vossa excelência, o corretor

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Cascavel, 28 de agosto de 2020 Ano XXIV - Nº 2.262 - R$ 3,00

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Vossa excelência, o corretor

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Certa ocasião, em prosa in-formal, um amigo revelou a essência do velho jeito de fazer negócio. Ele representava no Paraguai um sobrenome famo-so da velha guarda oligárquica de Cascavel. Disse que era re-munerado a 20% para vender uma estrutura de elevado valor agregado para o agronegócio pa-raguaio. Enfronhou-se no Chaco até o pescoço e vendeu muito...

Dali a pouco passou a erigir uma vistosa mansão na rua Pio XII, em Cascavel. O patrão viu a casa. E olhou para os números. Passou a achar que estava pagando demais. Prendeu--se aos 20% da comissão, ignorando os 80% alojados em seu bolso fundo, provenientes da ação do vendedor excepcional. O “gringo” – podre de rico, nos dois sentidos da expres-são – olhou para a árvore e não viu a floresta. Pulverizou com sua mesquinhez a “mosca branca”, como se chamam esses raríssimos parceiros que entregam muito mais do que deles se espera.

Na florescente construção civil de Casca-vel dos anos 1980/90, quando a verticaliza-ção da cidade rendeu vertigens e torcicolos, e mesmo mais recentemente, já no novo milê-nio, não era incomum ver investidor matan-do “moscas brancas” a chineladas. Esmaga-va-se a comissão do corretor. Alguns se viam obrigados a topar humilhantes corretagens inferiores a 3%. O corretor era visto como

alguém que abocanhava um naco do prédio.

Aí surgiu no mercado um cara que deu asas para os profissionais lá da ponta: Pas-sarinho, como é mais conhecido, não assen-ta tijolos. Ele é publicitário. Eduardo Ser-ralheiro e seu time tiveram um trabalhão danado para fazer valer o óbvio.

O marketing vai para além da propagan-da, é uma ferramenta abran-gente, cujo imenso guarda--chuvas abriga desde o mais humilde servente ao dono da construtora, passando por ele, vossa excelência, o corretor de imóveis.

As perguntas de Passarinho que deixaram penas no ar: por que o cara da ponta, o corretor,

sujeito que melhor conhece as “manhas” do consumidor, não é ouvido antes de o pro-jeto ir para a prancheta? Por que construtora tem que ter imobiliária? Por que não pôr 200 corretores para vender seu empreendimento, ao invés de meia dúzia de funcionários com o crachá da construtora?

Por que não pagar os 6% da corretagem?

Como só perguntar não resolve, Passarinho e seu time colocaram a fórmula em teste. Em três empreendimentos recentes, obtiveram vendas excepcionais.

Ah... o corretor está fazendo uma mansão na rua Pio XII? Não se importe. Já disse o re-volucionário Deng Xiaoping, homem que

implementou o capitalismo à moda chinesa: “Enriquecer é glorioso”. Aprenda com o Pas-sarinho e voe com esta: você está olhando para o 6 ou para o 94? Você está olhando para a árvore, ou para a floresta?

A caça milionária à mosca branca; o deslocamento da operação imobiliária para a ponta do sistema; o cara que perdeu o emprego por vender demais

n Serralheiro: nem todos os pássaros se alimentam de moscas

n A Cascavel verticalizada na foto de Julio Szymanski: mesquinharia gerou verti-gens que matavam moscas brancas

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Para os assinantes Afonso Marangoni, Arthur

Sampaio, Tania Rosalia Comoretto Bozza, José Alberto Dietrich, Abenor Minaré Filho, Augusto Bittencourt e Marlise da Cruz.

Aquele abraço

Coronel e major no páreo

28 de agosto de 2020

UMAS & OUTRAS

l O advogado Paulo Morei-ra, dirigente do PRTB, assegura que a sigla terá candidato a pre-feito em Cascavel.l “Nossa convenção será no

próximo dia 1º. O pré-candidato a prefeito é o major Arsenio e o vice será o coronel Jerony-mo”, dissel Ainda segundo o advogado,

os candidatos serão recebidos no próximo dia 5 pelo vice-presi-dente da República, Hamilton Mourão, que irá gravar um de-poimento pedindo votos para a dupla. l E o co-

municador Carlos Mo-raes (foto) também ga-r a n t e q u e vai disputar a cadeira do ex-amigo Paranhos. Para tanto, o prefeiturável tem capacitado os componentes da chapa proporcional e intensifi-cado visitas na periferia.

UMA PERGUNTAPitoco - O que o habi-

lita para ocupar uma ca-deira na Câmara?

Domingos Pascoal (pu-blicitário, pré-candidato a vereador)

- Tenho 49 anos de Cas-cavel, conheço a cidade. Me preparei, possuo curso supe-rior, me sinto habilitado para atuar dignamente na casa de leis. Sempre fui ativo na co-munidade, mas é a primeira vez que disputo uma eleição, aos 61 anos, três filhos e seis netos. Não quero fazer carrei-ra na política, quero apenas prestar uma contribuição à sociedade.

Gratidão l O cascavelense Herik-

son Bonamigo está organi-zando uma vaquinha virtual para contar sua trajetória de superação em um livro.l 13 cirurgias depois, a pri-

meira aos dois meses de idade,

A Boca Maldita voltouEntre os novos espaços licitados no Calçadão da Brasil está

este aqui. Com perfil para se transformar na tradicional Boca Maldita de Cascavel, local que concentra os “boqueiros” locais, “O Quiosque” vai servir café, salgados, porções e bebidas para o happy hour, além de TV para eventos esportivos. Os empreen-dedores à frente do negócio são os empresários Deyvis Ecker e Felipe Longhinotti.

ele vai compartilhar o agrade-cimento ao Hospital Pequeno Príncipe, e designar parte da receita advinda com o livro para o estabelecimento. l Para contribuir com a

causa, basta acessar o link http://vaka.me/1243028.

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UMAS & OUTRAS


AQUI NA REGIÃODE CASCAVEL,AS OBRAS DO GOVERNODO ESTADO TAMBÉMAVANÇAM.É assim, perto dos paranaenses,que construímos um Paranámais humano.

Nova subestação Vila Gaúcha:12 km de rede elétrica.

Ampliação do Aeroporto SBCA finalizada.Captação do Rio São José: 72 milhões de reais investidos da Sanepar.

Potencial de abastecimento vai aumentar em 25%.

Obras do Contorno leste em andamento:R$ 43,7 milhões investidos.

Saiba mais em www.pr.gov.br

MARECHAL CÂNDIDO RONDON CASCAVEL PALOTINA

OUTRA PERGUNTA

Quem é você?“Eu sou vários. Há multidões em mim. Na mesa de minha alma sentam-se muitos, e eu sou todos eles. Há um velho, uma criança, um sábio, um tolo... Desde logo, evite ilusões: também te-nho um lado mau, ruim, que tento manter preso e que quando se solta, me envergonha. Não sou santo, nem exemplo... Entre tantos, um dia me descubro, um dia serei eu mesmo...definitivamente...” l Friedrich Nietzsche, filósofo alemão

Estopim curtol Os mais próximos ao mer-

curial prefeito Paranhos já co-nhecem os sinais que ele emite quando vai explodir. Trata-se de traduzir a comunicação não verbal. l Se o prefeito “pentear” os

cabelos com ambas as mãos, da testa para a nuca, ou fizer movi-mento com a língua de um lado ao outro da boca, sai de perto...

Gladir ‘Castro’l Gladir Basso foi ree-leito para a presidência do Sindicato dos Bancários. O vice é Laerson Vidal Matias. O mandato vai até 2025, quando Basso completa 40 anos à frente da entidade, um dos man-datos mais longevos da história do sindicalismo mundial. Quase 96% dos votantes disseram sim para a continuidade do líder sindical.

Brinde mascaradol Tradicional industrial no

segmento de brindes em Cascavel, Claudio Kopp está se batendo para atender a demanda por más-caras em tecido anti-viral. Um mercado gigantesco se abriu com a epidemia. É aquilo: enquanto uns choram, outros vendem lenços.

Oportunidadeno Countryl 24 horas depois do Dia

da Pátria, vai a leilão elegan-te apartamento no Country, no edifício Le Prestige (rua Goiás).l São quase 300 metros

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Os originais são de 1938. Mas o livro - “Mais Esperto que o Diabo” - foi publicado apenas em 2011. A vendagem ultrapas-sou 100 milhões de exemplares. Para vender ainda mais, a editora escalou seu melhor redator e es-creveu o seguinte prólogo: “Neste livro, inédito no Brasil, você vai descobrir, após 75 anos de segre-do, quebrando o código secreto da mente do Diabo, respostas para as seguintes perguntas: Quem é o Diabo? Onde ele habita? Quais suas principais armas mentais? Quem são os alienados e de que forma eles se alienam?”.

Pois bem, quem são os mais espertos que o Diabo? Chegará o dia em que a banana vai devorar

Mais espertos que o DiaboDiálogo sincero, em lugar distante, entre os dois principais antagonistas da política no Brasil

o macaco? A es-perteza engolirá o esperto? Tra-zendo esta temá-tica demoníaca para o mundo da política, repro-duzimos aqui um diálogo fictício e das profunde-zas do além, en-tre Luis Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro.

Lula - Que surpresa! Você aqui, Bolsonaro? Melhor dizen-do, surpresa nenhuma...

Bolsonaro - Eu estava certo que encontraria você aqui, bar-ba... sem surpresa também... Ô lugarzinho quente!

Lula - Você mudou de ideia sobre prisão em segunda ins-tância?

Bolsonaro - É lógico que

não!Lula - Aqui você pode falar, Bozo. Toda essa gente picando lenha, essa barulheira in-fernal, não irão nos ouvir...Bolsonaro - Para meu projeto político era melhor ter você solto e eu podendo in-fernizá-lo. Contribuía para a polarização,

para o Fla x Flu, para o discurso na linha “pessoas de bem” contra “pessoas do mal”. Era bom para nós dois...

Lula - Não percebeu que um julgamento sumário por três desembargadores poderia le-var alguém da sua família para cana também?

Bolsonaro - Olha aqui, se meu garoto devia algo, tinha que pagar mesmo...

Lula - Mas e os cheques na conta da esposa?

Bolsonaro - Minha vontade é encher tua boca na porrada, barbudo comunista!

Lula - Não é o caso, neste lugar aqui ninguém vota mais... você não percebeu que o esque-ma do Queiroz, chegando à sua esposa, pegaria você também, capitão?

Bolsonaro - Fiz a seguinte análise: o que são R$ 89 mil na conta dela? É mixaria, nem se compara com o que o PT rou-bou! Meu eleitor era inteligente, comparava e via que vocês rou-baram mais...

Lula - Grandes oportunida-des, grandes roubos. Pequenas oportunidades de baixo clero, pequenos roubos... vamos ser sinceros, companheiro, nós dois fomos corruptos, do contrário não estaríamos aqui, picando lenha, neste lugar escaldante...

Bolsonaro - E daí? Não fo-mos nós, e sim o Maluf, que in-ventou isso de “rouba mas faz”, e sempre deu certo.

Lula - Acho que você mere-ce, mais que eu, passar o resto da morte aqui. Por que chamou aquele FDP para ministro da Justiça?

Bolsonaro - Tem razão... era um FDP mesmo. Mas eu tinha que passar um verniz de

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FICÇÃO

moralidade no governo para dar uma satisfação aos trouxas dos eleitores lava-jatistas... Viu como eu era f.? Tirei o cara que pôs você em cana e os eleitores permaneceram fiéis a mim!

Lula - E ainda invadiu meu eleitorado do Nordeste! Você é um oportunista. Não dizia que aquilo era gado do PT que vo-tava em troca da bolsa-esmola?

Bolsonaro - Não se faça de desentendido. Você e eu tí-nhamos cheiro de voto. Desde o primeiro dia no Planalto, a gente só enxergava a próxima eleição, lembra? Se você podia usar poli-ticamente a pobreza e ignorância de muitos brasileiros, por que eu não?

Lula - Você imaginou que o MP nunca iria descobrir sua so-ciedade com o Flávio, o Queiroz e o Carluxo?

Bolsonaro - Acho que você não tem moral para falar assim dos garotos... E o Lulinha? E sua sociedade com a Odebrecht? O sítio, o tríplex, Petrolão, Men-salão?

Lula - Filhos pequenos, pe-

quenos problemas... filhos gran-des...

Bolsonaro - Sempre que es-tive em apuros, fiz postagens para a família cristã, eu sabia usar a fé do povo para cabalar votos. Isso sempre deu certo. Quando em-purrei o Moro para fora, mantive a liderança nas pesquisas.

Lula - Alto lá! Melhor que eu, a alma mais honesta do Bra-sil, você nunca foi: eu estava preso por perseguição da Lava Jato e liderava as pesquisas de dentro da cadeia...esse é o per-

fil que o povão gosta, do perse-guido! A propó-sito, você já leu o “Mais Esperto Que o Diabo?Bolsonaro - Não li isso, não l i nada, nem orelha de livro, você também não. Nosso elei-tor não queria um intelectual na presidência. Eles queriam

heróis destemidos, salvadores da pátria, mitos, você não apren-deu isso, Lula? Já viu alguém ganhar dinheiro com livro no Brasil? Só meu amigo Edir Ma-cedo mesmo...

Lula - Parece que o Pitoco, um jornalzinho insignificante do interior do Brasil, obteve a gra-vação de nossa conversa aqui...

Bolsonaro - E daí?Lula - Vão descobrir que so-

mos mais parecidos do que ima-ginavam os que brigavam por nós no grupo de família do zap...

Bolsonaro - Esqueça, par-ça: seus fiéis e os meus, já per-ceberam no título da reportagem que essa gravação é coisa da mí-dia lixo, não vão nem ler.

Lula - Você votou em mim para presidente, em 2002, lem-bra?

Bolsonaro - Lembro sim. E daí? Importante é que na hora certa eu soube bater no PT. Nun-ca perdi voto por votar no PT.

Lula - Tem razão. Nossos seguidores fiéis estavam confor-táveis nas gavetinhas, nas cai-xinhas, nas bolhas ideológicas onde os instalamos. Não iríamos perdê-los jamais.

Bolsonaro - Que tal a gente usar nossa experiência terrena para disputar o poder aqui? Viu que a turma do Centrão está ali no outro anel, picando toras de angico?

Lula - Será? Seríamos nós mais espertos que o Diabo? Você fala em atuarmos juntos, eu, você e o centrão?

Bolsonaro - Unidos não... Mas fazendo de conta que so-mos diferentes, nos tornamos imbatíveis...


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No interior de Es-trela Velha (RS), par-te dos alunos da rede pública não consegue assistir às aulas remo-tas em casa. Com inter-net precária, especial-mente na área rural, o desafio é encontrar a velocidade mínima para realizar o download das tarefas enviadas por meio da ferramenta Google Classroom.

Um casal de agricultores reduziu a distância entre o aluno e os deveres. Com sinal mais potente na lavoura de soja, Odilésio e Dejanira Somavilla adaptaram uma sala de aula para o filho em meio ao plantio. Com galhos de árvores pregados do solo ao teto, e uma lona estendida sobre as toras, Alan Somavilla, 11 anos, co-pia o conteúdo no caderno. No chão, uma espécie de colcha cobre a terra. Mesa e uma cadeira foram emprestadas pela direção da esco-la. Na ponta da mesa, um suporte de madeira apoia o smartphone.

“O sinal da internet lá é bom, e assim ele não pega frio nem chu-va. A lavoura é um trabalho muito duro, e a gente quer que ele siga adiante. Eu não tive estudo, e hoje me faz falta”, afirma a mãe. (Fonte: jornal Zero Hora)

“Quando queremos algo, damos jeito. Quando não queremos, damos desculpas”

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