waldo vieira e chico xavier - entre irmãos de outras terras

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  • 8/13/2019 Waldo Vieira e Chico Xavier - Entre Irmos de Outras Terras

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    Caro amigoCaso tenha gostado do livro e tm condies de compr-lo, faa-o, pois assim estarsajudando a diversas instituies de caridade. Que para onde se destina os direitosautorais da obra.Que Jesus o abenoe.Muita Paz.

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    Em Homenagem aos Pioneiros........................................................................................................ 3Ante a Seara da Luz ........................................................................................................................4

    PRIMEIRA PARTE ................................................................................................................ 51 - Pontos fundamentais para o esprita em viagem .........................................................................62 - Na difuso do Espiritismo ..........................................................................................................73 - Frutos verdes ............................................................................................................................. 8

    4 - A Riqueza ..................................................................................................................................95 - Vinte assuntos com Willian James .......................................................................................116 - Ao Claro da Verdade..............................................................................................................157 - A Escolha do representante ......................................................................................................168 - Civilizao e reino de Deus......................................................................................................189 - Bssola da alma.......................................................................................................................1910 - Em torno da mediunidade....................................................................................................... 2011 - Convite ao pensamento ..........................................................................................................2312 - Super culturas e calamidades morais ....................................................................................2713 - Perguntas e respostas ............................................................................................................. 2814 - A Porta da palavra.................................................................................................................. 3015 - A alma tambm.....................................................................................................................31

    16 - Entrevista em Nova Iorque.....................................................................................................3217 - Novo mtodo de cura ..........................................................................................................3518 - Compromisso Pessoal ...........................................................................................................3619 - Problemas de direo ............................................................................................................. 3720 - Trabalhar sempre ...................................................................................................................3821 - Porqu ?.................................................................................................................................4022 - Trecho de conversa ................................................................................................................ 4123 - A Palavra.............................................................................................................................. 4224 - A moblia............................................................................................................................... 4325 - Inquietao ...........................................................................................................................4426 - F e cultura ...........................................................................................................................4527 - Abnegao dos heris ............................................................................................................4628 - Na seara do auxlio.................................................................................................................4729 - Processos obsessivos.............................................................................................................. 4830 - Estudo na parbola.................................................................................................................5031 - Vinte questes com Gabriel Delane........................................................................................5232 - Diante de outras naes..........................................................................................................55

    SEGUNDA PARTE .............................................................................................................. 5633 - Voc e a reencarnao............................................................................................................ 5734 - Derrotas ................................................................................................................................. 5835 - Pergunte a si mesmo............................................................................................................ 5936 - Afinal de contas..................................................................................................................... 6037 - Vida aps vida ..................................................................................................................... 61

    38 - Trabalhe e conserve a f.....................................................................................................6239 - O poder da prece ................................................................................................................. 6340 - Obsesso................................................................................................................................6441 - Para encontrar Deus ............................................................................................................... 6542 - Famlia................................................................................................................................... 66

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    Em Homenagem aos P ioneiros

    Senhor Jesus!

    Temos neste 1965, que transcorre em paz , o primeiro centenrio da Primeira SociedadeEsprita do Brasil, oficialmente instalada na capital da Bahia, cidade do Salvador1.

    Nesse primeiro sculo de divulgao e vivncia da Nova Revelao, que nos confiastecomo sendo o Evangelho Redivivo, ns te agradecemos os concursos de pioneiros daDoutrina Esprita, encarnados e desencarnados, que nos estenderam as mos , daAmrica do Norte e da Europa, impelindo-nos necessria renovao! Graas a nascentede luz que eles desataram, possumos hoje frutos sazonados de conhecimento superiorque espalham concrdia e fraternidade, esperana e consolo, do Amazonas ao Prata,criando no Brasil a civilizao do futuro!...

    Pensando nisso, algo desejamos realizar em companhia de nossos instrumentoshumanos...

    Se possvel Senhor, permite-nos agora levar-lhes aos descendentes, nas cidadesque lhes foram palco ao trabalho, o nosso abrao de reconhecimento e de amor.

    Se a empresa a que nos propomos te obedece vontade, guia-nos o passo e inspira-nos a tarefa.

    Varre de nossas almas qualquer pretenso de doutrinar os que tanto nos deram emteu nome e apia-nos por misericrdia, projetada viagem com os recursos de que nosjulgues carecedores.

    Clareia as estradas que tenhamos de percorrer e, seja onde for, guarda-nos sob acobertura de teus ensinos!

    Cumpram-se em ns, servos daqueles que se fizeram servos de teus servos, os teussbios desgnios!

    Escorados em teu socorro de todo dia, ns te rogamos, Mestre, nos abenoe opropsito de ofertar, aos nossos benfeitores do passado e de sempre, singelahomenagem de respeito e carinho, envolvida em nossas preces de regozijo e gratido.

    Andr Luiz

    Uberaba , 15 de Maio de 1965

    (Pgina recebida pelo mdium Waldo Vieira).

    (1) Conquanto as idias espritas houvessem penetrado o Brasil, logo depois de 1850, a instalao daprimeira entidade esprita no Pas, oficialmente, foi realizada com a fundao do "Grupo Familiar doEspiritismo", em 17-9-1865, em Salvador, Estado da Bahia. __Nota de Andr Luiz.

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    Ante a Seara da Luz

    (Homenagem ao Primeiro Centenrio da primeira organizaoesprita instalada no Brasil (2)

    Reconhecers o benefcio com que a orientao esprita te clareia o caminho; no entanto,no a enclausuraras sob as chaves da indiferena...

    Com ela reconfortar-te-s nos dias de provao, oferecendo demonstraes de fortalezae pacincia, em testemunhos de f, mas no te esquecers dos milhares de irmosnossos que se demoram entre as grades da angstia, mendigando, aflitos, algum soprode esperana...

    Iluminars a prpria senda, evitando os despenhadeiros do mal; contudo, no teesquecers dos milhares de irmos nossos que se tresmalham na sombra, famintos deuma palavra esclarecedora que Lhes impea o mergulho total no sorvedouro daobsesso...

    Agasalhar-te-s, em esprito, para suportar as ofensas, aprendendo a orar pelos que teperseguem e a sustentar-te muito acima dos assaltos da injria; todavia, no teesquecers dos milhares de irmos nossos, ilhados na revolta ou no sofrimento, diante daincompreenso ou do insulto, esperando ansiosas mente uma frase de amor que osliberte do visco do dio...

    Amassars o po da consolao para que as lgrimas no te sufoquem a vida, quandovs a morte, de visita ao recinto domstico, arrebatando-te ao convvio algum dos seresque mais amas; entretanto, no te esquecers dos milhares de irmos nossos quetateiam a lousa, de alma enregelada no desespero, ante c separao dos seres queridos,

    suplicando s cinzas do tmulo algum leve sinal da imortalidade...O Espiritismo o Cristianismo Renascente, com Jesus anunciando, de novo, asrealidades eternas do Universo e da Vida, com base no sepulcro vazio!...

    Perante o mundo atormentado de hoje, pensa na quota de amor que Lhe devemos,atravs do Espiritismo ame nos pede criterioso trabalho de sustento e divulgao, emfavor dos coraes e das conscincias.

    Todos temos obrigao e servio a fazer.

    Ningum espera te transformes, de imediato, num sol capaz de extinguir as trevas!...

    Traze tambm o teu raio de luz.Emmanuel

    Uberaba, 17 de Setembro de 1965.

    (Pgina recebida pelo mdium Francisco Cndido Xavier.)

    (2) Nota da Editora : Reformador, rgo noticioso e doutrinrio da Federao Esprita Brasileira, publicou,em seu nmero de Setembro de 1965, longo hist6rico sobre esse acontecimento centenrio.

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    PRIMEIRA PARTE

    SELEO DAS MENSAGENS RECEBIDAS

    EM LINGUA PORTUGUESA.

    NOS ESTADOS UNIDOS E NA EUROPA (3)

    (3) Os captulos de nmeros mpares foram psicografados por Waldo Vieira, e os de nmeros parespor Francisco Cndido Xavier.

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    1 - Pontos fundamentais para o esprita em viagem

    Andr Luiz

    "Procurar conhecer as disposies legais que regem o Pas que visita e a elas obedecer.

    Esquivar-se de partilhar preconceitos ou dissenses que encontre, mas respeitar os sentimentosde cada pessoa com a qual se veja em contato, tentando auxili-la pela prestao de servio.

    Fugir da exibio pessoal.

    Guardar discrio e simplicidade.

    Acatar os sistemas de trabalho espiritual que observe diferentes daqueles a que se afeioe.

    Evitar crticas e discusses.

    Furtar-se de comprometer a Doutrina Esprita em quaisquer atitudes, mormente aquelas que se

    relacionem com o interesse prprio.

    Negar-se participao de negcios clandestinos, ainda mesmo aqueles que apareammascarados de legalidade, a pretexto de melhorar a posio financeira.

    Estudar a lngua e os costumes do Pas visitado, para ser mais til.

    Recusar-se a fazer comparaes pejorativas, suscetveis de humilhar os seus anfitries.

    Omitir adjetivos vexatrios em se referindo a personalidades, situaes, casos e coisas da naoque o recebe.

    Silenciar anedotas e aforismos de mau gosto.

    No opinar em torno das dificuldades da regio que pisa, sem minucioso conhecimento dascausas que a produziram.

    No criar problemas.

    Tanto quanto possvel, evitar dvidas de ordem material por onde passe.

    Nunca bajular e nem deprimir.

    Jamais escarnecer dos hbitos e crenas do Pas em que esteja.

    Abster-se da preocupao de doutrinar, embora deva estar pronto para dizer a boa palavra ou oconceito justo da Doutrina Esprita, capazes de semear renovao e elevao nos ouvintes.

    No querer superioridades para a sua ptria de origem e nem diminu-la com alusesimpensadas.

    Abolir a palavra "estrangeiro" da sua linguagem e tratar os filhos de outros povos, por verdadeirosirmos."

    (Nova Iorque, N.I., EUA,29,julho,1965.)

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    2 - Na difuso do Espiritismo

    Emmanuel

    "E eu rogarei ao pai e ele vos dar outro consolador para

    que fique convosco para sempre". - Jesus (Joo, 14:16)

    Na condio daquele consolador prometido por Jesus a Humanidade o Espiritismo, semdvida, atingir todas as conscincias.

    Entretanto, frente das mltiplas interpretaes que se lhe imprimem-nos mais variadosncleos humanos, de que modo esperar o cumprimento da promessa do Cristo?

    Nesse sentido recordemos os primrdios da Codificao Kardequiana. Preocupado com omesmo assunto Allan Kardec formulou a Questo n. 789, de "O Livro dos Espritos",

    qual os seus Instrutores Espirituais, solcitos, responderam:

    "Certamente que o Espiritismo se tornar crena geral e marcar nova era na histria daHumanidade, porque est na natureza e chegou o tempo em que ocupar lugar entre osconhecimentos humanos. Ter, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais contra ointeresse do que contra a convico, porquanto no h como dissimular a existncia depessoas interessadas em combat-lo, umas por amor-prprio, outras por causasinteiramente materiais. Porm, como viro a ficar insulados, seus contraditores sesentiro forados a pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridculos".

    Certifiquemo-nos, pois, de que, na difuso dos princpios espritas, estamos todos em lutado bem para a extino do mal e de que ningum alcanar a suspirada vitria sem avontade de aprender e a disposio de trabalhar.

    (Londres, Inglaterra, 10 de Agosto de 1965)

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    3 - Frutos verdes

    Kelvin Van Dine

    O esprita, herdeiro de conhecimentos superiores, esbarra com ressentimentos e mgoas,

    nutrindo atitude perfeitamente nova quando posta em confronto com a de outrosprincpios religiosos.

    Admitindo a continuidade da vida, alm da morte, no recebe sensores maneira c.einimigos ou irresponsveis. Acolhe-os como sendo companheiros transviados que preciso recuperar para o bem.

    face disso, assaltos morais apresentam para ele importncia relativa, conquanto lhedoam nos brios.

    Porque alimentar dio a algum, se estiver convicto, pela lei da reencarnao, de queesse algum se lhe pode abrigar nos braos, na feio de um ente querido na equipefamiliar?

    Por outro lado, no pode ignorar o mal de que foi objeto, certo quanto se acha da lei deresponsabilidade individual. Dai o comportamento equilibrado que as circunstncias lhesugerem: serenidade sem indiferena, dentro da qual reconhece que no lhe adiantaperder tempo com pesares ocultos ou reclamaes descabidas.

    Com isso, recolhe todas as manifestaes de injuria, maldade, agressividade ouincompreenso dos outros, com a tranqilidade do cultivador que recebe de umcompanheiro vastas colees de frutos verdes, para os quais no h colocao na reade seus interesses.

    E como sabe que o responsvel pela produo se esmerar em fornecer-1be frutosmaduros, em tempo adequado, espera por eles com pacincia.

    Por essa razo, se o esprita lana mo de algum desforo perante ataques do caminho,essa desforra sempre a resposta do servio mais eficiente a todos os desafios de quefoi alvo.

    Recordemos isso, frente de agravos ou menosprezos.

    Para ns, as palavras do Cristo amai os vossos inimigos e orai pelos que vosperseguem e caluniam, no significam carta-branca aos irmos que se chafurdaram no

    mal e nem nos determinam exibir suposta superioridade diante deles.

    Querem claramente dizer que no devemos cortar os fios de amor fraternal que nosidentificam uns com os outros, conferindo-lhes o direito de serem responsveis peloserros que praticam e que nos cabe envolv-los nas vibraes restauradoras da prece,prosseguindo, de nossa parte, na construo imperturbvel do bem, que render sempreluz e verdade, alegrias e bnos para eles e para ns.

    (Silver Spring, Maryland, E.U.A., 10, Junho, 1965.)

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    4 - A Riqueza

    Hilrio Silva

    Amlia Kauper, anci, estava em sua tapera, nos arredores de Chesapeake Bay, nointerior de Maryland, quando Craig Poter, um de seus muitos sobrinhos, foi observar-lhe a

    situao.

    -Seu tio James - dizia ela ao parente, referindo-se ao marido desencarnado - desde quese fez mdium, num templo esprita, deu aos necessitados tudo quanto pde. No deixoudividas, mas, depois do funeral, vim a saber que a nossa prpria casa se achavahipotecada e fui constrangida, por isso, a entregar todos os nossos recursos aoscredores...

    -A senhora est. Arruinada, tia? - perguntou o moo.

    -Estou com a roupa do corpo... - esclareceu a velhinha.

    E designando antigo mvel:

    - Mas, graas a Deus, tenho o meu tesouro no cofre.

    O rapaz, que conhecera os tios nos bons tempos, quando possuam preciosas reservasno Texas, pensou um minuto e deliberou, de sbito, que a tia o acompanhasse.

    No dia imediato, a viva Kauper, depois de entregar enorme mala ao sobrinho, entrou nojipe, carregando pequeno ba, carinhosamente.

    Ento, comeou para ela uma vida nova.

    Craig, que possua sitio prspero na Virgnia, chamou Edward, seu irmo mais velho,cujas terras confinavam com as dele, trocaram idias confidencialmente e concluram quea estreita caixa de lata de que a tia jamais se distanciava deveria conter jiasriqussimas... E combinaram entre si guardar a anci, cuidadosamente.

    Vieram familiares de longe, disputando a convivncia da Sra. Kauper, mas Craig eEdward alegavam que tia Amlia estava fatigada, que mdicos no lhe permitiam maioresforo...

    Habitualmente noite, um ou o outro espiava a velhinha, pelo buraco da fechadura, eviam-na segurando a vela acesa, a debruar-se sobre o ba aberto, decerto fitando,

    atravs dos culos, aquilo a que ela chamava minha riqueza ou meu tesouro. Assimviveu, ainda por mais nove anos, requestada por toda a famlia e tratada com respeitosaateno por ambos o sobrinho que a mantinham, interessados...

    Quando a morte quebrou semelhante situao conduzindo a viva Kauper na direo devida melhor, Craig e Edward trancaram-se no quarto que ela deixara, apossando-se docobiado ba; no entanto, ao abri-lo apenas encontraram dentro dele um antigo exemplardo Evangelho e, sobre o ensebado volume, o seguinte bilhete que lhes era dirigido pelatia desencarnada:

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    -Meus filhos, Deus os recompense pela caridade para comigo, mas tomem cuidado comvida na Terra...

    E com a sua longa experincia do mundo, velhinha terminava com o versculo nmerodez capitulo seis da Primeira Epstola do apstolo Para Timteo:

    ... Porque a paixo pelo dinheiro a raiz de todos os males e, nessa cobia, algunsdesviaram da f e se traspassaram a si mesmo com muitas dores.

    (Reunio da noite 10-7-65, em Nova Iorque, NY, EUA)

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    5 - Vinte assuntos com Willian J ames

    Andr Luiz

    Considerando os climas culturais especficos da ao esprita nos Estados Unidos e noBrasil, apresentamos, a seguir, as vinte questes que constam de nossa conversaocom o Dr. William James, o eminente medico, psiclogo e filosofo norte-americano,desencarnado em 1910, que nos visita o grupo de orao e servio espiritual nesta noite:

    P. Caro amigo, achando-nos em Nova Iorque, ao lado de irmos do Brasil, estimaramossaber se a pesquisa da verdade, na Terra, continua contando, ate' agora, com a suacolaborao?

    R. Sim. Geralmente prosseguimos, apos a desencarnao, na linha de atividade a quenos empenhamos na experincia fsica. E se essa atividade revela caractersticasedificantes, capazes de dissolver as sombras que acumulamos, no prprio ser, a vista doserros e dbitos em existncias passadas, devemos disputar a oportunidade de ampli-lascom todos os recursos a nosso alcance.

    P. Mantm com o mesmo entusiasmo, de outros tempos, os seus estudos de Espiritismo?

    R. Indiscutivelmente. Os princpios da Nova Revelao constituem campo depossibilidades infinitas.

    P. Que nos diz hoje do concurso da Cincia nas realizaes espritas?

    R. Compreendo agora, quanto antes, a necessidade do testemunho cientifico para que se

    lavre na Terra a certido da sobrevivncia da alma; entretanto, admito que nos outros, osinvestigadores do assunto, com naturais excees, perdemos, algumas vezes, muitotempo, repetindo experimentos, talvez em demasia, no intuito de fugir as conseqnciasmorais que o assunto envolve.

    P. Acredita que seria justo limitar a cooperao cientifica nos crculos doutrinrios doEspiritismo?

    R. No desejamos dizer que a pesquisa cientifica seja desnecessria. Propomo-nos aafirmar que o pesquisador no esta exonerado do dever de ouvir a prpria conscincia.Um sbio no e' um aparelho gravador de terminologia tcnica e sim um esprito comavanados cabedais de conhecimento, chamado pela Orientao Superior ao

    aperfeioamento da v ida.

    P. Que opinio formula acerca da Parapsicologia?

    R. A Parapsicologia, a rigor, remonta as mais antigas eras da Humanidade. A prpriaBblia esta repleta de exemplos. No versculo doze do capitulo seis do II Livro de Reis,vemos o profeta ou mdium Eliseu assimilando transmisses telepticas do rei da Sria,com a preciso dos melhores "sujets" empregados nas experincias de Rhine e outros.

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    P. Que julga do apoio esprita aos trabalhos parapsicolgicos?

    R. Entendemos que os espritas , quando possvel, devem cooperar no desenvolvimentoda Parapsicologia, a fim de que as pesquisas no venham a cair sob a exclusivaobservao de inteligncias apaixonadas, procedam elas da Cincia ou da Religio. Esseconcurso, porem, a nosso ver, apenas se verificara quando no acarrete prejuzo para os

    compromissos abraados pelo obreiro esprita em sua ficha de ao.

    P. Como define a posio do conhecimento esprita no planeta Terra?

    R. Na Terra, o equilbrio da personalidade moral exige o conhecimento esprita limpo esimples, tanto quanto a euforia orgnica da personalidade fsica reclama suprimento dealimentao saudvel e higinica.

    P. Pode clarear, de maneira mais completa, a sua definio do conhecimento esprita?

    R. O conhecimento esprita e' orientao para a vida essencial e profunda do ser. Claroque a evoluo e' lei para todas as criaturas, mas o Espiritismo intervem no plano da

    conscincia, ditando normas de comportamento, suscetveis de traar caminhos retos aascenso da alma, sem necessidade de aventuras nos labirintos da iluso quecorrespondem a curvas aflitivas de sofrimento.

    P. Admite que o Espiritismo e' fator decisivo na conduo da vontade?

    R. De modo perfeito. Sem que o esprito responda aos chamamentos dos princpiosevolutivos, atendendo, de livre vontade, as obrigaes que a vida lhe atribui, areencarnao para ele e' um circulo de repeties, com proveito muitssimo reduzido notranscurso dos milnios.

    P. Que nos diz da mediunidade?

    R. A mediunidade ainda no encontrou na Terra o apreo que, um dia, desfrutarajuntamente dos homens, como recurso de acesso da individualidade encarnada asEsferas Superiores.

    P. Acredita que um mdium precise receber instrues adequadas?

    R. Protegemos a mostarda para que se lhe garanta a produo normal.

    Como edificar a mediunidade e conserv-la dignamente sem recursos de educao?P. Os espritos mais elevados vencem com facilidade as deficincias medinicas?

    R. Os benfeitores e instrutores desencarnados poderiam realizar obras construtivas damais alta expresso no mundo; contudo, para isso, necessitam dispor de elementointerpretativo. Onde o conjunto orquestral habilitado a fazer musica sem a cooperao deinstrumentos?

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    P. O esprito, mesmo aquele de hierarquia sublime, depende do mdium para expressar-se no campo fsico?

    R. Ate que a cincia estabelea livre e generalizado intercambio entre as intelignciasencarnadas e desencarnadas, o Esprito domiciliado no Alem, para comunicar-se com oshomens, depende do mdium, como a alma, para corporificar-se na esfera fsica,

    depende do refugio materno.

    P. Seria razovel aproveitar, de imediato, os mdiuns de faculdades mais amadurecidas, formando ncleosdestacados com o propsito de efetuar mais vivas demonstraes da sobrevivncia?

    R. No nos licito esquecer que os recursos medianmicos so conferidos a todas ascriaturas, que os recolhem no nvel individual em que se colocam. Burile-se o mdium eatrair Espritos burilados. Levantar primazias nessa matria seria formar partidos efomentar a guerra pela posse de domnios psquicos.

    P. Sabemos que o mdium tem o dever de aperfeicoar-se, mas, alem disso, a seu ver,qual a necessidade fundamental do mdium no desenvolvimento das faculdades que lhe

    dizem respeito?

    R. Para qualquer mdium, o desenvolvimento das energias psquicas no ofereceembaraos maiores; entretanto, porque esse desenvolvimento abre novos horizontes aocirculo da convivncia, o maior problema de um mdium na Terra, ao que nos parece, e' ode se conservar fiel as boas companhias do Mundo Espiritual.

    P. Aprecia em graus diferentes a mediunidade de efeitos fsicos e a de efeitosintelectuais?

    R. Toda mediunidade e' importante, mas entendemos que os fenmenos fsicos, sem onecessrio discernimento, no atendem aos requisitos.

    da melhoria do mundo interior. Consideramos, por isso, que a mediunidade de efeitosintelectuais, propiciando acesso a ensinamentos de ordem superior, deve ser largamentecultivada a fim de que a mediunidade de efeitos fsicos no distraia a criatura dasobrigaes morais a que se vincula no tempo de sua corporificaro no plano fsico.

    P. No seu modo de ver, qual e' o servio principal da mediunidade nas tarefas espritas?

    R. Em nos referindo a atualidade terrestre, cremos que os valores medinicos precisamcolaborar no esclarecimento dos homens, especialmente no socorro as vitimas daobsesso, hoje contadas aos milhares, em todos os quadrantes do planeta.

    P. A linguagem articulada e' fator de base nas comunicaes entre desencarnados de umpais, atravs de mdiuns situados em pais diferente ?

    R. Sabemos que o pensamento e' idioma universal; no entanto, isso e' realidade imediatanos domnios da induo ou da telepatia laboriosamente exercitada. Ser possveltranqilizar um doente com a simples presena da idia de paz e otimismo, cura eesperana, mas no conseguimos prodigalizar-lhe avisos imediatos de tratamento semcomunicar-nos com ele atravs da linguagem que lhe e' prpria. Por outro lado,ocorrncias de xenoglossia podem ser obtidas como se organizam espetculos de

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    encomenda. E' necessrio compreender, porem, que, no atual estagio da Humanidade, abarreira das lnguas e' limitao inevitvel, de vez que por enquanto os desencarnados,em maioria esmagadora, comumente prosseguem arraigados ao ambiente domestico emque viveram. Desse modo, os amigos espirituais ligados aos Estados Unidos, queaspirem a ser ouvidos, sem delonga, no Brasil, devem, de modo geral, estudar Portugus,e vice-versa. Isso e' claro no sistema regular de comunho lingstica, porquanto o

    progresso ignora o milagre.

    P. Quando acredita venhamos a ter a felicidade do Espiritismo mais amplamentedivulgado na Terra ?

    R. Questo de tempo e boa vontade dos homens. Qualquer criatura pode retardar oprprio acesso ao porto da verdade, mas ningum escapara dele.

    P. Mereceremos de sua experincia algum aviso particular para nos outros, oscompanheiros desencarnados e encarnados da obra esprita do Brasil ?

    R. Temos aprendido que no surgem construes estveis ao impulso do improviso. A

    seara esprita pede plantao de princpios espritas. E no existe plantao eficientesem cultivadores dedicados. Ampliemos a rea de nosso concurso individual e elevemoso nvel de compreenso das nossas responsabilidades para com a obra do Espiritismo.Se fazemos o que pensamos, s' dispomos em verdade, daquilo que fazemos. As leis doUniverso so justas. Cada companheiro, cada agrupamento e todos os pais tero doEspiritismo o que dele fizerem. Cremos que seja possvel sintetizar diretrizes para nostodos no seguinte programa: sentir em bases de equilbrio, pensar com elevao, falarconstrutivamente, estudar sempre e servir mais.

    (Nova Iorque, N.I., E.U. A, 27 de julho de 1965.)

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    6 - Ao Claro da Verdade

    Emmanuel

    Mas quando vier aquele Esprito de verdade, ele vosguiar em toda verdade... Jesus (Joo 16:13)

    De que maneira vencer o Espiritismo os obstculos que se lhe agigantam frente? Hcompanheiros que indagam: Devemos disputar salincia poltica ou dominar a fortunaterrestre? Enquanto isso outros enfatizam a ilusria necessidade da guerra verbal a greisou pessoas.

    Dentro do assunto, no entanto, transcrevemos a Questo N. 799 de O Livro dosEspritos.

    Prudente e claro, Kardec formulou, aos orientadores espirituais de sua obra, a seguinteinterrogao: De que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso E, na lgicade sempre, eis que eles responderam:

    Destruindo o materialismo que uma das chagas da sociedade, ele faz que os homenscompreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura deestar velada pela dvida, o homem perceber melhor que, por meio do presente, lhe dado preparar o seu futuro. Abolindo os prejuzos de seitas, castas e cores, ensina aoshomens a grande solidariedade que os h de unir como irmos.

    No nos iludamos com respeito s nossas tarefas. Somos todos chamados pela Bnodo Cristo a fazer luz no mundo das conscincias a comear de ns mesmos ,dissipando as trevas do materialismo ao claro da Verdade, no pelo esprito da fora,mas pela fora do esprito, a expressar-se em servio, fraternidade, entendimento eeducao.

    (Londres, Inglaterra, 10 de Agosto de 1965)

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    7 - A Escolha do representante

    Hilrio Silva

    Thomas Forster, o mdium principal da instituio esprita em Washington, era um

    veterano exigente.

    Desejava enviar um representante do grupo a certo movimento de estudos doutrinrios arealizar-se em Chicago, mas no queda faz-lo sem minuciosa seleo.

    Quero um elemento puro, absolutamente puro, um cristo perfeito, se pudermosclassific-lo assim dizia, agitando o dedo em riste, lembrando batuta em mos demaestro nervoso.

    Mas voc falava Boland, o companheiro mais ntimo no pode pedir o impossvel.Os espritas so homens e mulheres fazendo fora na prpria melhoria moral.Procuraremos um companheiro de hbitos simples, mas sem a preocupao desantidade.

    Forster ria amarelo, mas no dava brao a torcer.

    Pode ser exigncia minha, mas no mandaremos companheiro algum dos que euconhea.

    E num rasgo de rigorismo:

    Nem mesmo eu me considero apto. Lido com muitos negcios materiais e quero que anossa casa se represente em Chicago por um esprita cristo completo. Humilde,

    alfabetizado, amante dos sofredores e absolutamente arredado de todas as iluses daTerra...

    Muito difcil observava Boland, sorrindo , onde encontrar essa ave rara, seestamos longe do Cu?

    Forster lembrou que, durante quatro domingos consecutivos, enquanto pregava oEvangelho vira na ltima fila um homem de aspecto simptico que no conhecia. Trajava-se com simplicidade, sem ser relaxado, mostrava olhar sereno, tipo evidentementeponderado e esquivo a qualquer conversao ociosa.

    Aps ligeiro comentrio, concluiu:

    Parece-me o homem ideal; se for um esprita de convico, pelos modos quedemonstra, ser o representante adequado...

    Combinaram, assim, ouvi-lo na prxima sesso domingueira.

    No dia aprazado, l estava o assistente desconhecido.

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    Enquanto Forster falava, Boland aproximou-se dele e pediu-lhe alguns minutos deateno para depois.

    E, finda a preleo, os dois amigos abeiraram-se dele.

    A primeira indagao que lhe foi atirada, respondeu, calmo:

    Sim, estou fazendo o que posso para ser esprita.

    Forster continuou perguntando e ele prosseguiu respondendo:

    O irmo tem vida mundana ativa?

    Quem sou eu, meu amigo? Ando em luta contnua...

    Mas dedica-se aos sofredores?

    Tenho a vida entre os que choram.

    Escolheu, assim, o caminho da caridade crist?

    Como no, meu amigo? Ouvir aflies e estar com os necessitados de conforto meusimples dever...

    E ajuda a todos, em sua noo de servio social?

    Devo servir a todos, ricos e pobres, justos e injustos, moos e velhos. No posso fazerdistino.

    Encantado, o velho Thomas inquiriu, ainda:

    E o irmo procede assim espontaneamente?

    O desconhecido sorriu e acentuou:

    Ah! At certo ponto... Se eu pudesse cultivaria minhas festas e me afastaria, pelomenos um pouco, de tantos sofrimentos e tantas lgrimas!...

    Foi ento que Forster veio a saber que o homem trabalhava no antigo Fort Lincoln edesempenhava as funes de coveiro.

    (Washington, D C, EUA , 9 de junho de 1965)

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    8 - Civilizao e reino de DeusEmmanuel

    Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino deDeus, Jesus lhes respondeu: No vem o reino de Deus

    com aparncias exteriores. (Lucas, 17:20).

    A terra de hoje rene povos de vanguarda na esfera da inteligncia.

    Cidades enormes so usadas, feio de ninhos gigantescos de cimento e ao, poragrupamentos de milhes de pessoas.

    A energia eltrica assegura a circulao da fora necessria manuteno do trabalho e doconforto domstico.

    A Cincia garante a higiene.

    O automvel ganha tempo e encurta distncias.

    A imprensa e a radio-televiso interligam milhares de criaturas, num s instante, na mesma faixade pensamento.

    A escola abrilhanta o crebro.

    A tcnica orienta a indstria.

    Os institutos sociais patrocinam os assuntos de previdncia e segurana.

    O comrcio, sabiamente dirigido, atende ao consumo com preciso.

    Entretanto, estaremos diante de civilizao impecvel?

    frente desses emprios resplendentes de cultura e progresso material, recordemos a palavrados instrutores de Allan Kardec, nas bases da codificao do espiritismo.

    Perguntando a eles por que indcios se pode reconhecer uma civilizao completa, atravs daQuesto n. 793, constante de O Livro dos Espritos, deles recolheu a seguinte resposta:

    Reconhec-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porquetendes feito grandes descobertas e obtidas maravilhosas invenes; porque vos alojais e vestismelhor do que os selvagens. Todavia, no tereis verdadeiramente o direito de dizer-voscivilizados, seno quando de vossa sociedade houverdes banido os vcios que a desonram e

    quando viverdes, como irmos, praticando a caridade crist. At ento, sereis apenas povosesclarecidos, que ho percorrido a primeira fase da civilizao.

    Espritas, irmos! Rememoremos a advertncia do Cristo, quando nos afirma que o reino de Deusno vem at ns com aparncias exteriores; para edific-lo, no nos esqueamos de que aDoutrina Esprita a luz em nossas mos. Reflitamos nisso.

    (Paris, Frana, 19, de Agosto de 1965)

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    9 - Bssola da alma

    Bezerra de Menezes

    Surge a prece na existncia terrestre como chave de luz inspirativa descerrando as trilhas

    que parecem impedidas aos nossos olhos.

    Ensina sempre no silncio da alma e, quando no resolve os problemas ou no afasta osofrimento, ilumina a mente e fortalece a resignao.

    Contacto com o Infinito, toda orao sincera significa mensagem com endereo exato, ese, por vezes, flutua entre riso e pranto, termina sempre por elevar-se aos pramossuperiores onde j no existem temporariamente nem alegria nem dor, apenas paz dealma.

    Orao dilogo. Quem ora jamais monologa. At a petio menos feliz tem a respostaque lhe cabe, procedente das sombras.

    *

    Atende aos compromissos na hora certa. A pontualidade o fiel moral na balana dotempo.

    D e recebers.

    Auxilia e algum te auxiliar.

    Existe a caridade como receita ideal para todos os males.

    A imparcialidade de julgamento h de comear em ns, com a benevolncia para com osoutros e severidade para ns mesmos.

    Quais so os pontos de contacto de sua vida com a verdade?

    Que relao existe entre voc e o mundo espiritual?

    Expressa a exemplificao o conjunto dos reflexos de nossos atos. Toda opinio retrata oopinador.

    *

    Constitui a vida uma longa viagem em demanda aos portos da felicidade perfeita.

    A prece a bssola que nos coloca sob a direo do Senhor, cujas mos devem pousarno leme da embarcao do destino.

    Ora sempre e o barco dos teus dias nunca se transviar sob as nuvens das trevas.

    (Londres, Inglaterra, 10, Agosto, 1965)

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    10 - Em torno da mediunidade

    Irmo X

    Ali, no movimentado salo do Carnegie Hall, em Nova Iorque, encontramos famosa mdium,a que emprestaremos to-s o nome de Sra. Hayden, e de quem ouvramos as melhores

    referncias no Plano Espiritual.

    Marcado o encontro pela interveno afetuosa de nosso amigo Fred. Figner, fomos recebidospela distinta senhora desencarnada, para conversao de alguns minutos.

    A Sra. Hayden, orientadora de assuntos medianmicos, em vrios crculos doutrinrios dosEstados Unidos, recebeu-nos com extrema bondade, e, porque a vssemos cercada deamigos, naturalmente em atividades inadiveis, firmamo-nos no objetivo direto de nossavisita, depois das saudaes fraternais.

    -Sra. Hayden comeamos , se possvel, estimaramos ouvi-la em algumas perguntassobre mediunidade...

    -Minha experincia comentou a interpelada nada possui de notvel...

    E sorrindo:

    -Mas pergunte o que deseje e responderei o que possa.

    Sabamos que a entrevistada, desde os primrdios do Espiritismo, na Amrica, se fizeraamiga pessoal do Juiz John Edmonds, do professor Robert Hare, da Sra. James Mapes, deEmma Hardinge e outros pioneiros do movimento esprita na Terra, e considerei:

    -No desconhecemos que a senhora estuda a mediunidade, desde as bases da DoutrinaEsprita no mundo...

    -Sim aprovou , tenho essa honra.

    E o nosso dilogo prosseguiu:

    -Que nos diz acerca da mediunidade, no momento atual do Planeta?

    -Questo ainda nova, to nova como quando nos aventuramos a pratic-la, h precisamenteum sculo. Temos longo tempo, diante de ns, para examin-la, conhec-la, educ-la.

    -Mas, a Cincia e a Religio?...

    -Duas foras que, at agora, ainda no puderam compreend-la. Com a venerao que lhesdevemos e acatadas as excees, no ser lcito ignorar que os cientistas, at hoje, seesforam, quase sempre, no em estud-la mas em dissec-la, como quem anatomiza grosde trigo verde, querendo encontrar o po feito; e os religiosos, muitas vezes, unicamenteprocuram cercear-lhes os vos, sob capas mitolgicas, interessados em prestigiar asuperstio.

    -Acredita, no entanto, que as realizaes da mediunidade so retardadas to-s pelainf1uncia de cientistas e religiosos?

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    -De modo algum. A mediunidade uma fora neutra, qual o magnetismo e a eletricidade, queno so bons e nem maus em si. O homem quem lhes caracteriza as aplicaes. Todossabemos que milhares de indivduos, encarnados e desencarnados, abusam da mediunidade,como os falsrios criam chantagem com o dinheiro ou os impostores exploram a palavra,envilecendo-a na demagogia.

    -A senhora cr na possibilidade de se coibirem semelhantes abusos pelo estabelecimento, naTerra, de um instituto central de controle dos fenmenos medinicos?

    -A questo de conscincia pessoal. J pensou o que seria do mundo, nas condies moraisem que ainda se encontra, se apenas um grupo de naes ou pessoas pudesse controlar apotncia do Sol? As ocorrncias medianmicas pertencem ao domnio da verdade; por issomesmo, devem estar com todas as criaturas, no grau evolutivo em que se vejam, em regimede liberdade, conquanto saibamos que todo mdium dar contas aos Poderes Orientadoresda Vida quanto quilo que faa de suas prprias faculdades.

    -Sra. Hayden, estamos convencidos de que a mediunidade caracterstica peculiar a todasas pessoas. Apesar disso, a senhora cr, tanto quanto ns, que muitos Espritos reencarnamcom mandatos especiais para desenvolv-la e honorific-la?

    -Perfeitamente.

    -E como explicarmos a falncia de tantos mdiuns no mundo?

    -Isso no sucede exclusivamente nos domnios da mediunidade. O amigo admite que ostiranos em poltica, os sicrios da cultura intelectual que supem desacreditar a Cincia comatos de crueldade e os fanticos em Religio hajam nascido na Terra para fazerem o mal quecausam? Identificamos companheiros transviados na mediunidade, como fcil de conhec-los nos crculos da fortuna, da inteligncia, da administrao...

    -Que diz a isso?

    -Que, por enquanto, somos, no conjunto, a famlia humana do Planeta, com imperfeies,paixes, erros e bancarrotas, inerentes nossa posio de Espritos em aperfeioamentogradativo, caindo agora e levantando depois, aprendendo e melhorando sempre.

    -Em seu ponto de vista, como promover a elevao do conceito de mediunidade?

    -Separar o fenmeno medinico da doutrina do Espiritismo, definindo fenmeno por matriade observao e doutrina como sendo a luz que o esclarece.

    -A senhora conhece a Codificao Kardequiana?

    -Sim.-Se fosse solicitada a falar para os irmos de lngua inglesa, encarnados na Terra, com vistas obra de Allan Kardec, permitir-nos-, por obsquio, saber o que diria?

    -Se isso me fosse possvel, convidaria todos os amigos e associados de ideal, de formaoanglo-saxnia e latina, para o estudo generalizado dos temas e interesses espritas eespiritualistas, em benefcio da Humanidade, a comear dos mais humildes agrupamentos deopinio. Esses assuntos fundamentais da alma, da imortalidade, da evoluo, da

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    reencarnao, do destino, da dor e da justia precisam sair do ambiente estreito dossimpsios para a analise clara e simples do povo.

    -Sra. Hayden, desejando centralizar o nosso entendimento no que se relaciona com amediunidade, muito nos agradaria ouvi-Ia sobre o que pensa, neste outro lado da vida, quanto mistificao medinica.

    -O irmo diz muito bem, quando afirma neste outro lado da vida, porque, no campo fsico,habituamo-nos a ver o empeo de maneira excessivamente sumria. A mistificaomedianmica assume agora para mim aspectos multiformes, de vez que, se em alguns casosraros, podemos reconhec-la movida pela m-f, na maioria absoluta das ocorrnciasnecessitamos compreender o papel da hipnose, da compulso, do reflexo condicionado ou doprocesso obsessivo dentro dela. Discriminar mistificaes medinicas, separando-as de fatosautnticos da mediunidade, no to fcil...

    -Que sugere para a soluo do problema?

    -Trabalhar e estudar, cada vez mais. Os sbios das Esferas Superiores nos inspiram e guiam,mas no efetuam por ns a tarefa que nos cabe fazer.

    -Mas, as fraudes medinicas, Sra. Hayden, que pensar das fraudes medinicas que plantama dvida e a negao entre os homens? Porque os sbios das Esferas Superiores no asprobem irrevogavelmente?

    -A notvel seareira do Espiritismo, na Amrica, sorriu de enigmtico modo e acrescentou:

    -Ah! Meu amigo, a dvida permitida pela Bondade Divina, em benefcio da fraquezahumana. A fraude medinica, se prejudica de um lado, mostra funo seletiva de outro. Muitagente que se gaba de cultura e discernimento no suportaria, de chofre, as verdades doMundo Espiritual. Existem Espritos que reencarnam prometendo prodgios de fidelidade eservio, na obra do Senhor; entretanto, depois de se constiturem seguramente no corpo

    fsico, voltam s tentaes que noutro tempo lhes conturbavam o campo ntimo e recuam dospropsitos de elevao... Ainda assim, so criaturas boas e nobres. O Senhor, ento, permiteque elas duvidem das realidades espirituais e aceita, generosamente, que lhe neguem atmesmo a existncia, de modo a que se inclinem para outras tarefas, no to hericas quantoas da confiana e da lealdade ao Bem at s ltimas conseqncias, mas igualmenteconstrutivas e meritrias... Tornaro f mais tarde, enquanto os companheiros maisamadurecidos seguem, com a bno do Senhor, para a frente.

    Uma campainha retiniu.

    Os minutos previstos para a conversao haviam terminado.

    A Sra. Hayden despediu-se e ns ficamos repentinamente a ss, no grande salo, com fomede silncio e com sede de pensar.

    (Nova Iorque, NY, EUA, 4 de Agosto de 1965)

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    11 - Convite ao pensamento

    Andr Luiz

    (Pgina psicografada horas depois de haverem os mdiuns deste livro estudado apossibilidade da aceitao de um convite para um programa de televiso.).

    Todos os canais da publicidade respeitvel so caminhos pelos quais a idia espritaprecisa e deve transitar.

    Nossa tarefa, porm, na hora que passa, a de reavivar a chama dos princpiosdoutrinrios. Convite ao pensamento. Apelo ao raciocnio. Achamo-nos frente de ummundo em reforma. Casa em transio e refazimento. Entre as acomodaes do antigo eos desafios do novo, somos trazidos a erguer um cenculo para os valores da alma.

    Agitar opinies seria distrair, perder a oportunidade na extroverso.

    O Espiritismo evanglico pede seareiros decididos a revolver as leiras da verdade.Silncio e construo. No importa sejamos poucos. O po disputado com alarido, naspraas, foi, a princpio, um compromisso de trabalho entre o lavrador e o solo que lheacolhe a esperana.

    Nunca desprezar a obscuridade do incio.

    Acendamos, com o livro, a fasca de lume4.

    Faamos a nossa parte. Outros realizadores viro.

    A obra no nossa.

    Reflitamos na superviso que verte do Cristo, detenhamo-nos na reverncia aos BonsEspritos que o representam.

    O materialismo inventou mquinas capazes de sustentar o mnimo esforo fsico para ohomem na Terra, mas no lhe suprimiu as aflies de esprito. Quanto mais supercultosos povos do Planeta, do ponto de vista do crebro, mais ampla a taxa dos sofrimentos denatureza moral.

    Conquanto indispensveis na economia do progresso, os ttulos acadmicos e osavanos tcnicos no curam as molstias do pensamento e nem arredam do caminho ofogo das paixes.

    Somos convocados hoje a trabalhar na desmontagem das armadilhas do suicdio e nocombate praga da obsesso5, desarticulando as brechas do tdio e do desnimo, daangstia e da descrena, pelas quais se insinua a fora da sombra contra a luz e dodesequilbrio contra a harmonia que rege a existncia.

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    Prossigamos. Permaneam conosco a f no Poder Supremo e a presena do Mestre,aquele mesmo Eterno Amigo que nos prometeu, convincente:

    Aquele que me segue no anda em trevas).

    (Nova Iorque, N.I., E. U. A., 6, Julho, 1965)

    4- Depois de vinte dias, aps o recebimento dez anotaes, os mdiuns assinaram contrato com aPhilosophical Library, de Nova Iorque, para o lana-mento do livro The World of the Spirit.

    5- Veja-se, nas pginas 52, 53 e 54, um estudo estatstico referente ao suicdio e a loucuraorganizado pelos mdiuns.

    6- Joo, 8:12.

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    PEQUENO ESTUDO ESTATSTICO EM TORNO DE DESENCARNAES PORSUICIDIO E LOUCURA NOS ANOS DE 1961 E 1962.

    SUICDIO

    Desencarnaes por suicdio, em 10 dos paises que mostram ndice mais elevado debitos desta natureza.

    Classificao por mdia anual tomada aos anos mais recentes da estatstica mundial,conforme os dados informativos do Demographic Yearbook 1963, edio das NaesUnidas, New York, 1964.

    Paises Anos

    Totais dedesencarnaes porsuicdio (Suicdio e

    injuria feita a simesmo)

    N. dedesencarnaes emcada parcela de cemmil habitantes

    ustria 1962 1508 22,4Alemanha RepblicaFederal Alem)

    1961 10.116 18,7

    Sua 1961 1.001 18,2Japo 1962 16.439 17,3Frana 1962 7.112 15,1

    Blgica 1961 1.348 14,7Inglaterrae Pas de Gales

    1961 5.589 12,0

    Estados Unidos 1962 20.207 10,8Polnia 1961 2.643 8,8Portugal 1962 770 8,6

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    LOUCURA

    Desencarnaes por loucura, em 10 dos pases que mostram ndice mais elevado de bitos dessanatureza.

    Classificao por mdia anual tomada aos anos mais recentes da estatstica mundial, conforme osdados informativos do Demographic Yearbook 1963, edio das Naes Unidas, New York,1964.

    Pases Anos

    Totais dedesencarnaes porloucura (Senilidade

    sem meno depsicose, em razo decausas mal definidasou desconhecidas)

    N. de desencarnaesem cada parcela decem mil habitantes

    Frana 1962 77.890 165,7

    Portugal 1962 12.838 143,1Blgica 1961 13.127 142,9Polnia 1961 41.603 138,8Japo 1962 71.478 75,3Alemanha(Repblica Federalda Alemanha)

    1961 39.932 73,9

    ustria 1962 2.962 41,6Sua 1961 818 14,9Inglaterra ePas de Gales

    1961 6.756 14,5

    Estados Unidos 1962 19.730 10,6

    Notas dos mdiuns Waldo Vieira e Francisco Cndido Xavier:

    a) O presente estudo estatstico, em torno do suicdio e da loucura, considerados, em tese, comosendo molstias do materialismo, excetuados naturalmente os casos de natureza puramenteorgnica, foi efetuado, a pedido dos benfeitores espirituais Emmanuel e Andr Luiz, para que seavalie a necessidade da divulgao do Espiritismo Evanglico entre as Naes.

    b) Emmanuel e Andr Luiz dirigiram as pesqu1sas aos mdiuns nesse sentido, no ms de Julhode 1965, em Nova Iorque, pesquisas essas que resultaram em estudos diversos, dos quaistransparece que a mdia de desencarnaes por suicdio e loucura, na anualidade da Terra, emtodos os continentes, to grave e significativamente to alta, quanto as do cncer e da

    arteriosclerose. Dos referidos estudos, destacaram-se os presen-

    tes apontamentos estatsticos, para a apresentao sinttica do problema, por mostra do assuntoapenas em 10 Paises.

    e) Um exemplar do Demographic Yearbook 1963, editado pelas Naes Unidas, em NovaIorque, em 1964, do qual foram extradas as anotaes acima, foi oferecido Biblioteca daFederao Esprita Brasileira.

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    12 - Super culturas e calamidades morais

    Emmanuel

    Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite tepediro a tua alma; e o que tens preparado para

    quem ser? JESUS. (Lucas, 12:20).

    No basta ajuntar valores materiais para garantia de felicidade.

    A supercultura consegue atualmente na Terra feitos prodigiosos, em todos os reinos daNatureza fsica, desde o controle das foras atmicas s realizaes da Astronutica. Noentanto, entre os povos mais adiantados do Planeta, avanam duas calamidades moraisdo materialismo, corrompendo-lhes as foras: o suicdio e a loucura, ou, maispropriamente a angustia e a obsesso.

    que o homem no se aprovisiona de reservas espirituais custa de mquinas. Parasuportar os atritos necessrios evoluo e aos conflitos resultantes da luta regenerativa,precisa alimentar-se com recursos da alma e apoiar-se neles.

    Nesse sentido, vale recordar o sensato comentrio de Allan Kardec, no item 14, doCaptulo V, de O Evangelho segundo o espiritismo, sob a epgrafe O Suicdio e aLoucura:

    A calma e a resignao hauridas da maneira de considerar a vida terrestre e daconfiana no futuro do ao Esprito uma serenidade que o melhor preservativo contra aloucura e o suicdio. Com efeito, certo que a maioria dos casos de loucura se devem comoo produzida pelas vicissitudes que o homem no tem a coragem de suportar. Ora,se encarando as coisas deste mundo, da maneira por que o Espiritismo faz que ele asconsidere, o homem recebe com indiferena, mesmo com alegria, os reveses e asdecepes que o houveram desesperado noutras circunstncias, evidente se torna queessa fora, que o coloca acima dos acontecimentos, lhe preserva de abalos a razo, osquais, se no fora isso, o conturbariam.

    Espritas, amigos! Atendamos caridade que suprime a penria do corpo, mas nomenosprezemos o socorro s necessidades da alma! Divulguemos a luz da DoutrinaEsprita! Auxiliemos o prximo a discernir e pensar.

    (Paris, Frana, 19 de Agosto, 1965)

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    13 - Perguntas e respostas

    Hilrio Silva

    Em Nova Iorque, entre os dois amigos, no banco do subway, no longo percurso de

    Times Square a Essex:

    Qual a sua opinio sobre o Governo?

    Ah! Penso que todos devemos pedir a Deus pela segurana dos nossos governantes...

    E o prefeito? Que me diz voc sobre o prefeito?

    Evidentemente, ser um homem de boas intenes.

    Escute, voc j ouviu dizer alguma coisa acerca do Peterson?

    J.

    Sabe que ele um tubaro?

    Sei que ele um negociante.

    Mas est informado de que ele desonesto?

    Isso no sei, por no conhec-lo na intimidade.

    Voc ainda mora perto do Jimmy Davis?

    Moro.

    Qual a sua opinio sobre ele?

    um bom homem, trabalhador de grande atividade.

    Vive bem com a esposa?

    Parece que sim.

    Que me fala do Crane, seu vizinho de lado?

    Excelente pessoa.

    E do Joe Murray?

    Companheiro bonssimo. O amigo perguntador fixou o outro admirado e indagou:

    verdade que voc se tomou esprita, segundo o Evangelho?

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    Graas a Deus.

    O interlocutor fez o gesto de quem se despedia e falou em seguida a valente risada:

    Eu logo vi! Com esprita metido a interpretar Jesus-Cristo, no h jeito de se manternenhuma conversao...

    (Nova Iorque, N.I., EUA, 4 Julho 1965)

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    14 - A Porta da palavra

    Emmanuel

    "Orando tambm, juntamente por ns para que Deus nos

    abra a porta da palavra(...)" - Paulo (Colossenses, 4:3)

    A atualidade terrestre dispe dos mais avanados processos de comunicao entre oshomens.

    Num s dia avies sobrevoam naes diversas.

    O rdio e a televiso alteram o antigo poder do espao.

    Quantos milhes de criaturas, porm, se reconhecem profundamente isoladas dentro desi, ainda mesmo quando parte integrante da multido? Quantos seres humanos varamlargos trechos da existncia expedindo apelos ao socorro espiritual de outros sereshumanos sem qualquer resposta que lhes asserene o campo emotivo?

    O que mais singulariza o problema que nem sempre vale a presena material dealgum para o auxlio de que outro algum se reconhece necessitado. Quem sofre preferesolido companhia daqueles que lhes agravam o sofrimento.

    Todos ns carecemos de alvio na hora da angstia ou de apoio em momentos difceis, e,para isso, contamos receber daqueles que nos rodeiam a frase compreensiva econveniente. Entanto, nesse sentido, no bastar que os nossos benfeitores nos

    manejem corretamente o idioma ou nos identifiquem o grau de cultura. imperioso nosconheam os sentimentos e problemas, os ideais e realizaes.

    Meditemos, pois, na importncia do verbo e roguemos a Deus nos inspire, a fim deencontrarmos a porta adequada palavra certa e sermos teis aos outros tanto quantoesperamos que os outros sejam teis a ns.

    (Nova Iorque, N.I., EUA, 4 Julho 1965)

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    15 - A alma tambm

    Andr Luiz

    Casas de sade espalham-se em todas as direes com o objetivo de sanar as molstiasdo corpo e no faltam enfermos que lhe ocupem as dependncias.

    Entretanto, as doenas da alma, no menos complexas, escapam aos exames habituaisde laboratrio e, por isso, ficam em ns, requisitando a medicao, aplicvel apenas porns mesmos.

    Estimamos a imunizao na patologia do corpo.

    Ser ela menos importante nos achaques do esprito?

    Surpreendemos determinada verruga e recorremos, de imediato, cirurgia plstica,frustrando calamidades orgnicas de extenso imprevisvel.

    Reconhecendo uma tendncia menos feliz em ns prprios, preciso ponderarigualmente que o capricho de hoje, no extirpado, ser hbito vicioso amanh e talvezcriminalidade em futuro breve.

    Esmeramo-nos por livrar-nos do stress capaz de esgotar-nos as foras. Tratemos tambmde nossa feio temperamental para que a impulsividade no nos induza irafulminatria.

    Tonificamos o corao, corrigindo a presso arterial ou ampliando os recursos das

    coronrias a fim de melhorar o padro de longevidade. Apuremos, de igual modo, osentimento para que as emoes desregradas no nos precipitem nos desvospassionais em que se aniquilam tantas vidas preciosas.

    Requintamo-nos, como justo, em assistncia dentria na proteo indispensvel.Empenhemo-nos, de semelhante maneira, na triagem do verbo, para que a nossa palavrano se faa chibata de sombra.

    Defendemos o aparelho ocular contra a catarata e o glaucoma. Purifiquemos igualmente omodo de ver.

    Preservamos o engenho auditivo contra a surdez. No mesmo passo, eduquemos o ouvido

    para que aprendamos a escutar ajudando.

    A Doutrina Esprita instituto de redeno do ser para a vida triunfante. A morte noexiste. Somos criaturas eternas. Se o corpo, em verdade, no prescinde de remdio, aalma tambm.

    (Nova Iorque, N.I., EUA, 14 Julho 1965)

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    16 - Entrevista em Nova Iorque

    Irmo X

    A noite descera do poente longo...

    Passeando no Central Park, em Nova Iorque, surpreendi um amigo espiritual de olharsereno e doce, entre os obreiros desencarnados que repousavam, aps o dia.

    Voc conhece? perguntou-me o Serpa, colega que me partilhava a pequenaexcurso.

    E espicaando-me a curiosidade :

    Aquele Horace Greeley, observador do Espiritismo, na Amrica...

    No pude sopitar o impulso afetivo que me requisitava para ele e aproximei-me.

    Horace Greeley? indaguei, emocionado mobilizando o meu pssimo ingls,praticado nos ltimos tempos.

    Sim, para servi-lo.

    Percebendo-me as dificuldades no ensaio do tratamento, ele mesmo desembaraou-me :

    Chame-me por irmo. Somos companheiros de jornada. J ultrapassamos os velhosmarcos dos preconceitos.

    O nosso dilogo deslizou, ento, claro e simples :

    Meu amigo recomecei , tenho visitado freqentemente os Estados Unidos, junto deFrederico Figner, antigo lidador do Espiritismo no Brasil, que habitualmente me fala doseu apostolado... Semelhantes viagens adquiriram expresso de rotina para mim. Agora,no entanto, acompanhamos amigos do Brasil, em tarefa espiritual, num encontro fraternocom o povo norte-americano, e estimaria ouvir-lhe algumas palavras...

    Em que lhe poderia ser til?

    No lhe ser incmodo dizer-nos algo, em torno do movimento esprita em seu Pas?

    De modo algum. A Nova Revelao, que passou a ser conhecida, entre ns, como sendo

    o moderno Espiritualismo, enfrenta valorosamente aqui os obstculos que omaterialismo acumula contra ns todos, no presente sculo, e vai concretizando a suabenemrita obra missionria.

    Cr o senhor que ela se acha aparelhada com todos os recursos precisos para superaros empeos da nossa poca?

    No. No devo superestimar a nossa capacidade de concepo e de ao. O apegoaos fenmenos, em nossa esfera de luta, determinou o surgimento de entraves com que

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    no contvamos. A fome de demonstraes para os olhos fsicos, at certo ponto, deixoupara trs a viso da alma. Realizamos e continuamos a realizar excelentes construesno terreno cientfico, de maneira a patentear a sobrevivncia da alma ; contudo, talvezdetidos demais na feio unilateral do problema, no nos lembramos de que a edificaomoral exige de ns a mesma fora de servio e persuaso.

    Mas, o Espiritualismo, na Amrica do Norte, est alimentado pela seiva doCristianismo...

    Sem dvida. E necessrio frisar, porm, que temos dado nfase excessiva aoCristianismo esttico da crena que aprecia Jesus por salvador externo, sem admiti-lo nacondio de mestre da alma, com instrues e disciplinas para o mundo ntimo. Faltam-nos os esclarecimentos incisivos de Allan Kardec, capazes de induzir-nos f raciocinadae aceitao do Evangelho de Jesus por sistema de renovao e aperfeioamento docampo individual.

    Isso quer dizer que o senhor tem estudos meditados sobre a Codificao Kardequiana.

    Como no?

    Julga o senhor que a Codificao Kardequiana seja inatacvel?

    Na essncia do ensino de que se faz portadora, ela se ergue sobre indicaes ediretrizes incorruptveis como a prpria vida, mas na superfcie que as palavrasentretecem natural que ela venha, com o tempo, a sofrer revises como qualquerconstruo, por mais respeitvel, que passe na Terra por mos humanas. De qualquermodo, vocs, os nossos irmos atinos, devem a Allan Kardec benefcios inapreciveis doplano moral, principalmente porque ele foi fiel aos Espritos Instrutores que lhe presidirama obra, apresentando a Doutrina Esprita como doutrina deles, de carter universal, narevivescncia do Evangelho do Cristo... Ns, os companheiros do mundo .anglo-saxnio,destacamos dois pontos de fundamental importncia de que Allan Kardec no sedescuidou, em favor da Humanidade : a vincularo do Espiritismo ao Cristianismodinmico e a obrigao da mediunidade gratuita. O Cristianismo dinmico uma escolade orientao que interfere nos processos da conscincia, despertando cada criatura paraa responsabilidade de viver, e a mediunidade gratuita o nico meio de assegurar a livremanifestao do Mundo Espiritual.

    Que diz o senhor da mediunidade remunerada?

    Greeley sorriu, na pausa com que pareceu refletir no delicado assunto que a nossainquirio levantava, e considerou, franco :

    No podemos esquecer que, nas reas de lngua inglesa, temos tido mdiunsabnegados, em todos os tempos, que tudo deram de si causa da verdade, sem arecompensa de um ceitil, e que, ao lado deles, outros muitos tero tido necessidade deamparo material para o servio a que foram chamados; entretanto, somos constrangidos,a reconhecer que a mediunidade ser gratuita ou a Nova Revelao ser abafada ouprejudicada por interesses inferiores ou exclusivistas.

    Sabemos que o senhor conheceu as irms Fox...

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    Perfeitamente.

    Desejaria aditar algum apontamento de sua parte histria delas?

    Nenhum. Elas experimentaram, como quaisquer pioneiros do progresso, as vicissitudesdo clima terrestre em que viveram. No ser licito desconhecer-lhes as fulguraes e nem

    reprovar-lhes as fraquezas... Eram, como ns, criaturas humanas, entre as atraes dasombra e as exigncias da luz.

    Compreendi que estava transformando a minha pesquisa num inqurito demasiado longoe abreviei :

    Meu amigo, que nos pode falar acerca da reencarnao nesta parte do Continente?

    A certeza da reencarnao avana, cada vez mais, em nosso campo de servio. O temaconcerne verdade e a verdade, a pouco e pouco, se revela de modo irreversvel.

    O senhor tem alguma sugesto para ns, os irmos brasileiros?

    Quanto nos seja possvel, cultivemos o esforo da aproximao recproca. Aprendamose sirvamos juntos. Conheamo-nos. Permutemos estudos e concluses. Evoluo trabalho de espritos reunidos.

    Fixei, com mais enternecida ateno o fundador do Herald Tribune e rematei :

    Estamos sumamente satisfeitos. Muito gratos por sua palavra sincera e persuasiva.Possumos em sua presena uma das glrias mais altas do jornalismo americano e noser justo esquecer que Nova Iorque lhe honorfica a memria com uma esttua noGreeley Square...

    O entrevistado, no entanto, cortou-me a ponderao, exclamando :

    No me diga isso. Sou apenas um esprito consciente, buscando a execuo do prpriodever...

    E acrescentou sorrindo :

    Se voc admite a existncia de glrias humanas, observe, quando passar na praareferida, a esttua de que me fala e ver que a poeira e os pombos no acreditam nisso.

    Em seguida, Horace Greeley pronunciou expresses de amizade e bno, que

    profundamente nos comoveram, e afastou-se, a passo rpido, como quem seguia aoencontro de tarefas inadiveis, sob a noite de cinza.

    (Nova Iorque, N.I., EUA, 12, Julho, 1965.)

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    17 - Novo mtodo de cura

    KELVIN VAN DINE

    Um problema existe na sustentao do equilbrio e da paz que nos pede reflexo. o

    problema da melhoria. Para que isso acontea na vida fsica, desde os egpcios, estamosna Terra aperfeioando a medicina.

    A histria da cincia de curar um dos mais belos captulos da histria humana.Sacrifcios, abnegaes, herosmos, experincias. Tudo se tem feito para sanarenfermidades e extinguir aleijes, diminuir provas e arredar calamidades orgnicas.

    Laboratrios de farmcias, hospitais e refgios foram convocados luta. E qualquerdoente que nos seja querido, se cai de cama, obtm nossas viglias e recursos para quese recupere to de pronto quanto possvel.

    Isso quanto ao corpo. E no que concerne ao esprito?

    A criatura que adoece das vsceras adoece tambm dos mecanismos mentais. Hviciaes de conduta como h degenerescncias do fgado. E se providenciamos remdiopara as ocorrncias hepticas, porque esbordoamos a mente do companheiro colhido emperturbao espiritual?

    Se temos anestesia para extirpar uma formao cancerosa, porque no usar oesquecimento para acabar com um processo obsessivo que se agravou pelas adies deorgulho ou vaidade, inveja ou revolta com que foi acrescido?

    Porque no tratar o ofensor como um doente, mais necessitado de carinho que de

    censura?Se um amigo aparece espiritualmente deformado, seja nas aparncias de azedume oudescaridade, auxiliemo-lo para o justo reequilbrio.

    Comecemos, de imediato, com a providncia aplicada aos enfermos: faz-los sentirem-semelhores. Ningum d fogo lquido ao portador de uma lcera gstrica. Nuncareajustaremos o corao de ningum a labaredas de crtica.

    Esclareamos as situaes difceis, corrijamos erros e estabeleamos a verdade, massem exceder os limites da bondade humana e da responsabilidade de viver, como ocirurgio que restaura o rgo lesado sem destru-lo a golpes de bisturi.

    Que o erro existe, existe. Mas experimentemos um novo mtodo de cura do erro.Faamos a criatura errada sentir-se melhor.

    (Washington, In: D.C., EUA, 9 Junho 1965.)

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    18 - Compromisso Pessoal

    Emmanuel

    Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus. PAULO. (I Corntios, 3:6)

    Nada de personalismo dissolvente na lavoura do esprito.

    Qual ocorre em qualquer campo terrestre, cultivador algum, na gleba da alma, podejactar-se de tudo fazer nos domnios da sementeira ou da colheita.

    Aps o esforo de quem planta, h quem sega o vegetal nascente, quem o auxilie, quemo corrija, quem o proteja.

    Pensando, porm, no impositivo da descentralizao, no servio espiritual, muitoscompanheiros fogem iniciativa nas construes de ordem moral que nos competem.Muitos deles, convidados a compromissos edificantes, nesse ou naquele setor detrabalho, afirmam-se inaptos para a tarefa, como se nunca devssemos iniciar oaprendizado do aprimoramento ntimo, enquanto que outros asseveram, quase semprecom ironia , que no nasceram para lideres. Os que assim procedem costumam relegarpara Deus comezinhas obrigaes no que tange elevao, progresso, acrisolamento oumelhoria, mas as leis do Criador no isentam a criatura do dever de colaborar naedificao do bem e da verdade, em favor de si mesma.

    Vejamos a palavra do Apstolo Paulo, quando j conhecia os problemas do auto-aperfeioamento, em nos referindo evangelizao: Eu plantei, Apolo regou, mas ocrescimento veio de Deus.

    A Necessidade do devotamento individual causa da Verdade transparece, clara, desemelhante conceituao.

    Sabemos que a essncia de toda atividade, numa lavra agrcola, procede, originalmente,da Providncia Divina. De Deus vm a semente, o solo, o clima, a seiva e a orientaopara o desenvolvimento da rvore, como tambm dimanam de Deus a inteligncia, asade, a coragem e o discernimento do cultivador, mas somos obrigados a reconhecerque algum deve plantar.

    (Paris, Frana, 23 de Agosto de 1968)

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    19 - Problemas de direoAndr Luiz

    Muita gente procede assim, por falta de uma palavra amiga que lhe favorea a direo.Quantas vezes, ns prprios anestesiamos a noo de responsabilidade ao elixir daconvenincia e teremos procedido tambm desse modo, em estncias do passado, diante

    das tarefas renovadoras de outras reencarnaes?

    Nenhuma inteno de fazer pejorativa a identificao do companheiro de ideal e trabalhoa que podemos designar como sendo meio-esprita, de vez que o nosso propsito aquele dos irmos empenhados em elevar o nvel de rendimento da famlia naprosperidade doutrinria.

    Os espritas de metade existem e decerto que grande merecimento possuem pelasqualidades respeitveis que j apresentam, mas devemos ajud-los atravs da orao acomplementarem as realizaes edificantes que se encontram intimados a fazer.

    So eles habitualmente pessoas convictas das realidades do esprito; contudo, no seapercebem da importncia disso, exaltando fenmenos e no levantando sequer umapalha na divulgao da verdade.

    Acreditam que preciso trabalhar nas boas obras e nunca se animam a mnima tarefa.Destacam a excelncia da seara esprita e recusam qualquer compromisso de trabalhodentro dela.

    Fogem de colaborar na ao construtiva, e, se encontram confrades zelosos edisciplinados em servio, costumam interpret-los por irmos tendentes a fanatismo ecovardia.

    Esto invariavelmente prontos a receber o socorro do passe ou do amparo espiritual eso alrgicos aos aborrecimentos, mesmo pequeninos, quando se trata de prestaremalgum auxlio aos outros.

    Dizem-se prudentes e se fazem to arredios da edificao esprita, em nome daprudncia, que chegam a entravar o passo de numerosos irmos dispostos a trabalhar.

    Aceitam os preceitos espritas, mas habituam-se, de tal maneira, a seguir os preconceitosdo mundo, que chegam a abraar as piores diretrizes sociais, sob a alegao de que afraternidade precisa estar com todos.

    Revelam-se por excelentes conversadores, destacando a verdade com o verbo quente e

    expressivo nas horas de cu calmo; todavia esmorecem na palavra frouxa e morna,quando as nuvens borrascosas da mentira exigem o testemunho da verdade.

    Reflitamos no assunto e pausemos para auto-exame. Reconheamos a grandeza daredentora Doutrina dos Espritos que nos traz as bnos de Jesus por inteiro. Evitemos anossa classificao deficitria de aprendizes com aproveitamento de metade que, aoinvs de situar-nos no caminho do meio, nos deixa para trs, no meio do caminho.

    (Londres, Inglaterra, 10, Aposto, 1965.)

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    20 - Trabalhar sempre

    Emmanuel

    Ociosidade no somente estagnao do progresso.

    Necessrio auscultar-lhe as desvantagens profundas.

    No ser preciso, para isso, recorrer aos elementos de poesia e retrica. Basta consultaro cadastro da vida. Certamente que a vida exige o esforo da impresso, mas, acima detudo, o esforo da ao.

    Cada esprito chamado a aprender, a fim de exprimir-se, e no h expresso semtrabalho.

    Tudo o que est criado na esfera da natureza como que se detm esperando o servidor.

    Nada reservado preguia, seno o espetculo de misria que a denuncia, como seja atapera em que o preguioso converte a prpria casa.

    Descobertas e invenes que felicitam a Humanidade nasceram de espritos que sedecidiram a trabalhar, perquirindo as foras do Universo.

    Gnio diligncia aplicada.

    Durante milnios, milhes de homens cruzaram dificilmente os caminhos da Terra,aproveitando o suor de alimrias. Bastou a interveno de alguns espritos operosos,reencarnados no Planeta, para a soluo dos problemas de conduo e transporte, e ohomem de hoje, em menos de um sculo, se desloca de um plo a outro, at mesmo com

    velocidade superior do som, se o deseja.No ignoremos a importncia da atividade criativa na existncia.

    Nas linhas inferiores da evoluo, o trabalho aparece como efeito de domesticaro davontade. O homem primitivo, acicatado pela fome, compelido a sair da maloca e a agirpara comer. Quando raiam os primeiros indcios de governana, os povos agressivos seescravizam uns aos outros, alternando-se na posio de senhores e vassalos, na dilatadafieira das reencarnaes, a fim de acordarem para o valor do trabalho.

    E medida que a educao se expande, o trabalho conquista novos trofus de nobreza,at alcanar, com a Doutrina Esprita, o brilho que lhe prprio, como sendo o maior

    privilgio do corao e da inteligncia.

    No nos iludamos.

    Os princpios espritas nos descerram elevados planos de alegria e libertaro.

    Dever de servir, felicidade de ser til. Definio de caminhos e objetivos.

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    Deixemos para trs as insgnias mortas das reencarnaes inteis em que, tantas vezes,nos enfeitamos com a indolncia dourada.

    De quando em quando, visitemos um museu, por alguns minutos, e reconheceremos atransitoriedade das palmas exteriores, aprendendo que s existe um trabalho para afelicidade: a felicidade de trabalhar.

    (Nova Iorque, E. U. A., 7, Julho, 1965.)

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    21 - Porqu ?

    Hilrio Silva

    Enquanto o nibus deslizava de Nova Iorque para Miami, Adolph Hunt, proprietrio deextensos pomares da Flrida, dizia para o companheiro de poltrona.

    - Imagine voc, Fred, que andam veiculando por a supostos recados do Esprito de meupai, falando em virtude e regenerao... Aperfeioamento negcio de tempo. Hoje emdia, qualquer menino sabe o que vem a ser evoluo... Ora, se ningum pode tirar a obragradativa do progresso, para que essa mquina aparatosa de Espritos e mdiuns,fenmenos e mensagens que o Espiritismo pretende acionar, no mundo, em nome deDeus e de imaginrios Mensageiros Divinos? Pode voc dizer-me o que Deus tem l comisso? Ou, ainda, que tm conosco os chamados Amigos Espirituais?

    - O interlocutor, encorajado pela ateno de outros ouvintes, gargalhava irnico echancelava:

    - Eu tambm creio assim... Estamos com Deus ou com a evoluo... Mediunidade balela. Nem Deus e nem Espritos interferiro com as leis da vida...

    A conversa alongou-se, nesse tom, quando Adolph, chegado ao ponto de destino, veio asaber por um amigo que a sua maior estncia havia sido varrida por violento furaco...

    De pronto, valeu-se do automvel e tocou para o stio indicado e oh desolao! Centenasde rvores frutferas, notadamente as laranjeiras de classe, jaziam mutiladas ouretorcidas, exigindo cuidados imediatos.

    Terrivelmente surpreendido, ele, que acima de tudo amava o enorme pomar, convocou os

    filhos ausentes e os empregados de sua organizao a trabalho reparador e, durantequatro dias compridos, nos quais ele prprio no descansou, a enorme chcara recebeusocorro e restaurao.

    Na quinta noite, aps o desastre, quando pde enfim entregar-se ao repouso, sonhoucom o pai, a dizer-lhe com benevolente sorriso:

    - Meu filho, se voc, meus netos e os nossos cooperadores de servio, imperfeitos comoainda so, se empenharam, com tanto carinho, pela salvao de um laranjal, porquenegar a Deus, nosso Pai de Infinito Amor e aos Bons Espritos, nossos Irmos Maiores, odireito de se interessarem pela melhoria da Humanidade?

    Adolph Hunt retomou o corpo fsico e prosseguiu escutando a voz paterna a se lheentranhar na acstica da alma:

    - Porqu? Porqu, meu filho?

    (Nova Iorque, N. I., E.U. A., 2, agosto, 1995.)

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    22 - Trecho de conversa

    Irmo X

    - A propsito da divulgao da doutrina Esprita disse-nos, ainda agora, Samuel de

    Cirene, velho amigo da cultura israelista -, recordarei singelo acontecimento que ossculos apagaram...

    E contou

    - Certa feita, nos primeiros tempos do Cristianismo, a peste devorava grande extenso daCapadcia e da Galcia, reduzindo industriosas populaes ao desespero. Depois dadoena fulminativa, veio a fome e, com a fome, surgiram tristeza e penria, aflio eabandono... Largos movimentos de solidariedade se improvisaram, aqui e ali, parasocorro s vtimas, e o apelo generosidade pblica alcanou Antioquia, onde um grupode cristos abnegados se entregou ao apostolado do auxlio. Em dias rpidos,numerosas famlias se despojaram de utilidades diversas, enquanto coraes generososofereciam recursos financeiros, em favor dos desamparados. Tamanho foi o montante daspreciosidades, que seis barcos, de um porto da Salucia, partiram repletos. A viagemcomeou entre presos e cnticos de louvor; entretanto, depois de algumas horas, grossonevoeiro desceu sobre as guas e as nuvens pareciam to perto que mais seassemelhavam a montanhas de carvo em forma de neblina... Sobreveio a noite, sem quese tivesse notcia do pr-do-sol, a no ser atravs de tnue claro, lembrando atmosferade candeeiro longnquo... Findo longo tempo sobre a onda agitada, a frota beneficente foiarrojada a macio de penhascos, despedaando-se de encontro aos rochedos. Poresquecimento dos responsveis, os faris de ilha vizinha jaziam apagados e a valiosacarga se perdeu por inteiro... Esse antigo incidente, meus amigos, ilustra a necessidadeda divulgao criteriosa do Espiritismo, em todas as direes. Indiscutivelmente, todos

    precisamos da bondade que auxilia o corpo e lhe sana as mazelas, mas no nos lcitoesquecer, sem prejuzo grave, as exigncias do esprito.

    Esta, a observao de um dos amigos experientes que nos seguem a viagem, naconversao desta noite aprazvel. Registro-a, de escantilho, atravs do lpis, porque,se ainda hoje lamos enternecidamente, aqui mesmo, o inolvidvel aviso de Allan Kardec:fora da caridade no h salvao, ser justo acrescentar, com todo o nosso respeito memria do Codificador, que fora da luz no existe caminho.

    (Paris, Frana, 23, Agosto, 1965.)

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    23 - A Palavra

    Andr Luiz

    Prodigiosa, a energia criadora do pensamento,

    Sem a palavra, a idia no se desenvolveria.

    *

    Providencial, a funo da escola.Fora da palavra, a instruo seria impossvel.

    *Admirvel, o poder do livro.Sem a palavra, ningum comporia uma frase.

    *

    Exata a fora da lei.Fora da palavra, a ordem seria desconhecida.

    *Indiscutvel, o progresso da indstria.Sem a palavra, o trabalho no atravessaria as fronteiras da insipincia.

    *A Prpria misso do Cristo no conseguiu articular-se sem palavra, atravsda qual nos foi possvel recolher a herana do Evangelho.

    *A palavra o instrumento mgico que Deus nos confia.

    *

    Expanda o vocabulrio.Selecione os recursos verbais.Burile a frase.Fale com o bem e para o bem.Em suma, aperfeioe a sua palavra nas relaes com os outros e vocencontrar, sem dificuldade, a sua escada de elevao.

    (Londres, Inglaterra, 10 de Agosto, 1965)

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    24 - A mobliaHilrio Silva

    O caminho estacara frente de grande supermercado da rua 48, em Nova Iorque, em que DougSanford trabalhava.

    Solteiro, as cinqenta de idade, Sanford era conhecido pela condio de esprita distinto elaborioso. Por isso mesmo, notando que ele acompanhava, algo preocupado, a preciosa mobliaaustraca que a mquina transportava, aproximou-se dele Bobby Best, colega de servio ecompanheiro de f, a observar-lhe, curioso:

    - Voc tem razo de resguardar cuidadosamente estas peas...

    E acariciando espelhos, lustres, almofadas e cortinas, acrescentava:

    - Que beleza de moblia! Ah! Se eu pudesse, adquiriria um igual... que bom gosto!...

    Porque Doug nada dissesse, retornou Bobby ao assunto:

    - Olhe os altos relevos! Admirveis filigranas!... Como eu seria feliz se possusse um tesouroassim!... Voc, naturalmente, meda razo...

    Doug apenas afirmava: - ... ...

    vista disso, Bobby indagou, direto:

    - Para onde vo estas raridades?

    E o amigo:

    - Vo para um lar de velhos menos felizes...

    - Meu Deus! gritou Bobby, espantado quem fez semelhante doao? De onde vem tantariqueza?

    - Esta moblia falou Doug foi comprada por meus avs, pertenceu minha me, recentementedesencarnada, e est largando enfim a nossa casa...

    - Porque voc diz assim?

    E o amigo explicou:

    - Tenho duas irms casadas que se puseram a disputa-la com tamanha ambio, que os maridos,revlver em punho, se atiraram um contra o outro, na semana passada, a ponto de se ferirem e desermos todos detidos pela polcia... Com sacrifcio, adquiri todo este material para oferece-lo aosvelhinhos necessitados... Sem dvida, que uma relquia do bom gosto de nossos avs...

    E, ante as manobras do carro que se afastava, terminou:

    - Mas toda relquia material, quando capaz de conturbar a famlia ou arrasar a nossa paz deesprito, deve sair de nosso ambiente com a misericrdia de Deus.

    (Nova Iorque, E.U. A., 1, Julho, 1965.)

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    25 - Inquietao

    Valrium

    Era homem robusto e inteligente; contudo, assim que ajuntou algum dinheiro, olvidou a siprprio.

    No mais refeies a tempo, a fim de caar mais lucros.

    No mais sono tranqilo, receoso de assaltos.

    No mais higiene pronta, por perder longo tempo buscando o golpe financeiro certo.

    No mais distraes sadias, por medo de gastar.

    No mais amizades puras, de vez que em cada rosto imaginava algum a procurar-lhe aspratas.

    E esse homem zeloso, to zeloso que em nada mais pensava que no fosse em seuouro, certa noite, sozinho, achou a tempestade que o sufocou num rio, em cheiainesperada, quando ia justamente cobrar de um devedor leve conta esquecida.

    E muito, muito antes do tempo assinalado compareceu, vencido, aos tribunais da morte,para saber, chorando, que preservara o ouro, apaixonadamente, mas perdendo a simesmo.

    *

    Observe o motivo de sua inquietao.

    Seja casa ou dinheiro, posio ou destaque, fiscalize o seu zelo e equilibre a conduta,porquanto, alm de Deus que vida, em nossas vidas, posse alguma na Terra podeencontrar valor, se voc ganha tudo, afundando voc.

    (Silver Spring, Maryland, E. U. A., 10, Junho, 1965.)

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    26 - F e cultura

    Emmanuel

    Acolhei ao que dbil na f, no, porm, para discutir opinies.

    Paulo. (Romanos, 14:1)

    Indubitavelmente, nem sempre a f acompanha a expanso da cultura, tanto quanto nemsempre a cultura consegue altear-se ao nvel da f.

    Um crebro vigoroso pode elevar-se a prodgios de clculo ou destacar-se nos maisentranhados campos da emoo, portas a dentro dos valores artsticos, sem entenderbagatela de resistncia moral diante da tentao ou do sofrimento. De anlogo modo, umcorao fervoroso suscetvel das mais nobres demonstraes de herosmo perante ador ou da mais alta reao contra o mal, patenteando manifesta incapacidade para aceitaros imperativos da perquirio ou os requisitos do progresso.

    A cincia investiga.

    A religio cr.

    Se no justo que a cincia imponha diretrizes religio, incompatveis com as suasnecessidades do sentimento, no razovel que a religio obrigue a cincia adoo denormas, inconciliveis com as suas exigncias do raciocnio.

    Equilbrio ser-nos- o clima de entendimento, em todos os assuntos que se relacionem f e cultura, ou estaremos sempre ameaados pelo deserto da descrena ou pelo

    charco do fanatismo.Auxiliemo-nos mutuamente.

    Na sementeira da f, aprendamos a ouvir com serenidade para falar com acerto.

    Diz o Apstolo Paulo: acolhei ao que dbil na f, no, porm, para discutir opinies. que para chegar cultura, filha do trabalho e d verdade, o homem naturalmentecompelido a indagar, examinar, experimentar e teorizar, mas, para atingir a f viva, filhada compreenso e do amor, foroso servir. E servir fazer luz.

    (Paris, Frana, 23, Agosto, 1965.)

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    27 - Abnegao dos heris

    Hilrio Silva

    A conservao entre os amigos desencarnados que nos integram a equipe de viagem

    prosseguia, animada, ontem noite, quando Lus Garcia, um amigo espiritual procedenteda Espanha, falou, excitado:

    - O que estraga o movimento esprita, no mundo inteiro, so os traidores da doutrina, osmercadores da mediunidade, os leitores de fenmenos, os caixeiros das trevas,fantasiados de espritos de luz...

    Mas Pierre Bazin, um confrade francs, aproveitou as reticncias e opinou:

    - Caro Garcia, voc est certo, certssimo. Os que abusaram da faculdade e recursossagrados, a detrimento do Espiritismo, nos fizeram e nos fazem ainda imenso mal; noentanto, voc e ns no podemos esquecer os milhares de mdiuns e companheirosoutros de nossa Causa que triunfaram, brilhantemente, nos seus deveres, perante aEspiritualidade Maior no ltimo sculo o primeiro de nossas atividades. A sociedadehumana no lhes enxergou o trabalho, o devotamento, a humildade, o sacrifcio...Passaram, aos milhares, na arena fsica, criando condies favorveis ao progresso,impedindo desastres morais, educando coletividades e erguendo coraes para o futuro...Diante desses heris annimos, os vendilhes do tempo so pequena minoria...

    Bazin fitou-nos de significativa maneira, indagando em seguida:

    - Sabem porqu?

    E finalizou:- Isso acontece, meus amigos, porque, de modo geral, o mundo mope para ver aabnegao, mas tudo o que se relaciona com a traio atinge logo intensa publicidade,porque o mundo entende disso muito bem.

    (Paris, Frana, 22, Julho, 1965.)