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Revista da Estrutura de Aço | Volume 7 | Número 3 Volume 7 | Número 3 Dezembro de 2018

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Revista da Estrutura de Aço | Volume 7 | Número 3

Volume 7 | Número 3Dezembro de 2018

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Revista da Estrutura de Aço | Volume 7 | Número 3

ARTIGOSAnálise numérica da falha por fadiga de ligação de

estrutura porta-paletes via mecânica da fratura Maria Ávila Branquinho, Edson Denner Leonel, Luiz Carlos Marcos Vieira Júnior e

Maximiliano Malite

Influência das ligações semirrígidas na análise inelástica de segunda ordem de estruturas metálicas

Cladilson Nardino, Vinícius Hanser de Souza, Marcos Arndt e Roberto Dalledone Machado

Análise numérica de vigas de rolamento de aço sem contenção lateral entre apoios

Luiz Rafael dos Santos Leite e Maximiliano Malite

Simulação numérica e dimensionamento pelo MRD de pilares aparafusados de perfis formados a frio sob

falha distorcional Warlley Santos, Alexandre Landesmann e Dinar Camotim

225

245

264

205

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Revista da Estrutura de Aço | Volume 7 | Número 3

Modelo de cálculo para o cisalhamento do concreto nos conectores Crestbond

Hermano de Sousa Cardoso, Rodrigo Barreto Caldas, Ricardo Hallal Fakury, Gustavo de Souza Veríssimo e Ricardo Laguardia Justen de Almeida

Efeitos da interação solo-estrutura em edifícios de aço sobre fundação superficial

Renan Moura Guimarães, Alex Sander Clemente de Souza e Silvana de Nardin

Contribuição ao estudo da estabilidade de edifíciosde andares múltiplos em aço

Rafael Eclache Moreira de Camargo e José Jairo de Sáles

Estudo experimental da ligação de painéis de OSB com perfis do reticulado metálico do sistema construtivo

Light Steel Framing Joseph Stéphane Datchoua, Francisco Carlos Rodrigues e Rodrigo Barreto Caldas

280

300

321

341

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    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   

 

Recebido: 12/11/2017 Aprovado: 11/04/2018 

Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 205‐224 ‐ ISSN 2238‐9377 

 Análise numérica da falha por fadiga de ligação de estrutura porta‐paletes via 

mecânica da fratura Maria Ávila Branquinho1*, Edson Denner Leonel1, Luiz Carlos Marcos Vieira 

Júnior2 e Maximiliano Malite1 1 Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, Av. 

Trabalhador São‐Carlense, 400. CEP 13560‐590. São Carlos, SP, Brasil, email: [email protected] 

2 Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas 

Numerical analysis of fatigue fracture of the beam‐to‐column connection 

in steel pallet rack by Fracture Mechanics 

Resumo O presente trabalho apresenta o estudo numérico do modo de falha à fadiga observado em uma estrutura porta‐paletes com base na Mecânica da Fratura. Por meio do programa comercial Ansys, a propagação de uma fissura em uma ligação longarina‐conector foi simulada visando a determinação da curva da variação do fator de intensidade de tensão versus comprimento da fissura. A pequena espessura do conector torna os efeitos de concentração de tensão ainda mais importantes, tornando complexa também a determinação dos fatores de intensidade de tensão. Apesar disso,  foi possível obter, para  o ponto médio da  espessura do  conector, uma  curva representativa do comportamento mecânico‐material do problema e que possibilita a detecção dos instantes de mudança de direção de propagação, a compreensão do mecanismo de falha da estrutura como também o cômputo de sua vida útil estrutural com base na lei de Paris. 

Palavras‐chave: estrutura porta‐paletes, método dos elementos finitos, propagação de fissuras, vida útil, lei de Paris.  Abstract   The present work, based on fracture mechanics theory, presents a numerical study of fatigue fracture mode observed in a steel pallet rack connection. The propagation of cracks in a beam‐to‐column connection was simulated by Ansys commercial software in order to determine the variation  of  the  stress  intensity  factor  versus  the  crack  length.  The  small  thickness  of  the connector makes  stress  concentration  effects more  important  and  the  determination  of  its intensity  more  complex.  Despite  this,  it  was  possible  to  obtain,  at  the  midpoint  of  the connector's thickness, a representative curve of the mechanical‐material behavior. This curve is used  to:  determine  the  crack  length  in  which  the  direction  of  its  propagation  changes, understand the structure failure mechanism, and to predict its lifetime based on the Paris law.  Keywords: steel pallet rack, finite element method, crack propagation, fatigue lifetime, Paris law.  

 

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1 Introdução 

A  degradação mecânica‐material  provocada  por  fissuras  é  alvo  de monitoramento 

sistemático em alguns tipos de estruturas metálicas – como em pontes, linhas de tubos, 

estações de energia – principalmente, em  suas  ligações. Neste  contexto  também  se 

inserem  as  ligações  das  estruturas  porta‐paletes  devido  ao  carregamento  cíclico  de 

carga/descarga característico destas estruturas. 

Segundo a ABNT NBR 15524‐1:2007, estrutura porta‐paletes é uma estrutura metálica 

comumente  utilizada  para  a  armazenagem  de  cargas  dispostas  em  tablados 

denominados  paletes.  Uma  estrutura  porta‐palete  é  composta,  basicamente,  por 

longarinas e colunas, as quais são usualmente concebidas por perfis estruturais de aço 

formados a frio. Longarinas são elementos estruturais horizontais geralmente soldadas 

a  conectores  nas  extremidades.  As  colunas,  por  sua  vez,  são  elementos  estruturais 

verticais responsáveis por suportar os esforços transmitidos pelas unidades de carga. A 

cada par de colunas, interligadas por travessas e diagonais, tem‐se o montante, isto é, 

uma estrutura vertical (em geral treliçada) responsável por transferir a carga aplicada 

nas longarinas para o piso (ABNT NBR 15524‐1:2007). 

Uma particularidade das estruturas porta‐paletes é a fixação das longarinas nas colunas. 

Trata‐se de uma ligação semirrígida que é concebida para ser montada por encaixe, isto 

é,  sem  a  presença  de  parafusos  ou  soldas  (Markazi,  Beale  e  Godley,  1997).  Neste 

sentido,  cada  fabricante  desenvolve  seu  tipo  de  encaixe  para  melhor  atender  às 

exigências não só estruturais mas também de montagem. A fim de viabilizar a ligação 

por  encaixe,  os montantes  e  os  conectores  são  projetados  com  seções  transversais 

variadas e com diversos furos, que, apesar de viabilizarem a montagem das estruturas 

de armazenagem, induzem um efeito indesejável à estrutura: elevadas concentrações 

de tensões.  

A Figura 1 ilustra a falha de um conector observada in loco em que a concentração de 

tensão no furo 1 (furo superior) somada à fragilização do material próximo ao contorno 

da solda (decorrente do efeito térmico) – solda de topo entre a longarina e o conector 

–  induziram  à degradação mecânica do material  com o  surgimento de  fissuras.  Tais 

fissuras  cresceram  sob  a  ação  dos  carregamentos  cíclicos  característicos  de  uma 

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estrutura porta‐paletes (estrutura carregada/descarregada) até o colapso mecânico do 

sistema. 

 

Figura 1 – Falha do conector que provocou o colapso da longarina. 

 

O custo da falha de uma estrutura de armazenamento envolve desde o custo do material 

e da perda do investimento feito para a montagem do sistema, incluindo o dos produtos 

estocados, até a perda de vidas em eventuais fatalidades. A falha devido à propagação 

de  fissuras  por  fadiga  pode  ser  evitada  mediante  inspeções  periódicas  e  do 

conhecimento prévio da vida útil estimada para o caso analisado. Dessa forma, modelos 

que  permitem  a  determinação  da  vida  útil  desse  tipo  de  estrutura  são  altamente 

necessários, o que justifica os desenvolvimentos apresentados neste estudo. 

No presente  trabalho, o colapso mecânico da  ligação da Figura 1, pertencente a um 

sistema porta‐paletes, é analisado com base nos modelos propostos pela Mecânica da 

Fratura. Um modelo numérico tridimensional baseado no Método dos Elementos Finitos 

(MEF), a partir do software comercial Ansys, é utilizado para a determinação dos campos 

de  deslocamento  e  tensão,  os  quais  possibilitam  a  determinação  dos  fatores  de 

intensidade de tensão. Utilizando o critério de Schöllmann, os fatores de intensidade de 

tensão equivalente são determinados e a lei de Paris é adotada para a avaliação da vida 

útil. Uma  ligação  foi  analisada  sendo  os  resultados  encontrados  compatíveis  com  o 

colapso real observado. 

 

2 Mecânica da Fratura 

A Mecânica da Fratura é  largamente utilizada para a avaliação da confiabilidade e da 

vida útil de estruturas cujas falhas sejam ocasionadas pelo crescimento de fissuras como 

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em  rodas  de  locomotiva  (Lepov  et  al.,  2017),  cotovelos  de  tubulações  de  aço 

características de sistemas de transporte de calor primário PHT ou de usinas nucleares 

NPPs (Saravanan et al., 2016), ligações soldadas (Yin et al., 2016, Stillmaker et al., 2017), 

e  também em  ligações parafusadas  (Sivapathasundaram e Mahendran, 2017, Wen e 

Mahmound, 2017), entre outros. De fato, a ocorrência de fissuras em regiões soldadas 

de  ligações é  frequente. Como  já constatado por Lepov et al.  (2017), problemas em 

regiões  soldadas  de  estruturas  advém  da  má  especificação  do  procedimento  de 

soldagem, de habilidades de soldagem precárias, entre outras.  

À luz dos modelos da Mecânica da Fratura, as descontinuidades materiais (fissuras) são 

analisadas de forma discreta possibilitando que um balanço energético abrangendo a 

região da ponta da fissura determine a energia disponível para o crescimento da fissura 

tal como a estabilidade de sua propagação. O balanço energético (Integral J) conduz à 

determinação dos fatores de intensidade de tensão, os quais estão diretamente ligados 

à taxa de energia liberada para o crescimento da fissura. Os fatores de intensidade de 

tensão (K) relacionam‐se diretamente com os modos de fratura sendo, portanto, KI, KII 

e KIII  relativos aos modos  I  (de abertura),  II  (de deslizamento) e  III  (de  rasgamento), 

respectivamente. A  Figura  2  indica  os  ângulos  de  propagação  (ϕ0  e  ψ0)  observados 

durante a propagação tridimensional de uma fissura e, para facilidade de compreensão, 

superfícies  de  isodeslocamentos  do  corpo  fissurado  deformado  que  auxiliam  na 

percepção do plano de atuação de cada ângulo como também da direção da possível 

propagação da fissura.  

Figura 2 – Modos básicos de solicitação à fratura com detalhe para a atuação dos 

possíveis ângulos de propagação ϕ0 e ψ0 em um corpo tridimensional. 

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No software Ansys, o cálculo da integral J para os problemas tridimensionais é efetuado 

mediante o método de integração no volume, conforme apresentado por Shih, Moran 

e Nakamura  (1986).  Segundo  estes  autores,  para  o  caso  tridimensional,  a  integral  J 

depende, simplificadamente, de   que corresponde à energia  liberada pelo corpo por 

unidade  de  avanço  da  fissura  e  de  uma  função    que  engloba  componentes 

geométricas da fissura em função da ordenada   que percorre a frente da fissura. Para 

problemas tridimensionais, na ausência de tensões térmicas, forças de corpo e forças 

nas superfícies da fissura, a integral J pode ser obtida segundo Shih, Moran e Nakamura 

(1986) pela Equação 1. 

, ,

(1)

Na  Equação  1,    representa  o  tensor  de  tensões,  ,   é  a  primeira  derivada  das 

componentes cartesianas de deslocamento,   é a densidade da energia de deformação 

do  corpo,    é  o  delta  de  Kronecker  e  por  fim,  ,   refere‐se  ao  vetor  referente  à 

extensão da fissura (SAS, 2013, Shih, Moran e Nakamura, 1986). 

Segundo Schijve (2003), a partir da década de 50, pesquisas visando à determinação da 

vida útil de uma estrutura sob  fadiga com base em modelos da Mecânica da Fratura 

consolidaram a ideia de que a vida útil de um elemento é composta por duas grandes 

fases até o estágio de falha: iniciação e propagação da fissura. Estes estágios podem ser 

observados  experimentalmente  e  são  divididos  em  três  regiões  em  um  gráfico  que 

relaciona a taxa de propagação da fissura (da/dN, em que a é o comprimento da fissura 

e  N  o  número  de  ciclos  de  carregamento)  e  a  amplitude  de  variação  do  fator  de 

intensidade de tensão definido por ΔK = (KMÁX ‐ KMIN) em que KMÁX e KMIN representam 

os  valores máximo  e mínimo,  respectivamente,  do  fator  de  intensidade  de  tensão 

durante um ciclo de carregamento. O gráfico inicia‐se na região I, região de iniciação de 

fissuras, fase em que as fissuras apresentam pequenos comprimentos. Grande parte da 

vida útil da estrutura encontra‐se localizada na região intermediária, região II. A região 

II  representa  a  fase  de  crescimento  estável  de  uma  fissura  em  que  a  curva  é 

praticamente linear. Por fim, a região III caracteriza‐se por elevadas taxas de propagação 

de fissura em que KMÁX tende ao valor da tenacidade do material, KIC. Assim, na região 

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III, o problema deixa de ser caracterizado como fadiga e passa a ser caracterizado como 

fratura. 

Devido ao seu comportamento linear, a região II pode ser descrita por uma relação entre 

a taxa de crescimento da fissura (da/dN) e a variação do fator de intensidade de tensão 

(ΔK).  Esta  correlação  foi  constatada  por  Paris,  Gomez  e  Anderson  (1961)  que 

apresentaram  um  critério  para  a  previsão  de  propagação  de  fissuras  amplamente 

utilizado até os dias atuais (por, por exemplo, Krejsa et al., 2017 e Bahloul, Bouraoui e 

Boukharouba, 2017), trata‐se da chamada lei de Paris (Equação 2): 

→ (2)

Na Equação 2, C e n são constantes do material e representam os coeficientes angular e 

linear  da  região  II.  Devido  à  não  suavidade  do  comportamento  dos  fatores  de 

intensidade  de  tensão  em  relação  ao  incremento  no  comprimento  da  fissura, 

ocasionado principalmente pelas mudanças bruscas de direção de propagação, a lei de 

Paris pode ser integrada em sua forma discreta. A avaliação discreta da lei de Paris pode 

ser efetuada pelo procedimento apresentado por Andrade (2017), Equação 3: 

∆ ∆ ∆1 ∆ ∆

(3)

Nos últimos anos, diversos pesquisadores vêm propondo  leis para a avaliação da vida 

útil de estruturas considerando efeitos não abordados pela Lei de Paris. Bian  (2014) 

considerou o efeito da rugosidade da superfície de fratura enquanto Lepov et al. (2017) 

consideraram a variabilidade estatística das propriedades dos materiais, por exemplo. 

Além disso, há trabalhos que permitem a previsão da vida útil estrutural para estruturas 

fora do contexto das fadigas de alto ciclo. Yin et al. (2016) exploram o caso de fratura 

ocasionada pela denominada fadiga de ultra‐baixo ciclo (ULCF) a qual é proveniente de 

uma iniciação de fissuras dúctil com grandes deformações plásticas locais que faz com 

que a previsão da vida útil seja diferente da aplicada em fadigas de alto e baixos ciclos. 

No  âmbito de diversas  leis da  literatura,  a  lei de Paris é  a que  apresenta  adequada 

representabilidade para o cenário de falha descrito e considerado neste estudo. 

A definição da direção de propagação de uma fissura depende do estado de tensão em 

sua ponta, o qual é comumente descrito em termos de fatores de intensidade de tensão. 

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Há na literatura, diversos critérios que visam à determinação do ângulo de propagação 

de uma fissura assim como a definição de um fator de intensidade equivalente KEQ que 

relaciona os diferentes modos de fratura. Para o caso bidimensional, há, por exemplo, o 

critério da máxima tensão circunferencial proposto por Erdogan e Sih (1963) e o critério 

da mínima densidade de energia de deformação proposto por Sih (1974).  

Mais recentemente, Wen e Mahmound (2017) avaliaram a falha por fratura de ligações 

parafusadas do tipo block shear utilizando um critério de fratura dúctil que relaciona o 

caminho de propagação da fissura com a triaxilidade de tensão e com um parâmetro 

angular chamado Lode.  

Por  outro  lado,  Schöllmann  et  al.  (2002)  propuseram  um  critério  para  modos 

combinados baseado na máxima tensão principal σ1’, o qual representa adequadamente 

a direção de propagação em problemas de fadiga de alto ciclo. Segundo este critério, a 

frente da  fissura  crescerá  segundo  a direção perpendicular  à  atuação da  tensão  σ1’ 

calculada  em  uma  superfície  cilíndrica  virtual  em  torno  da  frente  da  fissura.  Esta 

constatação vai de encontro com os pressupostos de outros critérios, como o da máxima 

tensão  circunferencial,  que  mostram  que  uma  fissura  tende  a  crescer 

perpendicularmente  à  máxima  tensão  normal.  O  crescimento  instável  da  fissura, 

segundo  o  critério  de  Schöllmann,  ocorrerá  se  KEQ  (Equação  4)  superar  o  valor  da 

tenacidade do material KIC. Em que   na Equação 4 é o ângulo mostrado na Figura 2. 

12cos

2cos

2

32

sin cos2

32

sin 4

 

(4) 

Todavia, o crescimento instavél de uma fissura em um elemento estrutural não implica 

necessariamente  na  falha  global  da  estrutura.  Stillmaker  et  al.  (2017)  avaliaram 

emendas  soldadas  de  pilares  em  edifícios  submetidos  a  carregamentos  sísmicos  e 

enfatizam que uma avaliação precisa de um edifício implica em uma análise baseada em 

sistema, i.e., contra o pressuposto de que a fratura de apenas um elemento estrutural, 

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como de uma emenda por exemplo, irá necessariamente desencadear a falha de todo o 

edifício. É  importante ressaltar que, diferentemente do  indicado por Stillmaker et al. 

(2017), no presente trabalho não foi aplicada uma análise de sistema, visto que a falha 

de apenas uma  ligação  longarina‐conector  já acarreta danos econômicos e materiais 

significativos, além de ser uma ameaça à segurança dos trabalhadores. 

A  análise  do  colapso mecânico‐material  de  estruturas  com  complexas  geometrias  e 

condições de contorno  são adequadamente avaliadas por meio do acoplamento das 

abordagens da Mecânica da Fratura com métodos numéricos, tais como o MEF, como já 

feito por  Sivapathasundaram e Mahendran (2017) e Wen e Mahmound (2017), que o 

utilizaram para avaliar ligações metálicas. No presente trabalho, o MEF foi utilizado para 

avaliar o comportamento mecânico da ligação da estrutura porta‐palete em questão. 

 

3 Análise numérica baseada no Método dos Elementos Finitos 

A análise da vida útil em fadiga foi baseada na determinação da curva ΔKEQ versus a, a 

qual possibilita a determinação da vida útil de uma estrutura exposta aos efeitos de 

carregamento cíclico via lei de Paris. A construção da curva foi efetuada numericamente 

de forma incremental considerando um carregamento estático constante igual a 1MPa 

e material elástico linear, E=200000 MPa. Efeitos geometricamente não lineares foram 

desprezados, uma vez que esse tipo de colapso ocorre sob baixos níveis de deformação. 

No caso de uma estrutura porta‐paletes, o carregamento cíclico tem como condições 

extremas:  situação  carregada  (que  será  considerada  igual  a  1MPa)  e  descarregada. 

Sendo assim, KEQ,MIN refere‐se a situação descarregada da estrutura e assume o valor 

nulo, restando apenas ΔKEQ = KEQ,MÁX. Justifica‐se, portanto, a análise numérica apenas 

da situação carregada. 

Apesar  do  conector  possuir  uma  espessura  pequena  (3  mm)  e  caracterizar  sua 

geometria como essencialmente plana, o carregamento imposto o solicita fora do plano, 

tratando‐se, portanto, de um problema tridimensional. Do ponto de vista da Mecânica 

da Fratura, esse problema é tipicamente de rasgamento (modo III). A resolução deste 

problema, i.e., a obtenção dos fatores de intensidade de tensão para o corpo fissurado, 

foi obtida pelo MEF por meio do software Ansys Workbench v.15,0.  

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213 

O comportamento global da estrutura porta‐paletes não foi o alvo do presente trabalho. 

Sendo assim, ele pôde ser considerado como a superposição dos seguintes efeitos: o da 

contribuição da deslocabilidade do sistema assumindo longarinas rígidas somado ao da 

contribuição da deslocabilidade das longarinas isoladas (Figura 3). 

 

Figura 3 – Superposição de efeitos que compõem a deformada final da estrutura porta‐

paletes. 

  

Desta  forma,  visando  a  avaliação  do  comportamento  apenas  da  ligação  longarina‐

conector, a modelagem limitou‐se à longarina, de espessura 3,2 mm e comprimento de 

2444  mm,  soldada  aos  seus  conectores  de  extremidades,  de  espessura  3  mm, 

desconsiderando‐se a deslocabilidade do pórtico. A Figura 4 mostra o modelo numérico 

baseado  no  MEF  com  detalhe  para  o  carregamento  imposto  e  as  condições  de 

vinculação. O carregamento de 1 MPa foi aplicado de forma a reproduzir dois paletes 

carregados representados por três apoios cada. 

Figura 4 – Condições de: (a) carregamento e (b) contorno para o modelo em MEF. (c) 

Detalhe da posição relativa entre o conector de extremidade e a longarina. 

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214 

Neste trabalho foi adotada a hipótese de que a solda de topo aplicada na longarina e 

conectores foi capaz de unificá‐los. Sendo assim, visando reduzir as complexidades do 

problema, não foi necessária a consideração de  elementos de contato no modelo, visto 

que o sistema foi modelado como um corpo sólido único. Quanto à malha do modelo, 

no conector em que foi avaliada a propagação da fissura foi efetuada uma discretização 

conforme ilustrado na Figura 5. 

(a) (b) 

Figura 5 – Definição da malha: (a) elemento finito utilizado SOLID 187 (fonte: Manual 

do Ansys SAS, 2013) e (b) estratégia de discretização do conector fissurado com 

detalhe para a discretização na região da fissura. 

 

A malha foi definida integralmente em elementos tetraédricos de 10 nós com função de 

forma de aproximação quadrática em que cada nó apresenta três graus de  liberdade: 

translações nas direções X,  Y  e  Z  (elemento  SOLID  187)  como mostra  a  Figura  5. O 

elemento SOLID 187 além de se adequar bem a malhas irregulares suporta o cálculo dos 

parâmetros de fratura. 

A  estrutura  foi  discretizada  com  elementos  de  tamanho  25 mm  para  a  longarina, 

havendo um refinamento apenas nas seguintes regiões: (i) 2,0 mm para faces internas 

de perfurações e espessuras dos perfis; (ii) 0,5 mm para a região que envolve a o perfil; 

(iii) 0,1 mm na face interna do furo onde será iniciada a propagação da fissura; (iv) 0,05 

mm nas 2 faces da fissura e por fim (v) um refinamento nas linhas que formam a fissura 

– a definição do tamanho destes elementos foi embasada no estudo de convergência de 

malha cujos resultados estão apresentados na Figura 6. 

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215 

0 2 4 6 8 1044

46

48

50

52

54

56

58

60

KI (

MPa

.mm

0,5 )

Número de contornos

0,005 mm 0,01 mm 0,05 mm 0,1 mm

Estudo de malha na região da fissura

 

Figura 6 – Estudo de malha. 

 

Além da dependência com o tamanho dos elementos finitos envolvidos, a Figura 6 expõe 

uma dependência do fator de  intensidade de tensão do modo  I de fratura (KI) com o 

número de contornos utilizados para o cálculo da  Integral  J. A  Integral  J envolve um 

balanço de energia (Equação 1) realizado nos contornos em torno dos nós definidos na 

frente da  fissura e, para  tal, é necessária a definição da  frente da  fissura e do plano 

normal à fissura. A Figura 6 mostra que a partir do 7º contorno praticamente não há 

variação  no  valor  de  KI  com  o  número  de  contornos.  Todavia,  visando  uma melhor 

convergência dos valores dos fatores de intensidade de tensão, principalmente durante 

a propagação, foram adotados 10 contornos para a avaliação da integral J. Além disso, 

quanto  ao  tamanho  dos  elementos,  observa‐se  na  Figura  6  que  o  modelo  cujos 

elementos são de 0,05 mm foi o que mais se aproximou do comportamento do modelo 

mais refinado (o de 0,005 mm). Sendo assim, adotou‐se, para as linhas que formam a 

fissura, elementos de 0,05 mm, uma vez que a convergência já havia sido observada com 

este tipo de malha. 

A Figura 7 mostra a frente da fissura assim como o sistema local coordenado definido 

para o cálculo da Integral J para as situações de crescimento da fissura na horizontal e 

na vertical. O eixo X do sistema local é sempre coincidente com a direção de propagação 

da fissura enquanto que o eixo Y é perpendicular ao plano da fissura. 

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216 

 

Figura 7 – Definição da frente da fissura e do sistema local para as situações de fissura 

horizontal e fissura vertical. 

 

Para  viabilizar  o  estudo  da  propagação  de  fissura,  primeiramente  foi  definida  uma 

fissura inicial. Como observado por Saravanan et al. (2016) para cotovelos de tubulação, 

a localização do entalhe inicial no corpo fissurado desempenha um papel determinante 

na capacidade de carga da estrutura. No presente trabalho, a fissura inicial foi inserida 

na região do furo em que há maior concentração de tensões, respeitando o modo de 

falha observado na Figura 1. Foi definida uma fissura  inicial de comprimento 1 mm e 

abertura 0,2 mm à 2 mm da face superior do perfil da longarina, considerando, assim, a 

dimensão da perna da solda existente na situação real (Figura 8). Nesse estudo, assume‐

se que o material possua comportamento mecânico elástico linear. Portanto, assume‐

se comportamento frágil para o crescimento das fissuras. Essa hipótese é realista uma 

vez que o carregamento máximo do sistema (0,45 MPa equivalente a uma situação de 

carregamento de dois paletes de 1000 kg cada) conduz a tensões máximas na região em 

que  haverá  a  fissuração,  que  estão  consideravelmente  abaixo  do  limite  elástico  do 

material (300 MPa), conforme indica a Figura 9. 

 

Figura 8 ‐ Posição da fissura inicial de 1 mm. Dimensões em milímetros. 

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217 

 

Figura 9 – Comportamento das tensões de von Mises (MPa) considerando 2 paletes 

carregados e não‐linearidade geométrica para o modelo sem fissuração. 

 

O campo de  tensão mostrado na Figura 9  foi obtido considerando a não‐linearidade 

geométrica.  Comparando‐se  com  uma  análise  de  primeira  ordem,  é  constatado  um 

acréscimo de aproximadamente 10 % nos valores de  tensão no dispositivo de apoio 

devido  à  não‐linearidade  geométrica.  Devido  ao  elevado  custo  computacional 

observado  nas  análises  em  que  a  fissura  é  propagada,  a  desconsideração  da  não‐

linearidade geométrica mostrou‐se adequada visto que sua  influência nos valores dos 

fatores de intensidade de tensão, neste caso, não é justificada pelo acréscimo no tempo 

de processamento que ela acarreta. Desta forma, as análises de propagação da fissura 

se mantiveram  lineares tanto em termos de material, quanto geometricamente, sem 

perdas significativas no comportamento do sistema. 

A Figura 9 mostra que, além da fragilização do material do conector na região adjacente 

à solda, nesta região também há uma concentração de tensão que acompanha a seção 

da longarina. Efeitos que, somados, contribuem para a propagação da fissura. 

 

4 Comportamento dos parâmetros de fratura 

O cálculo dos  fatores de  intensidade de tensão  (KI, KII e KIII)  foi efetuado em cada nó 

pertencente à discretização da frente da fissura. Sendo assim, observou‐se uma variação 

destes fatores de intensidade de tensão ao longo da espessura do conector. A Figura 10 

mostra o comportamento de KI e KIII ao longo da espessura do conector para uma fissura 

de comprimento 4 mm, isto é, no trecho horizontal da propagação.  

A partir dos gráficos apresentados na Figura 10, é possível perceber a nítida influência 

que as bordas exercem sobre o comportamento dos fatores de intensidade de tensão 

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218 

ao  longo  da  espessura  do  conector.  Os  efeitos  de  concentração  de  tensão  e  seus 

elevados gradientes introduzem flutuações numéricas nos pontos localizados próximos 

às bordas, conforme já esperado. Retirando‐se apenas os resultados dos nós extremos 

que definem a frente da fissura observa‐se mais claramente o comportamento de cada 

fator de intensidade de tensão. 

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0-1000

0

1000

2000

3000

KI (

MPa

.mm

0,5 )

Distância na espessura do conector (mm)

Contorno 1 Contorno 2 Contorno 3 Contorno 4 Contorno 5 Contorno 6 Contorno 7 Contorno 8 Contorno 9 Contorno 10

Comportamento de KI ao longo da espessura

do conector

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

-600

-400

-200

0

200

400

600

KI (

MP

a.m

m0,

5 )

Distância na espessura do conector (mm)

Contorno 1 Contorno 6 Contorno 2 Contorno 7 Contorno 3 Contorno 8 Contorno 4 Contorno 9 Contorno 5 Contorno 10 Tendência do Contorno 10

Comportamento de KI sem valores das bordas

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

-15000

-10000

-5000

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

KII

I (M

Pa.m

m0,

5 )

Distância na espessura do conector (mm)

Contorno 1 Contorno 6 Contorno 2 Contorno 7 Contorno 3 Contorno 8 Contorno 4 Contorno 9 Contorno 5 Contorno 10

Comportamento de KIII ao longo da espessura

do conector

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0150

200

250

300

350

400

KII

I (M

Pa.

mm

0,5 )

Distância na espessura do conector (mm)

Contorno 1 Contorno 6 Contorno 2 Contorno 7 Contorno 3 Contorno 8 Contorno 4 Contorno 9 Contorno 5 Contorno 10 Tendência do Contorno 10

Comportamento de KIII sem valores das bordas

Figura 10 – Resultados dos fatores de intensidade de tensão para fissura de 

comprimento 4 mm. 

 

Em todos os casos observou‐se que, de fato, há uma grande variação nos valores dos 

fatores de intensidade de tensão com o número de contornos e que a utilização de 10 

contornos mostrou ser adequada para o ganho de precisão na obtenção dos valores de 

intensidade de tensão, visto que foi observada uma convergência dos resultados. 

Levando em conta a grande perturbação que existe nas bordas do conector, é intuitivo 

concluir a partir dos gráficos da Figura 10, que o ponto em que estas perturbações são 

mínimas é no ponto de coordenada 1,50 mm, i.e., no ponto médio da espessura. Neste 

ponto  (em destaque na Figura 10), observam‐se valores de KIII muito  superiores aos 

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219 

valores de KI e KII. Enquanto KIII apresenta um comportamento curvilíneo cujo máximo 

encontra‐se  próximo  à  coordenada  1,50 mm,  os  valores  de  KI  e  KII  apresentam  um 

comportamento praticamente linear. Para fissuras de comprimentos 8,3 e 35,3 mm, por 

exemplo, os valores de KI e KII para a coordenada 1,50 mm variam de 0,10 a 0,26, em 

módulo, do valor de KIII, a depender do comprimento da fissura. Nota‐se, portanto, que 

a  influência do modo de rasgamento é predominante no modo de falha da estrutura. 

Esta constatação é corroborada com a situação deformada observada numericamente 

na Figura 11. 

 

Figura 11 – Modo predominante de rasgamento observado numericamente (Ansys) para uma 

fissura de 18,3 mm: (a) resultados de deslocamento na direção axial com (b) detalhe para a 

fissura de 18,3 mm e deslocamentos relativos das faces da fissura nas direções: (c) X e (d) Y e Z. 

 

Para  a  construção da  curva  ΔKEQ  versus a, devido  à  grande  variação dos  fatores de 

intensidade  de  tensão  ao  longo  da  espessura  do  perfil,  foram  definidos,  dentre  os 

pontos discretizados na frente da fissura, os 15 pontos (Tabela 1) em que se observou 

uma melhor convergência dos parâmetros de fratura com os contornos. Para estes 15 

pontos,  foram  coletados  os  valores  de  KI,  KII,  KIII  a  fim  de  avaliar  ΔKEQ  para  cada 

incremento de fissura. A Tabela 1 apresenta as coordenadas dos pontos em que foram 

avaliados os fatores de intensidade de tensão em cada incremento de fissura. 

Tabela 1 – Coordenadas dos 15 pontos. 

Ponto Coordenada 

(mm) Ponto 

Coordenada (mm) 

Ponto Coordenada 

(mm) Ponto 

Coordenada (mm) 

1  0,9375  5  1,4463  9  1,6604  13  1,8745 

2  1,0713  6  1,4998  10  1,7139  14  2,0889 

3  1,2319  7  1,5532  11  1,7676  15  2,3564 

4  1,2856  8  1,6069  12  1,7942   

(a)  (b)

(c) (d)

Y

Z

(a) (b)

(c) (d)

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220 

5 Curva ΔKEQ versus a 

O cálculo da variação do fator de intensidade de tensão equivalente (ΔKEQ) foi efetuada 

por meio do critério de Schöllmann o qual permite considerar de forma consistente os 

efeitos mecânicos  decorrentes  do modo  de  rasgamento  (modo  III).  A  tenacidade  à 

fratura adotada no presente trabalho foi a apresentada por Gdoutos (1993) para aços 

do tipo carbono (219,8 MPa.m0,5, isto é, cerca de 6950 MPa.mm0,5). 

Nas análises, não foi necessária a determinação dos ângulos de propagação da fissura. 

Tais ângulos foram impostos na modelagem numérica devido ao conhecimento prévio 

da direção de propagação da fissura: ψ0 foi considerado nulo pois o plano de fissuração 

considerado foi paralelo ao plano XZ e ϕ0 foi imposto nulo visto que o cálculo dos fatores 

de  intensidade de tensão foi determinado em função de um sistema de coordenadas 

local que acompanhava a direção de propagação da fissura como mostrado na Figura 7. 

Sendo assim, foi adotado o critério de Schöllmann visando apenas à determinação de 

KEQ.  Considerando   = 0° na Equação 4, KEQ resulta (Equação 5): 

12

4 (5) 

Ou  seja,  segundo  a  Equação  5,  a  determinação de KEQ  é  função  apenas de KI  e KIII. 

Aplicando a Equação 5 nos 15 pontos para todos os incrementos de fissuras obtém‐se o 

comportamento de KEQ ao longo da espessura do conector mostrada na Figura 12.  

 

Figura 12 – Comportamento dos fatores de intensidade de tensão equivalentes com a 

espessura do conector e ao longo dos incrementos de fissura. 

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221 

A partir da Figura 12 é possível observar que: (i) a mudança de comportamento da curva 

ocorre  justamente nos pontos em que houve mudança na direção de propagação da 

fissura: fissuras de comprimento 8,3 mm e 35,3 mm; (ii) ocorre uma perturbação nos 

valores de KEQ maior para os pontos mais próximos das bordas do conector e menor 

quanto mais afastado das bordas está o ponto e (iii) apesar da perturbação existente no 

interior da espessura do perfil, há um ponto em que estas influências devido às bordas 

são mínimas: o ponto de coordenada 1,4998 mm como mostra a Figura 13. Neste ponto, 

observa‐se  um  comportamento  da  curva  no  sentido  de  uma média  das  curvas  dos 

demais pontos. 

0 10 20 30 40 50

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

KE

Q (

MP

a.m

m0,

5 )

Comprimento da fissura (mm)

Thecho horizontal Trecho vertical Trecho inclinado Tendência trecho horizontal Tendência trcho vertical Tendência trecho inclinado

Comportamento do fator de intensidade equivalentepara o ponto de coordenada 1,4998 mm

Figura 13 – Comportamento dos fatores de intensidade de tensão equivalente para o 

ponto de coordenada 1,50 mm frente aos incrementos de fissura. 

 

O  comportamento da  curva mostrada na  Figura 13 mostra‐se  coerente: enquanto  a 

mudança  de  comportamento  na  curva  na  fissura  de  8,3 mm  reflete  a mudança  na 

direção  de  propagação  da  fissura  (de  horizontal  para  vertical),  a  mudança  de 

comportamento observada na fissura de 35,3 mm aborda também outro fenômeno: o 

fim  do  processo  de  propagação  da  fissura.  A  Figura  14  mostra  o  campo  de 

deslocamentos na direção Z para a  face do conector  soldada à  longarina em que os 

valores positivos referem‐se à situação em que o dispositivo é comprimido e os valores 

negativos  com  a  situação  em  que  ele  sofre  tração.  Fisicamente,  como  o modo  de 

rasgamento ocorre apenas na região em que há tração no dispositivo, a propagação da 

fissura por fadiga ocorre apenas nas regiões da Figura 14 de valores de deslocamento 

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negativos.  Sendo  assim,  a  Figura  14 mostra  que  as  propagações  tanto  nas  direções 

horizontais  quanto  verticais  são  possíveis  enquanto  que  a  propagação  na  direção 

inclinada  mostra‐se  fisicamente  incoerente,  o  que  justifica  o  comportamento 

descendente do gráfico da Figura 12 e da curva mostrada na Figura 13. 

 

Figura 14 – Comportamento dos campos de deslocamento da direção Z quando as fissuras estão nos trechos horizontal, vertical e inclinado. 

 

Assim, o modo de falha observado in loco envolve a composição de dois fenômenos: (i) 

primeiramente,  a propagação da  fissura por  fadiga  iniciada na  região do  furo  até o 

comprimento de 35,3 mm e (ii) posteriormente, ocorreu a fratura da parte restante da 

seção devido ao colapso da longarina visto que o valor de KEQ atingido para a fissura de 

35,3 mm foi muito aquém do KIC (valor máximo de 1856,61 MPa.mm0,5 para o ponto de 

coordenada 1,4998 mm). Este destacamento ocorreu de  forma adjacente à solda do 

restante  do  perfil  devido  à  fragilização  existente  do  material.  Considerando  as 

constantes do material iguais ao indicado por Barsom e Rolfe (1999) para aços ferrita‐

perlita (C = 3,6. 10‐10 in5/2/(ksi³ciclo), i.e., 3,57. 10‐9 mm5/2/(MPa³.ciclo) e n=3), a vida útil 

calculada por meio da Equação 3 com base na curva da Figura 13 para comprimentos de 

fissura  de  1  a  35,3  mm  resulta  em  74  ciclos  de  carregamento/descarregamento. 

Demonstrando, portanto, a necessidade do estudo à fadiga destas estruturas visto que 

a falha ocorre com poucos ciclos de carregamento. 

 

6 Conclusões 

O uso do MEF mostrou  ser uma  ferramenta eficiente para as análises de  fratura de 

corpos tridimensionais fissurados, desde que efetuado um estudo de malha em virtude 

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da grande dependência dos parâmetros de fratura com o tamanho dos elementos e com 

o número de contornos para o cálculo da  Integral J. Todavia, as análises por meio do 

MEF demandaram um alto custo computacional. Desta forma, simplificações no modelo 

numérico mostraram‐se necessárias – tais como a desconsideração da modelagem do 

cordão de solda e a adoção de análises lineares geometricamente –, sem, entretanto, 

comprometer o estudo do comportamento mecânico do sistema. 

O  agravante  da  análise  foi  a  pequena  espessura  do  conector  somada  à  grande 

perturbação  no  campo  de  tensão  e,  consequentemente,  nos  parâmetros  de  fratura 

gerada nos pontos perto das bordas. Conforme mostrado na Figura 12, a perturbação 

gerada  pelas  bordas  não  é  anulada  ao  longo  da  espessura  do  perfil  devido  à  sua 

dimensão reduzida. Apesar disso, é possível analisar o comportamento do sistema por 

meio  dos  resultados  do  ponto  de  coordenada  1,4998 mm,  i.e.,  do  ponto médio  da 

espessura (Figura 13). O ponto de coordenada 1,4998 mm trata‐se do ponto em que as 

perturbações são menores e mostra‐se como um resultado médio das curvas dos demais 

pontos, permitindo, assim, a avaliação da vida útil da estrutura. 

O presente trabalho indicou, por meio da aplicação da lei de Paris, uma vida útil para o 

sistema de apenas 74 ciclos de carregamento/decarregamento. Todavia, não trata‐se de 

um problema de fadiga de baixo ciclo nem mesmo de ULCF pois, ao término dos 74 ciclos 

previstos,  o  valor  de  KEQ  atingido  foi muito  aquém  do  KIC  do material,  i.e.,  não  foi 

alcançado o estágio de propagação instável da fissuração. A curta vida útil é justificada 

pelo  término  da  fissuração  ser  imposto  pelo  fim  da  região  de  tração  do  conector 

fissurado, o que impede que a fissuração continue. E, de fato, há o colapso da longarina, 

pois o comprimento alcançado da fissura já é suficiente para torná‐la hipostática.  

Sendo assim,  conclui‐se que o monitoramento de estruturas porta‐paletes quanto à 

iniciação  e  propagação  de  fissuras  nas  ligações  longarina‐conector  mostra‐se  de 

primordial  importância  e,  para  tal,  os  gráficos  da  Figuras  12  e  13  permitem  o 

planejamento de inspeções periódicas nestas estruturas. 

 

7 Agradecimentos 

Os autores agradecem ao CNPq pelos recursos financeiros concedidos (nº do Processo: 140458/2017‐4).  

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    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   

Recebido: 17/01/2018 Aprovado: 11/04/2018 

Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 225‐244 ‐ ISSN 2238‐9377 

 

Influência das ligações semirrígidas na análise inelástica de segunda ordem de estruturas 

metálicas  

Cladilson Nardino1a* Vinícius Hanser de Souza1b , Marcos Arndt1c e Roberto Dalledone Machado1d 

 

1a [email protected] 1b [email protected] 1c [email protected] 

1d [email protected]  

1Programa de Pós‐Graduação em Engenharia de Construção Civil (PPGECC), Departamento de Construção Civil, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Centro Politécnico ‐ UFPR ‐ Caixa Postal 19.011 / CEP 81531‐980, Curitiba, Paraná, Brasil. 

Resumo As ligações viga‐coluna são usualmente assumidas como perfeitamente rígidas ou idealmente rotuladas em relação aos esforços solicitantes; contudo, o comportamento real das ligações é intermediário,  caracterizado  como  semirrígidez.  Quando  falamos  de  análise  estrutural, tradicionalmente realiza‐se uma análise linear elástica de primeira ordem, porém, uma análise inelástica  de  segunda  ordem  condiz  com  uma  análise mais  realista  e melhor  caracteriza  o comportamento estrutural. Neste trabalho, verificou‐se a influência das ligações semirrígidas na análise de 2ª ordem em estruturas metálicas. Os resultados das análises apresentam influência significativa dos deslocamentos, esforços internos e frequências de vibração da estrutura devido a  consideração  da  semirrigidez  nas  ligações  viga‐coluna  e  um  aumento  significativo  dos deslocamentos  devido  a  consideração  da  análise  inelástica  de  segunda  ordem,  indicando  a importância dos estudos e considerações nas análises. 

Palavras‐chave: Ligações Semirrígidas, Análise inelástica de 2ª ordem, Análise não linear.  Abstract   The beam‐column connections are usually assumed  to be perfectly  rigid or  ideally pinned  in relation to the internal forces, however, the actual behavior of the connections is intermediate, characterized  as  semi‐rigidity.  In  structural  analysis,  a  first  order  linear  elastic  analysis  is traditionally performed,  yet,  a  second order  analysis  is  consistent with  a more  realistic  and better  characterized  structural  behavior.  In  this  work,  the  influence  of  the  semi‐rigid connections was verified in the 2nd order inelastic analysis in steel structures. The results of the analyzes  show  a  significant  influence  of  the  displacements,  internal  stresses  and  vibration frequencies of the structure due to the consideration of the semi‐rigidity in the beam‐column connections and a  significant  increase of  the displacements due  to  the  consideration of  the second order inelastic analysis, indicating the importance of the studies and considerations.  Keywords: Semi‐Rigid Connections, Second Order Inelastic Analysis, Nonlinear Analysis.  * autor correspondente  

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1 Introdução 

Uma importante idealização admitida nas análises estruturais é quanto às ligações entre 

os  elementos,  que,  tradicionalmente  são  consideradas  como  perfeitamente  rígidas 

(engastadas) ou  idealmente  rotuladas  (flexíveis) em  relação aos esforços  solicitantes 

(Ribeiro, 1998). Contudo, devido à grande variedade de ligações, além da diversidade de 

configurações, meios  e  dispositivos  de  ligação,  não  é  possível  obter‐se  um  perfeito 

engastamento,  nem  uma  rótula  perfeita  entre  viga  e  coluna,  verificando‐se  que  as 

ligações  introduzem  efeitos  locais  e  imperfeições  que  podem  induzir  um 

comportamento de rigidez parcial das ligações: a semirrigidez (Maggi, 2000).  

Segundo Nguyen  e  Kim  (2014)  o  comportamento  real  das  conexões  é  não  linear  e, 

geralmente,  representado no modelo  computacional pela  relação momento‐rotação 

relativa com molas rotacionais que apresentam comprimentos nulos. Para descrever o 

comportamento semirrígido, faz‐se necessário conhecer a resposta rotacional da ligação 

utilizada,  por  meio  do  comportamento  momento‐rotação  relativa  (M‐θ),  obtida 

normalmente  por  meios  experimentais  ou  por  modelos  teóricos,  matemáticos, 

empíricos ou semiempíricos. Este comportamento, por sua vez, deve ser incorporado à 

análise  estrutural  para  que  se  obtenham  informações  mais  precisas  sobre  o 

desempenho da estrutura (Bessa, 2009).  

O Eurocode 3 (2005) apresenta que a relação momento‐rotação relativa de uma ligação 

depende  das  propriedades  dos  seus  componentes  básicos.  Um  componente 

desempenha contribuição relevante em uma ou mais propriedades estruturais do nó. 

Assim,  esse método  denominado  “método  das  componentes”,  divide  os  elementos 

básicos em três regiões distintas ao longo da ligação: zona tracionada, comprimida e de 

cisalhamento  (Maggi,  2004).  A  rigidez  inicial  da  ligação  é  determinada  utilizando  o 

método das componentes do Eurocode 3 (2005). 

O  avanço  tecnológico  tem  permitido  o  aprimoramento  de  ferramentas  de  análise 

estrutural  e  desenvolvimento  de  novas  técnicas  e  procedimentos  que  buscam 

representar  o  comportamento  real  da  estrutura,  a  partir  da  consideração  da 

semirrigidez. Com a concepção da não linearidade do comportamento da curva М‐θ da 

ligação, a análise linear tem sido incapaz e insuficiente para refletir o comportamento 

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real  de  estruturas  sob  condições  não  usuais  de  carregamento  ou  de  carregamento 

limite, sendo assim, necessárias análises de 2ª ordem.  

No  presente  trabalho,  um  pórtico  de  cinco  pavimentos,  nas  configurações  com 

contraventamento e  sem contraventamento,  será analisado. Serão  realizadas análise 

linear de primeira ordem e análise de segunda ordem, confrontando e comparando os 

resultados  obtidos,  com  enfoque  na  influência  da  análise  de  segunda  ordem,  que 

considera os efeitos da não  linearidade física e geométrica. Será considerada ainda a 

semirrigidez da  ligação  viga‐coluna,  sendo  a  rigidez  inicial da  ligação determinada  a 

partir do método das componentes do Eurocode 3 – EC3 – (2005) para a ligação do tipo 

cantoneira  de  topo  e  assento.  O  programa  computacional  NIDA  foi  utilizado  neste 

trabalho para a obtenção dos resultados. 

2 Comportamento e análise estrutural 

O objetivo da análise estrutural é determinar tensões, deformações, esforços internos e 

deslocamentos  para  certa  estrutura  sob  determinado  carregamento  e  condições  de 

contorno.  O procedimento para análise pode ser realizado de diversas maneiras, e neste 

trabalho serão abordados dois grupos: análises de primeira ordem e análises de segunda 

ordem.

2.1 Análise elástica de 1ª ordem  

Atualmente análises  lineares  são as mais utilizadas entre projetistas, e os  resultados 

obtidos  nessas  análises  são  utilizados  como  base  para  cálculo  de  deslocamentos, 

deformações,  esforços  internos  e  tensões  a  serem  utilizadas  no  dimensionamento 

estrutural.  

Na  consideração  da  análise  linear,  três  condições  básicas  devem  ser  atendidas: 

compatibilidade, equilíbrio e relações constitutivas. Chan & Chui (2000) complementam 

que a deflexão da estrutura é assumida como muito pequena e os efeitos de segunda 

ordem (geométricos) são  ignorados. A rigidez dos membros estruturais é constante e 

independe da presença de forças axiais, ignorando‐se o efeito P‐Δ e o efeito P‐δ, os quais 

serão  discutidos  na  subseção  2.2.  Além  disso  o material  apresenta  comportamento 

elástico linear. 

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Uma das desvantagens da análise elástica linear tem sido sua incapacidade de refletir o 

comportamento real de estruturas quando carregamentos não usuais ou carregamentos 

limites estão atuando, uma vez que todas as estruturas comportam‐se de  forma não 

linear pouco antes de atingir seus limites de resistência (Pinheiro, 2003). A consideração 

básica  dessa  análise  não  possibilita  a  avaliação  adequada  da  estabilidade  ou  da 

resistência última da estrutura, sendo para isso necessário ampliar a eficiência da análise 

e levar em consideração os efeitos de segunda ordem.  

Durante a análise linear de estruturas, a força é assumida linearmente proporcional ao 

deslocamento e o princípio de superposição dos efeitos pode ser aplicado para obter o 

diagrama final de esforços internos. Esta técnica de superposição dos efeitos não pode 

ser  aplicada  a  uma  análise  não  linear  porque  a  resposta  estrutural  é  afetada  pela 

interação entre cargas e deformações e, portanto, não podem ser  isoladas umas das 

outras (Chan & Chui, 2000). 

2.2 Análise plástica (inelásticas) de segunda ordem  

Procura‐se com a análise não linear melhorar a simulação do comportamento de uma 

estrutura  em  alguns  aspectos,  ou  seja,  uma  modelagem  mais  realista  a  partir  da 

consideração  apropriada  dos  efeitos  relacionados  às  não  linearidades  que  afetam  o 

comportamento  estrutural.  Assim,  duas  considerações  de  não  linearidades  são 

abordadas  nas  análises:  a  primeira  consiste  na  não  linearidade  do material  ou  não 

linearidade física, que considera a relação tensão x deformação não linear do material; 

e  a  segunda  classe  consiste  na  não  linearidade  geométrica,  que  é  produzida  por 

deformações  finitas causadas por certo carregamento aplicado. Na análise não  linear 

geométrica  ou  análise  em  teoria  de  segunda  ordem,  o  equilíbrio  é  formulado 

considerando‐se a estrutura na posição deslocada. 

A  análise  de  segunda  ordem  é  complexa  e  muitas  vezes  necessita  de  processos 

iterativos, isso porque a presença de forças ou cargas altera a geometria estrutural e a 

rigidez do elemento (Chen et al., 1996). Um dos métodos consagrados para análise geral 

não  linear é o método de Newton‐Raphson, onde a  iteração é ativada para obter a 

condição de equilíbrio entre as forças aplicadas e a resistência estrutural interna dentro 

de um passo de carga. Apesar de sua complexidade, o principal benefício da análise de 

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229 

segunda ordem é ser responsável pela redistribuição das forças internas depois que a 

resistência dos membros foi superada (Chen et al., 1996).  

Na próxima seção será abordado modelo matemático para a determinação da rigidez 

das ligações.  

3 Ligações semirrígidas  

Convencionalmente na  análise e dimensionamento de estruturas metálicas,  ligações 

viga‐coluna são  idealizadas como perfeitamente rígidas: quando se admite que a viga 

acompanha  o  movimento  de  giro  da  coluna,  permitindo  a  total  transmissão  do 

momento fletor; ou idealmente rotulada ou flexível: quando se aceita que a ligação é 

tão  flexível e que o  valor do momento  fletor  transmitido por ela é desprezível, não 

ocorrendo continuidade rotacional.  

Entretanto, observa‐se que a curva não linear que caracteriza o comportamento real da 

ligação  se  encontra  numa  posição  intermediária  às  idealizações  tradicionais, 

apresentando o comportamento semirrígido das ligações. Admitindo o comportamento 

semirrígido  das  ligações,  pode‐se  obter  uma  melhor  aproximação  da  realidade, 

modificando  a  distribuição  dos momentos  fletores  na  estrutura,  como  ilustrado  na 

Figura 1.  

 

Figura 1 – (a) Pórtico e respectivo modelo para análise; (b) diagrama de momentos fletores para a ligação viga‐coluna rígida; (c) ligação viga‐coluna flexível  e (d) ligação viga‐coluna 

semirrígida  (Barbosa, 2006) 

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230 

Para  representação  do  comportamento  semirrígido  das  ligações,  os  nós  devem  ser 

modelados como elementos de mola, cujos valores das constantes de mola são fixados 

em  função das características de  rigidez e  resistência à  flexão da  ligação, como  será 

mostrado posteriormente.  

As  ligações viga‐coluna geralmente estão submetidas a forças axiais, forças cortantes, 

momentos  fletores  e  torção. Nesse  estudo,  a  torção  é  desconsiderada,  e  os  efeitos 

causados pelas forças axiais e cortantes são geralmente muito pequenos comparados 

aos causados pelos momentos fletores (Chen et al., 1996). Consequentemente, apenas 

o efeito causado pelo momento fletor será considerado nesse trabalho. 

As  pesquisas  têm  buscado  desenvolver  modelos  simples  que  representem  o 

comportamento momento‐rotação relativa das ligações (Higaki, 2014). Tendo em vista 

o escopo deste trabalho, será abordado aqui apenas o modelo matemático linear para 

representar o comportamento da ligação, cuja rigidez rotacional será obtida de forma 

analítica através do método das componentes e  incorporada diretamente na análise 

estrutural. Esse modelo de  ligação é o mais simples pois depende unicamente de um 

parâmetro,  ou  seja,  a  rigidez  inicial  da  ligação. Diversos  trabalhos  apresentam  essa 

consideração da rigidez inicial constante da ligação (Batho, 1931; Baker, 1934; Rathbun, 

1936; Monforton & Wu, 1963; Lightfoot & Lemesurier, 1974), além de trazer aplicações 

para  a  análise  de  vibração  de  pórticos  com  ligações  semirrígidas  (Chan,  1994). 

Adicionalmente, destaca‐se que a hipótese linear é conveniente para valores pequenos 

de  carregamentos  e  rotações,  no  entanto,  em  análises  com  grandes  deflexões,  a 

degradação da rigidez das ligações deve ser considerada (Alvarenga, 2010; Chan & Chui, 

2000, Pinheiro, 2003; Chen et al., 1996), ou seja, um modelo não linear para representar 

o comportamento da ligação. A expressão do modelo linear é dada por: 

rjr S=M   (1) 

onde  jS  é o valor constante de rigidez  inicial  ( , ) da  ligação ou de rigidez secante 

( , ). 

A rigidez  inicial da  ligação será obtida a partir do método das componentes proposto 

pelo Eurocode 3 (2005) apresentado na seção 5 deste trabalho. O modelo semirrígido 

linear  será  abordado  no  escopo  deste  trabalho  e  aplicado  no  pórtico  de  cinco 

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231 

pavimentos  a  fim  de  obter  resultados  mais  próximos  do  comportamento  real  da 

estrutura.  

4 Acoplamento de rigidez 

A literatura apresenta diversos modelos de acoplamento da rigidez para um elemento 

semirrígido (Chan & Chui, 2000; Torkamani et al., 1997; Yang & Kuo, 1994; Sekulovic & 

Salatic, 2001; Chen & Lui, 1991), entretanto, este trabalho aborda somente o elemento 

semirrígido proposto por Chan & Chui (2000). Isso ocorre, pois, o software NIDA, que 

será utilizado no desenvolvimento e obtenção dos resultados deste trabalho, baseia‐se 

no acoplamento de rigidez proposto por Chan & Chui (2000). 

Uma  ligação semirrígida pode ser modelada como um elemento de mola  inserido no 

ponto de interseção entre a viga e a coluna, como apresentado na Figura 2. Tal elemento 

de mola apresenta comprimento nulo, não alterando as características da ligação. 

 

Figura 2 – (a) Elemento de mola simulando uma conexão; (b) Modelo de elemento de pórtico semirrígido idealizado (Chan & Chui (2000) adaptado pelo autor). 

A mola da ligação e o elemento da viga‐coluna são combinados de modo a formar um 

elemento híbrido, apresentado na Figura 4(b). Um dos lados do elemento de mola está 

conectado ao elemento de viga‐coluna enquanto o outro  lado está conectado ao nó 

global (ou à coluna). Com as molas de conexão, adicionadas às extremidades da viga‐

coluna, a matriz de rigidez convencional do elemento deverá ser modificada de tal modo 

a levar em consideração o efeito das ligações semirrígidas. A matriz de rigidez resultante 

do  acoplamento  do  elemento  de  viga‐coluna  com  os  elementos  de mola  (ligação) 

poderá ser então ser utilizada nas análises a serem realizadas neste trabalho. Essa matriz 

tem a seguinte forma (Chan & Chui, 2000): 

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232 

cj

bj

bi

ci

kjkj

kjjikjji

ijiikiki

kiki

cj

bj

bi

ci

RR

RKRK

KKRR

RR

M

M

M

M

00

0

0

00

  (2) 

onde os subscritos ‘i’ e ‘j’ referem‐se aos nós extremos i e j do elemento de viga‐coluna 

(Figura 2 (b)); os termos  ijK  são as componentes de rigidez à flexão da viga; kiR  e  kjR  

são  as  componentes  de  rigidez  tangentes  das molas  da  ligação i   e j ,  são  as 

rotações  incrementais das duas extremidades do elemento tomando‐se como base a 

última configuração de equilíbrio.  

5 Procedimento geral para o método das componentes Eurocode 3 (2005) (EC3) 

A resposta do componente individual e a resposta completa da ligação são geralmente 

envolvidas no método das componentes para estabelecer a resposta momento‐rotação 

relativa da ligação. Considerando, por exemplo, a ligação da Figura 3(a), o primeiro passo 

é  decompor  a  ligação  em  vários  grupos  de molas  que  representam  os  grupos  de 

parafusos e os elementos da ligação, como ilustrado na Figura 3(b). O segundo passo é 

montar as propriedades desses componentes e incorporá‐los em uma mola rotacional 

com a característica da rotação obtida (Figuras 3(c) e 3(d)). O momento resistente da 

ligação  , , assim como a  rigidez da  ligação  , podem  ser obtidos pelo momento 

resistente e pela  rigidez das  componentes básicas da  ligação  (Fang et al., 2013). Na 

Figura 3  tem‐se ainda a rigidez rotacional  inicial  ( , ) da  ligação, o momento  fletor 

solicitante  de  cálculo  ( , ),  a  rotação  relativa  correspondente  ao momento  fletor 

solicitante ( ), a rotação relativa correspondente ao momento resistente da ligação 

( ) e a rotação relativa última da ligação ( ). 

5.1 Resposta das componentes 

A resposta momento‐rotação relativa da ligação é determinada pelas características das 

componentes. As componentes para a  ligação com cantoneira de topo e assento que 

será  utilizada  no  desenvolvimento  deste  trabalho  estão  descritas  na  Figura  4  e 

detalhadas na Tabela 1.  

 

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233 

Figura 3 – Caracteristicas momento‐rotação relativa da ligação. (a) Configuração da ligação; (b) compenentes de mola; (c) modelo de mola rotacional; (d) curva momento rotação. 

Figura 4 – Regiões para verificação da resistência em uma ligação viga‐pilar com cantoneiras de 

topo e assento (adaptado de Maggi, 2004). 

 

 

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234 

Tabela 1 – Verificações de resistência nos componentes da ligação (adaptado de Maggi, 2004). 

Zona   Região   Verificação  

Tração 

a Tração nos parafusos (com a mesa da coluna e com as cantoneiras) 

b Flexão da aba da cantoneira de topo e assento, conectada à mesa da coluna 

c  Flexão da mesa da coluna 

d  Tração na alma da viga 

e  Tração na alma da coluna 

f Tração na aba da cantoneira de topo (fixada à mesa superior da viga)  

Compressão 

g  Compressão na mesa e alma da viga  

h  Compressão na alma da coluna  

i Compressão na aba da cantoneira de assento (fixada à mesa inferior da viga) 

Cisalhamento horizontal  j  Cisalhamento do painel da alma da coluna 

Cisalhamento vertical  

k Cisalhamento dos parafusos (com a mesa da coluna e das cantoneiras) 

l Esmagamento do parafuso (cantoneiras, mesas da coluna e mesa da viga) 

 

O  processo  de  verificações  consiste  em  analisar  todos  os  componentes  quanto  à 

capacidade resistente, para cada linha de parafusos, analisando‐se independentemente 

a flexão da aba da cantoneira, a flexão da mesa da coluna, a tração da alma da viga, a 

tração na alma da coluna e, por fim, a capacidade resistente da aba da cantoneira de 

topo também à tração, adotando‐se o menor valor encontrado para a zona de tração.  

5.2 Resposta momento‐rotação relativa da ligação  

O momento resistente  ,  e a rigidez rotacional   são dois parâmetros importantes 

para a determinação das características momento‐rotação  relativa da  ligação. O EC3 

permite que se adote a rigidez rotacional inicial ( , ) na análise global elástica, desde 

que  o momento  fletor  solicitante  de  cálculo  ( , )  não  ultrapasse  dois  terços  do 

momento  fletor resistente de cálculo  ( , )  (Figura 5(a)). Caso  tal situação não seja 

possível, o EC3 ainda permite o uso da  rigidez  rotacional  secante da  ligação,  igual a 

, /   para  todo  e  qualquer  valor  do  momento  ,   (Figura  5(b));  sendo    o 

coeficiente de modificação da  rigidez, presente no Eurocode 3  (2005). Quando uma 

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235 

análise global elastoplástica é realizada, a resposta pós‐escoamento pode ser idealizada 

como um comportamento bilinear (Figura 5(c)). 

Figura 5 – Simplificação da resposta momento‐rotação relativa. (a) Analise elástica global 

, <2/3  , ; (b) análise global elástica conservativa; (c) análise global elastoplástica 

(Eurocode 3, 2005). 

O momento resistente  ,  da ligação viga‐coluna é determinado:  

zV

zF

zF

=M

Rdwp

Rdcr

Rdtr

Rdj

,

,

,

, min   (3) 

onde  ,   é  a  mínima  força  resistente  de  tração  dentre  todos  os  componentes 

tracionados;  ,   é  a  mínima  força  resistente  de  compressão  dentre  todos  os 

componentes  comprimidos;  ,   a  componente  horizontal  do  cisalhamento  da 

ligação, ou seja, a resistência ao cisalhamento da alma do pilar e   é o braço de alavanca 

da ligação, sendo que o braço de alavanca é medido a partir do centro de compressão 

da ligação até a linha de parafusos tracionados, e o centro de compressão, por sua vez, 

tem sua localização definida na metade da espessura da aba da cantoneira de assento. 

A rigidez rotacional da ligação é determinada com base nas rigidezes dos componentes 

básicos da ligação. Essa equação é dada por (Eurocode 3, 2005):  

i i

sj

k

zE=S

1

2

  (4) 

onde  sE  é o módulo de elasticidade do aço; z é o braço de alavanca da ligação;  ik é o 

coeficiente de rigidez do componente básico ‘i’ da ligação e  é a relação  jinij SS /, . A 

relação de rigidez (μ) é variável de acordo com o valor do momento fletor solicitante da 

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236 

ligação ( EdjM , ) em relação ao momento fletor resistente ( RdjM , ), sendo determinada a 

partir das equações: 

13

2,, RdjEdj MM   (5) 

Rdj

EdjRdjEdjRdj M

MMMM

,

,,,, 5,1

3

2  (6) 

O coeficiente Ψ é obtido a partir da tabela 2:  

Tabela 2 – Valor do coeficiente Ψ (Eurocode 3, 2005) 

Tipo de ligação 

Soldada  2,7 

Chapa de extremidade aparafusada  2,7 

Cantoneiras aparafusadas de ligação das mesas 

3,1 

Chapas de base de pilares  2,7 

As formulações para a determinação da resistência da ligação a partir da resistência das 

componentes  básicas,  assim  como  a  rigidez  da  ligação  a  partir  da  rigidez  das 

componentes  básicas  da  ligação,  são  apresentadas  na  Tabela  3.  Os  coeficientes 

específicos de cada formulação podem ser encontrados no Eurocode 3 (2005) Parte 1:8.  

6 Aplicação Numérica  

Na  Figura  6  têm‐se  o  modelo  estrutural  de  um  pórtico  de  cinco  andares,  cujas 

considerações  serão  com  contraventamento  e  sem  contraventamento.  O  pórtico 

apresenta  3  metros  de  altura  entre  pavimentos  e  6  metros  entre  colunas;  e  os 

carregamentos de vento em kN e o carregamento uniformemente distribuído em kN/m 

são considerados na estrutura. Os perfis utilizados para os elementos de coluna são do 

tipo W250x101 (equivalente no NIDA ao W10x10x68), para elementos de viga são do 

tipo  W360x44  (equivalente  no  NIDA  ao  W14x6_3x30)  e  para  os  elementos  de 

contraventamento são perfis do tipo L64x64x7.9 (equivalente no NIDA ao L65x65x8).  

Como limitação deste trabalho, a ligação utilizada foi padronizada em apenas um tipo, 

e desta forma a estrutura foi considerada em todos os modelos analisados. A  ligação 

adotada de cantoneira de topo e assento tem suas características ilustradas na figura 7. 

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237 

A cantoneira  foi dimensionada de  forma a atender a todas as exigências de norma e 

resistir aos esforços solicitantes. 

Tabela 3 – Resistência e Rigidez das componentes básicas da ligação cantoneira de topo e assento (O autor, 2018). 

Resistência dos componentes básicos da ligação    

Rigidez dos componentes básicos da ligação  

Componente  Resistência elástica    Componente  Rigidez elástica 

Flexão da aba das cantoneiras de topo e assento e Flexão da mesa da coluna 

Rdt,

Rdt,RdpL,2,

RdpL,1,

Fnm

Fn2Mm

4M

min  

 

Cisalhamento no painel da alma da coluna (k1) 

z

Ak vc

38.0

1  

 

Compressão na alma da coluna (k2)  wc

wcwcceff

d

tbk ,,

2

7.0  

Tração da alma da viga 

0

,,,,,

M

wvywvwvteffRdwvt

ttbF

 

 

Tração na alma da coluna (k3) 

wc

wcwcceff

d

tbk ,,

3

7.0  

Tração na alma da coluna 

0

,,,,,

M

wcywcwcteffRdwct

ttbF

  

Flexão na mesa da coluna (k4)  3

3

4

9.0

m

tlk fceff  

Tração da aba da cantoneira de topo 

1,

a

yagaRdt

tAF

 

 

Flexão na cantoneira de topo e assento (k6) 

3

3

6

9.0

m

tlk aeff  

Compressão na mesa e alma da viga 

fvv

RdcRdfvc th

MF

,

,,  

 

Tração nos parafusos (k10)  b

s

L

Ak 6.110  

Compressão na alma da coluna 

0

,,,,,

M

wcywcwcceffwcRdwct

ttbkF

 

Cisalhamento nos parafusos da cantoneira de topo e assento (k11) 

16

2

11

6.1

Ms

ubbb

dE

fdnk  

Compressão da aba da cantoneira de assento   1

,,a

yaaaRdabc

ttlF

 

 

Parafusos sujeitos ao esmagamento, com a cantoneira ligação a coluna (k12) 

s

ubtbb

E

fdkknk

2412

Cisalhamento Horizontal  

0

,3

9.0

M

vcycRdwp

AtV

 

     

As  ligações viga‐coluna do pórtico  tiveram  seu  comportamento avaliado de maneira 

teórica  com  auxílio de  software  computacional. Assim, para  a  análise  considerou‐se 

ligações  viga‐coluna:  rígida  e  semirrígida  com modelo  linear;  e  ligações  coluna‐base 

como rotuladas.  

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238 

Os modelos analisados neste  trabalho  serão  classificados de acordo  com as análises 

realizadas  (análises  lineares  de  primeira  ordem  e  análises  de  segunda  ordem)  e  as 

considerações de rigidez para cada ligação variando os modelos de ligações viga‐coluna.

Figura 6 – Pórtico com contraventamento: geometria e carregamentos. 

Figura 7 – Cantoneira adotada após verificações de cálculo (dimensões em milímetros). 

A rigidez inicial ( inijS , ) da ligação é obtida através da consideração da força resistente (

RdF ), da rigidez de cada componente ( ik ) e o momento resistente da ligação ( RdjM , ) 

[Tabela 4]. 

 

 

 

 

 

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239 

Tabela 4 – Parâmetros característicos da ligação (O autor, 2018). 

Parâmetros da ligação  

Rigidez inicial ( inijS , )  19.140,326 kN.m/rad 

Força resistente ( RdF )  141,192 kN 

Momento resistente  RdjM ,   260.022 kN.m 

Nas análises de segunda ordem o método numérico utilizado foi o de Newton‐Raphson 

(com carregamento constante), com 100 ciclos de carga e o valor de cada incremento 

de  carga  igual  a  0,01  do  total,  aplicando  assim,  100%  da  carga  atuante  prevista  na 

estrutura. A matriz de massa sendo consistente na análise dinâmica modal, e os efeitos 

de  não  linearidade  física  e  geométrica  foram  considerados  nas  análises  de  segunda 

ordem (modelo elasto‐plástico do aço e a consideração das  imperfeições através dos 

deslocamentos nas direções dos eixos principais de inércia). O aço S275 foi utilizado em 

todas as análises, e possui o módulo de elasticidade Es=205000 MPa,  resistência ao 

escoamento e ruptura de 275 MPa e 410 MPa, respectivamente. 

Para  a  realização  das  análises  foi  utilizado  o  software NIDA  ‐ Non‐linear  Integrated 

Design and Analysis – desenvolvido em 1996 pelo professor Siu Lai Chan da Universidade 

Politécnica  de  Hong  Kong  –  China.  O  software  permite  todas  as  considerações 

apresentadas anteriormente neste trabalho, sendo assim possível realizar as análises do 

pórtico  proposto. Os  seguintes  parâmetros  da  estrutura  a  partir  da  consideração  e 

variação da semirrigidez serão analisados: 1) Esforços  internos; 2) Deslocamentos; 3) 

Curva Fator de Carga x Deslocamento e 4) Frequências de vibração.  

A Tabela 5 apresenta a  redistribuição dos momentos  fletores  causados pelo  tipo de 

análise  empregada  para  obter  o  comportamento  estrutural  do  pórtico,  variando  a 

rigidez  da  ligação  viga‐coluna  para  o  caso  contraventado  e  sem  contraventamento, 

referente a 100% do carregamento atuante. Podemos facilmente perceber que a análise 

de segunda ordem não influência significativamente nos esforços internos da estrutura, 

havendo inclusive uma redução dos esforços (momento fletor) no meio do vão das vigas. 

Contudo, há uma grande influência nos deslocamentos do pórtico, como será abordado 

posteriormente. 

 

 

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240 

Tabela 5 – Momento fletores no meio do vão das vigas 01 e 02 (Figuras 6) dos pórticos com contraventamento e sem contraventamento 

Pórtico com contraventamento    Pórtico com contraventamento 

Ligação Viga‐Coluna 

Momento viga 01 [kN.m]    Ligação  Viga‐Coluna 

Momento viga 02 [kN.m] 

Linear 1ª Ordem  2ª Ordem    Linear 1ª Ordem  2ª Ordem 

Rígido  33,13  32,69    Rígido  35,15  35,19 

Semirrígido linear 

50,71  50,36  

Semirrígido linear 

51,80  54,64 

                   

Pórtico sem contraventamento    Pórtico sem contraventamento 

Ligação Viga‐Coluna 

Momento viga 01 [kN.m]    Ligação  Viga‐Coluna 

Momento viga 02 [kN.m] 

Linear 1ª Ordem  2ª Ordem    Linear 1ª Ordem  2ª Ordem 

Rígido  33,16  32,30    Rígido  35,18  35,21 

Semirrígido linear 

50,72  50,20  

Semirrígido linear 

51,80  51,67 

Os  deslocamentos  do  pórtico  foram  comparados  e  analisados  a  partir  do  nó  A  da 

estrutura, indicado na Figura 6. A tabela 6 apresenta os valores dos deslocamentos para 

cada  um  dos  modelos  estudados,  referente  a  100%  do  carregamento  atuante. 

Analisando a influência do refinamento da consideração da semirrigidez na ligação viga‐

coluna, percebemos que na análise  linear de primeira ordem o modelo utilizado para 

descrever  a  semirrigidez  na  ligação  viga‐coluna  pouco  influência  nos  valores  de 

deslocamentos; contudo, na análise de segunda ordem a consideração da semirrigidez 

nas ligações viga‐coluna tem influência significativa, com acréscimos superiores a 100% 

no  nó  A  da  estrutura,  tanto  no  pórtico  com  contraventamento,  quanto  no  sem 

contraventamento. 

Tabela 6 – Deslocamentos horizontais no nó A dos pórticos contraventados e não contraventados. 

Pórtico contraventado 

Ligação Viga‐Coluna Deslocamento Horizontal [Nó A] (cm) 

Linear 1ª Ordem  2ª Ordem 

Rígido  0,01469  0,1534 

Semirrígido linear  0,01941  0,2181 

Pórtico sem contraventamento 

Ligação Viga‐Coluna Deslocamento Horizontal [Nó A] (cm) 

Linear 1ª Ordem  2ª Ordem 

Rígido  0,01523  0,8471 

Semirrígido linear  0,01998  1,371 

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Como descrito anteriormente, a análise de segunda ordem permite descrever os ciclos 

de carga e o valor de cada incremento de carga, sendo possível assim, analisar a curva 

“fator de carga x deslocamento” da estrutura. A Figura 8 e 9 apresentam as curvas de 

fator  de  carga  por  deslocamento  referente  ao  nó  A  para  os  pórticos  com  e  sem 

contraventamento, comparando as análises de primeira e segunda ordem ao considerar 

as ligações rígidas e semirrígidas.  

 Figura 8 – Curvas de fator de carga x deslocamento para o pórtico sem contraventamento. 

 Figura 9 – Curvas de fator de carga x deslocamento para o pórtico com contraventamento. 

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A primeira frequência natural de vibração do pórtico para ambos os modelos analisados, 

são apresentadas na Tabela 7, comparando os resultados obtidos. 

Tabela 7 – Frequências de vibração dos pórticos. 

Pórtico contraventado  Pórtico sem contraventamento 

Ligação Viga‐Coluna 

1ª Frequência de Vibração [Hz] 

  Ligação Viga‐Coluna 

1ª Frequência de Vibração [Hz] 

Rígido  7,5359    Rígido  3,2126 

Semirrígido linear  7,1551    Semirrígido linear  2,3943 

7 Conclusões  

O presente trabalho apresentou um estudo numérico comparativo da consideração de 

diferentes modelos para represetação da rigidez da ligação viga‐coluna, assim como a 

influência da análise realizada na estrutura, seja pela análise linear elástica de primeira 

ordem, seja pela análise de segunda ordem. Dois modelos de rigidez para as  ligações 

foram adotados: rígido (idealizado) e semirrígido linear, na qual o valor de rigidez inicial 

foi obtido a partir do método das componentes proposto pelo Eurocode 3 (2005).  

Destaca‐se aqui uma insignificante redistribuição dos esforços internos no meio do vão 

das vigas de ambos os pórticos, contudo, uma grande influência nos deslocamentos dos 

pórticos devido a consideração do tipo de análise empregada, levando em consideração 

as  não  linearidades  físicas  e  do material.  Ainda,  é  possível  observar  uma  variação 

significativa dos esforços internos (momentos), dos deslocamentos e   das frequências 

de vibração devido ao modelo de rigidez utilizado nas ligações viga‐coluna. As respostas 

obtidas  levam a conclusão de que a consideração da análise de segunda ordem e da 

consideração da semirrigidez das ligações viga‐coluna, tendem a tornar a estrutura mais 

instável e deslocável. Assim, percebe‐se a necessidade de estudos mais completos e a 

consideração  da  semirrigidez  das  ligações  nos  projetos  estruturais,  assim  como  a 

realização de análises de segunda ordem. 

Pretende‐se estender este estudo para uma avaliação de estruturas mais condizentes 

com a realidade, assim como descrever o tipo de  ligação utilizada e seus parâmetros 

tanto para  ligação viga‐coluna como coluna‐base e a aplicação de outros modelos de 

curva momento‐rotação relativa que descrever o comportamento da ligação.  

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243 

AGRADECIMENTOS 

Os  autores  agradecem  ao  Programa  de  Pós‐Graduação  em  Engenharia  de 

Construção Civil – Universidade Federal do Paraná – PPGECC/UFPR pelo apoio e incentivo 

para o desenvolvimento desta pesquisa. 

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    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT 

 

Recebido: 22/11/2017 Aprovado: 21/04/2018 

Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 245‐263 ‐ ISSN 2238‐9377 

 Análise numérica de vigas de rolamento de aço 

sem contenção lateral entre apoios Luiz Rafael dos Santos Leite1 e Maximiliano Malite2* 

 

1 Eng. Civil, Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo – ARTESP/SP. 

[email protected] 2 Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC‐USP 

Av. Trabalhador São‐Carlense, 400 – São Carlos, SP [email protected] 

Numerical analysis of crane runaway girders of steel without lateral 

bracing between supports. 

Resumo As vigas de rolamento de pontes rolantes são elementos estruturais sujeitos à ação conjunta dos momentos fletor e de torção, sendo este provocado pela excentricidade da força vertical da roda e pelo impacto lateral durante a operação da ponte. Na fase de projeto, a combinação dos momentos de flexão e torção geralmente é reduzida ao caso de flexão atuando nos dois eixos principais da seção transversal da viga e, de maneira menos usual, a combinação dos momentos é analisada segundo a teoria da flexo‐torção. Este trabalho apresenta a comparação entre as tensões longitudinais calculadas pelos modelos teóricos de barras e pela análise numérica, por meio do Método dos Elementos Finitos (MEF), para o caso da viga de rolamento de aço sem contenção lateral entre apoios. A comparação mostrou divergência entre os resultados e que os modelos de barra podem levar a situações tanto contra como a favor da segurança. 

Palavras‐chave: Vigas de aço, vigas de rolamento, pontes rolantes, flexo‐torção. 

 Abstract   The crane runway girders are structural elements subjected to a combined action of flexural and torsional moments, being this last one caused by the eccentricity of the wheel’s vertical force and by  the  side  thrust during  the  crane operation.  In  the design phase,  the  combination of flexural and torsion moments is generally reduced to flexural moments acting over the principal axes of transverse section of the girder and, in a less usual way, the combination of moments is analyzed by  the  flexural‐torsional  theory. This  research presents a  comparison between  the longitudinal  stresses  calculated  by  the  classical  bars models  and  by  the  numerical  analysis through the Finite Element Method (FEM), in case of the crane runway girder of steel without lateral bracing between  support points.  The  comparison  showed  a divergence between  the results and that the classical bars models can lead to situations of high safety or against safety. 

Keywords: Steel girders, runway girder, cranes, flexural‐torsional. 

 

* autor correspondente 

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1 Introdução

As  vigas  de  rolamento  são  estruturas  de  suporte  para  pontes  rolantes,  sendo  estas 

utilizadas para içamento e movimentação de cargas. As solicitações verticais impostas 

às  vigas  incluem o  seu peso próprio, o peso da ponte, o peso dos dispositivos para 

operação  e  a  carga  içada.  Forças  horizontais  provocadas  pela  operação  da  ponte 

também atuam sobre a viga e, eventualmente, momentos de torção. 

O momento  torçor  tem basicamente duas causas: a  força vertical da  roda da ponte, 

quando excêntrica ao eixo de simetria vertical da seção da viga, sendo a excentricidade 

causada geralmente por imprecisões na montagem do caminho de rolamento ou pelo 

seu desalinhamento sobre a viga. A outra causa é a inevitável excentricidade da força 

horizontal transversal à viga, denominada de impacto lateral, a qual atua fora do centro 

de cisalhamento da seção. Uma vez que a excentricidade da força vertical, a intensidade 

das forças e o sentido do impacto lateral podem variar durante a operação, o momento 

torçor pode ser máximo, quando as parcelas se somam, ou mínimo, quando se reduzem. 

O presente trabalho traz uma análise, via método dos elementos finitos, da influência 

da torção sobre a viga de rolamento, examinando a contribuição desta solicitação nas 

tensões  longitudinais  e,  em  seguida,  comparando  estes  valores  com  as  tensões 

calculadas  pelos  modelos  clássicos  de  barras,  a  fim  de  verificar  se  os  mesmos 

representam adequadamente o comportamento da viga de rolamento. 

O perfil I é o mais utilizado para vigas de rolamento e, a depender do vão da viga e da 

capacidade nominal da ponte rolante, será executado um sistema de travamento lateral 

para garantir a estabilidade global da estrutura. A  tabela 1 mostra  relações práticas 

entre capacidade nominal da ponte, vãos da viga de rolamento e travamentos utilizados. 

Foram abordadas vigas de rolamento com seção monossimétrica, vão livre entre 6 e 7 

metros e que  suportam pontes com capacidade nominal máxima de 250 kN. Nessas 

condições,  o  travamento  lateral  é  feito  apenas  na  região  dos  apoios  formando  o 

chamado vínculo de garfo, o qual é  responsável por  transferir o  impacto  lateral aos 

pilares do edifício. Quando comparadas às vigas de seção duplamente simétrica, as vigas 

de seção monossimétrica apresentam maior estabilidade lateral se a mesa maior resulta 

comprimida. 

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Tabela 1 – Travamento lateral da viga de rolamento (BELLEI, 2000. Adaptado). 

Capacidade nominal da ponte rolante 

Vão da viga de rolamento 

Seção da viga e sistema de travamento lateral 

Até 50 kN  Até 6 metros Perfil I com dupla simetria sem travamento lateral 

De 50 kN até 250 kN  Até 7 metros Perfil I monossimétrico sem travamento lateral 

De 50 kN até 250 kN  Até 13 metros Perfil I com contenção na mesa superior 

Acima de 250 kN  ‐‐‐‐ Perfil I ou caixão com contenção na mesa superior e inferior 

 

2 Projeto e cálculo da tensão longitudinal da viga de rolamento 

O dimensionamento da viga de rolamento envolve algumas simplificações no problema 

estrutural,  dentre  elas,  a  “transformação”  das  solicitações  dinâmicas  da  ponte  em 

solicitações estáticas equivalentes por meio dos coeficientes de impacto. Além disso, o 

valor do impacto lateral, o qual é tomado como uma parcela da força vertical da roda, 

sofre grande variação em função do código normativo adotado em seu cálculo. 

Por exemplo, a norma norte‐americana Minimum Design Loads for Building and Other 

Structures,  elaborada  pela  American  Society  of  Civil  Engineers  (ASCE/SEI  7‐10), 

determina que o  impacto  lateral,  independentemente do mecanismo de operação e 

utilidade da ponte, seja igual a 20% da soma da capacidade nominal da ponte, peso da 

talha  e  do  trole.  Por  sua  vez,  o  Technical  Report  no.13  ‐  Guide  for  Design  and 

Construction of Mill Buildings, elaborado pela Association of Iron and Steel Engineers1 

(AISE n13:2003), é mais criterioso, especificando a  intensidade do  impacto  lateral em 

função de características da ponte. Embora os relatórios técnicos da AISE não tenham 

valor  normativo  e  sejam  fontes  auxiliares,  por  vezes,  o  seu  detalhamento  é mais 

abrangente, sendo, por isso, preferidos para projetos.  

Já  a  norma  brasileira  para  estruturas  em  aço,  a  ABNT NBR  8800:2008  ‐  Projeto  de 

estruturas de  aço e de estruturas mistas de  aço e  concreto de edifícios  (ABNT NBR 

8800:2008)  segue  a  linha da AISE  n13,  especificando o  valor do  impacto  lateral  em 

1 Em 2004 a Association of Iron and Steel Engineers (AISE) e a Iron and Steel Society (ISS) uniram‐se dando origem a Association for Iron & Steel Technology (AIST). 

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função das características e utilidade da ponte rolante. A tabela 2, adaptada de FISHER2 

(2004)  para  incluir  a  norma  brasileira,  mostra  que  para  a  mesma  ponte  rolante 

encontram‐se três valores diferentes para o  impacto  lateral e cada valor pode  levar a 

um dimensionamento e solução estrutural diferente. 

Tabela 2 ‐ Valor total do impacto lateral – exemplo (FISHER, 2004. Adaptado). 

Características da ponte rolante: Edifício industrial com ponte rolante de capacidade nominal: 1.000 kN (A) Peso do trole, incluindo talha e demais dispositivos de içamento: 300 kN (B) Peso da composição ponte, trole e dispositivos de içamento: 785 kN (C) 

Documento de referência Considerar o 

maior valor entre: Impacto lateral (kN) 

ASCE/SEI 7‐10  0,20 (A+B)  260 

AISE n13:2003  0,40 (A)  400 

 0,20 (A+B)  260  0,10 (A+C)  178,5 

ABNT NBR 8800:2008 (comandada por cabine) 

 0,10 (A+B)x2  260  0,05 (A+C)x2  178,5  0,15 (A)x2  300 

 

A aceleração e a frenagem da ponte produzem, ainda, forças horizontais longitudinais 

na direção do eixo da viga de rolamento, porém elas são utilizadas no dimensionamento 

do para‐choque da ponte e do  sistema de  contraventamento vertical do edifício, os 

quais não foram alvos deste estudo.  

O momento  torçor  pode  ser  substituído  por  um  par  de  forças  atuando  nas mesas 

superior  e  inferior  do  perfil,  simplificação  conhecida  como  analogia  de  flexão.  Esta 

alteração modifica o problema da  torção para  flexão atuando nos planos da mesa e 

desconsidera a contribuição do momento de torção distribuído provocado pela carga do 

trilho excêntrico à viga de rolamento. A analogia de flexão, por sua simplicidade, é mais 

utilizada em projetos de vigas de rolamento e é apresentada na figura 1. 

Pode‐se  utilizar  também  a  teoria  da  flexo‐torção  para  considerar  a  contribuição  da 

torção  na  tensão  longitudinal.  Determinando  o  bimomento  B,  que  é  um  esforço 

autoequilibrado na seção da viga, e o giro  da seção calcula‐se o acréscimo na tensão 

longitudinal devido à torção (tensão normal de flexo‐torção). Esta abordagem é mais 

2 FISHER utilizou a ASCE 7 de 2002. A revisão ASCE/SEI 7‐10 de 2010 apresenta os mesmos critérios para determinação do impacto lateral, portanto, a comparação ainda é válida. 

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249 

complexa, pois depende da solução de equações diferenciais e do conhecimento das 

condições de contorno de cada problema.   

 a) Problema Real b) Simplificação de projeto 

P: força vertical da roda da ponte, já majorada pelo coeficiente de impacto; HT: impacto lateral da ponte; e: excentricidade da força vertical; d: altura total do perfil; C: altura do trilho ou caminho de rolamento (se houver); CG: centro geométrico da seção; CS: centro de cisalhamento da seção; D: distância entre o CS da seção e o topo da mesa superior; HS: força aplicada na mesa superior, conforme equação (1); HI: força aplicada na mesa inferior, conforme equação (2). 

Figura 1 – Atuação das forças da ponte sobre a viga de rolamento – Analogia de flexão. 

 

(1) 

(2) 

 

A figura 2 mostra o problema da viga de rolamento equacionado para determinação do 

bimomento e giro da seção, sendo o  trem‐tipo da ponte posicionado na situação de 

máximo momento  fletor. São omitidos na  figura o diagrama de momento  fletor e o 

carregamento distribuído, pois não são necessários neste cálculo. A equação diferencial 

do  giro  para  o  problema,  após  integração,  resulta  na  expressão  (3),  na  qual  os 

coeficientes i são constantes de integração que dependem das condições de contorno, 

G é o módulo de elasticidade  transversal  (77.000 MPa),  J é o momento de  inércia à 

d

CHPeH

d

)Cd(HPeH T

TT

S

d

CHPeH T

I

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torção da seção e r é o comprimento de comparação, definido na expressão (4) como 

função de G, de J, da constante de empenamento da seção Cw, também denominada de 

integral de empenamento, e do módulo de elasticidade longitudinal  E (200.000 MPa).  

a: distância entre as linhas de ação das forças verticais das rodas da ponte; b: distância entre as linhas de ação da resultante das forças verticais e P1; L: vão livre da viga de rolamento; PTR: carga linear do trilho ou outro caminho de rolamento (se houver); m: momento de torção distribuído, dado por: m = e(PTR); T: Momento torçor concentrado, dado por: T = HT(C+d) + Pe; X2: Seção de análise das tensões longitudinais nos modelos de barras e numéricos; 

Figura 2 – Solicitações sobre a viga de rolamento – equacionamento para flexo‐torção. 

 (3)

(4) 

 

A tensão longitudinal x devido a flexo‐torção é calculada em cada seção de interesse 

conforme a expressão (5), na qual  é a área setorial principal da seção. Por último, vale 

lembrar que as propriedades geométricas da  seção Cw,  J e   são  constantes para o 

mesmo perfil, uma vez que neste trabalho são consideradas apenas barras prismáticas.  

(5) 

 

 

3 Modelo Numérico de Elementos Finitos 

Com o objetivo de avaliar se os modelos de barras apresentados na seção 2 representam 

adequadamente  as  tensões  longitudinais  da  viga,  um  modelo  tridimensional  de 

3,2,1 iC

BE

W

iix

3,2,12

cosh2

4321

i

GJ

mxx

r

x

r

xsenh iiiii

GJ

ECr w

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elementos finitos reproduzindo uma viga biapoiada com vínculos de garfo na região dos 

apoios foi construído no programa ANSYS (2010). No caso real, em geral são empregadas 

chapas com baixa rigidez à flexão conectando a mesa superior do perfil  I ao pilar. Ao 

invés de  introduzir  a  chapa de  ligação no modelo numérico, poderiam  ser  impostas 

restrições de deslocamento diretamente à mesa superior, porém, este método provoca 

rigidez  excessiva  na  extremidade  da mesa,  afastando  o modelo  do  problema  real. 

Enrijecedores transversais de alma foram utilizados apenas na região dos apoios. 

Dois tipos de elementos finitos, ambos naturais da biblioteca do ANSYS, foram utilizados 

para  construir  o modelo. Utilizou‐se  o  elemento  de  casca  SHELL  181  para  a  viga  e 

enrijecedores, pois ele é adequado para seções delgadas, além de permitir a análise não 

linear geométrica com a plastificação da seção. Já para a chapa de ligação foi escolhido 

o elemento de barra LINK 8, também capaz de deformar plasticamente. A escolha de 

um elemento tipo LINK (barra) ao invés de elemento BEAM (viga) levou em consideração 

a baixa rigidez à flexão da chapa de ligação. O refinamento da malha é maior na mesa 

superior do perfil, uma vez que ela é mais importante para análise. A diferença entre o 

refinamento  na mesa  superior  e  inferior  gera  uma  zona  de  transição  na malha  do 

enrijecedor, contudo, essa transição não produziu problemas ou erros na análise.  

O trilho não foi construído no modelo e a contribuição de sua carga foi aplicada sobre a 

mesa superior por meio de pressão distribuída. A carga concentrada da roda da ponte 

rolante  também  foi aplicada em  forma de pressão  sobre  sua área de espraiamento, 

adotando‐se  o  ângulo  de  espraiamento  de  45o,  valor  usual  em  projetos. O  impacto 

lateral, atuante no boleto do  trilho,  foi  transportado para a mesa superior como um 

conjunto de forças horizontais e verticais, de maneira a simular os pontos de fixação do 

trilho na viga de rolamento, como ilustra a figura 3. 

 Figura 3 – Consideração do impacto lateral no modelo numérico. 

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252 

A  figura 4.a mostra  a perspectiva  geral do modelo numérico, enquanto  a  figura 4.b 

mostra o detalhe da transição da malha no enrijecedor e da vinculação externa da viga. 

A figura 4.c, por sua vez, traz as solicitações aplicadas na viga. Nela pode‐se notar a faixa 

de carregamento correspondente ao trilho e as áreas de aplicação das cargas das rodas 

e, finalmente, a figura 4.d ilustra a aplicação do impacto lateral na mesa superior. 

a) Viga de rolamento em elementos finitos.

b) Detalhe região do apoio.

c) Ações no modelo numérico

d) Impacto lateral transportado para a mesa.

Figura 4 – Modelo numérico. 

 

As  propriedades  constitutivas  do  aço  foram  introduzidas  com  o  diagrama  tensão  x 

deformação trilinear apresentado na figura 5. Ele considera o critério de plastificação de 

von  Mises,  possibilitando  simular  o  comportamento  elasto‐plástico  isótropo  do 

material. Já a não linearidade geométrica do problema foi considerada pela formulação 

Lagrangeana  e  para  realizar  as  iterações  optou‐se  pelo método  completo  Newton‐

Raphson (Full N‐R), o qual inclui a atualização da matriz de rigidez em todas as iterações 

nas quais houve incremento de carga da ponte rolante. 

Carga do trilho 

Carga da roda 

Impacto lateral 

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Figura 5 – (a) Diagrama tensão x deformação com comportamento elasto‐plástico do 

aço e (b) diagrama trilinear utilizado no modelo numérico. 

 

4 Comparação entre modelos teóricos de barras e modelo numérico 

A tensão longitudinal, pela teoria da flexo‐torção, tem sinal em função do bimomento e 

da  área  setorial  principal,  sendo  os  eixos  coordenados,  a  convenção  de  sentidos 

positivos para bimomento, momento torçor concentrado, momento torçor distribuído 

e giro da seção mostrados na figura 6. 

Figura 6 – Sentidos positivos para B, Mt, m e  (Mori; Neto,2009). 

 

O diagrama da área setorial principal para o perfil I monossimétrico é indicado na figura 

7 e nela aparecem também os pontos de controle para análise da tensão. Se bimomento 

e área setorial são positivos, considerando que a flexão em torno de z provoca na mesa 

superior tensões de compressão e na  inferior tração, a variação de x no modelo de 

barra ocorre da seguinte maneira: redução da tensão de compressão em p1fs e aumento 

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em p5fs; redução da tensão de tração em p1fi e aumento em p3fi. A área setorial principal 

é nula no plano da alma e não há variação de x. As variáveis geométricas que aparecem 

na figura 7 são as dimensões do perfil, sendo bfi a largura da mesa inferior, bfs a largura 

da mesa superior, tfi a espessura da mesa inferior, tfs a espessura da mesa superior e tw 

a espessura da alma. 

Figura 7 – Sentido positivo para . 

Na analogia de flexão, para o momento fletor 

My,  em  torno  do  eixo  y,  adotou‐se  como 

positiva  a  orientação mostrada  na  figura  8, 

porque  desta  forma  a  variação  da  tensão 

longitudinal  nas mesas  é  correspondente  à 

teoria da flexo‐torção. As mesas, geralmente, 

são  tratadas  de  maneira  independente  e 

submetidas  à  flexão  no  próprio  plano, 

portanto as tensões são calculadas dividindo‐

se  o  momento  fletor  Mys  ou  Myi  pelo 

respectivo módulo de resistência elástico. 

Alguns  parâmetros  do  problema  estrutural  foram  fixados,  uma  vez  que  é  ampla  a 

combinação entre vãos de viga, perfil de viga e trens‐tipos de pontes rolantes. Para a 

viga analisada foi escolhido o perfil soldado monossimétrico PSM 550x75 (Figura 9). 

Figura 8 – Sentido positivo para My. 

Figura 9 – Perfil PSM 550x75. 

 

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A fadiga não foi considerada nesse trabalho, mas tomou‐se como referência a limitação 

de  tensão no  item  k.2.2 da ABNT NBR 8800:2008,  cujo  valor máximo,  considerando 

combinação frequente de fadiga, é 0,66 fy para tensões normais e 0,40 fy para tensões 

de cisalhamento, assegurando o trabalho do material em regime elástico. 

A majoração da força vertical da roda foi de 10% (operação por controle pendente) e o 

valor do impacto lateral tomado como igual a 10% da força vertical majorada, sendo que 

para a análise não  foi considerado o peso próprio da ponte e demais dispositivos de 

içamento. O material usado em  todas as análises  foi o aço ASTM A36, cujos valores 

nominais de resistência ao escoamento, y, e à ruptura, u, são de 250 MPa e 400 MPa, 

respectivamente.  Logo,  a  tensão  longitudinal  limite  para  combinação  frequente  de 

fadiga resulta em 165 MPa (0,66y). O vão da viga foi de 6,3 metros e o trem‐tipo da 

ponte é mostrado na figura 10. 

Figura 10 – Trem‐tipo na posição crítica correspondente ao máximo momento fletor. 

A comparação das tensões  longitudinais entre os modelos de barras e o numérico foi 

realizada na seção X2 (figura 10), pois nela há menor ou nenhuma influência dos efeitos 

localizados  das  solicitações.  A  tabela  3  contém  o  resumo  do  dimensionamento  em 

relação  a  flexão,  segundo  critério  da  ABNT  NBR  8800:2008,  de  cada  um  dos 

carregamentos analisados. O valor inicial de P, 44 kN, está bem abaixo do limite prático 

utilizado para vigas de rolamento sem contenção lateral e o valor máximo apresentado, 

110  kN,  leva  a  tensões  na mesa  inferior  superiores  ao  limite  de  proporcionalidade, 

porém, o momento resistente de cálculo, MRd, é superior ao momento solicitante de 

cálculo MSd, uma vez que ainda não foram considerados os efeitos da torção sobre x.  

Os valores de tensões longitudinais na tabela 3 estão um pouco a baixo do esperado em 

função do aumento linear do carregamento, pois o incremento das solicitações não foi 

aplicado na carga distribuída, apenas na força aplicada pela roda da ponte. 

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256 

Tabela 3 – Resumo do dimensionamento à flexão. 

Força vertical majorada (kN) 

x para combinação frequente (MPa) 

MSd (kN.m)  MRd (kN.m) 

P = 44  75  173  434 P = 66  111  252  434 P = 88  147  332  434 P = 110  183  411  434  

 

O valor máximo da excentricidade vertical, referenciado nas tolerâncias executivas da 

AISE n13:2003, é o maior valor entre ¾ de tw e 6,35 mm. Neste estudo adotou‐se o limite 

superior de 10 mm para  investigar situações desfavoráveis não previstas em projeto. 

Também no  intuito de verificar o caso mais prejudicial, as parcelas dos momento de 

torção,  devido  ao  impacto  lateral  e  excentricidade  vertical  do  carregamento,  foram 

combinadas de maneira a maximizar a solicitação sobre a viga de rolamento. 

Na  figura  11.a,  em  linhas  cheias,  aparecem  as máximas  tensões  de  compressão  no 

modelo numérico devido à torção causada apenas pela excentricidade do trilho e, em 

linhas tracejadas, a tensão causada pela adição do impacto lateral ao momento torçor, 

maximizando seu valor. De maneira análoga, a figura 11.b mostra a tensão de tração na 

mesa  inferior.  Primeiramente,  nota‐se  que  o  limite  de  proporcionalidade,  linha 

horizontal contínua nas figuras 11.a e 11.b, é superado com o aumento da intensidade 

da  força vertical e excentricidade do  trilho, desrespeitando a  condição  imposta pela 

norma brasileira. Rompendo este limite, outras condições normativas perdem validade, 

o que pode levar a erros de projeto e, em situações mais graves, a ruína da estrutura. 

Outra  análise mostra  que  a máxima  tensão  de  compressão  na mesa  superior  sofre 

considerável acréscimo com a introdução do impacto lateral e, na presença do mesmo, 

o aumento da excentricidade provoca redução da máxima tensão de compressão. Esse 

resultado é divergente do esperado pelos modelos de barra, seja pela teoria da flexo‐

torção ou analogia de flexão, uma vez que em um dos extremos da mesa deveria ocorrer 

acréscimo na compressão conforme cresce a intensidade do momento torçor. A tensão 

de  tração, por  sua  vez, é  sempre  crescente e a diferença provocada pela adição do 

impacto lateral ao momento torçor é menos acentuada. 

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257 

(a) (b) Figura 11 – (a) Tensões longitudinais de compressão com e sem impacto lateral e (b) 

tensões longitudinais de tração com e sem impacto lateral – modelo numérico. 

 

A divergência dos  resultados na presença do  impacto  lateral pode  ser explicada, em 

parte, pelo efeito alavanca que ele provoca sobre a mesa superior, o qual é de difícil 

análise por meio da sobreposição de efeitos e não é abordado nos modelos de barra.  

Vale  ressaltar,  ainda,  que  o  mesmo  efeito  gera  sobre  a  mesa  superior  tensões 

longitudinais localizadas de tração com elevada intensidade, podendo superar a tração 

na mesa inferior. A figura 12 apresenta essas tensões localizadas e as linhas tracejadas 

mostram a posição indeslocada da viga. 

 

Figura 12 – Tensões longitudinais na mesa superior próximas à região de aplicação do impacto lateral. 

 

45,0

65,0

85,0

105,0

125,0

145,0

165,0

185,0

205,0

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0

Tensões de compressão (MPa) x Excentricidade (mm) ‐ PSM 550x75

P=44 P=44 (Imp)P=66 P=66 (Imp)P=88 P=88 (imp)P=110 P=110 (Imp)

65,075,085,095,0105,0115,0125,0135,0145,0155,0165,0175,0185,0

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0

Tensões de tração (MPa) x Excentricidade (mm) ‐ PSM 550x75

P=44 P=44 (Imp)P=66 P=66 (Imp)P=88 P=88 (imp)P=110 P=110 (Imp)

Compressão na mesa superior. 

Redução da compressão. 

Tração na mesa superior.

Compressão na mesa superior. 

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258 

Uma  vez  que  o  impacto  lateral  atuante  no  modelo  numérico  leva  a  resultados 

qualitativos diferentes do esperado, na comparação quantitativa de x entre modelos 

de barra e numérico, considerou‐se apenas o efeito da excentricidade do trilho. 

Analisando as  tensões nos pontos extremos da mesa  superior, p1fs e p5fs, nos quais 

deveriam ocorrer  redução e aumento da  tensão de compressão,  respectivamente, o 

modelo numérico apresentou uma inversão, ou seja, houve aumento da compressão no 

ponto p1fs e redução em p5fs (figuras 13.a e 13.b). Essa inversão não ocorreu na mesa 

inferior e a variação da tensão de tração é maior no modelo da flexo‐torção do que a 

resposta do modelo numérico (figuras 14.a e 14.b). Nas figuras 13 e 14 as linhas cheias 

são referentes ao modelo numérico e as tracejadas à teoria da flexo‐torção. 

A inversão do sentido do bimomento na mesa superior é influenciada pela intensidade 

da  força  da  roda,  como  pode  ser  observado  na  tabela  4,  que  mostra  as  tensões 

longitudinais provocadas pela  força de 44  kN e 66  kN no ponto de p1fs.  Embora os 

valores  da  flexo‐torção  e  numéricos  sejam  divergentes,  para  a  menor  força  o 

bimomento no MEF tem mesmo sentido que o esperado da flexo‐torção. Já para a força 

de 66 kN percebe‐se o início da inversão do sentido do bimomento. 

Fixando‐se o valor de 66 kN para a força vertical da roda e aumentando a espessura da 

mesa  superior, ou  seja,  tornando‐a mais  rígida, o  sentido do bimomento no modelo 

numérico volta a condizer com o esperado do modelo flexo‐torção, demonstrando que 

a espessura da mesa também influencia a inversão do bimomento. No caso particular 

analisado, espessuras  iguais ou superiores a 16 mm  levaram ao sentido esperado do 

bimomento, como pode‐se observar na tabela 5. 

Além da inversão do sentido do bimomento, percebeu‐se também que o equilíbrio da 

seção no modelo numérico não é possível considerando apenas a variação de tensões 

nas mesas. O acréscimo de compressão de um lado da mesa superior não é anulado pela 

redução do lado oposto, sendo o equilíbrio mantido devido à contribuição da alma, fato 

contrário aos modelos de barras, os quais indicam que no plano da alma do perfil não 

ocorre variação da tensão longitudinal. Apesar de terem sido apresentados nos gráficos 

e tabelas apenas os valores da flexo‐torção para comparação, as mesmas divergências 

nos resultados foram encontradas entre MEF e analogia de flexão. 

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259 

(a) (b) Figura 13 – Tensões longitudinais de compressão no modelo numérico e teoria da 

flexo‐torção em p1fs (a) e p5fs (b). 

(a) (b) Figura 14 – Tensões longitudinais de tração no modelo numérico e teoria da flexo‐

torção em p1fi (a) e p3fi (b). 

 

Tabela 4 – Tensão de compressão na mesa superior ‐ PSM 550x75 

Excentricidade (mm) x p1fs (MPa) 

44 kN (MEF)  44 kN (Flexo)  66 kN (MEF)  66 kN (Flexo) 

0,0  ‐49,75  ‐53,65  ‐73,40  ‐79,13 2,5   ‐49,19  ‐51,33  ‐73,68  ‐75,67 5,0   ‐48,65  ‐49,00  ‐73,96  ‐72,20 7,5  ‐48,11  ‐46,68  ‐74,11  ‐68,74 10,0   ‐47,56  ‐44,36  ‐74,34  ‐65,27 

‐145,0

‐130,0

‐115,0

‐100,0

‐85,0

‐70,0

‐55,0

‐40,0

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0

Tensões no ponto p1fs (MPa) x Excentricidade (mm) ‐ PSM 550x75

F=44 (MEF) F=44 (Flexo)

F=66 (MEF) F=66 (Flexo)

F=88 (MEF) F=88 (Flexo)

F=110 (MEF) F=110 (Flexo)

‐160,0

‐110,0

‐60,0

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0

Tensões no ponto p5fs (MPa) x Excentricidade (mm) ‐ PSM 550x75

F=44 (MEF) F=44 (Flexo)

F=66 (MEF) F=66 (Flexo)

F=88 (MEF) F=88 (Flexo)

F=110 (MEF) F=110 (Flexo)

45,0

60,0

75,0

90,0

105,0

120,0

135,0

150,0

165,0

180,0

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0

Tensões no ponto p1fi (MPa) x Excentricidade (mm)

F=44 (MEF) F=44 (Flexo)F=66 (MEF) F=66 (Flexo)F=88 (MEF) F=88 (Flexo)F=110 (MEF) F=110 (Flexo)

65,080,095,0

110,0125,0140,0155,0170,0185,0200,0215,0230,0

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0

Tensões no ponto p3fi (MPa) x Excentricidade (mm)

F=44 (MEF) F=44 (Flexo)

F=66 (MEF) F=66 (Flexo)

F=88 (MEF) F=88 (Flexo)

F=110 (MEF) F=110 (Flexo)

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260 

Tabela 5 – Tensão de compressão na mesa superior, P = 66 kN e tfs variável. 

Espessura (mm)  12,5 (MEF)  16 (MEF)  20 (MEF)  25,4 (MEF) 

Excentricidade (mm)  x em p1fs MEF (MPa) 

0,0  ‐73,40  ‐60,41  ‐49,97  ‐40,14 2,5   ‐73,68  ‐60,21  ‐49,66  ‐39,88 5,0   ‐73,96  ‐60,01  ‐49,36  ‐39,61 7,5  ‐74,11  ‐59,83  ‐49,06  ‐39,36 10,0   ‐74,34  ‐59,63  ‐48,75  ‐39,09 

5 Dimensionamento e comparações de tensões longitudinais. 

Nesta  seção é apresentado um exemplo de dimensionamento de viga de  rolamento 

segundo os critérios da ABNT NBR 8800:2008. O vão da viga, trem‐tipo da ponte rolante 

e  a  seção  de  comparação  entre  as  tensões  longitudinais  dos modelos  de  barra  e 

numéricos  estão  indicados  na  figura  15.  O  perfil  analisado  é  o  PSM  600x90,  cujas 

dimensões são mostradas na figura 16 e, na mesma figura, L.N.P. é a linha neutra plástica 

e L.N.E. a linha neutra elástica da seção. 

 

Figura 15 – Trem‐tipo da ponte rolante para exemplo de dimensionamento. 

 Figura 16 – Perfil PSM 600x90. 

O  carregamento  proposto  respeita  as 

condições  normativas  limites  de 

proporcionalidade  das  tensões  longitudinal  e 

cisalhante  para  combinações  frequentes  de 

fadiga,  além  de  atender  as  características 

geométricas  da  seção  monossimétrica, 

escoamento local da alma, estado limite último 

de enrugamento da alma e flambagem lateral 

da alma (anexo G, itens 5.7.3, 5.7.4 e 5.7.5 da 

ABNT NBR 8800:2008, respectivamente)  

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261 

O dimensionamento à flexão mostra que o perfil escolhido é adequado para resistir ao 

carregamento,  uma  vez  que  o momento  resistente  de  cálculo  é  igual  a  559  kN.m, 

enquanto o momento solicitante de cálculo é de 295 kN.m, ou seja, este  representa 

52,7% do momento resistente. A verificação da força cortante é igualmente satisfeita, 

pois a máxima força cortante solicitante de cálculo é de 245 kN e a resistente de cálculo 

é de 636 kN. 

Ao  carregamento  proposto  foram  adicionados  o  impacto  lateral  de  10  kN  e  a 

excentricidade  acidental  de  4  mm  do  trilho,  sendo  adotado  o  TR  37.  As  tensões 

longitudinais de cálculo na seção média entre as rodas da ponte, X2, foram determinadas 

por meio da analogia de flexão e também pela teoria da flexo‐torção para comparação 

com os resultados do modelo numérico.  

Pela analogia de flexão, as forças horizontais atuando sobre as mesas superior e inferior 

são 12,7 kN e 2,7 kN, respectivamente. Na teoria da flexo‐torção é possível considerar o 

momento  distribuído,  sendo  este  igual  a  1,82x10‐3  kN.m/m.  O  momento  torçor 

concentrado na flexo‐torção, devido ao impacto lateral, é igual a 4,22 kN.m e, por fim, 

a  área  setorial  principal  nos  pontos  extremos  das  mesas  superior  e  inferior  são 

1,6713x10-2 m² e 5,2341x10-2 m², respectivamente.

Após a majoração das ações permanentes e variáveis, foram determinadas as tensões 

longitudinais de cálculo, xSd, as quais são apresentadas na tabela 6. Vale salientar que 

neste exemplo também ocorreu inversão do sentido do bimomento na mesa superior. 

A tabela 7 traz os coeficientes de  integração para as condições da figura 15,  já tendo 

sido considerada a majoração das solicitações variáveis e permanentes. 

A análise dos resultados mostrou que, pela analogia de flexão, a tensão de compressão 

na mesa superior é superestimada, superando a tensão no modelo numérico em 25,3%, 

enquanto pela teoria da flexo‐torção a tensão é subestimada, sendo 40,1%  inferior à 

obtida  via  MEF.  Para  as  tensões  de  tração,  ambos  os  modelos  de  barra  levam  a 

resultados superestimados. Na analogia de flexão a tensão estimada é 36,9% superior 

e, na teoria da flexo‐torção, 51,5%.  

 

 

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262 

Tabela 6 – Tensões longitudinais solicitantes de cálculo xSd (MPa) 

  Analogia de flexão  Flexo‐torção  MEF 

Máxima compressão  223  127  178 Máxima tração  230  256  169 

Tabela 7 – Coeficientes de integração para trem‐tipo da figura 15. 

Trecho 1  Trecho 2  Trecho 3 

11 = 7,7885  21 = ‐9,9341  31 = ‐41,4816 

12 = ‐0,0195  22 = 11,0501  32 = 39,3994 

13 = ‐36,3355  23 = 9,0106  33 = 54,3568 

14 = 0,2098  24 = ‐108,6210  34 = ‐326,2825 

 

6 Conclusões 

As análises realizadas via método de elementos finitos permitiram verificar algumas das 

hipóteses utilizadas nos modelos de barras, as quais servem também de base para o 

dimensionamento  da  viga  de  rolamento.  Primeiramente,  foram  constatadas 

divergências entre os valores das tensões  longitudinais dos modelos de barra, seja da 

teoria da flexo‐torção ou da analogia de flexão, quando comparados com as tensões no 

modelo numérico. Essas diferenças são decorrentes, em parte, do efeito alavanca que o 

impacto lateral provoca sobre a viga, levando a deslocamentos excessivos e invalidando 

a hipótese simplificadora de pequenos deslocamentos dos modelos de barras. 

Os  resultados mostraram  também uma  inversão do  sentido do bimomento na mesa 

superior,  alterando os  valores de  tensão nos pontos  onde  era  esperado  aumento  e 

redução  de  compressão. A  intensidade  da  força  vertical  e  rigidez  da mesa  superior 

podem  influenciar nesta  inversão. Além disso, constatou‐se que no modelo numérico 

ocorre variação da tensão longitudinal na alma do perfil devido ao momento torçor, o 

que não está de acordo com nenhum dos modelos de barras. 

Outro ponto que os modelos de barras têm dificuldades de representar é a diferença 

entre rigidez das mesas superior e inferior do perfil I e, de maneira adequada, atribuir a 

cada uma a respectiva parcela da capacidade portante da viga. Essa dificuldade levou a 

divergências  na  determinação  das  tensões  solicitantes  e  conclui‐se  que  isto  pode 

acarretar em diferentes dimensionamentos a favor ou contra a segurança. 

 

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263 

7 Referências bibliográficas 

AMERICAN  INSTITUTE OF STEEL CONSTRUCTION.  (2010). ANSI/AISC 360‐10: Specification  for Structural Steel Buildings. Chicago, IL, 2010.  AMERICAN SOCIETY OF CIVIL ENGINEERS.  (2010). ASCE/SEI 7‐10: Minimum Design Loads  for Buildings and Other Structures. Washington, DC, 2010.  ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (2008). NBR 8800: Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2010.  ASSOCIATION OF  IRON AND STEEL ENGINEERS. (2003). Technical report no 13: Guide for the design and construction of mill buildings. Pittsburgh, PA, 2003.  BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: Projetos e cálculo. 3. ed. São Paulo: PINI, 2000. 489 p.  CANADIAN  INSTITUTE OF  STEEL CONSTRUCTION.  (2012). CISC/ICCA: Guide  for  the design of crane‐supporting steel structures. Markham, ON, 2012.  LEITE, L. R. S. Análise numérica de vigas de  rolamento de aço  sem contenção  lateral entre apoios.  2016.  140p.  Dissertação  (Mestrado  em  Engenharia  Civil  (Estruturas))  –  Escola  de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2017.  MORI, D. D.; NETO, J. M. Flexo‐torção: barras de seção delgada aberta. 1 ed. São Carlos: EESC‐USP, 2009. 180 p. 

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    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   

Recebido: 04/12/2017 Aprovado: 31/05/2018 

Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 264‐279 ‐ ISSN 2238‐9377 

  

Simulação numérica e dimensionamento pelo MRD de pilares aparafusados de perfis formados a frio 

sob falha distorcional Warlley Santos1, Alexandre Landesmann1* e Dinar Camotim2 

 

1 Programa de Engenharia Civil, COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Av. Horácio Macedo 2030, Ilha do Fundão Rio de Janeiro – RJ, Brasil, 

[email protected] / [email protected] 2 CERIS, ICIST, DECivil, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa, Av. 

Rovisco Pais 1049‐001 Lisboa, Portugal, [email protected]  Resumo   O  artigo  reporta uma  investigação numérica  sobre o  comportamento  e  resistência  última de pilares  de  perfil  formado  a  frio  de  seção  transversal  tipo  U  enrijecido  com  extremidades aparafusadas  selecionadas para  falharem  sob modo distorcional. O modelo numérico é usado em  análise  paramétrica  envolvendo  pilares  com  diversas  combinações  de  geometria (comprimento  e  dimensões  de  seção  transversal)  e  material  com  comportamento  elástico‐plástico  perfeito  (resistência  ao  escoamento),  objetivando  adquirir  conhecimento  sobre  o mecanismo pós‐crítico e gerar dados de resistência última. Finalmente, os dados de resistência última obtidos são usados para avaliar a qualidade das previsões pelo MRD da atual curva de dimensionamento  distorcional  e,  se  necessário,  propor  preliminarmente  diretrizes  de  como melhora‐la.  Palavras‐chave:  pilares  em  perfil  formado  a  frio  com  extremidades  aparafusadas,  falha distorcional, investigação numérica e Método da Resistência Direta (MRD).  

1 Introdução 

Perfis Formados a Frio  (PPF)  são  largamente usados pela  indústria da construção  civil 

pelo fato de possuir alta eficiência estrutural (relação resistência / peso), baixo custo de 

produção e notável versatilidade de  fabricação. Com o uso de aços mais  resistentes e 

perfis  com  espessura  de  parede  cada  vez  mais  fina,  os  engenheiros  lidam 

inevitavelmente  com  problemas  complexos  de  dimensionamento,  particularmente  no 

campo de estabilidade estrutural e ligações (Rondal, 2000). Uma consequência imediata 

desta tendência é o crescimento de inadequações dos métodos tradicionais empregados 

para  dimensionamento  de  barras  de  PFF  propensas  a  deformações  em  plano  dos 

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265 

componentes  da  seção  transversal,  que  se  baseia  no  conhecido  amplamente  aceito 

conceito do Método da Largura Efetiva (Landesmann and Camotim, 2013). 

Para  superar  esta  limitação  Schafer  (2008)  propôs  o  Método  da  Resistência  Direta 

(MRD) que teve origem no trabalho de Hancock et al. (1994). Devido à sua simplicidade, 

o  MRD  foi  incorporado  na  norma  brasileira  ABNT  NBR  14762  (2010),  na  norma 

americana AISI‐S100 (2016) e na australiana / nova zelandeza AS/NZS 4600 (2005) como 

um método alternativo ao Método da Largura Efetiva. A principal vantagem do MRD é a 

sua  facilidade  de  dimensionamento  e  a  capacidade  de  explicar  com  precisão  o 

comportamento de seções complexas (Pham et al., 2013). O MRD baseia‐se na ideia de 

que se o engenheiro consegue determinar todas as forças axiais de instabilidade elástica 

de um pilar,  i.e.  instabilidade  local (Pcr.L), distorcional (Pcr.D) e global (Pcr.e), e também a 

força que  causa  escoamento da  seção  (Py), então  a  resistência pode  ser diretamente 

determinada, i.e., Pn = f (Pcr.L, Pcr.D, Pcr.e, Py) (Schafer, 2008). 

Segundo o MRD, a  resistência de um pilar é a menor das  três  forças nominais: global 

(Pn.e),  distorcional  (Pn.D)  e  interação  local/global  (Pn.Le).  Essas  forças  nominais  são 

fornecidas pelas expressões: 

 

2

. 2

0,658 se 1,5

0,877 se 1,5

eey

n e

e ey

PP

P (1)

0,6 0,6.

. .

se 0,561

1 0,25 se 0,561

Dy

n DDy cr D y cr D y

PP

P P P P P (2)

..

. 0,4 0,4.. . . . .

se 0,776

1 0,15 se 0,776

L en e

n LeL en e cr L n e cr L n e

PP

P P P P P (3)

 

onde  Py  é  a  força  de  escoamento  da  seção  e  e =(Py/Pcr.e)0,5,  D =(Py/Pcr.D)0,5  e 

.L e =(Pn.e/Pcr.L)0,5  representam  o  índice  de  esbeltez  reduzido  à  instabilidade  global, 

distorcional e interação local/global (Schafer, 2008). 

 

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266 

1.1 Motivação 

De  acordo  com  Yu  e  Panyanouvong  (2103),  somente  conexões  chapa  a  chapa  foram 

ensaiadas.  Entretanto,  a  indústria  da  construção  civil  tem  usado  extensivamente 

ligações  aparafusadas  em  PFF. Um  exemplo  de montagem  de  treliças  com  conexões 

aparafusadas é ilustrado na Figura 1(a) e (b), respectivamente. 

Por outro  lado, ensaios de  compressão em pilares de PFF  são  realizados  com  chapas 

rígidas  soldadas nas  suas extremidades1. Além do mais, as expressões do MRD  foram 

calibradas  com  resultados  de  ensaios  experimentais  tendo  em  sua  maioria  pilares 

engastados  (placas  rígidas  soldadas  nas  extremidades  dos  pilares)  (Schafer,  2000). 

Apesar  de  Schafer mencionar  que  “estas  foram  testadas  na  condição  pinada”,  esta 

afirmação  diz  respeito  ao  comportamento  global  do  pilar  (a  placa  rígida  usualmente 

sobre  rótula  esférica  ou  cilíndrica)  –  tão  quanto  o  comportamento  distorcional  é 

considerado engastado (Landesmann and Camotim, 2013). 

 

                                                      (a)                                                                                          (b) 

Figura 1 – (a) Montagem de treliças e (b) ligações aparafusadas em barras de PFF. 

 

Em adição, uma  investigação numérica  conduzida por  Landesmann e Camotim  (2013) 

sobre pilares de PFF com condição de extremidade simplesmente apoiada demonstrou 

que  a  atual  curva  de  dimensionamento  distorcional  do MRD  não  é  capaz  de  prever 

adequadamente  a  resistência  de  pilares  com  condição  de  extremidades  diferente  da 

1 De  fato, não é  fácil ensaiar pilares com extremidade diferente da engastada  (e.g., pilar simplesmente apoiada) que  falham no modo distorcional – é extremamente difícil garantir que a seções extremas do pilar fiquem livres para empenar (Landesmann e Camotim, 2013).

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267 

engastada.  Como  principal  resultado,  Landesmann  e  Camotim  (2013)  propuseram 

modificação na  curva de dimensionamento distorcional do MRD definida pela  Eq.  (4) 

recomendada para uso em pilares do tipo U enrijecido, cartola, rack e Z simplesmente 

apoiadas. 

0,6 0,6*. . .

0,75 0,75

. .

se 0,561

1 0,25 se 0,561< 1,133

0,65 0,2 se 1,133

Dy

Dn D y cr D y cr D y

Dy cr D y cr D y

P

P P P P P P

P P P P P

(4)

 

A  falta  (pelo  menos  para  o  conhecimento  dos  autores)  de  pesquisas  sobre  pilares 

aparafusadas  sujeitas  à  flambagem  distorcional,  o  constante  uso  de  ligações 

aparafusadas  em  construções  com  PFF  e  os  resultados  derivados  da  pesquisa 

previamente mencionada  de  Landesmann  e  Camotim  (2013)  constituem  a motivação 

para o estudo exposto neste artigo. 

 

1.2 Objetivos 

O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade das previsões de resistência fornecidas 

pela  atual  curva  de  resistência  distorcional  do  MRD  em  pilares  de  aço  de  perfis 

formados a frio com extremidades aparafusadas normalmente empregadas na indústria 

de construção brasileira considerando as seguintes características: 

i.  Pilares  de  perfis  formados  a  frio  tipo U  enrijecidos  flambando  no modo  distorcido 

“puro”, tanto quanto possível, e exibem colapso distorcional. 

ii. Extremidades aparafusadas. 

iii. Diferentes classes de aço. 

 

2 Modelo de Elementos Finitos 

A  condição  parafusada  é  caracterizada  pela  ligação  de  dois  parafusos montados  em 

furos nas mesas (veja Figura 2(a)) cujos os centros são devidamente localizados sobre o 

eixo de menor inércia da seção transversal e estão distantes de 35 mm da extremidade 

livre  do  perfil.  O  diâmetro  do  parafuso  considerado  neste  trabalho  foi  20  mm,  o 

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diâmetro  do  furo  df  =  21,5 mm,  sendo  que  um  par  de  arruelas  lisas  (com  37 mm 

diâmetro externo e 3 mm de espessura)  foi  considerado  “soldado” em  cada uma das 

mesas  do  perfil,  internamente  e  externamente  a  essas  mesas,  com  o  objetivo  de 

prevenir falha localizada nos furos. 

As trajetórias de equilíbrio pós‐crítica e resistência última foram determinadas por meio 

de  análises  não  lineares  (geometria  e material)  pelo método  dos  elementos  finitos 

realizadas  no  programa  ANSYS  (2009).  Os  pilares  foram  discretizadas  usando‐se  o 

elemento SHELL181 (nomenclatura do ANSYS – 4‐nós elementos de casca com seis graus 

de  liberdade por nó,  integração completa e degeneração em elemento  triangular) – a 

dimensão  máxima  do  elemento  foi  considerada  como  5.3  mm  –  estudos  de 

convergência demonstrados em Santos (2017). 

 

Figura 2 – Modelo de elementos finitos: (a) malha, (b) carregamento e (c) condição de contorno. 

(a)

X

Z Y

(c)

(b)

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269 

Para o carregamento por contato, uma pressão na  linha de contato (parafuso‐furo) foi 

considerada  (veja  Figura  2(b)).  Estudos  numéricos  (Santos,  2017)  mostraram  que  o 

ângulo formado pelo setor circular do contato é aproximadamente =97,2° (1,696 rad.) 

e que a distribuição do carregamento pode ser considerada como um gradiente  linear 

que decresce sua intensidade do centro para as extremidades, sendo nas extremidades 

nulo  (Santos,  2017).  As  condições  de  contorno  adotadas  foram  a  restrição  dos 

deslocamentos na direção X e Y nas  linhas de contato parafuso‐furo (veja Figura 2(c) – 

em ambas as extremidades) e o ponto central (nó) da alma teve seu deslocamento na 

direção Z restringido. 

As  analises  foram desenvolvidas  considerando  E=20500  kN/cm²  (modulo de  Young) e 

ν=0,3  (coeficiente de Poisson) desenvolvidas em duas etapas: análise de  flambagem e 

pós‐crítica. 

Na  análise  de  flambagem  é  possível  estimar  a  força  de  flambagem  elástica  e  avaliar 

qualitativamente a forma da deformada relacionadas a esta força. 

Todas as análises pós‐críticas foram realizadas por meio de técnica incremental‐iterativa 

combinando  o  método  de  Newton‐Raphson  com  a  estratégia  de  controle  de 

comprimento  de  arco,  onde  as  forças  axiais  são  sempre  acrescidas  de  um  pequeno 

incremento,  utilizando  o  procedimento  automático  do  ANSYS  (2009).  Nas  análises, 

também  foi considerado um material elastoplástico perfeito. Diferentes graus de aços 

(fy) foram  incorporados nos modelos numéricos dos pilares com o objetivo de adquirir 

mais dados de resistência última. Não foram considerados nas análises tensões residuais 

e  tampouco  o  efeito  de  encruamento  devido  ao  trabalho  de  conformação  a  frio  do 

perfil2. 

A  imposição  das  imperfeições  geométricas  equivalentes  iniciais  do modo  crítico  nos 

pilares foi feita automaticamente por meio do procedimento a seguir: determinação da 

forma do modo crítico de instabilidade, através de análise de flambagem no ANSYS, que 

se  adota  exatamente  a  mesma  discretização/malha  empregada  para  realizar  a 

subsequente  análise  pós‐crítica,  que  foi  então  escalada para  exibir um  deslocamento 

2 De acordo com Schafer  (1998) em modelos numéricos se as  tensões  residuais são  ignoradas, então a elevação da resistência ao escoamento devido ao trabalho a frio de formação da seção também não deve ser incluída. 

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270 

distorcional máximo ao  longo dos enrijecedores de borda  igual a 0,1t  (Landesmann e 

Camotim, 2013). 

As análises pós‐crítica são subdivididas em elástica e elastoplástica. 

Analisando‐se  as  trajetórias  de  equilíbrio  elásticas  de  pilares  parafusadas  é  possível 

determinar  o  modo  de  instabilidade  (se  distorcional  ou  não).  Adicionalmente,  tais 

trajetórias de equilíbrio explicam qual a imperfeição geométrica inicial, se com as mesas 

“fechando” ou “abrindo”, resulta a trajetória de equilíbrio mais abaixo. 

Nas  análises  pós‐crítica  elastoplástica  os  principais  resultados  são  as  trajetórias  de 

equilíbrio e a resistência última. 

Os  modelos  numéricos  foram  calibrados  comparando  os  resultados  numéricos  com 

ensaios  realizados  no  Laboratório  de  Estruturas  da  COPPE/UFRJ,  os  mesmos  são 

reportados em Santos (2017). 

3 Seleção da Geometria dos Pilares 

O primeiro passo deste trabalho consistiu na seleção cuidadosa das dimensões da seção 

transversal  e  dos  comprimentos  de  pilares  tipo  U  enrijecido  para  serem  analisadas 

numericamente. O procedimento de seleção envolveu o método da “tentativa e erro” 

em análises de  flambagem  (de acordo com a seção 0), visando satisfazer os seguintes 

requisitos: 

i.  Pilares  suscetíveis  à  flambagem  distorcional  “pura”.  Este  objetivo  é  alcançado 

assegurando que a  força  crítica de  flambagem é  claramente distorcido e e  com  valor 

consideravelmente  abaixo  dos menores  valores  das  forças  de  bifurcação  locais  e/ou 

globais. 

ii. Dimensões de  seção comumente usadas e envolvendo diferentes proporções alma‐ 

mesa. 

Foi  possível  atender  todos  os  requerimentos  acima mencionados  e  o  resultado  final 

desta seleção são as 15 seções‐transversais dadas na Tabela 1. As dimensões da seção 

transversal  são definidas na  Figura 3(a) – note que  a  relação  alma‐mesa  (bw/bf)  varia 

entre 0,70, 1,00 e 1,43. A espessura de parede (t), a largura do enrijecedor de borda (bl) 

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271 

e o raio interno (ri) foram considerados constantes e iguais a 2,65 mm, 10,6 mm e 1,325 

mm, respectivamente. 

                                               (a)                                                                         (b) 

Figura 3 – (a) Seção transversal e (b) vista lateral do pilar. 

 A  seleção  do  comprimento  (LD)  do  pilar  obedeceu  ao  critério:  pilares  cujo modo  de 

flambagem  seja  o  distorcional  com  uma  semi‐onda  e  tal  comprimento  deve  ser  um 

mínimo  na  curva  Pcr  versus  LD  onde  Pcr  é  a  força  crítica  de  instabilidade  calculada 

numericamente  na  análise  de  flambagem.  Para  cada  seção  diferentes  comprimentos 

foram testados, de 10 cm até 1000 cm, com 5 cm  incremento, a Tabela 1 apresenta o 

comprimento associado com a  força crítica distorcional de  flambagem  (LD). A Figura 4 

ilustra  um  exemplo  da  determinação  do  comprimento  da  semi‐onda  de  flambagem 

distorcional  LD  de  uma  seção.  Também  na  Figura  4  é  mostrada  a  deformação 

distorcional  advinda da  análise de  flambagem. Ainda na  Figura  4 nota‐se que não  se 

apresente um mínimo local de chapa bem definido. 

A  Tabela  1  também  fornece, para  cada pilar nomeada de  acordo  com  as  larguras da 

alma e da mesa, área da  seção  transversal  (A), a distância do centro de gravidade da 

seção até a face externa da alma (CG), a força crítica (distorcional) (Pcr.D) e as relações 

entre a menor força crítica local e a força crítica distorcional (Pb1.L/Pcr.D) e a menor força 

crítica global com  relação a  força crítica distorcional  (Pb1.e/Pcr.D),  indicando quão  longe 

estas estão entre um e outra. 

Observa‐se  na  Tabela  1  que  a  primeira  força  crítica  “não  distorcional”  corresponde 

sempre à força crítica de instabilidade local e que a relação Pb1.L/Pcr.D varia entre 1,51 e 

2,07.  A  primeira  força  crítica  de  instabilidade  global  é  invariavelmente maior  (muito 

maior) do que a força crítica de  instabilidade distorcional. De fato, os valores Pb1.e/Pcr.D 

estão entre 6,93 e 72,0. 

df 

CG 

35 mm LD35 mmbw 

bf 

bl  t

ri  CG 

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272 

Tabela 1 – Dimensões, área e posição do centro de gravidade da seção, comprimento, força crítica de instabilidade distorcional e relações força crítica local e global em 

relação a força crítica distorcional. 

Pilares bw 

(mm) bf 

(mm) A 

(cm²) CG 

(mm) LD 

(mm) 

Pcr.D(kN) 

b1.L

cr .D

P

P  b1.e

cr .D

P

100x70  100  70  6,52  24,22  350  323 1,51  6,93

100x100  100  100  8,11  37,47  450  216 1,81  8,24

100x142,9  100  142,9  10,38  57,35  550  140 1,93  10,8

130x91  130  91  8,43  30,39  450  236 1,54  12,1

130x130  130  130  10,50  47,51  550  157 1,83  16,1

130x185,7  130  185,7  13,45  73,23  650  102 1,97  24,9

150x105  150  105  9,70  34,49  500  199 1,59  17,6

150x150  150  150  12,09  54,19  600  132 1,87  24,4

150x214,3  150  214,3  15,49  83,84  700  85.4 2,03  35,8

180x126  180  126  11,61  40,64  550  160 1,69  30,8

180x180  180  180  14,47  64,21  650  106 1,96  44,3

180x257,1  180  257,1  18,56  99,70  800  68.6 2,07  58,6

200x140  200  140  12,88  44,74  600  141 1,72  39,9

200x200  200  200  18,06  70,89  750  93.8 1,89  51,6

200x285,7  200  285,7  20,60  110,3  900  60.3 2,04  72,0

0

200

400

600

800

10 100 1000

L (cm)

Pcr(kN)

LD

Figura 4 – Variação do valor Pcr com função do comprimento L para o pilar 100x100. 

 

4 Resultados Numéricos 

4.1 Análise Pós‐Crítica Elástica 

A fim de se realizar as avaliações qualitativa e quantitativa de como o comportamento 

pós‐crítico  elástico  do  pilar  é  influenciado  pela  condição  de  ligação  aparafusada, 

trajetórias de equilíbrio elásticas pós‐críticas foram obtidas. 

A Figura 5 mostra as trajetórias de equilíbrio do pilar 200x200. Nestas trajetórias P é a 

força  aplicada  e  ||  o  deslocamento  absoluto  máximo  que  ocorre  ao  longo  do 

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273 

enrijecedor de borda. Neste exemplo, a imperfeição geométrica inicial foi considerada a 

forma de flambagem crítica (distorcida) tendo como amplitude máxima o deslocamento 

do enrijecedor de borda de 0,1t "abrindo" e “fechando” as mesas. A observação destas 

duas trajetórias de equilíbrio pós‐críticas distorcionais elásticas leva à conclusão de que 

a trajetória de equilíbrio mais baixa é sempre aquela que possui imperfeição inicial que 

“fecha” as mesas. 

0

50

100

150

200

0 10 20 30 40

P (kN)

(mm)

 

Figura 5 – Trajetória de equilíbrio elástica P versus | | para o pilar 200x200 com imperfeição inicial distorcional “abrindo” e “fechando” as mesas. 

 4.2 Análise Pós‐Crítica Elastoplástica e Resistência Última 

A  atenção  é  agora  dedicada  à  influência  qualitativa  e  quantitativa  da  condição  de 

suporte  aparafusada  nos  pilares  no  comportamento  pós‐crítico  elastoplástico 

distorcional  e  resistência  última.  Nesta  seção,  os  pilares  com  diferentes  geometrias 

(dimensões e comprimentos) apresentadas na Tabela 1  são discutidas considerando o 

material com resistência ao escoamento fy=34,5 kN/cm² e  imperfeição  inicial conforme 

forma crítica distorcional com mesas “fechando” e amplitude máxima de 0,1t. 

A Figura 6 mostra exemplos de  trajetórias de equilíbrio não‐lineares  (geométrica e de 

material) a fim de obter a resistência última Pu (identificadas por círculos brancos). Essas 

trajetórias são relativas aos pilares 100x70, 180x126 e 200x140 onde no eixo vertical são 

registrados  os  valores  da  força  de  compressão  P  normalizada  pela  força  crítica  de 

instabilidade  distorcional  Pcr.D  e  no  eixo  horizontal  são  apresentados  os  valores  do 

máximo deslocamento absoluto | | na direção do eixo Y (veja Figura 2(a)) normalizado 

pela espessura de parede t. A Figura 7 retrata as deformações que ocorrem próximo à 

resistência última para cada trajetória de equilíbrio exibida na Figura 6, sendo fornecidas 

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274 

representações bastante precisas dos modos de falha (distorção) exibidos pelos pilares 

100x70, 180x126 e 200x140. 

 

0.0

0.4

0.8

1.2

0 2 4 6 8

P/Pcr.D

| | / t

180x126

200x140

100x70

 Figura 6 – Trajetórias de Equilíbrio elásto‐plástica distorcional (P/Pcr.D vs. | δ |/t) para os 

pilares 100x70, 180x126 e 200x140. 

Figura 7 – Modo de falha distorcional para os pilares 100x70, 180x126 e 200x140. 

 

A Figura 8 mostra a trajetória de equilíbrio e evolução (estágios) das deformações junto 

com a distribuição da tensão equivalente de von Mises equivalente para o pilar 200x140, 

onde no estágio  I ocorre o  início de escoamento especificamente próximo  aos  furos; 

com  a  progressão  do  carregamento  no  estágio  II  apresenta‐se  a  deformação 

distorcional; no estágio III inicia‐se escoamento nos enrijecedores de borda no meio do 

pilar; finalmente no estágio IV a resistência última é alcançada com a formação de uma 

“rótula plástica distorcional” no meio do pilar. 

100x70  180x126 200x140 

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275 

0,0

0,5

1,0

1,5

0 2 4 6 8

P/Pcr.D

/ t

Elástica

IVIII

III

kN/cm²

34,526,819,211,53,8

IV

III

II

I

                                                   (a)                                                                                         (b) 

Figura 8 – (a) Trajetórias de equilíbrio elástica e elastoplastica e (b) mecanismo de colapso por flambagem distorcional para o pilar 200x140. 

4.3 Análise Paramétrica 

O  objetivo  desta  secção  é  apresentar  e  discutir  os  resultados  da  resistência  última 

obtidos a partir do estudo paramétrico realizado. A fim de obter uma comparação mais 

significativa,  todos  os  resultados  pós‐críticos  apresentados  e  discutidos  nesta  seção 

dizem  respeito  o  pilares  feitas  de  aço  com  sua  esbeltez  distorcional  D =(Py/Pcr.D)0,5 

variando de 0,4 até 3,5 – esta esbeltez é assegurada pela seleção adequada de tensões 

de escoamentos (fy)3. 

O estudo paramétrico envolveu um total de 210 pilares, correspondendo a combinação 

de  quinze  pilares  descritas  na  Tabela  1  e  quatorze  valores  de  índice  de  esbeltez 

distorcional. Todos os dados de resistência última (Pu), forças de escoamento (Py=A∙fy) e 

valores  do  índice  de  esbeltez  distorcional  (D )  de  cada  pilar  são  apresentados  em 

Santos (2017). Esses valores são também plotados na Figura 9(a) onde no eixo vertical 

tem‐se  a  resistência  última  Pu  normalizada  pela  força  de  escoamento  Py  e  no  eixo 

horizontal os valores do índice de esbeltez reduzido D . 

Examinando  o  tipo  de  falha  dos  pilares  plotadas  na  Figura  9(a)  foi  encontrado  em 

algumas delas a ocorrência de  falha  localizada nas  regiões próxima aos  furos  (círculos 

vermelhos).  Na  Figura  10  é  mostrada  uma  distribuição  qualitativa  das  tensões 

3 A razão para selecionar tais tensões de escoamento foi possibilitar a análise de pilares com altos valores de esbeltez, cobrindo assim um amplo alcance de esbeltez (Landesmann & Camotim, 2013). 

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276 

equivalentes  de  von  Mises  para  o  pilar  200x285,7  cuja  a  falha  se  deu  por  efeitos 

localizados. 

0,0

0,5

1,0

0 1 2 3

Pu / Py

D

0,0

0,5

1,0

0 1 2 3

Pu / Py

D

 

                                                   (a)                                                                                         (b) 

Figura 9 – Resultados numéricos Pu/Py versus  D para (a) todos os pilares e (b) desconsiderando os pilares cujo colapso se deu por efeitos localizados. 

Figura 10 – Distribuição qualitativa das tensões equivalentes de von Mises no pilar 200x285,7 que apresentou falha localizada. 

 

Como o proposito deste trabalho não é avaliar a resistência de pilares que apresentam 

falhas  localizadas  tais pilares  foram exclusos da análise paramétrica. Um  total de 138 

pilares foi usado na análise paramétrica. Substituindo o gráfico da Figura 9(a) pela Figura 

9(b) desconsiderando os pilares cujo colapso se deu por falha  localizada, pode‐se dizer 

que a “nuvem” de pontos Pu/Py vs.  D  segue uma tendência que pode ser descrita com 

precisão por uma curva de dimensionamento do tipo “Winter”. 

 

5 Considerações relativas ao MRD 

Esta secção aborda a aplicabilidade do MRD para estimar a resistência última de pilares 

do  tipo  U  enrijecido  falhando  no modo  distorcional  e  que  apresentam  condição  de 

extremidades aparafusada. O primeiro passo consiste em computar Pn.e, Pn.D e Pn.Le, de 

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277 

acordo com as Eqs.  (1),  (2) e  (3), para os 138 pilares analisadas na seção 4.3, a  fim de 

avaliar a natureza do colapso dos pilares previstos pelo MRD –  todas as predições de 

falha pelo MRD foram distorcional. Todas os resultados numéricos (Pcr.D, Pu e modo de 

falha)  e  valores  nominais  fornecidos  pelo MRD  (Pn.D),  juntamente  com  os  valores  do 

índice de esbeltez reduzido correspondentes são apresentados em Santos (2017). 

A Figura 11(a1) compara a atual curva de dimensionamento distorcional do MRD com os 

valores de resistência última obtidos numericamente dos perfis que deformam no modo 

distorcional.  A  Figura  11(b1),  por  outro  lado, mostra  os  valores  correspondentes  de 

Pu/Pn.D  versus  D   proporcionando  assim  uma  representação  da  precisão  e  segurança 

das estimativas de resistência última do MRD. 

0,0

0,5

1,0

0 1 2 3

Pu / Py

D

0,0

0,5

1,0

1,5

0 1 2 3

D

Pu /Pn.D

 

                                                           (a1)                                                                                    (b1) 

0,0

0,5

1,0

0 1 2 3

Pu / Py

D

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

0 1 2 3

D

Pu /Pn.D*

 

                                                           (a2)                                                                                    (b2) 

Figura 11 – Comparação entre resultados numéricos de resistência última com (a1) Pn.D e 

(a2) *.n DP e (b1) Pu/ Pn.D versusD  e (b2) Pu/

*.n DP  versus D . 

 

A observação das Figura 11(a1) e (b1) mostra as seguintes conclusões: 

i. Observa‐se facilmente que as resistências últimas são excessivamente superestimadas 

pela curva distorcional do MRD. 

Média 0,59

Des. Pad. 0,09

Máx. 0,91

Mín. 0,45

Média 0,97

Des. Pad. 0,06

Máx. 1,19

Mín. 0,89

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278 

ii. Na Figura 11(b1) nota‐se o número de valores Pu/Pn.D próximo (abaixo e/ou acima) de 

0,5.  Este  fato  indica  uma  progressiva  deterioração  da  qualidade  das  estimativas  de 

resistência  última  distorcionais  do MRD.  A média,  desvio  padrão,  valores máximos  e 

mínimos da razão Pu/Pn.D são apresentados na Figura 11(b1). 

Em vista dos fatos acima, pode‐se afirmar que a atual curva distorcional do MRD não é 

adequada  para  aplicação  em  pilares  cuja  condição  de  extremidade  é  aparafusada.  

Portanto, é necessário considerar uma curva de dimensionamento diferente para prever 

de forma eficiente as resistências de falha distorcional desses pilares. 

Guiado  pelos  dados  de  resistências  última  adquiridos  através  do  estudo  paramétrico 

realizado neste trabalho, foi considerada a proposta de Landesmann e Camotim (2013) 

descrita pela Eq. (4). A Figura 11(a2) relaciona esta proposta (*.n DP ) comparando‐a com os 

resultados obtidos neste estudo. A Figura 12(b2) mostra os valores correspondentes de 

*.u n DP P  versus  D . Para esta proposta a média, o desvio padrão e os valores máximo e 

mínimo de  *.u n DP P  são dados na Figura 11(b2). 

A  curva  sugerida  por  Landesmann  e  Camotim  (2013)  –  Eq.  (4)  representa  bem  os 

resultados numéricos obtidos nesta pesquisa. 

 

6 Conclusões 

Este trabalho reportou uma investigação numérica (pelo método dos elementos finitos) 

sobre a influência da condição de suporte aparafusado no comportamento pós‐crítico e 

no  dimensionamento  pelo MRD  (Método  da  Resistência Direta)  de  pilares  do  tipo U 

enrijecido formadas a frio cujos modos de falha se deram por distorção. 

Os pilares analisados exibiram extremidades aparafusadas, quinze geometrias de pilares 

em  perfil  U  enrijecido  (variados  comprimentos  e  dimensões  de  seção  transversal)  e 

diversos graus de aços foram considerados. Essas características foram cuidadosamente 

selecionadas  para  garantir  que  os  pilares  flambassem  e  falhassem  no modo  “puro” 

distorcional (i.e., evitando‐se  interação com o modo de flambagem  local e/ou global) e 

cobrir uma extensão considerável de esbeltez (distorcional). 

Os  dados  de  resistência  última  adquiridos  durante  a  análise  paramétrica  envolveram 

138  pilares.  Estes  foram  então  usados  para  demonstrar  que  independentemente  da 

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279 

geometria do pilar, a atual  curva de dimensionamento à  instabilidade distorcional do 

MRD  não  é  capaz  de  prever  adequadamente  a  resistência  última  de  pilares  tipo  U 

enrijecido com extremidades aparafusadas. 

Com base nos resultados obtidos a partir do estudo paramétrico realizado, foi estudada 

a  proposta  de  curva  de  dimensionamento  à  instabilidade  distorcional  sugerida  por 

Landesmann e Camotim (2013). De fato, tal curva se correlacionou muito bem com os 

resultados numéricos obtidos neste trabalho. 

 

7 Agradecimentos 

O primeiro autor agradece o apoio financeiro da Vale S.A. 

 

8 Referências 

ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE  NORMAS  TÉCNICAS,  ABNT  NBR  14762:  Dimensionamento  de 

estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio. Rio de Janeiro, 2010. AMERICAN  IRON AND STEEL  INSTITUTE, AISI‐S100: Specification for the design of cold‐formed steel structural members. Washington, D. C. 2016. STANDARDS ASSOCIATION OF AUSTRALIA, AS/NZS 4600: Cold‐Formed Steel Structures. North Sydney, 2005. HANCOCK, Gregory J.; KNOW, Young.; BERNARD, Stefan. “Strength design curves for thin‐walled sections  undergoing  distortional  buckling”.  Journal  of  Constructional  Steel Research,  p.  169‐186, 1994. LANDESMANN,  Alexandre;  CAMOTIM,  Dinar.  “On  the  Direct  Strength  (DSM)  design  of  cold‐formed steel columns against distortional failure”. Thin‐Walled Structures, p. 168‐187, 2013. PHAM, Song Hong; PHAM, Cao Hung; HANCOCK, Gregory J. “Direct strength method of design for shear including sections with longitudinal web stiffeners”. Thin‐Walled Structures, p. 19‐28, 2013. RONDAL,  J.  “Cold‐formed  steel  members  and  structures  ‐  General  Report”.  Journal  of Constructional Steel Research, p. 155‐158, 2000. SANTOS, Warlley  Soares. On  the  strength  and DSM  design  of  end‐bolted  cold‐formed  steel columns buckling in distortional modes. DSc thesis, COPPE, Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2017. SCHAFER, Benjamin W. “Computational modeling of cold‐formed steel: characterizing geometric imperfections  and  residual  stresses”.  Journal  of  Constructional  Steel  Research,  p.  193–210, 1998. SCHAFER, Benjamin W. Distortiosnal buckling of cold‐formed steel columns. American Iron and Steel Institute (AISI) report, Washington DC, 2000. SCHAFER,  Benjamin W.  “Review:  The  Direct  Strength Method  of  cold‐formed  steel member design”. Journal of Constructional Steel Research. p. 766–778, 2008. SWANSON ANALYSIS SYSTEM INC. (SAS): Ansys Reference Manual (Vrs. 12), 2009. Yu,  Chang;  Panyanouvong,  Mark  Xouphab,  "Bearing  strength  of  cold‐formed  steel  bolted connections with a gap," Thin‐Walled Structures, p. 110–115, 2013. 

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   Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT 

 

Recebido: 15/02/2018 Aprovado: 08/06/2018 

Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 280‐299 ‐ ISSN 2238‐9377 

 

Modelo de cálculo para o cisalhamento do concreto nos conectores Crestbond 

Hermano de Sousa Cardoso1*, Rodrigo Barreto Caldas1, Ricardo Hallal Fakury1, Gustavo de Souza Veríssimo2 e Ricardo Laguardia Justen de Almeida2 

 

1 Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Pós‐Graduação em Engenharia de Estruturas, Av. Antônio Carlos, 6627 ‐ Escola de Engenharia, Bloco I – 4º andar – Sala 4215– Pampulha – Belo Horizonte – MG – Brasil, 

[email protected][email protected][email protected] 

2 Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa, Av. P. H. Rolfs, s/n, Campus Universitário, Viçosa, MG, Brasil,  

[email protected], [email protected]

Design model for the concrete shearing in the Crestbond shear connectors 

Resumo Este artigo propõe um modelo semiempírico para estimar a resistência de conectores Crestbond (CR)  contínuos  e  descontínuos,  quando  o  cisalhamento  do  concreto  governa  o  colapso  da conexão. Esse modelo segue a tendência de padronizar as expressões para o dimensionamento de conectores constituídos por chapas de aço com recortes regulares, conhecidos no âmbito internacional  como  composite  dowels,  visto  que  esses  dispositivos  apresentam comportamentos semelhantes. A capacidade do concreto que preenche a abertura do conector em resistir ao cisalhamento é estimada, sob a perspectiva do uso de diferentes geometrias do conector, considerando fatores de ajuste nas equações já conhecidas e atualmente em uso. Para tal, o estudo teórico foi conduzido a partir de análises de ensaios de cisalhamento reduzidos por meio  de  simulações  via  elementos  finitos.  Por  fim,  o modelo  proposto  foi  comparado  com resultados de ensaios disponíveis na literatura, mostrando‐se eficaz. 

Palavras‐chave:  Crestbond,  ensaios  de  cisalhamento,  composite  dowels,  conectores  de cisalhamento, vigas mistas  Abstract   This  paper  proposes  a  semi‐empirical  model  to  estimate  the  strength  of  continuous  and discontinuous  Crestbond  shear  connectors  (CR),  whenever  the  concrete  shearing  is  the predominant failure mode of the connection. This model follows the tendency to standardize the design expressions for connectors composed by steel plate with regular cutouts, which are known internationally as composite dowels, since these devices behave similarly. The shear capacity of the  concrete which  fills  the  recesses of any  type  of  composite  dowel geometry  is  estimated considering different adjustments factors used  in the equations already known and commonly employed. For this propose, the theoretical study was carried out from the analyzes of single push‐tests  through  the  finite element  simulation. Finally,  the proposed model was compared with tests outputs reported in the literature, showing good agreement among them. 

Keywords: Crestbond, push‐tests, composite dowels, shear connectors, composite beams 

* autor correspondente 

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281 

1 Introdução 

Os conectores de cisalhamento constituídos por chapas de aço com recortes regulares, 

conhecidos  internacionalmente  como  composite  dowels,  constituem  um  meio  de 

conexão eficiente entre o  aço e o  concreto nos elementos estruturais mistos. Esses 

dispositivos  têm  sido  empregados  em  vários países  europeus  em  vigas de pontes  e 

viadutos.  Esses  conectores  podem  possuir  diversas  geometrias,  sendo  muito 

empregadas as denominadas clothoidal‐shaped (Figura 1a) e puzzle‐shaped (Figura 1b), 

cujas expressões para dimensionamento podem ser encontradas nos guias de projeto 

PreCo‐Beam (Seidl et al., 2013a) e PreCo+ (Seidl et al., 2013b), respectivamente. Logo 

após  a  publicação  desses  guias,  as  prescrições  de  projeto  e  as  expressões  para 

dimensionamento dos dois conectores foram  incluídas na aprovação técnica alemã Z‐

26.4‐56  (2013).  Também  de  larga  utilização  na  Europa  é  o  conector  chamado  de 

Perfobond  (Figura  1c)  que,  no  lugar  dos  recortes,  apresenta  aberturas  circulares 

regularmente espaçadas. O Perfobond tem um modelo analítico de dimensionamento 

proposto por Oguejiofort e Hosain (1997). 

            

 

Figura 1 – Conectores constituídos por chapas 

Outro conector constituído por chapa com recortes regulares, denominado Crestbond 

(CR), tem sua forma e parâmetros geométricos mostrados na Figura 2. Esses conectores 

possuem “dentes” de aço mais altos e menos  largos em  relação aos  com geometria 

puzzle‐shaped. A concepção da geometria do conector Crestbond foi desenvolvido por 

Veríssimo (2007) no Brasil, como uma alternativa aos conectores pino com cabeça, os 

mais utilizados no país. Em Cardoso et al. (2018) são fornecidos o estado da arte e um 

estudo numérico  envolvendo os  conectores CR  em  ensaios de  cisalhamento padrão 

(standard push test).

conectores com recortes

conector com aberturas 

(a) Clothoidal‐shaped   (b) Puzzle ‐shaped (c)  Perfobond  ‐  geometriautilizada  no  estudo  de Oguejiofor e Hosain (1994)

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282 

 

Figura 2 – Forma e parâmetros geométricos do conector Crestbond (CR). 

Os conectores Perfobond, por possuírem aberturas que não atingem a  face  superior 

(geometria  fechada),  têm  um  comportamento  mais  rígido  e  menos  dúctil  que  os 

conectores com recortes regulares (possuem grandes espaços abertos na face superior 

– geometria aberta). Além disso, esses conectores possuem sempre como estado‐limite 

último  a  ruptura  por  cisalhamento  do  concreto.  Por  outro  lado,  nos  conectores  de 

geometria aberta, precisamente por causa da menor rigidez e maior ductilidade, podem 

prevalecer outros estados‐limites últimos. Além do cisalhamento do concreto, podem 

ocorrer  o  pry‐out,  fenômeno  abordado  com  maiores  detalhes  nos  trabalhos  de 

Feldmann et al. (2016) e Classen e Hegger (2017), e o colapso por flexão dos "dentes" 

de aço do próprio conector. Cobrimento de concreto reduzido favorece a ocorrência do 

pry‐out e chapas mais finas e aberturas maiores do conector favorecem a ocorrência da 

flexão dos "dentes". No entanto, na maioria das situações práticas, as dimensões desses 

parâmetros são tais que prevalece o cisalhamento do concreto como modo de colapso. 

O primeiro modelo analítico para o dimensionamento dos conectores Crestbond quanto 

à  ruptura  por  cisalhamento  do  concreto  foi  proposto  por  Veríssimo  (2007),  sendo 

seguido  pelos  modelos  de  Silva  (2011)  e  Dutra  (2014).  Todos  esses  três  modelos 

apresentam bons resultados, sendo que os dois primeiros foram desenvolvidos a partir 

de uma concepção analítica mais antiga apresentada por Oguejiofort e Hosain (1997) 

especificamente para o conector Perfobond (Figura 1c).  

Este trabalho pode ser considerado como uma continuidade ao de Cardoso et al. (2018) 

e  apresenta  o  desenvolvimento  de  um  novo  modelo  analítico  para  o  cálculo  da 

capacidade resistente de conectores Crestbond quando a ruptura por cisalhamento do 

concreto  governa  o  colapso  da  conexão.  Para  isso,  foram  considerados  dados  de 

modelos experimentais e numéricos disponíveis na  literatura, além dos resultados da 

D = diâmetro do círculo inscrito no         dowel de concreto R = raio de curvatura hd = altura do dowel de aço = D 

co = cobrimento superior de concreto cu = cobrimento inferior de concreto ex = passo do conector = 2,155D m = 1,486D; b = 0,450 m; a = 2,876R+0,250D 

barras de armadura passantes

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283 

simulação numérica de Cardoso et al. (2018), nos quais foi observada a ocorrência desse 

estado‐limite último. 

2 Cisalhamento dos Componentes de Concreto 

Na Figura 3 é mostrada a  transferência de  forças entre o perfil de aço e o concreto 

quando  são  utilizados  conectores  formados  por  chapas  com  recortes  regulares 

(composite dowels). Para limitar o deslizamento relativo entre ambos, a região inferior 

do conector  fica sujeita a uma  força oriunda de esforços de cisalhamento  (Fv). Desse 

modo,  outra  força  de mesma magnitude  e  de  sentido  contrário  atua  no  conector, 

gerando o equilíbrio. Essa  força  faz com que surjam  tensões de contato na  interface 

entre os componentes (ou dowels) de aço ("dente" de aço) e de concreto (delimitado 

pela região entre os componentes de aço) da conexão, que interagem entre si. 

                            

Figura 3 – Introdução de esforços de cisalhamento em conectores formados por chapas. 

Segundo a aprovação  técnica Z‐26.4‐56  (2013), a  capacidade de um  componente de 

concreto  dos  conectores  clothoidal‐shaped  e  puzzle‐shaped  em  resistir  esforços  de 

cisalhamento pode ser estimada pela seguinte equação: 

DcxDshu feq 12,                                                                                                            (1) 

com 

r bD

cm D

E A

E A                                                                                                                                 (2) 

onde ex é o passo do conector (ver Figura 2), fc é a resistência à compressão do concreto, 

Er e Ab são o módulo de elasticidade e a área total das barras da armadura passante, 

respectivamente, Ecm é o módulo de elasticidade secante do concreto e AD é a área do 

componente de concreto, definida como a área compreendida entre dois componentes 

de aço. Ainda na Equação 1, ηD indica o fator de geometria do conector, cujo valor, em 

Componente de concreto 

Fv 

Fv 

Componentede aço 

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284 

projetos  de  pontes mistas,  pode  ser  tomado  como  igual  a  ηD,CL =  3  –  (ex/180)  para 

conectores  clothoidal‐shaped  e  a ηD,PS =  2  –  (ex/400)  para  conectores  puzzle‐shaped 

(Seidl et al., 2013a e 2013b; Z‐26.4‐56, 2013). 

3 Cisalhamento dos Componentes de Concreto 

3.1 Considerações Iniciais 

Alguns procedimentos de modelagem utilizados em Cardoso  et al.  (2018) —como  a 

malha de elementos finitos, leis constitutivas dos materiais e método de convergência 

— foram mais uma vez utilizados neste artigo na simulação de modelos reduzidos para 

as análises individuais dos componentes de concreto. Para tal, foi utilizado o software 

comercial  de  elementos  finitos  Abaqus  6.14  (Hibitt  et  al.,  2014).  As  geometrias  de 

conectores estudadas e comparadas neste item foram as dos conectores puzzle‐shaped 

e Crestbond CR56b (D = 56 mm, ex = 121 mm, co = 69 mm, cu = 25 mm – ver Figura 2). 

No início do Subitem 3.2, é realizada a simulação de uma primeira bateria de modelos 

com  conectores  puzzle‐shaped.  O  conector  puzzle‐shaped  além  de  apresentar  uma 

geometria  similar ao Crestbond,  tem  comportamento  conhecido,  sendo descrito em 

diversos  estudos,  na  aprovação  técnica  Z‐26.4‐56  (2013)  e  em  guias  de 

dimensionamento  (Seidl  et  al,  2013a  e  b).  Assim,  ao  se  comparar  os  resultados 

numéricos e analíticos dos modelos com conector puzzle‐shaped, verificou‐se que os 

procedimentos  numéricos  aferidos  em  Cardoso  et  al.  (2018)  continuavam  válidos  e 

foram adotados para o estudo de caso do presente trabalho.  

Desse  modo,  foram  realizadas  novas  simulações  com  conectores  Crestbond, 

possibilitando que, ao final, se estimasse o fator de ajuste ηD para esses conectores. Esse 

procedimento  possibilitaria  o  emprego  da  Equação  1  para  fins  de  projeto  e 

dimensionamento dos conectores Crestbond. Para tal, foram determinados valores de 

ηD em duas situações distintas, a de alto confinamento (ainda no Subitem 3.2) e a de 

baixo confinamento (Subitem 3.3). As situações de alto confinamento são aquelas em 

que  se  utilizam  alta  taxa  de  armadura  no  entorno  dos  conectores,  usualmente 

encontradas em vigas mistas de pontes, nas quais são considerados os fatores de ajustes 

presentes na aprovação técnica Z‐26.4‐56  (2013). Ao contrário, as situações de baixo 

confinamento são observadas, na maioria dos casos, nas vigas mistas de edifícios. 

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285 

3.2 Estudo Numérico‐teórico do Cisalhamento dos Componentes de Concreto em 

Situações de Alto Confinamento. 

Para  que  ocorra  o  cisalhamento  do  componente  de  concreto,  sem  que  haja  o 

desprendimento da  laje de  concreto em  relação  ao perfil de  aço,  a base da  laje  foi 

restringida segundo as direções x, y e z  (Figura 4). Essa restrição, nos três eixos, tem 

como objetivo simular a forma com que esses conectores são utilizados em pontes, com 

continuidade da laje de concreto e do conector, e com alta taxa de armadura — situação 

de alto confinamento. As geometrias dos modelos e as condições de contorno foram 

baseadas no ensaio de cisalhamento adaptado para a análise de um componente de 

concreto realizada no estudo numérico‐experimental de Classen e Gallwoszus (2016).  

Figura 4 – Condições de contorno nos modelos reduzidos para a análise dos                           componentes de concreto. 

Nas simulações do conector puzzle‐shaped realizadas neste trabalho foram adotados os 

seguintes parâmetros: passo (ex) igual a 150 mm; duas barras de armadura passando no 

componente de concreto com 10 mm de diâmetro; conector com espessura (tsc) igual a 

12 mm; e, a resistência à compressão do concreto (fc) variando entre 20 MPa e 50 MPa. 

Na Tabela 1 é apresentado um  resumo com as principais propriedades dos modelos 

analisados,  bem  como  as  forças  analíticas  (Pu,Teo)  e máximas  numéricas  (Pu,Num).  O 

arranjo  de  armaduras  utilizado  nos  ensaios  apresentados  por  Veríssimo  (2007)  é 

semelhante  ao  que  usualmente  é  utilizado  em  vigas  mistas  de  edifício  (baixo 

confinamento),  não  sendo  indicado,  portanto,  para  o  estudo  de  caso  do  presente 

subitem (alto confinamento). Com isso, a disposição das barras de armadura utilizadas 

na modelagem foi baseada no trabalho experimental de Přivřelová (2016) (Figura 5) que 

estudou conectores com geometria clothoidal‐shaped com duas barras passantes entre 

os  componentes.  Segundo  Seidl  et  al.  (2013a),  o  uso  de  pelo menos  duas  barras 

passantes promove elevada capacidade resistente e alta ductilidade do conector.  

Restrição lateral e horizontal (eixos x, y e z)

Restrição lateral 

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286 

Neste  estudo  optou‐se  em  utilizar  as  dimensões  de  todos  componentes  (conector, 

armadura e perfil)  tão próximas quanto possíveis daquelas dos ensaios de Veríssimo 

(2007). Contudo, o passo dos conectores (ex) foi tomado como  igual a 150 mm, valor 

mínimo  normatizado  para  os  puzzle‐shaped,  que  têm  todas  as  suas  dimensões  em 

função desse passo (Figura 2) (nos ensaios de Veríssimo, 2007, ex é igual a 121 mm).  

A  força Pu,Teo  foi estimada utilizando a Equação 1. Na última  coluna da Tabela 1  são 

apresentadas as razões entre as forças Pu,Num e Pu,Teo, obtendo‐se uma média de 0,975. 

Dessa forma, conclui‐se que o modelo numérico é capaz de prever adequadamente o 

comportamento de conectores puzzle‐shaped.  

Tabela 1 – Propriedades de modelos com conectores puzzle‐shaped e resultados obtidos. 

  ex  AD  Ab  fc  Φs ηD  ρD 

Pu,Teo  Pu,Num 

Teou

Numu

P

P

,

,

Modelo  mm  mm²  mm²  MPa  mm  kN  kN 

PZrest‐C20  150  3003,8  157,1 20,0 10,0 1,625 0,41 229,82  229,81  1,000

PZrest‐C25  150  3003,8  157,1 25,0 10,0 1,625 0,38 251,29  252,14  0,988

PZrest‐C30  150  3003,8  157,1 30,0 10,0 1,625 0,36 275,36  272,16  1,011

PZrest‐C35  150  3003,8  157,1 35,0 10,0 1,625 0,34 288,47  290,46  0,993

PZrest‐C40  150  3003,8  157,1 40,0 10,0 1,625 0,33 296,89  307,40  0,966

PZrest‐C45  150  3003,8  157,1 45,0 10,0 1,625 0,32 303,71  323,24  0,940

PZrest‐C50  150  3003,8  157,1 50,0 10,0 1,625 0,31 311,06  338,17  0,920

Caraterísticas em comum em todos os modelos: tsc =12,0 mm e Er = 21.000 MPa; Ecm = 22[(fc)/10]0,3(EN 1992‐1‐1:2004) 

     

(a) Modelo numérico com a laje suprimida para ilustrar o arranjo 

da armadura de aço 

(b) Modelo experimental de Přivřelová (2016) 

Figura 5 – Análise de conectores formados por chapas de aço com recortes regulares.  

Seidl et al. (2013a) mencionam que quando os conectores compostos por chapas com 

recortes são continuamente solicitados, e o estado‐limite é o cisalhamento da  laje de 

concreto, o comportamento estrutural pode ser descrito em três etapas distintas. Essas 

*medidas em mm 

Puzzle‐shaped  

clothoidal‐shaped  

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287 

etapas estão representadas nos dois diagramas de força versus deslizamento dispostos 

na Figuras 6, onde o primeiro contém a  idealização proposta por Seidl et al.  (2013a) 

(Figura 6a) e o  segundo  contendo  a  curva do modelo numérico PZrest‐C35 e  a  reta 

representativa do modelo analítico (Figura 6b). Na primeira etapa, a interação entre os 

componentes de aço e concreto apresenta uma resposta linear, até ser alcançada a força 

Padh,  caracterizada  pelo  rompimento  da  aderência mecânica  na  interface  entre  os 

componentes. No início da segunda etapa, há um trecho com rigidez nula que designa o 

esmagamento  do  concreto  próximo  à  região  da  interface  entre  os  componentes. 

Posteriormente, a força se eleva, dando continuidade ao processo de esmagamento e, 

ocorrendo também a fissuração do concreto, até o alcance da força máxima Pmax. O dano 

do concreto à compressão no início da segunda etapa e no incremento correspondente 

à força Pmax, podem ser observados nas Figuras 7a e 7b adiante, respectivamente. Na 

terceira etapa, é evidenciado o comportamento pós‐crítico, sendo que o decréscimo de 

rigidez  no  descarregamento  depende  das  características  mecânicas  dos  aços  do 

conector e das barras da armadura e do concreto.  

      

(a) Diagrama força versus deslizamento relativo sugerido para o cisalhamento do concreto (Adaptado de Seidl et al., 2013a) 

(b) Diagrama  força  versus deslizamento  relativo do  modelo  numérico  PZrest‐35  e  reta representativa do modelo analítico 

Figura 6 – Falha por cisalhamento dos componentes de concreto. 

Visto que o modelo numérico com conectores puzzle‐shaped  levou a resultados com 

boa concordância com o modelo analítico, realizaram‐se novas simulações de modelos 

reduzidos  com  conectores  Crestbond  CR56b  (Figura  8a).  Nessas  simulações,  com 

exceção do valor de ex, mantiveram‐se as características dos modelos com conectores 

puzzle‐shaped,  como  as  propriedades  mecânicas  dos  materiais  e  a  espessura  do 

conector. O valor adotado para ex foi o mesmo dos protótipos ensaiados por Veríssimo 

(2007), de 121 mm (Figura 8). A armadura utilizada nos modelos numéricos reduzidos 

1  3 

1 2

PPmax 

 

Pcr 

Padh  

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com conectores Crestbond também foi baseada no arranjo do estudo experimental de 

Přivřelová (2016) (Figuras 5b e 9a).  

(a) Dano inicial próximo a interface entre os componentes de aço e concreto 

(b) Dano no  incremento correspondente à  força máxima 

Figura 7 – Representação do dano no concreto por compressão no modelo PZrest‐C35 

 

(a) Modelo reduzido para análise dos componentes de concreto 

(b) Modelos dos ensaios de cisalhamento 

Figura 8 – Geometrias de conectores Crestbond CR 56b utilizadas na modelagem numérica. 

Na Tabela 2 é apresentado um  resumo contendo as propriedades dos modelos com 

Crestbond, variando‐se apenas a resistência à compressão do concreto — entre 20 MPa 

a 50 MPa. Nas três últimas colunas dessa tabela são mostrados os resultados finais das 

análises contendo as forças Pu,Num e Pu,Teo e a razão entre elas. Os valores de Pu,teo foram 

determinados de acordo com a Equação 1, em que o valor adotado para o parâmetro ηD 

foi de 2,204. O valor de ηD foi obtido por meio de regressão analítica, de modo que a 

razão média entre as forças máximas numérica e analítica fosse igual a 1,0. Na Figura 9b, 

são comparadas a curva numérica do modelo CrestRest‐C35 e a reta analítica que define 

a capacidade estimada do modelo (ver caraterísticas do modelo na Tabela 2).  

O valor de ηD igual a 2,204, obtido para o conector Crestbond com ex de 121 mm, é mais 

elevado se comparado com o valor de 1,625, utilizado para os conectores puzzle‐shaped 

com ex de 150 mm. Se fosse utilizado, hipoteticamente, um valor de ex igual a 121 mm 

para o  conector puzzle‐shaped, desconsiderando que  seu  valor normativo mínimo é 

igual a 150 mm, o valor de ηD para esse conector  seria de 1,697  (ηD,PZ = 2  ‐ ex/400). 

Percebe‐se  que  esse  último  valor  de  ηD  para  o  conector  puzzle‐shaped  ainda  é 

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289 

consideravelmente menor ao valor de ηD igual 2,204 obtido para o Crestbond com ex de 

121 mm. 

Tabela 2 – Propriedades dos modelos com conectores Crestbond e resultados obtidos. 

  ex  AD  Ab  fc  Φs ηD  ρD 

Pu,Teo  Pu,Num 

Teou

Numu

P

P

,

,

Modelo  mm mm²  mm²  MPa  mm  kN  kN 

CrestRest‐C20  121 3403,5  157,1 20,0 10,0 2,204 0,36 196,34 211,85  1,079

CrestRest‐C25  121 3403,5  157,1 25,0 10,0 2,204 0,33 215,77 223,35  1,035

CrestRest‐C30  121 3403,5  157,1 30,0 10,0 2,204 0,32 233,21 235,19  1,009

CrestRest‐C35  121 3403,5  157,1 35,0 10,0 2,204 0,30 249,15 246,24  0,988

CrestRest‐C40  121 3403,5  157,1 40,0 10,0 2,204 0,29 263,93 258,00  0,978

CrestRest‐C45  121 3403,5  157,1 45,0 10,0 2,204 0,28 277,75 267,66  0,964

CrestRest‐C50  121 3403,5  157,1 50,0 10,0 2,204 0,27 290,78 275,53  0,948

Caraterísticas em comum em todos os modelos: tsc =12,0 mm e Er = 21.000 MPa; Ecm = 22[(fc)/10]0,3(EN 1992‐1‐1:2004)

                            

(a) Modelo numérico com a laje suprimida para ilustrar o arranjo das armaduras 

(b) Diagrama força versus deslizamento relativo do modelo CrestRest‐C35. 

Figura 9 – Simulação numérica de modelos simplificados para a análise dos componentes de concreto dos conectores Crestbond. 

Seidl et al. (2013a) afirmam que a capacidade do conector, para o estado‐limite último 

de ruptura por cisalhamento do concreto, é fortemente influenciada pela sua geometria. 

Ao observar a geometria do  conector Crestbond, percebe‐se que ele é  formado por 

componentes mais  altos do que os do puzzle‐shaped, permitindo uma  superfície de 

contato maior entre o aço e o concreto. Segundo Seidl et al. (2013a), elevadas tensões 

de contato ocorrem na  interface entre os componentes de aço e de concreto. Essas 

tensões acompanham o formato arqueado do conector, conforme pode ser observado 

na Figura 10a, na qual são  ilustradas as tensões de contato na  interface aço‐concreto 

em um conector puzzle‐shaped. Na Figura 10b é apresentada a variável CPREES (valores 

em MPa), na superfície do componente de aço, no incremento de força máxima para o 

modelo  numérico  CrestRest‐C35,  o  qual  foi  simulado  neste  trabalho.  Essa  variável 

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290 

quantifica as  tensões de contato que atuam numa superfície de uma dada  instância. 

Como pode ser observado na Figura 10b, a distribuição das tensões de contato atuando 

ao  longo da superfície do componente de aço do conector Crestbond se dá de forma 

semelhante à  idealização dessas tensões para o conector puzzle‐shaped  (Figura 10a). 

Considerando  que  os  conectores  Crestbond  apresentam  altura  (hd)  maior  que  os 

conectores puzzle‐shaped — sendo essas alturas, hd,Crest = 0,464ex,Cret = 56 mm e hd,PZ = 

0,275ex,PZ = 41,25 mm, respectivamente— acredita‐se que o fator ηD poderia se elevar, 

devido a uma maior superfície de contato entre os componentes de aço e de concreto 

e também a uma maior área de cisalhamento do concreto. 

               

(a) Idealização das tensões de contato em conectores Puzzle ‐ shaped (Seidl et al., 

2013a) 

(b) Variável CPREES (tensões de contato) no modelo CrestRest‐C35 para o incremento      

de força máxima. Figura 10 – Tensões de contato nos conectores de cisalhamento. 

3.3 Estudo Numérico‐teórico do Cisalhamento dos Componentes de Concreto em 

Situações de Baixo Confinamento 

Neste  item,  foram  realizadas  simulações  de  modelos  reduzidos  com  conectores 

Crestbond para verificar a resistência de apenas um componente de concreto em um 

ensaio de cisalhamento padrão. Dessa forma, ao invés de se restringir na base da laje de 

concreto a translação nos três eixos cartesianos, como no  item anterior, restringiu‐se 

somente a translação na direção vertical.  

Na  Tabela  3  adiante  são  apresentadas  as  principais  características  geométricas  e 

mecânicas  dos  21  modelos  numéricos  que  foram  simulados  neste  trabalho  e  são 

analisados neste subitem, que podem possuir duas (2Φ), uma (1Φ) ou nenhuma barra 

de armadura passante (As0). As disposições das barras (Figura 11), para as simulações do 

presente subitem  (situações de baixo confinamento),  foram baseadas nos ensaios de 

(MPa)

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291 

cisalhamento realizados por Veríssimo (2007). Nesses modelos adotou‐se o valor de ex 

igual a 121 mm, mesmo valor utilizado para os modelos de Crestbond presentes no 

Subitem  3.2. Nas  últimas  colunas  da  Tabela  3  são  apresentadas  as  forças máximas 

numéricas Pu,Num e analíticas Pu,Teo e a razão entre elas. No cálculo de Pu,teo foi utilizada a 

Equação  1,  porém  era  necessário,  de  antemão,  que  se  determinasse  o  valor  de  ηD 

apropriado para o Crestbond. Para tal, o valor desse parâmetro foi obtido por regressões 

analíticas de forma semelhante ao que foi feito no Subitem 3.2. Contudo, neste subitem, 

foi realizado um ajuste de ηD para as diferentes disposições de armaduras analisadas, 

chegando‐se a ηD,As igual a 0,873 quando se utilizam uma ou duas barras de armadura 

passantes e igual a 0,570 para nenhuma barra. 

                            

(a) Duas barras passantes  (b) Uma barra passante  (c) Sem barra passante 

Figura 11 – Disposição das armaduras em modelos numéricos para a análise do comportamento do componente de concreto de conectores Crestbond em ensaios de 

cisalhamento padrão. 

Na  Figura  12  são  apresentadas  as  curvas  numéricas  de  força  versus  deslizamento 

relativos  dos modelos  cujo  fc  é  35 MPa,  para  as  três  taxas  de  armadura  estudadas 

(observar modelos na Tabela 3). Nota‐se que o uso de nenhuma armadura passante 

diminuiu drasticamente a ductilidade do conector e a capacidade do componente de 

concreto em resistir esforços de cisalhamento, sendo desaconselhado.  

Figura 12 – Diagrama força versus deslizamento relativo dos modelos Crest‐C35‐As0,                  Crest‐C35‐As0‐1Φ, Crest‐C35‐As0‐2Φ. 

 

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292 

Tabela 3 – Propriedades dos modelos com conectores Crestbond e resultados obtidos. 

  ex AD  Ab fc ΦsηD  ρD 

Pu,Teo  Pu,Num 

Teou

Numu

P

P

,

,

Modelo  mm  mm²  mm²  MPa  mm  kN  kN 

Crest‐C20‐2Φ  121 3403,5  157,1 20,0 2x10,0 0,873 0,36 77,77  65,97  0,848

Crest‐C25‐2Φ  121 3403,5  157,1 25,0 2x10,0 0,873 0,33 85,47  77,83  0,911

Crest‐C30‐2Φ  121 3403,5  157,1 30,0 2x10,0 0,873 0,32 92,37  91,00  0,985

Crest‐C35‐2Φ  121 3403,5  157,1 35,0 2x10,0 0,873 0,30 98,69  10,90  1,033

Crest‐C40‐2Φ  121 3403,5  157,1 40,0 2x10,0 0,873 0,29 104,54  111,74  1,069

Crest‐C45‐2Φ  121 3403,5  157,1 45,0 2x10,0 0,873 0,28 110,02  120,93  1,099

Crest‐C50‐2Φ  121 3403,5  157,1 50,0 2x10,0 0,873 0,27 115,18  129,29  1,123

Crest‐C20‐1Φ  121 3403,5  78,5 20,0 10,0 0,873 0,18 67,52  60,84  0,901

Crest‐C25‐1Φ  121 3403,5  78,5 25,0 10,0 0,873 0,17 74,75  72,96  0,976

Crest‐C30‐1Φ  121 3403,5  78,5 30,0 10,0 0,873 0,16 81,26  82,29  1,013

Crest‐C35‐1Φ  121 3403,5  78,5 35,0 10,0 0,873 0,15 87,23  89,55  1,027

Crest‐C40‐1Φ  121 3403,5  78,5 40,0 10,0 0,873 0,15 92,77  94,58  1,019

Crest‐C45‐1Φ  121 3403,5  78,5 45,0 10,0 0,873 0,14 97,96  98,41  1,005

Crest‐C50‐1Φ  121 3403,5  78,5 50,0 10,0 0,873 0,14 102,87  102,62  0,998

Crest-C20-As0 121 3403,5  0 20,0 0 0,570 0 37,41  32,89  1,138

Crest-C25-As0 121 3403,5  0 25,0 0 0,570 0 41,83  39,28  1,065

Crest-C30-As0 121 3403,5  0 30,0 0 0,570 0 45,82  44,86  1,022

Crest-C35-As0 121 3403,5  0 35,0 0 0,570 0 49,49  50,15  0,987

Crest-C40-As0 121 3403,5  0 40,0 0 0,570 0 52,91  55,41  0,955

Crest-C40-As0 121 3403,5  0 45,0 0 0,570 0 56,12  60,81  0,923

Crest-C50-As0 121 3403,5  0 50,0 0 0,570 0 59,16  64,92  0,911

Caraterísticas em comum em todos os modelos:  tsc =12,0 mm e Er = 21000 MPa; Ecm = 22[(fc)/10]0,3(EN 1992‐1‐1:2004) 

Em  Cardoso  et  al.  (2018),  foram  discutidos  os  modelos  experimentais  de 

Veríssimo  (2007)  com  conectores Crestbond CR56b  descontínuos,  sendo  realizada  a 

calibração numérica desses experimentos e a análise do comportamento do conector. 

Contudo, nesse estudo não foi determinada quais parcelas da capacidade total seriam 

devidas  aos  componentes  de  concreto  e  à  parte  frontal  do  conector.  Assim,  foram 

simulados novamente os modelos com conectores Crestbond do trabalho de Cardoso et 

al. (2018), conforme se observa na Tabela 4, porém agora para a análise separada dos 

componentes  (dowels)  de  concreto.  Para  tal, manteve‐se  as mesmas  características 

geométricas e de contorno dos modelos que foram descritos anteriormente na Tabela 3. 

Os resultados das forças máximas obtidas numericamente (Pu,dowel) são apresentados na 

Tabela 4. Na última coluna dessa tabela, é efetuada a diferença entre a força máxima 

experimental  (Pu,exp)  e  a  força  obtida  em  três  componentes  de  concreto  (3  Pu,dowel), 

obtendo a parcela que é resistida pela parte frontal do conector Crestbond (Pu,frontal). 

 

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293 

Tabela 4 – Estimativa da capacidade resistente frontal do conector Crestbond 

  fcm  Pu,exp  Φs ‐pass  Pu,dowel   3 Pu,dowel  Pu,Frontal = 

Pu,exp ‐ 3 Pu,dowel  

Modelo  MPa  kN  mm kN kN kN 

B1‐B2  26,60  301,33 0 41,16 123,49 177,84 

B3‐B4  27,05  362,30 10 77,23 231,68 130,62 

B5‐B6  26,65  374,95 12 77,64 232,92 142,03 

C1‐C2  47,50  369,40 0 62,66 187,97 181,43 

C3‐C4  48,90  500,15 10 101,75 305,24 194,91 

C7‐C8  49,55  480,90 12 111,58 334,73 146,17 

4 Modelo Analítico Proposto para o Cálculo do Cisalhamento do 

Concreto Utilizando Conectores Crestbond 

Conforme  explicitado  anteriormente,  estudos  realizados  experimentalmente  e 

numericamente  por Oguejiofor  e Hosain  (1994,  1997)  demonstraram  que  o  estado‐

limite último que prevalece quando se utilizam conectores Perfobond é a ruptura por 

cisalhamento  do  concreto.  Os  autores  definiram  que,  com  esses  conectores,  a 

capacidade resistente a esse modo de colapso pode ser dada por: 

yrtrcDcscscshu fAfnAfthq 321,                                                                                 (3) 

onde  tsc é a espessura do  conector, hsc é a altura  total do  conector, AD é a área do 

componente de concreto, Atr é a área transversal total de armadura utilizada na laje de 

concreto, n é o número de componentes de concreto, fc é a resistência do concreto à 

compressão e fyr é a resistência ao escoamento do aço da armadura.  

Observando‐se a Equação 3, nota‐se que a capacidade resistente é definida pela soma 

de três parcelas. A primeira delas é devida à capacidade frontal do conector em função 

do  fator de ajuste η1, a  segunda ao cisalhamento dos componentes de concreto em 

função do fator η2, e a terceira à taxa de armadura total utilizada na laje de concreto em 

função  do  fator  η3.  Após  serem  realizadas  regressões  analíticas,  Oguejiofor  e 

Hosain  (1997)  definiram  esses  três  fatores  de  ajuste  como  4,50,  4,21  e  0,91, 

respectivamente. 

Em  situações em que  se utilizam  conectores  contínuos, ao  se utilizar a Equação 3 é 

necessário:  (i)  desconsiderar  a  parcela  de  capacidade  frontal  do  conector,  e;  (ii) 

substituir Atr por nAb, em que n é o número de componentes de concreto e Ab a área de 

armadura transversal passante por componente de concreto. Dividindo‐se a expressão 

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294 

pelo número n de componentes de concreto, obtém‐se a capacidade por componente 

conforme segue: 

yrbcDdowel,sh,u fAηfAηq 32 +=                                                                                               (4) 

Na Tabela 5 são apresentadas expressões encontradas na  literatura para o cálculo da 

capacidade resistente por componente de concreto (qu,sh,dowel) de conectores contínuos 

formados por chapas de aço com aberturas como o Perfobond, o puzzle‐shaped e o 

clothoidal‐shaped.  Por  último,  é  apresentado  o  modelo  analítico  proposto  neste 

trabalho  para  o  conector  Crestbond.  As  expressões  presentes  nessa  tabela  foram 

adaptadas de modo a apresentar variáveis semelhantes, facilitando a comparação entre 

elas. Essas adaptações estão especificadas nas observações presentes no final da tabela.  

Tabela 5 – Equações para o dimensionamento de conectores contínuos constituídos por chapas com aberturas considerando o cisalhamento do concreto. 

Conector  Equação  Conector  Equação 

Perfobond yrbcDshu fAfAq 32,  

Fonte: Oguejiofor e Hosain (1997) 

clothoidal‐shaped 

dcxDshu feq 12,  

Dcm

brc

DD AE

AEf

A1

20,0  

Fonte: Z‐26.4‐56 (2013) 

puzzle‐shaped 

dcxDshu feq 12,  

Dcm

brc

DD AE

AEf

A1

13,0  

Fonte: Z‐26.4‐56 (2013) 

Crestbond 

dcxDshu feq 12,

Dcm

brc

DD AE

AEf

A1

23,0  

Proposto neste trabalho 

Substituições algébricas na Equação 4: 

ρD = (ErAb)/(EcmAD); 

para puzzle‐shaped, ex2 = AD/0,13, e para clothoidal‐shaped, ex2 = AD/0,20 (Z‐26.4‐56, 2013); 

para Crestbond, ex2 ≈ AD/0,23. 

Observando‐se ainda a Tabela 5, nota‐se que a capacidade total de um componente de 

concreto  ao  cisalhamento  utilizando  conectores  contínuos  consiste  basicamente  de 

duas  parcelas  de  resistência.  A  primeira  que  é  função  do  produto  da  área  do 

componente  de  concreto  pela  raiz  quadrada  da  resistência  à  compressão  fc,  e  uma 

segunda  que  é  função  do  acréscimo  de  capacidade  resistente  devido  ao  uso  de 

armadura passante. Em Cardoso et al. (2018) verificou‐se que a capacidade média por 

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295 

componente  de  concreto  permanece  constante,  independentemente do  número  de 

componentes do conector. 

No  final do  Subitem  3.3,  foram propostos  valores de ηD para o  conector Crestbond 

CR56b considerando o modelo analítico apresentado pela aprovação técnica Z‐26.4‐56 

(2013). Os valores de ηD que foram designados para as situações sem e com barras de 

armadura passante eram iguais a 0,570 e 0,873, respectivamente.   

Para utilizar o  conector Crestbond CR56b descontínuo, é necessário o  acréscimo da 

capacidade frontal do conector, fornecida pela primeira parcela da Equação 3. Para fins 

de praticidade, o fator η1 proposto por Oguejiofor e Hosain (1994), que quantifica essa 

capacidade,  passará  a  ser  denominado  ηF,  de modo  que  a  capacidade  do  conector 

Crestbond descontínuo seja dada por: 

dcxDcscscFshu fenfthq 12,                                                                                            (5) 

O fator ηF foi obtido a partir da estimativa de qual seria a parcela resistida pela região 

frontal dos conectores Crestbond CR56b ensaiados por Veríssimo (2007). Considerando 

que ηF = (Pu,Frontal)/(hsctscfc), e aplicando esse conceito a partir dos dados apresentados 

na Tabela 4, obtém‐se um valor médio de ηF igual a 5,059. Esse valor é próximo do fator 

4,50  estabelecido  anteriormente  e  que  define  a  parcela  que  a  região  frontal  dos 

conectores Perfobond resiste. Contudo, observou‐se que o valor de ηF aumentava com 

o  aumento  da  resistência  fc. Assim,  interpolando  os  valores  de  ηF  em  função  de  fc, 

obtém‐se: 

310,8095,0 cF f                                                                                                                      (6) 

Com os valores de ηF e ηD definidos para o conector Crestbond CR56b (D = 56 mm, ver 

Figura 1a), torna‐se possível o cálculo da capacidade do concreto da laje de resistir ao 

cisalhamento. Contudo, os valores de ηD obtidos são fixados somente para a geometria 

de conector CR56b que apresentam valores de ex igual a 2,155D, ou seja, 121 mm.  

Dutra (2014) realizou um estudo numérico‐paramétrico de conectores Crestbond, com 

o uso do software de elementos finitos Abaqus. Na série de modelos R, o autor variou o 

diâmetro D do círculo  inscrito no componente de concreto,  sem o uso de barras de 

armadura passante e os  conectores possuíam  a mesma espessura dos modelos que 

foram simulados neste trabalho, com tsc igual a 12 mm. De posse de seus resultados, 

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296 

foram estimados valores de ηD para cada modelo dessa série utilizando as Equações 5 e 

6,  e  isolando‐se  os  valores  de  ηD. Dessa  forma,  foi  possível  traçar  a  curva  em  azul 

apresentada na Figura 13a, que representa a variação dos valores de ex em relação aos 

valores de ηD. Nota‐se que todos os pontos dessa função são colineares, com exceção 

do ponto indicado, que representa o valor ηD para o conector Crestbond CR56b obtido 

ao final do Subitem 3.3 deste trabalho. Os demais pontos representam os resultados 

obtidos através dos dados disponíveis no trabalho de Dutra (2014). 

           (a) Procedimento de ajuste para Crest‐As0        (b) ηD sob condições distintas de confinamento 

Figura 13 – Diagrama de valores ηD versus valores de ex. 

Na Figura 13a foi traçada também uma curva de cor preta representando a variação dos 

valores de ηD em função de ex para o conector de geometria puzzle‐shaped, com ηD,PZ = 

2‐ ex/400 (Z‐26.4‐56, 2013). Essa equação é recomendada somente para situações em 

que o uso do conector é feito com alta taxa de armadura e alto confinamento. Apesar 

de que essa não seja a mesma situação a qual os conectores Crestbond estão sujeitos, 

onde não estão sendo utilizadas nem ao menos barras de armadura passantes (baixo 

confinamento), a curva do conector puzzle‐shaped é útil para fins comparativos, uma 

vez que  ela  apresenta praticamente  a mesma  inclinação  apresentada pelo  conector 

Crestbond. Dessa  forma,  ajustou‐se  a  curva deste último, de modo que ela  tenha  a 

mesma  inclinação  da  curva  do  conector  puzzle‐shaped  e  que  passasse  pelo  ponto 

indicado no diagrama (valor de ηD igual 0,570 estimado no Subitem 3.3), obtendo‐se a 

curva final de cor vermelha. Essa curva, portanto, caracteriza os valores de ηD, em função 

de ex para os conectores Crestbond quando não são utilizadas armaduras passantes. 

É  oportuno  mencionar  que  o  conector  Crestbond  pode  ser  utilizado  também  em 

situações com armadura passante (ηD,As igual a 0,873, valor encontrado no Subitem 3.3), 

0,000

0,400

0,800

1,200

1,600

2,000

60 110 160 210

Valo

res

de η D

Valores de exCrest-As0 Crest-As0(ajuste) puzzle

0,000

0,400

0,800

1,200

1,600

2,000

2,400

2,800

60 110 160 210

Valo

res

de ηD

Valores de exCrest-As0 Crest-As Crest-conf.

CR56b, ηD = 0,570 

ηD,PZ = 2 ‐ ex/400 

ηD,Crest = 0,873 ‐ ex/400 

ηD,conf = 2,507 ‐ ex/400 

ηD,As = 1,176 ‐ ex/400 

ηD,As0 = 0,873 ‐ ex/400 

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297 

e  com  altas  taxas de  armadura que provocam um efeito  adicional de  confinamento 

(ηD,conf igual a 2,204, valor encontrado no Subitem 3.2). Considerando a hipótese de que 

o conector Crestbond mantém a mesma  inclinação de curva que as apresentadas na 

Figura 13a, e conhecendo‐se os pontos ηD,As  igual a 0,873 e ηD,conf  igual a 2,204, que 

representam a geometria de conector CR56b (ex igual a 121 mm), obtém‐se as curvas 

dispostas no diagrama da Figura 13b. 

Tabela 6 – Modelo analítico proposto neste trabalho para o dimensionamento de conectores Crestbond. 

Modelo analítico para conectores Crestbond 

Equação geral 

dcxDcscscFshu fenfthq 12,  

OBS: ex =2,155D e ρD = (ErAb)/(EcmAD) Valores de ηF 

8,310 0,095F cf  

Valores de ηD 

0,873 400D xe  

(nenhuma armadura passante e baixo confinamento)

1,176 400D xe  

(armadura passante e baixo confinamento) 

2,507 400D xe  

(alto confinamento provocado pela alta taxa de armadura) 

Tabela 7 – Comparação entre as forças máximas dos modelos obtidos em ensaios de cisalhamento e as forças máximas estimadas através do modelo analítico. 

Modelo D 

(mm) n 

ex (mm) 

fc (MPa) 

ρD  ηD  ηF Pu,Teo Pu,Exp  ,

,

u Teo

u Exp

P

kN  kN 

B1*  56  3 121  26,60 0,00 0,570 5,783 279,32 296,20  0,943 

B2*  56  3 121  26,60 0,00 0,570 5,783 279,32 306,50  0,911 

B3*  56  3 121  27,20 0,16 0,873 5,726 384,88 348,80  1,103 

B4*  56  3 121  26,90 0,16 0,873 5,755 382,78 375,90  1,018 

B5*  56  3 121  28,50 0,23 0,873 5,603 408,27 378,20  1,080 

B6*  56  3 121  24,80 0,24 0,873 5,954 381,48 371,80  1,026 

C1*  56  3 121  46,90 0,00 0,570 3,855 348,00 361,30  0,963 

C2*  56  3 121  48,10 0,00 0,570 3,741 349,35 377,50  0,925 

C3*  56  3 121  49,10 0,14 0,873 3,646 480,49 493,70  0,973 

C4*  56  3 121  48,70 0,14 0,873 3,684 479,72 506,70  0,947 

C5*  56  3 121  48,70 0,20 0,873 3,684 495,88 465,00  1,066 

C6*  56  3 121  45,90 0,20 0,873 3,950 489,28 496,90  0,985 

R35**  35  5 75  25,00 0,00 0,684 5,935 204,19 221,00  0,924 

R42**  42  3 91  25,00 0,00 0,647 5,935 198,77 214,00  0,929 

R43**  43  4 93  25,00 0,00 0,641 5,935 231,23 254,00  0,910 

R49**  49  3 106  25,00 0,00 0,609 5,935 233,63 257,00  0,909 

R56**  56  3 121  25,00 0,00 0,571 5,935 269,04 303,00  0,888 

R63**  63  3 136  25,00 0,00 0,534 5,935 304,23 356,00  0,855 

R80**  80  2 172  25,00 0,00 0,442 5,935 318,33 358,00  0,889 

*Modelo  experimental  analisado  por  Veríssimo  (2007);  **Modelo  numérico  analisado  por Dutra (2014). 

Todos os modelos apresentavam as seguintes caraterísticas geométricas:  tsc = 12,0 mm e hsc = D + cu; onde cu = 25 mm, é o cobrimento inferior (Figura 1a) 

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Considerando todos os passos realizados neste trabalho, na Tabela 6 é apresentado um 

quadro resumo contendo o modelo analítico para obtenção da capacidade resistente de 

conectores  Crestbond,  em  que  a  ruptura  por  cisalhamento  do  concreto  governa  o 

colapso da conexão. Na Tabela 7 são apresentadas as forças máximas dos modelos de 

ensaios de cisalhamento com conectores Crestbond (Pu,Exp), encontradas na literatura, e 

as forças teóricas (Pu,Teo), estimadas através do modelo analítico proposto neste trabalho 

(Tabela 6). Na última coluna é realizada a razão entre as forças Pu,Teo/Pu,Exp, obtendo uma 

razão média de 0,96.  

5 Conclusões 

Este  artigo  apresenta  um modelo  analítico  para  o  dimensionamento  de  conectores 

Crestbond quando o estado‐limite último é o cisalhamento da  laje de concreto. Esse 

modelo segue a tendência de padronizar as expressões para o dimensionamento dos 

conectores de geometria aberta, conhecidos como composite dowels. Ao final, o modelo 

analítico  foi  comparado  com  resultados  encontrados  na  literatura  e  aos  que  foram 

obtidos nas simulações deste trabalho, obtendo‐se uma boa concordância entre esses 

resultados. 

Na expressão utilizada para obter a capacidade ao cisalhamento dos componentes de 

concreto, é utilizado o fator ηD que depende da geometria do conector. Caso o conector 

seja utilizado de forma intermitente, deve ser acrescida a parcela referente à resistência 

frontal do conector. A capacidade  frontal do conector é  função do  fator ηF que varia 

linearmente  com  a  resistência  do  concreto.  Neste  trabalho  foram  desenvolvidas 

expressões para determinar os valores de ηD e ηF para qualquer geometria de conector 

Crestbond. 

Caso se deseje utilizar o conector Crestbond contínuo, recomenda‐se utilizar barras de 

armadura passantes nos componentes de concreto. Essas barras contribuem para uma 

melhor  ductilidade  da  conexão,  evitando  fissuras  prematuras  que  podem  afetar  a 

capacidade do conector e a durabilidade da laje de concreto. 

Agradecimentos 

Os  autores  agradecem  o  aporte  financeiro  concedido  pela  CAPES  (Coordenação  de 

Aperfeiçoamento  de  Pessoal  de  Nível  Superior),  CNPq  (Conselho  Nacional  de 

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299 

Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa 

do Estado de Minas Gerais). 

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    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   

Recebido: 02/05/2018 Aprovado: 22/06/2018 

Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 300‐320 ‐ ISSN 2238‐9377 

 Efeitos da interação solo‐estrutura em 

edifícios de aço sobre fundação superficial  

Renan Moura Guimarães2, Alex Sander Clemente de Souza1* e Silvana De Nardin1, 

1Prof. Dr. do Programa de Pós‐graduação em Estruturas e Construção Civil da Universidade Federal de São Carlos, [email protected] 

2 Mestre em Estruturas e Construção Civil pela Universidade Federal de São Carlos 

  

Effects of soil–structure interaction in steel building on surface foundation  

Resumo Este  trabalho  apresenta  um  estudo  comparativo  entre  diferentes  edificios  em  aço  sobre fundação do tipo sapatas com a finalidade de analisar a influência da interação solo‐estrutura (ISE)  nos  recalques  e  nos  esforços  solicitantes.  Foram  dimensionadas  5  estruturas  e  suas respectivas fundações, variando o número de pavimentos e tipos de contraventamentos. As estruturas  foram  analisadas  de  forma  convencional  considerando  o  solo  indeformável  e considerando  a deformabilidade do  solo por meio  de  coeficientes de  reações  aplicando  a Hipótese de Winkler. Foram analisados os resultados de reações de apoio e momentos fletores na base dos pilares, coeficientes de estabilidade global B2, deslocamentos laterais, recalques e também a variação dos esforços de compressão axial e momentos fletores ao longo da altura dos edifícios. 

Palavras‐chave:     Interação solo‐estrutura, estruturas metálicas, fundações Abstract This work presents a comparative study between different steel structures on a single‐footing foundation with the purpose of analyzing the influence of the soil‐structure interaction (SSI) on  soil  displacements  and  stresses.  Five  structures  and  their  respective  foundations were designed, varying the number of floors and types of bracing. The structures were analyzed in a  conventional way  considering  rigid base and  considering  the deformability of  the  soil by means of reaction coefficients applying the Winkler Hypothesis (SSI). Were analyzed the results of base reactions and bending moments at the base of the columns, global stability coefficients B2,  lateral displacements, soil displacements and also the variation of the axial compression forces and bending moments along the height of the buildings.   Keywords:     soil‐structure interaction, steel structures, foundations   * autor correspondente 

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301 

1 Introdução 

Uma das etapas  iniciais da  construção de um edifício é  a  concepção dos projetos, 

dentre eles o projeto de estruturas e o das fundações. O que ocorre na atualidade é 

que  ambos  os  projetos  são  desenvolvidos  separadamente  e,  por  não  haver  uma 

interface  entre  os  projetistas  estrutural  e  de  fundações,  a  edificação  acaba  sendo 

dividida em superestrutura, que é a parte acima do solo, e infraestrutura, que é a parte 

enterrada (IWAMOTO, 2000). Com isso, no geral, a interação entre o solo e a estrutura 

(ISE) não é considerada. Sendo assim, o solo é tido como uma base fixa e indeformável 

pelo  projetista  de  estruturas  que,  com  essa  hipótese,  analisa  as  distribuições  dos 

esforços normais, deformações e momentos, e a partir disso dimensiona a estrutura. 

Porém  essa  hipótese  pode  divergir  significativamente  da  realidade  pois  o  solo  é 

deformável e essa deformabilidade pode alterar as condições de apoio e gerar esforços 

e  recalques  diferentes  daqueles  obtidos  com  a  análise  convencional,  ou  seja 

considerando o solo indeformável. 

As edificações, com relação à análise estrutural, podem ser definidas como um sistema 

constituído por três componentes, sendo eles a superestrutura, a  infraestrutura e o 

solo de fundação, como pode ser observado na Figura 1.  

Figura 1 – Elementos que compõem a estrutura de forma global 

Enquanto a superestrutura é constituída por  lajes, vigas e pilares, responsáveis pela 

transmissão das ações para a fundação, a infraestrutura liga a superestrutura ao solo, 

sendo responsável pela transferência dos carregamentos, e o solo de fundação, por 

sua  vez,  absorve  os  esforços  da  superestrutura  garantindo  o  equilíbrio  global  do 

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302 

sistema (CRESPO, 2004). A interação solo‐estrutura nada mais é do que o mecanismo 

de interação entre esses três componentes. 

Tem‐se investigado diferentes formas ou procedimentos para representar o solo e a 

fundação  na  análise  estrutural,  por  exemplo,  podem  ser  utilizadas molas  elásticas 

distribuídas na  interface estrutura‐solo, para  representar as características do  solo. 

Dessa maneira, o coeficiente da mola em questão está relacionado com a deformação 

do  solo,  e  pode  ser  determinado  a  partir  de  correlações  com  o  seu módulo  de 

elasticidade.  

Vários autores têm se dedicado a  investigação do efeito da  interação solo estrutura 

sobre a distribuição de esforços e no dimensionamento dos elementos estruturais, 

com destaque para: HOLANDA  JR.  (1998), REIS  (2000), GONÇALVES  (2011)  (2004) e 

TESTONI  (2013). Vale  registrar que a maioria desses  trabalhos  foca  sua análise em 

edifícios de concreto armado. 

Outra  linha de pesquisa busca o desenvolvimento de procedimentos e  ferramentas 

numéricas para a análise da  interação  solo‐estrutura. Silva e Coda  (2010), Soares e 

outros  (2010)  e  Silva  (2014)  tem  trabalho  neste  sentido  sendo  possível  identificar 

diversos modelos de simulação da interação solo‐estrutura.  

O modelo mais  simples  e  direto  é  o modelo  de Winkler.  Trata‐se  de  um método 

simplificado para consideração da deformação do solo, onde a reação em qualquer 

ponto do solo é proporcional à deformação neste ponto. A descontinuidade do solo 

não é considerada, sendo este fator uma das principais críticas ao método. A Hipótese 

de Winkler  tem como grande vantagem a  facilidade e  rapidez de aplicação e serve 

como ponto inicial para uma estimativa rápida dos efeitos da deformação do solo nas 

estruturas. Outra  grande  vantagem é  a dispensa de utilização de  grandes  recursos 

computacionais  ou  necessidade  de  conhecimento  de muitos  parâmetros  do  solo.  

Deste modo, a Hipótese de Winkler é um dos mais utilizados em pesquisas na área da 

interação  solo‐estrutura  devido  principalmente  à  sua  simplicidade  e  resultados 

satisfatórios. Alguns autores que utilizaram a Hipótese de Winkler foram Mendonça 

(2012),  Kocak  (2000),  Gerolymos  (2005),  Aron  (2012)  e  Antoniazzi  (2011),  Colares 

(2006), MENDONÇA et al. (2015). 

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303 

A Figura 2 apresenta o esquema utilizado para formulação do método de Winkler onde 

o solo sob uma área carregada é substituído por um conjunto de molas lineares cuja 

rigidez relaciona a pressão no solo e o recalque resultante – Equação 1.   

 

Figura 2 – Modelo esquemático de Hipótese de Winkler  

   Equação 1 

 – Pressão aplicada ao solo pelo elemento de fundação 

 – Coeficiente de reação vertical  

 – Recalque  

Além dos coeficientes de reação verticais, podem ser definidos coeficientes de reação 

horizontais e de rotação, seguindo o mesmo raciocínio. A Hipótese de Winkler não leva 

em  consideração  a  interação  entre  áreas  carregadas  adjacentes,  ou  seja,  os 

coeficientes de reações verticais são independentes entre si. O coeficiente de reação 

vertical depende de diversos fatores, dentre eles as dimensões da fundação e o tipo 

de construção, não constituindo uma propriedade do solo, e pode ser determinado 

por meio de tabelas típicas e correlações com as propriedades elásticas do solo, por 

ensaio, ou pelo recalque estimado utilizando a Equação 1 e as Equações 2 e 3.  

   Equação 2 

    Equação 3 

Onde:  

: recalque. 

: carregamento imposto. 

B: menor largura da sapata. 

ʋ: coeficiente de Poisson do solo. 

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304 

E: módulo de elasticidade do solo. 

: fator de influência. 

: coeficiente de recalque vertical. 

Portanto, as características do solo pertinentes ao estudo são o coeficiente de Poisson 

e o módulo de elasticidade do solo, assim como as dimensões das sapatas e o fator de 

influência.  Pode‐se  notar  que  para  a  determinação  do  recalque,  se  faz  necessário 

conhecer o valor do carregamento e vice‐versa. Porém, ao calcular um determinado 

deslocamento, ocorrerá uma redistribuição dos esforços, alterando o carregamento, 

logo trata‐se de um processo iterativo.  

Segundo  Antoniazzi  (2011),  o  mecanismo  de  interação  solo‐estrutura  tem  início 

juntamente com a fase inicial da construção e se estende até que haja uma situação 

de  equilíbrio,  ou  seja,  quando  as  deformações  na  estrutura  e  no  solo  estiverem 

estabilizadas.  A  compatibilização  das  deformações,  tanto  do  solo  quanto  da 

superestrutura, resulta em uma tendência de uniformização de recalques.  

Portanto, a determinação do recalque provém de um cálculo iterativo, que pode ser 

solucionado utilizando programas computacionais específicos. 

Alguns efeitos  sobre a distribuição de esforços em edifícios de concreto armado  já 

foram obtidos por Antoniazzi  (2011), que  fez  a  análise de um pórtico plano de 12 

pavimentos  em  concreto  armado,  com  fundações  do  tipo  sapata,  sendo  o  solo 

classificado como argila arenosa e utilizando o método de Winkler. Comparando os 

resultados  com  a  ISE  e  sem,  obteve  deslocamento  até  74% maiores  no  primeiro 

pavimento ao considerar a ISE. Em se tratando de momentos fletores positivos, para 

as vigas do  segundo  tramo, os valores obtidos  com a  ISE  foram entre 88% e 196% 

maiores, sendo o extremo superior alcançado  junto à base do edifício. Nos últimos 

pavimentos, houve a inversão do sinal dos momentos fletores. Além disso, os esforços 

normais  foram  redistribuídos  de  forma  que  houve  alívio  nos  pilares  centrais  e 

sobrecarregar nos pilares das extremidades, que experimentaram acréscimos de carga 

de até 18%. 

Resultados semelhantes foram obtidos por Mendonça et al. (2015) em uma análise de 

um edifício de quatro pavimentos, utilizando o modelo de Winkler. Além da análise 

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305 

dos esforços e deslocamentos com e sem a consideração da ISE, seu estudo comparou 

os resultados obtidos em diferentes tipos de solo e concluiu que a diferença é maior 

em  solos  argilosos e  silte‐argilosos, diminuindo na medida em que  aumenta  a  sua 

consistência ou a compacidade dos solos arenosos. 

Na pesquisa bibliográfica inicial não foram encontrados trabalhos sobre a análise do 

efeito da interação solo estruturas em edifícios estruturados em aço ou mistos de aço 

e  concreto.  Portanto,  tem‐se  como  objetivo  analisar  os  efeitos  da  interação  solo‐

estrutura na distribuição de esforços e deslocamentos em estruturas metálicas sobre 

fundação superficial variando‐se o número de pavimentos. 

2 Metodologia  

Para análise do efeito da  interação solo‐estrutura  tomou‐se como base um edifício 

modelo  de  uso  residencial  de  múltiplos  pavimentos  estruturado  em  aço.  São 

edificações hipotéticas e considerando um solo que, a princípio, teria capacidade para 

suportar  fundações  superficiais.  A  solução  em  fundação  superficial  não 

necessariamente  é  a  solução  mais  adequada  para  algumas  das  configurações 

estudadas, porém servem de referência para futuros estudos considerando fundações 

profundas. As Figuras 3, 4 e 5 apresentam as plantas juntamente com a disposição dos 

contraventamentos adotados para cada uma das estruturas analisadas. As estruturas 

foram  analisadas  e  dimensionadas  sem  e  com  a  consideração  da  interação  solo‐

estrutura, variando‐se a altura do edifício considerando cinco casos: 4, 8, 12, 16 e 20 

pavimentos. Para viabilizar o aumento do número de pavimentos, houve a necessidade 

de  variação  dos  contraventamentos  (foram  utilizados  pórticos  rígidos  e  tirantes 

dispostos  em  “X”).  O  aço  utilizado  foi  o  ASTM  A572  Gr50  em  perfis  soldados  e 

laminados  nas  vigas  e  pilares. Nas  lajes  e  fundações  foi  utilizado  concreto  C20.  A 

determinação das ações e combinações, a análise estrutural e o dimensionamento dos 

elementos estruturais em aço foram desenvolvidos de acordo com a NBR 8800 (ABNT, 

2008). Para o projeto das fundações foram utilizadas as recomendações da NBR 6122 

(ABNT,  2010).  Além  dessas,  outras  referências  normativas  foram  utilizadas  para 

projeto NBR 6123  (ABNT, 1988)  referente às  forças de vento em edificações e NBR 

8681 (ABNT, 2003) referente às ações e segurança nas estruturas. Os coeficientes de 

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306 

reação vertical (CRV), que foram utilizados para a modelagem do solo‐fundação, foram 

determinados por meio da Hipótese de Winkler. 

 

Figura 3 – Planta das edificações de 4 e 8 pavimentos (dimensões em mm)  

 

Figura 4 – Planta das edificações de 12 e 16 pavimentos (dimensões em mm) 

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307 

 

Figura 5 – Planta da edificação de 20 pavimentos (dimensões em mm) 

A análise estrutural foi desenvolvida utilizando o programa SAP 2000 e de acordo com 

as  recomendações  da  NBR  8800  (ABNT,  2008).  A  estrutura  foi  modelada 

tridimensionalmente incluindo a laje de concreto. A Figura 6 apresenta uma ilustração 

3D da geometria do modelo estrutural e a discretização de um pavimento.  

Figura 6 – Geometria do modelo estrutural  

Uma vez dimensionada a estrutura considerando o solo indeslocável foi desenvolvido 

o projeto das fundações para a reações de apoio resultantes, ou seja, sem interação 

solo‐estrutura.  

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Para o projeto das fundações em sapata foi considerado um solo arenoso com tensão 

admissível inicial de 533 kN/m², obtida através da equação 4 para o solo adotado, cujo 

perfil de  sondagem SPT é apresentada na Figura 7. As  sapatas  foram  consideradas 

assentadas na cota de 2m cujo SPT é  igual a 16. Estes valores  foram adotados para 

estimativa inicial da tensão admissível do solo, já que neste momento não é conhecida 

ainda a profundidade do bulbo de tensões do solo abaixo da sapata. 

 

Figura 7 – Sondagem do solo utilizado. 

, Equação 4

O módulo de elasticidade do solo, utilizado para o cálculo do recalque da fundação, foi 

obtido utilizando‐se a Equação 5, apresentada em Godoy e Teixeira (1996). 

. .     Equação 5 Onde:  

: igual a 3 para solos arenosos 

: igual a 900 kN/m² para solos arenosos 

N: Valor de SPT na camada de assente da fundação 

Para o edifício de 4 pavimentos foram dimensionados três tipos diferentes de sapatas, 

para pilares com até 294 kN de compressão, outro tipo para pilares com até 508 kN de 

compressão e, por fim, um outro tipo para pilares com até 668 kN de compressão. O 

mesmo  procedimento  foi  adotado  para  todas  as  estruturas  estudadas.  A  Figura  8 

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309 

apresenta a planta de fundação com as dimensões da sapata para o caso do edifício de 

4 pavimentos.   

 

Figura 8 – Planta de fundação para o edifício com 4 pavimentos (cotas em cm). 

Concluído o projeto das estruturas e fundações passa‐se a consideração da interação 

solo‐estrutura.  Para  a  análise  considerando  a  interação  solo  estrutura  (ISE)  foram 

modeladas as estruturas com elementos de barras para vigas e pilares e elementos de 

placa para as lajes. As sapatas foram modeladas com elementos sólidos. E o solo foi 

representado no modelo de análise por molas verticais e horizontais determinadas de 

forma iterativa pelo processo de Winkler. A Figura 9 apresenta um detalhe do modelo 

numérico da estrutura e  seus  componentes, estrutura,  sapatas,  solo  (representado 

pelas molas) para consideração da ISE. 

 

Figura 9 – detalhe do modelo estrutural para consideração da ISE. 

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310 

No  modelo  numérico  os  pilares  estão  conectados  diretamente  às  fundações  em 

sapatas. As sapatas foram modeladas com elementos finitos sólidos com uma malha 

regular que resultou em 25 nós em sua base. Os coeficientes de reação vertical obtidos 

para cada pilar, que no modelo representa o solo, foram distribuídos na área da sapata 

e aplicado nestes 25 nós. Procedimento semelhante  foi adotado para aplicação dos 

coeficientes de reação horizontal. 

3 Resultados e discussões 

Apresenta‐se e discute‐se em  seguida os  resultados de  recalques, deslocamentos e 

esforços  com e  sem a  consideração da  interação  solo‐estrutura para os 5 edifícios 

analisados. Foi adotada a seguinte nomenclatura ENpav (E = edifício e Npav – número 

de pavimentos) para  identificar os modelos  sem  interação  solo estrutura e para os 

modelos como interação solo estrutura ENpavISE.  A Tabela 1 apresenta os coeficientes 

de  reação vertical  (CRV) obtido para os 5 casos analisados. Para os coeficientes de 

reação horizontal foram tomados valores correspondentes a 40% dos CRVs. 

Tabela 1 – coeficientes de reação vertical 

Coeficientes de reação vertical (kN/m)

Pilar E4ISE E8ISE E12ISE E16ISE E20ISE

1 49390  76437  149125  128556  133364 

2 49390  76437  176545  134158  137476 

3 49390  76437  177545  133842  137476 

4 49390  76437  149250  126278  133318 

5 60366  111716  172091  124737  138520 

6 68598  111716  221385  175185  168978 

7 68598  111716  217154  175185  171435 

8 60366  111716  172091  124737  138560 

9 60366  111716  172091  124579  138560 

10 68598  111716  221462  175407  168978 

11 68598  111716  217231  175407  171435 

12 60366  111716  172091  124579  138560 

13 49390  76437  149000  128833  133364 

14 49390  76437  176182  133579  137476 

15 49390  76437  177545  133579  137476 

16 49390  76437  149125  126556  133182 

 

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311 

Conforme  o  número  de  pavimentos  aumenta,  as  dimensões  das  sapatas  também 

aumentam, gerando CRVs que não dependem linearmente da altura da estrutura, mas 

sim da relação entre a força de compressão na base do pilar e as dimensões em planta 

da sapata. 

O gráfico da Figura 10 apresenta uma comparação dos esforços de compressão na base 

dos pilares para análise convencional e considerando a ISE para a combinação de ações 

que conduz aos esforços críticos nos elementos estruturais. 

Nota‐se uma pequena redução nos valores dos esforços de compressão axial na base 

dos pilares centrais (P6, P7, P10 e P11), para todas as estruturas analisadas. Os pilares 

P13,  P14,  P15  e  P16  (pilares  que  recebem  a  ação  de  vento  para  a  combinação 

analisada), também apresentaram reduções dos valores destes esforços. A estrutura 

de 20 pavimentos apresentou redução dos esforços de compressão axial na base dos 

pilares  centrais  e  aumento  destes  esforços  nos  pilares  de  extremidade. De  forma 

qualitativa o comportamento é semelhante ao observado em estruturas de concreto 

armado  com  redução  de  esforços  nos  pilares  centrais  e  aumento  de  esforços  nos 

pilares periféricos.  

 

Figura 10 – Comparação de reações nos apoios com e sem ISE (kN) 

O  gráfico  da  Figura  11  apresenta  uma  comparação  entre  os  recalques  finais  para 

análise convencional e considerando a ISE. 

0500100015002000250030003500400045005000550060006500

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16

Esforço norm

al (kN

)

Pilar

E4 E4ISE E8 E8ISE E12 E12ISE E16 E16ISE E20 E20ISE

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Figura 11 – Comparação de recalques com e sem ISE (mm) 

Percebe‐se pela Figura 11 que não houve alterações significativa dos recalques devido 

a análise considerando a ISE.  

 A Figura 12 apresenta de forma comparativa os momentos fletores finais nos apoios 

com e sem consideração da ISE. 

 

Figura 12 – Comparação dos momentos fletores com e sem ISE (kN.m) 

Para  as  estruturas  de  até  8  pavimentos  não  houve  variações  significativas  nos 

momentos  fletores  na  base  dos  pilares.  Já  para  as  estruturas  com  12  ou  mais 

pavimentos houve um aumento nos momentos fletores, sendo este aumento de 1,67% 

para a estrutura de 12 pavimentos, 1,53% para as estruturas de 16 e de +2,12% para 

as estruturas de 20 pavimentos. 

024681012141618202224

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16

Recalque (m

m)

Pilares

E4 E4ISE E8 E8ISE E12 E12ISE E16 E16ISE E20 E20ISE

010020030040050060070080090010001100120013001400

P6 P7 P10 P11

Momen

tos Fletores (kN.m

)

Pilares

E4 E4ISE E8 E8ISE E12 E12ISE E16 E16ISE E20 E20ISE

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313 

Foram analisados também a variação dos esforços normais e momentos fletores ao 

longo da altura dos pilares. Para ilustrar esses resultados foi utilizado como exemplo o 

pilar P11 da estrutura de 20 pavimento. 

A Tabela 2 apresenta os resultados de esforços axiais nos pilares ao  longo da altura 

com e sem a consideração da iteração solo estruturas para o edifício de 20 pavimentos. 

Tabela 2 – Variação do esforço de compressão axial ao longo da altura do pilar  

Pavimento P11-E20

(kN)

P11-E20ISE (kN)

Diferença (%)

Pav1  6324  6313  ‐0,17 

Pav2  5999  5992  ‐0,12 

Pav3  5638  5627  ‐0,20 

Pav4  5284  5270  ‐0,26 

Pav5  4922  4907  ‐0,30 

Pav6  4600  4583  ‐0,37 

Pav7  4268  4251  ‐0,40 

Pav8  3942  3925  ‐0,43 

Pav9  3605  3588  ‐0,47 

Pav10  3305  3287  ‐0,54 

Pav11  2992  2976  ‐0,53 

Pav12  2684  2668  ‐0,60 

Pav13  2378  2363  ‐0,63 

Pav14  2076  2062  ‐0,67 

Pav15  1776  1764  ‐0,68 

Pav16  1480  1469  ‐0,74 

Pav17  1187  1178  ‐0,76 

Pav18  898  891  ‐0,78 

Pav19  615  610  ‐0,81 

Pav20  338  335  ‐0,89 

 

Observa‐se que ocorrem maiores diferenças entre os esforços com e sem ISE para os 

pavimentos mais elevados, no entanto essa diferença não alcança 1%. Para as demais 

estruturas esse comportamento é semelhante. 

A  Tabela  3  apresenta  a  variação  dos  momentos  fletores  ao  longo  da  altura  da 

edificação com e sem a consideração da iteração solo estrutura para o edifício de 20 

pavimentos. 

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314 

Tabela 3 – Variação do momento fletor ao longo da altura do pilar 

Pavimento P11-E20 (kN.m)

P11-E20ISE (kN.m)

Diferença (%)

Pav1  843  861  2,14 

Pav2  516  525  1,74 

Pav3  303  304  0,33 

Pav4  180  180  0,00 

Pav5  112  111  ‐0,89 

Pav6  73  71  ‐2,74 

Pav7  49  47  ‐4,08 

Pav8  32  30  ‐6,25 

Pav9  20  18  ‐10,00 

Pav10  10  8  ‐20,00 

Pav11  3  1  ‐66,67 

Pav12  ‐4  ‐6  50,00 

Pav13  ‐10  ‐12  20,00 

Pav14  ‐15  ‐18  20,00 

Pav15  ‐20  ‐22  10,00 

Pav16  ‐23  ‐26  13,04 

Pav17  ‐25  ‐28  12,00 

Pav18  ‐25  ‐28  12,00 

Pav19  ‐21  ‐23  9,52 

Pav20  ‐5  ‐8  60,00 

 

No caso apresentado a média das diferenças entre os momentos fletores com e sem a 

consideração da ISE é de 16%. Para estruturas de aço, sobretudo as mais altas, já se 

esperava  maiores  diferenças  nos  resultados  de  momento  fletor  em  relação  aos 

esforços normais devido a  relação entre as ações permanentes verticais e as ações 

horizontais do vento e a altura do edifício. Observa‐se na Tabela 3 diferenças entre 

momentos  fletores  da  ordem  de  60%,  no  entanto,  isso  ocorre  para  valores  de 

momentos fletores muito pequeno visto que se trata de uma estrutura contraventada. 

Com  relação  aos  deslocamentos  laterais  as  Figuras  de  13  a  15  apresentam  uma 

comparação entre os deslocamentos laterais para análise convencional e considerando 

a ISE para combinações de serviço. 

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315 

            

Figura 13 – Comparação deslocamentos laterais ‐ Estrutura de 4 pavimentos 

 

Figura 14 – Comparação deslocamentos laterais ‐ Estrutura de 12 pavimentos 

0 0,5 1 1,5 2

Pav1

Pav2

Pav3

Pav4

Deslocamentos (cm)

Pavim

entos

Direção X E4ISE Direção X E4

0 0,5 1 1,5

Pav1

Pav2

Pav3

Pav4

Deslocamentos (cm)

Pavim

entos

Direção Y E4ISE Direção Y E4

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Pav1

Pav2

Pav3

Pav4

Pav5

Pav6

Pav7

Pav8

Pav9

Pav10

Pav11

Pav12

Deslocamentos (cm)

Pavim

entos

Direção X E12ISE Direção X E12

0 1 2 3 4 5 6 7

Pav1

Pav2

Pav3

Pav4

Pav5

Pav6

Pav7

Pav8

Pav9

Pav10

Pav11

Pav12

Deslocamentos (cm)

Pavim

entos

Direção Y E12ISE Direção Y E12

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316 

 

Figura 15 – Comparação deslocamentos laterais ‐ Estrutura de 20 pavimentos 

Para a estrutura de 4 pavimentos a variação do deslocamento no topo da estrutura foi 

de  aproximadamente  33%.  As  diferenças  entre  os  deslocamentos  com  e  sem  ISE 

aumenta  com  o  aumento  no  número  de  pavimentos  chegando‐se  a  67%  para  a 

estrutura de 8 pavimentos e 72% para a estrutura de 20 pavimentos.   Deve‐se  levar 

em  consideração  que  houve  alterações  nos  contraventamentos  para  viabilizar  o 

aumento  do  número  de  pavimentos  das  estruturas,  portanto  não  são  estruturas 

exatamente idênticas no que se refere ao sistema de contraventamento. 

A  Figura  16  apresenta  uma  comparação  para  a  variação  ao  longo  da  altura  do 

coeficiente de classificação quanto a deslocabilidade “B2”, no caso dos edifícios de 20 

pavimentos, para análise convencional e considerando a ISE. A Figura 17 apresenta os 

valores  máximos  de  B2  utilizados  para  classificar  cada  estrutura  quanto  a 

deslocabilidade.      

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Pav1

Pav2

Pav3

Pav4

Pav5

Pav6

Pav7

Pav8

Pav9

Pav10

Pav11

Pav12

Pav13

Pav14

Pav15

Pav16

Pav17

Pav18

Pav19

Pav20

Deslocamentos (cm)

Pavim

entos

Direção X E20ISE Direção X E20

0 2 4 6 8

Pav1

Pav2

Pav3

Pav4

Pav5

Pav6

Pav7

Pav8

Pav9

Pav10

Pav11

Pav12

Pav13

Pav14

Pav15

Pav16

Pav17

Pav18

Pav19

Pav20

Deslocamentos (cm)

Pavim

entos

Direção Y E20ISE Direção Y E20

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317 

Figura 16 – Comparação dos coeficientes de estabilidade global ‐ Estrutura 20 Pav. 

Figura 17 – Comparação dos coeficientes de estabilidade global ‐ Direção “X”  

Observou‐se alterações  significativas no  coeficiente B2  com a  introdução da  ISE na 

análise estrutural, sobretudo para os edifícios de maior altura.  Para as estruturas de 

8,  16  e  20  pavimentos  houve,  inclusive,  mudança  da  classificação  quanto  a 

deslocabilidade  de  “pequena  deslocabilidade”  para  “média  deslocabilidade”.  A 

mudança  de  classificação  da  estrutura  quanto  a  deslocabilidade  acarretaria  na 

necessidade  de  procedimentos  de  análise  mais  rigorosos  no  que  se  refere  a 

consideração das imperfeições geométricas e de material. 

0,95 1 1,05 1,1 1,15 1,2

Pav1Pav2Pav3

Pav4Pav5Pav6Pav7

Pav8Pav9Pav10

Pav11Pav12Pav13

Pav14Pav15Pav16

Pav17Pav18Pav19

Pav20

B2

Pavim

entos

Direção X E20ISE Direção X E20

0,9 1 1,1 1,2

Pav1Pav2

Pav3Pav4

Pav5Pav6

Pav7

Pav8Pav9

Pav10Pav11

Pav12Pav13

Pav14Pav15

Pav16Pav17

Pav18Pav19

Pav20

B2Pavim

entos

Direção Y E20ISE Direção Y E20

1

1,1

1,2

1,3

4Pav 8Pav 12Pav 16Pav 20Pav

B2

Estruturas analisadas

Sem ISE Com ISE

1

1,1

1,2

1,3

1,4

4Pav 8Pav 12Pav 16Pav 20Pav

B2

Estruturas analisadas

Sem ISE Com ISE

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318 

4 Conclusões 

Este  trabalho  teve como objetivo  iniciar os estudos da  interação solo estrutura em 

estruturas metálicas cujos efeitos podem ser diferentes dos obtidos em estruturas de 

concreto armado. A consideração da ISE é um refinamento do modelo estrutural, onde 

a consideração da deformabilidade do solo se aproxima mais de uma estrutura real. 

Pelos resultados expostos foi observado, de forma sutil, a tendência à redistribuição 

de  esforços  onde  há  o  alívio  dos  pilares  centrais  e  a  sobrecarga  dos  pilares  de 

extremidade, resultados que estão de acordo com os encontrados na literatura para 

estruturas de  concreto  armado. Porém os  esforços de  reação na base dos pilares, 

momentos fletores e recalques sofreram variações pouco significativas, possivelmente 

devido  à  leveza  das  estruturas metálicas. Os  deslocamentos  laterais,  por  sua  vez, 

apresentaram variações significativas, possivelmente devido a melhor representação 

da vinculação do pilar tendo sido incluídos no modelo a sapata e o solo, por meio de 

molas  de  rigidez,  e  não  simplesmente  o  engastamento  ideal.  Os  coeficientes  de 

estabilidade global, B2, também apresentaram variações significativas, onde inclusive 

houve alterações da classificação da estrutura metálica, passando de pequena para 

média  deslocabilidade,  o  que  implicaria  em  diferentes  considerações  na  análise 

estrutural. Os esforços de  compressão axial e de momentos  fletores apresentaram 

variações constante ao longo da altura dos pilares, ou seja, a mesma taxa de variação 

encontrada na base dos pilares foi observada ao  longo de toda a altura dos pilares. 

Portanto, observa‐se que, nas estruturas analisadas, os deslocamentos  laterais e os 

coeficientes de estabilidade global foram os mais afetados pela consideração da ISE na 

análise estrutural.  

Este  trabaho  utilizou  o  modelo  de  Winkle  que  embora  conduza  a  resultados 

satisfatórios  é  um  modelo  simplificado  e  pode  ser  utilizado  para  avaliar  o 

comportamento da estrutura para uma gama de variação nos coenficientes verticais. 

E uma evolução natural do modelo é a representação do solo como um meio contínuo 

e a consideração da sequência construtiva na avaliação dos recalques.   

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319 

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320 

CONGRESSO  DE MÉTODOS  NUMÉRICOS  EM  ENGENHARIA,  2015,  Lisboa.  Portugal: APMTAC, 2015. p. 1‐20. 

REIS, J. H. C. Interação solo‐estrutura de grupo de edifícios com fundações superficiais em argila mole. 2000. Tese (Doutorado em Geotecnia) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2000.  

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TESTONI,  E.  Análise  estrutural  de  edifícios  de  paredes  de  concreto  por meio  de pórtico  tridimensional  sobre  apoios  elásticos.  2013.    Dissertação  (Mestrado  em Engenharia de Estruturas) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2013. 

 

 

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    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   

Recebido: 06/07/2017 Aprovado: 07/07/2018 

Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 321‐340 ‐ ISSN 2238‐9377

 Contribuição ao estudo da estabilidade de edifícios 

de andares múltiplos em aço Rafael Eclache Moreira de Camargo1* e José Jairo de Sáles2 

 

1 Mestre em Engenharia de Estruturas, EESC‐USP, [email protected] 

2 Professor aposentado do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC‐USP, [email protected] 

Contribution to the study of stability of steel multi‐storey buildings 

 

Resumo Este  trabalho  apresenta  uma  análise  comparativa  de  diferentes  sistemas  estruturais  de  um edifício de 20 pavimentos com o objetivo de avaliar a  influência da concepção estrutural nos efeitos de segunda ordem. Cada um dos modelos foi dimensionado pelos princípios do método da análise direta, presente na ABNT NBR 8800:2008. O método da amplificação dos esforços solicitantes  (MAES)  foi usado para se obter os esforços atuantes nos elementos dos edifícios considerando os efeitos locais e globais de segunda ordem. A incidência do vento foi simulada sem  e  com  excentricidade  devida  aos  efeitos  de  vizinhança,  de  acordo  com  a  ABNT  NBR 6123:1988.  Todas  as  análises  numéricas  foram  repetidas  usando  o método  simplificado  de segunda  ordem  conhecido  como  P‐Delta.  Os  resultados  obtidos  foram  comparados  com  o objetivo de se obter diretrizes de ordem prática para o dimensionamento de edifícios em aço. 

Palavras‐chave:  Edifícios  em  aço.  Sistemas  estruturais.  Estabilidade  estrutural.  Análise  de segunda ordem. Efeitos de vizinhança.  Abstract   This  work  presents  a  comparative  analysis  of  different  structural  systems  of  a  20‐storey building with  the objective of evaluating  the  influence of  structural design on  second‐order effects.  Each model  has  been  designed  using  the  principles  of  the  direct  analysis method (DAM), present in the ABNT NBR 8800:2008. The first‐order amplification method (FOAM) was used  to  obtain  the  forces  acting  on  the  building  elements,  including  the  local  and  global second‐order  effects.  The  incidence  of  the  wind  was  simulated  without  and  with  an eccentricity  due  to  the  vicinity  effects,  according  to  ABNT  NBR  6123:1988.  All  numerical analyses  were  repeated  using  the  second‐order  simplified method  known  as  P‐Delta.  The results  were  compared  in  order  to  obtain  guidelines  for  the  design  of  steel  multi‐storey buildings.  Keywords:  Steel  buildings.  Structural  systems.  Structural  stability.  Second‐order  analysis. Vicinity effects.     * autor correspondente 

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322 

1 Introdução 

O  crescimento  demográfico  presenciado  nas  últimas  décadas  tornou  escassa  a 

disponibilidade  de  grandes  terrenos  nas  áreas  urbanas,  gerando  uma  verticalização 

dos empreendimentos. Por questões culturais, o material que teve maior aceitação no 

Brasil foi o concreto armado. Entretanto, nos últimos anos houve um crescimento na 

utilização  de  sistemas  estruturais  mistos  em  aço  e  concreto,  devido  a  algumas 

vantagens quando comparados com os sistemas  tradicionais, como a diminuição das 

seções  transversais,  a  redução  dos  custos  com  fôrmas  e  escoramentos,  a  maior 

organização dos canteiros de obra e a redução dos prazos de execução. 

O  comportamento  dessas  estruturas  não  é  simples  e  por  essa  razão  algumas 

simplificações  são necessárias para viabilizar o  seu estudo. Um  tipo de  simplificação 

bastante comum nas análises estruturais diz respeito à consideração da ação do vento 

nos  edifícios.  Geralmente,  os  carregamentos  devidos  ao  vento  são  considerados 

uniformes (sem excentricidades), o que muitas vezes não ocorre devido à presença de 

outras construções próximas, responsáveis por gerar os efeitos de vizinhança. 

Além  disso,  também  é  de  fundamental  importância  a  consideração  do  seu 

comportamento  global  para  que  os  esforços  sejam  adequadamente  mensurados. 

Segundo  Ziemian  (2010),  o  requisito  básico  para  uma  análise  de  segunda  ordem  é 

assegurar  que  o  equilíbrio  da  estrutura  seja  satisfeito  em  sua  condição  deformada. 

Devido à  sua  complexidade, é  comum a utilização de métodos  simplificados para  se 

levar  em  conta  os  efeitos  de  segunda  ordem,  inserindo  tanto  as  imperfeições  de 

material quanto a não linearidade geométrica na análise estrutural.  

1.1 Objetivos 

O  presente  trabalho  tem  como  objetivo  principal  realizar  a  análise  numérica  de 

edifícios de andares múltiplos em aço para avaliar a influência da concepção estrutural 

nos  efeitos  de  segunda  ordem.  Além  disso,  pretende‐se  estudar  a  influência  dos 

efeitos de vizinhança na estabilidade dos edifícios, avaliar a aplicabilidade do método 

simplificado  de  análise  de  segunda  ordem  proposto  pela  ABNT  NBR  8800:2008  e 

comparar os valores obtidos por essa metodologia com os  resultados  fornecidos por 

software comercial empregando o método P‐Delta. 

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323 

1.2 Justificativas 

A publicação da ABNT NBR 8800:2008 trouxe algumas modificações significativas. Na 

sua nova versão, a norma brasileira de aço passou a exigir a consideração dos efeitos 

de segunda ordem na determinação dos esforços. Por essa razão, existe a necessidade 

de  serem  publicados  trabalhos  que  abordem  os  novos  conceitos  introduzidos  e 

mostrem por meio de exemplos práticos a sua aplicação. 

Analisando a literatura existente, observa‐se que a maioria dos trabalhos que abordam 

a  estabilidade  global  de  estruturas metálicas  foi  realizada  por meio  da  análise  de 

pórticos  planos.  Esse  tipo  de  abordagem  tem  como  vantagem  a  simplificação  do 

modelo matemático e facilidade na interpretação dos resultados. No entanto, ela não 

possibilita a avaliação dos efeitos de  torção na estrutura e pode não  simular de um 

modo realístico o seu comportamento. 

Além disso, apesar de fazerem parte da ABNT NBR 6123:1988, os efeitos de vizinhança 

muitas  vezes  não  são  considerados  no  dimensionamento  de  estruturas.  Dessa 

maneira, pouco se sabe sobre seus efeitos na estabilidade de edifícios. 

2 Metodologia 

Para  o  desenvolvimento  deste  trabalho  foram  realizadas  análises  numéricas  de  três 

diferentes edifícios por meio do software SAP2000. No sentido de avaliar os modelos 

numéricos elaborados, os resultados obtidos pelo método simplificado da ABNT NBR 

8800:2008 foram comparados com os valores fornecidos por análises que consideram 

a não  linearidade geométrica pelo método P‐Delta. Um estudo sobre a  influência dos 

efeitos  de  vizinhança  na  estabilidade  dos  edifícios  foi  realizado  em  seguida, 

confrontando os resultados das análises que apresentam esses efeitos com os valores 

obtidos em modelagens que os desconsideram, aqui chamadas de “vento uniforme”. 

3 Desenvolvimento 

3.1 Descrição geral da estrutura 

Os  edifícios  analisados  neste  trabalho  possuem  as  mesmas  características 

arquitetônicas,  mas  diferenciam‐se  pelo  sistema  estrutural  adotado.  A  estrutura 

utilizada  como  base  para  os modelos  foi  retirada  de  Sáles  (1995)  e  consiste  num 

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324 

edifício  comercial  de  20  pavimentos,  com  pé‐direito  único,  igual  a  3,5  m.  Suas 

dimensões em planta são 45 x 20 m, totalizando 18.000 m², ou 900 m² por andar. Em 

todos  os  casos  analisados  foram  utilizados  pilares metálicos,  vigas mistas  em  aço  e 

concreto, e lajes do tipo steel deck. A construção foi considerada não escorada. 

As  filas  e  os  eixos  da  edificação  são mostrados  na  Figura  1.  Na  direção  de maior 

comprimento  foram utilizados 5 vãos de 9 m, enquanto que na outra direção  foram 

empregados nas extremidades dois vãos de 8 m e um vão central de 4 m. Considerou‐

se que entre as filas B e C existam duas regiões destinadas a escadas e elevadores. 

 Figura 1 ‐ Pavimento tipo do edifício modelo. (Fonte: Baseado em Sáles, 1995) 

Os resultados apresentados a seguir são referentes aos modelos 1, 2 e 3. O modelo 1 

trata‐se de um edifício  todo aporticado. O modelo 2 difere do primeiro modelo pela 

inclusão de contraventamentos em X nos eixos 1 e 6, e em K, nas filas A e D. Por sua 

vez, o modelo  3 difere do modelo  2 pela  inclusão de  contraventamentos  em X nos 

eixos 2 e 5. Outras informações estão apresentadas nos itens 4.1, 4.2 e 4.3. 

3.2 Características dos materiais 

Para  as  vigas  mistas  e  pilares  metálicos  foram  utilizados  aços  USI  CIVIL  350.  Os 

contraventamentos, quando empregados, foram dimensionados com aço A572 Gr.50. 

Nas vigas e lajes mistas foi considerado concreto com fck igual a 20 MPa. O steel deck 

utilizado nos modelos foi o MF‐75, de aço galvanizado ASTM A653 Grau 40 (ZAR‐280), 

com  1,25  mm  de  espessura.  A  altura  total  da  laje  adotada  foi  de  150  mm.  As 

armaduras longitudinais utilizadas foram do tipo CA‐50. 

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325 

3.3 Levantamento das ações 

As  ações  permanentes  consideradas  nos  pisos  foram:  peso  próprio  da  laje  (2,79 

kN/m²); divisórias (1,0 kN/m²); forro e serviços (0,5 kN/m²); revestimento (0,65 kN/m²) 

e pele de vidro (1,25 kN/m). No último pavimento (cobertura) as ações permanentes 

adotadas  foram:  peso  próprio  da  laje  (2,79  kN/m²);  forro  e  serviços  (0,5  kN/m²); 

impermeabilização  (0,75 kN/m²) e pele de vidro  (1,25 kN/m). Os pesos próprios das 

vigas e pilares  foram aplicados diretamente nas barras dos modelos de acordo  com 

seus valores lineares (kN/m).  

Também  foi  considerada  no  topo  dos  edifícios  a  existência  de  cargas  permanentes 

devidas a dois reservatórios de água. Esse carregamento foi aplicado diretamente nos 

pilares posicionados nos painéis onde os reservatórios foram locados, entre os eixos 3 

e 4, totalizando 245 kN em cada pilar.  

As  sobrecargas  de  utilização  e  de  construção  assumidas  nos modelos  foram  de  2,0 

kN/m² e 1,0 kN/m², respectivamente, conforme ABNT NBR 6120:1980 e o anexo B da 

ABNT NBR 8800:2008. 

O  carregamento  lateral  devido  ao  vento  foi  estabelecido  conforme  a  ABNT  NBR 

6123:1988,  e  aplicado  diretamente  nos  pilares  por  meio  de  carregamentos 

distribuídos,  considerando  suas  respectivas  áreas  de  influência.  Por  simplificação, 

considerou‐se a atuação do vento apenas na direção de menor  inércia do edifício (Y) 

para  o  dimensionamento  dos  elementos  aos  estados  limites  últimos.  Nos  estados 

limites de serviço, a ação do vento foi analisada nas duas direções. Em ambos os casos, 

os coeficientes adotados foram V0 = 40 m/s; S1 = S3 = 1,0; S2 – categoria  IV, classe C, 

variando a cada 3,5 m; Ca = 1,10 (face maior) e 0,85 (face menor).  

As forças nocionais foram aplicadas nos nós superiores dos pilares, também no sentido 

de menor inercia do edifício (Y). 

Para a análise dos efeitos de vizinhança foi utilizada uma excentricidade igual a 15% do 

comprimento das faces dos edifícios estudados. Tendo conhecimento do momento de 

torção  atuante  em  cada  pavimento,  no  topo  dos  pilares  foram  aplicadas  forças 

concentradas  formando binários entre os eixos 1 e 6, 2 e 5, 3 e 4, para o vento na 

direção Y; e  filas A e D, B e C, para o vento na direção X. As  forças de cada binário 

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326 

foram obtidas dividindo a força resultante devida ao vento no nível de cada pavimento 

pelo  número  de  pórticos  resistentes  a  esse  carregamento  em  cada  direção  (6  na 

direção  Y  e  4  na  direção  X)  e  considerando  que  seus  valores  fossem  diretamente 

proporcionais às suas distâncias em relação ao centro de gravidade dos pisos. Assim, 

as  forças  de  arrasto  foram  sobrepostas  com  as  forças  desses  binários  para  que  a 

resultante de cada pavimento não se alterasse.  

Uma  outra  alternativa  para  considerar  esses  efeitos  seria  a  aplicação  direta  do 

momento  de  torção,  das  forças  resultantes  do  vento  e  das  forças  nocionais  no  nó 

mestre  de  cada  piso.  Essa  segunda  opção,  embora  não  tenha  sido  utilizada  nesse 

trabalho, é menos trabalhosa e facilita a modelagem das edificações. 

3.4 Combinações de ações 

As combinações últimas normais foram consideradas para quatro situações diferentes, 

listadas abaixo com os coeficientes de ponderação e fatores de combinação adotados: 

‐ Sobrecarga como ação variável principal: 

PP PP PP PP SC V1 2 3 41,25 1,40 1,50 1,40 1,50 (1,40 0,6)                                      (1) 

‐ Vento como ação variável principal: 

PP PP PP PP V SC1 2 3 41,25 1,40 1,50 1,40 1,40 (1,50 0,7)                                      (2) 

‐ Sobrecarga como ação variável principal, sem atuação do vento: 

PP PP PP PP SC FN1 2 3 41,25 1,40 1,50 1,40 1,50                                                      (3) 

‐ Vento como ação variável principal, sem atuação de sobrecarga: 

PP PP PP PP V1 2 3 41,25 1,40 1,50 1,40 1,40                                                                (4) 

Onde PP1 é o peso próprio dos perfis de aço; PP2 é o peso próprio da laje; PP3 é o peso 

próprio  das  divisórias,  forros  e  serviços,  pele  de  vidro,  revestimento  e 

impermeabilização;  PP4  é  o  peso  próprio  da  caixa  d’água;  SC  é  a  sobrecarga  de 

utilização; V é a ação do vento e FN são as forças nocionais. 

No que diz  respeito aos estados  limites de  serviço,  foram empregadas  combinações 

quase permanentes [Eq. (5)] e raras [Eq. (6)] para verificar as flechas das vigas mistas, e 

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327 

apenas combinações raras [Eq. (7)] para a avaliação dos deslocamentos  laterais e dos 

deslocamentos interpavimentos. Estas combinações estão apresentadas a seguir. 

‐ Análise das flechas das vigas mistas: 

PP PP PP SC1 2 3 0,4                                                                                                     (5)  

PP SC3                                                                                                                            (6) 

‐ Avaliação dos deslocamentos laterais e interpavimentos: 

PP PP PP PP V SC1 2 3 4 0,6                                                                                      (7) 

Para  o  cálculo  das  flechas,  os  efeitos  de  longa  duração  (fluência  e  retração  do 

concreto)  foram  considerados na homogeneização das  seções multiplicando por 3  a 

razão modular entre o módulo de elasticidade do aço e do concreto. 

3.5 Recursos utilizados 

O  programa  utilizado  nas  simulações  numéricas  foi  o  SAP2000,  que  é  baseado  no 

método dos elementos  finitos. Para a  importação de dados para esse programa e o 

tratamento  dos  resultados  obtidos  foram  desenvolvidas  planilhas  eletrônicas 

utilizando o software Excel e linguagem de programação VBA.  

Por  intermédio  do  SAP2000  também  foram  feitos  outros  tipos  de  análises  elásticas 

simplificadas  de  segunda  ordem.  A  imperfeição  de  material  foi  incorporada  aos 

modelos  pela  redução  do módulo  de  elasticidade  dos materiais.  A  não  linearidade 

geométrica  foi  considerada  por meio  do  efeito  P‐Delta,  existente  no  programa. Os 

efeitos  locais de  segunda ordem  foram  incorporados nas  análises  com o método P‐

Delta pela colocação de três nós intermediários nas barras dos pilares. 

Em  relação  ao  dimensionamento  dos  elementos,  foram  desenvolvidas  planilhas  no 

programa  Mathcad,  de  acordo  com  as  recomendações  presentes  na  ABNT  NBR 

8800:2008.  As  planilhas  desenvolvidas,  bem  como  a  rotina  utilizada  na  geração  de 

arquivos de importação do SAP2000 contendo as propriedades geométricas de seções 

genéricas (vigas mistas) e perfis I estão disponíveis em Camargo (2012). 

Nas  análises  de  segunda  ordem,  foi  utilizado  o  critério  presente  na  ABNT  NBR 

8800:2008 de se dividir os coeficientes de ponderação das ações por 1,1 e multiplicar 

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328 

os resultados obtidos por esse mesmo valor. Para o dimensionamento dos pilares, foi 

adotada a redução da sobrecarga em quase todos os casos. 

A  análise  dos  deslocamentos  interpavimentos  foi  feita  levando  em  consideração  os 

deslocamentos  provocados  pelas  forças  cortantes  de  acordo  com  o  ângulo  de 

distorção provocado pelas mesmas. Esses deslocamentos foram calculados para todos 

os andares, nas duas direções.  

3.6 Modelagem dos elementos 

As vigas e os pilares dos modelos analisados foram modelados por meio de elementos 

de barra (frame elements). As lajes foram modeladas como diafragmas rígidos, sendo, 

portanto,  desconsiderada  a  flexão  no  seu  plano.  Esse  comportamento  pôde  ser 

simulado  pelo  recurso  do  SAP2000  chamado  constraint.  Nesses  casos,  o  constraint 

empregado em cada pavimento foi o rigid diaphragm, no qual os nós são  ligados uns 

aos outros por  links rígidos em um determinado plano, de modo que eles se movam 

juntos, como um diafragma. Esta hipótese simplificadora reduz o número de graus de 

liberdade a ser solucionado, o que torna mais rápida a análise estrutural dos modelos. 

4 Resultados 

4.1 Modelo 1 

Este modelo  consiste em uma  solução estrutural  formada por pórticos em  todas  as 

filas e eixos, com bases engastadas. A excentricidade do vento  foi aplicada de modo 

que o momento de  torção  resultante atuasse, em planta, no sentido horário. Com o 

intuito  de  simplificar  o  dimensionamento  dos  pilares,  não  foi  feita  distinção  entre 

pilares centrais e de fachada e não houve redução de sobrecarga. Entretanto, admitiu‐

se que as seções variassem a cada quatro andares. 

As vigas foram consideradas contínuas. Nas regiões de momento negativo, apenas as 

propriedades do perfil de aço  foram  consideradas para o  cálculo da  resistência. Nas 

regiões de momento positivo, as vigas foram consideradas mistas. 

Após  algumas  iterações,  foram  obtidas  vigas  mistas  e  pilares  de  aço  com  as características indicadas na  Tabela 1 e na Tabela 2. 

 

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329 

Tabela 1 – Características das vigas mistas. (Fonte: Camargo, 2012) 

Viga  Seção Perfil de aço 

d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 

V1  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 V2  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 V3A  VS 500 x 73  500  250  12,5  6,3 V3B  VS 500 x 73  500  250  12,5  6,3 V4  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 V5  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 V6  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 V7  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 

Tabela 2 – Características dos pilares de aço. (Fonte: Camargo, 2012) 

Pilar  Andares  Seção Perfil de aço 

d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 

P1  1° – 4°  PS 900 x 648  900  700  44,5  25 P2  5° – 8°  PS 800 x 407  800  600  31,5  19 P3  9° – 12°  PS 720 x 300  720  550  25  16 P4  13° – 16°  PS 600 x 246  600  450  25  16 P5  17° – 20°  PS 550 x 169  400  350  19  16 

Durante a classificação da estrutura, o máximo valor encontrado para o coeficiente B2 

foi 1,11, obtido na combinação sem o vento e apenas com  forças nocionais. Quando 

utilizada  a  relação  entre  os  deslocamentos  de  segunda  e  primeira  ordem  (u2/u1),  o 

maior  valor encontrado  foi 1,07, para  a  combinação em que  a  sobrecarga é  a  ação 

variável principal, considerando os efeitos de vizinhança. Todos os valores do B2 foram 

obtidos pelos deslocamentos dos nós superiores dos pilares, com fator Rs igual a 0,85. 

Esse comportamento era esperado, pois sabe‐se que os maiores valores do coeficiente 

B2 ocorrem nas combinações com os maiores valores de cargas gravitacionais.  

Assim, devido ao fato do edifício ser classificado como de média deslocabilidade pelo 

coeficiente  B2,  deu‐se  prosseguimento  ao  seu  dimensionamento  com  o módulo  de 

elasticidade reduzido para simular as  imperfeições  iniciais de material. Nesse caso, os 

coeficientes B1 ficaram limitados ao seu valor mínimo (1,00) para as duas hipóteses de 

incidência do vento e o máximo valor de B2 passou para cerca de 1,13, no pórtico do 

eixo 3.  

Na Figura 2 estão apresentados os valores de B2 obtidos para o eixo 3, para cada uma 

das combinações últimas normais definidas no item 3.4, sem redução da sobrecarga e 

considerando  o  vento  atuando  na  direção  Y  com  efeitos  de  vizinhança,  quando 

aplicável.  

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330 

0123456789

1011121314151617181920

0,98 1,00 1,02 1,04 1,06 1,08 1,10 1,12 1,14

Pav

imen

to

B2

B2 - Vento Vizinhança - Sem redução SC

SC principal

Vento principal

Sem Vento

Sem SC

Figura 2 – Variação do coeficiente B2, por pavimento, considerando o vento com 

efeitos de vizinhança em Y, quando aplicável, e sem redução da sobrecarga – Eixo 3. 

(Fonte: Camargo, 2012) 

Na Figura 3 estão indicados os valores de B2 obtidos para o eixo 3, quando a incidência 

do vento é uniforme. Analisando esses resultados, percebe‐se que o maior valor de B2 

ocorreu  na  altura  do  4°  pavimento. Além  disso,  nota‐se  que  o  comportamento  das 

curvas foi praticamente o mesmo para as duas hipóteses de incidência do vento. 

0123456789

1011121314151617181920

0,98 1,00 1,02 1,04 1,06 1,08 1,10 1,12 1,14

Pav

imen

to

B2

B2 - Vento Uniforme - Sem redução SC

SC principal

Vento principal

Sem Vento

Sem SC

 Figura 3 – Variação do coeficiente B2, por pavimento, considerando o vento uniforme 

em Y, quando aplicável, e sem redução da sobrecarga – Eixo 3. (Fonte: Camargo, 2012) 

Comparativamente, os esforços encontrados para o vento uniforme ficaram próximos 

aos obtidos para o vento com os efeitos de vizinhança. Analisando os resultados das 

relações entre os esforços solicitantes e as resistências de cada seção, observa‐se que 

as  maiores  diferenças  ocorreram  nos  momentos  fletores  devido  ao  acréscimo  de 

deslocamentos provenientes dos efeitos de torção. Como pode ser visto na Tabela 3, 

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331 

os esforços de flexão em relação a X (eixo de maior  inércia) ficaram, em média, 5,4% 

maiores, com um desvio‐padrão de 5%. Para os momentos fletores atuantes em Y, os 

esforços com excentricidade do vento resultaram, na média, 32,7% maiores do que os 

sem  excentricidade.  O  desvio‐padrão  (40%)  ficou  elevado  devido  principalmente  à 

variação encontrada no primeiro  trecho de pilar, mas esta pode  ser desconsiderada 

devido à  sua pouca  influência no dimensionamento. Nas expressões de  interação, a 

variação média foi de apenas 2,3%, com um desvio‐padrão de 1%. 

Tabela 3 – Comparação entre as solicitações de cálculo do vento com efeitos de vizinhança e uniforme. (Fonte: Camargo, 2012) 

Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação

P1 0,36 0,35 2,9% 0,10 0,10 0,0% 0,04 0,02 100,0% 0,47 0,45 4,4%

P2 0,46 0,46 0,0% 0,10 0,09 11,1% 0,04 0,03 33,3% 0,58 0,57 1,8%

P3 0,48 0,48 0,0% 0,13 0,12 8,3% 0,06 0,05 20,0% 0,65 0,64 1,6%

P4 0,40 0,40 0,0% 0,13 0,13 0,0% 0,07 0,07 0,0% 0,58 0,57 1,8%

P5 0,34 0,34 0,0% 0,14 0,13 7,7% 0,11 0,10 10,0% 0,56 0,55 1,8%

0,6% ‐ ‐ 5,4% ‐ ‐ 32,7% ‐ ‐ 2,3%

1% ‐ ‐ 5% ‐ ‐ 40% ‐ ‐ 1%

Média

Desvio padrão

Compressão Flexão em X Flexão em Y Expr. de interaçãoPilar

 

Ao  comparar  os  esforços  solicitantes  dos  pilares  obtidos  pelo método  P‐Delta  com 

aqueles  fornecidos pelo MAES  (Tabela 4 e Tabela 5), observa‐se que os esforços de 

compressão dos pilares P2 e P3 apresentaram valores contra a segurança, com desvio 

de 5,5% e 11,4%, respectivamente. Os momentos fletores atuantes em Y tiveram um 

desvio‐padrão  relativamente alto  (4,5%), visto que o maior e o menor desvio  foram, 

respectivamente, 7,3% e 3,0%. Além disso, as variações das forças cortantes máximas 

nas duas direções foram desprezíveis. 

No que se refere aos deslocamentos laterais e aos deslocamentos interpavimentos, os 

maiores valores encontrados foram 10 cm e 6,8 mm, respectivamente, quando o vento 

é  aplicado  na  direção  Y  e  com  os  efeitos  de  vizinhança  inseridos.  Estes  valores 

atendem aos limites H/400 (17,5 cm) e h/500 (7 mm). 

Assim,  é  possível  concluir  que  a  estrutura  utilizada  no modelo  1  atende  a  todos  os 

requisitos referentes ao seu dimensionamento. Seu consumo de aço ficou em cerca de 

1.204,92  ton.  Desse  total,  610,2  ton  (50,6%)  são  referentes  às  vigas  e  594,72  ton 

(49,4%)  são devidas  aos pilares. Considerando uma  área  total de  18.000 m²,  a  taxa 

global ficou igual a 66,94 kg/m². 

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332 

Tabela 4 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 

P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação

P1 9.358 9.304 0,6% 104.186 102.282 1,9% ‐6.516 ‐6.221 4,7%

P2 6.792 7.190 ‐5,5% ‐53.144 ‐54.818 ‐3,1% ‐6.207 ‐6.469 ‐4,1%

P3 4.803 5.421 ‐11,4% ‐44.897 ‐45.921 ‐2,2% ‐6.166 ‐6.356 ‐3,0%

P4 3.689 3.692 ‐0,1% ‐32.385 ‐32.951 ‐1,7% ‐5.531 ‐5.759 ‐4,0%

P5 2.020 2.017 0,2% ‐19.775 ‐19.981 ‐1,0% ‐3.804 ‐4.106 ‐7,3%

‐3,3% ‐ ‐ ‐1,2% ‐ ‐ ‐2,7%

5,2% ‐ ‐ 1,9% ‐ ‐ 4,5%

Flexão em X (kNcm) Flexão em Y (kNcm)Pilar

Média

Desvio padrão

Compressão (kN)

 

Tabela 5 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 

P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação

P1 98 97 1,3% 383 379 1,2%

P2 99 97 1,9% 335 331 1,1%

P3 104 102 1,7% 267 265 0,6%

P4 106 105 1,1% 185 191 ‐3,3%

P5 82 84 ‐2,9% 115 116 ‐0,5%

0,6% ‐ ‐ ‐0,2%

2,0% ‐ ‐ 1,9%

Cortante em X (kN) Cortante em Y (kN)Pilar

Média

Desvio padrão  

4.2 Modelo 2 

O modelo 2 consiste em um sistema estrutural composto por pórticos contraventados 

em X nos eixos 1 e 6, entre as filas B e C, e em K nas filas A e D, entre os eixos 1 e 2, 5 e 

6, com bases engastadas. Os pórticos dos eixos 2, 3, 4 e 5 foram mantidos. As vigas V5 

e  V2  das  regiões  contraventadas,  e  as  barras  das  diagonais  de  contraventamento 

foram consideradas como  rotuladas nas extremidades. As hipóteses adotadas para a 

incidência do  vento e para o dimensionamento de  vigas e pilares  foram as mesmas 

apresentadas para o modelo 1, sendo que no caso dos pilares foi adotada a redução da 

sobrecarga de utilização ao longo da altura da estrutura. 

O  perfil  utilizado  nas  diagonais  foi  o HP  250  x  62. As  vigas mistas  e  pilares  de  aço 

obtidos estão mostrados na Tabela 6 e Tabela 7. Percebe‐se que, com a introdução de 

contraventamentos,  não  ocorreram  alterações  nas  seções  das  vigas  em  relação 

àquelas utilizadas no modelo 1, mas os pilares apresentaram pesos e alturas menores. 

Além disso, houve um acréscimo de peso devido às diagonais. 

 

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333 

Tabela 6 – Características das vigas mistas. (Fonte: Camargo, 2012) 

Viga  Seção Perfil de aço 

d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 

V1  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 V2  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 V3A  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 V3B  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 V4  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 V5  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 V6  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 V7  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 

Tabela 7 – Características dos pilares de aço. (Fonte: Camargo, 2012) 

Pilar  Andares  Seção Perfil de aço 

d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 

P1  1° – 4°  CVS 600 x 278  600  400  31,5  19 P2  5° – 8°  CVS 600 x 278  600  400  31,5  19 P3  9° – 12°  CVS 600 x 190  600  400  19  16 P4  13° – 16°  PS 600 x 144  600  350  16  12,5 P5  17° – 20°  PS 600 x 112  600  300  12,5  9,5 

Após  o  processo  de  classificação  da  estrutura,  observou‐se  que  a  utilização  dos 

contraventamentos  teve  pouca  influência  na  deslocabilidade.  Considerando  os 

deslocamentos dos nós  superiores dos pilares,  fator Rs  igual a 1,00 para os pórticos 

com  contraventamentos e  igual  a 0,85 para os  sem  contraventamentos, os maiores 

valores  do  coeficiente B2  ficaram  iguais  a  1,10  (com  redução  da  sobrecarga)  e  1,12 

(sem  redução da  sobrecarga). Como esperado, esses valores  foram encontrados nas 

combinações com maiores cargas gravitacionais  (combinação sem a ação do vento e 

naquela em que a sobrecarga é a ação variável principal). Assim, a estrutura manteve‐

se com uma deslocabilidade média. 

Foi  realizada  a  classificação da  estrutura dividindo‐se os  deslocamentos de  segunda 

ordem (u2), obtidos pelo método P‐Delta, pelos deslocamentos de primeira ordem (u1). 

O maior valor obtido para u2/u1 foi 1,07, quando a redução da sobrecarga de utilização 

não é adotada. Nesse caso, a estrutura seria de pequena deslocabilidade. 

Para  o  dimensionamento  do  edifício,  os  coeficientes  B2  foram  recalculados 

simplificadamente com o módulo de elasticidade  reduzido. Mais uma vez, o máximo 

valor  foi obtido para o eixo 3 e a combinação que  forneceu este valor  foi aquela em 

que  a  atuação  do  vento  é  desprezada  e  há  apenas  forças  nocionais.  Quando  é 

assumida a  redução da  sobrecarga ao  longo da altura da estrutura, esse  valor  ficou 

igual a 1,12. Quando essa premissa não é adotada, o coeficiente B2 passou para 1,14 

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334 

(Figura 4). Em todos os casos, os coeficientes B1 ficaram limitados ao seu valor mínimo, 

ou seja, iguais a 1,00. 

0123456789

1011121314151617181920

1,00 1,02 1,04 1,06 1,08 1,10 1,12 1,14 1,16

Pav

imen

to

B2

B2 - Vento Vizinhança - Sem redução SC

SC principal

Vento principal

Sem Vento

Sem SC

 Figura 4 – Variação do coeficiente B2, por pavimento, considerando o vento com 

efeitos de vizinhança em Y, quando aplicável, e sem redução da sobrecarga – Eixo 3. (Fonte: Camargo, 2012) 

Analisando os esforços encontrados para o  vento uniforme, percebe‐se uma grande 

semelhança com os valores obtidos para o vento com os efeitos de vizinhança. Como 

pode ser visto na Tabela 8, as maiores diferenças ocorreram nos momentos  fletores. 

As  relações  entre  as  forças  de  compressão  solicitantes  e  resistentes  de  cálculo 

apresentaram  uma  significativa  variação  para  o  primeiro  trecho  de  pilares.  Isso 

ocorreu devido ao fato de o pilar mais solicitado para cada caso de incidência do vento 

pertencer a filas diferentes. 

No  caso  dos  contraventamentos,  as  variações  entre  os  esforços  solicitantes  foram 

consideráveis  (Tabela  9).  Porém,  essa  diferença  era  prevista,  em  virtude  dos 

acréscimos de deslocamentos provocados pelos efeitos de vizinhança. 

Quando  os  esforços  solicitantes  dos  pilares  fornecidos  pelo  método  P‐Delta  são 

comparados àqueles fornecidos pelo MAES (Tabela 10 e Tabela 11), percebe‐se que as 

variações  são  desprezíveis  para  os  três  tipos  de  solicitações.  No  entanto,  a  força 

normal do pilar mais solicitado do segundo trecho, obtida pelo método P‐Delta, ficou 

cerca de 5,3% menor, elevando o desvio‐padrão dos esforços de compressão. Para os 

contraventamentos  (Tabela 12), o esforço solicitante máximo obtido pelo método P‐

Delta ficou maior para o caso de compressão e menor para a tração. 

 

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335 

Tabela 8 – Comparação entre as solicitações de cálculo dos pilares, considerando vento com efeitos de vizinhança e uniforme. (Fonte: Camargo, 2012) 

Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação

P1 0,80 0,79 1,3% 0,15 0,14 7,1% 0,02 0,01 100,0% 0,95 0,92 3,3%

P2 0,59 0,59 0,0% 0,16 0,16 0,0% 0,06 0,05 20,0% 0,78 0,77 1,3%

P3 0,66 0,66 0,0% 0,22 0,21 4,8% 0,10 0,09 11,1% 0,94 0,93 1,1%

P4 0,66 0,66 0,0% 0,21 0,20 5,0% 0,12 0,11 9,1% 0,95 0,94 1,1%

P5 0,52 0,52 0,0% 0,22 0,21 4,8% 0,20 0,19 5,3% 0,88 0,87 1,1%

0,3% ‐ ‐ 4,3% ‐ ‐ 29,1% ‐ ‐ 1,6%

1% ‐ ‐ 3% ‐ ‐ 40% ‐ ‐ 1%

Pilar

MédiaDesvio padrão

Compressão Flexão em X Flexão em Y Expr. de interação

 

Tabela 9 – Comparação entre as solicitações de cálculo dos contraventamentos, considerando vento com efeitos de vizinhança e uniforme. (Fonte: Camargo, 2012) 

Vizinhança Uniforme Vizinhança Uniforme

HP 250 x 62 1082 916 18,1% 420 252 66,7%

PerfilCompressão (kN)

VariaçãoTração (kN)

Variação

 

Tabela 10 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 

P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação

P1 8.224 8.221 0,0% 38.699 40.325 ‐4,0% ‐1.242 ‐1.238 0,4%

P2 5.696 6.016 ‐5,3% 43.341 44.204 ‐2,0% ‐4.446 ‐4.479 ‐0,7%

P3 4.453 4.582 ‐2,8% ‐36.879 ‐37.645 ‐2,0% ‐4.438 ‐4.498 ‐1,3%

P4 3.155 3.170 ‐0,5% ‐26.865 ‐27.338 ‐1,7% ‐3.195 ‐3.313 ‐3,6%

P5 1.780 1.784 ‐0,2% ‐18.759 ‐18.880 ‐0,6% ‐3.193 ‐3.228 ‐1,1%

‐1,8% ‐ ‐ ‐2,1% ‐ ‐ ‐1,3%

2,3% ‐ ‐ 1,2% ‐ ‐ 1,4%

Flexão em X (kNcm) Flexão em Y (kNcm)Pilar

Média

Desvio padrão

Compressão (kN)

 

Tabela 11 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 

P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação

P1 60 60 0,0% 236 238 ‐0,7%

P2 69 69 0,5% 234 235 ‐0,5%

P3 75 75 0,4% 193 197 ‐2,2%

P4 55 55 0,3% 164 169 ‐3,0%

P5 53 53 ‐0,2% 170 171 ‐0,6%

0,2% ‐ ‐ ‐1,4%

0,3% ‐ ‐ 1,1%

Cortante em X (kN) Cortante em Y (kN)Pilar

Média

Desvio padrão  

Tabela 12 – Solicitações de cálculo máximas dos contraventamentos, obtidas pelo método P‐Delta e pelo MAES. (Fonte: Camargo, 2012) 

P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação

P1 1.153 1.082 6,6% 277 420 ‐34,0%

PerfilCompressão (kN) Tração (kN)

 

No que diz  respeito aos deslocamentos  interpavimentos, os maiores valores obtidos 

nas direções Y e X foram 7,0 e 6,2 mm, respectivamente, e estes atenderam ao limite 

de 7 mm (h/500). Para os deslocamentos laterais, o máximo valor encontrado quando 

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336 

o vento é aplicado de forma excêntrica ficou igual a 10,5 cm na direção Y e 3,0 cm na 

direção X. Em ambos os casos, o limite de H/400 (17,5 cm) foi respeitado. 

Assim,  conclui‐se que  a estrutura utilizada no modelo 2  também  atende  a  todos os 

requisitos referentes ao seu dimensionamento. Seu consumo total de aço ficou igual a 

aproximadamente 995 ton, sendo 588,6 ton (59%) referentes às vigas, 336,7 ton (34%) 

devidas aos pilares e 69,5 ton (7%) correspondentes ao peso dos contraventamentos. 

Considerando a área total do edifício, a taxa global ficou igual a 55,27 kg/m². 

4.3 Modelo 3 

O modelo 3 é composto por pórticos contraventados em X nos eixos 1, 2, 5 e 6, entre 

filas B e C; em K nas filas A e D, entre eixos 1 e 2, 5 e 6. Nos eixos 3 e 4, e nas filas B e C, 

foram mantidos os pórticos sem contraventamentos. As vigas V2, V5 e V7 das regiões 

contraventadas e os contraventamento foram rotulados nas extremidades. Os pilares 

foram dimensionados com redução da sobrecarga de utilização. 

As características das seções de vigas e pilares utilizadas no modelo 3 estão mostradas 

nas tabelas a seguir. Para as diagonais de contraventamento, foram utilizados os perfis 

W 250 x 52 e HP 250 x 62. 

Tabela 13 – Características das vigas mistas. (Fonte: Camargo, 2012) 

Viga  Seção Perfil de aço 

d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 

V1  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 V2  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 V3A  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 V3B  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 V4  VS 700 x 105  700  320  12,5  8,0 V5  VS 700 x 105  700  320  12,5  8,0 V6  VS 700 x 105  700  320  12,5  8,0 V7  VS 700 x 105  700  320  12,5  8,0 

Tabela 14 – Características dos pilares de aço. (Fonte: Camargo, 2012) 

Pilar  Andares  Seção Perfil de aço 

d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 

P1  1° – 4°  CVS 600 x 278  600  400  31,5  19 P2  5° – 8°  CVS 600 x 226  600  400  25  16 P3  9° – 12°  CVS 600 x 190  600  400  19  16 P4  13° – 16°  CVS 600 x 156  600  400  16  12,5 P5  17° – 20°  PS 400 x 116  600  350  12,5  9,5 

A  classificação da estrutura utilizou os mesmos  critérios apresentados no modelo 2. 

Nesse  caso,  foram  obtidos  valores  de B2  iguais  a  1,09  para  o  caso  com  redução  da 

sobrecarga e 1,11 quando essa  redução é desconsiderada. Realizando a classificação 

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337 

da  estrutura  por  meio  da  relação  entre  os  deslocamentos  de  segunda  (u2)  e  de 

primeira  ordem  (u1),  o maior  valor  encontrado  foi  1,07.  Em  ambos  os  casos,  como 

esperado, os maiores  resultados  foram obtidos nas  combinações  com o maior  valor 

das ações gravitacionais.  

Como  a  estrutura  apresentou  uma  deslocabilidade  média  devido  ao  maior  valor 

encontrado para o B2, os módulos de elasticidade dos materiais foram reduzidos e os 

coeficientes  B2  foram  recalculados  para  o  dimensionamento  dos  elementos  que 

formam o modelo 3. Os maiores valores foram encontrados no pórtico do eixo 3, para 

a  combinação  em  que  a  atuação  do  vento  é  desprezada.  Quando  a  redução  da 

sobrecarga é tomada como uma hipótese de cálculo, esse valor ficou  igual a 1,11. No 

entanto, quando essa premissa não é adotada, esse fator aumentou para 1,14. 

Ao  comparar  os  esforços  dos  pilares  encontrados  para  o  vento  com  efeitos  de 

vizinhança com aqueles obtidos para o vento uniforme, observou‐se novamente uma 

grande semelhança entre eles, especialmente para os esforços axiais de compressão. 

Percebeu‐se  também  que  a  situação  onde  o  vento  atua  uniformemente  gera 

momentos fletores com magnitudes um pouco menores. Além disso, as expressões de 

interação  obtidas  para  o  vento  com  efeitos  de  vizinhança  ficaram,  na média,  2,0% 

maiores do que os valores obtidos pelo vento uniforme. 

Comparando os esforços solicitantes dos pilares fornecidos pelo método P‐Delta com 

aqueles fornecidos pelo MAES (Tabela 15 e Tabela 16), percebeu‐se que, no geral, as 

variações foram pequenas. Para os esforços de compressão e de flexão em X (eixo de 

maior  inércia), o método P‐Delta  forneceu valores menores do que o MAES. Porém, 

para os esforços de  flexão em Y e para as  forças  cortantes em X e Y, os  resultados 

ficaram um pouco maiores. 

Nos contraventamentos (Tabela 17), os esforços solicitantes máximos de compressão 

obtidos pelo método P‐Delta ficaram 10% maiores para as diagonais dos eixos 1 e 6, e 

3,2% menores para as diagonais dos eixos 2 e 5. No caso dos esforços de  tração, os 

valores  máximos  apresentaram  variações  significativas  contra  a  segurança.  No 

entanto,  esse  tipo  de  esforço  não  foi  determinante  para  o  dimensionamento  das 

barras, visto que as forças de compressão ficaram entre 3 e 6 vezes maiores do que as 

de tração. 

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Tabela 15 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 

P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação

P1 8.042 8.098 ‐0,7% 32.431 34.654 ‐6,4% ‐1.243 ‐1.175 5,8%

P2 5.696 5.992 ‐4,9% 35.256 37.338 ‐5,6% ‐4.984 ‐4.963 0,4%

P3 4.424 4.562 ‐3,0% ‐32.397 ‐34.450 ‐6,0% ‐5.024 ‐4.944 1,6%

P4 3.117 3.157 ‐1,3% ‐25.837 ‐27.129 ‐4,8% ‐5.004 ‐4.839 3,4%

P5 1.762 1.772 ‐0,5% ‐18.470 ‐18.949 ‐2,5% ‐3.688 ‐3.528 4,5%

‐2,1% ‐ ‐ ‐5,0% ‐ ‐ 3,2%

1,9% ‐ ‐ 1,5% ‐ ‐ 2,2%

Flexão em X (kNcm) Flexão em Y (kNcm)Pilar

Média

Desvio padrão

Compressão (kN)

 

Tabela 16 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 

P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação

P1 57 56 1,8% 212 210 1,0%

P2 61 60 1,7% 211 210 0,5%

P3 60 59 1,7% 198 200 ‐1,0%

P4 63 62 1,6% 175 175 0,0%

P5 50 49 2,0% 169 169 0,0%

1,8% ‐ ‐ 0,1%

0,2% ‐ ‐ 0,7%

Cortante em X (kN) Cortante em Y (kN)Pilar

Média

Desvio padrão  

Tabela 17 – Solicitações de cálculo máximas dos contraventamento, obtidas pelo método P‐Delta e pelo MAES. (Fonte: Camargo, 2012) 

P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação

W 200 x 52 933 848 10,0% 84 262 ‐67,9%

HP 250 x 62 1.061 1.096 ‐3,2% 148 188 ‐21,3%

PerfilCompressão (kN) Tração (kN)

 

No que se refere aos deslocamentos laterais, o máximo valor encontrado foi 10,4 cm, 

quando o  vento é aplicado  com excentricidade na direção Y. Para o  caso em que o 

mesmo atua na direção X, o maior valor encontrado foi de apenas 3,1 cm. Em relação 

aos  deslocamentos  interpavimentos,  os maiores  valores  obtidos  nas  direções  Y  e  X 

foram 6,9 e 6,6 mm, respectivamente. Em todos os casos, os limites H/400 (17,5 cm) e 

h/500 (7 mm) foram atendidos com folga. 

Assim,  o  consumo  total  de  aço  da  estrutura  do  modelo  3  ficou  igual  a 

aproximadamente 1.009,6 ton, sendo que 581,4 ton (58%) foram referentes às vigas, 

323,2  ton  (32%)  foram  devidas  aos  pilares  e  105,0  ton  (10%)  foi  o  peso  dos 

contraventamentos. A taxa global ficou igual a 56,09 kg/m².   

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5 Conclusões 

Dentre os sistemas estruturais estudados, o que apresentou a menor taxa de consumo 

de aço foi aquele utilizado no modelo 2, que totalizou, sem o peso das ligações, 55,27 

kg/m², seguido pelo modelo 3  (56,09 kg/m²) e pelo modelo 1  (66,94 kg/m²). Embora 

tenha apresentado um  consumo  cerca de 2%  superior ao do modelo 2, o modelo 3 

poderia ser considerado o mais adequado entre os três sistemas estruturais estudados, 

pois, devido ao maior número de contraventamentos, as  ligações  tornar‐se‐iam mais 

simples nessas regiões, diminuindo o custo total da obra. 

Do  ponto  de  vista  de  projeto,  constatou‐se  que  a  possibilidade  de  se  reduzir  a 

sobrecarga  para  o  dimensionamento  de  pilares  proporciona  uma  economia  de 

material, mas tem como consequência o aumento do trabalho, pois exige a utilização 

de  diferentes  combinações  de  cálculo  para  o  dimensionamento  de  vigas  e  pilares. 

Percebeu‐se também que o critério apresentado na ABNT NBR 6120:1980 abre espaço 

para  diferentes  interpretações,  principalmente  na  forma de  se  avaliar  o  número  de 

andares  acima  de  um  determinado  pavimento  e  definir  os  coeficientes  a  serem 

aplicados  em  cada  um  deles.  Sendo  assim,  seria  interessante  uma  revisão  desses 

coeficientes para que os mesmos fossem definidos conforme a utilização do piso.

No que diz  respeito aos efeitos de vizinhança, observou‐se que  sua maior  influência 

está no aumento dos momentos fletores e dos deslocamentos da estrutura.  

Em relação à avaliação dos efeitos de segunda ordem pelo método da amplificação dos 

esforços  solicitantes  (MAES),  constatou‐se  que,  para  efeitos  de  classificação,  a 

combinação de cálculo crítica é aquela que possui o maior carregamento gravitacional. 

Entretanto,  para  o  dimensionamento  dos  elementos,  é  necessário  estudar  outras 

hipóteses  de  cálculo,  principalmente  aquelas  em  que  o  vento  é  a  ação  variável 

principal, visto que essas situações são determinantes no cálculo de pilares e de vigas 

que fazem parte de pórticos. 

Os  resultados  obtidos  pelo  método  P‐Delta  mostraram‐se  bastante  semelhantes 

àqueles  calculados  pelo MAES.  Na maior  parte  dos  casos,  eles  ficaram  um  pouco 

menores,  com  desvios  desprezíveis.  Por  outro  lado,  as  relações  entre  os 

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deslocamentos  de  segunda  (u2)  e  primeira  ordem  (u1)  tiveram  um  comportamento 

diferente dos coeficientes B2, com valores menores do que esses coeficientes. 

Por fim, observou‐se que o MAES é um método mais trabalhoso devido à necessidade 

de se modelar diferentes tipos de estruturas (contida e não contida lateralmente) para 

a  determinação  dos  esforços  finais.  Nesse  aspecto,  o  emprego  do método  P‐Delta 

presente  no  pacote  comercial  utilizado  foi mais  atrativo,  pois  não  apresenta  essa 

duplicidade de análises. 

6 Agradecimentos 

Ao  Conselho  Nacional  de  Pesquisa  e  Desenvolvimento  Científico,  CNPq,  pelo  apoio 

financeiro e ao Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC‐USP. 

7 Referências bibliográficas 

ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE  NORMAS  TÉCNICAS.  NBR  6120:  Cargas  para  o  cálculo  de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1980. 

ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE  NORMAS  TÉCNICAS.  NBR  6123:  Forças  devidas  ao  vento  em edificações. Rio de Janeiro, 1988. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de estruturas de aço e estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008. 

CAMARGO, R.E.M. Contribuição ao estudo da estabilidade de edifícios de andares múltiplos em  aço.  2012.  312  p.  Dissertação  (Mestrado  em  Engenharia  de  Estruturas)  –  Escola  de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2012. 

SÁLES,  J.J.  Estudo  do  projeto  e  da  construção  de  edifícios  de  andares  múltiplos  com estruturas de aço. 1995. 257 p. Tese  (Doutorado em Engenharia de Estruturas) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1995. 

ZIEMIAN, R.D. Guide to stability design criteria for metal structures. 6th ed. New Jersey: John Wiley and Sons, 2010. 

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 Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   

Recebido: 23/12/2017 Aprovado: 13/07/2018 

Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 341‐361 ‐ ISSN 2238‐9377

 Estudo experimental da ligação de painéis de OSB com perfis do reticulado metálico do sistema 

construtivo Light Steel Framing Joseph Stéphane Datchoua1*, Francisco Carlos Rodrigues2 e Rodrigo Barreto 

Caldas3  

1 Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 

2 Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 

3 Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 

Experimental study of the Oriented Strand Board (OSB) connection with 

steel studs of the Light Steel Framing Construction System 

Resumo Esta pesquisa  tem por objetivo  a  análise da  ligação  entre os painéis de OSB  e o  reticulado metálico  do  sistema  light  steel  framing  (LSF)  com  parafusos  autobrocantes  e  auto‐atarraxantes. Através dos ensaios de forca‐deslizamento, os resultados obtidos possibilitarão a realização  de  análises  paramétricas  visando  à  proposição  de  soluções  analíticas  para  a quantificação da contribuição dos painéis de OSB na estabilização do sistema estrutural do LSF, com  ou  sem  o  uso  do  contraventamento  de  aço.  Para  isso,  além  dos  12  corpos  de  prova produzidos e ensaiados por Possas  (2015), mais experimentos  complementares  foram  feitos com 9 CP’s. Com a análise do resultado dos 21 CP’s, observou‐se que os valores, por ligação, da força  máxima,  da  rigidez,  da  energia  dissipada  e  da  ductilidade  foram  influenciados  pela espessura dos painéis de OSB, pela quantidade de parafusos e pelo espaçamento axial entre si. 

Palavras‐chave:  Lascas  de  madeira  orientadas  (OSB),  Contraventamento,  Parafuso autobrocante e auto‐atarraxante, Cisalhamento.  Abstract   This  research has  the purpose of analyzing  the  connection between  the OSB and  the  frame steel  studs  of  the  light  steel  framing  (LSF)  construction  system  with  self‐drilling  and  self‐tapping  screws.  Through  the  strength‐slip  tests,  the  results  obtained  will  allow  the performance of parametric analyzes focusing at the proposition of analytical solutions for the quantification of the contribution of the OSB  in the stabilization of the LSF structural system, with or without  the use of steel bracing. For  this,  in addition  to  the 12 specimens produced and tested by Possas (2015), more complementary experiments were done with 9 specimens. With the analysis of the results of the 21 test specimens,  it was observed that the values, by connection, of the maximum  load, the stiffness, the dissipated energy and the ductility were influenced by the OSB thickness, the number of screws and the axial spacing between them.  Keywords: Oriented Strand Board (OSB), Bracing, Self‐drilling and self‐tapping screws, Shear.  * autor correspondente 

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1 Introdução 

O sistema LSF se resume a uma composição de painéis reticulados de aço galvanizado 

de  perfis  formados  a  frio  (PFF)  trabalhando  em  conjunto  com  placas  de  diferentes 

materiais, tais como as placas cimentícias e os painéis de lascas orientadas de madeira, 

internacionalmente denominadas de Oriented Strand Board (OSB), constituindo assim 

a estrutura de uma construção à seco. Segundo Rodrigues (2016), o sistema estrutural 

total de uma edificação em LSF pode ser dividido em dois grupos de subsistemas, os 

verticais e os horizontais, sendo que a sua estabilidade global é garantida pelo sistema 

de contraventamento. 

Okasha (2004), Fiorino et al. (2007), Vieira et al. (2009), Peterman et al. (2014), Iuorio 

et al. (2014) e Jihong et al. (2016) realizaram ensaios de cisalhamento com painéis de 

OSB,  parafusos  e  perfis  de  aço  e  observaram que  os  valores  da  força  resistente  ao 

cisalhamento, da rigidez elástica, da energia dissipada e da ductilidade da  ligação são 

influenciados pela espessura dos painéis, pela distância de borda do painel até o eixo 

dos parafusos, pela distância axial entre os parafusos, pela quantidade de parafusos e 

pela espessura dos perfis de aço. 

Possas (2015) realizou análises experimentais adaptados aos ensaios do tipo Push‐Test, 

conforme a norma EN 1994‐1‐1:2004, para verificar o comportamento da  ligação do 

subsistema de parede constituído por painéis de OSB, parafusos e montantes de borda 

(Figura  1).  12  CP’s  foram  fabricados  variando  a  espessura  dos  painéis  de  OSB,  a 

dimensão da alma do montante de aço, o espaçamento axial entre os montantes e o 

espaçamento  axial  entre  os  parafusos  (Tabela  1).  Os  dados  de  ensaio  obtidos  por 

Possas (2015) foram usados e processados para determinar os valores da força máxima 

(Pmáx), da rigidez elástica (ke), da energia dissipada (A) e da ductilidade (μ) da ligação do 

modelo 1 apresentado na presente pesquisa. 

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Figura 1 – Modelo 1‐S1 CP1 antes e depois do ensaio (Possas, 2015). 

Como nomenclatura desse modelo, tem‐se: a série com o seu número (Sx), o montante 

com a sua quantidade (Mx), a espessura nominal do painel de OSB (tOSB como A e B), a 

espessura  nominal  do  perfil  de  aço  (tn),  a  dimensão  da  alma  do  perfil  (bw),  o 

espaçamento axial entre os montantes  (em), o espaçamento axial entre os parafusos 

(ep), a quantidade de parafusos (Qp) e a quantidade dos corpos de prova (Qcp). 

Tabela 1 – Parâmetros relativos aos corpos de prova do modelo 1 ensaiado (montantes de borda). 

Nomenclatura tOSB (mm) 

tn (mm) 

bw ; em (mm) 

ep (mm) 

Qp  Qcp 

S1 M2‐A‐200‐600‐150  Modelo 1‐S19,5 

0,95 

200 ; 600 150 8 

S2 M2‐A‐090‐400‐300  Modelo 1‐S2 90 ; 400 300  3 

S3 M2‐B‐090‐600‐150  Modelo 1‐S311,1 

90 ; 600150  12 

S4 M2‐B‐200‐600‐150  Modelo 1‐S4 200 ; 600 3 

Além do processamento dos dados de ensaio obtidos por Possas, foram realizadas um 

estudo experimental complementar com o modelo 2 que era constituído de 9 CP’s. A 

principal diferença entre os modelos 1 e 2 está vinculada ao número de montante nos 

corpos  de  prova. Os  CP’s  do modelo  1  foram  fabricados  com  dois montantes  para 

representar os montantes de bordas do painel de parede no sistema construtivo light 

steel  framing.  Os  CP’s  do  modelo  2  foram  fabricados  com  um  montante  para 

representar o montante intermediário do painel de parede no mesmo sistema. 

Os  resultados obtidos nesta pesquisa  servirão de base para  a  realização de  análises 

paramétricas  visando  à  proposição  de  soluções  analíticas  para  a  quantificação  da 

contribuição dos painéis de OSB na estabilização do sistema estrutural do LSF, com ou 

sem o uso do  contraventamento de aço. Com o desenvolvimento do  subsistema de 

contraventamento  com  o  emprego  dos  painéis  de OSB  para  o  sistema  LSF,  painéis 

essas já presentes no sistema como elementos de revestimento do reticulado metálico 

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para  a  formação  das  paredes,  além  de  significar  uma  inovação  tecnológica  para  a 

construção  civil,  torna  possível  obter  edificações  com  custo  reduzido, mantendo  a 

qualidade, a durabilidade e a estabilidade exigidas pelas normas brasileiras aplicáveis. 

E também atendendo aos critérios da sustentabilidade da construção metálica. 

2 Estudo experimental complementar 

Neste  item  serão  apresentados  detalhamentos  sobre  o  estudo  experimental 

complementar realizado com os corpos de prova do modelo 2. 

2.1 Materiais 

Para a análise do  sistema LSF, considerando a placa de  revestimento como parte da 

estrutura, é importante considerar a ação conjunta do reticulado metálico, da placa de 

revestimento e dos parafusos de  fixação. O estudo da  interface perfil de aço e placa 

tem  importância  fundamental,  pois  é  nesta  região  que  atuam  as  forças  de 

cisalhamento,  as  quais  são  transmitidas,  pelos  parafusos  de  fixação,  do  reticulado 

metálico  para  as  placas  de  vedação.  Os  parafusos  de  fixação  são  responsáveis  por 

garantir a ação conjunta entre esses dois elementos do subsistema de parede. 

Para a fabricação dos corpos de prova deste modelo 2, foi necessário o uso de painéis 

de  OSB,  de  perfis  formados  a  frio  (PFF)  e  de  parafusos  autobrocantes  e  auto‐

atarraxantes. 

Os painéis de OSB  foram  fabricadas pela empresa LP com as dimensões nominais de 

9,5 e 11,1 mm  (espessuras); 1.200 mm  (largura) e 2.400 mm  (altura). Os montantes 

foram  feitos de perfis  formados  a  frio  com  seção   U  enrijecida  (Ue) nas dimensões 

nominais  bw  referente  à  alma  (90  e  200 mm),  bf  referente  às mesas  (40 mm)  e D 

referente aos enrijecedores (10 mm). As guias foram executadas com perfis de seção U 

simples  (U)    nas  dimensões  nominais  bw  iguais  a  92  e  202 mm  e  bf  igual  a  38 mm 

(mesas). A bobina foi produzida pela Usiminas com espessura nominal (tn) igual a 0,95 

mm. As  ligações  entre os perfis  formados  a  frio  foram  feitas  com parafusos  cabeça 

lentilha  e  ponta  broca  da marca  Ancora  com  4,2 mm  de  diâmetro  e  12,7 mm  de 

comprimento. As ligações entre os painéis de OSB e o reticulado metálico foram feitas 

com  parafusos  cabeça  trombeta  e  ponta  broca  da  marca  Ciser  com  4,2  mm  de 

diâmetro e 32 mm de comprimento. 

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345 

Foram estabelecidos 3 CP’s para compor cada série e a posição do montante para a 

definição dos dois tipos de modelos (1 e 2). As séries dependiam da espessura nominal 

do painel de OSB, da dimensão nominal da alma do montante, do espaçamento axial 

entre os montantes e do espaçamento axial entre os parafusos. 

2.2 Características dos corpos de prova do modelo 2 

O modelo 2 era composto por 9 CP’s, e cada um era constituído de um montante, de 

dois painéis e de parafusos de fixação (Tabela 2).  

Tabela 2 – Parâmetros relativos aos corpos de prova do modelo 2 ensaiado (montante intermediário). 

Nomenclatura tOSB (mm) 

tn (mm)bw 

(mm) ep 

(mm) Qp  Qcp 

S1  Modelo 2‐S111,1 

0,95 

200

150  10 

S2  Modelo 2‐S290 

S3  Modelo 2‐S3 9,5 3 

2.3 Procedimento de ensaio dos corpos de prova 

Para  realizar  esses  ensaios  de  cisalhamento,  usou‐se  um  quadro  de  força  que  era 

composto de um cilindro hidráulico de dupla ação com capacidade de 50  toneladas; 

dois DT’s com capacidade de medição de 100 mm; um aquisitor de dados Lynx AC 2122 

com o software AqDados 7.02; um anel dinamométrico com capacidade de 50.000 kgf; 

uma bomba hidráulica manual com 700 bar como máxima pressão de trabalho. 

Com adaptações a partir das prescrições da norma européia BS EN 1994‐1‐1:2004, o 

procedimento de ensaio dos 9 CP’s foi realizado em duas principais etapas. Sendo na 

primeira  etapa,  carregando  continuamente  o  primeiro  CP  de  cada  série  até  a  sua 

ruptura. E, a segunda etapa, aplicada aos demais corpos de prova da mesma série, foi 

composta por três fases de carregamento:  inicialmente, foram aplicados  incrementos 

de  força  até  atingir  5% da  força máxima obtida no primeiro CP  e  esperou‐se por  3 

minutos  para  que  o  subsistema  se  estabilizasse;  carregou‐se  novamente  o  CP  até 

alcançar  40%  da  mesma  força  máxima  e  esperou‐se  por  3  minutos;  voltou‐se  ao 

carregamento progressivo até a  força máxima e esperou‐se mais uma vez durante 3 

minutos. 

 

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346 

3 Resultados obtidos na experimentação complementar 

Neste  item apresenta‐se os resultados obtidos sem análise estatística (Tabela 3). Pt é 

igual à  força  total alcançada pelo  corpo de prova durante o ensaio enquanto Pmáx é 

igual a força máxima alcançada por cada ligação que compõe o corpo de prova. 

Tabela 3 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova do modelo 2. 

Nomenclatura  Pt (N)  Pmáx (N)  Pe (N) δe 

(mm) ke (N/mm)  A (N.mm)  μ 

S1 CP1  23.012  2.301  920  0,05  17.960  5.120  29 

S1 CP1a  28.238  2.824  1.129 0,69 1.632 12.697  4

S1 CP2  19.085  1.908  763 0,04 17.191 3.549  29

S1 CP3  27.682  2.768  1.107 0,09 12.269 20.423  51

S2 CP1  25.269  2.527  1.011 0,41 2.487 19.360  12

S2 CP2  21.342  2.134  854 0,65 1.312 13.638  6

S3 CP1  26.012  2.601  1.040 0,19 5.381 18.250  20

S3 CP2  26.599  2.660  1.064 0,52 2.027 15.189  6

S3 CP3  19.488  1.949  779 ‐ ‐ 5.604  ‐

No ensaio do CP3 da  série 2, o  software de aquisição de dados não  foi  iniciado por 

engano provocando a não obtenção dos seus dados.  

No ensaio do CP3 da série 3, o carregamento muito  rápido provocou um erro  inicial 

nos  DT’s  impossibilitando  a  determinação  positiva  dos  valores  da  rigidez  e  da 

ductilidade. 

4 Análise dos resultados 

Neste  item apresenta‐se o modo de análise dos dados, as discussões dos  resultados 

obtidos com os modelos 1 e 2, a  influência dos parâmetros de fabricação dos corpos 

de prova desses modelos sobre esses resultados e a comparação entre esses mesmos 

com os resultados das bibliografias citadas. 

4.1 Modo de análise dos dados obtidos a partir dos corpos de prova do modelo 2 

Seguindo  as  prescrições  das  normas  ECCS‐1985, AISI  Research  Report  RP00‐6  e AISI 

S917‐17,  foram determinados o valor, por  ligação, da rigidez  inicial  (ke) pela Equação 

(1), da energia dissipada (A) e da ductilidade (μ) pela Equação (2), de cada CP. 

Além da curva de força versus deslocamento entre o painel de OSB e o perfil de aço, 

foi também elaborada a curva de EEEP (Equivalent Energy Elastic‐Plastic: curva elasto‐

plástica  da  energia  equivalente).  Essa  curva  mostra  como  uma  ligação  ideal  e 

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347 

perfeitamente elasto‐plástica desenvolveria e dissiparia uma quantidade equivalente 

de energia conforme o modelo realmente testado. 

 ke = Pe/ δe     (1)

μ = (δu/ δy) > 1      (2)

Py = (‐δu ± (δu² ‐ (2A/ke)) 0,5 ) / (1/ke)      (3)

Onde Pmáx  (N) é a  força máxima alcançada pela  ligação e δe  (mm) é o deslocamento 

correspondente ao valor de Pe = 0,4 Pmáx; força de ruptura (Pu = 0,8 Pmáx); Py é o início 

de escoamento que é determinado pela Equação  (3). Para a  interpretação dos dados 

experimentais  obtidos,  foi  determinado  o  coeficiente  de  variação  (CV)  pela  Equação 

(4). 

Cv = (DP/ xm)*100    (4)

De um modo geral, tem‐se: 15% ≥ Cv: baixa dispersão (resultados homogêneos); 15% < 

Cv < 30%: média dispersão; Cv ≥ 30 %: alta dispersão (resultados heterogêneos). DP é o 

desvio padrão e Xm a média dos valores. Essa forma de análise também foi aplicada aos 

corpos de prova do modelo 1. 

O CP1 da série 1 (Figura 2) alcançou um Pmáx igual a 2.301,20 N com um deslocamento 

de 2,73 mm, um Py igual a 1.787,99 N com um deslocamento de 0,10 mm e um Pu igual 

1.840,96 N com um deslocamento correspondente de 2,91 mm. Durante os ensaios, o 

início dos estalos foi com aproximadamente 14.837,46 N com a rotação dos parafusos 

e o ensaio foi interrompido por causa da flambagem na base dos painéis de OSB com 

os parafusos  inferiores caminhando para o Pull‐over. Por causa dessa  flambagem, as 

bases dos painéis dos demais CP’s foram cortadas mantendo a sua altura com 50 mm 

(distância entre a guia inferior e a base dos painéis). 

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348 

Figura 2 – Modelo 2‐S1 CP1 antes e depois do ensaio. 

O CP1 da série 2 alcançou um Pmáx  igual a 2.526,95 N com um deslocamento de 7,94 

mm,  um  Py  igual  a  2.052,91  N  com  um  deslocamento  de  0,83 mm  e  um  Pu  igual 

2.021,56 N com um deslocamento correspondente de 9,84 mm. Durante os ensaios, o 

início dos estalos  foi com aproximadamente 18.328,63 N com a  rotação de  todos os 

parafusos e a ruptura do CP ocorreu por Pull‐over e por plastificação no topo do perfil 

de aço (Figura 3). 

Figura 3 – Modelo 2‐S2 CP1 antes e depois do ensaio. 

O CP1 da série 3 alcançou um Pmáx  igual a 2.601,17 N com um deslocamento de 6,43 

mm,  um  Py  igual  a  2.260,23  N  com  um  deslocamento  de  0,42 mm  e  um  Pu  igual 

2.080,94  N  com  um  deslocamento  correspondente  de  8,28  mm.  Esse  CP  tinha  o 

penúltimo parafuso do painel P2 de OSB rotacionado levemente. Durante os ensaios, o 

início dos estalos  foi com aproximadamente 21.819,80 N com a  rotação de  todos os 

parafusos e a  ruptura do CP ocorreu com o encaminhamento da  ligação para o Pull‐

over (Figura 4). 

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349 

Figura 4 – Modelo 2‐S3 CP1 antes e depois do ensaio. 

4.2 Discussões dos resultados obtidos a partir do processamento dos dados de 

ensaio dos corpos de prova do modelo 1 

Por  causa do  erro de  fabricação dos CP’s  2  e  3 da  série  1 do modelo  1  (Tabela  4), 

considerou‐se,  para  a  análise  posterior  da  influência  dos  parâmetros,  somente  os 

valores por  ligação, da força máxima (Pmáx), da rigidez (ke), da energia dissipada (A) e 

da ductilidade (μ) do CP1. 

Tabela 4 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova do modelo 1 (S1). 

Nomenclatura  Pt (N)  Pmáx (N)  Pe (N) δe 

(mm) ke (N/mm)  A (N.mm)  μ 

S1 CP1  12.620  1.577  631  0,20  3.133  8.444  16 

S1 CP2  6.540  817 327 0,09 3.732 1.300  10

S1 CP3  13.876  1.734 694 0,24 2.946 6.430  9

xm  ‐ ‐ 

‐  ‐  ‐ 

Cv (%)  ‐  ‐  ‐  ‐ 

O maior valor de Pmáx foi obtido pelo CP3, o de ke pelo CP2 e os maiores valores de A e 

de μ foram obtidos pelo CP1. O maior valor de ke foi obtido pelo CP2 por causa do seu 

baixo  valor  de  deslocamento  (δe)  apesar  de  ter  registrado  o menor  valor  de  Pmáx 

(Figura 5). 

Com a série 2 do modelo 1 ( 

Tabela  5),  Pmáx  teve  seu  valor  de  Cv  inferior  a  15%,  o  que  demonstra  a  maior 

confiabilidade  e  homogeneidade  dos  resultados. O  Cv  a  partir  dos  valores  de  ke  foi 

registrado entre 15 e 30 %, o que caracteriza a média dispersão dos resultados. Com os 

valores de A e de μ, tem‐se um Cv acima de 30% demonstrando a alta dispersão e a 

heterogeneidade  dos  resultados.  Essa  alta  dispersão  se  deve  aos maiores  e  baixos 

valores de A e de μ alcançados pelos CP’s 2 e 3. 

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350 

Figura 5 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 1 (S1). 

 

Tabela 5 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova do modelo 1 (S2). 

Nomenclatura  Pt (N)  Pmáx (N)  Pe (N) δe 

(mm) ke (N/mm)  A (N.mm)  μ 

S2 CP1  12.694  1.587  635  0,04  15.210  9.424  76 

S2 CP2  11.709  1.464  585 0,04 15.495 14.210  127

S2 CP3  11.734  1.467  587 0,06 9.205 4.950  30

xm  1.506 ‐ 

13.303  9.528  78 

Cv (%)  7  27  49  62 

O maior valor de Pmáx foi obtido pelo CP1 e os maiores valores de ke, de A e de μ foram 

obtidos pelo CP2. O maior valor de ke se deve aos baixos valores de Pe e de δe (Figura 

6). 

Excluindo o valor de ke do CP3 e os valores de A e de  μ dos CP’s 2 e 3, obtém‐se o 

valore médio de ke igual a 15.352,64 N/mm com o seu valor de Cv inferior a 15%, o que 

demonstra a maior confiabilidade e homogeneidade dos resultados. 

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351 

Figura 6 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 1 (S2). 

Na série 3 do modelo 1  (Tabela 6), Pmáx  teve o seu valor de Cv  inferior a 15%, o que 

demonstra a maior confiabilidade e homogeneidade dos resultados. Com os valores de 

ke,  de  A  e  de  μ,  tem‐se  um  Cv  acima  de  30%  demonstrando  a  alta  dispersão  e  a 

heterogeneidade dos resultados. Essa alta dispersão se deve aos altos valores de ke, de 

A e de μ alcançados pelo CP3. 

Tabela 6 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova do modelo 1 (S3). 

Nomenclatura  Pt (N)  Pmáx (N)  Pe (N) δe 

(mm) ke (N/mm)  A (N.mm)  μ 

S3 CP1  19.365  1.614  645  0,47  1.365  14.747  10 

S3 CP2  21.039  1.753  701 0,40 1.743 14.362  11

S3 CP3  17.913  1.493  597 0,02 26,703 6.419  104

xm  1.620 ‐ 

9.937  11.843  42 

Cv (%)  8  146  39  129 

O maior valor de Pmáx foi obtido pelo CP2, o de A pelo CP1 e os maiores valores de ke e 

de μ foram obtidos pelo CP3. O maior valor de ke se deve aos baixos valores de Pe e de 

δe (Figura 7). 

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352 

Figura 7 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 1 (S3). 

Excluindo os valores de ke, de A e de μ do CP3, obtém‐se os seus novos valores médios, 

respectivamente  iguais  a  1.554,06  N/mm,  14.554,76  N.mm  e  10,93  com  os  seus 

valores  de  Cv  inferiores  a  15%,  o  que  demonstra  a  maior  confiabilidade  e 

homogeneidade dos resultados. O Cv a partir dos valores de ke ficou entre 15 e 30 % 

caracterizando a média dispersão dos resultados. 

Na série 4 do modelo 1  (Tabela 7), Pmáx  teve o seu valor de Cv  inferior a 15%, o que 

demonstra a maior confiabilidade e homogeneidade dos resultados. O Cv a partir dos 

valores  de  A  foi  obtido  entre  15  e  30  %  caracterizando  a  média  dispersão  dos 

resultados. Com os valores de ke e μ, tem‐se um Cv acima de 30% demonstrando a alta 

dispersão e a heterogeneidade dos  resultados. Essa alta dispersão  se deve aos altos 

valores de ke e de μ alcançados pelo CP2. 

Tabela 7 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova do modelo 1 (S4). 

Nomenclatura  Pt (N)  Pmáx (N)  Pe (N) δe 

(mm) ke (N/mm)  A (N.mm)  μ 

S4 CP1  22.491  1.874  750  0,38  1.991  14.304  13 

S4 CP2  21.605  1.800 720 0,08 8.563 10,848  40

S4 CP3  22.712  1.893 757 0,41 1.830 15.409  11

xm  1.856 ‐ 

4.128  13.520  21 

Cv (%)  3  93  18  75 

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353 

Os maiores valores de Pmáx e de A foram obtidos pelo CP3 e os de ke e de μ pelo CP2. O 

maior valor de ke se deve aos baixos valores de Pe e de δe (Figura 8). 

 

Figura 8 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 1 (S4). 

Excluindo os valores de ke, de A e de μ do CP2, obtém‐se os seus novos valores médios 

respectivamente  iguais  a  1.910,58  N/mm,  14.856,59  N.mm  e  12,06  com  os  seus 

valores  de  Cv  inferiores  a  15%,  o  que  demonstra  a  maior  confiabilidade  e 

homogeneidade dos resultados. 

4.3 Discussões dos resultados obtidos com o ensaio dos corpos de prova do 

modelo 2 

Na série 1 do modelo 2 (Tabela 3), Pmáx teve seu valor de Cv registrado entre 15 e 30 %, 

o que caracteriza a média dispersão dos resultados. Com os valores de ke, de A e de μ, 

tem‐se um Cv acima de 30% demonstrando a alta dispersão e a heterogeneidade dos 

resultados. Essa alta dispersão se deve aos valores de ke, de A e de μ alcançados pelos 

CP’s 1, 2 e 3. 

O maior valor de Pmáx foi obtido pelo CP1a, o de ke pelo CP1 e os maiores valores de A 

e de μ foram obtidos pelo CP3 (Figura 9). 

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Figura 9 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 2 (S1). 

Na série 2 do modelo 2  (Tabela 3), Pmáx  teve o seu valor de Cv  inferior a 15%, o que 

demonstra a maior confiabilidade e homogeneidade dos  resultados. O Cv a partir do 

valor de A  foi  registrado entre 15 e 30 %, o que  caracteriza  a média dispersão dos 

resultados. Com os valores de ke e de μ, tem‐se um Cv acima de 30% demonstrando a 

alta  dispersão  e  a  heterogeneidade  dos  resultados.  Essa  alta  dispersão  se  deve  aos 

altos valores de ke e de μ alcançados pelo CP1. 

Os maiores valores de Pmáx, de ke, de A e de μ foram obtidos pelo CP1. Esse maior valor 

de ke se deve ao alto valor de Pe e baixo valor de δe (Figura 10). 

Na série 3 do modelo 2, o Cv a partir dos valores de Pmáx foi registrado entre 15 e 30 %, 

o que caracteriza a média dispersão dos resultados. Com os valores de ke, de A e de μ, 

tem‐se um Cv acima de 30% demonstrando a alta dispersão e a heterogeneidade dos 

resultados. Essa alta dispersão se deve aos baixos valores de ke e de μ obtidos no CP2 e 

ao baixo valor de A alcançado pelo CP3 (Tabela 3). 

O maior valor de Pmáx foi obtido no CP2 e os maiores valores de ke, de A e de μ foram 

obtidos pelo CP1. Esse maior valor de ke se deve ao baixo valor de δe (Figura 11). 

 

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355 

 

Figura 10 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 2 (S2). 

 

Figura 11 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 2 (S3). 

Desconsiderando os  valores de  ke e de  μ do CP2  junto  com de Pmáx e de A do CP3, 

obtém‐se os novos valores médios de Pmáx e de ke respectivamente iguais a 2.630,55 N 

e  16.719,83 N.mm  com  os  seus  valores  de Cv  inferiores  a  15%,  o  que  demonstra  a 

maior confiabilidade e homogeneidade dos resultados. 

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356 

4.4 Influência dos parâmetros de fabricação dos corpos de prova dos modelos 1 e 2 sobre os seus resultados obtidos depois do processamento dos seus dados de ensaio 

Tabela 8 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova dos Modelos 1 e 2. 

Nomenclatura  Pmáx (N)  Cv (%)ke 

(N/mm) Cv (%) A (N.mm) Cv (%)  μ 

Cv (%) 

M1 S1  1.577  ‐ 3.133 ‐ 8.444 ‐  16  ‐

M1 S2  1.506  5 15.353 1 9.424 ‐  76  ‐

M1 S3  1.620  8 1.554 17 14.555 2  11  5

M1 S4  1.856  3 1.910 6 14.856 5  12  7

M2 S1  2.450  17 1.632 ‐ 12.697 ‐  4  ‐

M2 S2  2.330  12 1.312 ‐ 16.499 24  6  ‐

M2 S3  2.630  1 5.381 ‐ 16.720 13  20  ‐

4.4.1 Influência da espessura nominal dos painéis de OSB no Modelo 1 

Com a série 1 (Tabela 8), feita com 9,5 mm de espessura nominal dos painéis de OSB 

(tOSB), e a série 4,  feita com 11,1 mm de  tOSB, observou‐se que os valores médios de 

Pmáx e de A da série 4 foram respectivamente 17,64 % e 75,95 % superiores aos valores 

da série 1. Porém, os valores de ke e de μ da série 1 foram respectivamente 63,97 % e 

30,35 % superiores aos valores da série 4. Observou‐se que a variação de tOSB teve uma 

grande  influência nos valores de Pmáx, de ke, de A e de μ da  ligação do subsistema de 

parede.  Assim,  quanto maior  for  tOSB, maiores  serão  os  valores  de  Pmáx  e  de  A  e 

menores serão os valores de ke e de μ. 

4.4.2 Influência da dimensão nominal da alma do montante no Modelo 1 

Considerando a série 3 (Tabela 8), feita de montantes com dimensão nominal da alma 

(bw) igual a 90 mm, e a série 4, com bw igual a 200 mm, observou‐se que os valores de 

Pmáx, de ke, de A e de μ da série 4 foram respectivamente 14,56 %, 22,94 %, 2,07 % e 

10,34 % superiores aos valores da série 3. Observou‐se que a variação de bw não teve 

uma grande influência nos valores de Pmáx, de ke, de A e de μ da ligação do subsistema 

de parede. Porém, quanto maior for bw,  levemente maiores serão os valores de Pmáx, 

de ke, de A e de μ. 

4.4.3 Influência da espessura nominal dos painéis de OSB no Modelo 2 

Considerando a série 2 (Tabela 8), feita com 11,1 mm de tOSB, e a série 3, feita com 9,5 

mm de tOSB, observou‐se que os valores de Pmáx, de ke, de A e de μ da série 3  foram 

respectivamente 12,87 %, 310,11 %, 1,34 % e 216,53 % superiores aos valores da série 

2. Observou‐se que a variação de tOSB teve uma pequena influência nos valores de Pmáx 

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e  de  A  e  uma  influência muito  relevante  nos  valores  de  ke  e  de  μ  da  ligação  do 

subsistema de parede. Assim, quanto maior for tOSB, menores serão os valores de Pmáx, 

de ke, de A e de μ.  

4.4.4 Influência da dimensão nominal da alma do montante no Modelo 2 

Considerando a série 1 (Tabela 8), feita de montantes com bw  igual a 200 mm, com a 

série 2, com bw  igual a 90 mm, observou‐se que os valores de Pmáx e de ke da série 1 

foram respectivamente 5,14 % e 24,42 % superiores aos valores da série 2. Porém, os 

valores de A e de μ da série 2 foram respectivamente 29,94 % e 56,93 % superiores aos 

valores da série 1. Observou‐se que a variação de bw teve uma pequena influência no 

valore de Pmáx e uma influência relevante nos valores de ke, de A e de μ da ligação do 

subsistema de parede. Assim, quanto maior for bw, maiores serão os valores de Pmáx e 

de ke e menores serão os valores de A e de μ.  

4.4.5 Influência dos parâmetros sobre os modelos 1 e 2 

Na Tabela 8, com a série 1 do modelo 1 e a série 1 do modelo 2, observou‐se que os 

valores de Pmáx e de A da série 1 do modelo 2 foram respectivamente 55,33 % e 50,37 

% superiores aos valores da série 1 do modelo 1. Porém, os valores de ke e de μ da 

série 1 do modelo 1 foram respectivamente 91,89 % e 295,97 % superiores aos valores 

da série 1 do modelo 2. Observou‐se que quanto menores forem tOSB e a quantidade 

de  parafusos  (QP)  e maior  for  a  quantidade  de montantes  (Qm), menores  serão  os 

valores de Pmáx e de A e maiores serão os valores de ke e de μ. 

Com a  série 3 do modelo 1 e a  série 3 do modelo 2, observou‐se que os valores de 

Pmáx, de ke, de A e de μ da série 3 do modelo 2 foram respectivamente 62,39 %, 246,26 

%, 14,87 % e 80,42 % superiores aos valores da série 3 do modelo 1. Observou‐se que 

quanto maiores forem tOSB, Qp e Qm, menores serão os valores de Pmáx, de ke, de A e de 

μ. 

Considerando a  série 2 do modelo 2, observou‐se que os  valores de Pmáx e de A da 

série 2 do modelo 2 foram respectivamente 43,87 % e 13,36 % superiores aos valores 

da série 3 do modelo 1. Porém, os valores de ke e de μ da série 3 do modelo 1 foram 

respectivamente 18,44 % e 75,44 %  superiores aos  valores da  série 2 do modelo 2. 

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Observou‐se que quanto maiores  forem  tOSB, QP e Qm, menores  serão os  valores de 

Pmáx e de A e maiores serão os valores de ke e de μ. 

Considerando a série 4 do modelo 1 e a série 1 do modelo 2, observou‐se que o valor 

de Pmáx da série 1 do modelo 2 foi 32,04 % superior ao valor da série 4 do modelo 1. 

Porém, os valores de ke, de A e de μ da série 4 do modelo 1  foram respectivamente 

17,03 %, 17,00 % e 203,78 % superiores aos valores da série 1 do modelo 2. Observou‐

se que quanto maiores forem QP e Qm, menor será o valor de Pmáx e maiores serão os 

valores de ke, de A e de μ. 

4.5 Comparação  entre  os  resultados  da  presente  pesquisa  e  os  resultados  das bibliografias citadas 

O menor valor médio de Pmáx e os maiores valores médios de ke e de μ foram obtidos 

com a série 2 do modelo 1. O Cv de Pmáx e de ke foi respectivamente  igual a 4,66 % e 

1,32 %  (Tabela  8). O menor  valor médio de  ke  foi obtido  a  série  2 do modelo  2. O 

menor  valor médio de  μ  foi obtido  com  a  série 1 do modelo 2. Os maiores  valores 

médios de Pmáx e de A foram obtidos com a série 3 do modelo 2. O Cv de Pmáx e de A foi 

respectivamente  igual a 1,58 % e 12,95 %  (Tabela 8). O menor valor médio de A  foi 

obtido com a série 1 do modelo 1. 

Na  Erro!  Fonte  de  referência  não  encontrada.,  pode‐se  observar  que  os  maiores 

valores  de  P  e  de  A  foram  obtidos  por  Okasha  (2004).  Esses  valores  foram 

respectivamente superiores de 33,84 % e de 90,79 % aos valores obtidos na presente 

pesquisa. Os maiores valores de ke e de μ foram obtidos pela presente pesquisa. Esses 

valores foram respectivamente superiores de 207,00 % e 230,83 % aos valores obtidos 

por Okasha (2004). 

 

 

 

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Tabela 9 – Comparação entre os resultados (valores máximos ou valores médios*). 

Autores  tOSB (mm)  P (kN) ke 

(kN/mm) A (kN.mm)  μ 

Okasha* (2004) 

11 3,52 5 ‐  ‐ 

12,5 ‐ ‐ ‐  23

15,5 ‐ ‐ 31,9  ‐ 

Fiorino et al. (2007)  9,5 ‐ 2,05 14  22,2

Vieira et al*. (2009)  11,1 2,98 1,45 ‐  ‐ 

Peterman et al.(2014)  11,1 ‐ 2,09 ‐  ‐ 

Iuorio et al*. (2014)   18 3,17 ‐ 21,72  17,5

‐ 2,03 ‐  ‐ 

Jihong et al. (2016)  18 2,14 ‐ ‐  4,11

Datchoua* (2016) 

M1 S1  9,5 

1,58 3,13 8,44  15,72

M1 S2   1,51 15,35 9,42  76,09

M1 S3  

11,1 

1,62 1,55 14,55  10,93

M1 S4   1,86 1,91 14,86  12,06

M2 S1   2,45 1,63 12,70  3,97

M2 S2   2,33 1,31 16,50  6,23

M2 S3   9,5 2,63 5,38 16,72  19,72

 

5 Conclusões 

Como considerações finais, observou‐se que:  

‐ Quanto  à  força máxima  obtida  na  ligação,  o  valor médio  dos  CP’s  feitos  com  um 

montante e 10 parafusos (modelo 2‐S3) foi quase igual a 2 vezes o valor dos CP’s feitos 

com 2 montantes e 8 parafusos (modelo 1‐S2);  

‐  Quanto  à  rigidez,  o  valor  médio  dos  CP’s  feitos  com  2  montantes,  9,5  mm  de 

espessura nominal dos painéis de OSB e 8 parafusos (modelo 1‐S2) foi quase igual a 12 

vezes o  valor dos CP’s  feitos  com um montante, 9,5 mm de espessura nominal dos 

painéis de OSB e 10 parafusos (modelo 2‐S2);  

‐ Quanto à energia dissipada, o valor médio dos CP’s feitos com um montante, 90 mm 

de dimensão nominal da alma de perfil e 10 parafusos (modelo 2‐S3) foi quase igual a 

2 vezes o valor dos CP’s  feitos  com 2 montantes, 200 mm de dimensão nominal da 

alma de perfil e 8 parafusos (modelo 1‐S1);  

‐ E quanto à ductilidade, o valor médio dos CP’s feitos com dois montantes, 9,5 mm de 

espessura nominal dos painéis de OSB, 90 mm de dimensão nominal da alma de perfil 

e  8  parafusos  (modelo  1‐S2)  foi  quase  igual  a  19  vezes  o  valor  dos  CP’s  feitos  um 

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360 

montante, 11,1 mm de espessura nominal dos painéis de OSB, 200 mm de dimensão 

nominal da alma de perfil e 10 parafusos (modelo 2‐S1). 

Para  pesquisas  futuras  na mesma  área  de  atuação,  sugere‐se  executar  ensaios  de 

força‐deslizamento variando a espessura nominal dos perfis de aço e fabricar a parte 

do montante desprovida de painéis em perfil tipo caixa para que a ruptura dos corpos 

de prova ocorra nas  ligações, por Pull‐over ou por Pull‐out, ao  invés da  ruptura por 

plastificação do topo dos montantes. 

6 Agradecimentos 

À CAPES, à FAPEMIG e à CNPq pelo apoio financeiro em forma de fomento à pesquisa; 

à Flasan pelo fornecimento do material e pela fabricação dos modelos; à Construseco 

pela  assistência  técnica  e  a  todos  os  outros  colaboradores  pelo  auxílio  durante  os 

ensaios e o tratamento de dados.

7 Referências bibliográficas 

DATCHOUA, Joseph Stéphane. Estudo Teórico‐Experimental do Comportamento da Ligação de Painels de OSB com Perfis do Reticulado Metálico do Sistema Construtivo Light Steel Framing sob  Força  Monotônica  de  Cisalhamento.  Disponível  em:  <http://stephane‐jay‐z.blogspot.com.br/2018/03/estudo‐teorico‐experimental‐do.html>. Acesso em: 02 abr. 2018. 

FIORINO, L.; DELLA CORTE, G.; LANDOLFO, R., Experimental tests on typical screw connections for cold‐formed steel housing. Engineering Structures, v. 29, n. 8, p. 1761‐1773, 2007. 

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POSSAS, Laís de Castro. Análise Experimental sobre a Força Resistente e o Comportamento da Ligação entre o Perfil de Aço e as Painels de OSB com Parafuso Auto‐Atarraxante no Sistema Light  Steel  Framing.  Escola  de  Engenharia,  Universidade  Federal  de  Minas  Gerais,  Belo Horizonte, p. 73, 2015.  

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SANTIAGO, Alexandre Kokke;  FREITAS, Arlene Maria  Sarmanho; DE CRASTO, Renata Cristina Moraes.  Steel  Framing:  Arquitetura.  Instituto  Brasileiro  de  Siderurgia,  Rio  de  Janeiro,  2ª edição, p 151, 2012. 

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