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XIV Encontro Nacional da ABET – 2015 – Campinas
GT 5 – Reconfigurações do trabalho
REDUÇÃO DO EMPREGO BANCÁRIO NO BRASIL: AJUSTE
CONJUNTURAL OU NOVA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA?
Bárbara Vallejos Vazquez
Gustavo Machado Cavarzan
1
REDUÇÃO DO EMPREGO BANCÁRIO NO BRASIL: AJUSTE
CONJUNTURAL OU NOVA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA?
RESUMO
A partir de 2003, face à expansão da base de correntistas, da oferta de crédito e à
necessidade de promover venda de produtos e serviços, os bancos são impelidos a
recompor parte de seu quadro de funcionários, que havia sofrido drástica redução nos
anos 1990. No início de 2012, assiste-se a nova inflexão no emprego bancário: o saldo de
empregos no setor tem sido sistematicamente negativo, acumulando 22.136 postos de
trabalho a menos desde então. A hipótese levantada é que esse movimento caracteriza
nova reestruturação produtiva no setor e ancora-se em dois processos: 1) Correspondentes
Bancários – o número de estabelecimentos que atuam como correspondentes cresceu
929% em dez anos e supera, em quinze vezes, o total de agências no país; 2) Banco
Digital - as transações bancárias por meios digitais já representam 50% do total, ante 31%
em 2009. Ainda neste sentido, o número de contas bancárias que utilizam celular para
realizar transações passou de 400 mil em 2004 para 25 milhões em 2014. O objetivo desse
artigo é analisar o impacto destes fenômenos sobre o emprego, as relações de trabalho e
a ação sindical no sistema financeiro brasileiro.
Palavras-Chave: Emprego Bancário, Reestruturação Produtiva, Correspondentes
Bancários, Banco Digital, Ação Sindical.
2
Anos 1990, Reestruturação Produtiva e Emprego Bancário
Após a estabilização inflacionária com o Plano Real (1994), o setor bancário dá
início a um novo modelo de funcionamento e à modificação de sua estrutura de receitas,
frente à perda do imposto inflacionário. O fim do processo inflacionário, ao qual o setor
estava adaptado e do qual havia se beneficiado, impeliu os bancos à busca de maior
eficiência. Nessa conjuntura, a alteração do padrão tecnológico e da estrutura de mercado
ocorrem de maneira simultânea. Observa-se a emergência de uma nova carteira de
“produtos” e serviços bancários a ser ofertada à segmentos específicos de clientes –
segmentação da clientela - e os investimentos em tecnologia são voltados para a redução
dos custos operacionais e à inovação de processo. Os investimentos em Tecnologia da
Informação e Comunicação (TIC) no período são crescentes, tornando os bancos líderes
nesse setor, a que destinam 8,5% de seu patrimônio, enquanto a média nacional de gastos
é de 3,8%. (MEIRELLES & MAIA, 2004; LARANGEIRA, 2001).
Pari Passu com as transformações no modelo de negócios bancário, assistiu-se à
profundas transformações no emprego. Os programas de “Qualidade Total”
implementados pelas principais empresas do setor no período traduziram-se em uma
maneira inovadora de controle do trabalho em busca do aumento da produtividade. Os
cursos ministrados aos bancários ensinavam a “excelência” no atendimento e propagavam
valores patronais. A segmentação da clientela dos bancos foi outra característica
importante do novo modelo de negócio que se desenhava. O que foi chamado
“excelência” no atendimento significou, na prática, seu direcionamento aos clientes de
maior renda, sobretudo àqueles capazes de consumir os “produtos” financeiros oferecidos
nas agências bancárias ou – nos termos de Jinkings (2002a) – “lojas eletrônicas”. Em
contraste, grandes centrais de processamentos de dados e o setor de retaguarda eram
substituídos por computadores ou por mão-de-obra terceirizada. (JINKINS, 2002b).
A conjunção dessas transformações consolidou, por um lado, um modelo de
negócios altamente lucrativo, como foi atestado nos anos que se seguiram. O lucro das
instituições financeiras aumentou, em termos nominais, em 578% entre 1994 e 2003, ante
uma inflação de 120% no mesmo período medida pelo IPCA (DIEESE, 2004.). Por outro
lado, desencadeou drástica diminuição do emprego no setor que contava no início dos
anos 1990 com cerca de um milhão de bancários, passando para 392 mil em 2001,
segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e
Emprego (RAIS-MTE). A nova configuração do emprego no sistema financeiro aponta
para categorias profissionais mais fragmentadas, com impacto no esvaziamento do poder
3
sindical, hoje destacado nos sindicatos de bancários (GONÇALVES; KREIN; MADI,
2006). Ainda segundo Jinkins (2002b, p.4), a complexa combinação de fatores resultou
no “aumento significativo dos índices de desemprego e subemprego no sistema bancário
nacional”.
Nova Reestruturação
Nos primeiros anos do século XXI, o emprego bancário no Brasil atravessa uma
nova fase de reestruturação. Sua nova configuração inclui carreiras mais flexíveis, com
grande amplitude salarial e com parte expressiva da base de trabalhadores integralmente
dedicados à comercialização de produtos e serviços, com foco em públicos segmentados
e, preferencialmente, de alta renda. O número de transações fora das agências ganha
expressividade a cada dia, oferecendo uma possível interpretação dos caminhos para os
quais se direciona o setor bancário no Brasil. (FEBRABAN, 2013b).
Outro fator de distinção é que, após drástica redução de 46% dos postos de
trabalho bancário entre 1990 e 2001, assistiu-se, até 2012, a um contínuo crescimento no
estoque de empregados no setor, que cresceu 30% no período. Essa inflexão está
intimamente vinculada à expansão do setor financeiro no país, expresso no Gráfico 1 pelo
crescimento dos lucros e operações de crédito. O novo cenário macroeconômico,
caracterizado por crescimento do PIB e aumento da relação crédito/PIB, teve efeito sobre
o aumento da “bancarização”. Assistiu-se ao crescimento de 171% da base de clientes
entre 2000 e 2013.1 O aumento dos postos de trabalho apresentou crescimento aquém do
necessário (27%) para suprir o atendimento à nova clientela.2
Gráfico 1 Evolução (%) de indicadores selecionados (2000 a 2013)
Fonte: Balanço dos bancos: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Unibanco, Bradesco, Banespa, ABN AMRO
Real, Santander, Safra, Nossa Caixa, HSBC, Relatório Anual FEBRABAN 2013 e RAIS-MTE.
*Lucro Líquido e Operações de Crédito deflacionados pelo IPCA. A variação leva em conta os valores expressos em R$ de 2013.
1 Relatório Anual FEBRABAN, 2013b. Disponível em:
http://www.febraban.org.br/downloads/RelatorioAnual/Relatorio_Anual_FEBRABAN_2013.pdf 2 Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS 2013.
4
Em 2012, contudo, as estatísticas acerca do emprego bancário apontam tendência
de desaceleração. O saldo de empregos expresso nos Registros Administrativos do
Ministério do Trabalho e Emprego (CAGED-MTE) foi 85,3% inferior ao saldo do ano
anterior. (DIEESE, 2013). A análise dos Relatórios de administração das Instituições
Financeiras divulgados em 2012 aponta crescimento da atividade bancária. A
deterioração dos indicadores de emprego no setor não proveio, portanto, da piora do
desempenho das empresas do setor ou da redução das margens de lucro, mas sim, de
programas de ajuste em prol da melhoria dos Índices de Eficiência3, inerentes ao processo
de concorrência entre empresas do setor. O índice de eficiência será tanto mais satisfatório
quanto menores as despesas e, por essa razão, o corte de Despesas de Pessoal foi
implementado. A tendência de redução do emprego no setor se aprofundou em 2013,
quando o saldo de empregos nos bancos foi negativo em 4.329 postos. Entre janeiro de
2012 e junho de 2015 o saldo de emprego bancário (exceto Caixa Econômica Federal4)
está negativo em 22.136 postos de trabalho.
Gráfico 2 – Saldo de Empregos no setor bancário (Exceto Caixa Econômica
Federal): 2007-2015
Fonte: CAGED
Elaboração própria
Para fazer frente à expansão dos negócios bancários e, simultaneamente, realizar
3 Índice de Eficiência é um indicador composto pela divisão da soma das despesas de pessoal e
administrativas pela soma da receita de juros e de serviços das instituições financeiras. 4 A Caixa Econômica Federal, empresa estatal responsável pela operacionalização de parte importante de
programas sociais de governo como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida, além de programas voltados
ao trabalhador (pagamento de pensões e aposentadorias, Seguro Desemprego, Abono Salarial, PIS e FGTS)
segue uma lógica diferente quanto à dinâmica do emprego bancário e, por isso, foi excluída da análise.
5
cortes de despesas, as instituições financeiras lançam mão de duas estratégias
fundamentais, que compõem o que Cernev, Diniz e Jayo (2009) denominaram Quinta
onda de inovação bancária: o mobile banking e os correspondentes bancários. O primeiro
é um fenômeno emergente. Pode ser compreendido como o corolário do processo de
automação e investimento em tecnologias ou do aprofundamento do modelo que leva o
atendimento bancário para instalações e equipamentos pertencentes ao próprio cliente.
Consiste no desenvolvimento de arcabouço tecnológico que permite que operações
bancárias, como pagamentos, transferências e consultas sejam realizadas por
smartphones em substituição aos canais tradicionais. É um fenômeno novo, pela primeira
vez regulamentado em 20135, mas que foi responsável por 11% das transações bancárias
realizadas em 2014. (FEBRABAN, 2014).
Os correspondentes bancários, por sua vez, são um fenômeno já consolidado que
apresentou crescimento constante desde 2003, quando foi integrado à plataforma de
políticas de Inclusão Financeira lançado pelo Governo Federal. Consiste em parcerias
estabelecidas entre Instituições Financeiras e firmas do setor de comércio, sobretudo
varejista, para a comercialização de “produtos” e serviços bancários e a execução de
operações transacionais6, sem a intermediação de um trabalhador bancário.
Esse artigo pretende buscar os nexos entre a nova onda tecnológica que, por um
lado, aprofunda a tendência de transferir a realização de operações transacionais e
comerciais aos parceiros externos ao Sistema Financeiro Nacional através do Banco
Digital e dos Correspondentes, e a recente redução dos postos de trabalho bancário no
país, e as mudanças ocorridas no conteúdo do trabalho bancário e na organização sindical
no setor.
1) Correspondentes Bancários
1.1 Origens
A origem dos correspondentes bancários remonta à necessidade dos bancos de
prestar serviços a clientes que se encontravam fora de seu território de atuação. Era
constituído pela parceria estabelecida entre duas instituições financeiras, comumente
utilizada para a viabilização de transferências de recursos monetários ao exterior. (DINIZ,
5 Consultar Medida Provisória 615 / 2013. 6 Os serviços bancários transacionais compreendem levantamentos, depósitos, transferências, saldos,
extratos, etc. e os serviços comerciais são aqueles baseados em relacionamentos para a venda de “produtos”
e serviços bancários.
6
2007). A história dos correspondentes no Brasil é distinta, visto que consolidada sobre
contratos estabelecidos entre uma empresa do setor financeiro, de um lado, e uma empresa
do setor de comércio, do outro, que determinam o rol de serviços financeiros a serem
prestados pelos trabalhadores do comércio, tais como concessão de crédito, proposta de
cartão de crédito e financiamento, abertura de poupanças e, até mesmo, de câmbio, que
passam a ser disponibilizados em estabelecimentos, como grandes varejistas do setor de
moda, açougues, lotéricas, correios, concessionárias, etc.
A primeira norma de regulamentação dos correspondentes no país foi emitida pelo
Banco Central em 1973, sob a justificativa da necessidade de implantar ao menos um
ponto de cobrança de títulos e execução de ordem de pagamento em localidades
desassistidas de serviços bancários. Os dados de atendimento bancário no Brasil revelam
que, ainda em 2013, 34% dos municípios brasileiros não possuía agência bancária,
cenário que se agrava nas regiões Norte e Nordeste, onde mais de 50% dos munícipios
são desassistidos de atendimento.7
Mais de vinte anos depois, em 1999, é emitida nova resolução (Resolução 2640)
na qual consta a ampliação do leque de serviços autorizados a serem prestados nos
correspondentes bancários.
I - recepção e encaminhamento de propostas de abertura de contas de depósitos
à vista, a prazo e de poupança;
II - recebimentos e pagamentos relativos a contas de depósitos à vista, a prazo
e de poupança, bem como a aplicações e resgates em fundos de investimento;
III - recebimentos e pagamentos decorrentes de convênios de prestação de
serviços mantidos pelo contratante na forma da regulamentação em vigor;
IV - execução ativa ou passiva de ordens de pagamento em nome do
contratante;
V - recepção e encaminhamento de pedidos de empréstimos e de
financiamentos;
VI - análise de crédito e cadastro;
VII - execução de cobrança de títulos;
VIII - outros serviços de controle, inclusive processamento de dados, das
operações pactuadas;
IX - outras atividades, a critério do Banco Central do Brasil.
Essa resolução definiu, ainda, que propostas de abertura de contas correntes ou
7 Banco Central do Brasil – Sistema Financeiro Nacional > Evolução> Evolução Mensal de dados.
Disponível em: http://www.bcb.gov.br/?SFNATUALMES
7
poupança e pagamentos de títulos apenas estariam autorizados em correspondentes
bancários sediados em praças desassistidas de agência bancária ou PAB. No ano seguinte,
entretanto, a Resolução 2707 derrubou a restrição, permitindo que esses serviços fossem
realizados, inclusive, em praças que contam com agências bancárias e postos tradicionais.
Segundo dados presentes nos Relatórios de Sustentabilidade da FEBRABAN, não
existia registro de correspondentes até 1999. Já em 2000, foi registrada a existência de
13.731 pontos de atendimento via correspondentes. A partir de então, os correspondentes
apresentam crescimento médio de 137% a.a. até 2002.
1.2 Governo Lula, Inclusão Financeira e Correspondentes Bancários
A despeito da regulamentação dos correspondentes no país datar dos anos 1970,
é em 2003, primeiro ano do governo Lula, com suporte na publicação da Resolução 3110,
que sua expansão foi mais vigorosa. Diversas medidas que visavam promover Inclusão
Financeira foram adotadas, como a conta corrente e poupança simplificadas, estímulo ao
crédito e ao microcrédito, regulamentação do crédito consignado.8 Os correspondentes
bancários e seu expressivo aumento foram a principal extensão concreta das medidas
propostas, especialmente quando se trata da população mais carente e daquela que é
beneficiada por programas sociais de transferência de renda, que foram alcançadas pelos
correspondentes. (BATISTA; RODRIGUEZ, 2010)
A resolução 3110 apresentou nova ampliação no leque de serviços prestados,
autorizando propostas de emissão de cartões de crédito e derrubando a proibição de que
as prestadoras substabeleçam seus serviços. Em outras palavras, abre-se brecha para a
“quarteirização” dos serviços bancários. Essa normativa foi fundamental para a expansão
dos correspondentes bancários.
A partir de sua edição, o número de pontos de atendimento via correspondentes
cresceu a taxas de 20% ao ano até alcançar a marca dos 160 mil em 2011. O pleno
funcionamento dos correspondentes traz à tona algumas contradições do modelo. O
primeiro “limite” encontra-se no âmbito legal. Diversos empregados de pequenos
comércios alegam na Justiça do Trabalho que o conteúdo da ocupação era de natureza
bancária. Sob essa perspectiva, declarava-se que a existência dos correspondentes estaria
em contradição com o Artigo 5º da CLT9. Em geral, frente à solicitação de equiparação
8 MINISTÉRIO DA FAZENDA. Microcrédito e Microfinanças no Governo Lula. Gilson Bittencourt, 2005. 9 – Art. 5º da CLT “A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo.”
8
de direitos, os pequenos comércios sofrem grandes perdas financeiras, que em contextos
drásticos, poderiam levá-los à falência.
A expansão da própria rede de correspondentes é, então, posta em xeque, à medida
que os pequenos comerciantes ficam receosos de serem alvos de processos trabalhistas e
preferem não se vincular à instituição bancária para a prestação de serviços. A publicação
síntese do projeto “Inclusão Financeira”10 expressa que os correspondentes foram as
medidas mais eficazes de expansão do atendimento bancário após 2003. Entretanto,
atentam para a necessidade de o Banco Central do Brasil, em esforço conjunto com
governos e o sistema bancário, procurar combater as duas principais ameaças ao modelo
de correspondentes no país: as demandas trabalhistas e as leis referentes à segurança
bancária.
“(...) há temas que requerem ação imediata. Demandas trabalhistas constituem
uma real ameaça à continuidade dos correspondentes. Inúmeros casos na
justiça requerem isonomia entre bancários e os funcionários dos
correspondentes. Para piorar, projetos de lei impondo padrões mais estritos de
segurança em agências bancárias objetivam estender tais padrões para os
correspondentes. Essas medidas podem aumentar o custo dos correspondentes
para os bancos de modo a tornar o modelo inviável. Os bancos investiram nos
correspondentes justamente por seus baixos custos.”11
1.3 Situação atual dos Correspondentes no Brasil: regulamentação e
estatísticas
Frente aos limites legais que obstaculizaram a expansão – ainda mais – aguda dos
correspondentes no Brasil, a representação patronal dos bancos e setores interessados,
articulam-se em busca de maior flexibilidade na regulamentação dos correspondentes.
Em 2011, o Banco Central, então, publica duas novas normas, a fim de contornar
parte dos limites legais manifestos na regulamentação anterior: as resoluções 3954 e a
3959. A primeira substituiu a resolução 3110 e significou aumento do rol de serviços
10 O projeto “Inclusão Financeira” incorporou as atividades relacionadas aos trabalhos do Grupo de
Especialistas em Inclusão Financeira do G20 (Financial Inclusion Experts Group – FIEG), do qual o Brasil
é líder, ao lado da Austrália, na condução dos trabalhos do subgrupo Access Through Innovation Sub-
Group (ATISG). Foi realizado, em 2009, o I Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira, que teve,
como um de seus principais produtos, a ratificação da necessidade de se organizarem os dados e as
informações sobre inclusão financeira disponíveis no BCB. O Relatório de Inclusão Financeira, publicado
anualmente a partir de 2010, assim como o Mapa da Inclusão Financeira, publicado anualmente a partir de
2011, é um produto do Projeto Inclusão Financeira. 11 “Incluindo milhões hoje e amanhã: políticas e ações viáveis para um sistema financeiro inclusivo no
Brasil”. P.245. In: Perspectivas e desafios para a inclusão financeira no Brasil: visão de diferentes atores.
BCB. 2009.
9
autorizados. A partir de sua publicação, admite-se a contratação de instituição cujo
controle societário seja exercido pela instituição contratante, ou seja, a própria instituição
financeira contratante pode abrir CNPJ e torná-lo seu correspondente. A 3959 permitiu
a existência de estabelecimento cujo objeto social principal ou único é exercer função de
correspondente bancário.12
Imediatamente após as edições das normativas de 2011, o número de
correspondentes bancários expandiu-se em 121%, atingindo, em julho de 201213, 354.927
postos de atendimento. O crescimento dos correspondentes deu-se de maneira
diferenciada entre as diferentes instituições. Os dados do BCB demonstram que Itaú
Unibanco e HSBC declararam a existência de mais de 40 mil novos correspondentes um
ano após a publicação das resoluções.
Gráfico 3 – Pontos de Atendimento
FONTE: Banco Central do Brasil
A análise por instituição financeira demonstra que o maior crescimento de pontos
de atendimento via correspondentes efetuou-se nos bancos privados. A média de
12 Apenas recepção e encaminhamento de propostas de abertura de contas de depósitos à vista, a prazo e de
poupança mantidas pela instituição contratante; realização de recebimentos, pagamentos e transferências
eletrônicas visando à movimentação de contas de depósitos de titularidade de clientes mantidas pela
instituição contratante; execução ativa e passiva de ordens de pagamento cursadas por intermédio da
instituição contratante por solicitação de clientes e usuários; recebimentos e pagamentos relacionados a
letras de câmbio de aceite da instituição contratante, que correspondem correspondem, respectivamente,
aos incisos I, II, IV e VI do Art. 8º da resolução, seriam atividades proibidas de serem realizadas em
correspondente cuja função única ou principal é prestar serviço de correspondente bancário. 13 Foram analisados dados referentes a maio de 2011, que foi o último dado publicado naquele ano e a julho
de 2012. Os dados mensais de junho de 2011 a junho de 2012 não foram disponibilizados no site do BCB.
10
crescimento dos correspondes foi de 140% para os quatro maiores privados do país e de
32% para Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. O Itaú Unibanco, por exemplo,
apresentou aumento de 317% no número de correspondentes após 2011 contra um
crescimento de 6% do número de agências.14
É cauteloso observar que em seu relatório anual, a FEBRABAN atribui o
crescimento de 121% do número de estabelecimentos autorizados a atuar como
correspondentes no país à mudança de metodologia de contagem pelo Banco Central, sem
descrever, entretanto, qual a mudança ocorrida (FEBRABAN, 2012, p.48).
1.4 Correspondentes e a redução dos postos de trabalho bancários
A hipótese de que a expansão dos correspondentes e a redução do emprego
bancário são processos complementares é sustentada pela análise dos dados de emprego
no setor. Imediatamente após a publicação da Resolução 3954 em 24/02/2011, iniciou-se
um processo de reestruturação interna nas maiores instituições financeiras de país.
Gráfico 4 – Correspondentes Bancários por Banco - 2012
C orres pondentes por banc oB ANC O mai/11 jul/12 Variaç ão R elativa Variaç ão Abs oluta
B R ADE S C O 35.842 58.612 64% 22.770
B C O B R ADE S C O S .A. 33.915 40.669 20% 6.754 B C O B R ADE S C O F INANC IAME NT O S 1.098 17.943 1534% 16.845 B C O IB I S .A. - B M 829 - - -S ANTANDE R 27.216 28.515 5% 1.299
B C O S ANT ANDE R (B R AS IL ) S .A. 3.512 5.848 67% 2.336 AY MO R É C F I S .A. 22.697 21.366 -6% -1.331 B C O AB N AMR O R E AL S .A. 1.007 1301 29% 294ITAÚ UNIB ANC O 16.370 58.207 256% 41.837
B C O IT AUC AR D 5.924 13.696 131% 7.772 UNIB ANC O -UNIAO B C O S B R AS S .A. 3.606 2.541 -30% -1.065 F IN. IT AÚ C B D C F I 1.659 1781 7% 122 UNIC AR D B M S .A. 1.642 960 -42% -682 C IA HIP O T E C AR IA UNIB ANC O -R O DO B 1.497 - - - IT AÚ UNIB ANC O 1.242 15484 1147% 14.242 B ANC O INVE S T C R E D UNIB ANC O S .A. 486 - - - B C O IT AUC R E D F INANC S .A. 167 165 -1% -2 B C O IT AÚ B B A S .A. 70 11791 16744% 11.721 B C O IT AUL E AS ING S .A. 70 11.789 16741% 11.719 B C O IT AUB ANK S .A. 7 - - -C AIXA E C ONOMIC A F E DE R AL 33.525 37.558 12% 4.033
B C O DO B R AS IL S .A. 22.251 36.231 63% 13.980
HS B C B ANK B R AS IL S A B C O MUL TIP 7.084 49.137 594% 42.053
F ONT E :B anc o C entral - UNIC AD
A res pons abilidade pela ins erção dos dados no Unicad é das IF 's .
14 A análise é feita com base nas seis maiores holdings financeiras do país que, segundo BCB, possuem
87,7% (dez/2013) do total de empregados do setor bancário.
11
O banco Itaú foi pioneiro e é ilustrativo o movimento estratégico que realizou;
apresentou maior expansão no quantitativo de correspondentes e cortou 11.505 postos de
trabalho entre a data de edição da Resolução 3954, em fevereiro de 2011, e o primeiro
semestre de 2012, contrariando a tendência de expansão contínua do emprego observada
desde 2009. O banco declarou transferir atividades de crédito aos "parceiros varejistas":
“O número de colaboradores passou de 109.836 em março para 107.546 em
junho devido, principalmente, a reestruturação da área de crédito ao
consumidor. Essa reestruturação teve como objetivo a integração dos sistemas
e processos em uma única plataforma, capturando sinergias entre as estruturas
operacionais e revisando a estratégia de alguns negócios. Como parte desta
revisão, iniciamos a transferência de postos de trabalho das estruturas
comerciais para os parceiros varejistas.”15
Ademais, há outras importantes evidências de que o modelo de correspondentes
afeta diretamente o número de postos de trabalho bancário. Para Eleonora Rodrigues
Loureiro, há uma relação de substituição de agências por correspondente, ressaltando que
a relação de instalação de correspondentes com a componente renda é alta, ou seja, a
preferência por correspondentes dá-se, sobretudo, para públicos de baixa renda, sugerindo
que o modelo aprofunda a dinâmica de segmentação da clientela (LOUREIRO, 2011).
2) O “Banco Digital” e o trabalhador bancário
O chamado “Banco Digital”, ou a maneira como a principal entidade patronal
representante dos bancos no Brasil – Febraban - entende tal conceito, pode ser sintetizado
a partir de cinco dimensões destacadas na Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária
(2013):
“A - Consolidação de internet e mobile banking como principais canais
bancários e alavanca de experiência do consumidor;
B - Evolução dos papéis das agências como canal de serviços e relacionamento
com os clientes;
C - Busca da automação e digitalização de processos com alavanca de
eficiência operacional;
D - Investimentos e busca constante por segurança das transações;
E - Tendência de diversificação dos meios de pagamento para novas
plataformas eletrônicas” (FEBRABAN, 2013, pg. 46)
15 Análise Gerencial da Operação e Demonstrações Contábeis Completas. Itaú Unibanco Holding S.A. 2º trimestre de 2011. p.18.
Disponível em: https://www.itau.com.br/relacoes-com-investidores/informacoes-financeiras
12
O surgimento do “Banco Digital” pode ser entendido como o desenrolar de um
processo amplo de inovações de produtos e processos experimentados no setor financeiro
no Brasil, desde a década de 1960. A primeira onda de inovações no setor se traduziu na
criação dos grandes Centros de Processamento de Dados (CPDs), com a utilização de
computadores de médio porte e mainframes para fazer o registro contábil das transações.
Na segunda metade da década de 70 a segunda onda configura-se na automação dos
caixas das agências e no modelo de processamento de dados distribuído, com os caixas
ligados online aos sistemas de processamento. Até então as inovações se davam nas
operações internas do banco e eram pouco visíveis aos clientes. (CERNEV; DINIZ, &
JAYO, 2009)
A terceira onda de inovação consiste na generalização dos Terminais de auto-
atendimento em locais públicos, o que reduz o deslocamento dos clientes às agências. A
quarta onda já permite aos clientes interações com o banco sem sair de casa ou do
escritório. Tem início com o atendimento telefônico, mas a inovação mais característica
é o Internet Banking. (CERNEV; DINIZ, & JAYO, 2009)
Estaríamos, portanto passando pela “quinta onda de inovação bancária” no Brasil
que se caracteriza pela utilização de tecnologia para o estabelecimento de parcerias com
setores não bancários, como varejistas, correios e lotéricas no caso dos correspondentes
bancários e operadoras de telefonia móvel no caso do mobile banking, definido este
último pelos autores como um conjunto de “serviços móveis, envolvendo o uso de
tecnologias e dispositivos portáteis conectados a redes de telecomunicações móveis,
permitindo aos usuários a realização de pagamentos móveis, transações bancárias e
outros serviços financeiros.” (CERNEV; DINIZ, & JAYO, 2009, pg. 6). De acordo com
os autores, o mobile banking teria foco em dois mercados diversos, sendo o primeiro um
canal complementar para os atuais clientes dos bancos e o segundo como meio de inclusão
bancária para um público atualmente com pouco ou nenhum acesso a serviços financeiros.
Em ambos os casos o cenário carrega consigo o esvaziamento da importância de
ocupações relevantes de trabalhadores do setor bancário. Analisando os cinco eixos
estratégicos do Banco Digital destacados pela Febraban pode-se observar basicamente
três tendências com alto poder de impacto no mundo do trabalho nos bancos.
Primeiramente o crescimento das transações financeiras realizadas por meios
digitais possivelmente fará com que a quantidade de bancários cujas funções estão
vinculadas a tais transações seja bastante reduzida. Em segundo lugar a aplicação de
13
tecnologias em processos internos dos bancos tende a reduzir também o número de
trabalhadores nas funções de back-office ou apoio. Por fim, na medida em que a agência
bancária tradicional se transforma cada vez mais em um ambiente para realização de
negócios para clientes de alta renda o conteúdo do trabalho bancário também se altera
radicalmente. Vejamos mais detidamente cada um destes processos.
2.1 Ampliação dos canais digitais e esvaziamento das agências bancárias
As estatísticas disponíveis mostram que as transações bancárias realizadas em
canais digitais - internet banking e mobile banking (operações bancárias realizadas em
aparelhos celulares, principalmente smartphones) -, vem crescendo exponencialmente
nos últimos anos. Em 2010, 35% das transações bancárias eram realizadas nos canais
digitais, percentual que saltou para 50% em 2014. Por outro lado, as transações realizadas
nos canais tradicionais (Agências, Terminais de Auto-Atendimento e call center) caíram
de 46% para 31% no mesmo período. Em números absolutos as transações realizadas nos
smartphones tiveram um crescimento médio de 206% nos últimos cinco anos, ante
crescimento médio de 17% no número de transações na internet e queda de 2% no número
de transações realizadas em agências. (FEBRABAN, 2014)
Gráfico 5: Transações Bancárias por origem (participação percentual):
2010-2014
Fonte: Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2014
Verifica-se, portanto, tanto em termos relativos quanto em termos absolutos uma
redução rápida e intensa na relevância dos canais de atendimento bancário que necessitam
de interação humana e, portanto, da presença de trabalhadores para a realização de
14
transações. De outro lado cresce com a mesma intensidade a realização de transações nos
canais digitais, nos quais o cliente do banco realiza as operações por si mesmo utilizando
seus próprios dispositivos eletrônicos. Uma das hipóteses levantadas neste trabalho é que
tal movimento corresponde a um dos pilares da redução contínua no emprego bancário
nos últimos anos e que tal movimento deve se acentuar na próxima década.
Gráfico 6: Transações Bancárias por origem (Em bilhões de transações):
2010-2014
Fonte: Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2014
A hipótese de que o movimento de redução do número de trabalhadores bancários
com funções transacionais deve tomar corpo na próxima década está amparada na noção
de que o processo de ampliação da realização de transações em canais digitais ainda está
em seus primeiros passos, mesmo que tais passos já tenham sido bastante largos. Para
ilustrar este raciocínio, basta observar que o número de contas bancárias habilitadas a
utilizar o mobile banking passou de um milhão em 2010 para 25 milhões em 2015. Trata-
se, sem dúvida de movimento expressivo e ainda assim o valor de 2015 representa apenas
24% do total de contas bancárias no país, mostrando que há ainda um longo espaço de
crescimento para este canal de transação. De acordo com a Febraban (2014), 41% da
população brasileira tinha acesso a smartphones em 2014, valor que deve saltar para algo
entre 75% e 80% da população nos próximos 10 anos, convergindo para o patamar já
observado em economias avançadas.
Conforme aumente o percentual da população brasileira que utiliza smartphones
e na medida em que este aumento se traduza em maior utilização do celular para a
15
realização de operações bancárias a tendência ao esvaziamento das funções tradicionais
da agência bancária deve se agravar com relevantes efeitos sobre a força de trabalho dos
bancos.
As primeiras evidências deste movimento podem ser extraídas dos dados mais
recentes da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), base de registros
administrativos do Ministério do Trabalho e Emprego. De acordo com a RAIS 2013 o
número de trabalhadores bancários em bancos privados16 no país passou de 284.787 em
2012 para 266.724 em 2013, queda de 6,3% no estoque de emprego, equivalendo a um
corte de 18.033 postos de trabalho. Ao avaliar o saldo de emprego por ocupações nos
bancos privados, verifica-se que a família ocupacional mais atingida foi a de
“escriturários de serviços bancários” com redução de 7.722 postos de trabalho, passando
de 68.860 trabalhadores para 61.138, uma queda de 11,2% em apenas um ano.
De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), desenvolvida pelo
Ministério do Trabalho e Emprego tal família ocupacional engloba as seguintes
ocupações: atendente de agência, caixa de banco, compensador de banco, conferente de
serviços bancários, escriturário de banco e operador de cobrança bancária. A descrição
da CBO para tais ocupações é a seguinte:
“Prestam atendimento a usuários de serviços bancários; realizam operações de
caixa; fornecem documentos aos clientes e executam atividades de cobrança.
Apoiam as atividades das agências e demais setores do banco; administram
fluxo de malotes; compensam documentos e controlam documentação de
arquivos. Estabelecem comunicação com os clientes, prestando-lhes
informações sobre os serviços bancários”
(MTE. Classificação Brasileira de Ocupações. Disponível em
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTituloResultado.
jsf)
Ou seja, trata-se basicamente das funções de transações em agências,
relacionamento com clientes e algumas funções de apoio às operações bancárias.
Justamente as ocupações esvaziadas com a transformação da importância dos canais de
transações bancárias, com aumento do peso dos canais digitais e redução da relevância
dos canais tradicionais. Trata-se ainda de evidências apenas iniciais e na medida em que
as próximas edições dos registros administrativos do Ministério do Trabalho e Emprego
16 Optou-se pela utilização apenas dos bancos privados, pois os bancos públicos registram na RAIS todos
seus trabalhadores nas carreiras iniciais o que iria distorcer a análise.
16
forem divulgadas uma análise mais profunda poderá ser realizada podendo corroborar as
hipóteses aqui apresentadas.
2.2 Tecnologia e redução das funções de back-office nos bancos
Outro eixo importante da estratégia do “banco digital” destacado anteriormente é
a “busca da automação e digitalização de processos com alavanca de eficiência
operacional”. Pode-se entender este eixo como a redução de etapas do trabalho de back-
office nos bancos, ou trabalho de apoio, como conferência, coleta e envio de documentos,
conferência de valores depositados em caixas eletrônicos, etc.
De acordo com a Febraban (2014) avaliação feita pela consultoria Strategy&
mostra que “os bancos são capazes de absorver economias de 40-50% em custos
operacionais ao realizarem transações digitais versus transações convencionais, e
quando olhamos exclusivamente os custos de middle e back office, as economias podem
chegar a 75-80% dos custos operacionais.” (Febraban, 2014 , pg. 66)
A título de exemplo vale citar uma inovação apresentada nos últimos Congressos
Internacionais de Automação Bancária (CIAB) realizados no Brasil e organizados pela
Febraban: trata-se do caixa eletrônico reciclador que permite a realização de depósitos
em dinheiro ou cheque em tempo real sem envelope e com reconhecimento automático
das cédulas. Atualmente os depósitos são realizados em envelope e antes de o valor estar
disponível na conta destinatária há a etapa de conferência de valores. De acordo com
artigo publicado na Revista CIAB Febraban nº 55:
“É preciso que um funcionário faça a coleta manual dos recipientes, ao longo
do dia, e processe manualmente cada um deles. O crédito só ocorre depois de
algumas horas, enquanto que qualquer transação eletrônica leva apenas alguns
segundos. (...) Uma nova tecnologia, porém, está chegando ao mercado
brasileiro para substituir esse processo, trazendo benefícios para bancos e
consumidores: os terminais de autoatendimento (ATMs) com recicladores de
cédulas.” (FEBRABAN, 2015, pg. 20)
Se para as instituições financeiras, a nova onda tecnológica representa expressiva
redução de custos operacionais com papéis, arquivos físicos, postagem, impressão,
transporte de valores e, principalmente, força de trabalho, há dúvidas com relação ao
impacto dos custos e facilidades assumidas pelos clientes dos bancos no novo contexto.
Ainda que sem se dar conta de maneira clara, os clientes, para utilizar os novos canais de
transação, precisam comprar um dispositivo móvel compatível com a plataforma
17
tecnológica das instituições financeiras, necessitam ainda contratar um pacote de internet
no celular, adquirir antivírus ou outros mecanismos que garantam o mínimo de segurança
para as operações. Assumem ainda os custos de impressão de boletos e comprovantes e,
por fim, permanecem pagando tarifas seja qual for a plataforma que escolhem para
realizar suas transações. (SANCHES, 2012)
De acordo com Sanches (2012) os clientes assumem também parte do que antes
era trabalho dos bancários:
“As tecnologias self-service permitem que o cliente efetue serviços de uma
forma autônoma e atemporal. Parte do trabalho antes realizado pelo bancário
também passou a ser realizado diretamente pelo cliente que passou a digitar
dados, a manusear o cartão eletrônico, passar seu documento (boleto ou
cheque) na Leitora do Código de Barras, que pode ser comprada de forma
facilitada diretamente do banco e instalada em sua residência ou empresa,
interagir com os serviços de reposta audível (voz eletrônica) das centrais de
atendimentos telefônicos, seguir orientações de procedimentos dos caixas
eletrônicos ou acessar o sistema do banco via Internet.” (SANCHES, 2012, pg.
41)
Os estudos sobre o banco digital costumam enfatizar os benefícios para as
instituições financeiras em termos de redução de custos e as supostas facilidades para
clientes. Deve-se levar em conta também que a mudança de paradigma atual tem alto
potencial de impacto no mundo do trabalho bancário, tanto em termos do saldo negativo
de postos de trabalho, como no conteúdo e nas formas de controle dos processos de
trabalho, e ainda nas estratégias de organização coletiva dos trabalhadores.
2.3 Transformações na Agência Bancária ou a “Agência de Negócios”
Na medida em que há um esvaziamento das funções tradicionais das agências
bancárias, muda-se a rotina de trabalho, na qual as funções transacionais tornam-se
residuais, em prol de atividades de consultoria e relacionamento, notadamente com
clientes de renda mais elevada. Desta forma, não só o número de trabalhadores no setor
tende a ser reduzido, bem como a rotina de trabalho daqueles que permanecerem é
alterada, com a exigência de habilidades distintas, notadamente no que diz respeito à
venda de produtos financeiros. Tal orientação está bastante explicitada na Pesquisa
Febraban de Tecnologia Bancária 2014:
“Ao mesmo tempo, a mudança (no perfil da agência) requer o recrutamento de
funcionários com perfil adequado a cada modelo de agência. Bancos deverão
18
desenvolver capacitações de venda e de conhecimento de produtos nas
equipes de funcionários nas agências, adequando os modelos de carreira e
treinamentos ao perfil de ´funcionário digital´. (...) Em meio a essas mudanças,
faz-se necessário padronizar e melhorar processos e ferramentas na agência
para permitir a inteligência de venda. Por fim, é fundamental revisar o
modelo de gestão de vendas, ajustando os planos de metas e recompensas
levando em conta o papel de geração de receitas.” (FEBRABAN, 2014, pg. 59,
grifos nossos)
A estrutura ocupacional nos bancos tende a se concentrar, portanto, nas áreas
comerciais e de relacionamento de forma que se abre outra importante discussão com
relação à forma de gestão da força de trabalho no banco digital. Com número reduzido de
trabalhadores, exigências maiores de capital em função das regras de Basiléia 3, novos
concorrentes no mercado, a pressão competitiva no setor se acirra e é transferida para o
trabalhador, com recrudescimento da gestão por metas e competências, intensificação das
formas de avaliação, o que muitas vezes vincula-se a programas de remuneração variável
que acabam por facilitar a adesão do trabalhador ao projeto patronal, com incentivos a
competição exacerbada, controle e assédio moral horizontal, com impactos na saúde da
categoria bancária.
A gestão por metas, aliás, é facilitada pelo desenvolvimento tecnológico, na
medida em que dispositivos eletrônicos são utilizados também como meios de
dominação, controle e vigilância permanente dos trabalhadores e prolongamento da
jornada de trabalho.
Os dados da RAIS 2013 permitem uma avaliação inicial sobre a transformação da
agência tradicional em “agência de negócios”. A família ocupacional com maior aumento
no número de postos de trabalho nos bancos privados entre 2012 e 2013 foi “Especialistas
em promoção de produtos e vendas”, com elevação de 2.710 vínculos, passando de 1.188
bancários para 3.898 bancários, cujas atividades são as seguintes:
Planejam atividades de vendas especializadas e de demonstração de produtos.
Realizam seus trabalhos através de visitas a clientes, onde apresentam e
demonstram seus produtos, esclarecem dúvidas e acompanham o pós-venda.
Contatam áreas internas da empresa, sugerem políticas de vendas e de
promoção de produtos e participam de eventos. (MTE. Classificação Brasileira
de Ocupações. Disponível em
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTituloResultado.
jsf.)
19
O processo de reestruturação do trabalho bancário pode tomar proporção superior
e se refletir em mudanças importantes no mercado de trabalho na medida em que
inovações experimentadas no setor financeiro se espalhem para outros setores da
economia. O setor bancário brasileiro investiu R$ 22 bilhões em 2014 com tecnologia, o
que representa 18% do total de gastos com Tecnologia da Informação no Brasil.
(FEBRABAN, 2014) Diante de tal potencial de gastos o setor toma a dianteira de
transformações produtivas que, na medida em que comprovem sua capacidade de redução
de custos, podem ser adotadas em outros setores de atividade econômica, como o
Comércio, por exemplo.
É possível inserir tais hipóteses em plano mais amplo de tendência geral a
automação dos processos produtivos com reflexos no emprego. De acordo com André
Gorz (2003) a “racionalidade econômica” subjacente a robotização e informatização das
atividades produtivas consiste justamente em promover uma liberação do tempo de
trabalho na escala da sociedade. Dito em outras palavras, a implantação de inovações
tecnológicas tende a economizar tempo de trabalho nas atividades econômicas nas quais
ocorre em escala superior à utilização do tempo liberado de trabalho em outras atividades.
Ainda segundo Gorz, sugerir que as inovações criam empregos na escala da sociedade é
paradoxal, pois acabaria por desmentir a racionalidade econômica que lhes serve de
justificativa.
3) Nova Reestruturação nos Bancos e organização sindical
O debate sobre inclusão financeira tem sido utilizado como verniz na tentativa de
escamotear a nova reestruturação produtiva em curso no setor financeiro, que objetiva a
expansão das atividades bancárias e aumento dos lucros do setor, assentado, de um lado,
no aprofundamento da automação bancária, e, de outro, na precarização explícita do
emprego e das condições de trabalho que se produzem com o advento dos
correspondentes bancários.
Segundo Coutinho (2011), a concepção do Direito do Trabalho teve sua origem
material da reação sindical operária que combatia a degradação e a miséria da classe
trabalhadora engendradas no capitalismo liberal. Sobre ela, a desigualdade jurídica se
estabeleceu como instrumento minimizador de desigualdades econômicas através da
Principiologia nuclear protetiva ao hipossuficiente. Sob esse prisma, a terceirização é
compreendida como “antidireito do trabalho”. (COUTINHO, 2011, p.184). A
20
terceirização bancária, por sua vez, é especialmente, ofensiva ao texto constitucional,
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos e às disposições dos arts. 2º
e 3º da CLT. Gera, ademais, fragmentação sindical, a partir do enquadramento dos
bancários informais em outras categorias profissionais.
A terceirização, sendo artifício recente das relações de trabalho, não está prevista
no enquadramento sindical vigente, que foi elaborado nos anos 1940. Em seu
funcionamento, é comum a conformação de empresas de terceirização que aglutinam
múltiplas categorias profissionais em uma única unidade. Conforme a CLT (arts. 511 e
570), entretanto, terceirizados não deveriam constituir categoria profissional uniforme; A
identidade deve ser estabelecida com a categoria profissional preponderante no ramo de
atividade econômica em que as tarefas são realizadas. Em outros termos, segundo
Coutinho (2011) o enquadramento sindical mais adequado, de acordo com a CLT, seria
aquela que aloca terceirizados na mesma categoria profissional da categoria
preponderante.
Não parece ser essa a interpretação que guia as decisões de enquadramento dos
trabalhadores do ramo financeiro em Setores de Atividade Econômica (CNAE) e em
categorias profissionais. Os registros da Pesquisa Nacional de Amostra em Domicílio
(PNAD 2013) demonstram a existência de um contingente superior a um milhão de
ocupados no subsetor "Sistema Financeiro" em 2013. O emprego propriamente bancário,
entretanto, caracterizado por mão-de-obra escolarizada, com remuneração acima das
observadas na média do mercado de trabalho brasileiro e abrigado por convenção coletiva
de trabalho negociada em âmbito nacional, significa apenas metade desses trabalhadores
e apresenta tendência de redução desde 2012.
Os demais trabalhadores no sistema formal estão alocados em categorias como
financiários, securitários, com negociação específica, embora empregados da mesma
holding financeira. Frente à tendência de heterogeneização da categoria bancária,
observada desde fins dos anos 1980, cabem as seguintes perguntas: qual o impacto dos
correspondentes sobre esse quadro e em qual categoria são comumente enquadrados?
Qual será o impacto do Banco Digital sobre essa nova configuração?
21
Tabela 1
Estimativa do número de ocupados(1) no Setor Financeiro (2) por condição de
associação ao sindicato (3) e taxa de associação (4)
Brasil 2002-2013
Ano Associados Não
associados Total
Taxa de
associação
2002 365.248 484.859 850.107 43,0
2003 380.290 496.245 876.535 43,4
2004 376.070 503.310 879.380 42,8
2005 363.898 505.561 869.459 41,9
2006 361.508 563.742 925.250 39,1
2007 378.586 633.706 1.012.292 37,4
2008 399.500 591.813 991.313 40,3
2009 373.487 601.555 975.042 38,3
2011 389.569 719.831 1.109.400 35,1
2012 387.556 739.587 1.127.143 34,4
2013 399.597 809.014 1.208.611 33,1
Var %
(2013/2002) 9% 67% 42% -9,9
Fonte IBGE. Pnad
Elaboração: DIEESE
Nota: (1) Ocupados na semana de referência, com 18 anos ou mais de idade
(2) O Setor Financeiro foi definido como as atividades classificadas em: Intermediação financeira, exclusive seguros e previdência privada e Atividades auxiliares da
intermediação financeira
(3) Associação ao sindicato em setembro de cada ano
(4) Taxa de associação foi calculada pela razão entre o número de associados e o total de ocupados
(5) Até 2003, a Pnad não pesquisava a área rural da antiga Região Norte (AC, AM, AP, RR, RO, PA)
A fragmentação dos empregados do sistema financeiro em diversas categorias
distintas tem impacto direto sobre as despesas de pessoal das instituições financeiras. No
caso dos correspondentes, a diferença é explícita, já que, em sua maioria, são empregados
do comércio, com remunerações próximas ao salário mínimo nacional. Ademais, é
possível driblar parte dos gastos com estrutura das agências que garantem ambiente de
trabalho mais seguro e saudável. A jornada de trabalho de trinta horas dos bancários
também é um “entrave” superado pela fragmentação. A ação sindical pulverizada
enfraquece negociações coletivas e, em geral, oferece ganhos e proteção inferiores às
observadas na Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários.
Por fim há que se considerar que as transformações no mundo do trabalho
bancário decorrentes das novas tecnologias vinculadas ao chamado Banco Digital devem
22
também afetar organização dos trabalhadores e de suas representações sindicais. De
acordo com Sanches (2012):
“Nas ocasiões em que há manifestação de protesto, paralisação parcial ou
greve nos locais de trabalho bancário, os dispositivos tecnológicos são
amplamente utilizados pelo empregador, pois estes permitem que seja mantido
contato com o trabalhador ou ainda podem garantir que determinados trabalhos
possam ser realizados a distância. Ressalta-se que nessas ocasiões os bancos
monitoram os trabalhadores via celular, mesmo que este não tenha sido
ofertado pelo empregador com sentido de facilitar a execução do trabalho, ou
seja, mesmo que o aparelho tenha sido comprado pelo próprio trabalhador ele
será objeto de uso do capital com vistas a garantir seu objetivo de mais
valorização.” (SANCHES, 2012, pg. 54)
A autora destaca ainda que as entidades sindicais de bancários buscam se adequar
ao novo cenário seja através da ampliação de sua relação com a base de trabalhadores
através de sítio eletrônico e redes sociais, seja através das estratégias de paralisação
focadas cada vez mais nos centros administrativos e centros tecnológicos das instituições
financeiras. (SANCHES, 2012)
Caso as hipóteses apresentadas neste trabalho venham a se confirmar e se
aprofundar nos próximos anos é certo que as entidades sindicais representativas dos
trabalhadores bancários terão que traçar novas estratégias de aproximação com sua base,
de mobilização e organização, notadamente porque os trabalhadores bancários que são
tradicionalmente mais próximos do sindicato são justamente os trabalhadores de
agências, cujas funções tendem a se esvaziar no banco digital e com o crescimento
exponencial dos correspondentes bancários.
4) Considerações Finais
Nos anos 2000, ganha impulso a chamada “quinta onda de inovação bancária”,
alicerçada na parceria de distribuição de produtos e serviços bancários intermediada por
atores externos ao sistema financeiro, como os varejistas e empresas de telefonia.
Tal processo depende da articulação de dois movimentos: inovações tecnológicas
que permitem a realização de transações bancárias por meios digitais sem a necessidade
interação entre clientes e trabalhadores e, por outro lado, um processo extenso e profundo
de terceirização do atendimento bancário, manifesta nos correspondentes bancários, que,
além da inovação tecnológica depende de alterações regulamentares e está inserido em
23
um contexto de disputas políticas acerca da compreensão do alcance do Direito do
Trabalho.
Ambos os movimentos aprofundam a tendência de retração do emprego no setor
bancário, além de alterar o conteúdo das tarefas realizadas pelos trabalhadores bancários
e seu poder de organização e barganha sindical.
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