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Luciana p· Advo d Imenta

Grad d ga a e coordenadora ed , ua a na Fundação de E . p agogica de cursos onl· nsmo Eurípedes S tne @Lulypim oares da Rocha- SP

2g edição

2015

(\1. Editor~ \.--1: Sara1va

Rua Henrique Schaumann, 270, Cerqueira César - Sõa Paula - SP CEP 05413-909 · PABX: (11) 3613 3000 SAC: 0800 011 7875 De 2' a 6', das 8:30 us 19:30 www.editarasaraiva.cam.br/cantata

Direção editorial Luiz Roberto Curia Gerência executiva Rogério Eduardo Alves

Gerência editorial Thais de Camargo Rodrigues Editaria de conteúdo Roberto Novarro Assistência editorial Thiago Fraga

Coordenação geral Clarissa Boraschi Maria Preparação de originais Maria lzabel Barreiros Bitencaurt Bressan e

Ana Cristina Garcia (caords.) Maria de Lourdes Appas

Proieto gráfico Jessica Siqueira Arte e diagramação Aldo Mautinho de Azevedo Revisão de provas Amélia Kassis Ward e

Ana Beatriz Fraga Moreira (coords.) Cecília Devus Simone L. C. Silberschimidt

Serviços editoriais Elaine Cristina da Silva Kelli Priscila Pinta Rafael de Paula Valverde

Copa Casa de ldeias/Danie/ Rampazza

Produção gráfica Marli Rampim Impressão Ed. Layola Acabamento Ed. Loyala

ISBN 978·85-02·61794-0

Ínci;:es poro catálogo sistemático:

l. Brasil: Direi:J empresarial 34:338.93(81) 2. leis: Direito empresarial: Brasil 34:338.93(81)

Data de fechamento .da ediçã~: -1H0:2in4 ··,

Dúvidas? Acesse WNW.editorasaraiva.com.br/direito

Nenhuma porte desta p~Jiicoçõo poderá ser reproduzido por ql..l::quer meio cu formo sem a prévic c:.rtorizD~õo do Editoro Saraivo. A violoçõo dos direitos :;torois é crime estabelecido no lei n. 1.610/98 e punidopeloortigol8(coCódigoPenol.

lm819oo2ool 1 ~

AGRADECIMENTOS

Adoro agradecimentos. É a parte mais legaL Pena que tem que

ser pequenininha. Este vai para os meus irmãos, Renata e Fábio, e suas respectivas

famílias (família da minha família! Gostei). Para a minha professora da sexta série do primeiro grau, Vera

Mello, que hoje pode erguer a plaquinha: "eu já sabia".

E para a tia que vendia pipoca no intervalo da faculdade.

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' l l I .I,

(\1. Editor~ \.--1: Sara1va

Rua Henrique Schaumann, 270, Cerqueira César - Sõa Paula - SP CEP 05413-909 · PABX: (11) 3613 3000 SAC: 0800 011 7875 De 2' a 6', das 8:30 us 19:30 www.editarasaraiva.cam.br/cantata

Direção editorial Luiz Roberto Curia Gerência executiva Rogério Eduardo Alves

Gerência editorial Thais de Camargo Rodrigues Editaria de conteúdo Roberto Novarro Assistência editorial Thiago Fraga

Coordenação geral Clarissa Boraschi Maria Preparação de originais Maria lzabel Barreiros Bitencaurt Bressan e

Ana Cristina Garcia (caords.) Maria de Lourdes Appas

Proieto gráfico Jessica Siqueira Arte e diagramação Aldo Mautinho de Azevedo Revisão de provas Amélia Kassis Ward e

Ana Beatriz Fraga Moreira (coords.) Cecília Devus Simone L. C. Silberschimidt

Serviços editoriais Elaine Cristina da Silva Kelli Priscila Pinta Rafael de Paula Valverde

Copa Casa de ldeias/Danie/ Rampazza

Produção gráfica Marli Rampim Impressão Ed. Layola Acabamento Ed. Loyala

ISBN 978·85-02·61794-0

Ínci;:es poro catálogo sistemático:

l. Brasil: Direi:J empresarial 34:338.93(81) 2. leis: Direito empresarial: Brasil 34:338.93(81)

Data de fechamento .da ediçã~: -1H0:2in4 ··,

Dúvidas? Acesse WNW.editorasaraiva.com.br/direito

Nenhuma porte desta p~Jiicoçõo poderá ser reproduzido por ql..l::quer meio cu formo sem a prévic c:.rtorizD~õo do Editoro Saraivo. A violoçõo dos direitos :;torois é crime estabelecido no lei n. 1.610/98 e punidopeloortigol8(coCódigoPenol.

lm819oo2ool 1 ~

AGRADECIMENTOS

Adoro agradecimentos. É a parte mais legaL Pena que tem que

ser pequenininha. Este vai para os meus irmãos, Renata e Fábio, e suas respectivas

famílias (família da minha família! Gostei). Para a minha professora da sexta série do primeiro grau, Vera

Mello, que hoje pode erguer a plaquinha: "eu já sabia".

E para a tia que vendia pipoca no intervalo da faculdade.

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SUMÁRIO

Agradecimentos, 5

Prefácio, 13

Apresentação, 15

Nota da autora, 17

Nota à 2Q edição, 19

1. Quando eu crescer: Introdução- conceito de empresário, 21 1.1. Conceito de empresário, 25

1.2. Atividades civis, 27 1.2.1. Intelectual, 2 7 1.2.2. Rural, 27 1.2.3. Cooperativa, 28

1.3. Empresário individual, 28 1.3.1. Empresa individual de responsabilidade limitada, 30

2. Confissões:. regime jurídico da livre-iniciativa, 32 2.1. Regime jurídico da livre-iniciativa, 33

2.1.1. Impedimentos ao exercício da atividade empresarial, 35 2.1.2. Microempresa e empresa de pequeno porte, 35

3. Menos: obrigações do empresário, 37 3.1. Registro de empresas, 38

3.1.1. Órgãos,38

3.1.2. AtoS,39, 3.1.3. Processo decisório, 39 3.1.4. Empresa inativa, 40 3.1.5. Empresário irregular, 40

3.2. Livros comerciais, 41

3.3. Balanços anuais, 45

4. Eu e minha insõnia: estabelecimento empresarial, 46

4.1. Conceito e natureza jurídica, 47

4.2. Alienação, 48 4.3. Locação empresarial, 50 4.4. Shopping center, 51 4.5. Aviamento, 53 4.6. Comércio eletrônico, 53

5. Pessoas são feias: nome empresarial, 55

6. Vício em chocolate: propriedade industrial, 60 6.1. Patentes, 61 6.2. _ Registro industrial, 63 6.3. Softwares, 66

1. lemanjá: teoria geral do direito societário, 67 7.1. - Personalização, 68 1.2. Classificação das sociedades empresárias, 69

7 .2.1. Quanto à responsabilidade dos sócios, 69 7.2.2. Quanto ao regime de constituição e dissolução, 71 7.2.3. Quanto às condições de alienação da participação societária, 71 7.2.4. Quanto ao número de sócios, 72

7.3. Sociedade irregular, 72 7.4. Desconsideração da personalidade jurídica, 73

8. Dor de barriga não dá u~a vez só: constituição e sócios das sociedades contratuais, 75 8.1. Constituição das sociedades contratuais, 75 8.2. Sócios das sociedades contratuais, 79

9. Mãe de muitos filhos: sociedade em nome coletivo. sociedade em comandita por ações. sociedade em conta de participação, 82 9.1. Sociedade em nome coletivo: arts. 1.039 a 1.044 do Código Civil, 83 9.2. Sociedade em comandita simples: arts. 1.045 a 1 .os 1 do Código Civil, 84 9.3. Sociedade em conta de participação: arts. 991 a 996 do Código Civil, 84

1 o. Odeio aniversário: sociedade limitada, 86 1 0.1. Formas de integralização das cotas, 87 10.2. Responsabilidade dos sócios, 8S 10.3. Deliberações sociais, 89 10.4. Administração, 90 1 0.5. Conselho fiscal, 91

11. Companhia da manhã: dissolução das sociedades contratuais, 92 11.1. Espécies, 93

Sumário

11.2. Causas de dissolução total, 94 11.3. Causas de dissolução parcial, 95 11.4. Liquidação e apuração de haveres, 96 11.5. Dissolução de fato, 97

8

12. Gororobas: sociedades por ações -I, 98 12.1. Características gerais da sociedade anônima, 99 12.2. Classificação, 1oo 12.3. Constituição, 1 o 1 12.4. Valores mobiliários, 102

12.4.1. Ações, 103 12.4.2. Partes beneficiárias, 104 12.4.3.Debêntures, 104 12.4.4. Bônus de subscrição, 1 os

_ 12.4.5. Notas promissórias, 1 os 12.5. Capital social, 1 os 12.6. Órgãos sociais, 106

12.6.1. Assembleia geral, 106 12.6.2. Conselho de administração, 1 oS 12.6.3. Diretoria, 1 oS 12.6.4. Conselho fiscal, 1 o8

13. Dia de cão: sociedades por ações -li, 11 O

13.1. Administração da sociedade, I 10 13.2. Acionistas, 1 1 1 13.3. Acordo de acionistas, 1 13 13.4. Poder de controle, 1 14 13.5. Demonstrações financeiras, I 15 13.6. Dissolução e liquidação, I 16 13.7. Transformação, incorporação, fusão e cisão, I 16

13.7.1.Transformação, 117 13.7.2.lncorporação, 1 17 13.7.3.Fusão, 117 13.7.4.Cisão, 117

13.8. Grupos de sociedade e consórcio, I 1S 13.9. Sociedade de economia mista, I 19 13.10. Sociedade em comandita por ações, 1 19

14. Decoração de coração: teoria geral do direito falimentar, 122 14.1. Quem pode falir, 124 14.2. Insolvência, 125

15. Salto alto: processo falimentar, 128 15.1. Pedido de falência, 129 15.2. Sentença declaratória da falência, 131 15.3. Sentença denegatória da falência, 133 15.4. Administração da falência, 133

9 Empresarial para quem odeia empresarial

4.2. Alienação, 48 4.3. Locação empresarial, 50 4.4. Shopping center, 51 4.5. Aviamento, 53 4.6. Comércio eletrônico, 53

5. Pessoas são feias: nome empresarial, 55

6. Vício em chocolate: propriedade industrial, 60 6.1. Patentes, 61 6.2. _ Registro industrial, 63 6.3. Softwares, 66

1. lemanjá: teoria geral do direito societário, 67 7.1. - Personalização, 68 1.2. Classificação das sociedades empresárias, 69

7 .2.1. Quanto à responsabilidade dos sócios, 69 7.2.2. Quanto ao regime de constituição e dissolução, 71 7.2.3. Quanto às condições de alienação da participação societária, 71 7.2.4. Quanto ao número de sócios, 72

7.3. Sociedade irregular, 72 7.4. Desconsideração da personalidade jurídica, 73

8. Dor de barriga não dá u~a vez só: constituição e sócios das sociedades contratuais, 75 8.1. Constituição das sociedades contratuais, 75 8.2. Sócios das sociedades contratuais, 79

9. Mãe de muitos filhos: sociedade em nome coletivo. sociedade em comandita por ações. sociedade em conta de participação, 82 9.1. Sociedade em nome coletivo: arts. 1.039 a 1.044 do Código Civil, 83 9.2. Sociedade em comandita simples: arts. 1.045 a 1 .os 1 do Código Civil, 84 9.3. Sociedade em conta de participação: arts. 991 a 996 do Código Civil, 84

1 o. Odeio aniversário: sociedade limitada, 86 1 0.1. Formas de integralização das cotas, 87 10.2. Responsabilidade dos sócios, 8S 10.3. Deliberações sociais, 89 10.4. Administração, 90 1 0.5. Conselho fiscal, 91

11. Companhia da manhã: dissolução das sociedades contratuais, 92 11.1. Espécies, 93

Sumário

11.2. Causas de dissolução total, 94 11.3. Causas de dissolução parcial, 95 11.4. Liquidação e apuração de haveres, 96 11.5. Dissolução de fato, 97

8

12. Gororobas: sociedades por ações -I, 98 12.1. Características gerais da sociedade anônima, 99 12.2. Classificação, 1oo 12.3. Constituição, 1 o 1 12.4. Valores mobiliários, 102

12.4.1. Ações, 103 12.4.2. Partes beneficiárias, 104 12.4.3.Debêntures, 104 12.4.4. Bônus de subscrição, 1 os

_ 12.4.5. Notas promissórias, 1 os 12.5. Capital social, 1 os 12.6. Órgãos sociais, 106

12.6.1. Assembleia geral, 106 12.6.2. Conselho de administração, 1 oS 12.6.3. Diretoria, 1 oS 12.6.4. Conselho fiscal, 1 o8

13. Dia de cão: sociedades por ações -li, 11 O

13.1. Administração da sociedade, I 10 13.2. Acionistas, 1 1 1 13.3. Acordo de acionistas, 1 13 13.4. Poder de controle, 1 14 13.5. Demonstrações financeiras, I 15 13.6. Dissolução e liquidação, I 16 13.7. Transformação, incorporação, fusão e cisão, I 16

13.7.1.Transformação, 117 13.7.2.lncorporação, 1 17 13.7.3.Fusão, 117 13.7.4.Cisão, 117

13.8. Grupos de sociedade e consórcio, I 1S 13.9. Sociedade de economia mista, I 19 13.10. Sociedade em comandita por ações, 1 19

14. Decoração de coração: teoria geral do direito falimentar, 122 14.1. Quem pode falir, 124 14.2. Insolvência, 125

15. Salto alto: processo falimentar, 128 15.1. Pedido de falência, 129 15.2. Sentença declaratória da falência, 131 15.3. Sentença denegatória da falência, 133 15.4. Administração da falência, 133

9 Empresarial para quem odeia empresarial

.. :~ .~:!:

~ ·~. .

.

~/ i ···.1

'\' -:~::·.:;

15.5. Apuração do ativo, 135

15.6. Verificação dos créditos, 135

15.7. Liquidação no processo falimentar, 136

15.8. Reabilitação do falido, 137

16. Pausa para o gráfico: verificação e habilitação dos créditos, 140

17. Meu passado me condena: falido: restrições pessoais,

seus bens e regime jurídico de seus atos e contratos, 141

17 .1. Pessoa do falido, 142

11.2. Bens do falido, 142

17.3. Atos e contratos do falido, 144

17.3.1.Atos ineficazes, 144

17.3.2. Efeitos da falência quanto aos contratos do falido, 147

18. Gente pequena: regime jurídico dos credores do falido, 150

19. Dá licença? Recuperação judicial, 158

19.1. Órgãos, 160

19.1.1. Assembleia geral, 160 19.1.2. Administrador judicial, 161

19.1.3.Comitê, 162

19.2. Processo da recuperação judicial, 162

19.2.1. Fase postulatória, 162

19.2.2. Fase de deliberação, 164

19.2.3.Fase de execução, 165

19.3. Microempresa e empresa de pequeno porte, 166

19.4. Convolação em falência, 166

20. Prostrada: recuperação extrajudicial, 168

21. Crianças: liquidação extrajudicial das instituições financeiras, 171

22. Eu quero ser escritora: teoria geral do direito cambiá rio, 178

23. Calotes: quem nunca? Letra de câmbio, 183

24. A menina na janela: constituição do crédito cambiá rio, 186

24.1. Saque, 187

24.2. Aceite, 188

24.3. Endosso, 190

24.4. Aval, 192

25. Medo hereditário: exigibilidade do crédito cambiá rio, 194

25.1. Vencimento, 195

25.2. Pagamento, 196

25.3. Protesto, 196

25.4. Ação cambial, 197

Sumário 10

26. Acreditar ou não acreditar, eis a questão: nota promissória, 198

27. Financeiramente desorganizada: cheque, 201

28. Voltando para casa: duplicatas, 207

28.1. Causalidade da duplicata, 209

28.2. Aceite, 21 o

28.3. Protesto, 211

28.4. Duplicata por prestação de serviço, 212

29. Meu quarto, meu mundo: títulos de crédito impróprios, títulos de crédito eletrônicos, 214

29.1. Títulos de crédito impróprios, 215

29.1.1. Títulos representativos, 215

29.1.2. Títulos de financiamento, 216

29.1.3. Títulos de investimento, 217

29.2. Títulos de crédito eletrônicos, 217

30. Altos e baixos: contratos mercantis: introdução, 219

31. Sem comentário: compra e venda mercantil, 221

32. Tirando a dor com as mãos: contratos de colaboração, 224

32.1. Comissão, 226

32.2. Representação comercial, 226

32.3. Concessão comercial, 228

32.4. Franquia, 229

32.5. Distribuição, 230

33. A parte triste da mudança: contratos bancários, 231

33.1. Operações passivas, 232

33.1.1. Contrato de depósito bancário, 233

33.1.2. Contrato de conta corrente, 233

33.1.3. Contrato de aplicação financeira, 233

33.2. Operações ativas, 233

33.2.1. Mútuo bancário, 234

33.2.2. Desconto bancário, 234

33.2.3. Contrato de abertura de crédito, 235

33.2.4. Contrato de crédito documentário, 235

33.3. Contratos bancários impróprios, 235

33.3.1.Alienação fiduciária em garantia, 235

33.3.2.Factoring, 236

33.3.3.Arrendamento mercantil (leasing), 238

33.3.4. Cartão de crédito, 239

34. Chegando ao fim: contrato de seguro, 240

Referências, 243

11 Empresarial para quem odeia empresarial

.. :~ .~:!:

~ ·~. .

.

~/ i ···.1

'\' -:~::·.:;

15.5. Apuração do ativo, 135

15.6. Verificação dos créditos, 135

15.7. Liquidação no processo falimentar, 136

15.8. Reabilitação do falido, 137

16. Pausa para o gráfico: verificação e habilitação dos créditos, 140

17. Meu passado me condena: falido: restrições pessoais,

seus bens e regime jurídico de seus atos e contratos, 141

17 .1. Pessoa do falido, 142

11.2. Bens do falido, 142

17.3. Atos e contratos do falido, 144

17.3.1.Atos ineficazes, 144

17.3.2. Efeitos da falência quanto aos contratos do falido, 147

18. Gente pequena: regime jurídico dos credores do falido, 150

19. Dá licença? Recuperação judicial, 158

19.1. Órgãos, 160

19.1.1. Assembleia geral, 160 19.1.2. Administrador judicial, 161

19.1.3.Comitê, 162

19.2. Processo da recuperação judicial, 162

19.2.1. Fase postulatória, 162

19.2.2. Fase de deliberação, 164

19.2.3.Fase de execução, 165

19.3. Microempresa e empresa de pequeno porte, 166

19.4. Convolação em falência, 166

20. Prostrada: recuperação extrajudicial, 168

21. Crianças: liquidação extrajudicial das instituições financeiras, 171

22. Eu quero ser escritora: teoria geral do direito cambiá rio, 178

23. Calotes: quem nunca? Letra de câmbio, 183

24. A menina na janela: constituição do crédito cambiá rio, 186

24.1. Saque, 187

24.2. Aceite, 188

24.3. Endosso, 190

24.4. Aval, 192

25. Medo hereditário: exigibilidade do crédito cambiá rio, 194

25.1. Vencimento, 195

25.2. Pagamento, 196

25.3. Protesto, 196

25.4. Ação cambial, 197

Sumário 10

26. Acreditar ou não acreditar, eis a questão: nota promissória, 198

27. Financeiramente desorganizada: cheque, 201

28. Voltando para casa: duplicatas, 207

28.1. Causalidade da duplicata, 209

28.2. Aceite, 21 o

28.3. Protesto, 211

28.4. Duplicata por prestação de serviço, 212

29. Meu quarto, meu mundo: títulos de crédito impróprios, títulos de crédito eletrônicos, 214

29.1. Títulos de crédito impróprios, 215

29.1.1. Títulos representativos, 215

29.1.2. Títulos de financiamento, 216

29.1.3. Títulos de investimento, 217

29.2. Títulos de crédito eletrônicos, 217

30. Altos e baixos: contratos mercantis: introdução, 219

31. Sem comentário: compra e venda mercantil, 221

32. Tirando a dor com as mãos: contratos de colaboração, 224

32.1. Comissão, 226

32.2. Representação comercial, 226

32.3. Concessão comercial, 228

32.4. Franquia, 229

32.5. Distribuição, 230

33. A parte triste da mudança: contratos bancários, 231

33.1. Operações passivas, 232

33.1.1. Contrato de depósito bancário, 233

33.1.2. Contrato de conta corrente, 233

33.1.3. Contrato de aplicação financeira, 233

33.2. Operações ativas, 233

33.2.1. Mútuo bancário, 234

33.2.2. Desconto bancário, 234

33.2.3. Contrato de abertura de crédito, 235

33.2.4. Contrato de crédito documentário, 235

33.3. Contratos bancários impróprios, 235

33.3.1.Alienação fiduciária em garantia, 235

33.3.2.Factoring, 236

33.3.3.Arrendamento mercantil (leasing), 238

33.3.4. Cartão de crédito, 239

34. Chegando ao fim: contrato de seguro, 240

Referências, 243

11 Empresarial para quem odeia empresarial

PREFÁCIO

Este livro, que tenho a honrosa tarefa de apresentar, tránsforma

por adicionar novas ideias e por satisfazer as necessidades de um lei­

tor específico. Não encontro talentos raros com muita frequência,

por isso me considero um ser humano de sorte ao prefaciar a obra de

Luciana Pimenta, a quem conheci no Instituto Livro e Net.

Os manuais em geral oferecem conteúdo genérico, que pode ser

utilizado em qualquer tipo de estudo e para qualquer finalidade (seja

acadêmica, seja na preparação para concursos públicos). Normalmen­

te ficam presos a uma linguagem muito técnica, equívoco que não foi

cometido pela autora de Empresarial para quem odeia empresarial.

Em cada uma de suas páginas percebe-se a preocupação de ser

didática, atingindo aqueles que encontram dificuldade no aprendi­

zado dos sempre muito complexos institutos da matéria. O texto,

sempre muito claro, conversa com o leitor, orientando-o para um

projeto de estudo e, por que não dizer, até mesmo para um projeto de

vida. Ao estudar com foco e com método, vencendo capítulo a capí­

tulo, é possível conhecer lances da rotina do operador do direito, an­

tevendo as dificuldades da vida forense e compreendendo a lógica

muitas vezes surpreendente da legislação e da doutrina. O leitor cer­

tamente irá reconhecer a própria evolução no domínio da matéria,

sendo capaz de estabelecer metas realistas de crescimento pessoal e

profissional.

Luciana Pimenta e a Editora Saraiva criaram um livro diferente,

especial, que chega em boa hora e representa uma grande contribui­

ção para quem precisa aprender a matéria rapidamente e de forma

descomplicada (e muito bem-humorada).

Alessandro Sanchez

Professor de Direito Empresa1ial, palestrante exclusivo e coordena­

dor da Pós-Graduação em Direito Empresaiial da Rede de Ensino LFG

PREFÁCIO

Este livro, que tenho a honrosa tarefa de apresentar, tránsforma

por adicionar novas ideias e por satisfazer as necessidades de um lei­

tor específico. Não encontro talentos raros com muita frequência,

por isso me considero um ser humano de sorte ao prefaciar a obra de

Luciana Pimenta, a quem conheci no Instituto Livro e Net.

Os manuais em geral oferecem conteúdo genérico, que pode ser

utilizado em qualquer tipo de estudo e para qualquer finalidade (seja

acadêmica, seja na preparação para concursos públicos). Normalmen­

te ficam presos a uma linguagem muito técnica, equívoco que não foi

cometido pela autora de Empresarial para quem odeia empresarial.

Em cada uma de suas páginas percebe-se a preocupação de ser

didática, atingindo aqueles que encontram dificuldade no aprendi­

zado dos sempre muito complexos institutos da matéria. O texto,

sempre muito claro, conversa com o leitor, orientando-o para um

projeto de estudo e, por que não dizer, até mesmo para um projeto de

vida. Ao estudar com foco e com método, vencendo capítulo a capí­

tulo, é possível conhecer lances da rotina do operador do direito, an­

tevendo as dificuldades da vida forense e compreendendo a lógica

muitas vezes surpreendente da legislação e da doutrina. O leitor cer­

tamente irá reconhecer a própria evolução no domínio da matéria,

sendo capaz de estabelecer metas realistas de crescimento pessoal e

profissional.

Luciana Pimenta e a Editora Saraiva criaram um livro diferente,

especial, que chega em boa hora e representa uma grande contribui­

ção para quem precisa aprender a matéria rapidamente e de forma

descomplicada (e muito bem-humorada).

Alessandro Sanchez

Professor de Direito Empresa1ial, palestrante exclusivo e coordena­

dor da Pós-Graduação em Direito Empresaiial da Rede de Ensino LFG

APRESENTAÇÃO

Desde pequena, muitas foram as vezes em que ouvi a frase "você devia escrever um livro". Seria mentira se eu dissesse que isso não se tornou um sonho.

Mas era um sonho contido, reprimido. Não sabia nem ·sequer por onde começar, e nem mesmo tentei encontrar o caminho que eu teria de percorrer. Continuei apenas escrevendo minhas cartinhas para uns e outros, meus diários secretos e meus textos para os diver­sos blogs que já tive.

Numa noite ouvi aquela mesma velha frase, que sempre me per­seguiu e me assombrou, de uma pessoa qualificada, de uma pessoa com gabarito para dizê-la. Era como se aquele caminho que eu não procurei aparecesse bem diante dos nieus olhos, como mágica. Com frio na barriga, não pensei duas vezes: a resposta foi sim. A proposta foi diferente: pegue a matéria de que você menos gosta e escreva so­bre ela. Sim. Loucura. Mas, pensando bem, fazia um certo sentido: escrevendo, eu aprenderia.

O desafio editorial foi aceito.

Não foi nada fácil, e por várias vezes eu questionei se podia mes­mo fazer isso. ·Especialmente porque essa oportunidade surgiu no meio de um an? extremamente tormentoso na minha vida. Mas eu já tinha começado, e já estava bem cansada de deixar as coisas por ter­minar. Era questão de honra ir até o fim.

À medida que o número de páginas escritas aumentava, passei a entender que não estava simplesmente escrevendo um livro: eu esta­va me tornando televisão. Um reality show cuja única participante era eu mesma. Pedaços da minha vida estavam sendo expostos sem que eu mesma me desse conta. Depois de um tempo, eu me esqueci que haveria alguém me ouvindo do outro lado. Acostumei-me com a pre­sença das câmeras.

APRESENTAÇÃO

Desde pequena, muitas foram as vezes em que ouvi a frase "você devia escrever um livro". Seria mentira se eu dissesse que isso não se tornou um sonho.

Mas era um sonho contido, reprimido. Não sabia nem ·sequer por onde começar, e nem mesmo tentei encontrar o caminho que eu teria de percorrer. Continuei apenas escrevendo minhas cartinhas para uns e outros, meus diários secretos e meus textos para os diver­sos blogs que já tive.

Numa noite ouvi aquela mesma velha frase, que sempre me per­seguiu e me assombrou, de uma pessoa qualificada, de uma pessoa com gabarito para dizê-la. Era como se aquele caminho que eu não procurei aparecesse bem diante dos nieus olhos, como mágica. Com frio na barriga, não pensei duas vezes: a resposta foi sim. A proposta foi diferente: pegue a matéria de que você menos gosta e escreva so­bre ela. Sim. Loucura. Mas, pensando bem, fazia um certo sentido: escrevendo, eu aprenderia.

O desafio editorial foi aceito.

Não foi nada fácil, e por várias vezes eu questionei se podia mes­mo fazer isso. ·Especialmente porque essa oportunidade surgiu no meio de um an? extremamente tormentoso na minha vida. Mas eu já tinha começado, e já estava bem cansada de deixar as coisas por ter­minar. Era questão de honra ir até o fim.

À medida que o número de páginas escritas aumentava, passei a entender que não estava simplesmente escrevendo um livro: eu esta­va me tornando televisão. Um reality show cuja única participante era eu mesma. Pedaços da minha vida estavam sendo expostos sem que eu mesma me desse conta. Depois de um tempo, eu me esqueci que haveria alguém me ouvindo do outro lado. Acostumei-me com a pre­sença das câmeras.

Em meio à exposição, uma maneira simples de aprender aquilo

que parecia ser impossível.

O que era absurdamente complicado ficou simples. Porque eu

vivi aquilo. E o fim foi triste: eu tinha me acostumado, e sentiria sau­

dades.

O resultado ficou fora de qualquer parâmetro. Não me lembro

de ter lido alguma coisa nesses moldes desde que resolvi me aventu­

rar pelo mundo do direito. Se tivesse, talvez tomasse mais gosto por

algumas matérias.

Descomplicar o complicado. Amar aquilo que se odeia. Preten­

siosa, eu? Sim. Muito.

Esta obra é praticamente uma filha. Exatamente assim: uma fi­

lha, que eu gerei, que nasceu de mim, e que de repente não é mais só

minha. É do mundo. E me dá frio na espinha pensar que isso também

vai acontecer com a minha outra filha ...

Espero que ela possa fazer pelos outros o que fez por mim. E

espero que, quando alguém terminar de ler o que escrevi, sinta que o

livro não serve mais, porque já terá deixado de odiar a matéria.

Encerro esta apresentação agradecendo aos editores Luiz Curia

- e Roberto Navarro. O primeiro, por acreditar no projeto; o segundo,

por materializar a presente edição. Obrigada!

Apresentação 16

NOTA DA AUTORA

Não tenho fim. Chego a me assustar com a facilidade que tenho

de buscar aquilo que me é difícil.

Determinei que naquela noite (e era uma noite qualquer) eu fa­

ria o parto do meu primeiro filho livro. Estava ficando pesado demais

para eu carregá-lo sozinha. Então eu simplesmente marquei a data.

Correu tudo bem. Seria um dia qualquer. Mas não foi. Quando me

dei conta de que ele não estava mais em mim, me doí. Um pedaço de

mim nas mãos de outra pessoa.

Era para ser o momento de descansar. Mas eu percebi que gerar

se tornou meu hábito. E, para minha surpresa, poucas horas depois,

eu já estava me preparando para engravidar de novo. Acho que não

sei mais ficar sem isso. Parideira. Dou luz a sentimentos: pequenos

embriões que, vagarosa ou rapidamente, crescem dentro de mim. Cá

está minha mente trabalhando de novo.

Não há a busca pela inspiração. Eu apenas vivo. Sou drama sim,

mas assim me faço. Quando calma, procuro a tormenta. E dela recla­

mo. Pois nela não me estranho. Toda essa loucura existe mesmo aqui

dentro de mim. E, no mundo real, existe um "você", que nunca deixa

de existir. E eu cultivo sim o meu sofrimento, que muitas vezes é

apenas lento, nem tão sangrento como eu faço parecer ser.

Gostaria de ser mais simples. Gostaria que alguém escrevesse

um "Luciana para quem odeia Luciana", e me descomplicasse. Mas,

enfim, como não posso me impedir de sentir, o lance é continuar

escrevendo mesmo.

Tenho mesmo um coração carente. E uma mente demente. E

uma alma que mente. Receita de depressão. O que eu quero é exata­

mente o problema sem solução.

Lido o primeiro volume, não há necessidade de muito esforço

para decifrar-me. Eu já estava vivendo uma confusão suficientemen-

,_ !

Em meio à exposição, uma maneira simples de aprender aquilo

que parecia ser impossível.

O que era absurdamente complicado ficou simples. Porque eu

vivi aquilo. E o fim foi triste: eu tinha me acostumado, e sentiria sau­

dades.

O resultado ficou fora de qualquer parâmetro. Não me lembro

de ter lido alguma coisa nesses moldes desde que resolvi me aventu­

rar pelo mundo do direito. Se tivesse, talvez tomasse mais gosto por

algumas matérias.

Descomplicar o complicado. Amar aquilo que se odeia. Preten­

siosa, eu? Sim. Muito.

Esta obra é praticamente uma filha. Exatamente assim: uma fi­

lha, que eu gerei, que nasceu de mim, e que de repente não é mais só

minha. É do mundo. E me dá frio na espinha pensar que isso também

vai acontecer com a minha outra filha ...

Espero que ela possa fazer pelos outros o que fez por mim. E

espero que, quando alguém terminar de ler o que escrevi, sinta que o

livro não serve mais, porque já terá deixado de odiar a matéria.

Encerro esta apresentação agradecendo aos editores Luiz Curia

- e Roberto Navarro. O primeiro, por acreditar no projeto; o segundo,

por materializar a presente edição. Obrigada!

Apresentação 16

NOTA DA AUTORA

Não tenho fim. Chego a me assustar com a facilidade que tenho

de buscar aquilo que me é difícil.

Determinei que naquela noite (e era uma noite qualquer) eu fa­

ria o parto do meu primeiro filho livro. Estava ficando pesado demais

para eu carregá-lo sozinha. Então eu simplesmente marquei a data.

Correu tudo bem. Seria um dia qualquer. Mas não foi. Quando me

dei conta de que ele não estava mais em mim, me doí. Um pedaço de

mim nas mãos de outra pessoa.

Era para ser o momento de descansar. Mas eu percebi que gerar

se tornou meu hábito. E, para minha surpresa, poucas horas depois,

eu já estava me preparando para engravidar de novo. Acho que não

sei mais ficar sem isso. Parideira. Dou luz a sentimentos: pequenos

embriões que, vagarosa ou rapidamente, crescem dentro de mim. Cá

está minha mente trabalhando de novo.

Não há a busca pela inspiração. Eu apenas vivo. Sou drama sim,

mas assim me faço. Quando calma, procuro a tormenta. E dela recla­

mo. Pois nela não me estranho. Toda essa loucura existe mesmo aqui

dentro de mim. E, no mundo real, existe um "você", que nunca deixa

de existir. E eu cultivo sim o meu sofrimento, que muitas vezes é

apenas lento, nem tão sangrento como eu faço parecer ser.

Gostaria de ser mais simples. Gostaria que alguém escrevesse

um "Luciana para quem odeia Luciana", e me descomplicasse. Mas,

enfim, como não posso me impedir de sentir, o lance é continuar

escrevendo mesmo.

Tenho mesmo um coração carente. E uma mente demente. E

uma alma que mente. Receita de depressão. O que eu quero é exata­

mente o problema sem solução.

Lido o primeiro volume, não há necessidade de muito esforço

para decifrar-me. Eu já estava vivendo uma confusão suficientemen-

,_ !

'!

te grande antes. Antes dessa coisa de me chamarem de "autora". An­tes dessa companhia ausente. Antes das preocupações de quem por mim se importa. Antes de tudo. já era por demais confusa. Mas tinha aprendido a guardar a minha confusão, a mesclar os meus sorrisos com as lágrimas. E me fiz normal.

Mas, de repente, percebi uma porta. E, dentro dela, várias outras.

Não é o fim. Outras portas por abrir. Ardendo em pimenta, aguardando as próximas cenas. Teatro mágico. Comecemos.

Um outro filho, um outro livro, um outro diário, ou apenas ar­quivos perdidos em meio à minha memória. Em meiÓ à minha ba­gunça.,.Não haverá consulta. Não haverá releitura. Apenas prossegui­mento. E não é um projeto. Mas a projeção da minha vida.

Nota da autora 18

,;l'IL.__ _______________________ . ______ ~ .. ·-------·-··

·'

NOTA À 2g EDIÇÃO

Ainda acho difícil me imaginar como autora, como escritora, embora isso seja algo que eu sempre desejei muito. Por este motivo, é ainda complicado para mim atualizar meu livro para a 2i! edição.

Rever o que eu escrevi há alguns anos me faz voltar a todas as situações que eu aqui descrevi. Situações que eram extremamente próximas à minha realidade na época, e que agora me parecem dis­tantes. Situações engraçadas e situações tristes.

O direito muda, e eu, na minha humilde missão de falar sobre ele, sigo as atualizações e as trago aqui. Quanto a mim, bom ... para descrever tudo o que eu mudei seria necessário outro livro. Ou ou­tros tantos.

Mas é gratificante retomar este projeto.

Ainda tenho muito a aprender. Tanto no Direito quanto na difí­cil arte de viver a vida.

'!

te grande antes. Antes dessa coisa de me chamarem de "autora". An­tes dessa companhia ausente. Antes das preocupações de quem por mim se importa. Antes de tudo. já era por demais confusa. Mas tinha aprendido a guardar a minha confusão, a mesclar os meus sorrisos com as lágrimas. E me fiz normal.

Mas, de repente, percebi uma porta. E, dentro dela, várias outras.

Não é o fim. Outras portas por abrir. Ardendo em pimenta, aguardando as próximas cenas. Teatro mágico. Comecemos.

Um outro filho, um outro livro, um outro diário, ou apenas ar­quivos perdidos em meio à minha memória. Em meiÓ à minha ba­gunça.,.Não haverá consulta. Não haverá releitura. Apenas prossegui­mento. E não é um projeto. Mas a projeção da minha vida.

Nota da autora 18

,;l'IL.__ _______________________ . ______ ~ .. ·-------·-··

·'

NOTA À 2g EDIÇÃO

Ainda acho difícil me imaginar como autora, como escritora, embora isso seja algo que eu sempre desejei muito. Por este motivo, é ainda complicado para mim atualizar meu livro para a 2i! edição.

Rever o que eu escrevi há alguns anos me faz voltar a todas as situações que eu aqui descrevi. Situações que eram extremamente próximas à minha realidade na época, e que agora me parecem dis­tantes. Situações engraçadas e situações tristes.

O direito muda, e eu, na minha humilde missão de falar sobre ele, sigo as atualizações e as trago aqui. Quanto a mim, bom ... para descrever tudo o que eu mudei seria necessário outro livro. Ou ou­tros tantos.

Mas é gratificante retomar este projeto.

Ainda tenho muito a aprender. Tanto no Direito quanto na difí­cil arte de viver a vida.

~-·

:fim. ê.u c.ontUuw- co.m eM.a mania. do.ú:ia de querer escrever sobre as coisas de

que não gosto. Melhor dizendo: continuo com a mania doida de escrever. Ponto.

Não sei ao certo se estou indo por um bom caminho. Talvez nem seja este

um caminho. Mas, a cada dia que passa, eu pulo pedras, corto galhos de árvo­

res e arranco plantas que se colocam na minha frente, na tentativa desenfreada

de chegar a algum lugar. Aonde? Boa pergunta.

Ando meio c_onfusa das ideias. Ainda tenho aquele antigo sonho de quan­

do eu crescer eu quero ser. Ainda não cresci, e ainda não sou o que queria ser.

Nem mesmo sei se estou bem certa do que quero ser. Talvez eu saiba, mas tem

tanta gente duvidando disso que acho melhor nem comentar.

De repente um montão de coisas aparece na minha vida, e todas elas se

apresentam para mim como possíveis. t: eu não acho que tenho discernimento

para separar o que é e o que não é. Confuso, né? Pois é ... Começamos bem.

Apenas vou para onde meu coração me manda ir.

Impulsiva, sonhadora, meio doida, um tanto quanto inconsequente. t:ssa

ainda sou eu. 1:::: quero mesmo continuar sendo assim quando eu corescer.

i=az mais ou menos uma semana que estou adiando esse novo começo.

Sem explicações racionais. Primeiro eu me dei um período de descanso depois

de terminar o outro livro; depois fiz uma cirurgia plástica pensando que, se eu

estivesse feliz com meu corpo, todos os outros problemas se resolveriam; de­

pois arrumei uma desculpa qualquer para ir a São Paulo e encontrar a maior

utopia da minha vida.

1:::: assim se passou o primeiro mês de 2012. Um novo ano, um novo livro.

Não este que escrevo, mas o que eu vivo. l::::stou exatamente na página

~-·

:fim. ê.u c.ontUuw- co.m eM.a mania. do.ú:ia de querer escrever sobre as coisas de

que não gosto. Melhor dizendo: continuo com a mania doida de escrever. Ponto.

Não sei ao certo se estou indo por um bom caminho. Talvez nem seja este

um caminho. Mas, a cada dia que passa, eu pulo pedras, corto galhos de árvo­

res e arranco plantas que se colocam na minha frente, na tentativa desenfreada

de chegar a algum lugar. Aonde? Boa pergunta.

Ando meio c_onfusa das ideias. Ainda tenho aquele antigo sonho de quan­

do eu crescer eu quero ser. Ainda não cresci, e ainda não sou o que queria ser.

Nem mesmo sei se estou bem certa do que quero ser. Talvez eu saiba, mas tem

tanta gente duvidando disso que acho melhor nem comentar.

De repente um montão de coisas aparece na minha vida, e todas elas se

apresentam para mim como possíveis. t: eu não acho que tenho discernimento

para separar o que é e o que não é. Confuso, né? Pois é ... Começamos bem.

Apenas vou para onde meu coração me manda ir.

Impulsiva, sonhadora, meio doida, um tanto quanto inconsequente. t:ssa

ainda sou eu. 1:::: quero mesmo continuar sendo assim quando eu corescer.

i=az mais ou menos uma semana que estou adiando esse novo começo.

Sem explicações racionais. Primeiro eu me dei um período de descanso depois

de terminar o outro livro; depois fiz uma cirurgia plástica pensando que, se eu

estivesse feliz com meu corpo, todos os outros problemas se resolveriam; de­

pois arrumei uma desculpa qualquer para ir a São Paulo e encontrar a maior

utopia da minha vida.

1:::: assim se passou o primeiro mês de 2012. Um novo ano, um novo livro.

Não este que escrevo, mas o que eu vivo. l::::stou exatamente na página

trinta e três de um total de trezentas e sessenta e seis (porque esse a-w é ano bissexto).

f-laje nenhuma desculpa me fará sair da frente do computador. Varnos brincar de direito empresarial, mas, ele cara, já adianto: este será um vo'L me triste. Não pela matéria (que é, de fato, sofrível), mas porque o que era par3 ser o melhor começo ele ano de todos os tempos ele repente se encheu ele lágri­mas. t:stou assim hoje. t:motiva. Desculpem-me.

Sou mesmo drama. t: as pessoas costumam rir ele mim por isso. Não me importo. Continuo uma criança indefesa, mesmo depois ele ter crescido. Peço colo e busco alguém que me diga que vai ficar tudo bem. Torno tudo imensamente maior elo que realmente é. Machuco-me e me deixo sent r a

• dor numa intensidade absurda, ainda que eu tenha apenas sofrido um leve arranhão.

t:m meio a tudo isso, permaneço escondida atrás da más~ara de muhe­forte. Ou e me vejam assim: deixem-me ser má, porque, quando me mostro l::oa, sou fraca.

Situações inesperadas e complicadas correm diante dos meus olhos, car­regando lentamente pequenos pedaços da minha doçura. [exatamente qu3n­do começo a acreditar naquilo que eu achava ser inacreditável, um vento -:er­ruba tudo. t: me esfarelo ... como vidro que cai no chão. Ainda assim, a ·1ida continua: ninguém para para juntar os cacos. É preciso que eu mesma faça.

Ok. !=arei. Mas, clepo1s que eu tiver colado todas as peças e me feitc no­vamente cristal, que ninguém venha querer que eu divida o meu brilho.

Neste exato momento, acabo ele decidir: quando eu crescer quero 3er tudo aquilo que o mundo duvidou que eu seria.

Sim, eu também odeio direito empresarial (como odiava tributário). t: h·::>je o meu ódio é multidisciplinar, abrangendo todas as matérias não jurídicas elo, viela. f-laje. Amanhã não sei. Por hora, só quero parar ele pensar nas coisas -::ue me fazem chorar, e ocupar a minha cabeça ele tal forma que não sobre elo rreu dia um segundo sequer para odiar outra coisa.

t:ssa matéria costumava se chamar direito comercial quando eu estav3 na faculdade. Tive aula disso por dois anos, um professor que parecia o Leôn·:io dos desenhos elo Pica-Pau e outro que era bem bonitinho, mas arrogante que só. Lembro-me ele ter discutido com ele em sala de aula. Mesmo odiando o assunto (mil vezes mais do que eu odeio hoje), durante todo o terceiro ano de direito tirei as melhores notas da sala sem nunca ter prestado atenção a uma

-aula desse professor.

Dormia sempre. Sempre mesmo! t:le entrava na sala, eu encostava a cabe­ça na carteira e quase roncava. t:stava sempre muito cansada, porque trabalha­va o dia inteiro e as aulas eram à noite e em outra cidade. No mais, eu fazia ::!e propósito: só para mostrar àquele almofadinha que eu não precisava dele para aprender a bagaço. .

Introdução. Conceito de empresário 22

l I I

I

Aprender eu não aprendi. Mas passei de ano. t: nem me lembro como foi que fiz na época da prova da OAB. Só sei que passei também, ainda sem aprender. Na minha vida de concurseira, tive ótimos professores nos cursinhos, mas meu desempenho nas provas nunca foi bom. Na verdade, nunca me dedi­quei verdadeiramente à matéria.

Bom, acho que chegou a hora de encarar esse monstro. . ...................................................... _ ............................ . Como eu dizia, chamava-se antes direito comercial. Há quem ainda prefira essa

terminologia, e há quem tenha optado por direito empresarial. A discussão é meio sem nexo, como toda e qualquer boa discussão em direito.

Mas ela se explica por conta das teorias que embasam esse ramo. Falaremos delas já já. Antes, é bom saber o que é que vamos estudar aqui, ou seja, o objeto dessa matéria.

O direito empresarial (vou optar por esse nome, ok?) trata da empresa. Ah, vá! Jura?

Já. Varrz,o.4 ~' e juro que estou tentando melhorar, mas acho que estou ficando cada vez mais triste. Vou ali chorar um pouquinho e já volto.

Voltei.

A primeira coisa que devemos saber é o que realmente significa a palavra "empre­sa". E digo isso porque o termo é usado em muito ~entidos, mas apenas um nos inte­ressa. Olha só estas frases:

._ A empresa faliu.

._ A empresa apresenta grande produtividade.

._ A empresa pegou fogo. ~ A empresa foi aberta em julho. Embora a palavra seja a mesma nas quatro frases, os significados são bem diferentes. Na primeira, temos empresa no sentido subjetivo. Uma empresa não pode falir:

quem vai à falência, na verdade, é o empresário. Na segunda, temos o sentido funcio­nal: trata-se de uma atividade em que se articulam os fatores de produção. Na terceira vemos o sentido objetivo, de empresa como estabelecimento empresarial. É o lado ·físico da coisa. Finalmente, na última frase estamos diante do sentido corporativo, no qual, na realidade, empresa significa sociedade.

. Dá para perceber que existem quatro acepções para a mesma palavra. E eu me lembro das aulas que tive com o Professor Marcelo Cometti nas quais ele explicava exatamente isso. A empresa tem um perfil poliédrico, ou seja, apresenta várias con­cepções. E isso ele não inventou não. Foi um bambambam do assunto chamado Asqui­ni que disse.

23 · Empresarial para quem odeia empresarial

trinta e três de um total de trezentas e sessenta e seis (porque esse a-w é ano bissexto).

f-laje nenhuma desculpa me fará sair da frente do computador. Varnos brincar de direito empresarial, mas, ele cara, já adianto: este será um vo'L me triste. Não pela matéria (que é, de fato, sofrível), mas porque o que era par3 ser o melhor começo ele ano de todos os tempos ele repente se encheu ele lágri­mas. t:stou assim hoje. t:motiva. Desculpem-me.

Sou mesmo drama. t: as pessoas costumam rir ele mim por isso. Não me importo. Continuo uma criança indefesa, mesmo depois ele ter crescido. Peço colo e busco alguém que me diga que vai ficar tudo bem. Torno tudo imensamente maior elo que realmente é. Machuco-me e me deixo sent r a

• dor numa intensidade absurda, ainda que eu tenha apenas sofrido um leve arranhão.

t:m meio a tudo isso, permaneço escondida atrás da más~ara de muhe­forte. Ou e me vejam assim: deixem-me ser má, porque, quando me mostro l::oa, sou fraca.

Situações inesperadas e complicadas correm diante dos meus olhos, car­regando lentamente pequenos pedaços da minha doçura. [exatamente qu3n­do começo a acreditar naquilo que eu achava ser inacreditável, um vento -:er­ruba tudo. t: me esfarelo ... como vidro que cai no chão. Ainda assim, a ·1ida continua: ninguém para para juntar os cacos. É preciso que eu mesma faça.

Ok. !=arei. Mas, clepo1s que eu tiver colado todas as peças e me feitc no­vamente cristal, que ninguém venha querer que eu divida o meu brilho.

Neste exato momento, acabo ele decidir: quando eu crescer quero 3er tudo aquilo que o mundo duvidou que eu seria.

Sim, eu também odeio direito empresarial (como odiava tributário). t: h·::>je o meu ódio é multidisciplinar, abrangendo todas as matérias não jurídicas elo, viela. f-laje. Amanhã não sei. Por hora, só quero parar ele pensar nas coisas -::ue me fazem chorar, e ocupar a minha cabeça ele tal forma que não sobre elo rreu dia um segundo sequer para odiar outra coisa.

t:ssa matéria costumava se chamar direito comercial quando eu estav3 na faculdade. Tive aula disso por dois anos, um professor que parecia o Leôn·:io dos desenhos elo Pica-Pau e outro que era bem bonitinho, mas arrogante que só. Lembro-me ele ter discutido com ele em sala de aula. Mesmo odiando o assunto (mil vezes mais do que eu odeio hoje), durante todo o terceiro ano de direito tirei as melhores notas da sala sem nunca ter prestado atenção a uma

-aula desse professor.

Dormia sempre. Sempre mesmo! t:le entrava na sala, eu encostava a cabe­ça na carteira e quase roncava. t:stava sempre muito cansada, porque trabalha­va o dia inteiro e as aulas eram à noite e em outra cidade. No mais, eu fazia ::!e propósito: só para mostrar àquele almofadinha que eu não precisava dele para aprender a bagaço. .

Introdução. Conceito de empresário 22

l I I

I

Aprender eu não aprendi. Mas passei de ano. t: nem me lembro como foi que fiz na época da prova da OAB. Só sei que passei também, ainda sem aprender. Na minha vida de concurseira, tive ótimos professores nos cursinhos, mas meu desempenho nas provas nunca foi bom. Na verdade, nunca me dedi­quei verdadeiramente à matéria.

Bom, acho que chegou a hora de encarar esse monstro. . ...................................................... _ ............................ . Como eu dizia, chamava-se antes direito comercial. Há quem ainda prefira essa

terminologia, e há quem tenha optado por direito empresarial. A discussão é meio sem nexo, como toda e qualquer boa discussão em direito.

Mas ela se explica por conta das teorias que embasam esse ramo. Falaremos delas já já. Antes, é bom saber o que é que vamos estudar aqui, ou seja, o objeto dessa matéria.

O direito empresarial (vou optar por esse nome, ok?) trata da empresa. Ah, vá! Jura?

Já. Varrz,o.4 ~' e juro que estou tentando melhorar, mas acho que estou ficando cada vez mais triste. Vou ali chorar um pouquinho e já volto.

Voltei.

A primeira coisa que devemos saber é o que realmente significa a palavra "empre­sa". E digo isso porque o termo é usado em muito ~entidos, mas apenas um nos inte­ressa. Olha só estas frases:

._ A empresa faliu.

._ A empresa apresenta grande produtividade.

._ A empresa pegou fogo. ~ A empresa foi aberta em julho. Embora a palavra seja a mesma nas quatro frases, os significados são bem diferentes. Na primeira, temos empresa no sentido subjetivo. Uma empresa não pode falir:

quem vai à falência, na verdade, é o empresário. Na segunda, temos o sentido funcio­nal: trata-se de uma atividade em que se articulam os fatores de produção. Na terceira vemos o sentido objetivo, de empresa como estabelecimento empresarial. É o lado ·físico da coisa. Finalmente, na última frase estamos diante do sentido corporativo, no qual, na realidade, empresa significa sociedade.

. Dá para perceber que existem quatro acepções para a mesma palavra. E eu me lembro das aulas que tive com o Professor Marcelo Cometti nas quais ele explicava exatamente isso. A empresa tem um perfil poliédrico, ou seja, apresenta várias con­cepções. E isso ele não inventou não. Foi um bambambam do assunto chamado Asqui­ni que disse.

23 · Empresarial para quem odeia empresarial

Todos esses conceitinhos (empresário, estabelecimento empresarial, sociedade)

nós vamos ver mais para a frente, um por um. Mas o que importa agora é saber que o

Código Civil traz a palavra "empresa" no sentido funcional. Ou seja, empresa é igual a

atividade. Não dá para pegar uma atividade, não dá para a atividade pegar fogo. É um

conceito abstrato.

................................................................................... 'Pcw./.z,a: eu. tiu.e-um~~. A capa era verde. Sorte a sua, que nem

sequer sabe que ele um dia existiu. .................................................................................... Empresa é a articulação dos fatores de produção (capital, mão de obra, matéria­

-prima e tecnologia). Empresa é a atividade. Se a empresa é isso, então o direito em­

presarial cuidá exatamente dessa atividade e das normad que a regulam.

:Eeq,ae? não. muilo., ni? Mas tudo bem. ~sse comecinho nem é tão importante

mesmo. Já reparou como os começos de livros têm pouca relevância? ~xceto

quando tratam de princípios. Aí a primeira parte é a mais importante.

Não. Mentira. ~importante sim. ~u que tô num baixo astral danado aqui e

por isso estou vendo tudo de maneira horrível.

~ntão, tá. Aí, vem toda aquela parte histórica (c-h-a-t-a), mas vou resumir

bem resumidinho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ~ .......................................................... .

No começo, as pessoas produziam tudo aquilo que precisavam. Depois começa­

ram a trocar. Depois começaram a vender. E aí surgiu o comércio. E com isso foi ne­

cessário criar regras para o comércio. Pronto. Fim do resumo.

As primeiras regras que disciplinavam o comércio surgiram na França. Acharam

por bem criar uma listinha de atividades: se estivesse dentro dessa listinha, era regu­

lado pelo direito comercial. Simples assim: cara-crachá. Essa era a chamada teoria dos

atos de comércio: se você praticasse alguma atividade que se enquadrasse nos chama­

dos atos de comércio (a listinha), então você estava submetido aos direitos e deveres

impostos pelo direito comercial.

Fácil ver o problema aqui, né? A lista, com o passar do tempo, foi ficando obsole­

ta. Não estava nela, por exemplo, a prestação de serviço.

E aí? Aí que tiveram a brilhante ideia de inventar que essa teoria não prestava

para definir o objeto do direito comercial. Não dava mais pra simplesmente listar um

monte de atividades e tratá-las como atividades comerciais.

Passemos para a Itália agora. Lá, decidiram que o que importava para o direito

comercial não era a atividade em si, mas sim a forma como essa atividade era exercida.

Se você exercesse uma atividade (independentemente de ela estar numa lista ou não)

de forma profissional e organizada com o intuito de produzir ou circular bens ou

Introdução. Conceito de empresário 24

serviços, então a sua atividade seria empresarial e estaria abrangida pelas regras do

direito comercial (ou direito empresarial). Essa é a chamada teoria da ·empresa.

Ok. Passeamos pela França e pela Itália: E o Brasil? Como fica? A p~rte.primeira do antigo Código Comercial trazia os conceitos de comerciante

(pessoa física) 'e sociedade comercial (pessoa jurídica); adotávamos a teoria dos atos de

comércio. Tínhamos a nossa própria listinha . Passados os anos, o povo daqui também começou a perceber que essa teoria era

furada. Olha que legal esses exemplos de não adoção da teoria pela jurisprudência:

co::1cessão de concordata aos pecuaristas (a pecuária não estava na lista) e concessão

de falência aos negociantes de imóveis (a atividade imobiliária também não estava

na lista). O que estava acontecendo? já antes do novo Código Civil (novo?) estávamos ado­

tando a teoria de empresa, ou seja, o que importava era a forma como a atividade era

ex~rcida.

Aí então chegamos em 2002, e o Código Civil revogou toda a primeira parte do

Código Comercial, formalizando a teoria de empresa no Brasil, coisa que a doutrina e

a jurisprudência já vinham aplicando.

···················································································· l3e~ ali aqui? Só introdução, gente. Nada demais. Vamos ver o conceito de

em:xesário e depois fazemos uma pausa, tá? Para constar: já estou melhorzi­

nha. Chorar dá rugas. Tô fora .

····················································································

1.1. Conceito de empresário Começamos a ler artigos. Estamos no Código Civil, pega lá: "Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econô­

mica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços".

Então não é qualquer pessoa que vende qualquer coisa de qualquer forma que é

empresário? Não. São ci~co os elementos que, unidos, caracterizam a existência do empresário:

cc.pacidade jurídica, ausência de impedimentos legais, exercício efetivo e profissional

da empresa, regime diferenciado que cuida da insolvência (porque o eq1presário se

submete à lei própria sobre isso) e registro.

Primeira coisa: o empresário deve atuar com profissionalismo. Se eu hoje resolvo vender um computador velho porque comprei outro que é

n:ais bonito, colocando eu mesma um anúncio no mural aqui do condomínio, eu não

sou empresária. Falta o profissionalismo, que se desdobra em três aspectos.

O primeiro deles é a habitualidade: o lance não pode ser de vez em quando, espo­

r;o_dicamente. Tem que ser constante. Não ad aeternum, lógico, mas não basta simples­

rr.ente vender uma coisinha ou outra um dia ou outro.

25 Empresarial para quem odeia empresarial

i, ' t'

,, i li " i

Todos esses conceitinhos (empresário, estabelecimento empresarial, sociedade)

nós vamos ver mais para a frente, um por um. Mas o que importa agora é saber que o

Código Civil traz a palavra "empresa" no sentido funcional. Ou seja, empresa é igual a

atividade. Não dá para pegar uma atividade, não dá para a atividade pegar fogo. É um

conceito abstrato.

................................................................................... 'Pcw./.z,a: eu. tiu.e-um~~. A capa era verde. Sorte a sua, que nem

sequer sabe que ele um dia existiu. .................................................................................... Empresa é a articulação dos fatores de produção (capital, mão de obra, matéria­

-prima e tecnologia). Empresa é a atividade. Se a empresa é isso, então o direito em­

presarial cuidá exatamente dessa atividade e das normad que a regulam.

:Eeq,ae? não. muilo., ni? Mas tudo bem. ~sse comecinho nem é tão importante

mesmo. Já reparou como os começos de livros têm pouca relevância? ~xceto

quando tratam de princípios. Aí a primeira parte é a mais importante.

Não. Mentira. ~importante sim. ~u que tô num baixo astral danado aqui e

por isso estou vendo tudo de maneira horrível.

~ntão, tá. Aí, vem toda aquela parte histórica (c-h-a-t-a), mas vou resumir

bem resumidinho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ~ .......................................................... .

No começo, as pessoas produziam tudo aquilo que precisavam. Depois começa­

ram a trocar. Depois começaram a vender. E aí surgiu o comércio. E com isso foi ne­

cessário criar regras para o comércio. Pronto. Fim do resumo.

As primeiras regras que disciplinavam o comércio surgiram na França. Acharam

por bem criar uma listinha de atividades: se estivesse dentro dessa listinha, era regu­

lado pelo direito comercial. Simples assim: cara-crachá. Essa era a chamada teoria dos

atos de comércio: se você praticasse alguma atividade que se enquadrasse nos chama­

dos atos de comércio (a listinha), então você estava submetido aos direitos e deveres

impostos pelo direito comercial.

Fácil ver o problema aqui, né? A lista, com o passar do tempo, foi ficando obsole­

ta. Não estava nela, por exemplo, a prestação de serviço.

E aí? Aí que tiveram a brilhante ideia de inventar que essa teoria não prestava

para definir o objeto do direito comercial. Não dava mais pra simplesmente listar um

monte de atividades e tratá-las como atividades comerciais.

Passemos para a Itália agora. Lá, decidiram que o que importava para o direito

comercial não era a atividade em si, mas sim a forma como essa atividade era exercida.

Se você exercesse uma atividade (independentemente de ela estar numa lista ou não)

de forma profissional e organizada com o intuito de produzir ou circular bens ou

Introdução. Conceito de empresário 24

serviços, então a sua atividade seria empresarial e estaria abrangida pelas regras do

direito comercial (ou direito empresarial). Essa é a chamada teoria da ·empresa.

Ok. Passeamos pela França e pela Itália: E o Brasil? Como fica? A p~rte.primeira do antigo Código Comercial trazia os conceitos de comerciante

(pessoa física) 'e sociedade comercial (pessoa jurídica); adotávamos a teoria dos atos de

comércio. Tínhamos a nossa própria listinha . Passados os anos, o povo daqui também começou a perceber que essa teoria era

furada. Olha que legal esses exemplos de não adoção da teoria pela jurisprudência:

co::1cessão de concordata aos pecuaristas (a pecuária não estava na lista) e concessão

de falência aos negociantes de imóveis (a atividade imobiliária também não estava

na lista). O que estava acontecendo? já antes do novo Código Civil (novo?) estávamos ado­

tando a teoria de empresa, ou seja, o que importava era a forma como a atividade era

ex~rcida.

Aí então chegamos em 2002, e o Código Civil revogou toda a primeira parte do

Código Comercial, formalizando a teoria de empresa no Brasil, coisa que a doutrina e

a jurisprudência já vinham aplicando.

···················································································· l3e~ ali aqui? Só introdução, gente. Nada demais. Vamos ver o conceito de

em:xesário e depois fazemos uma pausa, tá? Para constar: já estou melhorzi­

nha. Chorar dá rugas. Tô fora .

····················································································

1.1. Conceito de empresário Começamos a ler artigos. Estamos no Código Civil, pega lá: "Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econô­

mica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços".

Então não é qualquer pessoa que vende qualquer coisa de qualquer forma que é

empresário? Não. São ci~co os elementos que, unidos, caracterizam a existência do empresário:

cc.pacidade jurídica, ausência de impedimentos legais, exercício efetivo e profissional

da empresa, regime diferenciado que cuida da insolvência (porque o eq1presário se

submete à lei própria sobre isso) e registro.

Primeira coisa: o empresário deve atuar com profissionalismo. Se eu hoje resolvo vender um computador velho porque comprei outro que é

n:ais bonito, colocando eu mesma um anúncio no mural aqui do condomínio, eu não

sou empresária. Falta o profissionalismo, que se desdobra em três aspectos.

O primeiro deles é a habitualidade: o lance não pode ser de vez em quando, espo­

r;o_dicamente. Tem que ser constante. Não ad aeternum, lógico, mas não basta simples­

rr.ente vender uma coisinha ou outra um dia ou outro.

25 Empresarial para quem odeia empresarial

i, ' t'

,, i li " i

O segundo é a pessoalidade, que não quer dizer que eu, sozinha, devo fazer tudo. Na verdade o sentido é quase oposto: a pessoalidade liga-se à contratação de empre­gados que agirão em meu nome, produzindo ou fazendo circular bens ou serviços, mas eles não são empresários. Empresária sou eu, que os contratei, e que respondo pela atividade.

Finalmente, o terceiro aspecto é o monopólio das informações. Aquele que exer­ce atividade empresarial deve ter conhecimento, por exemplo, das condições de uso, qualidade, matéria-prima empregada, riscos à saúde ou à vida dos compradores etc., daquilo que é objeto da atividade exercida.

Falamos que a empresa é uma atividade, certo? Portanto, para eu ser empresária, tenho que exercer essa atividade. E mais. A atividade deve ser econômica, ou seja, deve buscar o lucro.

Mas veja: não estou falando que o empresário deve ter lucro. O que ele deve é perseguir o lucro. Diferente, né? Se não fosse assim, a grande maioria das pessoas que tenta se aventurar no mundo empresarial não seria considerada empresária, porque não consegue atingir o lucro.

E o que significa dizer que a atividade deve ser organizada? É assim: existem qua­tro fatores de produção, quais sejam: capital, mão de obra, matéria-prima e tecnolo­gia. Para que determinada atividade seja considerada empresária é necessário que es­ses quatro fatores sejam articulados pelo empresário.

E, para a caracterização do empresário, é preciso que a sua finalidade, quando do exercício da sua atividade, seja a produção ou a circulação de bens e serviços.

Então deu pra perceber que não é toda atividade que pode ser considerada em­presarial. As que não podem são as chamadas atividades civis, e a elas não se aplicam

as regras de direito empresarial. Será atividade civil, por exemplo, aquela que for exercida por quem não se enqua­

dra nesse conceito que acabamos de ver, o conceito de empresário. Então, eu, que ven­di o meu computador pelo anúncio no mural do condomínio, não sou empresária. Vou além: ainda que eu tivesse toda uma estruturazinha aqui em casa, que comprasse com­putadores para revender e os vendesse, eu mesma, através de não um, mas um montão de anúncios no mesmo mural, minha atividade não seria empresária. E por que não? Porque eu não cumpri o requisito da pessoalidade, ou seja, não tenho empregados.

Por isso é importante saber todos os aspectos da definição dada pelo art. 966: faltando qualquer um deles, a pessoa não é empresária; consequentemente, não exer­ce atividade empresarial; consequentemente (perdão pela redundância), não está am­

parada pelo direito empresarial. Por determinação legal, três atividades também não são conside~adas empresá­

rias. Por quê? Porque a lei quis assim. E e.u vou responder dessa forina correndo o risco de levar bronca do Sr. Editor. Vamos ver quais são essas atividades de maneira pormenorizadq. (viu só? Usei até uma palavra bonita agora).

Introdução. Conceito de empresário 26

1.2. Atividades civis

1.2.1. Intelectual Estamos agora no parágrafo único do mesmo art. 966. Lá está disposto que quem

exerce profissão intelectual de natureza científica, literária (eu!) ou artística não é em­presário. Mas esse mesmo parágrafo traz uma exéeção: exceto se constituir elemento de empresa, ainda que conte com colaboradores.

Devo dizer, aqui, que nunca consegui encontrar alguém que me explicasse tecni­camente o que é esse tal de elemento de empresa. As explicações sempre vêm pelo

mesmo exemplo: o do médico. Vou continuar seguindo essa linha, mudando apenas a profissão no meu exemplo, mas fica registrada aqui a minha indignação pela não exis­

tência de um conceito técnico e objetivo (sem exemplo) do que é elemento de empresa. Olha só: vamos supor que a minha mãe seja pintora (é mentira: ela é advogada e

se formou há pouco tempo, mesmo eu tendo dito várias vezes que não tem nada de lindo no direito). Profissional liberal, atividade artística, nada de empresário aqui.

Com o tempo, minha mãe começa a ficar famosa. Seus quadros são a coisa mais linda deste mundo, a demanda aumenta muito, e ela começa a contratar gente para trabalhar para ela. Enquanto ela tiver, por exemplo, uma secretária e uma faxineira, continuará exercendo uma atividade civil. Só que ela se torna uma pintora megamás­ter. Contrata mais pintores, um advogado, um contador, a tendentes, vendedores, mo­torista, um monte de gente. Ela, na verdade, já nem pinta mais: fica ali, atrás de uma mesa de vidro linda, apenas coordenando a coisa toda.

Viu a diferença entre a época em que ela fazia os quadrinhos no quartinho de casa e agora? Virou empresa. Aí sim ela passa a se submeter às normas empresariais. Quan­do exatamente passou de uma coisa para outra? No exato momento em que já não há no trabalho a sua atuação pessoal.

1.2.2. Rural Aqui não tem explicação mesmo: a atividade rural não é empresarial por disposi­

ção legal. Só por isso mesmo. Mas veja que lindo: ela não é, mas pode ser.

Hã? Fácil. Se o tiozinho que planta abóboras no sítio para vender quiser, ele pode ser

empresário. Para tanto, bastà que ele vá até a junta Comercial e proceda ao registro. Fazepdo isso, passa a ter todas as benesses de ser um empresário, mas assume também

todas as obrigações respectivas. Por que isso, hein? É difícil mesmo pensar por que um tiozinho que planta abó­

boras queira ser empresário. Mas não é difícil pensar num supertiozão, o cara do agro­

negócio. A lei deu essa opção então.

27 Empresarial para quem odeia empresarial

O segundo é a pessoalidade, que não quer dizer que eu, sozinha, devo fazer tudo. Na verdade o sentido é quase oposto: a pessoalidade liga-se à contratação de empre­gados que agirão em meu nome, produzindo ou fazendo circular bens ou serviços, mas eles não são empresários. Empresária sou eu, que os contratei, e que respondo pela atividade.

Finalmente, o terceiro aspecto é o monopólio das informações. Aquele que exer­ce atividade empresarial deve ter conhecimento, por exemplo, das condições de uso, qualidade, matéria-prima empregada, riscos à saúde ou à vida dos compradores etc., daquilo que é objeto da atividade exercida.

Falamos que a empresa é uma atividade, certo? Portanto, para eu ser empresária, tenho que exercer essa atividade. E mais. A atividade deve ser econômica, ou seja, deve buscar o lucro.

Mas veja: não estou falando que o empresário deve ter lucro. O que ele deve é perseguir o lucro. Diferente, né? Se não fosse assim, a grande maioria das pessoas que tenta se aventurar no mundo empresarial não seria considerada empresária, porque não consegue atingir o lucro.

E o que significa dizer que a atividade deve ser organizada? É assim: existem qua­tro fatores de produção, quais sejam: capital, mão de obra, matéria-prima e tecnolo­gia. Para que determinada atividade seja considerada empresária é necessário que es­ses quatro fatores sejam articulados pelo empresário.

E, para a caracterização do empresário, é preciso que a sua finalidade, quando do exercício da sua atividade, seja a produção ou a circulação de bens e serviços.

Então deu pra perceber que não é toda atividade que pode ser considerada em­presarial. As que não podem são as chamadas atividades civis, e a elas não se aplicam

as regras de direito empresarial. Será atividade civil, por exemplo, aquela que for exercida por quem não se enqua­

dra nesse conceito que acabamos de ver, o conceito de empresário. Então, eu, que ven­di o meu computador pelo anúncio no mural do condomínio, não sou empresária. Vou além: ainda que eu tivesse toda uma estruturazinha aqui em casa, que comprasse com­putadores para revender e os vendesse, eu mesma, através de não um, mas um montão de anúncios no mesmo mural, minha atividade não seria empresária. E por que não? Porque eu não cumpri o requisito da pessoalidade, ou seja, não tenho empregados.

Por isso é importante saber todos os aspectos da definição dada pelo art. 966: faltando qualquer um deles, a pessoa não é empresária; consequentemente, não exer­ce atividade empresarial; consequentemente (perdão pela redundância), não está am­

parada pelo direito empresarial. Por determinação legal, três atividades também não são conside~adas empresá­

rias. Por quê? Porque a lei quis assim. E e.u vou responder dessa forina correndo o risco de levar bronca do Sr. Editor. Vamos ver quais são essas atividades de maneira pormenorizadq. (viu só? Usei até uma palavra bonita agora).

Introdução. Conceito de empresário 26

1.2. Atividades civis

1.2.1. Intelectual Estamos agora no parágrafo único do mesmo art. 966. Lá está disposto que quem

exerce profissão intelectual de natureza científica, literária (eu!) ou artística não é em­presário. Mas esse mesmo parágrafo traz uma exéeção: exceto se constituir elemento de empresa, ainda que conte com colaboradores.

Devo dizer, aqui, que nunca consegui encontrar alguém que me explicasse tecni­camente o que é esse tal de elemento de empresa. As explicações sempre vêm pelo

mesmo exemplo: o do médico. Vou continuar seguindo essa linha, mudando apenas a profissão no meu exemplo, mas fica registrada aqui a minha indignação pela não exis­

tência de um conceito técnico e objetivo (sem exemplo) do que é elemento de empresa. Olha só: vamos supor que a minha mãe seja pintora (é mentira: ela é advogada e

se formou há pouco tempo, mesmo eu tendo dito várias vezes que não tem nada de lindo no direito). Profissional liberal, atividade artística, nada de empresário aqui.

Com o tempo, minha mãe começa a ficar famosa. Seus quadros são a coisa mais linda deste mundo, a demanda aumenta muito, e ela começa a contratar gente para trabalhar para ela. Enquanto ela tiver, por exemplo, uma secretária e uma faxineira, continuará exercendo uma atividade civil. Só que ela se torna uma pintora megamás­ter. Contrata mais pintores, um advogado, um contador, a tendentes, vendedores, mo­torista, um monte de gente. Ela, na verdade, já nem pinta mais: fica ali, atrás de uma mesa de vidro linda, apenas coordenando a coisa toda.

Viu a diferença entre a época em que ela fazia os quadrinhos no quartinho de casa e agora? Virou empresa. Aí sim ela passa a se submeter às normas empresariais. Quan­do exatamente passou de uma coisa para outra? No exato momento em que já não há no trabalho a sua atuação pessoal.

1.2.2. Rural Aqui não tem explicação mesmo: a atividade rural não é empresarial por disposi­

ção legal. Só por isso mesmo. Mas veja que lindo: ela não é, mas pode ser.

Hã? Fácil. Se o tiozinho que planta abóboras no sítio para vender quiser, ele pode ser

empresário. Para tanto, bastà que ele vá até a junta Comercial e proceda ao registro. Fazepdo isso, passa a ter todas as benesses de ser um empresário, mas assume também

todas as obrigações respectivas. Por que isso, hein? É difícil mesmo pensar por que um tiozinho que planta abó­

boras queira ser empresário. Mas não é difícil pensar num supertiozão, o cara do agro­

negócio. A lei deu essa opção então.

27 Empresarial para quem odeia empresarial

Duas coisas (uma jurídica e a outra não). Nós vamos falar do registro (que é um dos

deveres do empresário) mais para a frente, mas, pelo que foi visto, já dá para concluir

uma coisa: vimos que uma atividade é considerada empresarial tendo em vista a forma

como é exercida. Então, não é o registro que faz com que a atividade seja empresarial.

Embora o empresário esteja obrigado a proceder ao registro, a atividade já era

empresarial desde o momento em que foi exercida cumprindo os requisitos legais. O

registro, então, é meramente declaratório. No caso de atividade rural, é diferente. O registro é constitutivo: é ele, e só ele,

que torna tal atividade empresarial. Antes dele, ela era uma atividade civil.

/l a..uiJuL wUa ( rúio. jwzidica) é que acabei de me I em brar que uma vez pedi

a um amigo (colorido) que me desse um tema para escrever. 1::: ele disse: "t:scre­

va sobre uma plantação de abóboras". Pronto, escrevi.

1.2.3. Cooperativa Aqui não tem nenhuma exceção, não tem coisa importante para ver, não tem

nada. Cooperativa não se submete ao regime empresarial.

Mesmo que cumpra todos os requisitos? Mesmo assim. Por quê? Porque não. Ponto.

Vontades do legislador. Nada mais a declarar.

Legal. Vimos o que é a atividade empresarial, quem é o empresário e quais são as

atividades civis. Mas vamos só mais um pouquinho, tá? Meu sono tá quase chegando,

e, se eu for deitar antes de chegar no meu limite, as chances de eu ficar matutando

alguma coisa ruim enquanto rolo de um lado para outro na cama são grandes. Então

não me deixem sozinha neste momento ruim. Eu ajudo vocês e vocês me ajudam,

combinado?

1.3. Empresário individual Certo. Vimos quem é o empresário. Agora, olhe só: empresário pode ser pessoa

física (empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresarial).

Importante: os sócios de uma sociedade não são empresários. Pelo menos não

tecnicamente falando. Quem exerce a atividade é sempre a sociedade. Ela responde

pelas obrigações, tem patrimônio próprio e mais um monte de características peculia­

res de que vamos tratar quando chegarmos ao tema.

É preciso lembrar que o empresário individual é aquele que apresenta todos os re­

quisitos do art. 966 do CC, e que atua por ele próprio. Pessoa física. Nesse caso, não há

separação de patrimônio: os bens da pessoa física respondem pelas dívidas empresariais.

O exemplo é o da tia ali da esquina que faz e vende bijuterias: ela atua com pro­

fissionalismo, exerce atividade econômica e organizada e produz/circula bens. A tia é empresária individual.

Introdução. Conceito de empresário 28

E o que precisa para ser empresário individual? Duas coisas: capacidade e ausên­

cia de impedimentos. Sobre os impedimentos vamos falar no próximo capítulo. Fale­

m:)S então da capacidade.

Menor não pode. Doido também não. Pródigo também não. Aquela galerinha lá

dos arts. 3~ e 4~ do Código Civil. Para ser empresário, tem que ser capaz. Mas não para

por aí. Olha uma situação que pode acontecer: eu tenho 12 anos de idade e meu pai é

eo.presário individual. Ele morre, tadinho (batendo na madeira incessantemente

ac_ui: isola!). Eu herdo a empresa dele.

E aí? Sou "de menor", não posso ser empresária! .

Outro exemplo: sou a tia empresária que faz bijoux. Um dia, levo um tombo na

rua, bato a cabeça na sarjeta e fico meio lelé da cuca. E agora? Fiquei incapaz, não pos­

se mais ser empresária!

Para essas duas situações existe uma alternativa. Se o juiz conceder, o incapaz

pode continuar uma empresa. Como funciona isso? Assim: morreu meu pai ou eu

bati a cabeça na sarjeta. De uma forma ou de outra, quero continuar a empresa. Vou

lá, peço para o juiz me autorizar (e a autorização se dá por meio de um alvará). Ele

autoriza, e eu continuarei exercendo a empresa por meio do meu representante ou

rio meu assistente (a depender de a incapacidade ser absoluta ou relativa, respecti­

Vécmente).

No alvará constarão todos os bens que a empresa possui, isso porque, em regra,

os bens particulares do incapaz não responderão pelas obrigações empresariais. Em

regra? Sim, em regra, porque; se os bens forem empregados na atividade empresarial,

aí responderão.

Então, tá. Empresário individual é esse cara aí. Mas lembra do conceito de empre­

süio, né? Ele não vai fazer tudo sozinho: tem que ter empregados. Tem que? Sim. Tem

que. Os fulaninhos que trabalham para o empresário são chamados de prepostos, e os

atos que eles praticam dentro do estabelecimento comercial e com relação à atividade

desenvolvida obrigam o empresário.

Então, assim: eu sou a tia ali da esquina e vendo bijoux, e tenho uma maluca que

fc.z as entregas para mim. A maluca é tão maluca que capotou o carro na entrega e

q·..tebrou o portão da casa de uma senhorinha. Quem vai pagar? Eu. '

Da mesma forma, as informações prestadas pelos prepostos obrigam o em­

presário. Então, se a maluquinha disser ao cliente da minha lojinha que todas as

b;joux estão pela metade do preço, eu vou ter que vender tudo pelo preço que ela

informou.

Mas nem tudo são flores: pelos atos praticados com culpa ou dolo, o preposto

responde. E ele também não pode concorrer com o seu preponente, sob pena de res­

p:)nder por perdas e danos se o fizer. Chega a ser crime de concorrência desleal. Cui­

d3.do aí, maluquinha!

29 Empresarial para quem odeia empresarial

Duas coisas (uma jurídica e a outra não). Nós vamos falar do registro (que é um dos

deveres do empresário) mais para a frente, mas, pelo que foi visto, já dá para concluir

uma coisa: vimos que uma atividade é considerada empresarial tendo em vista a forma

como é exercida. Então, não é o registro que faz com que a atividade seja empresarial.

Embora o empresário esteja obrigado a proceder ao registro, a atividade já era

empresarial desde o momento em que foi exercida cumprindo os requisitos legais. O

registro, então, é meramente declaratório. No caso de atividade rural, é diferente. O registro é constitutivo: é ele, e só ele,

que torna tal atividade empresarial. Antes dele, ela era uma atividade civil.

/l a..uiJuL wUa ( rúio. jwzidica) é que acabei de me I em brar que uma vez pedi

a um amigo (colorido) que me desse um tema para escrever. 1::: ele disse: "t:scre­

va sobre uma plantação de abóboras". Pronto, escrevi.

1.2.3. Cooperativa Aqui não tem nenhuma exceção, não tem coisa importante para ver, não tem

nada. Cooperativa não se submete ao regime empresarial.

Mesmo que cumpra todos os requisitos? Mesmo assim. Por quê? Porque não. Ponto.

Vontades do legislador. Nada mais a declarar.

Legal. Vimos o que é a atividade empresarial, quem é o empresário e quais são as

atividades civis. Mas vamos só mais um pouquinho, tá? Meu sono tá quase chegando,

e, se eu for deitar antes de chegar no meu limite, as chances de eu ficar matutando

alguma coisa ruim enquanto rolo de um lado para outro na cama são grandes. Então

não me deixem sozinha neste momento ruim. Eu ajudo vocês e vocês me ajudam,

combinado?

1.3. Empresário individual Certo. Vimos quem é o empresário. Agora, olhe só: empresário pode ser pessoa

física (empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresarial).

Importante: os sócios de uma sociedade não são empresários. Pelo menos não

tecnicamente falando. Quem exerce a atividade é sempre a sociedade. Ela responde

pelas obrigações, tem patrimônio próprio e mais um monte de características peculia­

res de que vamos tratar quando chegarmos ao tema.

É preciso lembrar que o empresário individual é aquele que apresenta todos os re­

quisitos do art. 966 do CC, e que atua por ele próprio. Pessoa física. Nesse caso, não há

separação de patrimônio: os bens da pessoa física respondem pelas dívidas empresariais.

O exemplo é o da tia ali da esquina que faz e vende bijuterias: ela atua com pro­

fissionalismo, exerce atividade econômica e organizada e produz/circula bens. A tia é empresária individual.

Introdução. Conceito de empresário 28

E o que precisa para ser empresário individual? Duas coisas: capacidade e ausên­

cia de impedimentos. Sobre os impedimentos vamos falar no próximo capítulo. Fale­

m:)S então da capacidade.

Menor não pode. Doido também não. Pródigo também não. Aquela galerinha lá

dos arts. 3~ e 4~ do Código Civil. Para ser empresário, tem que ser capaz. Mas não para

por aí. Olha uma situação que pode acontecer: eu tenho 12 anos de idade e meu pai é

eo.presário individual. Ele morre, tadinho (batendo na madeira incessantemente

ac_ui: isola!). Eu herdo a empresa dele.

E aí? Sou "de menor", não posso ser empresária! .

Outro exemplo: sou a tia empresária que faz bijoux. Um dia, levo um tombo na

rua, bato a cabeça na sarjeta e fico meio lelé da cuca. E agora? Fiquei incapaz, não pos­

se mais ser empresária!

Para essas duas situações existe uma alternativa. Se o juiz conceder, o incapaz

pode continuar uma empresa. Como funciona isso? Assim: morreu meu pai ou eu

bati a cabeça na sarjeta. De uma forma ou de outra, quero continuar a empresa. Vou

lá, peço para o juiz me autorizar (e a autorização se dá por meio de um alvará). Ele

autoriza, e eu continuarei exercendo a empresa por meio do meu representante ou

rio meu assistente (a depender de a incapacidade ser absoluta ou relativa, respecti­

Vécmente).

No alvará constarão todos os bens que a empresa possui, isso porque, em regra,

os bens particulares do incapaz não responderão pelas obrigações empresariais. Em

regra? Sim, em regra, porque; se os bens forem empregados na atividade empresarial,

aí responderão.

Então, tá. Empresário individual é esse cara aí. Mas lembra do conceito de empre­

süio, né? Ele não vai fazer tudo sozinho: tem que ter empregados. Tem que? Sim. Tem

que. Os fulaninhos que trabalham para o empresário são chamados de prepostos, e os

atos que eles praticam dentro do estabelecimento comercial e com relação à atividade

desenvolvida obrigam o empresário.

Então, assim: eu sou a tia ali da esquina e vendo bijoux, e tenho uma maluca que

fc.z as entregas para mim. A maluca é tão maluca que capotou o carro na entrega e

q·..tebrou o portão da casa de uma senhorinha. Quem vai pagar? Eu. '

Da mesma forma, as informações prestadas pelos prepostos obrigam o em­

presário. Então, se a maluquinha disser ao cliente da minha lojinha que todas as

b;joux estão pela metade do preço, eu vou ter que vender tudo pelo preço que ela

informou.

Mas nem tudo são flores: pelos atos praticados com culpa ou dolo, o preposto

responde. E ele também não pode concorrer com o seu preponente, sob pena de res­

p:)nder por perdas e danos se o fizer. Chega a ser crime de concorrência desleal. Cui­

d3.do aí, maluquinha!

29 Empresarial para quem odeia empresarial

1.3.1. Empresa individual de responsabilidade limitada

Esse assunto é relativamente novo. Antes da Lei n. 12-441/2011, sempre que o

empresário fosse pessoa física, ele deveria optar pela forma de empresário individual.

A maior implicação disso era o fato de a responsabilidade dele ser ilimitada (respondia

com todo o seu patrimônio pelas obrigações da empresa).

Agora mudou. O empresário individual pode adotar a forma de Eireli, ou seja,

empresa individual de responsabilidade limitada. Falei que faltava pouquinho, mas

vamos atentar para isso aqui, tá? Depois eu paro. Prometo.

Então era assim: eu queria exercer a atividade de empresa, mas não queria saber

de ter mais gente comigo. Queria fazer eu sozinha. Antes dessa lei, eu teria que me

responsabilizar ilimitadamente pelas obrigações dessa minha atividade. Era um risco

grande. E, exatamente por isso, veio essa lei com essa nova modalidade de empresa

individual.

Essa lei é a 12-441, e, a partir dela, o empreendedor que optar por, sozinho, exer­

cer a atividade empresária poderá escolher entre empresário individual (responsabili­

dade ilimitada) ou empresa individual de responsabilidade limitada.

Estudaremos o empresário individual logo menos, mas já dá para adiantar que ele

não tem personalidade jurídica nem (como já falamos) limitação de responsabilidade,

enquanto a ElRELI possui personalidade e os benefícios da separação de patrimônio

e limitação de responsabilidade.

A lei alterou o Código Civil, acrescentando a EIRELI na lista de pessoas jurídicas

no art. 44·

Mas como? Simplesmente constituo a tal da EIRELI e tudo certo?

Não é tão simples assim. Para criar uma EIRELI, o empreendedor terá de integra­

lizar um capital social de, no mínimo, roo vezes o valor do maior salário mínimo vi­

gente no país. E mesmo se, depois, o valor do salário mínimo mudar, não tem que

aumentar o valor do capital integralizado: o que importa é a integralização dos roo

salários mínimos, considerando-se o valor dele na época da constituição.

E mais: cada pessoa só pode ter, em seu nome, uma E I RELI. Não dá pra sair abrin­

do empresas por aí a torto e a direito e utilizar-se dessa forma empresarial. Uma só, e

ponto final.

Outra coisa que essa lei trouxe: antigamente, uma sociedade empresária só podia

ficar com um único sócio em casos específicos (quando, por exemplo, o outro sócio

morresse), e, quando isso ocorria, tinha um prazo para que o sócio remanescente

constituísse outro, sob pena de consequências como a extinção da so?iedade. A gente

vai ver isso mais pra frente também.

Com a lei nova, a concentração de quotas nas mãos de um único sócio poderá dar

causa à form<:tção de uma EIRELI, independentemente da razão que levou a essa

Introdução. Conceito de empresário 30

concentração. Isso significa que, caso o sócio se encontre sozinho numa sociedade,

pela saída ou pelo falecimento do outro sócio, poderá pedir sua conversão em EIRELI.

A lei é bem boa pro empresário que quer, sozinho, constituir empresa. Aliás, so­

bre ela, é bem bacana dar uma olhadá no quadro abaixo, que traz as diferenças entre

os dois tipos de empresa que podem ser exercidos por uma única pessoa. Eu tirei ele

da "Cartilha da Eireli", que está disponível no Portal do Empreendedor':

--- -····.-·· Possui limitação de

. responsabilidade?

. HÓ necessidade de capitaÍ social

Utiliza firma para exercício da em·presa?

Utiliza denominação para exercício da empresa?

É p~;;ivel ter mais de uma empresa do tipo registrado em seu nome?

Não

Não

Sim. Deve utilizar firma constituída · ·por seu nome, completo ou

abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade

Não

_Pode surgir da transfóimação dé- ·- : Sim:.: sociedade que passa a ter apenas um sócio?

Pode ser utilizada para exploração de atividades ligadas á exploração de direito autoral ou de imagem?

.; :: ... ·: -~ -~ .

Aplicam-se, quandocabíveis, as regrás d~ soÇiedad~ li~itada?.

·sim

Sim

Sim, .100 vezes o maior salário mínimo do país

Sim. Deve utilizar firma cor.stituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. Ao final deve constar a sigla EIRELI

Sim. A empresa pode utilizar nome fantasia seguido da sigla EIRELI

Não

Sim

~-~ ·._ .

····=-··,.::

Pra acabar: EIRELI não é sociedadé unipessoal. Ela é um ente novo, distinto da

pessoa do empresário e distinta da sociedade empresária.

Y'e.m muito..d-~ CUJOIUL· ~stou com sono e vou aproveitá-lo.

1 Disponível em: <https:jjportaldoempreendedor.gov.brjeirelijCartilha%zoEireli%zozoxzs_alta.pdf>. Acesso em 12-6-zo 14.

31 Empresarial para quem odeia empresarial

1.3.1. Empresa individual de responsabilidade limitada

Esse assunto é relativamente novo. Antes da Lei n. 12-441/2011, sempre que o

empresário fosse pessoa física, ele deveria optar pela forma de empresário individual.

A maior implicação disso era o fato de a responsabilidade dele ser ilimitada (respondia

com todo o seu patrimônio pelas obrigações da empresa).

Agora mudou. O empresário individual pode adotar a forma de Eireli, ou seja,

empresa individual de responsabilidade limitada. Falei que faltava pouquinho, mas

vamos atentar para isso aqui, tá? Depois eu paro. Prometo.

Então era assim: eu queria exercer a atividade de empresa, mas não queria saber

de ter mais gente comigo. Queria fazer eu sozinha. Antes dessa lei, eu teria que me

responsabilizar ilimitadamente pelas obrigações dessa minha atividade. Era um risco

grande. E, exatamente por isso, veio essa lei com essa nova modalidade de empresa

individual.

Essa lei é a 12-441, e, a partir dela, o empreendedor que optar por, sozinho, exer­

cer a atividade empresária poderá escolher entre empresário individual (responsabili­

dade ilimitada) ou empresa individual de responsabilidade limitada.

Estudaremos o empresário individual logo menos, mas já dá para adiantar que ele

não tem personalidade jurídica nem (como já falamos) limitação de responsabilidade,

enquanto a ElRELI possui personalidade e os benefícios da separação de patrimônio

e limitação de responsabilidade.

A lei alterou o Código Civil, acrescentando a EIRELI na lista de pessoas jurídicas

no art. 44·

Mas como? Simplesmente constituo a tal da EIRELI e tudo certo?

Não é tão simples assim. Para criar uma EIRELI, o empreendedor terá de integra­

lizar um capital social de, no mínimo, roo vezes o valor do maior salário mínimo vi­

gente no país. E mesmo se, depois, o valor do salário mínimo mudar, não tem que

aumentar o valor do capital integralizado: o que importa é a integralização dos roo

salários mínimos, considerando-se o valor dele na época da constituição.

E mais: cada pessoa só pode ter, em seu nome, uma E I RELI. Não dá pra sair abrin­

do empresas por aí a torto e a direito e utilizar-se dessa forma empresarial. Uma só, e

ponto final.

Outra coisa que essa lei trouxe: antigamente, uma sociedade empresária só podia

ficar com um único sócio em casos específicos (quando, por exemplo, o outro sócio

morresse), e, quando isso ocorria, tinha um prazo para que o sócio remanescente

constituísse outro, sob pena de consequências como a extinção da so?iedade. A gente

vai ver isso mais pra frente também.

Com a lei nova, a concentração de quotas nas mãos de um único sócio poderá dar

causa à form<:tção de uma EIRELI, independentemente da razão que levou a essa

Introdução. Conceito de empresário 30

concentração. Isso significa que, caso o sócio se encontre sozinho numa sociedade,

pela saída ou pelo falecimento do outro sócio, poderá pedir sua conversão em EIRELI.

A lei é bem boa pro empresário que quer, sozinho, constituir empresa. Aliás, so­

bre ela, é bem bacana dar uma olhadá no quadro abaixo, que traz as diferenças entre

os dois tipos de empresa que podem ser exercidos por uma única pessoa. Eu tirei ele

da "Cartilha da Eireli", que está disponível no Portal do Empreendedor':

--- -····.-·· Possui limitação de

. responsabilidade?

. HÓ necessidade de capitaÍ social

Utiliza firma para exercício da em·presa?

Utiliza denominação para exercício da empresa?

É p~;;ivel ter mais de uma empresa do tipo registrado em seu nome?

Não

Não

Sim. Deve utilizar firma constituída · ·por seu nome, completo ou

abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade

Não

_Pode surgir da transfóimação dé- ·- : Sim:.: sociedade que passa a ter apenas um sócio?

Pode ser utilizada para exploração de atividades ligadas á exploração de direito autoral ou de imagem?

.; :: ... ·: -~ -~ .

Aplicam-se, quandocabíveis, as regrás d~ soÇiedad~ li~itada?.

·sim

Sim

Sim, .100 vezes o maior salário mínimo do país

Sim. Deve utilizar firma cor.stituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. Ao final deve constar a sigla EIRELI

Sim. A empresa pode utilizar nome fantasia seguido da sigla EIRELI

Não

Sim

~-~ ·._ .

····=-··,.::

Pra acabar: EIRELI não é sociedadé unipessoal. Ela é um ente novo, distinto da

pessoa do empresário e distinta da sociedade empresária.

Y'e.m muito..d-~ CUJOIUL· ~stou com sono e vou aproveitá-lo.

1 Disponível em: <https:jjportaldoempreendedor.gov.brjeirelijCartilha%zoEireli%zozoxzs_alta.pdf>. Acesso em 12-6-zo 14.

31 Empresarial para quem odeia empresarial

2.. Confissões:

~~,,,

~'~~

'

{JJ~ -:.:·!::.:.::.=>•"'•P"

lJf,r ~·~.~.~~:-~~·

···················································································· e ai que- Pwje eu a,c,oJu/.d ~·Resolvi dedicar um dia inteirinho à depres­

são, porque essa coisa de ficar me remoendo um pouquinho a cada dia não

está dando certo não. Quem sabe se eu simplesmente deixar chorar tudo o

que tem aqui dentro amanhã acordo melhor?

Não.

A quem estou eri.ganando? Quando se trata de mim, a tendência é sempre

piorar.

Acho que seria bom confessar algumas coisas.

Confesso que minha manhã não foi muito produtiva porque o sono resol­

veu ficar bem do meu lado quando comecei a ler o que eu precisava. A insônia

nunca aparece quando preciso dela.

Confesso que hoje deixei de lado as regras da boa alimentação e substituí

o almoço por uma xícara grande de café extraforte. Reclamações do estômago

chegarão em breve, certamente. !=avor protocolar em duas vias.

Confesso que, mesmo todo mundo me dizendo que sou forte, mãe sozi­

nha, dona de casa, autossuficiente, e blá-blá-blá, de vez em quando me sinto

. menininha adolescente e bobinha e tenho vontade de deitar no colo de al­

guém (que eu bem sei quem é) e chorar. Ou só vontade de chorar sem colo

mesmo. t: choro.

Confesso que finjo não me importar para o fato de a pessoa em cujo colo

eu quero deitar não ter dado notícias, mas no fundo sei que fiquei o dia todo

esperando por isso.

Confesso que estudar me traz sentimentos antagônicos como ''já sei tudo"

X "não sei nada". t: aí preciso torcer para a segunda opção ser mais forte, se­

não eu me acomodo.

Co11fesso que às vezes fico em dúvida sobre minha capacidade, e, apesar

de as palavras de apoio serem bem-vindas, não fazem a angústia melhorar.

Confesso que estava relativamente bem depois que voltei para a zona de.

comodismo, mesmo sabendo que ela não me leva_ a lugar nenhum. Agora saí

dela, estou camir:1hando, mas não sei para onde vou.

Confesso quétem dias em que a noite é f...

. 2.1. Regime jurídico da livre-iniciativa

~ q.ucmdo. w;.d eAf.udo.u CÜJLeito- c.o.n/.di1.uci. e a c h ou que e r a c h ato?

t:u lembro. t: percebo o quanto fui injusta. t:studando aquela matéria, nunca

tive vontade de pular do sexto andar. Não posso dizer o mesmo agora.

Enfim, uma das coisas que está lá na Constituição é que o Estado só pode exercer

atividade econômica em algumas hipóteses: quando há relevante interesse coletivo

ou quando é necessário à segurança nacional.

Não vou entrar em detalhes constitucionais, porque seria muita alegria, e eu não

estou nesse clima. Mas a verdade é que, regra geral, atividade econômica é exercida

pela iniciativa privada. Certo. Ao determinar isso, a Constituição deve ditar as regras

que possibilitam à iniciativa privada desenvolver tais atividades.

É por isso que rola todo um regime jurídico para aqueles que exploram atividades

econômicas. E olha só: se a iniciativa privada vai cuidar dessas coisas, então é absolu­

tamente necessário que a Constituição adote os princípios do liberalismo: livre-ini­

ciativa e livre competição. Sem isso o direito empresarial nem sequer existiria. O Es­

tado mandaria em tudo, tudo seria objeto do direito administrativo, e todos seríamos

mais felizes. Pelo menos todos nós estudantes de direito.

Exatamente por conta desse regime liberal, o legislador ordinário estabeleceu al­

gumas regras para que as coisas ficassem condizentes: iniciativa privada, você pode

explorar as atividades econômicas, mas não de qualquer jeito.

A Lei n. 12.529/2011 traz em seu art. 36, § 3~, uma série de condutas que são consi­

deradas infrações contra a ordem econômica. Tem muita coisa lá. O importaqte nem é

saber o que dizem todos os incisos desse artigo (são 19 no total). O que você precisa

saber é que qualquer condutà (qualquer uma mesmo) será considerada crime quando:

"I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre-

-iniciativa;

11 - dominar mercado relevante de bens ou serviços;

I11 - aumentar arbitrariamente os lucros;

IV- exercer de forma abusiva posição dominante".

Essas são as hipóteses previstas no caput do mesmo art. 36 desta lei.

33 Empresarial para quem odeia empresarial

2.. Confissões:

~~,,,

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{JJ~ -:.:·!::.:.::.=>•"'•P"

lJf,r ~·~.~.~~:-~~·

···················································································· e ai que- Pwje eu a,c,oJu/.d ~·Resolvi dedicar um dia inteirinho à depres­

são, porque essa coisa de ficar me remoendo um pouquinho a cada dia não

está dando certo não. Quem sabe se eu simplesmente deixar chorar tudo o

que tem aqui dentro amanhã acordo melhor?

Não.

A quem estou eri.ganando? Quando se trata de mim, a tendência é sempre

piorar.

Acho que seria bom confessar algumas coisas.

Confesso que minha manhã não foi muito produtiva porque o sono resol­

veu ficar bem do meu lado quando comecei a ler o que eu precisava. A insônia

nunca aparece quando preciso dela.

Confesso que hoje deixei de lado as regras da boa alimentação e substituí

o almoço por uma xícara grande de café extraforte. Reclamações do estômago

chegarão em breve, certamente. !=avor protocolar em duas vias.

Confesso que, mesmo todo mundo me dizendo que sou forte, mãe sozi­

nha, dona de casa, autossuficiente, e blá-blá-blá, de vez em quando me sinto

. menininha adolescente e bobinha e tenho vontade de deitar no colo de al­

guém (que eu bem sei quem é) e chorar. Ou só vontade de chorar sem colo

mesmo. t: choro.

Confesso que finjo não me importar para o fato de a pessoa em cujo colo

eu quero deitar não ter dado notícias, mas no fundo sei que fiquei o dia todo

esperando por isso.

Confesso que estudar me traz sentimentos antagônicos como ''já sei tudo"

X "não sei nada". t: aí preciso torcer para a segunda opção ser mais forte, se­

não eu me acomodo.

Co11fesso que às vezes fico em dúvida sobre minha capacidade, e, apesar

de as palavras de apoio serem bem-vindas, não fazem a angústia melhorar.

Confesso que estava relativamente bem depois que voltei para a zona de.

comodismo, mesmo sabendo que ela não me leva_ a lugar nenhum. Agora saí

dela, estou camir:1hando, mas não sei para onde vou.

Confesso quétem dias em que a noite é f...

. 2.1. Regime jurídico da livre-iniciativa

~ q.ucmdo. w;.d eAf.udo.u CÜJLeito- c.o.n/.di1.uci. e a c h ou que e r a c h ato?

t:u lembro. t: percebo o quanto fui injusta. t:studando aquela matéria, nunca

tive vontade de pular do sexto andar. Não posso dizer o mesmo agora.

Enfim, uma das coisas que está lá na Constituição é que o Estado só pode exercer

atividade econômica em algumas hipóteses: quando há relevante interesse coletivo

ou quando é necessário à segurança nacional.

Não vou entrar em detalhes constitucionais, porque seria muita alegria, e eu não

estou nesse clima. Mas a verdade é que, regra geral, atividade econômica é exercida

pela iniciativa privada. Certo. Ao determinar isso, a Constituição deve ditar as regras

que possibilitam à iniciativa privada desenvolver tais atividades.

É por isso que rola todo um regime jurídico para aqueles que exploram atividades

econômicas. E olha só: se a iniciativa privada vai cuidar dessas coisas, então é absolu­

tamente necessário que a Constituição adote os princípios do liberalismo: livre-ini­

ciativa e livre competição. Sem isso o direito empresarial nem sequer existiria. O Es­

tado mandaria em tudo, tudo seria objeto do direito administrativo, e todos seríamos

mais felizes. Pelo menos todos nós estudantes de direito.

Exatamente por conta desse regime liberal, o legislador ordinário estabeleceu al­

gumas regras para que as coisas ficassem condizentes: iniciativa privada, você pode

explorar as atividades econômicas, mas não de qualquer jeito.

A Lei n. 12.529/2011 traz em seu art. 36, § 3~, uma série de condutas que são consi­

deradas infrações contra a ordem econômica. Tem muita coisa lá. O importaqte nem é

saber o que dizem todos os incisos desse artigo (são 19 no total). O que você precisa

saber é que qualquer condutà (qualquer uma mesmo) será considerada crime quando:

"I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre-

-iniciativa;

11 - dominar mercado relevante de bens ou serviços;

I11 - aumentar arbitrariamente os lucros;

IV- exercer de forma abusiva posição dominante".

Essas são as hipóteses previstas no caput do mesmo art. 36 desta lei.

33 Empresarial para quem odeia empresarial

Então assim: se eu, tiazinha que vendo bijoux, faço alguma coisa que aumenta

arbitrariamente os meus lucros, cometo ilícito, independentemente do que seja essa

qualquer coisa que eu tenha feito.

Por esse motivo se diz que o rol do art. 2 1 é meramente exemplificativo. Vou

além: por disposição legal, a responsabilidade do empresário é objetiva. Não interessa

o dolo ou a culpa.

E por que as condutas praticadas com os objetivos acima elencados são conside­

radas crime? Porque a Constituição quis assim:

''Art. 174. ( ... )

fj 4!!. :A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados,

à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros".

Certo. E o que vai acontecer comigo, então? Vou ser repreendida pelo CADE

(Conselho Administrativo de Defesa Econômica), e as sanções que eu posso vir a su­

portar são multa, publicação da condenação na imprensa, proibição de contratar com

o poder público ou com instituições financeiras etc. Uma "sentença" (entre aspas, por­

que, tecnicamente, quem dá sentença é o juiz e mais ninguém) do CADE é título exe­

cutivo extrajudicial.

Olha uma coisa: em nenhum momento eu falei em crimes contra a ordem econô­

mica aqui, tá? Isso é assunto pro lindo do direito penal, e está na Lei n. 8.137/90. Infe­

lizmente, não estamos em penal. Estamos falando apenas de ilícitos administrativos.

···················································································· ~-

Não precisa muito para me fazer chorar hoje não. Amanhã vou estar com

os olhos inchados, e vou sentir raiva de mim porque me deixei ficar triste. Mas

já decidi: hoje vou curtir minha tristeza e deixá-la me consumir.

···················································································· Outra medida adotada pelo legislador no sentido ele proteger a liberdade econô­

mica é a repressão à concorrência desleal. E nesse aspecto eu sou a melhor do mundo.

Concorro com muita gente. E a concorrência comigo sempre é desleal.

. ~ m.a.úL wn ~· Minha vida é uma desgraça mesmo. ....................................................................................

A Lei da Propriedade Industrial (n. 9.279/96) traz as situações caracterizadoras do

crime de concorrência desleal. Está lá no art. 195. Não. Também não vou copiar. E fica

a dica: é bom dar uma lida ele vez em quando.

Na esfera civil, a concorrência desleal é reprimida de duas for:mas: contratual •

(aquele que vende um estabelecimento e~presarial não pode se restabelecer, na mes­

ma praça, pelo prazo de 5 anos, sob pena de ter que fechar o seu novo estabelecimento

e ainda pagar as perdas e danos) e extracontratual.

Regime jurídico da livre-iniciativa 34

É fácil ver que há concorrência desleal quando a conduta é tipificada como crime.

Nesse caso, a indenização é devida e não há muita discussão. Mas a LPI determina que

atos não tipificados como crime, mas que prejudiquem a reputação ou os negócios

alheios, também podem gerar dever de indenização. Seria o caso da chamada concor­

rência desleal não criminosa.

Observe-se, contudo, que fica difícil a caractérização dela, uma vez que não exis-

tem critérios objetivos para sua aferição. '

2.1.1. Impedimentos ao exercício da atividade empresarial

Temos aqui mais um caso de proteção à ordem econômica: algumas pessoas sim­

plesmente não podem exercer empresa, ainda que capazes para os demais atos da vida

civil. A ideia é proteger quem vai realizar negociações com essas pessoas. Exemplo: o

falido pode voltar a falir e lesar seus novos clientes, então não o deixaremos exercer

atividade empresarial por um tempo.

Alguns exemplos dessas pessoas são, como dito, o falido não reabilitado, o conde­

nado por crime que vede o acesso à atividade empresarial antes da reabilitação penal,

o leiloeiro etc.

Mas calma lá: vamos supor que uma dessas pessoas exerça empresa e contrate

com outras pessoas. O que acontece? Ela não poderá alegar o impedimento para exi­

mir-se das obrigações assumidas.

Beleza?

2.1.2. Microempresa e empresa de pequeno porte

A Constituição manda privilegiar esse tipo de empresa. As regras estão na LC n.

123/2006. Microempresa é aquela que aufere renda bruta anual de até R$ 36o.ooo,oo, e

empresa de pequeno porte é a que aufere renda entre esse valor e R$ 3.6oo.ooo,oo.

Não há capital mínimo ou rnáximo para a constituição dessas espécies de empresas,

mas deve-se observar os limiies acima. É necessário, ainda, que o empresário, além de

se enquadrar nos requisitos de valor, opte por esse tipo de empresa.

E se passar desses limite~? Aí, funciona assim: se uma ME tem renda bruta anual

s~perior à estabelecida, no ano seguinte ela é tida como EPP. Se uma EPP tem renda

bmta anual superior à estabelecida, já era. Perde a condição, ou seja, volta a ser tratada

comÇ> uma pessoa jurídica "normal" para fins de tributação e de normas trabalhistas.

Aqui entra a parte do Simples e do Supersimples, de que falamos no livro de Tri­

butário", mas não custa repetir.

2 PIMENTA, Luciana. Tributário para quem odeia tributário. São Paulo: Saraiva, zo 13.

35 Empresarial para quem odeia empresarial

Então assim: se eu, tiazinha que vendo bijoux, faço alguma coisa que aumenta

arbitrariamente os meus lucros, cometo ilícito, independentemente do que seja essa

qualquer coisa que eu tenha feito.

Por esse motivo se diz que o rol do art. 2 1 é meramente exemplificativo. Vou

além: por disposição legal, a responsabilidade do empresário é objetiva. Não interessa

o dolo ou a culpa.

E por que as condutas praticadas com os objetivos acima elencados são conside­

radas crime? Porque a Constituição quis assim:

''Art. 174. ( ... )

fj 4!!. :A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados,

à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros".

Certo. E o que vai acontecer comigo, então? Vou ser repreendida pelo CADE

(Conselho Administrativo de Defesa Econômica), e as sanções que eu posso vir a su­

portar são multa, publicação da condenação na imprensa, proibição de contratar com

o poder público ou com instituições financeiras etc. Uma "sentença" (entre aspas, por­

que, tecnicamente, quem dá sentença é o juiz e mais ninguém) do CADE é título exe­

cutivo extrajudicial.

Olha uma coisa: em nenhum momento eu falei em crimes contra a ordem econô­

mica aqui, tá? Isso é assunto pro lindo do direito penal, e está na Lei n. 8.137/90. Infe­

lizmente, não estamos em penal. Estamos falando apenas de ilícitos administrativos.

···················································································· ~-

Não precisa muito para me fazer chorar hoje não. Amanhã vou estar com

os olhos inchados, e vou sentir raiva de mim porque me deixei ficar triste. Mas

já decidi: hoje vou curtir minha tristeza e deixá-la me consumir.

···················································································· Outra medida adotada pelo legislador no sentido ele proteger a liberdade econô­

mica é a repressão à concorrência desleal. E nesse aspecto eu sou a melhor do mundo.

Concorro com muita gente. E a concorrência comigo sempre é desleal.

. ~ m.a.úL wn ~· Minha vida é uma desgraça mesmo. ....................................................................................

A Lei da Propriedade Industrial (n. 9.279/96) traz as situações caracterizadoras do

crime de concorrência desleal. Está lá no art. 195. Não. Também não vou copiar. E fica

a dica: é bom dar uma lida ele vez em quando.

Na esfera civil, a concorrência desleal é reprimida de duas for:mas: contratual •

(aquele que vende um estabelecimento e~presarial não pode se restabelecer, na mes­

ma praça, pelo prazo de 5 anos, sob pena de ter que fechar o seu novo estabelecimento

e ainda pagar as perdas e danos) e extracontratual.

Regime jurídico da livre-iniciativa 34

É fácil ver que há concorrência desleal quando a conduta é tipificada como crime.

Nesse caso, a indenização é devida e não há muita discussão. Mas a LPI determina que

atos não tipificados como crime, mas que prejudiquem a reputação ou os negócios

alheios, também podem gerar dever de indenização. Seria o caso da chamada concor­

rência desleal não criminosa.

Observe-se, contudo, que fica difícil a caractérização dela, uma vez que não exis-

tem critérios objetivos para sua aferição. '

2.1.1. Impedimentos ao exercício da atividade empresarial

Temos aqui mais um caso de proteção à ordem econômica: algumas pessoas sim­

plesmente não podem exercer empresa, ainda que capazes para os demais atos da vida

civil. A ideia é proteger quem vai realizar negociações com essas pessoas. Exemplo: o

falido pode voltar a falir e lesar seus novos clientes, então não o deixaremos exercer

atividade empresarial por um tempo.

Alguns exemplos dessas pessoas são, como dito, o falido não reabilitado, o conde­

nado por crime que vede o acesso à atividade empresarial antes da reabilitação penal,

o leiloeiro etc.

Mas calma lá: vamos supor que uma dessas pessoas exerça empresa e contrate

com outras pessoas. O que acontece? Ela não poderá alegar o impedimento para exi­

mir-se das obrigações assumidas.

Beleza?

2.1.2. Microempresa e empresa de pequeno porte

A Constituição manda privilegiar esse tipo de empresa. As regras estão na LC n.

123/2006. Microempresa é aquela que aufere renda bruta anual de até R$ 36o.ooo,oo, e

empresa de pequeno porte é a que aufere renda entre esse valor e R$ 3.6oo.ooo,oo.

Não há capital mínimo ou rnáximo para a constituição dessas espécies de empresas,

mas deve-se observar os limiies acima. É necessário, ainda, que o empresário, além de

se enquadrar nos requisitos de valor, opte por esse tipo de empresa.

E se passar desses limite~? Aí, funciona assim: se uma ME tem renda bruta anual

s~perior à estabelecida, no ano seguinte ela é tida como EPP. Se uma EPP tem renda

bmta anual superior à estabelecida, já era. Perde a condição, ou seja, volta a ser tratada

comÇ> uma pessoa jurídica "normal" para fins de tributação e de normas trabalhistas.

Aqui entra a parte do Simples e do Supersimples, de que falamos no livro de Tri­

butário", mas não custa repetir.

2 PIMENTA, Luciana. Tributário para quem odeia tributário. São Paulo: Saraiva, zo 13.

35 Empresarial para quem odeia empresarial

Em 1996, com a publicação da Lei n. 9.317, foi criado o Simples, um regime espe­

cial de arrecadação de tributos e contribuições no qual as pessoas jurídicas (ME e EPP)

optantes desobrigam-se do recolhimento das contribuições a terceiros (sistemaS) e da

contribuição sindical, e ainda podem recolher, de forma simplificada e unificada, o

lPl, o IRPJ, o PlS/Pasep, a Cofins, a CSLL e as contribuições patronais.

O Simples funcionou até julho de 2007, mas desde a EC n. 42/2003 passou a ser

possível optar por um regime que alcançasse mais tributos, e que deveria ser discipli­

nado por lei complementar.

Esse regime novo veio em 2006, com a LC n. 123, que criou o Supersimples. Tra­

ta-se de um sistema unificado de pagamento de vários tributos. A opção por ele é uma

faculdade das empresas, mas não de todas. Às empresas descritas nos incisos do art. 17

da LC n. 123j2oo6, atualizadapela LC n. 128jzoo8, é vedado fazer essa escolha. Aqui

também tem um monte de gente envolvida; vale a pena dar uma olhada na lei.

1 'Pw.n.!.o.. &te cap1l:,u1o. &d ~-Agora temos três alternativas:

a) prosseguimos estudando:

b) pulamos do sexto andar;

c) desligamos tudo, fechamos os livros e vamos dormir para ver se a dor

de cabeça e a amargura passam.

Vou escolher a te:rceir·a, n1as você fique à -.ontade. Caso prefira a alterna­

tiva b, por favor, lembre-se de deixar um bilhetinho dizendo que eu não tive

nada a ver com isso. Porque ser acusada de irstigação ao suicídio é só o que

me falta nesta vida.

....................................................................................

Regime jurídico da livre-iniciativa 36

,; ;: /

\ ·-··- ·"

3. Menos:

/:\-·

_QQr}g qçQ_~$:.Q_9'-~ITl pr~_$._4.d9, ' ' . . (,

. .................................................................................. . ~- .flc.a&i de ltR1..eA CJ..:i do.iA, ~~e tenho uma pergun­

ta: como vocês me aguentam? Oue coisa mais depressiva! Sai pra lá, baixo as­

tral. Menosl

Tá certo que minha vida não está mil maravilhas, mas também não é para

tanto. Daqui a pouco vão pensar que eu me suicidei antes de terminar o livro e

que outra pessoa começou a escrever se passando por mim. Ou que foi psico­

grafado.

Mudando de vida hoje. Pr"rmeira providênóa: nunca mais dar a minha se­

nha do Dropbox para. ninguém. Minha v'rda tá salva lá. !=: meus livros também. Tá

fácil fazerem um plágio .

!=:mais: quando eu disse que este seria um livro triste, menti. A única tris­

teza é a matér"ra mesmo, certo7 Passou. i=:u sou linda demais para me importar

com coisas pequenas. !=: modesta também.

Segunda providência: sorrir. ~- Acabei de descobrir um remédio maravi­

lhoso contra a depressão: olhe-se no espelho e sorria. Vai melhorar, juro. !=:eu,

ainda na minha modést'ra, devo dizer que adoro meu sorriso. Tenho furinhos

nas bochechas. Poxa vida, isso é para poucos! Devo me cons.rderar privilegiada.

Se nada mais no mundo me faz feliz, pelo menos isso faz.

Terceira providência: abre essa janela, mulher. i=:scuro não leva a nada.

Deixa o sol entrar. !=: hoje o sol está lindo.

No mais, chega de enrolação. Vamos ao que interessa .

....................................................................................

t'~\( __ ;-- - Vimos quem é o empresário e falamos que, uma vez enquadrado nessa categoria,

i'.·- ele passa a se sujeitar às regras do direito empresarial. Dentro dessas regras, temos

direitos e deveres. Legal.

\ ~< r·,

Vamos agora ver os deveres desse serzinho: registro, escrituração dos livros e ela­

boração dos balanços.

Em 1996, com a publicação da Lei n. 9.317, foi criado o Simples, um regime espe­

cial de arrecadação de tributos e contribuições no qual as pessoas jurídicas (ME e EPP)

optantes desobrigam-se do recolhimento das contribuições a terceiros (sistemaS) e da

contribuição sindical, e ainda podem recolher, de forma simplificada e unificada, o

lPl, o IRPJ, o PlS/Pasep, a Cofins, a CSLL e as contribuições patronais.

O Simples funcionou até julho de 2007, mas desde a EC n. 42/2003 passou a ser

possível optar por um regime que alcançasse mais tributos, e que deveria ser discipli­

nado por lei complementar.

Esse regime novo veio em 2006, com a LC n. 123, que criou o Supersimples. Tra­

ta-se de um sistema unificado de pagamento de vários tributos. A opção por ele é uma

faculdade das empresas, mas não de todas. Às empresas descritas nos incisos do art. 17

da LC n. 123j2oo6, atualizadapela LC n. 128jzoo8, é vedado fazer essa escolha. Aqui

também tem um monte de gente envolvida; vale a pena dar uma olhada na lei.

1 'Pw.n.!.o.. &te cap1l:,u1o. &d ~-Agora temos três alternativas:

a) prosseguimos estudando:

b) pulamos do sexto andar;

c) desligamos tudo, fechamos os livros e vamos dormir para ver se a dor

de cabeça e a amargura passam.

Vou escolher a te:rceir·a, n1as você fique à -.ontade. Caso prefira a alterna­

tiva b, por favor, lembre-se de deixar um bilhetinho dizendo que eu não tive

nada a ver com isso. Porque ser acusada de irstigação ao suicídio é só o que

me falta nesta vida.

....................................................................................

Regime jurídico da livre-iniciativa 36

,; ;: /

\ ·-··- ·"

3. Menos:

/:\-·

_QQr}g qçQ_~$:.Q_9'-~ITl pr~_$._4.d9, ' ' . . (,

. .................................................................................. . ~- .flc.a&i de ltR1..eA CJ..:i do.iA, ~~e tenho uma pergun­

ta: como vocês me aguentam? Oue coisa mais depressiva! Sai pra lá, baixo as­

tral. Menosl

Tá certo que minha vida não está mil maravilhas, mas também não é para

tanto. Daqui a pouco vão pensar que eu me suicidei antes de terminar o livro e

que outra pessoa começou a escrever se passando por mim. Ou que foi psico­

grafado.

Mudando de vida hoje. Pr"rmeira providênóa: nunca mais dar a minha se­

nha do Dropbox para. ninguém. Minha v'rda tá salva lá. !=: meus livros também. Tá

fácil fazerem um plágio .

!=:mais: quando eu disse que este seria um livro triste, menti. A única tris­

teza é a matér"ra mesmo, certo7 Passou. i=:u sou linda demais para me importar

com coisas pequenas. !=: modesta também.

Segunda providência: sorrir. ~- Acabei de descobrir um remédio maravi­

lhoso contra a depressão: olhe-se no espelho e sorria. Vai melhorar, juro. !=:eu,

ainda na minha modést'ra, devo dizer que adoro meu sorriso. Tenho furinhos

nas bochechas. Poxa vida, isso é para poucos! Devo me cons.rderar privilegiada.

Se nada mais no mundo me faz feliz, pelo menos isso faz.

Terceira providência: abre essa janela, mulher. i=:scuro não leva a nada.

Deixa o sol entrar. !=: hoje o sol está lindo.

No mais, chega de enrolação. Vamos ao que interessa .

....................................................................................

t'~\( __ ;-- - Vimos quem é o empresário e falamos que, uma vez enquadrado nessa categoria,

i'.·- ele passa a se sujeitar às regras do direito empresarial. Dentro dessas regras, temos

direitos e deveres. Legal.

\ ~< r·,

Vamos agora ver os deveres desse serzinho: registro, escrituração dos livros e ela­

boração dos balanços.

,,

&uyuan1o-~ i.M.o., vou listando alguns dos motivos que me fizeram per­

ceber que não e bom ficar alimentando a depressão. Um capuccino com :alda

de chocolate por cima e a borda da xícara melecada de Nutella. Não tem como

ficar triste depois disso! Tambem não tem como dormir. Mas, que alegra, a egra.

Recomendo.

r=aça como eu: poste uma foto dele no Twitter. Todo mundo vai acha lin­

do, vai querer tambern e vai falar com você por conta disso. [:você vai e~que­

cer um pouquinho da tristeza.

···················································································· 3.1. Registro de empresas

3.1.1. Órgãos

As normas sobre essa coisa aí estão na Lei n. 8.934/94. Funciona assim: no âmbito federal, temos o DNRC- Departamento Nacional ele Registro ele Comércio; no âmbi­to estadual, as juntas Comerciais.

O DNRC é órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comér­cio Exterior. Basicamente, sua função é normativa (e não executiva): é ele quem diz

quem pode fazer o quê e como deve ser feito. Ele "cuida" das juntas Comerciais: é o

vigia; se as coisas não forem feitas da maneira correta, promove a representaç2.o às

autoridades competentes.

Quando falo de juntas Comerciais (vulgo )C), a primeira coisa que me vem à ca­

beça é fila. Lembro da época em que advogava num escritório em Bauru, quando per­di boa parte da vida levando e trazendo o contrato social de uma escola que precisou

ser alterado com as mudanças trazidas pelo novo (oi?) Código Civil.

Mas isso não tem nada a ver. O lance das juntas é exatamente executar o registro. É lá também que se faz a matrícula dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes

comerciais.

O que pega é o seguinte: a subordinação da junta Comercial é híbrida. Ent2.o, se

se tratar ele matéria técnica, a junta se subordina ao DNRC; se a matéria for adminis­

trativa, a subordinação é ao governo do Estado onde ela se encontra (cada Es~ado,

obrigatoriamente, tem uma )C).

Outra coisa chata pra caramba em toda matéria e que entra aqui também é a com­

petência. Em regra, as ações que visam conhecer dos atos praticados pela )C correm na

justiça estadual. Mas, se se tratar de mandado de segurança, será competente a justiça

federal. Isso porque, como vimos, a )C está ligada ao DNRC, que é _órgão federal.

Valeu?

Última coisinha importante: a JC está adstrita aos aspectos de forma do reg:.stro. Ou seja, ela só pode negar o registro se nãà tiverem sido cumpridas as formalidades, e

estas são sempre sanáveis. Foi exatamente por isso que eu tive que ir tantas vezes à

Obrigações do empresário 38

junta pra arrumar aquele bendito contrato social: toda vez faltava alguma coisa e eles

me mandavam voltar para corrigir.

Que. co.náfe-: eu eJLa ~e recem-contratada: não redigi o contrato.

Apenas funcionei como office-girl, ok? Tudo bem que desde aquela epoca eu odia­

va direito empresarial, mas daí a fazer serviço porco tem uma grande diferença. ....................................................................................

O que interessa é o seguinte: a junta analisa aspectos formais, não materiais.

3.1.2. Atos Que tipos de atos são registrados? São três atos:

a) Matrícula Esse é o nome do ato de inscrição de alguns profissionais que exercem funções

paracomerciais: leiloeiros, tradutores, intérpretes, trapicheiros e administradores de

armazéns-gerais.

···················································································· ":J~" é uma.~ &ga.e, ni? t=u gosto. ....................................................................................

b) Arquivamento Aqui estamos falando dos seguintes atos: ~ inscrição elo empresário individual e das cooperativas; ~ alterações contratuais das sociedades empresárias; ~ atos relacionados a consórcios de empresas e grupos de sociedades; ~ atos relacionados a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar

no Brasil.

c) Autenticação Relaciona-se com os livros comerciais. É o ato que dá regularidade ou ainda que

confirrria a correspondência entre cópia e original desses livros.

3.1.3. Processo decisório Dois tipos: colegiado e singular. Para saber qual é qual tem uma listinha: deter­

minados atos são julgados colegiadamente, outros singularmente. Quando tem listi­

nha, fazemos tabelinha.

39 Empresarial para quem odeia empresarial

,,

&uyuan1o-~ i.M.o., vou listando alguns dos motivos que me fizeram per­

ceber que não e bom ficar alimentando a depressão. Um capuccino com :alda

de chocolate por cima e a borda da xícara melecada de Nutella. Não tem como

ficar triste depois disso! Tambem não tem como dormir. Mas, que alegra, a egra.

Recomendo.

r=aça como eu: poste uma foto dele no Twitter. Todo mundo vai acha lin­

do, vai querer tambern e vai falar com você por conta disso. [:você vai e~que­

cer um pouquinho da tristeza.

···················································································· 3.1. Registro de empresas

3.1.1. Órgãos

As normas sobre essa coisa aí estão na Lei n. 8.934/94. Funciona assim: no âmbito federal, temos o DNRC- Departamento Nacional ele Registro ele Comércio; no âmbi­to estadual, as juntas Comerciais.

O DNRC é órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comér­cio Exterior. Basicamente, sua função é normativa (e não executiva): é ele quem diz

quem pode fazer o quê e como deve ser feito. Ele "cuida" das juntas Comerciais: é o

vigia; se as coisas não forem feitas da maneira correta, promove a representaç2.o às

autoridades competentes.

Quando falo de juntas Comerciais (vulgo )C), a primeira coisa que me vem à ca­

beça é fila. Lembro da época em que advogava num escritório em Bauru, quando per­di boa parte da vida levando e trazendo o contrato social de uma escola que precisou

ser alterado com as mudanças trazidas pelo novo (oi?) Código Civil.

Mas isso não tem nada a ver. O lance das juntas é exatamente executar o registro. É lá também que se faz a matrícula dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes

comerciais.

O que pega é o seguinte: a subordinação da junta Comercial é híbrida. Ent2.o, se

se tratar ele matéria técnica, a junta se subordina ao DNRC; se a matéria for adminis­

trativa, a subordinação é ao governo do Estado onde ela se encontra (cada Es~ado,

obrigatoriamente, tem uma )C).

Outra coisa chata pra caramba em toda matéria e que entra aqui também é a com­

petência. Em regra, as ações que visam conhecer dos atos praticados pela )C correm na

justiça estadual. Mas, se se tratar de mandado de segurança, será competente a justiça

federal. Isso porque, como vimos, a )C está ligada ao DNRC, que é _órgão federal.

Valeu?

Última coisinha importante: a JC está adstrita aos aspectos de forma do reg:.stro. Ou seja, ela só pode negar o registro se nãà tiverem sido cumpridas as formalidades, e

estas são sempre sanáveis. Foi exatamente por isso que eu tive que ir tantas vezes à

Obrigações do empresário 38

junta pra arrumar aquele bendito contrato social: toda vez faltava alguma coisa e eles

me mandavam voltar para corrigir.

Que. co.náfe-: eu eJLa ~e recem-contratada: não redigi o contrato.

Apenas funcionei como office-girl, ok? Tudo bem que desde aquela epoca eu odia­

va direito empresarial, mas daí a fazer serviço porco tem uma grande diferença. ....................................................................................

O que interessa é o seguinte: a junta analisa aspectos formais, não materiais.

3.1.2. Atos Que tipos de atos são registrados? São três atos:

a) Matrícula Esse é o nome do ato de inscrição de alguns profissionais que exercem funções

paracomerciais: leiloeiros, tradutores, intérpretes, trapicheiros e administradores de

armazéns-gerais.

···················································································· ":J~" é uma.~ &ga.e, ni? t=u gosto. ....................................................................................

b) Arquivamento Aqui estamos falando dos seguintes atos: ~ inscrição elo empresário individual e das cooperativas; ~ alterações contratuais das sociedades empresárias; ~ atos relacionados a consórcios de empresas e grupos de sociedades; ~ atos relacionados a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar

no Brasil.

c) Autenticação Relaciona-se com os livros comerciais. É o ato que dá regularidade ou ainda que

confirrria a correspondência entre cópia e original desses livros.

3.1.3. Processo decisório Dois tipos: colegiado e singular. Para saber qual é qual tem uma listinha: deter­

minados atos são julgados colegiadamente, outros singularmente. Quando tem listi­

nha, fazemos tabelinha.

39 Empresarial para quem odeia empresarial

Uai. Mas não ia ser uma tabela? Cadê a coluna com a relação dos atos que são decididos singularmente? Para, né? Pra que complicar? Se não tá ali, então é singular. Melhor gravar só essas que são mais fáceis ..

As juntas Comerciais têm dois tipos de órgãos colegiados: o plenário e as turmas. O plenário tem de 11 a 23 vogais, que, na sessão inaugural, serão divididos nas turmas, com 3 membros cada, e estas tomarão as decisões. O prazo para as decisões é de 5 dias. Ultrapassado este, o interessado pode requerer o arquivamento sem a decisã:o.

já as decisões singulares são tomadas pelo presidente da junta ou por um vogal por ele determinado, no prazo de 2 dias. . .

Mas e se eu quiser recorrer? Decidiram alguma c~isa na junta que me desagra­dou. Não acho que foi feito certo. Vou lá e apresento um recurso. Quem vai julgar o meu recurso? Os recursos serão julgados pelo plenário, ainda que o ato tenha se dado inicialmente sob o regime singular de decisão.

3.1.4. Empresa inativa Então eu sou empresária e já fiz meu registro bonitinho lá na junta Comercial. A

lei me diz que se, no período de 1 o anos, eu não fizer qualquer arquivamento na junta (uma alteração contratual, por exemplo), preciso informar se ainda estou exercendo a atividade ou não. Se eu não fizer' isso, a junta pode cancelar meu registro.

Ela me notifica (e pode fazer isso por edital). Se eu ficar quieta, já era. Eu me tor­no uma empresária irregular. Mas, se eu não sou empresária individual e sim socieda­de, isso não gera a dissolução automática desta. Só fica irregular, mas não se dissolve.

Eu também perco a proteção do meu nome empresarial nesse caso. Se eu quiser regularizar minha empresa, terei que fazer como se fosse uma nova

constituição, seguindo todo o procedimento legal. Como eu perdi a proteção do nome, se alguém registrou uma empresa com o mesmo nome que eu tinha antes, eu me lasquei.

3.1.5. Empresário irregular Acabamos de falar sobre uma das possibilidades de o empresário se tornar irregu­

lar: quando o seu registro é cancelado pela junta. Outra possibilidade é a de que o empresário nunca tenha feito o registro: ele é originariamente irregular nesse caso.

Ok. Mas o que tem de ruim em ser irregular? Bastante coisa: a) não pode pedir a falência de· um devedor (mas pode ter a sua falência requeri­

da e decretada e ainda requerer a própria falência); b) não pode requerer recuperação judicial; c) não pode ter seus livros autenticados na junta Comercial (e, consequente­

mente, se tiver a falência decretada, incorrerá em crime falimentar);

Obrigações do empresário 40

d) se sociedade empresária, sua responsabilidade pelas obrigações sociais passa a ser ilimitada;

e) impossibilidade de participar de licitações na modalidade concorrência; f) impossibilidade de se inscrever no CNP), e as consequências tributárias disso; g) ausência de matrícula junto ao INSS.

3.2. Livros comerciais Quase todo empresário tem a obrigação de escriturar os livros comerciais. Se eu disse quase, é porque já começamos com uma exceção: ME e EPP estão

dispensadas. Acho conveniente ver esta parte bem devagarzinho, porque não é tão simples

quanto parece. Olha só, estamos falando, em primeiro lugar, de três artigos juntos ' 1 'V" ' aqui: Código Civil, arts. 970 e 1.179, § 2.<?.; LC n. 123/2006, art. 26. Vamos ve- os. m so

como estou de bom humor? Se eu estivesse no MSN agora, mandaria um sorrisinho assim=). Adoro essas carinhas feitas com caracteres.

Código Civil:

• "Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao em­presário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes".

"Art. 1. 179· O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço pa­trimonial e o de resultado econômico. ( ... )

ff 2~ É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970".

LC n. 123/2006 (essa é a Lei da ME e da EPP):

':4.rt. 26. As. microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacio­nal ficam obrigadas a:

I - emitir documento fiscal de venda ou prestação de serviço, de acordo com instru-ções expedidas pelo Comitê Gestor;

Jj - manter em boa ordem e guarda os documentos que fundamentaram a apuração dos impostos e contribuições devidos e o cumprimento das obrigações acessórias a que se refere o art. 25 desta Lei Complementar enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes. ( ... )

ff 2~ As demais microempresas e as empresas de pequeno porte, além do disposto nos incisos I e 11 do caput deste artigo, deverão, ainda, manter o livro caixa em que será escri­turada sua movimentação financeira e bancária".

Certo. Como fazer a leitura conjunta desses artigos?

41 Empresarial para quem odeia empresarial

Uai. Mas não ia ser uma tabela? Cadê a coluna com a relação dos atos que são decididos singularmente? Para, né? Pra que complicar? Se não tá ali, então é singular. Melhor gravar só essas que são mais fáceis ..

As juntas Comerciais têm dois tipos de órgãos colegiados: o plenário e as turmas. O plenário tem de 11 a 23 vogais, que, na sessão inaugural, serão divididos nas turmas, com 3 membros cada, e estas tomarão as decisões. O prazo para as decisões é de 5 dias. Ultrapassado este, o interessado pode requerer o arquivamento sem a decisã:o.

já as decisões singulares são tomadas pelo presidente da junta ou por um vogal por ele determinado, no prazo de 2 dias. . .

Mas e se eu quiser recorrer? Decidiram alguma c~isa na junta que me desagra­dou. Não acho que foi feito certo. Vou lá e apresento um recurso. Quem vai julgar o meu recurso? Os recursos serão julgados pelo plenário, ainda que o ato tenha se dado inicialmente sob o regime singular de decisão.

3.1.4. Empresa inativa Então eu sou empresária e já fiz meu registro bonitinho lá na junta Comercial. A

lei me diz que se, no período de 1 o anos, eu não fizer qualquer arquivamento na junta (uma alteração contratual, por exemplo), preciso informar se ainda estou exercendo a atividade ou não. Se eu não fizer' isso, a junta pode cancelar meu registro.

Ela me notifica (e pode fazer isso por edital). Se eu ficar quieta, já era. Eu me tor­no uma empresária irregular. Mas, se eu não sou empresária individual e sim socieda­de, isso não gera a dissolução automática desta. Só fica irregular, mas não se dissolve.

Eu também perco a proteção do meu nome empresarial nesse caso. Se eu quiser regularizar minha empresa, terei que fazer como se fosse uma nova

constituição, seguindo todo o procedimento legal. Como eu perdi a proteção do nome, se alguém registrou uma empresa com o mesmo nome que eu tinha antes, eu me lasquei.

3.1.5. Empresário irregular Acabamos de falar sobre uma das possibilidades de o empresário se tornar irregu­

lar: quando o seu registro é cancelado pela junta. Outra possibilidade é a de que o empresário nunca tenha feito o registro: ele é originariamente irregular nesse caso.

Ok. Mas o que tem de ruim em ser irregular? Bastante coisa: a) não pode pedir a falência de· um devedor (mas pode ter a sua falência requeri­

da e decretada e ainda requerer a própria falência); b) não pode requerer recuperação judicial; c) não pode ter seus livros autenticados na junta Comercial (e, consequente­

mente, se tiver a falência decretada, incorrerá em crime falimentar);

Obrigações do empresário 40

d) se sociedade empresária, sua responsabilidade pelas obrigações sociais passa a ser ilimitada;

e) impossibilidade de participar de licitações na modalidade concorrência; f) impossibilidade de se inscrever no CNP), e as consequências tributárias disso; g) ausência de matrícula junto ao INSS.

3.2. Livros comerciais Quase todo empresário tem a obrigação de escriturar os livros comerciais. Se eu disse quase, é porque já começamos com uma exceção: ME e EPP estão

dispensadas. Acho conveniente ver esta parte bem devagarzinho, porque não é tão simples

quanto parece. Olha só, estamos falando, em primeiro lugar, de três artigos juntos ' 1 'V" ' aqui: Código Civil, arts. 970 e 1.179, § 2.<?.; LC n. 123/2006, art. 26. Vamos ve- os. m so

como estou de bom humor? Se eu estivesse no MSN agora, mandaria um sorrisinho assim=). Adoro essas carinhas feitas com caracteres.

Código Civil:

• "Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao em­presário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes".

"Art. 1. 179· O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço pa­trimonial e o de resultado econômico. ( ... )

ff 2~ É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970".

LC n. 123/2006 (essa é a Lei da ME e da EPP):

':4.rt. 26. As. microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacio­nal ficam obrigadas a:

I - emitir documento fiscal de venda ou prestação de serviço, de acordo com instru-ções expedidas pelo Comitê Gestor;

Jj - manter em boa ordem e guarda os documentos que fundamentaram a apuração dos impostos e contribuições devidos e o cumprimento das obrigações acessórias a que se refere o art. 25 desta Lei Complementar enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes. ( ... )

ff 2~ As demais microempresas e as empresas de pequeno porte, além do disposto nos incisos I e 11 do caput deste artigo, deverão, ainda, manter o livro caixa em que será escri­turada sua movimentação financeira e bancária".

Certo. Como fazer a leitura conjunta desses artigos?

41 Empresarial para quem odeia empresarial

.I

O Código Civil, tranquilo: pequeno empresário não precisa escriturar livros e fazer os balanços. E quem é o pequeno empresário? Aquele que tem menos de 1 ,6om de altura?

Não. A definição está na LC n. 123/2006 (art. 68): é o empresário individual caracteri­

zado como microempresa que aufere receita bruta anual de até R$ 6o.ooo,oo. Olha a importância da lei atualizada aqui. Essa lei complementar foi alterada no finzinho de 2011. Até então, o limite era de R$ 36.ooo,oo. Agora mudou.

Ok. Pelo Código Civil, então, ele está dispensado das formalidades do art. 970. Aí, vem o art. 26 dessa mesma LC, dizendo quais são as obrigações elas MEs e

EPPs optantes pelo Simples (já falamos do Simples aqui). O § 2~ desse mesmo artigo fala das obrigações adicionais que têm as MEs e EPPs não optantes pelo Simples: elas deverão manter uma escrituração simplificada. Aqui não há dispensa, mas apenas simplificação.

Mas lembre-se: se entrar no conceito de pequeno empresário, não tem que fazer nada. O Código Civil já dispensou. Não falei que era mais complicadinho do que pa­recia? Continua comigo, porque tem mais. Devagar e sempre.

Vamos agora ver o art. 29, Vlll, ela mesma lei complementar:

"Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional dar-se-á quando:( ... )

VJJJ - houver falta de escrituração do livro caixa ou não permitir a identificação da movimentação financeira, inclusive bancária".

Epa. Pera lá. Como assim vai excluir elo Simples aquele que não tiver escrituração se o art. 26 tinha dito que os que estão no Simples não precisam escriturar?

É assim: as empresas sempre, sempre, sempre devem ter documentos que permi­tam a identificação de suas atividades financeiras. A forma como elas farão isso não interessa, mas terão que fazer.

Deu para entender? Ó: eu estou no Simples. Tenho que ter os meus documentos todos certinhos lá. Não preciso fazer escrituração, mas isso não me exime da obriga­ção de ter os documentos. Se eu não quiser ficar guardando tudo quanto é papelzinho, eu escrituro. Se eu não quiser escriturar tudo no livro caixa, eu guardo tudo. Eu esco­lho. De uma forma ou ele outra, tenho que ter tudo lá.

O livro em si não é obrigatório aos optantes pelo Simples, mas, ele alguma forma, meus documentos elevem ser aptos a possibilitar essa fiscalização financeira.

Foi? Resumo ela ópera elas MEs e EPPs: .- optantes pelo Simples: dispensados da escrituração, desde que mantenham

documentação que permita identificar a movimentação financeira; ._ não optantes pelo Simples: escrituração no livro caixa;

._ pequeno empresário: dispensado 'de tudo. Ficou legal agora, né? Certo. Essa foi a exceção. Os demais empresários estão

Obrigações do empresário 42

-I I

f r

obrigados a fazer a escrituração completa. Vamos ver agora as espécies ele livros em­

presariais. Primeira informação: livros empresariais são espécie elo ramo livros do empresário. No conceito ele livros elo empresário temos muito mais coisas, inclusive aquelas

determinadas pelo direito tributário. Livros empresariais, que estudaremos, são afetos somente ao direito empresarial, e podem ser de dois tipos: obrigatórios ou facultativos.

Os livros obrigatórios são ele escrituração imposta aos empresários, sob pena de

sanções, inclusive na órbita penal (oi, direito penal... ainda te amo, tá?). Podem ser comuns (todo mundo tem que fazer) ou especiais (somente determinada categoria ele

empresários tem que fazer). Bom exemplo de especial é o livro de duplicatas: todo

empresário que emite duplicata é obrigado a ter esse livro. Os que não emitem, logi­

camente, não precisam. Livro comum só temos o chamado Diário. Esse aí não dá para fugir. Todo empre-

sário tem que ter. Geral tá incluído nesse dever. Já os livros facultativos são aqueles que o empresário tem para melhorar o con­

trole ele sua atividade. Ele tem porque quer, porque acha legal, porque o contador mandou fazer para poder cobrar mais caro, qualquer razão. Se não tem, não acontece

nada. Exemplos: livro caixa e livro conta corrente. Todos esses livros elevem estar regularmente escriturados. Temos regras para isso

no próprio Código Civil (arts. 1.181 e 1.183): sempre em idioma e moeda corrente

nacionais, forma mercantil, ordem cronológica, seri1 espaços em branco, nem rabis­

cos, nem borrões, nem emendas, nem nada. Tipo aquelas regrinhas para fazer prova

ele concurso. Além disso, todo livro eleve ter termo de abertura e de encerramento, e

ser autenticado na Junta Comercial.

····················································································· Pcuvia. p.aAa tJw.caA a4 pii.Pw4 do. te.dacLo. d.e.m &ia-· Já perceberam co mo es·

sas coisas sem fio comem pilha?

Momento estresse: não tem pilha palito. Tudo bem. O controle remoto da

televis§o pode ficar sem por alguns dias.

Momento estresse 2 (para mulheres): o dia em que você vai à manicure é sempre o mesmo dia em que '{Ocê vai precisar trocar a pilha de alguma coisa.

E você vai estragar o seu esmalte. f=ato.

Respira. Concentra. Vai.

···················································································· ; Se os livros não apresentarem todos esses requisitos, melhor nem ter, porque eles

não servirão para nada. Mas esses livros são livros mesmo, escritos a caneta? Aqueles livrões que parecem

col.eção ele enciclopédia? Ainda existem enciclopédias? Bom, não. Não precisa. A lei

permite que os livros sejam substituídos por processos mecânicos ou eletrônicos, mas

43 Empresarial para quem odeia empresarial

.I

O Código Civil, tranquilo: pequeno empresário não precisa escriturar livros e fazer os balanços. E quem é o pequeno empresário? Aquele que tem menos de 1 ,6om de altura?

Não. A definição está na LC n. 123/2006 (art. 68): é o empresário individual caracteri­

zado como microempresa que aufere receita bruta anual de até R$ 6o.ooo,oo. Olha a importância da lei atualizada aqui. Essa lei complementar foi alterada no finzinho de 2011. Até então, o limite era de R$ 36.ooo,oo. Agora mudou.

Ok. Pelo Código Civil, então, ele está dispensado das formalidades do art. 970. Aí, vem o art. 26 dessa mesma LC, dizendo quais são as obrigações elas MEs e

EPPs optantes pelo Simples (já falamos do Simples aqui). O § 2~ desse mesmo artigo fala das obrigações adicionais que têm as MEs e EPPs não optantes pelo Simples: elas deverão manter uma escrituração simplificada. Aqui não há dispensa, mas apenas simplificação.

Mas lembre-se: se entrar no conceito de pequeno empresário, não tem que fazer nada. O Código Civil já dispensou. Não falei que era mais complicadinho do que pa­recia? Continua comigo, porque tem mais. Devagar e sempre.

Vamos agora ver o art. 29, Vlll, ela mesma lei complementar:

"Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional dar-se-á quando:( ... )

VJJJ - houver falta de escrituração do livro caixa ou não permitir a identificação da movimentação financeira, inclusive bancária".

Epa. Pera lá. Como assim vai excluir elo Simples aquele que não tiver escrituração se o art. 26 tinha dito que os que estão no Simples não precisam escriturar?

É assim: as empresas sempre, sempre, sempre devem ter documentos que permi­tam a identificação de suas atividades financeiras. A forma como elas farão isso não interessa, mas terão que fazer.

Deu para entender? Ó: eu estou no Simples. Tenho que ter os meus documentos todos certinhos lá. Não preciso fazer escrituração, mas isso não me exime da obriga­ção de ter os documentos. Se eu não quiser ficar guardando tudo quanto é papelzinho, eu escrituro. Se eu não quiser escriturar tudo no livro caixa, eu guardo tudo. Eu esco­lho. De uma forma ou ele outra, tenho que ter tudo lá.

O livro em si não é obrigatório aos optantes pelo Simples, mas, ele alguma forma, meus documentos elevem ser aptos a possibilitar essa fiscalização financeira.

Foi? Resumo ela ópera elas MEs e EPPs: .- optantes pelo Simples: dispensados da escrituração, desde que mantenham

documentação que permita identificar a movimentação financeira; ._ não optantes pelo Simples: escrituração no livro caixa;

._ pequeno empresário: dispensado 'de tudo. Ficou legal agora, né? Certo. Essa foi a exceção. Os demais empresários estão

Obrigações do empresário 42

-I I

f r

obrigados a fazer a escrituração completa. Vamos ver agora as espécies ele livros em­

presariais. Primeira informação: livros empresariais são espécie elo ramo livros do empresário. No conceito ele livros elo empresário temos muito mais coisas, inclusive aquelas

determinadas pelo direito tributário. Livros empresariais, que estudaremos, são afetos somente ao direito empresarial, e podem ser de dois tipos: obrigatórios ou facultativos.

Os livros obrigatórios são ele escrituração imposta aos empresários, sob pena de

sanções, inclusive na órbita penal (oi, direito penal... ainda te amo, tá?). Podem ser comuns (todo mundo tem que fazer) ou especiais (somente determinada categoria ele

empresários tem que fazer). Bom exemplo de especial é o livro de duplicatas: todo

empresário que emite duplicata é obrigado a ter esse livro. Os que não emitem, logi­

camente, não precisam. Livro comum só temos o chamado Diário. Esse aí não dá para fugir. Todo empre-

sário tem que ter. Geral tá incluído nesse dever. Já os livros facultativos são aqueles que o empresário tem para melhorar o con­

trole ele sua atividade. Ele tem porque quer, porque acha legal, porque o contador mandou fazer para poder cobrar mais caro, qualquer razão. Se não tem, não acontece

nada. Exemplos: livro caixa e livro conta corrente. Todos esses livros elevem estar regularmente escriturados. Temos regras para isso

no próprio Código Civil (arts. 1.181 e 1.183): sempre em idioma e moeda corrente

nacionais, forma mercantil, ordem cronológica, seri1 espaços em branco, nem rabis­

cos, nem borrões, nem emendas, nem nada. Tipo aquelas regrinhas para fazer prova

ele concurso. Além disso, todo livro eleve ter termo de abertura e de encerramento, e

ser autenticado na Junta Comercial.

····················································································· Pcuvia. p.aAa tJw.caA a4 pii.Pw4 do. te.dacLo. d.e.m &ia-· Já perceberam co mo es·

sas coisas sem fio comem pilha?

Momento estresse: não tem pilha palito. Tudo bem. O controle remoto da

televis§o pode ficar sem por alguns dias.

Momento estresse 2 (para mulheres): o dia em que você vai à manicure é sempre o mesmo dia em que '{Ocê vai precisar trocar a pilha de alguma coisa.

E você vai estragar o seu esmalte. f=ato.

Respira. Concentra. Vai.

···················································································· ; Se os livros não apresentarem todos esses requisitos, melhor nem ter, porque eles

não servirão para nada. Mas esses livros são livros mesmo, escritos a caneta? Aqueles livrões que parecem

col.eção ele enciclopédia? Ainda existem enciclopédias? Bom, não. Não precisa. A lei

permite que os livros sejam substituídos por processos mecânicos ou eletrônicos, mas

43 Empresarial para quem odeia empresarial

precisam ter a autenticação da junta (sim, vai ter que imprimir). É admitida a micro­filmagem para arquivamento, porque ninguém merece ter uma uma estante só para colocar os livros, né? E também, olha que moderno, a escrituração pode ser feita em "livro digital". Chique, né?

De todas as formas, os requisitos são sempre os mesmos. Para efeitos penais (suspiros de amor), livros empresariais são considerados do-

cumentos públicos. ' Vamos ver agora as consequências das irregularidades na escrituração, que po­

dem ser civis ou penais (suspiros de novo). Na esfera civil, um livro irregular perde a eficácia probatória. Isso implica o se­

guinte: vamos supor que haja uma ação de exibição d~ livro obrigatório contra um empresário, e ele não tem esse livro ou o tem de forma irregular. Dançou, bebê. Os fatos alegados dos quais o livro fariam prova serão tidos como verdadeiros, porque o empresário não tem como fazer prova em contrário.

já que comentamos sobre a ação de exibição de livros, vamos falar um pouquinho dela, só para matar a minha vontade louca de estudar direito processual civil.

Em regra, os livros empresariais estão acobertados pelo sigilo. Isso significa que, ainda que em juízo, a lei traz as hipóteses em que haverá necessidade de exibição deles.

A exibição pode ser parcial (cópia da parte que interessa) ou total (retenção do livro em cartório durante todo 9 processo). Perceptível que a exibição total é mais "grave", né? Por isso, ela só pode ser concedida em algumas ações específicas (exem­plo: questões relativas à sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem,falência). A parcial, não: qualquer ação que tenha por objeto assunto relacionado pode conter seu pedido.

Importante: só na falência pode haver detenninação de ofício da exibição dos livros. Outro importante: o sigilo dos livros não alcança duas pessoas, quais sejam, o

fiscal tributário e o fiscal do INSS. Se esses caras chegarem ao meu estabelecimento e me pedirem para ver os livros, terei que mostrar, independentemente de ordem judi­cial. Para qualquer outra pessoa, direi: "Amigo, conversa lá com o juiz".

Em direito penal, a consequência está na lei falimentar. É crime. Olha que inte­ressante: enquanto o empresário bonito não está fazendo o livro, não há crime ne­nhum. Só haverá se for decretada a falência dele. E só falência. Recuperação judicial ou extrajudicial não entram aqui.

Fácil.

Última informação deste tópico: o empresário deverá guardar os livros comer­ciais pelo prazo de prescrição das obrigações que estiverem escrituradas neles.

9-alia d.Ó. a ú.fii.ma ~' que é relativa aos balanços. Curtinho. Mais uma dica de felicidade, e esta é clichê: viva perto de quem você ama. Batidão, todo

Obrigações do empresário 44

mundo sabe, mas poucos implementam. Não rola ficar perto de gente q~e te

faz maL de gente baixo-astral (sim ... fuja de mim quando eu est1ver depre), ou .

de gente que não tem nada a te acrescentar. .

~ :::]Uestão de energia. t:xiste, sim, esse lance, Se você está perto de quem

sente coisas boas, vai sentir coisas boas também. t: o contrário é mais verda·

deiro ainda: energia negativa é altamente contagiante.

!=alo por experiência própria.

Certo? Vamos terminar?

····················································································· 3.3. Balanços anuais

O empresário tem que fazer dois balanços por ano: o patrimonial e o de resultado econômico. O primeiro demonstra tudo o que o empresário tem (incluindo seus dé-

bitos); o segundo demonstra os lucros e as perdas. . Não ter esses documentos é considerado crime falimentar, e se aplicando aqm o

mesmo raciocínio: só será crime se houver decretação de falência.

Viu como era curtinho?

···················································································· ~' wm ficenç.a. Vou ali ser feliz mais um pouquinho e já volto.

····················································································

45 Empresarial para quem odeia empresarial

precisam ter a autenticação da junta (sim, vai ter que imprimir). É admitida a micro­filmagem para arquivamento, porque ninguém merece ter uma uma estante só para colocar os livros, né? E também, olha que moderno, a escrituração pode ser feita em "livro digital". Chique, né?

De todas as formas, os requisitos são sempre os mesmos. Para efeitos penais (suspiros de amor), livros empresariais são considerados do-

cumentos públicos. ' Vamos ver agora as consequências das irregularidades na escrituração, que po­

dem ser civis ou penais (suspiros de novo). Na esfera civil, um livro irregular perde a eficácia probatória. Isso implica o se­

guinte: vamos supor que haja uma ação de exibição d~ livro obrigatório contra um empresário, e ele não tem esse livro ou o tem de forma irregular. Dançou, bebê. Os fatos alegados dos quais o livro fariam prova serão tidos como verdadeiros, porque o empresário não tem como fazer prova em contrário.

já que comentamos sobre a ação de exibição de livros, vamos falar um pouquinho dela, só para matar a minha vontade louca de estudar direito processual civil.

Em regra, os livros empresariais estão acobertados pelo sigilo. Isso significa que, ainda que em juízo, a lei traz as hipóteses em que haverá necessidade de exibição deles.

A exibição pode ser parcial (cópia da parte que interessa) ou total (retenção do livro em cartório durante todo 9 processo). Perceptível que a exibição total é mais "grave", né? Por isso, ela só pode ser concedida em algumas ações específicas (exem­plo: questões relativas à sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem,falência). A parcial, não: qualquer ação que tenha por objeto assunto relacionado pode conter seu pedido.

Importante: só na falência pode haver detenninação de ofício da exibição dos livros. Outro importante: o sigilo dos livros não alcança duas pessoas, quais sejam, o

fiscal tributário e o fiscal do INSS. Se esses caras chegarem ao meu estabelecimento e me pedirem para ver os livros, terei que mostrar, independentemente de ordem judi­cial. Para qualquer outra pessoa, direi: "Amigo, conversa lá com o juiz".

Em direito penal, a consequência está na lei falimentar. É crime. Olha que inte­ressante: enquanto o empresário bonito não está fazendo o livro, não há crime ne­nhum. Só haverá se for decretada a falência dele. E só falência. Recuperação judicial ou extrajudicial não entram aqui.

Fácil.

Última informação deste tópico: o empresário deverá guardar os livros comer­ciais pelo prazo de prescrição das obrigações que estiverem escrituradas neles.

9-alia d.Ó. a ú.fii.ma ~' que é relativa aos balanços. Curtinho. Mais uma dica de felicidade, e esta é clichê: viva perto de quem você ama. Batidão, todo

Obrigações do empresário 44

mundo sabe, mas poucos implementam. Não rola ficar perto de gente q~e te

faz maL de gente baixo-astral (sim ... fuja de mim quando eu est1ver depre), ou .

de gente que não tem nada a te acrescentar. .

~ :::]Uestão de energia. t:xiste, sim, esse lance, Se você está perto de quem

sente coisas boas, vai sentir coisas boas também. t: o contrário é mais verda·

deiro ainda: energia negativa é altamente contagiante.

!=alo por experiência própria.

Certo? Vamos terminar?

····················································································· 3.3. Balanços anuais

O empresário tem que fazer dois balanços por ano: o patrimonial e o de resultado econômico. O primeiro demonstra tudo o que o empresário tem (incluindo seus dé-

bitos); o segundo demonstra os lucros e as perdas. . Não ter esses documentos é considerado crime falimentar, e se aplicando aqm o

mesmo raciocínio: só será crime se houver decretação de falência.

Viu como era curtinho?

···················································································· ~' wm ficenç.a. Vou ali ser feliz mais um pouquinho e já volto.

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1

1: . I ;: .. •

4. Eu e minha insônia: ·<J~~~~'?'; ··<·.::_·· . .<:·.·0

···················································································· 1:i.owJ.e_ um tem{w- em que- eu ne.p.u.i a existência da insônia em minha vida.

Deitava cedo e ficava horas e horas fritando na cama, rolando para lá e para cá.

O lençol saía do colchão, o cobertor caía do chão, o travesseiro ficav~ com

"cheiro de durmo".

Devo dizer que amo de paixão esta expressão: "cheiro de durmo". i=az

parte da minha infância. Quando eu e meus irmãos éramos pequenos, minha

mãe costumava dizer que, ao acordarmos, tínhamos que lavar o rosto e escovar

os dentes para tirar o cheiro de durmo.

Enfim, essa coisa de negação não me pertence mais. Estabeleci um rela­

cionamento contínuo e duradouro com a insônia. Eu inclusive a alimento, to­

mando café ou energético depois das onze da noite.

Não adianta. Sou uma pessoa ela noite.

À noite é sempre mais fresquinho (e digo isso porque estamos no verão:

o frio da madrugada é triste), não tem telefone, não tem barulho ele carro na

rua, não tem televisão, não tem ninguém na internet para atrapalhar o meu

trabalho.

Então, este livro é um tributo à noite. Grande parte de sua produção pro­

vavelmente acontecerá nas madrugadas.

Agora são exatamente 3 ela manhã. Tem feito um calor infernal durante 0

dia, mas estou bem tranquila sem suar aqui. O silêncio está maravilhoso. i'-1inha

pequena dorme como um anjo no quarto ao lado. Vizinhos todos em paz. Uma

harmonia linda.

E eu, sentadinha aqui na frente do computador, na companhia da minha

querida amiga insônia, escrevo. ·

Eu sei, a insônia não é boa: ela não me faz bem, e eu ·li em algum lugar

(provavelmente quem escreveu foi alguém que deita e dorme lindamente a

noite inteira) que grande parte elas pessoas que sofrem desse distt'1rbio do

sono também é portadora de depressão.

A minha depressão é frescura. A falta de sono não. Então, em vez ele ficar

desperdiçando meu tempo deitada na cama sem fazer nada, eu escrevo. Tema

de hoje: estabelecimento empresarial.

4.1. Conceito e natureza jurídica

Antes de mais nada, vamos sair um pouco do direito empresarial. Olha o nome

que eu dei a este tópico: conceito e natureza jurídica. O que é essa tal de natureza ju­

rídica que existe em tudo que é canto?

Assim: suponha que o direito é uma grande escola. Quando procuro. a natureza

jurídica, estou falando dos grupinhos que se formam: os nerds, as patricinhas, os es­

portistas e assim por diante. No direito, "quando se perquire a natureza jurídica de um

instituto, o que se pretende é fixar em que categoria jurídica o mesmo se integra, ou seja, de

que gênero aquele instituto é espécie"".

Ok. Feita essa digressão, vamos ver o conceito.

Estabelecimento empresarial é o conjunto de bens corpóreos e incorpóreos que

o empresário reúne para desenvolver a empresa. Sabe até o que integra o estabeleci­

mento, gente? Até o nome do domínio.

É o conceito dado pelo art. 1.142 do Código Civil:

''Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para

exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária".

já com relação à natureza jurídica, achei bem legal o que foi dito pela professora

Andrea Russar Rachei: "Quanto à sua natureza, o estabelecimento comercial é considera­

do uma universalidade de fato formada por bens materiais e imateriais. Em outras palavras,

um complexo de bens cuja finalidade é determinada pela vontade de uma pessoa natural Ou

jurídica, o que o difere da universalidade de direito, que é composta por um complexo de

bens cuja finalidade é determin.ada por lei, como, por exemplo, a herança e a massa falida"'.

Envolve tudo mesmo: b~ns corpóreos, como o imóvel, as mercadorias em esto­

que, as instalações, os móveis e utensílios, máquinas, veículos etc., e bens incorpóreos,

como o ponto, a patente, a marca e outros sinais distintivos, a tecnologia etc. Tudo

isso organizado pelo empres*rio forma o estabelecimento empresariaL

E veja: se eu pegar separadamente o valor de cada um dos bens que o compõem

não vou chegar, somando tudo, ao valor do estabelecimento por inteiro. Isso porque

o elemento "organização" é o que dá valor ao estabelecimento. Por isso ele é protegido

pelo direito.

s CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 9· ed. Rio de Janeiro: Lumen )uris, 2003.

4 Disponível no Portal LFG: http:/fwww.lfg.com.br/public_htmljarticle.php?story=zoo8o8!913030082o.

47 Empresarial para quem odeia empresarial

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4. Eu e minha insônia: ·<J~~~~'?'; ··<·.::_·· . .<:·.·0

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Deitava cedo e ficava horas e horas fritando na cama, rolando para lá e para cá.

O lençol saía do colchão, o cobertor caía do chão, o travesseiro ficav~ com

"cheiro de durmo".

Devo dizer que amo de paixão esta expressão: "cheiro de durmo". i=az

parte da minha infância. Quando eu e meus irmãos éramos pequenos, minha

mãe costumava dizer que, ao acordarmos, tínhamos que lavar o rosto e escovar

os dentes para tirar o cheiro de durmo.

Enfim, essa coisa de negação não me pertence mais. Estabeleci um rela­

cionamento contínuo e duradouro com a insônia. Eu inclusive a alimento, to­

mando café ou energético depois das onze da noite.

Não adianta. Sou uma pessoa ela noite.

À noite é sempre mais fresquinho (e digo isso porque estamos no verão:

o frio da madrugada é triste), não tem telefone, não tem barulho ele carro na

rua, não tem televisão, não tem ninguém na internet para atrapalhar o meu

trabalho.

Então, este livro é um tributo à noite. Grande parte de sua produção pro­

vavelmente acontecerá nas madrugadas.

Agora são exatamente 3 ela manhã. Tem feito um calor infernal durante 0

dia, mas estou bem tranquila sem suar aqui. O silêncio está maravilhoso. i'-1inha

pequena dorme como um anjo no quarto ao lado. Vizinhos todos em paz. Uma

harmonia linda.

E eu, sentadinha aqui na frente do computador, na companhia da minha

querida amiga insônia, escrevo. ·

Eu sei, a insônia não é boa: ela não me faz bem, e eu ·li em algum lugar

(provavelmente quem escreveu foi alguém que deita e dorme lindamente a

noite inteira) que grande parte elas pessoas que sofrem desse distt'1rbio do

sono também é portadora de depressão.

A minha depressão é frescura. A falta de sono não. Então, em vez ele ficar

desperdiçando meu tempo deitada na cama sem fazer nada, eu escrevo. Tema

de hoje: estabelecimento empresarial.

4.1. Conceito e natureza jurídica

Antes de mais nada, vamos sair um pouco do direito empresarial. Olha o nome

que eu dei a este tópico: conceito e natureza jurídica. O que é essa tal de natureza ju­

rídica que existe em tudo que é canto?

Assim: suponha que o direito é uma grande escola. Quando procuro. a natureza

jurídica, estou falando dos grupinhos que se formam: os nerds, as patricinhas, os es­

portistas e assim por diante. No direito, "quando se perquire a natureza jurídica de um

instituto, o que se pretende é fixar em que categoria jurídica o mesmo se integra, ou seja, de

que gênero aquele instituto é espécie"".

Ok. Feita essa digressão, vamos ver o conceito.

Estabelecimento empresarial é o conjunto de bens corpóreos e incorpóreos que

o empresário reúne para desenvolver a empresa. Sabe até o que integra o estabeleci­

mento, gente? Até o nome do domínio.

É o conceito dado pelo art. 1.142 do Código Civil:

''Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para

exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária".

já com relação à natureza jurídica, achei bem legal o que foi dito pela professora

Andrea Russar Rachei: "Quanto à sua natureza, o estabelecimento comercial é considera­

do uma universalidade de fato formada por bens materiais e imateriais. Em outras palavras,

um complexo de bens cuja finalidade é determinada pela vontade de uma pessoa natural Ou

jurídica, o que o difere da universalidade de direito, que é composta por um complexo de

bens cuja finalidade é determin.ada por lei, como, por exemplo, a herança e a massa falida"'.

Envolve tudo mesmo: b~ns corpóreos, como o imóvel, as mercadorias em esto­

que, as instalações, os móveis e utensílios, máquinas, veículos etc., e bens incorpóreos,

como o ponto, a patente, a marca e outros sinais distintivos, a tecnologia etc. Tudo

isso organizado pelo empres*rio forma o estabelecimento empresariaL

E veja: se eu pegar separadamente o valor de cada um dos bens que o compõem

não vou chegar, somando tudo, ao valor do estabelecimento por inteiro. Isso porque

o elemento "organização" é o que dá valor ao estabelecimento. Por isso ele é protegido

pelo direito.

s CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 9· ed. Rio de Janeiro: Lumen )uris, 2003.

4 Disponível no Portal LFG: http:/fwww.lfg.com.br/public_htmljarticle.php?story=zoo8o8!913030082o.

47 Empresarial para quem odeia empresarial

Olha só que importante: não se confunde estabelecimento empresarial com o patrimônio de uma sociedade. Eles podem coincidir, mas não são a mesma coisa. Os bens de uma sociedade, por exemplo, que em nada se relacionam com seu objeto so­cial, integram seu patrimônio, mas não o estabelecimento empresarial.

Importante também diferenciarmos o estabelecimento empresarial de outros dois institutos:

~ Fundo de comércio: é o sobrevalor pago pelo adquirente do estabelecimento empresarial em razão da organização dos bens (corpóreos e incorpóreos). É exatamen­te esse fundo de comércio que faz nascer a clientela. Mais fácil entender com um exemplo. Eu tenho uma padaria, mas quero vendê-la .. Achei um comprador. Se eu somar o valor de tudo o que tenho na padaria vou chegar a um valor mais baixo do que aquele que ela realmente vale, porque não estarei levando em conta o elemento "orga­nização".

~ Ponto empresarial: é o local físico utilizado pelo empresário para a exploração de sua empresa. A portinha. A casinha. A loja. Só. É um elemento do estabelecimento, mas não se confunde com este.

4.2. Alienação

O estabelecimento empresarial, pelo fato de ter valor econômico, responde pelas dívidas do empresário. É por isso que certas regras devem ser observadas no momento de sua alienação. .

Eu não posso, por exemplo, sair vendendo tudo o que tenho se estiver devendo na praça. Meu patrimônio responde pelas minhas dívidas. Da mesma forma, o empresário não pode simplesmente alienar o seu estabelecimento empresarial se tem credores.

Ao contrato de alienação do estabelecimento empresarial dá-se o nome de tres­passe. Ele deve ser arquivado na junta Comercial e publicado na imprensa oficial, sob pena de não produzir efeitos.

Olha como funciona: eu, empresária, quero alienar meu estabelecimento empre-sarial.

Primeira pergunta: eu tenho credores? Resposta 1: não.

Consequência: posso vender tranquilamente, sem perguntar nada a ninguém. Resposta 2: sim (e isso é o normal, porque os empresários em geral firmam con-

tratos de longo prazo).

Consequência: preciso primeiro perguntar aos meus credores se eles concordam com a alienação.

No caso da resposta 2, primeiro vou ter que notificar todos os meus credores da alienação. Precisarei da anuência de todos eles para fazer o negócio, mas, se, após a notificação, eles silenciarem pelos próximos 30 dias, considerar-se-á a anuência tácita.

Estabelecimento empresarial

E se eu não fizer isso e alienar a bagaça do mesmo jeito? Será considerado um ato de falência, ou seja, uma atitude que autoriza meus credores a requerer minha falên­cia. E mais: sea falência for decretada, a aliep~ção será considerada ineficaz: o credor

. poderá reivindic?-r o estabelecimento daquele que o adquiriu. Certo. Peguei a anuência de todo mundo e alienei. O que foi alienado? Tudo. In­

clusive os débitos. Mas eu, que vendi, ainda vou ficar um tempo responsável por aque­les débitos. Como assim?

Vendi minha lojinha de bijoux, mas a lojinha tinha uma dívida de s.ooo reais com o banco. A dívida foi junto com a venda, mas o comprador não tem dinheiro para pa­gar o banco. Nesse caso, o banco pode vir a cobrar a dívida de mim, a vendedora, por­que por um tempo eu permanecerei responsável por ela.

Por quanto tempo? Um ano. Mas um ano contado a partir de quando? Se a dívida estiver vencida na data da venda, um ano a partir da venda. Se não estiver vencida, um ano a partir do vencimento.

Máster importante: dívidas trabalhistas têm privilégio, e podem ser cobradas tanto do alienante c.omo do adquirente. São cobradas de quem tem mais dindin. E o prazo aqui não é mais aquele de um ano. O alienante continuará responsável por essas dívidas enquanto não prescrever o direito do empregado.

Máster importante também: nas dívidas tributárias o adquirente tem responsa­. bilidade subsidiária ou integral pelas obrigações fiscais caso continue ou não a explo­

rar a atividade econômica. Comprei uma padaria, que continuará sendo uma padaria. Os tributos não pagos

da antiga padaria passam para minha nova padaria. Mas, se a padaria que eu comprei deixar de ser uma padaria, terei responsabilidade subsidiária: o fisco vai primeiro co­brar do cara que me vendeu, e só se ele não puder pagar vai cobrar de mim.

Parte legal: se o estabelecimento foi adquirido em leilão judicial promovido em falência ou recuperação de empresa, o adquirente se eximirá de todas as obrigações preexistentes.

Para terminar essa coisa da alienação, é bom saber que em todo contrato de tres­passe está implícita a cláusula de não restabelecimento. Significa que, salvo expressa disposição contratual, o alienante, pelo prazo de 5 anos a contar do arquivallJento do contrato de trespasse, não pode restabelecer-se fazendo a mesma coisa que fazia, con­correndo com o adquirente.

Eei,q-a. 'PCI/.Ua riaá- 4 da manAã CU]OM1 e eu juro que eu gostaria de dormir. Mas nada de sono. Até porque tomei agora pouco uma xícara linda de co· puccino. Agora meus olhos estão arregalados, meu corpo começa a sentir can­saço e meu estômago dói.

Continuemos.

49 Empresarial para quem odeia empresarial

Olha só que importante: não se confunde estabelecimento empresarial com o patrimônio de uma sociedade. Eles podem coincidir, mas não são a mesma coisa. Os bens de uma sociedade, por exemplo, que em nada se relacionam com seu objeto so­cial, integram seu patrimônio, mas não o estabelecimento empresarial.

Importante também diferenciarmos o estabelecimento empresarial de outros dois institutos:

~ Fundo de comércio: é o sobrevalor pago pelo adquirente do estabelecimento empresarial em razão da organização dos bens (corpóreos e incorpóreos). É exatamen­te esse fundo de comércio que faz nascer a clientela. Mais fácil entender com um exemplo. Eu tenho uma padaria, mas quero vendê-la .. Achei um comprador. Se eu somar o valor de tudo o que tenho na padaria vou chegar a um valor mais baixo do que aquele que ela realmente vale, porque não estarei levando em conta o elemento "orga­nização".

~ Ponto empresarial: é o local físico utilizado pelo empresário para a exploração de sua empresa. A portinha. A casinha. A loja. Só. É um elemento do estabelecimento, mas não se confunde com este.

4.2. Alienação

O estabelecimento empresarial, pelo fato de ter valor econômico, responde pelas dívidas do empresário. É por isso que certas regras devem ser observadas no momento de sua alienação. .

Eu não posso, por exemplo, sair vendendo tudo o que tenho se estiver devendo na praça. Meu patrimônio responde pelas minhas dívidas. Da mesma forma, o empresário não pode simplesmente alienar o seu estabelecimento empresarial se tem credores.

Ao contrato de alienação do estabelecimento empresarial dá-se o nome de tres­passe. Ele deve ser arquivado na junta Comercial e publicado na imprensa oficial, sob pena de não produzir efeitos.

Olha como funciona: eu, empresária, quero alienar meu estabelecimento empre-sarial.

Primeira pergunta: eu tenho credores? Resposta 1: não.

Consequência: posso vender tranquilamente, sem perguntar nada a ninguém. Resposta 2: sim (e isso é o normal, porque os empresários em geral firmam con-

tratos de longo prazo).

Consequência: preciso primeiro perguntar aos meus credores se eles concordam com a alienação.

No caso da resposta 2, primeiro vou ter que notificar todos os meus credores da alienação. Precisarei da anuência de todos eles para fazer o negócio, mas, se, após a notificação, eles silenciarem pelos próximos 30 dias, considerar-se-á a anuência tácita.

Estabelecimento empresarial

E se eu não fizer isso e alienar a bagaça do mesmo jeito? Será considerado um ato de falência, ou seja, uma atitude que autoriza meus credores a requerer minha falên­cia. E mais: sea falência for decretada, a aliep~ção será considerada ineficaz: o credor

. poderá reivindic?-r o estabelecimento daquele que o adquiriu. Certo. Peguei a anuência de todo mundo e alienei. O que foi alienado? Tudo. In­

clusive os débitos. Mas eu, que vendi, ainda vou ficar um tempo responsável por aque­les débitos. Como assim?

Vendi minha lojinha de bijoux, mas a lojinha tinha uma dívida de s.ooo reais com o banco. A dívida foi junto com a venda, mas o comprador não tem dinheiro para pa­gar o banco. Nesse caso, o banco pode vir a cobrar a dívida de mim, a vendedora, por­que por um tempo eu permanecerei responsável por ela.

Por quanto tempo? Um ano. Mas um ano contado a partir de quando? Se a dívida estiver vencida na data da venda, um ano a partir da venda. Se não estiver vencida, um ano a partir do vencimento.

Máster importante: dívidas trabalhistas têm privilégio, e podem ser cobradas tanto do alienante c.omo do adquirente. São cobradas de quem tem mais dindin. E o prazo aqui não é mais aquele de um ano. O alienante continuará responsável por essas dívidas enquanto não prescrever o direito do empregado.

Máster importante também: nas dívidas tributárias o adquirente tem responsa­. bilidade subsidiária ou integral pelas obrigações fiscais caso continue ou não a explo­

rar a atividade econômica. Comprei uma padaria, que continuará sendo uma padaria. Os tributos não pagos

da antiga padaria passam para minha nova padaria. Mas, se a padaria que eu comprei deixar de ser uma padaria, terei responsabilidade subsidiária: o fisco vai primeiro co­brar do cara que me vendeu, e só se ele não puder pagar vai cobrar de mim.

Parte legal: se o estabelecimento foi adquirido em leilão judicial promovido em falência ou recuperação de empresa, o adquirente se eximirá de todas as obrigações preexistentes.

Para terminar essa coisa da alienação, é bom saber que em todo contrato de tres­passe está implícita a cláusula de não restabelecimento. Significa que, salvo expressa disposição contratual, o alienante, pelo prazo de 5 anos a contar do arquivallJento do contrato de trespasse, não pode restabelecer-se fazendo a mesma coisa que fazia, con­correndo com o adquirente.

Eei,q-a. 'PCI/.Ua riaá- 4 da manAã CU]OM1 e eu juro que eu gostaria de dormir. Mas nada de sono. Até porque tomei agora pouco uma xícara linda de co· puccino. Agora meus olhos estão arregalados, meu corpo começa a sentir can­saço e meu estômago dói.

Continuemos.

49 Empresarial para quem odeia empresarial

i I

! I

l

1 'i

4.3. locação empresarial

Falamos lá no começo do tal do ponto empresarial, lembra? É o lugar onde a em­

presa é exercida. Bem tranquilo entender que o ponto é importante, né? Uma loja na

Avenida Paulista tem um acréscimo substancial ao seu valor se comparada à mesma

loja numa ruazinha sem saída num bairro afastado.

Vamos analisar essa loja na Av. Paulista. Se o empresário que exerce a empresa é

proprietário do imóvel, tranquilo. O problema aparece quando o imóvel é alugado.

Nesse caso, existem regras específicas para proteger o empresário. É fácil entender

por quê. Qlha só: fulano alugou, então, a portinha lá na Paulista para abrir a sua loji­

nha. Contrato de locação de, por exemplo, 3 anos. Ele demora 2 anos e meio para se

estabelecer ali (fazer seu nome, reformar a portinha, conquistar clientela). Aí, passa­

dos os 3 anos, quando o fulano está começando a ver seu lucro, o proprietário do

imóvel resolve não renovar o contrato de aluguel.

Não é justo, é? A Lei de Locações instituiu a chamada renovação compulsória, ou seja, a impos­

sibilidade de o proprietário reivindicar o imóvel locado. Para tanto, três requisitos

devem ser preenchidos:

a) o locatário deve, necessariamente, ser empresário (individual ou socied<tde);

b) o prazo do contrato de locação deve ser de no mínimo 5 anos. No cálculo des­

se prazo, admite-se a soma de contratos renovados sucessivamente por acordo amigá­

vel, e o STF já sumulou o entendimento de que a sorna pode ser feita pelo sucessor ou

cessionário do locatário;

c) o locatário deve estar exercendo atividade empresarial do mesmo ramo pelo

prazo mínimo de 3 anos quando da propositura da ação renovatória. Considera-se que

esse é o prazo para que o estabelecimento agregue valor razoável ao imóvel.

No caso do tio que alugou a portinha na Paulista para abrir a sua loja, se ele está

lá há mais de 5 anos, exercendo há pelo menos 3 a mesma atividade, e se ele é empre­

sário, então o dono do imóvel não poderá reivindicá-lo. Se o fizer, o tio estará prote­

gido pela chamada ação renovatória.

O locatário tem um prazo para entrar com essa ação: entre 1 ano e 6 meses antes

do fim do contrato. E o prazo é decadencial: perdeu, já era.

Esse direito do locatário não é absoluto. A própria Lei de Locações traz algumas

situações que afastam o cabimento da renovatória. Olha que bonita esta frase: "O di­

reito que se concede ao empresário no sentido de garantir-lhe a continuidade da explora­

ção de um imóvel locado não pode representar, jamais, o aniquilamento do direito à e pro­

priedade que o locador exerce sobre dito bem"·'.

5 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

Estabelecimento empresarial 50

eAeq.a a Ml!. pn.élico-, ni? Ou a se chorei. Não, mentira.

Há uma ponderação de interesses aqui: direito de propriedade x direito de conti­

nuação da empresa. O que pesa mais? A resposta é: depende da situação. E as situa­

ções em que uma prevalece sobre a outra estão na lei.

O rol legal é exemplificativo, mas veja: o direito de propriedade é constitucioílal­

mente garantido. Sempre que ele for desprestigiado em decorrência da renovatória,

esta não poderá ocorrer.

O art. 72 ela Lei de Locações traz as situações que excepcionam o direito à r~>.no­

vação compulsória, especificando quais delas dão ao locatário o direito de ser indeni­

zado:

a) Reforma substancial no prédio locado: o locatário será indenizado se a refor­

ma não se iniciar no prazo de 3 meses da desocupação.

b) Insuficiência da proposta de renovação apresentada pelo locatário: quando

propõe a renovatória, o locatário é obrigado a apresentar proposta de novo aluguel.

Ficaria muito fácil se o locatário pudesse estipular qualquer valor e ainda assim o lo­

cador ficasse obrigado a renovar o contrato, né? Quero renovar, mas vou pagar cin­

quentão por mês. Ah, tá. E eu sou o Bozo.

Se houver discrepância entre o valor apresentado e o valor de mercado, o loca­

dor não estará obrigado à renovação contratual. E nem há que se falar em indeni­

zação aqui.

c) Uso próprio: a lei determina que o locador não pode impedir a retomada p:1:.?.

uso próprio se ele pretende explorar a mesma atividade empresariaL É o que está na

lei. Mas há entendimento no sentido de que tal proibição é inconstitucional, por ferir

o direito de propriedade. A solução, nesse caso, seria a indenização.

Ponto importante aqui é que esse inciso não se aplica ao caso de locação-gerên­

cia, que é aquela em que a locação compreende o prédio e também o estabelecimento

empresarial. Também não se. aplica às locações em shopping centers.

d) Transferência de estabelecimento empresarial existente há mais de um ano e

titularizado por ascendente, descendente ou cônjuge, desde que atue em ramo diver­

so do locatário: gera direito á indenização quando há desrespeito a essa ressalva (atu­

ação em ramo diverso).

,e) Proposta melhor de terceiro: o locatário terá a opção de cobrir tal propost:l,

mas, se não o fizer, o terceiro leva. Sem indenização aqui também.

4.4. Shopping center Aqui a coisa muda. O empresário que decide atuar no ramo dos shopping center~

é diferenciado: o lance dele não se resume a alugar as lojas. Há todo um trabalho de

51 Empresarial para quem odeia empresarial

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4.3. locação empresarial

Falamos lá no começo do tal do ponto empresarial, lembra? É o lugar onde a em­

presa é exercida. Bem tranquilo entender que o ponto é importante, né? Uma loja na

Avenida Paulista tem um acréscimo substancial ao seu valor se comparada à mesma

loja numa ruazinha sem saída num bairro afastado.

Vamos analisar essa loja na Av. Paulista. Se o empresário que exerce a empresa é

proprietário do imóvel, tranquilo. O problema aparece quando o imóvel é alugado.

Nesse caso, existem regras específicas para proteger o empresário. É fácil entender

por quê. Qlha só: fulano alugou, então, a portinha lá na Paulista para abrir a sua loji­

nha. Contrato de locação de, por exemplo, 3 anos. Ele demora 2 anos e meio para se

estabelecer ali (fazer seu nome, reformar a portinha, conquistar clientela). Aí, passa­

dos os 3 anos, quando o fulano está começando a ver seu lucro, o proprietário do

imóvel resolve não renovar o contrato de aluguel.

Não é justo, é? A Lei de Locações instituiu a chamada renovação compulsória, ou seja, a impos­

sibilidade de o proprietário reivindicar o imóvel locado. Para tanto, três requisitos

devem ser preenchidos:

a) o locatário deve, necessariamente, ser empresário (individual ou socied<tde);

b) o prazo do contrato de locação deve ser de no mínimo 5 anos. No cálculo des­

se prazo, admite-se a soma de contratos renovados sucessivamente por acordo amigá­

vel, e o STF já sumulou o entendimento de que a sorna pode ser feita pelo sucessor ou

cessionário do locatário;

c) o locatário deve estar exercendo atividade empresarial do mesmo ramo pelo

prazo mínimo de 3 anos quando da propositura da ação renovatória. Considera-se que

esse é o prazo para que o estabelecimento agregue valor razoável ao imóvel.

No caso do tio que alugou a portinha na Paulista para abrir a sua loja, se ele está

lá há mais de 5 anos, exercendo há pelo menos 3 a mesma atividade, e se ele é empre­

sário, então o dono do imóvel não poderá reivindicá-lo. Se o fizer, o tio estará prote­

gido pela chamada ação renovatória.

O locatário tem um prazo para entrar com essa ação: entre 1 ano e 6 meses antes

do fim do contrato. E o prazo é decadencial: perdeu, já era.

Esse direito do locatário não é absoluto. A própria Lei de Locações traz algumas

situações que afastam o cabimento da renovatória. Olha que bonita esta frase: "O di­

reito que se concede ao empresário no sentido de garantir-lhe a continuidade da explora­

ção de um imóvel locado não pode representar, jamais, o aniquilamento do direito à e pro­

priedade que o locador exerce sobre dito bem"·'.

5 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

Estabelecimento empresarial 50

eAeq.a a Ml!. pn.élico-, ni? Ou a se chorei. Não, mentira.

Há uma ponderação de interesses aqui: direito de propriedade x direito de conti­

nuação da empresa. O que pesa mais? A resposta é: depende da situação. E as situa­

ções em que uma prevalece sobre a outra estão na lei.

O rol legal é exemplificativo, mas veja: o direito de propriedade é constitucioílal­

mente garantido. Sempre que ele for desprestigiado em decorrência da renovatória,

esta não poderá ocorrer.

O art. 72 ela Lei de Locações traz as situações que excepcionam o direito à r~>.no­

vação compulsória, especificando quais delas dão ao locatário o direito de ser indeni­

zado:

a) Reforma substancial no prédio locado: o locatário será indenizado se a refor­

ma não se iniciar no prazo de 3 meses da desocupação.

b) Insuficiência da proposta de renovação apresentada pelo locatário: quando

propõe a renovatória, o locatário é obrigado a apresentar proposta de novo aluguel.

Ficaria muito fácil se o locatário pudesse estipular qualquer valor e ainda assim o lo­

cador ficasse obrigado a renovar o contrato, né? Quero renovar, mas vou pagar cin­

quentão por mês. Ah, tá. E eu sou o Bozo.

Se houver discrepância entre o valor apresentado e o valor de mercado, o loca­

dor não estará obrigado à renovação contratual. E nem há que se falar em indeni­

zação aqui.

c) Uso próprio: a lei determina que o locador não pode impedir a retomada p:1:.?.

uso próprio se ele pretende explorar a mesma atividade empresariaL É o que está na

lei. Mas há entendimento no sentido de que tal proibição é inconstitucional, por ferir

o direito de propriedade. A solução, nesse caso, seria a indenização.

Ponto importante aqui é que esse inciso não se aplica ao caso de locação-gerên­

cia, que é aquela em que a locação compreende o prédio e também o estabelecimento

empresarial. Também não se. aplica às locações em shopping centers.

d) Transferência de estabelecimento empresarial existente há mais de um ano e

titularizado por ascendente, descendente ou cônjuge, desde que atue em ramo diver­

so do locatário: gera direito á indenização quando há desrespeito a essa ressalva (atu­

ação em ramo diverso).

,e) Proposta melhor de terceiro: o locatário terá a opção de cobrir tal propost:l,

mas, se não o fizer, o terceiro leva. Sem indenização aqui também.

4.4. Shopping center Aqui a coisa muda. O empresário que decide atuar no ramo dos shopping center~

é diferenciado: o lance dele não se resume a alugar as lojas. Há todo um trabalho de

51 Empresarial para quem odeia empresarial

organização da distribuição dos produtos e serviços que compõem o complexo. Se­gundo a ABRAS CE (Associação Brasileira de Shopping Centers), é "um centro comercial planejado sob uma administração única, composto de lojas destinadas à exploração co­mercial e à prestação de serviços, sujeitas a normas contratuais padronizadas, para manter o equilíbrio da oferta e da funcionalidade, assegurando a convivência integrada e pagando um valor de conformidade com o faturamento".

É diferente, por exemplo, de um empresário do ramo imobiliário: este simples­mente faz as locações de prédios comerciais. O empresário do shopping deve organi­zar o chamado tenant mix, que pode ser definido como o, estudo de mercado que re­sulta num complexo de lojas dispostas e organizadas de maneira harmoniosa em um. espaço comercial em função das atividades ali desenvolvidas. O objetivo, portanto, é aumentar o número de clientes e elevar as vendas, sem que com isso haja aumento da concorrência interna.

Por conta dessas peculiaridades, o direito acaba dando tratamento diferenciado às locações ocorridas nesses espaços.

É certo que existe o direito de renovação compulsória dos espaços locados dentro de um shopping, mas não se pode àdmitir que esse instituto se transforme num pro~ blema para o empresário que explora o shopping. Tendo em vista a relação lojista x empreendedor, há quem chegue a afirmar que nem sequer existiria a natureza de lo­cação entre essas pessoas.

Independentemente do nome que se adote, esse contrato tem mesmo caracterís­ticas diferenciadas, por exemplo, a cobrança de uma taxa que pode ser equiparada a um condomínio, chamada de taxares sperata. Em tese, essa taxa é paga em função das vantagens que o lojista tem ao se estabelecer dentro do empreendimento. Também é necessário que o locatário se filie à associação de lojistas, pagando a mensalidade res­pectiva, que garante, por exemplo, despesas com publicidade.

É praxe pagar aluguel em dobro no mês de dezembro, por conta do aumento sig­nificativo do movimento e das vendas decorrentes do Natal. Quase um décimo tercei­ro, só que ao contrário. Outras taxas também podem constar do contrato.

A Lei de Locações proíbe, contudo, a cobrança de despesas extraordinárias de condomínio, gastos com obras ou substituição de equipamentos modificativos do projeto original e despesas não estipuladas em orçamento prévio.

Yneio. cAata eMa p.a;de-, ni? Melhor dizendo: meio chato este livro, né? Não

sei ... estou tendo a impressão de que quando escrevi sobre tributário me inte­

ressei pela matéria mais rapidamente. l.::m empresarial ainda não consegui

achar absolutamente nada· que me fizesse dizer: "Olha, isto é lega li". Talvez seja

porque já são 5 e meia da manhã.

!=alta só mais um item, depois vocês podem ir. t:u, pr-ovavelmente, vou

continuar aqui.

Estabelecimento empresarial 52

4.5. Aviamento

Aviamento é a aptidão que o estabelecimento tem para gerar lucro, decorrente de

atributos pessoais do empresário, ou da equipe) ou até mesmo da localização adequada.

É, na verdade{ uma característica do estabelecimento, e é inseparável dele. A jun­ção do crédito e da cl(entela.

4.6. Comércio eletrônico

.................................................................................... 9MW. muito.. fiim; eu.. a.nw. a 9nteJute.t. Não vivo sem. Só porque acabei de

reclamar que não tinha nada de legal aqui apareceu uma coisa. Um viva! .................................................................................... Falaremos aqui do chamado estabelecimento virtual, no qual o acesso aos bens e

serviços, bem como todas as tratativas contratuais e pré-contratuais, se dão, exclusi­\amente ou não, por meio de transmissão eletrônica de dados.

Os estabelecimentos virtuais podem ser de três tipos:

~ B2B (business to business): negociação entre empresários, cujo objeto são, em regra, insumos. Aqui o direito empresarial domina: todas as regras se aplicam;

~ B2C (business to consumer): os internautas são consumidores. Aqui, aplica-se o direito do consumidor;

~ C2C (consumer to consumer): o titular do site faz apenas a intermediação; os negócios são feitos entre consunüdores. Bem fácil de lembrar de um, né? Não acho

que posso citar o nome, mas é um si te bem conhecido. O lance aqui é híbrido: entre o dono do site e os internautas, direito do consumidor. Os contratos firmados pelos consumidores entre si são regidos pelo direito civil.

Cada estabelecimento virtual tem seu nome de domínio, que tem uma função técnica (interconexão dos equipamentos) e uma jurídica (identificação do estabeleci­mento na rede).

Sobre este t~ma, é importante colocar aqui algumas informações a mais.

O comércio eletrônico é regulado pelo CDC, porque trata-se de operação típica

de consumo. Tem ainda o Decreto n. 7.962/13, que traz algumas regulamentações buscando diminuir os riscos desse tipo de contratação.

De acordo com esse decreto, os sites devem trazer as informações do nome em­presarial, inscrição do fornecedor, CPF ou CNPJ e o endereço físico e eletrônico. Os

produtos devem apresentar descrição de suas características, preço, se trazem algum 1isco à saúde ou segurança do consumidor e o preço, que deve incluir todas as despe­sas acessórias, como frete ou seguro.

O consumidor poderá desistir da compra no prazo de 7 dias contados da assina­tura da proposta.

53 Empresarial para quem odeia empresarial

organização da distribuição dos produtos e serviços que compõem o complexo. Se­gundo a ABRAS CE (Associação Brasileira de Shopping Centers), é "um centro comercial planejado sob uma administração única, composto de lojas destinadas à exploração co­mercial e à prestação de serviços, sujeitas a normas contratuais padronizadas, para manter o equilíbrio da oferta e da funcionalidade, assegurando a convivência integrada e pagando um valor de conformidade com o faturamento".

É diferente, por exemplo, de um empresário do ramo imobiliário: este simples­mente faz as locações de prédios comerciais. O empresário do shopping deve organi­zar o chamado tenant mix, que pode ser definido como o, estudo de mercado que re­sulta num complexo de lojas dispostas e organizadas de maneira harmoniosa em um. espaço comercial em função das atividades ali desenvolvidas. O objetivo, portanto, é aumentar o número de clientes e elevar as vendas, sem que com isso haja aumento da concorrência interna.

Por conta dessas peculiaridades, o direito acaba dando tratamento diferenciado às locações ocorridas nesses espaços.

É certo que existe o direito de renovação compulsória dos espaços locados dentro de um shopping, mas não se pode àdmitir que esse instituto se transforme num pro~ blema para o empresário que explora o shopping. Tendo em vista a relação lojista x empreendedor, há quem chegue a afirmar que nem sequer existiria a natureza de lo­cação entre essas pessoas.

Independentemente do nome que se adote, esse contrato tem mesmo caracterís­ticas diferenciadas, por exemplo, a cobrança de uma taxa que pode ser equiparada a um condomínio, chamada de taxares sperata. Em tese, essa taxa é paga em função das vantagens que o lojista tem ao se estabelecer dentro do empreendimento. Também é necessário que o locatário se filie à associação de lojistas, pagando a mensalidade res­pectiva, que garante, por exemplo, despesas com publicidade.

É praxe pagar aluguel em dobro no mês de dezembro, por conta do aumento sig­nificativo do movimento e das vendas decorrentes do Natal. Quase um décimo tercei­ro, só que ao contrário. Outras taxas também podem constar do contrato.

A Lei de Locações proíbe, contudo, a cobrança de despesas extraordinárias de condomínio, gastos com obras ou substituição de equipamentos modificativos do projeto original e despesas não estipuladas em orçamento prévio.

Yneio. cAata eMa p.a;de-, ni? Melhor dizendo: meio chato este livro, né? Não

sei ... estou tendo a impressão de que quando escrevi sobre tributário me inte­

ressei pela matéria mais rapidamente. l.::m empresarial ainda não consegui

achar absolutamente nada· que me fizesse dizer: "Olha, isto é lega li". Talvez seja

porque já são 5 e meia da manhã.

!=alta só mais um item, depois vocês podem ir. t:u, pr-ovavelmente, vou

continuar aqui.

Estabelecimento empresarial 52

4.5. Aviamento

Aviamento é a aptidão que o estabelecimento tem para gerar lucro, decorrente de

atributos pessoais do empresário, ou da equipe) ou até mesmo da localização adequada.

É, na verdade{ uma característica do estabelecimento, e é inseparável dele. A jun­ção do crédito e da cl(entela.

4.6. Comércio eletrônico

.................................................................................... 9MW. muito.. fiim; eu.. a.nw. a 9nteJute.t. Não vivo sem. Só porque acabei de

reclamar que não tinha nada de legal aqui apareceu uma coisa. Um viva! .................................................................................... Falaremos aqui do chamado estabelecimento virtual, no qual o acesso aos bens e

serviços, bem como todas as tratativas contratuais e pré-contratuais, se dão, exclusi­\amente ou não, por meio de transmissão eletrônica de dados.

Os estabelecimentos virtuais podem ser de três tipos:

~ B2B (business to business): negociação entre empresários, cujo objeto são, em regra, insumos. Aqui o direito empresarial domina: todas as regras se aplicam;

~ B2C (business to consumer): os internautas são consumidores. Aqui, aplica-se o direito do consumidor;

~ C2C (consumer to consumer): o titular do site faz apenas a intermediação; os negócios são feitos entre consunüdores. Bem fácil de lembrar de um, né? Não acho

que posso citar o nome, mas é um si te bem conhecido. O lance aqui é híbrido: entre o dono do site e os internautas, direito do consumidor. Os contratos firmados pelos consumidores entre si são regidos pelo direito civil.

Cada estabelecimento virtual tem seu nome de domínio, que tem uma função técnica (interconexão dos equipamentos) e uma jurídica (identificação do estabeleci­mento na rede).

Sobre este t~ma, é importante colocar aqui algumas informações a mais.

O comércio eletrônico é regulado pelo CDC, porque trata-se de operação típica

de consumo. Tem ainda o Decreto n. 7.962/13, que traz algumas regulamentações buscando diminuir os riscos desse tipo de contratação.

De acordo com esse decreto, os sites devem trazer as informações do nome em­presarial, inscrição do fornecedor, CPF ou CNPJ e o endereço físico e eletrônico. Os

produtos devem apresentar descrição de suas características, preço, se trazem algum 1isco à saúde ou segurança do consumidor e o preço, que deve incluir todas as despe­sas acessórias, como frete ou seguro.

O consumidor poderá desistir da compra no prazo de 7 dias contados da assina­tura da proposta.

53 Empresarial para quem odeia empresarial

!

Nas chamadas compras coletivas, devem vir também informações como quanti­

dade mínima de consumidores para efetivação do contrato, prazo para utilização da

oferta e identificação do fornecedor responsável tanto pelo produto ou serviço como

pelo próprio site.

····················································································

e~ mai.á- e<Lta fUVtie, exatamente às sh4ü da manhã. Urna dúvida vai

ficar eternamente no ar: depois disso, Luciana Pimenta dormiu ou não dormiu?

Já que daqui a pouco as pessoas normais vão começar a se levantar, eu j~ vou

continuar acordada? Ou vou descansar um pouquinho até a hora de levar mi·

nha filha para a escola?

Nunca saberão.

····················································································

Estabelecimento empresarial 54

·._,,-.. _

5. Pessoas são feias: ~:-I >''"')

....................................................................................

é~ q,uando. você admira muito uma pessoa pública, de repente tem a

oportunidade de chegar um pouquinho mais. perto dela e percebe que na rea­

lidade ela é completamente diferente daquilo que parece ser. Não é legal não.

Óbvio que não vou dizer quem me decepcionou, mas ·1sso me aconteceu

recentemente: uma pessoa bem renomada, que sempre me pareceu um exem­

plo a ser seguido. mostrou-se comparável a um político corrupto. Não foi em

uma situação hipotética. mas sim relacionada diretamente a mim. Certamente

essa pessoa não sabe que eu tenho conhecimento dos fatos e de suas falas. t:

também não vai saber.

Me fez pensar: até onde as pessoas são capazes de ir? Será que um dia

serei assim também? t:mbora eu seja, sim, cheia de amor-próprio, em minhas

atitudes sempre há espaço para eu analisar se estou ou não ferindo alguém.

Outro dia pedi a uma pessoa próxima que me avise sempre que eu estiver

sendo estúpida ou passando por cima das pessoas. t:spero mesmo que ela

faça isso. Não gosto de pessoas assim, e não quero me tornar uma delas.

Mano Brown já muito bem disse:

"No mundo moderno, as pessoas não se falam.

Ao contrário,: se calam, se pisam, se traem, se matam.

fmbaralham as cartas da inveja e da traição.

Copa, ouro e uma espada na mão.

O que é bom pro si e o que sobra é do outro,

Oue nem o sol que aquece, mas que também apodrece o esgoto".

Que conste, a propósito: eu curto rap.

t:nfim, fiquei desapontada. Mas eu já tinha sido avisada e já tinha tido

oportunidade de ver com os meus próprios olhos algumas vezes: o mundo é

feio, e é formado por pessoas feias.

Acho que é por isso que, quando encontro alguém diferente, eu me encanto .

....................................................................................

!

Nas chamadas compras coletivas, devem vir também informações como quanti­

dade mínima de consumidores para efetivação do contrato, prazo para utilização da

oferta e identificação do fornecedor responsável tanto pelo produto ou serviço como

pelo próprio site.

····················································································

e~ mai.á- e<Lta fUVtie, exatamente às sh4ü da manhã. Urna dúvida vai

ficar eternamente no ar: depois disso, Luciana Pimenta dormiu ou não dormiu?

Já que daqui a pouco as pessoas normais vão começar a se levantar, eu j~ vou

continuar acordada? Ou vou descansar um pouquinho até a hora de levar mi·

nha filha para a escola?

Nunca saberão.

····················································································

Estabelecimento empresarial 54

·._,,-.. _

5. Pessoas são feias: ~:-I >''"')

....................................................................................

é~ q,uando. você admira muito uma pessoa pública, de repente tem a

oportunidade de chegar um pouquinho mais. perto dela e percebe que na rea­

lidade ela é completamente diferente daquilo que parece ser. Não é legal não.

Óbvio que não vou dizer quem me decepcionou, mas ·1sso me aconteceu

recentemente: uma pessoa bem renomada, que sempre me pareceu um exem­

plo a ser seguido. mostrou-se comparável a um político corrupto. Não foi em

uma situação hipotética. mas sim relacionada diretamente a mim. Certamente

essa pessoa não sabe que eu tenho conhecimento dos fatos e de suas falas. t:

também não vai saber.

Me fez pensar: até onde as pessoas são capazes de ir? Será que um dia

serei assim também? t:mbora eu seja, sim, cheia de amor-próprio, em minhas

atitudes sempre há espaço para eu analisar se estou ou não ferindo alguém.

Outro dia pedi a uma pessoa próxima que me avise sempre que eu estiver

sendo estúpida ou passando por cima das pessoas. t:spero mesmo que ela

faça isso. Não gosto de pessoas assim, e não quero me tornar uma delas.

Mano Brown já muito bem disse:

"No mundo moderno, as pessoas não se falam.

Ao contrário,: se calam, se pisam, se traem, se matam.

fmbaralham as cartas da inveja e da traição.

Copa, ouro e uma espada na mão.

O que é bom pro si e o que sobra é do outro,

Oue nem o sol que aquece, mas que também apodrece o esgoto".

Que conste, a propósito: eu curto rap.

t:nfim, fiquei desapontada. Mas eu já tinha sido avisada e já tinha tido

oportunidade de ver com os meus próprios olhos algumas vezes: o mundo é

feio, e é formado por pessoas feias.

Acho que é por isso que, quando encontro alguém diferente, eu me encanto .

....................................................................................

Vamos ao capítulo de hoje: nome empresarial.

Quanto ao conceito de nome empresarial, nem tem muito o que falar. É o nome

da empresa, ou seja, o elemento de identificação do empresário ou da sociedade em­

presária. Mesmo no caso de empresário individual, nome empresarial e nome civil,

cada um tem uma proteção específica.

Assim, não se confunde o nome empresarial com a marca, o nome de domínio ou

o título.

A propósito, antes de entrarmos especificamente no assunto, legal falarmos um .

pouquinho sobre esses conceitos.

Marca é um sinal que serve para distinguir os produtos ou serviços de uma em­

presa dos de outras empresas. Vamos ver melhor isso quando falarmos de propriedade

industrial (outro assunto superchato), então nem vou me estender muito.

Nome de domínio é o endereço eletrônico. É o www. Identifica o estabelecimen­

to virtual e permite que as pessoas cheguem a ele. É o endereço mesmo, o caminho

que você tem que percorrer para chegar a determinado estabelecimento na net.

O título do estabelecimento é o elemento de identificação deste, enquanto o

nome empresarial é o elemento de identificação do empresário. O título é uma desig­

nação que o empresário dá ao local em que desenvolve sua atividade, ao ponto comer­

cial. Não é obrigatório que o título e o nome empresarial coincidam, mas em regra

isso acaba acontecendo.

É assim: pode ser que o empresário opte por dar o mesmo nome a tudo isso. Mas

é importante lembrar que são coisas diferentes, tratadas juridicamente de forma dife­

rente.

Beleza. E o que é nome empresarial então? Eu só lembro que tem a firma e a de­

nominação, mas, sinceramente, acho que não aprendi muito bem o que exatamente é

cada uma ou pra que serve. lsso não é novidade. Não aprendi nada de empresarial

mesmo.

Antes de falarmos sobre cada uma das espécies de nome empresarial e elencar

quem adota qual, olha só que interessante: vamos ver, mais para a frente, que existe

um tipo de sOciedade denominado sociedade em conta de participação. Essa é a única

sociedade que não adota nome empresarial. lsso porque ninguém pode saber que essa

sociedade existe. É top secret.

Vamos entender isso quando estudarmos os tipos societários. Por hora, basta

lembrar que sociedade em conta de participação não tem nome empresarial.

A firma é formada pelo nome civil do empresário ou dos sócios da sociedade em­

presária. Sempre. O objeto social é facultativo. A denominação tem que ter o objeto

da empresa e pode ser formada ou pelo nome civil ou por qualquer outra expressão (o

famoso nome fantasia).

Quem vai usar qual?

._ Empresário individual: firma composta pelo seu nome abreviado ou não;

._ Sociedade em nome coletivo: firma composta pelo nome civil de um, alguns

ou todos os sócios, abreviados ou não. Se não cànstar o nome de todos os sócios, deve

vir acompanhado dá: expressão "e companhia" ou "e cia.".

._ Sociedade em comandita simples: firma composta pelo nome de um, alguns

ou todos os sócios comanditados. Sócio comanditário nunca vai ter seu nome na fir­

ma (sob pena de responder ilimitadamente pelas obrigações sociais), e, dessa forma, é

obrigatória a presença da expressão "e companhia" ou "e cia." .

._ Sociedade limitada: essa aqui é dupla. Pode usar firma ou denominação, mas,

em ambos os casos, deve ter a expressão "limitada" ou "ltda.". Se optar pela firn1a, esta

será corcposta pelo nome de um, alguns ou todos os sócios da sociedade, e, se não

constar o nome de todos, deve vir acompanhado da expressão "e companhia" ou "e

cia.". Se for firma, não precisa constar o objeto, se for denominação precisa.

._ Sociedade anônima: só pode ser denominação, obrigatoriamente constando o

objeto social e também a expressão "sociedade anônimajs.a." no começo, meio ou fim

do nome ou a expressão "companhiajcia." no começo ou no meio do nome. Pode tam­

bém apresentar o nome civil de fundadores ou pessoas que foram importantes para o

êxito da companhia.

._ Sociedade em comandita por ações: também pode usar qualquer uma das

duas, firma ou denominação. Se optar pela firma, só pode usar o nome civil de sócios

diretores ou administradores que respondam ilimitadamente pelas obrigações so­

ciais, e aí tem que constar a expressão "e companhia/e cia". Se optar por denominação,

deve ter o objeto social. Em qualquer caso, deve aparecer no nome empresarial a locu­

ção "comandita por ações".

Se for microempresário ou empresa de pequeno porte, deve acrescer as siglas ME

ou EPP, respectivamente, ao nome empresarial. Qualquer sociedade que estiver em

recuperação judicial deverá acrescentar a expressão "em recuperação judicial".

Legal saber também que nome empresarial não é como o nome da gente, que é

praticamente impossível de mudar. Se o empresário ou os sócios da sociedade quise­

rem alterar o nome, eles podem. Além disso, em algumas situações a mudança é obri­

gatória:

a) nome empresarial do tipo firma, com nome civil de um sócio que sai, morre,

se retira ou é excluído. Se o nome do fulano continuar lá, ele (ou seu espólio) continua

respondendo pelas obrigações sociais;

b) sociedade em comandita simples, com firma em que constava o nome do só­

cio comanditado, mas esse se torna sócio comanditário. Tem que tirar também, senão

continua respondendo;

c) sociedade em comandita por ações, e o nome empresarial é composto por

nome civil de um sócio diretor ou administrador que deixa a função administrativa.

Mesmo esquema: tira o nome ou continua respondendo;

57 Empresarial para quem odeia empresarial

Vamos ao capítulo de hoje: nome empresarial.

Quanto ao conceito de nome empresarial, nem tem muito o que falar. É o nome

da empresa, ou seja, o elemento de identificação do empresário ou da sociedade em­

presária. Mesmo no caso de empresário individual, nome empresarial e nome civil,

cada um tem uma proteção específica.

Assim, não se confunde o nome empresarial com a marca, o nome de domínio ou

o título.

A propósito, antes de entrarmos especificamente no assunto, legal falarmos um .

pouquinho sobre esses conceitos.

Marca é um sinal que serve para distinguir os produtos ou serviços de uma em­

presa dos de outras empresas. Vamos ver melhor isso quando falarmos de propriedade

industrial (outro assunto superchato), então nem vou me estender muito.

Nome de domínio é o endereço eletrônico. É o www. Identifica o estabelecimen­

to virtual e permite que as pessoas cheguem a ele. É o endereço mesmo, o caminho

que você tem que percorrer para chegar a determinado estabelecimento na net.

O título do estabelecimento é o elemento de identificação deste, enquanto o

nome empresarial é o elemento de identificação do empresário. O título é uma desig­

nação que o empresário dá ao local em que desenvolve sua atividade, ao ponto comer­

cial. Não é obrigatório que o título e o nome empresarial coincidam, mas em regra

isso acaba acontecendo.

É assim: pode ser que o empresário opte por dar o mesmo nome a tudo isso. Mas

é importante lembrar que são coisas diferentes, tratadas juridicamente de forma dife­

rente.

Beleza. E o que é nome empresarial então? Eu só lembro que tem a firma e a de­

nominação, mas, sinceramente, acho que não aprendi muito bem o que exatamente é

cada uma ou pra que serve. lsso não é novidade. Não aprendi nada de empresarial

mesmo.

Antes de falarmos sobre cada uma das espécies de nome empresarial e elencar

quem adota qual, olha só que interessante: vamos ver, mais para a frente, que existe

um tipo de sOciedade denominado sociedade em conta de participação. Essa é a única

sociedade que não adota nome empresarial. lsso porque ninguém pode saber que essa

sociedade existe. É top secret.

Vamos entender isso quando estudarmos os tipos societários. Por hora, basta

lembrar que sociedade em conta de participação não tem nome empresarial.

A firma é formada pelo nome civil do empresário ou dos sócios da sociedade em­

presária. Sempre. O objeto social é facultativo. A denominação tem que ter o objeto

da empresa e pode ser formada ou pelo nome civil ou por qualquer outra expressão (o

famoso nome fantasia).

Quem vai usar qual?

._ Empresário individual: firma composta pelo seu nome abreviado ou não;

._ Sociedade em nome coletivo: firma composta pelo nome civil de um, alguns

ou todos os sócios, abreviados ou não. Se não cànstar o nome de todos os sócios, deve

vir acompanhado dá: expressão "e companhia" ou "e cia.".

._ Sociedade em comandita simples: firma composta pelo nome de um, alguns

ou todos os sócios comanditados. Sócio comanditário nunca vai ter seu nome na fir­

ma (sob pena de responder ilimitadamente pelas obrigações sociais), e, dessa forma, é

obrigatória a presença da expressão "e companhia" ou "e cia." .

._ Sociedade limitada: essa aqui é dupla. Pode usar firma ou denominação, mas,

em ambos os casos, deve ter a expressão "limitada" ou "ltda.". Se optar pela firn1a, esta

será corcposta pelo nome de um, alguns ou todos os sócios da sociedade, e, se não

constar o nome de todos, deve vir acompanhado da expressão "e companhia" ou "e

cia.". Se for firma, não precisa constar o objeto, se for denominação precisa.

._ Sociedade anônima: só pode ser denominação, obrigatoriamente constando o

objeto social e também a expressão "sociedade anônimajs.a." no começo, meio ou fim

do nome ou a expressão "companhiajcia." no começo ou no meio do nome. Pode tam­

bém apresentar o nome civil de fundadores ou pessoas que foram importantes para o

êxito da companhia.

._ Sociedade em comandita por ações: também pode usar qualquer uma das

duas, firma ou denominação. Se optar pela firma, só pode usar o nome civil de sócios

diretores ou administradores que respondam ilimitadamente pelas obrigações so­

ciais, e aí tem que constar a expressão "e companhia/e cia". Se optar por denominação,

deve ter o objeto social. Em qualquer caso, deve aparecer no nome empresarial a locu­

ção "comandita por ações".

Se for microempresário ou empresa de pequeno porte, deve acrescer as siglas ME

ou EPP, respectivamente, ao nome empresarial. Qualquer sociedade que estiver em

recuperação judicial deverá acrescentar a expressão "em recuperação judicial".

Legal saber também que nome empresarial não é como o nome da gente, que é

praticamente impossível de mudar. Se o empresário ou os sócios da sociedade quise­

rem alterar o nome, eles podem. Além disso, em algumas situações a mudança é obri­

gatória:

a) nome empresarial do tipo firma, com nome civil de um sócio que sai, morre,

se retira ou é excluído. Se o nome do fulano continuar lá, ele (ou seu espólio) continua

respondendo pelas obrigações sociais;

b) sociedade em comandita simples, com firma em que constava o nome do só­

cio comanditado, mas esse se torna sócio comanditário. Tem que tirar também, senão

continua respondendo;

c) sociedade em comandita por ações, e o nome empresarial é composto por

nome civil de um sócio diretor ou administrador que deixa a função administrativa.

Mesmo esquema: tira o nome ou continua respondendo;

57 Empresarial para quem odeia empresarial

:i , I j

i i r , l ' I',

I

d) alienação de estabelecimento: o nome empresarial composto por nome civil

não é vendido junto. Pode, contudo, constar no contrato que o nome continuará o

mesmo, desde que seja acrescida a expressão "sucessor de";

e) transformação: uma sociedade pode mudar seu tipo. Se isso acontecer, deverá

obedecer às regras de nome empresarial referentes ao novo tipo adotado.

Ok. O nome empresarial conta com proteção dupla do direito: protege-se a clientela

e também o crédito.

No primeiro caso, o direito cuida de não permitir que as pessoas contratem com

uma empresa que se passa por outra. No segundo caso, protege-se o próprio empresá­

rio, que poderia, por exemplo, ter seu crédito restrito em função de uma negativação

causada por outro empresário que usou o mesmo nome que o seu.

Então é assim: o nome empresarial é de uso exclusivo do empresário que o regis­

trou primeiro. Daí que até mesmo nomes que não são categoricamente iguais, mas

que apresentem semelhanças capazes de confundir os consumidores, não podem ser

usados. Olha mais: se se tratar de nome fantasia, não basta que sejam diferentes as partí­

culas constantes do nome empresarial, por exemplo, "e cia." ou "ltda.". É preciso que

o núcleo do nome não seja idêntico ou semelhante. ·

Veja: "Pimenta Comércio de Produtos Alimentícios Ltda." e "Sal Comércio de Produ­

tos Alimentícios Ltda." apresentam as mesmas partículas, mas não podem ser consi­

derados semelhantes, porque o núcleo é totalmente diferente.

"Pimenta Comércio de Produtos Alimentícios Ltda." e "Companhia Exportadora

e Importadora Pimenta" apresentam um monte de .partículas diferentes, mas o núcleo

é igual. Não pode.

Mas é bom saber que, se o nome empresarial for composto por nome civil, então

só será proibido se os nomes forem idênticos mesmo.

Só mais um detalhezinho pra terminar. Vamos falar, mais para frente, da marca e

da proteção que ela recebe. Mas acho legal, já aqui, fazer um quadrinho diferenciando

as regras relativas ao nome e as relativas à marca.

Proteção ,começa cçm Q regis!ro ~~.JurÍt~ Com~rçial :~~:.:. 4~fi\i:~sfEeÇ.i~~m~~r~9i~~~~~~t~~1j~ili.;:f;f

·:~:;~~~ ~~~~,s~~;~e~~i~:~~~~~~d~~~iãfu.sert:~~;:·-c·:-~~. _j~~t~~ã~ seE~~!m9:;:f~c~~-~se~;~}~~o7J:2~~\~~:~~ Proteção permanece enquanto o empresário ou a sociedàde estiverem regularmenteregi~rados.

Nome empresarial 58

=

Aliás, sobre isso, rolou até um enunciado na I Jornada ele Direito Comercial (sim ...

existem Jornadas de Direito Comercial... e sim, eu também achei que Jornadas eram

exclusivas do Direito Civil).

Olha ele:

1. Decisão judicial que considera ser o nome empresarial violador do direito de

marca não implica a anulaçao do respectivo registro no órgão próprio nem lhe retira

os efeitos, preservado o direito de o empresário alterá-lo.

····················································································· &.vdinPw- eM-e cuUu.nio-1 n.é.? i=icamos por aqui, mas não sem antes reproduzir

uma frase que uma pessoa muito querida (que, infelizmente, tem perdido espa­

ço na minha vida) postou numa rede social dia desses: "A busca pela sua felici­

dade não te dá o direito de cousor tristeza no outro".

i=ica a dica.

····················································································

59 Empresarial para quem odeia empresarial

:i , I j

i i r , l ' I',

I

d) alienação de estabelecimento: o nome empresarial composto por nome civil

não é vendido junto. Pode, contudo, constar no contrato que o nome continuará o

mesmo, desde que seja acrescida a expressão "sucessor de";

e) transformação: uma sociedade pode mudar seu tipo. Se isso acontecer, deverá

obedecer às regras de nome empresarial referentes ao novo tipo adotado.

Ok. O nome empresarial conta com proteção dupla do direito: protege-se a clientela

e também o crédito.

No primeiro caso, o direito cuida de não permitir que as pessoas contratem com

uma empresa que se passa por outra. No segundo caso, protege-se o próprio empresá­

rio, que poderia, por exemplo, ter seu crédito restrito em função de uma negativação

causada por outro empresário que usou o mesmo nome que o seu.

Então é assim: o nome empresarial é de uso exclusivo do empresário que o regis­

trou primeiro. Daí que até mesmo nomes que não são categoricamente iguais, mas

que apresentem semelhanças capazes de confundir os consumidores, não podem ser

usados. Olha mais: se se tratar de nome fantasia, não basta que sejam diferentes as partí­

culas constantes do nome empresarial, por exemplo, "e cia." ou "ltda.". É preciso que

o núcleo do nome não seja idêntico ou semelhante. ·

Veja: "Pimenta Comércio de Produtos Alimentícios Ltda." e "Sal Comércio de Produ­

tos Alimentícios Ltda." apresentam as mesmas partículas, mas não podem ser consi­

derados semelhantes, porque o núcleo é totalmente diferente.

"Pimenta Comércio de Produtos Alimentícios Ltda." e "Companhia Exportadora

e Importadora Pimenta" apresentam um monte de .partículas diferentes, mas o núcleo

é igual. Não pode.

Mas é bom saber que, se o nome empresarial for composto por nome civil, então

só será proibido se os nomes forem idênticos mesmo.

Só mais um detalhezinho pra terminar. Vamos falar, mais para frente, da marca e

da proteção que ela recebe. Mas acho legal, já aqui, fazer um quadrinho diferenciando

as regras relativas ao nome e as relativas à marca.

Proteção ,começa cçm Q regis!ro ~~.JurÍt~ Com~rçial :~~:.:. 4~fi\i:~sfEeÇ.i~~m~~r~9i~~~~~~t~~1j~ili.;:f;f

·:~:;~~~ ~~~~,s~~;~e~~i~:~~~~~~d~~~iãfu.sert:~~;:·-c·:-~~. _j~~t~~ã~ seE~~!m9:;:f~c~~-~se~;~}~~o7J:2~~\~~:~~ Proteção permanece enquanto o empresário ou a sociedàde estiverem regularmenteregi~rados.

Nome empresarial 58

=

Aliás, sobre isso, rolou até um enunciado na I Jornada ele Direito Comercial (sim ...

existem Jornadas de Direito Comercial... e sim, eu também achei que Jornadas eram

exclusivas do Direito Civil).

Olha ele:

1. Decisão judicial que considera ser o nome empresarial violador do direito de

marca não implica a anulaçao do respectivo registro no órgão próprio nem lhe retira

os efeitos, preservado o direito de o empresário alterá-lo.

····················································································· &.vdinPw- eM-e cuUu.nio-1 n.é.? i=icamos por aqui, mas não sem antes reproduzir

uma frase que uma pessoa muito querida (que, infelizmente, tem perdido espa­

ço na minha vida) postou numa rede social dia desses: "A busca pela sua felici­

dade não te dá o direito de cousor tristeza no outro".

i=ica a dica.

····················································································

59 Empresarial para quem odeia empresarial

propriedade industrial_

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ~ ............................... . ''Pw.nu.le- não. me. ~ o.d1a;, ~?''

Ouvi esse pedido hoje.

Suponha que eu conheço algUE'.m que é viciado em chocolate. 1'\ão vive

sem. Aí eu peço para essa pessoa não comer mais chocolate, porque o fato de

ela comer chocolate me deixa muito triste.

Issa pessoa sempre me disse que chocolate é a v· da dela. Relato~ a mim

todas as mentiras que já contou para poder continuar comendo chocolate sem

que ninguém soubesse disso. ~u sei de todas as suas 2rtimanhas e mer.tiras.

Mas ela aceita. ~ me diz que va1 parar de comer crocolate.

Não é compreensível que eu tenha dificuldade em acreditar de um dia

para o outro que ela realmente parou de comer chocolê:e? Ainda mais quando

ela mesma me diz que vai continuar rodeada de chocoiste?

~u quero muito acreditar, mas sei que existe serrpre a possibilidade de

essa pessoa voltar a ccmer um ou outro chocolate escondida de mim. Prova­

velmente eu nunca vou saber.

O pedido da promessa foi exatamente esse: a pessoa me odiou porque

eu insisti que ela se afastasse dos chocolates. ~ então pediu para eu não fazer

mais ISSO.

~u prometi. Mas, se algum dia ela vier a comer um chocolate, eu me sen­

-tirei a última pessoa do mundo por ter acreditado nela. ~ a possibilidade de

isso acontecer faz com que eu a ode'1e.

Prometo não te fazer me odiar, mas isso pode fêzer com que eu odeie

você.

O direito industrial é um sub-ramo do direito empresarial que cuida de quatro

"coisas": invenção, modelo de utilidade, desenhoindustrial e marca. É. Coisas mesmo.

.Não sei áinda o que são. Mas acredito que vamos saber em breve. Ou pelo menos pen­

?~.S(J que acredito. Meio descrente hoje.

Pronto. já descobri. São bens. Bens da propriedade industrial. Achei que eram

mesmo, mas não tinha certeza, então achei melhor não falar.

Emão é assii;n: toda vez que um bem imaterial e de valor econômico for objeto de

propriedade e, consequentemente, passível de apropriação por terceiros, haverá pro­

priedade industrial. O "dono" desse bem deve registrá-lo ou patenteá-lo para receber

a proteção: toda vez qÚe outra pessoa quiser explorar esse bem, deverá pedir autoriza­

ção ao "dono".

Esse bem integra o patrimônio do empresário.

A lei que cuida deles é a n. 9-279/96, Lei da Propriedade Industrial (LPI), e o seu

art. 5~ dispõe que os direitos de propriedade industrial são considerados bens móveis.

Olha lá: imateriais, mas móveis. Superchata de ler essa lei (e qual não é?), e bem com­

prida ta:nbém, mas tem praticamente tudo bem explicadinho lá .

Emão, para que eu seja protegida com relação aos bens imateriais que são patri­

mônio da minha sociedade empresária, tenho que me submeter a essa lei, registran­

do-os ou os patenteando.

Quem concede a patente ou o registro é uma autarquia chamada INPI (Instituto

~\/aciona! da Propriedade Industrial).

O livro que estou seguindo faz a divisão desse capítulo em patentes e registros, e

eu vou fazer da mesma maneira. Aliás, estou seguindo o Manual de direito comercial do

:?ábio Ulhoa Coelho (24!'. edição, Saraiva). Super recomendo!

6.1 . Patentes

Estamos aqui falando de invenção e modelo de utilidade. Esses são os bens paten­teáveis.

Invenção é fácil de saber o que é. O próprio nome já diz: é qualquer coisa nova.

Modelo de utilidade, por sua vez, tem conceito na Wikipédia: "é o objeto de uso prático suscetível de aplicação industrial, como novo formato de que resultam melhores condições de uso Ôu fabricação. Não há propriamente uma invenção, mas sim um acrésci­mo na utilidade de uma ferramenta, instrumento de trabalho ou utensílio, pela ação da novidade parcial agregada. É chamada também de pequena invenção. No Brasil, o Modelo de Utilidade se destina apenas a inovações em elementos físicos (vedada a proteção âe pro­cessos), tais como utensílios, pequenos equipamentos etc.".

Certo. E o que precisa para que essas coisinhas aí sejam patenteáveis? Requisitos (estão no art. 8~ da lei):

a) :.lovidade: nesse requisito entra a expressão "estado da técnica", bastante uti­lizada na LPI.

Antes de mais nada, então, é bom saber que o tal estado da técnica abrange todos

os conhecimentos a que pode ter acesso qualquer pessoa, especialmente os estudiosos

de um assunto em particular. A lei diz que a invenção ou modelo de utilidade, para

61 Empresarial para quem odeia empresarial

propriedade industrial_

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ~ ............................... . ''Pw.nu.le- não. me. ~ o.d1a;, ~?''

Ouvi esse pedido hoje.

Suponha que eu conheço algUE'.m que é viciado em chocolate. 1'\ão vive

sem. Aí eu peço para essa pessoa não comer mais chocolate, porque o fato de

ela comer chocolate me deixa muito triste.

Issa pessoa sempre me disse que chocolate é a v· da dela. Relato~ a mim

todas as mentiras que já contou para poder continuar comendo chocolate sem

que ninguém soubesse disso. ~u sei de todas as suas 2rtimanhas e mer.tiras.

Mas ela aceita. ~ me diz que va1 parar de comer crocolate.

Não é compreensível que eu tenha dificuldade em acreditar de um dia

para o outro que ela realmente parou de comer chocolê:e? Ainda mais quando

ela mesma me diz que vai continuar rodeada de chocoiste?

~u quero muito acreditar, mas sei que existe serrpre a possibilidade de

essa pessoa voltar a ccmer um ou outro chocolate escondida de mim. Prova­

velmente eu nunca vou saber.

O pedido da promessa foi exatamente esse: a pessoa me odiou porque

eu insisti que ela se afastasse dos chocolates. ~ então pediu para eu não fazer

mais ISSO.

~u prometi. Mas, se algum dia ela vier a comer um chocolate, eu me sen­

-tirei a última pessoa do mundo por ter acreditado nela. ~ a possibilidade de

isso acontecer faz com que eu a ode'1e.

Prometo não te fazer me odiar, mas isso pode fêzer com que eu odeie

você.

O direito industrial é um sub-ramo do direito empresarial que cuida de quatro

"coisas": invenção, modelo de utilidade, desenhoindustrial e marca. É. Coisas mesmo.

.Não sei áinda o que são. Mas acredito que vamos saber em breve. Ou pelo menos pen­

?~.S(J que acredito. Meio descrente hoje.

Pronto. já descobri. São bens. Bens da propriedade industrial. Achei que eram

mesmo, mas não tinha certeza, então achei melhor não falar.

Emão é assii;n: toda vez que um bem imaterial e de valor econômico for objeto de

propriedade e, consequentemente, passível de apropriação por terceiros, haverá pro­

priedade industrial. O "dono" desse bem deve registrá-lo ou patenteá-lo para receber

a proteção: toda vez qÚe outra pessoa quiser explorar esse bem, deverá pedir autoriza­

ção ao "dono".

Esse bem integra o patrimônio do empresário.

A lei que cuida deles é a n. 9-279/96, Lei da Propriedade Industrial (LPI), e o seu

art. 5~ dispõe que os direitos de propriedade industrial são considerados bens móveis.

Olha lá: imateriais, mas móveis. Superchata de ler essa lei (e qual não é?), e bem com­

prida ta:nbém, mas tem praticamente tudo bem explicadinho lá .

Emão, para que eu seja protegida com relação aos bens imateriais que são patri­

mônio da minha sociedade empresária, tenho que me submeter a essa lei, registran­

do-os ou os patenteando.

Quem concede a patente ou o registro é uma autarquia chamada INPI (Instituto

~\/aciona! da Propriedade Industrial).

O livro que estou seguindo faz a divisão desse capítulo em patentes e registros, e

eu vou fazer da mesma maneira. Aliás, estou seguindo o Manual de direito comercial do

:?ábio Ulhoa Coelho (24!'. edição, Saraiva). Super recomendo!

6.1 . Patentes

Estamos aqui falando de invenção e modelo de utilidade. Esses são os bens paten­teáveis.

Invenção é fácil de saber o que é. O próprio nome já diz: é qualquer coisa nova.

Modelo de utilidade, por sua vez, tem conceito na Wikipédia: "é o objeto de uso prático suscetível de aplicação industrial, como novo formato de que resultam melhores condições de uso Ôu fabricação. Não há propriamente uma invenção, mas sim um acrésci­mo na utilidade de uma ferramenta, instrumento de trabalho ou utensílio, pela ação da novidade parcial agregada. É chamada também de pequena invenção. No Brasil, o Modelo de Utilidade se destina apenas a inovações em elementos físicos (vedada a proteção âe pro­cessos), tais como utensílios, pequenos equipamentos etc.".

Certo. E o que precisa para que essas coisinhas aí sejam patenteáveis? Requisitos (estão no art. 8~ da lei):

a) :.lovidade: nesse requisito entra a expressão "estado da técnica", bastante uti­lizada na LPI.

Antes de mais nada, então, é bom saber que o tal estado da técnica abrange todos

os conhecimentos a que pode ter acesso qualquer pessoa, especialmente os estudiosos

de um assunto em particular. A lei diz que a invenção ou modelo de utilidade, para

61 Empresarial para quem odeia empresarial

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que possa obter patente, não pode estar compreendido no estado da técnica. Quer dizer que precisa ser desconhecido pela comunidade técnica, científica ou industrial. lsso é a novidade.

b) Atividade inventiva: a coisa não pode ser óbvia demais. Tem que apresentar um avanço, um progresso. Tá na lei também, arts. 13 e 14:

''Art. IJ. A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica.

Art. 14. O modelo de utilidade é dotado de ato inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica".

;

c) Aplicação industrial: a coisa que eu inventei tem que poder ser produzida em qualquer tipo ele indústria (art. 16). Não rola, por exemplo, eu inventar um creme ma­ravilhoso que rejuvenesce horrores mas que só pode ser feito a partir de um composto ativo encontrado na superfície ele Marte.

d) Não impedimento: aqui é decorebinha mesmo. A lei determina que algumas invenções ou modelos ele utilidade não podem ser patenteáveis. Não tem muito o que explicar. É o que está lá no art. 18 e fim ele papo. Como estou meio atordoada com essa promessa ele não me odeie que eu te odeio, vou copiar logo, que é mais fácil pra mim e pra você. Aliás, eu já tinha dito isso antes: essa matéria está todinha bem descrita na LPL É só ler a lei, mas eu também já disse que odeio ler lei. Então vamos lá:

''Art. 18. Não são patenteáveis: I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde

públicas; ]J - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie,

bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e

UI - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os micro-organismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplica­ção industrial -previstos no art. 8'!. e que não sejam mera descoberta.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, micro-organismos transgênicos são organis­mos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcan­çável pela espécie em condições naturais".

Então, beleza. Inventei um bagulho qualquer. Passou pelos requisitos e tal, aí eu vou lá no INPI pedir a patente. Aí tem todo um procedimentozinho (ou seria procedi­mentinho?) interno, e, no fim, digamos que me concedam a patente. Legal. Estou protegida agora. Para sempre? Não.

Patente ele invenção tem prazo ele 20 anos, e ele modelo ele utilidade prazo ele 15 anos, prazos esses que são improrrogáveis, e contados a partir do dia em que eu fiz o

Propriedade industrial 62

pedido. Isso porque o tal procedimentozinho pode demorar anos para terminar. Mas olha só que interessante o parágrafo único elo art. 40 da lei:

''Art. 40. (. .. )Parágrafo único. O prazo de vigência não será inferior a I o (dez) anos para a patente de invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior".

Isso quer dizer o seguinte: ainda que o proceclimentozinho (gostei dessa palavra!) demore, no caso da invenção não pode demorar mais que 1 o anos e no caso de mode­lo ele utilidade não pode demorar mais que 8 anos.

Tem um lance aqui que se chama licença compulsória. É o seguinte: eu patenteei meu bagulhinho lá. Legal. Em tese, só eu posso explorar esse bagulho. Mas aí eu, mui­to esperta, começo a dar uma ele malandrona praticando abuso do poder econômico ou dou uma ele lesada e não exploro economicamente o negócio que patenteei, em 3 anos da concessão da patente.

Alguém que percebe isso e tenha interesse e capacidade de explorar economica­mente o bagulhinho que eu patenteei pode requerer, então, a licença para explorar. Eu vou poder me defender, tentando demonstrar que não é caso de concessão de licença compulsória (art. 69).

Eu perdi. O requerente ganha o direito ele explorar minha invenção ou modelo ele utilidade. Aí, ele tem que começar a explorar o negócio no prazo de 1 ano, e, se não fizer isso nesse prazo, eu posso ir lá e requerer a cassação d::t licença que foi concedida a ele.

Essa licença compulsória também pode ser concedida de ofício, em caso ele emer­gência nacional ou interesse público. Aqui, a licença será temporária e não exclusiva.

A licença compulsória, portanto, faz extinguir a patente. Mas, além dessa, as situ-ações abaixo também geram a extinção:

._. renúncia aos direitos industriais (desde que não prejudique terceiros); ._. falta de pagamento da taxa devida ao INPI (você achou que era de graça?); ._. falta de representante no Brasil, quando o titular mora em outro país. E eu começo a sentir agora o peso da promessa que fiz. Odeio sentir ódio.

;

6.2. Registro industrial São registráveis o desenho industrial e a marca. Desenho industrial, também segundo a Wikipédia, é a configuração, concepção,

elaboração e especificação de um artefato. Essa é uma atividade técnica e criativa, normal­mente orientada por uma intenção ou objetivo, ou para a solução de um problema. Simpli­ficando, pode-se dizer que design é projeto.

,Os requisitos para o registro do desenho industrial são três: a) Novidade: mesmo esquema das patentes. b) Originalidade:

63 Empresarial para quem odeia empresarial

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que possa obter patente, não pode estar compreendido no estado da técnica. Quer dizer que precisa ser desconhecido pela comunidade técnica, científica ou industrial. lsso é a novidade.

b) Atividade inventiva: a coisa não pode ser óbvia demais. Tem que apresentar um avanço, um progresso. Tá na lei também, arts. 13 e 14:

''Art. IJ. A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica.

Art. 14. O modelo de utilidade é dotado de ato inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica".

;

c) Aplicação industrial: a coisa que eu inventei tem que poder ser produzida em qualquer tipo ele indústria (art. 16). Não rola, por exemplo, eu inventar um creme ma­ravilhoso que rejuvenesce horrores mas que só pode ser feito a partir de um composto ativo encontrado na superfície ele Marte.

d) Não impedimento: aqui é decorebinha mesmo. A lei determina que algumas invenções ou modelos ele utilidade não podem ser patenteáveis. Não tem muito o que explicar. É o que está lá no art. 18 e fim ele papo. Como estou meio atordoada com essa promessa ele não me odeie que eu te odeio, vou copiar logo, que é mais fácil pra mim e pra você. Aliás, eu já tinha dito isso antes: essa matéria está todinha bem descrita na LPL É só ler a lei, mas eu também já disse que odeio ler lei. Então vamos lá:

''Art. 18. Não são patenteáveis: I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde

públicas; ]J - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie,

bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e

UI - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os micro-organismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplica­ção industrial -previstos no art. 8'!. e que não sejam mera descoberta.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, micro-organismos transgênicos são organis­mos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcan­çável pela espécie em condições naturais".

Então, beleza. Inventei um bagulho qualquer. Passou pelos requisitos e tal, aí eu vou lá no INPI pedir a patente. Aí tem todo um procedimentozinho (ou seria procedi­mentinho?) interno, e, no fim, digamos que me concedam a patente. Legal. Estou protegida agora. Para sempre? Não.

Patente ele invenção tem prazo ele 20 anos, e ele modelo ele utilidade prazo ele 15 anos, prazos esses que são improrrogáveis, e contados a partir do dia em que eu fiz o

Propriedade industrial 62

pedido. Isso porque o tal procedimentozinho pode demorar anos para terminar. Mas olha só que interessante o parágrafo único elo art. 40 da lei:

''Art. 40. (. .. )Parágrafo único. O prazo de vigência não será inferior a I o (dez) anos para a patente de invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior".

Isso quer dizer o seguinte: ainda que o proceclimentozinho (gostei dessa palavra!) demore, no caso da invenção não pode demorar mais que 1 o anos e no caso de mode­lo ele utilidade não pode demorar mais que 8 anos.

Tem um lance aqui que se chama licença compulsória. É o seguinte: eu patenteei meu bagulhinho lá. Legal. Em tese, só eu posso explorar esse bagulho. Mas aí eu, mui­to esperta, começo a dar uma ele malandrona praticando abuso do poder econômico ou dou uma ele lesada e não exploro economicamente o negócio que patenteei, em 3 anos da concessão da patente.

Alguém que percebe isso e tenha interesse e capacidade de explorar economica­mente o bagulhinho que eu patenteei pode requerer, então, a licença para explorar. Eu vou poder me defender, tentando demonstrar que não é caso de concessão de licença compulsória (art. 69).

Eu perdi. O requerente ganha o direito ele explorar minha invenção ou modelo ele utilidade. Aí, ele tem que começar a explorar o negócio no prazo de 1 ano, e, se não fizer isso nesse prazo, eu posso ir lá e requerer a cassação d::t licença que foi concedida a ele.

Essa licença compulsória também pode ser concedida de ofício, em caso ele emer­gência nacional ou interesse público. Aqui, a licença será temporária e não exclusiva.

A licença compulsória, portanto, faz extinguir a patente. Mas, além dessa, as situ-ações abaixo também geram a extinção:

._. renúncia aos direitos industriais (desde que não prejudique terceiros); ._. falta de pagamento da taxa devida ao INPI (você achou que era de graça?); ._. falta de representante no Brasil, quando o titular mora em outro país. E eu começo a sentir agora o peso da promessa que fiz. Odeio sentir ódio.

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6.2. Registro industrial São registráveis o desenho industrial e a marca. Desenho industrial, também segundo a Wikipédia, é a configuração, concepção,

elaboração e especificação de um artefato. Essa é uma atividade técnica e criativa, normal­mente orientada por uma intenção ou objetivo, ou para a solução de um problema. Simpli­ficando, pode-se dizer que design é projeto.

,Os requisitos para o registro do desenho industrial são três: a) Novidade: mesmo esquema das patentes. b) Originalidade:

63 Empresarial para quem odeia empresarial

'1\rt. 97· O desenho industriàl é considerado original quando dele resulte uma confi­guração visual distintiva, em relação a outros objetos anteriores.

Parágrafo único. O resultado visual original poderá ser decorrente da combinação de elementos conhecidos".

c) Não impedimento: aqui também tem um rol de coisas que não podem ser registradas, como as que forem contrárias à moral ou aos bons costumes, e as formas comuns ou vulgares. Art. 1 o o da lei. Dá uma lidinha lá. já copiei artigos demais aqui.

O registro do desenho industrial tem prazo de 1 o anos e pode ser prorrogado por três vezes sucessivas, mas as prorrogações só duram 5 ai10s cada.

.................................................................................... e eu ~ q,u.e. e.4l,ou com uma caJw, PwMw.e.e CUJOML· ~ domingo. Quase uma da manhã, e eu ainda não digeri essa hi~tória do chocolate (que, obvia­mente, não passa de uma metáfora). t:stava agora mesmo conversando com a tal pessoa. Terminamos comigo dizendo: "relaxa, tá tudo bem", mas eu sei que não tá muito bem.

Sei bem que o que essa promessa parece ser. De qualquer forma, eu sem­pre soube onde tudo isso ia dar. Questão de tempo.

Marca é o sinal que identifica produtos ou serviços, mas a lei traz duas outras categorias de marcas (art. 123, li e lll). São elas:

.,_ marca de certificação: é aquela que atesta que um produto ou serviço atende a determinadas normas de qualidade. Exemplo clássico é o ISO.

.,_ marca coletiva: identifica que determinado produto ou serviço é fornecido por membros de determinada entidade, em geral associações de produtores de deter­minado setor.

:JIUUUfUil!.o. ali cu:yui, ni? Já estamos acabando. Prometo. Mesmo porque, se fosse demorar mais, eu certamente enfiaria uma tonelada de chocolate na fuça de alguém. t: estou sendo bastante singela com a expr·essão "fuça".

Vamos.ver agora os requisitos para o registro da marca: a) Novidade relativa: epa! A novidade ganhou um adjetivo! Relativa. Significa

que o signo em si não precisa ser absolutamente novo, mas deve ser utilizado pela primeira vez na identificação daquele produto ou serviço. Então, observe-se que o registro da marca, a princípio, confere proteção apenas em determinado segmento.

Olha só: vamos supor que eu deseje criar uma confecção e queira registrar como marca a palavra Pimenta. Pode ser que já exista um refrigerante registrado com essa mes­ma marca. Mesmo assim, vou poder fazer o registro, porque a novidade é relativa. Eu não poderia fazê-lo, contudo, se já houvesse outra confecção com essa mesma marca.

Propriedade industrial 64

b) :"-!ão colidência com marca notória: algumas marcas são tão conhecidas que, mesmo sem registro no INPI, são protegidas pelo direito. Assim, eu não poderia, por exemplo, registrar minha confecção com a marca Nike, ainda que essa marca não te­nha registro no Brasil.

Olha que legal o artigo:

'1\rt. 126. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do art. 6". bis (1), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estar previamente depositada ou regis­trada no Brasil.

J I~A proteção de que trata este artigo aplica-se também às marcas de serviço . J 2~ O INPI poderá indeferir de ofício pedido de registro de marca que reproduza ou

imite, no todo ou em parte, marca notoriamente conhecida".

Mas observe que marca notória é diferente de marca de alto renome. Legal a ex­plicação da professora Mariana Egídio Lucciola6:

A marca de alto renome é aquela conhecida no mercado de consumo em geral, que . alcançou um patamar de grande reconhecimento e reputação positiva, sendo protegida em

todos os ramos de atividade, conforme art. 125 da Lei 9-279/96. ]á a marca notoriamente conhecida é aquela registrada em outro país, mas que possui

expressivo reconhecimento perante os consumidores. Nesse caso, a proteção estende-se ape­nas ao seu ramo de atuação. É o que depreendemos da leitura do art. 126 da Lei 9-279/96.

Então é legal saber que a marca registrada goza de proteção em determinado segmento, e o titular do registro não pode tentar impedir a utilização de uma mesma marca por outro empresário que não atue no mesmo ramo. A ideia é proteger o con­sumidor: ele não pode ser confundido a ponto de "levar gato por lebre". A exceção é a tal da marca de alto renome. Esta goza de proteção em todos os ramos da atividade econômica, e quer:n decide pela concessão dessa proteção é exclusivamente o INPI (nem mesmo o judiciário pode meter o bedelho aqui).

c) Não impedimento: mesmo esquema aqui. Os impedimentos estão no art. 124. Dá uma olhada lá.

O registro da marca tem prazo de 1 o anos e pode ser prorrogado infinitas vezes, por iguais e sucessivos períodos. O pedido de prorrogação deve ser feito no último ano de validade do registro.

Se eu registrei a minha marca e não a utilizo no período de 5 anos, ou se eu paro de utilizá-la pelo mesmo período, o registro caduca.

G Disponh·el em: <http:jj\\Ww.lfg.com.br/public_htmljarticle.php?story=20I002I919290S84>.

65 Empresarial para quem odeia empresarial

'1\rt. 97· O desenho industriàl é considerado original quando dele resulte uma confi­guração visual distintiva, em relação a outros objetos anteriores.

Parágrafo único. O resultado visual original poderá ser decorrente da combinação de elementos conhecidos".

c) Não impedimento: aqui também tem um rol de coisas que não podem ser registradas, como as que forem contrárias à moral ou aos bons costumes, e as formas comuns ou vulgares. Art. 1 o o da lei. Dá uma lidinha lá. já copiei artigos demais aqui.

O registro do desenho industrial tem prazo de 1 o anos e pode ser prorrogado por três vezes sucessivas, mas as prorrogações só duram 5 ai10s cada.

.................................................................................... e eu ~ q,u.e. e.4l,ou com uma caJw, PwMw.e.e CUJOML· ~ domingo. Quase uma da manhã, e eu ainda não digeri essa hi~tória do chocolate (que, obvia­mente, não passa de uma metáfora). t:stava agora mesmo conversando com a tal pessoa. Terminamos comigo dizendo: "relaxa, tá tudo bem", mas eu sei que não tá muito bem.

Sei bem que o que essa promessa parece ser. De qualquer forma, eu sem­pre soube onde tudo isso ia dar. Questão de tempo.

Marca é o sinal que identifica produtos ou serviços, mas a lei traz duas outras categorias de marcas (art. 123, li e lll). São elas:

.,_ marca de certificação: é aquela que atesta que um produto ou serviço atende a determinadas normas de qualidade. Exemplo clássico é o ISO.

.,_ marca coletiva: identifica que determinado produto ou serviço é fornecido por membros de determinada entidade, em geral associações de produtores de deter­minado setor.

:JIUUUfUil!.o. ali cu:yui, ni? Já estamos acabando. Prometo. Mesmo porque, se fosse demorar mais, eu certamente enfiaria uma tonelada de chocolate na fuça de alguém. t: estou sendo bastante singela com a expr·essão "fuça".

Vamos.ver agora os requisitos para o registro da marca: a) Novidade relativa: epa! A novidade ganhou um adjetivo! Relativa. Significa

que o signo em si não precisa ser absolutamente novo, mas deve ser utilizado pela primeira vez na identificação daquele produto ou serviço. Então, observe-se que o registro da marca, a princípio, confere proteção apenas em determinado segmento.

Olha só: vamos supor que eu deseje criar uma confecção e queira registrar como marca a palavra Pimenta. Pode ser que já exista um refrigerante registrado com essa mes­ma marca. Mesmo assim, vou poder fazer o registro, porque a novidade é relativa. Eu não poderia fazê-lo, contudo, se já houvesse outra confecção com essa mesma marca.

Propriedade industrial 64

b) :"-!ão colidência com marca notória: algumas marcas são tão conhecidas que, mesmo sem registro no INPI, são protegidas pelo direito. Assim, eu não poderia, por exemplo, registrar minha confecção com a marca Nike, ainda que essa marca não te­nha registro no Brasil.

Olha que legal o artigo:

'1\rt. 126. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do art. 6". bis (1), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estar previamente depositada ou regis­trada no Brasil.

J I~A proteção de que trata este artigo aplica-se também às marcas de serviço . J 2~ O INPI poderá indeferir de ofício pedido de registro de marca que reproduza ou

imite, no todo ou em parte, marca notoriamente conhecida".

Mas observe que marca notória é diferente de marca de alto renome. Legal a ex­plicação da professora Mariana Egídio Lucciola6:

A marca de alto renome é aquela conhecida no mercado de consumo em geral, que . alcançou um patamar de grande reconhecimento e reputação positiva, sendo protegida em

todos os ramos de atividade, conforme art. 125 da Lei 9-279/96. ]á a marca notoriamente conhecida é aquela registrada em outro país, mas que possui

expressivo reconhecimento perante os consumidores. Nesse caso, a proteção estende-se ape­nas ao seu ramo de atuação. É o que depreendemos da leitura do art. 126 da Lei 9-279/96.

Então é legal saber que a marca registrada goza de proteção em determinado segmento, e o titular do registro não pode tentar impedir a utilização de uma mesma marca por outro empresário que não atue no mesmo ramo. A ideia é proteger o con­sumidor: ele não pode ser confundido a ponto de "levar gato por lebre". A exceção é a tal da marca de alto renome. Esta goza de proteção em todos os ramos da atividade econômica, e quer:n decide pela concessão dessa proteção é exclusivamente o INPI (nem mesmo o judiciário pode meter o bedelho aqui).

c) Não impedimento: mesmo esquema aqui. Os impedimentos estão no art. 124. Dá uma olhada lá.

O registro da marca tem prazo de 1 o anos e pode ser prorrogado infinitas vezes, por iguais e sucessivos períodos. O pedido de prorrogação deve ser feito no último ano de validade do registro.

Se eu registrei a minha marca e não a utilizo no período de 5 anos, ou se eu paro de utilizá-la pelo mesmo período, o registro caduca.

G Disponh·el em: <http:jj\\Ww.lfg.com.br/public_htmljarticle.php?story=20I002I919290S84>.

65 Empresarial para quem odeia empresarial

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6.3. Softwares Achei legal falar disso num tópico separado. A proteção dos softwares é feita pela

Lei n. 9.61 oj98. Funciona assim: eu crio um software. Eu registro o meu software. E, então, a partir

do primeiro dia do ano seguinte, eu tenho direitos sobre ele, por 50 anos.

Esse registro, que é feito no próprio INPI, tem caráter internacional e abrange tanto o programa em si quanto o seu título comercial.

···················································································· Wdo., genle? é iM,o. p.o-4 e.nq,uanto.. Até que a matéria em si não é tão chata.

Chata estou eu hoje. Desculpe. Vai passar, eu juro. Vamos mudar totalmente de

assunto agora. f=alaremos das sociedades. t: eu espero que outras coisas mu­

dem na minha vida também.

A pessoa que me pediu a tal promessa ainda não tem a real noção do que

me fez prometer. t:spero que não se arrependa. t: espero que eu não me arre­

penda também.

····················································································

Propriedade industrial 66

; /

y·~.~·--:_,,:...v··

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1. lemanjá: ... .:.-

.i ., ' ""''· ; / ....... _/

·~ ... --- -;

(E/~J ·~-: .. · .. :: .. t .. -

teo~ja geral do direito societário

Jem uma. trnÍ4ica da 6ancl.a ~' um reggaezinho bem gostoso de ouvir, que faia assim: "/emanjá, vem lavar a nossa fé ... ".

Sempre gostei desse som, embora não soubesse, até agora há pouco,

quem é, de fato, lemanjá. São Google me ajudou. Descobri agora que, para os

africanos, le~anjá é a filha da dona do mar.

Cheguei ela praia há poucos dias, e sempre acreditei no poder do mar.

Literalments. lava a alma.

Momer.:o confissão de frescura: dessa vez eu não mergulhei. Tinha feito

escova prog~essiva há poucos dias, e, como meu cabeleireiro sempre fala que

eu devo usé' xampu sem sal, achei que não seria prudente enfiar a cabeça na

água salgada. Não tem nada a ver, provavelmente, mas, pelo sim, pelo não,

achei melhor não arriscar. t:ssas coisas que deixam o cabelo da gente liso cus­

tam carol

t:nfim, clondoquices à parte, voltei revigorada. O mar sempre me faz bem.

t: melhor a ida foi ver a minha pequena completamente fascinada com a praia,

pulando ondas e fazendo castelo de areia. O sorriso dela não tem preço. !=oi;

sem dúvida, uma das melhores viagens que já fizemos.

Quando chegamos ao hotel, ela reparou numa plaquinha pen'durada no

quarto dizendo que era proibido fumar ali. Sem pensar, olhou para mim e disse:

"Mamãe, podemos fazer uma plaquinha de proibido cara feia também?". Achei

sensacional.

Deixei no mar muita coisa ruim. t:spero que lemanjá não tenha ficado bra­

va comigo. Acho que não ficou não, porque em troca me deu disposição e

momentos ímpares na presença ele quem eu amo incondicionalmente: minha

filha e meus pais.

Como na música, lavou a minha fé. Mais do que nunca, agora eu acredito

em muitas coisas. Outras, eu simplesmente ignoro.

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6.3. Softwares Achei legal falar disso num tópico separado. A proteção dos softwares é feita pela

Lei n. 9.61 oj98. Funciona assim: eu crio um software. Eu registro o meu software. E, então, a partir

do primeiro dia do ano seguinte, eu tenho direitos sobre ele, por 50 anos.

Esse registro, que é feito no próprio INPI, tem caráter internacional e abrange tanto o programa em si quanto o seu título comercial.

···················································································· Wdo., genle? é iM,o. p.o-4 e.nq,uanto.. Até que a matéria em si não é tão chata.

Chata estou eu hoje. Desculpe. Vai passar, eu juro. Vamos mudar totalmente de

assunto agora. f=alaremos das sociedades. t: eu espero que outras coisas mu­

dem na minha vida também.

A pessoa que me pediu a tal promessa ainda não tem a real noção do que

me fez prometer. t:spero que não se arrependa. t: espero que eu não me arre­

penda também.

····················································································

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teo~ja geral do direito societário

Jem uma. trnÍ4ica da 6ancl.a ~' um reggaezinho bem gostoso de ouvir, que faia assim: "/emanjá, vem lavar a nossa fé ... ".

Sempre gostei desse som, embora não soubesse, até agora há pouco,

quem é, de fato, lemanjá. São Google me ajudou. Descobri agora que, para os

africanos, le~anjá é a filha da dona do mar.

Cheguei ela praia há poucos dias, e sempre acreditei no poder do mar.

Literalments. lava a alma.

Momer.:o confissão de frescura: dessa vez eu não mergulhei. Tinha feito

escova prog~essiva há poucos dias, e, como meu cabeleireiro sempre fala que

eu devo usé' xampu sem sal, achei que não seria prudente enfiar a cabeça na

água salgada. Não tem nada a ver, provavelmente, mas, pelo sim, pelo não,

achei melhor não arriscar. t:ssas coisas que deixam o cabelo da gente liso cus­

tam carol

t:nfim, clondoquices à parte, voltei revigorada. O mar sempre me faz bem.

t: melhor a ida foi ver a minha pequena completamente fascinada com a praia,

pulando ondas e fazendo castelo de areia. O sorriso dela não tem preço. !=oi;

sem dúvida, uma das melhores viagens que já fizemos.

Quando chegamos ao hotel, ela reparou numa plaquinha pen'durada no

quarto dizendo que era proibido fumar ali. Sem pensar, olhou para mim e disse:

"Mamãe, podemos fazer uma plaquinha de proibido cara feia também?". Achei

sensacional.

Deixei no mar muita coisa ruim. t:spero que lemanjá não tenha ficado bra­

va comigo. Acho que não ficou não, porque em troca me deu disposição e

momentos ímpares na presença ele quem eu amo incondicionalmente: minha

filha e meus pais.

Como na música, lavou a minha fé. Mais do que nunca, agora eu acredito

em muitas coisas. Outras, eu simplesmente ignoro.

Vamos começar fazendo um resumão para saber onde exatamente estão associe­dades empresárias.

As pessoas jurídicas, no ordenamento jurídico brasileiro, dividem-se em dois grandes grupos: de direito público e de direito privado.

São pessoas jurídicas de direito público a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as autarquias, e estas são regidas pelo direito administrativo. As demais são todas de direito privado.

As pessoas jurídicas de direito privado são ainda subdivididas: podem ser estatais (sociedades de economia mista e empresas públicas) ou pão estatais (fundações, asso-, ciações e sociedades).

As sociedades sofrem mais uma subdivisão: podem ser simples ou empresárias. Pronto. Chegamos.

O que diferencia uma sociedade simples de uma sociedade empresária é a forma como o seu objeto é explorado, e isso nós vimos lá no comecinho, quando conceitua­mos a atividade empresarial. Então é empresária a sociedade que exerce atividade eco­nômica de forma organizada para a produção ou circulação de bens e serviços.

Mas é bom lembrar que as cooperativas sempre serão sociedades simples e as sociedades por ação sempre serão empresárias, independentemente da forma como explorem seu objeto. Determinação legal.

Isso tudo nós já vimos. Foi só um apanhado geral mesmo. Vamos aprofundar o estudo das sociedades empresári'as agora.

7 .1. Personalização A pessoa jurídica (sociedade empresária) não se confunde com as pessoas físicas

que a compõem (sócios). Isso é fundamental. Nem tem como tirar isso da cabeça. Certo. Premissa número um fixada. A partir daí, podemos dizer que a sociedade empresária, como pessoa jurídica que

é, pode praticar todo e qualquer ato ou negócio jurídico (lógico, desde que não exista vedação legal para tanto). Ainda que quem assine o documento seja uma pessoa física, quem se obriga, na verdade, é a sociedade. Mesmo em se tratando de Eireli, que é so­ciedade com um único sócio, pessoa física e pessoa jurídica não se confundem.

Então a sociedade empresária tem personalidade jurídica própria. Essa é a pre­missa número dois.

Da personalização das sociedade empresárias podemos extrair três consequên­cias:

a) Titularidade negociai: os negócios firmados pela sociedade obrigam somente a ela. Como eu disse: ainda que tenha sido um tiozinho pessoa física que assinou o contrato, não é ele que integra um dos polos da relação negociai, mas sim a própria pessoa jurídica.

Teoria geral do direito societário 68

b) Titularidade processual: as eventuais demandas que venham a surgir cujo ob­jeto sejam as relações negociais firmadas pela pessoa jurídica serão propostas pela ou contra a própria pessoa jurídica. Sociedade empresária tem capacidade para ser parte em processo. É ela, pessoa jurídica, inclusive, que outorga mandato, recebe citação e intimação, contestá, recorre.

c) Titularidade patrimonial: o patrimônio da pessoa jurídica é próprio, e não se confunde com o patrimônio pessoal de cada um dos seus sócios. Então, via de regra, é o patrimônio da sociedade empresária que responde pelas obrigações assumidas por da. Há exceções, em que os sócios respondem com seu patrimônio pessoal, mas isso veremos mais adiante.

A pessoa física tem sua personalidade extinta com a morte. A pessoa jurídica, para extinguir-se, deve passar por todo um procedimento, denominado dissolução.

7.2. Classificação das sociedades empresárias

7 .2.1. Quanto à responsabilidade dos sócios Falamos que as sociedades empresárias têm patrimônio próprio. É exatamente

·esse patrimônio que garantirá o cumprimento das suas obrigações. Assim, fica fácil verificar que a responsabilidade dos sócios é sempre subsidiária. Sempre, sempre. Isso quer dizer que, em qualquer caso, primeiro se busca o adimplemento das obrigações sociais pelo patrimônio da sociedade. Somente depois de exaurido este, e em casos determinados, pode-se alcançar o patrimônio dos sócios.

Esse é o chamado benefício de ordem, regra prevista no art. 1.024 do Código Civil:

'l<\.rt. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da :ociedade, senão depois de executados os bens sociais".

Importantíssimo esse artigo. Então é assim: vamos supor que uma sociedade esteja devendo 1 oo.ooo reais a

um banco. Não pagou, o banco executa. A execução vai recair sobre o patrimônio da pessoa jurídica. Mas este não é suficiente para pagar a dívida toda. Aí sim o banco vai poder cobrar o que falta dos sócios. É justamente aqui que entra a classificação que estamos vendo.

Em algumas sociedades a responsabilidade dos sócios será ilimitada, ou seja, o banco vai tomar deles tanto quanto baste para a satisfação integral da dívida. Em ou­tros tipo de sociedade, o banco só vai poder tomar determinado montante.

De acordo com esse critério, as sociedades podem ser classificadas em três grupos: a) Sociedade ilimitada: todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obriga­

ções sociais (sempre lembrando que isso só vai ocorrer depois de exaurido o patrimô­nio da sociedade, tá?). Só tem uma sociedade em que isso ocorre: a sociedade em nome coletivo.

69 Empresarial para quem odeia empresarial

Vamos começar fazendo um resumão para saber onde exatamente estão associe­dades empresárias.

As pessoas jurídicas, no ordenamento jurídico brasileiro, dividem-se em dois grandes grupos: de direito público e de direito privado.

São pessoas jurídicas de direito público a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as autarquias, e estas são regidas pelo direito administrativo. As demais são todas de direito privado.

As pessoas jurídicas de direito privado são ainda subdivididas: podem ser estatais (sociedades de economia mista e empresas públicas) ou pão estatais (fundações, asso-, ciações e sociedades).

As sociedades sofrem mais uma subdivisão: podem ser simples ou empresárias. Pronto. Chegamos.

O que diferencia uma sociedade simples de uma sociedade empresária é a forma como o seu objeto é explorado, e isso nós vimos lá no comecinho, quando conceitua­mos a atividade empresarial. Então é empresária a sociedade que exerce atividade eco­nômica de forma organizada para a produção ou circulação de bens e serviços.

Mas é bom lembrar que as cooperativas sempre serão sociedades simples e as sociedades por ação sempre serão empresárias, independentemente da forma como explorem seu objeto. Determinação legal.

Isso tudo nós já vimos. Foi só um apanhado geral mesmo. Vamos aprofundar o estudo das sociedades empresári'as agora.

7 .1. Personalização A pessoa jurídica (sociedade empresária) não se confunde com as pessoas físicas

que a compõem (sócios). Isso é fundamental. Nem tem como tirar isso da cabeça. Certo. Premissa número um fixada. A partir daí, podemos dizer que a sociedade empresária, como pessoa jurídica que

é, pode praticar todo e qualquer ato ou negócio jurídico (lógico, desde que não exista vedação legal para tanto). Ainda que quem assine o documento seja uma pessoa física, quem se obriga, na verdade, é a sociedade. Mesmo em se tratando de Eireli, que é so­ciedade com um único sócio, pessoa física e pessoa jurídica não se confundem.

Então a sociedade empresária tem personalidade jurídica própria. Essa é a pre­missa número dois.

Da personalização das sociedade empresárias podemos extrair três consequên­cias:

a) Titularidade negociai: os negócios firmados pela sociedade obrigam somente a ela. Como eu disse: ainda que tenha sido um tiozinho pessoa física que assinou o contrato, não é ele que integra um dos polos da relação negociai, mas sim a própria pessoa jurídica.

Teoria geral do direito societário 68

b) Titularidade processual: as eventuais demandas que venham a surgir cujo ob­jeto sejam as relações negociais firmadas pela pessoa jurídica serão propostas pela ou contra a própria pessoa jurídica. Sociedade empresária tem capacidade para ser parte em processo. É ela, pessoa jurídica, inclusive, que outorga mandato, recebe citação e intimação, contestá, recorre.

c) Titularidade patrimonial: o patrimônio da pessoa jurídica é próprio, e não se confunde com o patrimônio pessoal de cada um dos seus sócios. Então, via de regra, é o patrimônio da sociedade empresária que responde pelas obrigações assumidas por da. Há exceções, em que os sócios respondem com seu patrimônio pessoal, mas isso veremos mais adiante.

A pessoa física tem sua personalidade extinta com a morte. A pessoa jurídica, para extinguir-se, deve passar por todo um procedimento, denominado dissolução.

7.2. Classificação das sociedades empresárias

7 .2.1. Quanto à responsabilidade dos sócios Falamos que as sociedades empresárias têm patrimônio próprio. É exatamente

·esse patrimônio que garantirá o cumprimento das suas obrigações. Assim, fica fácil verificar que a responsabilidade dos sócios é sempre subsidiária. Sempre, sempre. Isso quer dizer que, em qualquer caso, primeiro se busca o adimplemento das obrigações sociais pelo patrimônio da sociedade. Somente depois de exaurido este, e em casos determinados, pode-se alcançar o patrimônio dos sócios.

Esse é o chamado benefício de ordem, regra prevista no art. 1.024 do Código Civil:

'l<\.rt. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da :ociedade, senão depois de executados os bens sociais".

Importantíssimo esse artigo. Então é assim: vamos supor que uma sociedade esteja devendo 1 oo.ooo reais a

um banco. Não pagou, o banco executa. A execução vai recair sobre o patrimônio da pessoa jurídica. Mas este não é suficiente para pagar a dívida toda. Aí sim o banco vai poder cobrar o que falta dos sócios. É justamente aqui que entra a classificação que estamos vendo.

Em algumas sociedades a responsabilidade dos sócios será ilimitada, ou seja, o banco vai tomar deles tanto quanto baste para a satisfação integral da dívida. Em ou­tros tipo de sociedade, o banco só vai poder tomar determinado montante.

De acordo com esse critério, as sociedades podem ser classificadas em três grupos: a) Sociedade ilimitada: todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obriga­

ções sociais (sempre lembrando que isso só vai ocorrer depois de exaurido o patrimô­nio da sociedade, tá?). Só tem uma sociedade em que isso ocorre: a sociedade em nome coletivo.

69 Empresarial para quem odeia empresarial

i 1 i

b) Sociedade mista: uma parte dos sócios tem responsabilidade ilimitada, e ou­

tra parte tem responsabilidade limitada. Aqui temos dois tipos de sociedade: as em

comandita simples e as em comandita por ações. c} Sociedade limitada: todos os sócios respondem de maneira limitada pelas

obrigações sociais. E quanto é esse limite? Antes de responder a essa pergunta, temos que passar

pelos conceitos de subscrição e integralização. Funciona assim: quando uma socieda­

de está sendo criada ou quando seu capital social está sendo aumentado, os futuros

sócios subscrevem uma parte. Ele vai lá e diz: esta parte aqui eu quero para mim. Com

isso ele ·se compromete a pagar o valor da parte que ele quer. Essa é a subscrição.

Quando efetivamente paga, ele integraliza a sua parte. Em resumo, subscrever é se

comprometer. integralizar é pagar.

Agora podemos ver os limites. Sócios de sociedade limitada e sócios comanditários na sociedade em comandita

simples responderão com seu patrimônio pessoal até o valor total do capital social

não integralizado. Usando aquele mesmo exemplo da sociedade que deve 1 o o mil re­

ais ao banco. Suponha que essa sociedade tenha um capital social nesse mesmo valor,

mas que apenas metade disso esteja integralizada. O .banco então vai executar a socie­

dade, e, depois de exauridos seus bens, vai executar os sócios, que responderão com

seu patrimônio pessoal até o limite de so.ooo reais, que é o montante não integraliza­

do do capital social. Ainda que a dívida seja maior, o banco só pode cobrar dos sócios esse valor. E

mais: ainda que um dos sócios tenha integralizado o total daquilo que subscreveu, se

. o outro não o fez, o banco pode cobrar desse um o valor não integralizado. Vai rolar

uma ação de regresso depois, mas aí não terá mais nada a ver com direito empresarial.

Agora, sócios de sociedade anônima e de sociedade em comandita por ações

vão responder com seu patrimônio somente até o limite daquilo que subscreveram

e não integralizaram. Não é mais sobre o total: cada sócio vai ser analisado particu­

larmente. Mesma situação. Dívida de 1 o o mil reais, sociedade executada, patrimônio insu­

ficiente. Ó banco vai cobrar dos sócios. Eu, que já integralizei tudo aquilo que subscre­

vi, não posso ser cobrada pelo banco. Mas o meu vizinho, que também é sócio, mas

ainda não pagou o valor subscrito, vai poder ser cobrado exatamente até o tanto qud

não pagou.

···················································································· .Al.i.áJ._

1 ~do. meu.~? !=alei bastante dele no livro de Tributário. ~le

continua morando aqui, e eu continuo mais bonita que ele.~ agora, além de ser

feio, é caloteiro.

-···················································································· Teoria geral do direito societário 70

Conclusão importante: em qualquer dos casos, se o capital social estiver total­

mente integralizado, a responsabilidade pessoal dos sócios é zero. Cobra da socieda­de; se não tiver patrimônio suficiente para pagar, já era.

7 .2.2. Quanto ao regime de constituição e dissolução

Essa classificação é tranquila. Dois grupos:

a) Sociedades contratuais: são regidas, no que tange à constituição e dissolução, pelo Código Civil, e seu instrumento constitutivo é o contrato social. São contratuais a sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples e a sociedade limi­

tada. A participação societária aqui é denominada cota. b) Sociedades institucionais: são regidas pela Lei das Sociedades Anônimas, e seu.

instrumento constitutivo é o estatuto social. São institucionais a sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações. A participação societária aqui é denominada ação.

7.2.3. Quanto às condições de alienação da participaÇão societária A primeira coisa importante a saber é a seguinte: em algumas sociedades, as ca-

racterísticas pessoais de cada sócio são importantes. Em outras, não. . Pense numa sociedade pequena, com três sócios. É plausível que os três se .. consi­

derem mutuamente pessoas honestas e de confiança. São eles que vão cuidar da socie­dade, portanto é imprescindível que as características de cada um sejam levadas em consideração. .

Agora pense numa sociedade gigantesca, com 2.000 sócios. Neste último caso, o que realmente importa é que cada um pague a parte que subscreveu no capital social.

Não interessa se cada um é honesto, rico ou bonito. Mesmo porque aqui o sócio (e estamos chamando de sócio ele maneira não técnica, ok?) nem vai efetivamente parti­cipar de nada. Ele só quer receber seu lucro e mais nada.

Preste atenção: falamos antes que a participação societária pode ser chamada de cota ou de ação, a depender de ser a sociedade, respectivamente, contratual ou insti

tucional. Certo. A tal participação societária é patrimônio do sócio, e não da socieda­

de. Assim, é possível que ele, sócio, aliene essa parte de seu patrimônio. O adquirente,

por conseguinte, torna-se sócio.

Gu ~ q,uando. acPw. e.upv, para usar expressões como "por conseguinte". . .................................................................................. .

No primeiro exemplo, para que um dos sócios aliene sua participação societária

a um terceiro, é necessário que os outros dois concordem. No segundo caso, não. Fi­

cou fácil visualizar agora? Legal.

71 Empresarial para quem odeia empresarial

i 1 i

b) Sociedade mista: uma parte dos sócios tem responsabilidade ilimitada, e ou­

tra parte tem responsabilidade limitada. Aqui temos dois tipos de sociedade: as em

comandita simples e as em comandita por ações. c} Sociedade limitada: todos os sócios respondem de maneira limitada pelas

obrigações sociais. E quanto é esse limite? Antes de responder a essa pergunta, temos que passar

pelos conceitos de subscrição e integralização. Funciona assim: quando uma socieda­

de está sendo criada ou quando seu capital social está sendo aumentado, os futuros

sócios subscrevem uma parte. Ele vai lá e diz: esta parte aqui eu quero para mim. Com

isso ele ·se compromete a pagar o valor da parte que ele quer. Essa é a subscrição.

Quando efetivamente paga, ele integraliza a sua parte. Em resumo, subscrever é se

comprometer. integralizar é pagar.

Agora podemos ver os limites. Sócios de sociedade limitada e sócios comanditários na sociedade em comandita

simples responderão com seu patrimônio pessoal até o valor total do capital social

não integralizado. Usando aquele mesmo exemplo da sociedade que deve 1 o o mil re­

ais ao banco. Suponha que essa sociedade tenha um capital social nesse mesmo valor,

mas que apenas metade disso esteja integralizada. O .banco então vai executar a socie­

dade, e, depois de exauridos seus bens, vai executar os sócios, que responderão com

seu patrimônio pessoal até o limite de so.ooo reais, que é o montante não integraliza­

do do capital social. Ainda que a dívida seja maior, o banco só pode cobrar dos sócios esse valor. E

mais: ainda que um dos sócios tenha integralizado o total daquilo que subscreveu, se

. o outro não o fez, o banco pode cobrar desse um o valor não integralizado. Vai rolar

uma ação de regresso depois, mas aí não terá mais nada a ver com direito empresarial.

Agora, sócios de sociedade anônima e de sociedade em comandita por ações

vão responder com seu patrimônio somente até o limite daquilo que subscreveram

e não integralizaram. Não é mais sobre o total: cada sócio vai ser analisado particu­

larmente. Mesma situação. Dívida de 1 o o mil reais, sociedade executada, patrimônio insu­

ficiente. Ó banco vai cobrar dos sócios. Eu, que já integralizei tudo aquilo que subscre­

vi, não posso ser cobrada pelo banco. Mas o meu vizinho, que também é sócio, mas

ainda não pagou o valor subscrito, vai poder ser cobrado exatamente até o tanto qud

não pagou.

···················································································· .Al.i.áJ._

1 ~do. meu.~? !=alei bastante dele no livro de Tributário. ~le

continua morando aqui, e eu continuo mais bonita que ele.~ agora, além de ser

feio, é caloteiro.

-···················································································· Teoria geral do direito societário 70

Conclusão importante: em qualquer dos casos, se o capital social estiver total­

mente integralizado, a responsabilidade pessoal dos sócios é zero. Cobra da socieda­de; se não tiver patrimônio suficiente para pagar, já era.

7 .2.2. Quanto ao regime de constituição e dissolução

Essa classificação é tranquila. Dois grupos:

a) Sociedades contratuais: são regidas, no que tange à constituição e dissolução, pelo Código Civil, e seu instrumento constitutivo é o contrato social. São contratuais a sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples e a sociedade limi­

tada. A participação societária aqui é denominada cota. b) Sociedades institucionais: são regidas pela Lei das Sociedades Anônimas, e seu.

instrumento constitutivo é o estatuto social. São institucionais a sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações. A participação societária aqui é denominada ação.

7.2.3. Quanto às condições de alienação da participaÇão societária A primeira coisa importante a saber é a seguinte: em algumas sociedades, as ca-

racterísticas pessoais de cada sócio são importantes. Em outras, não. . Pense numa sociedade pequena, com três sócios. É plausível que os três se .. consi­

derem mutuamente pessoas honestas e de confiança. São eles que vão cuidar da socie­dade, portanto é imprescindível que as características de cada um sejam levadas em consideração. .

Agora pense numa sociedade gigantesca, com 2.000 sócios. Neste último caso, o que realmente importa é que cada um pague a parte que subscreveu no capital social.

Não interessa se cada um é honesto, rico ou bonito. Mesmo porque aqui o sócio (e estamos chamando de sócio ele maneira não técnica, ok?) nem vai efetivamente parti­cipar de nada. Ele só quer receber seu lucro e mais nada.

Preste atenção: falamos antes que a participação societária pode ser chamada de cota ou de ação, a depender de ser a sociedade, respectivamente, contratual ou insti

tucional. Certo. A tal participação societária é patrimônio do sócio, e não da socieda­

de. Assim, é possível que ele, sócio, aliene essa parte de seu patrimônio. O adquirente,

por conseguinte, torna-se sócio.

Gu ~ q,uando. acPw. e.upv, para usar expressões como "por conseguinte". . .................................................................................. .

No primeiro exemplo, para que um dos sócios aliene sua participação societária

a um terceiro, é necessário que os outros dois concordem. No segundo caso, não. Fi­

cou fácil visualizar agora? Legal.

71 Empresarial para quem odeia empresarial

A divisão aqui é a seguinte·: a) Sociedade de pessoas: os sócios podem impedir que um estranho integre o

quadro social.

b) Sociedade de capital: a participação societária pode circular livremente (o só­cio pode vender pra quem quiser sem ter que pedir autorização pra ninguém).

Então veja as consequências dessa classificação: Nas sociedades de pessoas, além de ser necessária a anuência dos demais sócios

quando da alienação, por um deles, da participação social, não é possível que recaia penhora sobre tal participação. O pensamento é o mesmo: não é qualquer um qué pode ingressar na sociedade. Os outros sócios devem anuir para que isso aconteça. Então, penhora não rola.

Outra coisa: naquele mesmo exemplo da empres~ dos três sócios, ~m morreu. Para que o herdeiro possa assumir o seu lugar, os sócios devem também anuir. Sem a anuência, extingue-se parcialmente a sociedade.

Nas sociedades de capital, entra qualquer um, sai qualquer um, pode penhorar, pode haver sucessão causa mortis.

Sociedades institucionais são sempre de capital. já as contratuais podem ser de capital ou de pessoas.

7.2.4. Quanto ao número de sócios As sociedades podem ser uni pessoais ou pluripessoais. Ok. É importante saber que existem apenas dois tipos de sociedades com um

sócio só: a subsidiária integral e a Eireli. Da Eireli já falamos. E da subsidiária integral vamos falar quando tratarmos de

sociedades anônimas.

···················································································· J~ e.M.e. funce- CÍ<14 ~-~também ficou bem fácil ver o quanto a praia me fez bem. ~stou mais tranquila, sem depressões paralelas, sem reclamar da vida.

Até Vinicius de Moraes já cantou para lemanjá. Olha que beleza. Da prÓ· .xima vez que eu for à praia, vou oferecer uma flor para ela.

···················································································· 7.3. Sociedade irregular

Lá atrás, quando tratamos do empresário individual, dissemos que uma das obrigações deste é registrar seus atos constitutivos na junta Comercial. As socieda­des empresárias têm a mesma obrigação, sob pena de, não o fazendo, tornarem-se irregulares.

O Código Civil chama essas sociedades irregulares de sociedades em comum, e a elas se aplicam as mesmas sanções aplicadas ao empresário irregular (nem vem que eu

Teoria geral do direito societário 72

não vou copiar tudo de novo! É só olhar lá nos primeiros capítulos), acrescidas de uma específica: os sócios responderão sempre ilimitadamente.

É o que diz·o art. 990 (que está no capítulo chamado Da Sociedade em Comum), e, já que eu não copiei as sanções aqui, copio o artigo (sim, sou legal):

'1\rt. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do beneficio de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade".

Viu que tem máis coisas do que eu disse? Além de todo mundo responder ilimi­tadamente, aquele espertão que contratou pela sociedade (o que assinou o documen­to) responde diretamente, ou seja, o credor nem precisa buscar o patrimônio da socie­dade antes: pode ir de cara no patrimônio pessoal desse sócio.

7 .4. Desconsideração da personalidade jurídica

l1.wt.c.a u.o.u me ~: na primeira vez em que fui fazer concurso para a magistratura de SP, prova n. 181, peguei a prova e a primeira questão era sobre esse tema. ~u sabia. Marquei a certa. Mas passei errado para o gabarito.

Oue burra, dá zero pra ela.

O tema é legal. Vamos lá que depois disso acaba este capítulo, valeu?

Vimos que o patrimônio da pessoa jurídica não se confunde com o patrimônio dos sócios. Certo.

Mas dá uma analisada comigo em algumas situações. a) Eu sou sócia administradora de uma sociedade, mas não tenho poderes, por

exemplo, para comprar imóveis em nome da sociedade sem a anuência dos demais sócios. Ainda assim, vou lá e compro uma casa na Ri viera de São Lourenço pela socie­dade. Não pago, e o cara que me vendeu executa a sociedade, que também não tem patrimônio suficiente para saldar a dívida. .,

b) Eu alieno um estabelecimento empresarial (trespasse). Assumo, com isso, uma obrigação de não fazer, materializada na cláusula de não restabelecimento. Ou seja: pelo prazo de 5 anos a contar do arquivamento do contrato de trespasse, não posso me restabelecer fazendo a mesma coisa que fazia, concorrendo com o adquiren­te. Para burlar essa regra, crio uma pessoa jurídica e volto a exercer a mesma atividade.

Nas duas situações, percebe-se que, a rigor, não tem nada de errado: a pessoa jurí­dica não tem nada a ver com a pessoa física. Quem assumiu a obrigação, no primeiro caso, foi a sociedade, e quem tinha dever de não fazer, no segundo, era a pessoa física.

73 Empresarial para quem odeia empresarial

A divisão aqui é a seguinte·: a) Sociedade de pessoas: os sócios podem impedir que um estranho integre o

quadro social.

b) Sociedade de capital: a participação societária pode circular livremente (o só­cio pode vender pra quem quiser sem ter que pedir autorização pra ninguém).

Então veja as consequências dessa classificação: Nas sociedades de pessoas, além de ser necessária a anuência dos demais sócios

quando da alienação, por um deles, da participação social, não é possível que recaia penhora sobre tal participação. O pensamento é o mesmo: não é qualquer um qué pode ingressar na sociedade. Os outros sócios devem anuir para que isso aconteça. Então, penhora não rola.

Outra coisa: naquele mesmo exemplo da empres~ dos três sócios, ~m morreu. Para que o herdeiro possa assumir o seu lugar, os sócios devem também anuir. Sem a anuência, extingue-se parcialmente a sociedade.

Nas sociedades de capital, entra qualquer um, sai qualquer um, pode penhorar, pode haver sucessão causa mortis.

Sociedades institucionais são sempre de capital. já as contratuais podem ser de capital ou de pessoas.

7.2.4. Quanto ao número de sócios As sociedades podem ser uni pessoais ou pluripessoais. Ok. É importante saber que existem apenas dois tipos de sociedades com um

sócio só: a subsidiária integral e a Eireli. Da Eireli já falamos. E da subsidiária integral vamos falar quando tratarmos de

sociedades anônimas.

···················································································· J~ e.M.e. funce- CÍ<14 ~-~também ficou bem fácil ver o quanto a praia me fez bem. ~stou mais tranquila, sem depressões paralelas, sem reclamar da vida.

Até Vinicius de Moraes já cantou para lemanjá. Olha que beleza. Da prÓ· .xima vez que eu for à praia, vou oferecer uma flor para ela.

···················································································· 7.3. Sociedade irregular

Lá atrás, quando tratamos do empresário individual, dissemos que uma das obrigações deste é registrar seus atos constitutivos na junta Comercial. As socieda­des empresárias têm a mesma obrigação, sob pena de, não o fazendo, tornarem-se irregulares.

O Código Civil chama essas sociedades irregulares de sociedades em comum, e a elas se aplicam as mesmas sanções aplicadas ao empresário irregular (nem vem que eu

Teoria geral do direito societário 72

não vou copiar tudo de novo! É só olhar lá nos primeiros capítulos), acrescidas de uma específica: os sócios responderão sempre ilimitadamente.

É o que diz·o art. 990 (que está no capítulo chamado Da Sociedade em Comum), e, já que eu não copiei as sanções aqui, copio o artigo (sim, sou legal):

'1\rt. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do beneficio de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade".

Viu que tem máis coisas do que eu disse? Além de todo mundo responder ilimi­tadamente, aquele espertão que contratou pela sociedade (o que assinou o documen­to) responde diretamente, ou seja, o credor nem precisa buscar o patrimônio da socie­dade antes: pode ir de cara no patrimônio pessoal desse sócio.

7 .4. Desconsideração da personalidade jurídica

l1.wt.c.a u.o.u me ~: na primeira vez em que fui fazer concurso para a magistratura de SP, prova n. 181, peguei a prova e a primeira questão era sobre esse tema. ~u sabia. Marquei a certa. Mas passei errado para o gabarito.

Oue burra, dá zero pra ela.

O tema é legal. Vamos lá que depois disso acaba este capítulo, valeu?

Vimos que o patrimônio da pessoa jurídica não se confunde com o patrimônio dos sócios. Certo.

Mas dá uma analisada comigo em algumas situações. a) Eu sou sócia administradora de uma sociedade, mas não tenho poderes, por

exemplo, para comprar imóveis em nome da sociedade sem a anuência dos demais sócios. Ainda assim, vou lá e compro uma casa na Ri viera de São Lourenço pela socie­dade. Não pago, e o cara que me vendeu executa a sociedade, que também não tem patrimônio suficiente para saldar a dívida. .,

b) Eu alieno um estabelecimento empresarial (trespasse). Assumo, com isso, uma obrigação de não fazer, materializada na cláusula de não restabelecimento. Ou seja: pelo prazo de 5 anos a contar do arquivamento do contrato de trespasse, não posso me restabelecer fazendo a mesma coisa que fazia, concorrendo com o adquiren­te. Para burlar essa regra, crio uma pessoa jurídica e volto a exercer a mesma atividade.

Nas duas situações, percebe-se que, a rigor, não tem nada de errado: a pessoa jurí­dica não tem nada a ver com a pessoa física. Quem assumiu a obrigação, no primeiro caso, foi a sociedade, e quem tinha dever de não fazer, no segundo, era a pessoa física.

73 Empresarial para quem odeia empresarial

l I l ~

I !

Mas não dá para negar que tá rolando uma treta aí, né? Fraude! Nesses casos, pode o juiz desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade e atingir diretamente a pessoa física. Olha que bonito o art. 50 do Código Civil:

"Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de fi­nalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e deter­minadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica".

O juiz (e só o juiz) pode, quando constatada a existência de fraude (desvio de fi­nalidade ou confusão patrimonial), simplesmente ignorar a tal da autonomia patri­monial da sociedade, e nesse caso responsabiliza, direta e ilimitadamente, o sócio que deu causa a tal fraude. A sociedade continua existindo; ela não some. Somente naquele aspecto em es­pecífico ela é desconsiderada. Assim, no exemplo em que a sociedade da qual sou sócia comprou a casa na Riviera, eu, Luciana Pimenta, pessoa física que praticou os atos com abuso, é que vou ter que pagar. Aplica-se, aqui, o princípio da preservação da empresa',"que não será necessaria­mente atingida por ato fraudulento de um de seus sócios, resguardando-se, desta forma, os demais interesses que gravitam ao seu redor, como o dos empregados, dos demais sócias, da comunidade etc.". Fácil, né? Só mais um detalhezinho: o Código Civil adota a chamada teoria maior da des­consideração. Isso quer dizer que para que ela seja aplicada é obrigatória a prova da existência da fraude. Em outros ramos, como o direito ambiental e o direito do consumidor, esse re­quisito não existe. Basta comprovar que a existência da pessoa jurídica está causando embaraços ao adimplemento de uma obrigação para com o consumidor ou o meio ambiente. Pode nem sequer ter existido a fraude. Essa é a chamada teoria menor.

é iM.o-, m.útPta. g.ertk. Aconselho quem mora no litoral a ir agora tomar Lm ba­nho de mar. ou pelo menos molhar os pezinhos na 'água. t:u, como ainda estou morando no interior e não consegui comprar a casa na Riviera, vou cortinuar · por aqui, de longe saudando lemanjá. ·····················································································

7 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 159·

Teoria geral do direito societário 74

s~~ .. .......... -~ ;'

constituição e sÓcios. das ·sociedades contratuais . ·,

'\

···················································································· :J.uv.ie de, v.ó-, ni? t:_ a gente demora para entender o significado. Um belo dia você acorda e compreende tudo.

t:.u ainda não acordei. Mas pelo menos já sei que estou dormindo. Já aprendi que algumas coisas acontecem por razões específicas, e não adianta ir contra. Deixe estar, Jacaré: a lagoa há de secar. Mais uma frase ele vó, com o mesmo significado.

t:u, eterna menininha romântica que ~e esconde atrás ele uma máscara de mulher-macho, tenho vivido no meio-termo. Nada acontece, mas também não tem nada parado.

.• ~~: .. -\. :' .l, ~ "'· '·--.-\

!=iz algumas opções sem volta, mas ainda não cheguei a lugar nenhum. Já posso, contudo, ver que algumas pessoas estão ficando distantes de mim: con­tinuam duvidando da minha capacidade. mas já anelei bastante e não ouço ma1s a voz delas. Posso também ver o final elo caminho. t:m breve eu vou estar lá. olhando para trás e rindo de todas as vezes em que caí no caminho. Coleciono cicatrizes no joelho.

'l·~~~ "-'\ !i.'~

Aliás, não s6 no joelho. A maior da coleção, agora, é a da barriga. Bendita seja a cirurgia plástica. . ····················································································

· .. ~âmos lá. Falaremos das sociedades contratuais (nome coletivo, comandita sim-les e limitada) e dividiremos este capítulo em duas partes: primeiro vamos falar da ons~ituição e depois dos sócios.

B.JJ Constituição das sociedades contratuais Y- c .. ;c;,:;.~:>- Como 0 próprio nome diz, as sociedades contratuais são formadas através do \·(..~€;,J:jJt>~ontrato sociaL Trata-se de uma espécie peculiar de contrato plurilateral: os sócios -.;~-:r . ;~ )

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Mas não dá para negar que tá rolando uma treta aí, né? Fraude! Nesses casos, pode o juiz desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade e atingir diretamente a pessoa física. Olha que bonito o art. 50 do Código Civil:

"Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de fi­nalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e deter­minadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica".

O juiz (e só o juiz) pode, quando constatada a existência de fraude (desvio de fi­nalidade ou confusão patrimonial), simplesmente ignorar a tal da autonomia patri­monial da sociedade, e nesse caso responsabiliza, direta e ilimitadamente, o sócio que deu causa a tal fraude. A sociedade continua existindo; ela não some. Somente naquele aspecto em es­pecífico ela é desconsiderada. Assim, no exemplo em que a sociedade da qual sou sócia comprou a casa na Riviera, eu, Luciana Pimenta, pessoa física que praticou os atos com abuso, é que vou ter que pagar. Aplica-se, aqui, o princípio da preservação da empresa',"que não será necessaria­mente atingida por ato fraudulento de um de seus sócios, resguardando-se, desta forma, os demais interesses que gravitam ao seu redor, como o dos empregados, dos demais sócias, da comunidade etc.". Fácil, né? Só mais um detalhezinho: o Código Civil adota a chamada teoria maior da des­consideração. Isso quer dizer que para que ela seja aplicada é obrigatória a prova da existência da fraude. Em outros ramos, como o direito ambiental e o direito do consumidor, esse re­quisito não existe. Basta comprovar que a existência da pessoa jurídica está causando embaraços ao adimplemento de uma obrigação para com o consumidor ou o meio ambiente. Pode nem sequer ter existido a fraude. Essa é a chamada teoria menor.

é iM.o-, m.útPta. g.ertk. Aconselho quem mora no litoral a ir agora tomar Lm ba­nho de mar. ou pelo menos molhar os pezinhos na 'água. t:u, como ainda estou morando no interior e não consegui comprar a casa na Riviera, vou cortinuar · por aqui, de longe saudando lemanjá. ·····················································································

7 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 159·

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constituição e sÓcios. das ·sociedades contratuais . ·,

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t:u, eterna menininha romântica que ~e esconde atrás ele uma máscara de mulher-macho, tenho vivido no meio-termo. Nada acontece, mas também não tem nada parado.

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!=iz algumas opções sem volta, mas ainda não cheguei a lugar nenhum. Já posso, contudo, ver que algumas pessoas estão ficando distantes de mim: con­tinuam duvidando da minha capacidade. mas já anelei bastante e não ouço ma1s a voz delas. Posso também ver o final elo caminho. t:m breve eu vou estar lá. olhando para trás e rindo de todas as vezes em que caí no caminho. Coleciono cicatrizes no joelho.

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Aliás, não s6 no joelho. A maior da coleção, agora, é a da barriga. Bendita seja a cirurgia plástica. . ····················································································

· .. ~âmos lá. Falaremos das sociedades contratuais (nome coletivo, comandita sim-les e limitada) e dividiremos este capítulo em duas partes: primeiro vamos falar da ons~ituição e depois dos sócios.

B.JJ Constituição das sociedades contratuais Y- c .. ;c;,:;.~:>- Como 0 próprio nome diz, as sociedades contratuais são formadas através do \·(..~€;,J:jJt>~ontrato sociaL Trata-se de uma espécie peculiar de contrato plurilateral: os sócios -.;~-:r . ;~ )

.·. _:,...)

unem esforços para desenvolver )lma empresa, buscando o lucro. Desse contrato nas­ce a pessoa jurídica, e, de cara, os sócios já têm para com ela uma obrigação: integrali­zar as cotas do capital social subscritas.

Como todo e qualquer contrato, esse também tem requisitos, e o descumprimen­to deles pode gerar sua invalidação. Mas, como diria um amigo mineiro meu, "ói ki": a invalidação do contrato não se confunde com a dissolução da sociedade.

Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Falei bastante isso no outro livro, mas se aplica aqui também.

Vamos fazer um quadrinho de diferenças:

Então tá. Vamos ver agora quais são os requisitos a que o contrato social deve obedecer para ser válido.

- Passadinha básica pelas aulas:de direito civil, art. 104 do Código. Esse até eu lem­bro ~e cabeça~ para ser válido, um contrato deve ter agente capaz, objeto lícito e forma prevrsta ou nao defesa em lei.

Contrato social tem que obedecer a esses requisitos básicos também. Só é impor­tant~ lem.br~r que, com relação ao sujeito, menor pode exercer a empresa, desde que est~Ja assr~tr~o ou representado, não tenha poderes de administração e que 0 capital socral esteja mtegralizado. já vimos isso.

Além desses, existem outros dois requisitos específicos, quais sejam: ~ todos os sócios devem contribuir para a formação do capital integral; e ~ todos os sócios participarão dos resultados da sociedade. E o prescrito no art. 98 1 do Código Civil, veja:

"A~t. ~8 i. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contrzbuzr, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha entre si, dos resultados". '

Os resultados mencionados no artigo podem ser positivos ou negativos. Então luc~o .ou pr~juí~o ~e~ão ~ivididos entre todos os sócios. Isso não quer dizer que estd prorbrda a drstnbmçao drferenciada ou desproporcional dos lucros. O que não pode · um ou alguns sócios serem excluídos da distribuição deles. e

Legal.

Constituição e sócios das sociedades contratuais 76

L-----i f !

Cabe mencionar ainda mais um requisito, não de validade, mas de existência do contrato social. É a chamada affectio societatis, que nada mais é que a vontade dos só­cios de se unir para a formação de uma empresa. Fácil visualizar que o requisito é de existência, né? Se não houver essa intenção, o contrato nunca vai existir.

Vamos ver agora como esse contrato é feito, e o que ele precisa ter dentro dele. Qualquer coisa que diga respeito à sociedade ou aos sócios pode constar do con­

trato social, mas algumas cláusulas são obrigatórias. A Lei n. 8.934/94, que dispõe sobre os registros de empresas mercantis, traz em

séu art. 35 o rol de "coisas" que não podem ser arquivadas na junta Comercial, e no inciso lll temos os atos constitutivos de empresas em que não conste a designação do capital social ejou da declaração precisa de seu objeto.

Então, de cara, sem isso não vai rolar arquivamento do contrato social na junta. Enfrentou a fila à toa. Volta amanhã.

Mas não é só. Além dessa regra, também há previsão no Código Civil de cláusulas que são obrigatórias no contrato social. Esse artigo repete o que foi dito na Lei de Registro de Empresas e complementa. É autoexplicativo, nem tem muito que falar wbre cada um dos incisos. Olha ele aí:

"Art. 997· A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, qlte, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas na-rurais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;

11 - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; 111 - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qual-

quer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV- a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V- as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e

atribuições; Vll - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; V111 -se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais". Tem mais uma coisinha que precisa estar no contrato para ele ser válido. Regri-

nha que está no Estatuto da OAB: o contrato social deve ter a rubrica de um advogado. 1

···················································································· &tão-, meu amigo., depois que você se formar e passar na OA~. assim que souber que alguém vai criar uma sociedade empresária, cola nele.~ a sua chan­ce de ganhar um cascalho fácil. ····················································································

Por fim, como eu disse antes, qualquer outro assunto relativo à sociedade pode constar do contrato, mas as demais cláusulas são acidentais. Podem estar lá ou não, mas, óbvio, se estiverem, obrigam os contratantes.

77 Empresarial para quem odeia empresarial

unem esforços para desenvolver )lma empresa, buscando o lucro. Desse contrato nas­ce a pessoa jurídica, e, de cara, os sócios já têm para com ela uma obrigação: integrali­zar as cotas do capital social subscritas.

Como todo e qualquer contrato, esse também tem requisitos, e o descumprimen­to deles pode gerar sua invalidação. Mas, como diria um amigo mineiro meu, "ói ki": a invalidação do contrato não se confunde com a dissolução da sociedade.

Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Falei bastante isso no outro livro, mas se aplica aqui também.

Vamos fazer um quadrinho de diferenças:

Então tá. Vamos ver agora quais são os requisitos a que o contrato social deve obedecer para ser válido.

- Passadinha básica pelas aulas:de direito civil, art. 104 do Código. Esse até eu lem­bro ~e cabeça~ para ser válido, um contrato deve ter agente capaz, objeto lícito e forma prevrsta ou nao defesa em lei.

Contrato social tem que obedecer a esses requisitos básicos também. Só é impor­tant~ lem.br~r que, com relação ao sujeito, menor pode exercer a empresa, desde que est~Ja assr~tr~o ou representado, não tenha poderes de administração e que 0 capital socral esteja mtegralizado. já vimos isso.

Além desses, existem outros dois requisitos específicos, quais sejam: ~ todos os sócios devem contribuir para a formação do capital integral; e ~ todos os sócios participarão dos resultados da sociedade. E o prescrito no art. 98 1 do Código Civil, veja:

"A~t. ~8 i. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contrzbuzr, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha entre si, dos resultados". '

Os resultados mencionados no artigo podem ser positivos ou negativos. Então luc~o .ou pr~juí~o ~e~ão ~ivididos entre todos os sócios. Isso não quer dizer que estd prorbrda a drstnbmçao drferenciada ou desproporcional dos lucros. O que não pode · um ou alguns sócios serem excluídos da distribuição deles. e

Legal.

Constituição e sócios das sociedades contratuais 76

L-----i f !

Cabe mencionar ainda mais um requisito, não de validade, mas de existência do contrato social. É a chamada affectio societatis, que nada mais é que a vontade dos só­cios de se unir para a formação de uma empresa. Fácil visualizar que o requisito é de existência, né? Se não houver essa intenção, o contrato nunca vai existir.

Vamos ver agora como esse contrato é feito, e o que ele precisa ter dentro dele. Qualquer coisa que diga respeito à sociedade ou aos sócios pode constar do con­

trato social, mas algumas cláusulas são obrigatórias. A Lei n. 8.934/94, que dispõe sobre os registros de empresas mercantis, traz em

séu art. 35 o rol de "coisas" que não podem ser arquivadas na junta Comercial, e no inciso lll temos os atos constitutivos de empresas em que não conste a designação do capital social ejou da declaração precisa de seu objeto.

Então, de cara, sem isso não vai rolar arquivamento do contrato social na junta. Enfrentou a fila à toa. Volta amanhã.

Mas não é só. Além dessa regra, também há previsão no Código Civil de cláusulas que são obrigatórias no contrato social. Esse artigo repete o que foi dito na Lei de Registro de Empresas e complementa. É autoexplicativo, nem tem muito que falar wbre cada um dos incisos. Olha ele aí:

"Art. 997· A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, qlte, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas na-rurais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;

11 - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; 111 - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qual-

quer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV- a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V- as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e

atribuições; Vll - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; V111 -se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais". Tem mais uma coisinha que precisa estar no contrato para ele ser válido. Regri-

nha que está no Estatuto da OAB: o contrato social deve ter a rubrica de um advogado. 1

···················································································· &tão-, meu amigo., depois que você se formar e passar na OA~. assim que souber que alguém vai criar uma sociedade empresária, cola nele.~ a sua chan­ce de ganhar um cascalho fácil. ····················································································

Por fim, como eu disse antes, qualquer outro assunto relativo à sociedade pode constar do contrato, mas as demais cláusulas são acidentais. Podem estar lá ou não, mas, óbvio, se estiverem, obrigam os contratantes.

77 Empresarial para quem odeia empresarial

.;

Beleza. Fiz meu contrato, o advogado assinou, agora tenho 30 dias para levar esse

contrato na Junta e requerer a inscrição. Mas lembre-se: o arquivamento dos atos

constitutivos é ato meramente declaratório e não constitutivo, ok? Já falamos disso. Duvidinha tosca que surge aqui, mas que na verdade não é tão tosca assim: o

contrato tem que ser escrito?

Bom, não tem como arquivar um contrato oral na Junta Comercial, né? Já dá para concluir que uma sociedade regularmente constituída terá seu contrato feito obriga­toriamente de forma escrita.

Mas dê uma lidinha com atenção neste artigo:

''A;t. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem

provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo".

O que ele quer dizer?

Se os sócios de uma sociedade querem fazer prova da existência desta, só podem fazê-lo pela apresentação do contrato escrito. Mas imagine só uma situação: eu tenho

uma sociedadezinha irregular aqui no fundo de casa, vendo bijoux. Aí eu compro de um fornecedor uma porrada de coisa, mas compro como se fosse uma sociedade com­prando, e na verdade nem existe contrato social nenhum.

Aí, não pago. O fornecedor vem me cobrar, e pode provar que a sociedade existe de qualquer

forma. De qualquer forma mesmo. Daí se conclui que pode, sim, existir contrato verbal de sociedade, mas essa socie­

dade nunca será regular. O contrato pode ser feito por instrumento público ou particular, e a forma adotada

na constituição não vincula eventual alteração. Ou seja, eu posso criar uma sociedade por instrumento particular e alterá-la, depois, por instrumento público. E vice-versa.

Falando em alterações, é sempre possível que elas ocorram nos contratos sociais, desde que se observem os requisitos de validade e existência e as cláusulas essenciais.

Regra geral, as deliberações sociais são tomadas por maioria de votos. Mas nem

se anime. Esse parágrafo é totalmente inútil agora, porque veremos que existe um

montão de quóruns diferentes. Falaremos deles daqui a pouquinho, mas já adianto: o

negócio é trash. Sim, eu tenho medo. Lembre-se, por enquanto, que funciona assim: o que conta não é a quantidade de:

votos, m~s sim a participação social de cada um elos sócios. Vamos supor que exista uma sociedade com 1 o sócios, um deles com 91% elo capital social e os outros 9 com

1% cada um. O voto desse um que tem 91% domina tudo, ainda que os outros 9 votem

em sentido contrário. O número de sócios, no entanto, é importante caso haja empate. Então, numa

sociedade com 6 sócios em que um deles seja detentor de 50% do capital social e os

Constituição e sócios das sociedades contratuais 78

outros 5 detentores de 1 o% cada, se houver empate, valerá a decisão dos 5· O critério

será o maior número de votos. Se o empate prevalecer mesmo assim e se não houver nada disposto no contrato

social a respeito, vai para o Judiciário. Eu avisei que essa coisa de regra geral de quórum não servia para muita coisa, né?

Nem demorou. Vamos começar a complicação desde já, porque o negócio está ficando muito fácil e eu preciso continuar odiando essa matéria, senão perde a graça.

Se a deliberação importar em alteração no contrato social, funciona assim: ~ Sociedade em nome coletivo e em comadita simples: unanimidade. Todo

mundo tem que aceitar, ou não muda nada. Mas, se a alteração for em cláusula não

essencial, aí ganha a maioria. ~ Sociedade limitada: qualquer cláusula só pode ser alterada pela deliberação de

sócios que representem% do capital social.

Legal.

...................................................................................... Va.mo.J. CUJOM-~ pAa ~ 'fU1JI1e- deAle capiido., mas contando

antes com a pausa do capuccino. Não, capuccino engorda. Vou comer uma

barrinha de cereal, que tem menos calorias, porque ficar com o corpo legal (eu

ia dizer ficar gostosa, mas acho que não pega muito bem) faz parte do lance da

dor de barriga que vai e volta.

A propósito, esclareço: sou encardida com algumas coisas. Pessoa me fala

que eu não consigo fazer alguma coisa, eu tento até con~eguir. Já comentei isso

no livro de Tributário.

t:stou com quase 32 anos hoje, e por muito tempo tenho ouvido as pesso­

as me falarem que nãó sou capaz. Pior ainda quando não dizem às claras, mas

fazem u.ma cara de "ah, coitada" quando olham para mim.

[disso que estou falando.

f-loje essas pessoas podem estar melhores do que eu, por cima, em situa­

ção privilegiada, mas o caminho que estou percorrendo vai me levar muito mais

pra cima do que todas elas. t: eu vou esfregar na cara de cada uma delas a

minha vitória. ; ............................... ~ ................................................... .

8.2. Sócios das sociedades contratuais já comentamos que, basicamente, os sócios têm duas obrigações com relação à

sociedade: integralizar o capital social subscrito e participar dos prejuízos até o limite

de~erminado pelo tipo societário. No que tange ao primeiro dever, o sócio que não o cumpre é chamado de sócio

remisso. Assim: eu e meu vizinho queremos ser sócios da sociedade X. Comunicamos os

outros sócios, e, assim, subscrevemos uma parte societária. No contrato vai constar

como e quando devemos pagar (integralizar).

79 Empresarial para quem odeia empresarial

.;

Beleza. Fiz meu contrato, o advogado assinou, agora tenho 30 dias para levar esse

contrato na Junta e requerer a inscrição. Mas lembre-se: o arquivamento dos atos

constitutivos é ato meramente declaratório e não constitutivo, ok? Já falamos disso. Duvidinha tosca que surge aqui, mas que na verdade não é tão tosca assim: o

contrato tem que ser escrito?

Bom, não tem como arquivar um contrato oral na Junta Comercial, né? Já dá para concluir que uma sociedade regularmente constituída terá seu contrato feito obriga­toriamente de forma escrita.

Mas dê uma lidinha com atenção neste artigo:

''A;t. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem

provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo".

O que ele quer dizer?

Se os sócios de uma sociedade querem fazer prova da existência desta, só podem fazê-lo pela apresentação do contrato escrito. Mas imagine só uma situação: eu tenho

uma sociedadezinha irregular aqui no fundo de casa, vendo bijoux. Aí eu compro de um fornecedor uma porrada de coisa, mas compro como se fosse uma sociedade com­prando, e na verdade nem existe contrato social nenhum.

Aí, não pago. O fornecedor vem me cobrar, e pode provar que a sociedade existe de qualquer

forma. De qualquer forma mesmo. Daí se conclui que pode, sim, existir contrato verbal de sociedade, mas essa socie­

dade nunca será regular. O contrato pode ser feito por instrumento público ou particular, e a forma adotada

na constituição não vincula eventual alteração. Ou seja, eu posso criar uma sociedade por instrumento particular e alterá-la, depois, por instrumento público. E vice-versa.

Falando em alterações, é sempre possível que elas ocorram nos contratos sociais, desde que se observem os requisitos de validade e existência e as cláusulas essenciais.

Regra geral, as deliberações sociais são tomadas por maioria de votos. Mas nem

se anime. Esse parágrafo é totalmente inútil agora, porque veremos que existe um

montão de quóruns diferentes. Falaremos deles daqui a pouquinho, mas já adianto: o

negócio é trash. Sim, eu tenho medo. Lembre-se, por enquanto, que funciona assim: o que conta não é a quantidade de:

votos, m~s sim a participação social de cada um elos sócios. Vamos supor que exista uma sociedade com 1 o sócios, um deles com 91% elo capital social e os outros 9 com

1% cada um. O voto desse um que tem 91% domina tudo, ainda que os outros 9 votem

em sentido contrário. O número de sócios, no entanto, é importante caso haja empate. Então, numa

sociedade com 6 sócios em que um deles seja detentor de 50% do capital social e os

Constituição e sócios das sociedades contratuais 78

outros 5 detentores de 1 o% cada, se houver empate, valerá a decisão dos 5· O critério

será o maior número de votos. Se o empate prevalecer mesmo assim e se não houver nada disposto no contrato

social a respeito, vai para o Judiciário. Eu avisei que essa coisa de regra geral de quórum não servia para muita coisa, né?

Nem demorou. Vamos começar a complicação desde já, porque o negócio está ficando muito fácil e eu preciso continuar odiando essa matéria, senão perde a graça.

Se a deliberação importar em alteração no contrato social, funciona assim: ~ Sociedade em nome coletivo e em comadita simples: unanimidade. Todo

mundo tem que aceitar, ou não muda nada. Mas, se a alteração for em cláusula não

essencial, aí ganha a maioria. ~ Sociedade limitada: qualquer cláusula só pode ser alterada pela deliberação de

sócios que representem% do capital social.

Legal.

...................................................................................... Va.mo.J. CUJOM-~ pAa ~ 'fU1JI1e- deAle capiido., mas contando

antes com a pausa do capuccino. Não, capuccino engorda. Vou comer uma

barrinha de cereal, que tem menos calorias, porque ficar com o corpo legal (eu

ia dizer ficar gostosa, mas acho que não pega muito bem) faz parte do lance da

dor de barriga que vai e volta.

A propósito, esclareço: sou encardida com algumas coisas. Pessoa me fala

que eu não consigo fazer alguma coisa, eu tento até con~eguir. Já comentei isso

no livro de Tributário.

t:stou com quase 32 anos hoje, e por muito tempo tenho ouvido as pesso­

as me falarem que nãó sou capaz. Pior ainda quando não dizem às claras, mas

fazem u.ma cara de "ah, coitada" quando olham para mim.

[disso que estou falando.

f-loje essas pessoas podem estar melhores do que eu, por cima, em situa­

ção privilegiada, mas o caminho que estou percorrendo vai me levar muito mais

pra cima do que todas elas. t: eu vou esfregar na cara de cada uma delas a

minha vitória. ; ............................... ~ ................................................... .

8.2. Sócios das sociedades contratuais já comentamos que, basicamente, os sócios têm duas obrigações com relação à

sociedade: integralizar o capital social subscrito e participar dos prejuízos até o limite

de~erminado pelo tipo societário. No que tange ao primeiro dever, o sócio que não o cumpre é chamado de sócio

remisso. Assim: eu e meu vizinho queremos ser sócios da sociedade X. Comunicamos os

outros sócios, e, assim, subscrevemos uma parte societária. No contrato vai constar

como e quando devemos pagar (integralizar).

79 Empresarial para quem odeia empresarial

No dia do vencimento, eu, que sou superpontual com minhas obrigações, pago direitinho, mas meu vizinho, feio e caloteiro, não paga. A partir daí ele é considerado em mora.

Nós, os demais sócios, que já pagamos nossa parte, podemos optar pela exclusão do sócio remisso. A ação aqui é a execução, e o próprio contrato social será título exe­cutivo extrajudicial. Também podemos cobrar dele eventuais perdas e danos decor­rentes de seu inadimplemento, mas aí será necessária uma ação de conhecimentÓ.

Certo. Vamos excluir o cara. Haverá, então, uma diminuição do capital social, já que não contamos mais com

a parte que caberia a ele integralizar. Devolvemos o que ele já pagou (se pagou), mas podemos descontar daí o que ele deve a título de juros de mora.

Pode ser, também, que sejamos todos muito bonzinhos e decidamos deixar o cara continuar sendo sócio, mas diminuindo dele a cota que seria devida. Assim: ele subs­creveu I o mil reais, mas integralizou apenas 2 mil. Decidimos que ele pode continuar sendo sócio, com as cotas relativas aos 2 mil já pagos, e o capital social total terá uma diminuição de 8 mil reais.

Existe última alternativa caso a gente não queria que o capital social sofra dimi­nuição: as cotas não integralizadas dele passam para outro sócio ou para terceiro, que ganha agora o status de sócio.

_ Tudo isso está nos arts. 1.004. e 1.058 do Código Civil. Legal.

Vamos ver agora quais são os direitos que cabem aos sócios. a) Participação nos resultados: já falamos que não pode o contrato social excluir

do sócio o direito de participar dos lucros. Mas olha só: o lucro que uma sociedade aufere pode ser destinado à capitalização, à constituição de reserva ou à distribuição entre os sócios. Então, nem sempre o lucro vai para o bolso dos sócios.

Se a sociedade se dissolver, divide-se o acervo social entre os sóci~s, proporcio­nalmente às suas cotas ou da forma como descrito no contrato.

Informação importante: se a sociedade tiver débitos previdenciários, não pode distribuir lucros. Isso está na Lei n. 8.212/91, art. 52, e na Lei n. 4·357 /64, art. 32, com redação dada pela Lei n. II.osi/2oo4.

b) Administração da sociedade: não significa que todo sócio será necessariamen­te administrador, mas sim que todo sócio tem direito de participar das deliberações. Também não significa que a sua vontade sempre prevalecerá, porque, em regra, a mi­noria deve se submeter à maioria. Mas, ainda assim, todo sócio continua tendo direito de tomar parte nas deliberações sociais.

c) Fiscalização da administração: a qualquer tempo ou nas épocas estipuladas no contrato, o sócio pode examinar livros, documentos e estado de caixa da sociedade. Além disso, os administradores estão obrigados a prestar contas aos sócios na forma prevista no contrato, ou, em caso de omissão, ao fim do exercício social.

Constituição e sócios das sociedades contratuais 80

d) Direito de retirada: em alguns casos o sócio pode pedir para sair, recebendo a parte que lhe cabe no patrimônio social.

. ................... _ .................................................................. . e oiAa que. eegae e4a ~:apareceram duas expressões bastante distintas do ponte de vista lit~rário: .. pedir para sair .. , do Capitão Nascimento (Tropa de flite) e .. parte que lhe càbe .. (neste latifúndio), de João Cabral de Melo Neto (Morte e Vida Severino)_

Diversificação literária: a gente vê por aqui. . ................................................................................... . Pronto. Voltei. Vamos ver quando o sócio pode pedir a retirada. Se a sociedade é por prazo indeterminado, em geral não existe nenhum óbice para

a retirada do sócio. Não precisa nem ter motivo. Só dizer: "não quero mais brincar". Aí, o sócio tem que avisar com antecedência de 6o dias, para que os demais pos­

sam providenciar a liquidação de sua cota e a alteração no contrato social. Se a sociedade é por prazo determinado, a coisa muda: o sócio só pode exigir seu

direito de retirada com justa causa comprovada judicialmente, ou, se se tratar de so­ciedpde limitada, quando houver alteração contratual, fusão ou incorporação com a qual o sócio não concorde.

Para terminar, analisaremos as situações em que o sócio pode ser excluído da sociedade:

a) mora na integralização (é o caso do sócio remisso, que vimos agora pouco); b) justa causa. Somente nesses dois casos o sócio pode ser excluído, ou seja, não dá para fazer

uma assembleia e deliberar pela expulsão do sócio sem que esteja presente um dos dois motivos acima.

Nas sociedades em nome coletivo e em comandita simples, a expulsão por justa causa necessariamente se dará pela via judicial. já nas limitadas é diferente: se o sócio expulso foi minoritário, qualquer que seja a causa, a expulsão se dará por simples alte­ração no contrato social, mas terá que haver deliberação específica nesse sentido. Ao sócio a ser expulso será dado o direito de se defender. Sendo efetivamente expulso, ele pode ir chorar as pitangas para o juiz tentando provar que não incorreu em justa cau­sa. Expulso o sócio, tem direito à obtenção do valor patrimonial de sua participação.

Se o sócio for majoritário, sua exclusão deve ser pleiteada no judiciário pelos de­mais sócios, que terão o ônus de provar a causa da exclusão.

····················································································· .:ilnte.rL de~ eM.e. capi.tu.lo., mais um comentário sobre a dor de barriga. A frase também se aplica a uma pessoinha específica, que adora dizer que tudo o que eu falo ou faço é drama. Mas sobre essa pessoa ainda tenho muitos capítulos para escrever.

Por hora, chega de alfinetadas.

···················································································· 81 Empresarial para quem odeia empresarial

No dia do vencimento, eu, que sou superpontual com minhas obrigações, pago direitinho, mas meu vizinho, feio e caloteiro, não paga. A partir daí ele é considerado em mora.

Nós, os demais sócios, que já pagamos nossa parte, podemos optar pela exclusão do sócio remisso. A ação aqui é a execução, e o próprio contrato social será título exe­cutivo extrajudicial. Também podemos cobrar dele eventuais perdas e danos decor­rentes de seu inadimplemento, mas aí será necessária uma ação de conhecimentÓ.

Certo. Vamos excluir o cara. Haverá, então, uma diminuição do capital social, já que não contamos mais com

a parte que caberia a ele integralizar. Devolvemos o que ele já pagou (se pagou), mas podemos descontar daí o que ele deve a título de juros de mora.

Pode ser, também, que sejamos todos muito bonzinhos e decidamos deixar o cara continuar sendo sócio, mas diminuindo dele a cota que seria devida. Assim: ele subs­creveu I o mil reais, mas integralizou apenas 2 mil. Decidimos que ele pode continuar sendo sócio, com as cotas relativas aos 2 mil já pagos, e o capital social total terá uma diminuição de 8 mil reais.

Existe última alternativa caso a gente não queria que o capital social sofra dimi­nuição: as cotas não integralizadas dele passam para outro sócio ou para terceiro, que ganha agora o status de sócio.

_ Tudo isso está nos arts. 1.004. e 1.058 do Código Civil. Legal.

Vamos ver agora quais são os direitos que cabem aos sócios. a) Participação nos resultados: já falamos que não pode o contrato social excluir

do sócio o direito de participar dos lucros. Mas olha só: o lucro que uma sociedade aufere pode ser destinado à capitalização, à constituição de reserva ou à distribuição entre os sócios. Então, nem sempre o lucro vai para o bolso dos sócios.

Se a sociedade se dissolver, divide-se o acervo social entre os sóci~s, proporcio­nalmente às suas cotas ou da forma como descrito no contrato.

Informação importante: se a sociedade tiver débitos previdenciários, não pode distribuir lucros. Isso está na Lei n. 8.212/91, art. 52, e na Lei n. 4·357 /64, art. 32, com redação dada pela Lei n. II.osi/2oo4.

b) Administração da sociedade: não significa que todo sócio será necessariamen­te administrador, mas sim que todo sócio tem direito de participar das deliberações. Também não significa que a sua vontade sempre prevalecerá, porque, em regra, a mi­noria deve se submeter à maioria. Mas, ainda assim, todo sócio continua tendo direito de tomar parte nas deliberações sociais.

c) Fiscalização da administração: a qualquer tempo ou nas épocas estipuladas no contrato, o sócio pode examinar livros, documentos e estado de caixa da sociedade. Além disso, os administradores estão obrigados a prestar contas aos sócios na forma prevista no contrato, ou, em caso de omissão, ao fim do exercício social.

Constituição e sócios das sociedades contratuais 80

d) Direito de retirada: em alguns casos o sócio pode pedir para sair, recebendo a parte que lhe cabe no patrimônio social.

. ................... _ .................................................................. . e oiAa que. eegae e4a ~:apareceram duas expressões bastante distintas do ponte de vista lit~rário: .. pedir para sair .. , do Capitão Nascimento (Tropa de flite) e .. parte que lhe càbe .. (neste latifúndio), de João Cabral de Melo Neto (Morte e Vida Severino)_

Diversificação literária: a gente vê por aqui. . ................................................................................... . Pronto. Voltei. Vamos ver quando o sócio pode pedir a retirada. Se a sociedade é por prazo indeterminado, em geral não existe nenhum óbice para

a retirada do sócio. Não precisa nem ter motivo. Só dizer: "não quero mais brincar". Aí, o sócio tem que avisar com antecedência de 6o dias, para que os demais pos­

sam providenciar a liquidação de sua cota e a alteração no contrato social. Se a sociedade é por prazo determinado, a coisa muda: o sócio só pode exigir seu

direito de retirada com justa causa comprovada judicialmente, ou, se se tratar de so­ciedpde limitada, quando houver alteração contratual, fusão ou incorporação com a qual o sócio não concorde.

Para terminar, analisaremos as situações em que o sócio pode ser excluído da sociedade:

a) mora na integralização (é o caso do sócio remisso, que vimos agora pouco); b) justa causa. Somente nesses dois casos o sócio pode ser excluído, ou seja, não dá para fazer

uma assembleia e deliberar pela expulsão do sócio sem que esteja presente um dos dois motivos acima.

Nas sociedades em nome coletivo e em comandita simples, a expulsão por justa causa necessariamente se dará pela via judicial. já nas limitadas é diferente: se o sócio expulso foi minoritário, qualquer que seja a causa, a expulsão se dará por simples alte­ração no contrato social, mas terá que haver deliberação específica nesse sentido. Ao sócio a ser expulso será dado o direito de se defender. Sendo efetivamente expulso, ele pode ir chorar as pitangas para o juiz tentando provar que não incorreu em justa cau­sa. Expulso o sócio, tem direito à obtenção do valor patrimonial de sua participação.

Se o sócio for majoritário, sua exclusão deve ser pleiteada no judiciário pelos de­mais sócios, que terão o ônus de provar a causa da exclusão.

····················································································· .:ilnte.rL de~ eM.e. capi.tu.lo., mais um comentário sobre a dor de barriga. A frase também se aplica a uma pessoinha específica, que adora dizer que tudo o que eu falo ou faço é drama. Mas sobre essa pessoa ainda tenho muitos capítulos para escrever.

Por hora, chega de alfinetadas.

···················································································· 81 Empresarial para quem odeia empresarial

~OD .,.. 'J .,, .... ,.- .. _~: • '/

.j

~1 ~- ·- ..... ~ 9. Mãe de muitos filho$L/''

················································ ·:u;:·····~·~~·~·éa® maWuw- i muilo- ~-[::hoje eu pude ~ .

perceber isso. Primeiro um amigo me chama no MSN só para dizer que, às 20 horas de

uma segunda-feira, tomou uma garrafa de vinho e está superbêbado.

Abre parêntese: eu, que sou mulher, tomo uma garrafa de vinho fácil e não

fico lamentando nada para ninguém. i=echa parêntese.

i=iquei quase uma hora conversando e acalmando o bonito, embora minha

vontade fosse xingar até a quinta geração dele. Concordei com quase tudo, e

isso é 0

legal da Internet: a pessoa não vê a sua cara de insatisfação co outro

lado. Disse as coisas que ele precisava ouvir e no fim das contas ele co<segu1u

se levantar e fazer 0 que precisava. Pelo menos assim eu espero. Praticamente

uma criança. Depois, uma amiga linda, quase irmã, me deixa um recado dizendo que

não está muito bem. Provavelmente brigou com o namorado.[:: quer1a conver-

. Mas estamos a mais de 100 km de distância. Se eu pudesse, pegaria sar com1go.

0 carro e iria para lá agora só para passar a noite inteira sentada num boteco:_-

d · · do 0 que ela tem para me dizer. Porque falar 3l1v1a. toman o cervep e ouvm

i=iquei triste por não estar perto quando ela precisou de mim.

[ [::usou assim mesmo. Tenho essa co"1sa de querer cuidar de todo mun­

do. Vo~tade de pegar no colo e dizer: me dá aqui os seus problemas. Já estou

acostumada a conviver com. eles, não vai fazer muita difer~nça para mim um

problema a mais. Odeio ver as pessoas que eu gosto sofrendo. Odeie mais do

que odeio empresarial.

No final das contas, acabo meu dia carregada com coisas que não me

pertencem, mas realizada por ter sido útil para alguém. Porque o fato de eu ser

procurada pelas pessoas significa que sou confiável. Pelo menos eu vejo des­

sa forma.

No mais. se depois de tudo eu não tiver futuro nenhum na área cio direito,

viro terapeuta comportamental.

Vamos agora começar a falar das sociedades contratuais em espécie. Neste capí­tulo explicaremos a sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples e a sociedade em conta de participação, que são relativamente tranquÜas por não apresentarem muitas especificidades. Além disso, elas são quase inexistentes na prá­tica. Depois, dedicaremos um capítulo inteiro só para as limitadas.

9.1. Sociedade em nome coletivo: arts. 1 .039 a 1.044 do Código Civil

Primeira informação: todo mundo responde ilimitadamente pelas obrigações so­ciais. Os sócios serão todos pessoas físicas, e o nome empresarial, como já foi dito, será do tipo firma. Somente sócio, e qualquer um deles pode ser administrador da sociedade.

Falecendo um dos sócios, sua cota será liquidada, a não ser que o contrato estipu­le expressamente que haverá sucessão. Essa regra decorre de ser esta uma sociedade de pessoas, conforme também já vimos.

Outra decorrência dessa classificação é que o credor particular de um sócio não pode requerer a penhora da cota social dele. Mas aqui existem duas exceções que per­mitem a penhora das cotas:

~ se o contrato da sociedade for por prazo determinado e este prorrogar-se taci­tamente;

~ se a prorrogação for contratual, mas o credor, no prazo de 90 dias depois da publicação do ato dilatório, entrou com oposição pela via judicial e teve sua pretensão acolhida.

Bem tranquilo esse tipo de sociedade.

ê.u me- f.emfnei.. CUJ1Y1-a ck uma cun.í.g,a. que conheci pela Internet que se tornou

mais que confidente. Dela eu cuido descaradamente mesmo. Logo que come­

çamos a conversar, pude perceber o tamanho da fragilidade dela e a roubei prá

mim. Disse isso a ela, aliás!

Dela, sem dúvida, eu sou mãezona. [::adoro isso, porque, quando eu pre­

ciso, ela também é mãe para mim.

83 Empresarial para quem odeia empresarial

~OD .,.. 'J .,, .... ,.- .. _~: • '/

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~1 ~- ·- ..... ~ 9. Mãe de muitos filho$L/''

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perceber isso. Primeiro um amigo me chama no MSN só para dizer que, às 20 horas de

uma segunda-feira, tomou uma garrafa de vinho e está superbêbado.

Abre parêntese: eu, que sou mulher, tomo uma garrafa de vinho fácil e não

fico lamentando nada para ninguém. i=echa parêntese.

i=iquei quase uma hora conversando e acalmando o bonito, embora minha

vontade fosse xingar até a quinta geração dele. Concordei com quase tudo, e

isso é 0

legal da Internet: a pessoa não vê a sua cara de insatisfação co outro

lado. Disse as coisas que ele precisava ouvir e no fim das contas ele co<segu1u

se levantar e fazer 0 que precisava. Pelo menos assim eu espero. Praticamente

uma criança. Depois, uma amiga linda, quase irmã, me deixa um recado dizendo que

não está muito bem. Provavelmente brigou com o namorado.[:: quer1a conver-

. Mas estamos a mais de 100 km de distância. Se eu pudesse, pegaria sar com1go.

0 carro e iria para lá agora só para passar a noite inteira sentada num boteco:_-

d · · do 0 que ela tem para me dizer. Porque falar 3l1v1a. toman o cervep e ouvm

i=iquei triste por não estar perto quando ela precisou de mim.

[ [::usou assim mesmo. Tenho essa co"1sa de querer cuidar de todo mun­

do. Vo~tade de pegar no colo e dizer: me dá aqui os seus problemas. Já estou

acostumada a conviver com. eles, não vai fazer muita difer~nça para mim um

problema a mais. Odeio ver as pessoas que eu gosto sofrendo. Odeie mais do

que odeio empresarial.

No final das contas, acabo meu dia carregada com coisas que não me

pertencem, mas realizada por ter sido útil para alguém. Porque o fato de eu ser

procurada pelas pessoas significa que sou confiável. Pelo menos eu vejo des­

sa forma.

No mais. se depois de tudo eu não tiver futuro nenhum na área cio direito,

viro terapeuta comportamental.

Vamos agora começar a falar das sociedades contratuais em espécie. Neste capí­tulo explicaremos a sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples e a sociedade em conta de participação, que são relativamente tranquÜas por não apresentarem muitas especificidades. Além disso, elas são quase inexistentes na prá­tica. Depois, dedicaremos um capítulo inteiro só para as limitadas.

9.1. Sociedade em nome coletivo: arts. 1 .039 a 1.044 do Código Civil

Primeira informação: todo mundo responde ilimitadamente pelas obrigações so­ciais. Os sócios serão todos pessoas físicas, e o nome empresarial, como já foi dito, será do tipo firma. Somente sócio, e qualquer um deles pode ser administrador da sociedade.

Falecendo um dos sócios, sua cota será liquidada, a não ser que o contrato estipu­le expressamente que haverá sucessão. Essa regra decorre de ser esta uma sociedade de pessoas, conforme também já vimos.

Outra decorrência dessa classificação é que o credor particular de um sócio não pode requerer a penhora da cota social dele. Mas aqui existem duas exceções que per­mitem a penhora das cotas:

~ se o contrato da sociedade for por prazo determinado e este prorrogar-se taci­tamente;

~ se a prorrogação for contratual, mas o credor, no prazo de 90 dias depois da publicação do ato dilatório, entrou com oposição pela via judicial e teve sua pretensão acolhida.

Bem tranquilo esse tipo de sociedade.

ê.u me- f.emfnei.. CUJ1Y1-a ck uma cun.í.g,a. que conheci pela Internet que se tornou

mais que confidente. Dela eu cuido descaradamente mesmo. Logo que come­

çamos a conversar, pude perceber o tamanho da fragilidade dela e a roubei prá

mim. Disse isso a ela, aliás!

Dela, sem dúvida, eu sou mãezona. [::adoro isso, porque, quando eu pre­

ciso, ela também é mãe para mim.

83 Empresarial para quem odeia empresarial

9.2. Sociedade em comandita simples: arts. 1.045 a 1.051 do Código Civil

Dois tipos de sócios aqui: comanditados (que têm responsabilidade ilimitada) e

comanditários (responsabilidade limitada). Ambos têm direito a lucro e à participação

nas deliberações.

Os sócios comanditados serão obrigatoriamente pessoas físicas, e só eles podem

exercer a administração da sociedade. O nome empresarial será também do tipo fir­

ma, e não custa lembrar que só pode constar o nome civil destes. Caso conste o nome

de um sócio comanditário, este passará a responder de forma ilimitada.

Os sócios comanditários podem ser pes~oas físicas ou jurídicas, e não podem

praticar atos de administração, mas podem, por outro lado, receber poderes específi­

cos de procurador para realizar determinados negócios. :

Se morrer um sócio comanditado, a sociedade será parcialmente dissolvida, exce­

to se o contrato autorizar o ingresso dos sucessores. Se morrer sócio comanditário, a

sociedade continua com seus sucessores.

Olha que legal: em relação aos sócios comanditados, a sociedade em comandita

simples pode ser considerada de pessoas. Mas, em relação aos sócios comanditários,

não: é uma sociedade de capital.

Só isso também.

'Petvian..do. a..g,o.'UL em~~ de quem eu gostaria de ter sido mãe,

mas não fui porque elas não deixaram. [specificamente uma pessoa.

Queria demais ter cuidado dela, ter feito enxergar que as coisas podem

mudar, e que ela poderia sim ser feliz. Mas, apesar de todo o meu esforço, só

encontrei portas fechadas. Um dia, essa pessoa simplesmente desapareceu. Eu

nunca mais soube dela. Mas às vezes ainda me pego pensando nela e desejan­

do que esteja bem.

9.3. Sociedade em conta de participação: arts. 991 a 996 do Código Civil

Lá atrás, quando explicamos o nome empresarial, dissemos que a sociedade em

conta de participação é proibida de adotar firma ou denominação, lembra? Dissemos

ainda que essa era uma sociedade secreta.

Vamos entender.

Primeiro, é importante saber que essa sociedade é despersonalizada. Hein? Ela

não tem personalidade jurídica.

Funciona assim: eu, Luciana Pimenta, quero abrir uma loja, mas não tenho capital

para isso. Chamo meu vizinho, que é cheio da grana (pelo menos uma característica

Sociedades: em nome coletivo, em comandita por ações e em conta de participação

boa), mas não quer que seu nome apareça no empreendimento. Lembre-se de que,

além de feio, ele é caloteiro. As pessoas não vão querer comprar nada de mim se soube­

rem que estou em.sociedade com ele.

Então, ele fica escondido. lsso mesmo. Não aparece em lugar nenhum. Perante

todo mundo, é como se não existisse. Ele apenas financia o negócio, e recebe os lucros

proporcionais. Quem v~i à minha loja nem sabe que existe o meu vizinho e contrata

diretamente comigo, pessoa física mesmo. Assim, aparentemente, não existe socieda­

de nenhuma, e eu respondo direta e ilimitadamente.

Dando nome aos bois, eu sou a sócia ostensiva e meu vizinho é o sócio partici­

pante. Ele só tem responsabilidade com relação a mim, da forma como estipuládo no

contrato (limitada ou ilimitadamente), e não tem qualquer tipo de relação com meus

credores. Somente eu quem exerço o objeto social, por minha conta e risco.

Se por acaso o vizinho resolver dar uma de intrometido e começar a participar

dos negócios que eu celebro, ele passa a responder ilimitadamente também.

Observe-se então que existe um contrato firmado entre meu vizinho e eu, mas

esse contrato nunca poderá ser registrado na junta Comercial. Por isso se diz que a

sociedade em conta de participação é secreta. Na verdade, mesmo que haja tal regis­

tro, ele nunca irá conferir personalidade jurídica à sociedade.

Os bens da sociedade compõem o chamado patrimônio especial, mas os efeitos

dessa especialidade só existem entre os sócios. Falindo o sócio ostensivo, a sociedade

será liquidada, mas, se falir o sócio participante, os direitos decorrentes do contrato

da sociedade podem integrar a massa falida.

····················································································· 'PaJu:~. teJz.min.alt. minAa fuuJa ck mã.e, não poderia deixar de falar da filha ofi­

cial, né? ~-'linha cria. Essa é, na verdade, mais minha mãe do que minha filha. E

digo isso porque com ela aprendi tanta coisa que nem cabe num livro (muito

menos num de Empresarial).

O que eu posso afirmar é que minha vida definitivamente tem um marco:

o nascimento dela. Ainda que eu tente, não consigo mais imaginar meus dias

sem ela.

Ser -nãe de verdade é bem mais difícil do que ser mãezona da geral. ~ urna caixinha de surpresas para a qual toda mulher está preparada: quando

chega a hora, está lá. ~ item de fábrica.

Não é explicável. Só é "vivível". Eu me amo por ser mãe, e me amo ainda

mais por poder compartilhar a minha maternidade com todos os meus filhos

agregados.

····················································································

85 Empresarial para quem odeia empresarial

9.2. Sociedade em comandita simples: arts. 1.045 a 1.051 do Código Civil

Dois tipos de sócios aqui: comanditados (que têm responsabilidade ilimitada) e

comanditários (responsabilidade limitada). Ambos têm direito a lucro e à participação

nas deliberações.

Os sócios comanditados serão obrigatoriamente pessoas físicas, e só eles podem

exercer a administração da sociedade. O nome empresarial será também do tipo fir­

ma, e não custa lembrar que só pode constar o nome civil destes. Caso conste o nome

de um sócio comanditário, este passará a responder de forma ilimitada.

Os sócios comanditários podem ser pes~oas físicas ou jurídicas, e não podem

praticar atos de administração, mas podem, por outro lado, receber poderes específi­

cos de procurador para realizar determinados negócios. :

Se morrer um sócio comanditado, a sociedade será parcialmente dissolvida, exce­

to se o contrato autorizar o ingresso dos sucessores. Se morrer sócio comanditário, a

sociedade continua com seus sucessores.

Olha que legal: em relação aos sócios comanditados, a sociedade em comandita

simples pode ser considerada de pessoas. Mas, em relação aos sócios comanditários,

não: é uma sociedade de capital.

Só isso também.

'Petvian..do. a..g,o.'UL em~~ de quem eu gostaria de ter sido mãe,

mas não fui porque elas não deixaram. [specificamente uma pessoa.

Queria demais ter cuidado dela, ter feito enxergar que as coisas podem

mudar, e que ela poderia sim ser feliz. Mas, apesar de todo o meu esforço, só

encontrei portas fechadas. Um dia, essa pessoa simplesmente desapareceu. Eu

nunca mais soube dela. Mas às vezes ainda me pego pensando nela e desejan­

do que esteja bem.

9.3. Sociedade em conta de participação: arts. 991 a 996 do Código Civil

Lá atrás, quando explicamos o nome empresarial, dissemos que a sociedade em

conta de participação é proibida de adotar firma ou denominação, lembra? Dissemos

ainda que essa era uma sociedade secreta.

Vamos entender.

Primeiro, é importante saber que essa sociedade é despersonalizada. Hein? Ela

não tem personalidade jurídica.

Funciona assim: eu, Luciana Pimenta, quero abrir uma loja, mas não tenho capital

para isso. Chamo meu vizinho, que é cheio da grana (pelo menos uma característica

Sociedades: em nome coletivo, em comandita por ações e em conta de participação

boa), mas não quer que seu nome apareça no empreendimento. Lembre-se de que,

além de feio, ele é caloteiro. As pessoas não vão querer comprar nada de mim se soube­

rem que estou em.sociedade com ele.

Então, ele fica escondido. lsso mesmo. Não aparece em lugar nenhum. Perante

todo mundo, é como se não existisse. Ele apenas financia o negócio, e recebe os lucros

proporcionais. Quem v~i à minha loja nem sabe que existe o meu vizinho e contrata

diretamente comigo, pessoa física mesmo. Assim, aparentemente, não existe socieda­

de nenhuma, e eu respondo direta e ilimitadamente.

Dando nome aos bois, eu sou a sócia ostensiva e meu vizinho é o sócio partici­

pante. Ele só tem responsabilidade com relação a mim, da forma como estipuládo no

contrato (limitada ou ilimitadamente), e não tem qualquer tipo de relação com meus

credores. Somente eu quem exerço o objeto social, por minha conta e risco.

Se por acaso o vizinho resolver dar uma de intrometido e começar a participar

dos negócios que eu celebro, ele passa a responder ilimitadamente também.

Observe-se então que existe um contrato firmado entre meu vizinho e eu, mas

esse contrato nunca poderá ser registrado na junta Comercial. Por isso se diz que a

sociedade em conta de participação é secreta. Na verdade, mesmo que haja tal regis­

tro, ele nunca irá conferir personalidade jurídica à sociedade.

Os bens da sociedade compõem o chamado patrimônio especial, mas os efeitos

dessa especialidade só existem entre os sócios. Falindo o sócio ostensivo, a sociedade

será liquidada, mas, se falir o sócio participante, os direitos decorrentes do contrato

da sociedade podem integrar a massa falida.

····················································································· 'PaJu:~. teJz.min.alt. minAa fuuJa ck mã.e, não poderia deixar de falar da filha ofi­

cial, né? ~-'linha cria. Essa é, na verdade, mais minha mãe do que minha filha. E

digo isso porque com ela aprendi tanta coisa que nem cabe num livro (muito

menos num de Empresarial).

O que eu posso afirmar é que minha vida definitivamente tem um marco:

o nascimento dela. Ainda que eu tente, não consigo mais imaginar meus dias

sem ela.

Ser -nãe de verdade é bem mais difícil do que ser mãezona da geral. ~ urna caixinha de surpresas para a qual toda mulher está preparada: quando

chega a hora, está lá. ~ item de fábrica.

Não é explicável. Só é "vivível". Eu me amo por ser mãe, e me amo ainda

mais por poder compartilhar a minha maternidade com todos os meus filhos

agregados.

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85 Empresarial para quem odeia empresarial

(:i)

\. /'' ) \f~~.~~'~

w \'c_/

.. , '4. 10. Odeio ontversorto: __ .:· /

soCiedade·limitada.

················································· ·~·~~;;,;;~·;k·~·~ uma IJ.€1- está chega~do o meu aniversário. t: eu odeio esse dia. Nem é por conta da 1dade em SI; e porque eu sou me1o

bicho do mato. J=ico com vergonha quando as pessoas me dizem parabéns. Não sei o que

responder, e fica todo mundo com aquela cara sem gr_aça. Aí, tem aquelas pes­soas que sempre dão presente e eu fico na obngaçao de lembrar do d1a do aniversário delas, e de dar presente também.

De fato, eu adoro dar presentes. Acho uma forma legal de retribuir algu,ma coisa, de demonstrar carinho e agradecimento. Mas o presente de an1versano

em si acho meio sem nexo. Pensando nisso, acabei de compreender por que algumas pessoas ficam

bravas comigo quando eu as presenteio. t:nfim, não tem como fugir do dia do parabéns. Por mais que eu tente

manter telefones e Internet desligados o dia todo, sempre tem um ou outro h Junto com os votos de felicidades, que, na maioria das vezes são que me ac a. d · ?"

falsos, vem também a pergunta imbecil:"[; os concursos, estuclan o mu1to. -Odeio. Qual a razão ele comemorar a velhice se ,aproximando? !=alta pou­

co menos ele um mês e eu já começo a ter calafrios. t: sério. Odeio mesmo.

Pausa dramática. Acabo de me lembrar de que, quando eu escrevia o livro de Tributário,

t · ode·10 também Natal e Ano Novo. O que está acontecendo co-comen e1 que ·a ? Sera' que estou ficando cada dia mais amarga e ranzinza? m~. . .

Credo. J=iquei com medo de mim agora: acho que o problema elos aniver-sários acaba de aumentar. A cada ano que passa eu me torno mais chata. ·

···················································································· sJciedades limitadas. '

i' C . . .E! 1 b 0 de que quando estava na faculdade, esse tipo societário se chama-I,_ . . .. ". , u me em r , - b i0 :~<~i , . . :;_s;;> . d d otas de responsabilidade limitada Você provavelmente nem sa ia ·~i "·.:_va:soCle a e por qu · ' ..• ~,,-~so. É. Estou ficando velha mesmo.

·~i ';~

A sociedade limitada é, hoje em dia, a mais presente no País. A grande maioria das sociedades se organiza sob essa forma, e os motivos são bem claros: uma vez integra­lizado o capital social, os sócios não responderão com seu patrimônio.

O Código Civil trata das sociedades limitadas entre os arts. 1.052 e 1.087. E o próprio Código dá as balizas para o preenchimento das eventuais lacunas ou omissões: serão uti­lizadas as regras relativas às sociedades simples, ou, se expressamente previsto no contrato social, as regras relativas às sociedades anônimas. É o que se chama de regência supletiva.

lsso existe porque as regras constantes no capítulo específico das limitadas não são suficientes para regular completamente o assunto. Por exemplo: não há disposi­ção sobre o que deve ser feito caso uma deliberação resulte em empate.

Aí, vai ser assim: Se o contrato social nada disser, aplicam-se as regras das socie­dades simples, e, no caso do exemplo acima, o empate se resolve pela contagem do número de votos; prevalecendo este, por decisão judicial.

Por outro lado, se houver uma cláusula no contrato social que determine a su­plência de regras pela Leis das Sociedades Anônimas, em caso de empate nas delibera­ções será convocada uma nova assembleia. Prevalecendo o empate, a decisão será dada pelo judiciário.

Importante ver aqui mais uma situação em que haverá solução diferente caso a sociedade adote como regência supletiva as normas das sociedades simples ou a Lei das Sociedade Anônimas. Trata-se da destinação dos resultados.

Pelas regras da sociedade simples, não há obrigatoriedade de distribuição míni­ma de lucros. Assim, podem os sócios decidir pelo reinvestimento da totalidade ou ainda pela distribuição total. já na LSA, uma parte do lucro auferido deve ser obriga­toriamente distribuída entre os acionistas.

Como se vê, as regras de suplência são bem diferentes. Antes de continuarmos, cabe fazer um adendo para falar um pouco das socieda­

des simples, uma vez que não tratamos delas ainda. Sociedade simples é a que explora sua atividade de forma não empresarial. Seus

atos constitutivos não são registrados na junta Comercial, mas sim no Cartório de Registro Civil de Pessoas jurídicas

Uma sociedade simples pode adotar qualquer um dos tipos societário, exceto so­ciedade por ações, mas também pode não adotar nenhum tipo, e aí será considerada uma sociedade simples pura. A responsabilidade dos sócios, nesse caso, será ilimitada, mas se aplica a regra do benefício de ordem.

Legal. Vamos ver agora as peculiaridades das sociedade limitadas. Espero que consigamos terminar de ver isso antes que chegue meu aniversário.

1 0.1. Formas de integralização das cotas Os sócios de uma sociedade limitada poderão integralizar as cotas subscritas das

seguintes maneiras:

87 Empresarial para quem odeia empresarial

(:i)

\. /'' ) \f~~.~~'~

w \'c_/

.. , '4. 10. Odeio ontversorto: __ .:· /

soCiedade·limitada.

················································· ·~·~~;;,;;~·;k·~·~ uma IJ.€1- está chega~do o meu aniversário. t: eu odeio esse dia. Nem é por conta da 1dade em SI; e porque eu sou me1o

bicho do mato. J=ico com vergonha quando as pessoas me dizem parabéns. Não sei o que

responder, e fica todo mundo com aquela cara sem gr_aça. Aí, tem aquelas pes­soas que sempre dão presente e eu fico na obngaçao de lembrar do d1a do aniversário delas, e de dar presente também.

De fato, eu adoro dar presentes. Acho uma forma legal de retribuir algu,ma coisa, de demonstrar carinho e agradecimento. Mas o presente de an1versano

em si acho meio sem nexo. Pensando nisso, acabei de compreender por que algumas pessoas ficam

bravas comigo quando eu as presenteio. t:nfim, não tem como fugir do dia do parabéns. Por mais que eu tente

manter telefones e Internet desligados o dia todo, sempre tem um ou outro h Junto com os votos de felicidades, que, na maioria das vezes são que me ac a. d · ?"

falsos, vem também a pergunta imbecil:"[; os concursos, estuclan o mu1to. -Odeio. Qual a razão ele comemorar a velhice se ,aproximando? !=alta pou­

co menos ele um mês e eu já começo a ter calafrios. t: sério. Odeio mesmo.

Pausa dramática. Acabo de me lembrar de que, quando eu escrevia o livro de Tributário,

t · ode·10 também Natal e Ano Novo. O que está acontecendo co-comen e1 que ·a ? Sera' que estou ficando cada dia mais amarga e ranzinza? m~. . .

Credo. J=iquei com medo de mim agora: acho que o problema elos aniver-sários acaba de aumentar. A cada ano que passa eu me torno mais chata. ·

···················································································· sJciedades limitadas. '

i' C . . .E! 1 b 0 de que quando estava na faculdade, esse tipo societário se chama-I,_ . . .. ". , u me em r , - b i0 :~<~i , . . :;_s;;> . d d otas de responsabilidade limitada Você provavelmente nem sa ia ·~i "·.:_va:soCle a e por qu · ' ..• ~,,-~so. É. Estou ficando velha mesmo.

·~i ';~

A sociedade limitada é, hoje em dia, a mais presente no País. A grande maioria das sociedades se organiza sob essa forma, e os motivos são bem claros: uma vez integra­lizado o capital social, os sócios não responderão com seu patrimônio.

O Código Civil trata das sociedades limitadas entre os arts. 1.052 e 1.087. E o próprio Código dá as balizas para o preenchimento das eventuais lacunas ou omissões: serão uti­lizadas as regras relativas às sociedades simples, ou, se expressamente previsto no contrato social, as regras relativas às sociedades anônimas. É o que se chama de regência supletiva.

lsso existe porque as regras constantes no capítulo específico das limitadas não são suficientes para regular completamente o assunto. Por exemplo: não há disposi­ção sobre o que deve ser feito caso uma deliberação resulte em empate.

Aí, vai ser assim: Se o contrato social nada disser, aplicam-se as regras das socie­dades simples, e, no caso do exemplo acima, o empate se resolve pela contagem do número de votos; prevalecendo este, por decisão judicial.

Por outro lado, se houver uma cláusula no contrato social que determine a su­plência de regras pela Leis das Sociedades Anônimas, em caso de empate nas delibera­ções será convocada uma nova assembleia. Prevalecendo o empate, a decisão será dada pelo judiciário.

Importante ver aqui mais uma situação em que haverá solução diferente caso a sociedade adote como regência supletiva as normas das sociedades simples ou a Lei das Sociedade Anônimas. Trata-se da destinação dos resultados.

Pelas regras da sociedade simples, não há obrigatoriedade de distribuição míni­ma de lucros. Assim, podem os sócios decidir pelo reinvestimento da totalidade ou ainda pela distribuição total. já na LSA, uma parte do lucro auferido deve ser obriga­toriamente distribuída entre os acionistas.

Como se vê, as regras de suplência são bem diferentes. Antes de continuarmos, cabe fazer um adendo para falar um pouco das socieda­

des simples, uma vez que não tratamos delas ainda. Sociedade simples é a que explora sua atividade de forma não empresarial. Seus

atos constitutivos não são registrados na junta Comercial, mas sim no Cartório de Registro Civil de Pessoas jurídicas

Uma sociedade simples pode adotar qualquer um dos tipos societário, exceto so­ciedade por ações, mas também pode não adotar nenhum tipo, e aí será considerada uma sociedade simples pura. A responsabilidade dos sócios, nesse caso, será ilimitada, mas se aplica a regra do benefício de ordem.

Legal. Vamos ver agora as peculiaridades das sociedade limitadas. Espero que consigamos terminar de ver isso antes que chegue meu aniversário.

1 0.1. Formas de integralização das cotas Os sócios de uma sociedade limitada poderão integralizar as cotas subscritas das

seguintes maneiras:

87 Empresarial para quem odeia empresarial

~ dinheiro; ~ bens (veja aqui que quem integraliza com bens responde pela evicção. Olá,

direito civil!); ~ créditos (quem integraliza com créditos responde pela solvência destes).

Os bens utilizados para a integralização podem ser móveis ou imóveis, e, neste

último caso, deverá ser feita a transferência da propriedade deste para a pessoa jurídi­

ca. Essa operação é isenta de lTBI.

Em algum lugar está escrito que o sócio pode integralizar suas cotas com traba­

lho? Não, né? É porque não pode mesmo, ok?

1 0.2 Responsabilidade dos sócios

Antes de mais nada, nunca é demais relembrar a regra do art. 1.024 do CC, que

determina que os bens que integram o patrimônio da sociedade serão executados

sempre em primeiro lugar. Somente se estes resultarem insuficientes é que será atin­

gido o patrimônio pessoal dos sócios.

Como o próprio nome diz, a responsabilidade aqui é limitada, e até já comenta­

mos esse limite: ele vai até o valor do capital social subscrito e não integralizado. Se

totalmente integralizado o capital social, os credores não poderão chegar ao patrimô-

nio pessoal do sócio. .

É o famoso perdeu, playboy. : Olha uma coisa interessante que pode causar uma certa confusão aqui. Presta

atenção na seguinte frase: os sócios de uma sociedade limitada têm responsabilidade

subsidiária em relação a esta, mas todos respondem solidariamente pela integraliza­

ção do capita social.

O que quer dizer isso?

Simples: em relação à sociedade, os sócios terão sempre responsabilidade subsi­

diária. É o que relembramos antes: no cumprimento das obrigações sociais, primeiro

sempre vêm os bens da sociedade.

Nas relações entre os sócios, a responsabilidade é solidária. Quando o capital

social não está totalmente integralizado, os credores podem atingir o patrimônio pes­

soal de cada sócio. Os sócios respondem todos juntos pela integralização. Significa

dizer que mesmo que eu, sócia de uma limitada, já tenha integralizado minha cota na

sociedade, se outro sócio não o fez, eu posso ser chamada a responder com meu patri­

mônio pela quantia não integralizada. Aí, depois, eu cobro, via ação de regresso, da­

quele sócio remisso.

Como toda e qualquer boa regra, essa que dispõe sobre a limitação da responsa­

bilidade dos sócios comporta exceções. Olha elas aí:

a) se os sócios deliberarem em sentido contrário à lei ou ao contrato, as obriga­

ções decorrentes dessas deliberações implicam responsabilidade ilimitada. Quando

Sociedade limitada 88

r­I I i f i ! I

I ! I f

isso ocorre, um sócio que não concorde com a deliberação deverá formalizar sua dis­

cordância para ser preservado em seus direitos;

b) sociedade marital: pelo Código Civil, uma sociedade não poderá ser formada

somente por marido e mulher se estes forem càsados pelo regime da comunhão uni­

versal ou da separação obrigatória. Descumprida essa regra, a responsabilidade passa

a ser ilimitada; c) com relação aos débitos trabalhistas, a justiça do Trabalho vem desconside­

r~ndo a regra da limitação da responsabilidade dos sócios. O mesmo ocorre com rela­

ção a débitos previdenciários; d) desconsideração da personalidade jurídica: conforme já vimos, em caso de

utilização fraudulenta da pessoa jurídica, esta poderá ser desconsiderada, atingindo­

-se o patrimônio pessoa do sócio fraudador de maneira direta e ilimitada.

1 0.3. Deliberações sociais

Algumas decisões relativas às sociedades limitadas só podem ser tomadas em as­

sembleia. E que decisões são essas? São as que levam em conta as matérias abaixo:

• ~ designação, destituição e remuneração de administrador;

~ votação das contas anuais dos administradores;

~ modificação do contrato social;

~ operações societárias, dissolução e liquidação da sociedade;

~ expulsão de sócio minoritário.

A assembleia deve ser convocada pelo administrador, publicando-se editais por

três vezes em jornal local de grand.e circulação e com antecedência mínima de 8 dias.

O quórum para a instalação da assembleia é de% do capital social em primeira con­

vocação. Não se alcançando esse quórum, será feita uma segunda convocação, com a

publicação de três novos editais e antecedência mínima de 5 dias. E aí a assembleia se

instala com qualquer número de presentes.

Não observadas essas regras, a deliberação tomada na assembleia pode ser anula­

da, exceto se tod~s os sócios anuírem, por escrito, com a deliberação.

É bem trabalhoso convocar uma assembleia. Por esse motivo, a lei autoriza que, se a

sociedade tiver até 1 o sócios, as deliberações podem ser tomadas em reunião, que,é uma

assembleia simplificada; as regras de convocação estarão dispostas no contrato social.

Pelo menos uma vez por ano deve ser instalada uma assembleia, porque deve

haver a tomada das contas dos administradores, votação dos balanços patrimonial e

de resultado econômico e eventual eleição de administradores e fiscais.

E aqui começa a palhaçada dos quóruns.

juro que tentei, de todas as formas, encontrar um jeito fácil de aprender todos

esses nu:nerinhos, mas não adiantou nada. Vou tentar simplificar a parada, mas adian­

to que não tem como deixar assim tão simples. O lance é decoreba mesmo.

89 Empresarial para quem odeia empresarial

~ dinheiro; ~ bens (veja aqui que quem integraliza com bens responde pela evicção. Olá,

direito civil!); ~ créditos (quem integraliza com créditos responde pela solvência destes).

Os bens utilizados para a integralização podem ser móveis ou imóveis, e, neste

último caso, deverá ser feita a transferência da propriedade deste para a pessoa jurídi­

ca. Essa operação é isenta de lTBI.

Em algum lugar está escrito que o sócio pode integralizar suas cotas com traba­

lho? Não, né? É porque não pode mesmo, ok?

1 0.2 Responsabilidade dos sócios

Antes de mais nada, nunca é demais relembrar a regra do art. 1.024 do CC, que

determina que os bens que integram o patrimônio da sociedade serão executados

sempre em primeiro lugar. Somente se estes resultarem insuficientes é que será atin­

gido o patrimônio pessoal dos sócios.

Como o próprio nome diz, a responsabilidade aqui é limitada, e até já comenta­

mos esse limite: ele vai até o valor do capital social subscrito e não integralizado. Se

totalmente integralizado o capital social, os credores não poderão chegar ao patrimô-

nio pessoal do sócio. .

É o famoso perdeu, playboy. : Olha uma coisa interessante que pode causar uma certa confusão aqui. Presta

atenção na seguinte frase: os sócios de uma sociedade limitada têm responsabilidade

subsidiária em relação a esta, mas todos respondem solidariamente pela integraliza­

ção do capita social.

O que quer dizer isso?

Simples: em relação à sociedade, os sócios terão sempre responsabilidade subsi­

diária. É o que relembramos antes: no cumprimento das obrigações sociais, primeiro

sempre vêm os bens da sociedade.

Nas relações entre os sócios, a responsabilidade é solidária. Quando o capital

social não está totalmente integralizado, os credores podem atingir o patrimônio pes­

soal de cada sócio. Os sócios respondem todos juntos pela integralização. Significa

dizer que mesmo que eu, sócia de uma limitada, já tenha integralizado minha cota na

sociedade, se outro sócio não o fez, eu posso ser chamada a responder com meu patri­

mônio pela quantia não integralizada. Aí, depois, eu cobro, via ação de regresso, da­

quele sócio remisso.

Como toda e qualquer boa regra, essa que dispõe sobre a limitação da responsa­

bilidade dos sócios comporta exceções. Olha elas aí:

a) se os sócios deliberarem em sentido contrário à lei ou ao contrato, as obriga­

ções decorrentes dessas deliberações implicam responsabilidade ilimitada. Quando

Sociedade limitada 88

r­I I i f i ! I

I ! I f

isso ocorre, um sócio que não concorde com a deliberação deverá formalizar sua dis­

cordância para ser preservado em seus direitos;

b) sociedade marital: pelo Código Civil, uma sociedade não poderá ser formada

somente por marido e mulher se estes forem càsados pelo regime da comunhão uni­

versal ou da separação obrigatória. Descumprida essa regra, a responsabilidade passa

a ser ilimitada; c) com relação aos débitos trabalhistas, a justiça do Trabalho vem desconside­

r~ndo a regra da limitação da responsabilidade dos sócios. O mesmo ocorre com rela­

ção a débitos previdenciários; d) desconsideração da personalidade jurídica: conforme já vimos, em caso de

utilização fraudulenta da pessoa jurídica, esta poderá ser desconsiderada, atingindo­

-se o patrimônio pessoa do sócio fraudador de maneira direta e ilimitada.

1 0.3. Deliberações sociais

Algumas decisões relativas às sociedades limitadas só podem ser tomadas em as­

sembleia. E que decisões são essas? São as que levam em conta as matérias abaixo:

• ~ designação, destituição e remuneração de administrador;

~ votação das contas anuais dos administradores;

~ modificação do contrato social;

~ operações societárias, dissolução e liquidação da sociedade;

~ expulsão de sócio minoritário.

A assembleia deve ser convocada pelo administrador, publicando-se editais por

três vezes em jornal local de grand.e circulação e com antecedência mínima de 8 dias.

O quórum para a instalação da assembleia é de% do capital social em primeira con­

vocação. Não se alcançando esse quórum, será feita uma segunda convocação, com a

publicação de três novos editais e antecedência mínima de 5 dias. E aí a assembleia se

instala com qualquer número de presentes.

Não observadas essas regras, a deliberação tomada na assembleia pode ser anula­

da, exceto se tod~s os sócios anuírem, por escrito, com a deliberação.

É bem trabalhoso convocar uma assembleia. Por esse motivo, a lei autoriza que, se a

sociedade tiver até 1 o sócios, as deliberações podem ser tomadas em reunião, que,é uma

assembleia simplificada; as regras de convocação estarão dispostas no contrato social.

Pelo menos uma vez por ano deve ser instalada uma assembleia, porque deve

haver a tomada das contas dos administradores, votação dos balanços patrimonial e

de resultado econômico e eventual eleição de administradores e fiscais.

E aqui começa a palhaçada dos quóruns.

juro que tentei, de todas as formas, encontrar um jeito fácil de aprender todos

esses nu:nerinhos, mas não adiantou nada. Vou tentar simplificar a parada, mas adian­

to que não tem como deixar assim tão simples. O lance é decoreba mesmo.

89 Empresarial para quem odeia empresarial

Temos cinco quóruns diferentes. Vou colocar um a um e abaixo de cada um deles

as deliberações respectivas.

a) Unanimidade )> nomeação de administrador não sócio, se houver essa previsão no contrato

social e se o capital social não estiver totalmente integralizado.

b) % do capital social

)> alteração do contrato social;

)> incorporação, fusão ou dissolução da sociedade;

)> cessação da liquidação.

c) 2/3 do capital social )> designação de administrador não sócio, se houver essa previsão no contrato

social e se o capital social estiver totalmente integralizado;

)> destituição de administrador não sócio nomeado no contrato social.

d) Mais da metade do capital social (maioria absoluta)

)> designação ou destituição de administrador em ato separado;

)> destituição de administrador não sócio;

)> expulsão de sócio minoritário.

e) Mais da metade dos sócios presentes à assembleia ou reunião (maioria sim­

ples)

)> aprovação das contas dos administradores;

)> nomeação e destituição de liquidantes;

)> julgamento das contas dos liquidantes.

Não adianta me xingar. Eu avisei que era chato desde o início, e que tinha bastan­

te coisa. Tem apenas uma notícia boa aqui: se a sociedade for ME ou EPP, o quórum será

sempre de maioria absoluta do capital social.

1 0.4. Administração Como deu para perceber pelas regras dos quóruns, o administrador pode ser só­

cio ou não sócio, nomeado no contrato social ou em ato separado.

É dever do administrador prestar contas anualmente, e apresentar os balanços

patrimonial e de resultado econômico. lsso deve ser feito no prazo de até 4 meses após

o fim elo exercício social.

Link com direito tributário aqui: se o administrador não paga dívidas tributárias,

pode ser incluído na CDA (certidão da dívida ativa) e responderá pelo inadimplemen­

to ela sociedade. Leia-se: ser administrador é bucha.

Olha outra bucha aqui: se o administrador praticar qualquer a'to estranho ao ob­

jeto social ela limitada e esta estiver sob'a regência supletiva das noririas referentes às

sociedades simples, ele responderá pelo adimplemento desses atos de forma pessoal.

Sociedade limitado 90

É a chamada teoria ultra vires, prevista no Código Civil no art. 1.0 15:

''Art. 1.0 15. No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos

pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a venda de

bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir.

Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a

terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:

I -se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade;

11 -provando-se que era conhecida do terceiro;

lll- tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade"

(grifamos).

Mas veja: se a regência supletiva for pela Lei das S/ A, não vai rolar responsabiliza­

ção pessoal de ninguém. A própria sociedade responderá pelo ato, e depois poderá

voltar-se, em regresso, contra o administrador que agiu em excesso.

Ó que legal: mais uma diferença decorrente da adoção das normas de regência

supletiva.

'Pa.uiin.Jim . .llc.a&i de- me ~de- uma. co.i4.a.. Talvez o meu ódio pelos

aniversários seja reminiscência da minha adolescência conturbada. Nunca tive

uma festa surpresa. Sou frustrada por isso. .· .................................................................................. .

10.5. Conselho fiscal A existência do conselho fiscal nas sociedades limitadas é facultativa. Se existen­

te, ele será composto por no mínimo 3 membros e respectivos suplentes, sócios ou

não, mas que não podem ser cônjuges ou parentes até o terceiro grau de administra­

dor, e nem empregados ou administradores da sociedade.

A eleição dos fiscais ocorre em assembleia anual, por maioria simples. E olha que

legal o direito das minorias: se os sócios minoritários detentores de pelo menos I/5 do

capital social discordarem da escolha dos fiscais, terão o direito de eleger, em separa­

do, um membro e seu suplente.

A função precípua do conselho fiscal é auxiliar os sócios na fiscalização dos admi­

nistradores.

'Pw.nto.. Yló. iM.o.. Sem contar a parte dos prazos, nem doeu tanto.

Ainda continuo no mesmo dia em que estava quando comecei a escrever

este 'capítulo, o que significa que meu aniversário ainda não chegou. Ótimo.

Podemos permanecer no dia de hoje para sempre.

t: que fique bem claro: qualquer tentativa no sentido de me fazer. atual·

mente. uma festa surpresa vai me causar irritação ainda maior. t:stou velha de·

mais para isso.

91 Empresarial para quem odeia empresarial

Temos cinco quóruns diferentes. Vou colocar um a um e abaixo de cada um deles

as deliberações respectivas.

a) Unanimidade )> nomeação de administrador não sócio, se houver essa previsão no contrato

social e se o capital social não estiver totalmente integralizado.

b) % do capital social

)> alteração do contrato social;

)> incorporação, fusão ou dissolução da sociedade;

)> cessação da liquidação.

c) 2/3 do capital social )> designação de administrador não sócio, se houver essa previsão no contrato

social e se o capital social estiver totalmente integralizado;

)> destituição de administrador não sócio nomeado no contrato social.

d) Mais da metade do capital social (maioria absoluta)

)> designação ou destituição de administrador em ato separado;

)> destituição de administrador não sócio;

)> expulsão de sócio minoritário.

e) Mais da metade dos sócios presentes à assembleia ou reunião (maioria sim­

ples)

)> aprovação das contas dos administradores;

)> nomeação e destituição de liquidantes;

)> julgamento das contas dos liquidantes.

Não adianta me xingar. Eu avisei que era chato desde o início, e que tinha bastan­

te coisa. Tem apenas uma notícia boa aqui: se a sociedade for ME ou EPP, o quórum será

sempre de maioria absoluta do capital social.

1 0.4. Administração Como deu para perceber pelas regras dos quóruns, o administrador pode ser só­

cio ou não sócio, nomeado no contrato social ou em ato separado.

É dever do administrador prestar contas anualmente, e apresentar os balanços

patrimonial e de resultado econômico. lsso deve ser feito no prazo de até 4 meses após

o fim elo exercício social.

Link com direito tributário aqui: se o administrador não paga dívidas tributárias,

pode ser incluído na CDA (certidão da dívida ativa) e responderá pelo inadimplemen­

to ela sociedade. Leia-se: ser administrador é bucha.

Olha outra bucha aqui: se o administrador praticar qualquer a'to estranho ao ob­

jeto social ela limitada e esta estiver sob'a regência supletiva das noririas referentes às

sociedades simples, ele responderá pelo adimplemento desses atos de forma pessoal.

Sociedade limitado 90

É a chamada teoria ultra vires, prevista no Código Civil no art. 1.0 15:

''Art. 1.0 15. No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos

pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a venda de

bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir.

Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a

terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:

I -se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade;

11 -provando-se que era conhecida do terceiro;

lll- tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade"

(grifamos).

Mas veja: se a regência supletiva for pela Lei das S/ A, não vai rolar responsabiliza­

ção pessoal de ninguém. A própria sociedade responderá pelo ato, e depois poderá

voltar-se, em regresso, contra o administrador que agiu em excesso.

Ó que legal: mais uma diferença decorrente da adoção das normas de regência

supletiva.

'Pa.uiin.Jim . .llc.a&i de- me ~de- uma. co.i4.a.. Talvez o meu ódio pelos

aniversários seja reminiscência da minha adolescência conturbada. Nunca tive

uma festa surpresa. Sou frustrada por isso. .· .................................................................................. .

10.5. Conselho fiscal A existência do conselho fiscal nas sociedades limitadas é facultativa. Se existen­

te, ele será composto por no mínimo 3 membros e respectivos suplentes, sócios ou

não, mas que não podem ser cônjuges ou parentes até o terceiro grau de administra­

dor, e nem empregados ou administradores da sociedade.

A eleição dos fiscais ocorre em assembleia anual, por maioria simples. E olha que

legal o direito das minorias: se os sócios minoritários detentores de pelo menos I/5 do

capital social discordarem da escolha dos fiscais, terão o direito de eleger, em separa­

do, um membro e seu suplente.

A função precípua do conselho fiscal é auxiliar os sócios na fiscalização dos admi­

nistradores.

'Pw.nto.. Yló. iM.o.. Sem contar a parte dos prazos, nem doeu tanto.

Ainda continuo no mesmo dia em que estava quando comecei a escrever

este 'capítulo, o que significa que meu aniversário ainda não chegou. Ótimo.

Podemos permanecer no dia de hoje para sempre.

t: que fique bem claro: qualquer tentativa no sentido de me fazer. atual·

mente. uma festa surpresa vai me causar irritação ainda maior. t:stou velha de·

mais para isso.

91 Empresarial para quem odeia empresarial

: qi.s.sqlyçã.~ .~as .SC?Qi.edades cof)tratuai.s ' . .

···················································································· ~da~ ...

São 8h42. Acabei de levar a cria para a escola e tenho um monte de coisas

para fazer, sendo a mais' importante delas escrever pelo menos uns três capítu­

los aqui.

E:nquanto isso, ontem à noite um amigo me ligou e disse que hoje estaria

em casa pela manhã, perguntando se a gente podia conversar.

O que fazer? Trab;alho ou diversão?

Solução: os dois.

Notebook, telinha do Word de um lado e janelinha do MSN do outro, webcam ligada. l:::u trabalhando aqui e ele trabalhando lá, e parece que estamos senta­

dos frente a frente na mesma mesa. Dá para fazer pequenas pausas, conversar

sobre assuntos, aleatórios, rir de coisas imbecis, fazer perguntas sobre o que

não sabemos. 1::: bem legal.

Adoro essas coisas de tecnologia. Adoro mesmo. i=ico lembrando de

quando instalaram a Internet na casa dos meus pais. !=azia um barulhinho su­

perlegal para ligar·, demorava horas, e o telefone ficava ocupado. Aí a conta vi­

nha absurda no fim do mês.

Já comentei por aqui que não sei mais viver sem Internet. t:u acordo e a

primeira coisa que faço é ligar o computador. Às vezes, antes mesmo de esco­

var os dentes: enquanto roda o boot eu faço minha higiene matinal.

A única coisa que falta inventarem é um dispositivo que permita que você

compartilhe um café com a pessoa do outro lado. Ou uma cerveja; mas, como

ainda está cedo, eu ficaria com o café mesmo.

Como ainda não é possível fazer isso, vou eu mesma preparar meu café e

um pãozinho com peito de peru. Volto logo para começar isto aqui.

···················································································· . -. , O fim de uma sociedade não é tão simples como o de uma pessoa física (que mor­

·~,_r~, enterra e já era). É uma sequência de atos que leva ao desligamento total de um ou •,::>y

de todos os sócios. Em sentido estrito, a dissolução é o primeiro desses atos que cul­

mina com a morte.

Vamos passar a usar, a partir de agora, os terrrios corretos, ok?

Quando estivermos nos referindo ao processo todo, falaremos em extinção.

Q.rando nos referirmos somente ao ato que desencadeia tudo isso, aí sim falaremos

eo dissolução.

Só para lembrar: as regras que veremos aqui só dizem respeito às sociedades con­

tratuais. Falaremos das institucionais (anônima e em comandita por ações) no· próxi­

mo capítulo, e aí veremos todas as regras delas de uma vez só.

Antes de efetivamente começarmos a falar da dissolução, é importante dar uma

passada nos conceitos e reflexos do princípio da preservação da empresa. já falamos

desse princípio.

Y"':m. () mJJn eo.nii.nua eJ.qa.do-1 o bonitinho continua do outro lado, e de vez

ern quando eu paro e fico só olhando para ele. .....................................................................................

T~ata-se de princípio implícito na Constituição Federal, decorrente dos funda­

mentos e objetivos e das normas que regem a ordem econômica.

Observe-se que o fim de uma empresa acarreta o fechamento de postos de traba-

11-.o, o desabastecimento de produtos e serviços, a diminuição na arrecadação de im­

postos etc. Vários são os setores atingidos.

O maior exemplo da aplicação desse princípio encontra-se na Lei de Falências,

conforme veremos. Mas já falamos sobre a teoria da desconsideração da personalidade

juídica, que também leva esse princípio em consideração, autorizando a sociedade a

continuar funcionando normalmente, enquanto só será penalizado o sócio fraudador.

Nesse sentido, as normas que autorizam a dissolução parcial das sociedade tam­

b~m atendem a esse princípio: em regra, somente um sócio sai, e a empresa continua

normalmente. Se for possível que a sociedade permaneça existindo, e que a atividade

e:npresarial continue, romper-se-ão apenas os laços que ligam um sócio à sociedade.

Legal? Vamos ver, então, as espécies de dissolução.

11.1. Espécies

A partir do que foi dito, fica fácil perceber que a dissolução pode ser de duas es­

pécies: total ou parcial.

Desnecessário explicar, né? Total acaba tudo, parcial sai um ou mais de um sócio

e a sociedade continua .

No Código Civil, a dissolução parcial está tratada nos arts. 1.028 a 1.032 e 1.085 e

Lo86, e é chamada resolução da sociedade em relação a um sócio.

93 Empresarial para quem odeia empresarial

: qi.s.sqlyçã.~ .~as .SC?Qi.edades cof)tratuai.s ' . .

···················································································· ~da~ ...

São 8h42. Acabei de levar a cria para a escola e tenho um monte de coisas

para fazer, sendo a mais' importante delas escrever pelo menos uns três capítu­

los aqui.

E:nquanto isso, ontem à noite um amigo me ligou e disse que hoje estaria

em casa pela manhã, perguntando se a gente podia conversar.

O que fazer? Trab;alho ou diversão?

Solução: os dois.

Notebook, telinha do Word de um lado e janelinha do MSN do outro, webcam ligada. l:::u trabalhando aqui e ele trabalhando lá, e parece que estamos senta­

dos frente a frente na mesma mesa. Dá para fazer pequenas pausas, conversar

sobre assuntos, aleatórios, rir de coisas imbecis, fazer perguntas sobre o que

não sabemos. 1::: bem legal.

Adoro essas coisas de tecnologia. Adoro mesmo. i=ico lembrando de

quando instalaram a Internet na casa dos meus pais. !=azia um barulhinho su­

perlegal para ligar·, demorava horas, e o telefone ficava ocupado. Aí a conta vi­

nha absurda no fim do mês.

Já comentei por aqui que não sei mais viver sem Internet. t:u acordo e a

primeira coisa que faço é ligar o computador. Às vezes, antes mesmo de esco­

var os dentes: enquanto roda o boot eu faço minha higiene matinal.

A única coisa que falta inventarem é um dispositivo que permita que você

compartilhe um café com a pessoa do outro lado. Ou uma cerveja; mas, como

ainda está cedo, eu ficaria com o café mesmo.

Como ainda não é possível fazer isso, vou eu mesma preparar meu café e

um pãozinho com peito de peru. Volto logo para começar isto aqui.

···················································································· . -. , O fim de uma sociedade não é tão simples como o de uma pessoa física (que mor­

·~,_r~, enterra e já era). É uma sequência de atos que leva ao desligamento total de um ou •,::>y

de todos os sócios. Em sentido estrito, a dissolução é o primeiro desses atos que cul­

mina com a morte.

Vamos passar a usar, a partir de agora, os terrrios corretos, ok?

Quando estivermos nos referindo ao processo todo, falaremos em extinção.

Q.rando nos referirmos somente ao ato que desencadeia tudo isso, aí sim falaremos

eo dissolução.

Só para lembrar: as regras que veremos aqui só dizem respeito às sociedades con­

tratuais. Falaremos das institucionais (anônima e em comandita por ações) no· próxi­

mo capítulo, e aí veremos todas as regras delas de uma vez só.

Antes de efetivamente começarmos a falar da dissolução, é importante dar uma

passada nos conceitos e reflexos do princípio da preservação da empresa. já falamos

desse princípio.

Y"':m. () mJJn eo.nii.nua eJ.qa.do-1 o bonitinho continua do outro lado, e de vez

ern quando eu paro e fico só olhando para ele. .....................................................................................

T~ata-se de princípio implícito na Constituição Federal, decorrente dos funda­

mentos e objetivos e das normas que regem a ordem econômica.

Observe-se que o fim de uma empresa acarreta o fechamento de postos de traba-

11-.o, o desabastecimento de produtos e serviços, a diminuição na arrecadação de im­

postos etc. Vários são os setores atingidos.

O maior exemplo da aplicação desse princípio encontra-se na Lei de Falências,

conforme veremos. Mas já falamos sobre a teoria da desconsideração da personalidade

juídica, que também leva esse princípio em consideração, autorizando a sociedade a

continuar funcionando normalmente, enquanto só será penalizado o sócio fraudador.

Nesse sentido, as normas que autorizam a dissolução parcial das sociedade tam­

b~m atendem a esse princípio: em regra, somente um sócio sai, e a empresa continua

normalmente. Se for possível que a sociedade permaneça existindo, e que a atividade

e:npresarial continue, romper-se-ão apenas os laços que ligam um sócio à sociedade.

Legal? Vamos ver, então, as espécies de dissolução.

11.1. Espécies

A partir do que foi dito, fica fácil perceber que a dissolução pode ser de duas es­

pécies: total ou parcial.

Desnecessário explicar, né? Total acaba tudo, parcial sai um ou mais de um sócio

e a sociedade continua .

No Código Civil, a dissolução parcial está tratada nos arts. 1.028 a 1.032 e 1.085 e

Lo86, e é chamada resolução da sociedade em relação a um sócio.

93 Empresarial para quem odeia empresarial

A dissolução pode classificar-se, ainda, em judicial (quando é feita por sentença)

e extrajudicial (quando feita por alteração contratual). Perceba que essa classificação

não leva em conta a causa, mas sim o instrumento da operação: sentença ou alteração

contratual.

11.2. Causas de dissolução total

Várias são as causas que podem levar à dissolução total de uma sociedade empre-

sária: ~ vontade dos sócios;

~ decurso do prazo, quando a sociedade foi contratada por prazo determinado;

~ falência;

~ exaurimento do objeto social;

~ inexequibilidade do objeto social;

~ unipessoaliclade por mais ele 180 dias;

~ causas contratuais.

Se uma sociedade foi contratada por tempo determinado, a dissolução total por

vontade dos sócios depende da decisão de todos eles (unanimidade). Mas, se foi por

prazo indeterminado, depende da decisão de mais da metade do capital social.

Olha só que legal a aplicação do princípio da preservação da empresa aqui: a ju­

risprudência tem admitido que, mesmo que a maioria decida pela dissolução total da

sociedade, os sócios minoritários dissidentes podem continuar a empresa. Eles preci­

sam pedir isso ao juiz, mas em tese não há motivos para a negativa. Mesmo que seja só

um sócio, e que ele tenha participação mínima no capital social: desde que ele encon­

tre pelo menos mais um sócio, poderá continuar a empresa.

Decidida a dissolução, os sócios então devem fazer um documento para formali­

zá-la: pode ser um distrato ou a ata da assembleia em que a dissolução foi aprovada.

Nesse documento obrigatoriamente vão constar os motivos que levaram à dissolução,

os valores que foram divididos entre os sócios e quem ficará responsável pelo ativo e

passivo que sobraram.

Com relação às sociedades por tempo determinado, é importante saber que a

dissolução não é automática. Decorrido o prazo, os sócios têm que elaborar o distrato

também. Se não o fizerem, considera-se prorrogado tacitamente o prazo, e a socieda­

de passa a ter existência por prazo indeterminado.

Mas aí ela se torna uma sociedade irregular, e nem adianta, depois de passado o: prazo, querer ir lá na Junta Comercial fazer essa alteração. A sociedade só será regular·

se fizer a alteração antes do fim elo prazo estipulado no contrato, e a decisão sobre a

prorrogação tem que ser por unanimidade.

A falência também é causa ele dissolução total da sociedade, e falaremos dela de

maneira bem explicadinha mais para a frente. Por hora, basta saber qüe a falência do

sócio não gera a dissolução. O que gera é a falência da própria sociedade.

Dissolução das sociedades contratuais 94

No que tange ao exaurimento do objeto social, é assim: uma sociedade é contra­

tada,. por exemplo, especificamente para construir uma ponte. Quando termina de

construir a ponte, a sociedade deixa de ter razão de existir. E morre.

Já a inexequibilidade pode ter as seguintes causas:

~ falta de interesse dos consumidores;

~ insuficiência do capital social para produzir ou circular o bem ou serviço;

~ desentendimento entre os sócios que culmine na impossibilidade da conti­

nuidade dos negócios comuns etc.

A última das causas, a unipessoaliclade, acontece sempre que, por qualquer razão,

um único sócio ficar com 100% das cotas do capital social. Esse sócio terá duas alter­

nativas: requerer, na Junta Comercial, a transformação ela sociedade em'Eireli ou se

virar para achar mais sócios. Uma dessas duas providências tem que ser tomada no

prazo de 180 dias, sob pena de dissolução.

Essas são as causas de dissolução total previstas em lei, mas nada impede que o

contrato social traga outras causas.

./lA.'~ de~ mais do bonitinho do MSN. ~le não está mais aqui co­

migo, mas a manhã foi bem tranquila com a presença dele.

11.3. Causas de dissolução parcial

a) Vontade do sócio: o sócio não quer mais brincar, pede pra sair. Todo mundo

aceita, altera o contrato social, paga o que deve a ele e beleza. Essa é fácil.

b) Morte do sócio: os herdeiros do morto nunca serão obrigados a ingressar na

sociedade. Caso não queiram ser sócios, promoverão a dissolução parcial.

c) Retirada do sócio: já vimos essa quando falamos dos direitos elos sócios. Tran­

quilo.

d) Exclusão do sócio: também já falamos dessa. Pode ser judicial (falta grave) ou

extrajudicial (sócio remisso).; Importante lembrar também dos seguintes artigos, to­

dos do Código Civil:

"Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições es­

~abelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos 30 (trinta) dias seguintes

ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora.

Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios preferir, à

indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já realizado,

aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no§ 1~ do art. 1.03 !''.

'1\rt. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser

excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave

no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.

95 Empresarial para quem odeia empresarial

A dissolução pode classificar-se, ainda, em judicial (quando é feita por sentença)

e extrajudicial (quando feita por alteração contratual). Perceba que essa classificação

não leva em conta a causa, mas sim o instrumento da operação: sentença ou alteração

contratual.

11.2. Causas de dissolução total

Várias são as causas que podem levar à dissolução total de uma sociedade empre-

sária: ~ vontade dos sócios;

~ decurso do prazo, quando a sociedade foi contratada por prazo determinado;

~ falência;

~ exaurimento do objeto social;

~ inexequibilidade do objeto social;

~ unipessoaliclade por mais ele 180 dias;

~ causas contratuais.

Se uma sociedade foi contratada por tempo determinado, a dissolução total por

vontade dos sócios depende da decisão de todos eles (unanimidade). Mas, se foi por

prazo indeterminado, depende da decisão de mais da metade do capital social.

Olha só que legal a aplicação do princípio da preservação da empresa aqui: a ju­

risprudência tem admitido que, mesmo que a maioria decida pela dissolução total da

sociedade, os sócios minoritários dissidentes podem continuar a empresa. Eles preci­

sam pedir isso ao juiz, mas em tese não há motivos para a negativa. Mesmo que seja só

um sócio, e que ele tenha participação mínima no capital social: desde que ele encon­

tre pelo menos mais um sócio, poderá continuar a empresa.

Decidida a dissolução, os sócios então devem fazer um documento para formali­

zá-la: pode ser um distrato ou a ata da assembleia em que a dissolução foi aprovada.

Nesse documento obrigatoriamente vão constar os motivos que levaram à dissolução,

os valores que foram divididos entre os sócios e quem ficará responsável pelo ativo e

passivo que sobraram.

Com relação às sociedades por tempo determinado, é importante saber que a

dissolução não é automática. Decorrido o prazo, os sócios têm que elaborar o distrato

também. Se não o fizerem, considera-se prorrogado tacitamente o prazo, e a socieda­

de passa a ter existência por prazo indeterminado.

Mas aí ela se torna uma sociedade irregular, e nem adianta, depois de passado o: prazo, querer ir lá na Junta Comercial fazer essa alteração. A sociedade só será regular·

se fizer a alteração antes do fim elo prazo estipulado no contrato, e a decisão sobre a

prorrogação tem que ser por unanimidade.

A falência também é causa ele dissolução total da sociedade, e falaremos dela de

maneira bem explicadinha mais para a frente. Por hora, basta saber qüe a falência do

sócio não gera a dissolução. O que gera é a falência da própria sociedade.

Dissolução das sociedades contratuais 94

No que tange ao exaurimento do objeto social, é assim: uma sociedade é contra­

tada,. por exemplo, especificamente para construir uma ponte. Quando termina de

construir a ponte, a sociedade deixa de ter razão de existir. E morre.

Já a inexequibilidade pode ter as seguintes causas:

~ falta de interesse dos consumidores;

~ insuficiência do capital social para produzir ou circular o bem ou serviço;

~ desentendimento entre os sócios que culmine na impossibilidade da conti­

nuidade dos negócios comuns etc.

A última das causas, a unipessoaliclade, acontece sempre que, por qualquer razão,

um único sócio ficar com 100% das cotas do capital social. Esse sócio terá duas alter­

nativas: requerer, na Junta Comercial, a transformação ela sociedade em'Eireli ou se

virar para achar mais sócios. Uma dessas duas providências tem que ser tomada no

prazo de 180 dias, sob pena de dissolução.

Essas são as causas de dissolução total previstas em lei, mas nada impede que o

contrato social traga outras causas.

./lA.'~ de~ mais do bonitinho do MSN. ~le não está mais aqui co­

migo, mas a manhã foi bem tranquila com a presença dele.

11.3. Causas de dissolução parcial

a) Vontade do sócio: o sócio não quer mais brincar, pede pra sair. Todo mundo

aceita, altera o contrato social, paga o que deve a ele e beleza. Essa é fácil.

b) Morte do sócio: os herdeiros do morto nunca serão obrigados a ingressar na

sociedade. Caso não queiram ser sócios, promoverão a dissolução parcial.

c) Retirada do sócio: já vimos essa quando falamos dos direitos elos sócios. Tran­

quilo.

d) Exclusão do sócio: também já falamos dessa. Pode ser judicial (falta grave) ou

extrajudicial (sócio remisso).; Importante lembrar também dos seguintes artigos, to­

dos do Código Civil:

"Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições es­

~abelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos 30 (trinta) dias seguintes

ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora.

Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios preferir, à

indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já realizado,

aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no§ 1~ do art. 1.03 !''.

'1\rt. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser

excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave

no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.

95 Empresarial para quem odeia empresarial

Parágrafo único. Será de pleryo direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos tennos do parágrafo único do art. 1.026".

':4rt. 1.085. Ressalvado o disposto no art. I.OJO, quando a maioria dos sócios, repre­sentativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá ex­cluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa.

Parágrafo único. A exclusão somente poderá ser determinada em reunião ou assem­bleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permi­tir seu comparecimento e o exercício do direito de defesa".

e} Falência do sócio: falaremos mais adiante. f) Liquidação da cota por credor do sócio: como· já vimos, nas sociedades de

pessoas, o credor pessoal de um sócio não pode penhorar sua cota. Contudo, se o só­cio devedor não dispuser de mais nenhum bem, o credor pode pleitear em juízo que seja liquidada a sua cota. O valor será apurado em um balanço especial e depositado pela sociedade em juízo.

Mais uma coisinha para finalizar este tópico e entrarmos no último: se a socieda­de limitada tiver regência supletiva pela Lei das Sociedade Anônimas, a dissolução parcial só poderá ocorrer pela retirada motivada ou pela expulsão. As demais causas acima citadas não se aplicam.

11.4. liquidação e apuração de haveres Haverá liquidação quando for o caso de dissolução total, e apuração de haveres

nos casos de dissolução parcial. A liquidação pode ser extrajudicial ou judicial, e esta última acontecerá quando

algum ou alguns dos sócios não concordar com a causa que levou à dissolução ou com a liquidação propriamente dita. No período da liquidação, a sociedade pode praticar apenas os atos necessários para a solução das obrigações pendentes. Vale dizer que há uma restrição da sua personalidade jurídica, que continua existindo, mas não é mais plena.

O nome empresarial da sociedade deve ser acrescido da expressão "em liquida­ção", e os administradores não responderão mais pela sociedade. Quem o fará será o liquidante.

Ele, o liquidante, em resumo, vai fazer o seguinte: junta tudo, paga o que deve, e o que sobrar divide entre os sócios. Só aí, depois de tudo partilhado, é que a persona­lidade jurídica da sociedade efetivamente se extingue.

No caso da apuração de haveres, o que se busca é tão somente verificar quanto vale a cota do sócio ou dos sócios que pretendem deixar a sociedade. Assim sendo, não há restrição da personalidade jurídica da sociedade, nem nomeação de liquidante.

Dissolução das sociedades contratuais 96

Mas o valor apurado deve ser exatamente o mesmo que seria apurado caso a dissolu-ção fosse total. ·

11.5. Dissoluçao de fato Situação não rara de ver na prática é esta: a sociedade percebe que não anda lá

muito bem das pernas; e, em vez de proceder à dissolução da maneira como falamos adma (que é a correta), simplesmente vende tudo, fecha as portas e vai einbora.

Quando falo nisso, sempre penso nas agências de turismo. Dá pena ver as pesso­~3 todas com as malas prontas para passear que percebem, normalmente às vésperas da viagem, que a empresa simplesmente deu um "golpe na praça".

Outro exemplo que vi uma vez na televisão foi o de uma agência de casamento que fez isso. Eu, particularmente, nunca me imaginei vestida de noiva dando uma festa linda onde todo mundo come e bebe à vontade e depois ainda sai criticando. Mas a:ompanhei o casamento dos meus irmãos e de alguns amigos, e sei bem o quanto o dia da cerimônia e da festa é importante. Deve ser deprimente descobrir, quase na hora do sim, que não vai ter casamento nenhum, porque a empresa pegou o seu di­nheiro e fechou.

A dissolução de fato é causa de decretação de falência, e as coisas se resolvem pelas regras do direito civil. Ou seja: não se resolvem. Não, mentira. É aquela coisa básica da responsabilidade civil.

····················································································· :10-!Ji.nAa ele- u.eJu1a.d.e_ em c.aA.a, sem ~inguérn para ficar me olhando pela web­CJm e me dizendo que sou linda ou para me fazer sorrir igual idiota para a tela do computador, terminamos mais um capítulo.

~mb::Jra eu não possa ver a carinha de cada um que lê as bobeiras que es­c-evo em meio a coisas sérias, fica aqui o meu agradecimento pela companhia.

Beijo, me liga. . ~ ................................................................................. .

97 Empresarial para quem odeia empresarial

Parágrafo único. Será de pleryo direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos tennos do parágrafo único do art. 1.026".

':4rt. 1.085. Ressalvado o disposto no art. I.OJO, quando a maioria dos sócios, repre­sentativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá ex­cluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa.

Parágrafo único. A exclusão somente poderá ser determinada em reunião ou assem­bleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permi­tir seu comparecimento e o exercício do direito de defesa".

e} Falência do sócio: falaremos mais adiante. f) Liquidação da cota por credor do sócio: como· já vimos, nas sociedades de

pessoas, o credor pessoal de um sócio não pode penhorar sua cota. Contudo, se o só­cio devedor não dispuser de mais nenhum bem, o credor pode pleitear em juízo que seja liquidada a sua cota. O valor será apurado em um balanço especial e depositado pela sociedade em juízo.

Mais uma coisinha para finalizar este tópico e entrarmos no último: se a socieda­de limitada tiver regência supletiva pela Lei das Sociedade Anônimas, a dissolução parcial só poderá ocorrer pela retirada motivada ou pela expulsão. As demais causas acima citadas não se aplicam.

11.4. liquidação e apuração de haveres Haverá liquidação quando for o caso de dissolução total, e apuração de haveres

nos casos de dissolução parcial. A liquidação pode ser extrajudicial ou judicial, e esta última acontecerá quando

algum ou alguns dos sócios não concordar com a causa que levou à dissolução ou com a liquidação propriamente dita. No período da liquidação, a sociedade pode praticar apenas os atos necessários para a solução das obrigações pendentes. Vale dizer que há uma restrição da sua personalidade jurídica, que continua existindo, mas não é mais plena.

O nome empresarial da sociedade deve ser acrescido da expressão "em liquida­ção", e os administradores não responderão mais pela sociedade. Quem o fará será o liquidante.

Ele, o liquidante, em resumo, vai fazer o seguinte: junta tudo, paga o que deve, e o que sobrar divide entre os sócios. Só aí, depois de tudo partilhado, é que a persona­lidade jurídica da sociedade efetivamente se extingue.

No caso da apuração de haveres, o que se busca é tão somente verificar quanto vale a cota do sócio ou dos sócios que pretendem deixar a sociedade. Assim sendo, não há restrição da personalidade jurídica da sociedade, nem nomeação de liquidante.

Dissolução das sociedades contratuais 96

Mas o valor apurado deve ser exatamente o mesmo que seria apurado caso a dissolu-ção fosse total. ·

11.5. Dissoluçao de fato Situação não rara de ver na prática é esta: a sociedade percebe que não anda lá

muito bem das pernas; e, em vez de proceder à dissolução da maneira como falamos adma (que é a correta), simplesmente vende tudo, fecha as portas e vai einbora.

Quando falo nisso, sempre penso nas agências de turismo. Dá pena ver as pesso­~3 todas com as malas prontas para passear que percebem, normalmente às vésperas da viagem, que a empresa simplesmente deu um "golpe na praça".

Outro exemplo que vi uma vez na televisão foi o de uma agência de casamento que fez isso. Eu, particularmente, nunca me imaginei vestida de noiva dando uma festa linda onde todo mundo come e bebe à vontade e depois ainda sai criticando. Mas a:ompanhei o casamento dos meus irmãos e de alguns amigos, e sei bem o quanto o dia da cerimônia e da festa é importante. Deve ser deprimente descobrir, quase na hora do sim, que não vai ter casamento nenhum, porque a empresa pegou o seu di­nheiro e fechou.

A dissolução de fato é causa de decretação de falência, e as coisas se resolvem pelas regras do direito civil. Ou seja: não se resolvem. Não, mentira. É aquela coisa básica da responsabilidade civil.

····················································································· :10-!Ji.nAa ele- u.eJu1a.d.e_ em c.aA.a, sem ~inguérn para ficar me olhando pela web­CJm e me dizendo que sou linda ou para me fazer sorrir igual idiota para a tela do computador, terminamos mais um capítulo.

~mb::Jra eu não possa ver a carinha de cada um que lê as bobeiras que es­c-evo em meio a coisas sérias, fica aqui o meu agradecimento pela companhia.

Beijo, me liga. . ~ ................................................................................. .

97 Empresarial para quem odeia empresarial

:"'·~_,..-"";~.~ .. :..- .i

12.. Gororobas: "í" ... -~

' F.

\ I ·, ...... -

:l!fÇ;)

'spçlêfA~#es.'por açpes ... :~;;::!? ' ~ ' ' ' l

···················································································· e.u, a.d.o.M. ~· ./ldo.Jw. m.eA./nO.. Já até pensei em abrir um restaurante

uma vez. Mas já pensei em muita coisa, e a maioria delas nunca saiu mesmo do

campo do pensar.

O problema é que eu não sei fazer pouca comida. Nem tenho vontade de

cozinhar quando só eu vou comer. Na maioria das vezes, acabo nem comendo.

Ou porque passei o tempo todo experimentando e comendo alguma outra

coisa enquanto tomava uma cerveja, ou porque simplesmente desisto mesmo.

O legal não é comer, mas fazer. ~. principalmente, o legal é ver as pessoas co·

mendo com gosto aquiío que eu fiz.

Isso não significa que eu seja magrelinha, ou que não coma nada. Sou da

opinião que poucos prazeres na vida se igualam ao de comer. [só pelo fato de

eu já ter comentado em algum lugar que passei há pouco tempo por uma cirur·

gia plástica para tirar a barriga, já dá para concluir que estou longe de ser uma

pessoa fina, estruturalmente falando.

f-loje, chegando perto ela hora elo almoço. fui dominada por uma preguiça

máster ele fazer comida. Acontece sempre. A preguiça é tão grande que se

generaliza: não tenho apenas preguiça de cozinhar para mim, mas também de

sair para comer.

la comer qualquer coisa fácil que tivesse na geladeira ou no armário da

cozinha, mas acabei encarando o fogão. Receita meio demorada, mas cem fácil

de fazer.

Coxa ou sobrecoxa ele frango numa assadeira, uma lata de cerveja e um

pacote ele caldo ele cebola. Papel alumínio e forno. bquece. Umas du3s horas

mais ou menos. Depois, tira o papel alumínio e esquece' por mais uma hora.

~nquanto isso, recomendo ligar a televisão no Discovery Channel. Sem·

pre passam uns program9s legais perto da hora do almoço. Depois, se mata de

comer.

i=iz isso hoje. Amanhã eu penso em comer alface. Alguns prazeres na viçla

valem a pena o sacrifício que trazem implícitos.

Bora falar de sociedades por ações? Indigestão na certa, mas não tem

como fugir. Capítulo longo e denso. Sinto que deveria ter escolhido outro para

começar falando de receitas.

Agora já era.

12.1. Características gerais da sociedade anônima Sociedade anônima é sempre sociedade de capital. O capital social é dividido em

ações, que são alienáveis livremente, sem qualquer necessidade de anuência dos de­

mais acionistas, podem ser penhoradas sem nenhum problema e, em caso de morte do acionista, esses títulos passam para os herdeiros. Estes, aliás, não gozam do direito de requerer a apuração de haveres, como acontece nas sociedade de pessoas.

A responsabilidade dos acionistas é limitada ao valor que falta para integralizar as ações de que sejam titulares. Mas como é feito o cálculo do valor ele uma ação?

As ações apresentam vários tipos de valores. Muito legal a explicação do Fábio Ulhoa Coelho' (meu truta):

"Uma casa tem, também, diversos valores: se o objetivo é o cálculo e pagamento do imposto sobre propriedade, o que interessa é o valor venal da casa; se for o pagamento do imposto de transmissão, é o valor declarado na escritura,: mas nenhum destes terá qualquer importância no momento da negociação deste bem, hipótese em que tem peso o valor de mercado".

O valor da ação também pode ser expresso de várias formas: ,. Valor nominal: esse é o mais simples. É o resultado da divisão elo valor total do

capital social pelo número de ações emitidas. Se esse valor vier expresso no estatuto

social, diz-se que as ações têm valor nominal. 1> Valor patrimonial: é o valor da participação do titular no patrimônio líquido

da companhia. A divisão aqui não é mais do capital social pelo número de ações, mas

do patrimônio líquido por esse mesmo número. 1> Valor ele negociação: é o preço qtle o titular recebe pela venda ela ação. Como

se chega a esse valor eu nem quero tentar entender. Manjo absolutamente nada da­quele povo doido que trabalha na Bolsa de Valores e fica gritando o dia inteiro com

aqueles telefoninhos estranhos no ouvido. Mas tem a ver com isso tudo aí: probabili­dade de rendimento, risco, desempenho de atuação do setor em que ela atua etc.

8 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 220.

99 Empresarial para quem odeia empresarial

:"'·~_,..-"";~.~ .. :..- .i

12.. Gororobas: "í" ... -~

' F.

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'spçlêfA~#es.'por açpes ... :~;;::!? ' ~ ' ' ' l

···················································································· e.u, a.d.o.M. ~· ./ldo.Jw. m.eA./nO.. Já até pensei em abrir um restaurante

uma vez. Mas já pensei em muita coisa, e a maioria delas nunca saiu mesmo do

campo do pensar.

O problema é que eu não sei fazer pouca comida. Nem tenho vontade de

cozinhar quando só eu vou comer. Na maioria das vezes, acabo nem comendo.

Ou porque passei o tempo todo experimentando e comendo alguma outra

coisa enquanto tomava uma cerveja, ou porque simplesmente desisto mesmo.

O legal não é comer, mas fazer. ~. principalmente, o legal é ver as pessoas co·

mendo com gosto aquiío que eu fiz.

Isso não significa que eu seja magrelinha, ou que não coma nada. Sou da

opinião que poucos prazeres na vida se igualam ao de comer. [só pelo fato de

eu já ter comentado em algum lugar que passei há pouco tempo por uma cirur·

gia plástica para tirar a barriga, já dá para concluir que estou longe de ser uma

pessoa fina, estruturalmente falando.

f-loje, chegando perto ela hora elo almoço. fui dominada por uma preguiça

máster ele fazer comida. Acontece sempre. A preguiça é tão grande que se

generaliza: não tenho apenas preguiça de cozinhar para mim, mas também de

sair para comer.

la comer qualquer coisa fácil que tivesse na geladeira ou no armário da

cozinha, mas acabei encarando o fogão. Receita meio demorada, mas cem fácil

de fazer.

Coxa ou sobrecoxa ele frango numa assadeira, uma lata de cerveja e um

pacote ele caldo ele cebola. Papel alumínio e forno. bquece. Umas du3s horas

mais ou menos. Depois, tira o papel alumínio e esquece' por mais uma hora.

~nquanto isso, recomendo ligar a televisão no Discovery Channel. Sem·

pre passam uns program9s legais perto da hora do almoço. Depois, se mata de

comer.

i=iz isso hoje. Amanhã eu penso em comer alface. Alguns prazeres na viçla

valem a pena o sacrifício que trazem implícitos.

Bora falar de sociedades por ações? Indigestão na certa, mas não tem

como fugir. Capítulo longo e denso. Sinto que deveria ter escolhido outro para

começar falando de receitas.

Agora já era.

12.1. Características gerais da sociedade anônima Sociedade anônima é sempre sociedade de capital. O capital social é dividido em

ações, que são alienáveis livremente, sem qualquer necessidade de anuência dos de­

mais acionistas, podem ser penhoradas sem nenhum problema e, em caso de morte do acionista, esses títulos passam para os herdeiros. Estes, aliás, não gozam do direito de requerer a apuração de haveres, como acontece nas sociedade de pessoas.

A responsabilidade dos acionistas é limitada ao valor que falta para integralizar as ações de que sejam titulares. Mas como é feito o cálculo do valor ele uma ação?

As ações apresentam vários tipos de valores. Muito legal a explicação do Fábio Ulhoa Coelho' (meu truta):

"Uma casa tem, também, diversos valores: se o objetivo é o cálculo e pagamento do imposto sobre propriedade, o que interessa é o valor venal da casa; se for o pagamento do imposto de transmissão, é o valor declarado na escritura,: mas nenhum destes terá qualquer importância no momento da negociação deste bem, hipótese em que tem peso o valor de mercado".

O valor da ação também pode ser expresso de várias formas: ,. Valor nominal: esse é o mais simples. É o resultado da divisão elo valor total do

capital social pelo número de ações emitidas. Se esse valor vier expresso no estatuto

social, diz-se que as ações têm valor nominal. 1> Valor patrimonial: é o valor da participação do titular no patrimônio líquido

da companhia. A divisão aqui não é mais do capital social pelo número de ações, mas

do patrimônio líquido por esse mesmo número. 1> Valor ele negociação: é o preço qtle o titular recebe pela venda ela ação. Como

se chega a esse valor eu nem quero tentar entender. Manjo absolutamente nada da­quele povo doido que trabalha na Bolsa de Valores e fica gritando o dia inteiro com

aqueles telefoninhos estranhos no ouvido. Mas tem a ver com isso tudo aí: probabili­dade de rendimento, risco, desempenho de atuação do setor em que ela atua etc.

8 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 220.

99 Empresarial para quem odeia empresarial

~ Valor econômico: é o valor a que chegam os especialistas do assunto. O quan­

to a ação vale. Não se confunde com o valor de negociação, que é o valor que ela efe­

tivamente. teve em eventual alienação. Mesma coisa de uma casa: você pode ter um

valor que foi dado por um avaliador, mas pode vender a ação por valor diferente.

~ Preço de emissão: é o que paga quem subscreve uma ação, fixado pelos funda­dores na constituição da companhia ou pelos administradores quando ocorre aumen­

to do capital social. Se o estatuto traz a previsão do valor nominal das ações, o p'reço

de emissão não pode ser inferior a este, mas pode ser superior, e aí a diferença recebe

o nome de ágio e formará reserva de capital. Olha só uma coisa: uma S/A resolve aumentar seu capital social. Emite, então,

mais ações. Se o preço de emissão dessas novas ações for inferior ao valor patrimonial

das já existentes, haverá a diluição dos lucros dos acim1istas preexistentes. Então, a

emissão de ações com valor inferior ao patrimonial s6 pode acontecer de maneira

justificada, ou seja, se a companhia efetivamente precisar de recursos. Vejamos uma consequência disso que foi dito: aquele que tem ação com valor

nominal está mais garantido no caso de aumento do capital social. lsso porque, como

já mencionamos, o preço de emis~ão não pode ser menor que o valor nominal. Aí não ocorrerá a diluição.

:Já r:fiC.ícii ai? .llq,uí ~-A matéria é bem complicada mesmo. Tem que ler

com muita atenção.

~ ficou mais dificil ainda para mim. Por conta do tanto que comi e por

conta de uma coisa que acabou de aconte:er. Pessoa que me liga, depois de

um século sem dar qualquer noticia. me diz que está morando em Punta del

~ste, trabalhando num cassino, que volta no fim do mês e gostaria de me ver, e

termina a conversa de repente com a seguide frase: "Depois nos falamos, pre­

ciso ir. Beijos".

i=iquei com raiva? Sim ou claro que sim? Ou liga e conversa direito ou não

liga, poxa vida.

Mas vamos adiante.

As sociedades anônimas serão sempre empresárias, independentemente do obje­

to social ou da forma como explorarem a empresa. Seu nome empresarial será obriga­

toriamente do tipo denominação e seguirá as regras que vimos quando tratamos des­se assunto.

12.2. Classificação

Comecinho tranquilo aqui: as sociedades anônimas podem ser abertas ou fecha­

das. Serão abertas quando admitirem a negociação de seus títulos na Bolsa de Valores

ou mercado de balcão, e serão fechadas se não admitirem.

Sociedades por ações -I 100

I f

I I

I I

Para que os valores mobiliários de uma S/ A sejam admitidos em mercado, a com­

panhia deve ser registrada na CVM - Comissão de Valores Mobiliários. A CVM pode

classificar as companhias em categorias, segundo às espécies e classes dos valores mo­

biliários emitidos. Uma companhia aberta pode transformar-se em fechada. lsso acontece por meio

do cancelamento do registro na CVM e depende de oferta pública para a aquisição da

totalidade das ações em circulação no mercado. Assim, todas as ações colocadas no

m'ercado, exceto as de propriedade dos controladores, de diretores, de administrado­

r~s e as em tesouraria, serão colocadas à disposição do público. Nesse caso, titulares de no mínimo 1 o% das ações poderão, no prazo de 15 dias da

divulgação do valor da oferta pública, convocar assembleia geral para contestar o valor

avaliado para as ações. Se o novo valor apurado for inferior ou igual ao valor inicial da.

oferta pública, os que requereram a nova avaliação e os que votaram a seu favor res­

sarcirão a companhia pelos custos incorridos. Se, após a oferta, sobrarem menos de 5% do total de ações emitidas pela compa­

nhia, a assembleia geral poderá deliberar pelo resgate dessas ações. A aquisição pelo

controlador de quantidade de ações que, segundo a CVM, impeça a liquidez das rema­

nescentes ~quipara-se ao fechamento de capital, obrigando-o à formulação de oferta

pública para aquisição das ações em circulação. Veremos certinho o que é cada um desses conceitos citados aí em cima, tá? Este

capítulo vai precisar ser lido mais de uma vez, porque as coisas são meio confusas

mesmo. Estou tentando deixar menos chato (missão impossível).

···················································································· 'PoJL o.JLa, fW-d.e- eo.m.eç.ah. a a/lJt.a.n.c.a/1 o4 cafJe1o4, porque o negócio v a i f i c a r

feio. ~ o que estou fazendo, diga-se de passagem. ....................................................................................

12.3. Constituição '•. .

A matéria está tratada nos arts. So a 94 da LSA. Aliás, que falha a minha. Nem co-

loquei o número da porcaria da Lei. É a 6-404/76. Aproveito o ensejo para indicar, caso

alguém tenha interesse (o que eu duvido muito), um livro para um aprofundamento

maior no tema das sociedades anônimas. É o Lei das Sociedades Anônimas - S/ A da co­

leção Leis Especiais para Concurso, Editora juspodivm. O autor é o Leonardo Botelho

Bandeira de Mello, e o coordenador da coleção é o Leonardo de Medeiros Garcia.

Fica a dica. Antes de mais nada, para a constituição de uma sociedade anônima é necessário

preencher três requisitos: ~ subscrição, pelo menos por duas pessoas, de todas as ações em que se divide o

capital social;

101 Empresarial para quem odeia empresarial

~ Valor econômico: é o valor a que chegam os especialistas do assunto. O quan­

to a ação vale. Não se confunde com o valor de negociação, que é o valor que ela efe­

tivamente. teve em eventual alienação. Mesma coisa de uma casa: você pode ter um

valor que foi dado por um avaliador, mas pode vender a ação por valor diferente.

~ Preço de emissão: é o que paga quem subscreve uma ação, fixado pelos funda­dores na constituição da companhia ou pelos administradores quando ocorre aumen­

to do capital social. Se o estatuto traz a previsão do valor nominal das ações, o p'reço

de emissão não pode ser inferior a este, mas pode ser superior, e aí a diferença recebe

o nome de ágio e formará reserva de capital. Olha só uma coisa: uma S/A resolve aumentar seu capital social. Emite, então,

mais ações. Se o preço de emissão dessas novas ações for inferior ao valor patrimonial

das já existentes, haverá a diluição dos lucros dos acim1istas preexistentes. Então, a

emissão de ações com valor inferior ao patrimonial s6 pode acontecer de maneira

justificada, ou seja, se a companhia efetivamente precisar de recursos. Vejamos uma consequência disso que foi dito: aquele que tem ação com valor

nominal está mais garantido no caso de aumento do capital social. lsso porque, como

já mencionamos, o preço de emis~ão não pode ser menor que o valor nominal. Aí não ocorrerá a diluição.

:Já r:fiC.ícii ai? .llq,uí ~-A matéria é bem complicada mesmo. Tem que ler

com muita atenção.

~ ficou mais dificil ainda para mim. Por conta do tanto que comi e por

conta de uma coisa que acabou de aconte:er. Pessoa que me liga, depois de

um século sem dar qualquer noticia. me diz que está morando em Punta del

~ste, trabalhando num cassino, que volta no fim do mês e gostaria de me ver, e

termina a conversa de repente com a seguide frase: "Depois nos falamos, pre­

ciso ir. Beijos".

i=iquei com raiva? Sim ou claro que sim? Ou liga e conversa direito ou não

liga, poxa vida.

Mas vamos adiante.

As sociedades anônimas serão sempre empresárias, independentemente do obje­

to social ou da forma como explorarem a empresa. Seu nome empresarial será obriga­

toriamente do tipo denominação e seguirá as regras que vimos quando tratamos des­se assunto.

12.2. Classificação

Comecinho tranquilo aqui: as sociedades anônimas podem ser abertas ou fecha­

das. Serão abertas quando admitirem a negociação de seus títulos na Bolsa de Valores

ou mercado de balcão, e serão fechadas se não admitirem.

Sociedades por ações -I 100

I f

I I

I I

Para que os valores mobiliários de uma S/ A sejam admitidos em mercado, a com­

panhia deve ser registrada na CVM - Comissão de Valores Mobiliários. A CVM pode

classificar as companhias em categorias, segundo às espécies e classes dos valores mo­

biliários emitidos. Uma companhia aberta pode transformar-se em fechada. lsso acontece por meio

do cancelamento do registro na CVM e depende de oferta pública para a aquisição da

totalidade das ações em circulação no mercado. Assim, todas as ações colocadas no

m'ercado, exceto as de propriedade dos controladores, de diretores, de administrado­

r~s e as em tesouraria, serão colocadas à disposição do público. Nesse caso, titulares de no mínimo 1 o% das ações poderão, no prazo de 15 dias da

divulgação do valor da oferta pública, convocar assembleia geral para contestar o valor

avaliado para as ações. Se o novo valor apurado for inferior ou igual ao valor inicial da.

oferta pública, os que requereram a nova avaliação e os que votaram a seu favor res­

sarcirão a companhia pelos custos incorridos. Se, após a oferta, sobrarem menos de 5% do total de ações emitidas pela compa­

nhia, a assembleia geral poderá deliberar pelo resgate dessas ações. A aquisição pelo

controlador de quantidade de ações que, segundo a CVM, impeça a liquidez das rema­

nescentes ~quipara-se ao fechamento de capital, obrigando-o à formulação de oferta

pública para aquisição das ações em circulação. Veremos certinho o que é cada um desses conceitos citados aí em cima, tá? Este

capítulo vai precisar ser lido mais de uma vez, porque as coisas são meio confusas

mesmo. Estou tentando deixar menos chato (missão impossível).

···················································································· 'PoJL o.JLa, fW-d.e- eo.m.eç.ah. a a/lJt.a.n.c.a/1 o4 cafJe1o4, porque o negócio v a i f i c a r

feio. ~ o que estou fazendo, diga-se de passagem. ....................................................................................

12.3. Constituição '•. .

A matéria está tratada nos arts. So a 94 da LSA. Aliás, que falha a minha. Nem co-

loquei o número da porcaria da Lei. É a 6-404/76. Aproveito o ensejo para indicar, caso

alguém tenha interesse (o que eu duvido muito), um livro para um aprofundamento

maior no tema das sociedades anônimas. É o Lei das Sociedades Anônimas - S/ A da co­

leção Leis Especiais para Concurso, Editora juspodivm. O autor é o Leonardo Botelho

Bandeira de Mello, e o coordenador da coleção é o Leonardo de Medeiros Garcia.

Fica a dica. Antes de mais nada, para a constituição de uma sociedade anônima é necessário

preencher três requisitos: ~ subscrição, pelo menos por duas pessoas, de todas as ações em que se divide o

capital social;

101 Empresarial para quem odeia empresarial

.- realização mínima em dinheiro de 1 o% do preço de emissão das ações;

.- depósito de parte do capital realizado em dinheiro em instituição financeira

autorizada pela CVM, feito pelo fundador, no prazo de 5 dias contados do recebimen­

to das quantias. Esse valor só poderá ser levantado após a companhia adquirir perso­

nalidade jurídica. Se em 6 meses isso não ocorrer, será restituído.

A companhia pode ser constituída por subscrição pública ou por subscrição par­

ticular. Para se constituir por subscrição pública, deve haver registro na CVM, e a subs­

crição somente pode ser efetuada por intermédio de instituição financeira. Tendo

sido todo o capital subscrito, os fundadores convocarão assembleia geral, em anún­

cios nos jornais onde houver sido feita a publicidade da oferta de subscrição, para

promover a avaliação dos bens, se for o caso, e deliberar sobre a constituição.

Depois haverá a assembleia de constituição, que será instalada, em primeira con­

vocação, com a presença de subscritores de metade do capital social, e em segunda

convocação, com qualquer número. Será presidida por um dos fundadores e secreta­

riada por um subscritor. Cada ação dá direito a um voto.

Não havendo oposição de mais da maioria do capital social, o presidente declara­

rá constituída a sociedade, elegendo-se os administradores e fiscais. A ata será lavrada

em duplicata, ficando uma em poder da companhia e a outra designada ao registro.

A subscrição particular é mais simples. Pode ser feita por deliberação dos subscri­

tores em assembleia geral (que segue as mesmas regras da constituição por subscrição

pública) ou por escritura pública, considerando-se fundadores todos os subscritores.

Alguns detalhes:

.- a incorporação de imóvel para a formação do capital social não exige escritura

pública; .- os subscritores podem fazer-se representar por procurador com poderes espe-

dais; .- os fundadores responderão solidariamente pelos prejuízos decorrentes de

culpa ou dolo e atos ou operações anteriores à constituição.

12.4. Valores mobiliários

Aqui começamos a ver os conceitos que usei antes sem nem explicar nada. Foi,

proposital. Era para a gente começar a se acostumar com os termos, mesmo sem saber'

o que eles significam. Valores mobiliários são os títulos que a S/A emite para conseguir recursos. São

eles: .- ações;

.- debêntures;

.- partes beneficiárias;

Sociedades por ações -I 102

.- bônus de subscrição;

.- nota promissória .

Vamos ver cada um deles.

12.4.1 . Ações

São os valores mobiliários que representam uma unidade do capital social das

sociedades anônimas e conferem ao seu titular direitos e deveres.

O estatuto social fixará se terão ou não valor nominal. Se tiver, este será o mesmo

para toda a companhia.

As ações podem ser ordinárias, preferenciais ou de fruição.

As ações ordinárias são aquelas que conferem ao titular os direitos de acionista

comum. Nas companhias fechadas, podem ser classificadas em diferentes classes, em

função de:

.- conversibilidade em ações preferenciais;

.- exigência da nacionalidade brasileira do acionista;

.- direito de voto em separado para o preenchimento de cargos administrativos.

já as ações preferenciais conferem vantagens diferenciadas, que podem consistir

em prioridade na distribuição de dividendo ou no reembolso de capital.

As ações preferenciais podem ser com ou sem direito a voto. Se não trouxerem a

previsão de tal direito, devem ter pelo menos uma das seguintes vantagens previstas

no art. 17, § 1 ~, incisos l, ll e lll. O má:<imo de ações preferenciais sem direito a voto

de uma sociedade anônima é de so% do total de ações emitidas

Podem ainda as vantagens ser políticas, como o direito de eleger em separado um

ou mais membros dos órgãos de administração, ou subordinar as alterações estatutá­

rias à aprovação em assembleia dos seus titulares.

Finalmente, as ações de fmição são aquelas atribuídas aos acionistas cujas ações

já foram totalmente amortizadas.

As ações sempre serão nominativas (ou seja, sua propriedade presume-se pela

inscrição do nome do acionista no livro próprio) e poderão ser conversíveis (de ordi­

nária para preferencial, por ~xemplo). A forma e a conversibilidade das ações estarão

previstas no estatuto.

Uma ação é sempre indivisível em relação à sociedade, e, se pertencer a mais de

uma pessoa em condomínio,'os direitos serão exercidos pelo representante.

Nas companhias abertas, as ações só poderão ser negociadas depois de realizado

30% ,do preço de emissão, sob pena de nulidade.

Alguns conceitos para finalizar:

.- Resgate é o pagamento do valor da ação para retirá-la definitivamente de cir­

culação, com redução ou não do capital social. O resgate só será efetuado se, em as­

sembleia especial, tiver sido aprovado por acionistas que representem, no mínimo,

metade das ações das classes atingidas .

103 Empresarial para quem odeia empresarial

.- realização mínima em dinheiro de 1 o% do preço de emissão das ações;

.- depósito de parte do capital realizado em dinheiro em instituição financeira

autorizada pela CVM, feito pelo fundador, no prazo de 5 dias contados do recebimen­

to das quantias. Esse valor só poderá ser levantado após a companhia adquirir perso­

nalidade jurídica. Se em 6 meses isso não ocorrer, será restituído.

A companhia pode ser constituída por subscrição pública ou por subscrição par­

ticular. Para se constituir por subscrição pública, deve haver registro na CVM, e a subs­

crição somente pode ser efetuada por intermédio de instituição financeira. Tendo

sido todo o capital subscrito, os fundadores convocarão assembleia geral, em anún­

cios nos jornais onde houver sido feita a publicidade da oferta de subscrição, para

promover a avaliação dos bens, se for o caso, e deliberar sobre a constituição.

Depois haverá a assembleia de constituição, que será instalada, em primeira con­

vocação, com a presença de subscritores de metade do capital social, e em segunda

convocação, com qualquer número. Será presidida por um dos fundadores e secreta­

riada por um subscritor. Cada ação dá direito a um voto.

Não havendo oposição de mais da maioria do capital social, o presidente declara­

rá constituída a sociedade, elegendo-se os administradores e fiscais. A ata será lavrada

em duplicata, ficando uma em poder da companhia e a outra designada ao registro.

A subscrição particular é mais simples. Pode ser feita por deliberação dos subscri­

tores em assembleia geral (que segue as mesmas regras da constituição por subscrição

pública) ou por escritura pública, considerando-se fundadores todos os subscritores.

Alguns detalhes:

.- a incorporação de imóvel para a formação do capital social não exige escritura

pública; .- os subscritores podem fazer-se representar por procurador com poderes espe-

dais; .- os fundadores responderão solidariamente pelos prejuízos decorrentes de

culpa ou dolo e atos ou operações anteriores à constituição.

12.4. Valores mobiliários

Aqui começamos a ver os conceitos que usei antes sem nem explicar nada. Foi,

proposital. Era para a gente começar a se acostumar com os termos, mesmo sem saber'

o que eles significam. Valores mobiliários são os títulos que a S/A emite para conseguir recursos. São

eles: .- ações;

.- debêntures;

.- partes beneficiárias;

Sociedades por ações -I 102

.- bônus de subscrição;

.- nota promissória .

Vamos ver cada um deles.

12.4.1 . Ações

São os valores mobiliários que representam uma unidade do capital social das

sociedades anônimas e conferem ao seu titular direitos e deveres.

O estatuto social fixará se terão ou não valor nominal. Se tiver, este será o mesmo

para toda a companhia.

As ações podem ser ordinárias, preferenciais ou de fruição.

As ações ordinárias são aquelas que conferem ao titular os direitos de acionista

comum. Nas companhias fechadas, podem ser classificadas em diferentes classes, em

função de:

.- conversibilidade em ações preferenciais;

.- exigência da nacionalidade brasileira do acionista;

.- direito de voto em separado para o preenchimento de cargos administrativos.

já as ações preferenciais conferem vantagens diferenciadas, que podem consistir

em prioridade na distribuição de dividendo ou no reembolso de capital.

As ações preferenciais podem ser com ou sem direito a voto. Se não trouxerem a

previsão de tal direito, devem ter pelo menos uma das seguintes vantagens previstas

no art. 17, § 1 ~, incisos l, ll e lll. O má:<imo de ações preferenciais sem direito a voto

de uma sociedade anônima é de so% do total de ações emitidas

Podem ainda as vantagens ser políticas, como o direito de eleger em separado um

ou mais membros dos órgãos de administração, ou subordinar as alterações estatutá­

rias à aprovação em assembleia dos seus titulares.

Finalmente, as ações de fmição são aquelas atribuídas aos acionistas cujas ações

já foram totalmente amortizadas.

As ações sempre serão nominativas (ou seja, sua propriedade presume-se pela

inscrição do nome do acionista no livro próprio) e poderão ser conversíveis (de ordi­

nária para preferencial, por ~xemplo). A forma e a conversibilidade das ações estarão

previstas no estatuto.

Uma ação é sempre indivisível em relação à sociedade, e, se pertencer a mais de

uma pessoa em condomínio,'os direitos serão exercidos pelo representante.

Nas companhias abertas, as ações só poderão ser negociadas depois de realizado

30% ,do preço de emissão, sob pena de nulidade.

Alguns conceitos para finalizar:

.- Resgate é o pagamento do valor da ação para retirá-la definitivamente de cir­

culação, com redução ou não do capital social. O resgate só será efetuado se, em as­

sembleia especial, tiver sido aprovado por acionistas que representem, no mínimo,

metade das ações das classes atingidas .

103 Empresarial para quem odeia empresarial

.,_ Amortização é a distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem re­dução do capital social, de quantias que lhe poderiam tocar em caso de liquidação. Pode ser total ou parcial, e abranger todas ou apenas uma das classes de ações.

.,_ Reembolso é a operação pela qual, nos casos previstos em lei, a companhia paga aos acionistas dissidentes de deliberação da assembleia geral o valor de suas ações, que somente poderá ser inferior ao valor do patrimônio líquido constante do último balanço se estipulado com base no valor econômico da companhia.

12.4.2. Partes beneficiárias São títulos negociáveis, emitidos somente pelas S/Afechadas em uma única série

ou classe, sem valor nominal e estranhos ao capital social, que conferem a seus titula­res direito de crédito eventual de participação nos lucros.

A participação atribuída a elas nunca ultrapassará lo% dos lucros, sendo vedado conferir qualquer tipo de direito privativo de sócio, salvo o de fiscalizar os atos dos administradores.

12.4.3. Debêntures São títulos que conferem a seus titulares direito de crédito contra a companhia,

nas condições especificadas. Podym ser divididas em séries. A época do vencimento da debênture deverá constar da escritura, sendo possível

estipular amortizações parciais para cada série, criar fundos de amortização e reser­var-se o direito de resgate antecipado, parcial ou total, dos títulos da mesma série. A amortização de debêntures da mesma série será feita mediante rateio.

É possível a conversão de debêntures em ações, e os acionistas terão direito de preferência para subscrever a emissão de debêntures com cláusula de conversibilidade.

As debêntures podem ser de várias espécies: .,_ com garantia real: vinculam determinado bem ou conjunto de bens identifi­

cados ao cumprimento da obrigação (ex.: hipoteca e penhor). Os titulares de debêntu­res com essa garantia possuem privilégio real, e sua posição em caso de concurso de credores é a do credor com direito real de garantia;

.,_ coni garantia flutuante: dão ao credor garantia geral sobre o ativo da compa­nhia. Sua posição em relação ao ativo é idêntica à do credor comum: o ativo da socieda­de é a garantia futura do pagamento de seus créditos, mas não possui qualquer ação contra eventual venda de ativos pela companhia. Em caso de concurso de credores, sua posição equivale à do credor com garantia geral. É autorizado, ainda, o estabelecimento de garantia flutuante em relação aos ativos de duas ou mais sociedade do mesmo grupo;

.,_ sem garantia: são títulos quirografários, ocupando essa posição no quadro ge­ral de credores. São as debêntures comuns, que subsistem no silêncio da escritura quanto à existência de garantias;

Sociedades por ações -I 104

.,_ subordinadas: são créditos subquirografários e somente terão preferência em

relação aos acionistas; .,_ com garantia pessoal: embora não previstas expressamente na lei, podem ser

emitidas debêntures com garantias fidejussórias dos controladores da sociedade

emissora. As garantias poderão ser conferidas cumulativamente.

12.4.4. Bônus de subscrição São títulos negociáveis que conferem aos seus titulares direito de subscrever ações

do capital social, mediante apresentação e pagamento do preço de emissão das ações. A competência para a deliberação sobre emissão desses títulos é da assembleia

geral. Os acionistas sempre gozarão de preferência para subscrever a emissão de bônus.

12.4.5. Notas promissórias São valores mobiliários destinados à captação de recursos para restituição em

curto prazo (de 30 a 360 dias). São também chamadas de commercial papers.

····················································································· JlC4!

Muita coisa. né? \; muita coisa cheia de muitos detalhes. \;u também acho. !; fico triste por ter que informar que falta bastante coisa ainda. Mas acho que a parte mais técnica já foi. Daqui para a frente melhora. Vou tentar melhorar a

linguagem também. aí a leitura fica menos cansativa, combinado?

Antes de continuar, pausa merecida para um café. copuccino. suco de gra­viola ou um copo de água gelada com sal de frutas. Vou optar por este último . .....................................................................................

12.5. Capital social A integralização do capital social pode ocorrer em dinheiro, bens ou créditos, da

mesma forma co~10 ocorre nas sociedades limitadas. Se a integralização for feita com bens, precisa ter três tiozinhos peritos ou contratar

uma empresa para avaliar. A avaliação será submetida a votação em assembleia &era!. Também aqui, quem integraliza o capital social com bens responde pela evicção

e quem integraliza com créditos responde pela solvência do devedor. O aumento do capital social pode ocorrer de três formas: a) emissão de ações: deve ser votada em assembleia geral extraordinária, e, para

ocorrer, pelo menos % do capital social preexistente tem que estar integralizado; b) valores mobiliários: conversão de debêntures ou partes beneficiárias em ações

ou o exercício dos direitos conferidos pelos bônus de subscrição; c) capitalização de lucros e reservas.

105 Empresarial para quem odeia empresarial

.,_ Amortização é a distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem re­dução do capital social, de quantias que lhe poderiam tocar em caso de liquidação. Pode ser total ou parcial, e abranger todas ou apenas uma das classes de ações.

.,_ Reembolso é a operação pela qual, nos casos previstos em lei, a companhia paga aos acionistas dissidentes de deliberação da assembleia geral o valor de suas ações, que somente poderá ser inferior ao valor do patrimônio líquido constante do último balanço se estipulado com base no valor econômico da companhia.

12.4.2. Partes beneficiárias São títulos negociáveis, emitidos somente pelas S/Afechadas em uma única série

ou classe, sem valor nominal e estranhos ao capital social, que conferem a seus titula­res direito de crédito eventual de participação nos lucros.

A participação atribuída a elas nunca ultrapassará lo% dos lucros, sendo vedado conferir qualquer tipo de direito privativo de sócio, salvo o de fiscalizar os atos dos administradores.

12.4.3. Debêntures São títulos que conferem a seus titulares direito de crédito contra a companhia,

nas condições especificadas. Podym ser divididas em séries. A época do vencimento da debênture deverá constar da escritura, sendo possível

estipular amortizações parciais para cada série, criar fundos de amortização e reser­var-se o direito de resgate antecipado, parcial ou total, dos títulos da mesma série. A amortização de debêntures da mesma série será feita mediante rateio.

É possível a conversão de debêntures em ações, e os acionistas terão direito de preferência para subscrever a emissão de debêntures com cláusula de conversibilidade.

As debêntures podem ser de várias espécies: .,_ com garantia real: vinculam determinado bem ou conjunto de bens identifi­

cados ao cumprimento da obrigação (ex.: hipoteca e penhor). Os titulares de debêntu­res com essa garantia possuem privilégio real, e sua posição em caso de concurso de credores é a do credor com direito real de garantia;

.,_ coni garantia flutuante: dão ao credor garantia geral sobre o ativo da compa­nhia. Sua posição em relação ao ativo é idêntica à do credor comum: o ativo da socieda­de é a garantia futura do pagamento de seus créditos, mas não possui qualquer ação contra eventual venda de ativos pela companhia. Em caso de concurso de credores, sua posição equivale à do credor com garantia geral. É autorizado, ainda, o estabelecimento de garantia flutuante em relação aos ativos de duas ou mais sociedade do mesmo grupo;

.,_ sem garantia: são títulos quirografários, ocupando essa posição no quadro ge­ral de credores. São as debêntures comuns, que subsistem no silêncio da escritura quanto à existência de garantias;

Sociedades por ações -I 104

.,_ subordinadas: são créditos subquirografários e somente terão preferência em

relação aos acionistas; .,_ com garantia pessoal: embora não previstas expressamente na lei, podem ser

emitidas debêntures com garantias fidejussórias dos controladores da sociedade

emissora. As garantias poderão ser conferidas cumulativamente.

12.4.4. Bônus de subscrição São títulos negociáveis que conferem aos seus titulares direito de subscrever ações

do capital social, mediante apresentação e pagamento do preço de emissão das ações. A competência para a deliberação sobre emissão desses títulos é da assembleia

geral. Os acionistas sempre gozarão de preferência para subscrever a emissão de bônus.

12.4.5. Notas promissórias São valores mobiliários destinados à captação de recursos para restituição em

curto prazo (de 30 a 360 dias). São também chamadas de commercial papers.

····················································································· JlC4!

Muita coisa. né? \; muita coisa cheia de muitos detalhes. \;u também acho. !; fico triste por ter que informar que falta bastante coisa ainda. Mas acho que a parte mais técnica já foi. Daqui para a frente melhora. Vou tentar melhorar a

linguagem também. aí a leitura fica menos cansativa, combinado?

Antes de continuar, pausa merecida para um café. copuccino. suco de gra­viola ou um copo de água gelada com sal de frutas. Vou optar por este último . .....................................................................................

12.5. Capital social A integralização do capital social pode ocorrer em dinheiro, bens ou créditos, da

mesma forma co~10 ocorre nas sociedades limitadas. Se a integralização for feita com bens, precisa ter três tiozinhos peritos ou contratar

uma empresa para avaliar. A avaliação será submetida a votação em assembleia &era!. Também aqui, quem integraliza o capital social com bens responde pela evicção

e quem integraliza com créditos responde pela solvência do devedor. O aumento do capital social pode ocorrer de três formas: a) emissão de ações: deve ser votada em assembleia geral extraordinária, e, para

ocorrer, pelo menos % do capital social preexistente tem que estar integralizado; b) valores mobiliários: conversão de debêntures ou partes beneficiárias em ações

ou o exercício dos direitos conferidos pelos bônus de subscrição; c) capitalização de lucros e reservas.

105 Empresarial para quem odeia empresarial

O estatuto social pode estabelecer um limite para que o capital social seja aumen­

tado sem necessidade ele convocação de assembleia. É o chamado capital autorizado.

)á a redução do capital social pode ocorrer quando ele estiver em excesso ou

quando se verificar que seu montante é irreal. Os acionistas serão reembolsados de

maneira proporcional à sua participação no capital, resguardados os direitos de ter­

ceiros.

Vo.cê eJ1á. ~? t:spero que não esteja começando a me odiar tanto quanto eu

odeio o direito empresarial. ....................................................................................

12.6. Órgãos sociais

12.6.1. Assembleia geral

É o órgão top da S/ A, e sua função é exclusivamente deliberativa. Nela se reúnem

todos os acionistas, incluindo aqueles que não têm direito a voto. Estes também são

chamados porque, mesmo sendo titulares das ações que não dão ou limitam o direito

de voto, tais acionistas, excepcionalmente, tomarão parte em algumas deliberações

(art. 125, parágrafo único), tais como:

~ deliberação de constituição da companhia;

~ eleição de membro da administração ou do conselho fiscal em ato sepa::ado;

~ não pagamento de dividendos fixos ou mínimos.

Só um comentário aqui, que eu não sei se já fiz, mas que é cabível, ainda que re­

petido. A Lei das Sociedades Anônimas é como a Lei da Propriedade Industrial: chata,

longa, difícil de ler, mas tem absolutamente tudo esmiuçado dentro. Então, em alguns

pontos, não tem como: é cópia do artigo mesmo. Vou optar agora por Ctrl+C e Ctrl+V

mesmo, porque ajuda na familiarização com o dispositivo.

Se você está seguindo a lei, já eleve ter percebido que, quando eu falei sobre cada

um dos valores mobiliários, fiz isso também, mas de forma diferente: apenas transfor­

mei o artigo num texto mais bonitinho. Não tem como mudar muita coisa, nem dei­

xar mais simples. Dito isso, vamos ver o art. 132, que trata do prazo para a realização da assembleia

geral ordinária e da sua competência:

''Art. 132. Anualmente, nos 4 primeiros meses seguintes ao término do exercício social,

deverá haver uma assembleia geral para:

I- tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e vota! as demonstrações

financeiras; 11- deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de divi­

dendos;

Sociedades por ações -I 106

lll - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso;

IV- aprovar a correção da expressão monetária do capital social (art. 167)".

Esse rol é taxativo, o que traz duas implicações: tais assuntos serão tratados ex­

clusivamente na assembleia geral; e qualquer outro assunto que não esteja elencado aí

não pode ser tratado na assembleia geral.

Agora, parte chata de novo (como se tivesse alguma que fosse legal...): quóruns.

a) 1f4 do capital social para instalação em primeira convocação;

b) 2/3 do capital social para instalação em primeira convocação, se na pauta

constar apreciação de proposta de alteração do estatuto. A instalação da assembleia

em segunda convocação, em qualquer caso, pode dar-se com qualquer número de

acionistas;

c) mais da metade do total de ações com direito a voto presentes, descontados os

votos em branco para aprovação de proposta dirigida à assembleia (pela lei, art.129, é

esse o conceito de maioria absoluta);

d) metade do capital social (ações com direito a voto) para aprovação das maté­

rias constantes no art. 136, quais sejam:

~ criação de ações preferenciais ou aumento ele classe de ações preferenciais

existentes, sem guardar proporção com as demais classes ele ações preferenciais, salvo

se já previstos ou autorizados pelo estatuto;

~ alteração nas preferências, vantagens e cqndições de resgate ou amortiza­

ção de uma ou mais classes de ações preferenciais, ou criação de nova classe ni.ais

favorecida;

~ redução do dividendo obrigatório;

~ fusão da companhia, ou sua incorporação em outra;

~ participação em grupo de sociedades (art. 265);

~ mudança elo objeto da companhia;

... cessação do estado de liquidação da companhia;

~ criação de partes beneficiárias;

~ cisão da companhia;

... dissolução da companhia.

A convocação para a assembleia será feita por anúncio publicado por três vezes,

que, no caso ele reforma do estatuto, deverá indicar a matéria. O prazo para as publi­

cações é diferente para as companhias abertas e para as fechadas. Nesta, deverão ser

publicados com antecedência mínima de 8 dias, e, se não se realizar, com antecedên­

ciamínima 5 dias na segunda convocação. Nas abertas, os prazos são, respectivamen­

te, de 15 e 8 dias.

Eventual desrespeito a essas regras pode gerar a anulação das deliberações toma­

das, e o prazo para pleitear tal anulação é prescricional de 2 anos.

107 Empresarial para quem odeia empresarial

O estatuto social pode estabelecer um limite para que o capital social seja aumen­

tado sem necessidade ele convocação de assembleia. É o chamado capital autorizado.

)á a redução do capital social pode ocorrer quando ele estiver em excesso ou

quando se verificar que seu montante é irreal. Os acionistas serão reembolsados de

maneira proporcional à sua participação no capital, resguardados os direitos de ter­

ceiros.

Vo.cê eJ1á. ~? t:spero que não esteja começando a me odiar tanto quanto eu

odeio o direito empresarial. ....................................................................................

12.6. Órgãos sociais

12.6.1. Assembleia geral

É o órgão top da S/ A, e sua função é exclusivamente deliberativa. Nela se reúnem

todos os acionistas, incluindo aqueles que não têm direito a voto. Estes também são

chamados porque, mesmo sendo titulares das ações que não dão ou limitam o direito

de voto, tais acionistas, excepcionalmente, tomarão parte em algumas deliberações

(art. 125, parágrafo único), tais como:

~ deliberação de constituição da companhia;

~ eleição de membro da administração ou do conselho fiscal em ato sepa::ado;

~ não pagamento de dividendos fixos ou mínimos.

Só um comentário aqui, que eu não sei se já fiz, mas que é cabível, ainda que re­

petido. A Lei das Sociedades Anônimas é como a Lei da Propriedade Industrial: chata,

longa, difícil de ler, mas tem absolutamente tudo esmiuçado dentro. Então, em alguns

pontos, não tem como: é cópia do artigo mesmo. Vou optar agora por Ctrl+C e Ctrl+V

mesmo, porque ajuda na familiarização com o dispositivo.

Se você está seguindo a lei, já eleve ter percebido que, quando eu falei sobre cada

um dos valores mobiliários, fiz isso também, mas de forma diferente: apenas transfor­

mei o artigo num texto mais bonitinho. Não tem como mudar muita coisa, nem dei­

xar mais simples. Dito isso, vamos ver o art. 132, que trata do prazo para a realização da assembleia

geral ordinária e da sua competência:

''Art. 132. Anualmente, nos 4 primeiros meses seguintes ao término do exercício social,

deverá haver uma assembleia geral para:

I- tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e vota! as demonstrações

financeiras; 11- deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de divi­

dendos;

Sociedades por ações -I 106

lll - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso;

IV- aprovar a correção da expressão monetária do capital social (art. 167)".

Esse rol é taxativo, o que traz duas implicações: tais assuntos serão tratados ex­

clusivamente na assembleia geral; e qualquer outro assunto que não esteja elencado aí

não pode ser tratado na assembleia geral.

Agora, parte chata de novo (como se tivesse alguma que fosse legal...): quóruns.

a) 1f4 do capital social para instalação em primeira convocação;

b) 2/3 do capital social para instalação em primeira convocação, se na pauta

constar apreciação de proposta de alteração do estatuto. A instalação da assembleia

em segunda convocação, em qualquer caso, pode dar-se com qualquer número de

acionistas;

c) mais da metade do total de ações com direito a voto presentes, descontados os

votos em branco para aprovação de proposta dirigida à assembleia (pela lei, art.129, é

esse o conceito de maioria absoluta);

d) metade do capital social (ações com direito a voto) para aprovação das maté­

rias constantes no art. 136, quais sejam:

~ criação de ações preferenciais ou aumento ele classe de ações preferenciais

existentes, sem guardar proporção com as demais classes ele ações preferenciais, salvo

se já previstos ou autorizados pelo estatuto;

~ alteração nas preferências, vantagens e cqndições de resgate ou amortiza­

ção de uma ou mais classes de ações preferenciais, ou criação de nova classe ni.ais

favorecida;

~ redução do dividendo obrigatório;

~ fusão da companhia, ou sua incorporação em outra;

~ participação em grupo de sociedades (art. 265);

~ mudança elo objeto da companhia;

... cessação do estado de liquidação da companhia;

~ criação de partes beneficiárias;

~ cisão da companhia;

... dissolução da companhia.

A convocação para a assembleia será feita por anúncio publicado por três vezes,

que, no caso ele reforma do estatuto, deverá indicar a matéria. O prazo para as publi­

cações é diferente para as companhias abertas e para as fechadas. Nesta, deverão ser

publicados com antecedência mínima de 8 dias, e, se não se realizar, com antecedên­

ciamínima 5 dias na segunda convocação. Nas abertas, os prazos são, respectivamen­

te, de 15 e 8 dias.

Eventual desrespeito a essas regras pode gerar a anulação das deliberações toma­

das, e o prazo para pleitear tal anulação é prescricional de 2 anos.

107 Empresarial para quem odeia empresarial

12.6.2 .. Conselho de administração É órgão obrigatório somente nas companhias abertas, nas de capital autorizado e

nas de economia mista, colegiado e que tem uma parcela da competência destinada à assembleia geral.

Composto por no mínimo 3 membros, pessoas físicas, com mandato nunca supe­rior a 3 anos, sendo possível a recondução. As deliberações são tomadas por mai,oria de votos, e a competência está descrita no art. 142:

"Art. 142. Compete ao conselho de administração: I- fixar a orientação geral dos negócios da companhia·; 11 - eleger e destituir os diretores da companhia e fixarélhes as atribuições, observado

o que a respeito dispuser o estatuto; lll- fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualq~er tempo, os livros e papéis da

companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos;

IV- convocar a assembleia geral quando julgar conveniente, ou no caso do art. 132; V- manifestar-se sobre o relatÓrio da administração e as contas da diretoria; VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o

exigir; VIl- deliberar, quando autorizpdo pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou de bônus

de subscrição; Vlll- autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do ativo não

circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de terceiros; IX- escolher e destituir os auditores independentes, se houver".

12.6.3. Diretoria

É o órgão que representa legalmente a companhia e executa as deliberações da assembleia geral e do conselho de administração.

Composta de no mínimo 2 membros, acionistas ou não, mas que obrigatoria­mente residam no Brasil, eleitos pelo conselho de administração, quando este existir, ou pela assernbleia geral.

12.6.4. Conselho fiscal

É órgão de existência obrigatória, mas seu funcionamento é facultativo. Com­põe-se de no mínimo 3 e no máximo 5 membros, eleitos pela assembleia geral, com igual número de suplentes, acionistas ou não, mas também obrigatoriamente residen­tes no País.

A competência desse órgão está descrita no art. 163.

Sociedades por ações -I 108

··········································· ~·d:,"~~:·~~·~::~·;~~r·~~·uzir o trecho de uma música " ... tristeza

não tem fi 'TI, felicidade sim ... ". Vamos fazer uma pausa? Mudar de capítulo, virar a página para dar uma

descansadinha. Pode ser? Preciso desligar Úm pouco, meu povo. Já passa das tantas da madrugada,

e eu ainda estou com o estômago cheio por conta do almoço (que foi quase na hora do jêntar). Se me perm'1tem ratificar um aspecto da sugestãodagororoba, mantenho 0 que disse sobre ser realmente uma delícia, mas defm1bvamente niÍo é comida para dia de semana. i=aça no domingo. de preferência num do­

mingo e111 que você não vá estudar direito empresariaL

····················································································

109 Empresarial para quem odeia empresarial

12.6.2 .. Conselho de administração É órgão obrigatório somente nas companhias abertas, nas de capital autorizado e

nas de economia mista, colegiado e que tem uma parcela da competência destinada à assembleia geral.

Composto por no mínimo 3 membros, pessoas físicas, com mandato nunca supe­rior a 3 anos, sendo possível a recondução. As deliberações são tomadas por mai,oria de votos, e a competência está descrita no art. 142:

"Art. 142. Compete ao conselho de administração: I- fixar a orientação geral dos negócios da companhia·; 11 - eleger e destituir os diretores da companhia e fixarélhes as atribuições, observado

o que a respeito dispuser o estatuto; lll- fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualq~er tempo, os livros e papéis da

companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos;

IV- convocar a assembleia geral quando julgar conveniente, ou no caso do art. 132; V- manifestar-se sobre o relatÓrio da administração e as contas da diretoria; VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o

exigir; VIl- deliberar, quando autorizpdo pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou de bônus

de subscrição; Vlll- autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do ativo não

circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de terceiros; IX- escolher e destituir os auditores independentes, se houver".

12.6.3. Diretoria

É o órgão que representa legalmente a companhia e executa as deliberações da assembleia geral e do conselho de administração.

Composta de no mínimo 2 membros, acionistas ou não, mas que obrigatoria­mente residam no Brasil, eleitos pelo conselho de administração, quando este existir, ou pela assernbleia geral.

12.6.4. Conselho fiscal

É órgão de existência obrigatória, mas seu funcionamento é facultativo. Com­põe-se de no mínimo 3 e no máximo 5 membros, eleitos pela assembleia geral, com igual número de suplentes, acionistas ou não, mas também obrigatoriamente residen­tes no País.

A competência desse órgão está descrita no art. 163.

Sociedades por ações -I 108

··········································· ~·d:,"~~:·~~·~::~·;~~r·~~·uzir o trecho de uma música " ... tristeza

não tem fi 'TI, felicidade sim ... ". Vamos fazer uma pausa? Mudar de capítulo, virar a página para dar uma

descansadinha. Pode ser? Preciso desligar Úm pouco, meu povo. Já passa das tantas da madrugada,

e eu ainda estou com o estômago cheio por conta do almoço (que foi quase na hora do jêntar). Se me perm'1tem ratificar um aspecto da sugestãodagororoba, mantenho 0 que disse sobre ser realmente uma delícia, mas defm1bvamente niÍo é comida para dia de semana. i=aça no domingo. de preferência num do­

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109 Empresarial para quem odeia empresarial

li1ii

'il' jl :·:

i; ·'·

13. Dia de cão:

:.s:~,cí~ckiflêfpor':Oçõ,es ~Jr ,.J-<.'>,!~·.f~l,;. ~ 'I• , .. ','• ,.,, ,' • • ~ t ,I'' ,

:-'",' :)-J; ·.':~~:-;

···················································································· .lü, é a.M.im: eu acordo cedo depois de ter dormido tarde, tiro a cria da cama com dor no coração (porque, sempre que a vejo dormindo, tenho a certeza que é um sono de paz), levo-a para a escola e volto, já começando a ficar inju­riada porque preciso voltar as sociedades anônimas.

Antes ele recomeçar, abro o e-mail p~ra ver se tem alguma coisa interes­sante no meio ele tanto spam. Não. Abro o site da OAB para ver minhas publi­cações e dou de cara com uma sentença que diz somente isto:

O pedido não procede. A autora é advogada e conhecedora elas práticas comerciais. Não existe um produto totalmente inquebrável. Isso é ele conheci­mento comum. O produto vendido pode ser mais resistente à queda, mas nun­ca inquebrável. Posto isso, JULGO IMPROCt-:Dt-:NTt-: o pedido, nos termos do artigo 269, I, do CPC

Comprei um determinado telefone celular única e exclusivamente porque a tela era anti-impacto. Na televisão, a propaganda mostrava quedas ce mais de um metro ele altura, diversas vezes, e o telefone continuava intacto.

Meu telefone caiu e quebrou. t-: eu, que sou advogada e conheço as prá­ticas comerciais, estou errada por pedir a troca do aparelho.

Tá ele palhaçada comigo, Sr. Juiz? Tá tirando onda ela minha cara. Certeza. ' "' t-: eu sou o Bozo, né?

Meu bom humor já foi embora mesmo, então vamos logo continua· ases~·

~._[X';·:; ~~!}

·-~-~-~- ~ ./ .

são tortura.

····················································································

ji 13.1. Administração da sociedade

A LSA chama de administradores às integrantes do conselho de administração e ;. s:·:. d~ diretoria, e essas pessoas são pres~nteadas com os deveres, constantes dos arts. 153 <( "·~··~. ·.\ . -.:-·,_./i

l I

.J

a 157· Ficaria. bem chato eu simplesmente transcrevê-los aqui, embora sejam bem completos e autoexplicativos. Então, vou falar algumas palavrinhas básicas sobre cada um dos deveres, mas sugiro que leiam. Não precisa decorar não. Só ler mesmo, com­binado?

a) Dever de diligência: o administrador deve cuidar da sociedade como se esti­vesse cuidando do seu próprio negócio, sem nunéa perder de vista a persecução pelos interesses da sociedade.

b) Dever de lealdade: não pode o administrador se valer das informações a que tem acesso em proveito próprio ou de terceiro. A bem da verdade, essa é uma regra que se aplica a qualquer pessoa, e não somente aos administradores. Em alguns casos, a violação a esse dever caracteriza crime de concorrência desleal.

c) Dever de informar: aplicável nas companhias abertas, desdobra-se em duas vertentes. O administrador tem o dever de informar aos acionistas eventuais interes­ses que ele venha a ter nos negócios sociais e também o dever de informar ao mercado tudo aquilo que possa influenciar na decisão dos investidores.

Quando falamos da teoria ultra vires, dissemos que não se aplica às sociedades anônimas. lsso quer dizer que o administrador, ainda que atue fora dos poderes que lhe foram conferidos, ou mesmo ilicitamente, com dolo ou culpa, nunca vai respon­der pessoalmente por tais atos.

Considera-se que tal ato foi praticado pela sociedade, e ela mesma arcará com as consequências. Mas isso não impede, em absoluto, que a companhia se volte, em ação de regresso, contra o administrador, o que dependerá de aprovação em assembleia geral.

Olha que legal: se a assembleia geral decidiu que é mesmo caso de responsabili­zação do administrador, mas os órgãos da administração não promoverem essa ação no prazo de 3 meses, qualquer acionista poderá fazê-lo em nome da companhia. O direito a ação prescreve em 3 anos.

13.2. Acionistas

• ........................ o ••••••• ~ ••••••••••• ~ ••••••••••••••••••••• o ••••••••••••••••••

·.:llnl.e4 de c.o.tneç.a~~o, mais um :momento dia ele fúria: porque diabos algumas palavras insistem em ser digitadas de forma errada? O dedo vai automático, nãoé possível! Uma dessas palavras é exatamente "acionista". Juro: não tem uma única vez que eu consiga digitar essa palavra ele maneira correta. Toda hora sai "aciosnista". t-: toda hora eu tenho que arrumar.

t-: justamente hoje, quando já estou fui a ela viela por conta daquela senten­ça, tenho que escrever um capítulo cujo subtítulo é exatamente essa palavra amaldiçoada. t-:u mereço. . .................................................................................. .

111 Empresarial para quem odeia empresarial

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Antes ele recomeçar, abro o e-mail p~ra ver se tem alguma coisa interes­sante no meio ele tanto spam. Não. Abro o site da OAB para ver minhas publi­cações e dou de cara com uma sentença que diz somente isto:

O pedido não procede. A autora é advogada e conhecedora elas práticas comerciais. Não existe um produto totalmente inquebrável. Isso é ele conheci­mento comum. O produto vendido pode ser mais resistente à queda, mas nun­ca inquebrável. Posto isso, JULGO IMPROCt-:Dt-:NTt-: o pedido, nos termos do artigo 269, I, do CPC

Comprei um determinado telefone celular única e exclusivamente porque a tela era anti-impacto. Na televisão, a propaganda mostrava quedas ce mais de um metro ele altura, diversas vezes, e o telefone continuava intacto.

Meu telefone caiu e quebrou. t-: eu, que sou advogada e conheço as prá­ticas comerciais, estou errada por pedir a troca do aparelho.

Tá ele palhaçada comigo, Sr. Juiz? Tá tirando onda ela minha cara. Certeza. ' "' t-: eu sou o Bozo, né?

Meu bom humor já foi embora mesmo, então vamos logo continua· ases~·

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são tortura.

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ji 13.1. Administração da sociedade

A LSA chama de administradores às integrantes do conselho de administração e ;. s:·:. d~ diretoria, e essas pessoas são pres~nteadas com os deveres, constantes dos arts. 153 <( "·~··~. ·.\ . -.:-·,_./i

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a 157· Ficaria. bem chato eu simplesmente transcrevê-los aqui, embora sejam bem completos e autoexplicativos. Então, vou falar algumas palavrinhas básicas sobre cada um dos deveres, mas sugiro que leiam. Não precisa decorar não. Só ler mesmo, com­binado?

a) Dever de diligência: o administrador deve cuidar da sociedade como se esti­vesse cuidando do seu próprio negócio, sem nunéa perder de vista a persecução pelos interesses da sociedade.

b) Dever de lealdade: não pode o administrador se valer das informações a que tem acesso em proveito próprio ou de terceiro. A bem da verdade, essa é uma regra que se aplica a qualquer pessoa, e não somente aos administradores. Em alguns casos, a violação a esse dever caracteriza crime de concorrência desleal.

c) Dever de informar: aplicável nas companhias abertas, desdobra-se em duas vertentes. O administrador tem o dever de informar aos acionistas eventuais interes­ses que ele venha a ter nos negócios sociais e também o dever de informar ao mercado tudo aquilo que possa influenciar na decisão dos investidores.

Quando falamos da teoria ultra vires, dissemos que não se aplica às sociedades anônimas. lsso quer dizer que o administrador, ainda que atue fora dos poderes que lhe foram conferidos, ou mesmo ilicitamente, com dolo ou culpa, nunca vai respon­der pessoalmente por tais atos.

Considera-se que tal ato foi praticado pela sociedade, e ela mesma arcará com as consequências. Mas isso não impede, em absoluto, que a companhia se volte, em ação de regresso, contra o administrador, o que dependerá de aprovação em assembleia geral.

Olha que legal: se a assembleia geral decidiu que é mesmo caso de responsabili­zação do administrador, mas os órgãos da administração não promoverem essa ação no prazo de 3 meses, qualquer acionista poderá fazê-lo em nome da companhia. O direito a ação prescreve em 3 anos.

13.2. Acionistas

• ........................ o ••••••• ~ ••••••••••• ~ ••••••••••••••••••••• o ••••••••••••••••••

·.:llnl.e4 de c.o.tneç.a~~o, mais um :momento dia ele fúria: porque diabos algumas palavras insistem em ser digitadas de forma errada? O dedo vai automático, nãoé possível! Uma dessas palavras é exatamente "acionista". Juro: não tem uma única vez que eu consiga digitar essa palavra ele maneira correta. Toda hora sai "aciosnista". t-: toda hora eu tenho que arrumar.

t-: justamente hoje, quando já estou fui a ela viela por conta daquela senten­ça, tenho que escrever um capítulo cujo subtítulo é exatamente essa palavra amaldiçoada. t-:u mereço. . .................................................................................. .

111 Empresarial para quem odeia empresarial

Tal como era nas sociedades limitadas, o principal dever do acionista aqui é o de pagar o preço das ações que subscreveu. Se não pagar no vencimento, incorre ~m mora, e, a depender de previsão no estatuto, sobre o valor do débito incidirão juros, correção monetária e multa estatutária, que não pode ser superior a 1 o%.

A companhia tem, então, duas opções: pode promover a execução do acionista remisso, e o título executivo será o boletim de subscrição, ou pode vender as ações não integralizadas na bolsa de valores, e essa regra se aplica também às companhias fá:ha­das, porque a venda é feita de forma diferente, em leilão especial. Se o produto da venda for suficiente para pagar as despesas e encargos de.correntes do inadimplemen­to e, ainda assim, sobrar dinheiro, o saldo será devolvido ao acionista remisso. .

Vamos supor que a companhia não consiga vender a~ ações não integralizadas ou não consiga obter sucesso na execução judicial. Nesse c~so, a ação será declarada ca­duca, e as entradas eventualmente feitas pelo sócio reqlisso serão apropriadas pela própria companhia.

Se possuir fundos ou reservas, poderá ela mesma integralizar tais ações e colocá­-las à venda no mercado, agora da forma convencional. Do contrário, terá que conse­guir um comprador para elas no prazo de um ano, sob pena de ter seu capital social reduzido compulsoriamente.

São direitos essenciais dos acionistas os dispostos no art. 109:

a) Participação nos resultados sociais: todo acionista tem direito a receber divi­de~dos, nome dado aos lucros da S/ A, e a receber sua parte em caso de liquidação. Mas aqui também se aplica aquela restrição que vimos nas limitadas: se a companhia for devedora do INSS, não poderá distribuir lucros.

b) Fiscalização da gestão dos negócios da sociedade: ao lado do conselho fiscal, os acionistas também são dotados do direito de fiscalizar a companhia. Esse direito se materializa, por exemplo, na possibilidade de exame dos livros por acionistas que re­presentem mais de 5% do capital social quando há suspeitas de irregularidade.

c) Direito de preferência: toda vez que houver aumento de capital e novas ações forem emitidas, os acionistas terão preferência na subscrição destas, obedecidas as regras do art. 171, § 1~.

d) Direito de retirada: também demos uma passada sobre esse assunto no estudo das limitadas. O acionista que discordar das deliberações feitas em assembleia ou da companhia que passar por fusão ou transformação poderá pedir para sair, recebendo o reembolso de suas ações. O reembolso é calculado com base no valor patrimonial destas, mas o estatuto pode prever que seja baseado no seu valor econômico.

Olha só: eu não coloquei aqui o direito de voto. Por quê? Fácil. já dissemos que 0

direito de voto não é inerente a todo àcionista, exatamente porque algumas ações não trazem consigo esse direito, como as preferenciais.

Mas veja: não é correto afirmar que as ações preferenciais não dão direito a voto. Diz O art. I I I :

Sociedades por ações -li 112

'1\rt. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum ou alguns

dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo càm restri­

ções, observado o disposto no art. 109".

Percebeu ci verbo? Poderá. Quer dizer que as ações preferenciais podem sim dar

direito a voto, mas também podem não dar.

O direito de voto está regulado nos arts. 1 1 o a 1 15 da LSA. Cada ação dá direito a

um voto. E mais: a própria lei estabelece que as ações preferenciais sem direito a voto

oJ. com o direito restrito passarão a ter esse direito plenamente caso os dividendos

não sejam pagos por 3 anos.

Outra informação importante: é vedado o voto abusivo e o voto conflitante.

Voto abusivo é aquele que tem a finalidade clara de causar dano ou prejuízo à

companhia ou aos demais acionistas. já o voto conflitante ou em conflito de interesses é aquele que o acionista não

pode exercer porque o que está sendo votado é interesse seu. Assim, não pode o acio­

nista votar na deliberação sobre a avaliação de bens que ele mesmo deu em integrali­

zação de suas ~ções ou sobre a avaliação de suas contas. Veda-se, aqui, o benefício

próprio: claro que nessas situações o acionista votaria a favor de si mesmo.

Ambas as situações, voto abusivo ou conflitante, podem gerar responsabilidade

civil para o acionista.

13.3. Acordo de acionistas

Sabe aquele reality sltow que pa~sa todo começo de ano? Nem queira me dizer que

nunca assistiu porque é mentira. Enfim, lá sempre tem uma discussãozinha ou outra

em que os participantes acusam uns aos outros de combinar votos. Sempre tem.

O acordo de acionistas é exatamente isso: combinação de votos. E a lei permite.

Inclusive permite que isso seja feito escancaradamente, ou seja, eles não precisam fi­

car de conversinh;t de canto fazendo isso, como na televisão. Podem até registrar seu

acordo. Num contratinho mesmo.

E veja: caso a deliberação seja sobre o poder de controle, o exercício do direito de

voto, a compra e venda de ações ou a preferência das aquisições, e se o acordo estiver

formalmente registrado, então a companhia não poderá praticar atos que contrariem

esse acordo. Mais: se algum dos sócios que assinaram o contratinho agir de maneira

oposta, poderá contra ele ser promovida execução no âmbito judicial.

Ó o exemplo dado pelo meu amigo Ulhoa":

9 Manual de direito comercial, p. 250.

113 Empresarial para quem odeia empresarial

Tal como era nas sociedades limitadas, o principal dever do acionista aqui é o de pagar o preço das ações que subscreveu. Se não pagar no vencimento, incorre ~m mora, e, a depender de previsão no estatuto, sobre o valor do débito incidirão juros, correção monetária e multa estatutária, que não pode ser superior a 1 o%.

A companhia tem, então, duas opções: pode promover a execução do acionista remisso, e o título executivo será o boletim de subscrição, ou pode vender as ações não integralizadas na bolsa de valores, e essa regra se aplica também às companhias fá:ha­das, porque a venda é feita de forma diferente, em leilão especial. Se o produto da venda for suficiente para pagar as despesas e encargos de.correntes do inadimplemen­to e, ainda assim, sobrar dinheiro, o saldo será devolvido ao acionista remisso. .

Vamos supor que a companhia não consiga vender a~ ações não integralizadas ou não consiga obter sucesso na execução judicial. Nesse c~so, a ação será declarada ca­duca, e as entradas eventualmente feitas pelo sócio reqlisso serão apropriadas pela própria companhia.

Se possuir fundos ou reservas, poderá ela mesma integralizar tais ações e colocá­-las à venda no mercado, agora da forma convencional. Do contrário, terá que conse­guir um comprador para elas no prazo de um ano, sob pena de ter seu capital social reduzido compulsoriamente.

São direitos essenciais dos acionistas os dispostos no art. 109:

a) Participação nos resultados sociais: todo acionista tem direito a receber divi­de~dos, nome dado aos lucros da S/ A, e a receber sua parte em caso de liquidação. Mas aqui também se aplica aquela restrição que vimos nas limitadas: se a companhia for devedora do INSS, não poderá distribuir lucros.

b) Fiscalização da gestão dos negócios da sociedade: ao lado do conselho fiscal, os acionistas também são dotados do direito de fiscalizar a companhia. Esse direito se materializa, por exemplo, na possibilidade de exame dos livros por acionistas que re­presentem mais de 5% do capital social quando há suspeitas de irregularidade.

c) Direito de preferência: toda vez que houver aumento de capital e novas ações forem emitidas, os acionistas terão preferência na subscrição destas, obedecidas as regras do art. 171, § 1~.

d) Direito de retirada: também demos uma passada sobre esse assunto no estudo das limitadas. O acionista que discordar das deliberações feitas em assembleia ou da companhia que passar por fusão ou transformação poderá pedir para sair, recebendo o reembolso de suas ações. O reembolso é calculado com base no valor patrimonial destas, mas o estatuto pode prever que seja baseado no seu valor econômico.

Olha só: eu não coloquei aqui o direito de voto. Por quê? Fácil. já dissemos que 0

direito de voto não é inerente a todo àcionista, exatamente porque algumas ações não trazem consigo esse direito, como as preferenciais.

Mas veja: não é correto afirmar que as ações preferenciais não dão direito a voto. Diz O art. I I I :

Sociedades por ações -li 112

'1\rt. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum ou alguns

dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo càm restri­

ções, observado o disposto no art. 109".

Percebeu ci verbo? Poderá. Quer dizer que as ações preferenciais podem sim dar

direito a voto, mas também podem não dar.

O direito de voto está regulado nos arts. 1 1 o a 1 15 da LSA. Cada ação dá direito a

um voto. E mais: a própria lei estabelece que as ações preferenciais sem direito a voto

oJ. com o direito restrito passarão a ter esse direito plenamente caso os dividendos

não sejam pagos por 3 anos.

Outra informação importante: é vedado o voto abusivo e o voto conflitante.

Voto abusivo é aquele que tem a finalidade clara de causar dano ou prejuízo à

companhia ou aos demais acionistas. já o voto conflitante ou em conflito de interesses é aquele que o acionista não

pode exercer porque o que está sendo votado é interesse seu. Assim, não pode o acio­

nista votar na deliberação sobre a avaliação de bens que ele mesmo deu em integrali­

zação de suas ~ções ou sobre a avaliação de suas contas. Veda-se, aqui, o benefício

próprio: claro que nessas situações o acionista votaria a favor de si mesmo.

Ambas as situações, voto abusivo ou conflitante, podem gerar responsabilidade

civil para o acionista.

13.3. Acordo de acionistas

Sabe aquele reality sltow que pa~sa todo começo de ano? Nem queira me dizer que

nunca assistiu porque é mentira. Enfim, lá sempre tem uma discussãozinha ou outra

em que os participantes acusam uns aos outros de combinar votos. Sempre tem.

O acordo de acionistas é exatamente isso: combinação de votos. E a lei permite.

Inclusive permite que isso seja feito escancaradamente, ou seja, eles não precisam fi­

car de conversinh;t de canto fazendo isso, como na televisão. Podem até registrar seu

acordo. Num contratinho mesmo.

E veja: caso a deliberação seja sobre o poder de controle, o exercício do direito de

voto, a compra e venda de ações ou a preferência das aquisições, e se o acordo estiver

formalmente registrado, então a companhia não poderá praticar atos que contrariem

esse acordo. Mais: se algum dos sócios que assinaram o contratinho agir de maneira

oposta, poderá contra ele ser promovida execução no âmbito judicial.

Ó o exemplo dado pelo meu amigo Ulhoa":

9 Manual de direito comercial, p. 250.

113 Empresarial para quem odeia empresarial

I I :1 ·11; :'i lt'i

I J.''

1'11'1

"Assim, se um acionista acordou em conceder o direito de preferência a outro, mas

vendeu suas ações a um terceiro, descumprindo o acordo, a companhia não poderá regis­

trar a transferência da titularidade das ações, caso o acordo se encontre averbado".

Viu que legal? Além de poder combinar votos, nos casos acima, se combinaram,

terão que cumprir.

Ainda assim, em nenhuma hipótese será permitida a venda do voto e o acordo

sobre o chamado "voto de verdade", aquele que recai sobre decisões homologatórias e

não propriamente cleliberatórias.

13.4. Poder de controle

O 0 O O O O O O 0 O 0 O 0 O 0 O O O O O 0 O 0 O O I 0 O O O O O 0 O 0 O O O O O O O O O O 0 0 O O O O O O O 0 O O 0 O O O O O 0 i o O 0 O O O O O O O O O O O 0 O O O O

.fü, eu eAJ.o.u, aqMJ ~-Tentei me desligar tanto da sentença quanto da

palavra chata que insiste em ser digitada errado. l pimbal A Internet desliga

sozinha.

Vai eu ligar para uma empresa, cujo nome não vou citar, mas que tem

apenas três letrinhas, que vende serviços de combo de Internet, telefone e

televisão, e que em termos de qualidade ~e atendimento pode ser co'lsidera·

da a pior prestadora de serviço do mundo.

Informa a mocinha do outro lado da linha que os técnicos resolveram fa.

zer manutenção hoje e que eu vou ficar sem sinal por 4 horas. Oue beleza.

....................................................................................

O acionista ou um grupo ele acionistas que possua ações tantas quantas lhes se­

jam suficientes para garantir as decisões da assembleia de modo permanente e que

possam eleger a maioria dos administradores é chamado pela LSA de acionista con­

trolador. Mas não basta que ele goze desses privilégios: é preciso que realmente ust

disso para dirigir a sociedade.

Agindo com abuso de poder, contudo, responderá o controlador pelo danos cau­

sados. É o que dispõe o art. 117, que traz nos seus parágrafos uma série de situaçõe>

que caracterizam o abuso de poder.

Pode-se dizer que rola quase uma responsabilidade objetiva~ É que não se faz

necessária a prova do dolo do controlador, até porque seria uma prova diabólica. Ado­

ro essa expressão: prova diabólica. É a prova impossível ou praticamente impossível

de ser produzida.

Uma coisa óbvia: as ações que dão sustentação ao poder de controle são vendidé..s

por valor mais elevado que as ações "comuns". Isso porque tais ações acabam confe­

rindo 0 poder de eleger administradores, de reestruturar a sociedade, de efetivamente

dirigi-la etc. A essa diferença de preço dá-se o nome de prêmio de controle.

Sobre esse assunto, importante a leitura do art. 254-A ela LSA:

Sociedades por ações -li 114

''Art. 254-A. A alienação, direta ou indireta, do controle de companhia aber:ta somente

poderá ser contratada sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de que o adquirente se

obrigue a fazer oferta pública de aquisição das ações com direito a voto de propriedade dos

demais acionistas da companhia, de modo a lhes assegurar o preço no mínimo igual a 8o%

do valor pago por ação com direito a voto, integrante do bloco de controle.

f I~ Entende-se como alienação de controle a transferência, de forma direta ou indi­

reta, de ações integrantes do bloco de controle, de ações vinculadas a acordos de acionistas

e de valores mobiliários conversíveis em ações com direito a voto, cessão de direitos de

subscrição de ações e de outros títulos ou direitos relativos a valores mobiliários conversí­

veis em ações que venham a resultar na alienação de controle acionário da sociedade.

f 2~ A Comissão de Valores Mobiliários autorizará a alienação de co~~role de que

trata o caput, desde que verificado que as condições da oferta pública atendem aos requi­

sitos legais .

f 3~ Compete à Comissão de Valores Mobiliários estabelecer normas a serem observa­

das na oferta pública de que trata o caput.

f 4~ O adquirente do controle acionário de companhia aberta poderá oferecer aos

acionistas minoritários a opção de permanecer na companhia, mediante o pagamento de

um prêmio equivalente à diferença entre o valor de mercado das ações e o valor pago por

ação integrante do bloco de controle".

13.5. Demonstrações financeiras

Terminado o exercício social, deve a sociedade anônima levantar uma série ele

documentos contábeis que servem para tornar pública a situação geral da companhia.

Exercício social é o período de um ano estipulado pelo estatuto social. Normal­

mente coincide com o ano civil, mas nada impede que ocorra em outra data (por

exemplo, de 1~ de abril a 3 1 de março do ano seguinte).

Nas companhias fechadas, são quatro as demonstrações financeiras obrigatórias:

a)_ Balanço patrimonial: traz, de maneira aproximada, o ativo, o passivo e o patri­

mônio líquido da sociedade. Diz-se aproximado porque é feito com base em regras de

contabilidade que eu não f~ço ideia quais sejam, mas que apresentam sempre certa

margem de erro.

b) Demonstração de lucros e prejuízos auferidos.

c) Demonstração do resultado do exercício: é o desempenho da empresa. Im­

portante porque permite a verificação elo retorno dos investimentos e da eficiência da

administração.

d) Demonstração de fluxo de caixa: se a companhia fechada tiver patrimônio lí­

quido inferior a 2 milhões de reais, estará dispensada deste.

Se a S/ A for aberta, deverá apresentar, além dessas, a chamada demonstração de

valor adicionado, que retrata a riqueza que gerou no exercício social.

115 Empresarial para quem odeia empresarial

I I :1 ·11; :'i lt'i

I J.''

1'11'1

"Assim, se um acionista acordou em conceder o direito de preferência a outro, mas

vendeu suas ações a um terceiro, descumprindo o acordo, a companhia não poderá regis­

trar a transferência da titularidade das ações, caso o acordo se encontre averbado".

Viu que legal? Além de poder combinar votos, nos casos acima, se combinaram,

terão que cumprir.

Ainda assim, em nenhuma hipótese será permitida a venda do voto e o acordo

sobre o chamado "voto de verdade", aquele que recai sobre decisões homologatórias e

não propriamente cleliberatórias.

13.4. Poder de controle

O 0 O O O O O O 0 O 0 O 0 O 0 O O O O O 0 O 0 O O I 0 O O O O O 0 O 0 O O O O O O O O O O 0 0 O O O O O O O 0 O O 0 O O O O O 0 i o O 0 O O O O O O O O O O O 0 O O O O

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palavra chata que insiste em ser digitada errado. l pimbal A Internet desliga

sozinha.

Vai eu ligar para uma empresa, cujo nome não vou citar, mas que tem

apenas três letrinhas, que vende serviços de combo de Internet, telefone e

televisão, e que em termos de qualidade ~e atendimento pode ser co'lsidera·

da a pior prestadora de serviço do mundo.

Informa a mocinha do outro lado da linha que os técnicos resolveram fa.

zer manutenção hoje e que eu vou ficar sem sinal por 4 horas. Oue beleza.

....................................................................................

O acionista ou um grupo ele acionistas que possua ações tantas quantas lhes se­

jam suficientes para garantir as decisões da assembleia de modo permanente e que

possam eleger a maioria dos administradores é chamado pela LSA de acionista con­

trolador. Mas não basta que ele goze desses privilégios: é preciso que realmente ust

disso para dirigir a sociedade.

Agindo com abuso de poder, contudo, responderá o controlador pelo danos cau­

sados. É o que dispõe o art. 117, que traz nos seus parágrafos uma série de situaçõe>

que caracterizam o abuso de poder.

Pode-se dizer que rola quase uma responsabilidade objetiva~ É que não se faz

necessária a prova do dolo do controlador, até porque seria uma prova diabólica. Ado­

ro essa expressão: prova diabólica. É a prova impossível ou praticamente impossível

de ser produzida.

Uma coisa óbvia: as ações que dão sustentação ao poder de controle são vendidé..s

por valor mais elevado que as ações "comuns". Isso porque tais ações acabam confe­

rindo 0 poder de eleger administradores, de reestruturar a sociedade, de efetivamente

dirigi-la etc. A essa diferença de preço dá-se o nome de prêmio de controle.

Sobre esse assunto, importante a leitura do art. 254-A ela LSA:

Sociedades por ações -li 114

''Art. 254-A. A alienação, direta ou indireta, do controle de companhia aber:ta somente

poderá ser contratada sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de que o adquirente se

obrigue a fazer oferta pública de aquisição das ações com direito a voto de propriedade dos

demais acionistas da companhia, de modo a lhes assegurar o preço no mínimo igual a 8o%

do valor pago por ação com direito a voto, integrante do bloco de controle.

f I~ Entende-se como alienação de controle a transferência, de forma direta ou indi­

reta, de ações integrantes do bloco de controle, de ações vinculadas a acordos de acionistas

e de valores mobiliários conversíveis em ações com direito a voto, cessão de direitos de

subscrição de ações e de outros títulos ou direitos relativos a valores mobiliários conversí­

veis em ações que venham a resultar na alienação de controle acionário da sociedade.

f 2~ A Comissão de Valores Mobiliários autorizará a alienação de co~~role de que

trata o caput, desde que verificado que as condições da oferta pública atendem aos requi­

sitos legais .

f 3~ Compete à Comissão de Valores Mobiliários estabelecer normas a serem observa­

das na oferta pública de que trata o caput.

f 4~ O adquirente do controle acionário de companhia aberta poderá oferecer aos

acionistas minoritários a opção de permanecer na companhia, mediante o pagamento de

um prêmio equivalente à diferença entre o valor de mercado das ações e o valor pago por

ação integrante do bloco de controle".

13.5. Demonstrações financeiras

Terminado o exercício social, deve a sociedade anônima levantar uma série ele

documentos contábeis que servem para tornar pública a situação geral da companhia.

Exercício social é o período de um ano estipulado pelo estatuto social. Normal­

mente coincide com o ano civil, mas nada impede que ocorra em outra data (por

exemplo, de 1~ de abril a 3 1 de março do ano seguinte).

Nas companhias fechadas, são quatro as demonstrações financeiras obrigatórias:

a)_ Balanço patrimonial: traz, de maneira aproximada, o ativo, o passivo e o patri­

mônio líquido da sociedade. Diz-se aproximado porque é feito com base em regras de

contabilidade que eu não f~ço ideia quais sejam, mas que apresentam sempre certa

margem de erro.

b) Demonstração de lucros e prejuízos auferidos.

c) Demonstração do resultado do exercício: é o desempenho da empresa. Im­

portante porque permite a verificação elo retorno dos investimentos e da eficiência da

administração.

d) Demonstração de fluxo de caixa: se a companhia fechada tiver patrimônio lí­

quido inferior a 2 milhões de reais, estará dispensada deste.

Se a S/ A for aberta, deverá apresentar, além dessas, a chamada demonstração de

valor adicionado, que retrata a riqueza que gerou no exercício social.

115 Empresarial para quem odeia empresarial

13.6. Dissolução e liquidação

"i~:········ .. ································································· Acabo de "ouvir um silêncio". O pai da minha filha costumava usar essa

expressão para se referir a uma bronca. No meu caso, foi silêncio mesmo. i=iz

uma pergunta ao Sr. !=:ditor e ele não me respondeu. Já sei o que isso quer di­

zer. ~ como o título de uma música da banda O Rappa (que, aliás, eu amo): o

silêncio que precede o esporro.

Tenho sérias dúvidas sobre a possibilidade de eu sobreviver a este dia.

Por outro lado, se já estamos dissolvendo a sociedade anônima, isso significa

que estamos acabando. ................................................... ~ ................................ .

As regras de dissolução das companhias estão previstas nos arts. 206 a 218. Minha

vontade era escrever "leia os artigos" e terminar aqui o capítulo, mas sou fina e não

vou fazer isso.

A dissolução pode dar-se de pleno direito, por decisão judicial ou ainda por decisão

da autoridade administrativa competente, e a personalidade jurídica perdurará até o final

do procedimento, mas ao nome empresalial será acrescida a expressão "em liquidação".

Será dissolvida de pleno direito nas seguintes situações:

._ término do prazo de duração;

._ por deliberação da assembleia geral;

._ unipessoalidade de acionistas não reconstituída até a data da realização da

assembleia geral do ano seguinte;

._ outros casos previstos no estatuto.

)á a dissolução judicial ocorrerá com a anulação da constituição, quando ficar

constatado que o objeto social não é realizável, ou com a falência.

Pode também ocorrer dissolução parcial, ou seja, com relação a um ou alguns

sócios, na hipótese em que o acionista dissidente exerce seu direito de retirada e o

reembolso é feito com a redução do capital social. A morte de acionista, como já dito,

não gera qualquer efeito para a sociedade.

Com relação à exclusão de acionista, será decidida por quem detenha pelo menos

metade do capital social com direito a voto.

Dissolvida a companhia, é feita então a liquidação desta. Se a dissolução for judi­

cial, a liquidação também obrigatoriamente será. E será judicial a liquidação, ainda,

sempre que a amigável não for feita a contento e algum acionista ou o próprio Minis-

tério Público assim o requerer. ·

13.7. Transformação, incorporação, fusão e cisão

Essa matéria está tratada no Código Civil, nos arts. I. I I 3 a I. I 22. Mas quando na

Sociedades por ações -li 116

operação tiver uma sociedade anônima envolvida, aí as regras serão as da LSA. Claro,

né? Pra que seguir as mesmas regras? Informo que continuo ranzinza. Muito ranzinza.

13.7 .1. Transformação É a mudança de tipo social. Não surge pessoa jurídica nova, não extingue pessoa

jurídica velha, nada disso. Só muda o tipo. ~ Para transformar, basicamente tem que seguir as mesmas regras aplicáveis à

constituição. A aprovação tem que ser unânime. Geral tem que aceitar, até mesmo os

a•:ionistas sem direíto a voto. Só não será assim se o próprio estatuto previr a p6ssibi­

lidade da transformação, e, nesse caso, os acionistas dissidentes poderão exercer o

direito de retirada.

13.7.2. Incorporação Neste caso, uma sociedade absorve outra, e esta outra deixa de existir. Submete­

-se às regras comuns de procedimento: os órgãos de administraÇão da sociedade anô­

nima elaborarão um protocolo e a assembleia geral deliberará sobre a incorporação.

P.í, será feita a avaliação do patrimônio a ser incorporado para que se possa fazer a

equivalência do valor deste com o capital social a ser realizado. Se a sociedade for

emissora de debêntures, só poderá proceder à operação com a aprovação dos deben­

turistas . Importante diferenciar a incorporação da sociedade anônima com a chamada

i::1corporação de ações. Esta é assim: uma sociedade empresária adquire todas as ações

é.o capital social da sociedadf anônima, passando a ser a única acionista. A ela dá-se o

nome de subsidiária integral. A subsidiária integral não pode ser sociedade estrangeira.

13.7.3. Fusão ,

Duas ou mais sociedades se unem, fazendo nascer uma nova. Submete-se às re­

gras comuns de procedimento. Primeira demonstração de alegria do dia: oba!

13.7.4. Cisão É a transferência de uma parcela do capital social para outra sociedade, que já

existe ou que é criada nessa situação. Submete-se às regras comuns de procedimento.

Segunda grande demonstração de alegria do dia: uhu!

Nestas três últimas operações, é dado ao acionista dissidente o direito de retirada

da sociedade. Mas veja as particularidades: na incorporação, só tem esse direito o

acionista da sociedade incorporada; na cisão só terá esse direito se passar a ser

117 Empresarial para quem odeia empresarial

13.6. Dissolução e liquidação

"i~:········ .. ································································· Acabo de "ouvir um silêncio". O pai da minha filha costumava usar essa

expressão para se referir a uma bronca. No meu caso, foi silêncio mesmo. i=iz

uma pergunta ao Sr. !=:ditor e ele não me respondeu. Já sei o que isso quer di­

zer. ~ como o título de uma música da banda O Rappa (que, aliás, eu amo): o

silêncio que precede o esporro.

Tenho sérias dúvidas sobre a possibilidade de eu sobreviver a este dia.

Por outro lado, se já estamos dissolvendo a sociedade anônima, isso significa

que estamos acabando. ................................................... ~ ................................ .

As regras de dissolução das companhias estão previstas nos arts. 206 a 218. Minha

vontade era escrever "leia os artigos" e terminar aqui o capítulo, mas sou fina e não

vou fazer isso.

A dissolução pode dar-se de pleno direito, por decisão judicial ou ainda por decisão

da autoridade administrativa competente, e a personalidade jurídica perdurará até o final

do procedimento, mas ao nome empresalial será acrescida a expressão "em liquidação".

Será dissolvida de pleno direito nas seguintes situações:

._ término do prazo de duração;

._ por deliberação da assembleia geral;

._ unipessoalidade de acionistas não reconstituída até a data da realização da

assembleia geral do ano seguinte;

._ outros casos previstos no estatuto.

)á a dissolução judicial ocorrerá com a anulação da constituição, quando ficar

constatado que o objeto social não é realizável, ou com a falência.

Pode também ocorrer dissolução parcial, ou seja, com relação a um ou alguns

sócios, na hipótese em que o acionista dissidente exerce seu direito de retirada e o

reembolso é feito com a redução do capital social. A morte de acionista, como já dito,

não gera qualquer efeito para a sociedade.

Com relação à exclusão de acionista, será decidida por quem detenha pelo menos

metade do capital social com direito a voto.

Dissolvida a companhia, é feita então a liquidação desta. Se a dissolução for judi­

cial, a liquidação também obrigatoriamente será. E será judicial a liquidação, ainda,

sempre que a amigável não for feita a contento e algum acionista ou o próprio Minis-

tério Público assim o requerer. ·

13.7. Transformação, incorporação, fusão e cisão

Essa matéria está tratada no Código Civil, nos arts. I. I I 3 a I. I 22. Mas quando na

Sociedades por ações -li 116

operação tiver uma sociedade anônima envolvida, aí as regras serão as da LSA. Claro,

né? Pra que seguir as mesmas regras? Informo que continuo ranzinza. Muito ranzinza.

13.7 .1. Transformação É a mudança de tipo social. Não surge pessoa jurídica nova, não extingue pessoa

jurídica velha, nada disso. Só muda o tipo. ~ Para transformar, basicamente tem que seguir as mesmas regras aplicáveis à

constituição. A aprovação tem que ser unânime. Geral tem que aceitar, até mesmo os

a•:ionistas sem direíto a voto. Só não será assim se o próprio estatuto previr a p6ssibi­

lidade da transformação, e, nesse caso, os acionistas dissidentes poderão exercer o

direito de retirada.

13.7.2. Incorporação Neste caso, uma sociedade absorve outra, e esta outra deixa de existir. Submete­

-se às regras comuns de procedimento: os órgãos de administraÇão da sociedade anô­

nima elaborarão um protocolo e a assembleia geral deliberará sobre a incorporação.

P.í, será feita a avaliação do patrimônio a ser incorporado para que se possa fazer a

equivalência do valor deste com o capital social a ser realizado. Se a sociedade for

emissora de debêntures, só poderá proceder à operação com a aprovação dos deben­

turistas . Importante diferenciar a incorporação da sociedade anônima com a chamada

i::1corporação de ações. Esta é assim: uma sociedade empresária adquire todas as ações

é.o capital social da sociedadf anônima, passando a ser a única acionista. A ela dá-se o

nome de subsidiária integral. A subsidiária integral não pode ser sociedade estrangeira.

13.7.3. Fusão ,

Duas ou mais sociedades se unem, fazendo nascer uma nova. Submete-se às re­

gras comuns de procedimento. Primeira demonstração de alegria do dia: oba!

13.7.4. Cisão É a transferência de uma parcela do capital social para outra sociedade, que já

existe ou que é criada nessa situação. Submete-se às regras comuns de procedimento.

Segunda grande demonstração de alegria do dia: uhu!

Nestas três últimas operações, é dado ao acionista dissidente o direito de retirada

da sociedade. Mas veja as particularidades: na incorporação, só tem esse direito o

acionista da sociedade incorporada; na cisão só terá esse direito se passar a ser

117 Empresarial para quem odeia empresarial

I

acionista de sociedade com objeto social essencialmente diferente ou se seus dividen­

dos obrigatórios forem menores. Quanto aos direitos dos credores, na transformação não muda nada. Na incorpo-

ração e na fusão, eles terão direito a anular a operação se esta lhes causar prejuízo. Na cisão, as sociedades cindidas passam a ser solidariamente responsáveis pelas obriga-

ções preexistentes. A incorporação e a fusão precisarão de autorização do CADE sempre que resulta-

rem em empresas que participem em zo% ou mais de mercado considerado relevante ou se qualquer das sociedades envolvidas tiver faturamento bruto anual expressivo.

13.8. Grupos de sociedade e consórcio Duas ou mais sociedades podem unir esforços para a realização de atividades

comuns. Dessa união podem surgir os grupos de fato, os grupos de direito e os con-

sórcios. Se você visse a minha cara neste momento, choraria. Queridos donos de clínicas

de estética facial: troco qualquer tipo ele tratamento por um exemplar deste livro,

embrulhado para presente. Os grupos de fato são aqueles formados por sociedades coligadas ou sociedades

controlada e controladora. Consideram-se coligadas as sociedades que exercem influ­ência uma sobre a outra, ou seja, uma participa nas decisões da política financeira e operacional da outra, mas não exerce controle.

Importante. Antes, havia na lei um percentual fixo que determinava a coligação

( 1 o%). Não existe mais. Por outro lado, a sociedade controladora, como não poderia deixar de ser, con-

trola a sociedade controlada. Pleonasmo inevitável, peço desculpas. Mas basta lem­brar do conceito de acionista controlador. É bem semelhante.

Preste atenção ao Ctrl+C e Ctrl+ V abaixo:

"Em regra, a lei veda a participação recíproca entre a sociedade anônima e suas coli­gadas ou controladas, abrindo exceção somente para as hipóteses em que a companhia pode adquirir as próprias ações (LSA, arts. 244 e 30, § I o, b)"

10•

Também é admitida a participação recíproca nos casos de incorporação, fusão e cisão, mas essa situação deve desaparecer no prazo de um ano.

A LSA traz dispositivos que se determinam maior transparência nas relações entre essas sociedades, exigindo algumas demonstrações financeiras próprias (arts.

247 a zso).

1 o COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 264.

Sociedades por ações -\I 118

O grupo de direito é aquele formalizado por um acordo escrito, devidamente re­gistrado na junta Comercial. Deverá ser titularizado por uma sociedade brasileira e ter designação própria, onde constará a palavra "grupo" ou a expressão "grupo de so­ciedades".

Embora possa contar com uma estrutura de administração única, o grupo não tem personalidade jurídica própria, e entre as sociedades integrantes não existirá so­lidariedade, exceto em relação à lei anti truste e às leis trabalhistas.

Finalmente, o consórcio é formado pela união de duas sociedades que pretendem desenvolver um ou alguns empreendimentos em conjunto. O consórcio também não tem personalidade jurídica própria nem solidariedade entre as consorciadas, exceto perante as leis consumeristas.

O CADE atua neste caso da mesma forma que atua na fusão ou na cisão. Sempre que da união de sociedades resultar participação superior a zo% de um mercado rele­vante ou quando uma das consorciadas tiver faturamento bruto anual expressivo, será necessária sua autorização para que o grupo se constitua.

13.9. Sociedade de economia mista

Direito administrativo: "Sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de di­reito privado, criadas mediante autorização legislativa, com maioria de capital público e organizadas obrigatoriamente como sociedades anônimas"''.

Essas companhias, quando do tipo aberta, serão controladas e fiscalizadas pela CVM.

A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista, que obrigatoria­mente será de direito público, tem as mesmas responsabilidades do acionista contro­lador, mas essa companhia sempre voltará seus objetivos para a consecução do inte­resse público. Em razão disso, parte do lucro pode ser comprometida com atividades relativamente deficitárias (supremacia do interesse público sobre o particular).

No que tange aos seus órgãos de administração, cumpre ressaltar que o conselho fiscal nessas sociedades será sempre permanente.

13.10. Sociedade em comandita por ações Eu gostaria de fazer algum comentário. Qualquer tipo de comentário. Mas não

tenho mais forças. Não é brincadeira: estudar e escrever sobre esse assunto acabou comigo. Sobrou de mim só o bagaço da laranja. E olhe lá.

Último tópico. Vejo uma luz no fim do túnel.

1 1 MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 201 1.

119 Empresarial para quem odeia empresarial

I

acionista de sociedade com objeto social essencialmente diferente ou se seus dividen­

dos obrigatórios forem menores. Quanto aos direitos dos credores, na transformação não muda nada. Na incorpo-

ração e na fusão, eles terão direito a anular a operação se esta lhes causar prejuízo. Na cisão, as sociedades cindidas passam a ser solidariamente responsáveis pelas obriga-

ções preexistentes. A incorporação e a fusão precisarão de autorização do CADE sempre que resulta-

rem em empresas que participem em zo% ou mais de mercado considerado relevante ou se qualquer das sociedades envolvidas tiver faturamento bruto anual expressivo.

13.8. Grupos de sociedade e consórcio Duas ou mais sociedades podem unir esforços para a realização de atividades

comuns. Dessa união podem surgir os grupos de fato, os grupos de direito e os con-

sórcios. Se você visse a minha cara neste momento, choraria. Queridos donos de clínicas

de estética facial: troco qualquer tipo ele tratamento por um exemplar deste livro,

embrulhado para presente. Os grupos de fato são aqueles formados por sociedades coligadas ou sociedades

controlada e controladora. Consideram-se coligadas as sociedades que exercem influ­ência uma sobre a outra, ou seja, uma participa nas decisões da política financeira e operacional da outra, mas não exerce controle.

Importante. Antes, havia na lei um percentual fixo que determinava a coligação

( 1 o%). Não existe mais. Por outro lado, a sociedade controladora, como não poderia deixar de ser, con-

trola a sociedade controlada. Pleonasmo inevitável, peço desculpas. Mas basta lem­brar do conceito de acionista controlador. É bem semelhante.

Preste atenção ao Ctrl+C e Ctrl+ V abaixo:

"Em regra, a lei veda a participação recíproca entre a sociedade anônima e suas coli­gadas ou controladas, abrindo exceção somente para as hipóteses em que a companhia pode adquirir as próprias ações (LSA, arts. 244 e 30, § I o, b)"

10•

Também é admitida a participação recíproca nos casos de incorporação, fusão e cisão, mas essa situação deve desaparecer no prazo de um ano.

A LSA traz dispositivos que se determinam maior transparência nas relações entre essas sociedades, exigindo algumas demonstrações financeiras próprias (arts.

247 a zso).

1 o COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 264.

Sociedades por ações -\I 118

O grupo de direito é aquele formalizado por um acordo escrito, devidamente re­gistrado na junta Comercial. Deverá ser titularizado por uma sociedade brasileira e ter designação própria, onde constará a palavra "grupo" ou a expressão "grupo de so­ciedades".

Embora possa contar com uma estrutura de administração única, o grupo não tem personalidade jurídica própria, e entre as sociedades integrantes não existirá so­lidariedade, exceto em relação à lei anti truste e às leis trabalhistas.

Finalmente, o consórcio é formado pela união de duas sociedades que pretendem desenvolver um ou alguns empreendimentos em conjunto. O consórcio também não tem personalidade jurídica própria nem solidariedade entre as consorciadas, exceto perante as leis consumeristas.

O CADE atua neste caso da mesma forma que atua na fusão ou na cisão. Sempre que da união de sociedades resultar participação superior a zo% de um mercado rele­vante ou quando uma das consorciadas tiver faturamento bruto anual expressivo, será necessária sua autorização para que o grupo se constitua.

13.9. Sociedade de economia mista

Direito administrativo: "Sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de di­reito privado, criadas mediante autorização legislativa, com maioria de capital público e organizadas obrigatoriamente como sociedades anônimas"''.

Essas companhias, quando do tipo aberta, serão controladas e fiscalizadas pela CVM.

A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista, que obrigatoria­mente será de direito público, tem as mesmas responsabilidades do acionista contro­lador, mas essa companhia sempre voltará seus objetivos para a consecução do inte­resse público. Em razão disso, parte do lucro pode ser comprometida com atividades relativamente deficitárias (supremacia do interesse público sobre o particular).

No que tange aos seus órgãos de administração, cumpre ressaltar que o conselho fiscal nessas sociedades será sempre permanente.

13.10. Sociedade em comandita por ações Eu gostaria de fazer algum comentário. Qualquer tipo de comentário. Mas não

tenho mais forças. Não é brincadeira: estudar e escrever sobre esse assunto acabou comigo. Sobrou de mim só o bagaço da laranja. E olhe lá.

Último tópico. Vejo uma luz no fim do túnel.

1 1 MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 201 1.

119 Empresarial para quem odeia empresarial

A sociedade em comandita por ações rege-se quase que integralmente pelas nor­

mas constantes na LSA. As diferenças são as que constam dos arts. 1.090 e 1.092 do

Código Civil, a saber: a) Responsabilidade dos diretores: o diretor da comandita por ações, obrigáto­

riamente sócio, terá responsabilidade ilimitada perante as obrigações sociais. b) Nome empresarial: pode adotar firma ou denominação. Se optar pela firq1a, o

nome civil a ser usado só pode ser o de um dos diretores, e em qualquer tipo deverá

constar o tipo societário. c) Deliberações: algumas matérias dependerão serilpre da anuência dos direto-·

res da sociedade:

~ mudança do objeto social;

~ prorrogação do prazo de duração;

~ aumento ou diminuição do capital social; ~ criação de debêntures ou partes beneficiárias.

Acabamos o Direito Societário, gente. Sobrevivemos. Mas, antes de passar pro

outro tópico, acho importante deixar consignado aqui os Enunciados da l jornada de

Direito Comercial (olha ela aqui de novo) relativos ao tema.

Vamos lá:

9. Quando aplicado às relaçÕes jurídicas empresariais, o art. 50 do Código Civil não pode ser interpretado analogamente ao art. 28, § 5."., do CDC ou ao art. z."., § z.".,

da CLT.

10. Nas sociedades simples, os sócios podem limitar suas responsabilidades entre

si, à prO?orção da participação no capital social, ressalvadas as disposições específicas.

11. A regra do art. 1.0 15, parágrafo único, do Código Civil deve ser aplicada à luz

da teoria da aparência e do primado da boa-fé objetiva, de modo a prestigiar a segu­

rança do tráfego negocia!. As sociedades se obrigam perante terceiros de boa-fé.

12. A regra contida no art. 1.055, § 1."., do Código Civil deve ser aplicada na hipó­tese de inexatidão da avaliação de bens conferidos ao capital social; a responsabilidade

nela prevista não afasta a desconsideração da personalidade jurídica quando presen­

tes seus requisitos legais.

13. A decisão que decretar a dissolução parcial da sociedade deverá indicar a data de desligamento do sócio e o critério de apuração de haveres.

14. É vedado aos administradores de sociedades anônimas votarem para aprova­

ção/rejeição de suas próprias contas, mesmo que o façam por interposta pessoa.

15. O vocábulo "transação", mencionado no art. r83, § 1."., d, da Lei das S.A. deve

ser lido como sinônimo de "negócio jurídico", e não no sentido técnico que é definido

pelo Capítulo XIX do Título Vl do Livro I da Parte Especial do Código Civil brasileiro.

Sociedades por ações -li 120

'.

16. O adquirente de cotas ou ações adere ao contrato social ou estatuto no que se refere à cláusula compromissória (cláusula de arbitragem) nele existente; assim, esta­rá vinculado à previsão da opção da jurisdição arbitral, independentemente de assina­

tura e;'ou manifestação específica a esse respeito.

17. ~~a sociedad~ limitada com dois sócios, o sócio titular de mais da metade do

capital social pode exclUir extrajudicialmente o sócio minoritário desde que atendidas as exigências materiais e procedimentais previstas no art. 1.o8s, caput e parágrafo úni­

co:, do CC. 18. O capital social da sociedade limitada poderá ser integralizado, no todo ou em

parte, cem quotas ou ações de outra sociedade, cabendo aos sócios a escolha do crité­

rio de avaliação das respectivas participações societárias, diante da responsabilidade solidári<:. pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social, nos termos do art,

1.055, § !."., do Código Civil. 19. Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor às relações entre sócios/

acionistas ou entre eles e a sociedade.

Prcnto. Fim.

121 Empresarial para quem odeia empresarial

A sociedade em comandita por ações rege-se quase que integralmente pelas nor­

mas constantes na LSA. As diferenças são as que constam dos arts. 1.090 e 1.092 do

Código Civil, a saber: a) Responsabilidade dos diretores: o diretor da comandita por ações, obrigáto­

riamente sócio, terá responsabilidade ilimitada perante as obrigações sociais. b) Nome empresarial: pode adotar firma ou denominação. Se optar pela firq1a, o

nome civil a ser usado só pode ser o de um dos diretores, e em qualquer tipo deverá

constar o tipo societário. c) Deliberações: algumas matérias dependerão serilpre da anuência dos direto-·

res da sociedade:

~ mudança do objeto social;

~ prorrogação do prazo de duração;

~ aumento ou diminuição do capital social; ~ criação de debêntures ou partes beneficiárias.

Acabamos o Direito Societário, gente. Sobrevivemos. Mas, antes de passar pro

outro tópico, acho importante deixar consignado aqui os Enunciados da l jornada de

Direito Comercial (olha ela aqui de novo) relativos ao tema.

Vamos lá:

9. Quando aplicado às relaçÕes jurídicas empresariais, o art. 50 do Código Civil não pode ser interpretado analogamente ao art. 28, § 5."., do CDC ou ao art. z."., § z.".,

da CLT.

10. Nas sociedades simples, os sócios podem limitar suas responsabilidades entre

si, à prO?orção da participação no capital social, ressalvadas as disposições específicas.

11. A regra do art. 1.0 15, parágrafo único, do Código Civil deve ser aplicada à luz

da teoria da aparência e do primado da boa-fé objetiva, de modo a prestigiar a segu­

rança do tráfego negocia!. As sociedades se obrigam perante terceiros de boa-fé.

12. A regra contida no art. 1.055, § 1."., do Código Civil deve ser aplicada na hipó­tese de inexatidão da avaliação de bens conferidos ao capital social; a responsabilidade

nela prevista não afasta a desconsideração da personalidade jurídica quando presen­

tes seus requisitos legais.

13. A decisão que decretar a dissolução parcial da sociedade deverá indicar a data de desligamento do sócio e o critério de apuração de haveres.

14. É vedado aos administradores de sociedades anônimas votarem para aprova­

ção/rejeição de suas próprias contas, mesmo que o façam por interposta pessoa.

15. O vocábulo "transação", mencionado no art. r83, § 1."., d, da Lei das S.A. deve

ser lido como sinônimo de "negócio jurídico", e não no sentido técnico que é definido

pelo Capítulo XIX do Título Vl do Livro I da Parte Especial do Código Civil brasileiro.

Sociedades por ações -li 120

'.

16. O adquirente de cotas ou ações adere ao contrato social ou estatuto no que se refere à cláusula compromissória (cláusula de arbitragem) nele existente; assim, esta­rá vinculado à previsão da opção da jurisdição arbitral, independentemente de assina­

tura e;'ou manifestação específica a esse respeito.

17. ~~a sociedad~ limitada com dois sócios, o sócio titular de mais da metade do

capital social pode exclUir extrajudicialmente o sócio minoritário desde que atendidas as exigências materiais e procedimentais previstas no art. 1.o8s, caput e parágrafo úni­

co:, do CC. 18. O capital social da sociedade limitada poderá ser integralizado, no todo ou em

parte, cem quotas ou ações de outra sociedade, cabendo aos sócios a escolha do crité­

rio de avaliação das respectivas participações societárias, diante da responsabilidade solidári<:. pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social, nos termos do art,

1.055, § !."., do Código Civil. 19. Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor às relações entre sócios/

acionistas ou entre eles e a sociedade.

Prcnto. Fim.

121 Empresarial para quem odeia empresarial

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14. Decoração de coração: )

.... .... ·/

···················································································· Jl caá.a cf.o4 m.e-u.4 ~ eáM em~· Coisa linda: trocando todo o piso,

quebrando parede. mudando cômodos de lugar. Só de pensar, minha alergia dá

sinais de viela.

Por conta disso, minha mãe. que não é boba nem nada. resolveu êprovei·

ta r a brecha para redecorar a casa inteira. t: eu fui com ela esses dias a uma loja

de móveis e decoração em São Paulo.

Quase tive um infarto. t:u e minha mãe somos muito diferentes, mas en·

centramos o ponto de equilíbrio: em alguns assuntos nem eu nem ela tocamos.

Princípios bastante divergentes. mas o respeito é bem legal.

t:nfim: estávamos caminhando pelo labirinto da loja. eu olhando coisas

aleatórias. ela escolhendo um aparador para colocar no banheiro novo. Come·

ceia lembrar de todos os apartamentos em que já morei.

Desde que saí da casa dos meus pais. há quase 15 anos, só divid' aparta·

mento uma vez, com uma guria do sul. que depois ele muito tempo cescobri

que ficou com meu namorado ela época. Depois, morei com esse mesmo na mo·

rado que ficou com a guria e, posteriormente, com o pai da minha filha.

!=ato é que eu nunca morei em república, mesmo porque sou chata de·

mais para isso. Ainda assim, nunca tive muita preocupação com esse lance de

decoração. Mesmo hoje: não tem no meu apartamento urri quadro na parede,

um \'aso de flor, um enfeite, nada.

A única coisa que um dia foi arrumadinha foi o quarto da cria. Quando efa

nasceu, tinha o quarto todo lindo: paredes pintadas da mesma cor dos dela·

lhes do berço, quadrinhos nas paredes, cortinas nas janelas, tudo combinando,

e tudo sempre muito arrumadinho.

Aí. mudamos de casa, os móveis dela se juntaram ao armário embutido do

novo quarto, a parede ficou da mesma cor que era, o berçose foi e ceu lugar

a uma cama que não combina com nada.

Agora estou em vias ele mudar ele novo. t: foi justamente nesse dia, passe·

ando com a mammy. que me peguei pensando em decorar meu futuro novo lar.

Quero um canto. Um encanto. Decoração de coração. Quero xícaras que com·

binem com o JOgo americano. Um sofá r.ovo, e bibelôs nas mesinhas de canto.

Quero quadros. Quero um tapete claro. t: o edredom mais lindo para colocar

em cima da minha cama.

Quero meu ninho. t: pendurar nele a plaquinha de "lar doce lar".

Só o fato de eu sentir essa vontade me surpreendeu. t: me deixou conten·

te. Será que estou crescendo? t:stou ficando mocinha?

Legal. t:stou orgulhosa de mim.

Mas vamos lá, porque ainda tenho muito trabalho pela frente antes de po·

der comprar o primeiro tapetinho para colocar na porta de entrada da casinha.

Terminamos, no capítulo anterior, o sub-ramo do direito empresarial chamado

de direito societário. Confesso que digo isso com uma satisfação enorme, porque es­

pecialmente a parte das sociedades anônimas foi quase um calvário para mim.

Começamos agora mais um assunto pauleira: falências. lntroduçãozinha básica,

que faremos por meio de um exemplo.

Vamos tomar meu vizinho como protagonista da história. Ele, querendo comprar

um carro, procura um anúncio no jornal, encontra o modelo de que gosta, negocia

com o dono do carro e beleza. Faz um contratinho com ele para pagar em I 2 vezes.

Negócio particular mesmo, sem financiamento em banco nem nada. Deixa os I 2 che­

ques com o tiozão e vem embora com o carro novo.

Ele paga direitinho as I I primeiras parcelas, mas, quando o cara deposita o últi­

mo cheque, surpresa: o cheque volta por falta de provisão de fundos.

Tranquilo: o cara então executa o cheque, penhora alguma coisa do vizinho e fim

da história .

Mas vamos tornar a coisa um pouco mais feia: suponha que, quando o tio que

vendeu o carro vai executar o vizinho, descobre que este não tem mais nenhum bem.

E mais: descobre que o vizinho está devendo para mais um montão de gente.

Nessa situação, o que acontece é que os bens do vizinho não serão suficientes

para saldar as dívidas que ele tem com mais de um credor.

Veja: não é justo que aquele que chegar primeiro leve e o restante fique chupando o

dedo. Ou seja: não seria razoável permitir que apenas um (ou alguns) dos credores tenha

seu crédito satisfeito só porque ingressou com a execução antes dos outros. É exatamen­

te pa~a evitar esse tipo de injustiça que existe o chamado concurso de credores.

Em vez de uma execução individual, em que seria privilegiado um credor em de­

trimento dos outros, chama-se todo mundo para que a execução seja conjunta. Se o

devedor tiver patrimônio para saldar todas as dívidas, ótimo. Se não tiver, pelo menos

cada um recebe um pouco.

123 Empresarial para quem odeia empresarial

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14. Decoração de coração: )

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···················································································· Jl caá.a cf.o4 m.e-u.4 ~ eáM em~· Coisa linda: trocando todo o piso,

quebrando parede. mudando cômodos de lugar. Só de pensar, minha alergia dá

sinais de viela.

Por conta disso, minha mãe. que não é boba nem nada. resolveu êprovei·

ta r a brecha para redecorar a casa inteira. t: eu fui com ela esses dias a uma loja

de móveis e decoração em São Paulo.

Quase tive um infarto. t:u e minha mãe somos muito diferentes, mas en·

centramos o ponto de equilíbrio: em alguns assuntos nem eu nem ela tocamos.

Princípios bastante divergentes. mas o respeito é bem legal.

t:nfim: estávamos caminhando pelo labirinto da loja. eu olhando coisas

aleatórias. ela escolhendo um aparador para colocar no banheiro novo. Come·

ceia lembrar de todos os apartamentos em que já morei.

Desde que saí da casa dos meus pais. há quase 15 anos, só divid' aparta·

mento uma vez, com uma guria do sul. que depois ele muito tempo cescobri

que ficou com meu namorado ela época. Depois, morei com esse mesmo na mo·

rado que ficou com a guria e, posteriormente, com o pai da minha filha.

!=ato é que eu nunca morei em república, mesmo porque sou chata de·

mais para isso. Ainda assim, nunca tive muita preocupação com esse lance de

decoração. Mesmo hoje: não tem no meu apartamento urri quadro na parede,

um \'aso de flor, um enfeite, nada.

A única coisa que um dia foi arrumadinha foi o quarto da cria. Quando efa

nasceu, tinha o quarto todo lindo: paredes pintadas da mesma cor dos dela·

lhes do berço, quadrinhos nas paredes, cortinas nas janelas, tudo combinando,

e tudo sempre muito arrumadinho.

Aí. mudamos de casa, os móveis dela se juntaram ao armário embutido do

novo quarto, a parede ficou da mesma cor que era, o berçose foi e ceu lugar

a uma cama que não combina com nada.

Agora estou em vias ele mudar ele novo. t: foi justamente nesse dia, passe·

ando com a mammy. que me peguei pensando em decorar meu futuro novo lar.

Quero um canto. Um encanto. Decoração de coração. Quero xícaras que com·

binem com o JOgo americano. Um sofá r.ovo, e bibelôs nas mesinhas de canto.

Quero quadros. Quero um tapete claro. t: o edredom mais lindo para colocar

em cima da minha cama.

Quero meu ninho. t: pendurar nele a plaquinha de "lar doce lar".

Só o fato de eu sentir essa vontade me surpreendeu. t: me deixou conten·

te. Será que estou crescendo? t:stou ficando mocinha?

Legal. t:stou orgulhosa de mim.

Mas vamos lá, porque ainda tenho muito trabalho pela frente antes de po·

der comprar o primeiro tapetinho para colocar na porta de entrada da casinha.

Terminamos, no capítulo anterior, o sub-ramo do direito empresarial chamado

de direito societário. Confesso que digo isso com uma satisfação enorme, porque es­

pecialmente a parte das sociedades anônimas foi quase um calvário para mim.

Começamos agora mais um assunto pauleira: falências. lntroduçãozinha básica,

que faremos por meio de um exemplo.

Vamos tomar meu vizinho como protagonista da história. Ele, querendo comprar

um carro, procura um anúncio no jornal, encontra o modelo de que gosta, negocia

com o dono do carro e beleza. Faz um contratinho com ele para pagar em I 2 vezes.

Negócio particular mesmo, sem financiamento em banco nem nada. Deixa os I 2 che­

ques com o tiozão e vem embora com o carro novo.

Ele paga direitinho as I I primeiras parcelas, mas, quando o cara deposita o últi­

mo cheque, surpresa: o cheque volta por falta de provisão de fundos.

Tranquilo: o cara então executa o cheque, penhora alguma coisa do vizinho e fim

da história .

Mas vamos tornar a coisa um pouco mais feia: suponha que, quando o tio que

vendeu o carro vai executar o vizinho, descobre que este não tem mais nenhum bem.

E mais: descobre que o vizinho está devendo para mais um montão de gente.

Nessa situação, o que acontece é que os bens do vizinho não serão suficientes

para saldar as dívidas que ele tem com mais de um credor.

Veja: não é justo que aquele que chegar primeiro leve e o restante fique chupando o

dedo. Ou seja: não seria razoável permitir que apenas um (ou alguns) dos credores tenha

seu crédito satisfeito só porque ingressou com a execução antes dos outros. É exatamen­

te pa~a evitar esse tipo de injustiça que existe o chamado concurso de credores.

Em vez de uma execução individual, em que seria privilegiado um credor em de­

trimento dos outros, chama-se todo mundo para que a execução seja conjunta. Se o

devedor tiver patrimônio para saldar todas as dívidas, ótimo. Se não tiver, pelo menos

cada um recebe um pouco.

123 Empresarial para quem odeia empresarial

A falência é exatamente isso, mas ocorre quando o devedor não é o meu vizinho, e sim um empresário individual ou uma sociedade empresária.

Esse é o princípio-base da falência: par condi tio creditorum. Por ele, os credores de um único devedor se juntam e promovem a execução de maneira unificada, aumen­tando as chances de que todos recebam.

O tratamento jurídico da sociedade empresária devedora, então, vai ser diferente daquele que é dado ao devedor civil. Observe que são concedidos certos privilégios à pessoa jurídica. Desde já podemos citar, de maneira bem simplificada, dois desses pri­vilégios (não se preocupe com a falta de detalhes, porque veremos tudo direitinho no decorrer dos próximos capítulos):

a) Recuperação de empresa: o empresário ou a sociedade empresária tem ao seu dispor esse instituto, que permite que seja feita a reorganização da empresa, por meio de determinadas condições especiais que não são oferecidas a um devedor pessoa física.

b) Extinção das obrigações: o devedor empresário terá suas obrigações declara­das extintas se conseguir pagar so% dos créditos quirografários. Isso não acontece com o devedor civil: só depois de pagar tudo o que deve é que terá suas obrigações extintas.

Passamos agora a analisar, pormenorizadamente, os aspectos da falência.

14.1. Quem pode falir Regra geral, qualquer pessoa, física ou jurídica, que exerce empresa pode se bene­

ficiar das regras falimentares. já vimos lá no comecinho quem é considerado empresário e quem não é. Então,

toda vez que o devedor for um empresário em situação regular, podendo ser empresá­rio individual ou sociedade empresária, sua execução concursal é feita por meio da . falência. Assim, podemos, logo de cara, dizer que as cooperativas nunca terão a falên­cia decretada, porque, por determinação legal, nunca serão sociedade empresária.

Contudo, o legislador achou por bem excluir das regras falimentares algumas categorias de empresários. A exclusão pode ser total ou parcial. Será total quando aquele determinado empresário contar com outro tipo de regra para proceder à exe­cução concÜ.rsal. Por outro lado, a exclusão será parcial quando o empresário somente não puder se valer do procedimento da falência em determinadas situações.

Aqui começa a parte em que não cabe muita explicação. É listinha mesmo, e você tem que saber quem está totalmente excluído e quem está parcialmente excluído, bem como as situações que culminam nessa exclusão parcial.

Estão totalmente excluídas da falência: ~ empresas públicas e sociedade de economia mista; ~ câmaras ou prestadoras de serviço de compensação ou liquidação financeira; ~ entidades fechadas de previdência complementar.

Teoria geral do direito falimentar 124

De outra banda, os parcialmente excluídos da falência podem ser divididos em

grupos: . . a) Sujeitam~se às regras de liquidação extrajudicial previstas na Le1 n. 6.024/74: ~ instituições financeiras; · . _ ~ sociedades a~rendadoras que tenham como objeto exclusiVO a exploraçao de

leasing; .. ~ administradoras de consórcios, fundos mútuos e outras at1v1dades asseme-

~as. . : b) Devem ter a falência requerida pelo liquidante nomeado pela SUSE~ quando

- · d" · 1 d r irf'm incHcios de crimf' fahmcntar: frustrada a execuçao extraJU 10a ou quan o su g ._ companhias de seguro; ~ entidades abertas de previdência privada. c) Submetem-se a regime de liquidação especial pela ANS e só podem falir nas

mesmas condições das seguradoras: ~ operadoras de planos privados de assistência à saúde.

14.2. Insolvência Insolvência é o nome que se dá ao estado patrimonial do devedor cujo passiv_o

supera o ativo. Contudo, para fins de falência, não se considera esse aspecto da defi-nição de insolvência, e sim seu aspecto jurídico estabelecido pela lei., . _ ,

Então olha só: para que seja requerida a falência de um empresano, nao e neces­sária a prova de que ele deve mais do que tem. Da mesma maneira, o fato de ele provar que tem mais do que deve não é suficiente para se livrar da falência. . ,

O que importa é que ocorra um dos fatores previstos no art. 94 da Le1 de Falen-cias, que é a n. 11.1 o 1j2oos.

Esse artigo tem um montão de incisos, mas é importantíssimo. Vamos dar uma olhada desde já, para irmos nos familiarizando.

"Art. 94· Será decretada a falência do devedor que: I -sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida mate­

rializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos na data do pedido de falência; . _ . ,

11 - executado por qualquer quantia líquida, não paga, não depos1ta e nao nomew a penhora bens suficientes dentro do prazo legal; _

111- pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperaçao judicial: _ . .

a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mao de mew rumoso ou fraudulento para realizar pagamentos; . .

b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o ob;et!VO de retard~r paga-mentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da total!dade de seu ativo a terceiro, credor ou não;

125 Empresarial para quem odeia empresarial

A falência é exatamente isso, mas ocorre quando o devedor não é o meu vizinho, e sim um empresário individual ou uma sociedade empresária.

Esse é o princípio-base da falência: par condi tio creditorum. Por ele, os credores de um único devedor se juntam e promovem a execução de maneira unificada, aumen­tando as chances de que todos recebam.

O tratamento jurídico da sociedade empresária devedora, então, vai ser diferente daquele que é dado ao devedor civil. Observe que são concedidos certos privilégios à pessoa jurídica. Desde já podemos citar, de maneira bem simplificada, dois desses pri­vilégios (não se preocupe com a falta de detalhes, porque veremos tudo direitinho no decorrer dos próximos capítulos):

a) Recuperação de empresa: o empresário ou a sociedade empresária tem ao seu dispor esse instituto, que permite que seja feita a reorganização da empresa, por meio de determinadas condições especiais que não são oferecidas a um devedor pessoa física.

b) Extinção das obrigações: o devedor empresário terá suas obrigações declara­das extintas se conseguir pagar so% dos créditos quirografários. Isso não acontece com o devedor civil: só depois de pagar tudo o que deve é que terá suas obrigações extintas.

Passamos agora a analisar, pormenorizadamente, os aspectos da falência.

14.1. Quem pode falir Regra geral, qualquer pessoa, física ou jurídica, que exerce empresa pode se bene­

ficiar das regras falimentares. já vimos lá no comecinho quem é considerado empresário e quem não é. Então,

toda vez que o devedor for um empresário em situação regular, podendo ser empresá­rio individual ou sociedade empresária, sua execução concursal é feita por meio da . falência. Assim, podemos, logo de cara, dizer que as cooperativas nunca terão a falên­cia decretada, porque, por determinação legal, nunca serão sociedade empresária.

Contudo, o legislador achou por bem excluir das regras falimentares algumas categorias de empresários. A exclusão pode ser total ou parcial. Será total quando aquele determinado empresário contar com outro tipo de regra para proceder à exe­cução concÜ.rsal. Por outro lado, a exclusão será parcial quando o empresário somente não puder se valer do procedimento da falência em determinadas situações.

Aqui começa a parte em que não cabe muita explicação. É listinha mesmo, e você tem que saber quem está totalmente excluído e quem está parcialmente excluído, bem como as situações que culminam nessa exclusão parcial.

Estão totalmente excluídas da falência: ~ empresas públicas e sociedade de economia mista; ~ câmaras ou prestadoras de serviço de compensação ou liquidação financeira; ~ entidades fechadas de previdência complementar.

Teoria geral do direito falimentar 124

De outra banda, os parcialmente excluídos da falência podem ser divididos em

grupos: . . a) Sujeitam~se às regras de liquidação extrajudicial previstas na Le1 n. 6.024/74: ~ instituições financeiras; · . _ ~ sociedades a~rendadoras que tenham como objeto exclusiVO a exploraçao de

leasing; .. ~ administradoras de consórcios, fundos mútuos e outras at1v1dades asseme-

~as. . : b) Devem ter a falência requerida pelo liquidante nomeado pela SUSE~ quando

- · d" · 1 d r irf'm incHcios de crimf' fahmcntar: frustrada a execuçao extraJU 10a ou quan o su g ._ companhias de seguro; ~ entidades abertas de previdência privada. c) Submetem-se a regime de liquidação especial pela ANS e só podem falir nas

mesmas condições das seguradoras: ~ operadoras de planos privados de assistência à saúde.

14.2. Insolvência Insolvência é o nome que se dá ao estado patrimonial do devedor cujo passiv_o

supera o ativo. Contudo, para fins de falência, não se considera esse aspecto da defi-nição de insolvência, e sim seu aspecto jurídico estabelecido pela lei., . _ ,

Então olha só: para que seja requerida a falência de um empresano, nao e neces­sária a prova de que ele deve mais do que tem. Da mesma maneira, o fato de ele provar que tem mais do que deve não é suficiente para se livrar da falência. . ,

O que importa é que ocorra um dos fatores previstos no art. 94 da Le1 de Falen-cias, que é a n. 11.1 o 1j2oos.

Esse artigo tem um montão de incisos, mas é importantíssimo. Vamos dar uma olhada desde já, para irmos nos familiarizando.

"Art. 94· Será decretada a falência do devedor que: I -sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida mate­

rializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos na data do pedido de falência; . _ . ,

11 - executado por qualquer quantia líquida, não paga, não depos1ta e nao nomew a penhora bens suficientes dentro do prazo legal; _

111- pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperaçao judicial: _ . .

a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mao de mew rumoso ou fraudulento para realizar pagamentos; . .

b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o ob;et!VO de retard~r paga-mentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da total!dade de seu ativo a terceiro, credor ou não;

125 Empresarial para quem odeia empresarial

c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos

os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;

c!) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a

legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;

e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com

bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;

f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pa­

gar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de

sua sede ou de seu principal estabelecimento;

g) d~ixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recupera­

ção judicial".

No inciso l temos a impontualidade injustificada, no ll a execução frustrada e no

lll os atos ele falência. ..

Se o empresário incorrer em qualquer uma dessas causas, será decretada a sua

falência, ainda que ele tenha patrimônio suficiente para saldar as dívicl;;~.s. É por isso

que se diz que a insolvência para fins falimentares é presumida.

Vamos analisar os incisos desse artigo. Antes, um breve momento divagação.

.............................................. , .................................... . G1.u.a1.e. ~~meu cyua;J.o-. Vai ser clean, e provavelmente V O L' ;e r

que adaptar. ele algumiJ forma, o escritório la também, porque suponho c:ue

não conseguirei ainda alugar um apartamento com um cômodo só para isso.

o quartinho d3 pequena agora não sera mais de bebê, e sim de mocinha.

t: na sala quero um aparador.

É ... acho que eu estou virando gente mesmo.

Voltando.

a) lmpontualiclade injustificada

Em primeiro lugar, a obrigação deve ser líquida (representada por título executi­

vo judicial ou extrajudicial).

Observe, contudo, que a própria lei traz os casos de obrigações cujo inadimple­

mento não pode servir ele base para o pedido ele falência, quais sejam: as obrigações

gratuitas e as despesas que os credores tiverem para tomarparte na recuperação judi­

cial ou falência, ressalvadas as custas judiciais de litígio com o credor.

Quanto ao adjetivo "injustificada", a lei também traz, no art. 96, uma lista de si~

tuações que podem afastar o pedido ele falência, ainda que ocorra a impontualidade.

O rol é meramente exemplificativo.

A prova ela impontualidade se faz exclusivamente pelo protesto, e existe ainda

um requisito ele ordem objetiva: o valor do título eleve ser de no mínimo 40 salários

mínimos. Mas essa regra acaba sendo relativizada, porque se permite que os credores

Teoria geral do direito falimentar 126

unam os valores de seus títulos para atingir o mínimo legal e então ingressem com a

falência em litisconsórcio ativo.

b) Execução frustrada

Ocorre quando o devedor rtão paga, nem deposita, nem nomeia bens à penhora

quando executado individualmente por um credor.

Funciona assim: eu vou a juízo e executo um empresário que me deve. Faço isso

individualmente, seguindo as normas sobre execução constantes do Código Civil. Aí,

o devedor fica omisso com relação ao pagamento, depósito ou nomeação ele bens.

Eu então peço o encerramento dessa execução e, munida de certidão do cartório

que atesta a inércia elo devedor, posso requerer a falência. Nesse caso, não se leva mais

em conta o valor da obrigação nem se faz necessário o protesto do título.···

c) Atos de falência

São atos que, teoricamente, fazem presumir a insolvência do devedor, entendida

aqui como estado patrimonial negativo.

Não confunda: já dissemos que a insolvência como estado patrimonial não é le­

vada em conta para fins de falência. O que o inciso lll do art. 94 faz é elencar algumas

situações que, em tese, poderiam levar a crer que o passivo do empresário é maior que

seu ativo. Ainda que se prove que isso não é verdade, se o empresário praticou algum

dos atos ali previstos não estará livre da falência .

fJ)Mde j.á, ~ c.o.meç.aJ!- a en1.ÚWll- a pequena a nãp fazer tanta bagunça.

Ou, se fizer, que arrume tudo depois. Não quero mais Jma sala com brinque­

dos espalhados, nem material escolar jogado em cima da mesa.

Realmente me deu vontade de voltar lá naquela loja e comprar um mon­

tão de coisas novas. t:ssas ideias decorativas estão borbulhando na minha ca­

beça, e só espero que não seja apenas fogo de palha.

···························································.·························

127 Empresarial para quem odeia empresarial

c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos

os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;

c!) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a

legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;

e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com

bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;

f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pa­

gar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de

sua sede ou de seu principal estabelecimento;

g) d~ixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recupera­

ção judicial".

No inciso l temos a impontualidade injustificada, no ll a execução frustrada e no

lll os atos ele falência. ..

Se o empresário incorrer em qualquer uma dessas causas, será decretada a sua

falência, ainda que ele tenha patrimônio suficiente para saldar as dívicl;;~.s. É por isso

que se diz que a insolvência para fins falimentares é presumida.

Vamos analisar os incisos desse artigo. Antes, um breve momento divagação.

.............................................. , .................................... . G1.u.a1.e. ~~meu cyua;J.o-. Vai ser clean, e provavelmente V O L' ;e r

que adaptar. ele algumiJ forma, o escritório la também, porque suponho c:ue

não conseguirei ainda alugar um apartamento com um cômodo só para isso.

o quartinho d3 pequena agora não sera mais de bebê, e sim de mocinha.

t: na sala quero um aparador.

É ... acho que eu estou virando gente mesmo.

Voltando.

a) lmpontualiclade injustificada

Em primeiro lugar, a obrigação deve ser líquida (representada por título executi­

vo judicial ou extrajudicial).

Observe, contudo, que a própria lei traz os casos de obrigações cujo inadimple­

mento não pode servir ele base para o pedido ele falência, quais sejam: as obrigações

gratuitas e as despesas que os credores tiverem para tomarparte na recuperação judi­

cial ou falência, ressalvadas as custas judiciais de litígio com o credor.

Quanto ao adjetivo "injustificada", a lei também traz, no art. 96, uma lista de si~

tuações que podem afastar o pedido ele falência, ainda que ocorra a impontualidade.

O rol é meramente exemplificativo.

A prova ela impontualidade se faz exclusivamente pelo protesto, e existe ainda

um requisito ele ordem objetiva: o valor do título eleve ser de no mínimo 40 salários

mínimos. Mas essa regra acaba sendo relativizada, porque se permite que os credores

Teoria geral do direito falimentar 126

unam os valores de seus títulos para atingir o mínimo legal e então ingressem com a

falência em litisconsórcio ativo.

b) Execução frustrada

Ocorre quando o devedor rtão paga, nem deposita, nem nomeia bens à penhora

quando executado individualmente por um credor.

Funciona assim: eu vou a juízo e executo um empresário que me deve. Faço isso

individualmente, seguindo as normas sobre execução constantes do Código Civil. Aí,

o devedor fica omisso com relação ao pagamento, depósito ou nomeação ele bens.

Eu então peço o encerramento dessa execução e, munida de certidão do cartório

que atesta a inércia elo devedor, posso requerer a falência. Nesse caso, não se leva mais

em conta o valor da obrigação nem se faz necessário o protesto do título.···

c) Atos de falência

São atos que, teoricamente, fazem presumir a insolvência do devedor, entendida

aqui como estado patrimonial negativo.

Não confunda: já dissemos que a insolvência como estado patrimonial não é le­

vada em conta para fins de falência. O que o inciso lll do art. 94 faz é elencar algumas

situações que, em tese, poderiam levar a crer que o passivo do empresário é maior que

seu ativo. Ainda que se prove que isso não é verdade, se o empresário praticou algum

dos atos ali previstos não estará livre da falência .

fJ)Mde j.á, ~ c.o.meç.aJ!- a en1.ÚWll- a pequena a nãp fazer tanta bagunça.

Ou, se fizer, que arrume tudo depois. Não quero mais Jma sala com brinque­

dos espalhados, nem material escolar jogado em cima da mesa.

Realmente me deu vontade de voltar lá naquela loja e comprar um mon­

tão de coisas novas. t:ssas ideias decorativas estão borbulhando na minha ca­

beça, e só espero que não seja apenas fogo de palha.

···························································.·························

127 Empresarial para quem odeia empresarial

15. Salto alto:

:-;. .;;:/':'

processo falimentar

ê.u. me eemiJ,Jw. do. p;zimeiw-~que. tw.e-, em que precisava ficar o dia

todo de pé, em cima de um salto. !=oi num escritório de consultoria empresarial,

pertinho da Avenida Paulista. [u era recepçionista e o traje era, obrigatoria­

mente, social. t:u morava em São Bernardo ainda. [ntão, tinha que pegar dois

ônibus e um metrô para chegar ao trabalho. [de salto alto.

No terceiro dia, eu tinha bolhas até no tornozelo. Mas no terceiro mês não

sentia mais nada.

Anos depois, engravidei. [ passei os nove meses descalça ou de chinelo.

Depois que a pequena nasceu, ainda fiquei praticamente um ano brincando de

casinha. Sem salto alto.

Aí, voltei a trabalhar. [ foi a mesma tortura: bolhas que iam, agora, quase

até o joelho. De novo, passado o tempo, meus pés se acostumaram, e eu podia

até correr de salto.

f.-loje, trabalho em casa. De chinelo. Mas em breve retorno ao maravilhoso

mundo da dor nos pés.

Salto alto é costume. [ as mulheres bem sabem que é quase impossível

encontrar um sapato de salto que seja maravilhoso e ao mesmo tempo confor­

tável. As duas coisas são incompatíveis. Ainda assim, nada mais chique que um

belo par de saltos.

A mesma coisa êcontece com uma série de outras situações na vida da

gente, mas acho que prefim não entrar em especificidades sobre isso. Já alfi­

netei gente demais por aqui. A verdade é que algumas coisas machucam a

gente, mas trazem em troca benefícios. t:, depois de um certo tempo, você

acaba se acostumando com a dor.

.................................................................................... Falaremos agora do processo falimentar. De cara, já fica a informação que ele se

; ·:divide em três etapas distintas:

.. fase pré-falencial: vai do pedido de falência até a sentença declaratória desta;

.- fase falencial propriamente dita: da sentença até o encerramento da falência;

.- fase de reabilitação. As regras relativas à falência, como já vimos, estão dispostas na Lei n. 11.1 o 1j2005

(que chamareinos de LF). Trata-se de lei multidisciplinar, e, em caso de omissão desta,

aplicam-se as normas do direito civil, processual civil e penal. O processo vai tramitar no juízo do local onde se encontra o principal estabeleci­

mento do devedor. É o que dispõe o art. 3~ da LF. O termo "principal estabelecimento"

cfeve ser entendido no seu sentido jurídico. Assim, não se considera a sede designada no contrato ou estatuto, nem o maior dos estabelecimentos, mas sim aquele onde se

encontra concentrado o maior volume de negócios. Pode ser, por exemplo, que uma sociedade tenha um depósito gigantesco no cen­

tro da capital do Estado, mas que o seu escritório, onde as negociações são efetiva­

mente feitas, se encontre numa sala lá na periferia de uma cidadezinha do interior.

Caso essa sociedade entre em falência, o processo vai tramitar nessa cidadezinha.

Caso o maior estabelecimento se encontre fora do Brasil, será competente o juízo

do local da filial aqui. Se na comarca competente houver mais de um juízo cível, a competência resolve

pelas regras comuns de processo civil: prevenção. O juízo da falência é considerado juízo universal. Isso significa que ele atrai para

si todas as demais ações referentes aos bens ou interesses da massa falida. Temos ex­

ceções. Cinco ações não serão atraídas pelo juízo da falência: .- ações em que a massa falida seja autora ou litisconsorte ativa, cuja regulamen-

tação não se encontre na LF; .- reclamações trabalhistas; .- execuções fiscais; .- ações que demandem quantias ilíquidas; .- ações de conhecimento em que é parte ou interessada a União.

Lembre-se dessas ações aí, porque isso é importante, ok?

15 .1. Pedido de falência já vimos quem pode falir. Agora outra pergunta: quem pode pedir a falênda? A primeira informação é que a lei determina que o próprio empresário devedor

deve requerer sua falência quando não atender os requisitos da recuperação judicial. Isso está no art. 105, e mais para a frente vamos ver quais são os requisitos citados. É

a chamada auto falência, mas o descumprimento dessa regra (ou seja, se o empresário deixa de requerer sua autofalência) não gera sanção nenhuma.

Também terão legitimidade para fazer o pedido as seguintes pessoas:

.- cônjuge sobrevivente, herdeiros ou inventariante;

129 Empresarial para quem odeia empresarial

li. I " , ..

15. Salto alto:

:-;. .;;:/':'

processo falimentar

ê.u. me eemiJ,Jw. do. p;zimeiw-~que. tw.e-, em que precisava ficar o dia

todo de pé, em cima de um salto. !=oi num escritório de consultoria empresarial,

pertinho da Avenida Paulista. [u era recepçionista e o traje era, obrigatoria­

mente, social. t:u morava em São Bernardo ainda. [ntão, tinha que pegar dois

ônibus e um metrô para chegar ao trabalho. [de salto alto.

No terceiro dia, eu tinha bolhas até no tornozelo. Mas no terceiro mês não

sentia mais nada.

Anos depois, engravidei. [ passei os nove meses descalça ou de chinelo.

Depois que a pequena nasceu, ainda fiquei praticamente um ano brincando de

casinha. Sem salto alto.

Aí, voltei a trabalhar. [ foi a mesma tortura: bolhas que iam, agora, quase

até o joelho. De novo, passado o tempo, meus pés se acostumaram, e eu podia

até correr de salto.

f.-loje, trabalho em casa. De chinelo. Mas em breve retorno ao maravilhoso

mundo da dor nos pés.

Salto alto é costume. [ as mulheres bem sabem que é quase impossível

encontrar um sapato de salto que seja maravilhoso e ao mesmo tempo confor­

tável. As duas coisas são incompatíveis. Ainda assim, nada mais chique que um

belo par de saltos.

A mesma coisa êcontece com uma série de outras situações na vida da

gente, mas acho que prefim não entrar em especificidades sobre isso. Já alfi­

netei gente demais por aqui. A verdade é que algumas coisas machucam a

gente, mas trazem em troca benefícios. t:, depois de um certo tempo, você

acaba se acostumando com a dor.

.................................................................................... Falaremos agora do processo falimentar. De cara, já fica a informação que ele se

; ·:divide em três etapas distintas:

.. fase pré-falencial: vai do pedido de falência até a sentença declaratória desta;

.- fase falencial propriamente dita: da sentença até o encerramento da falência;

.- fase de reabilitação. As regras relativas à falência, como já vimos, estão dispostas na Lei n. 11.1 o 1j2005

(que chamareinos de LF). Trata-se de lei multidisciplinar, e, em caso de omissão desta,

aplicam-se as normas do direito civil, processual civil e penal. O processo vai tramitar no juízo do local onde se encontra o principal estabeleci­

mento do devedor. É o que dispõe o art. 3~ da LF. O termo "principal estabelecimento"

cfeve ser entendido no seu sentido jurídico. Assim, não se considera a sede designada no contrato ou estatuto, nem o maior dos estabelecimentos, mas sim aquele onde se

encontra concentrado o maior volume de negócios. Pode ser, por exemplo, que uma sociedade tenha um depósito gigantesco no cen­

tro da capital do Estado, mas que o seu escritório, onde as negociações são efetiva­

mente feitas, se encontre numa sala lá na periferia de uma cidadezinha do interior.

Caso essa sociedade entre em falência, o processo vai tramitar nessa cidadezinha.

Caso o maior estabelecimento se encontre fora do Brasil, será competente o juízo

do local da filial aqui. Se na comarca competente houver mais de um juízo cível, a competência resolve

pelas regras comuns de processo civil: prevenção. O juízo da falência é considerado juízo universal. Isso significa que ele atrai para

si todas as demais ações referentes aos bens ou interesses da massa falida. Temos ex­

ceções. Cinco ações não serão atraídas pelo juízo da falência: .- ações em que a massa falida seja autora ou litisconsorte ativa, cuja regulamen-

tação não se encontre na LF; .- reclamações trabalhistas; .- execuções fiscais; .- ações que demandem quantias ilíquidas; .- ações de conhecimento em que é parte ou interessada a União.

Lembre-se dessas ações aí, porque isso é importante, ok?

15 .1. Pedido de falência já vimos quem pode falir. Agora outra pergunta: quem pode pedir a falênda? A primeira informação é que a lei determina que o próprio empresário devedor

deve requerer sua falência quando não atender os requisitos da recuperação judicial. Isso está no art. 105, e mais para a frente vamos ver quais são os requisitos citados. É

a chamada auto falência, mas o descumprimento dessa regra (ou seja, se o empresário deixa de requerer sua autofalência) não gera sanção nenhuma.

Também terão legitimidade para fazer o pedido as seguintes pessoas:

.- cônjuge sobrevivente, herdeiros ou inventariante;

129 Empresarial para quem odeia empresarial

li. I " , ..

~ sócio cotista ou acionista da sociedade empresária devedora;

~ credores. Esta última é a opção mais recorrente, até porque são eles que têm mais interesse

no processo. O credor, portanto, não é, em geral, um sacana que simplesmente quer acabar com a vida do empresário. Ele só quer o que é seu, e a falência tem-se mostrado

um instrumento eficaz para a cobrança de dívidas. Tá, mas qualquer credor pode pedir a falência, então? Em regra, sim. Somente

duas coisinhas devem ser observadas. Se for um credor empresário, deverá apresentar a prova de sua regularidade. Lembra que comentamos que uma das penalidades sofri­das pelo empresário irregular era justamente a impossibilidade de ele requerer falên-

cia? Pois bem, tá aí! Outra coisa: se o credor não for domiciliado no Brasil, terá que prestar caução

para requerer a falência de outro. Certo. O credor então verifica que ocorreu algumas daquelas hipóteses do art. 94

(impontualidade injustificada, execução frustrada ou atos de falência) e, de posse do

seu título, vai a juízo. Olha que legal: mesmo no caso de impontualidade injustificada, não é necessário

que todos os seus títulos estejam vencidos. lsso quer dizer que o credor pode juntar, no pedido, títulos ainda não vencidos. Mas lembre-se de que pelo menos um deles deve apresentar a impontualidade, e lembre-se também do valor mínimo de 40 salá-

rios mínimos. O rito da autofalência é um e o da falência requerida por terceiros é outro. Na autofalência, a inicial deve conter o balanço patrimonial e a relação dos cre­

dores, o contrato social ou, não existindo este, a relação dos sócios. Ops. Como assim

"não existindo este"? Preste atenção: eu falei que, se um credor é sociedade empresária, deverá apre-

sentar a prova da sua regularidade para pedir a falência de seu devedor. Mas não falei que no caso de autofalência o empresário precisa estar regularmente constituído. E não falei porque não precisa mesmo. O empresário irregular também é parte legítima

para pedir a autofalência. Legal? Cuidado para não confundir. Na auto falência o empresário também deve juntar, na inicial, os livros empresa­

riais que, mais para a frente, serão entregues ao administrador judicial. Se faltar alguma coisa, o juiz mandará emendar a inicial. Do contrário, declara:{

a falênéia já de cara. Não tem citação nem contestação nem nada. E nesta fase não é

necessária a oitiva do Ministério Público. Agora, se a falência foi requerida por terceiros, a coisa mLida um pouco. O empresário devedor será citado para responder ao pedido de falência no prazo

de 1 o dias. Só vai responder mesmo. Não cabe reconvenção na falência. Se o pedido

tiver por base a impontualidade injústificada ou a execução frustrada, pode o devedor

Processo falimentar 130

fazer o depósito do valor total da dívida, acrescido de juros e correção monetária, no mesmo prazo que tem para contestar. É o chamado depósito elisivo. ·

Então olha só: pedido feito por terceiro. Quatro coisas podem acontecer: a) o devedor só contesta: o juiz poderá acolher a defesa do devedor e proferir

sentença denegatória da falência (sucumbência para o requerente), ou não acolher e proferir sentença declaratória ele falência;

b) o devedor contesta e deposita o valor: o juiz primeiro vai ver a contestação. Se acolher, sentenciará denegando a falência, sucumbência para o requerente e determi­nará o levantamento do depósito em favor do próprio depositante (requerido). Se não acolher, sentenciará também denegando a falência, mas a sucumbência será devida pelo requerido e o levantamento do depósito determinado em favor do requerente;

c) o devedor só deposita: o juiz só tem a segunda opção da situação anterior. Sentença denegatória, custas pelo requerido, depósito em favor do requerente. A dife­rença é que, como o requerido não contestou, o depósito tem o mesmo efeito· de reco­nhecimento do pedido, o que não acontece quando ele apresenta defesa concomitan­te ao depósito;

d) o devedor não contesta e não deposita: o juiz profere sentença declaratória da falência.

A lei diz que o depósito elisivo só tem cabimento nas hipóteses dos incisos I e li elo art. 94· Mas ele poderá ser admitido também nos casos em que a falência for reque­rida com fundamento nos atos de falência. Processo civil aqui: neste caso, o requeren­te perde o interesse na instauração processual. Falta L1ma das condições da ação.

15.2. Sentença declaratória da falência Primeira informação importante: o nome é sentença declaratória, mas a nature­

za da sentença é constitutiva. Poxa, legislador? Custava ajudar? Tá aí mais uma situação que pode ser comparada ao salto alto. No começo, dói um

pouco a falta de inteligência dos nossos legisladores. Mas depois você se acostuma. É o seguinte: com a sentença da falência muda tudo. O devedor, os bens, os atos

jurídicos e os credores passam a ser tratados de maneira totalmente diferente, ou seja, são submetidos a um novo regime jurídico, o regime falimentar. A sentença então constitui esse novo regime. Por isso é constitutiva.

Trata-se de uma sentença.como qualquer outra, portanto deve obedecer às regri­nhas básicas do Código de Processo Civil: relatório, fundamento e dispositivo. Além disso, deve também obedecer ao disposto no art. 99 da LF, que é meio grandinho sim, mas precisa dar uma olhada:

'J\rt. 99· A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: I - conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a

esse tempo seus administradores;

131 Empresarial para quem odeia empresarial

~ sócio cotista ou acionista da sociedade empresária devedora;

~ credores. Esta última é a opção mais recorrente, até porque são eles que têm mais interesse

no processo. O credor, portanto, não é, em geral, um sacana que simplesmente quer acabar com a vida do empresário. Ele só quer o que é seu, e a falência tem-se mostrado

um instrumento eficaz para a cobrança de dívidas. Tá, mas qualquer credor pode pedir a falência, então? Em regra, sim. Somente

duas coisinhas devem ser observadas. Se for um credor empresário, deverá apresentar a prova de sua regularidade. Lembra que comentamos que uma das penalidades sofri­das pelo empresário irregular era justamente a impossibilidade de ele requerer falên-

cia? Pois bem, tá aí! Outra coisa: se o credor não for domiciliado no Brasil, terá que prestar caução

para requerer a falência de outro. Certo. O credor então verifica que ocorreu algumas daquelas hipóteses do art. 94

(impontualidade injustificada, execução frustrada ou atos de falência) e, de posse do

seu título, vai a juízo. Olha que legal: mesmo no caso de impontualidade injustificada, não é necessário

que todos os seus títulos estejam vencidos. lsso quer dizer que o credor pode juntar, no pedido, títulos ainda não vencidos. Mas lembre-se de que pelo menos um deles deve apresentar a impontualidade, e lembre-se também do valor mínimo de 40 salá-

rios mínimos. O rito da autofalência é um e o da falência requerida por terceiros é outro. Na autofalência, a inicial deve conter o balanço patrimonial e a relação dos cre­

dores, o contrato social ou, não existindo este, a relação dos sócios. Ops. Como assim

"não existindo este"? Preste atenção: eu falei que, se um credor é sociedade empresária, deverá apre-

sentar a prova da sua regularidade para pedir a falência de seu devedor. Mas não falei que no caso de autofalência o empresário precisa estar regularmente constituído. E não falei porque não precisa mesmo. O empresário irregular também é parte legítima

para pedir a autofalência. Legal? Cuidado para não confundir. Na auto falência o empresário também deve juntar, na inicial, os livros empresa­

riais que, mais para a frente, serão entregues ao administrador judicial. Se faltar alguma coisa, o juiz mandará emendar a inicial. Do contrário, declara:{

a falênéia já de cara. Não tem citação nem contestação nem nada. E nesta fase não é

necessária a oitiva do Ministério Público. Agora, se a falência foi requerida por terceiros, a coisa mLida um pouco. O empresário devedor será citado para responder ao pedido de falência no prazo

de 1 o dias. Só vai responder mesmo. Não cabe reconvenção na falência. Se o pedido

tiver por base a impontualidade injústificada ou a execução frustrada, pode o devedor

Processo falimentar 130

fazer o depósito do valor total da dívida, acrescido de juros e correção monetária, no mesmo prazo que tem para contestar. É o chamado depósito elisivo. ·

Então olha só: pedido feito por terceiro. Quatro coisas podem acontecer: a) o devedor só contesta: o juiz poderá acolher a defesa do devedor e proferir

sentença denegatória da falência (sucumbência para o requerente), ou não acolher e proferir sentença declaratória ele falência;

b) o devedor contesta e deposita o valor: o juiz primeiro vai ver a contestação. Se acolher, sentenciará denegando a falência, sucumbência para o requerente e determi­nará o levantamento do depósito em favor do próprio depositante (requerido). Se não acolher, sentenciará também denegando a falência, mas a sucumbência será devida pelo requerido e o levantamento do depósito determinado em favor do requerente;

c) o devedor só deposita: o juiz só tem a segunda opção da situação anterior. Sentença denegatória, custas pelo requerido, depósito em favor do requerente. A dife­rença é que, como o requerido não contestou, o depósito tem o mesmo efeito· de reco­nhecimento do pedido, o que não acontece quando ele apresenta defesa concomitan­te ao depósito;

d) o devedor não contesta e não deposita: o juiz profere sentença declaratória da falência.

A lei diz que o depósito elisivo só tem cabimento nas hipóteses dos incisos I e li elo art. 94· Mas ele poderá ser admitido também nos casos em que a falência for reque­rida com fundamento nos atos de falência. Processo civil aqui: neste caso, o requeren­te perde o interesse na instauração processual. Falta L1ma das condições da ação.

15.2. Sentença declaratória da falência Primeira informação importante: o nome é sentença declaratória, mas a nature­

za da sentença é constitutiva. Poxa, legislador? Custava ajudar? Tá aí mais uma situação que pode ser comparada ao salto alto. No começo, dói um

pouco a falta de inteligência dos nossos legisladores. Mas depois você se acostuma. É o seguinte: com a sentença da falência muda tudo. O devedor, os bens, os atos

jurídicos e os credores passam a ser tratados de maneira totalmente diferente, ou seja, são submetidos a um novo regime jurídico, o regime falimentar. A sentença então constitui esse novo regime. Por isso é constitutiva.

Trata-se de uma sentença.como qualquer outra, portanto deve obedecer às regri­nhas básicas do Código de Processo Civil: relatório, fundamento e dispositivo. Além disso, deve também obedecer ao disposto no art. 99 da LF, que é meio grandinho sim, mas precisa dar uma olhada:

'J\rt. 99· A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: I - conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a

esse tempo seus administradores;

131 Empresarial para quem odeia empresarial

JI- fixará o termo legal da falência, sem poder retro traí-lo por mais de 90 dias contados

do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do primeiro protesto por falta de

pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;

Il1- ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 dias, relação nominal

dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos cré­

ditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;

IV- explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no .ff 1'!.

do art. 7'!. desta Lei;

V- ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas

as hipóteses previstas nos .ff§ 1'!. e 2'!. do art 6'!. desta Lei;

VI -proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido,

submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados

os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continu­

ação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo;

VIl- determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes

envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores

quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei;

Vlll - ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência

no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falên­

cia e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei;

IX- nomeará o administrad.or judicial, que desempenhará suas funções na forma do

inciso Il1 do caput do art. 22 destà Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso 11 do

caput do art. 35 desta Lei;

X- determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras enti­

dades para que informem a existência de bens e direitos do falido;

XI - pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido

com o administrador judicial ou da !aeração dos estabelecimentos, observado o disposto no

art. 109 desta Lei;

Xll - determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembleia geral

de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manu­

tenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da

decretaçãoda falência;

Xlll - ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fa­

zendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabe­

lecimento, para que tomem conhecimento da falência".

Perceberam que eu estou ficando mais boazinha nesse lance de transcrever arti­

gos? Salto alto ...

Termo legal da falência, expressão citada no inciso li, é o período fixado pelo juiz

anterior à decretação da falência, que tem importância para a determinação de inefi­

cácia de determinados atos do empresário falido com relação à massa.

Processo falimentar 132

Esse prazo é contado para trás, e deverá obedecer a algumas regrinhas:

~ não pode retrotrair por mais de 90 dias contados do primeiro protesto por

falta de pagamento;

~ se não houver protesto, não pode retrotrair por mais de 90 dias da petição

inicial; ~ se é o caso de convolação de recuperação judicial em falência, não pode retro­

trair por mais de 90 dias do seu requerimento.

Relaxe quanto a este último. Vamos ver recuperação judicial mais adiante. Por

enquanto, guarde isso apenas.

Da sentença cabe agravo de instrumento, no prazo comum fixado pela lei proces­

sUal ( 1 o dias). Olha a pegadinha. É sentença, mas o recurso é agravo. Apelação não.

15.3. Sentença denegatória da falência

Olha que legal: quando o juiz proferir sentença denegando a falência, deverá ava­

liar qual foi a intenção do credor que a requereu. Isso porque, se houve dolo, esse

credor será condenado ao pagamento de indenização em favor do requerido. É essa a

razão que justifica a necessidade de o credor residente no estrangeiro prestar caução

quando pede a falência de alguém no Brasil.

É óbvio que um pedido de falência instaurado dolosamente traz prejuízos. É qua­

se que um dano moral. A indenização serve para reparar esse dano.

Se o dolo não for manifesto, o juiz falimentar não irá condenar o requerente,

mas, se ainda assim o requerido se sentir prejudicado, poderá ingressar com ação pró­

:;:>ria nesse sentido.

Em qualquer caso, sendo a sentença denegatória, o requerido será condenado ao

:;:>agamento das verbas de sucumbência.

D~ssa sentença o recurso cabível é outro. Aqui sim caberá apelação, no prazo

normal de 15 dias.

15.4. Administração da falência

Três agentes terão a atribuição de administrar a massa falida: o próprio juiz, o

Ministério Público e os órgão da falência (administrador judicial, assembleia dos cre-

dores e comitê dos credores). '

Cabe ao juiz autorizar a venda antecipada de bens, o pagamento dos salários dos

auxilic.res do administrador judicial, aprovar a prestação de contas do administrador

judicié.l e outros atos de conteúdo administrativo.

C representante do Ministério Público é, como sempre, o fiscal da lei. Mas várias

são as situações em que a própria LF determina a sua intervenção. Isso é importante

para os concursos do MP. Sempre cai.

V~ja alguns artigos interessantes nesse sentido:

133 EmJresarial para quem odeia empresarial

li I

I l l l

1

JI- fixará o termo legal da falência, sem poder retro traí-lo por mais de 90 dias contados

do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do primeiro protesto por falta de

pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;

Il1- ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 dias, relação nominal

dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos cré­

ditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;

IV- explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no .ff 1'!.

do art. 7'!. desta Lei;

V- ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas

as hipóteses previstas nos .ff§ 1'!. e 2'!. do art 6'!. desta Lei;

VI -proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido,

submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados

os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continu­

ação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo;

VIl- determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes

envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores

quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei;

Vlll - ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência

no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falên­

cia e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei;

IX- nomeará o administrad.or judicial, que desempenhará suas funções na forma do

inciso Il1 do caput do art. 22 destà Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso 11 do

caput do art. 35 desta Lei;

X- determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras enti­

dades para que informem a existência de bens e direitos do falido;

XI - pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido

com o administrador judicial ou da !aeração dos estabelecimentos, observado o disposto no

art. 109 desta Lei;

Xll - determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembleia geral

de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manu­

tenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da

decretaçãoda falência;

Xlll - ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fa­

zendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabe­

lecimento, para que tomem conhecimento da falência".

Perceberam que eu estou ficando mais boazinha nesse lance de transcrever arti­

gos? Salto alto ...

Termo legal da falência, expressão citada no inciso li, é o período fixado pelo juiz

anterior à decretação da falência, que tem importância para a determinação de inefi­

cácia de determinados atos do empresário falido com relação à massa.

Processo falimentar 132

Esse prazo é contado para trás, e deverá obedecer a algumas regrinhas:

~ não pode retrotrair por mais de 90 dias contados do primeiro protesto por

falta de pagamento;

~ se não houver protesto, não pode retrotrair por mais de 90 dias da petição

inicial; ~ se é o caso de convolação de recuperação judicial em falência, não pode retro­

trair por mais de 90 dias do seu requerimento.

Relaxe quanto a este último. Vamos ver recuperação judicial mais adiante. Por

enquanto, guarde isso apenas.

Da sentença cabe agravo de instrumento, no prazo comum fixado pela lei proces­

sUal ( 1 o dias). Olha a pegadinha. É sentença, mas o recurso é agravo. Apelação não.

15.3. Sentença denegatória da falência

Olha que legal: quando o juiz proferir sentença denegando a falência, deverá ava­

liar qual foi a intenção do credor que a requereu. Isso porque, se houve dolo, esse

credor será condenado ao pagamento de indenização em favor do requerido. É essa a

razão que justifica a necessidade de o credor residente no estrangeiro prestar caução

quando pede a falência de alguém no Brasil.

É óbvio que um pedido de falência instaurado dolosamente traz prejuízos. É qua­

se que um dano moral. A indenização serve para reparar esse dano.

Se o dolo não for manifesto, o juiz falimentar não irá condenar o requerente,

mas, se ainda assim o requerido se sentir prejudicado, poderá ingressar com ação pró­

:;:>ria nesse sentido.

Em qualquer caso, sendo a sentença denegatória, o requerido será condenado ao

:;:>agamento das verbas de sucumbência.

D~ssa sentença o recurso cabível é outro. Aqui sim caberá apelação, no prazo

normal de 15 dias.

15.4. Administração da falência

Três agentes terão a atribuição de administrar a massa falida: o próprio juiz, o

Ministério Público e os órgão da falência (administrador judicial, assembleia dos cre-

dores e comitê dos credores). '

Cabe ao juiz autorizar a venda antecipada de bens, o pagamento dos salários dos

auxilic.res do administrador judicial, aprovar a prestação de contas do administrador

judicié.l e outros atos de conteúdo administrativo.

C representante do Ministério Público é, como sempre, o fiscal da lei. Mas várias

são as situações em que a própria LF determina a sua intervenção. Isso é importante

para os concursos do MP. Sempre cai.

V~ja alguns artigos interessantes nesse sentido:

133 EmJresarial para quem odeia empresarial

li I

I l l l

1

"Art. SE. No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art.

7:?., J 2:?., desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Pú­

blico podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a

ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou

classificação de crédito relacionado".

"Art. 30. ( ... )

f 2:?. O devedor, qualquer credor ou o Ministério Ptíblico poderá requerer ao juiz a

substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados em desobedi­

ência aos preceitos desta Lei". "Art:' 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser proposta pelo

administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 anos

contado da decretação da falência".

Vamos ver agora os órgãos da falência.

a) Administrador judicial

Trata-se de agente auxiliar do juiz, que age em nome próprio e deve cumprir as

determinações da lei. É também o representante dos interesses dos credores.

Para fins de aplicação ela lei penal, o administrador judicial é considerado funcio­

nário público. Caramba. Preciso deixar registrado, publicamente, o meu amor incondicional

pelo direito penal. Saudades. Muitas saudades. Seu lindo.

Veja:

"Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advoga­

do, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada".

Esse cara pode contratar auxiliares, desde que haja autorização prévia do juiz. Sua

função é indelegável, mas pode acontecer se ele for substituído ou destituído.

A substituição ocorrerá em casos ele renúncia motivada, morte, incapacidade ci­

vil ou falência (elo próprio administrador). Não acarreta nenhuma penalidade. já a

destituição é sanção. Ocorre quando o carinha não faz direito o que deveria faze::-. Nos

próximos 5 anos, ele não poderá ser chamado a ser administrador ele outra falência.

Como já foi dito, o administrador age em nome próprio, então responde civil"

mente pela má administração ou infração à lei. Até o encerramento da falência, ale- .

gitimiclacle para propor ação contra ele é ela massa falida (credor indiviclualmen:e não;

pode fazer isso). Mas, passado esse período, qualquer credor que se entender ~esadà

poderá promover ação contra o administrador, desde que tenha oportunamente re­

querido sua destituição ou substituição.

Como dito, o administrador tem um monte de funções na fálência. Vamos ver

isso no decorrer elo estudo. Por ora, cabe salientar que os mais importantes são a veri­

ficação elos créditos, o relatório inicial, as contas mensais e o relatório final.

Processo falimentar 134

Além das contas mensais que acabei ele mencionar, o administrador também tem

que prestar contas ao término ela liquidação, e se eventualmente for substituído ou

destituído. O Ministério Público obrigatoriamente será ouvido sobre as contas, e tan­

to os credores quanto o próprio falido terão o prazo ele 1 o dias para impugná-las.

Se houver impugnação, o administrador terá direito ele resposta, depois o juiz

decidirá, podendo até determinar, nessa sentença, a indisponibilidade de bens do ad­

ministrador para garantia ele indenização da massa.

b) Assembleia ele credores

Esse órgão é formado por todos os credores e tem as seguintes funções:

~ aprovar a constituição do comitê ele credores e eleger seus membros;

~ adotar modalidades extraordinárias de realização do ativo do falido;

~ deliberar sobre assuntos de interesse geral elos credores.

c) Comitê de credores

É o órgão que fiscaliza o administrador. A composição é a seguinte:

~ um representante dos credores trabalhistas;

~ um representante dos titulares de direitos reais de garantia e privilégios especiais;

~ um representante elos demais.

Cada um tem um suplente, e todos são eleitos pela assembleia.

15.5. Apuração do ativo

Com a sentença da falência, inicia-se a fase falimentar propriamente dita. E o

primeiro passo é a apuração do ativo.

Essa fase envolve um monte de atos, como a arrecadação dos bens, e medidas

judiciais, como o pedido de restituição e embargos de terceiros (separa e devolve os

bens, porque, não, esses aqui não são elo devedor).

Quando tratarmos elos bens do falido falaremos dessas medidas de maneira mais

detalhada.

15.6. Verificação dos créditos É tarefa do administrador judicial, e para tanto ele tem que avaliar os documen­

tos e a escrituração do falido, bem como todas as informações que os credores lhe

passarem.

Começa assim: o administrador publica uma relação dos credores. Em tese, essa

lista já está lá no processo, mas, se não estiver, é o próprio administrador que tem que

providenciá -la.

É quase um "galera, chega mais!". A publicação será no diário oficial, e, a partir

dela, abre-se o prazo de 15 dias para quem não estiver incluído na lista pedir a sua

habilitação e também para que aqueles que estão lá, mas não concordam com a clas­

sificação que receberam, apresentem suas divergências.

135 Empresarial para quem odeia empresarial

"Art. SE. No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art.

7:?., J 2:?., desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Pú­

blico podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a

ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou

classificação de crédito relacionado".

"Art. 30. ( ... )

f 2:?. O devedor, qualquer credor ou o Ministério Ptíblico poderá requerer ao juiz a

substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados em desobedi­

ência aos preceitos desta Lei". "Art:' 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser proposta pelo

administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 anos

contado da decretação da falência".

Vamos ver agora os órgãos da falência.

a) Administrador judicial

Trata-se de agente auxiliar do juiz, que age em nome próprio e deve cumprir as

determinações da lei. É também o representante dos interesses dos credores.

Para fins de aplicação ela lei penal, o administrador judicial é considerado funcio­

nário público. Caramba. Preciso deixar registrado, publicamente, o meu amor incondicional

pelo direito penal. Saudades. Muitas saudades. Seu lindo.

Veja:

"Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advoga­

do, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada".

Esse cara pode contratar auxiliares, desde que haja autorização prévia do juiz. Sua

função é indelegável, mas pode acontecer se ele for substituído ou destituído.

A substituição ocorrerá em casos ele renúncia motivada, morte, incapacidade ci­

vil ou falência (elo próprio administrador). Não acarreta nenhuma penalidade. já a

destituição é sanção. Ocorre quando o carinha não faz direito o que deveria faze::-. Nos

próximos 5 anos, ele não poderá ser chamado a ser administrador ele outra falência.

Como já foi dito, o administrador age em nome próprio, então responde civil"

mente pela má administração ou infração à lei. Até o encerramento da falência, ale- .

gitimiclacle para propor ação contra ele é ela massa falida (credor indiviclualmen:e não;

pode fazer isso). Mas, passado esse período, qualquer credor que se entender ~esadà

poderá promover ação contra o administrador, desde que tenha oportunamente re­

querido sua destituição ou substituição.

Como dito, o administrador tem um monte de funções na fálência. Vamos ver

isso no decorrer elo estudo. Por ora, cabe salientar que os mais importantes são a veri­

ficação elos créditos, o relatório inicial, as contas mensais e o relatório final.

Processo falimentar 134

Além das contas mensais que acabei ele mencionar, o administrador também tem

que prestar contas ao término ela liquidação, e se eventualmente for substituído ou

destituído. O Ministério Público obrigatoriamente será ouvido sobre as contas, e tan­

to os credores quanto o próprio falido terão o prazo ele 1 o dias para impugná-las.

Se houver impugnação, o administrador terá direito ele resposta, depois o juiz

decidirá, podendo até determinar, nessa sentença, a indisponibilidade de bens do ad­

ministrador para garantia ele indenização da massa.

b) Assembleia ele credores

Esse órgão é formado por todos os credores e tem as seguintes funções:

~ aprovar a constituição do comitê ele credores e eleger seus membros;

~ adotar modalidades extraordinárias de realização do ativo do falido;

~ deliberar sobre assuntos de interesse geral elos credores.

c) Comitê de credores

É o órgão que fiscaliza o administrador. A composição é a seguinte:

~ um representante dos credores trabalhistas;

~ um representante dos titulares de direitos reais de garantia e privilégios especiais;

~ um representante elos demais.

Cada um tem um suplente, e todos são eleitos pela assembleia.

15.5. Apuração do ativo

Com a sentença da falência, inicia-se a fase falimentar propriamente dita. E o

primeiro passo é a apuração do ativo.

Essa fase envolve um monte de atos, como a arrecadação dos bens, e medidas

judiciais, como o pedido de restituição e embargos de terceiros (separa e devolve os

bens, porque, não, esses aqui não são elo devedor).

Quando tratarmos elos bens do falido falaremos dessas medidas de maneira mais

detalhada.

15.6. Verificação dos créditos É tarefa do administrador judicial, e para tanto ele tem que avaliar os documen­

tos e a escrituração do falido, bem como todas as informações que os credores lhe

passarem.

Começa assim: o administrador publica uma relação dos credores. Em tese, essa

lista já está lá no processo, mas, se não estiver, é o próprio administrador que tem que

providenciá -la.

É quase um "galera, chega mais!". A publicação será no diário oficial, e, a partir

dela, abre-se o prazo de 15 dias para quem não estiver incluído na lista pedir a sua

habilitação e também para que aqueles que estão lá, mas não concordam com a clas­

sificação que receberam, apresentem suas divergências.

135 Empresarial para quem odeia empresarial

Tanto o pedido de habilitação como as divergências devem ser feitos por escrito,

diretamente ao administrador, e devem conter a quantia exata atribuída ao crédito,

origem, prova e eventual garantia.

O administrador vai avaliar tudo isso e republicar a lista. Da republicação, abre-se

prazo de I o dias para a impugnação. Estão legitimados a promovê-la qualquer credor,

o comitê, o falido, o sócio ou acionista da sociedade falida e o Ministério Público.

As impugnações são autuadas em separado, e os credores impugnados serão cha­

mados para apresentar resposta em 5 dias. Depois disso, o falido também tem 0 prazo

de 5 dias pat'a se manifestar, depois o administrador ter~ o mesmo prazo para dar seu

parecer. Aí vai tudo para o juiz. Da sentença que julga a impugnação cabe agravo. ·

Depois de tudo, é publicada a lista oficial de credor~s. Nessa ninguém mexe mais.

·;;;;;;_ ·~· ~: ·j·~ ·~~·~ ·~~· ~:;:; ·~~· ·s·~~~~~~ ·~~· ~·~~:~·~ ·~~·s·t·~ ~~~~·í~~;~: devo dizer que não sou a pessoa mais vaidosa do mundo. Seria mentira cabe­

luda dizer que lenho uma coleção de sapatos, como muita mulher tem.

Mas confesso: alguns problemas só são resolvidos com a compra de um

belo par deles.

....................................................... ~ ........................... .

15.7. liquidàção no processo falimentar

É a fase em que se realiza o àtivo e paga o passivo.

Os ben.s do passivo podem ser vendidos separadamente ou de maneira conjunta

(o estabeleomento empresarial como um todo), e isso cabe ao juiz decidir. Sua decisão

será pautada no melhor interesse da massa. Assim, a forma que resultar em mais di­

nheiro, será a escolhida.

Se a venda for feita em leilão, a LF tem normas próprias. O Ministério Público

será obrigatoriamente intimado, sendo nula a hasta pública que se realizar sem essa

providência. Importante isso aqui também para provas do MP, hein?

Na LF não há a distinção que existe no Código de Processo Civil, acerca do nome

da hasta realizada para bens móveis (leilão) e bens imóveis (praça). É tudo leilão.

. , .A ve.n~a também pode ser feita por proposta, que será amplamente divulgada no

dtano oftctal e em jornal de grande circulação. Os envelopes com as propostas serão

entregues lacrados ao juiz, que só os abrirá em dia e hora previamente determinados.

Finalmente, a venda pode dar-se também por pregão. É um mix das duas alterna­

tivas anteriores: o juiz abre os envelopes, e, se perceber que a diferença de preço entre

as propostas é pequena (até 1 o%), intima os empatados para lances orais.

Essas são as alternativas que a lei prevê. Qualquer outra solução de venda que

aten~a .melhor aos interesses dos credores pode ser adotada, desde que autorizada

pelo JlllZ. Tem legitimidade para pedir isso o administrador judicial ou credores que

representem no mínimo 2/3 do passivo.

Processo falimentar 136

Se a sociedade falida tiver sócios com responsabilidade ilimitada, os bens destes

serão arrecadados também. Mas primeiro será feita a venda dos bens da pessoa jurídi­

ca. Somente se o resultado dessa venda for insuficiente para a satisfação de todos os

credores será feitá a venda dos bens pessoais dos sócios.

Se houver aciorüsta ou sócios da sociedade falida que não integralizou suas ações

ou cotas, antes da ve~da o administrador promoverá a ação para cobrança do valor a

ser inte~ralizado, e essa ação não prescinde da prova da insuficiência dos bens sociais.

A realização do ativo compreende, além da venda dos bens, a cobrança do.s crédi­

t6s que eventualmente o falido tiver.

O ~esultado das vendas será depositado em conta judicial pelo administrador, e a

partir caí haverá o pagamento dos credores. Vamos ver a ordem de pagamento mais

para a frente. Eu disse, em algum lugar por aí, que tinha medo da falência, exatamen­

te por conta dessa ordem aí, mas acho que meu medo sumiu. Deveria ter tido medo

da SA, :sso sim. Falência é legal.

Depois que pagou todo mundo, o administrador apresenta suas contas e o rela­

tório final, especificando tudo o que aconteceu, no prazo de 10 dias, sob pena de in­

correr ~m crime de desobediência.

Aí acaba: o juiz profere sentença de encerramento do processo de falência, que

será publicada por edital, e os livros do falido são devolvidos a este. Dessa sentença

cabe apelação no prazo regular.

15.8. Reabilitação do falido

Ainda que a falência tenha se .encerrado, o falido ainda não estará apto a voltar ao

exercício da atividade empresarial. Ele só poderá fazer isso depois da sua reabilitação,

que compreende a extinção das obrigações e a extinção da responsabilidade civil e

penal do falido.

A extinção das obrigações civis ocorrerá nas hipóteses do art. 158 da LF:

''Art. 158. Extingue as obrigações do falido:

I - o pagamento de todos os créditos;

li- o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de so% dos créditos quiro­

grafár:os, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa

porcer:tagem se para tanto não bastou a integra/liquidação do ativo;

I1I - o decurso do prazo de 5 anos, contado do encerramento da falência, se o falido

não ti·;er sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;

I'!- o decurso do prazo de 10 anos, contado do encerramento da falência, se o falido

tiver s'do condenado por prática de crime previsto nesta Lei".

O pagamento total pode ocorrer antes ou depois da sentença de encerramento; o

rateie dos 50% do passivo só pode ocorrer antes do encerramento. As demais causas

ocorr=rão sempre depois.

137 Empresarial para quem odeia empresarial

! I . I

Tanto o pedido de habilitação como as divergências devem ser feitos por escrito,

diretamente ao administrador, e devem conter a quantia exata atribuída ao crédito,

origem, prova e eventual garantia.

O administrador vai avaliar tudo isso e republicar a lista. Da republicação, abre-se

prazo de I o dias para a impugnação. Estão legitimados a promovê-la qualquer credor,

o comitê, o falido, o sócio ou acionista da sociedade falida e o Ministério Público.

As impugnações são autuadas em separado, e os credores impugnados serão cha­

mados para apresentar resposta em 5 dias. Depois disso, o falido também tem 0 prazo

de 5 dias pat'a se manifestar, depois o administrador ter~ o mesmo prazo para dar seu

parecer. Aí vai tudo para o juiz. Da sentença que julga a impugnação cabe agravo. ·

Depois de tudo, é publicada a lista oficial de credor~s. Nessa ninguém mexe mais.

·;;;;;;_ ·~· ~: ·j·~ ·~~·~ ·~~· ~:;:; ·~~· ·s·~~~~~~ ·~~· ~·~~:~·~ ·~~·s·t·~ ~~~~·í~~;~: devo dizer que não sou a pessoa mais vaidosa do mundo. Seria mentira cabe­

luda dizer que lenho uma coleção de sapatos, como muita mulher tem.

Mas confesso: alguns problemas só são resolvidos com a compra de um

belo par deles.

....................................................... ~ ........................... .

15.7. liquidàção no processo falimentar

É a fase em que se realiza o àtivo e paga o passivo.

Os ben.s do passivo podem ser vendidos separadamente ou de maneira conjunta

(o estabeleomento empresarial como um todo), e isso cabe ao juiz decidir. Sua decisão

será pautada no melhor interesse da massa. Assim, a forma que resultar em mais di­

nheiro, será a escolhida.

Se a venda for feita em leilão, a LF tem normas próprias. O Ministério Público

será obrigatoriamente intimado, sendo nula a hasta pública que se realizar sem essa

providência. Importante isso aqui também para provas do MP, hein?

Na LF não há a distinção que existe no Código de Processo Civil, acerca do nome

da hasta realizada para bens móveis (leilão) e bens imóveis (praça). É tudo leilão.

. , .A ve.n~a também pode ser feita por proposta, que será amplamente divulgada no

dtano oftctal e em jornal de grande circulação. Os envelopes com as propostas serão

entregues lacrados ao juiz, que só os abrirá em dia e hora previamente determinados.

Finalmente, a venda pode dar-se também por pregão. É um mix das duas alterna­

tivas anteriores: o juiz abre os envelopes, e, se perceber que a diferença de preço entre

as propostas é pequena (até 1 o%), intima os empatados para lances orais.

Essas são as alternativas que a lei prevê. Qualquer outra solução de venda que

aten~a .melhor aos interesses dos credores pode ser adotada, desde que autorizada

pelo JlllZ. Tem legitimidade para pedir isso o administrador judicial ou credores que

representem no mínimo 2/3 do passivo.

Processo falimentar 136

Se a sociedade falida tiver sócios com responsabilidade ilimitada, os bens destes

serão arrecadados também. Mas primeiro será feita a venda dos bens da pessoa jurídi­

ca. Somente se o resultado dessa venda for insuficiente para a satisfação de todos os

credores será feitá a venda dos bens pessoais dos sócios.

Se houver aciorüsta ou sócios da sociedade falida que não integralizou suas ações

ou cotas, antes da ve~da o administrador promoverá a ação para cobrança do valor a

ser inte~ralizado, e essa ação não prescinde da prova da insuficiência dos bens sociais.

A realização do ativo compreende, além da venda dos bens, a cobrança do.s crédi­

t6s que eventualmente o falido tiver.

O ~esultado das vendas será depositado em conta judicial pelo administrador, e a

partir caí haverá o pagamento dos credores. Vamos ver a ordem de pagamento mais

para a frente. Eu disse, em algum lugar por aí, que tinha medo da falência, exatamen­

te por conta dessa ordem aí, mas acho que meu medo sumiu. Deveria ter tido medo

da SA, :sso sim. Falência é legal.

Depois que pagou todo mundo, o administrador apresenta suas contas e o rela­

tório final, especificando tudo o que aconteceu, no prazo de 10 dias, sob pena de in­

correr ~m crime de desobediência.

Aí acaba: o juiz profere sentença de encerramento do processo de falência, que

será publicada por edital, e os livros do falido são devolvidos a este. Dessa sentença

cabe apelação no prazo regular.

15.8. Reabilitação do falido

Ainda que a falência tenha se .encerrado, o falido ainda não estará apto a voltar ao

exercício da atividade empresarial. Ele só poderá fazer isso depois da sua reabilitação,

que compreende a extinção das obrigações e a extinção da responsabilidade civil e

penal do falido.

A extinção das obrigações civis ocorrerá nas hipóteses do art. 158 da LF:

''Art. 158. Extingue as obrigações do falido:

I - o pagamento de todos os créditos;

li- o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de so% dos créditos quiro­

grafár:os, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa

porcer:tagem se para tanto não bastou a integra/liquidação do ativo;

I1I - o decurso do prazo de 5 anos, contado do encerramento da falência, se o falido

não ti·;er sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;

I'!- o decurso do prazo de 10 anos, contado do encerramento da falência, se o falido

tiver s'do condenado por prática de crime previsto nesta Lei".

O pagamento total pode ocorrer antes ou depois da sentença de encerramento; o

rateie dos 50% do passivo só pode ocorrer antes do encerramento. As demais causas

ocorr=rão sempre depois.

137 Empresarial para quem odeia empresarial

! I . I

Se a causa ocorrer antes do encerramento, dar-se-á o chamado levantamento da

falência, e, nesse caso, o juiz declarará a extinção das obrigações e o encerramemo da

falência na mesma sentença.

O procedimento de reabilitação se inicia com o pedido do falido, que deverá estar

instruído com a prova da quitação dos tributos relativos ao exercício do comércio. Se

o falido não estiver sendo processado criminalmente ou se for absolvido nessa seara,

a extinção das obrigações já confere ao falido o direito de retomar atividades empre­

sariais. Mas, se for caso de condenação em processo-crime, somente depois de transcor­

ridos 2 anos do cumprimento da pena poderá ele requerer a sua reabilitação penal, e a

sentença de extinção das obrigações é condição desta.

Se o falido não requerer a habilitação, transcorridos 5 anos da extinção da puni­

bilidade poderá voltar a explorar atividades empresariais.

Antes de terminar este capítulo, legal falar alguma coisinha sobre crimes fali­

mentares. Esta parte é uma contribuição especial de lvan Luís Marques, professor de

Ciências Criminais na Rede LFG, na ESA e na EPD, coordenador chefe no lBCCrim,

autor de livros e artigos, palestrante e consultor jurídico. Ademais, é gente boníssima,

e é também um dos responsáveis por eu estar agora escrevendo.

~ ~· YrlW.J;o. ~· i=echa parêntese.

Abre parêntese, parte dois: eu nunca vou te abandonar, direito penal.

Nunca. i=echa parêntese de novo.

A LF não tem procedimento penal especial. Segue o rito sumário do CPP, salvo

uma exceção: o crime de omissão dos documentos contábeis obrigatófios, que tem

pena máxima de 2 anos. Este vai para o )ECrim.

Olha só: mesmo com pena de reclusão, o rito dos crimes falimentares é o sumá­

rio. Cuidado. Outro ponto relevante é o fim do inquérito judicial, que constava da lei antiga.

Agora segue a regra geral: inquérito policial mesmo (art. 187 da LF). É o fim do proce­

dimento inquisitorial incidental falimentar.

Os crimes previstos na lei são de ação penal pública incondicionada (art. 184).

E veja: agora pode existir crime falimentar sem que tenha sido decretada a falên-/

cia do devedor. Isso ocorre porque a sentença que decreta a falência perdeu o mono­

pólio de condição objetiva de punibilidade.

H e in? A condição objetiva de punibilidade é um fato jurídico que pre.cisa acontecer an­

tes para que o Estado, depois, possa punir. Ou seja, sem a falência, na lei antiga, não

tínhamos qime falimentar. Agora temos.

Processo falimentar 138

Além da falência, há a sentença que homologa o plano de recuperação extrajudicial

e a sentença que concede a recuperação judicial. Não vimos isso ainda, mas vamos ver.

Outro ponto da LF: a sentença que decreta a falência é marco interruptivo da

prescrição. Decretada a falência, interrompe-se a prescrição.

A Lei n. 1 1.1 o 1j2005 trouxe um aumento das penas em relação à lei antiga. Con­

sequentemente, aumentou também o lapso prescricional. Mas a prescrição dos cri­

mes da LF continua sendo regida pelo art. 1 09 do Código Penal.

Último parêntese: que emoção falar de direito penal!

A pena máxima em abstrato nos crimes falimentares varia de 2 anos (omissão dos

documentos contábeis obrigatórios) a 6 anos (fraude contra credores) .. Repetindo:

esse crime omissivo é o único delito falimentar que está sujeito ao Juizado Especial

Criminal (pena máxima até 2 anos). Somente os arts. 176 (exercício ilegal de atividade)

e 178 (omissão dos documentos) admitem suspensão condicional do processo (pena

mínima de 1 ano).

Outro fator relevante da lei foi o tratamento especial dado às empresas de peque­

no porte e às microempresas. Não se constatando prática habitual de condutas frau­

dulentas por parte do pequeno empresário, o juiz pode reduzir a pena ou substituí-la

por restritivas de direitos.

O restante é ler os crimes.

Vo.u ~ i.M.o. C1J:f0-'UL· Sem chance de continuar corn:empresarial depois de

ter a honra máxima de estar na presença do direito pe~al.

139 Empresarial para quem odeia empresarial

Se a causa ocorrer antes do encerramento, dar-se-á o chamado levantamento da

falência, e, nesse caso, o juiz declarará a extinção das obrigações e o encerramemo da

falência na mesma sentença.

O procedimento de reabilitação se inicia com o pedido do falido, que deverá estar

instruído com a prova da quitação dos tributos relativos ao exercício do comércio. Se

o falido não estiver sendo processado criminalmente ou se for absolvido nessa seara,

a extinção das obrigações já confere ao falido o direito de retomar atividades empre­

sariais. Mas, se for caso de condenação em processo-crime, somente depois de transcor­

ridos 2 anos do cumprimento da pena poderá ele requerer a sua reabilitação penal, e a

sentença de extinção das obrigações é condição desta.

Se o falido não requerer a habilitação, transcorridos 5 anos da extinção da puni­

bilidade poderá voltar a explorar atividades empresariais.

Antes de terminar este capítulo, legal falar alguma coisinha sobre crimes fali­

mentares. Esta parte é uma contribuição especial de lvan Luís Marques, professor de

Ciências Criminais na Rede LFG, na ESA e na EPD, coordenador chefe no lBCCrim,

autor de livros e artigos, palestrante e consultor jurídico. Ademais, é gente boníssima,

e é também um dos responsáveis por eu estar agora escrevendo.

~ ~· YrlW.J;o. ~· i=echa parêntese.

Abre parêntese, parte dois: eu nunca vou te abandonar, direito penal.

Nunca. i=echa parêntese de novo.

A LF não tem procedimento penal especial. Segue o rito sumário do CPP, salvo

uma exceção: o crime de omissão dos documentos contábeis obrigatófios, que tem

pena máxima de 2 anos. Este vai para o )ECrim.

Olha só: mesmo com pena de reclusão, o rito dos crimes falimentares é o sumá­

rio. Cuidado. Outro ponto relevante é o fim do inquérito judicial, que constava da lei antiga.

Agora segue a regra geral: inquérito policial mesmo (art. 187 da LF). É o fim do proce­

dimento inquisitorial incidental falimentar.

Os crimes previstos na lei são de ação penal pública incondicionada (art. 184).

E veja: agora pode existir crime falimentar sem que tenha sido decretada a falên-/

cia do devedor. Isso ocorre porque a sentença que decreta a falência perdeu o mono­

pólio de condição objetiva de punibilidade.

H e in? A condição objetiva de punibilidade é um fato jurídico que pre.cisa acontecer an­

tes para que o Estado, depois, possa punir. Ou seja, sem a falência, na lei antiga, não

tínhamos qime falimentar. Agora temos.

Processo falimentar 138

Além da falência, há a sentença que homologa o plano de recuperação extrajudicial

e a sentença que concede a recuperação judicial. Não vimos isso ainda, mas vamos ver.

Outro ponto da LF: a sentença que decreta a falência é marco interruptivo da

prescrição. Decretada a falência, interrompe-se a prescrição.

A Lei n. 1 1.1 o 1j2005 trouxe um aumento das penas em relação à lei antiga. Con­

sequentemente, aumentou também o lapso prescricional. Mas a prescrição dos cri­

mes da LF continua sendo regida pelo art. 1 09 do Código Penal.

Último parêntese: que emoção falar de direito penal!

A pena máxima em abstrato nos crimes falimentares varia de 2 anos (omissão dos

documentos contábeis obrigatórios) a 6 anos (fraude contra credores) .. Repetindo:

esse crime omissivo é o único delito falimentar que está sujeito ao Juizado Especial

Criminal (pena máxima até 2 anos). Somente os arts. 176 (exercício ilegal de atividade)

e 178 (omissão dos documentos) admitem suspensão condicional do processo (pena

mínima de 1 ano).

Outro fator relevante da lei foi o tratamento especial dado às empresas de peque­

no porte e às microempresas. Não se constatando prática habitual de condutas frau­

dulentas por parte do pequeno empresário, o juiz pode reduzir a pena ou substituí-la

por restritivas de direitos.

O restante é ler os crimes.

Vo.u ~ i.M.o. C1J:f0-'UL· Sem chance de continuar corn:empresarial depois de

ter a honra máxima de estar na presença do direito pe~al.

139 Empresarial para quem odeia empresarial

./

~ 16. Pausa para o g~áfic:o:

verificação e habilitação dos·;cxéditos, ,. •; J,',l '' '

Por coincidência do destino, encontrei um organograma que eu fiz há muito tempo. Achei legal compartilhar. Espero que ajude em alguma coisa.

se O;Jresentados fora do prazo. serão r.:cebidas como retardatárias

na recuperação de empresas, não terão direi! o a voto

na falência só terão direito a voto se na data da assernbleia já tiver sido homologado quadro geral de credores contendo o crédito retardatário

Verificação e Habilitação dos Créditos

credor pode pedir reserva de valores

Publicação do edital de processamento da recuperaçào judicial ou da sentença de decretação da falência

\..!dias para credor contestar } I autuação em separado ~ \,2 dias para devedor replicar

\.2 dias paro administrador emitir parecer

f :;

~ t ... c ..... .­"t:~-.-·: -"-:_· :\ ··--

/ . ·.:

\

~~il '... -- bi.iê;.é,.:..J ''~~::.·.·-~:~-:::::.y

falido: restriçõ~s pessoais, seus bens e ·-regime jurídico de seus atos e contratos

···················································································· 1:ioje, rruvx..e.náo. em~ co.Ua4, encontrei um caderno que me serviu de

diário por algum tempo. Como sempre tive essa man·la de escrever, tenho vá­

rios desses cadernos, onde escrevo cartas para mim mesma. Na maioria das

vezes. nunca mais leio.

t:sse que eu encontrei começa em 22 de agosto de 2004 e termina em 16

de fevereiro de 2006. l.nclui o último ano da faculdade, quando fui morar em

Marília, e a minha mudança aqui para Bauru. Começo com um namorado, rela­

cionamento que durou 3 anos, e termino com o pai da minha filha, mas entre um e outro um sem-número de outros rolos. t:, especialmente, inclui boa parte

do lado negro da minha vida.

.Confesso que, quando comecei a ler, tive vontade de colocar fogo naque·

las paginas. Algumas coisas simplesmente não podem ser documentadas em

escritos, e eu escrevi nesse caderno todas essas coisas. Acabei ficando sem

coragem de ler tudo. Parei na metade e o escondi mais uma vez num lugar que

nem eu mesma quero lembrar onde é.

De qualquer forma, não pude deixar de lembrar, com saudade, de muita

coisa boa que eu fiz naquele período.

t:stranho porque, ao mesmo tempo que parece que foi ontem, também

parece que foi em outra vida. Sou a mesma daquela época e, ainda assim, outra

completamente diferente.

Dizem que é melhor a gente se arrepender de fazer alguma coisa do que

se arrepender por não ter feito essa mesma coisa. Dizem que quem não tem

passado não tem história. Dizem muitas coisas.

./

~ 16. Pausa para o g~áfic:o:

verificação e habilitação dos·;cxéditos, ,. •; J,',l '' '

Por coincidência do destino, encontrei um organograma que eu fiz há muito tempo. Achei legal compartilhar. Espero que ajude em alguma coisa.

se O;Jresentados fora do prazo. serão r.:cebidas como retardatárias

na recuperação de empresas, não terão direi! o a voto

na falência só terão direito a voto se na data da assernbleia já tiver sido homologado quadro geral de credores contendo o crédito retardatário

Verificação e Habilitação dos Créditos

credor pode pedir reserva de valores

Publicação do edital de processamento da recuperaçào judicial ou da sentença de decretação da falência

\..!dias para credor contestar } I autuação em separado ~ \,2 dias para devedor replicar

\.2 dias paro administrador emitir parecer

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falido: restriçõ~s pessoais, seus bens e ·-regime jurídico de seus atos e contratos

···················································································· 1:ioje, rruvx..e.náo. em~ co.Ua4, encontrei um caderno que me serviu de

diário por algum tempo. Como sempre tive essa man·la de escrever, tenho vá­

rios desses cadernos, onde escrevo cartas para mim mesma. Na maioria das

vezes. nunca mais leio.

t:sse que eu encontrei começa em 22 de agosto de 2004 e termina em 16

de fevereiro de 2006. l.nclui o último ano da faculdade, quando fui morar em

Marília, e a minha mudança aqui para Bauru. Começo com um namorado, rela­

cionamento que durou 3 anos, e termino com o pai da minha filha, mas entre um e outro um sem-número de outros rolos. t:, especialmente, inclui boa parte

do lado negro da minha vida.

.Confesso que, quando comecei a ler, tive vontade de colocar fogo naque·

las paginas. Algumas coisas simplesmente não podem ser documentadas em

escritos, e eu escrevi nesse caderno todas essas coisas. Acabei ficando sem

coragem de ler tudo. Parei na metade e o escondi mais uma vez num lugar que

nem eu mesma quero lembrar onde é.

De qualquer forma, não pude deixar de lembrar, com saudade, de muita

coisa boa que eu fiz naquele período.

t:stranho porque, ao mesmo tempo que parece que foi ontem, também

parece que foi em outra vida. Sou a mesma daquela época e, ainda assim, outra

completamente diferente.

Dizem que é melhor a gente se arrepender de fazer alguma coisa do que

se arrepender por não ter feito essa mesma coisa. Dizem que quem não tem

passado não tem história. Dizem muitas coisas.

I ~I

I

ri

i! I iii '!

Mas eu digo que ja agi de maneira torta muitas vezes, e que não repetiria

nem metade delas, porque não me acrescentou absolutamente nada. Pelo con·

trário, me tirou muito.

Alguns dos caminhos por onde andei eu prefiro esquecer, e torço para

não ter deixado pegadas muito fortes, pois dessa forma não há o risco de al­

guém descobrir que eu estive lá.

Meu passado me condena, sim, mas meu presente faz de mim tudo aquilo

que deixei ele ser por ignorância, prepotência, orgulho ou simplesmen:e por

falta de vergonha n01 cara.

Antes que essa pontinha de depressão cresça aqui dentro, vamos tra':J3lhar.

····················································································

17 .1. Pessoa do falido

Com a sentença da falência, o devedor passa a ser chamado de falido. Ele não se

torna incapaz, mas perde o poder de administrar seus bens. A administração destes

será encargo dos órgãos da falência. Também não se pode dizer que nesse momento

ele perde a propriedade dos bens, porque isso só ocorre com a venda destes em li­

quidação.

Quanto aos atos ela vida civil, desde que não te.nham nenhuma ligação com seu

patrimônio, o falido pode continuar a praticá-los normalmente. Pode, por exemplo,

casar-se. l\1as alguns ele seus direitos ficarão restritos.

Ele não poderá sair da comarca sem autorização judicial, e, sempre que o fizer,

deverá deixar procurador nomeado para representá-lo.

As correspondências que disserem respeito ao seu negócio não serão mais aco­

bertadas pelo sigilo. Na verdade, toda e qualquer correspondência do falido será en­

tregue ao administrador, que verificará o assunto das cartas, devolvendo imediata­

mente aquelas que em nada se relacionarem com a atividade empresarial.

Por fim, a mais importante das restrições é a que diz respeito à impossibilidade de

ele exercer a atividade empresarial enquanto não reabilitado.

17 .2. Bens do falido

Vimos que todos os bens do falido serão arrecadados. Em um primeiro momento,

até mesmo bens que estejam em sua posse mas que não sejam de sua propriedade se-'

rão arrecadados. Os que sejam ele sua propriedade, mas que não estejam sob sua posse

(bens em comodato, por exemplo), também serão arrecadados ..

Apenas não serão incluídos nesse acervo os bens absolutamente impenhoráveis,

os gravados com cláusula de inalienabilidade e os da meação do ~ônjuge. A guarda

desses bens passa a ser do administrador, mas nada impede que o próprio falido seja

declarado depositário. Se houver, na massa, bens que possam deteriorar-se ou que

Falido: restrições pessoais 142

sejam de difícil conservação, poderá o administrador, com autorização judicial e de­

pois de ouvidos o falido e o comitê de credores, vendê-los antes ela liquidação.

Na sentença que decreta a falência, pode o juiz se pronunciar sobre o prosseguimen­

to provisótio da empresa do falido ou sobre a !aeração do estabelecimento empresarial.

Com relação à continuação provisória da empresa, o juiz determinará nesse sen­

tido sempre que perceber que a sociedade em funCionamento pode ser vendida mais

rapidamente ou por maior preço, e sempre que os interesses dos credores forem mais

bem satisfeitos dessa forma. Considera-se, nesse aspecto, a economia, a notoriedade

da marca dos produtos e até mesmo a relevância econômica e social da atividade.

Se o juiz decidir pela continuação, caberá ao administrador judicial a gerência da

sociedade. Observe que a continuação será mesmo provisória, porque, uma vez arre­

cadados os bens, deverão ser liquidados o mais rápido possível.

Quando falamos ela arrecadação elos bens, dissemos que, num primeiro momen­

to, até mesmo bens que não são de propriedade do falido entrarão para a massa. Con­

tudo, é óbvio que estes não serão vendidos.

Com a finalidade de proteger terceiros que vejam seus bens no meio da massa

falida, a LF traz dois instrumentos: o pedido de restituição e os embargos ele terceiro,

previstos nos arts. 85 a 93·

São essas as duas únicas formas que o terceiro tem ele reaver os bens que foram

esbulhados pela falência do devedor, e a diferença entre eles está na existência ou não

de relação jurídica entre o terceiro e o devedor. Assim, o locador de um bem que tenha

sido arrecadado deverá ingressar com o pedido de restituição, mas uma pessoa que,

por exemplo, estava com o carro parado no estacionamento do estabelecimento falido

e se viu destituído do seu veículo deverá ingressar com embargos de terceiro.

São situações que autorizam o pedido de restituição:

._ o bem ser de propriedade. do terceiro;

._ o bem ter sido vendido a prazo ao falido e entregue até 15 dias antes da decre­

tação da falência;

._ . o adiantamento a contrato de câmbio para exportação, desde que o prazo to­

tal dessa operação, incluindo: as prorrogações, não exceda o previsto nas normas espe­

cíficas da autoridade competente;

.. Yalores descontados pela sociedade a título de contribuição previdenciária e

ainda não pagos (só o INSS tem legitimidade para formular o pedido).

Em regra, a restituição a ser feita é do próprio bem. Em algumas situações, con­

tudo, a restituição será feita obrigatoriamente em dinheiro: quando a coisa não mais

existir ao tempo da restituição, quando se tratar de pedido fundado em contrato de

câmbio e quando se tratar de valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-fé.

O pedido deverá conter a descrição da coisa a ser restituída, será autuado em se­

parado e suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito em julgado. Leia-se: não

pode o bem ser vendido.

143 Empresarial para quem odeia empresarial

I ~I

I

ri

i! I iii '!

Mas eu digo que ja agi de maneira torta muitas vezes, e que não repetiria

nem metade delas, porque não me acrescentou absolutamente nada. Pelo con·

trário, me tirou muito.

Alguns dos caminhos por onde andei eu prefiro esquecer, e torço para

não ter deixado pegadas muito fortes, pois dessa forma não há o risco de al­

guém descobrir que eu estive lá.

Meu passado me condena, sim, mas meu presente faz de mim tudo aquilo

que deixei ele ser por ignorância, prepotência, orgulho ou simplesmen:e por

falta de vergonha n01 cara.

Antes que essa pontinha de depressão cresça aqui dentro, vamos tra':J3lhar.

····················································································

17 .1. Pessoa do falido

Com a sentença da falência, o devedor passa a ser chamado de falido. Ele não se

torna incapaz, mas perde o poder de administrar seus bens. A administração destes

será encargo dos órgãos da falência. Também não se pode dizer que nesse momento

ele perde a propriedade dos bens, porque isso só ocorre com a venda destes em li­

quidação.

Quanto aos atos ela vida civil, desde que não te.nham nenhuma ligação com seu

patrimônio, o falido pode continuar a praticá-los normalmente. Pode, por exemplo,

casar-se. l\1as alguns ele seus direitos ficarão restritos.

Ele não poderá sair da comarca sem autorização judicial, e, sempre que o fizer,

deverá deixar procurador nomeado para representá-lo.

As correspondências que disserem respeito ao seu negócio não serão mais aco­

bertadas pelo sigilo. Na verdade, toda e qualquer correspondência do falido será en­

tregue ao administrador, que verificará o assunto das cartas, devolvendo imediata­

mente aquelas que em nada se relacionarem com a atividade empresarial.

Por fim, a mais importante das restrições é a que diz respeito à impossibilidade de

ele exercer a atividade empresarial enquanto não reabilitado.

17 .2. Bens do falido

Vimos que todos os bens do falido serão arrecadados. Em um primeiro momento,

até mesmo bens que estejam em sua posse mas que não sejam de sua propriedade se-'

rão arrecadados. Os que sejam ele sua propriedade, mas que não estejam sob sua posse

(bens em comodato, por exemplo), também serão arrecadados ..

Apenas não serão incluídos nesse acervo os bens absolutamente impenhoráveis,

os gravados com cláusula de inalienabilidade e os da meação do ~ônjuge. A guarda

desses bens passa a ser do administrador, mas nada impede que o próprio falido seja

declarado depositário. Se houver, na massa, bens que possam deteriorar-se ou que

Falido: restrições pessoais 142

sejam de difícil conservação, poderá o administrador, com autorização judicial e de­

pois de ouvidos o falido e o comitê de credores, vendê-los antes ela liquidação.

Na sentença que decreta a falência, pode o juiz se pronunciar sobre o prosseguimen­

to provisótio da empresa do falido ou sobre a !aeração do estabelecimento empresarial.

Com relação à continuação provisória da empresa, o juiz determinará nesse sen­

tido sempre que perceber que a sociedade em funCionamento pode ser vendida mais

rapidamente ou por maior preço, e sempre que os interesses dos credores forem mais

bem satisfeitos dessa forma. Considera-se, nesse aspecto, a economia, a notoriedade

da marca dos produtos e até mesmo a relevância econômica e social da atividade.

Se o juiz decidir pela continuação, caberá ao administrador judicial a gerência da

sociedade. Observe que a continuação será mesmo provisória, porque, uma vez arre­

cadados os bens, deverão ser liquidados o mais rápido possível.

Quando falamos ela arrecadação elos bens, dissemos que, num primeiro momen­

to, até mesmo bens que não são de propriedade do falido entrarão para a massa. Con­

tudo, é óbvio que estes não serão vendidos.

Com a finalidade de proteger terceiros que vejam seus bens no meio da massa

falida, a LF traz dois instrumentos: o pedido de restituição e os embargos ele terceiro,

previstos nos arts. 85 a 93·

São essas as duas únicas formas que o terceiro tem ele reaver os bens que foram

esbulhados pela falência do devedor, e a diferença entre eles está na existência ou não

de relação jurídica entre o terceiro e o devedor. Assim, o locador de um bem que tenha

sido arrecadado deverá ingressar com o pedido de restituição, mas uma pessoa que,

por exemplo, estava com o carro parado no estacionamento do estabelecimento falido

e se viu destituído do seu veículo deverá ingressar com embargos de terceiro.

São situações que autorizam o pedido de restituição:

._ o bem ser de propriedade. do terceiro;

._ o bem ter sido vendido a prazo ao falido e entregue até 15 dias antes da decre­

tação da falência;

._ . o adiantamento a contrato de câmbio para exportação, desde que o prazo to­

tal dessa operação, incluindo: as prorrogações, não exceda o previsto nas normas espe­

cíficas da autoridade competente;

.. Yalores descontados pela sociedade a título de contribuição previdenciária e

ainda não pagos (só o INSS tem legitimidade para formular o pedido).

Em regra, a restituição a ser feita é do próprio bem. Em algumas situações, con­

tudo, a restituição será feita obrigatoriamente em dinheiro: quando a coisa não mais

existir ao tempo da restituição, quando se tratar de pedido fundado em contrato de

câmbio e quando se tratar de valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-fé.

O pedido deverá conter a descrição da coisa a ser restituída, será autuado em se­

parado e suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito em julgado. Leia-se: não

pode o bem ser vendido.

143 Empresarial para quem odeia empresarial

Julgado procedente o pedido, o juiz determinará que seja devolvido no prazo de 48 horas. Julgada improcedente, pode o juiz entender que o requerente é credor do falido, situação na qual este será desde logo incluído no quadro de credores. Da sentença que julga o pedido cabe apelação, que será recebida apenas no sentido devolutivo.

Com relação aos embargos de terceiro, aplica-se o trâmite normal do Código de Processo Civil.

Jünda no. nwmenlo. á.aUda.de e. ó.dio. do.~~ parei um pouco de escrever sobre o falido para dar uma olhada no meu álbum da formatura.

Algumas observações:

a) impressionante como eu era magra aos 21 anos e mesmo assim me con­siderava gorda;

b) impressionante como algumas pessoas são, em certo momento, gran­des amigos e depois nunca mais trocam uma pàlavra;

c) impressionante como cedas pessoas que aparecem ali nas fotos, que estudaram comigo por 4 anos (porque o primeiro ano da faculdade eu fiz em outro lugar), simplesmente tinham sumido da minha memória;

d) impressionante como alguns amores ficam marcados na nossa memória a ponto de, 10 anos depois, você ver uma foto e suspirar.

Legal. Olhar o álbum fez com que eu me afastasse do lado ruim das lem­branças do passado. Sinto-me melhor. E: com vontade de ligar para alguém. Mas não vou fazer isso. Juro. ....................................................................................

17.3. Atos e contratos do falido

17.3.1. Atos ineficazes Não é de um dia para o outro que o empresário entra em uma situação que pode

culminar na falência. Na verdade, muitas vezes tal situação demora anos. Nada mais normal, portanto, que o empresário se sinta tentado a praticar alguns atos na tentati­va desesperada de "salvar" os bens antes que seja decretada a sua falência.

Exatamente para evitar que esses atos fraudulentos gerem ainda mais prejuízos aos credores é que a LF considera alguns atos praticados antes da quebra como inefi­cazes em relação à massa. Veja bem o que foi dito: alguns atos são considerados inefi­cazes perante a massa.

Isso não quer dizer que o ato seja inexistente, nulo ou anulável. Um exemplo ajuda a visualizar. Vamos supor que eu, empresária quase falindo, transfiro a casa linda e maravilho­

sa na Riviera de São Lourenço, de propriedade da pessoa jurídica, para minha amiga mais querida. Faço um contrato de compra e venda, tudo direitinho.

Dois dias depois é decretada a minha falência.

Falido: restrições pessoais 144

Se a compra e venda tiver cumplido todos os seus requisitos, ou seja, se não for anu­lável por motivos constantes na lei civil, o contrato é válido, mas perante a massa falida ele não é eficaz perante a massa. Assim, liquidadostodos os bens da empresa e tendo sido todos os credores devidamente pagos, aquela compra e venda continua valendo.

Por outro lado, se da liquidação não resultar valor suficiente para a satisfação dos créditos falimentares, então a compra e venda da casa da Riviera será tida como inefi­caz: a casa vai ser arrecadada e liquidada.

Minha amiga que comprou a casa se resolve comigo depois. A ineficácia-, portan­b, ocorre somente em relação à massa falida. Para todos os outros efeitos, a compra e venda é plenamente válida.

É para fins dessa declaração de ineficácia de alguns atos que o juiz fixa o chamado termo legal da falência, cujos prazos já vimos anteriormente.

Importante deixar claro que ao legislador faltou técnica mais uma vez. No art. 129 ele elenca alguns atos que chama de ineficazes. Depois, no art. 130, chama outro grupo de atos de revogáveis. Falha mesmo. Deve-se entender tanto uns quanto os outros, ou seja, tanto os atos descritos no art. 129 como os descritos no art. 130, como ineficazes perante a massa falida. Não tem nada de revogável neles.

Acho interessante dar uma lidinha nesses artigos da Lei n. 1 1.1 o 1/wos: 'í:\rt. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante co­

nhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedm; seja ou não intenção des­te fraudar credores:

I -o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio t{tulo;

11 - o pagamento de d{vidas vencidas e exig{veis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;

lil - a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de d{vida contratda anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada;

IV- a prática de atos a título gratuito, desde 2 anos antes da decretação da falência; V- a renúncia à herança ou a legado, até 2 anos antes da decretação da falên.cia; Vi - a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso

ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos;

Vil - os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior.

145 Empresarial para quem odeia empresarial

Julgado procedente o pedido, o juiz determinará que seja devolvido no prazo de 48 horas. Julgada improcedente, pode o juiz entender que o requerente é credor do falido, situação na qual este será desde logo incluído no quadro de credores. Da sentença que julga o pedido cabe apelação, que será recebida apenas no sentido devolutivo.

Com relação aos embargos de terceiro, aplica-se o trâmite normal do Código de Processo Civil.

Jünda no. nwmenlo. á.aUda.de e. ó.dio. do.~~ parei um pouco de escrever sobre o falido para dar uma olhada no meu álbum da formatura.

Algumas observações:

a) impressionante como eu era magra aos 21 anos e mesmo assim me con­siderava gorda;

b) impressionante como algumas pessoas são, em certo momento, gran­des amigos e depois nunca mais trocam uma pàlavra;

c) impressionante como cedas pessoas que aparecem ali nas fotos, que estudaram comigo por 4 anos (porque o primeiro ano da faculdade eu fiz em outro lugar), simplesmente tinham sumido da minha memória;

d) impressionante como alguns amores ficam marcados na nossa memória a ponto de, 10 anos depois, você ver uma foto e suspirar.

Legal. Olhar o álbum fez com que eu me afastasse do lado ruim das lem­branças do passado. Sinto-me melhor. E: com vontade de ligar para alguém. Mas não vou fazer isso. Juro. ....................................................................................

17.3. Atos e contratos do falido

17.3.1. Atos ineficazes Não é de um dia para o outro que o empresário entra em uma situação que pode

culminar na falência. Na verdade, muitas vezes tal situação demora anos. Nada mais normal, portanto, que o empresário se sinta tentado a praticar alguns atos na tentati­va desesperada de "salvar" os bens antes que seja decretada a sua falência.

Exatamente para evitar que esses atos fraudulentos gerem ainda mais prejuízos aos credores é que a LF considera alguns atos praticados antes da quebra como inefi­cazes em relação à massa. Veja bem o que foi dito: alguns atos são considerados inefi­cazes perante a massa.

Isso não quer dizer que o ato seja inexistente, nulo ou anulável. Um exemplo ajuda a visualizar. Vamos supor que eu, empresária quase falindo, transfiro a casa linda e maravilho­

sa na Riviera de São Lourenço, de propriedade da pessoa jurídica, para minha amiga mais querida. Faço um contrato de compra e venda, tudo direitinho.

Dois dias depois é decretada a minha falência.

Falido: restrições pessoais 144

Se a compra e venda tiver cumplido todos os seus requisitos, ou seja, se não for anu­lável por motivos constantes na lei civil, o contrato é válido, mas perante a massa falida ele não é eficaz perante a massa. Assim, liquidadostodos os bens da empresa e tendo sido todos os credores devidamente pagos, aquela compra e venda continua valendo.

Por outro lado, se da liquidação não resultar valor suficiente para a satisfação dos créditos falimentares, então a compra e venda da casa da Riviera será tida como inefi­caz: a casa vai ser arrecadada e liquidada.

Minha amiga que comprou a casa se resolve comigo depois. A ineficácia-, portan­b, ocorre somente em relação à massa falida. Para todos os outros efeitos, a compra e venda é plenamente válida.

É para fins dessa declaração de ineficácia de alguns atos que o juiz fixa o chamado termo legal da falência, cujos prazos já vimos anteriormente.

Importante deixar claro que ao legislador faltou técnica mais uma vez. No art. 129 ele elenca alguns atos que chama de ineficazes. Depois, no art. 130, chama outro grupo de atos de revogáveis. Falha mesmo. Deve-se entender tanto uns quanto os outros, ou seja, tanto os atos descritos no art. 129 como os descritos no art. 130, como ineficazes perante a massa falida. Não tem nada de revogável neles.

Acho interessante dar uma lidinha nesses artigos da Lei n. 1 1.1 o 1/wos: 'í:\rt. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante co­

nhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedm; seja ou não intenção des­te fraudar credores:

I -o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio t{tulo;

11 - o pagamento de d{vidas vencidas e exig{veis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;

lil - a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de d{vida contratda anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada;

IV- a prática de atos a título gratuito, desde 2 anos antes da decretação da falência; V- a renúncia à herança ou a legado, até 2 anos antes da decretação da falên.cia; Vi - a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso

ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos;

Vil - os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior.

145 Empresarial para quem odeia empresarial

Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegad~ em de­

fesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalme~te no ~urso do ~ro~esso . "Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a zntençao de pre;udzcar credores,

provando-se 0 conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o

efetivo prejuízo sofrido pela massa falida".

Observe que os atos descritos no art. 129 são condicionad?s a certo lapso tempo-

l as n -a0 necessariamente serão praticados com fraude. E como no exemplo da ra, m . . , . 1 d · casa da Ri viera: ainda que a compra e venda não esteja eivada de VICIO, e a po ena ser

considerada ineficaz se se enquadrasse nas hipótese dos incisos desse artigo. A exce-

ção é a alienação irregular de estabelecime~to empr~sar~a~ (~ncis~ V.lll). , . . , 0 art. 45, § 89., da LSA traz outra hipotese de mehcaCia objet~va e~peCih~a .. e o

reembolso à conta do capital social, quando o acionista dissidente nao fm substitUJdo,

em relação aos credores da sociedade falida anteriores à retirada. . Mas espera um pouquinho. A Lei das Sociedades Anônimas voltou para me as-

sombrar? Socorro! Quanto ao art. 13o, não há menção a prazo: a qualquer tempo, se o credor demons-

trar que 0 ato foi praticado com fraude, ele será considerado. inefic,a~ per~nt~ a massa.

Diz-se, portanto, que os atos do art. 129 são casos de mehcacia objetiva, e os do

art. 130 são de ineficácia subjetiva. . A declaração de ineficácia objetiva pode dar-se de vários modos:

., simples despacho exarado no processo de falência; .

., sentença que acolhe matéria de defesa apresentada pela massa ~ahda;

., julgamento de qualquer ação, autônoma ou incidental, promovida pela massa

falida, em que for pleiteada a sua declaração. . . , . Vários modos, sim, mas observe que somente o juiz pode declarar a mehcaCia dos

atos. Sempre judicial, tá? _ , . Com relação aos atos de ineficácia subjetiva,! diferente. Exi:te uma aç~o.propna

para isso, e somente ela se presta para esse fim. E a chamada açao revocatona, e sua

disciplina está nos arts. 132 a 135 da LF. . .. Essa ação pode ser proposta pelo administrador jUdicial, por qualquer credor ou

pelo Ministério Público, no prazo de 3 anos contados da decretação da falência. Ela

correrá no juízo falimentar, e pode ser ajuizada contra: . ., todos os que figuram no ato, ou que por efeito dele foram pagos, garantidos

ou beneficiados; _ ~·

., terceiros adquirentes que, na data do ato, tinham conhecimento da intençao

do devedor de prejudicar terceiros; . ., herdeiros ou legatários das pessoas elencadas nas situações antenores.

Julaada procedente a revocatória, o bem volta para a massa falida, com to::los os

seus ac:ssórios, ou, se não for possível, o seu valor de mercado acrescido das perdas e

danos. Da decisão, cabe apelação.

Falido: restrições pessoais 146

17 .3.2. Efeitos da falência quanto aos contratos do falido

Estamos agora nos arts. 1 15 a 128 da LF.

A lei autoriza a resolução dos contratos bilaterais. Mas atenção: o conceito de

contrato bilateral para fins de falência não é o mesmo conceito do direito civil. Con­

sidera-se bilateral e plausível de resolução aquele contrato em que nenhuma das par­

tes deu início ao cumprimento da obrigação ainda.

Então veja: empresário firmou um contrato para a compra de determinada quan­

tidade de café. Obrigou-se a fazer o pagamento em 30 dias, e, também nesse prazo, a

outra parte obrigou-se a entregar o café.

Se nesse meio-tempo a falência do empresário é decretada, o contrat() se resolve,

porque nem o empresário pagou e nem o fornecedor entregou. Os contratos unilate­

rais também poderão ser resolvidos, mas sob as mesmas condições acima explicadas.

Esqueça os conceitos do direito civil aqui, senão confunde tudo.

Observou que eu não dei "oi" para o direito civil? Sempre dou um alozinho para

a outra matéria quando ela entra nos meus livros. Mas tenho certa antipatia por direi­

to das obrigações. Então prefiro fícar quietinha no meu canto.

Ficou assim: iniciada a execução de um contrato, ele não poderá ser resolvido de

forma automática.

Por outro lado, quanto aos demais contratos, pode ser mais interessante para os

credores que determinadas avenças firmadas pelo falido sejam resolvidas, ainda que

não cumpram os requisitos aí de cima. Quem decid~ isso é o administrador judicial,

autorizado pelo comitê de credores. e o que for decidido não pode ser questionado

pelos demais credores.

Um contratante, querendo saber como fica seu contrato firmado com o falido,

pode interpelar o administrador judicial, no prazo de 90 dias contados da investidura

deste na função. A decisão terá que ser proferida em 1 o dias, sob pena de resolução, e

o contratante pode, nesse caso, ingressar com a ação cabível para a apuração de even­

tuais perdas e danos.

Essa é a regra geral. Contudo, algumas categorias de contratos têm tratamento

diferenciado:

"Art. 119. Nas relações cqntratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes

regras: . I - o vendedor não pode ~bstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e ainda

em trânsito, se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem

fraude, à vista das faturas e conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo

vendedor; li -se o devedor vendeu coisas compostas e o administrador judicial resolver não con­

tinuar a execução do contrato, poderá o comprador pôr à disposição da massa falida as

coisas já recebidas, pedindo perdas e danos;

147 ·Empresarial para quem odeia empresarial

Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegad~ em de­

fesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalme~te no ~urso do ~ro~esso . "Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a zntençao de pre;udzcar credores,

provando-se 0 conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o

efetivo prejuízo sofrido pela massa falida".

Observe que os atos descritos no art. 129 são condicionad?s a certo lapso tempo-

l as n -a0 necessariamente serão praticados com fraude. E como no exemplo da ra, m . . , . 1 d · casa da Ri viera: ainda que a compra e venda não esteja eivada de VICIO, e a po ena ser

considerada ineficaz se se enquadrasse nas hipótese dos incisos desse artigo. A exce-

ção é a alienação irregular de estabelecime~to empr~sar~a~ (~ncis~ V.lll). , . . , 0 art. 45, § 89., da LSA traz outra hipotese de mehcaCia objet~va e~peCih~a .. e o

reembolso à conta do capital social, quando o acionista dissidente nao fm substitUJdo,

em relação aos credores da sociedade falida anteriores à retirada. . Mas espera um pouquinho. A Lei das Sociedades Anônimas voltou para me as-

sombrar? Socorro! Quanto ao art. 13o, não há menção a prazo: a qualquer tempo, se o credor demons-

trar que 0 ato foi praticado com fraude, ele será considerado. inefic,a~ per~nt~ a massa.

Diz-se, portanto, que os atos do art. 129 são casos de mehcacia objetiva, e os do

art. 130 são de ineficácia subjetiva. . A declaração de ineficácia objetiva pode dar-se de vários modos:

., simples despacho exarado no processo de falência; .

., sentença que acolhe matéria de defesa apresentada pela massa ~ahda;

., julgamento de qualquer ação, autônoma ou incidental, promovida pela massa

falida, em que for pleiteada a sua declaração. . . , . Vários modos, sim, mas observe que somente o juiz pode declarar a mehcaCia dos

atos. Sempre judicial, tá? _ , . Com relação aos atos de ineficácia subjetiva,! diferente. Exi:te uma aç~o.propna

para isso, e somente ela se presta para esse fim. E a chamada açao revocatona, e sua

disciplina está nos arts. 132 a 135 da LF. . .. Essa ação pode ser proposta pelo administrador jUdicial, por qualquer credor ou

pelo Ministério Público, no prazo de 3 anos contados da decretação da falência. Ela

correrá no juízo falimentar, e pode ser ajuizada contra: . ., todos os que figuram no ato, ou que por efeito dele foram pagos, garantidos

ou beneficiados; _ ~·

., terceiros adquirentes que, na data do ato, tinham conhecimento da intençao

do devedor de prejudicar terceiros; . ., herdeiros ou legatários das pessoas elencadas nas situações antenores.

Julaada procedente a revocatória, o bem volta para a massa falida, com to::los os

seus ac:ssórios, ou, se não for possível, o seu valor de mercado acrescido das perdas e

danos. Da decisão, cabe apelação.

Falido: restrições pessoais 146

17 .3.2. Efeitos da falência quanto aos contratos do falido

Estamos agora nos arts. 1 15 a 128 da LF.

A lei autoriza a resolução dos contratos bilaterais. Mas atenção: o conceito de

contrato bilateral para fins de falência não é o mesmo conceito do direito civil. Con­

sidera-se bilateral e plausível de resolução aquele contrato em que nenhuma das par­

tes deu início ao cumprimento da obrigação ainda.

Então veja: empresário firmou um contrato para a compra de determinada quan­

tidade de café. Obrigou-se a fazer o pagamento em 30 dias, e, também nesse prazo, a

outra parte obrigou-se a entregar o café.

Se nesse meio-tempo a falência do empresário é decretada, o contrat() se resolve,

porque nem o empresário pagou e nem o fornecedor entregou. Os contratos unilate­

rais também poderão ser resolvidos, mas sob as mesmas condições acima explicadas.

Esqueça os conceitos do direito civil aqui, senão confunde tudo.

Observou que eu não dei "oi" para o direito civil? Sempre dou um alozinho para

a outra matéria quando ela entra nos meus livros. Mas tenho certa antipatia por direi­

to das obrigações. Então prefiro fícar quietinha no meu canto.

Ficou assim: iniciada a execução de um contrato, ele não poderá ser resolvido de

forma automática.

Por outro lado, quanto aos demais contratos, pode ser mais interessante para os

credores que determinadas avenças firmadas pelo falido sejam resolvidas, ainda que

não cumpram os requisitos aí de cima. Quem decid~ isso é o administrador judicial,

autorizado pelo comitê de credores. e o que for decidido não pode ser questionado

pelos demais credores.

Um contratante, querendo saber como fica seu contrato firmado com o falido,

pode interpelar o administrador judicial, no prazo de 90 dias contados da investidura

deste na função. A decisão terá que ser proferida em 1 o dias, sob pena de resolução, e

o contratante pode, nesse caso, ingressar com a ação cabível para a apuração de even­

tuais perdas e danos.

Essa é a regra geral. Contudo, algumas categorias de contratos têm tratamento

diferenciado:

"Art. 119. Nas relações cqntratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes

regras: . I - o vendedor não pode ~bstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e ainda

em trânsito, se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem

fraude, à vista das faturas e conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo

vendedor; li -se o devedor vendeu coisas compostas e o administrador judicial resolver não con­

tinuar a execução do contrato, poderá o comprador pôr à disposição da massa falida as

coisas já recebidas, pedindo perdas e danos;

147 ·Empresarial para quem odeia empresarial

III - não tendo o devedor entregue coisa móvel ou prestado serviço que vendera ou contratara a prestações, e resolvendo o administrador judicial não executar o contrato, o crédito relativo ao valor pago será habilitado na classe próp1ia; IV - o administrador judicial, ouvido o Comitê, restituirá a coisa móvel compráda pelo devedor com reserva de domínio do vendedor se resolver não continuar a execução do contrato, exigindo a devolução, nos termos do contrato, dos valores pagos; V- tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação em bolsa ou merca­do, e não se executando o contrato pela efetiva entrega daquelas e pagamento do preço, prestar-se-á a diferença entre a cotação do dia do contrato e a da época da liquidação em bolsa ou mercado; VI - na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a legislação respectiva; Vll -a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do locatá­rio, o administrador judicial pode, a qualquer tempo, denun,ciar o contrato; Vlll - caso haja acordo para compensação e liquidação de obrigações no âmbito do sistema financeiro nacional, nos termos da legislação vigente, a parte não falida poderá considerar o contrato vencido antecipadamente, hipótese em que será liquidado na forma estabelecida em regulamento, admitindo-se a compensação de eventual crédito que venha a ser apurado em favor do falido com créditos detidos pelo contratante;

IX - os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação espe­cífica, obedecerão ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo termo ou até o cumprimen­to de sua finalidade, ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa falida ou inscreverá na classe própria o crédito que contra ela remanescer". 'íl.rt. 121. As contas correntes com o devedor consideram-se encerradas no momento de decretação da falência, verificando-se o respectivo saldo". A prescrição das obrigações do falido ficará suspensa com a decretação da falên­cia, voltarido a correr quando do trânsito em julgado da sentença de encerramento. Pode ocorrer que um contrato tenha sido firmado com cláusula de resolução pela falência. Es§a cláusula é válida, e o administrador judicial não pode se opor a ela. Contratos de trabalho também não se resolvem automaticamente em decorrên­cia da falência. A CLT dispõe que a cessação das atividades da empresa é causa resolu­tória dos contratos de trabalho a ela inerentes. Então, veja: o que extingue os contra­tos não é, de fato, a falência. Tanto que, se houver ordem no sentido da continuação provisória das atividades da empresa, tais contratos continuarão válidos e vigentes enquanto a sociedade permanecer em funcionamento.

Por fim, os contratos firmados em moeda estrangeira serão convertidos em reais pela taxa de câmbio do dia da decretação da falência.

Falido: restrições pessoais 148

······················································································ 0e &do-, não. ~ fU:VU1- aq.uef.e. meu a.m.úJo-/amo.!!- da ~· Tem bas- -!ante tempo que não falo com ele. ~ramos superamigos, melhores amigos, eu acho. t:ntão eu. comecei a namorar, e ele tamb~m. Não nos afastamos, mas também não concretizamos a vontade que tínhamos de ficar juntos. Tínhamos e sabíamos que tính,amos.

Acabamos nos encontrando algumas vezes depois que os respectivos na­moros terminaram, e até tentamos. Mas nunca fomos além do "e se ... ". ~ melhor que a história seja contada dessa forma mesmo. Meu passado me condena. Não posso abrir muito. ····················································································

149 Empresarial para quem odeia empresarial

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III - não tendo o devedor entregue coisa móvel ou prestado serviço que vendera ou contratara a prestações, e resolvendo o administrador judicial não executar o contrato, o crédito relativo ao valor pago será habilitado na classe próp1ia; IV - o administrador judicial, ouvido o Comitê, restituirá a coisa móvel compráda pelo devedor com reserva de domínio do vendedor se resolver não continuar a execução do contrato, exigindo a devolução, nos termos do contrato, dos valores pagos; V- tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação em bolsa ou merca­do, e não se executando o contrato pela efetiva entrega daquelas e pagamento do preço, prestar-se-á a diferença entre a cotação do dia do contrato e a da época da liquidação em bolsa ou mercado; VI - na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a legislação respectiva; Vll -a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do locatá­rio, o administrador judicial pode, a qualquer tempo, denun,ciar o contrato; Vlll - caso haja acordo para compensação e liquidação de obrigações no âmbito do sistema financeiro nacional, nos termos da legislação vigente, a parte não falida poderá considerar o contrato vencido antecipadamente, hipótese em que será liquidado na forma estabelecida em regulamento, admitindo-se a compensação de eventual crédito que venha a ser apurado em favor do falido com créditos detidos pelo contratante;

IX - os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação espe­cífica, obedecerão ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo termo ou até o cumprimen­to de sua finalidade, ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa falida ou inscreverá na classe própria o crédito que contra ela remanescer". 'íl.rt. 121. As contas correntes com o devedor consideram-se encerradas no momento de decretação da falência, verificando-se o respectivo saldo". A prescrição das obrigações do falido ficará suspensa com a decretação da falên­cia, voltarido a correr quando do trânsito em julgado da sentença de encerramento. Pode ocorrer que um contrato tenha sido firmado com cláusula de resolução pela falência. Es§a cláusula é válida, e o administrador judicial não pode se opor a ela. Contratos de trabalho também não se resolvem automaticamente em decorrên­cia da falência. A CLT dispõe que a cessação das atividades da empresa é causa resolu­tória dos contratos de trabalho a ela inerentes. Então, veja: o que extingue os contra­tos não é, de fato, a falência. Tanto que, se houver ordem no sentido da continuação provisória das atividades da empresa, tais contratos continuarão válidos e vigentes enquanto a sociedade permanecer em funcionamento.

Por fim, os contratos firmados em moeda estrangeira serão convertidos em reais pela taxa de câmbio do dia da decretação da falência.

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······················································································ 0e &do-, não. ~ fU:VU1- aq.uef.e. meu a.m.úJo-/amo.!!- da ~· Tem bas- -!ante tempo que não falo com ele. ~ramos superamigos, melhores amigos, eu acho. t:ntão eu. comecei a namorar, e ele tamb~m. Não nos afastamos, mas também não concretizamos a vontade que tínhamos de ficar juntos. Tínhamos e sabíamos que tính,amos.

Acabamos nos encontrando algumas vezes depois que os respectivos na­moros terminaram, e até tentamos. Mas nunca fomos além do "e se ... ". ~ melhor que a história seja contada dessa forma mesmo. Meu passado me condena. Não posso abrir muito. ····················································································

149 Empresarial para quem odeia empresarial

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18. Gente pequena:

~~~\_/--;::-.-:\ :-:-·. -~ ,,

.··•/

\.-

-6~·/2;\ \:~~o;);•/

-.,_{ - .... ,

···················································································· & já~ fe/1, ~' maJ. não.. Sempre tomo porrada pelo mesmo motivo.

No livro de tributário, comentei sobre o meu vício em redes sociais. Con­

fesso mesmo e nem ligo. Adoro. De longa data.

Logo que o pai da minha filha foi pres.o, comecei a participar pela Internet

de um grupo de mulheres na mesma situação que eu. t:ra bem legal falar com

pessoas que passavam pelas mesmas coisas. Bem reconfortante. Não demorou

muito para que começassem a surgir intrigas e brigas infundadas, e acabei por

me afastar desse grupo, mas ainda tenho contato com duas pessoas que co­

nheci lá. Tornaram-se grandes amigas. Valeu a pena só por isso.

Depois veio a onda do Twitter.

Talvez por conta do blog, acabei me tornando um pouco conhecida nesse

ambiente. Bem pouco mesmo, nada de exageros. Algumas pessoas, contudo,

simplesmente não suportam ver o outro em situação melhor. No meu caso,

essa ··situação melhor" nem sequer existe. ~ criação da mente insana dessao

pessoas.

Aí que, por conta disso, mais uma vez eu pude perceber o quanto as pes­

soas são pequenas, e o quanto são fúteis. Não consigo me conformar com o

fato de que tem gente tão desocupada no mundo a ponto ele passar o dia in­

teiro cuidando ela viela elos outros! t:nquanto ficasó no "fulano disse que fulana

disse", tá tudo bem, eu relevo. Mas, quando me atinge diretamente, aí me tir.a

elo sério.

Preciso me vacinar contra essas coisas. Preciso de um antivírus. t:, mais

que tudo, preciso parar de acreditar que as pessoas são boas, porque elas não

são. Só se aproximam ele você por algum motivo específico, por algum interesse.

No fundo, bem no fundo, todo mundo tem um pouco de maldade no co­

ração. Se você usa essa ·maldade para conseguir coisas elo bem, ótimo: você

conseguiu burlar as leis da vida. Mas a grande maioria não faz isso.

Como muito bem diziam os manos lá da vila, zé povinho é moto.

Mas vamos continuar com a nossa falência, não sem antes dar um recacli­

nho especial: se você não tem o que fazer, venha aqui em casa. O tanque está

cheio de roupa suja.

Falamos que a falência é uma execução grandona, na qual os credores todos fi­

cam ele um lado e o devedor ele outro. Acontece que, nesse grupo ele credores, alguns

não são admitidos. Olha o que diz o art. 5~ ela LF:

"Art. 5!! Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:

I - as obrigações a título gratuito;

li - as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou

na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor".

Então, assim: foi pedida a falência ele uma sociedade, mas essa sociedade me

eleve uma casa na Riviera ele São Lourenço, que prometeu me dar de presente por­

que eu sou linda. De presente, free. Não posso, nessas condições, chegar toda bani­

tona lá no juízo da falência e pedir para ser habilitada como credora. É o que diz o

inciso l. Agora vamos supor que essa mesma sociedade está falindo, mas eu vendi um carro

para ela e ela não me pagou. Agora eu posso me habilitar como credora, mas não vou

poder incluir no meu débito as despesas que tive contrf(tanclo advogado para fazer essa

habilitação. As dívidas que tive com uma eventual execução com a qual ingressei con­

tra ele, para cobrar esse mesmo valor, eu posso incluir. É o que diz o inciso ll.

Legal. Credores que não se enquadram nessas situações, então, vão ter seus cré­

ditos habilitados na falência, e poderão constituir procurador para representá-los.

Não precisa ser obrigatoriamente um advogado, mas se não for, óbvio, não vai poder

praticar atos privativos deste.

Se o credor for debenturista (LSA: te odeio), vai ter que ser representado por um

cara chamado agente fiduciário.

Ok. Todo mundo que era credor já se habilitou.

A sentença que declara a falência faz nascer a chamada massa falida subjetiva,

que é o conjunto ele credores que se habilitou na falência. É diferente ela chamada

massa falida objetiva, que é o' conjunto ele bens arrecadados. Então, preste atenção,

porque a lei fala em massa falida para se referir tanto aos credores quanto aos bens,

mas s.ão coisas diferentes. Precisa ver o contexto direitinho para saber se está tratando

ela subjetiva ou da objetiva.

Também a partir ela sentença acontece o seguinte:

~ as ações individuais contra o falido são suspensas;

~ os créditos não vencidos vencem antecipadamente;

~ os juros param ele correr.

151 Empresarial para quem odeia empresarial

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18. Gente pequena:

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···················································································· & já~ fe/1, ~' maJ. não.. Sempre tomo porrada pelo mesmo motivo.

No livro de tributário, comentei sobre o meu vício em redes sociais. Con­

fesso mesmo e nem ligo. Adoro. De longa data.

Logo que o pai da minha filha foi pres.o, comecei a participar pela Internet

de um grupo de mulheres na mesma situação que eu. t:ra bem legal falar com

pessoas que passavam pelas mesmas coisas. Bem reconfortante. Não demorou

muito para que começassem a surgir intrigas e brigas infundadas, e acabei por

me afastar desse grupo, mas ainda tenho contato com duas pessoas que co­

nheci lá. Tornaram-se grandes amigas. Valeu a pena só por isso.

Depois veio a onda do Twitter.

Talvez por conta do blog, acabei me tornando um pouco conhecida nesse

ambiente. Bem pouco mesmo, nada de exageros. Algumas pessoas, contudo,

simplesmente não suportam ver o outro em situação melhor. No meu caso,

essa ··situação melhor" nem sequer existe. ~ criação da mente insana dessao

pessoas.

Aí que, por conta disso, mais uma vez eu pude perceber o quanto as pes­

soas são pequenas, e o quanto são fúteis. Não consigo me conformar com o

fato de que tem gente tão desocupada no mundo a ponto ele passar o dia in­

teiro cuidando ela viela elos outros! t:nquanto ficasó no "fulano disse que fulana

disse", tá tudo bem, eu relevo. Mas, quando me atinge diretamente, aí me tir.a

elo sério.

Preciso me vacinar contra essas coisas. Preciso de um antivírus. t:, mais

que tudo, preciso parar de acreditar que as pessoas são boas, porque elas não

são. Só se aproximam ele você por algum motivo específico, por algum interesse.

No fundo, bem no fundo, todo mundo tem um pouco de maldade no co­

ração. Se você usa essa ·maldade para conseguir coisas elo bem, ótimo: você

conseguiu burlar as leis da vida. Mas a grande maioria não faz isso.

Como muito bem diziam os manos lá da vila, zé povinho é moto.

Mas vamos continuar com a nossa falência, não sem antes dar um recacli­

nho especial: se você não tem o que fazer, venha aqui em casa. O tanque está

cheio de roupa suja.

Falamos que a falência é uma execução grandona, na qual os credores todos fi­

cam ele um lado e o devedor ele outro. Acontece que, nesse grupo ele credores, alguns

não são admitidos. Olha o que diz o art. 5~ ela LF:

"Art. 5!! Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:

I - as obrigações a título gratuito;

li - as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou

na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor".

Então, assim: foi pedida a falência ele uma sociedade, mas essa sociedade me

eleve uma casa na Riviera ele São Lourenço, que prometeu me dar de presente por­

que eu sou linda. De presente, free. Não posso, nessas condições, chegar toda bani­

tona lá no juízo da falência e pedir para ser habilitada como credora. É o que diz o

inciso l. Agora vamos supor que essa mesma sociedade está falindo, mas eu vendi um carro

para ela e ela não me pagou. Agora eu posso me habilitar como credora, mas não vou

poder incluir no meu débito as despesas que tive contrf(tanclo advogado para fazer essa

habilitação. As dívidas que tive com uma eventual execução com a qual ingressei con­

tra ele, para cobrar esse mesmo valor, eu posso incluir. É o que diz o inciso ll.

Legal. Credores que não se enquadram nessas situações, então, vão ter seus cré­

ditos habilitados na falência, e poderão constituir procurador para representá-los.

Não precisa ser obrigatoriamente um advogado, mas se não for, óbvio, não vai poder

praticar atos privativos deste.

Se o credor for debenturista (LSA: te odeio), vai ter que ser representado por um

cara chamado agente fiduciário.

Ok. Todo mundo que era credor já se habilitou.

A sentença que declara a falência faz nascer a chamada massa falida subjetiva,

que é o conjunto ele credores que se habilitou na falência. É diferente ela chamada

massa falida objetiva, que é o' conjunto ele bens arrecadados. Então, preste atenção,

porque a lei fala em massa falida para se referir tanto aos credores quanto aos bens,

mas s.ão coisas diferentes. Precisa ver o contexto direitinho para saber se está tratando

ela subjetiva ou da objetiva.

Também a partir ela sentença acontece o seguinte:

~ as ações individuais contra o falido são suspensas;

~ os créditos não vencidos vencem antecipadamente;

~ os juros param ele correr.

151 Empresarial para quem odeia empresarial

Com relação à suspensão das ações individuais, lembrar que não são todas. Exce-

ções: a) ações que versem sobre quantia ilíquida, inclusive trabalhistas;

b) execuções fiscais. Essas continuam tramitando normalmente. Agora imagine que eu tenha uma reclamação trabalhista contra uma sociedade

que foi declarada falida. Como ainda estou discutindo, na justiça do Trabalho, quanto

eu tenho para receber (quantia ilíquida), não vai haver suspensão da minha ação. Àí eu

penso: poxa vida, meu processo trabalhista está demorando muito, e enquanto isso a

galera lá na falência já está recebendo! Vai acabar o dinheiro e eu não vou receber nada:!

Pode acontecer mesmo. Então, pensando nisso, o legislador criou uma coisinha

legal: eu posso pedir para o juiz da falência reservar um pouco de dinheiro para mim. Veja: '

"Sendo assim, cabe aos interessados - por exemplo, o reclamante - pleitear, perante o

juízo onde seu processo- no caso, o juízo trabalhista -a reserva de valor. Assim, nesse exem­

plo dado do juiz do Trabalho detenninaria ao juízo da falência ou da recuperação judicial,

confonne o caso, que resen,asse um valor determinado, para que, na eventualidade de aque­

le reclamante vencer a reclamação trabalhista, não ver frustrado seu direito de crédito em

razão de a massa já ter usado seus recursos para pagamento dos demais credores" 1".

No que tange à suspensão da fluência dos juros, é assim: somente até a decreta­

ção da falência os juros correm. Depois da sentença, não. Mas, se a massa comportar,

poderá pagá-los. Exceção: debenturistas e credores com garantia real ficam fora. Para eles, os juros

continuam correndo normalmente.

Agora vamos para a parte que sempre cai em qualquer exame. Acho que cai em

exames do primeiro ano do ensino fundamental, por isso já vou começar a ensinar a

minha filha sobre essa parte. Cai até em exame de sangue. Conclusão: tem que saber.

Tem que .. já era.

é a~~ c:lo.4 ~- Mas, antes de entrar nessa parte, uma

·· pequena pausa. Comentei sobre o grupo de que eu· participei, das mulheres

que tinham maridos presos, né? Também falei que rolou muita treta lá, né?

Na época eu tinha um blog, que já desativei, mas mantive os posts arqui­

vados. t:ncontrei um, escrito em 24·5·2009, que fala exatamente do tipo de

gente pequena a que me referi no começo deste capítulo. Dá uma olhada em

algumas partes do post: ·

12 RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Falências e recuperação de empresas. Salvador: jusPodivm, 201 o.

Regime jurídico dos credores do falido 152

i=iz verdadeiras amigas nessas comunidades, as quais vão estar pra sem­

pre guardadas no meu coração mesmo depois que a minha caminhada termi- .

nar. Não são apenas "amigas de porta de cadeia". São pessoas maravilhosas,

guerreiras de corpo e alma, com preocupações e sentimentos muito parecidos

com os meus.

Mas eu conheci também um outro tipo de pessoa nessas comunidades. t:

essas J=essoas, de certa forma, me impressionam ... é muita maldade reunida

numa pessoa só.

Caramba ... que vida triste a dessas pessoas. Dignas de pena ...

No fundo, eu acho que inventam mentiras tão bem elaboradas que aca­

bam acreditando nelas, mas jogam tanta corda que acabam se enforcando sozi­

nhas. t:, na verdade, as águas passadas movem moinhos sim ... Tudo que vai volta.

Pcis é. Post antigo, lição de moral atual.

····················································································

Vamos lá classificar os credores. Vou fazer assim: primeiro coloco o quadrinho

que a gente tem que decorar aqui, aí depois vou explicando o que é cada uma das coi­

sinhas que vão estar no quadro, beleza?

1~) Crédito extraconcursal

2~) Acidente do trabalho e créditos trabalhistas

3~) Crédito com garantia real

~) Dívida ativa

-5~) Crédito com privilégio especial

· ~) Crédito com privilégio geral

· 7~) Crédito quirografário

~) Multas contratuais

9~) Crédito-subordinado

Se você tiver que escolher uma única coisa para aprender sobre falências, escolha

esse quadro. É megamáster importante. Quer uma ajuda? Vou colocá-lo bem grandão

na página 245, numa folha sozinha, sem nada escrito atrás, para você poder recortar e

colar no seu guarda-roupa. Pode recortar o livro, sim. Eu autorizo.

153 Empresarial para quem odeia empresarial

Com relação à suspensão das ações individuais, lembrar que não são todas. Exce-

ções: a) ações que versem sobre quantia ilíquida, inclusive trabalhistas;

b) execuções fiscais. Essas continuam tramitando normalmente. Agora imagine que eu tenha uma reclamação trabalhista contra uma sociedade

que foi declarada falida. Como ainda estou discutindo, na justiça do Trabalho, quanto

eu tenho para receber (quantia ilíquida), não vai haver suspensão da minha ação. Àí eu

penso: poxa vida, meu processo trabalhista está demorando muito, e enquanto isso a

galera lá na falência já está recebendo! Vai acabar o dinheiro e eu não vou receber nada:!

Pode acontecer mesmo. Então, pensando nisso, o legislador criou uma coisinha

legal: eu posso pedir para o juiz da falência reservar um pouco de dinheiro para mim. Veja: '

"Sendo assim, cabe aos interessados - por exemplo, o reclamante - pleitear, perante o

juízo onde seu processo- no caso, o juízo trabalhista -a reserva de valor. Assim, nesse exem­

plo dado do juiz do Trabalho detenninaria ao juízo da falência ou da recuperação judicial,

confonne o caso, que resen,asse um valor determinado, para que, na eventualidade de aque­

le reclamante vencer a reclamação trabalhista, não ver frustrado seu direito de crédito em

razão de a massa já ter usado seus recursos para pagamento dos demais credores" 1".

No que tange à suspensão da fluência dos juros, é assim: somente até a decreta­

ção da falência os juros correm. Depois da sentença, não. Mas, se a massa comportar,

poderá pagá-los. Exceção: debenturistas e credores com garantia real ficam fora. Para eles, os juros

continuam correndo normalmente.

Agora vamos para a parte que sempre cai em qualquer exame. Acho que cai em

exames do primeiro ano do ensino fundamental, por isso já vou começar a ensinar a

minha filha sobre essa parte. Cai até em exame de sangue. Conclusão: tem que saber.

Tem que .. já era.

é a~~ c:lo.4 ~- Mas, antes de entrar nessa parte, uma

·· pequena pausa. Comentei sobre o grupo de que eu· participei, das mulheres

que tinham maridos presos, né? Também falei que rolou muita treta lá, né?

Na época eu tinha um blog, que já desativei, mas mantive os posts arqui­

vados. t:ncontrei um, escrito em 24·5·2009, que fala exatamente do tipo de

gente pequena a que me referi no começo deste capítulo. Dá uma olhada em

algumas partes do post: ·

12 RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Falências e recuperação de empresas. Salvador: jusPodivm, 201 o.

Regime jurídico dos credores do falido 152

i=iz verdadeiras amigas nessas comunidades, as quais vão estar pra sem­

pre guardadas no meu coração mesmo depois que a minha caminhada termi- .

nar. Não são apenas "amigas de porta de cadeia". São pessoas maravilhosas,

guerreiras de corpo e alma, com preocupações e sentimentos muito parecidos

com os meus.

Mas eu conheci também um outro tipo de pessoa nessas comunidades. t:

essas J=essoas, de certa forma, me impressionam ... é muita maldade reunida

numa pessoa só.

Caramba ... que vida triste a dessas pessoas. Dignas de pena ...

No fundo, eu acho que inventam mentiras tão bem elaboradas que aca­

bam acreditando nelas, mas jogam tanta corda que acabam se enforcando sozi­

nhas. t:, na verdade, as águas passadas movem moinhos sim ... Tudo que vai volta.

Pcis é. Post antigo, lição de moral atual.

····················································································

Vamos lá classificar os credores. Vou fazer assim: primeiro coloco o quadrinho

que a gente tem que decorar aqui, aí depois vou explicando o que é cada uma das coi­

sinhas que vão estar no quadro, beleza?

1~) Crédito extraconcursal

2~) Acidente do trabalho e créditos trabalhistas

3~) Crédito com garantia real

~) Dívida ativa

-5~) Crédito com privilégio especial

· ~) Crédito com privilégio geral

· 7~) Crédito quirografário

~) Multas contratuais

9~) Crédito-subordinado

Se você tiver que escolher uma única coisa para aprender sobre falências, escolha

esse quadro. É megamáster importante. Quer uma ajuda? Vou colocá-lo bem grandão

na página 245, numa folha sozinha, sem nada escrito atrás, para você poder recortar e

colar no seu guarda-roupa. Pode recortar o livro, sim. Eu autorizo.

153 Empresarial para quem odeia empresarial

l

Agora sim, vamos falar de cada um deles.

a) Créditos extraconcursais

São os do art. 84, e são pagos antes de todo mundo. Os primeirões da fila. É im­

portante ler o artigo, porque, mesmo eles sendo os primeiros da fila, existe uma or­

dem entre eles (o artigo diz "na ordem a seguir"). Olha lá:

'1\rt. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência

sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a:

I - remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos deri­

vados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços

prestados após a decretação da falência;

11 - quantias fornecidas à massa pelos credores;

ll1 - despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do

seu produto, bem como custas do processo de falência; -

IV- custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido

vencida; V- obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação

judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos re!ati­

vos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabele­

cida no art. 83 desta Lei".

b) Créditos por acidente do trabalho e créditos trabalhistas

Tudo o que o falido tem que pagar aos seus empregados entra aqui. Mas existe

um limite máximo: 150 salários mínimos. O que ultrapassar esse montante vai para o

sétimo lugar, ou seja, vira crédito quirografário.

Tem mais uma coisinha para falar. O art. 15 1 traz uma superproteção ao salário.

Então, assim que o administrador judicial assume seu cargo, deve verificar a existên­

cia de empregados que estão com os 3 últimos salários atrasados. Se houver, paga logo

de cara, mas só até o máximo ele 5 salários mínimos por empregado. Depois, o que

faltar, o empregado vai receber. Significa dizer que o pagamento de salários não vai

entrar na nossa classificação. Só vai entrar o crédito trabalhista restante. Deu para

entender? Leia o artigo que fica mais claro: empregado com salário atrasado recebe logo que

é decretada a falência - máximo de 3 meses de atraso, máximo de 5 salários mínimos

por empregado. O que sobrar vem nessa classificação. O que ultrapassar 150 salários f

mínimos vai lá para os quirografários.

c) Créditos com garantia real

São exemplos de créditos com garantia real os hipotecados, os caucionados, os

pignoratícios etc. Olha que bonitinha a definição ela Wikipédia: Garantia real é onde o

próprio devedor, ou alguém por ele, destina todo ou parte do seu patrimônià para assegurar

o cumprimento da obrigação contraída.-

Regime jurídico dos credores do falido 154

A preferência está limitada ao valor da garantia. Exemplo: sou credora do falido

no montante de 1 o o mil reais, e tenho em garantia uma caução ele dez mil. Vou rece­

ber, nessa ordem, os 1 o mil que tenho garantido. Os 90 mil que faltaram vão lá para

os créditos quirografários também. Da mesma forma, se a garantia é, por exemplo, um imóvel, e, na venda deste, não

se conseguir valor suficiente para pagar integralmente o crédito garantido, o que fal­

tar se toma quirografário.

d) Dívida ativa São as dívidas do falido para com a União, Estados, Distrito Federal, Municípios

ejou autarquias, com origem tributária ou não. Dentro dessa classificação existe uma ordem também: primeiro paga a União e

suas autarquias, depois os Estados e o Distrito Federal e suas autarquias, e só por últi­

mo os Municípios e suas autarquias.

e) Créditos com privilégio especial

São eles: CC, art. 964. "Têm privilégio especial:

I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas judiciais feitas

com a arrecadação e liquidação; 11 -sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento;

lll -sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias ou úteis;

IV- sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou quaisquer outras cons­

truções, 0 credor de materiais, dinheiro, ou serviços para a' sua edificação, reconstrução, ou

melhoramento; V- sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e serviços à cultura,

ou à colheita; VI -sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rústicos ou urbanos, o

credor de aluguéis, quanto às prestações do ano corrente e do anterior;

VIl - sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor dela, ou seus

legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no contrato da edição;

Vlll -sobre 0 produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu trabalho,

e precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o trabalhador agrícola, quan­

to à dívida dos seus salários".

E mais: .- os assim definidos em outras leis civis e comerciais;

._. aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada

em garantia. Da mesma forma que ocorre com os créditos com garantia real, faz-se o seguinte:

vende a coisa dada em garantia e paga o credor. Se ainda assim tiver saldo a ser pago,

esse saldo é reclassificado como crédito quirografário.

155 Empresarial para quem odeia empresarial

l

Agora sim, vamos falar de cada um deles.

a) Créditos extraconcursais

São os do art. 84, e são pagos antes de todo mundo. Os primeirões da fila. É im­

portante ler o artigo, porque, mesmo eles sendo os primeiros da fila, existe uma or­

dem entre eles (o artigo diz "na ordem a seguir"). Olha lá:

'1\rt. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência

sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a:

I - remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos deri­

vados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços

prestados após a decretação da falência;

11 - quantias fornecidas à massa pelos credores;

ll1 - despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do

seu produto, bem como custas do processo de falência; -

IV- custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido

vencida; V- obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação

judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos re!ati­

vos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabele­

cida no art. 83 desta Lei".

b) Créditos por acidente do trabalho e créditos trabalhistas

Tudo o que o falido tem que pagar aos seus empregados entra aqui. Mas existe

um limite máximo: 150 salários mínimos. O que ultrapassar esse montante vai para o

sétimo lugar, ou seja, vira crédito quirografário.

Tem mais uma coisinha para falar. O art. 15 1 traz uma superproteção ao salário.

Então, assim que o administrador judicial assume seu cargo, deve verificar a existên­

cia de empregados que estão com os 3 últimos salários atrasados. Se houver, paga logo

de cara, mas só até o máximo ele 5 salários mínimos por empregado. Depois, o que

faltar, o empregado vai receber. Significa dizer que o pagamento de salários não vai

entrar na nossa classificação. Só vai entrar o crédito trabalhista restante. Deu para

entender? Leia o artigo que fica mais claro: empregado com salário atrasado recebe logo que

é decretada a falência - máximo de 3 meses de atraso, máximo de 5 salários mínimos

por empregado. O que sobrar vem nessa classificação. O que ultrapassar 150 salários f

mínimos vai lá para os quirografários.

c) Créditos com garantia real

São exemplos de créditos com garantia real os hipotecados, os caucionados, os

pignoratícios etc. Olha que bonitinha a definição ela Wikipédia: Garantia real é onde o

próprio devedor, ou alguém por ele, destina todo ou parte do seu patrimônià para assegurar

o cumprimento da obrigação contraída.-

Regime jurídico dos credores do falido 154

A preferência está limitada ao valor da garantia. Exemplo: sou credora do falido

no montante de 1 o o mil reais, e tenho em garantia uma caução ele dez mil. Vou rece­

ber, nessa ordem, os 1 o mil que tenho garantido. Os 90 mil que faltaram vão lá para

os créditos quirografários também. Da mesma forma, se a garantia é, por exemplo, um imóvel, e, na venda deste, não

se conseguir valor suficiente para pagar integralmente o crédito garantido, o que fal­

tar se toma quirografário.

d) Dívida ativa São as dívidas do falido para com a União, Estados, Distrito Federal, Municípios

ejou autarquias, com origem tributária ou não. Dentro dessa classificação existe uma ordem também: primeiro paga a União e

suas autarquias, depois os Estados e o Distrito Federal e suas autarquias, e só por últi­

mo os Municípios e suas autarquias.

e) Créditos com privilégio especial

São eles: CC, art. 964. "Têm privilégio especial:

I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas judiciais feitas

com a arrecadação e liquidação; 11 -sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento;

lll -sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias ou úteis;

IV- sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou quaisquer outras cons­

truções, 0 credor de materiais, dinheiro, ou serviços para a' sua edificação, reconstrução, ou

melhoramento; V- sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e serviços à cultura,

ou à colheita; VI -sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rústicos ou urbanos, o

credor de aluguéis, quanto às prestações do ano corrente e do anterior;

VIl - sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor dela, ou seus

legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no contrato da edição;

Vlll -sobre 0 produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu trabalho,

e precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o trabalhador agrícola, quan­

to à dívida dos seus salários".

E mais: .- os assim definidos em outras leis civis e comerciais;

._. aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada

em garantia. Da mesma forma que ocorre com os créditos com garantia real, faz-se o seguinte:

vende a coisa dada em garantia e paga o credor. Se ainda assim tiver saldo a ser pago,

esse saldo é reclassificado como crédito quirografário.

155 Empresarial para quem odeia empresarial

f) Créditos com garantia geral

Mais artigo do CC:

'1\!t. 965. Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os bens do devedor:

I- o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do morto e o costume

do lugar;

11 - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e liquidação da .

massa; 111 - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do devedor

falecido, se foram moderadas;

IV- o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre ante­

rior à sua morte;

V- o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua família, no

trimestre anterior ao falecimento;

VI- o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano conente e no anterior;

VIJ - o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do devedor, nos

seus derradeiros seis meses de vida;

VliJ - os demais créditos de privilégio geral".

E ainda:

.. créditos quirografários sujeitos a recuperação judicial pertencentes a fornece­

dores de bens ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido

de recuperação judicial;

.,_ os assim definidos em outras leis civis e comerciais.

Observação: desculpe pela cópia incessante de artigos gigantes. Mas não tem

como, galera. Tem que dar uma lidinha pelo menos, ok? Quando eu digo que tem que,

pelo menos, ler, é para que se forme na sua cabecinha (e na minha) uma ideia do que

trata o assunto.

já combinamos que não gostamos de ler a lei, e é por isso que eu transcrevo os

artigos. Assim você não tem o trabalho de abrir o Código. Então, para os que estive­

rem no livro não tem desculpa, tá? Tem que ler mesmo.

Combinado?

g) Créditos quirografários

É aqui que entra a maior parte: são todos os créditos sem garantia nenhuma e

mais aqueles que, conforme vimos acima, passaram a ser quirografários ou porque

excederam o limite de 150 salários mínimos (no caso dos trabalhistas) ou porque ex­

cederam o valor auferido com a ve1-ida do bem dado em garantia.

h) Multas contratuais

Inclui penas pecuniárias por infração à lei penal ou administrativa e multa tribu­

tária.

Regime jurídico dos credores do falido 156

i) Créditos subordinados

São os créditos dos sócios ou administradores sem vínculo empregatício e os cré­

ditos por debêntures subordinadas emitidas por sociedades anônimas falidas.

é iMo-. ~:a~ p.a;Je- da análise da Lei de i=alências. !=alta a

recuperação de empresas, que veremos nos próximos dois capítulos. Mas já

adianto que é tranquilo. Se sobreviveu à sociedade anônim2, meu amigo, você

;tira essa parte de letra.

r=ara finalizar, apenas um comentário pertinente: enquanto eu escrevia

este capítulo, a mesma pessoa que me irritou profundamente hoje de manhã

por conta de fofoquinhas na Internet veio falar comigo. i=ingi que não sei de

nada, porque sou fina e linda, mas minha vontade era xingar. t:ntão, apenas a

chamei de "querida". t: duas frases tiradas do próprio Twitter explicam o por­

quê dessa designação:

""Jão é briga de verdade se uma mulher não chama a outra de querida".

"Não se engane: quando eu te chamo de querida. na verdade quero dizer

vadia'.

()esculpas sinceras pelo momento desabafo.)

157 Empresarial para quem odeia em presa ri ai

f) Créditos com garantia geral

Mais artigo do CC:

'1\!t. 965. Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os bens do devedor:

I- o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do morto e o costume

do lugar;

11 - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e liquidação da .

massa; 111 - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do devedor

falecido, se foram moderadas;

IV- o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre ante­

rior à sua morte;

V- o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua família, no

trimestre anterior ao falecimento;

VI- o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano conente e no anterior;

VIJ - o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do devedor, nos

seus derradeiros seis meses de vida;

VliJ - os demais créditos de privilégio geral".

E ainda:

.. créditos quirografários sujeitos a recuperação judicial pertencentes a fornece­

dores de bens ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido

de recuperação judicial;

.,_ os assim definidos em outras leis civis e comerciais.

Observação: desculpe pela cópia incessante de artigos gigantes. Mas não tem

como, galera. Tem que dar uma lidinha pelo menos, ok? Quando eu digo que tem que,

pelo menos, ler, é para que se forme na sua cabecinha (e na minha) uma ideia do que

trata o assunto.

já combinamos que não gostamos de ler a lei, e é por isso que eu transcrevo os

artigos. Assim você não tem o trabalho de abrir o Código. Então, para os que estive­

rem no livro não tem desculpa, tá? Tem que ler mesmo.

Combinado?

g) Créditos quirografários

É aqui que entra a maior parte: são todos os créditos sem garantia nenhuma e

mais aqueles que, conforme vimos acima, passaram a ser quirografários ou porque

excederam o limite de 150 salários mínimos (no caso dos trabalhistas) ou porque ex­

cederam o valor auferido com a ve1-ida do bem dado em garantia.

h) Multas contratuais

Inclui penas pecuniárias por infração à lei penal ou administrativa e multa tribu­

tária.

Regime jurídico dos credores do falido 156

i) Créditos subordinados

São os créditos dos sócios ou administradores sem vínculo empregatício e os cré­

ditos por debêntures subordinadas emitidas por sociedades anônimas falidas.

é iMo-. ~:a~ p.a;Je- da análise da Lei de i=alências. !=alta a

recuperação de empresas, que veremos nos próximos dois capítulos. Mas já

adianto que é tranquilo. Se sobreviveu à sociedade anônim2, meu amigo, você

;tira essa parte de letra.

r=ara finalizar, apenas um comentário pertinente: enquanto eu escrevia

este capítulo, a mesma pessoa que me irritou profundamente hoje de manhã

por conta de fofoquinhas na Internet veio falar comigo. i=ingi que não sei de

nada, porque sou fina e linda, mas minha vontade era xingar. t:ntão, apenas a

chamei de "querida". t: duas frases tiradas do próprio Twitter explicam o por­

quê dessa designação:

""Jão é briga de verdade se uma mulher não chama a outra de querida".

"Não se engane: quando eu te chamo de querida. na verdade quero dizer

vadia'.

()esculpas sinceras pelo momento desabafo.)

157 Empresarial para quem odeia em presa ri ai

.!

/ I,-

~~

. ~--.

19. Dá licença?

'fi0e eJ1o.u me. ien1indo- a 'WinAa da eda eAita. A ú I ti ma boI a c h a cl o pa::: ::lte.

O gás elo refrigerante. ~ por aí vai. Mereço. porque o tanto ele coisa que eu

aguento não está escrito no gibi.

Primeir-o, uma cliente me liga. Quase uma hora no telefone, expliquei tJclo

sobre o processo dela ele uma maneira tão legal que ela me disse ao final que

parecia uma aula ele direito.

Tudo bem: ele cireito eu até manjo um pouco.

Depois. uma amiga mais que linda me liga pedindo informações médcas.

Oi? Sim. Informações médicas. Mais especificamente, informações médicas

geitacionais.

De gestação eu manjo por experiência própria. Aliás, a delícia ele :icar

grávida é poder comer tudo o que você tem vontade sem sentir peso na cons­

ciência e se achar ainda mais linda por estar gorda.

De medicina eu manjo o que o Google e o meu pai me ensinam. fvtais

nada. Mas adoro quando me perguntam alguma coisa. Quando isso accnte­

ce, vou correndo pesquisar tuclinho sobre o assunto para responder com a

maior propriedade. Dá a impressão ele que eu sou mais inteligente elo que

realmente sou .

Mais tarde. outra amiga me liga. chorando. Brigou (ele novo) com o namo­

rado. Soe~ a rainha elos relacionamentos que não dão certo. /;;xpert no assJnto.

~ sempre tenho um conselho legal para quem está no meio ele uma depressão

amorosa. Quando é comigo, lágrimas pra que te quero.

De psicologia, não manjo nada ele teórico, e sei muito do prático quando­

é com os outros. Quando é comigo, manjo nada de nada.

f=inalmente. recebi e-mails de duas pessoas diferentes que se reportaram

a mim como professora. Achei chique demais. ~u. professora? Que coisê lindal

Tudo bem que já dei aulas ele catecismo e ele inglês, mas meus alunos mecha­

mavam de tia naquela época.

Da arte ele ensinar, só sei mesmo ensinar a minha pequena a virar gente

grande. ~ olhe lá.

~nfim: num único dia eu fui chamada de advogada, médica. psicóloga e

professora. De todas as profissões. só a primeira se aplica oficialmente.

Mas, com licença. estou me achando sim

Recuperação JUdicial é o tema. ~vamos começar _logo, antes que mecha­

mem ele mais alguma coisa e meu ego estoure ele tão inflado.

Começa assim: "Nem toda empresa merece ou deve ser recuperada"'".

É. Tapa na cara logo de início. Mas é isso mesmo: a recuperação de empresas não

é para qualquer um. Quem vai decidir isso é o judiciário, levando em conta fatores

como a viabilidade da atividade empresarial, a importância social, o volume de ativo e

passivo etc.

De qualquer maneira, a recuperação é um instrumento que materializa bem o

princípio da preservação da empresa. Seus objetivos estão bem delineados na própria

lei: viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de

permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses

dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo

à atividade econômica (art. 47).

Então, legal, queremos preservar a empresa. Mas só vamos fazer isso com quem

realmente tenha condições para tanto. Se a situação é grave demais, se a crise é insu­

perável, se a continuidade da atividade não é viável, outro caminho não restará que

não a falência.

A LF traz uma listinha de meios de recuperação da empresa. Está no art. 50, que

tem 16 incisos. Não vou transcrever, desculpe, mas vale saber que o rol não é taxativo.

O próprio caput do artigo menciona a expressão "dentre outros".

Então vai ser assim: vamos ver o que está acontecendo na nossa empresa, e vamos

ver o que podemos fazer para que ela volte a ser lucrativa. Podemos escolher um ou

mais de um instrumento dentre os que a própria lei traz ou até mesmo qualquer outro

que ali não conste.

Aí, apresentamos ao juiz:· senhor juiz, a sociedade está passando por estes proble­

mas, e vamos resolver desta forma.

É a partir daí que o juiz ~ai fazer avaliar se poderá ou não conceder a medida.

Antes de falarmos dos procedimentos, vamos ver quais são os órgãos que com­

põem a recuperação judicial.

13 COELHO, Fábio Ulhoa. Manllal de direito comercial, p. 420.

159 - Empresarial para quem odeia empresarial

.!

/ I,-

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19. Dá licença?

'fi0e eJ1o.u me. ien1indo- a 'WinAa da eda eAita. A ú I ti ma boI a c h a cl o pa::: ::lte.

O gás elo refrigerante. ~ por aí vai. Mereço. porque o tanto ele coisa que eu

aguento não está escrito no gibi.

Primeir-o, uma cliente me liga. Quase uma hora no telefone, expliquei tJclo

sobre o processo dela ele uma maneira tão legal que ela me disse ao final que

parecia uma aula ele direito.

Tudo bem: ele cireito eu até manjo um pouco.

Depois. uma amiga mais que linda me liga pedindo informações médcas.

Oi? Sim. Informações médicas. Mais especificamente, informações médicas

geitacionais.

De gestação eu manjo por experiência própria. Aliás, a delícia ele :icar

grávida é poder comer tudo o que você tem vontade sem sentir peso na cons­

ciência e se achar ainda mais linda por estar gorda.

De medicina eu manjo o que o Google e o meu pai me ensinam. fvtais

nada. Mas adoro quando me perguntam alguma coisa. Quando isso accnte­

ce, vou correndo pesquisar tuclinho sobre o assunto para responder com a

maior propriedade. Dá a impressão ele que eu sou mais inteligente elo que

realmente sou .

Mais tarde. outra amiga me liga. chorando. Brigou (ele novo) com o namo­

rado. Soe~ a rainha elos relacionamentos que não dão certo. /;;xpert no assJnto.

~ sempre tenho um conselho legal para quem está no meio ele uma depressão

amorosa. Quando é comigo, lágrimas pra que te quero.

De psicologia, não manjo nada ele teórico, e sei muito do prático quando­

é com os outros. Quando é comigo, manjo nada de nada.

f=inalmente. recebi e-mails de duas pessoas diferentes que se reportaram

a mim como professora. Achei chique demais. ~u. professora? Que coisê lindal

Tudo bem que já dei aulas ele catecismo e ele inglês, mas meus alunos mecha­

mavam de tia naquela época.

Da arte ele ensinar, só sei mesmo ensinar a minha pequena a virar gente

grande. ~ olhe lá.

~nfim: num único dia eu fui chamada de advogada, médica. psicóloga e

professora. De todas as profissões. só a primeira se aplica oficialmente.

Mas, com licença. estou me achando sim

Recuperação JUdicial é o tema. ~vamos começar _logo, antes que mecha­

mem ele mais alguma coisa e meu ego estoure ele tão inflado.

Começa assim: "Nem toda empresa merece ou deve ser recuperada"'".

É. Tapa na cara logo de início. Mas é isso mesmo: a recuperação de empresas não

é para qualquer um. Quem vai decidir isso é o judiciário, levando em conta fatores

como a viabilidade da atividade empresarial, a importância social, o volume de ativo e

passivo etc.

De qualquer maneira, a recuperação é um instrumento que materializa bem o

princípio da preservação da empresa. Seus objetivos estão bem delineados na própria

lei: viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de

permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses

dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo

à atividade econômica (art. 47).

Então, legal, queremos preservar a empresa. Mas só vamos fazer isso com quem

realmente tenha condições para tanto. Se a situação é grave demais, se a crise é insu­

perável, se a continuidade da atividade não é viável, outro caminho não restará que

não a falência.

A LF traz uma listinha de meios de recuperação da empresa. Está no art. 50, que

tem 16 incisos. Não vou transcrever, desculpe, mas vale saber que o rol não é taxativo.

O próprio caput do artigo menciona a expressão "dentre outros".

Então vai ser assim: vamos ver o que está acontecendo na nossa empresa, e vamos

ver o que podemos fazer para que ela volte a ser lucrativa. Podemos escolher um ou

mais de um instrumento dentre os que a própria lei traz ou até mesmo qualquer outro

que ali não conste.

Aí, apresentamos ao juiz:· senhor juiz, a sociedade está passando por estes proble­

mas, e vamos resolver desta forma.

É a partir daí que o juiz ~ai fazer avaliar se poderá ou não conceder a medida.

Antes de falarmos dos procedimentos, vamos ver quais são os órgãos que com­

põem a recuperação judicial.

13 COELHO, Fábio Ulhoa. Manllal de direito comercial, p. 420.

159 - Empresarial para quem odeia empresarial

19.1. Órgãos

19.1.1. Assembleia geral É um órgão colegiado, composto pelos credores da sociedade que pleiteia a recu­

peração. Os credores de uma empresa em recuperação são as pessoas mais prejudica­das, porque são elas que vão ter que suportar algum prejuízo ou fazer concessõ~s de alguma maneira. É por isso que as decisões mais importantes são tomadas por essa assembleia.

Oba só o que cabe a ela decidir:

':4rt. 35· A assembleia geral de credores terá por atribuições deliberar sobre: I - na recuperação judicial: a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado

pelo devedor; b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) (vetado); d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do f 4~ do art. 52 desta Lei; e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores".

Pode ser convocada pelo ju~z, nas hipóteses previstas na lei, ou sempre que ele entender necessário. Ainda, credores com pelo menos 25% do total do passivo da so­ciedade podem convocá-la.

Fu:1ciona assim a convocação: publicação no diário oficial e em jornal de grande circulação, com a antecedência mínima de 15 dias. Aí, precisam estar presentes credo­res de pelo menos metade do passivo para a assembleia poder se instalar. Se não der, aí se faz uma segunda convocação, que deve respeitar o intervalo mínimo de 5 dias, e essa segunda pode acontecer com qualquer número de presentes.

Participam da assembleia todos os credores que constarem na lista geral, e todos eles têm direito de voto proporcional ao valor do seu crédito.

Funciona assim: a assembleia é organizada em instâncias. A top, lá em cima de tudo e de todos, é o plenário. A competência deste é residual: ele vai tratar de todos os assuntos que não sejam constituição do comitê e o plano de reorganização. As delibe­rações são tomadas por maioria dos votos, e, como dito, todos têm direito a voto proporcional ao crédito, mas a natureza deste não interfere em nada.

As outras instâncias (ou classes) relacionam-se com as classes de créditos: ~ uma formada por credores que se fundamentam na legislação trabalhista ou

decorrentes de acidentes de trabalho (classe I); ~ uma formada por credores com garantia real (classe li); ~ uma formada pelos outros credores com privilégio especial e geral, quirogra­

fários e subordinados (classe lll).

Recuperaç5o judicial 160

A Fazenda Pública não entra em lugar nenhum, e os credores titulares de crédito com garantia real podem estar na segunda ou na terceira classe. Isso porque, como já vimos, se o crédito com privilégio real não puder"ser pago integralmente com o valor da venda do bem-dado em garantia, o saldo será tido como quirografário. Aí, será as­sim: o cara vota na das se das garantias reais até o limite do valor do bem gravado e na terceira classe com o restante do crédito.

Essa galera vai decidir sobre a constituição e a composição do comitê e também votar sobre o plano de recuperação. Aqui, como dito, o plenário não fala nada. : O quórum geral será de maioria dos presentes, mas não dos votos, e sim do cré­

dito. Em uma hipótese o quórum será especial (fato: nunca em nenhum l~gar vai existir um quórum único). A hipótese é a aprovação do plano de recuperação.

Lembre, de novo: o plenário não vota-sobre isso. A votação, então, vai ser por classes. E, em cada classe, o plano de recuperação

deve ter mais da metade dos votos para ser aprovado. Dos votos. Percebeu a diferença? Nos outros assuntos, a votação era pelos créditos. Aqui não. É por voto. Cada credor tem um voto.

E não é só isso. É preciso que os credores que representem mais da metade do passivo apoiem o voto da classe dos credores com garantia real e dos credores com privilégio, quirografários e subordinados.

Vish. Vamos de novo? Regra geral: maioria do crédito. Exceção: aprovação, rejeição ou alteração do plano de recuperação. Precisa da

maioria dos presentes, cada classe_votando separadamente. Mais: a maioria do crédito tem que aprovar o voto das classes li e lll.

Deu agora? Parece complicado, eu sei, mas é só ler com atenção que dá para entender.

19.1.2. Administrador judicial É quase igual ao administrador na falência: pessoa designada pelo juiz, preferen­

cialmente advogado, economista, administrador de empresas, contador ou pessoa ju­rídica especializada.

Lembra quando falamos dos casos em que o administrador da falência poderia ser destituído? Dissemos que a sanção era ele não poder exercer a mesma função no prazo de 5 anos. A mesma sanção vale para o administrador da recuperação, ok? Tam­bém estão impedidos de exercer essa função parentes até o terceiro grau, amigos, ini­migos ou dependentes dos representantes legais da sociedade empresária que reque­rer a recuperação judicial.

A função desse cara aí vai depender de algumas coisas. Se o comitê (que é órgão facultativo) existir, vai verificar os créditos, presidir a

assembleia e fiscalizar a sociedade. Se o comitê não existir, o administrador vai fazer isso e mais tudo aquilo que caberia ao comitê fazer.

161 Empresarial para quem odeia empresarial

19.1. Órgãos

19.1.1. Assembleia geral É um órgão colegiado, composto pelos credores da sociedade que pleiteia a recu­

peração. Os credores de uma empresa em recuperação são as pessoas mais prejudica­das, porque são elas que vão ter que suportar algum prejuízo ou fazer concessõ~s de alguma maneira. É por isso que as decisões mais importantes são tomadas por essa assembleia.

Oba só o que cabe a ela decidir:

':4rt. 35· A assembleia geral de credores terá por atribuições deliberar sobre: I - na recuperação judicial: a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado

pelo devedor; b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) (vetado); d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do f 4~ do art. 52 desta Lei; e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores".

Pode ser convocada pelo ju~z, nas hipóteses previstas na lei, ou sempre que ele entender necessário. Ainda, credores com pelo menos 25% do total do passivo da so­ciedade podem convocá-la.

Fu:1ciona assim a convocação: publicação no diário oficial e em jornal de grande circulação, com a antecedência mínima de 15 dias. Aí, precisam estar presentes credo­res de pelo menos metade do passivo para a assembleia poder se instalar. Se não der, aí se faz uma segunda convocação, que deve respeitar o intervalo mínimo de 5 dias, e essa segunda pode acontecer com qualquer número de presentes.

Participam da assembleia todos os credores que constarem na lista geral, e todos eles têm direito de voto proporcional ao valor do seu crédito.

Funciona assim: a assembleia é organizada em instâncias. A top, lá em cima de tudo e de todos, é o plenário. A competência deste é residual: ele vai tratar de todos os assuntos que não sejam constituição do comitê e o plano de reorganização. As delibe­rações são tomadas por maioria dos votos, e, como dito, todos têm direito a voto proporcional ao crédito, mas a natureza deste não interfere em nada.

As outras instâncias (ou classes) relacionam-se com as classes de créditos: ~ uma formada por credores que se fundamentam na legislação trabalhista ou

decorrentes de acidentes de trabalho (classe I); ~ uma formada por credores com garantia real (classe li); ~ uma formada pelos outros credores com privilégio especial e geral, quirogra­

fários e subordinados (classe lll).

Recuperaç5o judicial 160

A Fazenda Pública não entra em lugar nenhum, e os credores titulares de crédito com garantia real podem estar na segunda ou na terceira classe. Isso porque, como já vimos, se o crédito com privilégio real não puder"ser pago integralmente com o valor da venda do bem-dado em garantia, o saldo será tido como quirografário. Aí, será as­sim: o cara vota na das se das garantias reais até o limite do valor do bem gravado e na terceira classe com o restante do crédito.

Essa galera vai decidir sobre a constituição e a composição do comitê e também votar sobre o plano de recuperação. Aqui, como dito, o plenário não fala nada. : O quórum geral será de maioria dos presentes, mas não dos votos, e sim do cré­

dito. Em uma hipótese o quórum será especial (fato: nunca em nenhum l~gar vai existir um quórum único). A hipótese é a aprovação do plano de recuperação.

Lembre, de novo: o plenário não vota-sobre isso. A votação, então, vai ser por classes. E, em cada classe, o plano de recuperação

deve ter mais da metade dos votos para ser aprovado. Dos votos. Percebeu a diferença? Nos outros assuntos, a votação era pelos créditos. Aqui não. É por voto. Cada credor tem um voto.

E não é só isso. É preciso que os credores que representem mais da metade do passivo apoiem o voto da classe dos credores com garantia real e dos credores com privilégio, quirografários e subordinados.

Vish. Vamos de novo? Regra geral: maioria do crédito. Exceção: aprovação, rejeição ou alteração do plano de recuperação. Precisa da

maioria dos presentes, cada classe_votando separadamente. Mais: a maioria do crédito tem que aprovar o voto das classes li e lll.

Deu agora? Parece complicado, eu sei, mas é só ler com atenção que dá para entender.

19.1.2. Administrador judicial É quase igual ao administrador na falência: pessoa designada pelo juiz, preferen­

cialmente advogado, economista, administrador de empresas, contador ou pessoa ju­rídica especializada.

Lembra quando falamos dos casos em que o administrador da falência poderia ser destituído? Dissemos que a sanção era ele não poder exercer a mesma função no prazo de 5 anos. A mesma sanção vale para o administrador da recuperação, ok? Tam­bém estão impedidos de exercer essa função parentes até o terceiro grau, amigos, ini­migos ou dependentes dos representantes legais da sociedade empresária que reque­rer a recuperação judicial.

A função desse cara aí vai depender de algumas coisas. Se o comitê (que é órgão facultativo) existir, vai verificar os créditos, presidir a

assembleia e fiscalizar a sociedade. Se o comitê não existir, o administrador vai fazer isso e mais tudo aquilo que caberia ao comitê fazer.

161 Empresarial para quem odeia empresarial

I ji

Também depende do que acontece com os diretores da sociedade que pleiteia a

recuperação. Se 0 juiz determina o afastamento elos diretores, o administrador judicial vai ad­

ministrar e representar a sociedade. Se o afastamento não for determinado, então o

administrador será o fiscal da sociedade, o presidente da assembleia e ainda vai cuidar

da verificação dos créditos.

19.1.3. Comitê Como já dito, é órgão facultativo, e quem vai decidir sobre a existência ou não

dele é a,.assembleia, por qualquer daquelas classes que vimos. Aí, aprovada a sua cria­

ção, cada uma das classes vai eleger um representante e dois suplentes.

A competência é basicamente a de fiscalizar tanto o administrador como a pró­

pria sociedade que requereu a recuperação. Se encontrar alguma coisa irregular, então

o comitê, por maioria de votos, deliberará sobre o encaminhamento de tal fato ao juiz

para providências. Além dessa função, o comitê pode, quando for o caso, elaborar plano de recupe­

ração alternativo e decidir sobre a alienação de bens do ativo permanente.

Quando o comitê não existir, suas funções serão exercidas pelo administrador,

mas este não poderá, por exemplo, fiscalizar a si me.smo. Então, as funções incompa­

tíveis serão exercidas pelo próprio juiz.

19.2. Processo da recuperação judicial Agora sim vamos ver como é efetivamente feita a recuperação. O processo todo

divide-se em três fases.

19 .2.1. Fase postulatória Vai da petição inicial até o despacho que manda processar o pedido.

Somente poderá pedir a recuperação o empresário individual ou a sociedade em­

presária. Só. Nem credor, nem empregado, nem o Papa, nem qualquer outra pessoa.

Só empresário e sociedade. Mesmo assim, algumas sociedades também não podem,

quais sejam, sociedades simples, em comum, de economia mista e cooperativas. Tam­

bém estão excluídas ela recuperação as sociedades que estão excluídas da falência.

Tá. Então vimos quem pode pedir a recuperação. Agora vamos ver o que precis,a

para pedir, ou seja, os requisitos, que estão no art. 48:

.- existir regularmente há mais de 2 anos;

.- não estar falido, ou, se já foi falido, ter as obrigações decorrentes ela falência

declaradas por sentença transitada em julgado;

.- não ter obtido recuperação judicial nos 5 anos anteriores, ou, se se tratar ele

ME ou EPP, nos 8 anos anteriores;

Recuperação judicial 162

.. não ter condenação em crime falimentar.

Se se tratar de empresário individual, falecendo este, o pedido pode ser feito pelo

cônjuge sobrevivente, herdeiro ou inventariante.

Então o carinha preenche os requisitos e vai pedir a recuperação. Precisa fazer

uma petição inicial bem bonitinha, onde deve constar um monte de coisas. E todas

essas coisas estão no art. 51 da LF. Também é bem grandinho, mas esse eu vou copiar.

Acho importante saber, e estou com a leve impressão de que ninguém lê os artigos que

eu não transcrevo.

"Art. 5 I. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:

I- a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões

da crise econômico-financeira;

11- as demonstrações contábeis relativas aos 3 últimos exercícios sociais e as levanta­

das especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legis-

lação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: ·

a) balanço patrimonial;

b) demonstração de resultados acumulados;

c) demonstração do resultado desde o último exercício social;

d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;

111- a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer

ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor

atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a

indicação dos registros contábeis de cada transação pendente;

IV- a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salá­

rios, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de compe­

tência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento;

V- certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato cons­

titutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores;

VI- a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do

devedor; Vll - os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais

aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em

bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras;

V111 - certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede

do devedor e naquelas onde possui filial;

IX - a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure

como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores

demandados" .

Beleza. Estando tudo direitinho, o juiz manda processar a recuperação. Veja:

manda processar. Eu não disse que já, neste momento, o juiz vai homologar a recu­

peração.

163 Empresarial para quem odeia empresarial

I ji

Também depende do que acontece com os diretores da sociedade que pleiteia a

recuperação. Se 0 juiz determina o afastamento elos diretores, o administrador judicial vai ad­

ministrar e representar a sociedade. Se o afastamento não for determinado, então o

administrador será o fiscal da sociedade, o presidente da assembleia e ainda vai cuidar

da verificação dos créditos.

19.1.3. Comitê Como já dito, é órgão facultativo, e quem vai decidir sobre a existência ou não

dele é a,.assembleia, por qualquer daquelas classes que vimos. Aí, aprovada a sua cria­

ção, cada uma das classes vai eleger um representante e dois suplentes.

A competência é basicamente a de fiscalizar tanto o administrador como a pró­

pria sociedade que requereu a recuperação. Se encontrar alguma coisa irregular, então

o comitê, por maioria de votos, deliberará sobre o encaminhamento de tal fato ao juiz

para providências. Além dessa função, o comitê pode, quando for o caso, elaborar plano de recupe­

ração alternativo e decidir sobre a alienação de bens do ativo permanente.

Quando o comitê não existir, suas funções serão exercidas pelo administrador,

mas este não poderá, por exemplo, fiscalizar a si me.smo. Então, as funções incompa­

tíveis serão exercidas pelo próprio juiz.

19.2. Processo da recuperação judicial Agora sim vamos ver como é efetivamente feita a recuperação. O processo todo

divide-se em três fases.

19 .2.1. Fase postulatória Vai da petição inicial até o despacho que manda processar o pedido.

Somente poderá pedir a recuperação o empresário individual ou a sociedade em­

presária. Só. Nem credor, nem empregado, nem o Papa, nem qualquer outra pessoa.

Só empresário e sociedade. Mesmo assim, algumas sociedades também não podem,

quais sejam, sociedades simples, em comum, de economia mista e cooperativas. Tam­

bém estão excluídas ela recuperação as sociedades que estão excluídas da falência.

Tá. Então vimos quem pode pedir a recuperação. Agora vamos ver o que precis,a

para pedir, ou seja, os requisitos, que estão no art. 48:

.- existir regularmente há mais de 2 anos;

.- não estar falido, ou, se já foi falido, ter as obrigações decorrentes ela falência

declaradas por sentença transitada em julgado;

.- não ter obtido recuperação judicial nos 5 anos anteriores, ou, se se tratar ele

ME ou EPP, nos 8 anos anteriores;

Recuperação judicial 162

.. não ter condenação em crime falimentar.

Se se tratar de empresário individual, falecendo este, o pedido pode ser feito pelo

cônjuge sobrevivente, herdeiro ou inventariante.

Então o carinha preenche os requisitos e vai pedir a recuperação. Precisa fazer

uma petição inicial bem bonitinha, onde deve constar um monte de coisas. E todas

essas coisas estão no art. 51 da LF. Também é bem grandinho, mas esse eu vou copiar.

Acho importante saber, e estou com a leve impressão de que ninguém lê os artigos que

eu não transcrevo.

"Art. 5 I. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:

I- a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões

da crise econômico-financeira;

11- as demonstrações contábeis relativas aos 3 últimos exercícios sociais e as levanta­

das especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legis-

lação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: ·

a) balanço patrimonial;

b) demonstração de resultados acumulados;

c) demonstração do resultado desde o último exercício social;

d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;

111- a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer

ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor

atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a

indicação dos registros contábeis de cada transação pendente;

IV- a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salá­

rios, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de compe­

tência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento;

V- certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato cons­

titutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores;

VI- a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do

devedor; Vll - os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais

aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em

bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras;

V111 - certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede

do devedor e naquelas onde possui filial;

IX - a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure

como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores

demandados" .

Beleza. Estando tudo direitinho, o juiz manda processar a recuperação. Veja:

manda processar. Eu não disse que já, neste momento, o juiz vai homologar a recu­

peração.

163 Empresarial para quem odeia empresarial

Esse despacho significa apeàas que quem fez o pedido é legitimado, e que cum­priu as determinações legais da petição inicial. Mais nada. Não está decidido ainda se a sociedade ou o empresário serão beneficiados com a recuperação.

No despacho de processamento, o juiz já nomeia o administrador judicial, manda intimar o Ministério Público e comunica a Fazenda Pública de que o pedido foi pro­cessado. Esse despacho deve ser publicado no diário oficial, e já vai ter a data, horário e local de convocação da assembleia geral.

O efeito. mais importante desse despacho é a suspensão de todas as ações que estiverem correndo contra o devedor. E olha só: em regra, suspende todo mundo; mas, lógico, tem exceções.

As ações que não se suspendem são praticamente as mesmas que não se suspen-dem pela falência:

~ as que demandam quantias ilíquidas; ~ as trabalhistas;

~ as execuções fiscais.

Até aí, igual. A diferença é a última: as ações promovidas por credores que não se

submetem ao regime da recuperação de empresas, como os bancos, também não se­rão suspensas.

Outra diferença é a seguinte: enquanto na falência as ações ficam suspensas por tod-o o período desta, na recuperação a suspensão é temporária. As ações vão ficar paradas no máximo 180 dias.

Se, ultrapassado esse prazo, não tiver havido a aprovação do plano, elas voltam a correr.

19.2.2. Fase de deliberação

Depois do despacho que defere o processamento da recuperação, inicia-se a fase de deliberações, e o principal objetivo dessa fase é votar o plano de recuperação.

Primeiro de tudo, deve ser feita a habilitação dos créditos, que ocorre da mes­ma forma que na falência. Até colocamos o quadrinho lá atrás, lembra dele? Então. É igual.

Aí, todo mundo habilitado, vamos analisar o plano.

Mesmo o legislador tendo deixado o empresário à vontade quanto à elaboração do plano, determinou algumas balizas que obrigatoriamente deverão ser seguidas:

~ empregados com direitos vencidos na data da apresentação do pedido devem ser pagos em no máximo 1 ano; os salários devem ser pagos em 30 dias;

~ os débitos fiscais deverão ser parcelados na forma determinada e autorizada pelo Código Tributário Nacional;

~ se no plano houver previsão de alienação de bem onerado, essa alienação ou mesmo a substituição da garantia deve ser expressamente aprovada pelo credor;

Recuperação judicial 164

~ créditos em moeda estrangeira só podem ser convertidos para mqeda nacio­

nal corr_ a anuência expressa também do titular do crédito. Tirando essas premissas, o restante do crédito pode ser alterado, suprimido, di­

minuídJ, parcelado, qualquer coisa. O empresário vai fazer o plano, e depois os credo­res vão dizer se concordam com o que foi proposto.

O plano deve ser àpresentado em até 6o dias contados do despacho que determi­na o processamento da recuperação, e conterá todos os detalhes e mecanismos que o e~presário entende suficientes e necessários para retomar suas atividades. .

São os credores que decidem se o plano de recuperação deve ser homologado ou não. Eles podem, inclusive, caso não concordem com o que o devedor apresentou, oferecer plano alternativo. Também podem apresentar objeções ao plano oferecido pelo devedor, mas devem fazê-lo no prazo de 30 dias, comados da data da publicação do edital.

Po::le ser que o plano tenha sido apresentado, pelo devedor, junto com a inicial. Dissemos que o prazo máximo é de 6o dias do despacho que manda processar a recu­peração, mas nada impede que seja apresentado antes. Se apresentado antes, então, esse prazo é contado da publicação do aviso de recebimento do plano.

Se nesse prazo ninguém apresentar nenhuma objeção, o juiz bate o martelo e a recuperação é homologada.

Caso haja alterações, o juiz só pode fazer a homologação quando o devedor ex­pressamente concordar com elas. E mais: as alterações não podem trazer prejuízo aos credores que estiveram ausentes nas deliberações, ou seja, os que não participaram da assembleia.

Finalmente, se os credores não concordarem com o plano, o juiz decretará a fa­lência.

Hâ um caso, contudo, em que o plano é aprovado fora desses moldes, ou seja, ainda que não aprovado por todos os credores. É a hipótese de o plano de recuperação ser quase aprovado.

Vamos devagar. O lance de quase aprovação funciona assim: primeiro, precisa cumprir três requisitos cumulativos:

~ aprovação do plano pela maioria do crédito votante presente, independente­mente ias classes;

~ aprovação por pelo menos duas classes, ou, se só duas estiverem presentes, por uma delas;

~ aprovação por pelo menos 1/3 dos credores da classe que rejeitou o plano. Se tudo isso acontecer, o juiz pode (é faculdade dele) conceder a recuperação.

19.2.3. Fase de execução

É a fase em que o devedor vai cumprir aquilo que foi homologado pelo juiz. Em regra, o plano homologado é imutável; caso haja descumprimento, a falência será

165 [empresarial para quem odeia empresarial

Esse despacho significa apeàas que quem fez o pedido é legitimado, e que cum­priu as determinações legais da petição inicial. Mais nada. Não está decidido ainda se a sociedade ou o empresário serão beneficiados com a recuperação.

No despacho de processamento, o juiz já nomeia o administrador judicial, manda intimar o Ministério Público e comunica a Fazenda Pública de que o pedido foi pro­cessado. Esse despacho deve ser publicado no diário oficial, e já vai ter a data, horário e local de convocação da assembleia geral.

O efeito. mais importante desse despacho é a suspensão de todas as ações que estiverem correndo contra o devedor. E olha só: em regra, suspende todo mundo; mas, lógico, tem exceções.

As ações que não se suspendem são praticamente as mesmas que não se suspen-dem pela falência:

~ as que demandam quantias ilíquidas; ~ as trabalhistas;

~ as execuções fiscais.

Até aí, igual. A diferença é a última: as ações promovidas por credores que não se

submetem ao regime da recuperação de empresas, como os bancos, também não se­rão suspensas.

Outra diferença é a seguinte: enquanto na falência as ações ficam suspensas por tod-o o período desta, na recuperação a suspensão é temporária. As ações vão ficar paradas no máximo 180 dias.

Se, ultrapassado esse prazo, não tiver havido a aprovação do plano, elas voltam a correr.

19.2.2. Fase de deliberação

Depois do despacho que defere o processamento da recuperação, inicia-se a fase de deliberações, e o principal objetivo dessa fase é votar o plano de recuperação.

Primeiro de tudo, deve ser feita a habilitação dos créditos, que ocorre da mes­ma forma que na falência. Até colocamos o quadrinho lá atrás, lembra dele? Então. É igual.

Aí, todo mundo habilitado, vamos analisar o plano.

Mesmo o legislador tendo deixado o empresário à vontade quanto à elaboração do plano, determinou algumas balizas que obrigatoriamente deverão ser seguidas:

~ empregados com direitos vencidos na data da apresentação do pedido devem ser pagos em no máximo 1 ano; os salários devem ser pagos em 30 dias;

~ os débitos fiscais deverão ser parcelados na forma determinada e autorizada pelo Código Tributário Nacional;

~ se no plano houver previsão de alienação de bem onerado, essa alienação ou mesmo a substituição da garantia deve ser expressamente aprovada pelo credor;

Recuperação judicial 164

~ créditos em moeda estrangeira só podem ser convertidos para mqeda nacio­

nal corr_ a anuência expressa também do titular do crédito. Tirando essas premissas, o restante do crédito pode ser alterado, suprimido, di­

minuídJ, parcelado, qualquer coisa. O empresário vai fazer o plano, e depois os credo­res vão dizer se concordam com o que foi proposto.

O plano deve ser àpresentado em até 6o dias contados do despacho que determi­na o processamento da recuperação, e conterá todos os detalhes e mecanismos que o e~presário entende suficientes e necessários para retomar suas atividades. .

São os credores que decidem se o plano de recuperação deve ser homologado ou não. Eles podem, inclusive, caso não concordem com o que o devedor apresentou, oferecer plano alternativo. Também podem apresentar objeções ao plano oferecido pelo devedor, mas devem fazê-lo no prazo de 30 dias, comados da data da publicação do edital.

Po::le ser que o plano tenha sido apresentado, pelo devedor, junto com a inicial. Dissemos que o prazo máximo é de 6o dias do despacho que manda processar a recu­peração, mas nada impede que seja apresentado antes. Se apresentado antes, então, esse prazo é contado da publicação do aviso de recebimento do plano.

Se nesse prazo ninguém apresentar nenhuma objeção, o juiz bate o martelo e a recuperação é homologada.

Caso haja alterações, o juiz só pode fazer a homologação quando o devedor ex­pressamente concordar com elas. E mais: as alterações não podem trazer prejuízo aos credores que estiveram ausentes nas deliberações, ou seja, os que não participaram da assembleia.

Finalmente, se os credores não concordarem com o plano, o juiz decretará a fa­lência.

Hâ um caso, contudo, em que o plano é aprovado fora desses moldes, ou seja, ainda que não aprovado por todos os credores. É a hipótese de o plano de recuperação ser quase aprovado.

Vamos devagar. O lance de quase aprovação funciona assim: primeiro, precisa cumprir três requisitos cumulativos:

~ aprovação do plano pela maioria do crédito votante presente, independente­mente ias classes;

~ aprovação por pelo menos duas classes, ou, se só duas estiverem presentes, por uma delas;

~ aprovação por pelo menos 1/3 dos credores da classe que rejeitou o plano. Se tudo isso acontecer, o juiz pode (é faculdade dele) conceder a recuperação.

19.2.3. Fase de execução

É a fase em que o devedor vai cumprir aquilo que foi homologado pelo juiz. Em regra, o plano homologado é imutável; caso haja descumprimento, a falência será

165 [empresarial para quem odeia empresarial

decretada. Se por acaso ocorre.r alteração substancial na situação econômico-finan­ceira da sociedade ou elo empresário devedor, pode rolar um aditamento no plano, desde que a assembleia concorde com isso.

A empresa, então, continuará funcionando normalmente, mas não poderá ven­der ou gravar de ônus os bens do ativo permanente a não ser que tal situação esteja prevista no plano de recuperação ou que a operação seja necessária para o cumpri­mento deste. Ainda assim, neste último caso, de necessidade para o cumprimento do plano, é preciso que o juiz aprove, depois de ouvido o comitê.

Em regra, os administradores ela sociedade continuarão a exercer o cargo, mas pode o j]:!iZ afastá-los, se entender pertinente, e nomear gestor judicial, que ficará in­cumbido de todos os atos de administração da sociedade.

O deferimento ela recuperação deve ser averbado junto aos atos constitutivos ela sociedade na junta Comercial, e será acrescida a expressão "erú recuperação" ao nome empresarial.

A recuperação acaba pelo cumprimento ele todas as obrigações no prazo de 2

anos ou por pedido de desistência elo devedor, que pode ser feito a qualquer tempo e estará sujeito a aprovação pela assembleia.

19.3. Microempresa e empresa de pequeno 'porte Para as MEs e EPPs, a recuperação judicial tem algumas regrinhas específicas. O

que vai ser feito é o chamado plano especial, no qual todas os débitos quirografários serão parcelados em até 36 vezes, e a primeira parcela será devida em até 180 dias ela distribuição do pedido.

Esse plano especial é aprovado ou rejeitado pelo juiz: a assembleia de credores nem se envolve.

Dívidas trabalhistas e tributárias não entram nesse parcelamento. O procedimento é o básico: o devedor ingressa com a petição inicial, que já traz

o chamado plano especial. Os credores podem apresentar objeção, mas só têm o direi­to de questionar se as condições apresentadas são as mesmas dadas pela lei. O juiz analisa requisitos e objeções, e homologa ou não.

Se homologado o plano, seu descumprimento gera a decretação da falência. Veja a diferença: para ME e EPP, as ações e execuções só serão suspensas quando

da homologação do plano. Nas demais sociedades, suspendem-se as ações com o eles- ; pacho que manda processar a recuperação.

19.4. Convolação em falência Ocorre nos seguintes casos:

._ se, em assembleia, os credores titulares de mais da metade do crédito enten­derem que a recuperação é totalmente infundada e inviável;

Recuperação judicial 166

.- se o devedor não apresenta o plano de recuperação no prazo;

.- se o plano é rejeitado em assembleia;

.- se o devedor descumprir o plano homologado. Aí, vira falência. Detalhe: os credores quirografários cujos créditos sejam consti­

tuídos posteriormente ao pedido de recuperação serão considerados credores com crédito extraconcursal (vão lá para o comecinho dá lista). Os quirografários anteriores ao pedido serão considerados credores de créditos com privilégio, desde que tenham continuado a contratação com a sociedade enquanto esta tentava se recuperar.

···················································································· e maiá. um capi1:uio. <Le. u.ai.. Minha pretensão de importância por ter sido cha­

mada por vários nomes já passou. Voltei a ser só a menina que gosta de escre­

ver. Mas tá bom. t:u sou feliz assim também.

····················································································

167 Empresarial para quem odeia empresarial

decretada. Se por acaso ocorre.r alteração substancial na situação econômico-finan­ceira da sociedade ou elo empresário devedor, pode rolar um aditamento no plano, desde que a assembleia concorde com isso.

A empresa, então, continuará funcionando normalmente, mas não poderá ven­der ou gravar de ônus os bens do ativo permanente a não ser que tal situação esteja prevista no plano de recuperação ou que a operação seja necessária para o cumpri­mento deste. Ainda assim, neste último caso, de necessidade para o cumprimento do plano, é preciso que o juiz aprove, depois de ouvido o comitê.

Em regra, os administradores ela sociedade continuarão a exercer o cargo, mas pode o j]:!iZ afastá-los, se entender pertinente, e nomear gestor judicial, que ficará in­cumbido de todos os atos de administração da sociedade.

O deferimento ela recuperação deve ser averbado junto aos atos constitutivos ela sociedade na junta Comercial, e será acrescida a expressão "erú recuperação" ao nome empresarial.

A recuperação acaba pelo cumprimento ele todas as obrigações no prazo de 2

anos ou por pedido de desistência elo devedor, que pode ser feito a qualquer tempo e estará sujeito a aprovação pela assembleia.

19.3. Microempresa e empresa de pequeno 'porte Para as MEs e EPPs, a recuperação judicial tem algumas regrinhas específicas. O

que vai ser feito é o chamado plano especial, no qual todas os débitos quirografários serão parcelados em até 36 vezes, e a primeira parcela será devida em até 180 dias ela distribuição do pedido.

Esse plano especial é aprovado ou rejeitado pelo juiz: a assembleia de credores nem se envolve.

Dívidas trabalhistas e tributárias não entram nesse parcelamento. O procedimento é o básico: o devedor ingressa com a petição inicial, que já traz

o chamado plano especial. Os credores podem apresentar objeção, mas só têm o direi­to de questionar se as condições apresentadas são as mesmas dadas pela lei. O juiz analisa requisitos e objeções, e homologa ou não.

Se homologado o plano, seu descumprimento gera a decretação da falência. Veja a diferença: para ME e EPP, as ações e execuções só serão suspensas quando

da homologação do plano. Nas demais sociedades, suspendem-se as ações com o eles- ; pacho que manda processar a recuperação.

19.4. Convolação em falência Ocorre nos seguintes casos:

._ se, em assembleia, os credores titulares de mais da metade do crédito enten­derem que a recuperação é totalmente infundada e inviável;

Recuperação judicial 166

.- se o devedor não apresenta o plano de recuperação no prazo;

.- se o plano é rejeitado em assembleia;

.- se o devedor descumprir o plano homologado. Aí, vira falência. Detalhe: os credores quirografários cujos créditos sejam consti­

tuídos posteriormente ao pedido de recuperação serão considerados credores com crédito extraconcursal (vão lá para o comecinho dá lista). Os quirografários anteriores ao pedido serão considerados credores de créditos com privilégio, desde que tenham continuado a contratação com a sociedade enquanto esta tentava se recuperar.

···················································································· e maiá. um capi1:uio. <Le. u.ai.. Minha pretensão de importância por ter sido cha­

mada por vários nomes já passou. Voltei a ser só a menina que gosta de escre­

ver. Mas tá bom. t:u sou feliz assim também.

····················································································

167 Empresarial para quem odeia empresarial

·.\_· . .,_ __ ~--

20. Prostrada: ....... '

recuperação extraj_utlicial·

jlaf;.e ~ di.,a4 e.m qu.e-IJ.O.C-i tem a~ de que não deveria ter saído

da cama? Pois é. 1-ioje é um deles.

Alguns dias poderiam não existir.

Não vou começar a escrever sobre isso, senão ficaremos falando mais dos

desgostos da minha vida do que do direito empresarial. Vamos continuar. Já passamos da metade do conteudo. ~stamos indo bem.

Vamos falar agora da recuperação extrajudicial, que ocorre quando o próprio de­vedor chama os credores para negociar suas dívidas. Embora possa parecer uma solu­ção bem legal para uma empresa que "anda mal das pernas", esse recurso não tem sido muito utilizado.

O si te do Tribunal de justiça de São Paulo informou certa vez que, no ano em que (.~"'H:~i de Falências entrou em vigor, as varas especializadas da comarca de São Paulo

receberam 1.109 pedidos de falência, 17 de autofalência e 56 de recuperação judicial. .,;;:::~~.ó.I~so mesmo. Nenhum de recuperação extrajudicial. Mas isso foi em 2005. Agora p~s?t número já está aumentando. Devagarzinho, mas está.

:-o;.:~_ji( yegal. '. ,.'~ ;:}~Quem, então, pode pedir a recuperação extrajudicial? Fácil: as mesmas pessoas que ·'·"-'·põde1~.pedir a judicial. Então, também precisa preencher os requisitos do art. 48:

~c·, exercer atividade empresarial regularmente há mais de 2 anos; ~ não ser falido, ou, se for, ter as obrigações declaradas extintas por sentença

.J}J~psitada em julgado; . -~~}·} ~ não ter obtido recuperação judicial nos últimos 5 anos, ou, se ME ou EPP, nos ".".últimos 8 anos;

~ não ter sido condenado por crime falimentar. . . Só uma coisinha. Quando falei desse requisito lá na recuperação, sobre os crimes

.,~;l,f~limentares, é assim: se se tratar de empresário individual, é o próprio empresário ·•..>::.:;·v

que não pode ter a condenação; se se tratar de sociedade empresária, o administrador ou sócio controlador é que não podem ter sido condenados.

Esses são os requisitos que vimos na recuperação judicial. Na extrajudicial, ainda tem mais um, que está no§ 3~ do art. 161: "O devedor não poderá requerer a homologa­ção de plano extrajúdicial, se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 anos".

Então, tá. Se o devedor apresenta todos esses requisitos, pode preparar um plano de recuperação e mostrar aos seus credores. Se estes concordarem, levam ao juiz para homologar..

Perceba uma coisa: esses requisitos só são necessários se o devedor quiser submeter seu plano à homologação do juiz. Se ele quiser simplesmente conversar com seus credores, mostrar um plano a eles e não levar nada ao judiciário, não precisa requisito nenhum, ok?

Mas, então, o que tem de diferente dessa recuperação para a judicial? Exatamen­te o plano.

Primeira regra: o plano de recuperação extrajudicial não pode trazer qualquer con­dição que prejudique os credores que não se submeterem a ele. Veja que não há publica­ção de edital, lista de credores, nada disso. Então, pode ser que algum dos credores que não esteja nem sabendo desse plano seja prejudicado por ele. Isso não é permitido.

Também não pode o plano contemplar pagamento antecipado de dívidas. Nada mais óbvio. Se o devedor está em crise, não há nada que justifique a eventual vontade dele de pagar alguma ou algumas de suas dívidas antecipadamente.

Outra coisa: só podem entrar nesse plano os créditos que já estejam constituídos na data do pedido de homologação.

No mais, no que diz respeito à alienação de bens que tenham sido gravados de ônus ou no caso de créditos em moeda estrangeira, as regras são as mesmas da recu­peração judicial.

Importantíssimo: os credores titulares de créditos fiscais, trabalhistas e decor­rentes de acidente do trabalho não podem entrar no plano de recuperação extrajudi­cial. Todos os demais podem entrar no plano, mas não confunda: aqui não tem ordem nenhuma a ser seguida. Vale o que estiver disposto no plano.

Para pedir a homologação da recuperação judicial, o devedor faz assim: .petição inicial, em que ele deve juntar a sua justificativa, comprovar os requisitos e juntar o seu plano com a assinatura de todos os credores. Então, veja: quando for pedir a ho­mologação, todo mundo já deve ter concordado com o plano .

Não cabe ao juiz decidir se o plano é bom ou não, entendeu? Quando chega às mãos do juiz, o plano já foi discutido e aceito por todos os credores. O juiz só vai ana­lisar os requisitos, e não o plano em si.

Tá. Mas, se todo mundo já assinou, por que exatamente o devedor deve levar ao juiz? Porque a homologação "prende" os credores. Ou seja, uma vez homologado, eles

169 Empresarial para quem odeia empresarial

·.\_· . .,_ __ ~--

20. Prostrada: ....... '

recuperação extraj_utlicial·

jlaf;.e ~ di.,a4 e.m qu.e-IJ.O.C-i tem a~ de que não deveria ter saído

da cama? Pois é. 1-ioje é um deles.

Alguns dias poderiam não existir.

Não vou começar a escrever sobre isso, senão ficaremos falando mais dos

desgostos da minha vida do que do direito empresarial. Vamos continuar. Já passamos da metade do conteudo. ~stamos indo bem.

Vamos falar agora da recuperação extrajudicial, que ocorre quando o próprio de­vedor chama os credores para negociar suas dívidas. Embora possa parecer uma solu­ção bem legal para uma empresa que "anda mal das pernas", esse recurso não tem sido muito utilizado.

O si te do Tribunal de justiça de São Paulo informou certa vez que, no ano em que (.~"'H:~i de Falências entrou em vigor, as varas especializadas da comarca de São Paulo

receberam 1.109 pedidos de falência, 17 de autofalência e 56 de recuperação judicial. .,;;:::~~.ó.I~so mesmo. Nenhum de recuperação extrajudicial. Mas isso foi em 2005. Agora p~s?t número já está aumentando. Devagarzinho, mas está.

:-o;.:~_ji( yegal. '. ,.'~ ;:}~Quem, então, pode pedir a recuperação extrajudicial? Fácil: as mesmas pessoas que ·'·"-'·põde1~.pedir a judicial. Então, também precisa preencher os requisitos do art. 48:

~c·, exercer atividade empresarial regularmente há mais de 2 anos; ~ não ser falido, ou, se for, ter as obrigações declaradas extintas por sentença

.J}J~psitada em julgado; . -~~}·} ~ não ter obtido recuperação judicial nos últimos 5 anos, ou, se ME ou EPP, nos ".".últimos 8 anos;

~ não ter sido condenado por crime falimentar. . . Só uma coisinha. Quando falei desse requisito lá na recuperação, sobre os crimes

.,~;l,f~limentares, é assim: se se tratar de empresário individual, é o próprio empresário ·•..>::.:;·v

que não pode ter a condenação; se se tratar de sociedade empresária, o administrador ou sócio controlador é que não podem ter sido condenados.

Esses são os requisitos que vimos na recuperação judicial. Na extrajudicial, ainda tem mais um, que está no§ 3~ do art. 161: "O devedor não poderá requerer a homologa­ção de plano extrajúdicial, se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 anos".

Então, tá. Se o devedor apresenta todos esses requisitos, pode preparar um plano de recuperação e mostrar aos seus credores. Se estes concordarem, levam ao juiz para homologar..

Perceba uma coisa: esses requisitos só são necessários se o devedor quiser submeter seu plano à homologação do juiz. Se ele quiser simplesmente conversar com seus credores, mostrar um plano a eles e não levar nada ao judiciário, não precisa requisito nenhum, ok?

Mas, então, o que tem de diferente dessa recuperação para a judicial? Exatamen­te o plano.

Primeira regra: o plano de recuperação extrajudicial não pode trazer qualquer con­dição que prejudique os credores que não se submeterem a ele. Veja que não há publica­ção de edital, lista de credores, nada disso. Então, pode ser que algum dos credores que não esteja nem sabendo desse plano seja prejudicado por ele. Isso não é permitido.

Também não pode o plano contemplar pagamento antecipado de dívidas. Nada mais óbvio. Se o devedor está em crise, não há nada que justifique a eventual vontade dele de pagar alguma ou algumas de suas dívidas antecipadamente.

Outra coisa: só podem entrar nesse plano os créditos que já estejam constituídos na data do pedido de homologação.

No mais, no que diz respeito à alienação de bens que tenham sido gravados de ônus ou no caso de créditos em moeda estrangeira, as regras são as mesmas da recu­peração judicial.

Importantíssimo: os credores titulares de créditos fiscais, trabalhistas e decor­rentes de acidente do trabalho não podem entrar no plano de recuperação extrajudi­cial. Todos os demais podem entrar no plano, mas não confunda: aqui não tem ordem nenhuma a ser seguida. Vale o que estiver disposto no plano.

Para pedir a homologação da recuperação judicial, o devedor faz assim: .petição inicial, em que ele deve juntar a sua justificativa, comprovar os requisitos e juntar o seu plano com a assinatura de todos os credores. Então, veja: quando for pedir a ho­mologação, todo mundo já deve ter concordado com o plano .

Não cabe ao juiz decidir se o plano é bom ou não, entendeu? Quando chega às mãos do juiz, o plano já foi discutido e aceito por todos os credores. O juiz só vai ana­lisar os requisitos, e não o plano em si.

Tá. Mas, se todo mundo já assinou, por que exatamente o devedor deve levar ao juiz? Porque a homologação "prende" os credores. Ou seja, uma vez homologado, eles

169 Empresarial para quem odeia empresarial

não poderão mais desistir daquilo com o que concordaram. A desistência só pode·

ocorrer mediante a anuência dos demais credores.

Mais detalhes. Quando falamos da recuperação judicial, dissemos que existe a

possibilidade de ela ser decretada com a quase aceitação da assembleia de credores.

Lembra? Aqui também tem esse lance. Dá uma lida no art. 163:

"Art. 163. O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperação

extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por cre­

dores que representem mais de 3/5 de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos".

Então, o devedor pode obrigar os credores que não concordaram com o plano atra­

vés da homologação, desde que titulares de 3/5 dos créditos esteja de acordo com ele.

Legal. O juiz, assim que receber a inicial, e percebendo que os requisitos foram todos

preenchidos, manda publicar edital no diário oficial e em jornal de grande circulação, no

local da sede e de todos os estabelecimentos do devedor, convocando os credores para

apresentar impugnações. Mas as impugnações não podem ser de qualquer espécie.

Somente algumas matérias podem ser objeto de impugnação:

., não preenchimento do percentual de 3/5, caso o plano tenha sido homologado

nos termos do art. 163;

., prática de qualquer ato de falência;

., descumprimento de qualquer outra exigência legal.

O prazo para apresentação de impugnações é de 30 dias, contados da data da

publicação do edital. Mais uma coisa: como não há lista de credores, o devedor deve

mandar uma cartinha para cada um deles, informando que ingressou com o pedido de

recuperação.

Na impugnação, o credor deve comprovar seu crédito, sob pena de ela não ser

recebida. O devedor, então, terá 5 dias para se manifestar. Com a manifestação ou sem

ela, os autos seguirão para o juiz, que decidirá sobre as impugnações e também sobre

a eventual homologação do plano.

Veja o art. 164, § 6~: "Havendo prova de simulação de créditos ou vício de represen-

tação dos credores que subscreverem o plano, a sua homologação será indeferida".

Se o pedido de homologação for indeferido, olha o que pode acontecer:

., o devedor apela;

., se o indeferimento ocorreu por falta de cumprimento dos requisitos, o deve-,

dor pode arrumar o que estava errado e apresentar novo pedido.

A sentença que homologa o plano é titulo judicial.

Jai ILápiclo., ni? Ainda bem. t: eu vou passar o resto do meu dia fazendo ab­

solutamente nada. porque é certeza que qualquer coisa que eu tentar fazer vai

dar errado.

Recuperação extrajudicial 170

);:) .,;',;:~ .. ;./

21 . Crianças:

., . ·''l

.,f .•·.~ -: ·1 . --·-' /

I

liqúiâação extrajudicial dgsJ, instituições financeiras

.................................................................................... 1:J.o.je uma amicju.inAa da c.IÚ-a U-ei..o. ~ cuyui em ca.ã.a. Mesma idade

dela, 4 anos e meio. Cuidar de duas crianças é muito mais fácil do que de

uma só: estão as duas na sala ao lado, sentadinhas no tapete, assistindo

"Barbie em t:scola ele Princesas" e fazendo colarezinhos de miçangas. t: eu

trabalhando.

Coisa mais linda do mundo as duas.

Agora pouco me peguei olhando para elas e pensando: o que será que

passa nas suas cabecinhas?

Não me lembro de muita coisa de quando eu tinha essa idade. Sei que

estudava numa escola chamada Cirandinha, e que adorava o dia ele brincar

com massinha de modelar. Também me lembro da casa onde morava. t:ra pe­

quena. e dividia o quarto com minha irmã. Achava superinjusto que meu irmão

tivesse um quarto ~ó dele.

Lembro-me também que às quartas e sábados era dia de o meu pai jogar

futebol. t:ntão íamos todos ao clube. t:ra uma delícia nadar lá. l-1oje acho que a

piscina nem existe.mais .

Aos poucos, ~s preocupações começaram a surgir. Primeiro, o fato de eu

ser gordinha. Depois, o medo de tirar nota baixa. Aí, os menininhos. A escola

nova. O vestibular. O primeiro emprego.

Não estavam mentindo quando me diziam que passaria rápido demais.

Não me lembro quando comecei a ter preocupações mais densas, mais

complexas. Não sei dizer quando deixei de ser uma pessoa normal e passei a

ser uma doida. que se preocu-pa com tudo e que faz drama por tudo. Difícil,

também, pensar que a minha pequena, que agora pouco ficou brava por eu ter

dito que é hora de dormir, um dia vai ser como eu.

não poderão mais desistir daquilo com o que concordaram. A desistência só pode·

ocorrer mediante a anuência dos demais credores.

Mais detalhes. Quando falamos da recuperação judicial, dissemos que existe a

possibilidade de ela ser decretada com a quase aceitação da assembleia de credores.

Lembra? Aqui também tem esse lance. Dá uma lida no art. 163:

"Art. 163. O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperação

extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por cre­

dores que representem mais de 3/5 de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos".

Então, o devedor pode obrigar os credores que não concordaram com o plano atra­

vés da homologação, desde que titulares de 3/5 dos créditos esteja de acordo com ele.

Legal. O juiz, assim que receber a inicial, e percebendo que os requisitos foram todos

preenchidos, manda publicar edital no diário oficial e em jornal de grande circulação, no

local da sede e de todos os estabelecimentos do devedor, convocando os credores para

apresentar impugnações. Mas as impugnações não podem ser de qualquer espécie.

Somente algumas matérias podem ser objeto de impugnação:

., não preenchimento do percentual de 3/5, caso o plano tenha sido homologado

nos termos do art. 163;

., prática de qualquer ato de falência;

., descumprimento de qualquer outra exigência legal.

O prazo para apresentação de impugnações é de 30 dias, contados da data da

publicação do edital. Mais uma coisa: como não há lista de credores, o devedor deve

mandar uma cartinha para cada um deles, informando que ingressou com o pedido de

recuperação.

Na impugnação, o credor deve comprovar seu crédito, sob pena de ela não ser

recebida. O devedor, então, terá 5 dias para se manifestar. Com a manifestação ou sem

ela, os autos seguirão para o juiz, que decidirá sobre as impugnações e também sobre

a eventual homologação do plano.

Veja o art. 164, § 6~: "Havendo prova de simulação de créditos ou vício de represen-

tação dos credores que subscreverem o plano, a sua homologação será indeferida".

Se o pedido de homologação for indeferido, olha o que pode acontecer:

., o devedor apela;

., se o indeferimento ocorreu por falta de cumprimento dos requisitos, o deve-,

dor pode arrumar o que estava errado e apresentar novo pedido.

A sentença que homologa o plano é titulo judicial.

Jai ILápiclo., ni? Ainda bem. t: eu vou passar o resto do meu dia fazendo ab­

solutamente nada. porque é certeza que qualquer coisa que eu tentar fazer vai

dar errado.

Recuperação extrajudicial 170

);:) .,;',;:~ .. ;./

21 . Crianças:

., . ·''l

.,f .•·.~ -: ·1 . --·-' /

I

liqúiâação extrajudicial dgsJ, instituições financeiras

.................................................................................... 1:J.o.je uma amicju.inAa da c.IÚ-a U-ei..o. ~ cuyui em ca.ã.a. Mesma idade

dela, 4 anos e meio. Cuidar de duas crianças é muito mais fácil do que de

uma só: estão as duas na sala ao lado, sentadinhas no tapete, assistindo

"Barbie em t:scola ele Princesas" e fazendo colarezinhos de miçangas. t: eu

trabalhando.

Coisa mais linda do mundo as duas.

Agora pouco me peguei olhando para elas e pensando: o que será que

passa nas suas cabecinhas?

Não me lembro de muita coisa de quando eu tinha essa idade. Sei que

estudava numa escola chamada Cirandinha, e que adorava o dia ele brincar

com massinha de modelar. Também me lembro da casa onde morava. t:ra pe­

quena. e dividia o quarto com minha irmã. Achava superinjusto que meu irmão

tivesse um quarto ~ó dele.

Lembro-me também que às quartas e sábados era dia de o meu pai jogar

futebol. t:ntão íamos todos ao clube. t:ra uma delícia nadar lá. l-1oje acho que a

piscina nem existe.mais .

Aos poucos, ~s preocupações começaram a surgir. Primeiro, o fato de eu

ser gordinha. Depois, o medo de tirar nota baixa. Aí, os menininhos. A escola

nova. O vestibular. O primeiro emprego.

Não estavam mentindo quando me diziam que passaria rápido demais.

Não me lembro quando comecei a ter preocupações mais densas, mais

complexas. Não sei dizer quando deixei de ser uma pessoa normal e passei a

ser uma doida. que se preocu-pa com tudo e que faz drama por tudo. Difícil,

também, pensar que a minha pequena, que agora pouco ficou brava por eu ter

dito que é hora de dormir, um dia vai ser como eu.

Queria ser criança. Mas não sempre. Só de noite, para poder assistir à Barbie, e fazer birra por não querer dormir. Só nos fins de semana, para comer

batata frita e tomar Coca-Cola sem culpa. [ só quando a mente começasse a

ficar muito confusa.

Falaremos agora do que acontece com os bancos. já dissemos, lá no comecinho da falência, que as instituições financeiras não se submetem ao procedimento corimm

da falência. É exatamente isso que veremos: como funciona com os bancos.

A execuÇão concursal dos bancos será extrajudicial\ e acontecerá de acordo com a Lei n. 6.024/74· Importante: o regime dessa lei não exclui os bancos da falência.

C uma?

Assim: se os bancos não estiverem sob intervenção do Banco Central ou em liqui­

dação extrajudicial, poderão, sim, falir. Lembra do Ban~o Safra? Faliu. A própria lei

prevê alguns casos em que o Banco Central deve requerer a falência do banco. Vere­mos isso daqui a pouquinho. O importante agora é saber que não existe uma proibi­

ção absoluta de os bancos entrarem em falência. A liquidação extrajudicial, portanto, não exclui a falência. Também não exclui o

procedimento de liquidação previsto pela LSA (trauma dessa lei).

Tem gente que não entra nessa tal de liquidação extrajudicial. São as instituições

financeiras federais. Nelas, a União vai proceder à liquidação ordinária, quando en­

tender que é o caso.

Para terminar esta parte de introdução, é importante saber que outras sociedades também se submetem a essa lei:

~ sociedades integrantes do sistema de distribuição de títulos e valores mobiliários; ~ seguradoras;

~ sociedades de capitalização;

~ entidades de previdência privada;

~ sociedades arrendadoras que exclusivamente explorem o leasing. Beleza. Vamos ver como funciona.

Primeira coisa: só o Banco Central pode decretar a liquidação extrajudicial das ins­tituições financeiras. Só ele. Mais ninguém. Estou achando o máximo a possibilidade de

ir trabalhar ao lado do Banco Central. Muito chique. Mas não posso falar disso ainda.

As causas que autorizam a decretação da liquidação extrajudicial estão no art. 15

da lei, e podem ser divididas em dois grandes grupos.

Os fundamentos da execução concursal (art. 15, I, a e c):

'1\.rt. 15. Decretar-se-á a liquidação extrajudicial da instituição financeira: I - ex officio: .

a) em razão de ocorrências que comprometam sua situação econômica ou financeira especialmente quando deixar de satisfazer, com pontualidade, seus compromissos ou quan­do se caracterizar qualquer dos motivos que autorizem a declararão de falência; ( ... )

Liquidação extrajudicial dos instituições financeiras 172

c) quando a instituição sofrer prejuízo que sujeite a risco anormal seus credores quiro-

'Jrafários;" As sanções administrativas a cargo da autoridade monetária (art. 15, I, b e d):

'1\.rt. 15. Decretar-se-á a liquidação extrajudicial da instituição financeira:

I - ex officio: ( . .) b) quando a administração violar gravemente as normas legais e estatutárias que dis­

ciplinam a atividade da instituição bem como as determinações do Conselho Monetário

Nacional ou do Banco Central do Brasil, no uso de suas atribuições legais; ( ... ) d) quando, cassada a autorização para funcionar, a instituição não iniciar, nos 90

dias seguintes, sua liquidação ordinária, ou quando, iniciada esta, verificar o BarKo Cen­tral do Brasil que a morosidade de sua administração pode acarretar prejuízos para os

credores".

Viu que legal? O procedimento serve para punir as instituições também, ainda

que não estejam na situação de devedoras. Por fim, pode ser decretada a liquidação a pedido da própria instituição financei­

ra, como consta no inciso ll do mesmo art. 15:

'1\.rt. 15. Decretar-se-á a liquidação extrajudicial da instituição financeira:( ... ) 11 - a requerimento dos administradores da instituição - se o respectivo estatuto so­

cial lhes conferir esta competência -ou por proposta do interventor, expostos circunstan­

ciadamente os motivos justificadores da medida".

Quando decretada a liquidação, as ações em curso contra o banco serão suspen­

sas, e não se poderá mais ingressar com nenhuma outra. Outros efeitos são:

~ o vencimento antecipado e a suspensão da prescrição das obrigações da insti­

tuição; ~ a inexigibilidade da cláusula penal dos contratos unilaterais que se venceram

antecipadamente, se o passivo não for pago integralmente;

~ a inexigibilidade das penas pecuniárias por infração de lei penal ou adminis­

trativa. O Banco Central nomeará um liquidante, que, tão logo nomeado, tomará todos

os livros e documentos da instituição e procederá um balanço geral.

Terá prazo de 6o dias, contados da nomeação, para apresentar um relatório ao

Banco Central, com o exame da escrituração, da aplicação dos fundos e disponibilida­

des, e da situação econômico-financeira da instituição; a indicação, devidamente

comprovada, dos atos e omissões danosos que eventualmente tenha verificado; e pro­

posta justificada da adoção das providências que pareçam convenientes à instituição.

Esse cara terá amplos poderes de administração, cabendo a ele verificar e classifi­

car os créditos, contratar e demitir funcionários, fixar os vencimentos destes, outor­

gar e cassar mandatos, representar a instituição em juízo etc. Contudo, para praticar

173 Empresarial para quem odeia empresarial

Queria ser criança. Mas não sempre. Só de noite, para poder assistir à Barbie, e fazer birra por não querer dormir. Só nos fins de semana, para comer

batata frita e tomar Coca-Cola sem culpa. [ só quando a mente começasse a

ficar muito confusa.

Falaremos agora do que acontece com os bancos. já dissemos, lá no comecinho da falência, que as instituições financeiras não se submetem ao procedimento corimm

da falência. É exatamente isso que veremos: como funciona com os bancos.

A execuÇão concursal dos bancos será extrajudicial\ e acontecerá de acordo com a Lei n. 6.024/74· Importante: o regime dessa lei não exclui os bancos da falência.

C uma?

Assim: se os bancos não estiverem sob intervenção do Banco Central ou em liqui­

dação extrajudicial, poderão, sim, falir. Lembra do Ban~o Safra? Faliu. A própria lei

prevê alguns casos em que o Banco Central deve requerer a falência do banco. Vere­mos isso daqui a pouquinho. O importante agora é saber que não existe uma proibi­

ção absoluta de os bancos entrarem em falência. A liquidação extrajudicial, portanto, não exclui a falência. Também não exclui o

procedimento de liquidação previsto pela LSA (trauma dessa lei).

Tem gente que não entra nessa tal de liquidação extrajudicial. São as instituições

financeiras federais. Nelas, a União vai proceder à liquidação ordinária, quando en­

tender que é o caso.

Para terminar esta parte de introdução, é importante saber que outras sociedades também se submetem a essa lei:

~ sociedades integrantes do sistema de distribuição de títulos e valores mobiliários; ~ seguradoras;

~ sociedades de capitalização;

~ entidades de previdência privada;

~ sociedades arrendadoras que exclusivamente explorem o leasing. Beleza. Vamos ver como funciona.

Primeira coisa: só o Banco Central pode decretar a liquidação extrajudicial das ins­tituições financeiras. Só ele. Mais ninguém. Estou achando o máximo a possibilidade de

ir trabalhar ao lado do Banco Central. Muito chique. Mas não posso falar disso ainda.

As causas que autorizam a decretação da liquidação extrajudicial estão no art. 15

da lei, e podem ser divididas em dois grandes grupos.

Os fundamentos da execução concursal (art. 15, I, a e c):

'1\.rt. 15. Decretar-se-á a liquidação extrajudicial da instituição financeira: I - ex officio: .

a) em razão de ocorrências que comprometam sua situação econômica ou financeira especialmente quando deixar de satisfazer, com pontualidade, seus compromissos ou quan­do se caracterizar qualquer dos motivos que autorizem a declararão de falência; ( ... )

Liquidação extrajudicial dos instituições financeiras 172

c) quando a instituição sofrer prejuízo que sujeite a risco anormal seus credores quiro-

'Jrafários;" As sanções administrativas a cargo da autoridade monetária (art. 15, I, b e d):

'1\.rt. 15. Decretar-se-á a liquidação extrajudicial da instituição financeira:

I - ex officio: ( . .) b) quando a administração violar gravemente as normas legais e estatutárias que dis­

ciplinam a atividade da instituição bem como as determinações do Conselho Monetário

Nacional ou do Banco Central do Brasil, no uso de suas atribuições legais; ( ... ) d) quando, cassada a autorização para funcionar, a instituição não iniciar, nos 90

dias seguintes, sua liquidação ordinária, ou quando, iniciada esta, verificar o BarKo Cen­tral do Brasil que a morosidade de sua administração pode acarretar prejuízos para os

credores".

Viu que legal? O procedimento serve para punir as instituições também, ainda

que não estejam na situação de devedoras. Por fim, pode ser decretada a liquidação a pedido da própria instituição financei­

ra, como consta no inciso ll do mesmo art. 15:

'1\.rt. 15. Decretar-se-á a liquidação extrajudicial da instituição financeira:( ... ) 11 - a requerimento dos administradores da instituição - se o respectivo estatuto so­

cial lhes conferir esta competência -ou por proposta do interventor, expostos circunstan­

ciadamente os motivos justificadores da medida".

Quando decretada a liquidação, as ações em curso contra o banco serão suspen­

sas, e não se poderá mais ingressar com nenhuma outra. Outros efeitos são:

~ o vencimento antecipado e a suspensão da prescrição das obrigações da insti­

tuição; ~ a inexigibilidade da cláusula penal dos contratos unilaterais que se venceram

antecipadamente, se o passivo não for pago integralmente;

~ a inexigibilidade das penas pecuniárias por infração de lei penal ou adminis­

trativa. O Banco Central nomeará um liquidante, que, tão logo nomeado, tomará todos

os livros e documentos da instituição e procederá um balanço geral.

Terá prazo de 6o dias, contados da nomeação, para apresentar um relatório ao

Banco Central, com o exame da escrituração, da aplicação dos fundos e disponibilida­

des, e da situação econômico-financeira da instituição; a indicação, devidamente

comprovada, dos atos e omissões danosos que eventualmente tenha verificado; e pro­

posta justificada da adoção das providências que pareçam convenientes à instituição.

Esse cara terá amplos poderes de administração, cabendo a ele verificar e classifi­

car os créditos, contratar e demitir funcionários, fixar os vencimentos destes, outor­

gar e cassar mandatos, representar a instituição em juízo etc. Contudo, para praticar

173 Empresarial para quem odeia empresarial

li 'I

i

atos de alienação ou oneração de bens, o liquidante precisará da autorização do Banco

Central. O Banco Central autoriza ou não a liquidação a partir do relatório, e, se autoriza­

da, o liquidante convoca a galera: credores, venham!

Mesmo esqueminha de antes: publicação no diário oficial c em jornal de grande

circulação. Aí, ele organiza um quadro geral de credores e publica esse quadro junto

com o balanço geral. Dez dias para que os credores apresentem impugnação, que será

decidida pelo Banco Central. Depois, o liquidante publica uma nova lista de credores.

Se alguém ainda não concordar com essa nova lista, pode prosseguir com a ação

judicial ,que tinha sido suspensa. Nessa situação, o liquidante será notificado para que

faça uma reserva ele fundos para o caso de o credor ter seu crédito garantido pelo ju­

diciário. Os bens elo ativo serão vendidos por licitação, que dependerá de autorização pré­

via do Banco Central.

A Lei de Falências não é totalmente excluída. Pelo contrário: ela é aplicada subsi­

diariamente. Uma coisinha legal. Regra de três: a liquidação extrajudicial está para a

falência assim como o administrador judicial está para o liquidante.

Massa! Matematiquinha básica.

A aplicação ela LF neste caso quer dizer duas coisas:

~ o Ministério Público obrigatoriamente está intimado;

~ aplica-se o disposto na LF com relação aos atos ineficazes.

E mais: se na Lei de Falências tínhamos as duas espécies de recuperação de em­

presas, aqui temos alguma coisa parecida. É que, em regra, a liquidação extrajudicial

faz sumir a instituição financeira. Galera demitida e tudo mais. Quando é possível

evitar isso, evita-se.

Temos duas espécies de reorganização: a intervenção e a administração especial

temporária.

a) Intervenção

Poderá ser decretada com fundamento em má administração que coloque em

risco os credores, infrações reiteradas à legislação bancária, ou ainda pela prática de

atos de falência ou impontualidade injustificada.

As obrigações vencidas ficam com a exigibilidade suspensa, bem como os depósi­

tos. E as obrigações vincendas que datarem de antes da decretação terão seus prazos

também suspensos. Ou seja: nenhum crédito contra o banco pode ser cobrado, desde

que tenha sido contraído antes ela decretação ela intervenção.

Não poderá, ainda, ser pedida a falência ela instituição.

A duração ela intervenção será ele 6 meses, prazo este que pode ser prorrogado

uma única vez por igual período.

b) Administração especial temporária

As hipóteses que autorizam a sua decretação são:

Liquidação extrajudicial das instituições financeiras 17 4

~ as mesmas que autorizam a intervenção;

~ existência ele passivo a descob~rto;

~ gestão temerária ou fraudulenta;

~ prática reiterada ele operações contrárias às diretrizes de política econômica

ou financeira;

~ desobediência às normas referentes à conta ele reservas bancárias.

Dá para perceber o caráter de sanção?

Aqui não se suspende ação nenhuma, nem prazo nenhum. Os credores continu­

am exercendo seus direitos normalmente. O que acontece é que os administradores e

membros do conselho fiscal perdem o mandato.

O prazo será fixado pela autoridade administrativa e pode ser prorrogado, tam­

bém, uma única vez por igual período, se absolutamente necessário.

Nos dois casos, será nomeado um gestor (interventor ou conselho diretor, res­

pectivamente) para cuidar do banco, e tais medidas cessarão com o decurso do prazo,

com a decretação da falência ou da liquidação extrajudicial, ou ainda quando a insti­

tuição se reorganizar por fusão, cisão, incorporação etc.

Os administradores responderão pelos danos que tiverem causado à instituição

financeira em decorrência de descumprimento das regras estipuladas em lei. A res­

ponsabilidade deles será, portanto, limitada ao prejuízo causado.

A apuração dessa responsabilidade será feita por meio de inquérito realizado pelo

próprio Banco Central, e todos os bens do administrador ficarão indisponíveis desde

a decretação da intervenção, da administração especial temporária ou da liquidação

extrajudicial. .

Concluindo pela existência de prejuízos, o inquérito será remetido ao Ministério

Público, que terá o prazo de 30 dias para eventual proposição de ação de responsabili­

dade civil, e seguirá as normas do direito civil e do processo civil. Não o fazendo, os

credores terão mais 15 dias para tomar tal medida.

O controlador de instituição financeira responde solidariamente com o adminis­

trador. Pra acabar, como fizemos na parte de Direito Societário, bom incluir aqui os

Enunciados relativos à matéria de falência e recuperação de empresas da l )ornada de

blá-blá-blá:

42. O prazo de suspensão previsto no art. 69., § 49., da Lei n. 1 1.1 o 1j2005 pode

excepcionalmente ser prorrogado, se o retardamento do feito não puder ser imputado

ao devedor.

43. A suspensão das ações e execuções previstas no art. 69. da Lei n. 11.1 o 1j2005

não se estende aos coobrigados do devedor.

· 44. A homologação de plano de recuperação judicial aprovado pelos credores está

sujeita ao controle judicial de legalidade.

175 Empresarial para quem odeia empresarial

li 'I

i

atos de alienação ou oneração de bens, o liquidante precisará da autorização do Banco

Central. O Banco Central autoriza ou não a liquidação a partir do relatório, e, se autoriza­

da, o liquidante convoca a galera: credores, venham!

Mesmo esqueminha de antes: publicação no diário oficial c em jornal de grande

circulação. Aí, ele organiza um quadro geral de credores e publica esse quadro junto

com o balanço geral. Dez dias para que os credores apresentem impugnação, que será

decidida pelo Banco Central. Depois, o liquidante publica uma nova lista de credores.

Se alguém ainda não concordar com essa nova lista, pode prosseguir com a ação

judicial ,que tinha sido suspensa. Nessa situação, o liquidante será notificado para que

faça uma reserva ele fundos para o caso de o credor ter seu crédito garantido pelo ju­

diciário. Os bens elo ativo serão vendidos por licitação, que dependerá de autorização pré­

via do Banco Central.

A Lei de Falências não é totalmente excluída. Pelo contrário: ela é aplicada subsi­

diariamente. Uma coisinha legal. Regra de três: a liquidação extrajudicial está para a

falência assim como o administrador judicial está para o liquidante.

Massa! Matematiquinha básica.

A aplicação ela LF neste caso quer dizer duas coisas:

~ o Ministério Público obrigatoriamente está intimado;

~ aplica-se o disposto na LF com relação aos atos ineficazes.

E mais: se na Lei de Falências tínhamos as duas espécies de recuperação de em­

presas, aqui temos alguma coisa parecida. É que, em regra, a liquidação extrajudicial

faz sumir a instituição financeira. Galera demitida e tudo mais. Quando é possível

evitar isso, evita-se.

Temos duas espécies de reorganização: a intervenção e a administração especial

temporária.

a) Intervenção

Poderá ser decretada com fundamento em má administração que coloque em

risco os credores, infrações reiteradas à legislação bancária, ou ainda pela prática de

atos de falência ou impontualidade injustificada.

As obrigações vencidas ficam com a exigibilidade suspensa, bem como os depósi­

tos. E as obrigações vincendas que datarem de antes da decretação terão seus prazos

também suspensos. Ou seja: nenhum crédito contra o banco pode ser cobrado, desde

que tenha sido contraído antes ela decretação ela intervenção.

Não poderá, ainda, ser pedida a falência ela instituição.

A duração ela intervenção será ele 6 meses, prazo este que pode ser prorrogado

uma única vez por igual período.

b) Administração especial temporária

As hipóteses que autorizam a sua decretação são:

Liquidação extrajudicial das instituições financeiras 17 4

~ as mesmas que autorizam a intervenção;

~ existência ele passivo a descob~rto;

~ gestão temerária ou fraudulenta;

~ prática reiterada ele operações contrárias às diretrizes de política econômica

ou financeira;

~ desobediência às normas referentes à conta ele reservas bancárias.

Dá para perceber o caráter de sanção?

Aqui não se suspende ação nenhuma, nem prazo nenhum. Os credores continu­

am exercendo seus direitos normalmente. O que acontece é que os administradores e

membros do conselho fiscal perdem o mandato.

O prazo será fixado pela autoridade administrativa e pode ser prorrogado, tam­

bém, uma única vez por igual período, se absolutamente necessário.

Nos dois casos, será nomeado um gestor (interventor ou conselho diretor, res­

pectivamente) para cuidar do banco, e tais medidas cessarão com o decurso do prazo,

com a decretação da falência ou da liquidação extrajudicial, ou ainda quando a insti­

tuição se reorganizar por fusão, cisão, incorporação etc.

Os administradores responderão pelos danos que tiverem causado à instituição

financeira em decorrência de descumprimento das regras estipuladas em lei. A res­

ponsabilidade deles será, portanto, limitada ao prejuízo causado.

A apuração dessa responsabilidade será feita por meio de inquérito realizado pelo

próprio Banco Central, e todos os bens do administrador ficarão indisponíveis desde

a decretação da intervenção, da administração especial temporária ou da liquidação

extrajudicial. .

Concluindo pela existência de prejuízos, o inquérito será remetido ao Ministério

Público, que terá o prazo de 30 dias para eventual proposição de ação de responsabili­

dade civil, e seguirá as normas do direito civil e do processo civil. Não o fazendo, os

credores terão mais 15 dias para tomar tal medida.

O controlador de instituição financeira responde solidariamente com o adminis­

trador. Pra acabar, como fizemos na parte de Direito Societário, bom incluir aqui os

Enunciados relativos à matéria de falência e recuperação de empresas da l )ornada de

blá-blá-blá:

42. O prazo de suspensão previsto no art. 69., § 49., da Lei n. 1 1.1 o 1j2005 pode

excepcionalmente ser prorrogado, se o retardamento do feito não puder ser imputado

ao devedor.

43. A suspensão das ações e execuções previstas no art. 69. da Lei n. 11.1 o 1j2005

não se estende aos coobrigados do devedor.

· 44. A homologação de plano de recuperação judicial aprovado pelos credores está

sujeita ao controle judicial de legalidade.

175 Empresarial para quem odeia empresarial

45. O magistrado pode desconsiderar o voto de credores ou a manifestação de vontade do devedor, em razão de abuso de direito.

46. Não compete ao juiz deixar de conceder a recuperação judicial ou de homo­logar a extrajudicial com fundamento na análise econômico-financeira do plano de recuperação aprovado pelos credores.

47. Nas alienações realizadas nos termos do art. 6o da Lei n. 11.1 o 1j2005, n~o há sucessão do adquirente nas dívidas do devedor, inclusive nas de natureza tributária, trabalhista e decorrentes de acidentes de trabalho.

48. A apuração da responsabilidade pessoal dos sócios, controladores e adminis­tradores feita independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiên­cia para cobrir o passivo, prevista no art. 82 da Lei n. 1 ,1.1 o 1j2005, não se refere aos casos de desconsideração da personalidade jurídica. ·

49. Os deveres impostos pela Lei n. 1 1.1 o 1j2.005 ào falido, sociedade limitada, recaem apenas sobre os administradores, não sendo cabível nenhuma restrição à pes­soa dos sócios não administradores.

50. A extensão dos efeitos da quebra a outras pessoas jurídicas e físicas confere legitimidade à massa falida para figurar nos polos ativo e passivo das ações nas quais figurem aqueles atingidos pela falência.

51. O saldo do crédito não ~aberto pelo valor do bem ejou da garantia dos con­tratos previstos no~ 3.'?. do art. 49 :da Lei n. 1 I .I o I/2005 é crédito quirografário, sujeito à recuperação judicial.

52. A decisão que defere o processamento da recuperação judicial desafia agravo de instrumento.

53. A assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação judicial é una, podendo ser realizada em uma ou mais sessões, das quais participarão ou serão considerados presentes apenas os credores que firmaram a lista de presença encerrada na sessão em que instalada a assembleia geral.

54. O deferimento do processamento da recuperação judicial não ensejao cance­lamento da negativação do nome do devedor nos órgãos de proteção ao crédito e nos tabelionatos de protestos.

55. O parcelamento do crédito tributário na recuperação judicial é um direito do contribuinte, e não uma faculdade da Fazenda Pública, e, enquanto não for editada lei específica, não é cabível a aplicação do disposto no art. 57 da Lei n. I 1.1 o I/2.005 e no art. I 9 I -A do CTN.

56. A Fazenda Pública não possui legitimidade ou interesse de agir para requerer a falência do devedor empresário.

57. O plano de recuperação judicial deve prever tratamento igualitário para os membros da mesma classe de credores que possuam interesses homogêneos, sejam

Liquidaçã~ extrajudicial das instituições financeiras 176

estes delineados em função da natureza do crédito, da importância do crédito ou de outro critério de similitude justificado pelo proponente do plano e homologado pelo magistrado.

····················································································· ~ ~~ ~ f:o.ia.t. A bagunça espalhada por todos os cômo­

dos de:xa claro que as -duas se divertiram muito. ~chegada a hora de a mamãe aqui deitar na cama, ficar contemplando o teto e pensando em tudo ·1sso e

~·muito mais.

·····················································································

177 Empresarial para quem odeia empresarial

45. O magistrado pode desconsiderar o voto de credores ou a manifestação de vontade do devedor, em razão de abuso de direito.

46. Não compete ao juiz deixar de conceder a recuperação judicial ou de homo­logar a extrajudicial com fundamento na análise econômico-financeira do plano de recuperação aprovado pelos credores.

47. Nas alienações realizadas nos termos do art. 6o da Lei n. 11.1 o 1j2005, n~o há sucessão do adquirente nas dívidas do devedor, inclusive nas de natureza tributária, trabalhista e decorrentes de acidentes de trabalho.

48. A apuração da responsabilidade pessoal dos sócios, controladores e adminis­tradores feita independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiên­cia para cobrir o passivo, prevista no art. 82 da Lei n. 1 ,1.1 o 1j2005, não se refere aos casos de desconsideração da personalidade jurídica. ·

49. Os deveres impostos pela Lei n. 1 1.1 o 1j2.005 ào falido, sociedade limitada, recaem apenas sobre os administradores, não sendo cabível nenhuma restrição à pes­soa dos sócios não administradores.

50. A extensão dos efeitos da quebra a outras pessoas jurídicas e físicas confere legitimidade à massa falida para figurar nos polos ativo e passivo das ações nas quais figurem aqueles atingidos pela falência.

51. O saldo do crédito não ~aberto pelo valor do bem ejou da garantia dos con­tratos previstos no~ 3.'?. do art. 49 :da Lei n. 1 I .I o I/2005 é crédito quirografário, sujeito à recuperação judicial.

52. A decisão que defere o processamento da recuperação judicial desafia agravo de instrumento.

53. A assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação judicial é una, podendo ser realizada em uma ou mais sessões, das quais participarão ou serão considerados presentes apenas os credores que firmaram a lista de presença encerrada na sessão em que instalada a assembleia geral.

54. O deferimento do processamento da recuperação judicial não ensejao cance­lamento da negativação do nome do devedor nos órgãos de proteção ao crédito e nos tabelionatos de protestos.

55. O parcelamento do crédito tributário na recuperação judicial é um direito do contribuinte, e não uma faculdade da Fazenda Pública, e, enquanto não for editada lei específica, não é cabível a aplicação do disposto no art. 57 da Lei n. I 1.1 o I/2.005 e no art. I 9 I -A do CTN.

56. A Fazenda Pública não possui legitimidade ou interesse de agir para requerer a falência do devedor empresário.

57. O plano de recuperação judicial deve prever tratamento igualitário para os membros da mesma classe de credores que possuam interesses homogêneos, sejam

Liquidaçã~ extrajudicial das instituições financeiras 176

estes delineados em função da natureza do crédito, da importância do crédito ou de outro critério de similitude justificado pelo proponente do plano e homologado pelo magistrado.

····················································································· ~ ~~ ~ f:o.ia.t. A bagunça espalhada por todos os cômo­

dos de:xa claro que as -duas se divertiram muito. ~chegada a hora de a mamãe aqui deitar na cama, ficar contemplando o teto e pensando em tudo ·1sso e

~·muito mais.

·····················································································

177 Empresarial para quem odeia empresarial

i'

"'· . ) ~' ' . ""l ·' ~--- . ainda nem nasceu. Sou dessas mesmo. Simplesmente niiD respeito a ordem

(crono)16gica das coisas.

2.2. Eu quero ser escritora: ;

Vamos agora começar urr,a parte nova. Direito carrc:á-io. Praticamente

tudo novidade para mim, tá? Vamos devagar e no estilo fv.Dbra\. tentando dei·

xar tudo bem claro.

. i~: ...... , .·.

. -.r:r)

teoria geral ~o di'reito ca~biár:ici

···················································································· 3-aia Wdo.: que. aEeq;úa ~de aMu.nlo., !Um?

Por um momento, cheguei a acreditar que nunca mais iríamos terminar a

parte elas socieclaces anônimas. Depois, que nunca mais terminaríamos a parte

da falência. 1:::, por vários momentos, eu me arrependi amargamente de ter acei­

to o desafio de escrever sobre direito empresarial.

Ainda estou com a impressão que a parte elas S/ A foi a pior ele todas. Dei­

xo, desde ja, meu peclico sincero ele desculpas caso o assunto não tenha sido

tratado ele forma clara. t:u estava com tanta raiva que nem consegui dizer nada

ao final elo capítulo, percebeu? Tão logo vi que tinha acabado, fechei tudo, saí de

perto do livro e do computador. Aí, tive que retornar com a falência, que não fica

muito longe em termos ele chatice. Ao fim desses dois assuntos, senti uma von­

tade imensa ele mudar de ramo: quis começar a vender água ele coco na praia.

Tirei urna folga ele 2 dias, mas retomei. Mesmo porque eu tenho no meu

pé 0 antigo Sr. t:ditor. Sim, o velho. Ou e nem é mais o meu editor. Mas ele con­

tinua pegando no meu pé. Diz que sou escritora, e eu, boba, acredito.

Desde rneni·w eu sempre gostei de escrever. Teve um ano em que fui

proibida de participar do concurso ele redação ela escola, porque já tinha ga­

nhado três seguidos. Injusto. Mas acho que, aos 13 anos, estavam tentando me

preparar para a vida, c,ue também é injusta.

Cresci, fiz um monte de coisa errada, um monte de coisas certas, e aí um

dia aparece alguém (aqui denominado Sr. l:::ditor) é me diz: você pode escrever,-·

um livro.

f=oi assim que começou a minha saga, que ainda continua sendo ema saga,

mas já me custou algumas unhas, algumas noites sem dormir e me deu de pre­

sente mais algumas rugas e cabelos brancos.

Títulos de crédito são documentos que representam obrigações. Olha lá: começa

assim. São documentos que representam. Não são nem se confundem com as obriga­

ções em si. Somente as representam.

São vários os instrumentos que podem representar uma obrigação. Uma senten­

ça, por exemplo. Ou um contrato. Até mesmo uma nota de culpa. Os títulos de crédi­

to, então, são apenas uma espécie de documento que representam obrigações. E po­

dem representar qualquer tipo de obrigação, mesmo que não tenha nada a ver com o

direito empresarial, ou, mais especificamente, com o direito cambial.

Os títulos de crédito apresentam características que os tornam especiais se com­

parados a outros instrumentos representativos de obrigações. Primeiro, é possível a

negociação do crédito que eles representam. Além disso, a forma de execução ineren­

te a eles é facilitada.

É o que a doutrina chama, respectivamente, de negociabilidade e executividade.

Veja: uma sentença judicial, que também é instrumento que representa obriga­

ção, não pode ser negociada. Se o juiz proferiu aquela sentença a meu favor, eu não

posso vendê-la ou transferi-la a outra pessoa para que esta pleiteie o crédito que ela

representa.

Frise-se, ainda, que os títulos de crédito podem ser negociados antes mesmo do

seu vencimento.

No mesmo sentido, uma nota de culpa não pode ser executada. Ela não tem força

de título executivo, embora represente uma obrigação.

Portanto, essas características inerentes aos títulos de crédito os tornam mais

bonitos e legais que os outros instrumentos da mesma classe. Ok, quanto ao "legais",

reconheço que forcei a barra. Mas deu para entender.

O conceito de título de crédito mais famoso é o elaborado por Vivante: "Título de

crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele

mencionado".

É exatamente desse conceito que se extraem os princípios que regem todo o di-

reito cambiário: cartularidade, literalidade e autonomia.

Pelo princípio da cartularidade, temos que o crédito deve ser materializado em

um documento (ou cártula). O exercício do direito de crédito documentado em um

t:stou fazendo a minha parte: escrever. Na verdade, não é s1mp'esrnente título pressupõe a sua posse pelo credor, porque, do contrário, ainda que a pessoa seja

e"""c' é litccolmeote pocic om filho '''' cqo• é o 'egoodo filho O pccmwo-- • I â<tivmncntc nedo", não pod"á v'h" da;""'" 'dativa;''"" tito[o,,

. ~ -~ _ _L 179 Empresarial para quem odeia empresarial

i'

"'· . ) ~' ' . ""l ·' ~--- . ainda nem nasceu. Sou dessas mesmo. Simplesmente niiD respeito a ordem

(crono)16gica das coisas.

2.2. Eu quero ser escritora: ;

Vamos agora começar urr,a parte nova. Direito carrc:á-io. Praticamente

tudo novidade para mim, tá? Vamos devagar e no estilo fv.Dbra\. tentando dei·

xar tudo bem claro.

. i~: ...... , .·.

. -.r:r)

teoria geral ~o di'reito ca~biár:ici

···················································································· 3-aia Wdo.: que. aEeq;úa ~de aMu.nlo., !Um?

Por um momento, cheguei a acreditar que nunca mais iríamos terminar a

parte elas socieclaces anônimas. Depois, que nunca mais terminaríamos a parte

da falência. 1:::, por vários momentos, eu me arrependi amargamente de ter acei­

to o desafio de escrever sobre direito empresarial.

Ainda estou com a impressão que a parte elas S/ A foi a pior ele todas. Dei­

xo, desde ja, meu peclico sincero ele desculpas caso o assunto não tenha sido

tratado ele forma clara. t:u estava com tanta raiva que nem consegui dizer nada

ao final elo capítulo, percebeu? Tão logo vi que tinha acabado, fechei tudo, saí de

perto do livro e do computador. Aí, tive que retornar com a falência, que não fica

muito longe em termos ele chatice. Ao fim desses dois assuntos, senti uma von­

tade imensa ele mudar de ramo: quis começar a vender água ele coco na praia.

Tirei urna folga ele 2 dias, mas retomei. Mesmo porque eu tenho no meu

pé 0 antigo Sr. t:ditor. Sim, o velho. Ou e nem é mais o meu editor. Mas ele con­

tinua pegando no meu pé. Diz que sou escritora, e eu, boba, acredito.

Desde rneni·w eu sempre gostei de escrever. Teve um ano em que fui

proibida de participar do concurso ele redação ela escola, porque já tinha ga­

nhado três seguidos. Injusto. Mas acho que, aos 13 anos, estavam tentando me

preparar para a vida, c,ue também é injusta.

Cresci, fiz um monte de coisa errada, um monte de coisas certas, e aí um

dia aparece alguém (aqui denominado Sr. l:::ditor) é me diz: você pode escrever,-·

um livro.

f=oi assim que começou a minha saga, que ainda continua sendo ema saga,

mas já me custou algumas unhas, algumas noites sem dormir e me deu de pre­

sente mais algumas rugas e cabelos brancos.

Títulos de crédito são documentos que representam obrigações. Olha lá: começa

assim. São documentos que representam. Não são nem se confundem com as obriga­

ções em si. Somente as representam.

São vários os instrumentos que podem representar uma obrigação. Uma senten­

ça, por exemplo. Ou um contrato. Até mesmo uma nota de culpa. Os títulos de crédi­

to, então, são apenas uma espécie de documento que representam obrigações. E po­

dem representar qualquer tipo de obrigação, mesmo que não tenha nada a ver com o

direito empresarial, ou, mais especificamente, com o direito cambial.

Os títulos de crédito apresentam características que os tornam especiais se com­

parados a outros instrumentos representativos de obrigações. Primeiro, é possível a

negociação do crédito que eles representam. Além disso, a forma de execução ineren­

te a eles é facilitada.

É o que a doutrina chama, respectivamente, de negociabilidade e executividade.

Veja: uma sentença judicial, que também é instrumento que representa obriga­

ção, não pode ser negociada. Se o juiz proferiu aquela sentença a meu favor, eu não

posso vendê-la ou transferi-la a outra pessoa para que esta pleiteie o crédito que ela

representa.

Frise-se, ainda, que os títulos de crédito podem ser negociados antes mesmo do

seu vencimento.

No mesmo sentido, uma nota de culpa não pode ser executada. Ela não tem força

de título executivo, embora represente uma obrigação.

Portanto, essas características inerentes aos títulos de crédito os tornam mais

bonitos e legais que os outros instrumentos da mesma classe. Ok, quanto ao "legais",

reconheço que forcei a barra. Mas deu para entender.

O conceito de título de crédito mais famoso é o elaborado por Vivante: "Título de

crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele

mencionado".

É exatamente desse conceito que se extraem os princípios que regem todo o di-

reito cambiário: cartularidade, literalidade e autonomia.

Pelo princípio da cartularidade, temos que o crédito deve ser materializado em

um documento (ou cártula). O exercício do direito de crédito documentado em um

t:stou fazendo a minha parte: escrever. Na verdade, não é s1mp'esrnente título pressupõe a sua posse pelo credor, porque, do contrário, ainda que a pessoa seja

e"""c' é litccolmeote pocic om filho '''' cqo• é o 'egoodo filho O pccmwo-- • I â<tivmncntc nedo", não pod"á v'h" da;""'" 'dativa;''"" tito[o,,

. ~ -~ _ _L 179 Empresarial para quem odeia empresarial

Olha que legal uma decorrência desse princípio: não serão aceitos a petição inicial

de execução baseada em título de crédito vencido, ou o pedido de falência com a mesma

base, se tais peças não estiverem instruídas com o título original. Não adianta nem cópia autenticada: tem que ser o título mesmo, porque ele, e só ele, representa o crédito.

Atualmente dá para colocar uma exceção dentro desse princípio. Veja o que diz o

art. 15, § 29., da Lei da Duplicata (n. 5·474/68):

'f\rt. 15. A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudici~is, de que cogita o Livro 11 do Código de Processo Civil, quando se tratar: ( ... )

J 2.'! Processar-se-á também da mesma ma~ eira a execução de duplicata ou triplicata não aceita e não devolvida, desde que haja sido protestada :mediante indicações do credor ou do apresentante do título, nos termos do art. 14, preenchidas as condições do inciso 11 deste artigo".

Vamos estudar as duplicatas mais adiante, mas, por ora, importante a informação de que as duplicatas podem ser protestadas por indicação (ou seja, sem que seja efeti­

vamente apresentado o título). Isso é exceção, ok?

O segundo princípio é o da literalidade. Para o direito cambiário, só tem validade

aquilo que está literalmente expresso no título. Não há espaço nenhum para presun­

ções, e só serão válidos os atos laúçados no próprio título.

Não adianta colocar post-it, 'nem fazer um documento lindo dizendo que ele é

parte integrante do título de crédito. Não vai valer nada. Ou está escrito ali no título, ou não tem existência. Simples assim.

Finalmente, o princípio da autonomia determina que as obrigações que o título representa sejam independentes entre si. Isso porque um único título pode ser repre­sentativo de mais de uma obrigação, mas uma não tem nada a ver com a outra.

Esse princípio se subdivide em dois outros: o da inoponibilidade das exceções pessoais a terceiros de boa-fé e o da abstração.

O primeiro determina que o devedor de um título de crédito não poderá opor a

terceiro exceções pessoais, por exemplo, a compensação de um crédito que possui em relação ao credor originário. O segundo determina que, quando o título de crédito

entra em circulação, desvincula-se totalmente do negócio que lhe deu origem.

Vamos entrar agora naquela parte chata (mas necessária) das classificações. Qua­

tro são os critérios em que podemos agrupar os títulos de crédito: a) Quanto ao modelo

Os títulos de crédito podem se.r livres, e são exemplo a letra de câmbio e a nota

promissória. São assim denominados porque não precisam seguir um padrão previa­

mente estabelecido. Uma nota promissória pode ser escrita com caneta cor de rosa num papel de pão. Se preencher todos os requisitos, será válida.

Teoria geral do direito cambiário 180

Por outro lado, alguns títulos, como a duplicata e o cheque, apresen~am um pa­drão estabelecido pelo direito. Não dá para eu emitir um cheque que fiz na minha

impressora e qu~rer com ele comprar uma c~sa· na Riviera de São Lourenço. Se bem

que seria bem legaJ. b) Quanto à estrutura Serão ordem de pagamento ou promessa de pagamento. Ordem de pagamento é o título de crédito em que o emitente, também chamado

de sacador, manda o sacado pagar uma quantia determinada ao tomador, ·que tam­

bém pode ser chamado de beneficiário do crédito. É o caso da letra de câmbio, do

cheque e da duplicata. Fica fácil visualizar isso no cheque: eu, que passo o cheque, sou a sacadora, e mando o banco (sacado) pagar um valor certo ao beneficiário, que é

quem recebeu o meu cheque.

···················································································· Oc/.eio. cAe.que4, c/iqaró,e_ ck ~· Não apenas por precisar estudá-los.

Na vida prática mesmo. Quando falarmos do assunto eu conto a minha linda

experiência . ....................................................................................

Já a promessa de pagamento é o título de crédito em que o promitente promete

pagar quantia determinada ao tomador beneficiário do crédito. É o caso da nota pro­

missória. Só tem duas pessoas aqui: quem promete pagar e quem vai receber.

c) Quanto à emissão O título pode ser ser causal, e será assim denominado quando a lei eleger uma

causa possível para sua emissão. Somente quando e se ocorrer essa causa o título pode

ser emitido. A duplicata é título causal: só pode ser emitida para representar uma

obrigação decorrente de compra e venda mercantil. Será não causal, por outro lado, o título que pode ser emitido para documentar

qualquer espécie de crédito, independentemente da causa que lhe deu origem. É o

caso do chequ<e da nota promissória.

d) Quanto à circulação Por fim, um título pode ser considerado ao portador ou nominativo. Ao portador é o título que não identifica o credor e que se transfere por mera

tradição. Quem estiver na posse do título é considerado beneficiário deste. Já os títu­

los nominativos trazem expressos na cártula o nome do beneficiário e poderão ser "à

ordem" (que circulam por endosso) ou "não à ordem" (que circulam por cessão civil).

Cabe aqui um parêntese para explicar a diferença entre o endosso e a cessão, ain­

da que o estudo do endosso aconteça mais para a frente. O endosso é um ato cambial e, assim sendo, deve obediência àqueles três princí­

pios que vimos agora pouco. O devedor de um título nominativo à ordem não poderá opor-se ao seu pagamento alegando exceções pessoais. O endossante responde tanto

181 Empresarial para quem odeia empresarial

Olha que legal uma decorrência desse princípio: não serão aceitos a petição inicial

de execução baseada em título de crédito vencido, ou o pedido de falência com a mesma

base, se tais peças não estiverem instruídas com o título original. Não adianta nem cópia autenticada: tem que ser o título mesmo, porque ele, e só ele, representa o crédito.

Atualmente dá para colocar uma exceção dentro desse princípio. Veja o que diz o

art. 15, § 29., da Lei da Duplicata (n. 5·474/68):

'f\rt. 15. A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudici~is, de que cogita o Livro 11 do Código de Processo Civil, quando se tratar: ( ... )

J 2.'! Processar-se-á também da mesma ma~ eira a execução de duplicata ou triplicata não aceita e não devolvida, desde que haja sido protestada :mediante indicações do credor ou do apresentante do título, nos termos do art. 14, preenchidas as condições do inciso 11 deste artigo".

Vamos estudar as duplicatas mais adiante, mas, por ora, importante a informação de que as duplicatas podem ser protestadas por indicação (ou seja, sem que seja efeti­

vamente apresentado o título). Isso é exceção, ok?

O segundo princípio é o da literalidade. Para o direito cambiário, só tem validade

aquilo que está literalmente expresso no título. Não há espaço nenhum para presun­

ções, e só serão válidos os atos laúçados no próprio título.

Não adianta colocar post-it, 'nem fazer um documento lindo dizendo que ele é

parte integrante do título de crédito. Não vai valer nada. Ou está escrito ali no título, ou não tem existência. Simples assim.

Finalmente, o princípio da autonomia determina que as obrigações que o título representa sejam independentes entre si. Isso porque um único título pode ser repre­sentativo de mais de uma obrigação, mas uma não tem nada a ver com a outra.

Esse princípio se subdivide em dois outros: o da inoponibilidade das exceções pessoais a terceiros de boa-fé e o da abstração.

O primeiro determina que o devedor de um título de crédito não poderá opor a

terceiro exceções pessoais, por exemplo, a compensação de um crédito que possui em relação ao credor originário. O segundo determina que, quando o título de crédito

entra em circulação, desvincula-se totalmente do negócio que lhe deu origem.

Vamos entrar agora naquela parte chata (mas necessária) das classificações. Qua­

tro são os critérios em que podemos agrupar os títulos de crédito: a) Quanto ao modelo

Os títulos de crédito podem se.r livres, e são exemplo a letra de câmbio e a nota

promissória. São assim denominados porque não precisam seguir um padrão previa­

mente estabelecido. Uma nota promissória pode ser escrita com caneta cor de rosa num papel de pão. Se preencher todos os requisitos, será válida.

Teoria geral do direito cambiário 180

Por outro lado, alguns títulos, como a duplicata e o cheque, apresen~am um pa­drão estabelecido pelo direito. Não dá para eu emitir um cheque que fiz na minha

impressora e qu~rer com ele comprar uma c~sa· na Riviera de São Lourenço. Se bem

que seria bem legaJ. b) Quanto à estrutura Serão ordem de pagamento ou promessa de pagamento. Ordem de pagamento é o título de crédito em que o emitente, também chamado

de sacador, manda o sacado pagar uma quantia determinada ao tomador, ·que tam­

bém pode ser chamado de beneficiário do crédito. É o caso da letra de câmbio, do

cheque e da duplicata. Fica fácil visualizar isso no cheque: eu, que passo o cheque, sou a sacadora, e mando o banco (sacado) pagar um valor certo ao beneficiário, que é

quem recebeu o meu cheque.

···················································································· Oc/.eio. cAe.que4, c/iqaró,e_ ck ~· Não apenas por precisar estudá-los.

Na vida prática mesmo. Quando falarmos do assunto eu conto a minha linda

experiência . ....................................................................................

Já a promessa de pagamento é o título de crédito em que o promitente promete

pagar quantia determinada ao tomador beneficiário do crédito. É o caso da nota pro­

missória. Só tem duas pessoas aqui: quem promete pagar e quem vai receber.

c) Quanto à emissão O título pode ser ser causal, e será assim denominado quando a lei eleger uma

causa possível para sua emissão. Somente quando e se ocorrer essa causa o título pode

ser emitido. A duplicata é título causal: só pode ser emitida para representar uma

obrigação decorrente de compra e venda mercantil. Será não causal, por outro lado, o título que pode ser emitido para documentar

qualquer espécie de crédito, independentemente da causa que lhe deu origem. É o

caso do chequ<e da nota promissória.

d) Quanto à circulação Por fim, um título pode ser considerado ao portador ou nominativo. Ao portador é o título que não identifica o credor e que se transfere por mera

tradição. Quem estiver na posse do título é considerado beneficiário deste. Já os títu­

los nominativos trazem expressos na cártula o nome do beneficiário e poderão ser "à

ordem" (que circulam por endosso) ou "não à ordem" (que circulam por cessão civil).

Cabe aqui um parêntese para explicar a diferença entre o endosso e a cessão, ain­

da que o estudo do endosso aconteça mais para a frente. O endosso é um ato cambial e, assim sendo, deve obediência àqueles três princí­

pios que vimos agora pouco. O devedor de um título nominativo à ordem não poderá opor-se ao seu pagamento alegando exceções pessoais. O endossante responde tanto

181 Empresarial para quem odeia empresarial

i.

pela existência do crédito como pela solvência do devedor principal e de todos os

eventuais codevedores.

já a cessão civil é instituto de direito civil, e não se submete aos referidos princí­

pios. Um título nominativo não à ordem vincula por cessão civil, e as exceções pesso­

ais podem ser alegadas. O cedente é responsável somente pela existência do crédito,

mas não pela solvência do devedor principal.

Ficou bem confuso, eu sei, porque está parecendo que essas informações estão

jogadas completamente fora de ordem. Mas guarde elas aí, que serão importante.<= já já.

Para terminar este capítulo, vamos ver onde estão as regras que orientam os títu­

los de crédito. '

O Código Civil traz alguns artigos sobre o tema (887 ao 926), mas eles têm a?lica-

ção somente no caso de inexistência ou lacuna da lei específica. Ou seja, primeiro te­

nho que saber se determinado título tem uma legislação só dele. Se não tiver, aí eu

recorro ao Código Civil.

Letra de câmbio e nota promissória se submetem ao regramento constar.te na

Lei Uniforme de Genebra, a famosa LU (eu!).

O cheque tem lei própria.

A duplicata obedece às mesmas regras da letra de câmbio.

Sobraram para o Código Civil, portanto, três títulos: o warrant agropecuário, o

conhecimento de depósito agropecuário e a letra de arrendamento mercantil.

'Jalcuuio. em W-C//IN1Jll1 acabei de me lembrar que prometi a uma pessoa c,ue iria

explicar o que é essa porcaria. t: acabei de me lembrar também que existe uma

banda com esse nome. De uma das músicas dessa banda eu gosto bastante.

Chama-se "Bitter pill" (pílula amarga), e a letra é tão linda e tão aplicável à minha

pessoa que, todas as vezes que a escuto, penso: "Como eu não escrevi isso?".

Chega por hoje.

Bem mais ligi·tt essa matéria do que a das sociedades anônimas, nér Ainda

sinto arrepios quênclo penso nas malfadadas S/A.

Teoria geral do direito cambiá rio 182

~---. -~-- .'

23. Calotes: quem nunca?.

i l

-j - . - -~-- ~- -.,

- .. · \:.:;-:;_: _::.-_.: __ / .•. ,~{-.>'/

· .• ! _.,. i . ·t

l

Letra de câmbiO'-• j ' ~ t f.

···················································································· :Ü.m.iJJi.ei ~ ck uma~ que até hoje me faz sentir muita raiva ele mim

mesma e mais raiva ainda do pai da minha filha.

Ouanclo fiquei grávida, eu tinha um !=orei Ka. !=oi o primeiro carro que eu

mesma comprei. t:le me levou para tantos lugares que eu tinha verdadeira pai­

xão por ele.

Mas o carro era pequeno para o bebê que cr·escia na minha ba·riga. t:u

estava casada (ou, melhor dizendo, em termos mais claros, "amigada") com o pai

da cria, e decidimos comprar o carro que um amigo dele estava vendendo.

!=rise-se: amigo dele. t:ra um Gol prata, bonitinho o carro. Trocamos o neu car­

ro pelo Gol.

Além do carro um pouco maior, nós precisávamos também montar o quar­

tinho da cria, e quase todo o dinheiro estava sendo sugado pela compra de

fraldas.

O Gol era novo, tinha 2 ou 3 anos ele uso. Decidimos então vend.§-lo e fi­

car com um carro um pouco mais velho para conseguir fazer dinheiro. Compra­

ríamos os móveis à vista, e a criança não iria nascer devendo.

Nem chegam~s a transferir o Gol para o meu nome. Compramos um !=ies·

ta 2 anos mais velho, e, com a diferença, o berço e o guarda-roupa mais lindos

do mundo foram comprados para o quarto da filhota.

Legal.

Depois de um tempo, a cria já estava nascida e o pai já tinha abandonado

a missão (situação que vai ser explicada mais para a frente), o campeador do

Gol me ligou, dizendo que, quando foi fazer a transferência para o SEU nome,

apareceu uma restrição.

Olha a treta: quando comprei o Gol, constava, sim, uma alienaçã::J no do­

cumento. !=ui ao banco e me certifiquei de que o financiamento estava quitado,

como o tal amigo havia dito, e que apenas não tinha sido dada a baixa no siste­

ma. t:le estava certo. Ótimo.

i.

pela existência do crédito como pela solvência do devedor principal e de todos os

eventuais codevedores.

já a cessão civil é instituto de direito civil, e não se submete aos referidos princí­

pios. Um título nominativo não à ordem vincula por cessão civil, e as exceções pesso­

ais podem ser alegadas. O cedente é responsável somente pela existência do crédito,

mas não pela solvência do devedor principal.

Ficou bem confuso, eu sei, porque está parecendo que essas informações estão

jogadas completamente fora de ordem. Mas guarde elas aí, que serão importante.<= já já.

Para terminar este capítulo, vamos ver onde estão as regras que orientam os títu­

los de crédito. '

O Código Civil traz alguns artigos sobre o tema (887 ao 926), mas eles têm a?lica-

ção somente no caso de inexistência ou lacuna da lei específica. Ou seja, primeiro te­

nho que saber se determinado título tem uma legislação só dele. Se não tiver, aí eu

recorro ao Código Civil.

Letra de câmbio e nota promissória se submetem ao regramento constar.te na

Lei Uniforme de Genebra, a famosa LU (eu!).

O cheque tem lei própria.

A duplicata obedece às mesmas regras da letra de câmbio.

Sobraram para o Código Civil, portanto, três títulos: o warrant agropecuário, o

conhecimento de depósito agropecuário e a letra de arrendamento mercantil.

'Jalcuuio. em W-C//IN1Jll1 acabei de me lembrar que prometi a uma pessoa c,ue iria

explicar o que é essa porcaria. t: acabei de me lembrar também que existe uma

banda com esse nome. De uma das músicas dessa banda eu gosto bastante.

Chama-se "Bitter pill" (pílula amarga), e a letra é tão linda e tão aplicável à minha

pessoa que, todas as vezes que a escuto, penso: "Como eu não escrevi isso?".

Chega por hoje.

Bem mais ligi·tt essa matéria do que a das sociedades anônimas, nér Ainda

sinto arrepios quênclo penso nas malfadadas S/A.

Teoria geral do direito cambiá rio 182

~---. -~-- .'

23. Calotes: quem nunca?.

i l

-j - . - -~-- ~- -.,

- .. · \:.:;-:;_: _::.-_.: __ / .•. ,~{-.>'/

· .• ! _.,. i . ·t

l

Letra de câmbiO'-• j ' ~ t f.

···················································································· :Ü.m.iJJi.ei ~ ck uma~ que até hoje me faz sentir muita raiva ele mim

mesma e mais raiva ainda do pai da minha filha.

Ouanclo fiquei grávida, eu tinha um !=orei Ka. !=oi o primeiro carro que eu

mesma comprei. t:le me levou para tantos lugares que eu tinha verdadeira pai­

xão por ele.

Mas o carro era pequeno para o bebê que cr·escia na minha ba·riga. t:u

estava casada (ou, melhor dizendo, em termos mais claros, "amigada") com o pai

da cria, e decidimos comprar o carro que um amigo dele estava vendendo.

!=rise-se: amigo dele. t:ra um Gol prata, bonitinho o carro. Trocamos o neu car­

ro pelo Gol.

Além do carro um pouco maior, nós precisávamos também montar o quar­

tinho da cria, e quase todo o dinheiro estava sendo sugado pela compra de

fraldas.

O Gol era novo, tinha 2 ou 3 anos ele uso. Decidimos então vend.§-lo e fi­

car com um carro um pouco mais velho para conseguir fazer dinheiro. Compra­

ríamos os móveis à vista, e a criança não iria nascer devendo.

Nem chegam~s a transferir o Gol para o meu nome. Compramos um !=ies·

ta 2 anos mais velho, e, com a diferença, o berço e o guarda-roupa mais lindos

do mundo foram comprados para o quarto da filhota.

Legal.

Depois de um tempo, a cria já estava nascida e o pai já tinha abandonado

a missão (situação que vai ser explicada mais para a frente), o campeador do

Gol me ligou, dizendo que, quando foi fazer a transferência para o SEU nome,

apareceu uma restrição.

Olha a treta: quando comprei o Gol, constava, sim, uma alienaçã::J no do­

cumento. !=ui ao banco e me certifiquei de que o financiamento estava quitado,

como o tal amigo havia dito, e que apenas não tinha sido dada a baixa no siste­

ma. t:le estava certo. Ótimo.

Mas, enquanto ainda estávamos nas negociações, 2 dias depois de eu ter

feito a pesquisa no banco, o bonitão do Gol foi lá e refinanciou o carro. Olha

que lindo: recebeu o dinheiro que eu paguei pelo carro e recebeu também do

banco o valor referente ao refinanciamento.

~mais. Alguns dias depois, ele foi embora para o Japão. Reza a lenda que

está lá até hoje.

Quando, alguns meses depois, a pessoa para quem eu vendi o carro foi

tentar fazer a transferência, não conseguiu, porque constava essa alienação, o

refinanciamento com a mesma data do dia em que eu entreguei o dinheiro para

o japonês.

Por que eu contei toda essa história? Para afirmar publicamente que fui

feita de trouxa, já que, no fim das contas, tive que devolver o Fiesta para o

homem, devolver o dinheiro que ele tinha me dado na troca e ficar com o Gol,

que, pouco tempo depois, foi apreendido, ten~o em vista que o bonito nunca

pagou as parcelas do refinanciamento.

Sem mais comentários.

Vamos começar agora a ver os títulos de crédito um por um, começando pela le­

tra de câmbio. Seguindo a orientação de Fábio Ulhoa Coelho, faremos a análise, den­

tro do estudo d~sse título, da constituição e exigibilidade do crédito tributário, bem

assim das particularidades de todos os atos cambiários.

A partir daí vai ficar mais tranquilo. Depois analisaremos os demais títulos.

Como eu falei no finzinho do capítulo anterior, a letra de câmbio é disciplinada

pela Lei Uniforme, que é resultante da Convenção de Genebra, firmada em julho de

I 930 (mais conhecido como mil novecentos e bolinha).

O Brasil aderiu a essa convenção em I 942, e nessa época já existia uma lei que

disciplinava a letra de câmbio e a nota promissória. Para que a LU pudesse ser aplica­

da, revogando a norma interna, o certo seria, resumidamente, que o Congresso apro­

vasse uma lei que introduzisse tais normas no ordenamento pátrio.

Mas deram um jeitinho diferente aqui. O famoso jeitinho brasileiro. Em I 966, o

Poder Executivo baixou um decreto determinando que a partir de então o cumpri­

mento da Çonvenção de Genebra passava a ser obrigatório. O STF aceitou isso, e

pronto. LU valendo no Brasil, mas com reservas.

Essas reservas, ou seja, a parte da LU com a qual o Brasil não concordou, foram

supridas pelo Decreto n. 2.044/I908. lsso mesmo. Vou escrever por extenso pra nin­

guém pensar que eu errei na digitação: mil novecentos e oito.

Que ikp.mya, n.i? Tá pior que o meu quartol

Então olha como fica a legislação aplicável à letra de câmbio no Brasil:

Letra de cc'.mbio 184

a) Vigora a Lei Uniforme, mas, em virtude das reservas assinaladas pelo Brasil,

não vigoram os seguintes dispositivos: .,_ art. ro;

.,_ art. 41, alínea 3-"-;

.,_ art. 43, n. i e 3;

.,_ art. 44, alíne'as 5-"- e 6."..

b) Ainda em virtude das reservas, o art. 38 da LU deve ser complementado, no

~entido de que as letras de câmbio pagáveis no Brasil devem ser apresentadas ao acei­

tante no próprio dia do vencimento.

c) A taxa de juros de mora no pagamento da letra de câmbio ou da nota promis­

sória é a mesma devida no caso de mora no pagamento de impostos devidos à Fazenda

Nacional (reserva feita aos arts. 48 e 49). d) Em razão das omissões da LU, permanecem em vigor os seguintes dispositivos

do Decreto n. 2.044/1908: .,. art. 3~; .,. art. 10; .,. art. 14; .,. art. I 9, ll; .,. art. 33; .,. art. 36; .,. art. 54, I. Sinceramente, acho que você não precisa decorar esses números não. Na verda­

de, fiquei com pena de apagá-los depois que já tinha digitado tudo, e achei legal tam­

bém mantê-los aqui a título de curiosidade.

O que você precisa saber é que se aplica a LU, mas, tendo em vista que o Brasil

assinalou reservas a essa lei, em alguns aspectos ainda se aplica o Decreto n. 2.044/1908.

Acho que essas informações bastam.

Passaremos agora à análise do crédito cambiário.

~ q,ue- Unto. uma~ muito., muito forte de revelar o nome e o

sobrenome daquele bonito que me vendeu o Gol. O mundo precisaria saber

que tipo de picareta ele é. Mas me contenho. De qualquer forma, não posso

negar que às vezes desejo que ele arda no mármore do inferno.

Pronto, falei.

185 Empresarial para quem odeia empresarial

Mas, enquanto ainda estávamos nas negociações, 2 dias depois de eu ter

feito a pesquisa no banco, o bonitão do Gol foi lá e refinanciou o carro. Olha

que lindo: recebeu o dinheiro que eu paguei pelo carro e recebeu também do

banco o valor referente ao refinanciamento.

~mais. Alguns dias depois, ele foi embora para o Japão. Reza a lenda que

está lá até hoje.

Quando, alguns meses depois, a pessoa para quem eu vendi o carro foi

tentar fazer a transferência, não conseguiu, porque constava essa alienação, o

refinanciamento com a mesma data do dia em que eu entreguei o dinheiro para

o japonês.

Por que eu contei toda essa história? Para afirmar publicamente que fui

feita de trouxa, já que, no fim das contas, tive que devolver o Fiesta para o

homem, devolver o dinheiro que ele tinha me dado na troca e ficar com o Gol,

que, pouco tempo depois, foi apreendido, ten~o em vista que o bonito nunca

pagou as parcelas do refinanciamento.

Sem mais comentários.

Vamos começar agora a ver os títulos de crédito um por um, começando pela le­

tra de câmbio. Seguindo a orientação de Fábio Ulhoa Coelho, faremos a análise, den­

tro do estudo d~sse título, da constituição e exigibilidade do crédito tributário, bem

assim das particularidades de todos os atos cambiários.

A partir daí vai ficar mais tranquilo. Depois analisaremos os demais títulos.

Como eu falei no finzinho do capítulo anterior, a letra de câmbio é disciplinada

pela Lei Uniforme, que é resultante da Convenção de Genebra, firmada em julho de

I 930 (mais conhecido como mil novecentos e bolinha).

O Brasil aderiu a essa convenção em I 942, e nessa época já existia uma lei que

disciplinava a letra de câmbio e a nota promissória. Para que a LU pudesse ser aplica­

da, revogando a norma interna, o certo seria, resumidamente, que o Congresso apro­

vasse uma lei que introduzisse tais normas no ordenamento pátrio.

Mas deram um jeitinho diferente aqui. O famoso jeitinho brasileiro. Em I 966, o

Poder Executivo baixou um decreto determinando que a partir de então o cumpri­

mento da Çonvenção de Genebra passava a ser obrigatório. O STF aceitou isso, e

pronto. LU valendo no Brasil, mas com reservas.

Essas reservas, ou seja, a parte da LU com a qual o Brasil não concordou, foram

supridas pelo Decreto n. 2.044/I908. lsso mesmo. Vou escrever por extenso pra nin­

guém pensar que eu errei na digitação: mil novecentos e oito.

Que ikp.mya, n.i? Tá pior que o meu quartol

Então olha como fica a legislação aplicável à letra de câmbio no Brasil:

Letra de cc'.mbio 184

a) Vigora a Lei Uniforme, mas, em virtude das reservas assinaladas pelo Brasil,

não vigoram os seguintes dispositivos: .,_ art. ro;

.,_ art. 41, alínea 3-"-;

.,_ art. 43, n. i e 3;

.,_ art. 44, alíne'as 5-"- e 6."..

b) Ainda em virtude das reservas, o art. 38 da LU deve ser complementado, no

~entido de que as letras de câmbio pagáveis no Brasil devem ser apresentadas ao acei­

tante no próprio dia do vencimento.

c) A taxa de juros de mora no pagamento da letra de câmbio ou da nota promis­

sória é a mesma devida no caso de mora no pagamento de impostos devidos à Fazenda

Nacional (reserva feita aos arts. 48 e 49). d) Em razão das omissões da LU, permanecem em vigor os seguintes dispositivos

do Decreto n. 2.044/1908: .,. art. 3~; .,. art. 10; .,. art. 14; .,. art. I 9, ll; .,. art. 33; .,. art. 36; .,. art. 54, I. Sinceramente, acho que você não precisa decorar esses números não. Na verda­

de, fiquei com pena de apagá-los depois que já tinha digitado tudo, e achei legal tam­

bém mantê-los aqui a título de curiosidade.

O que você precisa saber é que se aplica a LU, mas, tendo em vista que o Brasil

assinalou reservas a essa lei, em alguns aspectos ainda se aplica o Decreto n. 2.044/1908.

Acho que essas informações bastam.

Passaremos agora à análise do crédito cambiário.

~ q,ue- Unto. uma~ muito., muito forte de revelar o nome e o

sobrenome daquele bonito que me vendeu o Gol. O mundo precisaria saber

que tipo de picareta ele é. Mas me contenho. De qualquer forma, não posso

negar que às vezes desejo que ele arda no mármore do inferno.

Pronto, falei.

185 Empresarial para quem odeia empresarial

I-\-.

t?\A_....,; /"':--~~ ... ~::t\~1

..... ~l'-'IIJ..t~· :;:;·

/ ·._ /.,.

24. A menino na janela:. ,-···--"""

:,'coiJstl!qiÇ~1o_ dq crédito: caf11biárlç>_ ' ' .. ' . '

···················································································· Um 6e1.o. dia u.o.cê. eálá na. iua caia, e de repente muda tudo. Você não sabe

que vai mudar tudo a p'artir daquele dia, mas a excitação gostosa do n:JVo é

envolvente, e você deixa a emoção te guiar no caminho cujo final a razão sabe

ser um beco sem saída. Mas vamos combinar uma coisa: a razão é chata. Quem

precisa dela? Além do mais, você é vivido, esperto, maduro. Você sabe elas

coisas. Nunca se deixara levar por essas coisas, né?

/

Dificilmente você se clara conta elo momento exato em que a curtição

passa a ser vício. Necessária. Quase sempre, quando você percebe, já é

tarde. Aí você tenta des-esperadamente se livrar dela. f=oge. Some. Afasta-se

do que, supostamente, te faz mal. Mas em vão. Você já entrou por aquela

porta, e, uma vez dentro, não há mais a possibilidade de voltar pelo mesmo

caminho. Agora você tem que se virar e procurar, na escuridão desco:<heci-

cla, uma nova porta.

t: aí. o que você faz?

Sugestão: relaxe e se deixe levar, porque aquilo que você achou que po­

deria te fazer sofrer amanhã te faz bem hoje. t: ninguém garante que você vai

estar vivo amanhã.

Regra geral, as pessoas nunca chegam a saber ele verdade o quanto fize·

rarn bem (ou mal) a nós. Tenho exercitado essa coisa ele falar para o outro o que

eu realmente sinto. Desprezo, amor, mágoa, saudade, decepção, entusiasmo,

alegria ou tristeza. O que for. Aprendi com uma amiga (lindíssima, por sinal) que

não é justo com você mesmo que alguém te faça sentir alguma coisa ruim ou

boa sem que esse alguém saiba.

f.:xistem situações em que você vai estar sozinho. Ainda que uma multidão

te rodeie, você vai estar sozinho. As respostas estarão todas dentro de você,

mas inevitavelmente você vai achar que é fraco e que não tem capacida:::le para

encontrá-las sozinho.

f.: você vai chorar. Vai se desesperar. Vai achar que já foi além do limite. Vai

achar que o fardo é pesado demais para você carregar. t: vai pensar em clesis:ir.

Mas qual é a opção se você desistir?

O vício, que você achava que só te fazia mal, de repente era um aviso de

Deus, de Jah, de Buda ou de qualquer outra entidade em quem você acrecl 1te.

O que acontece hoje é consequência do que você escolheu ontem. Mas 0

veneno que não te mata te fortalece. .

Não existe uma moral nessa história. Nem nexo, provavelmente. Mas hcje

eu estou feliz. f=eliz porque fiz uma coisa politicamente incorreta que me dei­

xou extremamente bem. f=eliz porque deixei para trás. de verdade mesmo, a

mágoa comigo mesma por ter falhado. f=eliz porque dei um beijo de boa-noite

na minha filha e disse, com todo o meu coração (e não apenas por costume),

que eu a amo.

f..loJe eu fiz a minha parte. t: me sinto a menina na janela.

Amanhã, força e fé pra fazer de novo, e melhor.

Vamos lá? Veremos aqui a letra de câmbio a partir dos seus elementos e

dos atos cambiais, como já mencionamos no começo do capítulo passado. Co­

mecemos.

24.1. Saque Quando classificamos os títulos de crédito, localizamos a letra de câmbio na mo­

dalidade ordem de pagamento. Isso quer dizer que, quando surge uma letra de câm-bio, três situações jurídicas distintas provenientes dela nascem também. ·

A primeira delas é a de quem dá a ordem do pagamento, ou seja, a determinação de que certa quantia em dinheiro seja paga por alguém a outro alguém. Essa pessoa é chamada de sacador.

A segunda situação é a da pessoa contra quem a ordem é emitida, o destinatário da ordem que deverá efetuar o pagamento. Esse é o sacado.

E a terceira é a da pessoa a favor de quem a ordem foi dada, ou seja, o credor. A

ele damos o nome de tomador:

Mesmo sendo bem distintas as situações criadas pelo saque, a lei permite que a mesma pessoa ocupe mais de u.m lugar, ou seja, sacador e sacado podem, por exemplo,

ser a mesma pessoa.

Certo. Identificamos a galera.

Saque é o ato de criação da letra de câmbio. Por ele, o tomador fica autorizado a procurar o sacado e dele receber a quantia estipulada no título, e, também por ele, o sacador se obriga ao pagamento. Funciona assim: em uma primeira análise, quem deve pagar o título é o sacado. Mas, se não forem obedecidas certas condições e opa­gamento não for efetuado por ele, o tomador deverá fazer a cobrança diretamente do

sacador.

187 Empresarial para quem odeia empresarial

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24. A menino na janela:. ,-···--"""

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···················································································· Um 6e1.o. dia u.o.cê. eálá na. iua caia, e de repente muda tudo. Você não sabe

que vai mudar tudo a p'artir daquele dia, mas a excitação gostosa do n:JVo é

envolvente, e você deixa a emoção te guiar no caminho cujo final a razão sabe

ser um beco sem saída. Mas vamos combinar uma coisa: a razão é chata. Quem

precisa dela? Além do mais, você é vivido, esperto, maduro. Você sabe elas

coisas. Nunca se deixara levar por essas coisas, né?

/

Dificilmente você se clara conta elo momento exato em que a curtição

passa a ser vício. Necessária. Quase sempre, quando você percebe, já é

tarde. Aí você tenta des-esperadamente se livrar dela. f=oge. Some. Afasta-se

do que, supostamente, te faz mal. Mas em vão. Você já entrou por aquela

porta, e, uma vez dentro, não há mais a possibilidade de voltar pelo mesmo

caminho. Agora você tem que se virar e procurar, na escuridão desco:<heci-

cla, uma nova porta.

t: aí. o que você faz?

Sugestão: relaxe e se deixe levar, porque aquilo que você achou que po­

deria te fazer sofrer amanhã te faz bem hoje. t: ninguém garante que você vai

estar vivo amanhã.

Regra geral, as pessoas nunca chegam a saber ele verdade o quanto fize·

rarn bem (ou mal) a nós. Tenho exercitado essa coisa ele falar para o outro o que

eu realmente sinto. Desprezo, amor, mágoa, saudade, decepção, entusiasmo,

alegria ou tristeza. O que for. Aprendi com uma amiga (lindíssima, por sinal) que

não é justo com você mesmo que alguém te faça sentir alguma coisa ruim ou

boa sem que esse alguém saiba.

f.:xistem situações em que você vai estar sozinho. Ainda que uma multidão

te rodeie, você vai estar sozinho. As respostas estarão todas dentro de você,

mas inevitavelmente você vai achar que é fraco e que não tem capacida:::le para

encontrá-las sozinho.

f.: você vai chorar. Vai se desesperar. Vai achar que já foi além do limite. Vai

achar que o fardo é pesado demais para você carregar. t: vai pensar em clesis:ir.

Mas qual é a opção se você desistir?

O vício, que você achava que só te fazia mal, de repente era um aviso de

Deus, de Jah, de Buda ou de qualquer outra entidade em quem você acrecl 1te.

O que acontece hoje é consequência do que você escolheu ontem. Mas 0

veneno que não te mata te fortalece. .

Não existe uma moral nessa história. Nem nexo, provavelmente. Mas hcje

eu estou feliz. f=eliz porque fiz uma coisa politicamente incorreta que me dei­

xou extremamente bem. f=eliz porque deixei para trás. de verdade mesmo, a

mágoa comigo mesma por ter falhado. f=eliz porque dei um beijo de boa-noite

na minha filha e disse, com todo o meu coração (e não apenas por costume),

que eu a amo.

f..loJe eu fiz a minha parte. t: me sinto a menina na janela.

Amanhã, força e fé pra fazer de novo, e melhor.

Vamos lá? Veremos aqui a letra de câmbio a partir dos seus elementos e

dos atos cambiais, como já mencionamos no começo do capítulo passado. Co­

mecemos.

24.1. Saque Quando classificamos os títulos de crédito, localizamos a letra de câmbio na mo­

dalidade ordem de pagamento. Isso quer dizer que, quando surge uma letra de câm-bio, três situações jurídicas distintas provenientes dela nascem também. ·

A primeira delas é a de quem dá a ordem do pagamento, ou seja, a determinação de que certa quantia em dinheiro seja paga por alguém a outro alguém. Essa pessoa é chamada de sacador.

A segunda situação é a da pessoa contra quem a ordem é emitida, o destinatário da ordem que deverá efetuar o pagamento. Esse é o sacado.

E a terceira é a da pessoa a favor de quem a ordem foi dada, ou seja, o credor. A

ele damos o nome de tomador:

Mesmo sendo bem distintas as situações criadas pelo saque, a lei permite que a mesma pessoa ocupe mais de u.m lugar, ou seja, sacador e sacado podem, por exemplo,

ser a mesma pessoa.

Certo. Identificamos a galera.

Saque é o ato de criação da letra de câmbio. Por ele, o tomador fica autorizado a procurar o sacado e dele receber a quantia estipulada no título, e, também por ele, o sacador se obriga ao pagamento. Funciona assim: em uma primeira análise, quem deve pagar o título é o sacado. Mas, se não forem obedecidas certas condições e opa­gamento não for efetuado por ele, o tomador deverá fazer a cobrança diretamente do

sacador.

187 Empresarial para quem odeia empresarial

A validade de uma letra de câmbio depende da presença dos seguintes requisitos.

~ a expressão "letra de câmbio" constante do próprio título; ~ a ordem pura e simples de pagar determinada quantia (é pacífico, hoje, que tal

quantia pode estar indexada ou com cláusula de correção monetária, desde que o cri­tério de atualização seja o oficial ou de amplo conhecimento no comércio);

~ o· nome do sacado e sua identificação por um número de documento;

~ o lugar do pagamento; ~ o nome do tomador;

~ o local e a data do saque; . . ~ a assinatura do sacador, ou, se este não puder ou não souber assinar, de seu

procurador nomeado por instrumento público. Olha só que bonitinho o modelo:

N. 01 Vendmento de 2 dias da vista Valor R$ 200.00 Novendmento rgar.I(Ao)V.Sa(S) rresta ~nla via de lella de

amblo.A

::;':.rc:·. ;• (Duzentos rea ls) x•x•x•x•x•x•x•x•x•x·x·x•x•x•x·x·x•x• x•x•x•x•x•x·x·x·x•x•x•x•x•x•x·x·x·x·x·x-x•x·x·x•x•x•x·x·x•x

Na praça de &lO &manJo do Campo ~ lll)resenta:;Sodestacambibl p::>der~ se. Celta ate·- mes.esda d!ta 00 ~ue.

---------.. ' ---__.m:li!

Docume.n;;tjio•··· CNPJ/CPFw Ou!losi:\>G

Este é o Sacado/Devedor

A época do vencimento deve constar do título, mas sua ausência não o descarac­teriza, porque, por determinação legal, quando isso acontece, considera-se que o títu­lo será à vista.

Mas veja: embora esses requisitos sejam essenciais à letra de câmbio, o STF já sumulou o entendimento (Súmula 387) de que a presença de todos eles só é necessária no momento da cobrança ou protesto do título, e, se entende que a pessoa que porta o título é rriunida de boa-fé, pode agir como procurador do sacador para preencher os dados faltantes.

Dessa forma, é permitido que a letra de câmbio circule ou até mesmo que possa

ser sacada, ainda que incompleta.

24.2. Aceite Quando o sacador emite uma letra de câmbio, o sacado não tem nenhuma obriga­

ção cambial. Ele se vinculará ao pagamento se, e, somente se concordar em atender a

Constituição do crédito cambiá rio 188

ordem que foi dirigida a ele, o que faz por um ato denominado aceite. Então, pode-se dizer que o sacado somente assumirá a obrigação constante na letra de câmbio que lhe é dirigida se quiser, e por meio do aceite. É ato discricionálio (oi, direito administrativo).

O aceite é feito por meio de uma simples assinatura do sacado no anverso do tí­tulo, ou no verso, desde que contenha a expressão "aceito". Não gosto muito da pala­vra "anverso", mas é ela que aparece na lei. De qualquer forma, o anverso é o inverso do verso.

Uma vez que o sacado aceita a letra de câmbio, ele se torna devedor principal. Isso quer dizer que na data do vencimento o credor terá que procurá-lo para o cumpri­mento da obrigação, e só no caso de ele se recusar a efetuar o pagamento é que o cre­dor está autorizado a procurar os demais codevedores.

Essa é a regra geral que funciona para todos os títulos de crédito: os codevedores só podem ser cobrados se o devedor principal não pagou.

Dissemos que o aceite é ato voluntário do sacado. Ou seja, ele só aceita se quiser. Contudo, a recusa do aceite traz uma consequência: o título considera-se desde já vencido. Como a recusa do aceite gera vencimento antecipado do título, o tomador pode, de imediato, efetuar a cobrança diretamente do sacador.

Isso também ocorre nos casos de aceite limitativo ou modificativo. Assim: eu, credora de uma letra de câmbio, chego para o sacado e lhe apresento o

título. Ele aceita, mas aceita pagar só uma parte do valor ali estipulado (aceite limita­tivo), ou então aceita pagar, mas alterando a data do vencimento (aceite modificativo). Nesses casos, o aceitante se vincula exatamente nos termos do aceite, mas a letra de

câmbio considera-se vencida e o tomador pode também cobrar imediatamente do sacador.

Para evitar o vencimento antecipado, o sacador pode valer-se da chamada cláu­sula "não aceitável". Com ela, o tomador não pode apresentar o título ao sacado, antes do vencimento, para aceite. Então, a alternativa que vai lhe restar é apresentá­-lo na data do vencimento. Se o sacado não pagar, o tomador poderá cobrar do saca­dor, mas como já está na data do vencimento, não trará nenhuma relevância o tal vencimento antecipado.

Outras soluções intermediárias previstas na lei são a proibição, pelo sacador, de apresentação para aceite antes de determinada data, ou ainda a estipulação; de um prazo para apresentação a aceite.

A letra de câmbio tem prazo máximo para apresentação ao sacado. Se for à vista, ela deve ser apresentada no prazo máximo de 1 ano contado do

saque. Veja que aí a apresentação não é para aceite, mas para pagamento mesmo. Ain­

da assim, o sacado não está proibido de aceitar e pagar.

No caso da letra de câmbio sacada a certo termo da vista (que é aquela em que o vencimento se dá depois ele um prazo que começa a fluir do aceite), o tomador deverá apresentar a letra para aceite no prazo máximo de 1 ano contado do saque. Mas agora

189 Empresarial para quem odeia empresarial

I ~ I··· :! ti •. 1 i li,

A validade de uma letra de câmbio depende da presença dos seguintes requisitos.

~ a expressão "letra de câmbio" constante do próprio título; ~ a ordem pura e simples de pagar determinada quantia (é pacífico, hoje, que tal

quantia pode estar indexada ou com cláusula de correção monetária, desde que o cri­tério de atualização seja o oficial ou de amplo conhecimento no comércio);

~ o· nome do sacado e sua identificação por um número de documento;

~ o lugar do pagamento; ~ o nome do tomador;

~ o local e a data do saque; . . ~ a assinatura do sacador, ou, se este não puder ou não souber assinar, de seu

procurador nomeado por instrumento público. Olha só que bonitinho o modelo:

N. 01 Vendmento de 2 dias da vista Valor R$ 200.00 Novendmento rgar.I(Ao)V.Sa(S) rresta ~nla via de lella de

amblo.A

::;':.rc:·. ;• (Duzentos rea ls) x•x•x•x•x•x•x•x•x•x·x·x•x•x•x·x·x•x• x•x•x•x•x•x·x·x·x•x•x•x•x•x•x·x·x·x·x·x-x•x·x·x•x•x•x·x·x•x

Na praça de &lO &manJo do Campo ~ lll)resenta:;Sodestacambibl p::>der~ se. Celta ate·- mes.esda d!ta 00 ~ue.

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Docume.n;;tjio•··· CNPJ/CPFw Ou!losi:\>G

Este é o Sacado/Devedor

A época do vencimento deve constar do título, mas sua ausência não o descarac­teriza, porque, por determinação legal, quando isso acontece, considera-se que o títu­lo será à vista.

Mas veja: embora esses requisitos sejam essenciais à letra de câmbio, o STF já sumulou o entendimento (Súmula 387) de que a presença de todos eles só é necessária no momento da cobrança ou protesto do título, e, se entende que a pessoa que porta o título é rriunida de boa-fé, pode agir como procurador do sacador para preencher os dados faltantes.

Dessa forma, é permitido que a letra de câmbio circule ou até mesmo que possa

ser sacada, ainda que incompleta.

24.2. Aceite Quando o sacador emite uma letra de câmbio, o sacado não tem nenhuma obriga­

ção cambial. Ele se vinculará ao pagamento se, e, somente se concordar em atender a

Constituição do crédito cambiá rio 188

ordem que foi dirigida a ele, o que faz por um ato denominado aceite. Então, pode-se dizer que o sacado somente assumirá a obrigação constante na letra de câmbio que lhe é dirigida se quiser, e por meio do aceite. É ato discricionálio (oi, direito administrativo).

O aceite é feito por meio de uma simples assinatura do sacado no anverso do tí­tulo, ou no verso, desde que contenha a expressão "aceito". Não gosto muito da pala­vra "anverso", mas é ela que aparece na lei. De qualquer forma, o anverso é o inverso do verso.

Uma vez que o sacado aceita a letra de câmbio, ele se torna devedor principal. Isso quer dizer que na data do vencimento o credor terá que procurá-lo para o cumpri­mento da obrigação, e só no caso de ele se recusar a efetuar o pagamento é que o cre­dor está autorizado a procurar os demais codevedores.

Essa é a regra geral que funciona para todos os títulos de crédito: os codevedores só podem ser cobrados se o devedor principal não pagou.

Dissemos que o aceite é ato voluntário do sacado. Ou seja, ele só aceita se quiser. Contudo, a recusa do aceite traz uma consequência: o título considera-se desde já vencido. Como a recusa do aceite gera vencimento antecipado do título, o tomador pode, de imediato, efetuar a cobrança diretamente do sacador.

Isso também ocorre nos casos de aceite limitativo ou modificativo. Assim: eu, credora de uma letra de câmbio, chego para o sacado e lhe apresento o

título. Ele aceita, mas aceita pagar só uma parte do valor ali estipulado (aceite limita­tivo), ou então aceita pagar, mas alterando a data do vencimento (aceite modificativo). Nesses casos, o aceitante se vincula exatamente nos termos do aceite, mas a letra de

câmbio considera-se vencida e o tomador pode também cobrar imediatamente do sacador.

Para evitar o vencimento antecipado, o sacador pode valer-se da chamada cláu­sula "não aceitável". Com ela, o tomador não pode apresentar o título ao sacado, antes do vencimento, para aceite. Então, a alternativa que vai lhe restar é apresentá­-lo na data do vencimento. Se o sacado não pagar, o tomador poderá cobrar do saca­dor, mas como já está na data do vencimento, não trará nenhuma relevância o tal vencimento antecipado.

Outras soluções intermediárias previstas na lei são a proibição, pelo sacador, de apresentação para aceite antes de determinada data, ou ainda a estipulação; de um prazo para apresentação a aceite.

A letra de câmbio tem prazo máximo para apresentação ao sacado. Se for à vista, ela deve ser apresentada no prazo máximo de 1 ano contado do

saque. Veja que aí a apresentação não é para aceite, mas para pagamento mesmo. Ain­

da assim, o sacado não está proibido de aceitar e pagar.

No caso da letra de câmbio sacada a certo termo da vista (que é aquela em que o vencimento se dá depois ele um prazo que começa a fluir do aceite), o tomador deverá apresentar a letra para aceite no prazo máximo de 1 ano contado do saque. Mas agora

189 Empresarial para quem odeia empresarial

I ~ I··· :! ti •. 1 i li,

0 prazo é para aceite, e não para pagamento, e nessa situação não é possível a cláusula

"não aceitável". Pode ainda a letra de câmbio ser a certo termo da data: o vencimento se dá depois

de um prazo que começa a fluir do saque. A apresentação para aceite deve ocorrer até

a data do vencimento fixada no título. O mesmo ocorre com a letra de câmbio em

data certa. Se perder esses prazos, o credor perde o direito ele cobrança contra os coobrigados.

Uma vez apresentado o título, ao sacado é dado o direito de pedir ao tomador que

ele lhe seja reapresentado no dia seguinte. É o chamado prazo de respiro.

O sacado que retém indevidamente a letra de câmbio que lhe foi apresentada

para aceite está sujeito a prisão administrativa, nos termos do art. 885 do CPC.

................................................................................... 'Pa~.J..UL c:/Ju:uruí1ic-a. ~de~· Isso, definitivamente. eu nunca ti·

nha ouvido falar em toda a minha vida. Nem na passada.

....................................................................................

24.3. Endosso Regra geral, a letra ele câmbio é um título sacado com a cláusula "à ordem", o que

quer dizer que o credor pode negociar esse título por meio de um negócio cambial

chamado endosso. Endosso, então, é o ato cambiário destinado à transferência do

crédito de um título à ordem.

Mas lembre-se: a transferência do crédito também depende ela tradição, por con-

ta do princípio da cartularidade.

A cláusula "à ordem" pode ser expressa ou tácita. Assim, ainda que ela não esteja

escrita no título, se este não contiver expressamente a cláusula "não à ordem", será

considerada à ordem. A pessoa que aliena o crédito ele uma letra de câmbio por endos­

so é o endossante ou endossador, e a que adquire é o endossatário.

Só 0 credor pode endossar. Então, o primeiro endossante ele uma letra de câmbio

necessariamente será o tomador. Mas não há limite para o número de endossos em

um título: ele poderá ser endossado um milhão de vezes ou nenhuma. São efeitos elo

endosso a transferência do crédito ao endossatário e também a constituição elo en­

dossante no status ele coclevedor.

O endosso pode ser de duas espécies: em branco (quando não identifica o endos­

satário) ou em preto (quando identifica). O ato se materializa pela assinatura, no ver­

so, ou no anverso do título com a expressão "pague-se" e, no caso elo endosso em

preto, com nome \elo enclossatário.

Veja que o endosso em branco transforma o título em "ao portador", e a transfe­

rência deste passa a ocorrer, a partir daí, por simples tradição, hipótese em que a pes­

soa que o transfere não se tornará coobrigado.

i l i l

l

É nulo o endosso parcial (considera-se inexistente) e ineficaz o endosso condicio­

nal (a condição é tida como não escrita).

Denomina-se endosso impróprio aquele que não tem o condão ele transferir o

crédito. Aqui temos o chamado endosso-mandato, que é aquele utilizado com a fun­

ção ele incumbir o recebimento elo título a um proc~traclor e serve para legitimar esse

procurador na posse elo título.

Temos também o chamado endosso-caução, que é a oneração ela letra por penhor

a um credor do endossante. Não há transferência do crédito ao enclossatário, mas

mera constituição deste em credor pignoratício do endossante. Observe que. o enclos­

satário, neste caso, não pode transferir, por novo endosso, o título. Somente se não for

cumprida a obrigação que deu origem ao endosso-caução é que o endossatário se

apropria ela letra de câmbio endossada .

Pode ainda o endosso não vincular o endossante. É o chamado endosso sem ga­

rantia. Transfere-se por ele o crédito, mas o endossante não será considerado coobri­

gado.

Falemos agora um pouquinho da cessão civiL Lembra que lá para trás fizemos

uma comparação do endosso com ela? É porque, de fato, eles apresentam entre si al­

gumas semelhanças, especialmente o fato de transferir a titularidade do crédito. Mas

a principal diferença é que a cessão civil não tem efeitos cambiários.

Agora fica bem fácil entender o que eu disse a)\tes sobre esses dois institutos.

Vejamos, novamente, os aspectos que diferenciam um do outro.

Foi dito que o endosso faz com que o endossante se torne coobrigado. Isso quer

dizer que o endossante é responsável tanto pela existência do crédito como pela sol­

vência deste. Ora, se o endossatário cobrar a letra de câmbio do sacador e este se re­

cusar a fazer o pagamento, poderá aquele cobrar o título do endossante. Por isso dizer

que responde pela solvência.

Na cessão civil isso não acontece. Vamos supor que eu tenha um crédito e queira

transferi-lo, mas o faça por nieio ele cessão civil. Nessa situação, eu respondo pela

existência do crédito, mas, caso a pessoa que o recebeu de mim proceda à cobrança do

devedor original e este se recusar ao pagamento, não poderei eu ser cobrada. Não

respondo, aqui, pela solvência.'

Outra diferença diz respeito aos limites de defesa do devedor quando executado

pelo adquirente do título de crédito.

Se a transferência se deu por cessão, pode o devedor arguir matéria relacionada à

relação jurídica que tem com o cedente. Exemplo: A é devedor, B tem o crédito e o

transfere, por cessão, para C. Quando C for cobrar A, este poderá alegar, em sua defe­

sa, exceções que se relacionam com a relação que ele tinha com B. Por exemplo, pode

dizer que B também é seu credor, e que, por isso, não vai pagar porque o crédito origi­

nalmente era de B.

0 prazo é para aceite, e não para pagamento, e nessa situação não é possível a cláusula

"não aceitável". Pode ainda a letra de câmbio ser a certo termo da data: o vencimento se dá depois

de um prazo que começa a fluir do saque. A apresentação para aceite deve ocorrer até

a data do vencimento fixada no título. O mesmo ocorre com a letra de câmbio em

data certa. Se perder esses prazos, o credor perde o direito ele cobrança contra os coobrigados.

Uma vez apresentado o título, ao sacado é dado o direito de pedir ao tomador que

ele lhe seja reapresentado no dia seguinte. É o chamado prazo de respiro.

O sacado que retém indevidamente a letra de câmbio que lhe foi apresentada

para aceite está sujeito a prisão administrativa, nos termos do art. 885 do CPC.

................................................................................... 'Pa~.J..UL c:/Ju:uruí1ic-a. ~de~· Isso, definitivamente. eu nunca ti·

nha ouvido falar em toda a minha vida. Nem na passada.

....................................................................................

24.3. Endosso Regra geral, a letra ele câmbio é um título sacado com a cláusula "à ordem", o que

quer dizer que o credor pode negociar esse título por meio de um negócio cambial

chamado endosso. Endosso, então, é o ato cambiário destinado à transferência do

crédito de um título à ordem.

Mas lembre-se: a transferência do crédito também depende ela tradição, por con-

ta do princípio da cartularidade.

A cláusula "à ordem" pode ser expressa ou tácita. Assim, ainda que ela não esteja

escrita no título, se este não contiver expressamente a cláusula "não à ordem", será

considerada à ordem. A pessoa que aliena o crédito ele uma letra de câmbio por endos­

so é o endossante ou endossador, e a que adquire é o endossatário.

Só 0 credor pode endossar. Então, o primeiro endossante ele uma letra de câmbio

necessariamente será o tomador. Mas não há limite para o número de endossos em

um título: ele poderá ser endossado um milhão de vezes ou nenhuma. São efeitos elo

endosso a transferência do crédito ao endossatário e também a constituição elo en­

dossante no status ele coclevedor.

O endosso pode ser de duas espécies: em branco (quando não identifica o endos­

satário) ou em preto (quando identifica). O ato se materializa pela assinatura, no ver­

so, ou no anverso do título com a expressão "pague-se" e, no caso elo endosso em

preto, com nome \elo enclossatário.

Veja que o endosso em branco transforma o título em "ao portador", e a transfe­

rência deste passa a ocorrer, a partir daí, por simples tradição, hipótese em que a pes­

soa que o transfere não se tornará coobrigado.

i l i l

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É nulo o endosso parcial (considera-se inexistente) e ineficaz o endosso condicio­

nal (a condição é tida como não escrita).

Denomina-se endosso impróprio aquele que não tem o condão ele transferir o

crédito. Aqui temos o chamado endosso-mandato, que é aquele utilizado com a fun­

ção ele incumbir o recebimento elo título a um proc~traclor e serve para legitimar esse

procurador na posse elo título.

Temos também o chamado endosso-caução, que é a oneração ela letra por penhor

a um credor do endossante. Não há transferência do crédito ao enclossatário, mas

mera constituição deste em credor pignoratício do endossante. Observe que. o enclos­

satário, neste caso, não pode transferir, por novo endosso, o título. Somente se não for

cumprida a obrigação que deu origem ao endosso-caução é que o endossatário se

apropria ela letra de câmbio endossada .

Pode ainda o endosso não vincular o endossante. É o chamado endosso sem ga­

rantia. Transfere-se por ele o crédito, mas o endossante não será considerado coobri­

gado.

Falemos agora um pouquinho da cessão civiL Lembra que lá para trás fizemos

uma comparação do endosso com ela? É porque, de fato, eles apresentam entre si al­

gumas semelhanças, especialmente o fato de transferir a titularidade do crédito. Mas

a principal diferença é que a cessão civil não tem efeitos cambiários.

Agora fica bem fácil entender o que eu disse a)\tes sobre esses dois institutos.

Vejamos, novamente, os aspectos que diferenciam um do outro.

Foi dito que o endosso faz com que o endossante se torne coobrigado. Isso quer

dizer que o endossante é responsável tanto pela existência do crédito como pela sol­

vência deste. Ora, se o endossatário cobrar a letra de câmbio do sacador e este se re­

cusar a fazer o pagamento, poderá aquele cobrar o título do endossante. Por isso dizer

que responde pela solvência.

Na cessão civil isso não acontece. Vamos supor que eu tenha um crédito e queira

transferi-lo, mas o faça por nieio ele cessão civil. Nessa situação, eu respondo pela

existência do crédito, mas, caso a pessoa que o recebeu de mim proceda à cobrança do

devedor original e este se recusar ao pagamento, não poderei eu ser cobrada. Não

respondo, aqui, pela solvência.'

Outra diferença diz respeito aos limites de defesa do devedor quando executado

pelo adquirente do título de crédito.

Se a transferência se deu por cessão, pode o devedor arguir matéria relacionada à

relação jurídica que tem com o cedente. Exemplo: A é devedor, B tem o crédito e o

transfere, por cessão, para C. Quando C for cobrar A, este poderá alegar, em sua defe­

sa, exceções que se relacionam com a relação que ele tinha com B. Por exemplo, pode

dizer que B também é seu credor, e que, por isso, não vai pagar porque o crédito origi­

nalmente era de B.

Isso não pode acontecer no endosso. Princípio da inoponibilidade das exceções pessoais.

Toda essa explicação é necessária porque alguns endossos produzem efeitos de cessão civil, quais sejam:

~ endosso praticado após o protesto por falta de pagamento ou depois de decor­rido o prazo legal para a extração desse protesto;

~ endosso feito em letra de câmbio com cláusula "não à ordem". Importante frisar que a cláusula "não à ordem" pode ser inserida na letra de câm­

bio tanto pelo sacador como por qualquer dos endossantes. Mas olha só: se a cláusula "não à ordem" faz com que o endosso prodl!za efeitos:de cessão civil, quem adquir~ um crédito representado emletra de câmbio com essa Cláusula não terá a garantia do alienante, e nem mesmo a do eventual endossante anterior, porque a inserção dela acaba por proibir novos endossos.

24.4. Aval O aval é um ato cambial de garantia. Por ele, o avalista garante o pagamento do

título em favor do devedor principal ou de outro coobrigado, que são então chamados de avalizados.

O avalista se obriga nos mesmos termos que o avalizado, mas ainda assim as obri­gações continuam sendo autôn9mas entre si. Tanto que se, por exemplo, a obrigação do avalizado for considerada nula, a do avalista permanece válida. Quer dizer o se­guinte: o avalista passa a responder por todas as obrigações do avalizado, mas terá, depois, direito de regresso contra este.

O aval se faz por simples assinatura no anverso do título. Poderá ser feita também no verso, mas aí tem que constar a expressão "por aval" ou semelhante. Também poderá ser o aval em branco ou em preto. Sendo em branco, considera-se avalizado o sacador.

O instituto que se compara ao aval mas que não se liga ao direito cambiário é a fiança. A principal diferença entre um e outro é que o aval faz nascer uma obrigação autônoma, enquanto a fiança cria obrigação acessória. É exatamente por isso que a fiança induz ao benefício de ordem, ou seja, o devedor principal será cobrado em pri­meiro lug~r, e só depois, caso não pague, poderá o credor cobrar do fiador. Isso não ocorre no aval: o credor pode perfeitamente cobrar o avalista sem que tenha antes cobrado o avalizado

Não é a primeira vez que eu procuro pela autoria desse texto. Sem sucesso. Se alguém souber quem escreveu, por favor me avise. É lindo.

'f\ menina na janela via o mundo passar. Sentia-se única e unia-se ao todo. O todo a enoja e tudo a consome. No fascinante mundo do ser.

Constituição do crédito cambiário 192

À fútil vida de querer. Querer ser e ser o que quiser. A menina na janela está descobrindo o mundo. Eia não percebe as consequências de seus atos. Ea não liga para o futuro próximo ou não. Que ser agora e agora sendo esquece o tudo. A menina na janela só quer ser feliz ... ".

193

lk I L

L

Empresarial para quem odeia empresarial

Isso não pode acontecer no endosso. Princípio da inoponibilidade das exceções pessoais.

Toda essa explicação é necessária porque alguns endossos produzem efeitos de cessão civil, quais sejam:

~ endosso praticado após o protesto por falta de pagamento ou depois de decor­rido o prazo legal para a extração desse protesto;

~ endosso feito em letra de câmbio com cláusula "não à ordem". Importante frisar que a cláusula "não à ordem" pode ser inserida na letra de câm­

bio tanto pelo sacador como por qualquer dos endossantes. Mas olha só: se a cláusula "não à ordem" faz com que o endosso prodl!za efeitos:de cessão civil, quem adquir~ um crédito representado emletra de câmbio com essa Cláusula não terá a garantia do alienante, e nem mesmo a do eventual endossante anterior, porque a inserção dela acaba por proibir novos endossos.

24.4. Aval O aval é um ato cambial de garantia. Por ele, o avalista garante o pagamento do

título em favor do devedor principal ou de outro coobrigado, que são então chamados de avalizados.

O avalista se obriga nos mesmos termos que o avalizado, mas ainda assim as obri­gações continuam sendo autôn9mas entre si. Tanto que se, por exemplo, a obrigação do avalizado for considerada nula, a do avalista permanece válida. Quer dizer o se­guinte: o avalista passa a responder por todas as obrigações do avalizado, mas terá, depois, direito de regresso contra este.

O aval se faz por simples assinatura no anverso do título. Poderá ser feita também no verso, mas aí tem que constar a expressão "por aval" ou semelhante. Também poderá ser o aval em branco ou em preto. Sendo em branco, considera-se avalizado o sacador.

O instituto que se compara ao aval mas que não se liga ao direito cambiário é a fiança. A principal diferença entre um e outro é que o aval faz nascer uma obrigação autônoma, enquanto a fiança cria obrigação acessória. É exatamente por isso que a fiança induz ao benefício de ordem, ou seja, o devedor principal será cobrado em pri­meiro lug~r, e só depois, caso não pague, poderá o credor cobrar do fiador. Isso não ocorre no aval: o credor pode perfeitamente cobrar o avalista sem que tenha antes cobrado o avalizado

Não é a primeira vez que eu procuro pela autoria desse texto. Sem sucesso. Se alguém souber quem escreveu, por favor me avise. É lindo.

'f\ menina na janela via o mundo passar. Sentia-se única e unia-se ao todo. O todo a enoja e tudo a consome. No fascinante mundo do ser.

Constituição do crédito cambiário 192

À fútil vida de querer. Querer ser e ser o que quiser. A menina na janela está descobrindo o mundo. Eia não percebe as consequências de seus atos. Ea não liga para o futuro próximo ou não. Que ser agora e agora sendo esquece o tudo. A menina na janela só quer ser feliz ... ".

193

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L

Empresarial para quem odeia empresarial

\

·- -...~.

,'_! / ... ;-_~:/

25. Medo hereditário:

/.y'Z:..~ ,f;/ .. '\.f.'..

:\í íi?;?r i~ :.'--?~/)

"-~"~-,SJf \ ~~,;;: \ ., t'J~f\

\:._·~~<.t~~s:~ r~'} ~~:)

-~-~~-~·~·~························:······················ . ~ e alguns am1gos num restaurante

bem legal aqu1 em Bauru. Bom para quem tem criança: bastante espaço para

bnncar. Mas pude notar, mais uma vez como a minha ba· · h • d · 1x1n a e me rosa.

Logo que chegou, foi correndo brincar com a amiguinh A' b t b h h b. · a. 1, as ou um 1c 1n o su 1r no pe dela para ela não desgrudasse de m· · . , 1m por ma1s nem um

mmuto. Ha tempos eu venho notando isso nela Tenho a impressa- d 1 t · · o e que e a enta, mas Simplesmente não consegue fazer quase nada sem t · t [::: que eu es eja

por per o. por perto leia-se onde ela possa alcançar minha mão.

Por um lado. sinto-me bem com isso. Sinal de que eu lhe r· d passo con 1ança

e e que ao, meu lado ele se sente segura. Por outro, é um pouco complicado.·

_ Agora a no1te, pensando nisso, tentei voltar ao passado e procurar alguma

razao para o comportamento dela. l:: cheguei à conclusão de que não d= cl"f t p · . po a ser

1 eren e. r1me1ro porque eu, quando pequena tambe' m e r d S d . , · a me rosa. egun-o, e acho que esse motivo e o mais forte porque minha gravid f · d'

assim, conturbada. ' ez 01

· lgamos

Chorei muito quando ela estava na minha barriga e m ·t b. · UI as vezes nem sa 1a por que chorava. Sensível ao máximo Muito mais do q h · d acreditar. · ue sou OJe, ::lO e

Às vezes me_ sinto mal por tê-la feito passar por tudo isso na gestação.

Gostana de acred1tar que os bebês não sentem nada c t. t- b · d _ . ~nquan o es ao na am-ga e suas maes, mas 1sso definitivamente não é verdade Ouer·a d. d 1 1 • I pe 1r escu -pas a e a, mesmo sabendo que não sou eu quem deve fazer esse pedido.

l::ntendi, por fim, que os medos que ela tem não são problemas para psicó­

lo!o resolver, mas SIM m1nha responsabilidade. [:::são uma responsabilidade dupla,

P rque, sem querer, eu acabe1 tendo que assumir o papel que cabia ao pai ::leia.

l::ssa certeza de que está apenas em minhas mãos me da'· f 1 d orça para evan-

tar to as as manhãs: a mãe, a filha, a mulher, a menina, a dona de casa, a advo­

gada, a estudante, a professo·ra, a enfermeira, a escritora, a amante. Tudo.

Ainda que o medo seja inevitável. saiba, minha pequena princesa, que eu

estarei sempre aqui para você.

Ok. Prosseguindo.

···················································································· Vimos no capítulo anterior que os devedores de uma letra de câmbio, e, melhor

dizendo, dos títulos de crédito em geral, podem ser de duas espécies: principal e coo­

brigados ou codevedores. Para que um título se torne exigível do devedor prir.cipal,

basta o seu vencimento. Mas, com relação aos coobrigados, é necessária, primeiro, a

recusa do pagamento pelo devedor principal. E a prova da recusa se faz pelo prctesto,

que deve ser feito dentro de determinado prazo. Se um coobrigado paga o título, ele pode, depois, cobrar do devedor princi'Jal ou

dos coobrigados anteriores. Mas como funciona o regresso? Quem pode cobrar de quem? É importante saber

que existe uma escadinha de personagens numa letra de câmbio, sendo que um pre-

cede o outro. Olha só as regrinhas: ._ o sacador da letra de câmbio é anterior aos endossantes;

._ os endossantes são dispostos na ordem cronológica; ._ o avalista encontra-se em posição imediatamente posterior à do avalizado.

É nessas regras que devemos nos basear para saber quem tem direito de regresso

contra quem. Feitas essas considerações iniciais, podemos agora ver os institutos cambiais que

se ligam à exigibilidade do crédito.

25.1. Vencimento O vencimento pode ter por causa dois grupos de situações: o ordinário (decurso

do tempo ou apresentação do sacado da letra de câmbio à vista) e o extraordinário

(recusa do aceite ou falência do aceitante). As regras de contagem de prazo estão no art. 36 da LU, e neste momento vou abrir

meu coração e fazer uma das _confissões mais fortes de toda a minha vida: pela primei­

ra vez, em quase 32 anos, peguei a tal da Lei Uniforn1e para ler.

Como prova do alegado; vou copiar o artigo aqui:

'1\rt. 36. O vencimento de' uma letra sacada a I Oll mais meses de data ou de vista será

na data correspondente do mês em que o pagamento se deve efetuar. Na falta de data cor­

respondente, o vencimento será no último dia desse mês. Quando a letra é sacada a I ou mais meses e meio de data ou de vista, contam-se

primeiro os meses inteiros. Se o vencimento for fixado para o princípio, meado ou fim do mês, entende-se que a

letra será vencível no primeiro, no dia IS, ou no último dia desse mês.

195 Empresarial poro quem odeio empresarial

\

·- -...~.

,'_! / ... ;-_~:/

25. Medo hereditário:

/.y'Z:..~ ,f;/ .. '\.f.'..

:\í íi?;?r i~ :.'--?~/)

"-~"~-,SJf \ ~~,;;: \ ., t'J~f\

\:._·~~<.t~~s:~ r~'} ~~:)

-~-~~-~·~·~························:······················ . ~ e alguns am1gos num restaurante

bem legal aqu1 em Bauru. Bom para quem tem criança: bastante espaço para

bnncar. Mas pude notar, mais uma vez como a minha ba· · h • d · 1x1n a e me rosa.

Logo que chegou, foi correndo brincar com a amiguinh A' b t b h h b. · a. 1, as ou um 1c 1n o su 1r no pe dela para ela não desgrudasse de m· · . , 1m por ma1s nem um

mmuto. Ha tempos eu venho notando isso nela Tenho a impressa- d 1 t · · o e que e a enta, mas Simplesmente não consegue fazer quase nada sem t · t [::: que eu es eja

por per o. por perto leia-se onde ela possa alcançar minha mão.

Por um lado. sinto-me bem com isso. Sinal de que eu lhe r· d passo con 1ança

e e que ao, meu lado ele se sente segura. Por outro, é um pouco complicado.·

_ Agora a no1te, pensando nisso, tentei voltar ao passado e procurar alguma

razao para o comportamento dela. l:: cheguei à conclusão de que não d= cl"f t p · . po a ser

1 eren e. r1me1ro porque eu, quando pequena tambe' m e r d S d . , · a me rosa. egun-o, e acho que esse motivo e o mais forte porque minha gravid f · d'

assim, conturbada. ' ez 01

· lgamos

Chorei muito quando ela estava na minha barriga e m ·t b. · UI as vezes nem sa 1a por que chorava. Sensível ao máximo Muito mais do q h · d acreditar. · ue sou OJe, ::lO e

Às vezes me_ sinto mal por tê-la feito passar por tudo isso na gestação.

Gostana de acred1tar que os bebês não sentem nada c t. t- b · d _ . ~nquan o es ao na am-ga e suas maes, mas 1sso definitivamente não é verdade Ouer·a d. d 1 1 • I pe 1r escu -pas a e a, mesmo sabendo que não sou eu quem deve fazer esse pedido.

l::ntendi, por fim, que os medos que ela tem não são problemas para psicó­

lo!o resolver, mas SIM m1nha responsabilidade. [:::são uma responsabilidade dupla,

P rque, sem querer, eu acabe1 tendo que assumir o papel que cabia ao pai ::leia.

l::ssa certeza de que está apenas em minhas mãos me da'· f 1 d orça para evan-

tar to as as manhãs: a mãe, a filha, a mulher, a menina, a dona de casa, a advo­

gada, a estudante, a professo·ra, a enfermeira, a escritora, a amante. Tudo.

Ainda que o medo seja inevitável. saiba, minha pequena princesa, que eu

estarei sempre aqui para você.

Ok. Prosseguindo.

···················································································· Vimos no capítulo anterior que os devedores de uma letra de câmbio, e, melhor

dizendo, dos títulos de crédito em geral, podem ser de duas espécies: principal e coo­

brigados ou codevedores. Para que um título se torne exigível do devedor prir.cipal,

basta o seu vencimento. Mas, com relação aos coobrigados, é necessária, primeiro, a

recusa do pagamento pelo devedor principal. E a prova da recusa se faz pelo prctesto,

que deve ser feito dentro de determinado prazo. Se um coobrigado paga o título, ele pode, depois, cobrar do devedor princi'Jal ou

dos coobrigados anteriores. Mas como funciona o regresso? Quem pode cobrar de quem? É importante saber

que existe uma escadinha de personagens numa letra de câmbio, sendo que um pre-

cede o outro. Olha só as regrinhas: ._ o sacador da letra de câmbio é anterior aos endossantes;

._ os endossantes são dispostos na ordem cronológica; ._ o avalista encontra-se em posição imediatamente posterior à do avalizado.

É nessas regras que devemos nos basear para saber quem tem direito de regresso

contra quem. Feitas essas considerações iniciais, podemos agora ver os institutos cambiais que

se ligam à exigibilidade do crédito.

25.1. Vencimento O vencimento pode ter por causa dois grupos de situações: o ordinário (decurso

do tempo ou apresentação do sacado da letra de câmbio à vista) e o extraordinário

(recusa do aceite ou falência do aceitante). As regras de contagem de prazo estão no art. 36 da LU, e neste momento vou abrir

meu coração e fazer uma das _confissões mais fortes de toda a minha vida: pela primei­

ra vez, em quase 32 anos, peguei a tal da Lei Uniforn1e para ler.

Como prova do alegado; vou copiar o artigo aqui:

'1\rt. 36. O vencimento de' uma letra sacada a I Oll mais meses de data ou de vista será

na data correspondente do mês em que o pagamento se deve efetuar. Na falta de data cor­

respondente, o vencimento será no último dia desse mês. Quando a letra é sacada a I ou mais meses e meio de data ou de vista, contam-se

primeiro os meses inteiros. Se o vencimento for fixado para o princípio, meado ou fim do mês, entende-se que a

letra será vencível no primeiro, no dia IS, ou no último dia desse mês.

195 Empresarial poro quem odeio empresarial

As expressões '8 dias' ou 'quinze dias' entendem-se não como 1 ou 2 semanas, mas como um prazo de 8 ou 15 dias efetivos.

A expressão 'meio mês' indica um prazo de 15 dias".

Legais esses artigos que não são como os dos nossos Códigos: não têm inciso, 'não têm alínea, não têm nada. Parece que os caras apertam enter e pronto.

25.2. Pagamento

O pagamento extingue uma, várias ou todas as obrigações constantes no título. Se quem paga é um coobrigado ou o avalista, extingue-se a obrigação de quem pagou. e a dos coobrigados. Se quem paga é o aceitante, extingtÍem-se todas as obrigações.

Se a letra de câmbio é pagável no exterior, o credor deverá apresentar o título ao aceitante no dia do vencimento ou nos 2 dias úteis seguintes. Se pagável no Brasil, deve apresentá-la no dia do vencimento. ·

Mas olha: a inobservância dos prazos para apresentação não desnatura a letra de câmbio. Ou seja, o credor não perde seu direito ao crédito. O que acontece é que qual­quer devedor pode fazer o depósito do valor da letra de câmbio em juízo, e 0 credor responderá pelas despesas desse depósito.

_ Existe, contudo, uma cláusula que pode ser aposta no título que faz com que a nao apresentação implique a extinção do direito do credor ao crédito. É a chamada cláusula "sem despesas". ; .

. O_ devedor que paga um título deve exigir que este lhe seja entregue, e seja dada a qmtaçao no próprio título. Ainda, o endossante que pagar uma letra pode riscar

0 endosso e os posteriores.

O pagamento parcial é admitido, mas deve obedecer a algumas regras: ._ somente o aceitante pode fazê-lo, e o credor não pode recusar; ._ o título permanece com o credor, mas será aposta nele a quitação parcial· ._ os coobrigados podem ser cobrados do saldo restante, mas é necessário 0 ~ro­

testo para a responsabilização do sacador, endossantes e seus avalistas. Havendo justa causa, o devedor pode (e deve) recusar o pagamento.

25.3. Protesto

Três são os tipos possíveis de protesto: por falta de aceite, por falta da data do aceite ou por falta de pagamento.

O protesto por falta de aceite é extraído contra o sacador, porque a ordem que ele deu de pagar não foi cumprida. O prazo coincide com o fim do prazo de apresentação ao sacado (ou um dia depois disso, se houve solicitação daquele chamado prazo de respiro).

O protesto por falta da data do aceite, como já dito, é feito contra 0 sacado.

Exigibilidade do crédito cambiário 196

Por fim, o protesto por falta de pagamento é feito contra o aceitante. Deve ser feito no prazo de 2 dias contados da data em que o título era pagável.

O descumprimento dos prazos para protesto faz com que o credor perca o direito que teria contra os coobrigados. O direito que ele tem contra o devedor principal e contra o avalista permanece inalterado.

O protesto será cancelado com o pagamento posterior do título, mediante apre­sentação deste em cartório, porque a posse do documento faz presumir a quitação.

,Pode ainda ser cancelado por apresentação de documento que comprove a anuência 'do credor originário.

Se, contudo, o título protestado não puder ser apresentado e os credores não de­rem a referida anuência, o protesto somente será cancelado por meio de açãÓ judicial.

25.4. Ação cambial Não sendo o título pago no vencimento, poderá o credor promover a competente

ação de execução, desde que observe as condições de exigibilidade já analisadas. O exercício desse direito, contudo, sofre a limitação temporal da prescrição.

Vejamos, portanto, os prazos prescricionais das ações cambiais: ._ credor contra devedor principal ou avalistas: 3 anos contados do vencimento; ._ credor contra os coobrigados: 1 ano contado do protesto ou, se o título tiver a

cláusula "sem despesas", do vencimento; ., regresso: 6 meses contados do pagamento.

'Pah.a ~' wna ~ ~ 0- que. eu~ 3ntes em relação ao

mede da pequena. As palavras ditas pelo ministro Luiz !=ux esses dias, num

julganento, serviram direitinho para mim:

"~certo que irás encontrar situações tempestuosas ncvamente, mas have­

rá de ver sempre o lado bom da chuva que cai e não a faceta do raio que destrói. Tu és jovem. Atender a quem te chama é belo, lutar por quem te rejeita

é que se chegar à perfeição. A juventude precisa de sonhos e nutrir de lembran­

ças, assim como o leito dos rios precisa da água que rola e o coração necessi­

ta de afeto.

Não faças do amanhã o sinônimo de nunca, nem o ontem te seja o mesmo

que nunca mais. Teus passos ficaram. Olhes para trás, mos vá em frente, pois

há muitos que precisam que chegues para poderem segui.·-te".

Belíssimas palavras.

197 Empresarial para quem odeia empresarial

As expressões '8 dias' ou 'quinze dias' entendem-se não como 1 ou 2 semanas, mas como um prazo de 8 ou 15 dias efetivos.

A expressão 'meio mês' indica um prazo de 15 dias".

Legais esses artigos que não são como os dos nossos Códigos: não têm inciso, 'não têm alínea, não têm nada. Parece que os caras apertam enter e pronto.

25.2. Pagamento

O pagamento extingue uma, várias ou todas as obrigações constantes no título. Se quem paga é um coobrigado ou o avalista, extingue-se a obrigação de quem pagou. e a dos coobrigados. Se quem paga é o aceitante, extingtÍem-se todas as obrigações.

Se a letra de câmbio é pagável no exterior, o credor deverá apresentar o título ao aceitante no dia do vencimento ou nos 2 dias úteis seguintes. Se pagável no Brasil, deve apresentá-la no dia do vencimento. ·

Mas olha: a inobservância dos prazos para apresentação não desnatura a letra de câmbio. Ou seja, o credor não perde seu direito ao crédito. O que acontece é que qual­quer devedor pode fazer o depósito do valor da letra de câmbio em juízo, e 0 credor responderá pelas despesas desse depósito.

_ Existe, contudo, uma cláusula que pode ser aposta no título que faz com que a nao apresentação implique a extinção do direito do credor ao crédito. É a chamada cláusula "sem despesas". ; .

. O_ devedor que paga um título deve exigir que este lhe seja entregue, e seja dada a qmtaçao no próprio título. Ainda, o endossante que pagar uma letra pode riscar

0 endosso e os posteriores.

O pagamento parcial é admitido, mas deve obedecer a algumas regras: ._ somente o aceitante pode fazê-lo, e o credor não pode recusar; ._ o título permanece com o credor, mas será aposta nele a quitação parcial· ._ os coobrigados podem ser cobrados do saldo restante, mas é necessário 0 ~ro­

testo para a responsabilização do sacador, endossantes e seus avalistas. Havendo justa causa, o devedor pode (e deve) recusar o pagamento.

25.3. Protesto

Três são os tipos possíveis de protesto: por falta de aceite, por falta da data do aceite ou por falta de pagamento.

O protesto por falta de aceite é extraído contra o sacador, porque a ordem que ele deu de pagar não foi cumprida. O prazo coincide com o fim do prazo de apresentação ao sacado (ou um dia depois disso, se houve solicitação daquele chamado prazo de respiro).

O protesto por falta da data do aceite, como já dito, é feito contra 0 sacado.

Exigibilidade do crédito cambiário 196

Por fim, o protesto por falta de pagamento é feito contra o aceitante. Deve ser feito no prazo de 2 dias contados da data em que o título era pagável.

O descumprimento dos prazos para protesto faz com que o credor perca o direito que teria contra os coobrigados. O direito que ele tem contra o devedor principal e contra o avalista permanece inalterado.

O protesto será cancelado com o pagamento posterior do título, mediante apre­sentação deste em cartório, porque a posse do documento faz presumir a quitação.

,Pode ainda ser cancelado por apresentação de documento que comprove a anuência 'do credor originário.

Se, contudo, o título protestado não puder ser apresentado e os credores não de­rem a referida anuência, o protesto somente será cancelado por meio de açãÓ judicial.

25.4. Ação cambial Não sendo o título pago no vencimento, poderá o credor promover a competente

ação de execução, desde que observe as condições de exigibilidade já analisadas. O exercício desse direito, contudo, sofre a limitação temporal da prescrição.

Vejamos, portanto, os prazos prescricionais das ações cambiais: ._ credor contra devedor principal ou avalistas: 3 anos contados do vencimento; ._ credor contra os coobrigados: 1 ano contado do protesto ou, se o título tiver a

cláusula "sem despesas", do vencimento; ., regresso: 6 meses contados do pagamento.

'Pah.a ~' wna ~ ~ 0- que. eu~ 3ntes em relação ao

mede da pequena. As palavras ditas pelo ministro Luiz !=ux esses dias, num

julganento, serviram direitinho para mim:

"~certo que irás encontrar situações tempestuosas ncvamente, mas have­

rá de ver sempre o lado bom da chuva que cai e não a faceta do raio que destrói. Tu és jovem. Atender a quem te chama é belo, lutar por quem te rejeita

é que se chegar à perfeição. A juventude precisa de sonhos e nutrir de lembran­

ças, assim como o leito dos rios precisa da água que rola e o coração necessi­

ta de afeto.

Não faças do amanhã o sinônimo de nunca, nem o ontem te seja o mesmo

que nunca mais. Teus passos ficaram. Olhes para trás, mos vá em frente, pois

há muitos que precisam que chegues para poderem segui.·-te".

Belíssimas palavras.

197 Empresarial para quem odeia empresarial

26. Acreditar ou não ocreditor1 =·· _

eis a questão:

..................................................................................... ma.u uma citação- de ~me' <L: " ... a confiança é umo mulher ingrata,

que te beUa e te abraça, te roubo e te moto".

i=:u não conseguiria ter expressado melhor.

Tenho passado por constantes provações Aesse sentido. Ouero com todo o

meu coração acreditar que as palavras não são usadas para mim como são para

todo o resto do mundo. Pretensão grande que, inevitavelmente. me faz duvidar.

Sinto que estou me aproximando elo maior lombo da minha vida. !=: as

consequências dele serão homéricas. Se hoje meu coração é cheio de cicatri­

zes, posso dizer que depois desse tombo ele vai se tornar irremendável. Ainda

assim, continuo caminhando mais e mais para o alto.

Burrice?

Não. ~ que provavelmente ainda estou na fase em que a confiança está

me beijando e me abraçando. Preparando o bote.

Vivendo em cima ele um muro. Ou, mais precisamente, em uma represa,

com as comportas fechadas. De um lado, vejo a água bem perto de mim, em

abundância. Do outro. altura enorme e lá embaixo quase nada. Se eu cair para

um lado, nada me acontece. Mas, se cair para o outro, sobra pouco de mim.

De um lado, a felicidade. Do outro, a decepção.

Complicado ter que falar disso, que para mim é tão concreto, mas só

pode ser explicado de maneira abstrata. Mais complicado é saber que a única

pessoa que poderia entender tudo não vai entender.

Imaginou certo quem achou que estou falando aqui da mesma pessoa

que era viciada em c'·10colate.

i=:stou me esforçando muit9 para confiar que ela não come mais chocola­

te. Muito mesmo. Mss fica bem difícil quando ela aparece com~ boca suja, ou

quando encontro embalagens espalhadas pelo chão.

·-.,--/i pP~ ·,

Por isso o medo: não quero sentir raiva ele mim por lor acreditado. Não

quero mesmo. !=:o que está acontecendo é que esse medo s·stá aos poucos me

deixando apática.

Nota promissória é promessa de pagamento à vista. O título envolve, pois, so­

mente duas pessoas: uma que promete pagar (emitente, sacador ou subscritor) e outra

que tem o direito de receber (beneficiário ou sacado).

São requisitos desse título:

»- a expressão "nota promissória";

»- a promessa incondicional de pagar quantia certa;

)- o nome do beneficiário (a nota promissória não pode ser ao portador);

)- a data do saque;

)- o local do saque;

)- a assinatura do sacador e a identificação deste por meio do número de algum

documento .

F o tinha:

\. l : j

' l

~

ª" t· ~ O( s ~

~ y ~

' u

R$'--'[ __ ______,j

h.,>\!l~·------------:-------------

__ .. ___ . __ ·. -·--·---Ço~~--""'~~~,. ... ",, NOTA PROMISSÓRIA

éJ.J ;c: ... ~~.,...!f'":' .J,;i<\:Jtl:t·t.t

~"' nv4~s ~t.~ L__:._ _ _.:._:__.;._.;. _______ _;_ ____ _. 'lll<ll,. !)1'4

~~\.wn·

E'\f:T'Efi;'i:.:

CP;; C!"lf'J:

Er.::.c:rcr.p-:

Deverá ainda constar a data e o local do pagamento, sob pena de, não constando,

considerar-se tal título pagável à vista no local do saque ou no local designado ao lado

do nome do subscritor.

A nota promissória está' submetida às mesmas regras da letra de câmbio. Assim,

tudo 0 que foi visto com relitção ao endosso, aval, protesto, vencimento, pagamento

etc. é aplicável aqui também, desde que compatívet

; Contudo, algumas características próprias deY::m ser citadas:

a) não se aplicam à nota promissória as regra> que com ela não sejam compatí­

veis (como o aceite, por exemplo);

b) 0 subscritor da nota promissória é o devedor principal, portanto a ele se apli­

cam as disposições relativas ao aceitante na letra d-e câmbio;

199 Empresarial para quem odeia empresarial

26. Acreditar ou não ocreditor1 =·· _

eis a questão:

..................................................................................... ma.u uma citação- de ~me' <L: " ... a confiança é umo mulher ingrata,

que te beUa e te abraça, te roubo e te moto".

i=:u não conseguiria ter expressado melhor.

Tenho passado por constantes provações Aesse sentido. Ouero com todo o

meu coração acreditar que as palavras não são usadas para mim como são para

todo o resto do mundo. Pretensão grande que, inevitavelmente. me faz duvidar.

Sinto que estou me aproximando elo maior lombo da minha vida. !=: as

consequências dele serão homéricas. Se hoje meu coração é cheio de cicatri­

zes, posso dizer que depois desse tombo ele vai se tornar irremendável. Ainda

assim, continuo caminhando mais e mais para o alto.

Burrice?

Não. ~ que provavelmente ainda estou na fase em que a confiança está

me beijando e me abraçando. Preparando o bote.

Vivendo em cima ele um muro. Ou, mais precisamente, em uma represa,

com as comportas fechadas. De um lado, vejo a água bem perto de mim, em

abundância. Do outro. altura enorme e lá embaixo quase nada. Se eu cair para

um lado, nada me acontece. Mas, se cair para o outro, sobra pouco de mim.

De um lado, a felicidade. Do outro, a decepção.

Complicado ter que falar disso, que para mim é tão concreto, mas só

pode ser explicado de maneira abstrata. Mais complicado é saber que a única

pessoa que poderia entender tudo não vai entender.

Imaginou certo quem achou que estou falando aqui da mesma pessoa

que era viciada em c'·10colate.

i=:stou me esforçando muit9 para confiar que ela não come mais chocola­

te. Muito mesmo. Mss fica bem difícil quando ela aparece com~ boca suja, ou

quando encontro embalagens espalhadas pelo chão.

·-.,--/i pP~ ·,

Por isso o medo: não quero sentir raiva ele mim por lor acreditado. Não

quero mesmo. !=:o que está acontecendo é que esse medo s·stá aos poucos me

deixando apática.

Nota promissória é promessa de pagamento à vista. O título envolve, pois, so­

mente duas pessoas: uma que promete pagar (emitente, sacador ou subscritor) e outra

que tem o direito de receber (beneficiário ou sacado).

São requisitos desse título:

»- a expressão "nota promissória";

»- a promessa incondicional de pagar quantia certa;

)- o nome do beneficiário (a nota promissória não pode ser ao portador);

)- a data do saque;

)- o local do saque;

)- a assinatura do sacador e a identificação deste por meio do número de algum

documento .

F o tinha:

\. l : j

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~

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E'\f:T'Efi;'i:.:

CP;; C!"lf'J:

Er.::.c:rcr.p-:

Deverá ainda constar a data e o local do pagamento, sob pena de, não constando,

considerar-se tal título pagável à vista no local do saque ou no local designado ao lado

do nome do subscritor.

A nota promissória está' submetida às mesmas regras da letra de câmbio. Assim,

tudo 0 que foi visto com relitção ao endosso, aval, protesto, vencimento, pagamento

etc. é aplicável aqui também, desde que compatívet

; Contudo, algumas características próprias deY::m ser citadas:

a) não se aplicam à nota promissória as regra> que com ela não sejam compatí­

veis (como o aceite, por exemplo);

b) 0 subscritor da nota promissória é o devedor principal, portanto a ele se apli­

cam as disposições relativas ao aceitante na letra d-e câmbio;

199 Empresarial para quem odeia empresarial

c) o aval em branco favorece o seu subscritor; d) embora a nota promissória não admita aceite, poderá ser emitida com venci­

mento a certo termo da vista. O credor pode, então, apresentar o título ao emitente no prazo de um ano, para que ele coloque um visto, e essa será considerada a data inicial para a contagem do prazo para vencimento.

Nota promissória

··················································································· .!linda 6em que- tini'!a 'fWUCa co.Ua. p.a!ta ~ aqui. Cérebro f ri ta nd o, pe n­samentos que não se contentam em ficar fixos em apenas um assunto. Melhor

fechar os olhos. No escuro as coisas ficam mai~ claras.

····················································································

200

···················································································· i2.ão. g.o.41o. de~- Não tenho, nem pretendo ler.

Quando me mudei paca São Paulo, em 1998 (18 aninhos), abri minha pri­

meira conta bancária. Como toda estudante que se preze, eu precisava da

conta para meu pai poder mandar dinheiro para mim.

Dessa conta, que era no antigo Banco Real, eu cuidei direitinho. Nunca

tive problemas com ela. Mas, depois de um tempo, comecei a trabalhar numa

empresa, e o salário era pago exclusivamente por depósito em conta do Bank­

Boston. Nem sei se esse banco ainda existe, ou, o que é bem mais provável, por

qual outro banco maior ele foi comprado.

O fato é que o BankBoston era a coisa mais linda do mundo. Minha agên­

cia era na Avenida Cidade Jardim, e eu me sentia a poderosa toda vez que

entrava lá, ou quando ia pagar alguma conta e o fazia com o cheque das folhas

verdes do BankBoston. Nem consultavam ... f:resunção total de que eu tinha dinheiro.

. Alguns anos depois, saí dessa empresa. Pouco antes de ir embora de São

Pa~lo, fui ao banco para encerrar a minha con'a. Legal.

Quando fui obrigada a sair de São Paulo e voltar para a cidadezinha no

sertão, digo, no interior, passei por uma fase de revolta adolescente tardia.

Um belo dia, encontrei no meio das minhas coisas um talão de cheque do

BankBoston inteir.inho. Vinte folhas branquinhas. !=acuidade, sem emprego, de­

pendendo do dinheiro dos pais para comprar uma cerveja. Não tive dúvidas: fiz a festa!

Conclusão: quando voltei a ser uma pessoa séria, demorei mais de um

ano para conseguir limpar meu nome.

Certeza de que eu não faria isso hoje, mas, por via das dúvidas, achei

melhor nunca mais ter talão de cheque.

····················································································

c) o aval em branco favorece o seu subscritor; d) embora a nota promissória não admita aceite, poderá ser emitida com venci­

mento a certo termo da vista. O credor pode, então, apresentar o título ao emitente no prazo de um ano, para que ele coloque um visto, e essa será considerada a data inicial para a contagem do prazo para vencimento.

Nota promissória

··················································································· .!linda 6em que- tini'!a 'fWUCa co.Ua. p.a!ta ~ aqui. Cérebro f ri ta nd o, pe n­samentos que não se contentam em ficar fixos em apenas um assunto. Melhor

fechar os olhos. No escuro as coisas ficam mai~ claras.

····················································································

200

···················································································· i2.ão. g.o.41o. de~- Não tenho, nem pretendo ler.

Quando me mudei paca São Paulo, em 1998 (18 aninhos), abri minha pri­

meira conta bancária. Como toda estudante que se preze, eu precisava da

conta para meu pai poder mandar dinheiro para mim.

Dessa conta, que era no antigo Banco Real, eu cuidei direitinho. Nunca

tive problemas com ela. Mas, depois de um tempo, comecei a trabalhar numa

empresa, e o salário era pago exclusivamente por depósito em conta do Bank­

Boston. Nem sei se esse banco ainda existe, ou, o que é bem mais provável, por

qual outro banco maior ele foi comprado.

O fato é que o BankBoston era a coisa mais linda do mundo. Minha agên­

cia era na Avenida Cidade Jardim, e eu me sentia a poderosa toda vez que

entrava lá, ou quando ia pagar alguma conta e o fazia com o cheque das folhas

verdes do BankBoston. Nem consultavam ... f:resunção total de que eu tinha dinheiro.

. Alguns anos depois, saí dessa empresa. Pouco antes de ir embora de São

Pa~lo, fui ao banco para encerrar a minha con'a. Legal.

Quando fui obrigada a sair de São Paulo e voltar para a cidadezinha no

sertão, digo, no interior, passei por uma fase de revolta adolescente tardia.

Um belo dia, encontrei no meio das minhas coisas um talão de cheque do

BankBoston inteir.inho. Vinte folhas branquinhas. !=acuidade, sem emprego, de­

pendendo do dinheiro dos pais para comprar uma cerveja. Não tive dúvidas: fiz a festa!

Conclusão: quando voltei a ser uma pessoa séria, demorei mais de um

ano para conseguir limpar meu nome.

Certeza de que eu não faria isso hoje, mas, por via das dúvidas, achei

melhor nunca mais ter talão de cheque.

····················································································

Vamos estudar esse título então. Dos títulos de crédito, acho que o cheque é o

mais fácil de entender, porque dá para visualizar direitinho toda a operação.

A primeira coisa que precisamos saber é que o cheque é uma ordem de pagamen­

to à vista. Sua existência pressupõe um contrato de abertura de crédito prévio.

Então, é assim: eu, emitente, ordeno que o banco, sacado, pague, pelo cheque,

uma quantia determinada ao tomador. Tranquilo.

Sendo ordem de pagamento à vista, qualquer informação no sentido de que a

data do pagamento é outra que não a da emissão é considerada não escrita. É a famo­

sa história do cheque pré-datado, que, na verdade, é pós-datado, e que, mais na verda­

de ainda, não é nada disso: é à vista mesmo e pronto.

Aqui entra historinha legal do direito civil. Preste atenção.

ST], Súmula 370: "Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque

pré-datado".

Aí, você pensa: primeiro ela fala que não existe cheque pré-datado. Depois, colo­

ca uma súmula dizendo que apresentar cheque pré-datado antes do tempo gera dano

moral. Essa menina tá de brincadeira!

Longe de mim querer saber mais que o ST).

A questão se resume a uma frase: uma coisa é uma coisa e outra coisa bla bla bla.

É bem isso mesmo! Faz um favorzinho rápido para.mim? Dá uma olhada na capa des­

te livro e confere pra ver se o título foi impresso corretamente. Empresarial, né? É isso

que está escrito lá?

Então, pronto! Direito civil é outra história, e dano moral é outra história.

O cheque pré-datado gera dano moral, sim, quando apresentado fora da época.

Isso não quer dizer que o direito empresarial aceitou a existência dele. Cheque conti­

nua sendo ordem de pagamento à vista. À vista. É esse o conceito dele na matéria que

estamos estudando. Ainda que o ST) aceite o dano moral, nós aqui continuamos ba­

tendo o pé e dizendo que o cheque é pagamento à vista.

Quer dizer o seguinte: se eu tenho um cheque com o "bom para" daqui a 5 meses,

for ao banco hoje e apresentar este, desde tenha saldo na conta do emitente do che­

que, o banco vai me pagar. Se eu vou ter que pagar dano moral ou não, não tem nada

a ver com a gente aqui.

Certinho?

Então vamos continuar.

O sacado (que aqui sempre será o banco) não tem responsabilidade sobre o che­

que. Quer dizer que, se não houver provisão de fundos, o pagamento não será feito. ·

Quem responde por isso é o emitente do cheque, nunca o banco. E vou além: o sacado

é proibido de dar aceite em cheque. Não pode também endossar nem avalizar. Não

pode e pronto. A LU proíbe.

O banco só será responsabilizado.caso cometa algum erro. Por exémplo: eu apre­

sento um cheque para pagamento, tem dinheiro na conta do emitente, e ainda assim

Cheque 202

o banço não paga. Ou então o banco me dá em dinheiro um valor referente a um

cheque que só podia ser depositado em conta (cheque cruzado) Aí sim s ·t·

. , . , · . e pra 1car

algum ,ato rhCtto,, sera r~sponsabilizado. Mas assumir a obrigação, isso nunca. Porque

quem e devedor e o emrtente, e não o banco.

Tranquilo até aqui?

Cheque é título de modelo vinculado. Vamos dar uma olhadinha nos requisitos

do cheque:

,.. a expressão "cheque" no título;

l> a ordem incondicional de pagar quantia determinada (e a eventual insuficiên-

cia ou inexistência de fundos não desnatura 0 cheque);

l> a identificação do banco sacado;

,.. o local do pagamento;

l> a data de emissão;

l> a assinatura do sacador/emitente.

.Recu~o-me a. colocar a foto de uma folha de cheque aqui. E 0 faço pelo seguinte

m_otrvo: nao consrgo achar uma folha de cheque do BankBoston. No mais, por favor,

ne? Cheque todo mundo sabe como é.

O local de emissão também deve constar do cheque, mas, se não 0 for, presume­

-se que ele tenha sido emitido no local constante ao lado do nome do emitente.

~·;;;_~~~·io;~·~·~·~.-;~~~·~·~·s·~i··

bem, porque tempos atrás fiz um depósito na minha própria conta de um che­

que de valor bem mais alto que esse e esqueci de colocar nominal. Nem lem­

brei de conferir se o cheque tinha caído na minha conta, mas, quando chegou

o d1a 10 e eu fui pagar as contas, cadê que o valor do cheque estava Já? Não

estava.

O dia 10 era um!] sexta-feira, e já era noite quando iui ver isso (pago as

contas todas pela Internet). Tive que esperar até segunda para pegar o cheque

de volta, e0frentei uma fila de mais ou menos uma hora no banco e paguei juros

pelo atraso no pagamento das contas.

····················································································

Quanto à circulação do cheque, algumas observações:

l> não se admite endosso-caução no cheque;

l>. endosso feito pelo sacado é nulo e vale como quitação, salvo se o sacado tiver

mais de um estabelecimento empresarial e o endosso for feito num deles para paga­

mento no outro;

l> o endosso feito após o prazo ele apresentação é tardio e gera efeitos de cessão civil.

No que tange ao aval, quando em branco se considera que foi feito em favor do

sacador, e o sacado é proibido de avalizar.

203 Empresarial para quem odeia empresarial

Vamos estudar esse título então. Dos títulos de crédito, acho que o cheque é o

mais fácil de entender, porque dá para visualizar direitinho toda a operação.

A primeira coisa que precisamos saber é que o cheque é uma ordem de pagamen­

to à vista. Sua existência pressupõe um contrato de abertura de crédito prévio.

Então, é assim: eu, emitente, ordeno que o banco, sacado, pague, pelo cheque,

uma quantia determinada ao tomador. Tranquilo.

Sendo ordem de pagamento à vista, qualquer informação no sentido de que a

data do pagamento é outra que não a da emissão é considerada não escrita. É a famo­

sa história do cheque pré-datado, que, na verdade, é pós-datado, e que, mais na verda­

de ainda, não é nada disso: é à vista mesmo e pronto.

Aqui entra historinha legal do direito civil. Preste atenção.

ST], Súmula 370: "Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque

pré-datado".

Aí, você pensa: primeiro ela fala que não existe cheque pré-datado. Depois, colo­

ca uma súmula dizendo que apresentar cheque pré-datado antes do tempo gera dano

moral. Essa menina tá de brincadeira!

Longe de mim querer saber mais que o ST).

A questão se resume a uma frase: uma coisa é uma coisa e outra coisa bla bla bla.

É bem isso mesmo! Faz um favorzinho rápido para.mim? Dá uma olhada na capa des­

te livro e confere pra ver se o título foi impresso corretamente. Empresarial, né? É isso

que está escrito lá?

Então, pronto! Direito civil é outra história, e dano moral é outra história.

O cheque pré-datado gera dano moral, sim, quando apresentado fora da época.

Isso não quer dizer que o direito empresarial aceitou a existência dele. Cheque conti­

nua sendo ordem de pagamento à vista. À vista. É esse o conceito dele na matéria que

estamos estudando. Ainda que o ST) aceite o dano moral, nós aqui continuamos ba­

tendo o pé e dizendo que o cheque é pagamento à vista.

Quer dizer o seguinte: se eu tenho um cheque com o "bom para" daqui a 5 meses,

for ao banco hoje e apresentar este, desde tenha saldo na conta do emitente do che­

que, o banco vai me pagar. Se eu vou ter que pagar dano moral ou não, não tem nada

a ver com a gente aqui.

Certinho?

Então vamos continuar.

O sacado (que aqui sempre será o banco) não tem responsabilidade sobre o che­

que. Quer dizer que, se não houver provisão de fundos, o pagamento não será feito. ·

Quem responde por isso é o emitente do cheque, nunca o banco. E vou além: o sacado

é proibido de dar aceite em cheque. Não pode também endossar nem avalizar. Não

pode e pronto. A LU proíbe.

O banco só será responsabilizado.caso cometa algum erro. Por exémplo: eu apre­

sento um cheque para pagamento, tem dinheiro na conta do emitente, e ainda assim

Cheque 202

o banço não paga. Ou então o banco me dá em dinheiro um valor referente a um

cheque que só podia ser depositado em conta (cheque cruzado) Aí sim s ·t·

. , . , · . e pra 1car

algum ,ato rhCtto,, sera r~sponsabilizado. Mas assumir a obrigação, isso nunca. Porque

quem e devedor e o emrtente, e não o banco.

Tranquilo até aqui?

Cheque é título de modelo vinculado. Vamos dar uma olhadinha nos requisitos

do cheque:

,.. a expressão "cheque" no título;

l> a ordem incondicional de pagar quantia determinada (e a eventual insuficiên-

cia ou inexistência de fundos não desnatura 0 cheque);

l> a identificação do banco sacado;

,.. o local do pagamento;

l> a data de emissão;

l> a assinatura do sacador/emitente.

.Recu~o-me a. colocar a foto de uma folha de cheque aqui. E 0 faço pelo seguinte

m_otrvo: nao consrgo achar uma folha de cheque do BankBoston. No mais, por favor,

ne? Cheque todo mundo sabe como é.

O local de emissão também deve constar do cheque, mas, se não 0 for, presume­

-se que ele tenha sido emitido no local constante ao lado do nome do emitente.

~·;;;_~~~·io;~·~·~·~.-;~~~·~·~·s·~i··

bem, porque tempos atrás fiz um depósito na minha própria conta de um che­

que de valor bem mais alto que esse e esqueci de colocar nominal. Nem lem­

brei de conferir se o cheque tinha caído na minha conta, mas, quando chegou

o d1a 10 e eu fui pagar as contas, cadê que o valor do cheque estava Já? Não

estava.

O dia 10 era um!] sexta-feira, e já era noite quando iui ver isso (pago as

contas todas pela Internet). Tive que esperar até segunda para pegar o cheque

de volta, e0frentei uma fila de mais ou menos uma hora no banco e paguei juros

pelo atraso no pagamento das contas.

····················································································

Quanto à circulação do cheque, algumas observações:

l> não se admite endosso-caução no cheque;

l>. endosso feito pelo sacado é nulo e vale como quitação, salvo se o sacado tiver

mais de um estabelecimento empresarial e o endosso for feito num deles para paga­

mento no outro;

l> o endosso feito após o prazo ele apresentação é tardio e gera efeitos de cessão civil.

No que tange ao aval, quando em branco se considera que foi feito em favor do

sacador, e o sacado é proibido de avalizar.

203 Empresarial para quem odeia empresarial

No mais, as mesmas regras da letra de câmbio se aplicam aqui.

Passemos agora às modalidades de cheque:

a) Cheque visado: é aquele em que o banco lança um visto atestando a provisão

de fundos. Deverá ser nominativo e não endossado, e visto do banco não é a mesma

coisa que aceite (o banco não se obriga por ele). A consequência desse visto é que o

sacado se obriga a reservar os fundos na conta corrente do emitente durante o prazo

de apresentação. Veja: se o banco não fizer essa reserva, e, se quando o credor apresentar o cheque

não houver mais os fundos que lhe foram assegurados haver, o banco responderá. Mas

não é a mesma coisa que dizer que o banco tem obrigação cambial. A obrigação dele

será decorrente de responsabilidade civil; obrigação cambial ele não terá nunca.

b) Cheque administrativo: é o emitido pelo banco tontra um de seus estabeleci­

mentos. O banco, então, será o sacado e o sacador. Da mesma forma que o cheque

visado, ele será obrigatoriamente nominativo. Exemplo é o traveller's check.

c) Cheque cruzado: é aquele que possibilita, a qualquer tempo, a identificação

da pessoa em favor de quem ele foi liquidado. São os dois tracinhos no canto do che­

que. Pode conter o nome da pessoa escrito entre os dois tracinhos, mas o mais comum

é que não tenha nada. É o chamado cruzamento geral ou em branco. Nesse caso, o

cheque somente poderá ser pago mediante crédito em conta da pessoa que portar o

cheque. Se o cruzamento for especial (com o nominho lá escrito), só poderá ser pago

por depósito na conta daquela pessoa ali determinada.

d) Cheque para se levar em conta: esse é o menos conhecido, até porque tem

exatamente o mesmo objetivo que o cheque cruzado, ou seja, identificar a pessoa em

favor de quem é liquidado. Funciona igualzinho.

O prazo de apresentação do cheque é contado da sua emissão, e será de 30 dias se a

emissão for na me·sma praça e de 6o dias se em praças diferentes. A comparação é feita

com relação à localidade da agência do banco sacado. Assim: eu tenho conta aqui em Bau­

ru, emito um cheque aqui, o prazo para apresentação é de 30 dias. Mas estou me mudando

para São Paulo (e estou mesmo! Falarei disso já já). Se em São Paulo eu emito esse mesmo

cheque, da agência daqui de Bauru, o prazo para apresentação será de 6o dias.

Uma coisa: se, mesmo morando em São Paulo, eu emito o cheque e nele escrevo

Bauru em vez de São Paulo no campo "cidade", considera-se o cheque como se fosse

da mesma praça. O critério é formal: verifica-se o local designado no cheque como o

de emissão, e não efetivamente onde ele foi emitido.

As consequências da não apresentação no prazo são as seguintes:

.,_ perda do direito de executar eventuais coobrigados;

.,_ perda do direito de executar o próprio devedor, se à época da apresentação

havia provisão de fundos mas esta deixou de existir por motivo não imputável ao emi­

tente (exemplo do nosso amigo Ulhoa Coelho: falência do banco).

Cheque 204

Fora esses casos, e, havendo fundos, o sacado pode pagar o cheque ainda que seja

apresentado fora do prazo. Ah! Detalhe: pode pagar se não estiver prescrito. Falare­mos da prescrição logo mais.

Agora, vainos sustar o cheque. Ou, conio dizem por aí, "assustar".

Observação": pelo amor de Deus, hein? O correto é sustar! São dois os casos em que a sustação pode acontecer:

a) Revogação ou contraordem: é um ato cambial que somente o emitente do

cheque pode fazer, no qual se limita o prazo de apresentação do cheque, por motivos

fundamentados. Funciona assim: se, ultrapassado o prazo, o cheque não tiver sido

apresentado, eu, emitente, posso ir ao banco e dizer que o cheque não deverá mais ser

pago, desde que haja razões para tanto.

b) Oposição: é ato de legitimidade do emitente ou do portador. Eles, mediante

aviso escrito, e com fundamento em razões de direito (extravio, roubo etc.), informam

ao banco que o cheque não deverá ser pago. Produz efeitos a qualquer tempo antes da

liquidação (ou seja, aqui não tem que esperar o prazo de apresentação).

Presentes os requisitos da sustação, o sacado não pode questionar a ordem. Mas

olha a treta: sustar cheque com dolo de fraude é crime. .

Observação: suspiros apaixonados e saudosos. Direito penal, volta para mim?

:\linguém é obrigado a receber por via de cheque. Nem mesmo o cheque visado

tem curso obrigatório. Mas precisa lembrar do direito do consumidor: se um estabe­

lecimento recusa-se a receber cheque, deve manter essa informação clara e visível. De

qualquer forma, não temos nada a ver com isso.

Um pagamento feito com cheque só extingue a obrigação quando de sua liquida­

ção. Significa que cheque sem fundos não extingue nada. Aliás, emitir cheque sem

fundos também é crime. Se o cheque voltar duas vezes por falta de provisão, o banco

deverá inscrever o nome do correntista no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos.

O cheque sem fundos deve ser protestado no local onde deveria ser pago ou no

domicílio do emitente, pois só assim o direito de crédito contra os coobrigados per­

manece intacto. Contra os coobrigados, tá? Para poder cobrar o devedor principal e o

avalista, não é necessário o protesto. Por outro lado, como já vimos na letra de câmbio,

o cheque também pode conter a cláusula "sem despesas", e aí o protesto ta~bém se

torna desnecessário para os coobrigados.

No sentido de garantir o direito creditício, o protesto pode ser substituído por

uma declaração do banco na qual conste a informação de que os fundos da conta do

emitente não são suficientes para o pagamento. Mas essa providência não é suficiente

para embasar pedido de falência. Aí, tem que ser o protesto mesmo .

A ação de execução baseada em cheque não pago prescreve em 6 meses, contados

do fim do prazo para apresentação, mas, se o cheque for pré-datado, considera-se

205 Empresarial para quem odeia empresarial

No mais, as mesmas regras da letra de câmbio se aplicam aqui.

Passemos agora às modalidades de cheque:

a) Cheque visado: é aquele em que o banco lança um visto atestando a provisão

de fundos. Deverá ser nominativo e não endossado, e visto do banco não é a mesma

coisa que aceite (o banco não se obriga por ele). A consequência desse visto é que o

sacado se obriga a reservar os fundos na conta corrente do emitente durante o prazo

de apresentação. Veja: se o banco não fizer essa reserva, e, se quando o credor apresentar o cheque

não houver mais os fundos que lhe foram assegurados haver, o banco responderá. Mas

não é a mesma coisa que dizer que o banco tem obrigação cambial. A obrigação dele

será decorrente de responsabilidade civil; obrigação cambial ele não terá nunca.

b) Cheque administrativo: é o emitido pelo banco tontra um de seus estabeleci­

mentos. O banco, então, será o sacado e o sacador. Da mesma forma que o cheque

visado, ele será obrigatoriamente nominativo. Exemplo é o traveller's check.

c) Cheque cruzado: é aquele que possibilita, a qualquer tempo, a identificação

da pessoa em favor de quem ele foi liquidado. São os dois tracinhos no canto do che­

que. Pode conter o nome da pessoa escrito entre os dois tracinhos, mas o mais comum

é que não tenha nada. É o chamado cruzamento geral ou em branco. Nesse caso, o

cheque somente poderá ser pago mediante crédito em conta da pessoa que portar o

cheque. Se o cruzamento for especial (com o nominho lá escrito), só poderá ser pago

por depósito na conta daquela pessoa ali determinada.

d) Cheque para se levar em conta: esse é o menos conhecido, até porque tem

exatamente o mesmo objetivo que o cheque cruzado, ou seja, identificar a pessoa em

favor de quem é liquidado. Funciona igualzinho.

O prazo de apresentação do cheque é contado da sua emissão, e será de 30 dias se a

emissão for na me·sma praça e de 6o dias se em praças diferentes. A comparação é feita

com relação à localidade da agência do banco sacado. Assim: eu tenho conta aqui em Bau­

ru, emito um cheque aqui, o prazo para apresentação é de 30 dias. Mas estou me mudando

para São Paulo (e estou mesmo! Falarei disso já já). Se em São Paulo eu emito esse mesmo

cheque, da agência daqui de Bauru, o prazo para apresentação será de 6o dias.

Uma coisa: se, mesmo morando em São Paulo, eu emito o cheque e nele escrevo

Bauru em vez de São Paulo no campo "cidade", considera-se o cheque como se fosse

da mesma praça. O critério é formal: verifica-se o local designado no cheque como o

de emissão, e não efetivamente onde ele foi emitido.

As consequências da não apresentação no prazo são as seguintes:

.,_ perda do direito de executar eventuais coobrigados;

.,_ perda do direito de executar o próprio devedor, se à época da apresentação

havia provisão de fundos mas esta deixou de existir por motivo não imputável ao emi­

tente (exemplo do nosso amigo Ulhoa Coelho: falência do banco).

Cheque 204

Fora esses casos, e, havendo fundos, o sacado pode pagar o cheque ainda que seja

apresentado fora do prazo. Ah! Detalhe: pode pagar se não estiver prescrito. Falare­mos da prescrição logo mais.

Agora, vainos sustar o cheque. Ou, conio dizem por aí, "assustar".

Observação": pelo amor de Deus, hein? O correto é sustar! São dois os casos em que a sustação pode acontecer:

a) Revogação ou contraordem: é um ato cambial que somente o emitente do

cheque pode fazer, no qual se limita o prazo de apresentação do cheque, por motivos

fundamentados. Funciona assim: se, ultrapassado o prazo, o cheque não tiver sido

apresentado, eu, emitente, posso ir ao banco e dizer que o cheque não deverá mais ser

pago, desde que haja razões para tanto.

b) Oposição: é ato de legitimidade do emitente ou do portador. Eles, mediante

aviso escrito, e com fundamento em razões de direito (extravio, roubo etc.), informam

ao banco que o cheque não deverá ser pago. Produz efeitos a qualquer tempo antes da

liquidação (ou seja, aqui não tem que esperar o prazo de apresentação).

Presentes os requisitos da sustação, o sacado não pode questionar a ordem. Mas

olha a treta: sustar cheque com dolo de fraude é crime. .

Observação: suspiros apaixonados e saudosos. Direito penal, volta para mim?

:\linguém é obrigado a receber por via de cheque. Nem mesmo o cheque visado

tem curso obrigatório. Mas precisa lembrar do direito do consumidor: se um estabe­

lecimento recusa-se a receber cheque, deve manter essa informação clara e visível. De

qualquer forma, não temos nada a ver com isso.

Um pagamento feito com cheque só extingue a obrigação quando de sua liquida­

ção. Significa que cheque sem fundos não extingue nada. Aliás, emitir cheque sem

fundos também é crime. Se o cheque voltar duas vezes por falta de provisão, o banco

deverá inscrever o nome do correntista no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos.

O cheque sem fundos deve ser protestado no local onde deveria ser pago ou no

domicílio do emitente, pois só assim o direito de crédito contra os coobrigados per­

manece intacto. Contra os coobrigados, tá? Para poder cobrar o devedor principal e o

avalista, não é necessário o protesto. Por outro lado, como já vimos na letra de câmbio,

o cheque também pode conter a cláusula "sem despesas", e aí o protesto ta~bém se

torna desnecessário para os coobrigados.

No sentido de garantir o direito creditício, o protesto pode ser substituído por

uma declaração do banco na qual conste a informação de que os fundos da conta do

emitente não são suficientes para o pagamento. Mas essa providência não é suficiente

para embasar pedido de falência. Aí, tem que ser o protesto mesmo .

A ação de execução baseada em cheque não pago prescreve em 6 meses, contados

do fim do prazo para apresentação, mas, se o cheque for pré-datado, considera-se

205 Empresarial para quem odeia empresarial

,, . j. .:_;

emitido 0 cheque na data de apresentação para pagamento. A ação de regresso dos

coobrigados prescreve também em 6 meses, contados ou do pagamento ou da distri­

buição da execução judicial.

Prescrito 0 cheque, pode ainda o credor buscar seu crédito por meio de ação de

cobrança ou monitória.

r\- ... ,.,,,,.,

···················································································· ~e-m d.ia, não tenho mais o nome SUJO. t:stou em dia com minhas obriga·

ções, e costumo inclusive pagar as contas antecipadamente.

; Cartão, praticamente só de débito: se tem dinheiro na conta, passa; se

não tem, um abraço. O de crédito fica guardado, nunca ando com ele na cartei·

ra. Só levo especificamente quando preciso.

t:vitei uma série de dores de cabeça com esses expedientes. t: cheque,

meu amigo, nunca ma1s.

····················································································

206

"'{. /

~~0 "c:;':/

i>f~:::l ~- ·..,~--

28. Voltando para casa~. ··• .·.;..._ ..... ~~

~.:;;~ ~~. ~- .. :~ .~ .. ~

~) . _,_,;.~

./lpM.a i~- t:xatamente lO anos depois, estou voltando para São Paulo.

Cidade mais deliciado mundo. O avesso do avesso do avesso do avesso. Morei

lá de 1998 a 2002. f=iz 2 anos de publicidade, larguei, fiquei um ano sem fazer

nada, depois fiz o primeiro ano de direito. Ai, vim embora, por livre e espontâ­

nea pressão.

f=oi na cidade cinza que aprendi a ser gente. f=oi lá que eu descobri

onde é o centro do mundo. f=oi tudo lá. t: tudo continua sendo lá. f quem

vem de outro sonho feliz de cidade aprende, depressa a chamar-te de reali­

dade.

Agora, estou prestes a voltar. Procurando apartamento e escola para mi­

nha filha, tenho vivido os melhores dias da minha vida (embora tenha passado

por uma tensão absurda para chegar a essa calma).

Vida que começa mais uma vez .

Quem mora em São Paulo reclama. Quem nunca morou deveria morar. A

verdade é que não dá para negar que é na capital que tudo acontece. Bomba.

Oportunidades, negócios, lazer, tudo em um único lugar. Trânsito infernal, ala­

gamento, violência. Compensa. Da força da grana que ergue e destrói coisas

belas, da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas.

Sou suspeita pàra falar. Se não tivesse minha filha, já teria voltado para lá

faz tempo. Agora surgiu uma oportunidade e não vou deixar passar por nada

nesse mundo .

Alguma coisa acontece no meu coração, sim. Quando acaba a Castelo

Branco e começa a Marginal, eu fico em êxtase. Sinto-me chegando em casa,

coisa que não sinto em nenhuma outra cidade onde morei.

Não terei desta vez o choque que tive quando cheguei lá pela primeira

vez. Adolescente, bobinha, quando eu te encarei frente a frente não vi o meu

rosto. Volto mulher, madura e segura de que lá é o meu lugar.

,, . j. .:_;

emitido 0 cheque na data de apresentação para pagamento. A ação de regresso dos

coobrigados prescreve também em 6 meses, contados ou do pagamento ou da distri­

buição da execução judicial.

Prescrito 0 cheque, pode ainda o credor buscar seu crédito por meio de ação de

cobrança ou monitória.

r\- ... ,.,,,,.,

···················································································· ~e-m d.ia, não tenho mais o nome SUJO. t:stou em dia com minhas obriga·

ções, e costumo inclusive pagar as contas antecipadamente.

; Cartão, praticamente só de débito: se tem dinheiro na conta, passa; se

não tem, um abraço. O de crédito fica guardado, nunca ando com ele na cartei·

ra. Só levo especificamente quando preciso.

t:vitei uma série de dores de cabeça com esses expedientes. t: cheque,

meu amigo, nunca ma1s.

····················································································

206

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28. Voltando para casa~. ··• .·.;..._ ..... ~~

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./lpM.a i~- t:xatamente lO anos depois, estou voltando para São Paulo.

Cidade mais deliciado mundo. O avesso do avesso do avesso do avesso. Morei

lá de 1998 a 2002. f=iz 2 anos de publicidade, larguei, fiquei um ano sem fazer

nada, depois fiz o primeiro ano de direito. Ai, vim embora, por livre e espontâ­

nea pressão.

f=oi na cidade cinza que aprendi a ser gente. f=oi lá que eu descobri

onde é o centro do mundo. f=oi tudo lá. t: tudo continua sendo lá. f quem

vem de outro sonho feliz de cidade aprende, depressa a chamar-te de reali­

dade.

Agora, estou prestes a voltar. Procurando apartamento e escola para mi­

nha filha, tenho vivido os melhores dias da minha vida (embora tenha passado

por uma tensão absurda para chegar a essa calma).

Vida que começa mais uma vez .

Quem mora em São Paulo reclama. Quem nunca morou deveria morar. A

verdade é que não dá para negar que é na capital que tudo acontece. Bomba.

Oportunidades, negócios, lazer, tudo em um único lugar. Trânsito infernal, ala­

gamento, violência. Compensa. Da força da grana que ergue e destrói coisas

belas, da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas.

Sou suspeita pàra falar. Se não tivesse minha filha, já teria voltado para lá

faz tempo. Agora surgiu uma oportunidade e não vou deixar passar por nada

nesse mundo .

Alguma coisa acontece no meu coração, sim. Quando acaba a Castelo

Branco e começa a Marginal, eu fico em êxtase. Sinto-me chegando em casa,

coisa que não sinto em nenhuma outra cidade onde morei.

Não terei desta vez o choque que tive quando cheguei lá pela primeira

vez. Adolescente, bobinha, quando eu te encarei frente a frente não vi o meu

rosto. Volto mulher, madura e segura de que lá é o meu lugar.

~m clima de alegria e mudança, falaremos agora das duplicatas. Prepara­do? Aproveito para convidar cada um de vocês para tomar um café comigo na Avenida Paulista quando estiverem por lá. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ~ ...

A lei que disciplina esse título de crédito é a n. 5-474/68. Assim como eu confessei não ter lido a Lei Uniforme, aqui é a mesma coisa. Nem sabia o número dessa leLVi­vendo e aprendendo. Agora ela está aberta no meu computador. Digno de foto de mural.

Essa lei começa determinando que, sempre que houver um contrato de compra e. venda mercantil a prazo entre pessoas domiciliadas no Brasil, o vendedor deverá emi­tir uma fatura para apresentação ao comprador. Essa fatura é um documento que contém a discriminação das mercadorias vendidas, e considera-se contrato a prazo aquele cujo pagamento é feito depois de no mínimo 30 dias contados da entrega ou despacho da coisa.

Dois anos depois da edição dessa lei, o governo criou a tal da "nota fiscal-fa­tura", documento que reúne informações fiscais e comerciais: ou seja, pelo mesmo documento, o empresário que opta por esse sistema já emite a nota fiscal (efeitos tributários) e a fatura (efeitos comerciais). A diferença é que a nota fiscal-fatura deve ser emitida em todo contrato de compra e venda, não somente nos contratos a prazo.

Beleza. O que realmente importa para nós é o seguinte: da fatura, ou da nota fiscal-fatura, o empresário pode extrair um título de crédito denominado duplicata. Mas olha só: fatura é de emissão facultativa ou obrigatória (a depender de o contrato ser a prazo ou não); nota fiscal-fatura é de emissão sempre obrigatória. E a duplicata?

A d'.tplicata é de emissão sempre facultativa. Legal até aqui? A duplicata é emitida com base na fatura ou na nota fiscal-fatura,

mas o saque não poderá acontecer depois do vencimento da obrigação ou da primeira prestação.·

Como fizemos com todos os outros títulos, vamos ver os requisitos da duplicata: ._ a expressão "duplicata", a data de emissão e o número de ordem; ._ o núinero da fatura ou da nota fiscal-fatura da qual ela foi extraída; ._ a data certa do vencimento ou a declaração de ser ela à vista; ._ o nome e o domicílio do vendedor e do comprador; ._ o valor a pagar; ._ o local elo pagamento; ._ a cláusula à ordem; ._ a declaração do reconhecimento ele sua exatidão e da obrigação de pagá-la

destinaca ao aceite do comprador; ._ a assinatura do emitente, podendo ser utilizada a rubrica mecânica.

Duplicatas 208

Olha ela aí:

MODELO

JSD P'C()U4r.(A

111o:tn.c.!1o· r.1.

"""""' .. -~C.HPJ . .._, .......

lloi.CJ..lU.

,,. ....•.

: l ~~~ '·:~;:~~~~;t~~~~~~;~~;J~;:~~~;~~~~:;~~;~~=~~~~~~ ~~~~-..rM\,1t.AI)(vtiOit,LlltR(.ANTL .... ~tca'MOA~J a .w,...,.~,.~·~--~ KA.fJJ.U.Df.~MJ\'[~SDJ.oCX)eR.It:J()S~U:OAi!t.WSDESPES,..I.S

Quem emite duplicata eleve ter o chamado livro ele duplicatas. Nele serão escri­turadas todas as emissões, com os respectivos números etc. Cada duplicata só pode corresponder a uma fatura (toda vez que falarmos "fatu­

ra", estaremos incluindo a nota fiscal-fatura no conceito, ok?), mas, se a venda for parcelada, o vendedor pode escolher: ou emite uma só e discrimina nela todas as par­celas, ou emite uma duplicata para cada parcela. Nesse caso, todas elas terão o mesmo número e serão identificadas pelo acréscimo ele uma letra elo alfabeto.

O devedor principal na duplicata é sempre o comprador (sacado).

28.1. Causalidade da duplicata Todos os títulos ele crédito encontram-se vinculados ao direito cambial, e, assim,

devem respeito àqueles princípios que vimos no começo: cartulariclacle, literalidade e autonomia.

Mas veja a diferença entre a duplicata e os demais títulos: ela só pode ser emitida como representação ele uma compra e venda ou em uma prestação de serviço. É isso que se chama ele causalidade da duplicata . Como eu não consigo ficar longe do direito penal, e toda vez que tenho a deixa falo dele, olha o crime elo art. 172:

"Art. 172. Expedir ou aceitar duplicata que não corresponda, juntamente com a fatura respectiva, a uma venda efetiva de bens ou a uma real prestação de serviço . Pena- Detenção de I a 5 anos, e multa equivalente a 20% sobre o valor da duplicata" . Entendeu? Emitir uma duplicata que não corresponda a uma compra e vencia é crime. É a chamada duplicata simulada .

209 Empresarial para quem odeia empresarial

~m clima de alegria e mudança, falaremos agora das duplicatas. Prepara­do? Aproveito para convidar cada um de vocês para tomar um café comigo na Avenida Paulista quando estiverem por lá. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ~ ...

A lei que disciplina esse título de crédito é a n. 5-474/68. Assim como eu confessei não ter lido a Lei Uniforme, aqui é a mesma coisa. Nem sabia o número dessa leLVi­vendo e aprendendo. Agora ela está aberta no meu computador. Digno de foto de mural.

Essa lei começa determinando que, sempre que houver um contrato de compra e. venda mercantil a prazo entre pessoas domiciliadas no Brasil, o vendedor deverá emi­tir uma fatura para apresentação ao comprador. Essa fatura é um documento que contém a discriminação das mercadorias vendidas, e considera-se contrato a prazo aquele cujo pagamento é feito depois de no mínimo 30 dias contados da entrega ou despacho da coisa.

Dois anos depois da edição dessa lei, o governo criou a tal da "nota fiscal-fa­tura", documento que reúne informações fiscais e comerciais: ou seja, pelo mesmo documento, o empresário que opta por esse sistema já emite a nota fiscal (efeitos tributários) e a fatura (efeitos comerciais). A diferença é que a nota fiscal-fatura deve ser emitida em todo contrato de compra e venda, não somente nos contratos a prazo.

Beleza. O que realmente importa para nós é o seguinte: da fatura, ou da nota fiscal-fatura, o empresário pode extrair um título de crédito denominado duplicata. Mas olha só: fatura é de emissão facultativa ou obrigatória (a depender de o contrato ser a prazo ou não); nota fiscal-fatura é de emissão sempre obrigatória. E a duplicata?

A d'.tplicata é de emissão sempre facultativa. Legal até aqui? A duplicata é emitida com base na fatura ou na nota fiscal-fatura,

mas o saque não poderá acontecer depois do vencimento da obrigação ou da primeira prestação.·

Como fizemos com todos os outros títulos, vamos ver os requisitos da duplicata: ._ a expressão "duplicata", a data de emissão e o número de ordem; ._ o núinero da fatura ou da nota fiscal-fatura da qual ela foi extraída; ._ a data certa do vencimento ou a declaração de ser ela à vista; ._ o nome e o domicílio do vendedor e do comprador; ._ o valor a pagar; ._ o local elo pagamento; ._ a cláusula à ordem; ._ a declaração do reconhecimento ele sua exatidão e da obrigação de pagá-la

destinaca ao aceite do comprador; ._ a assinatura do emitente, podendo ser utilizada a rubrica mecânica.

Duplicatas 208

Olha ela aí:

MODELO

JSD P'C()U4r.(A

111o:tn.c.!1o· r.1.

"""""' .. -~C.HPJ . .._, .......

lloi.CJ..lU.

,,. ....•.

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Quem emite duplicata eleve ter o chamado livro ele duplicatas. Nele serão escri­turadas todas as emissões, com os respectivos números etc. Cada duplicata só pode corresponder a uma fatura (toda vez que falarmos "fatu­

ra", estaremos incluindo a nota fiscal-fatura no conceito, ok?), mas, se a venda for parcelada, o vendedor pode escolher: ou emite uma só e discrimina nela todas as par­celas, ou emite uma duplicata para cada parcela. Nesse caso, todas elas terão o mesmo número e serão identificadas pelo acréscimo ele uma letra elo alfabeto.

O devedor principal na duplicata é sempre o comprador (sacado).

28.1. Causalidade da duplicata Todos os títulos ele crédito encontram-se vinculados ao direito cambial, e, assim,

devem respeito àqueles princípios que vimos no começo: cartulariclacle, literalidade e autonomia.

Mas veja a diferença entre a duplicata e os demais títulos: ela só pode ser emitida como representação ele uma compra e venda ou em uma prestação de serviço. É isso que se chama ele causalidade da duplicata . Como eu não consigo ficar longe do direito penal, e toda vez que tenho a deixa falo dele, olha o crime elo art. 172:

"Art. 172. Expedir ou aceitar duplicata que não corresponda, juntamente com a fatura respectiva, a uma venda efetiva de bens ou a uma real prestação de serviço . Pena- Detenção de I a 5 anos, e multa equivalente a 20% sobre o valor da duplicata" . Entendeu? Emitir uma duplicata que não corresponda a uma compra e vencia é crime. É a chamada duplicata simulada .

209 Empresarial para quem odeia empresarial

28. 2. Aceite O vendedor deverá enviar ao comprador a duplicata, no prazo de 30 dias conta­

dos da sua emissão. O comprador, então, pode fazer cinco coisas:

a) assinar o título e devolvê-lo ao vendedor no prazo de 1 o dias, contados do

recebimento; b) devolver o título ao vendedor sem assinar;

c) devolver o título ao vendedor justificando o porquê do não recebimento;

d) não devolver o título, mas comunicar o vendedor do aceite;

e) não devolver o título e não falar nada.

Tá. E o que vai acontecer a partir daí?

Seguinte: a duplicata é título de aceite obrigatório. O sacado, que é o comprador,

deve aceitá-lo, exceto nas situações em que a lei o autoriza a recusar o aceite. Lembra

que nos outros títulos de crédito isso não acontece? Na letra de câmbio, por exemplo,

o sacado não tem obrigação nenhuma de dar aceite. Dá se quiser.

................................................................................... ;/lliáA_, ~ fw.a, daquelas ele vó que eu já comentei aqui em algum lugar:

cada um dá o que tem.

···················································.·································

Então, é assim: a Lei das Duplicatas traz as situações em que a recusa é autoriza­

da. Está no art. 8~. Olha ele aí:

"Art. 85'. O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de:

I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entre­

gues por sua conta e risco; 11 - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, de-

vidamente comprovados; 11l - divergência nos prazos ou nos preços ajustados".

É só nesses casos que o comprador pode recusar-se a dar o aceite, e, com isso, li­

vrar-se da obrigação cambial que a duplicata representa. Em qualquer outra hipótese,

a obrigação estará constituída, ainda que ele não dê o aceite.

Por corita disso, e levando em consideração aquelas alternativas que o compra­

dor tem quando recebe a duplicata, pode-se dizer que existem três tipos de aceite na

duplicata: . .. aceite ordinário: é o básico. O comprador assina o título e beleza;

.. aceite por comunicação: é o que estava lá no item d. O comprador retém o

título, mas avisa o vendedor elo aceite. Só pode acontecer quando a instituição finan­

ceira cobradora autoriza;

.. aceite por presunção: é o que acontece quando o comprador não apõe no tí­

tulo seu aceite, nem comunica o aceite ao vendedor, mas não há nenhuma das causas

que autorizam a recusa.

?1()

Então, só se o comprador informar e justificar a ausência de aceite e se essa justi­

ficativa estiver dentro das hipóteses do art. 8~ é que não se obrigará pela duplicata.

De resto, meu povo, aplicam-se as disposições da letra de câmbio, com uma só

peculiaridade.

Se houver aval em branco na duplicata, será considerado em favor daquele cuja

assinatura estiver acima da do avalista. Se não houver nenhuma assinatura ali, é con­

siderado em favor do comprador. Precisa lembrar também da Súmula 189 do STF:

"Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessii"Os". Isso quer

dizer que os obrigados são coavalistas do sacador.

28.3. Protesto

Três são os tipos ele protesto na duplicata: por falta ele aceite, por falta de devolu­

ção ou por falta ele pagamento. Se o vendedor não está ele posse do título, ou seja, se 0

comprador não devolveu o título a ele, poderá ser feito o protesto por indicações .

Exceção ao princípio da cartularidade.

Em qualquer das hipóteses, o protesto deve ser feito no local do pagamento e no

prazo de 30 dias a contar do vencimento do título. Não fazendo isso no prazo, o ven­

dedor perde o direito de cobrar o título dos coobrigados.

A execução da duplicata vai depender da modalidade de aceite.

Se foi ordinário, a duplicata, por si só, é título execütivo. O protesto, então, só será

necessário para cobrar os codevedores: devedor principal (comprador) e avalista não.

Se o aceite foi feito por comunicação, o título executivo é exatamente a comuni­

cação, ou seja, a cartinha que o comprador enviou ao vendedor dizendo que aceitou a

duplicata e reteve o título.

Por fim, se o aceite foi por presunção, para ter título executivo o vendedor vai

precisar do seguinte:

.. protesto cambial: se ele tiver a duplicata, faz o protesto normal e a duplicata

protestada é o título executivo; se não tiver, faz o protesto por indicação e o instru­

mento do protesto é o título;

.. comprovante da entrega da mercadoria: é o canhoto que você assina quando

te entregam uma coisa que você comprou. Sabe aquele papel que você assina e devol­

ve pro tiozinho da transportadora? É a prova do recebimento.

Sobre o protesto por indicação, olha que tudo essa explicação do professor Hugo

Zaher, que consta no Portal LFG'':

14 Disponível em: <http:/ jwww.lfg.com.brjartigoj2oo809161403251 1S_dirdto-comercial_o-que-e­

protesto-por-indicacao-hugo-zaher.htmi>. Acesso em 1-3-2012.

211 Empresarial pera quem odeia empresarial

28. 2. Aceite O vendedor deverá enviar ao comprador a duplicata, no prazo de 30 dias conta­

dos da sua emissão. O comprador, então, pode fazer cinco coisas:

a) assinar o título e devolvê-lo ao vendedor no prazo de 1 o dias, contados do

recebimento; b) devolver o título ao vendedor sem assinar;

c) devolver o título ao vendedor justificando o porquê do não recebimento;

d) não devolver o título, mas comunicar o vendedor do aceite;

e) não devolver o título e não falar nada.

Tá. E o que vai acontecer a partir daí?

Seguinte: a duplicata é título de aceite obrigatório. O sacado, que é o comprador,

deve aceitá-lo, exceto nas situações em que a lei o autoriza a recusar o aceite. Lembra

que nos outros títulos de crédito isso não acontece? Na letra de câmbio, por exemplo,

o sacado não tem obrigação nenhuma de dar aceite. Dá se quiser.

................................................................................... ;/lliáA_, ~ fw.a, daquelas ele vó que eu já comentei aqui em algum lugar:

cada um dá o que tem.

···················································.·································

Então, é assim: a Lei das Duplicatas traz as situações em que a recusa é autoriza­

da. Está no art. 8~. Olha ele aí:

"Art. 85'. O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de:

I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entre­

gues por sua conta e risco; 11 - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, de-

vidamente comprovados; 11l - divergência nos prazos ou nos preços ajustados".

É só nesses casos que o comprador pode recusar-se a dar o aceite, e, com isso, li­

vrar-se da obrigação cambial que a duplicata representa. Em qualquer outra hipótese,

a obrigação estará constituída, ainda que ele não dê o aceite.

Por corita disso, e levando em consideração aquelas alternativas que o compra­

dor tem quando recebe a duplicata, pode-se dizer que existem três tipos de aceite na

duplicata: . .. aceite ordinário: é o básico. O comprador assina o título e beleza;

.. aceite por comunicação: é o que estava lá no item d. O comprador retém o

título, mas avisa o vendedor elo aceite. Só pode acontecer quando a instituição finan­

ceira cobradora autoriza;

.. aceite por presunção: é o que acontece quando o comprador não apõe no tí­

tulo seu aceite, nem comunica o aceite ao vendedor, mas não há nenhuma das causas

que autorizam a recusa.

?1()

Então, só se o comprador informar e justificar a ausência de aceite e se essa justi­

ficativa estiver dentro das hipóteses do art. 8~ é que não se obrigará pela duplicata.

De resto, meu povo, aplicam-se as disposições da letra de câmbio, com uma só

peculiaridade.

Se houver aval em branco na duplicata, será considerado em favor daquele cuja

assinatura estiver acima da do avalista. Se não houver nenhuma assinatura ali, é con­

siderado em favor do comprador. Precisa lembrar também da Súmula 189 do STF:

"Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessii"Os". Isso quer

dizer que os obrigados são coavalistas do sacador.

28.3. Protesto

Três são os tipos ele protesto na duplicata: por falta ele aceite, por falta de devolu­

ção ou por falta ele pagamento. Se o vendedor não está ele posse do título, ou seja, se 0

comprador não devolveu o título a ele, poderá ser feito o protesto por indicações .

Exceção ao princípio da cartularidade.

Em qualquer das hipóteses, o protesto deve ser feito no local do pagamento e no

prazo de 30 dias a contar do vencimento do título. Não fazendo isso no prazo, o ven­

dedor perde o direito de cobrar o título dos coobrigados.

A execução da duplicata vai depender da modalidade de aceite.

Se foi ordinário, a duplicata, por si só, é título execütivo. O protesto, então, só será

necessário para cobrar os codevedores: devedor principal (comprador) e avalista não.

Se o aceite foi feito por comunicação, o título executivo é exatamente a comuni­

cação, ou seja, a cartinha que o comprador enviou ao vendedor dizendo que aceitou a

duplicata e reteve o título.

Por fim, se o aceite foi por presunção, para ter título executivo o vendedor vai

precisar do seguinte:

.. protesto cambial: se ele tiver a duplicata, faz o protesto normal e a duplicata

protestada é o título executivo; se não tiver, faz o protesto por indicação e o instru­

mento do protesto é o título;

.. comprovante da entrega da mercadoria: é o canhoto que você assina quando

te entregam uma coisa que você comprou. Sabe aquele papel que você assina e devol­

ve pro tiozinho da transportadora? É a prova do recebimento.

Sobre o protesto por indicação, olha que tudo essa explicação do professor Hugo

Zaher, que consta no Portal LFG'':

14 Disponível em: <http:/ jwww.lfg.com.brjartigoj2oo809161403251 1S_dirdto-comercial_o-que-e­

protesto-por-indicacao-hugo-zaher.htmi>. Acesso em 1-3-2012.

211 Empresarial pera quem odeia empresarial

"Trata-se do protesto - por falta de aceite, de devolução ou de pagamento - tirado pelo sacador, quando o sacado recebe a duplicata para o aceite e a retém, de maneira que poderá o sacador, para efeitos de protesto, apresentar simples indicações do portador.

Note-se que, se o sacador não remeteu ao sacado a duplicata para que fosse aposto o aceite, não haverá o que se falar em protesto por indicação. Portanto, é requisito essencial do protesto por indicação a prova de que o título foi encaminhado ao sacado.

Essa explicação encontra respaldo expresso no artigo 13, jJ 1E., da Lei n. 5-474/68".

Fácil, né?-Mais uma coisinha: e a triplicata? O que é? Basicão: é uma segunda via da dupli-­

cata. Então, se a duplicata se perdeu ou se extraviou, a lei permite que seja emitida a triplicat2.; Ela não representa uma nova obrigação, mas a mesma, portanto é feita com base nas informações que constam lá no livro de duplicatas.

Em relação à ação de execução, deverá ser proposta no local de pagamento do título, que nele deve constar. Os prazos prescricionais são os seguintes:

~ 3 anos contados do vencimento, se a execução for contra o sacado ou avalistas; ~ 1 ano contado do protesto, se contra os endossantes; ~ 1 ano contado do pagamento, se for ação de regresso.

28.4. Duplicata por prestação de serviço A Lei da Duplicata permite que empresários individuais ou sociedades empresá­

rias que ?restem serviço emitam fatura e duplicata, nos mesmos moldes da duplicata de compra e venda.

Na fatura, deve estar discriminada a natureza do serviço prestado, e o valor será o preço deste.

As regras são exatamente as mesmas para a duplicata de compra e venda, sendo considerados motivos que autorizam a recusa do aceite a não correspondência do que consta na fatura com os serviços efetivamente prestados, vícios ou defeitos na qualidade do serviço devidamente comprovados e a divergência nos prazos ou preços ajustados.

Aqui também pode acontecer o protesto por indicação, mas para que seja feito é necessário que se apresente ao cartório um documento comprovando o vínculo con­tratual e que o serviço foi mesmo prestado.

Outro título de crédito por prestação de serviços é a chamada conta de serviço. É basicamente a mesma coisa que a duplicata de prestação de serviços, mas recebe esse nome porque emitido por profissional liberal ou prestador de serviço eventual. Assim, não tem aqui nada de livro de duplicata.

É um documento no qual consta o serviço prestado, sua natureza, valor, data e local do pagamento e o vínculo que o originou. Deverá, então, ser levado a registro no Registro de Títulos e Documentos, e enviado a quem contratou o serviço. Não pago, o emitente pode então protestar e executar. Entendeu o lance? Para cobrar, precisa do

Duplicatas 212

protesto, mesmo que a execução seja contra o devedor principal. E mais: a exigibilida­de depende também de comprovação da prestação do serviço.

····················································································· é iMo., gai.eA.i.nAa do. eem.

~u continuo esperando ansiosamente a data da minha mudança. Ainda

nem comecei a empacotar as coisas. Mas o simples fato de ter a certeza de

que eu estou voltando me deixa absurdamente feliz.

Para alguns pode parecer loucur·a, mas. para mim, é sempre lindo andar na

cidade de São Paulo.

····················································································

213 Empresarial para quem odeia empresarial

"Trata-se do protesto - por falta de aceite, de devolução ou de pagamento - tirado pelo sacador, quando o sacado recebe a duplicata para o aceite e a retém, de maneira que poderá o sacador, para efeitos de protesto, apresentar simples indicações do portador.

Note-se que, se o sacador não remeteu ao sacado a duplicata para que fosse aposto o aceite, não haverá o que se falar em protesto por indicação. Portanto, é requisito essencial do protesto por indicação a prova de que o título foi encaminhado ao sacado.

Essa explicação encontra respaldo expresso no artigo 13, jJ 1E., da Lei n. 5-474/68".

Fácil, né?-Mais uma coisinha: e a triplicata? O que é? Basicão: é uma segunda via da dupli-­

cata. Então, se a duplicata se perdeu ou se extraviou, a lei permite que seja emitida a triplicat2.; Ela não representa uma nova obrigação, mas a mesma, portanto é feita com base nas informações que constam lá no livro de duplicatas.

Em relação à ação de execução, deverá ser proposta no local de pagamento do título, que nele deve constar. Os prazos prescricionais são os seguintes:

~ 3 anos contados do vencimento, se a execução for contra o sacado ou avalistas; ~ 1 ano contado do protesto, se contra os endossantes; ~ 1 ano contado do pagamento, se for ação de regresso.

28.4. Duplicata por prestação de serviço A Lei da Duplicata permite que empresários individuais ou sociedades empresá­

rias que ?restem serviço emitam fatura e duplicata, nos mesmos moldes da duplicata de compra e venda.

Na fatura, deve estar discriminada a natureza do serviço prestado, e o valor será o preço deste.

As regras são exatamente as mesmas para a duplicata de compra e venda, sendo considerados motivos que autorizam a recusa do aceite a não correspondência do que consta na fatura com os serviços efetivamente prestados, vícios ou defeitos na qualidade do serviço devidamente comprovados e a divergência nos prazos ou preços ajustados.

Aqui também pode acontecer o protesto por indicação, mas para que seja feito é necessário que se apresente ao cartório um documento comprovando o vínculo con­tratual e que o serviço foi mesmo prestado.

Outro título de crédito por prestação de serviços é a chamada conta de serviço. É basicamente a mesma coisa que a duplicata de prestação de serviços, mas recebe esse nome porque emitido por profissional liberal ou prestador de serviço eventual. Assim, não tem aqui nada de livro de duplicata.

É um documento no qual consta o serviço prestado, sua natureza, valor, data e local do pagamento e o vínculo que o originou. Deverá, então, ser levado a registro no Registro de Títulos e Documentos, e enviado a quem contratou o serviço. Não pago, o emitente pode então protestar e executar. Entendeu o lance? Para cobrar, precisa do

Duplicatas 212

protesto, mesmo que a execução seja contra o devedor principal. E mais: a exigibilida­de depende também de comprovação da prestação do serviço.

····················································································· é iMo., gai.eA.i.nAa do. eem.

~u continuo esperando ansiosamente a data da minha mudança. Ainda

nem comecei a empacotar as coisas. Mas o simples fato de ter a certeza de

que eu estou voltando me deixa absurdamente feliz.

Para alguns pode parecer loucur·a, mas. para mim, é sempre lindo andar na

cidade de São Paulo.

····················································································

213 Empresarial para quem odeia empresarial

29. Meu quarto, meu mundo::;}

-~í.tÚiós· de creditq lrrfpróprios,, "ifúiJo$· :de;cr~difo ele~rônicos-

:--~....,

-~ ~1!.::-,

~~

"':_:;::.~2_:

.................................................................................... .!linda não. me. rnu..dei, então não coloquei em prática aquele sonho de ter

uma casinha linda e arrumada. Sentada na cama agora, senti vontade de des­

crever meu quarto. teu deveria me envergonhar da bagunça, sei disso. Mas vai

servir para desmistificar a imagem que algumas pessoas têm ele mim. Se essas

pessoas tiverem a decência de comprar meu livro, vão ver que, sem necessida­

de ele citar nomes, eu fiz uma homenagem a elas aqui.

Minha cama e encostada na parede. Odeio isso. O ideal e você poder sair

ela cama por qualquer lado. O mais ideal ainda e que você tenha dois criaclos­

·mudos, um ele cada lado da cama, para encher as gavetas dele ele coisas ele

que você não precisa. Mas eu não tenho nenhum criado-mudo, e não posso

sair pelo lado direito ela cama. A não ser que eu queria me suicidar: a janela

está bem ali.

~grandona. King size. [ tem sempre 8 travesseiros em cima dela, que ele

manhã estão todos jogados pelo chão, porque eu não durmo com travesseiros.

Mas eles estão sempre aqui. .

Do meu lado esquerdo, uma estante que eu comprei não me lembro para

quê, mas que já passou por todos os cômodos da casa e n~o combina com

nenhum deles. Na verdade, poucas coisas combinam entre si. 1-ioje essa estan­

te está ocupada com meus sapatos, e, nas duas prateleiras de cima, mais um

milhão ele coisas que eu não tenho .onde colocar. Desde a caixinha de cotone­

tes até uma bíblia.

Ao lado da estante, outra coisa que eu nem sei dizer o que é, e que com­

prei algum dia por um motivo. específico ele que não me lembro mais. Uma

mesinha, talvez. Pode ser. Ou um miniaparador. Talvez minha mãe saiba um

nome francês para esse tipo ele móvel. ~u não sei.

::_·_. j ·.o~~

} . ··'l . I

tem cima dele, todos os meus cremes hiclratantcs, e perfumes, e lava nelas,

e cremes para as mãos. e para os pés, e esse tipo ele coisa. Na parte de baixo,

mais sapatos .

Meu guarda-roupa f;ca bem na minha frente e é o caos. Tenho medo todas

as vezes que abro as portas.

1-ioje meu quarto está extremamente arrumado, o que significa dizer qJe

não tem nada espalhado pelo chão. Mas, em geral, tem. Odeio dobrar roupa.

As que eu tiro acabam ficando ali no canto mesmo. Depois eu embolo tudo e

coloco para lavar. Bem mais fácil.

teu poderia continuar descrevendo minha casa, mas não convém. Acho

que alguém já tirou as dúvidas que tinha. Peço desculpas aos demais pela per­

ela de tempo. Juro que foi necessária.

Vamos ver a última parte dos títulos de crédito agora.

29.1. Títulos de crédito impróprios

Vimos que títulos de crédito são instrumentos que representam obrigações, e

que se encontram submetidos aos princípios da literalidade, cartularidade e autono­

mia. Até aqui, nada de novo.

Acontece que esses princípios têm sido mitigados ultimamente, sobretudo pelo

desenvolvimento absurdo do comércio eletrônico. Podemos dizer que hoje em dia

algüns títulos acabam por deixar de obedecer a um ou alguns desses princípios, embo­

ra se submetam ao mesmo regime jurídico. Eles apresentam alguma coisinha de dife·

rente, alguma particularidade, que não desnatura sua natureza de título de crédito,

mas também não permitem que se enquadrem totalmente nas definições até agora

estudadas.

A eles damos o nome de títulos de crédito impróprios, e podemos dizer que se

subdividem em quatro categorias:

~ títulos de legitimação: são os que conferem uma prestação de servi~o ou o

acesso a prêmios. Exemplos: o bilhete do metrô e a famosa "raspadinha". A esses se

aplicam os três princípios de direito cambial, não são títulos executivos;

~ títulos representati\;os;

~ títulos de financiamento;

~ títulos de investimento.

Esses três nós vamos estudar separadamente.

29.1.1. Títulos representativos

São documentos que representam a titularidade de mercadoria custodiada, mas

que podem exercer a função de títulos de crédito porque possibilitam que o

215 Empresarial para quem odeia empresarial

29. Meu quarto, meu mundo::;}

-~í.tÚiós· de creditq lrrfpróprios,, "ifúiJo$· :de;cr~difo ele~rônicos-

:--~....,

-~ ~1!.::-,

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"':_:;::.~2_:

.................................................................................... .!linda não. me. rnu..dei, então não coloquei em prática aquele sonho de ter

uma casinha linda e arrumada. Sentada na cama agora, senti vontade de des­

crever meu quarto. teu deveria me envergonhar da bagunça, sei disso. Mas vai

servir para desmistificar a imagem que algumas pessoas têm ele mim. Se essas

pessoas tiverem a decência de comprar meu livro, vão ver que, sem necessida­

de ele citar nomes, eu fiz uma homenagem a elas aqui.

Minha cama e encostada na parede. Odeio isso. O ideal e você poder sair

ela cama por qualquer lado. O mais ideal ainda e que você tenha dois criaclos­

·mudos, um ele cada lado da cama, para encher as gavetas dele ele coisas ele

que você não precisa. Mas eu não tenho nenhum criado-mudo, e não posso

sair pelo lado direito ela cama. A não ser que eu queria me suicidar: a janela

está bem ali.

~grandona. King size. [ tem sempre 8 travesseiros em cima dela, que ele

manhã estão todos jogados pelo chão, porque eu não durmo com travesseiros.

Mas eles estão sempre aqui. .

Do meu lado esquerdo, uma estante que eu comprei não me lembro para

quê, mas que já passou por todos os cômodos da casa e n~o combina com

nenhum deles. Na verdade, poucas coisas combinam entre si. 1-ioje essa estan­

te está ocupada com meus sapatos, e, nas duas prateleiras de cima, mais um

milhão ele coisas que eu não tenho .onde colocar. Desde a caixinha de cotone­

tes até uma bíblia.

Ao lado da estante, outra coisa que eu nem sei dizer o que é, e que com­

prei algum dia por um motivo. específico ele que não me lembro mais. Uma

mesinha, talvez. Pode ser. Ou um miniaparador. Talvez minha mãe saiba um

nome francês para esse tipo ele móvel. ~u não sei.

::_·_. j ·.o~~

} . ··'l . I

tem cima dele, todos os meus cremes hiclratantcs, e perfumes, e lava nelas,

e cremes para as mãos. e para os pés, e esse tipo ele coisa. Na parte de baixo,

mais sapatos .

Meu guarda-roupa f;ca bem na minha frente e é o caos. Tenho medo todas

as vezes que abro as portas.

1-ioje meu quarto está extremamente arrumado, o que significa dizer qJe

não tem nada espalhado pelo chão. Mas, em geral, tem. Odeio dobrar roupa.

As que eu tiro acabam ficando ali no canto mesmo. Depois eu embolo tudo e

coloco para lavar. Bem mais fácil.

teu poderia continuar descrevendo minha casa, mas não convém. Acho

que alguém já tirou as dúvidas que tinha. Peço desculpas aos demais pela per­

ela de tempo. Juro que foi necessária.

Vamos ver a última parte dos títulos de crédito agora.

29.1. Títulos de crédito impróprios

Vimos que títulos de crédito são instrumentos que representam obrigações, e

que se encontram submetidos aos princípios da literalidade, cartularidade e autono­

mia. Até aqui, nada de novo.

Acontece que esses princípios têm sido mitigados ultimamente, sobretudo pelo

desenvolvimento absurdo do comércio eletrônico. Podemos dizer que hoje em dia

algüns títulos acabam por deixar de obedecer a um ou alguns desses princípios, embo­

ra se submetam ao mesmo regime jurídico. Eles apresentam alguma coisinha de dife·

rente, alguma particularidade, que não desnatura sua natureza de título de crédito,

mas também não permitem que se enquadrem totalmente nas definições até agora

estudadas.

A eles damos o nome de títulos de crédito impróprios, e podemos dizer que se

subdividem em quatro categorias:

~ títulos de legitimação: são os que conferem uma prestação de servi~o ou o

acesso a prêmios. Exemplos: o bilhete do metrô e a famosa "raspadinha". A esses se

aplicam os três princípios de direito cambial, não são títulos executivos;

~ títulos representati\;os;

~ títulos de financiamento;

~ títulos de investimento.

Esses três nós vamos estudar separadamente.

29.1.1. Títulos representativos

São documentos que representam a titularidade de mercadoria custodiada, mas

que podem exercer a função de títulos de crédito porque possibilitam que o

215 Empresarial para quem odeia empresarial

proprietário negocie o valor da mercadoria sem prejuízo da custódia. São exemplos o conhecimento de depósito e o warrant (olha ele aí!).

Trata-se de documentos emitido por armazéns gerais, e substituem o recibo de depósito.

. .

o conhecimento de depósito e o warrant são criados juntos, e precisam estar juntos para que se retire do armazém a mercadoria. Mas podem circular separada­mente. É que o conhecimento de depósito representa o direito de propriedade da mercadoria, enquanto o warrant se refere ao crédito e valor dela.

lsh. Confundiu. Vamos ver melhor. O conhecimento de depósito transmite a propriedade, enquanto o warrant é di~.

rei to real de garantia sobre bem móvel. Então, .funciona assim: somente quem tiver os dois documentos tem direito à liberação da mercadoria no armazém gera:!. Mas vamos supor que eu seja portadora do conhecimento de depósito, só. Eu tenho a proprieda­de, mas não posso onerar a mercadoria. Então eu posso praticar todos os atos de pro­prietária, inclusive vender a mercadoria, mas não posso instituir penhor sobre ela. Por outro lado, se eu sou portadora do warrant, posso fazer exatamente isso: onerar a mercadoria. O que eu tenho com o warrant, portanto, é a garantia em si, e exatamen­te por isso posso transferi-la.

A circulação tanto de um quanto do outro se dá por endosso. . Outro título representativo é o conhecimento de frete. Ele representa mercado­

rias transportadas. Quem emite esse documento é a transportadora, e a finalidade dele é comprovar que a mercadoria foi recebida e obrigar o portador dele a fazer a entrega em destino certo. É considerado título de crédito exatamente porque é dota­do da característica de negociabilidade (a transferência se dá por endosso).

O que dá para perceber é que os títulos representativos têm finalidade primordial diversa dos títulos de crédito. Seu objeto é sempre a mercadoria consignada, mas, eventualmente, podem ser tidos como título de crédito, uma vez que podem passar a se referir à obrigações pecuniárias.

29.1.2. Títulos de financiamento

São instrumentos que representam crédito decorrente de financiamento feito por instituição financeira. Esses títulos seguem o mesmo regime jurídico dos títulos de crédito, mas a peculiaridade aqui é a seguinte.

Vamos supor que eu vá ao banco e faça um financiamento para plantar alguma coisa lá nas minhas terrinhas. Em garantia desse financiamento, dou a própria plan­tação. Assim: me dá o dinheiro para plantar, e se eu não conseguir pagar, eu te dou a plantação.

Essa garantia, contudo, é constituída no próprio título, e não em instrumento separado. É o que se chama de princípio da cedularidade.

Títulos de crédito impróprios e eletrõnicos 216

São exemplos desse tipo de título a cédula e a nota de crédito rural, industrial, comercial etc.

29.1.3. Títulos de investimento Aqui temos a letra de câmbio financeira, os certificados de depósito bancário, os

certificados recebíveis imobiliários etc. São títulos que se destinam à captação de re­cursos por parte daquele que os emite.

As debêntures seriam um exemplo. Mas olha o tempo do verbo: seriam. É que as debêntures têm regime jurídico próprio (maldita LSA). Só falei nelas aqui para enten­dermos o que são esses títulos.

Coisa chata, né?

29.2. Títulos de crédito eletrônicos Em entrevista dada ao si te da Carta Forense, nosso amigo querido Fábio Ulhoa Coe­

lho foi questionado acerca do conceito de títulos de crédito eletrônico. Olha que legal'-':

"Para isso precisamos conceituar, antes, o que é o 'meio eletrônico' ou o 'suporte eletrô­nico: Trata-se de uma das alternativas de conservação de informações, assim como o papi­ro, a argila e a pedra foram no passado e o papel tem sido desde sua invenção pelos chineses e introdução na Europa na Idade Média. No suporte eletrônico, a informação é traduzida numa enorme sequência de sensibilização elétrica e falta de sensibilização elétrica nos fila­mentos de um chip. Fala-se em mundo digital exatamente em razão dessas duas variáveis: a sensibilização elétrica, que costu.ma ser representada pelo Zero, (o) e a falta de sensibili­zação, representada pelo Um ( 1 ). Pois bem, no passado, desde sua invenção, o título de crédito teve por suporte o papel, isto é, todas as informações referentes à obrigação nele documentada, desde o valor do crédito até a assinatura dos coobrigados, estavam registra­das sempre por meio de impressão de tinta sobre um tecido vegetal. No título de crédito eletrônico, essas informações são registradas mediante uma sucessão de sensibilizações e falta de sensibilizações elétricas".

I\ a mesma entrevista o professor responde acerca da submissão desses títulos aos princípios de direito cambiário. Segundo ele, o princípio da cartularidade literalmen­te desaparece. Nem tem como mesmo. Se o lance é eletrônico, como admitir a posse da cártula? Mas o desaparecimento é tranquilamente superado pela facilidade que existe de arquivar os registros no meio eletrônico.

Quanto à cartularidade, basta fazer a adequação. Se originalmente esse princípio prevê que somente é valido o que consta da cártula, quando falamos em títulos eletrô­nicos valerá somente aquilo que está registrado no meio eletrônico.

15 Disponível em: <http://www.cartaforense.com.brjMateria.aspx?id=sl99>. Acesso em 28-12-20 12.

217 Empresarial para quem odeia empresarial

proprietário negocie o valor da mercadoria sem prejuízo da custódia. São exemplos o conhecimento de depósito e o warrant (olha ele aí!).

Trata-se de documentos emitido por armazéns gerais, e substituem o recibo de depósito.

. .

o conhecimento de depósito e o warrant são criados juntos, e precisam estar juntos para que se retire do armazém a mercadoria. Mas podem circular separada­mente. É que o conhecimento de depósito representa o direito de propriedade da mercadoria, enquanto o warrant se refere ao crédito e valor dela.

lsh. Confundiu. Vamos ver melhor. O conhecimento de depósito transmite a propriedade, enquanto o warrant é di~.

rei to real de garantia sobre bem móvel. Então, .funciona assim: somente quem tiver os dois documentos tem direito à liberação da mercadoria no armazém gera:!. Mas vamos supor que eu seja portadora do conhecimento de depósito, só. Eu tenho a proprieda­de, mas não posso onerar a mercadoria. Então eu posso praticar todos os atos de pro­prietária, inclusive vender a mercadoria, mas não posso instituir penhor sobre ela. Por outro lado, se eu sou portadora do warrant, posso fazer exatamente isso: onerar a mercadoria. O que eu tenho com o warrant, portanto, é a garantia em si, e exatamen­te por isso posso transferi-la.

A circulação tanto de um quanto do outro se dá por endosso. . Outro título representativo é o conhecimento de frete. Ele representa mercado­

rias transportadas. Quem emite esse documento é a transportadora, e a finalidade dele é comprovar que a mercadoria foi recebida e obrigar o portador dele a fazer a entrega em destino certo. É considerado título de crédito exatamente porque é dota­do da característica de negociabilidade (a transferência se dá por endosso).

O que dá para perceber é que os títulos representativos têm finalidade primordial diversa dos títulos de crédito. Seu objeto é sempre a mercadoria consignada, mas, eventualmente, podem ser tidos como título de crédito, uma vez que podem passar a se referir à obrigações pecuniárias.

29.1.2. Títulos de financiamento

São instrumentos que representam crédito decorrente de financiamento feito por instituição financeira. Esses títulos seguem o mesmo regime jurídico dos títulos de crédito, mas a peculiaridade aqui é a seguinte.

Vamos supor que eu vá ao banco e faça um financiamento para plantar alguma coisa lá nas minhas terrinhas. Em garantia desse financiamento, dou a própria plan­tação. Assim: me dá o dinheiro para plantar, e se eu não conseguir pagar, eu te dou a plantação.

Essa garantia, contudo, é constituída no próprio título, e não em instrumento separado. É o que se chama de princípio da cedularidade.

Títulos de crédito impróprios e eletrõnicos 216

São exemplos desse tipo de título a cédula e a nota de crédito rural, industrial, comercial etc.

29.1.3. Títulos de investimento Aqui temos a letra de câmbio financeira, os certificados de depósito bancário, os

certificados recebíveis imobiliários etc. São títulos que se destinam à captação de re­cursos por parte daquele que os emite.

As debêntures seriam um exemplo. Mas olha o tempo do verbo: seriam. É que as debêntures têm regime jurídico próprio (maldita LSA). Só falei nelas aqui para enten­dermos o que são esses títulos.

Coisa chata, né?

29.2. Títulos de crédito eletrônicos Em entrevista dada ao si te da Carta Forense, nosso amigo querido Fábio Ulhoa Coe­

lho foi questionado acerca do conceito de títulos de crédito eletrônico. Olha que legal'-':

"Para isso precisamos conceituar, antes, o que é o 'meio eletrônico' ou o 'suporte eletrô­nico: Trata-se de uma das alternativas de conservação de informações, assim como o papi­ro, a argila e a pedra foram no passado e o papel tem sido desde sua invenção pelos chineses e introdução na Europa na Idade Média. No suporte eletrônico, a informação é traduzida numa enorme sequência de sensibilização elétrica e falta de sensibilização elétrica nos fila­mentos de um chip. Fala-se em mundo digital exatamente em razão dessas duas variáveis: a sensibilização elétrica, que costu.ma ser representada pelo Zero, (o) e a falta de sensibili­zação, representada pelo Um ( 1 ). Pois bem, no passado, desde sua invenção, o título de crédito teve por suporte o papel, isto é, todas as informações referentes à obrigação nele documentada, desde o valor do crédito até a assinatura dos coobrigados, estavam registra­das sempre por meio de impressão de tinta sobre um tecido vegetal. No título de crédito eletrônico, essas informações são registradas mediante uma sucessão de sensibilizações e falta de sensibilizações elétricas".

I\ a mesma entrevista o professor responde acerca da submissão desses títulos aos princípios de direito cambiário. Segundo ele, o princípio da cartularidade literalmen­te desaparece. Nem tem como mesmo. Se o lance é eletrônico, como admitir a posse da cártula? Mas o desaparecimento é tranquilamente superado pela facilidade que existe de arquivar os registros no meio eletrônico.

Quanto à cartularidade, basta fazer a adequação. Se originalmente esse princípio prevê que somente é valido o que consta da cártula, quando falamos em títulos eletrô­nicos valerá somente aquilo que está registrado no meio eletrônico.

15 Disponível em: <http://www.cartaforense.com.brjMateria.aspx?id=sl99>. Acesso em 28-12-20 12.

217 Empresarial para quem odeia empresarial

Finalmente, quanto ao princípio da autonomia, nada de novidade, uma vez que

uma obrigação cambial, mesmo que representada por título eletrônico, irá circular

sempre de maneira autônoma e independente das que a antecedem.

E é assim que terminamos mais uma parte do nosso livro. Legal, né? Estamos

chegando ao fim. E eu já começo a sentir um aperto no coração. Foi assim com o livro

de tributário também. Dá medo de acabar. ..

··················································································· f.nC.im, 'fW-'" CJ.~U;L, vou fechar a porta do guarda-roupa e dormir.

····················································································

Títulos de crédito impróprios e eletrônicos 218

·' I :./··~;:.~:/ - ' ~·

... "'~:S/ y·'

30. Altos e baixos: -~ .•.. -._, . 1·. >·--/.~-;

contrato~· m~rcantis: introd~.;~ç(tb

Úilim.a p.a;úe do. f.iuJw.. Antes de mais nada, já digo: hoje estou no baixo.

Na verdade, minha vida anda como uma montanha-russa: num segundo

estou no céu, no outro, no inferno. O camie1ho entre um e outro é percorrido

depressa demais, não dá tempo de me acostumar.

Aí, digo que não sei por que fico triste, sendo certo que teria mu to mais

motivos para ficar feliz. tvlas eu sei, sim. Sei bem. Tão bem que escondo iá no

fundo de mim aquilo que não quero encara·. Meus monstros, presos em gaiolas

minúsculas e escuras, mas que, ainda assim, .emitem sons que não rne deixam

esquecer que estão lá.

Alguns dias, quando estou no alto, tenho disposição e coragem suficiente

para encará-los e até enfrentá-los. NoutrJs, como hoje, apenas me ajoelho

quietinha num canto qualquer esperando o tempo passar e torcendo para que

ninguém me veja. Não é uma boa saída, eu sei, mas é o que faço.

~m geral. meus períodos de depressão acontecem durante a noite. :Juando

fica escuro, eu não enxergo direito e me entrego. ~ rr.e perco. Deixo-me perder.

Já quase nem reclamo mais. Se você acha que isso aqui é um m3r de la­

mentações é porque não me conheceu algum tempo atrás. Aprencl: que os

dias ruins são necessários para que os dias bons sejam mais valorizados.

Vamos começi1r logo, senão eu desardo. Igual maionese.

-A 'celebração de contrato é inerente à atividade empresarial. Observe o exemplo

~usou empresária individual. Para abrir minha lojinha, precisei alugar um i mó­

. vel. Depois disso, precisei contratar uma vendedora e uma fa:'{ineira. Aí, abri uma con­

. -t~-~b banco no nome da loja e fui ao Brás comprar as roupas que vou revender. Cha­

,__:~::rtl~i c:i tiozinho do cartão de crédito para ele deixar eu ter uma maquininha na loja.

e:~~~epois comecei a fazer as minhas vendas.

--~1

. '.,· ·-~-

Finalmente, quanto ao princípio da autonomia, nada de novidade, uma vez que

uma obrigação cambial, mesmo que representada por título eletrônico, irá circular

sempre de maneira autônoma e independente das que a antecedem.

E é assim que terminamos mais uma parte do nosso livro. Legal, né? Estamos

chegando ao fim. E eu já começo a sentir um aperto no coração. Foi assim com o livro

de tributário também. Dá medo de acabar. ..

··················································································· f.nC.im, 'fW-'" CJ.~U;L, vou fechar a porta do guarda-roupa e dormir.

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Títulos de crédito impróprios e eletrônicos 218

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30. Altos e baixos: -~ .•.. -._, . 1·. >·--/.~-;

contrato~· m~rcantis: introd~.;~ç(tb

Úilim.a p.a;úe do. f.iuJw.. Antes de mais nada, já digo: hoje estou no baixo.

Na verdade, minha vida anda como uma montanha-russa: num segundo

estou no céu, no outro, no inferno. O camie1ho entre um e outro é percorrido

depressa demais, não dá tempo de me acostumar.

Aí, digo que não sei por que fico triste, sendo certo que teria mu to mais

motivos para ficar feliz. tvlas eu sei, sim. Sei bem. Tão bem que escondo iá no

fundo de mim aquilo que não quero encara·. Meus monstros, presos em gaiolas

minúsculas e escuras, mas que, ainda assim, .emitem sons que não rne deixam

esquecer que estão lá.

Alguns dias, quando estou no alto, tenho disposição e coragem suficiente

para encará-los e até enfrentá-los. NoutrJs, como hoje, apenas me ajoelho

quietinha num canto qualquer esperando o tempo passar e torcendo para que

ninguém me veja. Não é uma boa saída, eu sei, mas é o que faço.

~m geral. meus períodos de depressão acontecem durante a noite. :Juando

fica escuro, eu não enxergo direito e me entrego. ~ rr.e perco. Deixo-me perder.

Já quase nem reclamo mais. Se você acha que isso aqui é um m3r de la­

mentações é porque não me conheceu algum tempo atrás. Aprencl: que os

dias ruins são necessários para que os dias bons sejam mais valorizados.

Vamos começi1r logo, senão eu desardo. Igual maionese.

-A 'celebração de contrato é inerente à atividade empresarial. Observe o exemplo

~usou empresária individual. Para abrir minha lojinha, precisei alugar um i mó­

. vel. Depois disso, precisei contratar uma vendedora e uma fa:'{ineira. Aí, abri uma con­

. -t~-~b banco no nome da loja e fui ao Brás comprar as roupas que vou revender. Cha­

,__:~::rtl~i c:i tiozinho do cartão de crédito para ele deixar eu ter uma maquininha na loja.

e:~~~epois comecei a fazer as minhas vendas.

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Nesse exemplo, no qual os termos técnicos foram absolutamente desprezados, eu

citei seis contratos. É fato: não tem como um empresário individual ou uma socieda­

de empresária funcionar sem eles. Os contratos são chamado mercantis quando as duas partes são empresárias, e

estarão vinculados às normas de direito civil ou de direito do consumidor. O que de­

termina essa vinculação são as condições dos contratantes.

O estudo da teoria geral dos contratos é matéria de direito civil (eu não tenho

nada a ver com isso). Falaremos, nos capítulos seguintes, sobre os contratos mercantis

em espécie.

·················································••,••······························· é. fu ui. 'J-o.i um capitv1o. ~ cWlio-. Talvez nem devesse se cha-

mar capítulo. Mas chama. 1::: vai continuar chamando. Porque eu quero ass1m, e

pronto.

Ando sentindo muita falta ultimamente. !=alta do que eu não tive, nem vou

ter. Porque nada do que tenho me satisfaz. Mas o que não tenho, serpente.

Sinto falta do que não vivi. Porque o que eu vivo me cansa. 1::: das coisas pelas

quais não vou morrer. Porque, do meu fim, já sei.

Contratos mercantis: introdução 220

-,. - .. ..,

·v~~~t~tl 31. Se~ comentórlot::~:~;,__.F9 (. $~~ ,!

. . \~-:~'"'r.·.~f \(~"'~-

···················································································· eo.n.túu.w. ciiata., ~ 'flR1a quaiCJ.O.U p.o.up.a!z- todo mundo de q u a I que r

comentário hoje.

D"ireto ao ponto.

···················································································· Vamos começar a falar dos contratos em espécie, e o primeiro deles é o de compra

e venda. Mas veja: não é da compra e venda comum que falaremos. Portanto, não vai

entrar aqui o contrato que eu firmo com o dono da padaria quando compro um pão

de queijo e um café. A compra e venda mercantil, objeto do nosso estudo, acontece

sempre entre dois empresários·.

Na classificação geral dos contratos, a compra e venda mercantil é um pacto con-

. sensual: as partes sentam, negociam as cláusulas, chegam a um acordo com relação à i~J ~'<;ontade de cada uma e pronto. Qualquer coisa pode ser objeto desse contrato: uma

casa, mercadorias, animais, plantações, tanto faz. O preço deve ser pago em dinheiro,

regra, em moeda nacional. Se não for pago em dindin, será uma troca e não uma

e venda.

de regra, os contratos de compra e venda mercantil se submetem a todas

regras e possibilidades previstas no Código Civil. ._,

'Àssim, podemos ter a venda por amostragem, que é uma espécie de contrato sob

condição suspensiva, que não se aperfeiçoa até que haja a tradição do bem com a qua­

esperada.

Podemos ter também a venda a contento (condição igualmente suspensiva), que

somente se aperfeiçoa quando o comprador se declara satisfeito com o bem adquirido"'.

TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. São Paulo: Método, 201 1.

Nesse exemplo, no qual os termos técnicos foram absolutamente desprezados, eu

citei seis contratos. É fato: não tem como um empresário individual ou uma socieda­

de empresária funcionar sem eles. Os contratos são chamado mercantis quando as duas partes são empresárias, e

estarão vinculados às normas de direito civil ou de direito do consumidor. O que de­

termina essa vinculação são as condições dos contratantes.

O estudo da teoria geral dos contratos é matéria de direito civil (eu não tenho

nada a ver com isso). Falaremos, nos capítulos seguintes, sobre os contratos mercantis

em espécie.

·················································••,••······························· é. fu ui. 'J-o.i um capitv1o. ~ cWlio-. Talvez nem devesse se cha-

mar capítulo. Mas chama. 1::: vai continuar chamando. Porque eu quero ass1m, e

pronto.

Ando sentindo muita falta ultimamente. !=alta do que eu não tive, nem vou

ter. Porque nada do que tenho me satisfaz. Mas o que não tenho, serpente.

Sinto falta do que não vivi. Porque o que eu vivo me cansa. 1::: das coisas pelas

quais não vou morrer. Porque, do meu fim, já sei.

Contratos mercantis: introdução 220

-,. - .. ..,

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···················································································· eo.n.túu.w. ciiata., ~ 'flR1a quaiCJ.O.U p.o.up.a!z- todo mundo de q u a I que r

comentário hoje.

D"ireto ao ponto.

···················································································· Vamos começar a falar dos contratos em espécie, e o primeiro deles é o de compra

e venda. Mas veja: não é da compra e venda comum que falaremos. Portanto, não vai

entrar aqui o contrato que eu firmo com o dono da padaria quando compro um pão

de queijo e um café. A compra e venda mercantil, objeto do nosso estudo, acontece

sempre entre dois empresários·.

Na classificação geral dos contratos, a compra e venda mercantil é um pacto con-

. sensual: as partes sentam, negociam as cláusulas, chegam a um acordo com relação à i~J ~'<;ontade de cada uma e pronto. Qualquer coisa pode ser objeto desse contrato: uma

casa, mercadorias, animais, plantações, tanto faz. O preço deve ser pago em dinheiro,

regra, em moeda nacional. Se não for pago em dindin, será uma troca e não uma

e venda.

de regra, os contratos de compra e venda mercantil se submetem a todas

regras e possibilidades previstas no Código Civil. ._,

'Àssim, podemos ter a venda por amostragem, que é uma espécie de contrato sob

condição suspensiva, que não se aperfeiçoa até que haja a tradição do bem com a qua­

esperada.

Podemos ter também a venda a contento (condição igualmente suspensiva), que

somente se aperfeiçoa quando o comprador se declara satisfeito com o bem adquirido"'.

TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. São Paulo: Método, 201 1.

Podem ainda ser gravados com condições resolutivas. Por exemplo, se a entrega

do bem não se der em determinada data ou determinado local, resolve-se o contrato.

Há também a possibilidade da chamada cláusula ele retrovenda, que "constitui um

pacto inserido no contrato de compra e venda pelo qual o vendedor reserva-se o direito de

reaver o imóvel que está sendo alienado, dentro de um certo prazo, restituindo o preço e

reembolsando todas as despesas feitas pelo comprador no período de resgate, desde que

previamente ajustadas"".

Com relação à execução elo contrato, também aqui seguimos as regras elo direito

civil:

a) execução imediata: as obrigações são cumpridas logo que o contrato é concluído;

b) execução diferida: o cumprimento é feito em uma única vez, no futuro;

c) execução continuada: o cumprimento é sucessivo e periódico.

Relativamente às obrigações elas partes, permanecemos dentro do direito civil.

Celebrado o contrato, o vendedor se obriga a entregar a coisa e o comprador se obriga

a pagar o preço. Se alguma das partes descumpre o ajustado, aplica-se o art. 475 do

Código Civil:

"Art. 475· A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se

não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por

perdas e danos".

Também se aplicam aqui as regras sobre evicção e vício redibitório. Eu sei, esta­

mos só falando ele teoria geral elo contratos aqui, matéria que você já aprendeu, com

certeza, mas não custa nada dar uma revisadinha, né?

Pelas lições ele Flávio Tartuce, evicção é a perda da coisa diante de uma decisão ju­

dicial ou de um ato administrativo que a atribui a terceiro 1'. )á os vícios redibitórios são

os defeitos que desvalorizam a coisa ou a tomam imprópria para uso 1". Previsão legal nm

arts. 441 a 446 elo Código Civil.

Regra geral, caberão ao vendedor as despesas com transporte e entrega da coisa

avençacla, e a contratação elo serviço ele transporte ocorrerá por sua conta e risco. Mas

isso é a regra geral: o contrato pode prever outras coisas.

Quando o contrato envolve empresários situados em países diferentes, a Câmara

ele Comércio Internacional estipula algumas cláusulas-padrão. São os chamados lnco­

terms, e são regras utilizadas justamente para dividir os custos e responsabilidades elo

transporte ele mercadorias entre vendedor e comprador.

Até agora, vimos regras gerais da compra e venda, que se encontram basicamente

na legislação civil e se aplicam a todos os contratos ele compra e venda, mercantis ou

17 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil, p. 591.

18 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil, p. 547·

19 TARTUCE, F_lávio. Manual de direito civil, p. 540.

Compra e venda mercantil 222

não. Passemos agora à especificidade dos contratos mercantis, que estão relacionadas

ao caso em que o devedor encontrar-se falido.

Em se tratando ele compra e venda comum, se o devedor (pessoa física) estr·

est d d · 1 , · , . . . ver em

a o e mso venera, o Codrgo Crvtl permite que o vendedor exiJ·a uma -

d , cauçao para

proce era entrega da coisa avençada. É o art. 495.

lsso não ocorre na compra e venda mercantil. Poderá aqui 0 vendedo · ·

· · - d · . ' ' r eXIgir a

r~strtmçao a corsa ou amda a notificação do administrador judicial para que este de-

crda sobre a resolução ou não do contrato. Mas exigir caução não pode Então 0

•. t"

. . _ · , ar rgo

que Citamos acrma nao se aplica às compras e vendas mercantis, e sim as regras da LF

Belez~ ·

~············:···················:··············································

wnilw1o. e Bem~· t: também o mais frequente. t: eu ainda me

recuso a fazer qualquer comentário fora da matéria.

····················································································

223 Empresarial para quem odeia em Jresarial

Podem ainda ser gravados com condições resolutivas. Por exemplo, se a entrega

do bem não se der em determinada data ou determinado local, resolve-se o contrato.

Há também a possibilidade da chamada cláusula ele retrovenda, que "constitui um

pacto inserido no contrato de compra e venda pelo qual o vendedor reserva-se o direito de

reaver o imóvel que está sendo alienado, dentro de um certo prazo, restituindo o preço e

reembolsando todas as despesas feitas pelo comprador no período de resgate, desde que

previamente ajustadas"".

Com relação à execução elo contrato, também aqui seguimos as regras elo direito

civil:

a) execução imediata: as obrigações são cumpridas logo que o contrato é concluído;

b) execução diferida: o cumprimento é feito em uma única vez, no futuro;

c) execução continuada: o cumprimento é sucessivo e periódico.

Relativamente às obrigações elas partes, permanecemos dentro do direito civil.

Celebrado o contrato, o vendedor se obriga a entregar a coisa e o comprador se obriga

a pagar o preço. Se alguma das partes descumpre o ajustado, aplica-se o art. 475 do

Código Civil:

"Art. 475· A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se

não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por

perdas e danos".

Também se aplicam aqui as regras sobre evicção e vício redibitório. Eu sei, esta­

mos só falando ele teoria geral elo contratos aqui, matéria que você já aprendeu, com

certeza, mas não custa nada dar uma revisadinha, né?

Pelas lições ele Flávio Tartuce, evicção é a perda da coisa diante de uma decisão ju­

dicial ou de um ato administrativo que a atribui a terceiro 1'. )á os vícios redibitórios são

os defeitos que desvalorizam a coisa ou a tomam imprópria para uso 1". Previsão legal nm

arts. 441 a 446 elo Código Civil.

Regra geral, caberão ao vendedor as despesas com transporte e entrega da coisa

avençacla, e a contratação elo serviço ele transporte ocorrerá por sua conta e risco. Mas

isso é a regra geral: o contrato pode prever outras coisas.

Quando o contrato envolve empresários situados em países diferentes, a Câmara

ele Comércio Internacional estipula algumas cláusulas-padrão. São os chamados lnco­

terms, e são regras utilizadas justamente para dividir os custos e responsabilidades elo

transporte ele mercadorias entre vendedor e comprador.

Até agora, vimos regras gerais da compra e venda, que se encontram basicamente

na legislação civil e se aplicam a todos os contratos ele compra e venda, mercantis ou

17 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil, p. 591.

18 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil, p. 547·

19 TARTUCE, F_lávio. Manual de direito civil, p. 540.

Compra e venda mercantil 222

não. Passemos agora à especificidade dos contratos mercantis, que estão relacionadas

ao caso em que o devedor encontrar-se falido.

Em se tratando ele compra e venda comum, se o devedor (pessoa física) estr·

est d d · 1 , · , . . . ver em

a o e mso venera, o Codrgo Crvtl permite que o vendedor exiJ·a uma -

d , cauçao para

proce era entrega da coisa avençada. É o art. 495.

lsso não ocorre na compra e venda mercantil. Poderá aqui 0 vendedo · ·

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r~strtmçao a corsa ou amda a notificação do administrador judicial para que este de-

crda sobre a resolução ou não do contrato. Mas exigir caução não pode Então 0

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que Citamos acrma nao se aplica às compras e vendas mercantis, e sim as regras da LF

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wnilw1o. e Bem~· t: também o mais frequente. t: eu ainda me

recuso a fazer qualquer comentário fora da matéria.

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223 Empresarial para quem odeia em Jresarial

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\ ·. v ........

.................................................................................... Mw. que já Caiei aqui que o. fUd da minAa {J1Aa e4.tá ~· Devo ter pas­sado rapidamente sobre o assunto. Não sei por quê, hoje senti vontade de falar sobre isso. Talvez porque, embora tenha se passado um tempão, o assunto ainda me machuque. t: falar sobre sempr·e ajuda.

t:ra urna quinta-feira, 5 da tar·de. Não estava frio para urna tarde de agos­to. Minha filha tinha exatamente 1 mês e 5 dias -dia 17 de agosto de 2007- t:la estava dormindo na s~la, e eu aproveitei para dormir um pouco também. As mães de bebês pequenos têm que aproveitar os raros momentos de folga para descansa r.

No momento em que o telefore tocou, eu não soube ao certo se era par­te do meu sonho ou se ele realmente estava tocando. Por via das dúvidas. re­solvi atender. O pai da cria tinha viajado. então achei que era ele avisando que já tinha chegado.

Não, não era.

Urna voz estranha, perguntando se ele era meu parente. Nunca nos casa­mos no papel, mas eu me considerava, sim, sua esposa. !=oi o que eu disse. Resposta: "t:u sou advogado. e ele está preso" .

Burnl

Não absorvi bem as palavras a princípio. Levantei. A princesinha continu­ava a dorrn·rr. t:u sabia que em poucos minutos ela acordaria. pois estava quase na hora de mamar. Liguei para o padrinho dela e contei o que tinha acabado de ouvir. Nesse momento, comecei a chorar. Muito. Soluçar.

t:u não queria acreditar. Lavei o rosto e me recompus. Acho que a cria soube exatamente que eu precisava daqueles 15 minutos além do hor·ário da mamada. Acordou, rnas r1ão chorou muito. t:la apenas queria rne avisar que estava com fome. Tão pequena. lão frágil.

Tudo bem. filhinha. A mamãe está aqui.

Seus olhinhos ainda não estavam completamente abertos. t:la mamava com a força da fome. A sensação de amamentar é urna das melhores que eu já experimentei. Incrível como o corpo humano pode produzir alimento. Mágica a ligação que se forma entre mãe e filho no momento da amamentação.

t:ra o pesádelo começando. e nós tínhamos uma filha agora. Urna filha. Com pouco mais de 1 mês. t:u tinha tanta coisa pra pensar que nem sabia por onde começar.

Sem rumo, liguei para meu pai. que estava aqui em Bauru. "Pai ... você vai demorar? Pode vir aqui em casa quando sair?". t:le nem questionou nada. Pro: vavelmente sentiu alguma coisa errada na minha voz. "fslou indo agora, filha".

Chegou poucos minutos depois. A casa estava tão arrumada quanto pos-. sível, e isso significa que estava bem bagunçada. Como eu já disse, quando nasce um bebê. tudo muda, inclusive o tempo disponível para faxina r.

O pai da Giulia foi preso, pai. Choro. t: mais nada .

Falaremos agora de outros contratos, que denominaremos contratos de colabora­ção. Funciona assim: uma parte se une a outra no intuito de criar ou ampliar mercado. Nas lições de Fábio Ulhoa, 'o colaborador se obriga a fazer investimentos em divul­

gação, propaganda, manutenção de estoques, treinamento de pessoal e outros, destinados a despertar, em consumidores, o hábito de adquirir produtos ou serviços do fornecedor'"'o. Percebeu o lance? É completamente diferente de um contrato de fornecimento de mercadorias, por exemplo, em que o comprador não tem nenhuma obrigação de buscar, criar ou aumentar o nl.ercado para a coisa que ele compra. A relação entre as partes contratantes também é peculiar: como todo contrato mercantil, os contratos de colaboração são firmados entre empresários, mas o dife­rencial é que o contratado ficará subordinado ao contratante, organizando-se confor­

me as orientações deste. Bem importante: a subordinação não tem caráter pessoal. Se tivesse, o contrato

seria regido pelas normas do direito do trabalho, e geraria vínculo de emprego. Não é o que ocorre: o contratado possui negócio próprio, e a subordinação é meramente empresarial. ~

Esse contratos podem ser de duas espécies: por aproximação ou por intermediação. São exemplos de contratos de colaboração por aproximação o de comissão e o de representação comercial, porque não há aqui intermediação, e sim uma identificação de quem esteja interessado em adquirir os produtos do fornecedor. O pagamento é feito mediante percentual calculado sobre os negócios que o contratado ajuda a realizar.

20 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 485.

225 Empresarial para quem odeia empresarial

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\ ·. v ........

.................................................................................... Mw. que já Caiei aqui que o. fUd da minAa {J1Aa e4.tá ~· Devo ter pas­sado rapidamente sobre o assunto. Não sei por quê, hoje senti vontade de falar sobre isso. Talvez porque, embora tenha se passado um tempão, o assunto ainda me machuque. t: falar sobre sempr·e ajuda.

t:ra urna quinta-feira, 5 da tar·de. Não estava frio para urna tarde de agos­to. Minha filha tinha exatamente 1 mês e 5 dias -dia 17 de agosto de 2007- t:la estava dormindo na s~la, e eu aproveitei para dormir um pouco também. As mães de bebês pequenos têm que aproveitar os raros momentos de folga para descansa r.

No momento em que o telefore tocou, eu não soube ao certo se era par­te do meu sonho ou se ele realmente estava tocando. Por via das dúvidas. re­solvi atender. O pai da cria tinha viajado. então achei que era ele avisando que já tinha chegado.

Não, não era.

Urna voz estranha, perguntando se ele era meu parente. Nunca nos casa­mos no papel, mas eu me considerava, sim, sua esposa. !=oi o que eu disse. Resposta: "t:u sou advogado. e ele está preso" .

Burnl

Não absorvi bem as palavras a princípio. Levantei. A princesinha continu­ava a dorrn·rr. t:u sabia que em poucos minutos ela acordaria. pois estava quase na hora de mamar. Liguei para o padrinho dela e contei o que tinha acabado de ouvir. Nesse momento, comecei a chorar. Muito. Soluçar.

t:u não queria acreditar. Lavei o rosto e me recompus. Acho que a cria soube exatamente que eu precisava daqueles 15 minutos além do hor·ário da mamada. Acordou, rnas r1ão chorou muito. t:la apenas queria rne avisar que estava com fome. Tão pequena. lão frágil.

Tudo bem. filhinha. A mamãe está aqui.

Seus olhinhos ainda não estavam completamente abertos. t:la mamava com a força da fome. A sensação de amamentar é urna das melhores que eu já experimentei. Incrível como o corpo humano pode produzir alimento. Mágica a ligação que se forma entre mãe e filho no momento da amamentação.

t:ra o pesádelo começando. e nós tínhamos uma filha agora. Urna filha. Com pouco mais de 1 mês. t:u tinha tanta coisa pra pensar que nem sabia por onde começar.

Sem rumo, liguei para meu pai. que estava aqui em Bauru. "Pai ... você vai demorar? Pode vir aqui em casa quando sair?". t:le nem questionou nada. Pro: vavelmente sentiu alguma coisa errada na minha voz. "fslou indo agora, filha".

Chegou poucos minutos depois. A casa estava tão arrumada quanto pos-. sível, e isso significa que estava bem bagunçada. Como eu já disse, quando nasce um bebê. tudo muda, inclusive o tempo disponível para faxina r.

O pai da Giulia foi preso, pai. Choro. t: mais nada .

Falaremos agora de outros contratos, que denominaremos contratos de colabora­ção. Funciona assim: uma parte se une a outra no intuito de criar ou ampliar mercado. Nas lições de Fábio Ulhoa, 'o colaborador se obriga a fazer investimentos em divul­

gação, propaganda, manutenção de estoques, treinamento de pessoal e outros, destinados a despertar, em consumidores, o hábito de adquirir produtos ou serviços do fornecedor'"'o. Percebeu o lance? É completamente diferente de um contrato de fornecimento de mercadorias, por exemplo, em que o comprador não tem nenhuma obrigação de buscar, criar ou aumentar o nl.ercado para a coisa que ele compra. A relação entre as partes contratantes também é peculiar: como todo contrato mercantil, os contratos de colaboração são firmados entre empresários, mas o dife­rencial é que o contratado ficará subordinado ao contratante, organizando-se confor­

me as orientações deste. Bem importante: a subordinação não tem caráter pessoal. Se tivesse, o contrato

seria regido pelas normas do direito do trabalho, e geraria vínculo de emprego. Não é o que ocorre: o contratado possui negócio próprio, e a subordinação é meramente empresarial. ~

Esse contratos podem ser de duas espécies: por aproximação ou por intermediação. São exemplos de contratos de colaboração por aproximação o de comissão e o de representação comercial, porque não há aqui intermediação, e sim uma identificação de quem esteja interessado em adquirir os produtos do fornecedor. O pagamento é feito mediante percentual calculado sobre os negócios que o contratado ajuda a realizar.

20 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 485.

225 Empresarial para quem odeia empresarial

!

t ' . . i

Já quando falamos elos contratos por intermediação, precisamos ter em mente a

franquia e a concessão, em que o contratado (ou colaborador) adquire produtos do

contratante para revenda. Aqui não há que se falar em remuneração via percentual,

porque o contratado aufere os lucros da própria atividade.

O contrato de distribuição pode enquadrar-se em uma ou outra classificação.

32.1. Comissão

As partes aqui são denominadas comissário e comitente.

O comissário será sempre uma sociedade empresária que realizará negócios do

comitente, mas por sua conta e risco. É ele quem se responsabiliza perante as pessoas

com quem faz negócios, porque o comitente nem sequer participa dessas negociações.

Podemos traçar um paralelo entre o contrato de comissão e o mandato, sendo

certo que o próprio Código Civil determina que se aplicam àquele, no que couber, as

regras deste. Nos dois, uma pessoa se obriga a praticar atos em nome de outra. A dife­

rença, contudo, está na responsabilidade de cada um deles: o mandatário, se agir den­

tro dos poderes que lhe foram conferidos, nunca responderá, pois seus atos são sem­

pre realizados em nome do mandante. Já o comissário não: é ele quem responde pelos

atos que pratica, pois os pratica em seu nome, ainda que por determinação do comi­

tente.

A disciplina legal está no Código Civil, arts. 693 e seguintes, e um dos deveres do

comissário é agir com diligência, não somente no sentido ele evitar prejuízos ao comi­

tente. Deverá, ainda, buscar o lucro que razoavelmente se espera do negócio.

Embora tenhamos afirmado que o comissário age por sua conta e risco, é impor­

tante saber que ele não responde pela insolvência elas pessoas com quem contratar,

exceto se no contrato de comissão constar a cláusula de/ credere. Essa cláusula deter­

mina a responsabilidade solidária entre comissário e devedor perante o comitente

Via de regra, a inserção dessa cláusula gera ao comissário remuneração mais elevada,

exatamente por conta do maior risco.

Como dito, a remuneração elo comissário dá-se por meio de comissão, ou seja,

dos negócios que realizar, receberá um percentual. Se o comissário não puder conclui::

negócios que começou, por exemplo, no caso de morte dele, será devida a remunera­

ção proporcional ao trabalho desenvolvido.

A lei autoriza, ainda, o comissário a reter o valor recebido a título de reembolso

de despesas feitas e comissões devidas, mas deverá obedecer a certas regras, como as

instruções dadas pelo comitente e a prestação de contas periódica.

32.2. Representação comercial

A representação comercial é uma atividade autônoma, que, embora ·possa apre­

sentar certos traços de ligação com o mandato, rege-se por regime jurídico próprio.

Contratos de colaboração 226

Por ela, uma das partes, o representante, obriga-se a obter pedidos de compra e venda

de produtos fabricados pela outra parte, o representado.

A disciplina legal encontra-se na Lei n. 4.886/65, cujo dispositivo inaugural é o

que se segue:

"Art. 1'!. Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa fí­

sica, sem relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma

ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propos­

tas ou pedidos, para, transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados

com a execução dos negócios".

O representante comercial deve ser registrado no Conselho Regional, e estão im­

pedidas de exercer essa função as pessoas que não podem exercer atividade empresa­

rial, os falidos não reabilitados, os que tenham sido condenados por crimes denomi­

nados pela lei como infamantes (falsidade, estelionato, apropriação ·indébita,

contrabando, roubo, furto etc.) e aqueles que tiverem o registro cancelado. A falta do

registro impede o pagamento da remuneração devida ao representante.

É vedado aos representantes comerciais, sob pena ele multa:

.- causar prejuízo, por dolo ou culpa, ao representado no exercício da profissão;

._ auxiliar ou facilitar as pessoas impedidas de exercer a profissão;

._ promover ou facilitar negócios ilícitos;

._ violar sigilo profissional;

.- negar a prestação de contas ao representado;

.- recusar a apresentação da carteira profissional, quando solicitada por quem

de direito. O contrato de representação deve obrigatoriamente conter as condições e requi­

sitos gerais da representação, indicando qual será o seu objeto. O contrato pode ser por

prazo determinado ou indeterminado, mas sempre conterá a zona ou região em que o

representante atuará, bem como a eventual existência de exclusividade sobre a zona.

A remuneração do representante depende da realização dos negócios e do rece­

bimento, por parte deste, dos preços, o que significa dizer que o representado não tem

responsabilidade nesse aspecto. O representante vendeu e não recebeu, ficará sem

pagamento também. . .

. Por outro lado, uma vez que os pagamentos dos pedidos forem efetuados, o re­

presentante adquire o direito à sua comissão, que será efetuada até o dia 15 do mês

seguinte ao da liquidação da fatura, sob pena de incidir sobre ela correção monetária.

·Não tem o representante autonomia para a concessão de descontos ou dilações,

exceto quando expressamente autorizado por contrato, e é vedada nessa avença a in­

clusão da cláusula de/ credere.

A lei elenca os motivos pelos quais o contrato de representação poderá ser rescin­

dido, por uma ou por outra parte:

227 Empresarial para quem odeia empresarial

!

t ' . . i

Já quando falamos elos contratos por intermediação, precisamos ter em mente a

franquia e a concessão, em que o contratado (ou colaborador) adquire produtos do

contratante para revenda. Aqui não há que se falar em remuneração via percentual,

porque o contratado aufere os lucros da própria atividade.

O contrato de distribuição pode enquadrar-se em uma ou outra classificação.

32.1. Comissão

As partes aqui são denominadas comissário e comitente.

O comissário será sempre uma sociedade empresária que realizará negócios do

comitente, mas por sua conta e risco. É ele quem se responsabiliza perante as pessoas

com quem faz negócios, porque o comitente nem sequer participa dessas negociações.

Podemos traçar um paralelo entre o contrato de comissão e o mandato, sendo

certo que o próprio Código Civil determina que se aplicam àquele, no que couber, as

regras deste. Nos dois, uma pessoa se obriga a praticar atos em nome de outra. A dife­

rença, contudo, está na responsabilidade de cada um deles: o mandatário, se agir den­

tro dos poderes que lhe foram conferidos, nunca responderá, pois seus atos são sem­

pre realizados em nome do mandante. Já o comissário não: é ele quem responde pelos

atos que pratica, pois os pratica em seu nome, ainda que por determinação do comi­

tente.

A disciplina legal está no Código Civil, arts. 693 e seguintes, e um dos deveres do

comissário é agir com diligência, não somente no sentido ele evitar prejuízos ao comi­

tente. Deverá, ainda, buscar o lucro que razoavelmente se espera do negócio.

Embora tenhamos afirmado que o comissário age por sua conta e risco, é impor­

tante saber que ele não responde pela insolvência elas pessoas com quem contratar,

exceto se no contrato de comissão constar a cláusula de/ credere. Essa cláusula deter­

mina a responsabilidade solidária entre comissário e devedor perante o comitente

Via de regra, a inserção dessa cláusula gera ao comissário remuneração mais elevada,

exatamente por conta do maior risco.

Como dito, a remuneração elo comissário dá-se por meio de comissão, ou seja,

dos negócios que realizar, receberá um percentual. Se o comissário não puder conclui::

negócios que começou, por exemplo, no caso de morte dele, será devida a remunera­

ção proporcional ao trabalho desenvolvido.

A lei autoriza, ainda, o comissário a reter o valor recebido a título de reembolso

de despesas feitas e comissões devidas, mas deverá obedecer a certas regras, como as

instruções dadas pelo comitente e a prestação de contas periódica.

32.2. Representação comercial

A representação comercial é uma atividade autônoma, que, embora ·possa apre­

sentar certos traços de ligação com o mandato, rege-se por regime jurídico próprio.

Contratos de colaboração 226

Por ela, uma das partes, o representante, obriga-se a obter pedidos de compra e venda

de produtos fabricados pela outra parte, o representado.

A disciplina legal encontra-se na Lei n. 4.886/65, cujo dispositivo inaugural é o

que se segue:

"Art. 1'!. Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa fí­

sica, sem relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma

ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propos­

tas ou pedidos, para, transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados

com a execução dos negócios".

O representante comercial deve ser registrado no Conselho Regional, e estão im­

pedidas de exercer essa função as pessoas que não podem exercer atividade empresa­

rial, os falidos não reabilitados, os que tenham sido condenados por crimes denomi­

nados pela lei como infamantes (falsidade, estelionato, apropriação ·indébita,

contrabando, roubo, furto etc.) e aqueles que tiverem o registro cancelado. A falta do

registro impede o pagamento da remuneração devida ao representante.

É vedado aos representantes comerciais, sob pena ele multa:

.- causar prejuízo, por dolo ou culpa, ao representado no exercício da profissão;

._ auxiliar ou facilitar as pessoas impedidas de exercer a profissão;

._ promover ou facilitar negócios ilícitos;

._ violar sigilo profissional;

.- negar a prestação de contas ao representado;

.- recusar a apresentação da carteira profissional, quando solicitada por quem

de direito. O contrato de representação deve obrigatoriamente conter as condições e requi­

sitos gerais da representação, indicando qual será o seu objeto. O contrato pode ser por

prazo determinado ou indeterminado, mas sempre conterá a zona ou região em que o

representante atuará, bem como a eventual existência de exclusividade sobre a zona.

A remuneração do representante depende da realização dos negócios e do rece­

bimento, por parte deste, dos preços, o que significa dizer que o representado não tem

responsabilidade nesse aspecto. O representante vendeu e não recebeu, ficará sem

pagamento também. . .

. Por outro lado, uma vez que os pagamentos dos pedidos forem efetuados, o re­

presentante adquire o direito à sua comissão, que será efetuada até o dia 15 do mês

seguinte ao da liquidação da fatura, sob pena de incidir sobre ela correção monetária.

·Não tem o representante autonomia para a concessão de descontos ou dilações,

exceto quando expressamente autorizado por contrato, e é vedada nessa avença a in­

clusão da cláusula de/ credere.

A lei elenca os motivos pelos quais o contrato de representação poderá ser rescin­

dido, por uma ou por outra parte:

227 Empresarial para quem odeia empresarial

'í1rt. 35· Constituem motivos justos para rescisão do contrato de representação comer-cial, pelo representado:

a) a desídia do representante no cumprimento das obrigações decorrentes do contrato·

b) a prática de atos que importem em descrédito comercial do representado· '

c) a .falta de cumprimento de quaisquer obrigações inerentes ao contrato d: represen-tação comercial;

d) a condenação definitiva por crime considerado infamante; e) fcrça maior.

Art. 36. Constituem motivos justos para rescisão do con,trato de representação comer-cial, pelo representante: ·

a) redução de esfera de atividade do representante em desacordo com as cláusulas do contrato; .

b) a quebra, direta ou indireta, da exclusividade, se prevista no contrato;

c) a fixação abusiva de preços em relação à zona do representante, com 0 exclusivo escopo dE impossibilitar-lhe ação regular;

d) o não pagamento de sua retribuição na época devida; e) força maior".

Nos casos do art. 35, o representado poderá reter a comissão devida, para ressar­cir-se de eventuais danos que lhe foram causados.

· Se falir o representado, os créditos devidos por este ao representante serão con­

siderados de natureza trabalhista, mas isso não faz presumir qualquer tipo de vínculo emprega~ício entre um e outro.

32.3. Concessão comercial

Tr~t~-se de contrato atípico, no qual "um empresário (concessionário) se obriga a

comerczali~ar, com ou sem exclusividade, com ou sem cláusula de territorialidade, os pro­dutos fabncados por outro empresário (concedente)""'.

Diss~mos ser atípico porque somente há lei que regulamente a concessão de veí­

culos automotores terrestres (Lei n. 6.729/79 - a chamada Lei Ferrari). Na concessão

de outras mercadorias, não há lei que discipline a matéria.

A concessão de veículos automotores inclui a comercialização desses veículos e

de seus acessórios, a prestação de assistência técnica e o uso gratuito da marca do concedente.

Em regra, o contrato é celebrado por prazo indeterminado, mas 0 primeiro con­

trato_ ce:ebra.do entre concedente (montadora) e concessionário pode estabelecer pra­

zo nao mfenor a 5 anos. Findo esse prazo, não havendo denúncia de nenhuma das

21 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 492.

Contratos de colaboração 228

partes, o contrato será automaticamente renovado, e considerado, a. partir daí, por

prazo indeterminado.

32.4. Franquia

Esse é bem comum e de fácil visualização.

Definição da Wikipédia: Franquia ou franchising é uma estratégia utilizada em ad­

ministração que tem como propósito um sistema de venda de licença, onde o franqueador

(detentor da marca) cede ao franqueado (autorizado a explorar a marca) o direito de uso da

sua marca ou patente, infraestrutura, know-how e direito de distribuição exclusiva ou se­

miexclusiva de produtos ou serviços. O franqueado, por sua vez, investe e trabalha na fran­

quia e paga parte do faturamento ao franqueador sob a forma de royalties. Eventualmente,

o franqueado r também cede ao franqueado o direito de uso de tecnologia de implantação e

administração de negócio ou sistemas desenvolvidos ou detidos pelo franqueado r, mediante

remuneração direta ou indireta, sem ficar caracterizado vínculo empregatício.

A lei que disciplina esse tipo de contrato é a n. 8.955/94, mas essa lei não tomou o

contrato de franquia um contrato típico. Isso porque cada franquia será regida pelo seu

próprio contrato. As regras constantes daquela lei só balizam as partes no sentido de

que as negociações devem dar-se da forma mais transparente e isonômica possível.

Funciona mais ou menos assim: eu tenho dinheiro, mas não manjo nada de ad­

ministração, mercado, treinamento de funcionários etc. Eu então "compro" o direito

de explorar uma atividade que já tem tudo isso pronto. Pelo contrato, tenho direito ao

uso da marca e me obrigo quanto à organização empresarial.

Regra geral, essa organização empresarial se dá em três aspectos:

~ contrato de engineering: o franqueado r define a forma física do estabelecimento;

~ contrato de management: treinamento de funcionários e administração do

negócio;

~ contrato de marketing: estudo de mercado, publicidade, promoções, produtos

novos etc.

Ainda que atípico, o franqueado sempre terá que obedecer a algumas regras no

contrato de franquia. Ele terá que pagar uma série de coisas ao franqveador, tais

como:

~ taxa de adesão;

~ percentual sobre os lucros;

~ taxa pelos serviços de organização empresarial.

Excluídas essas taxas devidas, o lucro auferido é todo do franqueado.

Deverá, ainda, obedecer a todas as normas relativas a preço de venda dos produ­

tos e oferecer aos consumidores somente os produtos estabelecidos no contrato.

O contrato deverá ser escrito, mas não é necessário o registro em cartório.

229 Empresarial para quem odeia empresarial

'í1rt. 35· Constituem motivos justos para rescisão do contrato de representação comer-cial, pelo representado:

a) a desídia do representante no cumprimento das obrigações decorrentes do contrato·

b) a prática de atos que importem em descrédito comercial do representado· '

c) a .falta de cumprimento de quaisquer obrigações inerentes ao contrato d: represen-tação comercial;

d) a condenação definitiva por crime considerado infamante; e) fcrça maior.

Art. 36. Constituem motivos justos para rescisão do con,trato de representação comer-cial, pelo representante: ·

a) redução de esfera de atividade do representante em desacordo com as cláusulas do contrato; .

b) a quebra, direta ou indireta, da exclusividade, se prevista no contrato;

c) a fixação abusiva de preços em relação à zona do representante, com 0 exclusivo escopo dE impossibilitar-lhe ação regular;

d) o não pagamento de sua retribuição na época devida; e) força maior".

Nos casos do art. 35, o representado poderá reter a comissão devida, para ressar­cir-se de eventuais danos que lhe foram causados.

· Se falir o representado, os créditos devidos por este ao representante serão con­

siderados de natureza trabalhista, mas isso não faz presumir qualquer tipo de vínculo emprega~ício entre um e outro.

32.3. Concessão comercial

Tr~t~-se de contrato atípico, no qual "um empresário (concessionário) se obriga a

comerczali~ar, com ou sem exclusividade, com ou sem cláusula de territorialidade, os pro­dutos fabncados por outro empresário (concedente)""'.

Diss~mos ser atípico porque somente há lei que regulamente a concessão de veí­

culos automotores terrestres (Lei n. 6.729/79 - a chamada Lei Ferrari). Na concessão

de outras mercadorias, não há lei que discipline a matéria.

A concessão de veículos automotores inclui a comercialização desses veículos e

de seus acessórios, a prestação de assistência técnica e o uso gratuito da marca do concedente.

Em regra, o contrato é celebrado por prazo indeterminado, mas 0 primeiro con­

trato_ ce:ebra.do entre concedente (montadora) e concessionário pode estabelecer pra­

zo nao mfenor a 5 anos. Findo esse prazo, não havendo denúncia de nenhuma das

21 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 492.

Contratos de colaboração 228

partes, o contrato será automaticamente renovado, e considerado, a. partir daí, por

prazo indeterminado.

32.4. Franquia

Esse é bem comum e de fácil visualização.

Definição da Wikipédia: Franquia ou franchising é uma estratégia utilizada em ad­

ministração que tem como propósito um sistema de venda de licença, onde o franqueador

(detentor da marca) cede ao franqueado (autorizado a explorar a marca) o direito de uso da

sua marca ou patente, infraestrutura, know-how e direito de distribuição exclusiva ou se­

miexclusiva de produtos ou serviços. O franqueado, por sua vez, investe e trabalha na fran­

quia e paga parte do faturamento ao franqueador sob a forma de royalties. Eventualmente,

o franqueado r também cede ao franqueado o direito de uso de tecnologia de implantação e

administração de negócio ou sistemas desenvolvidos ou detidos pelo franqueado r, mediante

remuneração direta ou indireta, sem ficar caracterizado vínculo empregatício.

A lei que disciplina esse tipo de contrato é a n. 8.955/94, mas essa lei não tomou o

contrato de franquia um contrato típico. Isso porque cada franquia será regida pelo seu

próprio contrato. As regras constantes daquela lei só balizam as partes no sentido de

que as negociações devem dar-se da forma mais transparente e isonômica possível.

Funciona mais ou menos assim: eu tenho dinheiro, mas não manjo nada de ad­

ministração, mercado, treinamento de funcionários etc. Eu então "compro" o direito

de explorar uma atividade que já tem tudo isso pronto. Pelo contrato, tenho direito ao

uso da marca e me obrigo quanto à organização empresarial.

Regra geral, essa organização empresarial se dá em três aspectos:

~ contrato de engineering: o franqueado r define a forma física do estabelecimento;

~ contrato de management: treinamento de funcionários e administração do

negócio;

~ contrato de marketing: estudo de mercado, publicidade, promoções, produtos

novos etc.

Ainda que atípico, o franqueado sempre terá que obedecer a algumas regras no

contrato de franquia. Ele terá que pagar uma série de coisas ao franqveador, tais

como:

~ taxa de adesão;

~ percentual sobre os lucros;

~ taxa pelos serviços de organização empresarial.

Excluídas essas taxas devidas, o lucro auferido é todo do franqueado.

Deverá, ainda, obedecer a todas as normas relativas a preço de venda dos produ­

tos e oferecer aos consumidores somente os produtos estabelecidos no contrato.

O contrato deverá ser escrito, mas não é necessário o registro em cartório.

229 Empresarial para quem odeia empresarial

I

! i

32.5. Distribuição

Como dissemos lá no início, o contrato ele distribuição pode enquadrar-se tanto

na categoria de contrato de colaboração por aproximação como por intermediação.

A distribuição-aproximação está disciplinada no Código Civil, no mesmo capítu­

lo em que se disciplina o contrato ele agência.

Em ambos os casos, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos

de dependência, a obrigação de promover, à conta ele outra, mediante retribuição, a

realização de certos negócios em zona determinada. Se o contratado tiver à sua dispo­

sição os produtos a serem negociados, tratar-se-á de contrato de distribuição. Do con­

trário, o contrato será o de agência.

Regra geral, o distribuidor ou agente só pode agir, naquela zona determinada, a

mando de uma distribuidora ou agência. Da mesma maneira, não pode o proponente

(que é o nome dado exatamente à distribuidora ou agência) contratar outra pessoa

para, na mesma zona, trabalhar com o mesmo produto.

A remuneração (comissão) corresponderá aos negócios concluídos na zona esti­

pulada, ainda que o agente/distribuidor não tenha interferido neles. Se o negócio não

se realizar por culpa exclusiva do proponente, a comissão também será devida. A ces­

sação injustificada ao atendimento das propostas por parte do proponente gera direi­

to de indenização ao distribuidor/agente.

Em geral, os contratos são firmados por tempo indeterminado, e podem ser re­

solvidos por qualquer das partes, sem necessidade de motivo justificado. Basta a noti­

ficação com antecedência de go dias.

Aplicam-se aos contratos de distribuição-aproximação e agência, no que for cabí­

vel, as regras referentes ao mandato e à concessão.

Por outro lado, a distribuição-intermediação é contrato atípico. Trata-se do pac­

to celebrado entre distribuidoras de combtistível e postos de abastecimento, entre

fábricas de bebidas e seus atacadistas etc. Uma das partes obriga-se a comprar para

revenda os produtos da outra, no claro intuito de criação, consolidação ou expansão

do mercado.

Os direitos e deveres das partes são aqueles presentes no contrato que celebra­

ram. Por não haver disciplina no ordenamento jurídico regendo a matéria, não há

qualquer balizamento no que tange à exclusividade, indenização, prazos etc. As omis­

sões, teoricamente, podem ser resolvidas pelas leis ele concessão, que, em tese, é o

contrato que mais se aproxima deste.

·,

Sem comentários ao fim, porque a historinha do início deste capítulo já foi

pesada demais. .

Contratos de colaboração 230

33. A parte triste da mudanç~:J?:

: ..,.S!.:-,; ••• ;;.>-<-','

.. ~~~~~·1

~de- m.aú.L nada, uma informação relevante: as historinhas que eu escrevo

no início de cada capítulo são quase integralmente reais. Mas elas nãc seguem

uma ordem cronológica.

Digo isso porque o que eu vou contar agora aconteceu exatanente na

noite anterior ao meu prazo fatal de entrega do arquivo deste livro ao Sr. t:ditor.

Portanto, antes que ele pense que eu passei a madrugada inteira escrevendo

os Ldtimos capítulos, que fique claro: eu só alterei algumas partes. O substan·

cial já estava feito. Ok?

Dito isso, posso contar que estou finalizando os ajustes ela minha mudan­

ça. e hoje tive uma surpresa bem triste.

Moro sozinha com a minha cria aqui em Bauru, e mews pais moram em

outra cidade a uns cento e poucos quilômetros de distância. Mas meu pai tra­

balha aqui também, então toda semana ele vem para cá.

1-loje eu soube o quanto ele está triste com a minha mudança. t: o motivo

da mais forte da tristeza dele é um sÓ: a distância ela minha cria.

t:le a viu nascer, e, como o pai saiu ele casa quando ela era recém-nascida,

meu pai sempre fez o papel de pai para ela. Acompanha o seu cresci-nento de

perto desde o nascimento. t: agora estamos indo embora. t:le não vê i mais ga·

nhar um abraço dela quando chegar do trabalho.

Acho que, quando eu e meus irmãos éramos pequenos, meu pai estava tão

ocupado trabalhando que p;aticamente não nos viu crescer. t: não é culpa dele

não. t:le nunca f~i ausente, pelo contrário. Mas viela de médico é assim mesmo.

Agora, ele tem a oportunidade de ver a neta se desenvolver. A menininha

dele, cargo que um dia foi ocupado por mim e agora é titularizado r:ela minha

filha, está indo para longe.

Quando eu soube disso, fiquei meio sem palavras. t:stava antes analisan­

do a mudança de maneira objetiva, mas mexer com assuntos do ::oração é

sempre mais difícil.

I

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32.5. Distribuição

Como dissemos lá no início, o contrato ele distribuição pode enquadrar-se tanto

na categoria de contrato de colaboração por aproximação como por intermediação.

A distribuição-aproximação está disciplinada no Código Civil, no mesmo capítu­

lo em que se disciplina o contrato ele agência.

Em ambos os casos, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos

de dependência, a obrigação de promover, à conta ele outra, mediante retribuição, a

realização de certos negócios em zona determinada. Se o contratado tiver à sua dispo­

sição os produtos a serem negociados, tratar-se-á de contrato de distribuição. Do con­

trário, o contrato será o de agência.

Regra geral, o distribuidor ou agente só pode agir, naquela zona determinada, a

mando de uma distribuidora ou agência. Da mesma maneira, não pode o proponente

(que é o nome dado exatamente à distribuidora ou agência) contratar outra pessoa

para, na mesma zona, trabalhar com o mesmo produto.

A remuneração (comissão) corresponderá aos negócios concluídos na zona esti­

pulada, ainda que o agente/distribuidor não tenha interferido neles. Se o negócio não

se realizar por culpa exclusiva do proponente, a comissão também será devida. A ces­

sação injustificada ao atendimento das propostas por parte do proponente gera direi­

to de indenização ao distribuidor/agente.

Em geral, os contratos são firmados por tempo indeterminado, e podem ser re­

solvidos por qualquer das partes, sem necessidade de motivo justificado. Basta a noti­

ficação com antecedência de go dias.

Aplicam-se aos contratos de distribuição-aproximação e agência, no que for cabí­

vel, as regras referentes ao mandato e à concessão.

Por outro lado, a distribuição-intermediação é contrato atípico. Trata-se do pac­

to celebrado entre distribuidoras de combtistível e postos de abastecimento, entre

fábricas de bebidas e seus atacadistas etc. Uma das partes obriga-se a comprar para

revenda os produtos da outra, no claro intuito de criação, consolidação ou expansão

do mercado.

Os direitos e deveres das partes são aqueles presentes no contrato que celebra­

ram. Por não haver disciplina no ordenamento jurídico regendo a matéria, não há

qualquer balizamento no que tange à exclusividade, indenização, prazos etc. As omis­

sões, teoricamente, podem ser resolvidas pelas leis ele concessão, que, em tese, é o

contrato que mais se aproxima deste.

·,

Sem comentários ao fim, porque a historinha do início deste capítulo já foi

pesada demais. .

Contratos de colaboração 230

33. A parte triste da mudanç~:J?:

: ..,.S!.:-,; ••• ;;.>-<-','

.. ~~~~~·1

~de- m.aú.L nada, uma informação relevante: as historinhas que eu escrevo

no início de cada capítulo são quase integralmente reais. Mas elas nãc seguem

uma ordem cronológica.

Digo isso porque o que eu vou contar agora aconteceu exatanente na

noite anterior ao meu prazo fatal de entrega do arquivo deste livro ao Sr. t:ditor.

Portanto, antes que ele pense que eu passei a madrugada inteira escrevendo

os Ldtimos capítulos, que fique claro: eu só alterei algumas partes. O substan·

cial já estava feito. Ok?

Dito isso, posso contar que estou finalizando os ajustes ela minha mudan­

ça. e hoje tive uma surpresa bem triste.

Moro sozinha com a minha cria aqui em Bauru, e mews pais moram em

outra cidade a uns cento e poucos quilômetros de distância. Mas meu pai tra­

balha aqui também, então toda semana ele vem para cá.

1-loje eu soube o quanto ele está triste com a minha mudança. t: o motivo

da mais forte da tristeza dele é um sÓ: a distância ela minha cria.

t:le a viu nascer, e, como o pai saiu ele casa quando ela era recém-nascida,

meu pai sempre fez o papel de pai para ela. Acompanha o seu cresci-nento de

perto desde o nascimento. t: agora estamos indo embora. t:le não vê i mais ga·

nhar um abraço dela quando chegar do trabalho.

Acho que, quando eu e meus irmãos éramos pequenos, meu pai estava tão

ocupado trabalhando que p;aticamente não nos viu crescer. t: não é culpa dele

não. t:le nunca f~i ausente, pelo contrário. Mas viela de médico é assim mesmo.

Agora, ele tem a oportunidade de ver a neta se desenvolver. A menininha

dele, cargo que um dia foi ocupado por mim e agora é titularizado r:ela minha

filha, está indo para longe.

Quando eu soube disso, fiquei meio sem palavras. t:stava antes analisan­

do a mudança de maneira objetiva, mas mexer com assuntos do ::oração é

sempre mais difícil.

O que me resta agora é ficar absurdamente rica logo, para poder lhe dar passagens aéreas de presente todos os fins de semana. Assim ele poderá con­tinuar vendo minha cria de perto.

No mais, preciso fazer uma declaração de amor pública que ainda não foi feita neste livro.

Pai, eu nem sei dizer o quanto te amo. t:u mais que amo. Ainda vou te encher de orgulho, e todas as minhas vitórias terão o seu nome.

Vamos aos contratos bancários agora. Falta pouco para acabar. Para começar, um artigo interessante da Lei n. 4-595/64, conhecida como Lei da:

Reforma Bancária:

':.4rt. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessó­ria a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros".

Os bancos precisam de autorização especial para funcionar. Não é qualquer um que pode, simplesmente, da noite para o dia, abrir um banco. Quem cuida disso é o Banco Central ou, no caso de estrangeiros, o presidente da República.

Todo banco é obrigatoriamente uma S/ A, e a matéria-prima da atividade bancária é o crédito.

' Legal. Até agora, apenas infm:mações introdutórias. Contratos bancários são todos aqueles em que uma das partes é um banco e cujo

objeto relaciona-se com a atividade bancária descrita no artigo que transcrevemos aci­ma. Veja: não basta que o banco seja parte do contrato. Por exemplo, o contrato de aluguel do imóvel onde está a agência não pode ser considerado um contrato bancário.

Em resumo, são considerados contratos bancários aqueles que somente podem ser firmados quando o banco é parte.

Quanto às operações bancárias, podemos dividi-las em típicas (que são as que têm ligação direta com o crédito) e atípicas (prestação de serviço acessório). As típicas podem ser ativas ou passivas, a depender de ser o banco, respectivamente, credor ou devedor da obrigação.

Regra g(!ral, as operações de crédito submetem-se às regras de direito do consu­midor. Contudo, se uma das partes contratantes for um empresário que não puder se enquadrar nos conceitos de consumidor dados pela legislação da matéria, então o re­gime jurídico aplicado será o empresarial, e não o consumerista.

Passemos a analisar exatamente esse regime jurídico.

33.1. Operações passivas Os principais exemplos desse tipo de operação são os contratos de depósito

bancário, de conta corrente e de aplicações financeiras. Em todos eles o banco

Contratos b.Jncários 232

assume a posição de devedor, e o objetivo maior é a captação de recursos por meio da instituição.

33.1.1. Contrato de depósito bancário É o contrato por meio do qual uma pessoa entrega quantias de dinheiro ao banco,

q·1e se obriga a restituí-las sempre que o depositante, unilateralmente, assim o requerer. É um contrato autônomo e real (aperfeiçoa-se com a entrega do dinheiro). A par­

tir do momento em que o banco recebe as quantias depositadas, torna-se titular delas, cobrando um preço por tal serviço. Não se trata, portanto, de mera custódia.

Regra geral, será por tempo indeterminado, e a resilição pode dar-se a qualquer tempo. Mas existe uma regrinha que autoriza o banco a extinguir tal contrato caso não haja nenhuma movimentação no prazo de 30 anos.

São modalidades desse tipo de contrato: .,. depósito à vista: a restituição deve dar-se de imediato, tão logo o depositante

solicite; .,. depósito a pré-aviso: o banco terá um prazo, que será previamente estipulado

e contado da data da solicitação para fazer a restituição; .,. depósito a prazo fixo: a solicitação de restituição só pode ser feita depois de

determinada data.

33.1.2. Contrato de conta corrente Por ele, o banco se obriga a receber valores que o correntista lhe entrega e, bem

assim, efetuar os pagamentos que lhe forem ordenados. Diferentemente do contrato de depósito, o de conta corrente é classificado como consensual, ou seja, o seu aperfeiçoa­mento depende apenas do acordo de vontades, e não da entrega efetiva do dinheiro.

33.1.3. Contrato de aplicação financeira Aqui, o correntista autoriza o banco a utilizar o dinheiro que mantém em conta

de depósito em determinados mercados de capital. Assim, enquanto o banco tem em mãos mais capital para investimento, o correntista fará jus aos lucros q4e o banco auferir com a aplicação do seu dinheiro.

Quem vai decidir qual a melhor forma de aplicar o capital é o banco, e exatamente por isso não se pode assemelhar esse contrato com o de mandato ou o de corretagem.

33.2. Operações ativas É o oposto: aqui o banco é credor. Na verdade, resumem-se essas operações aos

ccntratos em que o banco coloca à disposição do correntista um crédito. Os exemplos são o mútuo bancário, o desconto, a abertura de crédito e o crédito documentário.

233 Empresarial para quem odeia empresarial

O que me resta agora é ficar absurdamente rica logo, para poder lhe dar passagens aéreas de presente todos os fins de semana. Assim ele poderá con­tinuar vendo minha cria de perto.

No mais, preciso fazer uma declaração de amor pública que ainda não foi feita neste livro.

Pai, eu nem sei dizer o quanto te amo. t:u mais que amo. Ainda vou te encher de orgulho, e todas as minhas vitórias terão o seu nome.

Vamos aos contratos bancários agora. Falta pouco para acabar. Para começar, um artigo interessante da Lei n. 4-595/64, conhecida como Lei da:

Reforma Bancária:

':.4rt. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessó­ria a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros".

Os bancos precisam de autorização especial para funcionar. Não é qualquer um que pode, simplesmente, da noite para o dia, abrir um banco. Quem cuida disso é o Banco Central ou, no caso de estrangeiros, o presidente da República.

Todo banco é obrigatoriamente uma S/ A, e a matéria-prima da atividade bancária é o crédito.

' Legal. Até agora, apenas infm:mações introdutórias. Contratos bancários são todos aqueles em que uma das partes é um banco e cujo

objeto relaciona-se com a atividade bancária descrita no artigo que transcrevemos aci­ma. Veja: não basta que o banco seja parte do contrato. Por exemplo, o contrato de aluguel do imóvel onde está a agência não pode ser considerado um contrato bancário.

Em resumo, são considerados contratos bancários aqueles que somente podem ser firmados quando o banco é parte.

Quanto às operações bancárias, podemos dividi-las em típicas (que são as que têm ligação direta com o crédito) e atípicas (prestação de serviço acessório). As típicas podem ser ativas ou passivas, a depender de ser o banco, respectivamente, credor ou devedor da obrigação.

Regra g(!ral, as operações de crédito submetem-se às regras de direito do consu­midor. Contudo, se uma das partes contratantes for um empresário que não puder se enquadrar nos conceitos de consumidor dados pela legislação da matéria, então o re­gime jurídico aplicado será o empresarial, e não o consumerista.

Passemos a analisar exatamente esse regime jurídico.

33.1. Operações passivas Os principais exemplos desse tipo de operação são os contratos de depósito

bancário, de conta corrente e de aplicações financeiras. Em todos eles o banco

Contratos b.Jncários 232

assume a posição de devedor, e o objetivo maior é a captação de recursos por meio da instituição.

33.1.1. Contrato de depósito bancário É o contrato por meio do qual uma pessoa entrega quantias de dinheiro ao banco,

q·1e se obriga a restituí-las sempre que o depositante, unilateralmente, assim o requerer. É um contrato autônomo e real (aperfeiçoa-se com a entrega do dinheiro). A par­

tir do momento em que o banco recebe as quantias depositadas, torna-se titular delas, cobrando um preço por tal serviço. Não se trata, portanto, de mera custódia.

Regra geral, será por tempo indeterminado, e a resilição pode dar-se a qualquer tempo. Mas existe uma regrinha que autoriza o banco a extinguir tal contrato caso não haja nenhuma movimentação no prazo de 30 anos.

São modalidades desse tipo de contrato: .,. depósito à vista: a restituição deve dar-se de imediato, tão logo o depositante

solicite; .,. depósito a pré-aviso: o banco terá um prazo, que será previamente estipulado

e contado da data da solicitação para fazer a restituição; .,. depósito a prazo fixo: a solicitação de restituição só pode ser feita depois de

determinada data.

33.1.2. Contrato de conta corrente Por ele, o banco se obriga a receber valores que o correntista lhe entrega e, bem

assim, efetuar os pagamentos que lhe forem ordenados. Diferentemente do contrato de depósito, o de conta corrente é classificado como consensual, ou seja, o seu aperfeiçoa­mento depende apenas do acordo de vontades, e não da entrega efetiva do dinheiro.

33.1.3. Contrato de aplicação financeira Aqui, o correntista autoriza o banco a utilizar o dinheiro que mantém em conta

de depósito em determinados mercados de capital. Assim, enquanto o banco tem em mãos mais capital para investimento, o correntista fará jus aos lucros q4e o banco auferir com a aplicação do seu dinheiro.

Quem vai decidir qual a melhor forma de aplicar o capital é o banco, e exatamente por isso não se pode assemelhar esse contrato com o de mandato ou o de corretagem.

33.2. Operações ativas É o oposto: aqui o banco é credor. Na verdade, resumem-se essas operações aos

ccntratos em que o banco coloca à disposição do correntista um crédito. Os exemplos são o mútuo bancário, o desconto, a abertura de crédito e o crédito documentário.

233 Empresarial para quem odeia empresarial

33.2.1. Mútuo bancário Na linguagem popular, é o empréstimo. Trata-se de contrato real, e, a partir da entrega do dinheiro, o mutuário obriga-se

a restituir 0 valor entregue, com as taxas e correções previstas, e a amortizar o valor no prazo contratado. Por outro lado, tal contrato não gera nenhuma obrigação por parte do banco, por isso se pode afirmar que é uma avença unilateral.

Se o contrato tiver garantia real, deverá ser feito por instrumento público, e um aspecto importante é a impossibilidade de o mutuário obrigar o mutuante a receber os valores antes do prazo estipulado no contrato. Assim: eu, que peguei o dinheiro do banco, não posso obrigá-lo a receber antes do prazo, pleiteando, por isso, redução das taxas. O ban~o pode receber e me dar descontos se quiser, mas eu nunca poderei

obrigá-lo a fazer isso. Mas lembre-se de que estamos tratando aqui de contratos regidos pelo direito

empresarial. Digo isso porque, se o mutuário for consumidor, essa proibição não se aplica (Código de Defesa do Consumidor, art. 52,§ 2~).

O mútuo pode desdobrar-se num contrato de financiamento, que é aquele em que 0 valor objeto do contrato tem destinação certa. Nesse caso, o banco tem todo o direito de fiscalizar a real utilização do montante entregue ao mutuário.

33.2.2. Desconto bancário Funciona assim: tenho uma quantia para receber daqui a 30 dias. Vamos supor

que essa quantia seja de 1.000 reais. Vou ao banco, e ele me paga hoje 8oo reais. O meu crédito de J.ooo reais é então transferido ao banco.

Créditos de qualquer natureza podem ser objeto do desconto bancário, mas, em ge­ral, os bancos aceitam somente créditos representados por títulos de crédito, isso porque a garantia de recebimento destes é maior, especialmente pela submissão aos princípios de direito cambial, de que tanto já falamos. A transferência do crédito se faz por endosso.

Trata-se de contrato real, mas a relação entre o banco e o cliente perdurará até que o crédito seja efetivamente pago. Se, eventualmente, o devedor não efetuar opa­gamento na data do vencimento, o banco poderá agir de três formas:

~ executar judicialmente o devedor do título descontado (porque o crédito

constante em ·tal título lhe foi transferido); ~ executar o descontário (ou endossante), com base nas regras de direito cambial

(lembre-se, contudo, que para proceder dessa forma o protesto será imprescindível); ~ executar o desconto, mas com fundamento no contrato realizado com este (e

aqui não será necessário o protesto). · É em virtude dessa terceira possibilidade que se pode afirmar que o contrato de

desconto bancário é autônomo. Se assim nãofosse, o banco teria a qualidade de mero

endossatário nos casos de desconto bancário.

Contratos bancários 234

Por fim, é chamada de redesconto a operação financeira pela qual o banco des­·conta, ele mesmo, o título que recebeu, em contrato de desconto, de outra instituição financeira. Contudo, a realização dessa operação é de competência exclusiva do Ban­co Central.

33.2.3. Contrato de abertura de crédito É o chamado cheque especial. Por ele, o banco deixa certa quantia à disposição do

cliente, que pode utilizá-la ou não. Regra geral, o pagamento de juros só ocorre se a quantia for efetivamente utilizada.

<JJiea de cuniga: fuja desse contrato.

33.2.4. Contrato de crédito documentário Trata-se de contrato bastante utilizado no comércio internacional.

"Define-se pela obrigação assumida por um banco (emissor), perante seu cliente (orde­nante) no sentido de proceder a pagamentos em favor de terceiro (beneficiário), contra a apresentação de documentos relacionados a negócio realizado por estes dois últimos"".

Então, por esse contrato, o banco financia e se obriga a pagar a terceiros valores relativos a negócios que seu cliente realiza. O pagamento se faz mediante a apresen­tação de um ou alguns documentos, tais como guia de exportação, fatura, conheci­mento de embarque etc.

As regras relativas a esse tipo de contrato são estabelecidas pela Câmara Interna­cional de Comércio.

33.3. Contratos bancários impróprios

33.3.1. Alienação flduciáda em garantia Trata-se da transferência da posse de um bem móvel ou imóvel do devedor ao

credor para garantir o cumprimento de uma obrigação. O contrato de alienação é sempre um instrumento: por ele se realiza um negócio-fim.

Vamos exemplificar com a situação mais comum de todas: quero comprar um carro, mas não tenho dinheiro para tanto. Vou ao banco e digo: "Banco, eu quero um carro".: O banco me diz: "Beleza, vamos fazer assim: eu compro o carro e deixo com você. Você vai me pagando aos poucos. Quando acabar de pagar, o carro é seu".

22 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 514.

235 Empresarial para quem odeia empresarial

33.2.1. Mútuo bancário Na linguagem popular, é o empréstimo. Trata-se de contrato real, e, a partir da entrega do dinheiro, o mutuário obriga-se

a restituir 0 valor entregue, com as taxas e correções previstas, e a amortizar o valor no prazo contratado. Por outro lado, tal contrato não gera nenhuma obrigação por parte do banco, por isso se pode afirmar que é uma avença unilateral.

Se o contrato tiver garantia real, deverá ser feito por instrumento público, e um aspecto importante é a impossibilidade de o mutuário obrigar o mutuante a receber os valores antes do prazo estipulado no contrato. Assim: eu, que peguei o dinheiro do banco, não posso obrigá-lo a receber antes do prazo, pleiteando, por isso, redução das taxas. O ban~o pode receber e me dar descontos se quiser, mas eu nunca poderei

obrigá-lo a fazer isso. Mas lembre-se de que estamos tratando aqui de contratos regidos pelo direito

empresarial. Digo isso porque, se o mutuário for consumidor, essa proibição não se aplica (Código de Defesa do Consumidor, art. 52,§ 2~).

O mútuo pode desdobrar-se num contrato de financiamento, que é aquele em que 0 valor objeto do contrato tem destinação certa. Nesse caso, o banco tem todo o direito de fiscalizar a real utilização do montante entregue ao mutuário.

33.2.2. Desconto bancário Funciona assim: tenho uma quantia para receber daqui a 30 dias. Vamos supor

que essa quantia seja de 1.000 reais. Vou ao banco, e ele me paga hoje 8oo reais. O meu crédito de J.ooo reais é então transferido ao banco.

Créditos de qualquer natureza podem ser objeto do desconto bancário, mas, em ge­ral, os bancos aceitam somente créditos representados por títulos de crédito, isso porque a garantia de recebimento destes é maior, especialmente pela submissão aos princípios de direito cambial, de que tanto já falamos. A transferência do crédito se faz por endosso.

Trata-se de contrato real, mas a relação entre o banco e o cliente perdurará até que o crédito seja efetivamente pago. Se, eventualmente, o devedor não efetuar opa­gamento na data do vencimento, o banco poderá agir de três formas:

~ executar judicialmente o devedor do título descontado (porque o crédito

constante em ·tal título lhe foi transferido); ~ executar o descontário (ou endossante), com base nas regras de direito cambial

(lembre-se, contudo, que para proceder dessa forma o protesto será imprescindível); ~ executar o desconto, mas com fundamento no contrato realizado com este (e

aqui não será necessário o protesto). · É em virtude dessa terceira possibilidade que se pode afirmar que o contrato de

desconto bancário é autônomo. Se assim nãofosse, o banco teria a qualidade de mero

endossatário nos casos de desconto bancário.

Contratos bancários 234

Por fim, é chamada de redesconto a operação financeira pela qual o banco des­·conta, ele mesmo, o título que recebeu, em contrato de desconto, de outra instituição financeira. Contudo, a realização dessa operação é de competência exclusiva do Ban­co Central.

33.2.3. Contrato de abertura de crédito É o chamado cheque especial. Por ele, o banco deixa certa quantia à disposição do

cliente, que pode utilizá-la ou não. Regra geral, o pagamento de juros só ocorre se a quantia for efetivamente utilizada.

<JJiea de cuniga: fuja desse contrato.

33.2.4. Contrato de crédito documentário Trata-se de contrato bastante utilizado no comércio internacional.

"Define-se pela obrigação assumida por um banco (emissor), perante seu cliente (orde­nante) no sentido de proceder a pagamentos em favor de terceiro (beneficiário), contra a apresentação de documentos relacionados a negócio realizado por estes dois últimos"".

Então, por esse contrato, o banco financia e se obriga a pagar a terceiros valores relativos a negócios que seu cliente realiza. O pagamento se faz mediante a apresen­tação de um ou alguns documentos, tais como guia de exportação, fatura, conheci­mento de embarque etc.

As regras relativas a esse tipo de contrato são estabelecidas pela Câmara Interna­cional de Comércio.

33.3. Contratos bancários impróprios

33.3.1. Alienação flduciáda em garantia Trata-se da transferência da posse de um bem móvel ou imóvel do devedor ao

credor para garantir o cumprimento de uma obrigação. O contrato de alienação é sempre um instrumento: por ele se realiza um negócio-fim.

Vamos exemplificar com a situação mais comum de todas: quero comprar um carro, mas não tenho dinheiro para tanto. Vou ao banco e digo: "Banco, eu quero um carro".: O banco me diz: "Beleza, vamos fazer assim: eu compro o carro e deixo com você. Você vai me pagando aos poucos. Quando acabar de pagar, o carro é seu".

22 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial, p. 514.

235 Empresarial para quem odeia empresarial

Nessa situação, eu estarei na posse direta do carro, mas não terei a propriedade

dele. Serei depositária do carro. O banco terá a posse indireta do carro e a proprieda­de, mas se trata de propriedade resolúvel, uma vez que, depois que eu pagar tudo o

que devo, a propriedade será transferida para mim.

É quase um mútuo, no qual a garantia é o próprio bem.

Eu, que comprei o carro, sou a alienante, também chamada de devedora fid~ciá­ria. O banco é o credor fiduciário, e é entendimento majoritário que somente pode ser credora fiduciária a instituição financeira, embora seja discutível a natureza bancária

desse contrato.

Na maior parte das vezes esse contrato acaba sendo utilizado para a aquisição de bens, mas nada impede que a garantia recaia sobre coisa de que já tenha a propriedade o devedor. ·

Esse contrato obrigatoriamente é celebrado por escrito e deve conter as seguintes

informações:

a) valor total da dívida ou sua estimativa;

b) local e data do pagamento; c) taxa de juros contratuais; d) cláusula penal com indicação de correção monetária e juros moratórios;

e) descrição do bem objeto da garantia. Inadimplido o contrato, as p~rcelas vencem todas antecipadamente. Pode o cre­

dor, então, valer-se da ação de busca e apreensão. Retomando o bem, será vendido, independentemente de leilão. Isso porque, como dissemos, o credor tem a proprieda­de resolúvel da coisa. Assim, caso o devedor não purgue a mora no prazo legal, a pro­

priedade consolida-se em favor do credor.

Não sendo encontrado o bem dado em garantia, a ação converte-se em ação de depósito.

Importante ressaltar que a alienação fiduciária em garantia só pode ser feita como operação no âmbito do mercado financeiro ou de capitais, ou ainda para garan­

tir créditos fiscais ou previdenciários.

Se o objeto do contrato for bem imóvel, não será possível, por óbvio, a ação de busca e apreensão, mas os direitos do credor se tornam efetivos mediante a consolida­ção da propriedade em seu favor.

33.3.2. Factoring Trata-se do contrato no qual o banco presta serviços de administração de crédito,

obrigando-se a efetuar as cobranças em nome da empresa faturizada.

Um empresário, ao conceder crédito para seus consumidores ou compradores, assume uma série de preocupações: controlar os vencimentos, acompanhar a

Contratos bancários 236

flutuação das taxas de juros, a eventual cobrança judicial de seus créditos etc. É exata­

mente esse o sentido do contrato de factoring: o banco passará a se-preocupar com tudo isso.

Tal corÍtr~to pode revestir-se de dua~ modalidades.

Na primeira, chamada de conventional factoring, a instituição financeira garante o pagamento dos-créditos, ou seja, adianta ao empresário faturizado o pagamento de

tudo aquilo que ele tem para receber. Por outro lado, temos também o chamado ma­turity factoring, no qual não há esse caráter de financiamento. O banco, aqui, procede­rá às cobranças, mas não se responsabiliza pela solvência dos débitos.

Nesse sentido, oportuna a transcrição das lições da professora Flavia Adine Feito­sa Coelho, que consta no Portal LFG"·':

'fl. 'maturity factoring' corresponde a uma modalidade de faturização, que nada mais é do que um contrato mercantil em que um empresário (faturizado) cede a outro (faturiza­dor), total ou parcialmente seus créditos decorrentes de venda a prazo, recebendo do fatu­rizador valor em moeda corrente nacional em razão da cessão do crédito, mediante opa­gamento de uma remuneração, assumindo o faturizador o risco pelo inadimplemento do devedor do crédito.

São comumente conhecidos como fomento mercantil.

Ocorre que na modalidade de 'maturity' a faturizadora paga os valores somente no vencimento da obrigação, restando parte do valor a título de comissão à faturizadora.

Caso as partes convencionem do pagamento imediato de parte do crédito, ficando a diferença como comissão quando do vencimento do crédito cedido, teremos a modalidade de 'conventional factoring' e não de 'maturity factoring:

Por oportuno, a 'conventional factoring', pressupõe urna assunção de risco maior, ra­zão pela qual maior será a comissão percebida pela empresa faturizadora.

Vale destacar que a faturização não deixa de ser uma cessão de crédito ínsito ao direi­to civil corno norteador de normas gerais. Sendo assim, o faturizado (ou cedente) é respon­sá;el pela existência do crédito. A inexistência do crédito faz surgir para o faturizador o direito a perdas e danos".

Vê-se, portanto, que, a depender da modalidade de factoring, suas funções podem variar de garantia, gestão de crédito e ainda financiamento.

Trata-se de contrato atípico, uma vez que não há, no Brasil, legislação específica que regulamente o assunto. Veja-se, contudo, que o banco não está obrigado a aceitar todos os créditos do faturizado, mas apenas aqueles que lhe interessem.

23 Disponível em: <http://www.lfg.eom.br/public_htmljarticle.php?story=w 10041 o J8oo40297& mode=print>. Acesso em 7-3-2012.

237 Empresarial para quem odeia empresarial

Nessa situação, eu estarei na posse direta do carro, mas não terei a propriedade

dele. Serei depositária do carro. O banco terá a posse indireta do carro e a proprieda­de, mas se trata de propriedade resolúvel, uma vez que, depois que eu pagar tudo o

que devo, a propriedade será transferida para mim.

É quase um mútuo, no qual a garantia é o próprio bem.

Eu, que comprei o carro, sou a alienante, também chamada de devedora fid~ciá­ria. O banco é o credor fiduciário, e é entendimento majoritário que somente pode ser credora fiduciária a instituição financeira, embora seja discutível a natureza bancária

desse contrato.

Na maior parte das vezes esse contrato acaba sendo utilizado para a aquisição de bens, mas nada impede que a garantia recaia sobre coisa de que já tenha a propriedade o devedor. ·

Esse contrato obrigatoriamente é celebrado por escrito e deve conter as seguintes

informações:

a) valor total da dívida ou sua estimativa;

b) local e data do pagamento; c) taxa de juros contratuais; d) cláusula penal com indicação de correção monetária e juros moratórios;

e) descrição do bem objeto da garantia. Inadimplido o contrato, as p~rcelas vencem todas antecipadamente. Pode o cre­

dor, então, valer-se da ação de busca e apreensão. Retomando o bem, será vendido, independentemente de leilão. Isso porque, como dissemos, o credor tem a proprieda­de resolúvel da coisa. Assim, caso o devedor não purgue a mora no prazo legal, a pro­

priedade consolida-se em favor do credor.

Não sendo encontrado o bem dado em garantia, a ação converte-se em ação de depósito.

Importante ressaltar que a alienação fiduciária em garantia só pode ser feita como operação no âmbito do mercado financeiro ou de capitais, ou ainda para garan­

tir créditos fiscais ou previdenciários.

Se o objeto do contrato for bem imóvel, não será possível, por óbvio, a ação de busca e apreensão, mas os direitos do credor se tornam efetivos mediante a consolida­ção da propriedade em seu favor.

33.3.2. Factoring Trata-se do contrato no qual o banco presta serviços de administração de crédito,

obrigando-se a efetuar as cobranças em nome da empresa faturizada.

Um empresário, ao conceder crédito para seus consumidores ou compradores, assume uma série de preocupações: controlar os vencimentos, acompanhar a

Contratos bancários 236

flutuação das taxas de juros, a eventual cobrança judicial de seus créditos etc. É exata­

mente esse o sentido do contrato de factoring: o banco passará a se-preocupar com tudo isso.

Tal corÍtr~to pode revestir-se de dua~ modalidades.

Na primeira, chamada de conventional factoring, a instituição financeira garante o pagamento dos-créditos, ou seja, adianta ao empresário faturizado o pagamento de

tudo aquilo que ele tem para receber. Por outro lado, temos também o chamado ma­turity factoring, no qual não há esse caráter de financiamento. O banco, aqui, procede­rá às cobranças, mas não se responsabiliza pela solvência dos débitos.

Nesse sentido, oportuna a transcrição das lições da professora Flavia Adine Feito­sa Coelho, que consta no Portal LFG"·':

'fl. 'maturity factoring' corresponde a uma modalidade de faturização, que nada mais é do que um contrato mercantil em que um empresário (faturizado) cede a outro (faturiza­dor), total ou parcialmente seus créditos decorrentes de venda a prazo, recebendo do fatu­rizador valor em moeda corrente nacional em razão da cessão do crédito, mediante opa­gamento de uma remuneração, assumindo o faturizador o risco pelo inadimplemento do devedor do crédito.

São comumente conhecidos como fomento mercantil.

Ocorre que na modalidade de 'maturity' a faturizadora paga os valores somente no vencimento da obrigação, restando parte do valor a título de comissão à faturizadora.

Caso as partes convencionem do pagamento imediato de parte do crédito, ficando a diferença como comissão quando do vencimento do crédito cedido, teremos a modalidade de 'conventional factoring' e não de 'maturity factoring:

Por oportuno, a 'conventional factoring', pressupõe urna assunção de risco maior, ra­zão pela qual maior será a comissão percebida pela empresa faturizadora.

Vale destacar que a faturização não deixa de ser uma cessão de crédito ínsito ao direi­to civil corno norteador de normas gerais. Sendo assim, o faturizado (ou cedente) é respon­sá;el pela existência do crédito. A inexistência do crédito faz surgir para o faturizador o direito a perdas e danos".

Vê-se, portanto, que, a depender da modalidade de factoring, suas funções podem variar de garantia, gestão de crédito e ainda financiamento.

Trata-se de contrato atípico, uma vez que não há, no Brasil, legislação específica que regulamente o assunto. Veja-se, contudo, que o banco não está obrigado a aceitar todos os créditos do faturizado, mas apenas aqueles que lhe interessem.

23 Disponível em: <http://www.lfg.eom.br/public_htmljarticle.php?story=w 10041 o J8oo40297& mode=print>. Acesso em 7-3-2012.

237 Empresarial para quem odeia empresarial

33.3.3. Arrendamento mercantil (leasing)

Pode-se dizer que o arrendamento mercantil é o contrato de locação em que se

possibilita, ao final, que o locatário opte pela compra do ~em locado, amortizando

do preço da compra os valores pagos a título de aluguel. E também contrato atípi­

co, portanto, a relação entre as partes, estará regulada inteiramente no contrato

que firmarem.

Contudo, quanto ao tratamento tributário de tal negócio, deve-se observar a

Lei n. 6.099/74· Para essa lei, o arrendador será obrigatoriamente uma pessoa jurí­

dica, enquanto o arrendatário pode ser pessoa física ou jurídica. E mais: descumpri­

dos esses requisitos, o contrato será tido como ele simples compra e venda para

efeitos fiscais.

Então é importante perceber que, a depender do aspecto em que se observe tal

contrato, se relativo às obrigações constantes no pacto ou se relativo às obrigações

fiscais, ele terá uma disciplina.

Poderão ser objeto do contrato de /easing bens móveis ou imóveis, e a exploração

dessa atividade é regulamentada pelo Banco Central.

Existem dois tipos de leasing: o financeiro e o operacional.

No primeiro caso, também chamado de /easing puro ou bancário, o valor residual

para a aquisição do bem é inexpressivo. Assim, o locatário que fizer, ao final do con­

trato, a opção pela compra irá pagar um valor baixo, pois a soma das prestações por ele

pagas são suficientes para a recuperação do custo do bem, incluindo-se aí os retornos

de investimento da arrendadora.

já no /easing operacional o total pago pelo locador não pode ultrapassar 75% do

valor do bem. Assim sendo, ao final do contrato, caso opte pela aquisição do objeto

arrendado, o valor residual a ser pago será grande. O resíduo pode ser pago antecipa­

damente, e a arrendadora compromete-se à devolução desse valor caso não haja op­

ção de compra ao fim do contrato. É o que se chama de cláusula de valor residual ga­

rantido (VRG).

A jurisprudência tem entendido que essa cláusula desnatura o contrato de lea­

sing, que passa a ser tido como compra e venda a prazo.

Outro aspecto importante: enquanto não for feita a opção pela compra, o arren­

datário assumirá a posição de locador. Contudo, não responderá pelos danos prove­

nientes do uso da coisa.

No que· tange à natureza bancária do contrato de leasing, há que se observar qual

é a opção feita ao final. Se o arrendatário optar pela compra, o pagamento dos alu­

guéis ganha característica clara de financiamento, e, assim, não restam dúvidas sobre

a caracterização de tal contrato como bancário.

Contudo, se não houver opção pela compra, não haverá característica nesse con­

trato que permita enquadrá-lo como de·natureza bancária.

Contratos bancários 238 I

33.3.4. Cartão de crédito

Nem precisa falar muita coisa aqui, né? Trata-se do contrato pelo qual 0

banco

obriga-se a pagar a terceiros credenciados o crédito concedido a uma pessoa física ou

jurídica.

Eu tenho um cartão de crédito. Faço uma compra hoje com ele. No dia do venci­

mento, pagarei ao banco o valor exato da compra (sem qualquer acréscimo). Este re­

passará o valor à loja que me vendeu, mediante apresentação das notas de venda.

A natureza de contrato bancário verifica-se nos dois paios.

De acordo com o contrato que firmo com a instituição financeira, eu poderei

fazer o pagamento da fatura de forma parcelada, mas isso, logicamente, importa na

cobrança de juros. Já o fornecedor (a loja que me vendeu) poderá negociar o valor das

notas de venda, recebendo antecipadamente, também mediante o pagamento de ju­

ros e encargos convencionados.

·····················································································

'Pwdo..

Vou dormir agora, mas ainda bem preocupada com meu paizinho. Muito

preocupada mesmo.

····················································································

239 Empresarial para quem odeia empresarial

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33.3.3. Arrendamento mercantil (leasing)

Pode-se dizer que o arrendamento mercantil é o contrato de locação em que se

possibilita, ao final, que o locatário opte pela compra do ~em locado, amortizando

do preço da compra os valores pagos a título de aluguel. E também contrato atípi­

co, portanto, a relação entre as partes, estará regulada inteiramente no contrato

que firmarem.

Contudo, quanto ao tratamento tributário de tal negócio, deve-se observar a

Lei n. 6.099/74· Para essa lei, o arrendador será obrigatoriamente uma pessoa jurí­

dica, enquanto o arrendatário pode ser pessoa física ou jurídica. E mais: descumpri­

dos esses requisitos, o contrato será tido como ele simples compra e venda para

efeitos fiscais.

Então é importante perceber que, a depender do aspecto em que se observe tal

contrato, se relativo às obrigações constantes no pacto ou se relativo às obrigações

fiscais, ele terá uma disciplina.

Poderão ser objeto do contrato de /easing bens móveis ou imóveis, e a exploração

dessa atividade é regulamentada pelo Banco Central.

Existem dois tipos de leasing: o financeiro e o operacional.

No primeiro caso, também chamado de /easing puro ou bancário, o valor residual

para a aquisição do bem é inexpressivo. Assim, o locatário que fizer, ao final do con­

trato, a opção pela compra irá pagar um valor baixo, pois a soma das prestações por ele

pagas são suficientes para a recuperação do custo do bem, incluindo-se aí os retornos

de investimento da arrendadora.

já no /easing operacional o total pago pelo locador não pode ultrapassar 75% do

valor do bem. Assim sendo, ao final do contrato, caso opte pela aquisição do objeto

arrendado, o valor residual a ser pago será grande. O resíduo pode ser pago antecipa­

damente, e a arrendadora compromete-se à devolução desse valor caso não haja op­

ção de compra ao fim do contrato. É o que se chama de cláusula de valor residual ga­

rantido (VRG).

A jurisprudência tem entendido que essa cláusula desnatura o contrato de lea­

sing, que passa a ser tido como compra e venda a prazo.

Outro aspecto importante: enquanto não for feita a opção pela compra, o arren­

datário assumirá a posição de locador. Contudo, não responderá pelos danos prove­

nientes do uso da coisa.

No que· tange à natureza bancária do contrato de leasing, há que se observar qual

é a opção feita ao final. Se o arrendatário optar pela compra, o pagamento dos alu­

guéis ganha característica clara de financiamento, e, assim, não restam dúvidas sobre

a caracterização de tal contrato como bancário.

Contudo, se não houver opção pela compra, não haverá característica nesse con­

trato que permita enquadrá-lo como de·natureza bancária.

Contratos bancários 238 I

33.3.4. Cartão de crédito

Nem precisa falar muita coisa aqui, né? Trata-se do contrato pelo qual 0

banco

obriga-se a pagar a terceiros credenciados o crédito concedido a uma pessoa física ou

jurídica.

Eu tenho um cartão de crédito. Faço uma compra hoje com ele. No dia do venci­

mento, pagarei ao banco o valor exato da compra (sem qualquer acréscimo). Este re­

passará o valor à loja que me vendeu, mediante apresentação das notas de venda.

A natureza de contrato bancário verifica-se nos dois paios.

De acordo com o contrato que firmo com a instituição financeira, eu poderei

fazer o pagamento da fatura de forma parcelada, mas isso, logicamente, importa na

cobrança de juros. Já o fornecedor (a loja que me vendeu) poderá negociar o valor das

notas de venda, recebendo antecipadamente, também mediante o pagamento de ju­

ros e encargos convencionados.

·····················································································

'Pwdo..

Vou dormir agora, mas ainda bem preocupada com meu paizinho. Muito

preocupada mesmo.

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239 Empresarial para quem odeia empresarial

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34. Chegando ao fimL.: .. --

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contratq de-~e.guro: • , r, L • , • , •

···················································································· Yl1.ai4 uma u.q, um aperto no coração por chegar ao último capítulo. O que

vou fazer da minha vida depois que terminar de escrever este livro? Agora é

ainda pior, porque quando terminei o primeiro, de tributário, eu tinha já este

em vista para escrever. Agora não tenho nada.

. l::stranha demais a relação que eu crio com meus filhos, digo, com meus

livros. Quando estou escrevendo, quero muito terminar. Mas, quando chego ao

fim, sou tomada por L1m sentimento egoísta e a vontade de deixar o arquivo

guardado só para mim.

Minha vida vai mudar bruscamente em poucos dias. A mudança para São

Paulo certamente será um divisor de águas para minha carreira. Ainda assim,

sem dúvida sentirei falta de passar as noites em claro estudando coisas que eu

nunca aprendi para poder escrever sobre.

~ bem verdade aquilo que dizem que as pessoas precisam plantar uma

árvore, ter um filho e escrever um livro. Sensação inigualável de dever cumpri­

do chegar ao fim da sua própria obra.

l::mbora este seja. teoricamente, um livro técnico, fica clara a natureza de

diário de que ele se reveste. Mais um período da minha vida que fica retratado,

mais partes da minha história que poderão ser conhecidas por qualquer pessoa.

Mas, se o fim é inevitável, comecemos, então. Capítulo final curtinho. .................................................................................... Contrato de seguro é a avença pela qual uma seguradora se obriga a garantir in-

Ç:g:r~sse ou direito de um segurado, contra riscos predeterminados, mediante o recebi­-· .·· i:nbto de um prêmio. A disciplina legal está nos arts. 757 e seguintes do Código Civil. . ·:;r.;,: ·-~ _.. Por esse contrato, os prejuízos materiais ou morais decorrentes de infortúnios,

desastres naturais, ou mesmo distúrbios sociais são distribuídos e suportados não ape­

I1as por uma pessoa, mas por vários segurados, configurando a chamada mutualidade. :,:~: Cálculos atuariais determinam o valor do prêmio a ser pago à seguradora.

No Brasil, a atividade securitária é regulada pelo Decreto-Lei n. 73/66, o qual pre­

vê que os prêmios devem ser pagos por meio da rede bancária.

O sistema nacional de seguros privados é formado por vários órgãos, a saber,

CNSP (Conselho Nacional de Seguros Privados), órgão federal colegiado que trata da

política securitária; SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), autarquia federal

que executa a política do CNSP; IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), sociedade de

economia mista federal com capital dividido entre as seguradoras, que tem a função

de distribuir os prejuízos entre as empresas seguradoras; e, por fim, os corretores, que

negociam os seguros.

Como já vimos, as seguradoras não podem falir nem pedir recuperação judicial:

sua execução concursal é feita pelas mesmas regras que regem as instituições finan­

ceiras (liquidação extrajudicial).

No que tange à classificação civilista, o contrato de seguro pode ser dito:

._ de adesão: o segurado adere a um contrato-padrão;

._ comutativo: existe equilíbrio entre a vantagem auferida e a prestação paga

pelo segurado;

.. consensual: depende da vontade das partes (exceto seguro obrigatório);

._ não solene: pode ser celebrado por qualquer meio, inclusive verbalmente .

O segurado pode perder o direito à indenização se não pagar o prêmio e se não

purgar a mora antes do sinistro. Em caso de aumento de riscos, a comunicação à se­

guradora deve ser feita imediatamente, podendo esta, em 15 dias, resolver o contrato,

mas, nesse caso, o seguro valerá por 30 dias, e parte do prêmio deve ser devolvida.

O contrato de seguro pode revestir-se das seguintes formas:

a) Seguro de danos (contrato de ramos elementares): é o que se refere a qualquer

objeto patrimonial, tais como bens móveis e imóveis, integridade física e obrigações

(ex.: fiança bancária ou de locação).

O objetivo aqui é a recomposição de seu patrimônio, se ocorrer o sinistro, de

sorte que tem caráter indenizatório.

Não é lícito, nesse caso, o sobresseguro, ou seja, segurar o mesmo bem com várias

seguradoras. Mas é possível o cosseguro, que é a divisão da obrigação entre várias se­

guradoras, sobretudo quando o objeto segurado tem grande valor. ó

Em tese, o valor da indenização deve ser igual ou inferior ao valor do bem, mas,

em se tratando de veículos automotores, tornou-se comum a contratação de um valor

adicional (ex.: I o% a mais sobre o valor de mercado).

A seguradora se sub-roga nos direitos e ações que competirem contra o autor do

dano, exceto se este foi causado pelo cônjuge, descendentes, ascendentes, consanguí­neos ou afins.

b) Seguro de pessoas: é o que tem por objeto o pagamento de uma importância

em caso de morte do segurado. Nesse caso não há indenização, mas há prestação de

241 Empresarial para quem odeia empresarial

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34. Chegando ao fimL.: .. --

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···················································································· Yl1.ai4 uma u.q, um aperto no coração por chegar ao último capítulo. O que

vou fazer da minha vida depois que terminar de escrever este livro? Agora é

ainda pior, porque quando terminei o primeiro, de tributário, eu tinha já este

em vista para escrever. Agora não tenho nada.

. l::stranha demais a relação que eu crio com meus filhos, digo, com meus

livros. Quando estou escrevendo, quero muito terminar. Mas, quando chego ao

fim, sou tomada por L1m sentimento egoísta e a vontade de deixar o arquivo

guardado só para mim.

Minha vida vai mudar bruscamente em poucos dias. A mudança para São

Paulo certamente será um divisor de águas para minha carreira. Ainda assim,

sem dúvida sentirei falta de passar as noites em claro estudando coisas que eu

nunca aprendi para poder escrever sobre.

~ bem verdade aquilo que dizem que as pessoas precisam plantar uma

árvore, ter um filho e escrever um livro. Sensação inigualável de dever cumpri­

do chegar ao fim da sua própria obra.

l::mbora este seja. teoricamente, um livro técnico, fica clara a natureza de

diário de que ele se reveste. Mais um período da minha vida que fica retratado,

mais partes da minha história que poderão ser conhecidas por qualquer pessoa.

Mas, se o fim é inevitável, comecemos, então. Capítulo final curtinho. .................................................................................... Contrato de seguro é a avença pela qual uma seguradora se obriga a garantir in-

Ç:g:r~sse ou direito de um segurado, contra riscos predeterminados, mediante o recebi­-· .·· i:nbto de um prêmio. A disciplina legal está nos arts. 757 e seguintes do Código Civil. . ·:;r.;,: ·-~ _.. Por esse contrato, os prejuízos materiais ou morais decorrentes de infortúnios,

desastres naturais, ou mesmo distúrbios sociais são distribuídos e suportados não ape­

I1as por uma pessoa, mas por vários segurados, configurando a chamada mutualidade. :,:~: Cálculos atuariais determinam o valor do prêmio a ser pago à seguradora.

No Brasil, a atividade securitária é regulada pelo Decreto-Lei n. 73/66, o qual pre­

vê que os prêmios devem ser pagos por meio da rede bancária.

O sistema nacional de seguros privados é formado por vários órgãos, a saber,

CNSP (Conselho Nacional de Seguros Privados), órgão federal colegiado que trata da

política securitária; SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), autarquia federal

que executa a política do CNSP; IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), sociedade de

economia mista federal com capital dividido entre as seguradoras, que tem a função

de distribuir os prejuízos entre as empresas seguradoras; e, por fim, os corretores, que

negociam os seguros.

Como já vimos, as seguradoras não podem falir nem pedir recuperação judicial:

sua execução concursal é feita pelas mesmas regras que regem as instituições finan­

ceiras (liquidação extrajudicial).

No que tange à classificação civilista, o contrato de seguro pode ser dito:

._ de adesão: o segurado adere a um contrato-padrão;

._ comutativo: existe equilíbrio entre a vantagem auferida e a prestação paga

pelo segurado;

.. consensual: depende da vontade das partes (exceto seguro obrigatório);

._ não solene: pode ser celebrado por qualquer meio, inclusive verbalmente .

O segurado pode perder o direito à indenização se não pagar o prêmio e se não

purgar a mora antes do sinistro. Em caso de aumento de riscos, a comunicação à se­

guradora deve ser feita imediatamente, podendo esta, em 15 dias, resolver o contrato,

mas, nesse caso, o seguro valerá por 30 dias, e parte do prêmio deve ser devolvida.

O contrato de seguro pode revestir-se das seguintes formas:

a) Seguro de danos (contrato de ramos elementares): é o que se refere a qualquer

objeto patrimonial, tais como bens móveis e imóveis, integridade física e obrigações

(ex.: fiança bancária ou de locação).

O objetivo aqui é a recomposição de seu patrimônio, se ocorrer o sinistro, de

sorte que tem caráter indenizatório.

Não é lícito, nesse caso, o sobresseguro, ou seja, segurar o mesmo bem com várias

seguradoras. Mas é possível o cosseguro, que é a divisão da obrigação entre várias se­

guradoras, sobretudo quando o objeto segurado tem grande valor. ó

Em tese, o valor da indenização deve ser igual ou inferior ao valor do bem, mas,

em se tratando de veículos automotores, tornou-se comum a contratação de um valor

adicional (ex.: I o% a mais sobre o valor de mercado).

A seguradora se sub-roga nos direitos e ações que competirem contra o autor do

dano, exceto se este foi causado pelo cônjuge, descendentes, ascendentes, consanguí­neos ou afins.

b) Seguro de pessoas: é o que tem por objeto o pagamento de uma importância

em caso de morte do segurado. Nesse caso não há indenização, mas há prestação de

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' ,,

capital. Permite-se aqui o sobresseguro, conforme expressamente disposto no art. 789

do Código Civil.

"Art. 789. Nos seguros de pessoas, o capital segurado é livremente estipulado pelo pro­

ponente, que pode contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com o mesmo ou

diversos seguradores".

Observe que o próprio STJ (Súmula 61) entende que o seguro de vida não cobre

suicídio premeditado.

c) Seguro-saúde: é aquele em que a seguradora se propõe a garantir o seguracio

contra riscos associados à saúde. A atividade de seguro-saúde é regida pelas Leis n.

g.6s6/g8 e, I o. 185/2oo 1.

Só poderão oferecer esse tipo de seguro as operadoras espeCializadas, ou seja, o

objeto explorado por elas deve ser exclusivamente o contrato de seguro de saúde. A Es­

calização fica a cargo não mais na SUSEP, e sim da ANS -Agência Nacional de Saúde.

Finalmente, mas ainda neste tópico, alguns comentários rápidos sobre o contra­

to de capitalização, que é o pacto realizado entre uma sociedade anônima autorizaja

pelos órgãos do governo e outra pessoa, no qual esta faz contribuições periódicas por

prazo determinado, e aquela se compromete a pagar-lhe, ao final, uma importância

determinada.

É comum que na duração de tal contrato estejam previstos prêmios ou a anteci­

pação do pagamento por meio de sorteios. Como prova do contratado, será emitido

um título de capitalização, que se reveste da natureza de título de crédito imprópr:o .

&ua4 eJi.am Cl/.L ~a d.eMm ~·

Não vejo aqui espaço para agradecer a um montão de gente como eu

gostaria. t: nem vou falar mais nada, porque senão começo a chorar, e já fiz isso

demais aqui.

Uta da Lully.

Contrato de seguro 242

REFERÊNCIAS

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 9. ed. Rio de janeiro: Lumen Jwris, 2003.

COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de direito comercial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 37. ed. São Paulo: Forense, 2013.

MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São Paulo:. Saraiva, 2011.

PIMENTA, Luciano. Tributário para quem odeia tributário. São Paulo: Saraiva, 2013.

Portal do Empreendedor. https:/ /portaldoempreendedor.gov.br

RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Falências e recuperação de empresas. Salvador: jusPodivm, 201 o.

TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. São Paulo: Método. 2011.

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capital. Permite-se aqui o sobresseguro, conforme expressamente disposto no art. 789

do Código Civil.

"Art. 789. Nos seguros de pessoas, o capital segurado é livremente estipulado pelo pro­

ponente, que pode contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com o mesmo ou

diversos seguradores".

Observe que o próprio STJ (Súmula 61) entende que o seguro de vida não cobre

suicídio premeditado.

c) Seguro-saúde: é aquele em que a seguradora se propõe a garantir o seguracio

contra riscos associados à saúde. A atividade de seguro-saúde é regida pelas Leis n.

g.6s6/g8 e, I o. 185/2oo 1.

Só poderão oferecer esse tipo de seguro as operadoras espeCializadas, ou seja, o

objeto explorado por elas deve ser exclusivamente o contrato de seguro de saúde. A Es­

calização fica a cargo não mais na SUSEP, e sim da ANS -Agência Nacional de Saúde.

Finalmente, mas ainda neste tópico, alguns comentários rápidos sobre o contra­

to de capitalização, que é o pacto realizado entre uma sociedade anônima autorizaja

pelos órgãos do governo e outra pessoa, no qual esta faz contribuições periódicas por

prazo determinado, e aquela se compromete a pagar-lhe, ao final, uma importância

determinada.

É comum que na duração de tal contrato estejam previstos prêmios ou a anteci­

pação do pagamento por meio de sorteios. Como prova do contratado, será emitido

um título de capitalização, que se reveste da natureza de título de crédito imprópr:o .

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Não vejo aqui espaço para agradecer a um montão de gente como eu

gostaria. t: nem vou falar mais nada, porque senão começo a chorar, e já fiz isso

demais aqui.

Uta da Lully.

Contrato de seguro 242

REFERÊNCIAS

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 9. ed. Rio de janeiro: Lumen Jwris, 2003.

COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de direito comercial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 37. ed. São Paulo: Forense, 2013.

MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São Paulo:. Saraiva, 2011.

PIMENTA, Luciano. Tributário para quem odeia tributário. São Paulo: Saraiva, 2013.

Portal do Empreendedor. https:/ /portaldoempreendedor.gov.br

RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Falências e recuperação de empresas. Salvador: jusPodivm, 201 o.

TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. São Paulo: Método. 2011.

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___ 5~) Crédito com privilégio especial

-.- , 6~) Crédito com privilégio geral

8~) Multas contratuais

9~) Crédito subordinado

X Empresarial para quem odeia empresarial

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