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    1. INTRODUO

    1.1. OBJETIVO GERAL :

    Esta dissertao objetiva a determinao da viabilidade tcnica e

    econmica de se adotar um processo construtivo com uso de madeira

    de reflorestamento, disponveis em nosso Estado, comparativamente ao

    processo construtivo convencional em alvenaria, para casas populares.

    1.2. OBJETIVOS ESPECFICOS :

    a) Determinar a viabilidade tcnica e econmica do uso de

    madeira na construo de casas populares, comparado com o modelo

    padro em alvenaria da Companhia de Habitao do Paran

    (COHAPAR), a Casa da Famlia CF-40, com 40 m 2 de rea construda.

    b) Determinar os parmetros/requisitos estruturais mnimos para

    construo da habitao em madeira.

    c) Determinar o custo bsico da construo da planta CF-40, pelo

    sistema LIGHT WOOD FRAME, com o uso da madeira de PINUS ,

    autoclavado e tratado, reproduzindo a mesma configurao daconstruo convencional, em concreto e alvenaria de t i jolos.

    1.3. JUSTIFICATIVAS :

    A casa de madeira um produto sustentvel, que atende a um

    requisito dos mais procurados na moderna Construo Civil. Mesmo

    que os custos de sua implantao fossem superiores da casa

    convencional, uma poltica de viso no futuro levar os governos aassumirem tal postura.

    Aqui no Brasil, de maneira muito especial, o uso da madeira que

    j est disponvel, e que pode ser reposta a qualquer tempo, atravs de

    projetos de Reflorestamento, fator de integrao entre polticas

    sociais com recursos naturais. As reservas de madeira que no so

    pequenas, podem at mesmo ser bastante ampliadas. Existem

    fronteiras enormes de reas que no so ideais para a agricultura e

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    que podem ser manejadas adequadamente pela vasta inteligncia

    disponvel na rea da silvicultura, incrementando ainda mais as

    reservas.

    Estudos j realizados e implementados, como foi A Construo

    Habitacional em Campos do Jordo, util izando madeira de

    Reflorestamento (LIMA,1988), so indicativos de que o sucesso obtido

    j em 1988, quando ainda no se dava tanto destaque no Brasil a este

    assunto, justifica o processo construtivo. Tratou-se de uma iniciativa da

    Prefeitura municipal de Campos do Jordo, com o suporte do Instituto

    de Pesquisas Tecnolgicas do estado de So Paulo S/A IPT, usando

    madeira de PINUS .Outro estudo, de 1983, anterior ao citado, que foi Casa de

    Madeira Modular : Manual de Montagem (ASSINI et al,1983), mostrou

    uma soluo com madeira de PINUS, de interesse social, com a grande

    praticidade e rapidez de montagem, que embasou o estudo que ora se

    inicia.

    Um aspecto positivo adicional s razes j expostas, a

    migrao de mo de obra da Construo Civil convencional para aespecialidade da carpintaria, fator de grande promoo social.

    comum na mdia a afirmativa de que a mo de obra da Construo Civil

    a mais desqualificada no Brasil. Devemos buscar, atravs de polticas

    equilibradas, canalizar o contingente disponvel de mo de obra

    especializando-o cada vez mais, para que haja ascenso dos padres

    de vida da populao como um todo.

    Cria-se tambm uma demanda por profissionais especializados naconstruo civil de madeira, que representa um salto significativo na

    alocao de profissionais no mercado de trabalho.

    Caso tenha este trabalho significncia na esfera da soluo de

    alguns dos grandes problemas nacionais, ao menos se colocam dados

    que merecem reflexo, e que so dados numricos, no subjetivos.

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    2. REVISO DE LITERATURA

    2.1. O uso da madeira na construo civilA madeira material usado na construo desde a Antiguidade,

    como atestam obras seculares, que at hoje perduram, e tm sua

    manuteno assegurada pelo valor histrico, mas que apontam

    claramente para o fato de que a soluo tecnicamente vivel,

    conveniente sob o ponto de vista ambiental, econmica, e adequada ao

    uso que lhe destinado.

    A soluo tcnica sofreu muita evoluo, especialmente no sculoXX, com o desenvolvimento das idias e processos de pr-fabricao,

    que permearam fortemente todas as reas da construo. A busca por

    solues prticas, rpidas, de execuo simples, encontrou na madeira

    campo frtil para o desenvolvimento de processos construtivos que se

    consagraram de forma especial para as moradias, isoladas ou

    coletivas, em unidades de pequeno ou mdio porte. Esta consagrao

    verificou-se de forma efetiva em pases desenvolvidos, onde

    reconhecidamente o custo de mo de obra impregna de forma mais

    importante o custo final das construes. Pases como os Estados

    Unidos, Canad, na Amrica do Norte, e pases como Inglaterra,

    Frana, Alemanha, Dinamarca, Sucia, Noruega e Finlndia na Europa,

    possuem como soluo mais comum a casa de madeira. Foram criadas

    solues que contornam problemas importantes tais como o isolamento

    trmico, viabilizando a soluo.

    oportuno ressaltar que o uso de madeiras de florestas nativas

    no processo construtivo enfocado retira dele uma das principais

    virtudes : a sustentabilidade. O enfoque est no uso de madeiras de

    reflorestamento. O perodo de crescimento da floresta nativa muito

    superior ao da floresta plantada, o que inviabiliza aquelas. Isto sem

    contar o aspecto de preservao ambiental puro e simples que cada

    vez mais as pessoas enfatizam, nas suas manifestaes ecolgicas. O

    aspecto ecolgico, longe de ser um inimigo da explorao da madeira,

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    um aliado : a grande quantidade de energia empregada na produo,

    a devastao ambiental, as dificuldades com o transporte por seu

    grande peso, fazem do ao e do cimento solues desfavorveis.

    Sob o ponto de vista ambiental, a madeira o elemento que

    oferece a melhor relao com as idias que atualmente orientam

    grande parte das discusses neste sentido. A facilidade de reposio

    da matria prima, que hoje se caracteriza como atividade econmica de

    alta rentabilidade, vem ao encontro de muitas expectativas que cada

    vez mais se acentuam nos pases desenvolvidos. A vasta tecnologia e

    conhecimento cientfico na rea Florestal tm transformado tal

    atividade em investimento econmico cada vez mais efetivo, por parteat de grupos econmicos que muitas vezes no tm a menor conexo

    com a mesma.

    O estudo A casa Ecolgica Coerncia entre Tecnologia,

    Conforto e Meio Ambiente (ALVAREZ et al, 2000), desenvolvido no

    Brasil, idealizado pela Secretaria de Estado para Assuntos do Meio

    Ambiente do Estado do Esprito Santo, levou em conta, como o prprio

    ttulo atesta, aspectos que vm ao encontro das premissas que oraapontamos, e cuja soluo util izou a madeira de EUCALIPTO.

    O aspecto econmico da soluo em madeira para construo de

    habitaes fica devidamente qualificado quando se comparam os

    custos de uma construo de carter popular na soluo em alvenaria e

    na soluo em painis de madeira. Os custos so parecidos para

    soluo de painis de madeira de fechamento, compostos por

    superfcies interna e externa diferentes, associadas por um processoqualquer. No se est falando da soluo praticada comumente no

    Brasil, de colocao de tbuas verticais simples, arrematadas por ripas

    nas junes. Tal soluo muito mais econmica que a soluo com

    painis, mas esbarra em uma srie de inconvenientes, tais como o

    baixo desempenho trmico, extremamente crtico nas regies quentes

    ou frias. Se tais argumentos no parecem suficientes, constate-se pura

    e simplesmente, de que nos referidos pases desenvolvidos, a soluo

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    adotada a construo de madeira, considerada mais econmica que

    outras solues.

    A adequao ao uso destinado da construo conseguida em

    muitos graus diferentes de sofisticao, quanto aos aspectos trmico,

    acstico, arquitetnico e funcional. A versatil idade de configuraes

    finais encontra na indstria grande variedade de alternativas, desde

    construes simples, para habitaes populares, passando por

    habitaes regulares, para a classe mdia. Atinge at mesmo as

    configuraes muito sofisticadas, com residncias de alto padro, para

    consumidores abastados. Nenhuma das referidas categorias de

    construes encontra falta de solues apropriadas por parte daindstria. Segundo The Best of Fine Homebuilding (NEWTON,1996),

    podem ser conseguidas solues de arquitetura que fujam bastante do

    convencional em construes de madeira, tais como tetos curvos,

    paredes curvas e muitas outras, com o uso de tcnicas e ferramentas

    adequadas. Quanto ao aspecto relativo ao isolamento trmico, os

    processos construtivos atuais, usados em pases desenvolvidos, que

    empregam paredes duplas, com um espao entre elas, possibilitam umincremento significativo no desempenho, quando se tornar necessrio,

    ao se aplicarem materiais isolantes no espao confinado. O aspecto

    acstico, desfavorvel na soluo em madeira, que tanto preocupa os

    brasileiros da classe mdia, j vem sendo gradualmente rompido com o

    uso cada vez mais expressivo de divisrias em gesso acartonado e

    painis dry-wall nas construes convencionais. O foco deste trabalho

    est nas habitaes da classe popular. Nesta camada da populao, ashabitaes normalmente j no tm isolamento acstico significativo.

    muito mais importante conseguir o isolamento trmico, j que isto

    proporcionar melhoria significativa na salubridade das construes.

    Um programa de desenvolvimento de habitaes populares com as

    caractersticas que so apontadas neste trabalho, pode fazer parte no

    s das polticas habitacionais, mas tambm das polticas de sade. As

    polticas de sade constituem-se na poca atual na maior demanda por

    parte das populaes de baixa renda.

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    Em nosso pas, encontramos uma situao em que as solues

    disponveis so, em sua grande maioria, solues em que no se

    incorporam parmetros tcnicos adequados de Engenharia. Acabado o

    ciclo econmico da madeira (de lei) em nosso pas, aps a explorao

    pura e simples das nossas reservas com o conseqente esgotamento,

    seja para o mercado interno ou para as exportaes, no houve mais

    interesse em desenvolver e aprimorar esta soluo. O maior interesse

    verificado na reposio florestal deveu-se principalmente ao

    atendimento de uma florescente indstria de papel, verificada no final

    do sculo passado. A reposio florestal foi to acentuada, que supriu

    com excesso a demanda da indstria de papel, resultando em volumeconsidervel de madeira que acabou sendo direcionada para a

    construo civil. Veio, no entanto, sem incorporar conceitos tcnicos

    arraigados na indstria internacional da madeira reflorestada, que so

    os tratamentos para garantir principalmente a sua durabilidade. Sem

    durabilidade garantida por estes meios artificiais, a indstria do

    cimento, fortemente organizada e competente como sempre foi no

    Brasil, tratou de explorar semanticamente esta deficincia do material.Aliado a isto, as grandes empreiteiras de obras pblicas tambm vm

    como de alto interesse as solues de moradias populares construdas

    com concreto e paredes de alvenaria. fcil entender esta posio,

    visto que a mo de obra correspondente em nosso pas tem baixa

    qualificao e mal remunerada. A inexistncia de uma indstria

    madeireira organizada, tecnicamente aparelhada e economicamente

    forte faz com que a soluo consagrada em pases desenvolvidos noencontre no Brasil terreno para prosperar e adquirir volume suficiente

    que a torne competitiva com a soluo convencional.

    Segundo DOMEL JR,1997, as construes de madeira so uma

    soluo muito conveniente, pela facilidade de corte , leveza e

    disponibilidade do material.

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    2.2. Entraves ao uso da madeira na construo civil

    Sendo a madeira material orgnico, apresenta uma srie grande

    de caractersticas que podem ser encaradas como inconvenientes ao

    seu uso. Para os cientistas desta rea, no entanto, os inconvenientes

    podem e devem ser tratados sob o enfoque tecnolgico, resultando em

    procedimentos que eliminem ou atenuem tais dificuldades. No se deve

    omitir que todas as opes de materiais usados na construo civil

    apresentam em maior ou menor grau, inconvenientes a serem

    encarados.

    O principal obstculo ao uso da madeira na construo civil tem

    sido apontado como a sua baixa durabilidade, quando desprotegida.

    Este um fato real, mas no deve estar dissociado do fato tambm real

    que os demais materiais, tais como o ao e o concreto padecem da

    mesma caracterstica. O custo para tornar os trs principais materiais

    durveis diferenciado. No ao, a proteo por pintura ou por

    galvanizao, no concreto, a proteo por revestimentos ou pelculas, e

    na madeira, a proteo por secagem e tratamentos aplicados, devem

    ser devidamente quantificados quando do estabelecimento do custo daobra. No devemos esquecer de computar a necessidade de

    manuteno peridica e reaplicao dos processos. Sob este ponto de

    vista mais abrangente, e tecnicamente mais adequado, o tratamento da

    madeira pode se tornar o menos dispendioso entre os materiais

    comparados. Esto disponveis no mercado produtos tecnicamente

    qualificados para garantir por longos perodos (at 20 ou 30 anos) a

    imunizao da madeira contra vrios fatores que podem causar a suadeteriorao. Existem at mesmo produtos que retardam a ao do

    fogo, e oferecem uma condio mais favorvel at do que o ao, nestas

    circunstncias, assegurando tempo suficiente para aes de proteo

    aos usurios da construo.

    Outro obstculo importante apontado ao uso da madeira na

    construo civil a falta de homogeneidade das suas propriedades

    fsicas e mecnicas, mesmo considerando uma determinada espcie.

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    conhecida a desproporo de suas propriedades, conforme a direo

    que se considera da madeira. No entanto, a cincia da Mecnica das

    Estruturas de Madeira, aponta que o uso da madeira na construo se

    faz atravs de peas serradas do tronco, em que predomina uma das

    dimenses, a longitudinal, exatamente a direo em que a maioria dos

    parmetros mecnicos mais favorvel. Tambm de se salientar que

    na citada cincia da Mecnica das Estruturas de Madeira, a criao de

    elementos resistentes de grande capacidade se faz atravs de sistemas

    treliados, compostos por barras, de grandes comprimentos e pequenas

    sees transversais, exatamente como apontamos ser de grande

    convenincia no uso da madeira. O fato de que cada espcie demadeira tem propriedades diferentes das outras, no deve ser motivo

    de impedimento tcnico : ensaios simples cuidam de estabelecer

    adequadamente tais parmetros.

    Uma terceira restrio comumente apontada a apresentao de

    defeitos nas peas de madeira. Ressalve-se que h, de acordo com a

    NBR-7190/1997, uma definio clara da qualidade da madeira a ser

    empregada : tratam-se de peas com limitao de ocorrncia dedefeitos, de tal modo a proporcionar desempenho mecnico compatvel

    com a destinao da madeira. Esta definio de qualidade do material

    acontece com os demais materiais tambm, a saber, o ao e o

    concreto.

    Estes entraves apontados, no entanto, acabam deixando de ser

    significativos quando se trabalham com as chapas compostas, de

    madeira compensada ou reconstituda, tais como os painis OSB(Oriented Strand Board) e similares. A tcnica construtiva das chapas

    acabam homogeneizando o material, dando-lhes uma conotao

    uniforme, tanto em termos de suas propriedades fsicas como

    mecnicas.

    No Brasil, a aparncia da madeira motivo suficiente para que a

    soluo seja repudiada pelo usurio, sob a alegao de que a casa de

    madeira casa de pobre. Este estigma se justifica exatamente pela

    observao j feita de que em nosso pas, via de regra, casas de

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    madeira industrializadas ou no, so solues sem grande preocupao

    no uso de critrios de engenharia e arquitetura. Sendo portanto

    solues precrias, acabam tendo sua imagem associada soluo em

    madeira, genericamente falando. Segundo GRIEGER,1990, no seu

    trabalho Casa de Madeira para a Amaznia, so levantadas as

    condies de moradia na Amaznia e a constatao que a casa na

    sua quase totalidade, de madeira. Naquele trabalho, fica claro, nas

    observaes locais, que a soluo precria sob muitos pontos de

    vista, e surpreendentemente, no se procuraram no decorrer do tempo

    formas de evoluir a soluo existente, de madeira, mas sim , mudar o

    processo construtivo. Como tambm j se afirmou, determinadossetores da construo civil no pas tm interesse em denegrir a soluo

    em madeira, por no convir aos seus propsitos comerciais. A soluo

    para tal dificuldade, passa por dois tpicos : em primeiro lugar, a

    conscientizao da populao de baixa renda, quanto ao fato de que a

    soluo universal, no est destinada apenas a camadas

    economicamente mais desfavorecidas. Trazendo-se ao conhecimento

    desta populao, que a soluo mundial e bem aceita, grande parteda restrio pode ser afastada . Em segundo lugar, a incorporao de

    revestimentos externos que aproximem a aparncia da construo de

    madeira com a aparncia das construes convencionais. Esta soluo,

    que parece contrariar os princpios da Engenharia, se justifica no

    Brasil, em funo do baixo grau de informao e escolaridade das

    populaes de baixa renda, que repudiam uma soluo diferente

    daquela que est estabelecida na paisagem urbana, seja no aspecto damoradia, do vesturio, do comportamento, etc. misso dos cientistas

    abordar em seus projetos, mesmo que de reas to especficas como a

    Engenharia, aspectos sociolgicos como os apontados, que acabam

    tendo tanta significncia na apresentao de solues ao seu pblico

    especfico. mais fcil convencer com argumentos pessoas com nvel

    intelectual superior do que pessoas menos favorecidas neste aspecto.

    Ao longo do tempo, dando-se solues convenientes de moradia

    populao, e tornando estas solues familiares aos mesmos, podem

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    ser removidas estas providncias de carter psicolgico, concentrando-

    se apenas nos aspectos de Engenharia e arquitetura das habitaes. O

    que no pode ser deixado de lado o aspecto arquitetnico das

    construes, seja na configurao da planta, por menor rea que tenha,

    como no aspecto subjetivo, da aparncia externa. Uma habitao

    tambm agradvel aos olhos externos provoca uma significativa

    ampliao da auto-estima dos usurios, desdobrando-se os benefcios

    para muitas outras facetas do problema social que atinge as

    populaes de baixa renda.

    Este trabalho busca estabelecer parmetros de qualidade e

    desempenho nas construes de edifcios de madeira, para habitaoresidencial, de pequeno e mdio porte, de tal modo que sejam

    avaliados os problemas e os inconvenientes, dando-lhes solues

    adequadas. Segundo LAROCA,2002 , no seu trabalho Habitao Social

    em Madeira : uma alternativa vivel, so enumerados muitos dos

    parmetros que definem o desempenho da construo de madeira, e

    que apontam para a concluso que o ttulo sugere. O sentido de se

    criar uma expectativa de produo em larga escala, o que acabartrazendo significativa reduo nos custos de produo. No Brasil, a

    carncia de moradias to acentuada, da ordem de quase sete milhes

    de casas populares, que um vasto programa de moradias populares,

    com base nas prerrogativas que so apontadas, far florescer uma

    necessidade por operrios to importante que atingir outra das

    maiores demandas sociais de nossa populao : a gerao de

    empregos.Complementando estas idias, a criao de polticas

    habitacionais como as apontadas, atingir a Economia como um todo,

    porque sero impactados setores como o trabalho, a moradia, e a

    sade. Junto a estes impactos, o transporte ser levado como

    componente indispensvel, faltando apenas a questo da Educao. A

    Educao, de forma indireta, acaba sendo gerada pelas informaes

    veiculadas, e a organizao dos espaos urbanos que fatalmente um

    grande programa gerar. Tais programas podem acontecer

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    simultaneamente na esfera federal, estadual e municipal. A figura 1

    estabelece a interdependncia entre as aes geradas pela criao de

    um grande programa de habitao, a gerao de melhores condies

    de sade, o crescimento da disponibilidade de trabalho, e

    conseqentemente, melhores estruturas de transporte e educao,

    sendo que todo este encadeamento realimenta todo o processo.

    FIGURA 1 DIAGRAMA DAS AES CORRELATAS

    2.3. Processos construtivos pr-fabricados utilizando

    madeira

    So conhecidos muitos processos construtivos em madeira, sendo

    os mais empregados os chamados LOG HOUSE e LIGHT WOOD

    FRAME, a saber, respectivamente, casa de troncos e estrutura leve

    de madeira. Aqui no Brasil, emprega-se o processo de vedao,

    principalmente na chamadas casas pr-fabricadas, exploradas

    comercialmente por muitas indstrias de pequeno porte. Nenhum dos

    dois primeiros alcanou ainda repercusso ou alcance comercial

    significativo no Brasil. O sistema LOG HOUSE feito de troncos

    empilhados horizontalmente em seqncia, ligados a peas verticais,

    dentro de uma modulao pr-estabelecida. considerado em pases

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    do exterior uma construo de alto padro, dadas as suas aptides

    estticas e de desempenho da moradia. J o processo LIGHT WOOD

    FRAME, muito util izado em vrios pases do mundo, especialmente

    nos Estados Unidos, onde se caracterizam como a soluo

    convencional para moradias. Dada esta caracterstica, as indstrias

    locais desenvolveram satisfatoriamente o processo, que j tem um

    histrico superior a um sculo, de acordo com THALLON,2000 , e com

    a disponibilidade de adaptao do sistema praticamente a qualquer tipo

    de configurao arquitetnica e das respectivas instalaes e sistemas.

    Uma das principais caractersticas do processo construtivo a

    racionalizao das etapas, com todo o material sendo encaminhado obra na seqncia correta de execuo, desde infra-estrutura at a

    cobertura, num processo encadeado de execuo que requer pouca

    superviso para operrios com razovel treinamento. As instalaes

    so aplicadas com grande facilidade, no espao entre as duas faces

    das paredes, o que torna a obra muito limpa, durante a execuo, j

    que quase no existem sobras. Todos estes atributos podem

    perfeitamente ser reproduzidos no Brasil, porque os produtosempregados neste processo construtivo j se encontram disponveis

    comercialmente, apenas os custos de alguns deles ainda so um pouco

    altos, se comparados relativamente com outros pases, dada a pequena

    demanda ainda existente pelos mesmos. Na verdade, o processo

    construtivo LIGHT WOOD FRAME j est sendo util izado no Brasil,

    mas de uma forma que ainda no to automatizado como em outros

    pases. O processo de vedao, ou Canadense, constitudo pormontantes verticais com ranhuras para encaixe de pranchas horizontais

    com encaixe macho e fmea. Tal processo, do ponto de vista da

    engenharia, tal como existe no Brasil, considerado inadequado : a

    madeira util izada quase sempre madeira de lei, no tratada, para que

    se evitem as despesas com autoclavagem, produtos qumicos e

    secagem, na busca de um preo mais acessvel. O que resulta um

    sistema que no tem grande preciso nos encaixes, pois a madeira, no

    processo natural de secagem que ocorre desde a serragem da mesma

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    at a montagem definitiva, apresenta muitos dos inconvenientes que

    so bastante conhecidos da Construo Civil : empenamento, variao

    nas dimenses, trincas, etc.

    A madeira util izada no processo construtivo LIGHT WOOD

    FRAME pode ser o PINUS ou o EUCALIPTO, espcies reflorestadas

    disponveis aqui no Brasil. Existem reservas j consolidadas em volume

    suficiente para a adoo de um processo construtivo de casas de

    madeira em nvel nacional, e o mais importante de tudo, temos uma

    comunidade cientfica na rea Florestal altamente capacitada,

    experiente, e preparada para dar uma continuidade reposio das

    reservas j existentes. Muitos ncleos cientficos e industriais estoplenamente capacitados at mesmo a ampliar consideravelmente a

    produo de madeira das espcies apontadas. O que facilita muito esta

    deciso, que a atividade de reflorestamento j um processo

    economicamente rentvel, constituindo-se em alternativa auto-

    sustentvel para o uso da madeira. Faz parte de qualquer poltica

    governamental sria, a explorao adequada de madeira do tipo

    renovvel, tanto no sentido da manuteno do equilbrio ambiental,como no aspecto da abertura de novos setores de produo nacional,

    com o incremento do nmero de postos de trabalho.

    Temos no Brasil um enorme potencial para aproveitar a grande

    quantidade de profissionais das reas afins, tais como Engenharia Civil

    e Florestal, que hoje encontram-se sub-aproveitados, dada a grande

    estagnao do ramo da Construo Civil.

    Um dado concreto o dficit de residncias no pas : quase setemilhes de unidades, segundo dados do Governo Federal. A maioria

    das famlias que necessitam de unidades habitacionais esto

    localizadas nas classes de baixa renda. Uma pequena parte refere-se

    classe mdia, que tambm pode ser atendida por unidades construdas

    segundo o mesmo processo, mas isto deve acontecer como uma

    conseqncia da implantao do processo construtivo nas populaes

    de baixa renda, e no como um dos objetivos a serem perseguidos. Nos

    pases desenvolvidos, a soluo que tida como padro atende a

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    classe mdia (que constitui a grande maioria da populao) e a classe

    alta tambm.

    Nos Estados Unidos, desenvolveu-se de tal modo o processo

    construtivo, que a construo possvel de ser executada obedecendo-

    se simplesmente a prescries geomtricas, que esto disponveis na

    forma de um manual, logicamente direcionado a engenheiros. Trata-se

    do Wood Frame Construction Manual-WFCM, 2001, ou Manual

    Construtivo de Estruturas de Madeira. um manual restrito a

    habitaes de dimenses limitadas, para uma ou no mximo duas

    famlias. uma ferramenta simples, de fcil aplicao, e que depende

    apenas de uma ambientao por parte do usurio (engenheiro) formado manual para rapidamente estabelecer a configurao estrutural

    necessria construo em foco. um grande passo dado na

    simplificao da construo de casas. No Brasil, o processo tradicional

    de construo de casas sob encomenda reconhecidamente

    trabalhoso, partindo-se para a contratao de mltiplos profissionais,

    tais como o arquiteto, os engenheiros de projeto das instalaes, que

    so cada um deles especializado (eletricista, hidrulico, estrutural, etc)e do engenheiro construtor.

    Para as construes populares, toda esta tarefa pode ser ainda

    mais simplificada. Deseja-se tratar da construo de casa populares,

    que apontam no Brasil para um enorme dficit na demanda. possvel

    estabelecer solues arquitetnicas padronizadas, como de fato j

    feito, porm em carter regional. O estabelecimento de polticas

    Nacionais, com configuraes padronizadas no processo construtivo,mesmo que com solues arquitetnicas variadas, pode ser implantado

    de forma regional (Estadual ou Municipal), obedecendo-se s

    peculiaridades do local. As peculiaridades so mltiplas :

    disponibilidade de uma certa espcie de madeira, soluo de fundao,

    clima, temperaturas mdias anuais, terrenos maiores ou menores,

    relevo (plano ou inclinado), e muitos outras.

    Sabe-se que no Brasil, os programas habitacionais padecem de

    um reconhecimento claro por parte da populao em relao sua

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    autoria. Mesmo que esta premissa seja um vetor a ser abolido, em uma

    poltica habitacional sria, possvel imprimir um aspecto de autoria a

    tais projetos, na forma da configurao arquitetnica das fachadas

    individuais, por exemplo. Este aspecto de autoria acaba sendo uma

    ferramenta que leva a populao a reconhecer a vontade de uma certa

    administrao em dar nfase soluo habitacional. Se no for um

    aspecto meramente eleitoral, contribui no seu aspecto global a motivar

    as pessoas para esta poltica. Este projeto tem uma conotao de

    causa social, e no apenas de poltica habitacional, dada a gravidade

    do problema no Brasil.

    Simplificar o processo como se pretende, reduzir o custo dashabitaes, estimular o aumento do atendimento da populao,

    criar um crculo virtuoso de aes que levam soluo de outros

    problemas sociais tambm.

    O dficit habitacional na rea da populao de baixa renda deve

    merecer soluo que mesmo comprometendo recursos acentuados, seja

    efetivamente implementada, pois desafoga em curto e mdio prazo

    outros setores de governo que so altamente solicitados, tais como acriao de emprego e a rea da sade.

    2.4. Requisitos da madeira para uso na construo de

    habitaes.

    So bem conhecidas as propriedades da madeira, no seu aspecto

    geral, pela populao, e perfeitamente definidas as metodologias para

    reconhecimento numrico de tais propriedades, por parte da

    comunidade tcnica e cientfica. A Norma Brasileira correspondente,

    Projeto de Estruturas de Madeira, NBR7190, ABNT, agosto/1997,

    especifica com propriedade tais procedimentos. Est disponvel no

    Brasil uma norma de Estruturas de Madeira que se configura como

    absolutamente compatvel com suas similares nos pases

    desenvolvidos, no se encontrando portanto obstculos a adaptar um

    processo construtivo de tanto sucesso no exterior, como o LIGHT

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    WOOD FRAME. Pode ser criada uma referncia ao sistema com

    termos na nossa lngua, o Portugus, e a sugesto Sistema Leve de

    Casas de Madeira. O termo leve estimulador da idia de que se

    trocar um sistema pesado por outro leve, mas to eficiente quanto

    o outro, o que sugere um custo menor.

    O que tambm pode ser posto nesta discusso o fato de que as

    madeiras util izadas em pases do exterior para a construo de casas

    apresentam propriedades (ver tabela 1, na pg. 20) muito similares s

    madeiras que dispomos no Brasil. As principais madeiras de

    reflorestamento no Brasil so o PINUS, madeira oriunda dos Estados

    Unidos e o EUCALIPTO, madeira oriunda da Austrlia, trazidas eadaptadas ao nosso ambiente com muita competncia pela comunidade

    tcnica e cientfica Brasileira da rea Florestal.

    De maneira objetiva, podemos apontar os principais requisitos da

    madeira para uso na construo de habitaes :

    2.4.1- Propriedades Fsicas da Madeira

    A Norma NBR7190, ABNT, 1997, aponta no seu Anexo B, a

    metodologia para a determinao das principais propriedades fsicas :a umidade, a densidade, a estabilidade dimensional ou retratibilidade, e

    a dureza.

    2.4.1.1- Umidade

    A umidade contida no interior das peas de madeira um dos

    principais inconvenientes, tpicos do material, para a construo. No

    s o aspecto da presena da umidade, como tambm a caracterstica

    inconveniente da variao do volume da madeira em funo dapresena em maior ou menor quantidade de umidade.

    A presena da umidade, gera na madeira uma srie de

    problemas. Um dos mais importantes o ambiente propcio ao

    aparecimento e desenvolvimento de fungos e insetos, inclusive o do

    apodrecimento, com todas a suas conseqncias. um fator que

    muitas vezes, para o leigo, atrapalha a viso que se possa ter da

    madeira como um material efetivo de construo, com os respectivos

    atributos de resistncia e durabilidade. Trata-se de adequar o produto,

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    atravs de processos de secagem e estabilizao adequados, para que

    o mesmo possa oferecer o desempenho esperado.

    2.4.1.2- Densidade

    A densidade a propriedade que vai estipular o peso da

    construo de madeira, em funo do volume empregado de material.

    Todas as madeiras conhecidas apresentam densidades diferentes entre

    si, o que dificulta um pouco o processo de avaliao. No possvel

    uma padronizao de parmetros, tal como se faz com o ao e o

    concreto. Entretanto, razovel estabelecer que ao estipular um

    processo como o que pretende este projeto, trabalhe-se com umuniverso de espcies de madeira muito reduzido, abrangendo duas,

    trs ou no mximo quatro espcies diferentes de madeira.

    2.4.1.3- Retratibilidade

    A retratibilidade da madeira o atributo que a mesma possui de

    variar o seu volume, em funo da variao do teor interno de umidade.

    Sabendo-se que mesmo o ambiente normal de util izao dasconstrues possui graus variveis de umidade no ar, tais variaes

    podem ser incorporadas ou desincorporadas madeira, propiciando

    variaes de volume. No entanto, um atributo que pode ser

    controlado devidamente, por meio do estabelecimento de um teor

    adequado prvio, atravs de secagem natural ou artificial, e tornado

    constante, pela estabilizao das superfcies, por meio de pintura ou

    tratamentos equivalentes.

    2.4.1.4- Dureza

    A dureza a propriedade que reflete o comportamento da

    madeira, quando solicitada por aes que tendem a deform-la

    dimensionalmente. como outras propriedades, indicativa de usos que

    se pretendem dar madeira, esperando um desempenho adequado

    naquelas circunstncias.

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    Existem ainda outras propriedades fsicas da madeira, que variam

    de espcie para espcie, e que seu conhecimento contribui para um

    uso racional da mesma. So elas:

    2.4.1.5- Resistncia ao fogo

    Resistncia da madeira ao fogo, cuja atribuio nem sempre

    reconhecida pelos usurios da madeira, leigos ou tcnicos. A madeira

    possui boa capacidade de resistir s temperaturas elevadas,

    contribuindo em certas circunstncias de incndio, para promover a

    ocorrncia de um tempo razovel entre o comeo do mesmo e a runa

    do material. Por menor que seja este intervalo, se ele ocorrer, podepropiciar a evacuao da construo. Nas casas de madeira, talvez a

    maior preocupao de carter tcnico existente, nos pases que j

    consagraram esta soluo, est relacionada possibilidade de fogo. As

    instalaes eltricas, se forem sobrecarregadas, podem induzir a

    ocorrncia de altas temperaturas que em seqncia levam ao incndio.

    Desde logo, positivo relatar que a sobrecarga na rede eltrica

    conseqncia de desinformao do usurio : mantidas as previsesiniciais do projeto, o uso da eletricidade no deve ocasionar maiores

    problemas, as alteraes e incremento de util itrios na construo

    que promovem a ocorrncia de problemas. No temos no Brasil uma

    cultura adequada de manuteno das construes, muito menos de

    adequao a alteraes promovidas no uso das mesmas. um

    problema que deve ser resolvido de forma tcnica : como so imveis

    de carter popular, e que tero um correspondente financiamento, ouso do imvel originalmente projetado, com as finalidades previstas

    deve ser fiscalizado, no s no sentido de promover uma conscincia

    de manuteno, para garantir a sua durabilidade, mas tambm

    educativa, ressaltando a inconvenincia de eventuais ampliaes ou

    alteraes no controladas.

    O trabalho Anlise de Normas de Projeto para Estruturas de

    Madeira considerando a resistncia ao fogo MORAES et al, 2000,

    mostra a comparao entre os critrios de Normas Internacionais

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    (Francesa, Americana, Britnica e Australiana), para a considerao do

    efeito do fogo. No Brasil, estas Normas so inexistentes, mas fica

    demonstrado no trabalho referido a possibilidade de adoo daqueles

    critrios em nosso pas.

    2.4.1.6- Resistncia qumica

    Resistncia qumica, que tem se revelado um atributo muito

    conveniente da madeira, principalmente nas aplicaes industriais, em

    que a presena de gases cidos atacam as estruturas que no so de

    madeira. Esta qualificao natural da madeira a coloca como fator

    decisivo na escolha do material, em determinadas construes.

    2.4.1.7- Durabilidade natural

    Durabilidade natural, que pode ser assegurada atravs de um

    manejo adequado do material em termos de Engenharia Florestal, cuja

    comunidade cientfica domina o conhecimento do comportamento das

    vrias espcies existentes no Brasil. Tratamentos preservativos

    aumentam consideravelmente tal propriedade, assim como uma grandeajuda pode ser dada quando o projeto torna as situaes crticas em

    termos de durabilidade da madeira menos vulnerveis. um bom

    exemplo desta situao o projeto adequado de paredes e acabamentos

    externos que encaminham naturalmente eventuais acmulos de gua da

    chuva, aumentando a durabilidade.

    2.4.2- Propriedades Mecnicas da MadeiraA Norma Brasileira tambm aponta no seu Anexo B, a

    metodologia para a determinao das principais propriedades

    mecnicas, a saber : resistncias compresso paralela e normal s

    fibras, resistncias trao paralela e normal s fibras, resistncia ao

    cisalhamento, fendilhamento, flexo e embutimento. A tabela 1, na

    pgina 20 e grficos 1 a 4, na pgina 20, mostram as respectivas

    propriedades mecnicas de duas espcies de PINUS e duas espcies

    de EUCALIPTO.

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    20

    fcok

    (daN/cm2)

    ftok

    (daN/cm2)

    fvok

    (daN/cm2)

    Ecom

    (daN/cm2)

    Pinus taeda 310 580 54 133.040

    Pinus elliotti 282 462 52 118.890Eucalyptus citr iodora 434 865 75 184.210

    Eucalyptus grandis 282 491 49 128.130

    TABELA 1 PROPRIEDADES MECNICAS DE MADEIRAS

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    fcok - daN/cm2(RESISTNCIA COMPRESSO)

    GRFICO 1

    pinus taeda

    pinus elliottii

    eucalytuscitriodora

    eucalyptusgrandis

    0200

    400

    600

    800

    1000

    ftok - daN/cm2(RESISTNCIA

    TRAO) GRFICO 2

    pinus taeda

    pinus elliottii

    eucalyptuscitriodora

    eucalyptusgrandis

    010

    20304050607080

    fvok - daN/cm2(RESIST. AO

    CISALHAMENTO)GRFICO 3

    pinus taeda

    pinus elliottii

    eucalyptuscitriodora

    eucalyptusgrandis

    0

    50.000

    100.000

    150.000

    200.000

    Ecom - daN/cm2(MDULO DE

    ELASTICIDADE)GRFICO 4

    pinus taeda

    pinus elliottii

    eucalyptuscitriodora

    eucalyptusgrandis

    fonte : NBR-7190 ,ABNT,1997

    2.4.2.1-Resistncias compresso

    As resistncias compresso paralela e normal s fibras, e queservem de base para o clculo da resistncia compresso inclinada

    s fibras, so uma das propriedades mecnicas mais mobilizadas no

    tipo de construo que abordamos, as unidades habitacionais pelo

    processo construtivo LIGHT WOOD FRAME. O processo trabalha com

    montantes de pequena seo transversal, mas que recebem cargas

    reduzidas, dada a distribuio das mesmas por todas as paredes. Estes

    montantes so solicitados compresso paralela s fibras. A ao do

    vento, que transversal, dimensionada para ter estabilidade

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    compresso e trao das paredes verticais, consideradas como um

    painel, devidamente amarradas nos seus cantos.

    2.4.2.2- Resistncias flexo e cisalhamento

    As resistncias flexo e cisalhamento sero mobilizadas pelas

    peas componentes das lajes, ou seja, caibros ou vigas e painis,

    funcionando predominantemente estas solicitaes.

    2.4.2.3- Resistncia ao embutimento

    A resistncia ao embutimento, que a resistncia ao

    esmagamento da madeira nas ligaes, na rea de contato com ospinos das mesmas, ser util izado no critrio de dimensionamento das

    unies.

    Todas estas propriedades mecnicas so suficientemente

    elevadas, para resistir s tenses que se geram nas peas das

    construes.

    A propsito destas afirmaes, uma comprovao matemtica

    mostrada no item 4.1, pg. 53, deste trabalho.De qualquer modo, saliente-se que a classe de resistncia

    estabelecida na norma NBR-7190 , ABNT, 1997, para as Conferas, na

    sua classificao mais baixa, ou seja, classe C-20, fornece valores

    caractersticos de resistncia compresso paralela s fibras, da

    ordem de 20 Mpa (200 daN/cm2). So valores considerveis, levando

    em conta que o concreto, tambm na sua classificao de resistncia

    mais baixa, da mesma ordem : C-20 (200 daN/cm

    2

    ).

    2.4.3- Propriedades Trmicas da Madeira

    A madeira tem reconhecidas propriedades de condutibilidade

    trmica, quando comparada com outros materiais. Para as Conferas,

    valores mdios para a condutibilidade trmica so equivalentes

    a )C.hora.mkcal(100,0 o2 . O concreto tem valores da ordem de

    )C.hora.mkcal(200,1 o2 , enquanto que o material cermico apresenta

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    )C.hora.mkcal(700,0 o2 . Como se v, so valores muito significativos os

    da madeira. O que no se compara muitas vezes so as espessuras

    construtivas equivalentes. Uma parede de alvenaria de quinze

    centmetros de espessura no pode ser comparada a uma parede de

    tbuas de dois centmetros. No processo construtivo em foco, LIGHT

    WOOD FRAME, as paredes so duplas, com painis externos e

    internos, separados por um vo livre da ordem de 10 centmetros, que

    pode eventualmente at ser preenchido com materiais que aumentem

    consideravelmente o isolamento. Nos pases em que este sistema

    construtivo adotado, a injeo de espuma de poliuretano, entre outros

    materiais, proporciona conforto trmico interno adequado, mesmo para

    temperaturas externas da ordem de vinte graus centgrados negativos

    ou at menos. Efetivamente, conforto trmico no um problema

    incontornvel nas construes de madeira.

    De acordo com SUGINOHARA,1985, possvel estabelecer

    condies fsicas na construo da casa de madeira, que melhoram em

    muito as condies de conforto interno, em funo das condies

    climticas do local de implantao.

    2.4.4- Propriedades Acsticas da Madeira

    A madeira no apresenta propriedades de isolamento acstico to

    acentuados como outros materiais util izados nas construes

    convencionais aqui no Brasil. Talvez esta caracterstica venha a ser o

    maior desafio para implantao do processo que este projeto prope.

    No entanto, a finalidade deste trabalho a busca por soluo paramoradias populares, que se constituem na grande demanda existente

    no pas, e que esta parcela da populao, hoje habita construes

    muito precrias, at mesmo em favelas, onde barracos improvisados

    so a soluo que est estabelecida para tal populao. Tais

    habitaes oferecem, efetivamente, isolamento acstico precrio. No

    se trata de justificar uma m soluo baseados na existncia de uma

    situao anterior que j inadequada, mas apenas de buscar

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    caracterizao para o problema, tornando o fato aceitvel ou no,

    baseados em premissas, tais como, a referncia das construes

    praticadas no exterior, que no consideram este fator como obstculo

    preponderante. H, nos pases do exterior, uma aceitao cultural

    deste inconveniente, e que se resolve atravs de auto-educao ou

    educao dirigida, no nosso pas, indispensvel ao sucesso do projeto.

    Tambm importante assinalar que a soluo proposta vai incorporar

    uma delimitao de espaos internos (atravs da arquitetura) que j

    um grande salto na qualidade de vida das pessoas que compem a

    faixa de renda a que se destinam estas moradias. Quase sempre, esta

    populao convive em unidades familiares em que filhos de idadesmuito diferentes convivem em um mesmo dormitrio, at mesmo com o

    casal. A simples delimitao da famlia em espaos mais apropriados j

    traz uma grande evoluo no aspecto da convivncia, sendo que a

    soluo acstica, pode perfeitamente ser postergada para uma fase

    posterior da implantao deste projeto. A soluo oferecida contempla

    anseios de melhoria na acomodao das famlias de baixa renda.

    2.5. A madeira como alternativa na construo de

    habitaes.

    A madeira uma alternativa econmica na construo de

    moradias no Brasil; tanto isto verdade que muitas vezes, a primeira

    casa de uma famlia das classes de renda mais baixas no Brasil uma

    casa de madeira. Em outras faixas de renda, h uma opo pelo

    aluguel de um imvel, de padro mais elevado, em detrimento da

    aquisio da casa prpria. No se pode esquecer que, em um passado

    no muito distante, a maioria das casas no Brasil eram de madeira, e

    somente as famlias abastadas desfrutavam da soluo das casas de

    alvenaria. A modernizao do estilo de vida e da produo no Brasil,

    encarregaram-se de refutar a soluo da casa de madeira, sob a

    pretensa alegao de que no seria possvel industrializar a

    construo. Esta motivao infundada, o processo industrializado de

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    construo de casas de madeira muito mais rpido, limpo, eficiente e

    econmico que o processo das casas de alvenaria.

    Nos Estados Unidos, pas onde o desenvolvimento da soluo da

    casa em madeira mais se desenvolveu, de acordo com DOMEL

    JR,1997, mais do que duas em trs casas so de madeira.

    A casa de madeira muito mais leve do que a construo

    convencional de alvenaria de tijolos, da ordem de 70%, o que

    possibilita solues de fundao muito mais econmicas. Levando em

    conta o fato de que os terrenos que so destinados s moradias

    populares no Brasil so as reas mais desvalorizadas, em terrenos

    baixos quanto sua topografia, com presena de umidade, o pequenopeso passa a ganhar uma conotao ainda mais significante no aspecto

    econmico.

    No Brasil, os principais processos construtivos em madeira so,

    em primeiro lugar, o sistema tradicional de paredes de tbuas

    justapostas, seladas por uma ripa de vedao, colocadas verticalmente.

    Em segundo lugar, vem o sistema de pr-fabricao de colocao de

    montantes preenchidos por tbuas horizontais (sistema canadense). Afigura a seguir ilustram tais solues :

    FIGURA 2

    PRINCIPAIS PROCESSOS CONSTRUTIVOS EM MADEIRA

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    O primeiro proceso o mais util izado no Brasil para a construo

    de casas de madeira. Apresenta como grande inconveniente a pequena

    espessura das paredes, o que no permite um adequado isolamento

    trmico, imprescindvel no clima variado do Brasil : temos temperaturas

    variando de altas a baixas, dependendo da estao e da localizao, o

    que requer solues mais consistentes. Um aspecto desta soluo, que

    tambm ajudou a rotul-la como soluo pobre, foi o fato de que

    sempre se util izou a madeira bruta simplesmente serrada, sem

    qualquer tipo de preocupao com a durabilidade, com um tratamento

    preservativo qualquer. Aps pequeno tempo de uso, o apodrecimento

    da madeira, que recebe o contato direto da chuva, comea a acontecer.O segundo sistema uma adaptao do sistema praticado em

    outros pases, conhecido como canadense em que se usam troncos

    macios. um sistema muito superior ao mostrado anteriormente, que

    fornece um razovel isolamento, em que os espaos entre peas so

    vedados, mas que no Brasil no construdo com madeira tratada:

    usam-se Dicotiledneas, para tentar evitar o tratamento da madeira, e

    com isto aparecem uma srie de inconvenientes: empenamentos, cheirodesagradvel de algumas espcies, dificuldade de funcionamento de

    esquadrias, causada pela retratibilidade da madeira ao secar

    naturalmente, dentre outros.

    No se trata de denegrir solues existentes, mas de caracterizar

    adequadamente sob o ponto de vista tcnico, os processos construtivos

    existentes no pas, na busca de solues mais adequadas s nossas

    necessidades.No exterior, os principais sistemas construtivos so os j

    mencionados, LIGHT WOOD FRAME e LOG HOUSE,

    respectivamente estrutura leve de madeira e casa de troncos, numa

    tentativa de traduo literal. O grande diferencial de tais sistemas em

    relao aos que so praticados no Brasil o uso de Conferas tratadas

    e preservadas, alm de se constiturem exclusivamente em espcies

    reflorestveis. Como o peso das construes de madeira

    significativamente mais baixo, a resistncia das peas estruturais de

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    madeira no necessita ser muito elevada, o que vem perfeitamente ao

    encontro dos atributos das Conferas.

    FIGURA 3- ASPECTOS DA PAREDE ESTRUTURAL DA

    CONSTRUO NO PROCESSO FRAME

    2.6. Vantagens e Desvantagens do Processo Constru-

    tivo em Madeira.

    A construo de madeira apresenta muitas vantagens em relao

    ao sistema convencional de alvenaria de tijolos :

    A principal delas o fator econmico, a casa de madeira

    produzida industrialmente pode ser significativamente mais barata que

    a convencional. Apesar da necessidade de secagem adequada e

    tratamentos preservativos, a produo em srie revela-se

    economicamente vivel.

    Uma outra vantagem de enorme valia a praticidade da

    adaptao da casa para novas configuraes, como por exemplo, a

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    incluso de mais um cmodo. uma operao que no implica nos

    transtornos habituais na soluo de alvenaria de tijolos : alm de

    rpida, a interveno causa menos resduos. Este aspecto pode

    parecer irrelevante mas deve ser avaliado com bastante cuidado : a

    populao de baixa renda apresenta estatisticamente uma tendncia a

    constituir famlias maiores, e a oportunidade da aquisio da casa

    prpria nem sempre contempla a soluo desejada de espaos, tanto

    no presente como no futuro. As classes economicamente mais

    privilegiadas podem dar soluo a este problema com relativa

    facilidade, como a troca do imvel por outro maior, o que j no ocorre

    com as demais. Como se percebe, a questo habitacional deve serencarada como fator de promoo social, de cidadania, e no apenas

    como foco de interesse comercial, pela sociedade organizada.

    Uma caracterstica muito relevante, apontada como vantagem, a

    possibilidade de manuteno ser feita pelos prprios usurios nas

    construes de madeira : eventuais trocas de revestimento ou

    esquadrias podem ser executadas com facilidade por leigos,

    especialmente quando se tratarem de edificaes padronizadas, e quepossuam por esta caracterstica peas de reposio disposio dos

    mesmos com certa facilidade e a preos acessveis. Com especial

    interesse podemos apontar a facilidade de transporte que apresentam

    os produtos de madeira para a manuteno das casas : sendo leves,

    podendo vir desmontados, veculos convencionais podem servir de

    meio de transporte at o local.

    Outro aspecto importante do desenvolvimento de uma polticahabitacional que use o processo construtivo em madeira, o

    aparecimento de muitos profissionais carpinteiros, o que eleva

    sensivelmente o nvel profissional dos trabalhadores na construo.

    muito freqente na mdia a informao de que a construo civil uma

    grande empregadora de mo de obra desqualificada, no sentido de que

    fcil criar muitos empregos com o estmulo da mesma. fcil criar

    muitos empregos porque os salrios na Construo Civil so baixos.

    Esta idia uma distoro que se apregoa relativamente a polticas de

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    emprego e promoo social no Brasil. muito caracterstica a

    circunstncia que pode ser observada nos trabalhadores da Construo

    Civil em pases desenvolvidos : sua condio social e econmica

    compatvel com trabalhadores de outros setores tambm muito

    importantes da Economia, como o comrcio e a indstria, fato que no

    se observa no Brasil.

    Uma vantagem que tambm no desprezvel a grande

    diferena de cargas para a fundao na soluo de madeira,

    comparativamente soluo convencional. As cargas na fundao da

    casa de madeira so da ordem de 150 quilos por metro quadrado,

    contra 400 quilos por metro quadrado na soluo convencional. Sabe-se muito bem que a caracterstica dos terrenos destinados

    construes populares no Brasil so, via de regra, terrenos com

    caractersticas menos favorveis em termos de soluo de fundao,

    razo pela qual, uma substancial reduo de cargas ajuda

    grandemente. Tais terrenos so geralmente menos favorveis porque

    os melhores terrenos so sempre escolhidos para empreendimentos

    destinados a faixas da populao com poder aquisitivo mais elevado. Asoluo de fundao que se pretende padronizar o radier, ou seja

    uma laje de pequena espessura, que alm de promover baixas tenses

    de contato com o terreno, favorecendo a fundao, tambm traz para a

    obra uma limpeza muito favorvel para as etapas seguintes da mesma.

    A ausncia de terra entre os baldrames ou sapatas corridas, que se

    constituem na soluo convencional, faz com que a execuo das

    paredes, que se constituem tambm na estrutura principal da casa,possa ser executada com grande facilidade.

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    Outra grande vantagem que aparece no processo construtivo de

    madeira a prpria confeco das paredes, que so pr-montadas

    atravs dos painis constitudos dos montantes e peas da base e do

    topo, conforme se observa na Figura 4.

    FIGURA 4- TCNICA DE CONFECO DE PAREDES EM PAINIS

    A montagem feita com a fixao na base e amarrao lateral

    entre painis paralelos e transversais. A fase seguinte a fixao dos

    painis externos aos montantes. O fechamento interno s feito aps

    as instalaes eltrica e hidrulica terem sido executadas. No h

    necessidade de quebrar a parede executada, como na soluoconvencional, bastando instalar os dutos hidrulicos, passantes pelos

    montantes, e a fiao eltrica, que no requer os eletrodutos.

    A construo de madeira no necessita do tempo de cura para as

    partes de concreto, de alvenaria, e dos respectivos revestimentos, tais

    como emboo, reboco e calfino, para s depois aplicar a pintura. Todo

    este tempo ganho reverte como uma acelerao sensvel no processo

    construtivo. As sobras de material no processo em madeira so muitopequenas (provindas de furos nos montantes e no gesso, que se

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    constitui no acabamento interno das paredes), e facilmente

    removvel, o que no acontece com as sobras de concreto, emboo,

    reboco e calfino do processo convencional. O recorte das chapas e da

    madeira macia pode ser feito em fbrica e os restos, reaproveitados.

    significativo o fato de que as amarraes entre painis e

    instalao das placas externas se faz por pregao com ferramentas, e

    no manualmente, acelerando o processo.

    Enumerando as vantagens do processo construtivo em madeira,

    salientamos o impacto ecolgico favorvel da soluo, em relao

    construo com concreto e alvenaria, j que a madeira a ser usada o

    PINUS OU EUCALIPTO, reflorestveis e j disseminados em nossoestado. O processo convencional usa o cimento, a brita e o ao para

    confeco do concreto, materiais que causam enorme impacto

    ambiental negativo, com dispndio muito grande de energia. No caso

    dos tijolos no menos importante o impacto ecolgico negativo. As

    plantaes de PINUS e EUCALIPTO para reposio florestal so uma

    disciplina que dispe de vasta tecnologia e experincia por parte da

    comunidade florestal no Paran, o que no representa entrave, maspelo contrrio, constitui-se em fator de desenvolvimento de aptides

    nesta matria. Existe uma aspirao antiga, no interior das instituies

    que esto afetas construo de moradias populares no Paran, tal

    como a Companhia de Habitao do Paran COHAB, de encontrar

    uma soluo em madeira para elas. At agora, no se configurou nos

    estudos desenvolvidos uma soluo que tivesse os requisitos

    pretendidos para tais moradias, principalmente a durabilidade. Adurabilidade fator preponderante para um imvel que ser financiado

    em perodos de at vinte e cinco anos. A soluo que este estudo

    oferece com o uso de madeira autoclavada, tratada adequadamente,

    no sentido de garantir a durabilidade desejada, tal como se faz na

    Amrica do Norte e Europa, nos pases que usam esta soluo como

    padro para as moradias. O processo de tratamento e secagem da

    madeira um processo que pode ser inclusive certificado, para dar

    margem a aceitao do produto final por parte de instituies como a

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    prpria Caixa Econmica Federal, que o orgo repassador de

    recursos para a maioria dos empreendimentos que envolvem programas

    de habitaes populares. Os painis estruturais de fechamento externo,

    que podem ser os painis OSB (Oriented Strand Board) ou chapas de

    madeira compensada, podem ter a sua certificao de qualidade

    quanto ao processo industrial, o que facilitaria grandemente a

    aceitao por parte da Caixa Econmica Federal. Todos os demais

    produtos a serem usados tm a mesma configurao que os produtos

    da soluo convencional, o que no pode representar novos

    obstculos.

    Mais importante ainda, o fato de que alguns dos materiais queso usados na soluo convencional, tais como a madeira da estrutura

    de cobertura, ou a madeira das esquadrias, no so madeiras tratadas,

    portanto no certificadas, mas so aceitas no s pela Caixa

    Econmica Federal como tambm pelos rgos oficiais, tais como a

    COHAB . ste fato, da maior importncia, no deve ser explorado como

    falha de procedimento, muito mais uma contribuio ao

    aprimoramento de uma metodologia que se reveste da maior nobrezano contexto poltico das aes governamentais.

    Outra vantagem que no deve ser menosprezada o fato de que

    a soluo em madeira oferece grande maioria dos usurios, a

    facilidade de promover pequenos consertos, e at mesmo ampliaes,

    por ser um processo que aprendido pela simples observao.

    Havendo uma realizao macia de construes do tipo Frame,

    certamente haver um comrcio paralelo de produtos inerentes aoprocesso, que se agregar ao cotidiano dos usurios, tal como

    acontece nos bairros de periferia, onde pequenas lojas de comrcio de

    material de construo sempre esto presentes em grande quantidade,

    o que facilitar os procedimentos que acabamos de apontar. Alm

    disto, os materiais bsicos requeridos, que so de madeira, so de

    pequeno peso, comparados aos materiais da construo convencional,

    que exige muitas vezes at transporte especfico.

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    Como grande vantagem ainda, pode-se apontar a possibilidade de

    se fazerem melhorias significativas no desempenho da construo em

    termos de isolamento trmico, fato que no se verifica na mesma

    amplitude na construo convencional. Havendo em certas regies

    gradientes de temperaturas que escapam para cima ou para baixo das

    mdias previstas, possvel a introduo de materiais isolantes, por

    aplicao atravs de pequenas aberturas, no vazio gerado entre os

    fechamentos externo e interno das paredes. Isto pode ser feito at

    mesmo tempos depois da construo da casa, na busca por melhorias

    da edificao. Esta possibilidade praticamente inexistente na soluo

    convencional, a no ser na regio da cobertura, onde isolantestrmicos podem ser aplicados sob as telhas, sobre o forro. possvel

    melhoria das condies de um dos cmodos apenas, com a aplicao

    respectiva do isolante. No quadro da Sade Pblica, um fator de

    grande exigncia de recursos o tratamento de tais doenas, nas

    camadas de baixa renda. possvel at mesmo estabelecer parmetros

    financeiros que relacionem o custo de tais melhorias na habitao, com

    os custos de tratamento de moradores de casas populares.

    2.7. Uso de Painis de Madeira Reconstituda para Edi-

    ficaes.

    O uso de painis de madeira nas construes uma util izao

    largamente verificada nos dias atuais. No Brasil, o comeo do uso deu-

    se atravs da implantao de indstrias de chapas de madeira

    compensada, produto que se disseminou no mercado, dadas as suas

    caractersticas de praticidade e agilizao da Construo Civil. um

    produto que depende de toras com dimetro suficientemente grande

    para possibilitar a retirada das lminas, atravs do processo de

    desdobro em tornos laminadores. No de se desprezar, no entanto, o

    fato de que existem pelo menos trezentas indstrias no pas,

    produzindo chapas com um grau de qualidade compatvel com as

    necessidades que so bastante variadas : desde chapas para uso como

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    formas de concreto at compensados navais. Sendo assim, a indstria

    da Construo Civil est impregnada pela soluo vigente, e nota-se

    uma certa relutncia em substituir o produto por outro mais

    contemporneo. Trata-se de algo muito semelhante com o que

    acontece com as habitaes de madeira em relao s de alvenaria de

    tijolos. Mesmo que novas solues revelem-se mais eficazes, o

    mercado reluta em adot-las. A soluo que o objeto deste estudo,

    comporta perfeitamente o uso de chapas de madeira compensada no

    fechamento externo das paredes. Alis, esta foi a soluo que se

    adotou at recentemente, nos pases que usam o sistema LIGHT

    WOOD FRAME, sem que as chapas apresentassem qualquer problemade desempenho que no pudesse ser adequadamente resolvido. H

    uma variedade bastante grande de espcies de madeira que so

    utilizadas na fabricao de chapas de madeira compensada: desde as

    Dicotiledneas at Conferas, que possuem vastas reas de plantio no

    Brasil. Tambm indispensvel que se qualifique o tipo de cola

    empregado : colas naturais e sintticas, com especificaes variadas,

    dependendo do uso a ser dado s chapas, devem ser escolhidas emconcomitncia ao tipo de madeira. A estabilidade das colas fator

    determinante da qualidade do produto final : a propriedade que a

    colas possuem de no sofrerem perda de capacidade quando da

    presena de umidade. Um exemplo bastante significativo destas

    questes o compensado naval, fabricado com madeira resistente e

    cola estvel e resistente, suficiente para que a chapa possa at ser

    usada submersa, sem perda de suas caractersticas estruturais.J as placas OSB (Oriented Strand Board), so painis que

    surgiram para ocupar espaos que as chapas de madeira compensada

    no conseguiram, especialmente na questo matria-prima : a

    produo de OSB usa partculas de madeira de pequenas dimenses,

    sem a necessidade de se contar com dimetros suficientemente

    grandes para atender ao processo de corte de lminas. Este tipo de

    painel comeou a ser util izado no Brasil somente a partir de 1990,

    atravs da importao da Argentina e Chile principalmente, vizinhos

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    prximos do Brasil. A partir do final de 2001 tivemos o incio da

    produo no Brasil de tais chapas, e imediatamente foi possvel

    observar uma crescente adeso do mercado ao novo produto, dadas as

    suas aptides quanto ao desempenho, se comparado com a chapa de

    madeira compensada. Os painis OSB revelam-se gradualmente,

    medida que aumenta a escala de produo, cada vez mais

    convenientes economicamente. Os atributos de desempenho a que nos

    referimos so a sua estabilidade dimensional (no h variaes

    significativas nas suas dimenses), capacidade estrutural (resistncias

    mecnicas), resistncia ao fogo, resistncia aos ataques de fungos e

    insetos, isolamento trmico e acstico. Mantm-se em comum com osdemais tipos de chapas a facilidade em trabalhar, desdobrar e demais

    operaes.

    Por sua vez, as placas cimentcias, que so compostas por uma

    mistura de cimento especial e partculas de madeira, apresentam

    caractersticas superiores s demais, quanto ao seu desempenho. So

    uma tima soluo para a casa de madeira, nas reas molhadas, onde

    o desempenho frente umidade superior aos demais tipos de painis.O seu custo, no entanto, bastante elevado, por ser um produto

    importado, que ainda no fabricado no pas.

    Outros tipos de painis de madeira existem, so tambm

    fabricados no Brasil, mas como o caso das chapas de aglomerado,

    dadas as suas ms caractersticas estruturais e de estabilidade,

    acabam no tendo aplicao na Construo Civil.

    Os painis de madeira mencionados anteriormente tm suautilizao configurada na casa de madeira no s como fechamento

    externo de paredes (funo estrutural de amarrao dos frames),

    como tambm na composio de lajes de piso, apoiadas em vigas,

    quando se tratarem de construes de dois pavimentos ou mais. Este

    estudo est focado na casa de madeira popular, em que a soluo na

    maioria das vezes corresponde a casa trrea, mas isto pode

    eventualmente no acontecer, notadamente nos casos em que as reas

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    de terrenos destinadas implantao das mesmas tm dimenses

    reduzidas.

    Outro elemento que deve ser considerado na soluo de lajes de

    piso a util izao de perfis I, compostos de madeira. J existe no

    mercado Brasileiro este produto, que acabar trazendo praticidade ao

    sistema construtivo em madeira, j que os perfis so completos,

    compostos por laminas de madeira coladas longitudinalmente, com as

    fibras no mesmo sentido.

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    3. Materiais e Mtodos

    3.1. O Projeto de Casa Popular de Madeira.Ser apresentado a seguir a definio do projeto para casaspopulares, destinadas a populao de baixa renda, incorporando os

    conhecimentos que j esto consagrados no Estado do Paran, tais

    como organizao dos espaos internos e aspecto externo

    (arquitetura). Ser adotado como referncia o sistema praticado

    principalmente nos Estados Unidos, onde a tcnica vem se

    desenvolvendo h mais de cem anos, conhecido como LIGHT WOOD

    FRAME. So conhecidos muitos estudos que j se fizeram no sentido

    de aproveitar a grande vocao que nosso pas tem para a util izao

    da madeira na Construo Civil, sem que tenha havido uma

    repercusso adequada. Consideramos que no houve at aqui a

    caracterizao nos estudos realizados, de um enfoque marcadamente

    sob o ponto de vista da Engenharia Civil, fato pelo qual escolhemos

    este tema, retomando um assunto que muitas vezes considerado nos

    meios oficiais, nos diversos organismos habitacionais oficiais, como

    assunto recorrente, sem perspectiva de viabilizao econmica.

    Foram excees estudos como o realizado no Instituto de

    Pesquisas Tecnolgicas IPT, do Estado de So Paulo, para a cidade

    de Campos do Jordo, LIMA,1988. O estudo foi feito para suprir a

    demanda por habitaes de interesse popular, naquela cidade, devido

    grande demanda existente. Resultou o estudo em um grande projeto de

    implantao efetiva de unidades habitacionais construdas com madeira

    de PINUS autoclavada e tratada. O processo construtivo adotado foi o

    chamado sistema de vedao, com painis estruturando as paredes, e

    revestidos externa e internamente por tbuas. Uma peculiaridade do

    projeto a acentuada irregularidade nos nveis topogrficos dos

    terrenos de implantao, o que gerou uma arquitetura com vrios nveis

    diferentes no piso interno das casas. Acompanhando a arquitetura, a

    estruturao da construo tambm requereu soluo em nveis

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    variados. Esta referncia importante para se salientar que mesmo em

    implantaes com dificuldades de ordem topogrfica, o processo

    construtivo em foco prov solues adequadas. Este projeto, pelo seu

    pioneirismo, referncia importante nos estudos que se faam da

    soluo de casa de madeira, porque mostrou, atravs da construo em

    grande escala, a sua viabilidade tcnica e econmica.

    O que se observa dos estudos que j foram feitos da casa de

    madeira, a deciso de determinadas administraes atenderem s

    expectativas que cada vez mais esto se criando na conscincia

    ecolgica das pessoas : como usar a madeira na Construo Civil, para

    o atendimento da questo da moradia de interesse social. Mas o quetem efetivamente impedido a implantao de programas habitacionais

    com esta soluo a falta de uma comprovao nos dias atuais, da

    viabilidade tcnico-econmica, e no apenas ecolgica da construo

    de madeira. notvel que na grande maioria dos estudos j realizados,

    a participao principal de Arquitetos ou Engenheiros Florestais, que

    demonstraram a viabilidade tcnica, mas com falta de concluso

    econmica, que possivelmente o engenheiro Civil pode trazer. Repita-se que em absoluto no se trata de diminuir o mrito de trabalhos

    anteriores com as caractersticas apontadas. Tais trabalhos

    efetivamente so a base de nosso estudo, partindo das concluses a

    que j se chegou, e implementando uma soluo que atenda no s os

    requisitos de Arquitetura, mas tambm oferecendo a soluo de

    Engenharia, estrutural e construtiva, com um custo que possa se

    equiparar ao da construo praticada como convencional atualmente noBrasil.

    Este trabalho mostra a viabilidade tcnica e econmica que por

    diversas razes, anteriormente no foi possvel encontrar. A concluso

    que dispomos hoje de processos construtivos e principalmente

    produtos que possibilitam a casa de madeira vivel economicamente.

    Ser descrita, a partir deste ponto, a configurao relativa a uma

    casa popular de madeira, tomando por base uma soluo que j existe

    na COHAPAR, Companhia de Habitao do Paran, e j est

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    consagrada como soluo arquitetnica adequada, sob a especificao

    de CF-40 . Trata-se de uma casa com dois dormitrios, banheiro,

    sala/cozinha e uma varanda frontal, totalizando quarenta metros

    quadrados aproximadamente. Tomaremos como referncia esta

    configurao, dentre outras existentes na COHAPAR, por julg-la

    representativa de casa para uma famlia de baixa renda. A concluso

    obtida, passvel de ser extrapolada para outras configuraes.

    Pretende-se um estudo e principalmente uma concluso que

    tenha um carter regional (o Estado do Paran, na verso da

    COHAPAR), e que possa ser extrapolado para outras regies do pas.

    Sem dvida, esta abrangncia para outras regies do pas no se fazsem alterao nas configuraes : regies muito frias ou muito quentes

    devero contemplar nas suas solues providncias que atenuem ou

    contornem as dificuldades decorrentes. Mas esta adequao, de

    qualquer modo, uma adequao que sempre ter que ser feita nas

    respectivas regies do pas.

    Mostra-se a seguir, na figura 5, a planta da casa padro CF-40 da

    COHAPAR, composta por dois dormitrios, banheiro, cozinha e salasconjugadas, alm de uma pequena varanda frontal. A escolha deste

    modelo foi feita pela grande abrangncia que o projeto arquitetnico

    pode proporcionar a famlias de baixa renda ou carentes, no

    esquecendo que muitas vezes tais famlias podem conter um nmero

    razoavelmente maior de componentes que esta soluo propicia. A

    discusso do tamanho das famlias, a convenincia de uma casa com

    apenas dois quartos, e outras questes sociolgicas no so o foco daargumentao desenvolvida. importante ressaltar que os prprios

    programas habitacionais oficiais no contam apenas com a soluo de

    dois quartos nas casas populares. O que mais importante discutir e

    chegar a uma concluso, o fato de que deseja-se encontrar a

    resposta para a pergunta : possvel construir casas de madeira de

    interesse social a custos inferiores aos da soluo com alvenaria

    de tijolos?

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    A resposta a esta pergunta no se esgota na afirmativa que

    obteremos ao final deste trabalho, importante cercar a mesma de

    outras informaes : possvel construir a casa de madeira

    popular de madeira, com caractersticas tcnicas equivalentes de

    habitabilidade soluo de tijolos ?

    Para que se consiga determinar com preciso a resposta

    pretendida, passa-se a detalhar alguns dos aspectos que caracterizam

    a soluo escolhida como referncia para este trabalho.

    No se trata em absoluto de uma casa com luxo e conforto. O que

    se estabelece como parmetros fundamentais a existncia de uma

    organizao razovel de espaos, dentro de uma limitao de reanecessria para atingir um baixo custo por unidade, no sentido de que

    se consiga implantar o maior nmero possvel de unidades para

    disponibilizar populao-alvo.

    O que se observa na planta geral da casa, na figura 5, a

    existncia de dispositivos mnimos de util itrios : tanque externo de

    lavar roupa, chuveiro no banheiro, pia na cozinha e alguns poucos

    pontos eltricos distribudos na mesma. A existncia da varanda umaspecto que valoriza muito a habitabilidade e a auto-estima dos

    ocupantes, fatores que incrementam a cidadania dos mesmos. O objeto

    de discusso uma soluo que muitas vezes servir para retirar

    famlias de habitaes muitssimo precrias sob qualquer ponto de

    vista, tais como barracos de favela ou at mesmo abrigos sob pontes

    e viadutos. neste sentido que relevamos o fator cidadania, que a

    obteno de uma moradia to simples deve trazer aos seus ocupantes.

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    FIGURA 5- PLANTA GERAL DA CASA CF-40 DA COHAPAR

    Pode-se observar no oramento comparativo, na tabela 2,

    localizada no tem 4.2, pg. 58, muitas das especificaes que cercam

    tal construo. Na construo desta planta com madeira, no caso deste

    estudo, a madeira de PINUS, com oferta razovel no Estado do Paran,

    sero adotadas especificaes semelhantes, como se pode observar

    inclusive pela igualdade de preos de um nmero muito grande de

    materiais.

    As diferenas mais importantes esto localizadas nas paredes da

    casa, que ao invs de serem construdas com tijolos e cintas de

    concreto, o so com painis de caibros de PINUS e chapas de

    revestimento externas e internas respectivamente de madeira e de

    gesso acartonado.

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    3.1.1. FUNDAO DA CASA DE MADEIRA

    A fundao destas casas de madeira vm atender um requisito

    que se julga da maior importncia na execuo de conjuntos

    residenciais com nmero grande de unidades, ou seja, uma execuo

    padronizada. A soluo de um radier, que uma laje nica apoiada

    diretamente sobre o terreno, com a geometria que se observa na figura

    6 :

    FIGURA 6- ASPECTO DO RADIER DE FUNDAO

    No contorno da laje de fundao, executa-se uma viga com trinta

    centmetros de altura, para criar o desnvel do interior da casa para o

    exterior, evitando-se a percolao de gua. J a laje interna

    executada com dez centmetros de altura, apoiada diretamente sobre o

    terreno, tal como a viga de contorno, com o substrato devidamente

    preparado e compactado. A tubulao de esgoto fica sob tal laje deconcreto, tal como na soluo atualmente praticada nos

    empreendimentos da COHAPAR, que fica sob o contra-piso. Esta

    fundao nica elimina toda a presena de sujeira na obra, para as

    fases subseqentes. um fator de grande praticidade e agilizao do

    processo construtivo.

    A soluo convencional, orada em setembro de 2003, na planilha

    contida na tabela 2, no item 4.2, pg. 58 deste trabalho, contempla a

    execuo de baldrames sobre estacas, em uma das alternativas, e

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    sapatas corridas sob todas as paredes estruturais. Percebe-se

    claramente na referida planilha uma diferena importante de custo a

    menor para a soluo convencional, em torno de quatrocentos e

    cinqenta reais, desfavorvel soluo de madeira. Esta diferena

    ser recuperada com folga ao serem montados os oramentos com BDI

    (Benefcios e Despesas Indiretas), razo pela qual foi mantida a

    soluo no oramento. O ganho com superviso, medies, tempo de

    execuo compensar o acrscimo de custo correspondente.

    Outra questo de grande importncia a das cargas a serem

    transmitidas s fundaes por um sistema e outro. No caso da

    construo convencional, as cargas totais, que so da ordem dequatrocentos quilogramas-fora para cada metro quadrado (~400

    kgf/m2), reduzem-se para cento e cinqenta quilogramas-fora para

    cada metro quadrado (~150 kgf/m2), o que representa uma diferena

    considervel, especialmente se for levado em conta que no caso da

    casa de madeira, estas cargas so distribudas uniformemente por toda

    a rea da casa, enquanto que na soluo convencional, as cargas

    sero concentradas apenas nas faixas correspondentes s paredes.Pode acontecer que alguns terrenos necessitem de sapatas corridas

    mais robustas, com rea de contato com o solo maiores que as

    constantes do projeto-padro, para que as tenses sejam reduzidas. No

    caso de se util izarem estacas, podero ser encontradas dificuldades

    quanto presena de umidade excessiva no terreno, o que pode at

    impossibilitar a soluo.

    O radier vai estabelecer uma taxa de contato com o terreno daordem de cinqenta gramas-fora para cada centmetro quadrado, o

    que significa em termos prticos que a grande maioria dos terrenos de

    implantao das casas pode oferecer tal capacidade sem a menor

    dificuldade.

    Este aspecto generaliza a soluo no s no mbito regional

    como tambm nos demais Estados Brasileiros, o que pode efetivamente

    dar margem a uma repercusso maior deste trabalho.

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    Esta generalizao d margem inclusive a uma sistematizao de

    execuo de fundaes, atravs do uso de rguas metlicas e nveis, o

    que no se consegue nas solues com sapatas corridas ou estacas.

    Todos estes ganhos tm que ser incorporados no oramento completo

    das obras, o que s no foi feito porque este trabalho tem a conotao

    de no estabelecer quantidades de casas e tambm no especifica

    localizao.

    3.1.2. PISO DA CASA DE MADEIRA

    A questo relativa aos pisos nas duas solues enfocadas traz

    uma grande vantagem para a casa de madeira : a soluo convencionalestabeleceu custo para terreno apiloado no interior de toda a casa

    seguida de execuo de contra-piso, enquanto que na casa de madeira,

    a laje do radier (figura 6), com previso de lona preta sob a mesma

    estabelece uma fronteira absolutamente superior na questo relativa

    salubridade ambiental. J se grifou anteriormente neste trabalho o

    compromisso que a soluo que estudamos no se limita a definir

    parmetros exclusivamente de custos para as casas populares, mastambm buscar a melhoria de outras condies, at mesmo de sade,

    no sentido de se atingir patamares de cidadania mais elevados, que

    no deixa de ser o objetivo primordial de qualquer programa

    habitacional. Foi mencionada inclusive a expectativa de diminuio de

    gastos na rea de sade pblica, com o aprimoramento das condies

    de moradia das populaes carentes. Fica neste ponto um alerta para

    que outros estudiosos, das reas sociais, cuidem de estabelecerparmetros numricos para os benefcios apontados.

    3.1.3. ESTRUTURA DA CASA DE MADEIRA

    A estrutura da casa de madeira do tipo LIGHT WOOD FRAME

    composta por montantes verticais de madeira, com seo de 5 X 10

    centmetros, posicionados de forma eqidistante, conforme se pode

    observar na figura 7. A eqidistncia um aspecto que facilita muito o

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    processo construtivo, sem que se percam de vista as necessidades

    relativas implantao das aberturas, portas e janelas.

    De acordo com SCHWARTZ, 1997, este processo construtivo,

    considerado a soluo padro nos Estados Unidos, feita a verificao

    da estabilidade das peas que constituem o arcabouo estrutural, sem

    grandes dificuldades.

    Os quadros estruturais so montados e fixados base, que a

    laje do radier, atravs de parafusos colocados a distncias regulares.

    FIGURA 7 FIXAO DAS PAREDES SOBRE AS FUNDAES

    Os quadros subseqentes so tambm fixados em seqncia, e a

    colocao de quadros transversais, que se fixam entre si, configuram a

    amarrao rgida que necessria ao arcabouo estrutural. So

    colocados `a meia altura, nos frames, barras transversais que atuam

    como corta-fogo, alm de promoverem tambm o enrigecimento do

    conjunto.

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    Segundo FAHERTY E WILLIAMSON, 1997, a simples ligao entre os

    painis constituintes das paredes, absorvem os efeitos transversais

    atuantes sobre a construo. O vento o efeito transversal mais

    importante a ser avaliado no projeto estrutural. A considerao

    adequada do efeito do vento est estabelecida na Norma Foras

    devidas ao vento em edificaes, NBR 6123, ABNT, 1988, e

    constituem-se, para casas isoladas, em aes de baixa intensidade.

    No Brasil, os efeitos do vento previstos na Norma respectiva so

    de intensidade equivalentes aos efeitos previstos nas Normas

    Americanas, pas onde o processo construtivo mais se desenvolveu. De

    acordo com NEWMAN,1995, as velocidades de vento nos EstadosUnidos podem atingir at 110 milhas por hora (aproximadamente 179

    quilmetros por hora), enquanto que no Brasil, a Norma NBR-6123 ,

    ABNT, 1988, estabelece velocidades de at 180 quilmetros por hora.

    Com a colocao das chapas externas de base para o

    revestimento, estas promovem a configurao do quadro todo como

    uma placa rgida, ou com deformabilidade muito pequena, instituindo-se

    da o sistema completo que serve como estrutura da casa.Completando a configurao, tesouras de madeira so apoiadas

    verticalmente sobre os quadros, exatamente na posio dos montantes,

    transmitindo-se todas as cargas decorrentes para a fundao

    constituda pelo radier.

    A observao da estrutura como um todo, configura um arcabouo

    muitssimo leve, razo pela qual o sistema recebe a denominao de

    LIGHT WOOD FRAME, ou seja, Estrutura Leve de Madeira.Uma observao que se reveste de grande importncia diz

    respeito soluo convencional, de alvenaria de tijolos, em que o

    projeto estrutural no contempla a colocao ao menos de pilares de

    concreto nas extremidades da construo, erguendo-se as alvenarias

    simplesmente at o nvel da cobertura. uma disposio que propicia o

    aparecimento de patologias, tais como trincas, que se no

    comprometem a estabilidade da construo, causam desconforto visual.

    Alm disto, caracteriza a situao, que se tolerada, ajuda a

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    estigmatizar a casa como casa de pobre. Uma outra expresso que

    j foi usada anteriormente, pelo arquiteto Paulo Alceu Grieger,1990, no

    trabalho Casa de Madeira para a Amaznia, que a casa de madeira

    no casa de gente decente, colhida na sua pesquisa in loco na

    Amaznia, que to chocante quanto a anterior, e demonstra a

    necessidade de serem oferecidas solues de moradias coletivas de

    madeira populao que sejam eficientes, e que eliminem estas

    denominaes depreciativas.

    3.1.4. VEDAO DA CASA DE MADEIRA

    PAREDES EXTERNAS E INTERNASA estrutura que foi descrita anteriormente, com montantes

    verticais colocados a distancias regulares, sobre os quais so

    aplicadas as chapas internas e externamente, tem uma modularidade

    que contempla no apenas a possibilidade de fabricao em srie, ou

    industrializada da casa de madeira, mas tambm, possibilitar a fixao

    de chapas de madeira do tipo OSB, em uma base com dimenses

    compatveis s suas prprias medidas. O painel OSB est sendoutilizado com crescente preferncia em relao s chapas de

    compensado, em funo do custo atual, que torna-se cada vez menor,

    pelo aumento de produo. A indstria que produz tais painis tem

    grande interesse na certificao de qualidade do mesmo, o que abre

    uma perspectiva bastante promissora quanto ao aspecto de aceitao

    da soluo para financiamento das unidades habitacionais por

    organismos como a prpria Caixa Econmica Federal, que na maioriadas vezes, pelo menos o rgo repassador de recursos, quando no

    o faz diretamente.

    Os painis externos compostos por chapas OSB atuam de forma

    importantssima no arranjo resistente (estrutural) da construo : so

    os painis que executam o travamento horizontal dos frames

    verticais. Alm disso configuram os painis de paredes como elementos

    completos, que servem como travantes da edificao, e absorvendo os

    esforos causados pela ao do vento.

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    Os revestimentos internos das paredes de contorno da edificao

    so constitudos por placas de gesso acartonado, exclusivamente com

    a finalidade de realizar o fechamento. Para as paredes internas, a

    soluo a mesma que para as paredes externas, ou seja, a colocao

    de painis OSB em uma das faces, e gesso acartonado na face

    restante. A exceo fica por conta das paredes do banheiro, onde

    sero util izadas as chamadas placas verdes (cimentcias) no box do

    chuveiro, para estabelecer um grau menor de permeabilidade.

    3.1.5. ABERTURAS DA CASA DE MADEIRA

    Janelas e portas da casa so fixadas entre montantes verticais demadeira, j colocados de forma modulada, como descrito

    anteriormente. Quando for necessrio, interrompido um dos

    montantes, e se adicionam vergas que possibilitem a instalao de

    janelas com larguras superiores modulao. A f igura 8 i lustra com

    preciso estas possibilidades :

    FIGURA 8 LOCALIZAO DAS ABERTURAS NO SISTEMA FRAME

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    A praticidade do sistema, que se reflete na composio do

    oramento com B.D.I. , permanece, mesmo na colocao das

    esquadrias. especialmente quando se trata da execuo de projetos

    padronizados, como so as habitaes populares que so enfocadas

    neste trabalho.

    A propsito disto, saliente-se que, no caso de uma reforma, ou de

    uma ampliao, fica patente a grande facilidade de recomposio dos

    montantes interrompidos para colocao de janelas, mediante um

    trabalho bastante simples de carpintaria, assim como o fechamento de

    aberturas. Este fenmeno no se repete no caso das construesconvencionais de alvenaria de tijolos, lembrando as grandes

    interferncias que elas representam para