workshop sistema integrado de informações para gestão da...
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Relatório Final
Maio
2012
Workshop Sistema Integrado de Informações para Gestão da Bacia
Hidrográfica Lagos São João
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Conteúdo
Programação ................................................................................................................................... 3
Introdução ....................................................................................................................................... 4
Objetivo Geral ................................................................................................................................. 5
Objetivos Específicos ....................................................................................................................... 5
Estrutura e Público Alvo .................................................................................................................. 6
Abertura e considerações iniciais .................................................................................................... 6
Apresentações realizadas ................................................................................................................ 7
Metodologia do trabalho em grupo .............................................................................................. 13
Resultado dos grupos de trabalho ................................................................................................ 14
Conclusão ...................................................................................................................................... 16
Próximos passos ............................................................................................................................ 16
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Programação
10 de maio de 2012
8:00 – 9:00h Credenciamento e Café da manhã
9:00 – 9:30h Abertura da Oficina com apresentação dos objetivos e dos participantes
9:30 – 10:30h Apresentação 1: Aplicação de Sistema de Informações Geográficas na gestão
territorial e dos recursos hídricos – José Augusto Sapienza
10:30 – 11:30h Apresentação: O que o Consórcio e o Comitê de Bacias Lagos São João estão
realizando? - Base Conceitual – Marília Salgado Martins e Natalia Barbosa
Ribeiro
11:30 – 13:00h Intervalo para o almoço
13:00 – 15:00h Discussão e trabalho em grupos
15:00 – 15:30h Intervalo para café
15:30 – 16:30h Apresentação dos grupos em plenária
16:30 – 17:00h Encaminhamento e avaliação final da oficina
17:00h Encerramento
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Introdução
Os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) são usualmente aceitos como uma
tecnologia que possui as ferramentas necessárias para realizar análises com dados espaciais
oferecendo ao ser implementado, alternativas para o entendimento da ocupação e utilização do
meio físico (modificado de SILVA, 2010), neste caso a bacia hidrográfica.
A Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos prevê a utilização de SIGs na gestão das
águas no âmbito dos seus Sistemas de Informações, instrumentos estes previstos nestas leis. São
princípios básicos para o funcionamento dos Sistemas de Informações sobre Recursos Hídricos
(SIRH):
I - a descentralização na obtenção e produção de dados e informações;
II - a coordenação unificada do sistema; e
III - a garantia de acesso aos dados e informações, para toda a sociedade.
Para tanto se faz importante afirmar que o uso de SIGs constitui-se em ferramenta ampla e
complexa de análise, que permite que várias possibilidades, tanto dos aspectos de planejamento
da organização sócio-espacial da bacia hidrográfica, quanto dos aspectos de recursos hídricos no
âmbito das políticas, sejam sobrepostas e sintetizadas de forma integrada, atualizadas
constantemente e de maneira dinâmica, não limitando o número de variáveis neste processo,
sendo um sistema aberto e multifinalitário, embora esteja com a sua abrangência temática
voltada para a gestão dos recursos hídricos. Ademais, proporciona a integração dos dados
espaciais da bacia e um modelo para o gerenciamento dos recursos hídricos (modificado de SILVA,
2006).
Neste contexto, o Consórcio, Entidade Delegatária do Comitê de Bacias Lagos São João,
compreendendo a importância desta ferramenta para a gestão, vêm desde 2010 empenhando
esforços na construção de um Sistema Gerenciador de Informações Ambientais e dos Recursos
Hídricos para a bacia. Em 2010, em parceria com o WWF-Brasil, o CILSJ contratou um especialista
em geoprocessamento, que desde então assumiu a tarefa de organizar, sistematizar e consolidar
um banco de dados espacial. Esta iniciativa, idealizada inicialmente visando à construção de uma
análise de vulnerabilidade às alterações de uso e ocupação do território da bacia, oportunizou o
planejamento para a consolidação de uma infraestrutura de dados espaciais e de seu banco de
dados espacial e sistema de informação geográfica.
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Em prosseguimento as ações para a consolidação desta iniciativa, foi idealizada pelo
Consórcio Lagos São João a proposta de um Workshop de trabalho. Esta proposta é resultado
deste processo de amadurecimento e o primeiro passo na construção colaborativa do Sistema
Integrado de Informações para Gestão da Bacia Lagos São João – SIG Lagos São João. O sistema
vem de encontro às políticas de recursos hídricos, ao propor a consolidação das informações de
forma descentralizada, produzidas pelas instituições e entidades da área de atuação do Comitê, e
por criar um sistema visualizador online, concebido em ambiente georreferenciado (incluindo
dados cartográficos, mapas informativos, produtos de sensoriamento remoto e plano de
informação cadastral), democratizando, desta forma o acesso a informação.
A proposta do Sistema inova ao não se restringir a reunir somente informações sobre a
situação qualitativa e quantitativa das águas, disponibilidade e demandas, mas também incorpora
informações que irão auxiliar no processo de tomada de decisão. Além disso, o sistema se propõe
a auxiliar a gestão do ambiente como um todo, utilizando a água como componente que integra
os diversos sistemas que compõem o ambiente.
O Workshop “Sistema Integrado de Informações para a Gestão da Bacia Hidrográfica Lagos
São João”, foi realizado em maio de 2012, e reuniu instituições estratégicas para a gestão da bacia.
Com o objetivo de sistematizar as informações produzidas e discutidas durante o Workshop, foi
elaborado o presente relatório. Este documento é a consolidação desta etapa, e apresenta os
principais aspectos discutidos pelas diversas instituições, ao longo das atividades do evento.
Objetivo Geral
O Workshop teve como objetivo reunir os atores ligados à gestão do ambiente da bacia
Lagos São João, para a criação colaborativa do SIG Lagos São João como ferramenta de suporte a
tomada de decisão.
Objetivos Específicos
Definir informações a serem disponibilizadas no SIG Lagos São João e seus respectivos
atributos;
Definir as ferramentas e os aplicativos – ferramentas de visualização, geração de figuras,
relatório, consultas aos atributos cadastro de usuários on-line.
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Definir as fontes para obtenção das informações;
Estrutura e Público Alvo
O Workshop foi realizado no município de Cabo Frio, na Universidade Veiga de Almeida, e
teve duração de um dia. Na parte de manhã foi realizada uma rodada de apresentações que
abordaram o uso das geotecnologias na gestão de bacias e na pública, e aspectos conceituais
relacionados e, na parte da tarde, foi realizada a etapa de trabalho em grupo. O público alvo do
Workshop foram as instituições e atores-chave da gestão ambiental e territorial da bacia. São
estes: as Secretárias Municipais de Meio Ambiente (SMMA) da área de abrangência da bacia; o
Instituto Estadual do Ambiente – INEA e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
– ICMBio. Estiveram presentes 39 representantes, entre as Secretarias Municipais de Meio
Ambiente de toda a bacia – Rio Bonito, Silva Jardim, Casimiro de Abreu, Araruama, Iguaba Grande,
São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo e Armação de Búzios; a Gerência de Apoio a
Gestão Ambiental Municipal – Gegam/INEA; a Gerência de Geoprocessamento e Estudos
Ambientais – GEOPEA/INEA; a APA Federal do Rio São João /ICMBio; e o Parque Estadual da Costa
do Sol/INEA.
Abertura e considerações iniciais
A solenidade de abertura contou com a presença do Secretário Executivo do Consórcio
Intermunicipal Lagos São João, Mário Flávio Moreira; do Superintendente Regional do INEA, Túlio
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Wagner; do representante da Universidade Veiga de Almeida e anfitrião da casa, Eduardo
Pimenta; do representante da Coordenadoria Geral de Meio Ambiente de Cabo Frio e anfitrião do
município, Renato Luiz Gomes de Oliveira; e do Professor José Augusto Sapienza, representando o
Laboratório de Geotecnologias do Departamento de Geologia Aplicada da Faculdade de Geologia –
LABGIS – e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Após a fala de cada um dos
representantes, a equipe do CILSJ elucidou os objetivos do Workshop e apresentou a programação
do evento. Finalizada a abertura passou-se para a rodada de apresentações.
Apresentações realizadas
Apresentação 1: “Aplicação de Sistema de Informações Geográficas na gestão
territorial e dos recursos hídricos”
Prof. José Augusto Sapienza - Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ
A apresentação teve início com uma explicação sobre o conceito de geotecnologias. O
palestrante destacou que estas são tecnologias dinâmicas alicerçadas na tecnologia da
informação, e também são ágeis e novas, podendo ser representadas pelos Sistemas de
Informações Geográficas, Sensoriamento Remoto, Processamento Digital de Imagens de Satélite e
pelo popular GPS. Destacou que a principal finalidade das geotecnologias é juntar um conjunto de
dados para modelar o ambiente, tanto para monitorar o presente quanto para prever o que pode
acontecer no futuro, dentro de um dado cenário.
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Depois destacou as diversas aplicações das geotecnologias na gestão de Bacia
hidrográficas, onde é possível realizar estudos de relevo, declividade, direção de fluxo e vertentes,
comprimento e acúmulo de fluxo e infiltração; visualização em três dimensões; estudos na parte
de hierarquização de drenagens, delimitação de área de contribuição (subbacias,
empreendimentos, estações pluviométricas e fluviométricas); estudos de clima, chuva, pressão,
erosão e carreamento de sedimentos, que resultam em mapas de risco de erosão; estudos físico
químicos da água e do solo; e mapeamento de vegetação e uso da terra, este último como uma as
aplicações mais populares das geotecnologias. Mencionou a aplicação das geotecnologias em
diversas outras áreas, como na gestão de unidades de conservação, onde é possível monitorar
queimadas e o ciclo de vida da vegetação, por exemplo. Apresentou outros exemplos de aplicação:
na agricultura – plantio e colheita; na delimitação de manchas de inundação, sejam estas
provocadas pela cheia ou represamento de um rio; no monitoramento de irrigação; na previsão de
mudanças de cenários – alterações em manchas urbanas, desmatamento, áreas de contaminação,
localização de empreendimentos; e aplicações na área socioeconômica e de saúde, mostrando a
diversidade de possibilidades em que as geotecnologias podem ser aplicadas.
O palestrante mencionou o crescimento e desenvolvimento da área de geotecnologias nos
últimos 10 anos e destacou o principal desafio do setor na atualidade, a gestão de dados espaciais
de fontes distintas. Atribuiu esse desafio à complexidade do dado espacial, devido a questões
conceituais e técnicas, como escala, DATUM, sistema de projeção, precisão posicional e
modelagem conceitual. Outra questão que se coloca é o alto custo de levantamento de dados
geográficos, que torna comum a sua reutilização, prática que não é fácil exigindo a aquisição de
softwares e equipamentos específicos. Destacou que o dado geográfico representa uma
simplificação do mundo real, que é multivariado, hiper-relacionado e tridimensional, enquanto o
dado geográfico é bidimensional e se relaciona de forma restrita. Disse que estas questões não
impossibilitam que o modelo de utilização de dados de fontes distintas não dê um bom resultado,
mas são questões que todos devem estar atentos.
O Professor parte para outro ponto, utilizando a seguinte indagação: quais dados são
importantes para a gestão em questão? Destacou que é comum que não se consiga levantar todos
estes dados e que, assim como os modelos são simplificações da realidade, os dados contêm erros
(imprecisões), que devem ser identificados e avaliados. A avaliação indica se esse erro é aceitável
ou não para determinado tipo de tomada de decisão, e a aceitação do erro vai depender da
aplicação do dado. Aponta duas questões limitantes no desenho do universo de dados, a fonte e
os recursos, que muitas vezes levam a redução de um grupo enorme de dados para um
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subconjunto – core ou núcleo – a ser trabalhado, destacando que a base de dados geográfica
completa pode levar anos para ser concluída. Menciona a necessidade de equilíbrio entre a mão-
de-obra especializada, recursos financeiros e tempo para se chegar ao resultado final.
Nesse momento, o palestrante destaca que a proposta do SIG Lagos São João na área da
geotecnologia é chamada de Infraestrutura de Dados Espaciais – IDE, que não é meramente uma
coleção de dados, e sim objetiva que os dados conversem entre si, buscando ao final um banco de
dados organizado. Menciona que essa mesma iniciativa está sendo desenvolvida na esfera
Federal, através da Infraestrutura Nacional de Dados Espacial – INDE. O palestrante destaca que a
IDE envolve pessoas e tecnologias, mas muito mais que isso, envolve políticas, padrões e regras
que possibilitem a associação da base de dados a outras bases. Menciona os cinco componentes
de uma IDE: as pessoas que são os usuários dos dados; as instituições; as tecnologias; e por fim as
normas e padrões, determinadas pela INDE e a Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR).
O palestrante finaliza a apresentação dizendo que no processo tomada de decisão
proporcionado pelas geotecnologias, é preciso estar atento não somente aos dados, mas as
normas, padrões e na confiabilidade da base de dados, garantindo que o processo seja consistente
e eficiente.
Apresentação 2: “A base de dados do Comitê de Bacia Lagos São João e o seu
Sistema Gerenciador de Informações Ambientais e dos Recursos Hídricos”
Marília Salgado Martins e Natalia Barbosa Ribeiro
Consórcio Intermunicipal Lagos São João
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A palestra se iniciou com a explicação de que a apresentação se dividiria em dois
momentos e seria realizada por duas pessoas. A etapa inicial seria apresentada pela Natália
Ribeiro, coordenadora técnica do CILSJ, que falaria sobre o trabalho que o CILSJ vem
desenvolvendo com o geoprocessamento até o presente e a segunda parte seria conceitual,
apresentada pela Marília Salgado, especialista em geoprocessamento do CILSJ.
Na primeira parte da apresentação, a palestrante fez um histórico do geoprocessamento
no âmbito do CILSJ, que levou a contratação de um especialista em geoprocessamento. Em 2009
foi realizada uma oficina sobre os impactos das mudanças climáticas na bacia hidrográfica Lagos
São João, onde ficou clara a necessidade de se conhecer as vulnerabilidades da bacia hidrográfica
e a onde elas ocorriam. Como desdobramento desta Oficina, foi criado o Grupo de Trabalho em
Mudanças Climáticas do Comitê de Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ) e, com apoio do
WWF Brasil, adquirido equipamento e contratado especialista em geoprocessamento para se
dedicar a essa demanda específica de análise de vulnerabilidade. A partir desta demanda
específica e da base de dados existente, foi possível perceber que apesar das lacunas de dados,
havia a oportunidade de transcender essa demanda inicial e organizar um banco de dados que
poderia auxiliar na gestão da bacia como um todo, através da criação do Sistema de Informações
Ambientais e dos Recursos Hídricos (SIG Lagos São João).
Foi esclarecido o papel do CBHLSJ neste processo, que destina os recursos oriundos da
cobrança pelo uso dos recursos hídricos para ações previstas no plano de bacia, e este, por sua
vez, tem como uma de suas atividades prioritárias a estruturação de um sistema gerenciador de
informações ambientais. A palestrante ressaltou que a proposta é um sonho antigo do CILSJ, que
apresentou a demanda ao CBHLSJ que por sua vez, apoio a iniciativa.
Finalizado o resgate, a palestrante explicou que essas ações foram importantes, visto que
antes da contratação do especialista, no ano de 2010, havia um conjunto de dados organizados
sem nenhum padrão, que foram armazenados em um computador dedicado ao
geoprocessamento. Os dados espaciais estavam misturados com tabelas, textos e figuras.
Nesse momento, se iniciou a segunda parte da apresentação, com a explicação do processo
de organização da base de dados. O primeiro passo foi a triagem dos dados, separando os dados
espaciais das demais informações. Este trabalho deve duração de dois anos, até o presente
momento, que culminou na proposição de um banco de dados único. Em paralelo a este processo
propôs-se a estruturação da base de dados por tema, e a separação dos dados vetoriais dos dados
do tipo raster. Foi esclarecido que dados vetoriais são as linhas, pontos e polígonos e dados raster
são as imagens de satélite.
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Nesse ponto foi apresentada a estrutura por tema da base de dados. No tema ‘Áreas
Protegidas’ encontram-se os limites das unidades de conservação federais, estaduais e municipais
e seus respectivos zoneamentos; no tema ‘Bacias Hidrográficas’ estão os limites das bacias
hidrográficas e microbacias; no tema ‘Físico’ as características físicas do território, como
precipitação e tipo de solo; no tema ‘Hidrografia’ a rede hidrográfica, os rios, o limite dos lagos,
lagoas, lagunas e represas; no tema Infraestrutura a vias de acesso, ferrovias, dutos e linhas de
transmissão; no tema ‘Limites Políticos Administrativos’ as divisões políticas do território, como os
limites dos municípios, as sedes municipais e distritais; e por ultimo o tema ‘Relevo’, que agrupa as
curvas de nível e modelos de terreno. O componente raster agrega as imagens de satélite
disponíveis da bacia, que são as imagens do satélite ASTER, SPOT, QUICK BIRD, LANDSAT e as fotos
áreas do IBGE e da AMPLA.
A palestrante ressaltou que a organização dos dados espaciais por tema foi aplicada
aqueles dados que se encontravam reunidos no computador do CILSJ, e que os dados que foram
incorporados na base durante esse processo eram separados deste conjunto, em uma pasta
chamada entrada de dados. Essa separação foi criada para estabelecer um fluxo de entrada dos
dados na base, que antes de irem para a pasta temática afim, passariam pelo processo de
padronização. Em um passo mais a frente, foi estabelecido um padrão de nomenclatura e
preenchimento dos metadados para a base, aplicado sobre todo o universo da base, tanto das
pastas temáticas quanto da entrada de dados.
Finalizada a explicação sobre o processo de construção da base de dados espacial, a
palestrante passou a mostrar alguns resultados de trabalhos desenvolvidos pelo Laboratório de
Geoprocessamento do CILSJ, apoiando principalmente o trabalho do Comitê. Foi feita a
delimitação das bacias hidrográficas e microbacias da região hidrográfica; o Índice de Risco
Ecológico da Bacia lagos São João, que retrata o estado da integridade ecológica dos cursos d’água
da bacia; a produção de mapas temáticos, como mapas dos municípios, das sedes municipais, uso
do solo, unidade de conservação, vias de acesso, entre outros; análises de vetores de pressão
utilizando imagens de satélite e através de levantamento de campo; georreferenciamento dos
pontos de monitoramento de balneabilidade do INEA; delimitação da área de contribuição do
reservatório de Juturnaíba; e o apoio aos programas do CBHLSJ, como o Fundo de Boas Práticas
Socioambientais – FUNBOAS.
A palestrante reafirmou que, diante do volume de dados espaciais organizados e
disponíveis, começou-se a pensar em uma maneira de compartilhar estes dados, para que não
ficassem restritos ao trabalho do CBHLSJ e do CILSJ. A maneira encontrada de levar os dados a
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todas as instituições que fazem a gestão ambiental da bacia foi a criação colaborativa do SIG Lagos
São João. O sistema partiria da base de dados espacial do CILSJ, que seria somada a base de dados
espacial das instituições parceiras, e esse conjunto de dados resultaria no SIG Lagos São João. O
Sistema seria acessível através de uma plataforma on-line, um “SIG Web”. Foi destacado que o dia
de hoje seria dedicado no exercício de composição dessa base de dados única, bem como de
discussão sobre suas funcionalidades.
Nesse momento, passou-se a parte conceitual da apresentação, explicando o conceito de
Sistema de Informações Geográficas (SIG), buscando nivelar os participantes quanto à
compreensão dos termos. Destacou-se que o SIG é necessário quanto componente de localização
é considerado no processo de decisão, e que o resultado da aplicação dos SIG são mapas e que
este deve ser usado quando se deseja realizar a análise espacial de fenômenos. Passou-se a
definição propriamente dita, dizendo que SIG é um sistema usado para descrever e caracterizar a
Terra para fins de visualização e análise de dados geograficamente referenciados, e possibilita a
compreensão dos fenômenos analisados pela visualização dos mapas e a integração de dados.
Finalizada a definição, passou-se a explicação dos três níveis do sistema. No primeiro nível,
que é o mais próximo do usuário, está a interface, onde o usuário acessa o sistema, visualiza os
dados e processa as análises. O terceiro nível compreende o banco de dados espacial, onde os
dados espaciais são armazenados, sendo necessário conhecimentos de tecnologia da informação.
E nos níveis intermediários estão os processos de entrada de dados e consulta ao banco de dados
espacial, processos realizados através da interface, e que conectam o primeiro ao terceiro nível,
além da visualização e plotagem dos mapas produzidos. Foi dito que o SIG Lagos São João atuará
conjuntamente em dois destes níveis: o terceiro (banco de dados espacial), pela implementação
de um banco de dados único; e no primeiro (interface), através do “SIG Web”.
Explicou que o SIG é um sistema que acumula dados espaciais e procedimentos que
auxiliam na tomada de decisão, e que o sistema não toma a decisão por si só. Explanou ainda a
composição do SIG, que é formado pelas pessoas, que representam os usuários do sistema; o
banco de dados espacial, que representa a visão do mundo real que atende aos usuários do
sistema; o software, que é o programa usado na implementação do sistema; e por último o
hardware, representado pelo computador ou servidor onde o banco de dados espacial é
armazenado e onde o usuário acessa o sistema.
Dando continuidade ao conteúdo conceitual, foi explorado o conceito de dado, dado
espacial, banco de dados e banco de dados espacial. Explicou que o dado é uma observação da
realidade mensurável e passível de documentação, e que o dado geográfico possui a mesma
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definição, adicionada da localização geográfica do fenômeno; o banco de dados é o conjunto
organizado em tabelas das observações, e no banco de dados espacial acrescenta-se a tabela o
componente espacial. Foi dito que os bancos de dados espaciais podem ser originados de dados
primários, que são aqueles em que a instituição proprietária deste banco levanta, ou de dados
secundários, quando se utiliza dados de outras instituições. Ainda foi explorado o conceito de
mapa, que é uma representação do mundo real e de suas características.
A apresentação foi finalizada com a explicação das etapas de construção do SIG Lagos São
João. A 1° etapa é a definição dos dados que irão compor a banco de dados espacial, trabalho a ser
realizado no Workshop. Nas etapas seguintes serão realizadas capacitações para a construção dos
bancos de dados espaciais locais e para acesso ao sistema.
Metodologia do trabalho em grupo
Os participantes da oficina foram divididos em três grupos, de acordo com a cor do adesivo
colado no crachá, que poderia ser azul, vermelho ou verde. Na formação dos grupos os
representantes dos municípios foram divididos, para que cada grupo tivesse representantes de
todos os municípios.
A planilha com as informações foi apresentada (Anexo I), explicando o significado de cada
coluna que a compõe – Tema, Dado e Atributo. A coluna Tema indica a aplicação a que o Sistema
se destina; a coluna Dado apresenta os dados espaciais relacionados ao Tema; e a coluna Atributo
as característica do Dado que se deseja conhecer. No Tema “Gestão do Recurso Hídrico”, está
incluído o Dado “hidrografia”, por se considerar fundamental para este Tema a localização e o
sentido de fluxo dos rios de uma determinada área. Fundamental também é saber o nome do rio,
a sua ordem e outras características relevantes, que são os atributos do Dado.
Cada grupo deveria avaliar os temas propostos, sugerindo a inclusão ou exclusão de temas;
avaliar os dados relacionados ao tema, incluindo ou excluindo dados; e avaliar os atributos
associados a cada dado, sugerindo a inclusão ou exclusão de atributos. As alterações deveriam ser
anotadas em tarjetas de cores distintas, sendo a tarjeta amarela usada para transcrever a exclusão
ou inclusão de ‘Tema’; a tarjeta azul para anotar a inclusão ou exclusão de ‘Dados’; e a tarjetas
rosa para anotar os ‘Atributos’. Cada grupo foi acompanhado por um técnico do CILSJ, que ficou
responsável pela condução da dinâmica.
O grupo azul foi formado sete pessoas: Christina Kelly Alburquerque, Daniela Mazieri, Denise
Domingas de C. Gonçalves, Leonard Hilsenrath Kotaki, Guilber Espindola do Amaral, Anercilia da
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Conceição Martins e Douglas Holanda Barbosa, e foi acompanhado pela técnica Aline Oliveira
Santos.
O grupo verde foi formado por seis pessoas: Marlito Castilho, Susie de Jesus Rodrigues
Pinto, Wanderson de Andrade Paula Manhães, Paulo Vinícius, Carlos Henrique Teles Tibáo e
Renato Luiz Gomes de Oliveira, e foi acompanhado pela técnica Natalia Barbosa Ribeiro.
O grupo vermelho foi formado por nove pessoas: Carlos Fellipe de Siqueira, Keila Ferreira,
Glauco Gastro Ribeiro da Silva, Guilherme Tavares de Mello, Kátia Hunnicutt, Marcelo Simões
Rezende, José Marcio Torres, Geisy Leopoldo Barbosa e Charles Washington Mendonça, e foi
acompanhado pelo técnico Gabriel Correa Kruschewsky.
Resultado dos grupos de trabalho
Os grupos sugeriram a inclusão de quatro temas à tabela original. Os temas incluídos
foram: mineração, defesa civil, gestão de resíduos sólidos e saneamento. Somente mineração não
teve sugestão de dado e atributo.
No total, a tabela final do SIG Lagos São João possui onze temas, incluindo os sugeridos. Os
temas podem ser visualizados abaixo, e os dados e atributos dos quatro novos temas foram
sistematizados em uma única tabela (Anexo II).
1. Base cartográfica Básica
2. Gestão de Recursos Hídricos
3. Gestão Ambiental
4. Ordenamento Territorial
5. Socioeconomia
6. Saúde
7. Zoneamento Ecológico Econômico
8. Mineração
9. Áreas de Risco e Vulnerabilidade
10. Gestão de Resíduos
11. Saneamento
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Somente em três dados não houve sugestão de inclusão de atributos: distrito (Tema ‘Base
cartográfica básica’); uso do solo (Tema ‘Gestão de recurso hídrico’); e Área de Preservação
Permanente (Tema ‘Ordenamento Territorial’). Nos dados Rodovias (Tema ‘Base cartográfica
básica’); Ponto de Captação de água, Poço, Outorga e Enquadramento dos corpos hídricos (Tema
‘Gestão de recurso hídrico’); Zoneamento de UC e Zona de Amortecimento de UC de proteção
integral (Tema ‘Ordenamento Territorial’) houve sugestão de exclusão de atributos. Em todos os
demais dados foram sugeridas inclusão de atributos.
Houve ainda a sugestão de exclusão dos seguintes dados: Outorga e Enquadramento dos
corpos hídricos (Tema ‘Gestão de Recursos Hídricos’); e Uso do Solo e Zoneamento Ambiental
(Tema ‘Ordenamento Territorial’). No dado Enquadramento dos corpos hídricos, além da exclusão,
foi sugerida mudança de categoria, de Dado para Atributo, para que este passasse a ser atributo
do dado Hidrografia. Isso ocorreu também com o Uso do solo, que além de sugestão de exclusão,
foi sugerida mudança do Tema ‘Gestão de Recursos Hídricos’ para o Tema ‘Ordenamento
Territorial’. As duas sugestões foram consideradas na Tabela Final (Anexo II). A Tabela 2 apresenta
a consolidação das discussões sobre a exclusão de atributos, onde é apresentado os atributos que
foram retirados, por opinião dos três grupos, e aqueles que apenas um grupo sugeriu a exclusão e
portando continuaram a ser considerados na tabela final.
Tabela 1. Dados com sugestão de exclusão de atributo e atributo excluído
Dado Atributo Consideração
Rodovias Extensão total Retirado
Ponto de captação de água Endereço Considerado
Poço
Coordenada
Retirado Perfurado
Nível estático e dinâmico
Outorga Tipo de Captação Considerado
Uso Considerado
Zoneamento de UC Caracterização geral Retirado
Zona de amortecimento de UC de proteção integral
Nome da Zona Considerado
Caracterização geral Retirado
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Conclusão
O Workshop do Sistema Gerenciador de Informações Ambientais e dos Recursos Hídricos
reuniu representantes de grande parte das instituições da gestão ambiental e territorial da bacia
hidrográfica Lagos São João, que demonstraram apoio à proposta apresentada.
As palestras foram pertinentes ao assunto, mostrando a enorme gama de possibilidades de
aplicação das geotecnologias na gestão da bacia hidrográfica, e na gestão dos municípios, além de
discutir os conceitos necessários a construção do SIG Lagos São João.
O trabalho de grupo atingiu o objetivo de estimular o pensamento geográfico nos
participantes, proporcionando a analise do território onde atuam. O escopo inicial das categorias
que vão compor o Sistema passou de sete para onze temas, e o volume de dados e atributos
aumentou de forma expressiva. Mas, por questões ligadas ao tempo disponível para o trabalho de
grupo, não foi possível definir a fonte dos dados e as funcionalidades do sistema. No entanto, o
material produzido é de grande relevância e orientará o trabalho do Laboratório de
Geoprocessamento do Consórcio Lagos São João.
Próximos passos
O resultado do trabalho realizado pelos grupos definiu o escopo inicial das categorias de
informação do SIG Lagos São João, que reúne dados que atendem as necessidades gerais das
instituições presentes. Diante desse universo inicial, é necessário o aprofundamento da questão
espacial nas Secretarias Municipais de Meio Ambiente e demais instituições envolvidas, buscando
levar as especificidades de cada instituição, assim como conhecer os dados produzidos e
armazenados. Também é necessária a criação de um grupo de acompanhamento dos trabalhos,
para assegurar a construção colaborativa do Sistema.
Dentro deste contexto, os próximos passos são:
Realizar levantamento nas Secretarias Municipais de Meio Ambiente e demais
instituições envolvidas na gestão – identificar onde o acesso ao dado geográfico é
realizado nos procedimentos administrativos;
Realizar inventário de dados disponíveis nas Secretarias Municipais de Meio Ambiente e
demais instituições envolvidas na gestão;
Criação do grupo de acompanhamento da construção do SIG Lagos São João.