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MÊS VOCACIONAL Leonardo Meira [email protected] Uma bem conhecida máxima da biologia dita que o ciclo da vida pode ser resumido em cinco fases: nasci- mento, desenvolvimento, reprodução, envelhecimento e morte. Mas, com os olhos da fé, um item importante revoluciona esse esquema: a vocação. Provinda da palavra latina vocare, que significa chamar, a vocação impli- ca Deus que chama e alguém que responde. Em linhas gerais, segundo a doutrina católica, isso significa que Deus chama cada ser humano a ser feliz, e isso se concretiza por estados de vida específicos, que podem ser o religioso, o sacerdotal ou o leigo. “Falar de vocação, hoje, é caminhar na contramão da sociedade, acreditando no projeto de Deus para a humanida- de. Ele nos chama porque nos ama. É aprender a comungar com esse ideal e mostrar que a vontade do Senhor é possível de ser vivida. É testemunhar que seguir a Jesus Cristo é dar significado à própria existência”, relata o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consa- grada da CNBB e arcebispo de Palmas (TO), dom Pedro Brito Guimarães. E quando se fala de vocação, o mais comum é se destacar os ministérios CHAMADO | RESPONDER À VOZ DE DEUS COM GENEROSIDADE É O QUE MAIS IMPORTA Vocação é desafio, mas garante realização pessoal ordenados e a vida consagrada, de tal forma que a vocação laical fica em segundo plano. O Brasil passa por um período de reconstrução da identidade vocacional. Um marco importante foi a celebração do 2º Ano Vocacional, em 2003, que apontou a fisionomia vocacional almejada: um povo convocado para o serviço, com profunda consciência de que, pelo batismo, é chamado à missão. “Talvez pela necessidade e urgência da atual realidade, os ministérios ordenados e a vida consagrada ainda se destaquem, quase que demasiadamente. Mas o batismo é a fonte de todas as vocações. Uma vez batizado, sempre vocacionado. Todos são Igreja, e Cristo está em cada um de nós, com diferentes serviços e ministérios”, acrescenta dom Pedro. Na Igreja inserida no mundo contemporâneo, exatamente a voca- ção leiga ganha um destaque particu- lar. A vida do dia a dia torna-se instru- mento para que o fiel cristão leigo dê testemunho de sua vocação específica e ajude a dar um novo rosto para o mundo, potencializando o chamado à nova evangelização e a uma Igreja em estado permanente de missão. “O leigo, seja solteiro ou casado, dá seu testemunho por meio de sua vida. Por meio da coerência, sensibilidade humana, respeito e amor à vida, os leigos podem purificar e equilibrar as relações no mundo do trabalho, por exemplo”, acredita o presi- dente da Comissão Episcopal para o Laica- to da CNBB e bispo de Caçador (SC), dom Severino Clasen. Pastoral vocacional O documento Orientações pastorais para a promoção das vocações ao ministério sacerdotal, elaborado recentemente pela Congregação para a Educação Católica, afirma que a pastoral vocacional, apesar de estruturada e criativa, tem resulta- dos que não correspondem ao empenho despendido. Surge a pergunta: o que fazer para se ter uma pastoral vocacional forte e com resultados concretos? Antes de mais nada, é preciso criar a consciên- cia de uma cultura vocacional. Somente assim é possível responder aos desafios que se instauram, como: o surgimento de uma nova juventude; a necessidade de se reafirmar que a vocação não é fuga do mundo, e sim decisão em favor do sentido da vida em Cristo; a atitude de mudança de mentalidade pastoral; a necessidade de uma profunda conversão pessoal, vocacional e pastoral; a coragem de correr riscos e de se lançar numa nova pedagogia vocacional; compreender que a animação vocacional se constrói numa aliança vocacional, na qual se busca uma integração entre os diversos membros das pastorais, movimentos e serviços das comunidades. Outra tarefa importante da pastoral vocacional é oferecer aos adolescentes e jovens uma experiência cristã. Essa urgência pode ser atendida quando se atua com base no modelo de pastoral de conjunto, ou seja, uma pastoral mais integrada, que não entende a dimensão vocacional como um simples acrésci- mo de programações e propostas, mas que torna essa dimensão uma natural expressão da vida da comunidade como um todo. Esse é um solo mais fértil Sacerdócio Dom Pedro Brito: “É preciso empreender esforços para um trabalho vocacional em aliança com as demais pastorais” para o florescimento de vocações maduras e conscientes, tanto leigas quanto religiosas. “A vocação só nasce, cresce e ganha sentido no contexto da comunidade. É preciso empreender esforços para um trabalho vocacional em aliança com as demais pastorais. O desa- fio é fazer com que todos os cris- tãos compreendam que também são animadores vocacionais. É urgente o processo de vocacionalização da Igreja toda, tornando os fiéis colaboradores do Reino de Deus. As vocações são realmente de Deus. Todos nós somos chamados a esse dom”, assegura dom Pedro Brito. mas atualíssima. Lembrando que os jovens da pós-modernidade também têm sede e fome de Deus e de radi- calidade no seguimento do Senhor. Apresentar uma mensagem desafiado- ra e atraente, cativante, um ministério exigente, mas alegre e bonito, cheio de alegrias e realizações humanas e espirituais. Falar-lhes ao coração de um chamado a transcender as meras reali- dades humanas que o mundo apresenta. Nossos jovens gostam e esperam que sejamos testemunhas dessa beleza que é a vocação”, afirma. No entanto, os desafios próprios da era atual tornam-se obstáculos para esse discernimento, como a cultura relativista e subjetivista, que prioriza o superficial e torna difícil assumir compromissos duradouros, que exigem uma decisão radical e corajosa. Os principais desafios seriam: encontrar jovens disponíveis a escu- tar; constituir um ambiente familiar e social que favoreça a busca pelo sagra- do; adaptar a linguagem da mensagem vocacional aos jovens de hoje, buscan- do uma pedagogia atraente, dinâmica e criativa; combater a cultura consu- mista, do descartável, que vai contra os conselhos evangélicos (pobreza, obediência e castidade) que o minis- tro ordenado é chamado livremente a viver; diminuir a estima e a importân- cia pública do sacerdote, beirando até mesmo o desprestígio. Nos países de antiga tradição cristã, especialmente na Europa, “a preocupante diminuição numé- rica dos sacerdotes, o crescente aumento da sua média de idade e a necessidade da nova evange- lização esboçam uma nova situa- ção eclesial”, afirma o já referido documento da Congregação para a Educação Católica. Essa situação também deve atingir o Brasil em alguns anos, levando-se em conta as projeções estatísticas do IBGE e o contexto social. “Mais do que nunca, é urgente investir em um novo jeito de evan- gelizar. Caso contrário, teremos, muito em breve, um clero minguado e velho para uma população velha. Embora, no Brasil, o clero seja rela- tivamente jovem, não podemos nos acomodar, fiando-nos nessa realida- de”, assevera padre Paulo. De acordo com os dados do Anuário Católico do Brasil 2012 (referentes a 2010), o país possui 22 mil sacerdotes, um salto de 8 mil padres em relação ao ano 1990. O presiden- te da Organização dos Seminários Institutos Filosófico-Teológicos do Brasil (Osib), padre Paulo Batista Borges, acredita que falar sobre voca- ção sacerdotal no mundo contem- porâneo continua sendo apresentar aos jovens uma pessoa, Jesus, que chama ao ministério ordenado. “É ter a coragem de falar dessa possibilida- de vocacional, que não é retrógada, Saiba mais sobre o assunto. Acesse http://bit.ly/js_mesvocacional2012 Divulgação Jornal Santuário de aparecida • 5 de agoSto de 2012 6

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Page 1: vocacao

MÊS VOCACIONAL

Leonardo [email protected]

Uma bem conhecida máxima da biologia dita que o ciclo da vida pode ser resumido em cinco fases: nasci-mento, desenvolvimento, reprodução, envelhecimento e morte. Mas, com os olhos da fé, um item importante revoluciona esse esquema: a vocação.

Provinda da palavra latina vocare, que significa chamar, a vocação impli-ca Deus que chama e alguém que responde. Em linhas gerais, segundo a doutrina católica, isso significa que Deus chama cada ser humano a ser feliz, e isso se concretiza por estados de vida específicos, que podem ser o religioso, o sacerdotal ou o leigo.

“Falar de vocação, hoje, é caminhar na contramão da sociedade, acreditando no projeto de Deus para a humanida-de. Ele nos chama porque nos ama. É aprender a comungar com esse ideal e mostrar que a vontade do Senhor é possível de ser vivida. É testemunhar que seguir a Jesus Cristo é dar significado à própria existência”, relata o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consa-grada da CNBB e arcebispo de Palmas (TO), dom Pedro Brito Guimarães.

E quando se fala de vocação, o mais comum é se destacar os ministérios

CHAMADO | RESPONDER À VOZ DE DEUS COM GENEROSIDADE É O QUE MAIS IMPORTA

Vocação é desafio, mas garante realização pessoal

ordenados e a vida consagrada, de tal forma que a vocação laical fica em segundo

plano. O Brasil passa por um período de reconstrução

da identidade vocacional. Um marco importante foi a celebração do 2º Ano Vocacional, em 2003, que apontou a fisionomia vocacional almejada: um povo convocado para o serviço, com profunda consciência de que, pelo batismo, é chamado à missão. “Talvez pela necessidade e urgência da atual realidade, os ministérios ordenados e a vida consagrada ainda se destaquem, quase que demasiadamente. Mas o batismo é a fonte de todas as vocações. Uma vez batizado, sempre vocacionado. Todos são Igreja, e Cristo está em cada um de nós, com diferentes serviços e ministérios”, acrescenta dom Pedro.

Na Igreja inserida no mundo contemporâneo, exatamente a voca-ção leiga ganha um destaque particu-lar. A vida do dia a dia torna-se instru-mento para que o fiel cristão leigo dê testemunho de sua vocação específica e ajude a dar um novo rosto para o mundo, potencializando o chamado à nova evangelização e a uma Igreja em estado permanente de missão.

“O leigo, seja solteiro ou casado, dá seu testemunho por meio de sua vida. Por meio da coerência, sensibilidade humana, respeito e amor à vida, os leigos podem purificar e equilibrar as relações no mundo do trabalho, por exemplo”, acredita o presi-dente da Comissão Episcopal para o Laica-to da CNBB e bispo de Caçador (SC), dom Severino Clasen.

Pastoral vocacionalO documento Orientações pastorais

para a promoção das vocações ao ministério sacerdotal, elaborado recentemente pela Congregação para a Educação Católica, afirma que a pastoral vocacional, apesar de estruturada e criativa, tem resulta-dos que não correspondem ao empenho despendido. Surge a pergunta: o que fazer para se ter uma pastoral vocacional forte e com resultados concretos? Antes de mais nada, é preciso criar a consciên-cia de uma cultura vocacional. Somente assim é possível responder aos desafios que se instauram, como: o surgimento de uma nova juventude; a necessidade de se reafirmar que a vocação não é fuga do mundo, e sim decisão em favor do sentido da vida em Cristo; a atitude de mudança de mentalidade pastoral; a necessidade de uma profunda conversão pessoal, vocacional e pastoral; a coragem de correr riscos e de se lançar numa nova pedagogia vocacional; compreender que a animação vocacional se constrói numa aliança vocacional, na qual se busca uma integração entre os diversos membros das pastorais, movimentos e serviços das comunidades.

Outra tarefa importante da pastoral vocacional é oferecer aos adolescentes e jovens uma experiência cristã. Essa urgência pode ser atendida quando se atua com base no modelo de pastoral de conjunto, ou seja, uma pastoral mais integrada, que não entende a dimensão vocacional como um simples acrésci-mo de programações e propostas, mas que torna essa dimensão uma natural expressão da vida da comunidade como um todo. Esse é um solo mais fértil

Sacerdócio

Dom Pedro Brito: “É preciso empreender esforços para um trabalho vocacional em aliança com as demais pastorais”

para o florescimento de vocações maduras e conscientes, tanto leigas quanto religiosas.

“A vocação só nasce, cresce e ganha sentido no contexto da comunidade. É preciso empreender esforços para um trabalho vocacional em aliança com as demais pastorais. O desa-fio é fazer com que todos os cris-tãos compreendam que também são animadores vocacionais. É urgente o processo de vocacionalização da Igreja toda, tornando os fiéis colaboradores do Reino de Deus. As vocações são realmente de Deus. Todos nós somos chamados a esse dom”, assegura dom Pedro Brito.

mas atualíssima. Lembrando que os jovens da pós-modernidade também têm sede e fome de Deus e de radi-calidade no seguimento do Senhor. Apresentar uma mensagem desafiado-ra e atraente, cativante, um ministério exigente, mas alegre e bonito, cheio de alegrias e realizações humanas e espirituais. Falar-lhes ao coração de um chamado a transcender as meras reali-dades humanas que o mundo apresenta. Nossos jovens gostam e esperam que sejamos testemunhas dessa beleza que é a vocação”, afirma.

No entanto, os desafios próprios da era atual tornam-se obstáculos para esse discernimento, como a cultura relativista e subjetivista, que prioriza o superficial e torna difícil assumir compromissos duradouros,

que exigem uma decisão radical e corajosa.

Os principais desafios seriam: encontrar jovens disponíveis a escu-tar; constituir um ambiente familiar e social que favoreça a busca pelo sagra-do; adaptar a linguagem da mensagem vocacional aos jovens de hoje, buscan-do uma pedagogia atraente, dinâmica e criativa; combater a cultura consu-mista, do descartável, que vai contra os conselhos evangélicos (pobreza, obediência e castidade) que o minis-tro ordenado é chamado livremente a viver; diminuir a estima e a importân-cia pública do sacerdote, beirando até mesmo o desprestígio.

Nos países de antiga tradição cristã, especialmente na Europa, “a preocupante diminuição numé-

rica dos sacerdotes, o crescente aumento da sua média de idade e a necessidade da nova evange-lização esboçam uma nova situa-ção eclesial”, afirma o já referido documento da Congregação para a Educação Católica. Essa situação também deve atingir o Brasil em alguns anos, levando-se em conta as projeções estatísticas do IBGE e o contexto social.

“Mais do que nunca, é urgente investir em um novo jeito de evan-gelizar. Caso contrário, teremos, muito em breve, um clero minguado e velho para uma população velha. Embora, no Brasil, o clero seja rela-tivamente jovem, não podemos nos acomodar, fiando-nos nessa realida-de”, assevera padre Paulo.

De acordo com os dados do Anuário Católico do Brasil 2012 (referentes a 2010), o país possui 22 mil

sacerdotes, um salto de 8 mil padres em relação ao ano 1990. O presiden-te da Organização dos Seminários Institutos Filosófico-Teológicos do Brasil (Osib), padre Paulo Batista Borges, acredita que falar sobre voca-ção sacerdotal no mundo contem-porâneo continua sendo apresentar aos jovens uma pessoa, Jesus, que chama ao ministério ordenado. “É ter a coragem de falar dessa possibilida-de vocacional, que não é retrógada,

Saiba mais sobre o assunto.Acesse http://bit.ly/js_mesvocacional2012

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Jornal Santuário de aparecida • 5 de agoSto de 20126

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Testemunhos *

Mês vocacional

O assunto é debatido com mais ênfase durante os meses de agosto, tradicionalmente dedicados à temá-tica. No Brasil, até o ano de 2015, os temas já estão programados e defi-nidos, obedecendo a uma sequência de temáticas bíblicas e pastorais. A finalidade é vocacionalizar a vida de todos os cristãos, indicando que todos podem se encontrar na propos-

ta vocacional de ser chamado à vida em Cristo.

Para 2012, o tema é Chamados à vida plena em Cristo, e o lema Eis que faço novas todas as coisas! (Ap 21,5).

“Há forte conexão e sintonia entre tema e lema: vida plena e vida nova de todas as coisas. É um convi-te a se fazer uma reflexão profunda sobre o significado do chamamen-

to que o Senhor nos faz e que ecoa na mente e no coração do vocacionado. O mês vocacional torna-se um momento propício para relembrar a atitude cristã de compromisso com a vida, uma vez que esta é a primeira voca-ção do ser humano, e que leva a uma experiência cristã madura”, explica dom Pedro Brito.

Importância da família

“A solicitude com as vocações pressupõe, de fato, uma válida pastoral familiar”, esclarece o texto da Congregação para a Educação Católica. A grande provocação é: que papel as famílias devem desem-penhar no processo de discernimen-to vocacional?

De acordo com o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Vida e Família da CNBB e bispo de Camaçari (BA), dom João Carlos Petrini, o jovem começa a pensar a própria vida enquanto vocação quando encontra pessoas adultas que vivem com alegria e satisfação a própria vida como vocação, como pessoas realizadas.

“O primeiro lugar onde cresce a estima pela vida como vocação é a família, quando as crianças perce-

bem como os pais vivem o relaciona-mento de amor entre eles, como se dedicam aos filhos, como se referem ao trabalho, mostrando uma sabedoria capaz de compreender e abraçar as dificuldades”, salienta o bispo.

Dom Pedro Brito também é enfá-tico: “A família tem uma importância primordial, pois dela brota a raiz da cultura vocacional. Ela é berço das vocações, escola de vida e de valores, educadora da capacidade de respon-der aos chamados de Deus, ambiente natural e fecundo da vocacionalidade batismal. A família é o canteiro e o berço vocacional da Igreja”, acredita.

A comunidade cristã é o outro lugar em que pode nascer essa admiração pela vocação, por meio de pessoas que dão testemunho de acolhimento e valorização das outras, bem como de

disponibilidade, sabedoria e equilíbrio. “Os jovens se sentem atraídos, não pelas pessoas, mas pelo estilo de vida que elas levam, fascinados por Cristo e com vontade de responder a ele com toda a própria existência”, complemen-ta dom Petrini.

O mais importante é comum a qualquer vocação: o seguimento a Jesus. Tanto a vida celibatária quanto a vida conjugal possuem seus fardos e alegrias. No fundo, o que importa é reconhecer a vontade de Deus e responder sim ao chamado que ele faz.

O drama é que a mentalidade que nasce do Evangelho – a grandeza e a beleza da vida encontram-se em fazer dom de si mesmo – é substituída por uma visão contrária – prioriza-se o bem-estar individual, até mesmo com o sacrifício dos outros.

O casal Marcelino e Sidineia Borba mora em Senador Amaral (MG). Eles têm três filhos, duas meninas e um menino. O rapaz, de 15 anos, decidiu doar a vida à Igreja e é seminarista da Congregação do Santíssimo Redentor.

Seu Marcelino explica que ser pai de alguém que trilha o cami-nho da consagração religiosa é, ao mesmo tempo, desafiador e gratifi-cante. Enquanto o mundo possibi-lita um contato mais fácil do jovem com drogas e toda a sorte de vícios, saber que o filho está no seminário, em um ambiente saudável, com boa educação e disciplina, uma vida de fé, oferece mais tranquilidade.

“As vocações brotam tanto nas famílias mais simples quanto nas mais ricas. São filhos de famílias tradicio-nais, mas também de pais separados ou alcoólatras, e todos procurando a Deus. O futuro da Igreja está nesses jovens. As vocações existem, mas precisam ser garimpadas. O trabalho vocacional deve incluir toda a famí-lia. As pessoas sempre querem dar para os filhos o que não tiveram, mas se esquecem de mostrar-lhes Deus”, acredita.

Sidineia acredita que é preciso criar os filhos com base em uma educação de valores, pois Deus nunca pode deixar de ser importante. “Após a ida para o seminário, conversamos com ele pela internet ou telefone. Também nos encontramos pessoalmente no período de férias, duas vezes por ano. Apesar da saudade, não queremos interferir na caminhada. Só o fato de saber que é o melhor para ele, já é o mais importan-te. Confio que ele sempre estará bem fazendo a vontade de Deus”, relata.

SeminárioO jovem Júnior Cesar da Silva, 16

anos, natural de Córrego Fundo (MG), mora no Seminário Redentorista Santo

Afonso, em Aparecida (SP), há dois anos. Deixar tudo para seguir a vocação significa perseguir o ideal de Cristo, que anima e dá força para superar as dificuldades.

“Quero contribuir com o Reino de Deus. No início, foi difícil a distância da família, mas percebi que isso faz parte da caminhada. O amor só cres-ce, e se estabelece um diálogo ainda maior”, acredita.

Júnior explica que sua vocação se manifestou por meio da participação ativa na vida da comunidade. Após um tempo afastado da Igreja, ele voltou e notou o trabalho dos missionários redentoristas. “Resolvi também entrar nessa missão. Isso me faz feliz, me preenche. Tudo que um padre vive pode ser vivido de maneira intensa, feliz e bonita. Existem várias dificulda-des, mas vale a pena serem superadas”, testemunha.

De acordo com o diretor do Semi-nário Santo Afonso, diácono Anísio Tavares, a participação na comunidade e uma vivência forte de espiritualida-de da família são fatores importantes para que os sinais de vocação possam ser alimentados. No início da caminha vocacional, os planos dos jovens preci-

sam ser trazidos para a realidade concreta, o que é feito por meio da equipe de formação. “É preciso conhecer a missão da congregação, pôr os pés no chão e caminhar”, atesta.

Entre os desafios, assumir a proposta evangélica de deixar tudo e seguir Jesus é um dos mais difíceis, indica o diácono.

* com reportagem de Eduardo Gois

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