voto tce 0905841-2 pref do recife

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ESTADO DE PERNAMBUCO TRIBUNAL DE CONTAS

PROCESSO TC n 0905841-2 RGO: PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE TIPO: AUDITORIA ESPECIAL RELATOR: MARCOS NBREGA REL. ORIGINAL: MARCOS LORETO (1 CMARA) INTERESSADOS: GILSON GONALVES GUERRA, VERA BERENGUER MOURY FERNANDES, AUBIRGIO, BARROS DE SOUZA FILHO, ALEXANDRE JOS SOBRAL BARACHO RELATRIO Cuidam os autos de Auditoria Especial, referente compra de ttulos pblicos federais, com recursos do Regime Prprio de Previdncia Social dos servidores da Prefeitura do Recife, no exerccio de 2004, pela Secretaria de Finanas. Nos autos da Auditoria Especial, constam, alm das provas, os seguintes documentos: Relatrio Preliminar de Auditoria (fls. 53 a 64I); Defesa de Gilson Gonalves Guerra (fls. 71 a 74I); Defesa de Vera Berenguer Moury Fernandes (fls. 87 a 93); Defesa de Alexandre Jos Sobral Baracho (fls. 137 a 147, 241 a 274, 319 a 322); Defesa de Aubirgio Barros de Souza Filho (fls. 153 a 163, 205 a 225, 365 a 367); Solicitao de excluso de Jos Eduardo Santos Vital, em defesa prvia, do presente processo (fl. 165, 360); Solicitao de excluso de Elsio Soares de Carvalho Jnior, em defesa prvia, do presente processo (fl. 168); Parecer MPCO n 159/11 (fls. 176 a 189); Parecer Complementar MPCO n 341/2011 (fls. 327 a 341).

O processo foi iniciado por provocao do Banco Central, que atravs de ofcio de 2009, comunicou indcios de irregularidades na compra de pblicos federais pela Prefeitura do Recife, em 2004, atravs do Deutsche Bank Banco Alemo, com recursos do Regime Prprio de Previdncia dos Servidores da Prefeitura do Recife. Segundo o Banco Central a aquisio de ttulos pblicos se deu por preos unitrios acima dos praticados no mercado. Importante destacar que foi objeto de anlise nestes autos uma nica operao de compra de ttulos1

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realizada pela Prefeitura. O Relatrio Preliminar de Auditoria constatou a irregularidade compra de ttulos pblicos por valores acima dos praticados no mercado, indicando inicialmente como responsveis a Sra. Vera Berenguer Moury Fernandes e o Sr. Gilson Gonalves Guerra, imputando-lhes dbito no valor de R$ 4.607.778,80. A Senhora Vera Moury, que estava no cargo temporariamente, alegou em defesa prvia que sua participao no processo foi meramente formal e que fez tudo seguindo orientao direta do ento Presidente da Reciprev, o Sr. Aubirgio Barros. Segundo a defendente, devido a sua completa falta de conhecimento tcnico e experincia neste tipo de transao, acabou cedendo aos insistentes argumentos do Presidente da Reciprev que alegava possvel prejuzo para a Prefeitura caso a operao no fosse aprovada. O Sr. Gilson Guerra alegou em sua defesa prvia que no atribuio de seu cargo no Departamento da Administrao Financeira planejar, negociar ou decidir sobre compra de ttulos pblicos. O defendente confirma que o Presidente da RECIPREV o procurou pessoalmente para operacionalizar a compra e vendas de ttulos pblicos. Na ocasio, o Sr. Aubirgio teria alegado urgncia e possvel prejuzo para a Prefeitura se o contrato no fosse assinado rapidamente. Gilson Guerra afirma ainda que o Sr. Aubirgio trouxe em mos o contrato de custdia com o Banco Alemo para ser assinado por ele e por Vera Moury. Saliente-se que este contrato j continha os preos unitrios superfaturados. O Banco Alemo e os Srs. Alexandre Jos Sobral Baracho, Elsio Soares de Carvalho Jnior, Aubirgio Barros de Souza Filho e Jos Eduardo Santos Vital, ainda que no mencionados no Relatrio Preliminar de Auditoria, foram notificados para se pronunciar, visto que foram citados nas defesas apresentadas por Vera Berenguer Moury Fernandes e Gilson Gonalves Guerra. O Banco Alemo enviou ofcio ao TCE informando que agiu na condio de agente custodiante e no na condio de parte na negociao de ttulos pblicos. Acrescentou que no decidiu sobre a compra e no teve interferncia no preo praticado, simplesmente cumpriu instrues da Prefeitura do Recife a quem coube todas as decises sobre o investimento. O Sr. Alexandre Baracho, titular da Diretoria Geral de Administrao Financeira, pede que seja declarado isento de2

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responsabilidade, por estar, na poca do ocorrido, em gozo de frias, no estando ciente da operao em andamento e que no tinha conhecimento tcnico nem experincia neste tipo de operao. Aduz ainda que sua participao na confeco das planilhas e quadros foi meramente formal e que os dados referentes aos valores unitrios foram ditados pelo Presidente da Reciprev, Sr. Aubirgio, profundo conhecedor do mercado de ttulos pblicos. O Sr. Aubirgio, ento Presidente da RECIPREV, argumenta em sua defesa que na poca da irregularidade apontada no era ordenador de despesas, pois a autarquia s passou a ter autonomia financeira, criando o respectivo fundo previdencirio, com a publicao da Lei Municipal 17.142/2005. Informa ainda que em 2006, expediu ofcio recomendando que a Prefeitura do Recife seguisse os valores divulgados pela Associao Nacional das Instituies de Mercado Aberto ANDIMA. Conclui o defendente que como no era ordenador, no possui elementos tcnicos para esclarecer como foram definidos os preos unitrios superfaturados, constante no ofcio 08/2004-GDAF. Os Srs. Jos Eduardo Santos Vital e Elsio Soares de Carvalho Jnior, tambm mencionados nas defesas, apenas solicitaram excluso do presente processo pelo fato do Relatrio Preliminar de Auditoria no imputar a nenhum deles responsabilidade ou dbito relativos irregularidade supracitada. Os autos foram encaminhados ao MPCO, tendo sido distribudos ao Procurador Gustavo Massa, que por meio do Parecer MPCO n 159/11, realizou uma anlise dos autos, concluindo pela irregularidade da operao. Lastreado na sua narrao dos fatos, mas atribuindo uma outra tica aos argumentos dos interessados, cheguei ao seguinte entendimento: DA FRAUDE ESTRUTURADA A investigao no processo administrativo, diferentemente do processo judicial, rege-se pelo princpio da verdade material ou verdade real. Cabe ao julgador buscar uma instruo ampla e completa para apoiar e motivar o seu convencimento. De pronto cabe uma reflexo: se a Prefeitura foi prejudicada numa compra e venda, a outra parte foi beneficiada com lucro na transao, ou seja, se uma parte perdeu, a outra saiu ganhando. No caso presente, o Banco Alemo apenas3

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intermediou a operao, pois quem realmente comprou e vendeu ttulos Prefeitura com lucro foi a empresa Quantia D.T.V.M. Ltda. O Ministrio Pblico fez uma pequena pesquisa, trazendo a tona vrias irregularidades envolvendo operaes com a Quantia DTVM. Ao que tudo indica, esta empresa fazia parte de um esquema fraudulento que lesou vrias instituies pblicas em todo Pas, sendo alvo principal os fundos de penses. As operaes envolviam a venda de ttulos pblicos superfaturados para fundos de previdncia e algumas delas foram realizadas com a conivncia dos Gestores dos Regimes de Previdncia, que participaram ativamente do esquema fraudulento. o caso do ex-presidente do RioPrevidncia Ruy de Mesquita Bello; o ex-diretor de investimentos do RioPrevidncia Mauro Eduardo Agostinho Michelsen; alm dos diretores da Quantia DTVM Joaquim Cndido de Gouva e Lauro Jos Senra de Gouva que tero de devolver, com recursos prprios, aos cofres estaduais, R$ 36.819.960,89 (em valores atuais). A fraude foi detectada numa inspeo especial do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro no RioPrevidncia, em 2003. Revelou-se que operaes financeiras feitas sem licitao, entre junho e dezembro de 2002, causaram prejuzo de R$ 25,3 milhes. O relatrio sustenta que o rombo foi causado por 30 operaes de compra de ttulos pblicos federais a preos acima do valor de mercado, adquiridos em valores at 162% mais altos. Uma das empresas envolvidas a Quantia DTVM. A reportagem do Jornal O Globo d conta que o Ncleos, fundo de penso da Eletronuclear, Indstrias Nucleares do Brasil (INB) e Nuclep, realizou entre 2003 e 2004 operaes que incluem a compra de ttulos pblicos, que deram um prejuzo entidade de R$ 22,7 milhes. As transaes com ttulos pblicos federais, que representaram perdas para o fundo e beneficiaram a Euro DTVM SA e a Quantia DTVM Ltda. A reportagem do jornal Estado de So Paulo de 01/10/2008, j apontava a mesma fraude estruturada tendo como vtima os fundos de previdncia. As perdas identificadas seguem um mesmo padro: os institutos pagaram caro ao comprar papis federais ou os venderam a preos inferiores mdia do mercado. Assim, as operaes foram aparentemente desfavorveis aos institutos em relao a negcios semelhantes realizados na mesma data. As perdas correspondem, em mdia, a 10% do volume operado, mas em casos extremos, os institutos chegaram a pagar 38% acima do preo mdio do mercado.4

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Esta reportagem informa que uma investigao conjunta realizada pelo Ministrio da Previdncia e pelo Banco Central detectou uma nova fronteira de ataque aos cofres pblicos que j causou prejuzos de quase R$ 200 milhes a fundos de penso de pelo menos de trs Estados e 112 prefeituras. As auditorias realizadas entre 2003 e o segundo semestre de 2007 mostram que os fundos de penso do Regime Prprio de Previdncia Social (RPPS), foram alvo de operaes financeiras suspeitas. O maior prejuzo individual foi registrado pelo fundo de previdncia dos funcionrios do Tocantins, o Igeprev. As operaes causaram R$ 24 milhes de perdas entre dezembro de 2005 e janeiro de 2006. A Quantia D.T.V.M. Ltda tambm citada na investigao da CPI dos correios por compra e venda ilegal de ttulos pblicos superfaturados, que culminou com o chamado escndalo do Mensalo. Veja o que diz o volume III do Relatrio final desta CPI: Segundo aponta o presente relatrio, a distribuidora de ttulos e valores mobilirios Quantia DTVM Ltda. realizou diversas operaes atpicas no mercado financeiro que geraram expressivas perdas aos fundos de penso, principalmente a Prece, ao Geap e ao Nucleos. Encontram-se, nesse caso, fortes indcios de que os dirigentes da distribuidora (Lauro Jos Senra de Gouva, Joaquim Cndido de Gouvea, Alexandre Gastaldel Leonardo ou mesmo outros a serem identificados) contriburam para promover desvios de recursos das referidas entidades de previdncia complementar, mediante operaes com ttulos pblicos federais, debntures e TDA. Foram, tambm, flagrados desfalques na imputao em investimentos com derivativos (BM&F) de ajustes negativos em excesso s referidas entidades de previdncia complementar, o que permite identificar manipulao de negcios j fechados. Nessa linha, a conduta dos dirigentes da Quantia DTVM Ltda. (Lauro Jos Senra de Gouva, Joaquim Cndido de Gouvea, Alexandre Gastaldel Leonardo ou mesmo outros a serem identificados), segundo os indcios apurados neste inqurito parlamentar, pode configurar, entre outros delitos, estelionato (art. 171 do Cdigo Penal) e manipulao do mercado (art. 27-C, da Lei n 6.385/76). Sua atuao sugere,5

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ainda, ter concorrido para a prtica do delito de gesto temerria, ou at mesmo fraudulenta, de entidade privada de previdncia complementar (art. 4, pargrafo nico, da Lei n 7.492/86 Lei dos Crimes do Colarinho Branco) em concurso de agentes (art. 29 do Cdigo Penal), bem como para a infrao tipificada no art. 6 da Lei n 7.492/86, ao induzir investidor em erro mediante a manipulao de informaes sobre as transaes realizadas. Ademais, tambm se pode concluir pela prtica do crime de lavagem ou ocultao de bens, direitos e valores previsto no disposto no art. 1 da Lei n 9.613, de 3 de maro de 1998, nos casos em que os citados desvios, alm de beneficiar a instituio financeira mencionada, houver favorecido terceiros. O Ministrio Pblico de Pernambuco entrou com uma ao na justia em 2008 contra o Prefeito de Lagoa do Carro- PE, Antnio Carlos Guerra Barreto, e mais sete funcionrios do servio de previdncia do municpio. A acusao contra todos a mesma: improbidade administrativa. Segundo o promotor Francisco Ortncio, autor da ao, o atual prefeito teria comprado ilegalmente ttulos da dvida pblica com dinheiro do Instituto de Previdncia Social de Lagoa do Carro (LagoaPrev). A empresa envolvida Quantia DTVM teria superfaturado os valores tambm no caso de Lagoa do Carro, dando um prejuzo de mais de R$ 370 mil aos cofres pblicos. Enfim, a fraude de venda de ttulos superfaturado vem ocorrendo desde 2003, envolvendo a empresa Quantia DTVM e gestores ou ordenadores de despesas de fundos de penso.

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DO CASO CONCRETO Conforme as declaraes dos envolvidos, o Presidente da Reciprev, Sr. Aubirgio Barros de Souza Filho, teve participao decisiva no planejamento e concluso da operao irregular detectada pelo Banco Central. Sua participao efetiva como servidor da Prefeitura nas operaes financeiras salientada pelo relato do Diretor Geral de Administrao Financeira, Sr. Alexandre Baracho. O MPCO entende que foi do Presidente da RECIPREV, Sr. Aubirgio Barros, a iniciativa e o planejamento de toda a operao. No entanto, esse entendimento baseado unicamente nos relatos dos interessados. Conforme os relatos do ento Diretor de do Departamento de Administrao Financeira, Sr. Gilson Gonalves Guerra, e da ocupante do cargo de Diretora Geral de Administrao Financeira, Sra. Vera Moury, o Sr. Aubirgio Barros compareceu pessoalmente sede da Diretoria Geral de Administrao Financeira DGAF, portando o Ofcio da 10/2004- RECIPREV, que solicitava a operao. Segundo os relatos, Aubirgio insistiu para que Gilson Guerra e Vera Moury aprovassem a operao, alegando que, caso no fosse assinado com urgncia, o negcio seria perdido e a Prefeitura teria srios prejuzos. Vera Moury afirma que interpelou o ento Secretrio Adjunto da Secretaria de Finanas, Sr. Elsio Carvalho, sobre a regularidade da operao e de sua urgncia. Este confirmou a licitude da operao e a pressa em realiz-la. Foi ento que, segundo Vera Moury e outras testemunhas, o Presidente da Reciprev ditou o que deveria ser escrito de prprio punho por ela. No entanto, a alegao da interessada no se baseia em nenhuma prova concreta, apenas em declaraes de outros servidores da Prefeitura que afirmam ter a Sra Vera Moury lhes contado essa verso dos fatos. Tais declaraes, como se v, so provas frgeis para sustentar a verso da ento ordenadora. A defendente alega que esteve sempre de boa-f e que, apesar da hesitao inicial, rendeu-se insistncia e aos argumentos do especialista no assunto, Sr. Aubirgio Barros. O titular do cargo de Diretor da DGAF, Alexandre Baracho, foi convocado para, interrompendo suas frias, preparar um quadro com os preos unitrios de compra e venda dos ttulos a serem negociados. Tal quadro, segundo o prprio Alexandre Baracho, foi montado com dados recebido por telefone,7

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fornecidos diretamente por Aubirgio Barros, no entanto, mais uma vez no h prova dessas alegaes nos autos. Este quadro passou a fazer parte do Ofcio 08/2004-DGAF (fl. 05), assinado por Gilson Guerra e Vera Moury. Foi justamente esta diferena entre os preos constante no quadro e os preos praticados no mercado, este ltimo coletados pela ANDIMA, que causaram o prejuzo aos cofres municipais. Importante no perder de vista que a fraude ora em anlise faz parte de um esquema muito maior, que envolveu a CPI dos Correios e o Mensalo. DA IMPOSSIBILIDADE DE DETERMINAR A REAL RESPONSABILIDADE DOS ENVOLVIDOS O servidor responde administrativamente pelos ilcitos administrativos que deram causa, estes ilcitos apresentam os mesmos elementos bsicos do ilcito civil: ao ou omisso contraria lei, culpa ou dolo e dano. Ou seja, no bastam o dano e o nexo causal, em se tratando de responsabilizao por irregularidade administrativa, preciso que exista dolo ou culpa dos envolvidos, entendido com vontade de cometer a falha ou pelo menos que tenham agido com negligncia no trato da coisa pblica. Na tica do Ministrio Pblico no parece que o Sr. Gilson e a Sra. Vera Moury tenham agido com dolo, com a inteno de causar prejuzo ao errio. Ambos alegaram completa ausncia de conhecimento tcnico sobre a transao a ser realizada. Ainda, de acordo com o entendimento do MPCO, a conduta dos ordenadores no parece passvel de reprovao, j que a atuao destes dois envolvidos aparenta ter sido meramente formal, pois, como ordenadores de despesas, tinham necessariamente que participar deste processo, opondo sua assinatura a uma negociao que, segundo informaes obtidas por eles junto aos demais envolvidos, em tudo parecia lcita, urgente e vantajosa. importante destacar que a operao descrita nestes autos no foi isolada, vrias outras operaes fraudadas ocorreram em todo o pas, inclusive na prpria Prefeitura do Recife, estando em tramitao outros processos nesta Casa, a exemplo do TC n 1000442-7. O Sr. Alexandre Baracho esteve envolvido diretamente na confeco do documento que continha os preos superfaturados: o quadro com os preos unitrios. O interessado no nega que8

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tenha preparado o quadro com preos unitrios, porm afirma, sem apresentar provas, que as informaes lhe foram ditadas pelo telefone por Aubirgio. Alis, mais uma vez pontuamos que todas as afirmaes dos envolvidos so desprovidas de prova documental, no apenas essa. Na anlise do parquet de contas, de todos os citados, o que demonstra a conduta mais questionvel o Presidente da RECIPREV, o Sr. Aubirgio. O MPCO acredita que foi dele a iniciativa da operao, pois era ele que detinha o conhecimento tcnico sobre o assunto e nada fez para evitar a operao desastrosa com a empresa Quantia DTVM, envolvidas em vrios outros escndalos. O Ministrio Pblico enxerga certa verossimilhana nos relatos de Gilson Guerra, Vera Moury e Alexandre Baracho. Consta nos autos declaraes desses 3 envolvidos de que o Sr. Aubirgio Barros teria ditado os valores unitrios dos ttulos negociados. Tambm foi afirmado que foi Aubirgio quem levou em mos o Ofcio 08/2004, que continham os preos superfaturados, para que Gilson Guerra e Vera Moury o assinassem. Para o MPCO, o Presidente da Reciprev poca convenceu a todos da vantagem da operao de venda de ttulo que estranhamente foram negociados com a Quantia DTVM, contumaz em fraudar Regimes de Previdncia Prprios. O MPCO questiona o fato do Sr. Aubirgio no seguiu orientando at o fim, bem como por que um especialista no assunto deixa de verificar o preo final de compra e venda da operao por ele mesmo iniciada. Colocar, ento, toda a responsabilidade nos dois indivduos que apenas temporariamente foram alados condio de ordenadores de despesas parece temerrio. No foi de Gilson Guerra nem de Vera Moury a iniciativa da operao. Tambm no participaram da confeco do quadro contendo o preo superfaturado, embora tenham assinado o ofcio que tenha sido feito com base neste quadro. O Ministrio Pblico de Contas conclui alertando mais uma vez que a irregularidade no foi um fato isolado no pas. Trata-se de fraude estruturada para lesar os fundos de penso, que muitas vezes tem conivncia dos gestores destes fundos. H necessidade de apurao mais aprofundada com instrumentos que o TCE-PE no dispe.

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Com o retorno dos autos ao meu Gabinete, determinei que fossem notificados novamente os Srs. Gilson Gonalves Guerra, Vera Berenguer Moury Fernandes, Alexandre Jos Sobral Baracho e Aubirgio Barros de Souza Filho, acerca do teor do Parecer do MPCO. Apresentaram uma segunda defesa, colacionando novos documentos e levantando novas informaes os Srs. Aubirgio Barros de Souza Filho (fls. 205/239) e Alexandre Jos Sobral Baracho (fls. 241/313 e 319/325). O Sr. Aubirgio, ento Presidente da RECIPREV, argumenta novamente que na poca da irregularidade apontada no era ordenador de despesas, pois a autarquia s passou a ter autonomia financeira com a publicao da Lei Municipal 17.142/2005. Alega que no recomendou a venda das LFTs, no ditou nenhum despacho, nem tampouco forneceu os preos unitrios para a operao em debate. Nega que tivesse conhecimento dos fatos que envolveram a negociao em tela, pois no foi notificado formalmente da operao em curso. Destaca que no h nenhum documento que comprove que ele tomou conhecimento da conduo desse investimento. Nega, ainda, que tenha exercido funo de gerncia no mercado de ttulos pblicos. O ex-presidente da RECIPREV responsabiliza os ordenadores de despesas temporrios: Gilson Guerra e Vera Moury, que segundo o defendente, teriam agido sem cautela ao assinar seu atesto. Insinua que estes envolvidos (Vera Moury, por se auditora, e Gilson Guerra, por ser Gerente do Departamento de Administrao Financeira) teriam conhecimentos tcnicos para evitar a operao. O Sr. Aubirgio Barros acusa o ento Diretor Geral de Administrao Financeira, o Sr. Alexandre Baracho, de ter montado e formatado o quadro de preos unitrios sozinho, sem a sua ajuda ou orientao, visto que no h provas documentais de sua participao. Finalmente solicita que sejam notificados o Sr. Elsio Carvalho, a DTVM e a Prefeitura do Recife. Requer tambm novo parecer do MPCO e sua excluso do Processo de Auditoria Especial. A manifestao do Sr. Alexandre Baracho relata um detalhado histrico da participao do Sr. Aubirgio Barros em todas as operaes que envolveram compras de ttulos pblicos com recursos previdencirios. Reafirma que todos os dados referentes aos preos unitrios contidos na planilha por ele10

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formatada foram fornecidos, por telefone, pelo ento Presidente da RECIPREV, na presena do Sr. Gilson Guerra. Segundo Alexandre Baracho, Aubirgio Barros era o nico envolvido com experincia concreta neste tipo de operao, e vinha desempenhando, na prtica, a funo de consultor sobre o assunto. O defendente afirma ainda que tentou, por diversas vezes, formalizar a participao do Aubirgio Barros e documentar todos os passos do processo de compra e venda, mas no obteve sucesso. Ao final, aps autorizar o acesso aos seus dados telefnicos, bancrios e fiscais, Alexandre Baracho solicita sua quitao perante o errio pblico, como prova de sua boa-f e idoneidade. Os autos retornaram ao Gabinete do Procurador Gustavo Massa para anlise da nova documentao acostada pelos interessados, tendo sido produzido o Parecer MPCO Complementar n 341/11 (fls. 327/341). Concordo com idia central descrita na citada pea, mas no acolho as concluses acerca das responsabilidades de cada envolvido. Isso porque no h provas suficientes e concretas que sejam capazes de determinar a real participao de cada um deles, j que o que temos nos autos so apenas declaraes e verses dos fatos, muitas vezes contraditrias, prestadas pelos defendentes. No entanto, concordo com o MPCO quando afirma que as declaraes anexadas levam a mais questionamentos do que a respostas. A operao ruinosa para o Municpio do Recife vinha tambm acontecendo em vrios outros Estados brasileiros, todas envolvendo a Quantia DTVM em compra e venda de ttulos pblicos. difcil acreditar que uma operao deste porte tenha sido urdida e operacionalizada por funcionrios de terceiro escalo sem conhecimentos especficos para atuarem nesta rea. Um deles, inclusive, estava de frias quando a operao iniciou-se e o outro estava apenas temporariamente no cargo. Em tempo recorde, estes personagens, antes inexpressivos, foram alados a condio de ordenadores de despesas, assinando contratos de custdia, fazendo anlises e pesquisas no mercado financeiro, detectando oportunidades de negcio urgentes e imperdveis, sem serem, ao menos, questionados pelas autoridades do 1 e 2 escalo.11

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O MPCO questiona onde estavam as autoridades com poder de deciso e se servidores do terceiro escalo conseguiram, em tempo recorde, manipular toda a cpula da administrao, mudar o agente de custdia, preparar uma operao no complexo mercado financeiro e acabar, coincidentemente, contatando com uma empresa que vinha aplicando esse golpe em todo o pas. Apesar das declaraes dos envolvidos dando conta da intensa e decisiva participao do Presidente da RECIPREV e do Secretrio de Finanas, parece ter havido uma preocupao muito grande destas autoridades em no aparecer formalmente na operao: no assinaram os documentos essenciais, no fizeram convocaes formais para reunio, no usaram telefones celulares, nem ao menos exararam despachos orientando sobre os procedimentos que uma operao desta envergadura merece. Na segunda manifestao do Sr Aubirgio Barros, ele no nega que tenha participado ativamente da primeira operao de compra de ttulos pblicos LFTs em 2003. H provas documentais nos autos (o prprio ofcio 10/2004) dando conta de que ele deu incio operao ruinosa ora analisada. No entanto, h apenas relatos dos demais envolvidos dando conta da sua presena na sala da Diretora Geral em exerccio para tratar da operao financeira. O MPCO questiona como o interessado nega que teve conhecimento da operao se ele mesmo iniciou formalmente o processo atravs do ofcio 10/2004-GP-RECIPREV. Outro ponto que no convence o Ministrio Pblico refere-se s declaraes sobre os preos unitrios. Aubirgio Barros joga toda a culpa pela confeco da planilha com preos unitrios superfaturados no Diretor da Administrao Financeira do Municpio, o Sr. Alexandre Baracho, que estava de frias quando o processo teve incio. O interessado afirma no ser legtimo supor que um servidor to qualificado desconhecesse todos os procedimentos. Ainda quanto defesa do ex-presidente da Reciprev, o MPCO conclui que no parece razovel a sua linha de defesa. Algumas dvidas permanecem sem respostas, e estas respostas so absolutamente necessrias para que a argumentao do Sr. Aubirgio Barros se torne coerente e consistente. E questiona: Por que o Sr. Aubirgio participou da primeira compra de ttulos pblicos, orientando toda a operao, mas nega qualquer participao na segunda operao? Por que os demais envolvidos apontam insistentemente a participao do Ex-Presidente da RECIPREV em vrias reunies?12

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Como pode o maior especialista no assunto deixar de verificar o preo final de compra e venda da operao por ele mesmo iniciada? Na segunda manifestao do Sr. Alexandre Baracho, o interessado descreve detalhadamente o passo a passo da primeira operao envolvendo recursos da RECIPREV, a compra das LFTs em 2003; bem como da segunda operao, intermediada pelo banco alemo. Alm de detalhar o envolvimento do Sr. Aubirgio Barros, os esclarecimentos salientam a participao decisiva de um servidor: o Secretrio de Finanas Municipal, o Sr. Jos Eduardo Santos Vital. No entanto, preciso cautela ao analisar essas declaraes, pois a nica prova trazida pelo interessado para confirmar o que foi descrito a declarao de outros interessados igualmente envolvidos nessa operao (Vera Moury e Gilson Guerra). Segundo o entendimento do MPCO, Alexandre Baracho trouxe ao processo documento importante, o contrato com a Caixa Econmica Federal, assinado em 2002, prevendo, alm do depsito das disponibilidades financeiras da RECIPREV, a orientao tcnica sobre as decises de investimento. Segundo o MPCO, seria prova da necessidade de orientao tcnica do Municpio com relao s questes de aplicaes no mercado de ttulos pblicos, derrubando o argumento de que servidores como Vera Moury, Alexandre Baracho e Gilson Guerra tinham experincia suficiente para operacionalizar, sem orientao, a transao financeira em pauta. Discordo dessa concluso do MPCO, entendo que a existncia desse contrato de orientao tcnica no prova suficiente para afastar a possvel responsabilidade dos demais, j que temerrio concluir que os envolvidos no detinham nenhum conhecimento do assunto, apenas porque havia um contrato de orientao tcnica. Outro documento fundamental apresentado por este interessado na tica do MPCO a Declarao do Sr. Gilson Guerra (fl. 275) de que presenciou a comunicao entre Aubirgio Barros e Alexandre Baracho, em que o primeiro teria repassado ao segundo a cotao dos preos individuais dos ttulos pblicos negociados. Gilson Guerra afirma que estava no gabinete de Alexandre Baracho, no 14 andar da prefeitura, acompanhado de Vera Moury e a secretria Norma Cavalcanti, quando Alexandre Baracho atendeu um telefonema do ento Presidente da RECIPREV e anotou os valores usado para preparar a planilha com os preos unitrios.13

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Mais uma vez no considero que essa declarao seja prova suficiente para sustentar essa verso dos fatos, j que prestada pelo ordenador de despesas em exerccio no momento da operao, servidor considerado envolvido na questo, portanto no constitui uma testemunha imparcial. Qual o valor probante dessa declarao se o prprio Gilson Guerra apontado como responsvel por ter assinado a compra de ttulos irregular? Concordo com o MPCO quando conclui de que a manifestao do Secretrio de Finanas, Eduardo Vital, neste processo, bem como de seu adjunto, Elsio Soares, foi por demais lacnica, seguindo a estratgia simplria e formalista de declarar que, como no foi citado no relatrio de auditoria do TCE, nada tem a esclarecer. Para o MPCO, a atitude do Ex-Secretrio de Finanas, econmica em palavras e documentos, trazendo to pouco para elucidao do caso contrasta com a de seu subordinado, Alexandre Baracho, que inclusive autorizou o acesso aos seus dados bancrios, fiscais e telefnicos, para o total esclarecimento dos fatos (fl. 319). Segundo testemunhos dos envolvidos, foi Eduardo Vital quem convocou seu subordinado, Alexandre Baracho, para interromper suas frias e se envolver na operao j em curso, determinou que Alexandre Baracho preparasse a planilha de preos com base na cotao a ser realizada por Aubirgio Barros, determinou que fossem seguidas as orientaes de Aubirgio Barros e confirmou a urgncia e a boa oportunidade de negcio. Eduardo Vital era servidor com ascendncia hierrquica sobre os demais envolvidos e ocupava cargo de confiana do Prefeito Joo Paulo Lima. Para o parquet de Contas, como funcionrio de alto escalo, detinha a obrigao de supervisionar a ao de seus subordinados, devendo estar ciente das operaes de grande vulto e reportar-se diretamente ao Chefe do Executivo Municipal. Era sua a competncia para celebrar, por delegao do Prefeito, contratos de custdia, conforme a Lei Orgnica do Municpio do Recife Art. 55, XIV, combinado com o pargrafo nico. Tenho de concordar com o MPCO de que no mnimo estranho que o contrato de custdia com o banco alemo tenha excepcionalmente sido assinado por funcionrios do terceiro escalo como Vera Moury e Gilson Guerra, autorizados inclusive a movimentar a conta neste banco. Por que razo o Secretrio de Finanas, que estava em plena atividade, no assinou, como de costume (fls. 283 e 290) este contrato com o Banco Alemo?14

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Como elucubra o Ministrio Pblico de Contas, parece mesmo que o ento Secretrio tomou toda cautela para no aparecer formalmente na operao ruinosa, pois no deu qualquer orientao com relao operao sugerida por Aubirgio Barros no verso do ofcio 10/2004 da RECIPREV, limitou-se a opor um recebido. Embora, segundo relatos, apoiasse verbalmente a compra e venda em tela, o Secretrio se esquivou de aprovar formalmente a desastrosa operao em curso, deixando esta funo para o seu adjunto, Elsio Soares (fl. 18 verso). O ltimo ponto destacado pelo parquet a participao do ento Prefeito Joo Paulo Lima na operao. Na folha 83, h uma correspondncia assinada pelo Prefeito comunicando o Banco Alemo que Vera Moury est autorizada a movimentar a conta da Prefeitura nesta instituio. Est correspondncia foi emitida em 05/02/2004, apenas trs dias depois do incio da operao, demonstrando a pressa para a concluso do negcio. Os documentos do indcios que o Prefeito no estava completamente alheio aos acontecimentos que podem ser investigados mais aprofundadamente pelos rgos competentes. Ao analisar todas as provas contidas nos autos o Ministrio Pblico de Contas chegou a algumas concluses, mas permanece com diversas dvidas. Uma das convices que os servidores de terceiro escalo no poderiam ter urdido e operacionalizados, sozinhos e em tempo recorde, a complexa operao financeira. O MPCO no acredita que uma servidora temporariamente no cargo tenha se unido ao seu adjunto e o titular do cargo, que estava de frias, e conseguido convencer o Prefeito das vantagens e urgncia do negcio. Convencendo-o, ainda, a transform-los em ordenador de despesas, aptos a movimentar uma milionria conta corrente em uma agncia bancria privada. Para o MPCO, difcil aceitar que tudo isso tenha acontecido sem o conhecimento do Secretrio de Finanas Eduardo Vital ou sem o apoio tcnico do Presidente da RECIPREV, Aubirgio Barros. Esta no o tipo de deciso tomada por servidores do terceiro escalo. Tudo aconteceu rpido demais e com o aval do ento Prefeito, que assinou a autorizao para a abertura da conta no Banco Alemo e nomeou como ordenadora de despesa uma servidora temporariamente no cargo para movimentar uma conta milionria. O Parquet de Contas acha muito estranha a ausncia de participao formal do Presidente da Reciprev da poca e do15

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Secretrio de Finanas em um negcio desta monta. Lembrando que h o dever do Secretrio de Estado de superviso geral da atuao de seus subordinados. Todos os servidores do terceiro escalo formalmente envolvidos na operao estavam sob seu poder hierrquico. Na tica do Ministrio Pblico no parece que o Sr. Gilson Guerra e a Sra. Vera Moury tenham agido com dolo, com a inteno de causar prejuzo ao errio, e que foi em obedincia ordem superior, emitida pelo Secretrio de Finanas, Eduardo Vital, que Alexandre Baracho interrompeu suas frias e tomou parte na transao j iniciada. Tambm considera que h verossimilhana em sua alegao de que preparou a planilha com os preos unitrios sob orientao direta de Aubirgio Barros. No entanto, os relatos dos envolvidos, acerca de datas de reunies, assuntos tratados, pessoas presentes e orientaes recebidas, no meu entendimento, no so provas contundentes, haja vista tratar-se de provas exclusivamente testemunhais. Na esteira do opinativo do MPCO, conclui-se que existem muitas perguntas sem resposta que merecem uma investigao mais aprofundada. Investigao com instrumentos que este Tribunal de Contas no dispe, como quebra de sigilo telefnico, bancrio e fiscal; busca e apreenso, escuta telefnica, etc. Embora no haja dvidas de que a compra de ttulos pblicos descrita nestes autos configurou uma operao fraudulenta, que faz parte de um esquema maior, verificado em diversos outros estados da federao, concluo que no h nos autos provas concretas e definitivas que permitam condenar qualquer um dos envolvidos.

VOTO Pelo exposto, Considerando, em parte, o Parecer Complementar n 341/11; Parecer MPCO n 159/11 e o

Considerando o principio da verdade material que rege o processo administrativo; Considerando que restou configurada a compra de ttulos pblicos por valores acima dos praticados no mercado;16

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Considerando as declaraes apresentadas pelos defendentes responsabilizados no Relatrio de Auditoria; Considerando que Gilson Guerra e Vera Berenguer Moury no detinham conhecimento tcnico para detectar o prejuzo na operao, no tendo ficado caracterizado dolo ou culpa dos dois imputados; Considerando que no h provas concretas e suficientes nos autos para determinar a real participao de cada um dos envolvidos citados no processo, havendo apenas relatos e declaraes contraditrias fornecidos pelos interessados; Considerando que para apontar os reais responsveis necessria investigao aprofundada com instrumentos que o TCEPE no dispe (escuta telefnica, quebra de sigilo, etc); Considerando o disposto nos artigos o art. 75 da Constituio Federal; e no alneas b e c, da Lei Estadual Orgnica do Tribunal de Contas do Estado JULGO Prefeitura mercado. E, DETERMINO que os autos sejam encaminhados ao ProcuradorGeral do MPCO, para que exare representao para o MPPE, Ministrio Pblico Federal e para o Banco Central, para que aprofundem as investigaes, inclusive, se necessrio, utilizem a quebra de sigilo telefnico, bancrio e fiscal para investigar o envolvimento de todos os interessados citados no processo. IRREGULAR do Recife 70, 71, inciso II, c/c artigo 59, inciso III, n 12.600/2004 - Lei de Pernambuco,

a compra de ttulos pblicos pela com valores acima dos praticados no

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