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Órgão Oficiai de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte Volume 365 BrasOia, de 16 a 22 de novembro de 1987 - 25 I'W que nao tem volta Plenário, um voto Regimento da Constituinte será alterado A Mesa da Assembléia Nacional Constituinte apre- sentou, na última sexta-fei- ra, um substitutivo ao pro- jeto que altera o Regimento da Constituinte, oferecido na semana passada por um grupo de 319 parlamenta- res. Este grupo propôs mu- danças regimentais a fim de garantir aos constituintes a possibilidade de oferecer emendas a todos os dispo- sitivos do projeto de Consti- tuição, votado pela Comis- são de Sistematização. O plenário da ANC vai exami- nar se acolhe o projeto do Grupo de 319 constituintes ou o substitutivo. (Página 3) A preocupação é com os direitos sociais Encerrados os trabalhos na Comissão de Sistematização, as idéias ganham um formato mais claro e vão diretamente ao plenário, onde todos os constituintes poderão opinar sobre como será o novo mo- delo político, social, econômi- co e cultural do país. O método indutivo adotado para a elaboração desta Cons- tituição - com a formação de subcomissões e comissões, e com o acolhimento de emen- das populares - permitiu uma participação a mais ampla pos- sível de toda a sociedade e de todos os constituintes na elabo- ração do arcabouço da futura Carta. As contradições ou os desacordos existentes, não so- mente entre direita, esquerda e centro - conceitos bastante discutíveis na era da cibernética - mas, também, entre idéias pessoais, foram sendo drena- dos ao longo de meses, e temas tidos como irremediavelmente controversos estão logrando alcançar entendimento. A ten- dência percebida é a de que não se pode conseguir tudo, mas pode se obter muito. Cada segmento vai ficando mais consciente disso e, por esse motivo, a grande polêmica não se espalha, hoje, por mais que dez por cento da Carta. Os assuntos controversos mais óbvios estão localizados em torno do sistema de gover- no, da ordem social (direitos trabalhistas) e da privatização ou estatização da economia. Todavia, mesmo esses assun- tos já contam com uma conver- gência muito grande de opi- niões, convergência, aliás, que permitiu a aprovação de um texto sobre reforma agrária na Sistematização, impensável nos primeiros dias da Consti- tuinte. No plenário, o voto é definitivo. Não será permitida segunda época. Cada opção deve ser cuidadosamente for- mulada. Não se trata de um jogo, mas do destino de um po- vo e de um país. Ambos ainda tristemente pobres.

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Órgão Oficiai de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte

Volume365

UIIIL~BrasOia, de 16 a 22 de novembro de 1987 - N~ 25

I'W

que naotem volta

Plenário,um voto

Regimento daConstituinteserá alteradoA Mesa da Assembléia

Nacional Constituinte apre­sentou, na última sexta-fei­ra, um substitutivo ao pro­jeto que altera o Regimentoda Constituinte, oferecidona semana passada por umgrupo de 319 parlamenta­res. Este grupo propôs mu­danças regimentais a fim degarantir aos constituintes apossibilidade de ofereceremendas a todos os dispo­sitivos do projeto de Consti­tuição, votado pela Comis­são de Sistematização. Oplenário da ANC vai exami­nar se acolhe o projeto doGrupo de 319 constituintesou o substitutivo. (Página 3) A preocupação é com os direitos sociais

Encerrados os trabalhos naComissão de Sistematização,as idéias ganham um formatomais claro e vão diretamenteao plenário, onde todos osconstituintes poderão opinarsobre como será o novo mo­delo político, social, econômi­co e cultural do país.

O método indutivo adotadopara a elaboração desta Cons­tituição - com a formação desubcomissões e comissões, ecom o acolhimento de emen­das populares - permitiu umaparticipação a mais ampla pos­sível de toda a sociedade e detodos os constituintes na elabo­ração do arcabouço da futuraCarta. As contradições ou osdesacordos existentes, não so­mente entre direita, esquerdae centro - conceitos bastantediscutíveis na era da cibernética- mas, também, entre idéiaspessoais, foram sendo drena­dos ao longo de meses, e temastidos como irremediavelmentecontroversos estão lograndoalcançar entendimento. A ten-

dência percebida é a de quenão se pode conseguir tudo,mas pode se obter muito. Cadasegmento vai ficando maisconsciente disso e, por essemotivo, a grande polêmica nãose espalha, hoje, por mais quedez por cento da Carta.

Os assuntos controversosmais óbvios estão localizadosem torno do sistema de gover­no, da ordem social (direitostrabalhistas) e da privatizaçãoou estatização da economia.Todavia, mesmo esses assun­tos já contam com uma conver­gência muito grande de opi­niões, convergência, aliás, quepermitiu a aprovação de umtexto sobre reforma agrária naSistematização, impensávelnos primeiros dias da Consti­tuinte. No plenário, o voto édefinitivo. Não será permitidasegunda época. Cada opçãodeve ser cuidadosamente for­mulada. Não se trata de umjogo, mas do destino de um po­vo e de um país. Ambos aindatristemente pobres.

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A tarefa maior

Constituinte Jutahy MagalhãesPrimeiro-Secretário do Senado

o cercoA grande pergunta é: A soma dos erros

realmente cometidos pela ConstitumteJustifica a intensa e orquestrada campa­nha de descrédito que ela vem sofrendo?

Comecemos pelos erros reais. O pro­cesso de elaboração da Carta, na corretamtenção de ser o mais democrático detodos (e foi), acabou tornando-se lento,diante de um país que, pela conjuntura,tem pressa. Ao longo das discussões e vo­tações, equívocos foram cometidos e, emconsequência, alguns dispositivos torna­ram-se facilmente criticáveis. Mais outroserros essenciais? Por mais numerosos quepossam ter sido, foram poucos diante dadescabida reação planejada e executada,especialmente a parur das últimas três se­manas.

- A reação presidentista - O grupodos que reagem contra acertos da Consti­tuinte - a redução de poderes do Execu­trvo , a descentrahzação das atividades daUnião, a fiscahzação dos atos tributánosetc. Burocratas que assistem, Irritados,chegar o momento em que padrões fecha­dos, autoritários e pouco éticos passarão,ao menos, a ser inconstitucionais.

- A reação presidencialista - O grupodos 9ue, por convicção, costume ou con­veruencia, não admitem um sistema emque o Poder se compartilha entre Execu­tivo e Legislativo E definem Constituiçâoboa como aquela que dá mandato de cmcoanos e sistema presidencialista.

- A reação corporativista - Centenasde profissões e grupos que definem Cons­tituição como o "instrumento onde a gen­te resolve os problemas da gente". Cente­nas de reivindicações imorais, Ilógicas,impatrióticas, que foram derrotadas su­cessivamente, a ponto de hoje, as poucasque constam do texto em votação, nãoserem pálida sombra do que foi proposto.

- A reação conservadora - A uruãode todos os setores que sonhavam comuma Constituinte que diante do prédioem ruínas trocasse a fachada. Apenas. Eque agora, diante de uns poucos erros,mas, acima de tudo, diante de avançossensatos, reahstas e bem postos, sentemque haverá mudanças

- A reação autoritária - Os saudo­sistas de anos recentes, escandahzadoscom um país que erige em princípios fun­damentais a liberdade, a drgnidade dapessoa humana, o plurahsmo e a demo­cracia

Sejamos, nesta hora, que é grave, cla­ros. a Constituinte está sendo cercada,literalmente, pela soma dos interesses quecontrana, porque, apesar de tudo, conse­gue avançar em muitos pontos. Os erroscometidos não determinam os ataques so­fridos Qualquer pessoa sensata ou bemmtencionada lembrará que o método ado­tado pela Constituinte leva a aproxima­ções sucessivas e a cada etapa de trabalhoo texto é VISivelmente melhorado. O queainda falta corrigir - e, ironia, o que estáerrado deu-se mais pelo voto dos conser­vadores do que dos progressistas - temtempo e tem o Plenário para corrigir.

Como também é tempo de o país acor­dar para a realidade de que seu principalinstrumento de mudanças - está sendotorpedeado.Nas páginas do substitutivo encontrare­mos as razões e os personagens que levama esta crise arnfrcialrzada pelo PIC - oPartido dos Interesses Contrariados.

Antônio BrittoPMDB - RS - Vice-Líder

Sistematizaçãoconclui votaçãoNo fmal desta semana o substi­

tutivo da Cormssão de Sistemati­zação estará pronto. É o produtofmal de um longo trabalho que,se não estabeleceu todos os con­sensos necessãnos, estabeleceupelo menos os caminhos da mo­dermdade, das mudanças sociaise a prevaléncia da soberama na­cional em confronto com velhase arcaicas previsões, abnndo as­sim os cammhos para a formaçãode uma sociedade moderna semos problemas seculares que sem­pre afhgiram a nação brasileira,tais como a falta de liberdade ea fome.

O processo constitumte é umaexpressão da crise brasileira, masacima de tudo uma tentativa desuperação da cnse. Este processoacontece num clima de muitascontradições, mas é a alma de to­das as esperanças contra as agres­sões infundadas A Constituintenão se defende, defendendo ape­nas. Ela realiza com legitnnidadee :az~o histónca ~ seu de~tI~o,quenao e outro senao o propno des­tmo da nação brasileira.

Amigo leitor, ainda é cedo parafalar de sua feição definitiva, por­que o grande plenário ainda sereunirá a partir do final deste mêspara ehrmnar os confrontos esté­reis e organizar a defirnnva vonta­de nacional, mostrando que o Bra­sil e a SOCIedade brasileira estãoprontos para ingressar definitiva­mente, e de forma madura, na ple­rutude de um regime democráticoestável e enfrentar os desafios gi­gantescos do século tecnológicoque se aproxima, fazendo com for­ça e fé o Brasil do século XXI.

O Jornal da Constituinte, acom­panhando dia-a-dia a ação da As­sembléia Nacional, registra nesta25' edição tudo que a Comissãode Sistematização Já aprovou e pu­blica, nas páginas centrais, amplareportagem sobre as conquistasdos trabalhadores na nova Consti­tuição, preocupação maior dosconstituintes.

Constituinte Marcelo CordeiroPnmetro-Secretâno da ANC

A função maior do PoderLegislativo é a de legislar.

A tarefa política funda­mentaI do parlamentar é,pois, fazer e refazer as leisque fundamentam a perma­nente ordenação do país. Efazê-lo em nome do povo doqual ele é intérprete e rnan­datáno. Fiscalizar os atosdo Executivo no cumpri­mento da ler ou denunciaro seu descumprimento nadamais é do que uma funçãocorolária da primeira, por­quanto, em qualquer cir­cunstância, o parâmetroque orienta o parlamentare o objetivo por ele perse­guido há de ser sempre a lei.

Nisso residem a razão deser e a alta dignidade do Po­der Legislativo que, entre­tanto, desde que entrou emvigor a Constituição de1967, foi emasculado no de­sempenho de sua missão ereduzido à expressão de umpoder menor.

Paralela a essa capitis di­minutio do Le gislativo ,ocorreu a hipertrofia doExecutivo, revelada, sobre­tudo na hegenomia da fun­ção de legislar que foi am­plamente outorgada ao Pre­sidente da República.

Na prática, ·0 decreto-lei,a reserva da imciatrva sobrematéria financeira, além da­quilo que posso chamar de"ditadura do veto", consti­tuem os mecanismos quefortalecem a função legife­rante do Executivo, em de­trimento do único Poderque, verdadeiramente, adetém por mandato popu­lar, que é o Legislativo.

Este "minuto extrema­mente fecundo" da vida na­cional, que se desenrola naAssembléia Constituinte,deve ser saudado, também,como o momento da restau­ração das prerrogativas doCongresso, dentre as quaisa do monopólio da funçãolegislativa.

Com efeito, tanto quantonos é possível antever noatual projeto o desenho re­tocável da futura-Constitui­ção, pode-se inferir que ne­le vai-se restabelecendo a

prerrogativa primordial doPoder Legislativo. Se consi­derarmos o desaparecimen­to do decreto-lei, embora li­geiramente contrabalança­do pela adoção das medidasprovisórias e a ponderávelredução qualitativa das ma­térias postas sob a reservada iniciativa exclusiva, oCongresso Nacional ressur­ge bastante prestigiado parao exercício de sua missãofundamental.

Essa perspectiva favorá­vel evidencia-se, amda, emoutros pontes do projeto re­ferentes ao processo legisla­tivo, tais como: a elimina­ção do instrumento espúnodo "decurso de prazo"; asrestrições ao poder imperialdo veto; o reconhecimento,em nível constitucional, dascomissões permanentes, co­mo órgãos verdadeiramentedeliberativo etc.

Esse elenco de medidasrestauradoras da dignidadedo Poder Legislativo devesofrer alguns aperfeiçoa­mentos, dentre os quaisenumero cinco:Primeiro, inserir, no art. 2°do substitutrvo , o princípioda indelegabilidade de atn­buições, com a ressalva dasexceções já previstas no tex­to do projeto.Segundo, fixar, taxativa­mente, o âmbito das maté­rias que podem ser discipli­nadas pelas medidas provi­sónas com força de lei.Terceiro, substituir a deno­mmação "medidas provisó­rias com força de lei" sim­plesmente por "decretosprovisórios"Quarto, que o primeiro-mi­nistro tenha competênciapara propor emendas àConstituição.

Qumto, que se estabeleça oprazo de 48 horas para oPresidente da República en­caminhar ao Congresso Na­cional mensagem contendoveto a projeto de lei.

Revestem-se, também,de igual intuito - o do for-

talecimento do Poder Legis­lativo - as emendas pormim oferecidas à Comissãode Sistematização, entre asquais destaco:- a que viabiliza a coope­

ração do TCU com asComissões Parlamenta­res de Inquérito;

- a que acrescenta compe­tência ao Congresso Na­cional de tornar sem efei­to contratos ou atos ile­gais da administração di­reta e indireta;

- a que permite às Comis­sões Permanentes sustarprojetos contrários ao in­teresse público;

- a que assegura amplospoderes às Comissões deInquérito;

- as que reforçam a funçãofiscalizadora do Con­gresso, criando, inclusi­ve, uma auditoria geralda República, no Con­gresso Nacional;

- a que busca assegurar oequilíbrio político dasbancadas estaduais;

- a que procura garantir oregular suprimento derecursos financeiros aoPoder Legislativo, peloExecutivo;

- as que ampliam as com­petências exclusivas doCongresso Nacional;

- as que ampliam as com­petências privativas daCâmara Federal e do Se­nado da República;

- a que reduz as restriçõesà possibilidade de proporemenda à Constituição;

- as que restringem a ini­ciativa legiferante do pri­meiro-ministro ;

- as que aperfeiçoam e agi­hzarn o processo legisla­tivo;

- as que revêem as atribui­ções do presidente daRepública;

- as que disciplinam o votode confiança e a moçãode censura;

- as que visam a reforçaras determinações ou con­clusões das Comissões deInquérito.

Jornal da Constituinte - Veículo semanal editado sob aresponsabilidade da Mesa Diretora da Assembléia NacionalConstituinte.MESA DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE·

Presidente - Ulysses Guimarães; Primeiro-Vice-Presidente- Mauro Benevides; Segundo-Vice-Presidente- Jorge Arbagé;Prímefro-Secretãrlo - Marcelo Cordeiro; Segundo-Secretário- Mário Mala; Terceiro-Secretário - Arnaldo Faria de Sá.Suplentes: Benedita da Silva, Luiz Soyer e Sotero Cunha.APOIO ADMINISTRATIVO

Secretário-Geral da Mesa -- Paulo Affonso M. de OliveiraSubsecretário-Geral da Mes'l - Nerione Nunes CardosoDiretor-Geral da Câmara - Adelmar Silveira SabinoDiretor-Geral do Senado - José Passos PôrtoProduzido pelo Serviço de Divulgação da Assembléia Na­

cional Constituinte.

Jornal da Constituinte

Diretor Responsável - Constituinte Marcelo CordeiroEditores - Alfredo Obliziner e Manoel V. de MagalhãesCoordenador - Daniel Machado da Costa e SilvaSecretário de Redação - Ronaldo Paixão RibeiroSecretário de Redação Adjunto - Paulo Domingos R. NevesChefe de Redação - Osvaldo Vaz MorgadoChefe de Reportagem - Victor Eduardo Barrie KnappChefe de Fotografia - Dalton Eduardo DalIa CostaDiagramação - Leônidas GonçalvesIlustração - Gaetano RéSecretário Gráfico - Eduardo Augusto Lopes

EQUIPE DE REDAÇAOMaria Valdira Bezerra, Henry Bmder, Carmem Vergara,

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meída, Maria Aparecida C. Versiani, Marco Antônio Caetano,Maria Romilda Vieira Bornfim, Eurico Schwínden, Itelvina Al­ves da Costa, Luiz Carlos R. Linhares, Humberto Moreira daS. M. Pereira, Miguel Caldas Ferreira, Clovis Senna e PauloRoberto Cardoso Miranda.

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Rodrigues dos Passos, Guilherme Rangel de Jesus Barros, Ro­berto Stuckert e William Prescott.

Composto e impresso pelo Centro Gráfico do Senado Federal- CEGRAFRedação: CÂMARA DOS DEPUTADOS -ADIRP

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Mesa da ANC temsubstitutivo paraalterar regimento

ADIRPlRoberto Stuckert

dades, como fundamento de uma vidadigna e pacífica para todos.

A persistir a atual sistemática de tra­balho, subordinada a fatores casuís­ticos e transitórios, a Nação corre sérionsco de continuar paralizada, à esperade definições institucionais que lhe im­primam confiança, segurança, eficiên­cia e tranqüilidade.

O tempo é de ação da maioria daAssembléia Nacional Constituinte,maioria que representa, efetivamente,o espírito e o retrato da sociedade mo­derada que a elegeu.

Precisamos resgatar os coml?romis­sos de bom senso e de coerência assu­midos com a sociedade, durante acampanha eleitoral, despreocupadoscom rótulos. E necessário prover oPaís de um texto constitucional claroe flexível que reduza os tentáculos doEstado, cne abertura para maior parti­cipação de todos na gerência dos negó­cios públicos, enseje meios de amplia­ção das oportunidades de bem-estarsocial, através da liberdade de em­preender pessoalmente e de investirempresarialmente, gerando frutos pa­ra os trabalhadores brasileiros, bemcomo para toda a nossa populaçâo.

ASSim, visando tranqüilizar a Na­ção, a maioria absoluta dos consti­tuintes (palmas), independentementede siglas partidárias, de afirmaçõesideológicas, regionais ou pessoais,sem compromisso coletivo com siste­ma de governo ou vinculação comqualquer grupo ou instituição externaao plenáno da Assembléia NacionalConstituinte, e sem pretender a substi­tuição global do projeto, ora em vota­ção na Comissão de Sistematização,propõe, como meio de realizar seuspropósitos, a reforma do RegimentoInterno, única maneira de fazer res­peitar e cumprir o mandado que o po­vo lhe confiou. Compromete-se, por­tanto, a maioria, entre si e peranteeste povo, a envidar seus esforços comdiligencia incansável, para dotar o Paísde uma Constituição digna da suagrandeza histórica."

conclusivamente, em Plenário, peloRelator da Comissão de Sistematiza­ção ou por outro parlamentar desig­nado pela Presidência, vedada a apre­sentação de novas emendas ou desta­ques.

Parágrafo único. As emendasapresentadas com base neste artigo,até o início da tomada de votos darespectiva matéria, terão preferência,independentemente de votação, sobretodas as demais, que ficarão prejudi­cadas com sua aprovação, aplicando­se-lhes o rito previsto no § 4° do art.64, excluído do requerimento ali exigi­do, bem como quaisquer outras exi­gências regimentais."

Art. 2° O § 2° do art. 63 doRIANC passa a vigorar com a seguin­te redação:

"§ 2' A matéria destacada paravotação em separado será submetidaà deliberação após a votação do todoque compunha e somente será incluídano texto constitucional se aprovadapelo voto da maioria absoluta nos ter­mos do art. 33. Caso não atinja estequorum, será tida como rejeitada, semprejuízo das emendas que tenham sidodestacadas para o mesmo texto."

Art. 3° Este projeto de resoluçãoentra em vigor na data de sua apro­vação.

Art. 4° Revogam-se as disposi­ções em contrário.

"A situação do País é motivo depreocupação de todos que se sentemresponsáveis pelo destino da Naçãobrasileira, principalmente os detento­res de mandato popular.

O País espera uma Constituição mo­derna e duradoura que lhe assegureuma política de desenvolvimento comliberdade, cuja meta seja o homem,baseada na livre iniciativa da pessoahumana, como força propulsora doprogresso, e na igualdade de oportuni-

MANIFESTO À NAÇÃO

A Assembléia Nacional Constituin­te realizou, na última terça-feira, umasessão destinada ao recebimento, pelaMesa, de uma proposta de alteraçãodo Regimento Interno, contando com319 assinaturas de constituintes de vá­rios partidos. A proposta e o "Mani­festo à Nação", que a acompanhava,foram lidos, da tribuna, pelo consti­tuinte Daso Coimbra (PMDB-RJ).

O objetivo do grupo signatário doprojeto que altera o regimento daANC é o de fazer com que seja permi­tida a apresentação de emendas desubstitutivos e emendas substitutivasao projeto de Constituição que for re­metido ao plenário pela Comissão deSistematização. Mas essas novasemendas só poderão tramitar se foremapres~nt~das pela maioria absoluta daConstituinte.

No manifesto, o grupo supraparti­dário de constituintes explica não serseu 'propósito a substituição global doprojeto da Comissão de Sistematiza­ção, mas apenas uma reforma regi­mental que assegure à maioria abso­luta de constituintes os meios de "fa­zer respeitar e cumprir o mandato queo povo lhe confiou".

Constituinte vairever regimento

O REGIMENTO

O projeto de resolução que alterao Regimento Interno da ANC contém4 artigos e é o seguinte:

A Assembléia Nacional Constituin­te decreta:

Art. 1° Acrescente-se ao Regi­mento Interno da Assembléia NaCIO­nal Constituinte o seguinte art. 27, re­numerando-se os demais:

"Art. 27. Incluído o projeto naOrdem do Dia, para votação, com ousem substitutivo, tanto em primeirocomo em segundo turno é facultadaà maioria absoluta da Assembléia aapresentação de substitutivos e emen­das substitutivas, aditivas e supressi­vas a títulos, capítulos, secções, arti­gos, parágrafos, incisos e demais dis­positivos, que serão relatadas oral e

A sessão teve a presença do presidente Ulysses GUimarãese de todos os demais membros da Mesa Diretora,e significativonúmero de constituintes.

Sala das Sessões, 12 de novem­bro de 1987. - Mauro Benevi­des, Relator.

§ 69 No encaminhamento dematéria destacada, poderão usarda palavra, por 5 (cinco) minu­tos, 3 (três) constituintes: um afavor, tendo preferência o autordo destaque, um contra e o rela­tor.

§ 79 A votação será realizadana ordem crescente dos títulos ede seus respectivos artigos, nãose admitindo requerimentos depreferência de um título, capítu­lo, seção ou subseção sobre ou­tro.

§ 8° No início da votação decada título poderão falar os líde­res ou os constituintes por elesindicados, sendo facultado:

a) ao partido com mais de 200membros 10

b) ao partido com mais de 100e menos de 200membros 5

c) ao partido com até 100membros 3

Art. 4° Concluída a votaçãodo projeto, das emendas e dosdestaques, a matéria voltará àComissão de Sistematização, afim de ser elaborada a redaçãodo vencido para o segundo turno,no prazo de até 10 (dez) dias.

Art. 5' Recebido o parecerda Comissão, este será publicadono Diário da Assembléia NacionalConstituinte e em avulsos, sendoa matéria incluída em Ordem doDia, até 5 (cinco) dias, para dis­cussão em segundo turno, veda­da a apresentação de novasemendas, salvo as supressivas eas destinadas a sanar omissões,erros ou contradições, ou de re­dação para correção de lingua­gem.

§ 1° Cada orador poderá fa­lar por 10 (dez) minutos, umaúnica vez, e os líderes, por 20(vinte) minutos.

§ 2° Encerrada a discussão,com emendas, a matéria voltaráà Comissão de Sistematizaçãoque sobre ela emitirá parecer noprazo de até 5 (cinco) dias.

§ 3° Recebido o parecer dacomissão, publicado no Diário daAssembléia Nacional Constituintee em avulsos, será o projeto in­cluído em Ordem do Dia paravotação em segundo turno.

§ 4° Concluída a votaçãocom emendas, retornará a maté­ria à Comissão de Sistematizaçãoque, no prazo de 3 (três) dias,oferecerá a redação final.

§ 5° Apresentada à Mesa aredação final, far-se-á sua publi­cação no Diário da AssembléiaNacional Constituinte e em avul­sos, sendo incluída em Ordem doDia para votação em turno únicono prazo de 24 (vinte e quatro)horas. No encaminhamento davotação, poderá usar da palavrauma única vez, por 5 (cinco) mi­nutos, um representante de cadapartido.

§ 6° Será dispensada a reda­ção final se o texto do projetofor aprovado, em segundo turno,sem destaques ou emendas.

Art. 6° Esta Resolução en­tra em vigor na data de sua publi­cação, revogadas as disposiçõesem contrário.

Após examinar a propostade alteração do Regimentoda Assembléia NacionalConstituinte, oferecida porum grupo de 319 constituin­tes, a Mesa da ANC apresen­tou, na última sexta-feira, umsubstitutivo que deverá serdiscutido e votado a partirdesta segunda-feira (19).

É o seguinte o substitutivoda Mesa:

Art. 1° É facultado a cadaconstituinte, após I?ublicado osubstitutivo da Comissão de Sis­tematização, que prejudicará to­das as proposições oferecidas emfases anteriores, apresentar 3(três) emendas e 6 (seis) desta­ques.

§ 1° O destaque deve incidirsobre cada emenda de substitu­tivo, total ou parcialmente.

§ 2° A emenda que substituaintegralmente qualquer capítulo,seção ou subseção do substitutivosomente será aceita se subscritapor 187 (cento e oitenta e sete)constituintes.

§ 3° Às Disposições Transi­tórias poderá ser oferecida emen­da substitutiva.

Art. 2° Publicado no Diárioda Assembléia Nacional Constí­tuinte e distribuído em avulsos osubstitutivo da Comissão de Sis­tematização, abrir-se-á prazo de72 (setenta e duas) horas para re­cebimento de emendas ou substi­tutivo na forma do artigo ante­rior.

§ 19 O relator da Comissãode Sistematização terá o prazomáximo de 5 (cinco) dias paraemitir parecer conclusivo pelaaprovação ou rejeição da maté­na.

§ 2° Nas 72 (setenta e duas)horas que se seguirem à publi­cação do parecer, poderão serapresentados requerimentos dedestaque, desde que subscritospor 6 (seis) constituintes.

Art. 3° Votar-se-á em pri­meiro lugar o título seguido dogrupo de emendas, conforme te­nham parecer favorável ou con­trário, ressalvados os destaques.

§ 1° Aprovado o título, nostermos do caput do art. 27 doRegimento Interno da Assem­bléia Nacional Constituinte, serásubmetido à votação do plenáriorequerimento de destaque sobrematéria constante do mesmo títu­lo.

§ 2° O requerimento de pre­ferência deverá ser subscrito por56 (cmquenta e seis) constituin­tes e apresentado até às 18 (de­zoito) horas do dia que antecederà votação do respectivo título.

§ 3° Terá prioridade para vo­tação o requerimento de prefe­rência que contiver maior núme­ro de subscritores.

§ 4° As emendas, os desta­ques e os substitutivos aprovadosou rejeitados prejudicarão asproposições conexas.

§ 5° Ausente o autor do re­querimento, o destaque não serásubmetido à deliberação do ple­nário.

Jornal da Constituinte 3

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FORTUNAS

A criação de Imposto sobre asgrandes fortunas foi aprovada, eo autor da emenda, constituinteAntonio Mariz (PMDB - PB)considerou que a decisão do Ple­nário da Comissão (47 a 37 votos)vem ao encontro de todos aquelesque se preocupam em construiruma democracia estável, cujaigualdade é a base social, sem con­trastes e disparidades econômicas.

O paraense João Menezes, doPFL, posicionou-se contrário àemenda.

- Essa emenda - diz Menezes- contraria os interesses do país,que precisa urgentemente de for­tunas capazes de gerar mais e maisempregos e tirar o Brasil da misé­ria em que se encontra.

O paraibano João Agripino(PMDB) declarou-se a favor, ediz:

- Esse imposto obrigará o ricoa pagar o devido realmente e nãocontinuar apresentando apenas dí­vidas ao Imposto de Renda.

FUGA TRIBUTÁRIAPor 77 votos contra 10, a Comis­

são aprovou emenda do consti­tuinte Simão Sessim (PFL - RI)que inclui o ICM nas tributaçõesdos grandes conglomerados co­merciais. O objetivo da emendaé o de incluir, na base do cálculodo ICM, as operações de fmaneia­mento ao consumo, desviadasatravés de artifícios financeiros co­bertos pelo IOF.

- A expressão "/?or tempo de­terminado" - explica Luiz Salo­mão -, visa a que os contratosde concessão tenham um horizon­te de tempo definido. A outra par­te, "no interesse nacional", con­templa a guestão estratégica, poisum minéno que é estratégico hojepode não o ser amanhã. Minériosabundantes como o manganês ecomo o ferro, por exemplo, embo­ra existindo em quantidade, têmpeso enorme nas exportações bra­sileiras, o que significa que devemser explorados conforme o inte­resse nacional.

Contranamente falou o consti­tuinte Ricardo Fiuza, do PFL dePernambuco.

- Colocar um prazo determi­nado pode vir a inibir os investi­mentos no setor mineral, por criaruma situação de insegurançaquanto ao prazo de exploração dejazidas.

Já o relator Bernardo Cabral,destacando que a emenda aprimo­ra o texto, foi a ela favorável.

mento de luta, mas em fator dedesenvolvimento do país.

MINERAIS

Emenda do constituinte LuizSalomão (PDT - RJ) foi apro­vada à redação doart. 198 do substitutivo, quandodiz que é privativa das empresasnacionais a atividade mineral nopaís. A emenda acrescenta a ex­pressão "por tempo determinado,no interesse nacional". O termo"brasileiros", admitindo a atua­ção de geólogos, é inserido antesda expressão "empresas nacio­nais" .

ENERGIA

Aprovada emenda do consti­tuinte paraense Ademir Andrade,do PMDB: "Não dependerá deautorização ou concessão o apro­veitamento de potencial de ener­gia renovável de capcidade redu­zida. "

Fernando Santana

Ricardo Fiuza

TERRA

Ao direito de propriedade daterra corresponde uma função so­cial - decidiu a Comissão de Sis­tematização, acolhendo, por 85 a8, emenda do constituinte JorgeHage, do PMDB da Bahia. Dizmais:

A função social é cumpridaquando, simultaneamente, a pro­priedade:

a - é racionalmente aproveita­da'

b- conserva os recursos natu­rais e preserva o meio ambiente;

c - conserva as disposições le­gais que regulem as relações dotrabalho;

d - favorece o bem-estar dosproprietários e dos trabalhadoresque dela dependerem.

Jorge Hage fez ver que suaemenda é resultado de um longoprocesso de entendimentos entreconstituintes de todos os partidose de todos os matizes políticos evisa a que não haja vencidos e ven­cedores e que com isso se resolvama reforma agrária e a questão fun­diária do país.

Também a favor manifestou-seo relator-adjunto Virgílio Távora,do PDS do Ceará.

- Esta proposição é fruto deum esforço de mais de três mesesde negociação para que a reformaagrária não se transforme em ele-

José Costa

de embarcações estrangeiras, sobo controle do governo, garante oabastecimento interno e incre­menta as exportações brasileiras,pois a Convenção do Direito doMar, já aprovada na Câmara,atualmente. em tramitação no Se­nado, estabelece que, se um paísnão nver recursos para explorara plataforma submarina, qualquernação poderá fazê-lo.

- Contrariamente falou o cons­tituinte José Genoino, do PT de"'_"_"""Wi_"'W.__W. São Paulo, que chamou atençãopara o risco de internacionalizaçãoda atividade pesqueira no Brasil.Por essa razão seu voto era pelamanutenção do texto do substitu­tivo do relator.

João Agripino

Nacionalizaçãoda atividademineral e da

distribuição decombustíveis;taxação defortunas; a

função socialda terra.Temas de

impacto nasemana daComissão.

constituinte Prisco Viana (PMDB- BA) e recusando o texto origi­nai do relator. Foi retirada a ex­pressão "bem como a atividadepesqueira", ficando mais decidi­do: "A navegação de cabotageme a interior são privativas de em­barcações nacionais, salvo o casode necessidade pública, somentepodendo explorá-las as empresasnacionais' para esse fim constituí­das. "

- Colocou-se a favor o consti­tuinte Renato Vianna, do PMDBde Santa Catarina, entendendoque o texto do relator - comoestava - propunha uma reservade mercado que não se justifica- a da atrvidade pesqueira -,principalmente quando se consta­ta que 94% das indústrias do setorsão nacionais.

- Além do maIS - diz ainda- Renato Viana -, o arrendamento

Jorge Hage

te coletivo nos grandes centros,em forma de melhoria no serviço.

MARÍTIMONo caso dos transportes maríti­

mos de granéis são privilegiadosos navios de bandeira brasileira.Diz o texto aprovado:

"A lei disporá sobre a ordena­ção dos transportes aéreo, terres­tre e marítimo, observadas, noque se refere ao marítimo interna­cional, as disposições de acordosbilaterais firmados pela União, oequilíbrio entre armadores nacio­nais e navios de bandeira e regis­tros brasileiros e do país expor­tador ou importador, e atendidoo princípio de reciprocidade."

"As disposições desse artigo (n°203) não se aplicam aos transpor­tes de granéis. A lei estabelecerácondições para conceder direitode bandeira brasileira a naviosafretados, em caráter complemen­tar ou temporário, por empresasnacionais de navegação" - esteúltimo pedido eelo senador Nel­son Carneiro lPMDB - RJ) eapoiado pelo senador Virgílio Tá­vora (PDS - CE).

O privilegiamento para a em­barcação brasileira fOI defendidopelo seu autor, constituinte Gas­tone Righi, líder do PTB, sob oargumento de que o Brasil precisater de enfrentar o mercado exter­no.

Gastone Righi negou que, comsua iniciativa, estivesse querendoproibir o afretamento de naviosestrangeiros.

- E uma falácia esta alegação- diz Gastone. - Nossa propostavisa proteger os interesses dos ma­rítimos brasileiros, estimulando,também, a indústria naval do país.Se fosse concedida reserva de mer­cado às embarcações estrangeiras,ninguém mais no Brasil iria adqui­rir barcos e os marinheiros fica­riam sem emprego.

PESCA"A lei regulará a armação, pro­

priedade e tripulação das embar­cações de pesca, de esportes, tuns­mo, recreio e apoio marítimo",decidiu a Comissão de Sistemati­zação, acolhendo emenda do

Por 50 votos contra 41, a Comis­são de Sistematização aprovouemenda do constituinte FernandoSantana (PCB - BA) dispondoque constitui monopólio da Uniãoa distribuição dos derivados do pe­tróleo e dos gases de qualquer ori­gem, facultada a delegação do de­sempenho a empresas privadasconstituídas com sede no país emaioria de capital nacional, porprazo determinado, no interessenacional e só transferível median­te prévia anuência do poder con­cedente.

Conforme o autor da emendaacolhida, as muItinacionais SheIl,Texaco, AtIantic, Ipiranga e Essoapenas usam os seus nomes nostanques e carros, porque o meiode transporte pertence a empresasnacionais, e a Petrobrás já conse­guiu uma grande fatia desse mer­cado.

- O que pretende a emenda- diz ainda - é nacionalizar essadistribuição sem prejuízo de quemquer que seja. O comércio da dis­tribuição é feito através de telefo­nemas, e o povo brasileiro jáaprendeu a telefonar.

O relator-adjunto da Comissãode Sistematização constituinteVirgílio Távora lPDS - CE) ma­nifestou-se contrário à emenda,afirmando que o que pretenderao autor foi estatizar a distribuiçãodo petróleo e seus derivados e ga­ses de qualquer origem.

Já o constituinte Mário Lima(PMDB - BA), presidente doSindicato dos Petroleiros da Ba­hia, declarou que a Comissão deSistematização acabara de dar ànação uma demonstração de pa­triotismo e coragem cívica.

Combustíveis:monopólio da

distribuição

TRANSPORTEOutra emenda aprovada, esta

do constituinte Euclides Scalco,do PMDB do Paraná, estabeleceo transporte coletivo urbano comosendo um serviço público essen­cial, de responsabilidade do esta­do, podendo ser operado subsidia­riamente através de concessão oupermissão.

A emenda continha ainda dis­positivo - retirado pelo autor emvista das argumentações contrá­rias feitas pelos constituintes JoséLins (PFL - CE), Francisco Dor­nelles (PFL - RJ), e pela própriarelatoria, através do senador Vir­gílio Távora (PDS - CE) - quedeterminava a criação de um fun­do de transportes urbanos, admi­nistrado pela União e municípiospara subsidiar a diferença entre O'custo do transporte e o valor datarifa.

A favor manifestaram-se osconstituintes Antônio Britto(PMDB - RS), em nome do au­tor, e José Costa (PMDB - AL).Sustentaram a necessidade de aConstituinte apresentar soluçõesclaras e objetivas para o transpor-

4 Jornal da Constituinte

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Andrade: o parlamentarismo fortalece os partidos políticos

ção que deveria usar o materialde estudo, pesquisa e sugestão dassubcomissões. Essa expectativanão se concretizou, pois o projetodo relator Bernardo Cabral, refe­rendado pelo plenário daquelaComissão, adotou o parlamenta­rismo. Novamente, argumentou­se que o segundo Substitutivo, jácom base nas mais de 10mil emen­das apresentadas, seria presiden­cialista. A Comissão de Sistema­tização por expressiva votaçãomanteve o texto parlamentarista,aperfeiçoando-o e, em mais deuma oportunidade, aprovou arti­gos que se interligavam com a prá­tica desse.sistema de governo.

Agora, resta o plenário daConstituinte e tudo indica que amaioria da representação popularmanterá essa posição.

JC - Essa decisão parlamen­tarista, quando será implantadanos estados?

Paes de Andrade - Tambémapresentamos uma sugestão a fimde que fosse fixado um prazo paraque as assembléias legislativas es­taduais redigissem e promulgas­sem suas respectivas Constitui­ções.

Acredito que elas o farão numprazo de 6 meses a um ano.

Tenho notícias de alguns esta­dos que já se preparam. São Pau­lo, por exemplo, já tem uma co­missão de 10 deputados, designa­dos pela Mesa Diretora, com re­presentação proporcional dos par­tidos, redigindo um anteprojetode Regimento Interno da Consti­tuinte e, no Rio de Janeiro, sabe­se que os parlamentares preten­dem revigorar a Carta Constitu­cional do Estado que fora feita àbase da Constituição de 1946.

"Em paísesque adotam

o sistemaparlamentar,os partidosafirmam-seno próprioexercício

administrativoe no

movimento dassuas bases"

Paes defendeo sistema

parlam!:ret!:!q;!,ariS.mo, o constituinte Paes de An­drade (PMDB - CE) diz quea essência de emenda de suaautoria sobre o tema foi apro­veitada, na Comissão de Siste­matização, ao aprovar aquelesistema de governo. Ele reba­te, na entrevista, os argumen­tos de que o Brasil não estariapreparado para adotar o siste­ma parlamentar, frisando que"o governo terá um plano geralde trabalho, mas essa progra­mação será obrigatoriamenteexaminada pelo partido em seuconjunto e mensalmente discu­tida no Legislativo com o pri­meiro-ministro". E acentua:"no parlamentarismo resideuma combinação inteligentedo arbítrio do presidente con­trolado pelo gabinete parla­mentarista. "

Paes de Andrade acreditaque, no parlamentarismo, ha­verá uma estrutura partidáriadefinida e crê, ainda, na suaaprovação pela Constituinte.

idéias para combater um sistemade governo que está demonstran­do seus excelentes resultados prá­ticos e reais na Itália, França, Es­panha, Portugual, para falar dospaíses mais próximos de nós pelalíngua latina.

JC - Considera o deputadopossivel que o parlamentarismo ve­nha a ser, afinal, aprovado em ple­nário da Constituinte?

Paes de Andrade - Entendoque essa será a decisão dos consti­tuintes. Isso porque, apesar de to­da a maciça divulgação de críticasao parlamentarismo e de endeusa­mento do regime presidencialista,percebe-se que a realidade é o re­conhecimento que têm os parla­mentares das vantagens daquelesistema de governo para tornar aparticipação popular efetiva.Além disso, os debates que sãorealizados entre a comunidadeuniversitária e as entidades maisrepresentativas da classe média edos trabalhadores demonstramque a sociedade participa dessaconvicção e, quando alguma infor­mação chega deformada e é possí­vel esclarecer a área de opiniãopública desorientada e insegura,a desinformação cede lugar aoconvencimento lógico e histórico.

Aliás, quando os debates se rea­lizavam nas subcomissões daConstituinte, os presidencialistasacreditavam que viessem a ser vi­toriosos e em dois desses órgãosem que o sistema de governo esta­va incluído, a definição foi parla­mentarista. Partiram, então, osque defendem o presidencialismo,para afirmar que o sistema de go­verno seria alterado por ocasiãoda redação do primeiro antepro­jeto da Comissão de Sistematiza-

continuavam submetidos a essa in­segurança de sobrevivência.

JC - Um outro argumento lan­çado pelos presidencialistas é o deque com o parlamentarismo se de­senvolveria uma vergonhosa poli­tica de empreguismo e apadrinha­mento. Como o constituinte Paesde Andrade vê essa alegação?

Paes de Andrade - Quando osgovernos presidencialistas, por se­rem presidencialistas, deixaramde ser o centro do apadrinhamen­to e do empreguismo? Acaso ospresidentes da República, seus mi­nistros e assessores, durante qual­quer período deixaram de distri­buir empregos, funções de.con­fiança e de direção superior ou in­termediária? E para os acertos po­líticos, acaso não era, rateados oscargos, até mesmo, os do quadropermanente? E os famigerados in­ventários políticos, no crepúsculode cada Governo, contemplandoafilhados, cabos eleitorais do dis­trito ao município, do municípioao estado, do estado à presidên­cia? E isso em todos os governosda República, sobretudo, quandoimperava, com furor, um cliente­lismo eleitoral.

Entendo, no entanto, que no re­gime parlamentarista esse abuso,se perdurar, estará muitíssimo re­duzido, pois os integrantes do Ga­binete terão que vir com o respal­do e a vigilância partidária e popu­lar. Além disso, os próprios parla­mentares de oposição terão ele­mentos acessíveis de conhecimen­to e informações para denunciarqualquer abuso ou irregularidade.A fiscalização se faz de forma maisdireta e eficiente, tanto no Con­gresso quanto na sociedade. O ar­gumento é fraco demais e, por issomesmo, demonstra a pobreza de

ADIRP/Jorge Rosa

evidente a estrutura partidária de­finida. Além disso, em países queadotam o sistema parlamentar degoverno, os partidos definem-se eafirmam-se com o próprio exer­cício da administração e da movi­mentação das bases partidárias.Ao contrário do presidencialismo,os mmistros parlamentaristas vêmda vivência política e da atividadenas legendas, enquanto os minis­tros do governo presidencialistaem geral são resultantes de prefe­rêncías pessoais do presidente daRepública. Algumas vezes, atémesmo sem qualquer vinculaçãopopular, saídos de empresas ou deserviços em que o contato é exclu­sivamente com a elite financeiraou social, distanciados, assim, dosproblemas populares.

Mas há ainda outro contra-ar­gumento que precisa ser levanta­do. É com referência à estrutural?arti?ária, artificial: Essa a!!?m~­lia, nmguem nega, e consequenciade uma política de enfraquecimen­to dos partidos promovida pelosvíciosdo presidencialismo para so­breviver e, muito especialmente,pelas ditaduras que não podem so­frer a ação fiscalizadora dos parti­dos organizados e fortes. Assim,o poder, em agonia, dissolvia porato de arbítrio as legendas, deter­minava sua reorganização quandojulgava oportuno ou chegava atéa proibir ou a autorizar o uso dapalavra "partido". É natural quecom essas oscilações internacio­nais na vida partidária, utilizan­do-se, inclusive, da força que exer­cia de forma irrecusável na maio­ria do Congresso, obtinha o res­paldo de um Legislativo mofinoe subserviente. As exceções mar­

.caram a reação de alguns, mas adecisão era inevitável e os partidos

JC - Como autor da emendaparlamentarista, cuja essência foiadotada pela Comissão de Sistema­tização, como se sente o deputado?

Paes de Andrade - Como todossabem, foram numerosas as emen­das apresentadas por constituintesao capítulo e seções relativos aosistema de governo. Realmente,grande parte do conteúdo de nossaemenda foi aprovada pela Comis­são de Sistematização, mas o méri­to tem que ser distribuído entreos autores de várias emendas a es­se texto. Aliás, o grande númerodelas significou, já de início, o pro­fundo interesse dos constituintespelo debate e pela definição dosistema de governo e, em conse­qüência dessa definição, os 5 anosde período de exercício.

Nossa emenda apresentava al­gumas nuanças que não chegarama ser adotadas pelo órgão técnicoe de triagem que é a Comissãode Sistematização, porém, a es­sência do nosso pensamento ficouali muito bem definida, com suapreocupação como instrumentono processo democratizador da so­ciedade.

JC - Deputado, o primeirogrande argumento que se lançacontra a adoção do regime parla­mentarista é o de que o Brasil nãoestápreparado para ele e, especial­mente, porque afirmam que nãotemos partidos poltticbs estáveis eideologtcamente definidos. Qualsua opinião sobre esses argumen­tos?

Paes de Andrade - Esses argu­mentos são profundamente fa­lhos. Em primeiro lugar, porqueos partidos políticos inevitavel­mente se fortalecerão com o parla­mentarismo. Sua presença no go­verno, através de pessoas indica­das pelo partido - sejam parla­mentares ou não - será uma for­ma efetiva de fortalecimento dalegenda e da prática política cujoobjetivo é o bem comum. E, emconseqüência, é impossível queum partido que participe efetiva­mente do governo, não por umato de confiança e um convite deamizade do presidente, mas por­que a base partidária assim o dese­jou, não cuide de solidificar suaestrutura ideológica e preparar umprograma de governo para essaparticipação, não ignorando a mi­lenar disputa de dOIS conceitos quese concentravam nos comporta­mentos éticos e jurídicos de duascidades gregas: Atenas e Esparta.

É certo que o governo terá umplano geral de trabalho, uma pro­gramação de atividades políticas,administrativas, sociais etc., masessa programação será obrigato­riamente examinada pelo partidoem seu conjunto e mensalmentediscutida no Legislativo com o pri­meiro-ministro. Além disso, nãoapenas o povo elegeu o senadorou o deputado terá maior oportu­nidade de cobrar-lhe o cumpri­mento das promessas, como a pró­pria base partidária se movimen­tará para garantir o prestígio elei­toral e popular. No parlamenta­rismo reside uma combinação in­teligente do arbítrio do presidentecontrolado pelo gabinete parla­mentarista.

Tem razão os que afirmam quenão possuímos uma estrutura par­tidária estável e ideologicamentedefinida, ressalvadas as exceçõesque todos conhecem e que ser­vem, apenas, para confirmar a re­gra geral. Mas, de quem é a culpa?Dos partidos? Do povo? Absolu­tamente. Nem os partidos nem oeleitorado podem responder poressa lamentável falha. Em mais demeio século de monarquia, era

Jornal da Constituinte 5

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Misto

Motta pedeDistrital

Além disso, a legislação eleito­ral deverá obviar, vinculados aosistema distrital misto, assuntoscomo a possibilidade de indicaçãodupla de candidaturas, tanto paraa eleição majoritária como paraa da lista estadual, cuja finalidadeé a de assegurar que nomes consi­derados prioritános para os parti­dos tenham possibilidades acres­cidas de chegarem aos parlamen­tos; e, por fim, a atenão do legisla­dor ordinário haverá de se voltartambém para os critérios destina­dos à divisão do território nas cir­cunscrições distritais, matéria queadmite grande número de varia­ções.

JC - Que outras questões vincu­ladas a composição legislativa oudestinadas a estabelecer regras deeleçãopreocupam o senhor?

Adylson Motta - Destacaria oinstituto do recall, utilizado paradestituição dos eleitos após deter­minado período de exercício docargo, eventualmente combinadocom a submissão periódica de pro­jetos de lei polêmicos ao referen­do popular, matéria por certocompatível com a dinâmica do sis­tema distrital.

Com relação às últimas, seriade avaliar as vantagens do insti­tuto da ballotage, já introduzidoem nosso constitucionalismo atra­vés da Emenda n° 25, de 1985, pe­lo sistema dos dois turnos acioná­veis quando os candidatos não ob­tiverem maioria absoluta dos vo­tos, excluídos os em branco e osnulos (CF, art. 75 e § 2°), ora res­trito à eleição do presidente daRepública.

Mesmo entendendo que esta úl­tima questão se vincula em muitoao sistema de governo a ser consa­grado no futuro texto constitucio­nal, considero procedente o ques­tionamento da adoção dos doisturnos em uma realidade partidá­ria ainda muito aquém do ideal,como é, inaludivelmente, a brasi­leira. Temo que a possibilidade deum segundo turno, admitida a co­ligação, poderá determinar uniõesespúrias, formadas ao sabor da li­geireza e da excitação pwpiciadaspor resultados eleitorais Insusce­tíveis de análises mais acuradas,já que o intervalo entre uma e ou­tra votação é necessariamente cur­to. Não seria demasiado lembrarque as dificuldades por que atra­vessa o país nesta quadra de suahistória têm origem em um dessesfenômenos de arregimentaçãoinautência de forças tradicional­mente dissonantes, que não conse­guem conviver harmonicamentee, por isso mesmo, não oferecemsoluções consistentes para os gra­ves problemas nacionais. Temo,volto a repetir, que nossa reali­dade partidária aínda não estejasuficientemente amadurecida pa­ra esse sistema, pelo que conclamoa um aprofundamento desse temanos próximos estágios por que pas­sará o processo de elaboraçãoconstitucional.

Se alguns dos pensamentos aquiemitidos puderem ser considera­dos como sugestões úteis a essatarefa, sentír-me-ei compensado,certo de que os consensos procu­rados deverão estar estribados nãoapenas no sopesamento equilibra­do das impressões que a conjun­tura nos proporciona, mas, acimade tudo, numa visão de futuro enuma razoável certeza de que es­taremos firmando a tessitura deinstituições adequadas ao desen­volvimento de nossa pátria.

JC - o que os constituintes de­vem ainda levar em conta?

Adylson Motta - Ainda a desti­nação do chamado "segundo vo­to", voltado à indicação dos candi­datos proporcionais, a nível dosestados e do Distrito Federal. Nes­se aspecto, há pelo menos três al­ternativas suscetíveis de exame:(a) - o voto dado simplesmenteao partido, como no caso alemão,que beneficiarã, segundo o cocien­te obtido, os candidatos colocadosem lista, pela ordem aprovada emconvenção; (b) - o voto dado acandidatos constantes da lista par­tidária, sendo eleitos os mais vota­dos; ou, ainda, (c) -o voto dadoa candidatos constantes de lista,podendo o eleitor sufragar outrosnomes que dela não constem pre­viamente.

propiciados por um sistema eleito­ral mais aperfeiçoado, quais se­jam: (a) o fortalecimento partidá­rio pelo incentivo à maior partici­pação dos seus filiados nas deci­sões internas, cuja finalidade bus­cará a indicação de candidatos lan­çados a eleições realizadas maisperto das bases eleitorais, e, porISSO mesmo, mais suscetíveis à par­ticipação e ao envolvimento des­sas mesmas bases; (b) o duplo en­foque da representatividade popu­lar, onde estejam presentes tantoos particulares de quem se cobraráatenção aos assuntos locais comoos generalistas dos quais se espe­rará maior proficiência nos temasde largo alcance partidário, evi­tando a pulverização sem coibira representatividade das minorias.

Adirp/Castro Jümor

Motta. o voto é dado a uma pessoa, nunca a idéias ou a programas

"O sistemadistrital

mistopropicia o

fortalecimentopartidário

ao incentivarmaior

participaçãodos filiadosnas decisõesinternas"

sentante, por outro voto, dadoapenas ao partido político. Nestecaso, o segundo voto determinarárepresentação proporcional se­gundo lista previamente indicadapelo partido, conforme decisão deconvenção estadual.

JC - O sistema misto fortalecemais o desempenho político?

Adylson Motta - Com a siste­mática mista, por certo estaremosat-ngindo os diversos benefícios

JC - O senhor tem algum exem­plo?

Adylson Motta - A primeiraidéia a surgir quando se mencionao sistema eleitoral distrital mistoé o utilizado na República Federa­tiva da Alemanha, baseado na di­visão dos estados-membros emcircunscrições distritais onde serealizam eleições majoritárias,através de um primeiro voto, e naindicação de um segundo repre-

lidade forte e distintiva. Tambémaí entendo que a vinculação estrei­ta entre o eleitor e o "seu" repre­sentante, propiciada pelo sistemamajoritário distrital, oferecerá ga­nhos para o desenvolvimento par­tidário, meta que haverá de sercoincidente para todo~ aquelesque concordam em nao existirsubstituto à altura da sempre al­mejada democracia pelos partidoscomo modelo ideal para o desen­volvimento político dos povos.

JC - Diante do exposto o senhorchegou a alguma conclusão?

Adylson Motta - Pela análise,mesmo perfunctória, até aqui fei­ta, cabe uma conclusão parcial:como em tantas outras matériasde cunho institucional, haverásempre aspectos positivos e nega­tivos em qualquer caminho alter­nativo a ser seguido. As vantagense as desvantagens serão apontadaspermanentemente, dependendodo ângulo de visão do observador;a crítica e a defesa até mesmo vio­lenta sempre terão terreno fértil.Talvez por isso caiba, tambémnesse assunto, uma tentativa desomar os aspectos que o consensoindique serem positivos de ambosos sistemas, na adoção de uma for­ma mitigada, ou mista, na qual asboas qualidade do sistema majori­tário possam ser alcançadas, semprejuízo daquelas que também as­sim venham a ser consideradas nosistema proporcional.

JC - A Sistemática mista é aspira­ção do brasileiro?

Adylson Motta - O gênio dopovo brasileiro induz a essa busca.E, assim mesmo, não estaremosinovando, pois é extenso o rol desugestões teóricas e de modelospráticos que se colocam à dispo­sição para uma análise detida eséria.

JC - Como o senhor analisa oprocesso eleitoral?

Adylson Motta - Sabemos queos sistemas eleitorais se enqua­dram em dois grupos básicos: omajoritário, através do qual as va­gas nos órgãos legislativos sãopreenchidas pelo partido vence­dor em cada circunscrição eleito­ral, e o proporcional, que garantea eleição dos mais votados de cadapartido, em pleitos realizados emuniversos eleitorais mais amplos.Em nossa Federação, interessa aanálise dos dois sistemas para acomposição das assembléias de re­presentação popular, já que o Se­nado, ao reunir representantesdos estados e do Distrito Federal,sempre terá a forma majoritáriana eleição de seus membros.

JC - Pela sua observação parla­mentar, quais os pontos que o se­nhor coloca em debate?

Adylson Motta - A primeirapergunta que me ocorre resulta desaber até onde a responsabilidadepela falta de consistência dos nos­sos partidos políticos não cabetambém a um sistema eleitoral quecoloca em segundo plano a dinâ­mica democrática interna, distan­ciando os seus filiados da cúpula,possibilitando que os acordos a ní­vel de direção frustrem as tendên­cias desejadas pelas bases? Nessesentido, há de se concordar guea proximidade das relações eleito­rais manifestadas a nível de distri­tos certamente fortaleceria umaparticipação individual mais es­treita nas decisões e nos destinospartidários, o que, levado às últi­mas circunstâncias, obviaria tam­bém o perigo da instalação de oli­garquias locais.

A outra indagação emana deuma constatação fundamental: ovoto sempre é dado a uma pessoa,nunca a idéias ou a programas abs­tratamente considerados. O queimporta nesta parte é que, cadavez mais, os votos sejam dados apessoas que interpretem com au­tenticidade e fidelidade idéias eprogramas defendidos pelos parti­dos, e isso certamente dependeráde que os partidos consigam alcan­çar o nível de consistência somen­te propiciado pela crescente parti­cipação dos seus quadros, numainteração ao mesmo tempo cons­tante e amiudada que cristalizenessas instituições uma persona-

A adoção dos aspectos positivos dos sistemas majoritário eproporcional, dentro do nosso processo eleitoral, resultaria numsistema melhor: o distrital misto. A tese é defendida pelo consti­tuinte Adylson Motta (PDS - RS), justificando que "o queimporta é que, cada vez mais, os votos sejam dados a pessoasque interpretem com autenticidade e fidelidade idéias e progra­mas defendidos pelos partidos, e isso certamente dependerá deque os partidos consigam alcançar o nível de consistência somen­te propiciado pela crescente participação dos seus quadros".

Adylson Motta se manifesta também preocupado com a ado­ção dos dois turnos no país, por entender que não existe umarealidade partidária consistente e, assim, teme que através decoligação surjam "uniões espúrias", decorrentes de resultadoseleitorais sem análises mais acuradas.

6 Jornal da Constituinte

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AduplSalú Parente

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Plmio Martins: seráuma Constituição inteligente, nem progressista e nem muito atrasada

Terra: evitaruma reforma

pela forçaUma reforma agrária pacífica e inteligente, que entregue

as áreas improdutivas aos "sem-terra" e que desejam produzir.Além disso, o Governo deve garantir assistência, educação, saú­de, técnica, sementes, métodos de armazenamento e de comer­cialização da produção. A tese é do Constituinte Plínio Martins(PMDB - MS), que alerta para o fato de que "se não criarmosa mecânica e o clima necessários para que a reforma agráriase implante, ela ocorrerá pela força".

Plínio Martins reivindica também uma situação econômicamelhor, "em que o povo receba uma contraprestação justa peloseu trabalho e acredita que a nova Carta "poderá dar a ferra­menta para que isto ocorra". Em relação à questão indígena,Martins defende, no caso da exploração do subsolo, que sejadestinada uma parcela de lucros para os índios e, ainda, partepara a proteção do meio ambiente onde vivem os silvícolas.

JC - Deputado, quais são aspreocupações hoje da sociedadebrasileira?

Plínio Martins - Pelo que te­nho sentido em minhas andançaspelo país, tanto indo e vindo aoMato Grosso do Sul, onde tenhoa minha base política e de ondesou originário, percebo, nas mi­nhas passagens por Mato Grosso,nas passagens por São Paulo, ondepor vezes permaneço por um oudois dias, que o povo brasileiroconfia realmente num documentobásico para as diretrizes futuras donosso país, que é a nova Consti­tuição. Mas o que no momentoestá preocupando toda a Nação,seja a elite, seja o povo sofridoque ganha mal, que vive do saláriomínimo, o que ele deseja é quese encontre uma solução para quea família brasileira possa contarcom meios de sobrevivência justa,e não uma sobrevivência que sejacom a participação do próprio dia­bo. O que nós queremos é quevele pela sociedade brasileira apresença perpétua, a presençaconstante de Deus, porque issosignifica que nós tenhamos umavida justa. Não é possível conti­nuarmos com o salário mínimo nabase de poucos dólares, hoje fixa­do em 40 dólares mensais. Isto éinsignificante. Nas viagens que fa­ço e que fiz pelo mundo, um dospaíses onde senti maior pobrezaé exatamente no nosso, é exata­mente no país onde se habituoudizer que é um país maravilhoso,que aqui a sociedade é feliz. E feliznaquela parte que é vista constan­temente ao passar de automóvel.Mas quando se vai visitar a partepobre, que é constituída de 60%da população brasileira, aí nós en­xergamos a miséria.

Há pouco estive numa missãoda nossa Assembléia Legislativano Chile, onde se tratava de umacampanha contra a ditadura de Pi­nochet. E percebi que era um paíspobre, mas muito superior aóní­vel do povo brasileiro. Lá o povoestá bem alimentado, lá o povoestá bem educado, lá as ruas nãoostentam a sujeira que nós vemosem Brasília, lá pelas ruas, emboratransitem carros antigos mostran­do que a economia é pobre, mos­tra um povo bem alimentado ebem educado. E isso que nós pre­cisamos alcançar para o brasileiro

e é isto que os nossos conterrâneosquerem atingir. Querem realmen­te viver uma sociedade humana ejamais continuar nessa sociedadeonde a vida brutalmente é vividapara uma conquista do dia a dia,muitas vezes com a concepção decrimes. Veja você que o assalto,o crime sexual, o matar para rou­bar, enfim, o crime organizado éalgo que está assustando o Brasil.Por quê? Precisamos dar maismeios para que a polícia tenha me­lhor situação no combate ao cri­me? Não, o de que precisamos émelhorar o nível econômico e so­cial do país. O de que necessita­mos é exatamente atingir uma po­sição econômica melhor em queo povo ganhe mais, em que o povoreceba uma contraprestação Justapelo seu trabalho.

JC - O deputado acreditaque a nova Carta vá criaros instru­mentos necessários para que medi­das concretas sejam tomadas paraeliminar esta situação?

Plínio Martins - Realmente,a Constituição poderá dar a mecâ­nica, a ferramenta para que issoocorra, mas vai depender dos ho­mens, vai depender dos brasileirosque vão movimentar o instrumen­taI que a Carta Magna vai dar aogoverno brasileiro para que eleaja. Então há necessidade de queo próprio povo brasileiro se adap­te a uma conduta superior, a umaconduta realmente melhor do quea que nós estamos habituados aconviver para que atinjamos essafase de melhoria para a gente bra­sileira.

JC - Como representante deum Estado essencialmente agríco­la, como o deputado vê a questãoda reforma agrária?

Plínio Martins - Venho sen­tindo que 60% da população brasi­leira, como disse, é constituída depessoas que vivem, se não na misé­ria, próximos da miséria. Essagente necessita da implantação dareforma agrária no Brasil. E umaporcentagem mínima de proprie­tários ricos, bem instalados na vi­da, que possuem o que desejam,que possuem vários carros, váriasresidências, que podem passeardurante alguns meses do ano, estapopulação brasileira bem situadaé que conseguiu eleger a maioriada Assembléia Nacional Consti-

"No caso dareforma

agrária, oque vemos éo preâmbulo

de umaguerra,se

não decidirementregar aterra para

que o pobreproduza"

tuinte. Então, o que estamos ob­servando? Que o projeto de Cons­tituição que nós temos para servotado na Comissão de Sistema­tização e futuramente no plenárioé uma reforma agrária que é muitodócil, que não vem armada dosmeios necessários para realmentedesapropriar a área necessãna, aterra boa, a terra improdutiva queprecisa ser entregue aos "sem-ter­ra", desejosos de produzir. Dizemos adversários da reforma agrária:"Você dá a terra ao Governo eele não está suficientemente for­mado para fazer essa terra produ­zir. Evidentemente, ao mesmotempo em que se der a terra aohomem que deseja fazer com queela produza, é necessário que oGoverno lhe dê assistência, lhe dêeducação, saúde, técnica, semen­tes, a maneira como ele vai guar­dar a sua produção, que lhe dêmeios como vai ser comercializadaa sua produção, que ela seja garan­tida. Que lhe dê estradas para tiraressa produção da terra, enfim, quelhe dê crédito, técnica e assistênciahonrada, tanto quanto aquelas au­tondades que estão imbuídas deum espírito de ajudar os seus patrí-

cios. A reforma agrária. Se nãose intentar nesta fase constitucio­nal, se não criarmos a mecânicae o clima necessários para que elaevidentemente se implante nopaís, ela ocorrerá pela força. É oque nós estamos assistindo, é opreâmbulo de uma guerra sangui­nolenta se os políticos não se deci­direm a entregar a terra e a assis­tência governamental para que opobre possa se instalar na glebae fazê-la produzir. Estamos vendoaí constantemente invasões no RioGrande do Sul, em Mato Grossodo Sul, enfim, nos vários quadran­tes do país. Há uma técnica, unsdetentores do dinheiro, do capital- não digo que sejam todos -,uma grande parcela se assenhoreiada força política, da força policial,se assenhoreia do armamentoproibido e vai matar o violentadorda propriedade. Mas eu pergunto:será que o capital, será que os ho­mens frios do nosso país terão for­ça suficiente para matar milhõesde brasileiros que assim desejam?Não acredito. Então, eles chega­rão a um momento de compreen­são e de estalo, que ocorrerá nosentido de demonstrar a necessi­dade de se fazer a reforma agráriapacífica e inteligentemente.

JC - Como o deputado ana­lisa a questão indígena?

Plínio Martins - Ocorre oseguinte, o Brasil, quando foi des­coberto, dizem os historiadores,os sociólogos, que éramos uma na­ção habitada eor 10 milhões deindígenas, de silvícolas, Hoje essapopulação esta diminuída num nú­mero ridículo, que está distante deum milhão. Quer dizer, o brasi­leiro, na formação do seu país, foianiquilando o índio, foi tirando oíndio de sua terra, foi afastandoo índio. E agora o que vemos?Estamos assistindo uma campa­nha que, ao que parece, é engen­drada e fortalecida pelas multina­cionais, segundo o qual as terrasdos índios não poderão permane­cer no número, na área em queelas se encontram, o número dehectares que apresentam é muitogrande. Mas é um equívoco, todoo Brasil foi do índio, hoje eles es­tão localizados em pequenas áreasdo território brasileiro.

Então, precisamos cuidar do as­sunto do silvícola com muito cari­nho, destinando as áreas que estão

imemorialmente sob sua posse pa­ra que eles ali permaneçam e, senecessitarmos de explorar as ri­quezas do subsolo das áreas desti­nadas aos indígenas, aos silvícolas,façamos como prevê o atual pro­jeto de Constituição, dando-seuma parcela dos lucros para a pró­pria vantagem do indígena e tam­bém para a proteção do meio am­biente onde se localizam esses in­dígenas. Esse o espírito que pre­cisa comandar a política que vaiorientar a proteção do silvícola.

JC - O deputado acreditaque o calendário de votação atualserá mantido?

Plínio Martins - Realmentetenho observado que o parlamen­tar responsável pela feitura daConstituição vem trabalhandocom honestidade. Raros são oselementos que não se integraramao trabalho para fazer com quea Constituição se concretize, váavante. Mas não acredito que ocalendário seja observado, aliás,não me preocupo com o calendá­rio. O que desejo do fundo da mi­nha alma é que a obra do consti­tuinte seja bem feita, que se façauma Constituição humana, que sefaça uma Constituição avançada,progressista, corajosa, nos moldesde uma Constituição da Espanha,nos moldes de uma Constituiçãode países que são desenvolvidos.Enfim, o que precisamos não é fa­zer a Constituição num tempo re­corde, o que precisamos é fazeruma Constituição brilhante nosentido de agasalhar os interessesdos brasileiros nas suas diversasfacetas de posições sociais.

JC - E o deputado está oti­mista quanto a uma Carta progres­sista?

Plínio Martins - Ela vai sero retrato da Constituinte, e aConstituinte é, como disse inicial­mente, formada por elementosconservadores na sua maioria.Acredito que os próprios conser­vadores vão perceber a necessida­de de transigir um pouco, dar umpouco para aqueles que precisammuito. E, então, teremos umaConstituição a meio-termo, nemprogressista e nem muito atrasa­da, mas uma Constituição inteli­gente que cederá um pouco emfavor daqueles que precisam demais.

Jornal<da 'Constituinte' -7

Page 8: Volume 365 - Portal da Câmara dos Deputados...definitivo. Não será permitida segunda época. Cada opção deve ser cuidadosamente for mulada. Não se trata de um jogo, masdo destino

No social,a nova faceque se tentadar ao país

.....José Paulo Bisol

Beth Azize

A Constituintenão tem nada a

ver com acrise social

por que passao país. Pelocontrário,

tenta elaborarnormas paraque os seushabitantes

se transformemem cidadãos

IrmaPassoni

mo a consa~ação do prínc pío deaposentadona aos 25 anos f tra asmulheres professoras, a ext nsãodos direitos sociais à mulher \ 'aba·lhadora rural, a licença à ges mtepelo prazo de 120 dias e os di po­sitivos de proteção à criança, co '10a creche obrigatória na empresa, Co )-

mo tarefa do Estado e como díreh ',I

"Um avanço significativo, a co- específico da infância. Também \,meçar pelo preâmbulo que consagra devolução, ainda que incompleta ,jO poder popular", diz a constituinte do poder municipal faz parte, nlIrma Passoni (PT-SP) referindo-se opinião de Irma Passoni, do elencsao parágrafo único do artigo 1° do de vitórias do cidadão brasileiro,projeto de Constituição, aprovado uma vez que propicia sua particí-pela Comissão de Sistematização: pação nos destinos do município,"Todo o poder pertence ao povo, começo e base de tudo o que corpo-que o exerce diretamente, nos casos rifica uma nação. Assim é aindaprevistos nesta Constituição, ou por com a colocação da política urbanaIntermédio de representantes elei-' no texto constitucional. Enquantotos". O exercício direto do poder I \ a Constituição 'vigente só registra nopor qualquer cidadão é, na opinião seu texto a palavra urbano uma üni­da deputada paulista, o fator que ca vez, e isto mesmo, para a cobran-realmente iguala todo mundo. ça de um imposto, o IPTU, o novoAtravés do habeas data (o acesso projeto assinala "um avanço histó-\à informação) e da iniciativa de de- rico e mundial ao colocar o ordena-clarar a inconstitucionalidade da lei, mento urbano com instrumentos de:o cidadão brasileiro passa a dispor planos urbanísticos, com mecanís­de instrumentos que propiciarão um mos de desapropriação, com instru­avanço crescente de nossa socieda- mentos de iniciativa popular de lei,de. Segundo a parlamentar, outros com a questão do transporte cole­itens revelam também a preocupa- tivo urbano como serviço essencial,ção da Constituinte de avançar no e com o usucapião urbano, entreterreno das conquistas sociais, co- outros". ,

As restrições da deputada do PT;paulista ficam por conta dos dispo­sitivos que não determinaram a di­ferenciação devida no capítulo dalidesapropriações. No seu entendi­mento, o imóvel pertencente a uma:pessoa e que é essencial à sua sobre";vivência deveria, ao ser desapro­priado, ser pago em dinheiro en­quanto as áreas de pura especulaçãoimobiliária deveriam ser ressarcidasem títulos da dívida pública. "Infe­lizmente, não ficou assim. Tudo se­rá pago em dinheiro, sem distinção,o que certamente criará muitas difi­culdades aos prefeitos." Outra falhaapontada por Irma Passoni no capí­tulo das conquistas sociais é a isén­ção de responsabilidade do governoquanto ao problema da moradia."Eu tinha uma emenda neste sentí-

de e teremos uma Constituiçãoequilibrada, moderna, de acordocom a conjuntura nacional e inter­nacional, capaz de representar, du­rante muitos anos, a estabilidade da Ilei principal do Brasil",

PREÂMBULO

"Na opinião de João Menezes, adefinição do <J.ue é empresa nacionaltambém precisa ser bem estudadae certamente será reformulada navotação do Plenário a fim de quese estabeleça claramente a proteçãoã empresa nacional mas de formaa não impedir a possibilidade de ob­termos capitais estrangeiros quepossam vir a tomar parte efetiva nonosso desenvolvimento. "Aliás, es­te princípio é muito usado em todosos países socialistas e até os queexercem o comunismo estão abrin­do suas fronteiras ao capital externosem receios infundados", acrescen­ta. "Tenho a impressão - confessa- que as disposições aprovadas atéagora, inclusive as da Comissão deSistematização, refletem a sindro­me da miséria, uma vez que pareceque alguns constituintes não estãoentendendo que o Brasil é um paísprogressista que precisa de recur­sos, de fontes de produção e de fon­tes de emprego. Enquanto a Europajá chegou ao seu ápice nesse parti­cular, nós ainda estamos caminhan­do os primeiros passos para o cresci­mento social, político, financeiro e:econômico. "

"A Constituinte está com a sín­drome do medo, a se julgar pelaatitude de alguns constituintes queparecem achar que o Brasil tem queser um país de miseráveis, onde ocidadão que ganha 30 mil cruzadospor mês é tido como marajá", sa­lienta o senador João Menezes, pa­ra, em seguida, lançar um apelo:"Precisamos não ter medo, falaruma linguagem que represente tan­to quanto possível os Interesses de140 milhões de brasileiros e não fi­carmos acanhados ou pressionadosno sentido de fazer uma Constitui­ção que reflita os pontos mais dife­rentes de pressões de grupos tam­bém os mais diferentes."

Quanto à manutenção das con­quistas sociais quando da discussãoem Plenário, João Menezes achaque capítulos como os da greve, dareforma agrária, da estabilidade noemprego, da jornada de trabalho,da empresa nacional, do sistema degoverno e da anistia, entre outros,sofrerão um estudo mais detalhadoque, no seu ponto de vista, vai re­presentar mais de perto o pensa­mento dos constituintes. "Isto por­que - explica - a Comissão deSistematização, composta de 93parlamentares, por si só não poderepresentar o pensamento de todoo colégio eleitoral que chega a quase600 integrantes, máxime quando davotação na citada Comissão daque­les assuntos polêmicos, pois quasesempre resulta numa votação par­tida ao meio, com diferenças míni­mas entre vencedores e perdedo­res." Assim, tudo indica que o Ple­nário, já depois de toda essa mara­tona que está sendo como um vesti­bular da Constituinte até agora,creio eu, irá se aproximar da verda-

AVANÇOS

A Constituição que estamos ela­borando tem promovido bastantesavanços em relação à interpretaçãodos direitos sociais, embora, muitasvezes, se tenha chegado ao exageroou à inclusão de princípios impos­síveis de se efetivar. Afirma JoãoMenezes, que cita como exemplodessa última observação o art. 6°dotexto aprovado, que, a seu ver, fixauma gama enorme de normas cominúmeros parágrafos que "só ser­vem para estabelecer a confusão elevar, assim, a uma expectativa forada realidade". Já a parte referenteao direito de greve não avançou,na opinião do senador do PFL, masapenas estabeleceu até agora o prin­cípio de greve, suas normas ouorientação. "Sou favorável ao direi­to de greve - diz ele -, mas julgoserá indispensável regulamentá-lapara não chegarmos ao exagero eao que estipula o § 1° do art. 10.

Fruto da desesperança nacional- esta, por sua vez, resultante deuma crise sócio-econômica sem pre­cedentes - ou fruto de insidiosacampanha com a finalidade de des­moralizar a Constituinte, tomoucorpo pelo país uma idéia logotransformada em afirmação de quea Assembléia Nacional não vaimudar praticamente nada da vidado brasileiro. O acompanhamentocriterioso, entretanto, dos trabalhosda ANC e o reconhecimento de queo Congresso Constituinte nada deveã crise que vem minando o ânimoe o bolso do cidadão brasileiro mui­to antes que se iniciasse o seu fun­cionamento e de que os eleitos paraescrever a nova Carta não podemtomar a si uma responsabilidadeque é do Governo mostrarão quea Constituinte, queiram ou não osque a atacam, vai dar uma nova fei­ção ao Brasil.

A preocupação evidenciada emtodos os momentos com as questõessociais é uma prova disso. "O resul­tado de nossas conquistas em favordo trabalhador está aí - diz a cons­tituinte Beth Azize (PSB-AM) ­na avalancha de deboches, levian­dades e ignomínias contra a Consti­tuinte partindo de pseudo juristasa serviço de grupos econômicos ede políticos despeitados porque nãoconseguiram eleger-se". Afeito aosembates políticos pelo exercício dedez mandatos parlamentares, o Se­nador João Menezes (PFL-PA)pondera: "Os trabalhos da Consti­tuinte realmente têm sido árduosembora não satisfaçam a pressa comque muitos estão pretenôendo quese chegue ao projeto final." Parao representante paraense, "serámuito mais interessante demorarmais um pouco e debater todas asmatérias do que fazer uma Cartade afogadilho e não estabelecer re­gras normais e sim conflitantes".

A igualdade jurídicaentre trabalhadores do

campo e da cidade, alicença-maternidade de

120 dias,a impenhorabilidade daspequenas propriedades,a imprescritibilídade das

reclamações trabalhistas,a nova disciplina das

relações capital-trabalho,o turno de 6 horas, o

princípio daliberdade e

responsabilidade nodireito de greve, o

tratamento ao trabalhadordoméstico e o pagamento

em dobro das horasextras são algunspontos alinhadospelo constituinteJosé Paulo Bisol

(PMDB-RS)que corporificam as

preocupações daConstituinte com oavanço dos direitos

sociais do trabalhadorbrasileiro .

Esses pontos, somadosa outros tantos, como oinstituto do habeas data

e da iniciativa popularde declarar a

inconstitucionalidadeda lei, a caracterização

de crime inafiançávelpara a discriminação e o

preconceito e a restauraçãodo poder municipal,

conforme salientou aconstituinte IrmaPassoni (PT-SP),

conferem ao CongressoConstituinte uma

característica: a ANCvai dar ao Brasil os

instrumentos parauma nova fase de vida,

em que o cidadão será maisrespeitado e protegido.

Com o objetivode lutar pela

manutenção dasconquistas sociais

nas discussões finaisdo Plenário,

desde a semana passadaconcentram-se em

Brasília representantesda CUT, CGT, CONTAG,

USI, CNTI e váriosoutros órgãos sindicais

do país. "A Constituinteconsa~rou sua

legitimidade naparticipação

~ popular. Opovo confia

no respeito a essesprincípios

já contemplados" ,afirmaram militantes

da área sindical.

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dq; não desisti dela e ainda vou bri­gar porisso." Afora a reforma agrá­ria (aí houve um retrocesso) e faltade uma política agrícola que garantainclusive a produção para abasteci­mento interno ("ficamos muitoaquém do Estatuto da Terra, de64"), o tratamento que a Consti­tuinte está dando às questões so-

. cíais, segundo a parlamentar do PT,"moderniza o Brasil, nos atualizacom relação ao contexto mundial.Continuamos com o capitalismo,mas um capitalismo menos selva­gem, um capitalismo mais civiliza­do". Entretanto, a sua conclusão,depois de pesar e medir os avançose recuos nesse terreno, não é tãoanimadora: "Não dá ainda para pas­sar a limpo este país."

TÍMIDAS

"Um conjunto de medidas tími­das à vista da gama de problemassociais conseqüentes da recessãoeconômica, do desempenho, da fal­ta de legitimidade do poder, da faltade seriedade no trato dos recursospúblicos e da falta de preocupaçãodo capital para com os trabalhado­rés", Esta é a 0.e.inião da constituin­te Beth Azize (PSB-AM), ao anali­sar a atuação do Congresso Consti­tuinte no campo das questões so­ciais. "A começar pela estabilidadeno emprego, que não é uma estabili­dade real e sim apenas uma carica­tura. Os empregadores estão enten­dendo como estabilidade o que nãoé a fim de gerar um temor na classetrabalhista para forçar a opinião pú­blica a pedir que não se aprove amedida. A proibição de dispensaímotivada também já existe naCLT, pois quando surge um proble­ma desse tipo o empregado ~ecorre

normalmente à Justiça do Trabalhoe quase sempre é atendido. O novotexto aprovado não inovou em nadanessa parte. Apenas criaram um cli­ma emocional só J?ara impedir umavanço neste sentido". A licença­~stante de 120 dias, entretanto, épara Beth Azize, realmente umacenquista, sendo completamenteinócuo, na sua opinião, o argumen­to de que se cnaria uma discrimi­~ação entre homem e mulher.I Quanto à jornada de 44 horas,

nada mais l'usto para Beth Azize:"Se o traba hador desempenha semas suas tarefas, necessita do repousosemanal a fim de se recuperar paraas jornadas seguintes. Além dISSO,temos excesso de demanda de mão­de-obra e a oferta de mercado detfabalho está longe de absorver amassa de ociosos. A jornada maiscurta tem, ainda, a vantagem de es­tímular a produção através da ab­sorção de um contingente maior detrabalhadores." A equiparação dosdireitos previdenciános e trabalhis­tas dos trabalhadores urbanos e ru­rais é, segundo a representante daAmazônia, antes de tudo, umaquestão de justiça. "Isto sem se le­var em conta o seguinte: o governo,Hoje, deveria até pagar o homempara morar no interior, tal a baixaqualidade de vida que se tem nazpna rural"., Autora da emenda para aposen­

tadoria da mulher aos 25 anos deserviço, Beth Azize, embora derro­tada nesta fase dos trabalhos, temesperanças de que a proposta passeem Plenário." Já passou para asprofessoras. Não passou para as ma­gistradas porque muita gente achouque era uma aposentadoria especialpara uma categoria, que, de qual­quer maneira discriminaria a mu­lher. Acho que vai dar para apro­var, vou lutar até o fim; afinal estaemenda é o meu carro-chefe". Re­sumindo a sua análise sobre as ques­tões sociais, Beth Azize aponta as

.bllstituinte

tendências reveladas até agora pelaConstituinte: "Sua inclinação parao lado social é mais forte do quepara as mudanças do modelo econô­mico".

PONDERÁVELSe para a deputada Beth Azize

as propostas sociais aprovadas pelaConstituinte são tímidas para o se­nador José Paulo BIsol (PMDB­RS) elas consubstanciam um avançomuito ponderável, tendo em vistao nível de desenvolvimento políticoda consciência nacional, a correla­ção de forças e o momento contur­bado que vivemos. "Mais importan­te - declara Bisol - seria implan­tar, com a democracia representa­tiva, a democracia participativa. Detodo modo, houve um avanço res­peitável embora ainda insuficien­te" .

Numa sucinta análise dos direitossociais contemplados pelo novo tex­to, o constituinte gaúcho aponta,em primeiro lugar, a igualação dosdireitos subjetivos do trabalhadorurbano e rural, com efeitos na di­mensão previdenciária. "Era umadiscussão absurda neste país, acos­tumado a injustiças dessa natureza.A igualdade jurídica se inclui assimcomo um dos itens mais importantesdesse capítulo dos direitos sociais" .

Entre osinteresses de

grupos e os de140 milhões de

habitantes,a Carta procura

obter um tipode consensoque preservea evoluçãodos direitossociais, sem. rupturas.

Embora preferindo a estabilidadevigente antes de 64, Bisol consideraa proibição da despedida imotivadauma conquista do trabalhador brasi­leiro, aSSIm como considera justís­sima a licença-gestante de 120dias:"Todo o respeito e carinho à mãe­trabalhadora, mais que um direito,é um dever de justiça".

Frontalmente contrário à institui­ção da hora extra, José Paulo Bisol,que marcou sua atuação como rela-

tor da Comissão da Soberania e dosDireitos e Garantias do Homem eda Mulher, afirma que a definiçãoda jornada de trabalho ptessupõeo restante do tempo do trabalhador"para que ele possa ser gente". En­tretanto, admite que o pagamentoem dobro dessa jornada extra iniciao caminho para sua própria aboli­ção. "Fica caracterizado o aspectosacrificial da hora extra e obriga oempregador a pensar duas vezes nonúmero limite dos seus quadros."

Enquanto a jornada de 44 horasé, para Bisol, um avanço muito po­bre, a impenhorabilidade da pro­priedade inferior a 25 ha. ("E justoque se penhore a produção, nuncao próprio imóvel produtor"), a im­prescritibilidade das reclamaçõestrabalhistas (a qualquer momento,mesmo quando o empregado já saiuda empresa os direitos não atendi­dos poderão ser reclamados), a dis­ciplina da relação capital-trabalho,com a proibição da locação de mão­de-obra permanente, e o turno de6 horas ("um avanço que vai terreflexos no índice de empregos; 24horas = 4 turnos") são avanços bas­tante significativos no elenco dasreivindicações do trabalhador brasi­leiro. Já o direito dos trabalhadoresdomésticos tem, na opinião do sena­dor do PMDB, um avanço razoável,

porque não deveria haver nenhumadiferença destes com os demais tra­balhadores. "No trabalho domésti­co, o empregador tem o controleda vida pessoal do empregado, dis­põe da própria pessoa, e isto sãoingredientes escravagista e um pro­blema de civihzação."

DÚVIDA

No estudo das questões sindicais,o senador Bisol, um jurista com lar­ga experiência na magistratura, temuma dúvida: unicidade ou plurali,dade sindical? "A tese da pluralí­dade é correta - explica -, masse não forçamos a unidade traba­lhista para sua participação políticaperdemos a força mais importantepara a vitória de uma política volta­da para o povo. Do ponto de vistado momento histórico, a unicidadeseria a melhor solução, mas contraela se coloca um fenômeno muitotriste, o peleguismo, em.virtude doqual as estruturas sindicais já nasce­ram viciadas neste país, e duranteduas décadas, de 64 para cá, se de­senvolveram sob a égide da manipu­lação."

Maria Valdira

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o

greve paraos servidores

o projeto constitucional aprovado pela Comissão de Siste­matização apresenta várias novidades relativas à administraçãopública, entre as quais: os vencimentos de qualquer espécie,inclusive de parlamentares, ministros, juízes e militares estarãosujeitos ao Imposto de Renda; é vedada qualquer diferençade vencimento entre cargos e empregos iguais ou assemelhadosdos servidores do Legislativo, Executivo e Judiciário, ressalvadasvantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou aolocal de trabalho; e os servidores públicos civisterão asseguradosos direitos à livre associação sindical e à greve.

II - no caso de desrespeito a or­dem ou decisão judiciária, de requi­sição do Supremo Tribunal Federal,do Superior Tribunal de Justiça ou doTribunal Superior Eleitoral;

III - de provimento, pelo Supre­mo Tribunal Federal, de representa­ção do Procurador-Geral da Repúbli­ca, na hipótese do inciso VII do art.41'

IV - de provimento, pelo Supe­rior Tribunal de Justiça, de represen­tação do Procurador-Geral da Repú­blica, no caso de recusa à execuçãode lei federal.

§ 1° O decreto de intervenção queespecificará a amplitude, prazo e con­dtçôes de execução e, se couber, no­meará o interventor, será submetidoà apreciação do Congresso Nacionalou da Assembléia Legislativa do Esta­do, no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2° Se não estiver funcionando oCongresso Nacional ou a AssembléiaLegislativa, far-se-ã convocação ex­traordinária, no mesmo prazo d~ vintee quatro horas, para apreciar a mensa­gem do Presidente da República oudo Governador do Estado.

§ 3° Nos casos dos incisos VI e VIIdo art. 41, ou do inciso IV do art.42, dispensada a apreciação pelo Con­gresso ou pela Assembléia Legislativa,o decreto limitar-se-á a suspender aexecução do ato impugnado, se essamedida bastar ao restabelecimento danormalidade.

§ 4° Cessados os motivos da inter­venção, as autoridades afastadas deseus cargos a eles voltarão, salvo impe­dimento legal.

CAPÍTULO VIIDa Administração Pública

SEÇAOIDisposições Gerais

Art. 44. A administração públi­ca, direta ou indireta, de qualquer dosPoderes, obedecerá aos princípios dalegalidade, impessoalidade, moralida­de e pubhcidade, exigindo-se, comocondição de validade dos atos adminis­trativos, a motivação suficiente e, co­mo requisito de sua legitimidade, a ra­zoabilidade.

§ 1° Nenhum ato da administra­ção pública imporá limitação, restri­ção ou constrangimento, salvo se in­dispensável para atender a finalidadeda lei.

§ 2° A apreciação das reclama­ções relativas à prestação de serviçospúblicos será disciplinada em lei, quepreverá as medidas administrativas edisciplinares cabíveis.

§ 3' Os atos de improbidade ad­ministrativa importarão a suspensãodos direitos políticos, a J?Crda da fun­ção pública, a indispombilidade dosbens e o ressarcimento ao erário, naforma e gradação previstas em lei, semprejuízo da ação penal corresponden­te.

§ 4' A lei estabelecerá os J?razosde prescrição para ilícrtos praticadospor qualquer agente, servidor ou não,que causem prejuízos ao erário, ressal­vadas as respectivas ações de ressarci­mento, que serão imprescritíveis.

§ 5° A revisão geral da remune­ração dos servidores públicos, civis emilitares ocorrerá sempre na mesmaépoca e com os mesmos índices.

§ 6° A lei fixará a relação de vaia­res entre a maior e a menor remune­ração da administração pública, diretaou indireta, observados, como limitesmáximos e no âmbito dos respectivospoderes, os valores percebidos comoremuneração, em espécie, a qualquertítulo, por membros do Congresso Na­cional, Ministros do Supremo Tribu­nal Federal e Ministros de Estado eseus correspondentes nos Estados eMunicípios.

§ 7° Os membros do CongressoNacional, os Ministros de Estado e osMírustros do Supremo Tribunal Fede­ral terão os mesmos vencimentos evantagens, fixados por lei ordinária.

§ 8° É vedada qualquer diferençade vencimento entre cargos e empre­gos iguais ou assemelhados dos servi­dores dos Poderes Legislativo, Execu­tivo e Judiciário, ressalvadas as vanta­gens de caráter individual e as relativasà natureza ou ao local de trabalho.

§ 9° Os vencimentos de qualquer

nais, Conselhos ou órgãos de ContasMunicipais.

CAPÍTULO VDo Distrito Federal

e dos Territórios

SEÇÃO IDo Distrito Federal

Art. 39. O Dístnto Federal, dota­do de autonomia política, legislatrva,administrativa e financeira, será admi­nistrado por Governador e disporá deCâmara Legislativa.

§ 1° A eleição do Governador,observada a regra do art. 87, e dosDeputados Distritais coincidirã com ados Governadores e Deputados Esta­duais, para mandato de igual duração.

§ 2' Aos Deputados Distritais e àCâmara Legislativa aplica-se o dispos­to no art. 29.

§ 3' O Distrito Federal, vedada asua divisão em municípios, reger-se-ápor lei orgânica aprovada por dois ter­ços da Câmara Legislativa.

§ 40 Lei federal disporá sobre autilização, pelo Governo do DistritoFederal, das polícias civil e militar edo corpo de bombeiros militar.

§ 5" Ao Distrito Federal são atri­buídas as competências legislativas re­servadas aos Estados e Municípios.

SEÇÃO IIDos Territórios

Art. 40. Lei federal disporá sobrea organização administrativa e judiciá­ria dos Territórios.

§ 1° Os Territórios poderão ser di­vididos em Municípios, aos quais seaplicará, no que couber, o dispostono Capítulo IV deste Título.

§ 2° As contas do Governo doTerrit6rio serão submetidas ao Con­gresso Nacional, com parecer préviodo Tribunal de Contas da União.

CAPITULOVIDa Intervenção

Art. 41. A União não intervirános Estados e no Distrito Federal, sal­vo para:

I - manter a integridade nacional;11 - repelir invasão estrangeira ou

de um Estado em outro;111 - pôr termo a grave compro­

metimento da ordem pública;IV - garantir o livre exercício de

qualquer dos Poderes estaduais;V - reorganizar as finanças do Es­

tado que:a) suspender o pagamento da dívi­

da fundada por mais de dOIS anos con­secutivos,' salvo motivo de forçamaior;

b) deixar de entregar aos Municí­pios receitas tnbutãrias fixadas nestaConstituição, dentro dos prazos esta­belecidos em lei;

VI - promever a execução de leifederal, ordem ou decisão judicial,

VII - assegurar a observância dosseguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, representati-va e democrática;

b) direitos da pessoa humana,c) autonomia municipal;d) prestação de contas da adminis­

tração pública, direta e indireta.Art. 42. O Estado só intervirá em

Município localizado em seu territ6­rio, e a União, no Distrito Federal ouem Município localizado em Territ6­rio Federal, quando:

I - deixar de ser pa~a, por doisanos consecutivos, a dívida fundada,salvo por motivo de força maior;

II - não forem prestadas contasdevidas, na forma da lei;

111 - não tiver sido aplicado o mí­nimo exigido da receita municipal namanutenção e desenvolvimento do en­sino;

IV - o Tribunal de Justiça do Es­tado der provimento a representaçãopara assegurar a observância de princí­pios indicados na Constituição do Es­tado, bem como para prover a execu­<;ão de lei, de ordem ou de decisãoJudicial.

Art. 43. A decretação da inter­venção dependerá:

I - no caso do inciso IV do art.41, de solicitação do Poder Legislativoou do Poder Executivo coarcto ou im­pedido, ou de requisição do SupremoTribunal Federal, se a coação for exer­cida contra o Poder Judiciário;

e

A eleição degovernadores

e prefeitossegue o artigo87, que prevêos dois turnos

lio dos Tribunais de Contas dos Esta­dos ou dos Municípios, ou Conselhosde Contas dos Municípios, onde hou­ver.

§ 2° O parecer prévio sobre ascontas que o Prefeito deve prestaranualmente, emitido pelo 6rgão com­petente, somente deixará de prevale­cer por decisão de dois terços dosmembros da Câmara Municipal.

§ 3' As contas dos Municípios fi­carão, durante sessenta dias, anual­mente, à disposição dos contribuintes,para exame e apreciação. Qualquer ci­dadão poderá questionar-lhes a legiti­midade. nos termos da lei.

§ 4° É vedada a criação de Tribu-

Sindicato

Art. 33. O número de Vereado­res será variável, conforme dispusera Constituição do Estado e a lei, res­peitadas as condições locais, propor­cionalmente ao eleitorado do Muni­cípio, não sendo inferior a nove e su­perior a vinte e um nos Municípiosde até um milhão de habitantes, a trin­ta e três nos de até cinco milhões ea cinquenta e cinco nos demais casos.

Parágrafo único. O mandato deVereador terá a duração de quatroanos.

Art. 34. O Prefeito será eleito atéquarenta e cinco dias antes do términodo mandato de seu antecessor, aplica­das as regras do art. 87, para mandatode quatro anos, e tomará posse no dia1°de janeiro do ano subseqüente.

Art. 35. O Prefeito será subme­tido a julgamento perante o Tnbunalde Justiça.

Art. 36. A remuneração do Pre­feito e dos Vereadores será fixada pelaCâmara Municipal, para cada exercí­cio, dentro de limites estabelecidos naConstituição Estadual.

Art. 37. Compete aos Municí­PIOS:

I - legislar sobre assuntos de mte­resse local;

II - suplementar a legislação fe­deral e a estadual no.que couber;

III - decretar e arrecadar os tri­butos de sua competência, bem comoaplicar as suas rendas, sem prejuízoda obrigatoriedade de prestar contase publicar balancetes nos prazos fixa­dos em lei;

IV - criar, organizar e suprimirdistritos, observada a legislação esta­dual;

V - organizar e prestar os servi­ços públicos de interesse local;

VI - manter, com a cooperaçãotécnica e financeira da União e do Es­tado, programas de educação pré-es­colar e de ensino fundamental;

VII - prestar, com a cooperaçãotécnica e financeira da União e do Es­tado, serviços de atendimento à saúdedapopulação;

VIII - promover, no que couber,o adequado ordenamento territorial,mediante planejamento e controle douso, parcelamento e ocupação do solourbano;

IX - promover a proteção do pa­trimônio histõríco-cultural local, ob­servada a legislação e a ação fiscali­zadora federal e estadual.

Art. 38. A fiscalização financeirae orçamentána dos Municípios seráexercida pela Câmara Municipal, me­diante controle externo, e pelos siste­mas de controle interno do Poder Exe­cutivo Municipal, na forma da lei. I

§ 1° O controle externo da Câma­ra Municipal será exercido com o auxf-

CAPÍTULO IVDos Municipios

Art. 32. O Município reger-se-ápor lei orgânica, votada em dois tur­nos, com o interstício mínimo de dezdias, e aprovada por dois terços dosmembros da Câmara Municipal, quea promulgará, atendidos os princípiosestabelecidos nesta Constituição e naConstituição do respectivo Estado,observados os seguintes preceitos:

I - eleição do Prefeito e dos Ve­readores, mediante pleito direto e si­multâneo realizado em todo o País;

II - inviolabilidade dos Vereado­res por suas opiniões, palavras e votosno exercício do mandato, na circuns­crição do Município;

III - proibições e incompatibili­dades, no exercício da vereança, simi­lares, no que couber, ao disposto nestaConstituição para os membros doCongresso Nacional e, na Constitui­ção do respectivo Estado, para osmembros da Assembléia Legislativa;

IV - organização das funções le­gislativas e fiscalizadoras da CâmaraMunicipal;

V - participação das organiza­ções comunitárias no planejamentomunicipal;

VI - iniciativa popular no proces­so legislativo.

~. Titulo 111

CAPÍTULO IIIDos Estados Federados

Art. 27. Os Estados organizam­se e regem-se pelas Constituições e leisque adotarem, observados os princí­pios desta Constituição.

§ 19 São reservadas aos Estados ascompetências que não lhes sejam ve­dadas por esta Constituição.

§ 20 Cabe aos Estados explorar di­retamente os serviços públicos locaisde gás combustível canalisado.

§ 3° A criação, a incorporação, afusão e o desmembramento de Muni­cípios, obedecidos os requisitos pre­VIstos em lei complementar estadual,dependerão de consulta prévia, me­diante plebiscito, às populações dire­tamente interessadas, e se darão porlei estadual.

Art. 28. Incluem-se entre os bensdos Estados:

I - as águas superficiais ou subter­râneas, fluentes, em depósito ouemergentes;

11 - as ilhas oceânicas e marítimasj~ ocupadas pelos Estados e Municí­PIOS;

III - as ilhas fluviais e lacustres;IV - as áreas da faixa de fronteira

e as terras devolutas não compreen­didas entre as da União;

V - as terras de extintos aldea­mentos indígenas.

Art. 29. O número de Deputadosà Assembléia Legislativa correspon­derá ao triplo da representação do Es­tado na Câmara dos Deputados e,atingindo o número de tnnta e seis,será acrescido de tantos quantos forem08 Deputados Federais acima de doze.

§ 1° O mandato dos DeputadosEstaduais será de quatro anos, aplica­diasas regras desta Constituição sobresistema eleitoral, inviolabíhdade, ímu­nidades, remuneração, perda do man­dato, licença, impedimentos e incor­poração às Forças Armadas.

§ 20 A remuneração dos Deputa­dos Estaduais será fixada, em cada le­gislatura, pera a subseqüente.

§ 3' Compete às Assembléias Le­gislativas dispor sobre seu regimentointerno, polícia e serviços administra­tivos de sua secretaria, provendo osrespectivos cargos.

Art. 30. O Governador de Esta­do será eleito até quarenta e cinco diasantes do término do mandato de seuantecessor, para mandato de quatroanos, e tomará posse no dia 10 de janei­ro do ano subsequente, aplicando-sea regra do art 87.

Art. 31. Perderá o mandato oGovernador ou o Prefeito que assumiroutro cargo ou função na administra­ção pública direta ou indireta, ressal­vada a posse em virtude de concursopúblico, observado o disposto no art.49.

10 Jornal da Constituinte

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O QUE JÁ [ OM o QUE

.Após a promulgação da n~va Constituição, o CongressoNa~lOnal tera poderes bem maiores que os atuais. Além doregime de governo passar. a _ser o lJarlamentarismo, segundoo t.exto aprovado'pe.laComis~ao de Sistematização, o CongressoV~i recuperar? direito de legislar sobre matéria financeira, cam­bial e monetana, bem como sobre as instituições financeirase suas ~perações. P~derá, ainda, sustar os atos normativos doExecutivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limitesde delegaçao legis!atlva. E ganha~á competênci~ para apreciaros at,o~ de concl?s~ao e de renovaçao de concessao de emissorasde rãdio e televisão.

o CongressoNacional ganha

mais poderes

VII - concessão de anistia;.v1~I,:-: organiz!isão administrativa

e judiciária da Uníão e dos Territóriose organização judiciária do MinistérioPúblico e da Defensoria Pública doDistrito Federal'

IX - critéri~s' para classificação dedocumentos e Informações oficiais si­gilosos e ~ua_desclassificação; .

_X - cnaçao, transformação e extin­ça? de cargos, empregos e funções pú­blicas;~ - criação, estruturação e atrí­

buições dos Ministérios e órgãos daAdministração Pública;

XII - sistema nacional de radiodi­fusão, telecomunicação e comunica­ção de massa;

XIII - matéria financeira, cambiale monetária, instituições financeiras esuas operações;

XI':' - normas gerais de direito fi­nanceiro;

XV - captação e garantia da pou­pança popular;_XVI - moeda, seus limites de emis­

sao, e montante da dívida mobiliáriafederal.

Art. 59. É da competência exclu­siva do Congresso Nacional:

I - aprovar ou não tratados con­venções e acordos internacionai~ cele­brados pelo Presidente da Repúblicaou atos que acarretem encargos ouco~promlssos gravosos ao patrimônionacional;

11- autorizar o Presidente da Re­pública a declarar guerra, a celebrara paz, a pt;nnltlr que forças estran­geiras transitem pelo território nacio­nal ou nele permaneçam temporaria­mente, ressalvados os casos previstosem lei complementar;

111 - autorizar o Presidente da Re­pública ou o Primeiro-Ministro a sea~se~tarem do País,. importando a au­sencia sem consentimento em perdado cargo;

IV - aprovar ou suspender o esta­do de defesa, o estado de. sítio e aintervenção federal;

.~ -:- aprovar a incorporação, a sub­divisão ou o desmembramento deáreas de Territórios ou Estados, ouvi­das as respectivas Assembléias Legis­lativas;

VI - mudar temporariamente a suasede;

Vll-s-fíxar para cada exercício fi­nanceiro a remuneração do Presidenteda Re\?ública, do Primeiro-Ministro edos Ministros de Estado;

VIII - julgar anuahnente as contasprestadas pelo Primeiro-Ministro eapreciar os relatórios sobre a execuçãodos plan~s de.governo;

IX - fiscalizar e controlar, conjun­tamente ou por qualquer das Casasos atos do Poder Executivo, inclusiv~os da administração indireta; .

X - determinar a realização de re­ferendo;

TlTULOIVDa Organização dos Poderes

e Sistema de GovernoCAPÍTULO I

Do Poder LegislativoSEÇAOI

Do Congresso Nacional

Art: 55. O Poder Legislativo éexercido pelo Congresso Nacionalque se compõe da Câmara dos Depu:tados e do Senado Federal.

Art. 56. A Câmara dos Depu­tados co~põe-se de representantes dopovo, eleitos em cada Estado e Terri­tório e no Distrito Federal, através dosistema proporcional.

_§ 1° Cada legislatura terá a dura­çao doe quatro anos, salvo dissoluçãoda Camara dos Deputados, hipóteseem que, com a posse dos deputados!ip.ó~ as eleições extraordinárias, seráiniciado um novo período quadrienal.

§ 2° O número de deputados porEstado ou pelo Distrito Federal 'seráestabelecido pela Justiça Eleitoralproporcionalmente ~ população, con:{os ajustes necessános 'para que ne­nhum Estado ou o Distrito Federal te­nha menos de oito ou mais de sessentadeputados.

§ 3~ Excetuado o de Fernando deNoronha, cada Território elegerá qua­tro deputados.

Art. 57, O Senado Federal com­põe-se de jepresentantes dos Estadose do.D~st?to Federal, eleitos segundoo pnnclplo majorítãrío,

§ 1° Cada Estado e o Distrito Fe­deral elegerão três senadores commandato de oito anos. '

§ 2° A representação de cada Es­tado e do Distrito Federal será reno­vada de quatro em quatro anos alter­nadamente, por um e dois terçbs.

§ 3° Cada senador será eleito comdois suplentes.

SEÇÃO 11Das Atribuições doCongresso Nacional

. Art. 58. Cabe ao Congresso Na­cional, com a sanção do Presidente da~epública, dispor sobre todas as maté­nas de competência da União, ressal­vadas as especificadas nos arts. 59, 64e 65, e especiahnente sobre:

I - sistema tributário, arrecadaçãoe distribuição de rendas;

11- plano plurianual, diretrizes or­ç~mentári~s,. orça~~nto ~m~al, opera­çoes de credito, dívida publica e emis­sões de curso forçado;

111 - fixação e modificação do efe­tivo das Forças Armadas;

IV - planos e programas nacionaisregionais e setoriais de desenvolvi:mento;

V -limites do território nacionalespaço aéreo e marítimo e bens dodomínio da União;

VI - transferência temporária dasede do Governo Federal;

00

°DASP

o servidorpúblico civilpassa a terdireito degreve e de

sindicalização

das, das polícias militares e dos corposde bombeiros dos Estados, dos Terri­tórios e do Distrito Federal sendo­lhes privativos os títulos, post~s e uni­formes militares.

§. 2° O militar em atividade queaceitar cargo público civil permanenteserá transferido para a reserva.

§ 3° O militar da ativa que aceitarcargo, 7,?pre_go ou. função públicatemporana, nao eletiva, ainda que daadministração indireta, ficará agrega­do ap respectivo quadro e somente po­dera, enquanto permanecer nessa si­tuação, ser promovido por antigüida­de, contando-se-lhe o tempo de servi­ço apenas 'para aquela promoção etransferência para a reserva. Depoisde dois anos de afastamento contí­nuos ou não, será transferido' para ainatividade.

§ 4° Ao militar são proibidas a sin­dicalização e a greve.

§ .5' Os. militares, enquanto emefetivo serviço, não poderão estar fi­liados a partidos políticos.

§ 6° O oficial das Forças Armadas~ó perderá ? posto e a patente se forjulgado indigno do oficialato ou comele Incompatível, por decisão de Tri­bunal Militar de caráter permanenteem tempo de paz, ou de Tribunal Es:pecial em tempo de guerra.

§ 7° . <? ofici~l. condenado por tri­bun.al civil oI! militar a pena restritivada liberdade individual superior a doisa.nos, por sentença condenatória tran­~Itada em Julgado, será submetido aoJulgamento previsto no parágrafo an­tenor.

~ 8' A lei estabelecerá os limitesde Idade e outras condições de transfe­rência do servidor militar para a inati­vidade.

§ 9~ Aplica-se aos servidores aque ~e refere .este artigo, e a seus pen­SIOnistas, o disposto no art. 48.

SEÇÃO IVDas Regiões

Art. 52. Para efeitos administra­tiv?s, a União poderá articular a suaa~ao.em um ,?es~o complexo geoeco­nom}co e SOCial, Visando ao seu desen­volvímento e à redução das desigual­dades regionais.

Parágrafo único. Lei complemen­tar disporá sobre:

I ---:_as condições pa~a integraçãode regioes em desenvolvimento;

I~ -. a composição dos organismosregionais.

Art. 53. Os organismos regionaisexecutarão planos regionais integran­tes dos planos nacionais de' desenvol­vimento econômico e social aprova­dos conjuntamente com este; na for-ma da lei. '

Art. 54. Os incentivos regionaiscompreenderão os seguintes entreoutros, na forma da lei: '

I - equalização de tarifas fretesseguros e outros items de custos e pre:ços;

11 - Juros favorecidos para finan­ciamento de atividades prioritárias;

111 - isençoes, reduções ou diferi­mento temporário de tributos federais?e,:i~os por sobre pessoas físicas ouiurídicas.

§ 5° Os cargos em comissão e fun­ções de confiança na administraçãopública serão ex:rcidos, preferencial­mente, por servidores ocupantes decargo de carreira técnica ou profissio­nal, ~os casos e condições previstosem lei.

§ 6° São assegurados ao servidor~úbl.ico civil o direito à livre associaçãoSindical e o de greve, observado o dis­posto nos arts. 10 e 11.

§ 7° A lei reservará percentualdos empregos públicos para as pessoasportadoras de deficiência física e defi­nirá os critérios de sua admissão ob-servado o disposto no § 1° '

§ 8° Aplica-se, ainda, aos servido­res da administração pública o dispos­to nos incisos IV, ,VI, VII, VIII, IXXI, XII, XIV, XV, XVI, XVII, XIXe XX do art. 7'

Art. 46. O servidor será aposen­tado:

I - por invalidez;11 - compulsoriamente, aos se­

tenta anos;111 - voluntariamente:a) após trinta e cinco anos de servi­

ço, se do sexo masculino ou trintase do feminino; , ,

b) após trinta anos de efetivo servi-ço em funções de .magistério, se pro­fessor, ou v~nte e CinCO, se professora.

§ 1° Lei complementar poderá es­tabelecer exceções ao disposto no inci­so 111, a~í~ea a de.st~ artigo, no casode exercicio de atividades considera­das penosas, insalubres ou perigosas.

§ 2° Não haverá aposentadoriaem ~a.rgos, funções ou empregos tem­poranos.

Art. 47. Os proventos da aposen­tadoria serão:

I - integrais, quando o servidor:!l). contar com o tempo de serviço

exigido, .na forma do disposto no arti­go antenor;

b) sofrer invali?ez perm!,n~nte,poracidente em serviço, moléstia profis­sional ou doença wave, conta~iosaouIncurável, especificadas em lei:

11 - proporcionais ao te~po deserviço, nos demais casos.

Art. 48. Os proventos da inativi­dade e as pensões serão revistos namesma proporção e na mesma datasempre que se modificar a rem une:ração dos servidores em atividadebem como serão estendidos aos inati:vos qU!1isquer benefícios ou vantagensposteriormente concedidos aos servi­dores em atividade, inclusive quandodeco!!:ent:.s da transformação ou re­classificação do cargo ou função emque se deu a aposentadoria ou a re­forma.

Parágrafo único. O benefício depensão por morte corresponderá à to­talidade dos vencimentos ou proven­tos do servidor falecido, observado odisposto no caput,~..49. Ao servidor público em

exercicio de man?ato ~letivo, aplicam­se as seguintes disposições:

I - tratando-se de mandato eleti­vo federal ou estadual, ficará afastadod7s7u cargo, emprego ou função, semdireito a optar pela sua remuneração'

11 - investido no mandato de Pre:feito, se~á afastado do cargo, empregoou funçao, sendo-lhe facultado optarpela sua remuneração.

Art. 50. O servidor público está­vel só perderá o cargo em virtude desentenç,a judic~al, ou mediante proces­so administrativo, no qual lhe seja as­segurada ampla defesa.

Parágrafo único. Invalidada porsentença a demissão, o servidor seráreintegrado e o eventual ocupante davaga ~ec(;mdu~ldo a? cargo de origem,sem direito a indenização, ou aprovei­tado em outro cargo ou, ainda yostoem disponibilidade. ~

SEÇÃOIlIDos Servidores. Públicos Militares

Art. 51. São servidores militaresos integrantes das Forças Armadasdas polícias militares e dos corpos d~bombeiros militares dos Estados Ter-ritórios e Distrito Federal. '

§ 1° As patentes, com as prerro­gativas, os direitos e deveres a elasinerentes, são asseguradas em toda aplenitude aos oficiais da ativa, da re­serva ou reformados das Forças Arma-

o DistritoFederal ganha

autonomiapolítica, e

elegerá o seugovernador

espéc!e est~rão sujeitos a Impostos ge­rais, inclusive os de renda e extraor­dinário.

§ 10. Salvo em virtude de concur­so público, o cônjuge e o parente atésegundo grau, em linha direta ou cola­teral, cons!1ngüíneo ou afim, de qual­quer autondade, não pode ocupar car­go ou função de confiança, inclusivesob c:ontrato, em organismos a ela su­bordinados, na administração pública.

§ 11. As pessoas jurídicas de di­reito público e as de direito privadoprestadoras de serviços públicos res­ponderão pelos danos que seus agen­te~, nesta qualidade, causarem a ter­cetros, assegurado o direito de regres­so contra o responsável nos casos dedolo ou culpa.

§ 12. E vedada a vinculação ouequiparação de qualquer natureza pa­ra o efe~to de,re!lluneração de pes~oaldo serviço publico, ressalvado o dis­posto no §,6' deste artigo.

§ 13. E vedada a acumulação re­~uner~d~ de cargos, empregos e fun­çoes públicos, exceto nos casos previs­tos emlei complementar, obedecidoso~ criténos de compatibilidade de ho­ranos e correlação de matérias.

§ 14. A proibição de acumular aque se refere o § 13 estende-se a car­go~, empregos e funções em autar­quias, emP.resa~ públicas, sociedadesde economia mista e fundações públi­cas.

§ 15; Os acréscimos pecuniáriospercebidos por servidor público nãoserão computados nem acumuladospara fins de concessão de acréscimo~ulteriores, sob o mesmo título ou idên­tico fundamento.

§ 16. Aplica-se à administraçãopública em geral {o disposto no § 3'do art. 7', na condição de contratanteou contratada.

SEÇÃO 11Dos Servidores Públicos Civis

Art. 45. Os cargos, empregos efunções públicos são acessíveis aosb.rasileiros qu~ preencham os requi­sitos estabelecidos em lei.

§ 1° A primeira investidura emcargo ou .emprego público, sob qual­quer regime, dependerá sempre deaprovação prévia em concurso públicode provas ou de provas e títulos.

.§ 2° A União, os Estados, o Dis­t':!to Fed~ral.e os Municípios institui­rao, no .a~b!to ~e .sua competência,regime jurídico UnlCO para os servi­dores da administração pública diretae das.autarquias, bem como plano decarreira.

§ 3°. São est~~eis, após dois anosde efetivo exercicro, os servidores no­meados por concurso público. Extintoo cargo ou declarada a sua desneces­sidade, o servidor estável ficará emdisponibilidade remunerada até seuadequado aproveitamento ~m outrocar:go.

§ 4° Será convocado para assumirseu cargo ou emprego aquele que foiaprovado em concurso público de pro­vas ou de provas e títulos, com priori­dade sobre novos concursados na car­reira. A convocação será po~ editale fixará prazo improrrogável.

~ _ • ' • .~ p • IdQrnal da 4Constítuínte

Page 12: Volume 365 - Portal da Câmara dos Deputados...definitivo. Não será permitida segunda época. Cada opção deve ser cuidadosamente for mulada. Não se trata de um jogo, masdo destino

XI - sustar os atos normativos doPoder Executivo que exorbitem do po­der regulamentar ou dos limites de de-legação legislativa; •

XII - apreciar os atos.de conce~sao

e renovação de concessao de emisso­ras de rádio e televisão;

XIII - escolher dois terços dosmembros do Tribunal de Contas daUnião;

XIV - aprovar iniciath:a~do PoderExecutivo referentes a atividades nu-cleares; ,

XV - autorizar a aguisição de Im6­vel rural por pessoa física ou jurídicaestrangeira; ,

XVI - autorizar a exploração de n­quezas minerais em terras indígenas;

XVII - aprovar, previamente, ,aalienação o~ concess~o de t~rras pu­blicas com area supenor a quinhentoshectares,

Parágrafo únic\>o ~ Prt:si~ente 9aRepública e o Pnmelro-~rustro na?poderão ausentar-se do Pais por maisde trinta dias, sob pena de perda domandato devendo, ao final de cadaviagem, ~presentar relat6rio circuns­tanciado de seus resultados.,

Art. 60. Terão força de lei as re­soluções do Congresso Nacional.. oude qualquer de suas Casas, que visema regulamentar dispositivos destaConstituição para assegurar o efetivoexercício de suas competências consti­tucionais.

Art. 61. A Câmara dos Deputa­dos e o Senado Federal, ou qualquerde suas Comissões, poderão convocaro Primeiro-Ministro e os Ministros ?eEstado para prestar, pessoalm~nte,In­formações sobre assunto previamentedeterminado, importando a ausência,sem justificação adequada, em cnmede responsabilidade.

§ 19 As Mesas da Câmara dos De­putados e do Se,?-ado Fed.eral poderãoencaminhar pedidos escntos de Infor­mação aos Ministros de Estado.

§ 2° Importa em crime ~e respo~'sabilidade a recusa, ou o não-atendi­mento no prazo de trinta dias, bemcomo o fornecimento de informaçõesfalsas.

Art. 62. É da competência exclu­siva de cada uma das Casas do Con­gresso Nacional elaborar seu re~~n­to interno e dispor sobre orgamzaçao,funcionamento, polícia, criação,transformação ou extinção de cartl0s,empregos e funções. de seus servl~ose fixação da respectiva remuneraçao,observados os parâmetros estabeleci­dos na lei de diretrizes orçamentárias.

Art. 63. Salvo disposição consti­tucional em contrário, as deliberaçõesde cada Casa e de suas Comissões se­rão tomadas por maioria d?s ,vot?Spresentes, desde que ~sta maiona naoseja inferior a um qumto do total deseus membros,

SEÇÃOIlIDa Câmara dos Deputados

Art. 64. Compete privativamenteà Câmara dos Deputados:

I - autorizar, por dois terços deseus membros, a instauração de pro­cesso contra o Presidente da Repú­blica, o Primeiro-Ministro e os Minis­tros de Estado;

11- proceder à tomada de cont~s

do Primeiro-Ministro, quando naoapresentadas ao Congresso Nacionaldentro de sessenta dias ap6s a aberturada sessão legislativa;

III - aprovar , , .a) por maiona absoluta e por mtcia­

tiva de um quinto de seus membros,a moção de censura;

b) pela maioria dos seus membros,voto de confiança;

IV -recomendar ao Primeiro-Mi­nistro o afastamento de detentor decargo ou função de confiança no .G,o­vemo Federal, inclusive na adminis­tração indireta;

V -eleger, por maioria absoluta,o Primeiro-Ministro, nos termos destaConstituição.

SEÇÃO IVDo Senado Federal

Art. 65. Compete privativamenteao Senado Federal:

I - processar e jul~ar ? Presidenteda República e o Primeiro-Ministro

E

A eleição dosdeputados será

pelo sistemaproporcional:não vingou ovoto distrital

nos crimes de responsabilidade e osMinistros de Estado nos cnmes damesma natureza, conexos com aque-les; M' .

11- processar e julgar os ínístrosdo Supremo Tribunal ~ed:eral, o Pro­curador-Gerai da República e o Pro­curador-Gerai da Umão nos crimes deresponsabilidade; .

111 - aprovar prevI,~ente,por v~­

to secreto, ap6s argutçao em sessaopública, a escolha dos titulares dos se­guintes cargos, além de outros que alei determinar:

a) de magistrados,.n~s _casQ!' esta­belecidos nesta Constituição;

b) de um terço dos Ministros do Tri­bunal de Contas da União, indicadospelo Presidente da República;

c) dos Governadores de Ternt6­rios'

d) do presidente e d?s diretores doBanco Central do Brasil;

e) do Procurador-Geral da Repú-blica; .

IV - aprovar prev!,~~ente,por v~­to secreto, ap6s arguiçao em s,,:ss~o

secreta, a escolha dos chefes de missaodiplomática de caráter permanente;

V - autorizar operações externasde natureza financeira, de interesse daUnião dos Estados, do Distnto Fede­ral, do's Territ6rios e dos Municípios,;

VI - fixar, por proposta do Primei­ro-Ministro, limites globais para omontante da dívida consolidada daUnião dos Estados e dos Municípios;

VII:'" dispor sobre Iimi~es glob~se condições pa~a as operaçoe~ _de cre­dito externo e Interno da Umao, dosEstados, do Distrito Federal e dos M~­nicípios de suas autarquías e demaisentidad~s controladas pelo Poder PÚ­blico federal;

VIII - dispor sobre limites e condi­ções para a concessao de l}a~antIa daUnião em operações de credito exter­no e interno;

IX - estabelecer limites globais econdições para o montante da ~ívi.damobiliária dos Estados, do DístrítoFederal e dos Municípios;

X - suspender a execução '.no todoou em parte, de lei declarada mconstí­tucional por decisão definitiva do Su­premo Tribunal Federal;

XI - aprovar, por maioria ab~oluta

e por voto secreto, a exoneraçao, deofício do Procurador-Geral da Repú­olica ~ntes do término de seu man-dato. .

Parágrafo único. Nos casos previs­tos nos incisos I e 11,funcionará comoPresidente o do Supremo Tribu_nal Fe­deral limitando-se a condenaçao, quesome~te será proferida por dois terçosdos votos do Senado Federal, à perdado cargo, com ina1?i1itação, por ?it?anos, para o .exercíclo de fun,çaopu~li­ca, sem prejuízo das demais sançoesjudiciais cabíveis.

SEÇÃO VDos Deputados e dos Senadores

Art. 66. Os Deputados e SC?n.~do­res são invioláveis por suas opimoes,palavras e votos.

§ 1° Desde a expedição do díplo­ma os membros do Congresso NaCIO­nal'não poderão ser presos, salvo emflagrante de crime inafiançável, nem

processados criminalmente, sem pr~­

via licença de sua Casa, salvo por deli­tos praticados anteriormente.

§ 2° O indeferimento do pedidode licença ou a ausência de delibera­ção suspende a prescnçao, enquantodurar o mandato.

§ 3° No caso de flagrante de crimeinafiançável, os autos serão remeti­dos dentro de vinte e quatro horas,à C~sa respectiva, para que, pelo votosecreto da maioria dos seus membros,resolva sobre a prisão e autorize, ounão, a formação de culpa.

§ 4° Os Deputados e Senadoresserão submetidos a julgamento peran­te o Supremo Tribunal Federal.

§ 5° Os Deputados e Senadoresnão serão obrigados-a testemunhar so­bre informações recebidas ou presta­das em ratão do exercício do mandato,nem sobre as pessoas que lhes confia­ram ou deles receberam informações.

§ 6° A incorporação às Forças Ar­madas de Deputados e Senadores, em­bora militares e ainda que em tempode guerra, dependerá de prévia licençada Casa respectiva.

Art. 67. Os Deputados e Senado­res não poderão, desde a posse:

I - firmar ou manter contrato compessoa de direito público, autarquia,empresa pública, sociedade de .eco!!?­mia mista ou empresa concessionanade serviço público, salvo quando ocontrato e o respectivo processo deseleção obedecerem a clausulas um­formes;

11- aceitar ou exercer cargo, fun­ção ou emprego remu~er~do,nas e!1t1­dades constantes do mciso antenor,salvo aceitação decorrente de concur­so público, caso em que, se procederána forma do art. 52, mciso I;

111 - patrocinar causa em 9ue sejainteressada qualquer das entidades aque se refere o inciso I;

IV -ser proprietários, controlado­res ou diretores de empresa que gozede favor decorrente de contrato compessoa jurídica d~ direito público, ounela exercer função remunerada;

V - ser titulares de mais de um car­go ou mandato eletivo federal, esta­dual ou municipal.

Art. 68. Perderá o mandato o De-putado ou Senador: ,

I - que infringir qualquer das pror­bições estabelecidas no artigo ante­rior

ri-cujo procedimento for decla­rado incompatível com o decoro parla­mentar;

111 - que deixar de comparecer, emcada sessão legislativa, à terça partedas sessões ordinánas da Casa a quepertencer, salvo licença ou missão poresta autorizada;

IV - que perder ou tiver suspensosos direitos políticos;

V - quando o decretar a JustiçaEleitoral, nos casos previstos nestaConstituição; .

VI - que sofrer condenação cnmi­nal em sentença definitiva e irrecor­rível ou for condenado em ação popu­lar p~lo Supremo Tribunal Federal.

§ 1° É incompatível com o d:e~oroparlamentar, além dos casos definidosno regimento interno, o abuso dasprerrogativas asst:guradas a memb~o

do Congresso Nacional ou a percepçaode vantagens indevidas.

§ 29 Nos casos dos incisos I e I!deste artigo, a perda do mandato seradecidida pela Câmara dos Deputadosou pelo Senado Federal, por voto se­creto e maioria absoluta, medianteprovocação da respectiva Mesa ou departido político representado no Con-gresso Nacional. . .

§ 3° Nos casos previstos nos mCI­sos 111 a VI, a perda será declaradapela Mesa da Casa respectiva, de ofí­cio ou mediante provocação de qual­quer de seus membros, ou de partidopolítico representado no CongressoNacional, assegurada plena defesa.

Art. 69. Não perderá o mandatoo Deputado ou Senador:

I - investido na função de Primei­ro-Ministro, de Ministro de Estado,chefe de missão diplomática perma­nente Governador de Territ6rio, Se­cretário de Estado, do Distrito Fede-ral, de Territ6rio ou de Prefeitura de

Capital; .11-licenciado pela respectiva Casa

por motivo de doença, ou para tratm:,sem remuneração, de interesse parti­cular, desde que, neste caso, o afasta­mento não ultrapasse cento e vintedias por sessão legislativa.

§ 1° O suplente será convocadonos casos de vaga, de investidura emfunções previstas neste art!go 0l;! delicença superior a cento e VIntedias.

§ 2° Ocorrendo vaga e não haven­do suplente, far-se-ã eleição se falta­rem mais de quinze meses para o tér­mino do mandato.

Art. 70. Os Deputados e Senado­res perceberão idêntica remuneraçao,fixada para cada exercício financeiropelo plenário ~o Congresso Nacional,em sessão conjunta, e sujeita aos Im­postos gerais, inclusive o de renda eos extraordinários.

SEÇÃO VIDas Reuniões

Art. '71. O Congresso Nacionalreunir-se-á anualmente, na Capital daRepública,'de 15 de fevereiro a 30 dejunho e de 1°de agosto a 15 de dezem­bro.

§ 1° As reuniões marcadas para asdatas fixadas neste artigo serão trans­feridas para o primeiro dia úti! subse­qüente, quando recaírem em sabados,domingos e feriados. , . • ,

§ 2° A sessão legislativa nao serainterrompida sem a aprovação do,p'ro­jeto de lei de diretrizes orçamentanas.

§ 3° O regimento disporá sobre ofuncionamento do Congresso nos st:s­senta dias anteriores às eleições gera~s.

§ 4° Além de outros casos prevrs­tos nesta Constituição, a Câmara d?sDeputados e o Senado Federal reunir­se-ãoem sessão conjunta para:

I - inaugurar a sessão legislativa;11- elaborar o regimento comum

e regular a criação de serviços comunsàs duas Casas;

111- receber o compromisso doPresidente da República;

IV - conhecer do veto e sobre eledeliberar. .

§ 5° Cada uma das Casas reuni!­se-á em sessões preparatórias, a partirde 1° de fevéreiro, no primeiro anoda legislatura, para a posse de seusmembros e eleição das respectivas Me­sas vedada a recondução para o mes­mo' cargo na eleição imediatamentesubseqüente. No caso de dlssolu~ao

da Câmara dos Deputados, as ,sess?espreparat6rias terão início trinta diasap6s a diplomação dos eleitos, obser-vado o disposto no § 1° .

§ 6° A Mesa do Congresso NaCIO­nal será presidida pelo Presidente doSenado Federal, e os demais cargosserão exercidos, alternadamente, pe­los ocupantes de cargos equivalentesna Câmara dos Deputados e no Sena­do Federal.

§ 7° A Câmara dos Deputadosnão poderá ser dissolvida no prim~trO

ano e no último semestre da legisla-tura. , ,

§ 8° A convocação extraordinanado Congresso Nacional far-se-á:

I-pelo Presidente do Senado Fe­deral, em caso de decretação de estado

Dependerá deaprovação doCongresso aaquisição deimóvel rural

por estrangeiros

de defesa ou de intervenção federale de pedido de autorização para a de­cretação de estado de sítio;

11- pelo Presidente da República,pelos Presidentes da Câmara dos De­putados e do Senado Federal ou a re­querimento da maioria dos membrosde ambas as Casas, em caso de urgên­cia ou interesse público relevante.

§ 9" Na sessão legislativa extraor­dinária, o Congresso NaclOn~ somen­te deliberará sobre a maténa para aqual foi convocado.

SEÇÃO VIIDas Comissões

Art. 72. O Congresso Nacional esuas Casas terão comissões 'p'ennanen­tes e temporárias, constituídas na for­ma e com as atribuições previstas norespectivo regimento ou no ato de queresultar a sua criação.

§ 1° Na constituição das Mesas ede cada comissão, é assegurada, tantoquanto possível, a representaçãopro­porcional dos partidos que participamda respectiva Casa.

§ 2° Às Comissões1 e!TI razão damatéria de sua compete?Cla, cabe dl~­cutir e votar, segundo dispuser o regi­mento, projetos de 1C?i. Nes!es casosserá dispensada a mamfestaçao do ple­nário salvo se o requerer um quíntodos ~embros da respectiva Casa, ?Ude ambas, quando se tratar de comis­são mista.

§ 3° As comissões parlamentaresde inquérito, que terão poderes. de In­vestigação pr6prios das auton~adesjudiciais, serão criadas pela Camarados Deputados e pelo Senado Federal,em conjunto ou separadamente, me­diante requerimento de um terço deseus membros, para a apuração de fatodeterminado e por prazo certo, sendosuas conclusões, se for o caso, encami­nhadas ao Ministério Público para ofim de promover a responsabilidadecivil ou criminal dos infratores.

§ 4° Durante o recesso, salvo con­vocação extraordinária, haverá umacomissão representativado CongressoNacional, cuja composiçao reprodu­zirá, quanto possível, ~ propo~cl?~a­Iidade da representação partidãría,eleita por suas respectivas Casas naúltima sessão ordinária do período le­gislativo, com atribuições defimdas noregimento comum.

SEÇÃO VIIIDo Processo Legislativo

Art. 73. O processo legislativocompreende a elaboraç~o ?,::

I - emendas a Constituição;lI-leis complementares;111 -leis ordinárias;IV -leis delegadas;V -decretos legislativos;VI - resoluções,Parágrafo único. Lei complemen­

tar disporá sobre a técnica de el~b0r:.a­ção, redação, alteração e consolidaçãodas leis.

SUBSEÇÃO IDa Emenda à Constituição

Art. 74. A Constituição poderáser emendada mediante proposta:

l-de um terço, no mínimo, dosmembros da Câmara dos Deputadosou do Senado Federal;

11-do Presidente da República;111 - de mais da metade das As­

sembléias Legislativas das unidades daFederação, manifestando-se, cadauma delas, por um terço de seus mem­bros;

IV - de iniciativa popular, nos ter­mos previstos nesta Constituição.

§ 19 A Constituição não poderáser emendada na vigência de interven­ção federal, d,e. estado de defesa oude estado de SItiO.

§ 29 A proposta será discutida evotada em cada Casa, em dOIS turnos,considerando-se aprovada quando ob­tiver, nas votações, dois terços dos vo­tos dos membros de cada uma das Ca­sas.

§ 3° A emenda à Constituição se­rá promulgada pelas Mesas da Câmarados Deputados e do Senado Federal,com o respectivo número de ordem.

12 Jornal da Constituinte

Page 13: Volume 365 - Portal da Câmara dos Deputados...definitivo. Não será permitida segunda época. Cada opção deve ser cuidadosamente for mulada. Não se trata de um jogo, masdo destino

J E§ 4° Não será objeto de delibera­

ção a proposta de emenda tendentea abolir:

I - a forma federativa de Estado;II - o voto direto, secreto, univer­

sal e periódico;rir - a separação dos Poderes;IV - os direitos e garantias indivi­

duais.§ 5° A matéria constante de pro­

posta de emenda rejeitada ou havidapor prejudicada não pode ser objetode nova proposta na mesma sessão le­gislativa.

SUBSEÇÃO 11Disposições Gerais

Art. 75. A iniciativa de leis com­plementares e ordinárias cabe a qual­quer membro ou Comissão da Câmarados Deputados ou do Senado Federal,ao Presidente da República, ao Pri­meiro-Ministro, aos Tribunais Supe­riores e aos cidadãos na forma previstanesta Constituição.

§ 1~ São de iniciativa privativa:I - do Presidente da República as

leis que fixem ou modifiquem os efeti­vos das Forças Armadas;

11 -do Primeiro-Ministro as leisque disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ouempregos públicos na administraçãodireta e autárquica ou aumentem a suaremuneração;

b) organização administrativa e ju­diciária, matéria tributária e orçamen­tária, serviços públicos e pessoal daadministração dos Territ6nos;

c) servidores públicos da União eTerrit6rios, seu regime jurídico, pro­vimento de cargos, estabilidade e apo­sentadoria de civis, reforma e transfe­rência de militares para a inatividade;

d) organização do Ministério Públi­co e da 'Defensoria Pública da Uniãoe normas gerais para a organização doMinistério Público e da DefensoriaPública dos Estados, do Distrito Fede­ral e dos Territ6rios;

e) criação, estruturação e atribui­ções dos Ministérios e órgãosda admi­nistração pública.

§ 2° A iniciativa popular pode serexercida pela apresentação, à Câmarados Deputados, de projeto de lei ouproposta de emenda à Constituiçãodevidamente articulados e subscritospor, no mínimo, zero vírgula três porcento do eleitorado nacional, distri­buídos em pelo menos cinco Estados,com não menos de zero vírgula umpor cento dos eleitores de cada umdeles.

§ 3° O referendo popular será de­terminado pelo Presidente da Repú­blica para deliberar sobre a anulaçãototal ou parcial de emenda à Consti­tuição ou de lei, quando o requeiram,no mínimo, dois por cento do eleito­rado nacional, distribuídos em cincoou mais Estados, com não menos dezero vírgula cinco por cento dos eleito-res de caça um deles. .

§ 4° E vedado referendo relativoa leis de iniciativa privativa e a leistributárias.

Art. 76. Em caso de relevância eurgência, o Presidente da República,por solicitação do Primeiro-Ministro,poderá adotar medidas provis6rias,com força de lei, devendo submetê-Iasde imediato, para conversão, ao Con­gresso Nacional, que, estando em re­cesso, será convocado extraordinaria­mente para se reunir no prazo de cincodias.

Parágrafo único. As medidas pro­vis6rias perderão eficácia, desde a suaedição, se não forem convertidas emlei no prazo de trinta dias, a partirda sua publicação, devendo o Con­gresso Nacional disciplinar as relaçõesjurídicas delas decorrentes.

Art. 77. Não será admitido au­mento da despesa prevista:

I - nos projetos de iniciativa ex­clusiva do Presidente da República oudo Primeiro-Ministro, ressalvado odisposto nos §§ 3° e 4° do art. 187.

H - nos projetos sobre organizaçãodos serviços administrativos da Câma­ra dos Deputados, do Senado Federal,dos Tribunais Federais e do MinistérioPúblico.

Art. 78. A discussão e votação

Novidades:poderão ser

apresentadosprojetos de leide iniciativa

popular

dos projetos de lei de iniciativa do Pre­sidente da República, do Primeiro-Mi­nistro e dos Tribunais Superiores teráinício na Câmara dos Deputados.

§ 1° O Presidente da República eo Primeiro-Ministro poderão solicitarurgência P!ir~ apreciação de projetosde sua iníciattva.

§ 2° Se a Câmara dos Deputadose o Senado Federal não se manifes­tarem, cada qual, sucessivamente, ematé quarenta e cinco dias, sobre a pro­posição, esta deverá ser incluída naordem do dia, sobrestando-se a delibe­ração sobre os demais assuntos, salvoquanto ao disposto no artigo 76 e no§ 6° do artigo 80, até que se ultimea votação.

§ 3° A apreciação das emendas doSenado Federal pela Câmara dos De­putados far-se-ã, nos casos deste arti­go, no prazo de dez dias, observadoo disposto no parágrafo anterior.

§ 4° Os prazos do § 2° não corremnos períodos de recesso do CongressoNacional, nem se aplicam aos projetosde código.

Art. 79. O projeto de lei aprova­do por uma Casa será revisto pela ou­tra, em um s6 turno de discussão evotação, sendo enviado à sanção oupromulgação, se a Casa revisora oaprovar, ou arquivado, se o rejeitar.

Parágrafo úmco. Sendo o projetoemendado, voltará à Casa iníciadora.

Art. 80. A Casa na qual tenha si­do concluída a votação, ou o SenadoFederal, enviará o projeto de lei aoPresidente da República, que, aquies­cendo, o sancionará.

§ 1° Se o Presidente da Repúblicaconsiderar o projeto, no todo ou emparte, inconstitucional ou contrário aointeresse público, vetá-Io-á total ouparcialmente no prazo de quinze diasúteis, contados da data do recebimen­to.

§ 2° O veto parcial somenteabrangerá texto integral de artigo, deparágrafo, de inciso ou de alínea.

§ 3° Decorrido o prazo de quinzedias, o silêncio do Presidente da Repú­blica importará em sanção.

§ 4° As razões do veto serão apre­ciadas em sessão conjunta dentro detrinta dias a contar do seu recebimen­to, considerando-se mantido o veto seobtiver o voto da maioria absoluta dosDeputados e Senadores, em escrutíniosecreto.

§ 59 Se o veto não for mantido,será o projeto enviado, para promul­gação, ao Presidente da República.

§ 6° Esgotado sem deliberação oprazo estabelecido no § 4°, o veto serácolocado na ordem do dia da sessãoimediata, sobrestadas as demais pro­posições, até sua votação final, ressal­vadas as matérias de que tratam o pa­rágrafo único do artigo 76 e o § 2°do artigo 78.

§ 7° Se a lei não for promulgadadentro em quarenta e oito horas peloPresidente da República, nos casosdos §§ 39e 5°,o Presidente do Senadoa promulgará. Se este não o fizer emigual prazo, caberá ao Vice-Presidentedo Senado fazê-lo.

Art. 81. A matéria constante doprojeto de lei rejeitado ou não sancio­nado somente poderá constituir obje-

to de novo projeto, na mesma sessãolegislativa, mediante proposta damaioria absoluta dos membros dequalquer das Casas.

Art. 82. As leis delegadas serãoelaboradas pelo Conselho de Minis­tros, devendo a delegação ser solici­tada ao Congresso Nacional pelo Pri­meiro-Ministro.

§ 1° Não serão objeto de dele~a­ção os atos da competência exclusivado Congresso Nacional, os da compe­tência privativa da Câmara dos Depu­tados ou do Senado Federal, a matériareservada à lei complementar, nem alegislação sobre:

I - organização do Poder Judiciá­rio e do Ministério Público, a carreirae a garantia de seus membros;

H - nacionalidade, cidadania, di­reitos individuais, políticos e eleito­rais;

III - planos plurianuais, diretrizesorçamentãnas e orçamentos.

§ 2° A delegação ao Conselho deMinistros terá a forma de resoluçãodo Congresso Nacional, que especi­ficará seu conteúdo e os termos doseu exercício.

§ 3° Se a resolução determinar aapreciação do projeto pelo CongressoNacional, este a fará em votação úni­ca, vedada qualquer emenda.

Art. 83. As leis complementaresserão aprovadas por maioria absoluta.

SEÇÃO IXDa Fiscalização

Financeira, Orçamentária,Operacional e Patrimonial

Art. 84. A fiscalização financei­ra, orçamentária, operacional e patri­monial da União, quanto aos aspectosde legalidade, legitimidade, eficácia,eficiência e economicidade, será exer­cida pelo Congresso Nacional, me­diante controle externo, e pelos siste­mas de controle interno dos PoderesLegislativo, Executivo e Judiciário, naforma da lei.

Parágrafo único. Prestará contasqualquer pessoa física ou entidade pú­blica que utilize, arrecade, guarde, ge­rencie ou, por qualquer forma, admi­nistre dinheiros, bens e valores públi­cos, ou pelos quais a União responda,ou, ainda, que em nome desta assumaobrigações de natureza pecuniária.

Art. 85. O controle externo, acargo do Congresso Nacional, seráexercido pelo Tribunal de Contas daUnião, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadasanualmente pelo Primeiro-Ministro,mediante parecer prévio a ser elabo­rado em sessenta dias a contar do seurecebimento;

H - julgar as contas dos adminis­tradores e demais responsáveis por di­nheiros, bens e valores públicos da ad­ministração direta e indireta, inclusivedas fundações e sociedades instituídasou mantidas pelo Poder Público fede­ral, e as contas daqueles que deremcausa a perda, extravio ou outra irre­gularidade de que resulte prejuízo àFazenda Nacional;

IH - apreciar, para fins de registro,a legalidade dos atos de admissão depessoal, a qualquer título, na adminis-

Tudo igual:o Presidenteda República

continuarápossuindo o

direito de veto

Os cidadãos eas entidadescivis poderão

denunciarirregularidadesperante o TeU

tração direta e indireta, inclusive nasfundações instituídas ou mantidas peloPoder Público, excetuadas as nomea­ções para cargo de natureza especialou provimento em comissão, bem co­mo das concessões de aposentadorias,reformas e pensões, ressalvadas as me­lhorias posteriores que não alterem ofundamento legal do ato concess6rio;

IV - realizar inspeções e auditoriasde natureza financeira, orçamentária,operacional e patrimonial, inclusivequando requeridas pelo Ministério PÚ­blico junto ao Tribunal, nas unidadesadministrativas dos Poderes Legisla­tivo, Executivo e Judiciário e demaisentidades referidas no inciso lI;

V - fiscalizar as empresas suprana­cionais de cujo capital social a Uniãoparticipe, de forma direta ou indireta,nos termos do respectivo tratado cons­titutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quais­quer recursos repassados pela União,mediante convênio, a Estado, ao Dis­trito Federal ou a Municípios;

VII - prestar as informações solici­tadas pelo Congresso Nacional ouqualquer de suas Casas, por iniciativada comissão competente, sobre a fisca­lização financeira, orçamentária, ope­racional e patrimonial e, ainda, sobreresultados de auditorias e inspeçõesrealizadas;

VIH - aplicar aos responsáveis, emcaso de ilegalidade de despesa ou irre­gularidade de contas, as sanções pre­vistas em lei, que estabelecerá, dentreoutras cominações, multa proporcio­nal ao vulto do dano causado ao erá­rio;

IX - assinar prazo para que o õr­gão ou entidade adote as providênciasnecessárias ao exato cumprimento dalei, se verificada ilegalidade;

X-sustar, se não atendido, a exe­cução do ato impugnado, comunican­do a decisão à Câmara dos Deputadose ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder compe­tente sobre irregularidades ou abusosapurados.

§ 1° Na hip6tese de sustação decontrato, a parte que se considerarprejudicada poderá interpor recurso,sem efeito suspensivo, ao CongressoNacional.

§ 2° Se o Congresso Nacional, noprazo de noventa dias, por sua maioriaabsoluta, não se pronunciar sobre orecurso previsto no parágrafo ante­rior, prevalecerá a decisão do Tribu­nal.

§ 3° As decisões do Tribunal deque resulte imputação de débito oumulta terão eficácia de título execu­tivo.

§ 4° O Tribunal encaminhará aoCongresso Nacional, trimestral eanualmente, relat6rio de suas ativida­des.

Art. 86. A comissão mista perma­nente a que se refere o § 1° do artigo187, diante de indícios de despesas nãoautorizadas, ainda que sob a forma deinvestimentos não programados ou desubsídios não aprovados, poderá, pelamaioria absoluta de seus membros, so­licitar à autoridade governamentalresponsável que, no prazo de cincodias, preste os esclarecimentos neces-

sários.§ 1° Não prestados os esclareci·

mentos, ou considerados insuficientespor dois terços dos membros da comis­são, esta solicitará ao Tribunal pro­nunciamento conclusivo sobre a maté­ria, no prazo de trinta dias.

§ 2° Entendendo o Tribunal irre­gular a despesa, a comissão, se julgarque o gasto possa causar dano irrepa­rável ou grave lesão à economia públi­ca, proporá ao Congresso Nacional asustação da despesa.

Art. 87. O Tribunal de Contas daUnião, integrado por onze Ministros,tem sede no Distnto Federal, quadropr6prio de pessoal e jurisdição em to­do o territ6rio nacional, exercendo,no que couber, as atribuições previstasno artigo 112.

§ 1° Os ministros do Tribunal deContas da União serão escolhidos den­tre brasileiros maiores de trinta e cincoanos, de idoneidade moral, reputaçãoilibada e not6rios conhecimentos jurí­dicos, econômicos, financeiros ou deadministração pública, obedecidas asseguintes condições:

I - um terço indicado pelo Presi­dente da República, com aprovaçãodo Senado Federal;

H - dois terços escolhidos peloCongresso Nacional, sendo:

a) dois dentre os auditores indica­dos pelo Tribunal em lista tríplice, al­ternadamente, segundo os critérios deantigüidade e merecimento;

b) os demais, com mandato de seisanos, não renovável.

§ 2° Os ministros, ressalvado,quanto à vitaliciedade, o disposto naalínea "b" do inciso 11 do parágrafoanterior, terão as mesmas garantias,prerrogativas e impedimentos dos mi­nistros do Superior Tribunal de Justiçae somente poderão aposentar-se comas vantagens do cargo quando tenhamexercido efetivamente por mais de cin­co anos.

§ 3° Os auditores, quando emsubstituição a ministros, têm as mes­mas garantias e impedimentos dos ti­tulares.

§ 4° Os auditores, quando noexercício das demais atribuições da ju­dicatura, têm as mesmas garantias eimpedimentos dos juízes dos Tribu­nais Regionais Federais.

Art. 88. Os Poderes Legislativo,Executivo e Judiciário manterão, deforma integrada, sistema de controleinterno com a finalidade de:1-avaliar o cumprimento das me­

tas previstas no plano plurianual, aexecução dos programas de governoe dos orçamentos da União;

H - comprovar a legalidade e ava­liar os resultados, quanto à eficáciae eficiência, da ~estão orçamentária,financeira e patnmonial nos 6rgãos eentidades da administração federal,bem como da aplicação de recursospúblicos por entidades de direito pri­vado;

IH - exercer o controle das opera­ções de crédito, avais e garantias, bemcomo dos direitos e haveres da União;

IV - apoiar o controle externo noexercício de sua missão institucional.

§ 1° Os responsáveis pelo contro­le interno, ao tomarem conhecimentode qualquer irregularidade ou abusodele, darão ciência ao Tribunal deContas da União, sob pena de respon­sabilidade solidária.

§ 2° Qualquer cidadão, partidopolítico, associação ou sindicato é par­te legítima para denunciar irres.ulari­dades ou abusos p-erante o Tnbunalde Contas da União, exigir-lhe com­pleta apuração e a devida aplicaçãodas sanções legais aos responsáveis,ficando a autondade que receber de­núncia ou requerimento de providên­cias solidariamente responsável em ca­so de omissão

Art. 89. As normas estabelecidasnesta seção aplicam-se, no que cou­ber, à organização e fiscalização dosTribunais de Contas dos Estados e doDistrito Federal e dos Tribunais eConselhos de Contas dos Municípios.

Parágrafo único. As Constituiçõesestaduais disporão sobre a composiçãodos Tribunais de Contas respectivos,que serão integrados por sete Conse­lheiros.

Jornal da Constituinte 13

Page 14: Volume 365 - Portal da Câmara dos Deputados...definitivo. Não será permitida segunda época. Cada opção deve ser cuidadosamente for mulada. Não se trata de um jogo, masdo destino

A Comissão de Sistematização estávotando assuntos importantes da vidanacional. Se você concorda ou discordadas decisões é hora de se pronunciar,pois tudo poderá ser revisto emplenário. Mais do.que nunca é hora doleitor influir, participar.

Preços dosaluguéis

Srs. Constituintes,Com o Plano Cruzado os alu­

guéis estão um absurdo, não seise o nosso salário é que está muitobaixo ou se os proprietários é queestão explorando. Teria que haverum controle de preços de casas pa­ra as classes baixa, média e alta,pOIS do jeito que vai vamos acabarmorando debaixo da ponte. (... )Vilma Gonçalves de Almeida Cin-

traUberlândia - MG

Reformade base

Srs. ConstítumtesA última Constituição brasileira

foi em 1964, havendo em 1967uma emenda constitucional. De lápara cá, muitas mudanças houve­ram, ficando a lei intacta por duasdécadas. Minha sugestão, portan­to, é que haja uma reforma de ba-

.se, eliminando todas as mordo­mias desnecessárias que só servempara aumentar e consumir o di­nheiro público, em detrimento daclasse operária, que é a mais sacri­ficada, enquanto os riscos conti­nuam intocáveis.

Izabel de Faria CoelhoBelo Horizonte - MG

Tráficode drogas

Srs. Constituintes,Que haja uma lei bem rígida pa­

ra acabar com o tráfico de drogas,acabar com os plantios e com os'centros distribuidores; distribuirfolhetos explicativos sobre a Aids,como se prevenir, e sobre as dro­gas - como sair delas e como evi­tá-las. Que o Brasil tenha justiça;

Ique os bandidos sejam punidos se­veramente com sérios castigos, pa­'ra assim servir de exemplo para'os outros. (... )

FranCISCo BartasePirapozinho - SP

Uber1M.dla, 31 de outubro de 1..981

Exmo. Sr.

Dr. U1ye.l!l8s GuJ.m.a.reB

DD. Presidente da Aseembl.éia NacionAl Constituinte.

Prezado Senhor;

Com o objetJ.vo de colaborar com a nOSSa Nação, durante o período

em que tu.1. diretor e editor, do jornaJ. Correio Reg:z.on8J., da cJ.dade t

paulista de Kacaub81, o patriotismo arrai!,ado ell minhaa entranhas, t

levou-me a escrever sobre o Sistema de Governo; o Sistema Parlamen1;a

rilSta. Inconte"tavelemente, o Único capaz de dar 80S cidadãos e à pitria, ao Pa1S e à Nação, a !'arantia legÍt:L1la de u. regJ.lI' democrlÍti_

co.

Con~io nos Coneti tUJ..ntes. Não sendo Partidmo, mas, sendo BJ.mpá­

tlCO ao P.M.D.B., sei que tudo será t'eito em nome de uma Nova RepÚbl!

cai pOi", o termo NOTa - deverá de ser usado, Somente quando OIS tra­

ba1.ho8 dos Constituintes el!lt1 verem realizado8. E nada melhor para UlIl'J

Nova Repúbllca, acompanhada d.e um novo Sl.Btema de ncveme ,

Alili.!I, o perâ enerrtar-í eno , é o sistella, onde o pol!tl.co, o homem

público, tem por ~undamento, por ptlncipio, por caráter, a yergonha,

o patrioti.9l1o e a honra,. 11 dJ.gnJ.dade e 8. 1101"81 para o desempenho de

Suas tunçã ea,

i tri.etí.esill.o Ter, Ul1 homem público ser ohamado de corrupto, de

ladrão, de ISS vergonh!l, e, até meemo quaJ.it~cado em luüavras de bai­

xo nível, como 88 Já exposta8. O hcaem público, tem como por obr1.gaçàl

de ence.rn.ar a aut'ondade, Bem ser :!I.utoritário. Tem qt18 uear- o Poder.

Nunca abusar do Poder. Homem públ~co sem autoridade, não é pubj.a ec e

sequer homem é. É um quinta coluna. '" lei dá a competência. 30 o ce­

r~ter dá a autondade. Confiança não se impõe. Adquire-ee.

A moralidade dos politic08, é ante!! de tudo, ~ruto do SiBtca do

GoTerno. O Parlamentarismo e o cerne do car~ter, da moral~dade e da

democrli.cJ.a. O Pre.eidencieliemo é o germe de todos 08 males que detur­

pam todos 08 'Pr1noipUH~ de ordem, de oa.ráter, de moralidade e de dl&­

nidade. O Pre8idene~alJ.lSmo, especificamente o do Brasil, é o câncer

da Nação, do Pa1.a e do povo.

Tenho certeza absoluta e BOU convicto de que o casamento da Nova

República COII o parlamentarismo, o Pa1l1 terá como ~l.lho legÍtl.mo, a

grandeza. da Nação, que glonosmen1;. legará à história, a grandeza

do povo braD1leiro.

Na oportunidade, registro o t1eu a!trtuotSo csc-mnc e a minha. admi­

ração pela oompetência. lo ilu8tre Consti'tuinte, pelo carliter e pela

dignidade d. V. Excia. Saúdo-o pelo tl!l!lto que já fez e fas pelo nos­

:'30 ~0r10l!lO Bral!lil.

Pela dil!lcriç.áo do 11ulrt:re Parlamentar, &QBtan.a de Saber s. OIS

arti~l!I que tt!ltâo (em anexo) 11erecem aJ.gtlIls consideração de V. kTJ1a.

Atenc10lSaB Saudações,

Controleestatal

Srs. Constituintes,Que se vincule o pagamento da

dívida externa à existência de re­servas, saldo da balança comerciale inexistência do déficit público einflação. O atual conteúdo do art.179 da Constituição vigente seriaassim redigido: "Compete ao Es­tado organizar e explorar as ativi­dades econômicas. Pode o Estadodelegar algumas dessas atividades,por prazo certo, a ser fixado porlei, em cada caso, mediante con­cessão, atendida sempre a conve­niência de interesse público. Pará­grafo t1nico: Todas as atividadeseconômicas atualmente em fun­cionamento no País são conside­radas, a partir da vigência destaConstituição, concessões de servi­ço público".

Pedro Lúcio GilBelo Horizonte - MG

Trabalhadorrural

Srs, Constituintes,Que o trabalhador rural seja

aposentado aos 50 anos de idade;que a reforma agrária não seja fei­ta da maneira como está sendorealizada pelo Incra, que o traba­lhador, mesmo que não tenha ter­ra, não seja perseguido pela Justi­ça, e que ele pague a renda deacordo com o Estatuto da Terra;que o sindicato rural tenha maisautonomia; que o trabalhador ru­ral tenha acesso à Previdência eque os constituintes façam uma re­trospectiva nos créditos rurais evejam que s6 quem está tendoacesso ao crédito agrícola é o gran­de latifundiário.

Sindicato dos Trabalhadores Ru-irais 'de Francisco Dantas

Francisco Dantas - RN

POLíCIA MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Belo Hor i zon t e , ~"S: de outubro de 1987.

Of Nr fon /87

Senhor Deputado,

Acusando recebimento, nesta Polícia Militar, d~

"Jornal da Constituinte" agradeço a V. Exa. e, na oportunidadeapresento-lhe os cumprimentos pelo excelente trabalho.

A Polícia Militar de Mlnas, vocaclonada, há 156

anos, para a Segurança Públlca, ou seja, para proteção, assistê~

cia e socorro ao cidadão e ã comunidade, acompanha, através doperiódico acima, o desenvolvimento dos trabalhos da Assembléia'

Nacional Constituinte, de interesse de toda a sociedade brasilelra.

Atenciosamente,

d,"~~~á.0ZJ//-vLJOsl/~~O~IOR, CORONEL PM

COMANDANTE GERAL

Concursospúblicos

Srs. Constituintes'Gostaria que nesta nova Consti­

tuição brasileira, sejam mudadosos destinos dos brasileiros paramelhor. Espero que as pessoasque se inscrevam em concursospúblicos e sejam aprovadas, ve­nham a ser chamadas ao trabalho.(...) Espero que os senhores mem­bros que tenham a 'responsabili­dade de traçar nossos destinos nãose vendam para os poderosos, eco­nomicamente falando, ou só por­que simplesmente eles tenhammuitos votos para oferecer. (... )

José Norberto da SilvaRecife- PE

Direitos para todosSrs. Constituintes,Esperamos que a Constituinte

se firme na direção de pessoas quenos possam favorecer em maioresesclarecimentos de. um Brasilconsciente, que mereça dos seuscidadãos a alegria de ser brasilei­ro, e que nesta nova Constituiçãoaconteçam os direitos de todos.

José Alves de OliveiraSerrolândia - BA

ASSOCIAÇAO DOS DEFENSORES PÚBLICOS DOESTADO DO RIO DE JANEIRO

Rua São José, 4.6/1103-4 ~ Centro - Rio de Jane11'OCEP 20000 - Telefone 231-1687

Rio de Janea r-c , 15 de outubro de 1987.

Ao Exmo , Sr. Diretor Responsável do JORNAL Q! CONSTITUINTED. D. Deputado MARCELO CORDEIROCâmara dos Deputados - ADIRP70.160 - Brasilia - DF

Senhor Dar-eb or-,

Antes de mais nada nossos e rus avcs parabéns p~la a de í.a do JORNAL Q! CONSTITUINTE que sem dúvida alguma r~

pr-eaent.ar-á , no futuro, ex t r-aor-da.nár-a.a fonte de dados sobre ostraba.lhos que ho je se desenvolvem no se i o da ANC.

No maas , desejamos louvar a Ccmas sjio de SIste­mamaecâo pela enorme aens rb i.La dade demonstrada ao d~r à Defp!!sor-ia Púb Laca , através do Art. 148 e seu parágrafo unico, doSegundo subet.i t.ut.ãvo ao Projeto de Constituição, tratamentoLgua Lã t ar-a.o ao do M1.nJ.stér~o púb1100. oanhar-âo , certament;,os m~lhões de brasileiros carentes, beneme r-at.o s de assiste!!c ãas rur-Ld ã ca e judicJ.árIa, nunca Lnf'er-Lor' is que são presta­da a aos maa s afortunados.

Atenciosamente,

~~.(.~~<.<. .. <.?

R ERTO VITiI'GLIANOpr-es r dent.e

14 Jornal da Constituinte

Page 15: Volume 365 - Portal da Câmara dos Deputados...definitivo. Não será permitida segunda época. Cada opção deve ser cuidadosamente for mulada. Não se trata de um jogo, masdo destino

Modificada arepresentação

do Piauí

tos; Conferência Nacional dos Bis­pos do Brasil (CNBB); AEC doBrasti; Movimento de Base(MEB); Instituto dos Arquitetosdo Brasil (IAB); Federação Na­cional dos Jornalistas (FENAJ);Confederação Nacional dos Tra­balhadores na Agricultura (CaN­TAG); Comitê Pró-Autonomiado DF; Central Única dos Traba­lhadores (CUT); Confederaçãodos Professores do Brasil; ComitêPró-Participação Popular/MG;Diretório Nacional do PT; Plená­rio Pró-Participação Popular/SP.

o empresário e editor ÁlvaroPacheco (foto), de 44 anos, assu­miu o mandato de constituinte, nacondição de senador pelo PFL doPIauí. Ele ocuEoUa cadeira de Hu­go Napoleão (PFL-PI) que foi no­meado ministro da Educação naúltima reforma ministerial. A pos­se do novo constituinte ocorreu noplenário do Senado, em sessãopresidida pelo senador HumbertoLucena. Em decorrência da ida deHugo Napoleão para o MEC,reassumiu o mandato de consti­tuinte o senador Jorge Bornhau­sen, que vinha exercendo aquelaPasta.

do presidente da República emcinco anos.

No primeiro aniversáno da Pro­clamação da República foi insta­lada a Assembléia Constituinte,que escolheu uma comissão paraanalisar e dar parecer sobre a pro­posta de Constituição decretadapelo Governo Provisório.

A 10 de dezembro, a ComissãoEspecial apresentou seu parecer,acompanhado de dois votos em se­parado: um tratando da unidadeda magistratura, apoiado por vá­rios parlamentares e outro, de Jú­lio de Castilhos, defendendo umsistema de discriminação de ren­das, pela idéia da Câmara única,de pluralidade de legislação, deeleição direta do presidente daRepública, de capacidade eleito­ral dos analfabetos e dos padres.a projeto foi revisado por RuiBarbosa, membro do GovernoProvisório.

De acordo com depoimentos daépoca "o Congresso Constituintefoi dividido em quatro grupos: odos descontentes, o dos irrequie­tos e revolucionários, o dos ordei­ros, que queriam conservar me­lhorando, e o dos desiludidos.

No dia 24 de fevereiro de 1891,a Constituição republtcana foi pu­blicada. A proposta decretada pe­lo Governo Provisório foi discu­tida e votada pela Constituinte empouco mais de três meses.

rsentimentos e vontades do povobrasileiro em relação à Constituin­te, e repudiando as ameaças aobom andamento dos seus traba-lhos, deverá também ser elabora­do pelas entidades que adenramao movimento.

Integram o movimento as se­gumtes entidades: Plenário Pró­Participação na Constituinte/RJ;Departamento Intersindical deAssessoria Parlamentar (DIAP);Associação Nacional dos Docen­tes do Ensino Superior (ANDES);Federação Nacional dos Arquite-

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Guimarães sua apreensão em faceà campanha ostensiva do grandelobby empresarial contra os avan­ços sociais, o processo de partici­pação popular, a reforma agráriae as estatais brasileiras. E infor­mou ao presidente da Constituinteque será feita uma ampla convo­cação a todas as entidades da so­ciedade CIVil do País, com vistasà criação de uma articulação per­manente capaz de fazer frente àpressão dos empresários.

Um documento registrando os

Decretos do Governo Provisó­rio - após a proclamação da Re­pública - o primeiro, publicadoem 27 de dezembro de 1889, con­voca eleições para a AssembléiaConstituinte, a serem realizadas nodia 13 de setembro de 1890; o se­gundo, publicado em 23 de junhode 1890, convoca o primeiro Con­gresso Nacional - a AssembléiaConstituinte - a realizar-se em 15de novembro de 1890 e publica oprojeto de Constituição elaboradopor uma "comissão de notáveis"da época.

"É preciso elnninar os efeitosdas investidas dos setores retró­grados, como a União Brasileirade Empresários (UBE) e a UniãoDemocrática Ruralista (UDR),contra o processo constituinte eseus avanços". Foi essa a mensa­gem que um grupo de represen­tantes de entidades da sociedadecivil levou na última quarta-feira,dia 11 de novembro, ao presidenteda Constituinte, deputado UlyssesGuimarães.

O grupo manifestou a Ulysses

ADIRP/Revnaldo Stavale

Há 98 anos, isto é, no dia 15de novembro de 1889, foi procla­mada a República pelo marechalDeodoro, que, no exercício doGoverno Provisório, criou, atra­vés de decreto, condições para aelaboração de uma nova Consti­tuição.

Dezoito dias após a proclama­ção, foi criada uma comissão decinco membros para elaborar oprojeto da Constituição Republi­cana, assim composta: SaldanhaMarinho, Rangel Pestana, Antô­nio Luiz dos Santos Werneck,Américo Brasiliense de Almeidae Mello e José Antônio Pedreirade Magalhães Castro.

Cada membro dessa comissãoconstitucional elaborou seu pró­prio projeto deConstituição , sen­do que Rangel Pestana e SantosWerneck resolveram trabalhar emconjunto. No final apareceramtrês propostas, já que SaldanhaMarinho ocupou o cargo de presi­dente da comissão.

No dia 30 de maio de 1890, a"comissão dos cinco", depois deponderar e discutir os três projetosoriginais, elaborou a proposta deConstituição e entregou-a ao Go­verno Provisório. Nesse projeto,as antigas províncias passaram aser chamadas de Estados; a Câma­ra dos Deputados teve a legisla­tura fixada em três anos e o Sena­do em nove e foi fixado o mandato b!l!l!iII!!!!!!I!!!!!!!!!!!I!!!I!!!!!!I!!!!!!!III!!_!II!!!!!!!!!I!II._l

Quase um século dehistória republicana

Ulysses recebe o grupo que defendea Constituinte e os avanços até aqui obtidos

Defesa da Constituinte

Na TVe norádio, povo

segue aANC

A Assembléia Nacional Cons­tituinte está tendo uma boa pe­netração Junto à opinião públicaem termos ,da divulgação de seutrabalho. E o que mostra umapesquisa de opinião realizadapelo Instituto Gallup, divulgadapela revista Imprensa, em sua se­gunda edição, que dá ênfase aopapel cumprido pelo Diário daConstituinte, e Voz da Consti­tuinte editados pelo Serviço deDivulgação da ANC, com a co­laboração da Empresa Brasileirade Notícias (EBN) e da Rádio­brás e transmitidos para todo oBrasil pelas emissoras de rádioe de televisão, diariamente.

De acordo com a pesquisa Ga­llup-Imprensa, 57% do públicopesquisado acompanham o tra­balho da Assembléia NacionalConstitumte pela televisão, en­quanto 28% tomam conheci­mento dos fatos a ela relativosatravés do rádio. Os jornais sãoa fonte de informação de 14%das pessoas ouvidas, e as revistasvêm em quarto lugar, com 3%.No geral, 62% do público, se­gundo a amostragem, acompa­nham regularmente o noticiáriosobre a ANC.

A pesquisa afirma, ainda, que"o programa oficial e obrigató­rio DIário da Constituinte cum­pre a função imaginada peloscongressistas". E mostra que23% dos entrevistados nunca vi­ram ou ouviram o Diário masa maioria - 59% - tem acom­panhado as transmissões sempreque possível. Os que já viram,mas deliberadamente deixaramde acompanhar o programa ­segundo o Gallup - represen­tam 18%.

Outro ponto destacado naconsulta ao público é o de queos entrevistados parecem ter umponto de vista consistente em re­lação ao noticiário: 76% consi­deram-no lmportante (acompa­nhem ou não); 70% classificama cobertura da Constituinte útil,61% acham o programa interes­sante, 55% bem feita e, para46%, o noticiário traz novidade.Os que acham que esse informa­tivo diz sempre a mesma coisarepresentam 45%, enquanto33% o consideram poucoatraente. Esses dados percen­tuais se referem a cada um doscinco blocos de perguntas sobrea utilidade, o interesse, a impor­tância, a qualidade e as novida­des apresentadas pelo informa­tivo.

Num 9uadro estatístico, sobo título 'A vitória do rádio eda televisão", a pesquisa Ga­llup-Imprensa demonstra que onoticiário sobre a Constituinteatravés desses dois meios de co­municação passa no teste de pú­blico. a quadro ressalta a obser­vação de que a grande maioriatem prestigiado esse trabalho in­formativo, emprestando-lhe cre­dibilidade.

A pesquisa empreendida peloInstituto GaIlup teve como palcoa Grande São Paulo e foi feitaatravés de entrevistas pessoais edonncíliares, no período de 3 a5 de outubro, tendo como uni­verso um total de 610 pessoasouvidas - homens e mulheres- com distribuição baseada emdados do IBGE.

Jornal da Constituinte 15

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ADIRPlReynaldo Stavale

Crianças gaúchas também fazem a sua carta

ADIRPlReynaldo Stavale

ADIRPlReynaldo Stavale

Na Carta Constitucional Escolar são defi­nidos os princípios básicos a serem obser­vados por crianças e adultos naquela escola,com a fixação de uma série de direitos edeveres, que, se cumpridos, resultarão numambiente escolar feliz, criativo, respeitoso,onde a individualidade e a coletividade se­jam consideradas em suas corretas dimen­sões. A entrega da Carta e do manifestose converteu numa verdadeira festa dacriançada, quando o presidente UlyssesGuimarães garantiu que tudo o que se fazna ANC é para a construção de um Brasilmelhor.

em todos os setores, como medida funda­mental para evitar que a história do Brasilseja manchada por acontecimentos doloro­sos.

Jornal da Constituinte

Enquanto os constituintes trabalham pa­ra dar ao Brasil uma nova Carta constítu­cional, que todos querem mais justa, mo­derna e humana, crianças, pais e profes­sores gaúchos produziram, depois de mui­tos debates, a Primeira Carta Constitucio­nal Escolar, por iniciativa do Centro Inte­grado de Desenvolvimento Infantil Ipane­mirim, em Porto Alegre.

Uma cópia constituição escolar - inicia­tiva inédita no Brasil - foi entregue aopresidente da Assembléia Nacional Consti­tuinte, Ulysses Guimarães, por uma comis­são de alunos, pais e mestres, acompanhadade um manifesto formulado pela direçãoe equipe técnica e alunos daquele Centro.Nesse manifesto, os constituintes são con­clamados, acima 'de tudo, a buscar o prin­cípio da Justiça para a sociedade brasileira,

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