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Fim das Iluminuras e inicio da Era Gutenberg 1

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Fim das Iluminurase inicio da Era Gutenberg

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Apresentação

Tenho profunda atração pela Idade Media e discordo que foi a Noite dos Mil Anos.

É fruto da miopia moderna que se originou na cultura escrita conseqüência da Invenção de Gutemberg.

O fato mais relevante deste período é o fim do processo de acumulação de idéias mais ou menos liderado pelas iluminuras e o inicio da época da impressão de livros, que condicionou a acumulação das idéias e toda a cultura que se seguiria.

Qualquer um que se debruce sobre qualquer coisa referente á Idade Media e ao mundo moderno, no sentido do período iniciado pelos descobrimentos, com todo seu conteúdo, deveria iniciar por entender isto. A propósito de Idade Media e Moderna, prefiro o sistema Inglês, que divide este período em Early Modern Times (mais antiga) e Later Modern Times (mais recente), juntamente com a noção de sociedades pré-industriais e sociedades industriais.

Sei que existem outros critérios, considerando por exemplo o inicio com a queda da Constantinopla, em 1453, ou do prolongamento da Idade Media até o inicio das Revoluções Liberais, que coincide com o fim do regime senhorial da Europa, pela ação das cruzadas, que tiveram forte influencia na expansão do comercio na Europa.

Creio que foram inventados para justificar escolas de pensamento e minha opção é mais “natural”.

Creio também que o evento mais importante deste período foi a introdução do tipo móvel e a invenção do livro por Gutenberg, que foi o principal acontecimento e que merece um entendimento minucioso. Procuro neste artigo, mostrar como estava e como ficou, ou melhor, o que o livro substituiu a partir de Gutenberg.

Nossa miopia provem dai.

Claro que houve benefícios, mas não precisam ser discutidos, pois que tudo foi viabilizado, bem ou mal, dentro deste método. Porem, um dos efeitos mais perniciosos desta miopia é considerar-se única e rainha e melhor que qualquer outra opção, traço este que é comum a atividades que fazem uso de livros nos moldes inventados por Gutenberg, como a ciência, por exemplo, que é o melhor exemplo de algo que se considera único, verdadeiro, melhor e insubstituível.

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Introdução

Este trabalho foi estruturado da seguinte maneira:

Vou explicar com algum detalhe como ver e enxergar uma iluminura, apresentar alguns exemplos que imagino seria o que iria na cabeça de uma pessoa medieval diante de uma iluminura do exemplo apresentado.

Traduzo, sintetizo, explico, comento, acrescento, subtraio da introdução do livro de Christopher de Hamel “Uma Historia de Manuscritos Iluminados”ISBN 13: 978 07148 34528, Phaidon Press Limited, 1986,... 2006, posicionando melhor as iluminuras.

Sob o titulo “Manuscritos Iluminados” explico como me aproximei tanto de iluminuras, como de Idade Media e de Gutenberg, ou melhor de suas Bíblias.

Fecho apresentando uma analise do trecho do Eclesiastes nos moldes que Gutenberg criou para comparação com os exemplos iniciais de outros trechos da Bíblia feitos com iluminuras.

Por ultimo, mas não menos importante, quero frisar que usei o contexto religioso porque pensei num artigo sobre Ciências Religiosas, mas as iluminuras eram usadas para tudo que achavam que valia a pena registrar na Idade Media.

Demonstração disto é que talvez a maior coleção de iluminuras que existe fora da Europa ou de lugares onde existiram iluminuras, é a do Pierpont Museum, que versa sobre caça e não tem uma pagina sobre religião na sala onde esta guardada.

Claro que existem três Bíblias de Gutenberg neste museu e muita coisa religiosa, mas iluminuras do tipo que apresentei na introdução, não tem quase nada.

Este museu, ou Biblioteca, é um exemplo perfeito do que Gutenberg inventou.

E seu dono, paradoxalmente, percebeu exatamente o que aconteceu quando Gutenberg inventou o tipo móvel, tanto é que ele tem 3 (três) Bíblias de Gutenberg em seu acervo.

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Anatomia das iluminuras

Exemplo: Les Très Belles Heures de Notre-Dame du Duc de Berry, 1380-1412(Folio 76 verso / 77 recto)

Na foto acima, as indicações (1) e (2) são, respectivamente, o Verso e o Recto. Os Manuscritos Medievais parecem livros, mas não são. Suas paginas não eram numeradas consecutivamente, que seria paginação, mas por folios. Cada folio (latim folium = folha) tem dois lados, chamados de recto e verso. Acima, o recto (2) é o lado frontal e forma a pagina direita de um livro aberto. O verso (1) é as costas e fica do lado esquerdo. O tamanho da pagina é dado pela altura e largura, que no caso acima mede 280 x 200 mm.(3) Margem ou borda ornamental incluindo uma moldura decorativa (separando a miniatura/texto e a margem) e as figuras inseridas. Se as figuras forem grotescas ou criaturas fabulosas (cf. ilustração ), são conhecidas como “drolleries” - brincadeiras1, ou evento engraçado. A decoração da margem aqui consiste na gavinha2 de uma folha rasgada composta por folhas de videira ou hera com pontas pronunciadas.

(4) Inicial ornamentada com figuras de homens ou animais. Uma inicial que é preenchida com uma representação, uma única figura ou uma cena completa em miniatura.(5) Bas-de-page (Francês = pé da pagina). Área figurativa na parte de baixo do texto ou sob ele, ilustrada com pequenas cenas ou “drolleries”.(6) Miniatura; aqui toma a largura da coluna.(7) Inicial (latim, initium = começo, inicio). A primeira letra de uma seção do texto tem proeminência pela diferenciação e me tamanho ou tipo de escrita ou por ornamentação. Antes da era Gótica algumas vezes preenchia uma pagina inteira.

1 “Drôle”em Francês, que quer dizer pilheria, graça ou chiste. Em Inglês, droll, algo que diverte ou é cômico.2 “Tendril”em Inglês, expansão filiforme por meio da qual as plantas sarmentosas e trepadeiras se agarram às plantas vizinhas, ou elo, garra, abraço. Um bom exemplo são aqueles filamentos que observamos nos cachos de uva nas videiras, que alias é o caso acima.

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(8)Fleuronné inicial (Francês = florido). Ornamentação, por ex. gavinhas ou folhas floridas, desenhadas com pena e tinta, normalmente em vermelho e azul, usadas como iniciais decorativas.(9)Bloco do texto, no exemplo o bloco de texto esta inserido numa única coluna.(10) Enchimento de linha com ornamento vermelho e azul.

SIMBOLISMO (nas iluminuras)

Yves Gack http://boulme.club.fr/cvyves.htm

Os quatro sentidos da Escrita, segundo

Nicolas de Lyre,poeta do século XV :

A escrita ensina os fatos,A alegoria indica o que se precisa crer,A moral o que é preciso fazer,O sentido anagogico que é para onde devemos ir

O sentido anagógico é aquele que visa levar o vulgar e o medíocre para o elevado e o espiritual

Apresentação

Vou fazer um ensaio para apresentar alguns dos símbolos que encontramos freqüentemente nas iluminuras da época que nos interessa.

Esta pagina não pretende examinar o assunto exaustivamente nem ser uma referencia acadêmica! Simplesmente espero que ajude a melhor entender aquilo se esta vendo.

O elemento de base é entender que uma iluminura não é a versão antiga da fotografia! As duas coisas não se intercambiam:

● a fotografia representa um instante "t" da realidade de nosso mundo

● a iluminura é um símbolo que visa transmitir uma mensagem, uma idéia

Esta é a razão por serem as iluminuras feitas:

● Sem perspectiva

● O tamanho, as proporções e as atitudes dos personagens não é realista

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Símbolos básicos

Os Três Pontos

O três pontos em triangulo, que vemos freqüentemente utilizados como motivo de preenchimento nas placas coloridas, significam, dentre outras coisas, uma escolha entre :

● A Sagrada Família : Jésus, Maria e José

● A Santíssima Trindade : O Pai, o Filho e o Espírito Santo

● Os três níveis do mundo vivo: o nível animal, o nível humano e o nível divino. Por exemplo, ver a túnica da Virgem como a apresentação do Cristo ao Templo.

Símbolos alfabéticos

As três letras IHC são as três primeiras letras da frase "Jesus Salvador dos Homens" (em grego), elas foram traduzidas para IHS ("Jesus Hominum Salvatorem" na versão latina). Cada um dos dois grupos de 3 letras significa portanto : Jésus Salvador dos Homens.

Da mesma forma, as 2 letras XP são as duas primeiras letras do nome Cristo (em grego).

O Corpo e o Sangue

No término do oficio religioso (missa), na comunhão, o pão e o vinho representam o corpo e o sangue do Cristo. O mesmo é verdadeiro para o vinho e o trigo.

O Corpo O SangueO Trigo O VinhoO Pão O Vinho

A Arroba "@"

Você sabia que toda vez que você digita o sinal @ (arroba) no teclado de seu computador, você esta refazendo o gesto dos monges copistas que na Idade Média que usavam a contração do advérbio latino AD, significando EM DIREÇÃO ou A qualquer um?

Os Animais

O Peixe

Vemos freqüentemente nos manuscritos que as linhas dos textos incompletos são preenchidas com pequenos desenhos. Como motivo normalmente utilizado, vemos o peixe.

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A razão é a seguinte: se tomarmos a primeira letra de cada palavra na frase grega "Jésus-Cristo nosso Senhor", e juntamos toas de forma a formar uma palavra, obteremos: "ICHTOS", que em grego significa "peixe" !

A Pomba

Ela representa uma mensagem divina (a palavra de Deus) ou a sabedoria.

As Cores

As cores sempre têm um sentido preciso, e aqui está uma interpretação:

Cor Nome Heráldico Planeta Pedra Símbolo

Ouro Ouro Sol Topázio

RiquezaInteligência

GrandiosidadeVirtude

Prestigie

Prata (Branco) Prata Lua Perola

InocênciaClarezaPureza

Sabedoria

Negro Areia Saturno Diamante NobrezaTristeza

Vermelho Boca, goela Marte Rubi

CoragemAmor

Desejo de servir sua pátria

VerdeSinople(verde

heráldico)Vênus Esmeralda

LiberdadeSaúdeAlegria

EsperançaLiberdade

Azul Azul Júpiter SafiraBondade

FidelidadePerseverança

Violeta Púrpura Potencia

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Como ver e entender uma iluminura

No topo, em cima, a Mulher aparece vestida com o sol, com a lua aos seus pés, cercada com estrelas e uma coroa em sua cabeça.À sua direita ela é atacada por um dragão de 7 cabeças que varre, com sua longa cauda, as estrelas do céu.Na parte de baixo uma mulher recebe as asas de uma águia, pedindo sentar no seu trono. A relação entre a Igreja Celestial eterna e a Igreja Terrestre, perseguida é colocada em evidencia.Logo à direita anjos lutam com o dragão e depois repousam suas lanças nos demônios antropomorfos. O dragão é perfurado e mantido preso pelo Arcanjo Miguel. A vitória contra o mal é final. Um demônio, com corpo peludo e cabeça de monstro, está preso no inferno.A composição como um todo é organizada sob o olhar do Cristo, sentado no seu trono, a principal benção. O fundo vermelho e laranja evocam o inferno e o mal. O azul representa o céu espiritual ou são mulheres, legiões angélicas e o Cristo. Pode-se reconhecer uma ilustração do versículo 12 que exalta o Reino de Deus e Cristo e a queda do adversário.

Isaías 14:12-14

Esta passagem diz: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.” Você notará imediatamente que esta passagem não menciona Satanás por nenhum de seus nomes bíblicos comuns. Pode-se extrair deste texto uma teoria da origem de Satanás somente assumindo que esta passagem descreve-o, e ignorando o contexto desta passagem na mensagem de Isaías.

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Outra pintura, para o mesmo tema:

Sofonias 1,15-16 (Latim)

Literalmente, 'dia de ira'. A preocupação dos cristãos medievais foi o fim do mundo; Que antecipou o julgamento final, seguido pelo Millennium. Após a queda do Império Romano do Ocidente houve um reavivamento da crença no fim dos tempos. O ano de 1000 também foi animado por especulação mitológica, o mesmo sucedendo com a fome, pragas, e terremotos. Mais influentes foram as opiniões do visionário Joachim de Fiore (1145-1202). Ele conta a história dividida em várias etapas e afirmou que em 1260 seria o cumprimento da Idade do Espírito, que havia começado com São Bento (480-550). Naquela época os homens podiam esperar uma nova revelação, a vinda do Anticristo, e os últimos dias de punição. Este mito, escrito estabelece a pedido do Papado, exerceu uma influência poderosa sobre o pensamento medieval, e na sua visão de um mundo futuro onde o Sacro Império Romano e a Igreja de Roma daria lugar a uma livre comunidade de seres que se aperfeiçoaram sem qualquer necessidade do clero ou sacramentos ou escritura, que antecipou modernas teorias sobre o milênio.

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Outra iluminura

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Ascensão espiritual e queda no inferno(Bernard de Clairvaux)

A inicial "I" ilustra o começo do Tratado de Bernard sobre graus de humildade, inspirado na visão da escada do sonho de Jacó (Gênesis 28, 12). Reflete o grau da perfeição. No topo da escada, em torno do Cristo, num semicírculo simbolizando o paraíso, reconhecemos S.Benedito, vestido de marrom e S.Bernardo, vestido de branco, carregando o cajado e a Bíblia.

Na base do “I”, Jacó, inserido num semicirculo, que simboliza o sonho do espaço. Á sua direita, um demônio se apossa dos anjos que estão descendo.

A figura usa o tema das virtudes e vícios. De fato, se olharmos detidamente, os pés dos anjos que descem não se apóiam nos degraus da escada. Eles estão em posição de queda, um está de ponta cabeça, como mergulhar. É o contraste entre a subida das virtudes espirituais e a queda no pecado, que é valorizado pela imagem.

A apresentação ao mesmo tempo faz referencia à escada de Jacó, numa alegoria de vícios e virtudes e a queda dos anjos.

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Uma Historia de Manuscritos Iluminados3

Christopher de HamelISBN 13: 978 07148 34528, Phaidon Press Limited, 1986,... 2006

Introdução

Como é claro para nós que falamos Português, manuscrito significa escrito à mão.Normalmente estamos nos referindo a livros produzidos na Europa entre o 5º. Ano DC até a Renascença, no fim do século XV. Muitas vezes, estes livros, alem de serem escritos à mão são lindamente decorados.

Dentro deste período ocorreram duas mudanças cruciais no método de produção de manuscritos.

A primeira foi a invenção, ou determinação, que livros são objetos mais ou menos retangulares, com paginas.

Quanto a isto, ou melhor, antes disto, haviam impressões em barro, em pedra, em cera e no duradouro rolo de papiro. A literatura antiga romana era escrita em rolos de papiro. A mudança ocorreu nos primeiros séculos DC. Os rolos foram paulatinamente sendo substituídos pelo livro, ou codex, como se chama em Latim, no sentido moderno que as paginas podem ser viradas uma depois da outra. Como o papiro quebra se for virado muitas vezes, foi introduzido o pergaminho4, feito de pelo de vaca ou carneiro. Os rolos eram práticos para recitar um texto literário continuo e convenientes para guardar, talvez estando sendo revividos nos microfilmes e, porque não, nas telas da Internet, mas são difíceis de manusear em textos como o da Bíblia, por exemplo, ou códigos penais, onde se anda para frente e para trás muitas vezes.

A segunda ocorreu na medida que o Cristianismo tomou conta da cultura a partir do século IV, e o Código Romano, foi finalmente compilado e “codificado”, sendo que a palavra vem de Codex, que é o novo formato, de livro.5

Portanto, os rolos de papiros evoluíram para codex de pergaminho no fim do Império Romano. Isto coincide com o inicio da Idade Media e abre nossa historia.O fim do período coincide com a invenção da imprensa, por Gutenberg.Os experimentos na Alemanha começaram em 1440 e imprensa sofisticada, com tipos moveis foi levada da Alemanha para a Itália em 1465, para a França em 1470, disseminando-se rapidamente para os Paises Baixos, Espanha e Inglaterra. Por

3 Traduzo, sintetizo, explico, comento, acrescento, subtraio. Roque Ehrhardt de Campos, em Julho de 20084 Em Inglês, parchment ou vellum, intercambiáveis, que podem ser traduzidos por pergaminho e papel velino, expressão pouco usada, ao menos no Brasil.5 Seria interessante um trabalho sobre a escrita, num trabalho separado, mas decidi propositalmente deixar de lado e, no conjunto de livros que comprei para a execução de manuscritos iluminados, pretendo incluir algo, ainda que breve, ao menos sintetizando a historia da escrita, que esta embutida naquele conjunto de livros. Não resisto em comentar que estas notas, por ex., estão escritas com o tipo Times New Roman, que foi inventada na década de 30 pelo Times de Londres e talvez seja a mais popular do mundo e o New Roman no fundo esta ligado ao Codex. A que costumo usar, Arial, foi criada por solicitação da IBM, nos anos 80, para sua impressora laser 3800, que me maravilhou e, não sei se porque escrevi muito manual ou usei muito esta maquina, ou vivi minha vida lá, é minha preferida. Não gosto da Times New Roman.

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volta de 1510, a maioria dos livros europeus estavam sendo feitos impressos nos moldes preconizados por Gutenberg.6

Esta invenção teve um grande impacto na literatura e na palavra escrita, como é enfatizado por muitos, representa o fim da produção de manuscritos iluminados e coincide com o fechamento do período medieval.Os profissionais escribas e iluministas não se ressentiram todos disto, pelo contrario, muitos gostaram desta nova invenção e mesmo talvez a maioria se tornou impressor, ou editor de livros.Finalmente os livros podiam ser feitos mais rapidamente e com maior precisão do que nunca antes.Isto já fora tentado séculos antes e veremos em mais detalhe.Na verdade, impressão de livros teve uma imensa expansão e a produção de livros se tornou uma coisa pratica.Portanto, nosso objetivo são os livros produzidos na Europa na Idade Média. O período é vasto, mais de 1000 anos (o dobro do tempo da historia do livro impresso) e vamos cobrir todos paises da Europa Ocidental.Os manuscritos são a mídia usada para a totalidade das escrituras, liturgia, historia, literatura, lei, filosofia e ciência da Idade Media. Eles preservam uma porção maior da pintura medieval e todas as artes de escrita, encadernação de livros e publicação.Por um lado, o campo é vasto, por outro, existe uma quantidade enorme de livros que sobreviveram até nossos dias.Os manuscritos iluminados entram na categoria de “livros raros”, que é sua característica mais óbvia e na verdade, da Idade Media, o que mais sobreviveu foram os manuscritos. Alias, livros tem um pendor para sobreviver. Basta olharmos em nossas casas. Não são os brinquedos que ficam da infância, são os livros, por vezes bem usados e voltando a serem úteis com uma reforma ou nova encadernação.Livros do passado distante sobrevivem da mesma forma, porque nunca foram jogados fora.A abadia de St.Augustine, Canterbury, Inglaterra, a primeira a ser construída naquele pais, esta em ruínas, mas mais de 250 dos seus livros medievais foram passados de proprietário e existem até hoje. Os examinaremos posteriormente.Existem ainda sobreviventes em posse privada muitos manuscritos iluminados de figuras proeminentes, tais como St. Boniface, Carlos Magno, Otto III, Thomas Becket, St. Louis, Boccaccio e Erasmus. No mundo inteiro os livros são preservados e contam centenas de milhares. As grandes concentrações estão na British Library em Londres, a Biblioteque Nationale de Paris e a Bayerische staatsbibliothek em Munique, existindo ainda exemplares em universidades, museus e bibliotecas em quase todos os paises do mundo. O autor começou a se interessar a partir de livros em Dunedin, Nova Zelândia e creio que é Neozelandês. Ele afirma, eu confirmo e creio que qualquer pessoa devidamente orientada também o faria, que o exame de manuscritos é fascinante.O autor considera o âmbito e a amplitude dos assuntos encontrados nos manuscritos iluminados é por demais amplo para ser contido apenas em um só volume e que os manuscritos diferem enormemente uns dos outros. Ele dá como exemplo disto um pequeno tratado por um padre em Verona, no século VII, que tem muito pouco a ver com os Livros de horas solicitado por um comerciante de tecidos

6 Na Biblioteca do Sr Pierpont Morgan, é possível ver uma grande quantidade, principalmente de Bíblias, do inicio do século XV, primeiras edições, que ele tanto amava.

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Persa para sua esposa em 1480, cujo único ponto de contacto é que são manuscritos. Outro exemplo, um livro de Evangelhos Imperial Carolíngio, não somente tem a aparência diferente de um livro de musicas da Bohemia, como suas finalidades originais eram bem diversas e as circunstancias de produção não compartilham nada, exceto de que foram envolvidos escribas. Mesmo de um mesmo período, a mecânica de iluminação de um “Livy”7 para Cosimo Médici, por ex., é diferente dos métodos usados no mesmo ano por um estudante da Erfurt Universtiy para inserir um comentário nos Salmos. Isto não dever surpreender ninguém, pois as funções destes manuscritos eram bem diferentes. Tentar abraçar numa só narrativa todos os tipos de manuscritos medievais não seria apenas impraticável, como infinitamente confuso, pois cada estilo de livro concorreria em paralelo com inumeráveis outros e se chocariam com as tendências e influencias tão amplas e diversas como a cultura medieval.8

O autor revela que este livro, por uma sugestão genial dos seus editores, foi chamado de “Uma Historia de Manuscritos Iluminados”. A palavra “Iluminado” incomodou alguns revisores da primeira edição. O termo significa estritamente decoração que inclua ouro metálico ou prata, que reflete e brilha quando a luz é aplicada em cima. Muitos manuscritos medievais não têm quase decoração e mesmo manuscritos ricamente decorados não incluem ouro. O termo “manuscrito iluminado” para todos os livros Europeus Medievais é conveniente e evocativo, mesmo sem ser preciso ou acurado e é usado aqui no seu sentido geral. Esta historia certamente não é da iluminação dos manuscritos, mas uma historia dos livros medievais que, por não haver qualquer outro meio de fazê-los, aconteceram de ser manuscritos.Existem varias maneiras de chegar-se a um acordo com a vasta massa de informação histórica sobre livros medievais e a grande quantidade de manuscritos existentes.9

O método tradicional é tomar pontos altos, ou salientes somente e considerar os manuscritos muito famosos em si mesmos.10 O autor arrazoa que pularíamos de uma obra prima para outra, mas para usar uma metáfora famosa, não podemos explorar uma cadeia de montanhas olhando apenas seus picos. As “Tres Riches Heures “ do Duc de Berry, são famosas porque são excepcionais, e mesmo que soubéssemos tudo sobre ela (que não sabemos), não adiantaria muito para entender o comercio de livros do século XV. Seria como escrever uma historia social apenas baseada na biografia de reis.11

Um segundo método seria privilegiar certas características dos manuscritos, tais como a forma da escrita à mão e a decoração. Este método tem sucesso para um período de tempo curto ou uma área geográfica limitada, porem, ainda assim, muitos manuscritos não têm decoração alguma e nem mesmo por isto são menos valiosos. Todos os manuscritos incluem escrita à mão, claro, mas a escrita não se desenvolve

7 Em Inglês significa algo escrito por Titus Livius (tradicionalmente 59 BC – AD 17), foi um historiador romano que escreveu uma historia monumental de Roma, Ab Urge Condita, desde sua fundação (tradicionalmente datada de 753 BC) até o reino de Augustus, que foi a época em que ele viveu.8 Discordo do autor. Sempre é possível, dentro de algum critério, organizar conjuntos, mesmo deste tipo.9 Aqui ele se contradiz e afirma algo que julgo completamente factível, como disse anteriormente.10 O outro livro que eu trouxe, “Masterpieces of Illumination” – “Obras Primas de Iluminação” – de Ingo F. Walther e Norbert Wolf, da Taschen, que analiso em separado, usa este critério.11 Discordo novamente. A biografia de Louis XIV, para mencionar apenas Versailles, seria perfeita para ajudar a explicar a Revolução Francesa, que não coincidentemente, foi gestada lá.

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com uma regularidade universal e fixa. Nem o leitor de hoje quer 80 mil palavras de texto sobre a forma da letra “g” (um assunto que recomendo, a propósito).12

As tentativas brilhantes dos historiadores belgas de manuscritos para classificar manuscritos medievais com precisão de botanistas são fascinantes nas salas de aula, mas difíceis de se aplicar nas Bibliotecas. Os escribas medievais eram humanos também. Um mau escriba seguia poucas regras. Um escriba bem treinado podia produzir uma dúzia de diferentes tipos de escrita manual conforme o livro que estivesse produzindo.Se por acaso alguém tivesse que confrontar o Book of Kells e as “Très Riche Heures” do Duc de Berry, a diferença seria não apenas no texto (por coincidência, existem partes idênticas) ou mesmo o estilo decorativo (claro que não é o mesmo, pois estes livros têm uma distancia entre si de 600 anos), a diferença ainda ficaria na finalidade para a qual o livro foi escrito.13

No caso do Book of Kells, os monges da Northumbria14, num monastério em uma minúscula ilha, tinham uma razão inteiramente diferente para produzir o livro que os irmãos Limbourg, seculares e não religiosos, que assumiram a tarefa como enfrentaram a tarefa a partir de uma dotação do irmão do rei no inicio do século XV. Isto se reflete no material, tamanho, cor, layout, decoração e encadernação dos dois manuscritos.15

Somente quando observamos o que estavam tentando fazer que podemos julgar o trabalho como obra de arte em si mesmo.O autor conclui que lhe parece isolar algumas das razoes principais para fazer livros na Idade Media. Cada coisa forma um capitulo separado. Cada um é parte de um assunto total sobre manuscritos medievais. O autor passa a justificar e explicar a organização que ele deu para o livroSe pudermos olhar para certos grupos de livros do ponto de vista das pessoas que os necessitavam, nos podemos convenientemente cobrir uma faixa mais ampla e pular séculos e estilos sem perder de vista o tema. Examinando alguns manuscritos podemos aplicar observações gerais para outros que compartilham a mesma finalidade. Claro que não pode haver exatidão e um assunto se mistura com outro, sem delimitação perfeita, mas uma seqüência cronológica surge um ângulo de questionamento representando cada período.Ele passa a discutir isto, dentro da estrutura que ele deu ao livro:O primeiro tema é a necessidade de livros para missionários.O Cristianismo é a religião da revelação escrita.16

12 Uma das razoes que desanimei de incluir uma analise mais profunda da escrita foi esta. Os livros sobre escrita que tive nas mãos me sugeriram este tipo de situação que, francamente, me parece cretinice.13 Na verdade, ele estrutura o livro sob esta lógica, isto é, finalidade, que me parece muito boa, não sei porque ele não afirma peremptoriamente que é isto.14 Nome de um antigo reino anglo saxônico15 Não consigo deixar de mencionar, porque não então classificar por material, tamanho, cor, detalhe, decoração e encadernação?16 Soa lindo, mas é uma tremenda falácia... Talvez ele seja protestante...que creio que estão profundamente limitados pela palavra escrita que só pode dar em danação...O Cristo jamais escreveu e os cinco que escreveram o fizeram tendo em mentes platéias... e o Cristianismo não se propagou pela escrita, mas pela palavra oral...e quando Gutenberg fez seu feito, as catedrais góticas já estavam em pé há centenas de anos...Não tenho duvida que uma catedral gótica fez mais pela difusão cristianismo que o Livro de Kell e todos os livros de horas, não apenas o do Duc de Berry...

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Na medida em que os primeiros grupos de missionários se moviam ao longo do Norte da Europa pregando para as tribos pagãs, eles ofereciam “capacidade de ler” 17 e uma civilização fundada na Judéia e polida em Roma.18

Seus livros eram a prova tangível de sua mensagem.19

Eles os exibiam, liam as missas e ensinavam civilização deles.20

Examino como isto foi feito. O movimento missionário escolhido para ilustrar minha idéia foi o da Grã Bretanha e as missões britânicas à Alemanha.Esta escolha é útil. A Inglaterra e a Irlanda nunca estiveram submersas nas barbaridades que caracterizaram os bárbaros e enquanto que as tribos estavam saqueando e devastando a Europa do VII século, os monges na Northumbria e na Irlanda estavam produzindo manuscritos de uma extraordinária sofisticação.21

Foi da Bretanha que o Cristianismo foi re exportado para os Paises Baixos e para a Alemanha. A Bretanha produziu dois dos maiores trabalhos de arte do mundo, os Lindisfarne Gospels22 e o Book of Kells23.Porem temos que enfatizar que isto é somente um exemplo do que estava acontecendo em termos de scriptoria 24da Europa entre os anos de 650 e o século nove. Havia capacidade de leitura na Itália e no Norte da África em grandes áreas da Espanha e no sul da França. É conveniente para nós, ao perguntarmos a questão de onde o Bispo Benedict da Northumbria obteve seus livros25, que parecem ter saído do Norte da Itália, sem resolver a questão, pois temos que ter em mente o vasto legado cultural da antiga Roma. Se tivermos que excluir monumentos celebrados como os dois manuscritos de Virgilio hoje no Vaticano e os textos clássicos de Bobbio e Verona, o faremos porque torna mais fácil identificar o processo da capacidade de ler e escrever e de instrução26 (inclusive a da própria Roma,

17 “literacy” em Inglês, que não é alfabetização...que leva anos e muitas e constantes horas em cima... Parece-me equivoco do autor.18 Outro equivoco...é o mesmo que confundir a Bíblia com o Direito Romano...19 Outro equivoco... os livros eram a fonte de conhecimento e reafirmação da fé que eles professavam... para eles mesmos...20 Outro equivoco... os cristãos iriam demorar centenas de anos para criar uma Sistina... creio que o Gore Vidal quando coloca o desprezo pelo cristianismo no seu Juliano esta mais perto da verdade...O Cristianismo não explicava, mas dava sentido ao sofrimento, como até hoje, que era maior dentre os pobres que os mais nobres ou mais ricos, que já tinham, como hoje, sua religião, que é o próprio umbigo...21 Curioso... embora pagão não seja de forma alguma bárbaro, eu tenho a impressão que a quinta essência do paganismo veio da Grã Bretanha...22 Creio que seria mais o melhor exemplo do estilo singular do Reino Unido de arte religiosa, que combinava temas Celtas e Anglo Saxões, no que é conhecido hoje como Arte Hiberno-Saxonica ou Arte Insular. 23 Vale a mesma observação, acrescido do fato que este livro é geralmente considerado o maior tesouro nacional da Irlanda. 24 Em Latim no original. SCRIPTORIUM (pl. SCRIPTORIA). Um local, sala, ambiente, para escrever. O termo geralmente (mas não exclusivamente) era usado para designar o local num monastério ou igreja onde os livros eram feitos.25 A Vulgata e a Vetus Latina, de onde saíram o Book of Kells26 Novamente “literacy”

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conhecida como uncial27), na medida em que se movia com os missionários pelos paises pagãos longe do Mediterrâneo.A corte Carlos Magno (que deu origem às monarquias da França e da Alemanha), nos apresenta uma mistura fascinante das tradições grosseiras (sic) germânicas do norte e a nova civilização importada de Roma, onde ele foi coroado pelo papa no ano 800 DC, ou AD.O novo Imperador Romano “Holy” – Sagrado, em Inglês, deliberadamente imitava a cultura clássica e usava a cor púrpura imperial nas paginas dos manuscritos. Mas os assuntos discorriam na tradição guerreira da pilhagem e das alianças feitas para obter “proteção”.28 Os livros agora substituíam os despojos. Livros eram um tesouro. Eram deliberadamente valiosos. Quase uma parte fiscal dos recursos só império. Sob este ângulo, podemos percorrer séculos analisando os tesouros da França e Alemanha, admirando os manuscritos de Carlos Magno, Otto II, Henrique II e Henry, o Leão. Estes livros estão entre os maiores jamais produzidos e por isto foram feitos.É obvio que não foram apenas estes livros imperiais os produzidos nestes séculos. São meramente notáveis neste tipo. Ao mesmo tempo, livros eram feitos por toda a Europa. A maior contribuição vinha dos monastérios. Isto não é surpresa. A

27 Não resisto... e me adianto... Uncial é uma grafia particular dos alfabetos latino e grego, utilizada a partir do século III ao século VIII nos manuscritos, pelos amanuenses latinos e bizantinos. Posteriormente, do século VIII ao século XIII, foi usada sobretudo nos títulos, capítulos ou seções de livros, sendo gradativamente substituída pela minúscula carolina.Constituía-se de letras grandes, arredondadas que, mesmo conservando a forma das maiúsculas, já prenunciavam as minúsculas carolinas. É por excelência a grafia dos codex adaptada à pena. Com o advento da imprensa, desapareceu definitivamente do uso corrente. Os manuscritos unciais (escritos em koiné maiúsculo) destacam-se em relação aos manuscritos na escrita cursiva (escritos em minúsculas) devido principalmente ao fato de serem mais antigos e portanto mais próximos dos originais “autógrafos”. Suas letras eram bem juntas umas das outras a fim de economizar espaço no pergaminho. Há pelo menos 170 porções de unciais no Novo Testamento, sendo 44 delas escritas em folhas de pergaminho e não em rolos de papiro. Os principais manuscritos gregos unciais são:

● Codex Athous Lavrensis (século VIII)

● Codex Coridethianus (século IX)

● Codex Sangallensis (século IX)

● Codex Porphyrianus (século IX)

● Codex Regius (c. século XI-XIII)

● Codex Petropolitanus Purpureus

● Codex Boreelianus (século IX)

● Codex Claromontanus

● Codex Sinaiticus (ALEF)

● Codex Alexandrinus (A)

● Codex Vaticanus (B)

● Codex Efraemi Rescriptus (C)

● Codex Bezae (D)

● Codex Washingtoniensis (W) Ver ainda http://fr.wikipedia.org/wiki/Liste_des_onciales_codex_grecs_de_la_Bible ehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Codex_bezae_latin.jpg28 No original, a ascendência anglo saxônica falou mais alto que o rigor acadêmico...

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associação entre monges e manuscritos sempre nos vêm à mente. O que é pouco conhecido é que o período de grande produção ocorreu em torno do ano 1200 e pelos últimos 300 anos da Idade Media e eram feitos por profissionais e não monges.Por este motivo o autor resolveu focalizar os livros monásticos no século XII. Ele diz que é observável a mudança do método antigo para o novo na forma de suprir livros para as necessidades monásticas. Ele escolheu a Inglaterra para demonstrar isto, afirmando que a escolha poderia ter sido França, porem a Alemanha e a Itália teriam fornecido menos livros de real valor monástico.29

Habilidade artística normalmente é associada com a vida monástica e provavelmente nunca novamente estes livros realmente finos foram feitos na Inglaterra. Esta dentro do contexto monástico os aspectos gerais de fazer pergaminho, definir regras, escrever, misturar tintas e aplicar ouro nos manuscritos. Ele examina a forma de produção sem pressa dentro de um Claustro.O fenômeno que marcou o fim do monopólio dos monges no aprendizado foi a ascensão dramática das Universidades. Os estudantes precisam de livros e as universidades precisam de uma grande quantidade de livros. Olhemos primeiramente em Paris. A partir do inicio do século XII foi ali que foram organizados os comerciantes de papel, que criavam e comercializavam livros. O comercio de livros com as Universidades dá uma excelente perspectiva nas necessidades para o aprendizado e nos mecanismos de publicação.Havia regras claras sobre a finalidade dos livros em uma universidade e isto se refletia nos manuscritos feitos e decorados por estudantes. É um assunto curiosamente desprezado nos estudos gerais dos manuscritos medievais, mas nos leva diretamente ao começo da profissão de fabricação de livros para venda.O autor revela que quando estava na escola, lhe foi oferecido duas explicações duas explicações “quadradinhas” para qualquer evento que sempre eram usadas: uma era a ascensão do nacionalismo (provavelmente isto não é ensinado mais, ele ironiza) e a outra era a ascensão da classe media. Ou era uma ou era outra a explicação para explicar tudo, desde a guerra do Peloponeso até a ascensão da Republica de Weimar. Ele analisa isto no primeiro capitulo. Ele afirma que a literatura secular é o maior monumento durável deixado pela Idade Media. Os grandes épicos nacionais da Guerra de Tróia, Rei Artur, Rolando, 30 e os Nibelungos,31 e os trabalhos dos primeiros modernos, como Dante, Jean de Meun e Chaucer, que tiveram proeminência com a emergência de um publico laico e rico (ou semi alfabetizados, como veremos, ajudados por figuras). Havia, então, um mercado para historias vernaculares (na língua do leitor) e livros foram produzidos para esta finalidade. Isto é observado de forma mais intensa no século XIV, mas ocorre desde o século XII e indefinidamente daí para a frente, uma vez que hoje é livro produzido e vendido.

29 Ele não explica porque...30 Roland (Italian: Orlando or Rolando, Frankish: Hruodland, Dutch: Roeland, Spanish: Roldán or Rolando, Basque: Errolan, Portuguese: Roldão or Rolando, Catalan: Rotllan or Rotllà) é um personagem na literatura medieval e da Renaissance, o principal paladino de Carlos Magno e uma figura central na questão da origem da França.31 A Canção dos Nibelungos, é um poema épico escrito em Middle High German. Conta a historia do matador de dragões, Siegfried na corte dos Burgundians, sua morte e a vingança de sua esposa Kriemhild.. O Nibelungenlied é baseado em motivos pré-cristãos, motivos heróicos germânicos (a "Nibelungensaga"), que inclui tradições orais e relatos baseados em eventos históricos e individuais dos séculos 5 e 6.. Tem implicações mais amplas.

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No século XV a quantidade de pessoas que se interessavam por livros parecia ilimitada. Ao mesmo tempo em que não podemos desprezar os colecionadores famosos e ricos, como os franceses e as famílias reais da Borgonha, é a polarização dos livros que aparece claramente no fim da Idade Media e que eventualmente abriu caminho para a impressão com pouca mudança no comercio de livros. O texto mais popular de todos era o Livro de Horas. Nos manuscritos sobreviventes, estes são de longe o que mais aparecem e podemos até imaginar que todos no século XV tinham uma copia. Este livro é uma serie de orações e salmos criados para a recitação nas oito horas “canônicas”32 do dia, deste as Matinas até as completas. Vale aqui inseri-las:

Matinas 00h00

Laudes 03h00

Primas (início das missas públicas) 06h00

Terça (oportunidade da missa solene)

09h00

Sexta 12h00

Nona 15h00

Vésperas 18h00

Completas 21h00

O quanto estes livros eram usados é outra questão. A necessidade de tal quantidade sem precedentes levou a criação de novos métodos de produção e de venda de Livro de Horas. Os exemplos têm que ser franceses, mas nos levam através dos ricos burgueses que habitavam Flanders e os Paises Baixos. Livros de Horas eram raros na Alemanha e normalmente de baixa qualidade na Inglaterra. Se a imagem de uma linha de produção de Livro de Horas de baixa qualidade é desagradável para nos que gostamos da idéia de sonhar com monges trabalhando incansável e laboriosamente em torres de marfim fechadas em clausuras, é um importante fato histórico com significância suficiente para incluir em estudo não somente pela arte, mas também pela educação popular envolvida.33 A maioria das pessoas aprendia a ler do Livro de Horas.34 A palavra “Primer” em Inglês, cuja melhor tradução para nossa língua seria cartilha, vem de Primas, em Inglês Prime, oficio que era lido do Livro de Horas cada manhã.Embora o Livro de Horas fosse um livro de orações, foi criado para uso no lar e não na Igreja. Os padres tinham seus próprios manuscritos para uso durante a Missa e para os serviços ao longo do dia que ocorriam nas igrejas em toda a Europa. A Reforma ainda não ocorrera e todos os paises da Europa Ocidental pertenciam à Igreja Católica. Os padres usavam missais e breviários, bem como Graduais, antífonas, saltérios, manuais, processionais, modelos de sermão e manuais sobre os

32 Valeria uma analise mais detalhada sobre isto e provavelmente vou incluir. As Horas Canônicas são antigas divisões do tempo, desenvolvidas pelo Cristianismo, que serviam como diretrizes para as orações a serem feitas durante o dia. Um Livro das horas continha as horas canônicas. A versão atual das horas na Igreja Católica de Rito Latino é chamada Liturgia das Horas (Latim: Liturgia horarum). Na Igreja Cristã Ortodoxa e entre os Católicos Orientais, as horas canônicas podem ser chamadas de Serviço Divino e o Livro das horas é chamado de Horologion.33 Afinal, vale a forma ou o conteúdo?34 Duvido. Criança não teria interesse e adulto seria provavelmente de classe inferior.

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deveres para com a paróquia. Uma grande quantidade destes manuscritos sobreviveu ate hoje. Não são todos lindamente decorados, pois muitos eram copias utilitárias. A função dos livros era muito familiar no fim da Idade Media, mas quem os manuseia hoje tem dificuldade de distinguir o que esta no texto. Os proprietários do século XIX chamavam estes livros de missais, um nome que esta longe de ser correto. No capitulo 7 examinamos os livros que um padre usava em sua igreja, focalizando o século XV.A Idade Media acabou com a Renascença. Isto começou no sul da Europa. Enquanto que oficinas de produção ainda estavam funcionando produzindo Livros de Horas Góticos para contemporâneos do Duc de Berry, os escribas de Florença e Roma já estavam produzindo textos elegantes clássicos sobre o que eles imaginavam tinha sido a forma elegante de escrever dos romanos. Eles inventaram escritas redondas bonitas e lindas iniciais “White vine”Uma nova geração de coletores humanísticos foi tomada pela excitação da redescoberta dos clássicos (e os vendedores de livros forneceram o que a demanda solicitava, enriquecendo-se no processo). Quando o sistema de impressão (descoberto por Gutenberg) passou a oferecer uma alternativa mais acurada que os manuscritos, existia uma eficiente rede profissional de decoradores, encadernadores e vendedores de livros. A mudança foi direta. Os primeiros impressores na Itália copiavam a pequena escrita redonda (que por isto chamava-se “tipo romano”. A cultura clássica foi re exportada da Itália novamente, levando-nos de volta para o que os missionários começaram mil anos antes. Impressão viera para ficar. Livros não eram mais manuscritos.O autor menciona ainda que esta edição (de 2006) era a segunda (havendo outras reimpressões da primeira). O primeiro livro foi publicado em 1986 e desde aquela época a pesquisa sobre historia de manuscritos progrediu. O texto revisado segue a estrutura anterior, mas muitas seções foram modificadas e atualizadas e outras redesenhadas. Muitas ilustrações são novas e a bibliografia foi ampliada.

O autor merece a posição de destaque que ocupa, seu enfoque é ótimo e de peso, mas quero observar que o Sr. Pierpont Morgan tem uma sala com dezenas de iluminuras sobre a caça, atividade que fica evidente de grande importância na Idade Media. Nesta sala, foi providenciado um fac-símile, feito na Suíça, de um livro de iluminuras belíssimo, também sobre caça, para quem quiser manusear, que o fiz, com imenso gosto.

Não sei onde encaixar isto nesta proposta, o que não é critica, mas uma constatação.

Iniciais “White vine”

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Manuscritos IluminadosJulho de 2008

Transcrevo aqui o que disse sobre a obra do Jung, e tiro de lá ipsis litteris a frase que usei em fins de 1996: “John Main, Prior do Benedictine Priory de Montreal, em uma de suas conferências, abre dizendo que ‘A teoria impessoal, por mais correta que seja, parece-me estar sempre a flutuar na estratosfera. Para que desça à terra precisa de um contexto pessoal e então será, não somente correta, mas também verdadeira.’ ”Sinto-me no mesmo quadro mental e volto a fazer este trabalho também dentro da forma proposta por John Main.Não sei quantas dimensões este trabalho sobre iluminuras terá, pois com certeza terá muitas, e inicio comentando como me aproximei das iluminuras, inclusive para ensinar o caminho para quem quiser repeti-lo é outra, será uma introdução para um trabalho maior, de maior fôlego, que desde há muito tempo tenho vontade de fazer, que é discutir a questão da passagem da cultura oral para a cultura escrita e o que considero uma volta para a cultura oral, que é a entrada na era do computador e das comunicações, com o advento da Internet.

Animei-me a utilizar um tom intimista, que me agrada, quando li o que me pareceu até agora a melhor obra sobre iluminuras que pude ter nas mãos neste período que iniciei minhas pesquisas em N.Y, que é “A History of Illuminated Manuscrits”, de Christopher de Hammel, Phaidon, que é totalmente intimista.35

Confesso que até este momento eu não havia percebido o que havia por trás dos manuscritos iluminados quando me aproximei deles.

Eu sabia que eles eram o oposto do que Gutenberg havia possibilitado com sua invenção dos tipos moveis, isto é, eram singulares e cada um era um.

Vagamente eu imaginava que tinham algo a ver com a cultura oral que fora substituída pela cultura escrita que Gutenberg viabilizara.

Mesmo Gutenberg, para mim, não era propriamente uma incógnita, mas eu tinha uma vaga sensação que era uma pessoa menor, um tipógrafo que otimizara produção de livros.

Santa ignorância!

Eu já levara um bom tempo para perceber o valor e a grandeza do pensamento medieval, quando me apaixonei por catedrais góticas e fiz um trabalho de fôlego sobre Chartres.Na verdade, eu pensava vagamente que as catedrais góticas preenchiam uma função que a cultura oral e os manuscritos iluminados não conseguiam, que era

35 Christopher de Hammel, colecionador, por 25 anos foi o responsável por todas as vendas de manuscritos iluminados na Sotheby’s de Londres. Tem um doutorado por Oxford e um doutorado honorário por St.John’s, Collegeville, Minnesota. É Fellow Librarian do Corpus Christi College, Cambridge. É ainda Fellow da Society of Antiquaries. Tem outros livrfos: Glossed Books if the Bible (1991), Scribes and Illuminators (1992) and The British Library Guide to Manuscript Illumination (2001).

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oferecer uma historia inteligível para massas do Novo e do Velho Testamento em suas formas e construção, para que as pessoas “analfabetas” da Idade Media, pudessem ver e sentir nas estátuas, nos vitrais e na construção a mensagem e a historia da Bíblia...

Foi uma surpresa tão agradável como o foi desvendar as Catedrais Góticas, descobrir o universo fantástico que existe por trás das iluminuras!Minha tomada de consciência em relação a Manuscritos Iluminados se processou entre Maio e Junho de 2008, na minha estadia visitando meus filhos em netos em N.Jersey, ao lado de N.York e os locais que visitei e que oportunamente descrevo em detalhe foram:

1. The Cloisters2. Public Library of N.York3. The Pierpont Morgan Library

O primeiro, The Cloisters, ou A Clausura, ou o Claustro, é uma secção do Metropolitan Museum of Art, edificada na forma de uma Clausura Medieval Francesa, contendo uma extraordinária coleção de arte e arquitetura da Europa Medieval, especialmente os períodos Romanesco e Gótico. A localização, ao norte da Ilha de Manhattan, olhando de cima o Rio Hudson, no meio de um imenso parque, é justificadamente a Jóia da Coroa da Museologia Americana, como muito bem o definiu Germain Bazin, ex-diretor do Musée du Louvre em Paris, um dos maiores e mais famosos museus do mundo.

A Biblioteca Publica de N.York (The New York Public Library - NYPL) é uma das maiores bibliotecas do mundo e uma das mais significativas bibliotecas de pesquisa dos Estados Unidos. Tem um sistema interessante que é ser composta de uma parte somente para consulta e outra para empréstimo. Ela abrange 89 outras bibliotecas e tem um total superior a 30 milhões de livros que, se fossem juntadas num único prédio, a tornaria a maior biblioteca do mundo.Visitei o prédio principal, que guarda uma das Bíblias de Gutenberg e fiz alguma pesquisa no prédio adjacente, sobre manuscritos iluminados.

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A Pierpont Morgan Library tem nada mais nada menos que 3 (três) das onze bíblias de Gutenberg que existem nos Estados Unidos!Não sei como fazer uma breve descrição dela, mas independentemente de função, tamanho, valor atribuído, foi talvez o prédio que eu entrei que mais me impressionou de tantos quanto eu possa ter entrado.

No foto abaixo, ao fundo, está a sala de seu criador, onde suponho que ele desfrutava suas obras de arte e não consigo imaginar algo mais agradável que poder estar ali.

Esta Biblioteca originou-se do instinto de colecionador de seu criador que era ávido por primeiras edições. Enquanto vivo, foi o maior colecionador do mundo de primeiras edições e livros raros e esta biblioteca foi fruto disto.

Dei uma olhada no dorso dos livros que estão fotografados abaixo e curiosamente, a maioria ou é Bíblia, ou está em Francês e revi todo o programa de meu curso secundário da área de Francês, quer éramos obrigados senão ler, pelo menos tomar conhecimento, sendo os mesmos autores, as mesmas obras, porem, praticamente no momento em que estavam nascendo, já que esta Biblioteca foi criada no fim do século XIX.

Creio que a eliminação da oferta deste tipo de currículo, que era o padrão do meu tempo, foi uma perda e com certeza, o escrutínio desta biblioteca é uma prova disto.

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Material selecionado para estudos

Com exceção da NYPL, as outras duas não somente editam livros sobre o assunto, como disponibilizam para venda uma seleção deles. Meu critério foi orientado pelo seguinte:

● Livros que ensinam e explicam como fazer manuscritos iluminados

● Livros que contam a historia, discutem, analisam e dão uma visão geral

● Livros que reproduzem manuscritos iluminados

Procurei examinar na NYPL o setor que continha tais livros e relato o que vi em separado.

Os livros com historia e analise foram os seguintes:

“A History of Illuminated Manuscrits”, de Christopher de Hammel, Phaidon,ISBN-13: 078 07148 34528, publicado e republicado entre 1986 e 2006

“Masterpieces of Illumination”, de Ingo F. Walther e Norbert Wolf, Taschen, ISBN 978-3-8228-4750-3, de 2005

Os livros que reproduzem manuscritos iluminados foram:

“Book of Hours” Illuminations by Simon Marmion, Huntington, 1976,ISBN 0-87328-211-6

“The hours of Catherine of Cleves”, John Plummer, Geroge Brasiller ed., NY, 1966, Library of Congress Catalog Card Number 66-23096

Comprei ainda um livro que descreve o The Cloisters e conta sua historia:

“The Cloisters “Medieval Art and Architeture, Peter Barnet & Nancy Wu, 2005,2007,The Metropolitan Museum of Art, NY, Yale University Press, ISBN 978-1-58839-176-6 (MMA hc)ISBN 978-1-58839-239-8 (MMA pb)ISBN 978-0-300-11142-2 (Yale Univesity Press)

Por ultimo, mas com certeza o mais importante, comprei uma imagem da Bíblia de Gutenberg, completa, editada pela Octavo Editions, gravada em Adobe pdf, que pode ser ampliada até 600%, copiada da Edição em poder da Library of the Congress, com um trabalho introdutório de comentários de Janet Ing. Esta edição que originou a copia é suposta de ser uma das 3 perfeitas, das entre 160 e 180 originalmente impressas por Gutenberg.

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Desenvolvimento

O Manuscrito iluminado, na sua singularidade, supõe uma relação individual, que eu arrisco dizer é uma composição do senso estético da pessoa, sua sensibilidade, seu gosto, sua orientação, seu sentido da vida e porque não, seu nível de conhecimento e de sabedoria. Meu contacto com tudo isto, quando amadurecer pela leitura, estudo, exame detalhado, entendimento, compreensão, produzira algo deste tipo, que encaro como uma transformação pessoal, no melhor sentido alquímico da palavra.

No sentido da passagem da cultura oral para a escrita e minha percepção de que estamos de volta para a cultura oral, espero que o que ocorrerá, ou esta ocorrendo, acima, me ilumine no sentido de que perceber e oxalá possa comunicar a outrem, o que esta acontecendo com a cultura com o advento do computador.

Parece-me, neste momento, que o melhor ponto de partida é a Bíblia de Gutenberg e, reproduzo abaixo, o que esta escrito na sala do Pierpont Museum, na sala onde estão expostas as três bíblias que eles possuem:

Invenção da impressão

Explicação ao lado das três Bíblias no Pierpont Morgan MuseumA Bíblia de Gutenberg não menciona os nomes dos impressores, do lugar ou a data de publicação. Os historiadores e estudiosos sobre impressão creditam Gutenberg

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pela invenção e acreditam que ele e seus associados imprimiram a Bíblia em Mainz por volta de 1455, sendo que o local e a data são mais fáceis de se saber do que as circunstancias de quem realizou o feito, que são explicados apenas parcialmente, pelos documentos da época, alguns mais fáceis de interpretar que outros. A evidencia documental dos negócios de Gutenberg são ainda hoje matéria de debate, mas os estudiosos conseguiram grandes progressos no entendimento sobre seus métodos e idéias, pelo estudo das próprias Bíblias – uma das razões para termos três delas disponíveis36. A evidencia física sugere que a impressão de letras, como outras grandes invenções, apresentava uma série de desafios tecnológicos e técnicos, cada um tendo que ser vencido e resolvido para a obtenção de resultados práticos, comercialmente factíveis: Papel:Pergaminho era caro. Ao fazer copias em quantidade, os impressores poderiam vender livros a um preço menor e poderiam baixar ainda mais o preço, usando uma importante nova invenção tecnológica: papel, uma substancia barata, durável, inventado na China e melhorado significativamente na Europa durante o século XIII. O papel usado por Gutenberg nestas Bíblias é ainda hoje duro, seco e vivo, e foi fabricado na região dos Alpes de Piedmont ao longo do Reno, na direção da cidade de Mainz.Os tipógrafos compravam o papel em diversas partidas, que podem ser identificadas pelas marcas d’água, tais como a cabeça de touro e o cacho de uvas mostrados aqui.TiposGutenberg desenvolveu tecnologia para fundir ou moldar os tipos e compô-los letra por letra, linha por linha. As pesquisas recentes levantam duvidas como exatamente estes tipos eram moldados. Porem não há duvida que eram produzidos com enorme esforço, extraordinária habilidade e uma consciência que antevia apreciação pelo projeto das letras. Um jogo completo de fontes era constituído de 270 caracteres, incluindo ligações, abreviações e “letras de arremate”, desenhadas para salientar a consistência uniforme e a graça rítmica da textura do formato das letras, para produzir um efeito final ótimo. Aqui esta um exemplo típico do grau mais formal de “Script textura” dos manuscritos alemães litúrgicos deste período, um modelo estilístico facilmente adaptado para a finalidade de imprimir as escrituras num tamanho suficientemente grande para ser lido em voz alta.Trabalho de impressãoConhecedores profundos de impressão refinada têm sempre se admirado da notável precisão e uniformidade de impressão na Bíblia de Gutenberg. Como Gutenberg conseguia esta alta qualidade, ninguém sabe, mas ele tem que ter descoberto um meio mecânico de aplicar tinta de forma ampla e com pressão consistente e uniforme, quase que certamente com o uso de algum tipo de prensa de rosca, maquina esta que já era usada nas fabricas de vinho e de papel.TintaA tinta com base de água usada na produção dos manuscritos não iria aderir aos tipos de metal. Gutenberg formulou uma tinta baseada em óleo, com as propriedades físicas desejadas, bem como uma aparência brilhante e acetinada sem paralelo nos primórdios de textos impressos. Os cientistas que tem estudado a composição desta tinta têm observado ingredientes não usuais, compostos

36 Razão também pela qual comprei uma imagem, que foi o maior gasto que tive em tudo isto.

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metálicos que podem ser responsáveis pela sua intensidade e esplendor. Em mais que uma maneira, Gutenberg era um mestre na arte do negro.37

Modelo das iniciais

Como se poderia esperar, algumas copias da Bíblia de Gutenberg eram iluminadas em oficinas próximas ao lugar de sua publicação.

37 No texto original com duplo sentido, indicando magia negra.

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Numa primeira fase, a Bíblia da coleção Morgan em pergaminho mostra traços distintos também evidentes nas copias que estão em Paris, Golttingen e Stuttgart, notadamente nos motivos acanthus.38 Os artistas que iluminaram estas copias adotaram características estilísticas – folhas de acanthus em cores contrastantes e padrões de xadrez ou losango com um fundo dourado – quase idênticos aos que encontramos num moderno manual de iluminação, conhecido como Livro de Modelos Gottingen. Alguns dos artistas podem ter trabalhado na mesma oficina, provavelmente em Mainz, onde eles empregavam estes motivos prontos também em manuscritos. Qual o uso deste livro de modelos, se ocorreu, não é claro, mas a mecânica do seu desenho sugere isto.No desenho acima, as letras da esquerda, L e P, na copia do Museu Morgan PLML13 e à direita, as iniciais correspondentes, na copia que esta na Niedersachsische Staats und Universitatsbibliotek Gottingen.

Johann Fust vs Johann Gutenberg

Por mais de duzentos anos, Johann Fust teve o crédito de ter inventado a impressão. Outros pretendentes, lealdades familiares e orgulho cívico obscureceram a verdade histórica até que historiadores pudessem entender mais sobre os negócios financeiros de Fust, que na verdade era mais um investidor que um inventor. Documentos legais mostram que Gutenberg e Fust formaram uma parceria com finalidade de “trabalhar com livros” e que Fust emprestou dinheiro ou contribuiu com capital, que ele esperava recuperar assim que a Bíblia começasse a ser impressa ou logo após. Depois de liquidarem sua parceria na justiça, ambos seguiram caminhos diferentes, e ambos continuaram a explorar o potencial desta tecnologia de impressão. Gutenberg tinha equipamentos de impressão quando ele

38 Acanthus é um gênero botânico da família Acanthaceae.

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morreu em 1468. Fust fundou uma bem sucedida firma de impressão com seu assistente Peter Schoffer, que casou com sua filha e tomou conta dos negócios ate que Fust morreu em 1466. O Velho Testamento e o Saltério expostos aqui mostram as varias formas nas quais Fust estava envolvido com a produção de livros, não apenas como um financiador, mas como um editor que cultivava o mercado para livros impressos.O Mestre de FustAs iluminuras no Velho Testamento são atribuídas ao Mestre de Fust, um artista que vivia fazendo decorações publicadas por Fust, não apenas a Bíblia de Gutenberg, mas também outros trabalhos impressos de Fust e Schoffer. Como os artistas que utilizavam o Livro de Modelos Gottingen ele inventou técnicas adequadas para produção em massa. Ele empregava a mesma paleta e os motivos padronizados em diversas cópias do mesmo livro, sendo que desenhos idênticos são repetidos de tal forma que sugerem o uso de stencils. No desenho acima, as iniciais aparecem em duas Bíblias de Gutenberg, o Velho Testamento que está na Morgan e uma copia que está na Espanha.Impressão a coresGutenberg e seus associados decidiram que era muito caro imprimir em vermelho.Fuster e Schoffer retornaram a este problema quando imprimiram os Saltérios em 1457 e 1459, talvez mais seguros de seus meios financeiros e suas habilidades técnicas. Eles não apenas imprimiram as rubricas, mas também inventaram um meio de entrelaçar iniciais em dois pedaços que podiam combinar azul e vermelho em desenhos decorativos agradáveis, sendo o mais ambicioso o inicio de 6 linhas dos salmos. Pela eliminação da necessidade da rubricaçao manual, Fust e Schoffer conseguiram produzir um livro quase que inteiramente tipográfico, mas não totalmente, pois não tentaram imprimir a musica. Contudo, ao imprimir os Salmos desta forma, eles deram um importante avanço na invenção de Gutenberg.

Elo PerdidoNo que esta descrito aqui, pode-se perceber o elo perdido entre os manuscritos iluminados e os livros impressos, sendo que a partir disto, ficou totalmente estruturada a seqüência que se constituiria na base da era moderna que, não por coincidência, se iniciaria logo depois com a descoberta da América.

New York Public LibraryExiste um consenso, ao menos nos Estados Unidos, que o triunfo de Gutenberg, pode ser considerado indiscutivelmente como a maior conquista do segundo milênio da era Cristã. Talvez valha a pena discutir isto num trabalho em separado, mas creio que basta dizer que o método de Descartes, por exemplo, pouca utilidade teria se não pudesse contar com o suporte desta tecnologia e, claro, a ciência talvez não conseguisse nascer e, se o conseguisse, com certeza teria enorme dificuldade de se difundir como aconteceu.Nas artes, na literatura, seria difícil, senão impossível, a existência de autores e obras consagradas, que são função da quantidade de livros que conseguem chegar ao publico. Porem, a maior importância, mesmo, foi na possibilidade de alfabetizar a massa, coisa impossível sem a existência de livros com preço e quantidade accessíveis.A Bíblia que esta em exposição na NY P. Library é conhecida como Lenox, em homenagem ao seu proprietário inicial, James Lenox, cuja biblioteca, juntamente com a Astor, de John Jacob Astor, formou inicialmente a NY Public Library.

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Esta Bíblia Lenox foi concluída até março de 1455, quando Aeneas Silvius Piccolomini, mais tarde Papa Pio II descreveu uma destas Bíblias em uma carta a um amigo, dizendo que as letras eram grandes e de fácil leitura, mesmo sem óculos. Cada exemplar é constituído por quase 1300 páginas, medindo cerca de 16 por 12 polegadas (400 x 300 mm). A maior parte das Bíblias estava encadernada pelos seus proprietários em dois volumes, mas no início do século XVI a cópia que esta agora na Biblioteca do Congresso (Library of the Congress – USA) recebeu uma nova encadernação em couro de porco colado sobre madeira, sendo dividida, nesta ocasião, em três volumes.  A da NYPL é de dois volumes, impressa em papel e considerada imperfeita. Das remanescentes 42 Bíblias, 11 estão nos Estados Unidos e 4 estão em N.Y., uma na NYPL e três na Pierpont Morgan Library. A imagem eletrônica que tenho é a partir da copia que esta na Library of the Congress em Washington.

Cultura oral vs cultura escrita e manuscritos iluminados

Esta moldura introdutória serve para nos levar ao tema deste trabalho que, como disse, são os manuscritos iluminados e a cultura que se lhes era própria, a passagem para a cultura escrita, a cultura escrita e as eventuais similaridades entre a cultura que se inicia, com o advento do computador, comunicações e Internet.Imaginei esta moldura como uma justificativa e uma proposta geral, talvez uma tese, de que estamos entrando numa era que se assemelha à era da Idade Media.Como sei que a Idade Media tem uma imagem distorcida que a meu ver não faz jus à realidade do que ela foi e que existe um mundo fantástico a ser descoberto para quem se debruçar sobre ela, coisa que já fiz com imenso gosto e a meu ver total sucesso, ao me dedicar às Catedrais Góticas, especialmente Chartres, aproveito o ensejo para estruturar este trabalho com uma parte inicial totalmente devotada aos manuscritos iluminados.Na segunda parte vou aprofundar a passagem propiciada por Galileu e particularizar o caso de sua Bíblia.Na terceira parte, vou fazer um paralelo entre a cultura que se iniciou com o uso do computador e a Internet com a cultura oral da Idade Média. Nesta parte incluo uma analise da cultura escrita, seus pontos fortes, suas deficiências ou insuficiências, seus problemas.Vou abandonar o uso convencional do Word e passo a criar bases de informação/comunicação nos moldes da Internet, interligando-os não somente entre si, como com o que houver disponível sobre os assuntos e dimensões tocados na própria Internet ou em bases de dados que pretendo disponibilizar.

Por ultimo, mas não menos importante, espero conseguir auxilio na produção de manuscritos iluminados e que materializem as pesquisas, analises e considerações que estou fazendo e irei fazer.

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Eclesiastes 3,1-8 – Versão “pós Gutenberg”

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Na Biblia de Gubemberg

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Eclesiastes 6,3http://net.bible.org/home.php

http://www.bible.org/page.php?page_id=4269

● Jesus nada escreveu

● A tradição, principalmente no Velho Testamento, era oral;

● Existem 5 relatos dos mesmos fatos pelos Evangelistas

● Ela esta na pedra e nos vitrais, talvez pela eternidade, nas catedrais góticas

● Não depende e nunca dependeu do que Gutenberg fez, apenas foi o uso perfeito

● Mas há que se valorizar o gigante que Gutemberg subiu nas costas que foi

S.Jerônimo, que dedicou parte da vida a compilar a vulgata, que é a imagem que esta lá e o trabalho dele foi do tipo logo abaixo

Eclesiastes 6,3 - analise

A Time for All Events in LifeUm Tempo para Todos os Eventos na Vida3:1 For everything 1  there is an appointed time, 2 

Há um momento(2) para tudo(1) e and an appropriate time 3  for every activity 4  on earth: 5 

um tempo(3) para todo propósito(4) debaixo do céu (5)3:2 A time to be born, 6  and a time to die; 7 

Tempo de nascer, (6) e tempo de morrer;(7) a time to plant, and a time to uproot what was planted;tempo de plantar, e tempo de arrancar a planta.3:3 A time to kill, and a time to heal;Tempo de matar, e tempo de curar; a time to break down, and a time to build up;tempo de destruir, e tempo de construir.3:4 A time to weep, and a time to laugh;Tempo de chorar, e tempo de rir; a time to mourn, and a time to dance.tempo de gemer, e tempo de bailar.3:5 A time to throw away stones, and a time to gather stones;Tempo de atirar pedras, e tempo de recolher pedras; a time to embrace, and a time to refrain from embracing;

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tempo de abraçar e tempo de se separar.3:6 A time to search, and a time to give something up as lost; 8 

Tempo de buscar, e tempo de perder; (8)a time to keep, and a time to throw away;tempo de guardar, e tempo de jogar fora.3:7 A time to rip, and a time to sew;Tempo de rasgar, e tempo de costurar; a time to keep silent, and a time to speak.tempo de calar, e tempo de falar.3:8 A time to love, and a time to hate;Tempo de amar, e tempo de odiar; a time for war, and a time for peace.tempo de guerra, e tempo de paz.

(1) O Verso 1 esta montado num formado “quiasma” – (figura de estilo que consiste em inverter a ordem das palavras de duas frases que se opõem, por ex., ‘deve-se comer para viver e não viver para comer’) sendo no caso o quiasma do tipo ABB’A’ (לכל זמן ועת לכל־חפץ, lakkol zÿman vÿ’et lÿkhol-khefets): (A) “para tudo”; (B) “uma estação”; (B’) “um tempo”; (A’) “para todas as coisas.” Os termos “estação” (זמן, zÿman) e “tempo” (עת, ’et) são paralelos. À luz do seu paralelismo como “todas as coisas - propósitos” (כל־חפץ, khol-khefets), o termo “tudo” (כל, khol) tem que se referir aos eventos e situações da vida.

(2)O substantivo זמן (zÿman) denota “tempo designado” ou “hora designada” (HALOT 273 s.v. זמן; BDB 273 s.v. זמן; veja Eccl 3:1; Esth 9:27, 31; Neh 2:6; Sir 43:7), e.g., o tempo designado ou fixado para as festas judias (Esth 9:27, 31), a duração que Nehemias estabeleceu para sua ausência de Susa (Neh 2:6), e as épocas designadas na Lei Judia para o inicio dos meses (Sir 43:7). É usado num paralelismo com מועד (“tempo designado”), i.e., מועד ירח (“o tempo designado da Lua”) esta fazendo paralelismo com זמני חק (“o tempo designado pela Lei”; Sir 43:7). O verbo em questão, um Pual – tempo - de זמן (zaman), significa “estar designado” (HALOT 273 s.v. זמן); e.g. Ezra 10:14; Neh 10:35; 13:31. Estes termos podem estar relacionados com o substantivo I זמה (zimmah, “plano; intenção”; Job 17:11; HALOT 272 s.v. I זמה) e מזמה (mÿzimmah, “finalidade, plano, projeto”), e.g., as finalidades de Deus (Job 42:2; Jer 23:20; 30:24; 51:11) e os planos do homem (Isa 5:12); veja HALOT 566 s.v. .מזמה .BDB 273 s.v ;מזמה

Os versos 1-8 se referem ao tempo reservado por Deus em seu esquema de tempo para atividades ou ações humanas cuja época mais adequada é determinada pelos homens. Os Versos 9-15 afirmam que Deus em ultima analise é responsável pelo tempo, ou momento em que os eventos da historia humana ocorrem. Isto parece fornecer um equilíbrio impressionante entre a Soberania de Deus e a responsabilidade do homem.O homem faz o que Deus desejou, mas o homem também faz “o que quer” (veja a nota 4 sobre a palavra “matter - assunto” in 3:1).

(3)O substantive עת (’et, “ponto no tempo”) tem um sentido básico duplo: (1) “tempo de um evento” e (2) “tempo para um evento” (BDB 773 s.v. עת). Este ultimo tem as seguintes subcategorias: (a) “tempo usual,” (b) “o tempo adequado e apropriado,” (c) “o temo designado,” e (d) “tempo incerto” (Eccl 9:11). Aqui a conotação é “um tempo próprio, adequado para um evento” (HALOT 900 s.v. עת 6; BDB s.v. 2עת .b). Exemplos: “o tempo para chover” (Ezra 10:13), “um tempo para o julgamento das nacoes” (Ezek 30:3), “um tempo apropriado para todas as ocasiões” (Eccl 3:1), “o tempo quando as cabras da montanha nascem” (Job 39:1), “a chuva em sua estação” (Deut 11:14; Jer 5:24), “o tempo da colheita” (Hos 2:11; Ps 1:3), “comida em sua estação” (Ps 104:27), “ninguém sabe sua hora ou seu destino” (Eccl 9:12), “o momento certo” (Eccl 8:5); cf. HALOT 900 s.v. 6עת .

(4) O substantive חפץ (khefets, aqui “matter - assunto, business-negocio”) tem um amplo significado (1) “gozo, alegria,” (2) “desejo; vontade;espera,” (3) “o bom prazer; vontade; finalidade” (4) “pedras preciosas” (i.e., joalheria), i.e., o que alguém se delicia com, e (5) “matter - assunto; business - negocio,” como uma metonímia – substituição - de um adjunto por algo que alguém se delicia com (Eccl 3:1, 17; 5:7; 8:6; Isa 53:10; 58:3, 13; Pss 16:3; 111:2; Prov 31:13); veja HALOT 340 s.v. 4חפץ ; BDB 343 s.v. 4חפץ . Também algo que é usado em referencia ao “bom prazer” de Deus, que é seu plano soberano, e.g., Judg 13:23; Isa 44:28; 46:10; 48:14 (BDB 343 s.v. חפץ). Enquanto que o tema da soberania de Deus permeia Eccl 3:1–4:3, o conteúdo de 3:1-8 se refere a atividades humanas que

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são planejadas pelo homem. O LXX(versão bíblica) traduziu como πράγματι (pragmático, “matter - assunto”). O termo é traduzido de forma geral no Inglês moderno como “todas finalidades” (KJV, ASV), “todos eventos” (NASB), “tudo que delicia” (margem NASB), “todos afazeres – inclusive amorosos” (NAB), “todos assuntos” (RSV, NRSV), “todas atividades” (NEB, NIV), “todo projeto” (MLB), e “toda experiência” (NJPS).

(5) Heb “sob o céu – com sentido de paraíso”.(6)O verboילד (yalad, “ter consigo”) é usado no sentido da mãe dando a luz a uma criança (HALOT

413 s.v. ילד; BDB 408 s.v. ילד). Porem, à luz do paralelismo com “um tempo para morrer”, deve ser tomado como uma metonímia – substituição de causa (i.e., dar a luz a uma criança) por efeito (i.e., nascer).

(7)Em 3:2-8, Qoheleth (autor do Eclesiaste) usa catorze conjuntos de merismas - partes (uma figura de estilo usando opostos polares para abranger tudo que esta entre estes opostos, isto é, sua totalidade), e.g., Deut 6:6-9; Ps 139:2-3 (veja E. W. Bullinger, Figures of Speech, 435).

O termo לאבד (lÿ’abbed, Piel infinitivo construído de אבד, ’avad, “destruir”) significa “perder” (e.g., Jer 23:1) em contraste com בקש (baqash, “procurar encontrar) indica (HALOT 3 s.v. I אבד; BDB 2 s.v.

3אבד ). Este sentido é declarativo ou delocutivo-estimativo (?) de Piel: “ver algo como perdido” (R. J. Williams, Hebrew Syntax, 28, §145; IBHS 403 §24.2g).

Ou...

Preto: Vulgata

Vermelho: Gutenberg

Verde : Bíblia de Jerusalem

Omnia tempus habent et suis spatiis transeunt universa sub caelo.

Omnia tempus habēt:t suis spatiis transeūt universa sub celo.

Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu

Tempus nascendi et tempus moriendi tempus plantandi et tempus evellendi Tempus nascēdi:et tempus moriendi. Tempus plātandi : et tempus euellendiTempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar

quod plantatum est. qđ plantatū est.a planta.

Tempus occidendi et tempus sanandi tempus destruendi et tempus aedificandi. Tempus occidendi:et tps sanandi.Tempus destruendi:et tempus edificādi.Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de destruir, e tempo de construir.

Tempus flendi et tempus ridendi tempus plangendi et tempus saltandi.Tempus flendi:et tps ridendi. Tempus plāgendi : et tps saltādi.

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Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de gemer, e tempo de bailar.

Tempus spargendi lapides et tempus colligendi tempus amplexandi et tempus Tempus spargēdi lapides:et tps colligēdi. Tempus amplexandi:et tps Temo de atirar pedra, e tempo de recolher pedras; tempo de abraçar e tempo delonge fieri a conplexibus.longe fieri ab amplexibs.se separar.

Tempus adquirendi et tempus perdendi tempus custodiendi et tempus abiciendi Tempus acquirendi :t tps pdendi. Tempus custodiendi:t tps abiciendi.Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de jogar fora.

Tempus scindendi et tempus consuendi tempus tacendi et tempus loquendi Tempus scindendi:et tempus cōsuduendi.Tempus tacendi:t tempus loquendiTempo de rasgar, e tempo de costurar; tempo de calar, e tempo de falar.

tempus dilectionis et tempus odii tempus belli et tempus pacis tempus dilectionis:t tps odii. Tempus belli:et tps pacis.Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.

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