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WANDENIR HILMAR DOMINIQUELI Medição individualizada de água em Habitações de Interesse Social - HIS Dissertação apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT, para obtenção do título de Mestre em Habitação: Planejamento e Tecnologia. Área de concentração: Tecnologia em Construção de Edifícios. Orientador: Prof. Dr. Douglas Barreto São Paulo 2007

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WANDENIR HILMAR DOMINIQUELI Medição individualizada de água em Habitações de Interesse Social - HIS

Dissertação apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT, para obtenção do título de Mestre em Habitação: Planejamento e Tecnologia. Área de concentração: Tecnologia em Construção de Edifícios.

Orientador: Prof. Dr. Douglas Barreto

São Paulo

2007

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Ficha Catalográfica Elaborada pelo Departamento de Acervo e Informação Tecnológica – DAIT

do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT

D671m Dominiqueli, Wandenir Hilmar

Medição individualizada de água em habitações de interesse social – HIS. / Wandenir Hilmar Dominiqueli. São Paulo, 2007. 152p.

Dissertação (Mestrado em Habitação: Planejamento e Tecnologia) - Instituto de

Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Área de concentração: Tecnologia em Construção de Edifícios.

Orientador: Prof. Dr. Douglas Barreto

1. Consumo de água 2. Racionalização do uso de água 3. Hidrômetro 4. Habitação de interesse social 5. Tese I. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Coordenadoria de Ensino Tecnológico II. Título 08-69 CDU 728.22:696.1(043)

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Aos meus pais,

Antonio (in memoriam) e Izelinda;

Aos meus irmãos,

Clarice, José Carlos (in memoriam) e Zulmira;

À minha esposa Clélia e aos meus filhos.

Por tudo quanto representaram em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Douglas Barreto, pela amizade, pelo estímulo constante e pela orientação eficiente no desenvolvimento da pesquisa, razões para o êxito obtido;

Ao Prof. Dr. Racine Tadeu Araújo Prado e ao Prof. Dr. Kazuto Kawakita, pela leitura atenciosa e pelas críticas construtivas que contribuíram para a elaboração do trabalho;

Aos professores e funcionários da Coordenadoria de Ensino Tecnológico – CET do IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas, pelo apoio ao meu aperfeiçoamento profissional;

Aos meus amigos da CDHU, pelos incentivos e pela colaboração direta ou indireta para a realização desse trabalho.

Aos moradores dos conjuntos habitacionais pesquisados, pela acolhida e colaboração durante os trabalhos de campo.

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RESUMO Este trabalho apresenta um estudo detalhado sobre medição individualizada de água aplicada em dois conjuntos habitacionais de interesse social (HIS), onde foi feito monitoramento do perfil do consumo que permitiu caracterizar as variáveis influentes no consumo de água. Também foi realizado um estudo socioeconômico da população nestes conjuntos para comparação entre seus moradores que serviu como referência para corroborar a amostragem de pesquisa e de equiparação entre as populações estudadas.

A medição individualizada pressupõe uma distribuição justa do custo da água e as pressões econômicas têm levado as populações de baixa renda buscar esta modalidade de medição em suas habitações. Destaca-se que nas Habitações de Interesse Social as características socioeconômicas, os hábitos de consumo, a limitação da área construída e dos pontos de consumo exigem o estabelecimento de parâmetros próprios de projeto constituindo um grupo distinto.

São abordados, também, os equipamentos e as novas tecnologias disponíveis para a medição individualizada e as ações em desenvolvimento voltadas ao estudo da questão.

A redução do consumo de água apurada pelo monitoramento comparado com o período anterior à instalação dos hidrômetros foi de 14,9% num conjunto habitacional e de 16,7% em outro conjunto, situando-se no limite inferior de consumos apresentados na literatura sobre o tema, sugerindo a existência de margem para maiores reduções nestes valores divulgados.

Os dados obtidos nos apartamentos instrumentados mostram que 99% das vazões dos ramais de alimentação das unidades se situam abaixo de 0,292 L/s, indicando a possibilidade da revisão dos critérios de dimensionamento para as HIS.

Assim, este trabalho reforça a importância da medição individualizada para a redução do consumo e o uso racional da água e sua contribuição para a preservação do ambiente.

Palavras-chave: Medição individualizada; consumo de água; medição remota de água; demanda de água; hidrômetros.

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ABSTRACT

This work presents a detailed study on individualized water metering applied to two dwellings ensembles of social interest where consumption profile is studied in order to characterize the influent variables in water consumption. It was also done a social-economic study of the population, comparing their residents, to be a reference to corroborate the search sampling and the equivalence between studied populations.

The individualized metering presupposes a fair distribution of water's cost and economic pressures have been doing low income populations to look for this kind of measurement in their dwellings. It is also detached that on Social Interest Dwellings (SID), the social-economic characteristics, consumption habits, the limitation of built areas and consumption points demand the establishment of specific project parameters, constituting a different group.

The equipments and the new available technologies for individualized metering and development actions for this study are also shown.

The obtained reduction of water consumption compared to the period before the installation of the hydrometers, was 14,9% in a dwelling ensemble, and 16,7% in another one, both situated in the inferior limit of consumption presented on the literature about the theme, suggesting the existence of margin for bigger reductions in these spread values.

The monitored apartments’ data show that 99% of the outflows of the branches feeding unities are situated below 0,292 L/s, indicating the possibility of a criterions revision for SID dimensioning.

As a conclusion, this work reinforces the importance of the individualized metering to lead to consumption reduction, rational water use and the contribution to environment preservation.

Key-words: Individualized metering; water consumption; remote water metering; water demand; hydrometers.

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Lista de ilustrações

Quadro 1.1 Classificação de alguns países conforme a disponibilidade de água doce, superficiais ou subterrâneas, segundo a ONU. ......... 17

Quadro 4.1 Classificação de medidores de água para condutos forçados. .... 36

Figura 4.1 Esquema de medição de uma economia e de multieconomias. .. 33

Figura 4.2 Esquema de micromedição em edificação residencial vertical. ... 34

Figura 4.3 Medição individualizada em edificação residencial vertical. ........ 34

Figura 4.4 Medidor volumétrico de disco nutante. ......................................... 37

Figura 4.5 Esquemas de hidrômetros com transmissão mecânica e magnética. ....................................................................................

38

Figura 4.6 Curva de erro típica de um hidrômetro e os limites dos erros admissíveis. ..................................................................................

42

Figura 4.7 Faixa ideal de trabalho do hidrômetro e as relações com a curva de erros de medição e curva de perda de carga. .........................

45

Figura 4.8 Sistema genérico de telemedição. ............................................... 48

Figura 5.1 Esquema de medição individualizada com medidores instalados no térreo e alimentação por reservatório tipo torre. .....................

64

Figura 6.1 Planta das unidades da tipologia VI 22 F–V2, utilizada nos dois empreendimentos. ........................................................................

71

Figura 6.2 Etiqueta para chuveiro do Regulamento Específico para Aparelhos Elétricos Fixos de Aquecimento Instantâneo de Água do Programa Brasileiro de Etiquetagem. ..................................... 74

Figura 6.3 Faixas de potência dos chuveiros utilizados no C. H. Tiradentes. 74

Figura 6.4 Tabela de utilização de torneiras e filtro de água. ....................... 75

Figura 6.5 Utilização de máquinas de lavar e tanquinhos nos conjuntos pesquisados. ................................................................................ 76

Figura 6.6 Ocupação do C. H. Tiradentes por sexo e faixa etária. ............... 77

Figura 6.7 Histograma do número de habitantes por unidade habitacional. . 78

Figura 6.8 Histograma da permanência por período e faixa etária da população dos conjuntos habitacionais pesquisados. ................. 81

Figura 6.9 Gráfico comparativo da escolaridade dos moradores do C. H. Tiradentes e do C. H. Guaianases. .............................................. 82

Figura 6.10 Gráfico comparativo da renda familiar dos moradores do C. H. Tiradentes e do C. H. Guaianases. .............................................. 83

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Figura 6.11 Gráfico do consumo médio mensal, segundo a ocupação e permanência média por período. ................................................. 86

Figura 6.12 Gráfico do consumo médio per capita, segundo a ocupação e permanência média por período. ....................................................... 87

Figura 7.1 Trecho da planilha eletrônica para leitura em campo e introdução de dados para cálculos automáticos. ......................... 89

Figura 7.2 Planilha elaborada para a introdução dos dados da conta da concessionária. ............................................................................ 89

Figura 7.3 Trecho da planilha elaborada para a demonstração do cálculo do rateio do consumo comum de água. ....................................... 90

Figura 7.4 Ilustração da tela inicial do programa Hidrobus contida no manual de operação. .................................................................... 97

Figura 7.5 Ilustração da tela de configurações do programa Hidro Manager contida no manual de operação. .................................................. 98

Figura 7.6 Gráfico do monitoramento do primeiro hidrômetro instalado na bancada de ensaio. ...................................................................... 100

Figura 7.7 Gráfico da variação percentual dos volumes escoados comparados com os obtidos por processo gravimétrico. ............. 101

Figura 7.8 Diagrama da implantação dos equipamentos empregados no monitoramento. ............................................................................ 102

Figura 7.9 Gráfico do monitoramento de uma hora do apartamento 11-D . .. 103

Figura 7.10 Gráfico do monitoramento de um dia do apartamento 11-D. ....... 104

Figura 7.11 Gráfico do monitoramento de uma semana do apartamento 11-D. .................................................................................................. 104

Figura 8.1 Gráfico do regime de vazões para o hidrômetro de Qmáx 3,00 m3/h, classe B. ............................................................................. 111

Figura 8.2 Percentual dos volumes escoados nos hidrômetros Classe A com vazões máximas de 1,50 e 3,00 m3/h. .................................

114

Figura 8.3 Percentual dos volumes escoados nos hidrômetros Classe B com vazões máximas de 1,50 e 3,00 m3/h. .................................

115

Figura 8.4 Percentual dos volumes escoados nos hidrômetros Classe C com vazões máximas de 1,50 e 3,00 m3/h. ................................. 115

Figura 8.5 Comparação entre os critérios de dimensionamento das instalações prediais. ..................................................................... 121

Foto 5.1 Prédios da CDHU do Conjunto Habitacional Itaim Paulista, com medição individualizada. ..............................................................

59

Foto 5.2 Unidade múltipla de medição padronizada para 5 unidades em uso em condomínios verticais da CDHU. ..................................... 60

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Foto 5.3 Medição interna no barrilete, com acesso por escada, em edifício de 6 pavimentos. .............................................................. 61

Foto 5.4 Hidrômetro instalado no patamar da escada próximo à entrada do apartamento, com sistema de leitura e corte remotos. ........... 62

Foto 6.1 Vista do C. H. Tiradentes. ......................................................... 68

Foto 6.2 Abrigo para cavalete múltiplo de hidrômetros localizado junto ao prédio. .......................................................................................... 69

Foto 6.3 Vista aérea do C. H. Guaianases. ................................................ 70

Foto 7.1 Hidrômetros eletrônicos Scampy instalados em série com os hidrômetros existentes. ................................................................ 94

Foto 7.2 Interface de comunicação Hydrocenter 60, HYDROMETER. ...... 95

Foto 7.3 Central de gerenciamento em operação durante a fase de monitoramento do perfil de consumo de água nos apartamentos. 96

Foto 7.4 Ensaio preliminar dos hidrômetros instrumentados, montados em série. ....................................................................................... 99

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Lista de tabelas

Tabela 1.1 Distribuição regional de recursos hídricos no Brasil. .................. 18

Tabela 3.1 Influência da utilização dos hidrômetros no controle do consumo individual na cidade de Porto Alegre - RS. .................

27

Tabela 4.1 Tarifas de fornecimento de água, coleta e disposição de esgotos para a cidade de São Paulo, vigentes a partir de 31 de agosto de 2006. .......................................................................... 32

Tabela 4.2 Vazões características de hidrômetros de baixa vazão, segundo a classe e vazão nominal. ............................................ 44

Tabela 6.1 Número de habitantes por apartamento no C. H. Tiradentes. .... 78

Tabela 6.2 Número de habitantes por apartamento no C. H. Guaianases. .. 78

Tabela 6.3 Permanência da população do C. H. Tiradentes por período e faixa etária. ................................................................................. 80

Tabela 6.4 Permanência da população do C. H. Guaianases por período e faixa etária. .............................................................................. 80

Tabela 6.5 Formação escolar dos moradores do C. H.Tiradentes e do C. H. Guaianases. ........................................................................... 82

Tabela 6.6 Consumo médio mensal e per capita, segundo a permanência média por período. ...................................................................... 85

Tabela 6.7 Consumo médio mensal e per capita, segundo o número de habitantes por apartamento. ..................................................... 85

Tabela 7.1 Distribuição de freqüências e estimativas dos parâmetros populacionais do monitoramento prévio do consumo mensal de água de setembro de 2005 a fevereiro de 2006. ........................ 91

Tabela 7.2 Apartamentos sorteados nos quais foram instalados os equipamentos para monitoramento do perfil de consumo. ......... 92

Tabela 7.3 Distribuição de freqüência e parâmetros estatísticos da amostra selecionada. .................................................................. 93

Tabela 7.4 Dados comparativos obtidos para os hidrômetros no ensaio de bancada. ..................................................................................... 101

Tabela 8.1 Valores do consumo nos doze meses anteriores e posteriores à instalação do sistema de medição individualizada. ................. 105

Tabela 8.2 Consumo mensal de água no C. H. Guaianases no período sem individualização e com individualização. ............................ 107

Tabela 8.3 Consumo médio diário nos doze meses posteriores à instalação do sistema de medição individualizada. ................... 108

Tabela 8.4 Valores típicos para previsão do consumo de água aplicáveis ao C. H. Tiradentes. .................................................................... 109

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Tabela 8.5 Regime de vazões para hidrômetros classes B de 3,00 m3/h. ... 110

Tabela 8.6 Tempos médios de permanência acumulados, por faixa de vazão, para os hidrômetros classes A, B e C de Qmáx. 1,50 e 3,00 m3/h. ...................................................................................

112Tabela 8.7 Volumes médios escoados acumulados, por faixa de vazão,

para os hidrômetros classes A, B e C de Qmáx 1,50 e 3,00 m3/h. ........................................................................................... 113

Tabela 8.8 Vazões de cálculo para o ramal de alimentação das unidades do C. H. Tiradentes. ....................................................................

118

Tabela 8.9 Distribuição de freqüência e parâmetros estatísticos das vazões monitoradas no C. H. Tiradentes. .................................. 119

Tabela 8.10 Perda de carga em hidrômetros de Qmáx 1,50 e 3,00 m3/h, segundo as vazões de cálculo. ...................................................

120

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Lista de abreviaturas e siglas

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas.

a.C Antes de Cristo.

ADIN Ação Direta de Inconstitucionalidade.

ADSL Assimetric Digital Subscriber Line.

ANA Agência Nacional de Águas.

BNH Banco Nacional de Habitação.

CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo.

CECAP Caixa Estadual de Casas para o Povo.

C. H. Conjunto Habitacional

COHAB Companhia Metropolitana de Habitação.

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.

d.C Depois de Cristo.

DMAE Departamento Municipal de Água e Esgoto de Porto Alegre.

DEPEA Departamento de Estudos e Pesquisas Aplicadas do BNH.

DGS Diretoria Geral de Saneamento de Porto Alegre.

DN Diâmetro Nominal.

EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

HIS Habitação de Interesse Social.

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano.

ISDN Integrated System Digital Network.

LAO Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

M-BUS Meter Bus

PC Personal Computer.

PLC Power Line Carrier.

PURA Programa de Uso Racional da Água.

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RGI Registro Geral do Imóvel.

SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.

SANASA Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.

SECOVI-SP Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo.

SINDUSCON-SP Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo.

SMR Sistema de Medição Remota

ONU Organização das Nações Unidas.

PNCDA Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água.

RF Rádiofreqüência.

USB Universal Serial Bus

USP Universidade de São Paulo.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO. .............................................................................................. 16

2 OBJETIVOS. .................................................................................................... 24

3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA MICROMEDIÇÃO. ......................................... 25

4 MEDIÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA EM EDIFICAÇÕES. ...........................4.1 Conceitos. ....................................................................................................4.2 Alternativas de medição. .............................................................................4.3 Tipos de medição e formas de cobrança. ...................................................4.4 Medidores de água. .....................................................................................4.4.1 Medidores tipo volumétrico. .....................................................................4.4.2 Medidores tipo velocimétrico. ..................................................................4.4.3 Hidrômetros velocimétricos monojato. .....................................................4.4.4 Hidrômetros velocimétricos multijato. ......................................................4.4.5 Hidrômetros velocimétricos tipo Woltmann. .............................................4.4.6 Medidores mecânicos especiais. .............................................................4.4.7 Medidores eletrônicos. .............................................................................4.4.8 Medidores especiais estáticos. ................................................................4.5 Erros de medição. ...................................................................................... 4.6 Vazões características. .............................................................................. 4.7 Classes metrológicas. ................................................................................ 4.8 Dimensionamento dos hidrômetros para a micromedição ou medição

individualizada. ........................................................................................... 4.9 Técnicas e tecnologias de medição. ......................................................... 4.10 Telemetria. ................................................................................................ 4.10.1 Unidade de medição e leitura. ................................................................4.10.2 Unidade de interface de medidores. .......................................................4.10.3 Rede de comunicação. ...........................................................................4.10.4 Central de gerenciamento. ......................................................................

28 28 29 31 35 36 37 39 39 40 40 41 41 42 42 43

44 45 46 48 50 50

53

5 MEDIÇÃO INDIVIDUALIZADA. .....................................................................5.1 Conceito. .....................................................................................................5.2 A conta de água e as despesas de condomínio. ........................................5.3 Experiências anteriores. .............................................................................5.4 Caracterísitcas da medição individualizada. ...............................................5.5 Sistemas de medição implantados na cidade de São Paulo e Campinas. .5.5.1 Sistemas de medição desenvolvidos pela CDHU. ....................................5.5.1.1 Medição interna no barrilete .................................................................. 5.5.1.2 Medição interna nos patamares junto à entrada dos apartamentos..... 5.5.1.3 Medição externa no térreo. ...................................................................5.5.2 Sistemas de medição em uso na cidade de Campinas-SP. .....................

54 54 54 55 57 58 60 61 61 63

65

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6 ESTUDO DE CASO. ...................................................................................... 6.1 Plano de trabalho. ......................................................................................6.2 Características dos conjuntos. ....................................................................6.2.1 Conjunto Habitacional Cidade Tiradentes. ..............................................6.2.2 Conjunto Habitacional Guaianases. .........................................................6.2.3 As unidades habitacionais. ......................................................................6.3 Pesquisa socioeconômica. .........................................................................6.3.1 Plano de amostragem da população do C. H. Guaianases. ....................6.3.2 Instalação predial. ....................................................................................6.3.3 Ocupação das unidades. .........................................................................6.3.4 Permanência na residência. ....................................................................6.3.5 Escolaridade. ...........................................................................................6.3.6 Renda familiar. .........................................................................................6.3.7 Moradia anterior. ..................................................................................... 6.3.8 Hábitos e outras situações de consumo. .................................................6.4 Influência da permanência dos moradores no consumo médio de água. ..

67 67 67 67 69 71 71

72 73 76 79 81 83 84

84 85

7 MONITORAÇÃO DO CONSUMO. .................................................................7.1 Acompanhamento prévio do consumo mensal. .........................................7.1.1 Determinação da amostra. .......................................................................7.2 Monitoramento do perfil de consumo. ........................................................ 7.2.1 Instalação dos hidrômetros monitorados. ................................................7.2.2 Rede de comunicação. ............................................................................7.2.3 Interface de comunicação. .......................................................................7.2.4 Central de gerenciamento. ...................................................................... 7.2.5 Programa de controle. .............................................................................7.3 Ensaios preliminares. ..................................................................................7.4 Atividades de campo. ..................................................................................7.5 Aquisição de dados. ....................................................................................

88 88 91 93 93 94 95 96 97 99102103

8 RESULTADOS. ..............................................................................................8.1 Redução do consumo de água pela utilização do sistema de medição

individualizada. ........................................................................................... 8.2 Regime de vazões dos hidrômetros. ..........................................................8.3 Utilização da válvula de descarga. .............................................................8.4 Considerações sobre o dimensionamento dos ramais de alimentação nos

projetos de abastecimentos das HIS. .........................................................

105

105109 116

117

9 CONCLUSÕES. ............................................................................................. 123

Referências bibliográficas. ................................................................................. 125

Glossário. ............................................................................................................ 130

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ANEXO A - Critérios para enquadramento em classes de consumidores diferenciadas. ..................................................................................

132

ANEXO B - Projeto de unidade múltipla de medição para 5 hidrômetros em uso na CDHU. .................................................................................

134

ANEXO C - Tabela de ocupação e permanência dos moradores na residência por faixa etária e por período do C. H. Tiradentes. ........................

136

ANEXO D - Tabela de consumo mensal de água do C. H. Tiradentes de agosto de 2005 a julho de 2006. ....................................................

140

ANEXO E - Tabela de consumo mensal de água do C. H. Tiradentes de setembro de 2005 a fevereiro de 2006. ..........................................

143

ANEXO F – Projeto de abrigo metálico para 5 hidrômetros. ............................. 146

ANEXO G – Regime de vazões para hidrômetros. ............................................ 147

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16 1 INTRODUÇÃO

A água é um componente indispensável aos ecossistemas terrestres, sendo essencial para a satisfação das necessidades básicas da população. Sua ação transformadora, alterando constantemente a face da terra, determinou a formação dos ecossistemas e a distribuição da civilização humana pelo planeta. Não é por acaso, portanto, que a biodiversidade se manifesta na sua forma mais pujante e complexa nos locais onde a água é abundante e, onde sua ocorrência é rara, existem menores quantidades e diversidades de formas de vida, tanto animal quanto vegetal.

A Terra tem 70,0% da sua superfície coberta pelas águas. Conforme os dados sobre recursos hídricos do International Hidrologycal Programme (UNESCO, 1999 apud TAMAKI, 2003), 97,5% dessa água é salgada, constituindo os mares e oceanos e apenas 2,5% é doce, sendo que a maior parte se encontra no estado sólido, nas geleiras e calotas polares. Somente 0,3% do total da água existente encontra-se disponível em lagos, rios e lençóis subterrâneos.

Apesar da grande diferença entre os volumes de água salgada e doce, essas quantidades permanecem estáveis, pois o ciclo hidrológico mantém esse equilíbrio, transformando a água salgada em água doce, provendo adequadamente todas as formas de vida existentes no planeta.

A expansão demográfica ocorrida no século XX – há 2 000 anos a população da Terra correspondia a apenas 3% da população atual – trouxe como conseqüência a preocupação com a escassez de água doce. Atualmente, fala-se em crise da água, que é uma realidade em várias regiões do planeta.

Não se trata da escassez no seu sentido quantitativo, mas sim no seu sentido qualitativo devido ao comprometimento da sua qualidade, principalmente pela ação do homem. A devastação das matas ciliares, a contaminação dos mananciais por esgotos humanos e industriais, a contaminação dos rios pela ação dos garimpos, entre outros efeitos danosos, contribuem para que haja cada vez menos fontes de água potável à nossa disposição.

Outro fator que fortalece o conceito de escassez é a má distribuição dos recursos hídricos em muitas regiões do planeta. Extensas regiões da América do Sul, região das grandes florestas, apresentam-se com abundância de água, contrapondo-se às regiões desérticas do Norte da África.

Além da existência desses extremos, verificam-se nos vários continentes situações de baixa disponibilidade de água doce: regiões onde há abundância de água e

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17 densidade demográfica muito baixa e regiões onde há ocorrência de grande concentração populacional e demanda, com baixa disponibilidade de água.

De acordo com a ONU - Organização das Nações Unidas, a disponibilidade anual de água de cada país corresponde a todos os recursos de água doce, superficiais ou subterrâneas, cujo volume, relacionado com o número de habitantes, fornece um parâmetro comparativo, em m3/hab/ano. Conforme este critério, um país pode estar situado em seis categorias, apresentadas no quadro 1.1, a seguir, onde também consta a situação de alguns países.

DISPONIBILIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS

CLASSIFICAÇÃO VOLUME DISPONÍVEL (m3/hab/ano) PAÍSES

MUITO POBRE < 500 Arábia Saudita; Bahamas; Cingapura; Emir. Árabes; Israel; Jordânia; Kuait; Líbia; Maldivas; Malta; Qatar.

POBRE 500 a 1 000 Cabo Verde; E.U.A. (baixo Colorado); Egito; Quênia.

REGULAR 1 000 a 2 000 Bélgica; Etiópia; Paquistão; Polônia; Ucrânia.

SUFICIENTE 2 000 a 10 000 Alemanha; Cuba; Espanha; Estados Unidos; França; Holanda; Índia; Iraque; Itália; Japão; México; Reino Unido.

RICO 10 000 a 100 000 Albânia; Argentina; Angola; Austrália; Brasil; Canadá; Colômbia; Ilhas Salomão; Nova Zelândia; Rússia; Suécia; Venezuela.

MUITO RICO >100 000 Congo; Gabão; Guiana; Guiana Francesa; Islândia; Papua Nova Guiné; Rússia (Sibéria); Suriname.

Fonte: Elaborado a partir de TOMAZ, (2001), CETESB (2006).

Quadro 1.1 – Classificação de alguns países conforme a disponibilidade de água doce, superficiais ou subterrâneas, segundo a ONU.

De acordo com Rebouças (1999 apud TOMAZ, 2001), se não fossem as disparidades regionais não haveria o chamado estresse de água definido pela ONU, ou seja, situação onde a disponibilidade de recursos hídricos está compreendida entre 500 e 1 000 m3/hab/ano, pois a disponibilidade em âmbito mundial se situa entre 6 000 e 7 000 m3/hab/ano.

Conforme Tomaz (2001), o Brasil é possuidor de 12% da água doce do mundo o que o coloca no rol dos países “ricos em água”, com uma disponibilidade hídrica de 35 732 m3/hab/ano. Porém, as regiões mais populosas do Brasil detêm os menores percentuais desse recurso.

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18 A maioria da população brasileira está concentrada nas regiões onde a disponibilidade de água não segue a mesma proporção fazendo com que o abastecimento seja obtido com o emprego de muito esforço e recursos financeiros vultosos. A tabela 1.1 apresenta as disparidades regionais do Brasil.

Tabela 1.1 – Distribuição regional de recursos hídricos no Brasil.

DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL

REGIÃO POPULAÇÃO (%)

RECURSOS HÍDRICOS (%)

NORTE / CENTRO-OESTE 13,26 84,20

NORDESTE 28,94 3,3

SUDESTE 42,73 6,0

SUL 15,70 6,5

Fonte: Elaborado a partir de TOMAZ, (2001).

Esse fato explica a escassez de água em algumas regiões e demonstra a necessidade de empregarmos todos os esforços no sentido de obter uma utilização sustentável desses recursos, “com o objetivo de atender a sociedade agora e no futuro, mantendo a integridade ecológica ambiental e hidrológica” Unesco (1999 apud Tomaz, 2001, p. 33).

No Brasil, desde a década de 1980 as restrições de consumo e acesso à água tratada constituíam preocupação do setor de saneamento. De acordo com Silva (2005), um dos primeiros estudos no Brasil sobre economia de água em sistemas prediais voltado às instalações sanitárias de baixo custo para projetos de embriões habitacionais foi desenvolvido pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, por solicitação do Departamento de Pesquisas Aplicadas (DEPEA) do BNH – Banco Nacional de Habitação. Buscavam-se soluções técnicas de baixo consumo que resultaram em propostas de bacias sanitárias e sistemas de descargas com desempenho extraordinário, que atendiam a especificações fixadas em normas estrangeiras.

Por essa ocasião, a concessionária paulista SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, preocupava-se em rever os padrões de consumo

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19 que pudessem caracterizar a demanda futura de água para o abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo.

Segundo Silva (1998), esses esforços conjuntos deram origem a um amplo estudo e pesquisa sobre conservação e economia da água em sistemas prediais, apresentados no Seminário Internacional sobre Economia de Água de Abastecimento Público em 1986.

Com o encerramento das atividades do BNH, ocorreu um grande desgaste da organização institucional do saneamento básico em âmbito federal. Permaneceram, contudo, esforços na linha do desenvolvimento de componentes de baixo consumo de água, patrocinados por instituições de pesquisas e fabricantes de materiais e componentes.

Naquele momento, os estudos voltavam-se aos componentes e instalações a serem utilizadas em benefício das populações mais pobres, com vistas à redução do consumo. No entanto, os perfis da demanda urbana mostravam que o uso racional da água dependeria de uma ampla gestão, que proporcionasse redução do consumo em todos os segmentos consumidores.

Nesse contexto, surge o PURA – Programa de Uso Racional da Água, Sabesp (2007b), instituído em 1995 pela Sabesp e desenvolvido em conjunto com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - EPUSP e o IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas, que tem como objetivo principal atuar na demanda de água, incentivando o uso racional por meio de ações tecnológicas e medidas de conscientização da população, para enfrentar a escassez de recursos hídricos. O programa enfoca principalmente as bacias hidrográficas com condições críticas de disponibilidade hídrica.

Dentre seus objetivos destacam-se ainda:

• Conscientizar a população da questão ambiental visando a mudanças de hábitos e eliminação de vícios de desperdício com foco na conservação e conseqüente aumento da disponibilidade do recurso de água;

• Promover maior disponibilidade de água para áreas carentes e garantir o fornecimento;

• Prorrogar a vida útil dos mananciais existentes de modo a garantir a curto e médio prazo o fornecimento da água necessária à população;

• Reduzir os custos do tratamento de esgoto ao diminuir os volumes de esgotos lançados na rede pública;

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• Postergar investimentos necessários à ampliação do sistema produtor de água, bem como do sistema de esgotamento sanitário da Região Metropolitana de São Paulo;

• Incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas à redução do consumo de água;

• Diminuir o consumo de energia elétrica e outros insumos.

Ainda segundo Silva (1998), a partir de 1994 procurou-se estabelecer políticas e programas voltados à conservação e ao uso racional de água que culminaram com a criação, em 1996, do Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água – PNCDA, cujo objetivo geral é promover o uso racional de água de abastecimento público nas cidades brasileiras, tendo em vista o benefício da saúde pública, do saneamento ambiental e da eficiência dos serviços, permitindo um melhor aproveitamento, postergando a necessidade de maiores investimentos para expansão dos sistemas de abastecimento atuais.

Um dos objetivos do PNCDA é apoiar o planejamento das ações integradas de conservação e uso racional da água em sistemas municipais, metropolitanos e regionais de abastecimento, incluindo componentes de gestão de demanda (residencial e não residencial) de melhoria no abastecimento e do uso da água nos sistemas públicos.

As ações de combate ao desperdício, preconizadas pelo programa, contemplam três aspectos:

• Conservação e uso racional da água bruta nas bacias;

• Sistemas de abastecimento públicos eficientes desde a captação até a distribuição e,

• Uso racional focado na economia de água nos sistemas prediais.

No âmbito dos sistemas prediais a gestão da demanda residencial enquadra-se como medida de economia substancial de água.

A gestão de demanda residencial engloba todas as medidas voltadas a reduzir o consumo final dos usuários do sistema, sem prejuízo das propriedades de higiene e conforto dos sistemas originais. Essa redução pode ocorrer pela mudança de hábito no uso da água ou pela adoção de equipamentos e aparelhos poupadores.

Mudanças de hábito podem estar fundamentadas em medidas puramente educativas e de conscientização ou pela utilização de estímulos ou desestímulos

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21 definidos na política tarifária, na qual o preço pela aquisição da água potável é fator que assume papel preponderante.

O orçamento doméstico tem sido alvo da atenção da população na busca da racionalização dos gastos familiares. A importância de cada parcela desse orçamento é sempre proporcional à sua incidência, ou seja, merecem mais atenção, aquelas que têm peso mais acentuado.

Os custos condominiais, atualmente, têm assumido papel significativo nesse orçamento e a conta relativa ao consumo de água tem peso importante na composição dos custos condominiais.

A utilização de hidrômetro capaz de fornecer o consumo de água por unidade habitacional nos condomínios verticais é denominada medição individualizada. Assim, a conta de água pode ser estabelecida, para cada unidade, tendo em vista o consumo registrado no hidrômetro respectivo, acrescido da parcela que lhe couber, referente ao consumo de água para satisfazer as necessidades comuns do edifício, tais como: lavagens de pisos, regas, água para piscinas etc.

A medição individual se contrapõe à medição global na medida em que esta somente utiliza um hidrômetro instalado no ramal de entrada do edifício, sendo que a divisão de contas se dá pelo consumo médio das unidades habitacionais ou pela fração ideal, quando têm áreas diferenciadas entre si.

A medição global com emissão de conta única não proporciona uma justa distribuição das contas de água. Nesse sistema o rateio dos custos é feito considerando-se o número de unidades consumidoras resultando no pagamento, por todos, dos desperdícios verificados em algumas unidades do condomínio, gerando descontentamentos, embora, seja a forma mais simples e comum de se efetuar a cobrança.

A medição individualizada, com emissão de conta separada para cada usuário, permite que o pagamento da conta de água seja feito proporcionalmente ao consumo registrado em cada hidrômetro, fazendo com que cada qual pague pelo próprio uso, sem assumir o desperdício e a falta de consciência dos demais. Nesse caso, o consumo da água destinada ao uso comum é avaliado pela diferença do consumo registrado pelo hidrômetro principal e o somatório dos volumes registrados nos hidrômetros individuais.

É cada vez mais presente a necessidade da individualização para uma distribuição justa dos custos da água consumida, em face das dificuldades impostas às classes menos favorecidas pela atual conjuntura econômica. A medição individualizada, ao

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22 atender esse desejo, incentiva a economia no consumo e ao mesmo tempo reduz a inadimplência.

Assim, a medição individualizada de água constitui um fator significativo para a redução do desperdício, atuando como mecanismo disciplinador do consumo, permitindo o seu controle, proporcionando justiça na distribuição do custo desse insumo.

A escassez de habitação constitui um dos principais problemas urbanos que afeta, principalmente, a população de baixa renda. A necessidade de construir um grande número de unidades habitacionais de baixo custo e boa qualidade se apresenta como um desafio ao poder público, que tem a responsabilidade de encontrar as soluções para a questão.

Muitos são os números apresentados que pretendem mensurar essa demanda, muitas vezes alterados ao sabor dos interesses de determinados segmentos, públicos ou privados, quer representem reforços na alocação de recursos ou oportunidades de negócios.

Independente do tamanho dessa demanda, todas as ações levam em conta o volume de recursos necessários para equacionamento da questão. A busca pela maximização do número de unidades oferecidas conduz à adoção de medidas que concorram para a diminuição dos custos de construção.

Essa economia se reflete no tamanho das unidades habitacionais, nos acabamentos internos e externos adotados e nas instalações hidráulicas e elétricas mais simples, resultando em tipologias mais ou menos consagradas utilizadas nas HIS – Habitação de Interesse Social - que procuram atender as necessidades relacionadas ao bem estar dos usuários.

Mesmo que as inovações tecnológicas dos materiais e sistemas construtivos tenham contribuído para a obtenção de habitações populares de melhor qualidade, melhor desempenho e baixo custo, alguns parâmetros de projetos utilizados nas instalações hidráulicas não acompanharam essa evolução.

Segundo Rocha (1998), os projetos ainda são desenvolvidos com a utilização de dados característicos de consumo ou caracterizações feitas em alguns países do hemisfério Norte que nem sempre podem representar os hábitos de consumo brasileiros, pois o consumo varia também segundo aspectos culturais, clima e outros fatores, constituindo um grande desafio para o projetista.

No Brasil, há grande carência de estudos e trabalhos a respeito de hábitos de consumo residencial regionalizados e parâmetros para usuários comerciais e

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23 industriais. Mesmo os dados inferidos de pesquisas brasileiras, como os obtidos pela SABESP em 1983, Azevedo Netto e Mello, 1988 e Macintyre, 1982, coligidos por Tomaz (2000), não contemplam as HIS.

Pelas peculiaridades que são fatores determinantes do consumo – limitação da área construída e conseqüentemente dos pontos de consumo, características socioeconômicas da população, período de permanência na habitação, hábitos de consumo etc., as HIS constituem um grupo distinto a merecer atenção na adoção de soluções construtivas. Tal afirmação fundamenta-se na seguinte assertiva: “A grande variabilidade das condições de consumo interno segundo diferentes usuários e diferentes tipos de domicílios recomenda prudência na generalização de tendências”. (ROCHA, 1998, p.13)

Nesse contexto, o presente trabalho aborda o consumo de água potável em um conjunto habitacional de interesse social, por meio do monitoramento do perfil de consumo e pesquisa socioeconômica dos moradores, comparando-o com a população de outro conjunto habitacional, onde também foi aplicada a mesma pesquisa.

O trabalho também estuda a questão da medição individualizada de água potável nas HIS, particularmente nas tipologias desenvolvidas e implantadas pela CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo.

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2 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é o estudo detalhado da medição individualizada de água potável em prédios de apartamentos em dois conjuntos habitacionais de interesse social.

O objetivo específico é o de caracterizar as variáveis técnicas influentes no processo de implantação e gerenciamento da medição individualizada de água por meio do acompanhamento, implantação e monitoramento de um estudo de caso em um conjunto de apartamentos construídos pela CDHU e pela comparação de sua população com os moradores de outro conjunto.

Os resultados da monitoração permitem estabelecer as diretrizes de projeto para a implementação nas instalações prediais de HIS já existentes e àquelas que ainda vão ser construídas, estabelecendo as demandas de água a serem consideradas no dimensionamento de medidores e tubulações.

Para a consecução dos objetivos foi adotada a metodologia composta das seguintes atividades:

• Revisão bibliográfica;

• Pesquisa socioeconômica dos moradores de um conjunto habitacional onde foi implantado o sistema de medição individualizada;

• Medição do consumo individual mensal de água no conjunto em questão;

• Monitoramento de consumo para determinação dos parâmetros da demanda.

• Pesquisa socioeconômica dos moradores em um conjunto sem a medição individualizada;

• Análise comparativa;

• Elaboração de diretrizes para implantação de medição individualizada;

• Conclusões e considerações.

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3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA MICROMEDIÇÃO

Durante toda a Antiguidade os povos desenvolveram sistemas de abastecimento de água potável para as cidades e para atender às necessidades de irrigação nas lavouras. Os primeiros documentos escritos pelos Sumérios, datados de 4.000 a.C, faziam referências a sistemas de irrigação e da busca pela água. À medida que a tecnologia hidráulica se desenvolvia, os sistemas se sofisticavam e se espalhavam por todos os lugares do mundo antigo.

Mesmo antes das primeiras concepções filosóficas e científicas serem formuladas pela Escola de Mileto, que afirmavam que a água era a origem de todas as coisas, a idéia da necessidade de se disciplinar o seu uso e da prescrição de penalidades aos que a ela causassem danos, já era considerada nos argumentos de Platão (427-347 a.C), que propunha:

qualquer um que tenha ‘corrompido’ a água de outrem, seja água de fonte, água de chuva estocada, jogando certas drogas ... o proprietário deverá se queixar... e fará ele próprio, a estimativa do prejuízo: e aquele que será convencido de ter corrompido a água, além de reparar o prejuízo, será obrigado a limpar a fonte ou o reservatório, conforme as regras prescritas pelos intérpretes, seguindo a exigência dos casos e das pessoas (PLATÃO apud SILVA, 2000, p.4).

Essa proposta revela o valor que os povos conferiam à água, compreendendo a sua suscetibilidade ao envenenamento, desvio ou roubo. Manifestavam-se dessa forma as primeiras preocupações com a qualidade da água para o consumo humano.

Segundo Silva (2000), por volta do ano 50 d.C, a cidade de Roma contava com dez grandes canalizações para abastecimento de água potável, cabendo a cada cidadão cerca de 95 litros diários. A água era armazenada em depósitos especiais e as tubulações de distribuição eram conectadas a eles em diferentes alturas. As mais elevadas abasteciam as residências; abaixo delas conectavam-se aquelas destinadas aos edifícios públicos (banhos e hospitais). Na falta d’água, as residências eram afetadas primeiramente, priorizando-se o abastecimento dos edifícios públicos. “Os romanos também desenvolveram dispositivos especiais de medição de consumo de água, os quais eram testados e lacrados, pagando-se uma taxa única por tal serviço” (SILVA, 2000, p.6).

Ainda que a cobrança pelo consumo da água e, conseqüentemente, a necessidade de medição remontem aos tempos do Império Romano, foi somente no início do século XX, a partir do surgimento dos hidrômetros, que a medição individual para cobrança teve grande impulso.

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26 No Brasil, no século XIX, o governo procurou unificar os serviços sanitários do Império impulsionado pela ocorrência de epidemias da febre amarela e cólera nas cidades do Recife, Rio de Janeiro e Salvador. A despeito da existência de algumas redes para abastecimento e esgotamento sanitário, elas se mostravam insuficientes, pois atendiam somente os núcleos urbanos centrais.

Assim, conforme registra Silva (1999), no final do século, logo após os ciclos epidêmicos, foi construída na cidade do Rio de Janeiro a rede de abastecimento de água. Tem início, então, a comercialização de água, que deixa de ser um bem natural para se transformar em mercadoria.

Segundo Rech (1999), o início do abastecimento de água na cidade de Porto Alegre (RS) ocorre no ano de 1862 com a criação da Companhia Hidráulica Guaybense, por meio da Carta Imperial assinada por D. Pedro I em 6 de agosto do mesmo ano.

Quatro anos depois, em 1866, entrava em funcionamento a estação de captação e bombeamento no Rio Guayba. A água era bombeada para a parte alta da cidade onde era tratada e distribuída. Encampada em 1904 pela Intendência Municipal, passou a chamar-se Secção de Abastecimento de Água. A cidade possuía, então, 18 quilômetros de rede de distribuição de água potável.

Durante quase sete décadas o sistema de abastecimento da cidade de Porto Alegre evoluiu para 293 quilômetros de rede e fornecia aproximadamente 17 milhões de m3 por ano de água tratada, que correspondiam a 0,53 m3 por segundo.

No ano de 1928 foram feitas as primeiras pesquisas sobre medição. A Diretoria Geral de Saneamento – DGS, da Intendência Municipal elaborou a primeira Concorrência Pública para a aquisição de hidrômetros. A concorrência teve caráter internacional e foram adquiridos 5 175 hidrômetros, porém a instalação somente ocorreu no ano de 1930.

Ainda segundo Rech (1999), ao final daquele ano, confirmavam-se as expectativas das pesquisas com a constatação da redução do volume total consumido e também do consumo per capita, comparados com os resultados do ano anterior.

Com o resultado positivo e a crescente demanda, amplia-se a rede de abastecimento e a utilização dos hidrômetros, até então importados. Os medidores de fabricação brasileira só foram instalados no ano de 1962, trinta e dois anos após aquela experiência pioneira e desde então, passaram a suprir toda a demanda, em face da qualidade do produto fabricado.

Dados coletados no relatório da DGS de Porto Alegre demonstram a influência dos hidrômetros na redução do consumo de água; muito embora houvesse o

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27 crescimento progressivo da rede, o consumo per capita diminuía. A tabela 3.1, que abrange os anos de 1928 a 1942, apresenta a dimensão dessa influência e a eficácia da utilização dos hidrômetros no controle do consumo individual.

Tabela 3.1 - Influência da utilização dos hidrômetros no controle do consumo individual na cidade de Porto Alegre - RS.

ANO CONSUMO PER CAPITA HIDRÔMETROS INSTALADOS

1928 278,0 0

1929 277,5 0

1930 242,0 7 194

1931 220,0 7 945

1932 199,3 10 004

1933 196,4 10 010

1934 200,2 10 084

1935 200,0 10 455

1936 200,3 11 600

1937 197,3 11 852

1938 189,1 19 051

1939 178,5 24 214

1940 161,8 25 213

1941 167,1 25 213

1942 172,0 24 838

Fonte: Rech (1999)

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4 MEDIÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA EM EDIFICAÇÕES

4.1 Conceitos

A medição do consumo nas operações de sistemas públicos de abastecimento de água tem como objetivo melhorar a eficiência, possibilitando o conhecimento de seu funcionamento, permitindo o controle de parâmetros de vazão, pressão e volume. Assim, a medição é utilizada em todo o sistema sendo necessário o seu uso para gerir as etapas de captação, adução de água bruta, tratamento, adução de água tratada, reservação e distribuição.

Para esse fim, são empregados dispositivos para medição de grandes volumes nas etapas citadas e de pequenos volumes nos pontos de distribuição. Essas operações são denominadas respectivamente: macromedição e micromedição.

Entende-se por macromedição as operações de medição dos parâmetros de vazão, pressão, volume e nível d’água, realizadas no sistema de abastecimento nos trechos compreendidos da captação de água bruta até as extremidades da rede de distribuição. Dos parâmetros citados, a medição da vazão reveste-se de maior importância, pois, dela decorre o cálculo do volume escoado num intervalo de tempo.

Situam-se nessa categoria as medições efetuadas nas captações de água bruta, na entrada de setores de distribuição ou na adução de água tratada a outros sistemas públicos, onde é necessária a avaliação da água entregue por atacado.

Empregam-se na macromedição técnicas de medição diferenciadas ou equipamentos de maior porte do que aqueles empregados na micromedição.

A micromedição é a medição periódica do volume de água tratada consumida, com emprego de micromedidores, efetuada no ponto de abastecimento de determinado consumidor, independente de sua categoria ou classe de consumo. Micromedidor é o termo que designa os hidrômetros empregados para a totalização do volume de água consumido pelo usuário.

Largamente empregada na medição do consumo de água de abastecimento público, a micromedição tem grande importância nos programas de conservação, pois, de acordo com Alves et al. (2004a), entre seus aspectos positivos destacam-se os seguintes:

• Propicia a redução do consumo e de eventual desperdício;

• Pode ser instrumento destinado a limitar o consumo;

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• É indispensável para determinar as características físicas de funcionamento do sistema de abastecimento, permitindo a determinação da parcela da perda física no sistema de distribuição;

• Permite identificar a parcela das perdas nas instalações prediais;

• Fornece os dados necessários para avaliação da evolução de comportamentos e tendências dos usuários ao longo do tempo;

• Permite estabelecer projeções e formular cenários para a otimização da utilização e gestão de recursos hídricos;

• Promove a justiça social ao permitir a cobrança do que efetivamente foi consumido pelo usuário;

• Aumenta a credibilidade pública, fomentando a participação generalizada da sociedade em programas de conservação;

• Subsidia a formulação adequada da gestão econômico-financeira da concessionária de serviços, aumentando a eficiência da utilização do recurso hídrico.

4.2 Alternativas de medição

Com o advento do Código de Defesa do Consumidor - Lei nº 8.078/90, Brasil (1999), a adoção de métodos adequados de medição ou aferição quantitativa se tornou obrigatória, em face da forte atuação do Ministério Público nesse sentido.

Embora, na prática, a medição seja feita pela instalação de hidrômetros nas unidades de consumo, nas pequenas cidades é freqüente não se adotar qualquer sistema de controle. A cobrança de taxa pela prestação do serviço não tem correspondência com o consumo real, adotando-se a classificação por outros atributos físicos do imóvel ou atributos socioeconômicos dos usuários ou uma combinação de ambos, como por exemplo: área do imóvel, categoria de uso ou número de banheiros.

Ressalte-se que a cobrança pelo regime tributário de taxa só é permitida ao poder público, não podendo ser adotada por empresas concessionárias públicas ou privadas, pois as concessões condicionam a adoção do regime de tarifas.

Conforme Alves et al. (2004a), a medição obtida por aparelhos hidráulicos de controle de vazão, instalados em pontos de entrada de setores ou ligações individuais, tem como base a avaliação quantitativa de consumo por meio da vazão medida ou calculada. Essa solução, tecnicamente possível, encontra obstáculo na

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30 falta de equipamentos, adequadamente desenvolvidos e disponíveis no mercado, e no desinteresse pelo sistema. Sua utilização tem pouco uso no Brasil, nem se têm informações de uso em larga escala em outros países.

Largamente difundida, a medição por meio de hidrômetro tem apresentado melhor desempenho, razão porque grandes esforços e recursos financeiros têm sido empregados no seu desenvolvimento. Ainda segundo Alves et al. (2004a), a sua utilização pode se dar das seguintes formas:

• Medição de usuário individual, que consiste, genericamente, na instalação de um hidrômetro para cada usuário, mesmo quando houver mais de uma unidade consumidora no imóvel.

• Medição coletiva efetuada em microssetores isolados e em condomínios horizontais e verticais;

• Medição de microssetores em redes isoladas do restante do sistema, com implantação de hidrômetros nos pontos de entrada, podendo ser adotados hidrômetros permanentes em pontos amostrais ou consumidores especiais diferenciados pela categoria ou pelo padrão de consumo. É uma alternativa de uso muito restrito em face das peculiaridades que exige: perfeito fechamento do microssetor, pontos de medição localizados em cotas compatíveis às internas, adoção de mecanismos corretivos em caso de intermitência no abastecimento, homogeneidade entre os consumidores e concordância formal dos usuários;

• Medição de condomínios feita por um único medidor localizado no ramal de entrada; adotada de forma generalizada para medição em condomínios verticais em todo o país, por apresentar redução de custos em investimentos e manutenção de aparelhos. Menos eficiente quando se trata de uso racional da água, em razão das dificuldades que apresentam para o controle de desperdícios e perdas por vazamentos e conscientização dos usuários;

• Demanda projetada com prefixação por período determinado, com emissão de contas para períodos mais longos (trimestral, semestral ou anual) com base em demandas projetadas pelas médias de consumo do período anterior. Requer sistemas adequados de gestão de controle;

• Contrato de demanda com medição de ajuste periódica ou continuada; apresenta-se como uma variação da alternativa anterior, aplicável a usuários individuais com características especiais como: grandes consumidores industriais e comerciais, hospitais, escolas, condomínios residenciais etc. É condicionada à adesão dos usuários quando o regime é tarifário.

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31 4.3 Tipos de medição e formas de cobrança

A cobrança pela prestação do serviço de fornecimento de água quando efetuada por concessionária é feita pelo estabelecimento de tarifas aplicadas a cada unidade consumidora.

Na maioria das cidades brasileiras, essas tarifas são estabelecidas de modo progressivo segundo o volume consumido e classes de consumo, fixando o consumo mínimo de água a ser cobrado por ligação ou economia residencial, em volume nunca inferior a 10 m3, pela prestação do serviço.

Conforme São Paulo (Estado, 1996), o regulamento do sistema tarifário da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo estabelece o regime tarifário para a cobrança dos serviços de abastecimentos de água, coleta e disposição de esgotos, cujas tarifas são fixadas tendo em vista as suas peculiaridades, diversidades das áreas ou regiões geográficas, segundo os seguintes critérios:

• categorias de uso;

• capacidade de hidrômetro;

• característica de demanda e consumo;

• faixas de consumo;

• custos fixos e variáveis;

• sazonalidade;

• condições socioeconômicas dos usuários residenciais.

Em seu artigo 3º o regulamento classifica os usuários em categorias, de acordo com as modalidades de utilização, a seguir:

• residencial - ligação usada exclusivamente em moradias;

• comercial - ligação na qual a atividade exercida estiver incluída na classificação de comércio estabelecido pelo IBGE;

• industrial - ligação na qual a atividade exercida estiver incluída na classificação de indústria estabelecida pelo IBGE;

• pública - ligação usada por órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, Autarquias e Fundações vinculadas aos Poderes Públicos;

• outros - ligações nas quais as atividades exercidas estiverem excluídas das categorias anteriores.

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32 A tabela 4.1 apresenta os valores vigentes a partir de 31 de agosto de 2006, fornecidos pela SABESP em seu comunicado 02/06, SABESP (2007a), válidos para a cidade de São Paulo.

Tabela 4.1 – Tarifas de fornecimento de água, coleta e disposição de esgotos para a cidade de São Paulo, vigentes a partir de 31 de agosto de 2006.

Categorias Classes de consumo (m3/mês)

Tarifas de água (R$)

Tarifas de esgoto (R$)

0 a 10 4,04 /mês 4,04 /mês

11 a 20 0,70 /m3 0,70 /m3

21 a 30 2,47 /m3 2,47 /m3

31 a 50 3,52 /m3 3,52 /m3

Residencial/ Social ( i )

acima de 50 3,89 /m3 3,89 /m3

0 a 10 3,09 /mês 3,09 /mês

11 a 20 0,35 /m3 0,35 /m3

21 a 30 1,16 /m3 1,16 /m3

31 a 50 3,52 /m3 3,52 /m3

Residencial/ Favela

acima de 50 3,89 /m3 3,89 /m3

0 a 10 11,94 /mês 11,94 /mês

11 a 20 1,86 /m3 1,86 /m3

21 a 50 4,65 /m3 4,65 /m3

Residencial/ Normal

acima de 50 5,13 /m3 5,13 /m3

0 a 10 11,98 /mês 11,98 /mês

11 a 20 2,34 /m3 2,34 /m3

21 a 50 4,50 /m3 4,50 /m3

Comercial / Entidade de Assistência Social ( ii ) acima de 50 4,66 /m3 4,66 /m3

0 a 10 23,95 /mês 23,95 /mês

11 a 20 4,65 /m3 4,65 /m3

21 a 50 8,97 /m3 8,97 /m3

Comercial/ Normal

acima de 50 9,34 /m3 9,34 /m3

0 a 10 23,95 /mês 23,95 /mês

11 a 20 4,65 /m3 4,65 /m3

21 a 50 8,97 /m3 8,97 /m3

Industrial

acima de 50 9,34 /m3 9,34 /m3

0 a 10 17,96 /mês 17,96 /mês

11 a 20 3,49 /m3 3,49 /m3

21 a 50 6,73 /m3 6,73 /m3

Pública com contrato ( III )

acima de 50 7,00 /m3 7,00 /m3

0 a 10 23,95 /mês 23,95 /mês

11 a 20 4,65 /m3 4,65 /m3

21 a 50 8,97 /m3 8,97 /m3

Pública sem contrato

acima de 50 9,34 /m3 9,34 /m3

Fonte: SABESP (2007a)

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33 Nesse comunicado também são fixados os critérios para enquadramento dos consumidores nas categorias, apresentadas no Anexo A.

O Regulamento do Sistema Tarifário da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, em seu artigo 3º, parágrafo 1º, define:

“considera-se economia, todo o prédio, ou divisão independente do prédio, caracterizada como unidade autônoma residencial para efeito de cadastramento e/ou cobrança, identificável e/ou comprovável na forma definida pela SABESP em norma apropriada [SÃO PAULO (Estado), 1996, p 1].

A existência de mais de um consumidor em um mesmo local, cadastrados individualmente, caracteriza a medição de multieconomias.

Nesse caso, a cobrança pela prestação dos serviços é feita, individualmente, para cada um dos consumidores que tem seu consumo medido por um hidrômetro exclusivo. O valor da conta é composto pelo valor mínimo acrescido do valor correspondente ao consumo que ultrapassar este mínimo, de acordo com as faixas de cobrança fixadas. A figura 4.1 representa esquematicamente a duas situações.

ECONOMIA

HIDRÔMETRO

HIDRÔMETROS

ECONOMIA 1

ECONOMIA

MULTIECONOMIAS

ECONOMIA 2

Figura 4.1 – Esquema de medição de uma economia e de multieconomias.

Nas medições dos prédios, na categoria residencial com mais de uma economia, é empregado um único medidor localizado no ramal de entrada. Para se obter o valor da conta, além da cobrança do consumo mínimo por economia, o volume que ultrapassar a soma dos mínimos é distribuído igualmente para todas as economias,

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34 por meio da aplicação das tarifas fixadas para consumo superiores ao mínimo, somando-se os valores encontrados.

Dessa forma, a cobrança dos serviços prestados é feita em conta única, obrigando o rateio entre as unidades consumidoras. A figura 4.2 apresenta o tipo denominado micromedição.

MICROMEDIÇÃO

BARRILETE

RESERV.INFERIOR

MICROMEDIDOR

Figura 4.2 – Esquema de micromedição em edificação residencial vertical.

A instalação de hidrômetros no ramal de entrada dos condomínios verticais ou horizontais, combinada com os hidrômetros instalados em cada unidade consumidora, é denominada medição individualizada conforme a figura 4.3.

MEDIÇÃO INDIVIDUALIZADA

HIDRÔMETROSINDIVIDUAIS

RESERV.SUPERIOR

RESERV.INFERIOR

MICROMEDIDOR

HIDRÔMETROSINDIVIDUAIS

BARRILETE

a) MEDIDORES NO TÉRREO b) MEDIDORES NO BARRILETE

RESERV.INFERIOR

MICROMEDIDOR

Figura 4.3 – Medição individualizada em edificação residencial vertical.

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35 Nas regiões do Estado de São Paulo atendidas pela SABESP e na maioria das cidades brasileiras, onde a medição individualizada foi implantada, a cobrança pelo fornecimento da água continua sendo feita pela emissão de conta única. Tal situação obriga o condomínio a assumir a gestão financeira, procedendo a leitura dos hidrômetros para a determinação dos consumos individuais e cobrança dos valores efetivamente consumidos por cada uma das unidades consumidoras.

Porém, em várias cidades do Estado de São Paulo, o sistema de medição individualizada vem sendo adotado. Na Região Metropolitana da Grande São Paulo, esse sistema já é uma realidade, com muitos condomínios promovendo as modificações necessárias ou adotando esse sistema desde a sua construção, gerindo por conta própria o sistema de cobrança.

O segmento público voltado à Habitação de Interesse Social, representado no âmbito municipal pela COHAB – Companhia Metropolitana da Habitação, e pela CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo no âmbito estadual, está provendo as edificações de sistemas individuais de medição, atendendo à Lei Municipal 14.018 – São Paulo (Cidade) (2005), que instituiu o Programa Municipal de Conservação e Uso Racional da Água em Edificações, que tem por objetivo instituir medidas que induzam à conservação, uso racional e utilização de fontes alternativas para a captação de água e reúso nas novas edificações, estendendo também aos projetos de novas edificações de interesse social.

4.4 Medidores de água

A medição do volume e vazão de uma certa quantidade de água pode ser feita diretamente colocando-se em um reservatório de volume determinado previamente, e indiretamente quando a vazão e o volume são feitos por inferência ou pela determinação de outras grandezas variáveis com a passagem do fluxo da água.

O regime de escoamento para os medidores divide-se em dois grandes grupos: para condutos livres e para condutos forçados. Para Coelho (1983 apud TAMAKI, 2003), os medidores para conduto forçado classificam-se em três grupos: diferenciais, especiais e mecânicos, estes subdivididos em volumétricos e velocimétricos. O Quadro 4.1 esquematiza esses grupos.

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MEDIDORES DE ÁGUA PARA CONDUTOS FORÇADOS

CLASSIFICAÇÃO MEDIDORES

DIFERENCIAIS Tubo Venturi; Tubo de Pitot;

Placa de orifício; Outros.

ESPECIAIS Ultra-sônicos; Eletromagnético;

Mássico; Outros.

VOLUMÉTRICOS (Deslocamento Positivo)

Disco Nutativo; Pistão Oscilante;

Cilindro rotativo; Outros. MECÂNICOS

VELOCIMÉTRICOS (Inferenciais)

Monojato; Multijato;

Woltman; Hélice; Outros

Fonte: Elaborado a partir de Coelho (1983 apud TAMAKI 2003)

Quadro 4.1 – Classificação de medidores de água para condutos forçados.

No caso específico dos hidrômetros, estes são classificados como medidores mecânicos, volumétricos ou velocimétricos, e os itens a seguir apresentam os detalhes de seu funcionamento.

4.4.1 Medidores tipo volumétrico

Dentre os medidores volumétricos os mais utilizados são: de cilindro rotativo e de disco nutativo.

O medidor volumétrico de cilindro rotativo é dotado de uma câmara cilíndrica e um êmbolo que gira excentricamente, deslocando volume bem definido de água a cada rotação do eixo central; a água que chega à câmara de medida é forçada a passar, em razão da diferença de pressão, movimentando o êmbolo que faz o registro do volume exato da água que passa através do hidrômetro. Suas características principais são: a eficiência na medição de baixas vazões e são pouco sensíveis às variações das condições de instalação.

Devido ao rigor construtivo e às pequenas folgas entre as peças móveis e fixas, estão sujeitos a muitas paradas ocasionadas por impurezas presentes na água. No Brasil seu uso foi difundido até a década de 1960 e hoje tem utilização restrita a aplicações industriais.

O medidor de disco nutante possui uma câmara em forma de setor esférico com duas aberturas laterais separadas por uma parede divisória. No seu interior um disco

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37 se movimenta com a passagem da água, transmitindo ao pino central localizado nesse disco o movimento giratório necessário ao acionamento do registrador.

Constitui um desenvolvimento do medidor volumétrico, apresenta as mesmas características positivas e negativas do medidor de cilindro rotativo e sua aplicação está voltada aos equipamentos de maior porte. A figura 4.4 apresenta o medidor de disco nutante e o corte transversal no qual se observam detalhes da câmara e dispositivo totalizador.

Fonte: Alves et al. (2004a)

Figura 4.4 – Medidor volumétrico de disco nutante

4.4.2 Medidores tipo velocimétrico

O hidrômetro velocimétrico é dotado de uma turbina ou rotor que, se movimentada pela ação do jato d’água, provoca o movimento giratório que aciona o mecanismo de registro. Nesse tipo de hidrômetro a medição do volume é obtida de forma indireta pela correlação entre o número de revoluções da turbina e o volume de água que atravessa o hidrômetro e por essa razão são ditos também medidores inferenciais.

Apresentam vantagens por serem mais tolerantes à presença de materiais sólidos em suspensão e têm custos de fabricação menores que os hidrômetros volumétricos.

O hidrômetro velocimétrico é constituído por quatro partes:

• Carcaça, que abriga as demais partes;

• Câmara de medida, que aloja as turbinas móveis;

• Sistema redutor de engrenagens, que promove o registro da informação;

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• Relojoaria, onde os movimentos são transformados em indicações de volumes.

A relojoaria pode ou não estar imersa em água ou outro meio líquido, levando à seguinte classificação: hidrômetros de relojoaria seca e de relojoaria úmida.

Nos hidrômetros de relojoaria seca, a água não circula internamente na relojoaria, possuindo uma placa separadora entre a câmara e o registrador, por isso são menos influenciados pela qualidade da água.

Nos hidrômetros de relojoaria úmida, o dispositivo totalizador está imerso em meio líquido apropriado ou na própria água que circula pelo hidrômetro. Ambos têm a vantagem da redução do atrito na transmissão com aumento na sensibilidade da medição de baixas vazões. Podem ser fabricados com transmissão mecânica ou magnética.

Nos hidrômetros com transmissão mecânica, o eixo atravessa a placa que separa a parte seca da parte molhada; nos hidrômetros que utilizam a transmissão magnética, a transmissão se dá pela ação de um elemento propulsor magnético e um seguidor, posicionados em lados opostos da placa separadora. A figura 4.5 representa esquematicamente os hidrômetros com transmissão magnética.

Fonte: RECH (1999)

Figura 4.5 - Esquemas de hidrômetros com transmissão mecânica e magnética

Os hidrômetros mecânicos apresentam a desvantagem de paralisarem pela ação da oxidação dos eixos ou pela presença de materiais em suspensão – grãos de areia

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39 etc., pois o dispositivo redutor se encontra em contato com a água. A transmissão magnética tem sido mais utilizada nos hidrômetros modernos, pois, além de serem mais sensíveis, não apresentam o inconveniente de sofrerem embaçamento, muito comum nos hidrômetros com transmissão mecânica. Neste sistema a turbina é apoiada nas duas extremidades o que permite a instalação do hidrômetro na posição inclinada.

Dentre os modelos construtivos existentes atualmente, os mais conhecidos são os hidrômetros monojato, os multijato e os do tipo hélice, também denominados Woltmann. Essa classificação ocorre devido ao modo como se processa a ação da água sobre a turbina na câmara de medição.

4.4.3 Hidrômetros velocimétricos monojato

Os hidrômetros do tipo monojato são assim denominados em razão da turbina ser acionada pela ação de um único jato. Nesse tipo, a câmara de medição foi eliminada e o jato é produzido por um orifício aberto na própria carcaça sem, contudo, afetar significativamente a qualidade da medição. Isso permite a utilização de mecanismo mais leve e simplificado, proporcionando maior sensibilidade para baixas vazões, maior tolerância à presença de sólidos em suspensão e menor custo de fabricação.

Tem a desvantagem de sofrer desgaste prematuro nos mancais da turbina pela excentricidade da incidência do jato nas palhetas da turbina.

Alguns fabricantes fornecem medidores monojatos com relojoaria para leitura inclinada, ou modelos com carcaças especiais para montagem em locais de pequenas dimensões.

4.4.4 Hidrômetros velocimétricos multijato

No hidrômetro multijato a câmara de medição está localizada no interior da carcaça e é dotada de várias fendas na lateral inferior, igualmente distanciadas entre si, para a formação dos jatos, que após incidirem sobre as palhetas, saem por outras fendas localizadas na lateral superior. Dessa forma a ação dos jatos acontece de forma simétrica, proporcionando funcionamento equilibrado, diminuindo o desgaste, aumentando a vida útil do aparelho. São fabricados nas classes metrológicas B e C, para vazões máximas de 1,50 a 30,00 m3/h. Os modelos até 5,00 m3/h são indicados para aplicação residencial e os de maiores vazões para aplicações comerciais e industriais.

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40 4.4.5 Hidrômetros velocimétricos tipo Woltmann

O medidor Woltmann é dotado de turbina, com pás helicoidais, que ocupa toda a seção por onde circula a água, por essa razão não necessita da câmara de medição. Com o eixo da turbina coincidindo com a direção do fluxo, não sofre a ação de forças tangenciais, por isso trabalha de forma mais equilibrada, com menos desgaste dos mancais. Esse princípio de funcionamento proporciona ao medidor maior resistência ao uso contínuo e baixa perda de carga. Em geral é utilizado em ligações de grande porte para consumidores industriais, comerciais e em macromedição em razão da durabilidade quando sujeitos a altas vazões por longos períodos.

4.4.6 Medidores mecânicos especiais

Existem aplicações nas quais os medidores regulares não apresentam bom desempenho. Para atender esses casos, encontram-se no mercado modelos desenvolvidos com configurações especiais. São os medidores com recurso contra fraude e medidores com configuração para leitura frontal.

A alteração intencional dos medidores para provocar a redução do consumo levou ao desenvolvimento de recursos que foram incorporados aos medidores fabricados no Brasil. A blindagem contra fraude por campos magnéticos tornou-se obrigatória, conforme dispõe a Portaria nº 246 do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO (2000).

A seguir, estão relacionados os tipos de configurações disponíveis no mercado:

• Medidores com totalizadores protegidos contra perfuração externa;

• Proteção com anel metálico em volta da relojoaria;

• Medidores com relojoaria inserida no corpo do medidor;

• Relojoaria tipo “copo metálico e vidro”;

• Medidores protegidos contra fraude por inversão;

• Medidores com válvula de retenção incorporada;

• Medidores com rosca diferenciada na entrada e saída;

• Medidores com entrada e saída não coaxiais.

Ainda que os regulamentos vigentes do INMETRO não vetem a utilização de medidores com configurações especiais e roscas diferentes daquelas padronizadas,

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41 é prudente que se avalie cuidadosamente a sua utilização em face da despadronização do parque instalado e da dificuldade do gerenciamento.

4.4.7 Medidores eletrônicos

Trata-se do desenvolvimento dos medidores mecânicos nos quais a relojoaria mecânica foi substituída por dispositivo digital que utiliza um display de cristal líquido que incorpora outras funções como: vazão instantânea, volume acumulado por período, volume escoado em sentido inverso, alarmes etc. A unidade eletrônica é empregada tanto nos modelos volumétricos como nos velocimétricos de transmissão magnética, que permitem a total vedação da unidade eletrônica, tendo a turbina como única peça móvel.

Permitem a utilização de comunicação remota bidirecional possibilitando a gestão à distância pelo emprego da telemetria. Esse fato favorece a sua utilização em condomínios residenciais e comerciais, sua principal utilização. Modelos recentes incorporam ao dispositivo eletrônico uma unidade leitora de cartões magnéticos que permite o pré-pagamento do volume a ser consumido.

As desvantagens dos medidores eletrônicos estão no preço, que prejudica a difusão da sua utilização; na sua maior sensibilidade a intempéries, umidade e altas temperaturas; e na necessidade de baterias que devem ser trocadas periodicamente.

4.4.8 Medidores especiais estáticos

Os medidores estáticos possuem interface totalmente eletrônica, isto é, não possuem peças móveis nem partes em contato com a água e estão baseados em princípios ultra-sônicos ou eletromagnéticos.

Os ultra-sônicos medem a variação da velocidade de propagação do som na água em movimento, utilizando-se de dois conjuntos emissores-receptores de ultra-som posicionados junto à parede externa do tubo, segundo seções transversais distintas.

Os medidores de vazão eletromagnéticos baseiam-se na lei de indução de Faraday em que a indução de tensão em um condutor em movimento através de um campo magnético é proporcional à velocidade que este condutor atravessa o campo. Proporciona grande exatidão na medição para tubos de grandes diâmetros, porém, apresenta a desvantagem de necessitar de alimentação externa de energia e custo alto.

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42 4.5 Erros de medição

Volumes predefinidos e escoados com diferentes vazões em um determinado hidrômetro apresentam indicações de volumes diferentes. Esses erros são de maior monta quando a medição ocorre a baixas vazões e sofrem a influência de outras variáveis tais como: o tempo de uso, o volume totalizado, a qualidade da água que passou pelo hidrômetro e a freqüência de trabalho em valores máximos de vazão.

A Figura 4.6 apresenta uma curva de erro típica de um hidrômetro e os limites de erros admissíveis estabelecidos pela Portaria nº 246 do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO (2000). Estão indicados também os limites dos campos de medição que são definidos pelas vazões características dos medidores.

Fonte: Elaborado a partir de Alves et al. (2004a) Figura 4.6 - Curva de erro típica de um hidrômetro e os limites dos erros admissíveis.

4.6 Vazões características

O funcionamento de um hidrômetro é definido pelas suas vazões características. A vazão máxima não pode ser entendida como definidora da capacidade do hidrômetro. A vazão máxima (Qmáx) é a maior vazão admissível com a qual ele pode operar por um curto espaço de tempo e com perda de carga máxima de 10 mca.

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43 A vazão nominal (Qn) corresponde a 50% da vazão máxima e é aceita como a vazão de trabalho; é a vazão que caracteriza o hidrômetro juntamente com a vazão máxima e, nessa vazão, não deve apresentar desgastes nem ter o seu desempenho afetado pelo erro de medição.

Segundo Rech (1999), há contestações quanto à vazão nominal ser a vazão ideal de trabalho, pois os desgastes que ocorrem nesse caso são muito grandes e com influência significativa nos erros de registro. Assim, deve ser adotada a metade dessa vazão, ou seja, um quarto da vazão máxima.

A vazão mínima (Qmín) é a menor vazão a partir da qual o hidrômetro deve registrar consumos com erros máximos admissíveis pela norma vigente. A faixa de vazão entre a menor vazão capaz de vencer as forças de inércia e a vazão mínima está situada fora dos erros tolerados, ou seja, o hidrômetro não registra toda a água que passa por ele, indicando volumes menores que os reais.

A vazão de transição (Qt) ou vazão separadora é aquela que separa o campo inferior de medição, onde os erros admissíveis podem chegar a 5%, do campo superior, no qual os erros estão limitados a 2%. As classes metrológicas de hidrômetros estão detalhadas no item seguinte.

4.7 Classes metrológicas

Os hidrômetros são classificados pela sua classe metrológica. A classe metrológica decorre da propriedade dos hidrômetros indicarem medições com erros de maneira inversa às vazões, ou seja, os erros são mais elevados quanto menores forem as vazões medidas, segundo as curvas típicas de cada hidrômetro. Assim, hidrômetros de mesma vazão nominal têm vazões mínimas (Qmín) e de transição (Qt), decrescentes da classe A para a classe C, para os mesmos erros máximos admissíveis. Portanto, para uma mesma vazão nominal, um hidrômetro de classe A tem Qmín e Qt maiores que um da classe B e este, tem Qmín e Qt maiores que um da classe C.

A tabela 4.2 apresenta as vazões características dos hidrômetros de baixa vazão, das classes A, B e C, de acordo com a sua vazão nominal.

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44 Tabela 4.2 – Vazões características de hidrômetros de baixa vazão, segundo a classe e vazão nominal.

VAZÃO NOMINAL DO MEDIDOR - Qn (m3/h) CLASSE VAZÃO (L/h)

0,6 0,75 1,0 1,5 2,5 3,5 5 10 15

Qmín 24 30 40 40 (*) 100 140 200 400 600 A (4%)

Qt 60 75 100 150 250 350 500 1000 1500

Qmín 12 15 20 30 50 70 100 200 300 B (2%)

Qt 48 60 80 120 200 280 400 800 1200

Qmín 6 7,5 10 15 25 35 50 100 150 C (1%)

Qt 9 11 15 22,5 37,5 52,5 75 150 225

(*) A norma NBR NM 212/99 (Norma ABNT/Mercosul) indica como vazão mínima de hidrômetros de vazão nominal 1,5m3/h, Classe A o valor 60 L/h, especificação igual à expressa nas normas ISO 4064. No entanto, é feita uma observação no capitulo de introdução da Norma ressalvando que no Brasil a vazão mínima desse medidor é historicamente de 40 L/h.

Fonte: Elaborado a partir de Alves et al. (2004a), p 23; RECH (1999), p45.

Observa-se que existe uma relação entre (Qn), (Qmín) e as classes metrológicas, onde para a classe A, (Qmín) corresponde a 4% de (Qn), e para as classes B e C, respectivamente 2% e 1%. A exceção ocorre somente no medidor de 1,5 m3/h de vazão nominal, conforme citado na própria tabela.

4.8 Dimensionamento dos hidrômetros para a micromedição ou medição individualizada

A escolha de um hidrômetro não deve considerar apenas o diâmetro do ramal predial onde vai ser instalado. Para uma adequada escolha, Rech (1999) propõe a utilização das vazões de trabalho proporcionadas pelo perfil de consumo da unidade, associadas às vazões mínimas e máximas suportadas pelo hidrômetro, para evitar desgaste excessivo ou ocorrência de erro fora das tolerâncias da norma.

Para isso define vazão inferior de trabalho (Qit) como o limite inferior da faixa ideal de trabalho e correspondente a 1,2 vezes a vazão de transição (1,2 Qt), para que o hidrômetro se mantenha no campo superior de medição.

Limitando superiormente a faixa, o autor citado define vazão superior de trabalho (Qst) como a maior vazão que o hidrômetro pode trabalhar, correspondendo a 0,25 da vazão máxima (0,25 Qmáx) ou 0,50 da vazão nominal (0,50 Qn), evitando-se os inconvenientes apontados.

A faixa de trabalho limitada pelas duas vazões acima é definida com base em experiências práticas e corresponde a todas as vazões com as quais o hidrômetro pode trabalhar de maneira contínua, sem sofrer danos e nas melhores condições possíveis.

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45 Na escolha do hidrômetro deve-se observar ainda a perda de carga, ou seja a perda de pressão que ocorre em razão da presença do medidor na instalação. Cada hidrômetro apresenta uma curva característica dessas perdas, que estão relacionadas à vazão máxima e às vazões de escoamento. A Portaria nº 246 do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO (2000) limita essa perda em 10 mca.

A Figura 4.7 apresenta as vazões e faixas de trabalho e suas relações com os erros máximos admissíveis e as perdas de cargas características.

Fonte: Elaborado a partir de RECH (1999)

Figura 4.7- Faixa ideal de trabalho do hidrômetro e as relações com a curva de erros de medição e curva de perda de carga.

4.9 Técnicas e tecnologias de medição

Recentemente a coleta e o registro das leituras utilizadas na micromedição eram feitos por meio de leitura visual e registro em planilhas manuais, contendo grupos de usuários classificados por logradouros e rotas de leituras. Segundo Alves et al. (2004a), é a forma mais antiga de se obter os dados necessários para o faturamento e cobrança dos serviços prestados pelas concessionárias.

Com o advento da informática, várias formas de registro e transmissão de dados têm sido testadas e utilizadas:

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• leitura visual e registro digital em registrador eletrônico de dados – sistema mais confiável, pois possibilita a utilização de códigos de segurança e alertas contra erros e inconsistências do lançamento e repasse de dados diretamente por conexão eletrônica do registrador portátil para o sistema de processamento;

• leitura visual, registro eletrônico digital e transmissão remota de dados – nesse caso a transmissão de dados à central de processamento é feita por conexão via telefone fixo, celular ou rádio, eliminando procedimentos intermediários, reduzindo o custo e o tempo, permitindo a antecipação da cobrança;

• leitura e registro eletrônico in loco – efetuada com o emprego de aparelho eletrônico com sensor especial de sinais ou ótico e registrada em meio eletrônico ou magnético, sendo os dados coletados por acoplamento ou aproximação do aparelho ao medidor. Exige a utilização de hidrômetro do tipo eletrônico, compatível com o sistema de leitura e registro, por essa razão a sua utilização não é muito difundida;

• leitura e registro por meio eletrônico remoto – similar ao sistema anterior onde a diferença reside no fato de dispensar a presença do pessoal para as leituras. A transmissão dos dados é feita por conexão via telefone fixo, celular ou rádio;

• Coleta da informação e transmissão pelo usuário – a leitura do medidor é feita pelo usuário que repassa à concessionária por meio de telefone ou por correio eletrônico (e-mail).

4.10 Telemetria

A automatização da medição e da transmissão de dados, das fontes de origem para as estações de processamento, é denominada telemetria ou telemedição. As tecnologias de comunicação de telefonia, radiofreqüência, rede de energia elétrica e via satélite constituem o suporte adequado ao desenvolvimento dos sistemas utilizados para essa finalidade.

Segundo Tamaki (2003), inicialmente voltadas às atividades industriais, essas tecnologias se tornaram mais acessíveis, ampliando as possibilidades de sua utilização nas áreas comerciais e residenciais para a medição de insumos prediais como a água, a energia elétrica e o gás. A percepção da telemedição como ferramenta de gestão nos setores de energia e de saneamento, e os benefícios

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47 alcançados, proporcionaram o desenvolvimento de sua aplicação na Ásia e Europa, nos últimos anos.

Esses benefícios são perceptíveis por todos, sejam concessionárias públicas, administradores dos sistemas prediais ou usuários finais. A partir das informações disponibilizadas pelos sistemas, que atendem a diferentes finalidades, pode se criar e aprimorar rotinas voltadas à economia de insumos e redução de gastos.

A telemedição pode ser utilizada por uma concessionária pública para reduzir seus custos de leitura, aumentar a eficiência operacional, subsidiar a tomada de decisões, obter informações do padrão de consumo e curva de demanda dos consumidores, gerir campanhas de racionalização do uso e aprimorar o atendimento ao usuário utilizando a telemedição como ferramenta de gestão do relacionamento com o cliente, melhorando a imagem da empresa.

Para os administradores dos sistemas prediais, a utilização dos recursos agregados aos sistemas de telemedição permite acompanhar o consumo dos insumos e verificar ocorrências anormais no fornecimento, tais como: vazamentos de água e gás, consumo excessivo de energia elétrica e desequilíbrio de fases. Seu emprego proporciona redução de consumo, economia de recursos financeiros, eficiência e segurança no uso.

Para os usuários finais, atua como disciplinador do consumo, permitindo o seu controle, favorecendo a redução dos custos, evitando desperdícios.

Segundo Rozas (2002 apud Tamaki, 2003), um sistema genérico de telemedição é composto por:

• unidade de medição e leitura;

• unidade de interface de medidores;

• rede de comunicação;

• central de gerenciamento.

A figura 4.8 apresenta um sistema genérico de telemedição, cujos elementos constituintes podem ou não estar em um mesmo equipamento, porém, seu ordenamento deve sempre ser mantido para que a troca de informações entre seus componentes possam ser efetivadas.

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UIM

CONCENTRADOR

MEDIDORES: MECÂNICOS, ELETRÔNICOS, ESTÁTICOS : ULTRASSÔNICOS ELETROMAGNÉTICOS

UNIDADE DE INTERFACE DE MEDIDORES

CENTRAL LOCAL

CENTRAL REMOTA

TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO:

BARRAMENTO DE CAMPO,RADIOFREQUÊNCIA, REDE DETELEFONIA (MODEN, CELULAR)

TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO:

BARRAMENTO DE CAMPOPOWER LINE CARRIER,RADIOFREQUÊNCIA.

TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO:

REDE PÚBLICA DE TELEFONIA FIXA E MÓVEL, POWER LINE CARRIER, TV A CABO, SATÉLITE,RADIOFREQUÊNCIA.

SISTEMA GENÉRICO DE TELEMEDIÇÃO

UIM

Figura 4.8 - Sistema genérico de telemedição.

4.10.1 Unidade de medição e leitura.

Designa-se unidade de medição e leitura, o próprio medidor do insumo que transforma a grandeza física consumida em valores que podem ser armazenados. A utilização dos medidores tradicionais – hidrômetros no caso de medição de água – é feita com a introdução de dispositivos contadores do tipo emissor-receptor.

Componentes magnéticos ou fotorreflexivos são fixados no interior do medidor, em suas partes móveis, enquanto os receptores são fixados no interior do invólucro do medidor.

A rotação das partes móveis promove a aproximação dos componentes magnéticos gerando pulsos eletromagnéticos que ativam os circuitos eletrônicos, enviando-os para os coletores externos. Estabelecendo-se uma relação pulso-volume e por meio da contagem do número de pulso obtém-se a totalização do consumo de água.

Medidores eletrônicos modernos são dotados de circuito eletrônico que recebem a informação da seqüência de pulsos, processando-as e convertendo-as em dados de volume, vazão instantânea, data e integridade do medidor. Dependendo do protocolo de comunicação a saída desses medidores para o sistema de telemedição pode ser pulsada, analógica ou digital.

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49 Os medidores eletromagnéticos utilizam a propriedade condutora da água, onde uma bobina primária excitada por uma corrente elétrica alternada ou pulsante, induz uma corrente elétrica no escoamento, exigindo, por essa razão, alimentação elétrica externa. Como a água está em movimento, essa corrente pode ser captada por uma bobina secundária, obtendo-se um sinal proporcional à vazão. Em geral esses equipamentos medem a velocidade média, por isso, a determinação exata da área da seção de medição é importante, razão pela qual são comercializados com um trecho de tubulação que incorpora o medidor. Segundo Alves et al. (2004b), esses medidores são sensíveis aos perfis de escoamento irregulares, assim, recomenda-se manter um trecho reto de no mínimo 10 diâmetros a montante de sua instalação, não sendo recomendada utilização de retificadores de fluxo.

Conforme Alves et al. (2004b), atualmente já são encontrados no mercado medidores para pequenos diâmetros e baixas vazões – inferiores a 10 L/h – que operam com baterias de longa duração, o que favorece a sua utilização em saneamento. Em geral os modelos são equipados com saída para leitura remota, registros de volumes e vazões, possibilitando alarmes para picos de vazão, falta de água, inversão de fluxo etc.

Ainda de acordo com Alves et al. (2004b), os medidores ultra-sônicos utilizam ondas sonoras emitidas e captadas por eletrodos colocados diametralmente opostos na tubulação, de maneira que as ondas emitidas por um eletrodo cruzam o fluxo do líquido a ser medido, sendo captadas pelo eletrodo oposto. A velocidade média do líquido na seção onde foi aplicado o sinal é dada pela diferença entre o tempo de chegada do sinal ao receptor e o tempo de percurso com o líquido parado. Dois tipos são comercializados: medidores de tempo de trânsito e por efeito Doppler. O primeiro é indicado para medição de escoamento de água limpa ou com pequena concentração de sólidos em suspensão. O segundo requer a presença de partículas sólidas em suspensão, em concentração tal que possa refletir o sinal de ultra-som.

De modo similar aos medidores eletromagnéticos, Alves et al. (2004b) informam que os medidores ultra-sônicos são fornecidos montados em um trecho da tubulação de dimensões bem definidas com o qual são calibrados. Também são sensíveis aos perfis de escoamento irregulares, portanto, devem seguir as mesmas recomendações para a instalação indicadas para os medidores eletromagnéticos. Os medidores que utilizam o efeito Doppler não são recomendados para aplicação em tubulações verticais, pois dependem da velocidade das partículas em suspensão que pode ser bastante variável, caso sejam mais leves ou mais pesadas.

Ainda segundo Alves et al. (2004b), os medidores eletromagnéticos e ultra-sônicos ainda não possuem regulamentação metrológica, por isso, seu uso ainda é pouco

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50 difundido na medição de consumo para comercialização de água, sendo muito utilizado na macromedição.

4.10.2 Unidade de interface de medidores

A unidade de interface de medidores é um dispositivo eletrônico de entrada e saída de sinais, utilizado para a comunicação entre o medidor e a rede de comunicação. É responsável pela conversão dos dados fornecidos pelo medidor para a forma adequada à transmissão dos dados pela rede de comunicação. Pode ser integrada ao medidor ou estar localizada próxima ao mesmo. Essa comunicação é efetuada diretamente da unidade de interface do medidor para a rede de comunicação por meios do tipo: barramento de campo; rede de telefonia (via modem ou celular) ou radiofreqüência.

Quando não está incorporada ao medidor, mas sim localizada próxima ao medidor, a unidade de interface recebe os dados, em geral pulsados por intermédio de uma porta de comunicação, e os converte na modalidade de transmissão escolhida para a trânsito pela rede até a central.

Algumas interfaces de comunicação são dotadas de memória de armazenamento de dados, de modo que a comunicação com a central de gerenciamento pode ser estabelecida de forma descontínua, utilizando a rede de comunicação somente por ocasião da transmissão dos dados.

4.10.3 Rede de comunicação

A rede de comunicação de um sistema de leitura automática de medidores com a central de gerenciamento é o meio pelo qual ocorre a transmissão dos dados dos medidores à central de gerenciamento. As tecnologias para a medição remota de insumos prediais disponíveis, segundo Rozas (2002 apud Tamaki, 2003) são: radiofreqüência, power line carrier (PLC), rede pública de telefonia fixa e móvel, TV a cabo, satélite, barramento de campo e sistemas híbridos.

• Radiofreqüência

Para superar as dificuldades de acesso aos medidores instalados em shafts ou em locais onde a leitura convencional apresenta dificuldade foram desenvolvidos sistemas baseados em radiofreqüência. Os primeiros sistemas eram móveis e portáteis e o leiturista percorria a pé a região, estabelecendo a comunicação com cada medidor. Posteriormente, os sistemas foram instalados em veículos ou fixados

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51 em postes e dotados de antenas que ampliavam a capacidade de realizar leituras. Atualmente a comunicação por radiofreqüência adota uma estrutura de transmissores e receptores de RF de baixa potência, concentradores primários e secundários (que abrangem um conjunto de concentradores primários) que são ligados à central de gerenciamento.

• Power line carrier

Originalmente concebidos para leituras de medidores de energia elétrica, o sistema power line carrier (PLC) utiliza a própria rede de transmissão e distribuição de energia elétrica. A utilização de meio físico já existente dispensa grandes investimentos em infra-estrutura.

Os sinais normalmente utilizados para a comunicação por meio metálico sofrem muitas interferências eletromagnéticas em uma rede ramificada dotada de dispositivos como capacitores e transformadores. Porém, operando em freqüências de comunicação da ordem de algumas centenas de hertz, com baixa velocidade de transmissão de dados e baixas potências, possibilita a transmissão de poucos dados, mas suficientes para a leitura dos medidores, superando as restrições técnicas anteriormente existentes, tornando-se um dos sistemas mais utilizados atualmente em todo o mundo.

• Rede pública de telefonia e TV a cabo

O sistema público de telefonia pode servir como rede de comunicação em um sistema de telemedição, com algumas adaptações para permitir a comunicação entre o medidor e a central de gerenciamento sem interferências negativas no serviço de telefonia. Essa comunicação é estabelecida com a utilização de um modem acoplado a uma linha telefônica convencional, e pode ser iniciada pela central de gerenciamento, durante um intervalo de uso do telefone. Verificações prévias são feitas para não interromper uma eventual ligação telefônica em curso, repetindo-se a operação a cada minuto.

Denominado outbond, o sistema exige que a central de gerenciamento tenha recursos semelhantes a uma central telefônica e disponha de equipamentos específicos junto às interfaces de medidores.

Quando a comunicação é estabelecida pelo modem no sentido dos medidores para a central de gerenciamento, recebe a denominação inbound. Nesse caso a interface dos medidores não precisa estar permanentemente à espera de uma chamada da central, conectando-se a essa, somente em horários pré-determinados, proporcionando menor consumo de energia, sendo então possível a sua alimentação por meio de baterias.

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52 A vantagem da utilização de um sistema de telefonia já existente se contrapõe à dependência do seu funcionamento adequado.

As tecnologias digitais Integrated System Digital Network – ISDN (Rede Digital de Sistemas Integrados) e Assimetric Digital Subscriber Line – ADSL (Linha Digital Assimétrica do Assinante) permitem a comunicação simultânea de voz e dados em maiores velocidades, utilizando protocolos de comunicação padronizados. Exigem, porém, dispositivos multiplexadores em ambas as extremidades e meio físico confiável e de alta qualidade. Os maiores custos desses sistemas restringem a sua utilização para aplicações pela Internet, ainda pouco utilizado na telemedição.

A utilização do sistema TV a cabo é uma alternativa que apresenta as mesmas vantagens e desvantagem das tecnologias digitais ISDN e ADSL e é pouco empregada em sistemas de telemedição.

Os sistemas de telefonia móvel celular, utilizando a infra-estrutura das operadoras de telefonia, transmitem dados digitais por pacotes nos tempos ociosos de um canal do sistema celular analógico. Como a tarifa é baseada em uma assinatura mensal em função do volume de dados trafegado no período (e não pelo tempo de uso), permanecendo disponíveis durante todo o período, a sua utilização tem se mostrado viável para a telemedição, pois o volume de dados coletados de cada medidor é bastante baixo, permitindo a realização de leituras em tempo real.

• Satélites

Os satélites de baixa órbita, gravitando mais próximos à Terra, possibilitam a comunicação direta com os medidores e centrais de gerenciamento sem restrições de abrangência, de forma direta, sem necessidade de utilizar antenas de grande porte e potências elevadas. Embora viáveis, esses sistemas apresentam custos elevados e dependência das empresas proprietárias dos satélites que limitam a sua aplicação em sistemas de telemedição prediais.

• Barramento de campo

O barramento de campo ou field-bus é constituído por uma rede de fios e cabos interligados, abrangendo todos os medidores instalados de uma determinada região. A rede apresenta conformação ramificada, todos os medidores recebem a mesma informação em um mesmo instante, assim, em razão do compartilhamento da rede, cada medidor deve ser endereçado, resultando em leituras cíclicas e limitação do volume de dados transmitidos.

A simplicidade das ligações permite que a rede seja ampliada pela adição de mais pontos a serem monitorados; o comprometimento da qualidade da comunicação,

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53 resultante dessa ampliação, pode ser resolvido com o emprego de regeneradores de sinais.

A rede é bastante estável na ocorrência de falha de um nó (medidor), mas pode resultar no comprometimento da comunicação se a avaria atingir um segmento da rede.

O custo de instalação, a necessidade de infra-estrutura dedicada e as interferências físicas e operacionais com outros sistemas restringem a utilização dessa solução em locais específicos como condomínios residenciais horizontais, comerciais, indústrias etc.

• Sistemas híbridos

Os sistemas híbridos utilizam a conjugação de duas ou mais tecnologias de comunicação com o objetivo de encontrar soluções que aliem as vantagens de cada uma delas. Assim, é comum o emprego do barramento de campo, rede de telefonia ou radiofreqüência em um mesmo sistema, viabilizando soluções e barateando custos.

4.10.4 Central de gerenciamento

Elemento indispensável em um sistema de telemedição, a central de gerenciamento responde pelo recebimento dos dados dos diversos medidores, processando, armazenando e disponibilizando esses dados para outras aplicações, como faturamento e cobrança ou fornecendo elementos para a gestão do sistema. Quanto à sua localização pode ser:

• local, quando utilizada na gestão de condomínio, por exemplo;

• remota, quando utilizada por uma concessionária de serviços públicos de fornecimento de água, gás ou energia elétrica.

Segundo Tamaki (2003), alternativamente, centrais de gerenciamento operadas por prestadores de serviços para emissão de contas de cobrança e gestão das informações podem desempenhar papel de intermediação no relacionamento cliente-concessionária, desempenhando funções de suporte ao departamento comercial das empresas.

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5 MEDIÇÃO INDIVIDUALIZADA

5.1 Conceitos

A utilização de hidrômetro capaz de avaliar o consumo de água por unidade habitacional, permitindo a emissão de contas individuais em condomínios verticais, é denominada medição individualizada.

Assim, a conta de água pode ser estabelecida para cada unidade, tendo em vista o consumo registrado no hidrômetro respectivo, acrescido da parcela que lhe couber referente ao consumo de água para satisfazer as necessidades comuns do edifício tais como: lavagens de pisos, regas, água para piscinas, perdas por vazamento etc. Esse volume deve ser avaliado pela diferença da leitura do hidrômetro instalado no ramal de entrada da edificação e o somatório das leituras efetuadas nos hidrômetros individuais.

Esse sistema de medição pode ser utilizado em instalações de outras categorias – comerciais, industriais, escolares, entre outras, constituindo uma ferramenta de grande utilidade na gestão da demanda de água dos vários setores dessas atividades.

A medição global é efetuada em hidrômetro único no ramal de alimentação da entrada. Nesse caso, a empresa concessionária emite conta única para a edificação obrigando o condomínio assumir a gestão financeira, efetuando a leitura dos hidrômetros para a determinação dos consumos individuais e a cobrança de valores diferenciados para cada uma das unidades consumidoras.

5.2 A conta de água a as despesas de condomínio

As despesas condominiais são responsáveis por boa parcela do orçamento doméstico e têm sido alvo da preocupação da população na busca da racionalização dos gastos familiares.

Segundo Coelho e Maynardi (1999), os aumentos freqüentes das despesas de condomínio têm como causa o valor da conta de água e esgoto, cujo montante é proporcional ao seu consumo. É a segunda despesa na composição do condomínio, representando 17% dos gastos, sendo superada somente pelas despesas com o pessoal que representam 49% do total.

Assim, o controle sobre esse gasto reveste-se de importância nem sempre compreendida pelos moradores, pois, o descontrole e o desperdício que comumente se verificam são decorrentes da indiferença e falta de consciência de alguns com o

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55 consumo da água, não incentivados pela forma de rateio dos custos no qual todos pagam o mesmo valor, quer usem mais ou menos água. A ausência de ação rápida na ocorrência de vazamentos por moradores e a sua dificuldade de localização também são fatores intervenientes no custo de aquisição desse insumo.

Nas HIS - Habitações de Interesse Social - grande parte das famílias tem dificuldade em cumprir todos os compromissos condominiais. Segundo Quintana Neto; Rizzo (2006), na maioria das vezes oriundas de desfavelamento, essas famílias não tinham o hábito de pagar a conta da água nem a da luz.

A dificuldade momentânea de pagamento, aliada a pouca capacidade dessa população em contribuir para a constituição de fundo de reserva, tem levado à interrupção do fornecimento de água, com conseqüências ainda maiores como: incentivo à inadimplência (algumas famílias deixam de pagar ainda que possam fazê-lo), ligações clandestinas de água e perfuração de poços artesianos sem controle da qualidade da água.

Assim, o rateio dessas despesas “tem sido fonte inesgotável de problemas e conflitos entre moradores de prédios de apartamentos tendo, em alguns casos, havido desfecho trágico”. (QUINTANA NETO; RIZZO, 2006, p.20).

5.3 Experiências anteriores

Tendo surgido de modo incipiente na década de 1970, somente no final de 1994 se registraram as primeiras experiências com a medição individualizada no Brasil, embora já fosse prática comum em vários países da Europa e da América Latina.

Segundo registram Coelho e Maynardi (1999), na Alemanha, em edificações com mais de uma família, deve-se prever a instalação de um hidrômetro para cada unidade habitacional. Em Portugal, desde 1991, se estabeleceu a obrigatoriedade do uso de medidores para cada consumidor, colocados isoladamente ou em conjunto, cujas instalações devem seguir especificações técnicas definidas pela entidade gestora.

Sistemas de medição individualizada são utilizados há várias décadas na América Latina nas cidades de Bogotá, Medelim e Cali na Colômbia; e Arequipa, no Peru.

As experiências originadas na Região Metropolitana do Recife tomaram grande impulso nos últimos anos, apoiadas por diversas entidades e órgãos de defesa do consumidor, e foram adotadas em muitos municípios como: Vitória, Belém, Palmas, Aracaju, São Paulo, Goiânia, Brasília e Passo Fundo, apontados por Coelho (2006).

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56 Cavalcanti (2006) aponta a experiência de Goiânia como a mais promissora no tema e relaciona as cidades de Campinas, Americana, Piracicaba, todas do Estado de São Paulo, detentoras de legislação específica e experiência de mais de três anos. Ressalta ainda a atuação da ANA – Agência Nacional de Águas nas ações dirigidas a tornar obrigatória a individualização para os novos edifícios, e fomento dessas ações, entre os usuários, por meio do curso itinerante Medição Individualizada em Prédios.

Tomaz (19--a) registra a primeira experiência no Estado de São Paulo, na cidade de Guarulhos, onde foram instaladas 2 880 ligações no Parque Cecap, um conjunto de habitações populares, construído na década de 1970, pela CECAP – Caixa Estadual de Casas para o Povo, antecessora da CDHU, nos programas habitacionais promovidos pelo governo do Estado de São Paulo. Esse conjunto habitacional conta com 1920 unidades habitacionais dotadas de medição coletiva e, por apresentar os dois sistemas, foi utilizado por Yamada (2001) para estudos sobre as variáveis de ordem cultural, socioeconômicas e comportamentais e seus impactos na medição individualizada do consumo de água.

Porém, somente em 1994 foi sancionada a Lei Municipal nº 4650, de 28 de setembro de 1994, Guarulhos (1994), instituindo a obrigatoriedade da instalação de hidrômetros em cada unidade dos prédios de apartamento com área útil de até 100 m2.

Impulsionada pela demanda popular, no Município de São Paulo, foi promulgada a Lei Municipal nº 12.638, de 6 de maio de 1998, São Paulo (Cidade) (1998), que instituía a obrigatoriedade da instalação de hidrômetros em cada uma das unidades dos prédios habitacionais, declarada inconstitucional pela ADIN – Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 059.744.0/0, São Paulo (Cidade) (2003) em 10 de janeiro de 2003.

Em 28 de junho de 2005, novamente a questão da individualização de água no Município de São Paulo foi estabelecida pela Lei nº 14.018, que instituiu o Programa Municipal de Conservação e Uso Racional da Água, com objetivo de induzir medidas de conservação, uso racional e utilização de fontes alternativas para a captação de água e reúso nas novas edificações, estabelecendo em seu artigo 3º, o estudo de “soluções técnicas a serem aplicadas nos projetos de novas edificações, especialmente: [....] instalação de hidrômetro para medição individualizada do volume d’água gasto por unidade habitacional...” [SÃO PAULO (Cidade), 2005].

Fixa também o prazo de 10 anos para os imóveis ocupados por órgãos e entidades municipais serem adaptados e estende a abrangência da lei para os projetos de

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57 novas habitações de interesse social. Em seu artigo 6º convida as instituições públicas e privadas e a comunidade científica para participarem do programa.

Esta lei foi regulamentada pelo Decreto nº 47.731, São Paulo (Cidade) (2006), que em seu artigo 4º cria o Grupo Gestor do Programa de Conservação e Uso Racional da Água e Reúso em Edificações, visando à efetiva implementação das diretrizes estabelecidas.

5.4 Características da medição individualizada

Embora não possa ser utilizada de modo indiscriminado, pois deve obedecer a alguns critérios de ordem técnica e econômica, a medição individualizada oferece muitas vantagens. São abordadas, a seguir, essas vantagens sob a ótica dos vários interessados nesse assunto.

Conforme Coelho e Maynardi (1999), o sistema permite que o consumidor tenha total controle sobre a sua conta de água, pois permite acompanhar diretamente a evolução do consumo. Esse controle passa a ser importante, pois permite localizar, rapidamente, vazamentos nos apartamentos, cuja correção imediata tem reflexos positivos na conta.

O consumidor, sendo responsável pelo seu próprio consumo, não deve pagar pelos desperdícios que eventualmente ocorram nas demais unidades do condomínio, nem pelo consumo daquelas unidades ocupadas por um número maior de habitantes. É previsível que estas tenham consumo maior, recebendo, portanto, contas proporcionais aos volumes gastos. Dessa forma se promove a justiça social, salvaguardando os interesses econômicos dos usuários, harmonizando as relações de consumo.

Traduz-se em tranqüilidade e satisfação o fato do bom pagador não ter seu fornecimento de água cortado, na ocorrência de inadimplência em algumas unidades habitacionais do condomínio.

Para a empresa concessionária, verifica-se redução da inadimplência com o pagamento pelos usuários da maior parte da água fornecida, permitindo a continuidade do fornecimento a esses bons pagadores e, conseqüentemente, a elevação do faturamento. A participação ativa da empresa na gestão desse sistema resulta na melhoria na imagem perante a população, em razão do menor número de reclamações. A redução do consumo de água potável permite melhor aproveitamento da infra-estrutura instalada, otimizando e postergando os investimentos na expansão dos sistemas de abastecimento.

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58 Ainda segundo Coelho e Maynardi (1999), para os construtores, quando os projetos são elaborados de forma criteriosa, possibilita a economia nas instalações hidráulicas que pode atingir 22% e se constitui em diferencial de venda das unidades construídas.

Segundo Tomaz (19--c), as experiências nacionais e internacionais indicam que somente a adoção de medição individualizada permite economia de água entre 15% e 30%.

Nos empreendimentos desenvolvidos pelos Estados e Municípios para as Habitações de Interesse Social as soluções de projeto são, em geral, otimizadas visando ao menor custo; a adoção da medição individualizada não aumenta significativamente os custos finais, sendo possível ocorrer redução nos mesmos, dependendo da solução adotada.

5.5 Sistemas de medição implantados na cidade de São Paulo e Campinas

No Estado de São Paulo várias ações estão sendo desenvolvidas com maior intensidade, voltadas ao estudo da questão, promovidas pelo SINDUSCON-SP, SECOVI-SP, ANA, CHDU, com a participação de instituições de pesquisa e ensino como o IPT e USP.

Segundo Orsatti (2006), pode-se afirmar que nesta questão a SABESP perdeu uma grande oportunidade de aproveitar o seu potencial tecnológico para avaliar as experiências de outras cidades, criar normas e procedimentos e tornar-se referência no país. Em seguida, reconhece a falta de consenso dentro da empresa para solucionar esta demanda social.

Aponta, ainda, os outros atores da cadeia produtiva – construtoras de edifícios, administradoras de condomínio, projetistas, fabricantes de equipamentos etc., com seus múltiplos interesses, como parte importante no estabelecimento de parcerias para a consecução desse objetivo.

Segundo Quintana Neto; Rizzo (2006), a CDHU, há vários anos, recebe forte apelo dos mutuários para que interceda junto à concessionária, para que as contas sejam individualizadas. A empresa constatou também o avanço dos serviços paralelos de individualização, de baixa qualidade, que comprometem o desempenho dos sistemas hidráulicos e estruturais da edificação, oferecidos por empresas privadas. Essas empresas impõem ainda contratos de gestão que lhes dão poderes que vão além do corte do fornecimento das unidades inadimplentes, arrecadando valores

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59 condominiais que, não raro, não são repassados à concessionária, prejudicando ainda mais as famílias.

No sentido de buscar respostas a essa demanda e preencher a ausência do Poder Público, a CDHU, em parceria com a SABESP, desenvolveu a partir do final do ano de 2005, dois projetos pilotos com objetivo de analisar, por um período de 18 meses, a viabilidade da implantação da medição individualizada. Um localizado no Bairro Itaim Paulista, Zona Leste da Capital Paulista, com 160 apartamentos – figura 5.1 - e outro na cidade de Santos, totalizando mais de 500 unidades.

Fonte: Quintana Neto; Rizzo (2006),

Foto 5.1 – Prédios da CDHU do Conjunto Habitacional Itaim Paulista, com medição individualizada.

A formalização dessa parceria no empreendimento do Itaim Paulista se deu por meio do Termo de Adesão, celebrado entre a SABESP, CDHU e mutuários, no qual se estabeleceram os direitos e obrigações das partes.

Por esse termo, a SABESP se responsabiliza somente pelos cavaletes e hidrômetros instalados e mantém a garantia da qualidade da água até o hidrômetro principal, ficando sob a responsabilidade do condomínio as ações de limpeza e manutenção do sistema. Fica a cargo da concessionária a emissão das contas de água para cada apartamento que passa a ter o seu próprio RGI – Registro Geral do Imóvel. A parcela de uso comum é avaliada pela diferença da leitura do hidrômetro principal, com RGI do condomínio, e o somatório dos consumos medidos nos hidrômetros individuais, gerando uma conta que é rateada juntamente com as demais despesas condominiais.

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60 No caso do Itaim, segundo Guimarães (apud Holanda 2006, p.13), após três meses constatou-se uma queda acentuada da inadimplência da ordem de 85% para 10%.

Outras iniciativas estão em curso na CDHU, no sentido de diminuir o custo de implantação e padronizar a montagem de unidades múltiplas de medição. Iniciadas no Conjunto Habitacional Cangaíba, na zona Leste da Capital, as soluções evoluíram para os abrigos metálicos padrões, para serem utilizados nos condomínios verticais de 5, 6 e 7 pavimentos, que atendem aspectos específicos como, por exemplo, a possibilidade de instalação no barrilete ou no pavimento térreo das edificações. A figura 5.2 apresenta o abrigo para 5 hidrômetros, enquanto o projeto detalhado é apresentado no Anexo F.

Foto 5.2 – Unidade múltipla de medição padronizada para 5 unidades em uso em condomínios verticais da CDHU.

5.5.1 Sistemas de medição desenvolvidos pela CDHU

No intuito de prover as edificações construídas pela CDHU de sistemas de medição individualizada, foram avaliadas e encontram-se implantadas três soluções, conforme constam no trabalho de Quintana Neto; Rizzo (2006), as quais são resumidamente apresentadas nos itens subseqüentes.

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61 5.5.1.1 Medição interna no barrilete

Esse sistema aproveita o espaço existente sob o reservatório para a instalação dos cavaletes múltiplos, cujo acesso é feito por escada especialmente projetada para o local, porém, com acesso restringido. Apresenta a desvantagem de exigir a subida do responsável até o local para as operações de leitura, procedimentos de corte e restabelecimento do fornecimento. Caso a opção se dê pela utilização de leitura remota, com o uso de medidores eletrônicos, combinados com válvulas solenóides que permitem o corte e restabelecimento do fornecimento à distância, essa desvantagem fica minimizada, sendo necessário o acesso somente para eventuais manutenções. A foto 5.3 ilustra a instalação dos hidrômetros no barrilete com a utilização de abrigo metálico.

Foto 5.3 – Medição interna no barrilete, com acesso por escada, em edifício de 6 pavimentos.

5.5.1.2 Medição interna nos patamares junto à entrada dos apartamentos

Nesse sistema os hidrômetros são instalados em cada patamar da escada, junto à entrada dos apartamentos, exigindo que o responsável percorra todo o condomínio

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62 para efetuar a leitura, corte e restabelecimento da ligação.

Apresenta também como desvantagens o custo adicional da instalação de abrigo individual e o inconveniente do ramal atravessar o apartamento até os pontos de consumo.

Como já mencionado no sistema anterior, a utilização de medição remota, concentrando as operações de leitura, corte e restabelecimento em um único ponto, torna o sistema bastante prático. As eventuais operações de manutenção ficam também mais simples em razão da facilidade de acesso. O sistema permite que o usuário possa acompanhar a evolução do consumo com mais facilidade.

A foto 5.4 apresenta a instalação dessa solução no Conjunto Habitacional Cidade Tiradentes F, no município de São Paulo, onde foi utilizado o sistema remoto de leitura e corte, empregando-se tecnologia de transmissão de dados PLC.

Fonte: CDHU

Foto 5.4 – Hidrômetro instalado no patamar da escada próximo à entrada do apartamento, com sistema de leitura e corte remotos.

Em edifícios existentes os hidrômetros podem ser instalados no interior dos apartamentos, derivando-se o ramal de alimentação que, em geral, está situado em

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63 um shaft. São necessárias pequenas alterações hidráulicas, elétricas e de acabamentos para acomodar o hidrômetro e a válvula solenóide.

Caso os apartamentos sejam alimentados por mais de uma coluna, é necessária a utilização de mais de um medidor por apartamento ou, opcionalmente, os pontos de consumo devem ser interligados de modo a se obter a alimentação a partir de uma única coluna. Nesse caso, torna-se obrigatório o uso de medição e corte remotos do fornecimento com equipamento de telemetria.

5.5.1.3 Medição externa no térreo

Os hidrômetros são instalados em baterias próximas aos pontos de subida das prumadas dos apartamentos e alimentadas por um reservatório do tipo torre. Esse sistema exige a construção da rede de distribuição condominial de água. A torre destinada à reservação, em geral, é constituída por um reservatório inferior, que recebe a água diretamente da rede da concessionária, e um superior abastecido por bombeamento. Essa solução se torna economicamente viável para conjuntos com mais de 80 unidades, onde a substituição do sistema com reserva inferior e reservatório construídos nos barriletes sobre as escadas, pela torre e instalações de distribuição condominial, proporciona o necessário equilíbrio financeiro.

Embora essa solução tenha custo semelhante às demais, apresenta como vantagens:

• Maior facilidade para a leitura e controle individual dos moradores;

• Facilidade para a diluição dos custos de manutenção entre os usuários;

Como desvantagens:

• Nos edifícios onde há necessidade de instalações de combate a incêndio é necessária a construção de rede condominial para esse fim;

• Eventuais problemas de manutenção da torre e do sistema de distribuição comprometem o abastecimento de todo o condomínio;

• Necessidade de construção de torres altas para garantir a pressão necessária nos pontos críticos e também utilização de válvulas redutoras de pressão em condomínios implantados em terrenos mais acidentados.

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64

A figura 5.1 apresenta o esquema simplificado dessa instalação.

HIDRÔMETROSINDIVIDUAIS

RESERV.INFERIOR

MICROMEDIDOR

RESERV.SUPERIOR

MEDIÇÃO INDIVIDUALIZADA

Figura 5.1 – Esquema de medição individualizada com medidores instalados no térreo e alimentação por reservatório tipo torre.

Deve-se destacar que a CDHU registra ocorrências de intervenção pós-ocupação em alguns condomínios ocupados pela população de mais baixa renda, que indicam que os sistemas implantados não são mantidos em funcionamento adequado, em razão dos maiores custos de manutenção dos equipamentos de maior potência e quadros de comandos elétricos mais sofisticados, aliados às dificuldades nas operações de limpeza, motivadas pelo porte dos reservatórios, a exigir intervenção de pessoal qualificado para essas operações.

Muito comum também é a modificação executada por pessoal não qualificado, alimentando o reservatório superior a partir da rede pública, alterando as características de funcionamento e operação do sistema. As altas pressões

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65 presentes na rede da concessionária permitem essas alterações que têm por objetivo a economia de energia elétrica. Assim, não se utiliza a água do reservatório inferior por vários dias que perde as qualidades de potabilidade iniciais. Posteriormente, essa água é utilizada por meio do acionamento manual da bomba de recalque nas ocasiões em que ocorre a queda de pressão na rede da concessionária.

Trata-se, evidentemente, de um problema de gestão em que o mau uso, motivado pelo desconhecimento e por pressões financeiras que recaem sobre essa população, põe em risco a saúde coletiva.

5.5.2 Sistemas de medição em uso na cidade de Campinas-SP

A instalação de hidrômetros para a medição individualizada em edifícios residenciais e comerciais no município foi instituída pela Lei nº 12.474, Campinas (2006a), que cria o Programa Municipal de Conservação, Uso Racional e Reutilização de água em Edificações e, pela Lei Complementar nº 13, Campinas (2006b), que estabelece a obrigatoriedade da instalação de hidrômetros em cada unidade autônoma dos condomínios novos, facultando a instalação nos condomínios existentes.

O cumprimento dessas disposições na cidade de Campinas-SP é feito pela SANASA - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A., empresa de economia mista por ações criada em 1973, para a prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário no município, que desenvolveu as instruções técnicas necessários para regular os procedimentos nas várias situações.

Uma fatura é emitida com base no consumo medido pelo hidrômetro individual, acrescido do rateio do consumo da área comum do condomínio. O consumo da área comum é apurado pela diferença entre o volume registrado no medidor principal e o somatório dos volumes registrados nos medidores individuais.

Para os edifícios com até 5 pavimentos - dentre os quais se inclui a maioria das tipologias das HIS – é obrigatória a instalação dos hidrômetros individuais no pavimento térreo em local de fácil acesso. Duas configurações básicas são previstas nas instruções técnicas segundo a Sanasa (2007a): edifício abastecido por reservatório elevado tipo torre com rede condominial e edifício com reservatório inferior e superior.

Para edifícios com mais de 5 pavimentos, os hidrômetros podem ser instalados no pavimento térreo ou na área comum de cada pavimento. Caso a opção de instalação

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66 dos medidores seja nos pavimentos é necessária a utilização de SMR - Sistema de Medição Remota, cujo sistema seja previamente homologado pela SANASA.

Edifícios que possuam sistema de aquecimento central de água, portanto com duas entradas em cada unidade consumidora, poderão solicitar o serviço de medição individualizada, instalando dois medidores: um para água fria e outro para água quente, cujos consumos serão somados por ocasião da emissão da fatura.

Para os condomínios horizontais as caixas de proteção dos hidrômetros podem ser instaladas até 10 m no interior de cada lote, em relação à divisa frontal, desde que seja garantido o livre acesso ao hidrômetro. Nesse caso é obrigatória a adoção do SMR, para todos os hidrômetros, inclusive o principal.

Os sistemas de medição remota devem ser previamente aprovados, admitindo as tecnologias PLC, RF e M-BUS. Segundo a Sanasa (2007c), devem disponibilizar as informações junto à portaria da edificação por meio de display e estar pré-equipados com modem e demais itens necessários para a interligação futura à central de gerenciamento da SANASA.

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67

6 ESTUDO DE CASO

6.1 Plano de trabalho

Para a consecução desse trabalho, foram escolhidos dois conjuntos habitacionais, construídos pela CDHU, que apresentaram condições mais favoráveis para a realização da campanha de monitoração: o Conjunto Habitacional Tiradentes B e o Conjunto Habitacional Guaianases E1/E2, que serão identificados como: C. H. Tiradentes e C. H. Guaianases.

Alguns fatores mostraram-se determinantes nessa escolha:

• A situação geográfica, pois ambos se encontram próximos e localizados na Zona Leste da Capital Paulista;

• O C. H. Tiradentes, cujo término de construção ocorreu em meados do ano de 2003, teve os hidrômetros individuais instalados em agosto de 2005, que permitiu a análise das duas situações de consumo – com e sem hidrômetros;

• O C. H. Guaianases, construído e ocupado há mais de seis anos, abriga uma população oriunda de sorteio entre as participantes do cadastro da CDHU, diferentemente do outro, cuja ocupação se deu com população originária das ações de desfavelamento e áreas de risco da Capital.

Nesses dois locais foram realizados os trabalhos de coleta de dados no campo que se desenvolveram em quatro etapas distintas, a saber:

i ) levantamento das características físicas dos conjuntos;

ii ) pesquisa socioeconômica da população;

iii ) acompanhamento prévio do consumo mensal;

iv ) monitoramento do perfil de consumo.

As etapas i) e ii) respectivamente estão apresentadas nos itens subseqüentes. As atividades iii) e iv) que tratam especificamente das variáveis de consumo estão descritas no capítulo 7 deste trabalho.

6.2 Características físicas dos conjuntos

6.2.1 Conjunto Habitacional Cidade Tiradentes

O C. H. Tiradentes, localizado na Av. Souza Ramos, 345 – Cidade Tiradentes – na periferia do município de São Paulo, dista aproximadamente 30 km do centro da cidade. É composto por 5 blocos com 20 apartamento cada, totalizando 100 unidades habitacionais, cada uma contendo: dois dormitórios, sala, cozinha banheiro e área de serviço, com área construída de 45,46 m2.

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68 Localizado em terreno com declive para frente, a implantação foi feita de forma escalonada, permitindo que o abastecimento das unidades fosse feito por gravidade a partir de um reservatório cilíndrico tipo torre, com abrigo múltiplo para medidores instalados no pavimento térreo e prumadas ascendentes alimentando, individualmente, o ramal dos apartamentos. A foto 6.1 apresenta a vista do conjunto; ao fundo, o reservatório tipo torre.

Foto 6.1 – Vista do C. H. Tiradentes

O reservatório tipo torre, com capacidade de 115 m3, é dividido em duas células: a inferior, com 60 m3, recebe a água fornecida pela concessionária pelo ramal principal, onde se encontra o medidor principal do condomínio, e a superior, com capacidade de 55 m3, que é abastecida pelas bombas de recalque.

A partir desse reservatório a distribuição é feita por rede condominial até os cavaletes de hidrômetros localizados no pavimento térreo, nas proximidades dos shafts que abrigam os ramais ascendentes de cada apartamento. A foto 6.2 apresenta o abrigo dos hidrômetros.

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69

Foto 6.2 – Abrigo para cavalete múltiplo de hidrômetros localizado junto ao prédio.

6.2.2 Conjunto Habitacional Guaianases

O empreendimento denominado C. H. Guaianases foi construído pela CDHU e está localizado na Rua Santa Etelvina, 200 – Jardim Etelvina – na periferia do município de São Paulo, dista aproximadamente 28 km do centro da cidade. Sua ocupação se deu há mais de seis anos, contemplando a população constante dos cadastros da CDHU de acordo com diretrizes da Companhia.

O conjunto é composto por 25 blocos com 1340 unidades habitacionais, dentre as quais foi selecionada uma amostra para a aplicação da pesquisa socioeconômica com o mesmo questionário utilizado para o C. H. Tiradentes, com intuito de comparar as populações.

Na implantação do conjunto foi utilizada tipologia idêntica à do C. H. Tiradentes, ou seja, duas lâminas contendo 5 pavimentos e 10 apartamentos cada, unidas por uma escada, resultando na forma de “H”, justapostos, formando blocos com duas ou três escadas, conforme a foto 6.3.

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70

Fonte: Google Earth

Foto 6.3 – Vista aérea do Conjunto Habitacional Guaianases.

O sistema de abastecimento de água, diferentemente do C. H. Tiradentes, é feito por reservatório inferior abastecido pela concessionária, de onde a água é bombeada para os reservatórios superiores que alimentam os apartamentos, localizados sobre as escadas.

Como mencionado anteriormente, muitos condomínios na cidade de São Paulo têm promovido por conta própria as modificações necessárias para a adoção da medição individualizada. No C. H. Guaianases, também foram feitas as modificações necessárias em quase todos os blocos, sendo que, atualmente, somente 120 apartamentos dentre os 1340 ainda não possuem o sistema.

Assim, além da aplicação dos questionários da pesquisa socioeconômica para a comparação entre as duas populações, foi possível levantar o consumo mensal de todos os blocos por um período de 12 meses anterior ao inicio da implantação dos sistemas individualizados e igual período, após a instalação da individualização, de modo a identificar qual foi a redução de consumo.

Nesse último caso, foram excluídos os apartamentos que ainda não possuem a medição individualizada.

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71 6.2.3 As unidades habitacionais

Nos dois empreendimentos foi utilizada a tipologia VI 22 F–V2 da CDHU, construídas em alvenaria estrutural, composta por dois dormitórios, sala, cozinha, área de serviço e banheiro, com área útil de piso de 37,81 m2 e área construída de 45,46 m2, não incluídas as áreas comuns da escada, apresentada na figura 6.1.

Fonte: CDHU

Figura 6.1 – Planta das unidades da tipologia VI 22 F–V2, utilizada nos dois empreendimentos.

As instalações hidráulicas de água fria derivam da coluna situada no “shaft” e atendem a pia da cozinha, o tanque localizado na área de serviço e o banheiro, composto de lavatório, chuveiro e vaso sanitário com caixa de descarga acoplada. Cabe observar a localização centralizada do “shaft” em relação às áreas atendidas, resultando em ramais de distribuição otimizados, alimentados por prumada única que facilita a adoção da medição individualizada.

6.3 Pesquisa socioeconômica

Como afirmado anteriormente, considerou-se que a Habitação de Interesse Social e sua população têm peculiaridades que permitem constituir um grupo distinto, para o

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72 qual possam ser adotados parâmetros específicos que orientem os projetos hidráulicos, com objetivo de diminuir os custos de construção sem, contudo, diminuir o conforto, mantendo as condições ideais de desempenho.

Com esse pretexto foi feita uma pesquisa socioeconômica para a caracterização das famílias de cada conjunto habitacional, para verificação dos fatores que influenciam e diferenciam o consumo de água nessas habitações.

No sentido de facilitar a coleta dos dados, foi utilizado um formulário especialmente elaborado para esse fim, abordando aspectos como:

• características das instalações prediais;

• equipamentos em uso;

• ocupação unifamiliar ou multifamiliar;

• número de ocupantes, classificados por sexo e faixa etária;

• permanência na residência, classificada por faixa etária e períodos do dia;

• escolaridade, classificada por faixa etária;

• profissão;

• renda familiar;

• características da moradia anterior e consumo de água ;

• hábitos e outras situações de consumo.

O formulário utilizado está exemplificado no Anexo B e foi aplicado à maior parte da população do C. H. Tiradentes, obtendo-se respostas de 88 das 100 unidades que compõem o conjunto.

6.3.1 Plano de amostragem da população do C. H. Guaianases

Para o C. H. Guaianases foi selecionada, inicialmente, uma amostra casual simples, composta por 67 apartamentos, ou seja, 5% do total de apartamentos, obtendo-se ao final 61 respostas completas.

A verificação da adequação da amostra considerou como característica principal o número de habitantes por apartamento. Tendo em conta o desconhecimento da

média x e desvio padrão da população σ x e, sendo a quantidade de respostas obtidas maior que 30, foi utilizado o desvio padrão da amostra como estimativa,

substituindo σ x por s x na equação 1, a seguir, pois,

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73

o desvio padrão amostral dá uma aproximação bastante razoável do verdadeiro valor, na maioria dos casos. Além disso, pelo Teorema do Limite Central, sabemos que, quando o tamanho da amostra é superior a 30, a distribuição das médias é aproximadamente normal. (STEVENSON, 1981, p 202).

Assim, a equação para a determinação do tamanho mínimo da amostra é a seguinte:

eq (1)

n = tamanho da amostra; z = número de desvios padrões a contar da média;

sx = desvio padrão da amostra; e = erro.

Portanto, para z = 1,96 (intervalo de confiança de 95%); sx = 3,8 e e= 1,00 o tamanho da amostra é:

Logo, a amostra com 61 questionários é adequada aos propósitos da pesquisa.

6.3.2 Instalação predial

A pesquisa investigou os pontos de consumo das unidades habitacionais para verificar eventuais diferenças que pudessem influenciar o consumo de água. Não foram constatadas alterações nas bacias sanitárias com caixa acoplada instaladas durante a construção dos dois conjuntos.

Os chuveiros elétricos foram classificados em faixas de potência segundo as classes contidas na etiqueta para chuveiros elétricos do Programa Brasileiro de Etiquetagem apresentada na figura 6.2.

2

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛=e

zn sx

5600,18,3*96,1

2

=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛=n

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74

Fonte: Etiqueta do produto Lorenzetti

Figura 6.2 – Etiqueta para chuveiro do Regulamento Específico para Aparelhos Elétricos Fixos de Aquecimento Instantâneo de Água do Programa Brasileiro de Etiquetagem.

Foram considerados de baixa potência os aparelhos das classes A, B e C, ou seja, até 4 800 W; de alta potência aqueles das classes E, F e G, portanto, acima de 6 800 W e, de média potência os pertencentes à classe D, maiores que 4 800 W e menores que 6 800 W. A figura 6.3 apresenta os percentuais dos aparelhos instalados de acordo com as faixas de potência.

CHUVEIROS ELÉTRICOS

0%

26%

74%

5%10%

85%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

BAIXA MÉDIA ALTAPOTÊNCIA

FREQ

ÜÊN

CIA

RELA

TIVA

C.H.TIRADENTES B C.H. GUIANASES E1/E2

Figura 6.3 – Faixas de potência dos chuveiros utilizados no C. H. Tiradentes.

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75 Observa-se que nos dois locais predominam os chuveiros de média e baixa potência, com pequena incidência de aparelhos de alta potência, o que favorece os baixos consumos, tanto de energia elétrica quanto de água.

Os dois conjuntos habitacionais foram entregues aos moradores com torneiras do tipo comum para a pia da cozinha, lavatório e tanque de lavar roupas. As alterações efetuadas pelos moradores, instalando modelos com bico aerador, contribuem para a redução do consumo de água. A figura 6.4 apresenta os tipos de ocorrências e respectivos percentuais em cada local de aplicação.

TORNEIRAS E FILTROS

22%

0%

100%

3%

97%

78%

22%

5%

95%

30%

70%

70%

62%

38%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

COMUM C/AERADOR FILTRO DEÁGUA

COMUM C/AERADOR COMUM C/AERADOR

PIA DE COZINHA LAVATÓRIO TANQUE

TIPO DE OCORRÊNCIA

FREQ

ÜÊN

CIA

RELA

TIVA

C. H. TIRADENTES B C. H. GUAIANASES E1/E2

Figura 6.4 – Tabela de utilização de torneiras e filtro de água

Verifica-se que no C. H. Guaianases, as modificações que favorecem a redução do consumo de água foram feitas em maior número, na pia da cozinha e do lavatório. No tanque, as modificações foram inexpressivas ou inexistentes permanecendo, na maioria das unidades, a torneira instalada durante a construção das unidades, que também serve para alimentar a máquina de lavar roupas.

A figura 6.5 apresenta a utilização de máquinas de lavar e tanquinhos nos dois conjuntos, indicando a existência dos dois equipamentos em algumas unidades habitacionais e também os casos onde não são utilizados equipamentos para a lavagem de roupas.

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76

MÁQUINAS DE LAVAR ROUPAS / TANQUINHOS

43%

23%23%

27%

7%

57%

15%

5%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

MÁQUINA DE LAVAR TANQUINHO OS DOIS NENHUM

TIPO DE OCORRÊNCIA

FRE

ÊNC

IA R

ELA

TIV

A

C.H. TIRADENTES B C.H. GUIANASES E1/E2

Figura 6.5 – Utilização de máquinas de lavar e tanquinhos nos conjuntos pesquisados.

Máquinas de lavar roupas são utilizadas por 72% das famílias do C. H. Guaianases, somente encontradas em 34% das unidades pesquisadas no C. H. Tiradentes. Nesse conjunto, a utilização de tanquinho de lavar roupas é preferida por 50% das famílias, tendo sido registrada a ausência dos dois equipamentos em 23% dos apartamentos pesquisados, e a presença dos dois equipamentos em 7% das unidades. Contrariamente, no C. H. Guaianases, a utilização de tanquinho é encontrada em 38% das unidades, verificando-se a existência dos dois equipamentos em 15% dos apartamentos pesquisados. Em 5% das unidades desse conjunto, não se utilizam equipamentos para a lavagem de roupas.

6.3.3 Ocupação das unidades

Nos dois conjuntos estudados os apartamentos são ocupados, na sua maioria, por apenas uma família, tendo sido registrado em cada conjunto somente um apartamento com dois núcleos familiares.

A ocupação por sexo e faixa etária está apresentada na figura 6.6, na qual se verifica que os percentuais totais dos moradores do sexo masculino e feminino são aproximadamente iguais nos dois conjuntos, apresentando pequena variação quando comparados com os dados obtidos pelo Censo Demográfico de 2000 - IBGE

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77 (2006) para a população do Brasil, cujos valores são, respectivamente, 49,22% e 50,78%.

OCUPAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA

9,4%5,1%

49,8%

11,2%7,0%

3,2%

50,2%

28,8%

3,2%

13,1%

28,4%

52,7%

31,2%

3,9%8,6% 7,3%

2,6%8,2%

28,8%

47,3%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

ATÉ 7 DE 8 A 13 DE 14 A17

MAIOR DE18

TOTAL ATÉ 7 DE 8 A 13 DE 14 A17

MAIOR DE18

TOTAL

MASCULINO FEMININO

SEXO / FAIXA ETÁRIA

FREQ

ÜÊN

CIA

REL

ATI

VA

C. H. TIRADENTES B C. H. GUAIANASES E1/E2

Figura 6.6 – Ocupação do C. H. Tiradentes por sexo e faixa etária.

Verifica-se, ainda, a semelhança entre as duas populações quando se observa a distribuição por faixa etária. A população jovem, entre 14 e 17 anos, tem uma pequena participação, ou seja, pouco mais de 6% do total nos dois locais. As crianças até 13 anos representam, aproximadamente, um terço da população de cada local, sendo que o C. H. Tiradentes apresenta um percentual maior de crianças até 7 anos do que as de 8 a 13 anos. Essa diferença não é observada no C. H. Guaianases, onde existe uma igualdade dos percentuais dessas faixas etárias. Nos dois conjuntos se observa que a população com idade maior de 18 anos também apresenta semelhança, com pequena predominância de pessoas do sexo feminino sobre o masculino no C. H. Guaianases.

A tabela 6.1 apresenta a ocupação das unidades habitacionais conforme o número de habitantes do C. H. Tiradentes e a sua distribuição na qual se observa que 90% das unidades têm no máximo 5 habitantes.

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78

Tabela 6.1 – Número de habitantes por apartamento no C. H. Tiradentes.

C. H. TIRADENTES

FREQÜÊNCIA HABITANTES POR APARTAMENTO ABSOLUTA RELATIVA ACUMULADA

1 7 8% 8%

2 16 18% 26%

3 29 33% 59%

4 10 12% 71%

5 17 19% 90%

6 4 5% 95%

7 3 3% 98%

8 2 2% 100%

Os apartamentos com ocupação mínima de uma pessoa por apartamento representam 8% das unidades, enquanto que a ocupação máxima de oito habitantes corresponde a 2% dos apartamentos.

A tabela 6.2 apresenta a ocupação das unidades habitacionais no C. H. Guaianases e a respectiva distribuição. Nesse conjunto, a freqüência acumulada para 5 habitantes por unidade é de 89%, valor muito próximo ao obtido com a população do C. H. Tiradentes.

Tabela 6.2 – Número de habitantes por apartamento no C. H. Guaianases.

C. H. GUAIANASES

HABITANTES POR APARTAMENTO FREQÜÊNCIA

ABSOLUTA RELATIVA ACUMULADA

1 1 2% 2%

2 5 8% 10%

3 19 31% 41%

4 24 40% 81%

5 5 8% 89%

6 5 8% 97%

7 2 3% 100%

8 0 0% 100%

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79 Os apartamentos com ocupação mínima de uma pessoa apartamento representam apenas 2% das unidades, enquanto que a ocupação máxima de sete habitantes corresponde a 3% dos apartamentos.

A figura 6.7 apresenta o histograma da ocupação por unidade habitacional dos dois conjuntos estudados. As linhas representativas dos valores acumulados da ocupação da unidades habitacionais mostram a semelhança entre as duas populações estudadas.

HISTOGRAMA DA OCUPAÇÃO

8%3% 2%3%5%

19%12%

33%

18%

8%8%

40%

2%

31%

8%8%

26%

59%71%

90% 95% 98% 100%

2%10%

41%

81% 89%

97%100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1 2 3 4 5 6 7 8

HABITANTES POR APARTAMENTO

FREQ

ÜÊNC

IA R

ELAT

IVA

C. H. TIRADENTES B

C. H. GUAIANASES E1/E2

ACUMUL. C.H. TIRADENTES BACUMUL. GUIANASES E1/E2

Figura 6.7 – Histograma do número de habitantes por unidade habitacional

6.3.4 Permanência na residência

Em geral, o desejo pela individualização manifestado pelos usuários decorre do fato de haver diferenças de consumo pela variação na quantidade de pessoas que habitam as unidades das edificações verticais. Essa percepção calcada na intuição, no entanto, não considera a permanência das pessoas na habitação e a relação com o número de habitantes.

Nessa pesquisa foi verificada a influência dessa variação por meio dos dados de permanência dos usuários classificados por faixa etária e por período do dia.

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80 O período noturno foi dividido em duas etapas em razão da existência de pessoas que trabalham à noite. Também foram registradas ausências de crianças e adolescentes durante toda a semana, por permanecerem em casa de parentes, só retornando a casa nos finais de semana, justificando o percentual menor que 100% nos períodos da noite e madrugada.

As tabelas 6.3 e 6.4 apresentam os valores absolutos de permanência por período e por faixa etária, bem como os percentuais totalizados por período, obtidos nos dois conjuntos pesquisados.

Tabela 6.3 – Permanência da população do C. H. Tiradentes por período e faixa etária.

ATÉ 7 8 → 13 14 → 17 MAIOR DE 18 TOTAL ( % )

POPULAÇÃO 76 38 20 178 312 100,0%

MANHÃ 50 19 6 74 149 47,7%

TARDE 34 13 12 65 124 39,7%

NOITE 70 36 18 155 279 89,4%

PE

RM

AN

ÊN

CIA

MADRUGADA 70 35 19 168 292 93,6%

Tabela 6.4 – Permanência da população do C. H. Guaianases por período e faixa etária.

ATÉ 7 8 → 13 14 → 17 MAIOR DE 18 TOTAL ( % )

POPULAÇÃO 39 39 15 140 233 100,0%

MANHÃ 22 20 2 56 100 42,9%

TARDE 20 16 10 53 99 42,5%

NOITE 39 39 10 120 208 89,3%

PE

RM

AN

ÊN

CIA

MADRUGADA 39 38 15 135 227 97,4%

O histograma da figura 6.8 apresenta distribuição de freqüência da permanência nas unidades habitacionais segundo as faixas etárias e os períodos de permanência nos dois conjuntos estudados.

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81

PERMANÊNCIA POR PERÍODO

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

ATÉ

7

DE

8 A

13

DE

14 A

17

MAI

OR

DE

18

ATÉ

7

DE

8 A

13

DE

14 A

17

MAI

OR

DE

18

ATÉ

7

DE

8 A

13

DE

14 A

17

MAI

OR

DE

18

ATÉ

7

DE

8 A

13

DE

14 A

17

MAI

OR

DE

18

MANHÃ TARDE NOITE MADRUGADA

PERÍODOS E FAIXAS ETÁRIAS

PER

CEN

TUA

L

C. H. TIRADENTES B C. H. GUAIANASES E1/E2

Polinôm io (C. H. TIRADENTES B) Polinôm io (C. H. GUAIANASES E1/E2)

Figura 6.8 – Histograma da permanência por período e faixa etária da população dos conjuntos habitacionais pesquisados.

As linhas de tendências das distribuições evidenciam a grande semelhança entre as populações dos dois conjuntos quanto à permanência nas unidade habitacionais.

6.3.5 Escolaridade

A pesquisa da escolaridade das populações dos conjuntos estudados, cuja síntese está apresentada na tabela 6.5, mostra a predominância de pessoas com formação escolar até o nível fundamental, se comparadas àquelas com formação de nível médio e superior. O C. H. Tiradentes apresenta maior número de pessoas com formação escolar fundamental – 79,2%; somente 20,2% da sua população possui formação de nível médio ou técnico médio e apenas 0,6% possuem formação superior. No C. H. Guaianases, as pessoas com formação escolar até o nível fundamental somam 64,0%; verifica-se que 31,3% dos seus moradores têm formação de nível médio e técnico médio e 4,7% possuem escolaridade de nível superior.

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82 Tabela 6.5– Formação escolar dos moradores do C. H.Tiradentes e do C. H. Guaianases.

ESCOLARIDADE

C. H. TIRADENTES C. H. GUAIANASES

FORMAÇÃO ESCOLAR

FREQÜÊNCIA ABSOLUTA

FREQÜÊNCIA RELATIVA

(%)

FREQÜÊNCIA RELATIVA

ACUMULADA ( % )

FREQÜÊNCIA ABSOLUTA

FREQÜÊNCIA RELATIVA

(%)

FREQÜÊNCIA RELATIVA

ACUMULADA ( % )

NÃO ALFABETIZADO 58 18,6% 18,6% 33 14,2% 14,2%

FUNDAMENTAL I 98 31,4% 50,0% 73 31,3% 45,5%

FUNDAMENTAL II 91 29,2% 79,2% 43 18,5% 64,0%

MÉDIO 61 19,6% 98,8% 65 27,9% 91,9%

TÉCNICO MÉDIO 2 0,6% 99,4% 8 3,4% 95,3%

SUPERIOR 2 0,6% 100,0% 11 4,7% 100,0%

PÓS-GRADUAÇÃO 0 0,0% 100,0% 0 0,0% 100,0%

TOTAIS 312 100,0% - 233 100,0% -

Pode-se observar que as populações se assemelham quando se analisa a formação escolar, embora o C. H. Guaianases apresente um percentual pouco maior de moradores com formação técnica e superior como pode ser verificado no gráfico da Figura 6.9

GRÁFICO COMPARATIVO DE ESCOLARIDADE

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

OA

LFA

BE

TIZA

DO

FUN

DA

ME

NTA

L.I

FUN

DA

ME

NTA

L.II

DIO

TEC

NIC

O M

ÉD

IO

SU

PE

RIO

R

S-G

RA

D.

FORMAÇÃO ESCOLAR

PER

CEN

TUA

L

C. H. TIRADENTES B C. H. GUAIANASES E1/E2ACUMULADO C. H. TIRADENTES B ACUMULADO C. H. GUAIANASES E1/E2

Figura 6.9 – Gráfico comparativo da escolaridade dos moradores do C. H. Tiradentes e do C. H. Guaianases.

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83 6.3.6 Renda familiar

A pesquisa de renda familiar foi elaborada estabelecendo-se as faixas de salários em múltiplos de R$ 300,00, correspondente a um salário mínimo (1) vigente à época da sua aplicação. A figura 6.10 apresenta o gráfico com a tabulação do resultado da pesquisa.

RENDA FAMILIAR

19,3

28,4 29,5

13,1 11,510,2

2,3 3,4

36,4

3,3

24,618,0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MEN

OS

DE

300,

00

301,

00 a

600

,00

601,

00 a

900

,00

901,

00 a

1.2

00,0

0

1.20

1,00

a1.

500,

00

1.50

1,00

a3.

000,

00

FAIXA DE RENDA

PER

CEN

TUA

L (%

)

C. H. TIRADENTES B C. H. GUAIANASES E1/E2

(%) ACUMULADO (%) ACUMULADO

Figura 6.10– Gráfico comparativo da renda familiar dos moradores do C. H. Tiradentes e do C. H. Guaianases.

A média de renda no C. H. Tiradentes é de R$ 603,00, correspondendo aproximadamente a dois salários mínimos. No C. H. Guaianases esse valor é de R$ 938,00, que corresponde a mais de três salários mínimos. A existência de famílias com renda familiar acima de 3 salários, apresentada pela pesquisa no C. H. Tiradentes, pode ser explicada pelo fato da população inicial atendida pela CDHU não ter permanecido no imóvel, pois 43% dos moradores entrevistados haviam adquirido os imóveis dos moradores oriundos das áreas de desfavelamento, por meio de “contratos de gaveta”.

(1) O salário mínimo vigente no país no primeiro trimestre de 2006 era de R$ 300,00 segundo o DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.

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84 Os percentuais acumulados do gráfico da figura 6.10 demonstram o maior poder aquisitivo dos moradores do C. H. Guaianases. Enquanto no C. H. Tiradentes 84,1% dos moradores têm renda de até 3 salários mínimos, no C. H. Guaianases esse percentual é somente 45,9%.

6.3.7 Moradia anterior

No C. H. Tiradentes, a origem declarada referente à moradia anterior apresentou o seguinte resultado: 49% moravam anteriormente em uma casa alugada, 5% moravam em apartamentos alugados e 46% habitavam moradias precárias (barracos).

Os números acima, mais uma vez, demonstram que muitos moradores oriundos da favela não permaneceram com seus imóveis, repassando-os para terceiros, pois 54% informaram ser moradores de uma casa ou apartamento, número esse pouco maior que os 43% que declararam a compra do imóvel por meio dos “contratos de gaveta”.

No C. H. Guaianases, 77,0% dos moradores declararam morar anteriormente em uma casa alugada, 6,6% em apartamento alugado, 14,8% em moradias provisórias e somente 1,6% moravam em habitações precárias (barracos). Verifica-se nesse conjunto que 82% dos moradores se declararam mutuários regulares da CDHU e somente 18% compraram o imóvel por meio de “contratos de gaveta”.

6.3.8 Hábitos e outras situações de consumo

O questionário aplicado permitiu colher informações sobre os hábitos e outras situações de consumo para determinar a existência de fatores que pudessem influenciar o consumo de água nas unidades habitacionais, tais como:

• número de lavagens de roupa por semana;

• existência de pessoas não pertencentes ao núcleo familiar utilizando o chuveiro freqüentemente;

• lavagem de carro no local;

• existência de animais de estimação;

• outras atividades com consumo significativo de água.

Os resultados obtidos não revelaram situações de consumo além das normais de atendimento às necessidades da família. Essas atividades pesquisadas nos dois conjuntos apresentaram valores inexpressivos ou não ocorreram. Cabe ressaltar, porém, uma diferença no número médio de lavagens de roupa por semana:

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85 enquanto no C. H. Tiradentes essa média foi de 1,6 vezes, no C. H. Guaianases atingiu 2,0 vezes.

6.4 Influência da permanência dos moradores no consumo médio de água.

O acompanhamento prévio do consumo mensal, realizado no C. H. Tiradentes, possibilitou a verificação da influência da variação entre o número de habitantes e a permanência dos moradores na unidade habitacional. Assim, com base nos dados da tabela de ocupação e permanência dos moradores na residência apresentada no Anexo C, foram obtidos os números de permanência média de pessoas por período e a freqüência da ocorrência relacionada aos respectivos consumos: médio mensal e per capita, apresentados na tabela 6.6.

Tabela 6.6– Consumo médio mensal e per capita, segundo a permanência média por período.

PESSOAS/ PERÍODO FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA

ACUMULADA

CONSUMO MÉDIO

(m³/mês)

CONSUMO MÉDIO

(L/hab/dia)

até 1 19 19 7,15 238 1 → 2 26 45 8,06 134 2 → 3 16 61 12,61 140 3 → 4 15 76 14,50 121 4 → 5 8 84 14,10 94 5 → 6 3 87 20,66 115

6 → 7 1 88 13,00 62

Na tabela 6.7 são apresentados os números de habitantes por unidade habitacional e a freqüência da ocorrência, também relacionada aos respectivos consumos: médio mensal e per capita.

Tabela 6.7– Consumo médio mensal e per capita, segundo o número de habitantes por apartamento.

PESSOAS POR APARTAMENTO FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA

ACUMULADA

CONSUMO MÉDIO

(m3)

CONSUMO MÉDIO

(L/hab/dia)

1 7 7 5,16 172 2 16 23 7,56 126 3 29 52 9,55 106 4 10 62 12,33 103 5 17 79 14,58 97 6 4 83 14,83 82 7 3 86 19,70 94 8 2 88 14,43 60

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86 A figura 6.11 apresenta o gráfico do consumo médio mensal para as duas situações que evidencia uma variação crescente linear do consumo, diretamente proporcional até pelo menos 5 habitantes por apartamento, apresentando a partir daí tendência de diminuir. Nesse mesmo intervalo, quando se considera a permanência média por período, esse aumento apresenta variação não linear, cujos valores tornam-se praticamente iguais para 5 habitantes.

CONSUMO MÉDIO MENSAL

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

22,00

1 2 3 4 5 6 7 8

Nº DE PESSOAS

CO

NSU

MO

MÉD

IO (m

³/mês

)

PERMANÊNCIA MÉDIA POR PERÍODO

HABITANTES POR APARTAMENTO

Figura 6.11 – Gráfico do consumo médio mensal, segundo a ocupação e permanência média por período.

O consumo médio mensal, segundo a permanência média por período, tem significado restrito, uma vez que muitos fatores influenciam a permanência ao longo do tempo, por exemplo: mudança dos locais de trabalho, desemprego temporário, idade escolar etc., porém enfatiza ainda mais a necessidade da adoção da medição individualizada pela influência no consumo de cada unidade.

A análise dos consumos médios apresentada no gráfico da figura 6.12, a seguir, revela um alto consumo per capita em cada unidade habitacional, decrescendo à proporção que aumenta o número de habitantes. Essa variação é decorrente de um consumo inerente à manutenção da higiene da casa, inversamente proporcional ao número de habitantes da unidade, onde a influência no consumo médio per capita é máxima para a unidade habitacional com apenas um habitante, decrescendo à

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87 medida que esse número aumenta, estabilizando entre 4 e 5 habitantes por unidade para, em seguida, diminuir novamente.

CONSUMO MÉDIO PER CAPITA

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

1 2 3 4 5 6 7 8

Nº DE PESSOAS

CO

NSU

MO

MÉD

IO (

L/ha

b/di

a )

PESSOAS POR PERÍODO

PESSOAS POR APARTAMENTO

Figura 6.12 – Gráfico do consumo médio per capita, segundo a ocupação e permanência média por período.

Esse comportamento também é observado quando se considera o número de habitantes por apartamento, revelando que é independente da permanência média, embora seus valores sejam ligeiramente mais altos.

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88 7 MONITORAÇÃO DO CONSUMO

7.1 Acompanhamento prévio do consumo mensal

Aproximadamente dois anos após a ocupação do C. H. Tiradentes, que ocorreu em novembro de 2003, foram instalados pela CDHU os hidrômetros para medição individualizada em todas as unidades desse conjunto, permitindo a verificação do consumo nas duas situações: com medição coletiva e com medição do consumo individual. A primeira feita pela concessionária, cujo valor era rateado igualmente entre as unidades, e a segunda pelo consumo individual de cada apartamento com o rateio do consumo comum em partes iguais.

No início da ocupação, a gestão condominial era feita pelos próprios moradores representados pelo síndico e comissão eleitos. Após a instalação dos hidrômetros individuais, houve a necessidade da leitura dos hidrômetros para a determinação do consumo individual e rateio da parcela comum do consumo, pois até então os valores das contas de água eram rateados igualmente entre todos os moradores.

Essa operação representava grande dificuldade em razão da falta de experiência anterior na administração de condomínios e pelo volume dos cálculos necessários. A instalação dos hidrômetros não solucionava o problema dos moradores; havia necessidade de auxiliá-los nesse mister.

Assim, com o objetivo de viabilizar o funcionamento do sistema de medição individualizada e obtenção dos dados necessários para a determinação da amostra para o monitoramento do consumo, foram elaboradas planilhas automatizadas (2)

para elaborar os cálculos necessários. Essas planilhas seriam posteriormente disponibilizadas para o condomínio com o devido treinamento para o uso.

O acompanhamento prévio do consumo mensal foi feito durante o período de agosto de 2005 a julho de 2006, cujos dados são apresentados no Anexo D.

No sentido de evitar ou minimizar distorções de análise, essas leituras foram feitas no mesmo dia e, aproximadamente, na mesma hora em que ocorria a leitura do hidrômetro principal e emissão da conta pela concessionária. A planilha apresentada na figura 7.1 foi empregada para a coleta das leituras em campo.

(2) Planilhas desenvolvidas pelo Autor e utilizadas no C. H. Tiradentes para a emissão das contas individualizadas.

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89

CONJUNTO HABITACIONAL CIDADE TIRADENTES Av. Souza Ramos, 345 - Cidade Tiradentes

PLANILHA DE MEDIÇÃO - Abril/2006 Data da Leitura: ____/_____/_____ Hidrômetro principal: 37615

LEITURAS INDIVIDUAIS APTO N° HIDRO ANTERIOR ATUAL

11A A05L252591 0022,03 0026,05 21A A05L252601 0031,20 0037,91 31A A05L252573 0077,07 0079,17 41A A05L252594 0052,25 0058,58 51A A05L252600 0067,32 0074,78 12A A05L252598 0022,32 0025,76 22A A05L252595 0137,04 0153,07 32A A05L252602 0061,62 0068,35 42A A05L252593 0038,01 0042,64 52A A05L252604 0181,84 0200,73 13A A05L270157 0083,81 0092,67 23A A05L270153 0085,90 0096,10 33A A05L270152 0160,06 0186,96 43A A05L252579 0098,01 0110,14 53A A05L252576 0205,41 0224,35 14A A05L270148 0026,88 0029,77 24A A05L270150 0050,44 0057,03 34A A05L270155 0107,85 0118,88 44A A05L270154 0043,58 0048,47 54A A05L270149 0092,15 0103,91

Figura 7.1 – Trecho da planilha eletrônica para leitura em campo e introdução de dados para cálculos automáticos.

Os dados e valores obtidos da conta da concessionária foram lançados com auxílio da planilha apresentada na figura 7.2, integrando a base de dados para os cálculos individuais de consumo e rateio dos valores de cada unidade habitacional apresentados na figura 7.3.

CONJUNTO HABITACIONAL CIDADE TIRADENTES Conta Mensal de Serviços de Água e/ou Esgotos

RGI 06338033/16

Codificação Sabesp 18.237.006.2048.0912.0000.0000

N° da Conta

1316063380331

Mês de Referência

Abril/06

CEP

Endereço Av. Souza Ramos, 345 - Cidade Tiradentes

N° Hidrômetro F03L950012

Data Leitura Condição de Leitura Leitura Anterior Leitura Atual Consumo / m3

Previsão Próx. Leitura

9/5/2006

LEITURA NORMAL

36507

37615

1108 08/06/82006

Provisão 0 % Vencimento 28/5/2006 Total a Pagar R$ 900,00

Figura 7.2 – Planilha elaborada para a introdução dos dados da conta da concessionária.

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90

CONJUNTO HABITACIONAL CIDADE TIRADENTES Av. Souza Ramos, 345 - Cidade Tiradentes

LEITURA INDIVIDUALIZADA DE ÁGUA Abril/2006 LEITURA ATUAL 37 615 LEITURA ANTERIOR 36 507 CONSUMO (m3) 1 108

VALOR DA CONTA GERAL DO CONDOMÍNIO R$ 900,00 PROVISÃO (%) 0,00

LEITURAS CONSUMO (m3) VALORES (R$)

APTO NOME N° HIDRO ATUAL ANTERIOR INDIV. COMUM TOTAL

COEF. CONSUMO

PROVI-SAO A PAGAR

11E IRANILDA ALEXANDRIA A05L318881 108,12 99,38 8,74 0,78 9,52 0,008590 7,73 - 7,73

21E ELIEUDA M P OLIVEIRA A05L318886 37,16 32,54 4,62 0,78 5,40 0,004871 4,38 - 4,38

31E FABIOLA M FERNANDES A05L318892 78,20 70,53 7,67 0,78 8,45 0,007624 6,86 - 6,86

41E CARMEM VIEIRA DA SILVA A05L318894 109,85 99,15 10,70 0,78 11,48 0,010359 9,32 - 9,32

51E VALERIA DE ALMEIDA ROCHA A05L318872 136,99 127,91 9,08 0,78 9,86 0,008897 8,01 - 8,01

12E NEUZA MARIA O.ADRIANA A05L318862 255,55 238,54 17,01 0,78 17,79 0,016054 14,45 - 14,45

22E CLAUDIA MAURA A05L318876 89,62 79,29 10,33 0,78 11,11 0,010025 9,02 - 9,02

32E BELAME BENTO A05L318846 143,14 136,26 6,88 0,78 7,66 0,006911 6,22 - 6,22

42E RONALDO DA SILVA COSTA A05L318855 90,92 81,93 8,99 0,78 9,77 0,008815 7,93 - 7,93

52E LEONARDO BORGES DE OLIVEIRA A05L318851 58,59 49,49 9,10 0,78 9,88 0,008915 8,02 - 8,02

13E ADRIANA CRUZ BUENO A05L318884 218,70 201,55 17,15 0,78 17,93 0,016180 14,56 - 14,56

23E FRANCISCO DARIO A05L318863 175,15 159,06 16,09 0,78 16,87 0,015223 13,70 - 13,70

33E MARIA CRISTINA OJO PIRES A05L318849 118,85 102,76 16,09 0,78 16,87 0,015223 13,70 - 13,70

43E SERGIO CAETANO DE OLIVEIRA A05L318848 62,01 55,98 6,03 0,78 6,81 0,006144 5,53 - 5,53

53E SERGIO LUCIANO DA COSTA A05L318868 66,79 60,74 6,05 0,78 6,83 0,006162 5,55 - 5,55

14E THIAGO FERREIRA DE OLIVEIRA A05L318878 295,68 267,22 28,46 0,78 29,24 0,026388 23,75 - 23,75

24E IRAMAR FERNANDES DE LIMA A05L318861 83,84 81,94 1,90 0,78 2,68 0,002416 2,17 - 2,17

34E MARCIA FERNANDES DE LIMA A05L318860 121,30 111,18 10,12 0,78 10,90 0,009835 8,85 - 8,85

44E RITA FILOMENA DOS SANTOS A05L318857 230,86 210,37 20,49 0,78 21,27 0,019194 17,27 - 17,27

54E MILENE APARECIDA J SANTOS A05L318853 114,31 103,28 11,03 0,78 11,81 0,010656 9,59 - 9,59

TOTAIS ==> 1 030 78 1 108 1,00 900,00 900,00

Figura 7.3 – Trecho da planilha elaborada para a demonstração do cálculo do rateio do consumo comum de água.

Dessa forma foram obtidos, mensalmente, os consumos individuais e o valor a ser cobrado de cada morador acrescido do rateio do consumo comum. O detalhamento e minúcias dos cálculos apresentados foram intencionais, pois, tratando-se de algo novo para os moradores, era necessário informá-los com a maior clareza possível.

Os valores dos consumos individuais obtidos entre setembro de 2005 e fevereiro de 2006 foram utilizados na escolha dos apartamentos a serem monitorados para a obtenção do perfil de consumo e constam do Anexo E. Submetidos à análise estatística deram origem aos dados contidos na tabela 7.1, que apresenta a distribuição de freqüências e as estimativas dos parâmetros da população.

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91 Tabela 7.1 – Distribuição de freqüências e estimativas dos parâmetros populacionais do monitoramento prévio do consumo mensal de água de setembro de 2005 a fevereiro de 2006.

CONJUNTO HABITACIONAL TIRADENTES

DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS DO CONSUMO MENSAL DE ÁGUA

CLASSES FREQÜÊNCIA

ABSOLUTA

(ni)

FREQÜÊNCIA RELATIVA

(fi)

FREQÜÊNCIA ACUMULADA

(F)

0 |----- 5 12 0,12 12 5 |----- 10 37 0,37 49 10 |----- 15 28 0,28 77 15 |----- 20 14 0,14 91 20 |----- 25 6 0,06 97 25 |----- 30 3 0,03 100 TOTAL 100 1,00

Média x 10,37 Mediana 9,86

Variância 31,23 Valor mínimo 0,96

Desvio padrão 5,59 Valor máximo 29,68

7.1.1 Determinação da amostra

A inferência estatística tem como objetivo produzir afirmações sobre uma dada característica a partir de informações colhidas de uma amostra de uma população. Trabalhos científicos, em geral, só utilizam planos amostrais probabilísticos em razão da vantagem que apresentam em medir a exatidão da amostra obtida, com base nos resultados da própria amostra. Assim sendo, foi adotado um plano probabilístico com o sorteio casual para a escolha das unidades monitoradas.

O tamanho da amostra a ser utilizada foi calculado a partir de uma amostra composta por dez elementos, utilizando-se a equação (2), tendo como parâmetros conhecidos: a média da população e seu respectivo desvio padrão.

eq. (2) Onde: n = tamanho da amostra; σ = desvio padrão da população (σ = 5,59) d = amplitude do intervalo de confiança, z = coeficiente de confiança tabelado para a distribuição normal (C = 95%, z =1,96).

2

2222dzn σ∗∗

=

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92

357,3

59,596,122

222

=∗∗

=n

Como a distribuição amostral aproxima-se da distribuição normal para n>30, o tamanho da amostra é adequado.

A amostra foi selecionada por sorteio casual simples, sem reposição, da população constituída pelas 88 famílias que responderam ao questionário da pesquisa socioeconômica. A tabela 7.2 apresenta o resultado do sorteio casual com a utilização de uma tabela de números equiprováveis.

Tabela 7.2 – Apartamentos sorteados nos quais foram instalados os equipamentos para monitoramento do perfil de consumo.

NÚMERO EQUIPROVÁVEL

APARTAMENTO SORTEADO

CONSUMO MÉDIO

NÚMERO EQUIPROVÁVEL

APARTAMENTO SORTEADO

CONSUMO MÉDIO

14 42A 4,85 33 41B 11,45

24 14B 5,22 97 51E 12,43

72 34D 5,26 61 11D 12,96

16 44A 5,26 64 14-D 13,10

22 12B 5,54 59 53C 13,41

13 41A 6,03 6 22A 14,19

99 53E 6,87 90 32E 14,68

56 44C 6,96 58 52C 14,94

89 31E 8,38 69 31D 15,63

25 21B 8,45 67 22C 17,26

3 13A 8,54 43 13C 17,84

88 24E 9,21 11 33A 17,86

55 43C 10,22 30 32B 18,34

32 34B 10,49 87 23E 18,67

15 43A 10,59 60 54C 20,81

79 53D 10,66 65 21D 26,55

66 22D 10,88 82 12-E 27,45

91 33E 11,37

A adequação da amostra aos propósitos dessa investigação foi confirmada pela distribuição de freqüência e pela estimativa dos parâmetros apresentados na tabela 7.3.

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93 Tabela 7.3 – Distribuição de freqüência e parâmetros estatísticos da amostra selecionada.

CLASSES FREQÜÊNCIA

ABSOLUTA

(ni)

FREQÜÊNCIA RELATIVA

(fi)

FREQÜÊNCIA ACUMULADA

F

0 |----- 5 1 0,03 1

5 |----- 10 11 0,31 12

10 |----- 15 14 0,40 26

15 |----- 20 6 0,17 32

20 |----- 25 1 0,03 33

25 |----- 30 2 0,06 35

TOTAL 35 1,00

Média x 11,07 Mediana 10,74

Variância 25,47 valor mínimo 4,85

Desvio padrão 5,05 valor máximo 27,45

7.2 Monitoramento do perfil de consumo

O perfil de consumo dos apartamentos selecionados foi obtido com a utilização de hidrômetros monitorados. Para cada apartamento foram obtidas as leituras de vazão instantânea e os volumes acumulados durante 24 horas por dia, por 14 dias. Assim, o sistema permaneceu registrando os dados até que fossem completadas duas semanas, ou seja, duas segundas-feiras, duas terças-feiras etc. Convenientemente configurado, o sistema permitiu o registro de três leituras por minuto, isto é um registro a cada vinte segundos em média, para cada unidade monitorada.

Para a aquisição e armazenamento dos dados foi utilizado um sistema de monitoramento composto por hidrômetros eletrônicos, uma interface de comunicação para obtenção dos sinais, com padrão de comunicação M-Bus (Meter-Bus) – RS-232, que disponibiliza as informações a um programa de controle por meio de uma rede ramificada de cabos a uma central de gerenciamento, composta por computador e periféricos, que armazenam os dados em um disco rígido.

7.2.1 Instalação dos hidrômetros monitorados

Os hidrômetros utilizados são da marca HYDROMETER, modelo Scampy DN 20 mm, Qn 1,50 m3/h, Qmín 15 L/h, Classe C, dotados de relojoaria do tipo extra-seco, com transmissão magnética e sensores eletrônicos microcontrolados. São dotados de microprocessadores com funções de totalização de consumo e vazão

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94 instantânea, cujos dados podem ser lidos diretamente em um display de cristal líquido ou remotamente, por um barramento de duas vias e protocolos de saída padrão M-Bus.

Cada hidrômetro Scampy foi instalado na unidade a ser monitorada, em série, com o hidrômetro existente permanecendo pelo período necessário ao monitoramento daquelas unidades – foto 7.1. Os hidrômetros existentes são da marca LAO, monojatos, com transmissão magnética, DN 20, Qn 1,50 m3/h, classe B, sem instrumentação.

Foto 7.1 – Hidrômetros eletrônicos Scampy instalados em série com os hidrômetros existentes.

A utilização de 8 hidrômetros representou uma limitação no desenvolvimento dos trabalhos, pois resultou na necessidade de mudanças cíclicas dos equipamentos, prolongando o trabalho de campo por maior tempo. Por outro lado, propiciou o deslocamento do sistema para os vários blocos que compõem o conjunto habitacional, permitindo a utilização de ramificações mais curtas da rede de cabos, dispensado trabalho de instalação de dutos de proteção.

7.2.2 Rede de comunicação

Para a rede de comunicação foram utilizados cabos empregados em telefonia, de um e de dois pares, uma vez que cada entrada da interface de comunicação pode

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95 monitorar quatro hidrômetros. A configuração ramificada foi instalada de maneira a interligar os hidrômetros de cada um dos abrigos múltiplos existentes, contemplando os apartamentos que participavam da amostra selecionada.

Os cabos foram instalados (colados) provisoriamente nas paredes da edificação em operação bastante simples, inclusive para a remoção. A regularidade da operação foi facilitada também pela cooperação dos moradores, não tendo sido registrada nenhuma ruptura da rede ou paralisação por dano às instalações do sistema.

7.2.3 Interface de comunicação

A interface de comunicação é um equipamento com programa residente que promove a conversão do protocolo de comunicação serial com o padrão M-Bus, estabelecendo a comunicação entre o computador e a rede de hidrômetros.

Foi utilizada uma interface HIDRO-CENTER 60, centralizadora/conversora de sinais M-Bus para 60 hidrômetros, com interface de comunicação com um PC (Personal Computer) via RS-232, com velocidade de transmissão de 2400 bits/seg, apresentada na foto 7.2. Essa interface pode ser utilizada como repetidora/amplificadora para expansão física e lógica por aumento do número de medidores ou área de cobertura.

Fonte: SAPPEL do Brasil

Foto 7.2 – Interface de comunicação Hydrocenter 60, HYDROMETER.

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96 7.2.4 Central de gerenciamento

A central de gerenciamento foi composta por um Computador Pentium III de 550 Mhz, com 256 Mb de memória RAM, disco rígido de 40 Gb e sistema operacional Windows XP Professional, dotado de porta serial RS-232 e porta USB, e os seguintes periféricos: monitor SVGA 15”, unidades leitoras de disquete e de CD-ROM, teclado e mouse. A foto 7.3 apresenta a central de gerenciamento em um dos locais onde foi instalada para o monitoramento.

Foto 7.3 – Central de gerenciamento em operação durante a fase de monitoramento do perfil de consumo de água nos apartamentos.

Para a elaboração de back-ups diários dos arquivos foi utilizado um dispositivo leitor de memória com interface USB com capacidade de 128 Mb. Dessa forma os dados coletados foram transferidos, diariamente, para um segundo computador, garantindo a sua segurança.

O sistema foi alimentado por um no-break, com entrada para bateria externa, com autonomia aproximada de 2 horas que permitiu a continuidade da operação na ausência de energia elétrica. Como medida de economia de energia elétrica e ampliação do tempo de operação do sistema na sua ausência, o monitor foi mantido desligado, somente utilizando-o nas ocasiões de elaboração dos back-ups ou outras verificações de funcionamento.

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97 7.2.5 Programa de controle

Para controlar a comunicação, configuração do sistema e permitir o monitoramento em tempo real, bem como o registro das informações em bancos de dados, foi utilizado o aplicativo Sistema Hidrobus em sua versão 2006, adequado à operação com os hidrômetros pelo protocolo M-Bus, que incorpora facilidades como:

• interface adequada com o usuário;

• possibilidade de trabalhar, visualizar e exportar dados e gráficos com simplicidade;

• facilidade de configuração de cada hidrômetro, entre outras.

Desenvolvido pela empresa ABB Nansen Medidores de Águas S.A., o Sistema Hidrobus é constituído de dois programas principais: o Hidrobus que realiza a comunicação com os hidrômetros, apresentado na figura 7.4, e o Hidro Manager, que faz a configuração, o gerenciamento e apresentação das leituras obtidas pelo programa Hidrobus – figura 7.5.

Fonte: ABB

Figura 7.4 – Ilustração da tela inicial do programa Hidrobus contida no manual de operação.

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98 Assim, o Sistema Hidrobus permite:

• Registrar e associar todos os hidrômetros com o consumidor;

• Gerar gráficos e tabelas para a análise das leituras;

• Possuir um banco de dados para análise futura;

• Determinar o perfil de consumo de cada consumidor;

• Melhorar a especificação do medidor de acordo com o perfil de consumo;

• Detectar vazamentos.

Fonte: ABB

Figura 7.5 – Ilustração da tela de configurações do programa Hidro Manager contida no manual de operação.

No decorrer do período de monitoramento e em consonância com o problema apontado por Tamaki (2003) utilizando o mesmo sistema, ocorreram algumas interrupções de funcionamento causadas por conflitos que provocavam danos ao banco de dados. O procedimento adotado para contornar o problema foi o da reinstalação do sistema, iniciando um novo banco de dados de forma a mantê-lo com menor quantidade de dados e, conseqüentemente, mais estável. Assim, em alguns casos, o monitoramento foi constituído por fragmentos que completaram o período desejado, utilizando-se dos dados obtidos no mesmo dia da semana seguinte, completando o período de vinte e quatro horas.

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99 7.3 Ensaios preliminares

Antes do início dos trabalhos de campo, o sistema foi verificado com o objetivo de comprovar o funcionamento adequado dos hidrômetros instrumentados e dos demais elementos componentes. Essa verificação ocorreu nas instalações do Laboratório de Hidráulica do IPT e consistiu na verificação dos volumes e vazões escoadas pelos hidrômetros em faixas previamente definidas que visavam contemplar toda a escala até a vazão nominal do hidrômetro.

Os hidrômetros foram montados em série de maneira que todos ficaram sujeitos à mesma vazão, conforme a foto 7.4, e foram monitorados pelo sistema durante 10 minutos para cada uma das faixas, obtendo-se o registro dos volumes e vazões escoadas nesse período.

A montante do conjunto foi instalado um hidrômetro da marca Actaris nº DO3AB120059, modelo P50, classe C, vazão nominal Qn 2,5 m3/h, para o ajuste das faixas de vazão. O sistema foi alimentado por bomba, com pressão constante de 40 mca .

Foto 7.4 – Ensaio preliminar dos hidrômetros instrumentados, montados em série.

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100 Duas válvulas de controle montadas, uma a montante e outra a jusante dos hidrômetros, proporcionaram o controle adequado das vazões.

Durante o período de monitoramento e para cada faixa ensaiada foram feitas determinações das vazões pelo método gravimétrico utilizando-se de recipiente coletor, cronômetro e balança eletrônica.

A figura 7.6 foi gerada pelo programa de controle Hidrobus durante o ensaio, na qual é perceptível cada uma das faixas de vazão monitoradas.

Figura 7.6 – Gráfico do monitoramento do primeiro hidrômetro instalado na bancada de ensaio.

A tabela 7.4 apresenta os resultados obtidos para os hidrômetros controlados comparados com os resultados obtidos pelo processo gravimétrico.

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101

Tabela 7.4 – Dados comparativos obtidos para os hidrômetros no ensaio de bancada.

PROCESSO GRAVIMÉTRICO VARIAÇÃO PERCENTUAL DOS HIDRÔMETROS INSTRUMENTADOS FAIXAS

DE VAZÃO ( L/s ) VAZÃO

MÉDIA ( L/h )

VOLUME CALCULADO

( L ) H1-3464 H2-3152 H3-3157 H4-3158 H5-3385 H6-3387 H7-3334 H8-3408

0,01 33 5,51 2,0% 0,2% 0,9% 0,9% -0,9% -1,1% -2,0% -2,0%

0,05 184 30,65 -0,4% -1,0% 1,0% 0,0% 0,0% 0,2% 0,5% -1,0%

0,10 381 63,53 0,4% -0,7% -0,6% 0,1% 0,4% 0,0% -0,3% -1,0%

0,15 555 92,47 -1,0% -1,5% -0,1% 0,8% 0,6% -1,9% 0,7% -1,0%

0,20 748 124,65 -0,2% 0,9% 0,7% 0,7% 0,6% 0,1% 1,5% 1,0%

0,25 899 149,75 -0,5% 1,0% 0,3% 0,7% 0,7% -1,4% 0,4% 1,0%

0,30 1 077 179,57 -1,2% 1,3% -1,0% 1,5% 0,2% -0,3% -0,4% 0,0%

0,35 1 263 210,54 -0,8% 1,2% -0,2% 1,0% 0,8% 2,0% -0,2% 0,0%

0,40 1 447 241,11 -1,9% 1,5% -0,4% -1,0% 0,9% -1,5% -0,2% -1,0%

0,44 1 570 261,62 -1,0% -0,3% -0,3% 0,7% 0,8% 0,5% 0,2% 0,0%

A pequena variação percentual entre o volume escoado em cada faixa ensaiada e o volume calculado pelo processo gravimétrico indica que o equipamento em teste se mostra adequado para o levantamento de dados proposto. A figura 7.7 permite a visualização gráfica dos dados tabelados.

VARIAÇÃO PERCENTUAL DOS HIDRÔMETROS INSTRUMENTADOS - COMPARAÇÃO COM O PROCESSO GRAVIMÉTRICO -

-2,0%

-1,5%

-1,0%

-0,5%

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

H1-3464 H23152 H3-3157 H4-3158 H5-3385 H6-3387 H7-3334 H8-3408

HIDRÔMETROS

ERR

O P

ERC

ENTU

AL

(%)

0,01 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,44

Figura 7.7 – Gráfico da variação percentual dos volumes escoados comparados com os obtidos por processo gravimétrico.

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102 7.4 Atividades de campo

Para a instalação do Hydrocenter, computador e demais periféricos do sistema, contou-se com o apoio de alguns moradores que os receberam em seus apartamentos pelo período de duração dos trabalhos. A implantação justaposta dos Blocos A e B e dos Blocos D e E, isolada do Bloco C do condomínio, permitiu que os equipamentos ficassem instalados em somente três apartamentos pelo período necessário para que todas as unidades escolhidas de cada bloco fossem monitoradas.

Preliminarmente foram instalados os hidrômetros e executada a rede de comunicação com cabos de pares telefônicos, interligando-os ao Hydrocenter. Foram utilizados dois pares e a cada um conectados quatro hidrômetros. Em face das pequenas distâncias envolvidas, a instalação da rede pôde ser executada sem necessidade de maiores cuidados com a proteção dos cabos, que foram fixados às paredes dos edifícios de modo a eliminar interferências ou transtornos aos moradores. A figura 7.8 apresenta o diagrama da implantação do sistema de monitoramento

PC

DIAGRAMA DE IMPLANTAÇÃO

HYDRO-CENTER 60Memory

CE

Figura 7.8 – Diagrama da implantação dos equipamentos empregados no monitoramento.

Para cada grupo de hidrômetros instalado foi criado um banco de dados de modo a permitir a separação dos dados segundo os blocos que compõem o condomínio.

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103 Periodicamente foram feitos backups para segurança dos dados adquiridos, transferindo-os para um segundo computador.

Concluídos os trabalhos no primeiro grupo de apartamentos, os hidrômetros foram removidos e instalados no grupo seguinte e assim, sucessivamente, até que todos os apartamentos sorteados fossem monitorados.

As atividades foram iniciadas em 10/05/2006 e concluídas em 23/09/2006. Interrupções na comunicação entre os hidrômetros e a central de gerenciamento ocasionaram a prorrogação das atividades além do previsto. Em algumas ocasiões, com a repetição dessas ocorrências, houve necessidade de reinstalação do software Hidrobus e reinício do banco de dados.

7.4.1 Aquisição de dados

A configuração do programa Hidrobus associa cada hidrômetro com o apartamento monitorado. As leituras do volume e vazão instantânea(3) foram feitas, em média, a cada 20 segundos, gerando um banco de dados para cada hidrômetro. A partir desses elementos foi possível obter gráficos e tabelas para a análise das leituras. As Figuras 7.9 e 7.10 apresentam gráficos das vazões gerados pelo Hidrobus durante uma hora e um dia respectivamente. O gráfico de vazões de uma semana é mostrado na Figura 7.11.

Figura 7.9 – Gráfico do monitoramento de uma hora do apartamento 11-D

(3) O programa Hidrobus não permite alterar a quantidade de algarismos significativos. Assim, os cálculos foram efetuados com todos os algarismos exibidos.

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104

Figura 7.10 – Gráfico do monitoramento de um dia do apartamento 11-D

Figura 7.11 – Gráfico do monitoramento de uma semana do apartamento 11-D.

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105 8 RESULTADOS

8.1 Redução do consumo de água pela utilização do sistema de medição individualizada

Além de fornecer os elementos necessários à determinação das unidades monitoradas, o acompanhamento prévio efetuado no C. H. Tiradentes permitiu a comparação dos consumos mensais ocorridos durante os doze meses posteriores à instalação dos hidrômetros individuais com igual período anterior. Os dados de consumo, entre agosto de 2004 e julho de 2005, são os constantes das contas apresentadas pela concessionária, obtidos dos documentos em poder do condomínio. A tabela 8.1 apresenta esses valores, bem como as médias mensais de cada período, antes e depois da implantação do sistema de medição individualizada.

Tabela 8.1 – Valores do consumo nos doze meses anteriores e posteriores à instalação do sistema de medição individualizada.

CONJUNTO HABITACIONAL TIRADENTES

100 APARTAMENTOS

CONSUMO MENSAL DE ÁGUA – (m³/mês)

2004/2005 2005/2006 MÊS

VOLUME MÉDIA / APTO (*) VOLUME MÉDIA / APTO (*)

AGOSTO 1 388 13,88 1 239 12,39

SETEMBRO 1 322 13,22 1 096 10,96

OUTUBRO 1 342 13,42 1 334 13,34

NOVEMBRO 1 293 12,93 1 127 11,27

DEZEMBRO 1 440 14,40 1 406 14,06

JANEIRO 1 349 13,49 1 234 12,34

FEVEREIRO 1 361 13,61 1 174 11,74

MARÇO 1 454 14,54 1 174 11,73

ABRIL 1 646 16,46 1 108 11,08

MAIO 1 277 12,77 1 007 10,07

JUNHO 1 375 13,75 1 072 10,72

JULHO 1 266 12,66 1 076 10,76

12 MESES 16 513 13,76 14 047 11,70

DESVIO PADRÃO - 1,03 - 1,16

REDUÇÃO DO CONSUMO EM 12 MESES = 14,9%

(*) Inclui a parcela do uso comum rateada igualmente entre os moradores

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106 A comparação dos consumos totais em doze meses demonstra que a redução no consumo de água, após a instalação dos hidrômetros individuais, foi de 14,9%. Essa redução aproximou a média dos consumos mensais ao mínimo de 10 m3/mês,

praticado pela concessionária, em seu regime tarifário.

A baixa dispersão dos valores em torno da média do consumo mensal nos dois períodos indica a pequena influência de fatores sazonais no consumo de água, predominando os fatores diretamente ligados à quantidade de habitantes por unidade habitacional, a permanência média por período, consumo inerente à manutenção e higiene das habitações etc.

Cabe ressaltar que a redução no consumo de 14,9% verificada no C. H. Tiradentes está próxima ao valor apontado por Yamada (2001), para a população do Parque CECAP em Guarulhos, SP, onde a diferença de consumo de água entre os edifícios dotados de medição coletiva e aqueles com medição individualizada foi de 17%. Nesses dois conjuntos, o ambiente construído, as instalações e a ocupação são semelhantes.

No C. H. Guaianases, constatou-se que a maioria dos condomínios que compõem o conjunto promoveu a instalação dos sistemas de medição individualizada. Assim, além da pesquisa socioeconômica para a comparação entre as populações, foi possível levantar o consumo mensal de água de todos os apartamentos, por um período de 12 meses anteriores ao início da implantação do primeiro sistema individualizado e igual período após a instalação da individualização, permitindo determinar a redução do consumo havida.

Para esse fim, foram coletadas as informações do consumo mensal e das datas de implantação dos sistemas de medição individualizada constantes nos documentos contábeis de cada condomínio, no período de janeiro de 2003 a maio de 2007, complementadas com dados obtidos na concessionária SABESP, nos casos de falta de documentos.

Dessa forma foi possível identificar o período de agosto de 2003 a julho de 2004, no qual os apartamentos tinham medição coletiva. Em meados de 2006, a maioria dos condomínios já contava com sistemas de medição individualizada; somente 120 apartamentos ainda não utilizavam o sistema e, portanto, foram segregados dos cálculos. A tabela 8.2 apresenta os dados dos dois períodos e a média do consumo mensal por apartamento.

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107 Tabela 8.2– Consumo mensal de água no C. H. Guaianases no período sem individualização e com individualização.

CONJUNTO HABITACIONAL GUAIANASES

CONSUMO MENSAL DE ÁGUA

(1340 APARTAMENTOS)

SEM INDIVIDUALIZAÇÃO 2003/2004 COM INDIVIDUALIZAÇÃO (*) 2006/2007

MÊS VOLUME

(m3)

MÉDIA / APTO

(m3)

VOLUME

(m3)

MÉDIA / APTO

(m3)

JUNHO - - 11 835 9,7

JULHO - 12 336 10,11

AGOSTO 16 919 12,63 11 982 9,82

SETEMBRO 16 800 12,54 12 718 10,42

OUTUBRO 17 101 12,76 12 269 10,06

NOVEMBRO 17 146 12,80 12 739 10,44

DEZEMBRO 17 712 13,22 13 962 11,44

JANEIRO 15 669 11,69 12 897 10,57

FEVEREIRO 17 123 12,78 13 723 11,25

MARÇO 16 161 12,06 14 050 11,52

ABRIL 17 615 13,15 12 718 10,42

MAIO 16 248 12,13 11 633 9,54

JUNHO 16 111 12,02 - -

JULHO 17 029 12,71 - -

12 MESES 201 634 12,54 152 862 10,44

DESVIO PADRÃO - 0,49 - 0,66

REDUÇÃO DO CONSUMO EM 12 MESES = 16,7%

(*) Total de 1220 apartamentos com individualização até maio/2007

A redução no consumo com a adoção da medição individualizada alcançou 16,7%, semelhante à obtida com a implantação do sistema no C. H. Tiradentes. Os valores obtidos nos dois conjuntos comparados às experiências internacionais que, segundo Tomaz (19--c), apontam valores entre 15% e 30%, indicam que as reduções podem ser maiores, caso sejam desenvolvidas campanhas de esclarecimentos quanto aos hábitos de consumo.

Os valores típicos utilizados nas previsões de consumo de uma determinada classe de consumidor são determinados considerando-se uma pequena possibilidade de serem superados, minimizando os riscos de descontinuidade no abastecimento. Assim, deve-se obter a partir dos valores médios da tabela um valor característico

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108 que apresente pequena probabilidade de ser superado, de modo a representar o consumo médio dessa população. De acordo com Stevenson (1981), se uma variável tem distribuição normal, cerca de 95,5% dos seus valores estarão contidos em um intervalo de dois desvios padrões a contar de cada lado da média.

Logo, os valores da média diária per capita, indicado na tabela 8.3, podem assumir valores entre 89 e 133 L/dia, para o C. H. Tiradentes e entre 80 e 104 L/dia, para o C. H. Guaianases, valores inferiores ao adotado pela CDHU para o dimensionamento da capacidade dos reservatórios.

Tabela 8.3 – Consumo médio diário nos doze meses posteriores à instalação do sistema de medição individualizada.

CONSUMO MÉDIO DIÁRIO

C. H. TIRADENTES 100 APARTAMENTOS

AGOSTO 2005 A JULHO 2006

C. H. GUAIANASES 1 220 APARTAMENTOS

JUNHO 2006 A MAIO 2007

MÉDIA DIÁRIA MÉDIA DIÁRIA MÊS

TOTAL MENSAL (m³/mês) POR APTO

(L/dia) PER CAPITA (*)

(L/dia)

TOTAL MENSAL (m³/mês) POR APTO

(L/dia) PER CAPITA (**)

(L/dia)

MÊS 1 1 239 413 118 11 835 323 85

MÊS 2 1 096 365 104 12 336 337 89

MÊS 3 1 334 445 127 11 982 327 86

MÊS 4 1 127 376 107 12 718 347 91

MÊS 5 1 406 469 134 12 269 335 88

MÊS 6 1 234 411 117 12 739 348 92

MÊS 7 1 174 391 112 13 962 381 100

MÊS 8 1 174 391 112 12 897 352 93

MÊS 9 1 108 369 105 13 723 375 99

MÊS 10 1 007 336 96 14 050 384 101

MÊS 11 1 072 357 102 12 718 347 91

MÊS 12 1 076 359 103 11 633 318 84

MÉDIA - 390 111 - 348 92

DESVIO PADRÃO - 39 11 - 22 6

INTERVALO 95,5% - 312 - 468 89 - 133 - 304 - 392 80 - 104

(*) Ocupação média de 3,5 habitantes por apartamento

(**) Ocupação média de 3,8 habitantes por apartamento

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109 Analogamente, o valor para a média diária por apartamento está compreendido entre 312 e 468 L/dia, para o C. H. Tiradentes e, entre 304 e 392 L/dia, para o C. H. Guaianases. Para efeito comparativo, a tabela 8.4, a seguir apresenta alguns consumos diários encontrados na literatura.

Tabela 8.4 – Valores típicos para previsão do consumo de água aplicáveis ao C. H. Tiradentes.

PREVISÃO DO CONSUMO DE ÁGUA

VALORES TÍPICOS ORIGEM USUÁRIO UNIDADE VALOR POR APTO

(L/dia) PER CAPITA

(L/dia)

NUCCI (19--) Renda Classe C e D L/m²/dia 10 a 18 455 - 818 (*) 130 – 234 (**)

METCALF & EDDY (1991) Apartamento L/dia/hab 378 1 323 (**) 378

DMAE - P. ALEGRE (1988) Apartamentos e residências L/dia/hab 200 400 (***) 200

SYED R.QASIN (1994) Apartamento L/dia/hab 230 805 (**) 230

MACINTYRE (1982) Apartamento L/dia/hab 200 400 (****) 200

MELO E NETTO (1988) Residência por dormitório 200 a 400 400 - 800 (*****) 114 - 228

(*) Valores calculados com a área do apartamento = 45,46 m² - (Conj. Hab. Tiradentes)

(**) Valores calculados com a ocupação média de 3,5 hab/apto - (Conj. Hab. Tiradentes)

(***) Ocupação proposta de 2 pessoas para apartamentos e residências com dormitórios até 12 m²

(****) Consideradas 2 pessoas por dormitórios

(*****) Considerados 2 dormitórios

Fonte: Elaborado a partir de Tomaz (2000)

Os valores das médias diárias por apartamento situam-se próximos aos valores mínimos recomendados por Nucci e Melo e Netto, e também dos valores apontados pelo DMAE - Departamento Municipal de Àgua e Esgoto de Porto Alegre e Macintyre, coligidos por Tomaz (2000), para previsões de consumo dessa categoria de edificação. Porém, os valores médios per capita são significativamente menores que os apresentados pelos mesmos autores, ainda que sejam considerados os limites superiores dos intervalos.

8.2 Regime de vazões dos hidrômetros

A escolha de um hidrômetro, como exposto anteriormente, deve considerar as vazões proporcionadas pelo perfil de consumo, associadas às vazões mínimas e máximas suportadas pelo medidor, de forma a evitar desgaste excessivo ou ocorrência de erro fora das tolerâncias da norma.

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110 Com esse objetivo, foram analisados os regimes das vazões obtidas pelo sistema de monitoramento instalado nos 35 apartamentos do C. H. Tiradentes, supondo que os volumes medidos pelos hidrômetros instrumentados da classe C tivessem escoado pelos hidrômetros classes A, B, e C, de 1,50 e 3,00 m3/h de vazão máxima, durante os 14 dias em que permaneceram registrando os valores do consumo, desprezados os erros reais da indicação dos hidrômetros classe A e B caso o escoamento tivesse ocorrido através deles.

Assim, foram totalizados os volumes médios escoados e os respectivos tempos médios de permanência para cada faixa de vazão característica e classe metrológica dos hidrômetros apresentados nas planilhas do Anexo G.

A escolha desses hidrômetros está embasada no fato de serem os mais adequados para as vazões de cálculos preconizadas pela norma NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998) e critérios sugeridos por Rech (1999). A tabela 8.5 apresenta os valores acumulados dos tempos médios de permanência e volumes médios escoados do hidrômetro de 3.00 m3/h, classe B.

Tabela 8.5 – Regime de vazões para hidrômetros classes B de 3.0 m3/h.

REGIME DE VAZÕES PARA HIDRÔMETROS CLASSE B - Qmáx 3,00 m³/h

TEMPO DE PERMANÊNCIA (14 DIAS)

VOLUME ESCOADO (14 DIAS)

CA

MP

OS

DE

ME

DIÇ

ÃO

ERROS ADMIS-SÍVEIS

FAIXAS DE VAZÃO CARACTERÍSTICAS

INTERVALO DAS FAIXAS

(L/h) TEMPO MÉDIO

(s) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VOLUME MÉDIO

( L ) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VAZÕES MÉDIAS

(L/h)

Q = 0 0,00 643 929 53,23 53,23 0,00 0,00 0,00 0

IND

ETE

R-

MIN

ADO

0 < Q < Qmín 0,00 < Q < 30 485 763 40,16 93,39 739,529 13,75 13,75 5

CA

MP

O

INFE

RIO

R

± 5% Qmín < Q < Qt 30 < Q < 120 30 042 2,48 95,87 563,563 10,48 24,23 68

Qt < Q < 1,2Qt 120 < Q < 144 6 872 0,57 96,44 252,358 4,69 28,92 132

1,2Qt <Q < 0,12Qmáx 144 < Q < 360 31 031 2,56 99,00 1 857,380 34,53 63,45 215

0,12Qmáx < Q < 0,25Qmáx 360 < Q < 750 9 781 0,81 99,81 1 382,304 25,70 89,15 509

0,25Qmáx < Q < 0,36Qmáx 750 < Q < 1 080 1 727 0,14 99,95 416,130 7,74 96,89 867

0,36Qmáx < Q < 0,50Qmáx 1 080 < Q < 1 500 351 0,03 99,98 118,744 2,21 99,10 1 217

0,50Qmáx < Q < 0,60Qmáx 1 500 < Q < 1 800 77 0,01 99,99 34,220 0,63 99,73 1 600

0,60Qmáx < Q < 0,75Qmáx 1 800 < Q < 2 250 27 0,01 100,00 14,600 0,27 100,00 1946

0,75Qmáx < Q < Qmáx 2 250 < Q < 3 000 0,00 0,00 100,00 0,000 0,00 100,00 0

CA

MP

O S

UP

ERIO

R

± 2%

> Qmáx < 3 000 0,00 0,00 100,00 0,000 0,00 100,00 0

SOMA 1 209 600 100,00 5 378,828 100,00

LEGENDA

- FAIXA IDEAL DE TRABALHO

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111 Pelos dados do monitoramento verifica-se que os hidrômetros permanecem parados durante 53,23% do tempo. O escoamento abaixo do limite mínimo (Qmín) e, portanto, sujeito a indicações com erro indeterminado corresponde a 13,75%, e perfaz um tempo de permanência acumulado de 93,39%. Os volumes escoados até a vazão de transição (Qt), em que as indicações de erro são de ± 5%, totalizam 24,23% no período de tempo acumulado de 95,87%.

O escoamento acima da vazão de transição (Qt), na qual os erros de indicação são de ± 2%, totalizam 75,77% do volume escoado durante somente 4,13% do tempo. Outro aspecto a ser destacado é o pequeno escoamento acima da faixa que corresponde a 50% da vazão máxima, indicando que os hidrômetros não ficam submetidos a altas velocidades e, portanto, são adequados a esse perfil de consumo.

O regime de vazões para os hidrômetros de Qmáx 3,00 m3/h da tabela 8.5 está representado no gráfico da figura 8.1.

100%500Qit

PERC

ENTU

AL (%

)

Qmin Qt

GRÁFICO DO REGIME DE VAZÕES

Qn Qmáx

20

10

40

50

30

80

100

90

60

70

03612 60 7525

VAZÕESLEGENDA

FAIXA IDEAL DE TRABALHO

HIDRÔMETRO Qmáx 3,00 m3/h - CLASSE B

TEMPO MÉDIO DE PERMANÊNCIA

TEMPO MÉDIO DE PERMANÊNCIA ACUMULADO

VOLUME MÉDIO ESCOADO

VOLUME MÉDIO ESCOADO ACUMULADO

Figura 8.1 – Gráfico do regime de vazões para o hidrômetro de Qmax 3,00 m3/h, classe B.

Para a análise comparativa dos regimes de escoamento dos hidrômetros de 1,50 e 3,00 m3/h de vazão máxima das classes A, B e C, foram elaboradas as tabelas 8.6 e 8.7 que apresentam, respectivamente, os percentuais acumulados dos tempos

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112 médios de permanência acumulados e os volumes médios para cada faixa de vazão característica. Destacam-se as duas faixas de vazão de compõem a faixa ideal de trabalho.

Tabela 8.6 – Tempos médios de permanência acumulados, por faixa de vazão, para os hidrômetros classes A, B e C de Qmáx. 1,50 e 3,00 m3/h.

TEMPO MÉDIO DE PERMANÊNCIA POR FAIXA DE VAZÃO

TEMPO DE PERMANÊNCIA ACUMULADO ( % )

1,50 m³/h 3,00 m³/h CAMPOS

DE MEDIÇÃO

ERROS ADMIS-SÍVEIS

FAIXAS DE VAZÃO CARACTERÍSTICAS

A B C A B C

Q = 0 (PARADO) 53,23 53,23 53,23 53,23 53,23 53,23 INDETER-

MINADO 0 < Q < Qmín 93,39 88,72 83,61 93,92 93,39 88,72

CAMPO INFERIOR ± 5% Qmín < Q < Qt 94,90 94,54 86,86 96,59 95,87 92,08

Qt < Q < 1,2Qt 95,23 94,83 87,91 97,30 96,44 93,04

1,2Qt <Q < 0,12Qmáx 97,31 97,31 97,31 99,00 99,00 99,00

0,12Qmáx < Q < 0,25Qmáx 99,06 99,06 99,06 99,81 99,81 99,81

0,25Qmáx < Q < 0,36Qmáx 99,51 99,51 99,51 99,95 99,95 99,95

0,36Qmáx < Q < 0,50Qmáx 99,81 99,81 99,81 99,98 99,98 99,98

0,50Qmáx < Q < 0,60Qmáx 99,91 99,91 99,91 99,99 99,99 99,99

0,60Qmáx < Q < 0,75Qmáx 99,97 99,97 99,97 100,00 100,00 100,00

0,75Qmáx < Q < Qmáx 99,99 99,99 99,99 100,00 100,00 100,00

CAMPO SUPERIOR ± 2%

> Qmáx 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

LEGENDA - FAIXA IDEAL DE TRABALHO

A análise da tabela 8.5 indica que em mais de 99% do tempo os hidrômetros operam em vazões abaixo de 0,25 Qmáx, permanecendo parados aproximadamente 53% do tempo. Os hidrômetros de Qmáx 3,00 m³/h não apresentam escoamento acima de 50% da suas vazões máximas.

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113 Tabela 8.7 – Volumes médios escoados acumulados, por faixa de vazão, para os hidrômetros classes A, B e C de Qmáx 1,50 e 3,00 m3/h.

VOLUME MÉDIO ESCOADO POR FAIXA DE VAZÃO

VOLUME ESCOADO ACUMULADO ( % )

1,50 m³/h 3,00 m³/h CAMPOS

DE MEDIÇÃO

ERROS ADMIS-SÍVEIS

FAIXAS DE VAZÃO CARACTERÍSTICAS

A B C A B C

Q = 0 (PARADO) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 INDETER-

MINADO 0 < Q < Qmín 13,75 7,81 4,45 14,89 13,75 7,81

CAMPO INFERIOR ± 5% Qmín < Q < Qt 18,32 16,79 6,29 30,34 24,23 11,68

Qt < Q < 1,2Qt 20,01 18,00 7,09 37,68 28,92 13,14

1,2Qt < Q < 0,12Qmáx 37,68 37,68 37,68 63,45 63,45 63,45

0,12Qmáx < Q < 0,25Qmáx 64,77 64,77 64,77 89,15 89,15 89,15

0,25Qmáx < Q < 0,36Qmáx 77,49 77,49 77,49 96,89 96,89 96,89

0,36Qmáx < Q < 0,50Qmáx 89,16 89,16 89,16 99,10 99,10 99,10

0,50Qmáx < Q < 0,60Qmáx 94,04 94,04 94,04 99,73 99,73 99,73

0,60Qmáx < Q < 0,75Qmáx 97,67 97,67 97,67 100,00 100,00 100,00

0,75Qmáx < Q < Qmáx 99,35 99,35 99,35 100,00 100,00 100,00

CAMPO SUPERIOR ± 2%

> Qmáx (4) 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Verifica-se que os hidrômetros de 1,50 m3/h das classes A e B escoam volumes menores nas faixas de vazão abaixo de Qmín, se comparados aos de 3,00 m3/h de mesmas classes. Por outro lado, temos para os hidrômetros de 1,50 m3/h escoamento em faixas superiores a Qn (aproximadamente 11% do volume total) nos quais as altas velocidades provocam maior desgaste. Verifica-se, ainda, a ocorrência de pequenas vazões de sobrecarga, ou seja, acima da capacidade máxima dos hidrômetros (0,65% do volume escoado).

Para os hidrômetros de 3,00 m3/h, os volumes escoados estão, na quase totalidade, situados abaixo de 0,50 Qmáx, funcionando em regime de baixas velocidades, portanto sujeitos a menor desgaste, permitindo o aumento do período das manutenções.

Os gráficos da figuras 8.2 a 8.4 apresentam os percentuais dos volumes escoados segundo as faixas características dos hidrômetros das classes A, B e C, nos quais

(4) Os percentuais dos volumes acima de Qmáx registrados nas três classes para o hidrômetro de 1,50 m3/h indicam a ocorrência de vazões de sobrecarga.

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114 encontram-se delimitadas as respectivas faixas ideais de trabalho que permitem a comparação entre os hidrômetros de Qmáx 1,50 e 3,00 m3/h.

HIDRÔMETROS CLASSE A

12,72

17,67

1,69

4,57

27,09

13,75

11,67

4,88 3,63

1,680,650,63

2,21

7,74

25,70

14,89 15,45

7,34

25,77

0,27 0,00 0,000

5

10

15

20

25

30

0 <

Q <

Qm

ín

Qm

ín <

Q <

Qt

Qt <

Q <

1,2

Qt

1,2Q

t <Q

<0,

12Q

máx

0,12

Qm

áx <

Q <

0,25

Qm

áx

0,25

Qm

áx <

Q <

0,36

Qm

áx

0,36

Qm

áx <

Q <

0,50

Qm

áx

0,50

Qm

áx <

Q <

0,60

Qm

áx

0,60

Qm

áx <

Q <

0,75

Qm

áx

0,75

Qm

áx <

Q <

Qm

áx > Q

máx

FAIXAS DE VAZÃO

VO

LUM

E ES

CO

AD

O (

%)

Qmáx 1,50 m³/h Qmáx 3,00 m³/h

FAIXA IDEAL DE TRABALHO

Figura 8.2 – Percentual dos volumes escoados nos hidrômetros Classe A com vazões máximas de 1,50 e 3,00 m3/h.

Observa-se que, para os hidrômetros classe A de 1,50 m3/h, o escoamento abaixo da vazão mínima, no qual os erros são indeterminados, é pouco menor que aquele apresentado pelos hidrômetros de 3,00 m3/h. Essa vantagem se acentua quando analisamos a faixa entre a vazão mínima e a vazão de transição, porém, na faixa ideal de trabalho, o maior volume escoado ocorre nos hidrômetros de 3,00 m3/h. A partir da faixa ideal de trabalho as vazões decrescem para os hidrômetros de 3,00 m3/h, enquanto que para os hidrômetros de 1,50 m3/h, há escoamento na região de altas velocidades e ocorrência de vazões de sobrecarga.

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115

HIDRÔMETROS CLASSE B

1,683,63

12,72

1,21

8,987,81

19,68

27,09

11,67

4,88

0,65

34,53

0,632,21

7,74

25,70

13,75

10,48

4,69

0,27 0,00 0,000

5

10

15

20

25

30

35

40

0 <

Q <

Qm

ín

Qm

ín <

Q <

Qt

Qt <

Q <

1,2

Qt

1,2Q

t <Q

<0,

12Q

máx

0,12

Qm

áx <

Q <

0,25

Qm

áx

0,25

Qm

áx <

Q <

0,36

Qm

áx

0,36

Qm

áx <

Q <

0,50

Qm

áx

0,50

Qm

áx <

Q <

0,60

Qm

áx

0,60

Qm

áx <

Q <

0,75

Qm

áx

0,75

Qm

áx <

Q <

Qm

áx > Q

máx

FAIXAS DE VAZÃO

VO

LUM

E E

SCO

AD

O

( % )

Qmáx 1,50 m³/h Qmáx 3,00 m³/h

FAIXA IDEAL DE TRABALHO

Figura 8.3– Percentual dos volumes escoados nos hidrômetros Classe B com vazões máximas de 1,50 e 3,00 m3/h.

Os hidrômetros da classe B apresentam comportamento semelhante aos da classe A. Porém, verifica-se um melhor desempenho relativo nas baixas vazões e nas correspondentes à faixa ideal de trabalho que favorecem a diminuição dos erros totais de medição.

HIDRÔMETROS CLASSE C

3,630,651,68

4,88

11,67

27,0930,59

12,72

4,451,84 0,80 0,000,000,27

50,31

25,70

7,81

3,871,46

7,74

2,21 0,630

10

20

30

40

50

60

0 <

Q <

Qm

ín

Qm

ín <

Q <

Qt

Qt <

Q <

1,2

Qt

1,2Q

t <Q

<0,

12Q

máx

0,12

Qm

áx <

Q <

0,25

Qm

áx

0,25

Qm

áx <

Q <

0,36

Qm

áx

0,36

Qm

áx <

Q <

0,50

Qm

áx

0,50

Qm

áx <

Q <

0,60

Qm

áx

0,60

Qm

áx <

Q <

0,75

Qm

áx

0,75

Qm

áx <

Q <

Qm

áx > Q

máx

FAIXAS DE VAZÃO

VO

LUM

E E

SCO

AD

O

( % )

Qmáx 1,50 m³/h Qmáx 3,00 m³/h

FAIXA IDEAL DE TRABALHO

Figura 8.4– Percentual dos volumes escoados nos hidrômetros Classe C com vazões máximas de 1,50 e 3,00 m3/h.

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116 Os hidrômetros da classe C de 1,50 e 3,00 m3/h de vazão máxima apresentam desempenhos semelhantes, com menores indicações de volumes nas faixas de vazões inferiores à faixa ideal de trabalho que favorecem ainda mais a diminuição dos erros totais de medição.

Na faixa ideal de trabalho, a melhor performance é obtida pelos hidrômetros de 3,00 m3/h, sendo que os hidrômetros de 1,50 m3/h apresentam escoamento nas faixas de altas velocidades e ocorrência de vazões de sobrecarga.

Sabe-se que os erros de indicação de volumes sofrem a influência de outras variáveis tais como: o tempo de uso, o volume totalizado, a qualidade da água que passou pelo hidrômetro e a freqüência de trabalho em valores máximos de vazão. Esta é a razão pela qual os hidrômetros de Qmáx 1,50 m3/h podem, em menor tempo, indicar erros iguais ou até maiores que aqueles indicados pelos hidrômetros de Qmáx 3,00 m3/h. Esse fato indica que os hidrômetros de menor capacidade necessitam de um período mais curto de manutenção para terem o desempenho restabelecido.

Pelo exposto, conclui-se que o hidrômetro mais adequado ao perfil de consumo monitorado é o de Qmáx 3,00 m3/h da classe C. Porém, se for considerada a diferença atual dos preços do mercado, o hidrômetro de Qmáx 3,00 m3/h da classe B se torna a melhor alternativa, em face da pequena diferença de desempenho nas baixas vazões (13,75% do volume total escoado para o hidrômetro classe B, comparado a 7,81% do hidrômetro classe C).

A utilização de hidrômetros com maior capacidade de escoamento – Qmáx 5,00 ou 7,0 m3/h – fica inviabilizada em razão dos mesmos admitirem vazões de transição mais elevadas. Assim, maiores volumes seriam escoados abaixo de Qt, região onde os erros de indicação são maiores, tornando a solução menos vantajosa.

8.3 Utilização da válvula de descarga.

As válvulas de descarga praticamente inviabilizam a micromedição individual em apartamentos em razão da grande vazão instantânea. Segundo Alves et al. (2004a), ao serem acionadas, têm pico de vazão da ordem de 7,2 m3/h, que corresponde a 2,0 L/s; Tamaki (2003), referencia essa vazão em 1,7 L/s.

Para um hidrômetro de Qmáx 3,0 m3/h, adequado ao perfil de consumo das HIS monitoradas, representaria uma vazão de sobrecarga superior a 100% da vazão máxima do hidrômetro. De fato, essa situação não ocorreria em face da alta perda de carga no hidrômetro, impedindo que o escoamento atingisse a vazão indicada,

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117 comprometendo o funcionamento adequado dos equipamentos abastecidos pelo ramal.

Para esse caso, a escolha de um hidrômetro de Qmáx 7,0 m3/h atenderia tanto a vazão máxima solicitada pela válvula, quanto ao limite imposto pela Portaria nº 246 do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO (2000), para a perda de carga máxima no hidrômetro. Há que se observar que parte do escoamento ocorreria em baixas vazões e, portanto nos hidrômetros das classes A e B de vazão máxima 7,0 m3/h, estaria sujeito a maiores erros.

Esse fato pode ser minimizado com a escolha de um hidrômetro da classe C, cuja vazão Qmín de 35 L/h é muito próxima dos valores Qmín dos hidrômetros de 3,0 m3/h das classes A e B, respectivamente 40 L/s e 30 L/s. Mesmo assim, esse hidrômetro estaria operando em vazões máximas fora da faixa ideal de trabalho nas ocasiões do acionamento da válvula de descarga.

Deve-se considerar ainda a recomendação da norma NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998), quanto ao projeto de sistemas independentes de distribuição para instalações prediais que utilizem válvula de descarga, em face da possibilidade de redução temporária da vazão nos demais pontos de utilização, pelo acionamento da válvula de descarga.

Nas habitações de interesse social, a utilização de duas colunas independentes e medidores para cada uma delas representaria aumento de custo significativo.

8.4 Considerações sobre o dimensionamento dos ramais de alimentação nos projetos de abastecimentos das HIS

Por razões de economia e para não incorrer em superdimensionamento é usual estabelecer a demanda simultânea para dimensionamento dos ramais de alimentação das unidades habitacionais abaixo dos valores máximos possíveis.

Segundo a norma NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998), a demanda simultânea de água pode ser estimada pela aplicação do método dos pesos relativos, no qual a vazão de projeto pode ser obtida pelo somatório dos pesos relativos de todas as peças de utilização com o emprego da fórmula:

∑= PQ 3,0

Onde:

Q = é a vazão estimada na seção considerada, em litros por segundo;

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118 Σ P = é a soma dos pesos relativos de todas as peças de utilização alimentadas pela tubulação considerada.

Peculiaridades nos projetos das habitações de interesse social, como limitação dos pontos de utilização em razão dos ambientes projetados e área das unidades habitacionais, permitem outras considerações de utilização simultânea desses pontos. Tais peculiaridades resultam em valores de demanda mais adequados a essas habitações, porém diferentes dos calculados empregando-se o método preconizado pela norma NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998).

A tabela 8.8 apresenta os valores calculados para dimensionamento do ramal de alimentação das unidades utilizados pela CDHU e segundo a norma.

Tabela 8.8 – Vazões de cálculo para o ramal de alimentação das unidades do C. H. Tiradentes.

VAZÕES DE CÁLCULO PARA RAMAL DE ALIMENTAÇÃO ( L/s )

PESO RELATIVO APARELHO SANITÁRIO PEÇA DE UTILIZAÇÃO

NBR 5626 CDHU

CHUVEIRO ELÉTRICO REGISTRO DE PRESSÃO 0,1 0,1

PIA TORNEIRA OU MISTURADOR (ÁGUA FRIA) 0,7 0,7

TANQUE TORNEIRA 0,7 0,7

LAVATÓRIO TORNEIRA OU MISTURADOR 0,3 -

BACIA SANITÁRIA CAIXA DE DESCARGA 0,3 -

SOMA 2,1 1,5

∑= PQ 3,0 (L/s) 0,435 0,367

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119 Por meio do monitoramento do consumo realizado no C. H. Tiradentes, foi possível estabelecer os parâmetros estatísticos das vazões, apresentados na tabela 8.9 a seguir.

Tabela 8.9 – Distribuição de freqüência e parâmetros estatísticos das vazões monitoradas no C. H. Tiradentes.

Nesse cálculo, a ponderação para obtenção da média é dada pelos volumes acumulados escoados em cada classe modal expressos em metros cúbicos.

Observa-se pela distribuição de freqüências uma acentuada assimetria com grandes volumes escoados nas menores vazões, portanto com baixo valor médio e alto desvio padrão, com o limite superior do intervalo de confiança assumindo o valor de 0,292 L/s

Os valores de cálculo obtidos pelo método indicado na norma NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998) e pelo processo adotado pela CDHU encontram-se acima do valor de 0,292 L/s indicado pelo perfil de consumo do monitoramento, respectivamente 48,9% e 25,7%.

Além da verificação dos parâmetros de vazão e velocidade, o dimensionamento dos ramais de alimentação deve verificar as pressões mínimas necessárias ao perfeito funcionamento das peças de utilização. Essas pressões em cada ponto são resultantes da carga piezométrica disponível, diminuída das perdas de carga ao longo do ramal. As perdas de carga numa instalação hidráulica dependem do

CLASSES ( L/s )

FREQÜÊNCIA ABSOLUTA (ni)

FREQÜÊNCIA RELATIVA (fi)

FRREQÜÊNCIA RELATIVA

ACUMULADA

0,00 ----I 0,05 70,94 0,3824 0,3824 0,05 ----I 0,10 48,51 0,2615 0,6439 0,10 ----I 0,15 26,41 0,1424 0,7862 0,15 ----I 0,20 19,58 0,1055 0,8918 0,20 ----I 0,25 11,06 0,0596 0,9514 0,25 ----I 0,30 5,06 0,0273 0,9787 0,30 ----I 0,35 2,13 0,0115 0,9902 0,35- ---I 0,40 0,96 0,0052 0,9953 0,40 ----I 0,45 0,54 0,0029 0,9982 0,45 ----I 0,50 0,21 0,0011 0,9994 0,50 ----I 0,55 0,07 0,0004 0,9998 0,55 ----I 0,60 0,04 0,0002 1,0000

TOTAL 185,52 1,00 -

Média x 0,093 Variância 0,006 Desvio padrão 0,078 Mediana 0,081 Limite superior do Intervalo 99% 0,292

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120 comprimento do tubo, do seu diâmetro interno e rugosidade da superfície interna, das conexões utilizadas, que podem ser expressas em termos de comprimentos equivalentes desses tubos, e também das singularidades inseridas nessa tubulação, tais como: válvulas de retenção, registros e hidrômetros, cujas perdas de cargas podem ser estimadas de acordo com as disposições do Anexo A da norma NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998).

A perda de carga nos hidrômetros requer atenção especial em razão da magnitude que pode representar, uma vez que apresenta variação exponencial com o aumento da vazão escoada.

A norma NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998) estabelece que a perda de carga em hidrômetros pode ser calculada pela fórmula:

( ) ( ) 2236 −∗∗=Δ máxQQh

Onde:

hΔ é a perda de carga no hidrômetro, em quilopascal;

Q é a vazão estimada na seção considerada em litros por segundo;

máxQ é a vazão máxima especificada para o hidrômetro.

A tabela 8.10, a seguir, apresenta a perda de carga calculada para as vazões de projeto nos três casos citados: calculada pelas indicações da norma NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998); pelo método adotado pela CDHU e pela vazão dos hidrômetros monitorados no C. H. Tiradentes.

Tabela 8.10 – Perda de carga em hidrômetros de Qmáx 1,50 e 3,00 m3/h, segundo as vazões de cálculo.

PERDA DE CARGA EM HIDRÔMETROS (mca)

HIDRÔMETRO FONTE

VAZÕES DE CÁLCULO

( L/s) Qmáx 1,50 (m³/h) Qmáx 3,00 (m³/h)

NBR 5626-1998 0,435 10,90 (*) 2,72

CDHU 0,367 7,76 1,94

MONITORAMENTO 0,292 4,91 1,23

(*) A Portaria nº 246 do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO (2000), limita a perda de carga no hidrômetro em 10 mca.

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121 Verifica-se que as perdas de carga para o hidrômetro de Qmáx 3,00 m3/h são quatro vezes menores que as calculadas para o hidrômetro de Qmáx 1,50 m3/h.

A escolha da vazão de dimensionamento mostra-se igualmente importante, como pode ser observado na tabela, pois a escolha de valor igual ao obtido pelo monitoramento – 0,292 L/s – resulta em perdas de carga 2,2 vezes menores que as calculadas segundo norma NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998).

Assim, a combinação dos dois fatores pode determinar perdas de carga aproximadamente 9 vezes menores, fato que, se negligenciado, pode resultar na inviabilidade econômica de uma instalação ao exigir aumentos excessivos nas estruturas dos reservatórios tipo torre ou da edificação, quando a reserva se situar sobre a mesma. A figura 8.5 apresenta as alturas piezométricas obtidas para cada método, combinadas com a utilização de hidrômetro de Qmáx 1,50 e 3,00 m3/h, evidenciando a importância da escolha adequada do hidrômetro.

2.60

2.60

2.60

BARRILETE

15.4

0

16.1

8

14.6

9

2.60

2.60

2.60

2.60

2.60

MO

NIT

OR

AM

ENTO

CR

IT. N

BR

562

6-19

98

b)SOLUÇÕES COM HIDRÔMETROS DE 3.0 m³/ha) SOLUÇÕES COM HIDRÔMETROS DE 1,50 m³/h

BARRILETE

17.0

6

24.3

6

21.2

2

CR

ITÉR

IO C

DH

U

MO

NIT

OR

AM

ENTO

CR

ITÉR

IO C

DH

U

CR

IT. N

BR

562

6-19

98

2.60

2.60

Figura 8.5 – Comparação entre os critérios de dimensionamento das instalações prediais.

A solução apresentada na figura 8.5 (b) pode resultar projetos onde pequenos incrementos na altura do barrilete, aliados a dimensionamentos adequados, tornem possível a locação dos hidrômetros no térreo, viabilizando a solução para pequenos

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122 conjuntos habitacionais, nos quais a construção de torre é economicamente inviável. Nesse caso, teríamos as vantagens já apontadas no item 5.5.1.3, sem as desvantagens lá citadas. Esse modelo de abastecimento apresentaria vantagens adicionais, pois o menor porte dos equipamentos, quadros de comando elétricos mais simplificados e a facilidade das operações de limpeza e manutenção resultariam menores despesas condominiais, minimizando ou até eliminando as alterações indesejadas.

Em face das limitações da aplicabilidade dos resultados obtidos nesse estudo de caso para as demais habitações de interesse social, tornam-se necessárias investigações que possam determinar os valores característicos mais adequados das vazões de dimensionamento dos ramais, passíveis de generalização, buscando a adequação dos projetos tornando-os mais econômicos.

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123 9 CONCLUSÕES

O estudo de caso realizado permitiu a verificação da viabilidade da medição individualizada de água potável em prédios de apartamentos nos conjuntos habitacionais de interesse social, embasada nos dados coletados que demonstraram o acerto da medida adotada no empreendimento estudado.

A pesquisa socioeconômica aplicada nos dois conjuntos demonstrou a semelhança entre suas populações apesar da origem diferenciada e da diferença de renda entre elas, confirmada pelos parâmetros de consumo praticamente idênticos. Essa semelhança fica evidenciada quando se analisa os números que representam a ocupação e a permanência dos moradores nas unidades, fatores que mais influenciam o consumo de água.

O desempenho satisfatório dos equipamentos utilizados, aliado à simplicidade na gestão do consumo, ficou evidenciado pela imediata aceitação dos moradores. A localização dos medidores no térreo foi fator importante para esse resultado em razão da facilidade do acompanhamento, favorecendo o controle dos consumos individuais.

A redução prevista do consumo de água no período do monitoramento do consumo, comparado ao período anterior à instalação dos hidrômetros, foi de 14,9% no C. H. Tiradentes e 16,7% no C. H. Guaianases, situando-se no limite inferior dos dados de outras localidades divulgados pela literatura, sugerindo a existência de margem para maiores reduções.

A adoção de aparelhos economizadores de água e a utilização de programas de orientação para o consumo racional podem proporcionar o incremento nessa redução.

O monitoramento permitiu também confirmar os parâmetros da previsão de consumo per capita utilizados para o dimensionamento dos reservatórios das habitações de interesse social .

Os dados obtidos nos apartamentos instrumentados indicam que 99% das vazões dos ramais de alimentação das unidades se situam abaixo de 0,292 L/s, substancialmente menor que o valor de dimensionamento sugerido pela norma NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998); ainda que sejam consideradas as restrições quanto à generalização dos dados obtidos, indicam a possibilidade da revisão desses critérios para as HIS.

Os regimes de vazões dos hidrômetros demonstram a importância da escolha adequada desses equipamentos, considerando os aspectos da exatidão nas

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124 indicações dos volumes escoados e das perdas de cargas que impõem às instalações prediais.

As novas tecnologias desenvolvidas para o setor da medição individualizada, principalmente aquelas voltadas à gestão do sistema, possibilitam a automatização na aquisição e no transporte de dados, proporcionando maior confiabilidade nas operações. Dessa forma permitem a elaboração de projetos que viabilizam esse tipo de medição nas novas edificações e nas existentes.

O contato freqüente com os moradores permitiu ainda observar a relação mais cordial que se estabeleceu entre eles, favorecida pela cobrança justa do consumo de água.

Há necessidade do reconhecimento dos benefícios proporcionados pela medição individualizada pelos atores envolvidos, sejam usuários, projetistas, fabricantes, construtores ou concessionárias dos serviços públicos de abastecimento, para a difusão do seu uso.

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130 Glossário

Classe metrológica

Parâmetros que definem os limites metrológicos do hidrômetro.

Curvas de erro Representação gráfica cartesiana dos erros de medição onde: as abscissas representam as vazões e as ordenadas, os erros percentuais correspondentes.

Curva de perda de carga

Representação gráfica cartesiana da perda de carga onde: as abscissas representam as vazões e as ordenadas, perdas de carga correspondentes.

Faixa ideal de trabalho

Faixa de vazões associada às vazões mínima e máxima suportadas pelo hidrômetro de maneira a evitar desgaste excessivo ou ocorrência de erros de indicação fora das tolerâncias admissíveis.

Diâmetro Nominal (DN)

Diâmetro Nominal – Designação numérica convencional usada para referência do diâmetro, em geral empregada para componentes hidráulicos; número inteiro próximo da dimensão construtiva do componente.

Faixa de medição ( ou campo de medição)

Intervalo fechado que contém as vazões compreendidas entre a vazão mínima e a máxima, dentro do qual as indicações do hidrômetro não devem apresentar erros maiores que os admitidos.

Faixa (ou campo) inferior de medição

Intervalo que contém as vazões compreendidas entre a vazão mínima (inclusive) e a vazão de transição (exclusive)

Faixa (ou campo) superior de medição

Intervalo fechado que contém as vazões compreendidas entre a vazão de transição e a vazão máxima

(Qmáx) Vazão máxima – é a maior vazão na qual o hidrômetro pode operar satisfatoriamente por um curto período de tempo sem se danificar, permanecendo dentro dos limites de erros máximos admissíveis e abaixo do valor máximo de perda de carga.

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131

(Qmín) Vazão mínima – é a menor vazão a partir da qual o hidrômetro deve registrar o consumo, dentro dos limites de erros máximos admissíveis.

(Qn) Vazão nominal – é a vazão que caracteriza o hidrômetro e corresponde a 50% da vazão máxima. Aceita como vazão de trabalho contínuo, não deve apresentar desgastes, dentro dos limites de erros máximos admissíveis.

(Qit) Vazão inferior de trabalho – é a vazão limite inferior da faixa ideal de trabalho do hidrômetro e corresponde a 1,2 vezes a vazão de transição.

(Qst) Vazão superior de trabalho – é a vazão limite superior da faixa ideal de trabalho do hidrômetro e corresponde a um quarto da vazão máxima ou metade da vazão nominal.

(Qt) Vazão de transição ou separadora – é a vazão que separa a faixa de medição do hidrômetro em dois campos: o inferior onde os erros admissíveis podem chegar a 5% e o superior, onde os erros estão limitados em 2%.

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132 ANEXO A – Critérios para enquadramento em classes de consumidores diferenciadas.

Critérios a serem observados para enquadramento em algumas classes diferenciadas de consumidores, constantes do Comunicado 02/06 de 31 de agosto de 2006, Sabesp, (2006), utilizados pela SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.

Categoria Residencial Social: (i)

Terá direito a pagar a Tarifa Residencial Social o cliente que, mediante avaliação pela Área Comercial da SABESP, realizada com base em norma interna da Companhia, atender aos seguintes critérios:

Residência Unifamiliar:

• O cliente deverá ter: renda familiar de até 3 salários mínimos, ser morador de habitação subnormal com área útil construída de até 60m², e ser consumidor monofásico de energia elétrica com consumo de até 170 kWh/mês, ou,

• Estar desempregado, sendo que o último salário tenha sido de no máximo 3 (três) salários mínimos, neste caso o tempo máximo será de 12 meses.

Habitação Coletiva:

• As habitações consideradas sociais como cortiços e as verticalizadas, tais como Unidade Social Verticalizada resultante do processo de urbanização de favelas, deverão ser cadastradas na tarifa social.

Parâmetros:

• Para ser cadastrado o cliente deverá estar adimplente com a SABESP. Caso esteja inadimplente, deverá efetuar acordo para pagamento dos débitos;

• Os clientes deverão, anualmente, comprovar o enquadramento na tarifa social, sob pena de descadastramento automático para os que não comprovarem ou não atingirem as condições estabelecidas para a renovação do cadastramento;

• Os clientes cujas ligações acusarem fraude de qualquer natureza perderão o cadastramento nesta tarifa, além de sofrerem as sanções já previstas nas normas da empresa.

Procedimento:

• Assinar Termo de Compromisso e anexar documentos de:

• Comprovação de renda (hollerith);

• Área útil do imóvel (IPTU do exercício);

• Comprovação de consumo de energia elétrica (conta de energia atual).

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133 Categoria Comercial / Entidade de Assistência Social: (ii)

O enquadramento como Entidade de Assistência Social nos requisitos e critérios abaixo dependerá de avaliação e aprovação das áreas comerciais da SABESP, atendendo às instruções normativas da Companhia.

A SABESP considera como Entidades de Assistência Social aquelas que prestam serviços / atividades de:

• Atendimento à criança e ao adolescente;

• Abrigo para crianças e adolescentes;

• Atendimento à pessoa portadora de deficiência;

• Atendimento ao idoso;

• Atendimento à pessoa portadora de doença em geral: Santa Casa, Casa de saúde, ambulatórios e hospitais assistenciais;

• Albergues;

• Comunidades terapêuticas – atendimento ao dependente químico;

• Casa de apoio e/ou abrigo que oferece ao paciente, portador de doença em geral, continuidade de tratamento;

• Programas de alimentação cadastrados nos governos Federal, Estadual ou Municipal.

Que atendam aos seguintes critérios:

• Estar adimplente quando da assinatura do contrato;

• Manter o pagamento em dia com a SABESP;

• Apresentar as certificações de acordo com os procedimentos normativos da Companhia.

Categoria Pública com Contrato: (iii)

Pertencem a esta categoria as Secretarias de Estado e as Prefeituras que assinarem contrato com a SABESP e que atendam aos seguintes itens:

• Estarem adimplentes quando da assinatura do contrato;

• Manterem o pagamento em dia com a SABESP;

• Aderirem ao Programa de Uso Racional de Água - PURA.

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134 ANEXO B - Formulário para pesquisa socioeconômica para a caracterização das famílias.

Fl. 1/2EDIFICAÇÃO

Condomínio: Conjunto Habitacional Tiradentes B

Rua Souza Ramos, 345 - São Paulo – SP

Nº de unidades: 100 Área útil: 37,81 m² Nº pavimentos: 5

Bloco:_________ Apto:___________ Andar: Térreo □ 1º □ 2º □ 3º □ 4º □

Categoria: HIS □ Outras □

INSTALAÇÃO PREDIAL PONTOS DE CONSUMO Bacia: Caixa acoplada □ Válvula de descarga □ Chuveiro: Elétrico □ Potência:__________W Gás □ Vazão:______l/min Lavatório: Bico aerador: Sim □ Não □ Temporizador: Sim □ Não □ Pia de cozinha: Bico aerador: Sim □ Não □ Tanque: Bico aerador: Sim □ Não □ Filtro: Sim □ Não □EQUIPAMENTOS: Máquina de lavar: Marca/Modelo Capacidade Roupas □ 4 Kg □ 5 Kg □ 6 Kg □ 8 Kg

Pratos □ pequena □ grande Tanquinho □ pequena □ grande Outros

MORADORES Ocupação da unidade: Unifamilar □ Multifamilar □ _________?

IDADE Até 7 anos 8→ 13 14→ 17 > 18 1 □ 1 □ 1 □ 1 □ 2 □ 2 □ 2 □ 2 □ 3 □ 3 □ 3 □ 3 □

Feminino

Quantos? _____

Quantos? _____

Quantos? _____

Quantos? _____

1 □ 1 □ 1 □ 1 □ 2 □ 2 □ 2 □ 2 □ 3 □ 3 □ 3 □ 3 □

Masculino

Quantos? ___

Quantos? _____

Quantos? _____

Quantos? _____

PERMANECEM NA RESIDÊNCIA Até 7 anos 8→ 13 14→ 17 > 18

Manhã Tarde Noite (até meia noite) Noite (após meia noite) ESCOLARIDADE

Até 7 anos 8→ 13 14→ 17 > 18 1 - Não Alfabetizado 2 - Fundamental I 3 - Fundamental II 4 - Médio 5 - Técnico (médio) 5 - Superior 6 - Pós-graduação

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135

Fl. 2/2PROFISSÃO Do titular Morador com

maior rendaAssalariado c/ carteira □ □Assalariado s/ carteira □ □Informal □ □Autônomo □ □Empregador □ □Cooperativado □ □Outros (indicar) □ □ ___________________________________________?

RENDA FAMILIAR Menor que R$ 300,00 □ Quantos contribuem? 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ mais de 4 ____?R$ 301,00 a R$ 600,00 □ Quantos contribuem? 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ mais de 4 ____?R$ 601,00 a R$ 900,00 □ Quantos contribuem? 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ mais de 4 ____?R$ 901,00 a R$ 1.200,00 □ Quantos contribuem? 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ mais de 4 ____?R$ 1.201,00 a R$ 1.500,00 □ Quantos contribuem? 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ mais de 4 ____?R$ 1.501,00 a R$ 3.000,00 □ Quantos contribuem? 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ mais de 4 ____?Acima de R$ 3.000,00 □ Quantos contribuem? 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ mais de 4 ____?

MORADIA ANTERIOR Casa □ Apartamento □ Provisória □ Precária □ Outros___________________?

Primeiro Morador ? Sim □ Não □

Consumo de água: Rede pública (Sabesp) □ Poço □ Emprestada □ Outros ______________?

HÁBITOS E OUTRAS SITUAÇÕES DE CONSUMO Lavagem roupas Por semana 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ mais de 4 vezes □ ______?

Quantas pessoas tomam banho na casa? 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ mais de 4 □ ______?

Lavagem carro Sim □ Não □ Não tem □

Animais estimação Cães________? Gatos ______? Aves ______ ?

Outras atividades com consumo de água? Lavagem de roupa para fora □ Refeições para fora □ Geladinho □

Outras atividades com consumo de água

Qual?_________________________ Consumo previsto? (mês/dia;hora. etc.) _____________________________________

RESPONSÁVEL PELA INFORMAÇÃO Nome do morador: Nome do pesquisador Data da pesquisa:

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136 ANEXO C - Tabela de ocupação e permanência dos moradores na residência, por faixa etária e por período do Conjunto Habitacional Tiradentes. Fl. 1/4 OCUPA-

ÇÃO PERMANÊNCIA NA RESIDÊNCIA

FAIXA ETÁRIA

ATÉ 7 8 → 13 14 → 17 > 18

AP

AR

TAM

EN

TO

Nº D

E H

AB

ITA

NTE

S

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

TOTA

L D

E P

ES

SO

AS

X

PE

RíO

DO

DIA

DE

PE

SS

OA

S/

P

ER

ÍOD

O

CO

NS

UM

O M

ÉD

IO M

EN

SA

L

(m

³) (*

)

42C 1 1 1 0,25 2,798

34A 4 1 1 2 0,50 11,145

44A 1 1 1 2 0,50 4,167

24B 2 1 1 2 0,50 8,539

24D 1 1 1 2 0,50 5,395

54D 1 1 1 2 0,50 9,122

51D 1 1 1 2 0,50 2,926

11A 1 1 1 1 1 4 1,00 3,665

24A 2 2 2 4 1,00 5,545

41A 2 2 2 4 1,00 5,723

42A 2 2 2 4 1,00 4,455

12B 2 2 2 4 1,00 8,431

13B 2 2 2 4 1,00 7,823

14B 2 2 2 4 1,00 5,103

11C 1 1 1 1 1 4 1,00 8,022

13C 2 2 2 4 1,00 14,693

53C 3 2 2 4 1,00 11,493

33D 2 2 2 4 1,00 8,403

42D 4 2 2 4 1,00 8,339

41E 2 1 1 1 2 5 1,25 9,700

21A 2 1 1 2 2 6 1,50 3,757

31A 3 1 1 1 1 1 1 6 1,50 5,314

32A 3 1 1 1 1 1 1 6 1,50 6,872

43B 2 1 1 2 2 6 1,50 11,073

54B 2 2 1 1 2 6 1,50 5,874

14C 2 2 1 1 2 6 1,50 4,735

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137

Fl. 2/4 OCUPA-

ÇÃO PERMANÊNCIA NA RESIDÊNCIA

FAIXA ETÁRIA

ATÉ 7 8 → 13 14 → 17 > 18

AP

AR

TAM

EN

TO

Nº D

E H

AB

ITA

NTE

S

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

TOTA

L D

E P

ES

SO

AS

X

PE

RÍO

DO

DIA

DE

PE

SS

OA

S/

P

ER

ÍOD

O

CO

NS

UM

O M

ÉD

IO M

EN

SA

L

(m

³) (*

)

33C 3 3 3 6 1,50 2,732

43C 3 1 1 2 2 6 1,50 9,119

42E 3 3 3 6 1,50 8,839

22E 3 1 1 1 1 2 6 1,50 8,843

31E 3 1 1 2 2 6 1,50 7,228

22B 2 1 1 1 1 1 1 1 7 1,75 6,873

52B 5 3 2 2 7 1,75 12,053

23C 2 2 1 2 2 7 1,75 10,156

11E 3 1 1 1 1 1 2 7 1,75 9,214

53E 3 1 1 1 2 2 7 1,75 5,985

43A 3 2 1 2 3 8 2,00 10,425

51A 3 1 1 1 2 1 1 1 8 2,00 6,916

54A 3 1 1 1 1 2 2 8 2,00 10,327

34B 4 1 1 1 1 1 1 1 1 8 2,00 9,378

51C 4 1 1 1 1 2 2 8 2,00 8,422

41D 3 1 1 1 1 2 2 8 2,00 7,612

34E 3 1 1 1 1 1 1 2 8 2,00 9,586

14D 4 1 1 1 1 2 2 8 2,00 11,424

34D 3 1 1 1 1 2 2 8 2,00 6,964

43D 3 1 1 1 1 1 2 2 9 2,25 16,874

23E 3 1 1 1 1 1 2 2 9 2,25 16,219

22A 3 1 2 2 2 1 1 9 2,25 14,533

23A 3 1 2 3 3 9 2,25 9,055

21B 3 1 1 1 1 1 1 1 2 9 2,25 7,434

21C 3 1 1 1 1 1 2 2 9 2,25 19,046

24C 3 1 1 1 1 2 1 1 1 9 2,25 4,000

41C 3 1 1 1 1 1 2 2 9 2,25 8,668

13A 3 1 1 2 2 2 2 10 2,50 7,847

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138

Fl.3/4

OCUPA- ÇÃO PERMANÊNCIA NA RESIDÊNCIA

FAIXA ETÁRIA

ATÉ 7 8 → 13 14 → 17 > 18

AP

AR

TAM

EN

TO

Nº D

E H

AB

ITA

NTE

S

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

TOTA

L D

E P

ES

SO

AS

X

PE

RÍO

DO

DIA

DE

PE

SS

OA

S/

P

ER

ÍOD

O

CO

NS

UM

O M

ÉD

IO M

EN

SA

L

(m

³) (*

)

53A 3 1 1 1 2 1 2 2 10 2,50 20,333

52E 3 1 1 1 1 1 1 2 2 10 2,50 8,504

51E 5 3 3 1 1 1 1 10 2,50 11,062

23B 4 2 1 2 2 2 2 11 2,75 8,999

44C 3 1 1 1 2 2 2 2 11 2,75 5,823

44B 4 1 1 2 2 2 1 1 2 12 3,00 19,265

21D 5 1 1 2 2 1 1 2 2 12 3,00 24,150

33E 4 1 2 2 2 1 1 2 2 13 3,25 11,551

24E 4 1 1 1 1 1 2 3 3 13 3,25 9,157

31B 5 2 2 2 1 1 1 2 2 13 3,25 14,220

51B 5 1 1 1 1 1 4 4 13 3,25 16,657

53B 5 2 2 2 2 1 2 2 13 3,25 10,301

22D 5 3 3 3 2 2 13 3,25 10,022

31D 5 1 1 1 1 1 1 1 1 2 3 13 3,25 15,124

33A 6 1 1 2 2 4 4 14 3,50 18,697

52A 4 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 14 3,50 18,524

32B 4 2 2 2 2 2 2 2 14 3,50 18,219

42B 5 1 2 3 3 2 1 2 14 3,50 15,588

53D 5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 15 3,75 10,026

31C 6 3 3 3 1 1 1 2 1 15 3,75 14,643

22C 5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 16 4,00 16,452

54C 5 2 2 3 3 1 1 2 2 16 4,00 18,259

12D 5 2 2 2 2 1 1 1 1 1 2 2 17 4,25 9,216

32E 5 3 3 3 3 1 1 1 2 17 4,25 12,008

52C 6 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 3 17 4,25 16,128

12C 5 1 1 1 1 1 1 3 3 3 3 18 4,50 18,028

12E 5 3 2 3 3 2 2 2 2 19 4,75 24,041

11B 8 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 2 2 2 2 19 4,75 12,982

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139

Fl. 4/4

OCUPA- ÇÃO PERMANÊNCIA NA RESIDÊNCIA

FAIXA ETÁRIA

ATÉ 7 8 → 13 14 → 17 > 18

AP

AR

TAM

EN

TO

Nº D

E H

AB

ITA

NTE

S

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

MA

NH

Ã

TAR

DE

NO

ITE

1

NO

ITE

2

TOTA

L D

E P

ES

SO

AS

X

PE

RÍO

DO

DIA

DE

PE

SS

OA

S/

P

ER

ÍOD

O

CO

NS

UM

O M

ÉD

IO

ME

NS

AL

(

m³)

(*)

34C 5 3 2 3 3 2 2 2 2 19 4,75 10,571

32D 6 2 4 4 4 1 1 2 2 20 5,00 9,843

13E 7 2 2 2 3 3 3 1 1 2 2 21 5,25 18,609

14E 7 2 2 2 1 1 1 2 2 4 4 21 5,25 27,493

32C 8 1 1 1 1 3 3 3 1 1 2 2 2 2 23 5,75 15,886

41B 7 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 26 6,50 13,001

HABITANTES PERMANÊNCIA MÉDIA DE PESSOAS/ APTO 3,5 MÉDIA DE PESSOAS/ PERÍODO 2,4 DESVIO PADRÃO 1,6 DESVIO PADRÃO 1,38 MEDIANA 3,00 MEDIANA 2,00 VALOR MÍNIMO 1 VALOR MÍNIMO 0,25 VALOR MÁXIMO 8 VALOR MÁXIMO 6,50

(*) Consumo médio mensal entre os meses de agosto de 2005 e julho de 2006

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140 ANEXO D - Tabela de consumo mensal de água do C. H. Tiradentes de agosto de 2005 a julho de 2006.

Fl 1/3

CONJUNTO HABITACIONAL TIRADENTES

CONSUMO INDIVIDUAL DE ÁGUA ( m3 ) (*) 2005 2006

APTO AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. JUL.

CONSUMO MÉDIO/ APTO

DESVIO PADRÃO

11A 4,74 1,37 4,83 3,46 6,15 5,13 4,46 3,60 4,80 5,62 3,10 4,18 4,29 1,22

21A 6,56 4,15 5,28 3,77 2,55 3,83 4,83 7,13 7,49 6,46 4,08 3,61 4,98 1,52

31A 15,95 12,92 9,63 9,40 8,68 3,32 5,17 4,12 2,88 2,80 1,66 1,90 6,54 4,49

41A 8,15 5,93 7,55 5,87 8,77 6,83 7,16 6,36 7,11 5,48 6,80 7,32 6,94 0,92

51A 10,70 7,21 9,40 6,47 9,11 8,27 8,15 8,78 8,24 8,09 6,24 6,99 8,14 1,23

12A 6,67 2,66 4,45 2,90 3,60 3,65 3,67 3,74 4,22 4,08 4,36 5,24 4,10 1,02

22A 14,40 13,23 13,53 13,78 18,85 15,39 16,30 14,94 16,81 18,28 17,53 16,02 15,76 1,79

32A 8,72 12,37 9,10 8,34 9,21 6,77 4,96 6,31 7,51 6,77 7,11 9,95 8,09 1,88

42A 7,07 3,05 5,92 6,57 5,74 8,21 5,57 5,18 5,41 4,64 5,58 5,18 5,68 1,22

52A 17,02 20,90 27,14 21,49 22,65 20,04 19,99 17,84 19,67 17,03 16,49 16,69 19,75 2,97

13A 11,11 9,30 11,40 5,86 14,10 7,64 8,87 8,59 9,64 8,93 6,67 6,71 9,07 2,22

23A 10,91 9,29 11,01 9,80 10,97 10,07 10,65 10,15 10,98 9,25 10,07 10,17 10,28 0,61

33A 14,20 15,01 37,15 11,42 13,17 13,05 23,29 22,90 27,68 25,54 19,64 15,97 19,92 7,34

43A 11,41 9,95 14,37 14,75 5,60 12,88 11,91 13,77 12,91 11,23 10,48 10,50 11,65 2,36

53A 22,31 26,08 23,80 17,75 26,68 22,39 18,06 20,00 19,72 20,31 19,12 22,44 21,56 2,80

14A 7,06 3,33 4,47 3,22 5,16 3,15 5,44 3,41 3,67 3,30 11,45 3,13 4,73 2,34

24A 8,36 5,93 6,50 4,53 8,33 6,36 6,86 7,37 7,37 5,95 6,30 7,34 6,77 1,04

34A 13,06 9,74 14,35 12,95 12,15 15,15 10,76 10,46 11,81 10,93 14,08 12,96 12,37 1,62

44A 6,52 4,15 5,40 3,39 8,98 8,68 6,88 5,24 5,67 4,00 3,15 2,60 5,39 1,99

54A 7,71 7,06 14,12 11,63 17,20 10,65 8,72 11,16 12,54 11,26 11,73 14,80 11,55 2,80

11B 11,95 13,05 14,38 15,73 17,34 12,75 13,42 12,64 12,66 11,66 24,25 10,61 14,20 3,49

21B 8,55 7,28 7,11 5,59 24,40 6,24 5,99 7,65 8,69 7,17 7,99 7,21 8,66 4,83

31B 15,07 16,26 18,67 14,66 17,05 14,80 15,34 17,01 14,72 13,61 13,96 14,15 15,44 1,44

41B 14,51 11,93 12,93 10,77 12,91 14,28 11,80 15,29 16,12 14,24 18,24 17,65 14,22 2,22

51B 17,44 16,91 18,03 16,50 19,71 16,89 17,18 16,91 19,33 14,09 17,80 23,75 17,88 2,23

12B 9,22 5,68 6,85 4,86 10,31 4,95 6,50 14,68 12,02 9,59 18,19 12,98 9,65 4,02

22B 10,28 7,79 8,58 6,75 9,63 10,16 8,91 7,57 7,48 6,35 7,48 6,16 8,10 1,35

32B 18,56 18,87 20,36 17,04 19,29 20,95 19,46 20,85 21,27 19,28 20,37 16,99 19,44 1,36

42B 12,34 11,62 18,52 15,17 19,29 14,59 16,39 18,81 18,56 20,17 17,58 18,68 16,81 2,68

52B 11,87 10,17 14,11 13,48 15,58 15,90 18,09 16,56 10,53 11,09 12,04 9,87 13,27 2,65

13B 10,32 8,89 11,40 8,49 10,69 9,26 9,15 9,77 5,18 0,99 12,93 11,46 9,04 3,05

23B 4,74 2,26 7,41 7,59 10,17 13,79 12,50 17,08 15,66 11,67 0,72 2,08 8,81 5,30

33B 24,88 3,98 14,01 35,33 35,58 13,63 12,10 10,41 4,73 3,78 3,06 4,42 13,83 11,39

43B 13,10 12,08 17,19 12,73 15,11 8,62 8,83 9,36 10,14 4,74 16,85 18,78 12,29 3,99

53B 12,03 9,25 13,73 10,68 11,68 12,39 12,32 12,99 11,71 15,17 3,70 12,62 11,52 2,74

14B 8,29 5,73 6,93 5,04 6,08 8,03 5,45 6,86 6,02 5,67 5,92 5,87 6,32 0,96

24B 7,09 6,29 12,30 9,25 15,67 10,72 5,39 7,16 26,44 5,94 6,00 4,88 9,76 5,90

34B 11,23 17,02 10,78 3,98 15,12 11,55 10,41 8,97 9,92 8,13 9,22 10,87 10,60 3,14

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141

Fl 2/3

CONJUNTO HABITACIONAL TIRADENTES

CONSUMO INDIVIDUAL DE ÁGUA ( m3 ) (*)

2005 2006 APTO

AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. JUL.

CONSUMO MÉDIO/ APTO

DESVIO PADRÃO

44B 14,71 15,47 19,21 21,50 29,48 23,33 28,75 25,47 26,34 24,46 10,48 6,64 20,49 6,98

54B 7,72 8,08 9,63 7,49 8,33 6,86 7,15 7,45 3,79 5,77 6,38 6,50 7,10 1,39

11C 10,04 9,94 10,82 12,06 13,59 10,03 7,30 7,49 8,43 5,53 7,22 8,47 9,24 2,18

21C 20,64 18,76 21,69 20,01 23,70 22,40 20,60 19,98 19,84 15,30 20,31 19,98 20,27 1,96

31C 13,39 15,48 21,71 15,66 17,79 17,13 16,10 16,18 15,35 12,93 14,45 14,20 15,86 2,23

41C 9,62 9,50 11,63 10,18 10,02 10,14 12,16 11,00 8,94 7,75 8,13 9,61 9,89 1,24

51C 9,68 9,93 10,53 9,01 11,86 10,23 11,75 13,71 9,39 6,22 6,96 6,45 9,64 2,17

12C 23,63 17,30 19,66 16,09 20,32 22,20 25,42 21,15 16,72 15,39 16,55 16,57 19,25 3,17

22C 19,59 16,86 12,62 16,34 22,46 21,71 19,48 18,45 19,01 14,54 15,51 15,51 17,67 2,82

32C 18,15 16,99 18,87 16,97 19,40 17,30 15,74 16,43 16,27 14,55 16,27 18,35 17,11 1,33

42C 5,53 5,59 15,03 5,42 3,68 1,98 1,70 2,05 1,72 1,38 1,87 2,29 4,02 3,67

52C 14,45 14,32 15,74 15,76 17,50 16,10 16,14 15,99 17,36 15,92 22,29 26,62 17,35 3,42

13C 10,34 10,46 13,71 11,64 24,91 24,18 28,09 21,54 12,70 11,50 12,21 9,70 15,92 6,42

23C 12,15 11,32 12,65 11,70 14,20 10,48 11,08 11,83 11,00 10,72 9,41 9,99 11,38 1,22

33C 10,79 9,10 7,03 1,01 2,46 0,89 1,74 1,63 1,21 1,38 0,36 9,84 3,95 3,82

43C 9,92 8,85 10,29 9,24 11,20 17,65 10,05 11,22 10,44 9,06 8,56 7,61 10,34 2,43

53C 12,46 12,33 15,02 10,34 22,63 14,75 11,33 9,28 10,80 15,66 8,75 9,23 12,72 3,74

14C 10,05 6,11 6,77 4,95 7,25 5,25 5,27 5,89 5,36 4,54 4,74 5,30 5,96 1,45

24C 8,24 5,37 7,38 5,78 6,40 4,59 6,16 5,40 3,43 0,99 1,44 7,48 5,22 2,19

34C 10,00 9,57 12,23 12,29 11,03 12,89 11,36 12,62 9,43 9,45 12,50 18,14 11,79 2,29

44C 9,50 6,69 8,22 5,91 8,59 9,99 8,32 6,71 6,33 4,77 4,89 4,62 7,05 1,78

54C 18,43 17,97 22,96 23,47 23,51 22,59 20,29 17,78 15,05 17,26 15,74 18,72 19,48 2,89

11D 8,31 12,42 9,18 19,40 10,85 17,30 14,53 14,11 3,21 7,57 17,95 5,81 11,72 4,89

21D 20,41 17,14 22,37 27,24 26,30 37,47 34,74 24,18 20,76 24,22 26,68 22,95 25,37 5,56

31D 15,15 15,67 17,98 16,91 18,82 14,81 15,51 16,19 16,97 15,44 18,41 14,29 16,35 1,41

41D 8,60 10,28 10,23 8,17 10,03 9,52 9,55 8,00 7,29 7,26 8,41 8,66 8,83 1,03

51D 7,18 4,69 5,75 2,78 5,55 3,42 3,54 4,18 3,56 3,16 3,05 2,91 4,15 1,32

12D 8,10 7,16 10,82 7,91 14,61 10,93 11,24 14,23 10,77 10,74 10,11 8,63 10,44 2,22

22D 12,08 10,46 12,42 11,12 13,25 13,10 10,89 11,19 10,61 8,84 10,56 10,40 11,24 1,21

32D 10,79 7,83 10,10 7,82 9,72 9,32 11,60 10,85 14,14 13,37 14,61 12,62 11,06 2,18

42D 15,19 13,18 17,32 14,06 20,35 20,15 7,94 1,52 1,89 1,99 0,36 0,78 9,56 7,63

52D 17,99 11,08 12,76 6,97 10,95 9,91 12,77 7,06 8,67 14,32 14,70 15,99 11,93 3,33

13D 12,50 12,65 14,44 11,29 16,97 10,41 14,29 10,11 6,52 12,57 5,15 5,44 11,03 3,56

23D 5,39 2,42 2,83 0,62 2,31 2,30 1,51 2,60 1,41 1,83 1,15 3,22 2,30 1,17

33D 5,96 5,91 14,58 9,71 9,35 9,12 9,24 8,73 9,86 12,94 11,69 8,40 9,62 2,41

43D 15,29 15,90 18,33 17,73 19,21 17,53 20,55 20,51 18,81 16,91 17,78 18,60 18,10 1,54

53D 11,88 10,33 12,88 11,69 12,74 11,45 10,78 11,89 10,85 11,28 10,31 8,89 11,25 1,06

14D 14,87 15,18 16,20 14,78 17,03 12,96 8,39 12,33 11,25 8,89 11,03 8,84 12,65 2,88

24D 9,58 8,34 7,87 3,76 6,30 9,61 5,43 6,99 5,20 5,12 5,04 6,16 6,62 1,80

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142

Fl 3/3

CONJUNTO HABITACIONAL TIRADENTES

CONSUMO INDIVIDUAL DE ÁGUA ( m3 ) (*)

2005 2006 APTO

AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. JUL.

CONSUMO MÉDIO/ APTO

DESVIO PADRÃO

34D 5,66 2,82 3,35 2,36 7,01 12,03 9,93 9,39 9,70 10,28 10,73 14,97 8,19 3,79

44D 15,03 17,09 18,48 16,91 5,82 1,02 0,80 3,39 1,42 2,23 2,17 1,62 7,17 7,02

54D 11,62 11,92 13,79 12,83 14,72 16,01 8,74 7,31 7,02 7,33 6,89 5,94 10,34 3,37

11E 15,80 12,98 13,89 10,61 6,30 6,85 9,41 10,23 9,52 9,20 11,05 9,39 10,44 2,62

21E 7,92 8,10 5,45 3,29 6,47 1,94 1,32 1,90 5,40 3,85 5,69 5,97 4,78 2,20

31E 7,84 6,03 11,51 9,00 11,46 7,28 10,91 11,15 8,45 6,02 6,94 4,81 8,45 2,26

41E 14,13 14,30 11,88 11,32 11,94 10,66 11,24 11,64 11,48 5,83 7,96 8,68 10,92 2,32

51E 23,44 21,03 15,92 9,43 11,11 11,49 11,55 8,89 9,86 8,02 7,84 8,82 12,28 4,93

12E 21,79 27,64 32,83 32,04 34,61 23,18 20,31 25,41 17,79 16,56 26,42 24,57 25,26 5,56

22E 9,19 7,80 12,12 10,73 11,71 10,04 9,55 10,05 11,11 8,97 8,72 10,79 10,07 1,23

32E 13,19 10,68 17,07 14,96 17,67 16,07 17,59 19,32 7,66 6,85 5,47 12,22 13,23 4,48

42E 10,88 9,48 12,57 9,46 13,58 10,76 8,51 9,04 9,77 8,89 9,66 8,13 10,06 1,56

52E 4,74 1,24 5,82 6,25 10,76 8,14 9,87 10,36 9,88 9,73 11,47 11,44 8,31 3,03

13E 24,28 18,27 21,77 15,29 25,30 26,50 17,79 17,59 17,93 25,56 14,50 13,19 19,83 4,46

23E 16,43 16,13 16,74 13,92 29,02 21,13 21,02 19,17 16,87 12,92 13,74 12,20 17,44 4,48

33E 11,99 10,49 12,93 10,94 13,93 14,74 11,13 14,26 16,87 13,02 11,69 11,28 12,77 1,82

43E 8,90 7,90 9,95 5,92 8,22 7,57 6,04 6,66 6,81 6,74 6,97 7,43 7,43 1,13

53E 9,79 7,39 7,70 5,62 9,10 8,58 8,76 7,46 6,83 4,95 4,41 5,89 7,21 1,64

14E 19,95 27,47 35,08 30,97 39,71 35,62 29,67 32,00 29,24 21,01 23,59 20,26 28,71 6,20

24E 11,00 8,80 10,52 9,63 11,77 10,07 10,43 10,24 2,68 10,29 15,27 13,84 10,38 2,90

34E 25,69 8,77 10,20 8,68 14,09 8,08 8,64 8,94 10,90 8,27 8,95 8,48 10,81 4,76

44E 24,37 22,30 27,88 16,84 21,24 21,85 20,56 22,39 21,27 15,76 23,43 34,99 22,74 4,77

54E 12,51 11,61 14,76 14,00 12,56 11,87 10,59 11,00 11,81 10,31 14,11 13,52 12,39 1,39

MÉDIA MENSAL 12,39 10,96 13,34 11,27 14,06 12,34 11,74 11,73 11,08 10,07 10,72 10,76

DESVIO PADRÃO 5,05 5,55 6,49 6,48 7,42 6,79 6,52 6,12 6,17 5,69 6,24 6,18

(*) Inclui a parcela do consumo comum

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143 ANEXO E - Tabela de consumo mensal de água do C. H. Tiradentes de setembro de 2005 a fevereiro de 2006.

Fl. 1/3

CONJUNTO HABITACIONAL TIRADENTES B MONITORAMENTO DO CONSUMO MENSAL DE ÁGUA ( m3 )

APTO SET./05 OUT./05 NOV./05 DEZ./05 JAN./06 FEV./06 CONSUMO MÉDIO

DESVIO PADRÃO

23D 1,18 0,95 0,44 0,71 1,82 0,95 1,01 0,47 12A 1,42 2,57 2,72 2,00 3,17 3,11 2,50 0,68 33C 7,86 5,15 0,83 0,86 0,41 1,18 2,72 3,07 21A 2,91 3,4 3,59 0,95 3,35 4,27 3,08 1,13 14A 2,09 2,59 3,04 3,56 2,67 4,88 3,14 0,98 51D 3,45 3,87 2,6 3,95 2,94 2,98 3,30 0,55 21E 6,86 3,57 3,11 4,87 1,46 0,76 3,44 2,23 11A 0,13 2,95 3,28 4,55 4,65 3,90 3,87 1,67 42C 4,35 13,15 5,24 2,08 1,5 1,14 4,58 4,51 42A 1,81 4,04 6,39 4,14 7,73 5,01 4,85 2,05 14C 4,87 4,89 4,77 5,65 4,77 4,71 4,94 0,35 24C 4,13 5,5 5,6 4,8 4,11 5,60 4,96 0,71 14B 4,49 5,05 4,86 4,48 7,55 4,89 5,22 1,16 44A 2,91 3,52 3,21 7,38 8,2 6,32 5,26 2,32 34D 1,58 1,47 2,18 5,41 11,55 9,37 5,26 4,33 24A 4,69 4,62 4,35 6,73 5,88 6,30 5,43 1,00 12B 4,44 4,97 4,68 8,71 4,47 5,94 5,54 1,65 24D 7,10 5,99 3,58 4,7 9,13 4,87 5,90 1,99 52E 0,00 3,94 6,07 9,16 7,66 9,31 6,02 3,58 41A 4,69 5,67 5,69 7,17 6,35 6,60 6,03 0,87 43E 6,66 8,07 5,74 6,62 7,09 5,48 6,61 0,94 53E 6,15 5,82 5,44 7,5 8,1 8,20 6,87 1,21 54B 6,84 7,75 7,31 6,73 6,38 6,59 6,93 0,51 44C 5,45 6,34 5,73 6,99 9,51 7,76 6,96 1,50 51A 5,97 7,52 6,29 7,51 7,79 7,59 7,11 0,77 31A 11,68 7,75 9,22 7,08 2,84 4,61 7,20 3,17 32A 11,13 7,22 8,16 7,61 6,29 4,40 7,47 2,23 22B 6,55 6,7 6,57 8,03 9,68 8,35 7,65 1,27 23B 1,02 5,53 7,41 8,57 13,31 11,94 7,96 4,45 31E 4,79 9,63 8,82 9,86 6,8 10,35 8,38 2,15 32D 6,59 8,22 7,64 8,12 8,84 11,04 8,41 1,49 21B 6,04 5,23 5,41 22,8 5,76 5,43 8,45 7,04 13A 8,06 9,52 5,68 12,5 7,16 8,31 8,54 2,32 41D 9,04 8,35 7,99 8,43 9,04 8,99 8,64 0,45 13B 7,65 9,52 8,31 9,09 8,78 8,59 8,66 0,65 33D 4,67 12,7 9,53 7,75 8,64 8,68 8,66 2,60 34E 7,53 8,32 8,5 12,49 7,6 8,08 8,75 1,87 24B 5,05 10,42 9,07 14,07 10,24 4,83 8,95 3,53 11E 11,74 12,01 10,43 4,7 6,37 8,85 9,02 2,97

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144

Fl. 2/3

CONJUNTO HABITACIONAL TIRADENTES B MONITORAMENTO DO CONSUMO MENSAL DE ÁGUA ( m3 )

APTO SET./05 OUT./05 NOV./05 DEZ./05 JAN./06 FEV./06 CONSUMO MÉDIO

DESVIO PADRÃO

44D 15,85 16,6 16,73 4,22 0,54 0,24 9,03 8,19 24E 7,56 8,64 9,45 10,17 9,59 9,87 9,21 0,96 23A 8,05 9,13 9,62 9,37 9,59 10,09 9,31 0,69 22E 6,56 10,24 10,55 10,11 9,56 8,99 9,34 1,47 12D 5,92 8,94 7,73 13,01 10,45 10,68 9,46 2,48 51C 8,69 8,65 8,83 10,26 9,75 11,19 9,56 1,03 41C 8,26 9,75 10 8,42 9,66 11,60 9,62 1,21 11C 8,70 8,94 11,88 11,99 9,55 6,74 9,63 2,02 42E 8,24 10,69 9,28 11,98 10,28 7,95 9,74 1,54 52D 9,84 10,88 6,79 9,35 9,43 12,21 9,75 1,81 43C 7,61 8,41 9,06 9,6 17,17 9,49 10,22 3,48 34B 15,78 8,9 3,8 13,52 11,07 9,85 10,49 4,13 54A 5,82 12,24 11,45 15,6 10,17 8,16 10,57 3,39 34C 8,33 10,35 12,11 9,43 12,41 10,80 10,57 1,56 43A 8,71 12,49 14,57 4,00 12,4 11,35 10,59 3,75 53D 9,09 11 11,51 11,14 10,97 10,22 10,66 0,87 53B 8,01 11,85 10,5 10,08 11,91 11,76 10,69 1,52 22D 9,22 10,54 10,94 11,65 12,62 10,33 10,88 1,17 41E 13,06 10 11,14 10,34 10,18 10,68 10,90 1,13 23C 10,08 10,77 11,52 12,6 10 10,52 10,92 0,99 33E 9,25 11,05 10,76 12,33 14,26 10,57 11,37 1,73 43B 10,84 15,31 12,55 13,51 8,14 8,27 11,44 2,89 41B 10,69 11,05 10,59 11,31 13,8 11,24 11,45 1,19 34A 8,50 12,47 12,77 10,55 14,67 10,20 11,53 2,20 54E 10,37 12,88 13,82 10,96 11,39 10,03 11,58 1,48 54D 10,68 11,91 12,65 13,12 15,53 8,18 12,01 2,47 13D 11,41 12,56 11,11 15,37 9,93 13,73 12,35 1,97 51E 19,79 14,04 9,25 9,51 11,01 10,99 12,43 3,99 11D 11,18 7,3 19,22 9,25 16,82 13,97 12,96 4,56 14D 13,94 14,32 14,6 15,43 12,48 7,83 13,10 2,76 53C 11,09 13,14 10,16 21,03 14,27 10,77 13,41 4,04 11B 11,81 12,5 15,55 15,74 12,27 12,86 13,46 1,73 52B 8,93 12,23 13,3 13,98 15,42 17,53 13,57 2,92 22A 11,99 11,65 13,6 17,25 14,91 15,74 14,19 2,19 42D 11,94 15,44 13,88 18,75 19,67 7,38 14,51 4,55 32E 9,44 15,19 14,78 16,07 15,59 17,03 14,68 2,68 42B 10,38 16,64 14,99 17,69 14,11 15,83 14,94 2,56 52C 13,08 13,86 15,58 15,9 15,62 15,58 14,94 1,17 31B 15,02 16,79 14,48 15,45 14,32 14,78 15,14 0,90 31D 14,43 16,1 16,73 17,22 14,33 14,95 15,63 1,23

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145

Fl. 3/3

CONJUNTO HABITACIONAL TIRADENTES B MONITORAMENTO DO CONSUMO MENSAL DE ÁGUA ( m3 )

APTO SET./05 OUT./05 NOV./05 DEZ./05 JAN./06 FEV./06 CONSUMO MÉDIO

DESVIO PADRÃO

31C 14,24 19,83 15,48 16,19 16,65 15,54 16,32 1,90 51B 15,67 16,15 16,32 18,11 16,41 16,62 16,55 0,83 32C 15,75 16,99 16,79 17,8 16,82 15,18 16,56 0,94 43D 14,66 16,45 17,55 17,61 17,05 19,99 17,22 1,74 22C 15,62 10,74 16,16 20,86 21,23 18,92 17,26 3,95 13C 9,22 11,83 11,46 23,31 23,7 27,53 17,84 7,86 33A 13,77 35,27 11,24 11,57 12,57 22,73 17,86 9,54 33B 2,74 12,13 35,15 33,98 13,15 11,54 18,12 13,28 32B 17,63 18,48 16,86 17,69 20,47 18,90 18,34 1,26 23E 14,89 14,86 13,74 27,42 20,65 20,46 18,67 5,23 12C 16,06 17,78 15,91 18,72 21,72 24,86 19,18 3,50 13E 17,03 19,89 15,11 23,7 26,02 17,23 19,83 4,25 21C 17,52 19,81 19,83 22,1 21,92 20,04 20,20 1,68 44E 21,06 26 16,66 19,64 21,37 20,00 20,79 3,05 54C 16,73 21,08 23,29 21,91 22,11 19,73 20,81 2,32 52A 19,66 25,26 21,31 21,05 19,56 19,43 21,05 2,22 53A 24,84 21,92 17,57 25,08 21,91 17,50 21,47 3,34 44B 14,23 17,33 21,32 27,88 22,85 28,19 21,97 5,59 21D 15,90 20,49 27,06 24,7 36,99 34,18 26,55 8,01 12E 26,40 30,95 31,86 33,01 22,7 19,75 27,45 5,40 14E 26,23 31,2 30,79 32,11 30,14 29,11 29,93 2,07

MÉDIA 9,72 11,46 11,09 12,46 11,86 11,18

DESVIO PADRÃO 5,55 6,49 6,48 7,42 6,79 6,52

(*) Não inclui a parcela de uso comum rateada igualmente entre os apartamentos

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146

Anexo F – Projeto de abrigo metálico para 5 hidrômetros

EQ

UIP

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NIC

A

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OJE

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spon

sáve

l téc

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147 ANEXO G – Regime de vazões para hidrômetros: 1) Hidrômetros classe A de Q máx 1,50 m3/h.

REGIME DE VAZÕES PARA HIDRÔMETROS CLASSE A - Qmáx 1,50 m³/h

TEMPO DE PERMANÊNCIA (14 DIAS)

VOLUME ESCOADO (14 DIAS)

CA

MP

OS

DE

ME

DIÇ

ÃO

ERROS ADMIS-SÍVEIS

FAIXAS DE VAZÃO CARACTERÍSTICAS

INTERVALO DAS FAIXAS

(L/h) TEMPO MÉDIO

(s) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VOLUME MÉDIO

( L ) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VAZÕES MÉDIAS

(L/h)

Q = 0 0,00 643 929 53,23 53,23 0,000 0,00 0,00 0

IND

ETE

R-

MIN

ADO

0 < Q < Qmín 0,00 < Q < 30 485 763 40,16 93,39 739,529 13,75 13,75 5

CA

MP

O

INFE

RIO

R

± 5% Qmín < Q < Qt 30 < Q < 75 18 288 1,51 94,90 245,676 4,57 18,32 48

Qt < Q < 1,2Qt 75 < Q < 90 3 972 0,33 95,23 90,923 1,69 20,01 82

1,2Qt <Q < 0,12Qmáx 90 < Q < 180 25 137 2,08 97,31 950,631 17,67 37,68 136

0,12Qmáx < Q < 0,25Qmáx 180 < Q < 375 21 218 1,75 99,06 1 457,156 27,09 64,77 247

0,25Qmáx < Q < 0,36Qmáx 375 < Q < 540 5 483 0,45 99,51 683,874 12,72 77,49 449

0,36Qmáx < Q < 0,50Qmáx 540 < Q < 750 3 604 0,30 99,81 627,693 11,67 89,16 627

0,50Qmáx < Q < 0,60Qmáx 750 < Q < 900 1 161 0,10 99,91 262,649 4,88 94,04 814

0,60Qmáx < Q < 0,75Qmáx 900 < Q < 1125 709 0,06 99,97 195,163 3,63 97,67 991

0,75Qmáx < Q < Qmáx 1 125< Q < 1 500 259 0,02 99,99 90,529 1,68 99,35 1 258

CA

MP

O S

UP

ERIO

R

± 2%

> Qmáx < 1 500 76 0,01 100,00 35,009 0,65 100,00 1652

SOMA 1 209 600 100,00 5 378,832 100,00

LEGENDA

- FAIXA IDEAL DE TRABALHO

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148 2) Hidrômetros classe A de Q máx 3,00 m3/h.

REGIME DE VAZÕES PARA HIDRÔMETROS CLASSE A - Qmáx 3,00 m³/h

TEMPO DE PERMANÊNCIA (14 DIAS)

VOLUME ESCOADO (14 DIAS)

CA

MP

OS

DE

MED

IÇÃO

ERROS ADMIS-SÍVEIS

FAIXAS DE VAZÃO CARACTERÍSTICAS

INTERVALO DAS FAIXAS

(L/h) TEMPO MÉDIO

(s) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VOLUME MÉDIO

( L ) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VAZÕES MÉDIAS

(L/h)

Q = 0 0,00 643 929 53,23 53,23 0,000 0,00 0,00 0

IND

ETE

R-

MIN

ADO

0 < Q < Qmín 0,00 < Q < 40 492 216 40,69 93,92 801,029 14,89 14,89 6

CA

MP

O

INFE

RIO

R

± 5% Qmín < Q < Qt 40 < Q < 150 32 329 2,67 96,59 830,766 15,45 30,34 93

Qt < Q < 1,2Qt 150 < Q < 180 8 637 0,71 97,30 394,965 7,34 37,68 165

1,2Qt <Q < 0,12Qmáx 180 < Q < 360 20 525 1,70 99,00 1 386,072 25,77 63,45 243

0,12Qmáx < Q < 0,25Qmáx 360 < Q < 750 9 761 0,81 99,81 1 382,304 25,70 89,15 509

0,25Qmáx < Q < 0,36Qmáx 750 < Q < 1 080 1 727 0,14 99,95 416,130 7,44 96,89 867

0,36Qmáx < Q < 0,50Qmáx 1 080 < Q < 1 500 351 0,03 99,98 118,744 2,21 99,10 1 217

0,50Qmáx < Q < 0,60Qmáx 1 500 < Q < 1 800 77 0,01 99,99 34,224 0,63 99,73 1 600

0,60Qmáx < Q < 0,75Qmáx 1 800 < Q < 2 250 27 0,01 100,00 14,600 0,27 100,00 1946

0,75Qmáx < Q < Qmáx 2 250 < Q < 3 000 0 0,00 100,00 0,000 0,00 100,00 0

CA

MP

O S

UP

ERIO

R

± 2%

> Qmáx < 3 000 0 0,00 100,00 0,000 0,00 100,00 0

SOMA 1 209 600 100,00 5 378,832 100,00

LEGENDA

- FAIXA IDEAL DE TRABALHO

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149 3) Hidrômetros classe B de Q máx 1,50 m3/h.

REGIME DE VAZÕES PARA HIDRÔMETROS CLASSE B - Qmáx 1,50 m³/h

TEMPO DE PERMANÊNCIA (14 DIAS)

VOLUME ESCOADO (14 DIAS)

CA

MP

OS

DE

ME

DIÇ

ÃO

ERROS ADMIS-SÍVEIS

FAIXAS DE VAZÃO CARACTERÍSTICAS

INTERVALO DAS FAIXAS

(L/h) TEMPO MÉDIO

(s) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VOLUME MÉDIO

( L ) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VAZÕES MÉDIAS

(L/h)

Q = 0 0,00 643 929 53,23 53,23 0,000 0,00 0,00 0

IND

ETE

R-

MIN

ADO

0 < Q < Qmín 0,00 < Q < 15 429 307 35,49 88,72 420,114 7,81 7,81 4

CA

MP

O

INFE

RIO

R

± 5% Qmín < Q < Qt 15 < Q < 60 70 343 5,82 94,54 483,059 8,98 16,79 25

Qt < Q < 1,2Qt 60 < Q < 72 3 543 0,29 94,83 64,920 1,21 18,00 66

1,2Qt <Q < 0,12Qmáx 72 < Q < 180 29 967 2,48 97,31 1 058,666 19,68 37,68 127

0,12Qmáx < Q < 0,25Qmáx 180 < Q < 375 21 218 1,75 99,06 1 457,156 27,09 64,77 247

0,25Qmáx < Q < 0,36Qmáx 375 < Q < 540 5 483 0,45 99,51 683,874 12,72 77,49 449

0,36Qmáx < Q < 0,50Qmáx 540 < Q < 750 3 604 0,30 99,81 627,693 11,67 89,16 627

0,50Qmáx < Q < 0,60Qmáx 750 < Q < 900 1 161 0,10 99,91 262,649 4,88 94,04 814

0,60Qmáx < Q < 0,75Qmáx 900 < Q < 1 125 709 0,06 99,97 195,163 3,63 97,67 991

0,75Qmáx < Q < Qmáx 1 125 < Q < 1 500 259 0,02 99,99 90,529 1,68 99,35 1 258

CA

MP

O S

UP

ERIO

R

± 2%

> Qmáx < 1 500 76 0,01 100,00 35,009 0,65 100,00 1 652

SOMA 1 209 600 100,00 5 378,832 100,00

LEGENDA

- FAIXA IDEAL DE TRABALHO

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150 4) Hidrômetros classe B de Q máx 3,00 m3/h.

REGIME DE VAZÕES PARA HIDRÔMETROS CLASSE B - Qmáx 3,00 m³/h

TEMPO DE PERMANÊNCIA (14 DIAS)

VOLUME ESCOADO (14 DIAS)

CA

MP

OS

DE

ME

DIÇ

ÃO

ERROS ADMIS-SÍVEIS

FAIXAS DE VAZÃO CARACTERÍSTICAS

INTERVALO DAS FAIXAS

(L/h) TEMPO MÉDIO

(s) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VOLUME MÉDIO

( L ) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VAZÕES MÉDIAS

(L/h)

Q = 0 0,00 643 929 53,23 53,23 0,000 0,00 0,00 0

IND

ETE

R-

MIN

ADO

0 < Q < Qmín 0,00 < Q < 30 485 763 40,16 93,39 739,529 13,75 13,75 5

CA

MP

O

INFE

RIO

R

± 5% Qmín < Q < Qt 30 < Q < 120 30 041 2,48 95,87 563,563 10,48 24,23 68

Qt < Q < 1,2Qt 120 < Q < 144 6 872 0,57 96,44 252,358 4,69 28,92 132

1,2Qt <Q < 0,12Qmáx 144 < Q < 360 31 031 2,56 99,00 1 857,380 34,53 63,45 215

0,12Qmáx < Q < 0,25Qmáx 360 < Q < 750 9 781 0,81 99,81 1 382,304 25,70 89,15 509

0,25Qmáx < Q < 0,36Qmáx 750 < Q < 1 080 1 727 0,14 99,95 416,130 7,74 96,89 867

0,36Qmáx < Q < 0,50Qmáx 1 080 < Q < 1 500 351 0,03 99,98 118,744 2,21 99,10 1217

0,50Qmáx < Q < 0,60Qmáx 1 500 < Q < 1 800 77 0,01 99,99 34,224 0,63 99,73 1600

0,60Qmáx < Q < 0,75Qmáx 1 800 < Q < 2 250 27 0,01 100,00 14,600 0,27 100,00 1949

0,75Qmáx < Q < Qmáx 2 250 < Q < 3 000 0 0,00 100,00 0,000 0,00 100,00 0

CA

MP

O S

UP

ERIO

R

± 2%

> Qmáx < 3 000 0 0,00 100,00 0,000 0,00 100,00 0

SOMA 1 209 600 100,00 5 378,832 100,00

LEGENDA

- FAIXA IDEAL DE TRABALHO

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151 5) Hidrômetros classe C de Q máx 1,50 m3/h.

REGIME DE VAZÕES PARA HIDRÔMETROS CLASSE C - Qmáx 1,50 m³/h

TEMPO DE PERMANÊNCIA (14 DIAS)

VOLUME ESCOADO (14 DIAS)

CA

MP

OS

DE

ME

DIÇ

ÃO

ERROS ADMIS-SÍVEIS

FAIXAS DE VAZÃO CARACTERÍSTICAS

INTERVALO DAS FAIXAS

(L/h) TEMPO MÉDIO

(s) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VOLUME MÉDIO

( L ) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VAZÕES MÉDIAS

(L/h)

Q = 0 0,00 643 929 53,23 53,23 0,000 0,00 0,00 0

IND

ETE

R-

MIN

ADO

0 < Q < Qmín 0,00 < Q < 7,5 367 525 30,38 83,61 239,116 4,45 4,45 2

CA

MP

O

INFE

RIO

R

± 5% Qmín < Q < Qt 7,5 < Q < 11 39 310 3,25 86,86 99,069 1,84 6,29 9

Qt < Q < 1,2Qt 11 < Q < 13,2 12 659 1,05 87,91 43,221 0,80 7,09 12

1,2Qt <Q < 0,12Qmáx 13,5 < Q < 180 113 666 9,40 97,31 1 645,353 30,59 37,68 52

0,12Qmáx < Q < 0,25Qmáx 180 < Q < 375 21 218 1,75 99,06 1 457,156 27,09 64,77 247

0,25Qmáx < Q < 0,36Qmáx 375 < Q < 540 5 483 0,45 99,51 683,874 12,72 77,49 449

0,36Qmáx < Q < 0,50Qmáx 540 < Q < 750 3 604 0,30 99,81 627,693 11,67 89,16 627

0,50Qmáx < Q < 0,60Qmáx 750 < Q < 900 1 161 0,10 99,91 262,649 4,88 94,04 814

0,60Qmáx < Q < 0,75Qmáx 900 < Q < 1 125 709 0,06 99,97 195,163 3,63 97,67 991

0,75Qmáx < Q < Qmáx 1 125 < Q < 1 500 259 0,02 99,99 90,529 1,68 99,35 1258

CA

MP

O S

UP

ERIO

R

± 2%

> Qmáx < 1 500 76 0,01 100,00 35,009 0,65 100,00 1652

SOMA 1 209 600 100,00 5 378,832 100,00

LEGENDA

- FAIXA IDEAL DE TRABALHO

Page 153: WANDENIR HILMAR DOMINIQUELI Medição individualizada de ...cassiopea.ipt.br/tde_arquivos/teses/{E0614BD9-2823-4F01-AD69... · A medição individualizada pressupõe uma distribuição

152 6) Hidrômetros classe C de Q máx 3,0 m3/h.

REGIME DE VAZÕES PARA HIDRÔMETROS CLASSE C - Qmax 3,00 m³/h

TEMPO DE PERMANÊNCIA (14 DIAS) VOLUME ESCOADO (14 DIAS)

CA

MP

OS

DE

ME

DIÇ

ÃO

ERROS ADMIS-SÍVEIS

FAIXAS DE VAZÃO CARACTERÍSTICAS

INTERVALO DAS FAIXAS

(L/h) TEMPO MÉDIO

(s) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VOLUME MÉDIO

( L ) ( % )

( % ) ACUMU-

LADO

VAZÕES MÉDIAS

(L/h)

Q = 0 0,00 643 929 53,23 53,23 0,000 0,00 0,00 0

IND

ETE

R-

MIN

ADO

0 < Q < Qmín 0,00 < Q < 15 429 307 35,49 88,72 420,114 7,81 7,81 4

CA

MP

O

INFE

RIO

R

± 5% Qmín < Q < Qt 15 < Q < 22,5 40 684 3,36 92,08 207,891 3,87 11,68 18

Qt < Q < 1,2Qt 22,5 < Q < 27 11 576 0,96 93,04 78,523 1,46 13,14 24

1,2Qt <Q < 0,12Qmáx 27 < Q < 360 72 141 5,96 99,00 2 706,302 50,31 63,45 135

0,12Qmáx < Q < 0,25Qmáx 360 < Q < 750 9 781 0,81 99,81 1 382,304 25,70 89,15 509

0,25Qmáx < Q < 0,36Qmáx 750 < Q < 1080 1 727 0,14 99,95 416,130 7,74 96,89 867

0,36Qmáx < Q < 0,50Qmáx 1 080 < Q < 1 500 351 0,03 99,98 118,744 2,21 99,10 1218

0,50Qmáx < Q < 0,60Qmáx 1 500 < Q < 1 800 77 0,01 99,99 34,224 0,63 99,73 1600

0,60Qmáx < Q < 0,75Qmáx 1 800 < Q < 2 250 27 0,01 100,00 14,600 0,27 100,00 1 946

0,75Qmáx < Q < Qmáx 2 250 < Q < 3 000 0 0,00 100,00 0,000 0,00 100,00 0

CA

MP

O S

UP

ERIO

R

± 2%

> Qmáx < 3 000 0 0,00 100,00 0,000 0,00 100,00 0

SOMA 1 209 600 100,00 5 378,832 100,00

LEGENDA

- FAIXA IDEAL DE TRABALHO