A precocidade é, sem sombra de dúvida, um importantíssimo atri-buto zootécnico, ao acelerar o me-lhoramento genético e permitir a mais rápida inserção destes ani-mais na reprodução.

A puberdade nas fêmeas ocorre quando a potra manifesta o cio e ovula pela primeira vez. Estu-dos demonstram que isto se su-cede, na espécie equina, quando atingem por volta de um ano de idade. Porém, apesar de cíclicas e férteis, potras de um ano são tidas

como imaturas sexualmente, já que apresentam altas taxas de per-da gestacional e parto prematuro (aproximadamente 50% e 35%, res-pectivamente). Por esta razão, não são comumente cobertas para pre-nhez antes dos três anos de idade.No caso da transferência de em-briões, entretanto, o concepto é retirado do útero da doadora quando possui, usualmente, sete a oito dias de vida. Não é inco-mum que potras de um ano e meio a dois anos sejam submeti-das a esta biotecnologia, em es-

pecial aquelas potras campeãs e/ou tidas como acima da média. Todavia, raras são as potras que, com apenas um ano, já são utiliza-das como doadoras de embriões.

VantagensA utilização de potras de um ano de idade como doadoras de em-briões possui algumas vantagens. A principal é acelerar a produção de embriões de animais zootecni-camente superiores, com o objeti-vo de, por exemplo:• Facilitar o seu comércio de óvulos

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UTILIZAÇÃO DE POTRAS DE UM ANO DE IDADE COMO DOADORAS DE EMBRIÕES

O objetivo deste artigo é trazer informações quanto ao uso de potras de apenas um ano de idade como doadoras de embriões, debatendo suas vantagens, limitações e dificul-dades, bem como a breve experiência pessoal do autor.

Por Gabriel Maksoud Greco.

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e embriões;

• Testar sua aptidão como doado-ras e o acasalamento com deter-minados garanhões, auxiliando ao antecipar o direcionamento do criatório;

• Aumentar sua chance de deixa-rem produtos na fazenda antes de sua possível comercialização (ven-da).

Ainda, a inserção de potras de um ano como doadoras de embriões acarreta no melhor aproveitamen-to das receptoras disponíveis, ao aumentar o número de embriões transferidos, com o intuito de ga-rantir que o maior número possí-vel de receptoras estará gestante ao término da estação de monta. Fatores que afetam a idade à pu-berdade

NutriçãoPotras bem nutridas, com maior quantidade de gordura corporal, chegam mais novas à puberdade do que animais mal nutridos. Isto se deve, em grande parte, a um hormônio chamado leuptina. A leuptina é produzida pelo tecido adiposo e age no sistema nervoso central estimulando a atividade re-produtiva.

SazonalidadePotras nascidas durante a prima-vera, ou seja, no início da estação de monta, chegam à puberdade mais cedo e com menor tama-nho. Para estes animais, isto já ocorre na primavera subseqüen-te. Em contrapartida, as potras

nascidas perto do fim da estação de monta (durante o outono) ini-ciam sua atividade reprodutiva maiores e mais velhas, somente na segunda primavera.

Características hereditáriasSabe-se que determinadas raças e linhagens possuem como carac-terística a precocidade. Isto é bem evidente na criação de bovinos, em especial no gado europeu (Bos taurus). Por outro lado, pouco se conhece sobre a influência da raça e/ou linhagem na precocidade se-xual de fêmeas equinas. Os estu-dos que tratam deste assunto com diferentes raças demonstram que a idade à puberdade nas potras é a mesma, de aproximadamente um ano, em média.Entretanto, o caráter hereditário da fertilidade não pode ser igno-rado. Não necessariamente duas potras que atingem a puberda-de na mesma idade irão possuir a mesma fertilidade. Ao contrário da fêmea, esta diferença entre indiví-duos bem como a influência racial e de linhagem sobre a fertilidade é facilmente verificada no macho, pois a coleta de sêmen permite fá-cil avaliação da qualidade de seus gametas (espermatozóides).

Limitações e dificuldades Primeiramente, é notório que o pequeno tamanho destas potras gera dificuldades. Para alguns téc-nicos, torna-se difícil avaliar estes animais através de palpação e ul-tra-sonografia trans-retal. A monta natural, por sua vez, também se torna proibitiva, sendo necessário

empregar-se a técnica de insemi-nação artificial. Algumas potras apresentam re-duções no tônus do colo do útero (cérvix), o qual permanece dema-siadamente aberto. Isto acarreta em dois problemas. Na fase do cio, é comum o refluxo excessivo de sêmen no ato da inseminação. Já durante o procedimento de recu-peração embrionária (lavado uteri-no), grande parte do soro instilado para dentro do útero acaba sendo perdido, ao invés de recuperado e filtrado, com a possível perda do embrião. Entretanto, isto também pode ocorrer em potras mais ve-lhas, com dois anos de idade.Ainda, diferentemente da espécie bovina, na qual novilhas apresen-tam altíssimos índices de fertilida-de, algumas potras são imaturas sexualmente. No geral, suas ta-xas de recuperação embrionária são um pouco inferiores às obti-das em éguas maduras. Por isto, recomenda-se inseminar esses animais com sêmen fresco de boa qualidade e interromper o processo quando da terceira ten-tativa infrutífera de recuperação embrionária. No mais, os embri-ões recuperados de potras jovens possuem a mesma viabilidade que os de éguas mais velhas.

Por fim, vale salientar que, caso a potra não seja aprovada no exame de registro da raça, sua prole não conseguirá documento perante a associação.

Experiência pessoalNas últimas cinco estações de

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UTILIZAÇÃO DE POTRAS DE UM ANO DE IDADE COMO DOADORAS DE EMBRIÕES

AnimalLavados

realizadosLavados positivos

Lavados com perda consid-erável de soro

Embriões confir-mados na recep-

tora

Potra 1 5 4/5 (80%) 0/5 (0%) 3/4 (75%)

Potra2 3 2/3 (66,6%) 0/3 (0%) 1/2 (50%)

Potra 3 3 0/3 (0%) 3/3 (100%) -

Potra 4 3 0/3 (0%) 0/3 (0%) -

Potra 5 3 1/3 (33,3%) 1/3 (33,3) 1/1 (100%)

Potra 6 1 1/1 (100%) 1/1 (100%) 1/1 (100%)

Potra 7 1 1/1 (100%) 0/1 (0%) 0/1 (0%)

Potra 8 1 0/1 (0%) 0/1 (0%) -

Total 20 9/20 (45%) 5/20 (20%) 6/9 (66,6%)

monta, de 2008-2013, tive a oportunidade de inseminar oito potras diferentes, as quais pos-suíam entre dez e quatorze me-ses de idade. Foram recuperados nove embriões de vinte tentati-

vas (lavados), os quais culmina-ram com seis prenhezes após a transferência para a receptora. Destes nove embriões confir-mados, seis já nasceram (sem problema algum), enquanto três

ainda estão sendo gestados. Os dados de recuperação embrio-nária de cada um destes animais encontram-se sumarizados na tabela abaixo:

ConclusãoApesar de ainda pouco praticada rotineiramente, concluímos que

a utilização de potras de um ano de idade acelera a seleção e o melhoramento genético dentro

do plantel, servindo como alter-nativa para animais zootecnica-mente superiores.