vol. 8 - direito comercial

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Vol. 8 - Direito Comercial

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  • A EDITORA MTODO se responsabiliza pelos vcios do produto no que concerne suaedio (impresso e apresentao a fim de possibilitar ao consumidor bem manuse-loe l-lo). Os vcios relacionados atualizao da obra, aos conceitos doutrinrios, sconcepes ideolgicas e referncias indevidas so de responsabilidade do autor e/ouatualizador.Todos os direitos reservados. Nos termos da Lei que resguarda os direitos autorais, proibida a reproduo total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio,eletrnico ou mecnico, inclusive atravs de processos xerogrficos, fotocpia egravao, sem permisso por escrito do autor e do editor.Impresso no Brasil Printed in Brazil

    Direitos exclusivos para o Brasil na lngua portuguesaCopyright 2014 byEDITORA MTODO LTDA.Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial NacionalRua Dona Brgida, 701, Vila Mariana 04111-081 So Paulo SPTel.: (11) 5080-0770 / (21) 3543-0770 Fax: (11) [email protected] | www.editorametodo.com.br

    Capa: Danilo Oliveira

    Produo Digital: Geethik

    CIP Brasil. Catalogao-na-fonte.Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

    Rocha, Marcelo Hugo daComo se preparar para o Exame de Ordem, 1.a fase : comercial / Marcelo Hugo da

    Rocha, Vauledir Ribeiro Santos. 10.a ed. Rio de Janeiro: Forense; So Paulo:MTODO, 2014.

    (Resumo: v. 8)

    Inclui bibliografiaISBN 978-85-309-5421-5

    1. Ordem dos Advogados do Brasil - Exames. 2. Direito comercial - Brasil - Problemas,questes, exerccios. I. Santos, Vauledir Ribeiro. II. Ttulo. III. Srie.

  • 08-5364 CDU: 347.7(81)

  • Dedico meus estudos aos meus futuros colegas de profisso, para que

    sirvam de exemplo, pois acreditar em nossos sonhos o primeiro passopara alcan-los, basta dedicao.

    Marcelo Hugo da Rocha

    Dedico este trabalho aos advogados, em especial, aos futuros advogados,responsveis diretos pelo exerccio da cidadania e busca de uma

    sociedade mais justa.Sem advogado no se faz justia.

    Vauledir Ribeiro Santos

  • CNOTA DOS AUTORES

    om a publicao do novo Provimento do Conselho Federal da OAB, n. 144/2011, algumasimportantes mudanas aconteceram, dentre elas a reduo de 100 para 80 questes na 1. Fase, a

    partir do IV Exame Unificado (01/2011).Para nossa disciplina, Direito Comercial, esta mudana foi considervel, pois, em vez de reduzir a

    sua incidncia, aumentou para cinco questes, mais do que o dobro do Exame 02/2010, superando,inclusive, Direito Tributrio em termos de importncia para o examinando.

    Se antes a preferncia da banca era evidente quanto ao Direito Societrio, agora a distribuio dostemas ficou mais abrangente, incluindo a retomada de questes que tratam de contratos mercantis.

    No deixamos de lado a qualidade e o comprometimento cultivados at esta edio, ao contrrio,reforamos sua preparao, atualizando o contedo e as questes, pois acreditamos que a suaaprovao passa pelo Direito Comercial.

    Fiquem com Deus.

    Vauledir Ribeiro Santos Marcelo Hugo da [email protected] [email protected]

  • NOTA SRIE

    com enorme satisfao que apresentamos aos candidatos ao Exame da OAB a Srie Resumo:como se preparar para o Exame de Ordem 1. fase , composta por quinze volumes, a saber:

    Constitucional, Comercial, Administrativo, Tributrio, Penal, Processo Penal, Civil, Processo Civil,Trabalho, tica Profissional, Ambiental, Internacional, Consumidor, Leis Penais Especiais e DireitosHumanos.

    Esta srie mais um grande passo na conquista de nosso sonho de oferecer aos candidatos aoExame de Ordem um material srio para uma preparao completa e segura.

    Sonho esse que teve incio com a primeira edio de Como se preparar para o Exame de Ordem 1. e 2. fases, prontamente acolhido pelo pblico, hoje com mais de 100.000 exemplares vendidos,trabalho que se firmou como o guia completo de como se preparar para as provas. Mais adiante,lanamos a srie Como se preparar para a 2. fase do Exame de Ordem , composta, atualmente, porquatro livros opo PENAL, CIVIL, TRABALHO e TRIBUTRIO , obras que tambm foram muitobem recebidas por aqueles que se preparam para a prova prtica nas respectivas reas.

    A srie tem como objetivo apresentar ao candidato o contedo exigvel, estritamente necessrio,para aprovao na 1. fase do Exame de Ordem, numa linguagem clara e objetiva.

    Para tanto, foi elaborada por professores especialmente selecionados para este mister, eestudiosos do tema Exame de Ordem, que acompanham constantemente as tendncias e aspeculiaridades dessa prova.

    Os livros trazem, ao final de cada captulo, questes pertinentes ao tema exposto, selecionadas deexames oficiais, para que o candidato possa avaliar o grau de compreenso e o estgio de suapreparao.

    Vauledir Ribeiro Santos([email protected])

  • Nota da Editora: o Acordo Ortogrfico foi aplicado integralmente nesta obra.

  • SUMRIO

    1. TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL1.1 Empresrio

    1.1.1 Regime jurdico-empresarial1.1.2 Empresrio individual e sociedade empresria1.1.3 Capacidade do empresrio individual

    1.2 Estabelecimento empresarial1.2.1 Conceito1.2.2 Alienao do estabelecimento empresarial1.2.3 Proteo ao ponto empresarial1.2.4 Renovao compulsria das locaes no residenciais

    1.3 Nome empresarial1.3.1 Noes1.3.2 Registro Pblico de Empresas Mercantis (RPEM)

    1.4 Prepostos1.5 Escriturao1.6 Questes

    2. PROPRIEDADE INDUSTRIAL2.1 Consideraes preliminares2.2 Patente2.3 Registro

    2.3.1 Desenho industrial2.4 Marca2.5 Questes

    3. DIREITO SOCIETRIO3.1 Consideraes gerais sobre o direito societrio

    3.1.1 Sociedade (arts. 981 a 985, CC)3.1.2 Distino entre empresa e sociedade3.1.3 Sociedades empresrias e sociedades simples3.1.4 Sociedades empresrias e empresas individuais de responsabilidade limitada3.1.5 Personalizao da sociedade empresarial3.1.6 Desconsiderao da personalidade jurdica3.1.7 Sociedade regular e irregular

    3.2 A sociedade no personificada (arts. 986 a 996, CC)3.2.1 A sociedade em comum (arts. 986 a 990, CC)3.2.2 A sociedade em conta de participao (arts. 991 a 996, CC)

  • 3.3 A sociedade personificada (arts. 997 a 1.141, CC)3.3.1 A sociedade no empresria ou simples (arts. 997 a 1.038, CC)

    3.3.1.1 Contrato social3.3.1.2 Administrao da sociedade3.3.1.3 Das obrigaes e

    responsabilidades dos scios3.3.1.4 Dos direitos dos scios3.3.1.5 A dissoluo da sociedade (arts. 1.033 a 1.038, CC)3.3.1.6 A liquidao da sociedade (arts. 1.102 a 1.112, CC)

    3.3.2 As sociedades empresrias3.3.2.1 Sociedade em nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044, CC)3.3.2.2 Sociedade em comandita simples (arts. 1.045 a 1.051, CC)3.3.2.3 Sociedade limitada (arts. 1.052 a 1.087, CC)3.3.2.4 A sociedade annima (arts. 1.088 a 1.089, CC; Lei 6.404/1976)3.3.2.5 Sociedade em comandita por aes (arts. 1.090 a 1.092, CC)

    3.4 Sociedade cooperativa3.4.1 Noes3.4.2 Caractersticas3.4.3 Tipos de cooperativas

    3.5 Grupos de sociedades3.5.1 Consideraes preliminares3.5.2 Sociedades coligadas3.5.3 Grupo3.5.4 Consrcios

    3.6 Transformao, incorporao, fuso e ciso das sociedades (arts. 1.113 a 1.122, CC)3.6.1 Consideraes preliminares3.6.2 Transformao3.6.3 Incorporao3.6.4 Fuso3.6.5 Ciso

    3.7 Sociedades dependentes de autorizao (arts. 1.123 a 1.141, CC)3.8 Questes

    4. TTULOS DE CRDITO4.1 Teoria geral do direito cambirio

    4.1.1 Conceito de ttulo de crdito4.1.2 Princpios dos ttulos de crditos4.1.3 Classificao dos ttulos de crdito

    4.2 Ttulos de crdito em espcie4.2.1 Letra de cmbio (Decretos 2.044/1908 e 57.663/1966)

  • 4.2.1.1 Conceito4.2.1.2 Saque4.2.1.3 Ressaque4.2.1.4 Aceite (arts. 21 a 29, LU)4.2.1.5 Endosso (arts. 11 a 20, LU e arts. 910 a 920, CC)4.2.1.6 Aval (arts. 30 a 32, LU e arts. 897 a 900, CC)4.2.1.7 Vencimento da letra de cmbio (arts. 33 a 37, LU)4.2.1.8 Pagamento da letra de cmbio (arts. 38 a 42, LU)4.2.1.9 Protesto (arts. 28 a 33, Decreto 2.044/1908)4.2.1.10 Ao cambial (arts. 43 a 54, LU)

    4.3 Nota promissria (arts. 75 a 78, Decreto 57.663/1966)4.4 Cheque (arts. 1. a 71, Lei 7.357/1985)

    4.4.1 Consideraes preliminares4.4.2 Aval4.4.3 Cheque ps-datado4.4.4 Cheque cruzado4.4.5 Cheque visado4.4.6 Cheque administrativo (bancrio)4.4.7 Cheque para levar em conta4.4.8 Apresentao e pagamento do cheque (arts. 32 a 43, LC)4.4.9 Cheque sustado (arts. 35 e 36, LC)4.4.10 Prescrio do cheque (art. 59, LC)4.4.11 Ao por falta de pagamento (arts. 47 a 55, LC)

    4.5 Duplicata mercantil (arts. 1. a 28, Lei 5.474/1968)4.5.1 Consideraes preliminares4.5.2 Fatura4.5.3 Remessa e devoluo da duplicata (arts. 6. a 8., LD)4.5.4 Protesto da duplicata (arts. 13 e 14, LD)4.5.5 Processo para a execuo da duplicata (arts. 15 a 17, LD)4.5.6 Execuo e falncia em razo de duplicata no aceita4.5.7 Prescrio da duplicata (art. 18, LD)4.5.8 Duplicata de prestao de servios e por conta de servios (arts. 20 a 22, LD)4.5.9 Duplicata virtual (art. 8., Lei 9.492/1997)

    4.6 Cdula hipotecria4.7 Certificado de depsito bancrio CDB4.8 Conhecimento de transporte, warrant e conhecimento de frete4.9 Questes

    5. DIREITO FALIMENTAR

  • 5.1 A Lei de Falncias5.1.1 Consideraes preliminares5.1.2 A falncia5.1.3 Devedores sujeitos falncia5.1.4 Insolvncia

    5.1.4.1 Impontualidade injustificada5.1.4.2 Execuo frustrada5.1.4.3 Atos de falncia

    5.1.5 Processo falimentar5.1.5.1 Pedido de falncia (arts. 97 e 105, LF)5.1.5.2 A resposta do ru5.1.5.3 Procedimento da autofalncia (arts. 105 a 107, LF)

    5.1.6 A sentena declaratria da falncia5.1.7 Efeitos da sentena declaratria de falncia5.1.8 A massa falida objetiva e subjetiva5.1.9 Administrao da falncia

    5.1.9.1 Administrador judicial5.1.9.2 Assembleia-geral de credores5.1.9.3 Comit de credores

    5.1.10 Quadro geral dos credores5.1.11 Responsabilidade dos scios na falncia5.1.12 Atos ineficazes do falido5.1.13 Ao revocatria5.1.14 Classificao geral de crditos5.1.15 Extino da falncia e reabilitao do falido

    5.2 A recuperao judicial e extrajudicial5.2.1 Consideraes preliminares5.2.2 A recuperao judicial

    5.2.2.1 Condies gerais para requerer a recuperao judicial (art. 48, LF)5.2.2.2 Pedido e processamento da recuperao judicial5.2.2.3 Administrao dos bens5.2.2.4 Da convolao da recuperao judicial em falncia

    5.2.3 A recuperao extrajudicial (arts. 161 a 167, LF)5.3 Questes

    6. CONTRATOS MERCANTIS6.1 Consideraes preliminares

    6.1.1 Dos contratos mercantis como fontes de obrigaes6.1.2 Fora obrigatria do contrato6.1.3 Desconstituio do vnculo contratual

  • 6.1.4 Contratos civis e mercantis6.2 Dos contratos em espcie

    6.2.1 Mandato mercantil (arts. 653 a 691, CC)6.2.2 Da compra e venda mercantil

    6.2.2.1 Caractersticas6.2.2.2 Formao dos contratos de compra e venda mercantil6.2.2.3 Obrigaes do vendedor6.2.2.4 Obrigaes do comprador

    6.2.3 Depsito mercantil6.2.4 Contrato de representao comercial (Lei 4.886/1965)6.2.5 Contrato de franquia ou franchising (Lei 8.955/1994)

    6.2.5.1 Caractersticas6.2.5.2 Encargos do franqueado6.2.5.3 Obrigaes do franqueador

    6.2.6 Contrato de leasing ou arrendamento mercantil6.2.7 Contrato de faturizao ou factoring

    6.2.7.1 Caractersticas6.2.7.2 Espcies de faturizao

    6.2.8 Contratos de seguro6.2.8.1 Caractersticas6.2.8.2 Natureza do contrato de seguro6.2.8.3 Obrigaes das partes6.2.8.4 Espcies de contrato de seguro

    6.2.9 Comisso mercantil (arts. 693 a 709, CC/2002)6.2.10 Hedging ou hedge

    6.3 Questes

    GABARITO

  • TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL

    1.1 EMPRESRIO

    1.1.1 Regime jurdico-empresarial

    De acordo com o art. 966 do CC, Considera-se empresrio quem exerce profissionalmenteatividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios.

    Para exercer sua atividade regularmente, todo empresrio est sujeito a um conjunto de regrasespecficas, denominadas regime jurdico-empresarial . Esse regime o responsvel porregulamentar a prtica da atividade mercantil e torn-la legal. Nesse sentido, o empresrio que noseguir determinadas normas, tais como o registro do contrato social ou do estatuto da sociedade naJunta Comercial e a no manuteno de uma escriturao contbil, ser tido como irregular, e,consequentemente, no se beneficiar do regime de execuo especial em caso de insolvncia, que a falncia. Tambm no ter legitimidade ativa para requerer a recuperao judicial e aextrajudicial.

    Por outro lado, se seguir corretamente todas as determinaes a ele impostas, ter, dentre outrasvantagens, o benefcio de se valer da eficcia probatria de sua escriturao contbil, prevista no art.379 do CPC, poder pedir a falncia de seu devedor e tambm uma das formas de recuperao daempresa (Lei 11.101/2005).

    1.1.2 Empresrio individual e sociedade empresria

    O empresrio pode ser pessoa fsica ou jurdica. Como pessoa fsica, ser chamado deempresrio individual; em sendo pessoa jurdica, sociedade empresria (art. 44, II, CC) e, agora,empresa individual de responsabilidade limitada (art. 44, VI, CC). Conforme destaca Fbio UlhoaCoelho, desde logo devemos acentuar que os scios da sociedade empresria no so empresrios,e sim empreendedores (alm de capital, so administradores) ou investidores (aportam capital),dependendo da colaborao dada sociedade. Assim, as regras que so aplicveis ao empresrioindividual no se aplicam aos scios da sociedade empresria1.

    Anteriormente ao vigente Cdigo Civil brasileiro (Lei 10.406/2002) e sob a teoria dos atos decomrcio, disciplinada pelo Cdigo Comercial de 1850, somente quem praticava ato de mercanciaera considerado comerciante. O ato de mercancia ou de comrcio foi delimitado no Regulamento737 de 1850 (arts. 19 e 20). Nas palavras de Fran Martins, atos de comrcio sero os atos

  • praticados pelos comerciantes, no exerccio de sua profisso, e como tais ficam sempre sujeitos leicomercial2.

    Com a adoo da teoria da empresa, primeiro pela doutrina, jurisprudncia e por leis esparsas,desloca-se, por essa teoria, segundo Bruno Mattos e Silva, o mbito da parte geral do direitocomercial, antes centrado nas figuras do comerciante e dos atos de comrcio, para a figura doempresrio e da empresa, entendida esta como a atividade econmica organizada e realizada deforma habitual3.

    Conforme j mencionado, o empresrio (que no pode mais ser chamado de comerciante emvirtude da adoo da teoria da empresa) definido como aquele profissional exercente de atividadeeconmica organizada para a produo e circulao de bens ou de servios.

    Desse conceito so extrados os seguintes elementos:

    a) profissionalismo cuja noo est subordinada observncia de trs pressupostos:habitualidade, pessoalidade e monoplio das informaes sigilosas em relao aos bens ouservios oferecidos pelo empresrio;

    b) atividade econmica organizada que significa qualquer atividade lcita e idnea geraode lucro para quem a explora em virtude da organizao dos quatro fatores de produo e queso: mo de obra, capital, insumos e tecnologia; e

    c) produo ou circulao de bens ou servios fabricao de bens, prestao de servios e aatividade de intermediao (circulao) de bens ou servios.

    Em decorrncia do disposto no pargrafo nico do art. 966 do CC, podemos concluir que soatividades econmicas (civis) que no se enquadram no conceito de empresrio e, portanto, no sesubmetem ao regime jurdico-empresarial (No se considera empresrio):

    a) aquele que explora atividade empresarial, mas no se enquadra no conceito legal deempresrio;

    b) o profissional intelectual (de natureza cientfica, literria ou artstica, quando o exerccio daprofisso no constitui elemento de empresa);

    c) o empresrio rural (desde que no proceda sua inscrio no Registro Pblico de EmpresasMercantis, caso em que ser equiparado a empresrio arts. 971 e 9844); e

    d) as cooperativas (em qualquer caso, independentemente do seu objeto, sero sempre civis ousimples, cincia do art. 982).

    O art. 967 do CC dispe ser obrigatria a inscrio do empresrio no Registro Pblico deEmpresas Mercantis da respectiva sede, antes do incio de sua atividade. No caso demicroempreendedor individual (vide art. 18-A da LC 123/2006), o processo de abertura e registro,bem como de alteraes e baixa, dever ter trmite especial e simplificado, preferentementeeletrnico (art. 968, 4., CC)5. Para fins de simplificao, podero ser dispensados, p. ex., o uso defirma, da indicao de capital e informaes relativas do prprio microempreendedor individual(nacionalidade, regime de bens e estado civil).

    O 3. do art. 968 do CC, includo pela LC 128/2008, permite que o empresrio individual, caso

  • venha a admitir scios, solicite ao Registro Pblico de Empresas Mercantis RPEM atransformao de seu registro de empresrio para registro de sociedade empresria.

    E, antecipando o captulo prprio do Direito Societrio, considera-se empresria a sociedade quetem por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio sujeito a registro (art. 967 do CC),salvo excees expressas, como diz o caput do art. 982 do CC.

    1.1.3 Capacidade do empresrio individual

    De acordo com o art. 972 do CC, Podem exercer a atividade de empresrio os que estiverem nopleno gozo da capacidade civil e no forem legalmente impedidos.

    Assim, no tm capacidade civil: os menores de 18 anos no emancipados, os brios habituais, osviciados em txicos, os deficientes mentais, os excepcionais, os prdigos e os ndios (a capacidadedos ndios est regulada pela Lei 6.001/1974 Estatuto do ndio).

    No entanto, o art. 974 permite excepcionalmente que o incapaz seja empresrio individual (pelarepresentao ou assistncia) desde que autorizado pelo juiz (por meio de alvar) para que continuea exercer a empresa por ele constituda enquanto era capaz, ou que foi constituda por seus pais oupor pessoa de quem for sucessor. Vale ressaltar que essa autorizao judicial poder ser revogada aqualquer tempo, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou interdito, sem prejuzodos direitos de terceiros (art. 974, 1., do CC).

    A Lei 12.399/2011 incluiu a exigncia do 3. do art. 974 do CC, em que o RPEM (a cargo dasJuntas Comerciais) dever registrar contratos ou alteraes contratuais de sociedade que envolvascio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: o scio incapazno pode exercer a administrao da sociedade; o capital social deve ser totalmente integralizado;o scio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve serrepresentado por seus representantes legais.

    Esto legalmente impedidos, entre outros, de serem empresrios:

    Impedidos legalmente de ser empresrios

    O falido, desde a decretao da falncia at a sentena queextinguiu suas obrigaes e aquele ainda no reabilitado LF, arts. 102 e 181, I.

    Aqueles que foram condenados pela prtica de crime cujapena vede o acesso atividade empresarial Lei 8.934/1994; art. 35, II.

    O leiloeiro Decreto 21.981/1932, art. 36.

    Os funcionrios pblicos civis da Unio Lei 8.112/1990, art. 117, X.

  • Os estrangeiros ou sociedades no sediadas no Brasil ouno constitudas segundo nossas leis ou que dependamde autorizao

    CC, arts. 1.123 a 1.141.

    Os devedores do INSS Lei 8.212/1991, art. 95, 2., d.

    Aqueles em desempenho de funo pblica CF, art. 54, II, a.

    O estrangeiro com visto temporrio Lei 6.815/1980, art. 99.

    O militar da ativa Lei 6.880/1980, art. 29.

    O membro do Ministrio Pblico Lei 8.625/1993, art. 44, III.

    O magistrado LC 35/1979, art. 36, I e II.

    As pessoas arroladas no art. 1.011 do CC CC, art. 1.011.

    No entanto, isto no obsta que estas pessoas participem como scias de uma sociedadeempresria, desde que tambm tenha esta restrio expressamente disposta em lei especial, como,por exemplo, o prprio art. 44, III, da Lei Orgnica do Ministrio Pblico (Lei 8.625/1993)preceitua: membro do MP est vedado a exercer o comrcio ou participar de sociedade comercial,exceto como cotista ou acionista.

    Quanto aos funcionrios pblicos, estes no podero participar de gerncia ou administrao desociedade privada, personificada ou no personificada, salvo a participao nos conselhos deadministrao e fiscal de empresas ou entidades em que a Unio detenha, direta ou indiretamente,participao no capital social ou em sociedade cooperativa constituda para prestar servios a seusmembros, e exercer o comrcio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditrio.

    O art. 973 do CC estabelece que a pessoa legalmente impedida de exercer atividade prpria deempresrio, se a desempenhar, responder pelas obrigaes contradas. Isso significa que aresponsabilidade pelas obrigaes assumidas ser pessoal e ilimitada.

    O Cdigo Civil, contrariando a orientao jurisprudencial construda sobre as regras do CdigoComercial (que teve sua Parte Primeira revogada pelo art. 2.045, permanecendo vigente apenas aParte Segunda que corresponde ao comrcio martimo), prev expressamente a possibilidade deconstituio de sociedade marital sendo essa a sociedade empresarial composta exclusivamente pormarido e mulher. O art. 977 do CC faculta aos cnjuges contratar sociedade, entre si ou comterceiros, desde que no tenham casado no regime da comunho universal de bens ou no daseparao obrigatria. Se, a despeito da proibio legal, for registrada na Junta Comercial

  • sociedade exclusivamente por marido e mulher, seus scios respondero ilimitadamente pelasobrigaes sociais.

    1.2 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

    1.2.1 Conceito

    Segundo Rubens Requio6, o estabelecimento empresarial o instrumento da atividade doempresrio. a base fsica da empresa, o complexo de bens, sejam eles corpreos ou incorpreos,tais como mquinas, instalaes, tecnologia, marcas e patentes, reunidos pelo empresrio para quepossa praticar a atividade empresarial.

    So elementos do estabelecimento empresarial: os bens corpreos (mquinas, equipamentos) eincorpreos (nome, ponto). O aviamento e a clientela, para alguns autores, so consideradoselementos do estabelecimento; por outros, atributos da empresa. Porm, tal distino no se mostrarelevante, pois, de acordo com o conceito de Rubens Requio7, Aviamento a capacidade daempresa gerar lucros, devido excelncia de sua organizao.

    Entendendo-se aviamento como a capacidade da empresa em gerar lucros, tem-se que aquele serresponsvel por indicar o valor da empresa, por meio de seu bom funcionamento, refletindo oprestgio e confiana que ela goza no meio social. J a clientela o conjunto de pessoas que mantm,continuamente, relaes para aquisio de bens ou servios com o estabelecimento empresarial,conforme explica ainda Rubens Requio8.

    O novo Cdigo Civil, em seus arts. 1.142 a 1.149, trata do estabelecimento, definindo-o comotodo o complexo de bens organizado, para exerccio da empresa, por empresrio ou por sociedadeempresria.

    Por fim, Fbio Ulhoa Coelho trata com preciso as diferenas das expresses empresa eestabelecimento empresarial, sendo a primeira a atividade de produo ou circulao de bens ouservios, e a segunda, como o local em que a atividade desenvolvida, incluindo a reunio dosdemais bens corpreos e incorpreos9.

    1.2.2 Alienao do estabelecimento empresarial

    Tendo em vista que o estabelecimento empresarial o conjunto de bens do empresrio destinados prtica mercantil, evidente, tambm, que ele constitui a principal garantia dos credores em casode uma eventual insolvncia.

    Sendo assim, para que possa haver a alienao do estabelecimento empresarial (pelo contrato detrespasse) h certos requisitos, criados por lei, que devem ser observados, para a proteo dosinteresses dos credores. Isso no quer dizer que o empresrio no possui a livre administrao deseu estabelecimento; pelo contrrio, ele pode dispor de seu fundo de comrcio da mesma forma queos demais bens de seu patrimnio. Porm, quando se trata de alienao do estabelecimentoempresarial, a lei o obriga a se sujeitar anuncia dos credores se ao alienante no restarem benssuficientes para solver seu passivo.

  • Assim, requisito essencial para a alienao do fundo de comrcio quando, em virtude dela, norestarem bens suficientes para a solvncia do passivo a concordncia expressa ou tcita (no caso desilncio do credor depois de passados 30 dias da notificao de alienao art. 1.145 do CC) doscredores.

    Entretanto, esse procedimento pode ser dispensado se ao empresrio ainda restarem benssuficientes em seu patrimnio para saldar o dbito. Caso contrrio, ou seja, se no possuir benssuficientes para o pagamento dos credores e no observar o requisito acima mencionado, oempresrio poder, em virtude do disposto no art. 94, III, c, da nova Lei de Falncias (Lei11.101/2005), ter sua falncia decretada e, consequentemente, a alienao perder sua validade.

    Em se tratando de alienao, o passivo do empresrio no se transfere ao adquirente doestabelecimento empresarial. At poder ser estipulada, de acordo com a vontade das partes,clusula de transferncia do passivo, em que o adquirente se torna sucessor do alienante. Nessasituao, os credores podero demandar em face do adquirente do estabelecimento a cobrana deseus crditos. Tal acordo, porm, uma exceo.

    De acordo com o art. 1.146 do CC, o adquirente do estabelecimento responde pelo pagamentodos dbitos anteriores transferncia, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedorprimitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos crditos vencidos, dapublicao, e, quanto aos outros, da data do vencimento.

    O contrato que tenha por objeto a alienao, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, sproduzir efeitos quanto a terceiros depois de averbado margem da inscrio do empresrio, ou dasociedade empresria, no Registro Pblico de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensaoficial (art. 1.144 do CC).

    Em relao aos crditos referentes ao estabelecimento transferido, a sua cesso produzir efeitoem relao aos respectivos devedores, desde o momento da publicao da transferncia, mas odevedor ficar exonerado se de boa-f pagar ao cedente (art. 1.149 do CC).

    Vale lembrar que, para a transferncia do estabelecimento empresarial, importante verificar seexiste ou no o ponto, pois, existindo, o estabelecimento poder ser transferido sem a permisso dolocador, podendo o adquirente alien-lo novamente no sendo mais necessrios os requisitos legais.Caso no haja o ponto, o estabelecimento s poder ser transferido com a permisso do locador, e osprazos sero aproveitados.

    Quanto s responsabilidades trabalhistas, respondem solidariamente o alienante e o adquirente(art. 448 da CLT); em relao s responsabilidades tributrias, o adquirente tem responsabilidadesubsidiria ou integral (art. 133 do CTN). No entanto, o adquirente do estabelecimento empresarialem leilo promovido devido a processo de recuperao judicial ou falncia no responde pelasobrigaes do alienante (arts. 60, pargrafo nico, e 141, II, da Lei 11.101/2005).

    Aps a alienao do estabelecimento empresarial, o direito empresarial brasileiro estipulou aclusula de no restabelecimento sendo essa a clusula implcita em qualquer contrato de alienaode estabelecimento empresarial que probe o alienante, nos 5 anos subsequentes transferncia, derestabelecer-se em idntico ramo de atividade empresarial para concorrer com o adquirente, salvo sedevidamente autorizado em contrato (art. 1.147 do CC). No caso de arrendamento ou usufruto doestabelecimento, a proibio prevista neste artigo persistir durante o prazo do contrato.

  • 1.2.3 Proteo ao ponto empresarial

    O ponto empresarial, ou de comrcio, o lugar onde est situado o estabelecimento empresariale para o qual se destina a clientela. O ponto o local escolhido pelo empresrio para realizar aatividade empresarial, de modo a ensejar seu contato com um pblico especfico.

    A proteo do ponto depender da natureza do direito exercido sobre o bem imvel, segundo oqual:

    a) se o imvel pertencer ao empresrio, a proteo do ponto se faz pelas mesmas normas detutela da propriedade imobiliria previstas no Cdigo Civil (pelo juzo possessrio ou pelojuzo petitrio); e

    b) se o imvel do ponto for alheio, sendo, por isso, objeto de contrato de locao noresidencial entre o proprietrio e o empresrio, a proteo do ponto ser feita por meio darenovao compulsria do contrato, conforme est prevista na Lei das Locaes (Lei8.245/1991).

    1.2.4 Renovao compulsria das locaes no residenciais

    A Lei de Locaes (Lei 8.245/1991), em seu art. 51, prev trs requisitos cumulativamente(somados) para que a locao no residencial seja beneficiada com o regime da renovaocompulsria, quais sejam:

    a) o locatrio deve ser empresrio;b) a locao deve ser contratada por escrito e por tempo determinado de, no mnimo, 5 anos,

    admitida a soma dos prazos de contratos sucessivamente renovados por acordo amigvel(Smula 482 do STF); e

    c) o locatrio deve se encontrar na explorao do mesmo ramo de atividade econmica peloprazo mnimo e ininterrupto de 3 anos, data da propositura da ao renovatria.

    Em sntese, reconhece Fbio Ulhoa Coelho, a lei reconhece ao locatrio empresrio que exploreo mesmo ramo de empresa, h pelo menos 3 anos ininterruptos, em imvel locado por prazodeterminado no inferior a 5 anos, o direito renovao compulsria de seu contrato de locao10.Essa renovao compulsria nada mais do que uma proteo conferida ao ponto empresarial, dadaa importncia que ele representa na atividade mercantil. Chama-se esta tutela de garantia deinerncia no ponto empresarial, mas que, no entanto, relativa.

    De acordo com o art. 51 da Lei das Locaes LL, a ao que visa a assegurar o direito renovao compulsria chamada de ao renovatria e deve ser promovida entre 1 ano e 6 mesesanteriores ao trmino do contrato a renovar, sob pena de decadncia do direito (art. 51, 5.).

    Por meio da ao renovatria, o inquilino fica resguardado dos abusos praticados pelo locador,principalmente quando o estabelecimento empresarial encontrar-se contemplado com um movimentode clientes favorvel, no momento da renovao do contrato.

    A tutela de garantia de inerncia no ponto empresarial relativa, pois a lei no admite a

  • proteo da locao empresarial em detrimento do direito de propriedade. Em certos casos, essarenovao compulsria do contrato de locao no ser possvel, uma vez que o direito concedidoao empresrio no sentido de garantir-lhe a continuidade da explorao empresarial de um imvellocado, no pode, nunca, representar uma reduo ao direito de propriedade que o locador tem sobreseu imvel.

    Assim, o locador poder requerer o imvel do locatrio, desde que fundamentado nos seguintesmotivos:

    a) insuficincia da proposta de renovao do imvel apresentada pelo locatrio (art. 72, II, daLL);

    b) se for apresentada ao locador melhor proposta de um terceiro interessado no imvel (art. 72,III, da LL). Nesse caso, somente poder ser renovado o contrato de locao ao locatrio casoaceite pagar o mesmo valor da proposta feita;

    c) para a reforma substancial do prdio locado (art. 52, I, da LL), tanto para atender interesse doPoder Pblico, como por vontade prpria do locador, caso em que o locatrio ter direito indenizao se as obras no se iniciarem dentro de 3 meses da desocupao;

    d) para uso prprio do locador, seja para o desempenho de atividades econmicas ou no (art. 52,II, da LL). Mas se o locador vier a desempenhar a mesma atividade empresarial do locatrio,caber a esse uma indenizao; e

    e) transferncia de estabelecimento empresarial existente h mais de 1 ano e titularizado porascendente, descendente ou cnjuge, desde que atue em ramo diverso do locatrio. Caso o ramoseja o mesmo explorado pelo locatrio, esse ter direito a uma indenizao.

    O locador de espao em shopping center no pode oferecer exceo de retomada comfundamento no uso prprio ou na transferncia de fundo de comrcio (art. 52, 2., da LL). Nasrelaes entre lojistas e os empreendedores prevalecero as condies livremente pactuadas noscontratos de locao respectivos e tambm o disposto sobre as locaes no residenciais da citadalei, principalmente quando da renovao do contrato. O empreendedor no poder cobrar dolocatrio do espao em shoppings centers (art. 54 da LL):

    a) obras de reforma ou acrscimos que interessem estrutura integral do imvel (art. 22,pargrafo nico, a, da LL);

    b) pintura das fachadas, empenas, poos de aerao e iluminao, bem como das esquadriasexternas (art. 22, pargrafo nico, b, da LL);

    c) indenizaes trabalhistas e previdencirias pela dispensa de empregados, ocorridas em dataanterior ao incio da locao (art. 22, pargrafo nico, d, da LL);

    d) as despesas com obras ou substituies de equipamentos, que impliquem modificar o projetoou o memorial descritivo da data do habite-se (art. 54, 1., b, 1. parte, da LL);

    e) obras de paisagismo nas partes de uso comum (art. 54, 1., b, 2. parte, da LL).

  • 1.3 NOME EMPRESARIAL

    1.3.1 Noes

    Todo comrcio, seja ele constitudo por empresrio individual, seja por uma sociedadeempresria, seja uma empresa individual de responsabilidade limitada, possui um nome empresarialque o identifica e o diferencia dos demais.

    O novo Cdigo Civil considera nome empresarial a firma ou a denominao adotada paraexerccio de empresa, conforme os arts. 1.155 a 1.168 do CC. Para os efeitos da proteo da lei,equipara-se ao nome empresarial a denominao das sociedades simples, associaes e fundaes.

    O nome empresarial, identificador do empresrio, tambm possui proteo jurdica. No restadvida de que, por exemplo, duas lojas com o mesmo nome empresarial causariam diversostranstornos tanto para os prprios empresrios quanto para os clientes e credores.

    Consequentemente, o titular de um nome empresarial tem direito sua exclusividade, podendo,inclusive, impedir que um outro empresrio ou uma sociedade venha a se constituir com um nomeigual ou semelhante ao seu.

    De acordo com a legislao, duas so as espcies de nomes empresariais previstos: a firma e adenominao. As diferenas entre elas esto na estrutura e na funo de cada uma.

    Quanto estrutura, a firma (ou razo social) apresenta o nome civil do empresrio individual oudos scios da sociedade empresarial, em que poder ser completo ou abreviado o nome e, se quiser,incluir o gnero da atividade como, por exemplo, Armarinhos Jos Bernardo & Cia (art. 1.156). Adenominao o nome empresarial composto por palavra ou termo que pode coincidir com o nomecivil dos seus scios, mas deve designar o objeto da sociedade, observado ainda que pode adotarqualquer outra expresso lingustica (chamada elemento fantasia), por exemplo, Casa daEsperana, Shopping Visconde de Mau.

    A adoo de firma ou denominao depender do tipo social adotado:

    a) adotam firma: o empresrio individual, a sociedade em nome coletivo e a sociedade emcomandita simples (na qual s o nome civil dos scios comanditados de responsabilidadeilimitada poder compor o nome empresarial);

    b) denominao: a sociedade annima (integrada pelas expresses sociedade annima oucompanhia, por extenso ou abreviadamente, art. 1.160) e as cooperativas (integradas pelovocbulo cooperativa, art. 1.159); e

    c) adotam firma ou denominao: a empresa individual de responsabilidade limitada(acompanhado pela expresso EIRELI aps a firma ou denominao)11, a sociedade limitada(sempre acompanhado da expresso limitada ou Ltda., sob pena de responsabilizaoilimitada dos administradores art. 1.158) e a sociedade em comandita por aes (se adotarfirma, somente o nome dos scios diretores ou administradores pode ser adotado; sedenominao, deve fazer referncia ao objeto social).

    Trs observaes a serem consignadas a respeito do nome empresarial:

  • A sociedade em conta de participao, por sua natureza de sociedade secreta (nopersonalizada), est proibida de adotar nome empresarial (firma ou denominao) que denunciesua existncia (art. 1.162 do CC);

    Qualquer sociedade empresria que se encontrar sob recuperao judicial deverobrigatoriamente acrescentar ao seu nome a expresso em Recuperao Judicial (art. 69 daLei de Falncias);

    E aquela pessoa fsica ou jurdica que se registrar como microempresrio ou empresrio depequeno porte, ter acrescido ao seu nome as distines ME ou EPP (art. 72 da LeiComplementar 123/2006).

    Quanto funo, a firma, alm de ser a identidade do empresrio tambm sua assinatura. J adenominao tem a funo de somente identificar o empresrio. A firma, dessa maneira, deve conter:o nome civil do empresrio, por extenso ou abreviado, de forma facultativa acrescido com adesignao do gnero de negcio ou expresses qualificativas.

    Devem ser observadas as regras do art. 1.165 do CC em relao firma: o nome de scio quevier (1) a falecer, (2) for excludo ou (3) se retirar, no poder ser conservado na firma. J atransformao e a leso a direito de outro empresrio so causas que acarretam, obrigatoriamente,a alterao do nome empresarial seja firma, seja denominao (art. 1.167 do CC).

    importante observar que, de acordo com o art. 1.164 do CC, o nome empresarial no pode serobjeto de alienao, ao contrrio do que acontece com o estabelecimento. Entretanto, o pargrafonico ressalva que o adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato opermitir, usar o nome do alienante, precedido do seu prprio, com a qualificao de sucessor.

    O nome empresarial no sinnimo de marca nem do ttulo do estabelecimento, seno vejamosa situao hipottica: uma doceria (estabelecimento) tem escrito no letreiro de sua fachada o nomeCasa de Doces da Vov ( ttulo do estabelecimento). Um dos produtos mais vendidos uma caixade biscoitos fabricados por eles prprios que se chama Biscoitos da Vov ( marca). Quando oconsumidor comprar o produto e receber a nota fiscal, ver impresso Ness e Gomes Comrcio deDoces Ltda. (nome empresarial). Portanto, esta distino no impede que a mesma sociedadeempresria tenha outra loja de doces (estabelecimento) denominada Casa de Doces do Vov(ttulo do estabelecimento), vendendo outras marcas de doces.

    A proteo do nome empresarial, a cargo das juntas comerciais, decorre, automaticamente, doarquivamento da declarao de firma mercantil individual, do ato constitutivo de sociedade ou dealteraes desses atos que impliquem mudana de nome (art. 61 do Decreto 1.800/1996). Essaproteo circunscreve-se unidade federativa de jurisdio da junta comercial que procedeu aoarquivamento (art. 61, 1.), ou seja, nos limites do respectivo Estado, mas, havendo requerimentoexpresso, poder ser estendida (art. 61, 2., do Dec. 1.800/1996) a todo territrio nacional (art.1.166 do CC).

    Sintetiza Bruno Mattos e Silva que, aps o registro do nome empresarial, outro empresrio nopoder utilizar o mesmo nome, portanto, ter direito a usar um determinado nome o empresrio queprimeiro efetuar o devido registro na Junta Comercial, como decorrncia do princpio da novidade,segundo o qual o empresrio dever adotar nome empresarial distinto dos nomes j existentes12.

    Recapitulando:

  • 1.3.2 Registro Pblico de Empresas Mercantis (RPEM)

    O empresrio individual e a sociedade empresria vinculam-se ao Registro Pblico de EmpresasMercantis a cargo das juntas comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das PessoasJurdicas, o qual dever obedecer s normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simplesadotar um dos tipos de sociedade empresria. (art. 1.150 do CC/2002).

    O RPEM est regulamentado pela Lei 8.934/1994 e sua estrutura composta por 2 rgos denveis diferentes de governo:

    a) no mbito federal temos o Departamento Nacional do Registro do Comrcio (DNRC), com acompetncia de estabelecer apenas as diretrizes gerais para a disciplina da atividaderegistrria (no tem, portanto, funo executiva);

    b) no mbito estadual temos a junta comercial, rgo pertencente ao governo estadual, comfuno executiva da atividade registrria. As juntas comerciais subordinam-sehierarquicamente ao DNRC, quando se tratar de matria tcnica de registro de empresa, e aoGoverno Estadual, quando se tratar de matria administrativa.

    Os atos de registro de empresa possuem as seguintes espcies:

    Matrcula o ato que rege a inscrio de leiloeiros, tradutores pblicos,administradores de armazns gerais e de todos aqueles que exercematividades paracomerciais.

    Arquivamento

    o ato que rege a inscrio do empresrio individual, das sociedadesempresariais, das cooperativas, dos grupos de sociedades, dassociedades empresariais estrangeiras, das microempresas e empresasde pequeno porte e dos grupos de consrcio. De acordo com art. 60 daLei 8.934/1994, o empresrio individual e a sociedade empresria queno procederem a qualquer arquivamento no perodo de 10 anosdevero comunicar junta comercial que ainda se encontram em

  • atividade, sob pena de, caso assim no procedam, serem consideradoscomo inativos, acarretando, consequentemente, na perda da proteodo nome empresarial e na irregularidade da atividade empresarial(com todas as sanes reservadas a essa condio).

    Autenticao o ato que atesta a regularidade dos livros comerciais e das fichasescriturais.

    Na maioria dos casos, os atos de registro referentes ao arquivamento, matrcula e autenticao so decididos por meio de deciso singular da junta comercial, pelo presidente dajunta ou o vogal por ele designado. Apenas o arquivamento dos atos apresentados por sociedadeannima e o julgamento de recursos contras as decises do presidente da junta (ou do vogal) serodecididos por rgo colegiado (pelo plenrio, composto pelos vogais, ou pelas turmas, compostas de3 vogais).

    Importante tratamento recebe o Registro Pblico de Empresas Mercantis, ao qual o empresriodever se inscrever, antes do incio de sua atividade. Tal inscrio dar-se- na respectiva sede edever conter (art. 968, I a IV, do CC):

    I o seu nome, nacionalidade, domiclio, estado civil e, se casado, o regime de bens;II a firma, com a respectiva assinatura autgrafa;III o capital;IV o objeto e a sede da empresa.

    Estabelece, ainda, o Cdigo, que qualquer alterao nesses itens dever ser averbada (o mesmovalendo para modificaes nos contratos de constituio das sociedades), assim como os pactos e asdeclaraes antenupciais do empresrio, o ttulo de doao, herana ou legado, os bens clausuladosde incomunicabilidade ou inalienabilidade. Alm disso, estatui que a sentena que homologarseparao judicial ou reconciliao, somente poder ser oposta contra terceiros depois dedevidamente arquivada e averbada nesse mesmo RPEM, assim como a prova da emancipao ou aautorizao do incapaz, bem como sua revogao.

    Caso o empresrio abra uma filial ou sucursal de sua empresa em local sujeito jurisdio deoutro RPEM, essa tambm dever ser inscrita, oportunidade em que ser necessria a prova dainscrio original e, independentemente dessa nova inscrio, da averbao que comprove aexistncia de estabelecimento secundrio no registro da sede.

    Por fim, ainda com relao ao registro, o art. 971 do CC faculta ao empresrio, cuja atividaderural constitua sua principal profisso, requerer a inscrio na respectiva sede, deixando claro que,se realizado, passar a ser equiparado, para todos os efeitos, ao empresrio sujeito ao registro. Omesmo vale para a sociedade que tenha por objeto o exerccio de atividade prpria de empresriorural e seja constituda, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresria (art.984 do CC).

  • Essa possibilidade de inscrio do empresrio rural apenas uma das formas que o Cdigoencontra para assegurar o tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresrio rural e opequeno empresrio quanto inscrio e aos efeitos da decorrentes; estampada no art. 970 da novalei.

    1.4 PREPOSTOS

    Na ltima parte destinada ao direito empresarial, o Cdigo Civil traz ainda disposies acercados prepostos da empresa (arts. 1.169 a 1.178).

    Os prepostos, de acordo com a sistemtica adotada, so o gerente, o contabilista e outrosauxiliares. O gerente pode ser definido como o preposto permanente no exerccio da empresa, nasede desta, ou em sucursal, filial ou agncia, sendo autorizado prtica de todos os atosrelacionados a seu ofcio, desde que a lei no exija poderes especiais. Trata-se de um auxiliardependente interno13, assalariado e sujeito ao poder hierrquico direto do empresrio, que prestaservios internos para a empresa. Alm disso, havendo mais de um gerente e no havendoestipulao em contrrio, sero considerados solidrios no exerccio de sua funo. Comoconsequncia de seus poderes, podero estar em juzo em nome do preponente. O gerente, que exercefunes de chefia, de existncia facultativa e suas funes podem ser atribudas a qualquer pessoa.

    O contabilista , ordinariamente, um auxiliar independente, que no se subordinahierarquicamente ao empresrio, colaborando apenas em suas relaes externas com atividadesautnomas em relao empresa (ressalte-se que o contabilista pode ser tambm um auxiliardependente quando tiver sido contratado como empregado). O contabilista, que o responsveltcnico pela escriturao dos livros comerciais, de existncia obrigatria, e suas funes s podemser atribudas aos profissionais legalmente habilitados.

    importante observar que no podero os prepostos, sem autorizao escrita, fazerem-sesubstituir no desempenho da funo, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto.Tambm no podero atuar sem autorizao expressa (art. 1.169 do CC).

    No que diz respeito responsabilidade, os proponentes so responsveis pelos atos de quaisquerprepostos praticados em seus estabelecimentos e relativos atividade da empresa, ainda que noautorizados por escrito. Entretanto, quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento,somente obrigaro o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumentopode ser suprido pela certido ou cpia autntica de seu teor (art. 1.178 do CC).

    1.5 ESCRITURAO

    Por fim, como ltimo item tratado na parte destinada ao direito empresarial, encontra-se o captuloreferente escriturao dos livros comerciais e de outros documentos (arts. 1.179 a 1.195 do CC).

    Assim, estabelece o legislador que o empresrio individual e a sociedade empresria soobrigados a seguir um sistema de contabilidade com base na escriturao uniforme de seus livros,em correspondncia com a documentao respectiva, e a levantar anualmente o balano patrimonial e

  • o de resultado econmico; com a ressalva de ser o pequeno empresrio dispensado dessasexigncias (vide tambm a Lei Complementar 123/2006 que instituiu o Estatuto Nacional daMicroempresa e Empresa de Pequeno Porte)14.

    A escriturao dos livros ficar sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado edever ser feita em moeda e idioma nacionais e em forma contbil, sendo permitida a utilizao decdigos ou abreviaturas desde que constantes em livro prprio, regularmente autenticado.

    O s livros comerciais podem ser obrigatrios ou facultativos. Obrigatrios so aqueles cujaescriturao imposta ao empresrio, cominando-se sanes diante da sua ausncia (ex.: Dirio nico livro obrigatrio comum a todos os empresrios art. 1.180); facultativos so os livros que oempresrio escritura com vistas a um melhor controle sobre os seus negcios e cuja ausncia no lheacarreta nenhuma sano (ex.: Caixa e Conta-Corrente). Para as microempresas e para asempresas de pequeno porte, optantes pelo SIMPLES NACIONAL (regime tributrio simplificado,LC 123/2006), o livro-Caixa est dispensado (art. 26, 2.).

    Os livros empresariais gozam da proteo do princpio do sigilo pelo fato deles contereminformaes minuciosas de toda a vida econmica da empresa. Se o acesso a essas informaesfosse livre, o conhecimento de seu contedo pelos concorrentes poderia colocar em risco a prpriaexistncia da empresa. Sendo assim, a exibio dos livros empresariais, que pode ser total ouparcial, s pode ocorrer em determinadas hipteses previstas em lei.

    Se a exibio for total ou integral (art. 1.191), o juiz estar impedido de determin-la de ofcio,dependendo, portanto, de requerimento das partes e desde que necessria soluo de questesrelativas sucesso, comunho ou sociedade, administrao ou gesto conta de outrem, ou em casode falncia (nesta, os documentos de escriturao contbil e demais relatrios auxiliarespermanecero disposio do juzo, do administrador judicial e, mediante autorizao judicial, dequalquer interessado art. 51, 1., da Lei 11.101/2005).

    A exibio parcial pode ser decretada de ofcio ou a requerimento da parte e em qualquer aojudicial, desde que til soluo da demanda (arts. 381 e 382 do CPC; art. 1.191 do CC). Entretanto,qualquer que seja a hiptese e, independentemente de ser exibio total ou parcial, o exame daescriturao no pode ser recusado s autoridades fazendrias no exerccio da fiscalizao dopagamento de impostos (art. 1.193 do CC) nem em relao fiscalizao dos agentes da seguridadesocial (art. 33, 1., da Lei 8.212/1991).

    Vale destacar que, de acordo com o art. 379 do CPC, os livros comerciais que preencham osrequisitos exigidos por lei, servem como prova em favor do seu autor no litgio entre comerciantes.

    1.6 QUESTES

    1. (X Exame de Ordem Unificado FGV) Lavanderias Roupa Limpa Ltda. (Roupa Limpa) alienou um de seusestabelecimentos comerciais, uma lavanderia no bairro do Jacintinho, na cidade de Macei, para Caio da Silva,empresrio individual. O contrato de trespasse foi omisso quanto possibilidade de restabelecimento daRoupa Limpa, bem como nada disps a respeito da responsabilidade de Caio da Silva por dbitos anteriores transferncia do estabelecimento. Nesse cenrio, assinale a afirmativa correta.a) O contrato de trespasse ser oponvel a terceiros, independentemente de qualquer registro na Junta Comercial ou

    publicao.

  • b) Caio da Silva no responder por qualquer dbito anterior transferncia, exceto os que no estiverem devidamenteescriturados.

    c) Na omisso do contrato de trespasse, Roupa Limpa poder se restabelecer no bairro do Jacintinho e fazerconcorrncia a Caio da Silva.

    d) No havendo autorizao expressa, Roupa Limpa no poder fazer concorrncia a Caio da Silva, nos cinco anossubsequentes transferncia.

    2. (X Exame de Ordem Unificado FGV) Heliodora Moda Feminina Ltda. locatria de uma loja situada noshopping center Mateus Leme. Sobre o contrato de locao de uma unidade comercial em shopping center,assinale a afirmativa correta.a) O locador poder recusar a renovao do contrato com fundamento na necessidade de ele prprio utilizar o imvel.b) As despesas cobradas do locatrio no precisam estar previstas em oramento, desde que devidamente

    demonstradas.c) O empreendedor poder cobrar do locatrio as despesas com obras de reformas que interessem estrutura do

    shopping.d) As condies livremente pactuadas no contrato respectivo prevalecero nas relaes entre os lojistas e o

    empreendedor.

    3. (OAB/Nacional 2007.II) Considerando o atual estgio do direito comercial (ou empresarial) brasileiro, assinale aopo correta.a) O Cdigo Civil de 2002, assim como o Cdigo Comercial de 1850, adotou a teoria da empresa.b) O Cdigo Civil de 2002 no revogou a antiga legislao sobre sociedades por quotas de responsabilidade limitada.c) O Cdigo Civil de 2002 revogou totalmente o Cdigo Comercial de 1850.d) A Constituio da Repblica estabelece a competncia privativa da Unio para legislar sobre direito comercial (ou

    empresarial).

    4. (OAB/Nacional 2007.II) Com relao ao nome empresarial, assinale a opo correta.a) O nome empresarial no pode ser objeto de alienao.b) As companhias podem adotar firma ou denominao social.c) Em princpio, o nome empresarial, aps ser registrado, goza de proteo em todo territrio nacional.d) O empresrio individual opera sob denominao.

    5. (OAB/Nacional 2007.III) Paulo e Vincius, nicos scios da mega Comrcio de Roupas Ltda., decidiram cederintegralmente suas cotas sociais e, tambm, alienar o estabelecimento empresarial da sociedade para Robertoe Ana. mega Comrcio de Roupas Ltda. Havia celebrado contrato de franquia com conhecida empresafabricante de roupas e artigos esportivos. Considerando a situao hipottica acima, assinale a opo correta.a) A eficcia da alienao do estabelecimento empresarial depender sempre do consentimento expresso de todos os

    credores.b) O adquirente no responder por qualquer dbito anterior transferncia do estabelecimento empresarial.c) O franqueador no poder rescindir o contrato de franquia com a mega Comrcio de Roupas Ltda. com base na

    transferncia do estabelecimento.d) Os alienantes do estabelecimento empresarial da mega Comrcio de Roupas Ltda. no podero fazer concorrncia

    aos adquirentes nos cinco anos subsequentes transferncia, salvo se houver autorizao expressa para tanto.

    6. (OAB/Nacional 2008.I) Armando e Arnaldo, advogados, resolveram celebrar contrato de sociedade para realizar,por prazo indeterminado, a fabricao regular de peas para automveis. Considerando essa situaohipottica, assinale a opo correta.a) O instrumento do contrato dever ser inscrito no Registro Civil de Pessoas Jurdicas, em razo de os scios serem

    advogados.b) Sendo ambos os scios advogados, a sociedade ser necessariamente simples.c) A sociedade s existir se o instrumento do contrato for submetido a registro.d) O instrumento do contrato dever ser inscrito no Registro Pblico de Empresas Mercantis, por ser empresarial o

    objeto da atividade.

  • 7. (XI Exame de Ordem Unificado FGV) Vanderlei de Assis pretende iniciar uma atividade empresarial na cidadede Novo Repartimento. Consulta um advogado para receber esclarecimentos sobre o registro de empresrio eos efeitos dele decorrentes, informando que a receita bruta anual prevista para a futura atividade ser inferiora R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). As informaes prestadas abaixo esto corretas, exceo de uma.Assinale-a.a) Se no curso da atividade empresarial Vanderlei de Assis vier a admitir algum scio, poder solicitar ao Registro

    Pblico de Empresas Mercantis a transformao de seu registro de empresrio para registro de sociedadeempresria.

    b) Em razo de sua receita bruta anual prevista, Vanderlei poder solicitar seu enquadramento comomicroempreendedor individual MEI, devendo indicar no requerimento a firma individual com a assinatura autgrafa.

    c) A inscrio de empresrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis, embora obrigatria, no constitutiva parafins de sua caracterizao, mas permite usufruir das prerrogativas legais concedidas aos empresrios regulares.

    d) A inscrio do empresrio obedecer ao nmero de ordem contnuo para todos os empresrios inscritos e quaisquermodificaes nela ocorrentes sero averbadas margem, com as mesmas formalidades.

    8. (OAB/Nacional 2008.III) Alienado o estabelecimento empresarial, correto afirmar, quanto s obrigaes ligadas sua explorao, quea) o adquirente sub-rogar-se- legalmente em todos os contratos estipulados pelo alienante.b) o adquirente no poder fazer concorrncia ao alienante pelo prazo de cinco anos.c) o adquirente receber por cesso todos os crditos do alienante, invalidando-se qualquer pagamento posterior feito

    pelo devedor ao cedente.d) o adquirente obrigar-se- solidariamente por crditos regularmente contabilizados, vencidos e vincendos, existentes

    na data do trespasse, agora por ele devidos.

    9. (OAB/Nacional 2009.II) O nome comercial ou de empresa, ou, ainda, o nome empresarial, compreende, comoexpresso genrica, trs espcies de designao: a firma de empresrio (a antiga firma individual), a firmasocial e a denominao. (REQUIO, Rubens. Curso de direito comercial. 1. vol., 27. ed., So Paulo: Saraiva,2007, p. 231, com adaptaes).Considerando a doutrina relativa s espcies de nomes comerciais, assinale a opo correta.a) O direito brasileiro se filia ao sistema legislativo da veracidade ou da autenticidade. Assim, a firma individual deve ser

    constituda sob o patronmico do empresrio individual.b) A omisso do termo limitada na denominao social no implica necessariamente a responsabilidade solidria e

    ilimitada dos administradores da firma.c) A utilizao da expresso sociedade annima pode indicar a firma de sociedade simples ou empresria.d) O registro do nome comercial na junta comercial de um estado garante sociedade constituda a exclusividade da

    utilizao internacional da denominao registrada.

    10. (OAB/Nacional 2011.II) Em relao incapacidade e proibio para o exerccio da empresa, assinale aalternativa correta.a) Caso a pessoa proibida de exercer a atividade de empresrio praticar tal atividade, dever responder pelas

    obrigaes contradas, podendo at ser declarada falida.b) Aquele que tenha impedimento legal para ser empresrio est impedido de ser scio ou acionista de uma sociedade

    empresria.c) Entre as pessoas impedidas de exercer a empresa est o incapaz, que no poder exercer tal atividade.d) Por se tratar de matria de ordem pblica e considerando que a continuao da empresa interessa a toda a

    sociedade, quer em razo da arrecadao de impostos, quer em razo da gerao de empregos, caso a pessoaproibida de exercer a atividade empresarial o faa, poder requerer a recuperao judicial.

    GABARITO: As respostas destes testes encontram-se no final do livro.

  • ___________1 Manual de direito comercial. 20. ed. So Paulo: Saraiva, 2008. p. 20.2 MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1977. p. 92.3 SILVA, Bruno Mattos e. Direito de empresa. So Paulo: Atlas, 2007. p. 28.4 O art. 984 refere-se sociedade simples exercente de atividade prpria de empresrio rural que tambm poder optar pela sua inscrio no

    Registro Pblico de Empresas como sociedade empresria.5 Includo pela Lei 12.470/2011.6 REQUIO, Rubens. Curso de direito comercial. 22. ed. So Paulo: Saraiva, 1995. v. 1, p. 197.7 Ibidem, p. 224.8 Ibidem, p 237.9 Op. cit., p. 12 e 57.

    10 Op. cit., p. 62.11 Novidade legislativa a partir da Lei 12.441/2011 e que incluiu o art. 980-A no Cdigo Civil.12 Op. cit., p. 122.13 Denominao apresentada por Rubens Requio (Curso de direito comercial, cit., 22. ed., 1995, p. 143).14 Ficar atento, pois o Estatuto foi bastante alterado pela LC 139, de 10 de novembro de 2011.

  • PROPRIEDADE INDUSTRIAL

    2.1 CONSIDERAES PRELIMINARES

    Rubens Requio1 destaca que O empresrio, sobretudo para o efeito de fixar sua clientela, foilevado a imaginar sinais ou expresses distintivas, para individualizar e caracterizar os produtosresultantes do exerccio de sua atividade. Surgem, assim, bens de natureza imaterial, incorprea,frutos da inteligncia e engenho do empresrio.

    O reconhecimento desses bens e da respectiva necessidade de proteg-los determinou aestruturao de uma disciplina prpria que ficou conhecida por propriedade industrial, entendidacomo o conjunto de normas e institutos que tm como objetivo a proteo dos bens imateriaispertencentes ao empresrio e ligados atividade por ele desenvolvida2. A Lei da PropriedadeIndustrial (LPI Lei 9.279/1996), portanto, regula e disciplina os direitos imateriais que seintegram, como elementos, na empresa.

    A lei em comento tem origem constitucional, dentro do captulo dos direitos e garantiasfundamentais, cujo texto se encontra no inciso XXIX do art. 5. da CF.

    De acordo com o art. 2. da LPI, a proteo dos direitos relativos propriedade industrial,considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnolgico e econmico do Pas, efetua-semediante:

    Concesso

    de patentes:de inveno

    de modelo de utilidade

    de registro:de desenho industrial

    de marca

    Repressos falsas indicaes geogrficas;

    concorrncia desleal.

  • Esses direitos industriais, advindos da propriedade industrial, so concedidos pelo InstitutoNacional da Propriedade Industrial (INPI), que uma autarquia federal instituda pela Lei5.648/1970. De acordo com o art. 5. do aludido diploma, os direitos de propriedade industrial soconsiderados bens mveis.

    Nesse sentido a lio de Gabriel Di Blasi, em que o bem para a propriedade intelectual tudoaquilo, incorpreo e mvel, que, contribuindo direta ou indiretamente, venha propiciar ao homem obom desempenho de suas atividades, j que possui funo concorrencial no plano econmico3.Assim, somente aps a devida obteno da concesso pelo INPI que se tem garantido o direitode explorao econmica com exclusividade de qualquer inveno, modelo de utilidade, desenhoindustrial ou marca (lembre-se de que a proteo do nome empresarial, que se inicia comarquivamento dos atos constitutivos na Junta Comercial, no depende desses atos). Antes de tal ato,no h que se falar em qualquer tipo de reivindicao.

    E o que seria, por fim, propriedade intelectual? Seria o direito de usar, gozar e dispor de um bemincorpreo e mvel, e que pode ser artstico, tcnico e cientfico. Segundo Di Blasi, a propriedadeintelectual regularia as ligaes do autor, ou criador, com o bem incorpreo e a propriedadeindustrial, como um episdio da propriedade intelectual (leia-se espcie), trataria da proteojurdica dos bens incorpreos aplicveis tecnicamente, de forma prtica, nos diversos segmentos dasindstrias, ou seja, aqueles direitos informados anteriormente no art. 2. da LPI4.

    2.2 PATENTE

    Patente o ttulo que formaliza o privilgio de inveno ou de um modelo de utilidade. umprivilgio temporrio segundo a prpria Carta Magna designa (a lei assegurar aos autores deinventos industriais privilgio temporrio para sua utilizao art. 5., XXIX). Tambm denominada de carta patente ou carta de privilgio.

    De acordo com o art. 6. da Lei 9.279/1996, ao autor de inveno ou de um modelo de utilidadeser assegurado o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade. Atente-se que se dois oumais autores tiverem realizado a mesma inveno ou modelo de utilidade, de forma independente, odireito de obter patente ser assegurado quele que provar o depsito mais antigo,independentemente das datas de inveno ou criao (art. 7.).

    A patente est ligada inveno e ao modelo de utilidade. Inveno algo novo (antesinexistente), fruto da atividade inventiva do homem, e que tenha aplicao industrial. um bemincorpreo. Nas palavras de Gabriel Di Blasi, a inveno, embora possa aludir a um produto,aparelho ou processo, entre outros, no a representao corprea destes objetos. Trata-se de umaconcepo, isto , um conjunto de regras de procedimento, estabelecidas por uma pessoa ou umconjunto de pessoas especiais os inventores , as quais utilizando-se dos meios ou elementosfornecidos pela cincia possibilitam a obteno de um bem corpreo5.

    J o modelo de utilidade, tambm chamado de pequena inveno, o objeto de uso prtico, ouparte deste, suscetvel de aplicao industrial, que apresente nova forma ou disposio, envolvendoato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricao, como, por

  • exemplo, teclas novas em um celular para facilitar o seu manuseio. O art. 10 da LPI indica o que no inveno ou modelo de utilidade, e, portanto, no patentevel.

    A inveno e o modelo de utilidade, para que possam ser patenteados, esto sujeitos aosseguintes requisitos conforme aponta Fbio Ulhoa Coelho6:

    a) novidade a inveno ou o modelo de utilidade devem ser novos (quando no compreendidosno estado da tcnica), desconhecidos, no bastando apenas ser originais, pois a originalidadeno requisito (art. 11 da LPI);

    b) atividade inventiva ou ato inventivo, deve despertar nos tcnicos do assunto o sentido dereal progresso, no decorrendo de maneira evidente ou bvia, comum ou vulgar do estado datcnica (arts. 13 e 14 da LPI);

    c) aplicao industrial s pode ser patenteada a inveno ou o modelo de utilidade queapresentem aproveitamento industrial, podendo ser utilizados ou produzidos em qualquer tipode indstria (art. 15 da LPI);

    d) no impedimento as invenes ou modelos de utilidade no podem afrontar a moral, os bonscostumes, a segurana, a ordem, e a sade pblica, estando impedidas de serem patenteadas(art. 18, I, da LPI). Tambm no so patenteveis as substncias, matrias, misturas, elementosou produtos de qualquer espcie, inclusive a modificao de suas propriedades fsico-qumicase os respectivos processos de obteno ou modificao, quando resultantes de transformaodo ncleo atmico (art. 18, II, da LPI), bem como no patentevel o todo ou parte de seresvivos, exceto os microorganismos transgnicos que atendam aos trs requisitos depatenteabilidade previstos no art. 8. e que no sejam mera descoberta (art. 18, III, da LPI).

    Somente aps o preenchimento desses requisitos e o devido procedimento administrativo (porexemplo, o pedido de patente fica 18 meses em sigilo contados da data de depsito), ser concedidapelo INPI a respectiva patente (ato administrativo constitutivo), que a garantia da exploraoexclusiva da inveno ou do modelo de utilidade.

    Observa-se que o estado da tcnica, citado anteriormente, segundo o 1. do art. 11 da LPI, constitudo por tudo aquilo tornado acessvel ao pblico antes da data de depsito do pedido depatente, por descrio escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior(observados os arts. 12, 16 e 17 da LPI). Em outras palavras, se algum tiver conhecimento dainveno a ser patenteada e compreend-la, faltar o requisito da novidade para a obteno dapatente.

    A prpria lei confere um perodo de graa de 12 meses em que o inventor poder divulgar emcongressos cientficos, por exemplo, a sua inveno ou modelo de utilidade antes da data dodepsito ou da prioridade do pedido de patente sem que seja considerada como estado da tcnica(perdendo, assim, a novidade), cincia do art. 12 da LPI.

    O prazo de vigncia (por isso um privilgio temporrio) da patente de inveno de 20 anos;da patente de modelo de utilidade, 15 anos. Ambos contados a partir do depsito no INPI. Duranteo prazo de vigncia, o seu titular tem o direito de impedir terceiro, sem o seu consentimento, deproduzir, usar, colocar venda, vender ou importar o produto objeto de patente e o processo ouproduto obtido diretamente por processo patenteado (art. 42 da LPI).

  • Para assegurar ao inventor um tempo razovel de uso da inveno ou do modelo de utilidade, oprazo de durao do direito industrial no poder ser inferior a 10 anos para as invenes, e de 7anos para os modelos de utilidade, contados da expedio da respectiva patente, conforme oexpresso no art. 40 da LPI. No haver, em hiptese alguma, prorrogao do prazo de durao dapatente.

    O titular da patente ou o depositante poder celebrar contrato de licena para que terceirosexplorem sua inveno ou modelo de utilidade (art. 61) e este contrato dever ser averbado no INPIpara que produza efeitos erga omnes. A lei denomina esta disponibilidade contratual de licenavoluntria.

    Para coibir o mau uso da patente de inveno decorrente da sua no utilizao de acordo com ointeresse social (de forma abusiva ou com abuso do poder econmico), a LPI previu a licenacompulsria para permitir que outros empresrios interessados e capacitados possam explorar ainveno mediante remunerao ao dono da patente e independentemente da sua anuncia.

    O titular da patente tem o prazo de 3 anos contados da expedio do ato para dar incio explorao da inveno, sob pena de ver explorada por outro empresrio graas licenacompulsria. O licenciado compulsrio, por sua vez, tem o prazo de 2 anos para dar incio explorao da inveno. Se este ltimo tambm no explorar a patente de forma satisfatria, opera-sea caducidade da patente, caindo a inveno em domnio pblico. De acordo com o art. 72 da LPI, aslicenas compulsrias sero sempre concedidas sem exclusividade, no se admitindo osublicenciamento.

    So hipteses de extino da patente, presentes no art. 78 da LPI, as seguintes:

    expirao do prazo de vigncia; renncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros; caducidade; falta do pagamento da taxa denominada retribuio anual devida ao INPI; falta de representante no Brasil, quando o titular domiciliado no exterior.

    Extinta a patente, o seu objeto cai em domnio pblico.

    2.3 REGISTRO

    O registro, por sua vez, est ligado ao desenho industrial e s marcas, e da mesma forma que apatente, deve ser realizado junto ao INPI e tem carter de ato administrativo constitutivo, pois oart. 94 da LPI deixa claro: a obteno do registro confere propriedade ao titular do direitoindustrial.

    2.3.1 Desenho industrial

    O desenho industrial, no entendimento de Rubens Requio7, toda disposio ou conjunto novo

  • de linhas ou cores que, com fim industrial ou empresarial, possa ser aplicado ornamentao de umproduto, por qualquer meio manual, mecnico ou qumico, singelo ou combinado.

    Segundo o art. 95 da LPI, Considera-se desenho industrial a forma plstica ornamental de umobjeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto,proporcionando resultado visual novo e original na sua configurao externa e que possa servir detipo de fabricao industrial. Mas no se considera desenho industrial qualquer obra de carterpuramente artstico (art. 98). Duas so as funes do desenho industrial ou design (como tambm chamado): (1) dar uma ornamentao ao produto e (2) distingui-lo de outros.

    O registro do desenho industrial est sujeito ao atendimento de certos requisitos estabelecidos naLPI, como:

    a) novidade o desenho industrial, bem como a inveno e o modelo de utilidade, deve ser novo,ou seja, ainda no compreendido no estado da tcnica (art. 96 da LPI);

    b) originalidade tem que apresentar, esteticamente, caractersticas e contornos prprios, noencontrados em outros objetos, quando dele resulte uma configurao visual distintiva (art. 97da LPI);

    c) desimpedimento a lei tambm impede o registro de desenhos industriais que atentem contra amoral e os bons costumes, que ofenda a honra ou imagem de pessoas, liberdade deconscincia, crena, culto religioso, etc. (art. 100 da LPI).

    Como tambm acontece com a patente, somente aps o preenchimento desses requisitos e odevido procedimento administrativo, ser concedida pelo INPI o respectivo registro do desenhoindustrial (arts. 101 a 106 da LPI). Concedido o registro de desenho industrial, o prazo de vignciaser de 10 anos, contados a partir do depsito, prorrogvel por mais trs perodos sucessivos de 5anos cada.

    O registro extingue-se pelos motivos apontados pelo art. 119 da LPI e que so praticamenteidnticos s razes de extino da patente, com apenas um diferencial: a falta de pagamento da taxade retribuio do registro tem incidncia quinquenal, e da patente, anual.

    2.4 MARCA

    A marca todo sinal distintivo aposto, facultativamente, aos produtos e servios para identific-los e diferenci-los de outros, idnticos ou semelhantes, de origem diversa. O art. 122 da LPI dispeque So suscetveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptveis, nocompreendidos nas proibies legais.

    De acordo com o art. 123 da LPI, tm-se os seguintes tipos de marca:

    Marca de PRODUTO OU SERVIO aquela usada para distinguir produto ou servio de outro idntico,semelhante ou afim, de origem diversa;

  • Marca de CERTIFICAO aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviocom determinadas normas ou especificaes tcnicas, notadamentequanto qualidade, natureza, material utilizado e metodologiaempregada;

    Marca COLETIVA aquela usada para identificar produtos ou servios provindos demembros de uma determinada entidade.

    Para que a marca possa ser registrada, tambm necessrio o atendimento aos requisitosempregados ao desenho industrial:

    a) novidade que no precisa ser absoluta, mas to somente relativa. A novidade no precisaser, necessariamente, criada pelo empresrio;

    b) no impedimento ou licitude no so registrveis como marca as diversas hipteses do art.124 da LPI;

    c) no colidncia com marca notria, ou originalidade as marcas notrias, mesmo no estandoregistradas no INPI, gozam da tutela do direito industrial, conforme o art. 126 da LPI, pois oBrasil signatrio Conveno da Unio de Paris para Proteo da Propriedade Industrial.

    O titular de uma marca ter direito sua explorao nos limites fixados pela classificaoeconmica das diversas atividades de indstria, comrcio e servios feita pelo INPI, no podendoopor-se utilizao de marca idntica ou semelhante por outro empresrio em atividade enquadradafora da classe em que obteve o seu registro. A nica exceo a essa regra existe para as marcas dealto renome (art. 125 da LPI). Quanto a estas, Fbio Ulhoa Coelho destaca que O registro dedeterminada marca na categoria das de alto renome ato discricionrio do INPI, insuscetvel dereviso pelo Poder Judicirio, seno quanto aos seus aspectos formais, em vista da tripartioconstitucional dos poderes do Estado8. Concedido o registro de marca de alto renome, seu titularpoder impedir o uso de marca semelhante ou idntica em qualquer ramo da atividade econmica.

    Atente-se que a marca de alto renome (art. 125) no a mesma coisa que a marca notoriamenteconhecida (art. 126), pois aquela tem proteo absoluta, ou seja, em qualquer classe de servio eproduto. Por exemplo, a Coca-Cola, que representa uma marca do segmento de refrigerante erefrescos, por ser de alto renome impede que outros venham a tentar registrar o mesmo nome parauma linha de veculos automotores.

    O registro da marca vigorar pelo prazo de 10 anos, contado da data da concesso do registro eprorrogvel por perodos iguais e sucessivos. A prorrogao deve ser requerida sempre no ltimoano de vigncia do registro.

    O registro da marca tambm se extingue pelas hipteses do desenho industrial, exceto pela faltade pagamento da retribuio, que uma taxa que deve ser paga na concesso e a cada prorrogaodo registro (de dez em dez anos) e pela caducidade (que s ocorre com as marcas).

    O registro de marca caduca (art. 143 da LPI):

  • se sua explorao no tiver incio no Brasil em 5 anos, a contar da data de concesso doregistro de marca;

    na hiptese de interrupo desta explorao por perodo de 5 anos consecutivos; de alterao substancial da marca.

    De acordo com o art. 225 da LPI, Prescreve em 5 (cinco) anos a ao para reparao de danocausado ao direito de propriedade industrial.

    Por fim, o registro dos domnios de internet no funo do INPI, e sim, pelo Ncleo deInformao e Coordenao do Ponto BR NIC.br, que uma entidade de direito privado sem finslucrativos. O registro de domnio observa a ordem de chegada, mas se houver conflito deanterioridade com o registro de marca pelo INPI, prevalece este ltimo.

    2.5 QUESTES

    1. (VII Exame de Ordem Unificado FGV) Sobre as marcas, correto afirmar quea) a marca de alto renome sinnimo de marca notoriamente conhecida.b) a vigncia do registro da marca de 5 (cinco) anos, sendo prorrogvel por perodos iguais e sucessivos.c) permitida a cesso do pedido de registro de marca, caso o cessionrio atenda aos requisitos legais.d) a marca de produto ou servio aquela usada para identificar produtos ou servios provindos de membros de uma

    determinada entidade.

    2. (OAB/Nacional 2007.II) Cristiano, designer de uma fbrica de mveis, criou uma mesa inovadora, de forma ovale que se sustenta em apenas trs ps. Desejando registrar o objeto como desenho industrial, Cristiano dirigiu-se ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), onde fez o depsito do respectivo pedido. Comrelao a essa situao hipottica, assinale a opo incorreta.a) Caso o desenho industrial referente mesa de Cristiano seja contrrio moral ou aos bons costumes ou ofenda a

    honra ou a imagem de pessoas, esse desenho no registrvel.b) A propriedade do desenho industrial referente mesa de Cristiano adquire-se pelo registro validamente concedido.c) Caso seja solicitado por Cristiano o registro na ocasio do referido depsito, o seu pedido poder ser mantido em

    sigilo por determinado prazo legal, aps o qual ser processado.d) Caso o pedido de Cristiano seja aprovado, o registro vigorar pelo prazo improrrogvel de 5 anos.

    3. (OAB/Nacional 2008.I) Segundo o art. 122 da Lei n. 9.279/1996, so suscetveis de registro como marca os sinaisdistintivos visualmente perceptveis, no compreendidos nas proibies legais. Com base no regime jurdicodas marcas, previsto nessa lei, assinale a opo correta.a) marca de alto renome ser concedida proteo em seu ramo de atividade, independentemente de estar registrada

    no Brasil.b) marca coletiva, se devidamente registrada no Brasil, ser concedida proteo para ser utilizada por todos os que

    atuarem no correspondente ramo de atividade.c) marca de produto ou servio ser concedida proteo para distinguir produto ou servio de outro, idntico,

    semelhante ou afim, de origem diversa.d) marca notoriamente conhecida, desde que registrada no Brasil, ser concedida proteo em todos os ramos de

    atividade.

    4. (OAB/Nacional 2008.II) De acordo com as leis brasileiras, considera-se criao passvel de ser objeto de direitode patentea) a pintura em que se retrata a imagem de um grupo de pessoas.

  • b) o livro cientfico em que se descrevem aplicaes de medicamentos.c) o mtodo cirrgico de transplante de corao em animais.d) um processo de fabricao de tinta.

    5. (OAB/Nacional 2009.III) De acordo com a Lei da Propriedade Industrial, poder ser registrado como marcaa) smbolo ou sinal especfico formado por cores e denominaes que estejam dispostas ou combinadas de modo

    peculiar e distintivo.b) reproduo ou imitao de ttulo, de moeda ou cdula de curso forado da Unio, dos estados, do DF, dos territrios e

    dos municpios.c) termo tcnico que, usado na indstria, na cincia e na arte, tenha relao com o produto ou servio a distinguir.d) sinal de carter genrico comum, necessrio ou simplesmente descritivo, quando tiver relao com o produto ou

    servio a distinguir, vedada a utilizao de forma distintiva.

    GABARITO: As respostas destes testes encontram-se no final do livro.

  • ___________1 REQUIO, Rubens. Curso de direito comercial. 22. ed. So Paulo: Saraiva, 1995. v. 1, p. 112.2 BERTOLDI, Marcelo M. Curso avanado de direito comercial. 3. ed. So Paulo: RT, 2006. p. 110.3 DI BLASI, Gabriel. A propriedade industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 27.4 Op. cit., p. 29.5 Op. cit., p. 34.6 COELHO, Fbio Ulhoa. Manual de direito comercial. 20. ed. So Paulo: Saraiva, 2008. p. 85.7 REQUIO, Rubens. Curso de direito comercial. 22. ed. So Paulo: Saraiva, 1995. v. 1, p. 218.8 COELHO, Fbio Ulhoa. Op. cit., p. 90.

  • DIREITO SOCIETRIO

    3.1 CONSIDERAES GERAIS SOBRE O DIREITO SOCIETRIO

    O vigente Cdigo Civil (Lei 10.406/2002), que passou a produzir efeitos a partir de 11 de janeirode 2003, trata, na Parte Especial, em seu Livro II (arts. 966 a 1.195), do direito de empresa, no qualdispe sobre a caracterizao e a inscrio do empresrio, a empresa individual de responsabilidadelimitada, as sociedades de forma geral, o estabelecimento e os chamados institutos complementares(registro, nome empresarial, prepostos e escriturao). O novo diploma legal revogou a PartePrimeira do Cdigo Comercial e manteve a vigncia da Parte Segunda referente ao ComrcioMartimo.

    3.1.1 Sociedade (arts. 981 a 985, CC)

    Formam uma sociedade as pessoas que contratam uma obrigao recproca, repartindo entre si osresultados, ainda que essa atividade seja restrita realizao de um ou mais negcios determinados(art. 981 do CC). Somente a inscrio no registro prprio, conforme a lei, conceder personalidadejurdica sociedade (art. 985 do CC).

    3.1.2 Distino entre empresa e sociedade

    A sociedade o sujeito de direito; a empresa, o objeto de direito. Com efeito, a sociedadeempresarial, desde que esteja regularmente constituda, adquire categoria de pessoa jurdica,tornando-se, assim, sujeito de direitos e obrigaes. A sociedade empresarial , logo, empresria, ejamais empresa. a sociedade, como empresria, que ir exercer a atividade produtiva. A empresa a prpria atividade.

    Ademais, pode existir sociedade sem a existncia da empresa. o caso de duas pessoas que tma inteno de formar uma sociedade; elas formam o contrato, o registram na junta comercial, porm,enquanto continuar inativo, no existe a empresa, mas to somente a sociedade.

    E, como afirma Arnaldo Rizzardo, o contedo da palavra empresa corresponde ao elemento deproduo econmica organizada e, quando esta produo se d por uma sociedade, tem-se asociedade empresria; as demais sociedades que no visam atividade econmica organizadaenquadram-se como sociedade simples.1

  • 3.1.3 Sociedades empresrias e sociedades simples

    Antes de o CC/2002 ter adotado a teoria da empresa como disciplina regente do DireitoComercial, as sociedades eram regidas pela teoria dos atos de comrcio, sendo, consequentemente,classificadas em sociedades comerciais e sociedades civis, conforme exercessem ou no a atividademercantil. Por atividade mercantil, entendia-se como qualquer uma das atividades arroladas pelo art.192 do Regulamento 737 (Decreto do Imprio 737/1850).

    Em virtude do surgimento de novas atividades no abrangidas pelo aludido decreto (como aprestao de servios, por exemplo), a doutrina e a jurisprudncia passaram a adotar a teoria daempresa, desaparecendo, assim, a distino entre sociedade civil e comercial, surgindo em seuslugares, respectivamente, a sociedade simples e a sociedade empresria.

    Portanto, de acordo com a teoria da empresa, adotada pelo CC, as sociedades classificam-se em:

    sociedades empresrias: so aquelas destinadas atividade econmica organizada para aproduo ou circulao de bens ou de servios. O art. 983 do CC determina que a suaconstituio seja feita de acordo com os seguintes tipos societrios: sociedade em nomecoletivo, sociedade em comandita simples, sociedade limitada, sociedade annima e sociedadeem comandita por aes (estas duas regidas pela Lei 6.404/1976);

    sociedades simples: so aquelas que no tm como objeto a produo ou circulao de bens oude servios. De acordo com o art. 983 da lei substantiva civil, caso no sejam constitudas emconformidade com os tipos previstos nos arts. 1.039 a 1.092 do mesmo diploma legal, associedades simples ficaro subordinadas s regras que lhes so prprias, previstas nos arts. 997e segs. do CC.

    Pode-se dizer que a sociedade empresria difere da simples no tocante ao seu objeto, e no aoseu fim lucrativo. Enquanto aquela objetiva a explorao do objeto social com empresarialidade (ouseja, explorao por profissional que organiza os fatores de produo capital, insumos, mo deobra e tecnologia), a sociedade simples criada para quaisquer outras finalidades que no aempresa, muito embora possa ter fins econmicos e obter lucro. As sociedades simples so, assim,denominadas segundo a sua atuao.

    A sociedade empresarial tem existncia legal a partir do registro no Registro Pblico deEmpresas Mercantis (RPEM), a cargo da Junta Comercial da respectiva sede (arts. 8., I, e 32, II, a,da Lei 8.934/1994; arts. 45 e 971 do CC).

    J as sociedades simples, de acordo com o art. 1.150 do CC, vinculam-se ao Registro Civil dasPessoas Jurdicas (RCPJ), o qual dever estabelecer as normas fixadas para o RPEM, se asociedade adotar um dos tipos de sociedade empresria.

    Para que uma sociedade empresria possa ser constituda, necessria a celebrao de umcontrato entre as pessoas que a comporo. Para que a sociedade exista (requisitos de existncia) necessria a conjuno dos seguintes requisitos:

    a) affectio societatis que, de acordo com Fbio Ulhoa Coelho3, significa a disposio, ainteno, que toda a pessoa manifesta ao ingressar em uma sociedade comercial de lucrar ousuportar prejuzo em decorrncia do negcio comum; e

  • b) pluralidade de scios que determina a existncia de, no mnimo, 2 scios.

    Excepcionalmente, o direito ptrio admite apenas duas hipteses de sociedade unipessoal:

    a) subsidiria integral: art. 251 da Lei 6.404/1976; eb) unipessoalidade incidental temporria: art. 1.033, IV, do CC, em que a pluralidade deve ser

    restabelecida no prazo de 180 dias caso o scio remanescente no queira a transformao doregistro da sociedade para empresrio individual ou para empresa individual deresponsabilidade limitada (art. 1.033, pargrafo nico), sob pena de extino, e art. 206, I, d,da Lei 6.404/1976 (Lei das S.A.), que exige a reconstituio de no mnimo dois acionistas at aassembleia-geral ordinria do ano seguinte.

    Para a validade do contrato social, deve-se obedecer aos seguintes requisitos:

    a) requisitos de validade genricos a) agente capaz, b) objeto lcito, possvel e determinado ec) forma prescrita ou no defesa em lei (art. 104 do CC); e

    b) requisitos de validade especficos a) todos os scios devem contribuir para a formao docapital social; b) todos os scios devem participar dos lucros e prejuzos (art. 981 do CC).

    3.1.4 Sociedades empresrias e empresas individuais de responsabilidadelimitada

    Com a promulgao da Lei 12.441/2011, passamos a ter um novo tipo de pessoa jurdica: aempresa individual de responsabilidade limitada (art. 44, VI, CC). Atente-se que no mais umtipo societrio e, portanto, no uma sociedade empresria. O legislador deixou clara a sua intenopor pelo menos dois motivos:

    Ao lado das sociedades, entre as pessoas jurdicas de direito privado do art. 44 do CdigoCivil (associaes, fundaes, organizaes religiosas e partidos polticos), incluiu as empresasindividuais de responsabilidade limitada (ou simplesmente EIRELI);

    Criou um ttulo especfico, da empresa individual de responsabilidade limitada, antes do ttuloprprio das sociedades.

    importante salientar tambm que as empresas individuais no so empresrios individuais,visto que estas so pessoas naturais e aquelas, pessoas jurdicas. O novo artigo 980-A do CCdispe que a empresa individual de responsabilidade limitada ser constituda por uma nicapessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que no ser inferior a 100(cem) vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas.

    H dois modos de constituio da EIRELI segundo o nosso entendimento4: (1) por pessoa natural,desde que seja somente em uma nica empresa dessa modalidade; (2) da concentrao das quotas deoutra modalidade societria num nico scio, independentemente das razes que motivaram talconcentrao5.

    Segundo o 5. do art. 980-A do CC, poder ser atribuda empresa individual de

  • responsabilidade limitada constituda para a prestao de servios de qualquer natureza aremunerao decorrente da cesso de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ouvoz de que seja detentor o titular da pessoa jurdica, vinculados atividade profissional.

    Por fim, aplicam-se empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regrasprevistas para as sociedades limitadas.

    3.1.5 Personalizao da sociedade empresarial

    A sociedade empresarial tem personalidade jurdica distinta da de seus scios, podendo assumirdireitos e obrigaes em seu prprio nome, sob sua responsabilidade. Os bens sociais, como objetosde sua propriedade, constituem a garantia dos credores, como ocorre com os de qualquer pessoanatural.

    A existncia das sociedades inicia-se com o encontro de vontades manifestadas por meio de umcontrato de sociedade no qual as pessoas reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ouservios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados (art. 981 doCC).

    De acordo com o art. 985 do CC, A sociedade adquire personalidade jurdica com a inscrio,no registro prprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150). Em decorrnciado disposto nesse artigo, podemos concluir que a sociedade que no arquiva os aludidos atosconstitutivos no adquirir personalidade jurdica, fato que a tornar irregular ou de fato e asubmeter a consequncias especficas que sero relacionadas adiante (o art. 986 do CC preferiucham-las de sociedade em comum, prevista dentro do subttulo referente s sociedades nopersonificadas).

    Importante observar que, para que o contrato social possa ser registrado e, consequentemente,gerar seus efeitos, exige-se a observncia das seguintes clusulas essenciais, conforme dispem osarts. 997 do CC e 53, III, do Dec. 1.800/1996 (regulamenta a Lei 8.934/1994, do Registro deEmpresas): tipo societrio, ao objeto social (que deve ser detalhado de forma clara e precisa),capital social (dispondo sobre o modo e o prazo de sua integralizao e a atribuio aos scios dasrespectivas quotas), responsabilidade dos scios (cuja ausncia levar responsabilidade ilimitadados scios pelas obrigaes sociais), qualificao dos scios, nomeao do administrador, nomeempresarial, sede e foro, e prazo de durao.

    Vale ressaltar, ainda, que o ato constitutivo, para que seja vlido, deve ser visado por advogado,por fora do disposto no art. 1., 2., da Lei 8.906/1994 (essa disposio no se aplica LeiComplementar 123/2006 Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte6).

    Em se tratando de sujeito personalizado, a sociedade pode praticar qualquer ato jurdico, desdeque no exista proibio pela lei e que os a