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2 A Luz no Espaço e no Tempo

5 Primeira turma do projeto Heliasas se forma no curso de mecânica aeronáutica

6 Uma nova luz para a medicina no tratamento do câncer

9 2015 Ano Internacional da Luz

10 Mantiqueira

11 Vamos viajar...

12 Outubro Rosa

14 Câmara Municipal de Itajubá

15 11 de dezembro — Dia do Engenheiro e do Arquiteto

16 A saúde bucal dos bebês

18 Projetos organizados em redes recebem financiamento para fortalecer produção orgânica

19 Hortas urbanas

20 Nanotecnologia — a revolução do invisível

Naturale é uma publicação da DIAGRARTE Editora Ltda-ME

CNPJ 12.010.935/0001-38 Itajubá/MG

Editora: Elaine Cristina Pereira (Mtb 15601/MG)

Colaboradores

Articulistas: Alvaro Antonio Alencar de Queiroz, Eder Martioli, Dra. Gracia Costa Lopes, José Maurício Carneiro e Paulo Braz Rosas.

Revisão: Marília Bustamante Abreu Marier

Projeto Gráfico: Elaine Cristina Pereira

Capa: Foto Orlando Mohallem. Montagem Elaine Pereira

Vendas: Diagrarte Editora Ltda-ME

Impressão: Resolução Gráfica

Tiragem: 3.000 exemplares impressos e 20.000 eletrônico

Distribuição Gratuita - impressa e eletrônica

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Direitos reservados. Para reproduzir é necessário citar a fonte.

Faça parte da Naturale e integre esta corrente pela informação e pelo bem.

Anuncie: (35) 9982-1806 e-mail: [email protected]

Acesse a versão eletrônica:

www.diagrarte.com.br

Impresso no Brasil com papel originado de florestas renováveis e fontes mistas.

expediente

A Organização das Nações Unidas (ONU) decretou 2015 como o Ano Internacional da Luz. Quando falamos sobre Luz nossos horizontes se ampliam e nos remete primeiro à fonte natural, ao nosso Sol, fonte de nossa energia, à luz das estrelas e constelações, à luz do universo, o qual possui outros sois além do nosso.

Bem, esta fonte luminosa ou energia rege nosso sistema de vida, a possibilidade de enxergarmos, das plantas fazerem a fotossíntese e de todo o processo biológico da Terra se manifestar...

De um outro ponto de vista nos remete também à nossa própria luz, tanto ao nosso desenvolvimento físico como espiritual, indepen-dente da crença de cada um. Todos já ouviram falar do termo “pessoas iluminadas”, aquelas que alcançaram um alto grau de conhecimento interno e das leis do universo.

A Luz e a Sombra, o claro e o escuro, fazem parte da dualidade na qual estamos inseridos e cabe a cada um de nós optar por qual lado dar mais atenção, ao lado da Luz ou da escuridão.

Esta primeira reflexão partindo do ponto de vista da “natureza” abre portas para observarmos como a Luz é importante e está presen-te em tudo o que nos rodeia e como o desenvolvimento tecnológico tem-se beneficiado e avançado na sua utilização. Da descoberta da luz elétrica ao mais moderno sistema de comunicação, do uso da fo-tografia, do laser, dos telescópios, e de tantos outros equipamentos que foram e estão sendo desenvolvidos para auxiliarem os avanços do mundo moderno, nas mais diversas áreas, temos nela também a pro-dução de energia limpa, sustentável. Então, aproveitemos 2015 para conhecermos tudo o que a Luz nos traz!

Aproveito para desejar a todos um ano muito Iluminado em todos os aspectos da vida de cada um de vocês e agradecer por termos con-cluído mais um ano. Aos parceiros, apoiadores, colaboradores, amigos e leitores, meu especial agradecimento, que neste novo ano possamos caminhar juntos para que a união do brilho de cada um de nós torne-se uma grande luz para o mundo.

Grande abraço!

Elaine Pereira

Naturale30a edição Dezembro/Janeiro - 2015

ISSN 2237-986X

Caro leitor

Apoio para distribuição:

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em: g

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A Luz no Espaço e no TempoPor Eder Martioli

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em: N

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Naturaledezembro/janeiro - 2015

Afinal, de onde vem a luz? A re-ceita para se fazer luz é de certa forma muito simples. Basta chacoalhar uma carga elétrica. Isso mesmo, pode co- meçar a balançar uma pilha bem rá-pido que ela produzirá luz. Só não sei se você conseguirá balançar rápido o suficiente para produzir luz visível! A luz, também conhecida como radia-ção eletromagnética, não é nada mais do que uma onda que transporta a energia eletromagnética gerada pelo movimento acelerado de uma carga elétrica.

Da mesma forma que a luz, o som também é uma onda, só que ele é ge-rado pelo movimento do ar. O som da nossa voz, por exemplo, vem do mo-vimento do ar causado pela vibração das cordas vocais. Até mesmo aquela ondinha num lago que se forma quan-do atiramos uma pedra na água é um fenômeno muito parecido com a luz. A natureza de todos esses fenômenos é a mesma, ou seja, todos são ondas responsáveis pela propagação no es-paço da energia que se gastou para chacoalhar um certo meio. No caso do som o meio é o ar, no caso da onda no lago o meio é a água, mas e a luz? A luz carrega a energia da chacoalhada de uma carga elétrica, e o campo elé-trico gerado por essa carga não precisa de nenhum meio físico para se pro-pagar. Isso mesmo, o campo elétrico pode caminhar no vácuo! Por isso, a luz também não precisa de um meio fí-sico para se propagar, além do próprio vácuo, é claro.

Muito bem, então qual é a impor-tância da luz para nós? Na verdade, ela é extremamente importante para nos-sas vidas e logo saberemos o porquê.

A luz é, sem dúvida nenhuma, o nosso maior vínculo com o Universo. É

ela a fonte de informação mais precisa sobre lugares e épocas distantes, tanto no espaço quanto no tempo. A luz também transporta a principal fonte de energia que chega à Terra, a energia do Sol. Imaginem que o Sol, mesmo estando a uma distância de aproximadamente 150 milhões de quilômetros da Terra, é a nossa principal fonte de energia. Ele é responsável por manter a atmosfera da Terra numa temperatura e pressão suficiente para que a água coexista nos três estados físicos da matéria, sendo em sua maior parte no estado líquido. Isso é muito im-portante para a existência e evolução da vida em nosso planeta. Devemos muito ao Sol, pois, sem ele, tudo aqui seria frio, escuro, sem ar, sem movimento das águas e dos ventos, sem chuvas, enfim, sem vida. Mas, adivinhem! O principal responsável por transportar a energia do Sol até a Terra é a luz!

Antes de prosseguir, vamos deixar uma coisa clara, tão clara como a luz! A luz que me refiro tem um conceito mais amplo do que somente aquela luz que enxergamos. A luz que enxergamos, ou luz visível, é apenas uma fração muito pe-quena da luz que existe por aí. A luz visível é somente aquela gerada quando uma carga elétrica recebe entre 400 e 700 trilhões de chacoalhadas por segundo! O que aconteceria se chacoalhássemos essa mesma carga numa velocidade menor, por exemplo, a 1 milhão de chacoalhadas por segundo? Isso também produziria luz, porém, ela teria uma “cor”, ou frequência, que não é detectável pelos nossos olhos, mas sim pelas antenas de TV, que são as ondas de rádio. Da mesma forma, outros tipos de luz podem ser produzidos através da vibração de cargas elétricas em uma diversidade infinita de frequências. Cada um desses tipos de luz possui propriedades particulares, que tornam esse fenômeno tão especial!

Ilustração mostrando os diversos tipos de luz e seus respectivos intervalos de frequência e temperatura necessária para emitir radiação térmica naquela fre- quência. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Espectro_eletromagnético. Crédi-tos: Villate, Jaime E. Faculdade de Engenharia/Universidade do Porto/Portugal.

Agora pensem um pouco: a luz é produzida através da aceleração de uma carga elétrica. Quase tudo que conhecemos na natureza é formado por átomos, que por sua vez, possuem prótons e elétrons, ambos com cargas elétricas — o próton com carga positiva e o elétron com carga negativa. Estes átomos estão em constante agitação, seja devido à vibração térmica, à vibração do som ou por colisões. Os elétrons também se encontram em constante movimento em torno do núcleo. Logo, como quase tudo no Universo possui átomos e se movimenta, quase tudo produz luz! Deixamos uma ressalva aqui. Há outros tipos de entida-des físicas no Universo que ainda não conhecemos muito bem, como é o caso da matéria escura. Mesmo sem saber da sua natureza, sabe-se que a matéria escura se apresenta em uma quantidade muito maior do que os átomos, porém, não en-traremos neste assunto, pois o assunto aqui é luz e uma das particularidades da matéria escura é de que ela não possui carga elétrica e, portanto, ela não produz nem interage com a luz.

Tomamos como exemplo o corpo do ser humano, que é feito de milhões e

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milhões de átomos que possuem cargas elétricas em seu núcleo e elétrons carregados se movimentando o tempo todo. Esses átomos vibram por possuírem uma certa tem-peratura. A temperatura do corpo humano está em torno de 36,5ºC, fazendo com que, em média, nosso corpo emita luz com frequência de aproximadamente 30 trilhões de cha-coalhadas por segundo (30 THz), ou seja, luz infravermelha, que é invisível ao olho humano. O fato de enxergarmos uns aos outros durante o dia é porque nosso corpo também re-flete a luz visível do Sol ou de uma lâmpada. Há objetos mais quentes que emitem luz visível, como é o caso de uma brasa queimando na fogueira ou do próprio Sol. Não é coin-cidência o Sol emitir luz na frequência (ou cor) exata onde nosso olho é mais sensível, ou seja, na cor amarela (~600 THz). Essa aparente coincidência na verdade é um produto da evolução do nosso corpo que teve seus sensores adap-tados à fonte de luz mais abundante em nosso meio, que é a luz do Sol.

Imagem mostrando em cores falsas a intensidade de luz infra-vermelha emitida pela pele de uma pessoa realizando atividades físicas. Note a barra ao lado mostrando a correspondência de cada cor à temperatura. Fonte: http://www.dni.unich.it/wp-con-tent/uploads/2013/11/termo1.jpg

Assim como o corpo humano, qualquer objeto no Uni-verso emite luz. Bom, qualquer um não, existe alguns objetos estranhos que não emitem luz, como é o caso dos buracos negros. Os buracos negros são objetos muito interessantes, pois são formados pelo mesmo tipo de matéria que cons-titui os átomos, porém, ao contrário dos átomos, eles não emitem luz. A força da gravidade gerada pela quantidade de matéria concentrada no buraco negro é tão grande que a luz não consegue sair do campo gravitacional, por isso ele

não brilha. Qualquer feixe de luz que caminhe na direção de um buraco negro será atraído para dentro dele e não conse-guirá sair de lá. A luz absorvida pelo buraco negro adiciona energia na forma de matéria, fazendo o buraco negro cres-cer em tamanho, seguindo a famosa relação entre massa e energia proposta por Albert Einstein (Energia = massa x c2, onde c é a velocidade da luz, ou seja c ~ 300.000 km/s). O fato da luz ser atraída pela gravidade é um dos fenômenos que revolucionaram a física dos tempos modernos. A Teo-ria da Relatividade Geral de Einstein considera a gravitação como uma alteração na forma do espaço e do tempo. A luz não possui massa e, portanto, não deveria ser atraída pela gravidade. Porém, considerando que a gravidade seja uma deformação no espaço, qualquer coisa que se movimentar por ele (inclusive a luz) terá o seu caminho alterado de acor-do com a intensidade do campo gravitacional, seguindo a curvatura do espaço causado pela presença de matéria. A Teoria da Relatividade é comprovada hoje com inúmeros ex-perimentos, onde, observa-se o comportamento da luz de

Imagem no infravermelho mostrando a região do centro da Via Láctea, também conhecida como Sagittarius A*, onde foram observadas diversas estrelas orbitando um buraco negro su-permassivo no centro. A imagem foi obtida com o instrumento NACO no teléscopio VLT (Very Large Telescope) do ESO. Crédi-tos: ESO - Stefan Gillessen, Reinhard Genzel, Frank Eisenhauer. http://www.eso.org/public/images/eso0846a/

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galáxias distantes ou de estrelas próximas que estejam sob o efeito de campos gravitacionais intensos. A luz é ou não é importante para aprendermos sobre nosso Universo!?

É através da luz também que os astrônomos observam estrelas distantes. Até mesmo os buracos negros, que não podem ser observados diretamente, são estudados através da luz emitida por estrelas e por outros materiais que se encontram em órbita do bura-co negro. Esses corpos em órbita possibilitam realizar medições da quantidade de matéria concentrada em uma região escura do espaço. O centro da Via Láctea, a nossa galáxia, é o melhor exemplo que temos de um buraco negro. Próximo ao centro da galáxia observam- se estrelas brilhantes orbitando uma região escura a velocidades incríveis. O que mais poderia possuir um campo gravitacional tão intenso e não emitir luz algu-ma se não um buraco negro? O buraco negro do centro da Via Láctea é do tipo super gigante, o maior que co-nhecemos na nossa galáxia, tendo aproximadamente 4,31 milhões de vezes a massa do nosso Sol.

Será através da luz também que em breve obte-remos informações sobre vida em outros planetas, caso ela realmente exista. Porém, ainda necessitamos de desenvolvimentos tecnológicos para que nossos instrumentos sejam capazes de detectar a luz que confirme a existência de vida em outros planetas. Es-se desenvolvimento já vem acontecendo. Telescópios mais potentes e detetores cada vez mais sensíveis, jun-tamente com as técnicas computacionais de análise de dados, permite-nos obter informações trazidas pela luz proveniente de regiões cada vez mais próximas às estrelas, onde se encontram sistemas planetários pare-cidos com o nosso. Entre os oito planetas do Sistema Solar apenas a Terra possui vida. Portanto, a existência de planetas não garante a existência de vida. Espera-se portanto que a maioria dos planetas observados em outras estrelas não sejam mais do que mundos iso-lados, sem condições para existência ou evolução da vida como aconteceu na Terra. Porém, entre as bilhões e bilhões de estrelas que existem no Universo, even-tualmente encontraremos um planeta parecido com a Terra, onde ocorreu um processo de evolução pareci-do ao nosso. Com tanta diversidade de vida presente aqui, também não se espera encontrar vida exatamen-te igual a nossa em outros planetas, onde as condições são distintas. Mas então que tipo de vida deve existir lá fora? Quais são as limitações e o grau de diversidade que a vida pode se desenvolver em ambientes diferen-tes da Terra? As respostas para estas perguntas será, sem dúvida, uma das grandes descobertas que a luz nos trará num futuro não muito distante!

Eder Martioli, Doutor em Astrofísica. Pesquisador do Laborató-rio Nacional de Astrofísica (LNA/MCTI)

Primeira turma do projeto

HeliAsas

Curso gratuito, promovido pelo Instituto Helibras, foi concluído por 27 alunos

A primeira turma do HeliAsas – projeto criado pelo Instituto Helibras e que conta com o apoio do Centro de Treinamento da empresa – forma-se neste mês de dezembro. Durante três anos e meio, os alunos se dedi-caram ao curso de Mecânico de Manutenção Aeronáuti-ca, em três habilitações: célula, grupo motopropulsor e aviônicos.

Sobre a criação do projeto, a gerente do Instituto Helibras declara que “o objetivo era dar aos candidatos a possibilidade de uma carreira, a perspectiva de uma nova vida profissional. O Projeto HeliAsas é voltado para atender a demanda de mão de obra qualificada no setor da aviação, dando oportunidade a pessoas de baixa ren-da a uma formação de qualificação profissional”.

E foi na própria Helibras que alguns destes alunos conseguiram se estabelecer, a exemplo de Jairo Duar- te, formando e funcionário da empresa: “O projeto He-liAsas significa muito para mim, pois mudou minha vida. Eu não tinha uma formação profissional e o curso me proporcionou esse conhecimento e me ensinou uma pro-fissão”.

A Helibras, o Instituto Helibras e o Centro de Trei-namento parabenizam estes alunos – agora profissionais – pela dedicação e comprometimento!

se forma no curso de mecânica aeronáutica

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Uma nova luz para a medicina no tratamento do câncer

"Envolto em luz como numa veste, Ele estende os céus como uma tenda” (Sl 104, 2)

Por Alvaro Antonio Alencar de Queiroz

A necessidade que invade a consciência humana de traçar a história da criação é irresistível e envolvente, afirmando-se desde sua origem como a própria estrutura do universo. A Teogonia, obra do poeta Hesíodo (séc. VIII a.C.), parece ser a mais antiga narrativa grega conhecida que descreve a Gênese do mundo a partir de um caos pri-mordial. Nela, a passagem das trevas à luz coincide com um drama épico que coloca em conflito, sucessivamente, três gerações divinas.

Embora cada sociedade, cultura ou civilização tenha a sua própria maneira de explicar a Gênese, a luz está presente em todas elas, se opondo às trevas, preen-chendo o vazio da existência humana. A similaridade entre as conjeturas da criação formuladas seja pela religião ou pela ciência, é que são totalmente indemonstráveis no laboratório e talvez nunca sejam provadas.

Sob a visão humana, luz é a parte do espectro eletromagnético a que o olho é sensível, uma pequena região do espectro eletromagnético compreendida entre a radiação ultravioleta (UV) e a radiação infravermelha (IR) (Figura 1).

Figura 1. O olho humano é sensível apenas a uma pequena região do espectro eletromagnético conhecido como luz visível que se estende na estreita faixa dos 400-700 nanômetros (1 nm = 10-9 m).

É na retina que se localiza a parte mais sensível do olho sensível à luz. A re- tina do olho humano contém milhões de células fotossensíveis chamadas de cones e bastonetes (Figura 2). Estas células transformam a energia luminosa em impul-

sos nervosos que serão interpretados pelo cérebro. Embora existam cerca de 125 milhões de bastonetes e cones dentro da retina, os bastonetes são mais numerosos entre os dois fotor-receptores; superando os cones na proporção de 18:1. Os bastonetes fun-cionam mesmo com pouca luz e criam imagens em preto e branco na penum-bra. Por outro lado, quando há muita luz, são os cones que entram em ação e dão ao ser humano a capacidade de ver cores.

Enxergar o mundo colorido não é uma exclusividade do ser humano. Existem animais com poder visual para as cores superiores a do espectro visto pelo ser humano, como resultado dos processos de seleção natural. Os cães são dicromáticos e enxergam bem as co-res primárias azul e amarela, percebendo também os tons de cinza e branco. Por outro lado, os ratos são monocromáti-cos uma vez que a visão desses animais alcança apenas o azul-esverdeado, em 510 nanômetros (Figura 3).

Figura 2. O olho humano (A) é uma estrutura complexa: a retina humana é uma membrana muito fina que reveste a superfície interna da parte posterior do globo ocular (B) formada por milhões de fotorreceptores (C). A micrografia em (C) mostra uma microscopia eletrônica de varredura dos fotorreceptores bastonetes, células cilíndricas e alongadas e; cones (células coloridas artificialmente em rosa) presen-tes na retina humana.

Figura 3. A visão em cores não é exclusivida-de humana. Muitos animais enxergam cores em certa medida, mas, como a maioria possui inúmeros bastonetes e muito poucos cones, as cores provavelmente aparecem desbota-das para eles. Acima, é ilustrada a visão do espectro eletromagnético para o cachorro, o rato e o ser humano. O cachorro pode ver em cor, mas não tantas cores como os seres humanos, já que possui só dois tipos dis- tintos de cones. O cachorro pode distinguir o azul do amarelo, do vermelho ou do verde, mas não pode distinguir o vermelho do ver- de. Já o rato não pode enxergar o vermelho. A faixa de visão desses animais vai do ama- relo ao ultravioleta, que é invisível ao ho- mem, passando pelo verde e pelo azul.

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Toda a vida neste planeta está associada à luz, em especial a fotossíntese das plantas. No processo da fotossíntese, a luz fornece a energia necessária para a pro-dução de moléculas das quais todos os seres vivos são essencialmente formados. A fotossíntese é um processo complexo de conversão de energia solar em energia química armazenada nas plantas.

As folhas das plantas funcionam como grandes coletores de energia solar carre-gando em sua estrutura um pigmento fotossintético denominado clorofila, que dão às plantas sua cor verde característica. A clorofila absorve nas regiões azuis e verme-lhas do espectro visível, mais especificamente a 420 e 660 nm (Figura 4).

Figura 4. A visão do mundo que conhecemos segundo as plantas e os seres hu-manos. Os olhos humanos (B) são muito sensíveis ao amarelo e pouco sensíveis ao azul e ao vermelho, inversamente ao que ocorre nas plantas (A). A clorofila das plantas absorve intensamente no vermelho (660 nm) e refletem a cor verde do espectro eletromagnético. A luz vermelha fornece a energia necessária para a fotossíntese. Por isso, a iluminação de plantas com lâmpadas de cor vermelha estimula o crescimento vegetativo e a floração enquanto que a cor violeta é a mais importante para as mudas, pois estimula o crescimento da planta.

Do ponto de vista químico, a clorofila é muito parecida com a hemoglobina presente no sangue humano, responsável pelo transporte do oxigênio para as células (Figura 5).

Figura 5. A clorofila das plantas (A) e a hemoglobina presente no sangue humano (B) possuem a mesma estrutura química exceto pelo átomo central. Nas plantas, a clorofila encontra-se no cloroplasto.

Não é necessário ser cientista para observar a maravilhosa similaridade entre essas estruturas e sua relação com o espectro da luz que nos envolve. É essa simi-laridade que motivou o grupo de pesquisa em Polímeros Bioativos e Biomiméticos da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) a desenvolver uma nova técnica para

tratamento do câncer utilizando a luz ver- melha (IR) do espectro eletromagnético e a clorofila extraída do espinafre (Fig. 6).

Figura 6. Os pesquisadores da UNIFEI utiliza-ram as folhas do espinafre (A) para isolamento da clorofila (B).

Os pesquisadores da UNIFEI iso- laram a clorofila do espinafre e encap-sularam o pigmento fotossintético em polímeros derivados da glicerina (PGLD) (Figura 7). O processo de encapsulamen- to teve por objetivo estabilizar a cloro- fila isolada dos cloroplastos e amplificar sua fluorescência, promovendo assim uma maior eficiência durante sua utili-zação como agente fotossensibilizador na terapia fotodinâmica (TFD) do cân- cer epidermóide de cabeça e pescoço (CECP).

A TFD parece ser um promissor tra-tamento clínico para o câncer e outras doenças não oncológicas. Esta técnica baseia-se no fato de que uma substância fotoativa, denominada fotossensibiliza-dor (FS), se acumula preferencialmente em células tumorais. No caso do traba-lho desenvolvido pelos pesquisadores da UNIFEI, o agente FS é o sistema PGLD- Chl. A irradiação local, com um laser de comprimento de onda adequado, con-duz a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO). As ERO são espécies de vida curta que desencadeiam uma sé-rie de eventos oxidativos que causam a morte das células tumorais. Os mecanis-mos pelos quais as ERO levam à morte das células tumorais são: indução de

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Figura 7. O polímero derivado da glicerina, poliglicerol (A), foi utilizado no encap-sulamento da clorofila (B) de forma a se obter o bioconjugado poliglicerol-clorofila (PGLD-Chl) (C). O encapsulamento aumenta a estabilidade da clorofila para as aplicações médicas. A figura ilustra uma simulação computacional dos compostos obtido pelos pesquisadores da UNIFEI.

apoptose e/ou necrose, e ainda danos à vasculatura dos vasos do tumor (que resulta na morte indireta por hipóxia ou inanição). A apoptose é um fenômeno em que ocorre uma retração da célula tumoral causando perda de aderência com a matriz extracelu-lar e suas células vizinhas.

O CECP foi escolhido, uma vez que as estatísticas apontam que essa enfermi-dade é considerada hoje um problema de saúde pública a nível mundial, requerendo urgentemente o desenvolvimento de novas tecnologias para sua terapia clínica. O estudo da fotoatividade do conjugado PGLD-Chl foi efetuado utilizando linhagem ce-lular derivada do CECP (SCC9) em ensaios in vitro. Os resultados obtidos indicam que o sistema PGLD-Chl atua como um eficiente agente fotossensibilizador na TFD de carcinomas do tipo CECP, causando a morte celular por apoptose (Figura 8).

Figura 8. Análise por fluorescência de células de CECP (SCC9) antes (A) e após (B) tratamento com o sistema PGLD-Chl após exposição a laser de comprimento de onda igual a 660 nm (potência 25 mW). Os pontos verdes em (B) indicam a morte celular das células cancerígenas. Os pontos azuis indicam as células viá-veis. Escala = 10μm.

A pesquisa foi desenvolvida em colaboração com a Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Prof. Dr. Décio dos Santos P. Júnior) e a UNIFEI (Prof. Dr. Alvaro A. A. de Queiroz) e foi tema da dissertação de Mestrado da aluna Luciana Veríssimo Militão em seu trabalho de Mestrado intitulado “Análise Físico-Química e Fotodinâmica de Clorofila em Dendrímeros de Poliglicerol”. Os resultados da pesquisa estão atualmente em fase de patenteamento.

A moderna TFD nada mais é que uma reação química no interior da célula ati-vada pela luz para a destruição seletiva de um tecido não desejável e requer um

agente fotossensibilizante no tecido- alvo. Em nosso trabalho utilizamos o sistema PGLD-Chl. O desenvolvimento de novos agentes fotossensibilizadores mais seletivos às células tumorais e me-nos tóxicos para o paciente, surge como uma nova promessa na luta incansável de combate ao câncer.

Semelhantemente a um diamante, os novos fotossensibilizadores desen-volvidos nos laboratórios da UNIFEI se constituem como uma promessa para a oncologia médica, entretanto, ainda há muito a ser feito. Tal como um diamante, a química dos fotossensibilizadores ain-da deve ser suficientemente “lapidada” para que a luz incidente seja aprisionada no interior da célula tumoral, garantindo assim sua maior eficiência do tratamento através da TFD.

Nossa tarefa como educadores, cientistas ou simplesmente seres huma-nos é aprender não somente a “polir o diamante” da TFD mas também àquele diamante que habita em nós. A longa e árdua tarefa é compreender que a vida vai muito além das aparências e muito trabalho deve ser feito para revelar o brilho que se esconde atrás da grosseira aparência humana.

No polimento final, o maravilhoso diamante que habita em cada ser hu-mano brilhará num espectro luminoso de um arco-íris e a luz do conhecimen-to e da consciência permanecerá e nos aproximará cada vez mais com amor de toda a espécie de vida que habita nesse planeta, em especial de nossos muitos irmãos humanos. Quando isso aconte-cer, o ser humano terá resgatado seus valores primordiais e quaisquer medica-mentos serão supérfluos.

Dr. Alvaro Antonio Alencarde Queiroz, Professor do Instituto de Física e Química e Pesquisador Associado do Centro de Estudos e Inovação em Materiais Biofuncionais e Bio-tecnologia da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).

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2015 Ano Internacional da Luz

A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) proclamou 2015 como o Ano Internacional da Luz, para celebrar a luz co-mo matéria da ciência e do desenvolvimento tecnológico.

O objetivo é promover o conhecimento sobre o papel essencial que a luz desempenha em nossas vidas e assinalar, como refere a resolução aprovada pela Assembleia Geral da ONU, algumas datas científicas importantes, que coincidente-mente fazem aniversários “redondos” neste ano.

Em 2015, completam-se 100 anos da teoria da relativida-de geral, de Albert Einstein. E os 110 anos da explicação do efeito fotoelétrico, também de Einstein, que lhe valeu o Nobel da Física de 1921, anunciado no ano seguinte.

Comemora-se também os 50 anos da descoberta da ra-diação cósmica de fundo, a radiação emitida no Big Bang (ocorrido há 13.800 milhões de anos) e que banha todo o Uni-verso. Por esta descoberta, os norte-americanos Arno Penzias e Robert Wilson ganharam o Nobel da Física em 1978.

2015 marca o 1000o aniversário de surgimento de “Kitab al-Manazir”, o notável tratado de sete volumes sobre óptica escrito pelo grande cientista árabe Ibn al-Haytham. Sua in- fluência nos experimentos e nas teorias da óptica é notável, e ele é considerado o pai da óptica moderna, da oftalmologia, da física experimental e da metodologia científica. Muitas foram as suas contribuições e de vários outros cientistas, durante a Idade de Ouro Islâmica.

“O Ano Internacional da Luz é uma oportunidade tremen-da para garantir que os líderes políticos tomem consciência dos problemas que a tecnologia da luz pode resolver. Nós temos agora uma oportunidade única para promover essa conscientização em âmbito mundial”, sublinhou o presidente da comissão para a celebração do Ano Internacional da Luz, John Dudley, que complementou: “A fotônica (ciência ligada ao processamento e à detecção de sinais de luz) fornece soluções de baixo custo para desafios que se colocam em várias áreas: energia, desenvolvimento sustentável, alterações climáticas, saúde, comunicações e agricultura. Por exemplo, soluções ino-vadoras na área da iluminação reduzem o consumo de energia e o impacto ambiental, ao mesmo tempo que minimizam a po-

luição luminosa, para que todos possamos apreciar a beleza do Universo num céu escuro”.

“A luz nos dá a vida através da fotossíntese, deixa-nos ver para trás no tempo em direção ao Big Bang cósmico e nos ajuda a comunicar com outros seres vivos sencientes aqui na Terra – e talvez com outros no espaço exterior, caso um dia os encontremos”, comentou o cientista da NASA John Mather, premiado com o Nobel da Física de 2006 (junto com George Smoot), pelos seus trabalhos no satélite Cobe, que permitiu ver em detalhe a radiação cósmica de fundo quando o Univer-so tinha 300 mil anos. Einstein estudou a luz ao desenvolver a teoria da relatividade, quando acreditou que as leis da natureza que nos dão a luz deveriam certamente ser verdadeiras, inde-pendentemente da velocidade a que a luz se desloque.

Mídias sociais, telefonemas de baixo custo, videoconfe-rências com familiares e amigos – esses são três exemplos de como a internet permite que pessoas do mundo todo se sintam conectadas, de uma forma nunca antes possível na história. E toda essa tecnologia é baseada na luz! Dados de luz ultracurtos pulsam, propagando-se em pequenas fibras ópticas com a lar-gura de um fio de cabelo humano, que criaram a infraestrutura das comunicações modernas e a internet que utilizamos.

A Luz é nossa fonte primordial de energia, então teremos em 2015 a oportunidade de conhecermos seus múltiplos as-pectos.

Fonte: IAU, Light2015, Público.pt, SBPC

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Foto

: Goo

gle

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Mantiqueira

A Mantiqueira — AMANTYKIR A Montanha que ChoraEm seu nome, sua missão: Brotar a essência, jorrar água, espalhar vida.

Assim é o povo Mantiqueiro, Reflexo de seu meio: Acolhe o visitante e o imigranteRepleto de vida e de causos, Cheio de saberes, sabores e sons.

Sua riqueza sai e voltaSua água rega as Grandes CidadesSeus frutos nutrem os BrasileirosSuas montanhas movimentam os passosSua flora colore os olharesSua fauna embeleza os sonhosSeu céu ilumina os caminhos.Sua amizade doa e recebe em trocaSua sabedoria é compartilhadaSua contribuição reconhecida.

A Mantiqueira não separa, une os Estados do Sudeste,Costura coisas de altitude e atitude, De abundância e felicidade, de conhecimento e liberdade.

Esta que queremos será aquela que semeamos.Preservar para sobreviver: a descendência, o legado.Sensibilizar para conhecer, Conhecer para amar, Amar para cuidar, Cuidar para preservar.

O Mantiqueiro ama seu Território, Desperta a Sabedoria do Semeador.Conecta com a Terra, a Água, o Ar e o Sol.Assim, voltado à sua Terra, busca, Em sua Identidade pessoal e coletiva,O melhor que oferecer ao visitante,Difundindo causos, saberes, sabores e sons.

Resgata sua Essência, Expõe seu mais belo produto.É isto: o Turismo é Negócio!Trabalho criativo a serviço do ócio.

Ferramenta mais democrática de desenvolvimento.Contribui para uma Mantiqueira melhor para si e para todos

Quando foca na proteção, conservação e uso sustentávelDo Patrimônio Natural, Cultural, Histórico e Artístico.

Por isto, a oferta e demanda turística:Identidade local que o visitante busca.Perfil do turista: foco no mercado.Benchmarking, Famtur e Fampress.

O Mantiqueiro tem, entre outras...Nascentes, rios, cachoeiras e trilhas,Alimentos orgânicos, Gastronomia artesanal, Pequenos negócios: familiar, micro e pequeno.

Para isto, Economia criativa e solidáriaAssociativismo e trabalho em rede.Conhecimento de sua História, Cultura e ArteCaminhos na Natureza, Ruralidade, Bem-estar, Vivência...

Mantiqueira...Esta experiência únicaToca, transmuta, ilumina a jornadaDos que abrem seus sentidos para explorá-la.

Por José Maurício Carneiro

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Vamos viajar...Com a chegada das festas de fim de ano e do período

de férias, vem sempre o desejo de conhecer novos luga-res, de programar uma viagem...

Tanto para quem está perto ou longe, as cidades que compõem a Serra da Mantiqueira são sempre uma boa op-ção de turismo ecológico, cultural e de entretenimento. O mar de montanhas proporciona locais especiais com mui-to ar fresco, canto de pássaros, cachoeiras, locais para caminhadas e a culinária típica...

Experimentar tudo isso é um privilégio também para quem mora na região e ainda não conhece todas as bele-zas naturais que a integra.

Trabalhos de produção associada ao turismo abrem as portas e as porteiras de comunidades rurais para abriga-rem e oferecerem uma experiência única de contato com a Natureza e com a vida, os sabores, saberes e artesanatos. Um verdadeiro respiro para quem passa o ano trabalhan-do em locais fechados ou sob o stress das cidades.

A Serra da Mantiqueira se estende pelo estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Abriga diversas áreas de conservação como a Área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira (MG, RJ, SP), o Parque Nacional do Itatiaia (MG e RJ), os Parques Estaduais Serra do Briga-deiro (MG), Serra do Papagaio (MG) e Campos do Jordão (SP). Eleita em 2013 a 8a área protegida insubstituível do planeta pelo estudo elaborado pela Internacional for Con-servation of Nature (União Internacional para Conservação), pela fauna e flora existente e por abrigar algumas espécies com risco de extinção.

Para melhor direcionar sua viagem, você pode optar por conhecer Circuitos Turísticos que englobam grupos de cidades e oferecem roteiros entre elas, já que são ci-dades próximas e você terá a oportunidade de conhecer

suas particularidades. No sul de Minas por exemplo, temos o Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas (CTCSM) que engloba as cidades de Conceição da Pedras, Cristina, Del-fim Moreira, Itajubá, Marmelópolis, Pedralva, Piranguinho, Piranguçu, Santa Rita do Sapucai e Wenceslau Braz. Neste circuito você encontrará também opções de voo livre, es-calada, cachoeiras, trilhas, cafés especiais, azeites, águas minerais, pé-de-moleque, artesanatos de fibra de bananeira, de palha de milho, queijos, doces típicos, prosa e cultura.

Bem, se é para passar um dia, uma semana ou as férias inteiras, aproveite bem! Respire profundamente, beba água pura, caminhe bastante, faça novas amizades e preserve to-dos os lugares por onde passar. Independente do local onde estejamos, todos eles são parte deste planeta e a Mãe Terra merece nosso respeito e nos oferece tudo o que precisa-mos. Então, ótima viagem!!!

Por Elaine Pereira

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A saúde bucal dos bebêsDa gestação ao final da primeira infância

Hoje sabemos que o grande medo das pessoas para enfrentar a cadeira do dentista vem de experiências negativas que tiveram quando crianças. Por esse motivo, o trabalho do dentista especialista em odon-topediatria é tão importante. São eles os responsáveis pela higiene não só das crianças que já tem dentinhos, mas também dos bebês e das gestantes. Aliás, as mães devem procurar o dentista ainda durante a gravidez, para se informar sobre os cuidados que devem ter a partir do nascimento do seu bebê. Prevenção odontológica na vida intrauterina é um novo ramo de estudos odontológicos. Tem sido chamada de pré- natal odontológico e visa acompanhar tanto a futura mamãe bem como o futuro bebê durante toda gravidez.

Doenças na boca da mãe podem afetar um bebê dentro da barriga.Há inúmeras pesquisas que evidenciam a relação entre doenças bu-

cais, partos prematuros, nascimentos de bebês de baixo peso e abortos. Nas gestantes, as alterações hormonais, que elevam os níveis de

progesterona e estrógeno, os enjoos e vômitos frequentes, e a mudança de hábitos alimentares aumentam a acidez bucal e favorecem o desen-volvimento das bactérias na boca. Assim, os dentes e toda a mucosa ficam mais vulneráveis às cáries e às infecções na gengiva e estrutu-ras que sustentam os dentes. Lembrando que estar mais vulnerável não significa que a gestante terá a infecção e a doença. A inflamação ou in-fecção na boca apenas desencadeia-se na presença de placa bacteriana, independente de estar grávida ou não. E para não ter a infecção, não ter a cárie, não ter as bactérias é necessário evitá-las com uma excelente higiene bucal e alimentação balanceada.

A partir da 6ª semana gestacional e do 4º mês de vida intrauterina que a dentição e o paladar do bebê começam a desenvolver-se. Por isso, são nessas fases que os pais determinam o comportamento e a forma-ção que os filhos terão no futuro. É aí que entra a educação alimentar e os hábitos saudáveis de higiene bucal. Fatores desfavoráveis durante a gravidez como carência nutricional, infecções, algumas medicações em excesso, etc… podem influenciar a má formação e mineralização dos dentes do futuro bebê. Por exemplo: o cálcio e o fósforo são fornecidos ao bebê através da alimentação da mãe. E para suprir as necessidades do feto, a grávida deve optar por alimentos ricos nestes minerais como queijo, leite e peixe. Assim, uma dieta equilibrada, rica em fósforo, cálcio e vitaminas A, C e D, nutre o bebê e proporciona um desenvolvimento mais saudável.

Medidas simples podem garantir a saúde bucal do bebê e a preven-ção de doenças na boca. A mãe precisa saber, por exemplo, que o fato da criança nascer sem dentes não significa que não são necessários cer-tos cuidados que ajudam a promover sua saúde bucal. A cavidade oral do bebê merece atenção e cuidados desde os primeiros dias de vida. Para realizar a higiene bucal do bebê, basta usar a ponta de uma fronha molhada ou uma gaze umedecida para limpar sua boca uma vez ao dia,

Pela Dr. Gracia Costa Lopes

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prevenindo uma infecção comum como o sapinho, candidíase ou ain-da uma forma de cárie de grande virulência, conhecida como cárie de mamadeira. Há outros cuidados no contato com o bebê que devem ser tomados. A cadeia materna é fonte de possível transmissão de diversos grupos microbianos que habitam o meio bucal e que cau-sam doenças. Os Estreptococos do Grupo Mutans (EGM) podem ser transmitidos pela saliva e, na maio-ria dos casos, a fonte de infecção é a mãe ou os avós. A transmissão destas bactérias se dá pelo conta-to salivar direto, principalmente ao beijar os bebês na boca, ou pelo uso comum de utensílios e talhe-res, e acontece com mais facilidade num período que vai dos 19 aos 31 meses, durante o qual o bebê está mais suscetível. Desta forma, é muito importante essa orienta-ção simples e básica aos pais: não beijem seus filhos na boca e nem usem os mesmos talheres ou ou-tros utensílios que eles, para evitar o risco de contaminação e desen-volvimento de lesões cariosas.

Mamães, visitem constante- mente seu dentista, a consulta pré- natal odontológica visa orientar a futura mãe com relação aos seguin-tes aspectos:

ª principais problemas bucais

ª dieta ideal

ª higiene bucal

ª fases de desenvolvimento dos dentes do bebê na gestação

ª desenvolvimento do paladar do futuro bebê

ª como ter uma gestação tranquila do ponto de vista odontológico

ª orientações bucais em relação ao futuro bebê

ª hábitos do futuro bebê e pos- síveis consequências (o hábito da chupeta, mamadeira, chupar o dedo, etc)

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Continuação da página 16 Projetos organizados em redes recebem financiamento para fortalecer produção orgânicaNo dia 9 de dezembro deste ano, 21 entidades de agroecologia assinaram

convênio com a Fundação Banco do Brasil (FBB) pelo edital Redes Ecoforte, e receberão, no total, R$ 25 milhões em recursos não reembolsáveis, sendo o valor máximo por projeto de R$ 1,25 milhão. Os recursos provêm da FBB e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“O diferencial desse edital Ecoforte é o apoio a projetos organizados em for-ma de redes, um conjunto de entidades que terão como melhorar a estrutura de apoio para produção e comercialização de produtos agroecológicos e orgânicos”, explica o secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Mi-nistério do Meio Ambiente, Paulo Guilherme Cabral, que participou da cerimônia de assinatura dos convênios.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) é uma das instituições responsáveis pela Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) do governo federal. A PNAPO tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da população brasileira, por meio do uso sustentável dos recursos naturais e da oferta e consumo de alimentos saudáveis.

Segundo Paulo Guilherme, a produção agroecológica e orgânica é muito im-portante por impulsionar um modelo agrícola que está em consonância com as características ambientais de cada território. “Ao mesmo tempo em que garanti-mos a produção de alimentos saudáveis, favorecemos a proteção do solo, das nascentes, da cobertura vegetal e a conservação da paisagem”, ressalta.

O edital Ecoforte Redes selecionou inicialmente três projetos para cada re-gião do Brasil, de forma que Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste fossem igualmente contemplados. Em seguida, abriu a concorrência nacional e classificou mais seis projetos para a primeira fase do edital.

Os projetos classificados trabalham com agricultura familiar, povos e comuni-dade tradicionais — entre eles, os indígenas — sendo que as populações urbanas, que consomem os produtos orgânicos e saudáveis, também são beneficiadas.

O Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas fornece produtos pa-ra o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do governo federal, que atende creches e escolas. Já o Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Cerrado (Ce-dac), que ficou em terceiro lugar na classificação nacional, é uma organização da sociedade civil que apóia a Rede Cerrado. O Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap) é pioneiro no uso de baculovírus (vírus que contamina e mata a lagarta da soja) no lugar de agrotóxicos, além de comandar uma rede de feiras livres na região Sul. A Associação de Agricultura Natural de Campinas, primeira classificada entre as redes nacionais, tem importante papel na produção orgânica que abastece supermercados.

Fonte: (Ascom/MMA — Letícia Verdi)

Hortas urbanas

Verduras frescas ao alcance da mão! Hoje em dia po-de parecer até história da carochinha ou da casa da vó que mora no interior, mas não é não. Muitos jardins de casas das cidades passam agora a abrigar hortaliças, mesmo em um pequeno canteiro ou em hortas verticais, utilizando-se por exemplo garrafas pet que se transformam em vasinhos para temperos, hábito que tem se multiplicado, inclusive em apar-tamentos.

Além da alta qualidade orgânica das hortaliças, o benefí-cio é ainda maior, pois traz beleza, frescor, serve como terapia para quem a cultiva e alegria aos visitantes.

Impressionante o quanto se pode colher em um pequeno espaço de terra e o efeito que faz às pessoas que entram em contato com as plantas. Simplesmente mágico e harmonioso.

Esta prática pode ser extendida para praças com o plantio de árvores frutíferas e para terrenos abandonados. Para tanto é preciso autorização do proprietário. Interessante também é verificar com a prefeitura de seu município se os terrenos mu-nicipais sem uso podem abrigar hortas comunitárias para as pessoas do bairro ou sugerir a eles que se criem hortas para as escolas, uma ótima atividade para se ter com alunos e que complementaria de forma saudável a merenda escolar.

Terrenos de concessionárias de energia também são um ótimo espaço para se desenvolver este tipo de plantio. A ONG

Associação Global de Desenvolvimento Sustentável de São Bernardo do Campo (SP), é pioneira nesta iniciativa, eles en-contraram nos terrenos que abrigam torres de transmissão da Eletropaulo um vasto espaço (3.000 m2) para cultivo de horta urbana. Além de produzirem alimento acabaram com o pro-blema do lixo que era jogado no local, isso trouxe beleza e resolveu um problema social e ambiental ao mesmo tempo.

Que tal iniciar 2015 com o plantio de uma horta? Seja em seu jardim ou se agrupando com vizinhos e amigos e aprovei-tando espaços vagos em seu bairro. Mas lembre-se: é preciso ter a autorização do proprietário do terreno e da prefeitura.

A mobilização ordenada das pessoas pode transformar e muito o local que habitam, se plantarmos árvores frutíferas per-to de nossas casas, os pássaros também poderão se beneficiar do alimento e um equilíbrio biológico poderá voltar a ocorrer.

Bem, bom plantio e muita colheita a todos...

Por Elaine Pereira

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Nanotecnologia — a revolução do invisível

A nanotecnologia tem provocado uma revolução na ciência e tecnologia nos mais diversos setores, tendo uma grande atenção e expansão nas universi-dades, centros de pesquisas e empresas em todo o mundo. Isso tem ocorrido devido ao gigantesco potencial de apli-cação e impacto no desenvolvimento tecnológico e na economia dos países.

A nanotecnologia é a ciência que tem como fundamento a manipulação da matéria numa escala atômica e mo-lecular. Com a utilização de técnicas e ferramentas específicas, essa nova tec- nologia permite medir, manusear e or-ganizar átomos e moléculas, a fim de dar origem à construção de estruturas de novos materiais, a partir da escala minúscula do menor elemento, que é a nanopartícula. O prefixo “nano” tem ori-gem do grego antigo e significa “anão”. A base do uso da nanotecnologia é o na-nômetro, uma unidade de medida assim como o quilômetro, metro e o centí-metro. Um nanômetro (nm) equivale a bilionésima parte de um metro ou 10-9 m, cerca de 70.000 vezes menor do que o diâmetro de um fio de cabelo humano. Uma partícula é considerada “nano’ se o seu dimensionamento estiver entre 1 a 100 nm. Para se ter uma ideia, os átomos têm dimensão de 0,1 a 0,4 nm e os vírus de 10 a 100 nm. O grande desafio des-ta tecnologia é trabalhar em uma escala tão minúscula, e a maior prova dessa dificuldade está no fato de que apenas laboratórios e indústrias que possuem equipamentos de alta precisão traba-lham com componentes tão pequenos.

O desenvolvimento de novos mate- riais tem exigido informações detalha-das das características microestruturais

dos materiais, que só podem ser obti- das com a ajuda de equipamentos es- peciais como o microscópio eletrôni-co, capaz de produzir imagens de alta ampliação e resolução de até 300.000 vezes. Foi somente a partir do ano 2000 que a nanotecnologia começou a ser desenvolvida e testada em laboratórios, iniciando-se também a comercialização de novos materiais com propriedades nunca antes alcançadas e com cresci-mento de mercado de forma exponencial. As áreas de medicina, eletrônica, ciên- cia da computação, física, química, bio-logia e engenharia de materiais já vem incorporando essa nova tecnologia. Vá- rios produtos já estão à venda no mer- cado como: cosméticos, protetores so-lar, tecidos, equipamentos esportivos, televisores, chips e memória para com-putadores. Os materiais compostos por partículas nanométricas apresentam melhorias significativas em suas pro-prieades ópticas, mecânicas, elétricas e magnéticas, que são desejáveis em muitas aplicações industriais.

Grandes investimentos estão sen-do feitos nos países industrializados que veem a nanotecnologia como uma nova

revolução industrial. Somente nos EUA o investimento governamental e privado ultrapassa US$ 1 bilhão anuais e com isso estima-se a geração de mais de 5 milhões de novos empregos em “nano” nos próximos anos. Os pesquisadores brasileiros têm produzido trabalhos cien- tíficos relevantes nessa área. Um bom exemplo é a patente dos pesquisadores da Embrapa da “língua eletrônica”, um dispositivo que combina sensores quími-cos de espessura nanométrica com um sofisticado programa de computador, capaz de detectar rapidamente impure-zas nos alimentos. O governo brasileiro, através do Ministério da Ciência, Tec-nologia e Inovação prevê gastar R$ 450 milhões nos próximos dois anos, para estimular a relação entre universidades, centros de pesquisas e empresas na área da nanotecnologia. A expectativa é que o desenvolvimento futuro desta nova tecnologia poderá mudar a natureza de quase tudo aquilo que já foi realizado pelos seres humanos. Especula-se que o impacto social causado pela nanotec-nologia poderá ser tão grande quanto a revolução industrial do século passado.Paulo Braz Rosas, Diretor da AENAI.

Por Paulo Braz Rosas

Representação diagramática de alguns exemplos de moléculas, partículas e células representados sobre uma escala nanométrica. (Imagem: internet)