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EDITORIAL: MJdC sabe quem é? por Mphumo João Craveirinha. Pág. 7

PARCERIA: VuJonga / jornal ‘O Autarca’ da Beira, Moçambique. Págs. 3/6

Dona CACILDA: Gastronomia moçambicana – receitas da bisavó ricas em vitamina C, complexo B, ferro e cálcio. Pág. 8 (capa)

MYRIAM JUBILOT d’Carvalho: DESTAQUE: Fascismo no Ensino Primário / Rádio Televisão Portuguesa - RTP Memória – “Lá vamos cantando e rindo” (2/2) – a influência do fascismo italiano no ensino de Portugal, década 1930-1950. Págs. 9/17

FANISSE CRAVEIRINHA: Desafios da Psicoterapia. Pág. 18. (capa)

ADELTO GONÇALVES: Idéias Além-Atlântico / divulgação de obra – Brasil - O Reino, a Colônia e o Poder… São Paulo 1788-1797. Págs. 19/20

SILVYA GALLANNI: instantâneo - texto e imagem: Gui em 1.994… e parceira mãe e filho. / E-Livro ‘Haikai’ - Fragrâncias Poéticas. Págs. 21/24

FALUME CHABANE: Carta de Moçambique: covid19 e as crianças. Págs. 28/29

Ficha técnica: VuJonga - magazine digital ilustrado e actualizado. Pág. 27.

SIGNIFICADO de VuJonga: Págs. 28-29.

Contracapa: capas das primeiras 30 edições de 1º Dezembro 2019 a 4 de Julho 2020.

índice

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CULINÁRIA | Dona Cacilda da Conceição Dias Craveirinha:

Moçambique | receitas | gastronomia | memórias associativas mestiças.

FILOSOFIA | Myriam Jubilot d’Carvalho: Península Ibérica |

[pseudónimo de Mª de Fátima Oliveira Domingues]

prosa e poesia | crónicas interculturais | ensaio.

REVISÃO | Mª de Fátima Oliveira Domingues: Portugal |

[co-fundadora]

textualidade e contexto | pedagogia | revisão de texto.

PSICOLOGIA CLÍNICA | Fanisse Craveirinha: Europa |

psicoterapias | juventude | reflexões sobre saúde mental quotidiana.

HISTÓRIA | idéias | Adelto Gonçalves: Brasil – Portugal |

resenhas literárias | Lusofonia.

INSTANTÂNEOS | Silvya Galllanni: Portugal – Brasil |

[co-fundadora]

instantâneos | crônicas | poesia | fotografia | revisão gráfica.

ARTE | Mphumo Kraveirinya: ‘Anima Mundi’ |

infografismo | layout | art work | poesia | crítica de arte | esoterika.

COMUNICAÇÃO e CULTURA | Mphumo João Craveirinha II : CPLP |

[fundador e coordenador]

comunicação e cultura | resenhas | revisão-geral.

E-mail | [email protected]

Facebook | https://www.facebook.com/VuJonga

Instagram | em organização

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https://rl.art.br/arquivos/7000952.pdf

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DATA VENIA

WORLD / COUNTRIES / MOZAMBIQUE

Last updated: July 19, 2020, 06:56 GMT

Mozambique

Coronavirus Cases:1,435

Deaths: 10

Recovered: 408

FONTE / SOURCE

https://www.worldometers.info/coronav

irus/country/mozambique/

COVID 19: VEJA A SITUAÇÃO DO SEU PAÍS

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Na vasta escrita da autora portuguesa, Myriam Jubilot d’Carvalho, poetisa e

filósofa, torna-se evidente o estudo elaborado dos seus temas escolhidos, a

pesquisa abalizada e um esforço criativo literário, e de auto-análise utilizando o

poderoso simbolismo da metáfora numa pretensa exegese de apaziguamento dos

fantasmas do passado, nem sempre benignos da História. São também

interessantes os arquétipos de bucolismo dialogante, na primeira pessoa,

reinventados pela sensibilidade da autora, dignos de estudo de caso mercê de uma

óptima capacidade de narrativa sobretudo em português, mas também em francês

e inglês.

Através da leitura da sua escrita, a autora deleita-nos nessa sua quase-escrita

transcendental nos proporcionando certos momentos de encanto no seu discurso

directo, leve, mas elegante e culto, comme il faut, superando tempos colectivos de

crise de reflexão, como a que actualmente as sociedades atravessam inundadas de

informação nem sempre cuidadas. Mormente, crise agravada pela pandemia gripal

da espécie dos corona – sars testando a solidariedade e o egoísmo sociais, num

mundo conturbado à exaustão, neste ano de 2020 em curso.

Nesse contexto, a autora Myriam Jubilot d’ Carvalho (também académica na

persona da Dra. Fátima Domingues ou vice-versa) transparece na sua escrita um

certo exercício intelectual de lucidez, expurgando as inquietações sociais e

exaltando as alegrias ou joie de vivre que transporte desde infância. Aliás, como

todos nós, parte dum destino cósmico comum. Pois, ao termos um passado como

certeza, este vai-se manifestando no presente através do subconsciente tecendo

como as ‘irmãs parcas,’ míticas tecelãs gregas, o futuro numa dimensão tão

próxima e ao mesmo tempo tão-distante, pelos contornos de incertezas.■ MJC.

editorial

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Continuação da edição anterior

Segundo essa mentalidade, nada deve ter tido a ver com Política, a ida à

Alemanha [do 3º Reich] de uma delegação da Mocidade Portuguesa – que,

segundo o filme-documentário, aí foi muito apreciada [pelos nazis].

Recordo-me que vi algures, não sei onde, fotos mostrando o [ainda] jovem

Marcelo Caetano em Itália, ao lado de Mussolini, numa demonstração dos

Camisas Negras [fascistas] de Mussolini. Mas este detalhe não é referido no

filme. [in MJdC edição 30, A Educação no ‘Estado Novo’... (1/2) pags.12/13]

O referido documentário televisivo1 fez-me pensar nos vários processos

educativos da estratégia salazarista. Por exemplo, quem já se apercebeu de que o

livro português de iniciação à leitura da época salazarista, é inspirado no livro

italiano da mesma época, 1933?

E certos livros de contos para crianças? Sob aparência inocente, semelhantes

a contos tradicionais, qual a mentalidade que procuravam criar?

É sobre esses dois aspectos que vou focar os dois textos que se seguem.

O primeiro será um texto apenas visual, contendo fotos dos livros de

iniciação à leitura, o Italiano e o Português, e um texto sobre uma experiência

educativa em África. Os leitores tirarão as suas conclusões.

O segundo texto será sobre um conto para Crianças, de Virgínia de Castro e

Almeida.

1 Rádio Televisão Portuguesa - RTP Memória – “Lá vamos cantando e rindo”– [ a influência do fascismo

italiano no ensino de Portugal da década de 1950…]

Myriam Jubilot d’Carvalho© 2020

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1. Ensino Primário no Estado Novo: Portugal – modelo Itália de Mussolini.

Imagens anexas e sequência fotografadas por telemóvel dos livros originais, por

Myriam Jubilot d’Carvalho (e enviadas para paginação por WhatsApp)

Lisboa. Maio de 2020.

ALCUNE AVVERTENZE PER GL’ INSEGNANTI

Roma, Anno XI. 1933.

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PORTUGAL | ENSINO NO ‘ESTADO NOVO.’ DÉCADAS 1930-1950.

ITÁLIA | ENSINO NO ESTADO FASCISTA. DÉCADA 1930-1940.

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Imagens anexas e sequência

fotografadas por telemóvel dos

livros originais por Myriam Jubilot

de Carvalho. Maio de 2020.

2. PORTUGAL: Manual do 1º ano do Ensino Primário em 1936.

Imagens de Livros únicos a partir do Decreto-Lei n. 0 27.279 de 24 de Novembro de 1936,

embora tenha levado algum tempo a ser encontrado o modelo ideal até a década de 1950.

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ITÁLIA: A classificação das Culturas Diferentes e a percepção errónea da

universal traquinice infantil. Retirado de “ Il Libro della II Classe ” La

Libreria dello Stato 1933.

“LE BUGIE SI SCOPRONO DA SÈ”

“Un missionario d’Africa faceva un giorno la sua lesione di religione a un

gruppo di selvaggi, che sembravano ascoltarlo con ogni interesse.

Su di una tavola della sua stanzetta vi era un piatto con quattro focaccette,

che dovevano servire da colazione al buon sacerdote. Egli dovette assentarsi un

momento salla stanza, e, al suo ritorno si accorse che una delle focacce era sparita.

Ma nessuno volle confessare di essere l’autore del furto. Il missionario allora

riempì otto bicchieri di acqua, quanti erano i suoi scolari, e disse:

– Poco fa qui vi erano quattro focacce ed ora ne trovo tre. Non vi domando

più chi l’ha presa; ma scommetto un’altra focaccia che il ladro non potrà inghiottire

il suo bicchieri d’acqua.

Gli otto selvaggi afferrarono i bicchieri e bevvero di un fato; poi uno di loro

disse con un piccolo riso di trionfo:

– Reverendo! voi avere perduta scommessa…

– Perché? – domandò il missionario mostrandosi sorpreso.

– Perché io avere inghiottito benissimo!

E cosi il selvaggio confessò senza accorgersene il suo piccolo furto.”

1933 – XII. Edição Impressa

em Palermo-Itália.

É despiciendo comentar que com pequenas histórias,

aparentemente inocentes, se consegue inculcar nos

jovens alunos europeus o conceito, racista, de que

povos estranhos, diferentes, sendo africanos, eram

“selvagens”, ladrões e, estúpidos. O padre que lhes

ensinava a “civilização” era “bom”.

(à direita: imagem de capa do citado livro original)

Segue-se o texto das páginas 117 e 118,

do referido livro escolar, conforme

ao original italiano de meu arquivo,

com a respectiva tradução.

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Versão em Português:

‘As Mentiras Descobrem-se Por Si’

‘Um missionário da África um dia dava a sua lição de religião a um grupo de

selvagens, que pareciam ouvi-lo com todo o interesse.

Sobre uma mesa da sala havia um prato com quatro fogaças, que serviriam

de café da manhã ao bom padre. Ele teve que se afastar um pouco da sala e, ao

voltar, percebeu que um dos pães tinha desaparecido. Mas ninguém queria

confessar quem era o autor. O missionário então encheu oito copos de água,

quantos eram seus alunos, e disse:

– Há pouco, estavam aqui quatro fogaças e agora encontro três. Não pergunto

mais quem a tirou; mas aposto outra fogaça que o ladrão não será capaz de engolir

o seu copo de água.

Os oito selvagens agarraram os copos e beberam de um trago; então um deles

disse com uma pequena risada triunfante:

– Reverendo! O Senhor perdeu a aposta. – Porquê?

Perguntou o missionário, mostrando surpresa.

– Porque eu engoli muito bem!

E assim o selvagem sem perceber confessou o seu pequeno roubo.’

(tradução de MJdC)

3. “O Coelhinho Verde”, de Virgínia de Castro e Almeida.

Trata-se de uma publicação da Livraria Clássica Editora, Lisboa, 1945,

Colecção contos de encantar, com Bonecos de PAM.

Releio este livrinho que fez as minhas inocentes delícias, teria eu uns 6 ou 7

anos. Ao relê-lo, actualmente, o que sobressai com toda a evidência, é a intenção

educativa que a Autora introduz no discurso.

Há intenções morais e sociais: A saber:

- Quando nos tratam bem, é imperativo agradecer;

- Na idade avançada, não se pode trabalhar. Então, quem não tem teres nem

haveres, vai pedir esmola. Mas é-se muito feliz, e não se pensa em querer ou fazer

mal a ninguém.

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- Por outro lado, isso permite ser livre e vaguear ao acaso, à aventura. Com

muita alegria e boa disposição, e sem fazer mal a ninguém, obviamente.

- A caridade é muito bonita, é o arrimo dos desvalidos – que não são assim

tão desvalidos porque são muito alegres e felizes, como referi.

- Para ultrapassar os problemas da vida, é preciso não só coragem, mas

imaginação, ou seja, engenho – com a protecção das forças sobrenaturais, claro

está. E o concurso da imaginação – pelos vistos, quanto mais tresloucada, melhor.

Como quem diz: grandes males, grandes remédios. MAS sem rebelião. Tudo numa

boa, que o povo deve manter-se calmo – “mui respeitador e obrigado”.

- O Bem e o Mal existem. O Bem tem que vencer o Mal – e aí, a crueldade é

necessária para que o Bem saia vitorioso. Crueldade sem remorsos, sem

cogitações, nem hesitações. É cortar cabeças e pronto, já está.

- O mundo está dividido em classes sociais. E as classes favorecidas dirigem-

-se às classes desfavorecidas com fórmulas linguísticas que denotam, se não

desprezo – pelo menos, menosprezo. No entanto, a força braçal é do Povo, e o

povo está ao serviço dos poderosos.

- Há ainda a referir mais estas últimas marcas deste discurso subliminar:

As personificações do Bem e do Mal, sendo o Bem inerente à condição

feminina:

= A parte feminina, a Mulher, representada nas quatro fases da vida:

- a fada Boa, modelo da Mulher na maturidade, que é quem detém o poder

(enquanto não lhe é arrebatado pelo Homem) e o remédio;

a avó - a sabedoria da idade;

a neta - a infância, que deve seguir os bons exemplos e cooperar;

a jovem, a Princesa, coitadinha, que só tem que ser bonita e fielmente esperar

pelo casamento;

= A parte masculina: personificada no gigante, que é a força bruta que tem

que ser domada, domesticada; e o Príncipe, símbolo da juventude imatura, que só

por si é inoperante e tem que ser manipulado… pelas mulheres.

- Está presente a chamada “sabedoria popular”, através das formulações

lapidares dos ditados e provérbios:

“Quem não se aventurou, não perdeu nem ganhou”.

Muito adequado a um país de emigrantes.

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= Por fim, o traço de beleza física que se realça, é que as beldades são todas

loiras, de cabelos de oiro. Ou seja, são celtas, são visigodos, são da casta da

nobreza guerreira. Nada de misturas com Moiros ou Africanos…

Concluindo – um discurso linguístico e literário bem de acordo com a moral

socioeconómica do Estado Novo. Um discurso circular, sem quebras nem saídas:

conservador, dualista, cruel, elitista e racista. Vencer na vida, mas deixando tudo

nos seus devidos lugares, pois sabemos que quem for bom, terá a recompensa.

E o que é ser bom?

É vencer na vida deixando tudo tal como se encontrou, nos seus devidos

lugares...

E assim se vê como um continho para crianças, que (aparentemente) trata

apenas de encantamentos, fadas boas e gigantes maus, é tudo menos inocente!

Enfim…

‘Re-encontrei’ este livrinho que outrora fez as minhas delícias. E sinto-me

feliz por constatar que apenas contribuiu para me cultivar a fantasia. Quanto ao

mais, fiquei apta a aprender outras lições.

Continuando numa leitura de símbolos, posso dizer que ‘re-encontro’ este

coelhinho verde em muito bom estado de conservação, apesar do papel

amarelecido pelo pó do tempo. Pois só o papel amareleceu. Infelizmente, a

ideologia que contém anda a refazer-se do recuo a que se viu forçada, e anda a

recompor-se a passos de mau gigante…

Dona Virgínia Folque de Castro e Almeida Pimentel Sequeira e Abreu viveu

entre 1874 e 1945. Era uma aristocrata. A sua obra bem o comprovou.■ ©MJdC.

Referências.

Virgínia de Castro e Almeida and the collection

«Grandes Portugueses»

http://www.cerimonias.net/libecline/n2/abstracts.pdf

Portuguese film pioneer Virgínia de Castro e Almeida

https://wfpp.columbia.edu/pioneer/virginia-de-castro-e-almeida/

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O Reino, a Colônia e o

Poder: o governo Lorena

na capitania de São

Paulo – 1788-1797

de Adelto Gonçalves

com Prefácio de

Kenneth Maxwell,

texto de apresentação de

Carlos Guilherme Mota

e fotos de

Luiz Nascimento.

São Paulo: Imprensa Oficial do

Estado de São Paulo, 408

páginas,

R$ 70,00, 2019.

Site:

www.imprensaoficial.com.br

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Filhos são tesouros no mesmo baú do coração de Mãe… e este é o meu Gui em 1.994…

Ah… como o tempo passa… !!!

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VuJonga – edição literária de autora 2016 /2020 e-Livro Silvya Gallanni: Haikai - Fragrâncias Poéticas

Haikai | Poetic Fragrances | e-Book https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=212768

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“Proteger a Criança é Garantir o futuro de Moçambique!” [… foi o slogan mobilizador do 1º de Junho de 2020: Dia Internacional da Criança.

No entanto, a data se manterá sempre válida para além dessa efeméride. ]

‘Proteger a Criança é Garantir o futuro de Moçambique!’ (…) num momento

particularmente difícil, devido ao surgimento e a propagação em curso à escala

planetária, da covid-19, uma pandemia que veio virar o paradigma vivencial em

todo o mundo, com destaque particular para o nosso país.

Está ainda muito difícil a luta contra o novo coronavírus porquanto não há

ainda medicamento específico de cura nem vacina e a única alternativa que para já

sobra à humanidade é a prevenção; prevenir o homem de hoje e o homem de

amanhã [incluindo a mulher de amanhã].

Porque a criança, a flor que nunca murcha, é o principal garante do amanhã,

todos os adultos de hoje são impostos a assumir o compromisso de proteger as

crianças. Porque uma medida mais viável para a prevenção da pandemia é mesmo

ficar em casa. Importa destacar que o Governo já fez a sua parte ao tomar a decisão

de suspender as aulas para permitir que as crianças fiquem de facto em casa.

Porém, o sucesso da implementação dessa medida depende em larga escala

do comportamento dos pais e ou encarregados de educação. Estes é que têm a

maior responsabilidade de proteger as crianças. Elas (as crianças) geralmente não

saem de casa, mas se os adultos saírem de casa sem a necessária necessidade e

muito menos sem observar as medidas de prevenção recomendadas corre-se o risco

de prejudicar a saúde das crianças. Por isso mesmo, todos os adultos devem fazer

de tudo para proteger as crianças da covid-19.

Caros pais e ou encarregados de educação, é importantíssimo nesse momento

complicado conter todos actos e práticas que prejudiquem o crescimento saudável

da criança, cujo direito transcende a toda dimensão humana. (…) Uma homenagem

especial dedicamos a todas as crianças do mundo e de Moçambique que por vários

factores sofrem, e não têm o devido crescimento.■ Falume Chabane 2020.

Vamos proteger as nossas crianças da covid-19

Sofala: Cidade da Beira (Falume Chabane)

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Ligações online de VuJonga cadernos literários | 2019/2020.

Silvya Gallanni

https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=212768

Myriam Jubilot d’ Carvalho |

http://www.myriamdecarvalho.com/

Mphumo Kraveirinya

https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/joo_craveirinha_diversos/

BRASIL | E-book: Recanto das Letras (Américas): https://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=212768&categoria=M

MOÇAMBIQUE | PDF: Jornal O Autarca (África Oriental): https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/jornal_o_autarca_cidade_da_beira/

PORTUGAL | PDF: Macua Blogs (Europa): https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/letras_e_artes_cultura/

João Craveirinha (CLEPUL);

Silvya Gallanni (RL);

Mª de Fátima Oliveira Domingues (CLEPUL).

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VuJONGA – significado.

VuJONGA significa ORIENTE, e também por analogia,

povo vaJonga do ‘Sol Nascente’– em língua Jonga.

ORIENTE – ponto cardeal

de uma das quatro direcções principais da rosa-dos-ventos

[Sul – Norte; Ocidente – Oriente]

ShiJonga ou ‘O Jonga’ é um idioma africano que tem a sua origem

milenar no idioma kiKongo, com sede em Bandundu no ‘Congo-

Kinshassa.’ Daí sairiam migrações cíclicas do povo (ba)Kongo, rumo à

África Austral, tomando rumos diferentes a partir do rio Zambeze, a sul

e a norte.

Posteriormente, em fusão genético-cultural, originou outras

variantes idiomáticas, tais como as dos povos Nhandja (Niassa), Guigóne

(Inhambane), Jonga (Móputso), e ainda outras variantes posteriores tais

como ShiSuate (Suazilândia), Zulo (Natal), Shengane (Gaza), ShiTsua

(Inhambane).

A língua Jonga é, pois, um idioma muito antigo da cultura baNto da

capital de Moçambique. Sofreu várias influências linguísticas no decurso

do tempo. Estas são o registo cultural de épocas em que navegadores

europeus e asiáticos circularam pela costa marítima moçambicana, aí

desenvolvendo relações comerciais – mais pacíficas – umas, e outras

mais conflituosas.

Este idioma, shiJonga, encontra-se actualmente em processo de

extinção, devido a imposições ideológicas do poder político

estabelecido desde 1975.■ coordenador JOÃO Craveirinha

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1º Esboço de Mapa Etno-Etimológico

da região vaJonga - séculos XVI-XIX

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