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MONTEPIO Departamento de Estudos // abril 2016 ANGOLA Indicadores do FMI para Angola Superfície 1 246 700 Km 2 Densidade Populacional 20,1 Hab/Km 2 Reservas Externas 24,15 10^9 $ Unidade: taxa de crescimento % 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 PIB 2,4 3,4 3,9 5,2 6,8 4,8 3,0 2,5 2,7 3,2 3,7 4,2 4,3 PIB Nominal -5,2 26,6 29,0 12,6 9,5 3,4 -1,1 11,9 22,6 17,7 15,4 14,1 13,3 PIB Nominal (10^9) 5 988,7 7 579,5 9 780,1 11 011,4 12 056,3 12 462,3 12 323,4 13 785,9 16 895,5 19 893,6 22 958,5 26 184,3 29 674,3 PIB Nominal (10^9 $) 75,5 82,5 104,1 115,3 124,9 126,8 103,0 81,5 86,3 91,6 97,2 103,4 109,8 Deflator do PIB -7,4 22,4 24,2 7,1 2,5 -1,4 -4,0 9,1 19,3 14,0 11,3 9,4 8,7 Inflação (IPC) 13,7 14,5 13,5 10,3 8,8 7,3 10,3 19,1 15,2 12,9 10,9 9,4 9,0 Investimento (% PIB) 15,2 14,4 12,9 14,9 14,7 15,3 9,3 10,5 11,6 11,5 11,4 11,4 11,4 Poupança Nacional Bruta (% PIB) 5,2 23,5 25,5 26,9 21,4 12,4 0,8 -1,1 2,7 5,3 6,8 7,6 7,7 Dívida Pública (% PIB) 22,7 44,3 33,8 29,5 32,9 40,7 62,3 70,1 68,7 67,7 66,3 65,0 64,2 Receitas Públicas (%) -35,7 59,2 44,9 5,8 -4,1 -9,2 -30,5 -2,9 30,6 22,2 18,5 13,5 12,1 Despesas Públicas (%) -28,3 20,9 29,5 15,8 7,5 6,8 -31,7 10,8 24,5 16,2 14,2 12,4 12,0 Receitas Públicas (% PIB) 34,6 43,5 48,8 45,9 40,2 35,3 24,8 21,6 23,0 23,9 24,5 24,4 24,1 Despesas Públicas (% PIB) 41,9 40,0 40,2 41,3 40,5 41,9 28,9 28,7 29,1 28,7 28,4 28,0 27,7 Saldo Orçamental (% PIB) -7,4 3,5 8,7 4,6 -0,3 -6,6 -4,1 -7,1 -6,1 -4,9 -3,9 -3,6 -3,6 Saldo Primário (% PIB) -5,6 4,6 9,6 5,5 0,5 -5,4 -2,1 -4,8 -3,8 -2,6 -1,6 -1,3 -1,2 Balança Corrente (10^9 $) -7,6 7,5 13,1 13,9 8,3 -3,7 -8,7 -9,4 -7,6 -5,7 -4,5 -3,9 -4,1 Balança Corrente (% PIB) -10,0 9,1 12,6 12,0 6,7 -2,9 -8,5 -11,6 -8,8 -6,2 -4,6 -3,8 -3,7 População (10^6) 21,0 21,7 22,3 23,0 23,7 24,4 25,1 25,9 26,6 27,4 28,3 29,1 30,0 População (%) 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 População 15-64 anos (% total) 49,7 49,8 49,9 50,0 50,1 - - - - - - - - Taxa de Desemprego - - - - - - - - - - - - - PIB PPP (10^9 $) 129,0 135,0 143,2 153,3 166,4 177,3 184,4 190,9 198,8 209,4 221,7 235,9 251,0 PIB per capita PPP $ 6 131 6 230 6 416 6 671 7 030 7 271 7 344 7 381 7 461 7 631 7 845 8 102 8 371 PIB per capita $ 3 589 3 807 4 666 5 018 5 277 5 199 4 100 3 150 3 238 3 338 3 440 3 553 3 661 Exportações (%) -2,6 -3,3 -5,4 3,8 0,1 -2,1 7,9 8,2 -1,6 0,1 0,2 0,5 0,0 Bens (%) -3,6 -3,4 -4,8 3,8 -0,8 -3,0 5,4 8,1 0,0 0,1 0,2 0,4 -0,1 Importações (%) 6,5 -21,3 10,1 8,5 9,0 11,2 -23,8 -13,2 3,0 -1,0 -0,1 1,2 3,1 Bens (%) 18,6 -31,6 7,8 21,8 12,9 10,9 -23,2 -14,1 5,2 2,2 1,3 1,7 3,0 Agricultura (% PIB) 10,2 9,8 9,3 7,2 10,1 9,4 - - - - - - - Indústria (% PIB) 59,0 59,9 62,1 61,8 57,8 60,2 - - - - - - - Serviços (% PIB) 30,8 30,2 28,6 31,0 32,1 30,4 - - - - - - - Esperança Vida à nascença (anos) 50,3 50,7 51,1 51,5 51,9 - - - - - - - - Fonte : FMI (World Economic Outlook - abril de 2016); Banco Mundial (restantes dados históricos sem previsões).

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MONTEPIO

Departamento de Estudos / / abril 2016

ANGOLA

Indicadores do FMI para Angola

Superfície

1 246 700 Km2

Densidade Populacional

20,1 Hab/Km2

Reserv as Ex ternas

24,15 10^9 $

Unidade: taxa de crescimento % 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

PIB 2,4 3,4 3,9 5,2 6,8 4,8 3,0 2,5 2,7 3,2 3,7 4,2 4,3

PIB Nominal -5,2 26,6 29,0 12,6 9,5 3,4 -1,1 11,9 22,6 17,7 15,4 14,1 13,3

PIB Nominal (10^9) 5 988,7 7 579,5 9 780,1 11 011,4 12 056,3 12 462,3 12 323,4 13 785,9 16 895,5 19 893,6 22 958,5 26 184,3 29 674,3

PIB Nominal (10^9 $) 75,5 82,5 104,1 115,3 124,9 126,8 103,0 81,5 86,3 91,6 97,2 103,4 109,8

Deflator do PIB -7,4 22,4 24,2 7,1 2,5 -1,4 -4,0 9,1 19,3 14,0 11,3 9,4 8,7

Inflação (IPC) 13,7 14,5 13,5 10,3 8,8 7,3 10,3 19,1 15,2 12,9 10,9 9,4 9,0

Investimento (% PIB) 15,2 14,4 12,9 14,9 14,7 15,3 9,3 10,5 11,6 11,5 11,4 11,4 11,4

Poupança Nacional Bruta (% PIB) 5,2 23,5 25,5 26,9 21,4 12,4 0,8 -1,1 2,7 5,3 6,8 7,6 7,7

Dívida Pública (% PIB) 22,7 44,3 33,8 29,5 32,9 40,7 62,3 70,1 68,7 67,7 66,3 65,0 64,2

Receitas Públicas (%) -35,7 59,2 44,9 5,8 -4,1 -9,2 -30,5 -2,9 30,6 22,2 18,5 13,5 12,1

Despesas Públicas (%) -28,3 20,9 29,5 15,8 7,5 6,8 -31,7 10,8 24,5 16,2 14,2 12,4 12,0

Receitas Públicas (% PIB) 34,6 43,5 48,8 45,9 40,2 35,3 24,8 21,6 23,0 23,9 24,5 24,4 24,1

Despesas Públicas (% PIB) 41,9 40,0 40,2 41,3 40,5 41,9 28,9 28,7 29,1 28,7 28,4 28,0 27,7

Saldo Orçamental (% PIB) -7,4 3,5 8,7 4,6 -0,3 -6,6 -4,1 -7,1 -6,1 -4,9 -3,9 -3,6 -3,6

Saldo Primário (% PIB) -5,6 4,6 9,6 5,5 0,5 -5,4 -2,1 -4,8 -3,8 -2,6 -1,6 -1,3 -1,2

Balança Corrente (10^9 $) -7,6 7,5 13,1 13,9 8,3 -3,7 -8,7 -9,4 -7,6 -5,7 -4,5 -3,9 -4,1

Balança Corrente (% PIB) -10,0 9,1 12,6 12,0 6,7 -2,9 -8,5 -11,6 -8,8 -6,2 -4,6 -3,8 -3,7

População (10^6) 21,0 21,7 22,3 23,0 23,7 24,4 25,1 25,9 26,6 27,4 28,3 29,1 30,0

População (%) 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0

População 15-64 anos (% total) 49,7 49,8 49,9 50,0 50,1 - - - - - - - -

Taxa de Desemprego - - - - - - - - - - - - -

PIB PPP (10^9 $) 129,0 135,0 143,2 153,3 166,4 177,3 184,4 190,9 198,8 209,4 221,7 235,9 251,0

PIB per capita PPP $ 6 131 6 230 6 416 6 671 7 030 7 271 7 344 7 381 7 461 7 631 7 845 8 102 8 371

PIB per capita $ 3 589 3 807 4 666 5 018 5 277 5 199 4 100 3 150 3 238 3 338 3 440 3 553 3 661

Exportações (%) -2,6 -3,3 -5,4 3,8 0,1 -2,1 7,9 8,2 -1,6 0,1 0,2 0,5 0,0

Bens (%) -3,6 -3,4 -4,8 3,8 -0,8 -3,0 5,4 8,1 0,0 0,1 0,2 0,4 -0,1

Importações (%) 6,5 -21,3 10,1 8,5 9,0 11,2 -23,8 -13,2 3,0 -1,0 -0,1 1,2 3,1

Bens (%) 18,6 -31,6 7,8 21,8 12,9 10,9 -23,2 -14,1 5,2 2,2 1,3 1,7 3,0

Agricultura (% PIB) 10,2 9,8 9,3 7,2 10,1 9,4 - - - - - - -

Indústria (% PIB) 59,0 59,9 62,1 61,8 57,8 60,2 - - - - - - -

Serviços (% PIB) 30,8 30,2 28,6 31,0 32,1 30,4 - - - - - - -

Esperança Vida à nascença (anos) 50,3 50,7 51,1 51,5 51,9 - - - - - - - -

F o nte : FMI (Wo rld Eco no mic Outlo o k - abril de 2016); Banco Mundia l (res tantes dado s his tó rico s s em previs õ es ).

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

Indicadores do Banco Mundial para Angola

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Ter r a e E ner gia

Superfície (km²) 1 246 700 1 246 700 1 246 700 1 246 700 1 246 700 1 246 700 1 246 700 1 246 700 1 246 700 1 246 700 1 246 700 1 246 700 1 246 700

Terra cultivável (% de área terrestre) 46,0 46,2 46,2 46,2 46,2 46,3 46,3 46,8 46,8 47,3 47,3 47,5 -

Área florestal (km²) 594 784 593 536 592 288 591 040 589 792 588 544 587 296 586 048 584 800 583 552 582 304 - -

Utilização anual de água doce, total (% de recursos internos)0,4 - - - - 0,5 - - - - - 0,5 -

Emissões de CO² (toneladas métricas per capita) 0,8 0,5 1,1 1,1 1,2 1,3 1,4 1,4 1,4 1,4 - - -

Consumo de energia elétrica (kWh per capita) 93,5 104,1 94,9 118,6 157,3 145,2 188,5 207,7 227,2 228,5 219,5 - -

Uso de energia (kg do petróleo equivalente per capita)515,4 539,4 539,8 509,9 542,1 561,6 589,4 620,6 639,2 630,5 629,6 - -

Mer cado de Capi t a is e Dív ida E xt er na

Capitalização de mercado de empresas cotadas (% do PIB)- - - - - - - - - - - - -

Ações da dívida externa, total (DOD, 10^6 US$ atual)9 110 9 101 9 786 12 224 9 890 11 932 15 502 17 014 16 949 19 298 20 106 24 004 -

Assistência oficial para o desenvolvimento (10^6 US$ atual, líquido)414 494 1 144 415 164 248 369 239 238 194 242 288 -

E mpr esas e Negócios

Índice da facilidade de fazer negócios (1 = regulamentações mais favoráveis)- - - - - - - - - - - - 183

Tempo necessário para iniciar um negócio (dias) - 83,0 83,0 83,0 83,0 83,0 68,0 68,0 66,0 66,0 66,0 66,0 66,0

Assinatura de telefones móveis (por 1.000 pessoas)0,9 2,3 4,6 9,7 17,8 28,0 37,0 42,8 48,1 59,8 61,4 61,9 63,5

Utilizadores de internet (por 100 pessoas) 0,3 0,4 0,5 1,1 1,9 3,2 4,6 6,0 10,0 14,8 16,9 19,1 21,3

Despesa com investigação e desenvolvimento (I&D) (% do PIB)- - - - - - - - - - - - -

Exportações de alta tecnologia (% de export. totais de bens transformados)- - - - - - - - - - - - -

Pr eços

Inflação, preços no consumidor (% anual) 108,9 98,2 43,5 23,0 13,3 12,2 12,5 13,7 14,5 13,5 10,3 8,8 7,3

Inflação, deflator do PIB (% anual) 142,5 84,9 39,8 26,8 13,0 12,6 19,7 -7,4 22,4 24,2 7,1 1,9 3,7

Set or Público

Superávit / déficit (% do PIB) 2 -12 13 1 24 15 7 -11 1 11 7 - -

Serviço da dívida total (% de export. produtos, serviços e rendim. primário)17,0 15,3 13,6 10,8 13,2 9,9 2,5 8,5 4,5 4,2 5,8 6,9 -

Dívida do governo central, total (% do PIB) - - - - - - - - - - - - -

Receita pública, excluindo subsídios (% do PIB) 32,6 38,7 33,8 32,0 57,8 48,6 44,9 20,7 35,6 47,9 40,2 - -

Despesas militares (% do PIB) 3,5 4,7 4,2 4,8 4,7 3,4 3,8 4,4 4,2 3,5 3,6 4,9 5,2

Despesa pública na educação, total (% do PIB) - - - 2,8 2,9 - - - 3,5 - - - -

Despesas com saúde, total (% do PIB) 4,4 4,9 5,1 4,2 4,5 3,4 3,8 4,4 3,4 3,4 3,5 3,8 -

Pr odução e Rendiment o

PIB, (10^6 US$ atual) 12 497 14 189 19 641 28 234 41 789 60 449 84 178 75 492 82 471 104 116 115 342 124 163 131 401

Crescimento do PIB (% anual) 13,8 5,2 10,9 18,3 20,7 22,6 13,8 2,4 3,4 3,9 5,2 6,8 3,9

PIB per capita (US$ atual) 775,8 850,1 1 135,6 1 576,2 2 253,8 3 151,0 4 242,4 3 678,9 3 886,5 4 745,0 5 084,3 5 295,2 5 423,6

PIB per capita, PPP ($ internacional atual) 2 858,9 2 962,0 3 256,7 3 838,3 4 614,6 5 613,2 6 298,0 6 284,3 6 360,8 6 524,5 6 755,2 7 083,9 7 227,4

RNB, método Atlas (10^6 US$ atual) 9 517,4 11 188,8 15 242,0 20 957,6 30 092,3 45 124,6 59 799,2 71 581,6 75 261,6 80 912,7 94 172,6 110 903,6 117 412,5

RNB, PPP (10^6 $ internacional atual) 40 031,8 43 423,7 49 203,0 59 003,8 72 523,6 93 751,5 104 290,5 116 666,3 121 025,1 127 954,9 137 081,1 150 201,5 158 391,8

RNB per capita, método Atlas (US$ atual) 590,0 670,0 880,0 1 170,0 1 620,0 2 350,0 3 010,0 3 490,0 3 550,0 3 690,0 4 150,0 4 730,0 4 850,0

RNB per capita, PPP ($ internacional atual) 2 480,0 2 600,0 2 840,0 3 290,0 3 910,0 4 890,0 5 260,0 5 690,0 5 700,0 5 830,0 6 040,0 6 410,0 6 540,0

Set or es de A t i v idade

Agricultura, VAB (% do PIB) 9,4 9,5 9,2 8,5 7,7 7,9 6,6 10,2 9,8 9,3 7,2 10,1 9,4

Indústria, VAB (% do PIB) 58,7 60,5 64,0 67,1 67,5 66,6 67,5 59,0 59,9 62,1 61,8 57,8 60,2

Serviços, etc., VAB (% do PIB) 31,9 30,0 26,8 24,4 24,8 25,6 25,9 30,8 30,2 28,6 31,0 32,1 30,4

Balança Cor r ent e e de Capi t a is

Exportação de bens e serviços (% do PIB) 68,3 68,4 70,1 86,0 79,8 76,4 78,1 55,0 61,4 65,4 61,9 55,8 58,5

Formação de capital bruto (% do PIB) 11,5 12,5 9,2 8,8 15,4 13,5 16,2 15,2 14,4 12,9 14,9 14,7 14,6

Importação de bens e serviços (% do PIB) 56,7 62,0 54,1 53,6 39,0 43,5 51,2 55,4 42,9 42,2 39,7 40,7 42,0

Comércio de mercadorias (% do PIB) 96,7 105,6 98,3 115,0 97,2 96,0 100,9 84,1 81,6 84,1 82,2 76,2 69,0

Índice de termos de troca líquido (2000 = 100) 92,4 101,7 125,2 172,5 197,7 202,4 251,7 170,8 210,2 255,9 260,7 257,4 -

Investimento direto estrangeiro (IDE), em termos líquidos (BoP, 10^6 US$ atual)1 672,1 3 504,7 1 449,2 -1 303,8 -37,7 -893,3 1 679,0 2 205,3 -3 227,2 -3 023,8 -6 898,0 -7 120,0 -

Remessas pessoais recebidas (US$ atual) - - - - - - 82,1 0,2 18,0 0,2 0,0 - -

População

População total 16 109 696 16 691 395 17 295 500 17 912 942 18 541 467 19 183 907 19 842 251 20 520 103 21 219 954 21 942 296 22 685 632 23 448 202 24 227 524

Crescimento da população (anual %) 3,5 3,5 3,6 3,5 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,3 3,3 3,3 3,3

Desemprego (% da força de trabalho total) 6,8 7,0 6,9 6,8 6,8 6,8 6,8 7,0 6,9 6,9 6,9 6,8 -

Migração líquida 172 194 - - - - 82 005 - - - - 65 543 - -

Taxa de fertilidade (nascimentos por mulher) 6,8 6,7 6,7 6,7 6,6 6,5 6,4 6,3 6,2 6,1 6,0 5,9 -

Tx fertil. adolescentes (nascimentos por 1 000 mulheres de 15 a 19 anos)206,2 202,6 199,1 195,5 192,0 188,4 185,9 183,4 180,9 178,4 175,9 171,3 166,6

Esperança de vida à nascença (anos) 46,7 47,4 48,0 48,5 49,0 49,4 49,8 50,3 50,7 51,1 51,5 51,9 -

Índice de Gini - - - - - - 42,7 - - - - - -

Participação no rendimento dos 20% mais pobres - - - - - - 5,4 - - - - - -

Pobreza, US$1,90/dia (PPP) (% da população) - - - - - - 30,1 - - - - - -

Pobreza, linha de pobreza nacional (% da população)- - - - - - 36,6 - - - - - -

E ducação

Despesa pública na educação (% do PIB) - - - 3 3 - - - 3 - - - -

Taxa de alfabetização, total de adultos (% de pessoas com 15 anos ou mais)- - - - - - - - - - - 70,8 -

Proporção meninas/meninos nos ensinos fundamental e médio (%)- - - - - - 0,8 0,8 0,8 0,6 - - -

Taxa de conclusão do ensino fundamental, total (% de faixa etária relevante)- - - - - - 46,0 45,5 46,8 54,3 - - -

Matrículas escolares, ensino fundamental (% bruto)- - - - - 114,9 122,2 121,4 123,8 140,5 - - -

Matrículas escolares, ensino médio (% bruto) 18,1 - - - - - 25,5 27,1 31,3 31,5 - - -

Saúde

Despesas com saúde, total (% do PIB) 4,4 4,9 5,1 4,2 4,5 3,4 3,8 4,4 3,4 3,4 3,5 3,8 -

Taxa de mortalidade infantil (por 1.000 nascidos vivos):125,5 124,1 122,8 121,2 119,4 117,1 114,7 112,2 109,6 106,8 104,1 101,4 98,8

Utilização de contracetivos (% de mulheres de 15 a 19 anos de idade)- - - - - - - - - - - - -

Taxa de infeção por HIV (% de população de 15 a 49 anos)1,9 1,9 2,0 2,1 2,1 2,2 2,3 2,3 2,3 2,4 2,4 2,4 2,4

Taxa de mortalidade, menores de 5 anos (por 1.000 nascidos vivos)211,7 209,2 206,7 203,9 200,5 196,4 192,0 187,3 182,5 177,3 172,2 167,1 162,2

Acesso a água potável (% de população com acesso)45,7 45,8 45,9 46,0 46,2 46,4 46,6 46,9 47,1 47,5 47,8 48,2 48,6

Imunização, sarampo (% de crianças de 12 a 23 meses)74,0 62,0 64,0 45,0 48,0 88,0 79,0 77,0 93,0 88,0 97,0 91,0 85,0

Instalações sanitárias melhores (% da população urbana com acesso)34,8 36,2 37,6 39,0 40,4 41,8 43,3 44,7 46,2 47,6 49,1 50,6 51,1

Partos assistidos por pessoal de saúde qualificado (% do total):- - - - - 47,3 - - - - - - -

Taxa de desnutrição, peso para a idade (% de crianças < 5 anos):- - - - - 15,6 - - - - - - -

Fonte : Banco Mundial.

3

Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

Código Descrição Valor (mM$) Peso (%)

27 Combustíveis minerais, óleos. Produtos de destilação 63,3 98,4

71 Embarcações e outras estruturas flutuantes 0,8 1,3

72 Pedras e metais preciosos 0,1 0,1

84 Feero e aço 0,0 0,1

25 Sal, enxofre, terra, pedras, gesso, cal e cimento 0,0 0,0

Outros produtos 0,1 0,2Fo nte : Inte rna tio nal Trade Centre (ITC) - Naçõ es Unidas

Principais Exportações de Bens (2014)

Código Descrição Valor (mM$) Peso (%)

84 Máquinas, reatores nucleares e caldeiras 4,0 15,5

85 Equipamento elétrico e letrónico 2,1 8,1

87 Veículos elétricos e ferroviários 2,0 8,0

73 Embarcações e outras estruturas flutuantes 1,7 6,6

89 Objetos de ferro e/ou aço 1,7 6,5

Outros produtos 14,1 55,4Fo nte : Inte rna tio nal Trade Centre (ITC) - Naçõ es Unidas

Principais Importações de Bens (2014)

País Valor (mM$) Peso (%) País Valor (mM$) Peso (%)

China 31,11 40,8 China 5,98 17,1

EUA 5,72 7,5 Portugal 4,22 12,1Índia 5,64 7,4 EUA 2,04 5,8

Espanha 3,60 4,7 República da Coreia 1,80 5,2

Taiwan 2,96 3,9 Brasil 1,26 3,6Outros países 27,2 35,6 Outros países 19,6 56,1

Fo nte : Inte rna tio nal Trade Centre (ITC) - Naçõ es Unidas Fo nte : Inte rna tio nal Trade Centre (ITC) - Naçõ es Unidas

Principais Parceiros Comerciais de IMPORTAÇÕES (2014)Principais Parceiros Comerciais de EXPORTAÇÕES (2014)

Tipo de Produto Valor (€)Share

(%)

TCMA10-15

(%)Tipo de Produto Valor (€)

Share

(%)

TCMA10-15

(%)

Petróleo bruto e gás natural 1 128 077 719 98,8 15,1 Produtos alimentares 362 895 342 17,3 10,9

Produtos alimentares 4 945 903 0,4 - Máquinas e equipamentos, n.e. 254 211 795 12,1 2,6

Máquinas e equipamentos, n.e. 2 526 486 0,2 12,9 Equipamento eléctrico 227 692 729 10,8 3,2

Produtos informáticos, electrónicos e ópticos 2 431 257 0,2 27,0 Bebidas 155 445 374 7,4 -4,7

Produtos da agricultura, da produção animal,

da caça e dos serviços relacionados 1 480 654 0,1 43,2Produtos metálicos transformados, excepto

máquinas e equipamento 141 920 406 6,8 -4,4

Vendas por grosso e a retalho e serviços de

reparação de veículos automóveis e motociclos 588 038 0,1 2,8 Produtos químicos 116 831 989 5,6 5,5

Produtos da silvicultura, da exploração

florestal e serviços relacionados 513 526 0,0 9,0 Artigos de borracha e de matérias plásticas 96 717 179 4,6 7,5

Madeira e cortiça e suas obras, excepto

mobiliário; obras de espartaria e de cestaria 266 861 0,0 142,3 Produtos informáticos, electrónicos e ópticos 92 187 977 4,4 -3,6

Produtos metálicos transformados, excepto

máquinas e equipamento 243 586 0,0 -2,8 Mobiliário 86 156 863 4,1 -0,5

Produtos diversos das industrias

transformadoras207 015 0,0 11,6 Outros produtos minerais não metálicos 77 858 735 3,7 -3,2

Fonte: INE. Fonte: INE.

TOP 10 DAS IMPORTAÇÕES DE PORTUGAL de ANGOLA (2015) TOP 10 DAS EXPORTAÇÕES DE PORTUGAL PARA ANGOLA (2015)

2013 2014 2015 2013 2014 2015

Importações de Portugal deste país (milhares €) 2 631 734,1 1 605 751,6 1 142 155,7 Exportações de Portugal deste país (milhares €) 3 112 687,7 3 176 022,7 2 101 778,4

Importações totais de Portugal (milhares €) 57 012 825 58 976 409 60 117 914 Exportações totais de Portugal (milhares €) 47 302 913 48 104 633 49 815 871

Peso das importações do país (%) 4,6 2,7 1,9 Peso das exportações do país (%) 6,6 6,6 4,2

Fonte: INE. Fonte: INE.

PESO de ANGOLA NAS IMPORTAÇÕES DE PORTUGAL (2013/15) PESO de ANGOLA NAS EXPORTAÇÕES DE PORTUGAL (2013/15)

4

Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

CONJUNTURA Economia deverá crescer 2,7% em 2016,

menos do que o estimado para 2015 (+3,0%) e

que representa um mínimo desde 2009, mas

devendo acelerar ligeiramente já em 2017

ATIVIDADE

Após a crise orçamental e da balança de pagamentos em

Angola em 2009, foi assinado um programa com o FMI

com vista à correção dos desequilíbrios macroeconómicos

do país. A instituição considera que o programa atingiu

os seus principais objetivos. Neste contexto, as

autoridades têm avançado com um programa de

reformas institucionais, fortalecendo algumas áreas-

chave na gestão orçamental, monetária e financeira.

Em termos da evolução real da atividade económica,

a economia tem sido gravemente afetada por uma

queda acentuada do preço do petróleo. O Governo,

no âmbito do Orçamento do Estado para 2016 (OE

2016) – cuja proposta foi concretizada em outubro,

tendo sido posteriormente aprovada pelo Parlamento

angolano em 12 de dezembro de 2015 –, e, mais

recentemente, o FMI (abril de 2016), colocaram o

crescimento do PIB em 6,8% em 2013, um valor em

linha com o estimado pelo Montepio e que representa

uma aceleração face ao ano anterior (+5,2% em 2012).

Para 2014, o FMI estima um crescimento do PIB de

4,8%, alinhado com o que também assumimos e que

passou igualmente a ser assumido pelo Governo no OE

2016 - representando uma ligeira revisão em alta face

aos 4,7% que o Governo apresentava Orçamento do

Estado retificativo para 2015 (OER 2015), que foi

aprovado pelo Parlamento a 19 de março –, mas que

continua a tratar-se de um valor inferior aos 5,3% que

tinham sido estimados pelo FMI ainda em 2014, com

essa revisão em baixa a refletir o abrandamento da

agricultura e um crescimento aquém do esperado da

extração de petróleo, que sofreu paragens durante o 1.º

semestre desse ano. Segundo os dados referentes a

2014 divulgados pelo Governo no recente OE 2016, o

setor petrolífero terá caído 2,6% em 2014, mais do

que em 2013 (-1,1%), enquanto o setor não

petrolífero terá continuado a crescer, estimando agora

um acréscimo de 8,2%, em desaceleração (+10,9% em

2013), mas não deixando de constituir uma notícia

animadora para a necessária diversificação da estrutura

produtiva. A queda do setor petrolífero resulta da

desaceleração da economia global e de problemas

técnicos em algumas refinarias.

Economia deverá ter

desacelerado para 3,0% em 2015,

crescendo menos do que o

estimado pelo Governo…

O ano de 2015 ficou marcado pela transmissão dos

efeitos da queda do preço do petróleo, tendo sido um

ano bastante restritivo para o setor real da economia

angolana. O PIB foi afetado diretamente pela queda do

preço do petróleo, que provocou, designadamente, uma

queda das exportações líquidas. A trajetória de

depreciação apresentada pela taxa de câmbio e a retoma

do ciclo ascendente da taxa de inflação, ao longo do

ano, reforçaram a desaceleração da atividade económica,

em função do abrandamento da procura privada,

refletindo designadamente as restrições no acesso a

divisas para efeitos de importação. Por outro lado, o

ajustamento orçamental apresentado em março, em

sede do OER 2015, contemplou reduções expressivas no

consumo público (em particular, nas despesas em bens e

serviços) e da despesa em investimento do setor público,

na ordem de 50% e 53%, respetivamente, refletindo-se

Angola/ PREVISÕES ECONÓMICAS DO DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DO MONTEPIO2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

PIB 13,8 2,4 3,4 3,9 5,2 6,8 4,8 3,0 2,7 2,9 3,4 3,9 4,4Inflação 12,5 13,7 14,5 13,5 10,3 8,8 7,3 10,3 19,1 15,2 12,9 10,9 9,4Balança Corrente (% PIB) 8,5 -10,0 9,1 12,6 12,0 6,7 -2,9 -8,2 -10,5 -8,8 -6,2 -4,6 -3,8Saldo Orçamental (% PIB) -4,5 -7,4 3,5 8,7 4,6 -0,3 -6,6 -4,1 -7,1 -6,1 -4,9 -3,9 -3,6

No ta s : Os da dos his tóric os do S a ldo Orç a me nta l e da Ba la nç a Corre nte se gue m a me todologia do FMI.

5

Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

numa dinâmica menos favorável para a atividade

económica.

Atendendo aos dados de atividade conhecidos para

2015, apontamos para um crescimento do PIB de 3,0%,

com a economia a dever, assim, desacelerar pelo 2.º ano

consecutivo (+4,8% em 2014). Trata-se de um valor

ainda abaixo dos 4,0% estimados pelo Governo

angolano, que veio, no âmbito do OE 2016, rever em

baixa a sua anterior estimativa de 6,6%, que tinha sido

apresentada no OER 2015 e que também já tinha

representado uma revisão em baixa face aos 9,7% que

tinham sido considerados inicialmente no OE 2015, um

processo de sucessivas e intensas revisões que ilustram

bem a forma intensa e algo inesperada com que a queda

do preço de petróleo afetou a atividade económica no

país. Segundo as últimas estimativas do Governo

(publicadas no OE 2016), o crescimento do PIB de 4,0%

estimados para 2015 terão resultado de um acréscimo de

2,4% da produção do setor não petrolífero,

contribuindo com cerca de 1,7 p.p. para o crescimento

do PIB estimado pelo Governo e para um crescimento de

7,8% da produção do setor petrolífero (com um

contributo de 2,3 p.p. para o crescimento do PIB),

acréscimos que, a avaliar pela informação disponível,

consideramos excessivos, estimando-se antes

crescimentos entre 1,5% e 2,0% para o setor não

petrolífero e entre 6,0% e 6,5% para o setor petrolífero,

este último, ainda assim, regressando aos acréscimos,

após dois anos em contração. Com efeito, note-se que,

apesar da queda do preço, o setor petrolífero

revigorou-se em 2015, terminando, assim, em 2014, o

ciclo de contração económica que registava desde a crise

financeira e económico 2008/09, apenas pontualmente

interrompido em 2012, quando o setor cresceu 4,5%.

No entanto, ao longo de 2015, apesar da recuperação

económica verificada no setor, a atividade petrolífera

continuou a ficar marcada por restrições de produção

(blocos 17 e 18, em janeiro), problemas técnicos no

bloco 31 (em marco) e pelo adiamento da paragem

parcial no bloco 14 (de março/abril, para julho/agosto),

bem como pelo atraso no arranque e instabilidade de

novos poços da Dália, no bloco 17.

… e desacelerar novamente em

2016, para 2,7%, crescendo

também abaixo do previsto pelo

Governo (+3,3%) e ao menor

ritmo desde 2009 (+2,4%)

A conjuntura económica este ano continuará a

apresentar desafios, pois não se espera que os preços

internacionais do petróleo recuperem de forma

significativa ao longo de 2016, com os riscos a

manterem-se negativos, e com a economia a dever voltar

a desacelerar, para um crescimento de 2,7% (+3,0% em

2015), abaixo do que o que o Governo prevê. Com

efeito, no já referido OE 2016, o Governo antecipa um

crescimento do PIB 3,3%, cerca de 0,7 p.p. abaixo do

crescimento estimado pelo Governo para 2015,

sustentando esta previsão de crescimento para 2016 com

um crescimento de 4,8% da produção do setor

petrolífero, que o Governo considera registar uma

aceleração para 1,89 milhões de barris/dia (Mb/d) em

2016 (1,80 Mb/d em 2015), em consequência do

aumento esperado da produção nos blocos Cabinda –

blocos 3/05, 14 e 15/06 – e da entrada em produção dos

projetos mafumeira, no bloco 0, Polo Este, no bloco

15/06, e Satélite Kizomba A e B – fase 2 no bloco 15,

bem como pela manutenção das perspetivas de

crescimento de todos os setores de atividade económica

no setor não petrolífero, com a exceção do Setor

Público Administrativo, cujas previsões do Governo

apontam para uma estagnação em 2016. Segundo as

previsões do Governo, no cômputo geral, o setor não

petrolífero registará um reforço moderado, prevendo um

crescimento de 2,7% em 2016, em aceleração face ao

acréscimo de 2,4% estimado pelo Executivo para 2015.

No entanto, como referido, trata-se de uma previsão de

crescimento do PIB que consideramos ligeiramente

otimista. Note-se que as previsões do Governo são

sustentadas pela expectativa das autoridades angolanas

de que a produção de petróleo no país e os preços

internacionais da commodity se cifrem pelos (já

referidos) 1,89 Mb/d e pelos 45 dólares ($)/barril (b),

respetivamente. Ao nível da produção de petróleo

partilhamos das previsões ligeiramente menos otimistas

divulgadas pela Economist Intelligence Unit (EIU), que

apontam para uma previsão de produção de cerca de

1,88 Mb/d. Quanto ao preço médio do petróleo nos

mercados internacionais, consideramos a previsão de 45

$/b do Governo otimista, a avaliar designadamente pelos

contratos de futuros (no passado dia 15 de abril, a

cotação do brent estava nos 43,5 $/b e os contratos de

futuros para dezembro de 2016 apontavam para uma

cotação de apenas 46,0, correspondendo a uma média

anual de 42,2 d/b). Assim, apontamos para um

acréscimo de apenas 2,7% do PIB em 2016, um valor

0,6 p.p. abaixo do previsto pelo Governo e que, face à

nossa estimativa de uma expansão de 3,0% em 2015,

representa desaceleração de 0,3 p.p. no ritmo de

crescimento da atividade no presente ano, apesar de a

nossa previsão permanecer ainda rodeada de riscos

descendentes.

6

Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

PIB deverá crescer a um ritmo

médio de 3,6% no horizonte

2017/20

Para 2017, apontamos para uma ligeira aceleração da

atividade económica (+2,9%), com a economia a dever

dar nos anos seguintes continuidade a essa tendência de

moderada aceleração, impulsionado pelas perspetivas de

sólidos crescimentos do consumo público e privado,

refletindo a recuperação dos preços do petróleo,

prevendo-se um crescimento médio anual de 3,6% para

o período 2017/20. Assim, em termos de perspetivas

de médio prazo, apontamos para que o crescimento se

mantenha firme no médio/longo prazo, prevendo-se que

o crescimento do PIB acelere para 4,4% em 2020 e que

cresça a um ritmo médio de 3,5% no horizonte

2016/20. Este ímpeto de crescimento estará dependente

da: i) dimensão do crescimento populacional – deverá

aumentar a um ritmo médio anual de 3,0%, entre 2014

e 2020, segundo o FMI, sendo que o Governo conduziu

um Census em 2014, apurando uma população total de

24,38 milhões em maio de 2014 –, e sobretudo até que

medida estará associado à qualificação do capital

humano; ii) aposta na construção de infraestruturas

(nomeadamente no acesso à energia e aos transportes),

que dependerá do investimento público (que por seu

lado depende das receitas orçamentais) e de fluxos de

capital estrangeiro; iii) diversificação da estrutura

produtiva, uma vez que o setor petrolífero – que em

2015 terá sido responsável por cerca de 25% da

produção, 95% das exportações e 55% das receitas

públicas – deverá abrandar, ao aproximar-se do máximo

da capacidade extrativa; iv) continuação da criação de

instituições, da promoção da equidade na distribuição

do rendimento, da eliminação de burocracia e do

combate à corrupção; v) manutenção da estabilidade

macroeconómica, para a qual foram dados passos

muito importantes depois da crise de 2008/09, associada

à promoção do crédito; vi) reversão de determinadas

medidas ineficientes, das quais são exemplo os maiores

subsídios aos preços dos combustíveis concedidos pelo

Governo (este último um aspeto que o Governo tem

vindo a efetuar desde setembro de 2014, tendo a mais

recente diminuição destes subsídios aos combustíveis

ocorrido neste mês de janeiro).

Sobre a evolução do setor petrolífero pairam nos

próximos anos, desde logo, riscos relacionados com a

evolução dos preços do petróleo. Por outro lado, existem

riscos descendentes relacionados com a possibilidade

de a OPEP vir a impor quotas mais rigorosas para Angola

e com a velocidade de execução dos projetos para

aumentar a capacidade produtiva, bem como problemas

técnicos que afetaram várias plataformas do país nos

últimos anos. Do lado dos riscos ascendentes, estão

essencialmente os relacionados com a possibilidade de

descoberta de mais petróleo ou de outras commodities

(v.g. gás natural).

OPORTUNIDADES

Angola tem visto o seu PIB crescer de forma rápida, com

uma média de 15,3% ao ano entre 2003/08, em

resultado do boom do petróleo, tendo sofrido com a recessão global e reduzido o crescimento do PIB para

uma média de 4,3% ao ano entre 2009/13. Segundo o

FMI, o PIB per capita em paridade de poder de compra

foi estimado em 7 344 dólares norte-americanos (USD) em 2015, substancialmente maior do que no Quénia ou

na Nigéria. No entanto, este valor agregado esconde

enormes disparidades no rendimento – excluindo uma pequena elite e a classe média, a maioria da população é

extremamente pobre. O Programa de Desenvolvimento

das Nações Unidas (PNUD) estima que 37% da população de Angola viva abaixo da linha da pobreza

(definida como 2 USD por dia) e 26% vive em extrema

pobreza (1,25 USD por dia).

Luanda, a capital do país, domina e vai continuar a

dominar a economia angolana devido à sua posição como centro político e económico e pelo facto de ser o

lar de mais de ¼ da população. A maioria dos ministérios

e das sedes das empresas estão em Luanda, bem como

cerca de metade da indústria transformadora do país. Em

Luanda situa-se, também, o maior porto comercial, pelo que a maior parte da atividade comercial do país

desenvolve-se na cidade. No entanto, a rápida expansão

da população da capital, que passou de cerca de 480 mil

pessoas em 1970 para mais de 6,5 milhões em 2014 (de acordo com o último Census), colocou enormes tensões

nas infraestruturas da cidade. Além disso, os custos de

vida são extremamente elevados, com Luanda a ser regularmente classificada entre as cinco cidades mais

caras do mundo. Nos últimos três anos foi também

considerada como a cidade mais cara para estrangeiros. As restrições de infraestruturas são um enorme obstáculo

ao crescimento, particularmente para o setor do retalho,

com longos atrasos na distribuição de bens e com

intensos engarrafamentos no centro da cidade. No entanto, a existência de um grupo tão grande de

consumidores numa pequena área possibilitou que as

empresas que operam no mercado angolano sejam altamente lucrativase que estejam a operar com sucesso

7

Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

há vários anos, sem procurarem fornecer serviços fora

dos limites da cidade. Mas tal poderá mudar com a

abertura da rede de estradas para o interior, que é visto

como a criação de novas oportunidades comerciais.

Retalho deverá expandir-se

A rede de distribuição do retalho entrou em colapso durante a guerra civil, o que colocou vários obstáculos à

procura dos consumidores. A maior parte da atividade

do retalho é realizada atualmente no setor informal. A maioria dos alimentos são importados da África do Sul

ou de outros países vizinhos e são vendidos em mercados

públicos ou por vendedores ambulantes. No entanto, o Governo está empenhado em afastar-se deste sistema e

lançou uma série de operações contra esse tipo de

vendedores.

O interesse no mercado está a crescer. A empresa

Shoprite da África do Sul entrou em Angola em 2003 e, atualmente, realiza mais vendas fora da África do Sul.

Atualmente tem três pontos de venda em Angola, mas

afirma ter potencial para abrir mais 21 pontos de venda no país nos próximos três a quatro anos. Está também a

abrir uma série de estabelecimentos de fast-food,

incluindo operações como a Debonairs Pizza. Em

meados de 2014, outra empresa sul-africana, a Spar Group, abriu o seu primeiro estabelecimento comercial

na capital. De acordo com o diretor financeiro da

empresa, Mark Godfrey, a Spar é suscetível de fornecer a maior parte dos produtos vendidos em Luanda, embora

alguns possam ser adquiridos localmente. A empresa sul-

africana também irá fornecer serviços de logística. Outra empresa sul-africana, a Massmart, também estava a

ponderar entrar no final de 2013 em Angola, mas adiou

em 2014 a sua entrada para o presente ano. Os

concorrentes incluem a Metcast subsidiária da Austrália, que opera em lojas de comércio por grosso, a francesa

Auchan, que tem uma participação no supermercado

Jumbo e várias empresas portuguesas, incluindo o Grupo GCT, Teixeira Duarte e Sonae. Outra empresa chave é a

Afrosam, uma joint venture angolana/libanesa que tem

mais de 70 pequenas lojas em todo o país.

A atração para estes retalhistas estrangeiros é bastante clara. O rendimento disponível real aumentou cerca de

19,5% ao ano entre 2012 e 2014, ao mesmo tempo que

a população – bastante jovem – está a crescer a ritmos

bastante fortes, uma tendência que se prevê manter durante os próximos anos, dando aos retalhistas claras

oportunidades no longo prazo para expandirem e

construir a sua marca no país. Segundo o FMI, a população angolana deverá subir de 25,1 milhões, em

2015, para 30,0 milhões em 2021.

Oportunidades para melhorar a

posição na cadeia de valor

Apesar de praticamente todos os inputs serem

importados, existem oportunidades para Angola

melhorar a sua posição na cadeia de valor global e

ampliar a sua participação em setores como o gás liquefeito natural, o metanol, o transporte de gás e

energia, e o gás para combustíveis líquidos. O

investimento nestes setores poderia gerar empregos e promover o aparecimento de atividades de maior valor

acrescentado. De acordo com um estudo do Banco

Africano de Desenvolvimento, elaborado em 2013,

Angola tem maiores hipóteses de integrar a cadeia de valor de petróleo e gás, e de desempenhar um papel

catalisador a nível regional através de: i) maior

investimento em gás natural liquefeito; ii) adoção de uma abordagem gradual para o desenvolvimento de

indústrias a jusante de petróleo e de gás, começando

com projetos de alto impacto para demonstrar a viabilidade de Angola; iii) investimento adicional em

fertilizantes, metanol e gás para líquidos destinados a

indústrias situadas a jusante; iv) melhorando o quadro

regulamentar, garantindo regulamentos transparentes e estáveis, incentivando a transparência e abordando o

imposto de mais-valias.

Os principais obstáculos para o desenvolvimento dessas

indústrias residem nas inadequadas infraestruturas de transportes, nas dificuldades no acesso a infraestruturas

internacionais (estradas, portos, aeroportos e ferrovias de

ligação ao mercado externo), nas fontes de fornecimento de energia inadequadas e pouco fiáveis, nas dificuldades

no acesso ao financiamento, na volatilidade do comércio

em resultado da flutuação dos preços das mercadorias,

bem como nas mudanças de estratégia por parte das empresas multinacionais. Além disso, o ambiente de

negócios ainda não é propício para a integração regional

devido a obstáculos administrativos à livre circulação de bens e de trabalhadores. A fraca capacidade de produção

local e a falta de competências especializadas na

indústria petrolífera limitam o desenvolvimento das relações entre as atividades de serviços petrolíferos e o

resto da economia.

Devido às barreiras de entrada na cadeia de valor global

de petróleo e gás, o Governo introduziu uma legislação

para promover as indústrias de transformação a jusante do petróleo e gás, criar postos de trabalho e, ainda,

contribuir para os esforços de redução da pobreza. A Lei

das Atividades Petrolíferas atribui a propriedade exclusiva dos recursos de hidrocarbonetos em Angola e direitos de

mineração ao Estado angolano. Segundo a lei, a

Sonangol, empresa petrolífera estatal, é a concessionária

da indústria do petróleo de Angola e a única proprietária dos direitos de mineração. Outras entidades só podem

aceder a recursos angolanos de hidrocarbonetos em

parceria com a Sonangol e através de contratos de concessão e de partilha de produção. O Governo

também tem recorrido à Lei das Atividades Petrolíferas e

decretos de conteúdo local, para promover a criação de competências locais, através da “angolanização” dos

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

recursos humanos. Também se pretende aumentar a

participação das empresas locais nos mercados globais,

dando tratamento preferencial a empresas nacionais no

fornecimento de bens e serviços.

Para estimular uma maior participação local, o

Governo angolano poderá vir a considerar algumas

medidas de política, tais como: i) apoiar diferentes

setores - o Governo poderia conceder os mesmos

incentivos fiscais e financeiros a todas as empresas

locais envolvidas em diferentes fases da indústria

petrolífera e priorizar da mesma forma a criação de

atividades de pesquisa e desenvolvimento e a

promoção das empresas nacionais, que é o foco

principal da política atual. Poderia, também, selecionar

grandes empresas industriais locais para entrarem no

setor de fornecimento e incentivar o desenvolvimento

de redes de conhecimento entre fornecedores,

produtores e clientes; ii)

garantir um maior investimento na formação de nível

técnico, no ensino geral e sistemas de formação, mas

também em institutos de petróleo para preencher as

lacunas de capacidade a este nível

; iii) o Ministério do Petróleo e a Sonangol (os

reguladores do setor petrolífero) devem trabalhar mais

estreitamente sobre as políticas com os ministérios da Indústria e da Economia, que são líderes das agendas de

industrialização e diversificação de Angola; iv)

implementar mecanismos transparentes de políticas com

vista a permitir a eficiência política e acabar com

potenciais canais de corrupção.

Governo deverá evitar lançar

sinais contraditórios para o

investimento direto estrangeiro,

que deverá ter um importante

papel na necessária maior

diversificação da economia

Pese embora o Governo angolano falar da sua abertura

ao investimento direto estrangeiro (IDE), o fraco

ambiente de negócios – como ilustram as frequentes baixas classificações do país nos relatórios Doing

Business do Banco Mundial (Angola posicionou-se no

lugar 181, entre 189 países presentes na edição de

2016) – limita significativamente o seu potencial. Algumas das recentes revisões da legislação estão ser

saudadas como uma forma de simplificar os processos e

reduzir a burocracia no país e, em especial, no setor empresarial, mas algumas medidas paralelas adotadas

recentemente pelo Governo – como, por exemplo, a

criação no OER 2015 da contribuição especial sobre

operações cambiais, como transferências privadas entre

o território nacional e o estrangeiro – são suscetíveis de

contrariar esses esforços. Esses sinais contraditórios

surgem num contexto de abrandamento da economia,

como resultado dos já referidos baixos preços do petróleo, sendo a necessidade de diversificação da

economia (para além do setor dos hidrocarbonetos) mais

urgente do que nunca. Como tal, o Governo deverá procurar manter os investidores privados estrangeiros no

país, devendo, neste sentido, evitar emanar sinais

contraditórios para o mercado, desincentivando o IDE.

Anúncios por parte da agência de investimento privado

nacional de Angola, a Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP), em relação a novos projetos

e contratos de elevado valor com empresas estrangeiras

surgem nos órgãos de comunicação social estatais quase numa base semanal. Alguns desses exemplos recentes

incluem os planos do grupo Accor da França para a

construção de 50 hotéis em toda a Angola, bem como outro projeto francês, da BTP Eiffage, para construir

mais de 100 passagens pedonais, num contrato avaliado

num valor de quase 200 milhões de dólares. Não há nada

que garanta que estes projetos e contratos anunciados não venham a decorrer como previsto e anunciado. No

entanto, enquanto a ANIP tende a realçar a importância

destes acordos alcançados como oferecendo grandes e novos projetos e uma significativa criação de emprego no

país, a Presidente da agência, Maria Luísa Abrantes,

admitiu que muitos dos contratos assinados pela ANIP estão a desenvolver-se de uma forma parcialmente, ou

em alguns casos totalmente, insatisfatória. A Presidente

da ANIP culpa os investidores internacionais por essa

situação, referindo que algumas empresas estavam a assinar contratos com a ANIP, a fim de usá-los para

aumentar o crédito no exterior.

Difícil situação económica e

financeira do país, provocada

principalmente pelas fortes

queda dos preços do petróleo,

levou o Governo a adotar

medidas de caracter estrutural

A realidade económica e financeira vivida em Angola

desde há cerca de ano e meio, cuja origem se encontra

principalmente na quebra acentuada do preço do

petróleo nos mercados internacionais (iniciada em

meados de 2014), implicou a tomada de medidas de

carácter estrutural, de grande alcance e permanência

no tempo por parte do Governo angolano, de forma a

minimizar o impacto da quebra de mais de 50% nas

receitas de exportação e maior ainda nas receitas fiscais

do país.

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

Não obstante os esforços prosseguidos, a conjuntura

internacional não tem sido propícia à contenção da crise

enfrentada por Angola: o regresso de países produtores

de petróleo aos mercados (Irão), a não imposição de

restrições à produção petrolífera por parte da OPEP, o

surgimento dos EUA enquanto grande fornecedor de

petróleo e o abrandamento da economia chinesa, são

alguns dos aspetos que têm dificultado a inversão da

situação atual.

No sentido de contextualizar a recente adoção de

medidas de caracter mais estrutural adotadas pelo

Governo, recorde-se que o ano de 2015 foi

particularmente desafiante para o país. As receitas

inicialmente aprovadas no OE 2015 tiveram que ser

revistas, através da forte redução nas estimativas do

preço médio do barril de petróleo, levando a que as

despesas fossem significativamente reduzidas, havendo

para além disso necessidade de fazer ajustamentos em

variáveis fundamentais como as taxas diretoras do BNA e

as taxas de câmbio, para tentar conter a procura e

restaurar a estabilidade económica, acompanhado do

aumento de alguns preços até então administrativamente

controlados, como o dos combustíveis. Os agentes

económicos demonstraram alguma resistência, todavia,

com o aproximar do fim do ano de 2015 e já depois de o

OE 2016 ter sido aprovado, os preços do petróleo

intensificaram o ritmo de queda, reduzindo-se também

as perspetivas de evolução futura dos preços e colocando

em causa o preço médio do barril de petróleo utilizado

nas projeções daquele documento (45 dólares).

Governo aprova estratégia para a

saída da crise

Entretanto, logo nos primeiros dias do ano de 2016,

o Governo atuou de forma energética e rápida

sobre determinadas variáveis, como os subsídios e a

taxa de câmbio, houve uma depreciação da moeda em

15% e um aumento dos preços dos combustíveis acima

de 30%, tendo sido também atualizados pelo respetivo

ajustamento cambial. Consciente da fraca eficácia de

uma tomada de medidas avulsas, na sessão do Conselho

de Ministros de 21 de janeiro de 2016, liderada pelo

Presidente José Eduardo dos Santos, foi aprovada a

estratégia do Governo para a saída da crise.

Segundo essa estratégia, que é considerada como uma

forte oportunidade de a economia angolana não

resvalar para uma fase recessiva, o Governo pretende

desenvolver ações que visem substituir o petróleo como

principal fonte de divisas para o país, sendo vista como a

necessidade de aumentar o controlo sobre outros

produtos exportados, mas que fogem ao circuito oficial,

nomeadamente ao nível dos recursos naturais extrativos,

como minérios e rochas ornamentais. Por outro lado, a

estratégia dá enfase à substituição de importações,

nomeadamente em bens que integram o capaz de

consumo básico. Para além disso, o programa é de tal

forma abrangente e coordenado que indica a postura

que deve ser adotada pela política monetária e cambial

para garantir os objetivos traçados. Por outro lado, dá

indicações para que o mercado cambial se torne flexível,

fazendo com que a taxa de câmbio do país passe a ser,

de facto, flutuante, permitindo que a taxa em vigor em

qualquer momento seja uma taxa de equilíbrio.

Noutra vertente, o plano sinaliza a necessidade de criar

um setor privado mais produtivo através da canalização,

para este efeito, de recursos previamente captados para

financiamento público sob a forma de linhas de crédito

num montante global que poderá atingir os 5,5 mM$

até 2025.

Do lado da despesa, a estratégia propõe ações para a

redução das mesmas, indo ao detalhe, desde a redução

dos custos com viagens, à compra de viaturas com

menor cilindragem, bem como o congelamento de

salários e da contratação de novos profissionais com

exceção aos setores da saúde, educação e assistência

social. Do lado das receitas foram elencados um

conjunto de impostos e ações que devem ser reforçados

para aumentar as receitas fiscais não petrolíferas, tais

como o imposto sobre operações financeiras de 0,1% e

a cobrança do Imposto Predial Urbano.

Nova Lei do Investimento

Privado

Ainda no campo das oportunidades, especial referência

para a nova Lei do Investimento Privado (NLIP),

publicada ainda em 2015, no dia 11 de agosto. O novo

quadro legal faz uma separação clara entre as entidades que são envolvidas no processo negocial e as entidades

que têm competência para aprovar os projetos de

investimento, separação essa que difere consoante o valor do investimento a realizar. No plano central

compete ao Presidente da República, enquanto titular do

poder executivo, definir e aprovar a política geral de

investimento e aprovar diretamente os investimentos de valor igual ou superior a 10 M$. Para assessorar o Chefe

de Estado nesta matéria, foi criada uma Unidade Técnica

para o Investimento Privado, UTIP, junto da Presidência.

As competências para aprovar, acompanhar e fiscalizar projetos de investimento ficaram, segundo o

Regulamento, repartidas da seguinte forma: i) projetos

de investimento até 10 M$ – departamento ministerial da área da atividade dominante do investimento, por

intermédio das respetivas Unidades Técnicas de Apoio ao

Investimento; ii) projetos de investimento de montante

superior a 10 M$ e investimentos nos setores financeiro,

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

mineiro e diamantífero – Presidente da República, através

da Unidade Técnica para o Investimento Privado do

Titular do Poder Executivo; e iii) investimentos de

montante superior a 50 M$ que criem entre 200 a 500 postos de trabalho para cidadãos angolanos

(dependendo da zona onde o projeto ficar instalado) –,

será criada uma Comissão de Negociação de Facilidades e

Incentivos para negociar os incentivos com o investidor.

Governo cria Agência de

Promoção do Investimento e das

Exportações de Angola

Outra vertente importante no novo quadro estratégico é

a criação da Agência de Promoção do Investimento e

das Exportações de Angola, instituição que visa captar

o investimento estrangeiro e promover os produtos e as

marcas nacionais tanto internamente como, sobretudo,

no exterior. AAPIEX sucede à ANIP, que desde 2003

geria a entrada do investimento estrangeiro no país. Esta reforma não surgiu propriamente em resposta à crise que

o país enfrenta desde finais de 2014, altura em que a

quebra do preço da sua principal commodity se acentuou, mas o novo contexto internacional e nacional

apressou a sua conclusão. A única vertente que resta da

ANIP é a da promoção, já que as competências respeitantes à receção, coordenação e supervisão do

investimento privado, foram transferidas para estruturas

sob alçada dos ministérios e do próprio Chefe de

Estado.

Nova Lei Geral do Trabalho

As alterações à Lei Geral do Trabalho foram discutidas

durante cerca de dois anos, através de consulta pública com a participação de representantes das instituições

públicas que atuam diretamente na área da proteção dos

direitos dos trabalhadores, de representantes dos maiores grupos económicos privados do país e,

naturalmente, de juristas. Com a nova Lei Geral do

Trabalho (Lei n.º 7/15, de 15 de junho de 2015), passa a ser possível celebrar contratos de trabalho por tempo

determinado por períodos de até cinco ou dez anos,

dependendo da dimensão da empresa, ao contrário do

prazo máximo previsto na lei anterior ao abrigo da qual, após o decurso de três anos, ocorria uma transformação

automática do contrato em contrato por tempo

indeterminado. Para além do alargamento da duração deste tipo de contratos de trabalho, o empregador deixa

de estar obrigado a limitar a contratação por tempo

determinado às circunstâncias que eram taxativamente referidas na lei anterior. Uma breve nota para referir que

as regras para a contratação de expatriados, no que

respeita ao período máximo de duração dos respetivos

contratos, mantém-se inalteradas. Desta forma, ao abrigo do Decreto 6/01 de 19 de janeiro (Regulamento

sobre o exercício da atividade profissional do trabalhador

estrangeiro não residente), a duração máxima de um

contrato de trabalho com um estrangeiro não residente

continua a ser de três anos, devendo o trabalhador regressar ao seu país de origem findo o contrato.

Desaparece, assim, a ideia de renovação automática do

contrato quando não é cumprido o aviso prévio. O estabelecimento de regras diferenciadas em função da

dimensão da entidade empregadora reflete o sentido de

maior equilíbrio na distribuição de responsabilidades

pelas empresas e é mais um instrumento para a prossecução da política de estímulo e proteção das

médias, pequenas e micro empresas encetada pelo

Governo angolano nos últimos anos, ainda dentro do espírito da reconstrução nacional, e hoje, um dos pilares

da diversificação da economia.

Movimentos de consolidação no

setor bancário

Um relatório recente da consultora Eaglestone apontava

como “insustentável” a existência de 29 bancos a operar em Angola, prevendo “vários movimentos de consolidação no setor bancário a curto a médio prazo.”

Os motores da consolidação, referia, serão atores estrangeiros, mas também é sustentada a necessidade de alguns dos bancos ganharem dimensão, ou

corresponderem aos novos e mais exigentes requisitos de capital, bem como alterar a atual estrutura acionista das instituições bancárias angolanas.

Em instituições como o BIC, Banco de Negócios Internacional, Banco Comercial do Huambo e Banco Valor, os gestores ainda são dos principais acionistas,

havendo espaço para encontrar um parceiro internacional ou mesmo vender diretamente uma participação.

A fusão entre o Banco Privado Atlântico (BPA) e o Millennium Angola deverá dar início a uma vaga de

fusões na banca comercial em Angola, com o objetivo de ultrapassar adversidades como a menor rentabilidade do negócio, de acordo com analistas internacionais. A fusão

BPA/Millennium Angola, que criará o quinto maior banco angolano em ativos, foi anunciada em outubro de 2015 como forma de assegurar condições de crescimento em contexto adverso e responder às alterações da supervisão

europeia, que veio penalizar os bancos portugueses expostos a Angola, um movimento que deverá ter sequência.

A Economist Intelligence Unit (EIU) sublinha, no seu mais recente relatório sobre Angola, ter sido esta a

primeira vez que dois bancos angolanos se fundiram e recordou que o Banco Privado Atlântico tem estado a negociar uma operação semelhante com a filial do russo

VTB. “Com a rentabilidade a recuar e outros desafios associados que os bancos angolanos enfrentam, é

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

provável uma consolidação do setor através de fusões”,

afirma a EIU.

Angola formalizou, em março,

pedido de assistência económica

e financeira ao FMI, com o

conjunto de medidas e reformas

estruturais que deverá estar

associado a representar, em si

mesmo e (pelo menos) a médio

prazo, uma grande oportunidade

para o país

Refira-se, entretanto, que os fortes riscos e desafios

económicos, provocados essencialmente pela quebra dos

preços do petróleo, levaram o Governo angolano, em

março, a solicitar ajuda ao FMI, procedendo à

formalização de um pedido de assistência económica e

financeira. A revelação foi feita pelo próprio FMI, já em

abril, que referiu estar pronto para apoiar Angola, um

dos principais mercados das exportações portuguesas e

um dos maiores investidores recentes em Portugal. O

programa de assistência deverá ter o prazo de três anos

(ver tópico “Análise do FMI à Economia de Angola e

Pedido de Assistência Económica e Financeira ao

FMI”). Este pedido de assistência económica e

financeira, com o conjunto de medidas e reformas

estruturais que naturalmente lhe estarão associadas,

constitui, em si mesmo e (pelo menos) a médio prazo,

uma grande oportunidade para o país.

INFLAÇÃO

Em março, a inflação, medida pelo crescimento

homólogo do índice de preços no consumidor (IPC)

na cidade de Luanda – o índice de referência do Banco Nacional de Angola (BNA) –, subiu de 20,26% para 23,60%, acelerando, pelo 14.º mês consecutivo e depois

de duas desacelerações, retomando, nos últimos 14 meses, o anterior ciclo de cinco acelerações e ascendendo a um máximo desde abril de 2005

(+27,02%, segundo a série longa do FMI), afastando-se do registo de junho de 2014 (+6,89%), o mais baixo desde que, em 1992, se iniciou a série mensal do FMI.

Esta evolução da inflação homóloga no mês de março

esteve associada a uma variação mensal do IPC de

cerca de 3,46%, superior à observada em fevereiro (+3,28%) e à registada em março de 2015 (+0,63%). A

classe saúde foi a que registou o maior aumento de

preços com 15,91%. Destacam-se também os aumentos

dos preços verificados nas classes de bens e serviços

diversos (+5,21%), das bebidas alcoólicas e tabaco

(+4,42%) e da alimentação e bebidas não alcoólicas

(+3,58%). Ao nível do contributo para a variação

mensal do IPC, a classe de alimentação e bebidas não

alcoólicas foi a que mais contribuiu para o aumento

mensal do nível geral de preços, com 1,76 p.p..

Inflação deverá regressar para

níveis abaixo dos dois dígitos

apenas em 2019

Em termos médios anuais, em 2014, a inflação cifrou-se

em 7,3% (+8,8% em 2013), o mais baixo registo desde

1990, mas tendo em 2015 registado uma forte

aceleração para 10,3%. A depreciação mais

acentuada do kwanza face ao dólar, desde os finais

de 2014, foi um dos principais fatores para esta forte

pressão sobre os preços internos, tendo levado a

inflação a ultrapassar novamente os dois dígitos no

passado mês de julho de 2015, o que já não acontecia

desde julho de 2012.

Em termos de perspetivas para a evolução dos

preços, para o ano de 2016, a desvalorização do kwanza

face ao dólar (que vai continuar a agravar os preços dos serviços, bens e matérias primas importadas), o

agravamento da pauta aduaneira, as políticas protecionistas e o aumento dos preços dos combustíveis (o Governo tem vindo a cortar os subsídios aos

combustíveis desde setembro de 2014, o que tem vindo naturalmente a exercer uma pressão ascendente sobre os

preços), deverão provocar um novo agravamento da

inflação dos 10,3% observados 2015 para 19,1% em

2016 (representando uma considerável revisão, em

alta, face à nossa anterior previsão de 15,2%,

realizada em março de 2016), mantendo-se, pelo 2.º ano consecutivo, acima do objetivo de inflação [+7,0%; +9,0%] do BNA, tratando-se de um valor

significativamente acima dos 7,0% previstos pelo Governo no OE 2016. Refira-se que estão programados mais cortes nos subsídios aos preços dos combustíveis,

com naturais impactos ascendentes sobre os preços (o OE 2016 contempla novas diminuições para este ano).

Posteriormente, apesar de prevermos que o BNA dê continuidade ao aperto da política monetária que tem vindo a adotar para conter as pressões inflacionistas, tal

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

deverá ser insuficiente para conter a inflação no curto

prazo. Com as pressões inflacionistas a deverem ser impulsionadas pelos gastos do Governo (designadamente no âmbito da preparação para as

eleições legislativas em 2017) ou por preços mais elevados das matérias-primas não petrolíferas, apontamos para taxas de inflação ainda acima do

objetivo do BNA ao longo de todo o horizonte de

previsão, não obstante se perspetivar o início de uma trajetória descendente da inflação (em termos anuais) a partir do próximo ano, prevendo-se uma redução para

15,2% em 2017 e o alcance de um valor em torno dos

9,4% em 2020.

POLÍTICA MONETÁRIA

Na reunião de 29 de março, o Comité de Política

Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA)

decidiu tornar novamente a sua política monetária

mais restritiva, optando por subir as suas principais

taxas de juro, após ter analisado a evolução dos indicadores dos setores real, orçamental, monetário e externo referentes ao mês de fevereiro, bem como o comportamento da economia mundial. Em concreto, o BNA referiu ter sido prestada particular atenção aos fatores que determinam a trajetória recente dos preços na economia angolana, com vista à tomada das medidas de política monetária, tendo, em termos concretos, decidido: i) aumentar a taxa de juro básica - taxa BNA

- de 12,00% para 14,00%; ii) aumentar a taxa de juro

da facilidade de cedência de liquidez de 14,00%

para 16,00%; iii) aumentar a taxa de juro da

facilidade permanente de absorção de liquidez a

sete dias de 1,75% para 2,25%.

BNA decidiu, em março, tornar a

sua política monetária mais

restritiva, pela 2.ª vez em 2016,

depois de ter iniciado um ciclo

de aperto da sua política em

2015, tendo, ao longo desse ano,

aumentado a sua taxa de juro

básica por cinco ocasiões

Esta decisão de aumento de taxas surge depois de o CPM do BNA ter decidido manter o stance da sua política monetária na reunião anterior, que decorreu a 29 de

fevereiro, e após já ter decidido, na primeira reunião de

2016, que decorreu em 30 de janeiro, tornar a sua

política monetária mais restritiva, tendo nessa ocasião optado por aumentar em 100 p.b. tanto a taxa de juro

básica (para 12,00%), como a taxa de juro da

facilidade de cedência de liquidez (para 14,00%),

mas mantido a taxa de juro da facilidade

permanente de absorção de liquidez a sete dias (em

1,75%).

Recorde-se que, ao longo de 2015, a política do BNA

permaneceu focada no controlo da liquidez do sistema bancário, visando a manutenção e garantia da estabilidade de preços e da estabilidade do sistema financeiro, proporcionando, assim, espaço para o aumento do crédito a outros residentes e, consequentemente, do crescimento económico. A escalada da inflação em 2015 levou o BNA a iniciar um ciclo de aperto da sua política, tendo, ao longo do ano, aumentado a sua taxa de juro básica por cinco ocasiões. Em concreto, na derradeira reunião de 2015, o CPM do BNA decidiu: i) aumentar a taxa de juro básica de

10,50% para 11,00% (tinha encerrado 2014 em 9,00%); ii) aumentar a taxa de juro da facilidade

permanente de cedência de liquidez, de 12,50%

para 13,00% (tinha encerrado 2014 em 9,75%); iii)

reduzir a taxa de juro da facilidade permanente de

absorção de liquidez overnight, de 1,75% para

0,00% (tinha encerrado 2014 em 1,75%); e iv) instituir

uma taxa de juro de facilidade permanente de

absorção de liquidez com maturidade de sete dias,

fixando-a em 1,75%.

Política monetária permaneceu

em elevada sintonia com a

política orçamental ao longo de

2015

A implementação da política monetária por parte do BNA manteve-se em elevada sintonia com a execução da política fiscal, ao longo de todo o ano de 2015. As interações entre ambas as políticas intensificaram-se no decorrer do ano, à medida que se foi tornando cada vez mais evidente o impacto na economia angolana da queda dos preços do petróleo. Para além da habitual

gestão da liquidez, por via do acompanhamento

regular dos fatores determinantes da base monetária, a coordenação das políticas orçamental e monetária

centrou-se, com elevada regularidade, na preservação

da estabilidade macroeconómica e financeira

(traduzida pelo assegurar da solvabilidade externa da economia, o controlo da inflação e o financiamento do Tesouro do Estado, sem comprometer o rácio da dívida,

13

Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

por forma a permitir a execução da despesa pública), e

na gestão da procura agregada da economia, para

assegurar a manutenção de um crescimento positivo do PIB. A execução coordenada das políticas orçamental e monetária assentou na combinação de instrumentos de ambas com o fim de permitir a gestão da liquidez do setor bancário e uma adequação das reservas do sistema financeiro compatível com a oferta de títulos públicos, bem como viabilizar um reforço a nível da gestão da taxa de câmbio e a proteção das reservas internacionais.

Desenvolvimentos monetários e

financeiros

Ao nível dos desenvolvimentos monetários e financeiros, segundo os dados divulgados pelas últimas contas monetárias do BNA disponíveis, o stock de crédito ao

setor privado da economia (exclui crédito à Adm.

Central) cifrava-se no final de fevereiro de 2016, nos 3 665 mil milhões de kwanzas, representando um acréscimo de 21,8% face ao período homólogo (3,011 mil milhões de kwanzas no final de fevereiro de 2015) e depois de ter encerrado 2015 nos 3,469 mil milhões de kwanzas, um valor 17,7% superior ao observado no final de 2014 (2,947 mil milhões de kwanzas). Isto após ter crescido 0,7% em 2014, já em forte abrandamento face aos acréscimos observados em 2013 e 2012 (+10,5% e +23,9%, respetivamente). Por sua vez, o agregado

monetário M3 – que é composto pelas notas e moedas

em circulação, pelos depósitos à ordem e a prazo e pelos outros instrumentos financeiros – ascendia no final de 2015 a 5,712 mil milhões de kwanzas, o que representava uma expansão de 11,8% face ao período homólogo (5,110 mil milhões de kwanzas), depois de ter expandido 16,2% em 2014, 13,2% em 2013 e 5,7% em 2012. Já em 2016, o agregado M3 fechou o mês de fevereiro nos 6,052 mil milhões de kwanzas, um valor 18,3% superior ao observado no período homólogo.

Deterioração da posição externa

do país

Realce-se também a deterioração da posição externa do país, refletindo essencialmente a redução dos ativos externos líquidos. Os dados mais recentes, referentes a março, apontam para que as reservas cambiais tenham subido nesse mês, dos 23,89 mM$, observados em fevereiro, para 24,15 mM$, representando uma queda de 5,8% face ao período homólogo (-8,8% em fevereiro) e encontrando-se 29,0% abaixo do pico máximo observado em setembro de 2013 (34,02 mM$).

Tendência de “desdolarização”

da economia interrompida em

2015, refletindo a forte

desvalorização do kwanza

Refira-se que o BNA tem promovido a

“desdolarização” da economia desde 2011, tendo

implementado em outubro de 2013 a última fase da nova lei cambial, que obriga as empresas petrolíferas a efetuar o pagamento a fornecedores não-residentes através de bancos nacionais. Essa tendência de

desdolarização viu-se, no entanto, interrompida em

2015, refletindo naturalmente a forte

desvalorização do kwanza, com o crédito e os

depósitos em moeda estrangeira, em termos agregados, a manterem sensivelmente inalterado o seu peso no total do crédito e dos depósitos, com a redução do peso do dólar que continuou a observar-se em 2015 nos depósitos a ser contrariada pelo aumento do peso do dólar nos créditos. O crédito em moeda estrangeira ao setor privado não financeiro representava cerca de 28% do total do crédito no final de 2015, acima dos 25% observados no final de 2014, mas mantendo-se ainda abaixo dos 36% observados no final de 2013. Já os depósitos em moeda estrangeira representavam, no final de 2015, 15% do total dos depósitos, abaixo dos 19% e 21% observados, respetivamente, no final de 2014 e 2013. Em termos agregados, o montante global de créditos (ao setor privado) e de depósitos em moeda estrangeira representava no final de 2015 cerca de 20% do total, sensivelmente o mesmo que no final de 2014 (21%), mas já mais abaixo dos 27% no final de 2013.

POLÍTICA CAMBIAL

A cotação oficial do kwanza depreciou 1,9% face ao dólar em 2014 (-1,2% em 2013), depreciação que continuou a observar-se e se intensificou ao longo de 2015 – que foi visível em todos os mercados, e especialmente no informal –, dando continuidade à tendência que dura desde o início do milénio, com o kwanza a terminar o ano a apresentar uma depreciação média anual de 22,1% (-31,5%, quando comparada a cotação de fecho de 2015 com a de fecho de 2014), representando a maior depreciação desde a

observada em 2003 (-80,7% em termos médios e -38,6% em termos de final de período).

Kwanza intensificou tendência

de depreciação, penalizado pela

queda dos preços do petróleo

A dinâmica do mercado cambial ao longo de 2015 foi amplamente influenciada pela queda do preço do petróleo, traduzindo-se a taxa de câmbio no mais

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

percetível canal de transmissão dos efeitos dos choques externos sobre o setor real da economia. As importações representam, em média, pouco menos de 1/3 da oferta total de bens e serviços da economia, e as restrições às divisas, tanto pelo efeito preço, como pelo efeito quantidade sentido pelos agentes económicos, agravadas por uma procura de divisas improdutiva, impactaram significativamente no movimento depreciativo da taxa de câmbio do kwanza ao longo de 2015. Do ponto de vista dos fundamentos do mercado, a redução do preço do petróleo a partir do 2.º semestre de 2014 e o aumento da procura por moeda estrangeira (oferta excessiva de kwanzas), refletiram-se na degradação do excedente global das contas externas em 2014 e nas perspetivas de evolução negativa das contas externas em 2015, com efeitos diretos de depreciação da taxa de câmbio de referência.

BNA cortou a taxa de câmbio

oficial do kwanza por duas vezes

em 2015, em junho e em

setembro, e ambas em cerca de

6%, representando as maiores

reduções pontuais desde 2009…

No início de junho de 2015, o BNA procedeu a uma desvalorização do kwanza, cortando a taxa oficial em cerca de 6%, para 116,70 AOA/USD. Esta foi a maior redução pontual desde 2009, mas que não se revelaria suficiente para reduzir a pressão sobre a moeda. Na verdade, essa desvalorização da cotação oficial em meados de 2015 teve pouco impacto sobre a taxa informal, com os operadores de câmbio nas ruas de Luanda a venderem dólares, no final de julho (cerca de dois meses após a redução da taxa oficial do kwanza por parte do BNA), entre 180 AOA/USD e 200 AOA/USD, e os bancos comerciais a venderem, supostamente, a moeda a 125,6 AOA/USD no final de agosto. Neste sentido, cerca de três meses depois (início de setembro) o BNA voltou a proceder a uma desvalorização da taxa de câmbio oficial do kwanza, igualmente em cerca de 6%, colocando-a em 134,7 AOA/USD, mas continuando a não se revelar suficiente (nesse período, a moeda estava a ser transacionada no mercado informal acima dos 210,0 AOA/USD). De facto, não obstante a desvalorizações observadas ao longo do ano de 2015, a cotação oficial do kwanza estava (e, ainda permanece) distante dos preços praticados no mercado informal, de rua, que representa a única solução face às dificuldades dos clientes em acederem a divisas junto dos bancos comerciais. Na origem desta situação está, como referido, a forte quebra na cotação internacional do barril de crude, que fez cair para metade as receitas orçamentais angolanas com a exportação de petróleo e, como corolário, com a entrada de divisas. O Governador do banco central angolano,

José Pedro de Morais Júnior, tem vindo a reiterar que o BNA recebeu um mandato (do Governo) para tomar as medidas necessárias para descomprimir, na medida do possível, a pressão existente ao nível do mercado cambial, para evitar situações de rotura de stocks e para resolver os problemas que se vão colocando, com grande acuidade, ao nível dos agentes económicos.

… voltando a reduzi-la, mais

expressivamente, no inicio do

ano

Entretanto, já em 2016, o BNA voltou a diminuir a cotação oficial do kwanza e de forma mais expressiva, diminuindo-a, no dia 6 de janeiro, em cerca de 15%,

para 156,39 AOA/USD, num novo esforço de reduzir o fosso entre a taxa de câmbio oficial e a taxa praticada no mercado informal/paralelo. Tratou-se da terceira desvalorização da taxa oficial do kwanza por parte do BNA em sete meses, passando a ser a maior queda pontual da moeda angolana em mais de uma década. Posteriormente, foram sendo realizadas, ao longo destes primeiros meses do ano, outras desvalorizações pontuais do kwanza, mas de bem menor intensidade. O BNA espera que a redução das disparidades das cotações da moeda doméstica em ambos os mercados ajude a reduzir a atividade no mercado negro. A mudança de ano parece, assim, ter trazido uma ainda maior abertura do banco central de Angola à desvalorização do kwanza. Note-se, no entanto, que as disparidades da cotação do kwanza entre os mercados formal e informal permanecem elevadas. No passado dia 6 de abril, a cotação oficial do kwanza era de cerca de 163,89 AOA/USD, bastante abaixo dos valores a que o kwanza é transacionado no mercado informal (segundo informações veiculadas pela SIC Notícias, o kwanza foi, nesse dia, transacionado à volta dos 450,00 AOA/USD).

Note-se que, no âmbito da estratégia do Governo para a saída da crise, aprovada em 21 de janeiro de 2016, são dadas indicações para que o mercado cambial se torne flexível, fazendo com que a taxa de câmbio do país passe a ser, de facto, flutuante, permitindo que a taxa em vigor em qualquer momento seja uma taxa de equilíbrio.

Espera-se que o kwanza mantenha nos próximos meses uma tendência de depreciação, perspetivando-se uma depreciação média anual de 44,0% face ao dólar em

2016, devendo voltar a depreciar em 2017, mas a um ritmo inferior (-14,8%), com a moeda a dever continuar a depreciar até final do período de previsão, mas a um ritmo ainda mais moderado (média de -9.0%), prevendo-se que passe de um valor médio de cerca de 198,6 AOA/USD em 2017 para 257,1 AOA/USD em 2020.

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POLÍTICA ORÇAMENTAL

Perante a descida significativa dos preços do petróleo observada desde meados de 2014, atingindo o brent, no início de 2015, níveis perto dos 45 dólares/barril, o Governo apresentou um Orçamento do Estado Retificativo para 2015 (OER 2015), que foi aprovado pelo Parlamento a 19 de março. Ainda que prevalecesse alguma incerteza relativamente ao ímpeto de recuperação dos preços do petróleo ao longo de 2015 e para que níveis, os dados dos mercados de futuros sugeriam, nessa altura, que o preço do brent se devesse situar em torno dos 50 dólares por barril no final de 2015 (acabou por fechar 2015 nos cerca de 37 dólares por barril). Perante as perspetivas de então, as autoridades decidiram alterar os pressupostos do Orçamento Geral do Estado (OE 2015), de forma a manter uma atitude conservadora relativamente às finanças públicas. Assim, no OER 2015, o Governo reviu em baixa o preço de referência do barril de petróleo para 40 dólares, menos de metade dos 81 dólares que tinha considerado no OE 2015 (o documento inicial foi produzido quando os preços do petróleo ainda flutuavam em torno dos 90 dólares e as previsões do FMI de outubro de 2014 apontavam para um preço de referência de 99 dólares em 2015). O OER 2015 continuou, ainda assim, a apontar para um orçamento expansionista e de suporte ao crescimento.

Estimativas do Governo (no OE

2016) quanto à evolução

orçamental em 2015

No OER 2015, o Governo apontou para um agravamento do défice orçamental dos 3,1% então estimados para 2014, para um défice de 7,0% em 2015

(-7,6% no OE 2015). Entretanto, já no Orçamento de Estado para 2016 (OE 2016), aprovado pelo Parlamento em 12 de dezembro de 2015, o Governo veio estimar um défice inferior para 2015.

Segundo refere o Executivo angolano no documento, os desenvolvimentos orçamentais de 2015, que se traduzem na expectativa da emergência de um défice orçamental global anual em cerca de 4,2% do PIB, refletem uma melhoria de 2,8 p.p. do PIB face ao défice anteriormente previsto, no âmbito do OER 2015. As projeções para 2015 constantes do OE 2016 apontam para que a despesa pública registe uma queda de 21,6% face ao nível de despesa executada em 2014, devendo ter atingido em 2015 um montante de 3 776,2 milhões de kwanzas. A despesa corrente foi estimada em 2 639,7 mil milhões de kwanzas, representando 20,7% do PIB, enquanto a despesa de capital foi

estimada situar-se em 1 136,5 mil milhões de kwanzas, correspondendo, segundo as estimativas do Governo, a 8% do PIB. O ano de 2015 foi marcado pela continuação da execução da estratégia de reforma dos subsídios aos combustíveis, em razão do elevado grau de subsidiação económica global que a economia apresentava na ordem dos 5% do PIB.

Relativamente à receita, as contas do fisco assinalam uma queda anual da receita fiscal em 2015 estimada de 26,4%, face ao ano de 2014. O Governo estima que a receita total se tenha cifrado em 3 240,7 mil milhões de kwanzas, que estima corresponder a 25,4% do PIB, um valor acima do previsto no OER 2015, graças, designadamente, aos esforços adicionais na arrecadação de receitas fiscais não petrolíferas. De facto, enquanto o Governo projeta uma queda anual da receita petrolífera na ordem de 40,3%, cifrando-se em 1 616,3 mil milhões de kwanzas (12,7% do PIB, segundo as estimativas do Governo), a receita não-petrolífera deverá registar um importante aumento de 13,8%, representando cerca de 12,74%.

Depois do forte agravamento em

2014, o défice terá aliviado em

2015 e encetado uma tendência

de melhoria ao longo do período

de previsão

Em temos anuais, segundo o FMI, ter-se-á registado um défice de 0,3% do PIB em 2013, quando tinha sido orçamentado um défice de 3,7%, com este melhor desempenho a beneficiar das receitas do petróleo e das despesas abaixo do estipulado. Refira-se, em todo o caso, que o valor do saldo pelo FMI estimado para 2013 diverge consideravelmente com as estimativas do Governo (+0,3%) – note-se que é frequente observar-se divergências consideráveis entre as estimativas do Governo e, por exemplo, as do FMI. Para 2014, o FMI estima um forte agravamento do défice orçamental para 6,6%, prevendo depois um desagravamento do défice em 2015, para 4,1% (-4,2%

segundo as estimativas do Governo no OE 2016). O FMI prevê depois um novo agravamento em 2016, para um défice de 7,1% (o Governo prevê um agravamento para -5,5%), encetando posteriormente uma tendência de gradual alívio da situação orçamental a partir de 2017, mas não devendo deixar de ser deficitária até ao final do período de previsão (FMI prevê -3,6% em 2020, valor que prevê igualmente para 2021).

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CONTAS EXTERNAS

A balança corrente de Angola foi o primeiro canal (e direto) de transmissão da queda do preço do petróleo na economia nacional, pela ligação imediata entre as exportações líquidas e o PIB. Com a queda do preço do petróleo, as exportações petrolíferas registaram uma queda de 57,6%, entre agosto de 2014 e agosto de 2015. A balança de bens registou, no mesmo período, uma redução de 67,9%, tendo evoluído de 3 227,1 milhões de dólares (m$) para 1 037,4 m$. Os desequilíbrios no mercado cambial, por conta da excessiva oferta líquida de kwanzas no mercado cambial, pesou negativamente sobre as importações totais, que se viram agravadas, por via da desaceleração das componentes importadas da procura agregada da economia.

Apesar da prevalência dos défices estruturais ao nível das balança de serviços, balança de rendimento e

balança de transferências correntes, a balança corrente foi-se apresentado excedentária até 2013, mas tendo, no entanto, vindo a registar desde 2012 uma tendência de queda, refletindo a instabilidade do preço do petróleo nos mercados internacionais, mas também os recuos da produção física das ramas angolanas, no período 2009-2014, justificada pela ocorrência de problemas técnico operacionais em diversos blocos petrolíferos, e o atraso no arranque de alguns projetos, afetando a balança de bens, que, estruturalmente, tem sido a única fonte de procura líquida de kwanzas, tanto ao nível da balança corrente, como ao nível do conjunto da balança de pagamentos.

Défice da balança corrente

deverá ter-se intensificado

bastante em 2015, refletindo a

quebra dos preços do petróleo,

mas devendo aliviar ligeiramente

este ano

No ano de 2015, Angola deparou-se com uma acentuada deterioração dos termos de troca, refletindo a forte queda nos preços do petróleo observada ao longo do ano (a cotação do brent caiu 35,0% entre o final de 2014 e o final de 2015, ao passo que a do WTI desceu 30,5%). Embora o consumo interno de petróleo deva ter permanecido estável, as receitas totais de exportação deverão ter caído cerca de 30%, realçando, uma vez mais, a dependência da economia angolana do setor dos hidrocarbonetos e os contínuos falhanços nas tentativas de diversificação. As importações também deverão ter caído em 2015, refletindo uma moderação do investimento público causado pelo contexto desfavorável do preço do petróleo, enquanto a desvalorização do kwanza terá, por sua vez, condicionado a procura por parte dos consumidores.

Neste sentido, estimamos que a balança corrente tenha registado um novo défice em 2015 e em forte agravamento, depois de em 2014 ter observado um défice de 2,9% do PIB, representando o 1.º défice desde a recessão mundial de 2009 (quando o défice ascendeu a -10,0% do PIB), sendo que, embora os preços do petróleo devam recuperar ao longo do período de previsão (2016/20), a recuperação não deverá ser tão intensa como a observada após a queda dos preços de 2009, o que significa que a balança corrente não deverá, tão rapidamente, regressar a uma situação excedentária. Para 2015, estimamos um agravamento do défice da balança corrente, de 2,9% do PIB para 8,2%, prevendo-se um novo agravamento em 2016, para cerca de 10,5%. No entanto, a melhoria dos preços do petróleo durante os próximos anos deverá permitir ao défice corrente moderar, prevendo-se um alívio em 2017 para um défice de 8,8% e a manutenção dessa tendência de alívio ao longo do período de previsão, devendo chegar-se a 2020 com um défice de 3,8%.

POPULAÇÃO

Estatísticas demográficas precisas para Angola são raras. Angola realizou o seu 1.º censo desde 1970 em maio de 2014. Os Resultados Preliminares do Censo de 2014, com referência à data de 16 de maio de 2014, mostraram que a população residente em Angola era de 24,3 milhões de habitantes, sendo 11,8 milhões do género masculino (48%) e 12,5 milhões do feminino (52%). A província de Luanda é a mais populosa, com 6,5 milhões de residentes, o que corresponde a 27% do total do país. Pelo contrário, a província do Bengo, com

351 579 habitantes, é a menos populosa do país. Angola tem uma superfície de 1 252 145 Km

2 (valor que difere

ligeiramente dos 1 246 700 Km2 que são atualmente

assumidos pela CIA no World Fact Book), com uma densidade populacional de 20 habitantes por Km

2,

menos cinco vezes que o observado em Portugal (em 2014, 112,8 habitantes por Km

2). Luanda, além de ser a

província com o maior número de habitantes (27% da população total), é igualmente a província com maior densidade populacional com 347 habitantes por Km

2,

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

apesar da sua pequena dimensão territorial (18 834 Km

2). No extremo oposto encontram-se duas províncias

do leste do país, nomeadamente a província do Cuando Cubango, com cerca de 3 habitantes por Km

2, seguida

pela província do Moxico, com 4 habitantes por Km2. Os

dados divulgados pelo INE de Angola mostram ainda que 62,3% da população reside em áreas urbanas. No entanto, estes dados provisórios devem ser olhados com cautela. O reduzido conhecimento estatístico do país é um dos principais problemas e coloca desafios para o planeamento político e económico de Angola. Por exemplo, um estudo oficial, o Inquérito sobre o Bem-Estar da População, desenvolvido em 2009, conjuntamente pelo Banco Mundial, a UNICEF e o INE de Angola, foi baseado numa amostra de apenas 12 mil famílias, existindo um grande ceticismo sobre o que é extrapolado nesse estudo, como é o caso da taxa de pobreza estimada em 36% (com analistas angolanos a sugerirem, pelo contrário, uma taxa entre 50% e 60%). Mesmo o número total da população não é claro. Até 2010, as estimativas da população variavam entre 14 e 18 milhões de pessoas, variando muito entre os diferentes departamentos governamentais. Para 2011, o Banco Mundial estimava um total de 21,9 milhões, apontando para os 24,2 milhões em 2014 (um crescimento médio anual de 3,3%), pese embora com a Unicef a estimar que menos de 1/3 dos angolanos sejam registados ao nascer, o que sugere que uma parte substancial da população é dada como desaparecida. Tratam-se, pois, de discrepâncias significativas.

População jovem continuará a

crescer rapidamente

No entanto, apesar da falta de dados fiáveis, é possível identificar algumas tendências demográficas gerais. A assumir maior destaque pela positiva está o facto de Angola ter uma população jovem, até mesmo para os padrões da África Subsariana. O Governo estima que mais de 2/3 da população tem menos de 20 anos de idade. Estimamos que a população tenha registado uma taxa de crescimento média anual de 3,3% entre 2009 e 2014. Dada a pouca idade da população, associada a uma elevada taxa de fertilidade, as mulheres têm em média seis filhos. A população vai crescer rapidamente, prevendo-se que ultrapasse os 29 milhões em 2020. Angola tem um nível relativamente elevado de urbanização, uma consequência da guerra civil, que deslocou uma grande proporção da população rural para as cidades. A taxa de urbanização oficial é de 40%. No entanto, em 2011, o Departamento dos Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas estimou esta taxa em 59,2%, refletindo com maior precisão o tamanho da população da Capital, Luanda, e levando em conta o rápido crescimento de Lobito, Lubango, Cabinda, Benguela e Huambo. Além disso, com a nova composição demográfica, a população urbana deverá crescer de forma extremamente rápida no período

2015/20.

Estatísticas de saúde estão a

melhorar, mas apenas

lentamente

Angola tem ficado perto dos valores mais baixos do

Índice de Desenvolvimento Humano do Programa das

Nações Unidas de Desenvolvimento, ficando em 149.º

lugar em 187 países no relatório de 2014, com a

expectativa de vida à nascença a ser de apenas 51,9

anos. Doenças como a malária, disenteria provocada por

diversos vírus e bactérias, doenças respiratórias,

tuberculose e sarampo são as maiores causas de morte

por motivo de saúde. Existem também epidemias de

cólera e de poliomielite recorrentes, que tinham sido

eliminadas e regressaram nos últimos anos. O Governo

tem feito alguns progressos na melhoria da saúde desde

o fim da guerra civil em 2002. Existem poucos dados

recentes, mas, de acordo com os últimos dados do

Banco Mundial, a mortalidade infantil caiu de 25,5% em

2002 para 9,9% em 2014. No entanto, as condições de

vida para os angolanos comuns permanecem muito

fracas, com o Banco Mundial a estimar que em 2014

apenas 48,6% da população tivesse acesso a água

potável e 51,1% acesso a saneamento.

De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas

sobre o HIV/SIDA, a taxa de adultos infetados em Angola

é razoavelmente baixa para os padrões da África

Subsariana, sendo estimada em 2,3% dos adultos com

idades compreendidas entre os 15-49 anos em 2012 (o

equivalente a 250 mil pessoas) – segundo o BM, terá

sido de 2,4% em 2014. No entanto, Angola é um dos

poucos países africanos onde as novas infeções por HIV e

mortes relacionadas com a infeção têm aumentado na

última década. O isolamento causado pela guerra

desempenhou, em parte, uma limitação à infeção, mas

que acabou por aumentar com o regresso dos refugiados

dos países vizinhos, com elevadas taxas de infetados, e

com uma reabertura de rotas de camiões para a

Namíbia, o que, juntamente com uma das taxas de

natalidade mais elevadas do mundo e pobreza

generalizada, impulsionaram um aumento da taxa de

infeção, sobretudo nas regiões orientais de Angola. As

novas infeções por HIV aumentaram de 19 mil, em 2011,

para 28 mil, em 2012, um crescimento de 47%. A

cobertura do tratamento antirretroviral é muito baixa;

apenas 15% das crianças elegíveis e 48% dos adultos

tiveram acesso ao tratamento em 2012, no âmbito das

orientações da Organização Mundial de Saúde em 2010.

As populações mais vulneráveis são os pobres nas regiões

urbanas e as comunidades remotas e carentes do

interior, onde os serviços de saúde e informações são

diminutos.

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

ANÁLISE DO FMI À ECONOMIA DE ANGOLA E PEDIDO DE

ASSISTÊNCIA ECONÓMICA E FINANCEIRA AO FMI

A economia angolana tem sido

gravemente afetada pela queda

acentuada do preço do petróleo

A última análise detalhada do FMI realizada à economia

angolana (e tornada pública) foi a efetuada no âmbito

do Artigo IV, que foi concluída no final do ano passado.

Com efeito, em 28 de outubro de 2015, o Conselho de

Administração do FMI concluiu a consulta com

Angola ao abrigo do Artigo IV.

No comunicado da conclusão desta consulta, o FMI

refere que “o choque dos preços do petróleo está a

afetar negativamente a economia”. O FMI projetava

então que o preço médio do cabaz de petróleo angolano

se situasse em 53 dólares por barril em 2015, contra

pouco mais de 100 dólares por barril em 2014,

conduzindo a uma grande diminuição da receita fiscal e

das exportações. Embora a produção de petróleo tenha

recuperado na sequência da conclusão das obras de

manutenção, o FMI previa uma desaceleração do

crescimento do PIB não petrolífero para 2,1% em 2015.

Os setores industrial, da construção e dos serviços estão

a ajustar-se à queda do consumo privado e do

investimento público e às dificuldades persistentes para

obter moeda estrangeira. O FMI projetava que a inflação

ascendesse a quase 14% até ao final de 2015,

ultrapassando o objetivo do BNA, de 7-9%, o que se

veio efetivamente a concretizar, com a inflação a

alcançar os 14,27% em dezembro de 2015, tendo de

resto voltado a subir intensamente já em janeiro, para

17,34%, um máximo desde dezembro de 2005. O OE

2015 previa a descida do défice do Governo central para

3,5% do PIB, face aos 6,4% registados em 2014 – no

entanto, nas suas últimas previsões, constantes do

World Economic Outlook (WEO), publicado a 12 de

abril, o FMI prevê uma redução do défice dos 6,6%

estimados para 2014 para 4,1%. A projeção para a

dívida pública, porém, era de um aumento expressivo,

para 57,4% do PIB até ao final de 2015 (segundo as

últimas estimativas do FMI, no WEO, terá ascendido a

62,3% em 2015, depois dos 40,7% estimados para

2014), dos quais 14,7% do PIB correspondem à empresa

estatal de petróleo, a Sonangol. Aquando da referida

última consulta ao país (artigo IV), o FMI previa que o

défice da balança corrente externa ascendesse a 7,6%

do PIB em 2015 (-8,5% no WEO) e que as reservas

internacionais diminuíssem para USD 22,3 mil milhões

(cerca de sete meses das importações de 2016) até ao

final de 2015. Entretanto, verificou-se um grande

diferencial entre as taxas de câmbio do mercado paralelo

e oficial, o que indica um desequilíbrio no mercado

cambial.

Segundo o FMI, era provável que em 2016 a conjuntura

económica continuasse a apresentar desafios, pois não

se espera que os preços internacionais do petróleo

recuperem e os riscos são negativos. O FMI projetava,

então, que o crescimento permanecesse estável em

3,5% em 2016 (um valo acima da nossa atual previsão,

de +2,7%, bem como da mais recente previsão do FMI

de +2,5%) e que o setor do petróleo crescesse cerca de

4%. A expetativa do Fundo para o setor não petrolífero

era de uma ligeira melhoria, com crescimento homólogo

de 3,4%, impulsionado sobretudo pela recuperação

mais robusta da agricultura. O FMI previa que a inflação

devesse abrandar para 13% no final de 2016 (o que já

não constitui o seu cenário, tendo no WEO revisto a

previsão de inflação para 19,1%), tendo então previsto

que o efeito da recente restritividade monetária venha a

ser sentido de forma mais clara no segundo semestre de

2016.

Os Administradores do FMI congratularam as

autoridades pelas medidas de política atempadas face ao

declínio dos preços do petróleo. Embora as perspetivas

de crescimento sejam estáveis, a persistência dos preços

internacionais do petróleo em níveis baixos e o ambiente

mundial incerto representam riscos consideráveis. Os

Administradores vincaram que o compromisso contínuo

com políticas sólidas e a realização de reformas

estruturais ambiciosas são fundamentais para preservar a

estabilidade macroeconómica e a sustentabilidade da

dívida, abordar os desequilíbrios prolongados no

mercado cambial e promover o crescimento vigoroso e

inclusivo.

Os Administradores consideram positiva a restritividade

da posição orçamental para proteger a economia das

vulnerabilidades resultantes do choque de preços do

petróleo e concordaram que será necessário prosseguir

no ajustamento. Incentivaram as autoridades a restaurar

gradualmente as margens de manobra (buffers)

orçamentais e a garantir que parte da riqueza do

petróleo de Angola seja poupada para as futuras

gerações, sob uma estrutura de governação sólida e

transparente, procurando-se com o tempo manter um

excedente orçamental estrutural. Enfatizaram também a

importância de eliminar os atrasos nos pagamentos a

fornecedores e reverter o aumento significativo do rácio

entre a dívida pública e o PIB projetado para 2015.

Referindo-se à elaboração do OE 2016 (entretanto já

aprovado), os Administradores incentivaram as

autoridades a utilizar como base pressupostos cautelosos

sobre o preço do petróleo e um nível prudente de

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

despesas, porém preservando os gastos com a proteção

social e as infraestruturas essenciais.

Os Administradores do FMI realçaram a necessidade de

racionalização das despesas e de maior mobilização de

receitas não petrolíferas. Instaram por esforços

coordenados para conter o crescimento da massa

salarial, reformar a administração tributária, simplificar

os incentivos fiscais, melhorar a qualidade do

investimento público e eliminar os subsídios aos

combustíveis, alargando, em simultâneo, a assistência

social orientada para os pobres. Os Administradores

observaram ainda que a implementação cautelosa de um

IVA poderia proporcionar uma fonte mais estável de

receita pública. Um quadro orçamental de médio prazo

melhorado, com a adoção de regras orçamentais e de

um fundo de estabilização, ajudaria a reduzir a pro-

ciclicidade da despesa e a volatilidade da receita

orçamental.

Os Administradores destacaram que as políticas

monetária e cambial teriam um papel fundamental a

cumprir no rebalanceamento do mercado cambial.

Saudaram os avanços no sentido da maior flexibilidade

cambial e as medidas tomadas para restringir as

condições de liquidez, com o aumento da taxa de

referência do BNA e das reservas obrigatórias dos

bancos, e incentivaram as autoridades a tomar novas

medidas para abordar os desequilíbrios cambiais que

ainda restam. Seria útil, para o efeito, adotar uma

âncora de política monetária clara, apoiada por

melhorias no quadro de previsão de inflação e gestão de

liquidez.

Os Administradores saudaram os progressos na

implementação das recomendações de 2012, como as

medidas recentes para fomentar o aprofundamento e da

inclusão financeira. Apoiaram os esforços para fortalecer

a supervisão bancária e salientaram a importância de

implementar os planos para restruturar e acelerar a

recapitalização dos bancos mais fracos.

Os Administradores acolheram, ainda, positivamente a

agenda de reformas estruturais das autoridades e

frisaram que a sua implementação sustentada será

crucial para reduzir os riscos orçamentais, promover a

diversificação económica e apoiar a competitividade e o

crescimento. Deve-se dar prioridade às ações para tornar

o mercado de trabalho mais flexível, promover o

investimento privado, melhorar o ambiente de negócios

– com ênfase na redução da burocracia, simplificação do

processo de constituição de empresas e reforço do

Estado de direito –, bem como à melhoria das

infraestruturas físicas e do capital humano.

Fortes riscos e desafios

económicos para Angola levam o

país a formalizar pedido de

assistência económica e

financeira ao FMI

Refira-se, entretanto, que os fortes riscos e desafios

económicos, provocados essencialmente pela quebra dos preços do petróleo, levaram o Governo angolano, em março, a solicitar ajuda ao FMI, procedendo à

formalização de um pedido de assistência económica e financeira. A revelação foi feita pelo próprio FMI, já em abril, que referiu estar pronto para apoiar Angola, um dos principais mercados das exportações portuguesas e

um dos maiores investidores recentes em Portugal. O programa de assistência deverá ter o prazo de três anos.

Em comunicado, o FMI refere estar “pronto para ajudar Angola a enfrentar os desafios económicos que enfrenta atualmente, apoiando um pacote de políticas

abrangentes para acelerar a diversificação da economia, salvaguardando a estabilidade macroeconómica e financeira”, com o FMI a referir que as discussões com as

autoridades angolanas sobre as condições e montantes do resgate serão iniciadas já em meados de abril, no quadro dos encontros de Primavera do FMI e do Banco

Mundial.

A causa próxima do pedido de ajuda de Luanda reside, como referido, na queda do preço do petróleo, matéria-

prima de que depende grande parte das receitas públicas do país. A par da queda do preço do petróleo, a desaceleração da China, principal mercado de Angola

(maior cliente e também maior fornecedor), terá também agravado as dificuldades do país. Segundo refere o FMI, “o declínio acentuado dos preços do petróleo desde

meados de 2014 representa um grande desafio para os países exportadores de petróleo, especialmente para aquelas economias que ainda têm de se tornar mais

diversificada".

O pedido de ajuda também já foi formalmente admitido pelo Governo, que, numa nota emitida pelo Ministério

das Finanças, refere que, depois de iniciadas, as discussões com o FMI serão prosseguidas "pouco depois, em Angola, para definir claramente o âmbito de

medidas de política económica a serem tomadas no quadro dos requisitos do Programa de Financiamento Ampliado (Extended Fund Facility – EFF), com forte foco

em reformas para remover ineficiências, manter a estabilidade macroeconómica financeira, estimular o potencial económico do setor privado, e reduzir a

dependência do setor petrolífero"

20

Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

EVOLUÇÃO DO RATING DO PAÍS

Apesar dos progressos observados, as agências de notação financeira Fitch (BB-) e S&P (BB-) mantiveram em 2014 o rating soberano de Angola, com apenas a Moody’s a subir em uma nota o rating (de Ba3 para Ba2), mas continuando ainda em todas as agências na classe de speculative grade. Já em 2015, a agência S&P cortou o rating do país de BB- para B+, tendo posteriormente, em agosto (no âmbito da 2.ª análise anual ao país), confirmado esse mesmo rating, mas reduzido outlook de estável para negativo, deixando, assim, antever a possibilidade de futuras novas revisões em baixa para a notação financeira do país. Posteriormente foi a vez da Fitch (em setembro de 2015) proceder a uma revisão em baixa a notação financeira de Angola, de BB- para B+, num corte de um nível e que a agência justifica, essencialmente, com o mesmo motivo que esteve por detrás do corte realizado pela S&P: os efeitos que a baixa cotação do petróleo tem na economia do país. Segundo referiu a Fitch, no seu relatório, a dependência de Angola dos hidrocarbonetos deixa o país exposto à forte queda nos preços do petróleo, o que resultou na subida da dívida pública, na queda das reservas e num crescimento mais fraco. O outlook manteve-se, no entanto, estável, devido às medidas aprovadas pelo Governo para responder aos efeitos negativos da baixa cotação da matéria-prima. Com efeito, pela positiva a agência destacou a resposta atempada do Governo aos efeitos negativos, incluindo uma política monetária mais apertada, medidas orçamentais e a desvalorização cambial, o que, referiu, permitiu limitar o corte do rating. Já a Moody’s manteve o rating de Angola (em Ba2) numa primeira avaliação efetuada ao país em 2015, tendo depois em outubro vindo, de certa forma, “validar” essa manutenção de rating, ao emitir um rating também de Ba2 a uma emissão de dívida (eurobond) de longo prazo lançada pelo Governo de Angola. Na explicação para a atribuição deste rating, que fica abaixo da recomendação de investimento, a Moody's argumenta que este está alinhado com o rating do emissor. A Moody’s realçou que Angola, economia dependente do petróleo, está a lidar com um choque petrolífero, mas notou que o país está mais bem preparado do que estava em 2009 e as suas respostas políticas foram mais rápidas e abrangentes. Ainda assim, salientou que a posição externa do país deteriorou-se significativamente e que a posição orçamental e as perspetivas de crescimento pioraram a curto prazo, justificando, assim, a manutenção de um outlook negativo para o rating.

Corte no rating reflete o

impacto da queda do preço do

petróleo

Já neste ano de 2016, em concreto no passado dia 13 de fevereiro, a agência S&P decidiu descer o rating da dívida soberana de Angola de B+ para B, devido à descida do preço do petróleo e ao respetivo impacto no

valor das exportações, levando ao aumento do endividamento do país. No comunicado com a decisão, que assume ainda uma perspetiva de evolução "estável" do rating, aquela agência justifica a decisão com os preços do barril de petróleo nos mercados internacionais "mais baixos do que o esperado" nas previsões 2016/19. “Adicionalmente, os empréstimos internos e externos do Estado, juntamente com uma taxa de câmbio fraca, tem elevado o peso da dívida pública e esperamos que a dívida bruta de Angola atinja os 50% do PIB este ano", lê-se no comunicado. A S&P justifica a perspetiva de evolução "estável" com a previsão de uma descida gradual do défice angolano, reduzindo, assim, os riscos ao financiamento externo, e tendo também em conta a resposta do Governo à crise, para evitar a deterioração da situação orçamental e da dívida.

Posteriormente, no passado dia 7 de março, foi a vez de a Moody’s se pronunciar sobre o assunto, tendo então avisado ser provável que proceda a um downgrade do rating de Angola durante o mês de abril, sendo possível que desça mais que um nível devido aos impactos da descida do preço do petróleo. Segundo o comunicado da agência de notação financeira :“Moody’s colocou a avaliação de Angola (atualmente em Ba2) enquanto emissor de títulos de dívida em revisão para uma descida”. No comunicado acrescenta que “o objetivo da revisão do rating é avaliar a extensão do impacto de uma descida adicional dos preços do petróleo, que a Moody’s espera que se mantenham baixos por vários anos, no desempenho económico de Angola e na balança de pagamentos nos anos vindouros”. Na explicação desta avaliação, a Moody’s argumenta que “vai descer o rating de Ba2 se a análise concluir que os planos do Governo são inadequados para sustentar a melhoria da balança de pagamentos e da economia, sendo que o mais provável é que, nesse caso, a descida seja de um grau, mas dada a extensão do impacto negativo da queda dos preços do petróleo, um downgrade de mais de um nível é possível, apesar da proteção oferecida pela presença de um vasto fundo soberano”.

Mais recentemente, no dia 30 de março, foi a vez da agência de notação financeira Fitch se pronunciar, tendo optado por descer o outlook sobre a avaliação da dívida soberana de Angola para negativo, sendo assim provável que opte por descer o rating do país nos próximos 12 a 18 meses. Nesta avaliação dos peritos desta agência, o rating de Angola foi mantido em B+, abaixo da escala de investimento (ou 'lixo', como é tradicionalmente conhecido), mas a previsão de evolução da análise passou de estável para negativa. No comunicado divulgado, a agência refere que "a elevada dependência das receitas petrolíferas por parte de Angola, em combinação com a queda dos preços do petróleo desde a anterior avaliação feita pela Fitch, em setembro de 2015, piorou a análise das condições externas, orçamentais e macroeconómicas do país, aumentando os riscos".

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

ÍNDICE DE LIBERDADE ECONÓMICA

- The Heritage Foundation

Angola encontra-se em 39.º lugar

entre os 46 países da região de

África Subsaariana A pontuação de Angola ao nível da liberdade económica ficou em 48,9 pontos em 2016, correspondendo à 156.ª economia mais livre dos países que compõem o índice. Trata-se de um resultado que fica 1,0 ponto acima do observado no ano anterior, sendo de realçar as melhorias observadas ao nível da liberdade orçamental e da liberdade de comércio. As principais preocupações centram-se na eficiência regulatória e no Estado de Direito. Angola encontra-se em 39.º lugar entre os 46 países da região de África Subsaariana e permanece com

uma liberdade económica abaixo da média mundial e regional.

O desempenho económico de Angola melhorou no passado recente, facilitada pela indústria petrolífera em expansão. O maior dinamismo económico do país tem incentivado a reconstrução económica e ajudou a sustentar o progresso geral de liberdade económica. As reformas estruturais têm progredido em áreas como a modernização do ambiente regulatório.

Ao longo dos últimos quatro anos Angola avançou 2,2 pontos na liberdade económica. Os angolanos têm desfrutado de uma melhoria ao nível global a cada ano que passa desde 2012, com ganhos em categorias de liberdade económica, como as liberdades empresarial, de investimento e de corrupção.

Enquadramento José Eduardo dos Santos é Presidente de Angola há mais de três décadas. O seu partido, o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA), venceu as eleições parlamentares em agosto de 2012, as segundas eleições desde o fim da guerra civil de 27 anos, em 2002. Angola é o 2.º maior produtor de petróleo da África, com muitas das suas reservas comprovadas concentradas na província de Cabinda, uma região assolada por um conflito separatista de longa data. No entanto, a produção de petróleo mais do que duplicou os 800 mil

barris por dia desde 2001, para mais de 1,8 milhões de barris por dia em 2015. Em 2014, a companhia petrolífera francesa Total investiu 16 mil milhões de dólares em projetos offshores. O país possui também gás natural, diamantes, um bom potencial hidroelétrico e terrenos agrícolas férteis. No entanto, a grande maioria dos angolanos continua dependente da agricultura de subsistência. Angola é membro não permanecente do Conselho de Segurança da ONU no mandato 2015/16.

Estado de Direito Eficácia da Regulação O jornal The New York Times informou em 2015 que muitos fundos estatais para cuidados de saúde são roubados anualmente, contribuindo para que a mortalidade infantil não desça. A legislação sobre o branqueamento de capitais foi aprovada em 2014, mas a corrupção do Governo, de acordo com o The Heritage Foundation, e o compadrio persiste, especialmente na indústria extrativa. Os subornos acompanham, muitas vezes, a base da atividade empresarial. Embora os tribunais ocasionalmente decidam contra o Governo, o sistema judicial está sujeito a uma ampla influência política, particularmente em relação ao Executivo. As despesas jurídicas e o registo de propriedade podem ser proibitivamente elevadas e a proteção global dos direitos de propriedade é fraca.

Apesar da recente implementação de processos de negócio mais ágeis, as ainda burocráticas e onerosas regulamentações continuam a dificultar o desenvolvimento do setor privado. O The Heritage Foundation refere que o sistema de regulamentação carece de transparência e clareza e os regulamentos são aplicados de forma inconsistente. O mercado de trabalho continua subdesenvolvido. O controlo de preços está presente em muitos setores e os subsídios à energia chegaram a corresponder a cerca de 4% do PIB e eram os mais elevados da região, mas as políticas de austeridade obrigaram o Governo a cortar nos subsídios várias vezes em 2015, pressionando a inflação.

Intervenção do Governo Abertura Económica A taxa máxima de IRS é de 17% e a de IRC de 30%, embora as taxas para os setores das minas e do petróleo possam atingir 50%. Outros impostos incluem impostos sobre os combustíveis e sobre o consumo (IVA). A carga fiscal global corresponde a 6% do PIB e os gastos públicos equivalem a 40,8% do PIB. O excedente orçamental é elevado devido à receita do petróleo, mas as recentes quedas contabilizadas, refletindo a forte descida dos preços do petróleo, vieram rodear de incerteza a situação orçamental do país. A dívida pública é moderada.

A pauta aduaneira média de Angola é de 4,9% e as suas políticas comerciais e de investimento são menos abertas do que a média global. O Estado possui a maior parte da terra e as barreiras burocráticas funcionam como tampão ao investimento estrangeiro. O setor bancário crescente tem mais de 20 instituições financeiras em operação. A utilização pública de serviços bancários, no entanto, continua a ser baixa; apenas cerca de 10% da população detém uma conta bancária. O mercado de capitais encontra-se, ainda, numa fase inicial, com diminuta expressão.

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

INDICADORES DE RISCO

COUNTRY’S SCORE OVER TIME COUNTRY COMPARISONS

R a t i n g d a s A gê n c i as

SCORE % 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Overall Score 43,5 44,7 46,9 47,0 48,4 46,2 46,7 47,3 47,7 47,9 48,9

Property Rights 30,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 15,0 15,0 15,0 15,0

Freedom from Corruption 20,0 20,0 22,0 22,0 19,0 19,0 19,0 20,0 17,7 23,0 19,0

Government spending 40,1 61,6 72,8 62,2 62,8 48,1 53,2 60,6 55,3 50,1 50,1

Fiscal Freedom 84,9 85,0 85,2 85,2 85,1 84,5 84,1 82,6 87,7 84,5 87,8

Business Freedom 26,8 35,3 36,7 43,6 43,4 41,4 45,5 43,1 47,5 47,4 50,3

Labor Freedom 44,9 44,9 41,5 43,5 45,2 42,3 43,9 44,8 40,1 43,2 44,8

Monetary Freedom 40,3 47,7 57,8 61,8 62,6 61,8 61,2 61,5 63,6 65,4 72,2

Trade Freedom 68,0 73,0 73,0 72,0 70,4 70,2 65,2 70,2 70,1 70,2 70,2

Investment Freedom 30,0 20,0 20,0 20,0 35,0 35,0 35,0 35,0 40,0 40,0 40,0

Financial Freedom 50,0 40,0 40,0 40,0 40,0 40,0 40,0 40,0 40,0 40,0 40,0

F o nte : The Heritage Fo undatio n.

SCORE % 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2015 2016

Country Risk 61,0 52,0 47,0 59,0 58,0 58,0 53,0 51,0 57,0 65,0 65,0 CCC CCC

Sovereign* 63,0 47,0 42,0 53,0 52,0 51,0 47,0 46,0 52,0 64,0 64,0 CCC CCC

Currency* 57,0 49,0 44,0 58,0 56,0 56,0 50,0 48,0 54,0 63,0 63,0 CCC CCC

Economic 70,0 53,0 45,0 48,0 58,0 60,0 53,0 53,0 50,0 63,0 65,0 CCC CCC

Political 80,0 68,0 52,0 58,0 57,0 57,0 56,0 55,0 55,0 60,0 60,0 CCC CCC

Banking* 64,0 60,0 56,0 66,0 67,0 67,0 61,0 58,0 64,0 68,0 68,0 CCC CCC

F o nte : EIU. No ta (*): Utilizado na co ntrução do "Co untry Ris k".

Rating

S&P - - - - B+ BB- BB- BB- BB- B+ B

Moody's - - - - B+ BB- BB- BB- BB BB BB

Fitch - - - - B+ BB- BB- BB- BB- B+ B+

Compósito - - - - B+ BB- BB- BB- BB- BB- B+

N o ta : O rating co mpó s ito res ulta da média das 3 agências .

2016201520142013201220072006 2011201020092008

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Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

CHART BOOK

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GDP Growth (%)

Angola - GDP Grow th%

Source: IMF (April 2016)

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2,500

3,000

3,500

4,000

4,500

5,000

5,500

2006

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2008

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2012

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Per Capita GDP

Angola – Per Capita GDP$

Source: IMF (April 2016)

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% GDP

Angola – Investment (% GDP)%

Source: IMF (April 2016)

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0

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% GDP

Angola – Gross National Saving (% GDP)%

Source: IMF (April 2016)

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2018

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% GDP

Angola – Current Account (% GDP)%

Source: IMF (April 2016)

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2018

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2020

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Inflation Rate

Angola – Inflation Rate%

Source: IMF (April 2016)

Angola – Unemployment Rate

No data available in the WEO Apr/2016

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2020

2021

% GDP

Angola – Public Debt (% GDP)%

Source: IMF (April 2016)

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4

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2013

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2016

2017

2018

2019

2020

2021

% GDP

Angola – Budget Balance (% GDP)%

Source: IMF (April 2016)

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32

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2.997

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3.001

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3.003

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2017

2018

2019

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2021

Population Growth Rate (%)

Angola - Population10^6 %

Source: IMF (April 2016)

-8

-4

0

4

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2009

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2013

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2016

2017

2018

2019

2020

2021

Exports Growth (%)

Angola - Exports Grow th%

Source: IMF (April 2016)

-30

-20

-10

0

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20

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50

2006

2007

2008

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2010

2011

2012

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2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

Imports Growth (%)

Angola - Imports Grow th%

Source: IMF (April 2016)

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Departamento de Estudos // Canadá //maio 2015

Departamento de Estudos // Angola // abril 2016

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS Rui Bernardes Serra Chief Economist

[email protected]

José Miguel Moreira Senior Economist

[email protected]

Caetano Ferreira Economist

[email protected]

DEPARTAMENTO DE NEGÓCIO

INTERNACIONAL

Rita Marques Trade Finance

[email protected]

AD VERTÊNCIA Este documento foi elaborado pelo Departamento de Estudos da Caixa Económica Montepio Geral e é disponibilizado com intuito e

para fins exclusivamente informativos.

Todos os dados, análises e considerações nele contidas estão simplesmente baseadas no que estimamos ser as melhores

informações disponíveis, recolhidas a partir de fontes oficiais e outras consideradas credíveis, não assumindo, todavia, qualquer

responsabilidade por erros, omissões ou inexatidões das mesmas.

As opiniões e previsões expressas refletem somente a perspetiva e os pontos de vista dos autores na data da sua elaboração,

podendo ser livremente modificadas a todo o tempo e sem aviso prévio.

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O relatório pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte.