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A UTILIZAÇÃO DO MERCADO ACIONÁRIO NA PREVISÃO DA TRAJETÓRIA DA TAXA DE CÂMBIO: UM ESTUDO SOBRE A DESVALORIZAÇÃO DO REAL EM JANEIRO DE 1999. MARCOS VINíCIUS DA SILVA ROCHA UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto COPPEAD de Administração Dissertação de Mestrado Orientador: Prof. Ricardo Pereira Câmara Leal D.Se. em Administração de Empresas Rio de Janeiro 2002

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A UTILIZAÇÃO DO MERCADO ACIONÁRIO NA PREVISÃO DA

TRAJETÓRIA DA TAXA DE CÂMBIO: UM ESTUDO SOBRE A

DESVALORIZAÇÃO DO REAL EM JANEIRO DE 1999.

MARCOS VINíCIUS DA SILVA ROCHA

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto COPPEAD de Administração

Dissertação de Mestrado

Orientador: Prof. Ricardo Pereira Câmara Leal

D.Se. em Administração de Empresas

Rio de Janeiro

2002

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FOLHA DE APROVAÇÃO

A UTILIZAÇÃO DO MERCADO ACIONÁRIO NA PREVISÃO DA

TRAJETÓRIA DA TAXA DE CÂMBIO: UM ESTUDO SOBRE A

DESVALORIZAÇÃO DO REAL EM JANEIRO DE 1999.

MARCOS VINíCIUS DA SILVA ROCHA

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto COPPEAD de

Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre.

Aprovada por:

Prof. Dr. Ri ardo Pereira Câmara Leal (COPPEAD/UFRJ) - Orientador

Prof. Dr. Roberto Moreno Moreira (IAG/PUC-RIO)

Rio de Janeiro

2002

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Rocha, Marcos Vinícius da Silva

A utilização do mercado acionário na previsão da trajetória da taxa de

câmbio: um estudo sobre a desvalorização do real em janeiro de 1999.

viii,64.

Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal do

Rio de Janeiro - UFRJ, Instituto COPPEAD de Administração, 2002.

Orientador: Ricardo Pereira Câmara Leal

1. Finanças. 2. Mercado de Capitais. 3. Administração - Teses. I. Leal,

Ricardo Pereira Câmara (Orient.). 11. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Instituto COPPEAD de Administração. "I. Título.

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RESUMO

ROCHA, Marcos Vinicius da Silva. A utilizacão do mercado acionário na

previsão da trajetória da taxa de câmbio: um estudo sobre a desvalorização

do real em janeiro de 1999. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2002.

Dissertação (Mestrado em Administração).

O impacto que a taxa de câmbio vem exercendo atualmente sobre a

economia supera em muito seus congêneres taxa de juros e de inflação,

portanto, estimar com o menor erro possível, sua trajetória futura tomou-se

crucial para o mundo dos negócios. Esta dissertação utiliza-se do mercado

acionário e de suas expectativas para tentar prever aquela trajetória, partindo

da suposição de que as empresas, por possuírem diferentes exposições

cambiais, reagiriam de diferentes formas a uma desvalorização da moeda.

Além disso, através do estudo do evento da desvalorização do Real ocorrida

em janeiro de 1999, buscamos, implicitamente, avaliar a eficiência do

mercado acionário brasileiro e seu caráter de indicador antecedente.

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ABSTRACT

ROCHA, Marcos Vinícius da Silva. A utilizacão do mercado acionário

na previsão da trajetória da taxa de câmbio: um estudo sobre a

desvalorização do real em janeiro de 1999. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD,

2002. Dissertação (Mestrado em Administração).

The impact that the exchange rate has been currently exercising ov~r

the economy surpasses those of the interest rate and of inflation. Thus, to

estimate its future path as accurately as possible becomes crucial to the

business world.

This thesis uses stock market expectations to predict this path,

assuming that firms with different exchange rate exposures will react differently

to currency devaluation.

Besides, by studying the Real devaluation that occurred in January

1999, we attempt to evaluate the Brazilian stock market's efficiency and its role

as a leading indicator.

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1

2 - JUSTIFICATIVAS E MOTIVAÇÕES DO ESTUDO ........................................ 4

3 - REVISÃO DE LlTERATURA. ......................................................................... 8

3.1 - O artigo referencial .......................................................................... 8

3.2 - Os artigos complementares ........................................................... 12

3.3 - Conclusões .................................................................................... 23

4 - METODOLOGIA .......................................................................................... 25

4.1 - Perguntas a serem respondidas ................................................ .26

4.2 - Coleta de dados e período da amostra ....................................... 26

4.3 - A sensibilidade cambial dos preços das ações ........................ 27

4.4 - O evento e as características das empresas ............................. 31

4.5 - Construindo carteiras .................................................................. 38

4.6 - Retornos Anormais das Carteiras .............................................. 39

4.7 - A medida do mercado acionário como uma "sombra" da taxa de

câmbio ............................................................................................................... 41

4.8 - Estimando a Elasticidade da Taxa de Câmbio .............................. 44

4.9 - Criando a Cotação-Sombra da Moeda ...................................... .46

5 - CONCLUSÃO .............................................................................................. 49

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFiCAS ............................................................ 51

7 - ANEXOS ...................................................................................................... 54

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, à minha esposa e ao meu filho

que está chegando e aos que virão.

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AGRADECIMENTOS

Muitas foram as pessoas que contribuíram para que eu pudesse concluir

esta dissertação. Na área de apoio operacional, sou imensamente agradecido

a todos colaboradores do COPPEAD, em especial aos da Biblioteca e da

Seção Acadêmica. No campo financeiro, agradeço ao Governo do meu país

que através do CNPQ, propiciou-me uma bolsa de estudos enquanto estava

apenas a pesquisar. Eu agradeço também a todos os professores pelas

explicações, transmissões de conhecimento e tempo destinado a minha

formação. Em especial, eu agradeço ao Professor Ricardo Leal pelas

indicações bibliográficas precisas e preciosas; pela paciência demonstrada em

períodos de ausência e pela orientação direta e produtiva na realização desta

dissertação.

No campo pessoal eu agradeço aos meus pais por terem me ensinado a

ser obstinado e honesto. À minha esposa, eu agradeço pela compreensão do

tempo destinado ao estudo em detrimento do tempo devido a nossa família. A

ela também eu devo agradecer pela capacidade de me estimular quando

surgiram obstáculos. Por fim agradeço a admiração que minha esposa têm

pelo que faço que foi sem dúvida meu maior estímulo na realização deste

trabalho.

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1 – INTRODUÇÃO

A crise cambial mais séria sofrida pelo Real, que teve seu ápice no dia 13

de janeiro de 1999 quando o Banco Central do Brasil teve que abandonar o

sistema de bandas cambiais, em vigência desde a implantação do Plano Real,

e deixar a moeda brasileira flutuar, foi uma entre tantas crises cambiais ocorridas

nos anos noventa. Estas crises ocorreram, em sua maioria, pela incapacidade de

se manter um sistema de câmbio fixo ou semifixo (administrado) em países

emergentes. Segundo Calvo e Reinhart (2000), estes países, apesar de muito

diferentes entre si, tiveram a mesma relutância em abandonar um sistema

cambial fixo. Além disso, Stanley Fischer citou em discurso no FMI que sistemas

cambiais fixos não são viáveis no longo prazo em países emergentes, entre

outras razões, por que são usados como âncora de programas antiinflacionários.

Muito se tem ouvido falar sobre estas crises e mais ainda sobre possíveis

formas de prevê-las com certa antecedência e grau de magnitude. Estes modelos

se dividem entre aqueles que utilizam a análise das variáveis macroeconômicas

como indicadores antecedentes , tais como os preconizados nos estudos de

autores como Berg e Patillo (1998), Frankel e Rose (1996) e Kaminsky, Lizondo e

Reinhart (1998) e aqueles que buscam antecipar crises cambiais por meio da

análise dos preços dos ativos financeiros.

Grande parte dos livros-texto de finanças e economia traz uma série

destes modelos com graus variáveis de subjetividade. Um traço comum destes

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modelos é que eles trazem em si o desejo de reestabelecer um mundo cambial

previsível e estável, que ficou muito distante após a flutuação das moedas se

tornar a regra do jogo. Pouco comum, no entanto, é encontrarmos estudos que

utilizem dados do mercado acionário na antecipação de crises cambiais.

A suposição em que se baseia este tipo de estudo é a de que uma

eventual desvalorização da moeda afetará de diferentes formas os diferentes

segmentos da economia e, dentro destes, as empresas que possuem diferentes

formas de atuação operacional. Sendo assim, através do caráter de indicador

antecedente do mercado acionário, podemos inferir as expectativas dos

investidores em relação a uma desvalorização da moeda.

O estudo realizado por Becker, Gelos & Richards (2000), daqui por diante

BGR, que utilizou os dados do mercado acionário mexicano, ex-post, para

avaliar as expectativas dos investidores quanto a uma possível desvalorização do

peso, é uma das raras exceções. As premissas básicas do modelo por eles

utilizado são:

• a eficiência do mercado acionário em incorporar em seus preços as

expectativas do mercado;

• a existência de empresas com distintas exposições cambiais que

seriam afetadas de formas diferentes por uma desvalorização cambial;

• a possibilidade de identificar e classificar estas empresas;

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• a existência de dados freqüentes e confiáveis;

• a possibilidade de se controlar ou, pelo menos, minimizar o efeito de

outros fatores, além do câmbio, que influenciariam o preço das ações.

Este estudo explorará o comportamento de diferentes ações que compõem

o IBOVESPA, durante o período 1997/99, na tentativa de responder as seguintes

questões: o impacto das mudanças nas expectativas em relação à

desvalorização do real sobre o valor das empresas, relacionou-se a

características como grau de exportação e de importação (exposição operacional)

e do percentual de endividamento em moeda estrangeira em relação à receita

operacional líquida (exposição transacional)? O mercado acionário emitiu sinais

antecedentes significativos em relação à desvalorização do real? E, finalmente,

se existiram estes sinais, a magnitude da desvalorização esperada pelo mercado

foi a mesma da que realmente ocorreu?

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2 – JUSTIFICATIVAS E MOTIVAÇÕES DO ESTUDO

Há os que acreditam que a moeda é um ativo como outro qualquer do

mercado financeiro, que tem seu valor definido através da oferta e da procura.

Deste modo, relatórios estáticos como o Balanço de Pagamentos, já estariam há

muito incorporados ao “preço” da moeda e, apenas informações não esperadas

ou não conhecidas pelo investidor, teriam efeito sobre o seu valor.

Este posicionamento, a princípio, seria de pouco valor no caso de um

regime cambial fixo, pois, se o preço da moeda não se forma livremente pelo

mercado, como as informações que são de conhecimento público se refletiriam

no valor da moeda? Talvez fosse o caso de se investigar outros canais, que não

o próprio valor da moeda, pelos quais o mercado expressaria suas expectativas.

No front daqueles que se utilizam de dados macroeconômicos, destaca-se

o estudo de Kaminsky, Lizondo e Reinhart (1998) que monitoraram uma série de

indicadores macroeconômicos utilizados ou recomendados por outros

pesquisadores, que sinalizariam uma crise cambial quando estes indicadores

superassem certos limites.

A título de exemplo, se os indicadores de desvalorização mensal da

moeda - situação inexeqüível em um regime de câmbio fixo - e a porcentagem

de declínio nas reservas, excedessem suas médias em três desvios-padrão, uma

crise cambial estaria prestes a ocorrer. Porém, a prática de criar zonas de perigo

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em que o país estaria sujeito a uma crise, como os citados acima, ou como

déficits em conta-corrente acima de 5% do PIB ou reservas menores do que três

meses de importação, esbarraria na generalização. Países são diferentes e não

respondem da mesma forma a limites que não são universais. Em relação à

generalização, Frankel (1999) definiu que o regime cambial apropriado

dependerá das circunstâncias específicas do país em questão e do período que

queremos abordar. Ou seja, devemos flexibilizar os modelos.

Mais que isto, se não há um mercado livre que determine a cotação da

moeda, que é o caso de países com câmbio fixo, como saber a magnitude desta

apreciação?

Sabemos que, atualmente, os países adotam diferentes tipos de política

cambial, quais sejam:

• Câmbio fixo em relação a uma moeda.

• Câmbio fixo em relação a uma cesta de moedas.

• Câmbio flexível em relação a uma moeda.

• Flutuação conjunta de um grupo de países.

• Câmbio ajustado de acordo com indicadores financeiros.

• Flutuação gerenciada (“flutuação suja”).

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• Flutuação livre.

Esta miscelânea de sistemas adicionou mais incertezas ao mundo dos

negócios. Através do estudo de Jorion (1990), nos convencemos de que as taxas

de câmbio são a maior fonte de incertezas para multinacionais, pois ele constata

que durante o período 1971-87, a volatilidade ao ano da relação dólar/marco foi

de 12%, contra uma volatilidade de 3% para os títulos do Tesouro norte-

americano e 1,3% para a inflação daquele país. Ou seja, a taxa de câmbio foi

quatro vezes mais volátil do que a taxa de juros e dez vezes mais volátil do que a

taxa de inflação.

Empresas com operações em mais de um país, algo cada vez mais

comum, adicionaram ao seu risco a variação inesperada da taxa de câmbio, que

afetaria as empresas de duas formas: no curto prazo - direitos e obrigações

assumidos pela empresa antes da variação, que são mais facilmente calculados

e podem ser atenuados por meio de instrumentos disponíveis no mercado

financeiro; e no longo prazo - no qual a mudança de patamar do valor referencial

da moeda, pode alterar, significativamente, o risco operacional da empresa.

A escassez de instrumentos de proteção no mercado financeiro para os

impactos de uma variação cambial no longo prazo, torna mais difícil para as

empresas controlar as conseqüências deste evento. Surge , então, a

necessidade de se estimar a trajetória futura do câmbio com o menor nível de

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erro possível para que esta previsão possa ser incorporada ao planejamento

estratégico das empresas.

O presente trabalho tem por objetivo testar se o método utilizado por BGR

(2000), que se inclui naqueles que buscam antecipar crises cambiais por meio do

comportamento dos preços dos ativos financeiros, teria validade no caso da

desvalorização do Real ocorrida em janeiro de 1999, sendo que o mercado

acionário seria o canal pelo qual o mercado teria expressado este sentimento em

relação à desvalorização da moeda.

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3 - REVISÃO DE LITERATURA

3.1 - O artigo referencial

BGR (2000) examinaram o desempenho de ações de empresas

mexicanas com diferentes exposições cambiais antes, durante e depois do

evento da desvalorização do peso ocorrido em 20/12/94. Os autores trabalharam

com a hipótese de que mudanças nas expectativas sobre o futuro da moeda

teriam efeitos diferentes em empresas com diferentes exposições ao fator

câmbio. Em princípio, esta idéia poderia ser usada para avaliar a credibilidade de

regimes cambiais fixos ou administrados e medir as expectativas do mercado em

relação ao valor efetivo da moeda (questão fundamental na determinação das

datas iniciais de projetos de longo prazo). Para tanto, eles partem do conceito

clássico de que em situações cambiais como a vivida pelo México no início dos

anos noventa – moeda sobrevalorizada e administrada pela autoridade monetária

– as empresas com perfil exportador teriam uma avaliação negativa por parte do

mercado acionário, enquanto que empresas com grande parte dos seus custos

operacionais e/ou financeiros atrelados ao dólar, estariam sendo melhor

avaliadas.

O primeiro passo para avaliar este cenário foi definir as características das

empresas que poderiam ser fortemente influenciadas por mudanças na taxa de

câmbio, quais sejam, o nível de exportações, de importações e de endividamento

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em moeda estrangeira, tendo como pano de fundo o fato de que mudanças

nestas variáveis implicam em maior ou menor fluxo de caixa futuro.

O segundo passo foi selecionar as empresas que se mostraram

significativamente influenciadas pelo fator câmbio. Isto foi feito através do modelo

do ICAPM (Intertemporal Capital Asset Pricing Model).

Rit = αit + βit Rmt + Cit Xt + εit (1)

Onde:

Rit = retorno do ativo i no período t.

βit = coeficiente do ativo i no período t em relação ao retorno do mercado.

Cit = coeficiente do ativo i no período t em relação a um segundo fator.

Rmt = retorno do mercado no período t.

Xt = segundo fator a ser utilizado no estudo no período t (em nosso caso,

a taxa de câmbio).

εit = termo de erro.

O terceiro passo foi classificar as empresas conforme a variável

independente que melhor explicasse os retornos anormais dos ativos na janela

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do evento e agrupá-las em carteiras. No caso mexicano, a variável independente

exportação líquida (valor exportado menos valor importado) foi a variável utilizada

para a classificação.

O quarto passo foi utilizar o método do estudo de eventos para avaliar os

retornos anormais acumulados durante a janela do evento para averiguar se as

carteiras foram afetadas de forma distinta pela desvalorização.

O quinto passo foi a criação de uma carteira chamada de DIFERENÇA,

que seria a diferença de desempenho acumulado entre as carteiras

positivamente expostas e negativamente expostas a uma desvalorização cambial.

O sexto passo foi o cálculo de um beta cambial implícito. Isto foi feito

através de uma regressão simples, tendo como variável independente o retorno

em logaritmo neperiano do dólar comercial e, como variável dependente o retorno

anormal da carteira DIFERENÇA. Este cálculo teve como base o período após o

evento da desvalorização, pois nele é que podemos observar livremente a

cotação do dólar.

O sétimo passo foi a criação de uma cotação “sombra” do dólar em relação

à moeda doméstica para o período anterior ao evento, cotação esta atrelada aos

movimentos da carteira DIFERENÇA ajustada pelo beta cambial implícito

observado no período pós-evento.

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Os resultados obtidos indicaram que no período da janela do evento as

empresas com perfil exportador mostraram retornos positivos anormais, enquanto

que empresas com exposição cambial negativa tiveram desempenho inferior ao

do mercado. O que era esperado, dada a notória expectativa do mercado em

relação à insustentabilidade daquele regime àquele momento. Surpreendente,

entretanto, foi que ao retroceder a janela de observação, os resultados indicaram

que a partir do fim de 1993, a carteira negativamente exposta, começou a obter

retornos inferiores ao do mercado, enquanto a carteira positivamente exposta,

obteve retornos anormais positivos. Surpreendente, pois poderíamos esperar um

desempenho pífio do setor exportador, dada a percepção do mercado em relação

à sobrevalorização do peso à época. Estes resultados poderiam indicar que as

expectativas de uma desvalorização do peso se iniciaram 1 ano antes do evento

ocorrer.

O trabalho de BGR (2000) será a base de nosso estudo. A revisão de

literatura continuará na busca de subsídios que relacionem o valor de mercado

das empresas a suas exposições cambiais e os fatores determinantes desta

exposição.

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3.2 - Os artigos complementares

Ma e Kao (1990) examinaram a reação dos preços das ações a mudanças

na taxa cambial. Eles sugerem que sob um regime cambial flutuante, a taxa de

retorno requerida das ações devem refletir dois tipos de exposição cambial.

Primeiro, o investimento é afetado pela exposição transacional – ganhos e perdas

que surgem devido a negócios firmados em moeda estrangeira anteriores ao

evento da desvalorização. Segundo, o retorno esperado é também determinado

pela exposição econômica, a qual é atribuída às variações do fluxo de caixa

descontado das empresas quando a taxa cambial flutua. Isto segue a clássica

definição das exposições cambiais encontradas em Eiteman, Stonehill e Moffet

(2000) que incluem ainda a exposição contábil e a tributária. A exposição

transacional é caracterizada como a possibilidade de se incorrer em perdas ou

ganhos cambiais, por acordos vigentes até uma data futura, denominados em

moeda estrangeira, e que normalmente tem efeitos no curto prazo. A exposição

econômica é caracterizada como o resultado das flutuações no valor da moeda

que, juntamente com o ajuste de preços, pode afetar o montante do fluxo de

caixa operacional da empresa previsto, gerando efeitos de longo prazo.

Reforçando este conceito, Jorion (1990) examinou a exposição de

multinacionais norte-americanas em relação ao câmbio e disse que os efeitos da

exposição cambial podem ser sentidos sobre (i) o valor dos ativos monetários

líquidos, inclusive os pagamentos fixos e sobre (ii) o valor dos ativos reais

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mantidos pela empresa. Os ativos monetários internacionais estariam totalmente

expostos ao risco cambial, os domésticos, não. Os ativos reais, entretanto,

seriam afetados em seu valor pelos movimentos cambiais, seja quais forem suas

localizações.

Ma e Kao (1990) avaliaram o efeito econômico de uma apreciação na

taxa de câmbio e sugeriram que, para um país predominantemente exportador, a

apreciação da moeda reduz sua competitividade e tem um efeito negativo sobre o

mercado acionário doméstico. De forma oposta, para um país importador, a

apreciação da moeda reduzirá custos e gerará um impacto positivo sobre o

mercado acionário.

Chow e Chen (1998), entretanto, ao buscarem os determinantes da

exposição cambial de empresas do Japão – um país eminentemente exportador -

encontraram que elas estão pesadamente expostas ao fator câmbio de forma

negativa, i.e., o retorno de seus ativos decrescem quando o iene se deprecia.

Este achado pode ser resultado de uma combinação de duas coisas: o Japão

depende pesadamente de matéria-prima importada e, com o passar dos anos, as

empresas japonesas aprenderam a lidar com os aspectos adversos da

apreciação do iene. Entretanto, consistente com o conhecimento corrente, em

caso de depreciação do iene, as empresas são mais adversamente afetadas se

elas fazem parte de segmentos com altas taxas de importação e produzem bens

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não-comercializáveis e menos afetadas se são setores com altas taxas de

exportação.

Ainda segundo Chow e Chen (1998), a exposição cambial seria

determinada por dois fatores. Primeiro: a competitividade dos produtos de uma

empresa em relação a outros produtores é alterada pela mudança nos preços

relativos dos insumos e preços de revenda. Se diferentes segmentos da

economia apresentam distintas naturezas de concorrência entre suas empresas,

mudanças na taxa de câmbio afetariam de distintas formas estes segmentos.

Segundo: a possibilidade das atividades da empresa propiciarem uma proteção –

natural ou não - contra a exposição cambial. Isto é relevante no caso japonês,

pois, muitas vezes, o credor também é um dos proprietários da empresa.

Choi e Prasad (1995), por sua vez, argumentaram que as diferenças na

sensibilidade ao risco cambial são muito mais ligadas a variáveis operacionais

específicas das empresas (i.e., lucros operacionais no estrangeiro, vendas e

ativos) do que ao segmento da economia a que elas pertencem.

Os autores explicam que isto acontece porque, apesar das empresas de

um mesmo setor terem a mesma linha primária de negócios, elas são

heterogêneas em termos de características operacionais e financeiras. Isto é

reforçado por existir dentro de um mesmo segmento econômico - no estudo por

eles realizado com 409 multinacionais norte-americanas de 20 diferentes setores,

entre os anos de 1978 e 1989 - empresas com exposição cambial positiva e

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negativa (ou seja, mais importa como a empresa opera do que o setor em que

atua).

Dentro do mesmo pensamento, Dominguez e Tesar (2001) usaram os

níveis de retorno das empresas e setores para testar a presença de exposição

cambial em 8 países (Chile, França, Alemanha, Itália, Japão, Holanda, Tailândia

e Reino Unido). Seus resultados indicaram que a direção da exposição das

empresas é muito mais um fenômeno específico da empresa. Em outras

palavras, empresas dentro de um mesmo setor e de mesmo tamanho aparentam

ter diferentes características que resultam em diferentes exposições cambiais.

Bris, Koskinen e Pons (2001), usando dados de 17 países que sofreram

crises cambiais durante a última década, classificaram as empresas destes

países em dois grupos. Em um temos empresas cujos retornos das ações

caíram quando a moeda doméstica se valorizou frente ao dólar (primeiro grupo),

no outro, empresas em que os retornos aumentaram (segundo grupo).

Usando este agrupamento os autores mostraram que existem diferenças

na alavancagem e lucratividade das companhias dependendo de suas

exposições cambiais. Enquanto a alavancagem aumenta e a lucratividade diminui

para todas elas, estes efeitos são mais sentidos nas empresas do primeiro grupo.

Além disso, ao controlar as características das empresas, as deste grupo têm

alavancagem mais alta antes da crise do que as do segundo grupo.

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Muito embora os autores não especifiquem se o endividamento é

doméstico ou estrangeiro, se o primeiro grupo de empresas possuía uma

alavancagem maior antes da depreciação, é muito provável que este

endividamento fosse em moeda estrangeira, ou seja, moeda estrangeira

valorizada, dívida aumentada.

Estes resultados ressaltam que mais importa como a empresa opera do

que o segmento em que atua e colocam as políticas financeiras e o desempenho

das corporações como questão central das crises cambiais. Os autores, para

confirmarem esta tese, citam que, na recente crise asiática, os dados

macroeconômicos dos países atingidos divergiam em muito entre si, entretanto, a

alavancagem financeira de suas empresas coincidia e igualmente beirava o limite

da irresponsabilidade.

Teorias econômicas sugerem diversos canais através dos quais mudanças

nas taxas de câmbio poderiam afetar a lucratividade de uma empresa. Empresas

que exportam podem se beneficiar de uma depreciação da moeda local se seus

produtos, em conseqüência disto, tornarem-se mais atraentes aos consumidores

estrangeiros. Por outro lado, empresas que dependem de produtos intermediários

importados podem ver seus lucros caírem em conseqüência do aumento dos

custos de produção. Seria esperado, então, encontrar uma correlação entre a

exposição (positiva ou negativa) e o envolvimento da empresa em mercados

internacionais (de bens ou de títulos). Se empresas grandes são mais propensas

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a estar engajadas no comércio internacional, a exposição poderia estar

relacionada ao tamanho da empresa.

Mesmo empresas que não fazem negócios internacionais, entretanto,

podem ser influenciadas indiretamente pela competição internacional. Se uma

empresa automobilística não vendesse carros pelo mundo afora ou não

importasse quaisquer partes e peças, mesmo assim, as vendas domésticas de

seus carros poderiam ser afetadas se o preço da moeda fizesse a importação de

automóveis estrangeiros aumentar ou diminuir. A exposição poderia, então,

depender de quanta concorrência há em um determinado segmento. Em setores

com menor concorrência, a desvalorização da moeda pode ser facilmente

repassada aos preços domésticos, já em setores em que há mais concorrência,

poderíamos esperar um pass-through imperfeito, tendo as empresas que

absorver parte do aumento de custos resultante da desvalorização da moeda.

Fato que efetivamente ocorreu no Brasil em 1999.

Enquanto o comércio aparenta ser uma fonte óbvia de exposição, não está

claro se empresas em setores de bens não-transacionáveis da economia estão

completamente isoladas das mudanças nas taxas de câmbio. Se produtores de

bens não-transacionáveis concorrem com produtores de bens transacionáveis por

fatores de produção, seus retornos poderiam ser afetados pelas mudanças nas

taxas de câmbio. Poderia acontecer, também, que quanto mais internacional

fosse uma empresa, mais provável é que ela se proteja contra riscos cambiais.

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Como resultado, a exposição cambial líquida poderia ser menor nas empresas

engajadas no comércio internacional e não maior.

Dominguez e Tesar (2001) examinaram potenciais determinantes da

exposição cambial. Poucas evidências explicativas foram encontradas para

sugerir que pequenas empresas são mais prováveis de estarem expostas do que

médias e grandes empresas. Também não houve a confirmação de que a

exposição seja um fenômeno setorial, nem que exista uma ligação sistemática

entre a exposição e o engajamento no comércio internacional.

Diferentemente dos estudos anteriores, Huang e Stoll (2001) partem do

pressuposto de que as empresas são capazes de fazer hedge ou operações de

ajustes que isolem ganhos ou perdas provenientes das flutuações do câmbio.

Eles buscam, então, os efeitos da volatilidade da taxa de câmbio na liquidez das

ações. Se a liquidez é afetada, os retornos exigidos e talvez o valor das ações

deveriam ser afetados.

Para examinar esta questão eles se basearam em dados de mais de

500.000 transações de ADR do Reino Unido e do México e avaliaram se a

variabilidade do câmbio afeta os spreads de compra-venda e outras medidas de

liquidez do mercado. Os efeitos da liquidez são examinados durante dois

períodos de volatilidade cambial – a saída da libra esterlina do ERM (“Exchange

Rate Mechanism”, que era a paridade mantida entre as diversas moedas do

Mercado Comum Europeu) em 16/09/92 e a desvalorização mexicana em

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20/12/94. A volatilidade do câmbio é significativamente mais alta depois de um

período turbulento do que antes, embora o aumento na volatilidade seja muito

maior no peso do que na libra. No Reino Unido, altas volatilidades no câmbio

não se transformaram em volatilidades mais altas no retorno dos ADR. No

México, por outro lado, a volatilidade do retorno das ações é significativamente

mais alta depois do período turbulento da desvalorização do que antes deste

evento.

Os custos de transação (spreads de compra e venda, neste caso) revelam

que existem poucos efeitos de liquidez derivados da taxa de câmbio. Custos de

transação, medidos pelos spreads cotados e efetivos, não aparentam aumentar

nos períodos de turbulência cambial. Ao controlarem as mudanças nos fatores

econômicos que poderiam afetar os spreads e o efeito do câmbio, os autores não

encontraram evidências de que eles são mais altos em períodos de turbulência

cambial. Eles concluem que mudanças na liquidez do mercado não aparentam

ser o canal por meio do qual a volatilidade do câmbio afeta a avaliação do

mercado.

Segundo os autores, muito embora tenham sido analisados apenas 2

eventos, a natureza deles traria alguma certeza sobre a generalidade dos

resultados. Primeiro, os dois eventos são diferentes e ainda assim produzem as

mesmas conclusões. Um é um país desenvolvido; o outro em desenvolvimento.

Um é evento surpreendente; o outro não. Em um não há apenas uma crise

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cambial, mas uma crise no país; enquanto o outro é essencialmente uma crise

cambial. Apesar destas diferenças, os custos de transação não são afetados pela

volatilidade da taxa de câmbio em ambos os casos.

Martínez-Solano (1998) examinou uma amostra de 67 empresas

espanholas não-financeiras entre janeiro de 1992 e dezembro de 1997,

relacionando o valor (retorno) de suas ações aos movimentos do câmbio. O autor

analisou se os níveis de exportação, de importação e de dívida em moeda

estrangeira são possíveis fatores explicativos da exposição cambial, bem como,

os efeitos da proteção ao risco cambial sobre a exposição econômica. Ele o faz

através da formação de carteiras de exportadores líquidos, importadores líquidos,

de devedores em moeda estrangeira e de empresas puramente domésticas, num

processo similar ao adotado por BGR (2000).

Para ser considerada uma empresa exportadora líquida, as exportações

deduzidas das importações deveriam representar mais de 25% do total das

vendas; para ser importadora líquida, o inverso; para ser considerada devedora

em moeda estrangeira, as dívidas estrangeiras deveriam representar mais de

25% do total de endividamento; e, finalmente, para ser considerada uma empresa

puramente doméstica, as empresas deveriam ter níveis inexpressivos ou

inexistentes de exportação e importação e não possuir endividamento externo.

A extensão da exposição cambial dependeria não apenas do montante de

transações internacionais que a empresa analisada execute, mas também o

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quanto as economias nas quais se dão estas transações estão expostas a

influências externas. Considerando o aumento da globalização e que a

interdependência das economias está se tornando o normal, é lógico supor que

existam ligações entre as flutuações das taxas de câmbio e o valor das

empresas, mesmo no caso daquelas que atuem apenas em seus países. Ou

seja, além da forma como a empresa atua e a que segmento econômico ela

pertence, os países aonde ela mantêm negócios, também seriam fatores

determinantes em sua exposição cambial.

Os resultados mostraram que a carteira de exportadores teve um efeito

positivo em seus retornos em conseqüência de depreciações da moeda

doméstica (peseta), enquanto que a carteira de importadores, de devedores em

moeda estrangeira e de empresas puramente domésticas tiveram efeitos

negativos. Resultados, portanto, esperados, exceto a carteira puramente

doméstica na qual se esperava um efeito positivo dado o encarecimento do

produto concorrente importado.

Além disso, os resultados sugerem que a exposição econômica é

inversamente relacionada ao tamanho das empresas - critério que foi usado

como proxy de hedge, pois grandes empresas usariam mais os instrumentos

financeiros do que pequenas, insinuando que, quem mais se arrisca também

mais se protege.

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Em outro estudo por país, Glaum, Brunner e Himmel (1998) examinaram a

exposição econômica do mercado acionário alemão às mudanças na paridade

cambial marco alemão/dólar norte-americano, no período de janeiro de 1974 a

dezembro de 1996. Uma observação interessante do estudo é que as empresas

alemãs neste período aumentaram seu grau de internacionalização, ou seja, ao

invés de serem apenas grandes exportadoras, elas se espalharam pelo mundo

gerando uma proteção natural ao risco cambial e reduzindo, assim, suas

exposições cambiais.

Os resultados encontrados pelos autores confirmaram o que seria

esperado. Os coeficientes de exposição cambial das empresas alemãs são

significativamente positivos para quase todo período pesquisado, ou seja, as

empresas se posicionavam melhor no mercado doméstico e internacional com a

depreciação do marco. Entretanto, são resultados instáveis ao longo do tempo,

pois, na primeira metade da década de 80, quando houve o fortalecimento do

dólar, as empresas alemãs ganharam com apreciações do marco e perderam

com sua depreciação.

Mais uma vez nada é verdadeiro para todo o tempo, nem é válido em todo

o espaço.

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3.3 - Conclusões

Verificamos nos artigos pesquisados uma confirmação da teoria que

classifica a exposição cambial em exposição transacional e em exposição

operacional. Esta última é a exposição que o fluxo de caixa futuro sofre como

conseqüência das mudanças no ambiente de competição (mudança nos preços e

custos relativos, aumento ou diminuição da oferta/demanda e outros impactos

micro e macroeconômicos). A anterior é a exposição que o fluxo de caixa futuro

sofre por acordos ou negócios realizados até a data da mudança cambial e que

incidirão em um tempo presente e futuro ao evento da desvalorização (dívidas

contraídas, financiamentos concedidos e outros eventos legais).

Se há uma tendência cristalizadora do tópico acima, o mesmo não se pode

dizer em relação a outros temas. Os debates não consolidados a respeito da

existência, causas e conseqüências da exposição cambial são (i) o tamanho da

empresa, sendo que há os que defendem que grandes empresas por estarem

mais inseridas no mercado internacional, estariam mais expostas a mudanças

cambiais inesperadas, e há outros que afirmam que exatamente por estarem

mais inseridas no mercado internacional, estas empresas teriam a capacidade e

a orientação de se proteger contra mudanças inesperadas do câmbio seja

naturalmente (através de exportação/importação, endividamento), seja

artificialmente (através de instrumentos do mercado financeiro), restando assim

nula a exposição cambial pelo fator tamanho; (ii) o segmento econômico de

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atuação da empresa, sendo que há os que ao buscarem a correlação entre a

área de atuação da empresa e seus graus de exposição cambial, nada

encontraram, concluindo que por não haver correlação entre as variáveis acima,

as variações cambiais inesperadas afetam muito pouco ou nada o valor de

mercado das empresas, e há os que argumentam em favor da existência da

exposição cambial, que o fato desta exposição ser muito mais um fenômeno

específico da empresa (sua carteira de clientes, sua composição de custos, suas

fontes de financiamento, etc.) independente de sua área de atuação, é que os

primeiros falharam em identificar como as variações cambiais inesperadas afetam

o fluxo de caixa futuro da empresa; (iii) a área geográfica de atuação da empresa,

havendo estudiosos que identificaram reações diversas em relação a empresas

que atuam em países emergentes e desenvolvidos, e há aqueles que

encontraram reações semelhantes.

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4 – METODOLOGIA

A metodologia utilizada para responder às perguntas acima é baseada em

BGR (2000). Neste artigo, os autores examinam o desempenho das ações de

empresas com diferentes exposições ao risco cambial, antes, durante e depois da

crise mexicana (1993/94/95). Contrariamente ao que se poderia esperar, dada a

sobrevalorização do peso, as ações de empresas exportadoras líquidas

começaram a se destacar em fins de 1993 (ou seja, um ano antes da

desvalorização cambial), realçando o caráter de indicador antecedente do

mercado acionário. Este desempenho destacado sugeria que as expectativas de

desvalorização cambial aumentavam continuamente. Em suma, os autores

sugeriram que o desempenho de diferentes segmentos e empresas e a

composição de suas exposições cambiais (exportações, importações e

endividamento em moeda estrangeira) podem ser valiosos indicadores de

mudanças no regime cambial e na avaliação da trajetória futura do câmbio em

mercados emergentes.

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4.1 – Perguntas a serem respondidas

4.1.1- O impacto das mudanças nas expectativas em relação à desvalorização do

real sobre o valor das empresas, relacionou-se a características como grau de

exportação e de importação (exposição operacional) e do percentual de

endividamento em moeda estrangeira em relação à receita operacional líquida

(exposição transacional)?

4.1.2- O mercado acionário brasileiro estimou com antecedência a desvalorização

do Real ocorrida em 13/1/1999?

4.1.3 – O mercado acionário brasileiro previu o montante da desvalorização do

real?

4.2 – Coleta de dados e período da amostra

Os dados referentes à cotação de ações, do índice Ibovespa e da taxa

Selic-over utilizados neste estudo são provenientes do banco de dados da

empresa Economática Ltda.

Os dados referentes à receita operacional líquida, endividamento total e

endividamento em moeda estrangeira são provenientes das demonstrações

financeiras das respectivas empresas, extraídos do banco de dados da

Comissão de Valores Mobiliários – CVM.

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Os dados referentes aos valores exportados e importados, em sua grande

maioria, foram cedidos pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e, em menor escala, obtidos nos

próprios sites das empresas.

Os dados referentes à cotação do dólar comercial (Ptax) foram extraídos

do banco de dados do Banco Central do Brasil.

4.3 – A sensibilidade cambial dos preços das ações

Num primeiro instante, coletamos no banco de dados da Economática, as

cotações mensais de cerca de 300 ações negociadas na Bolsa de Valores de

São Paulo (BOVESPA), entre o período de janeiro de 1995 e dezembro de 1998

– daqui por diante, janela de estimação. Para as ações que atenderam aos

requisitos de liquidez, quais sejam, ter havido pelo menos um negócio em cada

um dos 48 meses de abrangência da coleta e ter havido pelo menos 100

negócios por mês neste período (Anexo 1), buscamos descobrir quais teriam

sensibilidade aos movimentos do câmbio. O fizemos através de uma regressão

múltipla, sendo o retorno da ação a variável dependente e o retorno do mercado

e a surpresa cambial como variáveis independentes, no período da janela de

estimação. Este modelo denominado ICAPM – Intertemporal Capital Asset Pricing

Model, é o que poderíamos chamar de modelo de dois fatores. O primeiro deles

seria o comportamento do mercado acionário e o segundo variaria conforme o

objetivo do estudo.

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Em nosso estudo, conforme descrito acima, o segundo fator é a surpresa

cambial que seria o movimento da taxa de câmbio não prevista pelos

mecanismos de mercado e modelos teóricos. Portanto, a equação (2) nada mais

é do que a equação (1) adotando-se a surpresa cambial como o segundo fator:

Rit = αit + βit Rmt + Cit SCt + εit (2)

Onde:

Rit = retorno do ativo i no período t.

βit = coeficiente do ativo i no período t em relação ao retorno do mercado.

Cit = coeficiente do ativo i no período t em relação à surpresa cambial.

Rmt = retorno do mercado no período t.

SCt = surpresa cambial no período t.

εit = termo de erro.

Os retornos foram computados em logaritmo neperiano para a

normalização dos dados, sendo que o período de mensuração dos retornos foi o

trimestral móvel.

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O índice Ibovespa1 foi utilizado para representar o mercado.

A surpresa cambial (SC) foi definida como a diferença entre a

desvalorização do real esperada (χ) ou indicada pela paridade via taxas de juros

no período t e a desvalorização observada (γ) no mesmo período:

sc t = χ t – γ t (3)

e:

χ t = (1+ i USD) / (1 +i R$) (4)

Por causa das diferenças de liquidez do mercado de taxas de juros norte-

americano e brasileiro, lá com taxas de longo prazo e aqui com taxas de curto

prazo, e devido ao fato de que em apenas um mês, surpresas cambiais poderiam

ser na verdade ruídos e não fatos consistentes, adotamos o período trimestral

para a verificação das surpresas cambiais. Assim sendo:

χ t = (1 +( i USD * (91/365))) / ((1+ i R$ )3) (5)

Onde:

t = 1 trimestre

1 Dadas as altas correlações entre o IBOVESPA e outros índices do mercado acionário como IBX e FGV-100, a utilização de um ou de outro não afetará qualitativamente os resultados do trabalho.

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i USD = taxa de juros norte-americana representada pelo rendimento até o

vencimento do T-Bond2 de 30 anos obtida no banco de dados da empresa

Economática Ltda.

i R$ = taxa de juros brasileira representada pela SELIC-over ao mês obtida no

banco de dados da empresa Economática Ltda.

e:

γ t = S0 / S90 (6)

Onde:

S0 = Cotação do real em relação ao dólar Ptax venda no dia -90, obtida no banco

de dados do Banco Central do Brasil.

S90 = Cotação do real em relação ao dólar Ptax venda no dia 0, obtida no banco

de dados do Banco Central do Brasil.

Das 82 ações que cumpriram os critérios de liquidez, 39 apresentaram

betas cambiais significativamente diferentes de zero. O quadro com os resultados

oriundos da aplicação do modelo ICAPM, são encontrados no anexo 1.

Devido ao fato de termos 4 casos em que tanto a ação ordinária quanto a

preferencial atendiam aos critérios de liquidez e sensibilidade cambial, optamos

2A uniformidade na obtenção dos dados (sempre originários da empresa Economática Ltda.) e a alta correlação entre seus valores, conforme citado no caso da utilização do IBOVESPA, nos levaram a utilizar o T-Bond de 30 anos e não o T-Bill de 1 ano na constituição do modelo.

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por eliminar da amostra as que possuíam menor liquidez. Além disso, uma das

ações (Unipar PNB) foi excluída por impossibilidade de obtenção de dados sobre

importação e exportação.

Quanto ao nível de significância 15 empresas apresentaram betas

cambiais diferentes de zero com 1% de significância, 10 com 5% e 9 com 10%.

Com esta amostra, partimos para os testes necessários à resposta da

primeira questão.

4.4 – O evento e as características das empresas

A principal idéia deste estudo é que as empresas têm diferentes taxas de

exposição cambial e que o impacto de uma desvalorização dependerá de como a

empresa está posicionada nos fatores que se pressupõe determinantes desta

exposição. Em nosso estudo estes fatores são o nível de exportação e de

importação e o grau de endividamento em moeda estrangeira em relação à

receita líquida operacional. Diferentemente do estudo de BGR (2000), optamos

por relacionar esta última variável à receita líquida operacional e não ao

endividamento total, por termos encontrado naquela variável, explicações

estatísticas mais robustas.

Para relacionarmos estas variáveis utilizaremos o estudo de eventos que

consiste em estimar um modelo de avaliação de ativos (CAPM) na janela de

estimação por meio de regressão simples, e usar estas estimativas para cmputar

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os retornos anormais acumulados durante o período vizinho ao evento que se

quer estudar – no caso a desvalorização cambial.

Para calcularmos os retornos anormais acumulados para cada ativo

i, durante a janela do evento (18/12/1998 a 12/02/1999) usamos:

n RAAit = ∑ {Rit - Řit} (7), onde: t=1

RAAit = retorno anormal acumulado do ativo i durante a janela do evento.

Rit = retorno observado do ativo i no período t.

Řit = retorno previsto/estimado do ativo i no período t.

t = 1 semana

n = 8 (8ª e última semana da janela do evento)

e:

Řit =Rf + βit Rm (Rm-Rf)+ ε (8), onde:

Řit = retorno estimado do ativo i no período t.

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βi Rm = beta do ativo i em relação ao retorno do mercado representado

pelo índice Ibovespa.

Rm - Rf = prêmio de risco do mercado.

Rm = ln (Índice Ibovespa em t+1 / Índice Ibovespa em t)

Rf = ((1 + taxa Selic over ao ano em t)5/252 ) -1

ε = termo de erro, que será usado na criação de intervalos de confiança.

O próximo passo é relacionar a variável independente “retorno anormal

acumulado” das ações (anexo 2) que se mostraram sensíveis às novidades em

relação à taxa de câmbio com as possíveis variáveis explicativas de nosso

estudo, quais sejam, valores exportados, valores importados, endividamento em

moeda estrangeira e segmento de atuação, este último especificamente para o

setor financeiro. Isto será feito no período vizinho ao evento estudado. Mais

especificamente na janela do evento.

Após a descrição das variáveis envolvidas, temos os resultados da

regressão dos modelos propostos:

Variável Dependente

RAA = Retorno Anormal Acumulado durante a janela do evento.

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Variáveis Independentes Básicas

X = exportação em USD FOB do ano de 1998 convertida em R$ pela

cotação média do dólar Ptax venda do mesmo ano.

M = importação em USD FOB do ano de 1998 convertida em R$ pela

cotação média do dólar Ptax venda do mesmo ano.

V = Receita Operacional Líquida em 31/12/1998 em R$.

EME = Endividamento em Moeda Estrangeira em 31/12/1998 em R$.

No anexo 3 encontramos uma tabela descritiva destas variáveis contendo

seus valores médios, máximos, mínimos, mediana e desvios-padrão para

empresas não financeiras.

Variáveis Independentes Derivadas

(X-M)/V = valor exportado líquido em relação à receita operacional líquida.

X/V = valor exportado em relação à receita operacional líquida.

M/V = valor importado em relação à receita operacional líquida.

EME/V = valor do endividamento em moeda estrangeira em relação à

receita operacional líquida.

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Variável Categórica

Banco é uma variável categórica, ou seja, sendo banco atribuímos a esta

variável o valor “1”, não sendo lhe atribuímos o valor “0”.

Tabela 1 - Regressão de retornos anormais acumulados das açõescom beta cambial significativamente diferente de zero com asseguintes variáveis independentes derivadas: (X-M)/V – exportações menos importações sobre receita operacional líquida; Banco – variável categórica que assume o valor 1 se a ação for de banco e 0 se nãofor; EME/V – endividamento em moeda estrangeira sobre receitaoperacional líquida; X/V – exportações sobre receita operacionallíquida; e M/V – importações sobre receita operacional líquida.

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3

Constante -0,006 -0,023 -0,158* (0,067) (0,054) (0,077)

(X-M)/V 0,588* 0,574* (0,189) (0,184)

Banco -0,302 -0,285 -0,150 (0,183) (0,177) (0,175)

EME/V -0,034 (0,074)

X/V 0,922* (0,227)

M/V 0,080 (0,327)

R2 ajustado 24% 25% 35% * representa significativamente diferente de zero ao nível de 5% . Erros-padrão em parênteses. 34 observações em cada regressão.

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A matriz de correlações na tabela 2 indica que há uma correlação muito

forte entre as variáveis derivadas X/V e (X-M)/V e uma correlação forte entre M/V

e (X-M)/V. Entretanto, estes níveis de correlação já eram esperados, pois há

variáveis básicas comuns compondo-as. Além disso, os modelos foram

planejados de forma a se evitar o encontro destas variáveis. Afora isto, os níveis

das outras correlações são baixos, sugerindo a inexistência de problemas de

multicolinearidade.

Tabela 2 – Correlação Percentual das variáveis independentesderivadas: (X-M)/V – exportações menos importações sobre receitaoperacional líquida; Banco – variável categórica que assume o valor 1 se aação for de banco e 0 se não for; EME/V – endividamento em moeda estrangeira sobre receita operacional líquida; X/V – exportações sobre receita operacional líquida; e M/V – importações sobre receita operacional líquida.

M/V X/V EME/V (X-M)/V

M/V -9,82 16,08 -61,85

X/V 33,03 84,27

EME/V 17,38

(X-M)/V

Há 34 observações para cada variável correspondendo às 34 empresas da amostra

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Estas estimativas constituem o primeiro teste de hipóteses formulado, ou

seja, de que as características estudadas têm poder explicativo sobre o retorno

anormal das ações e, conseqüentemente, sobre o valor da empresa.

Os resultados indicam que as exportações líquidas como um percentual

das vendas ajudam a explicar de forma significativa os retornos anormais durante

a janela do evento. Entretanto, no modelo 3 observamos que, ao invés de terem

sinais diferentes, os coeficientes de importação e exportação caminham na

mesma direção (positiva). Como esperado as exportações (X/V) têm um impacto

positivo e altamente significativo sobre os retornos anormais, enquanto as

importações e a dívida em moeda estrangeira têm coeficientes baixos e

estatisticamente insignificantes. Uma possível explicação para este impacto

insignificante das importações e do seu coeficiente positivo, é que elas podem

ser fortemente correlacionadas com as exportações. Quanto ao impacto

insignificante do endividamento em moeda estrangeira sobre o retorno anormal,

pode ter ocorrido o que já foi exposto por Huang e Stoll (2001), que partiram da

suposição de que grandes empresas podem proteger seus passivos em moeda

estrangeira e, geralmente, o fazem. Os resultados indicam também que as

ações dos bancos tiveram um desempenho não significativo em relação ao

mercado na janela do evento.

De modo geral, os números caminham na mesma direção dos resultados

encontrados por BGR no estudo do caso mexicano.

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4.5 – Construindo carteiras

Se estamos procurando uma quantificação das expectativas em relação à

taxa de câmbio, devemos agregar os retornos anormais das ações com beta

cambial diferente de zero em carteiras, utilizando como critério classificador uma

variável que seja estatisticamente significante. A metodologia do estudo de

eventos será usada para avaliar o impacto da desvalorização sobre as

diferenças de desempenho destas carteiras. Portanto, no restante deste trabalho

focaremos o desempenho das carteiras mais do que o desempenho das ações

isoladamente.

Os resultados da regressão encontradas na Tabela 1, sugerem que

poderíamos utilizar tanto a variável exportações líquidas (X-M)/V, quanto a

variável exportações (X/V), como classificadores. Entretanto, apesar do fato de

termos encontrado resultados ligeiramente mais robustos para a segunda

variável como fator explicativo de retornos anormais, utilizaremos as exportações

líquidas como variável classificadora por ser mais lógica do ponto de vista

econômico.

Portanto, as carteiras serão assim formadas:

1. Carteira de empresas não financeiras que possuam a variável (X-M)/V

positiva, que chamaremos de carteira SUPER.

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2. Carteira de empresas não financeiras que possuam a variável (X-M)/V

negativa, que chamaremos de carteira SUB.

3. Carteira que seja a diferença de desempenho entre as carteiras SUPER e

SUB que chamaremos de carteira da DIFERENÇA.

4. Carteira específica de empresas do setor financeiro que chamaremos de

carteira BANCOS

No anexo 4 encontramos a composição destas carteiras.

4.6 – Retornos anormais nas carteiras

Para computarmos os retornos anormais das carteiras, utilizamos a média

simples dos retornos anormais das ações que delas faziam parte. Ou seja, o

retorno anormal de cada ativo foi igualmente ponderado. Não houve a criação de

betas específicos para as carteiras em relação ao mercado, com os quais

estimaríamos seus retornos esperados e anormais, mas, conforme explicado

acima, a soma dos retornos anormais das ações de forma igualmente ponderada

gerando o retorno anormal da carteira.

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Figura 1. Retornos da carteira DIFERENÇA (retornos anormais da carteira

SUPER menos os retornos anormais da carteira SUB) durante a Janela do

Evento (4 semanas antes até 4 semanas após o evento da desvalorização) e

entre Julho de 1997 e Junho de 1999.

A Figura 1 nos apresenta o retorno da carteira DIFERENÇA na janela do

evento e entre julho de 1997 e junho de 1999. Observamos durante a janela do

evento um forte impacto positivo não previsto pelo modelo. Entretanto, ao

estendermos o período de observação para 2 anos, não observamos qualquer

tendência de antecipação do evento.

De um modo geral, estes resultados confirmam que existem ativos que

respondem a novidades a respeito da taxa de câmbio, o que é um passo

Carteira DIFERENÇA durante a Janela do Evento

-0,2000

-0,1000

0,0000

0,1000

0,2000

28/12

7/1

17/1

27/1

6/2

c

Carteira DIFERENÇA entre Julho de 1997 e Junho de 1999.

-0,4000

-0,2000

0,0000

0,2000

0,4000

1/7/97

1/1/98

1/7/98

1/1/99

1/7/99

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importante para derivar uma medida de expectativa de desvalorização. Podemos

concluir também que, muito embora existissem expectativas a respeito da

desvalorização, o evento não foi totalmente previsto pelo mercado, dado o

desempenho da carteira DIFERENÇA após o evento, utilizadas.

4.7 - A medida do mercado acionário como uma “sombra” da taxa de

câmbio

Até este momento analisamos o comportamento das diferentes carteiras

nas semanas próximas ao evento da desvalorização. Entretanto, se o

desempenho de diferentes empresas no mercado acionário podem refletir as

expectativas sobre a desvalorização, então nós poderemos, potencialmente,

procurar efeitos para um período anterior à desvalorização. Isto pode ser feito

através do acúmulo dos retornos do período.

Iniciando o acúmulo de retornos em julho de 1997, incluiremos eventos

que influenciaram a taxa de câmbio futura do real, tais como a crise asiática e

russa, que foram, além dos próprios propulsores brasileiros, os grandes

motivadores da desvalorização do real.

A figura 2 nos demonstra a trajetória de cada carteira. A primeira

informação que podemos observar no gráfico é o contínuo retorno anormal

negativo das carteiras SUB e SUPER. Esta distorção é causada, sem dúvida,

pelas altas taxas de juros praticadas no Brasil neste período, já que o modelo

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CAPM se utiliza das taxas de juros pagas pelo governo para representar o ativo

livre de risco para determinar o retorno esperado.

Figura 2. Retornos anormais acumulados das 4 carteiras entre julho de 1997 e

junho de 1999 (SUPER: carteira de ações de empresas com a variável

exportação líquida positiva; SUB: carteira de ações de empresas com a variável

exportação líquida negativa; DIFERENÇA: o desempenho anormal da carteira

SUPER menos o desempenho anormal da carteira SUB; BANCOS: carteira de

empresas financeiras).

-1,2000

-1,0000

-0,8000

-0,6000

-0,4000

-0,2000

0,0000

0,2000

0,4000

0,6000

jul/97 jan/98 jul/98 jan/99 jul/99

Super Sub Diferença Bancos

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Afora esta distorção, o que podemos observar é que diferentemente do

caso mexicano estudado por BGR (2000), o mercado teria sinalizado uma

descrença em relação ao valor do real apenas em um período próximo ao evento,

mais exatamente em dezembro de 1998.

Outra característica observada no gráfico, digna de nota, é a solidez da

carteira BANCOS durante o período. Algumas das possíveis explicações para

este fato são: (i) após o PROER (programa do governo brasileiro para a

reestruturação e fortalecimento do setor bancário), diminuíram as exposições -

entre elas, a cambial - do setor a uma eventual crise de liquidez; (ii) o dinamismo

demonstrado pelo setor que, em períodos de bonança, consegue bons resultados

e em períodos de tempestade, os consegue melhor ainda; (iii) diferentemente do

setor bancário mexicano, onde grande parte do passivo era dolarizado, havia

pouca internacionalização dos passivos do setor bancário brasileiro; (iv) o motivo

que causa o contínuo retorno anormal das carteiras SUPER e SUB é o mesmo

que proporciona o bom desempenho da Carteira BANCOS, beneficiada que é

pela política de juros altos praticada no período.

O próximo passo é usar estas estimativas para produzir uma medida do

mercado acionário de expectativas em relação à trajetória do câmbio. Para fazer

isto, colocaremos nossa atenção sobre a carteira DIFERENÇA, pois ela nos dá

uma medida comparativa do desempenho relativo das carteiras SUPER e SUB,

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trazendo consigo o benefício de remover outros fatores comuns que poderiam

influenciar o retorno das duas carteiras.

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4.8 – Estimando a elasticidade da taxa de câmbio

O passo seguinte é produzir uma estimativa do beta da carteira

DIFERENÇA em relação aos movimentos da taxa de câmbio. Devemos estimá-

lo num regime de câmbio flutuante no qual este fator é observável. Daí vem a

primeira suposição que adotamos: a de que a relação entre os retornos da

carteira DIFERENÇA e os movimentos da taxa de câmbio seja a mesma antes e

depois do evento da desvalorização (lembremos que antes do evento o câmbio é

de flutuação gerenciada e após ele é flutuante ou determinado pelo mercado). A

segunda suposição é a de que no período pós-desvalorização, a mudança na

taxa de câmbio à vista é a única variável relevante na previsão da taxa de

câmbio futura. Se os retornos da carteira DIFERENÇA, acima expostos, forem

considerados como a elasticidade da taxa de câmbio, suas séries poderiam ser

consideradas como uma “sombra” da taxa de câmbio (ou a verdadeira taxa de

câmbio, caso o mercado flutuasse livremente).

Para tanto, estimamos esta relação por meio de uma regressão simples

entre o logaritmo neperiano do retorno semanal do dólar comercial Ptax venda

como a variável independente e o retorno acumulado da carteira DIFERENÇA

como a variável dependente. Os dados são de todas as sextas-feiras entre

08/01/1999 e 25/06/1999, que inclui a janela do evento e um período posterior ao

mesmo.

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No anexo 5 encontramos a série destas variáveis. A equação resultante desta

regressão foi:

Y = 0,01 + 0,38X (9) (valor P em relação ao valor da variável X = 0,0499) e,

Onde:

X = logaritmo neperiano do retorno semanal do dólar comercial Ptax venda a

partir de 08/01/99 até 25/06/1999.

Y = retorno semanal acumulado da carteira DIFERENÇA a partir de 08/01/1999

até 25/06/1999.

Figura 3. Retornos acumulados em logaritmo neperiano da carteira DIFERENÇA

(retornos anormais da carteira SUPER menos os retornos anormais da carteira

SUB) e do dólar comercial Ptax venda após o evento da desvalorização.

0,00000,10000,20000,30000,40000,50000,6000

08/ja

n

22/ja

n

05/fe

v

19/fe

v

05/m

ar

19/m

ar

02/a

br

16/a

br

30/a

br

14/m

ai

28/m

ai

11/ju

n

25/ju

n

DIF ACUM RET LN DOLAR ACUM

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A figura 3 nos mostra a correlação entre estas variáveis. É importante

observar que as variáveis caminham quase que juntas no primeiro mês após a

desvalorização. Entretanto, enquanto o mercado cambial continua

sobrevalorizado, o mercado acionário, nos dois meses seguintes, demonstra

dúvidas quanto à capacidade das empresas com exposição cambial positiva, se

beneficiarem da desvalorização. Ao final de abril, observamos que as

expectativas dos mercados cambial e acionário voltam a convergir, assim se

mantendo até o final do período da amostra.

4.9 – Criando a cotação sombra da moeda

Partindo da suposição de que a relação do item anterior só não se

manifestou antes do evento dada as condições anormais do mercado (câmbio

administrado pela autoridade monetária), poderemos considerá-la implícita no

período anterior ao evento.

Outra suposição a ser considerada é a de que, passados seis meses do

evento da desvalorização, eventuais exageros ou desvios já deveriam ter sido

corrigidos pela “racionalidade” do mercado e a moeda estaria em seu valor de

equilíbrio.

Tendo estas duas suposições como suporte, iniciamos a série da

cotação-sombra da moeda no final de junho de 1999, retrocedendo-a até julho de

1997. O faremos utilizando os retornos acumulados da carteira DIFERENÇA

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deflacionados pela equação (9). A série de dados resultante desta operação está

contida no anexo 6.

Figura 4. Cotação real da moeda (dólar comercial Ptax venda) e cotação sombra

da moeda. Base em 01/07/1999 com USD 1 = R$ 1,75. A cotação sombra da

moeda foi obtida por meio da equação Y = 0,01+0,38X, sendo Y o retorno mensal

da carteira DIFERENÇA e X a variação cambial implícita resultante desta

equação. X então é utilizado para deflacionar o dólar criando a cotação da

moeda sombra.

Eventos importantes no período da amostra:

Agosto de 1997 – Crise Asiática.

Agosto de 1998 – Crise Russa.

0,00000,50001,00001,50002,00002,50003,0000

jul/97

out/97

jan/98

abr/98

jul/98

out/98

jan/99

abr/99

jul/99

Dólar Comercial Dólar-Sombra

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Outubro de 1998 – Reeleição de Fernando Henrique Cardoso.

Início de Janeiro de 1999 – Declaração de moratória do Estado de Minas Gerais,

pelo Governador Itamar Franco.

Conforme podemos observar na Figura 4, o mercado acionário não se

mostrou um bom indicador antecedente da desvalorização que o real viria a

sofrer. Apesar dos repiques durante as crises asiática e russa, observamos que

o mercado acionário, logo em seguida a estes eventos, demonstrava o retorno da

confiança no valor da moeda. Tendência esta que foi consolidada com a

reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Isto reforça o fato de que o

evento não foi antecipado de forma consistente. Apenas após a declaração de

intenção de moratória do Governador Itamar Franco é que o mercado,

efetivamente, indicou a inevitabilidade de uma desvalorização do real.

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5 – CONCLUSÃO

O teste realizado com o modelo de Becker, Gelos e Richards (2000) para

verificar a capacidade de indicador antecedente do mercado acionário e, assim,

prever através dele, a trajetória futura da taxa de câmbio, não apresentou

resultados satisfatórios no caso da desvalorização do real ocorrida em janeiro de

1999. Ressalvando que uma das limitações do estudo foi o fato de utilizarmos

betas constantes para os ativos da amostra, quando sabemos que eles são

instáveis no tempo.

A não antecipação do evento por parte do mercado acionário em um

período relevante de tempo (e não em dias conforme ocorrido) pode ser

explicado por: (i) a confiança que o mercado possuía à época na política

econômica do Governo Fernando Henrique Cardoso, explicitada na presença do

economista Gustavo Franco, claramente favorável a uma política de câmbio

administrado, na presidência do Banco Central, o que confirmaria que o mercado

acionário não antecipou a desvalorização do Real ou (ii) o fato de que o Banco

Central forneceu proteção cambial (hedge) em escala suficiente para que as

empresas da carteira SUB não fossem prejudicadas por uma eventual

desvalorização da moeda, sendo assim, o mercado não diferenciou

acentuadamente o comportamento de empresas que seriam beneficiadas ou

prejudicadas por uma desvalorização do Real.

O modelo, entretanto, confirmou a alta correlação positiva entre a

exposição cambial positiva das empresas e a variação da taxa de câmbio

observada no período após a desvalorização. Isto parece indicar que o evento da

desvalorização não foi antecipado pelo mercado acionário, mas quando de sua

ocorrência, o mercado ajustou-se conforme previsto pelo modelo de eficiência

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semiforte. Além disso, observamos que, diferentemente do ocorrido no México, o

setor financeiro brasileiro obteve retornos anormais positivos no período da

amostra.

De um modo geral, o estudo corrobora o fato de que empresas com

exposições cambiais positivas se beneficiam de uma desvalorização da moeda

doméstica. Porém, o estudo não confirma se a exposição cambial negativa,

representada pelo endividamento em moeda estrangeira, é motivo para que a

empresa obtenha retornos anormais negativos em face de uma desvalorização

da moeda doméstica.

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6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DORNBUSCH, R.; FISCHER S.. Macroeconomia. 5ª edição.

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ANEXOS

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Anexo 1 – Resultado do ICAPM das empresas selecionadas através dos critérios

de liquidez :

Empresa Beta Câmbio Valor P ACESITA PN -3,5456 0,1972 AMBEV PN -2,5638 0,0088 AMERICA DO SUL PN -0,1259 0,9541 ANTARCTICA NORDESTE ON -0,1259 0,9541 ARACRUZ PNB 0,4968 0,7624 BANESPA ON 10,3507 0,0022 BANESPA PN 10,1778 0,0031 BELGO MINEIRA ON 1,2263 0,3644 BELGO MINEIRA PN 2,5761 0,0982 BOMBRIL PN -0,9572 0,5656 BRADESCO ON -0,3361 0,7187 BRADESCO PN -1,3897 0,1625 BCO BRASIL ON -1,7798 0,1889 BCO BRASIL PN -1,1085 0,5259 BRASIL TELECOM ON -2,2897 0,1941 BRASIL TELECOM PN -1,4235 0,3703 BRASMOTOR PN -2,9136 0,1000 BUNGE FERTILIZ PN 4,1088 0,1075 CAEMI METAL PN 2,2033 0,3207 CARGILL FERTILIZ PN 4,6080 0,0157 CELESC PNB 1,6773 0,3165 CEMIG ON 0,6811 0,6518 CEMIG PN 0,6597 0,4578 CERJ ON -3,9512 0,0105 CESP ON 4,7944 0,0150 CESP PN 4,3784 0,0291 CIMENTO ITAU PN -0,6404 0,6427 CONFAB PN 9,0677 0,0005 COPEL ON 0,9718 0,4726 COPENE PNA 0,5502 0,7129 COPESUL ON -1,1983 0,3031 DURATEX PN 0,2355 0,8596

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Anexo 1 – Resultado do ICAPM das empresas selecionadas através dos critérios

de liquidez (continuação):

Empresa Beta Câmbio Valor P ELETROBRAS ON 0,5259 0,6846 ELETROBRAS PNB 0,5239 0,6851 ERICSSON PN 5,1294 0,0794 ESTRELA PN 1,3163 0,6201 F CATAGUAZES PNA 4,2497 0,0001 FERRO LIGAS PN 11,8147 0,0003 FERTIBRAS PN 4,9391 0,0430 FORJAS TAURUS PN 3,6635 0,0077 FOSFERTIL PN 0,9121 0,0047 GERDAU METAL PN 0,5196 0,2123 GERDAU PN 0,7911 0,0433 IPIRANGA PETR PN 0,3601 0,1875 IPIRANGA REFIN PN 0,5119 0,0474 ITAUBANCO ON -0,1069 0,6173 ITAUSA PN -0,1282 0,6383 KLABIN PN 1,5825 0,0001 KUALA PN 2,8675 0,0002 LIGHT ON -1,2182 0,0001 LOJAS AMERIC PN 0,1771 0,6936 METAL LEVE ON 1,5741 0,0003 MULTIBRAS PN -0,0691 0,8753 PARANAPANEMA PN 1,4531 0,0022 PAUL FORCA E LUZ ON -0,3005 0,2189 PERDIGAO PN -1,0361 0,4513 PETROBRAS DISTR PN 1,2378 0,3567 PETROBRAS ON 3,3431 0,0422 PETROBRAS PN 0,8584 0,4444 PLASCAR PN -0,3851 0,8660 RANDOM PARTIC PN 2,9143 0,0970 REAL PN 2,8037 0,0467 RHODIA-STER ON -4,1196 0,0763 SADIA SA PN 2,1975 0,0939

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58

Anexo 1 – Resultado do ICAPM das empresas selecionadas através dos critérios

de liquidez (continuação):

Empresa Beta Câmbio Valor P SAMITRI PN 1,6921 0,3588SHARP PN 1,1651 0,5861SID NACIONAL ON -0,3191 0,8273SID TUBARAO PN -0,0642 0,9723SOUZA CRUZ ON 0,1169 0,9239TEKA PN 3,4904 0,0848TELEMIG PNB -0,8565 0,0530TELESP OPER ON -0,5472 0,0378TELESP OPER PN -0,6462 0,0089TRIKEM PN 0,3977 0,4606UNIBANCO ON 0,1334 0,7517UNIBANCO PN -0,7242 0,0301UNIPAR PNB 0,6939 0,0286USIMINAS PNA -0,5211 0,0996VALE RIO DOCE ON 0,9122 0,0039VALE RIO DOCE PN 0,8478 0,0007VOTORANTIM C PN 1,8447 0,0000WHITE MARTINS ON 0,8315 0,0138

Obs.: A Unipar foi excluída da amostra por impossibilidade da obtenção de dados

sobre importação e exportação e ausência de proxies aceitáveis.

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59

Anexo 2 – Variável dependente e variáveis independentes derivadas (Modelo 1).

Modelo 1: const + (X-M)/V + var dummy “é banco?” + EME/V Retorno anormal

Acumulado EMPRESA (X-M)/V É banco = 1 EME/V 0,1926 AMBEV -0,0757 0 0,2394 -0,3002 BANESPA 0,0000 1 0,0000 -0,2663 BRASMOTOR -0,0585 0 3,3505 0,0371 CARGILL FERTILIZ -0,4322 0 0,2939 -0,7324 CERJ -0,0235 0 0,2529 -0,4009 CESP -0,0034 0 1,1007 -0,1092 CONFAB INDUSTR 0,1120 0 0,0534 0,3042 ERICSSON -0,2973 0 0,1181 -0,4699 F CATAGUAZES -0,0189 0 0,0274 0,4438 FERRO LIGAS 0,4245 0 0,8341 -0,0274 FERTIBRAS -0,4917 0 0,3377 0,0796 FORJAS TAURUS 0,5194 0 0,0166 0,1494 FOSFERTIL -0,1413 0 0,0066 0,2608 GERDAU 0,0174 0 0,0955 -0,1148 IPIRANGA REFIN -0,0134 0 1,9622 0,3338 KLABIN 0,7504 0 1,4750 0,5854 KUALA 0,4300 0 0,0061 -0,6243 LIGHT -0,0032 0 0,4998 0,2083 METAL LEVE 0,4258 0 0,0223 -0,3956 PARANAPANEMA -0,1530 0 0,1075 -0,1892 PETROBRAS -0,2700 0 0,6022 0,2008 RANDOM PARTIC 0,2226 0 0,2235 -0,1734 REAL 0,0000 1 0,0000 0,2890 RHODIA-STER 0,0692 0 1,1233 -0,0134 SADIA 0,1181 0 0,1620 -0,1572 SID BELGO-MINEIR 0,0111 0 0,0925 0,3599 TEKA 0,1322 0 0,1894 -0,3668 TELEMIG PART -0,0097 0 0,2383 -0,0717 TELESP PART -0,0062 0 0,2089 -0,4508 UNIBANCO 0,0000 1 0,0000 0,0912 USIMINAS 0,1151 0 0,2596 0,4958 VALE 0,5847 0 1,4960 0,4652 VOTOR CEL E PAP 0,4706 0 1,1724 0,1911 WHITE MARTINS 0,1491 0 0,3992

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Anexo 2 – Variável dependente e variáveis independentes derivadas (Modelo 2).

Modelo 2: const + (X-M)/V + var dummy “é banco?” Retorno anormal

acumulado EMPRESA (X-M)/V É banco = 1 0,1926 AMBEV -0,0757 0 -0,3002 BANESPA 0,0000 1 -0,2663 BRASMOTOR -0,0585 0 0,0371 CARGILL FERTILIZ -0,4322 0 -0,7324 CERJ -0,0235 0 -0,4009 CESP -0,0034 0 -0,1092 CONFAB INDUSTR 0,1120 0 0,3042 ERICSSON -0,2973 0 -0,4699 F CATAGUAZES -0,0189 0 0,4438 FERRO LIGAS 0,4245 0 -0,0274 FERTIBRAS -0,4917 0 0,0796 FORJAS TAURUS 0,5194 0 0,1494 FOSFERTIL -0,1413 0 0,2608 GERDAU 0,0174 0 -0,1148 IPIRANGA REFIN -0,0134 0 0,3338 KLABIN 0,7504 0 0,5854 KUALA 0,4300 0 -0,6243 LIGHT -0,0032 0 0,2083 METAL LEVE 0,4258 0 -0,3956 PARANAPANEMA -0,1530 0 -0,1892 PETROBRAS -0,2700 0 0,2008 RANDOM PARTIC 0,2226 0 -0,1734 REAL 0,0000 1 0,2890 RHODIA-STER 0,0692 0 -0,0134 SADIA 0,1181 0 -0,1572 SID BELGO-MINEIR 0,0111 0 0,3599 TEKA 0,1322 0 -0,3668 TELEMIG PART -0,0097 0 -0,0717 TELESP PART -0,0062 0 -0,4508 UNIBANCO 0,0000 1 0,0912 USIMINAS 0,1151 0 0,4958 VALE 0,5847 0 0,4652 VOTOR CEL E PAP 0,4706 0 0,1911 WHITE MARTINS 0,1491 0

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Anexo 2 – Variável dependente e variáveis independentes derivadas (Modelo 3).

Modelo 3 : const + var dummy “é banco?” + X/V + M/V Retorno anormal

acumulado EMPRESA É banco = 1 M/V X/V 0,1926 AMBEV 0 0,0757 0,0000 -0,3002 BANESPA 1 0,0000 0,0000 -0,2663 BRASMOTOR 0 0,3729 0,3145 0,0371 CARGILL FERTILIZ 0 0,4371 0,0049 -0,7324 CERJ 0 0,0235 0,0000 -0,4009 CESP 0 0,0034 0,0000 -0,1092 CONFAB INDUSTR 0 0,0000 0,1120 0,3042 ERICSSON 0 0,3776 0,0803 -0,4699 F CATAGUAZES 0 0,0189 0,0000 0,4438 FERRO LIGAS 0 0,0000 0,4245 -0,0274 FERTIBRAS 0 0,5000 0,0083 0,0796 FORJAS TAURUS 0 0,0477 0,5671 0,1494 FOSFERTIL 0 0,1450 0,0037 0,2608 GERDAU 0 0,0228 0,0402 -0,1148 IPIRANGA REFIN 0 0,0134 0,0000 0,3338 KLABIN 0 0,0179 0,7683 0,5854 KUALA 0 0,1110 0,5410 -0,6243 LIGHT 0 0,0032 0,0000 0,2083 METAL LEVE 0 0,0042 0,4300 -0,3956 PARANAPANEMA 0 0,3815 0,2285 -0,1892 PETROBRAS 0 0,3153 0,0453 0,2008 RANDOM PARTIC 0 0,0036 0,2262 -0,1734 REAL 1 0,0000 0,0000 0,2890 RHODIA-STER 0 0,1841 0,2533 -0,0134 SADIA 0 0,0090 0,1271 -0,1572 SID BELGO-MINEIR 0 0,0218 0,0328 0,3599 TEKA 0 0,0668 0,1990 -0,3668 TELEMIG PART 0 0,0097 0,0000 -0,0717 TELESP PART 0 0,0062 0,0000 -0,4508 UNIBANCO 1 0,0000 0,0000 0,0912 USIMINAS 0 0,0723 0,1874 0,4958 VALE 0 0,0328 0,6175 0,4652 VOTOR CEL E PAP 0 0,0014 0,4720 0,1911 WHITE MARTINS 0 0,0009 0,1500

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Anexo 3 - Estatística das Variáveis Independentes Básicas. Há 31 observações

para cada variável correspondendo às 31 empresas não financeiras da amostra

(em R$mil).

Receita

Operacional

Líquida

Exportações

Importações

Endividamento

em Moeda

Estrangeira

Média 1.766.055,42 173.463,91 247.842,29 952.815,69

Erro-padrão 587.685,86 68.688,19 182.557,72 390.320,28

Mediana 731.000,00 61.700,00 20.713,20 237.003,00

Modo N/D 0,00 0,00 N/D

Desvio-Padrão 3.272.096,37 382.439,64 1.016.438,35 2.173.211,34

Variância 1,07E+13 1,46E+11 1,03E+12 4,72E+12

Curtose 21,50 19,24 29,89 14,97

Assimetria 4,35 4,16 5,43 3,71

Intervalo 17.949.900,00 2.021.737,95 5.679.502,80 10.846.659,00

Mínimo 64.100,00 0,00 0,00 572,00

Máximo 18.014.000,00 2.021.737,95 5.679.502,80 10.847.231,00

Soma 54.747.718,00 5.377.381,19 7.683.110,90 29.537.286,32

Nº empresas 31 31 31 31

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Anexo 4 –Composição das Carteiras com os respectivos valores da variável

independente classificadora.

CARTEIRA SUPER CARTEIRA SUB EMPRESA (X-M)/V EMPRESA (X-M)/V KLABIN 0,7504 LIGHT -0,0032 VALE 0,5847 CESP -0,0034 FORJAS TAURUS 0,5194 TELESP PART -0,0062 VOTOR CEL E PAPEL 0,4706 TELEMIG PART -0,0097 KUALA 0,4300 IPIRANGA REFIN -0,0134 METAL LEVE 0,4258 F CATAGUAZES -0,0189 FERRO LIGAS 0,4245 CERJ -0,0235 RANDOM PARTIC 0,2226 BRASMOTOR -0,0585 WHITE MARTINS 0,1491 AMBEV -0,0757 TEKA 0,1322 FOSFERTIL -0,1413 SADIA 0,1181 PARANAPANEMA -0,1530 USIMINAS 0,1151 PETROBRAS -0,2700 CONFAB INDUSTRIAL 0,1120 ERICSSON -0,2973 RHODIA-STER 0,0692 CARGILL FERTILIZ -0,4322 GERDAU 0,0174 FERTIBRAS -0,4917 SID BELGO-MINEIRA 0,0111

CARTEIRA BANCOS EMPRESA (X-M)/V BANESPA 0 REAL 0 UNIBANCO 0

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Anexo 5. Dados semanais dos Retornos Acumulados da Carteira DIFERENÇA e

do Retorno em logaritmo neperiano do Dólar Comercial

Data

Retorno da Carteira

DIFERENÇA

Retorno em ln do Dólar Comercial

Ptax Venda 8/1 0 0 15/1 0,0949 0,1915 22/1 0,1238 0,3425 29/1 0,3021 0,4937 5/2 0,3605 0,4142 12/2 0,3687 0,4500 19/2 0,2805 0,4617 26/2 0,2396 0,5340 5/3 0,1811 0,4988 12/3 0,1079 0,4535 19/3 0,2320 0,4246 26/3 0,1765 0,3828 2/4 0,1524 0,3525 9/4 0,1925 0,3449 16/4 0,2340 0,3218 23/4 0,3018 0,3308 30/4 0,3286 0,3162 7/5 0,3584 0,3225 14/5 0,3829 0,3140 21/5 0,3643 0,3374 28/5 0,3567 0,3578 4/6 0,3957 0,3609 11/6 0,3786 0,3817 18/6 0,3859 0,3678 25/6 0,3974 0,3914

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Anexo 6 - Série histórica da cotação do dólar comercial Ptax venda, do retorno

da carteira DIFERENÇA, da variação cambial implícita pelos coeficientes

estimados pela Equação (9) e da cotação sombra do dólar resultante .

Cotação do dólar Ptax venda do fechamento

do mês

Retorno da carteira DIFERENÇA

(Y)

Variação Cambial Implícita pelos coeficientes

estimados pela Equação 9

(X)

Cotação sombra do

dólar

01/07/1999 1,7575 1,7575 jun/99 1,7336 0,0173 0,0454 1,6810 mai/99 1,6735 0,0922 0,2425 1,3528 abr/99 1,7251 0,0607 0,1598 1,1663 mar/99 2,0284 -0,1032 -0,2716 1,6014 fev/99 1,9638 0,0561 0,1477 1,3953 jan/99 1,2095 0,2830 0,7447 0,7997 dez/98 1,2029 0,0236 0,0622 0,7529 nov/98 1,1954 -0,0968 -0,2547 1,0102 out/98 1,1879 -0,0533 -0,1402 1,1750 set/98 1,1804 0,0093 0,0245 1,1468

ago/98 1,1729 -0,0359 -0,0945 1,2666 jul/98 1,1652 -0,0952 -0,2504 1,6897

jun/98 1,1578 0,0182 0,0480 1,6123 mai/98 1,1507 0,0445 0,1171 1,4433 abr/98 1,1429 0,0323 0,0850 1,3301 mar/98 1,1359 0,1163 0,3061 1,0184 fev/98 1,1287 -0,0304 -0,0801 1,1071 jan/98 1,1219 -0,0572 -0,1504 1,3031 dez/97 1,1149 -0,1079 -0,2840 1,8201 nov/97 1,1065 -0,0630 -0,1658 2,1821 out/97 1,1019 0,0077 0,0202 2,1388 set/97 1,0955 -0,0330 -0,0867 2,3420

ago/97 1,0890 -0,0135 -0,0355 2,4283 jul/97 1,0825 0,0010 0,0025 2,4221

Equação (9) Y = 0,01 + 0,38X e X = (Y-0,01)/0,38