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Celebração Evocativa do Dia dos Pastorinhos de Fátima25 de Fevereiro 2018

«Gosto tanto de dizer a Nosso Senhor que o amo!»

A Catequese do Patriarcado de Lisboa propõe às paróquias uma celebração evocativa do Dia dos Pastorinhos de Fátima, com as crianças. Neste ano em que todos somos convidados a «Fazer da Palavra de Deus o lugar onde nasce a fé» (CSL38), inspiramo-nos de modo particular na espiritualidade de S. Jacinta Marto: o seu intenso amor a Jesus remete-nos para a imagem de Jesus, Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas.O evangelho de João no capítulo 10 fala de uma relação pessoal entre o pastor e as ovelhas, “como” a que existe entre o Pai e o Filho. E, assim como esta relação pessoal se expressa no amor do Pai pelo Filho e na obediência do Filho ao Pai, assim também o conhecimento do pastor se manifesta no amor pelas ovelhas e na confiança que as ovelhas depositam no pastor. Ora, Nossa Senhora fez disto uma “escola”, começando por atrair os Pastorinhos com afectos e conduzindo-os, depois, a Cristo. E deste contacto pessoal brotou a compaixão ou, por outras palavras: a reparação e o apostolado!Propomos a recitação do terço do rosário com as crianças e as famílias. Como ambientação as imagens de Jesus Bom Pastor e o ícone de Jacinta, lado a lado, numa bíblia gigante. Mesmo não tento tido muito contacto com a Sagrada Escritura, Jo10, 3-18 torna-se vida na pessoa e existência de Jacinta: tanto pela sua solicitude para com os pecadores – enquanto ovelhas que estão fora do redil do Bom Pastor – como pela comunhão que vive com Jesus, desejando ser para Ele consolo e auxílio na missão de conduzir todas as pessoas ao Pai.No final deste documento apresentam-se a referidas imagens, dados biográficos de S. Jacinta Marto e da sua espiritualidade e ainda uma pequena síntese sobre os acontecimentos de Fátima.

Oração do terço do Rosário

Material a prepararAs imagens de Jesus Bom Pastor e o ícone de Jacinta (ver no final deste documento), colocadas lado a lado, numa bíblia gigante colocada em destaque na igreja.

Observações:I. Antes da celebração a história das aparições e dos pastorinhos é abordada na

catequese com as criançasII. Escolheu-se como cântico para o terço «Deus está contente», por ser um cântico sobre

a mensagem de Fátima. As estrofes não seguem necessariamente a ordem indicada na pauta mas aparecem em cada mistério, em relação com o texto do evangelho. Não sendo muito conhecido, seria bom fazer com as crianças um ensaio prévio, pelo menos do refrão. Eis a razão por que enviamos a pauta.

III. Propõe-se que a meditação de cada mistério seja feita por quatro leitores. A atribuição dos números está em relação com o conteúdo lido: articulação entre o mistério do terço e a Palavra (1); Palavra de Deus (2); episódios ou expressões de Jacinta (3); espiritualidade de Jacinta (4).

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Cântico de entrada

1. A 13 de Maio na Cova da Iria, apareceu brilhando a Virgem Maria Refrão: Avé, Avé, avé Maria; Avé, avé, avé Maria

2. Foi aos Pastorinhos que a Virgem falou; Desde então nas almas nova luz brilhou. (Ver mais: C.T, 576)

Monição e apresentação da imagem

Lúcia conta-nos: um dia, quando íamos com o rebanho reparei que a Jacinta caminhava no meio das ovelhas com uma delas ao colo e perguntei-lhe:- Jacinta porque é que vais aí no meio das ovelhas e levas uma ao colo?- Para fazer como Jesus que, naquele santinho que me deram, também está assim, no meio de muitas ovelhas e com uma ao colo.

O santinho de que Jacinta falava à Lúcia mostrava Jesus, como Bom Pastor. Seria parecido com este que temos aqui nesta bíblia grande. Esta é uma imagem que o evangelista João nos apresenta para falar de Jesus, do modo como se quer relacionar connosco para nos conduzir ao seu amor. O Bom Pastor busca o melhor pasto para as ovelhas e se alguma se tresmalha, corre à sua procura, carregando-a inclusivamente aos ombros para que todas as outras se alegrem de novo.Jacinta amava muito Jesus! Gostava tanto dele que se tornou parecida com Ele. Jacinta foi como Jesus, Bom Pastor: preocupou-se com as pessoas que andavam longe de Jesus, rezou por elas e com elas e dispôs-se a oferecer a sua vida por elas.Mas Jacinta também foi como que uma boa pastorinha para Jesus, pois o seu maior desejo era consola-lo e ajudá-lo a levar todas as pessoas para Ele.

Cântico: Deus está contente, Deus está contentePorque Deus é bom

Deus está contentePorque ama sem fimE pede que amemosComo Ele assim

Mistérios Gloriosos

1º Mistério – A ressurreição de Jesus

Leitor 1 – Jesus que entregou a vida na cruz aparece ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana. Dá a paz aos seus discípulos e eles compreendem que o sofrimento e a morte não têm a última palavra na existência humana. Ele é o Bom Pastor, como já havia dito antes:

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Leitor 2 – «Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas» (Jo 10, 11).

Leitor 3 – Um dia Jacinta estava com o Francisco e a Lúcia a jogar às prendas. Por uma vitória da Lúcia tocou-lhe a ela mandar a Jacinta dar uma prenda. Mandou-a ir dar um beijo ao primo Manuel, irmão da Lúcia, mas a Jacinta negou-se:- Isso não! Manda-me outra coisa. Porque não me mandas beijar Jesus que está na sala?Lúcia concordou:- Vai, então, buscar o crucifixo e dá-lhe três beijos: um por mim, outro pelo Francisco e outro por ti.Jacinta, sem mais, subiu a uma cadeira, desprendeu o crucifixo e beijou-o três vezes, com muito amor.

Leitor 4 – Jacinta tinha muito amor a Jesus. Pela mão de Maria, Ela compreendeu o amor que irradiava da cruz de Jesus e sente-se totalmente atraída por tudo o que tem origem em Deus: o bem, a vida, a luz, em suma, o Amor.

Pai-nosso10 Avé MariasGlóriaÓ meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno.Levai as almas todas para o céu, principalmente as que mais precisarem

Cântico:Deus está contente, Deus está contentePorque Deus é bom

Porque Deus é bomEm plena alegriaFaz-nos seus filhosNos fala e nos guia

2º Mistério – A ascensão de Jesus ao céu

Leitor 1 – Jesus não podia viver sem o Pai. Chamava-lhe “Abba”, que quer dizer “paizinho”. Depois da ressurreição Jesus subiu ao Céu, regressou ao Pai. E quando nos quis falar da relação que quer ter connosco, usou como comparação a sua relação com o Pai:

Leitor 2 – Assim como o Pai me conhece e Eu conheço o Pai, conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me (Cf. Jo 10, 14-15).

Leitor 3 – Jacinta dizia: «Gosto tanto de Nosso Senhor que o amo. Quando lho digo muitas vezes, parece que tenho lume no peito, mas não me queimo. Como é bom estar com Ele!»

Leitor 4 – Podemos afirmar que Jacinta tem uma imensa paixão por Deus e por tudo o que é importante para Ele. Por isso não se cansava de estar na igreja a olhar Jesus escondido no sacrário e o seu maior desejo era tudo fazer «por amor de Nosso Senhor».

Pai-nosso10 Avé Marias

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GlóriaÓ meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno.Levai as almas todas para o céu, principalmente as que mais precisarem

CânticoDeus está contente, Deus está contentePorque Deus é bom

Deus está contenteEm seu grande amorPor quem anda longeQue é pecador

3º Mistério – A vinda do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos no cenáculo

Leitor 1 – Jesus não nos deixou sozinhos. Está sempre connosco, acompanha-nos e renova-nos pelo Espírito Santo.

Leitor 2 – Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará o Espirito Santo para que esteja sempre convosco. (Cf. Jo 10, 10. 14, 16)

Leitor 3 – Um dia uma pobre mulher ajoelhou-se diante da Jacinta e pediu-lhe:- Reza por mim, porque tenho uma doença muito má.A Jacinta, ao vê-la assim de joelhos, pegou-lhe nas mãos trémulas para a ajudar a levantar. Como não conseguiu, ajoelhou-se também e rezou com ela três avé-Marias. Depois disse-lhe:- Pode ir embora que Nossa Senhora irá curá-la.A Jacinta continuou a rezar todos os dias por ela até que, passado algum tempo, a mulher tornou a aparecer dizendo que estava curada.

Leitor 4 – Tal como Jesus Jacinta tinha preocupava-se com as pessoas, escutava-as, rezava com elas e por elas e, sobretudo, guardava-as no coração, como fazem os grandes amigos.



Deus fica contenteQuando o filho vemA sua alegriaÉ o nosso bem.

4º Mistério – A assunção de Maria ao céu

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Leitor 1 – Maria é eleva ao Céu, para junto de Seu Filho. No Céu há muita alegria por um só pecador que se arrepende e o maior desejo de Deus é que todas as pessoas estejam na comunhão com Ele. Foi isso mesmo que Jesus explicou na parábola do Bom Pastor:

Leitor 2 – «Qual é o homem dentre vós que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar? Ao encontrá-la, põe-na alegremente aos ombros e, ao chegar a casa, convoca os amigos e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida.’ Digo-vos Eu: Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão.» (Lc 15, 4-7)

Leitor 4 – Maria veio do Céu à Cova da Iria conduzir os três pastorinhos ao Amor e Luz que é Deus. Por isso perceberam bem quantas pessoas no mundo andavam «como ovelhas sem pastor» (Mc 6, 34). Comprometeram-se com Deus e com elas a fazer a sua parte que todos possam conhecer o amor de Deus, ou seja, para que todos possam chegar ao Céu. Por isso a Jacinta afirmava:

Leitor 3 – «Sofro muito, mas ofereço tudo pelos pecadores e para reparar o Imaculado Coração de Maria»

Leitor 4 – e também:

Leitor 3 – «Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria»



Deus, Pai de ternuraEstende-lhe a mão:“Anda, vem meu filho,Ao meu coração”.

5º Mistério – A coroação de Maria como rainha do céu e da terra

Leitor 2 – «Apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de Sol, com a Lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça.» (Ap 12, 1)

Leitor 1 – O livro do Apocalipse fala-nos de Maria, “mais brilhante que o sol”, como dirão os pastorinhos da Cova da Iria. Brilhante porque irradia a luz de Deus, uma luz que Deus quer fazer brilhar sobre todos, como nos disse Jesus:

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Leitor 2 – «o vosso Pai que está no Céu, faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus» (Lc 5, 45).

Leitor 1 – E por isso Jesus afirma:

Leitor 2 – «Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil. Também estas Eu preciso de as trazer e hão-de ouvir a minha voz» (Jo 10, 16).

Leitor 3 - Um dia, vendo que Jacinta estava triste e meditativa, Lúcia perguntou-lhe:- Em que estás a pensar?Ela respondeu:- São tantos os pecadores que vão para o inferno!Lúcia consolou-a:- Não tenhas medo. Tu vais para o céu… prometeu-to Nossa Senhora.E a Jacinta respondeu imediatamente:- Pois vou… Mas eu queria que toda a gente fosse também

Leitor 4 – Jacinta descobre que o pecado e o sofrimento não correspondem àquilo que Deus deseja para a humanidade. O que Deus deseja para a humanidade é a comunhão plena com Ele e das pessoas umas com as outras, que o mundo permaneça bom e belo. Jacinta deseja que o mundo e as pessoas realizem o projecto de Deus.

Pai-nosso10 Avé MariasGlóriaÓ meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno.Levai as almas todas para o céu, principalmente as que mais precisarem.


Deixo Deus contenteSe em Jesus viverComo os pastorinhosTudo Lhe of’recer

3 Avé- MariasSalvé Rainha

Consagração a Nossa Senhora

GestoEntregar a pulseira com a passagem bíblica da semana indicada pela campanha da Quaresma

CânticoConfiarei, nessa voz que não se impõeMas que ouço bem cá dentro

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No silêncio a segredar.Confiarei, ainda que mil outras vozes Corram muito mais velozes para me fazer pararE avançarei, avançarei no meu caminhoAgora eu sei que Tu comigo vais tambémAonde fores aí estareiSem medo avançarei.

O Senhor é meu pastorSei que nada temereiEle guia o meu andarSem medo avançarei. (bis)

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Breves dados biográficos de S. Jacinta MartoNasceu a 11 de Março de 1910, em Aljustrel, paróquia de Fátima. Era a nona e última filha de Manuel Pedro Marto e de Olímpia de Jesus dos Santos. Era uma criança muito afetiva, alegre e espontânea. Vítima de sequelas da epidemia de pneumónica morreu no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, a 20 de Fevereiro de 1920, menos de um mês antes de fazer 10 anos.

Jacinta foi beatificada pelo Papa João Paulo II, no Santuário de Fátima, a 13 de Maio de 2000 e canonizada pelo Papa Francisco, no mesmo Santuário, a 13 de Maio de 2017, sempre em conjunto com o seu irmão S. Francisco Marto. A festa litúrgica de ambos celebra-se a 20 de Fevereiro.

Jacinta Marto: compaixão que brota de um encontro1

Sabemos que nenhuma perspectiva pode abarcar totalmente a vida de uma pessoa, nem, neste caso, a espiritualidade e a experiência vivida por Jacinta Marto. Tomamos o conceito de compaixão, mas que não é equivalente a “reparação”, nem consegue iluminar todos os aspectos da vida da pastorinha. Mas talvez possa proporcionar uma possível chave de leitura à personalidade e à vida espiritual da Jacinta, e também ser ponto de partida para os diversos âmbitos de reflexão que ela pode inspirar.

Enquanto motivação dominante da vida desta criança, podemos enquadrar o conceito de reparação a partir da perspectiva da compaixão. A atitude reparadora revela necessariamente uma paixão: pelas pessoas concretas que encontra, pelo mundo, pela humanidade, pela Igreja, por Deus. Trata-se de um amor de compaixão pela humanidade e por Deus («Os pobres pecadores»; «Coitadinho de Nosso Senhor»).

A compaixão revela uma disposição para se tornar vulnerável, é algo mais que uma bondade ou ternura de coração; uma vez que não permite ficar neutral perante o sofrimento do outro, traduz-se num amor que se sacrifica, quês e entrega, pelos outros. Aponta para uma concepção de amor sacrifical: sofro contigo, por ti e para ti.

A presença do mal, enquanto pecado e sofrimento, impressiona a Jacinta e leva-a a agir. A compaixão é uma forma de solidariedade, neste caso, com o mundo e com a Igreja. É uma atitude que abre ao compromisso, desperta para um empenho concreto, envolve na realidade de que se sente parte, cria responsabilidade por aqueles que se ama. A compaixão é paixão que se exprime e concretiza em corresponsabilidade. Na vida desta menina tudo isto tem diversas expressões.

A paixão e compaixão da Jacinta não resulta de um genérico amor universal ou de um sentimento vago de gosto pela vida, também não se deve simplesmente a uma delicada sensibilidade perante a tragédia ou a qualquer forma de altruísmo. Não é meramente o contacto com a maldade e a dor que provoca nela essa compaixão. É, antes de mais, o encontro com o amor de Deus, mediado pela ternura de Maria, que suscita nela uma paixão por tudo aquilo que tem origem em Deus ou O pode afectar. Descobre que o pecado e o sofrimento não correspondem àquilo que Deus deseja para a humanidade. Por isso, o seu compromisso e corresponsabilidade têm raízes na relação com Deus, que vai desabrochando e 1 COUTINHO, Vítor – Jacinta Marto: do encontro à compaixão in COUTINHO, Vítor (coord) – Jacinta Marto do encontro à compaixão, Colecção Fátima Estudos, Volume 2, Santuário de Fátima 2010, pp. 18-20.

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intensificando. A razão do seu empenho é o desejo de um mundo como Deus o deseja, a sua atitude reparadora nasce da consciência de poder, de certa forma, colaborar com Deus. A pequena Jacinta sente que não pode deixar de participar, a seu modo, na tarefa de redenção deste mundo pecador e sofredor. Diversos aspectos da sua vida são entendidos como envolvimento na acção redentora do Senhor: os sacrifícios, a oração, o auxílio aos mais necessitados, as diversas formas de solidariedade para com o Santo Padre e a Igreja, as exortações para não pecar. Tanto o sofrimento que tem que enfrentar como diversas situações da sua vida são para ela oportunidade de crescer na união com Jesus. A espiritualidade da Jacinta é marcada por uma forte dimensão cristológica que transparece na sua oração, na sua reparação, no seu amor compassivo.

A compaixão encontra-se no centro da mensagem cristã, que anuncia um «Deus-connosco». Em Jesus Cristo Deus manifesta a sua compaixão definitiva pela humanidade, assumindo a nossa realidade. A fé num Deus assim conduz a uma acção livre e comprometida contra a dor humana. A teologia mais recente tem acentuado também esta perspectiva de um Deus que se comove com o nosso sofrimento, perdendo relevo uma certa concepção de impassibilidade divina como incapacidade de se deixar tocar ou como expressão de insensibilidade à dor humana. Acentua-se, deste modo, a solidariedade de Deus, a quem não é indiferente o sofrimento da humanidade.

A compaixão, como traço característico do rosto de Deus e como convite a uma disposição humana fundamental, surge ainda como crítica ao sistema de auo-afirmação e de indiferença que domina a nossa sociedade. Num mundo que se quer cada vez mais competitivo, é necessário um eu forte para poder sobreviver na comparação com os adversários. Em sociedades cada vez mais marcadas pela indiferença, torna-se decisivo criar espaços onde seja possível a compaixão. (…) Tendo Maria por modelo, queremos viver como discípulos do Senhor Jesus. Também nisto nos podemos deixar guiar pela figura encantadora de Jacinta Marto.

Breve Síntese dos acontecimentos de FátimaNossa Senhora, a mãe de Jesus, apareceu em Fátima a três meninos: duas meninas e um menino. O menino chamava-se Francisco e as meninas chamavam-se Jacinta e Lúcia. A Jacinta era a mais nova: tinha sete anos. E a Lúcia, a mais velha, tinha dez anos. O Francisco tinha nove.

Estes meninos guardavam rebanhos de ovelhas. Eram pastores. Porque ainda eram pequenos, costumamos dizer “os pastorinhos”. Não iam à escola. Viviam numa aldeia muito pequenina da Serra de Aire e passavam os dias a vigiar os rebanhos das famílias e a brincar. Havia muitas outras crianças com uma vida semelhante em Portugal, em 1917, quando o mundo estava atormentado por uma guerra mundial onde lutavam também soldados portugueses. Não havia televisão, nem sequer emissões regulares de rádio. Poucas notícias chegavam àquela povoação e mesmo assim muito atrasadas. Se não tivesse havido as aparições de Nossa Senhora ninguém saberia hoje quem eram estes meninos.

Mas estas crianças foram escolhidas quando Nossa Senhora quis trazer uma mensagem ao nosso país e a todo o mundo.

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No dia 13 de Maio de 1917, quando os três meninos tomavam conta dos rebanhos num lugar chamado Cova da Iria (que pertencia ao pai da Lúcia) viram uma espécie de relâmpago. Com receio de uma trovoada, resolveram voltar para casa. Foi então que lhes apareceu, em cima de uma azinheira, “uma senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol”. Quando a Lúcia lhe perguntou de onde era, respondeu: “Sou do Céu”.

Nessa primeira aparição, Nossa Senhora pediu que voltassem ali mais cinco meses seguidos, no dia 13 de cada mês, à mesma hora (meio-dia). Logo nesse primeiro encontro, a Mãe do Céu perguntou às crianças: “Quereis oferecer-vos a Deus (…) em ato de reparação pelos pecados com que é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?”

O que Nossa Senhora pedia era uma consagração total para compensar tantos que não fazem caso de Deus nem se importam com a vontade d’Ele. Lúcia respondeu por todos: “Sim, queremos!” Houve ainda uma recomendação: “Rezai o terço todos os dias para alcançar a paz para o mundo e o fim da guerra.”

Na aparição de 13 de Junho, Nossa Senhora revelou que a Jacinta e o Francisco iriam em breve para o céu. E disse à Lúcia: “Jesus quer servir-se de ti para me fazer conhecer e amar”. Nesta segunda aparição, Nossa Senhora ensinou às crianças uma pequena oração (uma jaculatória). Uma oração que já conhecemos e que se reza agora em todo o mundo: “Ó meu Jesus, perdoai--nos e livrai-nos do fogo do inferno. Levai as almas todas para o céu, principalmente as que mais precisarem”.

A mensagem que Nossa Senhora trouxe a Fátima convida-nos a mudar o nosso coração, a pôr de lado tudo o que está mal, para vivermos de acordo com a vontade de Deus.

A Lúcia, o Francisco e a Jacinta puseram toda a sua vida de acordo com o que Nossa Senhora lhes veio pedir. Ofereciam também todos os sofrimentos, todas as dificuldades (o cansaço, a sede, o incómodo causado pelas pessoas que não acreditavam neles…) pela conversão de todos os que não respeitavam a vontade de Deus. Compreenderam que, nesta grande família que á a Igreja, a comunidade dos filhos de Deus, podemos ajudar todos e ser ajudados por outros.

Mais tarde, o Francisco e a Jacinta viveram (e ofereceram) ainda as dificuldades da doença que os atingiu. A Jacinta sofreu também o facto de ser levada para um hospital em Lisboa, sozinha, sem a mãe, nem ninguém da família. No caso da Lúcia, a perda dos primos, a partida para Espanha para se afastar das pessoas que não cessavam de a procurar e, por fim, toda a sua vida consagrada ao Senhor como religiosa.

Ao longo destes cem anos, muitos milhares de pessoas têm vindo a Fátima: rezam e cantam…

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