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Florescer a revista da Almeida Flores NOVEMBRO DE 2013 / EDIÇÃO DIGITAL Nº 3 Boa notícia: consumidor deve gastar 30% mais neste Natal Novembro: mês das noivas? Augusto Aki: ferramentas para colocar as ideias em prática em 2014 Especial: entrevista exclusiva com os irmãos Karina e Tanus Saab ESPECIAL

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Florescera revista da Almeida Flores

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2013

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º 3

Boa notícia: consumidor deve gastar 30% mais neste Natal

Novembro: mês das noivas?

Augusto Aki: ferramentas para colocar as ideias em prática em 2014

Especial: entrevista exclusiva com os irmãos Karina e Tanus Saab

ESPECIAL

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Coluna do Augusto Aki: implementando as ideias

O Natal e o simbolismo das flores

Afinal, qual é o mês das noivas?

Consumidor deve gastar 30% mais neste Natal

Floristas da capital: Mário Paiva Desing Floral

Tannus e Karina Saab: Arquitetos das flores

Pág. 5

Pág. 6

Pág. 12

Pág. 22

Pág. 25

Pág. 28

Uma mensagem de Natal da Almeida Flores

Ouvi dizer que o Natal perdeu seu significa-do...

Que deu lugar ao consumismo, árvores de Natal e papai Noel.

Mas eu prefiro lembrar que neste Natal, por conta dos empregos temporários, muitas pessoas puderam resgatar um pouco de sua dignidade. E que por conta do dinheirinho extra que receberão muitos pais e mães de família poderão oferecer uma mesa mais farta aos seus filhos.

Prefiro lembrar que por conta das campanhas de solidariedade feitas nesta época algumas crian-ças ganharão, sim, algum brinquedo.

E que você... você poderá dar aquele abraço nas pessoas que você gosta mas que “por falta de motivo” pra abraçar ficou contido até agora...

E, talvez, neste momento você perceba que, bem ou mal, no Natal, o amor está em toda parte!

Mas, se ainda assim, você não quiser celebrar nesta data, não tem problema: quero te convidar a viver com o Espírito do Natal todos os teus dias!

O NATALUm poema de Augusto Branco

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Implementando as ideias

Todos os trabalhos de consul-toria mostram que o segredo do sucesso na realização de inovações e mudanças nas empresas não está nas grandes ideias e sim na imple-mentação das ideias.

A maior parte patina aí. Para ajudar vocês trago algumas ferra-mentas que ajudam a realizar essa difícil tarefa – implementar ideias. O foco central sempre é o plane-jamento. O cenário é o ambiente atribulado e corrido em que vive-mos.

A receita é alimentar os dados dessas ferramentas e depois acom-panhar sua evolução. Preparado?

Vamos a elas.

SISTEMA PDCA

O PDCA é aplicado para pla-nejar mudanças internas e apoiar a implantação de um plano de ação em qualquer empresa de forma a garantir o sucesso nos negócios, independentemente da área ou departamento (vendas, compras, etc.). O ciclo começa pela fixação do objeto a ser implantado. Exem-plo: reduzir o tempo de espera no caixa para no máximo três minutos.

A partir daí é fixado o plane-jamento e em seguida a ação - ou conjunto de ações planejadas é exe-cutado, checa-se o que foi feito, se estava de acordo com o planejado, constantemente e repetidamente (ciclicamente) e toma-se uma ação

para eliminar ou ao menos mitigar defeitos no produto ou na execu-ção.

Para esse espaço não entrarei em um maior aprofundamento des-sa ferramenta, mas você encontra-rá todo o conteúdo necessário na web.

Outra ferramenta bacana é o Planeja Fácil, fornecido gratui-tamente pelo SEBRAE-SP (www.sebraesp.com.br). Ela ajuda você a planejar os detalhes e a agenda de acompanhamento da implementa-ção.

Não são as grandes ideias que levam ao sucesso mas sim a capaci-dade de colocar as coisas em práti-ca aí na empresa.

A correria do dia a dia acaba com o patrimônio mais valioso da empresa, a motivação do proprie-tário.

Se você se organizar melhor e usar as ferramentas de gestão ade-quadas, conseguirá driblar essa ar-madilha e mudar seu destino.

Algumas frentes de mudança em que essas ferramentas podem ajudar:

a) Inovação através de ideias vindas de programas de qualidade;

b) Campanhas de venda ou promoções que precisam ser deta-lhadas;

c) Uso das mídias sociais no marketing da loja;

Você pode ver outros conteú-dos sobre o tema em www.nego-cioscomflores.com.br

Augusto AkiConsultor de foco no mercado www.negocioscomflores.com.br

COLUNA DO AUGUSTO AKI

Todos os trabalhos de consultoria mos-tram que o segredo do sucesso na reali-zação de inovações e mudanças nas empre-sas não está nas gran-des ideias e sim na implementação das ideias.

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Uma bela decoração com flo-res pode transformar e preparar o ambiente para a celebração do Na-tal. Para estimular o espírito natali-no, cada flor possui um significado próprio. A pessoa que presenteia pode não ter consciência da men-sagem que está levando a quem re-cebe uma flor, ou aos convidados da ceia. Mas certamente, ela está lá, tácita, e será sentida em forma de harmonia e bem-estar.

O simbolismo das flores é tão forte que em todo o mundo, nas mais variadas culturas, épocas, na arte e na religiosidade dos povos, lá estão elas, embelezando os prin-

cipais momentos da vida. Na arte mexicana, por exemplo, as flores representavam a diversidade do universo e exprimiam a relação en-tre os deuses e os homens. Para os japoneses, com sua secular arte da ikebana, as flores representam a hierarquia das forças universais. Tanto que esse tipo de arranjo é composto de um galho superior, ligado ao céu, um galho médio, liga-do ao homem, e um terceiro, mais curto, ligado à terra. Assim, o ho-mem é o mediador entre o Céu e a Terra. E as flores representam seus mais profundos sentimentos, ainda que eles sejam inconscientes. Para ajudar os floristas a indicar a espé-cie certa para cada cliente, de acor-do com a intenção relevada na hora da compra, separamos algumas das principais flores e seus significados.Alstroemeria: é um símbolo de ri-

Natal e o simbolismo das flores

Da redação

queza, prosperidade e fortuna. É também a flor da amizade. Antúrio: simboliza a hospitalidade. É também usado para indicar ale-gria e abundância.Aster: simboliza a paciência. Ele também simboliza elegância e deli-cadeza.Strelitzia: Alegria e magnificência. Pode ainda ser usada para ante-cipar um acontecimento emocio-nante e maravilhoso.Cravo: simboliza orgulho e bele-za. Um cravo vermelho simboliza o amor, orgulho e admiração. Um cravo rosa simboliza o amor de uma mulher ou uma mãe. Cravos roxos simbolizam capricho, e os amarelos, o desprezo, a rejeição ou decepção. Já os brancos repre-sentam a inocência e amor puro. Um cravo listrado transmite recu-sa.Crisântemo: fidelidade, otimismo, alegria e vida longa. Um crisânte-mo vermelho transporta o amor, um crisântemo branco simboliza a verdade e o amor leal. Narciso: simboliza respeito e ca-valheirismo. É indicativo de re-nascimento, novos começos e da vida eterna. Ele também simboliza o amor não correspondido. Um único narciso prediz um infortúnio enquanto um buquê de narcisos indica alegria e felicidade. Margarida: simboliza inocência e pureza. Ela transmite amor leal.Gérbera: pertence à família das margaridas e, portanto, assume o simbolismo associado com a mes-ma. A gérbera transmite especifi-camente alegria.Frésia: simboliza inocência e deli-cadeza.Gardênia: pureza e doçura. Indica ainda um amor secreto. Ela trans-mite alegria e diz ao receptor: “você é lindo”.Gladíolo: força de caráter, fidelida-de e honra. Íris: eloquência. Íris de cor roxa é um símbolo de sabedoria e elo-

Na arte mexicana as

flores representavam

a diversidade do universo e exprimiam a

relação entre os deuses e os

homens.

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8 9gios. Íris azul simboliza a fé e a es-perança. A íris amarela simboliza a paixão, enquanto a branca simbo-liza pureza.Lírio: simboliza pureza e beleza refinadas. Lírio branco simboliza a modéstia e a castidade, lírio laran-ja simboliza paixão, lírio amarelo simboliza a alegria enquanto o lírio do vale simboliza doçura e pureza de coração. Já o lírio de Páscoa é um dos símbolos da Virgem Maria.Rosas: Vermelha: amor, paixão, respeito, devoção.Branca: pureza, castidade, inocên-cia.Amarela: exuberância, alegria, bem-estar.Pink: admiração, alegria e gratidão.Laranja: paixão e energia.Lilás: encantamento, amor à pri-meira vista.Azul: mistério e comprometimen-to.

Íris: eloquência. Íris de cor roxa é um símbolo de sabedoria e elogios. Íris azul simboliza a fé e a esperança. A íris amarela simboliza a paixão, enquanto a branca simboliza pureza.

“São João da Cruz faz da flor a imagem das virtudes da alma, e do ramalhete que as reúne, a per-feição espiritual”. A frase é citada pelo escritor Jean Chevallier em seu valioso “Dicionário de Símbo-los”, que reconhece a flor como representação universal do amor e da harmonia que caracterizam a natureza primordial – a inocência e o “estado edênico”.

Para o taoísmo, a floração é o resultado da alquimia interior, o retorno ao centro, o religare – li-gar-se à essência divina que habita o coração do homem.

Cristianismo, islamismo, budis-mo, judaísmo, confucionismo, xin-toísmo... seja qual for a religião, há flores em seus altares, simbolizando virtudes e, em especial, a força fe-minina da criação - o Eterno Femi-nino de Deus. O site “The Flower Expert” reuniu vastas informações sobre o significado religioso das flo-res, a partir de fontes históricas e textos sagrados das mais variadas crenças. Leia a seguir:

Fé florida

Da redação

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CRISTIANISMO

A flor arquetípica simboli-zando a pureza é o lírio Madonna branco (Lilium candidum). A asso-ciação da flor com a Virgem Maria remonta ao início do cristianismo. Uma lenda diz que seu túmulo esta-va cheio de lírios após sua assunção aos céus.

A rosa é utilizada na Itália durante todo o mês de maio. To-dos os que podem, colocam-na em seu oratório ou sobre uma mesa. Tanto as rosas vermelhas como as brancas são emblemas da Virgem desde tempos muito antigos, e fo-ram dedicadas a Vênus antes dis-so. Quando São Dominic instituiu a devoção do rosário, reconheceu este simbolismo e indicou as ora-ções separadas como minúsculos botões. O mês de maio ou mês da Madonna - foi originalmente ligado a Flora, a deusa romana das flores e da primavera. As rosas também representavam as feridas de Cristo - o branco era a cor da pureza e o vermelho, de seu sangue sacrificial.

HINDUÍSMO

Tanto na adoração como em representações do divino, os hin-dus são apaixonado por flores. O próprio nome dado aos cultos ritu-ais pujas, pode ser traduzido como “ato de flores.”

O lótus é o símbolo mais im-portante de beleza, prosperida-de e fertilidade. Ele representa a eternidade, pureza e divindade e é amplamente usado como um sím-bolo de vida, fertilidade, juventude que sempre se renova e descreve a beleza feminina, especialmente os olhos.

No Bhagavad Gita, um texto sagrado hindu, o homem é conju-rado a ser como o lótus - ele deve trabalhar sem apego, dedicando suas ações a Deus, intocado pelo

pecado como a água sobre uma fo-lha de lótus - o belo pé de flor aci-ma da lama e da água. Nas posturas de Hatha Yoga, um ramo impor-tante do Yoga, a posição de lótus – padmasana , é adotada por aqueles que lutam para alcançar o mais alto nível de consciência, que por si só é encontrado no chakra lótus de mil pétalas, no topo da cabeça.

BUDISMO

Para os budistas, lótus simbo-liza o estado mais sublime do ho-mem - a sua cabeça erguida, pura e sem mácula, no sol, com os pés enraizados no mundo da experiên-cia. Para o budista, a flor de lótus simboliza o Buda. Diz a lenda que a cada passo dado por ele, uma flor de lótus (símbolo do conhecimen-to) surgiu.

RELIGIÕES CHINESAS

No taoísmo e as outras reli-giões populares chinesas, as flores não representam apenas a beleza, mas também são os símbolos da vida, felicidade e fertilidade. Na cul-tura chinesa, flores brancas são o símbolo da morte, usadas apenas em funerais. O significado do ver-melho nos casamentos chineses é profundo e poderoso. O vermelho é o símbolo do amor, prosperidade, felicidade e alegria suprema. Flores como peônias, orquídeas, lótus e narcisos são amplamente utilizadas em casamentos.

OUTRAS RELIGIÕES

As flores são comuns em quase todas as cerimônias de casamento. Elas também são usadas em todos os funerais, exceto no judaísmo. Há evidências que indicam o uso de flores durante os funerais dos ne-andertais que habitaram a Europa e partes da Ásia ocidental cerca de 230.000 anos atrás.

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Irmãos, arquitetos, paisagistas e decoradores, Tanus e Karina Saab são a assinatura da arte floral brasileira. O sobrenome Saab figurou como marca do setor em 2013. Em parceria com a cooperativa Veiling Holambra, Ka-rina inseriu a arte floral na cenografia da Rede Globo ao criar os arranjos e decorações de programas como o Big Brother Brasil e a novela Sangue Bom, que levou o universo das flores - do seu cultivo ao varejo - aos lares brasileiros. Tanus, com mais de mil projetos de decoração realizados, é um dos nomes mais requisitados do país em grandes eventos, onde une o paisagismo e a arquitetura à arte flo-ral. Os dois vivem “arquitetando flo-res”, como eles mesmos gostam de dizer, e em 2013 estamparam seus nomes nas notícias, assinando deco-rações e estandes de sucesso em fei-ras como o Enflor, o que nos dá o direito de arquitetar um trocadilho: quem sabe, Saab. Atarefados, sempre correndo de uma reunião a outra, os irmãos Saab abriram uma brecha em sua agenda para conversar com a Revista Florescer. Ela, uma artista com jeito brincalhão de menina, ele, sério e gentil – ambos extremamen-

Tanus e Karina S aab:

Cintia M. de Siqueira

te simpáticos, Tanus e Karina falam nesta entrevista especial sobre sua história, sua visão da arte floral e do mercado de decoração e sobre as tendências para 2014.

FLORESCER: Tanus, na sua formação como arquiteto, quando decidiu partir para a decoração?

TANUS SAAB: Na verdade, a minha relação com as flores co-meçou antes da arquitetura porque minha mãe tinha uma floricultura quando eu tinha uns nove e a Ka-rina uns dez anos de idade. Então a gente entrou no meio das flores. A cidade era pequena, Itatiba, cem mil habitantes, e a gente fazia jar-dins, fazia funeral, fazia formatura, fazia casamentos, então a floricultu-ra atendia todos os ramos. Quan-

do chegou a época de escolher a faculdade, era um momento que eu dedicava muito à parte de de-coração, então a gente pensou que para fazer paisagismo e decoração era bom aprender uma formação e uma graduação, porque quando a gente fala em decoração de even-tos, não existe uma faculdade espe-cífica para isso. Então arquitetura era a que mais dava base.

KARINA SAAB: A Keka (mãe de Karina e Tanus) sempre botou a gente pra trabalhar. Mesmo crian-ças, ela dava para a gente o cargo de estar trabalhando. Pra qualquer coisa que a gente queria tinha que trabalhar um pouco. Então a gente não teve muita opção não...(risos) Ela meteu a gente na loja e então desde pequenos a gente está den-

tro da floricultura atendendo os clientes. Minha mãe sempre com-prou no Veiling, em Holambra, e sempre teve uma grande varieda-de de flores na floricultura e isso foi fazendo com que a gente fosse conhecendo muito toda a botânica. Eu, na verdade, gostava mais de fi-car na parte de embalagens, porque a gente aqui em São Paulo faz muito arranjo com flores plantadas, vasos que a gente compõe na embalagem. E eu fui até criando um estilo meu por conta da floricultura, porque eu era a responsável por isso. Arte floral mesmo, em termos de fazer arranjo, eu confesso que relutei um pouco, até porque tinha o Tanus que fazia, então não precisava. Até que aí eu vendo que tinha estudos, escolas – a Escola Ibero-America-

Arquitetos d as flores

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na de Arte Floral, aí eu ingressei na escola. E foi quando eu realmente me assumi como artista floral e co-mecei a elaborar e atender de for-ma mais profissional, com técnicas e mecânicas. E ainda na floricultu-ra e já estudando na escola de arte floral, fazendo projetos de paisagis-mo que a gente fazia, aí eu escolhi a carreira de arquitetura, para poder agregar à profissão nossa de floris-ta. E enfim, na faculdade a gente foi descobrindo várias coisas: arquite-tou flores, nós arquitetamos flores, porque não sei se você sabe, mas eu e o Tanus estudamos na mes-ma turma. Na verdade ele estudou comigo, porque eu sou mais velha. Ninguém acredita que ele é mais novo do que eu. (risos)

TANUS: A faculdade nós fize-mos juntos. A gente sempre andou em paralelo. Um tempo atrás até trabalhávamos juntos. Agora cada um tem sua empresa porque a gen-te mora em cidades diferentes.

KARINA: Eu fiz cursinho, eu fui pra Europa no terceiro ano do “colegial”, como a gente chama-va antigamente. Fiquei na Europa muito tempo e aí voltei deslum-brada com aquilo e vendo que as

possibilidades eram muitas. Então fiz um ano de cursinho e acabou coincidindo de os dois entrarem na mesma faculdade. Já na faculdade a gente elaborava muito estande para floristas, para o Enflor, pro Veiling, e a gente foi ficando nisso, dando cursos e se assumiu como arquite-tos das flores.

TANUS: Quando a gente vol-tou da faculdade para assumir real-mente o negócio com força, a gen-te viu que esse ramo de decoração crescia muito. Hoje é um dos ni-chos de mercado que mais envolve o consumo de flores. Nós brasilei-ros não temos o hábito de todo dia comprar uma flor para levar para casa ou para presentear com flores, nosso consumo nesse sentido ain-da é pouco e tem muito a crescer. Mas quando a gente fala de fazer festas, fazer recepção, fazer uma decoração de casamento, a gen-te tem o hábito de fazer grandes eventos. E aí entra um grande con-sumo de flores. Então foi uma coisa que a gente viu que tinha mercado para crescer, uma coisa que a gen-te gostava, e ficamos. A minha mãe continua com floricultura. A Karina ainda hoje também tem floricultu-

ra. Eu, não me sobra mais tempo, é só a parte de eventos mesmo.

KARINA: A gente tem flo-ricultura em Itatiba e em Jundiaí, São Paulo. Eu moro em Itatiba. E o Tanus em Jundiaí. O Tanus hoje cuida só da parte de eventos. Em Jundiaí ficam minha mãe e minha irmã cuidando das lojas de Jundiaí, e a minha irmã cuida do nosso e-commerce. As vendas no site são uma quarta loja. A Talita que fecha toda essa parte virtual.

FLORESCER: Então vocês são a “Família Flores”?

KARINA: (risos) A minha irmã Talita não põe a mão na flor, ela não faz arranjo, embora seja forma-da também pela Escola Ibero-Ame-ricana. Só que ela foi para esse lado mais administrativo. As nossas lo-jas lá em Jundiaí têm produtos que vendem muito e ela é quem admi-nistra isso tudo. Tem o e-commer-ce que ela faz. Ela entende muito de flor mas é triatleta profissional e achou uma alternativa de continuar com os treinos e ir trabalhando que é essa coisa meio virtual. Então ela cuida de site, blog, essas coisas. Mas o Tanus até pouco tempo fi-cava na floricultura também. Então

nós temos três lojas, uma em Itati-ba e duas em Jundiaí. E dois ateliers de decoração. O atelier de Itatiba e o Atelier de Jundiaí que é o Tanus que toma conta e que leva inclusi-ve o nome dele. E eu fico aqui em Itatiba.

FLORESCER: A mãe de vocês deve ficar bem orgulhosa. Em que ano ela começou?

KARINA: Minha mãe começou vinte e quatro anos atrás, quando eu tinha doze anos. Agora estou com trinta e seis. O Tanus tinha de dez para onze, na verdade - a gen-te tem uma ano de diferença. Minha mãe abriu a floricultura no dia 31 de dezembro de 1988. No último dia do ano. Olha só...

FLORESCER: Provavelmente foi vender a primeira flor em feve-reiro ou depois do carnaval... (ri-sos)

KARINA: É... algo tipo: “não termino o ano sem ter aberto mi-nha empresa”. (risos) Então come-çou aqui em Itatiba a floricultura e a gente abriu em Jundiaí depois, e como Jundiaí é uma cidade muito boa, acabou indo todo mundo para Jundiaí e eu fiquei aqui e segurei a

onda em Itatiba. (risos) FLORESCER: Tanus, então

você quase não faz mais projetos em arquitetura e paisagismo?

TANUS: É uma grande paixão minha mas eu digo que acabo fazen-do arquitetura e paisagismo dentro da decoração, porque realmen-te me dedicar a projetos de uma casa ou paisagismo mesmo não tá sobrando tempo, mas eu tento ali-nhar isso hoje no projeto. A gente faz grandes jardins, mas tudo o que vai ser montado para aquele mo-mento e desmontado depois. Uma coisa bem efêmera. Porque tem crescido tanto o ramo de eventos que não está sobrando tempo para trabalhar com arquitetura e urba-nismo dessa forma tradicional.

FLORESCER: Karina, em que momento você se assumiu como artista floral, o que a empurrou para isso?

KARINA: Eu tinha uns 15 anos, foi quando eu entrei na Escola Ibe-ro-Americana de Arte Floral. Até então eu trabalhava na floricultura e fazia tudo muito intuitivamente. Via com a Keka, aí o Tanus come-çou a fazer a escola de arte floral,

que ele fez antes do que eu. E eu comecei a perceber, vendo ele fa-zer os arranjos, vindo com técni-cas, que eu também tinha que fazer, que não dava só para ficar no intui-tivo. Foi quando eu resolvi entrar na escola Ibero-Americana de Arte Floral também. Eles tinham grupos com módulos aqui no Brasil. E eu comecei desde o primeiro módulo a ver que “epa, eu sou uma artista floral”. E aí comecei a estudar mes-mo. Me formei na Escola Ibero-A-mericana e fui pra Europa estudar na Escola da Catalunha, na Espanha, e depois fui para a Itália. O ano de 2003 eu passei na Europa moran-do lá, trabalhando num escritório de arquitetura e trabalhando em floriculturas, fazendo bicos, fazen-do todo um estudo de floriculturas europeias – espanholas, na verda-de, porque eu estava na Espanha. Só que nessa mesma época o Tanus estava morando na Europa, ele es-tava na Inglaterra, trabalhando em floriculturas. Então eu fui lá com o Tanus, acompanhei o trabalho dele lá em Londres. E fiz todo um tra-balho de floricultura europeia. Foi quando a gente criou alguns estilos

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que até hoje nos cursos a gente ain-da fala: “buquê europeu”, e a gente foi criando estilos nossos com essa vivência toda.

FLORESCER: E assim como o brasileiro busca conhecimento lá fora, eles também buscam na arte brasileira, certo?

KARINA: Exatamente. Em 2004 eu fui convidada para mon-tar um estande na Itália de flores tropicais, daqui do Brasil, por uma empresa que exporta flores daqui do Brasil para a Itália. Era para se-

rem quinze dias e eu acabei fican-do quarenta e cinco, porque aca-bei ganhando bastante prêmio pelo estande e aí me fizeram o convite para eu ficar e participar de outras feiras como artista floral, fazer de-monstrações. E aí eu aproveitei e fiquei nesses quarenta e cinco dias também estudando. Troquei meu trabalho por estudos lá. Fiz um in-tercâmbio com várias escolas italia-nas. E onde eu ganhei eles? Eu fiz lá o estande de flor tropical, e a flor tropical chama muita atenção,

e eles queriam o seguinte: “Karina, você precisa ensinar a mecânica de como fazer arranjo com flor tropi-cal, como é a arte floral com flor tropical”! E aí que eu descobri que realmente nós brasileiros tínhamos desenvolvido uma técnica que nem nós mesmos sabíamos que tínha-mos. E eu acabei ficando por conta disso, pra passar pra eles como tra-balhar a arte floral com flor tropical. Foi esse o grande encanto deles.

FLORESCER: Vocês viveram o dia a dia dos floristas europeus?

KARINA: Sim, o Tanus ficou como florista, depois ele assumiu até um cargo como florista-chefe de montagem. A gente sempre foi como floristas, mesmo o meu tra-balho na Globo, eu trabalho junto com a equipe de produção de arte, onde acima de tudo eu sou uma flo-rista e uma artista floral.

TANUS: O que eu vejo é que nós brasileiros temos uma coisa, uma criatividade própria. Se você pegar a música, pegar as artes, a ar-quitetura, a gente vê que nós temos alguma coisa diferente. Eu vejo que outros países estão procurando a gente para aprender com a gente. Ou buscar essa coisa da criatividade que nós temos. Porque nessa parte de eventos, vamos pegar o carnaval – a gente tem uma coisa própria. Então eu acho que nós temos mui-to a aprender com eles, mas a gente tem muito conhecimento também.

FLORESCER: O que contou para vocês conseguirem desenvol-ver um estilo próprio e tornarem-se referência em decoração e na arte floral do Brasil?

TANUS: Você tem que buscar cursos paralelos, tudo que envolve a decoração. Eu fiz curso de ilumi-nação, cenografia, design de inte-riores, arquitetura, e me socializei lá fora com a parte floral. Então você buscando esses cursos para-lelos, cria um relacionamento. Eu costumo viajar, tenho amigos em várias partes do país e vou apren-dendo com eles. Então é uma bus-ca, uma pesquisa, é ser um pouco autodidata também, de você acre-ditar que aquilo vai dar certo, ir lá e fazer. E é bacana que hoje todas es-sas oportunidades em cursos como o do Almeida Flores, que tem um curso de arte floral, ou da Escola de Arte Floral Alfredo Tilli, que tem aqui em Holambra, a gente vai dividindo esse conhecimento com outras pessoas.

FLORESCER- Você falou, Ka-rina, que cuidava das embalagens

decorativas com vasos plantados, na infância. Isso de lidar com flor plantada influencia hoje os teus ar-ranjos, os teus projetos de decora-ção?

KARINA: Eu trago um pouco essa característica. Gosto muito de usar flor plantada. A gente - até o Tanus muitas vezes acaba usando - a gente faz muita composição com flores plantadas em decoração tam-bém. Um estilo da gente. Hoje eu trabalho a arte floral com flor de corte e flor de vaso igualmente. Mas como foi uma paixão minha - nasci dessa coisa, eu acabo trabalhando muito isso, com composições de vasos em decoração também. Jar-dins com vasos... hoje a decoração aumentou muito e virou uma outra proposta, né. Minha mãe que fala: “antigamente a gente levava as flor-zinhas, hoje a gente tem que mon-tar uma casa”. (risos)

FLORESCER: Cada evento é um projeto...

TANUS: É um projeto, que no mínimo é um ano de trabalho. Nesse ano de trabalho eu procuro entender a noiva, saber suas expec-tativas, fazer uma leitura do espa-ço, de como vai ser essa cerimônia, todo um projeto que vai proporcio-nar o levantamento de orçamentos aliando o que ela pode gastar com os desejos dela. Cada vez mais isso tem sido fechado com até mais de um ano de antecedência, porque as igrejas estão marcando com um ano de antecedência, os salões também, então a gente vê que nesse trabalho começa-se um ano antes. Depois é realmente ir alinhando escolhas que vão do papel do bem-casado, da cor da forminha dos doces, o buquê da noiva tem que combinar com o vestido... então hoje a gente tem que ter uma noção de arquite-tura, de decoração, de iluminação, eu acho que até de moda porque a gente opina também no vestido, nas cores que vão ser usadas, nos tecidos e tudo o mais. Então cada

vez mais esse profissional precisa ter um conhecimento mais amplo para ele ser um decorador de even-tos de grandes proporções.

KARINA: O que eu acho van-tagem, eu , como profissional ar-quiteta e florista, acho que a gente consegue sempre trabalhar os dois juntos: flor e estrutura - móveis, lustre, todas essas coisas a gente consegue pensar junto.

FLORESCER: Até paisagismo é utilizado então nas festas? Quer di-zer que os noivos estão investindo mesmo?

TANUS: É até um pouco cul-tural nosso: para um casamento a gente tem que guardar dinheiro, fa-zer um evento onde a gente vai re-ceber os convidados bem, em que a gente vai servir uma boa comida, uma boa bebida, que é um momen-to especial que não volta mais, en-tão isso leva a gente a dar um valor para esse momento que é legal. Ló-gico que hoje se você tem condi-ções você vai fazer uma coisa muito maior, se você não tem, ainda assim você vai fazer até mais do que pode e investir muito nisso. É bacana ver como o brasileiro investe no seu casamento, no seu evento.

FLORESCER: Ainda há hoje um mês das noivas ou maio já era?

TANUS: Então... eu acho que dezembro tem muito casamento por conta de décimo terceiro, dé-cimo quarto, ou do final do ano, de você começar o ano com novas perspectivas. Agora eu vou te fa-lar... não existe mais mês que não tenha casamento ou evento. Maio é forte, mas se você pegar setem-bro é mais. E agosto - falam que dá azar casar em agosto, mas como setembro começou a ter muitos casamentos e não tem mais vagas, o pessoal começou a puxar para agosto. Se você falar que tem mês fraco, é no carnaval - a gente não trabalha, e na semana do Natal. No restante do ano, o pessoal está casando. Como tem uma procura

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muito grande isso está diluído em todo o ano. Mas maio ainda é um mês forte, setembro é um mês for-te, e no fim do ano – novembro e dezembro, mas não muito próximo a datas como o Natal, que daí já fica mais fraco. Mas não tem mês fraco hoje não. Aí no Sul tem o calor que impulsiona o fim de ano, casar em julho ou agosto deve ser uma tris-teza...(risos)

FLORESCER: Como vocês veem o setor de decoração no Bra-sil hoje?

TANUS: Como esse merca-do cresceu, e também a produção, os produtores tornaram-se muito profissionais, esse mercado é pro-fissional hoje. E se eu comparar na América Latina, nós estamos à fren-te de outros países vizinhos nossos ou da mesma situação econômica. Argentina, Colômbia, México onde eu já fui palestrar, a gente ganha destaque. Mesmo eu venho de um curso agora na Europa e a gente vê que eles reconhecem o Brasil como o país que dita as regras na Améri-ca Latina.

KARINA: Nesses anos todos no setor de decoração eu senti uma evolução mito grande. Eu acho que como esse mercado de casamento começou a crescer muito, eu sinto que esse negócio de internet come-çou a dar muito mais acessibilidade para as noivas verem quais são as possibilidades do que se pode fa-zer num casamento. Antigamente você não tinha muita informação. Hoje uma noiva pira na internet. Você quer ganhar uma noiva, invis-ta na internet. Elas passam noites e noites na internet. Essa mídia abriu muito mais as opções. Então você vai investindo, vai investindo, vai criando, vai criando. Cresceu muito e hoje outros profissionais enxer-garam o casamento também como grande oportunidade. Você tem então arquitetos e decoradores en-trando nesse meio e buscando daí floristas. Mas foi uma mudança mui-

to grande estruturalmente em fes-ta de casamento. E o consumo de flor também em floricultura mudou muito e a internet influenciou mui-to. Hoje você tem muito a venda e-commerce. Hoje a minha venda na loja é 50% e no e-commerce é 50%. Você veja... Então a internet veio tanto para facilitar a floricul-tura quanto para você ter um fluxo maior de saída de produtos, porque a pessoa não precisa perder tempo de parar aqui e ficar vendo. A inter-net ajudou no aumento de vendas na loja e também para as noivas so-nharem, viajarem com o casamento delas. Eu considero que a internet mudou muito o mercado por conta das informações terem sido disse-minadas.

FLORESCER: Pontos positivos e negativos em 2013?

TANUS: Eu vejo como ponto positivo que o mercado cresceu e se tornou profissional. Isso eu tenho visto na nossa escola em Holambra, onde eu sou um dos professores: cada vez mais gente procurando conhecimento. Porque eles nota-ram que o mercado é profissional e não dá para fazer como antiga-mente: “ah, eu sou decorador” - e querer fazer arranjos, querer fazer uma coisa amadora, não dá certo. A pessoa não vai arriscar o casa-mento dela, essa data única da vida dela, com alguém que não tenha experiência. Então o lado positivo é que as pessoas estão procuran-do profissionalização e o mercado cresceu. O negativo... que eu posso dizer? Eu acho que quando o mer-cado cresce muitas pessoas entram despreparadas. E é muito triste ver essas pessoas despreparadas terem grandes decepções, tanto para elas quanto para quem as contrata. Eu acho que a gente tem que ter mui-ta responsabilidade quando assu-mir um momento que pode ser ca-samento, aniversário, batizado. A pessoa tem uma expectativa e você tem que atingir ou superar essa ex-

pectativa. FLORESCER: Como foi a re-

percussão do trabalhado na novela Sangue Bom, da Rede Globo?

KARINA: Eu fui dar um curso no Rio de Janeiro agora e fui dar um curso em Belém aqui no segun-do semestre. Eu escutei muito, pelo menos dos nossos alunos que têm floricultura, que a novela sim, deu um estímulo pro pessoal. Eu posso falar que na minha floricultura, no Dia dos Pais, veio muita gente jo-vem, eu tive um movimento no Dia dos Pais esse ano que eu não tinha antigamente. E vieram muitos jo-vens, os meninos escolherem para os pais, perguntando sobre a nove-la, perguntando sobre os floristas. Eu tenho certeza que isso deu um estímulo. De quanto não sei te di-zer, não sei mensurar. Mas que as pessoas começaram a enxergar o florista e a floricultura de uma for-ma melhor, sim. Meus alunos no Rio de Janeiro falavam: “Karina, sabe aquele negócio que você fez assim e assim na novela? Me pedi-ram”. “E aquele outro arranjo? Me pediram”. E as floriculturas, mesmo no Enflor 2013, falaram que a nove-la deu uma aquecida no mercado.

FLORESCER: Então por causa da novela você viu mais meninos entrando na floricultura?

KARINA: Meninos, filhos com-prando para os pais. Quebrou esse negócio de homem não entrar em floricultura. Eu até atendi um, por-que deu movimento na floricultura e tive que atender, e teve um clien-te que perguntou assim: “olha, Kari-na, eu quero três orquídeas porque nós somos três filhos e eu quero três orquídeas num vaso só, me ajude, quero arrumar, quero com-por”. E eu montei o arranjo jun-to com ele, e ele curioso sobre os floristas: “mas ele faz arranjo tam-bém, né? Ah, legal fazer arranjo”. Então você ver garotos, em meio a uma questão cultural que a gente tem! Eu falo pro meu irmão: eu e o

Tanus estamos há vinte anos traba-lhando nisso e ainda somos os flo-ristas jovens do Brasil! (risos) Não tem mais jovem! Porque ninguém vira florista por opção de profissão. Você vai numa escolinha infantil e pergunta: o que você vai ser quan-do crescer? Ninguém vai falar “que-ro ser florista”. Por não conhecer mesmo a profissão, o quanto é le-gal, o quanto você pode se realizar como artista floral. Então eu acho que a novela trouxe esse estímulo importante. A molecada reconhe-cendo o profissional. Eu senti isso.

TANUS: Mesmo dentro da Globo eles viram a importância das flores e fizeram novas propostas para a Karina para outra novela. Então até a novela ficou mais bonita

com a arte floral e isso incentivou as pessoas a investirem nas decora-ções também.

FLORESCER: Tendências for-tes para 2014?

TANUS: Atualmente há uma procura muito grande por decora-ções em tons de azul - azul com rosa, azul com branco. O azul é uma cor que está muito forte, tan-to o azul mais forte quanto o azul mais fraco. Outro destaque são os tons meio avermelhados e escu-ros como o rubro - isso está com muita força. Essa é uma tendên-cia atual, de 2013, que deve durar até o meio do ano que vem. Mas quando a gente fala em casamento, é uma coisa muito personalizada, então a gente tem que fazer uma

cor ou algo que tenha a cara do seu casamento, uma cara sua. Então, eu gosto de coisas clássicas – não im-porta se está se usando cadeira de cristal que é moderninho. Não, use móveis clássicos porque você tem opção. Seu eu quero algo moder-no, hoje tem a opção de espelhos, tem acrílico, tem coisas supermo-dernas. O mercado está tão profis-sional que ele te dá várias opções de estilos e combinações. Então faça o seu estilo, porque você vai estar fazendo o que é seu, único e original. Então eu consigo trabalhar uma coisa clássica e moderna. Mas uma particularidade que tem no meu trabalho é um carinho especial com as flores. Toda a nossa deco-ração tem um carinho, uma técnica,

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20 21

A Cooperativa Veiling Holam-bra realizou neste mês o seminário Inovação em Horticultura Holanda & Brasil. O evento foi idealizado em conjunto com a Universidade e Centro de Pesquisa de Wagenin-gen, da Holanda, e reuniu empre-sários da indústria da horticultura, representantes de órgãos dos seto-res envolvidos, profissionais e estu-dantes da área. O tema foi a Inova-ção na Cadeia Hortícola e Redução de Desperdícios. O evento contou com a presença do Embaixador Geral do Reino dos Países Baixos, Sr. Kees Rade e Peter Zuurbier, di-retor na América Latina e Caribe da Universidade holandesa.

Atualmente a Universidade e Centro de Pesquisa de Wagenin-gen é considerada a melhor univer-sidade em agricultura da Europa e a segunda no mundo. Segundo a dire-ção, Wageningen UR está estudan-do a possibilidade de implantar um Centro de Conhecimento no Bra-sil, especializado em culturas inten-sivas como hortaliças, fruticultura e floricultura. O seminário teve por objetivo promover a troca de co-nhecimentos e fortalecer relações entre profissionais dos dois países, a fim de estreitar a aproximação.

Parceria Brasil - Europa e a horticultura

algo muito especial com as flores. Pra não ficar também só mobiliário e só cenografia. E é uma parte que hoje ainda tem muito para crescer esse conhecimento com as flores.

KARINA: Uma tendência mui-to grande nas decorações é o pai-sagismo. A gente tem inserido tan-ta coisa nas decorações que até no Enflor 2013 eu fiz um estande para mostrar o paisagismo na decora-ção, com plantas de grande porte dentro da decoração. Naquele es-tande eu parti disso: vamos pensar em plantas de grande porte. E eu me dei de cara com aqueles cró-tons amarelos maravilhosos, tem o canarinho, tem um outro que eu até falo que é um cróton Saab, por-que quando eu fui vê-lo, ele ainda não tinha nome e eu falei: é Saab. (risos). O produtor disse: “ah, o seu irmão também gostou desse cróton”. E eu falei: “Ah, então põe

Saab” (risos). Então tem uma linha de amarelo muito legal e eu falei, putz, vamos trabalhar esses tons do amarelo e do marrom, porque também a gente ficou vindo de uma coisa muito rosinha, rosinha, ro-sinha em decorações, sabe? Então eu falei, vamos botar um amarelão aí mesmo, pra gente já se inspirar nesse ano-Copa. Mas enfim, eu di-ria que se tem uma tendência para agora, seria fazer garimpo de ma-teriais. Mais ou menos o que eu fiz no estande, porque eu trabalhei materiais de demolição, trabalhei móvel colonial clássico com plantas de grande porte, médio e pequeno, e então eu diria que tem que ga-rimpar. Fica muito legal. Em termos de móveis, você usar uma mesa com três, quatros tipos de cadei-ra, sabe? No salão todo, ter uma mesa quadrada, uma mesa redonda, uma mesa de madeira e outra de

outro material, sabe? Misturar ma-teriais. Claro que todos eles têm que ter uma linguagem, uma unida-de – acho que esse é o desafio. Só que garimpando, tanto móveis, pe-ças, o cervo, trabalhar um rústico e outro não, mas garimpar, você cria um ambiente mais intimista. Você vai receber alguém em casa, você não tem tudo igual para todo mun-do, então é nesse intuito de criar ambientes mais intimistas garim-pando peças, móveis, e de repente, também trazer essa coisa para os arranjos. Então eu não tenho um arranjo decorativo todo simétri-co, igualzinho. Eu tenho um arran-jo com agrupamento de flores, eu tenho um arranjo que é só de uma flor, outro arranjo que é com duas flores, brincar nos arranjos tam-bém com essa história do garimpo. Eu acho que essa é uma grande ten-dência na decoração.

Fonte: assessoria de imprensa da Coop. Veiling Holambra

Na próxima edição você vai saber tudo sobre os bastidores do projeto de arte floral na novela Sangue Bom. Em dezembro!

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22 23

Brasileiro deve gastar quase 30% mais com presentes de Natal este ano

Fabíola Glenia, do G1, em São Paulo

O consumidor brasileiro deve comprar e gastar mais com os pre-sentes de Natal este ano na com-paração com o ano passado, indica pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confede-ração Nacional de Dirigentes Lojis-tas (CNDL) divulgada no dia 19.

O gasto médio por compra deve ser de R$ 111,39, valor 29% superior aos R$ 86,59 de 2012. A quantidade de presentes também será mais generosa: 4,4 por consu-midor, ante 4,1 um ano atrás.

A média de gasto com os pre-sentes de Natal em 2013 será de R$ 490,12, sendo que as classes A e B devem gastar cerca de R$ 670,76, contra R$ 413,24 das classes C, D e E. “Apesar da diferença de ren-da ser alta, a diferença com o gas-to médio é relativamente baixa. O Brasil que vai movimentar mesmo o Natal são as classes C, D e E”, disse Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL, durante coletiva de im-prensa realizada em São Paulo.

De acordo com a pesquisa, a renda média bruta mensal por do-micílio entre os entrevistados que afirmaram que vão presentear este ano é de R$ 960 nas classes D e E, e chega a R$ 6.540 entre aqueles da classe A.

O otimismo se deve, em parte, ao fato de 57% dos entrevistados terem afirmado que a situação fi-nanceira pessoal melhorou de 2012 para cá.

O estudo de Intenção de Com-pras para o Natal 2013 ouviu mais de 860 consumidores de todas as

27 capitais brasileiras, com mais de 18 anos, de diferentes classes eco-nômicas, entre os dias 23 e 27 de outubro.

De todas as pessoas ouvidas, 67% afirmaram que pretendem presentear parentes e amigos neste Natal, enquanto 15% disseram que não vão dar presentes. Entre estes últimos, 22% alegaram que não vão presentear pois têm que priorizar o pagamento de dívidas. Os 18% restantes dos entrevistados ainda não decidiram se vão presentear.

A intenção de compras é de 76% entre as classes C, D e E, con-tra 52% entre as classes A e B. En-tre as mulheres, 76% afirmarm que irão presentear, contra 58% dos homens.

Quem mais vai abocanhar pre-sentes no Natal serão os filhos, que são citados por 70% dos entrevista-dos; 47% vão dar algo para o marido ou esposa; e 41% citaram as mães. Só por curiosidade, sogro e sogra

aparecem com 7% das respostas.

Produtos

Entre os produtos que o con-sumidor brasileiro pretende com-prar, as roupas lideram, com 73% das respostas. Calçados aparecem na sequência (38%), seguidos de perfumes ou outros cosméticos (33%) e jogos e brinquedos em ge-ral (33%). Em relação aos produtos que a pessoa gostaria de ganhar, 51% declaram computador, note-book ou tablet.

Forma de pagamentoPara 57% dos entrevistados, o

dinheiro será a principal forma de pagamento na compra dos presen-tes, enquanto 16% usarão o cartão de crédito parcelado, 12% o cartão de débito, e 9% o cartão de crédito à vista.Mais da metade dos entre-vistados (51%) pretende utilizar o 13% salário para realizar as com-pras.

E xpectativas do setor de flores

O período que vai de setem-bro até uma semana antes do Na-tal é de grande importância para os floristas. Não tanto em função de vendas para a festividade nata-lina em si, mas pela concentração de eventos, confraternizações e grandes festas como as de casa-mento, que ocorrem neste período do ano. Florescer conversou com toda a cadeia de flores para confe-rir a expectativa para este final de 2013. Veja os depoimentos de Kees Schoenmaker, presidente do Insti-tuto Brasileiro de Floricultura, de Wagner Almeida, proprietário da distribuidora Almeida Flores, e de Neiva Brendler, dona da floricultu-ra Capim Limão.

KEES SCHOENMAKER: “As pesquisas indicam que o consumi-dor está com vontade de gastar 30% mais em média do que no ano passado no Natal e em grande par-te com pagamento à vista. É sinal de que o consumidor tem dinheiro e está confiante no futuro. Porque senão, não iria gastar. O ambiente está positivo. A gente vê dezembro como um mês muito importante até o Natal. Para o Ano Novo é mais as flores brancas que são procura-das. As pessoas saem e não adian-ta deixar as flores em casa e quem vai para a praia não as leva, então essa é a realidade no momento. É

engraçado, mas o Natal em si, não tem uma influência significativa para as vendas. A flor ainda não faz par-te em grande escala da festividade de Natal. Vende-se um pouquinho mais, mas não é muito significativo. Eu diria que 20% a mais do que na semana normal é o máximo. De-pois do Natal, despenca a venda. A não ser de flores brancas para Iemanjá. É incrível que no mundo inteiro usa-se bastante flor para a noite de Natal. Isso quer dizer o quê? Que muito provavelmente a gente está falhando em alguma coi-sa em se comunicar com os consu-midores para aumentar, para esti-mular o uso destas flores. Então a gente tem que encontrar a forma, como Ibraflor, de incentivar o uso, de mostrar como o ambiente pode ficar melhor com flores. Claro que tem determinadas cores, como o vermelho, que são mais procura-das: usam-se 20% a 25% a mais.

Depois despencam e nos últimos dez dias do ano vendem menos que nos dias normais. Mas novembro e o restante do mês de dezembro é muito bom. Vende muito bem. Nos últimos dez dias sentimos que o mercado já está aquecido. Está po-sitivo. Constatamos algo que é uma enorme oportunidade para nós de melhorar, porque esse mercado existe - se não se usa, sinal que o mercado está aí para ser explora-do”.

WAGNER ALMEIDA: “O final de ano é sempre bom. De setembro a dezembro é o melhor período do comércio de flores. Neste período de fim de ano as vendas aumentam porque temos muito casamento, festas de 15 anos e empresariais. Os eventos empresariais crescem bas-tante por causa das comemorações de fim de ano, onde as empresas usam bastante flor. São quatro as espécies que mais saem nesse pe-

Cintia M. de Siqueira

Wagner Almeida: o melhor período do ano

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ríodo: rosa, lisianthus, alstroeméria e lírio. O quarteto é o carro-chefe do fim de ano. Vende-se de tudo, mas essas são as que mais vendem. A venda dessas flores aumenta 80% em relação ao período normal. Dessas quatro, a que mais sai é a rosa, de todas as cores. Só a rosa cresce em torno de 50 a 60%. Na semana do Natal vende-se bastan-te também. Aumenta em torno de 20 a 30% o volume de vasos para Natal. As embalagens natalinas com desenhos específicos atraem o con-sumidor”.

NEIVA BRENDLER: “Para nós aqui, o que a gente vende mais é produtos para jardim. As pessoas querem fazer um jardim bonito para o Natal, aquela coisa toda, ar-rumar, então os três últimos meses do ano, outubro, novembro e de-zembro sempre a venda aumenta devido à parte de jardinagem. Todo mundo quer deixar o jardim boni-to, e também para enfeitar a casa, para decoração interna, daí o pes-soal aproveita. Então a gente vende mais a parte de corte e a parte de jardinagem. É natural, a época do ano, décimo terceiro no mercado, mais dinheiro girando, tudo isso in-fluencia bastante. Vendemos mais ou menos uns 30% a mais até o Natal. A espécie que mais vende é a poinsétia, o Espírito Santo. Para o jardim são as plantas de verão: be-gônias, tagetes, alisson. Daí depois, janeiro morre. Janeiro tem material escolar, IPTU, os primeiros meses são difíceis, então a gente sempre tem que ter uma reserva do ano anterior para aguentar janeiro, fe-vereiro e março. Março já começa a melhorar. Volta às aulas, bastante gente na ruas, as pessoas voltam de férias. A maioria foi pra praia e dei-xou tudo abandonadinho, e quando eles voltam das férias que vão ver como o jardim está abandonado, aí têm que pegar jardineiro, tem que comprar novas flores, e o ciclo re-começa”.

TENDÊNCIAS

Maio? Novembro? Dezembro? Afinal, qual é o mês das noivas?

A farmacêutica Andiara Cristi-na Bandeira sente um frio na barri-ga quando lembra que o casamen-to com Leonardo está chegando. A cerimônia foi marcada para sete de dezembro, em Curitiba. Faltam poucos dias. A noiva se prepara há um ano e meio para o evento. Desde meados de 2012, anda para lá e para cá com a agenda de com-promissos cheia de anotações em-baixo do braço. Ensaio fotográfico em Itapoá, reunião com o decora-dor para definir as flores, visita à floricultura para aprovar o arranjo, reunião com a banda para escolher as músicas, reunião para provar o vestido, reunião para escolher as toalhas do bufê. Reunião para defi-nir os docinhos. Reunião...reunião...reunião... “É um empreendimento que a gente faz. São mais de trinta fornecedores. Porque é o bem-ca-sado, daí a floricultura, o mobiliá-rio, a foto, o bolo, o vídeo, o local o bufê, as bebidas, todo o staff, o cerimonial” – ufa!

Com a festa para trezentos convidados, Andiara e o noivo cal-culam que o orçamento já passou dos 80 mil reais. Só a decoração

comprometeu 15% dos gastos. E assim cresce o mercado de festas de casamento, que deve movimen-tar 16 bilhões de reais em 2013, segundo a Associação dos Profis-sionais, Serviços para Casamento e

Eventos Sociais (Abrafesta), de São Paulo. O incremento é de 8% em relação ao ano passado.

Nesse montante entra a festa de Andiara, que contratou o fotó-grafo Konrahd Karam. “Setembro, outubro e novembro são os meses mais cheios. Dezembro só perde estatisticamente porque tem o Na-tal, que ocupa um fim de semana. Agosto é fraco tradicionalmente para casamentos porque dizem que é mês de desgosto” - diz. Já o artista floral Tanus Saab, referência no país em decoração de grandes eventos, diz que o desgosto já passou: “Fa-lam que dá azar casar em agosto, mas como setembro começou a ter muitos casamentos e não tem mais vagas, o pessoal começou a puxar para agosto. Se você falar que tem mês fraco, é no carnaval - a gente

Cintia M. de Siqueira

Foto: Konrahd Karam Andiara e Leandro no ensaio fotográfico em Itapoá

Foto: Konrahd por ele mesmo...

Neiva Brendler: poinsétia é carro-chefe na Capim Limão

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não trabalha, e na semana do Na-tal. No restante do ano, o pessoal está casando”. Mário Paiva, dono da Mário Paiva Designer Floral, em São José dos Pinhais, vai fornecer as toalhas do bufê de Andiara. Para ele, novembro é o mês mais forte em casamento. “Em novembro do ano passado nós fizemos 23 festas, contra sete ou oito nos outros me-ses”. Mas a nossa noiva escolheu...dezembro: “Para mim o que con-tou na escolha de dezembro foi o calor. Porque no frio está todo o mundo ali apertadinho, bem aga-salhado. Então a gente queria um clima verão, mais aberto, mais re-ceptivo. É fim de ano, já está todo o mundo no clima, né?” – explica. E ninguém elegeu maio: será que ele deixou mesmo de ser o mês das noivas? “Maio tinha esse folclore de que era o mês das noivas, mas o pessoal começou a fugir porque o vestido era mais caro, o buquê era

mais caro, a temperatura não é tão agradável. Maio era mais caro para todo mundo” – diz Karam.

Qual é então, o mês das noi-vas? Que respondam os números. A última pesquisa sobre nupcia-lidade no Brasil foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, em dezembro de 2012. A primeira observação so-bre a evolução dos casamentos no país mostra que em 2011 foram re-gistrados 1.026.736 casamentos. O número é 5% maior que o do ano anterior. Esse resultado fez com que a taxa nupcialidade legal se ele-vasse em relação a 2010, atingindo o valor de 7 casamentos para 1.000 habitantes com 15 anos de idade ou mais. Na década de 1970 essa taxa era bem mais elevada, atingindo 13 casamentos por 1.000 habitantes. Mas o universo de solteiros – po-tencial para o setor de decoração, ainda é imenso. Em números abso-

lutos, o total de solteiros chega a 72 milhões, enquanto 59,7 milhões declararam-se casados. A pesqui-sa do IBGE mostra ainda quantos casamentos foram realizados em cada mês do ano de 2011. E a sur-presa... maio realmente deixou de ser o mês das noivas, ocupando o sexto lugar na preferência nacional. Mês das noivas agora é dezembro, que leva uma pequena vantagem em relação a novembro. Mas isso na estatística do país, que é mantida no Paraná. Curitiba, porém, parece ter um comportamento próprio: as noivas daqui preferem o mês de novembro, líder em cerimônias.

Que o diga a advogada Bruna de Oliveira Cordeiro Hanthorne, a noiva da capa desta edição de Flo-rescer. Ela casou em novembro do ano passado. “Escolhi novembro porque é calor e os preços são mais baixos. Todo mundo tem dinhei-ro porque ainda não gastou com

CURITIBA PARANÁ BRASIL

Janeiro:Fevereiro:Março:Abril:Maio:Junho:Julho:Agosto:Setembro:Outubro:Novembro:Dezembro

TOTAL

98183673475570062910446018431.0171.1071.001

10.412

4.9374.2583.6654.3634.6383.6074.3833.2274.9905.3396.0947.226

58.307

78.36569.26268.13270.68382.68473.42290.89460.31996.00596.50599.185

123.666

1.026.736

CASAMENTOS

Fonte: IBGE

o Natal, é calor, os pacotes de lua de mel são favoráveis, festa e alu-guel de mobiliário são mais baratos. É época boa de pedir dispensa no trabalho. Julho é muito frio”. A ta-bela abaixo confirma a preferência de Bruna: novembro de 2011 tem 1.107 casamentos, contra 1.001 em dezembro. Isso em Curitiba. No Paraná e no Brasil, a tendência é invertida: mais em dezembro, um pouco menos em novembro, que é seguido de outubro e setembro. Julho aparece com alta, vencendo maio, que em Curitiba perde para fevereiro, março e abril.

“O pessoal que se preocupa, que vai ter que tirar férias na em-presa, que vai ter que tirar lua de mel, acaba pegando o final do ano para ter uns diazinhos extras de férias, o décimo terceiro também ajuda e os padrinhos também têm décimo terceiro para dar presen-te.” – complementa Konrahd Ka-ram, uma explicação possível para o curitibano trabalhador escolher o fim de ano para casar. Andiara, daqui a alguns dias, terá cumprido sua agenda. Estará com seu vestido branco no salão decorado com um caminho de bromélias. A cerimônia será gloriosa, literalmente: decora-da com gloriosas, lírios e bocas-de-leão. “Todo mundo concentrado ali na cerimônia, na energia, na vibra-ção positiva”. Assim como Bruna - a noiva da capa - ela estará linda como nunca. Feliz como nunca. Se-gurando o choro para não borrar a maquiagem.

Novos dados sobre casamen-tos devem ser divulgados ain-da este ano pelo IBGE. Con-fira nas próximas edições da Revista Florescer!

Andiara com sua agenda da noiva Foto: Paulo de Siqueira

Foto: Paulo de SiqueiraBruna em seu Making of

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Mário Paiva atendia a noiva An-diara, que iria casar no dia sete de dezembro. Durante o atendimento, ela escolhia os objetos para usar em seu casamento. Tapetes, mesas, louças, tudo o que necessitava.

— Esse tapete é lindo... esse móvel é fantástico, quero os dois.

Quando o pacote estava mon-tado e a noiva já estava satisfeita, ela pergunta:

— Preciso te pagar. Tenho que te dar um cheque, né?

— Não. Acerta tudo depois. — É... Mas não vai ter proble-

ma?— Não se preocupe. Te dou

minha palavra, estou comprometi-do com o seu evento — A moça fica satisfeita e ele a acompanha até a porta de seu escritório, instalado no Bacacheri, em Curitiba.

“Meu diferencial é o atendi-mento” – conta Mário. “Toda vez que atendo alguém eu quero trans-mitir confiança a ele, ao meu clien-te. Acho que ele só contrata uma empresa de decoração se acreditar que no dia certo e na hora certa essa empresa vai estar no evento.

Essa segurança é importante nesse ramo. Se você não entregar a flor e os acessórios perde a credibilidade com o cliente e com o mercado”.

Mário Paiva está no ramo de flores há dezoito anos, mas não co-meçou organizando eventos. Co-meçou plantando flores em São José dos Pinhais e em Garuva, na divisa com Santa Catarina. Plantava rosas, bocas-de-leão, lírios, gérbe-ras, flores-do campo. Afirma que plantava quase de tudo...

Quando criança, aos onze anos de idade, adorava colecionar cac-tos. Eles eram pequenos e estavam

em vasinhos minúsculos, que o en-cantavam. Sua mãe Ivete, quando o via ali, constantemente falava. “um dia vou ter uma floricultura”. Esse era o mundo do menino Mário, e estava envolvido por um sonho re-gado a flores.

Quando, aos vinte e seis anos de idade, na época em que já tra-balhava, quando já se transformara em um homem de responsabilida-des, tornou-se vendedor de pro-fissão. Vendia cervejas, produtos alimentícios, material de segurança de trabalho, eram seis tipos de pro-dutos diferentes. Um dia sua mãe

Mário Paiva: cactos, rosase casamentos

Paulo de Siqueira

recebeu um convite para partici-par da Associação de Produtores de Plantas em São José dos Pinhais. Ivete precisou da ajuda do filho.

— Mário, eu queria plantar flor, mas gostaria que você me aju-dasse. Vamos à reunião da associa-ção comigo?

—Tá bom mãe. Eu vou.Ele não foi. Fugiu da primeira

reunião. A segunda foi na casa de Ivete e o rapaz não pode escapar. No encontro, quando começou a perceber as possibilidades que se lhe apresentavam, entendeu que plantar flores seria um bom negó-cio. Três meses depois, largou o emprego de vendedor e transfor-mou-se em produtor de plantas.

Em dois mil e cinco uma nova guinada aconteceu em sua vida. Na época, produzia rosas e em setem-bro daquele ano, iria casar-se com Adriana, sua noiva. O casal decidiu que decorariam, por conta própria, a igreja onde a cerimônia aconte-ceria. A entrada foi feita toda com botões de rosas. Depois do casa-mento, Adriana, agora esposa de Mário, procurou-o para informar uma decisão que tinha tomado.

— Amor, quero trabalhar com decoração de eventos.

Três anos passaram. Mário cuidava ainda da produção das flo-res enquanto Adriana e Ivete – a mãe de Mário- tocavam o negócio de decoração de eventos. Chegou o momento de novamente tomar decisões. Mário deixou de ser pro-dutor para ficar só com a empre-sa de decoração de eventos e hoje mantém uma floricultura em São José dos Pinhais e um escritório em Curitiba, onde atende as noivas, as-sim como Andiara.

Ivete realizou o sonho de ter uma floricultura. Os cactos, Mário os cultiva até hoje. Mas para ele o bom mesmo é atender sempre da melhor maneira possível, para dei-xar todos os seus clientes sempre felizes.

Fotos da decoração do casamento de Mário e Adriana

Fotos: Paulo de Siqueira