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1 ENSINO DE PORTUGUÊS PARA SURDOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS INCLUSIVAS DE GOIÁS Cristiane Batista do NASCIMENTO Universidade Federal de Goiás/ Universidade de Brasília [email protected] Thaís Fleury AVELAR Universidade Federal de Goiás [email protected] Resumo: A presente pesquisa, intitulada O Ensino de Português para Surdos nas escolas públicas inclusivas de Goiás, faz parte do projeto de Prática como Componente Curricular PCC da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás UFG criado para participação dos alunos de letras. O projeto tem como objetivo principal conhecer a realidade do ensino de português para alunos surdos nas escolas públicas de Goiás bem como sondar se a Língua Brasileira de Sinais LIBRAS tem sido valorizada como língua de instrução, investigar o conhecimento dos documentos legais relacionados à educação de surdos e se metodologia de português para surdos é de segunda língua (L2). Este trabalho parte do pressuposto de que a LIBRAS é a primeira língua do surdo. Os alunos aplicaram um questionário padrão para os professores de português. Por meio do questionário averiguamos os conhecimentos e concepções dos professores sobre os surdos e a metodologia de ensino da língua portuguesa. Com base nos dados percebemos que o ensino de português como L2 não ocorre, entretanto todos os respondentes demonstraram entender a importância da LIBRAS para o aprendizado da pessoa surda. Palavra-chave: português como segunda língua; surdos; LIBRAS 1. Introdução A presente pesquisa busca conhecer um pouco da realidade do ensino de português para surdos nas escolas públicas inclusivas de Goiás através dos conhecimentos e concepções que os professores demonstraram ao responderem um formulário sobre o dia a dia da escola e o que pensam a respeito dos surdos, da educação destes indivíduos, metodologia de ensino e formação profissional. Sondamos se a LIBRAS tem sido valorizada com língua de instrução do surdo e se o ensino de português como segunda língua (L2) para Surdos ocorre efetivamente. Este trabalho surgiu de um projeto, que tem o mesmo título deste trabalho, criado para a participação dos alunos da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (UFG), a pesquisa pertence a um trabalho maior chamado de Prática como Componente Curricular (PCC), cada professor ou grupo de professores criam seus projetos e orientam seus alunos nesta atividade. As entrevistas desta pesquisa foram realizadas pelos alunos participantes do nosso projeto de PCC, tivemos vinte e dois (22) formulários respondidos pelos professores de diversas cidades de Goiás como Hidrolândia, Trindade, Goiânia, Porangatu, entre outras. Todavia, nesta pesquisa, analisamos apenas treze (13) questionários. Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758

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  • 1

    ENSINO DE PORTUGUS PARA SURDOS NAS ESCOLAS PBLICAS

    INCLUSIVAS DE GOIS

    Cristiane Batista do NASCIMENTO

    Universidade Federal de Gois/ Universidade de Braslia

    [email protected]

    Thas Fleury AVELAR

    Universidade Federal de Gois

    [email protected]

    Resumo: A presente pesquisa, intitulada O Ensino de Portugus para Surdos nas

    escolas pblicas inclusivas de Gois, faz parte do projeto de Prtica como Componente

    Curricular PCC da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Gois UFG

    criado para participao dos alunos de letras. O projeto tem como objetivo principal

    conhecer a realidade do ensino de portugus para alunos surdos nas escolas pblicas de

    Gois bem como sondar se a Lngua Brasileira de Sinais LIBRAS tem sido

    valorizada como lngua de instruo, investigar o conhecimento dos documentos legais

    relacionados educao de surdos e se metodologia de portugus para surdos de

    segunda lngua (L2). Este trabalho parte do pressuposto de que a LIBRAS a primeira

    lngua do surdo. Os alunos aplicaram um questionrio padro para os professores de

    portugus. Por meio do questionrio averiguamos os conhecimentos e concepes dos

    professores sobre os surdos e a metodologia de ensino da lngua portuguesa. Com base

    nos dados percebemos que o ensino de portugus como L2 no ocorre, entretanto todos

    os respondentes demonstraram entender a importncia da LIBRAS para o aprendizado

    da pessoa surda.

    Palavra-chave: portugus como segunda lngua; surdos; LIBRAS

    1. Introduo

    A presente pesquisa busca conhecer um pouco da realidade do ensino de

    portugus para surdos nas escolas pblicas inclusivas de Gois atravs dos

    conhecimentos e concepes que os professores demonstraram ao responderem um

    formulrio sobre o dia a dia da escola e o que pensam a respeito dos surdos, da

    educao destes indivduos, metodologia de ensino e formao profissional. Sondamos

    se a LIBRAS tem sido valorizada com lngua de instruo do surdo e se o ensino de

    portugus como segunda lngua (L2) para Surdos ocorre efetivamente.

    Este trabalho surgiu de um projeto, que tem o mesmo ttulo deste trabalho,

    criado para a participao dos alunos da Faculdade de Letras da Universidade Federal

    de Gois (UFG), a pesquisa pertence a um trabalho maior chamado de Prtica como

    Componente Curricular (PCC), cada professor ou grupo de professores criam seus

    projetos e orientam seus alunos nesta atividade.

    As entrevistas desta pesquisa foram realizadas pelos alunos participantes do

    nosso projeto de PCC, tivemos vinte e dois (22) formulrios respondidos pelos

    professores de diversas cidades de Gois como Hidrolndia, Trindade, Goinia,

    Porangatu, entre outras. Todavia, nesta pesquisa, analisamos apenas treze (13)

    questionrios.

    Anais do SIELP. Volume 2, Nmero 1. Uberlndia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758

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    Neste trabalho fizemos uma anlise preliminar de algumas das vinte cinco (25)

    perguntas que revelam conhecimentos e crenas dos professores a respeito da relao

    ensino-aprendizagem de pessoas surdas. Fizemos grficos das respostas objetivas bem

    como analisamos o discurso das respostas subjetivas Por fim, com base nas respostas

    dos professores pesquisados, fornecemos algumas ideias e sugestes que os professores

    de portugus para surdos precisam praticar para um aprendizado mais efetivo desse

    aluno.

    2. Fundamentao terica

    Nesta pesquisa partimos do pressuposto de que a primeira lngua (L1) dos surdos

    a LIBRAS, como mencionado em MEC (2004, p. 21) a lngua de sinais dever ser

    sempre contemplada como lngua por excelncia de instruo em qualquer disciplina,

    especialmente na de lngua portuguesa. A Lei 10.436/2002, lei de LIBRAS, tambm

    trata da importncia desta lngua para os surdos quando diz que esta o meio legal de

    comunicao e expresso. Esta lngua de sinais considerada como a primeira lngua

    dos surdos, por ser naturalmente adquirida, quando em contato com esta lngua, o que

    no ocorre com o portugus que precisa ser ensinado de forma sistemtica para ser

    apreendido pelos surdos. Contudo, segundo o pargrafo nico da referida lei a

    LIBRAS no poder substituir a modalidade escrita da lngua portuguesa.

    A lngua portuguesa como segunda lngua (L2) um direito do surdo garantido

    legalmente, como outorga o Decreto 5.626/2005 que para garantir o acesso das pessoas

    surdas educao prever no art. 14, pargrafo 1, inciso II que seja ofertada,

    obrigatoriamente, desde a educao infantil, o ensino da LIBRAS e tambm da lngua

    portuguesa como segunda lngua para alunos surdos.

    O ensino de portugus para surdos ainda encontra-se incipiente no Brasil. Vrios

    professores de lngua portuguesa no sabem como ensinar os seus alunos surdos que

    esto includos nas escolas regulares. Os professores se deparam com alunos que

    necessitam de um ensino diferenciado, todavia esses profissionais da educao no tm

    o preparo e orientaes prvias para atender esse pblico idiossincrtico e acabam por

    usar a mesma metodologia para ensinar surdos e ouvintes.

    O respeito s diferenas tem contribudo muito para que os surdos possam ser

    atendidos em suas especificidades. Infelizmente, por falta de conhecimentos especficos

    nas reas de educao de surdos, muitos professores possuem crenas errneas a

    respeito do ensino destinado a esse pblico.

    Aps essas argumentaes, fica claro que o portugus precisa ser ensinado como

    uma segunda lngua e a Libras, por sua importncia no desenvolvimento cognitivo e

    social na vida das pessoas surdas, tem tido reconhecimento como lngua de instruo,

    ou ao menos, tem sido considera importante para o processo de ensino como esclarece

    MEC (2004, p. 20):

    A leitura deve ser uma das principais preocupaes no ensino de portugus como segunda lngua para Surdos, tendo em vista que constitui uma etapa fundamental para a aprendizagem da escrita. Nesse processo, o professor deve considerar, sempre que possvel, a importncia da lngua de sinais como um instrumento no ensino do portugus.

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    O reconhecimento da importncia dessas duas lnguas na vida dos surdos

    brasileiros, LIBRAS e portugus, fundamental para a constituio da cidadania plena

    do sujeito surdo. Por isso, existe todo um aparato legal e conhecimentos especficos que

    o professor de lngua portuguesa para surdos precisa apropriar-se para exercer a funo

    de forma eficiente e efetiva.

    3. Anlise dos dados

    A seguir apresentaremos a anlise dos dados, primeiro mostraremos os grficos

    das perguntas objetivas e depois passaremos para anlise de algumas perguntas

    subjetivas. Os grficos esto organizados em blocos obedecendo diviso do

    questionrio completo com as vinte cinco perguntas que se encontram no anexo do

    trabalho, os temas dos blocos so: informaes gerais de sala de aula, o papel da lngua

    de sinais, documentos legais, metodologia de ensino e formao do professor . Os

    professores entrevistados ministram aula de lngua portuguesa nos nveis de

    alfabetizao de jovens e adultos (EJA), 1 ao 9 ano do ensino fundamental e 1 e 3

    ano do ensino mdio.

    3.1 Informaes gerais de sala de aula:

    38%

    62%

    Voc sabe lngua de sinais?

    Sim

    No

    69%

    16%

    15%

    Seus alunos surdos conseguem

    acompanhar os contudos

    ensinados?

    Sim

    No

    s vezes

    46%

    31%

    23%

    0% 0%

    Voc considera a relao com seus

    alunos surdos:

    Excelente

    Boa

    Regular

    Ruim

    Pssima

    70%

    20%

    0%0%10%

    Na sua aula tem intrpretes de

    LIBRAS com que frequncia?

    Sempre

    Quase sempre

    s vezes

    Raramente

    Nunca

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    3.2 O papel de lngua de sinais:

    100%

    0%

    Voc acha importante o uso

    de LIBRAS por surdos?

    Sim

    No

    3.3 Documentos legais:

    46%

    54%

    Voc conhece a Lei da LIBRAS?

    Sim

    No

    92%

    8%

    Voc acha importante a presena de

    intrpretes na sua sala?

    Sim

    No

    Neste grfico acima importante salientar que todos os professores

    reconhecem a importncia do profissional intrprete, os 8% que no acham importante a

    8%

    92%

    Em sua opinio, a LIBRAS

    atrapalha o aprendizado da lngua

    portuguesa por pessoas surdas?

    Sim

    No

    54%

    46%

    Conhece o Decreto 5.626?

    Sim

    No

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    presena do intrprete justificam-se dizendo que sabem a lngua de sinais por isso a

    presena desse profissional e dispensvel.

    3.4 Metodologia de ensino:

    62%

    38%

    Voc faz atividades e

    avaliaes diferenciadas para

    seus alunos surdos e alunos

    ouvintes?

    Sim

    No

    0%

    92%

    8%

    Voc acha necessrio separar

    alunos surdos e ouvintes nas

    suas aulas de lngua portuguesa?

    Sim

    No

    No

    respondeu

    46%

    38%

    16%

    Voc acha que o professor

    dos surdos deve trabalhar o

    portugus oral?

    Sim

    No

    Outra

    resposta

    3.5 Formao do professor:

    62%23%

    15%

    Voc se sente preparado (a) para

    trabalhar com alunos surdos?

    Sim

    No

    Outra

    8%

    69%

    15%

    8% 0%

    Como considera o desempenho dos

    seus alunos surdos na sua disciplina?

    Excelente

    Bom

    Regular

    Ruim

    Pssimo

    77%

    0%23%

    A correo das avaliaes dos

    alunos surdos feita por quem?

    Professor

    regente

    Intrprete

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    92%

    8%

    Voc teria interesse em fazer um

    curso de extenso que tratasse

    do ensino de portugus para

    surdos?

    Sim

    No

    90%

    10%

    Caso o professor no saiba a

    lngua de sinais. Tem interesse

    em aprender?

    Sim

    No

    Agora analisaremos algumas perguntas subjetivas. A primeira pergunta que

    vamos analisar a cinco que trata da comunicao em sala de aula. Os dados da

    pesquisa nos mostram que a maioria dos professores conta com o apoio de intrprete

    para se comunicar com os alunos surdos, alguns usam a LIBRAS, outros leitura labial,

    sinais isolados, ou os prprios alunos surdos como mediadores da interao com o

    professor ouvinte e outros alunos surdos, gestos, escrita e um dos professores descreveu

    a forma de comunicao como precria.

    Vimos que 92% dos professores no acham necessrio separar surdos e ouvintes

    na aula de portugus e os 8% restante no explicitaram esta necessidade fundamental.

    As justificativas apresentadas pelos professores para incluso de surdos e ouvintes na

    aula de lngua portuguesa foram as seguintes: Surdos e ouvintes da instituio esto no

    mesmo nvel, respeita a incluso, bom para interao em LIBRAS entre surdos e

    ouvintes, a sociedade de surdos e ouvintes, o surdo se socializa, supera desafios,

    aprender na diversidade um direito e separar preconceito.

    Muitos dos argumentos dos professores para incluso so bastante questionveis,

    como alunos ouvintes, que tm o portugus com lngua materna, e surdos, que tm o

    portugus como uma segunda lngua, podem estar no mesmo nvel? Deve-se respeitar as

    polticas educacionais como a incluso, mas tambm podemos question-las se no

    esto beneficiando os alunos includos. Quanto interao em LIBRAS e socializao

    dos alunos surdos, no isso que tem sido observado, na maioria das escolas o aluno

    surdo continua isolado e muito poucos so os colegas de classe que aprendem LIBRAS.

    O argumento de superar desafios tambm muito frgil, na maioria das vezes o aluno se

    sente inferior aos ouvintes e no aprendem. Lamentavelmente, nenhum professor deixou

    explcita a necessidade de separar alunos surdos e ouvintes.

    A partir dos dados, vimos tambm que 62% fazem atividades e avaliaes

    diferenciadas para seus alunos surdos e alunos ouvintes e 38% dos professores no

    realizam atividades diferenciadas. Dentre os que fazem as questes diferenciadas as

    justificativas so: as atividades levam em considerao o grau de dificuldade do aluno

    independente de serem surdos ou ouvintes, a dificuldade da linguagem do surdo precisa

    ser adaptada, mais acessvel, que pode ser a ajuda dos intrpretes ou usar vocabulrio

    mais simples, percebe que a produo escrita do surdo diferente, o modo de avaliar o

    surdo diferente, mas o professor afirma: no s o surdo, mas todo aluno com

    necessidades educacionais especiais, as atividades devem contemplar a dificuldade dos

    alunos e acha que melhora e dinamiza o ensino.

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    O fato dos professores criarem atividades diferenciadas positivo, entretanto

    parece que alguns professores ainda no entenderam a especificidade lingustica do

    surdo que usa a lngua portuguesa como segunda lngua, j cadeirantes ou cegos tm o

    portugus como lngua materna.

    Infelizmente, 38% dos professores ainda nem reconhecem a necessidade de

    atividades e avaliaes diferenciadas e as justificativas so: excluso do surdo, o

    professor no se sente preparado pedagogicamente para fazer atividades diferentes para

    surdos e cegos e acha desnecessrio, pois o tratamento deve ser igual.

    Para concluirmos a anlise das respostas sujetivas trataremos da pergunta vinte

    que voc acha que o professor de Surdos deve trabalhar o portugus oral? Por qu?

    Infelizmente 46% dos professores acham que devem trabalhar o portugus oral, 38%

    dizem que no e 16% no sabe opinar ou disseram sim e no ao mesmo tempo para essa

    resposta. As justificativas a favor da oralizao pelos professores de portugus foram as

    seguintes: para observar a interpretao que os alunos conseguem obter aps o trabalho

    oral, a sociedade no fala com escrita, devido leitura labial ser desenvolvida, no

    considera a LIBRAS suficiente porque o aluno surdo convive com pessoas ouvintes,

    para auxiliar a expresso oral, lev-lo a se comunicar atravs da fala, a escrita

    relativamente fcil, a fala a maior barreira e uma forma de socializao.

    Contudo, os professores contrrios a fazer o papel de ensinar oralizao para

    pessoas surdas justificaram usando os seguintes argumentos: se o aluno for oralizado e

    quiser aprender, no vejo problemas. Todavia, nenhum surdo deve ser obrigado a

    oralizar, visto que eles j possuem uma lngua: a lngua de sinais, porque eles no

    ouvem e seria desnecessrio porque no lhes trariam nenhum benefcio de som e a parte

    oral tarefa do(a) fonoaudilogo(a).

    Como podemos perceber, o Oralismo ainda est bastante presente na educao

    dos surdos, a associao da fala com aprendizado efetivo, entretanto, o surdo oralizado

    pode assemelhar-se a um papagaio se no sabe o que significa os sons emitidos. Mesmo

    se o surdo tiver interesse em oralizar, concordo com a resposta de alguns professores

    que delegam esta tarefa para o profissional certo, o fonoaudilogo, e no o professor

    que no estudou para fazer esse tipo de trabalho.

    4. Sugestes e ideias para os professores de portugus como L2 para surdos

    Neste tpico, sugerimos quatro prticas que o professor de portugus para surdos

    pode realizar para melhores resultados no ensino desta lngua: separar surdos e ouvintes

    na aula de lngua portuguesa, pois esta prtica no se trata de excluso e sim, atender a

    especificidade lingustica da pessoa surda. Para exemplificar melhor essa situao,

    podemos pensar em brasileiros ouvintes aprendendo a lngua inglesa, se eles esto em

    nveis diferentes, devem frequentar salas de nveis diferentes, tambm podemos pensar

    em brasileiros que vo para o exterior, quando estudam a lngua local, o ensino se d

    com a metodologia de segunda lngua e no como nativos, da mesma forma so os

    surdos, eles possuem um nvel de lngua portuguesa diferente e esta no sua primeira

    lngua por isso a necessidade de separ-los.

    A segunda sugesto diretamente relacionada primeira, se o contedo e o

    nvel de lngua so diferentes, conclui-se que as atividades tambm devem ser

    diferenciadas, nessas atividades deve-se levar em considerao as habilidades visuais

    que os alunos surdos possuem.

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    O ensino de L2 precisa ter o ldico, j que no natural como a aquisio da

    primeira lngua, o professor precisa trabalhar temas interessantes e teis como instruo

    de jogos, receitas, bulas de remdio, sempre respeitando o pblico-alvo. Por exemplo,

    usar o texto da bula de um anticoncepcional com as adolescentes pode ser interessante,

    ou mesmo o texto de instruo para usar aplicativos de celular para atrair e motivar o

    aluno surdo pode funcionar, escolher textos e jogos a partir dos interesses de faixa etria

    e necessidades.

    A ltima sugesto a que os professores busquem formao, o professor precisa

    est em constante formao, ele deve procurar fazer cursos, ler bibliografias,

    familiarizar-se com os documentos legais a respeito da educao de surdos. Existem

    livros que podem ser facilmente acessados e baixados da internet e os documentos

    legais tambm esto nos domnios pblicos.

    5. Consideraes finais

    O ensino de portugus como segunda lngua no tem acontecido, a disciplina de

    lngua portuguesa, na maioria dos casos, tem sido ministrada juntamente com os

    ouvintes. Entretanto, a LIBRAS tem sido valorizada com primeira lngua dos surdos no

    momento em que os professores reconhecem a importncia da LIBRAS e do intrprete

    em sala de aula. Infelizmente a maioria dos professores no tem fluncia em LIBRAS,

    trabalham sem nunca terem realizado um curso sobre educao de surdos. Os dados

    mostram ainda que h mais professores que se sentem preparados para trabalhar com

    surdos do que professores que tenham alguma formao em educao de surdos.

    Indubitavelmente, percebemos que alguns professores se esforam e preparam

    atividades e avaliam de forma diferenciada seus alunos surdos. Contudo, se os

    contedos forem de primeira lngua dificilmente tero bons resultados. Sugerimos como

    medida necessria e urgente separao de surdos e ouvintes nas aulas de lngua

    portuguesa.

    Referncias

    BRASIL. Decreto-Lei n.5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n.

    10436 de 22/04/02 e o art. 18 da Lei 10.098 de 19/12/00. _______. Lei n. 10436, de 22 de abril de 2002. Oficializa a LIBRAS.

    GESSER, A. LIBRAS? Que lngua essa? Crenas e preconceitos em torno da

    lngua de sinais e da realidade surda. So Paulo: Parbola, 2009. MACHADO, P. C. A poltica educacional de integrao/incluso: um olhar do

    egresso surdo. Florianpolis: Editora da UFSC, 2008. QUADROS, R. M. Educao de Surdos: A aquisio da linguagem. Porto Alegre:

    Artmed, 1997.

    QUADROS, R.M; KARNOPP, L. B. Lngua de sinais brasileira: Estudos

    lingusticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. SACKS, O. W. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. So Paulo:

    Companhia das Letras, 1998. SALLES, H. M. L.; FAULSTICH, E; CARVALHO, O. RAMOS, A. A. Ensino de

    lngua portuguesa para surdos: caminhos para a prtica pedaggica. Vol 1 e 2.

    Secretaria de Educao Especial. Braslia: MEC/SEESP

    Anais do SIELP. Volume 2, Nmero 1. Uberlndia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758

  • 9

    ANEXO - FORMULRIO

    Informaes gerais de sala de aula

    1) Em qual(is) srie(s) voc ministra aula de lngua portuguesa que tem alunos

    surdos?

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    2) Quantos alunos surdos voc tem em sala de aula?

    ________________________________________________________________

    3) Voc considera a relao com seu(s) aluno(s) surdo(s):

    ( ) excelente ( )boa ( )regular ( )ruim ( )pssima

    4) Voc sabe lngua de sinais?

    ( ) sim ( )no

    5) Como voc se comunica com os alunos surdos em sua aula?

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    6) Seus alunos surdos conseguem acompanhar os contedos ensinados?

    ( ) sim ( )no

    7) Na sua aula tem intrpretes de LIBRAS com que frequncia?

    ( ) sempre ( ) quase sempre ( ) as vezes ( ) raramente ( ) nunca

    8) Os alunos surdos tm aulas de reforo ou apoio para a disciplina de Portugus?

    Quem oferece o reforo para esses alunos?

    Anais do SIELP. Volume 2, Nmero 1. Uberlndia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758

  • 10

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    O papel da Lngua de Sinais

    9) Voc acha importante o uso da LIBRAS por surdos?

    ( ) sim ( )no

    10) Em sua opinio, a LIBRAS atrapalha o aprendizado da lngua portuguesa por

    pessoas surdas?

    ( ) sim ( )no

    Documentos legais

    11) Voc conhece a Lei de LIBRAS?

    ( ) sim ( )no

    12) Conhece o Decreto 5.626?

    ( ) sim ( )no

    13) Caso conhea esse decreto, como ele interfere na sua atuao em sua aula?

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    14) Voc acha importante a presena de intrpretes na sua aula?

    ( ) sim ( )no

    Anais do SIELP. Volume 2, Nmero 1. Uberlndia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758

  • 11

    Metodologia de ensino

    15) Voc acha necessrio separar alunos surdos e ouvintes nas suas aulas de lngua

    portuguesa?

    ( )sim ( ) no

    Por qu?

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    16) Voc faz atividades e avaliaes diferenciadas para seus alunos surdos e alunos

    ouvintes?

    ( )sim ( ) no

    Por qu?

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    17) Caso as atividades sejam diferenciadas, o que feito de diferente?

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    ________________________________________________________________

    18) Caso a correo seja diferenciada, o que diferente na correo?

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    Anais do SIELP. Volume 2, Nmero 1. Uberlndia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758

  • 12

    19) Como considera o desempenho dos seus alunos surdos na sua disciplina?

    ( ) excelente ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) pssimo

    20) Voc acha que o professor de Surdos deve trabalhar o portugus oral?

    ( ) sim ( ) no

    Por

    qu?_____________________________________________________________

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    Formao do professor

    21) Realizou algum curso sobre a educao das pessoas surdas?

    ( ) sim ( ) no

    22) Voc se sente preparado(a) para trabalhar com alunos surdos?

    ( ) sim ( ) no

    23) A correo das avaliaes dos alunos surdos feita por quem?

    ( ) professor regente ( ) intrprete ( ) outros: ________________________

    24) Caso o professor no saiba lngua de sinais. Tem interesse em aprender?

    ( ) sim ( ) no

    25) Voc teria interesse em fazer um curso de extenso que tratasse do ensino de

    portugus para Surdos?

    ( ) sim ( ) no

    Anais do SIELP. Volume 2, Nmero 1. Uberlndia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758