- a menina que sublimou

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Ela era linda, mas não convencia. Derrotada pelas bordas de si mesma vazou o pranto. Bebeu o veneno que caía, sede tinha, mas queria mesmo era matar seu engano. Dor triste que retorna, faz a curva e bate direto no coração. Era sozinha, sabia, mas gostava de rir com estranhos. Um nariz vermelho, algumas ousadias, até um dia, ou nunca mais. Era tímida mas se exibia, cores vivas pra não mostrar o luto messiânico... porque era divino e vinha das estrelas, a alma dela era rebanho, um ponto queimando por entre cometas. Era um big bang ao inverso, implodindo seus próprios planos. Quem sabe planetas nascessem para dentro, se para fora já não havia mais encanto... Olho nos olhos dela, deu adeus e voou. Algumas almas são estrelas, outras são galáxias inteiras, a dela era somente poeira, um ser que se desfez e apagou... - A menina que sublimou. LE TICIA CONDE

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LE TICIA CONDE

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Page 1: - A Menina Que Sublimou

Ela era linda, mas não convencia. Derrotada pelas bordas de si mesma vazou o pranto. Bebeu o veneno que caía, sede tinha, mas queria mesmo era matar seu engano. Dor triste que retorna, faz a curva e bate direto no coração. Era sozinha, sabia, mas gostava de rir com estranhos. Um nariz vermelho, algumas ousadias, até um dia, ou nunca mais. Era tímida mas se exibia, cores vivas pra não mostrar o luto messiânico... porque era divino e vinha das estrelas, a alma dela era rebanho, um ponto queimando por entre cometas. Era um big bang ao inverso, implodindo seus próprios planos. Quem sabe planetas nascessem para dentro, se para fora já não havia mais encanto... Olho nos olhos dela, deu adeus e voou. Algumas almas são estrelas, outras são galáxias inteiras, a dela era somente poeira, um ser que se desfez e apagou... - A menina que sublimou.

LE TICIA CONDE