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II CONFERÊNCIA CIDAADS: EDS na Sociedade do Conhecimento : Património imaterial, Emigração e Regresso: sons e imagens de narrativas no feminino ANTÓNIO JOÃO SARAIVA Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais (CEMRI) Universidade Aberta Lisbon, Portugal antoniojoaosaraiva@gmail.com

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Page 1: Workshop I - Património imaterial, Emigração e Regresso: sons e imagens de narrativas no feminino

II CONFERÊNCIA CIDAADS: EDS na Sociedade do Conhecimento

:

Património imaterial, Emigração e Regresso:

sons e imagens de narrativas no feminino

• ANTÓNIO JOÃO SARAIVA

Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais (CEMRI)

Universidade Aberta

Lisbon, Portugal

[email protected]

Page 2: Workshop I - Património imaterial, Emigração e Regresso: sons e imagens de narrativas no feminino

“Nas 2 costas da América há importantes colónias de Açorianos

as quais, até voltarem ricos ou desiludidos conservam um

espírito patriótico.

O ideal do emigrante Açoriano é formar lá fora um pecúlio e vir

depois gozá-lo na sua ilha querida.”

Leite Vasconcellos - Mês de Sonho, 1924

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Questões de pesquisa:

* Como foi resolvido o eterno desejo de regresso

* Qual o papel da mulher e da família neste processo

Considerações metodológicas:

População de estudo: Emigração Açoriana para a Califórnia - vaga dos

Capelinhos (década 1960)

Pesquisa a partir de trabalho de campo em S. Jorge - Açores ( 2 meses em

2009)

e em S. José – Califórnia (9 meses em 2010 – 2011)

Método de Pesquisa: Pesquisa etnográfica através de observação participante

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A teoria em antropologia é sobretudo uma

forma de dar densidade à leitura dos

acontecimentos observados. Pode ser feito

através do texto escrito mas também através do

cinema .

Pretendemos explorar principalmente esta

linguagem enquanto forma de representação

deste aspecto da emigração que é o regresso.

“the power of the film to communicate the emotive fabric of human existence…”

Edgar Morin

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Antropologia visual é um ramo da

Antropologia, aplicada ao estudo e produção

de imagens, nas áreas da fotografia, do cinema

e mais recentemente dos novos media

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• O interesse pelo registo de imagens do mundo não foi apenas dos antropólogos.

Em França, com o apoio do Banqueiro Albert Khan foi financiada a primeira cadeira

de Geografia Humana no Collège de France e criado o primeiro arquivo

cinematográfico “Les Archives de la Planète”.

• Filmados entre 1912 e 1931 por cinco operadores de câmara sob a supervisão do

geógrafo francês Jean Brunhes (1869-1932), escolhido por Albert Kahn para

coordenar a constituição dos arquivos.

• 72.000 fotografias (uma das maiores coleções do mundo) e cerca de 183.000

metros de película - mais de 100 horas de projeção. Documentam 48 países no

mundo, de todos os continentes, exceto Oceania.

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• Este movimento teve expressão em Portugal pela mão de Orlando

Ribeiro, que passou a usar de uma forma sistemática as imagens nos

seus cadernos de campo, dando origem a um extenso arquivo

fotográfico. Nos Capelinhos e no Fogo foram também realizados

registos cinematográficos.

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• A Geografia integrou nos seus trabalhos de campo os

métodos visuais acompanhando o desenvolvimento de

outras disciplinas sociais, em particular a Antropologia

visual que, desde muito cedo, integrou os métodos visuais.

A Geografia partilha com a Antropologia o trabalho de

campo e o destino de olhar o mundo.

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A crise sísmica associada à erupção vulcânica e a queda de cinzas originaram a destruição

generalizada das habitações, terrenos agrícolas e de pastagens.

Em 1958 foi aprovado o "Azorean Refuge Act" autorizando a concessão de 1500 vistos. A quebra

demográfica na ordem de cerca de 50%, contribuiu para uma melhoria de vida na população

residente, ao nível de mais oportunidades de trabalho e de melhoria nos salários.

Beneficiando da solidariedade demonstrada pelos EUA, milhares de sinistrados faialenses - e não

poucos de outras ilhas - aproveitaram a quota especial de emigração concedida e procuraram

refazer as suas vidas naquele país.

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4 casos diferentes

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Vamos ver no excerto do filme “gente de fajãs” dois casos de regresso que configuram talvez as

2 razões mais importantes que estiveram na origem da partida, assim como as razões do seu

regresso.

Albertina Conceição regressou à Faja de S. João Guilda Baltasar regressou à Fajã de Santo Cristo

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* O Regresso era um ponto de partida ( fim de um ciclo) que nem sempre

se concretizava.

* Nos primeiros anos de emigração as mulheres pretendiam regressar.

* Com os seus maridos a situação era diferente. O regresso fazia parte dos

seus planos, mas só após terem amealhado algum $ que lhes permitisse

comprar a tão desejada terra.

*Como vimos com Albertina Conceição os primeiros anos eram

muito dificeis. Ficavam em casa suportando a familia e as redes

Portuguesas de suporte nem sempre funcionavam (principalmente no

Vale S. Joaquim)

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Casal Belem, naturais da Ilha do Pico. Vieram há 44 anos, já com uma filha de quatro

anos. Vivem em S. José. A sua casa é um enclave do Pico na grande cidade de S.

José. Não podemos falar em regressar porque em certa medida nunca deixaram as ilhas,

como refere o escritor Onésimo Almeida “não se regressa a de onde nunca se partiu”.

Nos primeiros anos Adelina Belém só pensava em regressar. Manuel Belém, pelo

contrário, pretendia ficar para amealhar algum $ que lhe permitisse melhorar a vida na

sua querida ilha do Pico

O Regresso foi adiado porque, como ela referia, “não podiamos deixar a nossa filha para

tràs.” Desenvolveram um processo de reterritorialização através de uma participação

intensa nas actividades da comunidade.

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Aida Sousa e Leonel Sousa naturais da Ilha Graciosa e de

S. Jorge. Proprietários do último restaurante Português de

S. José, Califórnia. Têm planos de fechar o restaurante e

regressar à ilha de S. Jorge, onde têm ainda uma casa;

trata-se de um desejo antigo que se irá concretizar durante

2012. Esta família será objecto de acompanhamento

longitudinal até 2014, pelo que a partir de 2012 esse

acompanhamento será feito na Ilha de S. Jorge.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após um primeiro impacto negativo, as mulheres integraram-se na sociedade de acolhimento

principalmente como resposta ao necessário apoio familiar

Com oa progressiva integração e os filhos na escola o regresso começou por ser adiado e depois

abandonado.

Como resposta desenvolvem-se processos de reterritorialização principalmente por via da religião e dos

acontecimentos socio-culturais a ela associados permitindo recriar as vivências das ilhas

Prof. Onésimo Pereira considera a diáspora Açoriana como a décima ilha do Arquipélago.

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CONCLUSÃO

* Actualmente o regresso tem uma expressâo muito reduzida

(Durante o trabalho de campo encontrei apenas 3 famílias com planos de regressar, todas sem

filhos)

•A família é a principal razão evocada quando perguntamos as

razões do não regresso

* Quem abandonou a ambição de regressar encontrou outras

formas de regresso …poderiamos falar em regressos emocionais

ou até imaginados, como no caso de Maria das Dores, expresso no

poema “ A casa que já não é”

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O primeiro factor a adiar o regresso ou a afastar de uma forma definitiva o regresso foi a família foram os filhos e depois os netos...esta parece uma conclusão sem riscos ...reforçada pelo facto de as 3

familias que conhecemos estarem a preparar o regresso não tinham filhos.

Em outros casos quando a poesia ajuda a rrumar o passado descobre-se que não e possível regressar ao passado muitas vezes por razoes físicas . As casas que deixaram não existem mais ...so existem nas

memorias .

Vemos assim que sobre o regresso podemos encontrar narrativas diferentes.

O meu trabalho situa-se no cruzamento desta narrativas e a questão que coloco agora talvez num momento de balanço de um10 meses no terreno è como construir uma representação destas

narrativas

Um documentário ou um hypervideo onde possam estar em dialogo e em confronto as diferentes historias . O documentário obriga-me a assumir um ponto de vista a construir a nhi visão desta

experiencia. O hypervideo permite uma representação onde a voz do autor e mais invisível ...onde haverá primazia para a vos dos sujeitos.

Estou por isso numa fase exploratória tentando ver qual o melhor contributo.