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“Microcrédito, Superação da Pobreza e a Nova Classe Média: Estratégias para a Expansão do CrediAMIGO” Sumário da Literatura I. Apresentação Apresentamos linhas gerais do trabalho “Microcrédito, Superação da Pobreza e a Nova Classe Média: Estratégias para a Expansão do CrediAMIGO" cujos objetivos são orientar o aprimoramento e a expansão das ações de crédito produtivo popular do Banco do Nordeste. O projeto busca dimensionar o mercado presente e potencial do microcrédito urbano a fim de orientar estratégias de expansão geográfica do CrediAMIGO, hoje atuante de maneira predominante na Região Nordeste. O objetivo é direcioná-lo a todo território nacional e detalhar áreas específicas de expansão do programa como as grandes favelas cariocas. Isso passa por monitorar a evolução da economia a nível local e do programa CrediAMIGO através de extensão de metodologia empírica, de dispositivos de acesso aos dados e das análises realizadas, utilizando dados do programa e do processamento de outras bases de microdados (novas PNAD, PME, Contagem Populacional, etc). Atualizaremos e estenderemos a avaliação de performance dos clientes do CrediAMIGO realizadas no livro recém divulgado 1 . Serão processadas bases de dados atualizadas do programa junto a bases de microdados secundárias que envolvem a criação de grupos de controle a partir do processamento de dados longitudinais da PME/IBGE. A fim de contribuir no desenho de novas bases de dados e de forma a possibilitar a criação de grupos de controle para a avaliação de impacto do programa, haverá a proposição de questões adicionais no questionário da Economia Informal (ECINF/IBGE) Realizaremos um estudo piloto das conexões do CrediAMIGO com outras ações na área social como o Bolsa Família do Ministério de Desenvolvimento Social através do processamento de microdados externos e mediremos o impacto do CrediAmigo sobre diferentes classes econômicas para além dos mais pobres, em particular a Nova Classe Média. De um modo geral, o Centro de Políticas Sociais / FGV busca, através deste novo projeto, assessorar o processo de planejamento das estratégias do programa e da sua difusão, formação de 1 NERI, M.C.; Microcrédito O Mistério Nordestino e o Grameen brasileiro: Perfil e performance dos clientes do CrediAmigo. 1ª. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.

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“Microcrédito, Superação da Pobreza e a Nova Classe Média:

Estratégias para a Expansão do CrediAMIGO”

Sumário da Literatura

I. Apresentação

Apresentamos linhas gerais do trabalho “Microcrédito, Superação da Pobreza e a Nova

Classe Média: Estratégias para a Expansão do CrediAMIGO" cujos objetivos são orientar o

aprimoramento e a expansão das ações de crédito produtivo popular do Banco do Nordeste.

O projeto busca dimensionar o mercado presente e potencial do microcrédito urbano a fim de

orientar estratégias de expansão geográfica do CrediAMIGO, hoje atuante de maneira predominante

na Região Nordeste. O objetivo é direcioná-lo a todo território nacional e detalhar áreas específicas

de expansão do programa como as grandes favelas cariocas. Isso passa por monitorar a evolução da

economia a nível local e do programa CrediAMIGO através de extensão de metodologia empírica,

de dispositivos de acesso aos dados e das análises realizadas, utilizando dados do programa e do

processamento de outras bases de microdados (novas PNAD, PME, Contagem Populacional, etc).

Atualizaremos e estenderemos a avaliação de performance dos clientes do CrediAMIGO

realizadas no livro recém divulgado1. Serão processadas bases de dados atualizadas do programa

junto a bases de microdados secundárias que envolvem a criação de grupos de controle a partir do

processamento de dados longitudinais da PME/IBGE. A fim de contribuir no desenho de novas

bases de dados e de forma a possibilitar a criação de grupos de controle para a avaliação de impacto

do programa, haverá a proposição de questões adicionais no questionário da Economia Informal

(ECINF/IBGE)

Realizaremos um estudo piloto das conexões do CrediAMIGO com outras ações na área

social como o Bolsa Família do Ministério de Desenvolvimento Social através do processamento de

microdados externos e mediremos o impacto do CrediAmigo sobre diferentes classes econômicas

para além dos mais pobres, em particular a Nova Classe Média.

De um modo geral, o Centro de Políticas Sociais / FGV busca, através deste novo projeto,

assessorar o processo de planejamento das estratégias do programa e da sua difusão, formação de

1 NERI, M.C.; Microcrédito O Mistério Nordestino e o Grameen brasileiro: Perfil e performance dos clientes do CrediAmigo. 1ª. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.

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seminários, desenvolvimento de site da pesquisa, elaboração de monografia e difusão dos resultados

da pesquisa (participação em seminários, entrevistas e artigos autorados em jornais e revistas).

II. Caracterização Geral e Justificativa

O crédito não cria em si oportunidades, mas permite que as boas oportunidades de negócio

sejam aproveitadas. Uma sociedade sem crédito é uma sociedade de oportunidades limitadas, onde

projetos lucrativos não saem do papel. O volume relativo de crédito é inferior no Brasil ao de países

com níveis similares de renda, além de apresentarmos uma baixa qualidade dos empréstimos. O

mercado de crédito brasileiro privilegia mais o consumidor do que ao produtor. Os empréstimos são

mais de curto do que de longo prazo e atinge mais a alta do que a baixa renda. A escassa oferta de

microcrédito é de natureza pública, e não privada, gerando potenciais ineficiências alocativas. E

finalmente, quando o evento raro de cessão de empréstimos ocorre, ele se dá a taxas altas, seja pela

alta taxa básica de juros (Selic) como pelo alto spread financeiro envolvido nas taxas de

empréstimos. A inanição da quantidade e da qualidade creditícia pode ser sintetizada no que Vega-

Gonzalez, especialista internacional em microcrédito, denominou durante palestra proferida no

BNDES em 1997, de “mistério brasileño”: por que o crédito produtivo popular privado pouco se

desenvolveu no Brasil?. De lá para cá houve a implementação de diversas políticas de microcrédito

em diversos níveis de governo e da sociedade. Divulgamos a partir dos dados públicos da Economia

Informal (ECINF/IBGE), um crescimento do crédito produtivo popular diferenciado no Nordeste

urbano que levou o uso efetivo do crédito entre os nano negócios nordestinos a níveis mais altos que

os do resto do país, o que levaria ao que chamamos de Mistério Nordestino. Dada a importância

relativa do programa em termos regionais ocupando grande parte do mercado de microcrédito

direcionado do país, a investigação dos impactos do CrediAMIGO no acesso a crédito - e talvez de

forma mais interessante - na vida dos tomadores de crédito e de suas famílias, constitui um tema

interessante e relevante.

Um aspecto intrigante é como o crédito produtivo tido como um serviço de luxo prospera

mais no Nordeste que era - e continua sendo apesar da expansão de programas de transferência de

renda por parte do estado - a área urbana mais pobre do Brasil? A demanda de bens e serviços no

Nordeste tem crescido acima da média nacional. O que nos leva a uma linha complementar possível

de interpretação: o efeito indireto – quase involuntário – da expansão de políticas de transferências

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de renda aquecendo transações monetárias nos mercados de produtos dos nano negócios oferecendo

ao mesmo tempo a possibilidade de uso das transferências sociais de garantia aos empréstimos. A

expansão de transferência de renda guardaria a promessa de combinar a assistência e a criação de

oportunidades destes programas à possibilidade de que cada um possa realizar suas oportunidades

produtivas mais a altura de suas possibilidades.

Complementarmente, a alta heterogeneidade encontrada no segmento de conta-próprias e dos

empregadores no mercado de trabalho brasileiro abre espaço para a coexistência de dois tipos de

atividades: as atividades precárias (ou de subsistência) e as atividades empresariais (onde existe um

potencial de acumulação de capital e de crescimento econômico das atividades). Uma questão

central a ser perseguida neste trabalho seria: Qual é a importância relativa das atividades de

subsistência e das atividades empresariais no bojo do grupo de conta-própria? Estas questões podem

ser parcialmente respondidas através da análise do: i) níveis e flutuações dos lucros dos negócios; ii)

ou em termos familiares, através dos movimentos da distribuição dos microempresários entre

diferentes classes econômicas (i.e., AB, C, D e E). iii) e finalmente mudanças de segmentos

específicos microempresários específicos em direção as diferentes posições na ocupação.

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III. Objetivo Geral e Objetivos Específicos

O objetivo é disponibilizar uma avaliação de impacto e do monitoramento sobre a sociedade

a partir de dados atualizados do programa CrediAMIGO e do processamento de outras bases de

microdados oriundas de pesquisas domiciliares, de estabelecimentos e de registros administrativos.

Buscamos mostrar com esse projeto o tamanho do mercado potencial de clientes do programa em

todo território nacional e em áreas específicas. Os objetivos aqui são analisar as potencialidades do

chamado setor informal brasileiro e auxiliar o Banco do Nordeste nas estratégias de extensão do

programa e no seu esforço de prover acesso à informação internas e externas à instituição.

Montaremos sistemas de provisão de informação interativos e amigáveis voltados aos

gestores dos programas e a população local, com produtos em linguagem acessível e acompanhado

de notas explicativas. A criação de sítio na internet tem a vantagem de permitir a reunião das

informações processadas e generalização das análises a um amplo conjunto de usuários de forma

interativa e amigável; e pela elaboração de relatório, sob a coordenação acadêmica da FGV, de

autoria dos responsáveis pela execução da pesquisa, que preencherá as dimensões conceituais e será

aplicado como guia prático para um sistema de informações a ser disponibilizado no âmbito do

projeto.

O objetivo final é difundir os resultados do programa e tornar pública o papel social do

CrediAMIGO através de participação em eventos, entrevistas e artigos autorados em jornais e

revistas.

a) Seleção das bases de dados e indicadores;

b) Monitorar a evolução da economia a nível local e do programa CrediAMIGO com

extensão de metodologia empírica, de dispositivos de acesso aos dados e das análises

realizadas;

c) Avaliar de maneira integrada dados cadastrais do programa com o perfil de

microempresários encontrado em outras bases de microdados externas em nível nacional

(novas PNAD, PME, Contagem Populacional etc) e outras bases secundárias;

d) Mapear diferentes modalidades financeiras no Brasil e dimensionar o mercado presente e

potencial do microcrédito urbano brasileiro com objetivo de orientar estratégias de expansão

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geográfica do CrediAMIGO (analisar a extensão do programa para a grandes favelas

cariocas);

e) Formular questões adicionais ao questionário da ECINF/IBGE para criação de grupos de

controle;

f) Formar grupos de controle a partir do processamento de dados longitudinais da

PME/IBGE;

g) Avaliação de impactos (cruzamento de dados cadastrais do programa com outras bases de

microdados);

h) Estender avaliação de performance dos clientes e analisar qualitativamente resultados do

programa CrediAMIGO.

i) Estudo piloto das conexões do CrediAMIGO com outras ações na área social (Bolsa

Família do Ministério de Desenvolvimento Social).

j) Estender a análise do impacto do CrediAmigo sobre diferentes classes econômicas, em

particular a Nova Classe Média nordestina.

l) Desenvolver sistema informatizado de provisão de informações para subsidiar os gestores

do programa nos processos de tomada de decisão e no monitoramento dos resultados dos

programas.

Sistema de simuladores amigáveis de variáveis discretas a partir de modelos multinomiais e de variáveis contínuas a partir de regressões (e.g., probabilidade de ter e o valor da dívida) de acordo com atributos individuais, empresariais, domiciliares e geográficos; Completo banco de dados a partir de acervo de microdados e aplicação interativa que permite consultar informações e gerar gráficos e tabelas de forma amigável;

m) Assessorar o processo de planejamento das estratégias do programa e da sua difusão,

Lançamento do Livro “microcrédito, o Mistério Nordestino e o Grameen brasileiro. Divulgar os resultados do diagnóstico e incrementar a mobilização da opinião pública para a importância das ações de Microcrédito do Banco do Nordeste. Participação em seminários, entrevistas e artigos autorados em jornais e revistas. Formação de parcerias estratégicas com outras entidades atuantes na área, de forma a aproveitar complementaridades existentes. Todos os produtos serão disponibilizados através de sítio da FGV a ser integrado via link ao Banco do Nordeste.

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IV. Revisão da Literatura e Aspectos Metodológicos

Pobreza, Microcrédito e as Portas de Acesso a Mercados2

1. Visão Geral

Pobres precisam, acima de tudo, de oportunidade e não de caridade. Oportunidades são

representadas pela posse de ativos geradores de renda. Entretanto, não basta entender os

determinantes do acesso e retorno de determinados ativos isolados como a educação ou a terra, mas

é preciso olhar de maneira abrangente para todo portfólio dos agentes e saber como os diferentes

ativos interagem entre si. Complementarmente, em muitos casos, as pessoas dispõem de ativos, mas

não conseguem aproveitar as oportunidades produtivas associadas a sua posse. Neste caso as falhas

não estão nos indivíduos, mas no contexto onde eles operam.

Neste ponto entra o conceito de capital social, entendido como uma variedade de instituições

determinantes dos retornos privados e sociais dos ativos. A complementaridade entre os vários tipos

de recursos é essencial para o entendimento do conceito de capital social. Por exemplo, a

organização dos fatores de produção será determinante chave para os retornos obtidos de uma dada

quantidade de capital físico e humano acumulados, como no caso do cooperativismo de pequenos

produtores. Ou ainda, a capacidade de uma comunidade se organizar frente a uma situação adversa,

como intempéries climáticas ou a oportunidades abertas por eventos externos é determinante dos

seus efeitos de curto e de longo prazo sobre a sua população. Este processo passa não só pela

mobilização interna da comunidade como pela sua capacidade de articulação com outros níveis da

sociedade através do voto, pressão política, capacidade de gestão integrada, etc.

2. Apoio Microempresarial

Todos concordam que a melhor política de combate à pobreza é um posto de trabalho que

proveja não apenas o sustento, mas a dignidade às pessoas, para que estes realizem suas aspirações.

O trajeto rumo à superação da pobreza passa pelo estreitamento de relações, pela soma de esforços,

pelo compartilhamento de informações e caminhos com os programas sociais existentes - como as

2 O trabalho lança mão de um conjunto de conceitos e esquemas retirados livremente de artigos e publicações de autoria de Marcelo Neri.

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ligações de políticas compensatórias (ex Bolsa-Família), educacionais e produtivas

(comercialização, microcrédito etc) - que almejam o mesmo destino. Obviamente, a busca desse

norte implica formidáveis dilemas. Como chegar aos mais pobres dos pobres, permitindo a eles sair

com as suas próprias pernas de níveis de subsistência e de estilos de vida subterrâneos e, ao mesmo

tempo, garantir visibilidade de informações e compatibilidade de incentivos para o seu crescimento

pessoal? Os pobres não devem ser protegidos dos mercados. A política deve ser justamente a oposta:

dar a eles acesso sustentável aos mecanismos de mercado. Note que não estamos falando de entregar

os pobres aos mercados consumidores, mas de entregar os mercados consumidores aos pobres como

em uma política de comercialização aos produtores de baixa renda ou de microcrédito. O bom

microcrédito faz isso, não caindo nas taxas escorchantes dos agiotas, nem sendo incensado por

subsídios distorcidos. Os tubarões, os mais ferozes habitantes do mar, servem de apelido aos agiotas

(sharks), enquanto o sol tem sido usado como símbolo da solidariedade (como, por exemplo, o

Banco Sol peruano). Nessa analogia, a rota do microcrédito não é nem tanto ao sol, nem tanto ao

mar. É como na instrução mitológica dada a Ícaro por Dédalo, seu pai: voar a uma altura média, não

muito próximo do sol, para que o calor não derretesse a cera que colava as penas de suas asas, nem

muito baixo, para que o mar não as molhasse.

O problema do trabalho no Brasil não se restringe ao desemprego ou a quantidade de trabalho

disponível, mas está intimamente ligado a qualidade dos postos de trabalho. Apresentamos como

medida inicial da precariedade, a informalidade, entendida como a soma dos autônomos, dos

empregados sem carteira e dos não-remunerados. Nenhum segmento contribui mais para a pobreza

brasileira do que o setor informal. Cerca de um terço dos indigentes brasileiros vive em famílias

chefiadas por trabalhadores autônomos. A questão é como melhorar a renda deste segmento. Mais

forte do que a escassez de recursos privados seja capital físico, humano ou social, é a escassez de

serviços financeiros e políticas públicas. Neste sentido o universo aqui analisado constitui num

laboratório privilegiado acerca dos constrangimentos e carências que devem ser combatidos através

da interação de ações públicas e privadas.

Na escolha de um elenco de políticas incentivadoras das atividades empresariais, seja como

políticas de aliviamento de pobreza, seja como políticas fomentadoras das atividades empresariais,

em geral, devemos avaliar a efetividade da restrição de escassez dos diversos tipos de recursos

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enfrentada pelos microempresários. Esta análise pode se beneficiar de informações sistemáticas

quanto à estrutura de ativos e passivos da mesma, a saber:

* Capital Financeiro (portfólio de ativos e passivos financeiros).

* Capital Humano (escolaridade formal, cursos técnicos e experiência profissional do

dono do negócio).

* Capital Físico Permanente (máquinas, estoques, ferramentas, local de trabalho e etc.)

* Capital de Giro (matéria-prima, estoque de produtos acabados, vendas e compras a

prazo e etc.)

* Capital Público (infra-estrutura (comunicação, transporte) e serviços públicos).

* Capital Social (relação familiar entre dono e empregados/sócios, grau de

cooperativação e outras formas de associativismo)

* Trabalho (nível de capital humano formal e experiência profissional dos empregados)

No caso de políticas nano-empresariais é fundamental identificar não só o potencial gerador

de lucro do conjunto de ativos como também a pobreza, o risco e a capacidade de arrecadação

associada. Outro elemento fundamental para a determinação do potencial de crescimento das

unidades é diferenciar a alocação de recursos para consumo e para investimento no interior das

pequenas firmas/unidades familiares. Pois existe uma ligação estreita entre o lado pessoa física dos

nano empresários com o lado pessoa jurídica, mesmo que informal, dos seus respectivos negócios. A

sobreposição destas duas facetas implica que o entendimento da estrutura e funcionamento destas

empresas deve levar em conta as características do(s) seu(s) dono(s) e de sua(s) família(s).

Um passo fundamental neste processo é diminuir a assimetria de informações existentes entre

os gestores de políticas públicas e o seu público-alvo. O funcionamento dos negócios nanicos assim

como o seu conhecimento é dificultado pela alta informalidade existente neste segmento NERI

(2003b).

A pergunta aqui colocada é: Quais seriam os elementos desejáveis para alavancar os

impactos sobre a pobreza de políticas produtivas? De maneira geral, a resposta seria integrá-la com

outras ações públicas e privadas. A busca explorada aqui é a do combate à pobreza de maneira

sustentada. O mapa da mina aqui proposto passa pelo diagnóstico da riqueza e potencialidades da

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população em cada local. A evolução das práticas sociais pode ser descrita através da conquista de

algumas propriedades desejáveis como foco, durabilidade e eficiência econômica. Isto é, uma

renovada tentativa de que os recursos cheguem aos mais necessitados e que provoquem mudanças

sustentáveis em suas vidas. A sustentabilidade passa pelo ataque as causas da pobreza e que as ações

não distorçam, em excesso, incentivos ao trabalho, pagamento de impostos, poupança etc.

Finalmente, um verdadeiro modelo de desenvolvimento não é composto a partir da mera soma de

ações sociais isoladas, mas da sua combinação. É preciso buscar integração ampla da política social

com questões econômicas. A questão não é incentivar aspectos sociais em detrimento dos

econômicos, mas conferir aos primeiros, atenção comparável àquela dada aos últimos.

3. Políticas de Combate à Pobreza: Taxionomia e Conceitos

3.1 Conceitos

Em termos de políticas de alívio de pobreza, costuma-se separar políticas de transferência de

rendas compensatórias (e.g. programa de imposto de renda negativo, previdência social e seguro-

desemprego) daquelas estruturais, que aumentam a renda permanente dos indivíduos pela

transferência de capital (e.g. provisão pública de educação, políticas de microcrédito e reforma

agrária).

TIPOS DE POLÍTICAS DE ALÍVIO À POBREZA

Compensatórias

Ex: Renda Mínima, Seguro-Desemprego,

Previdência, Cesta Básicae Salário Mínimo.

Estruturais

Ex: Regularização Fundiária, Educação,

Microcrédito eInfra-Estrutura.

X

TIPOS DE POLÍTICAS DE ALÍVIO À POBREZA

Compensatórias

Ex: Renda Mínima, Seguro-Desemprego,

Previdência, Cesta Básicae Salário Mínimo.

Estruturais

Ex: Regularização Fundiária, Educação,

Microcrédito eInfra-Estrutura.

X

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3.2 Políticas Compensatórias

Podem-se agrupar as propostas de políticas compensatórias em três vertentes: a) distribuição

de cestas básicas; b) renda mínima universal, c) bolsas condicionais hoje difundido pelo país no

âmbito do Bolsa-Família. Essas propostas podem ser contrastadas por critérios variados como

público-alvo, condicionalidade imposta, modalidades dos benefícios, entre outros.

Segundo os livros-texto de economia, transferências de renda são melhores que transferências

em espécie, pela liberdade do indivíduo para escolher que necessidades satisfazer, incluindo a de

prover recursos para o futuro. Ninguém sabe responder melhor do que o próprio a pergunta: você

tem fome de quê? A resposta pode ser comida, mas também pode ser remédio, ou material escolar. O

miserável precisa poder otimizar o uso de seus parcos recursos disponíveis. Nesse sentido, renda

universal e bolsa condicional seriam superiores as Cestas Básicas, ou programas que exigem o gasto

dos recursos em itens específicos.

As principais diferenças entre renda universal e bolsa condicional estão no foco e nos

condicionantes dos programas. Uma das vantagens da universalização incondicional é eliminar

efeitos colaterais do programa sobre a disposição ao trabalho e a informalidade, tornando-o menos

distorcido e simples, porém mais caro. O custo de universalizar uma renda mínima de 1U$S ajustada

pela Paridade do Poder de Compra no Brasil corresponderia a cerca de 11 vezes o valor da perfeita

focalização, de dar a cada um exatamente o que falta para chegar a linha da miséria traçada. É

verdade ainda que o cálculo da despesa da focalização perfeita assume custos operacionais nulos,

mas este também é o caso do cenário da renda mínima universal. O ponto é que é possível fazer algo

mais do que transferir renda a todos, ou cruzar os braços e não transferir a ninguém.

A adoção de políticas de renda pode acelerar o processo de redução de desigualdade. O

processo de redistribuição de riqueza opera de forma lenta. Por exemplo, o investimento em

educação, principal determinante observável das disparidades de renda, demora décadas para

maturar. O papel acelerador das transferências de renda deve ser combinado com o uso de incentivos

a acumulação de capital pelos pobres, para que a direção dos novos fluxos renda seja consistente

com a situação desejada para os estoques no longo prazo. O Bolsa-Família foca as transferências em

famílias com crianças e adolescentes condicionados a freqüência escolar no ensino fundamental, a

vacinação e aos exames pré-natal. O foco neste grupo etário se justifica pelo nível mais alto das

carências observadas, como pelo alto retorno de ações educativas encontradas. Diversas falhas de

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mercado justificam a correção de incentivos imposta pelo Bolsa-Família, como a existência de

restrições ao crédito, retornos crescentes e da atuação de externalidades na educação. Essas

imperfeições inibem o pobre de investir no futuro, seu e da sociedade, uma vez que a luta pela

sobrevivência imediata goza de natural prioridade. A contrapartida de freqüência escolar da Bolsa-

Família representa, em tese, um subsídio direto à educação tanto quanto os programas de merenda

escolar e livros didáticos o são.

3.3 Políticas Estruturais

De forma geral busca-se subsidiar o desenho e a operação de políticas que visam combater a

pobreza estruturalmente através do reforço de ativos dos pobres e da provisão de renda em situações

particularmente adversas. O desenho destas políticas pode se beneficiar de informações sistemáticas

quanto à estrutura de ativos e passivos das unidades familiares e dos pequenos empreendimentos (aí

incluindo modalidades diversas de seguro social e de políticas públicas). A análise da estrutura real e

financeira destas unidades envolve uma série de ativos e recursos, a saber:

Tipos de CapitalTipos de Capital

Natural Cultural

FÍSICOInfra-estrutura pública

Ex.: transporte, comunicação e

saneamento

Infra-estrutura privadaEx.: casa própria e

negócio próprio

Ativos Reais e Financeiros

Ex.: equipamentose bolsa-família

HUMANO

SOCIAL

Participação dos LocaisEx.: Conselhos,

Ouvidoria

Crédito e SeguroEx.: Regularização

Fundiária, Microcrédito

Gestão PúblicaEx.: Crédito Social

Capacitação Ex.: FAT e Universidades

Educação Ex.: Pré-escola e ensino

básico

Inclusão Digital

NERI (2001a) mostra que as políticas sustentáveis canalizadas através de transferências de

recursos exercem três tipos de efeitos sobre o bem-estar dos pobres.

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Primeiramente, o efeito direto, pois os indivíduos extraem utilidade de alguns ativos

(moradia). Isso implica, na prática, em expandir as medidas usadas de bem-estar social com a posse

de recursos diversos. Esse ponto é especialmente importante na América Latina dada a longa

tradição no continente de usar medidas de pobreza baseadas em renda.

O segundo efeito é que níveis mais altos de ativos aumentam a capacidade de geração de

renda dos pobres (educação, apoio nano empresarial). A avaliação das taxas de retorno e de acesso

aos diferentes tipos de recursos ajuda o desenho de políticas reforço de capital.

O último efeito é o de melhorar a habilidade dos pobres em lidar com flutuações de renda. O

papel de suavização do consumo assumido pelos recursos depende de quanto são desenvolvidos os

diversos segmentos do mercado financeiro (ativos, créditos e seguros) que permitem amortecer

choques e alavancar oportunidades. A avaliação desse efeito requer uma análise da dinâmica do

processo de renda individual e uma avaliação das instituições que condicionam seu comportamento

financeiro.

Estes efeitos estão exemplificados no esquema a seguir:

ALÍVIO DA

POBREZA

CAPITAL

HUMANO

APOIO AOSNANO

NEGÓCIOS

ALAVANCAR

OPORTUNIDADES EAMORTECER CHOQUES

CRÉDITO COMUNICAÇÃO

ESTRADASESGOTO

INFRA-ESTRUTURA

CONSERVAÇÃO DO MEIO-AMBIENTE,

CASA PRÓPRIA

SEGURO

PROGRAMASCOMPENSATORIOSEX.: BOLSA-FAMÍLIA

TRIBUTAÇÃO

GERAÇÃO DE

RENDA

SUSTENTÁVEL

TRANSFERENCIAS

NÃO MONETÁRIAS

Efeito Direto

EfeitoDiretoTRANSFERENCIAS

MONETÁRIAS

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3.4 Compensatórias x Estruturais

A vantagem das políticas compensatórias é, em geral, a velocidade com que seus efeitos são

sentidos. Por exemplo, reajustes do salário mínimo são percebidos já no primeiro carnê-

previdenciário, após o reajuste, reduzindo a pobreza de maneira instantânea. Entretanto, os seus

efeitos são, em geral, fugazes. Na medida em que após a retirada destes incrementos do fluxo de

renda a situação dos grupos afetados tenderia a voltar para o status original3.

Em contraste, a metáfora associada às políticas estruturais é que "se dá a vara de pescar ao

invés de se dar o peixe". Ou seja, propicia-se uma capacidade de geração permanente de renda. Por

outro lado, o problema, em geral, apresentado a essas políticas é a lentidão para que seus efeitos

sejam sentidos. Por exemplo, as políticas educacionais surtem efeito apenas quando o indivíduo

começa a trabalhar. Similarmente, investimentos em infra-estrutura apresentam longas defasagens

no processo de maturação dos investimentos realizados. Embora alguns programas estruturais como

de regularização fundiária surtam efeito imediato. Em outras palavras, o persistente pode ser

instantâneo.

A questão não é se as políticas envolvem a transferência de fluxos de renda ou de estoque de

ativos, mas as suas implicações sociais de curto e de longo prazo. Sempre lembrando que o primeiro

antecede o último. Uma ação compensatória que impeça a desestruturação produtiva, como as

frentes de trabalho contra a seca, ou que incentivem a acumulação de capital, como a Bolsa-Família,

podem exercer efeitos persistentes sobre a pobreza. O impacto de longo prazo de transferências de

renda a título de seguro e de alavanca sociais é comparável à transferência, por si, de ativos. O

problema da política social é quando existe dominância do aspecto compensatório continuado que

não deixa raiz na vida das pessoas. Uma vez interrompido o programa, a sua clientela volta ao status

marginalizado original. Isto é, os programas não constroem portas de saída da pobreza.

Em suma, é comum se separar políticas compensatórias das estruturais. Nas primeiras se faz

a transferência de recursos ou renda correntes, nas últimas buscam aumentar a riqueza ou a renda

permanente dos indivíduos pela transferência de capital.

3 Isto quando não cria uma espécies de síndrome dependente-doador diminuindo de maneira mais ou menos permanente o incentivo dos indivíduos ao trabalho. Obviamente, no caso dos já idosos, esta questão é menos relevante

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Elementos Centrais: a serem incorporados nas políticas públicas de caráter social:

Propriedades desejáveis das ações:

Foco

Velocidade e Sustentabilidade

Rentabilidade Social

Princípios a serem perseguidos:

Integração entre políticas econômicas e sociais

Abordagem participativa

Avaliação do desempenho a partir de monitoramento e fixação de metas.

Portas de Entrada aos Mercados

Promoção creditícia

Regularização fundiária;

Apoio aos produtores pobres;

Acumulação de capital humano;

Inclusão Digital;

4. Portas de Entrada aos Mercados

4.1 Crédito

O objetivo de longo prazo fundamental de políticas sociais é abrir portas de saída para

pobreza, ou melhor, colocando portas de entrada a cidadania e aos mercados, permitindo aos

indivíduos realizarem seu potencial produtivo. Este movimento pode se dar de formas diversas:

completando o portfólio de ativos dos agentes, ou o acesso aos mercados em que eles são

transacionados. Neste último caso é possível gerar ganhos de bem estar sem implicações fiscais, ou

distributivas o que o torna particularmente atraente. Estas políticas públicas fornecem portas de saída

para a pobreza através da abertura de canais de acesso aos mercados. Políticas públicas que

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procuram realizar o potencial já existente das pessoas, físicas ou jurídicas procuram replicar a

operação de mecanismos creditícios que, portanto, valem a pena ser detalhados.

Existem pelo menos dois cortes analíticos na análise do racionamento de crédito. Um

primeiro corte associa o racionamento de crédito com desequilíbrios do mercado de crédito.

Desequilíbrios de longo prazo seriam explicados por algumas restrições governamentais ao livre

ajuste da taxa de juros, como a lei de usura.

Uma forma alternativa mais interessante de analisar o racionamento de crédito é a partir de

uma situação de equilíbrio. Nesse caso racionamento de crédito é visto como uma situação na qual

existe um excesso de demanda por empréstimos porque as taxas de juros estão abaixo do nível que

equilibra o mercado. Além disso, existem situações em que alguns indivíduos obtêm empréstimo

enquanto indivíduos aparentemente idênticos não conseguem.

Duas razões têm sido colocadas como justificativas para os emprestadores não elevarem a

taxa de juros e sim racionar o crédito.

1. Risco Moral - o contrato de dívida acaba por incentivar o investidor em aventurar-se em

investimentos de risco caso se eleve a taxa de juros cobrada. Quando a taxa de juros sobe, o aumento

do risco de falência pode reduzir o retorno esperado do emprestador. Isto não seria um problema

caso o emprestador pudesse observar e controlar o tipo de projeto do tomador de empréstimo.

2. Seleção Adversa - emprestadores podem preferir racionar crédito a aumentar a taxa de

juros porque indivíduos mais avessos ao risco desistem de obter recursos emprestados quando a taxa

de juros sobe. Quanto menos avesso ao risco for o tomador, mais provável é que ele escolha

projetos de risco, os quais aumentam a chance de falência. Esse problema não ocorreria se o

emprestador tivesse informação perfeita sobre o tipo tomador de empréstimos.

Se o crédito está racionado, então é possível que a taxa de juros não seja um indicador seguro

do impacto de variáveis financeiras sobre a demanda agregada, e que o equilíbrio alcançado no

mercado de capitais poderia ser melhorado, ou seja, seria possível que alguma das partes estivesse

numa situação melhor sem que a outra fosse prejudicada.

O fato dos segmentos pobres constituírem uma clientela preferencial introduz um formidável

grau de complexidade do ponto de vista creditício. Pois é legítimo se questionar a existência de um

conflito entre capacidade de repagamento versus o benefício social advindo de um maior acesso a

crédito aos mais pobres. Por outras palavras, na concessão de crédito nos deparamos com o seguinte

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dilema: atingir os mais pobres ou aquelas pessoas que tem maior capacidade de pagar o empréstimo

feito? Quanto maior a capacidade de pagamento do cliente menor vai ser o impacto na redução da

pobreza? A concessão de um financiamento sustentável pode ser incompatível com a redução da

pobreza. Embora tal ponto possa não ser necessariamente verdadeiro, o conceito de dilema (trade-

off) precisa ser esclarecido e precisado empiricamente. Neste caso a pergunta chave seria: quantas

pessoas pobres seria possível atingir a partir de serviços financeiros sustentáveis?

O DILEMA DO CRÉDITO COMO INSTRUMENTO DE ALÍVIO

DA POBREZA

Aumento de Capacidade deX Bem Estar Repagamento

do Pobre do Pobre

Dentro dos limites do crédito como ferramenta de alívio de pobreza, medidas podem ser

tomadas em diferentes níveis para expandir a abrangência e o impacto dos programas de crédito. A

qualidade dos serviços financeiros pode ser melhorada para aumentar a sua resposta as necessidades

dos clientes mais pobres e aumentar as suas respectivas capacidades de repagamento.

Soto (2001), em seu livro Mistério do Capital, argumenta que o problema do pobre não é só a

pouca quantidade, mas a baixa qualidade do capital. A alta informalidade da propriedade implica em

redução do valor de mercado dos ativos dos pobres, que seria uma espécie de capital morto na

acepção de Soto. Por exemplo, um barraco de favela ou de iguapé, cujo dono não dispõe de plena

posse legal acaba valendo menos do que se estivesse toda regularizada, dada dificuldade de revenda.

O corolário é que a implementação de políticas de regularização fundiária ressuscitaria o capital dos

pobres. Obviamente, o reconhecimento do direito de propriedades conquistadas de maneira ilícita é

complexo, pois incentiva novas invasões, o que ao fim e ao cabo, diminui e não aumenta o direito de

propriedade na sociedade vista como um todo. Portanto, há que se ter cuidado para que um bem

intencionado programa de regularização fundiária não provoque mais mal do que bem. A

regularização fundiária deve vir acompanhada de medidas que inibam invasões futuras. Como por

exemplo, a manutenção de dispositivos na reforma agrária que impeçam a incorporação de terras

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invadidas. Ou no caso urbano, que se explicite regras semelhantes e se monitore o processo de

ocupação do solo, através de fotografias aéreas das áreas irregulares. No caso do Brasil, o valor da

propriedade fundiária é ferido não só pela falta de reconhecimento da posse legal dos ativos, mas

pela impossibilidade de oferecer a casa própria, mesmo que legalmente reconhecida como garantia

de empréstimos.

O estado brasileiro começa a entrar cada vez mais na vida das pessoas pobres através da

concessão de benefícios sociais como bolsa-escola, cartão-alimentação, o bolsa-família, resultado da

integração anunciada das ações sociais federais. Algumas modalidades de transferência de renda

como a previdência rural e o Benefício de Prestação Continuada gozam de garantias constitucionais.

Estes fluxos de caixa prospectivos constituem potenciais garantias creditícias. O estado pode se valer

desses canais para expandir a oferta de crédito dos mais pobres. O efeito colateral das políticas

redistributivas hoje em difusão no país é aumentar o potencial de garantias dos pobres. O fato dessas

bolsas levarem ao setor informal dinheiro e tecnologia informacional através de cartões eletrônicos

de entidades com tradição creditícia cria oportunidade ímpar de alavancagem do colateral de

empréstimos dos pobres. A colateralização das bolsas de programas sociais assim como a

regularização fundiária são maneiras de democratizar o acesso ao crédito no país através do

reconhecimento de direitos mais amplos de propriedade por parte dos seus detentores, no caso o

direito do indivíduo usar ativos como garantia de empréstimos. Uma vantagem dessas medidas é

combinar a velocidade das políticas compensatórias com a persistência de políticas estruturais. Outra

é afrouxar o dilema entre eficiência e equidade implícito na adoção de políticas distributivas, se os

novos benefícios são colateralizáveis eles aumentam a eficiência da economia através do mercado de

crédito.

O governo federal tem demonstrado senso de oportunidade ao permitir o desconto em folha

para crédito consignado aos aposentados e ao pagamento de prestações de empréstimos para compra

de duráveis. Isto pode aproximar o crédito do dia a dia do empregado formal, desde que

acompanhado de cuidados especiais com a preservação da concorrência entre instituições financeiras

na oferta de empréstimos. Apesar do contra-cheque já ser utilizado como indicador da capacidade de

honrar dívidas, o desconto em folha constitui uma garantia mais firme. É preciso estender a fronteira

creditícia até onde ela nunca foi antes: aos pobres e informais através da colateralização dos

benefícios sociais.

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4.2 Crédito Produtivo

O mercado de crédito brasileiro visa mais ao consumidor do que ao produtor. É mais de curto

do que de longo prazo e atinge mais a alta do que a baixa renda. A escassa oferta de microcrédito

existente é de natureza pública, e não privada, gerando potenciais ineficiências alocativas. Estes

vieses podem ser sintetizados no que GONZALEZ-VEGA (1997), professor da Universidade de

Ohio e especialista em microcrédito, chamou de “mistério brasileño”: por que o crédito produtivo

popular privado pouco se desenvolveu nesse país? De lá para cá houve a implementação de diversas

políticas de microcrédito, entretanto o percentual de empresas que estavam endividadas se manteve

constate ao compararmos os anos de 1997 e 2003 (17,1%). Ou seja, o “mistério brasileño”

continuaria atual. A partir desses dados de endividamento e de acesso a crédito não é possível

afirmar que o fato das empresas informais continuarem a recorrer pouco a empréstimos ocorre por

falta de acesso a crédito ou porque os juros altos inibiram a demanda. As empresas podem estar

evitando o financiamento numa conjuntura imprópria por conveniência, ou instinto de sobrevivência.

Uma sociedade sem crédito é uma sociedade de oportunidades limitadas, onde projetos

lucrativos não saem do papel. A relação entre credores e devedores é marcada pela assimetria de

informações. O devedor tipicamente dispõe de conhecimentos e tecnologia não compartilhados pelo

emprestador. Caso contrário, o emprestador seria também o empreendedor. A oferta de garantias

como lastro de financiamentos permite superar assimetrias de informação, dispensando custosas

buscas. Entretanto, os ativos dos pobres não são, em geral, garantias válidas de empréstimos. Dessa

forma, o problema dos pobres não é só carência de ativos ou de oportunidades, mas falta de

capacidade de aproveitar as parcas oportunidades disponíveis.

SOTO (2001) nos brinda com outro mistério, o do capital, onde enfatiza o reconhecimento

formal do direito de propriedade dos pobres como alavanca de garantias para a concessão de

empréstimos. Seguindo o mote, alguns têm proposto, com propriedade, a adoção de um processo de

regularização fundiária urbana em larga escala. Entretanto, entre a taça e os lábios existem outros

percalços. No caso brasileiro, a casa própria, mesmo que regularizada, não é aceita, em geral, como

colateral de empréstimos. As tristes histórias de liquidação de hipoteca, enredo comum nos filmes

americanos, não habitam as cenas do cinema e da realidade nacional. Em compensação, qualquer

americano tem acesso a crédito imobiliário, evento raro em nosso país.

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A legislação brasileira, na ânsia de proteger os donos da casa própria da dolorosa retomada

do imóvel em caso de inadimplência, acaba por esvaziar o mercado de crédito. É preciso derrubar

essa verdadeira “lei seca” que abre espaço para agiotas atuarem. É preciso atacar condições

necessárias e suficientes para observarmos aumento de empréstimos aos pobres brasileiros. Agora se

deve atentar para o uso da regularização fundiária com moderação, a fim de se evitar a ressaca do

processo. O objetivo final é aumentar o direito de propriedade dos pobres já estabelecidos em suas

respectivas propriedades e não motivar invasões que acarretariam diminuição, e não aumento, dos

direitos de propriedade.

Outra abordagem à carência de garantias dos pobres é a do Grameen Bank, denominada

colateral social. Neste esquema cada membro de um grupo de tomadores de empréstimo garante o

pagamento dos demais membros do grupo. Vizinhos conhecem melhor os detalhes da capacidade de

pagamento do que uma financeira poderia jamais sonhar. A disposição de se entrar num esquema do

tipo “um por todos e todos por um“ informa tudo o que os credores gostariam de saber sobre os

devedores, sem precisar investigar. O esquema de crédito solidário é ilustrativo da possibilidade de

soluções simples e baratas para afrouxar as restrições de crédito dos pobres.

As áreas urbanas brasileiras, em particular as metrópoles, foram o epicentro da crise social

ocorrida de 1997 em diante. O efeito de reformas estruturais adotadas no país afetou mais

intensamente alguns habitantes metropolitanos. Por exemplo: a abertura da economia desempregou

os operários industriais na grande São Paulo, na privatização os funcionários públicos cariocas

passaram por PDV (Plano de demissão voluntária), na reforma administrativa o servidor público de

Brasília perdeu a estabilidade e o emprego, etc. Nesse processo perdeu quem tinha algo a perder e

não quem não tinha nada (o pobre); perdeu quem tinha capital acumulado, humano, físico e social.

Uma falha da política pública brasileira foi em relação aos novos pobres metropolitanos que não

precisam de doação e sim de acesso a empréstimos como parte integrante da estratégia de

reconversão produtiva frente ao novo cenário apresentado.

Apesar do florescimento no Brasil de iniciativas localizadas, públicas e privadas, de provisão

de microcrédito, o volume transacionado não vai atingir patamares desejados enquanto não

atacarmos o problema em sua escala, através de inovações institucionais e legais no campo das

garantias.

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5. Indicadores Sódio-Econômicos

5.1 Mensuração de Pobreza

5.1.1 Linhas de Miséria

O cálculo de indicadores de pobreza, enquanto insuficiência de renda requer a fixação de

uma linha abaixo da qual os indivíduos são considerados miseráveis. Nas linhas de miséria se

calculam valores monetários que permitam suprir necessidades calóricas básicas. No caso da

pobreza consideram-se, além de despesas alimentares, as de habitação, vestuário, transporte etc. O

cálculo de linhas de pobreza encerra todas as escolhas metodológicas da linha de indigência, além de

embutir outras ainda mais gerais e de significado incerto, relativas às necessidades não alimentares.

Como o objetivo de combate à miséria transcende mandatos de governos e fronteiras

nacionais, a proposta seria escolher as linhas internacionais de US$ 1 e U$S 2 por pessoa/dia

ajustada pela paridade de poder de compra (PPP)4. Cabe lembrar que a linha seria em reais: uma vez

calculado o valor inicial em reais este seria ajustado pelo índice de inflação oficial doméstico. Outro

ponto importante é que o diferencial de custo de vida se reflita internamente dentro dos diferentes

estados brasileiros.

As linhas de pobreza internacionais criadas pelo Banco Mundial, de 1 e 2 dólares por dia

estão expressas em termos de dólares convertidos pela paridade do poder de compra (PPP). Os

índices da PPP mostram a quantidade de moeda local necessária para adquirir num determinado país

os mesmos bens que nos Estados Unidos podem ser adquiridos com um dólar, para um ano de

referência determinado. O Banco Mundial conta com dados dos índices PPP necessários para

realizar comparações do produto interno entre os países.

4 Na reunião do milênio em setembro de 2000, os estados das Nações Unidas reafirmaram seus compromissos de trabalhar para um mundo em que o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza teriam a prioridade mais alta. As metas do Desenvolvimento do Milênio brotaram dos acordos e das resoluções das conferências mundiais organizadas pela ONU na década passada. As metas foram percebidas como uma estrutura para a medição progresso do desenvolvimento. As metas focam os esforços da comunidade do mundo em conseguir melhorias significantes e mensuráveis na vida das pessoas. Elas estabelecem referências para medição de resultados, não somente para países em desenvolvimento, mas para países ricos que ajudam a financiar programas de desenvolvimento e para as instituições multilaterais que ajudam os países a implementá-las. A primeira e mais importante meta é a redução da miséria utilizando a linha internacional supramencionada

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Em nossos estudos sobre pobreza, e mais especificamente sobre a quantificação do número

de pobres nos diversos locais do país consiste em primeiro lugar em obter uma linha passível de

comparação com padrões internacionais, o cálculo da linha de pobreza nacional foi feito utilizando a

linha internacional de U$S 1 e U$S 2 dólares ajustada por diferenças de custo de vida internacionais

(Paridade de Poder de Compra - PPP), a linha PPP de 1 US$ para o Brasil nos dá uma linha de 49,7

reais mensais e a de 2 US$ corresponde a 99,3 reais mensais, em dezembro de 2008. Em segundo

lugar, foi feito também o ajuste por diferenças internas de custo de vida usando os deflatores

regionais consistentes com o valor nacional estimados a partir da POF de 2002/2003, conforme

metodologia de Skoufias et all (2006) e ajustado5. Finalmente, o índice de custo de vida foi

calculado pela ponderação da população do Censo em 2000 de cada tipo de área (rural, urbano e

metropolitano) das diversas regiões brasileiras Neri (2001).

5 Estes deflatores regionais foram usados pelo Projeto Fome Zero, pág. 72.

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Taxa de Miséria – Linha US$ 1

Mundo

Taxa de miseráveis - linha de US$1 - Mundo1 - 4.734.73 - 14.3814.38 - 27.0227.02 - 45.1245.12 - 84.9Sem informação

Brasil

Taxa de miséria - linha de US$10 - 4.734.73 - 14.3814.38 - 27.0227.02 - 45.1245.12 - 100

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Estado do Rio de Janeiro

Taxa de miséria - linha de US$11 - 4.734.73 - 14.3814.38 - 27.0227.02 - 45.1245.12 - 84.9

Município do Rio de Janeiro

Taxa de miséria - linha de US$11 - 4.734.73 - 14.3814.38 - 27.0227.02 - 45.1245.12 - 84.9

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Censo/IBGE

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5.1.2 Comparação entre Linhas de Miséria e suas Taxas de Pobreza:

O Centro de Políticas Sociais da FGV optou por uma linha de miséria baseada apenas em

necessidades alimentares mínimas, fixadas pela OMS (2288 calorias/dia) e traduzidos em valores

monetários usando os hábitos de consumo das pessoas situadas entre os 20% e os 50% mais pobres

da população. O resultado é uma linha de R$79,00 mensais por pessoa, avaliada a preços da Grande

São Paulo de julho de 2000, o que seria equivalente a cerca de 130 reais de outubro de 2008. A

proximidade com outros valores, objetos de debate atual, a torna uma referencial útil. O Governo

Federal utiliza como critério de elegibilidade ao Bolsa-Alimentação, Bolsa-escola, etc. o valor

máximo de ½ salário mínimo por mês por pessoa (cerca de R$90,00 na data do último Censo).

Pessoas com rendas superiores a este valor não teriam acesso aos programas do Bolsa Escola, Bolsa

Alimentação, Vale Gás do Governo Federal6.

Abaixo encontramos um exercício com diversos indicadores de pobreza para o país, podemos

encontrar além das linhas internacionais, a do CPS/FGV e a de ½ salário mínimo outras como por

exemplo: ¼ Salário Mínimo (critério de acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e 1

Salário Mínimo (Piso Nacional de Salário e Previdenciário), Calculamos estas linhas baseadas em

frações do salário mínimo a valores correntes da data do Censo 2000 e a valores constantes de

salário mínimo de outubro de 2001 (os valores dessas linhas são referentes a São Paulo).

Observamos que quando usamos a linha de 1US$ PPP obtemos a proporção mais baixa de pobres:

13,5%, já quando a nossa linha é a linha de 1 salário mínimo constante (R$162) a taxa de pobres

chega até 56,4%.

6 Na verdade, cada brasileiro tem uma linha de miséria na cabeça. A Pesquisa de Padrões de Vida implementada pelo IBGE, usando a metodologia do Banco Mundial, contém perguntas sobre a linha de miséria subjetiva de cada um. Uma pergunta de particular interesse aqui é: considerando a sua família, qual seria a menor renda mensal necessária para cobrir gastos de alimentação? A média das respostas é R$112,00/mês por membro familiar.

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Tabela

Brasil - Medidas de Miséria

Município

1U$$ - PPP 30.23 13.47

2U$$ - PPP 60.46 25.84

FGV Indigência 79.14 33.15

FGV Pobreza 160.52 56.03

1/4 Salário Mínimo Constante 40.62 17.77

1/2 Salário Mínimo Constante 81.24 33.77

1 Salário Mínimo Constante 162.49 56.37

1/4 Salário Mínimo Corrente 37.75 16.59

1/2 Salário Mínimo Corrente 75.50 31.64

1 Salário Mínimo Corrente 151.00 53.85

Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados da amostra do Censo Demográfico 2000/IBGE.

Linha R$ (valores SP)

Taxa de Pobreza

5.1.3 Indicadores de Pobreza

Em primeiro lugar, as medidas de pobreza aqui calculadas se baseiam no conceito de renda

domiciliar per capita, o que nos permite captar o processo de redistribuição de renda intradomicílios

das rendas auferidas individualmente por seus membros do trabalho, de aposentadorias, de aluguéis,

de juros, de seguro-desemprego, etc. Outra vantagem deste conceito é incorporar os efeitos de dois

elementos centrais do debate sobre o mercado de trabalho brasileiro: o desemprego e o trabalho

precário.

Uma forma simples de sintetizar os níveis e de desigualdade de renda num único indicador

com vistas ao monitoramento da população alvo de programas sociais é a contagem do número de

indivíduos pobres. Isto é, a avaliação da proporção da população, cuja renda familiar seria

insuficiente para adquirir uma cesta de bens de consumo capaz de satisfazer as necessidades básicas

individuais.

Um primeiro aspecto normativo que tem sido objeto de debate recente é o da fixação da linha

de pobreza e do seu corolário imediato: a determinação do número de indivíduos pobres. A linha de

indigência incorpora apenas despesas alimentares para suprir necessidades calóricas básicas. A linha

de pobreza por sua vez leva em conta também cálculo de outras despesas não alimentares como

transporte, habitação, serviços públicos etc. Em geral, a partir de necessidades calóricas mínimas

constantes da linha de indigência multiplicada por uma relação estimada entre despesas de

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alimentação e outras despesas denominada coeficiente de Engel. Em termos absolutos, Ferreira et

all. (2003) reportam que a linha de pobreza corresponde a pouco mais de duas vezes o valor da linha

de indigência para cada região. A opção aqui adotada foi focar a análise na linha de pobreza de 1

U$S PPP por dia, propriamente dita, a fim de testar a robustez das conclusões tiradas a partir de cada

um dos três índices de pobreza citados no parágrafo anterior. Uma parte importante deste cálculo se

refere aos índices regionais de custo de vida, utilizados no deflacionamento regional das rendas. A

outra pode ser lida como proxy de linha de indigência. Entretanto, apesar dos aspectos técnicos

envolvidos, a fixação da linha de pobreza sempre tem um caráter arbitrário (Rocha FGV, PB,

Skoufias).

De maneira mais geral, trabalhamos com índices de pobreza absoluta. O cálculo desses

índices pode ser dividido em três estágios: em primeiro lugar, se fixa um valor monetário

correspondente a linha de pobreza. Esta é determinada a partir da ligação entre necessidades

mínimas de consumo fixadas exogenamente com os hábitos de consumo da população local

evidenciados a partir de pesquisas de orçamentos familiares. Em segundo lugar, a população é

dividida em indivíduos pobres e não-pobres dependendo de se a renda familiar per capita de cada

indivíduo for inferior ou não a linha de pobreza fixada. Nesse sentido, medidas de pobreza podem

ser vistas como medidas de bem-estar social truncadas, nas quais só os indivíduos abaixo da linha de

pobreza são levados em consideração. E, como último passo, se agrega a distância dos pobres em

relação a linha de pobreza, de forma a se dar mais ou menos peso aos indivíduos relativamente mais

pobres da população.

Os índices de pobreza absoluta guardam, dessa forma, dois aspectos normativos: o valor da

linha de pobreza e o critério de agregação dos pobres. No que tange ao segundo aspecto, a nossa

opção aqui será trabalhar com três índices de pobreza pertencente a classe FGT proposta por Foster,

Greer e Thorbecke (1984): o índice de proporção dos pobres (P0), o hiato médio de pobreza (P1);

e o hiato quadrático de pobreza (P2).

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Didatizando os Índices de Pobreza FGT

A fórmula abaixo mostra como a mudança do expoente () redunda em cada um desses

indicadores:

Z

YZ

np i

q

i 1

1

onde:

n = número de pessoas

q = número de pessoas abaixo da linha de pobreza

Z = linha de pobreza

Yi renda do indivíduo i

= grau de aversão à pobreza

Apresentamos uma discusão simplificada a partir de exemplos práticos acerca dos

indicadores de pobreza (P0, P1 e P2). Imagine uma sociedade muito simples composta de cinco

pessoas com os seguintes níveis de renda per capita:

A – R$ 6000 B – R$ 600 C – R$ 160 D – R$ 142 E – R$ 12

Se utilizarmos uma linha de pobreza de R$ 154 e a de R$ 76 reais de indigência , D e E seriam

pobres e apenas E seria indigente, o que acarretaria em proporções de pobres e de indigentes (P0) de

40% e 20% respectivamente. O Hiato médio (P1) em relação a linha de pobreza é calculado

somando quanto falta para cada indivíduo atingir a linha de pobreza:

A – R$ 0 B – R$ 0 C – R$ 0 D – R$ 12 E – R$ 142 Hiato Total = 154

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Perfazendo um hiato total de renda R$154 reais, este é o menor custo financeiro para o

aliviamento da pobreza alcançável nesta nossa sociedade fictícia, o que nos dá um hiato médio de

renda p

nciar o muito pobre do pouco pobre. No nosso exemplo os indivíduos D e E entram

com o

pobreza seria R$ 30.8

(20% d

pectiva

insufici

ar ao

quadra

índices P0 ao P2, estamos aumentando a ponderação

os indivíduos mais pobres nos cálculos, o que reflete uma mudança de juízo de valor. No P2 o mais

pobre dos pobres é o alvo prioritário das ações.

or habitante de R$ 30.8. O P1 corresponde literalmente a razão entre o hiato médio e a linha

de pobreza (30.8/154) 20% da linha de pobreza.

O hiato médio ou (P1) constitui um indicador mais interessante que a proporção de pobres

(P0) por difere

mesmo peso no P0, mas E vale quase 13 vezes mais que D (142/12) quando usamos o

indicador P1.

A vantagem da proporção de pobres (P0) é obviamente a sua simplicidade. Por outro lado, P1

nos dá diretamente o custo do programa de combate a pobreza mais eficiente que pode ser

implementado. Vejamos: o necessário em média por pessoa para se erradicar a

e R$ 154, a linha de pobreza) se multiplicarmos pela população total chegamos ao custo

agregado da erradicação da pobreza coincidentemente nesse caso de R$ 154.

A utilidade do P1 para o desenho de políticas de combate a pobreza é óbvia, pois temos os

valores que seriam gastos caso conseguíssemos identificar perfeitamente os pobres e a sua res

ência de renda (problema de focalização), que não houvessem vazamentos de qualquer

ordem (problemas de desperdício) e que o custo administrativo destes programas fosse zero.

P1 confere maior peso aos mais pobres, mas o impacto de uma dada transferência de renda

(digamos x reais) sobre o índice independe do nível de renda daqueles que recebem a transferência.

No nosso exemplo, se o agente C ou o agente D recebe mais 10 reais o P1 cairia da mesma forma

para cerca de 23%. P2 resolve este problema atribuindo mais peso para os muito pobres, ao elev

do o hiato de pobreza observado. No nosso exemplo inicial P2 corresponde a este último

índice corresponde à distância média ao quadrado dos pobres com respeito à linha de pobreza.

Em suma, à medida que caminhamos dos

d

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As informações estão traduzidas em três índices, a saber:

P0 - Abordagem mais simples e popular, onde o percentual de miseráveis é obtido

identificando a parcela da população cuja renda familiar per capita está abaixo da linha

arbitrada.

P1 - é um outro indicador que revela quanta renda adicional cada pobre deveria receber para

satisfazer as suas necessidades básicas. Este constitui um indicador mais interessante que P0

por diferenciar o muito pobre do pouco pobre. A sua utilidade para o desenho de políticas

sociais é direta, exatamente ele é capaz de informar os valores mínimos necessários para

aliviar a pobreza, avaliados percentualmente em relação ao valor da linha.

P2 - eleva ao quadrado a insuficiência de renda dos pobres, priorizando as ações públicas aos

mais desprovidos.

À medida que caminhamos dos índices P0 ao P2, estamos aumentando a ponderação dos

indivíduos mais pobres nos cálculos, o que reflete uma mudança de juízo de valor. No índice P0

referente a proporção dos pobres, todos os indivíduos situados abaixo da linha de pobreza entram

com pesos idênticos. No caso de P1 e P2, os indivíduos são ponderados de forma proporcional,

respectivamente, a distância e ao quadrado da distância, de suas rendas per capita em relação a linha

de pobreza. Em suma, o P0 nos informa o tamanho do problema de pobreza, quantos são pobres?. O

P1 informa o custo da menor custo para a solução do problema. Já o P2 é a medida mais complexa e

interessante, pois nos diz por onde começar.

5.2 Definindo a Classe Média

Existem pelo menos duas perspectivas para se conceituar Classe Média. Uma primeira é pela

análise das atitudes e expectativas das pessoas. A sondagem do consumidor divulgada pelo Instituto

Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas em bases mensais para o Brasil segue nesta

direção. Este tipo de abordagem que foi bastante desenvolvido nos anos 50 e 60 por George Katona,

psicólogo behaviorista que tinha no economista James Tobin um de seus grandes admiradores.

Seguindo, nesta linha, Thomas Friedman, colunista internacional do New York Times em seu

recente best-seller “O Mundo é Plano” define classe média mais do que pelo nível de vida e de renda

presente, mas o de esperar estar numa posição melhor no futuro. Esta mobilidade estrutural social

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ascendente seria algo como realizar o similar em cada país do chamado “sonho americano”, da

possibilidade de ascensão social.

Complementarmente propomos o o uso de medidas de qualidade de vida extraídas da nova

linha de surveys como o Gallup World Poll, o similar da IPSOS, cuja uma das vantagens é a alta

comparabilidade internacional por aplicar o mesmo questionário a um número grande de países. Esta

vantagem também é compartilhada por surveys feitos em bases regionais, o LatinoBarômetro na

América Latina e o EuroBarômetro no velho continente. Em particular, propomos o uso de medidas

diretas tais como a expectativa de felicidade cinco anos no futuro em comparação com o nível de

felicidade presente. Isto é feito através de perguntas onde a pessoa atribui diretamente nota subjetiva

de 0 a 10 sobre a sua respectiva satisfação com a vida. Este tipo de análise recai sobre o Índice de

Felicidade Futura (IFF) desenvolvido por nós em projeto para o Banco Inter-Americano de

Desenvolvimento (BID) a partir de uma amostra de mais de 132 países cobertas pelos microdados do

Gallup World Poll de 2006.

A segunda maneira de se definir as classes sociais (E, D, C, B2, B1, A2 e A1) é pelo

potencial de consumo tal como no chamado Critério Brasil, na qual a nossa nova classe média é

identificada com a Classe C. Esta estratificação é implementada a partir do impacto de bens sobre

medidas de acesso a bens duráveis e seu respectivo número (TV, rádio, lava-roupa, geladeira e

freezer, vídeo-cassete ou DVD), banheiros, empregada doméstica, e nível de instrução do chefe de

família7. Este critério estima os pesos a partir de equação minceriana (log da renda familiar total). O

CPS propõe conceituação complementar para medir a evolução da nova classe média no Brasil

também do ponto de vista do produtor. Ou seja, da capacidade de manter de fato este potencial de

consumo ao longo do tempo. Neste trabalho ainda inédito além de testarmos a medição da classe

média a partir da combinação de elementos como renda e acesso a bens de consumo

tradicionalmente utilizada, propomos medir a classe média a partir da capacidade de geração e

manutenção da riqueza a prazo mais longo. No primeiro elemento temos acesso à universidade

pública ou privada, acesso a escola de qualidade (privada?), a elementos da era da Tecnologia da

Comunicação e da Informação como computadores conectados a internet e além da renda corrente, a

7 Estas variáveis são medidas pelo Censo Demográfico, o que facilita a espacialização do poder de compra das famílias, mas não são bem cobertas pela PNAD, por exemplo. No modelo hierárquico de imputação de rendas faltantes no Censo desenvolvido pelo IBGE e incorporado nos microdados do Censo 2000, a instrução da pessoa de referencia do domicílio e o número de banheiros são as duas variáveis mais relevantes selecionadas.

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renda permanente estimada a partir de características sócio-demográficas fixas (como sexo, idade,

região etc, mas especialmente estoque de educação). Já no aspecto de manutenção a prazo mais

longo da situação financeira familiar temos desde acesso a emprego formal que garante um nível de

proteção social maior, acesso a previdência privada, acesso a crédito imobiliário, posse legal de casa

própria (com padrão mínimo de qualidade: banheiros, tipo de construção etc), seguro-saúde. Este

tipo de preocupação com educação e inserção ocupacional consta em critérios aplicados na

Inglaterra, Portugal e Índia. O aspecto inovador da metodologia é a sua capacidade de olhar para

aspectos simbólicos da classe média, tais como a carteira de trabalho, a entrada na universidade ou

na era da informática e aliarmos a aspecto de status social ligado a demanda privada por bens que

eram monopólio do Estado como previdência, escola, saúde e crédito imobiliário. Outra, é a

capacidade de mensurar em escala nacional cada componente citado, estudar a sua interação e a

agregação dos mesmos em índices sintéticos do tamanho de da distribuição da classe média,

mergulhar nos detalhes da sua determinação (por exemplo, ir além da estatística de acesso a

educação, mas ver quanto se paga pela mesma), agregar a interação dos diversos componentes e

monitorá-los ao longo do tempo.

Ao contrário de análises da distribuição de renda relativa onde mapeamos a parcela relativa

de cada grupo na renda total (como, por exemplo, os 10% mais ricos que se apropriam de quase 50%

da renda etc.) nos fixamos aqui à parcela da população que está acima de determinados parâmetros

fixados para todo o período. Ou seja, estamos preocupados com a renda absoluta de cada pessoa. A

presente abordagem é similar à usada na análise de pobreza absoluta, só que estamos preocupados

também com outras fronteiras como aquelas que determinam a entrada na classe média e a saída

deste grupo para o de elite. Na abordagem relativa pura a soma das partes dá 100% de algo relativo

ao mês, enquanto na abordagem absoluta aplicada aos diversos segmentos da pirâmide social são

referendados a um valor absoluto válido para todos os meses. Estes valores absolutos são parâmetros

do que é estar na miséria, num grupo intermediário entre a miséria e a classe média, o grupo de

classe média e a elite.

Temos a seguir os limites das classes econômicas medidas em renda domiciliar total de todas

as fontes por mês. (a explicação vem logo a seguir):

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Definição das Classes Econômicas

Renda Domiciliar Total de Todas as Fontes*

Inferior Superior

Classe E 0 804Classe D 804 1115Classe Média C 1115 4807Classe Alta AB 4807 -

* atualizado a preços de Dezembro de 2008

limites

Definimos os limites das classes econômicas começando pela definição de miséria tal como

calculada tradicionalmente pelo Centro de Políticas Sociais (Ferreira, Neri e Lanjouw (2003) e Neri

(2006)). A renda domiciliar total deste grupo corresponde ao intervalo ente 0 e 804 reais mês dada à

existência de 4,31 pessoas nestes domicílios e da renda de outras fontes fora trabalho representar

cerca de 24,2% da renda deste grupo. Esta é nomeada aqui como Classe E.

A renda dos demais grupos foi definida a partir de pontos focais da distribuição de renda

domiciliar per capita para o período todo da nova Pesquisa Mensal do Emprego de 2002 a 2006, pois

queremos referencias monetárias fixas em termos reais fixas para ter grupos variáveis, qual sejam a

mediana e o nono decil que dividem a população a metade, usamos o conceito, mas expressamos o

resultado em renda total do domicílio que está mais em sintonia com os institutos de pesquisa que

calculam a classe média (vide abaixo). A renda do estrato social mais acima que é um grupo de

renda mais alta que os miseráveis, chamada de Classe D, vão da linha de miséria até a mediana do

período todo que corresponde a 224 reais a preços de hoje por pessoa ou 1115 reais por domicílio

mês. Em suma, a classe D está compreendida entre 804 reais e 1115 de renda domiciliar total de

todas as fontes por mês.

A renda daquela que chamamos de nova classe média, configurada pelo grupo de Classe C

vai da mediana de renda de todo período até a linha que separa os 10% mais ricos do resto da

população. Em termos per capita isto corresponde à faixa de 224 reais a 967 reais por pessoa mês.

Em termos de renda domiciliar total de todas as fontes a Classe C está compreendida no intervalo

entre 1115 reais a 4807 reais por mês. Este é o intervalo da Classe média que ocupa o centro da

presente análise.

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Finalmente, o grupo de Elite formado pelas Classes A e B é dado pelos domicílios cuja renda

domiciliar total de todas as fontes por mês supera o limite superior da classe média de 4807 reais por

mês. Este é o grupo que diferencia mais a concentração de renda no Brasil frente à de outros países,

como os Estados Unidos que não é um país particularmente igualitário.

Segue abaixo a classificação por renda domiciliar per capita do trabalho.

Definição das Classes Econômicas

Renda Domiciliar Per Capita do Trabalho

Inferior SuperiorClasse E 0 142Classe D 142 224Classe Média C 224 967Classe Alta AB 967 -* atualizado a preços de Dezembro de 2008

limites

5.3 Curva de Lorenz

A curva de Lorenz é um simples instrumental gráfico e analítico que nos permite descrever e

analisar a distribuição de renda em uma sociedade, além de permitirem comparar distribuições sob o

ponto de vista da equidade.

A curva Lorenz é uma curva que expressa a relação entre a proporção de pessoas com renda

pelo menos tão elevada do que determinado valor e a proporção de renda recebida por essas pessoas.

A curva de Lorenz é representada por uma função L(P), que corresponde à fração recebida

pelo p-ésima fração inferior da população, quando a população está ordenada por renda de forma

crescente. A inclinação da curva é sempre positiva e é convexa, e L(0) = 0 e L(1)=1

A linha L(p)=p é a linha de perfeita igualdade, e corresponde à linha OB, no gráfico abaixo, e

a uma situação na qual todos receberiam o mesmo montante.

A linha de extrema desigualdade corresponde aos segmentos AO e AB, e a uma situação na

qual todos recebem zero com exceção do mais rico, que recebe o total da renda. A curva de Lorenz

se encontra em geral entre a linha de perfeita igualdade e a de extrema desigualdade. Quando mais

próxima ela estiver da linha de perfeita igualdade, mais igualitária é a distribuição de renda.

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C B

O A

5.3.1 Dominância de Lorenz

Dizemos que a curva de Lorenz de uma distribuição A domina a de uma distribuição B se

está a curva de A estiver acima da de B em todos os pontos, condicional a ambas terem a mesma

média.

Se houver intercessão entre elas, só se podem fazer afirmações acerca de trechos da

distribuição. Neste caso, sempre se podem encontrar funções de bem-estar que comparemos as

distribuições diferentemente. Neste exemplo abaixo, a distribuição A domina as distribuições B e C,

mas as distribuições B e C não apresentem dominância uma sobre a outra.

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distribuição A distribuição B distribuição C distribuição perfeita

desigualdade

extrema

Acumulada Acumulada Acumulada Acumulada Acumulada

1 5 5 1 1 1 1 10 10 0 0

2 6 11 2 3 1 2 10 20 0 0

3 7 18 3 6 1 3 10 30 0 0

4 8 26 4 10 9 12 10 40 0 0

5 9 35 5 15 9 21 10 50 0 0

6 11 46 15 30 15 36 10 60 0 0

7 12 58 16 46 15 51 10 70 0 0

8 13 71 17 63 15 66 10 80 0 0

9 14 85 18 81 15 81 10 90 0 0

10 15 100 19 100 19 100 10 100 100 100

Curvas de Lorenz

5

11

18

26

35

46

58

71

85

100

1 36

1015

30

46

63

81

100

1 2 3

12

21

36

51

66

81

100

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 0 0 0 0 0 0 0 0

100

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

distribuição Adistribuição BDistribuição CDistribuição PerfeitaDesigualdade Extrema

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5.3.2 Curva de Lorenz Generalizada

A curva de Lorenz compara distribuições com a mesma média, e essa coincidência de médias

é uma hipótese demasiadamente forte. Shorrocks (1983) e Kakwani (1984) desenvolveram um

critério para comparar distribuições com médias diferentes.

A curva de Lorenz Generalizada é representada por uma função L(μ,P) = μ L(P).

Se a curva de Lorenz Generalizada da distribuição A estiver acima da curva da distribuição B

para todos os pontos, então o bem-estar associado a A será inequivocamente superior ao bem-estar

associado a B, para qualquer função de bem-estar simétrica (satisfaz propriedade do anonimato) e

quase-côncava (satisfaz propriedade de Pigou Dalton).

5.4 Índice de Gini

Interpretação Geométrica

Corresponde à razão entre a área entre a curva e a reta de perfeita igualdade e a área total sob

a reta de perfeita igualdade.

Interpretação analítica.

. É um índice de dispersão, correspondendo a Razão entre os desvios absolutos de todas as pessoas

da amostra entre si, duas a duas, dividindo pela média vezes 2 .

Como existem N (N – 1 ) / 2 pares distintos, o Gini corresponde a :

- Se todos tem o mesmo, correspondendo à média , o Gini é zero

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- Se uma pessoa tem tudo, isto é, N, e o resto 0 então há ( N – 1 ) diferenças iguais a N e o Gini

é 1.

Fórmula Alternativa

onde p i é o ranking na distribuição começando pelo mais rico da distribuição, depois de se ordenar

os dados macroeconômicos.

Idéia: Dar mais peso aos pobres ..

Vantagem: Tem um só somatório o que barateia o custo computacional

Obs: para N grande o primeiro termo converge para 1

Principal Vantagem -simplicidade

-insensível à escala

Principal desvantagem - não é decomponível

5.5 Cuva de Lorenz e Índice de Gini

Como vimos, o grau de desigualdade pode ser captado pelo tamanho da barriga da Curva de

Lorenz, isto é, a área entre a curva e a reta de 45 graus. O índice de Gini capta o que corresponde

graficamente a razão entre a barriga da curva de Lorenz e a área do triângulo inferior do gráfico.

Exemplificando: se a sociedade fosse totalmente igualitária, isto é, ordenando dos mais

pobres para os mais ricos a participação acumulada dos indivíduos na população crescesse pari-

passu com a participação das suas respectivas rendas no total, estaríamos exatamente sobre a reta de

45 graus. Neste caso a medida desigualdade conforme o índice de Gini seria zero. No outro caso

polar, de uma sociedade totalmente desigual, onde apenas um indivíduo detém toda renda da

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economia (e os demais possuem renda zero) estaríamos caminhando sobre as laterais do triângulo da

curva de Lorenz. Neste caso o índice de Gini seria unitário. Abaixo a curva de Lorenz Brasileira em

2003.

Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados da PNAD/IBGE

Desigualdade de Renda Familiar Per Capita - Brasil 2003

0369

121518212427303336394245485154576063666972757881848790939699

1 3 5 7 9 11

13

15

17

19

21

23

25

27

29

31

33

35

37

39

41

43

45

47

49

51

53 55

57

59

61

63 65

67

69

71 73

75

77

79

81 83

85

87

89

91 93

95

97

99

População

Ren

da

5.6 Medida de Bem-Estar

5.6.1 Medida de Sem

A fim de fornecer uma síntese final, acoplamos os efeitos da média e da desigualdade numa

função bem-estar social simples proposta por Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia. Essa função

multiplica a renda média pela medida de equidade, dada por um menos o índice de Gini (isto é:

Média * (1 – Gini)). Logo, a desigualdade funciona como um fator redutor de bem-estar em relação

ao nível da renda média. Por exemplo, a renda média de 526,27 reais mensais por brasileiro seria o

valor do bem-estar social segundo a medida simples de Sen, se a equidade fosse plena. Mas na

verdade corresponde a 44,51% deste valor, 234,40 reais, dada a extrema desigualdade atual

brasileira. O deságio era ainda maior quando o índice era apenas 40,43% da renda média em 2001,

antes do início da redução da desigualdade. Apresentamos na tabela abaixo, a evolução ano a ano da

média de renda, da desigualdade de renda e da combinação das duas, dada por essa medida de Bem-

estar.

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5.6.2 Bem Estar Subjetivo

O senso comum nos informa que a felicidade pode ser considerada como o objetivo último na

vida de cada pessoa. O estudo da satisfação com a vida tem interesse intrínseco bem como outras

motivações, como a avaliação de políticas públicas alternativas e a solução de quebra-cabeças

empíricos da economia. Em relação a este ultimo aspecto, provavelmente o paradoxo mais intrigante

a ser explicado é a correlação extremamente fraca que diversos estudos apresentam entre renda, a

variável mais venerada em economia, e felicidade. Inúmeros países que experimentaram um

aumento drástico na renda real desde a Segunda Guerra não observaram um aumento no bem-estar

auto-avaliado pela população, pelo contrário a mesma diminuiu8. Em um dado ponto no tempo, a

renda mais alta está positivamente associada à felicidade das pessoas, contudo ao longo do ciclo de

vida e ao longo do tempo, está correlação é fraca, como no chamado Paradoxo de Easterlin. As

pessoas adaptam suas aspirações aos maiores ingressos e se tornam mais exigentes a medida que a

renda sobe. Como veremos mais adiante, esta visão foi recentemente desafiada por resultados

empíricos apresentados por Angus Deaton (2007). É muito cedo para escolher o lado da discussão,

mas o lançamento dos novos dados do Gallup World Poll que cobrem mais de 132 paises, ampliaram

o horizonte geográfico da discussão, e o trabalho pioneiro de Deaton neles reembaralharam as cartas

de felicidade com as notas de dinheiro. Sem ainda fazer apostas em dinheiro como causa principal da

felicidade, discutimos a partir dos microdados deste mesmo conjunto de informações, cujo acesso foi

propiciado pelo projeto sobre Qualidade de Vida do Banco Inter-Americano (BID), as relações entre

renda e felicidade.

Felicidade observada - A fraca e volúvel relação entre renda e felicidade nos estudos

empíricos motivou pesquisadores irem a um passo adiante da posição “objetivista” da teoria

econômica, baseada somente nas escolhas feitas pelos indivíduos e que podem ser observadas. Na

abordagem tradicional, a utilidade individual depende apenas de bens tangíveis, serviços e lazer, e é

inferida quase que exclusivamente do comportamento (ou preferência revelada). A abordagem

axiomática da preferência revelada explica que as escolhas feitas fornecem toda a informação

necessária a partir da utilidade dos indivíduos. De acordo com Sen (1986) “a popularidade desta

8 Veja Richard Easterlin (1975, 1995, 2001), Blanchflower e Oswald (2000); Diener e Oishi (2000); e Kenny (1999).

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visão pode ser atribuída à crença peculiar de que escolha (...) é o único aspecto humano que pode ser

observado”.

A partir do trabalho de Easterlin (1974), cuja relevancia percebida aumenta a partir da última

parte da década de 90 – quando um conjunto de economistas começou a realizar análises empíricas

de larga escala sobre os determinantes da felicidade em diferentes países e períodos9 - o interesse

econômico na mensuração do bem-estar individual subjetivo cresceu consideravelmente.

Uma visão subjetiva de utilidade reconhece que cada pessoa tem suas próprias idéias sobre

felicidade e sobre o que é uma vida boa. Nesta perspectiva o comportamento observado seria um

indicador incompleto para o bem-estar individual. A felicidade dos indivíduos poderia ser captada

perguntando diretamente às pessoas o quão satisfeitas elas estão com suas vidas. As variáveis de

interesse estão baseadas no julgamento das pessoas por elas mesmo, de acordo com a premissa de

que elas são os melhores juízes sobre a qualidade geral de suas vidas, e portanto, nenhuma estratégia

poderia ser mais natural e direta do que lhes perguntar sobre seu nível de bem-estar. A principal

idéia é que o conceito de felicidade subjetiva nos possibilitaria captar diretamente o bem-estar

humano, ao invés de mensurar renda, ou outras coisas, que não são exatamente o que ao fim e ao

cabo as pessoas querem, mas que são, ao contrário, os meios através dos quais se pode conseguir -

ou não – usufruir da felicidade.

Segundo Frey e Stutzer (2002), bem-estar (well-being) subjetivo é um conceito mais amplo

do que a utilidade da decisão e é o objetivo final. Eles sustentam que, para muitos fins, a felicidade

ou o bem-estar subjetivo relatado são uma aproximação empírica satisfatória para a utilidade

individual. Como as pessoas mensuram seu nível de bem-estar subjetivo em relação às

circunstâncias pessoais e às outras pessoas, incluindo experiências passadas e expectativas futuras,

eles sugerem que medidas de bem-estar subjetivo sirvam como medidas de utilidade. Ademais,

como o propósito de mensurar a felicidade não é comparar seus níveis no sentido absoluto, mas

identificar os determinantes da felicidade, como será feito aqui, não é necessário assumir que o bem-

estar subjetivo relatado é, de forma cardinal, mensurável ou que é comparável entre as pessoas.

Além disso, de acordo com Diener (1984) – baseado em estudos como Fernandez-Dols e Ruiz-Belda

9 Para sumários da literatura, veja Kahneman, Diener, and Schwarz (1999) and Frey and Stutzer (2002).

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(1995), que encontraram a alta correlação entre felicidade reportada e sorriso, e Honkanen

Koivumaa et alli (2001), que encontraram a mesma correlação entre infelicidade, cérebro e atividade

cardíaca – “estas mensurações subjetivas parecem conter quantidades substanciais de variação

válida”.

Angus Deaton (2007) usando dados do Gallup World Poll não apenas desafia as

interpretações mais ou menos estabelecidas da literatura empírica prévia, em particular que “dinheiro

não traz felicidade (ou seja, satisfação com a vida no longo prazo)”, mas seu uso dos dados do

Gallup World Poll, algo mais ricos em conteúdo e em número de países em relação as pesquisas

anteriores. O artigo de Deaton (2007) é a referência-chave dissonante da literatura empírica.

Iniciamos pelos mesmos dados do Gallup World Poll de 2006 que está disponível para 132 países,

explorando exercícios simples bivariados de satisfação com a vida em níveis e diferenças através de

diferentes horizontes contra o PIB per capita ajustado por paridade de poder de compra a fim de

compararmos laranjas com laranjas entre paises.

Segundo Adam Smith, o pai da disciplina, o estudo da economia deveria tratar como central a

determinação do nível de felicidade individual. Não rejeitamos aqui a renda e a riqueza como

determinantes da satisfação com a vida dos indivíduos. Nesta visão, o livro de Smith poderia ser

intitulado de “A Felicidade Geral das Nações”.

5.7 Crescimento Pró-Pobre

O crescimento econômico impacta cada indivíduo de diferentes maneiras. Seguindo Kakwani

e Pernia (2000), o crescimento pode ser definido como pró-pobre (ou antipobre) se os benefícios do

crescimento atingem os proporcionalmente mais (ou menos) pobres do que não pobres. Assim, o

crescimento pró-pobre diminui a desigualdade enquanto o antipobre aumenta a desigualdade. O

padrão de crescimento pode ser descrito por dois fatores: (i) taxa de crescimento na renda média por

e (ii) como a desigualdade muda ao longo do tempo. Para formular políticas de redução de

pobreza, é importante olhar para padrão distributivo de crescimento econômico e não apenas para a

taxa de crescimento na renda média.

Para entender o padrão do crescimento econômico assumido, ligamos o crescimento

econômico com as mudanças na distribuição de renda. Para alcançar este objetivo, temos que

especificar a função do bem-estar social, que dá um peso maior à utilidade proporcionada ao pobre

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quando comparada com a utilidade proporcionada ao não-pobre. Para fazer o crescimento pró-pobre

operacionalmente, precisamos especificar a estrutura de pesos w(x). e a como cada pessoa

transforma renda em bem estar (i.e. a utilidade das pessoas u(x) e w(x). A forma mais conhecida da

função de utilidade é a função de utilidade logarítmica que é dada por u(x) = log(x), é crescente e

côncava em x. Neste estudo, adotamos a função de utilidade logarítmica não apenas por ser a mais

usada, mas também porque características como possibilidade de decomposição da taxa de

crescimento em termos da soma das características do mercado de trabalho. Discutiremos esta

metodologia de decomposição na próxima seção.

A função de pesos w(x) deve mostrar a relação de privações relativas sofridas pelos pobres

em relação aos não-pobres na sociedade; quanto maior a privação sofrida por um indivíduo com

renda x, maior será o w(x). Uma forma simples de mostrar as privações relativas é assumir que a

privação individual depende do número pessoas que estão melhores na sociedade10.

Substituindo u(x) = log(x) e w(x) de (6) em (4) é dada a função de bem-estar social:

0

log( *) 2 [1 ( )]log( ) ( )x F x x f x dx

(7)

que sustenta a análise empírica apresentada em Kakwani, Neri e Son (2006). Será útil tomar (7)

como:

Iloglogxlog * (8)

onde

0

log( ) 2 [1 ( )][log( ) log( )] ( )I F x x f x dx

(9)

10 Note que este esquema de pesos também é implícito no índice de Gini, a medida mais popular de desigualdade.

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tendo I como uma nova medida de desigualdade. Tirando a primeira diferença em (8) temos:

* g (10)

onde ** xlog é a taxa de crescimento do da medida bem-estar social expressa em termos

monetários x*, log( ) é a taxa de crescimento da renda média e and é a taxa

de crescimento da desigualdade, medida por I. Esta equação descreve um padrão de crescimento que

mostra a ligação entre as taxas de crescimento na renda média e a renda desigualdade.

log( )g I

* é usado para medir a taxa de crescimento pró-pobre. Se g é negativo, então o crescimento é

acompanhado por um aumento na desigualdade. Neste caso, temos e assim, há uma perda na

taxa de crescimento devido a um aumento na desigualdade. Se g é negative, isso implica em um

crescimento acompanhado pela queda na desigualdade. Neste caso, , que sugere que há um

ganho na taxa de crescimento devido a queda na desigualdade. O crescimento é definido como pró-

pobre (ou antipobre) se há um ganho (ou perda) na taxa de crescimento.

*

*

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V. Detalhamento e Escopo do Trabalho

Assessoria e Difusão dos Resultados:

O trabalho possui grande potencial de difusão. O diálogo com a sociedade buscará a inclusão

de atores no debate público e mobilizar a opinião pública quanto à importância do principal

programa de microcrédito no país, o CrediAMIGO. A principal função da Comunicação para a

Sociedade é levar ao cidadão comum os dados gerados pela pesquisa, assim como pôr em pauta o

tema como forma de reflexão sobre a situação atual do país.

Diálogo com a Sociedade

Desenvolvimento de parceria para difusão dos resultados em termos nacionais e locais através de comunicação simples e direta

Potencialização de parceria com outras instituições

Mobilização da opinião pública através de formadores de opinião, do cidadão comum para o tema

Monitoramento e sinalização para diferentes níveis de governo e da sociedade

Diálogo com outras áreas de política pública

Participação em seminários, entrevistas e artigos autorados em jornais e revistas.

Principais Elementos da Análise Empírica

o EVOLUÇÃO DOS PRINCIPAIS INDICADORES E CONJUNTURA ECONÔMICA o CREDIAMIGO E O MERCADO DE CRÉDITO NACIONAL o MERCADO DE CREDITO E INTERAÇÃO COM OUTRAS POLÍTICAS PÚBLICAS

(ESTUDO PILOTO) o MAPEAMENTO DE DIFERENTES MODALIDADES FINANCEIRAS NO BRASIL o PERFIL DOS MICROEMPRESÁRIOS BRASILEIROS E CARACTERÍSTICAS DA

CLIENTELA POTENCIAL DO PROGRAMA CREDIAMIGO (EXEMPLO: FAVELAS CARIOCAS)

o DESEMPENHO DO PROGRAMA (LUCRO, SUSTENTABILIDADE E GRAU DE ADIMPLÊNCIA) E DEMAIS MUDANÇAS SÓCIO-ECONÔMICAS DOS CLIENTES DO CREDIAMIGO (PESSOA FÍSICA E PESSOA JURÍDICA)

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Bases de Dados Utilizadas

A pesquisa consiste no processamento, descrição, análise e consolidação de um conjunto

amplo de microdados que permitirão mapear o mercado de microcrédito no Brasil. A

descrição detalhada da metodologia empírica (principias bases de dados e técnicas) podem

ser observadas no capítulo 2 do livro Microcrédito O Mistério Nordestino e o Grameen

brasileiro: Perfil e performance dos clientes do CrediAmigo. Apresentamos aqui uma visão

geral das mesmas.

DADOS PRIMÁRIOS:

Dados cadastrais: Banco de dados do CrediAMIGO.

Financeiros: utilizaremos dados de instituições financeiras brasileiras (e outros países da

América Latina) como comparação.

MICRODADOS DE BASES SECUNDÁRIAS: A partir destas análises iremos realizar

cruzamentos com um amplo conjunto de bases de microdados brasileiros e latino-americanos

(exemplo: Latinbarômetro).

Estabelecimentos: Levantaremos um conjunto de características de funcionamento das

unidades produtivas. A vantagem da ECINF é captar aquelas atividades excluídas, ou que são

apenas parcialmente captadas, por pesquisas de estabelecimentos formais e pela rede de

arrecadação tributária oficial. Contamos também com séries atualizadas de microdados de

estabelecimentos formais advindos do Ministério do Trabalho como o Cadastro de Empresas

do MTE que também permitem a abertura por bairro (e rua) das informações apresentadas.

Domiciliares: As pesquisas domiciliares tradicionais permitem a análise de um amplo

conjunto de atributos dos negócios, dos proprietários e de suas famílias, empregados

(familiares ou não), e da localidade onde a atividade está inserida, seja ela formal ou

informal, para todo território nacional. Vantagens apresentadas por cada pesquisa: O Censo

demográfico tem a possibilidade de abertura municipal e inframunicipal de algumas

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informações; A PNAD e a PME mais agregadas em termos espaciais permitirão análises mais

atuais (informações disponíveis até os anos 2007 e 2008, respectivamente), permitindo

incorporar referencias de outros elementos. O aspecto longitudinal da PME (i.e., acompanha

as mesmas pessoas ao longo do tempo) permitirá analisar o risco individual ocupacional, bem

como a probabilidade de crescimento e de formalização dos negócios. As Pesquisas de

Orçamentos Familiares complementarão a análise da estrutura da demanda por bens e acesso

a serviços financeiros, despesas com empréstimos, inadimplência e de percepções subjetivas

de diversos aspectos da vida, explorando as inter-relações entre o lado pessoa física e jurídica

do microempresário utilizando os domicílios como unidades de análise.

BASES COMBINADAS: Propomos realizar levantamentos estatísticos através dos dados

cadastrais do programa CrediAMIGO, processados de forma combinada com outras bases de

microdados, através de simulações baseadas em modelos estatísticos.

Técnicas

i. Análise Multivariada

A análise multivariada desempenhará um papel fundamental neste estudo permitindo isolar

as diversas instancias de atuação de políticas supracitadas. Por exemplo, compare duas regiões

onde todos os atributos das empresas com exceção da distribuição de escolaridade do

empresário, sejam iguais inclusive à taxa de acesso ao crédito. O potencial de implementação de

programas bem sucedidos na região mais educada é superior ao da região menos educada. Pois a

baixa escolaridade inibe o sucesso de políticas. A decisão mais proveitosa em termos de alocação

de esforços de expansão do sistema é expandir para a área mais educada. O objetivo da análise

dos coeficientes das variáveis dummies espaciais numa regressão multivariada é justamente

identificar áreas com potencial de expansão de cobertura de sistema.

Diferença em Diferença: Utilizamos estimativas controladas de diferença em diferença entre

grupos afetados e grupos de controle em diferentes momentos no tempo. Isso inclui ainda a

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descrição e implementação de metodologia para avaliação de impacto de exercícios

contrafactuais. Com esse estimador as tendências de tempo comuns aos dois grupos são

eliminadas. A vantagem desta metodologia é que ela é uma generalização dos modelos expostos

acima bastando para isso incorporar variáveis dummies.

ii. Análise Bivariada

O objetivo da análise bivariada é traçar um perfil das variáveis indicativas da natureza dos

pequenos empresários, formais e informais, e de suas empresas em relação aos principais

atributos pessoais (sexo, raça, idade, escolaridade etc). Analisamos também um conjunto

adicional de variáveis dos estabelecimentos como (Ramo de atividade, tempo de atividade do

negócio; local de funcionamento, número de sócios etc).

A análise bivariada retrata o papel de cada atributo tomado isoladamente. Isto é,

desconsideramos possíveis e prováveis inter-relações das "variáveis explicativas".

Exemplificando: desconsideramos o fato de que negócios realizados fora do domicílio em lugar

próprio (oficina, loja etc) tendem a pertencer a indivíduos mais educados que por sua vez tendem

a apresentar maiores taxas de acesso a crédito.

iii. Análise Longitudinal:

As fontes de dados que serão utilizadas são o banco de dados dos clientes do CrediAMIGO e

a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). A informação longitudinal é obtida através da

concatenação das informações dos mesmos indivíduos em diferentes instantes do tempo. Esta

análise utiliza as informações longitudinais de indivíduos que foram observados em mais de 1

ponto no tempo.

No caso da PME que usa a metodologia de painel rotativo similar à que é adotada no Current

Population Survey (CPS) americano. O esquema de amostragem busca coletar informações nos

mesmos domicílios nos meses t, t+1, t+2, t+3, t+12, t+13, t+14, t+15, perfazendo um total de

oito entrevistas distribuídas ao longo de um período de 16 meses.

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VI. Produtos Gerados e Formas de Apresentação

1. Relatório de análise com textos e gráficos, ressaltando os aspectos mais relevantes em cada

um dos temas, sob a coordenação acadêmica da FGV, de autoria dos responsáveis pela

execução da pesquisa, que preencherá as dimensões conceituais e será aplicado como guia

prático para o sistema de informações a ser disponibilizado no âmbito do projeto.

2. Site público, a ser disponibilizado na página da web da FGV/Rio, com link para página da

internet do Banco, contendo dispositivos interativos de acesso aos dados compilados do

CrediAmigo, liberados pela instituição, e microdados externos; de natureza mais amigável e

voltado ao cidadão comum. Os produtos serão confeccionados em linguagem acessível,

acompanhados de notas explicativas e dispositivos interativos que permitem ao usuário

navegar sobre dados e exercícios empíricos realizados

3. Notas técnicas sobre a pesquisa e anexo com os coeficientes de variação estimados para as

variáveis selecionadas

4. Divulgação dos Resultados

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Sistemas de Informações

Desenvolveremos sistema de informações, interativas e amigáveis, para subsidiar a tomada de

decisão dos gestores e também como ferramenta para auxiliar o monitoramento do programa, tais

como simuladores de probabilidades desenvolvidos a partir de modelos logísticos binomiais e

multinomiais, além de regressões de renda, banco de dados disponibilizados na internet,

acompanhados de notas explicativas a fim de facilitar a navegação e entendimento dos usuários.

Abordaremos de forma pedagógica e seqüencial partindo de análises bivariadas e multivariadas e

passando a análise de diferenças em diferenças baseada em regressões sem e com controles e

variáveis interativas de forma a isolar possíveis impactos no grupo de tratamento do programa vis a

vis grupos de controle. Uma vantagem deste tipo de sistema é a possibilidade de incorporação a sites

na internet. Exemplo: http://www3.fgv.br/ibrecps/crediamigo/index.htm

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Simuladores - O sistema de simuladores de probabilidades será desenvolvido, a partir de

modelos multivariados aplicados às variáveis de interesse contínuas (ex: lucro médio) ou

discretas (eg. probabilidade de prejuízo) controlado por atributos individuais e geográficos

derivados de várias fontes de microdados. Os resultados estimados serão sintetizamos num

único indicativo de probabilidade. Este exercício permitirá, por exemplo, aos gestores do

Programa, de forma amigável e interativa, calcular a probabilidade de um brasileiro, dadas as

suas características específicas, ter acesso a crédito. Exemplo:

http://www3.fgv.br/ibrecps/credi/Acesso_credito/indexx.htm

Interface:

Gráfico:

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Panoramas - O Panorama permite obter uma visão bastante ampla de indicadores

diversos cruzados com características gerais da população (demográficas, socioeconômicas e

espaciais). Com ele é possível medir de forma simples e direta, por exemplo, a probabilidade

de acesso a serviços financeiros em cada Unidade da Federação. Esse instrumento otimizará e

facilitará a consulta, o processamento e a análise dos dados.

Exemplo: http://www3.fgv.br/ibrecps/credi/NOVO/Credi_ESTNEG_agregado/indexx.asp

Interface:

Tabela:

Gráfico:

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