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  • http://nead.ufersa.edu.br/

    Governo Federal Ministro de Educação

    Aloizio Mercadante Oliva

    Universidade Aberta do BrasilResponsável pela Diretoria da Educação à Distância

    João Carlos Teatini de Souza Clímaco

    Universidade Federal Rural do Semi-ÁridoReitor

    José de Arimatea de Matos

    Pró-Reitor de GraduaçãoAugusto Carlos Pavão

    Núcleo de Educação à DistânciaCoordenadora UAB

    Kátia Cilene da Silva

    Equipe multidisciplinarAntônio Charleskson Lopes Pinheiro - Coordenador de Produção de Material DidáticoUlisses de Melo Furtado – Designer InstrucionalNayra Maria da Costa Lima – Assessora PedagógicaCeleneh Rocha de Castro - Coordenadora de Formação ContinuadaThiago Henrique Freire de Oliveira – Gerente de RedeEdinaldo de Queiroz Fonseca Junior – WebdesignerAdriana Mara Guimarães de Farias – ProgramadoraFelipe de Araújo Alves – Designer GráficoRenato Cássio Arruda Alves – Designer GráficoPaulo Victor Maciel de Morais - DiagramadorMarcos Aurélio Oliveira Ribeiro - DiagramadorRamon Ribeiro Vitorino Rodrigues - Diagramador

    Arte da capaFelipe de Araújo Alves

    Equipe administrativaRafaela Cristina Alves de Freitas – Assistente em AdministraçãoIriane Teresa de Araújo – Responsável pelo fomentoLucas Vinicius Martins Cunha – Estagiário

    Equipe de apoioMarcos Antonio de Oliveira – Revisor LinguísticoNayra Maria da Costa Lima – Revisor de DidáticaCeleneh Rocha de Castro – Revisor de Conteúdo

    Serviços técnicos especializadosUrbanóide Comunicação & Design

    EdiçãoEDUFERSA

    ImpressãoImprima Soluções Gráfica Ltda/ME

    © 2013 by NEaD/UFERSA - Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação

    ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do NEaD/UFERSA. O conteúdo da obra é de exclusiva responsabilidade dos autores.

    Biblioteca Central Orlando Teixeira – BCOT/UFERSASetor de Processos Técnicos – Ficha Catalográfica

    B557p Bessa, Clécida Maria Bezerra.

    Prática de ensino II : políticas, estrutura e gestão da educação básica / Clécida Maria Bezerra Bessa, Francisco Souto de Sousa Júnior. – Mossoró : EdUFERSA, 2013. 68 p. : il.

    ISBN: 978-85-63145-41-3

    1. Educação. 2. Prática de ensino. 3. Política educacional. 4. Estrutura educacional. 5. Gestão educacional. I. Sousa Júnior, Francisco Souto. Título. RN/UFERSA/BCOT CDD: 371.2

    Bibliotecário-DocumentalistaMário Gaudêncio – CRB-15/476

  • APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

    Caro (a) aluno (a),Alguns componentes curriculares nos auxiliam nas ações de conhecer o proces-

    so educativo para melhor refletir sobre ele e auxilia-nos também na construção de conceitos e crenças e redimensionamento das ações.

    O componente curricular Prática de Ensino II: Políticas, Estrutura e Gestão da Edu-cação Básica se constitui como um excelente convite ao educador em processo de for-mação para refletir acerca de políticas públicas da educação básica, dos processos de gestão e estrutura da educação como direito do cidadão, enfim, para refletir sobre a educação como um processo de inclusão social que pode melhorar a vida das pessoas.

    Você, graduando em Matemática, ao entrar em contato, por meio da mediação dos professores, com o estudo específico da sua área de atuação, das leis, correntes pedagógicas, teorias que regulamentam e explicam o processo de ensino e apren-dizagem, estratégias reflexivas e de pesquisas das práticas de ensino, pode formar um quadro de referência dos conceitos orientadores de sua ação. Conhecê-los sig-nifica uma grande oportunidade de ação no sentido de fazer com que você possa avançar rumo a um fazer docente mais produtivo e inclusivo.

    Estudar a disciplina Prática de Ensino II: Políticas, Estrutura e Gestão da Educação Básica pode lhe ofertar oportunidades de conhecer mais de perto como a nossa educa-ção está organizada, quais são as políticas públicas voltadas para a educação e como o processo de gestão é importante para o funcionamento da educação escolar.

    A mesma está intimamente associada a outras disciplinas, como Didática, Psi-cologia da Educação, Práticas de Ensino, Estágios, bem como com os outros com-ponentes relacionados aos fundamentos metodológicos e didáticos que são neces-sários para quem exerce a docência, pois, não basta apenas dominar conteúdos específicos de uma área para se ensinar, é necessário saber como ensinar, compre-ender alguns caminhos do fazer docente.

    Aproveite cada instante de interação com o componente Prática de Ensino II: Políticas, Estrutura e Gestão da Educação Básica para aprender mais e poder ser um educador conhecedor da nossa educação, pois conhecendo-a melhor podemos intervir de forma mais incisiva e produtiva.

    É com grande prazer, querido (a) aluno (a), que socializamos com você nossas reflexões e lhe apresentamos o fruto dos nossos estudos. Que além dos sobrevoos acerca das discussões partidas dessa socialização você possa alçar muitos voos e vislumbrar inúmeras conquistas e novos aprendizados.

    Bons estudos!

  • SOBRE OS AUTORES

    Clécida Maria Bezerra Bessa

    Professora do quadro efetivo da Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFER-SA, lotada no campus de Pau dos Ferros. Graduada em Pedagogia, pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, especialista em Metodologia do Ensino Fundamental e Médio (UVA) e em Linguística Aplicada (UERN), mestre e doutoranda em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Faz parte dos grupos de pesquisa “Paulo Freire: gnoseologia, realidade e educação (UFERSA)”, “Estudos Semântico-Argumentativos de Gêneros do Discurso: Redação escolar e gêneros for-mulaicos (ESAGD/UFPB) e “Grupo de Estudos da Linguagem (GEL/UFERSA)”. Tem experiência nas áreas de Educação e Linguística, com ênfase principalmente nos es-tudos sobre processo ensino-aprendizagem, prática pedagógica, diversidade e inclu-são, avaliação, argumentação e letramento.

    Francisco Souto de Sousa Júnior

    Técnico de laboratório da Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, lotado no campus Angicos. Graduado em Licenciatura em Química, pela Universi-dade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Mestre e doutorando em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Faz parte dos grupos de pesquisa “Paulo Freire: gnoseologia, realidade e educação (UFERSA)” e “Grupo de Estudos da Linguagem (GEL/UFERSA)”. Tem experiência na área de Educação Química, trabalhando com teatro científico para formação de professores.

  • SUMÁRIO

    UNIDADE I

    EDUCAÇÃO, CIDADANIA E LEGISLAÇÃO

    CONCEPÇÕES DE ESCOLA E DE EDUCAÇÃO 11

    A EDUCAÇÃO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 18

    A EDUCAÇÃO NA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

    NACIONAL – LEI Nº 9.394/96 19

    A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO NOSSO PAÍS: OS NÍVEIS

    E AS MODALIDADES DE ENSINO 20

    UNIDADE II

    POLÍTICAS DE GESTÃO DEMOCRÁTICA E LEGISLAÇÃO

    A GESTÃO DEMOCRÁTICA E A ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA 33

    • A gestão democrática na atual Lei de Diretrizes e Bases da

    Educação Nacional – Lei Nº 9.394/96 35

    • A organização de uma escola democrática 37

    GESTÃO DEMOCRÁTICA E A ESCOLHA DO GESTOR 40

    GESTÃO ESCOLAR E RECURSOS DA EDUCAÇÃO 42

    • O Salário-Educação 42

    • O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE 43

    • O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação

    Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB 43

    UNIDADE III

    FUNDAMENTOS E PLANOS DE AÇÕES DE UMA EDUCAÇÃO

    CONSELHOS ESCOLARES 47

    O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ESCOLAR 51

  • I EDUCAÇÃO,CIDADANIA ELEGISLAÇÃONesta primeira unidade da disciplina Prática de Ensino II: Política, Estru-

    tura e Gestão da Educação Básica iniciamos nossos estudos sobrevoando conceitos e reflexões que nos serão úteis no decorrer da disciplina. Esse sobrevoo tem por finalidade analisar as incertezas que circundam os termos escola e educação e assim compreender a construção educativa dentro de uma relação dialética à medida que contribui para a formação educativa. Também estudaremos a legislação educacional com o intuito de observar-mos os avanços e recuos existentes no panorama educacional brasileiro.

    Objetivos:

    • Refletir sobre as concepções de escola e educação, bem como so-bre a educação escolar como direito da cidadania e como dever do Estado na sociedade brasileira;

    • Compreender a organização dos níveis e modalidades de educação e de ensino;

    • Refletir acerca da importância da Legislação atual da educação no nosso país.

  • I - EDUCAÇÃO, CIDADANIA E LEGISLAÇÃO

    PRÁTICA II - POLÍTICAS, ESTRUTURA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICAP IIAutores: Clécida Maria Bezerra Bessa e Francisco Souto de Sousa Júnior

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    Concepções de escola e de educaçãoUN 01

    Inúmeras são as mudanças que a nossa sociedade contemporânea vem enfrentando nas últimas décadas. São transformações sociais, políticas, culturais que estão conectadas ao enorme desenvolvimento científico e tecnológico, as quais exigem das pessoas capacidades, habilidades, saberes e competências para enfrentá-las.

    Em face do exposto surge a urgência de desenvolvimento de um sistema educacional capaz de atender as demandas sociais que estejam fundamentadas na necessidade de equipar os educandos da atualidade de uma formação integral, uma formação complexa que esteja compatível com os desafios a serem enfrentados.

    Nesse cenário, compartilhamos com Almeida (2000) que é necessário analisar se a produção do conheci-mento de que dispomos como herança histórico-cultural responde, de maneira satisfatória, aos problemas emergentes da sociedade contemporânea marcados pela relação de complexidade, complementaridade e oposição entre ciência, tecnologia e meio ambiente.

    Se a produção do conhecimento de que dispomos como herança histórico-cultural não tem respondido aos problemas emergentes, cabe a nós educadores um grande desafio: compreender o nosso sistema edu-cativo e buscar meios que permitam a execução de práticas educativas que estejam condizentes com as exigências sociais atuais.

    Diante disso, devemos refletir acerca da instituição social responsável pela socialização do saber: a escola. Assim, cabe-nos também indagar: O que é a escola? Para que serve a escola? Qual é a sua função social?

    Para começar essa reflexão, que tal fazermos a leitura dos textos “A Escola”, de Paulo Freire, “A escola dos meus sonhos”, de Frei Beto e “Minha escola”, de Ascenso Ferreira? Vamos lá...

    A ESCOLA

    “Escola é...

    o lugar onde se faz amigos

    não se trata só de prédios, salas, quadros,

    programas, horários, conceitos...

    Escola é, sobretudo, gente,

    gente que trabalha, que estuda,

    que se alegra, se conhece, se estima.

    O diretor é gente,

    O coordenador é gente, o professor é gente,

    o aluno é gente,

    cada funcionário é gente.

    E a escola será cada vez melhor

    na medida em que cada um

    se comporte como colega, amigo, irmão.

    Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.

    Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir

    que não tem amizade a ninguém

  • I - EDUCAÇÃO, CIDADANIA E LEGISLAÇÃO

    PRÁTICA II - POLÍTICAS, ESTRUTURA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICAP II Autores: Clécida Maria Bezerra Bessa e Francisco Souto de Sousa Júnior

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    nada de ser como o tijolo que forma a parede,

    indiferente, frio, só.

    Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,

    é também criar laços de amizade,

    é criar ambiente de camaradagem,

    é conviver, é se ‘amarrar nela’!

    Ora , é lógico...

    numa escola assim vai ser fácil

    estudar, trabalhar, crescer,

    fazer amigos, educar-se,

    ser feliz.”

    A ESCOLA DOS MEUS SONHOS

    Na escola dos meus sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, costurar, consertar eletrodomésticos, a fazer pequenos reparos de eletricidade e de instalações hidráulicas, a conhecer mecânica de automóvel e de geladeira e algo de construção civil. Trabalham em horta, marcenaria e oficinas de escultura, desenho, pintura e música. Cantam no coro e tocam na orquestra. Uma semana ao ano integram-se, na cidade, ao trabalho de lixeiros, enfermeiras, carteiros, guardas de trânsito, policiais, repórteres, feirantes e cozinhei-ros profissionais. Assim aprendem como a cidade se articula por baixo, mergulhando em suas conexões que, à superfície, nos asseguram limpeza urbana, socorro de saúde, segurança, informação e alimentação.

    Não há temas tabus. Todas as situações-limite da vida são tratadas com abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte, enfermidade, sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do contexto: a Matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos leilões das priva-tizações; o Português, na fala dos apresentadores de TV e nos textos de jornais; a Geografia, nos suple-mentos de turismo e nos conflitos internacionais; a Física, nas corridas de Fórmula-1 e nas pesquisas do supertelescópio Huble; a Química, na qualidade dos cosméticos e na culinária; a História, na violência de policiais contra cidadãos, para mostrar os antecedentes na relação colonizadores - índios, senhores - es-cravos, Exército - Canudos, etc.

    Na escola dos meus sonhos, a interdisciplinaridade permite que os professores de Biologia e de Educação Física se complementem; a multidisciplinaridade faz com que a História do livro seja estudada a partir da análise de textos bíblicos; a transdisciplinaridade introduz aulas de meditação e dança e associa a história da arte à história das ideologias e das expressões litúrgicas. Se a escola for laica, o ensino religioso é plural: o rabino fala do judaísmo, o pai de santo, do candomblé; o padre, do catolicismo; o médium, do espiritis-mo; o pastor, do protestantismo; o guru, do budismo, etc. Se for católica, há periódicos retiros espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da Igreja. Na escola dos meus sonhos, os professores são obrigados a fazer periódicos treinamentos e cursos de capacitação e só são admitidos se, além da com-petência, comungam os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática. Porque é uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido do que sejam democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas cidadãos.

    Ela não briga com a TV, mas leva-a para a sala de aula: são exibidos vídeos de anúncios e programas e, em seguida, analisados criticamente. A publicidade do iogurte é debatida; o produto adquirido; sua química, analisada e comparada com a fórmula declarada pelo fabricante; as incompatibilidades denunciadas, bem como os fatores porventura nocivos à saúde. O programa de auditório de domingo é destrinchado: a pro-posta de vida subjacente, a visão de felicidade, a relação animador-platéia, os tabus e preconceitos refor-çados, etc. Em suma, não se fecham os olhos à realidade, muda-se a ótica de encará-la. Há uma integração entre escola, família e sociedade. A Política, com P maiúsculo, é disciplina obrigatória. As eleições para o grêmio ou diretório estudantil são levadas a sério e, um mês por ano, setores não vitais da instituição são administrados pelos próprios alunos. Os políticos e candidatos são convidados para debates e seus discur-sos analisados e comparados às suas práticas.

    Paulo Freire

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  • I - EDUCAÇÃO, CIDADANIA E LEGISLAÇÃO

    PRÁTICA II - POLÍTICAS, ESTRUTURA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICAP IIAutores: Clécida Maria Bezerra Bessa e Francisco Souto de Sousa Júnior

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    Frei Beto

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    Não há provas baseadas no prodígio da memória nem na sor-te da múltipla escolha. Como fazia meu velho mestre Geraldo França de Lima, professor de História (hoje romancista e mem-bro da Academia Brasileira de Letras), no dia da prova sobre a Independência do Brasil, os alunos traziam para a classe a bibliografia pertinente e, dadas as questões, consultavam os textos, aprendendo a pesquisar. Não há coincidência entre o ca-lendário gregoriano e o curricular. João pode cursar a 5ª série em seis meses ou em seis anos, dependendo de sua disponibili-dade, aptidão e seus recursos. É mais importante educar do que instruir; formar pessoas que profissionais; ensinar a mudar o mundo que ascender à elite. Dentro de uma concepção holísti-ca, ali a ecologia vai do meio ambiente aos cuidados com nossa unidade corpo-espírito e o enfoque curricular estabelece cone-xões com o noticiário da mídia. Na escola dos meus sonhos, os professores são bem pagos e não precisam pular de colégio em colégio para poderem se manter. Pois é a escola de uma socie-dade em que educação não é privilégio, mas direito universal, e o acesso a ela, dever obrigatório.

    MINHA ESCOLA

    A escola que eu frequentava era cheia de grades como as pri-sões.E o meu Mestre, carrancudo como um dicionário;Complicado como as Matemáticas;Inacessível como Os Lusíadas de Camões!

    À sua porta eu estava sempre hesitante...De um lado a vida... — A minha adorável vida de criança:Pinhões... Papagaios... Carreiras ao sol...Voos de trapézio à sombra da mangueira!Saltos da ingazeira pra dentro do rio...Jogos de castanhas...— O meu engenho de barro de fazer mel!

    Do outro lado, aquela tortura:"As armas e os barões assinalados!"— Quantas orações?— Qual é o maior rio da China?— A 2 + 2 A B = quanto?— Que é curvilíneo, convexo?— Menino, venha dar sua lição de retórica!— "Eu começo, atenienses, invocandoa proteção dos deuses do Olimpopara os destinos da Grécia!"— Muito bem! Isto é do grande Demóstenes!— Agora, a de francês:— "Quand le christianisme avait apparu sur la terre..."— Basta— Hoje temos sabatina...— O argumento é a bolo!— Qual é a distância da Terra ao Sol?— ?!!— Não sabe? Passe a mão à palmatória!— Bem, amanhã quero isso de cor...

    Felizmente, à boca da noite,eu tinha uma velha que me contava histórias...Lindas histórias do reino da Mãe-d’água...E me ensinava a tomar a bênção à lua nova.

    Ascenso Ferreira

  • I - EDUCAÇÃO, CIDADANIA E LEGISLAÇÃO

    PRÁTICA II - POLÍTICAS, ESTRUTURA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICAP II Autores: Clécida Maria Bezerra Bessa e Francisco Souto de Sousa Júnior

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    EXERCÍCIO PROPOSTOVeja que nos textos que você leu, os autores falam de como seria a escola ideal. Agora, imagine como seria a escola dos seus sonhos e produza um texto contando as principais características. Lembre-se de desta-car como seria a relação entre os professores, alunos e comunidade; o processo ensino-aprendizagem; as avaliações; as decisões; os materiais didáticos, os prédios e toda a estrutura física, considerando os mais diversos ambientes, como laboratórios, bibliotecas, salas de aulas etc.; acrescente ainda todos os detalhes que considerar importante para elucidar o perfil da escola ideal.

    Bom trabalho!

    Todos nós temos um conceito formado, crenças e ideias acerca de escola. Mas será que estamos certos em definir “escola” a partir do senso comum, da experiência vivida ao longo da nossa formação estudantil?

    Acreditamos que os nossos saberes adquiridos no cotidiano, em parceria com os saberes adquiridos na escola, instituição social responsável pela socialização dos conhecimentos sistematizados podem nos mu-nir de um quadro teórico de informações consistentes e, desse modo, chegar a uma dimensão conceitual explicativa para o termo escola.

    A palavra escola, que teve sua origem de um termo grego, o skholé, apresentava-se como um espaço de la-zer. Já o dicionário Aurélio define-a como um estabelecimento público ou privado onde se ministra ensino coletivo.

    Alguns pesquisadores da área de educação apresentaram definições de escola que devem ser destacadas, dentre elas fazemos questão de ressaltar a opinião de Libâneo, Oliveira e Toschi:

    [...] a escola é vista como uma organização política, ideológica e cultural em que indivíduos e grupos de diferentes interesses, preferências, crenças, valores e percepções da realidade mobilizam poderes e elaboram processos de negociação, pactos e enfrentamentos. Vale destacar, todavia, que ela não é o único espaço em que ocorre a educação. Esta já existia antes mesmo da existência da escola. A vida social implica a vivência da educação pelo convívio, pela interação entre as pessoas, pela socialização das práticas, hábitos e valores que produzem a vida humana em sociedade (2003, p. 168-169).

    Já de acordo com a nossa atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394/96 no seu Art. 12, as escolas têm a incumbência de:

    I – elaborar e executar sua proposta pedagógica;

    II – administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;

    III – assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;

    IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;

    V – promover meios para recuperação dos alunos de menor rendimento;

    VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;

    VII – informar os pais e responsáveis sobre a frequência e os rendimentos dos alunos.

    Em face do exposto, podemos observar que a escola assume como função social propiciar aos educandos oportunidade e ações para a concretização dos direitos sociais. Sobre essa questão, Gadotti afirma que “[...] a força da educação está no seu poder de mudar comportamentos. Mudar comportamentos significa romper com certas posturas, superar dogmas, desinstalar-se, contradizer-se” (1995, p. 83).

  • I - EDUCAÇÃO, CIDADANIA E LEGISLAÇÃO

    PRÁTICA II - POLÍTICAS, ESTRUTURA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICAP IIAutores: Clécida Maria Bezerra Bessa e Francisco Souto de Sousa Júnior

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    EXERCÍCIO PROPOSTOAgora que já refletimos um pouco acerca da escola, responda a seguinte indagação: Por que é importante para o educador conhecer o papel da escola nos dias atuais?

    Para responder a esta questão considere os seguintes pontos:

    a) Qual o valor da escola para a vida das pessoas?

    b) A que necessidades, tanto de ordem pessoal como de ordem social a escola atende e/ou deveria atender?

    c) Como a escola deve atender a essas necessidades?

    PARA REFLETIR

    Será que cabe apenas à escola a responsabilidade pela educação? Onde aprendemos? Com quem aprendemos? Em que espaços aprendemos?

    É por intermédio das interações sociais mediadas pela linguagem – capacidade exclusiva dos seres huma-nos, que o homem se constitui sujeito social capaz de agir e interagir com os demais pares e contextos de convívios; construir e reconstruir saberes, conhecimentos, habilidades e competências; poder refletir so-bre a própria existência, bem como redimensionar pensamentos e atitudes. Noutras palavras, é por meio da linguagem que acontece a educação.

    Neste contexto vale nos questionar: o que seria, então, a educação? Seria uma prática individual? Seria uma prática coletiva?

    Por acontecer mediada pela linguagem e em âmbito social a educação torna-se um fenômeno essencialmente humano, pautado em relações de historicidade. É uma prática que envolve gente interagindo, ou seja, gente aprendendo e ensinando ao mesmo tempo. É uma prática que tem conteúdos e saberes a serem aprendidos, com objetivos a serem alcançados, que para isso precisam de métodos e técnicas a serem seguidas. Assim,

    Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. (BRANDÃO, 2004, p.7)

    Podemos observar que a educação acontece enquanto vivemos. Por intermédio das convivências entre as pessoas, hábitos, valores, ideias e conhecimentos são construídos diariamente. Por intermédio das práti-cas de educação a vida humana acontece em sociedade.

    É nesse sentido que compartilhamos das ideias de Paulo Freire (1987), para quem a educação é um ato polí-tico. Dessa forma, podemos observar que por ser mediada por humanos que têm desejos, objetivos e vonta-des a educação sempre carrega consigo os interesses de quem a produz, por essa razão tanto pode ser uma prática que carrega consigo a possibilidade de gerar aspectos contraditórios, como opressão e democracia, intolerância e paciência, autoritarismo e respeito, conservadorismo e transformação, sem nunca ser, porém, neutra. Permite-se a opção, consequentemente, não admite a neutralidade, pois aquela tem caráter político.

    A educação assume diferentes perspectivas: educação formal, não formal e informal. De acordo com Sarai-va (2012), essas perspectivas, muitas vezes se restringem a uma definição referente ao espaço onde acon-tece; no entanto, autores dedicados ao estudo da educação não formal, como Trilla e Gohn, destacam os atributos fundamentais de cada uma dessas modalidades educativas que devem ser esclarecidos. Vejamos o quadro a seguir, que apresenta as especificidades e foi organizado tomando por base as contribuições teóricas de Trilla (2008) e Gohn (2006):

  • I - EDUCAÇÃO, CIDADANIA E LEGISLAÇÃO

    PRÁTICA II - POLÍTICAS, ESTRUTURA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICAP II Autores: Clécida Maria Bezerra Bessa e Francisco Souto de Sousa Júnior

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    Modalidades de educação

    Gohn demonstra a seguinte compreensão: “A educação formal requer tempo, local específico, pessoal es-pecializado, organização de vários tipos (inclusive a curricular), sistematização sequencial das ativida-des, disciplinamento, regulamentos e leis, órgãos superiores etc. Ela tem caráter metódico e, usualmente, divide-se por idade/ classe de conhecimento” (2006, p. 29). Para o mesmo autor, a educação não-formal é uma perspectiva “Sem atributos, sem organização por séries/idade/conteúdos; sem atuação sobre aspec-tos subjetivos do grupo; trabalha e forma a cultura política de um grupo” (p. 28). O mesmo autor define a educação informal como ação que: “Não é organizada, os conhecimentos não são sistematizados e são repassados a partir das práticas e experiência anteriores, usualmente é o passado orientando o presente, atua no campo das emoções e sentimentos” (p. 30).

    Outra colaboração acerca dessa temática vem de Libâneo (1998), para quem há uma educação não inten-cional, informal, que se refere às influências do meio natural e social sobre o homem e interfere em sua relação com o meio social. Como exemplo dessa modalidade educativa, podem-se citar os costumes, a reli-gião, as leis, as ideias vigentes na sociedade, o tipo de governo, as práticas das famílias etc. Existindo tam-bém a prática educativa intencional, que é constituída pela educação não formal e pela educação formal.

    A prática educativa não formal diz respeito às atividades intencionais em que há relações pedagógicas com pouca sistematização ou estruturação, como ocorre nos movimentos sociais, nos meios de comunicação de massa, nos locais de lazer como clubes, cinemas, museus. A escola terá que desempenhar funções que não são fornecidas por nenhuma outra instância social, quais sejam: a de fornecer uma formação geral básica que favoreça as capacidades de leitura, escrita e desenvolvimento da oralidade; formação científica, filosófica, estética e ética; bem como o desenvolvimento de capacidades cognitivas e operativas.

    EDUCAÇÃO FORMAL

    • Acontece no meio instituciona-lizado;

    • É representada principalmente pelas escolas e universidades;

    • É cronologicamente gradual;

    • Apresenta hierarquia estrutural;

    • Tem objetivos, metas e diretri-zes definidas;

    • É determinada em âmbito na-cional, por lei, com órgãos re-guladores e fiscalizadores do Ministério de Educação;

    • Organiza-se por idade, série, ano, classe de conhecimento;

    • Requer pessoal especializado para atuar na condição de do-cente;

    • Requer organização de sistema-tização sequencial de conteúdos.

    EDUCAÇÃO INFORMAL

    • Os processos de ensino e apren-dizagem ocorrem espontanea-mente;

    • Não existem lugares, nem horá-rios, nem currículos definidos;

    • Os conhecimentos são com-partilhados em face da intera-ção sociocultural dos partici-pantes;

    • Os conhecimentos são socia-lizados partindo de práticas e experiências já existentes;

    • É um processo permanente.

    EDUCAÇÃO NÃO FORMAL

    • Capacita os participantes por intermédio da aprendi-zagem de habilidades e am-pliação de potencialidades;

    • Está voltada geralmente para a solução de problemas coletivos do cotidiano;

    • Capacita os participantes a atuarem na comunidade

    • Organiza-se sem atributos de idade, série, ano, classe de conhecimento;

    • Trabalha e configura a cul-tura política de um grupo social.

  • I - EDUCAÇÃO, CIDADANIA E LEGISLAÇÃO

    PRÁTICA II - POLÍTICAS, ESTRUTURA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICAP IIAutores: Clécida Maria Bezerra Bessa e Francisco Souto de Sousa Júnior

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    Educação intencional, ou seja, a educação formal

    Educação não intencional, ou seja, educação informal

    Mesmo com funções específicas relacionadas ao ensino e à educação, a escola precisa ser repensada, redi-mensionada, pois ela não é a detentora do direito do saber, da educação e do ensino, uma vez que a educação pode acontecer nos mais variados lugares, por meio de várias agências, como por exemplo, a família, os meios de comunicação, os espaços culturais e de lazer que também se constituem em práticas educativas.

    De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi:

    A escola é uma instituição social com objetivo explícito: o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habili-dades, procedimentos, atitudes, valores), para tornarem-se cidadãos participativos na sociedade em que vivem. O objetivo primordial da escola é, portanto, o ensino e a aprendizagem dos alunos, tarefa a cargo da atividade docente. A organização escolar necessária é aquela que melhor favorece o trabalho do professor, existindo uma interdependência entre os objetivos e as funções da escola e a organização da gestão do trabalho escolar (2003, p. 300-301).

    Desta forma, a escola é aquela instituição capaz de interpretar a cultura dos saberes formais e informais, promovendo o fortalecimento do pensamento e da valorização da identidade cultural dos estudantes, por meio do desenvolvimento e ampliação das habilidades, da criatividade e da imaginação que os tornam capazes para realizarem interações eficazes em sociedade, cabendo ainda à escola ingressar no tão con-corrido mercado de trabalho da sociedade tecnológica e comunicacional vigente, com o intento de propor formação de cidadãos críticos e capazes de interferir na realidade, e consequentemente, transformá-la.

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    A Educação na Legislação BrasileiraUN 01

    Já que lançamos tantas reflexões acerca dos termos escola e educação, que tal tratarmos um pouco da educação brasileira na legislação?

    A educação do nosso país tem normas e diretrizes a seguir, pois para existir, a educação é determinada por leis que guiam planos, programas, projetos e políticas públicas de ações educativas. No nosso caso, o país possui a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 - CF/88, é a lei suprema do Brasil, que posiciona-se no cume das ordens jurídicas, por isso é considerada a “Carta Magna” e serve de parâmetro que valida todas as outras condições normativas.

    Nos princípios fundamentais da nossa Carta Magna estão expressos os anseios do povo em relação tanto ao estado como à sociedade sonhada. É com base nesse desejo de assegurar os direitos pessoais e so-ciais promulgados na Lei maior que nós, educadores, devemos conhecer tanto os princípios fundamentais como os objetivos que professam a função da educação a serviço do Estado Brasileiro, os quais estão de-terminados na nossa Carta Magna.

    VOCÊ SABIA? Você sabia que a

    Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 - CF/88 tem uma

    Seção inteirinha dedicada à educação?

    VAMOS REFLETIR UM POUCO?

    Qual a importância de nós educadores conhecermos a Legislação Educacional Brasileira? Agora que refletimos os posicionamentos diversos sobre o assunto, organize-se para fazermos a leitura de como a Educação é tratada na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 - CF/88.

    A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 - CF/88 destinou a primeira Seção, do terceiro Capítulo, do Título VIII para a educação, a qual abrange os Art. 205 a 217. O documento ressalta no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT um dispositivo de elevado valor para a educação, trata-se do Art. 60 do ADCT, o qual teve sua redação modificada tanto em 1996 como em 2006 pelas Emendas à Constituição que instituíram o FUNDEF e o FUNDEB, Emendas de nº 14 e nº 53.

    Vale ressaltar que existem também outros dispositivos da Constituição Federal que se referem à educação.

    Acesse a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 - CF/88, que está disponível no seguinte endereço eletrônico:

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm

    EXERCÍCIO PROPOSTOFaça a leitura, atentamente, dos Art. 205 a 214 que se referem à Seção da Educação; leia também com mui-ta atenção o Artigo 60, o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT da CF/88. Em seguida, produza um relato sintetizando como a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 delineia a organização da educação no nosso país. Aproveite para refletir como essa organização da educação pro-posta na Carta Magna acontece no cotidiano das nossas escolas.

    Excelentes reflexões escritas!

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    VOCÊ SABIA?Você conhece a Lei nº 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional?

    Pois bem, esta é a nossa Lei, que apresenta as diretrizes e os

    embasamentos para a educação do

    nosso país.

    A Educação na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96

    UN 01

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394 foi sancionada em 20 de dezembro de 1996, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo ministro da educação Paulo Renato. Ela fundamenta-se nos direitos e deveres pessoais e sociais instituídos pela Carta Magna e é uma Lei Ordinária, que tem como função regulamentar o que é determinado pela Constituição Federal.

    A referida Lei foi baseada no princípio do direito universal à educação para todos, e trouxe diversas mudanças em relação às leis anteriores (LEI Nº. 4.024, de 20 de dezembro de 1961, LEI Nº. 5.692 - de 11 de agosto de 1971), contemplando a descentralização e a autonomia de escolas e universi-dades, a inclusão da educação infantil como primeira etapa da educação básica, a valorização tanto do professor como do magistério, bem como a permissão de criação de um processo regular de avaliação do ensino.

    Vale ressaltar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 é composta por 9 (nove) títulos, 5 (cinco) capítulos, 5 (cinco) sessões e 92 (noventa e dois) artigos.

    A nossa Lei apresenta normas e diretrizes educacionais para subsidiar legalmente um fazer educativo inclusivo e democrático. Vamos conhecer, com mais precisão, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-cional 9.394/96, acessando:

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.

    Aceitemos o desafio, neste momento, de explorar ao máximo o conteúdo da LDB 9.394/96 título por título, capítulo por capítulo, seção por seção, artigo por artigo, para compreender como a nossa Legislação Edu-cacional define as normas e diretrizes para a construção de um ensino de qualidade e inclusivo.

    EXERCÍCIO PROPOSTO1. Siga os seguintes passos para realizar a atividade proposta:

    a) Realize uma leitura detalhada da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96, no site http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm;

    b) Observe o que está posto na Lei e identifique o que se constitui impasse e o que se constitui avanço para o nosso sistema de educação;

    c) Liste e comente as principais contradições existentes entre o que é rezado pela Lei e o que de fato se efetiva nas escolas.

    Boa leitura e ótima produção escrita!

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    A Organização da educação no nosso país: os níveis e as modalidades de ensino

    UN 01

    A Educação Escolar do nosso país é composta pela Educação Básica e pela Educação Superior. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9.394/96 dispõe de um espaço especial para tratar desse assunto no Título V: “Da Organização da Educação Nacional”. Ressaltamos que a educação brasileira pode ser ofertada ainda por modalidades, a saber: a Educação Especial, A Educação de Jovens e Adultos, a Edu-cação Profissional e Tecnológica, a Educação Indígena e a Educação a Distância.

    O Art. 21 aponta a definição referente à composição, tratando dos dois níveis escolares. Observemos:

    Art. 21 A educação escolar compõe-se de:

    I. Educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio;

    II. Educação superior.

    A educação, que na lei anterior, Lei 5.692/71, classificava a educação por graus – 1º grau, 2º grau e 3º grau, pas-sou a ser tratada por níveis, com etapas: Educação Básica, composta pelas etapas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, bem como Educação Superior, que envolve a graduação e a pós-graduação.

    A atual LDB introduziu os conceitos novos: educação básica e educação superior. Notemos que a lei estabe-lece uma diferenciação entre educação e ensino. A grande etapa da educação é denominada de Educação Básica. Já o conceito da etapa inicial da Educação Básica – Educação Infantil traz como enfoque principal o fato de não se limitar ao processo ensino-aprendizagem, envolvendo também o cuidar e o educar para valores. Com relação ao Ensino Fundamental e Médio, a lei dá ênfase à denominação de ensino.

    Já a Educação Superior recebe o tratamento de educação por não se limitar apenas ao processo de ensi-no, mas também aos processos de pesquisa e extensão. Assim, percebemos que houve uma alteração do conceito de ensino superior para educação superior. A nossa legislação aponta também a finalidade da educação básica. Vejamos:

    Art. 22 A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação co-mum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

    Níveis e modalidades de ensino

    EDUCAÇÃO BÁSICA:Educação Infantil;

    Ensino Fundamental;Ensino Médio

    EDUCAÇÃO ESCOLAR:Educação Básica: Educação Infantil;

    Ensino Fundamental e Ensino Médio;

    Educação Superior.

    MODALIDADES DE ENSINO:Educação Especial;

    Educação de Jovens e Adultos;Educação Profissional e Tecnológica;

    Educação Indígena;Educação à Distância

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    Já o Art. 23 é bem claro ao apresentar como deve ser a organização da educação básica:

    Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alter-nância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendi-zagem assim o recomendar.

    Para melhor compreendermos as especificidades da Educação Básica, vamos observar como cada etapa é tratada na nossa LDB.

    Vamos começar pela etapa inicial, a educação Infantil, que é tratada na LDB na Seção II “Da Educação In-fantil”, que compreende os Art. 29 a 31. Uma novidade trazida pela atual LDB para a Educação Infantil foi a compreensão de que a Educação Infantil faz parte da Educação Básica, inserindo-a como sua etapa inicial. Essa compreensão reconhece que a educação é um processo que tem início nos primeiros anos de vida.

    A LDB atual ressalta também a necessidade de uma formação integral e integrada dos alunos, que concilie as funções do cuidar e educar articuladas com as ações tanto da família como da comunidade. Outro fator impor-tante ressaltado pela Lei trata-se da avaliação que possibilita ao aluno a oportunidade de ter um acompanha-mento, através de registros, dos seus avanços e aprendizados. O destaque à avaliação permite também que as crianças, ao completarem a idade de cursarem o Ensino Fundamental, tenham a oportunidade de cursarem sem pré-requisitos de aprendizados a serem cumpridos nessa etapa. Vejamos a transcrição da lei a seguir:

    Seção II

    Da Educação Infantil

    Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimen-to integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

    Art. 30. A educação infantil será oferecida em:

    I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;

    II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.

    Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desen-volvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.

    Já com relação ao Ensino Fundamental, a lei apresenta a Seção III, com os Art. 32 a 34. Vale ressaltar que o Ensino Fundamental teve algumas alterações que merecem destaque, dentre elas a duração com o aumento de horas aulas, pois antes era de 720 horas em 180 dias letivos e passou a ser de 800 horas em 200 dias letivos. Para Carneiro (1998, p.81), “o ganho aqui é inestimável. Ao final dos oito anos do ensino fundamental, o aluno brasileiro terá tido uma carga horária adicional de 640 horas, o que equivale a, prati-camente, um ano a mais de estudos”. Com a ampliação para o Ensino Fundamental de nove anos essa carga horária ainda aumentou, o que simboliza mais oportunidades para o aluno.

    Em 2005, a Lei 11.114 veio alterar os Art. 6, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394/96, com o desígnio de tornar obri-gatório o início do Ensino Fundamental aos seis anos de idade, e em 2006, a Lei 11.274 surgiu para alterar a redação dos Art. 29, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394/96 para estabelecer as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigató-ria a partir dos 6 (seis) anos de idade.

    Abaixo, encontramos a transcrição da Lei. Observemos:

    Seção III

    Do Ensino Fundamental

    Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de nove anos, gratuito na escola pública, ini-ciando-se aos seis anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:

    I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitu-ra, da escrita e do cálculo;

    II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos va-lores em que se fundamenta a sociedade;

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    III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

    IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recí-proca em que se assenta a vida social.

    § 1o É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em ciclos.

    § 2o Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no ensino funda-mental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendi-zagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino.

    § 3o O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.

    § 4o O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais.

    § 5o O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado.

    Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.

    § 1o Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensi-no religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores.

    § 2o Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religio-sas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso.

    Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola.

    § 1o São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta lei.

    § 2o O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos siste-mas de ensino.

    O Ensino Médio, que foi apresentado na atual LDB nos artigos 35 e 36 da Seção IV “Do Ensino Médio”, é considerado na lei como a última etapa da Educação Básica e é de responsabilidade de oferta obrigatória dos Estados, que são responsáveis por atender a demanda de todos os alunos concluintes do Ensino Fun-damental, conforme estabelece o Plano Nacional de Educação (PNE).

    Conforme a LDB, estando confirmada a formação de caráter geral do aluno, poderá proporcionar a for-mação específica para o exercício de profissões técnicas. Abaixo, temos um quadro que ilustra como pode ocorrer a articulação entre o Ensino Médio e a formação técnica profissionalizante. Vale destacarmos que, seja qual for a articulação entre o Ensino Médio e o Técnico Profissionalizante, a certificação com o diplo-ma de técnico referente ao nível médio só poderá ser emitida ao educando que finalizar o Ensino Médio.

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    ARTICULAÇÃO ENTRE O ENSINO MÉDIO E A FORMAÇÃO TÉCNICA PROFISSIONALIZANTE

    Integrada Concomitante Subsequente

    * Ocorre na mesma es-cola que o aluno cursa o ensino médio;

    * Requer uma matrícula única.

    * Pode ou não ocorrer na mesma escola que o alu-no cursa o ensino médio;

    * Facultativo o convênio entre as instituições.

    * Ocorre quando é ofer-tada ao aluno que tenha concluído o ensino mé-dio.

    A seguir temos a transcrição da lei. Percorramos:

    Seção IV

    Do Ensino Médio

    Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:

    I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibi-litando o prosseguimento de estudos;

    II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

    III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvi-mento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

    IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

    Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes:

    I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como ins-trumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;

    II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes;

    III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comuni-dade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição.

    IV - serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.684, de 2008)

    § 1º - Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre:

    I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna;

    II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;

    § 3º - Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos.

    A Educação de Jovens e Adultos foi apresentada na Lei nos Art. 37 e 38 da Seção V “Da Educação de Jovens e Adultos”. A seção destinada à educação básica de jovens e adultos veio reafirmar o direito desses educan-dos a um ensino básico, adequado às suas necessidades educativas, de qualidade e gratuito ofertado pelo poder público. Essa oferta deve ser garantida na forma de cursos e exames supletivos.

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    A seguir temos a transcrição da Lei:

    Seção V

    Da Educação de Jovens e Adultos

    Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.

    § 1º - Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as caracte-rísticas do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

    § 2º - O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, me-diante ações integradas e complementares entre si.

    § 3º - A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissio-nal, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

    Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacio-nal comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.

    § 1º - Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:

    I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;

    II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.

    § 2º - Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.

    A LDB, ao apresentar a Educação Profissional, tratou inicialmente nos Art. 39 a 42, mas em 2008, a Lei nº 11.741 veio revogar, alterar, bem como acrescentar dispositivos, trazendo uma seção nova da LDB, a seção IV-A, que traz os Art. 36-A, 36-B, 36-C e 36-D, além do processo de renomeação do Capítulo “Educação Profissional e Tecnológica”, que antes era ”Da Educação Profissional”, provocando mudanças na redação dos Art. 39, 41 e 42. Vejamos tudo isso na transcrição abaixo:

    Seção IV-A

    Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio

    Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas.

    Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional po-derão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com insti-tuições especializadas em educação profissional.

    Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas:

    I - articulada com o ensino médio;

    II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio.

    Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá observar:

    I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação;

    II - as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino;

    III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico.

    Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei, será desenvolvida de forma:

    I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso plane-jado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se matrícula única para cada aluno;

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    II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, e podendo ocorrer:

    a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis;

    b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se a oportunidades educacionais disponíveis;

    c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.

    Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de nível médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação superior.

    Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de nível médio, nas formas articulada con-comitante e subsequente, quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade, possibili-tarão a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após a conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação para o trabalho.

    [...] Da Educação Profissional e Tecnológica

    Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.

    § 1º - Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino.

    § 2º - A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos:

    I - de formação inicial e continuada ou qualificação profissional;

    II - de educação profissional técnica de nível médio;

    II - de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.

    § 3º - Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne a objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacio-nais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação.

    Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por dife-rentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho.

    Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos.

    Art. 42. As instituições de educação profissional e tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferece-rão cursos especiais, abertos a comunidade, condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível de escolaridade.

    A LDB também dá atenção especial a outras modalidades de ensino, como por exemplo: Educação Espe-cial, Educação a Distância, Educação Indígena.

    A seguir trazemos a transcrição do Capítulo V “Da Educação Especial”, dos Art. 58 a 60. Essa descrição traz a oferta da Educação Especial pela rede de ensino regular, que deverá receber os alunos com necessidades educativas especiais. Vejamos:

    Capítulo V

    Da Educação Especial

    Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

    § 1º - Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

    § 2º - O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

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    § 3º - A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

    Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

    I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;

    II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar, para os superdotados;

    III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especia-lizado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

    IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, me-diante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

    V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respecti-vo nível do ensino regular.

    Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.

    Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independente-mente do apoio às instituições previstas neste artigo.

    Já a modalidade de Educação a Distância está prevista no Art. 80 da LDB, que apresenta tanto um processo de abertura, como de incentivo na forma da lei para que os programas de educação a distância se efetivem em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada. Com a chegada da internet a Educa-ção a Distância se instalou na educação superior, promovendo maior oferta de possibilidades de formação aos cidadãos brasileiros. Ressaltamos que essa modalidade de ensino era restrita aos antigos supletivos de 1º e 2º graus – atual ensino fundamental e médio. A seguir, façamos a leitura reflexiva da transcrição da lei:

    Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distân-cia, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

    § 1º - A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por institui-ções especificamente credenciadas pela União.

    § 2º - A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação distância.

    § 3º - As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autori-zação para sua implementação caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.

    § 4º - A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:

    I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

    II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;

    III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais.

    A LDB nos Art.78 e 79 oferece uma dedicação especial à Educação dos povos indígenas.

    Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:

    I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;

    II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não indígenas.

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    Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no provimento da educação intercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo programas integrados de ensino e pesquisa.

    § 1º - Os programas serão planejados com audiência das comunidades indígenas.

    § 2º - Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos:

    I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna de cada comunidade indígena;

    II - manter programas de formação de pessoal especializado, destinado à educação escolar nas comu-nidades indígenas;

    III - desenvolver currículos e programas específicos, neles incluindo os conteúdos culturais correspon-dentes às respectivas comunidades;

    IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático específico e diferenciado.

    A LDB atual também trata da Educação Superior no CAPÍTULO IV: Da Educação Superior, nos Art. 43 a 57. Apresenta um ponto bem interessante em relação à Educação Superior, que trata-se da sua inclusão na Lei, uma vez que na Lei anterior, a Lei 5.692/71, não existia qualquer menção à Educação Superior, embora a Lei nº. 5.540/68, lei que antecedeu a Lei 5.692/71, apresentasse as normas relacionadas à organização e funcionamento do Ensino Superior, bem como a sua articulação do ensino médio.

    Vejamos a transcrição da Lei, a seguir:

    CAPÍTULO IV

    Da Educação Superior

    Art. 43. A educação superior tem por finalidade:

    I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo;

    II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profis-sionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;

    III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;

    IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patri-mônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;

    V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspon-dente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelec-tual sistematizadora do conhecimento de cada geração;

    VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regio-nais, prestar serviços especializados a comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciproci-dade;

    VII – promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.

    Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas:

    I – cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou equivalente;

    II – de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo;

    III – de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino;

    IV – de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino.

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    Parágrafo único. Os resultados do processo seletivo referido no inciso II do caput deste artigo serão tor-nados públicos pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória a divulgação da relação nomi-nal dos classificados, a respectiva ordem de classificação, bem como do cronograma das chamadas para matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das vagas constantes do respectivo edital.

    Art. 45. A educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou especialização.

    Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como o credenciamento de instituições de educação superior, terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, após processo regular de avaliação.

    § 1o Após um prazo para saneamento de deficiências eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere este artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o caso, em desativação de cursos e habilitações, em intervenção na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento.

    § 2o No caso de instituição pública, o Poder Executivo responsável por sua manutenção acompanhará o processo de saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários, para a superação das defi-ciências.

    Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver.

    § 1o As instituições informarão aos interessados, antes de cada período letivo, os programas dos cursos e demais componentes curriculares, sua duração, requisitos, qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições.

    § 2o Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos, demonstrado por meio de pro-vas e outros instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino.

    § 3o É obrigatória a frequência de alunos e professores, salvo nos programas de educação a distância.

    § 4o As instituições de educação superior oferecerão, no período noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões de qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória a oferta noturna nas instituições públicas, garantida a necessária previsão orçamentária.

    Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular.

    § 1o Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias registrados, e aqueles confe-ridos por instituições não universitárias serão registrados em universidades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.

    § 2o Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão revalidados por uni-versidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os acor-dos internacionais de reciprocidade ou equiparação.

    § 3o Os diplomas de mestrado e de doutorado expedidos por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior.

    Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a transferência de alunos regulares, para cursos afins, na hipótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo.

    Parágrafo único. As transferências ex-offício dar-se-ão na forma da lei.

    Art. 50. As instituições de educação superior, quando da ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus cursos a alunos não regulares que demonstrarem capacidade de cursá-las com pro-veito, mediante processo seletivo prévio.

    Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas como universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino médio, articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de ensino.

    Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por:

    I – produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional;

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    II – um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado;

    III – um terço do corpo docente em regime de tempo integral.

    Parágrafo único. É facultada a criação de universidades especializadas por campo do saber.

    Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições:

    I – criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior previstos nesta lei, obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do respectivo sistema de ensino;

    II – fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais pertinentes;

    III – estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa científica, produção artística e atividades de extensão;

    IV – fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as exigências do seu meio;

    V – elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as normas gerais atinentes;

    VI – conferir graus, diplomas e outros títulos;

    VII – firmar contratos, acordos e convênios;

    VIII – aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral, bem como administrar rendimentos conforme dispositivos institucionais;

    IX – administrar os rendimentos e deles dispor na forma prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos estatutos;

    X – receber subvenções, doações, heranças, legados e cooperação financeira resultante de convênios com entidades públicas e privadas.

    Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-científica das universidades, caberá aos seus cole-giados de ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre:

    I – criação, expansão, modificação e extinção de cursos;

    II – ampliação e diminuição de vagas;

    III – elaboração da programação dos cursos;

    IV – programação das pesquisas e das atividades de extensão;

    V – contratação e dispensa de professores;

    VI – planos de carreira docente.

    Art. 54. As universidades mantidas pelo poder público gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento pelo poder pú-blico, assim como dos seus planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal.

    § 1o No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas pelo artigo anterior, as univer-sidades públicas poderão:

    I – propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo, assim como um plano de cargos e salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos disponíveis;

    II – elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com as normas gerais concernentes;

    III – aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo Poder mantenedor;

    IV – elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;

    V – adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas peculiaridades de organização e fun-cionamento;

    VI – realizar operações de crédito ou de financiamento, com aprovação do Poder competente, para aquisição de bens imóveis, instalações e equipamentos;

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    VII – efetuar transferências, quitações e tomar outras providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial necessárias ao seu bom desempenho.

    § 2o Atribuições de autonomia universitária poderão ser estendidas a instituições que comprovem alta qualificação para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação realizada pelo poder público.

    Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral, recursos suficientes para ma-nutenção e desenvolvimento das instituições de educação superior por ela mantidas.

    Art. 56. As instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os segmentos da comu-nidade institucional, local e regional.

    Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por cento dos assentos em cada ór-gão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e modificações estatutárias e regi-mentais, bem como da escolha de dirigentes.

    Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de aulas.

    FIQUE SABENDO

    Existem vários órgãos que assumem as responsabilidades pela educação no nosso país.

    No âmbito federal destacam-se o Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Educação. Em nível estadual, existem a Secretaria Estadual de Educação, o Conselho Estadual de Educação e a Diretoria Regional de Educação. Na esfera municipal as responsabilidades ficam a cargo da Secretaria Municipal de Educação e do Conselho Municipal de Educação.

    PARA NÃO CONCLUIR...

    Que tal fazermos um exercício reflexivo e expressar o (s) nosso (s) conceito (s) de escola e de educação? Bem, se já sabemos o que a escola representa, nada melhor do que expressarmos por escrito esses conceitos, acrescidos do breve conteúdo explanado até o momento.

    Como vimos nesta primeira unidade intitulada Educação, Cidadania e Legislação, refletir acerca das con-cepções de escola e educação, das leis que amparam a educação no nosso país e como a educação está organizada e acontece nas escolas, é uma necessidade, mas esses conhecimentos não nos dão base para compreender como deve ser uma escola democrática. Por isso na unidade seguinte iremos pensar sobre a gestão democrática e a organização da escola, a escolha do gestor e os recursos da educação como im-portantes mecanismos no processo de compreensão e implantação da gestão democrática. Para tanto, discorreremos acerca dessas temáticas, buscando entendê-las como construções imprescindíveis ao de-senvolvimento de uma escola democrática e inclusiva.

  • II POLÍTICAS DE GESTÃO DEMOCRÁTICA E LEGISLAÇÃONesta segunda unidade, intitulada Políticas de Gestão De-

    mocrática e Legislação, vamos sobrevoar os métodos de orga-nização escolar, processos de escolha do gestor da escola e o processo de financiamento da educação básica, com o desígnio de conhecermos os conjuntos de ações, recursos, meios e pro-cedimentos que levam às instituições escolares a formação de cidadãos reflexivos e comprometidos com a cidadania.

    Objetivos:

    • Discutir acerca da organização do trabalho pedagógico na escola pública em relação aos princípios da gestão democrática, da autonomia escolar, da participação dos diversos segmentos na gestão da escola;

    • Compreender o processo de escolha do diretor escolar como mecanismo de uma gestão democrática;

    • Entender como acontece o processo de financiamento da educação básica.

    A fim de refletirmos acerca desses processos expostos nos nossos objetivos, estruturamos essa unidade em três seções, compreendendo a gestão como uma ação política e pedagógica, nas quais analisamos os aspectos seguintes: a gestão democráti-ca e a organização da escola, gestão democrática e a escolha do gestor e gestão escolar e os recursos da educação.

  • II - POLÍTICAS DE GESTÃO DEMOCRÁTICA E LEGISLAÇÃO

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    A gestão democrática e a organização da escola

    UN 02

    As discussões acerca da gestão democrática no âmbito dos estudos da área da educação têm se tornado algo constante, no sentido de dar sequência ao principio da gestão democrática definido na nossa Carta Magna e confirmado na nossa Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394/96. Princípio este que não se tornou posto constitucionalmente ao acaso, mas que se deve a conquistas, frutos de lutas organizadas do povo e de estudiosos acerca das políticas públicas para que essa concepção fosse reconhecida na forma da lei.

    Antes de falarmos de gestão democrática nos convém entender o que é gestão, por essa razão buscamos a raiz etimológica da palavra por meio das palavras de Cury para nos auxiliar nesse processo. Vejamos:

    Gestão provém do verbo latino gero, gessi, gestum, gerere e significa: levar sobre si, carregar, chamar a si, executar, exercer, gerar. Trata-se de algo que implica o sujeito. Isto pode ser visto em um dos substan-tivos derivado deste verbo. Trata-se de gestatio, ou seja, gestação, isto é, o ato pelo qual se traz em si e dentro de si algo novo, diferente: um novo ente. Ora, o termo gestão tem sua raiz etimológica em ger que significa fazer brotar, germinar, fazer nascer. Da mesma raiz provem os termos genitora, genitor, gérmen.

    [...] Também o substantivo gestus (em português: gesto) deriva deste verbo e significa um feito, uma execução. Quando usado no plural latino, isto é gesta, significa feitos ilustres, notáveis, nobres e cora-josos (2005, p. 14).

    Alguns métodos das organizações escolares originam-se de experiências administrativas vividas ao longo da nossa formação. Todavia, têm características muito diferentes das empresas industriais, comerciais e de serviços. Os objetivos das instituições escolares dirigem-se para a educação e a formação de pessoas.

    Essa característica determina formas muito peculiares de conceber as práticas de organização e de gestão escolar, ainda mais quando se considera que tais práticas se cobrem de um caráter legitimamente pedagó-gico, fazendo-se necessário conhecermos alguns conceitos básicos que norteiam as instituições educativas.

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  • II - POLÍTICAS DE GESTÃO DEMOCRÁTICA E LEGISLAÇÃO

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    PRÁTICA II - POLÍTICAS, ESTRUTURA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICAP II Autores: Clécida Maria Bezerra Bessa e Francisco Souto de Sousa Júnior

    A organização escolar refere-se aos princípios e procedimentos relacionados à ação de planejar o trabalho da escola, racionalizar o uso de recursos (materiais, financeiros, intelectuais) e coordenar e avaliar o tra-balho das pessoas. Como vimos anteriormente, a escola é uma organização social e, portanto, construída de pessoas que trabalham juntas e que existe para organizar determinados objetivos.

    A gestão educacional, de acordo com Morais (1997), passa pela democratização tanto por aspectos inter-nos, que se relacionam aos processos administrativos e a participação dos membros da comunidade esco-lar, e externa nos projetos pedagógicos; como por aspectos externos, que se relacionam à função social da escola, pautados na produção, divulgação e socialização dos conhecimentos.

    Em consonância com o exposto, podemos observar que a escola enquanto instituição social responsável pela socialização do saber sistematizado pode e deve criar estruturas que permitam a participação dos membros da comunidade no ambiente escolar. Participação essa em que os integrantes da comunidade possam se perceber como sujeitos sociais transformadores da sociedade em que estão inseridos, poden-do atuar como agentes de (re) dimensionamentos de concepções e ações que primem pela qualidade da construção e socialização dos saberes na escola.

    Esse processo de democratização que deve ser encarado pela escola precisa estar em consonância com uma concepção de democracia capaz de poder concretizar no setor da educação ações que efetivamente devem ser construídas com a plena participação dos sujeitos sociais, conforme concepção apresentada por Benevides:

    Democracia é o regime político da soberania popular, porém com respeito integral aos direitos humanos. A fonte do poder está no povo que é radicalmente o titular da soberania e que deve exercê-la – seja através de seus representantes, seja através de formas diretas de participação nos processos decisórios. É o regime de separação de poderes e, essencialmente, é o regime da defesa e da promoção dos direitos humanos. E quando me refiro à garantia dos direitos huma