· segundo o nosso irmão josé carlos de araújo almeida filho, professor de direito da uff,...

11
www.revistaartereal.com.br ABIM 005 JV Ano IX - Nº 73 - Mai/16 O REAA Chega à França Bucha - Uma Enigmática Sociedade A Origem do Tratamento “Bode” Impingido ao Maçom “Augusto e nobre sacerdócio deverá ser o da pena, pena vendida, pena maldita; seus prejuízos são maiores do que os da peste ou os da tuberculose. Entretanto, graças à pena, possuímos toda a história humana. Por ela nos fazemos conscientes e livres. Por ela, eternos são os pensamentos”. Professor Henrique José de Souza.

Upload: tranliem

Post on 08-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

www.revistaartereal.com.brABIM 005 JV Ano IX - Nº 73 - Mai/16

O REAA Chega à FrançaBucha - Uma Enigmática Sociedade A Origem do Tratamento “Bode” Impingido ao Maçom

“Augusto e nobre sacerdócio deverá ser o da pena, pena vendida, pena maldita; seus prejuízos são maiores do que os da peste ou os da tuberculose. Entretanto, graças à pena, possuímos toda a história humana. Por ela nos fazemos conscientes e livres. Por ela, eternos são os pensamentos”.Professor Henrique José de Souza.

A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 33.154 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

www.revistaartereal.com.br - [email protected] - Facebook RevistaArteReal - (35) 99198-7175 Whats App.

Exemplares da Edição ImpressaPara os leitores que não tiveram a oportunidade de assinar a edição impressa, ou que desejarem completar sua coleção, estamos disponibilizando exemplares avulsos das 22 edições publicadas. solicite através do e-mail [email protected]

Apenas, R$ 13,00/exemplarfrete incluso

para todo o Brasil

EditorialJamais, poderíamos nos omitir quanto ao cenário

político atual e ficarmos como meros expectadores da história brasileira. Respiramos expectativas. Sibilas,

ciganas, profetas e adivinhos recolhem-se em incertezas e, como toda a população, revelam-se perplexos com novos e surpreendentes fatos no cenário político nacional, que insistem em nos judiar. Não há quem duvide de que já se assistiu a tudo e, que, abandonados à sorte, o povo brasileiro, impávido, saberá, em momento oportuno, impor sua vontade em detrimento de todos os descasos com a coisa pública. Mas quando?

O que mais os autores dessa melancólica “novela”, ainda, têm para nos apresentar? A cada capítulo caem máscaras e revelam-se novos escândalos. A “Lava a Jato”, hoje, em sua 27ª edição, ainda, está longe de exibir o esperado último capítulo, e que seja com um final feliz!

Subtraíram os cofres públicos, com base em uma democracia que se tornou sinônimo de permissibilidade. Às grandes massas, como sempre, liberaram o pão e o circo. A nação encontra-se caída de joelhos, humilhada pelos jocosos comentários de dirigentes e jornais dos mais diversos países.

Diria Drummond, agonizando: “E agora José?”

Às vésperas dos Jogos Olímpicos, os holofotes do mundo se direcionam para o país da jabuticaba, quando a quebra de recordes e a conquista de medalhas tornou-se algo menor diante da preocupação com a “zica”, a “dengue”, a “chikungunya”, as balas perdidas, as interdições de estradas por rebeliões bolivarianas, entre outras. A palavra “Olimpíadas”, no Brasil, corre o sério risco de perder o seu assento, tornando-se as olim”piadas” do século.

Que a “tocha”, que, neste exato momento percorre as cidades brasileiras, sirva de Luz para que essa pacífica população, ilumine um horizonte mais promissor para o nosso país e reacenda, em seu interior, a chama da cidadania e do amor ao Brasil.

Queiram os Deuses que as “Águas” cristalinas da Justiça Divina lave o lodaçal que ora atola a política, a economia e os invertidos valores cultivados na Pátria que, por força da LEI Justa e Perfeita, tem a função de ser o celeiro do mundo; a Pátria do Evangelho, de Chico Xavier; a Pátria do Avatara Maitreia, para os Orientais; o Quinto Império revelado por Daniel no sonho bíblico de Nabucodonosor. O Brasil de tantas e tantas profecias, que ameaçam a não se realizarem.

A limpeza em todos os segmentos está sendo feita, pois não é sábio erigir uma nova construção tomando como alicerce o de antigas ruínas. Um novo Ciclo se anuncia e tudo que está ligado ao antigo, já apodrecido e gasto, deverá sucumbir para o dealbar de uma Nova Era.

A nós, iniciados, se é que, de fato, somos, cabe-nos o equilíbrio, empregando em nossas ações, a temperança, a imparcialidade e a justiça. Sem abrir mão do exercermos a nossa cidadania, pois é o mínimo que o Brasil espera de seus Filhos, mentalizemos energias positivas para que, tão logo, dissipem-se as escuras e densas nuvens, que pairam sobre a pátria áurea e verde, neste caótico momento, e que possamos passar incólumes por essa crise moral que assola o País, o Berço da Nova Civilização!

Viva o Brasil!

Revista Arte Real nº 73 - Mai/16 - Pg 03

Bucha - Uma EnigmáticaSociedade

Francisco Feitosa

Tivemos a oportunidade de afirmar, em matérias anteriores, que, antes mesmo da Maçonaria se estabelecer no, então, Brasil Colônia, aqui

chegaram Maçons, filhos de colonizadores, em retorno da Europa, onde foram buscar formação acadêmica, em especial, em Portugal e na França, sendo iniciados na Maçonaria daqueles países. Na edição nº 72 – abr/16 - de nossa Revista, publicamos uma matéria sobre o movimento academicista no Brasil, que fora o refúgio desses eruditos maçons, no início do século XVIII, que, por não existir Lojas maçônicas funcionando em terras brasileiras, agremiavam-se, sorrateiramente, nessas sociedades literárias, a fim de colocar em prática seus ideais libertários contra a monarquia portuguesa.

Segundo o nosso Irmão José Carlos de Araújo Almeida Filho, professor de Direito da UFF, autor do livro “O Ensino Jurídico, a Elite dos Bacharéis e a Maçonaria no século XIX”, a fundação de centros acadêmicos, como a Academia Brasileira de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, por exemplo, tiveram como fonte inspiradora os centros acadêmicos portugueses. E é importante, também, destacar este aspecto porque muitas sociedades literárias e acadêmicas fundadas em Portugal, no

Século XIX, em verdade, eram focos de Maçons liberais, que se escondiam da inquisição monárquica, já que a Maçonaria estaria impedida de funcionar em determinados países, por força de proibição legal, dado o espírito libertário, com forte apego nos ideais iluministas da Revolução Francesa.

Joaquim Nabuco, um dos maiores diplomatas do Império e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, afirma que, nessa mesma época, jovens estudantes, em especial, em São Paulo e Recife, moradores em repúblicas, dedicavam parte de seu tempo para participarem de sociedades secretas, despertando-lhe especial interesse pela Maçonaria, período em que aflorava, no seio das repúblicas, movimentos literários e políticos.

Além de a Maçonaria, uma outra sociedade teve papel importantíssimo na história do Brasil, reunindo nomes ilustres, muitos pertencentes, também, à Ordem maçônica. Nascia, em 1831, a Burschenschaft entre os alunos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, fundada pelo professor alemão de nome Johann Julius Gottfried Ludwig Frank, que ficou conhecido, no Brasil, por Júlio Frank, nascido em Gotha, capital do ducado de Saxe-Coburgo-Gotha, em 1808.

Revista Arte Real nº 73 - Mai/16 - Pg 04

A Burschenschaft foi o nome dado às sociedades de estudantes alemães, que surgiram no final do século XVIII, com o objetivo principal de promover a unidade da Alemanha. No Brasil, devido à dificuldade de sua pronúncia, foi rebatizada como “Bucha”. A origem do nome Burschenschaft, do alemão, “bursch”, significa “camarada” e “schaft”, “confraria”.

Seu fundador, era um refugiado da Alemanha que viveu, apenas, até os trinta e dois anos, dez dos quais no Brasil, país em que morreu e foi sepultado. Ao contrário da existência curta de seu fundador, a Bucha teve vida longa e influência duradoura na sociedade. Assim como a Maçonaria, adotou uma

trilogia, as virtudes teologais, “Fé, Esperança e Caridade”.

Poucos passam pela Faculdade do Largo São Francisco sem ouvir rumores sobre a Bucha, uma misteriosa e centenária organização à qual teriam pertencido, em seus tempos de estudante, grandes vultos da política e do pensamento brasileiro.

Segundo o historiador Jamil Almansur Haddad, sociedades dessa natureza encontraram campo fértil em outras comunidades acadêmica no Brasil, como na Faculdade de Direito de Olinda/Recife, a Tugendund. A Landsmannschaft nas Escolas Politécnica de São Paulo e do Rio de Janeiro; a Jugendschaft, na Escola de Medicina de São Paulo. Nas Américas, o único paralelo que se pode estabelecer é com a Skull & Bones, a ultra-secreta confraria de estudantes de Yale, uma das mais elitistas universidades dos EUA.

Segundo o Jornal virtual “Carta Forense”, em artigo publicado, em agosto de 2009, sob o título “Bucha: a Sociedade Secreta do Direito”, tal sociedade nasceu com a finalidade primordial de proteção aos estudantes de famílias pobres, oferecendo-lhes condições para concluírem seus estudos, bem como o auxílio às suas famílias, caso fosse necessário. Todos os atos da sociedade deveriam ocorrer no mais absoluto sigilo. No entanto, a sociedade com o tempo foi tendo desdobramentos em suas atividades, tornando-se uma instituição completamente protecionista com seus membros.

Ainda, segundo a Carta Forense, sua estrutura era baseada da seguinte forma: a Bucha era formada

Júlio Frank - fundador da Bucha

Revista Arte Real nº 73 - Mai/16 - Pg 05

por alunos da Faculdade de Direito, escolhidos entre os que mais se distinguiam por seus méritos morais e intelectuais. Somavam, talvez, dez por cento do corpo discente e eram chefiados por um “Chaveiro”. Um “Conselho de Apóstolos” orientava a Bucha dentro da Faculdade, enquanto o “Conselho de Invisíveis”, composto de ex-alunos, numa espécie de prolongamento da vida acadêmica, a aconselhava e protegia fora das Arcadas. Reza a lenda que um dos últimos chaveiros foi o jurista Geraldo Ataliba.

Segundo Herbert Carvalho, em “A Herança Liberal de Júlio Frank”, de acordo com o Pacto Fundamental da Bucha, a semelhante de um estatuto, descreve o ritual de admissão do candidato, que era semelhante ao de um clube fechado, assim como suas obrigações. Após ser proposto por outros membros e sendo aceito, passaria a pagar mensalidades, que variavam de acordo com o nível hierárquico, a saber: catecúmenos, crentes e apóstolos, estes, apenas, em doze, no nível mais elevado. As semelhanças com um clube, porém, terminavam aí. O bucheiro aceito era iniciado numa sessão secreta e tinha de fazer o seguinte juramento: “Juro pela minha honra, jamais, revelar a quem quer que seja, o que me vai ser confiado hoje. Serei o mais infame dos homens se faltar a esse meu juramento”.

Da Bucha, originou-se uma verdadeira mística congregando alunos e antigos alunos das Arcadas, até nossos dias, por meio do Centro Acadêmico XI de Agosto e a Associação dos Antigos Alunos. E mais, esse espírito de solidariedade praticado pelos “invisíveis”, membros da Bucha, que, de maneira velada e anônima, amparavam os estudantes que

não se podiam manter, constitui legado relevante para todos os operadores do Direito, praticantes da ciência da convivência humana.

Ainda, Herbert Carvalho, em sua matéria supracitada, afirma que ao longo do século XIX, a Bucha acumulou forças para desempenhar, na República, o mesmo papel que fora da Maçonaria na Independência: o de provocar a ruptura para, depois, controlar os acontecimentos por meio de seus membros colocados em posição proeminente na direção do Estado. Entre os 133 participantes da Convenção Republicana de Itu, em 1873, que resultaria na criação do Partido Republicano Paulista, predominavam bucheiros como Campos Salles, Francisco Glicério, Américo de Campos e Rangel Pestana. Estes últimos figurariam, ao lado de Júlio de Mesquita, entre os fundadores, ainda, na década de 1870, do jornal “O Estado de São Paulo”, que seria uma espécie de órgão oficial da Bucha, que, em suas páginas se publicaram, entre os anos de 1916 e 1919, as notícias sobre a Festa da Chave, que reunia, no pátio da faculdade, juntamente, com os alunos, as principais autoridades do estado.

Uma dessas notas informa que, no dia 2 de dezembro de 1916, “o bacharelando Júlio de Mesquita Filho entregará a Chave ao quartanista Abelardo Vergueiro César”. A Chave representava o poder supremo na Bucha, e o Chaveiro era substituído, anualmente, numa festa que, no auge do predomínio político da Bucha, chegou a ser pública.

Logo depois de 15 de novembro, a Comissão dos Cinco, encarregada de elaborar o anteprojeto

Revista Arte Real nº 73 - Mai/16 - Pg 06

da Constituição republicana, tinha três bucheiros entre seus membros – Saldanha Marinho, Américo Brasiliense e Santos Werneck, de acordo com Afonso Arinos de Melo Franco (também, bucheiro e filho de bucheiro), na biografia que escreveu sobre o presidente Rodrigues Alves. Os três ministros civis mais proeminentes do governo provisório encabeçado pelo marechal Deodoro da Fonseca eram da Bucha: Ruy Barbosa (Fazenda), Campos Salles (Justiça) e Quintino Bocaiúva (Negócios Estrangeiros).

A ligação entre Maçonaria, Bucha, as Arcadas de São Francisco e toda uma influência refletida no Direito, que se consumara com o positivismo filosófico de Comte, através de Benjamim Constant, que, também, era bucheiro, reuniu nomes de grande importância no cenário político-jurídico dos Séculos XIX e XX e os identifica como Maçons e/ou bucheiros.

José Castellani afirma que Antônio Carlos - sobrinho de José Bonifácio de Andrada e Silva - Venerável Mestre da Loja América, em São Paulo, era “lente” da Faculdade de Direito e Rui Barbosa, seu aluno. Apesar disso, este, assumindo o cargo de Orador da Loja, entrava, muitas vezes, em choque com a opinião do mestre, em Loja, principalmente, em torno do movimento pela Abolição da Escravatura no Brasil, expondo suas ideias e fundamentando a sua discordância, com absoluto destemor, apesar de se expor a represálias no âmbito da Faculdade. Felizmente, Antônio Carlos era um homem de grande equilíbrio e descortino e entendeu as razões do seu aluno, jamais, levando assuntos de Loja para outros locais.

Maçons e bucheiros encontravam na Faculdade de Direito de São Paulo um campo propício para suas participações, funcionando a Bucha, como menciona Luiz Gonzaga da Rocha, como forma de captação para a Maçonaria.

Como narra o Jornal Carta Forense, com o tempo a sociedade ia se tornando cada vez mais forte, ao ver seus membros pertencendo aos mais altos cargos do Império e da vida pública brasileira. Pertenceram à Bucha os nomes mais importantes do Império e da República Velha, além, obviamente, dos mais representativos professores da Faculdade de Direito de São Paulo: Paulino José Soares de Souza (visconde do Uruguai), Pimenta Bueno, Manuel Alves Alvim, Joaquim José Pacheco, Ildefonso Xavier Ferreira, Vicente Pires da Motta, Antonio Augusto de Queiroga, Antonio Joaquim Ribas, Mariano Rodrigues da Silva e Melo, Alexandrino dos Passos

Ourique (entre os fundadores e primeiros membros da Associação); depois, não por ordem cronológica: Rui Barbosa, Barão do Rio Branco, Afonso Pena, Prudente de Morais, Campos Sales, Rodrigues Alves, Wenceslau Brás, Visconde de Ouro Preto, Visconde do Rio Branco, Pinheiro Machado, Assis Brasil, Francisco Otaviano, João Pinheiro, Afrânio de Melo Franco, Pedro Lessa, Bernardino de Campos, Américo Braziliense, David Campista, Washington Luiz, Altino Arantes, Frederico Vergueiro Steidel, Júlio Mesquita Filho, Cândido Mota, Bias Fortes, Paulo Nogueira Filho, José Carlos de Macedo Soares, César Vergueiro, Henrique Bayma, Spencer Vampré, Sebastião Soares de Faria, Antonio Carlos de Abreu Sodré, Francisco Morato, Waldemar Ferreira, Alcides Vidigal, Rafael Sampaio de Rezende, Arthur Bernardes, Abelardo Vergueiro César, Álvares de Azevedo, Castro Alves, Fagundes Varela, José Tomás Pinto de Cerqueira, dentre outros.

Embora tantos ilustres tivessem passado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a nenhum deles fora concedido a honra de ser sepultado no interior da Velha Academia. Somente, a uma pessoa coube tal glória, embora não fosse aluno, professor de Direito e nem mesmo brasileiro. O fundador da “Bucha”, Júlio Frank, recebeu essa honraria, perpetuada no pátio das Arcadas, onde seus restos permanecem em um túmulo imponente com ricos significados esotéricos, tombado pelo Patrimônio Histórico. O pátio das Arcadas era um foco de intelectuais, e conforme relata o Prof. Almeida Jr., propiciava o surgimento dos grandes intelectuais e a formação da unidade nacional brasileira.

Revista Arte Real nº 73 - Mai/16 - Pg 07

O Rito Escocês Antigo e Aceito chega à França

1804O conde de Grasse Tilly, chegado de volta dos

Estados Unidos, não conseguiu permanecer, em 1803, na ilha de São Domingos, colônia

francesa nas Antilhas, devido à revolução que levou o povo local a se declarar independente da França nesse ano. Grasse Tilly participara da criação e instalação do Supremo Conselho de Charleston, em 31 de maio de 1801, do qual era delegado. Obteve uma patente desse Supremo Conselho para fundar o Supremo Conselho de São Domingos, o segundo nas Américas. Nessa colônia havia grande número de maçons franceses com propriedades, que exploravam a plantação de cana de açúcar. Diante da revolução vitoriosa de Jean Dessalines, em 1803, que venceu aos franceses e deu autonomia constitucional para o novo país, a partir de 1804, sob a denominação de Haiti, e tendo perdido a posse das propriedades que havia herdado de seu pai na ilha, Grasse Tilly viajou de volta para a França, em 1804. Em Paris, acompanhado de Delahogue, seu sogro e do notário Hacquet dedicou-se a trabalhar pela divulgação do novo rito e organizar iniciativas visando reforçar a situação das Lojas escocesas na França.

O Grande Oriente de França, inquieto com os progressos do escocesismo, combateu-o com todos os meios ao seu alcance. Chegou ao ponto de conseguir despejar as Lojas escocesas de todos os locais com atividades maçônicas existentes em Paris. As Lojas alugaram, então, o subterrâneo de uma casa em boulevart Poissonniere, que havia sido

ocupada por Mauduit, restaurador, e ali celebraram suas assembleias. Grasse Tilly estabeleceu sua base de atuação na Loja Santo Alexandre da Escócia, independente, autoproclamada Loja-mãe escocesa da França e que tinha por venerável, Godefroy de la Tour d’Auvergne. Em pouco tempo o conde elevou ao grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito grande número de maçons, realizando frequentes sessões de um Supremo Conselho provisório.

Grasse Tilly estipulou valores monetários baixos para a concessão dos graus superiores aos maçons interessados, independente dos méritos e da instrução. Convocados os grandes Oficiais do rito para o dia 12 de outubro de 1804, constituíram-se no Grande Consistório e convocaram para o dia 22 a assembleia geral de todos os membros das Lojas escoceses com o objetivo de procederem à formação de uma Grande Loja. Isso aconteceu, efetivamente, na data fixada, no local de reuniões da Loja filosófica, constituindo-se aquela sob a denominação de Grande Loja Geral Escocesa de França do Rito Escocês Antigo e Aceito, que contou com a adesão de todas as Lojas escocesas, decidindo-se que sua sede seria em Paris. Elegeram-se 49 dignitários e foi proclamado Grão-Mestre o príncipe Luís Napoleão, sendo escolhido seu representante o conde de Grasse Tilly.

O Rito Escocês Antigo e Aceito chegou à França como saíra dos Estados Unidos: com 30 graus próprios e três graus das Lojas azuis locais

Revista Arte Real nº 73 - Mai/16 - Pg 08

completando o total de 33. A Grande Loja Geral Escocesa de França veio para jurisdicionar, também, as Lojas azuis e decidiu-se pelo Rito Antigo e Aceito para os três primeiros graus. Adotou os rituais manuscritos de 1765, sendo adaptadas algumas passagens nas cerimônias de Iniciação. A abertura e o encerramento das Lojas permaneceram os mesmos no Rito Antigo e Aceito e no Rito Escocês Antigo e Aceito, em 1804.

Os integrantes da nova Grande Loja redigiram as leis para o seu funcionamento, onde se destaca: “Uma nova era brilha em França para a Maçonaria Escocesa, durante muito tempo perseguida. Suas adversidades têm chamado a atenção dos maçons mais cultos e mais profundamente Iniciados, que tenham levantado a bandeira escocesa, sob a qual se colocaram as pessoas mais ilustres da Franco-maçonaria. Estas, por sua posição civil e militar, estão chamadas a cercar e defender o trono do império francês. Reunidas em assembleia geral no templo da Loja-Mãe Escocesa de Santo Alexandre de Escócia, que substitui a Loja do Contrato Social, e portadoras dos poderes da Grande Loja metropolitana de Heredom, fundaram, em Paris, a

Grande Loja Escocesa de França e a proclamaram. Como prova da sua adesão à dinastia imperial, a Grande Loja Escocesa nomeou Sereníssimo Grão-Mestre, Sua Alteza imperial o príncipe Luís, Grande Condestável do Império. Sob tão favoráveis auspícios trabalharemos zelosamente ocupando-nos na nobre arte da Maçonaria, não podendo realizar menos que os maiores e brilhantes progressos. Longe de lançar o anátema contra os maçons que permanecem indiferentes ao Rito Escocês, a Grande Loja se mostrará, sempre, disposta a recebê-los em seu seio e se esforçará para estabelecer correspondência com todas as Lojas e Capítulos regulares de França e com todos os Grandes Orientes estrangeiros...”.

A Grande Loja Geral Escocesa nasceu com autoridade sobre os altos graus do Rito Escocês Antigo e Aceito e, também, sobre as Lojas azuis dos três primeiros graus, perfazendo a jurisdição sobre os 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito na França, em 24 de outubro de 1804, quando foi promulgada.

Este texto foi publicado no site – Oficina de Restauração do Rito Escocês Antigo e Aceito - www.oficina-reaa.org.br

Revista Arte Real nº 73 - Mai/16 - Pg 09

Origem do Tratamento

“Bode” Impingido

ao MaçomAlmir P. Borges

Diversas são as versões da origem do apelido de “bode” impingido aos maçons. Apenas, para esclarecer, apesar de a ciência de todos,

bode trata-se de um animal do tipo caprino, sendo a região Nordeste onde a criação desse tipo de animal é predominante. Sua carne é apreciada na grande maioria dos estados brasileiros, mais pela disseminação de nordestinos por todo o país. A origem desse apelido aos maçons, nasceu dentro da própria Maçonaria, a partir do ano 1808. Porém, para sabermos o seu significado, teremos que retroagir na história.

Por volta do ano 3 d.C., os apóstolos de Cristo saíram mundo afora, com a finalidade de divulgar o Cristianismo, tendo alguns viajado para o lado judaico da Palestina. Lá, curiosamente, notaram que era comum ver um judeu falando ao ouvido de um bode, animal que, também, era muito comum naquela região, assim como o é no Brasil. Interessados para saber o porquê daquele monólogo, os apóstolos não obtinham resposta, uma vez que ninguém se prestava a dar informações a respeito. Com isso, aumentava cada vez mais a curiosidade dos representantes do cristianismo em relação àquele fato.

Porém, de certa feita, o apóstolo Paulo, conversando com o rabino de uma aldeia, foi informado de que o ritual era usado para a justificação de erros. Isto é, fazia parte da cultura dos judeus relatarem a alguém de sua confiança, quando cometia, ainda que escondido, seus erros ou pecados. Acreditavam, com isso, que se outro soubesse ficaria com a sua consciência aliviada, achando assim que estaria dividindo seu sentimento de culpa, ou mesmo o problema (pecado), com aquele outro. Paulo, insatisfeito com aquela explicação, perguntou ao rabino: “por que o BODE?” Explicando,

disse-lhe o rabino. É que o bode é um ser confiável, já que não fala. A confissão fica ainda mais segura e seu segredo não será revelado a ninguém.

A Igreja Católica, anos depois, introduziu em seu ritual, o confessionário, com o voto de silêncio por parte do padre Confessor, porém, não se tem notícia se foi o Apóstolo Paulo que introduziu esse ritual na Igreja. Tendo com esse ato da confissão, aliado ao voto de silêncio, o povo passou, então, a confessar suas faltas, ou pecados aos padres. Na atualidade, a confissão, com a duvidosa confiança junto aos padres Confessos, diminuiu em muito os confessores e confessionários, chegando quase que à extinção na Igreja Católica.

Voltando a 1808, na França do Imperador Bonaparte, que, após o golpe de 1818, quando Brumário se apresentou como o novo líder político daquele país, a Igreja se uniu a ele e começou a investigar todas as instituições que não faziam parte do governo ou da Igreja. A Maçonaria, que era uma instituição presente à época, teve seus direitos suspensos e seus Templos fechados, ficando proibida de se reunir. Não obstante, alguns irmãos abnegados e de fibra, passaram a se reunir na clandestinidade, tentando modificar a situação do país.

Naquela época, vários maçons foram presos pela Igreja e submetidos a processos de inquisições rígidos. Porém, a Igreja, nunca encontrou um covarde ou delator entre os maçons, chegando ao ponto de um dos inquisidores dizerem a seus superiores a seguinte frase: “Senhor, esse pessoal, (referindo-se aos maçons) parece bode, por mais que os flagele, não consigo arrancar-lhes nenhuma confissão”.

Revista Arte Real nº 73 - Mai/16 - Pg 10

A partir de então, todos os maçons eram tratados de BODE. Por não confessarem sob qualquer pretexto, os segredos da Maçonaria. Porém, hoje, infelizmente, os segredos da Ordem estão quase que vulgarizado, com algumas exceções, como é o caso da palavra semestral. Tudo por culpa de “alguns maçons”, que iniciaram, mais por curiosidade ou para tirar algum proveito pessoal da Maçonaria, o que é lamentável.

Perdoem-me, por este comentário, com conotação de desabafo, pois, fui por diversas vezes convidado para ingressar na Ordem, isso há mais de 20 anos, porém, rejeitava os convites, exatamente por conta de tais indivíduos, que diziam serem maçons, quando na verdade tratava-se de aproveitadores, com passado não recomendável a um verdadeiro maçom.

Não quero aqui afirmar que sou um exemplo de maçom. Longe de pensar isso. Até porque, como ser humano, não sou infalível. Entretanto, não me presto a determinado tipo de comportamento praticado por alguns que diziam serem maçons.

Agora, com razão, vão me perguntar: “Por que entrou?” Entrei porque não acreditava que aqueles malsinados não iriam continuar pertencendo a tão nobre instituição, onde a sua grande maioria é composta de pessoas de conduta irrefutável.

Na 68ª Convenção Internacional da Sociedade Brasileira de Eubiose, realizada em São Lourenço-MG, no período de 20 a 24 de

fevereiro de 2016, foi levado a efeito o lançamento do livro “Monumento Eubiose”. Tal obra literária é parte do projeto da construção de um Obelisco, com 11 metros de altura, a ser erigido na cidade de Cuiabá-MT – centro geodésico da América do Sul. Dentre outros mistérios, aquele estado abriga um dos Sistemas Geográfico do planeta, polos de irradiação de energias sutis para a face da Terra e a humanidade. Todos esses assuntos, e muito mais, estão revelados neste importante livro, que te a autoria de um grupo de diversos estudiosos no assunto, no qual me incluo.

Tenho, também, a honra de ser o criador de seu projeto gráfico, da capa e da diagramação. Além de seu valoroso conteúdo, os valores arrecadados, com sua venda, serão direcionados para custear a construção desse Monumento. Saiba mais em www.monumentoeubiose.com.br

Lançamento

Esta coluna “Lançamentos” é destinada, exclusivamente, aos escritores, a fim de que possam divulgar o lançamento de seus Livros. Os interessados, por gentileza, façam contato conosco, pelo

e-mail [email protected] e divulguem sua obra para os nossos mais de 33.000 leitores!