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Page 1: - Minuta CREPOP - Conselho Regional de Psicologia BA · de psicólogos nas políticas públicas, foi possível notar que na Atenção Básica esta presença ainda ... Ausência de

- Minuta CREPOP -

Pesquisa com Psicólogos que atuam na Atenção Básica à Saúde de Sergipe

A pesquisa com psicólogos que atuam na Atenção Básica à Saúde ocorreu entre outubro e dezembro de 2008. As informações aqui apresentadas baseiam-se nos dados coletados durante o Georreferenciamento e etapa presencial1 em Sergipe (Reunião Específica e Grupo Fechado2). A seguir apresentamos um quadro geral com o número de psicólogos presentes em cada encontro:

Esta Minuta, elaborada em 2009, a partir do Plano de Trabalho para desenvolvimento do Projeto Local, tem como objetivo sistematizar e tornar público parte dos dados coletados durante a pesquisa, visto que, por motivos éticos3, não podemos disponibilizar amplamente os relatórios enviados ao CFP. A estrutura geral desta Minuta baseia-se nos principais eixos do Roteiro de Pesquisa encaminhado pela Coordenação Nacional. Serão apresentados, de maneira sucinta, os dados referentes à Rede de referência; Dificuldades dos serviços / Condições de Trabalho; Atividades Específicas/Tecnologias de Intervenção; Teorias e conceitos e Considerações finais. a)Rede de Referência – durante o georreferenciamento da pesquisa CREPOP em Sergipe4 foram localizadas 20 psicólogos. Embora a Saúde seja considerada uma das áreas de maior concentração de psicólogos nas políticas públicas, foi possível notar que na Atenção Básica esta presença ainda ocorre de maneira incipiente e recente. Aparentemente, a rede de referência do Estado encontra-se em processo de construção: em apenas 09 dos 16 municípios pesquisados encontramos psicólogos na Atenção Básica5. Outro dado importante, é que, na estruturação desta rede, há uma elevada concentração destes profissionais na capital, visto que 07 dos 20 psicólogos encontrados estavam lotados em Aracajú. Vale destacar que estes encontravam-se nas Referências Ambulatoriais, serviços que atuam na interface da Atenção Básica com a Saúde Mental6. Na avaliação da maioria dos participantes, embora exista uma rede incipiente e em construção, esta ainda se encontra bastante desarticulada, desorganizada, e centralizada na Gestão. Por conta disso, muitos se sentem sobrecarregados e isolados em seus serviços, tendo dificuldade em acessar outras instituições que compõem a rede.

1 O Georreferenciamento faz parte das etapas iniciais da pesquisa e consiste na localização dos profissionais de psicologia na política pública em questão. A etapa presencial de Sergipe ocorreu 05 de dezembro de 2008.2 Estes dois encontros possuem objetivos de pesquisa distintos: na Reunião Especifica investigamos o Campo da Prática, já no Grupo Fechado, discutimos o Núcleo da Prática- este conceito versa sobre aspectos ligados pesquisa Atividades Especificas, Teorias e Conceitos etc. 3 Durante as pesquisas, muitos profissionais apresentam as problemáticas de suas instituições ou das políticas locais aos quais estão vinculados. Buscando garantir o sigilo e preservar a identidade destes, que ficam mais evidenciados nos relatórios encaminhados ao federal, optamos pela construção das minuta, nas quais os dados são apresentados de maneira mais geral. 4 Para realização do Georrefenciamento, a equipe encaminhou oficio à Secretaria Estadual de Saúde de SE e à Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju. Paralelamente, realizou levantamento de todos os serviços e profissionais vinculados à Atenção Básica no CNES- Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Foram considerados os Postos de Saúde, os Programas de Saúde da Família, as Unidades de Saúde da Família, dentre outros programas e unidades. 5Foram considerados das cidades com mais de 25 mil habitantes, em anexo 01 apresentamos um detalhamento destes números. 6 Excetuando estes psicólogos, encontramos alguns profissionais que atuavam na gestão.

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Encontro Presencial Sergipe Reunião Específica 12Grupo Fechado 11

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b)Dificuldades dos serviços/ Condições de Trabalho: durante o encontro, muitas foram as dificuldades e limitações apresentadas pelos profissionais desta política. Destacamos as seguintes:

Ausência de informações sobre a rede de serviços existentes;

Falta de conhecimento sobre as políticas de saúde e dos princípios do SUS;

Ausência de Planejamentos coletivos entre as equipes multidisciplinares, para construção de ações

integradas entre os diversos profissionais disponíveis nos serviços;

Comunicação pouco eficiente entre os diversos setores e instituições;

Dificuldade de identificação do profissional de psicologia como pertencente à atenção básica;

Ausência de espaços adequados para o atendimento individual e em grupos (oficinas, seminários,

dentre outros);

Falta de carros para realização de visitas domiciliares;

Escassez de material de consumo e higiene;

Ausência de materiais lúdicos para o trabalho com diversos grupos7;

Ausência de testes psicológicos e materiais para a realização de oficinas;

Processos de trabalho considerados “engessadores”;

Número reduzido de profissionais em relação às demandas e números de usuários;

Baixos salários e a ausência de avaliações de impacto sobre as ações realizadas.

c)Atividades Específicas/Tecnologias de Intervenção: em relação à prática específica do psicólogo, foi possível observar que a maioria dos profissionais tem atuado numa perspectiva clínica- individual e grupal- tendo como principais recursos o “acolhimento” e a “escuta terapêutica”. Estes dados, bem como outros fornecidos durante a pesquisa, serão apresentadas em 3 grandes grupos, a saber: a)atividades e tecnologias individualizadas; b) trabalhos com grupos ou comunitárias e c) recursos técnicos e outros tipos de atividades.

a) Atividades e Tecnologias individualizadas:

• Atendimento individual; • Humanização da atenção; • Triagem; • Entrevistas; • Anamnese; • Psicoterapia; • Acolhimento;• Grupos psicoterápicos;• Trabalho de sala de espera;• Acolhimento em saúde mental;• Atendimento de urgência;• Serviço de média complexidade; • Técnicas de relaxamento.

7 Os grupos citados foram: crianças, idosos, jovens e mulheres;

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b) Trabalho com Grupos ou Ações Comunitárias:

• Grupo de orientação familiar(voltado para os pais);• Grupo Qualidade de Vida;• Grupo de adolescentes, adultos e terceira idade;• Grupo de informação; • Grupos de convivência e crescimento; • Dinâmicas de grupo; • Visitas domiciliares;• Visita psicosocial;• Apoio matricial;• Apresentações de grupos de teatro no posto;• Bazar com produções dos grupos;• Eventos de valorização de datas comemorativas (dia das mães, das crianças, natal, aniversários);• Dinâmicas lúdicas; • Passeios e gincanas;• Palestras(educativas nas escolas ou em comunidades);

c) Recursos técnicos e outros tipos de atividades:

• Supervisão à estagiários de psicologia;• Orientações aos TCC(Trabalhos de Conclusão de Curso);• Produção de Relatórios;• Uso de recursos audiovisuais(data show,TV, vídeo, computador, aparelho de som);• Uso de materiais lúdicos;• Utilização de musicas e poesias; • Uso de livros, apostilas, textos, livros e revistas especializadas.

Um dado que chamou a atenção da equipe refere-se ao uso de “técnicas interventivas alternativas – técnicas orientais, taich, dentre outras”. Apesar de informarem um desconhecimento sobre as possibilidades de atuação do psicólogo no que se refere à atenção básica à saúde, os profissionais, em sua grande maioria, recorrerem a tais técnicas. Segundo alguns dos participantes, tais tentativas ocorrem pela ausência de “uma formação que prepare para o contexto real de trabalho” e “pela falta de um alinhamento e conhecimento apropriado das formas de organização do sistema SUS”.

d) Teorias e Conceitos

Teorias: Psicologia Social; Psicologia Comunitária; Psicologia Institucional(esquizoanálise); Psicologia Clínica: Psicodrama; Psicanálise; Gestalt terapia; Psicoterapia breve focal; terapia existencialista fenomenológica e transpessoal.

Conceitos: Família; Políticas Públicas de saúde e SUS.

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e)Considerações Finais: para a equipe do CREPOP, alguns aspectos surgidos durante o diálogo merecem uma maior atenção. São elas:

A maioria dos participantes da pesquisa informam que há certo desconhecimento desta política pública- documentos de referência e normativas. Para eles, a ausência de discussões sobre a Saúde Pública e os Princípios do SUS desde a graduação interferem profundamente neste campo de trabalho. Muitos não se sentem preparados para esta atuação.

Semelhante às pesquisas anteriores, também nesta, foi possível observar que o Estado demonstra ter pouco conhecimento acerca dos profissionais que compõem sua rede, ou mesmo informações atualizadas sobre seus programas, unidades e serviços.

Nesta política, semelhante a outras pesquisas, identificamos que as condições de trabalho dos psicólogos encontram-se bastante degradadas. A maioria possui vínculos de trabalho instáveis- celetistas/contratos temporários- e baixas remunerações. Corrobora com este quadro os dados da pesquisa nacional do CREPOP8:

Menos da metade dos respondentes – 47,5% - possuem vínculos de trabalho Estatutários. 67,1% ganham menos de 2.000,00, sendo que destes números, 46,7% recebem até 1.500,00. Abaixo um detalhamento destes dados:

14,6% recebem até 1.000,00 32,1% recebem até 1.500,00 20,4% recebem até 2.000,00

Foi possível observar - ao longo desta pesquisa e do georreferenciamento- que há um número reduzido de psicólogas na Atenção Básica. No estado de Sergipe, em que existem 75 municípios, daqueles investigados, localizamos apenas 07 em que haviam psicólogos.

A maioria destes profissionais não estava vinculada a nenhum espaço de organização coletiva fora do âmbito institucional de seus locais de trabalho. Foi nítida a necessidade destacada por estes por mais espaços para troca de experiências, bem para uma maior articulação e organização da categoria. Destacou-se a a necessidade de fomento a futuras discussões sobre: papel do psicólogo na atenção básica;

Fernanda Vidal – Analista de PesquisaEquipe CREPOP03 - BA/SE

Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas – CRP- 03

+(00 55) 71 3247 6716 / 71 8846 9784crepop.pol.org.br / observatorio03.wordpress.com

[email protected]

8 Relatório Quantitativo Nacional com Psicólogos que Atuam na Atenção Básica à Saúde.

www.crp03.org.br | [email protected]

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Anexo 01

Instituição/Município Numero de insti-tuições

Instituições com psicólogos

Total de psicólo-gos localizados

São Cristovão 02 1 01

Própria 01 01 01

Nossa Senhora das Do-res

01 0 0

Lagarto 01 01 04

Itabaiana 03 00 00

Estância 03 03 03

Divina Pastora 01 01 01

Maruim 01 01 01

Aracaju 04 04 09

Total de Instituições 17 12 20

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