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BIBLIOTECACRT-AIDS

IIUA Aíil()NHl LMü:JS. m - W 01309fUNIS: 2e4·420ô ~{H5·9724/2Bg·7SH

t; fi T A--CElHRO DE REFERSNCIA E TREINAMENTO EM AIDS

MIOCARDIOPATIA ASSOCIADA AO HIV

SILAS HOCHA DAS I~EVES

SÃO PAULO - SP

19~2

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::;U 1ÁRIO

1.

2.

Introdução.Concei to ••

...........................................................................................

3. Incidência de ID10cardiopatia assoc1ada ao HIV •••..•.••.• 4

~ .5.

Etiopatogênese.Diagn6stico.

.....................................................................................

b. Tratamento. .............................................7. cone Iuaêo •••• ...........................................ti. Bibliografia............................................ 'j

2

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1. Introdução

A síndrome da iJunodeficiencla adiqulr~da, se caracteriza

pelo comprometimento de várlos setores do organlsmo humano. A impor

tância das alterações que ocorrem no coração ~êm sldO ressa1~ada por

alguns autores. u Sarcolliade Kaposi, bem cumo as drogas utilizadas

na terapeutlca destes pacien~es e as infecçoes oportunlstas pudem

causar aLterações cardíacas.

Hansen, B. (1992) em estudo necroscóplCO de bu casos, cu~

seguiu o isolamen~o du agen~e causador de miocardlte em sete amostras:

ToxoElas~_g9..ndli em 5 casos, cytomegalovírus em 1 caso e rungo em

1 caso. ~orém alguns pacientes, sem que se pos~a apontar um dos fa-

tores acima, desenvulvem doença no músculo cBrdiaco, caracterizada por

alteraçoes eletrocardiográficas ou miocardiopo~la dl1a~ada. A m1oca~

diopatia nSo dilatada ~ menos comum e mais relacionada com infiltra-

ção mioeérdlca por sarcuma de Kaposi ou llnroma. (3)Em pacientes que apresentavam a~~eraçbes miocárdlcas com-

pa~iveis com miocardiopatia sem causa aparente, começou-se a aventar

a possibilidade dO pr6prlo HIV, a exemplo de outros vírus, ser o cau

sador destas altera~ôes.

Neste trabalno, realizaremos uma revisão blDllográrlca dos

estudos feitos na tentativa de correlacionar p tlIV como agen~e etio-

lógico da miocardl0patla d11atada observada em paclentes inrectadoB

por este v1rus.

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2. Conce~to

A miocardiopatia encontrada em pacientes inrectados peloHlV á, na sua maioria, a miocardiopatia dilatada, que se caracterizapelo aumento do volume do coração e, frequentemente, por desenVOlvi-mento de insufici€ncia cardi~ca c0ngestiva.

o termc miocardlopatia congestiva, d atualmente chamadomiocardiopa~i8 d~latada, já que a anormalidade mais precoce d o aa_

mento do vOlume do coraçêo e sua disfunçáo contrátil sist6lica comlnSUI1ci~ncia cardíaca congestiva, que ocvrre, na maioria das vezes,mais tardiamente. A espessura da parede ven~r1cular pode estar tantonormal, como aumentada ou diminuida.

Acredita-se B1nda que a miocardiopatia dilatada seja umaevdluçêo de miocardite inicial.(1,~,13)

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3. Incidência de miocardicpatia associada ao EIV

A disfunção ventricular esquerda causada por miocarditeou miocardiopatia est' surgindo como a Dillnifestaçãocardíaca maisimportante da infecção pelo HIV.(2)

Alguns autores ressaltam que, com o melhor controle deinfeéç§es oportunistas, estes pacientes passarão a desenvolver commaior frRqu'llcia a mioeardiopatia assoeiada ao BIV.(2,))

A.J. Jaeob (1991), relata análises retrospectivas de estudos neeroseópicos que mostravam miocard.iopatia dilatada em 25% dasamostr.~ que mio havia ~id. suspeitada cl~nieamente. Similarmente,análise~ ecocardiográficas tem mostrado redução da função miocárdieaem 75% dos pacientes com AIDS. Porém , a metodologia utilizada n.di8gn6~tieo destes easos nis' relata pelo ,aut0r.

R.F. Miller et aI. (1991) relata uma incidência de envolvimento cardíaco pelo HIV com morbidade em 5 a 10% dos casos e morta-lidade de 1 a 5% dos casos, sendo as principais manisfestações asarritmias ventriculares e miocardiopetia dilata.

A incidancia de miocardiopatia dilatada associada ao HIVainda permaLece obscura devido os dados existentes atualmEnte sobreo assunto , serem ainda controv ~sos •

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4. Etiopatogênese

o mecanisID0 pelo qual o HIV promove o aparecimento da miocardiopatia, ainda não está estabelecidu. Entretanto, parece que aprincípio ocorre o aparecimento de miocardite e,posteriormente, odesenvol vimento da iniocurdiopatia.

Alguns autores realizaram estudos na tentativa de mostrara presença do vírus em tecido miocárdico.

Calabrese et aI. (1987) relataram um caso de um pacientede 32 anos de idade, masculino, homossexual, que apresentava mioca~diopa tia dilatada sem evidência de Lnf'e cção opor tuniat a , 'I'e ndc sidorealizada biopsia endomiocárdica, obteve-se o cultivo do HIV. Apesardo iso1ament0 do vírus, este mesm~ autor ressaltou ser difícil correlacionar a presença do HIV como causador das alteraç5es miocárJicas,pela possibilidadti de contaminação do tecido por sangue infectado •A visualização do vírus por microscopia eletr5nica em tec~do miocá~dico, daria um maior suporte para esta eti~logia segundu o autor.

GRCDY, W.(1990) publicou seus achados em estudos de teci-do miocárdico "pOsffiortem" obtido de 23 pacientes, de janeiro de 1geJa outubro de 1988, utilizando a técnica de hibridização "in situ" deDXA para detecção do ácido nucleico do HIV, tendo €xito em 27% dasamostras.

LIPS[ULTZ, S.(1990) taobém com técLica de hibridização demonstrou a presença de !CA e D: •.A do IIIV-I e1.1 células miocárdicas decriacça infectada com doença miocárdica.

Apesar de vários estudos terem demonstrado a presença doRI V, ou por cul tura de tecido, ou por demone traç ão do RIU\. e DIJA cioHIV-l em tecido miocárdico, o mecanismo pelo qual o vírus entra nascélulas musculares, ainda não está claro.(7)

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6BIBLIOTECA

CRT·AIDSRUA 1M WlNIO ~AKlUS. 122 - r;r O 13 O 9IONtS: 2e4·(206· ;.2~J· 0121' 289- nu

As alterações bistülógicas na miocardiopatia dilatada, revelaQ ~reas de fibrose interticial e perivascular, ocasionalmenteassociadas a calcificação, distribuidas pelas paredes ventriculares.Muito emb~ra não cheguem a ser achados proeminentes, vez por outrase o~servam pequenas áreas de necrose e infiltrado celular. Os fra~mentos obtidos pêr biopsia em vida, demonstrarom anormalidades taisquais: fibrose intersticial, hipertrofia celular e degeneração decélulas miocárdicas.

Miller et al.(1991) efurelato de um caso, observou ausincia de miocardite, sem áreas de necrose ou inflamação com hiportrofiadas fibras muscL,lares dvs ventrículos com aumento do sarcoplasma enúcleo das fibras.

Jacob & Boon (1991), acham provável que inicialmente oco~re miocardite, e esta seria o substrato para o desenvolvimento demiocardiopatia associada ao HIV, porém isso ainda não está estabelecido.

Vários oecanismos pelos quais o vírus ou seus produt_ecausariam as alterações miocárdicas tim sido propostos. Aceita-se apossibilidade do próprio vírus causar o morte do miócito, acump§.nhada ou não por inflamação intersticial que posteriormente evoluiriapara mioeardiopatia dilatada.(),?)

C acúmulo de proteínas do HIV no músculo.cardíáco tem. sidoapontado como causador de alterações na contração miocárdica e nãosomente o vírus completo. (9)

A possibilidade de processo Guto-imune também está sendoestudada. O vírus levaria B uma alteração no mi6cito e este seriai=dutor de resposta auto-imune. (9)

Apesar de todas estas hipóteses, a correlaçao entre HIVversue Lesão miocárdica ainda permanece controversa.

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5. Diagnóstico

o desenvolvimento dos sintomas custuma ser gradual nospacientes com miocardiopatia dilatada. Em pacientes infectados pelovirus HIV, 0S sintomas decorrentes da falência do ventriculo esquerdo, muitas vezes são, a principio, atribuidos a outras causas como:pneumonia por Pn~~oe~ti~_carinii, o que levaria a erros no diag-nóstico.

Os sintomas mais proeminentes são a dispnéia aos esforçose, nos casos mais avançados, a ortupnéia. Também são comuns a fraqu!Z8 muscular e fadigabilidade. O ederoaperiférico, a hepatomegalia ea aaeite são mais tardios.

C exame fisico revela vérios graus de aumento do volumedo coração e achados de insuficiência caidíaca congestiva. Na ausculta cardíaca podem ser observadas presença de )1 e 4t bulha, soprossist6licos geralmente devido a insuficiincia mitral por dilataçãodo ventrículo e alteração da geometria do aparelho subvalvar.

A propedêutica não invas1va cQnsiste na reali7.sção de Rxde t6rax que revela aumento no veRtrículo esquerdo, e, muitas vezes,eardiomegalia generalizada. Pode Também ser observado edeme intereti018i pulmonar. O eletrocardlograma apresenta rrequentemente taquiestdia siausal, deleites de condução intra ventricu~ar e alterações deST e T. A ecocardiografia também é dtil_~ara a abordagem do grau dediefunção veatr1cular esquerda e para se evidenc1ar alteraç~e8 val-vares eu perieérd1cas.

Na proped~utica inv8siva pode-se utilizar o cateter1smoeardiaco e ang10cardiograr1a.

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6. Tratamento

A terapêutica da miucard~opa~i8 d~latada se base~a namesma que é ut11izada na ~nsuflcl~ncia cardiaca (restrições ao exer

cicio, uso de cardiotôn~co6, diuréticos e antiarritmicos).

7. Conclusão

A miocard~opat~a peio HIV, apesar de aluda ser assunto de

gra de controvérs~a, vem surg~ndo como uma das principa~s manifesta

ções card1acas em pacientes ~nrect8dos pelo HIV.Mesmo sendo dificil correlec~onar a presença do HIV ou

de suas proteinas na musculatura cardíaca cum as aiterações histo-

lógicas oDservadas, hoje a maloria dus autores ja concorda com a

possib~lldade da exist€ncia de miocard10patia relaCionada ao HIV.

Porém deve-se ter em mente que outros retores cumo o sarcoma de Ka-

posi, certas drugas utllizadas no trata~ento destes pac1entes e as

inlecçoes opor~unlStas, podem ta~oéw causar alterações miocérdlcas,

devendo-se sempre ar~ster estas pOSS~Diildades.

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tS. Hib1iugra:fia

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BIBL 10 T EC ACRT- AlDS

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