xxiv salão de iniciação científica ufrgs

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XXIV Salão de Iniciação Científica UFRGS Projeto “Medicina e Missão na América meridional: Epidemias, saberes e práticas de cura (séculos XVII e XVIII)” Orientadora: Profª Drª Eliane Cristina Deckmann Fleck Bolsista: Tarcila Nienow Stein – IC/FAPERGS Objetivos Leitura e análise das Ânuas referentes ao período de 1645 a 1730, priorizando a análise dos necrológios, para o levantamento de informações tais como as causas mortis dos missionários, a idade que tinham ao falecer, o período de atuação junto aos colégios ou às reduções em que missionaram, bem como sobre a forma como estas foram narradas/retratadas. Tomó la muerte como de la mano de Dios, tranquilo e alegre ": um estudo sobre as causas mortis de jesuítas na América Meridonal (séculos XVII e XVIII) Referências CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1647-1649. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994. CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1652-1654. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994. CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1658-1660. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994. CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1660-1662. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994. CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 16609-1772. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994. CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1714-1720 Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994. CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1720-1730. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994. Arriés, Philipe. O homem diante da morte. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1982 CYMBALISTA, Renato. Sangue, ossos e terras: os mortos e a ocupação do território luso-brasileiro. São Paulo: Editora Alameda, 2011. CASTELNAU-L’ESTOILE, Charlotte de. Operários de uma vinha estéril: os jesuítas e a conversão dos índios no Brasil 1580-1620. Tradução de Ilka Stern Cohen. Editora Bauru, São Paulo: EDUSC. 2006. FLECK, Eliane Cristina Deckmann. A morte no centro da vida: reflexões sobre a cura e a não-cura nas reduções jesuítico-guaranis (1609-75). Rio de Janeiro, RJ: História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 11, n. 03, p. 635-660, 2004. EISENBERG, José. As missões jesuíticas e o pensamento político moderno. Minas Gerais, MG: Editora UFMG, 2000. FURLONG, Guillermo, S.J. Los Jesuítas y la Cultura Rioplatense. Montevideo: Urta y Curbelo, 1933. LE GOFF, Jacques. O nascimento do purgatório. Madri, ES, 1989. LONDOÑO, Fernando Torres. Escrevendo Cartas. Jesuítas, Escrita e Missão no Século XVI. São Paulo: Revista Brasileira de História, v. 22, p. 11-32, 2002. STORNI, Hugo. Catálogo de los Jesuítas de La Província del Paraguay (1875-1768). Roma, Institutum Historicum S.I., 1980. SANCHEZ , Javier Burrieza. Los jesuítas: las postrimerías a la muerte exemplar. Espanha, 2009. No XVIII, os dados apontam para um grande número de padres mortos em decorrência de varíola e de “tísis”, que pode estar relacionada com reincidentes problemas pulmonares. Encontramos também menções freqüentes à frágil saúde, que, muito provavelmente, deve-se à idade avançada de muitos deles. Sobre a temática da morte, foram fundamentais as obras de Le Goff (1984) Delumeau (1990), Ariès (1975) e Cymbalista (2011). Já Sánchez (2009) forneceu subsídios importantes sobre a questão do martírio e boa morte. A leitura e a consulta aos trabalhos de Furlong (1933), Storni (1980), Franzen (2008), Torres-Londoño (2002), Fleck (2005), Castelneau (2006), Maeder (1984) e Eisenberg (2000) favoreceram a compreensão sobre as origens e o funcionamento da Companhia de Jesus e da estrutura formal e narrativa das Cartas Ânuas. Referencial teórico As informações relativas à mortalidade de missionários registradas nas Ânuas da primeira metade do século XVIII apontam para mortes decorrentes de causas naturais, bem como para raras situações de epidemias, o que parece apontar para a melhoria das condições nas reduções e nos Colégios em que atuavam. A leitura das Ânuas e a análise dos necrológios possibilitou o levantamento de uma série de informações relativas às mortes dos padres jesuítas, que foram quantificadas em tabelas, considerando os seguintes questionamentos: quais as causas mortis que acometiam esses homens e quais as relações que podem ser estabelecidas entre as causas das mortes, a idade e o meio em que estavam inseridos. As Causas Mortis Causas mortis não citadas: 124 Em relação às causas mortis, cabe uma observação. Os padres relatores das Ânuas nem sempre especificaram as doenças que vitimaram os jesuítas, detendo-se muito mais na descrição das suas virtudes e da vida abnegada que tiveram, nem sempre mencionando a causa da morte. Causas mortis XVII Causas mortis XVIII A boa morte A boa morte está vinculada ao processo de provação e privação a que os missionários se submetiam. Na iminência da morte, esta vida devotada seria ainda mais valorizada com a administração dos últimos sacramentos. Essa ênfase dada à boa morte está relacionada com a intencionalidade da documentação, fazendo do morto um exemplo a ser seguido para, desta forma, incentivar a vinda de missionários para a América. Essa é a função do mártir. As Cartas Ânuas - relatos produzidos pelos missionários jesuítas - são uma fonte riquíssima para esta investigação, pois, a partir delas, podemos extrair informações - e, especialmente, as representações - sobre as doenças mais frequentes e sobre os índices de mortalidade nas regiões onde os jesuítas atuaram A documentação - as Cartas Ânuas

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Page 1: XXIV Salão de Iniciação Científica UFRGS

XXIV Salão de Iniciação Científica UFRGS

Projeto “Medicina e Missão na América meridional: Epidemias, saberes e práticas de cura (séculos XVII e XVIII)”

Orientadora: Profª Drª Eliane Cristina Deckmann FleckBolsista: Tarcila Nienow Stein – IC/FAPERGS

Objetivos

Leitura e análise das Ânuas referentes ao período de 1645 a 1730, priorizando a análise dos necrológios, para o levantamento de informações tais como as causas mortis dos missionários, a idade que tinham ao falecer, o período de atuação junto aos colégios ou às reduções em que missionaram, bem como sobre a forma como estas foram narradas/retratadas.

“Tomó la muerte como de la mano de Dios, tranquilo e alegre": um estudo sobre as causas mortis de jesuítas na América Meridonal (séculos XVII e XVIII)

Referências

CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1647-1649. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994.

CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1652-1654. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994.

CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1658-1660. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994.

CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1660-1662. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994.

CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 16609-1772. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994.

CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1714-1720 Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994.

CARTAS ÂNUAS DE LA PROVINCIA DEL PARAGUAY (C. A). Anõs 1720-1730. Tradución de Carlos Leonhardt, S.J. Buenos Aires, 1928. Tradução Digitada, São Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, 1994.

Arriés, Philipe. O homem diante da morte. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1982

CYMBALISTA, Renato. Sangue, ossos e terras: os mortos e a ocupação do território luso-brasileiro. São Paulo: Editora Alameda, 2011.

 CASTELNAU-L’ESTOILE, Charlotte de. Operários de uma vinha estéril: os jesuítas e a conversão dos índios no Brasil 1580-1620. Tradução de Ilka Stern Cohen. Editora Bauru, São Paulo: EDUSC. 2006.

FLECK, Eliane Cristina Deckmann. A morte no centro da vida: reflexões sobre a cura e a não-cura nas reduções jesuítico-guaranis (1609-75). Rio de Janeiro, RJ: História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 11, n. 03, p. 635-660, 2004.

EISENBERG, José. As missões jesuíticas e o pensamento político moderno. Minas Gerais, MG: Editora UFMG, 2000.

FURLONG, Guillermo, S.J. Los Jesuítas y la Cultura Rioplatense. Montevideo: Urta y Curbelo, 1933.

LE GOFF, Jacques. O nascimento do purgatório. Madri, ES, 1989.

LONDOÑO, Fernando Torres. Escrevendo Cartas. Jesuítas, Escrita e Missão no Século XVI. São Paulo: Revista Brasileira de História, v. 22, p. 11-32, 2002.

STORNI, Hugo. Catálogo de los Jesuítas de La Província del Paraguay (1875-1768). Roma, Institutum Historicum S.I., 1980.

SANCHEZ , Javier Burrieza. Los jesuítas: las postrimerías a la muerte exemplar. Espanha, 2009.

No XVIII, os dados apontam para um grande número de padres mortos em decorrência de varíola e de “tísis”, que pode estar relacionada com reincidentes problemas pulmonares. Encontramos também menções freqüentes à frágil saúde, que, muito provavelmente, deve-se à idade avançada de muitos deles.

Sobre a temática da morte, foram fundamentais as obras de Le Goff (1984) Delumeau (1990), Ariès (1975) e Cymbalista (2011). Já Sánchez (2009) forneceu subsídios importantes sobre a questão do martírio e boa morte. A leitura e a consulta aos trabalhos de Furlong (1933), Storni (1980), Franzen (2008), Torres-Londoño (2002), Fleck (2005), Castelneau (2006), Maeder (1984) e Eisenberg (2000) favoreceram a compreensão sobre as origens e o funcionamento da Companhia de Jesus e da estrutura formal e narrativa das Cartas Ânuas.

Referencial teórico

As informações relativas à mortalidade de missionários registradas nas Ânuas da primeira metade do século XVIII apontam para mortes decorrentes de causas naturais, bem como para raras situações de epidemias, o que parece apontar para a melhoria das condições nas reduções e nos Colégios em que atuavam.

A leitura das Ânuas e a análise dos necrológios possibilitou o levantamento de uma série de informações relativas às mortes dos padres jesuítas, que foram quantificadas em tabelas, considerando os seguintes questionamentos: quais as causas mortis que acometiam esses homens e quais as relações que podem ser estabelecidas entre as causas das mortes, a idade e o meio em que estavam inseridos.

As Causas Mortis

Causas mortis não citadas: 124

Em relação às causas mortis, cabe uma observação. Os padres relatores das Ânuas nem sempre especificaram as doenças que vitimaram os jesuítas, detendo-se muito mais na descrição das suas virtudes e da vida abnegada que tiveram, nem sempre mencionando a causa da morte.

Causas mortis XVIICausas mortis XVIII

A boa morte A boa morte está vinculada ao processo de provação e privação a que os missionários se submetiam. Na iminência da morte, esta vida devotada seria ainda mais valorizada com a administração dos últimos sacramentos. Essa ênfase dada à boa morte está relacionada com a intencionalidade da documentação, fazendo do morto um exemplo a ser seguido para, desta forma, incentivar a vinda de missionários para a América. Essa é a função do mártir.

As Cartas Ânuas - relatos produzidos pelos missionários jesuítas - são uma fonte riquíssima para esta investigação, pois, a partir delas, podemos extrair informações - e, especialmente, as representações - sobre as doenças mais frequentes e sobre os índices de mortalidade nas regiões onde os jesuítas atuaram

A documentação - as Cartas Ânuas