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XXI Jornal da Rede GESITI http://br.groups.yahoo.com/group/GESITIs/ www.cti.gov.br www.mct.gov.br Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008. ISSN:2178-8901 ANO 3 número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170 Página 1 de 85 Editorial Prezados leitores, A XXI Edição do Jornal da Rede GESITI é fora de série e, corresponde as atividades da rede GESITI no período Janeiro a Dezembro de 2011. A comunidade de ~1400 integrantes mergulhou fundo na discussão de questões relacionadas a inovação, desenvolvimento e futuro. O envolvimento dos participantes foi tão profundo que muitos deles manifestaram suas opiniões a partir de testemunhos pessoais de suas vivências e pensamentos... Isso trouxe a essa XXI edição uma característica inédita, com enorme diversidade de opiniões e de referências trazidas ao debate. Os temas tratados nessa edição foram: Inovação Gestão da Inovação: contradição de termos? Nossas Cidades: Inteligentes? Os Princípios da Inovação Patentear a esmo não ajuda a inovação na Universidade Brasil, país do indizível futuro. Ou... Vamos construir o nosso país? Sem humanidade, produção é desemprego! Excepcionalmente, o editorial não traz breves comentários sobre cada tema. Todos eles estão ricamente desenvolvidos, é mais apropriado que o leitor tire suas próprias conclusões sobre os assuntos abordados quanto a inovação, desenvolvimento e futuro. As edições anteriores do Jornal GESITI estão disponíveis nos sites dos Colaboradores Institucionais e, também nesse link http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=210&Itemid=296 . Finalmente, informa-se que todas as mensagens inseridas nesse Jornal (e anteriores), serão apagadas da Rede GESITI. Editor convidado: Paulo José Pereira de Resende Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP Revisor: Antonio J. Balloni Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer - CTI

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XXI Jornal da Rede GESITI

http://br.groups.yahoo.com/group/GESITIs/ www.cti.gov.br www.mct.gov.br

Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.

ISSN:2178-8901 ANO 3 – número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170

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Editorial

Prezados leitores,

A XXI Edição do Jornal da Rede GESITI é fora de série e, corresponde as atividades da rede GESITI no

período Janeiro a Dezembro de 2011.

A comunidade de ~1400 integrantes mergulhou fundo na discussão de questões relacionadas a

inovação, desenvolvimento e futuro. O envolvimento dos participantes foi tão profundo que muitos

deles manifestaram suas opiniões a partir de testemunhos pessoais de suas vivências e pensamentos...

Isso trouxe a essa XXI edição uma característica inédita, com enorme diversidade de opiniões e de

referências trazidas ao debate.

Os temas tratados nessa edição foram:

Inovação

Gestão da Inovação: contradição de termos?

Nossas Cidades: Inteligentes?

Os Princípios da Inovação

Patentear a esmo não ajuda a inovação na Universidade

Brasil, país do indizível futuro. Ou... Vamos construir o nosso país?

Sem humanidade, produção é desemprego!

Excepcionalmente, o editorial não traz breves comentários sobre cada tema. Todos eles estão ricamente desenvolvidos, é mais apropriado que o leitor tire suas próprias conclusões sobre os assuntos abordados quanto a inovação, desenvolvimento e futuro.

As edições anteriores do Jornal GESITI estão disponíveis nos sites dos Colaboradores Institucionais e, também nesse link http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=210&Itemid=296. Finalmente, informa-se que todas as mensagens inseridas nesse Jornal (e anteriores), serão apagadas da Rede GESITI.

Editor convidado: Paulo José Pereira de Resende

Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP

Revisor: Antonio J. Balloni

Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer - CTI

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Sumário

Tema 1: Inovação ..................................................................................................... 3

Tema 2: Gestão da Inovação: contradição de termos? ............................................. 11

Tema 3: Nossas Cidades: Inteligentes? .................................................................... 19

Tema 4: Os Princípios da Inovação .......................................................................... 23

Tema 5: Patentear a esmo não ajuda a inovação na universidade ........................... 54

Tema 6: Brasil, o país do Indizível Futuro. Ou... Vamos construir o nosso país? ...... 677

Tema 7: Sem humanidade, produção é desemprego! .............................................. 80

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Tema 1: Inovação

Participação do Moderador

O tema inovação é de interesse e vem ao

encontro aos anseios da atual política brasileira

de C&T.

Apesar da falta de dados sobre a questão,

convén recordar os planos da Gurgel... quem

não se lembra da mega infraestrutura montada

em Rio Claro, para fabricar carro a Gurgel, que

foi interrompida ... por que? Fica aqui a

semente para dicussão do Tema inovação.

GESITI

[email protected]

Participação de Darcio Caligaris

Alguns temas, como o que é colocado agora em

discussão, merecem ser explorados até que

possamos chegar a melhor solução e com ela

elaborarmos uma norma com os passos

facilmente descritos e entendidos que poderá

ser cedida a empresários, professores,

pesquisadores, sonhadores e interessados

ciência e tecnologia.

Tal tema surgiu devido ao Brasil inovar muito

pouco frente a países como China e Índia, o

tema é inovação, mas podemos dividi-la em

copiar (no sentido de fazer semelhante ao que já existe

no primeiro mundo), copiar inovando, ou inovar

(criar algo novo).

O Brasil importa grande quantidade de

produtos por diversos motivos:

1) Não produz no Brasil;

2) O preço do produto fabricado no Brasil é

superior ao importado;

3) O produto fabricado no Brasil tem qualidade

comprovadamente inferior ao importado. Já

auto respondido, a sua utilização traz riscos de

qualidade.

Há ainda outros, sugiro que após termos todos

os motivos buscar a solução para cada um.

Pra Frente, Brasil!!! Vamos fazer uma seleção

brasileira de inovação.

Darcio Caligaris

[email protected]

Participação de Fernando Attique Máximo

Nós, brasileiros, somos considerados criativos.

Também temos capacidade.

Sobre o primeiro item, "não produz no Brasil",

um item que incomoda por não ser produzido

aqui é "carro". Há no país condições de termos

um carro nacional.

Fernando Maximo"

[email protected]

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Participação de Antônio Augusto

E existem dois (mas não são os únicos) motivos para

a ausência de inovação tecnológica no Brasil:

- falta de formação de inovadores;

- falta de incentivo aos que existem.

Da falta de formação de inovadores, deve-se

mencionar os cursos de engenharia,

computação e afins, que tendem a ser MUITO

acadêmicos e pouco voltados ao meio em que

estão inseridos. Minha formação é em

engenharia, e percebo que o número de

professores pelos quais passei e que teham tido

alguma experiência considerável fora da

universidade, era muito pequeno. Nos cinco

anos de curso, muito mais ouvia falar em

artigos científicos e bolsas de pesquisa do que

em mercado de trabalho, empreendedorismo,

comportamento profissional e outros assuntos

fundamentais para quem quer ter uma carreira.

De todos os grandes e reconhecidos grupos de

pesquisa que existiam dentro da universidade,

não me lembro de algo que tenha saído do

meio acadêmico e impactado de forma

relevante o mundo real.

Depois, vem a grande questão de que montar

uma empresa no Brasil é uma aventura para

poucos. Se esta empresa for de inovação, ou

seja, não for de um negócio conservador, é

preciso ter nervos de aço. Dados do Sebrae:

80% das micro e pequenas empresas fecham

em até 5 anos após a inauguração. Enquanto o

Banco Central se esforça para aumentar os

juros, será mesmo que alguém vai ter coragem

de angariar capital de giro para montar um

negócio "inovador"?

Há uma ilha de esperança nas incubadoras

tecnológicas, que oferecem alguma estrutura e

incentivo às empresas que estão começando.

Eu trabalho em uma pequena empresa do ramo

de semicondutores, uma área que no Brasil,

infelizmente ainda é "inovadora", apesar de

fundamental para qualquer país que queira ser

tecnologicamente autossuficiente, e sei, um

pouco, das dificuldades de trabalhar com

tecnologia de ponta e inovação no Brasil,

dentro da iniciativa privada.

Antônio Augusto

[email protected]

Participação de Gilmar Molinari

Inovação é a base da sustentabilidade de um

povo.

1 - Educação - China e Índia estão preocupados

com a Educação do Povo, fato que no Brasil, a

educação está á beira da falência. As pessoas

passam pela escola e se formam sem saber

nada. Existem escolas municipais e estaduais

onde os alunos passam de uma série pra outra

sem prova ou exame de avaliação.

2- Custo – inovação tem um preço até a

maturação e mesmo depois de maturado, tem

o tempo de introdução de mercado. Os

recursos do Inovador são muitas vezes

limitados. Os programas que estão inovando

com sucesso, são os que têm ajuda

governamental, vide a Embrapa, porém até

atingir o atual estágio, levou alguns anos de

pesquisa e desenvolvimento. Idem para o

exemplo dos estudos de DNA no Brasil.

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3 - Capital de Investimento – são de difícil

captação, por diversos motivos. No final quem

tem oportunidade são somente as empresas

estabelecidas ou grandes corporações.

Gilmar Molinari

[email protected]

Participação de Marlene Carnevali

Muito pertinentes as considerações sobre a

educação no Brasil. Tenho feito orientação

desde a pós-graduação e incomoda muito ver

que pessoas nesse nível de escolaridade não

sabem escrever. Pessoas que querem ser

especialistas em funções importantes, como

Gestão de Projetos, por exemplo, e sequer

conseguem elaborar um trabalho, um

relatório... Em alguns casos na academia, após

várias tentativas, a única alternativa é a

reprovação. Entretanto, muitos professores

seguem a cartilha da instituição, mantendo um

alto índice de aprovação para fazer frente ao

mercado.

Hoje, quando um professor reprova um aluno

corre o risco de ser intimidado fisicamente. É

necessário, antes de tudo, que a educação

venha de casa, do berço, com os princípios

morais e de respeito. Se o professor educa e os

pais não colaboram, temos isso: "meu pai paga

eu faço o que quero"...

Dessa forma, ainda que o nível de qualidade

dos cursos de formação acadêmica, desde o

primeiro grau, possa ser melhorado, não há

como corrigir a falta de educação que vem do

berço e que continua, quando os pais passam a

mão na cabeça, mesmo sabendo que o filho

cometeu uma infração... Por isso, pouco se

inova. A proporção da inovação corresponde

ao percentual de pessoas "educadas" para o

trabalho e para o convívio social. Soma-se tudo

isso ao pouco interesse dos governantes em

melhorar o nível do ensino e, por

conseqüência, temos o caos que vemos hoje,

onde uma minoria da população tem condições

de inovar e o fazem como heróis pois há pouco

investimento para as inovações de âmbito

científico.

Marlene Carnevali

[email protected]

Participação de Roland Scialom

"Inovação é a base da sustentabilidade de um

povo".

Devemos acrescentar:

"dependendo de quem é responsavel por ela"

E a frase ficaria assim.

"Inovação é a base da sustentabilidade de um

povo, dependendo de quem é responsavel por

ela".

Sugiro isso pensando na Alemanha no tempo

do nazismo. Houve muita inovação e sabemos

onde isso acabou.

Hoje, a corrida desenfreada ao lucro usa muito

de inovação, seja no contexto da indústria e

comercio, seja no contexto do capital que

inventa para ter lucro.

Muitas dessas iniciativas baseadas em inovação

são podres. Então é importante definir classes

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de inovação, da mesma forma que se definde

classe em matemática, para distinguir as

inovações podres das saudáveis. E sem

esquecer-se do discurso dos mistificadores que

tentam constantemente fazer passar o podre

por saudável.

Não devemos esquecer-nos do provérbio: "Por

fora, bela viola; por dentro, pão bolorento."

Roland Scialom

[email protected]

Participação de Luciene Almeida Costa

A FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos),

disponibiliza em seu site o “Manual de Oslo”

relevante para quem tenha interesse em se

aprofundar nos conceitos.

É uma publicação conjunta de OCDE (Organização

para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da

Eurostat (Gabinete Estatístico das Comunidades

Européias), sua terceira edição1 traduzida e

disponibilizada pela FINEP. No site da Endeavor,

é possível acessar a palestra em vídeo -

Recursos para Inovação: Como e Onde

Encontrar, que é muito interessante e fala

como a FINEP trabalha com financiamentos de

inovações e tem o depoimento de um

empreendedor, falando de suas experiências e

as dificuldades por que passou2.

1

Nota do Editor: Disponível no endereço:

http://www.finep.gov.br/imprensa/sala_imprensa/manual

_de_oslo.pdf

2 Nota do Editor: o empreendedor em questão é o

empresário Roberto Alcântara, da empresa Angelus e vice-

Luciene Almeida Costa

[email protected]

Participação de Marcell Arrais

Uma nação somente se desenvolve se tiver

como foco inicial, uma educação de base. As

maiorias das oportunidades de maior

remuneração no Mercado estão ligadas a mão

de obra qualificada, muitas vezes exigindo

certificações técnicas e um apurado raciocínio

aritmético, além das aclamadas "soft skill", ou

seja, liderança, persuasão, comunicação, etc.

Recentemente, a revista Exame publicou um

ranking dos países emergentes com relação aos

níveis de educação, divididos por disciplina. O

Brasil estava como um dos piores posicionados

no ranking3.

É fato que alguns progressos são visíveis,

porém há muito por fazer. A pergunta

fundamental é: Inovar seja na educação, na

indústria, no terceiro setor, etc. faz parte dos

planos do Governo? Há um real interesse dos

milionários brasileiros de investir na

presidente da Associação do Desenvolvimento. Tecnológico

de Londrina e Região. O vídeo citado pode ser acessado no

endereço:

http://www.endeavor.org.br/videoteca/recursos-para-

inovacao-como-e-onde-encontra-los

3 Nota do Editor: a mensagemrefere-se à matéria “Apesar

de melhoria na educação, Brasil é um dos piores do

ranking”, disponível em:

http://exame.abril.com.br/economia/brasil/noticias/apesar

-de-melhoria-na-educacao-brasil-e-um-dos-piores-do-

ranking

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desigualdade intelectual de todas as classes da

população?

Marcell Arrais

[email protected]

Participação de Geraldo Corrêa

Como um país que fabrica aviões não tem

condições de construir automóveis em larga

escala? Mesmo reconhecendo o poder das

grandes montadoras, por que não ter uma

brasileira?

Saudoso Amaral Gurgel, talvez hoje tivesse

menos obstáculos para o seu sonho...

Geraldo Nunes Corrêa

[email protected]

Participação de Patricia Roggero

Inovação significa novidade ou renovação. A

palavra é derivada do termo latino innovatio, e

se refere a uma ideia, método ou objeto que é

criado e que pouco se parece com padrões

anteriores. Hoje, a palavra inovação é mais

usada no contexto de ideias e invenções assim

como a exploração econômica relacionada,

sendo que inovação é invenção que chega ao

mercado.

De acordo com Freeman, Inovação é o processo

que inclui as atividades técnicas, concepção,

desenvolvimento, gestão e que resulta na

comercialização de novos (ou melhorados)

produtos, ou na primeira utilização de novos

(ou melhorados) processos.

Inovação pode ser também definida como fazer

mais com menos recursos, por permitir ganhos

de eficiência em processos, quer produtivos

quer administrativos ou financeiros, quer na

prestação de serviços, potenciar e ser motor de

competitividade. A inovação, quando gera

aumento de competitividade, pode ser

considerada um fator fundamental no

crescimento econômico de uma sociedade.

... em síntese, as inovações exigem posturas

diferentes dos gestores para acompanhar a

velocidade com a qual as organizações se

reestruturam. A inovação é uma das principais

armas para garantir a competitividade das

empresas.

Hoje buscamos constantemente ferramentas

para trabalhar a resiliência ou contratarmos

profissionais já com as características que a

organização precisa para fazer rodar seus

processos de acordo com as estratégias e

metas estipuladas através de seus indicadores.

... a visão prospectiva nasce então como

contraponto à visão tradicional do gestor.

Trata-se de planejar, porém lidando com essa

realidade turbulenta e em constante mutação.

Assim, o futuro não é uma continuação do

passado.

A técnica de Análise de Valores / Engenharia de

Valores (AV/EV ou EVA) é um esforço organizado

para atingir o valor ótimo de um produto,

sistema ou serviço, promovendo as funções

necessárias ao menor custo. É uma ferramenta

importante nos projetos de inovação, por

permear entre o tangível e o intangível,

agregando valor e contribuindo na construção

das inovações.

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Utilizando a metodologia Engenharia de Valor,

além da redução de custos a organização pode

obter mais alguns resultados, tais como:

Aumento do Valor Agregado, Melhoria da

Qualidade, Simplificação de Produtos e

Processos, Padronização, Sinergia de grupo,

Redução do Ciclo de tempo e Satisfação do

Cliente.

O essencial para inovar é ser um bom

comunicador, construir boas relações, delegar

com eficiência, apoiar a sua equipe, dar

feedback e estabelecer metas para cada

departamento de acordo com a organização do

negócio...

Corremos tanto atrás do lucro que não temos

tempo para a inovação, potencial fonte de

lucratividade.

O grande diferencial é se destacar utilizando a

interatividade como ferramenta de

aprendizado, e compreender que a inovação só

tem efeito, a partir do momento em que existe

comunicação.

Patricia Roggero

[email protected]

Participação de Roland Scialom

"Corremos tanto atrás do lucro que não temos

tempo para a inovação, potencial fonte de

lucratividade"

Há outros fatores, mais importantes do que

este e que entravam o processo de inovação.

Os que me vem à mente neste momento são:

"patotismo", "nepotismo" e "corporativismo".

Roland Scialom

[email protected]

Participação de Marcus Vinicius Soares

Foi chocante ler materia do jornal O Globo: “...

o Brasil vai "importar" engenheiros e arquitetos

de outros países, convalidando os seus

diplomas aqui4...” Houve até palestras para

empresários interessados nisso.

Parece um reflexo da nossa eterna dúvida entre

o fazer e o comprar feito (o que os economistas

chama de "make-or-buy-decision"). Na dúvida,

sempre compramos feito. Somos sempre

"pragmáticos" e nunca planejadores. Ou seja,

sempre caímos na armadilha tipicamente

moderna da difusão, "de repente, Califórnia!"

Agora, uma provocação: falamos muito sobre

inovação, mas será que quem tem o chamado

poder econômico quer mesmo inovar? Ou quer

passar a imagem de que está inovando, quando

na realidade o que interessa mesmo é o lucro

imediato? E ter, lógico, alguém que saiba

defender este lucro como nosso (o nosso direito, a

nossa propriedade, o nosso patrimônio, etc) e ponto

final?

Marcus Vinicius Brandão Soares

[email protected]

4 Nota do Editor: o teor da matéria foi posteriormente

reproduzido no Portal G1, disponível em:

http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/01/com-

mao-de-obra-escassa-governo-quer-facilitar-entrada-de-

estrangeiros.html

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Participação de Lucio Fonseca

A situação é mesmo preocupante. O dinheiro

volumoso gerado pelas nossas commodities

(soja, minério e petróleo) parece estar dificultando

nossa visão de longo prazo.

Segundo o IPEA, na pauta de exportações

brasileiras só 6,8% são produtos de alta

tecnologia.

Segundo Richard Rosecrance (ex-reitor da Un.

Califórnia), os países hoje se dividem em países

braçais e países cérebros. Quem se beneficia

mais? Onde nos classificamos?

Vejam o quadro comparativo abaixo:

- 1 quilo de minério de ferro é vendido por

pouco mais de 0,10 dólar;

- 1 “quilo” de tênis estrangeiro custa 200

dólares (2.000 vezes mais - ou 2 toneladas de ferro);

- 1 “quilo”• de IPAD custa 1.000 dólares (10.000

vezes mais - ou 10 toneladas de ferro);

- 1 "quilo" do avião Rafale (que o Governo fala

em comprar) custa 8 mil dólares (80 toneladas de

ferro);

- 1 "quilo" de satélite custa em torno de 80

milhões de dólares (800 mil toneladas de ferro).

“País vende ferro à China por US$140 e importa

trilho a US$ 850” (Fonte: Folha de S.Paulo)

E o petróleo? Cada litro que produzimos rende

US$ 0,47. A soja rende em torno de US$ 0,38

por quilo.

Será que nosso futuro está garantido, com

estas "benesses" que o Deus "brasileiro" nos

deu? Ou embarcaremos na "maldição do

petróleo"?

Até quando teremos que exportar toneladas e

toneladas de Brasil (literalmente) para

comprarmos produtos de valor agregado que

poderíamos fazer aqui mesmo - e vendê-los,

acrescidos das características que nossa

criatividade agregar? Por que não apostar

definitivamente na economia verde, ou de

baixo carbono, e definir que seremos a maior

referência em produtos e serviços sustentáveis,

em 10 ou 15 anos? Vender minério e importar

trilho?! Onde está a CSN, a Usiminas, a

Acesita?...

Nada contra (?) esburacar o país, revirar as

profundezas da terra - e do mar - e usar

imensas extensões de cerrado e floresta (para

plantio de soja) ENQUANTO preparamos nosso

capital humano e nossas empresas para um

estágio superior. Mas não dá para imaginar que

ficaremos fazendo isto o resto da vida, ainda

agradecendo a Deus por ter sido tão "pródigo"

para conosco.

Cada centavo da exportação de commodities

deveria ser carimbado: "SÓ PODE SER USADO PARA

EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA".

Senão, estaremos vendendo o futuro, para que

- alguns muito mais que outros - possamos

usufruir de um presente - fugidio - de aparente

abastança.

Lucio Fonseca

[email protected]

Participação de Darcio Caligaris

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Convém registrar mais duas ponderações no

debate em andamento:

1) Os empresários devem planejar a data de

início do projeto e a data de início de produção

(colocação do produto no mercado), relatar

mensalmente os gastos ao governo que

financiou a inovação, e o governo deve

fiscalizar rigidamente e punir rigidamente o não

cumprimento.

2) Se o produto é mais barato fora do Brasil,

para quer perder tempo em produzir no Brasil?

Entretanto, não acreditam que se formos

realmente persistentes, lutar para um lucro

menor a um prazo maior por apenas um

determinado tempo, poderemos fazer mais

barato, e até concorrer internacionalmente?

Existem várias formas é só acreditar, e quem

tem dom para isso consegue muitos imigrantes

cem anos atrás conseguiram!

Professores de história do Brasil e mundial

tirem-nos do limbo.

Darcio Caligaris

[email protected]

Participação de Tales Costa

Inovar significa fazer algo novo, diferente do

que fazemos no presente. Ou seja, implica

navegar através de riscos e incertezas. Assim,

pode parecer um contrasenso exigir inovação e

simultaneamente cobrar/punir rigidamente o

não cumprimento de metas e prazos.

Tales Costa

[email protected]

Participação de Lucio Fonseca

Algumas especulações sobre as causas de não-

inovação em nosso país:

1. Ilusão com o fato de sermos um celeiro de

materia prima; os grossos volumes de dinheiro

"anestesiam";

2. Acomodação geral; um ponto central na

questão é a nossa juventude. Assustador é o

fenômeno de ver jovens ultra-talentosos

gastando sua energia e tempo para passar em

concursos públicos, apenas para ter

"segurança" (depoimento ouvido há poucos dias, numa

palestra realizada numa empresa pública de BH); ainda

que estejam totalmente enganados - em geral,

no serviço público trabalha-se muito - muitos

só estão preocupados com a "estabilidade", ou

seja, com não terem que batalhar "mais"

(quando ainda nem começaram!!!). Se fossem para o

serviço público com o intuito de colocar sua

inteligência a serviço da melhoria do país,

ótimo; mas o que estamos assistindo é toda

uma geração enfeitiçada pelo canto da sereia

do "dinheiro fácil" (mais uma vez: mal sabendo que

este só existe para os desonestos e aproveitadores e que,

graças a Deus, o serviço público, em muitos casos, já passa

a ser gerido pelas boas práticas empresariais). Um crime

de lesa-juventude e lesa-pátria;

3. Falta de lideranças visionárias (não

messiânicas), capazes de despertar nas pessoas

- principalmente nos jovens (estudantes,

empresários)- a VONTADE DE FAZER.

Há que re-despertar na juventude interesse

para o desafio, a vontade de romper limites.

Quando se vê uma Campus Party, por exemplo,

com tantos exemplos de "maluquices geniais",

em meio a um "caos criativo", dá esperança.

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Ainda dá tempo. MAS temos que definir

claramente o Planejamento Estratégico do país

(que não temos): para onde vamos e como vamos.

Deixo perguntas: quais são as "vocações" do

nosso país e o que precisamos fazer para

desenvolvê-las, de forma inovadora?

Lucio Fonseca

[email protected]

Participação de Darcio Caligaris

Da mensagem da página 03, temos: copiar (no

sentido de fazer semelhante ao que já existe no primeiro

mundo), copiar inovando, ou inovar (criar algo

novo): não sabemos ainda nem copiar, como

vamos para os passos seguintes? No passado,

não se inovava, fazia-se o similar e inovava

quando possível...

A verdade é que todos querem se apoiar no

governo, e os resultados? Tanto as

Universidades como Empresas que recebem o

financiamento do governo devem cumprir o

planejamento apresentado, para isso recebeu o

emprestimo... e, necessariamente, apresentar

resultados...

Entendo que devemos começar copiando e,

talvez com isso passemos a parar de importar

da China e India, e não obrigar que seja

aumentado o imposto para importar destes

países.

Darcio Caligaris

[email protected]

Tema 2: Gestão da Inovação: contradição de

termos?

Participação de Raoni Rajão

Existe uma relação peculiar entre a inovação e

métodos de gestão como o Six Sigma. Devemos

notar que o Six Sigma, assim como o Business

Process Re-engeneering, Total Quality

Management (TQM) e outras formas de gestão

ligadas ao Taylorismo, surgiram de contextos

industriais onde o objetivo era melhorar

processos mesuráveis, estáveis e previsíveis.

Podemos dizer que os processos eram

mensuráveis porque eles estavam ligados a

aspectos da organização visíveis, tais como

número de carros produzidos em um turno de

trabalho. Esses processos eram estáveis,

porque muitas vezes o mesmo modelo (ou

mesma base do modelo) permanecia em linha de

montagem por anos ou até décadas (como foi o

modelo T da Ford). Finalmente, os processos eram

também previsíveis porque todos os envolvidos

tinham uma idéia clara do que significa um

produto de qualidade (ex. um carro de acordo com

especificações bem estabelecidas). Sendo assim, era

possível formar um time e uma estrutura física

estável para trabalhar e se aperfeiçoar aos

poucos com o passar dos anos.

Por outro lado, os processos ligados à inovação

tem a tendência de ser imensuráveis,

dinâmicos e imprevisíveis. Enquanto os

gerentes normalmente podem ver o resultado

de seus subordinados, a mesma coisa não é

possível com cientistas. Obviamente, podemos

sempre criar métricas (ex. número de protótipos,

experimentos etc..), porém em última instancia o

status do trabalho de desenvolvimento

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tecnológico/científico é algo que só pode ser

avaliado pelo próprio cientista, ou com muito

esforço, por outro especialista da mesma área.

A inovação também é dinâmica. Enquanto

demorava-se décadas para melhorar um

processo industrial, basta a publicação de uma

nova descoberta no campo de materiais para

jogar água abaixo anos de pesquisa. Por isso

diferentes autores dizem que os inovadores

tem der ser dinâmicos e trabalhar em times

multidisciplinares que muitas vezes são

provisórios (ex. Engestrom). Finalmente, a

inovação tende a ser imprevisível. Todos

sabemos o que é um produto industrial bem

montando, mas podemos dizer um mesmo de

um projeto ou idéia abstrata? O que é para uns

algo revolucionário é para outros perda de

tempo. Além disso, enquanto produtos

industriais são feitos para ser vendidos no

mercado, quantas inovações eventualmente se

transformam em lucros concretos?

Sendo assim, gostaria de lançar uma pergunta à

rede. Seria correto continuar pensando na

gestão da inovação em termos Tayloristas,

como se tem feito ao aplicar TQM, BPR, Six-

Sigma etc.. nesse contexto? Caso contrário,

em qual direção devemos olhar para buscar

novos conceitos de gestão?

Isso também levanta outra questão mais

genérica. Os métodos de gestão Tayloristas são

compatíveis com as organizações pós-

burocráticas do século XXI, onde o dinamismo,

imensurabilidade e imprevisibilidade

prevalecem?

Raoni Rajão

[email protected]

Participação de Sergio de Araujo

A preocupação em relação ao tema é não

termos uma visão de longo prazo aplicado a

inovação. E isso não tem jeito, precisa da

atuação do governo.

Uma história exemplifica bem esse quadro.

Passava já 2 anos do governo FHC e estamos em

meados de 1996. A Intel decide que vai abrir

uma nova fabrica de semicondutores e esta

buscando um país onde ainda não tenha

operação e que possa atender sua necessidade

de crescimento.

Sabe-se que houve uma reunião no prédio da

FIESP na Avenida Paulista com a presença do ex-

ministro de ciência e tecnologia, Sergio

Rezende5.

Discutem e apresentam a necessidade que a

fábrica vai exigir, principalmente na formação

de engenheiros e mão-de-obra especializada ao

setor.

Falam de toda infraestrutura que será preciso

aprimorar a atender uma indústria desse porte.

Colocam os valores de investimento a ser feito

e a parte que cabia ao governo brasileiro seria

algo na faixa de 3 bilhões de dólares.

A pergunta do ministro então foi em quanto

tempo teria retorno essa fabrica e a resposta

foi que a previsão era de que em 10 anos

teríamos os primeiros retornos mensuráveis.

5 Nota do Editor: Sergio Rezende foi Ministro da Ciência e

Tecnologia entre 19/julho/2005 e 31/dezembro/2010.

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A negativa do ministro foi categórica, afinal de

contas teríamos eleições em 1997 e não havia

necessidade de gastar dinheiro com esse tipo

de fábrica.

Como é sabido de todos, a Intel moveu sua

intenção e acabou abrindo em 1998 sua fabrica

na Costa Rica.

Hoje a Intel representa um importante valor

para o PIB da Costa Rica, tanto que quando

anunciam qualquer forecast, antes eles falam

com o governo, pois depende de sua noticia

isso impacta em ate 4% no PIB.

E estamos nos aqui ainda, sem termos uma

indústria de base que traga inovação

tecnológica e atenda ao mundo todo com seu

produto.

Dito e certo que hoje o mundo corporativo

busca especialistas em generalidades, visto que

a dinâmica do dia-a-dia a todo instante

apresenta desafios que exigem saídas pouco

convencionais e inteligentes. De certa forma a

inovação no pensamento e na administração

das pessoas tem sido aplicada, com bons

resultados e novas formas de fazer as coisas.

Podemos observar como o brasileiro tem essa

capacidade, hoje em dia as multinacionais com

base no Brasil, a cada dia mais tem brasileiros

em suas plantas pelo mundo e menos

estrangeiros para sua unidades no Brasil.

A inovação na verdade é o componente

necessário a sobrevivência.

Vejamos como exemplo a 3M, que leva em sua

politica interna a inovação como componente

primordial do crescimento.

E olha que algumas inovações foram puro

acaso.

No final de tudo métodos, sistemas, pessoas,

processos, indicadores são um componente a

ser desafiado todo dia por uma ótica inovadora.

Sergio de Araujo

[email protected]

Participação de Fabiano Ribeiro Lima

Foi publicada no Valor Econômico uma matéria

muito interessante e pertinente ao tema

proposto6.

O Brasil perdeu oportunidades recentes de ter

sua própria indústria de semicondutores. Mas

uma nova chance de o país ganhar espaço

nesse mercado parece surgir com os avanços

em uma área ainda pouco conhecida da

tecnologia: a eletrônica orgânica. A técnica usa

compostos de moléculas baseadas em carbono

no lugar de elementos como silício e cobre na

fabricação de componentes.

Por usar material comum, como flúor e enxofre,

a eletrônica orgânica demanda investimentos

mais baixos. "Com US$ 100 mil já é possível

montar uma fábrica", diz o professor Roberto

Mendonça Faria, coordenador do Instituto

Nacional de Eletrônica Orgânica (Ineo) da

Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos.

6 Nota do Editor: a matéria pode ser acessada no endereço:

http://www.valoronline.com.br/impresso/empresas/102/3

75295/com-chip-organico-brasil-ganha-chance-em-

semicondutores

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Uma fábrica de chip de silício custa cerca de

US$ 3 bilhões.

A fábrica de componentes orgânicos também

dispensa investimentos maciços na montagem

de áreas livres de impureza, as chamadas salas

limpas, e de sistemas de vácuo. "A eletrônica

orgânica será a grande indústria do século XXI.

Precisamos embarcar nessa viagem agora", diz

Faria.

O mercado de dispositivos eletrônicos orgânicos

movimenta anualmente R$ 5 bilhões no mundo

e pode chegar a R$ 600 bilhões em 15 anos,

conforme dados da consultoria IDTechEx. No

mercado brasileiro, o potencial é de atingir R$

18 bilhões ao ano no mesmo período.

Em seu estágio atual, a tecnologia não pode ser

aplicada à fabricação dos processadores

centrais de celulares e computadores - dois dos

tipos mais comuns de chips. A tecnologia já

pode, no entanto, substituir a eletrônica

tradicional em material semicondutor usado na

fabricação de sensores, telas flexíveis, painéis

para captação de energia solar, lâmpadas e

etiquetas inteligentes.

"As embalagens de remédio podem ter circuitos

que mudam de cor para indicar quando o

medicamento passa da data de validade",

exemplifica Faria. Cartões inteligentes e papel

eletrônico são outras possibilidades. Só no Ineo

existem mais de 30 grupos de pesquisa

estudando aplicações e conceitos científicos

relacionados à eletrônica orgânica.

A tecnologia já é usada por fabricantes de

celulares na área de telas; empresas como Sony

e Samsung também adotam o material na

fabricação de aparelhos de TV e monitores

ultrafinos. O novo console portátil da Sony,

lançado ontem, chegará ao mercado com uma

tela de OLED, uma espécie de LCD que consome

menos energia e se baseia na eletrônica

orgânica.

No Brasil, algumas empresas começam a

investir na área. No início da semana, a CSEM

Brasil - instituição privada sem fins lucrativos

criada pela suíça CSEM S.A e pela empresa de

participações FIR Capital - assinou com o

governo de Minas Gerais e a Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

(Fapemig) um termo de cooperação técnica,

com aporte de R$ 7 milhões, para desenvolver

produtos com eletrônica orgânica. A instituição

também firmou com a Fapemig um memorando

de entendimento para cooperação científica

com o Imperial College London, principal centro

de referência da área.

O executivo-chefe da CSEM Brasil, Tiago

Maranhão Alves, diz que a empresa focará o

desenvolvimento de etiquetas com sensores de

identificação por radiofrequência (RFID) e

células fotovoltaicas (que convertem luz em

energia elétrica). O plano é iniciar a produção

desses itens no prazo de um ano e instalar uma

fábrica de chip eletrônico orgânico, o que

exigirá investimento de R$ 100 milhões. Ele diz

que o composto usado para a produção desses

itens poderia ser fornecido por empresas que já

atuam no país, como a Braskem. Por meio de

sua assessoria, a Braskem informou que

acompanha o desenvolvimento da tecnologia.

Devido ao custo reduzido, Alves diz acreditar

que a tecnologia atrairá o interesse de

investidores para a instalação da fábrica.

"Desde a década de 70 corremos atrás do

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mercado de semicondutores. A eletrônica

orgânica é o próximo trem que não podemos

perder."

A holandesa Philips também iniciou um projeto

no Brasil recentemente. Em novembro,

anunciou parceria com a Fundação Centros de

Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI) e

apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES) para trazer ao Brasil

parte do desenvolvimento da tecnologia OLED. O

diretor de tecnologia e sustentabilidade da

Philips, Walter Duran, diz que as lâmpadas de

OLED disponíveis atualmente são pequenas e,

portanto, têm aplicação limitada. O projeto visa

desenvolver lâmpadas maiores, que permitam

criar painéis destinados a ambientes

residenciais. Um exemplo seria um vidro para

janela capaz de armazenar energia solar e

iluminar um cômodo à noite. A Philips planeja

iniciar a produção de luminárias com a

tecnologia em 2013.

No início da década passada, a Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

também usou a eletrônica orgânica para criar a

língua eletrônica, equipamento que identifica

os sabores de alimentos e bebidas.

Fabiano Ribeiro Lima

[email protected]

Participação de Sidnei Feliciano

Inovação é uma área pesquisada já de longa

data e atravessa diversas áreas.

Geralmente a inovação é tratada sob a figura

de um produto e raramente sob a perspectiva

de um processo.

Geralmente se dá atenção a inovações radicais

(aquelas que apresentam uma nova idéia baseada em

longos processos de P&D) e pouca atenção àquelas

inovações incrementais, que melhoram um

produto ou processo já existente (e que muitas

vezes oferece uma melhora signficativa, reduzindo custos e

ampliando mercados). Nicholas Negroponte, do MIT,

teria certa vez dito que a inovação incremental

é um veneno para o processo de inovação. Há

que se ter ressalvas em relação à sua

afirmação.

Alguns trabalhos entendem que um reflexo da

inovação é a quantidade de patentes

registradas pela organização ou, no caso de

uma análise nacional, da evolução dos registros

de patentes nacional.

Parece que para existir a inovação, é necessário

algumas coisas acontecerem, como pessoas

inovadoras, empresas inovadoras, empresas

com cultura organizacional abrindo espaço para

a inovação, recursos adicionais para o processo

de inovação. Como fatores externos, adotantes

da inovação, um preço compatível e política

que favoreça à inovação (uma política nacional de

inovação).

Na área é TI, quase tudo que foi produzido

relacionado à informática (hardware, software,

processos) nos últimos 10 anos ou mais, tem sido

apenas a recombinação de elementos já

existentes. Talvez devido à plasticidade dos bits

e bytes. Talvez porque a inovação tem se

apresentado muito mais como um incremento

em soluções existentes. Ao que parece, a

criatividade, elemento básico para a inovação,

é a própria recombinação destes elementos em

soluções inovadoras, o que se reflete na

enorme quantidade de negócios inovadores

baseados na internet.

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Porém, nem toda criatividade traz elementos

economicamente inovadores, senão os artistas

plásticos seriam as pessoas mais ricas do

planeta. Assim, a inovação apresentada neste

forum tem contexto profundamente focado no

lado econômico.

Assim, a inovação é um processo amplo e

complexo, que vale a pena ser discutido e

estimulado dentro das organizações, assim

como fazem IBM, Google, 3M, Dell e outras.

Especialmente, deve ser estudado para se

compreender suas diversas abordagens e

aplicabilidade para uma maior competitividade

no cenário nacional e internacional.

Sidnei Feliciano

[email protected]

Participação de Darcio Caligaris

A discussão acima não fica retrita a TI: devemos

copiar, copiar e inovar e finalmente innovar

todos os bens.

Se pelo menos conseguirmos copiar o que é

importado e comercializar e exportar por um

preço mais barato é um bom começo e uma

grande evolução.

Um artigo publicado na revista Negócios7

afirma que Israel é o país que mais investe em

pesquisa e desenvolvimento - 4,5 de seu PIB, à

frente do Japão, Estados Unidos e da Coréia do

7 Nota do Editor: a matéria “Israel: o país das start ups“

está disponível em:

http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI1

98862-16642,00-ISRAEL+O+PAIS+DAS+START+UPS.html

Sul, e que o nº de start ups lá alcançou 3,8 mil

em 2009, isto é uma nova empresa tecnológica

para ca 1,8 mil habitantes.

Creio que a roda está descoberta, é so mandar

um especialista brasileiro até lá, ver como

funciona, fazer um plano de ação e cobrá-lo

com rigidez.

Darcio Caligaris

[email protected]

Participação de Paulo Jose Pereira de Resende

Muito felicita perceber o interesse em discutir

o tema "inovação" na lista.

Há alguns meses atrás, quando foi discutida a

subvenção econômica8, também se falou em

inovação. Naquele período, uma das questões

que foi colocada foi a necessidade de se

compreender que a inovação é um resultado de

um planejamento.

Sim, por mais que possam citar mil exemplos

de gênios e de inovações acidentais, é

necessário planejar. Olhar o futuro, enxergar

uma demanda reprimida, antever um

paradigma de mercado. Vejam o caso da Apple,

por exemplo, que equilibra bem inovações

radicais e incrementais em seu processo e

assim vem se consagrando no mercado da

informática. Certamente, esse reconhecimento

não depende de tiradas geniais e esporádicas

8 Nota do Editor: JORNAL da Rede GESITI, Edição XX.

Disponível em:

http://www.cti.gov.br/images/stories/cti/atuacao/dtsd/ges

iti/XX_JORNAL_GESITI_AGOSTO_DEZEMBO_2010.pdf

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dos seus engenheiros, mas de um esforço

contínuo e muito bem planejado.

Retomando a afirmativa de Negroponte, talvez

ele tenha tentado dizer que uma estrategia

exclusivamente voltada para inovações

incrementais possa ser um veneno para o

processo de inovação. Se for isso, é razoável

concordar, pois são as inovações radicais que

fornecem elementos para movimentos de

recriação "das" e "nas" organizações. As

inovações incrementais prolongam as curvas de

ciclo de vida, fidelizam segmentos de

consumidores etc., porém são subordinadas a

uma condição: quanto mais simples é de se

fazer, mais simples é de se copiar também, e

assim a concorrência fica sempre "na cola"...

Além das inovações de produto e de proceso,

debemos considerar também as inovações

organizacionais e de modelo de negócio, e

assim teremos um leque amplo para discutir.

Mais empresas deveriam discutir o tema a

fundo, especialmente aquelas que já se dizem

inovadoras. Podem se surpreender ao perceber

que não são...

Mais uma coisa: não devemos esquecer-nos de

envolver na discussão formações profissionais

além da engenharia: empresas inovadoras

precisam de advogados que saibam fazer bons

contratos de licenciamento, administradores

que possam identificar e desenvolver

oportunidades de negócio, publicitários para

formularem estrategias de difusão dos

produtos no mercado... Precisamos vencer o

preconceito de que "inovação é coisa de

engenheiro" e qualificar quadros para

participarem dos desenvolvimentos e nos

negócios.

Paulo Jose Pereira de Resende

[email protected]

Participação de Marcos Assano

A maioria das pessoas enxergam a inovação

apenas como melhoria de produtos ou

processos, que são as inovações tecnológicas.

As inovações de produtos consistem em

modificações nos atributos de um produto,

com mudança na forma como os consumidores

o percebem. As inovações de processos alteram

o modo de produção de produtos ou serviços,

geralmente para aumento de produtividade ou

redução de custos.

Além da inovação tecnológica, pode-se inovar

em modelos de negócio (ex: modelo Dell de venda

direta de computadores, companhias aéreas de baixo

custo), marketing, métodos organizacionais,

fontes de matérias primas, entre outros.

Não podemos concordar com a visão de

Negroponte de que a inovação incremental é

um veneno para o processo de inovação.

Inovações radicais não ocorrem com frequencia

pois dependem basicamente de invenções. Ao

longo do tempo, uma sucessão de inovações

incrementais pode ter efeito maior que um a

única inovação radical. Historicamente, o que

se observa é que a partir de uma inovação

radical, surjam uma série de inovações

incrementais em torno dela, até que ela seja

substituída por outra inovação radical. O

surgimento do automóvel, por exemplo, foi

uma inovação radical. Até hoje seguem-se as

inovações incrementais em torno da idéia

original. No futuro, talvez, seja substituído por

uma espécie de "teletransporte".

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Inovação tecnológica também tem sido vista

como uma busca das empresas pelo estado-da-

arte, o avanço tecnológico de forma atender

um mercado ávido por produtos cada vez mais

sofisticados para consumidores de ponta e que

demandam alta performance. Muitas vezes,

tais empresas ignoram mercados que

demandam produtos menos sofisticados, de

menor poder aquisitivo e, portanto, com

menores margens de lucro. Ignorar tais

mercados pode ser uma armadilha para as

grandes corporações, conforme explica o Prof.

Christensen (Harvard) em "The Innovator's

Dilemma" (1997). Start-ups aparentemente

inofensivas podem explorar estes mercados

com tecnologias mais simples e mais baratas

para atender a demanda menos exigente (o que

ele chama de "disruptive technologies"). Porém, o que

se observa com frequencia é que tecnologia

evolui mais rápido que a capacidade de

absorção do mercado. Ao longo do tempo, as

start-ups passam a atender também a demanda

do mercado de alta performance, com preços

mais competitivos. Em seu trabalho,

Christensen explica como fabricantes de

motores elétricos e discos rígidos nasceram, se

tornaram gigantes e morreram em um curto

espaço de tempo. Outros exemplos:

substituição de mainframes por

microcomputadores, CDs por MP3, filmes por

fotos digitais, monitores de tubo por monitores

LCD.

Marcos Assano

[email protected]

Participação de Darcio Caligaris

A presente reflexão, em três perguntas, vai ao

encontro do assunto:

1) Quantas cópias de produtos de outros países

foram desenvolvidas no Brasil em 2010,

acabando com a importação e iniciando sua

exportação?

2) Quantas cópias com inovações foram feitas

em 2010 no Brasil?

3) Quantas inovações foram feitas em 2010 no

Brasil, e quais foram elas?

Estamos dormindo em berço explendido!!!, Os

Empresários e Universidades até hoje

dependeram do leite do governo, qual o

resultado? Está na hora de se virarem e

batalhar pelo seu leitinho.

Darcio Caligaris

[email protected]

Participação de Roland Scialom

A reflexão faz sentido, pois esses mesmos

empresários9 fazem lobby há muito tempo para

que as coisas estejam dessa forma.

O grosso da elite que domina as finanças (porque

é dona de boa parte do dinheiro) e a política (porque

influencia fortemente o governo) não quer se mexer.

9 Nota do Editor: o participante se referiu àqueles

empresários que se beneficiam dos recursos públicos.

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ISSN:2178-8901 ANO 3 – número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170

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Essa vocação à não-inovação casa bem com a

vocação cartorialista dos nossos governos e de

parte da nossa classe média.

Então não somos nós, que nos esforçamos para

dominar o conhecimento, que conseguiremos

mudar essa situação, por mais que se reflita

sobre inovação e politica de ciencia e

tecnologia.

Por outro lado, o fato do ensino público estar

ainda mal das pernas é muito significativo.

Enquanto ele estiver assim, nossos esforços

não farão acontecer coisas importantes. O

pessoal desta rede sabe disso.

Aqui, no Brasil, é preciso que haja algumas

pequenas revoluções, começando pela

concepção que se tem do país. Mais

precisamente a concepção que o grosso da elite

tem do nosso país.

Mas como é que se mexe nessa concepção?

Roland Scialom

[email protected]

Tema 3: Nossas Cidades: Inteligentes?

Participação de Paulo Jose Pereira de Resende

À medida que a discussão sobre tecnologia e

comunidades de conhecimento avança, emerge

o conceito das chamadas cidades inteligentes.

Desde 1999, o Intelligent Community Forum

promove o reconhecimento de cidades que se

destacam com base na análise de indicadores

relacionados a:

(1) oferta ampla de banda larga para empresas,

prédios governamentais e residências;

(2) educação, treinamento e força de trabalho

eficazes para o trabalho do conhecimento;

(3) políticas e programas que promovam a

democracia digital, reduzindo a exclusão digital,

para garantir que todos setores da sociedade e

seus cidadãos se beneficiem da revolução da

banda larga;

(4) inovação nos setores público e privado e

iniciativas para criar agrupamentos econômicos

e capital de risco para apoiar o

desenvolvimento de novos negócios; e

(5) marketing do desenvolvimento econômico

efetivo que alavanque a comunidade digital,

para que ela atraia empregados e investidores

talentosos.

Conforme consta da WIKIPEDIA, a lista de

cidades já agraciadas é:

2010 - Suwon, Coréia do Sul

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2009 - Estocolmo, Suécia

2008 - Gangnam-Gu, Coréia do Sul

2006 - Taipé, Taiwan

2005 - Mitaka, Japão

2004 - Glasgow, Escócia, Reino Unido

2002 - Calgary, Alberta, Canadá & Seul, Coréia

do Sul

2001 - Nova York, Nova York, USA

2000 - LaGrange, Geórgia, EUA

1999 – Singapura

Sobre a transformação em cidades inteligentes,

DUARTE (2005) escreveu:

Algumas cidades elaboraram estratégias para

serem catalisadoras de inovações tecnológicas

na sociedade de informação, articulando atores

públicos e privados – órgãos públicos,

empresas e universidades. Pode-se dizer que a

constituição de pólos tecnológicos é um dos

primeiros arranjos urbanos próprios da

sociedade da informação. Se antes a sua

maioria era implantada nas regiões periféricas

às cidades, com formato semelhante a parques

industriais, hoje os pólos de inovação,

espontâneos ou induzidos, consolidam-se em

áreas urbanas “ricamente informadas” – com

infra-estrutura tecnológica, social, econômica,

cultural e científica. (...) A cidade-palco é

substituída pela cidade-atriz, que se envolve

em processos de negociação, planejamento e

gestão urbana e regional, aliando seus trunfos

de catalisadoras de inovação científica às suas

necessidades de recuperação urbanística de

determinadas áreas.10

Nesse contexto, propõe-se a discussão nessa

lista da seguinte pergunta: com base nos

grupos de indicadores de análise das

chamadas "cidades inteligentes" e em outras

referências disponíveis, pergunta-se: quão

distantes de se tornarem "cidades

inteligentes" estão as cidades onde nós

residimos / trabalhamos / vivemos?

Paulo Jose Pereira de Resende

[email protected]

Participação de Darcio Caligaris

O Intelligent Community Forum já definiu os

indicadores, discordo apenas de se restringirem

a TI (assim se parece), mas não ao

desenvolvimento de todos os bens.

Como já temos indicadores, algum especialista

brasileiro deve verificar se o Brasil se enquadra

em todos os indicadores apresentados? No cas

contrário, vamos perguntar a eles como fazer,

mas não vamos lá passear, deve-se trazer um

plano de trabalho e o tempo para conclusão e

ser rígido na cobrança para seu cumprimento, e

este piloto servirá para todos os bens.

Devemos romper as barreiras e evoluir.

Darcio Caligaris

[email protected]

10

Nota do Editor: Texto citado disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/spp/v19n1/v19n1a11.pdf

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Participação de Paulo Jose Pereira de Resende

É necessário ressalver que o conceito não está

restrito a TI, mas "bebe" desse aspecto de

forma relevante.

As infovias, os ambientes inovadores, podem

servir ao desenvolvedor de aplicativos de

segurança assim como ao fabricante de

bonecos de toy-art. Os fabricantes de móveis

de madeira podem utilizar plataformas digitais

para comercialização, pesquisa de padrões de

fabricação, coordenação logística da produção.

Os segmentos de saúde, educação e outros

podem se fortalecer com o emprego de

ferramentas de comunicação remota. É por isso

que TI acaba tendo tanto peso. Não pensemos

em TI "setor da economia", mas também em TI

infraestrutura.

Pensemos, então, na distância entre essa figura

ideal da "cidade inteligente" e a cidade onde

vivemos. O Rio de Janeiro, por exemplo, tem

razoáveis serviços de banda larga e bons

projetos de inclusão social, mas peca na pouca

oferta de capital para investimento em

empresas nascentes. Essa carência de capital

refreia o florescimento de bons negócios. Além

do mais, ainda há muito o que avançar na

questão da segurança pública, o que

certamente fragiliza a imagem do Rio como

uma metrópole propícia ao livre fluxo de

pessoas e ideias.

Como são Campinas, Caxias do Sul ou tantas

outras cidades, quando observadas pelo prisma

das cidades inteligentes? Quais teriam mais

potencial para serem assim consideradas? Será

que estamos presos a uma resposta óbvia

como "São Paulo e ponto"? Devem haver

cidades com potencial inovador, potenciais

paradigmas de desenvolvimento e bem-estar

para a população.

Paulo Jose Pereira de Resende

[email protected]

Participação de Roland Scialom

Uma cidade é um sistema complexo onde

interesses diversos e ortogonais, senão,

francamente antagônicos, se confrontam. Por

exemplo, os intereses dos especuladores da

construção imobiliária são ortogonais aos dos

cidadãos que almejam por qualidade de vida,

os interesses do tráfico de drogas só é

compatível com os dos que consomem as

drogas comerciadas por ele, etc.

A inteligencia de uma cidade é portanto um

atributo construido a partir de vários

elementos, alguns contribuindo com um peso

positivo e outros com um peso negativo. Um

desses elementos tem um peso maior do que a

maioria dos outros: a "vontade política de ser

inteligente". Numa cidade onde a população é

dividida em classes sociais muito diferenciadas

e desintegradas, onde a noção de cidadania é

fraca, e onde as instituições públicas estão

contaminadas pela ineficiencia e/ou a

corrupção - i.é, corrompidas por interesses

antagônicos à cidadania - o elemento "vontade

política" puxa pra baixo o cálculo da

inteligencia.

Talvez devamos começar atacando o problema

da construção da "vontade política" antes de

tudo.

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Roland Scialom

[email protected]

Participação de Darcio Caligaris

.... Não vamos colocar obstáculos: a Africa do

Sul já está se adaptando a padrões europeus,

estão agindo rápido, até quando vamos ficar

dormindo em berço esplendido?

Darcio Caligaris

[email protected]

Participação de Silvio Roberto Sakata

De fato, o tema é de extrema relevância no

contexto mundial. Sem dúvida alguma a TI é

componente fundamental para definição dos

indicadores, mas com foco nos serviços e na

qualidade de vida ofertada, tais como

educação, saúde e segurança digital, além de

desenvolvimento urbano, mobilidade,

eficiência energética, controle ambiental etc.

Ou seja, o conceito pregado por muitos de que

Cidade Digital é apenas para grandes centros

urbanos promoverem Conectividade e Inclusão

Digital e Social (importantíssimo, sem sombra de

dúvidas, para acabarmos com a exclusão digital) tem que

ser repensadao. O Brasil, pelas suas

particularidades próprias, pela sua grandeza e

potencial, não pode ficar fora dessas

discussões e fóruns.

Silvio Roberto Sakata

[email protected]

Participação de Paulo Jose Pereira de Resende

Imaginem a seguinte situação: você já

concebeu a possibilidade de abrir seu notebook

em plena Praça da República, em São Paulo,

para participar de uma videoconferência?

Mesmo que lá houvesse sinal wireless aberto,

poucos teriam coragem sequer de usar um

celular. Vivemos o paradoxo de buscar a

vanguarda sem atender ao básico.

É fato que o Brasil não pode ficar de fora dessa

onda. Seria o caso, talvez, do setor público

manifestar-se sobre cidades que seriam suas

"apostas" para essa realidade das cidades

inteligentes.

Falando do setor público, o que mais me

impressiona é o fato de que caberia ao governo

municipal fazer muita negociação, porém

pouco investimento, pois a atração da parceria

privada é um pressuposto para as cidades

inteligentes. Se é assim, debemos perguntar:

estamos com carência de orçamento ou de

gestores públicos competentes?

Paulo Jose Pereira de Resende

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

As cidades são tão inteligentes quanto a sua

população. Recursos de tecnologia facilitam

mas não resolvem.

O investimento deve acontecer conforme as

prioridades. Mesmo na maior cidade do Basil o

setor publico não tem capacidade de gasto e de

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gerar prioridade de tempo dos gestores na

questão cidade digital.

Não temos condições de afirmar o que é ou

deixa de ser o correto. No entanto é necessário

destacar com propriedade que não é o desejo

da maioria da população.

Na ultima eleição existiu referencia ao assunto?

Eu nada vi.

Ricardo Mansur

[email protected]

Tema 4: Os Princípios da Inovação

Participação de Djalma Gomes

O número de patentes registradas de um país é

até hoje o único KPI aceitável para refletir

INOVAÇÕES. Valor investido demonstra apenas o

esforço realizado, mas não resultados

conseguidos.

Porém, mesmo este KPI (número de patentes) não é

uma boa indicação para inovações, já que este

indicador geralmente se aplica apenas a

productos desenvolvidos. Uma empresa pode

se revelar inovadora na relação com seus

funcionários, fornecedores, clientes, acionistas,

sociedade e seus procesos internos. Esta visão

360 graus de sustentabilidade já é per si uma

idéia inovadora muito falada, mas ainda pouco

praticada no mundo corporativo.

Também devemos discordar da visão de que

inovação incremental é ruim. O KAIZEN prega

justamente que a realização de pequenas

inovações incrementais ao longo do tempo dá

um grande retorno à organização. Em uma

apresentação de alunos de graduação, tomei

conhecimento de um CASE do banco onde ele

trabalha onde a adoção do KAIZEN propiciou

idéias inovadoras, simples, de fácil execução e

que trouxeram diferencial competitivo ao

banco.

Esta percepção de que apenas ideias e

produtos caraterizam inovação não condiz com

a realidade. Para ilustrar isto, eu pergunto:

Alguém conseguiria fazer um sanduíche tão

gostoso como o Big Mac??? Tenho certeza que

muitos de nós diriam que sim e ainda diriam

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que podem fazer algo ainda mais saboroso.

Mas quantos de nós conseguiriam criar um

modelo de negócio que garanta padrões e

sabores a sanduíches e processos em qualquer

lugar do mundo, desenvolver uma logística de

suprimentos de garanta fornecimento contínuo

de matéria prima numa visão praticamente

just-in-time??? Tenho certeza que agora a coisa

muda de figura.

Tão ou mais importante do que ter uma boa

idéia ou um bom produto é saber como

implementá-los e explorá-los. Processos e

políticas inovadoras podem custar

relativamente pouco mas ainda assim se

mostrar inovador.

Djalma Gomes

[email protected]

Participação de Marcos Assano

De fato, o número de patentes registradas não

é ideal para medir inovação. Talvez seja útil

para indicadores de ciência ou pesquisa em um

país.

Ainda se confunde "invenções" e patentes com

"inovação". Uma patente só pode ser

considerada uma inovação caso seja

transformada em produto e chegue ao

mercado.

A título de curiosidade, devemos tomar

conhecimento da informação abaixo, sobre a

quantidade de patentes não utilizadas:

Uma pesquisa conduzida pela JPO - Japan

Patent Office (com 6.700 respostas) indicou que

apenas 30% das patentes japonesas eram

exploradas internamente, menos de 10% eram

licenciadas a outras, e mais de 60% delas não

eram utilizadas11

.

Na P&G, em 2002, apenas 10% das patentes

eram utilizadas em produtos desenvolvidos

pela empresa12

.

Recentemente, empresas têm comercializado

patentes não utilizadas internamente para que

outras as explorem. Ou buscado externamente

tecnologias que complementem tecnologias

internas. Tema abordado por Chesbrough,

conhecido como "Open Innovation" (Inovação

Aberta)13

.

Marcos Assano

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

De fato, existe alguma confusão entre inovação

e novidade. Nem sempre uma novidade tem

utilidade de curto prazo, por isto entrous estes

numeros para as patentes.

O netbook é um exemplo classico de inovação.

Nenhuma tecnologia utilizada nele na primeira

11

Nota do Editor: JPO (2004). Results of the Survey on

Intellectual Property-Related Activities, 2003, JPO, Tokyo.

12 Nota do Editor: Chesbrough, H. W. (2007). "Why

companies should have open business models", MIT Sloan

Management Review, 2007, 48(2): 22-28.

13 Nota do Editor: Chesbrough, H. W. (2006). Open

Innovation: Researching a New Paradigm. Oxford University

Press.

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versão era novidade. Muitas eram na realidade

tecnologias em fase de aponsetadoria como

por exemplo o sistema operacional.

A solução como um todo que englobou custo e

preço foi uma enorme novidade e causou

revolução.

Existem idicadores especificos para inovação.

Não é fácil de entender por que existe a pauta

de usar quantidade de patentes como critério

de inovação. No máximo valeria para estimar as

novidades.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Ricardo Yoshikawa

Inovação, Tecnologia, Inteligência e demais

temas correlacionados como invenção,

novidade e de forma mais ampla, inovação tem

sido o centro de discussões, levando-nos a

levantar questões que imaginamos já terem

sido resolvidas e os ânimos serenados com

adequada compreensão da maioria. No

entanto, a variedade de opiniões e colocações

provoca novas discussões tornando o assunto

filosófico, técnico, sociológico, econômico e

político, mudando enfoques como se fossem

sonhos, onde de repente o cenário e os fatos

mudam, onde causas e efeitos se misturam e

nos sentimos normal a brusca mudança dos

assuntos discutidos. Então, compreender

“inovaç㔕 dentro desse cenário fica muito

complicado e dificilmente se define a linha em

que estamos discutindo a questão. Neste

contexto, talvez seja melhor dar uma pausa e

decidir o que de fato é mais relevante discutir

“Inovação” hoje.

Definindo de forma simples, inovação não é

exatamente uma invenção ou novidade, de

uma cópia de algo e sendo feito de forma

melhorada. Do contrário, não é inovação. É

assim que a inovação é percebida e

consensuada, quando o resultado é de fato

alguma melhoria. É assim que a prática

percebe.

Da mesma forma, a tecnologia nos trouxe

maior comodidade para fazer as coisas,

procedimentos mais precisos ao toque de

comandos simplificados aumentando

quantidade, produtividade, confiabilidade e

qualidade dos produtos e serviços e maior

satisfação na escala linear das necessidades. Só

que no mundo moderno, percebeu-se também

a questão da sustentabilidade, pois a mesma

tecnologia e a visão mais abrangente nos

permite perceber que o ecossistema não é

linear e desencadeia efeitos colaterais sem

volta, Por exemplo, inovou-se nos modos de

locomoção, introduzindo veículos automotivos

que facilitam o deslocamento a grandes

distâncias e ganhos em tempo e velocidade,

mas em contrapartida, provoca poluição

sonora, trânsito congestionado, riscos aos

pedestres e aos próprios motoristas, etc.; da

facilidade do dia-a-dia como comidas

preparadas, "fast-food" e pacotinhos de

salgados que resolver problemas de refeições

no expediente do trabalho, mas que geram

colesterol e obesidades; da educação comercial

visando ganhar nos negócios e não na

formação de pessoas com princípios éticos e

justos. Esquecemos na preocupação com os

efeitos paralelos das inovações. Ocorre

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também no campo de discussões, onde graças

à tecnologia, inovamos os modos de debate,

com facilidades apresentadas para que

qualquer pessoa possa apresentar opiniões,

cada um tentando polemizar as questões como

“Inovação”, para falar de cidades inteligentes,

sem se tocar em possíveis efeitos colaterais do

projeto: se econômico, existirão os que lucram

com isso e os excluídos por faixa de renda

baixa; se político, existirão os que prometem e

dominam e os acreditam e são dominados.

Desencadeiam paradoxos de ter mais coisas e

não ter muitas coisas que gostaria que

continuassem tendo, ou a abundância que

provoca falta, muitos conhecimentos que

levam à ignorância, muita segurança que

acarretam em constrangimentos e enganos,

muitas tecnologias criando obsolescência

precoce, muitas discussões criando mais

dúvidas, mais filosofia e menos praticidade. Se

assim continuarmos, o assunto assume

abrangência incontrolável e dificulta o foco das

discussões, tendendo a tão somente filosofar

sobre algo sem objetivos.

O importante mesmo é deixar de lado a

percepção de que a inovação não pode ser

objetivo principal para mudanças. Deveremos

encará-la como algo natural que ocorre em

certas circunstâncias para solução (não como

objetivo), tendo como meio a tecnologia. É

preciso focar, por exemplo, na ótica de

satisfação das necessidades de comida e abrigo

e não para fins de riqueza e poder.

Ricardo Yoshikawa

[email protected]

Participação de Djalma Gomes

Apesar de eu também não concordar com

número de patentes criadas como indicador de

inovação, este é atualmente o KPI mais aceito

pelo mercado. Vejamos algumas referências

atuais que ilustram a aquestão:

http://www.inpi.gov.br/noticias/pedidos-de-

patentes-sao-indicadores-de-inovacao-

tecnologica

http://www.protec.org.br/patentes_detalhe.ph

p?cod=456

Evoluindo no assunto, debemos considerar que

temos 2 tipos de pesquisa: Teórica e Aplicada.

A pesquisa aplicada é aquela que pode ser

utilizada no mundo corporativo e gerar

resultados. Inovação tem portanto correlação

com pesquisa aplicada e é este tipo de pesquisa

que recebe incentivos do mundo corporativo.

Mas o que seria do progresso da ciência sem as

pesquisas teóricas??? A teoría da relatividade

por exemplo, foi uma descoberta teórica por

décadas até que pudesse ser aplicada em

satélites, GPS, celulares, radares e coisas do

gênero.

Temos portanto que reconhecer que pesquisa

teórica é tão importante quanto a pesquisa

aplicada para a evolução da ciência e das

inovações. Entretanto, apenas a pesquisa

aplicada é admirada pelo mercado e pela

sociedade e recebe os louros da evolução. A

pesquisa teórica continua sendo encarada

como marginal.

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Parece óbvio que para termos um ambiente

inovador, devemos reconhecer o valor de

ambos os tipos de pesquisa. Como fazer isto?

Djalma Gomes

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

No Brasil, empresários de micro, pequenas e

até grandes empresas são enormemente

resistentes à criação de estrutura profissional

de inovação, exatamente porque este é o

conceito entendido: patentes. Muitos só

enxergam custos e custos caros porque

esperam que a inovação seja feita por cientistas

com orçamentos enormes em laboratórios

caros.

Inovamos muito pouco por causa disto. Uma

inovação não é fruto obrigatório de uma

novidade técnica. Patente por definicão é uma

novidade tecnológica.

O Brasil só vai inovar de verdade quando as

empresas entrarem no jogo. Para isto, é preciso

usar corretamente o termo inovação. Estamos

longe disto e por enquanto isto ainda é

conversa de gente da academia.

.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Darcio Calligaris

Tanto a pesquisa teórica quanto a prática são

verdades relativas, a busca da verdade absoluta

o "maior desafio" é que alavança a evolução.

A roda está descoberta, é uma verdade relativa,

em um pais subdesenvolvido como o Brasil é

muito útil utilizar esta descoberta, quem quiser

melhorar esta verdade que demonstre e depois

recebe o dinheiro, aliás tem muitos professores

Universitários ganhando para isso.

Ferramentas de Qualidade existem aos

milhares, entretanto, não sabemos aplicar na

nossa vida, as empresas não aplicam

adequadamente o mínimo que é o ABC da

qualidade.

Vamos nos adequar em primeiro lugar aos

problemas brasileiros, passo a passo,

começando pelo lixo nas ruas da cidades

inteligentes que futuramente serão criadas,

vamos lembrar que ninguém é perfeito, mas

gostam de faturar em cima dos brasileiros com

novidades teóricas, que nunca se tornaram

práticas, por isso vemos a desorganização

mundial, sempre uma confusão, ou econômica,

religiosa ou política, ainda não descobriram o

sistema ideal.

Muita gente fala sobre teorias e foram até

manchetes de jornal, receberam verbas mas

nunca realizaram nada na prática, foi só OBÁ,

OBÁ !!! Receberam um bom dinheiro, mas o

retorno foi zero.

Incentivemos sim a teoria, e acredito que está

sendo incentivada, mas pouca teorias são

teorías aplicáveis e com um objetivo prioritário,

é a ciência que devemos respeitar.

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Enquanto isso, vamos ficar sem saneamento

básico e outras prioridades muito conhecidas e

discutidas pelos presidenciaveis em vespera de

eleição, e importando o básico incentivando o

cosumismo do povo.

Temos que evoluir e muito!

Darcio Calligaris

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

É necessário um juste na terminologia

"Inovação". No material em português dos

textos citados a capa fala "Proposta de

Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados

sobre Inovação Tecnológica"14

.

Se estamos falando de inovação tecnológica ou,

em outras palabras, de novidade tecnológica,

ela pode ser resultado de algumas frentes

completamente diferentes.

1. Ela é consequencia de uma patente e é algo

inédito;

2. Ela é um novo uso da combinação de uma ou

mais patentes existentes;

3. Ela é a viabilidade economica de uma

patente existente e

4. Outros casos.

As familias de indicadores citados (recursos

direcionados à P&D e estatísticas de patentes) permitem

alguma medição da inovação tecnologia com

14

Nota do Editor: O livro citado é o Manual de Oslo.

bastante precisão quando estamos falando de

algo inédito fruto de patente. Nos outros casos

é preciso estar ciente que o indicador tem

muitos casos de falsos positivos e de positivos

falsos. Na falta de número melhor, por que não

usar sabendo que existe erro?

No caso de inovação como conceito genérico

valendo para produtos, serviços, técnicas e etc,

é preciso cuidado pois é possível desviar

completamente do caminho. Inovação de

forma ampla exige confiança, meritocracia,

imperio das leis e divresos fatores. Em 2008 fiz

a palestra em um congresso internacional: “Eu

não Inovo, Tu não inovas, ele não inova então

por que eles inovam?”.

Se falamos apenas de inovação tecnológica,

podemos avançar apenas nesta linha. No

entanto, é preciso explicitar para agregarmos

base de valor.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Reginaldo Carvalho

Este é talvez um dos temas de maior relevância

dentre os levantados aqui no GESITI. Não me

refiro ao impacto da inovação no cenário

econômico brasileiro, ou melhor, ao impacto

(negativo) de sua escassez. Estamos todos

convencidos disso. O problema é o como gerar,

sistematicamente, inovação tecnológica.

Neste sentido, permitam uma provocação: um

certo guru da economia, disse, ainda no início

da crise econômica mundial, que ele dividia os

economistas em dois grupos; nos que não

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sabiam por quanto tempo duraria a crise e nos

que não sabiam que não sabiam.

Parafraseado tal guru, a grande maioria dos

profissionais brasileiros está dividida em dois

grupos, nos que não sabem como promover

sistematicamente a inovação tecnológica e nos

que não sabem que não sabem.

Subtema 1: Políticas, Processos, Tecnologia

Existe sim um KPI melhor do que o número de

patentes concedidas. Trata-se das receitas

geradas pelas patentes negociadas. Patente

que não gera receita deveria ter um impacto

semelhante a publicar um artigo que não é

nunca citado, ou seja, muito baixo, próximo do

zero.

E hoje a CAPES não apenas mede as citações

como a qualidade da publicação (QUALIS).

Ora, inovação tecnológica é, basicamente, um

movimento criativo motivado por alguma

necessidade de fazer algo melhor. Com isso ela

precisa de, pelo menos, três elementos:

i) o contexto onde o “algo a melhorar” está

inserido;

ii) a necessidade, ou seja, a oportunidade de

inovar;

iii) uma métrica, que nos informe se

melhoramos ou não.

Muitas vezes os elementos chaves já estão

presentes, como no caso do adesivo de fácil

remoção para o Post It. Porém, o contexto, a

necessidade e a métrica foram o que definiram

o Post It como inovação.

Dito isso, qualquer metodologia de qualidade

total promove este movimento criativo, uma

vez que naturalmente localizam as necesidades

de melhoria em seu próprio contexto através

de métricas bem definidas para elas. Porém,

uma não necessariamente implica outra.

Faltam ainda a cultura de inovar (versus a de

comprar pronto), os recursos financeiros para

fazê-lo, a valorização do profissional

qualificado, o entendimento de como funciona

a cadeia de valor tecnológica e (mais importante),

o estômago para lidar com os riscos (pois não vai

acertar de primeira). E tudo isso em um país

sufocado com tantas mazelas (políticas e

politicagens, fiscais e tributários, burocracias sem fim,

trabalhistas, etc, etc). É muito mais simples para o

empresario comprar pronto enquanto ele se

concentra no dia a dia. É muito mais simples

para o pesquisador gerar os resultados e

publicar, sem se preocupar com a PI. O grande

problema disso tudo é que faz tempo que

Inovação Tecnológica deixou de ser uma

questão de opção para ser de sobrevivência.

Neste sentido, é importante aprimorar as

políticas de incentivo à inovação tecnológica

desde a pesquisa teórica/básica. Por exemplo,

algo que chama a atenção é porque trazer

imediatamente o doutor formado no exterior,

obrigando-o a retornar ao Brasil. Ele volta

apenas com o know-how, mas sem saber como

gerar riqueza com aquilo. Vai engordar as listas

dos concursados públicos para a carreira

docente ou tecnológica ou viver de bolsa até

que saia um concurso para ele. Nada contra

isso, afinal fazemos parte deste universo.

Contudo, riqueza oriunda da inovação

tecnologia é, geralmente, produzida nas

empresas (sejam públicas ou privadas).

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Logicamente existem exceções, mas a vida não

deve ser vivida no curso das exceções (até para

isso há exceções). Não seria muito melhor deixar

ele lá, sob a condição dele ir para uma empresa

de base tecnológica aprender na prática como

transformar seu know-how em inovação e,

conseqüentemente em riqueza, e depois

retornar ao Brasil?

Temos muita coisa a aprender sobre inovação

que não se aprende dentro de casa. Tem que

sair para ver como se faz. Cansei de ver as

estatísticas de como somos capazes de produzir

conhecimento, mas incompetentes para gerar

riqueza com ele. A razão é tão simples: não

sabemos ganhar dinheiro com o que sabemos.

Subtema 2: Impacto Econômico e Cadeia de

Valor

A correlação maior da inovação tecnológica

com pesquisa aplicada é justificável, pois ambas

estão mais próximas do mercado, levando-se

em conta a cadeia de valor na qual estão

inseridas. Porém, se isso é assim no mundo

todo, a coisa é mais complicada para nós, visto

que a nossa Academia não está aculturada no

que se refere a proteger seus resultados, visto

que, em seus doutorados, só aprendeu a

publicá-los. A questão é complexa e vai desde

razões de pura falta de informação às

resistências pessoais em prol da ciência livre e

de domínio público. Em 2002, um professor,

após palestrar sobre inovação em evento, ouviu

uma pergunta mais ou menos assim: “O meu

processo químico reduziu o tempo típico de

reação a uma fração do atual. Porém, vale a

pena protegê-lo, visto que é matéria de

pesquisa básica?”• A pergunta per si

demonstra completa desinformação e o pior é

que o referido pesquisador já havia publicado o

resultado há algum tempo, para felicidade da

comunidade internacional interessada no tema.

Não é culpa dele, pois fez o que tinha

aprendido que deveria fazer no doutorado: a

publicar.

Quer melhorar o reconhecimento das pesquisas

teórica/básica na inovação tecnológica?

Comece a preocupar-se em protegê-las.

Aliás, falando em cadeia de valor da

tecnologia... Saber a qual pertence é um dos

fatores críticos do sucesso da inovação. Ou

seja, problema não é fazer pesquisa básica ou

pesquisa teórica ou pesquisa aplicada. A

inovação precisa de todas elas (em seu devido

tempo). O problema é não saber em qual

cadeia de valor tecnológica está inserido. O

cientista que desenvolve uma pesquisa e

publica seus resultados apenas interessado nos

índices que medem seu desempenho

acadêmico está contribuindo gratuitamente

para alguma cadeia de valor, pois, se seu

resultado é julgado interessante, o é por

alguém que sabe (ou pelo menos desconfia) de

como vai gerar riqueza com aquilo. Por outro

lado, saber onde está inserido na cadeia de

valor simplifica no processo de valorar

economicamente seus resultados, mesmo

antes de precisar protegê-los. Não quer fazê-lo

em prol da ciência livre? Tudo bem. Trata-se de

uma opção pessoal e muito do que utilizamos

hoje no mercado são baseados em resultados

de cientistas e pesquisadores que fizeram

assim. Mas, pelo menos o pesquisador vai ter

mais condições de saber o quanto aquela

empresa ou governo se beneficiou

economicamente de seus resultados, caso isso

ocorra enquanto ele ainda esteja vivo, é claro.

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Ou seja, é difícil, porém possível, medir o

impacto da ciência teórica na inovação

tecnologia. É uma questão de rastreabilidade

(palavra chave das metodologias de qualidade total). Este

seria um exercício interessante para nossas

agências de fomento: qual o impacto financeiro

de todo o investimento feito em P&D&I nos

últimos, digamos, 10 anos, na sociedade

brasileira. Infelizmente, talvez não estejamos

preparados para responder objetivamente nem

quanto ao impacto da pesquisa aplicada,

quanto mais a todo o investimento realizado

em C&T no Brasil.

Concluindo este pequeno ensaio. Fazemos

parte de um contexto que carece dos

fundamentos necessários para produzir

inovação tecnológica. Não por falta de

oportunidades, pois elas estão pipocando em

todo canto, e em toda a cadeia de valor. Mas

por não entender o como fazer.

Seria prudente que, ao invés de especular

sobre o tema, sem preconceitos, assumíssemos

esta limitação, e buscássemos mecanismos

para retornar às bases. Ou seja, diminuir a

pressão para inovar sobre profissionais que não

fazem idéia do que isso significa (perdoem-me a

minoria que sabe; não estou escrevendo para vocês) e

iniciar um processo de aprendizado do como

inovar. Talvez assim, daqui a 10 ou 20 anos os

temas das palestras sobre P&D&I mudem de

“por que não inovamos na década passada?”•

para “onde vale a pena inovar na próxima

década?”.

Reginaldo Carvalho

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

É preciso muito cuidado com o uso da métrica

"receitas geradas pelas patentes". O bluetooth,

por exemplo, foi criado na metade final dos

anos 1980. Apenas na segunda metade da

década passada é que passou à existir receita.

Da criação à receita foram quase vinte anos.

Casos como fibra optica,rádio frequência e

outros tem diferenças semelhantes. É preciso

considerar o tempo em conjunto com a

métrica15

.

Talvez seja preferível dividir a inovação

tecnológica em tres grupos distintos em função

do risco e necessidade de capital:

O grupo de alto risco e necessidade de capital

intenso é o de tecnologías novas. O risco é

elevado, pois não existe certeza alguma de

resultados e o consumo de capital é intenso.

Normalmente é financiada por fundos

soberanos dos países e por empresas ou

empreendedores de porte de centenas de

bilhões. O protagonista principal é o cientista.

O grupo de médio risco e necessidade de

capital não intenso é de soluções novas usando

as tecnologias existentes. O risco é médio, pois

é possível prever o resultado e em diversos

casos o capital necessário é muito baixo. Em

geral fundos de investimento e investidores

financiam os projetos. A principal caracteristica

deste grupo é a imensa quantidade de

15

Nota do Editor: o autor da mensagem tem experiência

no passado em inovação tecnológica como engenheiro

(desenvolvemos inovações em automação bancária,

comercial, telecomunicações, supermicrocomputadores e

sistemas operacionais multitarefas entre outros) e no

presente como gestor de fundo de inovação.

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oportunidades digitais. Em poucos anos, talvez

existam apenas oportunidades digitais. O

protagonista principal é o engenheiro.

O grupo de baixo risco e necessidade de capital

não obrigatória como intensa é de soluções que

viabilizam economicamente as tecnologias

existentes. O risco é baixo, pois existe demanda

crescente e quanto mais vender menor será o

custo e preço. Existe retroalimentação de

custo. São oportunidades digitais e analógicas

que vão existir por muitos anos. O principal

protagonista é o engenheiro de produção ou

economista ou administrador.

Os problemas e dificuldades de cada um dos

grupos são bem diferentes, por isto recomendo

olhar os grupos de forma individualizada.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Reginaldo Carvalho

Corretíssimo considerar o tempo na análise do

impacto da inovação. Há outros casos

semelhantes aos do bluetooth, como o serviço

de mensagem curta (SMS), que só passou a ser

economicamente viável quando a meninada da

geração dos gameboys (hábeis com o polegar)

começou a usar massivamente os celulares. Por

outro lado a Nokia pena até hoje para emplacar

o DVB-H, com pouco sucesso. Ora, de alguma

forma o conjunto de patentes do bluetooth

deve ser melhor avaliado que o do DVB-H.

Além disso, parece-me necessário incluir a

receita na composição da métrica, primeiro

porque é a que melhor correlaciona o sucesso

desta ou daquela inovação tecnológica. Depois,

sabendo disso os profissionais e instituições

vão se empenhar mais e melhor para produzir

resultados que possuam impacto positivo.

Quando aos diversos grupos, é correta a divisão

e é correto que cada um possui suas próprias

características e deve ser olhado de forma

individualizada até para evitar a corrida pelo

sucesso de curto prazo em detrimento das

tecnologias de longo prazo. Tempo e receita

deverão compor a tal métrica de forma

diferenciada. Porém, registre-se que, sem

refletir o impacto económico, corremos o risco

de gerar distorções.

Por exemplo, o processo de definição do

padrão digital brasileiro foi um sucesso em

termos de inovação tecnológica para o Brasil?

- Do ponto de vista de geração de patentes,

sim. Diversas patentes foram criadas por

cientistas brasileiros.

- Do ponto de vista de riqueza oriunda destas

patentes, é questionável. Até agora, nenhuma

patente 100% brasileira entrou na composição

do sistema tal como implantado no mercado.

Talvez quando (e se) o Ginga emplacar, alguma

patente entre. Mas, como existem empresas

chinesas implementando o Ginga (na China),

talvez nem no middleware existam patentes

tupiniquins.

Vejam bem, não podemos afirmar que foi um

erro a questão da TV digital. O ponto é que, se

não conseguirmos medir o impacto económico,

jamais saberemos se o SBTVD foi um sucesso de

inovação tecnológica brasileira. Pode ter sido

um sucesso de outras coisas, ou um sucesso de

inovação tecnológica japonesa ou até europeia.

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Isso mesmo, europeia! Boa parte dos

componentes do ISDB-T + H264 + MPEG4 AAC são

europeus. Os maiores produtores do SoC (o

microchip) para a TV digital brasileira são a ST

Micro (franco-italiana) e a DiBCom (francesa).

Perguntemo-nos porque a França não briga

pelo DVB-T (padrão europeu de TV digital) da mesma

forma que briga pelo Rafale. Creio que é

porque as empresas francesas ganham mais

dinheiro com as inovações tecnológicas no

SBTVD do que no DVB e, melhor, ainda tem toda

a cadeia de valor da TV digital brasileira

vendendo seus IPs para América Latina e África.

É o impacto econômico definindo o sucesso da

inovação tecnológica e as estratégias das

empresas.

Aliás, voltando ao tema central depois de

divagar um pouco. Como medir

adequadamente a inovação tecnológica dentro

de um processo sistemático que a promova (o

tal "como inovar")... Gostaria de explorar o tema

justamente a partir dos diversos grupos de

inovação tecnológica já mencionados, no

futuro.

Reginaldo Carvalho

[email protected]

Participação de Darcio Calligaris

O Brasil necessita rapidamente criar o

Ministério da Descomplicação, tudo é

complicado.

Que tal usar o ABC da resolução do Problema?

1º) Definir o problema?

Neste caso vamos definir o que é mais

prioritário ao pais tecno-cientifica e

economicamente(será o saneamento básico, a

educação, o dinheiro gasto com a saúde dos brasileiros?,

etc)

2º) Vamos buscar todas as alternativas?

3º) Vamos escolher as melhores alternativas?

4º) Vamos selecionar a melhor de todas?

5º) Desenvolver o projeto.

6º) Aplicá-lo na prática.

7º) Acompanhar o desempenho.

São passos que dependem do empenho e

recursos para determinar seu tempo, o que

requer recursos humanos, fisícos,

equipamentos e envolve um investimento que

pode ser calculado, e até se conhecer o retorno

do investimento, esta técnica caseira funcionou

longos anos na industria automobilistica e pela

engenharia em geral.

Se não começamos "já" não teremos chances

de nos tornarmos "inovadores" e exportadores

de tecnologia, e continuaremos importando da

China e da India, Russia e Israel, eles sabem

como a roda é redonda e como gira e até estão

dispostos a nos ensinar.

Acorda, Brasil !!!!!!!!!

Darcio Calligaris

[email protected]

Participação de Djalma Gomes

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Receita gerada pela inovação não parece

também um bom indicador. Simplesmente

porque a receita não é mérito apenas do

produto inovador. O posicionamento da marca

e produto no mercado impacta diretamente na

receita e não tem a ver com a inovação surgida.

A bebida H2O é um belíssimo exemplo de algo

trivial do ponto de vista de inovação do

produto (é apenas um refrigerante menos gasoso e

adocicado), mas brilhante do ponto de vista de

posicionamento da marca.

Resultados financeiros (faturamento, margem, etc.)

raramente são fruto de uma única variável

como grau de inovação. Pensarmos em um

indicador de inovação que seja mensurável e

que reflita exatamente o grau de inovação me

parece algo bem complexo.

Djalma Gomes

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

Não há objeção a usar a riqueza gerada com

consideração do tempo da inovação.

Sobre a TV digital no Brasil, é necessário

perguntar: ela existe?

Temos um canal de alta definição, mas isto não

é TV digital. Melhorou a qualidade da imagem e

som, mas os filmes que passam são sempre os

mesmos na tv a cabo e na aberta quase nada é

aproveitavel como conteúdo no meu ponto de

vista.

Em particular, considero o produto TV como ele

é entregue hj como morto em poucos anos.

Acho que isto explica a falta de riqueza gerada.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

Não existe país sem engenharia que seja

inovador. O Brasil tentou e tentou provar o

contrário e tem o resultado atual. Menos de

um quarto dos diplomados podem ser

considerados engenheiros, ou seja, o que era

raro ficou mais raro ainda.

A solução ficou complexa porque todas as

variáveis da equação ficaram fora de controle.

Não será um método ou metodologia que vai

resolver. Entendo que muitos acreditam que é

a solução, mas discordo.

Existe dinheiro, capital intelectual,

equipamentos e tudo o que se possa imaginar

para a inovação no Brasil. Ela não acontece pq a

causa raíz não é atacada em momento algum.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Reginaldo Carvalho

Retomando tema inicial: os princípios,

procedimentos e métricas para que

organizações brasileiras tenham a inovação

tecnológica em seu dia-a-dia.

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Um ponto relevante: indicadores (KPI) que

caracterizam o sucesso do processo inovador.

Estamos falando de Inovação Tecnológica,

aquela passível de proteção através de algum

tipo de propriedade intelectual (seja patente de

invenção, modelo de utilidade, registro de autoria, etc,

etc). Se estamos discutindo outro tipo de

inovação, por favor avisem, pois muita coisa

muda na discussão.

O ponto principal: não sabemos jogar o jogo da

tecnologia e fazer com que a inovação

tecnológica tenha impacto positivo na

economia brasileira.

Temos de concordar que gastamos muito

dinheiro de baixo risco em inovação, temos

capital intelectual, acesso a equipamentos e

recursos de primeiro mundo. Porém os

resultados são pífios. Podemos até concordar

que não gastamos o suficiente, quando

comparados com outros países, mas mesmo

assim os resultados são ruins quando

consideramos apenas o que gastamos.

Não vamos resolver de uma hora para outra a

partir de um método. Não existe solução de

curto prazo aqui. Enquanto não gerarmos ou

utilizarmos indicadores que meçam o impacto

econômico no longo prazo de inovações feitas

hoje vamos continuar promovendo o

desperdício dos recursos investidos em

Inovação Tecnológica neste país.

Se chegarmos ao final desta discussão pelo

menos com um consenso sobre o porquê do

insucesso, já teremos muito o que comemorar.

No entanto, se estamos falando de inovação

tecnológica, ela pode perfeitamente ser

precificada individualmente. Por exemplo,

mesmo que consigamos a proeza de trazer para

o país uma fábrica de TV digital (uma das

contrapartidas pedidas aos japoneses, mas nunca

realizada) ainda assim o Brasil teria que recolher

mais de 20% do valor deste microchip em

patentes para o exterior. Ou seja, o produto TV

digital custa x, mas é perfeitamente conhecido

o quanto deste x é o resultado do conjunto das

Inovações Tecnológicas incorporadas.

Sobre a questão do mérito ser da inovação

tecnológica ou não, há que diferenciar sim. Mas

faz parte do jogo. Acabamos de ver o final de

uma batalha entre Blu Ray e HD DVD. Ambos

possuem um bom conjunto de inovações

tecnológicas. Porém, independente do mérito

de quem inovou no HD DVD, daqui a 10 anos

apenas o conjunto de inovações tecnológicas

presente no blu ray será relevante. Não é uma

questão de injustiça ao mérito de quem inova

no HD DVD. Apenas é assim que o mundo joga o

jogo da tecnologia.

Agora, especificamente ao H2O, creio que ali há

inovação de produto ou de marketing. Nem

inovação tecnológica, necessariamente. Já

havia água aromatizada com e sem gás na

europa há mais de 15 anos atrás. Outro

indicador de que não há inovação tecnológica é

que aqui em Manaus as empresas locais

produzem o mesmo tipo de bebida, a menor

preço, e de boa qualidade, de forma que nem a

H2O da pepsico e nem a aquarius fresh da coca-

cola decolaram. Se houvesse uma propriedade

intelectual certamente haveria um diferencial

nos custos do produto que bloqueiaria a

concorrência.

Sobre a TV Digital que temos agora não é uma

inovação como produto. É basicamente a

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mesma desde a sua criação (broadcast de áudio e

vídeo). Porém, a TVD incorpora componentes

tecnológicos que são inovadores. Aliás, parte

das patentes de compressão de áudio e vídeo

presentes na TV digital aberta tal como adotada

no Brasil estão também no Blu Ray.

Queiramos ou não, sempre que comprarmos

este serviço comódite e obsoleto (broadcast de

A/V) estaremos remetendo ao exterior um valor

considerável só em patentes relacionadas com

tecnologias inovadoras, incluindo H264, HDMI,

MPEG2 AAC, dentre outras.

Estamos torcendo para que o serviço de TV tal

como conhecemos seja transformado desde as

bases ou desapareça, uma vez que o

fundamento tecnológico já está presente e

estamos pagando por ele.

O Ginga-J tal qual apresentado pelo Guido16

sofreu um revés e teve que ser todo

reformulado. Apenas no 2o semestre de 2009 o

padrão Ginga-J foi concluído.

E sabem por que? Porque os proprietários de

algumas patentes não quiseram abrir mão de

seu direito de receber royalties.

Mas... o padrão não era japones e o Japão não

tinha dito que iria abrir mão do pagamento de

royalties? Sim, mas o que estava nas

entrelinhas é que o DiBEG não tem controle

sobre todas as PIs, e aquelas que estão fora de

seu controle deveriam ser negociadas caso a

caso.

16

Nota do Editor: Guido Lemos é pesquisador do

Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (Lavid) da

Universidade Federal da Paraíba (UFPB

Resultado: a negociação não progrediu.

Desdobramento: com ajuda da Sun (que queria

ver a massificação do Java e vender mais JVMs) e o

trabalho árduo de excelentes engenheiros de

SW brasileiros, as APIs protegidas foram

reescritas a toque de caixa.

Isso significa que as inovações brasileiras

advindas deste trabalho vão gerar pagamento

de royalties para o Brasil? Parece que não, pois

o resultado foi royalty free. Ainda dá para

ganhar licenciando a implementação das APIs,

mas sem a barreira tecnológica das patentes as

empresas brasileiras ficam em pé de igualdade

com qualquer implementador no mundo.

Ponto para a Sun, que vai continuar

promovendo o Java e vendendo licenças de

JVM. Ponto para os fabricantes de receptores

(maioria multinacional) que vão poder retirar parte

dos custos relativos à integração do

middleware e conseguiram negociar que o

Ginga-J fosse opcional (obrigatório apenas o Ginga-

NCL).

O Guido e sua equipe foram prejudicados, pois

à época eles tinham o Ginga-J baseado no GEM

quase todo implementado. Era um grupo

brasileiro na vanguarda do Ginga. Com tudo o

que aconteceu outras empresas, inclusive

implementadores de fora, ficaram alinhadas.

Resta torcer que o Guido (que continuou

tocando o grupo de trabalho do Ginga-J) e

outras empresas brasileiras (como a TQTVD/TOTVS)

consigam nos alegrar embarcado eles as

implementações do Ginga nos receptores de

TVD.

Se demorarem muito vai ser o IPTV e o Google

TV que vão decolar. E resta muito pouco tempo,

se ainda houver algum.

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Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.

ISSN:2178-8901 ANO 3 – número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170

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Alguém pode pensar: e os proprietários das

patentes submarinas que geraram tanto

problema. Eles perderam algo? Não foram

prejudicados? Sim, perderam algo, mas em

valores é apenas uma fração de sua receita.

Não vai fazer nem cócegas no balanço.

Então por que a birra? Por que eles não

abriram mão de suas PIs? Invertendo a

pergunta. Por que eles abririam? Não foi

oferecida contrapartida alguma. E, pior,

algumas destas empresas eram européias e co-

proprietárias do MHP, que é parte do DVB, que

perdeu na disputa do padrão brasileiro para o

ISDB japonês. Eu não vejo porque elas

simplesmente diriam " tudo bem, pode usar de

graça".

Para nós, um excelente case para aprender a

sobreviver no mundo da inovação tecnológica,

cujas regras são ditadas pelas PI´s.

Reginaldo Carvalho

[email protected]

Participação de Djalma Gomes

O Yahoo por exemplo tem como fundadores

um americano e um chinês (Jerry Yang). Gmail

enquanto ferramenta de email gratuito não foi

o primeiro a surgir.

Agora, é óbvio que dinheiro atrai talentos.

Desde a segunda guerra mundial que os USA

atraem cérebros mundiais pelo poder

econômico que detem. Poder este que vem

reduzindo graças ao assombroso déficit

americano, à crise financeira e à redução dos

empregos. Você realmente não concorda que

os USA estão numa curva descendente??? Será

que eles continuarão atraindo cérebros

mundiais no contexto atual???

De qualquer forma, sem indicadores claros para

medir INOVAÇÃO, qualquer juízo de valor não

passa de percepção subjetiva. Estamos ambos

apenas sofismando em cima de algo que não

conseguimos medir. Vivemos um período de

rupturas de paradigmas e do cenário geo-

político mundial. Mudanças estão acontecendo

e quem viver verá.

Djalma Pinheiro Gomes

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

Recomendo reler a frase "Por que os

empreendimentos digitais de destaque foram

protagonizados por jovens universitários nos

Estados Unidos?".

Em nenhum momento foi dito que os

protagonistas eram nascidos nos EUA.

O caso que citou "O principal cérebro por trás

do facebook (Eduardo Saverin) é brasileiro" (não me

parece que ele é o principal cerebro, mas esta conversa é

secundária e desnecessária neste momento) aconteceu

em uma universidade americana.

As coisas inovadoras (estou falando apenas de coisas

que são realizadas pela internet) que nasceram em

universidades americanas recentemente (dentro

dos ultimos 25 anos). Não importa neste momento

se foram realizações de pessoas nascidas nos

EUA ou não. A questão que quero enfatizar é

que aconteceram em universidades nos

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Estados Unidos por pessoas jovens. Existe um

motivo para tal fato.

1. yahoo

2. comercio eletrônico

3.portais de relacionamento

4. portais de compras coletivas

5. facebook

6. Google

7. Gmail

8. Twitter

Existe um ponto comum em todas estas

diversas realizações de inovação. Este é o ponto

que merece reflexão.

PS: Apple não entra na lsita porque não foi

formada em universidade nos EUA e ela tem

mais de 25 anos de vida.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Darcio Calligaris

Não podemos esuecer dos grandes inovadres

brasileiros, Carlos Chagas, Santos Dunont, o

inventor do bafómertro, o introdutor do

primeiro imunossupressor no Brasil similar ao

que na época era importado a preços

caríssimos.

Pergunto, será que a informática é o tema mais

prioritário para o Brasil?

A informática terá seu valor, tem muita gente,

principalmente jovens competentes com suas

empresas caseiras desenvolvendo grandes

projetos na informática.

Revelo com humildade, estou com 60 anos,

trabalhei mais de 30 anos em industria

farmacêutica, em produção e na maior parte

em Pesquisa e Desenvolvimento, nas funções

de supervisão e gerência, coloquei muito a mão

na massa, vi a transição dos processos manuais

para automáticos, e posso transmitir com

segurança essas experiências a meus alunos em

uma Faculdade Particular de Farmácia na Zona

Leste de São Paulo. Nesta idade já não

conseguimos emprego então, viramos

consultor, onde pelo menos temos um título,

pois já que não existe cópia,cópia + inovação e

inovação e pelo que vejo os empresários não

estão interessados em melhorar a qualidade,

mas apenas faturar, por esse motivo não tenho

serviços em minha consultoria.

Voltando ao assunto inovação: creio que uma

equipe multidiciplinar constituida por

profissionais dedicados e competentes poderia

transformar o Brasil e colocá-lo em local de

destaque no ranking de inovadores mundiais.

Vamos pensar no todo e transformaremos este

todo em uma potência, nada de indvidualismo.

"Não existe nada de novo abaixo do sol, apenas

vaidade" - eclesiaste - Biblia Sagrada.

Darcio Calligaris

[email protected]

Participação do Moderador

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Texto tirado do Jornal Ciência Hoje - que pode

dar subsídios ao tema que está sendo discutido

entre alguns poucos dessa rede. Percebe-se

que a atual discussão está polarizado ou com

foco desfocado. Vejam alguma substância:

No final de 2010, a Unesco divulgou seu

relatório sobre Ciência e Tecnologia (C&T), onde

destinou um capítulo ao Brasil. Este foi escrito

pelos professores Carlos Henrique de Brito Cruz

(Unicamp) e Hernan Chaimovich (USP).

Segundo o texto, já passa uma década que o

País vai bem em produção científica, mas

avança pouco na capacidade de transferir

conhecimento para o setor produtivo

(inovação). Entretanto, a novidade está em que

o esforço inovador parece ter alcançado um

ponto de saturação, se não de retrocesso.

Um dos objetivos da Lei de Inovação/2004 era

aumentar o número de pesquisadores nas

empresas. Apenas 38% estão empregados no

setor privado (nos países desenvolvidos é de 75%);

cifra similar (45%) alcança a participação

empresarial no gasto nacional com pesquisa e

desenvolvimento (P&D), contra a média de 65%

na União Europeia.

Após alguns anos de progresso, em que o

contingente de cientistas no ramo empresarial

passou de 35 mil em 2000 para 50 mil em 2005,

o país viu essa vanguarda da inovação

retroceder para 45 mil pessoas, em 2008.

Outros indicadores também apontam para

relativa estagnação na formação de pessoal

com titulação de doutorado. O número de

doutores formados a cada ano estacionou em

torno de 11 mil. Dados do MEC/2009 apontam

que em algumas regiões do País se quer existe

doutores. Citamos: Amapá (12 doutores), Roraima

e Acre (zero doutores), Tocantins (7), Pará (745),

Goiás (590), Maranhão (46), Distrito Federal

(1.779) e São Paulo (22.886 doutores). Em 2008,

menos pessoas se formaram em universidades

federais do que em 2004 - e só 16% dos jovens

de 18 a 24 anos estão matriculados no nível

superior.

A parcela do PIB aplicada em P&D, ainda gira ao

redor de 1%. Em valores absolutos, é o

equivalente a Espanha e Itália.

O Brasil conta com apenas 1,3 pesquisador por

grupo de mil integrantes da força de trabalho,

contra 5,53 na Espanha e 9,17 na Coreia do Sul.

Cerca de 60% da produção científica brasileira

se origina de sete universidades. O Estado de

São Paulo representa 45% do gasto em P&D.17

GESITI

Participação de Marcos Assano

Grande parte das empresas de sucesso no

mundo digital nasceram de idéias de

universitários e só vieram ao mundo graças à

existência do "venture capital" ou capital de

risco. Empresas de financiamento que

acreditam em idéias que podem gerar grandes

lucros no futuro fazem aporte inicial para que

elas sejam desenvolvidas e colocadas

rapidamente no mercado. Outras nascem de

incubadoras nas próprias universidades.

17

Nota do Editor: texto disponível em:

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=76561

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A disponibilidade de venture capital nos

Estados Unidos é imensamente superior

quando comparado com o Brasil.

Marcos Assano

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

Independente da situação nos outros países,

existem bilhões para inovação no Brasil. O

resultado global final é pobre considerando o

potencial brasileiro e os recursos disponiveis.

Compare os números disponiveis e teras a

curiosidade satisfeita. A tecnologia flex foi

brasileira feita por talentos brasileiros no Brasil

com dinheiro obtido por aqui. Tal qual este

exemplo existem outros iguais aos milhares.

Como escrito anteriormente, uso um conjunto

de indicadores de tecnologia social no modelo

de gestão do fundo para avaliar a inovação. Ele

é muito simples e pode ser reproduzido com

sucesso por muitos. Pegue os parâmentros de

tecnologia social que entenda como relevante

para o caso, estabeleça pesos conforme a

necessidade específica do alvo escolhido,

aplique a equação e teras a resposta. Os

indicadores de tecnologia social estão

disponiveis na internet assim como os diversos

modelos e equações...

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

Se o fator quantidade disponivel de capital de

investimento é realmente o fator decisivo da

inovação, recomendo que leia (ou releia) o

documento Brasil Inovador18

, da FINEP.

Note as palavras do cientista chefe do CESAR:

"Não estamos conseguindo aproveitar as

oportunidades de empreender nosso

conhecimento nos mercados mundiais e nem

mesmo no Brasil, onde quase a totalidade do

que se consome é "made in elsewhere".".

A questão não é a falta de dinheiro.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Roland Scialom

Registre-se, de forma popular, aquilo que já foi

dito por alguns de forma mais acadêmica, no

GESITI. Inovação acontece quando alguém entra

com a expertise para fazer algo que vai dar

samba, e outro entra com a grana para que

esse algo veja a luz do dia. Aqui no “patropi”,

tem muita gente boa que tem expertise, mas

quem deveria entrar com a grana não

comparece. Então, frequentemente, quem tem

a expertise se muda para um país onde tem

muitos que entram com grana. A grana tem

que vir mais do bolso de particulares do que

dos cofres do estado. No patropi, os que

18

Nota do Editor: o documento citado está disponível para

acesso no endereço:

http://www.finep.gov.br/dcom/brasilinovador.pdf

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deveriam comperecer com grana do próprio

bolso, vão buscá-la junto ao governo. Exemplo:

ao invês de ter uma Hollywood com

empreendimentos do tipo Goldwyn-Meyer

(eram dois camaradas: Samuel Goldwyn e Louis Meyer),

tivemos uma Embrafilme. E sabemos como é

que ficou nosso cinema por muitos anos de

"milagre brasileiro".

Roland Scialom

[email protected]

Participação de Marcos Assano

Devemos concordar que existem

oportunidades de financiamento à inovação. Os

jornais dizem que, apesar das linhas de

financiamento modestas, nem sempre surgem

interessados em utilizá-las. Mas há também

outras informações contraditórias.

Alguns dados da PINTEC 2008 (Pesquisa de Inovação

Tecnológica, IBGE - 106,8 mil empresas pesquisadas,

disponível para download no site do IBGE)19

indicam

que:

- O percentual de empresas inovadoras com

problemas ou obstáculos à inovação aumentou

de 35% (2005) para 49,8% (2008). Na indústria,

aparece em primeiro lugar os elevados custos

da inovação (73,2%), seguido pelos riscos

econômicos excessivos (65,9%), falta de pessoal

qualificado (57,8%, com tendência de alta) e escassez

de fontes de financiamento (51,6%, com tendência

de queda). Nas empresas de P&D sobressaem os

19

Nota do Editor: A fonte dos dados apresentados é:

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia

_visualiza.php?id_noticia=1742&id_pagina=1

elevados custos da inovação (73,3%) e a esca

ssez de fontes de financiamento (70,0%). Nos

serviços selecionados, o principal problema foi

a falta de pessoal qualificado (70,4%), seguido

pelos problemas de ordem econômica: os

elevados custos da inovação (72,1%), os riscos

econômicos excessivos (62,6%) e a escassez de

fontes de financiamento (48,7%).

- No período 2006-2008, 58,8% do total de

empresas pesquisadas nos setores industrial,

dos serviços selecionados e de P&D não

realizaram inovação de produto e/ou processo

nem desenvolveram projetos. Houve queda, se

comparada à pesquisa anterior, quando 63,3%

das empresas desse universo não eram

inovadoras.

- No período 2006-2008, 55,8% das empresas

que não inovaram apontaram as condições de

mercado como principal entrave. Entre 2003 e

2005, quase 70% das empresas tinham

apontado este como problema principal.

- A aquisição de máquinas e equipamentos

apareceu, em 2008, como a atividade mais

relevante tanto para a indústria (78,1%) quanto

para os serviços selecionados (72,3%), seguida,

na primeira, por duas atividades

complementares à compra de bens de capital:

treinamento (59,4%) e projeto industrial (37,0%).

Nos serviços selecionados foram o treinamento

(66,6%) e a aquisição de software (54,8%)

Destes dados, podemos tirar algumas

conclusões:

- Metade das empresas nos setores industriais

e de serviços ainda encontra dificuldade para

financiar inovação. Em empresas de P&D, o

problema é maior.

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- Para as empresas pesquisadas, a inovação de

processos (para aumento da produtividade, redução de

custos) parece ter prioridade sobre a inovação

de produtos/serviços. Ou seja, grande parte do

tal financiamento à inovação pode estar sendo

gasto para compra de máquinas e

equipamentos... para multinacionais

produzirem aqui produtos desenvolvidos no

exterior!

Marcos Assano

[email protected]

Participação de Marcos Assano

O Manual de Oslo serve de referência para o

levantamento de indicadores de inovação. Na

verdade é uma tentativa de adoção de uma

metodologia padrão, de forma que resultados

de diferentes países possam ser comparados.

Segundo o Manual de Oslo, "duas famílias

básicas de indicadores de C&T são diretamente

relevantes para a mensuração da inovação:

recursos direcionados à P&D e estatísticas de

patentes". Elas são complementadas por vários

outros indicadores: publicações científicas,

recursos humanos capacitados (mestres e

doutores), balanço de pagamentos tecnológico,

indicadores de globalização...

Quando lançado no início da década de 1990, o

Manual de Oslo era centrado em inovação

tecnológica de produtos e processos na

indústria de transformação. Recentemente,

com o crescimento do setor de serviços, a

abordagem da inovação passou a ser mais

sistêmica. Atividad es de inovação que não

estavam incluídas em P&D (inovação de produtos e

processos) foram incluídas nas edições mais

recentes: inovação de marketing e

organizacional.

O Manual de Oslo contém uma série de

definições de termos ligados ao tema inovação

e responde grande parte das questões

discutidas recentemente neste fórum.

Sobre os tipos de pesquisa, além da "básica"

(não tem como objetivo qualquer aplicação particular) e

da "aplicada" (dirigida a um objetivo prático específico),

o Manual Frascati - outra publicação da OECD

que trata de atividades de P&D - acrescenta

mais um tipo: o "desenvolvimento

experimental" ("trabalhos sistemáticos baseados em

conhecimentos existentes obtidos pela pesquisa e/ou

experiência prática, e dirigidos à produção de novos

materiais, produtos ou dispositivos, à instalação de novos

processos, sistemas e serviços, ou à melhor ia substancial

dos já existentes").

- ambos os manuais em inglês podem ser

encontrados no site da OECD (www.oecd.org).

- O Manual Frascati tem uma tradução em

português lusitano (http://www.f-

iniciativas.pt/imag/M_Frascati_Port.pdf).

- O Manual de Oslo tem uma versão em

português do Brasil, traduzido pela FINEP

(http://www.finep.gov.br/imprensa/sala_imprensa/manual

_de_oslo.pdf).

Marcos Assano

[email protected]

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Participação de Djalma Gomes

É óbvio que dinheiro atrai talentos (seja de qual

país for). Sinceramente não vejo aumento de

espaço de caixa de email como algo inovador

(daqui a pouco, vamos estar vendo inovação em tudo).

Qual indicador poderia ser usado de maneira

confiável para medir INOVAÇÃO (você pode

segmentar APENAS no meio digital se assim lhe convier)?

Djalma Pinheiro Gomes

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

A questão não é sobre a nacionalidade do

fundador: é sobre o local onde ocorreu.

1. Yahoo nasceu em universidade americana.

Não estou falando de onde nasceram os

fundadores.

2. Gmail também nasceu em universidade

americana . Ele foi o primeiro email de 1Gbytes.

A inovação foi no tamanho, não no conceito.

3. Não é apenas o dinheiro que levou para estas

inovações. A maior revolução nos ultimos anos

em hw de computador é o netbook (uma

opinião). Aliás, os fabricantes de notebooks

mudaram por causa dele e o espaço para o

tablet modelo atual também é derivado dele.

4. Mesmo com a queda, os EUA ainda serão

fortes, mas não creio que isto importa.

Devemos pensar porque estamos abaixo do

nosso potencial.

5. É possivel ter indicadores desde que a

definição de inovação seja segmentada. Este

problema não é apenas nosso, é do mundo

inteiro. No entanto não acho que inovamos

pouco porque os indicadores em uso não são

perfeitos. Desconheço uma mãe que não inove

todos os dias para fazer o seu filho comer. A

questão é existe dinheiro, conhecimento,

processos, métodos e tudo o que podemos

imaginar mas o resultado é bem abaixo do

nosso potencial.

Veja com mais calma e detalhe o motivo destas

inovações digitais (volto a destacar a palavra digital, se

quiser usar internet tb é válido) recentes terem

acontecido em universidades americanas (não

necessariamente por gente que nasceu e morou ou mora

por lá). Este resultado diz muita coisa sobre nós

e sobre o que Meira escreveu.

1. Por que universidades americanas e não

brasileiras?

2. Por que jovens?

3. Por que quase tudo neste item inovações

digitais (se quiser use inovações pela intenet) é

relativo com redes sociais?

4. Por que a Bruna que não estudou em

universidade americana, mas era jovem

conseguiu fazer um blog, livro e filme e ditou

moda na sua área de atuação (ps. Não concordo

com o que ela fez como profissão, mas respeito a decisão

dela.)

5. Por que a garota do blog de tecnologia (se

alguém lembrar o nome, agradeço) que também não

estudou em universidade americana mas

também é jovem conseguiu tamanho destaque

no Brasil e fez dele a sua profissão?

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6. Sobre o futuro: minhas fichas continuam

todas no “vermelho 13” da China. O que será

do mundo com os EUA no segundo lugar eu não

sei.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Djalma Gomes

Será que os americanos são realmente mais

inovadores do que o resto da população

mundial? Para responder isto, teríamos que

definir o critério que define inovação. Há

muitos exemplos recentes de inovação que não

tem origem norte-americana.

1) Linus Torvalds (criador do Linux e o principal

precursor do conceito de software livre) é finlandês

2) Buyukkokten (criador do Orkut) é turco

3) O principal cérebro por trás do facebook

(Eduardo Saverin) é brasileiro

4) Julian Assange (do wikileaks) é australiano

5) Eliyahu M. Goldratt (criador do conceito da TOC e

corrente crítica) é israelense

6) As principais contribuições da qualidade

moderna vem de pessoas e empresas

japonesas (KAIZEN, Lean-Manufacturing, Just-in-Time,

Kanban etc.)

7) Os únicos padrões de alta definição

desenvolvidos (Blu-Ray e HD-DVD) também vem de

empresas japonesas

8) O conceito de pret-a-porter que

revolucionou o mercado de alto luxo é francês.

Agora, é óbvio que os USA continuam como o

maior poder político, militar e financeiro do

mundo, o que ainda permite certas vantagens.

Mas se formos analisar uma curva de

tendência, eu diria que eles estão numa curva

decrescente de inovações. Google, Facebook,

Apple e Twitter me parecem as únicas exceções

neste oceano de empresas norte-americanas.

Tirando estas 4 empresas, quais inovações

norte-americanas foram uma revolução nos

últimos anos??? Consegue se lembrar de mais

alguma???

Djalma Pinheiro Gomes

[email protected]

Participação de Milton Barcellos

Quanto à transformação da inovação oriunda

de pesquisa aplicada (ou, como destacado, uma

convergência dos diversos tipos de pesquisa) em

propriedade intelectual (pois longe de ser um direito

natural, a propriedade intelectual funciona como um meio

para a promoção do desenvolvimento em sentido amplo

“social, econômico e tecnológico”), dependemos de

compreensão efetiva de como proteger as

criações intelectuais, por que protege-las e

como gerar riqueza a partir desta propriedade.

Estamos anos-luz atrás de países que utilizam a

propriedade intelectual como “moeda de

troca”• e meio efetivo de diferencial

competitivo através do direito de excluir

terceiros de reproduzir determinada

tecnologia.

Todos sabemos que a China está incentivando

(efetivamente cobrindo os custos) dos seus cidadãos

para que os mesmos protejam suas patentes no

exterior porque tal movimento irá, em um

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médio ou longo prazo, gerar um benefício na

balança comercial com a entrada de royalties

no País.

Talvez nossos números em aproveitamento de

inovação decorrente de pesquisa aplicada

sejam ainda muito baixos porque ainda temos

um enorme desconhecimento de como

funciona o sistema de propriedade intelectual,

transferência de tecnologia e efetivo

aproveitamento tecnológico dessas criações

intelectuais (falhamos incrivelmente na noção de

proteção e de como faze-la, assim como em princípios

básicos de profissionalização da comercialização da

tecnologia).

Sugiro a leitura do Livro “The Economic

Structure of the Intellectual Property Law”• de

Posner e Landes que, apesar de uma visão

extremamente utilitarista (e um pouco dissociada de

nossa realidade) serve como instrumento de

compreensão de como pode ser vista a

propriedade intelectual enquanto elemento

fundamental para o desenvolvimento

econômico.

Milton Lucídio Leão Barcellos

@trademarks.com.br

Participação de Djalma Gomes

O dinheiro está faltando lá nos USA AGORA depois

da crise de 2008, mas os cases citados são

anteriores a isto.

Cada um tem todo direito de ter a sua própria

opinião e é compreensível que se enxergue

uma maior inovação atualmente nos USA do

que nos demais países do globo. Apenas é

necessário entender se uma dada leitura se

trata de uma opinião pessoal ou é amparada

em alguma indicador quantitativo que possa

balizar as nossas percepções.

Djalma Pinheiro Gomes

[email protected]

Participação de Djalma Gomes

Vamos então alinhar o conceito do que pode

realmente pode ser Inovação. Inovação então

pode se aplicar a novos produtos, novos

serviços, novas metodologias e abordagens,

novos processos, novos posicionamentos de

marketing e novas idéias.

De volta ao questionamento inicial: qual seria o

melhor indicador que mostre de maneira

inequívoca o grau de inovação em uma

organização ou em um país??? A teoria da

relatividade do Einstein por exemplo não gerou

receita alguma para as empresas, mas a

aplicação desta teoria sim. Da mesma forma

que a criação de uma nova abordagem ou

metodologia não gera dividendos financeiros,

mas a sua aplicação sim.

Lembrando que aquilo que não consegue ser

medido, também não consegue ser gerenciado,

voltamos ao questionamento: “Qual é o melhor

KPI para medir inovação”?

Djalma Pinheiro Gomes

[email protected]

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Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.

ISSN:2178-8901 ANO 3 – número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170

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Participação de Darcio Calligaris

O 4º poder que é a imprensa, falada e escrita,

quer ganhar dinheiro, sensasionalismo, ela

conduz as massas com a publicidade enganosa,

veja as tardes de domingo na televisão, e os

assuntos do momento:, enchentes, Kadafi,

Carnaval, percebe-se que o povo não está

preocupado, como disse um ex-presidente do

PSDB, o povo está sendo tratado com dignidade,

"me engana que eu gosto", "cara de pau", sou

apolítico...

... A história se repete sempre, o que estão

fazendo estes professores de história, "o povo

e os intelectuais não aprendem com os erros"

devemos sim debater inovação em todos seus

aspectos, desde a informática até os problemas

das enchentes estarem terminadas.

Podemos economizar muito na Saúde, o mais

fácil é recriar a CPMF, que vergonha para

políticos que recebem um salário maior que um

executivo de multinacional, pensar nisso, mas é

o mais fácil, existem em muitas saídas para

quem têm vontade, se preocupa com seu

semelhante, e quer fazer.

Darcio Calligaris

[email protected]

Participação de Paulo Resende

Acrescentem-se à discussão dois pontos

específicos, daqueles tratados recentemente, a

título de contribuição:

1) Inovação e Propriedade Intelectual /

Industrial: se podemos assumir que a inovação

sempre atribui algum valor à empresa, não

devemos assumir que isso se dará sempre por

meio de registro contábil/patrimonial. Se, por

um lado, a patenteamento é um dos possíveis

indicadores de pesquisa & desenvolvimento na

empresa, por outro devemos lembrar que

inovações revolucionárias não são passíveis de

patenteamento. Um dos exemplos que pode

aqui ser apresentado é o modelo de

restaurante a quilo - invenção de um brasileiro,

que se baseia em um método que inclui

procedimentos e uma disposição física dos

alimentos, algo que não é patenteável na

legislação brasileira e nem na maioria dos

países desenvolvidos. Uma medida possível a

ser adotada, mas que esbara na falta de

disponibilização de informações, seria a relação

de investimento em P&D versus receita dos

produtos desenvolvidos a partir desses

esforços. Mas há outras mais apropriadas que

podemos discutir com o tempo;

2) Criatividade, empreendedorismo e inovação:

qualquer discussão conceitual séria sobre

inovação defende que só é inovação aquilo que

chega a algum mercado e nele se consolida.

Pois bem: a forma mais óbvia de reconhecer

uma inovação se dá pela sua chegada ao

mercado como algo "produtificado", ou seja:

oferecido ao mercado, consumido e capaz de

auferir lucros para a empresa que a oferta ao

mercado. O fato de sermos muito criativos não

significa que tenhamos a capacidade de

conceber produtos, nem de criarmos um

negócio para comercializá-los. Nesse sentido,

os americanos ganham de nós de goleada, pois

parece que a cultura do país na área de

negócios traz, em seu DNA, perguntas críticas

como:

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- Minha nova ideia pode virar um produto?

- Quem compra esse produto?

- Eu tenho fôlego para levar isso sozinho até os

consumidores?

- Se eu não tiver, quem tem condições de me

ajudar nesse objetivo?

Tenhamos autocrítica: se podemos assumir que

o brasileiro é criativo e solidário, também

podemos assumir que o brasileiro tem

dificuldades na orientação de esforços para

resultados futuros e também em ter "confiança

empresarial", ou seja, confiança em parceiros

profissionais para desenvolverem projetos

conjuntos.

Ainda vivemos a era dos "professores pardais",

com aqueles exemplos pitorescos de inventores

de coisas que jamais poderão virar um produto

- por exemplo, o sofá-bicicleta, também

invenção de um brasileiro. O conceito assumido

pela maioria das pessoas de "inovador" é

equivocado, pressupõe um personagem

idealista, que inventa coisas na sua oficina e

vende de porta em porta ou na banca de

camelô. Esse estágio inicial logo tem que dar

lugar ao do homem de ideias e capazes de

aumentar a produção, de se profissionalizar, de

investir no negócio. Querem alguns bons

exemplos? Anotem:

- Samuel Klein, que inovou no modelo de

negócios quando criou as Casas Bahia;

- Mario Chady, fundador do Spoleto, também

uma bela inovação de modelo de negócios;

- Luiz Donaduzzi, fundador da Prati-Donaduzzi,

empresa nacional inovadora da área de

fármacos;

- Roberto Alcântara, fundador da Angelus,

empresa que fabrica componentes para

implantes dentários e outros serviços

odontológicos.

Vejam a trajetória deles, que inovaram - e

inovam - muito por aqui, em território

brasileiro. Não podemos nos deixar seduzir pela

tentação de acreditar que inovação só é

possível em segmentos de alta tecnologia e

muitos patenteamentos.

Vamos esquecer as afirmações de que os

brasileiros são piores, complexados, pouco

qualificados: às vezes, falta só um "banho de

loja" de planejamento empresarial, coisa que

uma capacitação intensiva resolve.

Paulo Jose Pereira de Resende

[email protected]

Participação de Djalma Gomes

Sem indicadores objetivos, ficamos na vala da

subjetividade. Uma pessoa acha que o Japão

liderou as inovações nas últimas décadas

enquanto outro pensa que foi os USA

(seguramente não haverá ninguém dizendo que foi a

Russia, India, Brasil, China ou Africa do Sul etc.).

Mas afinidades pessoais à parte, é importante

notar que a bonança financeira dos USA (e do

Japão nas décadas de 70 e 80) que atraiu empresas

de Venture Capital e tantos cérebros

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importantes na segunda metade do século

passado não mais existe.

Vejo nas décadas vindouras uma mudança

sensível do paradigma vigente, seja pela

mudança do cenário de forças no tabuleiro geo-

político mundial, seja pela crise financeira. O

fato é que os USA e o Japão não mais atrai

cérebros e Venture Capital como antes.

Obviamente que esta crise de 2008 é recente,

mas mudanças já começam a se fazer

presentes.

Vamos deixar assim, há quem creia que os USA

lideram as inovações porque eles são muito

melhores do que o resto do mundo. E

quemacredite que os USA aproveitaram a

bonança financeira para atrair cérebros de

outros lugares. Até porque sem indicadores

claros, não dá nem para afirmar que os USA

lideraram sim a criação de inovação (digital,

manufatura, qualidade, etc...) nas últimas 3 décadas

Djalma Gomes

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

Recomendo a leitura de

(i) "Patentear a esmo não ajuda inovação na

universidade", com o seguinte destaque: "NOVO

PRESIDENTE DA FINEP DIZ QUE FALTA VISÃO ESTRATÉGICA

NAS TENTATIVAS DE ESTIMULAR EMPREENDEDORISMO

DE CIENTISTAS NO BRASIL"20

, "Não basta fazer

20

Nota do Editor: texto disponível em:

http://www.observatoriousp.pro.br/o-papel-das-patentes-

nas-universidades-e-os-planos-para-a-finep-%E2%80%93-

entrevista-a-glauco-arbix/

patente para currículo. No MIT a análise da

patente está próxima da análise de

comercialização. A agências de inovação aqui

(comentário meu, o aqui é o Brasil) parecem mais um

"despachante inteligente", que está atrás de

ideias" e

(ii) Patentes podem provocar efeito inverso e

limitar as inovações21

, cadernos ciência FSP de

02/03/11

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Djalma Gomes

Dentre os pontos de vista destacados, o

principal ponto de conflito é a visão do que é

mais importante para ser um bom

empreendedor (lembrando que COMPETENCIA =

Conhecimentos + Habilidade + Atitude).

Historicamente, o conhecimento sempre foi a

variável mais importante para sermos

competentes em algo ("Conhecimento é Poder").

Por exemplo, a casta dos Brahmanes na Índia é

a mais importante porque eles são os únicos

que tinham acesso à escrita e ao conhecimento

desde milênios atras.

Mas com o advento da era da informação,

conhecimento erudito e academico esta

virando uma commodity, já que encontramos

praticamente tudo o que quisermos na

Internet. Devido a isto, as variáveis Habilidades

e Atitudes estão se tornando muito mais

21

Nota do Editor: disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0203201105.h

tm

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importante do que o conhecimento para

alcançarmos COMPETENCIA e sermos INOVADORES.

As famosas inteligências intrapessoal (também

chamada de inteligência emocional), espacial,

lingüística, musical, esportiva (dentre outras) nada

mais são do que habilidades natas ou

aprendidas.

Mas ainda mais importante do que habilidade,

temos a variável ATITUDE. E a ATITUDE é

fortemente influenciada pela MOTIVAÇÃO pessoal

que por sua vez é influenciada pela AUTO-ESTIMA.

E aí a coisa começa a mudar radicalmente.

A vantagem competitiva que os USA tiveram

com o pós-guerra (quando o mundo vivía o auge da

gurerra fria) não mais existe. Adicionalmente a

isto, os empregos começam a migrar para

países onde o custo é menor (como os BRICs) e as

nações desenvolvidas vivem uma grave crise

financeira e de CONFIANÇA. Isto mexe com a

auto-estima de uma nação.

O Brasil que sempre incorporou a síndrome de

Grouxo Max (que dizia "Recuso-me a freqüentar clubes

que me aceitam como sócio"), só valorizava o que

vem de fora (a visão de que produto importado é

melhor do que nacional). Mas isto começa a mudar.

A grande mobilidade social nos últimos 8 anos e

a maior confiança das pessoas no futuro

impulsiona a nossa auto-estima e passamos a

acreditar que podemos sim realizar algo

inovador que mude a cara do mundo. Uma

auto-estima elevada nos leva a aprender com

os erros (ao invés de nos deprimimos com a

supervalorização do erro) e a confiar no próprio

potencial. O fundador do Mc Donalds por

exemplo teve inúmeros empreendimentos

fracassados ate acertar com a criação do Mc

Donalds já depois dos seus 60 anos de idade.

Uma pessoa que supervaloriza o erro e tem

baixa auto-estima seguramente não teria a

mesmo resiliencia que ele.

O Silvio Meira (que admiro muito) é um PHD e é

natural que ele vá valorizar a vertente

CONHECIMENTO. Mas a historia está repleta de

exemplos de pessoas que mudaram o mundo

sem ter sequer um curso universitário (Mark

Zuckeberg do facebook, Steve Jobs, Bill Gates, Samuel Klein

das Casas Bahia, Silvio Santos, Michael Dell, Eike Batista,

Julian Assange do Wikileaks, o ex-presidente Lula, etc..).

Como Mark Zuckerberg conseguiu chegar

aonde está sem grandes conhecimentos de

planejamento estratégico, desenvolvimento de

produtos ou posicionamento de marca???

Simples, com HABILIDADES e ATITUDE. À medida

que o facebook foi crescendo e ganhando

corpo, investidores e empresas de Venture

Capital entraram de cabeça e aportaram $$$ e

o CONHECIMENTO necessários para fazer a coisa

decolar. Executivos de mercado (funcionários do

Mark Zuckerberg) foram chamados para conduzir

este processo. Incubadoras de empresas

também se prestam a prover o conhecimento

que falta ao empreendedor.

Portanto embora não exista indicadores

quantitativos para mensuar o grau de inovação

de uma organização, entendo que os USA

aproveitaram o contexto favorável do pos-

guerra para atrair cérebros e aumentar a auto-

estima de sua população. Mas este cenário já

mudou há muito tempo. Não vivemos mais

uma guerra fria e eles estão numa curva

decrescente de auto-estima e confiança.

Estamos numa nova era com novos valores e

paradigmas e devemos tambem evoluir na

visão de empreendedorismo e inovação.

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Djalma Gomes

[email protected]

Participação de Marcos Assano

As multinacionais do ocidente estão investindo

em mercados emergentes. Elas esperam que

70% do crescimento econômico nos próximos

anos venha de países emergentes, com 40%

vindo de apenas dois países: Índia e China. Elas

esperam lucrar com a emergência da classe

média nos dois países onde a população supera

1 bilhão de habitantes. Essas multinacionais

também notaram que a China, e em menor

grau a Índia vêm investindo muito em educação

nas últimas décadas. A China produz

anualmente 650 mil graduados em engenharia

e a Índia 220 mil. Para aproveitar esta fartura

de profissionais com possibilidade de reduções

nos custos de P&D, as multinacionais têm

investido em laboratórios neste países. Das

companhias listadas pela "Fortune 500", 98 têm

laboratórios de P&D na China e 63 na Índia.

Constatada a capacidade técnica destes

laboratórios, o grau de complexidade dos

projetos desenvolvidos vem aumentando

continuamente. Outro dado importante para a

análise: dos formados em engenharia em

universidades americanas, metade são

estrangeiros, e a maioria destes, chineses e

indianos.

O futuro parece ser previsível:

Nos laboratórios das multinacionais, chineses e

indianos têm absorvido tecnologia de ponta

através do "learning by doing" e este

conhecimento migra com a mobilidade de

pesquisadores entre empresas. Junte a estes as

centenas de milhares de engenheiros formados

anualmente nas universidades chinesas,

indianas e americanas... E, brevemente,

veremos a emergência de grandes corporações

chinesas e indianas brigando de igual para igual

ou superando seus rivais ocidentais...

Dos BRICs, a China continuará se destacando

com a produção (produtos de eletrônica/telecom,

informática, automóveis, etc, com qualidade crescente), a

Índia no setor de serviços (principalmente software).

Brasil e Rússia continuarão sendo grandes, mas

meros exportadores de commodities e energia

(de baixo valor agregado), salvo algumas excessões

pontuais...

Obs: o Brasil formou em 2008, 47 mil

engenheiros nas diversas especialidades. A

Rússia, 190 mil.

- Dados estatísticos extraídos da revista "The

Economist" (17/04/2010): "The world turned

upside down" - A special report on innovation

in emerging markets; e CAPES - Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

Marcos Assano

[email protected]

Participação de Paulo Resende

A argumentação que trata de Conhecimentos,

Habilidade e Atitude tem seu fundamento. No

entanto, falta ainda um outro componente, que

faz toda a diferença, por exemplo, quando

comparamos o Brasil e os EUA: trata-se do que

aqui será denominado "capital associativo", a

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capacidade de promover e firmar parcerias,

alianças e acordos de mútuo interesse.

Não há no Brasil tradição de incentivo às

alianças. Em parte, essa lacuna é entendida

quando analisamos, por exemplo, o processo

de industrialização tardia, o modelo de

formação da nossa sociedade que foi, e de

certa forma ainda é, patriarcal e hierarquizada,

ou seja: não temos como premissa a união de

esforços entre iguais, mas sim a subordinação,

a concessão de favores e outras formas de

aliança que pressupõem que haverá uma

relação desigual de concentração de poder.

Outro fator é a chamada insegurança jurídica,

que adiciona incerteza a processos críticos

como, por exemplo, um eventual contencioso

decorrente do não-cumprimento de um

contrato. Não é o objetivo discutir a

perspectiva jurídica da questão, mas convém

ter em mente que esse quadro "afasta"

empresas nacionais e estrangeiras de

investimentos mais ousados no país, como já

foi amplamente discutido na imprensa e nos

fóruns empresariais.

A falta desse capital relacional faz com que haja

ressalvas de toda natureza à ideia de firmar

parcerias, o que acaba por impedir alianças

para a realização de projetos inovadores. Aliás,

não prejudica só esse tipo de empreendimento:

as parcerias público-privadas (PPPs), por

exemplo, só viraram realidade em casos

isolados no país, e essas dizem respeito a

investimentos em infraestrutura e com retorno

assegurado para o parceiro empresario!

Vamos considerar uma situação teórica:

imaginem que haja 10 ou 12 empresas

instaladas em uma incubadora ou parque

tecnológico. Quantas vezes essas empresas

consideraram, por exemplo, a possibilidade de

se aliarem para convergirem seus negócios?

Qualquer que seja o caso real a ser analisado, a

resposta é: raramente. E estamos falando de

ambientes propícios ao desenvolvimento

empresarial, à inovação, à exposição (moderada)

ao risco.

Nós precisamos estimular comportamentos

associativos. Temos de fazer valer a nossa

influência (no sentido positivo do termo) para

estimular alianças que fortaleçam nossas

empresas nascentes. Precisamos sensibilizar os

empresários mais antigos para a possibilidade

de abrirem novas frentes de atuação em

parceria com empresas de segmentos distintos.

Paulo Resende

[email protected]

Participação de Djalma Gomes

Sem dúvida, há muitas variáveis que

influenciam surgimento de inovações e novos

empreendimentos. Modelo patriarcal e

hierarquizado e excesso de burocracia são dois

bons exemplos. Quanto às regras claras, não

acho ser este o caso do Brasil já que não

constumamos quebrar contratos e dar calote

em dívida já há algumas décadas.

Mas estas variáveis não são tão impactantes

quanto a auto-estima e a atutude. A Índia e

Japão tem sociedade muito mais hierarquizada

e patriarcais do que o Brasil. A China e a Russia

sofrem com falta de regras claras e corrupção

muito mais do que no Brasil.

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E veja só, porque será que o Japão liderou

todas as inovações em qualidade e supply chain

(TQM, Just in Time, Kaizen, Kanban, Poka Yoke, etc...) na

segunda metade do século XX seguindo de

exemplos inclusive para os USA??? Afinal, eles

tem uma sociedade altamente hierarquizada e

patriarcal.

Djalma Gomes

[email protected]

Participação de Reginaldo Carvalho

A discussão será tão mais produtiva quanto nos

distanciarmos da realidade Americana ou

Européia. E as exceções mencionadas (Klabin,

Chandy, Donaduzzi, etc) são exatamente isso,

exceções.

Não que não seja importante identificar os

fatores críticos de sucesso nos EUA, ou analisar

os casos de sucesso locais. Mas dá angústia

discutir a fio um tema sem gerar, ou ao menos

refletir sobre um conjunto mínimo de ações

para tratar o nosso problema de escassez de

inovação.

Quais ações a Coréia do Sul tomou e que foram

de uma eficácia tal que reverteu a situação do

país em menos de 30 anos? Por que não

estudamos estes casos, muito mais próximos, e

propomos um conjunto de ações, com devidas

métricas de realização e acompanhamento?

Temos problemas profundos e estruturais, mas

que podem ser atacados com ações

direcionadas e de longo prazo que nos tirem do

ostracismo.

- Por exemplo, onde a nossa melhor

universidade se encontra quando comparada

com as melhores do mundo? abaixo da 250o

posição!

- Onde estão colocadas as melhores

universidades Coreanas, Chinesas e Indianas?

Entre as 50 melhores! Isso sem mencionar

nossa posição no Pisa.

- Quais as políticas de formação de pessoal

altamente qualificado da Coréia/China/Índia?

Exportam doutores! Formam não apenas o lado

do conhecimento, mas a habilidade e a atitude.

O jovem doutor não é obrigado a retornar logo

depois do doutorado para mendigar uma bolsa

de pesquisa enquanto aguarda um concurso.

Ele fica para aprender a jogar o jogo da

tecnologia e é incentivado a retornar quando

estiver mais maduro.

- E, não menos importante, qual a nossa

habilidade de promover o fluxo invasivo (fora

para dentro) de capital de alto valor agregado?

próximo de zero! E qual o impacto econômico

de todas as ações juntas de promoção de

inovação (sejam quais forem) quando comparadas

com o equilíbrio da balança comercial?

igualmente próximo de zero! E isso depois de

uns 20 anos de implantação da excelente ideia

que são os fundos setoriais.

- Falando de empreendedorismo, quanto

tempo se leva para abrir e fechar uma empresa

aqui no Brasil? não é possível mudar isso? E a

carga tributária sobre os empresários? onde é

possível agir?

- E, que tal promover um ponto de partida

diferente de zero? Quais as políticas de

transferência de tecnologia de empresas

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multinacionais quando instaladas no Brasil. Não

é possível forçar algo neste sentido? Alguém

sabe como a China tratou disso? Ou vamos

achar que é possível sair da estaca zero pelas

próprias forças?

Caros, as ações em curso são importantes, mas

não estão coordenadas e, além disso, estão

invertendo causa com consequência. É muito

difícil promover a realização de alianças quando

poucos sabem o que é uma cadeia de valor,

confundem SWOT com SWAT, não diferenciam

portfólio de roadmap, resistem ao NDA por ser

um sinal de que estão desconfiando deles e

quando ouvem a palavra ecossistema acham

que é tema para biólogos. Aliás, se há uma área

em que não acredito em geração de sucesso

espontânea é quando se trata em

desenvolvimento econômico. Assim como uma

pilha de pedras não é igual a uma parede, um

conjunto de ações desconexas não constitui

uma política de inovação.

E então, voltando para a pergunta concreta.

Alguém poderia delinear quais seriam as ações

que Coréia tomou em todas as frentes e que a

tirou do ostracismo em tão pouco tempo no

que se refere à Inovação?

Reginaldo Carvalho

[email protected]

Participação de Marcos Assano

Comentando:

"E veja só, porque será que o Japão liderou

todas as inovações em qualidade e supply chain

(TQM, Just in Time, Kaizen, Kanban, Poka Yoke, etc...) na

segunda metade do século XX seguindo de

exemplos inclusive para os USA??? Afinal, eles

tem uma sociedade altamente hierarquizada e

patriarcal."

As inovações japonesas vieram da

necessidade...

Na verdade, as bases para as metodologias

utilizadas pelo Japão vieram da observação da

produção americana. Eles apenas inovaram ao

adaptá-las às necessidades do país.

O Japão do pós-guerra passava por grandes

dificuldades e havia a necessidade de recuperar

a indústria. O país não possuia reservas de

matérias-primas, energia e espaço físico, o que

os obrigaram a criar novos métodos de

produção com a máxima eficiência possível,

reduzindo desperdícios de tempo, energia, com

estoques de materiais e produtos finali zados.

Essas metodologias evoluíram rapidamente

com o envolvimento do conhecimento

operário, ao contrário das práticas tayloristas

que priorizavam somente o conhecimento da

gerência. Com mercado interno relativamente

pequeno, a produção passou a priorizar a

produção de pequenos lotes de produtos

variados e sob encomenda como uma

alternativa ao modelo de produção em massa

fordista. O modelo japonês de produção parece

ter sido mais eficiente para enfrentar as

constantes crises do sistema capitalista,

quando os mercados se tornam menores e mais

voláteis.

Embora a sociedade japonesa ainda seja

hierarquizada e patriarcal, devemos observar a

macro-organização das empresas de onde

provém a maioria dessas inovações. Na

organização japonesa prioriza-se a cultura de

grupo e senioridade do líder, o processo

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decisório horizontal, e a organização por

processos com coordenação horizontal. Numa

organização taylorista: cultura do sucesso

baseado no l íder, processo decisório vertical e

departamentalização. Talvez isto tenha alguma

influência no modo como o conhecimento se

disperse pela empresa e, portanto, também

sobre a inovação.

Marcos Assano

[email protected]

Participação de Darcio Calligaris

O mais importante é o resultado concreto, as

inovações sendo produzidas por todo Brasil,

exportações, empregos, quando começará a

"revolução da inovação brasileira" e nos

tornarmos aumotivados e autosuficientes, a

divulgação causará interesse, mas este

interesse tem que se materializar. Como

conseguiremos isso? Qual a estratégia? Quais

as prioridades? Quem irá liderar?

Creio que já fazem parte do grupo especialistas

de todas as categorias de inovações, assim

como poderão ser convidados professores

universitários e especialistas de destaque para

as inovações prioritárias par o Brasil.

Contratos podem ser realizados por

especialistas do grupo, e os projetos e seus

resultados devem ser efetivos e os lucros

divididos. É desafiador!!!! Deve-se começar

imediatamente.

Darcio Calligaris

Darcio Calligaris [email protected]

Tema 5: Patentear a esmo não ajuda a

inovação na universidade

Participação do Moderador

É apropriado discutirmos a afirmativa do

Presidente da FINEP, Prof. Glauco Arbix:

(...)

P: Mas essa aproximação não seria papel das

agências de inovação das universidades?

R: Eu acompanhei as agências de inovação do

MIT. Mas as nossas são muito centradas na

ideia de aproveitar o conhecimento da

universidade para desenvolver patentes [de

produtos inovadores.] Ajudam o professor a

desenvolver patentes e, eventualmente,

licenciar•o que nem sempre é muito claro, já

que para licenciar é preciso ter análise

comercial.

Não basta fazer patente para currículo. No MIT

a análise da patente está próxima da análise de

comercialização. As agências de inovação aqui

parecem mais um ”despachante inteligente”,

que está atrás de ideias. Os americanos

começaram a estimular o processo patentário.

Isso se espalhou pelo mundo todo e está

chegando aqui.

(...)

O texto entre chaves é um adendo ao original22

.

22

Nota do Editor: a entrevista está disponível no endereço:

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=76615

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Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.

ISSN:2178-8901 ANO 3 – número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170

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Vejam na rede GESITI o XX Jornal GESITI23

, que

trata de alguns meses de discussão sobre o

tema inovação et al.

GESITI

[email protected]

Participação de Paulo Luporini Pastore

Realmente, existe muita demagogia no Brasil. O

lado universitário não ostentam a experiência,

só centrados nos méritos acadêmicos e isto não

“põe prato na mesa”, já os empresários não

acreditam em universitários, porque são

práticos, com raras exceções existe quem

acredita em alguém.

Pessoas ficam anos e anos em cima de um fato,

e não progridem e nem regridem, o que acaba

acontecendo é que o fato perde o mérito, e lá

na Europa surgem novidades que sairam daqui,

impressionante que os brasileiros não são

citados, apenas os estrangeiros.

Patentear precisa ter o mérito do fato, ou seja,

o inventor tem que ter originalidade e

autenticidade, para se tornar cientista não é

tendo cartuchos, diplomas doutorado não, e

sim vivência em fabricações, como são

fabricados produtos.

Casa de ferreiro, espeto de pau.

Estou no mercado desde 1975 em projetos

mecânicos, e sinceramente não registro

23

Nota do Editor: o XX Jornal GESITI está disponível em:

http://www.cti.gov.br/images/stories/cti/atuacao/dtsd/ges

iti/XX_JORNAL_GESITI_AGOSTO_DEZEMBO_2010.pdf

patentes porque o Brasil não é um país sério, já

trabalhei no INPI pelo Grupo Itaú na década de

80, o que vi foi um monte de patentes que não

servem para nada, simplesmente lixo e lixo.

Sou projetista mecânico engenheiro

especializado em tecnologias de ponta pelo USP

em 1983, vide meu site um dos poucos notáveis

no mundo mecatrônico:

Creio que seja um que possa discernir sobre

patentes, haja vista, que meu melhor professor

foi uma senhora portuguesa que já foi-se,

quando no Itaú pude junto dela entender o que

seja patente, o que eu vejo é que o inventor

brasileiro simplesmente registra e não entende

o mérito do fato.

Editei patentes de invenção para o Grupo Itaú,

e nunca mais fiz isto, desde então passaram-se

mais de 20 anos, e não penso em registrar é

nada, por que no Brasil o indicio de quebra de

sigilo industrial existe, já uma meia dúzia de

patentes que tinham o mérito do fato foram

levadas embora para outros países.

Quando tivermos um país em que nossos

governantes e quem dirigem órgãos tipo FINEP,

Capes, tiverem uma postura de país de

primeiro mundo, sim, aí nós poderemos

registrar uma patente com segurança, por hora

prefiro esperar mais anos, por que penso que

existe ainda uma luz no final do túnel, penso!

Trabalhei com inúmeros projetos novos, que

criei sem cópiar do estrangeiro, sujeitos a

registro de patentes, e nunca me interessei em

patentes, devido que sempre digo a meus

contratantes: eu criou, invento, mas, o registro

deixo de mão aberta para que quizer que façam

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o registro, o que eu quero é receber pelo meu

trabalho.

Infelizmente a mente dos brasileiros

universitários e empresariais tem mudo a

crescer, eu acredito num futuro melhor.

Paulo Luporini Pastore

[email protected]

Participação de Paulo Resende

Acrescente-se ao trecho destacado uma

afirmação polêmica, mas com fundamento: a

universidade não pode mais ver a patente

como um fetiche.

É evidente que o relacionamento das

universidades e seus NITs com a patente

apresenta, de um modo geral, um desvio na

compreensão desse ativo. Em grande parte, por

culpa de políticas erradas que praticamente

obrigaram pesquisadores de todo o país a

recorrerem a esse recurso de forma

inadequada. Desde a Lei da Inovação,

fortaleceu-se o discurso pró-patentes na

universidade. O problema é que o

patenteamento foi interpretado, em diversos

casos, como um fim em si mesmo.

É comum ouvir frases como: "Primeiro,

obtenha a patente, depois procure um parceiro

empresário". Ela decorre de anos de uma

relação de mútua desconfiança, porém esconde

dentro de si um vício, o de ignorar que o

patenteamento é um processo custoso,

complexo e muitas vezes demorado. Somado

ao fato de que nem todos os NITs contam com

redes prospectivas eficientes para a localização

de parceiros, o resultado é uma "coleção de

patentes" que não chega ao mercado, de modo

que a patente é concedida porém não resulta

em produto disponibilizado para os

consumidores potenciais.

Se, por um lado, as universidades foram

vitimadas por esse pensamento, por outro

também devemos reconhecer que há em

algumas delas a ausência de percepção quanto

à necessidade de se viabilizar a negociação

dessa patente. Para nossa satisfação, há

diversos casos nacionais de NITs fortes, com

boas estruturas de avaliação, depósito e oferta

das patentes depositadas, verdadeiras agências

de negócios de tecnologia.

Apesar de não ser uma universidade, vale a

pena conhecer uma experiência bem-sucedida

dessa ponte pesquisa-mercado: o PROETA, da

Embrapa, ação apoiada pelo BID/FUMIN que tem

como objetivos: transferir tecnologias,

produtos e serviços gerados pela Embrapa para

a iniciativa privada; contribuir para a geração

de empresas de base tecnológica agropecuária;

apoiar a disseminação de uma cultura de

inovação e empreendedorismo; contribuir para

a geração de emprego e renda24

.

Paulo Resende

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

Devemos acreditar em melhorias no Brasil, mas

o atual processo de evolução é por demais

24

Nota do editor: http://hotsites.sct.embrapa.br/proeta

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lento. O que é surpreendente é que tem gente

que acha que este é o caminho correto.

Infelizmente existe uma agenda oculta em

prática.

Eu só registrei uma patente de um produto de

uma ex empresa minha e descobri que foi

apenas perda de tempo e dinheiro. Fomos

copiados varias vezes e só ficamos no mercado

porque conseguimos ser rápidos na evoluções.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Marcos Assano

Na maioria das mensagens anteriores,

procuramos comparar nossos índices de

inovação aos da chamada "tríade": Estados

Unidos, Europa e Japão. Talvez tenhamos que

buscar novos parâmetros de comparação, visto

que a trajetória de desenvolvimento econômico

destes países iniciou-se muito antes da nossa.

Na Europa, a cultura de inovação se mantém

desde a Revolução Industrial inglesa no século

XVIII. Os Estados Unidos tiveram grande

influência inglesa e se beneficiaram de duas

grandes guerras que assolaram a Europa. A

Guerra Fria deu grande impulso à chamada "Big

Science", com o governo americano investindo

pesadamente em C&T para a criação da bomba

atômica, para a corrida espacial e defesa. E

seus efeitos se espalham pelos demais setores

da economia.

Para uma avaliação mais realista, deveríamos

nos comparar aos novos emergentes. Em

coluna publicada pela revista Veja25, Mailson

da Nóbrega nos compara a China e Coréia

(livremente adaptado a seguir):

Em 1978, ano da abertura rumo à economia de

mercado, a China exportava 10 bilhões de

dólares. Em 2010, as vendas externas atingiram

1,5 trilhão de dólares. Em 1980, a renda per

capita da Coréia (2.600 dólares) era menor que a

brasileira (3.400 dólares). Em 2009: Coréia (27.200)

e Brasil (10.400), quase o triplo. Há alguns que

sustentem que o êxito da China se deve à

moeda desvalorizada e o da Coréia seja

somente devido à política industrial.

As políticas industriais chinesas e coreanas

tiveram seu peso, mas o importante foi a

estratégia por trás delas: a exposição de suas

indústrias à competição internacional, com foco

nas exportações. Para isso, tiveram que adotar

tecnologias e gestões típicas de países

desenvolvidos para os quais exportariam.

Ganhos de eficiência e produtividade vinham da

inovação.

O Brasil, por sua vez, optou pelo inverso,

buscando a substituição de importações,

gerando uma industrializaçã o ineficiente e

cultura favorável ao protecionismo. Apesar do

fracasso do modelo, alguns segmentos ainda

são favoráveis ao fechamento. Parte dos

empresários brasileiros defendem o

fechamento pois poderiam beneficiar-se dele. A

Força Sindical pediu ao governo medidas

protecionistas para reverter o ritmo das

importações.

25

Nota do Editor: coluna publicada em 19 de janeiro de

2011

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A educação também parece ter papel

importante neste processo de desenvolvimento

econômico. No Brasil se negligenciou a

educação, pois ela seria efeito e não causa do

desenvolvimento. A China e a Coréia fizeram o

contrário. Nos testes do PISA 2010 (OECD), Xangai

obteve o primeiro lugar nas três disciplinas

avaliadas (leitura, matemática e ciências). Dos 65

países avaliados, a Coréia ficou próxima e o

Brasil se classificou entre os últimos.

Pelo exposto neste texto, concluímos que, além

dos problemas estruturais brasileiros já

conhecidos (custo Brasil, burocracia, gastos excessivos

do governo, infraestrutura, etc), a questão cultural

ainda se constitui uma forte barreira à

inovação. Afinal, é mais fácil o empresariado

brasileiro convencer o governo a adotar

medidas protecionistas para barrar a entrada

de produtos estrangeiros do que investir em

inovação para melhoria de

produtos/serviços/produtividade, e enfrentar

abertamente a competição externa. Ainda

estamos acostumados ao protecionismo...

Marcos Assano

[email protected]

Participação de Reginaldo Carvalho

Em tese, o objetivo de uma patente é a de

oferecer por tempo limitado uma vantagem

competitiva ao seu detentor através do

reconhecimento de que é patente para todos

que ele foi criador. Daí o nome patente.

Patentear a esmo é como meu filho que acha

que se eu comprar para ele um par de chuteiras

Nike ele vai jogar bola melhor. Assim como a

chuteira, uma patente não tem valor se não

soubermos (ou se não tiver) o que fazer com ela.

Com isso, e ainda dentro da tese do uso de

patente, pode-se fazer quatro coisas:

1. usar e não deixar ninguém mais usar. Mas

tem que se saber como usar e como impedir

que outros usem.

2. usar e licenciar para que outros também

usem. Mas tem que se saber como usar e como

permitir que outros usem.

3. vender, porque não quer usar. Mas tem que

se saber porque não usar e como permitir que

outros usem.

4. não usar e não deixar ninguém usar, mas

este só é praticado pelas grandes corporações e

não creio que seja, de forma alguma, o caso de

alguém da lista.

O nosso problema é que estamos engatinhando

quando o tema é propriedade intelectual e, na

prática, que é muito diferente da tese,

acontecem três coisas em nosso país:

a. não patenteamos, logo todos usam também,

e eventualmente patenteiam o que é nosso e

nos impedem de usar. Vide o caso da rapadura,

patenteada na Alemanha e nos EUA em nome

da Rapunzel26

!

b. patenteamos, mas mesmo assim todos

copiam (vide walkman e bina) e usam sem licenciar.

26

Nota do Editor: a questão da rapadura é descrita na

matéria “Rapunzel Alemã tira a Rapadura do Brasil”,

disponível no endereço:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u10340

7.shtml

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E não corremos atrás por que cansamos de

lutar com a falta de seriedade nas políticas de

proteção intelectual e nas agendas escondidas

já mencionadas.

c. patenteamos, mas ninguém quer (nem nós),

por que patenteamos a esmo algo que não faz

sentido de mercado, pois as políticas de

incentivo são equivocadas. Este é o foco da

discussão desta trilha de mensagens.

Se o Brasil está no abc da propriedade

intelectual isso não é culpa do mecanismo de

proteção, mas sim de nós mesmos, que, ao

contrário do mundo ao nosso redor que

entende a importância e beneficia-se muito

disso. É por entender isso que a China não

permite que empresas multinacionais entrem

em seu mercado. Só opera na China se fizer

uma joint venture com uma empresa chinesa

ou com um grupo Chines. Não raro acontecer

que, depois de alguns anos eles copiam

descaradamente, melhoram, rompem a

venture e ainda vão concorrer com seus antigos

parceiros internacionais. É, também, por

entenderem o impacto da propriedade

intelectual na economia que China, Russia e

Índia (nesta ordem) não estão muito preocupadas

com constarem na lista negra da pirataria.

Quer outro exemplo? Estamos no mundo

digital. Fala-se muito da criatividade do

brasileiro, mas fala-se pouco do problema da

balança comercial por conta da importação de

componentes de HW e SW de alto valor

agregado. E isso não vai ser resolvido com

trazer para o país todas as fábricas de

processadores do mundo, pois apenas de 30% a

40% do preço deste componente é silício. O

restante é royalties por uso de propriedade

intelectual, seja processadores de smartphones

e celulares, seja de PCs e notebooks (com

demanda reprimida), seja de TV digital (que está só no

começo).

Ou seja, no jogo do mercado internacional de

alto valor agregado a propriedade intelectual é

o mecanismo que influencia o fluxo de capital.

E como fazer para correr atrás do prejuízo, já

que estamos anos atrás de países que inovam a

décadas? Para começar, imitar com ações

concretas países como Coréia, Taiwan e China.

Eles saíram do ostracismo recente em termos

de participação no mercado global para uma

posição de liderança. E isso não levou nem uma

geração sequer. A maioria de nós estava vivo e

alguns já no mercado de trabalho quando a

Coréia tinha um PIB mais ou menos igual ao do

Brasil.

Porém, e infelizmente, concordo com tudo o

que se foi dito até agora, sobre corrupção e

agendas escondidas. Sem uma política de

Estado (nem de governo) não se vai reverter a

situação. Vamos continuar chorando de raiva,

mas, não dá é para mudar a regra do jogo

achando que o mundo é injusto, nem dá, pelo

menos por enquanto, para um país ser

economicamente saudável sem saber jogar o

jogo da inovação. Tem que entender o jogo,

definir sua estratégia, por a tática em campo e

partir para a luta.

A não ser, é claro, que queiramos assumir uma

posição na Nova Ordem Economica Mundial

parecida com a do México, que está satisfeito

(ainda que não esteja saudável) servindo de

plataforma de manufatura e de fornecimento

de mão de obra para o vizinho mais rico. Espero

que nós não queiramos isso.

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Sugestão para os empreendedores: se alguém

acha que tem algo que valha a pena realmente

patentear e cansou de tomar na cara aqui no

Brasil, não desista, apresente o caso de negócio

para um agenciador de qualquer câmera de

comércio (EUA, UE, Alemanha, França e até Chile), e

pleiteie financiamento e incentivo para ir para

abrir seu negócio lá. Em alguns casos, consegue

até as passagens. Estes países sabem como isso

é importante e não estão nem aí com sua

origem ou nacionalidade. Eles querem, de um

lado, dar emprego para seus cidadãos, e por

outro lado, aumentar a invasão (não evasão) de

capital devido à comercialização de produtos e

serviços de alto valor agregado. Depois volte ao

Brasil e abra uma filial aqui.

Reginaldo Carvalho

[email protected]

Participação de Paulo Resende

A referência trazida para o debate é muito

oportuna, uma vez que traz a variável do

comércio exterior para o debate.

No passado, o Brasil cometeu um grave erro ao

fechar o mercado, pois assim isolou o

empresariado nacional do compartilhamento

de ideias e da busca pela otimização (decorrentes,

ambos os fatores, do contato com a concorrência externa).

Os impactos são sentidos até hoje, pois ainda

há setores que apresentam padrões de

indústria de 40, 50 anos atrás.

Não podemos deixar de considerar que algo se

perdeu, em termos de políticas de

desenvolvimento, por volta de 1970. O

fechamento de mercado foi uma resposta a

algo anterior: à crise do petróleo, ao aumento

do endividamento externo... Se pararmos para

pensar, vamos constatar que esses fatores

ainda persistem, são discutidos hoje, nesses

tempos de balança comercial baseada em

commodities e de crise política em países

produtores do "ouro negro"... Ou seja:

corremos o risco do discurso pró-protecionismo

ganhar força e gerar, no longo prazo, ainda

mais defasagem nossa em relação aos demais

emergentes.

A promoção do desenvolvimento não se dá

somente com oferta de crédito e

protecionismo. Esses fatores são relevantes,

mas não podem ser a essência de uma

estratégia de desenvolvimento. Há um

equívoco em associar desenvolvimento e

endividamento. Enquanto o nosso

empresariado implora por juros mais baixos, e

investe recursos próprios na proporção de 1

para 8 quando comparados aos recursos

públicos, os países mais avançados na discussão

da inovação apresentam uma relação de

recursos públicos e privados na proporção

aproximada de 1 para 1. Aliás, esse indicador é

relevante na discussão.

Devemos ficar de olhos bem abertos.

Paulo Resende

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

É preciso existir a abordagem mais comercial

das inovações, mas o papel de financiandor

destes projetos deveria estar na alçada do

BNDESpar.

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Muitas novidades geram retorno apenas no

longo prazo (algumas vezes mais de cem anos como a

fibra optica) e precisam ser trabalhadas. Nem

investidores, anjos, fundos e etc tem interesse

nestes projetos que são de vital importância

para o país. Neste caso, a FINEP deveria oferer

recursos não reembolsaveis para estimular este

tipo de operação. É necessário abrir portas para

pessoa física não ligada a univerdades.

Para casos especificos como a copa e

olimpiadas, FINEP, SEBRAE etc devem incentivar

projetos.

A quantidade de micros e pequenas empresas

no Brasil é similar do ponto de vista relativo aos

paises mais avançados. Um grande problema

neste tema é que a renda gerada por este

segmento é muito menor que a renda gerada

em outros paises. Isto mostra que temos pouca

produtividade e competitividade neste perfil

empresarial. Seria importante uma linha

específica de financiamento da FINEP para a

questão competitividade.

O Brasil gasta muito tempo comparando as

nossas caracteristicas com o resto do mundo e

praticamente não gasta nenhuma energia em

comparar como o nosso potencial. Seria

interessante ver trabalhos da FINEP e do

BNDESpar sobre o potencial e o que necessário

para o seu desbravamento.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Paulo Pastore

O INPI é um órgão que registra, mas, não dá

proteção alguma, é uma lástima. Na década de

80 não existia esta começão de taxas, inscrição,

mas, tiveram brasileiros que vendo tantas

patentes inúteis, inventaram de cobrar taxas,

inscrições, acabou aquele INPI e hoje é mais um

órgão de cabide de empregos, que nada fazem

e deixam passar entre os dedos as patentes e

assim nunca seremos um país de primeiro

mundo, nunca e nunca.

Temos dois satélites brasileiros congelados no

espaço, isto mostra que nossa cultura latina é

falha, nunca chegaremos a lugar algum,

infelizmente.

Falar em empreendedorismo tem que se medir

com quem será um investimento, mas,

patentear isto nunca irá dar certo, enquanto

houver estas frestas de corruptos no poder,

que ganham como querem.

Já poderíamos ter carros elétricos aos montes

no mercado em geral, e não pagaríamos tão

caro por combustivéis adulterados ou batizados

do alcool, que já custa R$ 1,99, um roubo na

“cara dura”, não compensa não.

A Hidrovia do Tietê tem um potencial para o

transporte a granel, de baixíssimo custo, mas

não, querem o rodoviário que os custos são

muito, mas, muito mais elevados, infelizmente

o Brasil teria que ser descoberto de novo, e

quem sabe teríamos um país decente.

Paulo L. Pastore

[email protected]

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Participação de Marcos Assano

Gostaria de sugerir um novo tema a ser

discutido na próxima edição do jornal: as

pesquisas com carros elétricos.

Desde o alerta sobre o aquecimento global

devido às emissões excessivas de dióxido de

carbono, as montadoras de automóveis

iniciaram uma corrida rumo ao

desenvolvimento de carros híbridos e os

totalmente movidos a energia elétrica.

Prezados colegas da rede, na sua opinião, o

Brasil deveria também desenvolver tecnologia

para carros elétricos? Por quê?

Marcos Assano

[email protected]

Participação de Marcos Georges

O Japão não liderou a inovação em supply

chain, e na área da qualidade sua atuação é

notória, mas também não liderou “todas” as

inovações no campo da Qualidade.

Marcos Ricardo Rosa Georges

[email protected]

Participação de Marcos Assano

Em um artigo da Revista Conhecimento &

Inovação (abril a junho de 2010), a Dra. Sonia

Federman, do INPI (Instituto Nacional da Propriedade

Industrial), faz uma pequena crítica ao método de

avaliação de pesquisadores pelo número de

trabalhos publicados e o não patenteamento

do resultado de suas pesquisas27.

Segundo Federman, pesquisadores de centros

de pesquisa e universidades com maior número

de publicações têm maior reconhecimento e

maior índice de aprovação de projetos pelos

órgãos de fomento. Em 2008, pesquisadores

brasileiros publicaram 30.415 artigos,

correspondentes a 2,63% de toda produção

científica mundial, com tendência de

crescimento. No entanto, o Brasil se mantém

muito abaixo no ranking de depósito de

patentes, estando muito abaixo dos países

formadores do BRIC. Atualmente os artigos

publicados superam em 80 vezes o número de

pedidos de patentes no Brasil.

Embora possa parecer, o pedido de patente

não é complicado, burocrático ou caro, como

muitos deles pensam. A concessão, por outro

lado, pode demorar um pouco. Da mesma

forma que confeccionar um artigo cientíco, o

pedido de patente pode ser trabalhoso para o

pesquisador no início, mas depois, torna-se um

processo automático. Quanto ao preço, o INPI

cobra uma taxa de retribuição de R$ 80 para

pessoa física, ou R$ 200 para pessoa jurídica.

Enquanto o tempo de publicação de um artigo

leva em média um ano, a concessão da patente

leva de seis a sete anos (cinco anos nos EUA, dois

anos e meio no Japão e na Coréia do Sul).

27

Nota do Editor: Texto original: "Publicar ou depositar a

patente?", em

http://www.conhecimentoeinovacao.com.br/materia.php?i

d=374

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Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.

ISSN:2178-8901 ANO 3 – número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170

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O simples depósito do pedido de patente já

garante uma expectativa de direito industrial (o

direito consumado vem com a concessão da patente),

enquanto a publicação do artigo científico

garante apenas o direito autoral. Logicamente,

nem tudo deve ser patenteado, mas apenas

aquilo que se julgue importante ser protegido.

Quando o pesquisador deposita a patente e

uma empresa se interesse em transformá-la em

um produto, eles estabelecem uma parceria

com licenciamento da tecnologia. Caso a

patente não esteja depositada, a empresa pode

aproveitar a sua pesquisa, redigir o pedido de

patente e ser sua detentora. Neste caso, o

pesquisador não terá como contestar o direito

industrial. O texto cita dois exemplos:

O primeiro é o do remédio Capoten ou

Captopril, utilizado por hipertensos. Um medico

paulista apenas publicou o resultados de seus

estudos em um periódico internacional. Uma

multinacional farmacêutica reconheceu o

potencial da pesquisa e rapidamente

transformou-a em uma patente de um

medicamento já em condições de ser utilizado

em pacientes. A empresa não gastou dinheiro

ou tempo de pesquisa, e o pesquisador não

teve como contestar o laboratório.

O segundo exemplo é o de um diamante

artificial desenvolvido por pesquisadores

paulistas, este sim, patenteado e publicado.

Uma empresa licenciou a patente para a

fabricação de brocas para uso odontológico

vendidas para vários países, e os pesquisadores

(ou o instituto de pesquisa) colhem os frutos dos

royalties.

Desta forma, pesquisas com resultados

passíveis de uso comercial no futuro merecem

depósitos de patente para que outros não se

aproveitem gratuitamente destes esforços. E

também devem ser publicados posteriormente

para liberar o conhecimento para sociedade.

Como no Brasil a maior parte das pesquisas são

financiadas pelo Estado, as patentes seriam

uma forma de proteger estes investimentos

feitos com dinheiro público.

Marcos Assano

[email protected]

Participação de Marcos Georges

Escutei de um amigo que a publicação prévia

de um invento o impossibilita de patenteá-lo,

pois, com a publicação o invento tornou-se de

domínio público.

Isto é verdade?

Com relação as patentes, alguém teria um

roteiro ou poderia me ajudar a elaborar um

pedido de patente?

Marcos Ricardo Rosa Georges

[email protected]

Participação de Reginaldo Carvalho

Está é uma boa discussão. Geralmente e

infelizmente seu amigo está certo. Existem

duas esperanças:

1- O elemento de domínio público é parte de

algo maior. Por exemplo, uma reação química

nova de domínio público é parte de um

processo de transformação maior. Com isso, se

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você publicou algo interessante e percebeu que

poderia ter patenteado. Bom... Busque

aplicações inovadoras e patenteie a elas. Os

mecanismos atuais e proprietários de

compressão de vídeo utilizam métodos de

domínio público.

2. (válido para publicações recentes): Segundo a

http://www.uspto.gov/web/offices/pac/mpep/

documents/appxl_35_U_S_C_102.htm, você

teria em tese um ano para patentear nos EUA

após a publicação28

. O problema é que, como

este é um tema de muito interesse e envolve

brigas judiciais longas e caras, muitos

desanimam e preferem deixar para lá.

O melhor mesmo é primeiro depositar o pedido

de patente e depois publicar, mencionando que

os resultados foram alvo de pedido de patente.

Sobre a receita de bolo de como patentear,

imagino que a PUC-Campinas tenha um núcleo

ou um departamento que te ajude no processo.

É a melhor forma, pois tem um “Advogatês”

medonho que deve ser seguido.

Caso o contrário, na internet há vários sites que

podem ser úteis. Um deles

http://inventar.com.br/registre.htm

Agora, também há na Net muita mágoa com

respeito a como o processo é conduzido no

Brasil pelo INPI. Por isso, se o teu objeto de

patente for realmente bom e tiver potencial,

não desanime.

Trabalhei em uma empresa que patenteava

sempre nos EUA, Europa e, sempre que possível,

28

Nota do Editor: trata-se do “período de graça”, também

vigente na legislação brasileira e internacional.

Japão. Mesmo que todos estes países sejam

signatários da Convenção de Paris, é

importante garantir que não vai haver brechas

jurídicas para beneficiar empresas de lá. E

quem pagava todos estes depósitos? A própria

empresa.

Reginaldo Carvalho

[email protected]

Participação de Milton Barcellos

A exceção para que a publicação prévia inicial

não prejudique a novidade da patente é o

prazo máximo de 01 ano após a data da

publicação. Ou seja, de acordo com a Lei da

Propriedade Industrial Brasileira (Lei 9279/96) o

inventor dispõe de 01 ano para ingressar com o

pedido de patente referente à publicação

anterior sua. A Convenção da União de Paris

igualmente prevê um prazo para o denominado

“período de graça”. Interessante notar que o

período de graça não é uniforme, pois pode ser

de 12 meses em boa parte dos países, mas em

alguns é de 6 meses ou até mesmo nem existe.

Portanto, a melhor medida para o resultado de

uma pesquisa que envolva novidade, atividade

inventiva e aplicação industrial com potencial

comercial é primeiro requerer a patente e

somente depois publicar. Importante notar

também que isso funciona no sentido inverso,

ou seja, existem inúmeras criações intelectuais

dos mais diversos países que já estão no estado

da técnica e podem ser livremente utilizadas,

pois a) não foram objeto de patente; b) a

patente expirou; c) a patente do exterior não

foi “validada” no Brasil dentro do prazo legal

previsto pela CUP e pelo PCT; d) a patente foi

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abandonada por falta de pagamento de

anuidades...

Quanto ao roteiro para elaborar um pedido de

patente, deve-se seguir os Atos Normativos do

INPI (ver em www.inpi.gov.br) e ter máxima atenção

para a necessidade de suficiência descritiva da

invenção e uma boa redação das

reivindicações, pois boa parte das patentes que

temos no Brasil são mal redigidas e, mesmo

que concedidas pelo INPI, possuem baixo valor

pois têm proteção limitada por reivindicações

mal escritas (o que limita o direito da patente e

possibilita contornar a patente sem viola-la no mercado ou

até mesmo o denominado “inventing around” sem

vinculação).

Além disso, existem cursos de propriedade

industrial que ajudam a entender o sistema de

patentes, assim como cursos específicos que

ensinam a redigir patentes. A ABAPI

(www.abapi.org.br) possui esses cursos realizados

no Rio, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio

Grande do Sul. Aqui em Porto Alegre vou

coordenar o Curso Intermediário de Patentes

que é direcionado àqueles que já possuem

conhecimentos sobre o direito de patentes

(cursaram o curso básico ou possuem experiência

comprovada) e que pretendem aprender a redigir

pedidos de patentes. Maiores informações

através da ABAPI ([email protected]).

Milton Lucídio Leão Barcellos

[email protected]

Participação de Paulo Resende

Para alimentar as discussões que aqui ocorrem

sobre patentes, segue uma questão um pouco

controversa:

Sempre ouvimos falar que as empresas

registram patentes e que, muitas vezes, o único

resultado prático é um “belíssimo portfólio”.

Elas sabem que a maioria das patentes não

servem para nada, nem sequer são citadas...

mas que impressionam pelo seu portfólio

quando estão à procura de recursos.

Ora, se isso for verdade, então o processo de

patentes pouco significa. Pior ainda: fica

explicado por que a maioria das patentes são

de utilidade duvidosa – não serviriam para

nada? -, entre outros motivos porque estão

registradas em nomes de estrangeiros -

aumentam o portfólio das empresas mas não

desprestigiam a empresa e, sim o dono da

patente, em geral, brasileiros, argentinos etc.

Assim, os mesmos estrangeiros podem ser

vistos como “bois de piranha”, pateteando e

pensando que são grandes quando, na verdade,

são apenas uma ferramenta de auto-

desprestigio.

O que acham disso? E quanto ao sistema

internacional de patentes? Deveria ser

modificado? Para fins de apuração do currículo

e outras questões, deveríamos considerar

somente as patentes efetivamente utilizadas

em processos produtivos / licenciadas?

Paulo Resende

[email protected]

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Participação de Ricardo Mansur

A utilidade e viabilidade comercial de uma

patente não acontece obrigatoriamente no

curto prazo. Não há sentido em se considerar

apenas aquelas "utilizadas em processos

produtivos / licenciadas" pois isto pode

demorar muitas anos.

O problema do Brasil não esta relacionado com

rito para registrar as patentes e o resto do

mundo tem muito mais na pratica que

“belíssimo portfólio”.

A questão real é que sempre que o conteúdo é

maior que a forma o sucesso aparece. Muitos

ainda vivem no parnasianismo e desejam que

valores ultrapassados funcionem. É mais fácil

falar do rito e desviar do assunto principal do

que resolver o problema. Isto é parte da cultura

nacional para o bem e mal.

Não há necessidade de mudança profunda.

Eventualmente algum ajuste pontual pode ser

interessante.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Jarlei

Aproveitando a experiencia de todos nestes

posts, seria possivel listarmos as patentes

registradas no Brasil que ganharam mercado?

Do que foi registrado, desenvolvido, o que esta

nas nossas vidas?

Parece que este caminho daria um vies pratico

e tambem elucidaria a questao de termos

patentes registradas somente como portfolio.

Seria interessante comparar isto com outros

mercados (me parece que o Americano é o benchmark).

Jarlei

[email protected]

Participação de Robson Paniago

O Brasil precisa desenvolver um processo de

proteção da propriedade intelectual que

respeite as normas internacionais e tenha

validade para todos.

No Brasil precisamos mais do que isso para

aproximar as Universidades das Empresas. Um

não fala com o outro e tem muita gente criando

coisas e desenvolvendo ideias que não são

práticas e, mais do que isso, um não sabe das

necessidades do outro.

Acho que os fóruns e congressos deveriam

propiciar essa aproximação entre as partes.

Essa interação é fundamental e gerará

benefícios para ambas as partes e depende das

universidades, órgãos de pesquisa, governo,

empresas etc.

Robson Paniago

[email protected]

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Participação de Darcio Calligaris

Nós brasileiros devemos continuar

patenteando, e o bom senso diz que deve

serem boas patentes e que tenham utilidade e

aplicação imediata ou estratégica.

Recomendo que seja criado um banco de

patentes..., nacionais e internacionais e até no

que o pessoal fora do Brasil está pensando em

patentear e patentearmos antes...

...Devemos ser estratégicos, esta habilidade nos

falta, falou-se da P&G, e uma das empresas mais

ricas do planeta, adquiriu as maiores empresas,

é a maior produtora de pasta de dente e

materiais de consumo, e o nome P&G, para

disfarçar os acionistas da Procter & Gamble

(P&G), se quisermos seguir um modelo,

podemos seguir o deles são extremamente

espertos e exelentes negociantes, a

Hypermarcas que comprou a Neo-Química

pode falar sobre isso.

Somos muito técnicos, devemos colocar em

nossos quadros do governo: espiões,

marketeiros, grandes negociantes e esses

darem as informações para os brilhantes

técnicos brasileiros, vamos fazer igual ao

poderosos. Já dizia isso no laboratório do

governo, mais não davam ouvidos.

Darcio Calligaris

[email protected]

Tema 6: Brasil, o país do Indizível Futuro. Ou...

Vamos construir o nosso país?

Participação de Paulo Resende

Foi apresentado no III Congresso Internacional

Six Sigma Brasil e evento acoplado VII

Workshop GESITI – 2011, realizado nos dias 18 e

19 de maio, um trabalho que propõe a reflexão

sobre o futuro do Brasil, tomando por

referência dois momentos da história do país: o

empreendimento do ciclo da cana-de-açúcar e

o último quarto do século XX (disponível em

http://www.slideshare.net/pjresende/o-indizvel-futuro-do-

brasil-ou-vamos-construir-um-futuro-para-a-nao).

Num plano ideal, o trabalho pretende

“contaminar’, de forma viral, um punhado de

mentes lúcidas que tomem a iniciativa de

disseminar a discussão. O que está em jogo é a

Nação que pretendemos construir para todos

nós.

A fim de motivar a leitura do material, destaco

alguns trechos:

...A jovem colônia participava de um

movimento global de expansão e estruturação

de rotas comerciais, e formação de estados

nacionais. Em meio a essa disputa, formou-se a

semente daquilo que um dia seria o Brasil. Seu

futuro, naquele momento, reproduzia a eterna

sucessão de ciclos de plantar, colher, produzir e

vender...

... O II Plano Nacional de Desenvolvimento

(década de 1970) foi o primeiro plano estabelecido

sob uma clara visão do panorama externo e

com a intenção de minimizar a sua influência

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sobre o país: o fato do II PND ter sido concebido

de modo a manter o crescimento interno,

mesmo em condições desfavoráveis no plano

internacional, estabeleceu um modelo de

contraposição entre as dimensões local e global

inédito até então...

...Até o final do século XX, o objetivo de tornar o

Brasil um país desenvolvido não fora alcançado.

O país não apresentava condições autônomas

para lidar com o novo panorama econômico

mundial (subordinação à visão neoliberal da política

econômica)... Não temos mais um futuro: hoje

possuímos metas.

Com o objetivo de resgatar um ideal de

construção do país, e no espírito da promoção

do debate na Rede GESITI, convido todos à

reflexão:

- Que indivíduos e instituições se revelam

capazes de discutir o futuro do Brasil?

- Seria uma responsabilidade exclusiva do

governo?

- Seria um “ônus” para a sociedade?

- Como as redes de informação (redes sociais, listas

de discussão, grupos) podem se inserir em

discussões para a projeção do Brasil de 2025,

2050 etc.?

- Você já pensou em construir o seu país?

Paulo Jose Pereira de Resende

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

O assunto é muito polêmico porque existem

muitas opiniões para o futuro e praticamente

nenhum visão concreta.

O Brasil escolheu ser um país de commoditty.

Isto não é bom nem ruim. É uma escolha. O real

problema é quando é feita a escolha de vender

"soja entre outros" e achar que teremos um

desenvolvimento com boa distribuição de

renda.

No jornal Folha de São Paulo de 22/05/11 saiu

um artigo sobre "VIPs" e as suas reclamações.

Por incrível que possa parecer o local que moro

e respectiva solicitação apareceu. Estamos

longe de ser AAA, mas para acomodar como

classe C (classe média) os pobres então a solução

foi mudar a escala.

Foi criado o five A, four A e assim

sucessivamente para que os antigos classe D e E

fossem promovidos para cima. É a chamada

escolha parnasiana.

A escolha commodity implica em aumento de

riqueza para alguns e o resto do país

sustentando esta opção.

O real problema é que mais de 80% dos

brasileiros aprovaram esta escolha.....Então é

justo que o destino dela lhes seja entregue no

futuro.

Considero muito difícil que existam mudanças

entre a troca realizada de "pequena aumento

de renda no curto prazo" e "profundo

descompasso no longo prazo".

A escolha já foi feita...

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Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Paulo Resende

Sim, essa escolha já foi feita. Mas, se nos

desvencilhamos da visão microcíclica, passamos

a compreender que o futuro se constrói a partir

de uma sucessão de escolhas "já feitas"... Uma

decisão presente vai gerar um futuro distinto

daquele que será alcançado na manutenção

das escolhas e diretrizes atuais.

É clara a percepção de que uma economia

baseada em commodities não sustenta ritmos

de crescimento satisfatórios no longo prazo.

Mas ainda nos falta a capacidade de projeção o

quadro desejável. Onde estão os atores que

devem olhar o futuro?

Tais atores, na década de 1970, estavam

espalhados por diferentes áreas do governo, da

iniciativa privada e da sociedade em geral. Não

creio que hoje tenhamos essa adequada

dispersão, ou que haja harmonia nas visões

desses atores. Há uma dificuldade em perceber

para onde estamos indo hoje em dia. Os

indicadores globais, enquanto isso, inspiram

cuidados: real valorizado, matriz exportadora

baseada em commodities, os demais

integrantes do grupo dos BRICKS (considerando

Korea e South Africa no time) crescendo mais do que

nós...

Algo está errado, na minha opinião. Precisamos

de mobilização em torno da discussão.

Ainda que 80% da população aprovem o estado

atual das coisas, talvez o façam por não terem

plena consciência dos riscos do longo prazo que

essa trajetória apresenta. Não estou

defendendo o rompimento com a estrutura de

pensamento atual, mas sim a sua adequação

sob uma perspectiva de longo prazo.

Aceitar e deixar como está é reconhecer nossa

própria imobilidade frente ao quadro atual. Se

temos o pensamento crítico o suficiente para

perceber que algo está errado, creio que

estamos convidados a agir.

Paulo Jose Pereira de Resende [email protected]

Participação de Ricardo Mansur

Boa pregunta: "onde estão os atores". Eles

existem mas a grande maioria ou perdeu o

interesse ou resolveu sair do palco por falta de

sintonia com a opinião comum...

A revista da ESPN tem na sua capa BRICS ou RICS?

No meu ponto de vista o real problema é eu,

você e alguns poucos afimam que algo está

errado. A triste realidade é que somos uma

extraordinária minoria. Se você for para as ruas

e perguntar vc vai encontrar como resposta

que o caminho que escolhido é correto.

Tens razão quando afirmas que novas escolhas

mudaram o futuro. A questão chave aqui é se

as pessoas querem novas escolhas.

Eu já passei dos 40 e em 2050 não estarei por

aqui. Alguns de nós tb estão nesta faixa etária.

Por que vamos escolher mudar a imensa

maioria se os pronciapis interssados os que tem

20 anos hoje em dia entendem que tudo está

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bem. Para muitos a educação esta bem e

existem outras coisas assim.

Sou meio cético em relação às mudanças para

melhor...

No dia que existir o entendimento que a

educação é base de tudo então teremos a

melhor escolha. Hoje em dia já temos os

chineses, indianos contrantando brasileiros e

vencendo licitações privadas aqui no Brasil. Por

que que isto acontence?

Com toda a sinceridade. O dia que encontrei a

afirmação que faço parte da classe A é o dia que

entendi por que estamos escolhendo este

destino. Classe A em qualquer lugar do mundo

é lugar de milionários e não de trabalhadores

como eu que no máximo são classe B.

A nossa solução não foi resolver a probreza mas

mudar a escala. Eu sou classe A mas existe o

five A e com isto os pobres de outrora são

classe média....

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Ruy Ferreira

Tentando refletir sobre os pontos elencados:

- Que indivíduos e instituições se revelam

capazes de discutir o futuro do Brasil? (1)

- Seria uma responsabilidade exclusiva do

governo? (2)

- Seria um "ônus" para a sociedade? (3)

- Como as redes de informação (redes sociais, listas

de discussão, grupos) podem se inserir em

discussões para a projeção do Brasil de 2025,

2050 etc.? (4)

- Você já pensou em construir o seu país? (5)

As ponderações:

1. Não acredito em indivíduo quando se trata

de decisão coletiva, pois é ilógico. Logo, falo em

instituição. A Câmara dos Deputados, única

instituição que representa o povo brasileiro, é o

lócus onde esse debate deveria se dar, de

forma permanente, séria e aberta, com total

transparência. E mais, em forma de assembleia

e nunca em formato de comissão específica.

Fora do parlamento a discussão do futuro do

Brasil é golpe contra a nação.

2. O governo não pode e não deve se imiscuir

no planejamento do futuro do ESTADO (Nação). A

ele cabe executar o planejado. Pois os governos

passam e a nação permanece. O que um

governo pensa é imediatista o que o Estado

pensa é perene.

3. A sociedade deve se rebelar diante da

tentativa de um governo ou de um grupo de

poder tentar planejar o futuro da nação. Em

países sérios isso levou à guerra civil, como na

Espanha por exemplo.

4. Vejo as redes sociais como novas formas de

formação de opinião e exposição dessas

posições. Não acredito que uma rede social

venha a intervir no planejamento de Estado,

mas cooperar para melhorar, isso sim. As redes

podem apoiar a melhoria da representatividade

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Página 71 de 85

parlamentar. Seja em formatos plebiscitários

ou de referendos, seja orientando o voto dos

representantes do povo. Vejo as redes como

uma forma de aproximação entre pessoas e

grupos, logo, perfeitamente utilizável no

debate de pontos de discussão nacionais.

5. Desde os 13 anos de idade, venho

construindo o Brasil. Primeiro como operário

em uma fábrica de tecidos, depois como

metalúrgico numa siderúrgica. Aos dezenove

anos fui para o Exército e lá pensei e construí

ao modo possível para um militar o Estado

Brasileiro (1971 a 1994). Quando saí do EB fui

para a universidade socializar o conhecimento e

a experiência profissional, como analista de

sistemas, e permaneço até hoje, cooperando

na construção desse país.

Pena que já passei dos 55 e agora começo a

descer a ladeira profissional e da vida.

Quanto a ser "meio cético" em relação a

mudanças eu reforço e afirmo: sou cético em

relação a mudanças.

Só quando o povo vai a luta que a mudança

ocorre. Senão, o que parece ser mudança é na

verdade simples reformas, impostas de cima

para baixo. Atendendo ao grupo de poder de

plantão.

Já vi esse filme, e não gostei.

Ruy Ferreira

[email protected]

Participação de Sergio Ramiro

Países vizinhos estão tendo crescimento maior

do que o nosso. Veja o exemplo do Chile e

mais recentemente do Peru. A Colômbia

começando a melhorar seus índices de

crescimento também, e o Brasil muito, muito

devagar a velocidade de tartaruga quando

comparado com alguns outros países.

Que alguma coisa está errada, é fato. A

melhoraria do poder aquisitivo das classes mais

baixas é bom e mostra que se fez um trabalho

bom na área de financiamento o que "aquece"

a economia interna, porém é um aquecimento

como o do papel na churrasqueira, - faz um

fogo bom e forte por alguns momentos, mas

depois que se consome não deixa grandes

resultados. A economia baseada em

commodities é igual ao papel na churrasqueira,

e a longo prazo sem o crescimento das

industrias de base, a possibilidade de

estagnação aumenta.

Ontem eu li um aviso: “para ficar para trás

basta ficar parado”• é o que creio que está

acontecendo com o Brasil, os outros países

estão avançando mais rápido do que nós por

isso é que nossos índices de crescimento estão

menores que os dos nossos vizinhos.

Para reverter este fato, é preciso ter visão de

longo prazo, o que as vezes é pouco populistas

e tenho minha dúvidas se o governo atual está

disposto a tomar este tipo de medidas. Creio

que vão deixar para o próximo governo (4 anos

para frente), mas com as medidas populistas será

que eles vão se re-eleger? E ai? De novo deixar

para o próximo governo (mais 4 anos)? Então

vem a pergunta até quando sustentar o

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governo com medidas que não são de longo

prazo?

Sergio Ramiro

Sergio Ramiro [email protected]

Participação de Paulo Resende

Pode até haver loucura, o que não destitui toda

essa movimentação de um certo método... A

decisão de estimular o consumo foi deliberada

e teve seu impacto. Como nossas tabelas de

classificação de classe social levam em conta,

por exemplo, quantas TVs há na residência...

Acontece a distorção que você denuncia

aparece aí, claramente.

Mas, todos sabemos, essa estratégia é artificial

e transitória. Essa elevação ocorre à custa de

uma carga tributária terrível, que retira

dinheiro de alguns e financia o "geladeira

social", o "bolsa família", o "vale gás"... Se a

educação forte e de qualidade não

acompanhar, o colapso dessa estrutura será

inevitável. É urgente que haja estratégias para

que a população deixe de "receber subsídios" e

passe a gerar riqueza de forma autônoma.

A autonomia para gerar riqueza, inclusive, é

uma solução para minimizar a distorção de

concentração de renda que você apontou.

A educação é a solução para a construção do

futuro? Espero comentários.

Paulo Resende

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

A modernidade permite que existam conversas

sobre o futuro fora do congresso. No entanto

isto não significa que eles não estejam

participando em todos os momentos e

conduzindo as coisas. E neste ponto temos

problemas reais.

1. Para um determinado segmento da

sociedade, não existe valor para o trabalho do

congresso. Quer porque existem dúvidas sobre

a honestidade, quer porque existem dúvidas

sobre a utilidade. A reforma fiscal, política e

outras é sempre um sonho de futuro.

Atualemente o congreso discute uma reforma

política. O voto obrigatório foi mantido porque

as pessoas que lá estão consideram o brasileiro

imaturo para decidir se vão votar ou não. O

interesse é que eles não consideram o voto

dado a eles como fruto de imaturidade.

2. Do resto que foi colocado, estamos de

acordo. Inclusive o nível de ceticismo. No dia

que o Brasil fizer uma pequena mudança como

exigir nota acima de 70% de aproveitamento no

ensino básico por exemplo para conceder a

carteira de motorista, poderemos acreditar que

novas escolhas estão sendo feitas. No dia que o

governo federal que tanta fala de reforma fiscal

fizer algo muito simples e dentro da sua

competência como unificar todos os impostos e

tributos federais em um só (mantendo o valor

total), poderemos acreditar em novas escolhas.

Por enquanto parece apenas mais do mesmo.

Ricardo Mansur

[email protected]

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Participação de Jack Sickermann

Enquanto a estratégia está errada, quase tudo

o que for feito, mesmo com as melhores

intenções e as melhores técnicas e recursos,

não levará ao resultado desejado.

Esta falta de uma estratégia consistente não é

um problema nosso no Brasil, mas

praticamente mundial. Vejam só como os

problemas proliferam na CE, porque uma idéia

simpática e que visava garantir prosperidade e

paz numa região historicamente bélica está se

esfarelando diante da incapacidade de

harmonizar interesses nacionais conflitantes.

A tônica da política governamental em todo

mundo é “fazer mais do mesmo esperando

resultados diferentes” (Einstein). O pior exemplo

é a inundação do mercado americano com mais

dinheiro, o que leva a inflação, outros países

fazem similar em escala menor.

O ensinamento disso - e as notícias do Oriente

Médio e de outras partes do mundo - é que

felizmente a juventude está se dando conta

que não haverá futuro (perspectivas profissionais e

liberdade pessoal) a não ser que eles mesmo a

construam. E começam a usar outras formas de

comunicação, discussão e decisão.

O que isto sugere a respeito dos governos?

Penso eu que independentemente da

qualidade ética e pessoal dos detentores do

poder os mecanismos de tomada de decisões

dão cada vez menos conta das necessidades de

uma gestão minimamente produtiva.

E nesta fase de transição distúrbios são

inevitáveis, bem como a aparecimento de cada

vez mais “atores” que fingem ser políticos ou

até estadistas, ou pior, oferecem as batidas

“soluções” simplórias e não raramente

discriminatórias.

O cerne da questão não é o tamanho e a

velocidade do crescimento do PIB, mas o quanto

um país é capaz de oferecer desafios e

perspectivas para os seus jovens, um norte que

não se esgote nos desejos fugazes do consumo.

Havendo um clima de “vamos lá” coletivo, o

status da boa educação e do bom ensino, e

outros problemas que nos afligem tanto hoje,

serão enfrentados com outro ânimo.

Jack M. Sickermann

[email protected]

Participação de Jair Siqueira

O planejamento de longo prazo é essencial,

imperioso e devemos envidar todos nossos

esforços para insistir, contribuir e convencer os

responsáveis pela sua necessidade.

Historicamente temos pelo menos dois

exemplos que deram certo. Remeto a um

passado que pode parecer remoto, mas, por

isso foi que usei a palavra “ historicamente “.

Reis Veloso no governo federal fez um

planejamento de apenas 5 anos cujos

resultados foram excelentes. Carvalho Pinto fez

com muito êxito seu “Plano de ação “também

para cinco anos com invejáveis resultados. Em

épocas mais recentes nada que se destaque a

não ser o de Mangabeira Unger que trabalhava

com até 50 anos. (politicamente vencido )..

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Commodities consideradas como salvadoras da

pátria na balança comercial (o que é verdade) tem

na finalização da cadeia de produção e

exportação grandes multinacionais como

detentoras dos lucros (com poucas exceções) e,

portanto o resultado financeiro não é nacional.

Por favor, sem xenofobia e sem ufanismo. Há

que se pensar como incentivar o pequeno

produtor, criando um modelo duplo em

eficiência e produtividade para produção

interna e para crescente e necessaria

exportação.

Transportes – continuamos a despejar milhões

de carros no mercado todo os anos. Estamos

vendo os resultados e antevemos os desastres.

Mas soluções ou políticas publicas se existem

são extremamente tímidas. Recentemente o

Secretario de Transportes de São Paulo

anunciou a existência de planejamento de

melhoria e mesmo construção de uma rede

ferroviária que englobe pelo menos as regiões

metropolitanas. Lembremo-nos que a Siemens

dois anos atrás anunciou que um dos seus

quatro focos de investimentos de longo prazo

seria transportes de massa(o que já faz com

maestria).

Reforma fiscal que possa diminuir a carga fiscal

de 38% (variável conforme a fonte) não é

interessante para o governo. É mais fácil

manter e possivelmente aumentar essa carga

fiscal e em contra partida oferecer mais

assistencialismo à base da pirâmide social. A

pergunta permanece: Para quem interessa a

reforma fiscal ? Da mesma forma a reforma

política.

Não desejando tomar mais tempo dos prezados

amigos, faço referencia ao BRICS ou RICS como

fato de que o que realmente nos interessa é o B

de Brasil e opino que se os atores responsáveis

estão omissos, cabe a nós chamá-los à

realidade. O GESITI pode fazer alguma coisa,

como por exemplo, um congresso sobre

planejamento de médio e longo prazo que

poderia terminar com uma carta aberta ao

governo entregue por uma comissão especial.

Jair Siqueira

[email protected]

Participação do Moderador

1.2 - para discussão, que já é o foco da rede

GESITI nesse espaço apropriado e reconhecido

e,

2.2 - indicando oportunidade de evento...

Podemos aprofundar no tema29

Nosso mundo é fundamentalmente um mundo

sociotécnico o qual é caracterizado por:

• Interações humanas e tecnológicas;

• As organizações humanas são seres

vivem e deveriam ser analisadas nessa

conformidade e

• As suas interações afetam de modo

drástico os relacionamentos das pessoas no

espaço e no tempo

Portanto, se nós considerarmos que o

conhecimento central esteja inserido na cabeça

29

Nota do Editor: recomenda-se também a leitura de:

http://repositorio.cti.gov.br/repositorio/bitstream/10691/2

14/1/Paper_JITCAR_ICIS7.pdf

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das pessoas (conhecimento tácito), e suas

habilidades de utilizar esses conhecimentos

para gerar novos conhecimentos, então nós

não podemos falar sobre sociedade do

conhecimento (que nada mais é que o tema em

discussão até agora), sem levar em considerações

as interações acima.

SE fizermos isso, estamos atendo as questões

básicas e soluções do que se procurou discutir

até agora.

Desde que a Internet trás junto o computador,

os meios de comunicação e a inteligência

distribuída da família e da comunidade e, se

constitui a base para a efetividade das

organizações sociotécnicas então, desse modo,

além das dimensões econômicas,

organizacional, cultural e tecnológica, esse

específico contexto sociotécnico caracteriza

toda a iniciativa da sociedade do

conhecimento: sinergismo e onipresença

induzida pela internet. Aqui a Rede GESITI

atende plenamente.

No entanto, com relação a oposição gerencial

mencionada, ela sempre existirá. Por que? Por

quê sistemas sociotécnicos permitem, por

natureza, uma tomada de decisão colaborativa

e liderança compartilhada. Gerentes têm sido

relutantes em ceder o poder e autoridade que

eles, duramente, trabalharam para que fosse

estabelecido.

De fato, sistemas sociotécnicos desafiam os

tabus da gestão tradicional, ou seja,

compartilhamento da informação e

conhecimento com seus subordinados e na

medida que esses precisam saber (repasse de

conhecimento sensível).

O ponto central de uma burocracia tecnocrata

é que a tomada de decisão é de cima para

baixo e a execução é de baixo para cima. É

surpreendente que muitos líderes de

organizações pós modernas ainda acreditam

que a informação é melhor se mantida na

mente dos gerentes Seniores que foram

treinados como utilizar essa informação, tomar

decisões e implementar políticas. Nesse

modelo mecanicista, gerentes tentam mostrar

que sabem e os empregados tentam mostrar

que cooperam.

Esse novo emergente escopo do modus

operand social está mudando nossa

mentalidade sobre conhecimento?

GESITI - Gestão SI e TI em Organizações [email protected]

Participação de Ruy Ferreira

O poder de pressão de grupos ou da sociedade

pauta a Câmara dos Deputados. Logo, vejo com

bons olhos um debate levado a cabo por uma

comunidade ou parte da sociedade ser levado

até a câmara e isso terminar em lei (o ficha limpa

nasceu assim).

Em nosso caso, vejo como um subsídio e tanto

à Comissão de Ciência e Tecnologia o fruto de

nossos debates.

O moderador de nosso grupo de discussão

entregar ao presidente daquela comissão ou de

outra pertinente o resultado de uma discussão

finalizada aqui, com apontamentos concretos

de soluções é um caminho válido.

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Ou mesmo, de uma comissão de membros da

lista visitando os deputados da comissão

parlamentar adequada, com a finalidade de

subsidiar novos temas para eles, mostrando

soluções com base científica ou fruto do debate

entre especialistas de uma certa área.

Vejo isso como uma contribuição válida e muito

eficiente se não envolver a partidarização no

debate.

Parcipei de uma experiência assim com a EAD

entre 1997-1999 e o resultado foi uma frente

parlamentar que atuou e desaguou na adoção

dessa modalidade de ensino por parte do MEC,

CNE e governo federal.

Só não acredito que o Tiririca seja o

interlocutor ideal para isso. Mas, teremos que

convencê-lo a votar a favor de uma proposição

que melhore algo no Brasil.

Por fim, lembro aos colegas colisteiros que faço

uso do conhecimento aqui gerado em sala de

aula, ou seja, nada aqui é perdido. Inclusive

uma estudante da licenciatura em Informática

(Laís Ribeiro Silveira) defendeu em 2010 sua

monografia com o título: "Aprendizagem

Colaborativa em Lista de Discussão Composta

por Profissionais de TI: o caso GESITI". Quer mais

nobreza de uso que o emprego no ensino

daquilo que produzimos?

Ruy Ferreira

[email protected]

Participação de Paulo Resende

A projeção de um futuro é um exercício sujeito

a erros, mas espero que tais erros não sejam

impeditivos à realização. A sabedoria popular

diz: "só erra quem faz". Eu emendaria: "o maior

erro é nem tentar fazer". Veja:

O futuro almejado, mesmo que seja impossível,

deve ser uma meta perseguida. Se ele será com

couve e galinha, ou com camarão frito, essa é a

parte que cabe aos cozinheiros. Se será com

violão ou com atabaques, caberá aos músicos

encontrar uma visão comum. O que é relevante

afirmar é que é essa participação, de

engenheiros, cientistas políticos,

administradores, farmacêuticos, práticos sem

formação superior de todas as áreas, essa

participação fortalece e viabiliza o exercício da

construção do futuro...

"Esse novo emergente escopo do modus

operandi social está mudando nossa

mentalidade sobre conhecimento?"

Creio que a resposta a esse questionamento

seja positiva, ainda que parcialmente.

Alinhando a discussão da visão de futuro com a

discussão sobre sistemas sociotécnicos, temos:

1) Vivemos em um momento de mudança de

mentalidade, rumo a um novo modus operandi,

na esfera política nacional?

SIM. Se aplicamos um recorte histórico na

trajetória do nosso país, observando a segunda

metade do século XX, assistimos à emergência

de loci de discussão (vide as Comunidades Eclesiais de

Base, as organizações campesinas, o movimento estudantil

como cerne de oposição organizada ao regime ditatorial

etc.). Atendiam à premissa do

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compartilhamento de informações, porém em

sistemas fechados (por questões de segurança,

inclusive).

Nos últimos 30 anos, vários daqueles atores

sociais que se engajavam em articulações nos

sistemas fechados voltaram seus esforços para

a abertura de canais de interlocução com o

Estado e a sociedade. Paralelamente, fomos

envolvidos por uma onda global de

transparência e diálogo. O resultado é a

convivência hoje de visões de

compartilhamento e participação como o

orçamento participativo, os comitês gestores

dos programas e das políticas públicas, as

consulta públicas (diversos instrumentos legislativos já

foram submetidos a esse crivo), os referendos e

plebiscitos... Ainda que possamos admitir que

de forma parcial, os espaços de

compartilhamento da formulação e da

implementação das políticas públicas já

existem. Ainda falta muita da transparência que

garantiria a moralidade dos processos

(especialmente as compras públicas), mas o progresso

é irrefreável.

2) Qual a relação entre essa mudança de

mentalidade e a formação (resgate) de uma

visão de futuro?

O compartilhamento da informação e do poder

de decisão evidenciam a oportunidade da

harmonização das distintas visões de objetivos

a serem alcançados. A compatibilização entre

as infinitas visões gera, necessariamente, uma

projeção no tempo, compartilhada em suas

convergências por todos os atores envolvidos.

Assim, temos, em uma organização lógica:

No entanto, esse futuro compartilhado possui

diversas projeções temporais. Pode ser que os

objetivos de um indivíduo sejam alcançados em

12 meses, enquanto outros sejam alcançados

em 10 anos. Assim, temos:

Sendo “y” o menor tempo projetado pelos

atores envolvidos, e “z” o maior tempo

projetado pelos atores envolvidos.

Num sistema sociotécnico ideal, temos:

Ou seja: todos os atores envolvidos, toda a

informação disponível para todos, todos os

horizontes cronológicos abrangidos pelas

discussões no sistema.

Retornando à função estabelecida para o

futuro compartilhado, à luz da premissa

apresentada, temos:

Ou seja: os sistemas sociotécnicos permitem o

compartilhamento e a inclusão dos atores,

permitindo assim assumir que o futuro

projetado será função de todas as projeções

futuras estabelecidas pelos atores individuais.

O desenvolvimento acima “sugere” que a

reconquista de uma visão de futuro para o

Brasil, sob a perspectiva dos sistemas

sociotécnicos, pode ser alcançada por meio do

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máximo compartilhamento de informações e

de objetivos dos atores envolvidos (nós todos).

Sendo o compartilhamento uma premissa para

um sistema sociotécnico, e admitindo que já

vivemos, ainda que de forma sub-ótima, em um

sistema sociotécnico, fica o recado:

compartilhe suas informações nas discussões,

compartilhe sua visão de futuro, ou colabore,

por omissão, para a ineficiência do sistema

(político, econômico, social, tecnológico, cultural etc.).

Paulo Jose Pereira de Resende

[email protected]

Participação de Ricardo Mansur

Atualemente os políticos usam as rdes sociais

para as suas ideias e demonstração de

resultados.

Acredito que em breve as lideranças políticas

nascerão nas redes sociais.

É fácil perceber desta forma o papel que o GESITI

pode exercer.

Ricardo Mansur

[email protected]

Participação de Reginaldo Carvalho

O tema levantado é muito, muito relevante e

toca fundo o coração de todos nós. Sobre as

colocações que são tratadas na discussão,

temos:

- Que indivíduos e instituições se revelam

capazes de discutir o futuro do Brasil?

Em teoria, dentro de um estado de direito

democrático a discussão do futuro seria

conduzida por aqueles que representam os

diversos segmentos da sociedade (deputados) +

aqules que representam as diversas regiões do

país (senado), sob a observação judiciário, que

deve garantir a legitimidade das decisões para

adequada implantação do executivo.

Mas isso não é só teoria. É utopia. Nosso

governantes não possuem tradição nem

competência para discutir um plano de Estado

de longo prazo. Não acredito que não saibam

fazer. Sabem sim. Mas não querem,

especialmente em um momento que a

população brasileira carece de discernimento,

devido à burrice generalizada que prolifera

livremente no pais.

Concluindo: Se o governo representativo não

vai discutir (e não vai mesmo, esqueçam isso!), então

seriam as classes des-representadas que

deveriam fazê-lo. Agora,que classes? Bom, o

problema é que sem representação, todas

fazem isso ao mesmo tempo. E já estão

fazendo! Enquanto nós estamos discutindo

aqui se é ou não para fazer os Sem-terra, Sem-

teto, e outros, que a tempo não se sentem

representados, já fazem.

- Seria uma responsabilidade exclusiva do

governo?

NÃO, NUNCA! Em um estado democrático nunca o

governo deveria discutir o futuro. Ele

representa, mas nunca tem o papel exclusivo!

Ele não substitui! São governos totalitários que

fazem isso! Este é um mal nosso, brasileiro,

achar que o governo deve fazer tudo por ele.

Reclamamos do trânsito e pedimos

providências ao governo, mas paramos em fila

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dupla/tripla/quádrupla para pegar nossos filhos

na escola. Temos a péssima cultura de achar

que o estado é nosso tutor! isso é visão

colonialista! O estado é nosso representante.

- Seria um “ônus” para a sociedade?

Ônus não, é a responsabilidade da sociedade

discutir o próprio futuro. Uma sociedade

madura nem fica parada nem parte para o

extremismo. Ambos são fruto de imaturidade e

levam ao colapso.

- Como as redes de informação (redes sociais, listas de

discussão, grupos) podem se inserir em discussões para a

projeção do Brasil de 2025, 2050 etc.?

A pergunta parece ser já dirigida para a

resposta óbvia: informação, articulação,

mobilização, nesta ordem. Cito alguns

exemplos que já poderiam ser tratados.

1.Elas podem ser fundamentais para

restabelecer o processo de representatividade.

“Botar a boca no trombone” e conclamar o

brasileiro a ser agente de mudança positiva. Em

uma sociedade desarticulada como a nossa,

redes sociais tem potencial de gerar um

mínimo de movimento dirigido.

2. Com elas podemos iniciar um processo de

esclarecimento sobre problemas estruturais e

que devem vir à tona. Por exemplo:

A.Educação! o nosso sistema está podre desde

as raízes. Estamos com déficit de engenheiros e

técnicos. Tanto em número quanto em

qualidade. Quantas pessoas sabem que se o PAC

deslanchar o Brasil não vai ter pessoal

qualificado para tocar as obras? Adoraria ver o

projeto do Cristovam Buarque de obrigar os

eleitos a matricularem seus filhos nas escolas

públicas aprovado30

!

B. E sobre a questão do desenvolvimento?

quantos sabem que ele não virá como um

processo natural de evolução? esta é a grande

falácia que temos engolido calados, pois

ficamos, nós mesmos, confortáveis com a

relativa prosperidade que alcançamos devido à

pujança da economia mundial até 2008. Só que

agora o ritmo diminuiu. A pujança acabou, ou

deu uma pausa. Não nos preparamos

adequadamente. Porém, quantos sabem disso?

C. Quantos sabem que como os mercados são

sistemas econômicos fechados, é a produção

de alto valor agregado que garante o fluxo

positivo e sustentado de capital? Comodities

são elementos que alimentam os mercados.

Nenhuma (NENHUMA!) economia em nenhum

momento da história cresceu ou jamais

crescerá sobre comodities. No balanço final, o

papel delas é de prover o Mercado com os

recursos a serem transformados, mas recebem

muito pouco por isso. No fim, é velho escambo,

intermediado pelo mercado financeiro. Damos

100 toneladas de minério de ferro em troca de

1 tonelada de produto industrializado. Porém,

para industrializar move-se uma longa cadeia

que dá empregos e gera renda. E melhor.

Produto industrializado gera propriedade

intelectual, que silenciosamente, promove a

evasão de divisas por muito mais tempo além

do momento em que o escambo foi feito. Na

época em que existia o escambo a PI

funcionaria como as velhas taxas cobradas

pelas forças de ocupação. É isso aí. Vocês

30

Nota do Editor: referência ao Projeto de Lei 480/07.

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sabem disso. O mercado é facilmente

modelado como a antiga forma ocupação

territorial. Por isso uma economia baseada em

comodities é um aborto que não se sustenta....

Nós sabemos disso. E as redes podem ser

usadas para que outros saibam, se articulem e

mobilizem-se para promoverem suas próprias

soluções.

Lembro apenas que solução passa por defender

o Estado de Direito, que ainda é a melhor

forma de promover o bem estar equilibrado de

todos.

- Você já pensou em construir o seu país?

Todo o dia, o dia todo.

Reginaldo Carvalho

[email protected]

Tema 7: Sem humanidade, produção é

desemprego!

Participação de Luiz Antônio de Souza Silva

Em resposta a problemas decorrentes de mão

de obra, traduzidos pela onda de suicídios

entre seus trabalhadores, noticiou o "China

Business News" que a maior fabricante mundial

de celulares planeja saltar dos atuais 10 mil

robôs para 300 mil em 2012, chegando a um

milhão (10.000%!) nos três próximos anos.

Sem espasmos ou medidas de "austeridade"

contrárias, já que, no fundo, o desemprego

vem se transformando em padrão globalizado

de eficiencia contemporânea.

É nessa linha que vamos perdendo de vista

aquele em torno do qual sempre girou o

binônimo produção x consumo: o ser humano!

Pudera! Ontem a menor unidade estrutural

básica do ser vivo era a célula.

Hoje é o celular...

Enfim, é tecnologicamente possível diminuir

drasticamente a participação do ser humano na

produção, mas para quem restará o consumo?

Luiz Antônio de Souza Silva

[email protected]

Participação de Roland Scialom

Pois é, e agora? Os desempregados vão fazer

passeatas como os que estão protestando na

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http://br.groups.yahoo.com/group/GESITIs/ www.cti.gov.br www.mct.gov.br

Editado pela Rede GESITI DTSD/CTI criado em 18.fev.2008.

ISSN:2178-8901 ANO 3 – número XXI - JAN/DEZ.2011- www.cti.gov.br - Brasil “CTI Informa”: http://www.cti.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemid=170

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Grécia, em Nova Iorque ou em Israel, contra o

modelo economico? E ser censurado pela

policia porque segundo o sistema que os

desempregou estão perturbando a "ordem"

(conveniente para os responsáveis pela crise)? Se

suicidar em praça pública ateando fogo às

próprias vestes, como fez o cidadão tunisiano

que sem querer disparou a "primavera

tunisiana"?

As facilidades de comunicação que se tem hoje,

permitem que se construa a cabeça das

pessoas para criar nelas: (1) uma consciencia

humanista, (2) a importância de por em prática

estes conceitos e (3) uma capacidade de se

articular socialmente para por em prática o que

foi aprendido. Por enquanto poucas pessoas

estão se dedicando a esta missão. Essa

consciencia humanista é que seria a referência

moral para administrar a economia das

sociedades, ao invês de modelos

comprometidos com interesses particulares

demais.

O paradigma do individualismo está muito

presente. Os recentes elogios da maioria das

midias a Steve Jobs e a propaganda que fizeram

de seu discurso para a turma de formandos de

Stanford revelaram isso. O individualismo leva

cada pessoa a competir com as outras, para

alcançar "um lugar ao sol". E como não tem

lugar ao sol para todos, os que perdem na

competição devem se contentar em levar uma

vida menos prazerosa que os que vencem, ou

ainda sobreviver de forma humilhante.

O paradigma do individualismo serve por sua

vez ao paradigma de uma economia baseada na

riqueza de empresas que trabalham

exclusivemente para seus proprietários e

acionários e ao mesmo tempo fingem estar

trabalhando para a sociedade em geral.

A postura humanista não é antagônica à

postura individualista. Um camarada que preza

o individualismo pode perfeitamente partipar

de realizações humanisticas; é uma decisão que

ele tem que tomar. O humanismo é um

universo muito maior do que o individualismo.

Um trabalhador que é levado ao suicidio por

causa de uma situação economica é um

homem humiliado ao extremo. É quando o ser

humano se sente reduzido a uma criatura que

perdeu sua fé e sua alma porque se sente

abandonado.

Roland Scialom

[email protected]

Participação de Djalma Gomes

Concordo que temos ter uma visão mais

holística e menos individualista do mundo.

Mas pior do que ter uma visão individualista é

ter valores distorcidos e se deixar motivar por

algo transitório.

Muitos de nós priorizamos poder e dinheiro na

nossa carreira profissional em detrimento

daquilo que realmente nos motiva. Devido a

isto, não é de se estranhar que alguns se

arrastem ao longo da semana aguardando

ansiosamente pelo fim de semana. O trabalho

se torna muitas vezes um fardo e um enorme

tédio pois nos esquecemos do aprendizado da

infância quando a brincadeira nos envolvia de

maneira tão visceral que todo o resto perdia

importância e esquecíamos até de almoçar

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para continuar brincando. Ficávamos tristes

quando perdíamos um jogo e eufóricos quando

ganhávamos, mas mais importante do que isto

tudo era brincar e nos divertir.

Temos habilidades únicas que nos dão

vantagem competitiva frente a nossos pares.

Tentar ser bom em tudo só nos tornará

medíocres (ser medíocre é estar na média). E são

nestas habilidades que devemos focar e nos

aprimorar, já que resultado financeiro será

mera consequência. O Budismo chama isto de

Dharma e Jesus ensinou a mesma coisa através

da parábola dos talentos (Evangelho de Mateus cap.

25 vers. 14-29). Quando passamos a desenvolver

nossas habilidades naturais, o universo

conspira a favor. Deming (guru da qualidade) dizia

a mesma coisa nos seus 14 pontos de TQM.

Segundo Deming, as empresas não devem ter

foco em metas de curto prazo (como metas e cotas

financeiras). Deming acreditava que as

organizações devem ter foco em qualidade pois

os resultados financeiros eram mera

conseqüência de um foco genuíno em

qualidade.

Steve Jobs perseguiu como ninguém seus

sonhos e aquilo que realmente o motivava.

Transformou o mundo por ter fé em si mesmo

e acreditar em suas habilidades (ou talentos

pessoais). Seguiu ser Dharma e pôde ter a

sensação de ter realizado coisas no limite de

suas capacidades. O exemplo do Steve Jobs

deve ser seguido por todos nós, mas quem tem

a coragem de abandonar poder e dinheiro em

busca de seus sonhos? Mesmo que saibamos

racionalmente que o resultado de foco e

dedicação naquilo somos bons só pode ter bons

resultados financeiros, falta aquela coragem

que nos impulsionaria à mudança e à realização

de nossos sonhos. Falta fé. Preferimos

permanecer na situação de conforto do que

arriscar (fica mais fácil arriscar se for com o dinheiro e o

tempo alheio).

O homem não pode se ver como mera mão de

obra que merece ser valorizada. Ele tem que se

ver como alguém capaz de criar e fazer

diferença no mundo. Se todos acreditássemos

realmente nisto e tivesse fé (em Deus ou em si

mesmo), o trabalho seria altamente motivador,

nos sentiríamos realizados e jamais

pensaríamos em suicídio.

Como diz aquela música dos Titãs: Nós temos

fome de quê?

Djalma Pinheiro Gomes

[email protected]

Participação de Luiz Antônio de Souza Silva

Apenas para não perder o foco, sintetizo as

ponderações em única manifestação, embora

levando em consideração todos os frutíferos

comentários.

“A política por definição, é sempre ampla e

supõe uma visão de conjunto. Ela apenas se

realiza quanto existe a consideração de todos e

de tudo” (Milton Santos). Queiramos ou não,

todos dependem do que é feito ou se deixa de

fazer em nome dela. A solução encontrada pela

empresa, no exemplo inicialmente trazido,

gerará um custo social e econômico que será

suportado por todos.

A propósito, se uma taxa de desemprego de

21,3% na ESPANHA (poderia citar ainda o REINO UNIDO,

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os ESTADOS UNIDOS) ainda não é exemplo capaz de

espantar QUALQUER país do mundo, não sei mais

o que será!

As questões não são tão simples. Mas, diante

da forma como se anuncia o incremento de

10.000% na população de robôs em uma

empresa de imponência mundial31

em apenas

três anos, comprimindo, por outro lado, a sua

mão de obra, parece razoável que se fuja um

pouco do “pensamento único” e se passe a

analisar questões como a diminuição da carga

tributária (não do salário) sobre o trabalho

humano, transferindo-a para tributação sobre a

automação voltada para a sua substituição.

No caso doméstico do Brasil, uma sugestão

seria no que diz respeito aos caixas eletrônicos.

Quanto custa para o banco o vínculo com um

bancário? E quanto custa para esse mesmo

banco um caixa eletrônico?

Sem perder de vista o questionamento por mim

inicialmente lançado (é tecnologicamente possível

diminuir drasticamente a participação do ser humano na

produção, mas para quem restará o consumo?), a

oportunidade da discussão em tão seleto e

reflexivo meio, me faz sentir valorosamente

contemplado.

Luiz Antônio de Souza Silva

[email protected]

31

Nota do Editor: o autor da participação acrescentou o

seguinte comentário: “a propósito, foi marcante sua

participação no que tange à lei n° 12.507, de 11.10.2011,

que diz respeito a isenção de PIS e COFINS, que a beneficia”

Participação de Marcus Vinicius de Souza

Deveríamos ter mais humildade, para ver e

entender o que a natureza nos ensina, manter

esta sabedoria e vivermos de forma

harmoniosa - principalmente com a natureza -

pois o modelo adotado só nos tem levado a

própria extinção.

Perceba, temos grande lições que devem ser

percebidas - a Internet por exemplo causou

grande impacto pelo seu modelo tecnológico e

sim pelos efeitos colaterais - a participação e a

colaboração e que tornaram este recurso

impressionante. Assim cabe a nós não apenas

conhecer a Abordagem Sistêmica defendida por

Ludwig von Bertalanffy (de 50 a 68), mas adotá-la

somando com outros critérios que nos levem a

uma maior harmonia.

Enquanto vivermos a discutir "Que o meu é

melhor que o seu" - não importa o que,

continuaremos a caminhar para nossa própria

extinção - é preciso colaborar e participar para

evoluir, essa é uma lição da natureza, todos os

seres com este comportamento evoluem e

sobrevivem.(A Teia da Vida, Fritjof Capra)

Não importa as habilidades únicas que temos -

em tempo - estas podem até nos destruir em

muitas circunstâncias. A chama acessa neste

fórum que habilmente discute os aspectos

sócio técnicos dos Sistemas de Informação

devem e tem que considerar estes preceitos.

Marcus Vinicius Branco de Souza

[email protected]

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Participação de Marcio Girão

A natureza não nos ensina absolutamente

nada; ou melhor, a chorar que é que sabemos

fazer ao nascer. Se quisermos a volta da

integração total do homem à natureza, só

existe um caminho: a volta às cavernas.

Nós somos pequenos mas estamos a caminhos

dos deuses à medida que aprendemos a lidar e

dominar a natureza; nossa inteligência nos

torna maiores que um planeta inteiro sem vida.

Então, nós somos algo no cosmos.

Nosso fim está próximo mesmo, não importa o

que fizermos; o que são alguns milhares de

anos até a próxima era glacial ou um meteoro

destruidor ou, por fim, a gigante vermelha que

nos espreita de não muito longe?

Aproveitem que o tempo é curto; sejamos

individualistas; ambiciosos e tudo o mais que

nos empurra para a frente num mundo ainda

desconhecido.

Márcio Girão.

[email protected]

Participação de Marcus Vinicius de Souza

Qualquer metodologia ou processo que tenha

como fundamento a parceria e a colaboração

(como a natureza nos ensina) tem componentes que

levam a sobrevivência (consequentemente o

sucesso). Aliás temos "N" exemplos de empresas

que se consagraram desta forma, e mais "N"

exemplos de processos, projetos e empresas

que não conseguiram nada por acreditarem ser

onipotentes - não deram em nada.

Em resumo, ninguém vence sózinho, somos por

essência seres sociais...e ainda temos muito

que aprender...

Marcus Vinicius Branco de Souza

[email protected]

Participação de Djalma Gomes

Vejo mais convergência do que divergências. O

foco egoísta (e desprovido de outros interesses além do

acionista) não é apenas errado eticamente, mas é

míope do ponto de vista de gestão. Desde

1992, já conhecemos o conceito de BSC e

muitos anos antes disto, Taguchi já dizia que a

qualidade também deve ser medida pelo seu

impacto à sociedade. Temos exemplos

fresquinhos (como News of the World e British

Petroleum) que nos mostra que negligenciar o

coletivo pode ser bom no curto prazo, mas é

péssimo para o business se pensarmos numa

visão sustentável.

Recentemente li um artigo na HSM

Management em que o CEO da HCL coloca

funcionários à frente de clientes na estratégia

corporativa e não tem receio de dizer que

executivos não podem ser avaliados única e

exclusivamente pelo valor das ações, pois a

empresa deve pensar num prazo mais longo.

Da mesma forma, as fronteiras entre parceiros

e concorrentes está ficando cada vez mais

nebulosa. Quando eu trabalhava na Oracle, a

SAP era o maior concorrente em aplicações (ERP,

CRM, BI, etc....), mas também a maior parceira na

venda de banco de dados Oracle. E aí? SAP e

Oracle são concorrentes ou parceiros??

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Ou seja, ter uma visão holística (clientes,

funcionários, acionistas, sociedade, fornecedores,

processos internos, etc...) não é atestado de “boa

índole”, mas tão somente questão de

sobrevivência. Concorrentes podem se tornar

parceiros dependendo do enfoque e contexto.

Tentar estrangular meu fornecedor com valores

muito baixos pode ser bom

momentaneamente, mas se isto gerar

ineficiência, o custo disto será transferido para

o produto final e toda a cadeia de valor sofre.

Portanto, como discordar da visão dos nobres

colegas quanto à miopia da visão egocêntrica?

Concordo integralmente com esta visão.

Mas eu posso ter uma visão correta e holística

com valores totalmente distorcidos e é aí que

observamos as pessoas (como dizia Goethe, “O

talento educa-se na calma; o caráter no tumulto da vida”).

Quantos de nós sacrificariam seus valores

pessoais em prol de fama, poder, networking e

dinheiro? O mesmo cidadão americano que

critica a evasão de empregos dos USA para a

China é aquele que não pensará 2 vezes em

comprar um produto chinês no Wall-Mart pela

metade do preço de um produto americano.

Bons advogados defenderiam até Hitler ou

Slobodan Milosevic se pagassem bem. Da

mesma forma, todos defendemos o meio

ambiente e o planeta desde que isto não

implica em reduzirmos nosso consumo e nosso

padrão de vida (algo paradoxal pois muitos recursos

são finitos).

Não é só a TI que commoditizou (como disse

Nicholas Karr em seu artigo de 2003: “IT Does´t matter”),

nossos valores também estão virando

commodities. Deixamos de ter amigos para ter

contatos. Nosso chopinho com piadas no final

da tarde virou happy-hour e mesmo nossas

crianças são adestradas para serem prósperos

(elas terão muito tempo para serem crianças depois de se

aposentarem). Nem sabemos mais como viver

sem celular, twitter ou email (existia mesmo vida

antes do Google?). Esta inversão de valores

derruba a auto-estima de qualquer cidadão

pois temos que ser bons em tudo.

A boa notícia é que é possível conciliar sucesso

e prosperidade com realização pessoal genuína,

mas para isto temos que realinhar nossos

valores. Conhecendo nossas principais

habilidades e dons (alguns chamam isto de auto-

conhecimento) e com valores corretos e bem

pesados, eu poderei priorizar na vida aquilo

que for importante e saberei ser feliz com esta

minha escolha sem inveja da grama vizinha (pois

foi a minha escolha). Auto-estima e humildade

completarão a receita do bolo pois me

impulsionarão ao crescimento sem super-

valorizar meus erros. Afinal, a excelência é uma

jornada e não um destino.

Falando assim, fica até fácil né? Mas fazer é

outra história. A quem souber como, eu peço

que me ensinem.

Djalma Pinheiro Gomes

[email protected]