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FERRAMENTA LÚDICA PARA O ENSINO DE GENÉTICA - SENHOR E SENHORA BATATA Milene Sayuri Sakoda Baratta (UTFPR) [email protected] Egláia de Carvalho (UEL) [email protected] Wagner J. M. Paiva (UEL) [email protected] Mariana A. Bologna Soares de Andrade (UEL) [email protected] RESUMO Para os professores de Ciências Biológicas, é conhecida a dificuldade em ensinar Genética, alguns profissionais se sentem inseguros em relação ao tema, outros encontram dificuldades em mostrar aos seus alunos a conexão entre os conceitos de genética e suas experiências cotidianas. A proposta deste trabalho foi a elaboração e aplicação de uma atividade lúdica complementar de alguns conceitos básicos de Genética, visando estabelecer relação cognitiva entre os conceitos dos alunos e o conhecimento científico. Para Luckesi (2000), na atividade lúdica, o que importa não é apenas o produto da atividade, o que dela resulta, mas a própria ação, o momento vivido de realidade, de ressignificação e percepção. Esta atividade foi realizada com alunos do ensino médio, em Cambé-Pr, utilizando materiais de baixo custo e fácil acesso. Após aula introdutória de Genética, os alunos iniciam a construção do modelo inicial que é desprovido de qualquer característica, e são responsáveis por determinar genótipos e fenótipos da primeira geração (F1). Concluída a primeira geração, os alunos escolhem parceiros para realizar cruzamentos e estabelecer a próxima geração. Ao final da atividade e estabelecidas as gerações F1, F2 e F3, é aberto espaço para discussões e encerrar a atividade. Ao concluir a aplicação desta atividade, consideramos que esta ferramenta mostrou- se bastante eficiente em relação ao objetivo de aplicar os conceitos de Genética, os alunos ao terem que relacionar as características do fenótipo como os diferentes alelos que compõem o genótipo. Outro 365

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Page 1: €¦ · Web viewO tempo total para execução da atividade é de cinco horas/aula. Duas aulas conceituais introdutórias sobre Genética, duas para confecção e montagem dos modelos,

FERRAMENTA LÚDICA PARA O ENSINO DE GENÉTICA - SENHOR E SENHORA BATATA

Milene Sayuri Sakoda Baratta (UTFPR)[email protected]

Egláia de Carvalho (UEL)[email protected]

Wagner J. M. Paiva (UEL)[email protected]

Mariana A. Bologna Soares de Andrade (UEL)[email protected]

RESUMOPara os professores de Ciências Biológicas, é conhecida a dificuldade em ensinar Genética, alguns profissionais se sentem inseguros em relação ao tema, outros encontram dificuldades em mostrar aos seus alunos a conexão entre os conceitos de genética e suas experiências cotidianas. A proposta deste trabalho foi a elaboração e aplicação de uma atividade lúdica complementar de alguns conceitos básicos de Genética, visando estabelecer relação cognitiva entre os conceitos dos alunos e o conhecimento científico. Para Luckesi (2000), na atividade lúdica, o que importa não é apenas o produto da atividade, o que dela resulta, mas a própria ação, o momento vivido de realidade, de ressignificação e percepção. Esta atividade foi realizada com alunos do ensino médio, em Cambé-Pr, utilizando materiais de baixo custo e fácil acesso. Após aula introdutória de Genética, os alunos iniciam a construção do modelo inicial que é desprovido de qualquer característica, e são responsáveis por determinar genótipos e fenótipos da primeira geração (F1). Concluída a primeira geração, os alunos escolhem parceiros para realizar cruzamentos e estabelecer a próxima geração. Ao final da atividade e estabelecidas as gerações F1, F2 e F3, é aberto espaço para discussões e encerrar a atividade. Ao concluir a aplicação desta atividade, consideramos que esta ferramenta mostrou-se bastante eficiente em relação ao objetivo de aplicar os conceitos de Genética, os alunos ao terem que relacionar as características do fenótipo como os diferentes alelos que compõem o genótipo. Outro aspecto relevante sobre esse proposta é o motivação para estimular a criatividade dos alunos.

Palavras – chave: ensino, atividade de genética, atividade lúdica, biologia.

INTRODUÇÃONo ensino de Biologia ao se propor aplicar uma atividade lúdica, relacionada

ao conteúdo de Genética, o professor encontra respaldo em trabalhos e pesquisas

da área de ensino, que demonstram que os estudantes aprendem mais sobre a

Ciência e desenvolvem melhor seus conhecimentos conceituais quando participam

ativamente do processo de aprendizagem. É consenso de que os alunos devem

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aprender conceitos, vivenciar métodos científicos e refletir as experiências vividas no

espaço escolar (HODSON, 1992). Os professores devem, então, selecionar

atividades que proporcionem tal experiência aos seus alunos.

Segundo Hofstein (1982) (apud KRASILCHICK, 2009) as atividades práticas

visam criar um espaço onde é possível proporcionar ao aluno maior interesse pela

matéria a ser compreendida, envolvendo-o em uma investigação de caráter científico

e na resolução de problemas, utilizando a compreensão de conhecimentos básicos

do conteúdo em conjunto com o desenvolvimento de suas habilidades, relacionando

o conteúdo teórico e as atividades executadas.

Com esse intuito, visando proporcionar cenários mais favoráveis à

aprendizagem, as aulas precisam ser compreendidas como um conjunto de

atividades relacionadas e com caráter significativo.

Estas experiências podem ocorrer, por meio de uma série de metodologias e

atividades diversificadas, entre elas as atividades lúdicas. Ao lançar mão de

ferramentas lúdicas pedagógicas é possível conseguir a aprendizagem de

conteúdos, pois, segundo Silva, Mettrau e Barreto (p. 465, 2007), “a essência do

brincar é a criação de uma nova relação entre as situações pensadas e as situações

reais e possíveis”. A utilização de jogos como ferramenta pedagógica é uma ótima

opção para auxiliar na exposição e/ou fixação dos diversos assuntos abordados

durante as aulas.

Para utilização destas opções de atividades, é possível dentro dos limites e

possibilidades apresentados na realidade de cada escola, que o professor realize

adaptações dessas atividades a partir do material existente, ou debaixo custo e de

fácil acesso.

Neste trabalho, apresentamos uma atividade prática como uma opção

didática que fornece aos estudantes uma associação mais ampla de vários tópicos

da Genética, partindo do abstrato para o concreto.

Luckesi (2002 p. 41) descreve o lúdico como:

[...] aquela que propicia a ‘plenitude da experiência’. Comumente se pensa que uma atividade lúdica é uma atividade divertida. Poderá sê-la ou não. O que mais caracteriza a ludicidade é a experiência de plenitude que ela possibilita a quem a vivencia em seus atos.

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Podemos entender com isso, que as atividades lúdicas, possuem importante

papel no desenvolvimento humano, nos processos de ensino e aprendizagem.

Com o desenvolvimento dessas atividades pode ser proporcionado uma

melhor interação entre professores e alunos, pois a partir delas podem ser

levantadas discussões que acercam os temas trabalhados, estabelecendo uma

melhor relação dos conteúdos aprendidos em sala de aula com a realidade dos

alunos. Utrera (2001) destaca,

[...] que a elaboração de atividades diferenciadas pode auxiliar na compreensão de conceitos, como a construção de modelos ou o desenvolvimento de atividades práticas, que possam ser adaptadas a realidade da escola.

Há uma grande necessidade das atividades elaboradas pelos professores se

enquadrarem às condições das escolas, já que uma das maiores dificuldades hoje

no ensino público é a presença de laboratoristas e de equipamentos adequados

para aplicação de algumas aulas.

Para Gil-Pérez et al. (1999), as atividades práticas, embora aconteçam

pouco nas salas de aula, são apontadas como a solução que precisaria ser

implementada para a tão esperada melhoria no Ensino de Ciências.

Somente a ausência de laboratórios ou estrutura escolar não deve ser um

empecilho didático, visto que as atividades podem ser realizadas em qualquer sala

de aula. Gil-Pérez et al. (1999), considera, também, que há uma corrente de opinião,

de que aulas em laboratório nem sempre resolvem os problemas de aprendizagem,

muito menos de estímulo aos alunos, pois em países onde o laboratório está

presente na maioria das escolas, com uma abordagem tradicional, tem-se um

impacto negativo na aprendizagem dos estudantes.

Bizzo (2002, p. 75) argumenta:

[...] o experimento por si só não garante a aprendizagem, pois não é suficiente para modificar a forma de pensar dos alunos, o que exige acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais são as explicações apresentadas pelos alunos para os resultados encontrados e propor, se necessário, uma nova situação de desafio.

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Ao que concerne ao ensino de Genética, além das deficiências encontradas

no ambiente escolar, os professores também se deparam com a má qualidade dos

conteúdos abordados nos livros didáticos – que muitas vezes são a única ferramenta

utilizada pelos professores para a organização das aulas – que tratam os conteúdos

de Genética de uma forma muito pontual (VILELA, 2007).

O Conteúdo de Genética é tema obrigatório nas competências e habilidades,

no Programa Nacional do Livro Didático – PNLD (2014) e da Matriz de Referência

das Ciências da Natureza e suas Tecnologias/Biologia do ENEM – Exame Nacional

do Ensino Médio (BRASIL, 2002).

O Livro Didático, para Gérard e Roegiers (1998), é um instrumento impresso,

propositalmente organizado para o desenvolvimento e melhoria do processo de

aprendizagem. Nas múltiplas funções que podem ser atribuídas ao livro didático,

podemos incluir: informação, estruturação e organização da aprendizagem e, guia

do estudante no processo de assimilação do mundo exterior.

Nesse contexto, percebe-se a importância do Ensino dos conteúdos de

Genética, tendo o Livro Didático como ferramenta de apoio no processo e ensino

aprendizagem, a fim de desenvolver nos alunos uma visão ampla e científica acerca

dos processos que envolvem a vida e compreensão da origem e diversidade

biológica da Terra.

Desta forma, consideramos que a elaboração de propostas didáticas para o

ensino de ciências, e a análise de implementação dessas propostas, pode oferecer

para professores novas estratégias de ensino além do apresentado nos livros

didáticos.

OBJETIVOA proposta deste trabalho é elaboração de uma atividade

complementar e facilitadora de alguns conceitos básicos de Genética, visando

estabelecer relação cognitiva entre os conceitos dos alunos e o conhecimento

científico. Assim, espera-se possibilitar que os alunos reconheçam esses assuntos

de uma forma interessante podendo assim relacioná-los ao seu cotidiano.

ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DA ATIVIDADE

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O tempo total para execução da atividade é de cinco horas/aula. Duas aulas

conceituais introdutórias sobre Genética, duas para confecção e montagem dos

modelos, e uma aula para discussões e conclusão da atividade.

A percepção da necessidade da elaboração de uma atividade complementar

para o ensino de Genética no Ensino Médio ocorreu quando se notou à dificuldade

que alguns alunos encontraram no primeiro conteúdo de Genética, que consiste na

aprendizagem de vocábulos e suas definições como: genes, alelos, homozigotos,

heterozigotos, híbridos, herança genética, fenótipo, genótipo etc.

Uma segunda tentativa metodológica foi elaborar um roteiro de pesquisas

para os alunos. Esse roteiro seria a orientação para a pesquisa em dicionários e

livros didáticos, com a intenção de que os alunos estabelecessem relação entre as

palavras e os seus significados. Entretanto, esta estratégia isolada não se mostrou

eficiente no processo de ensino-aprendizagem. Deste modo, houve a necessidade

de lançar mão de uma metodologia diversificada para que os conceitos de Genética

fossem efetivamente entendidos pelos alunos.

A atividade proposta tem como objetivo permitir que os estudantes, por meio

da ludicidade, consigam estabelecer relações entre seus conhecimentos prévios

sobre transmissão de informação entre as gerações e os conhecimentos básicos

sobre genética, ou seja, os termos e conceitos de gene, alelo, herança etc. Busca-

se, assim, desmistificar esse conteúdo tanto para a aprendizagem como também

para o ensino, pois, muitos profissionais sentem-se inseguros ao abordar este tema,

ou não possuem habilidade para relacionar genética com exemplos do cotidiano do

aluno.

A atividade proposta é intitulada “Senhor e Senhora Batata”. A inspiração para

os personagens da proposta é o filme Toy Story1, que é amplamente conhecido por

alunos do Ensino Médio. Na proposta, os personagens Senhor e Senhora Batata

são constituídos por partes desmontáveis que se encaixam. Pensou-se esta

atividade lúdica utilizando o personagem como ferramenta para tornar concreta a

introdução e aplicação dos conceitos de Genética nas aulas, uma forma de se

trabalhar com os alunos as características genéticas herdadas por eles de seus

ancestrais e as que iriam futuramente deixar para seus descendentes.

1 Toy Story. Direção: John Lasseter. Estados Unidos: Pixar, 1995.369

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Assim criou-se a possibilidade de uma “figura” básica de uma batata, sem

olhos, sem boca, sem orelhas, sem características físicas alguma. Sendo assim, os

alunos poderiam criar as formas que lhe agradassem mais e posteriormente

deveriam determinas as combinações genotípicas de cada característica ali criada

por eles, ou seja, a determinação de genótipos de fenótipos.

A criação do Senhor e da Senhora Batata está vinculada as características

Genéticas específicas. Cada aluno deverá construir o seu casal (F1) com

características (fenótipos e genótipos) que desejarem. Será definido pelos alunos o

que cada boneco deverá apresentar como características: cor dos cabelos, olhos,

pele, formato das mãos, pés e orelhas ou demais características que desejarem.

Após escolherem as características, os alunos vão determinar os alelos dessas

características para cada indivíduo, bem como quais alelos estarão em homozigose

ou heterozigose, especificando com legendas as suas escolhas. Concluindo a

construção dos modelos, os alunos irão fazer o cruzamento para determinar as

características da possível F2 deste casal, ou seja, o filho ou filha dos mesmos com

as características herdadas geneticamente pelos pais e deverão determinar as

características herdadas do pai ou da mãe por uma legenda.

Terminada esta etapa da confecção da linhagem F2, os alunos irão interagir

com seus colegas de sala para escolher, entre os F2 obtidos por seus colegas,

novos Senhores ou novas Senhoras Batatas para formar uma família que irá gerar

descendentes, ou seja, uma F3. Os alunos, em conjunto, irão determinar as

características apresentadas por esta linhagem. No anexo deste trabalho

apresentamos uma sequência de fotos que ilustram os processos de elaboração do

Senhor e Senhora Batata da F1 (Figura 1) e as gerações F2 e F3 (Figuras 2 e 3).

Com esta atividade, os alunos podem compreender como ocorre o processo

de transmissão de características genéticas dos indivíduos. Consideramos que

nessa atividade, além dos conceitos iniciais que podem ser trabalhados, também

poderão ser trabalhados os conteúdos da Primeira e Segunda Lei de Mendel como,

também, o conceito de alelos múltiplos.

Materiais Necessários: Cartolina;

Papel cartão colorido;

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Giz de cera;

Lápis de cor;

Caneta de ponta porosa colorida;

Cola;

Tesoura;

Barbante;

Esponja de aço.

A avaliação dos alunos ocorre em duas etapas. A primeira etapa é montagem

do Senhor e da Senhora Batata bem como seus descendentes, nesse momento os

alunos precisam indicar as características dos organismos e relacioná-las com os

vocábulos e conceitos (os alunos precisam elaborar legendas com os conceitos). Na

segunda etapa, os alunos precisam explicar os processos que envolvem a

transmissão das características da geração F1 para a geração F2 e F3, nessa etapa

o enfoque das explicações dos alunos deve ter maior ênfase sobre a transmissão

dos alelos ao longo das gerações.

DISCUSSÃOEsta atividade foi desenvolvida com estudantes do Ensino Médio de

uma Escola Estadual do Paraná. Apresentaremos algumas considerações e uma

breve discussão sobre essa proposta.

A aplicação desta atividade mostrou-se bastante eficiente em relação ao

objetivo de aplicar os conceitos de Genética, compreensão de hereditariedade, bem

como a facilidade dos alunos em resolver determinados problemas de Genética. Ao

terem que relacionar as características do fenótipo como os diferentes alelos que

compõem o genótipo, os alunos conseguiram refletir sobre essa relação.

Outro aspecto relevante sobre essa proposta é o motivação para estimular a

criatividade dos alunos na construção do Senhor e da Senhora Batata. Hoje o maior

desafio dos educadores é competir com as tecnologias existentes no mundo e que

estão ao alcance dos alunos de uma forma muito fácil. Com os atrativos das

tecnologias, as atividades em sala tornam-se cada vez menos interessantes para os

alunos. Assim, as propostas que privilegiem aprendizagem por meio de atividades

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que estimulem a participação dos alunos caracterizam-se como aliadas aos

processos de ensino.

Por meio da experiência da implementação dessa proposta com os alunos do

Ensino Médio consideramos que os resultados ultrapassaram a expectativa, pois

além de atingir os objetivos iniciais de contextualizar os conceitos de Genética,

fazendo relação destes novos conhecimentos com os conhecimentos subsunçores

destes alunos pode-se, também, mostrar a relação com sua vida cotidiana

explicando os conceitos de herança genética de forma concreta.

Durante a aplicação da atividade vale ressaltar que muitos questionamentos

foram levantados pelos alunos, relataremos alguns aspectos observados pelos

alunos quanto a elaboração deste trabalho. Uma das dificuldades dos alunos foi em

compreender que indivíduos podem ser homozigotos com genes recessivos e

dominantes, em diferentes características, e ficaram muito inseguros quanto a

utilização letras diferentes dos padrões (AA, Aa, e aa por outras como BB, Bb, e bb,

ou outra qualquer).

Deste modo, foram orientados quanto a utilização de letras para determinação

das características utilizadas pelas iniciais destas características, como por exemplo,

B para a boca, N para o nariz, T para a altura, C para cabelo e assim por diante.

Quando começaram a confeccionar os primeiros esboços da geração F1,

para posterior a montagem dos mesmos, a criatividade dos mesmos foi longe,

inclusive com a utilização de etnias diversas e a miscigenação entre as populações,

alguns alunos inclusive criaram modelos com albinismo.

Na elaboração e na confecção dos modelos também surgiram dúvidas

relacionadas a probabilidade, principalmente estabelecer F2 e F3, com prole de

gêmeos univitelinos e bivitelinos, e irmãos. Deste modo, também houve a

necessidade de se recordar conceitos relacionados a gametas e fecundação.

Os alunos se mostraram muito receptivos à metodologia, envolvendo-se de

maneira ativa e entusiasmada diante da proposta de atividade. Após as orientações,

os alunos realizaram inúmeros cruzamentos entres as linhagens, por ser divertirem

realizar a aprendizagem de maneira lúdica, levantando várias situações de seu

cotidiano relacionando aos conceitos aprendidos mostrando de forma clara que

estavam criando significados aos novos conhecimentos. Por fim, consideramos que

a antropomorfização do Senhor e Senhora Batata não se caracterizou como um

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problema uma vez que o objetivo desta proposta era o de gerar a percepção dos

alunos sobre características de genótipos e fenótipos de organismos, facilitando de

maneira lúdica a construção desses conhecimentos.

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%C3%A7%C3%A3o+de+atividades+experimentais+em+Gen%C3%A9tica+

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ANEXOS:

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