bullying · este termo é de origem inglesa da palavra “bully” que significa “valentão” ou...

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Bullying Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas

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Módulo I

Parabéns por participar de um curso dos

Cursos 24 Horas.

Você está investindo no seu futuro!

Esperamos que este seja o começo de um

grande sucesso em sua carreira.

Desejamos boa sorte e bom estudo!

Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site

www.Cursos24Horas.com.br

Atenciosamente

Equipe Cursos 24 Horas

Sumário

Introdução......................................................................................................................... 3

Unidade 1 – Abordagem Inicial........................................................................................ 5

1.1. O que é Bullying.................................................................................................... 6

1.2. Causas e origens do Bullying ................................................................................ 7

1.3. Consequências Psicológicas e Comportamentais .................................................. 8

1.4. Como identificar o Bullying................................................................................ 13

1.5. Os personagens do Bullying................................................................................ 15

1.6. Tipos de Agressão (física ou moral).................................................................... 23

1.7. Diferença entre o bullying praticado por meninos e meninas ............................. 25

Unidade 2 – Os dilemas e rumos da juventude contemporânea..................................... 27

2.1. A influência da educação na juventude contemporânea...................................... 28

2.2. Educação Antiga x Educação Atual .................................................................... 29

2.3. A influência da tecnologia................................................................................... 34

2.4. A influência das amizades ................................................................................... 37

2.5. Os perigos na juventude ...................................................................................... 39

2.6. A educação e o jovem do futuro.......................................................................... 42

Conclusão do Módulo I .................................................................................................. 50

3

´

Introdução

Provavelmente em sua fase escolar, você já tenha

presenciado ou sido alvo de brincadeiras repletas de

segundas intenções e de perversidade. Estas brincadeiras

que podem ser consideradas verdadeiros atos de

violência e ultrapassam os limites suportáveis de

qualquer indivíduo são classificadas como Bullying.

O bullying é um assunto que vem despertando cada vez mais interesse em

profissionais da área da saúde e da educação.

Este termo é de origem inglesa e foi utilizado para caracterizar comportamentos

agressivos e antissociais, em estudos relacionados ao problema da violência escolar.

No Brasil, o termo é definido como um conjunto de atividades repetitivas,

adotadas por um ou mais alunos contra outro(s),

causando dor, angústia e sofrimento.

Além de estar presente em todas as escolas

mundiais, o bullying também pode ser encontrado

dentro do contexto familiar e no ambiente de

trabalho onde é caracterizado como mobbing.

Muitas pessoas ainda encaram o bullying como brincadeira de criança, porém

vale ressaltar que tal comportamento não deve ser considerado desta forma, uma vez

que brincadeiras sadias são prazerosas para ambas as partes, fator não presente em

comportamentos de bullying, pois apenas um lado se diverte enquanto o outro sofre.

As pessoas precisam ser conscientizadas de que o bullying é um mal que deve

ser combatido, pois traz consequências desastrosas, desde repetência e evasão escolar,

até isolamento, depressão e em casos extremos suicídio e homicídio.

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Por esta razão, nosso objetivo é trazer informações necessárias para que você

saiba identificar este problema e seus efeitos, assim como os procedimentos que devem

ser adotados para que este mal não seja mais tolerado pela sociedade.

Bom estudo!

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Unidade 1 – Abordagem Inicial

Nesta unidade, você receberá informações sobre o Bullying – um termo ainda

pouco conhecido pela maior parte da população, utilizado para caracterizar

comportamentos agressivos no contexto escolar, praticados por meninos e meninas.

Verá também as causas e origens deste comportamento, as consequências

psicológicas, como identificar e quem são os personagens do Bullying, os tipos de

agressão e a diferença da agressão praticada por gêneros.

Bom estudo.

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1.1 - O que é Bullying?

O Bullying é uma situação que envolve atos,

palavras ou comportamentos prejudiciais intencionais e

repetitivos feitos por um ou mais alunos contra um ou

outros.

Este termo é de origem inglesa da palavra “bully”

que significa “valentão” ou “brigão”, é utilizada para

caracterizar comportamentos violentos dentro do

contexto escolar tanto de meninos quanto de meninas.

Geralmente as atitudes dos agressores contra as vítimas não apresentam

motivações ou justificativas específicas, ou seja, acontecem como a lei da seleção

natural, em que os mais fortes controlam os mais fracos, no caso do bullying, os

agressores encaram as vítimas como objetos de diversão, fator que causa bastante

sofrimento às mesmas.

Vale ressaltar que por trás das ações de bullying sempre há um valentão que

comanda a turma e proíbe qualquer atitude solidária em relação à vítima.

Os agressores utilizam diversas estratégias a fim de impor suas vontades para

que suas vítimas permaneçam em domínio total.

Se analisarmos, em alguns momentos de

nossas vidas, todos nós já fomos vítimas de bullying,

os agressores podem ser encontrados nas escolas e em

todos os segmentos da sociedade, como no contexto

familiar, no ambiente de trabalho, no trânsito, no

abuso de poderes, no uso indevido do dinheiro

público, na negligência com os enfermos, no descaso

das autoridades, no prazer em ver o outro sofrer.

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Desta forma, o bullying pode ser utilizado para explicar todo tipo de

comportamento cruel, proposital e sistemático dentro das relações sociais.

1.2 - Causas e origens do Bullying

A vida em sociedade só existe devido às semelhanças e às diferenças entre os

indivíduos. Todos nós temos uma personalidade que define nossos gostos, medos,

desejos, aversões e também a forma como nos relacionamos com outras pessoas.

Muitas vezes este relacionamento não ocorre de forma positiva, pois quando nos

deparamos com diferenças, tentamos nos adequar à situação ou ainda, tentamos impor

nossas condições, a fim de que a situação se adeque aos nossos padrões.

Esta tentativa, na maioria das vezes, não ocorre de forma sadia. Por exemplo, o

bullying corresponde a um comportamento prejudicial em relação à outra pessoa,

conforme vimos anteriormente. Por não aceitar as diferenças, o agressor humilha sua

vítima.

A causa para este tipo de comportamento pode estar relacionada a fatores

pessoais, familiares e escolares.

Geralmente quando a causa é pessoal, o

agressor se sente superior à vítima, ao notar que a

mesma tem pouca capacidade de responder às

agressões, assim que o agressor faz tudo o que

está ao seu alcance para que sua vítima se sinta

mal.

Quando a causa está relaciona à família,

podem se estabelecer diversos fatores, por exemplo, a ausência de um ou dos dois

responsáveis (pai e mãe), ou a presença de um dos responsáveis violento, constantes

brigas entre os mesmos, a situação socioeconômica, má organização do lar, ausência de

afeto, entre outras situações que levam o agressor a reproduzir o comportamento que

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presencia em casa ou promove a agressão como uma maneira de expor sua carência,

mostrando estar no controle de determinada situação ao transmitir à vítima tudo o que

ele gostaria de fazer em seu ambiente familiar.

O bullying no ambiente escolar pode estar relacionado aos modelos educacionais

transmitidos pelos professores, na ausência de regras, limites, nos valores prezados pela

instituição, na falta de vigilância e inspeção dos alunos.

1.3 - Consequências Psicológicas e Comportamentais

As consequências para as vítimas de bullying são extremamente graves, muitas

vezes as mesmas perdem o interesse pela escola, não conseguem se concentrar nas

aulas, fator que promove a queda do rendimento escolar. Há também as consequências

relacionadas à saúde em que as vítimas apresentam baixa resistência imunológica e

baixa autoestima, stress, sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a

depressão e o suicídio, fatores que veremos detalhadamente no decorrer deste tópico.

Em relação aos agressores, ocorre o distanciamento e a falta de adaptação aos

objetivos escolares, a valorização da violência como forma de obtenção de poder, o

desenvolvimento de condutas violentas, que o acompanharão à fase adulta. Já os

espectadores, podem sentir-se inseguros, ansiosos, estressados e amedrontados, fatores

que comprometem o processo socioeducacional.

Abaixo você verá detalhes sobre as consequências relacionadas à saúde:

Sintomas psicossomáticos

São muito comuns, visto que podem ocorrer isoladamente durante um período

de maior interesse ou coletivamente. Indivíduos com estes sintomas, geralmente sentem

muitas dores nas costas, dores de cabeça, sudorese, calafrios, boca seca. Estes sintomas

causam desconforto e atrapalham as atividades diárias do indivíduo.

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Transtorno do Pânico

Este transtorno é caracterizado por crises fortes de

ansiedade ou medo. Geralmente, as crises de pânico

provocam nas pessoas sensações de mal estar físico e

mental. Trata-se de um grave problema de saúde pública que

tem um curso crônico afetando uma parte significativa da

população.

O indivíduo é formado por uma enorme sensação de

medo e ansiedade acompanhada de uma série de sintomas físicos, como aceleração da

frequência cardíaca, sudorese nas mãos e nos pés, tremores, dificuldades de respirar,

náusea, medo de morrer, de enlouquecer e perder o controle, calafrios e calores, e

também o medo de ter medo.

Atualmente o transtorno do pânico pode ser observados em crianças bem jovens

(6 a 7 anos) muito em função de situações extremas de estresse ou bullying.

Fobia Escolar

É um transtorno de ansiedade em que a criança sente um medo exagerado de ir

para a escola. Desta forma, inventa desculpas, porém quando estas já não são mais

convincentes, a fobia se manifesta como mal estar, a criança apresenta alguns sintomas

psicossomáticos e algumas reações do transtorno de pânico.

Os pais devem ficar atentos, pois por meio deste transtorno, pode-se identificar o

bullying. Na maioria das vezes, a Fobia Escolar ocorre devido às lembranças trágicas

que a criança tem da escola.

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Transtorno de Ansiedade Generalizada - TAG

Este transtorno é caracterizado pela preocupação excessiva, desproporcional ou

sem motivo. A maioria das vezes, esta ansiedade acompanha sintomas físicos que

causam prejuízos sociais, no ambiente de trabalho e na família.

Geralmente, as pessoas que sofrem de TAG são impacientes, vivem com pressa

e quase sempre têm a impressão de que se esqueceram de fazer alguma coisa e que algo

ruim pode acontecer a qualquer momento. É importante que seja tratada com urgência

quando diagnosticada, pois os sintomas podem aumentar provocando transtornos mais

graves.

Depressão

Quando se fala em depressão, muitas pessoas a

associam a uma sensação de tristeza ou baixo astral, porém a

depressão é muito mais que isso, pois se trata de uma doença

que afeta o humor, os pensamentos, a saúde e o

comportamento dos indivíduos.

Os sintomas mais característicos de um indivíduo

depressivo são: tristeza, ansiedade, insônia ou excesso de

sono, perda ou aumento do apetite, cansaço, desânimo, ideias

ou tentativas de suicídio.

A depressão na criança e nos adolescentes é um pouco difícil de ser

diagnosticada. Nas crianças porque, muitas vezes, elas não conseguem nomear seus

sentimentos e nos adolescentes devido às constantes mudanças de hábitos e costumes.

Sendo assim, não só os pais como os professores devem ficar atentos em relação

ao comportamento dos jovens e das crianças, pois por trás da depressão, pode-se

encontrar situações de bullying.

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Anorexia e Bulimia

Anorexia nervosa é um transtorno alimentar

caracterizado por um grande pavor de ganhar peso,

muitas vezes, a pessoa anoréxica está no peso ideal,

porém se submete a uma rígida dieta de restrição

alimentar.

Vale ressaltar que a anorexia é uma doença grave, que pode levar à morte por

desnutrição, desidratação e outras complicações clínicas.

Já a bulimia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado pela ingestão

exagerada de alimentos seguida por um sentimento de culpa, faz uso de laxantes e

provoca o vômito na tentativa de eliminar a comida presente no organismo.

Geralmente estas doenças ocorrem entre mulheres jovens, por se encontrarem

numa fase delicada do crescimento, em que a aceitação social, muitas vezes, está

associada à imagem corporal.

Transtorno Obsessivo – Compulsivo (TOC)

É um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos obsessivos,

geralmente ruins, causando muita ansiedade e sofrimento. Para evitar a ansiedade e os

pensamentos, a pessoa portadora de TOC adota diversos comportamentos repetitivos,

como lavar as mãos várias vezes com sabonetes diferentes por se sentir suja, ou ainda

desenvolver manias de verificação, conferindo várias vezes se esqueceu algum

equipamento ligado, se fechou as portas e as janelas, ou ainda a mesma mania de

organização, organizar alguns objetos da mesma forma ou da mesma posição.

O portador de TOC, muitas vezes, é tachado como louco ou esquisito, o que gera

grandes constrangimentos.

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É importante ressaltar que pressões psicológicas como o bullying, podem gerar

um quadro de TOC ou intensificar o problema existente.

Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)

Este transtorno ocorre em pessoas que vivenciaram uma situação de trauma

emocional muito forte, como mortes, acidentes, agressões, catástrofes naturais etc.

Frequentemente a pessoa tem recordações da situação. O TEPT pode causar

depressão, desânimo para realizar atividades prazerosas, frieza com pessoas queridas.

Ultimamente este transtorno vem aumentando devido à violência, grande parte

das vítimas são crianças envolvidas com bullying, quando sofreram agressões ou

presenciaram cenas de extrema violência ou abusos sexuais. Os quadros que citaremos

abaixo são menos frequentes em casos de bullying, porém é importante citá-los:

Esquizofrenia

Trata-se de uma desordem cerebral, popularmente conhecida como psicose ou

loucura. A pessoa esquizofrênica rompe a barreira com a realidade e passa a viver em

um mundo imaginário. Os esquizofrênicos escutam vozes, acreditam que os outros estão

controlando seu pensamento e agem como se fossem perseguidos o tempo inteiro.

Geralmente, este transtorno ocorre com pessoas que foram submetidas a uma

forte pressão ambiental ou psicológica.

Suicídio e homicídio

Geralmente as vítimas não conseguem suportar a

coação de outros indivíduos, entram em desespero e optam

por estas atitudes extremas como solução para o término

do sofrimento.

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É importante destacar que os transtornos e os problemas citados anteriormente,

apresentam traços genéticos, ou seja, podem ser herdados dos pais ou parentes mais

próximos, porém vale lembrar-se da grande influência do ambiente externo, onde as

crianças e os jovens podem sofrer pressões, estresse prolongado e passar a desenvolver

estes transtornos.

1.4. Como identificar o Bullying

Para que o bullying possa ser identificado é importante conhecer as diversas

formas que este comportamento se manifesta, podendo muitas vezes ocorrer de forma

direta ou indireta. É raro a vítima receber apenas um tipo de mau-trato, geralmente os

comportamentos desrespeitosos dos agressores costumam vir em bando.

Por exemplo, os pais notam que seu filho chegou da escola com um arranhão no

braço depois de brigar com um colega de

classe. Em princípio, não devem encarar o

ocorrido como um caso de bullying, visto que a

convivência entre as crianças está relacionada

aos conflitos, às vezes por causa de um

brinquedo ou de uma brincadeira, entre outros,

sendo assim, eles não devem interferir, pois as

crianças precisam aprender a resolver seus conflitos e ter limites.

No entanto, a vigilância deve ser constante, pois se os pais notarem que a criança

chega em casa constantemente machucada, as roupas ou o material escolar danificados,

ausência de apetite ou o comer exacerbado, desinteresse pela escola, isolamento,

insônia, entre outros, é importante ficar alerta, pois a criança pode estar sofrendo

bullying.

Além dos pais, os professores, os coordenadores e a direção da escola devem

ficar atentos para que este comportamento não aconteça dentro do ambiente escolar. O

bullying pode se expressar das mais variadas formas, como as listadas abaixo:

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Verbal

- Insultar

- Ofender

- Xingar

- Fazer gozações

- Colocar apelidos pejorativos

- Fazer piadas ofensivas

Físico e material

- Bater

- Chutar

- Espancar

- Empurrar

- Ferir

- Beliscar

- Roubar, furtar ou destruir os pertences da vítima

- Atirar objetos contra as vítimas

Psicológico e Moral

- Irritar

- Humilhar e ridicularizar

- Excluir

- Isolar

- Ignorar, desprezar ou fazer pouco caso

- Discriminar

- Aterrorizar e ameaçar

- Chantagear e intimidar

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Sexual

- Abusar

- Violentar

- Assediar

- Insinuar

Virtual

O fácil acesso à tecnologia avançada permite uma interação entre os indivíduos,

assim, surgem novas formas de bullying, utilizando celulares e internet com o objetivo

de divulgar calúnias, vídeos com agressões, entre outras. Este bullying é conhecido

como Ciberbullying que estudaremos detalhadamente no decorrer do nosso curso.

1.5. Os personagens do Bullying

Provavelmente você já deve ter assistido a um filme, a uma peça de teatro, a uma

novela ou até mesmo lido um livro, um jornal ou uma revista que continha cenas ou

episódios trágicos. Estes episódios são compostos por um vilão que sempre luta para

desmoralizar o mocinho.

Geralmente, estas lutas entre os personagens são extremamente desgastantes, os

espectadores se dividem entre os dois lados, uns se identificam mais com o vilão e

outros com o mocinho, enquanto o confronto ocorre uns ajudam, outros apenas

observam, o final é marcado com a vitória de um dos personagens.

Assim como as novelas, os filmes, as peças de teatro, os livros, os jornais e as

revistas, o bullying também é composto por personagens, porém diferentemente destes

episódios de ficção em que nós somos espectadores inativos e não podemos interferir no

combate, o bullying é um fator presente em nossa realidade e felizmente podemos lutar

para mudar o rumo desta história, antes que seja tarde e o vilão acabe com os nossos

mocinhos.

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Os personagens do bullying escolar

As vítimas

O dicionário define vítima como:

- Indivíduo contra quem se comete crime ou contravenção;

No bullying podemos classificar as vítimas da seguinte forma:

- Vítima típica

As vítimas típicas são os alunos pouco sociáveis, tímidos ou reservados e que na

maioria das vezes não conseguem reagir aos

comportamentos agressores dirigidos a eles.

Geralmente são mais frágeis fisicamente ou

apresentam, alguma característica que os destaca da

maioria dos alunos, por exemplo, são gordos demais,

altos ou baixos demais, usam óculos, apresenta sardas ou

manchas na pele, usam “roupas fora de moda”, são de

raça, credo, condição socioeconômica ou orientação

sexual diferente, ou possuem qualquer aspecto que fuja ao

padrão estabelecido pelo grupo agressor.

Por demonstrarem facilmente as suas inseguranças na forma de extrema

sensibilidade, submissão, baixa autoestima, dificuldades em se expressar, se impor ao

grupo acabam tornando-se alvos fáceis dos agressores.

- Vítima provocadora

As vítimas provocadoras são capazes de despertar em seus colegas reações

agressivas contra si mesmas, porém não conseguem responder aos revides de forma

satisfatória, geralmente, discutem ou brigam quando são atacadas ou insultadas.

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Geralmente, estas vítimas são crianças ou adolescentes hiperativos, impulsivos e

imaturos, que criam, sem intenção explícita, um ambiente tenso na escola, assim

chamam a atenção dos agressores que cometem as agressões, mas permanecem

impunes, uma vez que utilizam as vítimas provocadoras para escaparem da culpa.

- Vítima agressora

A vítima reproduz os maus tratos sofridos como

forma de compensação, ela procura outra vítima mais frágil

e vulnerável, assim comete todas as agressões sofridas.

Vale ressaltar que a vítima agressora pode ser de

ambos os sexos, desde muito cedo não respeita regras, é

popular na escola, é agressiva com os colegas, professores,

pais e normalmente, traz consigo um grupo de seguidores,

pois com o apoio de outras pessoas, aumenta suas ações e

sua busca por novas vítimas.

O comportamento dos agressores está associado à falta de empatia, muitas vezes

a falta de afetividade pode estar relacionada à forma com a qual estes jovens eram ou

são tratados em seus lares, neste caso, pode-se observar logo cedo as manifestações de

desrespeito, como maus-tratos a irmãos, colegas, empregados domésticos, funcionários

da escola e animais.

Os espectadores

São aqueles que apenas observam as ações dos agressores contra as vítimas e

não tomam nenhuma providência, não defendem o agredido, nem se juntam aos

agressores. Os espectadores podem ser divididos em três grupos distintos:

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- Espectadores passivos

Os alunos assumem esta postura por medo

absoluto de se tornarem a próxima vítima, eles não

concordam com as atitudes dos agressores, porém

não tomam qualquer atitude em defesa das vítimas,

há ainda, aqueles que quando presenciam cenas de

violência ou que trazem embaraços aos colegas,

estão propensos a sofrer as consequências psíquicas,

uma vez que suas estruturas psicológicas também

são frágeis.

- Espectadores ativos

São aqueles que não participam ativamente dos ataques

contra as vítimas, porém manifestam apoio moral aos

agressores. Também é possível encontrar entre estes

espectadores, os verdadeiros articuladores dos ataques, que na

maioria das vezes são os que tramam toda a agressão e depois

ficam apenas observando ou se divertindo com o sofrimento da

vítima.

- Espectadores neutros

São aqueles que não conseguem se sensibilizar com as situações de bullying,

devido estarem inseridos muitas vezes em lares desestruturados ou em comunidades

onde a violência é comum.

Vale ressaltar que grande parte dos espectadores omite quando presencia casos

de bullying, porém é importante salientar que a omissão alimenta a impunidade e

contribui para o crescimento da violência por parte de quem a prática.

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Como identificar os personagens de bullying

O psicólogo norueguês Dan Olweus (1978), da Universidade de Bergen, foi o

primeiro a relacionar a palavra bullying ao fenômeno, pois ao pesquisar as tendências

suicidas dos adolescentes, Olweus descobriu que a maioria destes jovens já havia

sofrido algum tipo de ameaça ou humilhação. Sendo assim, escreveu sobre a

importância da atenção dos pais e dos professores em relação ao comportamento das

crianças e dos adolescentes, a fim de identificar o papel que cada um deles

desempenharia em uma situação de bullying, uma vez que os personagens podem ser

vítimas, espectadores ou agressores que apresentam comportamentos típicos, tanto na

escola como em seus lares.

Abaixo você verá algumas dicas para identificar os personagens de bullying

extraídas do livro “Mentes perigosas nas escolas – Bullying” da autora Ana Beatriz

Barbosa Silva.

As vítimas

No ambiente escolar

� No recreio, encontram-se frequentemente isoladas do grupo ou perto de algum

adulto que possa protegê-las: professor, inspetor, cantineiro etc.

� Na sala de aula, apresentam postura retraída. Têm extrema dificuldade em

perguntar algo ao professor ou emitir sua opinião para os demais alunos. Deixam

explícitas suas inseguranças e ansiedades.

� Apresentam faltas frequentes às aulas, com o intuito de fugir das situações de

exposição, humilhação e/ou agressões psicológicas e físicas.

� Mostram-se comumente tristes, deprimidas ou aflitas.

.

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� Nos jogos ou atividades em grupo, sempre são as últimas a serem escolhidas.

� Aos poucos vão se desinteressando das atividades e tarefas escolares – isso

também inclui perdas constantes de seus pertences, especialmente materiais

didáticos.

� Ocasionalmente, nos casos mais dramáticos, apresentam hematomas

(contusões), arranhões, cortes, ferimentos, roupas rasgadas ou danificadas.

No ambiente doméstico (em casa)

� Frequentemente se queixam de dores de cabeça, enjoo, dor de estômago,

tonturas, vômitos, perde de apetite, insônia. Estes sintomas são mais intensos no

período que antecede o horário das vítimas entrarem na escola.

� Mudanças frequentes e intensas de estado de humor. Podem apresentar

explosões repentinas de irritação ou raiva.

� Geralmente não têm amigos ou bem poucos, que preferem não frequentar sua

casa ou compartilhar outras atividades livres. Essa situação fica evidenciada pela

escassez de telefonemas, e-mail, torpedos, convites

para festas, passeios, excursões, viagens com o

grupo escolar.

� Passam a gastar mais do que o habitual na

cantina da escola ou em compras com o

intuito de presentear os outros, tentativas de

agradar para evitar perseguições.

� Começam a apresentar diversas desculpas, inclusive sintomas de doenças físicas

(que podem de fato existir), com o intuito de faltar às aulas.

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� Apresentam-se irritadas, ansiosas, tristes ou deprimidas, sonolentas durante o dia

e com ar de infelicidade permanente; além disso, podem apresentar um aumento

ou uma redução acentuada do apetite.

� Tornam-se descuidadas com tudo que esteja relacionado aos afazeres escolares.

Os agressores

No ambiente escolar

� Começam com brincadeirinhas de mau gosto, que rapidamente evoluem para

gozações, risos provocativos, hostis e desdenhosos.

� Colocam apelidos pejorativos e ridicularizantes, com ar maldoso.

� Insultam, difamam, ameaçam, constrangem e menosprezam alguns alunos.

� Fazem ameaças diretas ou indiretas, dão ordens, dominam e subjugam seus

pares.

� Perturbam e intimidam, utilizando-se de empurrões, socos, pontapés, tapas,

beliscões, puxada de cabelos ou de roupas.

� Estão sempre se envolvendo, de forma direta ou velada, em desentendimentos e

discussões entre alunos, ou entre alunos e professores.

� Pegam materiais escolares, dinheiro, lanches e quaisquer pertences de outros

estudantes, sem consentimento ou até mesmo sob coação.

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No ambiente doméstico

� Apresentam habitualmente atitudes hostis, desafiadoras e agressivas com relação

aos pais, irmãos e empregados. Chegam a usar a tática de aterrorizá-los para

mostrar autoridades sobre eles.

� Não respeitam hierarquias, como a diferença de idade ou de força física entre

seus familiares.

� Mostram-se bastante hábeis em manipular as pessoas para se safar das confusões

em que se envolveram. Mentem sem qualquer constrangimento e de forma

convincente, quando questionados sobre suas atitudes hostis.

� Muitos adotam maneiras arrogantes de se vestir e se portar, o que lhes confere

superioridade perante familiares e colegas. Também é bastante comum voltarem

para casa com as roupas amarrotadas, o que demonstra envolvimentos em brigas

ou confrontos físicos.

� Aparecem com objetos que não possuíam ou dinheiro extra, sem darem qualquer

justificativa plausível para a origem dos mesmos.

� Muitos bullies se portam em casa como se nada de errado estivesse acontecendo,

além de contestarem todas as observações negativas que os pais recebem por

parte da escola, dos irmãos ou dos empregados domésticos.

Os espectadores

Os espectadores não possuem um comportamento marcante, fator que dificulta a

identificação dos mesmos.

Muitos se mantêm calados, outros chegam a comentar sobre os casos que sabem

ou presenciaram, porém quando são indagados, disfarçam e citam cenas de filmes,

novelas, seriados, histórias, entre outros.

23

1.6. Tipos de Agressão (física ou moral)

O dicionário define agressão como:

Ato ou efeito de agredir, acometer, atacar, injuriar ou insultar.

A agressividade é um potencial presente em todos nós, é extremamente

importante para a vida inteira, afinal é por meio dela que temos energia para acordar

cedo, ir à escola ou trabalho, passar o dia e estarmos dispostos à noite.

Quando analisada por este ponto de vista, ou seja, educada para a

autorrealização, é muito positiva, porém é prejudicial

quando utilizada como mecanismo de defesa.

Geralmente, a agressividade é utilizada como

mecanismo de defesa, por indivíduos que se sentem

acuados, impotentes, com dificuldades de se impor e

expressar aquilo que sentem, de forma que o outro o

entenda e respeite, podendo ser encarada também como

impulsos vindos do instinto de sobrevivência.

No entanto, o aumento de comportamento agressivo entre crianças e

adolescentes é um fato que vem preocupando pais, professores e todos aqueles que

lidam com os jovens de forma direta e indireta. As condutas agressivas têm se tornado

um padrão frequente no comportamento das crianças e dos jovens e quando persistem

com o tempo, podem agravar o problema na fase adulta.

Contudo, as condutas dos pais

podem influenciar o comportamento

agressivo. Por exemplo, ao rejeitar a

criança, deixando transparecer que ela não

é amada e que ninguém se importa com ela,

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ou ainda a falta de limites e pais permissivos demais. As escolas também podem

contribuir para os comportamentos agressivos quando estimulam rivalidades e a

competição que muitas vezes geram sentimentos de insegurança, ansiedade e

dificuldades de integração com o grupo.

Na adolescência o comportamento agressivo é mais comum, uma vez que neste

período ocorre a busca pela identidade, ou seja, a fase das descobertas, paixões,

emoções, inquietações, aventuras, entre outras.

A agressividade é uma maneira que o jovem encontra para se impor dentro de

sua família, no ciclo de amizades, e também na sociedade.

O Bullying e a agressividade (Moral e Física)

O bullying é um exemplo de agressividade negativa, uma vez que esta prática

pode causar danos intensos, a agressão pode ser moral que impera o individualismo, a

arrogância, o abuso de poder com a intenção de ofender, humilhar, constranger, excluir

e discriminar.

Vale ressaltar que a agressão moral causa danos irreparáveis à saúde da vítima

de agressão, uma vez submetida à humilhação, pode apresentar doenças originadas do

estresse causadas pelo sentimento de extremo sofrimento, impotência e incapacidade

diante do agressor.

Pesquisas já comprovaram que o estresse pode levar o ser humano a um estado

depressivo, de desequilíbrio emocional,

transtornos ansiosos, que podem desencadear a

origem de muitas doenças, como os transtornos

que vimos anteriormente.

Já a agressão física envolve chutes,

beliscos, tapas, socos, entre outros, que dentro

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do contexto escolar pode ser conhecida como bullying direto, em que o agressor

estabelece um contato a fim de agredir a vítima.

Ambas as agressões são graves e causam danos nocivos ao alvo de bullying. Por

ter consequências imediatas e facilmente visíveis, a violência física muitas vezes é

considerada mais grave que agressão moral.

A agressividade deve ser canalizada de forma positiva para que não cause danos

futuramente, por mais difícil que pareça, ainda podemos reverter esta situação a fim de

almejar um futuro melhor, repleto de gentilezas, empatia, solidariedade e respeito dentro

das relações humanas, por isto é importante exterminar a ignorância, a estupidez, a

maldade, a apatia e o desrespeito de dentro dos lares, das escolas e do meio social.

1.7. Diferença entre o bullying praticado por meninos e meninas

Os meninos e as meninas que se envolvem em comportamentos de bullying se

sentem poderosos e no controle. Eles parecem obter satisfação quando conseguem

causar a dor ou sofrimento em seus colegas, tanto física quanto emocionalmente,

apresentam pouca ou nenhuma simpatia e empatia pelos outros, sempre se defendem

quando são descobertos, colocando a culpa na vítima.

Geralmente, o bullying praticado por meninos é mais agressivo e perceptível,

visto que eles chutam, gritam, empurram e batem, totalmente diferente do universo

feminino, em que o bullying se apresenta mais retraído, se manifestando por meio de

fofocas, boatos, sussurros e exclusão.

As garotas agem desta forma, devido

ao padrão que lhes é imposto pela sociedade

de que devem ser sempre dóceis, boazinhas

e passivas, assim para demonstrar qualquer

sentimento contrário, elas utilizam meios

mais discretos, porém não menos

prejudiciais.

26

Pesquisas apontam as meninas como maiores vítimas do bullying, visto que

sofrem mais do que os meninos, além disso, os pesquisadores também verificam que

aquelas que são alvos de bullying aos seis anos têm mais chances de continuar sendo

agredidas aos dez, isto ocorre devido ao comportamento das mesmas que conversam e

estabelecem quem são as “líderes” e quem serão as vítimas.

Nesta fase, as crianças se separam, meninas andam com meninas e meninos

andam com meninos. Sendo assim, os alvos femininos costumam ser outras colegas,

diferentemente dos meninos que nesta fase estão mais voltados para brincadeiras

motoras.

Vale ressaltar que embora menos perceptível, o bullying feminino é tão

destrutivo quanto o masculino, ou até mais, visto que a autoestima da vítima é arruinada

sem que o problema seja discutido na escola ou em casa.

27

Unidade 2 – Os dilemas e rumos da juventude contemporânea

Nesta unidade você verá a importância da educação na juventude contemporânea

a fim de quebrar as barreiras predominantes do individualismo presentes em nossa

sociedade.

Verá também as influências da tecnologia, das amizades, da educação antiga na

educação atual, dos perigos acerca da juventude e a contribuição dos pais e dos

professores para que os jovens se tornem agentes sociais, capazes de identificar os

aspectos positivos e negativos dentro do contexto social.

Bom estudo.

28

2.1. A influência da educação na juventude contemporânea

Vivemos em uma era em que o individualismo é predominante, porém vale

ressaltar que quanto mais individualista a sociedade for em relação às crenças e aos

valores, mais importante se torna resgatar e preservar a consciência coletiva presente

nas sociedades pouco diferenciadas.

Quanto mais o individualismo cresce, mais a consciência coletiva diminui e sem

uma moral coletiva a sociedade não sobrevive.

Dentro de um contexto social em que o individualismo possibilitado pela

diferenciação social compete com a consciência coletiva própria a toda a vida social a

educação assume um significado de educação

moral em que os indivíduos devem ser

preparados para agir em sociedade.

Segundo o filósofo francês do século

XIX Émile Durkheim, os pais não devem

educar seus filhos como desejam, afinal

existem costumes e regras que devem ser transmitidos no processo educacional, pois se

os pais deixarem de educá-las mais tarde, a sociedade se vingará destas crianças, pois as

mesmas não se tornarão adultos capazes de conviver em meio a outros adultos.

É importante ressaltar que a cada período histórico existe um tipo adequado de

educação a ser transmitida, pois ideias educacionais muito ultrapassadas ou muito a

frente não são boas porque não permitem que o adolescente tenha uma vida normal e

harmonizada com seus contemporâneos.

29

Visto que existem diversas abordagens sobre a juventude moderna, a educação

deve ser apropriada segundo a realidade

de cada indivíduo.

Desta forma, no século XXI é

mais do que urgente os pais, os

educadores e a sociedade prepararem

nossas crianças para a vida social,

desenvolvendo a importância da

solidariedade, o valor da paz, da tolerância e o respeito ao próximo, visto que vivemos

em uma época em que a competitividade, o consumismo e a violência são

predominantes dentro do contexto escolar, levando nossos jovens a praticarem ou serem

vítimas de bullying.

2.2. Educação Antiga x Educação Atual

O início da educação foi marcado por diversos períodos que contribuíram para a

educação atual, sem analisar cada período é impossível entender os processos

educacionais contemporâneos.

Abaixo veremos os períodos históricos e como a educação ocorreu em cada um

deles:

Período Primitivo (8 a 10 mil anos atrás) – Nesta fase, a educação era voltada para a

sobrevivência do grupo e o desenvolvimento da cultura. Não existiam escolas, as tarefas

eram diferenciadas de acordo com o sexo, os meninos observavam e aprendiam a caçar,

a manusear armas e a cultivar a terra, já as meninas observavam e aprendiam com as

mães a cozinhar, tecer e cuidar das crianças.

30

Período Oriental (+/- 3000 anos a.C) – Esta fase é marcada pelo surgimento da

escrita. Nas civilizações orientais, a educação era tradicional dividida em classes

opondo cultura e o trabalho, também organizada em escolas fechadas e separadas para a

nobreza. As preocupações com a

educação apareceram nos livros

sagrados que ofereciam regras, ideais

de condutas e enquadramento das

pessoas nos rígidos sistemas religiosos.

Nesta época surgiu o dualismo

escolar, em que havia um tipo de

ensino para os filhos de nobres e outro para os filhos de funcionários, grande parte da

comunidade foi excluída da escola e restringida à educação familiar.

As escolas funcionavam como templos e algumas casas eram frequentadas por

pouco mais de vinte alunos. A aprendizagem ocorria por meio de transcrição de hinos,

livros sagrados, exortações morais e coerções físicas; ensinava-se também aritmética e

sistema de cálculos, problemas de geometria, conhecimentos de botânica, zoologia,

mineralogia e geografia.

Período Grego (+/- no século V a. C. ) – Nesta fase, as crianças viviam a primeira

infância em família, a educação era voltada para a formação integral do indivíduo, a

escola ainda permanecia elitizada, atendendo aos jovens de famílias tradicionais da

antiga nobreza ou dos comerciantes enriquecidos. A escola tinha mais formação

esportiva, sendo assim, o ensino das letras e dos cálculos demorou a se difundir.

Esparta e Atenas originaram dos ideais de educação, uma se baseou na Paideia

que tinha como objetivo educar o indivíduo para que este se tornasse homem e cidadão

e a educação para a outra, era voltada apenas para os homens livres que podiam se

dedicar à oratória, filosofia, literatura, desprezando o trabalho manual e comercial. A

educação ateniense também se destinava ao crescimento da personalidade e humanidade

do jovem.

31

Período Romano (+/- no século III a. C.) – Nesta fase não existia a

democratização, a educação tinha caráter prático, familiar e civil. O principal objetivo

desta educação era formar os guerreiros romanos, enquanto a educação feminina assim

como no período primitivo era voltada para a vida familiar. Com o passar do tempo,

Roma organizou suas escolas de acordo com o modelo das escolas gregas. Em princípio

estas escolas tinham como objetivo uma formação gramatical e retórica ligada à língua

grega. Somente um século mais tarde, fundaram a história de retórica latina, com o

reconhecimento total da literatura e cultura romana.

As escolas funcionavam em locais alugados ou nas casas dos ricos, as crianças

escreviam com estilete sobre tabulas de cera, passavam boa parte do tempo na escola

onde eram submetidas às rígidas disciplinas do magister que não excluía as punições

físicas.

Nesta época também existiam escolas para os grupos inferiores, embora menos

organizadas, eram voltadas para os ofícios e as práticas de aprendizado das diversas

artes, desde a agricultura até o artesanato de luxo.

Período Medieval (a partir do século X) –

Nesta fase, a educação estava associada à

religião, à fé e às instituições eclesiásticas, ou

seja, educar significava estabelecer práticas e

modelos que deveriam ser seguidos pelo

povo.

Foi neste período que a escola foi ampliada e

se criou a estrutura presente nos dias atuais: um professor que ensina vários alunos

dentro de uma sala.

A educação religiosa deu origem a diversos tipos de escola, entre elas:

Escolas paroquiais – A educação se limitava à formação de eclesiásticos e as aulas eram

ministradas por qualquer sacerdote encarregado de uma paróquia. O ensino era reduzido

aos salmos, às lições das Escrituras, segundo a educação cristã.

32

Escola Monástica – Inicialmente, esta educação era destinada aos monges, em regime

de internato. Mais tarde, estas escolas se tornaram externatos a fim de formar leigos

cultos (filhos dos Reis e os servidores também). O programa de ensino era voltado para

a leitura, a escrita, o conhecimento da bíblia e só depois foi complementado com o

latim, gramática, retórica e a dialética.

Escolas Palatinas – Teve como fundador Carlos Magno, juntamente com sua corte e seu

palácio. O ensino era voltado para a gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria,

astronomia, e, mais tarde, a medicina.

Escolas Catedrais – Se originaram a partir das Escolas Monásticas e eram mantidas por

benefícios para a remuneração dos mestres. O ensino era fundamentado em elementos

de cultura judaica, árabe e persa.

Universidades – As universidades nasceram das escolas existentes. Supõe-se que a

primeira tenha surgido na cidade italiana de Salerno. Nestas instituições, os mestres e

discípulos se dedicavam a ensinar algum ramo do saber, como medicina, direito e

teologia.

Período do Renascimento (século XIV) – Neste período, o homem estava mais

interessado pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela arte. A educação

era voltada para a matemática, que influenciava diretamente os projetos artísticos,

desenvolvendo novas técnicas de proporção e perspectiva. A pintura e a escultura

renascentista que pretendiam se aproximar ao máximo da realidade.

Período Moderno (século XV) – Nesta fase houve uma reorganização disciplinar da

escola e do controle de ensino, por meio da elaboração de métodos de ensino dos

jesuítas que fixavam um programa minucioso de estudo e de comportamento, o qual

tinha o centro a disciplina, o internato e as “classes de idade”, além da graduação do

ensino/aprendizagem.

33

A educação nos nossos dias

Educar tem sido um assunto muito abordado nas últimas décadas. A necessidade

de colocar limites é sempre muito questionada

tanto pelos filhos quanto pelos pais.

Muitas pessoas foram educadas com regras

severas e diversas proibições, geralmente nestes

casos a autoridade era misturada com o

autoritarismo, exigindo da criança e do adolescente

total submissão, uma criança boazinha era uma criança dentro das regras que jamais

questionaria algo, pois a liberdade de expressão era considerada desrespeito aos mais

velhos.

Este tipo de educação ainda presente em nossa sociedade é uma herança dos

nossos antepassados, em que o professor era visto como autoridade máxima e punia

todos aqueles que desobedecessem as regras. Esse modelo de educação trouxe e ainda

traz muitos problemas à sociedade, pois a criança reprimida de hoje se tornará o adulto

inseguro de amanhã.

Conforme vimos anteriormente, o filósofo Émile Durkheim defendia a educação

como um processo de socialização em que a criança e o jovem seriam educados a fim de

reconhecerem seus papéis como cidadãos dentro do meio social, porém com tantas

mudanças sociais, culturais, econômicas e políticas, a educação se transformou em um

processo um tanto quanto confuso.

Diante de novos valores e novas referências, muitos pais e educadores se sentem

completamente inseguros, pois tentam transmitir a mesma educação que receberam, mas

por estarmos em épocas diferentes, este processo acaba não saindo conforme o

esperado, resultando em professores autoritários, pais frustrados e crianças revoltadas

e/ou inseguras.

34

Tanto os pais quanto os educadores precisam estar cientes de que não devem

transmitir às crianças modelos de comportamentos ultrapassados que estiveram

diretamente ligados a momentos sociais vivenciados por esses, visto que a maioria

destes modelos não guarda mais qualquer relação com as experiências cotidianas atuais.

Seguindo estes parâmetros, o professor deve utilizar seus conhecimentos e os

métodos antigos a fim de construir juntamente com os alunos um modelo educativo que

possibilite o uso da tecnologia e técnicas didáticas mais dinâmicas que proporcionem

um aprendizado mais eficiente, o educador deve ter em mente que a verdadeira

educação só ocorre quando existe uma troca de conhecimentos entre professor-aluno.

Vale ressaltar: colocar limites é ensinar que existe frustração, apesar de

desagradável, faz parte do mundo real. O limite nos ajuda a nos conhecer melhor, o

respeito aumenta nossa consciência coletiva e a responsabilidade nos ensina que tudo

tem o seu preço, pois sempre estamos em relação de troca, colhendo aquilo que

plantamos.

Contudo, vivemos em tempos difíceis, em que a violência e a agressividade

infantojuvenil são crescentes e ameaçam a todos nós. Precisamos mudar nossa realidade

e o papel dos pais, dos professores e da sociedade é auxiliar e conduzir as novas

gerações na construção futura de uma humanidade mais atenta, mais justa e menos

violenta. Só assim será possível promover um projeto educativo visando à tolerância, o

respeito e o valor da paz.

2.3. A influência da tecnologia

A tecnologia está cada vez mais presente na juventude moderna, seja como meio

de comunicação, seja como forma de diversão ou suporte para os estudos.

O sociólogo americano Donald Levine, na introdução de seu livro “Visões da

tradição sociológica”, publicado no Brasil em 1997, se refere à vida cotidiana de hoje da

seguinte forma:

35

“ cada vez mais, a experiência chega em pequenos fragmentos.

Vídeos despejam imagens; telespectadores pulam de canal em

canal. As sinfonias tornam-se temas empacotados. A arte se

transforma em colagens de ingredientes. Turistas compram

cópias de partes de monumentos. As teorias estéticas dissolvem

textos em amontoados de frases e palavras. Os computadores

calculam em bytes, os políticos em pequenas e sólidas mordidas.

A comida vem em rações processadas em microondas, fornecida

através de janelas em mostradores automatizados. Especialistas

tratam pequenas partes de doenças localizadas em corpos-

mentes como um todo... Os estudantes da geração MTV

mostram uma capacidade notoriamente decrescente para

acompanhar ou formular uma argumentação sistemática e

evidenciam uma cegueira para a história que não é apenas

ignorância do passado, mas a perda total de um senso de

conexão histórica.(LEVINE:1997; p.19)”

As brincadeiras consideradas do passado, como soltar pipa, jogar bola, brincar

de bonecas, esconde-esconde, pular corda, entre outras, estão sendo substituídas pelo

computador.

Com o avanço tecnológico, os jovens quase não saem de casa e restringem suas

diversões e atividades ao computador através das redes sociais, como Instagram,

Twitter, Facebook etc., fator que prejudica a ortografia e a gramática de muitos jovens,

pois o uso destas redes sociais gera diversos vícios na

escrita, de modo que os estudantes deixam de escrever

de acordo com a norma culta e passam a utilizar o

internetês (simplificação ou abreviação da grafia e uso

de símbolos que proporcionam maior liberdade da fala

à escrita no mundo virtual).

Além do computador, a era tecnológica

36

também trouxe o celular, o aparelho que deveria ser utilizado em casos de necessidade

ou para que os pais e filhos pudessem ser localizados, hoje em dia se transformou em

um modismo, em que as crianças e os adolescentes acompanham a tecnologia e

adquirem determinado aparelho que detém diversos recursos disponíveis apenas para

competir dentro do círculo de amizades, muitas vezes é notável que o uso do celular

pelos jovens é uma condição para serem aceitos ou pertencerem a um determinado

grupo ou sociedade.

A mídia é a maior divulgadora da tecnologia, visto que

oferece os mais variados tipos de produtos tornando a

população cada vez mais consumista e competitiva.

A rotina de muitas crianças e adolescentes mudou

conforme citamos anteriormente. Grande parte do tempo de

nossos jovens é destinado ao computador ou à televisão, ou

seja, uma diversão extremamente sedentária, uma vez que não

exige qualquer esforço físico para queimar as calorias resultantes de uma má

alimentação, como biscoitos recheados, salgadinhos, lanches, batata-frita, sorvetes,

refrigerantes, doces, entre outros alimentos que contribuem para o aumento da

obesidade, fator muito presente nos jovens da nova era. Muitas crianças utilizam o

computador para jogos eletrônicos, geralmente os jogos mais procurados são os

agressivos que tenham armas, sangue, lutas, roubos etc.

Os pais devem fiscalizar o uso do computador, garantindo que as crianças e os

jovens o utilizem de forma sadia e não para promover a violência como o Ciberbullying

– que estudaremos em unidades futuras. Além disso, os mesmos devem incentivar os

filhos a praticar atividades físicas, a fim de criá-los com hábitos saudáveis e prevenindo

quanto às consequências que uma vida sedentária pode causar.

A tecnologia deve ser utilizada de forma que promova o bem estar social dentro

do contexto escolar, mas para este fim é necessário que a escola mantenha os princípios

universais que regem a busca do processo de humanização.

37

Atualmente, as novas tecnologias são consideradas ferramentas essenciais e

indispensáveis para a educação, e assim ganham espaço efetivo dentro das salas de aula,

vale ressaltar que se bem utilizadas, as tecnologias podem facilitar o aprendizado.

No entanto, apesar de muitas escolas possuírem as novas tecnologias, as mesmas

não são utilizadas como deveriam, pois muitas vezes permanecem trancadas em salas

isoladas e longe do manuseio de alunos e professores, há outros casos em que o

educador não sabe como utilizá-las dentro de sua disciplina, desta forma, a escola deve

oferecer subsídios para que o professor aprenda a usá-las. Caso a instituição não

disponibilize este recurso, o educador deve pesquisar e aprender por si próprio a utilizar

os recursos tecnológicos.

Conforme citado anteriormente, vivemos em uma era globalizada em que os

avanços tecnológicos estão presentes transformando o nosso dia a dia, sendo assim, se

quisermos nos sentir integrantes da sociedade e educar nossas crianças para que possam

se tornar cidadãos conscientes dos seus papéis sociais, devemos estar atentos e assumir

a responsabilidade de usar as novas tecnologias a fim de promover o bem estar social.

2.4. A influência das amizades

“Diga-me com quem andas que direi quem és.” Com certeza você já deve ter

escutado este ditado popular que faz referência ao círculo de amizades; afinal, por meio

dos amigos e das companhias que escolhemos muito se pode dizer sobre nós.

Isso acontece devido a grande parte de nossos valores, ideias, opiniões e atitudes

serem influenciadas pelas pessoas que nos cercam e pelos grupos que fazemos parte.

38

Ao observar a juventude contemporânea, nota-se que o dia a dia dos jovens

reflete a cultura da sociedade que estes fazem

parte.

Conforme abordado anteriormente, a

sociedade passa por processos de mudanças a

todo instante, desta forma, o comportamento

egocêntrico, transgressivo e repleto de

características infantis é reflexo do contexto social que estão inseridos, geralmente este

tipo de comportamento é caracterizado por uma busca contínua e desenfreada de

compensações e gratificações imediatas.

Há ainda aqueles em que a adolescência se estende, incluindo pessoas entre 15 e

30 anos que apresentam mentalidade e comportamento de acordo com a idade, tal

comportamento está relacionado a aspectos hedonistas, que visam o prazer individual e

imediato, narcisistas e que se opõem ao universo adulto, em que obrigações, deveres e

responsabilidades se harmonizam com os direitos individuais e coletivos.

No entanto, quando se trata de relações interpessoais, a juventude atual apresenta

aspectos que devem ser observados com mais atenção, por exemplo, o poder da

influência dos amigos e dos grupos de amigos, fator que não era tão presente em

gerações anteriores, representando um desafio para todos que estão envolvidos no

processo de educação desses jovens.

É importante que tanto os educadores quanto os pais estejam aptos para entender

quais os motivos que levaram à formação destes

grupos de amigos e também os caminhos que

poderosamente influenciam a mente e o

comportamento dos adolescentes.

Vale ressaltar que cada grupo possui seus

“rivais” que podem influenciar de forma positiva ou

negativa toda a estrutura emocional. Sendo assim, é imprescindível ter flexibilidade e

39

humildade para compreender como funcionam os jovens, como pensam, que tipo de

linguagem utilizam, como se vestem, as músicas que costumam ouvir e qual ideologia

seguem, pois só assim, pode-se interferir na educação com objetivos nesta influência

que rege o comportamento dos adolescentes.

Outro fator a considerar, é a existência de outros rivais que disputam com pais e

professores a liderança educacional, como a cultura televisiva, propaganda, internet,

música, consumo, drogas, entre outros que possam expressar a cultura juvenil.

Contudo, os pais, os professores e todos aqueles que tenham interesse na

juventude atual devem entender e aceitar estes processos que influenciam o

comportamento da juventude, provocando conflitos entre as gerações diferentes, pois

negar este fato é como negar as verdades, é descartar as soluções possíveis aos desafios

impostos pela vida.

2.5. Os perigos na juventude

Pode-se afirmar que a adolescência é uma fase complexa e turbulenta, repleta de

incertezas, inseguranças, mudanças de conceitos, físicas, mentais e muitas vezes sociais,

além das cobranças familiares e do meio social.

Em alguns momentos, a falta de um diálogo familiar e de apoio pode acarretar

dificuldades neste período.

O descobrimento do próprio corpo pode

exemplificar a abertura para as relações no mundo,

assim, a instabilidade nesta fase, é a maneira que os

jovens encontram para tentar se adaptar ao fato de

não serem mais crianças e nem adultos. Diante de um

corpo em transformação, sentem a necessidade de

construir uma nova identidade e afirmar seu lugar no

mundo. Vale ressaltar que por trás de diversas

40

manifestações de rebeldia ou isolamento, há inúmeros processos psicológicos para

organizar milhões de sensações e sentimentos, desta forma, a adolescência pode ser

classificada como um renascimento marcado pelas vivências da infância.

Nesta fase da puberdade, o adolescente tem a necessidade de buscar referências

fora de casa para se formar como sujeito, valorizando cada vez mais os amigos, pois é

por meio deles que o jovem exercita papéis sociais, se identifica com comportamentos e

busca segurança para lutar contra a angústia da solidão bastante presente nesta fase.

Por não conseguir separar os próprios desejos da reflexão sobre os mesmos, os

jovens que ainda não têm experiências para controlar suas vontades, muitas vezes agem

sem pensar e só refletem sobre o que fizeram depois do fato, isto ocorre por acreditarem

que nada irá acontecer a eles.

No entanto, tudo não passa de uma grande ilusão, pois esses fatores quando

somados contribuem para o aumento dos casos de gravidez e o contágio por doenças

sexualmente transmissíveis, o jovem deve ser

alertado que todas as suas ações terão

consequências. Em se tratando de relações

sexuais, vale salientar que o prazer abrange ser

responsável com o próprio corpo e com o do(a)

parceiro(a).

Outro fator importante a ser considerado é

a rebeldia. Os adolescentes são rebeldes e quando

não gostam ou são impedidos de fazer algo, eles rebatem, contestam e até gritam para

defender suas opiniões se tornando agressivos.

Conforme vimos anteriormente, a agressividade faz parte da juventude, uma fase

de descobertas dos impulsos violentos, porém é importante que os pais e os professores

estejam atentos, pois a agressão pode ultrapassar os atos de humilhar, xingar e partir

para discussões e brigas, envolvendo a violência física.

41

A adolescência também é a fase em que a curiosidade é mais aguçada, o jovem

tem a necessidade de saber, conhecer e experimentar tudo.

Segundo um levantamento do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas

Psicotrópicas (CEBRID) feito com estudantes de escolas públicas com idade entre 10 e

18 anos, 65,2% dos entrevistados já experimentaram bebida alcoólica; outros 5,9%

fumaram maconha e 15,5% usaram solventes de acetona a lança-perfume.

Infelizmente, estes números revelam que as drogas fazem parte do mundo dos

jovens e na maioria dos casos, eles têm acesso na escola e não se pode ignorar este fato,

fingir que o assunto não existe, em casos assim é necessário saber como agir.

Pesquisas recentes têm mostrado que simplesmente repreender não costuma

gerar bons resultados. Os pais e os professores devem procurar entender a relação dos

jovens com as drogas e por que o contato com essas substâncias se intensifica na

adolescência, para a partir daí tomarem as providências necessárias, uma vez que esses

ao saberem do envolvimento dos jovens com as drogas não consideram que tal

comportamento pode ser por uso esporádico (experimentação que acontece uma ou

poucas vezes); o abuso (uso ocasional, mas excessivo) e o vício (marcado pelo uso

constante, porém é menos comum entre os jovens).

A escola não deve fazer interferências baseadas apenas na criminalização, como

palestras realizadas por agentes de segurança, pois geralmente estas têm pouca eficácia

na redução do consumo. É necessário proporcionar aos jovens um ambiente em que

estes possam expressar suas opiniões e não apenas receber restrições. Os pais precisam

dar mais atenção a seus filhos, interessando-se por seus amigos, pelas atividades

escolares, a fim de manter um diálogo aberto e de mostrar aos jovens que eles são

capazes de encontrar opções que proporcionem prazer imediato e não ameacem suas

vidas.

42

2.6. A educação e o jovem do futuro

Vivemos em uma era em que o

predomínio dos avanços tecnológicos funciona

como objeto de sedução para os jovens.

Podemos citar como exemplo, o computador

que desde sua existência ainda não representa

ganhos para os processos de aprendizagem no contexto escolar, a tecnologia usada de

forma inadequada só contribui para o empobrecimento da mente dos nossos jovens.

Antigamente a vida dos jovens era marcada pelos livros. O aluno aprendia a

analisar o livro, os estudantes eram mais dispostos, por mais que a disciplina não fosse

tão encantadora, se tornava um desafio prazeroso, pois os mesmos tinham vontade de

aprender.

Todavia, este contato com o livro foi se perdendo no decorrer dos anos, e hoje

foi praticamente substituído pela internet, pois qualquer pesquisa que o professor peça

aos seus alunos, os mesmos recorrerão a esse mecanismo, pesquisarão nas diversas

páginas disponíveis, escolherão a que mais parecer interessante, ou seja, a que mais se

adequar ao pedido do mestre e em

seguida passarão pelo processo de copiar

e colar. Despejarão todo o conteúdo em

um documento próprio para o texto e

depois imprimirão o trabalho. Com a

internet não é necessário ler o que

“escreveu”.

A internet é apenas um exemplo

dos efeitos que a tecnologia pode ter nas relações do processo de ensino.

Vale ressaltar que este fenômeno da informatização do ensino é presente em

todo o planeta como um reflexo do ambiente de comunicações instantâneas que oferece

uma quantidade infindável de informatização.

43

Desta forma, muito se tem discutido a respeito dos planos de restringir ao

máximo a tecnologia dos processos pedagógicos. No entanto, muitos pesquisadores

defendem a utilização da internet desde que não seja usada como fim e não sirva apenas

para motivar os alunos, mas sim, para desenvolver uma consciência crítica em relação

aos meios tecnológicos.

Outro fator que se deve estar atento é em relação ao consumo de drogas, visto

que atualmente, este é um dos motivos principais que tem levado o jovem à destruição.

A dependência química leva o mesmo a roubar, matar e também ao suicídio. O vício do

jovem gera mais sofrimento para sua família, pois ameaça os laços de convivência.

As diversas campanhas contra o uso de drogas e exibição na televisão por meio

de filmes, novelas, seriados etc., a fim de mostrar o efeito devastador que elas têm, não

são suficientes para erradicar este mal do mundo.

Pesquisas mostram que cada vez mais os jovens dizem “sim” para o consumo de

drogas, estes têm consciência de que as mesmas

podem se tornar um problema sério, mas isto não é o

suficiente para mantê-los distantes.

Conforme vimos anteriormente, há diversos

fatores que levam os jovens ao consumo de drogas,

entre eles a curiosidade, o desejo de ser aceito e se

integrar em algum grupo, timidez, ansiedade,

insegurança, problemas familiares etc.

Outro fator que ameaça o futuro do jovem está relacionado ao mercado de

trabalho, uma vez que os avanços tecnológicos tendem a romper com os cargos de

atividades repetitivas, burocráticas e com os empregos de níveis médios.

Recentemente, uma pesquisa revelou que 18% dos jovens brasileiros desejam

trabalhar e se formar em uma profissão. O tão sonhado sucesso profissional na carreira

44

ou apenas o desejo de ter a carteira assinada ocupam o segundo lugar dos maiores

sonhos dos brasileiros entre 16 e 25 anos, com 15% das respostas.

É importante salientar que tais aspirações podem gerar algumas dificuldades

relacionadas ao dia a dia, uma vez que é necessário um planejamento para concretizar

suas conquistas.

Conforme abordado em tópicos anteriores, os jovens não costumam refletir da

mesma forma que os adultos; sendo assim, eles são tomados pela ansiedade e quase

sempre não conseguem dar atenção a nada, devido ao ritmo acelerado de suas vidas,

tornando-se mais vulneráveis em relação à realidade.

Os adolescentes têm acesso a uma gama grande de tecnologia da informação

que, ao mesmo tempo em que traz benefícios, gera malefícios, pois ferramentas mais

rápidas e mais portáteis à capacidade de ter interpretação não aumenta, fator que

contribui para que os jovens não se tornem cidadãos críticos.

Pode-se afirmar que a dificuldade de ingressar no mercado de trabalho está

associada à má qualidade de ensino, uma vez que a educação não tem preparado nossos

jovens para a ação social.

Neste tópico abordamos alguns fatores principais presentes na sociedade atual e

que tendem a crescer futuramente, o uso inadequado da internet, o consumo de drogas e

a dificuldade de ingressar no mercado de trabalho.

A educação é o único meio para

resolver esta problemática. Claro que ela não

acabará com as drogas, nem com os avanços

tecnológicos e muito menos com a escassez de

profissionais qualificados, mas treinará nossos

jovens, a fim de que os mesmos aprendam a

conviver e fazer as melhores escolhas diante

destes aspectos.

45

Há muitos anos já se falava a respeito de uma educação libertadora que

contribuísse para formar a consciência crítica e a estimular a participação do jovem nos

processos culturais, sociais, políticos e econômicos.

Segundo o educador e filósofo Paulo Freire, em seu livro “Conscientização:

Teoria e Prática da Libertação”, a educação deve ser libertadora a fim de aproximar o

indivíduo da sua realidade para que este possa a transformar em seu favor.

Ensinar e aprender são aspectos fundamentais para a sobrevivência, pois

indivíduos sem educação tornam-se inviáveis, além disso, contribuem com o processo

de formação de membros adequados para desempenhar um papel dentro do contexto

social, possibilitando a convivência pacífica entre os indivíduos.

A educação ainda pode ser a chave para uma vida melhor, no entanto, para este

fim talvez seja necessário haver uma mudança radical na sociedade, a fim de preparar o

indivíduo para o mundo.

Desta forma, os educadores precisam promover uma educação em que seus

alunos tenham flexibilidade suficiente para atuar em sociedade, diante de um

conhecimento intenso e em constante mudança, os professores teriam o papel de

orientadores, oferecendo apoio especializado aos alunos, assim estes teriam

independência para aprender sobre as questões da vida real, julgando o que é bom, o

que é mau, o que podem e o que não podem fazer.

É importante salientar que o processo educacional não depende apenas do

professor, os pais são peças fundamentais, pois por meio do diálogo, amor e atenção

podem contribuir para que a educação deixe de ser um processo de alienação em que o

indivíduo aceita tudo o que lhe é imposto pelo meio social, para se tornar um indivíduo

crítico; juntamente com professores, os pais podem transformar os jovens em agentes

sociais capazes de identificar os aspectos positivos e negativos acerca da sociedade.

46

Disponibilizamos um teste extraído da revista “Veja edição especial – Jovens”,

destinado aos pais a fim de que estes descubram se estão atentos em relação aos seus

filhos:

O que você sabe sobre seu filho?

Muitas vezes os pais são os últimos a saberem dos problemas dos filhos. Confira

se você conhece bem seu filho e se está em condições de perceber se ele precisa de

ajuda.

1. Você conhece o melhor amigo de seu filho?

( ) sim

( ) não

2. Sabe qual é a coisa que ele mais teme?

( ) sim

( ) não

3. Conhece o seu programa de TV favorito?

( ) sim

( ) não

4. Sabe se ele gosta mais de matemática do que geografia?

( ) sim

( ) não

5. Saberia dizer qual a cor que ele gostaria de ter nas paredes do quarto?

( ) sim

( )não

6. Conhece qual é o herói de seu filho?

( ) sim

( ) não

47

7. Sabe se ele se sente querido pelos amigos na escola?

( ) sim

( ) não

8. Saberia dizer o que ele mais gostaria de fazer nas próximas férias?

( ) sim

( ) não

9. Sabe qual é o objeto pessoal a que ele dá mais valor?

( ) sim

( ) não

10. Saberia dizer qual a comida que ele mais gosta? E a que mais detesta?

( ) sim

( ) não

11. Sabe o que seu filho considera ser seu maior talento ou habilidade específica?

( ) sim

( ) não

12. Conhece qual é o aspecto ou detalhe da aparência de seu filho que ele menos

gosta?

( ) sim

( ) não

13. Sabe o que ele deseja para si mesmo profissionalmente?

( ) sim

( ) não

14. Conhece qual dos afazeres ou tarefas domésticas ele menos aprecia?

( ) sim

( ) não

48

15. Sabe de qual acontecimento, momento ou ocasião familiar ele mais gosta?

( ) sim

( ) não

16. Conhece os apelidos que os outros adolescentes dão ao seu filho?

( ) sim

( ) não

17. Conhece os efeitos ou realizações de que seu filho mais se orgulha?

( ) sim

( ) não

18. Sabe qual a maior queixa ou reclamação que seu filho tem da família?

( ) sim

( ) não

19. Conhece seu estilo favorito de música?

( ) sim

( ) não

20. Sabe quais esportes ele tem mais prazer em praticar?

( ) sim

( ) não

21. Sabe qual seu estilo ou tipo de roupa favorito?

( ) sim

( ) não

22. Sabe o que seu filho gostaria de modificar nele mesmo?

( ) sim

( ) não

49

23. Saberia dizer qual a situação que o deixa mais embaraçado?

( ) sim

( ) não

24. Conhece a pessoa, fora do âmbito familiar, que mais influenciou ou tem

influenciado seu filho?

( ) sim

( ) não

Resultados

Se você respondeu NÃO para:

� Até 5 perguntas: você conversa bastante com o seu filho e o conhece bem.

� Até 8 perguntas: você o conhece razoavelmente bem, mas pode conhecer

melhor.

� Mais de 8 perguntas: você precisa estar mais atento ao seu filho e passar

mais tempo com ele.

50

Conclusão do Módulo I

Parabéns por ter chegado até aqui!

Esperamos que tenha compreendido o fenômeno bullying, as formas que este

problema se manifesta, os tipos de agressão, como identificá-lo e os personagens; a

importância da educação na juventude moderna, a influência da tecnologia, dos amigos;

os perigos que cercam nossa juventude e como será a educação no futuro.

No próximo módulo estudaremos as diferentes faces e ambientes do bullying,

como combater este tipo de violência, você também aprenderá a montar uma aula e um

projeto antibullying.

Para dar continuidade ao seu curso, faça a avaliação referente ao Módulo I em

seguida você terá acesso ao material do Módulo II.

Boa sorte!