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Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM

IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE AÇÃOVolume 1 Texto

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 2

APRESENTAÇÃO

No ano de 2009, a equipe técnica da antiga Gerência de Desenvolvimento e ApoioTécnico às Atividades Minerárias – GEDAM, da FEAM, desenvolveu o “Plano de Ação paraSustentabilidade do Setor de Rochas Ornamentais – Ardósia em Papagaios”. Este Plano deAção, inserido no programa mais amplo “Gestão de Passivos Ambientais na Mineração”, tevepor objetivo propor medidas de controle ambiental e ordenamento do setor produtivo deardósia no Município de Papagaios.

Baseando se nos estudos desenvolvidos em 2009, a atual Gerência de ProduçãoSustentável – GPROD propôs a continuidade do Plano de Ação, com a implementação de açõesque visassem à sustentabilidade da atividade mínero industrial na Província de Ardósia deMinas Gerais. As abordagens sugeridas teriam como foco:

a produção de ardósia e seu contexto; as condições do mercado interno e externo; o aproveitamento de rejeitos; a paralisação de minas e fechamento de empresas diante da crise instalada desde

2007/2008, e do decorrente passivo ambiental; as perspectivas empresariais face à retração do mercado; programas institucionais de apoio e fomento setorial; a viabilidade de parcerias focadas no aproveitamento industrial dos rejeitos da lavra e

beneficiamento; ações específicas para o Município de Papagaios, como a implantação do Distrito

Industrial e de uma oficina escola para produção de mosaicos e peças com design,elaboradas com ardósia; e

a proposta de criação de um centro interinstitucional de orientação para a regularizaçãominerária e ambiental da atividade produtiva na Província de Ardósia de Minas Gerais.

Além desses parâmetros orientativos para as ações de sustentabilidade, foi dada ênfaseà realização de um seminário sobre a realidade e perspectivas de aproveitamento de “resíduos”mínero industriais de ardósia emMinas Gerais.

Através de processo licitatório, a empresa Kistemann & Chiodi Assessoria e Projetos foicontratada (contrato nº2091010101212, assinado em 13 de dezembro de 2012), paradesenvolver as atividades previstas no detalhamento do Plano de Ação para Sustentabilidadedo Setor de Rochas ornamentais – Ardósia em Papagaios. Os resultados do estudo foramapresentados em 10 (dez) relatórios de andamento, 02 (dois) relatórios parciais e no presenterelatório final (Volume 1 – Texto e Volume – 2 Apêndices), que consolida as informações eações objetivadas, bem como os resultados do seminário sobre o aproveitamento de “resíduos”de ardósia.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 3

AGRADECIMENTOS

A realização deste estudo contou com o apoio, a colaboração, a troca de informações, a

experiência, a disponibilidade e a boa vontade de diversas pessoas, às quais expressamos nosso

apreço e gratidão.

Abdias Magalhães Gomes, engenheiro Dr., Professor da Escola de Engenharia da

UFMG/Departamento de Engenharia de Materiais e Construção

Altivo Bahia Duarte, Proprietário da Altivo Pedras e Altivo Cerâmica

Antônio Varoni e Luiz Otávio Varoni, Proprietários da Mineração Morrinhos

Armando Sousa, Proprietário da Granipex/Arar Pedras Mineração

Célio Apolinário, Editor da Revista Mármore & Cia.

Charles Newsome, CEO da North Carolina Stalite Co.

Eber Alves Pereira, Proprietário da empresa EPP

Evandro Carrusca, geólogo Msc., Pesquisador

Gustavo Resende Lobato, Procurador da Prefeitura Municipal de Papagaios

Jeovan Aguiar, da Coopslate

Jody Wall, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da North Carolina Stalite Co.

José Afrânio, Proprietário da Vale Verde Mineração

José Balbino, Presidente do SINROCHAS MG

José Osmar da Rocha, nosso guia nos trabalhos de campo pela Província de Ardósia

Juscelino Campos Reis, Presidente da AMAR MG e Sócio Diretor da Micapel Slate

Kátia Correia da Silva e Keti Correia da Silva, Proprietárias da Cerâmica Pássaro Verde

Leandro Couto Soares, Engenheiro da Brennand Cimentos

Leonel Campos Reis, Presidente da Micapel Slate

Luiz Dario de Souza, Engenheiro do DER MG/3ºCRG – Pará de Minas

Marcelino Ribeiro Reis, Prefeito Municipal de Papagaios

Marcos Bartasson Tannus, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia

Ambiental do CETEC/FIEMG

Maria Eugênia Monteiro de Castro Silva, engenheira de minas, Pesquisadora do

CETEC/FIEMG

Mário Campos Reis, Proprietário da Ardósia Reis

Miguel Munhoz, engenheiro, Gerente de Qualidade Corporativa da Holcim

Mislene Braga, Secretária da AMAR MG

Nina Fortes, Diretora da Revista Mármore & Cia.

Paul Hoben, Gerente de vendas da North Carolina Stalite Co.

Rafael Gonçalves Oliveira e Márcia Amaral, Gestores de Qualidade da Micapel Slate

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 4

Reinaldo Dantas Sampaio, Presidente da ABIROCHAS

Renato Filgueiras, Proprietário da MAP – Mineração Alto das Pedras

Ricardo Correia, Proprietário da Minas Mundo

Ricardo Lima, Gerente da MAP – Mineração Alto das Pedras

Romero Lopes Valadares, Proprietário da Premoldados Padrão

Ronaldo Lopes Valadares, Sócio Proprietário da PEVEX Recicladora

Sebastião Cirilo Aleixo, Proprietário da Mineração Padre Libério

Togalma Gonçalves de Vasconcelos, engº geólogo, Diretor da Cerâmica Pássaro Verde

Túlio Teixeira Machado, Proprietário da Ardósia Bilhar

Valéria Lúcia de Oliveira Freitas, bióloga, Pesquisadora do CETEC/FIEMG

Valéria Soares Amorim Pereira, da Holcim/Meio Ambiente

Deixamos aqui também registrado o nosso especial agradecimento à equipe técnica da

FEAM/SEMAD, pelo profissionalismo, consideração e confiança nas nossas relações de trabalho:

Antônio Augusto Melo Malard, Gerente de Produção Sustentável da GPROD

Eloi Azalini Máximo, engenheiro civil, Analista Ambiental da GPROD

Daniele Tonidandel Pereira Ribeiro, geóloga, Analista Ambiental da GPROD

Andreia Cristina Barroso Almeida, engenheira civil, Diretora Regional de Apoio Técnico

da SUPRAM Central/SEMAD

Gilcele Cristina Silva, geógrafa, Analista Ambiental do Núcleo de Geoprocessamento –

NDG

Finalmente, expressamos nossa homenagem ao saudoso amigo Caio Márcio Benício da

Rocha, com quem tivemos a oportunidade de desenvolver o Plano de Ação para

Sustentabilidade do Setor de Rochas Ornamentais – Quartzitos de São Thomé das Letras, e que

estará sempre presente em nossos corações.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 5

RESUMO

Os trabalhos relativos ao Plano de Ação para Sustentabilidade do Setor de Rochas ornamentais– Ardósia em Papagaios permitiram caracterizar o quadro de situação da atividade produtiva nadenominada Província de Ardósia de Minas Gerais, bem como analisar algumas novasperspectivas de aproveitamento econômico das ardósias e seus resíduos. Através delevantamentos de campo (realizados no período de maio a setembro de 2013) e avaliação deimagens de satélite, foram cadastradas 30 frentes ativas de lavra e 50 lavras paralisadas deardósia para revestimento. Foram registradas 137 pilhas de bota fora, onde se acumulam quase100 milhões de toneladas de rejeitos mínero industriais. Destaca se a realização do SeminárioValorização dos Resíduos de Ardósia, a orientação de empresas na obtenção da Marca CE paratelhas e pisos, as abordagens e sugestões sobre o potencial de mercado para ardósiastermicamente expandidas, e as discussões sobre a implantação do Distrito Industrial dePapagaios, que abrigaria as pequenas serrarias atualmente instaladas na área urbana. Osindicadores da atividade produtiva de ardósia para revestimento foram considerados negativos,pelas quedas anuais sucessivas nos quadros de produção e exportações. Enfatizou se, por outrolado, a multiplicidade vocacional das ardósias e a possibilidade de seu aproveitamento parausos industriais diversos. Uma das “janelas de oportunidade” refere se à promissora pressão dedemanda de brita de ardósia para pavimentação de rodovias e insumo para a fabricação decimento. Também muito promissora é a perspectiva de utilização dos produtos de expansãotérmica das ardósias, para agregados leves, cimentos, fertilizantes agrícolas, etc. Aheterogeneidade das pilhas de bota fora, regra geral formadas por uma mistura de solo, toá(ardósia intemperizada) e ardósia fresca, deverá dificultar o aproveitamento industrial de seusmateriais constituintes. Recomendou se, assim, a vegetação dessas pilhas de bota fora,sobretudo com espécies nativas do cerrado, a reintegração das frentes de lavra inativas àpaisagem natural, inclusive como reservatórios de água para abastecimento, agricultura,piscicultura e outras atividades. Como área isolada de negócios, prevê se a continuidade daperda de expressão socioeconômica das ardósias de revestimento, mesmo com os recentesavanços conquistados por seus produtores. Concluiu se que o novo grande vetor dedesenvolvimento regional é o efetivo aproveitamento integrado da ardósia e seus resíduos delavra e beneficiamento como materiais de revestimento e insumos industriais. Neste sentido, aobtenção da marca CE deverá concorrer para uma melhor ordenação da atividade produtiva equalificação dos produtos comerciais, contribuindo para a sustentabilidade econômica eambiental da Província de Ardósia. Com as informações apresentadas neste relatório, a GPRODpassa a dispor de subsídios para conduzir ações objetivas entre as diversas instituições,governamentais e/ou privadas, que atuam ou pretendam atuar em prol do desenvolvimentosustentável da atividade produtiva de ardósia não só para o Município de Papagaios, mastambém para a Província de Ardósia de Minas Gerais.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AAF Autorização Ambiental de Funcionamento

ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland

ABIROCHAS Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMAR MG Associação dos Mineradores e Beneficiadores de Ardósia de Minas Gerais

ANEPAC Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para ConstruçãoCivil

AASHTO American Association of State Highway and Transportation Officials

ASTM American Society for Testing and Materials

CEN Comissão Europeia de Normatização

CETEC Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais

CODEMIG Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais

COMIG Companhia Mineradora de Minas Gerais

DEMC Departamento de Engenharia de Materiais de Construção

DER Departamento de Estradas de Rodagem

DESA Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental

DI Distrito Industrial

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte

DNPM Departamento Nacional de produção Mineral

EFVM Estrada de ferro Vitória Minas

EMATER MG Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais

ESCSI Expanded Shale, Clay and Slate Institute

FCA Ferrovia Centro Atlântica

FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente

FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

GEDAM Gerência de Desenvolvimento e Apoio Técnico às Atividades Minerárias

GPROD Gerência de Produção Sustentável

IBGE Instituto Brasileiro de geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IEL Instituto Euvaldo Lodi

INDI Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais

IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

kPa Quilopascal

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

LI Licença de Instalação

LNE Laboratoire National de Métrologie et d’Essais

LO Licença de Operação

LP Licença Prévia

MCT Ministério da Ciência e Tecnologia

MPa Megapascal

MPE Micro e Pequena Empresa

NDG Núcleo de Geoprocessamento

ppm Partes por milhão

PPP Parceria Público Privada

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SINROCHAS MG Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Beneficiamento de Mármores,Granitos e Rochas Ornamentais no Estado de Minas Gerais

SLA Slate Lightweight Aggregate

SPE Sociedade de Propósito Específico

SUPRAM Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UFOP Universidade Federal de Ouro Preto

USD Dólar norte americano

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Localização dos principais centros produtores de rochas ornamentais e de revestimentoemMinas Gerais ................................................................................................................ 16

Figura 2.1 – Localização das áreas produtoras de ardósia ................................................................... 26

Figura 2.2 – Variações cromáticas das ardósias de Minas Gerais ........................................................ 27

Figura 2.3 – Distribuição espacial das subáreas na Província de Ardósia de Minas Gerais, incluindo asubárea de Felixlândia ........................................................................................................ 39

Figura 2.4 – Distribuição espacial das subáreas na Província de Ardósia de Minas Gerais. Maiordetalhe da distribuição das subáreas nos demais municípios produtores de ardósia ...... 39

Figura 2.5 – Ilustração disponibilizada no site da Madmelos Indústria de Móveis, mostrando aaplicação de ardósia pintada com motivo madeirado em tampo de mesa ....................... 48

Figura 2.6 – Localização do terreno onde será instalado o Distrito Industrial de Papagaios, às margensda MG 060, na região noroeste da área urbana. Os pontos e áreas assinalados na corverde indicam as serrarias ................................................................................................. 56

Figura 2.7 – Evolução do salário per capita anual ................................................................................ 62

Figura 2.8 – Evolução do salário per capita anual, incluindo benefícios trabalhistas .......................... 62

Figura 3.1 – Mapa geológico esquemático da Província de Ardósia de Minas Gerais ......................... 71

Figura 3.2 – Mapa rodoviário da região de Papagaios ......................................................................... 87

Figura 3.3 – Esquema do sistema de aquaponia .................................................................................. 98

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Tabelas

Tabelas

Tabela 2.1 Número de ensaios realizados por empresa .................................................................... 47

Tabela 2.2 Preço de venda de produtos de ardósia para o mercado externo .................................. 63

Tabela 3.1 Composição mineralógica modal das ardósias Bambuí ................................................... 72

Tabela 3.2 Composição química média (% em peso) das ardósias Bambuí ...................................... 72

Quadros

Quadro 2.1 Atividade Produtiva de Ardósia para Revestimento: Situação em Setembro/ 2013 ...... 38

Quadro 2.2 Empresas participantes do projeto de certificação na Marcação CE ............................. 46

Quadro 3.1 Características Físicas e Químicas do Agregado Leve da Stalite Co................................. 99

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RELAÇÃO DE FOTOS

Foto 2.1 Frente de lavra de ardósia cinza, mostrando a regularidade e horizontalidade do piso. 28

Foto 2.2 Traços de fraturamento evidenciados no piso de uma cava de ardósia. A intensidade dossistemas de fraturas pode determinar até perda total do banco afetado. 28

Foto 2.3 Talude de cava com grande espessura de capeamento intemperizado, correspondente a solo,na parte superior, e toá na porção intermediária do perfil. O nível basal, de cor acinzentadana foto, indica o banco de ardósia comercial. 29

Foto 2.4 Empilhamento de blocos do tipo lajinha (não quadrangulares como os lajões) e lajões, quetêm de 15 a 25 cm de espessura. 29

Foto 2.5 Operação dos carrinhos de chão, com discos diamantados, para recorte de lajões no piso dacava. 30

Foto 2.6 Após o corte lateral com discos diamantados, os lajões são descolados do piso através decunhas manuais ou mecânicas. 31

Foto 2.7 Carregamento de lajões e lajinhas na lateral da cava, onde se observa escalonamento dosbancos de ardósia. 32

Foto 2.8 Abertura (delaminação) de placas, com cunhas e marreta, a partir do lajão de ardósia. 32

Foto 2.9 Lajotas esquadrejadas sem calibração, na própria frente de lavra. 33

Foto 2.10 Pedreira de ardósia grafite na Serra da Boa Vista. Notar a extensão da superfície já lavrada e aaltura dos taludes. 33

Foto 2.11 Exemplo do produto do processo de acebolamento das ardósias matacão. Com a oxidaçãointempérica nos níveis superiores do terreno, as ardósias matacão formam matacões deardósia. 34

Foto 2.12 Frente de lavra de ardósia cinza com desenvolvimento de diferentes níveis de desmonte,como em bancadas ou degraus múltiplos largos. 34

Foto 2.13 Frente de lavra de ardósia cinza desenvolvida em bancada ou degrau único sucessivo. 35

Foto 2.14 Placa indicativa do estudo realizado pelo CETEC para recomposição da cobertura vegetal empilha de bota fora de ardósia. 43

Foto 2.15 Vista da área onde foi realizada a recomposição vegetal com espécies nativas do cerrado,observando se o estágio alcançado pelo pleno desenvolvimento das mudas plantadas em01/12/2003. Foto tirada em 29/05/2013, no Alto das Pedras, Município de Papagaios. 43

Foto 2.16 Mesa e bancos de ardósia vinho pintados com o padrão “amadeirado”. 48

Foto 2.17 Algumas aplicações de produtos de ardósias: balcão em estabelecimento comercial, bancadaem pias de banheiro, divisórias em curral de porcos, bancos em via pública, tampo de mesade bilhar e filetes para muros. 49

Foto 2.18 Outras aplicações de produtos de ardósias: piso e degrau, piso elevado, revestimento verticale horizontal em banheiro, pias, banheira e mesa e bancos. 50

Fotos 2.19 Aplicação de ardósia em countertop; mesa com madeira rústica e ardósia; pia em ardósiapreta; mosaico de ardósia em mesa de ferro; espelhos para interruptores e tomadas, porBrad Coulson; bandejas de ardósia. 52

Fotos 2.20 Aplicação de ardósia em banheiro (CN Tower, Toronto, CA); revestimento externo emedificação na Dinamarca (Micapel); telhado nos EUA (Micapel); piso nos EUA (Micapel); apoiode bicicleta (Stone Ideas); caixa de correio. 53

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Fotos 2.21 Exemplos de trabalhos elaborados pelos alunos do Steinzentrum Wunsiedel, com diversostipos de rochas. 54

Foto 2.22 Pedreira de ardósia grafite localizada na Serra da Boa Vista. No lago, formado principalmentepelas águas pluviais, há peixes surgidos naturalmente, segundo informações locais. As águasacumuladas são translúcidas e têm coloração verde azulada. 64

Foto 2.23 Espécies nativas da região se desenvolvem naturalmente sobre pilhas de bota fora da lavrade ardósia. Fato observado em pedreira do Alto das Pedras. 65

Foto 2.24 Bucha vegetal se desenvolvendo naturalmente em pilha de bota fora da lavra de ardósiacinza. 65

Foto 2.25 Pedreira paralisada de ardósia cinza. No toá são observadas pequenas tocas escavadas porpapagaios, para nidificação. 66

Foto 2.26 Várias frentes de lavra, em atividade ou não, expõem a situação atual desta grande cava.Provavelmente não houve uma pesquisa mineral que embasasse a condução de um plano delavra adequado. Consequentemente, a reabilitação dessa área será mais onerosa e difícil. 67

Foto 2.27 Antiga cava de pedreira de ardósia da MAP, no Alto das Pedras. A empresa transformou acava em lago, onde foram colocadas diversas espécies de peixes. Atualmente, esse espaçotornou se agradável área de lazer. 68

Foto 2.28 Lavra de ardósia conduzida de acordo com as normas reguladoras da mineração, o quefacilitará os futuros trabalhos de reabilitação da área minerada. 68

Foto 3.1 Desenvolvimento e ampliação de uma frente de lavra, observando se o perfil do talude dacava e a grande espessura do capeamento estéril. Local: Pedreira Mapel (Micapel), emPitangui. 73

Foto 3.2 Em primeiro plano, lateral de um banco de ardósia com fraturas (lavados) que determinamperdas na lavra. Ao fundo, parte do capeamento de solos da pedreira. Localização: PedreiraMapel (Micapel), em Pitangui. 74

Foto 3.3 Deformação da xistosidade em fraturas, formando estrutura do tipo chevron, que determinaperdas na lavra. Localização: Pedreira Pompéu Velho (Micapel), em Pompéu. 75

Foto 3.4 Fraturas preenchidas com calcita, observadas na lateral do banco de ardósia fresca, comofator de perda na lavra. Local: Pedreira Mapel, em Pitangui. 76

Foto 3.5 Zona de intenso fraturamento no banco de ardósia, determinando perda total na lavra. Local:Pitangui. 76

Foto 3.6 Ardósia com fratura preenchida por calcita, rejeitada no processo de lavra e acumulada empilha de bota fora. Observar à esquerda da foto a disposição de pneus usados, junto aosrejeitos da lavra. Localização: Pitangui. 77

Foto 3.7 Lateral de pilha de bota fora, com acumulação de estéril e rejeitos de ardósia cinza.Localização: Pitangui. 77

Foto 3.8 Lajota branca e tijolo de alvenaria fabricados pela Cerâmica Pássaro Verde. A matéria primapara fabricação desses produtos é a argila que ocorre na várzea do Riacho das Areias. A áreafonte da Cerâmica Pássaro Verde fica próxima ao bota fora da ABV Slate. Em nenhum dessesprodutos é utilizada a lama da serragem de ardósia. 89

Foto 3.9 Participantes da reunião na Stalite. Da esquerda para direita: Paul Hoben, Charles Newsome,Leonel Campos Reis, Jody Wall e Cid Chiodi Filho. 92

Foto 3.10 Artefatos de concreto, elaborados com “stalite” (agregados leves obtidos a partir da 93

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expansão térmica de ardósia), observados no pátio da Stalite Co.

Foto 3.11 Aspecto de ardósia cinza, da mina Capão do Mato, moída e expandida termicamente noforno rotativo da Stalite. Detalhe do material, observando se as vesículas/ cavidadescaracterísticas do processo de expansão. A cabeça do fósforo foi usada como escala para atomada da foto. 93

Fotos 3.12 Forno rotatório (a); parte interna do forno (b); silos de armazenamento (c); clínquer (d); áreade classificação (e); britadores (f). 95

Fotos 3.12 Classificadores (g); pilhas de agregados mais grosseiros (h); silos de armazenamento dosagregados mais finos (i); vista geral do beneficiamento (j); ardósia expandida (k); lâminapetrográfica da ardósia expandida, observando se os vazios não comunicantes na cor azul (l). 95

Foto 3.13 Igreja Matriz de São Sebastião, localizada no centro da cidade de Papagaios, que está sendototalmente reformada. O telhado foi revestido com telhas de ardósia, fornecIdas pelaempresa Altivo Pedras. 101

Foto 3.14 Detalhe do telhado da igreja, confeccionado em ardósia cinza, com bordas guilhotinadas. 102

Foto 4.1 Abertura do Seminário Valorização dos Resíduos de Ardósia, pelo engº Antonio Augusto MeloMalard, gerente de Produção Sustentável da FEAM. 115

Foto 4.2 Cerca de 50 pessoas participaram do Seminário, realizado nas dependências da AMAR MG.Foto de autoria de Célio Apolinário, da Revista Mármore & Cia. 116

Foto 4.3 Palestra apresentada pelo geólogo Cid Chiodi Filho, contextualizando a situação da atividadeprodutiva da ardósia. 116

Foto 4.4 Palestra do geólogo Evandro Carrusca sobre a utilização de rejeitos de ardósia na indústria decimento. 117

Foto 4.5 Apresentação da palestra sobre a Marca CE por Rafael Oliveira, Gestor de Qualidade daempresa Micapel Slate. 117

Foto 4.6 Apresentação de palestra por Ronaldo Lopes Valadares, sócio proprietário da empresa PevexRecicladora. 118

Foto 4.7 Apresentação do empresário Altivo Bahia Duarte sobre o uso de pó de ardósia na AltivoCerâmica. 118

Foto 4.8 Palestra do Prof. Abdias Magalhães Gomes, sobre os estudos realizados pela UFMG. 119

Foto 4.9 Palestra do engº Leandro Couto Soares, de Brennand Cimentos. 119

Foto 4.10 Slide apresentado pelo engº Leandro Couto Soares, mostrando o processo de fabricação decimento. 120

Foto 4.11 Palestra do engº Luiz Dario de Souza, do DER MG. 120

Foto 4.12 Mesa formada para debates ao final do Seminário. Da esquerda para a direita, EvandroCarrusca, Rafael Oliveira, Antônio Malard, Altivo Bahia Duarte, Luiz Dario de Souza, RonaldoLopes Valadares e Leandro Couto Soares. 121

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 15

1.1 Inserção de Minas Gerais no Setor de Rochas Ornamentais ......................................................... 15

1.2 Implicações da História Recente do Setor no Estado .................................................................... 17

1.3 Situação Atual ................................................................................................................................ 17

1.4 A Importância da Província de Ardósia de Minas Gerais ............................................................... 19

2 O PLANO DE AÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE DA ATIVIDADE PRODUTIVA DE ARDÓSIAS ........... 21

2.1 Ações Previstas e Atividades Desenvolvidas .................................................................................. 21

2.2 Principais Aspectos Analisados ....................................................................................................... 24

2.2.1 Perfil da Atividade Produtiva ...................................................................................................... 24

2.2.2 Estimativa da Produção ............................................................................................................... 35

2.2.3 Força de Trabalho ........................................................................................................................ 36

2.2.4 Cadastramento das Pedreiras ..................................................................................................... 36

2.2.5 Pilhas de Bota Fora da Lavra ....................................................................................................... 40

2.2.5.1 Estimativa de Volumes ............................................................................................................. 40

2.2.5.2 Recuperação e Estabilização de Pilhas de Bota Fora ............................................................... 42

2.2.6 Obtenção da Marca CE para Produtos de Ardósia (Pisos e Telhas) de Minas Gerais ................. 44

2.2.7 Mercado Interno e Pequenos Serradores ................................................................................... 47

2.2.8 Criação de Oficina Escola em Papagaios ..................................................................................... 50

2.2.9 Distrito Industrial de Papagaios .................................................................................................. 55

2.2.10 As Serrarias da Área Urbana de Papagaios ............................................................................... 59

2.2.11 Retração do Negócio das Ardósias ............................................................................................ 59

2.2.12 O Processo de Encerramento da Atividade Extrativa ............................................................... 63

3 O APROVEITAMENTO DOS REJEITOS DE ARDÓSIA PARA USOS INDUSTRIAIS ............................... 70

3.1 Mineralogia e Quimismo das Ardósias Bambuí ............................................................................. 70

3.2 Geração de Estéril e Rejeito na Atividade Produtiva ..................................................................... 73

3.3 Questões Ambientais Correlatas .................................................................................................... 78

3.4 Propostas e Estudos de Aproveitamento de Rejeitos – Uma Revisão ........................................... 79

3.5 Panorama Atual .............................................................................................................................. 85

3.5.1 Produção de Brita para Uso Rodoviário ...................................................................................... 85

3.5.2 Utilização dos Rejeitos de Ardósia na Indústria Cerâmica .......................................................... 87

3.5.3 Utilização dos Rejeitos de Ardósia na Indústria do Cimento ...................................................... 89

3.5.4 Produtos da Ardósia Termicamente Expandida .......................................................................... 92

3.5.5 Os Agregados Leves Produzidos pela North Carolina Stalite Co. ................................................ 94

3.5.6 Aspectos Destacados sobre o Aproveitamento de Rejeitos ....................................................... 100

3.6 Principais Desafios ao Aproveitamento dos Rejeitos de Ardósia .................................................. 102

3.7 Fontes de Captação de Recursos para Novos Estudos e Projetos ................................................. 104

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3.8 Viabilidade das Sociedades de Propósito Específico – SPEs .......................................................... 105

4 SEMINÁRIO VALORIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE ARDÓSIA ............................................................... 108

4.1 Introdução ...................................................................................................................................... 108

4.2 Aspectos Avaliados ......................................................................................................................... 108

4.3 Referenciais Temáticos Considerados no Seminário ..................................................................... 111

4.4 Comentários Adicionais ................................................................................................................. 113

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................................................. 122

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS / FONTES DE CONSULTA .................................................................. 127

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PLANO DE AÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE DO SETOR DE ROCHAS

ORNAMENTAIS – ARDÓSIA DE PAPAGAIOS

1 INTRODUÇÃO

1.1 Inserção do Estado de Minas Gerais no Setor de Rochas Ornamentais

A região sudeste do Brasil detém a liderança nacional no setor de rochas ornamentais e

de revestimento, respondendo por 75% da produção, consumo e exportações brasileiras, bem

como concentrando um dos maiores parques mundiais de beneficiamento e comercialização.

Nesse contexto está inserido o Estado de Minas Gerais, com ótima situação geográfica

em relação aos principais mercados regionais (São Paulo e Rio de Janeiro) e portos marítimos

de exportação (Espírito Santo e Rio de Janeiro), além de um comprovado potencial geológico

para diversas rochas de interesse comercial.

As condições de transporte constituem o principal aspecto positivo, destacável para a

infraestrutura do setor de rochas em Minas Gerais. A boa malha de rodovias federais e

estaduais, bem como o melhor sistema ferroviário operante no Brasil, representado pela

Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM) e Ferrovia Centro Atlântica (FCA), permitem escoamento

da produção de blocos e chapas, tanto aos mercados consumidores da região sudeste

brasileira, quanto aos principais portos marítimos que realizam as exportações.

O porto mais usado pelas empresas, na exportação dos granitos de Minas Gerais, é o de

Vitória, no Espírito Santo, que proporciona os melhores custos e condições operacionais para

blocos. Na exportação dos produtos de quartzito, ardósias e pedra sabão, o porto mais

utilizado é o do Rio de Janeiro, que oferece melhores condições operacionais e de afretamento

para containers.

O Estado de Minas Gerais é o segundo maior polo minerador brasileiro de rochas em

quantidade, primeiro em diversidade de materiais extraídos e segundo em volume físico e valor

de exportações no setor. Estima se a existência de 200 frentes ativas de lavra em Minas Gerais,

com uma produção de 2,0 milhões de toneladas/ano. Essa produção distribui se por mais de 50

municípios, incluindo a extração de granitos (700 mil toneladas/ano), ardósias (580 mil

toneladas/ano) e quartzitos (500 mil toneladas/ano), além de serpentinitos, pedra sabão,

pedra talco, pedra Lagoa Santa e pedra Preta Mariana, que compõem quase 180 variedades

comerciais colocadas nos mercados interno e externo.

Cerca de 2.000 empresas atuam nos segmentos de lavra, beneficiamento e marmoraria

em Minas Gerais, representando investimentos privados da ordem de US$ 500 milhões. As

transações comerciais do setor em Minas Gerais devem movimentar aproximadamente USD

600 milhões/ano.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 16

Estima se que essas empresas do setor em Minas Gerais estejam gerando 20 mil

empregos diretos, 5 mil dos quais no segmento de lavra e 15 mil nos de beneficiamento e

marmoraria. A partir dos investimentos aplicados no setor, calcula se que seria de apenas USD

10 mil o custo para a geração de um emprego direto.

A Figura 1.1 mostra a localização dos principais centros produtores de rochas em Minas

Gerais, no início dos anos 2000. À exceção do norte e nordeste do estado, com extração de

granitos e rochas similares, todos os demais centros produtores sofreram retração – em alguns

casos até paralisação – das atividades extrativas.

LEGENDA

1 – Granitos de Medina 9 – Quartzitos de Diamantina

2 – Granitos do Rio Doce Mucuri 10 – Serpentinitos de Sacramento

3 – Granitos de Guanhães 11 – Serpentinitos do Quadrilátero Ferrífero

4 – Granitos de Oliveira Candeias 12 – Pedra Sabão de Ouro Preto Mariana

5 – Granitos de Caldas 13 – Pedra Sabão de Gouveia

6 – Quartzitos Foliados de São Thomé das Letras 14 – Pedra Lagoa Santa

7 – Quartzitos Foliados de Alpinópolis 15 – Província de Ardósia (Papagaio – Felixlândia)

8 – Quartzitos de Ouro Preto

Figura 1.1 Localização dos principais centros produtores de rochas ornamentais e derevestimento emMinas Gerais. Fonte: IEL, 2003, p. 36.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 17

1.2 Implicações da História Recente do Setor no Estado

A partir do início dos anos 80, o Estado de Minas Gerais experimentou grandes taxas de

crescimento na atividade extrativa de rochas ornamentais e de revestimento, destacando se os

granitos, ardósias e quartzitos como principais variedades lavradas e comercializadas.

O crescimento da produção ocorreu como resultado da pressão internacional de

demanda, sobretudo em relação às rochas graníticas, não sendo, entretanto, acompanhado do

surgimento de polos industriais e, portanto, de uma base adequada de competitividade para

produtos beneficiados e com maior valor agregado.

O atendimento do mercado externo foi viabilizado pela ação de grandes importadores

estrangeiros, sobretudo italianos, essencialmente através da comercialização de blocos de

granito (rochas silicáticas brutas). Diante da falta de cultura setorial e da inexistência de

políticas governamentais de apoio e fomento à atividade produtiva da pequena e média

mineração, os importadores substituíram os agentes institucionais, financiando a lavra e

garantindo preço de comercialização ao minerador de granitos.

A partir do ano de 1998, houve uma inversão das tendências positivas de produção e

exportação de blocos de granito até então manifestadas. Este novo quadro não constituiu

resultado de um efeito sazonal, traduzindo a perda de competitividade dos granitos mineiros

nos mercados externo e interno e a própria fragilidade das bases comerciais calcadas na

exportação de material bruto.

As ardósias e quartzitos foliados, com diferentes perfis de beneficiamento e mercado,

não ficaram sujeitos aos contratos de exclusividade vigentes para os granitos, sendo lavrados,

processados e comercializados por empresários locais, bem como cumprindo outras trajetórias.

Também pelo noviciado, esses segmentos não estiveram imunes a problemas, podendo se

destacar a pressão ambiental na lavra dos quartzitos e o aviltamento de preços das ardósias no

mercado interno.

1.3 Situação Atual

São negativos todos os atuais indicadores de desempenho – e, portanto, da

competitividade – das atividades mínero industriais do setor de rochas ornamentais no Estado

de Minas Gerais. Destaca se, neste sentido, o expressivo declínio da produção e das

exportações estaduais, bem como a paralisação de diversos focos de lavra e a redução das

variedades de rochas extraídas.

A produção formal de Minas Gerais está hoje praticamente restrita às ardósias de

Papagaios, aos quartzitos foliados de São Thomé das Letras e aos granitos da região norte

nordeste do estado. O relevo da atividade produtiva de ardósias e quartzitos foliados é bem

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 18

inferior ao da última década. Os granitos extraídos são exportados como blocos ou beneficiados

no Espírito Santo, pouco contribuindo para a economia do estado e dos municípios produtores.

Diversos fatores estão atrelados à perda de protagonismo do Estado de Minas Gerais,

podendo se pontuar:

o processo de exclusão das atividades de lavra em regiões mais densamente

povoadas, onde a mineração passa a competir com outras formas de uso e

ocupação do solo. Esse processo é mais rigoroso com as substâncias não metálicas,

como os agregados para construção civil, os insumos para cerâmica e as rochas

ornamentais, convencionalmente exploradas por micro e pequenas empresas

(MPEs);

a desarticulação e divergência técnica entre os cada vez mais numerosos agentes

federais, estaduais e municipais de fiscalização da atividade produtiva, sob a égide

de questões ambientais, minerárias, trabalhistas e tributárias;

as políticas governamentais de apoio e fomento às atividades mínero industriais,

inspiradas pelas grandes empresas e focadas nas commodities minerais metálicas.

Não existe atendimento adequado, e sequer entendimento sistêmico, das

demandas das MPEs;

o aumento dos custos de produção (mão de obra, energia/combustíveis e

impostos), especialmente para as rochas de processamento simples e menor valor

agregado, como é o caso das ardósias e quartzitos foliados, que está inviabilizando a

economicidade dos empreendimentos mínero industriais;

a forte estrutura industrial de beneficiamento primário instalada no Estado do

Espírito Santo, que se contrapõe à verticalização das atividades produtivas de

rochas de processamento especial, como os mármores e granitos, nos vizinhos Rio

de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.

Os resultados mais visíveis e mensuráveis da retração de Minas Gerais, no setor de

rochas, podem ser observados pela evolução de suas exportações, tanto em termos absolutos

quanto comparativos aos números do Brasil e Espírito Santo. A participação de ardósias e

quartzitos foliados, no total das exportações de Minas Gerais, recuou de 64% em 2008 para

30% em 2013. No ano de 2013, as exportações de blocos de granito pelo Estado de Minas

Gerais somaram USD 106,5 milhões (posições 2516.11.00 e 2516.12.00), já compondo 52% do

total exportado.

Algumas abordagens setoriais mais recentes apontam que a sustentabilidade da

produção de ardósias e quartzitos foliados está condicionada ao seu aproveitamento como

matéria prima para usos industriais diversos. A sustentabilidade socioeconômica dos granitos

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 19

estaria, por sua vez, condicionada à instalação de um polo ou polos de beneficiamento de

blocos na região norte nordeste do estado.

Para os quartzitos foliados e ardósias, essas abordagens têm sido realizadas pela FEAM –

Fundação Estadual do Meio Ambiente, apontando a necessidade de melhoria de recuperação

na lavra, de diversificação dos produtos comerciais de revestimento, de aproveitamento

industrial dos resíduos e de orientação dos processos de licenciamento ambiental e controle de

direitos minerários.

Para os granitos do norte nordeste de Minas Gerais, propostas de estudos foram

formuladas e apresentadas, em diferentes oportunidades, às autoridades do governo estadual.

Tais propostas baseavam se na perspectiva de consolidação de polos mínero industriais em

regiões de baixo IDH, como a dos vales do Jequitinhonha e Mucuri, inclusive centrados no

aproveitamento integrado de materiais gemológicos e rochas ornamentais.

Fica a impressão que as instituições públicas estaduais e federais conseguem identificar

problemas e gargalos competitivos setoriais, tendo dificuldades para implementar soluções. Da

mesma forma, parece cada vez mais fraca a interface da Academia com o setor produtivo de

rochas em Minas Gerais, bem como das empresas de lavra e beneficiamento aos sindicatos que

as representam. A capilaridade e estrutura operacional do SENAI e SEBRAE, adequadas para

execução de programas e projetos de interesse setorial, têm sido cada vez menos mobilizadas

no estado.

Especificamente para as ardósias, é cada vez mais evidente a necessidade de seu

aproveitamento integrado, como material de revestimento e uso industrial, sem o que ficam

muito prejudicadas as bases de sustentabilidade econômica e ambiental exigidas para a

preservação da atividade produtiva e multiplicação regional de seus benefícios.

1.4 A Importância da Província de Ardósia de Minas Gerais

A importância socioeconômica atribuída à denominada Província de Ardósia de Minas

Gerais pode ser observada pelos diversos projetos, estudos e investimentos, públicos e

privados, a ela relacionados nos últimos 15 anos, destacando se:

Panorama do Setor de Ardósias do Estado de Minas Gerais (COMIG, 1998);

Projeto Rochas de Minas: Estudo de Competitividade do setor de Rochas

Ornamentais e de Revestimento do Estado de Minas Gerais (IEL MG/SINROCHAS

MG, 2003);

Diagnóstico da Indústria de Ardósia de Papagaios e Região (FIEMG/IEL

MG/SINROCHAS MG, 2004);

Detalhamento de APLs de Base Mineral: Ardósia – Papagaio/MG (MCT/IEL MG,

2006);

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 20

Gestão de Passivos Ambientais na Mineração; Plano de Ação para Sustentabilidade

do Setor de Rochas Ornamentais – Ardósia Papagaios (FEAM, 2010).

Esses projetos ensejaram a realização de vários estudos acadêmicos centrados no

aproveitamento dos rejeitos da lavra e beneficiamento da ardósia.

A relevância brasileira do setor produtor de ardósia em Minas Gerais pode ser ainda

verificada pelas ações da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais –

ABIROCHAS e do Ministério das Relações Exteriores. A partir de junho de 2014, após sete anos

de tratativas e reuniões na Comissão Europeia de Normatização (CEN), as ardósias de Minas

Gerais passam a ser qualificadas para o mercado europeu, através da Marca CE, desde que

atendam aos requisitos tecnológicos exigidos pela norma EN 12326: Parte 1 (Slate and Stone for

Discontinuous Roofing and External Cladding – Part 1: Specifications for Slate and Carbonate

Slate).

Deve se agora enfatizar a multiplicidade vocacional das ardósias e a necessidade de seu

aproveitamento para usos industriais. Como insumo industrial, as ardósias evidenciam alguns

atributos muito positivos, tais como: granulação fina dos constituintes minerais, interessante

para cerâmica vermelha; homogeneidade química, favorável para a composição de cimento; e,

conteúdo de água intercristalino, que determina a propriedade de expansão térmica e sugere a

possibilidade de aproveitamento para agregados leves, cimento e fertilizantes.

Uma das janelas de oportunidade atualmente observadas refere se a uma ainda

incipiente, porém promissora, pressão de demanda pelos rejeitos, que podem ser agora

realmente chamados de resíduos ou estoques remanescentes, como material de base e sub

base para pavimentação asfáltica de rodovias e como insumo para cimento. Continuam em

aberto as possibilidades do aproveitamento das ardósias para cerâmica vermelha, além de

agregado leve, cimento e fertilizantes, nestes casos com os produtos da expansão térmica da

rocha.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 21

2 O PLANO DE AÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE DA ATIVIDADE PRODUTIVA DE ARDÓSIAS

2.1 Ações Previstas e Atividades Desenvolvidas

O Termo de Referência, elaborado pela FEAM/GPROD, para desenvolvimento do Plano

de Ação visando à sustentabilidade da atividade produtiva de ardósias, no Estado de Minas

Gerais, previu as abordagens a seguir apresentadas.

a) Ações de contextualização da produção da ardósia, consolidadas em um relatório parcial,

apresentado após 06 (seis) meses de trabalho, enfocando os seguintes temas:

Volume de rejeito/estéril de ardósia disposto no município de Papagaios e mais

amplamente na região da Província de Ardósia de Minas Gerais, visando à

identificação do passivo ambiental existente, bem como das medidas adotadas no

controle ambiental, propostas para a recuperação das áreas mineradas;

Identificação das possíveis minas a serem fechadas e estudo de viabilidade do uso

futuro destas áreas, bem como de seu plano de fechamento, conforme Deliberação

Normativa nº127/2009;

Estudo de preços e principais produtos, visando determinar um panorama

econômico da indústria extrativa e de beneficiamento da ardósia no âmbito

municipal, estadual e nacional;

Identificação do destino da produção, mão de obra, investimentos, perspectivas

empresariais, etc., em face da recente retração do mercado externo e das

contingências do mercado interno;

Verificação de programas institucionais de apoio e fomento setorial, ações da

Prefeitura Municipal de Papagaios, iniciativas públicas e privadas de revalorização e

reinserção das ardósias no mercado brasileiro de revestimentos.

b) Ações Específicas para a Sustentabilidade do Setor de Extração/Beneficiamento de Ardósia,

consolidadas em um relatório parcial, apresentado após 12 (meses) meses de trabalho,

enfocando os seguintes temas:

Levantamento de pesquisas e estudos referentes ao aproveitamento dos rejeitos da

lavra e beneficiamento de ardósias como matéria prima industrial, enfocando

possibilidades já vislumbradas, novas possibilidades e ensaios de caracterização

tecnológica requeridos para definição dos prováveis usos dos resíduos;

Identificação da viabilidade socioeconômica e ambiental de possível aplicação de

simbiose industrial, levantando perspectivas de parcerias (PPP’s – parcerias público

privadas; SPE’s – sociedades de propósito específico) e implantação de unidades

industriais focadas no aproveitamento dos resíduos de lavra e beneficiamento da

ardósia para usos diversos em outras tipologias industriais;

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 22

Análise, junto com a Prefeitura e pequenos serradores, da possibilidade e

oportunidade de implantação do Distrito Industrial de Papagaios, capaz de abrigar as

empresas hoje atuantes na área urbana;

Verificação da viabilidade de montagem de oficina escola, também no município de

Papagaios, para elaboração de mosaicos, esculturas, peças de decoração, mobiliário

e utensílios, tendo em vista a diversificação dos produtos comerciais de valor

agregado e otimização dos índices de recuperação na lavra e no beneficiamento de

ardósia;

Indicações para estruturação de seminário sobre a realidade e perspectivas de

aproveitamento de resíduos mínero industriais em Minas Gerais – ardósias;

Formulação de proposta junto às associações e instituições representativas do setor,

visando à criação de um centro interinstitucional de orientação para a regularização

minerária e ambiental da atividade produtiva na Província de Ardósia de Minas

Gerais, focando o próprio segmento de ardósia e outros empreendimentos do setor

mineral existentes na região.

Tendo em vista o Termo de Referência e o escopo de abordagem do Plano de Ação,

foram desenvolvidas as seguintes atividades:

Compilação de informações sobre a situação atual e as perspectivas do setor de

rochas ornamentais brasileiro, com detalhamento para as ardósias de Minas Gerais;

Pesquisa bibliográfica sobre o aproveitamento de resíduos de ardósia na indústria

cerâmica, de cimento, de agregados leves, insumos agrícolas e outros;

Pesquisa sobre o aproveitamento de ardósia em paisagismo, peças de decoração,

móveis e outras utilidades;

Pesquisa sobre recuperação de áreas degradadas pela mineração de ardósia;

Levantamento das fontes de captação de recursos governamentais existentes para

novos estudos e projetos;

Realização de trabalhos de campo na Província de Ardósia: 15 a 18 e 27 a 30 de

maio; 05 e 06 de junho; 10 a 13 de setembro de 2013;

Cadastramento e documentação de 30 frentes ativas de lavra de ardósia (27 antigas

e 3 novas);

Identificação de 49 frentes paralisadas e 137 pilhas de bota fora, plotadas em

imagens de satélite;

Observação de lavras de argilas e produção de cerâmica vermelha em Papagaios,

como nova atividade mínero industrial;

Realização de entrevistas com produtores de ardósia e de cerâmica (MICAPEL, MAP,

Ardósia Reis, Cerâmica Pássaro Verde);

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 23

Reunião com o atual prefeito de Papagaios e com o procurador do município em

05/06/2013, para discussão das pendências ligadas à implantação do Distrito

Industrial;

Realização de três reuniões na AMAR MG (15/05/2013, 05/06/2013 e 14/08/2014),

com seu presidente e representantes de empresas associadas, para

encaminhamento do processo de certificação das ardósias mineiras, no mercado

europeu, pela Marca CE;

Avaliação da pilha de resíduos originados das indústrias/serrarias operantes na área

urbana de Papagaios;

Localização e estimativa do volume das pilhas de bota fora existentes na Província,

através de levantamentos de campo e análise de imagens de satélite;

Análise da evolução dos preços dos produtos de ardósia frente aos seus custos de

produção;

Avaliação do trabalho de qualificação de empresas para obtenção da Marca CE;

Localização das serrarias instaladas na área urbana de Papagaios, em imagem de

satélite;

Presença na defesa de dissertação de mestrado do engº Waldemar Vaz de Resende,

em 07/12/2012, tratando do aproveitamento de ardósia para a produção de

concreto;

Reunião no CETEC (06/03/2013), juntamente com a equipe da FEAM/GPROD,

quando foram discutidas as possibilidades de envolvimento do CETEC no enfoque

das ardósias;

Participação em reuniões de trabalho na FEAM, nos dias 23/01/2013, 19/04/2013,

25/07/2013, 20/09/2013, 31/01/2014 e 13/06/2014 com toda a equipe técnica

envolvida;

Contatos com empresas produtoras/consumidoras de brita de ardósia;

Visita à Holcim S/A, em Pedro Leopoldo, no dia 29/10/2013;

Contatos com pesquisadores da UFMG, visando formulação de bases para o

aproveitamento de rejeitos;

Preparação e realização do Seminário Valorização dos Resíduos de Ardósia,

seminário este ocorrido no dia 20/11/2013, na sede da AMAR MG, em Papagaios;

Reunião na empresa North Carolina Stalite Co., em Salisbury (Carolina do

Norte/EUA), em 04/05/2014, para parcerias envolvendo a produção de agregados

leves.

Os relatórios de andamento e parciais elaborados para apresentação e discussão das

atividades desenvolvidas no Projeto foram os seguintes:

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 24

Janeiro/2013 – 1º Relatório de Andamento do projeto: Panorama do Setor de

Rochas ornamentais e de Revestimento;

Abril/2013 – 2º Relatório de Andamento do projeto: O Aproveitamento dos

Resíduos de Ardósia para Usos Industriais – Histórico do Tema no Estado de Minas

Gerais;

Maio/2013 – 3º Relatório de Andamento do projeto: 1º Relatório de Viagem à

Província de Ardósia de Minas Gerais;

Junho/2013 – 4º Relatório de Andamento do projeto: 2º Relatório de Viagem à

Província de Ardósia de Minas Gerais;

Junho/2013 – 5º Relatório de Andamento do projeto: 3º Relatório de Viagem à

Província de Ardósia de Minas Gerais;

Junho/2013 – Relatório da 1ª Etapa de Trabalho: Contextualização da Produção de

Ardósia;

Julho/2013 – 6º Relatório de Andamento do Projeto: Localização e Identificação das

Pedreiras Ativas e Paralisadas da Província de Ardósia – Estimativa do Volume das

Pilhas de Bota Fora;

Agosto/2013 – 7º Relatório de Andamento do Projeto: Avaliação de Preços e Custos

de Produção, Marca CE e Serrarias na Área Urbana;

Setembro/2013 – 8º Relatório de Andamento do Projeto: 4º Relatório de Viagem à

Província de Ardósia de Minas Gerais – Conclusão do Cadastramento das Frentes

Ativas de Lavra;

Novembro/2013 – 9º Relatório de Andamento do Projeto: Avaliação do Seminário

Valorização dos Resíduos de Ardósia;

Dezembro/2013 – Relatório da 2ª Etapa de Trabalho: Ações Específicas para a

Sustentabilidade do Setor de Extração/Beneficiamento de Ardósia;

Maio/2014 – 10º Relatório de Andamento do Projeto: Produtos da Ardósia

Termicamente Expandida; Relatório de Visita à North Carolina Stalite Co.

Este relatório final, apresentado 18 (dezoito) meses após a assinatura do contrato,

discute as abordagens previstas no escopo do Plano de Ação, incluindo o resultado do

seminário sobre a realidade e perspectivas de aproveitamento de resíduos mínero industriais

de ardósias.

2.2 Principais Aspectos Analisados

2.2.1 Perfil da Atividade Produtiva

A Província de Ardósia de Minas Gerais insere se em área poligonal, com cerca de 7.000

km2, abrangendo total ou parcialmente os municípios de Papagaios, Curvelo, Pompeu,

Paraopeba, Caetanópolis, Felixlândia, Leandro Ferreira, Martinho Campos e Pitangui. A área da

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 25

Província é dividida nos distritos cromáticos de Felixlândia, Rio Pará, Rio Paraopeba e Riacho da

Areia (Figuras 2.1 e 2.2). No distrito de Felixlândia produzem se ardósias verdes e/ou roxas; no

distrito do Rio Paraopeba, ardósias cinzentas e/ou cinza ferrugem; no distrito do Rio Pará,

ardósias cinzentas; no distrito do Riacho da Areia, ardósias escuras (negras ou grafite).

Ardósias são rochas pelíticas de baixo grau metamórfico com orientação planar

preferida de minerais tabulares e prismáticos. Por causa disto partem se segundo superfícies

notavelmente planas (clivagem ardosiana). São homogêneas e de textura afanítica. Sua dureza

é média, a densidade é 2,7 g/cm3 e os principais minerais formadores são mica branca, quartzo

e clorita.

O principal foco de extração e beneficiamento de ardósias é o município de Papagaios

(60% da produção total), com ardósias cinzentas (na maior parte). As jazidas são lavradas a céu

aberto, em encosta e em cava. As cavas têm piso regular e normalmente plano (devido à

clivagem horizontalizada), como mostrado na Foto 2.1. Sistemas de fraturas (“lavados”) são

fatores prejudiciais na lavra (Foto 2.2).

O capeamento estéril nas jazidas atinge até 30 40 m de espessura, enquanto o material

útil tem poucas dezenas de metros de espessura (Foto 2.3). A recuperação na lavra é de 10

15%. O desmonte é efetuado em bancadas e as placas extraídas do piso têm 15 a 25 cm de

espessura (Foto 2.4). Os blocos de lajão e lajinha são retirados usando se discos diamantados

montados em carrinhos de chão (Foto 2.5). Uma vez cortados lateralmente, esses blocos são

liberados com cunhas manuais ou mecânicas e carregados por empilhadeiras (Fotos 2.6 e 2.7).

O principal produto beneficiado são ladrilhos/lajotas padronizados, para revestimento

de piso. O restante origina tampos de mesa, pias, bilhares, revestimento de paredes,

mobiliário, telhas e mosaicos. O beneficiamento engloba esquadrejamento, acabamento de

superfícies, calibração da espessura, cortes curvos e perfurações. O primeiro passo no processo

de beneficiamento é a abertura das placas, a martelo e talhadeira (Fotos 2.8 e 2.9).

Conforme já referido, todas as lavras da Província são do tipo “céu aberto”,

normalmente com grande desenvolvimento horizontal e expressão vertical determinada pela

espessura do capeamento estéril. Algumas pedreiras de ardósia cinza e grafite chegam a ter

300 400 m de extensão e até mais de 50 m de profundidade (Foto 2.10).

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 26

Figura 2.1 – Localização das áreas produtoras de ardósia. Fonte: Grossi Sad et al., 1998, p. 17.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 27

ARDÓSIA CINZA ARDÓSIA GRAFITE / PRETA

ARDÓSIA VERDE ARDÓSIA VINHO (ROXA)

ARDÓSIA FERRUGEM OUMULTICOLOR

Figura 2.2 – Variações cromáticas das ardósias de Minas Gerais.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 28

Foto 2.1 – Frente de lavra de ardósia cinza, mostrando a regularidade e horizontalidade dopiso.

Foto 2.2 – Traços de fraturamento evidenciados no piso de uma cava de ardósia. Aintensidade dos sistemas de fraturas pode determinar até perda total do banco afetado.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 29

Foto 2.3 – Talude de cava com grande espessura de capeamento intemperizado,correspondente a solo, na parte superior, e toá na porção intermediária do perfil. O nívelbasal, de cor acinzentada na foto, indica o banco de ardósia comercial.

Foto 2.4 – Empilhamento de blocos do tipo lajinha (não quadrangulares comoos lajões) e lajões, que têm de 15 a 25 cm de espessura.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 30

Foto 2.5 – Operação dos carrinhos de chão, com discos diamantados, pararecorte de lajões no piso da cava.

O emboque das lavras é efetuado em terrenos inclinados, avançando se a escavação

contra o relevo e seguindo se um plano horizontal/sub horizontal que acompanha o banco

(nível) de ardósia objetivado. Os acessos e vias de circulação na cava e arredores são assim

muito pouco inclinados e normalmente dispensam veículos especiais para as operações de

transporte.

A taxa de recuperação na lavra de ardósias é bastante baixa, não ultrapassando 10%

15% na fase de pleno desenvolvimento de uma pedreira. Se considerarmos a fase inicial de

desenvolvimento, a taxa média final de recuperação na lavra deve se situar em 5% a 10%. Este

valor é compatível ao noticiado para outros centros mundiais de lavra de ardósia, por exemplo,

da região da Galícia, na Espanha.

O desmonte do capeamento estéril, formado por solo, toá (rocha intemperizada e

fragmentada) e rocha alterada, é efetuado por meios mecânicos convencionais, utilizando se

retroescavadeiras, pás carregadeiras, etc. Detonações são eventualmente necessárias e

normalmente efetuadas por empresas especializadas, terceirizadas, para os níveis inferiores de

capeamento, onde rochas fisicamente pouco alteradas, sobretudo do tipo “matacão”, têm de

ser removidas (Foto 2.11).

O desmonte do banco de ardósias aproveitáveis configura uma lavra em bancadas

únicas sucessivas ou em bancadas múltiplas largas (Fotos 2.12 e 2.13). Os “blocos” extraídos

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 31

são designados “lajões” quando bem esquadrejados e como “lajinhas” quando formam ângulos

agudos e implicam maiores perdas no beneficiamento.

Dentro dos padrões tecnológicos convencionais, o investimento necessário para

abertura de uma pedreira com capacidade para 15.000 m2/mês é estimado em R$ 500 mil. O

custo de lavra, nos mesmos padrões de produção, é de no mínimo R$ 2,00 para o m2 de

“pedras” com 2,0 a 2,5 cm de espessura.

Foto 2.6 – Após o corte lateral com discos diamantados, os lajões sãodescolados do piso através de cunhas manuais ou mecânicas.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 32

Foto 2.7 – Carregamento de lajões e lajinhas na lateral da cava, onde se observaescalonamento dos bancos de ardósia.

Foto 2.8 – Abertura (delaminação) de placas, com cunhas e marreta, a partir dolajão de ardósia.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 33

Foto 2.9 – Lajotas esquadrejadas sem calibração, na própria frente de lavra.

Foto 2.10 – Pedreira de ardósia grafite na Serra da Boa Vista. Notar a extensão dasuperfície já lavrada e a altura dos taludes.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 34

Foto 2.11 – Exemplo do produto do processo de acebolamento das ardósias matacão. Com aoxidação intempérica nos níveis superiores do terreno, as ardósias matacão formammatacões de ardósia.

Foto 2.12 – Frente de lavra de ardósia cinza com desenvolvimento de diferentes níveis dedesmonte, como em bancadas ou degraus múltiplos largos.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 35

Foto 2.13 – Frente de lavra de ardósia cinza desenvolvida em bancada ou degrau únicosucessivo.

Para efeito deste relatório, é importante destacar o conceito relativo a rejeito e resíduo.

Nas lavras de ardósia para revestimento, existentes em Minas Gerais, solo e toá formam o

capeamento do banco comercial e são considerados material estéril. A parte não aproveitada

do banco comercial (cacos e cavacos de ardósia fresca) é definida como rejeito. As pilhas de

bota fora da lavra são assim constituídas por material estéril (solo e toá) e por cacos e cavacos

de ardósia fresca (rejeito). Se for levada em consideração a possibilidade de aproveitamento

dos rejeitos da lavra de ardósia de revestimento, para usos industriais diversos, esses rejeitos

passam a constituir resíduos ou estoques remanescentes.

2.2.2 Estimativa da Produção

Parece ter havido recuo da produção de ardósias na Província. A redução mais

acentuada ocorreu para as ardósias cinza foliadas, de Papagaios, e para as ardósias verdes e

roxas de Felixlândia. Em contrapartida, intensificou se a produção de ardósia cinza matacão na

margem direita do Rio Paraopeba. Mantém se ainda elevado o nível de produção das ardósias

escuras, tanto grafite quanto pretas.

Estima se, assim, que a produção da Província de Ardósia tenha recuado 40% a 50% ao

longo dos últimos cinco anos. Avaliações convergentes apontam que 60% da atual produção de

lavra são voltados para o atendimento do mercado externo e 40% para o mercado interno.

Considerando que as exportações de 2013 somaram 105.000 t, pode se indicar que um

total de 175.000 t (105.000 t 0,6) foi produzido para o atendimento dos mercados interno e

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 36

externo. Assumindo se recuperação média de 30% no processo de beneficiamento, calcula se

que a produção líquida de lavra tenha sido de 580.000 t (175.000 t 0,3). Assumindo se, da

mesma forma, que a recuperação média da lavra, em lajões e lajinhas, no banco de ardósia

comercial, seja de 30%, teria havido uma produção bruta de lavra de 1.930.000 t (580.000 t

0,3) em 2013. Considerando, por fim, que o banco de ardósia comercial perfaz, em média, 30%

da espessura do material desmontado na pedreira (solo, toá e rocha), pode se indicar em

4.800.000 t (1.930.000 t 0,41), o total de desmonte de lavra relativo à produção de ardósia de

Minas Gerais no ano de 2013.

Como a produção da ardósia do Estado de Santa Catarina é estimada em 10% da

produção de Minas Gerais, poderíamos inferir que a produção brasileira de ardósia tenha se

situado em torno de 600.000 t em 2013 (580.000 t + 10% 640.000 t). O Município de

Papagaios é responsável por 60% da produção estadual e 50% da produção nacional de ardósia

para revestimento.

2.2.3 Força de Trabalho

Segundo apurado em entrevistas realizadas com empresários do setor, estima se que a

força de trabalho, mobilizada na atividade produtiva de ardósia, tenha sofrido uma redução de

50% a 60% frente aos últimos cinco anos (encerraram as suas atividades a ECB, Pevex, Lincar e

outras empresas de médio e pequeno porte). O número de empregos diretos é atualmente

estimado em 3.000 postos. O piso salarial do setor era bastante superior à média nacional, o

que não é mais realidade. A perda de poder aquisitivo dos trabalhadores do segmento de

ardósia teve maior impacto na economia regional do que a diminuição dos postos de trabalho.

Até como alternativa à produção de ardósia, novas áreas de atividade estão florescendo

no âmbito da Província e absorvendo mão de obra. Destacam se as florestas plantadas de

eucalipto, as cerâmicas (cerâmica vermelha), a pecuária de corte e leite e a agricultura de

milho, soja e feijão, com utilização de pivô central.

2.2.4 Cadastramento das Pedreiras

Como parte das atividades previstas no Plano de Ação objetivado, foi realizado o

cadastramento das pedreiras ativas na área da Província de Ardósia de Minas Gerais. No

período de 27 a 29 de maio de 2013 (2ª viagem de campo) puderam ser visitadas e registradas

17 frentes de lavra, que hoje representam de 70% a 80% do total da produção regional. As

frentes cadastradas envolveram ardósias cinza, pretas e grafite, próximas do Rio Pará (margem

esquerda), do Córrego Alto das Pedras (fazendas Vereda e Rio Preto), do Riacho de Areia (Serra

1 Como o solo e o capeamento de toá têm densidade inferior ao da ardósia fresca, o total do desmonte foicalculado como se a ardósia fresca representasse 40% do peso total da pilha.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 37

da Boa Vista), da estrada do Amorim (Fazenda Morrinhos) e de Pompeu Velho. O registro

fotográfico desse levantamento de campo está apresentado no Álbum 1.

No período de 10 a 12 de setembro de 2013 (3ª viagem de campo), efetuou se trabalho

de conclusão do cadastramento das pedreiras ativas na Província de Ardósia. As 13 frentes

cadastradas distribuem se às margens do Rio Paraopeba, principalmente com ardósia cinza

matacão e, mais ao norte da Província, na região de Felixlândia, com ardósias verdes e vinho

(roxa), nos municípios de Papagaios, Pompeu, Paraopeba, Curvelo e Felixlândia. O registro

fotográfico desse levantamento de campo está apresentado no Álbum 2.

Foram assim registradas 30 frentes de lavra em operação, localizadas nos municípios de

Papagaios (11), Curvelo (5), Paraopeba (5), Pompeu (3), Felixlândia (2), Martinho Campos (2),

Leandro Ferreira (1) e Pitangui (1), conforme apresentado nos Apêndices A (Mapas de

Localização da Atividade Minero Industrial de Ardósia para Revestimento) e B (Frentes Ativas

de Lavra: Relação Atualizada em Setembro/2013). As frentes de lavra ativas foram identificadas

com a letra A e um número sequencial. As pedreiras paralisadas, em número de 50, são

apresentadas no Apêndice C (Frentes Paralisadas – Não Cadastradas) e foram identificadas com

a letra P e um número sequencial. O Quadro 2.1 mostra a distribuição das frentes ativas e

inativas de lavra, bem como as pilhas de bota fora, agrupadas em subáreas. As figuras 2.3 e 2.4

mostram a distribuição espacial dessas subáreas em imagem de satélite.

Em Papagaios estão sendo extraídas ardósias grafite (4 frentes) e cinza (7 frentes), neste

caso incluindo as variedades foliada e matacão. No município de Curvelo a ardósia extraída é

quase essencialmente do tipo cinza matacão. No município de Paraopeba são extraídas

ardósias cinza matacão e ferrugem. Nos municípios de Leandro Ferreira e Martinho Campos

lavra se ardósia preta. Em Pompeu é extraída a ardósia preta e ardósia cinza matacão,

respectivamente em Pompeu Velho e Porto Mesquita. As ardósias verdes e vinho (roxa) são

lavradas no município de Felixlândia. Em Pitangui também é extraída a ardósia preta, na

margem direita do Rio Pará.

A queda mais notável da atividade produtiva, com paralisação de várias frentes de lavra,

ocorreu no Córrego das Pedras (fazendas Vereda e Rio Preto) e em Felixlândia. O maior

incremento da atividade produtiva foi registrado na margem direita do Rio Paraopeba, com a

ardósia cinza matacão.

Cresceram a produção e o mercado das chapas/lajões mais grossos, de ardósia matacão,

para degraus, pisos elevados, bilhar e tampos em geral, caindo a produção das ardósias

foliadas, chamadas como “ardósias de revestimento”, para lajotas de piso.

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Quadro 2.1 – Atividade produtiva de ardósia para revestimento: situação em setembro/2013

Subárea Frentes Ativas de LavraFrentes Inativas

de LavraPilhas de Bota Fora

Agropeu P5

Alto das Pedras

A10 Micapel, A11 MAP, A12 ArdósiaNovo Mundo

A13 MAP, A14 Vale VerdeMineração, A15 Mineração PadreLibério, A16 Lithos Mineração

P1, P2, P3, P4,P37

R22, R23, R24, R25, R26, R27,R28, R29, R30, R31, R32, R33,R34, R35, R36, R37, R38, R39,R40, R41, R42, R102, R103,R106

Alto GrandeA17 Ardósia Universal, A18 RJArdósia

P16, P17, P18,P19

R65, R66, R67, R68, R69, R70,R71, R72, R73, R74, R75, R126

Margem do Rio Lambari

Faz. Margem Rio Lambari

A5 Mineração Retiro, A6 AltivoPedras

P13, P14, P34,P50, P49

R10, R11, R12, R13, R14, R15,R16, R132, R133

Capão do Dama A7 Mineração Alto das Perdizes R130, R131

Estrada do AmorimA3 Mineração Morrinhos, A4Ardósia reis

R8, R9

Fazenda GuachoA20 Ardósia Bilhar, A21 AltivoPedras

P48R76, R77, R78, R79, R121,R122, R123

Fazenda Olhos d’Água P20R50, R51, R52, R53, R54, R55,R56

Fazenda Poço d’Anta P6 R127, R128, R129

FelixlândiaA22 Eber Alves Pereira, A23Granipex/Arar

PP38, P39, P40,P41, P42, P43,P44, P45, P46,P47

R101, R107, R108, R109,R110, R111, R112, R113,R114, R115, R116, R117,R118, R119, R125, R135, R137

Grota da ArdósiaA25 Bela Rocha, A26 MineraçãoTeresina Bahia, a27 Mauri FrançaAbreu Mineração, A28 Grupo Minar

R81, R82, R83, R84, R85, R86,R87, R124

Margem do Rio Paraopeba A19 Coopslate Mineração R80

Paulo BahiaP21, P22, P23,P24, P25

R57, R58, R59, R60, R61, R62,R63, R64

Pitangui A8 Mapel R20

Pompeu Velho A9a e A9b, ambas da Micapel R21, R134

Porto da Formiga P12, P13 R17, R18, R19, R120

Porto Mesquita A29 Mineração Porto Mesquita P29, P30 R90, R91, R92, R93, R94

Ribeirão do Chico P31, P32, P33 R95, R96, R97, R98

Rio Pardo P42, P43 R104, R105

São Bento P7, P8 R99

Serra da Boa Vista A1 Ardósia Martins, A2 ABV Slate P9, P10, P11 R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7

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Figura 2.3 – Distribuição espacial das subáreas na Província de Ardósia de Minas Gerais, incluindo asubárea de Felixlândia. Imagem de satélite datada de 09/04/2013, obtida a partir do Google Earth.

Figura 2.4 – Distribuição espacial das subáreas na Província de Ardósia de Minas Gerais. Maiordetalhe da distribuição das subáreas nas porções central e sul da Província. Imagem de satélitedatada de 09/04/2013, obtida a partir do Google Earth.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 40

Mantém se o interesse para chapas grossas e telhas de ardósias grafite e preta, cuja

produção deverá ser inclusive otimizada pela obtenção da Marca CE. Um importante novo foco

de demanda é o Polo Moveleiro de Ubá, que utiliza tampos de ardósia pintada para parte de

suas peças.

O maior problema mencionado para as lajotas convencionais, elaboradas para o

revestimento de pisos, é a queda de sua qualidade e padrões dimensionais, pela distribuição de

peças mais finas do que o mínimo recomendado (1 cm de espessura).

Constatou se que parte das lavras cadastradas no trabalho pioneiro da COMIG (atual

CODEMIG), efetuado em 1998, encontra se desativada. Por outro lado, algumas novas frentes

foram abertas a partir dos anos 2000, para lavra de ardósia preta, na Serra da Boa Vista, Estrada

do Amorim e em Pompeu Velho.

Pode se referir que aumentou significativamente a participação das ardósias escuras

(pretas e grafite) no total da produção. Destaca se ainda que a produção atual está

concentrada ou se concentrando em um número menor de empresas de maior porte, como a

MICAPEL/Greenslate, Altivo Pedras, ABV Slate e MAP.

Além das lavras de ardósia registrou se uma atividade já expressiva de exploração de

argila na várzea do Riacho de Areia, que alimenta a produção de tijolos e telhas em 19

indústrias cerâmicas, de pequeno porte, instaladas nas proximidades de Papagaios, bem como

de várias outras cerâmicas da região de Pará de Minas, Igaratinga e Antunes, próximo à BR 262.

Junto ao alagado da Fazenda Piri Piri, na várzea do Riacho Fundo, foi anotada exploração de

argila branca (alvará de pesquisa para argila refratária), que é transportada para São Paulo e

utilizada como insumo cerâmico.

2.2.5 Pilhas de Bota Fora da Lavra

2.2.5.1 Estimativa de Volumes

A visualização das imagens de satélite no Google Earth permitiu circunscrever além das

áreas de lavra de ardósia, as respectivas pilhas de bota fora na região da Província de Ardósia

de Minas Gerais. Foram delimitadas 130 pilhas de bota fora decorrentes da lavra de ardósia,

além de sete pilhas, localizadas nas proximidades da cidade de Papagaios, onde estão

acumulados os rejeitos do beneficiamento das serrarias operantes na área urbana do

município. As 137 pilhas encontram se assim distribuídas: 61 no município de Papagaios; 24 em

Paraopeba; 18 em Felixlândia; 10 em Curvelo; 9 em Martinho Campos; 7 em Pompeu; 6 em

Leandro Ferreira; 1 em Caetanópolis; 1 em Pitangui (Apêndice D – Pilhas de Bota Fora).

As imagens de satélite, que cobrem a área estudada, foram tomadas em datas diversas,

em período compreendido entre outubro/2003 a janeiro/2014. As pilhas de bota fora foram

identificadas com a letra R e um número sequencial.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 41

Para todas as cavas e pilhas foram registrados: localidade, município, cor da ardósia

lavrada, data da imagem de satélite, coordenadas geográficas, área em metros quadrados.

Onde foi possível fazer a correlação das observações de campo e das imagens de satélite, com

os dados do levantamento efetuado para a COMIG em 1998, foram indicados os nomes das

pedreiras, a empresa que está operando a lavra (ou, no caso das lavras paralisadas, as

empresas que trabalharam na área).

Também houve uma tentativa de correlacionar a pilha de bota fora com a respectiva

frente de lavra. Nem sempre isso está confirmado, pois há casos onde várias empresas

operaram em uma mesma frente de lavra, existindo muitas pilhas em torno de uma ou mais

cavas próximas. Esse é, por exemplo, o caso das lavras/pilhas de Alto Grande e Alto das Pedras.

Uma versão de avaliação do Google Earth Pro2 foi utilizada para demarcar e obter os

valores das áreas das cavas e pilhas. No caso das pilhas, foram obtidas as áreas da base e do

topo, para cálculo do volume de material estocado (solo, toá e ardósia não aproveitada para

beneficiamento). Os valores obtidos são aproximados, porque a delimitação das áreas carece

de exatidão. O objetivo foi o de se estimar a quantidade de material estocado na data em que a

imagem foi tomada pelo satélite. A observação das imagens indicam pilhas em

desenvolvimento, pilhas em estado suspenso de formação e outras já totalmente tomadas pela

vegetação (natural ou induzida).

A partir de referências fornecidas pelos mineradores e observações de campo, a altura

média das pilhas foi definida da seguinte forma:

Para pilhas com até 20.000 m2 de área da base: 10 m de altura;

Pilhas entre 20.001 e 40.000 m2 de área da base: 14 m de altura;

Pilhas entre 40.001 e 60.000 m2 de área da base: 18 m de altura;

Pilhas entre 60.001 e 80.000 m2 de área da base: 22 m de altura;

Pilhas acima de 80.001 m2 de área da base: 26 m de altura.

O volume de material estocado foi calculado utilizando se a fórmula de tronco de

pirâmide:

Volume = [(área da base maior + área da base menor) 2] x altura

Como fator de correção de cálculo, devido à inclinação da base dos relevos e

imperfeições da superfície das pilhas, foram eliminados 20% do volume obtido pela fórmula

acima. O resultado, em metros cúbicos, foi transformado em toneladas, adotando se uma

densidade média de 1,5 t/m3 para a mistura solo, toá e ardósia. Desse modo, chegou se aos

seguintes valores (vide Apêndice E Cálculo do Volume e Quantidade em Peso das Pilhas de

Bota Fora):

2 Disponível para download em http://www.google.com/intx/pt BR/enterprise/mapsearth/products/earthpro.html

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Volume das pilhas de bota fora: 58.991.520 m3 59 milhões m3

Quantidade em peso das pilhas de bota fora: 88.487.280 t 88 milhões t

Em virtude da variação da data da tomada das imagens de satélite, utilizadas como base

de cálculo, pode se inferir que os resultados obtidos correspondam a valores mínimos, pois

algumas das pilhas continuaram a ser acumuladas após o seu registro nessas imagens. Todas as

lavras ativas cadastradas, por exemplo, estariam com uma imagem desatualizada de suas pilhas

de bota fora. Uma eventual atualização poderia indicar um acréscimo de 10% a 15% nos valores

obtidos.

Um álbum das imagens de satélite (Álbum 3), apresenta a localização das cavas e pilhas

de bota fora. As imagens apresentam cavas isoladas ou os agrupamentos existentes em

determinadas áreas da Província.

2.2.5.2 Recuperação e Estabilização de Pilhas de Bota Fora

A perspectiva de aproveitamento dos rejeitos da lavra será provavelmente dificultada

pela mistura de toá, solo e rocha nas pilhas de bota fora. As pilhas de bota fora da lavra, que

não puderem ser reaproveitadas, poderão ser vegetadas e reintegradas à paisagem.

Experimentos bem sucedidos com revegetação das pilhas de bota fora, utilizando espécies

nativas do cerrado, foram estudados por Freitas (2012) e aplicados em áreas da Micapel (Fotos

2.14 e 2.15).

Nesses estudos foi utilizado o pó de ardósia, gerado no beneficiamento, como matéria

prima para enriquecimento dos solos empobrecidos e degradados, por meio da técnica de

rochagem, promovendo a restauração de áreas degradadas e favorecendo o crescimento das

espécies arbóreas nativas do Cerrado. Constou de aplicação de uma mistura de solo de

capeamento da pedreira com o pó de ardósia, na proporção de 7:3, disposta no topo e na base

do talude de uma pilha de bota fora recém finalizada. Foram plantadas 960 mudas de 23

espécies arbóreas e savânicas do cerrado, e de uma espécie exótica para a região (Eremanthus

erythropappus – candeia), cujo crescimento foi monitorado durante cinco anos. O percentual

de sobrevivência dessas 960 mudas foi de 92%.

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Foto 2.14 – Placa indicativa do estudo realizado pelo CETEC para recomposição dacobertura vegetal em pilha de bota fora de ardósia.

Foto 2.15 – Vista da área onde foi realizada a recomposição vegetal com espéciesnativas do cerrado, observando se o estágio alcançado pelo pleno desenvolvimentodas mudas plantadas em 01/12/2003. Foto tirada em 29/05/2013, no Alto dasPedras, Município de Papagaios.

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As espécies Piptadenia gonoacantha (angico), Dilodendron bipinnatum (maria pobre),

Apeiba tibourbou (pau jangada), Tabebuia impetiginosa (ipê roxo), Plathymenia reticulate

(vinhático branco) e Peltophorum dubium (canafístola), registraram os melhores resultados e

foram indicadas para programas de restauração ambiental no cerrado, devido ao seu alto índice

de crescimento e sobrevivência (maior que 75%), “... ressaltando que P. gonoacantha e A.

tibourbou, no segundo ano após o plantio, já apresentavam eventos de floração e frutificação,

atraindo uma quantidade significativa de polinizadores e dispersores” (FREITAS, 2012, p. 66).

Outra possibilidade de vegetação dessas pilhas de bota fora, que merece investigação, é

a utilização da espécie de capim vetiver (Vetiveria zizanioides (L.) Nash)3, que está sendo

aplicada, com sucesso, na estabilização de taludes em Nova Friburgo (RJ), onde ocorreu o

grande evento de deslizamento de terra em janeiro de 2011. O capim vetiver tem raízes densas

que podem penetrar até 6 m de profundidade. Embora seja uma espécie exótica, o capim

vetiver é considerado uma espécie não invasora, permanecendo apenas em seus locais de

plantio. É resistente ao arrancamento por enxurradas, tendo rápido crescimento e ajudando a

controlar a perda de solo por erosão. Segundo o agrônomo André Henriques, da Emater MG,

dentre os atributos do capim vetiver estão ainda a capacidade de colonizar lugares inóspitos.

Com hastes eretas e bastante rígidas, que chegam a atingir 2 m, o capim vetiver tem grande

tolerância a valores extremos de pH, salinidade, toxidade, umidade. Além disso, o custo da

implantação é baixo (cerca de USD 60/ha), não requer maiores cuidados após a estabilização do

plantio e é de fácil remoção.

As folhas do capim vetiver podem ser utilizadas em cestaria, na confecção de tapetes e

cobertura de telhados. De suas raízes é extraído um óleo essencial utilizado em perfumaria.

Sua aplicação deveria ser avaliada não somente para a estabilização das pilhas de bota

fora, mas também para a estabilização de taludes nas frentes de lavra, em associação às

espécies típicas do cerrado, até que estas se desenvolvam plenamente.

2.2.6 Obtenção da Marcação CE para Produtos de Ardósia (Pisos e Telhas) de Minas Gerais

Desde 1º de julho de 2013 começou a ser exigida a marcação CE (CE Mark) para todos

os produtos da construção civil, inclusive de rochas ornamentais e de revestimento,

comercializados nos países membros da União Europeia. Por esse motivo, a equipe técnica do

Plano de Ação promoveu e conduziu discussões sobre as certificações objetivadas, reunindo

empresários nos dias 15/05 e 05/06/2013. A partir dessas reuniões, a AMAR MG solicitou uma

proposta ao técnico francês Vincent Turrado, especializado em processos de qualificação

3 http://www.vetiver.com.br/#!http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/98183/1/39 capim vetiver 1.pdfhttp://www.youtube.com/watch?v=b6dbruFE2zE

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normativa e obtenção da marca CE, para realização de um trabalho orientativo junto a

mineradores e beneficiadores de ardósia.

O foco do trabalho foi norteado para duas vertentes de abordagem, envolvendo o que

se exige na Marca CE como declaração de desempenho da matéria prima (as ardósias) e de

seus dois principais produtos de exportação para a Europa (lajotas para piso e telhas de

ardósia).

A declaração de desempenho da matéria prima precisa ser efetuada, individualmente,

para cada frente de lavra que constitui área fonte de produtos de exportação. A declaração de

desempenho dos produtos deve ser realizada, e também apresentada, individualmente, pelas

empresas fabricantes dos produtos mencionados, que pretendam continuar exportando ou

começar a exportar para o mercado europeu.

Para exportação de placas de lajão não é necessário apor a marca CE, pois não é

produto acabado, mas é necessário preencher a declaração de desempenho baseada nos

resultados de ensaios orientados pela norma EN 1468 (qualificação da matéria prima). Para

pisos e telhas, que são produtos acabados, é necessário apor a marca CE. Nesse caso, ensaios

laboratoriais são exigidos e devem respeitar as normas EN 1341 e EN 12326, respectivamente.

O processo de certificação não é simples e nem barato, pois diversas análises, com

procedimentos específicos e baseados em normas técnicas geralmente complexas, precisam ser

efetuadas em laboratórios europeus (os laboratórios brasileiros ainda não são credenciados,

pela União Europeia, para a realização dessas análises).

Foi nomeada uma comissão, formada por três associados (representantes da Pecuária

Morrinhos, Coopslate e MAP) para tomar as providências necessárias para a vinda do técnico

francês, bem como levantar as empresas interessadas em participar do rateio das despesas.

Com recursos aportados por 13 empresas (Quadro 2.2), a AMAR MG intermediou a

contratação do técnico Vincent Turrado. O Sr. Turrado foi indicado pela empresa Micapel, para

a qual ele já executa serviços relativos ao mesmo assunto. A Micapel, que já tem experiência

nesse processo (suas certificações para telhas tiveram início em 2005), disponibilizou o técnico

Rafael Oliveira (Gestor de Qualidade da Micapel) para auxiliar o trabalho do técnico francês

junto às empresas participantes.

A proposta de trabalho, que veio a ser realizado durante o mês de julho de 2013, incluiu

orientações, apresentadas em apostila, sobre a certificação CE, sobre os testes necessários para

a certificação e sobre a coleta de amostras referentes a pisos e telhas.

Complementarmente, o Sr. Turrado também efetuou a cotação dos preços dos testes

exigidos, junto a laboratórios europeus.

KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 46

De acordo com a AMAR MG e empresas participantes, os trabalhos executados foram

muito satisfatórios e atenderam aos seus principais objetivos. As atividades desenvolvidas e

resultados obtidos foram sucintamente descritos em um relatório elaborado pelo Sr. Turrado

ainda no mês de julho de 2013.

Todos os trabalhos contratados ao técnico foram realizados em 2013, inclusive coleta e

envio de amostras para ensaios no LNE – Laboratoire National de Métrologie et d’Essais, na

França. Três laboratórios foram consultados, mas somente o LNE faz os ensaios para pisos e

telhas.

Quadro 2.2 – Empresas participantes do projeto de certificação na Marcação CE

Empresas que participaramdo treinamento

Empresas que concluíram o processoe tiveram suas amostras analisadas

AF Stone Ltda.

Arar Pedras Mineração Ltda. Arar Pedras Mineração Ltda.

AG Pedras Ltda.

Ardósia Minas Brasil Ltda.

BC Stones Ind. Com. de Ardósia Ltda.

Coopslate Ltda.

Lincar Pedras de Ardósia Ltda. Lincar Pedras de Ardósia Ltda.*

Micapel

Minerar Ltda. Minerar Ltda.

Mineração Alto das Pedras Ltda. Mineração Alto das Pedras Ltda.

Pecuária Morrinhos Ltda. Pecuária Morrinhos Ltda.

Pedra Gil

Vale Verde Mineração Vale Verde Mineração*

Mineração Alto Grande e Amaro Ltda. Mineração Alto Grande e Amaro Ltda.

(*) – Lincar e Vale Verde encaminharam as amostras, mas não concluíram os ensaios.

Das 13 empresas que fizeram o treinamento, sete procederam à coleta (além da

Micapel), envio do material à França e realização dos ensaios, ao custo de € 2.375 para pisos e €

4.050 para telhas por amostra (Tabela 2.1). O preço do frete foi de R$ 4.412,82 para a

totalidade das amostras enviadas pelas empresas. Os ensaios foram iniciados em

fevereiro/2014 e os relatórios com os resultados foram entregues às empresas em julho/2014.

De posse do relatório dos ensaios, cada empresa poderá preencher a declaração de

desempenho e apor a marca CE em seus produtos, independentemente da exportação ser

efetuada para países da União Europeia.

A obtenção da marca CE por um grupo maior de empresas, atuantes na Província de

Ardósia de Minas Gerais, deverá concorrer para uma melhor ordenação da atividade produtiva

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e qualificação dos produtos comerciais, colocando se como um importante vetor de

sustentabilidade regional.

Tabela 2.1 – Número de ensaios realizados por empresa

EmpresasPiso

EN 1341

Telha

EN 12326Suplementar*

Arar Pedras Mineração Ltda. 1

Micapel 4 2

Minerar Ltda. 3 3

Mineração Alto das Pedras Ltda. 2 1

Pecuária Morrinhos Ltda. 1 1 1

Mineração Alto Grande e Amaro Ltda. 1 1

Total de amostras analisadas 12 6 3

Total pago ao LNE = € 55.032 € 28.500 € 24.300 € 2.232

(*) – Para amostras com mais de uma espessura.

2.2.7 Mercado Interno e Pequenos Serradores

Embora as ardósias tenham grande resistência e durabilidade, o mercado interno tem

consumido ardósias subdimensionadas quanto à espessura e de qualidade inferior,

principalmente para utilização em pisos. O assentamento inadequado e em locais não

apropriados também contribuíram para desacreditar e desvalorizar as ardósias como material

de revestimento no mercado interno.

As lajotas de ardósia cinza com 6 a 8 mm de espessura são assim comercializadas a

preços que variam de apenas R$ 7 a R$ 10/m2, dependendo das suas medidas laterais. As

ardósias pretas são mais valorizadas: R$ 14 a R$ 21/m2, também com 6 a 8 mm de espessura.

Atualmente, o atendimento do mercado interno de ardósia está mais centrado na

produção de peças como cochos, tampos de mesa, bancos, etc., pois houve uma redução

significativa da comercialização de lajotas. As grandes empresas utilizam os serviços dos

pequenos serradores na produção de lajotas de exportação. Está havendo boa integração dos

pequenos serradores de Papagaios e Paraopeba com o Polo Moveleiro de Ubá, para onde são

comercializados tampos de ardósia. Os tampos são pintados em cores lisas ou com aplicação de

estampas imitando granitos, gnaisses e madeira (Foto 2.16). Esses tampos são destinados às

indústrias de móveis tubulares e aplicados em mesas e fruteiras (Figura 2.5).

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Foto 2.16 – Mesa e bancos de ardósia vinho pintados com o padrão “amadeirado”.

Figura 2.5 – Ilustração disponibilizada no site da Madmelos Indústria de Móveis(www.madmelos.com.br), mostrando a aplicação de ardósia pintada com motivo madeiradoem tampo de mesa. Os outros padrões disponíveis são ardósia “granitada” e ardósia “pretoindiano”, além das cores verde e branca. Várias outras empresas de Ubá fabricam móveistubulares, utilizando a ardósia pintada para tampo de mesas e fruteiras.

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Foto 2.17 – Algumas aplicações de produtos de ardósias: balcão em estabelecimento comercial,bancada em pias de banheiro, divisórias em curral de porcos, bancos em via pública, tampo de mesade bilhar e filetes para muros. Fonte: www.ardosiaparaopeba.com.br.

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Foto 2.18 – Outras aplicações de produtos de ardósias: piso e degrau, piso elevado, revestimento verticale horizontal em banheiro, pias, banheira e mesa e bancos. Fonte: www.ardosiaparaopeba.com.br.

2.2.8 Criação de Oficina Escola em Papagaios

Na formulação deste plano de ação, aventou se a possibilidade de montagem de uma

oficina escola no Município de Papagaios, para elaboração de mosaicos, esculturas, peças de

decoração, mobiliário e utensílios, tendo em vista a diversificação dos produtos comerciais de

valor agregado e otimização dos índices de recuperação na lavra e no beneficiamento de

ardósia.