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PREFEITURA MUNICIPAL DE BUENO BRANDÃOESTÂNCIA CLIMÁTICA E HIDROMINERAL
CNPJ: 18.940.098/0001-22_____________________________________________________________________
Processo Licitatório nº 389/2017
Pregão Presencial nº 70/2017
Decisão
Cuida-se de impugnação ao edital do processo licitatório em epígrafe
destinado à prestação de serviços especializados para coleta, transporte, tratamento e
destinação final dos resíduos dos serviços de saúde classificados nos grupos A, B e E
da Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005, por meio de incineração para
os resíduos da classe A2, A3, A5 e B, autoclavagem ou microondas para os resíduos da
classe A1, A4 e E, observando as Resoluções n.º 316/2002 e 386/2006 do CONAMA e
Resolução Anvisa RDC n° 306/2004 apresentado pela empresa STERICYCLE
GESTÃO AMBIENTAL LTDA por meio da qual se questiona, em breve síntese, os
seguintes pontos constantes do ato convocatório:
a) Falta de especificação no ato convocatório da quantidade estimada de resíduos
a serem coletados e tratados individualizada por classes (A, B e E), tendo em
vista que cada classe possui um método e custo para tratamento;
b) Ausência, no edital, de exigências relativas às qualificações econômico-
financeira e técnica como, por exemplo, b1) apresentação de balanço,
demonstrações contábeis e índices de capacidade financeira, e; b2) registro no
CREA relativo à empresa e ao responsável técnico;
c) Falta de anotação de que o responsável técnico da requisitante seja engenheiro
químico, sanitarista, civil ou ambiental e de comprovação do vínculo havido
entre o responsável técnico e a empresa licitante;
d) Ausência, no edital, de exigências relativas à apresentação de c1) cadastro
técnico federal junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA; c2) relação de profissionais e equipamentos que
serão disponibilizados para a execução dos serviços; c3) ficha de registro do
funcionário, comprovando o vínculo da proponente com os motoristas que
executarão o contrato; c4) DUT, CIV (Certificado de Inspeção Veicular), e
CIPP (Certificado de Inspeção para Transporte de Produtos Perigosos) dos
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veículos que serão utilizados na coleta e relação de profissionais que executará
o contrato; c5) certificado de curso do MOPP (Movimentação Operacional de
Produtos Perigosos) do motorista para realizar a coleta;
e) Restrição indevida à participação de licitantes sediados em outros estados,
tendo em vista a exigência de apresentação de licença de operação para os
serviços de coleta e transporte emitidas pelo COPAM a qual é emitida apenas
para licitantes que possuam unidades de tratamento no Estado de Minas
Gerais;
f) Ausência, no edital, de fixação de limites para subcontratação dos serviços
licitados e de previsão para subcontratação de serviços de destinação final dos
resíduos em aterro.
Considerando que a impugnante foi responsável pela prestação
desses serviços à municipalidade, nos exercícios financeiros de 2015, 2016 e 2017,
solicitei que informasse, então, a quantidade de resíduos coletados por ano por classe
a fim de subsidiar a resposta aos questionamentos formulados na impugnação.
A impugnante, por meio de relatórios de movimentação, respondeu à
solicitação, destacando que houve realização de coleta de resíduos A, B e E nos ano de
2015, 2016 e 2017.
Passo ao enfrentamento da impugnação.
1. Da Quantidade Estimada por Classe de Resíduos
Primeiramente, quanto à ausência de apontamento da quantidade
estimada de resíduos a serem coletados por classe, entende este pregoeiro que, apesar
de a impugnante ter conhecimento das quantidades estimadas de resíduos coletados
desta municipalidade já que presta esse tipo de serviço à municipalidade desde 2015, é
certo que, com a individualização das quantidades estimadas por classe, outros
interessados poderão também ter mais parâmetros para formulação de suas propostas,
ampliando, assim, a participação e a disputa de modo a se encontrar a proposta mais
vantajosa à Administração.
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Por essa razão, procederei à alteração do ato convocatório para dele
fazer constar as quantidades estimadas por classe de resíduos razão pela qual acato a
impugnação nesse ponto.
2. Falta de Exigência da Apresentação do Balanço Financeiro, Demonstrações e
Índices Contábeis
No que diz respeito à falta de exigência relativa à qualificação
econômico-financeira quanto à apresentação do balanço financeiro, demonstrações e
índices contábeis, insta destacar que tal exigência, a par da previsão constante do art.
31, I, da Lei nº 8.666/93, deve ser mensurada de acordo com a discricionariedade da
Administração, levando-se em conta a segurança da contratação sem, contudo,
restringir a competição com a adoção de formalismos inúteis.
No caso das licitações, sobretudo daquelas instaurados sob a
modalidade de pregão presencial, a Administração Municipal, no intuito de tornar
mais célere e simplificada a conclusão desses certames, tem adotado requisitos padrões
quanto à habilitação de licitantes haja vista a experiência obtida ao longo de anos de
modo que a exigência de qualificação econômico-financeira por meio da apresentação
da certidão negativa de falência tem se mostrado suficiente a assegurar a segurança da
Administração e a satisfação do objeto contratado.
Especialmente no caso dos serviços de prestação de serviços
especializados para coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos dos
serviços de saúde classificados nos grupos A, B e E da Resolução CONAMA nº 358, de
29 de abril de 2005, por meio de incineração para os resíduos da classe A2, A3, A5 e
B, autoclavagem ou microondas para os resíduos da classe A1, A4 e E, observando as
Resoluções n.º 316/2002 e 386/2006 do CONAMA e Resolução Anvisa RDC n°
306/2004, não há registros, junto à Administração Municipal, de inexecução contratual
por falência ou insolvência geral da contratada.
Além disso, em atenção ao disposto no art. 37, XXI, da CF/88 e art.
4º, XIII, da Lei nº 10.520/02, os requisitos de qualificação técnica e econômico-
financeira deverão ser exigidos, conforme avaliação da Administração diante do caso
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concreto, de modo a se garantir o mínimo de segurança à contratação, mas também a
amplitude de concorrência, senão vejamos:
CF/88:
“Art. 37. ...
...
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.”(grifei)
Lei nº 10.520/02:
“Art. 4º ...
(...)
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em
situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade Social e o Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e
Municipais, quando for o caso, com a comprovação de que atende às
exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e
econômico-financeira;”(grifei)
Aliás, tal entendimento é corroborado pelo escólio extraído da obra
do Prof. Marçal Justen Filho que destaca que “os requisitos do incs. I e II do art. 31
poderão ser exigidos a depender das circunstâncias. Lembre-se que, como regra, a
certidão negativa de falência, concordata ou insolvência civil sempre deverá ser exigida.
Aliás, o texto da Lei nº 10.520 é explícito quanto a essa obrigatoriedade (art. 4º, inc.
XIII)” (in Pregão - Comentários à Legislação do Pregão Comum e Eletrônico, 4a
edição. Ed. Dialética, São Paulo, 2005, p. 95).
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Outrossim, é cristalino que não é apenas a apresentação do balanço
financeiro e demonstrações contábeis que viabilizará maior segurança à contratação,
mas, obviamente, o conjunto dos requisitos de habilitação já previstos no ato
convocatório.
Por todas essas razões, não há o que se modificar no ato
convocatório nesse ponto.
3. Falta de exigência de comprovação de registro no CREA relativo à empresa e ao
responsável técnico
Nesse ponto, razão não assiste à impugnante.
O ato convocatório foi expresso ao consignar que a empresa licitante
deveria comprovar seu registro ou inscrição no Conselho Regional de Engenharia e
Arquitetura – CREA, senão vejamos:
Tal previsão decorre do art. 30, I, da Lei nº 8.666/93 que prevê que a
licitante deverá comprovar sua inscrição ou registro na entidade profissional
competente.
No que toca ao responsável técnico, é certo que, em razão do próprio
vínculo havido com a contratada e de previsão legislativa ordinária específica da
profissão, este também deverá estar registrado na entidade profissional competente,
notadamente para comprovar a experiência anterior exigida pelo item 7.1.4.1 do edital,
contudo, o julgamento da fase de habilitação é feito de acordo com a comprovação dos
requisitos de habilitação apresentados pela licitante e não por seus prepostos.
Logo, tendo o ato convocatório se atentado ao disposto no art. 30, I,
da Lei nº 8.666/93, exigindo-se da licitante a comprovação de seu registro ou inscrição
junto ao CREA, nada há que ser modificado quanto a esta exigência.
Observe-se, inclusive, que o próprio Tribunal de Contas do Estado de
Minas Gerais utiliza cláusula idêntica em seus editais destinados à contratação de
serviços de engenharia como, por exemplo, item 1.13 do edital do procedimento
licitatório nº 20/2017, modalidade pregão eletrônico nº 20/2017, cuja minuta se
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encontra disponível no endereço
http://www.tce.mg.gov.br/Licita/LicitaCont/2017/pl_552/Edital_1_552_2017.pdf, senão
vejamos:
“1.13 - comprovação de registro ou inscrição da empresa no CREA,
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia;”(destaquei)
Assim, no ponto, razão não assiste à impugnante.
4. Inclusão de exigência relativa à formação específica do responsável técnico e da
prova do vínculo havido entre o responsável técnico e a empresa licitante.
Quanto à inclusão de exigência relativa à formação
específica do responsável técnico da licitante como sendo “engenheiro químico,
sanitarista, civil ou ambiental” como requisito de habilitação, é necessário destacar que
não há margem para a Administração estabelecer requisitos de habilitação outros que
não aqueles constantes da Lei nº. 8.666/93.
Nessa linha de raciocínio, no que toca à
qualificação técnica, os requisitos de habilitação concernentes à comprovação de
aptidão especificamente relacionada à capacitação técnico-profissional se resume a
exigir dos licitante a “comprovação do licitante de possuir em seu quadro permanente,
na data prevista para entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro
devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de
responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características
semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor
significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou
prazos máximos”, consoante prevê o art. 30, § 1º, I, da Lei nº 8.666/93.
Para além de se exigir a apresentação de atestado
de capacidade técnica do profissional responsável técnico da licitante, estará a
Administração incorrendo em nítida ilegalidade, mormente porque a definição da
formação específica dos profissionais engenheiros segundo as suas respectivas
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especializações se encontra lastreada em regulamentos administrativos e não em lei,
afastando-se, assim, do disposto no art. 30, IV, da Lei nº 8.666/93.
Assim, rejeito, nesse particular, a impugnação
ofertada.
Quanto à necessidade de comprovação do vínculo
havido entre o responsável técnico e a empresa licitante, o edital estabeleceu com
clareza que tal vínculo deverá ser comprovado juntamente com o atestado de
capacidade técnica, senão vejamos:
“7.1.4.1. Demonstração de aptidão comprovando a
execução satisfatória de serviços similares ao objeto
desta licitação, através da apresentação de atestado(s)
fornecido(s) por pessoa jurídica de direito público ou
privado devidamente registrado(s) no CREA
acompanhado da(s) respectiva(s) certidão(ões) emitida(s)
por esse Conselho expedida(s) em nome da empresa
participante, ou Certidão de Acervo Técnico - CAT de
profissional, emitida pelo CREA em nome de
profissional(is) de nível superior comprovadamente
pertencente(s) ao quadro permanente de pessoal da
Proponente (sócio ou diretores devidamente
comprovados, funcionário com contrato de trabalho
permanente ou prestador de serviço autônomo com
contrato vigente, na data de entrega da proposta),
necessariamente abrangendo:
• coleta, transporte, tratamento e disposição final de
resíduos dos serviços de tratamento classificados nos
grupos A, B e E da Resolução CONAMA nº 358, de 29
de Abril de 2005.” (destaquei)
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Logo, nesse ponto, verifica-se que o ato
convocatório previu referida exigência de modo que a impugnação não prospera.
5. Falta de exigências relativas ao Cadastro Técnico Federal junto ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; Relação
de profissionais e equipamentos que serão disponibilizados para a execução do
serviços; Ficha de registro do funcionário, comprovando o vínculo da proponente com
os motoristas que executarão o contrato; DUT, CIV (Certificado de Inspeção Veicular),
e CIPP (Certificado de Inspeção para Transporte de Produtos Perigosos) dos veículos
que serão utilizados na coleta e relação de profissionais que executará o contrato;
Certificado de curso do MOPP (Movimentação Operacional de Produtos Perigosos) do
motorista para realizar a coleta.
Primeiramente, é necessário destacar que os
requisitos de qualificação técnica que sobejarem aqueles previstos nos incisos I a III do
art. 30 da Lei nº 8.666/93, como já dito, somente poderão ser adotados se previstos em
lei especial e adotada sua pertinência ao caso concreto, na forma do que prevê o inciso
IV do art. 30, senão vejamos:
“Art. 30. A documentação relativa à qualificação
técnica limitar-se-á a:
(...)
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em
lei especial, quando for o caso.”
No caso do Cadastro Técnico Federal junto ao
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA,
verifica-se que este, conforme noticia a própria impugnante, está previsto em
instruções normativas que, obviamente, não se enquadram no conceito de lei, nem
possuem sequer a mesma hierarquia, pois são meros regulamentos administrativos de
modo que não podem, assim, figurar como requisito específico de habilitação como
pretende a impugnante.
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Logo, revela-se ilegal exigir como requisito de
habilitação a apresentação do referido cadastro.
No que diz respeito à apresentação da Relação de
profissionais e equipamentos que serão disponibilizados para a execução dos serviços,
insta registrar que o ato convocatório, no item 7.1.4.2 já previu a apresentação pela
proponente de “Declaração de disponibilidade de material e pessoal adequado para a
realização do objeto da licitação, assinada pelo representante legal da empresa,
conforme modelo do Anexo VI”, atendendo-se, assim, ao disposto no art. 30, § 6º, da
Lei nº 8.666/93.
Já quanto à ficha de registro do funcionário,
comprovando o vínculo da proponente com os motoristas que executarão o contrato,
tem-se que tais exigências não podem constar do ato convocatório haja vista que o
próprio art. 30, § 6º, da Lei nº 8.666/93 veda a previsão de exigências relativas à
comprovação prévia da propriedade de pessoal técnico, senão vejamos:
“Art. 30.
...
§ 6º As exigências mínimas relativas a instalações de
canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico
especializado, considerados essenciais para o
cumprimento do objeto da licitação, serão atendidas
mediante a apresentação de relação explícita e da
declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas
cabíveis, vedada as exigências de propriedade e de
localização prévia.” (grifei)
Nesse sentido, a jurisprudência também tem
decidido que se mostra ilegal exigir do licitante a comprovação prévia, por ocasião da
habilitação, da propriedade de pessoal técnico, senão vejamos:
“PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO.
RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE
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SEGURANÇA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO (LEI
1.533/51, ART. 1º).CERCEAMENTO DE DEFESA.
NECESSÁRIO REEXAME DO CONTEXTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
LICITAÇÃO.RESTRIÇÃO EDITALÍCIA RELATIVA
À LOCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES DOS
LICITANTES. ILEGALIDADE (LEI 8.666/93, ART. 30,
§ 6º). PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E
IMPESSOALIDADE. DOUTRINA. PRECEDENTES.
(...)
3. A Lei 8.666/93, na seção que trata da habilitação dos
licitantes interessados, veda exigências relativas à
propriedade e localização prévia de instalações,
máquinas, equipamentos e pessoal técnico (art. 30, § 6º).
O fundamento dessa vedação repousa nos princípios da
isonomia e da impessoalidade.
4. A restrição editalícia (exigência de disponibilidade de
usina de asfalto localizada no raio de até 80 km do centro
geométrico da obra) é manifestamente ilegal porque
frustra o caráter competitivo do certame, ou seja,
restringe a disputa às empresas situadas nas mediações da
obra.
5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa
parte, desprovido.”(STJ. REsp 622.717/RJ, Rel. Ministra
DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
05/09/2006, DJ 05/10/2006, p. 239) (grifei)
No ensejo, pelo mesmo fundamento, não colhem as
assertivas da impugnante de que deveriam constar do edital exigências relativas à
apresentação do “DUT, CIV (Certificado de Inspeção Veicular), e CIPP (Certificado de
Inspeção para Transporte de Produtos Perigosos) dos veículos que serão utilizados na
coleta”especialmente para fins de habilitação.
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No que diz respeito à apresentação do Certificado
de curso do MOPP (Movimentação Operacional de Produtos Perigosos) do motorista
para realizar a coleta, insta destacar que, no item 7.1.4.5 do edital, foi previsto que a
contratada deveria demonstrar possuir pessoal habilitado com curso de transporte de
produtos perigosos de modo que a impugnação, nesse ponto, também é improcedente.
6. Da Restrição Indevida à Participação de Licitantes Localizados em Outros Estados
A impugnante sustenta que o edital prevê exigência
de que as licitantes apresentem licença expedida pelo COPAM para os serviços de
coleta e transporte sendo que estas são expedidas apenas para licitantes que possuam
unidades de tratamento no Estado de Minas Gerais de modo que a exigência revela,
então, restrição indevida à participação de empresas sediadas ou que tratam os
resíduos em outros estados.
Razão assiste à impugnante nesse ponto quanto à
licença para transportes.
Isto porque, como bem declinou, o transporte
interestadual de produtos perigosos como é o caso dos resíduos sólidos do serviço de
saúde é sujeito ao licenciamento ambiental por parte do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, conforme art. 7º, XXV, da Lei
Complementar nº 140/2011.
Apenas as licitantes que se localizem no Estado de
Minas Gerais é que se sujeitam à licença para transporte vez que é dos estados a
competência para licenciar o transporte de produtos perigosos dentro de seus
respectivos limites territoriais.
Assim, recomendável a edição do ato convocatório
nesse ponto.
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7. Da Subcontratação
No que diz respeito à subcontratação, alega a
impugnante que o edital deveria prever a limitação quantitativa da subcontratação a
fim de evitar a subcontratação total dos serviços ou da parcela mais relevante.
Alega, ainda, que o edital deveria permitir a
subcontratação de serviços secundários, especificamente quanto à destinação final dos
resíduos em aterro, adotando-se exigência, na fase de habilitação, de apresentação de
carta de anuência emitida pela empresa proprietária do terreno.
Primeiramente, é necessário destacar que a
execução contratual envolve objeto complexo, no caso, coleta, transporte, tratamento e
destinação final dos resíduos dos serviços de saúde classificados nos grupos A, B e E
da Resolução CONAMA.
Há, outrossim, no mercado uma série de empresas
que oferecem esse tipo de serviço, englobando, obviamente, todas as parcelas a serem
executadas, conforme se verifica da própria fase de coleta de preços junto ao mercado.
Nenhuma delas, aliás, ressalvou a necessidade de
subcontratação. Nem mesmo a impugnante que prestou serviços ao município ao longo
de anos o que revela, nessa conjuntura, sobremaneira curiosa tal assertiva,
principalmente quando destaca que “NÃO EXISTE EMPRESA QUE DETENHA
TODO O ESCOPO DO OBJETO LICITADO”!?!?!?
Ora, se não há empresa que disponha de todo o
objeto licitado, como que a impugnante apresentou propostas se comprometendo a
prestar todos os serviços licitados? E mais. Como declarou a disponibilidade para
prestação dos serviços?
Não obstante essas dúvidas, é certo que, diante da
ausência desses parâmetros por omissão de informações oriundas dos próprios
proponentes,não dispunha a Administração Municipal de meios para se estabelecer,
por exemplo, quais serviços poderiam ser subcontratados ou não de acordo com as
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particularidades do mercado. Consequentemente, não havia parâmetros para se
estabelecer limites à subcontratação.
Assim, é certo que não poderia a Administração
Municipal proceder ao estabelecimento de limites estanques e aleatórios, mormente
porque poderia restringir a participação de interessados ou, ainda, privilegiar alguns
em detrimentos de outros o que é impensável.
Não obstante, a fim de se viabilizar a ampla
concorrência, adotou-se cláusula destinada a permitir, mediante autorização da
Administração, a subcontratação parcial dos serviços diante da análise do caso
concreto.
Observe-se, no ponto, que o ato convocatório em
apreço se encontra alinhado aos editais utilizados pelo próprio Tribunal de Contas do
Estado de Minas Gerais que adotam cláusula semelhante quando dispõem sobre
subcontratação, v. g., item 6.8 do Termo de Referência e item IX da cláusula 5ª da
minuta contratual do edital do Processo Licitatório nº 20/2017, Pregão Eletrônico nº
20/2017, acesso por meio do seguinte endereço eletrônico:
http://www.tce.mg.gov.br/Licita/LicitaCont/2017/pl_552/Edital_1_552_2017.pdf.
Outrossim, ao revés do que alega a impugnante, não
é a destinação final a parcela menos relevante ou essencial a ponto de ser permitir sua
subcontratação. Ao revés, é a destinação final o objetivo maior da prestação
contratada visto que de nada adiantaria à Administração coletar, transportar e tratar
os resíduos sólidos se tivesse que recebê-los novamente para, então, se responsabilizar
por sua destinação final.
Aliás, pontual a lição do Prof. Marçal Justen
Filho, ao destacar que nos casos em que a obrigação for complexa e de fim, como é o
caso (= destinação final dos resíduos sólidos de saúde), não haverá que se falar em
subcontratação caso o contratado tenha de se recorrer a terceiros para se chegar ao
resultado, senão vejamos:
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“A questão da subcontratação adquire outros contornos
quando a execução da prestação envolver objeto
complexo, não produzido integralmente por uma
empresa. (...). Nenhuma empresa, salvo exceções
raríssimas, domina o processo produtivo integralmente.
As indústrias de alimentos adquirem matéria-prima de
terceiros; as empresas de construção civil compram
veículos, utensílios e insumos de outras; os fabricantes de
computadores adquirem peças, circuitos, placas de uma
infinidade de fornecedores etc. Como regra, a economia
atual conduz que a prestação resulte da conjugação de
bens e condutas de uma pluralidade de empresas. Em
abordagem rigorosa, dificilmente existiria uma situação
que não comportasse subcontratação. Porém, não é nesse
sentido que se alude à subcontratação.
Deve-se distinguir, primeiramente, se o contrato
envolve obrigação de meio ou de fim. Se a
Administração se satisfazer com uma determinada
prestação, sendo irrelevante sua autoria, a questão
torna-se simples. Não se caracterizará subcontratação
quando a prestação for executada diretamente pelo
contratado, ainda que necessite recorrer a terceiros
para obter os elementos necessários. Assim, no
exemplo dos ‘kits’, existe tipicamente uma obrigação de
fim. Não há relevo para a Administração que uma mesma
empresa execute a prestação de entregar o ‘kit’ completo.
Logo, poderá adquirir de terceiros os elementos que não
fabrique, sem que isso configure alguma relevância para
a Administração.” (in Comentários à Lei de Licitações e
Contratos Administrativos, 12ª edição, Ed. Dialética, São
Paulo, 2008, p. 758)
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Assim, no que toca à subcontratação dos serviços
licitados, não há o que ser modificado no ato convocatório.
8. Das Alterações do Ato Convocatório
Considerando o acolhimento parcial da
impugnação ofertada, bem como a revisão, por autotutela dos atos administrativos
aplicável em razão da indisponibilidade do interesse público, sugiro a alteração do ato
convocatório nos seguintes pontos:
a) para fazer constar na especificação do objeto constante do Anexo I, as seguintes
quantidades estimadas de resíduos sólidos individualizadas por classe:
Exercício Descrição Unid. Média de coleta/mês
Total/ano
2015
(06 meses)
Coleta, transporte, tratamento por termo destruição e destinação final de resíduos de serviços de saúde, grupo A e E.
Kg 99,26 595,60
Coleta, transporte, tratamento por termo destruição e destinação final de resíduos de serviços de saúde, grupo B.
Kg 25,55 153,30
2016
Coleta, transporte, tratamento por termo destruição e destinação final de resíduos de serviços de saúde, grupo A e E.
Kg 80,89 970,70
Coleta, transporte, tratamento por termo destruição e destinação final de resíduos de serviços de saúde, grupo B.
Kg 10,75 129,00
Coleta, transporte, tratamento por termo destruição e destinação final de resíduos de serviços de
Kg 119,10 1.429,20
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2017
saúde, grupo A e E.
Coleta, transporte, tratamento por termo destruição e destinação final de resíduos de serviços de saúde, grupo B.
Kg 6,6 80,00
b) para fazer constar na especificação do objeto constante do Anexo I, as seguintes
especificações técnicas:
Os serviços de transporte deverão ser executados por veículo adequado com CIV
(Certificado de Inspeção Veicular) e legalmente licenciado e motorista devidamente
habilitado com conclusão de curso de condutor de veículo transportador de produtos
perigosos
c) para substituir os itens 7.1.4 e respectivos subitens do edital e, com a devida
renumeração, os itens 8.1.4 e subitens do termo de referência por:
7.1.4. prova de qualificação técnica:7.1.4.1. registro ou inscrição da empresa na entidade profissional competente (CREA);7.1.4.2. atestado(s) de capacidade técnica da empresa fornecido(s) por pessoa jurídica de direito público ou privado, em papel timbrado, comprovando a execução satisfatória de atividades pertinentes e compatíveis em características, quantidades e prazos com o objeto licitado, indicando o endereço do contratado, de forma a permitir possível diligência para esclarecimentos;7.1.4.3.capacitação técnico-profissional, mediante apresentação de atestado(s) de capacidade técnica profissional, emitido(s) por pessoa jurídica de direito público ou privado, registrado na entidade profissional competente, acompanhado da respectiva Certidão de Acervo Técnico (CAT), também emitida pela referida entidade, comprovando a execução de serviços pertinentes e compatíveis com o objeto licitado.7.1.4.3.1. o Responsável Técnico (RT) indicado na Certidão de Acervo Técnico apresentada deverá pertencer ao quadro permanente da licitante, na data prevista para entrega da proposta, entendendo-se como tal, para fins deste edital, o sócio, o administrador ou o diretor, o empregado e o prestador de serviços. Admitir-se-á, para essa finalidade, declaração de contratação futura do profissional detentor do atestado desde que apresentada declaração acompanhada de anuência deste, conforme ressalva contida no Anexo II. 7.1.4.3.2. a comprovação de vínculo profissional far-se-á com a apresentação de cópia do contrato social/estatuto social, da carteira de trabalho (CTPS), do contrato de trabalho ou contrato de prestação de serviço;
PREFEITURA MUNICIPAL DE BUENO BRANDÃOESTÂNCIA CLIMÁTICA E HIDROMINERAL
CNPJ: 18.940.098/0001-22_____________________________________________________________________
7.1.4.3.3. o profissional indicado pelo licitante para fins de comprovação da capacitação técnico-profissional deverá participar do serviço objeto deste edital, admitindo-se a substituição por profissional de experiência equivalente ou superior, desde que seja solicitada formalmente e aprovada pelo Departamento de Obras da Prefeitura Municipal de Bueno Brandão;7.1.4.3.4. o Anexo II trata do “Modelo de Declaração de Responsável Técnico” deverá ser preenchido e apresentado pelos licitantes;7.1.4.4. indicação do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação.7.1.4.5. Alvará Sanitário expedido pela autoridade competente, municipal ou estadual correspondente com o objeto desta licitação, conforme art. 85 da Lei Estadual nº. 15.102, de 14 de maio de 2004;7.1.4.6. Licença de Operação ou Autorização Ambiental de Funcionamento expedida pelo órgão ambiental competente para execução dos serviços licitados.7.1.4.6.1. Para as licitantes sediadas no Estado de Minas Gerais, o licenciamento de que trata este item deverá ser obtido junto ao Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM, com base no inciso IX do art. 5° da Lei Estadual n° 7.772, de 8 de setembro de 1980, art. 6º da Lei Estadual nº 13.796/2000, art. 46 da Lei Estadual nº 18.031/2009, inciso VIII do art. 4º da Lei Delegada Estadual nº 178, de 29 de janeiro de 2007, e art. 2° da Deliberação Normativa COPAM N° 74, de 9 de setembro de 2004;7.1.4.6.2. Para as licitantes que transportarem os resíduos para outros estados da federação, sem prejuízo da licença prevista no item 7.1.4.6, deverão ser apresentadas a(s) competente(s) licença(s) ou autorização(ões) ambiental(is) de funcionamento para transporte interestadual com base no art. 7º, XXV, da Lei Complementar nº 140/2011.
ANEXO II – MODELO DE DECLARAÇÃO DE RESPONSÁVEL TÉCNICO
PROCESSO LICITATÓRIO Nº 389/2017PREGÃO PRESENCIAL Nº 070/2017
__________________________________, inscrita no CNPJ/CPF sob o nº _______________________,
por intermédio de seu representante legal o(a) Sr(a) _________________________________, portador do
Documento de Identidade nº _________________ e inscrito no CPF sob o nº ______________,
DECLARA que o(a) Sr(a) __________________________, portador(a) do CPF(MF) nº ______________
e inscrito(a) no CREA/___ sob o nº __________________ é o(a) nosso(a) indicado(a) como Responsável
Técnico para acompanhar a execução dos serviços, objeto da licitação em apreço.
( ) Declaramos que procederemos até a assinatura do contrato à contratação futura do profissional
detentor do atestado apresentado.
__________________, ____ de ____________ de 2017.
__________________________________________Assinatura e carimbo do representante legal
De acordo: __________________________________________Assinatura e carimbo do responsável técnico
PREFEITURA MUNICIPAL DE BUENO BRANDÃOESTÂNCIA CLIMÁTICA E HIDROMINERAL
CNPJ: 18.940.098/0001-22_____________________________________________________________________
* Declaração a ser emitida pela empresa licitante em papel que a identifique.
* Emitir uma declaração para cada RT.
* Marcar a ressalva caso a licitante comprovar capacitação técnico-profissional através de declaração de contratação futura.
Bueno Brandão, 10 de Janeiro de 2018.
Patricia Marta Siano Bacellar
Pregoeira Municipal