos autores deve ser registrada com detalhes

indispensáveis à sua realização. Ele recomenda que o autor submeta o texto a um colega,

questionando-o se ele estaria em condições de repetir a experiência com os dados fornecidos.

Resultados. A seção de resultados visa a expor os resultados obtidos na pesquisa,

ou seja, as informações novas que o pesquisador fornece ao meio científico. Trata-se do

núcleo ou essência do trabalho, razão pela qual os dados ou achados de pesquisa devem ser

8

apresentados com maior acuidade possível. Contudo, em função das constrições de páginas

em periódicos científicos, vale mencionar que nem todos os resultados precisam ser

destacados em artigos, os quais devem conter apenas as informações relevantes.

Na seção de resultados, dados ou achados devem ser apresentados com o mínimo

indispensável de discussão ou interpretação e ilustrados por tabelas, quadros ou gráficos

simples e suas respectivas estatísticas, sempre que pertinentes.

Discussão. A seção de discussão visa estabelecer uma análise crítica dos

resultados obtidos confrontando com demais estudos. Conforme Day (2001, p. 44), na seção

de discussão ou de conclusão de artigos científicos, o autor resume e interpreta os resultados

da pesquisa. Em seguida, ele coteja resultados e interpretação com pesquisas prévias,

avaliando suas causas, pondera implicações teóricas e/ou aplicações práticas, apresenta

evidências para a conclusão e recomenda aprofundamentos futuros das questões discutidas no

trabalho, abrindo espaço para novas pesquisas.

Conforme Motta-Roth e Hendges (2006, p. 78), a discussão é mais do que um

sumário dos resultados. Mais do que mera apresentação dos dados, a seção deve ser mais

teórica, abstrata, geral, integrada ao campo do conhecimento, conectada ao mundo exterior,

focalizada nas implicações e aplicações dos resultados.

Conforme Rey (2003, p. 212), sempre restrito ao exame dos dados obtidos e dos

resultados alcançados, o autor deve ligar os resultados aos conhecimentos anteriores; destacar

como os resultados concordam com ou divergem de outros resultados já publicados,

chamando a atenção para fatos novos ou excepcionais, para a ausência de correlação ou para a

falta de determinadas informações; apresentar suas conclusões; discutir as implicações

teóricas ou práticas dos resultados; e finalizar a seção, analisando a significação da pesquisa.

Segundo Day (2001, p. 46), os componentes de uma discussão são os seguintes:

apresentação de princípios, relações e generalizações indicadas nos resultados, de modo que

eles são discutidos e não apenas recapitulados; indicação de qualquer exceção ou falta de

correlação e definição de pontos não estabelecidos, nunca escondendo ou, pior, falsificando

dados que não estão bastante estabelecidos; demonstração de como resultados e interpretação

concordam ou contrastam com trabalhos publicados anteriormente; discussão de implicações

teóricas e de aplicações práticas possíveis; estabelecimento de conclusões tão claramente

quanto possível; e resumo das evidências para cada conclusão.

Rey (2003, p. 212) destaca três preocupações a serem consideradas na discussão

dos resultados de uma pesquisa: evitar hipóteses ou generalizações que não se baseiem nos

resultados quando o autor apresentar perspectivas novas para o estudo; evitar oferecer

9

argumentos ou provas que se baseiem em comunicações privadas ou publicações de caráter

restrito; e verificar se os argumentos da seção são necessários e pertinentes, uma vez que, tal

como ocorre nas introduções, os autores podem exagerar, repetir e prolongar comentários ou

até tentar compensar insegurança ou pobreza das contribuições do estudo com divagações e

circunlóquios onde procuram inutilmente esconder-se da crítica.

Conclusões. No modelo IMRAD, não há necessidade de redigir uma seção

específica de conclusões, uma vez que elas constituem os resultados da pesquisa, são

destacadas na discussão e fazem parte do resumo dos artigos. Deste modo, a seção é uma

tautologia. Em trabalhos de maior fôlego, contudo, pode ser que uma seção de conclusões ou

considerações se imponha como forma de resumir a argumentação que se espalhou por um

conjunto considerável de páginas. Além disto, é possível que essa seção seja exigida pelos

cursos ou eventos aos quais o trabalho se destina.

1.1.3 REDAÇÃO BACKWARD

A forma como se lê um texto não reflete necessariamente a ordem como este texto

foi redigido. Terminada a pesquisa e ainda antes de iniciar a redação, Volpato (2007, 2011)

sugere que o autor analise seus dados, elabore conclusões e exponha seu estudo oralmente

para um colega. Somente depois que esta apresentação for automática e coerente é que o autor

deve iniciar a redação. Para o autor, “escreve claro quem pensa claro.”

Magnusson (1996, p. 88) sugere cinco regras simples para a redação de trabalhos

acadêmicos, a saber: a) escrever as conclusões do estudo, de modo que elas indiquem

claramente a direção que o texto tomará; b) apresentar somente os resultados necessários e

indispensáveis para se chegar às conclusões; c) apresentar somente os métodos necessários e

indispensáveis para se chegar aos resultados que fundamentam as conclusões; d) discutir

somente as informações que se referem às suas conclusões (por exemplo, a revisão de

literatura que modifica, amplia, contradiz ou confirma as conclusões); e) escrever a

introdução somente com as informações mínimas necessárias para apresentar a questão.

Segundo o autor, ao escrever de trás para frente, os autores se concentram nos

pontos centrais do estudo, começando pelas conclusões que são apoiadas pelos resultados

pertinentes (resultados estes apoiados pelos métodos pertinentes), para, em seguida, discutir

estas conclusões e elaborar uma introdução coerente. Este método gera um artigo enxuto e

limpo em que cada parte é plena de significados.

10

Volpato (2011), ao desenvolver as ideias de Magnusson, sugere que o primeiro

texto prévio a ser escrito seja o resumo, uma vez que este exercício obriga o autor a ter uma

visão de conjunto do estudo. Para ele, a essência de um trabalho científico é sua conclusão,

razão pela qual este é segundo texto prévio.

Com base nestes dois exercícios prévios, a próxima etapa é escrever o argumento

das conclusões. Para fazê-lo, o primeiro passo é selecionar quais os resultados da pesquisa

que são necessários para sustentar as conclusões. A partir desta seleção, escreve-se a seção de

resultados, escolhendo a melhor forma de apresentação: figura, tabela ou texto, conforme o

caso. Segue-se a consideração de procedimentos, ou seja, que materiais e métodos foram

necessários para se obterem os resultados que fundamentam as conclusões. O resultado desta

seleção é a seção de materiais e métodos. Por fim, leva-se em consideração a discussão, ou

seja, por que, em função de determinados procedimentos, resultados e literatura pertinente,

emergiram as conclusões, para que o leitor seja convencido de que esta cadeia sustenta as

conclusões e, por decorrência, aceite as conclusões.

Fechado o argumento central do estudo, pode-se dedicar ao argumento de partida,

apresentando o objetivo do trabalho. Volpato (2011) ressalva que há textos em que a

apresentação do objetivo dá lugar às próprias conclusões. Somente depois é que se considera

o melhor título para o texto integral.

4. ESTRUTURA DO RESUMO EXPANDIDO

Com base nas seções anteriores, é possível compreender agora que um resumo

expandido, definido como um texto de três páginas (em torno de mil palavras no máximo),

não pode ser reduzido a um parágrafo, como é o caso do resumo clássico, nem ser cópia do

artigo, algo em torno de 15 a 20 páginas. Desse modo, ele deve assumir a concisão necessária

de um resumo e demonstrar a estrutura do artigo de que foi origem.

Justamente por essa última característica, dois modelos de resumo expandido

serão apresentados neste ensaio, o modelo convencional e o modelo IMRAD. Vale destacar,

entretanto, que os autores podem estabelecer ajustes necessários. Por exemplo, pode ser o

caso de se abrir uma seção de conclusões no modelo IMRAD, ou podem ser inclusas seções

separadas para análise dos dados e interpretação dos dados no modelo convencional. Em

outras palavras, o que aqui se propõe deve ser entendido plasticamente.

Seguem os elementos para a elaboração de um resumo expandido.

11

Título. Trata-se da expressão que identifica o trabalho. Em geral, deve dar conta

do tema da pesquisa. A redação do título deve ser concisa e compreensível. De um lado,

sugere-se evitar títulos excessivamente extensos com detalhamentos locativos e temporais; de

outro, deve-se tomar cuidado para não gerar títulos excessivamente curtos que não destacam

adequadamente os detalhes da pesquisa. Os títulos devem ser escritos com letras maiúsculas

(exceto nomes científicos, que também devem conter itálicos), em negrito, alinhamento

centralizado, espaço 1,5 e fonte tamanho 12.

Autores e orientadores. Segue-se uma lista de autores que realizaram a pesquisa

e redigiram o resumo. Quando se trata de mais de um autor, o primeiro autor é o responsável

pelo argumento principal da discussão. Quando se trata de autores e orientadores, os primeiros

nomes são os dos autores, seguido dos orientadores. Após o nome dos orientadores, segue-se

a expressão orientador(a) entre parênteses. Em nota de rodapé, seguem as seguintes

informações: credenciais profissionais, credenciais acadêmicas e endereço de e-mail. O nome

dos autores e orientadores é digitado à direita em fonte normal, tamanho 12.

Palavras-chave. Consiste na apresentação de três palavras identificadoras. Cada

palavra é uma sentença separada da outra por ponto final (a primeira letra é maiúscula).

Texto no modelo convencional bibliográfico. O texto é dividido minimamente

em três seções dedicadas à introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução consiste

na descrição do tema, definição dos objetivos do trabalho e apresentação da relevância da

pesquisa. No modelo PIBIC/Unisul, ao final da introdução, deve-se acrescentar uma seção

reservada a objetivos. O desenvolvimento apresenta os desdobramentos da pesquisa

bibliográfica. As conclusões ou considerações finais consistem na síntese da pesquisa.

Texto no modelo convencional ampliado.8 O texto é dividido geralmente em

cinco seções dedicadas à introdução, fundamentação teórica, metodologia e conclusão. A

introdução consiste na descrição do tema, definição dos objetivos do trabalho e apresentação

da relevância da pesquisa. No modelo PIBIC/Unisul, ao final da introdução, deve-se

acrescentar uma seção reservada a objetivos. A fundamentação teórica, quando pertinente,

apresenta a descrição das bases teóricas sobre as quais a pesquisa se organiza. A metodologia

refere-se à descrição dos procedimentos de coleta e de análise dos dados. A análise dos dados

consiste na descrição e interpretação dos dados. As conclusões ou considerações finais

consistem na síntese da pesquisa.

8 Para detalhamento dos itens, retomar a seção 3.1.

12

Texto no modelo IMRAD9 O texto dividido em quatro seções dedicadas à

introdução, métodos, resultados e discussão. A introdução consiste na descrição do tema,

definição dos objetivos do trabalho e apresentação da relevância da pesquisa. No modelo

PIBIC/Unisul, ao final da introdução, deve-se acrescentar uma seção reservada a objetivos. Os

métodos consistem na descrição sucinta dos procedimentos de coleta e de análise dos dados.

Os resultados consistem na apresentação dos resultados da pesquisa. A discussão consiste na

análise crítica dos resultados em relação à literatura e aos objetivos da pesquisa.

Eventualmente, é possível fechar o texto com uma seção de conclusões.

Referências. Lista das referências mais consultadas no Padrão ABNT.

Fomento. Quando pertinente, indicação de órgãos de fomento.

4. NORMALIZAÇÃO E EXEMPLIFICAÇÃO

Para dar conta da normalização de resumos expandidos, Rauen (2013) elaborou

três modelos de digitação denominados, respectivamente: “Modelo de Resumo Expandido

Bibliográfico”, “Modelo de Resumo Expandido Convencional” e “Modelo de Resumo

Expandido IMRAD”. Esses modelos foram disponibilizados no sítio do Programa de Pós-

graduação em Ciências da Linguagem.10 Para digitar os resumos, basta baixar o modelo e

trocar o texto previamente digitado pelo texto do trabalho em elaboração.

Para uma visualização de como se dá um resumo expandido nos modelos

convencional e IMRAD, seguem-se dois exemplos nos anexos deste ensaio.

O primeiro texto trata-se de uma pesquisa, intitulada: “Processos ostensivo-

inferenciais em compra de produto em sites brasileiros de lojas de departamentos: análise com

base na teoria da relevância”. Este trabalho foi desenvolvido pela estudante Yuhanna Mendes

Ferreira Ramos e orientado pelo professor Dr. Fábio José Rauen.

O segundo texto trata-se de uma pesquisa, intitulada “Análise da citologia de

escarro em pacientes portadores de tuberculose pulmonar, no sul do estado de Santa

Catarina”. Este trabalho foi desenvolvido por Gregório Wrublevski Pereira e Volnei David

Pereira e foi orientado pela professora Dra. Rosemeri Maurici da Silva.

9 Para detalhamento dos itens, retomar a seção 3.2.10 Endereço: <http://linguagem.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/servi/mode.htm>.

13

Considerações finais.

Este texto visou a apresentar orientações mínimas para a elaboração e

normalização de resumos expandidos. Definiu-se resumo expandido como um texto de três

páginas no máximo (em torno de mil palavras), que resume um texto acadêmico maior,

difunde a pesquisa e se propõe a ser publicado em anais de eventos. Noutros termos, trata-se

de um texto que representa a estrutura dos textos originais em menor extensão. Dado que um

resumo expandido é uma expansão de um resumo convencional e uma contração de um artigo

científico, esses dois gêneros foram revisados, destacando dois modelos de produção de

artigos: o modelo convencional, mais afeito as ciências humanas e sociais e o modelo

IMRAD, mais afeito às ciências exatas e biológicas. Com base nesses dois modelos, foi

possível descrever a estrutura de três modelos de resumos expandidos, com os quais se pode

dar conta desde pesquisas bibliográficas até modelos experimentais mais complexos. Por fim,

elaboraram-se três modelos de digitação e apresentaram-se dois exemplos de resumos. Com

base nessa construção, espera-se, docentes e estudantes do PARFOR/UNISUL podem

encontrar orientações seguras para a elaboração de futuros trabalhos acadêmicos na forma de

resumos expandidos.

AGRADECIMENTOS

O autor agradece ao apoio institucional do Programa de Cursos de Licenciatura do

Plano Nacional de Formação de Professores da Universidade do Sul de Santa Catarina –

PARFOR/UNISUL. Seguem também os agradecimentos aos autores das pesquisas que

compõem os exemplos de resumo expandido.

ABSTRACT

Title: Extended abstracts: writing and normalization

Author: Fábio José Rauen

Abstract: This paper presents guidelines for the writing and normalization of

extended abstracts, and integrates the Project of Promotion of Scientific Production in

undergraduate courses of National Training Plan for Basic Education Teachers at the

University of Southern Santa Catarina – PARFOR/UNISUL.

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Keywords: Expanded abstracts. Scientific Writing. Normalization.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: artigos. Rio de Janeiro, 1994.

______. NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro, 1990.

DAY, R. A. Como escrever e publicar um artigo científico. 5. ed. São Paulo: Santos, 2001.

MAGNUSSON, W. E. How to write backwards. Bulletin of the Ecological Society of America, v. 77, n. 2, p. 88, 1996.

MOTTA-ROTH, D.; HENDGES, G. H. Produção textual na universidade. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

______ (Org.). Redação acadêmica: princípios básicos. 5. ed. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2006.

PEREIRA, G. W. Análise da citologia de escarro em pacientes portadores de tuberculose pulmonar no sul do estado de Santa Catarina, 2012. 3 f. Resumo Expandido, Graduação em Medicina, Universidade do Sul de Santa Catarina, 2012.

RAMOS, Y. M. F. Processos ostensivo-inferenciais em compra de produto em sites brasileiros de lojas de departamentos: análise com base na teoria da relevância, 2012. 3f. Resumo Expandido, Graduação em Administração, Universidade do Sul de Santa Catarina, 2012.

RAUEN, Fábio José. Roteiros de iniciação à pesquisa. Palhoça: Ed. da Unisul, 2013.

REY, Luís. Planejar e redigir trabalhos científicos. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: E. Blücher, 2003.

VOLPATO, Gilson Luiz. Como escrever um artigo científico. Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, v. 4, p. 97-115, 2007.

______. Curso de redação científica. Botucatu: UNESP, [2011]. Disponível em: <http://propgdb.unesp.br/redacao_cientifica/>. Acesso em: 20 out. 2011.

ANEXOS – RESUMOS EXPANDIDOS NO MODELO CONVENCIONAL E NO

MODELO IMRAD

15

PROCESSOS OSTENSIVO-INFERENCIAIS EM COMPRA

DE PRODUTO EM SITES BRASILEIROS DE LOJAS DE DEPARTAMENTOS:

ANÁLISE COM BASE NA TEORIA DA RELEVÂNCIA

Yuhanna Mendes Ferreira Ramos

Dr. Fábio José Rauen (orientador)

PALAVRAS-CHAVE: Sites de Varejo. Eficiência cognitiva. Teoria da Relevância.

INTRODUÇÃO

Com o incremento da internet, tornou-se possível a aquisição de produtos e

serviços on-line. As lojas de departamentos não ficaram alheias a esse movimento, elaborando

sites específicos para venda virtual. Do ponto de vista da administração, uma das questões que

podem ser analisadas é a eficiência desses sites no sentido de diminuir o dispêndio de energia

necessário para concretizar uma compra. Um site de vendas será mais eficiente quanto menos

custos cognitivos promover para uma compra ótima. Do ponto de vista da comunicação, um

estímulo comunicacional ostensivo será mais relevante quanto mais benefícios cognitivos for

capaz de gerar e quanto menos custos de processamento exigir do usuário. A teoria da

relevância é justamente uma abordagem pragmático-cognitiva que opera com essa mesma

lógica de custos e benefícios. Nesta pesquisa, que se estabelece numa interface entre essas

duas áreas do conhecimento, propôs-se a usuários uma situação de compra e procedeu-se à

verificação on-line das estratégias utilizadas para efetivar a transação, analisando, desse

modo, como as empresas administram o processo de oferta on-line ostensiva de produtos.

OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa foi o de “analisar, com base na Teoria da

Relevância de Sperber e Wilson (1986, 1995, 2001), os processos ostensivo-inferenciais na

compra de um produto em sites brasileiros de lojas de departamentos”. Mais especificamente,

a pesquisa visou: (a) identificar estratégias utilizadas pelos usuários para a interpretação da

Estudante de Administração pela Unisul; Estudante de Tecnologia de Recursos Humanos pelo SENAC; Bolsista do Programa PIBIC/Unisul; E-mail: [email protected].

Docente e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Unisul; Docente do Curso de Letras da Unisul; Doutor em Letras/Linguística pela UFSC; E-mail: [email protected].

16

situação-problema da compra do produto; (b) analisar os estímulos ostensivos para a

disponibilização e venda do produto nos diferentes sites; (c) observar as estratégias

inferenciais utilizadas pelos usuários para a efetivação da compra do produto; e (d) analisar a

eficiência dos sites para a venda do produto, a partir do desempenho dos usuários.

METODOLOGIA

Esta pesquisa analisou o desempenho de cinco sites brasileiros de lojas de

departamentos, definidos como estabelecimentos comerciais on-line especializados na venda

de produtos no varejo: ‘Casas Bahia’, ‘Lojas Americanas’, ‘Magazine Luiza’, ‘Shoptime’ e

‘Submarino’. A pesquisa foi realizada com 25 (vinte e cinco) universitários sendo 5 (cinco)

usuários por loja de departamento. A tarefa consistiu em comprar um barbeador Philips com a

função seco e molhado, na faixa de R$ 300,00, que, supostamente, pertencia a uma lista

fechada de presentes de casamento. A tarefa de compra foi organizada em quatro etapas:

sorteio do site, leitura em voz alta da situação-problema; compra do produto com verbalização

das ações (protocolo verbal); e emissão de opinião sobre a compra. Os dados foram gravados

em vídeo, e os resultados foram analisados quantitativamente e qualitativamente

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados, do ponto de vista quantitativo podem ser assim resumidos:

a) no que se refere à média de tempo de pesquisa para a compra do barbeador,

desde a abertura do site até o clique que identifica a decisão de compra, houve o seguinte

desempenho em ordem crescente: Casas Bahia, 68 segundos; Submarino, 80 segundos;

Shoptime, 83 segundos; Magazine Luiza, 125 segundos; e Lojas Americanas, 185 segundos.

O tempo médio foi de 108,2 segundos;

b) no que se refere à média de cliques para a compra do barbeador, houve o

seguinte desempenho em ordem crescente: Submarino, 2,2 cliques médios; Casas Bahia e

Shoptime, 2,6 cliques médios; Magazine Luiza, 3 cliques médios; e Lojas Americanas, 5,4

cliques médios. A média de cliques foi de 3,16;

c) no que se refere ao total de correções de pesquisa, houve o seguinte

desempenho em ordem crescente: Casas Bahia, nenhum erro; Shoptime e Submarino, um

erro; Magazine Luiza, dois erros; e Lojas Americanas, seis erros

17

Esses resultados quantitativos foram corroborados pelas opiniões expressas pelos

sujeitos de pesquisa. Somente o site das Lojas Americanas recebeu críticas, embora todos

considerassem, ao final a compra, ter sido relativamente fácil encontrar e comprar o produto.

CONCLUSÕES

Conforme os achados, o site das Casas Bahia possui maior eficiência, enquanto o

site das Lojas Americanas possui menor eficiência. Embora o número de cliques necessários

para a compra do barbeador seja igual do site da loja Shoptime, o site das Casas Bahia

viabilizou a compra em menor tempo, e não houve erros durante a tarefa de compra.

Supostamente, uma das razões de sua eficiência, é que o site das Casas Bahia possui a barra

de digitação que complementa os dados digitados, sugerindo alternativas ao consumidor.

Outro fator que auxilia a pesquisa, é o menu lateral na página principal do site.

REFERÊNCIA

SPERBER, Dan; WILSON, Deirdre. Relevância: comunicação e cognição. Lisboa: Fundação Galouste Gulbenkian, 2001.

FOMENTO

Bolsa de Pesquisa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

(PIBIC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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ANÁLISE DA CITOLOGIA DE ESCARRO EM PACIENTES PORTADORES DE

TUBERCULOSE PULMONAR, NO SUL DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Gregório Wrublevski Pereira; Volnei David Pereira

Dra. Rosemeri Maurici da Silva (orientadora)

PALAVRAS-CHAVE

Citologia de escarro. Tuberculose. HIV.

INTRODUÇÃO

A tuberculose (TB) é uma das doenças transmissíveis mais antigas do mundo,

sendo que nenhum outro mal incitou tantos estudiosos, entre médicos, juristas,

administradores públicos, religiosos, escritores de ficção, artistas e pesquisadores em geral. A

TB é considerada uma infecção microbacteriana crônica – causada belo Bacilo de Koch –

caracterizada pela presença de granulomas nos tecidos acometidos, assim como por

hipersensibilidade mediada por células. Apesar de o principal órgão acometido ser o pulmão,

é considerada uma doença sistêmica que pode cursar com a morte. A lesão granulomatosa é

característica da TB, sendo o granuloma constituído por células gigantes, derivadas dos

macrófagos, e por linfócitos T, e ao centro do granuloma maduro, observam-se células

epitelióides e células gigantes de Langerhan’s e, em seu envoltório, linfócitos T. A TB é a

doença mais prevalente em pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana

(HIV), acelerando a progressão do HIV para doença, sendo o contrário também verdadeiro,

ocasionando uma taxa de morbimotalidade elevada.

OBJETIVOS

O objetivo do presente estudo foi avaliar os achados citológicos em pacientes com

tuberculose pulmonar, associada ou não ao HIV, atendidos nos centro de atendimento

especializado em saúde de Tubarão e Criciúma.

Acadêmico de Medicina da Unisul. Bolsista PIBIC/Unisul. Médico patologista. Professora em Ciências Pneumológicas. Coordenadora do Programa de Mestrado em Ciências da Saúde da

Unisul. E-mail: [email protected]

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MÉTODOS

Participaram do estudo 31 indivíduos portadores de TB pulmonar, atendidos nos

Centro de Atendimento Especializado em Saúde (CAES) de Tubarão ou Criciúma, entre

Junho 2010 e maio 2011. Incluiu-se todos os portadores de TB pulmonar, maiores de 18 anos,

que iniciaram a terapêutica no máximo por 15 dias, e que assinaram o termo de consentimento

livre e esclarecido (TCLE). Foram excluídos aqueles que não puderam – independente do

motivo - produzir escarro espontâneo para coleta, ou que fossem portadores de alguma

comorbidade pulmonar - aguda ou crônica. Realizou-se a coleta de uma amostra espontânea

de escarro, de 5 ml, através de esforço da tosse, em um pote plástico descartável, transparente,

limpo, de boca larga, com tampa de rosca e capacidade de cerca de 50 ml. Após a coleta, a

amostra foi levada ao serviço de citopatologia, dentro de um prazo de 2 horas. A amostra foi

homogeneizada e, posteriormente, dividida em 3 porções para 3 protocolos de colorações

diferentes: Papanicolau, Romanowsky e Ziehl-Nielsen (ZN). A técnica de leitura adotada das

lâminas foi a de Turret (barra grega). A análise estatística foi realizada com auxílio do

programa SPSS 16.0. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade do Sul de Santa Catarina sob protocolo nº 10.411.4.01.III.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre as 31 citologias, encontrou-se 6,5% das amostras com limitações de baixa

celularidade, evidenciando boa qualidade do conjunto pré-laudo. Em relação à graduação dos

achados, estes foram agregados em ausentes (Ø) leves ou escassos (L), moderados ou

frequentes (M), e acentuados ou abundantes (A).

As células escamosas, cilíndricas, metaplásicas, displásicas, cardíacas, de poeira,

histiócitos, neutrófilos e linfócitos estiveram presentes nas respectivas formas: 12,9% L,

54,8% M, 32,3% A; 35,5% Ø, 54,8% L, 9,7% M; 83,9% Ø, 6,5% L, 9,7% M; 96,8% Ø, 3,2%;

32,3% Ø, 41,9% L, 25,8% M; 29% Ø, 58,1% L, 12,9% M; 6,5% Ø, 54,8% L, 38,7 M; 3,2%

Ø, 32,3 L, 35,5 M, 29% A e 9,7% Ø, 51,6% L, 32,3 M e 6,5% A; sendo esses achados

indicativos de alterações benignas reativas e processos inflamatórios.

Os achados secundários; muco, hemácias, cocos, diplococos, estreptococos,

fungos graduaram-se respectivamente: 9,7% Ø, 71% M, 19,4% A; 96,8% Ø, 3,2% M; 9,7%

Ø, 19,4% L, 58,1% M, 12,9 A; 9,7% Ø, 32,3% L, 51,6% M, 6,5% A; 96,8% Ø, 3,2% L; 29%

Ø, 9,7% L, 32,3% M, 29% A; sendo estes achados indicativos de acometimento fúngico.

20

Em relação às bactérias álcool-ácidos resistentes (BAAR), encontrou-se: 12,9%

Ø, 54,8% L, 22,6% M e 9,7% A; indicando um bom rendimento da coloração de ZN para a

detecção de BAAR.

CONCLUSÕES

Os achados citológicos indicaram a presença de atividade inflamatória reacional à

presença do Mycobacterium tuberculosis, e um bom rendimento da coloração de ZN para a

detecção de BAAR no escarro.

REFERÊNCIAS

CAMPOS, H. S. Etiopatologia da tuberculose e formas clínicas. Pulmão, Rio de Janeiro, v.15, n. 1, p. 29-35, 2006.

FLYNN, J. L.; CHAN, J. Immunology of tuberculosis. Ann Rev Immunol, v. 19, p. 93-129, 2001.

MILBURN, H. J. Primary tuberculosis. Curr Opin Pulm Med, v. 7, p. 133-141, 2001.

POWERS, C. L. Diagnosis of Infectious Diseases: a Cytopathologist’s Perspective. Clin Microbiol Rev, v. 11, n. 2, p. 341–365, 1998.

RIVAS-SANTIAGO, B.; VIEYRA-REYES, P., ARAUJO, Z. The cellular immune response in Pulmonary Tuberculosis. Invest Clin, v.46, n. 4, p. 391-412, 2005.

ROSENTHAL, D. L. Cytopathology of pulmonary disease. Los Angeles: Karger, 1988.

SILVA, R. M.; STOCCO, P.; BAZZO, M. L.; CHAGAS, M. Sputum cellularity in pulmonary tuberculosis: a comparative study between HIV-positive and HIV-negative individuals. J Aids and HIV Res, v.2, n. 2, p.17–23, 2010.

FOMENTO

Bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), do

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O trabalho teve o

apoio técnico do Centro de Atendimento Especializado em Saúde (CAES) de Tubarão e

Criciúma, e de Volnei Serviços de Anatomia Patológica Ltda.

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