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ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA É A APOSTA DE BANCOS E SEGURADORAS financeiro arevistadocrédito financeiro fevereiro/março 2012 edição 73 Motor para o crescimento THOMAS SCHMALL, PRESIDENTE DA VOLKSWAGEN DO BRASIL, FALA SOBRE O MERCADO DE VEÍCULOS E A IMPORTÂNCIA DO FINANCIAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO DO SETOR edição 73 fev mar

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ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA É A APOSTA DE BANCOS E SEGURADORAS

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Motor para o crescimento

THOMAS SCHMALL, PRESIDENTE DA

VOLKSWAGEN DO BRASIL, FALA SOBRE O

MERCADO DE VEÍCULOS E A IMPORTÂNCIA DO

FINANCIAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO

DO SETOR

edição

73fevmar

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fevereiro/março 2012 FINANCEIRO 3

Capa Páginas AzuisEm entrevista do mês, Thomas Schmall,

presidente da Volkswagen do Brasil, abre as

portas do mercado de veículos

Especial Previdência PrivadaBancos e seguradoras trabalham para

conquistar clientes

PME Instituições fomentam o crescimento de empresas

para o período da Copa

Happy Hour Gastronomia franco-italiana, servida em ambiente

arborizado e tranquilo, é o destaque do restaurante

Bar des Arts

Cultura Museu do Futebol mostra a história do esporte

que é paixão nacional

Bancos comunitáriosConheça as moedas sociais que promovem o

desenvolvimento de comunidades

Entrevista Gustavo Cerbasi, consultor financeiro, aborda

o mercado de capitais e as melhores maneiras

de administrar as finanças pessoais

CartõesApós mais de oito meses em vigor, mercado

absorve impactos das novas regras

artigosCassio Penteado Jr. Questão Jurídica

Paulo Cidade Finanças

Ilídio Gonçalves dos Santos Mercado Automotivo

Alberto Tamer Filho Mercado de Capitais

Kátia Blaha Terceirização Bancária

Sérgio Vale Cenário

Alberto Borges Matias Análise e Perspectivas

Ricardo Loureiro Última Palavra

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4 FINANCEIRO fevereiro/março 2012

Publicação da Acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e InvestimentoRua Líbero Badaró, 425 – 28o andar – São Paulo – SP

Tel: (11) 3107–7177 Fax: (11) 3106–6082 – www.acrefi.org.brPresidente

Érico Sodré Quirino Ferreira

Vice-PresidentesMarcio Ronconi de Oliveira, Luis Otavio Matias, Aquiles Leonardo Diniz,

Mara Lygia Prado, Mauro Roberto Vasconcellos Gouvêa, Bartholomeu Ribeiro e Ricardo Annes Guimarães

SecretáriosPaulo Tabaquim e Sérgio Marra Pereira Capella

TesoureirosCláudio Messias Ferro e Marcus André de Oliveira

Diretores Regionais Athaide Vieira dos Santos, Carlos Alberto Samogim, Felicitas Renner, José Antonio Rodrigues, Francisco Sotero Rosas Neto,

Marcos Etchegoyen, Leonardo Marcondes Dadalto, Paulo Henrique Pentagna Guimarães e Pedro Costa Carvalho

Diretores-ExecutivosMorris Dayan, Edson Froes Castilho, Felipe César Rodrigues Ferreira, Laurent Thong Vanh,

Luis Felix Cardamone Neto, Rubens Bution e Leonel Dias de Andrade Neto

Diretores ConselheirosEduardo Tavares Nobre Varella, Giovani Cataldi Neto, Paulo Sérgio Borsatto,

Nelson Aguiar Junior e Joelcyr Carmello Filho

Conselho ConsultivoMembros Natos: Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon

Membros: Rogério Amato, Ricardo Loureiro, Jorge Hilário Gouveia Vieira, Décio Carbonari de Almeida, Miguel José Ribeiro de Oliveira, e Ilídio Gonçalves dos Santos

Conselho FiscalEfetivos: Domingos Spina, Edson Ueda, David Figueiredo

Suplentes: Elpídio Hoffmann, Maria Madalena Américo Marinho e Gilson de Oliveira Carvalho

Diretor SuperintendenteAntônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)

ControllerCarlos Alberto Marcondes Machado

Economista-ChefeNicola Tingas

Consultor JurídicoRoberto C. Azzi

AuditoriaPricewaterhousecoopers

Assessoria de imprensaTamer Comunicação Empresarial

Rua Novo Horizonte, 311 – Pacaembu – São Paulo – SPTel.: (11) 3125–2244 – CEP 01244-020 – www.gpadrao.com.br

PublisherRoberto Meir

REDAÇÃOEditora-executiva

Denise Turco

Editora-assistente Juliana Jadon

ReportagemFlávia Corbó, Mariana Congo, Paulo Gratão e Raquel Sena

FotografiaDouglas Luccena

ArteEditora de Arte Marina Martins

Diagramadores Carlos Borges, Érika Bernal e Marcelo Kilhian Revisora Dora Wild

PublicidadeDiretora Comercial – Fabiana Zuanon – [email protected]

Gerente Comercial – Marco Góes – [email protected] de Negócios – Adriana Próspero – [email protected]

Impressão IBEP Gráfica Ltda.

expediente

financeiro ISSN 1809-8843

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editorial

fevereiro/março 2012 FINANCEIRO 5

O

Érico Sodré Quirino Ferreira Presidente da Acrefi

s brasileiros e os estrangeiros que nos visitam estão cada vez mais estar-recidos com o nível de preços no País. No Brasil, tudo é mais caro na comparação com a maioria dos países – de alimentos a eletrodomésticos, de combustível para o carro a serviços médicos. A espiral de preços sobe sem parar, tornando mais difícil a vida de quem mora aqui e restringindo as viagens dos estrangeiros ao País.

Por onde olha, o brasileiro se espanta com a alta dos preços. Como noticiam os jornais, um brasileiro que de-cida marcar uma consulta com um neurocirurgião de primeiro time dos Estados Unidos e antes passar por uma ressonância magnética e tirar oito chapas de raio X gastará em média US$ 320, equivalentes a cerca de R$ 550. No Brasil, esse cidadão pagará muito mais só pela consulta.

Exemplos como esses não faltam. Um carro da marca Toyota Corolla GLI 1,8, por exemplo, sai por R$ 66 mil no Brasil, equivalentes a US$ 39,5 mil. Nos Estados Unidos custa menos da metade (US$ 17,3 mil). Não se trata, infelizmente, de um caso isolado da indústria automobilística. O pacote de TV a cabo de uma operadora da África do Sul é seis vezes mais baixo que um equivalente no Brasil. A TV por assinatura brasileira é 141% mais cara que a alemã e 564% mais cara que a argentina. E a Apple Store mais cara do mundo fica no Brasil, numa comparação com outros 37 países, segundo a consultoria alemã Idealo.

O caso mais significativo talvez seja o custo dos parlamentares brasileiros. No Brasil, a média de custo por parlamentar é de R$ 10 milhões por ano – ou seja, é mais de quatro vezes superior à média de R$ 2,4 milhões nos parlamentos europeus. Esse quadro leva a uma pergunta, cada vez mais comum: Qual o motivo de um país como o Brasil ter uma alta tão exagerada e prolongada dos preços?

As respostas não são simples, mas sem dúvida há um ingrediente que está presente quando se tenta esmiuçar os motivos da disparada dos preços: os impostos. A carga tributária é alta, os tributos que pagamos não oferecem como contrapartida investimentos do Estado em áreas como saúde, educação e segurança.

O peso dos impostos é indiscutível, mas não se pode esquecer de outros fatores. O mau uso dos recursos públicos, por exemplo, influencia diretamente a alta dos preços. Esses recursos não foram usados na redução ou na eliminação dos custos de produção, que poderiam ajudar a reduzir o preço. Ao contrário, foram utilizados principalmente para alimentar uma máquina pública cada vez mais inchada e ineficiente. Também não se pode me-nosprezar o impacto dos juros nos preços praticados no Brasil. Mas os impostos e o uso inadequado dos recursos públicos sem dúvida têm papel preponderante nessa espiral que vem minando o poder de compra dos brasileiros.

A resposta à pergunta “por quê?”, portanto, não é única, mas olhando o sistema tributário é possível enxergar uma grande parte dela. Daí, chega-se a uma conclusão: é missão de todos os brasileiros lutar para que a carga tributária seja reduzida, menos complexa e mais justa. Só assim poderemos ter um País melhor, em que os preços sejam minimamente alinhados com os praticados no exterior. Caso contrário, os valores não pararão de subir. E ficará cada vez mais difícil viver no Brasil, por mais que os indicadores macroeconômicos mostrem que o País está na direção correta.

Por quê?

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6 FINANCEIRO fevereiro/março 2012

capaentrevistadomês

Por Juliana Jadon

A paixão de � omas Schmall por veículos começou cedo. O então presidente da Volkswa-gen do Brasil possui fotos que retratam que ainda bebê deu os primeiros passos se apoiando no para-choque de um Fusca. Pouco tempo depois já conseguia andar ao redor do carro, dando voltas e mais voltas... “A partir daí foi só uma questão de tempo até eu ingressar na indústria automobilística”, brinca ele.

Schmall entrou na área de pro-dução da Volkswagen em 1991. Em 1999, teve a primeira experiência no Brasil, atuando como diretor de manufatura na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. Logo depois

Thomas Schmall, presidente da Volkswagen do Brasil, conta detalhes sobre a gestão da companhia, que possui o carro mais querido no País

Na dianteira

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passou a diretor da fábrica. A promoção ocorreu no iní-cio das atividades dessa fábrica no País. O executivo atuou no Brasil até 2003, ano em que empossou a cadei-ra de diretor do conselho da Volkswagen Bratislava, na Eslováquia – onde são produzidos os modelos Touareg, além de possantes da Audi e da Porsche.

Chegar ao topo foi consequência da jornada trilhada por ele. “Em 2008 assumi a presidência da Volkswagen do Brasil. É um grande orgulho e também um desa� o. Somos a terceira maior operação do Grupo Volkswagen no mundo, o maior produtor e exportador de veículos do Brasil, com carros que fazem parte da vida dos bra-sileiros”, ressalta o presidente da montadora.

Somente o Gol, carro-chefe da marca, já superou os seis milhões de unidades e está há 25 anos consecutivos na liderança do mercado nacional. Outro veículo da Volks, o Fusca, também foi líder na escolha dos brasileiros. “Ser presidente da maior fabricante de veículos do Brasil é um desa� o diário e é necessário alinhar os meus objetivos com os do Grupo Volkswagen no mundo, o que resulta em muito trabalho, renovação e conquistas”, diz.

Schmall deu seus primeiros passos com a ajuda de um carro da Volkswagen. Se depender dele, a compa-nhia continuará a caminhar rumo a grandes conquistas. “Sei que é preciso enxergar adiante, pois as decisões que tomamos hoje terão impacto no futuro”, considera.

Acompanhe a seguir a entrevista exclusiva do exe-cutivo à revista Financeiro.

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fevereiro/março 2012 FINANCEIRO 7

Revista Financeiro Faça uma análise sobre o mercado automo-bilístico brasileiro. Quais as pro-jeções de crescimento para 2012?Thomas Schmall As projeções a respeito do potencial do mercado au-tomotivo brasileiro no médio e longo prazo indicam que o setor deverá ultra-passar cinco milhões de unidades ven-didas até 2018. O mercado automotivo brasileiro já atingiu este ano um total de 3,6 milhões de unidades em automó-veis e comerciais leves. Acreditamos que o mercado deverá manter no médio prazo um ritmo crescente em função do grande potencial que temos no Brasil. Com os resultados de vendas que apresentamos aqui, a Volkswagen do Brasil elevou a participação nas vendas mundiais da marca de 12% em 2006 para cerca de 15% em 2011. Para continuar esse crescimento, precisa-mos aumentar a capacidade instalada no Brasil. Atualmente, o País conta com potencial de cerca de três milhões de veículos. Essa competência deverá so-mar cinco milhões em 2016.

Financeiro Em sua opinião, até que ponto a crise internacional pode afetar a exportação de veí-culos brasileiros? Esse montan-te pode ser compensado com a expansão do mercado interno? Schmall Nossas projeções indicam que a in� ação deverá ter uma pequena desaceleração, chegando a 5,6% (2011 = 6,4%). O câmbio deve permanecer estável, na faixa de R$ 1,70 na média do ano. A taxa básica de juros (Selic) deverá ter uma pequena redução, mantendo-se ainda acima de 10%.

“O fi nanciamento de veículos é a chave para o crescimento do nosso setor e responde por mais de 60% das vendas de automóveis no País”

fevereiro/março 2012 FINANCEIRO 7

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8 FINANCEIRO fevereiro/março 2012

capaentrevistadomês

Financeiro O governo anun-ciou a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros nacionais. A mudança visa ao crescimento das vendas no mercado automobilístico, au-mentando o índice de nacionali-zação dos veículos. Que impactos uma medida como essa gera para as vendas da Volkswagen?Schmall Atuamos em um seg-mento de produção complexo, no qual diversos fatores são determinan-tes para garantir a competitividade. A Volkswagen é uma das responsáveis pelo desenvolvimento de um parque de fornecedores locais com nível mundial de qualidade. Hoje já pos-suímos um índice de nacionalização médio de 80% nos nossos veículos. Já o Gol chega a mais de 86%. Con-tinuaremos a trabalhar para oferecer mais qualidade e tecnologia para os produtos e os clientes.

Financeiro Qual o último dado contabilizado de venda de veículos Volkswagen no Brasil? Esse número reflete quais ações da empresa?Schmall A Volkswagen do Brasil atingiu recorde de vendas no merca-do nacional com a marca de 698,4 mil unidades de automóveis de passeio e comerciais leves. Com isso, a partici-pação nas vendas totais da indústria alcançou 20,4%. Em relação a 2010, a marca foi a única a registrar crescimen-to entre as quatro principais fabrican-tes de veículos do País. Isso demonstra que nossas ações em termos de qua-lidade, inovação e tecnologia trazem bons resultados.

Financeiro Fale sobre a im-portância do financiamento de veículos para as montado-ras brasileiras. Essa modalida-de de compra representa qual porcentagem de venda de veí-culos Volkswagen? Schmall O financiamento de veí-culos é a chave para o crescimento do nosso setor. Desde 2006 houve um significativo aumento na concessão de crédito para a compra de veículos. Atu-almente, o financiamento de veículos possui um prazo médio de 47 meses e responde por mais de 60% das vendas de veículos no País.

Financeiro Como a compa-nhia busca se diferenciar da concorrência? Schmall Promovemos nos últi-mos anos uma ampla renovação de nossa linha de produtos, oferecendo níveis maiores de qualidade, segu-rança, tecnologia e conforto, para aumentar a satisfação dos clientes da marca. A Volkswagen tem investido fortemente no desenvolvimento de tecnologia, qualidade e segurança de produtos. Para garantir a nossa posi-ção, precisamos ampliar fortemente a competitividade. Nesse contexto, são fundamentais: a qualificação de mão de obra, os investimentos em pesqui-sa e desenvolvimento e a melhoria da infraestrutura do País. Para assegurar o nosso compromisso com o cliente, inauguramos, em outubro passado, um amplo treinamento de sensibili-zação que vai envolver todos os 24 mil colaboradores da Volkswagen. Chama--se “Paixão pelo Detalhe”. Nesse treina-mento, mostramos a importância do

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detalhe na decisão de compra do consumidor. Vamos refor-çar a necessidade de entender, em cada pequena coisa, as necessidades, percepções e expectativas do cliente.

Financeiro Quem é o cliente Volkswagen? Exis-

te alguma pesquisa feita por vocês que aponte ou mensure isso? (classe social, homem ou mulher, idade e outros)

Schmall Com 22 produtos no mercado, a Volkswagen possui uma linha completa de veículos e, por isso, consegue atender todos públicos. In-vestimos também em ações de pro-

moção para maior contato com públicos específicos, como, por

exemplo, o patrocínio ao “Rock in Rio”, para maior contato com os jovens. Investimos

em novas tecnologias e na ampliação da nossa linha de importados, porém a renovação dos modelos de entrada sempre acom-panha as tendências. Por conta disso, o Gol, nosso modelo de entrada, está na sua quinta geração e está

completando 25 anos de li-derança como o carro mais vendido do País.

Financeiro Fale sobre o leque de produtos da Volkswagen do Brasil. Veículos oferecidos pela marca aqui no País são diferentes dos de outros países? O gosto do consumidor de carros brasileiro é diferente? Detalhe. Schmall Lançamos os novos mo-delos do Jetta, Tiguan, Passat e Touareg, que estabelecem novas referências em suas categorias. Introduzimos novos re-cursos tecnológicos na oferta de produ-tos. Chegaram a nova geração do Park Assist, para facilitar as manobras de estacionamento; o ACC (Automatic Cruise Control), que, além de contro-lar a velocidade do veículo, monitora também os veículos à frente, manten-do uma distância segura, e o City Emer-gency Braking, que controla a distância do carro da frente para evitar colisões; o sensor de fadiga, entre outros avan-ços tecnológicos. A linha Amarok, que vem conquistando a preferência dos usuários do seu segmento, passa a contar a partir de agora com a versão Cabina Simples, ampliando as suas opções para o mercado. Esses carros foram projetados de olho no gosto do consumidor brasileiro.

Financeiro Podemos dizer que o Gol ainda é o carro mais queri-do pelo brasileiro? Schmall O Gol é um fenômeno

“Ser presidente da maior fabricante de veículos do Brasil é um desafio diário e é necessário alinhar meus objetivos com os do Grupo Volkswagen no mundo. Isso resulta em muito trabalho, renovação e conquistas”

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10 FINANCEIRO fevereiro/março 2012

capaentrevistadomês

para a marca e para a própria indústria de automóveis no País. É o carro mais vendido do mercado nacional há 25 anos ininterruptos. Já soma mais de seis milhões de unidades produzidas, sendo que mais de um milhão de unidades foram exportadas para cerca de 60 mercados em todo o mundo. Recentemente, o modelo ganhou uma nova série especial, a Black Gol. É uma versão com identidade visual e interior diferenciados, com um pacote de equipamentos bastante abrangente, que inclui os itens mais requisitados pelo consumidor.

Financeiro Comente os pla-nos da empresa no Brasil com a abertura de novas fábricas. Em setembro foram anunciadas duas novas unidades no Brasil. Qual a capacidade de produção de veí-culos dessas unidades? Qual o investimento destinado?Schmall Em 2011, o presidente mundial do Grupo Volkswagen, Martin Winterkorn, em visita ao Brasil, anunciou a ampliação dos investimentos no País. Investiremos um total de R$ 8,7 bilhões até 2016, que serão destinados ao desenvol-vimento de novos produtos e ao aumento da capacidade produtiva no País. Esses investimentos fazem

parte da estratégia global da marca, denominada “Mach 18”, e, por isso, envolve criteriosa análise.

Financeiro Quais as expectati-vas da Volkswagen no mercado brasileiro para os próximos anos?Schmall Acreditamos que o merca-do deverá manter um ritmo crescente em função do grande potencial que temos no Brasil. Para atender a esse crescimento, vamos precisar aumen-tar a capacidade instalada de toda a indústria no Brasil. Atualmente, o País conta com capacidade de cerca de três milhões de veículos, que deverá apresentar um crescimento de 3% em 2012, de acordo com as projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Financeiro Qual carro será a aposta da marca no Brasil em 2012? Schmall Temos muitos planos para 2012. Temos uma linha de produtos e� ciente para trilhar mais um ano de sucesso na trajetória da Volkswagen no Brasil. Porém acredito que o segmento de entrada deverá crescer acima do mercado. Há muitas novidades, mas, como você sabe, elas são con� denciais.

Financeiro Que ações de incen-tivo são criadas para os colabo-radores? Schmall Os nossos colaboradores são o maior patrimônio da Volkswa-gen. Prova disso é que investimos mais de R$ 20,6 milhões em treina-mentos – somente em 2011 – o que equivale a mais de 30 horas de treina-mento por funcionário. Valorizamos

e incentivamos nossos colaboradores a participar das ações de melhoria da empresa. Criamos o programa “Gera-ção de Ideias”, uma das poucas ações empresariais que oferecem prêmios em dinheiro – que podem chegar a R$ 50 mil – a partir de iniciativas cria-tivas dos colaboradores a � m de au-mentar a competitividade da empresa. O programa já completou dez anos na Volkswagen e totalizou R$ 12,5 milhões pagos em prêmios a mais de 16,2 mil ideias de funcionários.

Financeiro Quais característi-cas você preza em uma pessoa para trabalhar? Schmall Em anos de experiência na Volkswagen aprendi que o detalhe e a criatividade fazem toda a diferen-ça, desde a fase de desenvolvimento de um automóvel até o atendimento do nosso cliente � nal. Essas caracte-rísticas são marcantes para os pro� s-sionais que trabalham ou pretendem atuar na Volkswagen, pois é assim que fazemos carros, sem perder o foco nos mínimos detalhes. Entendemos que a imagem da empresa está diretamente ligada à qualidade do nosso produto. Isso se traduz em reconhecimentos, como a quinta empresa mais deseja-da para se trabalhar do País, segundo o especial “Valor Carreira”, do jornal “Valor Econômico”, e a primeira do setor. Além disso, realizamos um disputado processo seletivo para o programa de trainees, que recebeu mais de 24 mil inscrições, cerca de mil candidatos para cada vaga. Bons resultados são frutos de boas ações, pensadas e colocadas em prática sem perder o foco nos detalhes.

“Bons resultados são frutos de boas ações, pensadas e colocadas em prática sem perder o foco nos detalhes”

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12 FINANCEIRO fevereiro/março 2012

Premiação acrefi/SeraSa

Participante de evento ganha viagem a Berlim

Durante o evento Crédito em Debate, promovido pela Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento) em parceria com a Serasa Experian, um dos participantes foi premiado com uma viagem a Berlim (Alemanha). Não foi um passeio qualquer. O ganhador, Henrique de Paula, que trabalha como analista de crédito na empresa BSPAR Finanças, conferiu de perto as palestras que ocorreram no 11º Experian Credit Risk Fórum, realizado pela Experian no local.

O tema central abordado foram os riscos e as oportunidades que permeiam a crise europeia. “O evento contou com organização impecável, agenda estritamente cumprida, palestrantes conceituados e líderes de diversas instituições financeiras globais de todos os cantos do mundo, sendo a maioria da Zona do Euro, mas também quatro brasileiros e um sul-africano”, conta Henrique.

“Foi muito bacana conhecer a cidade de Berlim também, epicentro das duas grandes guerras e da Guerra Fria, com a construção do muro que dividiu a Alemanha em duas por cerca de 30 anos. Terra de muitas histórias e memórias!”, conclui Henrique.

É com profundo pesar que a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) se solidariza em fevereiro de 2012, com a família de Ronaldo Amaral de Carvalho Pinto. Uma perda irreparável para o setor financeiro.

Homem de conduta altiva, reputação ilibada, Ronaldo sempre foi defensor do aprimoramento do setor. Foi atuante diretor da nossa associação, assim como do Sindicrefi (Sindicato das

Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento do Estado de São Paulo) e da Fenacrefi (Federação Interestadual das Instituições de Crédito, Financiamento

e Investimento). Ronaldo Amaral de Carvalho Pinto foi também, entre outras atividades, sócio-diretor do Banco Pecúnia até 2007, focado principalmente no financiamento de carros, e era sócio-diretor da Frizzo DTVM. Teve atuação marcante também em outras entidades,

como o Corecon (Conselho Regional de Economia – 2ª. Região – São Paulo). Nossas sinceras homenagens a esse lutador incansável de uma causa que eleva o sistema de crédito do País.

Acrefi

Homenagem

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fevereiro/março 2012 FINANCEIRO 13

Inflação

Preços de produtos continua a aumentar

14 bilhões

25 milhões

R$ 27,46

7,283 bilhões

MeIos de pagaMento

Índice de cheques sem fundos cai para 1,93%

O porcentual de cheques devolvidos em todo o País diminuiu em janeiro deste ano em relação ao de dezembro de 2011, segundo levantamento da Serasa Experian. No mês passado, o índice de cheques devolvidos ficou em 1,93%, ante 1,99% em dezembro. De acordo com os economistas da Serasa Experian, a redução dos juros e da inflação e o uso de parte do décimo terceiro salário para o pagamento das dívidas levaram à queda do número de cheques sem fundos.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), na cidade de São Paulo, encerrou o mês de janeiro em alta de 0,66%. Esse resultado mostra que a inflação avançou com mais intensidade – em dezembro, o índice ficou em 0,61%. No entanto, comparando-se com janeiro de 2011, quando a taxa ficou em 1,15%, houve diminuição na velocidade de aumentos.

foi o lucro líquido do Itaú Unibanco em 2011. O valor arrecadado é o maior da

história dos bancos brasileiros, segundo a consultoria Economatica

é o número de declarações que a Receita Federal espera receber em 2012. Em 2011 foram 24,37 milhões. O prazo

começa no dia 1º de março e termina em 30 de abril

é quanto o brasileiro gasta, em média, para fazer uma refeição completa fora de casa, segundo pesquisa da administradora de cartões Alelo.

São Luís (MA) é a cidade mais cara, onde o gasto médio com um almoço

é de R$ 36,21.

foi o saldo positivo do fluxo cambial registrado em janeiro. De acordo com o

Banco Central do Brasil esse superavit é o maior dos últimos quatro meses

parcerIa

O Grupo Bradesco Seguros, líder do mercado segurador nacional, e a Máquina de Vendas, rede varejista com ampla cobertura no País, formalizaram uma parceria exclusiva que irá oferecer os produtos do grupo segurador aos mais de 16 milhões de clientes da holding, que engloba as bandeiras Insinuante, Ricardo Eletro, City Lar e Eletro Shopping. Com o acordo, todos os clientes dessas bandeiras poderão contratar os produtos do Grupo Bradesco Seguros em qualquer uma das 900 lojas espalhadas Brasil afora.

Bradesco Seguros firma acordo com Máquina de Vendas

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14 FINANCEIRO fevereiro/março 2012

educaçãofinanceiraBM&Fbovespa

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uccenaNão é difícil encontrar uma pessoa que basta estar irritada,

estressada ou entediada que logo recorre às “com-prinhas”. Esse consumismo desenfreado não é algo recente e, muitas vezes, não é preciso nem mesmo de motivos para ser iniciado. Maria Antonieta, uma das figuras mais importantes da história moderna, expôs, durante o reinado na França, seu lado consumista. Nas vésperas da Revolução Francesa, a imperatriz foi presença constante nas lojas de Paris, comprando uma variedade de vestidos. A partir daí, a fama de que as mulheres consomem demasiadamente começou. Atualmente, esse quadro está se invertendo.

não vem só de berço

De olho na nova geração de consumidores, a BM&FBovespa promove gratuitamente cursos

para educar financeiramente a população

Com o crescimento econômico que o Brasil apre-sentou nos últimos anos, a situação financeira da po-pulação melhorou consideravelmente e, com isso, au-mentou também o poder de consumo. Hoje, homens e mulheres são suscetíveis a cair em tentações e têm a mesma propensão a assumir dívidas por conta de produtos supérfluos. As crianças também não ficam de fora. Elas são consumidoras e, como tal, precisam ser preparadas para lidar com o dinheiro.

Para mudar esse cenário de maneira positi-va, a Bolsa de Valores, Mercadorias & Futuros (BM&FBovespa) procura ensinar a população. Com

Educação

Por Raquel Sena

educaçãofinanceiraBM&FBovespa

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o desafio de conquistar novos investidores – a meta é de cinco milhões de pessoas físicas dentro de poucos anos – e tornar o mercado de ações mais acessível, a Bolsa oferece gratuitamente atividades e cursos de educação financeira a diferentes públicos

Na entidade, acredita-se que a educação finan-ceira é fundamental para que o cidadão aprenda a importância das finanças no cotidiano e não tenha surpresa no futuro com o acúmulo de dívidas. O primeiro programa de educação financeira da Bolsa foi iniciado em 2002, com o objetivo de esclarecer a importância do investimento em ações como alter-nativa de poupança e de financiar o crescimento das empresas brasileiras.

Em 2006, o programa passou por mudanças e aprimoramentos. “A instituição percebeu que, além de desmitificar, a Bolsa deveria também fomentar a cultura da poupança para trabalhar a educação finan-ceira. Foi criado então o ‘Programa Educar’ e com ele vieram outros desdobramentos”, conta José Alberto

Netto Filho, professor de educação financeira da BM&FBovespa.

A ação é voltada aos interessados no planejamento financeiro pessoal e nas alternativas de investimentos, como o mercado de ações, os títulos públicos e a forma-ção de patrimônio no longo prazo. Os cursos são gra-tuitos e foram estruturados em seis módulos: o “Educar Júnior”, para jovens de 11 a 14 anos; o “Educar Teen”, para pessoas de 15 a 18 anos; o “Educar Master”, vol-tado a universitários e adultos; o “Educar Família”, para membros adultos das famílias e o “Educar Sênior”, para a terceira idade, com duração de seis horas.

“Para o público mais novo é a escola que deve fa-zer o pedido para que a nossa equipe vá à instituição e ministre a palestra, com duração de quatro horas”, explica o professor. Desde o lançamento, em 2006, já foram atendidas mais de 176 mil pessoas.

Um dos destaques de educação financeira da Bolsa é o “Educar Mulheres em Ação”. Com o interes-se feminino pelo mercado de ações, a BM&FBovespa

Ações em pauta Cursos no auditório da BM&FBovespa para diferentes públicos abordam temas como poupar e investir em ações

Educação nas telinhasPara aqueles que não têm paciência de

frequentar salas de aula, a BM&FBovespa mantém o programa “TV Educação Financeira” em parceria com a TV Cultura. É uma iniciativa inédita na televisão brasileira em prol da popularização sobre os conceitos de economia, finanças pessoais e opções de investimento.

A série foi criada a partir de exemplos do cotidiano do brasileiro, como a dificuldade de fazer um orçamento familiar, o nível de endividamento da população, além de dúvidas sobre aposentadoria, educação dos filhos, compra da casa própria e modalidades de investimentos. Passa aos sábados na TV Cultura.

O telespectador encontra mais informações e debates virtuais sobre o tema discutido na semana no site TV Educação Financeira, administrado pela BM&FBovespa. O portal também disponibiliza a reprise dos episódios.

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educaçãofinanceiraBM&Fbovespa

O futuro do PaísNas salas de aula a educação financeira já é rea-

lidade. O governo federal editou, em dezembro de 2010, um decreto que instituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef ), uma série de inicia-tivas pedagógicas voltadas às escolas com o objetivo de aperfeiçoar a compreensão dos consumidores a respeito dos conceitos e dos produtos financeiros. A ideia é promover segurança nas decisões econômicas.

A BM&FBovespa é uma das instituições que apoia esse programa, contribuindo não só com os conteúdos, como também com o material que está sendo fornecido nas escolas. “Em 2011 o projeto pi-loto testou junto a 900 escolas públicas do ensino fun-damental uma metodologia de educação financeira e foi um sucesso. A partir deste ano a educação financei-ra fará parte oficialmente do currículo escolar”, conta o professor da instituição.

O empenho em educar rendeu bons frutos à ins-tituição. Segundo dados divulgados pela empresa, até outubro de 2011 mais de 3,1 milhões de pessoas par-ticiparam de algum tipo de ação educativa oferecida pela Bolsa. Além disso, de acordo com José Alberto, em 2002 eram 85 mil investidores pessoas físicas na Bolsa. “Outro dado importante é referente aos simula-dores de investimentos criado em parceria com outras instituições. Atualmente, os cinco simuladores de ações somam mais de um milhão de usuários”, garante.

resolveu entender melhor quem é a mulher da atuali-dade. Um dos objetivos do programa é divulgar a cul-tura do “poupar” diante do apelo do consumo.

Os baixinhos também não ficam de fora da pro-gramação. Para as crianças de sete a dez anos há o “Turma da Bolsa”. Um portal com atividades que aju-dam a estimular o aprendizado dos conceitos básicos de educação financeira. O programa é composto por seis personagens que ilustram todas as atividades dis-poníveis no site com uma linguagem direta, de forma simples e didática. f

Até outubro de 2011, mais de 3,1 milhões de pessoas participaram de algum tipo de ação educativa oferecida pela BM&FBovespa

José Alberto Filho, da BM&FBovespa

Desde 2006, 176 mil pessoas participaram

de alguma aula de educação financeira

no modelo ministrado pelo professor

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artigoquestãojurídica

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Por Cassio Penteado Jr.

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A execução de sentença

Tratamos, nesta colaboração, da Ação Civil Pública (ACP) para realçar relevante decisão do Superior Tribunal de Justiça, tomada nos Re-cursos Especiais 1.243.887 e 1.247.150. Até que aquela Corte divulgasse a questão, objeto de de-liberação, muita especulação foi trazida ao meio do direito, principalmente porque – como se di-zia – o julgamento, aparentemente, teria atribuído abrangência nacional às lides públicas.

Contudo a realidade mostrou-se diversa e o que foi determinado, prevalecendo por maioria o voto condutor do ministro Luís Felipe Salomão, cuidou de facultar que a execução de sentença, de-rivada de uma ACP, pudesse ser proposta em foro diferente daquele em que a demanda foi ajuizada e solvida, e – nesse passo – modifica a orientação que a Corte Superior tinha na matéria, ao interpre-tar restritivamente a execução da sentença.

Nesse sentido, dirão os Acórdãos, ainda não publicados, ao tempo em que escrevemos estas li-nhas, que a liquidação e execução da sentença dada em ACP não se circunscrevem aos limites geográ-ficos do foro em que foi proferida, mas, se atém – com efeito – aos limites objetivos e subjetivos do quanto foi decidido em sede de mérito, sendo ca-bível, portanto, sua execução no foro de domicílio do beneficiário, ainda que diverso do qual tramitou o processo. Logo, diferentemente do que foi enten-dido, de logo não se tratou de atribuir abrangência ampla à ACP, mas, e apenas, de admitir que a exe-cução da sentença, que a decide, ocorra em comar-ca diversa daquela em que tramitou o feito.

No caso em tela, cuidou-se de ACP que plei-teava diferenças de correção de saldos em cader-netas de poupança, decorrentes de planos eco-nômicos de 1987e 1989. A ação teve tramite na Comarca de Curitiba, Paraná, e encerrou-se, com trânsito em julgado, admitindo o pedido de res-sarcimento das variações não creditadas oportu-namente. Seguiu-se o ajuizamento de execuções individuais, com amparo nessa ACP, em comar-cas diversas do foro da Capital do Estado.

Cabe realçar – para finalizar o quanto co-mentamos – um aspecto relevante nas decisões do STJ, como denota o ministro relator, obser-vando que “no caso dos autos, está-se a executar uma sentença que não limitou o seu alcance aos associados, mas irradiou seus efeitos a todos os poupadores da instituição financeira do Estado do Paraná. Após o trânsito em julgado, descabe a alteração do seu alcance em sede de execução, sob pena de vulneração da coisa julgada”. Assim, em tese, se a decisão transitada em julgado tivesse estipulado qualquer limitação em termos dos be-neficiários, tal dispositivo afastaria a amplitude de sua execução.

Além disso, como também se deve anotar, os julgados da Corte foram tomados em sede de Re-cursos Repetitivos, donde seu conteúdo inibirá alegações divergentes em outros Recursos.

Cassio Penteado Jr. é advogado consultor em Recife (PE),

da Santiago Reis Advogados

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Garantir uma renda futura tranquila ou realizar um sonho no longo prazo exige mais do que poupar ou depender somente da previdência social. Bancos e financeiras trabalham para conquistar cada vez mais clientes no amplo mercado da previdência complementar

Por Juliana Jadon

O momento de se aposentar deveria ser também tempo de descan-sar, viajar, aproveitar os momentos de liberdade e realizar sonhos. Porém, para muitos que passam por essa etapa, a realidade é diferente. A previdência social atualmente não supre as necessidades da população brasileira e a tendên-cia é piorar. Dados alarmantes reforçam essa afirmação: somente 1% dos aposentados consegue manter o mesmo padrão de vida do tempo em que trabalhava. Os demais de-pendem de parentes, precisam de caridade ou ainda conti-nuam a trabalhar para pagar as contas (ver gráfico).

“Atualmente, a previdência social atende somen-te ao padrão de vida de quem ganha até R$ 3,5 mil. Quem recebe um salário maior estará desprotegido financeiramente na aposentadoria”, avalia Gustavo Lendimuth, superintendente-executivo da HSBC Seguros. Mas esse cenário está mudando e a resolu-ção desses problemas pode ser sanada com a previ-dência privada, também conhecida como previdên-cia complementar – pois é utilizada principalmente para integrar a renda de um aposentado.

Segurança financeira

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Segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), a captação dos planos corporativos de previdência de janeiro a novembro de 2011 somou R$ 5,8 bilhões, montan-te 25,4% maior que no mesmo período de 2010. Já a aplicação nos planos individuais, que não têm víncu-lo com empregadores, subiu 16,9%. O total investido nesse último é bem mais alto e soma R$ 39 bilhões.

Com apenas 23 anos, Luzia Gardênia de Matos Araújo figura no quadro dos que aplicam individu-almente nessa modalidade. Foi em 2008, há quatro anos, que ela começou a investir em previdência complementar. Na época Luzia gastava todo o salário que ganhava. Certo dia o pai, Carlos Morais de Araújo Filho, teve uma conversa com filha. Ele já investia em previdência privada e resolveu aconselhar a garota a fazer o mesmo. Seria uma alternativa de não gastar de-sordenadamente e ao mesmo tempo investir.

Para facilitar, Carlos levou Luzia até a agência bancária para falar com o gerente. Por meio de análi-

se tributária, do prazo almejado e da análise do perfil do cliente, é possível identificar as necessidades de cada um. Assim, o bancário lhe explicou quais eram os planos mais adequados ao seu perfil. Na época, Luzia tinha pouco mais de R$ 2 mil e o montante foi destinado a sua primeira aplicação. Nas próximas ela aplicou R$ 200 e quando mudou de emprego e seu salário inflou passou a depositar R$ 300 no fundo.

Modelos para todosAtualmente são comercializados dois tipos de pro-

dutos para previdência: O Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), que é indicado para pessoas que fazem a declaração do Imposto de Renda (IR) no modelo com-pleto já que ele dá ao cliente a oportunidade de deduzir até 12% de sua renda bruta anual – e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), oferecido para investidores que não declaram IR ou fazem a declaração no modelo sim-plificado. A diferença é que no resgate dos planos VGBL a incidência do imposto ocorre somente nos rendimentos.

Segurança financeira

Consciente Aos 23 anos, Luzia Araújo já investe em previdência. Com o acumulo de R$ 400 por mês, daqui a 22 anos ela terá aproximadamente R$ 240 mil

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especialprevidênciaprivada

Em todos os produtos de previdência privada, o cliente pode diversificar seus investimentos de acordo com a tolerância ao risco e tempo de acumulação, ten-do a opção de alocar recursos em fundos conservado-res, moderados ou agressivos.

Na Brasilprev, uma das maiores companhias de previdência privada aberta do Brasil, em alguns planos, à medida que o fundo se aproxima da data--alvo, há uma redução de exposição em renda variá-vel e ampliação da fatia de renda fixa, tornando esse fundo mais conservador, conforme a aproximação da data prevista para a realização de seu projeto de vida. Na Brasilprev quem faz essa gestão é a equipe de investimentos, em parceria com a BB DTVM. Em junho de 2011 a companhia possuía mais de 1,37 milhão de clientes e ativos sob gestão que superam os R$ 43 bilhões.

Agentes especializados A maioria dos bancos e seguradoras no País atua

e conquista clientes de previdência complementar por meio dos chamados “consultores especializados”.

Luzia optou pelo plano VGBL, modalidade aconselhável para quem não tem renda tributável. Nesse modelo não existe garantia de rentabilidade mínima, ainda que todo o rendimento seja repassa-do ao integrante. O primeiro resgate pode ser feito em prazo que varia de dois meses a dois anos. A partir do segundo ano, também pode ser realizado a cada dois meses.

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OpçõesPrevidência Complementar Fechada Administrada por entidades privadas, se restringe a um grupo de trabalhadores que façam parte da mesma instituição (empresas, sindicatos etc.).Previdência Complementar Aberta Qualquer pessoa, seja física ou jurídica, pode contratar os benefícios. Ela oferece cobertura para qualquer cidadão, seja ele trabalhador ou não, e pode ser contratada por duas formas: • Planos corporativos: quando uma organização efetua um

contrato com uma entidade de previdência complementar, para disponibilização do plano aos seus colaboradores. •Planos individuais: quando a contratação do plano é realizada direto pela pessoa, sem vínculo com a empresa a qual é funcionária. Os planos de Previdência Complementar são divididos nos períodos de Deferimento (fase de contribuição) e de Cobertura (fase do recebimento do benefício contratado).

Fabiano Lima, da SulAmérica “Mesmo para as seguradoras não ligadas a bancos há muito espaço para atuar”

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Após analisar per� s, eles indicam os melhores planos – como foi feito com Luzia –, já que a relação entre instituição e cliente em um produto � nanceiro como esse é de médio a longo prazo.

Nesse sentido, a Bradesco Vida e Previdência in-veste na venda consultiva. Em cada agência do banco há, ao menos, um corretor especializado em seguros de vida e em previdência privada, que participa fre-quentemente de treinamentos e atualizações. “O pa-pel desse pro� ssional é fundamental para que ofereça o produto mais adequado de acordo com o per� l e as necessidades especí� cas de cada cliente”, explica Lú-cio Flávio de Oliveira, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência.

O banco oferece dicas e informações sobre os temas saúde e previdência no portal “Espaço Viva Mais”, que recebeu no primeiro semestre do ano passado mais 67 mil visitantes. Já no HSBC Brasil, 400 pro� ssionais reali-zam a consultoria � nanceira. Além disso, os interessados encontram especialistas no portal do banco para uma conversa sobre produtos � nanceiros em tempo real. “Temos aproximadamente 400 mil clientes de previdência privada entre pessoa física e jurídica. São mais de R$ 9,3 bilhões em reservas de previdência”, conta o supe-rintendente-executivo da instituição.

No caso das seguradoras, a divulgação dos produtos de previdência é feita por meio da rede de corretores, assim como outros produtos ofertados, como seguro de vida, do carro etc. Normalmente sem espaço físico para atendimen-to, essas empresas precisam conquistar os corretores por meio de treinamentos e programas de benefícios.

Na Porto Seguro não é diferente. A oferta dos pla-nos é feita por meio da rede corretores credenciados. “Treinamos quase quatro mil corretores presencial-mente. Além disso, temos uma central de atendimen-to especí� ca por canal que recebe 15 mil ligações por mês”, conta Silas Kasahaya, superintendente de vida e previdência da Porto Seguro.

Um gibi da “Turma da Mônica”, feito em parceria com a Porto Seguro, explica em formato de quadrinhos a importância da adesão da previdência complementar. “Quando avaliamos da classe B para cima, há um nível de acesso a previdên-cia forte. O desa� o é como distribuir esse produto para a classe C. Em geral, o mer-cado informa bem, mas ainda são neces-sárias ações como essa”, assinala o executivo da Porto Seguro.

Gustavo Lendimuth, da HSBC Seguros “A previdência social atende ao padrão de vida de quem ganha até R$ 3,5 mil. Quem recebe um salário maior estará desprotegido financeiramente na aposentadoria”

Realidade dos aposentados

Dependem de parentes

Precisam de caridade

Consegue manter

o padrão de vida

Continuam a trabalhar para pagar as contas

Dependem de parentes de caridade

Precisam de caridade a trabalhar Precisam

de caridadeContinuam a trabalhar Continuam a trabalhar

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especialprevidênciaprivada

Segurança Outros objetivos, além da sonhada aposentadoria

tranquila, levam o participante a adquirir um plano de previdência como, por exemplo, a constituição de uma reserva para financiar o futuro educacional de fi-lhos, ou sua inclusão no mercado profissional.

A SulAmérica Seguros sabe bem quem são os clientes de previdência para ofertar os produtos mais adequados. Do total da sua base, 56% são homens e possuem, em média, 35 anos. O valor médio destina-do aos fundos de previdência por mês é de R$ 360. A maior parte dos contratos é de planos VGBL.

E ainda: 41% dos clientes são conservadores e op-tam por planos de renda fixa. “Temos cerca de R$ 3,5 bilhões em reservas de previdência, com base em setembro de 2011, e cerca de 110 mil clientes”, revela Fabiano Lima, superintendente técnico de seguro de pessoas e previdência da companhia.

O executivo do HSBC conta o caso de um pai que contratou um plano de previdência para os dois filhos, ainda quando pequenos. Infelizmente, algum tempo depois, ele sofreu um acidente e faleceu. O pla-no contratado deveria atingir o montante de R$ 100 mil quando os garotos completassem 18 anos. Na maioria dos casos, os seguros possuem a cobertura do

De janeiro a novembro de 2011, a captação dos planos corporativos de previdência somou R$ 5,8 bilhões, montante 25,4% maior que no mesmo período de 2010

Lúcio Flávio de Oliveira, do Bradesco “Em cada agência do banco há, ao menos, um corretor especializado em seguros de vida e em previdência privada, que participa de treinamentos e atualizações”

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pecúlio por morte, que define o capital que é pago, em caso de falecimento, em uma única parcela.

Nessa situação, foi pago o valor de R$ 50 mil para cada um dos garotos. Na maioria dos casos, os planos possuem essa característica. “Quanto antes um plano for contratado, melhor para o indivíduo. Se possível, as aplicações devem começar no momento do nascimento de um filho, por exemplo. Assim, mais barato fica atingir um sonho no futuro”, indica Lendimuth, do HSBC.

Vida longa A expectativa de vida do brasilei-

ro ao nascer chegou a 73,5 anos em 2010, para ambos os sexos. Em 2009, a expectati-va ficou em 73,2 anos. O dado é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Resta à população se preparar para essa vida extensa, em que, quanto mais idade se possui, mais gastos são gerados. “Geralmente, um dos custos mais altos de um idoso é o de medica-mentos”, observa o superintendente da Porto Seguro. “Com o aumento dessa perspectiva no País, o planejamento financeiro se torna mais f

Clareza Especialistas abordam o tema previdência privada por meio de vídeos em portal da SulAmérica

Em quadrinhos Gibi da “Turma da Mônica”, feito em parceria com a Porto Seguro, explica a importância da previdência complementar

relevante para vivermos bem. Uma dica é começar o quanto antes a poupar, pois assim o esforço é menor e o ganho no longo prazo é mais atrativo”, completa Guilherme Alexandre Rossi, gerente de negócios de alta renda da BrasilPrev.

Para o diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio de Oliveira, entretanto,

nunca é tarde para ingressar em um plano de previdência privada, principalmente se

levarmos em conta que a expectativa de vida cresce, no Brasil e no mundo.

Hoje a meta de Luzia é investir cer-ca de R$ 400 por mês e em 22 anos ter

aproximadamente R$ 240 mil no fundo. Ela só vai fazer o resgate antes desse período se

resolver comprar algum bem de alto valor ou reali-zar um sonho, por exemplo, mas o intuito principal é aguardar a aposentaria e garantir a renda comple-mentar. É de família. O pai dela também trabalha para garantir uma vida futura tranquila.

Para bancos e seguradoras, clientes como Luzia não vão faltar. “Mesmo para as segurado-

ras não ligadas a bancos há mui-to espaço para atuar”, aponta Lima, da SulAmérica.

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Áreas de Relações com Investidores (R.I.) começam a comunicar o mercado com ferramentas virtuais

Por Paulo Gratão

Em uma visita a um evento anual de Relações com Investi-dores (R.I.), o analista de mercado Felipe Fontes avistou um estande que mudaria a co-municação da empresa Kepler Weber, forne-cedora de equipamentos de agronegócios, com os in-vestidores na internet. O executivo parou para ouvir sobre a RIWeb, empresa desenvolvida pelos mesmos criadores do portal Comunique-se, e viu que ali podia estar a chave para uma nova forma de comunicação e até prospecção de investidores mais jovens e pessoas físicas, adeptos de internet e redes sociais. Ele estava certo. Cerca de 85% dos profissionais do mercado fi-nanceiro, abaixo dos 50 anos, estão nas redes sociais e 47% dos investidores fazem pesquisas em blogs, de acordo com pesquisa realizada pela Q4 Web Systems.

Faz apenas dois meses que o site da Kepler We-ber foi atualizado e passou a contar com a tecnologia de interação com investidores. Fontes ainda não têm dados comparativos, mas a satisfação do executivo já

comprova que foi feito um bom negócio. “A área de R.I. agora é um espelho do meu site institucional, quando antes não tinha identidade. Hoje o portal está mais tec-nológico e com fácil acesso”, afirma.

A maioria dos sites de R.I. das empresas peca por aspectos básicos, segundo Rodrigo Azevedo, CEO do RIWeb. O mais comum deles é achar que o site tem de ser um modelo engessado, em que os inves-tidores farão download de apresentações, arquivos em PDF e outros documentos, sem a mínima inte-ração. “Primeiro nem mesmo tinham sites, depois começaram a fazer um pen drive na internet, jogando os arquivos para serem baixados, sem nenhuma pre-ocupação estética ou funcional. Estamos falando de somente dois anos atrás! Encontrávamos cada site de R.I. de grandes empresas, que pareciam estar nos anos 1990!”, analisa Azevedo.

Com a reestruturação da comunicação com os in-vestidores, Fontes pretende aumentar a transparência e

tecnologia

Novos meios

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diminuir a quantidade de e-mails com dúvidas e recla-mações. A Kepler Weber já estava nas redes sociais des-de 2010, divulgando as ações de marketing, mas agora também se comunica com os investidores por meio das novas ferramentas.

DesafiosA desconfiança de levar as informações para a

internet e, sobretudo, para as redes sociais ainda é o maior empecilho para a propagação da prática no mercado. No entanto Azevedo diz que essa visão é vencida com o passar do tempo. “Hoje, 40% das com-panhias abertas já percebem o valor de usar as mídias sociais a seu favor. Conseguimos convencer quase 100% da nossa base a entrar”, comenta.

Segundo o CEO da RIWeb, profissionais do mercado financeiro, em geral, não são muito familia-rizados com comunicação. E isso é constatado pela disposição das informações em sites, por exemplo. “O

trabalho de R.I. é informar e divulgar números. Quan-do pedem para ser inovador em comunicação, a área acaba achando que é arriscado ou que é uma grande besteira”, avalia.

O executivo explica que a aceitação e a familiari-dade com a forma de comunicação com investidores on-line dependem da vivência que o profissional tem como a rede. Tudo se torna mais fácil e adaptável se o responsável pela área de R.I. já é conectado. “No ce-nário em que o CEO é 2.0 e a equipe de R.I. é 1.0, a

Rodrigo Azevedo,

CEO da RIWeb “Hoje, 40% das

companhias abertas já

percebem o valor de usar

as mídias sociais a

seu favor”

Vantagens do RI 2.0

• Transparência: na democracia das redes sociais, as informações estão lá para todos• Acessibilidade: atinge melhor o investidor mais jovem ou pessoa física• Branding: melhora ou mantém a boa reputação da marca• É gratuito!

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muitos, justamente pela falta de prática ou de interesse. “Muitos acabam aceitando criar per� s para não � car de fora desse universo, mas não praticam mídia social no dia a dia. Se você não usa, ou faz um uso super� cial, não tem os mesmos resultados”, a� rma Azevedo, e comple-menta: “Hoje em dia, a presença nas redes sociais não é mais opcional. Você só tem de escolher se falará por você ou deixará que os outros falem.”

Um exemplo do bom uso das redes sociais, segun-do o executivo, é o Itaú Unibanco, também cliente da empresa. Além da linguagem informal para a comuni-cação com os investidores na rede social, todas as atua-lizações do site saem direto no microblog. “Das compa-nhias abertas, o que está com o melhor uso de Twi� er é o Itaú. Eles estão com um volume representativo de seguidores e mantêm certa cautela ao postar algumas coisas sobre relações com investidores.”

PadronizaçãoEm recente pronunciamento, o Comitê de Orienta-

ção de Divulgação de Informação de Mercado (Codim) reconheceu que os sites desenvolvidos pelo RIWeb são os que possuem a estrutura mais adequada aos padrões necessários para uma navegabilidade assertiva.

Entre as funções destacadas pelo Codim estão a entrada na web 2.0 , com versão mobile e o uso de SlideShare para as apresentações. Além disso, o comitê destaca o fato de a empresa fazer sites personalizados para cada empresa, fugindo dos modelos prontos.

O erro mais comum é achar que o site tem de ser um modelo engessado, em que os investidores farão download de apresentações, arquivos em PDF e outros documentos, sem a mínima interação

pressão é de cima para baixo. Quando os dois são 1.0, é muito complicado. Em um cenário muito menor, os dois são 2.0, aí � ca mais fácil”, explica.

Do inícioA primeira ferramenta de comunicação que é ana-

lisada pela RIWeb é o site da companhia, assim como aconteceu com a Kepler Weber. Azevedo conta que são criadas algumas opções de layout, sem seguir nenhum template (modelo pronto) para que a identidade da em-presa seja mantida.

De acordo com o per� l da empresa, são criadas pá-ginas no Facebook, Twi� er, YouTube e na rede social de compartilhamento de apresentações, denominada SlideShare. Essa última, inclusive, é a única utilizada por todas as empresas e que apresenta os melhores resulta-dos, segundo Azevedo.

Depois de construída toda a estrutura para a comu-nicação on-line com os investidores, é importante utili-zar as redes sociais conscientemente e com objetivos es-pecí� cos. O bom resultado de alguns não é sentido por

tecnologia

Crescimento de webcast/teleconferências para RI Em 2009 45 transmissões on-lineEm 2010 114 transmissões on-lineEm 2011 174 transmissões on-line

Fonte: RIWeb

Página de RI da Kepler Weber após

a ação da RIWeb

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Chutes gol Empreendedores procuram se destacar nos eventos internacionais que chegam ao Brasil nos próximos anos. Nesse cenário, instituições financeiras oferecem serviços para os times entrarem em campo

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Por Paulo Gratão

Em 2014, o Brasil inteiro reviverá uma história, mas com chan-ces de mudar o final. Exatos 64 anos após a última Copa do Mundo realizada em território tupiniquim, quando o País perdeu o título na final e a angústia era fisionomia comum nas ruas, a bola voltará a correr em nossos campos, valendo a taça e o prestígio mundial. Teremos uma nova chance de ganhar em casa.

Não é só no futebol que o Brasil terá a oportunidade de se destacar. Como sede dos jogos, o País atrairá mi-lhares de turistas e abrirá as portas para que as empresas expandam seus negócios. Contrastando com o evento

de 1950, em que os jogos ocorreram em seis cidades, sendo 67% no Rio de Janeiro e em São Paulo, agora acontecerão em 12 cidades, em Estados diferentes.

Ao mesmo tempo em que isso traz visibilidade para as diversas regiões do País, há muito que deve ser melhorado em relação à infraestrutura. Uma viagem rodoviária do Rio de Janeiro (RJ) a Manaus (AM), por exemplo, demora 56 horas, tempo inviável.

Muitos foram os desafios econômicos que os brasileiros protagonizaram nesses mais de 60 anos de diferença entre uma Copa e outra. Trocas de moeda,

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inflações, dívidas públicas e externas, quitação da dívida, ascensão no cenário econômico global e crescimento de um grupo que hoje configura a nova classe média.

A nova sexta maior economia do mundo receberá cerca de três milhões de turistas em 2014. “A Copa do Mundo coloca o País em uma vitrine mundial. O im-pacto de ‘marca’ é tão grande que a África do Sul sediou

a Copa e entrou para o BRICs (grupo econômico global em que fazem parte Brasil, Rússia, China e Índia)”, afirma Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco.

O executivo liderou um estudo apresentado pelo Itaú Empresas sobre os impactos econômicos da Copa do Mundo. Segundo a pesquisa, a expectativa é de que, devido aos jogos, o PIB seja ampliado em 1,5% e cerca de

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Por onde começarTendo em vista que as 12 cidades-sede trarão no

pacote mais 65 destinos indutores (cidades vizinhas que servirão de turismo ou hospedagem), empresários de todo o País terão oportunidade de fazer suas apos-tas darem certo. Desde a aquisição do Banco Postal, o Banco do Brasil é o que tem a maior cobertura financei-ra e se diz preparado para auxiliar os interessados em se financiarem nos locais mais distantes. “Com a parceria firmada com os Correios, desde 2 de janeiro, os clien-tes contarão com mais 6.337 pontos de atendimento BB, referentes às agências do Banco Postal – presente em 95% dos municípios brasileiros”, diz Teribele.

O Santander também demonstra sua preocupação com as PMEs. Programas como o “Expansão” apoiam o crescimento das empresas de clientes e não clientes da instituição e oferecem todos os caminhos para que o empreendedor trilhe pelas vias certas. Para participar,

Devido aos jogos, o PIB deverá ser ampliado em 1,5% e cerca de 250 mil novos empregos serão criados no País

250 mil novos empregos sejam criados no País. Além disso, uma média de 165 milhões de potenciais con-sumidores gastará de US$ 3 bilhões a US$ 6 bilhões até 2014.

Nesse cenário surgem oportunidades para as em-presas brasileiras, principalmente as pequenas e mé-dias. “As grandes empresas não engolirão as pequenas, será uma complementação”, diz Goldfajn. No total, o Brasil já conta com cerca de 23 milhões de empreen-

dedores, segundo o “Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa 2010/2011”, realizado pelo Sebrae em parceria com o Departamento Intersindical de Es-tatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Faltando pouco mais de dois anos para que a aber-tura do evento aconteça na zona leste de São Paulo, no tão falado Itaquerão – se nada mudar até lá –, a Copa já começou em todo o País, principalmente para os pe-quenos e médios empreendedores. Eles poderão apro-veitar todas as oportunidades de fazer limonadas com os limões passados pelas grandes empresas. “A Copa do Mundo FIFA 2014 e as Olimpíadas de 2016 já estão gerando boas oportunidades para as PMEs dos diversos setores econômicos, como construção civil, prestação de serviços, alimentação, comércio varejista dentre outros”, afirma Clenio Severio Teribele, diretor de micro e pequenas empresas do Banco do Brasil.

Carlos Maccariello, do Itaú Empresas “É importante que o empresário

tenha visão de longo prazo e foque no legado que a Copa do Mundo pode

deixar para o seu negócio”

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o interessado deve enviar ao Santander uma análise de planos de negócios com as premissas, a política de pre-ços, as informações de marketing e concorrência.

A avaliação do documento � ca a cargo de um professor de uma das universidades parceiras do banco, que aponta se o planejamento precisa ou não de aperfeiçoamentos. Diagnosticadas as de� ciências do plano de negócios, o empreendedor é direcionado a um curso especí� co que o preparará para sanar os problemas. Se após a conclusão o empresário quiser se tornar cliente Santander, terá linhas de crédito disponíveis, mas não é obrigado a � rmar contrato. “A intenção é apoiar empresários e empreendedores, sejam clientes e não clientes”, a� rma César Fischer, superinten-dente de pequenas e médias empresas do Santander.

Marco Antonio Kegles Torres, superintendente na-cional para micro e pequenas empresas da Caixa Econô-mica Federal, acredita que um dos setores que precisarão de mais investimentos é o turismo, devido à quantidade de visitantes que o Brasil irá receber, e é esse o principal foco da instituição. “A Caixa tradicionalmente apoia a cadeia produtiva do turismo, disponibiliza linhas de cré-dito para investimento e/ou capital de giro para meios de hospedagens, operadoras e agências de turismo, bares e restaurantes, bem como para os setores de transporte de turistas e locadoras de veículos”, a� rma o executivo.

O bê-á-báCom o incremento previsto na economia nacional,

o empreendedor deve avaliar se seu negócio está entre os serviços mais procurados na ocasião dos jogos, antes ou depois. Depois, deve procurar assessorias com bancos e consultorias para o crescimento consciente e sustentá-vel do empreendimento, evitando passos equivocados à sombra da mortalidade. “Importante que o empresário tenha visão de longo prazo e foque no legado que a Copa do Mundo pode deixar para o seu negócio. E não falo apenas em relação ao aspecto � nanceiro, mas também de quali� cação de mão de obra, de melhoria na qualidade do serviço e do produto, e na criação de uma relação pe-

César Fischer, do Santander “A intenção é apoiar empresários e empreendedores, sejam clientes ou não clientes”

rene com os clientes, que prime pela transparência e pelo bom atendimento”, comenta Carlos Maccariello, diretor de produtos do Itaú Empresas.

Uma das fórmulas para manter o negócio vivo é se atentar aos movimentos do mercado. Para isso, o Santander disponibiliza a newsletter física “Conexão Negócios”. “É um boletim trimestral com o panorama econômico do Brasil. A diferença é que ele fala sobre a consequência dos fatos na eco-nomia e não somente os apresenta”, comenta Fischer.

O superintendente também destaca a divulgação trimestral do índice de con� ança do empresário (IC–PMN), criado há três anos pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) em parceria com o Santander. “É o orientador dos pequenos e médios empresários”, a� rma.

Para quem quiser se destacar, os eventos já come-çaram, mas ainda dá tempo de se preparar. A mortali-dade das pequenas e médias empresas, que diminuiu 13% na última década já mostra a maturidade com a qual os empreendedores atuam. Agora é só se preparar para entrar em campo na hora certa e marcar os gols sem cometer faltas. A Copa de 2014 será para muitas empresas o momento de correr para o abraço, com co-reogra� a e tudo. f

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A forma como o brasileiro percebe a importân-cia e a capacidade de multiplicação de recursos se reflete na maneira como costuma utilizar esses re-cursos. Isso fica claro nas duas pesquisas que a Ipsos realizou e que investigavam as formas como os bra-sileiros pensam a respeito de seu dinheiro. Uma de-las mostra que, quando se trata de comprar a prazo, o brasileiro tende a ignorar os juros e, por isso, pode não tomar as melhores decisões nesse tipo de tran-sação. A outra revela como os executivos brasileiros tratam do dinheiro na hora de investir e mostra que possuem uma postura mais conservadora, pois pre-ferem linhas de investimentos mais seguras, mesmo que menos rentáveis.

Ambos os levantamentos se complementam quando analisamos como o brasileiro pensa em seu dinheiro tanto na hora de consumir, quanto no momento de investir. Embora seja constante-mente bombardeado pela mídia sobre a questão dos juros (39% dos pesquisados considera im-portante levar em conta os juros na contratação de um financiamento, enquanto outro grupo, 39%, também leva em conta o valor das parcelas), é curioso analisar que, de fato, a população não domina a dinâmica e o impacto que essa ques-tão possui nas transações. Tanto é que a maioria (67%) concorda que não sabe quais os juros co-brados em compras parceladas ou empréstimos.

Chama ainda mais a atenção: mesmo com alteração nos juros básicos da economia, a maio-ria (65%) dos pesquisados disse que não mudou os planos de compra por conta de aumento. E embora grande parte (39%) prefira comprar a prazo e declare que escolheria poupar para po-

der comprar à vista, o comportamento efetivo tende a não refletir esse pensamento.

Na prática do consumo, os brasileiros pare-cem se “arriscar” mais. Pensando na totalidade de seus portfólios de investimentos, 61% dos execu-tivos pesquisados ainda mantêm a maior parte do dinheiro na caderneta de poupança – quase dois em cada três executivos. Em segundo lugar, vêm os fundos de renda fixa – ambos os investimentos considerados seguros, quase sem nenhum risco.

Dentre os executivos que possuem ações em seu portfólio, 23% têm entre 1% e 10% do total em ações, um contraste com os investimentos na caderneta de poupança: há 43% dos executivos que destinam de 51% a 100% do total dos inves-timentos para a caderneta de poupança.

Talvez a percepção econômica deles possa servir como argumento para a postura. Anali-sando o cenário econômico dos próximos seis meses, a maioria (47%) acredita que a economia do País ficará estável, com uma leve tendência (28%) para acreditarem que ficará mais fraca. Consequentemente, o cenário econômico pode não apresentar ares tão favoráveis para um inves-timento que exija risco maior.

Realizadas pela Ipsos Public Affairs, as pes-quisas revelam discrepância entre hábitos do brasileiro na hora de investir e de consumir: en-quanto o consumo parece mais “desenfreado”, o investimento parece mais “controlado”. E você? Como você pensa sobre o seu dinheiro?

Paulo Cidade é diretor da Ipsos Public Affairs

Por Paulo Cidade

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Como o brasileiro administra o dinheiro?

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happyhourrestaurante

Quem poderia imaginar que em meio às movi-mentadas ruas do Itaim, bairro situado próximo ao centro fi-nanceiro de São Paulo, existi-ria um lugar tranquilo, onde o cheiro de natureza e o canto dos pássaros se misturam à decora-ção do ambiente? HEsse local existe e foi fundado pelo renomado

chef de cozinha Giancarlo Bolla e outros três sócios. Denominado res-taurante Bar des Arts, funciona desde 1995 em uma pequena travessa próxi-ma à Avenida Faria Lima, já anuncian-do o charme do local.

Passada a porta de entrada, o caos da metrópole é deixado para trás. Ao redor de uma fonte de pedra-sabão

Oásis em meio à selva de pedra

Por Flávia Corbó Foto

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Ambiente agradável aliado à gastronomia franco-italiana.Essa é a proposta do Bar des Arts, em São Paulo (SP)

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e um pequeno lago, mesas redondas protegidas por guarda-sóis lembram as charmosas praças europeias. Di-versas árvores, plantas, flores e uma suave música ambiente completam o cenário. O estabelecimento possui três mil metros quadrados e é envolto por verde. Comporta 180 pessoas sentadas e outras cem no espaço de eventos.

Referências ao velho mundo tam-bém estão presentes na cozinha. Ela-borado por Bolla, em conjunto com a chef executiva do Grupo Leopolldo, Marianah Seabra, o cardápio mescla influências da culinária francesa e ita-liana, com uma pitada de brasilidade. No horário do almoço, os sabores do Bar des Arts podem ser provados em sistema de bufê, servido no salão prin-

cipal, que impressiona pela decoração clássica e pé-direito alto.

À noite, a grande atração é o tacho de bacalhau, preparado em meio aos clientes, além dos pratos à la carte, que tem como um dos destaques o spaghetti tutto mare, massa acompanhada de fru-tos do mar como camarão, lula e polvo. Para os dias de happy hour foi criado um cardápio especial, em que os petiscos são o carro-chefe. Entre os destaques está o tartar de salmão com creme azedo, ovos ralados e torradas de pão preto. A apre-sentação do prato permite ao cliente montar o próprio canapé a partir dos ingredientes de sua composição.

Os petiscos tradicionais também não foram esquecidos: as coxinhas no palito ganham nova roupagem ao

serem preparadas com uma massa à base de molho bechamel. A influência brasileira também está presente no baião de três, prato que reúne carne--seca, queijo coalho, pimenta biquinho e chips de mandioquinha. “Notamos que nosso cliente quer novidade, en-tão trazemos o contemporâneo para dentro da proposta de uma cozinha

Bolinhos servidos em balde colorido trazem renovação na apresentação dos pratos

Menu de petiscos é novidade criada pelo Bar des Arts para o happy hour

HarmonizaçãoPara os que apreciam tomar um bom vinho, o Bar des Arts reserva boas opções. Além de contar com carta própria, é possível comprar um rótulo na loja da importadora Expand, instalada dentro do restaurante, por R$ 50 a rolha. Os fumantes também têm um espaço reservado na casa. Mesas instaladas ao ar livre permitem que se fume dentro do estabelecimento. Um menu de charutos oferece fica à disposição dos clientes.

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happyhourrestaurante

tradicional. Ao preparar os petiscos, procuramos modernizar a apresenta-ção dos pratos, com linhas retas e louças quadradas. Os pães e frituras são servi-dos em baldinhos de cores fortes, como azul e amarelo, que dá um ar moderno”, explica Marianah Seabra.

Outra forma encontrada de ofere-cer novidades aos clientes da casa é a re-alização de menus exclusivos para datas comemorativas. No último aniversário da cidade de São Paulo, em 25 de janeiro, o restaurante preparou um cardápio em homenagem a pratos clássicos da cena gastronômica paulista. O cliente encon-trou desde o pernil assado do Estadão, filé do Moraes, sopa de cebola do Ceasa, minibauru do Ponto Chic, minibeirute do Frevinho e até o sanduíche de mor-tadela do Mercadão.

Serviço Bar des Arts ItaimRua Pedro Humberto, 9 – Itaim Bibi – São Paulo (SP)Fone: (11) 3074–6363Funcionamento: segunda a quinta das 12h às 24hsextas e sábados das 12h à 1hdomingos das 12h às 17hAlmoço bufê: segunda a sexta das 12h às 15h, nos sábados e domingos e feriados das 12h às 17h – Após as 17 horas a casa atende em sistema à la carte; exceto aos domingos.

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O salão principal, decorado em estilo clássico, recebe um bufê no horário do almoço

Festas e eventos coorporativos podem ser realizados em área

privativa do restaurante

No jardim externo, mesas de vime ao redor de uma pequena fonte trazem um clima descontraído e aconchegante

Vai rolar a festa Como parte do Grupo Leopolldo, que também administra as duas unidades da tradicional casa de festas Leopolldo, o Bar des Arts possui estrutura para receber festas, casamentos e eventos coorporativos para até cem pessoas. O espaço chamado Meia-lua dá acesso a um jardim interno, conferindo mais charme ao local. Para escolher o cardápio, é possível realizar a degustação de pratos pré-selecionados em uma reunião com a chef executiva do grupo de restaurantes.

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Iniciamos um ano que será um marco para o mercado de veículos seminovos. Após passar-mos pelas dificuldades impostas em 2008, fo-mos obrigados a rever todos os procedimentos. O mercado mudou, expondo facetas antes des-conhecidas. A adaptação gerou severas dificulda-des das quais muitos empresários do setor não resistiram e sucumbiram.

Como toda ação gera uma reação, a do setor de veículos seminovos levou à superação. Sur-gem novos modelos administrativos e comer-ciais, o mercado investe na qualificação profis-sional e de produtos, a união favorece a troca de experiências e, com tudo isso, o balanço final é de um mercado fortalecido e mais profissional.

Contamos atualmente com um mercado que movimenta 2,5 mais que o mercado de veículos novos, devendo superar a marca de 12 milhões de negócios realizados, em mais de 45,5 mil empreendimentos comerciais. Esse setor emprega, direta e indiretamente, 650 mil profis-sionais. O tripé que sustenta esse mercado, den-tro de cada revenda, são os clientes, os veículos e os financiamentos.

A busca para manutenção dessas bases é o que norteia o desenvolvimento profissional de cada membro. Em função da grandiosidade nos volumes de operações e demais características, nasce a figura do correspondente bancário para validar as operações financeiras que envolvem o financiamento dos veículos.

Dentro dos próximos dois anos todos os empresários precisarão estar certificados para va-lidação desses processos de análise e aprovação de crédito. Assim como, individualmente e em pequenos grupos, os empresários estão organi-zados, a ampliação dessa visão sobre todo o mer-cado em todo o território nacional é fundamen-tal para garantir sua estabilidade e crescimento.

Trata-se de um novo e especial momento, em que as bases serão, e muito, fortalecidas, ge-rando inovadoras oportunidades de negócios e relacionamento. É o novo para o seminovo.

Ilídio Gonçalves dos Santos é presidente da Fenauto (Federação

Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores)

Por Ilídio dos Santos

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O novo marco dos seminovos

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culturamuseudofutebol

“O que seria da bola de futebol sem um menino bem brasileiro na vida dela?”. A pergunta estampada em uma das paredes da entrada do Estádio Mu-nicipal Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu), em São Paulo (SP), resume a identificação de nosso País com o futebol. E todas as facetas des-sa paixão correspondida estão expos-tas no Museu do Futebol, instalado nas dependências do tradicional estádio paulista.

Criado em 2008 por iniciativa do governo do Estado de São Paulo, o es-paço já recebeu mais de um milhão de visitantes. Em média, 1,6 mil pessoas passeiam pelas dependências do local todos os dias, mas no período de férias são registradas até três mil visitas diárias.

E a expectativa é que esses nú-meros aumentem com a proximi-dade da Copa do Mundo de 2014, a ser realizada no Brasil. De acordo com Renato Baldin, coordenador de eventos do Museu do Futebol, o local já está preparado para re-ceber o evento esportivo. “Todas nossas atrações são trilíngues – português, inglês e espanhol – e os espaços têm acessibilidade para deficientes”, garante Baldin.

Além de contar a história do popu-lar esporte, o Museu do Futebol tam-bém foi projetado para receber eventos corporativos. Três diferentes ambientes, que podem ser utilizados juntos ou separados, permitem a realização de acontecimentos de diferentes portes.

O auditório Armando Nogueira – homenagem ao famoso jornalista e cronista esportivo, falecido em 2010 – possui capacidade para 180 lugares e equipamentos de áudio e luz que permitem a realização de palestras, seminários e coletivas de impren-sa. Em frente ao auditório, entre as colunas da fachada do estádio do Pacaembu, está situado um foyer, com 63 metros quadrados, ideal para exposições e preparado para abrigar eventos como coquetéis, desfiles e lançamento de produtos.

Além de aproveitar esses recin-tos, as empresas ainda têm a opor-tunidade de oferecer aos convida-dos uma visita exclusiva ao museu. “Desde a abertura, já recebemos mais de 200 eventos corporativos, que renderam cerca de R$ 1 milhão. Toda essa verba é diretamente inves-

Por Flávia Corbó

Paixãonacional

Fotos, vídeos,

tecnologia e espaços interativos contam a

história do esporte

que mora no coração

do povo brasileiro

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tida em programação cultural e em melhorias”, conta Baldin.

Em dias comemorativos, as de-pendências do estádio do Pacaem-bu recebem exposições culturais, exibição de � lmes, performances e ciclo de palestras. “Nossa proposta é fazer um paralelo entre futebol e cultura brasileira, com um resgate histórico”, complementa.

Sala a sala Logo no hall de entrada do

Museu do Futebol, é possível obser-var um painel com fotogra� as de mais de 400 objetos pessoais de torcedores de times de todo o País, simbolizan-do o amor do brasileiro pelo esporte. Para prosseguir no percurso e acessar o primeiro andar, é preciso subir uma escada rolante onde o visitante é sau-dado por uma mensagem do ícone do

esporte Pelé, exibido em dois telões. Em seguida, o visitante passa

por um corredor escuro, com seis telões que exibem imagens de crian-ças descobrindo a magia do futebol, antes de ser conduzido à Sala dos Anjos Barrocos. Com o recurso de uma tecnologia importada da Suécia, ídolos do esporte como Garrincha, Zico, Sócrates, Romário e Ronaldo parecem � utuar sobre os visitantes, enquanto executam dribles, cabe-ceios e gols de bicicletas.

Personalidades da história bra-sileira contam passagens pessoais que foram marcadas por gols im-portantes do futebol. O conteúdo é dinâmico e pode ser modi� cado continuamente, a partir da elei-ção de novos lances memoráveis.Ao caminhar, é possível ouvir ao longe o inconfundível som de uma

torcida na arquibancada. O áudio vem da chamada Sala da Exaltação, onde hinos, gritos e canções são exi-bidos junto com as imagens de “olas”, bandeiras, fogos, luzes, textos e cores. A instalação dá passagem para o segun-do piso, em que é abordada a história do esporte trazido pelo inglês Charles Miller, no � nal do século 19. Molduras de estilo clássico enfeitam 431 fotogra-� as espalhadas do teto até o chão, que retratam costumes da época em que o futebol foi criado. Na sala seguinte, um vídeo narrado pelo cantor Arnaldo Antunes traz à tona um triste episódio para os fãs do esporte no Brasil: a der-rota para o Uruguai, na � nal da Copa de 1950, em pleno recém-inaugurado Estádio do Maracanã.

Mas as alegrias dadas pela seleção brasileira também são destacadas entre as atrações do Museu do Futebol. Na

O museu já arrecadou R$ 1 milhão com eventos corporativos realizados em suas instalações

Uma média de 1,6 mil pessoas passeia pelas dependências do Museu do Futebol todos os dias

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culturamuseudofutebol

Sala das Copas, imensos totens trazem detalhes e vídeos sobre cada uma das competições mundiais já realizadas. Além de futebol, o visitante pode obter informações sobre os costumes e prin-cipais acontecimentos de cada época de Copa do Mundo.

Dados sobre o esporte também podem ser vistos na Sala dos Núme-ros e Curiosidades. Placas coloridas abordam estatísticas, datas importan-tes, apelidos estranhos de jogadores, regras e outras peculiaridades. Mesas de pebolim também fazem alegria de quem passa por lá. Ao sair desse com-

partimento, o visitante tem uma feliz surpresa: uma vista para um imenso gramado e arquibancadas, é uma pa-norâmica do estádio do Pacaembu.

E depois de tanta história, é chega-da hora da diversão. Um � lme em 3D, com duração de seis minutos, mostra como o corpo do jogador Ronaldinho Gaúcho se movimenta durante uma partida. Com óculos especiais, é possí-vel ver um esqueleto virtual do atleta se mexer em três dimensões até que ele se transforme na imagem real do craque.

E aqueles que � carem com von-tade de bater uma bola após observar

Mais de 400 imagens retratam a época do surgimento do futebol

Detalhes de todas as Copas do Mundo já realizadas – entre os anos de 1930 e 2010 – são contados aos visitantes

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os movimentos do jogador, podem disputar uma partida em um campo projetado por um so� ware de tecno-logia alemã, que permite a interação com uma bola virtual. Em outro es-paço, atrás de uma trave, é projetada a imagem de um campo de society. Quando o visitante chuta a bola em direção ao gol, sensores calculam a velocidade do chute.

A última atração faz uma ho-menagem ao estádio do Pacaembu. Para contar a história do patrimônio histórico, estão expostos arquivos, imagens e projetos que mostram

detalhes da construção do estádio. Ao terminar a visita, ainda é possível relaxar tomando um chope gelado, acompanhado de uma porção de petiscos no bar e café O Torcedor, localizado na saída do museu.

As 23 televisões LCD espalhadas pelo local permitem que o torcedor acompanhe diversas partidas da rodada simultaneamente. Música ao vivo man-tém a diversão durante os intervalos. O bar abre às 10 horas, junto com o mu-seu. Em dias de jogos no Pacaembu, o local costuma fechar três horas antes das partidas.

Serviço

MUSEU DO FUTEBOLLocal: Estádio do Pacaembu (Praça Charles Miller, s/n)*Horário: das 9h às 18hSite: www.museudofutebol.org.brTelefone: (11) 3664–3848*Consulte o horário em dias de jogos

“O museu foi inaugurado

em 2008, mas sempre existiu no imaginário do brasileiro”Renato Baldin

Mesas de pebolim fazem adultos virarem crianças

Sensores calculam a velocidade de pênaltis

cobrados pelos

visitantes

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artigomercadodecapitais

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A indústria de private equity nos padrões interna-cionais se iniciou no Brasil no final da década de 90. No fim de 1996, os primeiros fundos pioneiros co-meçaram a operar no País com time local, tentando difundir o conceito de players financeiros, entrando no capital de empresas privadas de capital fechado, com o objetivo de fomentar negócios e crescer.

Essa primeira leva de fundos, que no primeiro momento não foram mais do que dois ou três, en-frentaram o desafio de um País que estava ainda se organizando, após um longo período de inflação des-controlada e com sérios problemas de infraestrutura e excesso de regulamentações.

Nesse período, participei da gestão de uma ope-ração de private equity. O Bancboston Capital, braço de private equity do Bank Boston, junto com Advent, Darby e outras operações de nicho, que tentou in-troduzir o modelo anglo-saxão de investimento em empresas privadas.

Naquela época, o desafio era cultural. Empresá-rios brasileiros, reconhecidamente empreendedores, passavam por um processo de transição. Uma nova geração assumia os negócios e tentava introduzir no-vos métodos de trabalho. A dificuldade era preparar essa geração para atuar com sócios, direitos de veto e um conselho organizado.

Essa pode parecer uma realidade distante, mas o empresário médio nacional, alvo das operações de private equity, não estava habitado a dividir deci-sões ou manter uma sólida estrutura de governan-ça. Muitos viam esses processos como contrapro-ducentes, e rotulavam-no, dizendo que o modelo não servia em um país como o Brasil. Isso ocorreu há apenas 15 anos.

O segundo desafio era introduzir o conceito de “porta de saída”. Como investidores profissionais, os fundos precisavam, em algum momento, sair dos in-vestimentos e devolver os recursos aos seus cotistas. Muitas empresas familiares se recusavam a vender, mesmo que parcialmente, o “negócio da família’. A es-trutura do mercado de capitais também não ajudava o processo. Um mercado concentrado em poucos nomes e com uma gigantesca participação de ações preferenciais (sem direito a voto) destoava do padrão internacional e intimidava o investidor estrangeiro.

Marcos mudaram a dinâmica dessa indústria no Brasil. O mais importante de todos foi a mudança de mentalidade do empresário brasileiro. O movimento para a profissionalização ocorreu em tempo recorde. Gestão, board, auditoria de números e transparência começam a fazer parte da agenda do empresário e o negocio de família se transformou rapidamente em um empreendimento aberto.

Aqui cabe a ressalva que ouvi de investidores internacionais sobre a rapidez e qualidade com que essa mudança foi feita no País. A Bolsa de Valores criou o novo mercado, retirando as deformações do mercado antigo e abrindo as portas para o investidor profissional. Os IPOs (abertura de capital) passaram a fazer parte da vida das empresas e levantar recursos na Bolsa, tornando-se parte do business plan.

A Bovespa é uma das principais bolsas dos mercados emergentes. O desapego e profissio-nalismo abriu a porta para os movimentos de consolidação e as operações de M&A (fusão e aquisição) explodiram nos últimos anos. Essas mudanças nos negócios facilitaram a entrada do capital de risco no País.

Por Alberto Tamer Filho

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Desafios da indústria de private equity

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Alberto Tamer Filho é diretor da Axial Consult

Todo esse movimento foi colocado em cheque na grande crise de 2008. Excessos de alavancagem e opera-ções claramente especulativas provocaram a maior crise financeira e institucional desde a grande depressão de 1929. É uma crise gravíssima de grande repercussão. En-tre diversos efeitos, um dos principais foi a mudança do ci-clo de crescimento dos mercados centrais (EUA, Europa e Japão) para as economias emergentes. Nesse segmento, destacam-se os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), além de Turquia e África do Sul. A China se torna a segunda maior economia do mundo e o Brasil, antes na periferia do sistema, ocupa um lugar relevante na estratégia de in-vestimento dos fundos de private equity.

O movimento de valorização dos ativos brasilei-ros fica claro com a entrada nos últimos dois anos dos grandes fundos internacionais de private equity. Carlyle, Blackstone, OEP, e outros nomes montaram escritórios locais; outros, como KKR e General Atlantic, anunciaram que pretendem fazê-lo em breve.

Na tarefa de levantar recursos para fundos brasilei-ros há mais de cinco anos, verifiquei que nos primeiros dois anos a dificuldade era que o escalão intermediá-rio nos recebesse nas grandes fundações e fundos es-trangeiros. Ser recebido por um investidor-chefe para América Latina era uma vitória. Nos últimos três anos, porém, temos de racionalizar a agenda, focando nos principais investidores e não é raro termos encontros com o chefe mundial de investimentos. Atualmente, o Brasil é o segundo principal recebedor de recursos de investimentos de private equity, superando a Índia, e ficando atrás apenas da China.

Vale acrescentar neste momento que, apesar de res-peitarem princípios comuns, os fundos de private equity são muito diferentes entre si. Prazo de permanência, inter-ferência na gestão e mesmo o estilo de avaliações variam bastante. Há 15 anos nessa indústria, convivi com vários modelos – e todos têm pontos positivos e negativos.

A empresa precisa entender as diferenças quando se decide ter um fundo de private equity como sócio. E enfren-tar toda uma série de adaptações, num processo que, usual-mente, da decisão de falar com um fundo de private equity à conclusão do negócio leva entre quatro e oito meses.

No cenário nacional, porém, nem tudo é um mar de rosas. Atrás desse vento bom para o Brasil, há algumas armadilhas. O Brasil se desloca rapidamente, no concei-to do investidor internacional, para uma perigosa área de país caro e super regulamentado.

Além disso, a escolha natural dos investidores em mercados emergentes seria o setor produtivo. Contudo resultados pífios no desempenho industrial os estão em-purrando para os setores de serviços, commodities e in-fraestrutura. Esse deslocamento precoce para o setor ter-ciário e de commodities trarão consequências no longo prazo, principalmente no nível de emprego. E não se vê no horizonte uma reversão no sentido de desregulamentar e flexibilizar regras e burocracias.

Mesmo no setor financeiro, em que os fundos come-çam a avaliar oportunidades, alguns desafios precisam ser vencidos. Os investidores têm interesse, mas a figura do investidor profissional, que não assume a responsabilida-de pela gestão, precisa ser preservada.

Novamente teremos um desafio de definir um mar-co regulatório para o investidor de private equity em insti-tuições financeiras. As apostas dos fundos estão nas ope-rações que envolvem o financiamento do varejo (veículos e linha branca) e gestão de recursos. Nesse caso, a solidez e o conservadorismo das instituições financeiras no Brasil e a qualidade da gestão são vistos como um ponto positivo, na comparação com o mercado internacional.

O Brasil fez avanços institucionais e hoje está no radar do investidor estrangeiro. Mesmo assim, estamos longe de um patamar confortável. Não se pode esquecer, tam-bém, os problemas de infraestrutura, qualidade da educa-ção e flexibilização, principalmente das regras trabalhistas, que precisam ser enfrentados.

O Brasil fez avanços institucionais e hoje está no radar do investidor estrangeiro. Mesmo assim, estamos longe de um patamar confortável

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bancoscomunitários

Ao unir oferta de crédito e estímulo ao consumo local, bancos comunitários fazem o dinheiro circular nas comunidades e promovem o desenvolvimento

Por Mariana Congo “Por que nós somos pobres?”. Uma resposta simplis-ta a essa pergunta poderia ser: “porque não temos dinhei-ro”. Em 1997, os moradores do Conjunto Palmeiras, uma comunidade da periferia de Fortaleza (CE), encontraram uma justificativa diferente. “Somos pobres porque o di-nheiro que temos não circula no bairro”. Eles fizeram na época um mapeamento e descobriam que os moradores gastavam ao todo R$ 1,2 milhão por mês em produtos como alimentos e vestuário. Mas essas compras eram feitas fora da comunidade. O dinheiro ia embora.

Com essa percepção, a associação de moradores do Conjunto Palmeiras construiu e colocou na prática o conceito de moeda social e fundou o primeiro banco co-munitário do Brasil em 1998, batizado de Banco Palmas. Quase 15 anos depois, a metodologia usada virou referên-cia e hoje é aplicada em 67 outros bancos comunitários no Brasil e em países como Venezuela e Equador. “A grande inovação do banco comunitário é articular o crédito pro-dutivo ao crédito para consumo. Só o crédito produtivo não consegue gerar desenvolvimento, não adianta produ-zir se ninguém comprar”, afirma Joaquim de Melo Neto, coordenador-geral do Instituto Palmas.

Enquanto o microcrédito tradicional é focado em suprir as necessidades financeiras de uma só

A moeda da inclusão

Circulante localA inovação do banco

comunitário é articular o microcrédito produtivo ao

crédito para consumo, por meio da criação de

moedas sociais

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pessoa ou de seu micro ou pequeno empreendimento – a partir do empréstimo e da orientação produtiva –, nos bancos comunitários a dimensão coletiva é envolvida, sob a lógica de fortalecimento do território. O efeito ocorre em cascata. Onde a economia é movimentada, o nível de vida da população também tende a melhorar. “Assim, o bairro se desenvolve como um todo”, diz Joaquim.

Para isso, as chamadas moedas sociais, conhecidas também como circulante local, têm o mesmo valor do real e só são aceitas no comércio da comunidade. A população troca reais pela moeda social e o comércio é incentivado a aceitá-la. No banco comunitário, tanto produtores como moradores também podem fazer empréstimos em moe-da social sem juros ou acessar a linha de microcrédito em reais a juros abaixo do mercado.

Todos ganham nessa troca. Os comerciantes conquis-tam a preferência dos consumidores e por isso oferecem descontos para quem paga com moeda social da comu-nidade. A população faz o real render mais e economiza duas vezes: primeiro porque deixa de pagar transporte até os centros comerciais da cidade e segundo porque usufrui dos descontos nas lojas locais.

Alternativa financeiraA metodologia de atuação dos bancos comunitários

é alternativa e complementar ao mercado financeiro tradi-cional. Isso porque trabalha a perspectiva da inclusão social da população excluída do sistema bancário. O mercado é imenso. Cerca de 40% dos brasileiros atuam na informa-lidade e não têm conta em banco, segundo o Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), apurado pelo Ins-tituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“Existe no Brasil uma demanda grande pelos bancos comunitários. Eles são pequenos e têm facilidade para

chegar a distritos, comunidades quilombolas e de pesca-dores. Assim, essas instituições oferecerem um conjunto de serviços financeiros e bancários aonde outros bancos não chegam”, diz Joaquim, do Instituto Palmas. Além das operações de microcrédito e da moeda social, alguns bancos comunitários atuam como correspondentes ban-cários e recebem contas de necessidade básica, como luz e água, ou pagam benefícios sociais como o Bolsa Famí-lia, por exemplo. Outros serviços, como microsseguros, também já são ofertados.

Aos poucos os bancos comunitários ganham o territó-rio nos lugares menos favorecidos do País. Um dos últimos inaugurados em janeiro foi o Banco Miri, no município de Igarapé Miri (PA). A moeda social da região foi batizada com o nome de um dos principais motores da economia

A moeda da inclusão

Identidade local Na Cidade de Deus, dona Benta Neves do Nascimento, de 78 anos, participa ativamente dos projetos para melhorar a vida dos moradores do local. Ela é o rosto que ilustra a cédula de 5 CDDs

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e Emprego (MTE). No caso do Banco Miri e da moeda social Açaí, a fruta representa a resistência do povo da re-gião considerada a capital mundial da iguaria.

Em outro banco recém-criado na comunidade ca-rioca da Cidade de Deus, o primeiro da capital do Rio de Janeiro, nas cédulas são impressos rostos de mora-dores célebres. Assim, a população do local se identi-fica facilmente com a moeda. “Foi a comunidade que escolheu tudo. Tivemos várias assembléias, carros de som, boca a boca, panfletos nos colégios. Tudo para primeiro entender o que era um banco comunitário, depois criar o banco e o nome da moeda. Ficamos uns seis meses discutindo, em um processo bem demo-crático”, conta Ana Lúcia Serafim, gerente do Banco Comunitário Cidade de Deus.

A Cidade de Deus tem população de 65 mil pes-soas e circulação mensal de R$ 11 milhões. A moeda social CDD começou a circular em outubro de 2011 é mais um instrumento de desenvolvimento local na comunidade recém-pacificada. O CDD é gerido pela Agência Cidade de Deus de Desenvolvimento Local, que desde 2005 trabalha a economia solidária no bairro. Existem em torno de 800 estabelecimentos comerciais na comunidade, dos quais 160 já aceitam a moeda social.

Em conjunto com os projetos de economia solidária, os artesãos também são incentivados a aceitar o CDD. “Esse é o filme sobre a Cidade de Deus que gostaríamos de ver, mesmo que ainda não 100%, pois falta um colégio de segundo grau no bairro”, alerta Ana Lúcia.

Políticas de apoioA expansão dos bancos comunitários pelo Brasil

conta com o apoio do governo. “A iniciativa surgiu na sociedade civil organizada, mas a parceria com o Poder Público resulta em uma expansão fantástica”, detalha Mendonça.

De acordo com ele, em 2005 o Ministério do Tra-balho e Emprego (MTE) firmou uma parceria com o

local: o Açaí. A comunidade precisa ser e sentir-se dona do banco comunitário, por isso a questão da identificação com a moeda social é importante.

“Pode parecer banal a construção das moedas so-ciais, mas dentro da ideia de desenvolvimento local e das finanças solidárias é preciso resgatar a identidade dos ter-ritórios”, afirma Haroldo Mendonça, coordenador-geral de Comércio Justo e Solidário da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) do Ministério do Trabalho

Parcerias Ana Lúcia Serafim, do CDD, e Joaquim de Melo Neto, do Instituto Palmas: transferência de tecnologia e conhecimento permitiram a criação de 67 bancos comunitários no Brasil

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A Cidade de Deus tem população de 65 mil pessoas e circulação mensal de R$ 11 milhões. A moeda social CDD começou a circular em outubro de 2011 e é mais um instrumento de desenvolvimento local na comunidade recém-pacificada

Instituto Palmas e com a Fundação Banco do Brasil para trabalhar a metodologia de atuação dos bancos comu-nitários em novas localidades. Desde então, mais de 60 bancos comunitários foram criados em todas as regiões brasileiras, exceto no Sul, onde a tradição do cooperativis-mo de crédito e dos fundos solidários é forte e supre a de-manda de acesso a serviços financeiros nas comunidades.

Dentro da evolução da política pública, em 2009 o MTE lançou edital público de R$ 10 milhões e contratou cinco entidades com expertise para formação de bancos comunitários, com o objetivo de capacitar equipes e fo-mentar o processo de criação das instituições.

No Norte do Brasil, o Instituto Capital Social da Amazônia é responsável pelo trabalho. Já no Sudeste, o trabalho é realizado pelo Núcleo de Apoio às Atividades de Extensão em Economia Solidária (Nesol) da Univer-sidade de São Paulo (USP). O mesmo se aplica ao Ateliê de Ideias no Centro-Oeste e à Universidade Federal da Bahia (UFBA) no Nordeste. Tudo sob coordenação do Instituto Palmas.

“Ainda temos poucos bancos comunitários no País. Mas isso tem justificativa. A metodologia é muito cara. Não é uma simples estrutura de serviço criada. É preciso preparar a comunidade, que tem que se sentir dona do banco. Não há como obrigar a comunidade a utilizar esse meio de pagamento”, diz Haroldo, do MTE. Segundo ele, já aconteceram situações em que a comunidade – depois da capacitação e da mobilização – decidiu que não con-seguia ou que não era o momento certo de manter um banco comunitário e uma moeda social.

A expectativa do MTE é chegar à marca de 150 ban-cos comunitários no Brasil até o fim de 2012. A meta di-vulgada pelo Instituto Palmas é mais ambiciosa: dois mil bancos até 2013. “Isso seria possível se o desenvolvimen-to de bancos comunitários integrasse a política do gover-no federal do plano ‘Brasil sem Miséria e se tivéssemos um marco legal”, avalia Joaquim.

Atualmente, sem legislação específica, os bancos comunitários funcionam como Organização da So-

ciedade Civil de Interesse Público (OSCIP) de mi-crocrédito. Por esse motivo não podem operar, por exemplo, modalidade de outros serviços financeiros ofertados por bancos, como a poupança.

Dinheiro que educaEnquanto o Brasil inventou a metodologia, a Vene-

zuela criou sua aplicação em larga escala. O governo de Hugo Chávez importou o conceito e em 2006 contra-tou o Instituto Palmas para capacitar técnicos venezue-lanos. Desde então, 3,6 mil bancos comunitários foram criados no vizinho latino-americano. “Eles foram muito velozes. Esses bancos podem quebrar. Mas na Venezuela

eles têm um marco legal que democratizou muito o sis-tema de crédito lá”, observa Joaquim.

O uso da moeda social e dos serviços financeiros contribui para uma nova percepção sobre dinheiro e crédito nas comunidades. “Além do aumento da mo-vimentação econômica no bairro e do consumo local, o banco comunitário promove educação financeira. As pessoas passam a entender melhor o que são juros, como fazer um pagamento, como organizar o orça-mento para pagar um empréstimo, entre outros itens”, exemplifica Juliana Braz, doutoranda da Universidade de São Paulo e coordenadora de projetos de pesquisa do Nesol.

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A moeda social também tem sua versão eletrô-nica no Banco Palmas. Em parceria com Mastercard, Redecard, Vivo e Caixa Econômica Federal, os mo-radores do Palmeiras podem fazer pagamentos por celular. “Agora não é mais preciso pegar a fila do ban-co”, conta Joaquim. O uso de tecnologia de ponta também é instrumento de desenvolvimento social e superação da pobreza.

No caso do programa Bolsa Família, a biometria é uma tecnologia já usada no Banco Palmas depois de uma parceria com a Caixa Econômica Federal. Muitas mulheres analfabetas da zona rural tinham dificuldade em lidar com a senha para o recebimento do benefí-cio e deixavam o cartão e os dados com comerciantes, como garantia de pagamento dos débitos. Com a bio-metria, só elas podem fazer o saque do Bolsa Família e controlarem o próprio dinheiro.

A tecnologia de ponta também é necessária para a gestão eficaz dos bancos comunitários e sistematiza-ção das informações. Em parceria com uma institui-ção da Índia, o Instituto Palmas está desenvolvendo o software “Our Bank” (“Nosso Banco”) para controle de operações de bancos comunitários. Atualmente muitos bancos comunitários brasileiros usam um

software nacional de microfinanças, enquanto outros sequer têm controles sistematizados.

Futuro comunitárioPara avaliar os resultados do uso das moedas sociais

nas comunidades, um projeto do Instituto Palmas em par-ceria com o Nesol–USP e a Universidade de Columbia, dos Estados Unidos, trabalha na criação de uma matriz de indicadores econômicos, a partir de dados que possam ser facilmente coletados pelos bancos comunitários. “Isso é importante para os bancos de pequeno porte que têm difi-culdade de formar carteira de crédito, pois os financiadores exigem dados que eles não conseguem sistematizar”, diz Juliana. “É com números que vamos conseguir melhorar o acesso à formação de carteira de crédito”.

Bancos estatais, como o Banco do Brasil, Caixa Eco-nômica e Banco do Nordeste, geralmente são parceiros das moedas sociais. Mesmo assim, ter dinheiro para em-prestar ainda é um problema para os bancos comunitários. Segundo o Instituto Palmas, existe demanda de R$ 50 milhões para a formação de bancos comunitários no Bra-sil. O próprio instituto tem uma carteira de R$ 3 milhões usada para financiar operações de bancos recém-criados pelo Brasil, como o CDD. “Estamos conversando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para criar um fundo de aval dos bancos comu-nitários”, revela Joaquim.

O MTE, apesar de apoiar os bancos comunitários, não é um órgão financeiro e não pode disponibilizar dinheiro para formação de carteira de crédito. “A grande bandeira é a criação de um fundo nacional de economia solidária e enquanto isso não se concretizar vamos nos aproximando para fazer parcerias com bancos públicos”, diz Mendonça.

O exemplo do Banco Palmas, que começou com cinco clientes em 1998 e fechou 2011 com cinco mil ope-rações de crédito realizadas, é prova de que a fórmula dos bancos comunitários dá certo. Em um bairro de 32 mil ha-bitantes, crescer em comunidade é mais forte e consistente do que trabalhar individualmente. f

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Inclusão financeira Além de microcrédito e operações com moeda social, muitos bancos comunitários atuam como correspondentes bancários, recebem contas e pagam benefícios sociais

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Por Juliana Jadon

Fazer as escolhas certas no momento certo e com sabedoria é a chave para o sucesso no universo financeiro. “O mercado de capitais paga bem a quem o acompanha, quem nele trabalha, quem dele busca informações”. A análise é do famoso consultor financeiro Gustavo Cerbasi. Com experiência prática e acadêmica em finanças dos ne-gócios, planejamento familiar e economia doméstica, de-senvolve treinamentos, palestras e conselhos para variados públicos. Além disso, Cerbasi é autor de livros como os sucessos “Filhos Inteligentes Enriquecem Sozinhos”, “In-vestimentos Inteligentes” e “Mais Tempo, Mais Dinheiro”. Mantém ainda o portal www.maisdinheiro.com.br, que oferece orientação financeira.

Até outubro de 2011, o especialista vendeu 1,42 mi-lhão de publicações que abordam educação financeira e o mercado de capitais em geral. A expectativa é de que somente a obra “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos” atinja o marco de um milhão de exemplares comerciali-zados em 2012. Visando atingir as classes que emergem, Cerbasi relançou o famoso livro “Filhos Inteligentes Enri-quecem Sozinhos” pela editora Sextante a um preço mais acessível que o anterior – caiu de R$ 35,90 para R$ 19,90 – e com uma linguagem mais informal.

Outra obra de Cerbasi, “Casais Inteligentes Enrique-cem Juntos”, deverá ir para as telas de cinemas no próxi-mo mês de julho. O lançamento ocorre em um ano mar-cante, segundo ele, para a educação financeira no Brasil, quando bancos e instituições trabalham para implantar a cultura do gasto e do consumo consciente e quando

será concluída a estratégia de educação financeira nas es-colas, com a obrigatoriedade do tema na grade curricular. Acompanhe, a seguir, entrevista exclusiva com o consultor.

Revista Financeiro Como você avalia o mercado de capitais neste momento de incertezas no cenário eco-nômico global? Gustavo Cerbasi Esse é um mercado contraditório, paradoxal. O mundo inteiro, em coro, afirma que o Brasil está bem em um contexto econômico mundial saturado, em que não há grandes perspectivas de investimentos. Como consequência natural, deveria haver uma procura maior pelo mercado de capitais brasileiro. O globo quer estar no Brasil, mas não tem dinheiro para isso. Quem acre-dita que o mercado de capitais ainda tende a se recuperar, pois há grandes eventos, deve pensar que essa evolução depende da volta de um boom de dinheiro que não existe.

Financeiro Em sua opinião, como a BM&FBovespa pode alcançar a meta de ter cinco milhões de investidores de pessoas físicas, mesmo nesse contexto? Cerbasi O mercado de capitais brasileiro está saudável. Ainda é pequeno, em termos de participação de investi-dores pessoas físicas, mas poderia ser maior. Essa meta vi-rou um desafio. O brasileiro ainda não é financeiramente bem educado e precisa depender de resultados. Querem entrar na Bolsa com base em um histórico que não está acontecendo. As maiores empresas listadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros/Bolsa de Valores de São Paulo

Gustavo Cerbasi, especialista financeiro, fala sobre as melhores maneiras de cuidar do dinheiro e investir

Ser rico é opção

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(BM&FBovespa) são conhecidas pela população. Acho que mais do que os cinco milhões de pessoas poderiam participar do mercado de capitais com certa segurança. Não fazem isso, pois não veem um histórico recente para ter motivos. As próprias corretoras de valores mudaram a maneira de atuar, pois nos últimos quatro, cinco anos, al-gumas das grandes tiveram a infelicidade de captar muitos clientes e de perder outros muitos, vendendo produtos equivocados e prometendo o que não poderiam cumprir.

Financeiro Como define o mercado de ações brasilei-ro nos próximos anos? Cerbasi O mercado de capitais deverá crescer e a acom-panhar a evolução das empresas brasileiras, que tendem a se expandir. Somente não podemos esperar números má-gicos, maravilhosos, crescimentos de 60%, 80% – assim como ocorreu em 2009, em um único ano. Essas altas só acontecem quando o mercado está muito barato – o que não é o caso –, ou quando há muito dinheiro para entrar no Brasil – o que também não acontece. No entanto, mo-tivos para as empresas quebrarem no Brasil e o mercado de capitais se fragilizar eu não vejo. Só observo situações con-

trárias. Quanto mais se fragiliza a economia internacional, mais o cenário econômico brasileiro será visto como um porto seguro.

Financeiro Como consultor financeiro, o que aconse-lha para a pessoa física? Como balancear os investimentos entre renda fixa e variável ou se optar por curto, médio ou longo prazo?Cerbasi Penso na estratégia que pode funcionar no longo prazo. Nesse sentido, sou um eterno otimista em relação ao Brasil. Porém acho que só será um País digno e saudável financeiramente quando nosso juro estiver em patamares internacionais. Recomendo investir parte do capital que possui em renda variável, não necessaria-mente em ações. Se o Brasil continuar a crescer, é nessa modalidade de investimento que estará o ganho. É im-portante acreditar no mercado de risco, que sempre se comportará com altas e baixas, e que gera no investidor a preocupação, a desconfiança, a vontade de pesquisar. Quem busca informações, encontra oportunidades. Ao estudar o mercado, o investidor encontra oportunidade e o momento de comprar um imóvel quando estava ba-rato, ações quando estavam na baixa, um bem à vista no momento oportuno, entre outros.

“O mercado de capitais brasileiro paga bem a quem trabalha mais. É um mercado justo, em que a informação é democrática”

Gustavo Cerbasi

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entrevistamercadodecapitais

Financeiro Quais os tipos de aplicações mais seguras para o atual contexto econômico?Cerbasi Uma carteira de investimentos balanceada en-tre renda fixa e variável é o ideal para qualquer momento. Acredito que todos os brasileiros deveriam ter uma parcela do dinheiro em renda variável. Se for em um plano de pre-vidência ou em um pequeno terreno onde pensa em cons-truir uma casa no futuro ou ganhar dinheiro com a espe-culação imobiliária, não importa. São os mercados de risco que fazem a variação de preço compatível com o aumento do patrimônio. Parte dos ganhos da renda fixa nada mais é do que correção da inflação. A maior parte das empresas não cresce mais do que 10% ao ano. Se o mundo se com-portasse de maneira normal eu não ganharia mais do que a média do mercado. Colocar todo o dinheiro seria um sobe e desce o tempo todo e eu ficaria mais doente do que rico.

Financeiro Explique seus livros que abordam investi-mentos e as lições que busca passar com eles.Cerbasi Meu primeiro livro “Cartas a um Jovem In-vestidor” não explica o mercado de ações, mas convida a pessoa a repensar a atitude de investidor, abandonando a ideia de buscar dicas para que ela se envolva mais com os investimentos. Já “Investimentos Inteligentes” é uma obra que possui capítulos específicos para diferentes mercados. Boas estratégias para investimentos em ações, imóveis, fun-dos e previdência de acordo com o perfil de cada pessoa, a ser atendido por um tipo de mercado compatível.

Financeiro Existem regras de sobrevivência no mer-cado de capitais? Cerbasi Quanto mais a pessoa está predisposta a acom-panhar o mercado de capitais com investimentos regula-res, disciplina e busca de informações, mais capacitada ela

estará de se antecipar aos fatos e encontrar oportunidades. O bom investidor é aquele que tem a curiosidade de ir a uma assembleia do fundo multimercado que participa, por exemplo. Quando se compra um imóvel, por exemplo, é importante saber se há projetos que farão do bairro um lugar mais próspero nos próximos meses ou anos. Quanto mais tempo for dedicado ao mercado de capitais, mais o investidor irá ganhar.

Financeiro Quais os tipos de investimentos mais indi-cados por você? Cerbasi Apesar de ser formado em finanças e fazer aná-lise de balanços, eu tive uma fase da minha carreira em que investi muito em ações e colhi resultados espetaculares. Te-nho investimentos em uma “composição de aposentado”, com um terço em ações, um terço em imóveis e outro um terço em renda fixa. Parte desse um terço em ações está em fundos administrados por pessoas que admiro e que reco-nheço a estratégia. A mesma coisa no mercado de imóveis, em que a maior parcela de investimentos está em fundos imobiliários. A minha dica para amigos e parentes é diver-sificar e aproveitar essa composição um pouco rígida. Au-mentou muito o número de traders, pessoas que acompa-nham o mercado e trocam informações em chats e outras fontes de informação e isso facilita a atuação nessa área.

Financeiro Comente o cartão de crédito como ferra-menta financeira. Cerbasi Esse plástico pode ser o maior parceiro finan-ceiro ou o maior vilão do usuário. Uma vez que você entra no crédito rotativo, por exemplo, é preciso sair o mais cedo possível, para que não se aprenda a viver com esse limite que custa muito caro. Não vejo problemas no crédito rota-tivo, acho inclusive que é uma conveniência, mas é preciso saber usá-lo. O cartão de crédito também é instrumento de caixa. É preciso tomar cuidado na medida em que pode criar uma ilusão de consumo com um dinheiro que o por-tador ainda não possui.

Financeiro Como lida com esse produto? Cerbasi Sou apaixonado por cartão de crédito. Desde o

“Quanto mais se fragiliza a economia internacional, mais o cenário econômico brasileiro será visto como um porto seguro”

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começo da minha carreira, por volta do ano 2000, como coordenador de projetos em uma consultoria, eu tinha de lidar com muito dinheiro. Fazer uma previsão de gastos para uma equipe de consultores e levar dinheiro às vezes superior ao meu próprio salário. Então, desde o começo aprendi a trocar longas cartas com as operadoras de cartões para justificar solicitações de aumentos dos meus limites para que eu pudesse gastar no cartão, por segurança, e hon-rar tudo no pagamento. Sempre concentrei a maioria dos gastos no cartão, pois ganho milhas, vantagens, a segurança se não lidar com dinheiro no caixa eletrônico e na carteira, de entrar na internet e saber qual o histórico de gastos. Para uma pessoa minimamente organizada ele é um forte alia-do de planejamento financeiro. Meu extrato do cartão tem quatro páginas.

Financeiro Qual a melhor maneira de organizar a vida financeira?Cerbasi Em primeiro lugar é preciso colocar as contas na ponta do lápis. Não é um hábito 100% necessário, pois algumas pessoas possuem disciplina suficiente para dispen-sá-lo. Criar um orçamento não é só olhar o gasto do mês que vem pela frente e tentar moldar esse comportamento. Quando a pessoa percebe que gasta mais do que ganha ou que não consegue poupar, temos uma tendência a cortar os gastos fáceis. O que é um erro grave. Tirar o cafezinho, a revista, o cinema com os filhos no final de semana,constiui eventos que para alguns podem ser considerados supérflu-os, mas que eu só cortaria numa situação extremante pon-tual. Por exemplo, vamos diminuir o lazer porque daqui a três meses faremos uma grande viagem.

Financeiro Quando sacrifícios financeiros são indicados? Cerbasi Valem por um curto período, porém, para equilibrar as contas de forma definitiva, eu não cortaria o lazer e o bem-estar. Se os gastos estão exagerados, reuniria a família para repensar o custo de vida de maneira macro. A casa que temos pode ser trocada por uma menor? Pos-so economizar com carro, escola, casa e plano de saúde? Em geral, quando as pessoas tentam colocar as contas

em dia, tiram os elementos que agregam felicidade e se tornam meros pagadores de contas. Ter o orçamento fle-xível, com parte dos gastos variáveis, é o segredo de se passar por uma situação adversa. Um item de lazer é um colchão de segurança.

Financeiro A dica é poupar sem deixar o lazer de lado? Cerbasi Guardar parte do que você ganha, às ve-zes, significa ir na contramão das pessoas com quem convive. É difícil, pois vão te convidar para eventos de outro padrão. Por isso recomendo não perder a es-sência do ser humano da rotina do prazer e simpli-ficar o que é seu: casa, o carro, a grife das roupas e continuar a acompanhar as pessoas ao redor e ainda conseguir poupar para o futuro.

Financeiro Quando idealizou ser consultor financeiro?Cerbasi Quando comecei, nunca imaginei que seria consultor financeiro, nem escritor, nem que faria sucesso etc. Dava aulas de contabilidade e via que o assunto era terrível. Sendo um professor jovem, com 25 anos de idade, passei por situações adversas na minha carreira em que tive de me defender, pois me sobravam os piores dias e horários para ministrar as aulas. Para conseguir públi-co maquiava as aulas de contabilidade com ideias de finanças pessoais. Os alunos se interessaram e começa-ram a indicar pais, amigos e irmãos com o pedido de orientações financeiras. Foi quando co-mecei a cobrar. f

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Ele está nas bolsas e carteiras da maioria da população: 72,4% dos brasileiros têm algum tipo de cartão, como os de crédito, débito ou de redes e lojas – chamados de private labels – segundo dados de 2011 da Associação Brasileira das Empresas de Cartões e Serviços (ABECS). Esse número demonstra que o plástico está cada vez mais nas mãos da população. Em 2008, somente 68% dos con-sumidores possuíam algum meio eletrônico de pagamento.

O crescimento do uso dos cartões nos últimos anos trouxe a necessidade da regulação do setor. “A indústria de cartões mantém hoje uma agenda positiva com os órgãos

As novas regras dos cartões de crédito vieram para simplificar a relação entre emissoras e consumidores. Depois de oito meses em vigor, as instituições ainda absorvem os impactos das mudanças

reguladores e de defesa do consumidor. Algumas medidas ajudam a tornar a relação entre empresas e clientes ainda mais transparente”, afirma Fernando Barbosa, superinten-dente da ABECS.

Como resultado, desde junho de 2011 passaram a valer regras mais simples e claras para o setor de cartões de crédito. Por decisão do Conselho Monetário Nacio-

A norma é

claraPor Mariana Congo

cartõesregulação

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nal (CMN), a resolução nº 3.919 de 25 de dezembro de 2010 padronizou a cobrança de tarifas, instituiu um limite para o pagamento mínimo, determinou a sim-plificação das informações presentes nas faturas, entre outras mudanças.

No mercado Os impactos das novas regras dos cartões de crédito aos

poucos são absorvidos pelas emissoras. A padronização das tarifas, por exemplo, primeiro passou a valer somente para os contratos firmados a partir de 1º de junho de 2011. A regra se estende em junho deste ano também para os car-tões antigos. A ABECS avalia que as empresas do setor já estão preparadas para o prazo, uma vez que trabalham com a padronização de tarifas dos novos cartões desde o ano passado e orientam os clientes sobre o assunto.

A publicação das regras instituiu um limite para o pa-gamento mínimo da fatura do cartão de crédito – de 15% – para evitar o superendividamento. “A preocupação com a regulação é válida, mas a regra sozinha, sem educação fi-nanceira, é pouco para um crescimento sustentável, inclu-sive do uso de crédito de forma saudável no País”, critica Samy Dana, professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo (FGV–Eaesp).

Depois de oito meses em vigor, a resolução ainda não contribuiu para a queda da inadimplência, que cresceu 21,5% em 2011, na comparação com 2010, segundo o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumi-dor. Foi a maior elevação anual desde 2002, quando o au-mento foi de 24,7% na comparação com 2001. “Do ponto de vista prático, a inadimplência subiu, então podemos dizer que o objetivo das novas regras foi frustrado”, diz o professor da FGV–Eaesp.

O Banco Central defende que as normas atuam como um ins-trumento de educação financeira, pois exigem maior transparência, por exemplo, ao instituir a obri-gatoriedade de a fatura do cartão demonstrar com mais detalhes todas as operações, gastos e custos

incorridos ou passíveis de cobrança pelo uso dos serviços associados ao cartão de crédito.

Tarifário reduzidoAs tarifas dos cartões crédito – que antes chegavam a

80 – foram padronizadas em cinco: anuidade, emissão de segunda via, retirada em espécie na função saque, uso do cartão para pagamento de contas e pedido emergencial do limite de crédito. “Além dessas cinco, apenas tarifas relativas a serviços extraordinários podem ser cobradas, como entrega em domicílio e customização do cartão. O importante é que somente podem ser praticadas as tarifas previstas na regulamentação”, afirma Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do departamento de normas do Banco Central.

A padronização permite aos clientes comparar com maior facilidade os preços e serviços ofertados no mercado. “Quanto menor a quantidade e as possibilidades de tarifas, mais o consumidor consegue entender o que está sendo cobrado”, exemplifica o professor Samy Dana.

O Brasil, no entanto, continua ostentando altos valores de anuidade. Um estudo da consultoria Accenture sobre as tarifas bancárias no mundo, realizado em 2011 com dados de instituições financeiras de 15 países, revela um ranking dos valores cobrados por anuidade de cartão de crédito. O Brasil tem a sexta mais cara, em média R$ 51,85. A Argen-tina, primeira do ranking, aparece com o valor de R$ 83,03. Estados Unidos e Inglaterra, entretanto, têm anuidade zero.

Incentivar a concorrência é outro objetivo da redução das tarifas. Segundo o professor da FGV–Eaesp, existem poucas empresas no setor de cartões de crédito para mi-lhões de clientes. “É importante que o governo estimule a competição para baixar preços e regule para que não

haja abusos. A medida é assertiva mas insuficiente, pois é preciso fazer mais para os preços ficarem adequados”, afirma Samy Dana. “Órgãos como o Conselho Admi-nistrativo de Defesa Econômica (CADE) deveriam olhar para os bancos, sobretudo na modalidade de cartão de crédito”, completa.F

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Sérgio Odilon dos Anjos, do Banco Central, lembra da padronização de tarifas relacionadas a contas de depósitos, transferência de recursos, cadastro e operações de crédito, ocorrida em 2007. “Também para o segmento de cartões de crédito há expectativa de que o aumento da concorrên-cia proporcionada pelo incremento da transparência traga efetivos benefícios para a sociedade”, pontua.

Pagamento mínimoCom o objetivo de diminuir o risco de superendivida-

mento, as novas regras criaram um limite para o pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito. O valor a ser pago mensalmente não pode ser menor do que 15% da fatura. Na modalidade cartões de crédito, a taxa de juros em de-zembro de 2011 foi de 10,69% ao mês – ou 238,30% ao ano – segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC).

“É importante ter a regulamentação do pagamento mínimo para o consumidor conseguir pagar ao mês pelo f

menos a taxa de juros, porque senão o valor da dívida ex-plode no médio prazo”, avalia o professor da FGV–Eaesp.

Quando opta pelo pagamento mínimo, o consumidor acaba por financiar seu saldo devedor no cartão de crédi-to e pode entrar em um círculo de dívidas. Pesquisa da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) compara as taxas de juros brasileiras com as de outros seis países do América Latina (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela e México). O resultado era esperado: o Brasil tem as maiores taxas anuais de cartão de crédito – na casa dos 200% –, enquanto a segunda colocada, Argentina, está no patamar de 50% ao ano.

O freio ao superendividamento poderia ser mais forte. A resolução do CMN sobre as novas regras dos cartões de crédito previa o aumento do limite do pagamento mínimo para 20% a partir de 1º de dezembro de 2011. Mas o Banco Central voltou atrás e optou por manter a porcentagem de 15%, por meio da circular nº 3.563 de 11 de novembro de 2011. “Levando em consideração o comportamento da população nesse período e a conjuntura macroeconômi-ca, concluiu-se desnecessário o aumento do porcentual. O limite de 15% mostrou-se suficiente para os objetivos da norma”, avalia o chefe do departamento de normas do Banco Central.

“A ABECS apoiou a decisão do Banco Central e en-tende que ainda é cedo para mensurar os impactos. De qualquer forma, os emissores de cartão já haviam se pre-parado para a mudança, com a oferta de outras linhas de crédito para o financiamento da fatura em médio e longo prazo”, diz Barbosa, da Abecs. A entidade avalia que o atual limite do pagamento mínimo permite controlar o nível de comprometimento de renda do consumidor, conside-rando a desaceleração da economia interna no segundo semestre de 2011.

Agora, cabe às emissoras e bandeiras de cartões respei-tarem as novas regras desde a emissão do plástico ao bole-to de cobrança. Com esse novo cenário, o ganho deve ser gerado para todas as partes – emissores de cartões, bancos, financeiras e clientes.

cartõesregulação

Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do departamento de normas do Banco Central“As novas regras foram criadas com a expectativa de aumentar a concorrência no setor e beneficiar a população com mais transparência”

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artigoterceirizaçãobancária

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A Sétima Turma do Tribunal Superior do Tra-balho (TST), composta pelos ministros Ives Gandra Martins Filho, Delaíde Miranda Arantes e Pedro Paulo Teixeira Manus, manifestou opinião em 16 de novembro de 2011 pela legalidade da terceirização bancária prestada pelos correspondentes no País, nas diversas formas de atuação. Uma vez que possuem seus estabelecimentos, operam com equipamentos próprios e contratam e dirigem o trabalho dos pró-prios empregados.

A decisão inovou ao acrescentar o critério do local da prestação de serviços para avaliar a licitude da ter-ceirização da atividade-fim, até então ilícita. Segundo o voto do relator Ives Gandra Martins Filho, é legal a terceirização, caso a atividade seja prestada em local distinto do ambiente da empresa tomadora. Isso signi-fica que, na opinião dele, a contratação dos correspon-dentes pelas instituições financeiras é lícita, desde que não prestada dentro das dependências bancárias.

Embora não seja uma decisão de mérito, o voto apresenta importante precedente e definidos critérios para análise da legalidade dessa forma de atuação, não só referente à contratação dos correspondentes, mas a todas as atividades terceirizadas pelo setor bancário.

Coincidentemente, dias após essa decisão do TST, o Banco Central do Brasil (BCB) vedou, tam-bém em novembro de 2011, a prestação de serviços por correspondente nas dependências da instituição financeira contratante.

Gandra Filho comenta que a terceirização é uma realidade econômica de caráter universal e irreversí-vel e “não é possível, nem conveniente, tratar o fenô-meno como nefasto em sua essência e esperar do TST sua desconstrução”. Particularmente, destaco a importância da terceirização com a figura dos cor-

respondentes no País, que desempenham admirável papel na inclusão financeira dos cidadãos.

O BCB define a inclusão financeira como “o processo de efetivo acesso e uso pela população de serviços financeiros adequados às necessidades”. Segundo o órgão, as motivações associadas a esse processo conduziram o governo federal, e o próprio BCB, a adotar ações que buscam viabilizar e ampliar o acesso da população a serviços financeiros.

Entretanto, para que a inclusão financeira seja de fato abrangente, e assegure a todos os agentes eco-nômicos do País – pessoas e empreendimentos – a utilização de serviços financeiros, não basta somente expandir os canais de acesso. Deve-se considerar tam-bém a adequabilidade e sustentabilidade do processo.

Essa sustentabilidade não é compatível com o entendimento do Judiciário Trabalhista quanto à legalidade da contratação dos correspondentes. Ao considerar a terceirização ilícita, essas decisões atri-buem ônus excessivo ao modelo (pagamento de benefícios da categoria bancária aos empregados dos correspondentes), que o torna insustentável.

Nesse sentido, cumprimento à contextualizada decisão da Sétima Turma do TST. A inclusão finan-ceira é necessária ao País, pois valoriza o homem simples e afirma a sua identidade como cidadão. A mobilização trata da unificação do povo brasileiro. O Poder Judiciário deve estar sensível à nova rea-lidade e caminhar com as louváveis iniciativas do governo federal de aprimorar a qualidade de vida dos brasileiros, em especial das camadas mais de-sassistidas da população.

Kátia Madeira Blahaé advogada do MKA e consultora

do Banco Mundial

Por Kátia Blaha

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O direito dos correspondentes

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artigocenário

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Por Sérgio Vale

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2012 endividado?Depois de um 2010 excessivamente aquecido,

2011 veio como um freio em um crescimento que não tinha condições de se manter. Essa desacelera-ção também foi essencial para segurar um pouco a elevação do crédito, mesmo que isso tenha levado ao aumento da inadimplência no final do ano passado. Esse comportamento cíclico é saudável por evitar a formação de algum tipo de bolha ou, ainda pior, a ne-cessidade de uma desregulamentação para que o setor cresça mais.

Esses freios esporádicos são necessários quando lembramos que as bolhas financeiras são criadas jus-tamente quando há um boom econômico em anda-mento, que é retroalimentado por uma expansão de crédito. Isso não quer dizer que se tivéssemos mais um ou dois anos de crescimento forte como 2010 vería-mos algum problema grave no setor. Mas apenas que um crescimento exagerado poderia liberar as amarras que foram criadas nas décadas passadas e que impe-dem o setor de se alavancar demais, por exemplo.

Tudo isso não impede que as famílias continuem a gastar mais do que ganham. O Banco Central, há anos, contabiliza o endividamento das famílias que chegou a pouco mais de 42% da massa de renda total anual no último mês de setembro. Nossas projeções apontam que esse montante deve bater os 47% no final de 2012, o que é um número baixo ainda na comparação inter-nacional, mas que não parece trazer riscos para o siste-ma financeiro. O nível de inadimplência deve esbarrar o patamar de 8% para a pessoa física, mas com tendên-cia declinante ao longo do primeiro semestre.

O crescimento da massa real de renda voltará a acelerar, o que já se vê no começo do ano com o au-mento de 14% no salário mínimo. Da mesma forma, estimamos que o comprometimento das famílias

com prestações ficará ao redor dos 23% no final do ano, o que significa estabilidade em relação aos dados de 2011. Assim, não parece haver nenhum descon-trole de consumo neste momento e, o que é mais im-portante, parece haver consciência por parte do Banco Central de não deixar aumentar a desregulamentação nos próximos anos. Os exemplos recentes nos Esta-dos Unidos e na Europa são bons sinais do que po-deria acontecer em um movimento de liberalização financeira em excesso.

Esse crescimento menos acelerado é ainda mais positivo para o setor de construção. A poupança é tema recorrente de estudos por conta do receio que acabem os fundos disponíveis para novas concessões. A recen-te queda da Selic e a própria desaceleração do campo ajudam a expandir o tempo útil dos fundos disponíveis da poupança e dá mais tempo para o desenvolvimento do mercado secundário. Mas com o provável aqueci-mento da economia no segundo semestre, e principal-mente em 2013, com consequente elevação da Selic, veremos esse tema voltar à ativa novamente.

E por falar em Selic, as quedas na taxa, que devem perdurar ainda por alguns meses, não deverão ser mui-tas. A expectativa é de atingir um piso de 9,5% e voltar a subir no final do ano, provavelmente para 10,5%. Essa perspectiva se deve ao fato de que 2013 vai tra-zer a inflação de novo para o teto da meta. Se o Banco Central concretizar a sinalização de preocupação que passou no último “Relatório de Inflação”, é provável que o próximo ano verá mais aperto monetário. Isso também ajuda a conter um crescimento acelerado do endividamento do ano que vem.

Sérgio Vale É economista-chefe da MB Associados

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artigoanáliseeperspectivas

Peculiaridades do crédito regional brasileiro

O processo de reestruturação do sistema bancário brasileiro, pós Plano Real, exigiu adaptações no compor-tamento e nas estratégias dos bancos. O fim das receitas inflacionárias trouxe à pauta das decisões gerenciais temas como reestruturação administrativa, redução de custos e, principalmente, novas fontes de receitas. Iniciativas como o Proer (Programa de Estímulo à Re-estruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) e o Proes (Programa de Incentivo à Redução do Setor Público na Atividade Bancária), a entrada de instituições estrangeiras no mercado interno (fusões e

aquisições) e a implementação de regras do Acordo de Basileia são fatores que contribuíram para a nova carac-terização do sistema bancário.

Como resultados tem-se a solidificação do sistema acompanhada da redução no número de instituições, a internacionalização e a concentração das atividades ban-cárias. Na oferta de crédito regional e após os primeiros anos do Plano Real e da derrocada inflacionária, a concen-tração da disponibilidade de serviços financeiros no Brasil seguiu mantida e aprofundada (ver gráfico 1).

O valor bruto para as atividades financeiras apresen-tou concentração e distanciamento entre o Sudeste e as outras regiões do País. Entre os anos de 1995 e 2009, no Sudeste o indicador saltou de R$ 357.688 milhões

Por prof. dr. Alberto Borges Matiascom colaboração de Gislaine de Miranda Quaglio

Volume do valor adicionado bruto a preços básicos das atividades financeiras – por região do Brasil (R$ milhões) – 1995 a 2009

Participação das regiões brasileiras no PIB – 1995 a 2009 – %

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Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

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Gráfico 1

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Prof. dr. Alberto Borges Matias É professor Titular do Departamento

de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da

Universidade de São Paulo no Campus de Ribeirão Preto, e Diretor do Inepad.

Gislaine de Miranda QuaglioÉ supervisora do Centro de Pesquisa do Inepad

para R$ 1.519.448 milhões, enquanto no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul, se limitaram a montantes próximos de R$ 470 milhões. Tendo a região sudeste a maior concentra-ção de produção nacional, nela também se concentra a maior parte dos recursos financeiros.

Por reter tal participação produtiva no agregado econômi-co é esperado que a região sudeste concentre o maior volume de saldos em operações de crédito do Sistema Financeiro Na-cional (SFN). O gráfico 3 apresenta esse porcentual por regiões.

As regiões norte, nordeste e sul possuem porcentuais semelhantes na proporção das operações PF e PJ, em mé-dia cerca de, respectivamente 43% e 57%. A região sudeste se distinguiu, apresentando média de quase 31%, para PF e, 69%, para PJ. Já a região centro-oeste foi a única a inverter a proporção, com PF, 55,04% e, 44,96%, PJ.

Cabe analisar a evolução das taxas de inadimplência. O gráfico 4 aponta que para o mesmo período, no total das ope-rações de crédito todas as regiões apresentam movimentos cíclicos na evolução das taxas. As regiões norte e centro-oeste

evidenciaram picos, respectivamente, 6%, em setembro de 2006 e, 5,54% em agosto de 2009.

As análises apontam que os bancos e o governo para garantir uma distribuição regional de recursos menos con-centrada. Mesmo se considerarmos especificidades nas análises da PJ, por exemplo, recursos captados em centros e distribuídos entre filiais e subsidiárias, para ambos os segmen-tos as questões de se os bancos estão atentos às novas opor-tunidades de serviços e produtos adequados para atender à demanda e a característica de cada região e o Banco Central possui ferramentas para auxiliar as instituições e garantir a não exclusão financeira?

Taxa de inadimplência das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional – por região do Brasil – Total – % – 2004 – 2011

Saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional – por região do Brasil – Total – R$ (milhões) – 2004 a 2011

100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0

7%

6%

5%

4%

3%

2%

1%

0

Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

Sul Sudeste Centro-Oeste Nordeste Norte

Gráfico 3

Gráfico 4

2004

19,23%

58,45%

9,6%

9,48%

3,23% 3,28% 3,41% 3,47% 3,46% 3,51% 3,62% 3,75%

12,19%

9,19%

56,48%

11,74%

9,13%

57,19%

18,31% 18,4%

10,78%

9,55%

57,36%

18,79%

10,01%

9,64%

57,57%

19,33%

9,81%

9,8%

57,31%

19,61%

9,84%

9,95%

56,97%

19,84%

9,49%

10,11%

57,16%

19,97%

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66 FINANCEIRO fevereiro/março 2012

O ser humano tem como necessidades básicas a comunicação e o conhecimento. A disponibilidade de avançados meios de telecomunicações torna-se determinante para a disseminação da informação, da cultura, da pesquisa e das oportunidades. O sis-tema de telecomunicações é tão importante para a economia quanto para a geração de energia. Estudos internacionais comparam o setor como o sistema nervoso de um organismo vivo. Além das telecomu-nicações serem parte da eficiência socioeconômica de um país, também são fundamentais para a gestão, integração e produtividade corporativas.

No Brasil, os resultados alcançados com o rápido desenvolvimento de telecom, sobretudo via conecti-vidade tecnológica, não são diferentes do mundo. Um dos casos mais representativos é na zona rural, onde essa tecnologia trouxe o estímulo ao crescimento pela evolução das atividades produtivas, além de aumento da qualidade de vida e bem-estar. O principal impacto está na redução da migração urbana.

Estudo das Faculdades Integradas do Tapajós revela que a chegada de uma torre de celular em Bel-terra, no Pará, mudou a cidade. Após dois anos, 75% dos moradores têm telefone celular e metade deles usa o aparelho para se conectar à internet. Nesse período, observou-se que o comércio local cresceu igualmente 75% graças à possibilidade de varejistas conectarem-se às máquinas de pagamento eletrôni-co – cartões de crédito e débito. O fato viabilizou o comércio eletrônico, tanto como forma de abasteci-mento quanto como canal de distribuição. A partir daí, 21% da população fez algum curso virtual. No final do ano passado, apenas cinco municípios brasi-leiros não possuíam acesso a sinal de celular, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Estudo da Serasa Experian do Setor de Telefonia mostra a popularidade das linhas telefônicas (móvel e fixa) entre os consumidores jovens da periferia. O grupo representa 20,9% da população brasileira e corresponde a 19,8% das vendas realizadas pelas empresas de telefonia móvel e 25,5% das de fixa. O efeito ocorre em cascata e beneficia, além das famílias de baixa renda, também as comunidades rurais. Se conectando mais e mais cidades e pessoas à infraes-trutura de telecom, com uso intensivo, é possível ge-rar externalidades positivas, no sentido de benefícios superiores aos custos.

Na Índia um acréscimo de 10% na penetração dos serviços de internet gera uma expansão de 1,08% no PIB. Lá, dadas as condições problemáticas de saú-de, muitos municípios usam o SMS para lembrar os pais das vacinas dos filhos. É uma ferramenta social.

Para a Organização para a Cooperação e Desen-volvimento Econômico (OCDE), dobrar a veloci-dade da banda larga pode gerar um adicional de 0,3% no PIB de qualquer economia. No Brasil, estudo ofi-cial sobre o Plano Nacional da Banda Larga (PNBL) mostra que o PIB pode crescer 23,6%, passando esse serviço dos atuais 12 milhões de domicílios para 40 milhões. Ainda que esses números sofram críticas, independentemente do PNBL, o acesso à banda lar-ga cresce graças a expansão gerada por parte do setor privado de telecomunicações.

O avanço brasileiro no setor de telecom é feno-menal e deve continuar como prioridade para que o crescimento econômico seja cada vez mais sustentá-vel, além de promover a coesão política e social.

Ricardo Loureiro é presidente da Serasa Experian e da

Experian América Latina

Por Ricardo Loureiro

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A importância da telecompara a socioeconomia

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