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Farmácia dos Mares Vítor Hugo do Carmo Lopes

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Farmácia dos Mares

Vítor Hugo do Carmo Lopes

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia dos Mares

janeiro de 2018 a julho de 2018

Vítor Hugo do Carmo Lopes

Orientador: Dr. Carlos Talaia Rocha

Tutor FFUP: Prof. Doutora Irene Rebelo Jesus

Julho de 2018

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Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente

noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros

autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da

atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências

bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a

prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 17 de julho de 2018

Vítor Hugo do Carmo Lopes

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Agradecimentos:

Quero agradecer à Professora Doutora Irene Jesus pela orientação dada ao longo do

estágio e na revisão deste relatório. Ao Dr. Carlos Talaia Rocha, orientador de estágio

agradeço-lhe o estímulo contínuo, a atitude positiva, o seu encorajamento e

ensinamentos ao longo do estágio. D. Isabel Bastos, faço-lhe um agradecimento muito

especial pela generosidade e compreensão que teve para comigo por me ter permitido

conciliar o estágio com o trabalho. Aos meus colegas de trabalho por me ajudarem a

ser um melhor farmacêutico todos os dias. Aos meus amigos da faculdade, tanto os que

já terminaram o curso, como aqueles que irão terminar, guardarei para sempre os

momentos que partilhamos juntos.

Carla, sem ti não seria possível cumprir o sonho de ser farmacêutico, obrigado por todo

o teu apoio incansável ao longo deste tempo.

Para os meus pais, a quem tudo devo. Para o meu filho, a quem tudo se deve.

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Resumo:

O presente relatório é composto por 2 partes. Na primeira parte são descritas as

atividades correntes realizadas na farmácia dos Mares, a sua organização e modo de

funcionamento. Na segunda parte são apresentados os trabalhos práticos que foram

desenvolvidos com uma componente científica. Procurei adaptar os temas de modo a

que fossem relevantes para a farmácia, para os seus utentes e para a comunidade

envolvente em geral, sendo que a localização da farmácia e o contexto socioeconómico

onde está inserida foram aspetos tidos em consideração. O estágio foi um desafio

pessoal e sinto que decorrido este tempo todo o esforço e investimento valeram a pena.

O relatório que se agora se apresenta é resultado final do estágio na farmácia dos

Mares.

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Declaração de integridade…………………………………………………...………………..ii

Agradecimentos…………………...………………………………………..………...……… iii

Resumo ......................................................................................................................... iv

Índice…………………………………………………...……………………………….……….v

Índice de Abreviaturas……............................................................................................viii

Índice de Figuras ............................................................................................................ix

Índice de Tabelas ...........................................................................................................x

Índice de Anexos………………………………………………………………………...……..x

Parte I – Descrição das atividades realizadas na Farmácia

1. Introdução…………………………………………………………………………………….1

2. Farmácia dos Mares………………………………………………………………………...1

2.1. Localização geográfica……………………………………………………………..…….1

2.2. Organização…………………………………………………………………………….…1

2.2.1. Espaço exterior……………………………………………………………………….…1

2.2.2. Espaço interior…………………………………………………………………………..1

2.3. Horário de funcionamento e recursos humanos………………………………………..2

2.4. Utentes da farmácia……………………………………………………………………….2

2.5. Fontes de informação……………………………………………………………………..2

2.6. Cronograma das atividades realizadas………………………………………………….3

3. Sistema informático………………………………………………………………………….3

4. Gestão da farmácia……………………………………………………………………….....3

4.1. Fornecedores………………………………………………………………………………3

4.2. Receção de encomendas…………………………………………………………………4

4.3. Verificação de encomendas e armazenamento………………………………………..4

4.4. Prazos de validade………………………………………………………………………...5

4.5. Devoluções e reclamações……………………………………………………………....5

4.6. Inventário…………………………………………………………………………………..6

5. Dispensa de Medicamentos………………………………………………………………...6

5.1. A receita médica…………………………………………………………………………...6

5.2. Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM)……………………………………..6

5.3. Informação ao utente……………………………………………………………………...7

5.4. Comparticipação de medicamentos……………………………………………………..7

5.5. Medicamentos Genéricos………………………………………………………………...8

5.6. Medicamentos sujeitos a legislação especial : psicotrópicos e estupefacientes…….8

5.7. Verificação de receituário e faturação………………………...…………………………8

5.8. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM)…………………………....8

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5.9. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de dispensa exclusiva em Farmácia

(MNSRM-EF)……………………………………………………………………………………8

6. Dispensa de outros produtos farmacêuticos

6.1. Produtos de dermocosmética e higiene corporal……………………………………….9

6.2. Produtos dietéticos, nutrição clínica e alimentação especial ………………………..10

6.3. Produtos homeopáticos, suplementos alimentares e produtos fitofarmacêuticos…10

6.4. Produtos puericultura……………………………………………………………………12

6.5. Medicamentos de uso veterinário………………………………………………………12

6.6. Manipulados ……………………………………………………………………………..12

6.7. Dispositivos médicos…………………………………………………………………….13

7. Serviços Farmacêuticos………...………………...……………………………………..13

7.1. Determinação da pressão arterial, peso, altura e índice de massa corporal………13

7.2. Determinação dos níveis de glicemia, colesterol total e triglicerídeos……………13

7.3. Administração de vacinas e medicamentos injetáveis…………………………….....13

7.4 Consultas de Nutrição, Cessação tabágica e Podologia……...................................14

7.5. Valormed e campanha de recolha de radiografias……………………………………14

Parte II – TEMAS DESENVOLVIDOS EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA

TEMA 1 - Promoção de hábitos de saúde junto de uma população infantil: cuidados com

a exposição e proteção solar. Rastreio de pele.

1.1. Introdução………….……………………………………………………………………..14

1.2. Exposição solar e risco de melanoma……………………………………………….…15

1.3. Tipos de cancro de pele………………………………………...…………………….…16

1.4. Medidas de prevenção…………………………………………………………………..17

1.5. Conclusões…………………………………………………..…………………………...17

TEMA 2 – Onicomicoses

2.1. Introdução ………………………………………………………………………………..18

2.2. A infeção fúngica…………………………………….…………………………………...18

2.3. Impacto da onicomicose………………………………………………………………...19

2.4. Apresentações clínicas de onicomicose………………….……………………………19

2.5. Tratamento da onicomicose………………………………………………………….…20

2.6. Tratamento tópico……………………………………………….……………………….20

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2.7. Tratamento sistémico……………………………………………………………………21

2.8. Tratamento não farmacológico…………………………………………………………22

2.9. Conclusões.…………………….……….………………………………………………..23

TEMA 3 – Semana da saúde na farmácia dos Mares. A síndrome metabólica.

3.1. Introdução……………………………………………………………….………………..23

3.2. Definição de síndrome metabólico e manifestações clínicas…………….………….24

3.3. Prevalência do síndrome metabólico em Portugal………..…………………………..24

3.4. Diagnóstico…………………………………………………….…………………………25

3.5. O tecido adiposo e a importância das adipocitocinas no SM………...…...………….25

3.6. Adipocitocinas pró-inflamatórias…………………………………………….………….26

3.7. Adipocitocinas anti-inflamatórias…………………………………………….…………26

3.8. Conclusões…..………………………………………………………………….………..26

4. Conclusão…………………………………………………………………………………..27

5. Bibliografia……………………...…………………………………………………………..28

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Lista de abreviaturas

AMI - Assistência Médica Internacional

APDL- Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo

ASAE - Autoridade de Segurança Alimentar e Económica

CNP – Código Nacional de Produto

DCI – Denominação Comum Internacional

DCV – Doença Cardiovascular

DGAV- Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária

FEFO – “First Expire, First Out”

FM - Farmácia dos Mares

GSIS – “Glucose Stimulated Insuline Secretion”

HTA – Hipertensão Arterial

IMC – índice de Massa Corporal

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MNSRM-EF – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica Venda Exclusiva Farmácia

OM - Onicomicoses

PVP – Preço Venda Público

RCM – Resumo das Características do Medicamento

SM – Síndrome Metabólica

SNS – Serviço Nacional de Saúde

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Índice de Figuras

Figura 1 – Contentores com medicamentos de frio e psicotrópicos……………………38

Figura 2 – Fotografia na Escola E.B.1 – Agudela…………………………………………38

Figura 3 – Carcinoma basocelular…………………………………………………………..39

Figura 4 – Carcinoma espinocelular…………………………………………………………39

Figura 5 – Queratose actínica………………………………………………………………..39

Figura 6 – Melanoma………………………………………………………………………….39

Figura 7 – Onicomicose distal………………………………………………………………..40

Figura 8 – Onicomicose superficial branca…………………………………………………40

Figura 9 – Onicomicose proximal……………………………………………………………41

Figura 10 – Onicomicose por Candida spp…………………………………………………41

Figura 11 – Interação entre adipócitos, adipocitocinas e célula pancreática……………42

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Índice de tabelas

Tabela 1 - Adipocitocinas e efeitos nas células pancreáticas…………………………26

Índice de Anexos

Anexo 1 – Calendário de formações realizadas…………………………………………...31

Anexo 2 – Apresentação na Escola E.B.1 Agudela……………………………………….32

Anexo 3 – Figuras………………………………………………………………………….....38

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1. Introdução

O farmacêutico é um profissional de saúde que desempenha um papel chave no Serviço

Nacional De Saúde (SNS), que em 2019 irá celebrar quatro décadas de existência. A

comunidade deposita especialmente no farmacêutico comunitário um nível de confiança

elevado que decorre da sua formação técnica de elevado valor científico e da

proximidade com o utente/doente, o que faz com que o farmacêutico seja o primeiro e

por vezes o último contacto na cadeia de atuação no SNS. Como tal, o estágio em

farmácia comunitária sendo a parcela profissionalizante na formação dos farmacêuticos,

reveste-se da maior importância na transmissão de conhecimentos teóricos e práticos

por farmacêuticos experientes aos estagiários, quer pelo respeito a um código

deontológico que deve servir como linha de orientação na sua atuação. Este relatório

relata a minha experiência como estagiário numa farmácia comunitária e enquanto

agente interventivo na comunidade através das ações desenvolvidas.

2. Farmácia dos Mares

2.1. Localização Geográfica

A farmácia dos Mares (FM) situa-se no concelho de Matosinhos, na freguesia de Lavra,

na rua de Avilhoso nº39, a cerca de 2km da praia de Agudela.

2.2 Organização

2.2.1. Espaço Exterior

A FM ocupa uma área comercial ao nível do piso térreo inserido num prédio residencial.

O acesso dos utentes faz-se sem obstáculos pela porta principal. No exterior da FM

encontra-se divulgado de forma visível o nome do diretor técnico, o horário de

funcionamento, as escalas de turnos, os serviços farmacêuticos e o símbolo “cruz verde”

que está iluminado durante a noite. Existe outro acesso para uma área da farmácia que

não é visível para os utentes e que está reservada para a receção de encomendas dos

fornecedores e uso do pessoal.

2.2.2. Espaço Interior

A nível de instalações, a FM dispõe de uma área para atendimento ao público que

beneficia de iluminação natural dada por uma ampla superfície envidraçada. No interior

da farmácia estão definidas áreas para artigos de puericultura, produtos de ortopedia e

dermocosmética de diversas marcas. Atrás dos 2 postos de atendimento, existe uma

área reservada a medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) com um

carácter sazonal tais como xaropes para a tosse, descongestionantes nasais e

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antigripais, assim como uma secção permanente para produtos buco-dentários:

colutórios, escovas e pastas dentífricas. Ao longo do ano, são conduzidas várias

campanhas temáticas dirigidas a vários públicos-alvo, sendo que a disposição dos

artigos é modificada de modo a comunicar com o impacto pretendido. Existe ainda um

gabinete destinado às consultas de podologia, nutrição, à administração de injetáveis e

onde se faz medição de parâmetros bioquímicos como a glicose e o colesterol total.

2.3 Horário de funcionamento e Recursos Humanos

O período de funcionamento da FF é de 2 a 6ªf das 9:00h às 20:30h, encerrando para

almoço das 13:00h às 14:00h. Ao sábado o horário é das 9h as 19h e a hora de almoço

das 13h às 15h. O domingo é o dia de descanso semanal obrigatório e a FF não realiza

serviços noturnos. A equipa da FF é composta pelo Diretor Técnico, Dr. Carlos Talaia

Rocha, a farmacêutica adjunta Dra. Carina Soares, a farmacêutica Dra. Tânia Mateus e

pela técnica de farmácia Dra. Joana Silva.

2.4. Utentes da Farmácia

Os utentes da FM pertencem a um grupo heterogéneo de pessoas que na sua maioria

são habitantes locais. Além destes utentes, alguns clientes que visitam a FM trabalham

em empresas de transitários situadas em Lavra.

2.5. Fontes de Informação

A FM dispõe da versão atualizada da Farmacopeia Portuguesa IX em CD-ROM e o

prontuário terapêutico em versão impressa editado pela Autoridade Nacional do

Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED). O sistema informático Winphar®

permite ainda o acesso de forma rápida ao resumo das características do medicamento

(RCM) disponível na base de dados do site do INFARMED. Para além destes recursos,

encontra-se integrado no Winphar um módulo com o Simposium Terapêutico® que é

uma base de dados alicerçada na Denominação Comum Internacional (DCI) e onde se

encontra agregada informação destinada a profissionais de saúde sobre medicamentos,

as suas indicações terapêuticas e possíveis interações, tendo por base como fontes

bibliográficas de referência as Agências do Medicamento.

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2.6. Cronograma Atividades

Atividades Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Receção e armazenamento mercadoria - X X X X X X

Atendimento ao público - X X X X X X

Prazos validade - X X X X X X

Medição parâmetros fisiológicos e

bioquímicos X X X X X X X

Rastreios - Semana da Saúde - - - X - -. -

Rastreio de pele - Inneov® - - - - - X -

Ações de promoção de saúde na

comunidade – Escola E.B.1 Agudela - - - - X - -

3 Sistema Informático

O sistema informático que está implementado na FM é o Winphar ® e está virtualmente

presente em todas as atividades diárias de farmácia comunitária, desde a realização de

vendas ao balcão, envio de encomendas, reservas de produtos, inventários, devoluções

de artigos, estatísticas de vendas, entre outras funcionalidades. Existe ainda o sistema

Saveris SBE ® que gere automaticamente o registo dos valores das temperaturas e

humidades e se encontra ligado a um computador dedicado para este fim. A

programação do sinal luminoso da “cruz verde” também é feita através de um terminal

dedicado.

4. Gestão da Farmácia

4.1 Fornecedores

A aquisição de produtos para a farmácia é conduzida maioritariamente através de 2

canais: entidades certificadas do circuito da distribuição e aquisição direta - grossistas

e armazenistas, ou através sistema de compras diretas aos laboratórios. Para além

destas duas modalidades, a FM conta ainda com a possibilidade de conseguir aceder a

uma plataforma de compras integradas, onde estão disponíveis um número crescente

de artigos que apresentam vantagens comerciais face aos modelos tradicionais. A forma

mais representativa em termos de gestão corrente ainda é a compra efetuada aos

armazenistas, refira-se apenas a título de exemplo a Cooprofar, Alliance Healthcare ou

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a Empifarma no entanto, as compras através da plataforma têm aumentado

substancialmente. O envio da encomenda é gerido pelo Winphar® e tem por base a

identificação das necessidades e o histórico de vendas dos artigos. Esta operação

também pode ser realizada manualmente, existindo uma confirmação pelos

armazenistas, geralmente sob a forma de contacto telefónico para a farmácia em como

as encomendas foram bem rececionadas. As compras diretas a laboratórios são

realizadas habitualmente uma vez por mês e com quantidades mais elevadas, o que se

traduz em bonificações de artigos, ou descontos e condições comerciais mais atrativas

para a farmácia. Estas compras surgem através de acordos comerciais efetuados

diretamente com os laboratórios. As encomendas aos laboratórios podem ainda ser

mais espaçadas no tempo, estando ou não alinhadas com alturas do ano específicas

em que existe uma procura natural por parte dos utentes de alguns produtos, como é o

caso dos antigripais no inverno ou os protetores solares na época estival. Caso exista

uma necessidade particular, seja no momento de atendimento ao público, seja originado

por um contacto telefónico feito por um utente para a farmácia, é possível efetuar uma

encomenda em tempo real para os armazenistas: essa encomenda pode ser efetuada

por telefone ou através de uma aplicação informática instalada em todos os

computadores da farmácia. Para confirmar se determinado artigo está disponível, é feita

uma pesquisa pela descrição comercial ou CNP do produto. Caso se confirme a

encomenda, o pedido pode ser consultado on-line e rastreado o seu estado de

processamento, o que permite esclarecer o utente sobre a previsão do prazo de entrega.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de participar em todas estas situações,

incluindo a reserva de artigos para os utentes tanto pelo telefone como no balcão de

atendimento.

4.2 Receção de encomendas

A receção de encomendas que provém dos armazenistas ocorre tipicamente 3 vezes

ao longo do dia. Esta tarefa é realizada numa área da farmácia que não é visível para

os utentes, de modo a não perturbar o normal atendimento ao público. Neste espaço

encontra-se também um frigorífico destinado ao armazenamento de produtos de frio

(2ºC a 8ºC), tipicamente destinado para medicamentos que necessitem deste género

de acondicionamento: insulinas, vacinas, alguns tipos de colírios, entre outros. Existe

ainda uma área na farmácia para o armazenamento de estupefacientes, sendo o seu

acesso controlado. Pude observar que os armazenistas assinalam com uma cor

diferente os contentores de medicamentos que contêm produtos de frio ou

estupefacientes (fig.1), de modo a fazer a distinção dos restantes medicamentos que se

destinam a ser armazenados nas gavetas.

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4.3 Verificação de encomendas e armazenamento

Todas as encomendas que chegam à FM são sujeitas a uma verificação. O

procedimento consiste em confirmar se a documentação nota de encomenda ou fatura

acompanha a encomenda, se os artigos encomendados foram efetivamente entregues,

se existe algum medicamento que se encontre esgotado, se os preços marcados (PVP)

se encontram ativos para venda ao público e, se os prazos de validade dos produtos

recebidos estão válidos. A encomenda é inserida no sistema informático, seguindo-se

uma conferência do valor total da fatura. O armazenamento dos artigos é feito nas

gavetas, no cofre caso sejam medicamentos psicotrópicos ou no frigorífico como as

insulinas por exemplo, respeitando em todos os medicamentos o conceito First Expiry

First Out - FEFO . Alguns excedentes de medicamentos são guardados numa sala com

temperatura e humidade controladas. A receção, a verificação e o armazenamento das

encomendas foram das principais atividades com tive ao longo do estágio.

4.4 Prazos de validade

O controlo dos prazos de validade dos artigos é uma tarefa fundamental no

funcionamento de uma farmácia. Mensalmente, o sistema informático gera uma

listagem de todos os artigos cujos prazos de validade estejam prestes a expirar. A

listagem é impressa e distribuída aos vários elementos da equipa da farmácia que vão

proceder à recolha de todos os artigos cuja validade vai ser atingida com uma

antecedência de dois meses.

4.5 Devoluções e reclamações

As devoluções de medicamentos podem estar relacionadas com diversas situações. As

devoluções motivadas pela aproximação do fim do prazo de validade são feitas

diretamente aos laboratórios, sendo acompanhadas de uma guia em duplicado que

acompanha os artigos, sendo o triplicado da guia conservado nos registos da farmácia.

Habitualmente, os laboratórios procedem a uma nota de crédito referente a estes artigos

ou fazem algum tipo de compensação à farmácia através do envio de novos produtos

com outros prazos de validade ou, caso não seja possível, procedem ao envio de outros

produtos em substituição. Outra situação passível de devolução de artigos é a receção

de produtos com embalagem danificada. O procedimento para estas reclamações

consiste em informar a ocorrência ao serviço de reclamações do armazenista.

Seguidamente é aberto um processo de reclamação onde deve constar: o número da

fatura, o número embalagens danificadas, o CNP do artigo e o lote. O armazenista após

ter analisado a reclamação comunica a decisão à farmácia. Caso a reclamação seja

aceite, a farmácia emite uma guia de devolução para estes produtos, à semelhança do

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que acontece com os artigos fora do prazo de validade. Durante o meu estágio fiz o

contato com os armazenistas, a emissão de documentação e devoluções, referentes

aos artigos reclamados, primeiro de uma forma acompanhada e posteriormente de uma

forma autónoma.

4.6 Inventário

O inventário é uma atividade fundamental para várias áreas, num processo que é

exaustivo e se destina a confirmar as existências/stock da farmácia em determinado

momento. Habitualmente tem uma periodicidade anual, mas poderá ser realizado a título

excecional mais do que uma vez no ano, sempre que se justificar. Para a realização

desta tarefa, não devem existir movimentos de entrada de encomendas, ou de vendas

de artigos estando a farmácia está encerrada ao público sendo que o inventário

processa-se a um domingo. No inventário todos os elementos da farmácia colaboram

com a coordenação e envolvimento da equipa de gestão, desde a preparação, durante

a sua realização, até ao seu término.

5. Dispensa de Medicamentos

5.1. A receita médica

Definido no estatuto do medicamento [1], uma receita médica é a prescrição de um

determinado medicamento de uso humano por um profissional devidamente habilitado.

A identificação do prescritor é feita através do seu nome clínico, contacto telefónico e

número da cédula profissional. O utente é identificado pelo seu nome, número de utente

e número de beneficiário da entidade financeira responsável, caso seja aplicável algum

subsistema de saúde.

Ao longo do meu estágio contactei fundamentalmente com as receitas eletrónicas

desmaterializadas e receitas eletrónicas materializadas. Tive contacto com algumas

receitas manuais, mas estas tendem a ser progressivamente substituídas pelas receitas

eletrónicas, no entanto existem motivos alegados pelo prescritor como: a falência

pontual do sistema de prescrição, ou um número de receitas inferior a 40 por mês, que

possibilitam o seu uso.

5.2. Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM)

Os medicamentos por forma a serem classificados como sujeitos a receita médica

(MSRM), devem preencher pelo menos uma das seguintes condições: constituir um

risco direto ou indireto mesmo quando utilizados para o fim a que se destinam sem

vigilância médica adequada; possam ser utilizados para um fim diferente aquele a que

se destinam, podendo daí advir um risco para a saúde; contenham substâncias cuja

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atividade ou efeitos secundários, seja necessário aprofundar; serem administrados por

via parentérica.

5.3. Informação ao utente

A Lei n.º11/2012, de 8 março procede à alteração do Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30

agosto e, estabelece novas regras relativas à prescrição e dispensa de medicamentos

[2]. No ato de dispensa do medicamento, o farmacêutico deve informar o doente da

existência de medicamentos disponíveis com a mesma substância ativa, forma

farmacêutica, apresentação e dosagem, bem como aqueles que são comparticipados e

têm o preço mais baixo. O doente tem o direito de opção salvo se o médico prescritor

justificar de forma clara os motivos que impedem a substituição do medicamento: a) se

tiver margem ou índice terapêutico estreito; b) uma suspeita fundada e previamente

reportada ao INFARMED, de uma reação adversa ou intolerância; c) prescrição

destinada a assegurar a continuidade de um tratamento com duração superior a 28 dias.

5.4. Comparticipação de medicamentos

A comparticipação de medicamentos é feita por uma entidade financeira responsável,

habitualmente pelo SNS e destina-se a suportar uma fração do preço do medicamento

pago pelo beneficiário. No caso da entidade financeira ser o SNS, o preço final a ser

pago pelo utente depende se é abrangido pelo regime geral ou especial. Existem ainda

situações específicas de determinadas patologias como a diabetes, que possuí um

regime de comparticipação próprio. O regime geral divide-se em 4 escalões de

comparticipação que são definidos pela classificação farmacoterapêutica dos

medicamentos: (A) – 90%; (B) – 69%; (C) – 37 %; (D) – 15%. Os pensionistas têm uma

majoração adicional de 5% no escalão (A) e de 15% nos restantes escalões. Os

medicamentos manipulados são comparticipados em 30% do seu preço e encontram-

se descritos no anexo do Despacho n.º 18694/2010, 18 de novembro. Os beneficiários

podem ainda usufruir da complementaridade de sistemas na comparticipação, como por

exemplo: elementos das forças militares (ADM), beneficiários do Sindicato Nacional dos

Quadros e Técnicos Bancários (SNQTQ), Serviço de Assistência Médica Social (SAMS)

ou segurados de companhias Multicare® ou Médis®, acordos diretos com laboratórios,

entre outros. Ao longo do meu estágio, acompanhei algumas situações ao balcão de

beneficiários da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo

(APDL), que recorriam à FM pela localização da farmácia e a proximidade da mesma.

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5.5. Medicamentos Genéricos

De acordo com a Lei 11/2012, de 8 março 2012, a prescrição por DCI é obrigatória para

os medicamentos contento substâncias ativas para as quais existam medicamentos

genéricos autorizados. Durante o meu estágio na FM, pude observar que a maioria dos

utentes prefere medicamentos genéricos, salvo nas exceções previstas pelo médico

prescritor e referidas anteriormente. A população mostrava-se informada sobre os

encargos máximos a pagar pelo utente, sendo que habitualmente optavam por um

medicamento genérico pertencente ao grupo do 5º preço mais baixo.

5.6. Medicamentos sujeitos a legislação especial: psicotrópicos e estupefacientes

De acordo com o Decreto-Lei 15/93, de 22 janeiro [3], medicamentos psicotrópicos e

estupefacientes estão sujeitos a um controlo específico e só são fornecidas ao público

mediante uma receita médica especial isolada que não contenha outro medicamento. A

receita não pode ser aviada caso tenham decorrido 10 dias sobre a sua emissão.

O farmacêutico aquando da dispensa preenche um formulário próprio no WinPhar com

os dados do médico prescritor, do utente, assim como os dados do adquirente, caso

não seja a mesma pessoa: número do cartão de cidadão, prazo de validade, morada e

data de nascimento. O talão de venda é assinado pelo doente ou adquirente e anexado

à cópia da receita que fica arquivada nos registos da farmácia por um período de 3 anos.

As saídas destes fármacos são comunicadas mensalmente para o INFARMED. Ao

longo do meu estágio verifiquei por algumas vezes a dispensa destes medicamentos,

nomeadamente buprenorfina para casos de dor oncológica.

5.7 Verificação de receiturário e faturação

A verificação do receituário é um procedimento que se destina a confirmar se todas as

receitas médicas materializadas possuem a informação correta, nomeadamente: o

documento de faturação dos medicamentos dispensados impresso no verso das

mesmas, a data da dispensa, o direito opção e assinatura do utente e se estão

devidamente carimbadas e datadas. As receitas são separadas por organismo e

organizadas em lotes de 30 receitas. No final de cada mês, no fecho da faturação, os

lotes são enviados para a Associação de Farmácias de Portugal ou para o Centro de

Faturas do SNS, caso não sejam abrangidas por nenhum subsistema de saúde.

5.8. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM)

São MNSRM todos aqueles que não satisfazem as condições dos medicamentos

sujeitos a receita médica. Os MNSRM não são comparticipáveis, salvo por situações

excecionais que possuam uma justificação de saúde pública.

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5.9 Medicamentos não Sujeitos a Receita Médica de dispensa exclusiva em

Farmácia (MNSRM-EF)

O Decreto-Lei n.º128/2013, de 5 de setembro, introduziu esta nova categoria e

posteriormente a deliberação do INFARMED nº 24/CD/2014, de 26 de fevereiro,

aprovou o regulamento dos MNSRM-EF [4]. Atendendo as suas características e as

patologias a que se dirigem, estes medicamentos dispensam a obrigatoriedade de uma

prescrição médica, mas possuem atributos que os tornam eletivos para a dispensa em

farmácia sob a supervisão de um farmacêutico por questões de segurança e eficácia na

utilização. O INFARMED é a autoridade competente que estabelece uma lista de DCI´s

aprovadas (atualmente 24), assim como os protocolos de dispensa e as respetivas

indicações terapêuticas. Esta é uma lista dinâmica e o objetivo é aumentar

progressivamente o número de DCI´s, num processo de reclassificação de alguns

MSRM para MNSRM-EF, num claro sinal de valorização do papel do farmacêutico

enquanto profissional de saúde e peça integrante do SNS.

6. Dispensa de outros produtos farmacêuticos

6.1. Produtos de dermocosmética e higiene corporal

O Decreto-Lei n.º189/2008 de 24 setembro estabelece o regime jurídico dos produtos

cosméticos e de higiene corporal, dando particular relevo à intervenção do INFARMED

enquanto autoridade competente para supervisionar o mercado, promovendo a

proteção da saúde pública e os direitos dos consumidores nesta área. De acordo com

a definição descrita na legislação, produto cosmético é qualquer substância ou

preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do

corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e

órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de,

exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger,

manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais.

FM possui uma oferta bastante alargada de produtos de dermocosmética e higiene

corporal. Face à grande variedade existente os utentes procuram sempre um

aconselhamento especializado sobre os produtos que melhor se adaptam à sua

circunstância. Pude observar que a opinião do farmacêutico na FM é bastante valorizada

tanto em situações que decorrem por iniciativa do utente, assim como naqueles que já

estão a ser seguidos por dermatologistas e se fazem acompanhar de receita médica.

Os transtornos menores de dermatologia mais frequentes são acne retencional ou

inflamatório, sendo as prescrições mais frequentes os antibióticos orais/tópicos, os

contracetivos orais ou ainda, os retinoides tópicos. O farmacêutico pode sempre

aconselhar medidas não farmacológicas a título de exemplo, os cuidados de limpeza

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diários, para minimizar e regular a hiperprodução de sebo. Os artigos dermocosméticos

mais procurados pelos utentes são os produtos de higiene íntima, cremes antirrugas,

hidratantes corporais, cremes para a rosácea/manchas vermelhas no rosto e ainda os

champôs para a caspa e dermatite seborreica. Durante o meu estágio, acompanhei de

perto as várias campanhas temáticas que a FM dinamizou: dia da Mãe e dia da Mulher

só para referir algumas com bastante sucesso, com descontos significativos em vários

produtos, tornando-os mais atrativos para os utentes que assim tinham uma

oportunidade para os conhecer.

6.2. Produtos dietéticos, nutrição clínica e alimentação especial

A FM disponibiliza semanalmente aos seus utentes consultas de nutrição conduzidas

por uma nutricionista colaboradora da Farmodiética, S.A., empresa que detém e

comercializa os produtos EasySlim®. Cada utente recebe um plano nutricional

individualizado, onde constam produtos dietéticos que se destinam a ser incluídos numa

dieta adaptada às necessidades de cada indivíduo, nomeadamente potenciar a perda

de peso.

Para além dos produtos dietéticos, ao longo do meu estágio pude também acompanhar

prescrições de alimentação especial. De acordo a definição dada pelo Decreto-Lei

216/2008, são alimentos destinados a um fim medicinal específico, aqueles que são

sujeitos a um processamento e formulação especiais, para doentes que tenham a

capacidade alterada para ingerir ou digerir os alimentos e nutrientes neles contidos -

habitualmente decorrente de doença oncológica, pós-operatório ou com algum

comprometimento da função digestiva. Estes utentes necessitavam de um regime

adaptado à sua situação, por vezes um regime hiperproteico e hipercalórico, sendo que

as prescrições médicas indicavam alguns produtos da gama Nutricia® que é a unidade

especializada em nutrição entérica do grupo Danone®. Nestes casos, a FM não tinha

um stock destes produtos sendo encomendados especificamente para estes utentes,

porque habitualmente os produtos de alimentação especial têm um prazo de validade

mais reduzido.

6.3. Medicamentos homeopáticos, suplementos alimentares e produtos

fitoterapêuticos

Um medicamento homeopático é obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou

matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na

farmacopeia europeia, ou na sua falta, uma farmacopeia oficial de um estado membro.

Os medicamentos homeopáticos sujeitos a um registo simplificado (MHRS), devem

cumulativamente: ser administrados por via oral ou externa; apresentar um grau de

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diluição que garanta a inocuidade do medicamento; não apresentar quaisquer

indicações terapêuticas especiais na rotulagem ou na informação relativa ao

medicamento.

No caso de medicamentos homeopáticos que apresentem indicações terapêuticas,

esses estão sujeitos a autorização de introdução no mercado, sendo aplicável o mesmo

regime jurídico para medicamentos de uso humano, Decreto-Lei n.º176/2006 e

alterações introduzidas no Decreto-Lei n.º20/2013.

Os medicamentos à base de plantas ou fitoterapêuticos são de acordo com a legislação,

Decreto-Lei n.º176/2006, de 30 de agosto, medicamentos que tenha exclusivamente

como substâncias ativas uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma ou mais

preparações à base de plantas ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas em

associação com uma ou mais preparações à base de plantas,.

Os suplementos alimentares são definidos, de acordo com o Decreto-Lei n.º 118/2015

de 23 de junho, como: géneros alimentícios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de

determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico,

estremes ou combinadas, comercializada em forma doseada que se destinam a ser

tomados em unidades medidas de quantidade reduzida. Como tal, ao não serem

considerados medicamentos, não podem fazer menção de qualquer atividade profilática

ou de cura de doenças, servindo apenas como complemento de uma alimentação

normal e não podendo, em qualquer instância, afirmar que uma alimentação variada

não é por si só uma fonte natural e satisfatória das necessidades do nosso organismo.

Compete à Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), a definição, execução

e avaliação das políticas de segurança alimentar, sendo a Autoridade de Segurança

Alimentar e Económica (ASAE) a responsável pela fiscalização de todas as diretrizes

relacionadas com suplementos alimentares.

Na FM os utentes tradicionalmente não optam por medicamentos homeopáticos, nem é

política ativa da FM a sua indicação. No que diz respeito aos suplementos alimentares

os produtos mais procurados são os suplementos que contêm magnésio para situações

de fadiga muscular ou suplementos que contém Ginko (Ginko biloba) e/ou Ginseng

(Panax ginseng), para situações de memória e cansaço intelectual. No que respeita os

medicamentos à base de plantas o mais frequente são os que contém extratos de raiz

de valeriana (Valeriana officinalis) para situações de ansiedade ligeira. No que diz

respeito a estes produtos, tive a oportunidade de acompanhar uma situação

interessante ao balcão em que numa receita médica juntamente com a prescrição de

uma benzodiazepina e um antidepressivo, existia a indicação para a toma concomitante

de um multivitamínico que tinha na sua composição vitaminas do complexo B.

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6.4. Produtos de puericultura

De acordo com a legislação vigente Decreto-Lei 10/2017, artigo de puericultura é

qualquer produto destinado a facilitar o sono, o relaxamento, a higiene, a alimentação e

a sucção das crianças. A FM dedica uma atenção particular para os artigos de

puericultura, reservando para esse efeito um espaço considerável na farmácia. Durante

o meu estágio tive a oportunidade de verificar que a FM se empenhou em conduzir

várias campanhas com descontos significativos em produtos essenciais como papas,

fraldas ou fórmulas infantis. As fórmulas infantis dividem-se em: leites para lactentes,

tipo 1, leite de transição tipo 2 e leite crescimento tipo 3, podendo ser subdivididos em

grupos com indicações particulares: anti regurgitação (AR), hipoalergénicos (HA) ou

sem lactose. Os utentes da FM procuravam muitas vezes um aconselhamento

especializado sobre qual o produto mais adaptado para as necessidades da criança,

tanto ao nível de alimentação, como referente aos cuidados de higiene para o bebé.

6.5 Medicamentos de uso veterinário

A FM está inserida numa zona onde existem explorações agrícolas nas imediações.

Alguns utentes recorrem à FM para esclarecer dúvidas sobre antiparasitários internos e

externos para animais de companhia como cães e gatos e ainda medicamentos anti-

inflamatórios de uso animal.

6.6. Manipulados

Medicamento manipulado é uma fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e

dispensado por um farmacêutico, tal como definido no Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22

abril e na Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho que aprova as boas práticas a observar

na preparação de medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar. Os

medicamentos manipulados têm uma expressão simbólica na FM. Mesmo dotada de

instalações próprias e algum equipamento para o fabrico de medicamentos manipulados

como balança analítica e pedra para espatulação, a FM opta por subcontratar este

serviço, sendo que o do preço dos medicamentos manipulados se encontra definido na

Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho. A rastreabilidade do medicamento manipulado é

assegurada através da documentação que acompanha o medicamento: a cópia da

prescrição médica, a nota de encomenda, a fatura e o certificado de análises, sendo

que os registos técnicos são conservados na farmácia por um período 3 anos.

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6.7. Dispositivos médicos

A fronteira entre medicamento e dispositivo médico é estabelecida tendo em

consideração a finalidade do produto e o mecanismo pelo qual o mesmo exerce efeito

no corpo humano. Os dispositivos médicos dividem-se em 3 classes de risco, mediante

o tempo de contacto com o dispositivo, o local de utilização e os riscos decorrentes da

sua utilização: classe I – risco baixo, classe IIa e IIb – risco médio, classe III-risco alto.

Durante o meu estágio, verifiquei que os dispositivos mais representativos solicitados

pelos utentes na FM foram os irrigadores para lavagem nasal, máscaras pediátricas

para nebulizadores, material para doentes ostomizados e testes de gravidez. O papel

do farmacêutico aquando da dispensa destes produtos passa por uma explicação do

funcionamento destes artigos e dos cuidados a ter na sua utilização.

7.0 Serviços Farmacêuticos

A FM disponibiliza à população um leque variado de cuidados de saúde de qualidade,

tanto na vertente preventiva como terapêutica. Os utentes da FM podem assim usufruir

comodamente de um serviço de proximidade, evitando deslocações a outros serviços

de saúde.

7.1. Determinação da pressão arterial, peso, altura e índice de massa corporal

A medição da pressão arterial é feita num gabinete separado da área de atendimento,

para maior conforto e privacidade do utente. Os utentes que recorrem a este serviço da

farmácia são habitualmente clientes regulares da farmácia, diagnosticados e medicados

para a HTA que por indicação médica vigiam regularmente a sua pressão arterial, sendo

os valores registados num pequeno desdobrável fornecido pela FM ao utente.

Ao longo do meu estágio pude realizar várias medições aos utentes e, acompanhei uma

situação de uma utente, que apresentava uma crise hipertensiva, com historial de AVC

e queixas de dores de cabeça, em que foi feita a referenciação médica e mediante a

apresentação do quadro descrito, a utente foi encaminhada para um serviço de

urgência. A farmácia dispõe ainda de uma balança eletrónica para o controlo do peso,

altura e IMC dos utentes.

7.2 Determinação dos níveis de glicemia, colesterol total e triglicerídeos

A comodidade para o utente que se traduz na determinação de parâmetros bioquímicos

como a glicemia, o colesterol total e os triglicerídeos com resultados em poucos minutos,

faz com que sejam serviços procurados ao longo de todo o ano por toda a população

de uma forma geral, especialmente pelos utentes medicados com antidiabéticos orais.

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7.3. Administração de vacinas e medicamentos injetáveis

A FM disponibiliza o serviço de administração de vacinas e medicamentos injetáveis,

mediante a apresentação da respetiva receita médica por parte do utente. Os casos

mais frequentes são as queixas osteoarticulares ou de dores musculares, em que as

prescrições mais habituais são analgésicos e/ou relaxantes musculares

fundamentalmente para o alívio da dor e controlo da sintomatologia.

7.4. Consultas de Nutrição, Cessação tabágica e Podologia

A promoção de comportamentos saudáveis junto da população e o combate ao excesso

de peso e obesidade é cada vez mais uma área de atuação dos farmacêuticos em

farmácia comunitária. A FM colabora com uma equipa de nutricionistas que dinamizam

semanalmente consultas de nutrição junto dos utentes que procuram um apoio

especializado para atingirem os seus objetivos, seja de perda de peso, ganho de massa

muscular, ou outro. Outro serviço que tem uma procura muito grande na FM são as

consultas mensais de podologia cujo horário está sempre preenchido. A consulta de

cessação tabágica não tem uma expressão tão grande como as anteriores, no entanto

em termos de satisfação, o relato de clientes que experimentaram é bastante positivo.

7.5 Valormed e campanha de recolha de radiografias

A FM contribui para a preservação do ambiente através uma gestão correta dos

resíduos e embalagens de medicamentos fora de uso, e participa ativamente em

programas de recolha de radiografias levadas a cabo por diversas instituições

nomeadamente a AMI, sendo este um serviço gratuito que a FM presta.

Parte II – TEMAS DESENVOLVIDOS EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA

TEMA 1 - Promoção de hábitos de saúde junto de uma população infantil:

cuidados com a exposição e proteção solar - apresentação na Escola E.B.1

Agudela. Rastreio da pele.

1.1. Introdução

Um farmacêutico para além das competências específicas na área do medicamento é

um profissional com responsabilidades e funções alargadas enquanto agente de saúde

pública. O estatuto profissional do farmacêutico publicado no Diário da República em 4

setembro 2015 – Lei nº 131/2015, faz o reconhecimento das competências do

farmacêutico enquanto participante ativo na cadeia de valor do serviço nacional de

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saúde, ajudando na promoção de medidas preventivas de bem-estar e saúde para a

comunidade. A função de um farmacêutico comunitário transcende a mera dispensa de

medicamentos.

Atendendo a que a FM se encontra numa localidade próxima do litoral com bastante

exposição solar, contactei a coordenadora da Escola E.B.1 da Agudela (Dr.ª Mónica

Rodrigues), no sentido de agendar uma apresentação dirigida a 2 turmas de jovens do

4º ano com idades entre os 9 e os 11 anos. O tema que decidi propor foi: cuidados com

a exposição e proteção solar. A coordenadora considerou o tema pertinente atendendo

as visitas de estudo e atividades extracurriculares que os meninos iriam fazer no Verão,

tendo a apresentação ocorrido no dia 15 de maio (fig.2) e cujo conteúdo se encontra em

anexo. Apesar de ser uma coincidência temporal, refira-se que em Portugal, o dia do

Euromelanoma/Dia dos Cancros de Pele, celebrou-se no dia 16 maio, sendo um dia

também comemorado internacionalmente em vários países em datas diferentes.

Pude ainda participar num rastreio de pele numa iniciativa levada a cabo pela Inneov®

no dia 4 e 5 de junho na FM. Este rastreio consistia na determinação de algumas

características da pele, como a oleosidade, hidratação, elasticidade, pigmentação e

rugas através um equipamento com câmaras de alta resolução com uma aplicação de

software proprietário. A partir do resultado obtido foi possível fazer um diagnóstico e

propor um produto adequado às necessidades da pele do utente.

Num caso de uma utente com pele sensível com rosácea, pude recomendar alguns

cuidados: a higiene diária com uma água micelar, o uso de um creme hidratante e

protetor solar adaptado à sua pele.

1.2. Exposição solar e risco de melanoma:

A exposição solar excessiva traduz-se num fator de risco para o desenvolvimento de

cancro de pele e presentemente assiste-se a um aumento na incidência dos casos de

melanomas em áreas do corpo que são expostas a radiação solar intermitente, como é

o caso do peito e os braços dos homens ou na parte inferior das pernas das mulheres

[5]. O cancro de pele não surge imediatamente no decurso de uma exposição, existindo

um período de latência que pode variar de anos ou décadas. Para que a doença se

desenvolva são necessárias várias mutações acumuladas ao longo do tempo e

simultaneamente uma inativação dos processos de reparação celular, nomeadamente

nucleotide excision repair (NER), base excision repair (BER) assim como uma alteração

nos genes supressores de tumores como o p53. No que diz respeito à exposição solar

intensa e concentrada, os dados epidemiológicos sugerem que a exposição intensa que

provoque uma queimadura solar que tenha ocorrido na infância, é um fator de risco

para o desenvolvimento de melanoma na vida adulta [6]. O dano causado no DNA pela

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radiação ultravioleta (UV) induz alterações celulares nos melanócitos e queratinócitos,

alterando a capacidade regenerativa dos mesmos e desempenha um papel central na

patogenicidade destes tumores.

1.3. Tipos de cancro de pele:

As lesões na pele resultantes de uma exposição solar dividem-se em 4 grandes grupos

e frequentemente indiciam o tipo de cancro de pele [7]:

-Carcinoma Basocelular: a forma mais habitual e menos perigosa de cancro de pele. Os

carcinomas basocelulares apresentam-se como pequenas elevações na pele com uma

superfície brilhante e por vezes com uma pequena ferida ao centro (fig3). Podem-se

confundir estas lesões com eczema ou psoríase refratária a tratamento com cremes

hidratantes ou corticoterapia tópica. Localizam-se habitualmente nas zonas mais

expostas como pescoço ou cabeça, nos braços ou pernas. Se não for tratada

atempadamente (habitualmente cirurgia), os carcinomas basocelulares podem crescer

e destruir os tecidos envolventes.

-Carcinoma Espinocelular: a segunda forma mais comum de cancro de pele. Apresenta-

se como uma elevação na pele com uma superfície de bordos irregulares, cicatrizada

ou com pele avermelhada (fig. 4). Pode crescer rapidamente progredindo para uma

lesão ulcerativa, podendo-se confundir com uma verruga. Estas lesões localizam-se

habitualmente nas zonas expostas ao sol, como a face, orelhas, pescoço e membros.

São particularmente prevalentes em zonas da pele que sofreram exposição ao sol e

que, concomitantemente exibem sinais de envelhecimento precoce como rugas ou a

perda de tónus facial. Se não forem tratados, os carcinomas das células escamosas

podem penetrar mais profundamente na pele e causar deformações, sendo que em

casos mais raros, espalham-se aos nódulos linfáticos e a outros órgãos podendo ser

potencialmente fatais. Habitualmente este tipo de carcinoma tem um prognóstico

favorável se detetado a tempo sendo que o tratamento cirúrgico é a opção

recomendada.

-Queratose actínica: caracteriza-se por lesões superficiais que podem surgir

isoladamente ou em zonas mais extensas, com uma coloração vermelha ou

acastanhada e que ao toque são rugosas (fig.5). A queratose actínica surge em zonas

que tiveram uma exposição crónica ao sol ao longo dos anos, como a face, as costas

das mãos, as orelhas ou a cabeça. São consideradas lesões pré-cancerígenas que

devem ser tratadas o quanto antes para prevenir que evoluam para carcinomas

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espinocelulares. Se as lesões forem localizadas, uma opção de tratamento possível

poderá consistir em destruir as células com azoto líquido.

- Melanoma: é o tipo de cancro de pele menos frequente, mas a forma mais perigosa.

Os melanomas apresentam-se como manchas escuras castanhas de bordos irregulares

ou de cores diferentes, não sendo facilmente identificáveis à primeira vista, podendo ser

confundidos como sinais ou marcas de nascença (fig. 6). Os melanomas podem surgir

em qualquer zona do corpo, mas habitualmente no peito e nas pernas e em 30% dos

casos em locais onde existe um sinal. Sintomas tais como uma lesão nova em indivíduos

com mais de 40 anos, com sensação de comichão ou sangramento deverá ser motivo

para ser observado por um dermatologista. Podem crescer e disseminar rapidamente

pelo corpo, pelo que o procedimento cirúrgico é a opção mais frequente.

1.4. Medidas de prevenção:

Evitar a exposição ao sol no período mais crítico das 11h-16h e utilizar roupa protetora

continua a ser a medida mais eficaz na proteção da radiação UV e dos seus efeitos

nocivos a longo prazo [8]. Contudo, estas recomendações colidem com um estilo de

vida moderno em que popularizou uma exposição intermitente ao sol e um “tom

bronzeado” o ano todo. Por esse motivo, para além das recomendações clássicas já

referidas anteriormente, a utilização de produtos protetores solares torna-se essencial.

A crescente diversidade nas apresentações galénicas dos protetores solares (cremes,

geles, loções, óleos, sticks, sprays, só para referir alguns), a existência de formulações

adaptadas ao tipo de pele (pele mista, oleosa ou pele seca), ou ainda a incorporação de

agentes antioxidantes ou cosméticos, permite ao farmacêutico aconselhar o produto

mais indicado ao utente adaptado para cada situação.

1.5. Conclusões:

Um estudo transversal da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo em colaboração

com o CINTESIS e a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto publicado em

2017, revela aspetos interessantes no comportamento dos educadores, profissionais de

saúde e da população em geral face à exposição solar [9]. Apesar da crescente

evidência científica que a exposição excessiva à radiação ultravioleta é o principal fator

evitável no desenvolvimento de cancro cutâneo, ainda existem comportamentos

erráticos e hábitos sociais inconsistentes face à exposição solar. Dos 678 inquéritos

realizados,127 inquiridos (19%) responderam que nunca usaram protetor solar quando

expostos ao sol, 222 inquiridos (35%) reportaram que sofreram uma queimadura solar

no verão passado e 396 inquiridos (60%) relataram que tiveram pelo menos um episódio

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de queimadura solar antes dos 15 anos. Segundo os autores, ainda há um caminho a

percorrer e uma oportunidade para melhorar nos hábitos da população. Outro estudo do

mesmo grupo de trabalho [10] publicado em 2017, conduzido em 12 escolas primárias

do Porto com uma população de 2114 estudantes, revelou resultados animadores e uma

melhoria generalizada nos hábitos de exposição solar das crianças no ano de 2012 em

comparação com 2004. Os autores observaram um aumento na percentagem de

crianças que colocavam regularmente protetor solar (35% vs 15%) e que utilizavam

chapéu quando expostas ao sol (64% vs 59%). Apesar da melhoria dos

comportamentos, observaram também um aumento na taxa de queimaduras solares

(43% vs 37%), o que segundo os autores poderá estar relacionado com um aumento

crescente de atividades e desportos ao ar livre das crianças.

Em conclusão, assistimos a uma crescente quantidade de evidências e de fontes de

informação disponíveis relacionados com a exposição solar. Contudo, paradoxalmente,

observa-se um aumento de episódios relacionados com queimaduras solares. Por este

motivo, todas as ações de sensibilização e campanhas que se possam desenvolver

junto da população mais jovem e dos educadores devem ser estimuladas e

consideradas como investimento em medidas de saúde pública.

TEMA 2 – Onicomicoses

2.1. Introdução

A saúde dos pés é uma situação frequente que leva os utentes à farmácia, tendo a FM

uma consulta especializada de podologia. Com o aproximar dos meses de verão

constatei que os pedidos de informação dos utentes relacionados com as unhas,

nomeadamente, infeções fúngicas tornaram-se cada vez mais frequentes. Esta situação

provavelmente está relacionada com a vontade dos utentes na utilização de calçado

mais aberto, a que não é alheia também a maior pressão publicitária existente na rádio

e na televisão a vários produtos antifúngicos de venda livre neste período do ano. Após

pesquisa no site do INFARMED verifiquei que existem 2 antifúngicos para uso tópico na

listagem de MNSRM-EF [11]: amorolfina e ciclopirox. Atendendo a que são 2 produtos

de venda exclusiva em farmácia, procurei desenvolver o tema onicomisoses.

2.2. A infeção fúngica

Onicomicose (OM) é o termo genérico para descrever uma infeção fúngica nas unhas

das mãos ou dos pés. A OM é a situação clínica mais prevalente nas alterações das

unhas (onicopatias). Os agentes etiológicos responsáveis podem ser fungos

dermatófitos, bolores e mais raramente espécies de leveduras como por exemplo

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Candida spp. As espécies mais frequentemente envolvidas são o Trichophyton rubrum

e Trichophyton mentagrophytes. Alguns fatores de risco que predispõem à OM já foram

identificados como: idade avançada do doente, hiperhidrose (sudação excessiva),

doença vascular periférica, imunocomprometidos, diabetes, psoríase, prática desportiva

com frequência de balneários públicos e predisposição genética [12]. A prevalência de

OM na população geral foi bastante elevada de 29,6%, de acordo com um estudo

europeu realizado em 16 países [13].

2.3. Impacto da onicomicose

A OM causa um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas, que transcende

a questão estética e que resulta muitas vezes em problemas de autoestima para o

doente. Para além da questão da imagem, uma intervenção tardia pode conduzir a outro

tipo de complicações mais graves. O comprometimento da unha e da pele enquanto

barreira física protetora, pode predispor para o desenvolvimento de úlceras, osteomielite

e gangrena em doentes diabéticos, podendo inclusive significar o risco de uma infeção

sistémica nos doentes que se encontrem imunodeprimidos como doentes infetados pelo

vírus HIV-SIDA. Convém, no entanto, referir que na maioria dos casos a onicomicose

não se traduz numa condição de risco para o doente. Pode contudo, acarretar um

constrangimento social e traduzir-se num impacto negativo nas atividades profissionais

e pessoais do doente, pelo que o seu tratamento e seguimento deve ser valorizado por

todos os profissionais de saúde envolvidos.

2.4. Apresentações clínicas de onicomicose:

A OM pode classificar-se em 5 subtipos [14]:

a) Onicomicose distal e lateral: a forma mais comum de OM, com manchas amarelas ou

brancas com o fungo a invadir a parte lateral e distal da unha (fig. 7). Pode ocorrer

onicólise (separação da unha do leito) e hiperqueratose (produção de queratina

excessiva). Os dedos do pé mais afetados são o primeiro e o último pododáctilo, devido

ao esforço mecânico a que as unhas estão sujeitas devido ao calçado, o que as

predispõe mais à infeção fúngica.

b) Onicomicose superficial branca: subtipo menos habitual que o anterior. A infeção

fúngica ocorre na superfície da unha podendo nalguns casos atingir zonas mais

profundas. Visualmente caracteriza-se por bandas esbranquiçadas ao longo da unha e

que a tornam mais friável (fig. 8).

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c) Onicomicose proximal subungueal: é o subtipo mais raro de OM mas relativamente

comum em doentes imunosuprimidos. Inicialmente apresenta-se como uma mancha

amarelada ou esbranquiçada perto da cutícula e que com o normal crescimento da unha

progride para zonas mais distais (fig. 9).

d) Onicomicose originada por Candida spp.: em doentes com candidíase crónica e

associado a inflamação periungueal, sendo mais frequentes em mulheres do que em

homens (fig. 10). Representa cerca de 5 a 10% do total de onicomicoses.

e) Onicomicose distrófica total: pode ser o estadio final de todas formas anteriores, com

a unha bastante fragilizada e deformada.

O sucesso terapêutico é influenciado pelo subtipo de OM sendo que no mesmo doente

poderá coexistir mais do que um subtipo. A OM distrófica total é a que apresenta pior

prognóstico. Acresce para além do subtipo de OM existem outros fatores que

contribuem para uma diminuição da eficácia no tratamento como por exemplo: uma

hiperqueratose subungueal que dificulta a penetração dos fármacos num tratamento ao

nível tópico como os vernizes, uma circulação periférica débil como nos doentes idosos

ou diabéticos, ou a formação estruturas de resistência (biofilmes fúngicos) levando a

que alguns doentes possam ser refratários à terapêutica [15].

2.5. Tratamento da onicomicose

O objetivo final do tratamento nas onicomicoses é obter unhas sãs e livres da infeção

fúngica, sendo que o termo “cura” é entendido sobre várias perspetivas [16]:

- a cura micológica que se define pela ausência de fungos em observação microscópica

e complementada com uma prova laboratorial com auxílio a meio cultural;

- a cura clínica, definida em termos de percentagem de unha sã e unha afetada

- a cura completa, a que desejavelmente se pretende atingir, sendo a combinação da

cura micológica e clínica.

2.6. Tratamento tópico

Os fármacos mais frequentemente utilizados são o ciclopirox e a amorolfina e ambos

existem sob a forma de verniz de unhas medicamentoso [16]. Após a aplicação do verniz

ocorre um fenómeno de concentração da substância ativa na superfície da unha. A

concentração inicial de 8% de ciclopirox pode atingir os 34,8% após aplicação e

secagem do verniz. No caso da amorolfina, a concentração inicial de 5% com a

evaporação do solvente pode atingir os 27%. No entanto, caso existam fenómenos de

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hiperqueratose, quebras ou descontinuidades na unha ou a presença de canais

fúngicos, este facto pode comprometer a penetração dos fármacos na lâmina ungueal

e a eficácia do tratamento.

O ciclopirox é uma hidroxipiridona que possui atividade fungicida por atuar em diferentes

processos metabólicos da célula fúngica: atua como agente quelante de metais como o

ferro e do alumínio, alterando a atividade mitocondrial, mais concretamente na cadeia

de transporte de eletrões; diminui a atividade das enzimas catalase e peroxidase,

aumentando o stress oxidativo da célula fúngica; inibe a captação de aminoácidos,

reduzindo a capacidade para a síntese de proteínas. Possui um espetro de atividade

alargada contra dermatófitos, leveduras, fungos e não dermatófitos como Scopulariopsis

spp. e Aspergillus spp. O tratamento mínimo recomendado dura cerca de 48 semanas

para uma aplicação diária do verniz em camada fina. Contudo, quando usado em

monoterapia, as taxas de cura micológica são relativamente baixas de 47-63%, e

apenas de 25% para a taxa de cura completa. Os efeitos secundários desenvolvem-se

a um nível local e com carácter transitório, podendo incluir irritação cutânea, sensação

de ardor, vermelhidão e comichão.

A amorolfina é um fármaco que pertence à classe das morfolinas com uma atividade

alargada fungicida e fungistática contra dermatófitos, fungos e bolores. O mecanismo

de ação da amorolfina consiste na inibição de enzimas envolvidas na biossíntese do

ergosterol, componente essencial na membrana celular dos fungos. A aplicação do

verniz deverá ser realizada de 1 a 2 vezes por semana e a duração do tratamento oscila

entre 36 a 52 semanas dependendo da intensidade da infeção e a cura das áreas

afetadas, sendo que a cura clínica em monoterapia tópica com a amorolfina obtém-se

entre 38-54%. Os efeitos secundários são raros, mas poderão ocorrer fenómenos de

irritação local, descloração da unha e descolamento da unha a partir da ponta dista

(onicólise).

Não existem ensaios comparativos com estes 2 fármacos que demonstrem a

superioridade de um tratamento tópico de amorolfina vs ciclopirox na onicomicose,

contudo um estudo de revisão aponta que o tratamento tópico com ciclopirox apresenta

taxas de cura ligeiramente inferiores [17].

2.7. Tratamento sistémico

Se após 6 meses de tratamento os doentes não demonstrarem melhorias com

monoterapia tópica, deverão ser referenciados para consulta médica da especialidade

e iniciar terapia com medicação oral [18]. A terbinafina, atualmente é o fármaco de 1ª

linha e o mais eficaz no tratamento da OM por via oral. O seu mecanismo de ação resulta

da inibição da epoxidase do esqualeno, culminando num aumento intracelular de

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esqualeno (produto tóxico para as células fúngicas) e numa depleção de ergoesterol

que é fundamental para as membranas celulares. A dose recomendada de terbinafina

é de 250 mg/dia para um período de 6 semanas numa unha da mão e 12 semanas se

for numa unha do pé [19]. A terbinafina é uma molécula lipofílica com volume de

distribuição de 1000L. Após uma semana de tratamento, o fármaco atinge

concentrações detetáveis na unha e persistentes até 30 semanas após a terapia ter sido

interrompida. A biodisponibilidade oral da terbinafina é de cerca 70% e a absorção não

é afetada pela ingestão de alimentos, sendo os seus metabolitos inativos sem atividade

antifúngica excretados fundamentalmente por via urinária [20]. A terapia oral com

terbinafina não é recomendada em doentes com doença hepática e também está contra-

indicada em crianças.

2.8. Tratamento não farmacológico

Para além dos tratamentos farmacológicos, a intervenção mecânica na unha pode

tornar-se um imperativo no sentido de remover fisicamente estruturas de resistência

fúngicas como esporos. O procedimento cirúrgico de remoção da total da unha quando

complementado com uma terapia tópica revelou uma eficácia com uma taxa de cura de

56% [21]. A remoção da unha pode ser seletivamente aconselhada a pacientes que por

algum motivo não possam fazer uma terapia oral prolongada devido a interações

medicamentosas ou impedimento por doença hepática. Como exemplo de uma

interação medicamentosa, refira-se que a terbinafina é metabolizada pela enzima

CYP450 2D6 que também é responsável pela metabolização de alguns fármacos

antidepressivos tricíclicos, inibidores selectivos da recaptação da serotonina ou

fármacos bloqueadores beta. Apesar de esta interação ser rara e ter uma incidência

baixa na prática clínica, o uso concomitante destes fármacos deve ser evitado e outra

estratégia de tratamento prosseguida [22]. Para além da remoção da unha existem

outros tratamentos não farmacológicos como é o caso do tratamento laser sendo o Nd-

YAG (neodymium-doped yttrium aluminium garnet) o mais testado ao nível de ensaios

clínicos. Num ensaio clínico que envolveu 82 amostras de pacientes com onicomicose

verificou-se melhorias em 60% dos casos quando seguido um esquema de 2 sessões

por semana, ao longo de 8 semanas. No entanto são necessárias mais evidências que

suportem a eficácia clínica a longo prazo [23, 24] sendo que estas opções terapêuticas

apesar de válidas, devem ser encaradas como uma medida complementar aos

tratamentos farmacológicos.

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2.9. Conclusões

Os tratamentos das OM são longos (podendo durar 12 meses) e dispendiosos.

Frequentemente os utentes quando se dirigem à farmácia já viram nos media alguma

solução que alegadamente permite resolver a infeção fúngica e prometendo atingir

resultados visíveis em poucas semanas. Ao longo do estágio, deparei-me com algumas

apresentações tópicas de venda livre para o tratamento das infeções fúngicas. Contudo

esses produtos não exibem a composição química no rótulo o que torna praticamente

impossível conseguir fazer um aconselhamento ao doente. Nos produtos em que

efetivamente existe a descrição da formulação no rótulo é possível encontrar a

referência a ureia e a ácidos como cítrico e acético. Nestes casos a ureia atua como um

agente queratolítico e os ácidos funcionam como agentes fungicidas por alteração do

pH do meio. No entanto, não estão indicadas as concentrações das substâncias

presentes na formulação, o que coloca dúvidas ao nível da evidência e da eficácia

destes produtos.

Em suma, percebe-se assim o papel do farmacêutico no aconselhamento junto do

utente e tratamento de uma onicomicose: esclarecer sobre os produtos de venda livre

que possam ser mais omissos ao nível da informação. Em simultâneo informar o doente

que o tratamento de uma onicomicose é longo e que a adesão à terapêutica é um

compromisso fundamental que o doente deve assumir. O farmacêutico deve fazer um

aconselhamento apoiado em produtos de maior eficácia e com um nível de evidência

superior, esclarecendo que tal facto se irá traduzir numa maior probabilidade de

sucesso, para atingir a cura total e prevenir recidivas futuras. Na maior parte dos casos

o doente apresenta-se na farmácia já numa fase avançada da doença, na busca de

resultados imediatos para o melhoramento do aspeto estético da unha. Atendendo ao

estado avançado da infeção fúngica, por vezes o tratamento tópico não é suficiente e

há a necessidade de referenciar para consulta médica no sentido iniciar terapia

combinada: tratamentos tópicos e medicação oral sujeita a receita médica.

TEMA 3 – Semana da saúde na farmácia dos Mares. A síndrome metabólica

3.1. Introdução

Ao longo do meu estágio estive sempre envolvido na medição de parâmetros fisiológicos

e bioquímicos dos utentes que recorriam à farmácia. Inserida numa das várias iniciativas

levadas a cabo pela FM, realizou-se a semana da saúde: 5 dias, 5 rastreios gratuitos,

de 2 a 6 de abril de 2018. Os parâmetros escolhidos para os rastreios foram: hipertensão

arterial, índice de massa corporal, saúde cardiovascular, glicémia e colesterol total.

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Cada dia da semana esteve associado a um rastreio gratuito, o que permitiu que os

utentes, mediante a sua disponibilidade, marcassem presença no rastreio do seu

interesse. Esta iniciativa contou com utentes muito participativos, tendo-se revelado

uma excelente forma de aproximar ainda mais a comunidade da farmácia. Enquanto

futuro farmacêutico foi uma oportunidade privilegiada de abordar os utentes para a

importância da adesão à terapêutica como um dos fatores cruciais para o sucesso no

controlo da doença. Ao longo dessa semana fui capaz de desenvolver as minhas

competências comunicacionais na transmissão de conhecimentos aos utentes apelando

para a importância de comportamentos e adoção hábitos saudáveis como: a importância

do exercício físico e a cessação tabágica; o autocontrolo da glicémia como ferramenta

imprescindível na monitorização da diabetes em doentes já referenciados; a moderação

da ingestão de sal e a redução da pressão arterial e a importância de uma dieta

alimentar equilibrada, com moderação de gorduras saturadas e gorduras de origem

animal.

Esta iniciativa veio a revelar-se importante para a escolha de um dos temas que

desenvolvi no meu estágio: a síndrome metabólica.

3.2. Definição de síndrome metabólica e manifestações clínicas

A definição mais consensual de síndrome metabólica (SM) é uma posição conjunta

adotada por várias organizações internacionais [25]. A SM é um agregado de fatores de

risco cuja probabilidade de ocorrência em simultâneo é superior à probabilidade de

surgirem isoladamente. Estes fatores são: a obesidade central, hiperglicemia,

dislipidémia e hipertensão. No entanto, deve ser realçado que o SM não deve ser

considerado um indicador de risco absoluto. Entre outros fatores que contribuem para o

risco de doença cardiovascular (DCV) contam-se as causas não modificáveis como a

idade ou o género; ou causas modificáveis como a ingestão de bebidas alcoólicas ou o

tabagismo. As principais manifestações clínicas da síndrome metabólica são a doença

cardiovascular e a diabetes tipo 2, havendo ainda a possibilidade da manifestação de

outras complicações como: esteatose hepática, inflamação subcrónica persistente,

apneia do sono obstrutiva, hipogonadismo, hiperandroginismo e síndrome do ovário

policístico. Doentes diagnosticados com SM possuem um risco duas vezes superior

para desenvolvimento de DCV num intervalo de 5 a 10 anos.

3.3. Prevalência da síndrome metabólica em Portugal

A SM tem sido associado ao adulto que habita em países desenvolvidos ou em

desenvolvimento. Recentemente, um estudo transversal publicado em 2017 revelou que

a prevalência da SM atinge cerca de 40% da população em Portugal Continental [26].

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Este estudo revela aspetos interessantes na distribuição demográfica e socioeconómica

da SM. A maior prevalência ocorre em grupos específicos como: a população mais

idosa, aposentados ou desempregados, género feminino, com menor grau de

escolarização e que habitam em zonas rurais. Os autores não observaram, contudo,

diferenças significativas na prevalência da SM entre regiões “Norte”, “Centro”, “Lisboa”,

“Alentejo” e “Algarve”, o que indicia uma distribuição abrangente da SM em todo o

território nacional.

3.4. Diagnóstico

O diagnóstico da SM decorre da avaliação clínica complementado com os resultados de

análises laboratoriais. Por forma a diagnosticar o SM, três dos cinco fatores que se

descrevem em baixo devem estar presentes:

-Perímetro abdominal: obesidade abdominal ou corpo em forma de maçã com um

perímetro abdominal com valores de superiores a 88 cm em mulheres e de 102cm para

homens são considerados fatores de risco. Esta avaliação antropométrica constitui-se

de elevada importância no diagnóstico da SM em conjugação com o IMC;

-Nível de Triglicerídeos: farmacoterapêutica instituída para níveis triglicerídeos elevados

ou valores superiores a 150mg/dL;

-Colesterol HDL: valores inferiores a 50mg/dL para mulheres e a 40mg/dL para homens,

são considerados um fator de risco.

-Pressão arterial: farmacoterapêutica com anti-hipertensor instituída ou valores

superiores a 130/85mmHg;

-Glicémia em jejum: farmacoterapêutica instituída para diabetes ou valores superiores

a 100 mg/dL em jejum são considerados fatores de risco para SM.

3.5. O tecido adiposo e a importância das adipocitocinas para a SM:

Tradicionalmente o tecido adiposo foi considerado como um tecido de armazenamento

energia de forma passiva sob a forma de triglicerídeos. A perspetiva do tecido adiposo

enquanto depósito inerte de energia tem vindo a ser progressivamente reformulada,

apoiada na análise da expressão génica -secretoma. Os resultados obtidos demonstram

que o tecido adiposo tem uma capacidade endócrina notável capaz de secretar uma

variedade de substâncias bioativas: adipocitocinas [27,28]. Estas substâncias que na

sua maioria são péptidos, modulam uma série de vias de sinalização em vários órgãos

alvo e a sua secreção é fortemente regulada pela condição nutricional e pelo estilo de

vida do indivíduo. Atualmente sabe-se que indivíduos cujo IMC seja superior a 30 e o

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perímetro abdominal ultrapasse 102 cm nos homens ou 88 cm em mulheres, possuem

uma alteração no seu perfil de adipocitocinas. Estes indivíduos são mais suscetíveis a

alterações metabólicas, incluindo um aumento da resistência à insulina (fig. 12).

3.6. Adipocitocinas pró-inflamatórias

A secreção aumentada de adipocitocinas pró-inflamatórias está associada à falência

das células β do pâncreas e à progressiva resistência à insulina. Entre as adipocitocinas

pró-inflamatórias destacam-se o tumour necrosis factor-α (TNF-α), leptina, a apelina e a

resistina:

3.7. Adipocitocinas anti-inflamatórias

A hipertrofia dos adipócitos que ocorre na obesidade visceral é associada a uma

diminuição da secreção de adiponectina. Ao contrário das adipocitocinas pró-

inflamatórias, a adiponectina opera um mecanismo positivo no aumento à sensibilidade

da insulina mediada pela glucose (glucose stimulated insuline secretion - GSIS).

Tabela 1 Adipocitocinas e efeitos nas células pancreáticas

Adipocitocinas pró-inflamatórias Efeitos nas células pancreáticas

TNF α Induz apoptose

Leptina Inibe GSIS

Apelina Inibe secreção insulina

Resistina Diminuí recetores insulina

Adipocitocinas anti-inflamatórias

Adiponectina Aumenta GSIS

Visfatina Aumenta secreção insulina

IGF-1 Aumenta massa células pancreáticas

3.8. Conclusões

A relação que se observa entre a obesidade visceral e a progressiva falência das células

pancreáticas leva a concluir que a prevalência da SM irá aumentar num futuro próximo

em Portugal, se nada for feito para contrariar esta tendência. A tendência crescente para

obesidade, a prevalência elevada (42,2%) de hipertensão arterial [28] e de diabetes tipo

2 (11,7%) [30] na população portuguesa determinam a adoção de uma estratégia

concertada a nível nacional para o controlo da SM e uma orientação das políticas de

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saúde com a sensibilização e o envolvimento de todos os profissionais de saúde. O

contributo que os farmacêuticos, nomeadamente os que trabalham em farmácia

comunitária junto das populações que apresentam maior risco pode ser fundamental no

sucesso destas iniciativas para o controlo da SM.

4. Conclusão:

O estágio em farmácia comunitária é um desafio que se coloca aos futuros

farmacêuticos. Ao longo do estágio apliquei conhecimentos técnicos que adquiri em

todas as unidades curriculares do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Os

utentes, através do seu contato diário, fazem o reconhecimento do valor e da

capacidade dos farmacêuticos pela confiança que depositam assim como na

multiplicidade de temas que abordam sem reservas em contexto de farmácia

comunitária. Neste relatório, os temas que desenvolvi na farmácia traduzem essa

diversidade de solicitações a que um farmacêutico comunitário está exposto. A atitude

dos utentes para com os farmacêuticos é motivo de satisfação e orgulho, mas também

se reveste de enorme responsabilidade. De modo a que o farmacêutico se mantenha

preparado e capaz para responder aos pedidos dos utentes, o apoio constante dos seus

pares mais experientes através da transmissão de conhecimentos é essencial. Em

suma, o estágio profissionalizante é a etapa que encerra o ciclo de estudos, mas que

simultaneamente, marca o início de um novo período na vida do farmacêutico, o da

aprendizagem contínua que irá ocorrer ao longo de toda a sua vida ativa!

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Anexo 1. Calendário de formações realizadas

- "Otite média e olho seco" - organizado por Cooprofar, Porto 20 Março 2018 – duração

3h

- "Crómio na resistência à insulina"- organizado por Pharmanord, Porto 19 Abril 2018 –

duração 1h

- "Trinomia" – organizado por Ferrer Farmacêutica, Porto 20 Abril 2018 - duração 1h

- "Claudicação intermitente: Cilostazol" – organizado por Ferrer Farmacêutica, 20 Abril

2018 - duração 1h

- "Uriage - Formação inicial", organizado por Uriage, Porto 10 Maio 2018 - duração 5h

- "Problemas Articulares e deficiência em vitamina D"- organizado por Pharmanord,

Porto 4 Junho 2018 - duração 1h

- "La Roche Posay - Formação inicial” - organizado por La Roche Posay, Porto 8 Junho

2018 - duração 1h

- "Parasitas externos em animais de companhia" – organizado por Cooprofar, Porto 11

Junho 2018 – duração 3h

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Anexo 2. Apresentação 15 de Maio escola E.B.1 Agudela- adaptado site Direção Geral

Saúde -ref [8]

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Anexo 3. Figuras

Fig.1 – Contentores com medicamentos de frio e psicotrópicos

Fig.2 - Apresentação Escola E.B.1 Agudela

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Fig.3 – Carcinoma Basocelular- adaptado ref. [7]

Fig.4 – Carcinoma Espinocelular - adaptado ref. [7]

Fig.5 – Queratose actínica - adaptado ref. [7]

Fig.5 – Melanoma - adaptado ref. [7]

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Fig. 7 – Onicomicose Distal – adaptado ref [14]

Fig. 8 – Onicomicose superficial branca

adaptado ref [14]

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Fig. 9 – Onicomicose proximal

adaptado ref [14]

Fig. 10 – Onicomicose por Candida spp.

adaptado ref [14]

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Figura 11 – Relação entre tecido adiposo, adipocitocinas e célula pancreática

adaptado ref. [27]

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