ynaê - artigo

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1 Arranjos escravos de moradia no Rio de Janeiro 1808-1850 Ynaê Lopes dos Santos 1 Pedro Congo foi um escravo que, no Rio de Janeiro oitocentista, conseguiu morar longe do olhar senhorial. Ao contrário do que se possa imaginar, ele não foi mais um dos quilombolas que adentrou as matas cariocas a fim de fugir ou até mesmo negar a escravidão. Na realidade, Pedro Congo compôs o padrão da escravaria africana transportada para a Corte Imperial que viveu e morreu no cativeiro. E, mesmo assim, ele conseguiu morar sobre si em um casebre próximo ao centro da cidade, com sua esposa Maria Rosa. 2 Casos como esse se repetiram no decorrer da história da cidade do Rio de Janeiro, e é bem possível que tal freqüência tenha servido como inspiração para escritores ardilosos como Aluízio de Azevedo. Em seu célebre romance, o escritor narrou o drama da escrava Bartoleza, moradora de um dos muitos cortiços da cidade, vendedora de quitutes e angus nas ruas cariocas. Pretendendo comprar sua alforria e livrar-se da exploração senhorial, a cativa, ingenuamente, depositou a poupança de toda sua vida nas mãos de João Romão, homem livre com quem ela vivia amasiada no quarto alugado, que acabou fugindo com o dinheiro 3 . Publicado apenas dois anos após a abolição da escravatura, em um momento no qual valores abolicionistas ainda estavam aflorados, o desfecho de Azevedo suou quase que trágico. Por que não reservar um final feliz à heroína? Por que João Romão, o protótipo do malandro carioca, acabou levando a melhor, enquanto Bartoleza teve seu maior sonho destruído, ao mesmo tempo em que foi traída por seu companheiro? As respostas para tais perguntas estão na ironia com a qual Azevedo narrou histórias comuns e possíveis. 1 Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo. 2 Arquivo Nacional . Termos de Bem Viver. Coleção Policia da Corte. Códice 410 – vol.2 p. 9. 3 AZEVEDO, Aluízio. O Cortiço. Rio de Janeiro, Edições de Ouro, s/d.

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Escravidão

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  • 1

    Arranjos escravos de moradia no Rio de Janeiro

    1808-1850 Yna Lopes dos Santos

    1

    Pedro Congo foi um escravo que, no Rio de Janeiro oitocentista, conseguiu morar

    longe do olhar senhorial. Ao contrrio do que se possa imaginar, ele no foi mais um dos

    quilombolas que adentrou as matas cariocas a fim de fugir ou at mesmo negar a escravido.

    Na realidade, Pedro Congo comps o padro da escravaria africana transportada para a Corte

    Imperial que viveu e morreu no cativeiro. E, mesmo assim, ele conseguiu morar sobre si em

    um casebre prximo ao centro da cidade, com sua esposa Maria Rosa. 2

    Casos como esse se repetiram no decorrer da histria da cidade do Rio de Janeiro, e

    bem possvel que tal freqncia tenha servido como inspirao para escritores ardilosos como

    Aluzio de Azevedo. Em seu clebre romance, o escritor narrou o drama da escrava Bartoleza,

    moradora de um dos muitos cortios da cidade, vendedora de quitutes e angus nas ruas

    cariocas. Pretendendo comprar sua alforria e livrar-se da explorao senhorial, a cativa,

    ingenuamente, depositou a poupana de toda sua vida nas mos de Joo Romo, homem livre

    com quem ela vivia amasiada no quarto alugado, que acabou fugindo com o dinheiro3.

    Publicado apenas dois anos aps a abolio da escravatura, em um momento no qual

    valores abolicionistas ainda estavam aflorados, o desfecho de Azevedo suou quase que

    trgico. Por que no reservar um final feliz herona? Por que Joo Romo, o prottipo do

    malandro carioca, acabou levando a melhor, enquanto Bartoleza teve seu maior sonho

    destrudo, ao mesmo tempo em que foi trada por seu companheiro? As respostas para tais

    perguntas esto na ironia com a qual Azevedo narrou histrias comuns e possveis.

    1 Mestre em Histria Social pela Universidade de So Paulo. 2 Arquivo Nacional . Termos de Bem Viver. Coleo Policia da Corte. Cdice 410 vol.2 p. 9. 3 AZEVEDO, Aluzio. O Cortio. Rio de Janeiro, Edies de Ouro, s/d.

  • A autonomia escrava no espao urbano, que permitiu que cativos como Pedro

    Congo e Bartoleza morassem longe de seus amos, foi vista, durante muito tempo, como

    uma espcie de anomalia da instituio escravista4. Em primeiro lugar, porque as

    prprias cidades eram tidas como espaos de menor importncia na anlise do sistema

    colonial, tendo em vista o carter predominantemente agrcola e monocultor da Amrica

    Portuguesa. Em segundo, a maior mobilidade cativa nas ruas dos grandes centros

    urbanos, a atividade do ganho e o significativo nmero de alforrias obtidas nesses

    espaos pareciam nuanar a violncia inerente ao cativeiro, o que tornava a escravido

    urbana uma subcategoria no mbito do sistema escravista. No entanto, trabalhos

    historiogrficos mais recentes mostram que no foi isso que aconteceu. Mais do que

    adaptar-se, a escravido fez parte do cotidiano, das leis e das prticas que permearam a

    vida nas cidades.

    Na dcada de 1980, quando a historiografia sobre escravido vivenciou uma

    expressiva mudana na sua agenda de pesquisas, os escravos, que at ento eram

    tratados como vtimas passivas da histria, passaram a ser encarados como sujeitos

    histricos capazes de configurar o devir do sistema escravista5. Essa nova perspectiva,

    aliada ao exame de novas fontes documentais, propiciou a ampliao dos temas

    relacionados escravido, dentre eles, o cativeiro citadino6. Mary Karasch j havia

    anunciado, em 1972, a relevncia desse tipo de anlise ao construir um verdadeiro guia

    sobre o cativeiro no Rio de Janeiro7. Dez anos depois, Joo Jos Reis reorientou o tema

    da escravido nas cidades. Ao estudar o levante dos Mals, o autor trabalhou com a

    potencialidade explosiva dos centros urbanos do Brasil Imperial, que exacerbavam o

    sentimento de desigualdade social e poltica8. Para compreender as razes que levaram

    escravos e negros libertos a planejarem a rebelio, Reis reconstituiu (atravs de

    documentao policial) a vida na cidade de Salvador, dando especial destaque ao carter

    4 Um importante trabalho que tomou a escravido urbana como anomalia do sistema escravista foi: PRADO JR. Caio. Formao do Brasil Contemporneo. 24a. reimpresso So Paulo, Brasiliense, 1996, p. 223. 5 Um dos trabalhos que trata muito bem dessa nova abordagem REIS, J.L. SILVA E. Negociao e Conflito. So Paulo, Cia. das Letras, 1989. 6 Ainda do final da dcada de 1970, Ktia Mattoso desenvolveu importante trabalho no qual examinou algumas facetas da escravido urbana - tomando como exemplo a cidade de Salvador -, principalmente no que diz respeito adaptao do africano condio do cativeiro e s formas de obteno de sua liberdade. Cf. MATTOSO, Ktia Q. Ser Escravo no Brasil, 3a. edio. So Paulo, Editora Brasiliense, 1990. 7 KARASCH, Mary. A vida dos Escravos no Rio de Janeiro (1808 1850). (1a ed.: 1987; trad.port.) So Paulo, Cia. das Letras, 2000. 8 REIS, Joo Jos. Rebelio Escrava no Brasil A histria do levante dos Mals em 1835. Edio Revista e Ampliada. So Paulo, Cia. das Letras, 2003.

    2

  • tnico da revolta, planejada fundamentalmente por nags. Com esse estudo, o autor

    apontou caractersticas fundamentais do sistema escravista na cidade, mostrando a

    tenso que marcava o viver urbano.

    A partir de ento, tanto o Rio de Janeiro como Salvador, respectivamente as

    duas maiores cidades escravistas das Amricas, tornaram-se objeto de diversas anlises.

    A escravido urbana foi examinada junto a outros aspectos da vida citadina: poder

    pblico, grande presena de libertos, religiosidade, construo de famlias escravas,

    atividades de trabalho, etc. A complexidade das relaes observadas acabou jogando luz

    para o estudo de cidades de menor porte como So Paulo, Recife e Porto Alegre. No

    caso especfico do Sul do pas, trabalhos como de Mrio Maestri no s comprovaram a

    existncia dessas relaes como se debruaram sobre questes relacionadas moradia

    cativa. Ao examinar o desenvolvimento da arquitetura nas cidades gachas, o autor

    mostrou que Porto Alegre, So Joo do Monte Negro, Alegrete, So Francisco de Paula

    de Cima da Serra foram outras tantas cidades do sculo XIX, onde a presena cativa se

    fez sentir nos mais diversificados espaos, desde as cozinhas e quintais dos sobrados

    mais abastados, at a rede de servios urbanos9.

    Todavia, para alm das cidades estudadas, um aspecto da vida do cativo urbano

    ainda no recebeu muita ateno da historiografia: seu, ou melhor, seus locais de

    moradia. exatamente este aspecto que se pretende examinar. A escolha pelo Rio de

    Janeiro deve-se ao fato dessa ter sido no s a maior cidade escravista das Amricas

    durante o oitocentos, como por ter seu status elevado capital do Imprio Ultramarino

    Portugus em 1808 e, quatorze anos depois, escolhida como sede de poder do Imprio

    do Brasil.

    A escolha do Rio como nova sede da Coroa portuguesa no foi aleatria. A

    despeito da aparente precariedade urbanstica, algo que a historiografia mais recente

    est reavaliando, o Rio de Janeiro possua caractersticas fundamentais que justificaram

    a sua escolha como sede do Imprio portugus a partir de 1808, decorrentes da posio

    central que a cidade desempenhava na Amrica Portuguesa desde a primeira metade do

    sculo XVIII. O fato de ser capital da colnia fez com que o porto do Rio fosse

    responsvel pela maior parte de exportao e importao feitas, ainda sob o pacto

    colonial. A intensa atividade porturia da cidade tornou-a importante praa comercial e

    9 MAESTRI, Mrio. O Sobrado e o cativo. A arquitetura urbana erudita no Brasil escravista. O caso gacho. Passo Fundo. Editora UPF, 2002.

    3

  • principal entroncamento de todo o Centro-Sul da colnia, que j tinha uma expressiva

    elite comercial local10. Alm dos aspectos scio-econmicos, o Rio de Janeiro tambm

    possua estruturas urbansticas e administrativas que desempenhavam funes centrais

    na governana - j que era o local de residncia do vice-rei -, sem contar a presena de

    homens que conheciam e manejavam o aparelho burocrtico do Estado. Juntamente com

    isso, a baa da Guanabara no era apenas linda, mas tambm segura: os quatro morros

    que circundavam a cidade protegiam-na contra os perigos externos11.

    Passado o primeiro transtorno, iniciou-se um rpido movimento para a

    conformao do Rio de Janeiro ao papel de nova corte do Imprio portugus. Com o

    objetivo de garantir no s a sobrevivncia da Coroa, como do prprio Imprio12, as

    instituies governativas j existentes em Lisboa sofreram uma duplicao nos trpicos,

    fazendo com que, nas palavras de Ftima Gouva, "o Rio fosse gradativamente

    transformado em uma corte miniaturizada 13. Em cerca de seis meses, os principais

    rgos da administrao central foram instalados na nova Corte, demonstrando a

    preocupao de D. Joo em civilizar e europeizar a cidade.

    Dentre o complexo aparelho estatal criado, o rgo de maior relevncia foi a

    Intendncia Geral de Polcia da Corte e do Estado do Brasil14. rgo superior, e por isso

    mesmo responsvel pela coordenao da magistratura de boa parte da Corte joanina15, o

    objetivo principal da Intendncia era assegurar a limpeza, sade e segurana,

    constituindo-se assim, como bem apontou Maria Beatriz N. Silva, no "elo necessrio

    entre a alta administrao e as demais esferas administrativas da cidade 16. Dito de

    outra forma, este foi o rgo que viabilizou o processo civilizador na cidade que, de

    10 Cf. FRAGOSO, Joo. Homens de Grossa Ventura: Acumulao e Hierarquia na Praa Mercantil do Rio de Janeiro (1790-1830). Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira, 1998. 11 Vale lembrar que a Coroa portuguesa teve que deixar Lisboa e se transferir para o Rio de Janeiro em decorrncia das guerras napolenicas que estavam acontecendo na Europa, o que fez com que a segurana fosse elemento central para a escolha. 12 Maria Odila lembrou que Dom Rodrigo se Souza Coutinho acreditava que essa seria a salvao do reino, tendo em vista a possibilidade de equilibrar as contas de Portugal por meio de uma poltica econmica puramente comercial e financeira. Cf.: DIAS, Maria Odila Leite da Silva. A Interiorizao da Metrpole. In: A Interiorizao da Metrpole e outros estudos. So Paulo, Alameda, 2005, p. 14. 13 GOUVA, Maria de Ftima Silva. "As bases institucionais da construo da unidade dos poderes no Rio de Janeiro Joanino: administrao e governabilidade no Imprio Luso-Brasileiro". In: JANCS, I. (org). Independncia: Histria e historiografia. So Paulo, Hucitec/FAPESP, 2005, p.708. 14 A Intendncia foi criada a partir da determinao do alvar de 10 de maio de 1808, em semelhana da existente em Lisboa desde a segunda metade do sculo XVIII. 15 GOUVA. Op. Cit., p. 723. 16 SILVA, Maria Beatriz Nizza da. A Intendncia-Geral da Polcia: 1808-1821. Acervo. Rio de Janeiro, v.1, n.2, pp.137-151, jul. - dez. 1986, p.188.

    4

  • certa feita, j havia sido iniciado com as mudanas pombalinas, mas que foi levado a

    cabo por D. Joo.

    A transferncia da Corte resultou no s no incremento como no crescimento da

    cidade que foi acompanhado por significativo aumento populacional, inclusive dos

    escravos oriundos de diferentes partes do continente africano. Os dados trabalhados por

    Manolo Florentino apontam uma duplicao no volume dos cativos que chegavam da

    frica, no curto espao de trs anos: em 1808 a estimativa era que aportavam,

    anualmente, 9.602 cativos no Rio de Janeiro, nmero que cresceu para 18.677 em

    1810.17 claro que boa parte dos escravos seguia para outras regies do sudeste

    brasileiro, mas, vale ressaltar, um significativo nmero deles ficava na cidade,

    principalmente nas freguesias urbanas.

    Graas demanda interna e lucratividade do trfico, a obteno de cativos no

    Rio de Janeiro era relativamente fcil. Mesmo face aos riscos da viagem e a presso

    antiescravista inglesa, o trfico negreiro foi grande atrativo para os comerciantes

    responsveis pelo transporte de milhares de africanos para o Brasil18. O avultado

    volume desse comrcio na primeira metade do sculo XIX, sobretudo nas dcadas de

    1820 a 184019, manteve o preo do cativo acessvel para as camadas mdia e baixa da

    sociedade, a ponto do escravo se constituir como a principal - quando no a nica -

    forma de propriedade desses segmentos sociais20.

    Parcela significativa da aquisio desses cativos deveu-se possibilidade deles

    serem alugados ou colocados ao ganho. No aluguel, tambm comum nas regies rurais,

    o cativo era emprestado por tempo determinado e mediante pagamento de um senhor

    para outro, podendo realizar gama variada de atividades. J no caso do ganho -

    caracterstico dos grandes centros urbanos do Brasil, como Salvador, Recife e a capital

    da corte , o escravo teria que dispor de sua fora de trabalho, passando a maior parte

    17 FLORENTINO, Manolo. Em Costas Negras. Uma histria do trfico escravo entre a frica e o Rio de Janeiro. So Paulo, Cia. das Letras, 1997, p.51. 18 De acordo com Conrad, em 1830, um escravo no custava mais de 20 a 30 mil ris nos portos africanos e era revendido no Brasil entre 700 e 1.000 ris. Cf.: CONRAD, Robert. Tumbeiros: o trfico de escravos para o Brasil. So Paulo, Ed. Brasiliense, 1985, p. 100. 19 Vale lembrar que nesse perodo (1820 at finais de 1840), o caf comea a ser produzido em grande escala na provncia do Rio de Janeiro, o que explica boa parte do crescimento do trfico de escravos. 20 FRANK, Z. Dutra's World. Wealth and Family in Nineteenth-Century Rio de Janeiro. Albuquerque, University of New Mexico, 2004, pp. 58-59.

    5

  • do tempo nas ruas da cidade procura de servios e, portanto, longe das vistas de seu

    senhor21.

    Ao contrrio do que possa parecer, a modalidade do ganho em nada suavizou a

    escravido na Corte imperial, mesmo que tenha ampliado o nmero de alforrias na

    cidade22. Em primeiro lugar, porque o servio estava atrelado condio direta do

    cativo sustentar seu senhor, sendo muitas vezes o nico meio de sobrevivncia de seu

    amo. Alm disso, em seu amplo estudo sobre os escravos no Rio de Janeiro, Mary

    Karasch mostrou que, mesmo gozando de certa facilidade de trnsito, os escravos

    sabiam muito bem os limites institucionais, fsicos e sociais que os rondavam. No era

    preciso ver a figura do feitor (mediador da relao escravo X senhor), para saber qual

    era a sua condio dentro da cidade; as fronteiras se faziam sentir nos mais variados

    nveis23.

    No entanto, inegvel que a maior mobilidade da atividade ao ganho alargou as

    possibilidades de ao dos escravos, principalmente no que diz respeito s negociaes

    e relaes com outros segmentos sociais. No estudo sobre capoeira escrava no Rio de

    Janeiro, Carlos Eugnio mostrou algumas das formas de articulao e resistncia cativa.

    Responsvel por cerca de 9% das prises feitas pela polcia no perodo joanino24, os

    capoeiras trouxeram muita dor de cabea para os governantes do Rio.

    A despeito da variedade de motivos que levaram escravos a cometerem diversos

    tipos de crimes, a maior parte dos cativos recolhida pela polcia entre 1808 e 1821, o foi

    21 Para compreender com mais detalhes a atividade do ganho e a diferena com a escravido de aluguel, ver: ALGRANTI, L.M. Op. Cit., 70. SILVA, Marilene Rosa Nogueira. O Negro na Rua. A nova face da escravido. So Paulo, HUCITEC, 1988, pp. 87-89. SOARES, Luiz Carlos. Os escravos de ganho no Rio de Janeiro do sculo XIX. In: Escravido -Revista Brasileira de Histria, vol. 16. So Paulo, Marco Zero ANPUH, 1988, pp. 107-142. 22 A dinmica da escravido urbana fez com que o Rio de Janeiro, assim como Salvador e Recife, tivesse um significativo nmero de libertos. Na realidade, a rentabilidade do servio de ganho e a possibilidade de outros trabalhos nas ruas da cidade permitiram que alguns cativos conseguissem guardar a soma necessria para a compra de sua alforria. Provavelmente, o vislumbre da liberdade tenha sido um dos fatores que dificultou a formao de levantes escravos de grande escala (com exceo do caso Mal). A concorrncia por trabalho era tamanha, que os dados levantados por Leila Algranti e Marilene Silva apontam diversos crimes cometidos por escravos contra companheiros de cativeiro. Apesar de diversas formas de solidariedade (como os cantos de Salvador e as Irmandades Negras), possvel afirmar que, nas cidades, a resistncia escrava foi mais individual do que coletiva. Mesmo inerente ao escravismo brasileiro, a compra da liberdade era uma das principais formas de luta contra a instituio. Todavia, apesar de freqentes, a alforria no esteve presente na vida da maior parte dos africanos que aportaram no Rio de Janeiro na segunda metade do sculo XIX. Cf. KARASCH, M. Op. Cit. Captulos 10 e 11. ALGRANTI, L. Op. Cit. Captulo 4. SILVA, M. Op. Cit. Captulo 3. 23 KARASCH, M. Op. Cit, pp. 99 -100. 24 Cf. ALGRANTI, Op. Cit, 1988, p.209.

    6

  • porque havia fugido25. Em primeiro lugar, importante lembrar que a prpria geografia

    do Rio de Janeiro potencializava as fugas. No dia 16 de julho de 1812, Francisco

    Benguela, escravo de Rodrigo Ramalho, foi preso por estar refugiado no quilombo de

    Maca, provncia do Rio de Janeiro26. Menos de um ms depois, seis escravos (dentre

    os quais duas mulheres) tambm foram presos por estarem aquilombados no mesmo

    local27. Em 1813, foram presos Domingos Ambaca e Antonio Benguela, ambos cativos

    do Capito Antonio Cardozo, que, junto com um preto monjolo, estavam refugiados

    num mato da Tijuca28.

    Alm das matas e morros do Rio, que se tornaram boa oportunidade para a

    formao de quilombos29, a prpria urbanidade permitia fugas internas, na medida em

    que aumentava a possibilidade de trnsito e anonimato escravo. No dia 22 de dezembro

    de 1813, foi preso:

    Feliciano Crioulo, que se diz forro, por ser encontrado na

    chcara de Jos Joaquim de Magalhes, esta em Catumbi, de

    madrugada, fazendo-se suspeitoso [de] ser escravo e andar

    fugido a seu senhor30.

    Apontada como a principal forma de resistncia escrava no espao urbano, a

    fuga evidenciou a tenso inerente relao senhor e escravo, assim como o prprio

    dinamismo do cativeiro na cidade. A maior mobilidade escrava complexificou o

    problema das escapadas citadinas, tornando muito tnue a linha divisria entre o que era

    exerccio de autonomia e o que era luta contra o cativeiro. Claro est que a autonomia

    de trnsito vivenciada pelos cativos urbanos fazia parte da prpria instituio nas

    grandes cidades. No entanto, a recorrncia de crimes envolvendo escravos, a freqncia

    com a qual eles eram encontrados nas tabernas, casas de molhados, e at mesmo, a

    25 Segundo Algranti, 751 escravos foram aprisionados por estarem fugidos. Esse nmero representou 15,5% do total das prises feitas. Cf. ALGRANTI, Op. Cit., p. 209. 26 AN. Cdice 403, vol. 1, (16/07/1812), fl. 27 AN. Cdice 403, vol. 1, (13/08/1812), fl. 28 AN. Cdice 403, vol. 1, (13/02/1813), fl. 123. 29 Para mais informaes sobre a formao de quilombos no Rio de Janeiro e suas articulaes com a cidade, ver: GOMES, F. Op. Cit., 1995. GOMES, F. Quilombos do Rio de Janeiro no sculo XIX. In: REIS & GOMES. (Orgs). Liberdade por um fio. Histria dos quilombos no Brasil. So Paulo, Cia. das Letras, 1996, pp. 263 - 290. 30 AN. Cdice 403, vol. 1, (22/12/1813), fl. 168. (Grifo meu).

    7

  • significativa incidncia de fugas, colocam a seguinte questo: afinal de contas, onde

    moravam tais cativos?

    Segundo os viajantes que estiveram no Brasil durante o sculo XIX, os escravos

    urbanos moravam com seus senhores31. Diferente do que se imaginava no houve

    meno a nenhum caso de cativo que usasse de sua autonomia para habitar locais

    distantes das residncias de seus proprietrios. Ao que tudo indica, ancorados em uma

    leitura prvia do que seria a escravido, esses estrangeiros partiram do princpio de que

    as relaes dessa instituio ocorriam de forma esttica, obedecendo condicionante de

    que, numa sociedade escravista, cabia aos cativos o trabalho compulsrio por meio de

    um processo de coisificao e total perda de identidade prpria, enquanto que os

    proprietrios deviam preocupar-se em manter as necessidades bsicas de seus

    trabalhadores, fundamentalmente no que dizia respeito alimentao e moradia32.

    Todavia, importante ressaltar que tais relatos so importante fonte documental

    para o estudo de aspectos da vida material do escravo domstico, segmento que nem

    sempre recebeu a devida ateno. Grande parte desses homens e mulheres ficaram

    horrorizados com as parcas condies materiais dos espaos destinados aos cativos que,

    normalmente variavam entre cubculos midos de pouca ventilao at esteiras jogadas

    no cho dos corredores das residncias mais pobres.

    No entanto, casos como o de Pedro Congo que iniciou esse trabalho fugiram

    aos olhares, muitas vezes atentos e perspicazes dos viajantes, o que indica o quo

    complexas eram as relaes vivenciadas nas cidades escravistas. Contudo, mesmo sem

    ter esse como objetivo principal, diversos documentos produzidos pelo poder pblico

    sinalizam mais de uma forma do morar escravo. E mais. Essa mesma documentao

    aponta como questes relacionadas moradia escrava faziam parte do cotidiano do Rio

    de Janeiro.

    Com a finalidade de garantir a segurana da Corte nas mais variadas dimenses,

    durante as primeiras dcadas do sculo XIX tambm coube Intendncia Geral de

    Polcia cuidar de assuntos tidos como corriqueiro, atravs dos termos de bem viver,

    criados em 1808 por Paulo Fernandes Vianna. Partindo das queixas de pessoas que, por

    31 SANTOS, Yna Lopes. Arranjos escravos de moradia sob o olhar dos viajantes. Um estudo sobre a Moradia Escrava na Cidade do Rio de Janeiro do sculo XIX. Anais do XVII Encontro Regional de Histria - O Lugar da Histria, 2004. Verso em CD-ROM. 32 SLENES, Robert. W. Na Senzala uma Flor. Esperanas e recordaes na formao da famlia escrava Brasil Sudeste, sculo XIX. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1999. Ver, sobretudo, captulo 3 e 4.

    8

  • alguma razo, se sentiam desrespeitadas, os termos de bem viver seguiam sempre um

    mesmo procedimento a fim de acordar as partes em disputa, chegando inclusive a

    estipular multas e punies. Foi atravs dessa documentao que situaes como a da

    holandesa Carolina Boch, que acoitava escravos em sua casa, puderam ser conhecidas.

    Ao que tudo indica, Carolina Boch acolhia a escrava de Jos Meirelles em sua

    casa sem o consentimento dele33. Interessante notar que, diferentemente do que se

    poderia supor, a pessoa que recebeu a escrava em sua casa no era outro cativo ou um

    liberto, mas sim uma holandesa, que certamente no viveu a experincia do cativeiro.

    As razes que levaram Carolina Boch a acobertar no se pode saber ao certo

    por quanto tempo ou quantas vezes a escrava de Meirelles so difceis de estabelecer,

    visto que, aparentemente, a nica condio que compartilhavam era a de mulheres

    numa sociedade escravista - e mesmo assim uma era escrava e a outra livre. Talvez, a

    holandesa Carolina tenha simplesmente se afeioada escrava, e consentiu que ela

    desfrutasse de alguns momentos de privacidade ou conforto em sua casa. Ou ento, a

    cativa realizava algum servio para D. Carolina a fim de juntar um pequeno peclio

    para comprar sua liberdade situao que no podia chegar ao conhecimento do

    proprietrio da escrava, pois provavelmente ele exigiria parte do dinheiro para si, o que

    justificaria as fugas da escrava. Por fim, Carolina Boch poderia se compadecer dos

    maus tratos sofridos pela escrava, permitindo que em momentos mais graves, ela se

    refugiasse em sua casa. No possvel saber quais das conjecturas estiveram mais

    prximas da realidade. De todo modo, a situao serve como alerta a respeito dos

    mltiplos significados que o morar poderia ter para os escravos urbanos e como essa

    prtica tambm envolveu outros segmentos da sociedade.

    Outro corpus documental que sinaliza a diversidade do morar escravo o cdice

    403 da Intendncia de Polcia, composto pelas prises realizadas pelo rgo entre 1808

    e 182134. No dia 2 de julho de 1813, Joo Crioulo, escravo de Antonio Jos foi preso e

    depois solto,

    33 AN. Termos de Bem Viver. Coleo Polcia da Corte. Cdice 410, vol. 2, p. 31, 18/02/1820. 34 AN. Cdice 403, vol. 1, (02/07/1813).

    9

  • por estar refugiado em um quarto do corredor de Antonio

    Nascimento Pinto e na sada furtar um lenol de um seu

    escravo35.

    No h como garantir que a priso de Joo tenha sido resultado de sua fuga, ou

    ento do furto que cometeu ao sair da propriedade de Antonio Nascimento. No entanto,

    o fato dele ter sido solto logo em seguida, aponta a segunda opo como a mais

    plausvel. Em primeiro lugar, porque boa parte dos cativos fugidos detidos pela Polcia

    deveria ser encaminhada para algumas das prises da cidade, na qual seu senhor seria

    acionado, processo relativamente demorado. Alm disso, o padro de detenes feitas

    por fuga encontrado no cdice 403, dificilmente oferece detalhes; normalmente o que

    constava nesses casos era o nome do escravo, o do seu senhor (nem sempre) e a frase:

    por estar fugido. Dessa feita, Joo Crioulo deve ter sido mais um dos muitos escravos

    que no habitava a casa senhorial. Existe ainda a possibilidade dele estar alugado a

    Antonio Nascimento (dono do quarto); todavia, o fato da documentao identificar o

    proprietrio do cativo ratifica que, em ltima instncia era Antonio Jos quem deveria

    responder pelos atos de Joo.

    De qualquer forma fica a dvida. E essa incerteza aumenta ainda mais com

    episdios como o de Joo Cassange que, um ano antes, foi preso por ser, apenas,

    encontrado dentro de uma casa36. Obviamente, no se tratava da residncia de

    Francisco dos Passos, seu senhor, e tambm no houve meno alguma de uma possvel

    fuga. Porque razo tal escravo fora preso? Ser que ele habitava esse local onde foi

    encontrado sem o aval de seu proprietrio?

    A prtica de escravos habitarem casas diferentes de seus senhores no se

    restringiu ao perodo joanino. Mesmo depois da independncia do Brasil e durante a

    formao do Estado nacional brasileiro parece ter sido comum encontrar cativos que

    moravam sobre si. O terceiro volume do cdice 403, que trata das prises feitas pela

    Intendncia de Polcia entre 1825-1826, manteve o mesmo padro no que diz respeito

    aos delitos cometidos por cativos no perodo joanino, apesar do menor nmero de

    incidncias. Brigas nas ruas, vadiagens, capoeiras, pequenos furtos e, sobretudo, fugas

    continuaram a ser os principais motivos para a recluso de escravos. A prtica do morar 35 AN. Cdice 403, vol. 1, (02/07/1813). 36 AN. Cdice 403, vol. 1, (19/10/1812).

    10

  • sobre si permanecia uma sugesto, tendo em vista a recorrncia de certas situaes que

    caracterizaram fuga cativa e, como j foi demonstrado anteriormente, ficavam no limite

    com a autonomia escrava37.

    Contudo, a organizao desse volume, produzido sob a gide de um Estado

    independente, demonstra uma preocupao a mais das autoridades responveis: passou

    a ser importante saber onde os delitos ocorrerriam, bem como quais os oficiais de

    polcia realizaram as prises. Preocupao semelhante tambm pode ser encontrada no

    segundo volume do cdice 410 da Coleo de Policia do Arquivo Nacional onde esto

    os termos de abonao ou termos de fiana38- que apareceram na documentao da

    Intendncia tambm a partir de 1825. Assim como os termos de bem viver, o poder

    pblico permitia, pela letra do documento, que senhores alugassem ou emprestassem

    seus cativos para terceiros, prtica comum em toda a sociedade escravista tanto no

    campo, como na cidade. Ou seja, tratava-se de um acordo firmado entre dois homens

    livres (ou libertos) perante a Intendncia, no qual o proprietrio permitia que outrem

    usufrusse o trabalho de seu escravo, provavelmente em troca de algum tipo de

    remunerao.

    Interessante notar que esses termos no apenas mostram as nuances do

    escravismo urbano (cativos que trabalhavam no comrcio para senhores que no eram

    seus proprietrios), como tambm as possveis complexidades dos arranjos escravos de

    moradia. Explicando: em todos os casos de abonao lidos, o senhor permitiu que seu

    escravo vivesse com outra pessoa (um proprietrio em potencial), pois, provavelmente

    iria receber alguma compensao em troca. Dessa forma, o cativo saa da casa de seu

    proprietrio para viver com a pessoa que recebeu a abonao.

    A maior parte dos termos de abonao se remete ao mascate cuja atividade

    consiste na venda ambulante de produtos, o que sugere que o cativo ficaria sem pouso

    certo, dormindo aqui e ali nas vilas por onde passasse. E o mais intrigante que essa

    instabilidade do morar escravo no aparecia como um problema para o escravo, para o

    abonado, para o senhor, e muito menos para a Intendncia Geral de Polcia, que podia

    entender essa prtica como excelente oportunidade para a fuga dos cativos.

    A leitura realizada a respeito dos termos de bem viver tambm vale para a

    anlise dos termos de abonao: o Estado - representado pela Intendncia e seus 37 AN. Relao de presos feita pela polcia, 1810-1821. Cdice 403, vol. 3. 38 Arquivo Nacional. Termos de Bem viver. Coleo Policia da Corte. Cdice 410 vol.2

    11

  • funcionrios - no se preocupou em controlar, at meados da dcada de 1820, os locais

    de moradia dos cativos, pois essa funo cabia ao seu senhor o nico responsvel real

    do escravo, tanto que era seu nome e endereo que constavam nos termos. Seu papel era

    apenas garantir a ordem na cidade, que nesse caso, ocorria por meio da prpria redao

    dos termos de abonao.

    As fontes documentais trabalhadas at aqui parecem corroborar o que Thomas

    Holloway havia dito sobre a transferncia da Corte e o aceleramento do processo de

    modernizao do Estado. Segundo o autor, a partir desse advento o controle dos

    escravos passou a ser dividido entre senhores e rgos estatais. De maneira geral, os

    cuidados bsicos dos cativos como alimentao, vesturio e moradia ficaram a cargo de

    seus proprietrios. Ao Estado coube zelar pelo controle da escravaria por meio da

    punio disciplinar e das prises39.

    O silncio das posturas municipais de 1830 e 1838 no que tange problemtica

    da moradia escrava refora ainda mais essa diviso de tarefas sobre a escravaria urbana.

    A proibio, em 1838, dos zungs - conhecidos como locais de encontro entre cativos,

    onde esses faziam suas danas e batuques, mas tambm como espao de sociabilidade

    de africanos e seus descendentes foi muito mais resultante do medo de possveis

    ajuntamentos de escravos e forros do que uma tentativa de impedir que escravos

    morassem longe de seus amos.

    At 1850 no foi verificada nenhuma interferncia direta do Estado sobre

    questes relativas moradia escrava. verdade que uma proibio do morar sobre si foi

    formulada no Projeto de Aditamento do Cdigo de Posturas de 1838, mas tal projeto

    nunca foi sancionado. De tal maneira que entre 1808 e 1850 foram encontrados quartos

    alugados, cortios, zungs, pores e stos dos sobrados senhoriais, esteiras nos

    corredores e at mesmo, quilombos: todos arranjos escravos de moradia. Tal

    diversidade de morar, que pode ser classificada de forma abrangente entre cativos que

    habitavam a casa senhorial e escravos que moravam sobre si, apontam que apesar da

    autonomia desfrutada pelos cativos e da forte presena do aparelho estatal na cidade,

    onde e como os escravos moravam foram questes negociadas e decididas no mbito

    privado da relao entre senhores e escravos.

    39HOLLOWAY, Thomas. A Polcia no Rio de Janeiro. Represso e Resistncia numa cidade do sculo XIX. Rio de Janeiro, Fundao Getlio Vargas, 1997, p.64.

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